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A HISTÓRIA EM QUADRINHOS DA TURMA DA MÔNICA COMO UM RECURSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
Thays Regina Ribeiro de Oliveira (PG/UEL)
Juliana Reichert Assunção Tonelli (UEL)
RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade trazer ao leitor um pouco sobre o gênero História em Quadrinhos como ferramenta para o ensino da língua estrangeira, partindo das concepções dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre a importância da língua espanhola pensando não somente na questão conhecimento, mas também na inserção laboral do cidadão e na amplitude das suas fronteiras culturais. Com o uso do método indutivo, este material tem como foco o texto das HQs, da Mónica y su Pandilla e Monica’s Gang, ambas de Maurício de Souza, cuja realidade social presente nas páginas em muito se assemelha à dos leitores/alunos, de onde são criados os exercícios de estratégia de leitura, compreensão, interpretação e produção de textos, tradução e estudo gramatical da língua estrangeira, como subsídios à prática do idioma aos professores e alunos. Empregando, assim, uma abordagem comunicativa motivadora, dinâmica, acessível, globalizada, informativa, lúdica, comprovando que a competência comunicativa vai muito além do conhecimento linguístico do aluno, ou seja, abarca o conhecimento sóciocultural, refletindo, assim, o caráter utilitário das HQs. Palavras-chave: gênero Historia em Quadrinhos – ensino de língua estrangeira – leitura, interpretação e produção de texto.
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1. INTRODUÇÃO
O ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira hoje vai muito além
de sinônimo de boas oportunidades de trabalho futuras. Segundo TONELLI (2010), a
língua estrangeira age como instrumento de inserção social para acesso às diferentes
culturas no momento de globalização em que nos encontramos, e ROCHA (2010)
ressalta a importância dessa aquisição plurilíngue e transcultural a fim de que o
indivíduo atue crítica, ética e ativamente na sociedade em que vive.
Desta forma, para que essa apropriação da língua estrangeira seja
eficaz, se faz necessário expor esses alunos aos mais variados gêneros textuais,
principalmente aqueles que estão bem próximos à realidade do aluno, como é o caso das
histórias em quadrinhos.
2. GÊNEROS TEXTUAIS
Os estudos sobre os diversos gêneros textuais iniciaram-se com
Bakhtin (2003), primeiro autor a mencionar o termo “gênero”, referindo-se aos
diferentes textos utilizados pela sociedade em suas ações cotidianas. Como essas
diversas atividades são múltiplas, cada uma delas acaba por direcionar-nos a um ou
mais gêneros textuais. Mas não tão simples, pois se um círculo social torna-se complexo
por seus inter-relacionamentos, o gênero relacionado a ele tende a tornar-se mais
complexo também.
Sobre essa complexidades Bakhtin chama a atenção para a dificuldade
em conceituar esses gêneros, vez que as atividades humanas estão relacionadas ao
uso da língua, uso este diverso, justificando-se, dessa forma, a diversidade de gêneros
existentes.
Bakhtin enxerga o gênero textual como “um tipo relativamente estável
de enunciado”, que aborda conteúdo, forma e estilo, e que reflete as especificidades das
várias esferas da atividade humana relacionadas ao uso da língua.
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Vale ressaltar, segundo ele, que:
A riqueza e diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo. (BAKHTIN, 2003, p. 262).
De uma maneira mais simplificada, gêneros textuais são os diversos
tipos de textos que se encontram nos mais variados ambientes de discurso da sociedade,
sendo, por isso, influenciado por vários fatores sócioculturais que ajudam a identificá-
los e definir qual o gênero a ser usado em cada situação, oral, escrita, ou ainda, gestual.
Neste sentido:
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e
escritos) [...]. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de
cada uma dessas esferas [esferas da atividade humana], não só por seu conteúdo
(temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua –
recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais –, mas também, e, sobretudo, por sua
construção composicional [...]. Qualquer enunciado considerado isoladamente é,
claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do
discurso. (BAKHTIN, 2003, p. 279).
Na escola, os gêneros textuais deixam de ser ferramentas de
comunicação e passam a ser objeto de estudo na produção textual, que requer o domínio
dos gêneros, que devem ser estudados a parte e devem seguir uma sequência, dos mais
simples aos mais complexos, partindo em seguida para o processo textual, onde o aluno
aprende a escrever e a desenvolver todo o tipo de produção textual, e finalizando com o
domínio das ferramentas necessárias para a produção de um bom texto.
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Para Marcuschi, os gêneros textuais são “textos materializados
encontrados na vida cotidiana e que apresentam características sóciocomunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica”.
(MARCUSCHI, 2005, pág. 22-23).
Para este autor, o contato do aluno com os mais variados tipos de
textos e gêneros é de suma importância no processo de ensino/aprendizagem de língua
estrangeira, para que eles conheçam as diferentes formas de organização de ideias,
como uma grande "oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos
autênticos no dia-a-dia", conforme disposto nos PCNs:
Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que os caracterizam como pertencentes a este ou àquele gênero. Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino. Nessa perspectiva, é necessário contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de que textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas. (BRASIL, 1998, p.23).
Os gêneros textuais como objeto de ensino de línguas estrangeiras
tende a possibilitar o desenvolvimento das habilidades necessárias para que o aluno
possa adquirir a proficiência na língua estrangeira estudada. Essa possibilidade deve-se
a grande variedade de gêneros textuais existentes na língua, podendo atender às
necessidades de cada habilidade. Segundo Marcuschi (2005, p. 19), “os gêneros não são
instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos
textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos.” .
E ainda:
Surgem emparelhados as necessidades e atividades sócioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita. (MARCUSCHI, 2005, p. 19).
Deste modo, para Marchuschi, os gêneros textuais existentes em
determinado contexto, aliado a outros suportes, como as Hqs, contribui para a criação de
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outros gêneros novos, como é o caso das charges, das tiras cômicas, que é uma outra
forma de HQ, embora ancorado nas bases, item este que será estudado no item a
continuação.
3. O gênero HQ
As HQs, outrora chamadas de “arte sequencial”, foram encontradas já
nas pinturas rupestres, e ao longo da história foram sofrendo modificações, recebendo
influências, enfim, transformando-se por meio de inserções de porções textuais aos
desenhos (EISNER, 1989 apud MENDONÇA 2002). Todavia, para Ianonne e
Ianonne (1995) o surgimento das HQs conforme conhecemos se deu em meados
do século XIX na Europa, consolidando-se somente no século XX. (MENDONÇA,
2002).
Quanto a inserção desta no campo universitário, Eisner (apud
MENDONÇA 2002) afirma que após a Segunda Guerra Mundial essa arte causou
grande polêmica, não sendo admitida nas discussões acadêmicas. Todavia, a partir da
década de 70, órgãos de educação passaram a incluí-las nos seus currículos (RAMA e
VERGUEIRO, 2004). No Brasil, somente em 1997 passaram a ser recomendadas pelo
MEC. (BRASIL, 2000).
Conhecidas como comics nos Estados Unidos, bande dessinée na
França, fumetti na Itália, tebeos na Espanha, historietas na Argentina, muñequitos em
Cuba, e mangá no Japão, as HQs são chamadas de “Nona Arte”, dando seqüência à
classificação de Ricciotto Canudo, renomado crítico de cinema.
No mesmo período histórico em que surgiu o cinema, o telégrafo e o
raio X, as histórias em quadrinhos surgiram nos Estados Unidos como uma forma
singular de comunicação que se tornaria um gênero característico do Século XX, e que
nos anos de 1895-1900 deram origem às tiras de jornais dominicais, com os
primeiros personagens das HQs, dentre os quais, o primeiro a fazer fama foi o Yellow
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Kid, de Richard Outcault, seguido de Katzenjammer Kids, de Rudolph Dirks, que foi a
primeira criação que usava balões e era dividida em quadros.
No Brasil, Angelo Agostini, italiano aqui radicado, escreveu, em 1869
As Aventuras de Nhô Quim, legítima HQ brasileira, e posteriormente, as Aventuras do
Zé Caipora.
Em 1905, com a revista O Tico-Tico, nasceu o personagem
Chiquinho, de Loureiro, Lamparina, de J. Carlos, Zé Macaco e Faustina, de Alfredo
Storni, Pára-Choque e Vira-Lata, de Max Yantok e Reco-Reco, Bolão e Azeitona,
de Luis Sá.
Em meados de 30, Adolfo Aizen trouxe para o Brasil as histórias
americanas, que tornou um verdadeiro sucesso com as revistinhas Mirim e Lobinho.
Mas foi Roberto Marinho o responsável pelo lançamento do Gibi, que passou a ser
sinônimo de revistas em quadrinhos.
As primeiras publicações de sucesso no Brasil datam da década de 50,
pela Editora Abril, das histórias em quadrinhos da Disney. Elas dominavam o
mercado, mesmo com várias tentativas de personagens genuínos.
Somente a partir da década de 60, que as publicações e os personagens
brasileiros ganharam destaque nas mãos de Ziraldo, o Pererê, criando mais tarde O
Menino Maluquinho, entre outros.
Ainda assim não foi tão notório quanto o sucesso das HQs de
Maurício de Souza com a Turma da Mônica. Além de ser o maior nome dos quadrinhos
nacionais, sendo o único a viver exclusivamente dos lucros de suas publicações, possui
várias linhas de produtos, que vão desde vestuário, alimentício, escolar a produções
cinematográficas.
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Em agosto de 2008 foi lançado pelos Studios Maurício de Souza a
Turma da Mônica Jovem, onde todos os integrantes da turminha já têm 16 anos, porém
com a mesma amizade entre eles. Além da idade, algumas características dos
personagens também "envelheceram" com seus donos, como a Mônica, que já não é
mais gordinha nem baixinha, mas os dentões ainda estão lá; Magali ainda gosta de
comer, mas é mais preocupada com sua alimentação; Cebolinha não quer ser conhecido
pelo diminutivo e fez tratamento para falar corretamente e Cascão passou a tomar banho
algumas vezes, já que agora pratica vários esportes radicais. Maurício misturou o estilo
dos personagens com os traços dos mangás japoneses para criar a aparência da nova
publicação.
Após Turma da Mônica Jovem, Mauricio de Sousa e a Panini Editora
investiram no mercado de quadrinhos em língua inglesa e espanhola. Novamente, ele
mostra sua ousadia editorial ao publicar versões da turminha mais querida do Brasil em
inglês e espanhol. Além de abrir caminho para a internacionalização cada vez maior da
turma do limoeiro, as publicações em espanhol tornam-se um rico suporte para a
elaboração de sequencias didáticas.
As HQs, merecem destaque por sua função de possibilitar a leitura de uma maneira mais
fácil e prazerosa. Muitas vezes, é o único tipo de leitura de alguns grupos sociais, ou,
ainda, uma maneira de determinadas comunidades expressarem seus conflitos de forma
escrita.
A HQ traz uma linguagem multimodal, pois exige dos leitores
competências discursivas e textuais diversas, como o reconhecimento do uso de ícones
para representar ideias, conceitos e aspectos materiais, como a passagem do tempo na
narrativa, até o reconhecimento de uma gramática específica que conjuga imagens e
palavras. A leitura de quadrinhos é, portanto, uma atividade intelectual que requer tanto
esforço quanto outras práticas discursivas hoje estudadas.
Este gênero, que combina linguagem verbal com a visual, torna a
comunicação mais rápida, pois utiliza em sua narrativa desenhos sequenciais
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acompanhados de textos curtos de diálogo, apresentados por meio de balões e desenhos,
difundidos em revistas e jornais, nestes chamados de tiras, ou charges, os quais se
tornaram um dos mais importantes veículos de comunicação de massa com uma
linguagem própria, com uma série de signos inovadores.
4. HQ como recurso didático nas aulas de LE para crianças
A utilização das HQs como recurso didático nas aulas de língua
estrangeira busca sanar a existência de uma “discrepância entre o que a escola oferece e
o que os alunos buscam”, segundo MENDONÇA (2002). Assim, é considerado este
como um rico material textual como recurso de ensino/aprendizagem, facilitador por seu
visual a que alunos adquiram intimidade e gosto pela leitura e escrita em língua
estrangeira.
Além de utilizar os códigos visual e verbal para a sua composição e
compreensão, utilizam-se de outros elementos comunicacionais, conforme LIMA
(2011): linguagem icônica, desenho, quadrinho, linhas cinéticas, balão, recordatório,
onomatopeias, metáforas visuais, cor, e ainda, segundo RAMA (2004), planos e ângulo
de visão, a montagem, os protagonistas e as personagens secundárias.
Desprezadas por serem consideradas textos que não estimulavam a leitura, sem
nenhuma carga cultural, sendo o grande precursor deste carácter negativo das HQs o
médico alemão Fredric Werthan na década de 50, somente no final do século XIX as
HQs passaram a ser aceitas como uma ferramenta de comunicação e manifestação
artística, e, portanto, sendo incorporadas ao mundo educacional.
De acordo com Silva (2007) o interesse nesse gênero surgiu por ser
lido com prazer por um público amplo e variado de crianças não-alfabetizadas e adultos
de todas as faixas etárias numa época em que a mídia divulga que os brasileiros não
lêem e os professores vivenciam, em sala de aula, o desinteresse dos alunos pela leitura.
Faz-se necessário ressaltar que tal gênero deixou de ser encontrado apenas nas bancas
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de revistas e hoje é apresentado aos alunos do Ensino Fundamental e até do Médio, em
livros didáticos.
Vergueiro (2006, p. 26 ) nos mostra que esta “aproximação às práticas
pedagógicas” foi percebida por volta da década de 40, quando se vislumbrou que elas
“podiam ser utilizadas de forma eficiente para a transmissão de conhecimentos
específicos, ou seja, desempenhando uma posição utilitária e não apenas de
entretenimento”.
No entanto, somente na década de 70, na Europa é que este tipo de
material passou a ser buscado pelos autores e editores:
Na França, por exemplo, a Editora Larousse obteve um grande êxito comercial com a publicação de L’Histoire de France em BD, em oito volumes, que em sete anos teve mais de 600 mil coleções vendidas, abrindo caminho para que a mesma Editora lançasse, em 1983, também em oito volumes, outra obra em quadrinhos com fins educativos, Découvrir la Bible. (VERGUEIRO, 2006, p. 19)
Inicialmente seu uso foi meramente ilustrativo nos livros didáticos,
segundo Vergueiro (2006), por receio quanto à sua aceitação. A partir do momento em
que os resultados se mostraram satisfatórios em relação a seu uso, as editoras
começaram a incluir as HQs com mais frequência. No Brasil essa incorporação aos
materiais didáticos ocorreu na década de 90, e hoje se encontra sua utilização em sala de
aula tanto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), como nos Parâmetros Curriculares
Nacional (PCN).
Com o intuito de subsidiar o processo de ensino/aprendizagem da
língua estrangeira a partir da proposição de exercícios concebidos por meio das HQs da
Mónica y su Pandilla e Monica´s Gang, publicações brasileiras em espanhol e inglês, de
autoria de Maurício de Souza, o presente estudo constatou que as HQs são fortes aliadas
ao ensino de línguas, principalmente o ensino voltado para crianças, por estar presente
em todo o mundo e por apresentar à criança a língua viva muito próxima a sua
realidade, além de estimular exercício da criatividade e imaginação desse público.
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Em relação ao ensino por meio de quadrinhos, Vergueiro (2006)
acredita que: a) os estudantes querem ler esse gênero; b) as palavras aliadas às imagens
são mais eficazes no processo de aprendizagem; c) os quadrinhos são muito
informativos, pois refletem a realidade social, enveredando por diversos temas; d) os
quadrinhos ampliam os meios de comunicação dos estudantes; e) colaboram com o
desenvolvimento do hábito da leitura; f) enriquecem o vocabulário dos alunos; g)
estimulam a imaginação de quem o lê; h) são veículos globalizadores; i) uma mesma
HQ pode ser utilizada em todos os níveis da educação; j) são acessíveis a todos, e k) por
um custo muito baixo.
Lançado no mercado brasileiro em setembro de 2009, pela parceria
das Editoras Panini Comics e Maurício de Sousa Editora, as HQs da Turma da Mônica
em Espanhol ou Inglês são publicadas mensalmente por apenas R$3,90 (três reais e
noventa centavos); seu baixo custo representa uma ótima oportunidade de se trabalhar
com tais textos nas aulas de língua estrangeira. Além do visual colorido, traz em seu
miolo uma média de seis histórias por edição, toda em espanho ou inglês, com
atividades recreativas e vocabulário de cada uma das estorinhas. Ou seja, é uma
excelente fonte de conhecimento em língua estrangeira, que pode ser lida por qualquer
faixa etária, com ferramentas que propiciam ao leitor ampliar seu vocabulário e
estruturas gramaticais na língua estrangeira.
Vergueiro (2006) ressalta que a maneira de utilizar este gênero em
sala de aula não tem regras, competindo ao professor a busca de meios criativos e
eficazes para atingir os seus objetivos e estratégias como, por exemplo, introduzir um
assunto, aprofundar um conceito já visto, ilustrar uma ideia, etc.
Além disso tudo, Rodríguez (2008) crê no elemento motivação que as
HQs trazem às aulas de língua estrangeira:
A história em quadrinhos, assim como a música, é um tipo de texto muito atraente e atrativo por suas características intrínsecas e especificidades. Ela é lúdica, divertida, compacta, impactante, rápida, ágil (RODRÍGUEZ, 2008, p. 10)
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Desta forma, o trabalho com as HQs como recurso ao
ensino/aprendizagem da língua estrangeira justifica-se por seu caráter motivador,
dinâmico, acessível, globalizador, informativo e, principalmente, lúdico.
5. Atividades para o ensino de língua estrangeira para crianças
5.1 Atividades para o ensino de língua inglesa
Tópico da aula: Verb To be
Série recomendada: 5º ano Ensino Fundamental I
Tempo previsto: Duas aulas
Objetivo: Ilustrar o uso da língua utilizando um meio que a represente no seu efetivo
uso, e partir daí, desenvolver as habilidades de leitura e oralidade dos alunos.
Recursos didáticos: fotocopias da HQ "Crazy for comic books" (anexo 1), Monica´s
Gang. São Paulo: Mauricio de Sousa Editora: Panini Comics, n. 43, páginas 58 a 63,
2013.
Procedimento:
1) Antes da Leitura: fazer um breve debate sobre o que os alunos conhecem sobre HQs
e então fazer uma síntese sobre esse gênero de maneira simplificada (Falar dos balões,
expressão dos personagens). Nesse momento será feita a breve discussão sobre as
características dos personagens (short, little fat, etc) da Turma da Mônica (Monica´s
Gang) e a apresentação dos nomes dos personagens em Inglês (Marina, Monica and
Maggy).
2) Leitura Introdutória: distribuir a HQ (anexo I). Pedir aos alunos que observem as
imagens. Questioná-los sobre o tema da historinha, baseando-se nos formatos dos
balões e nas palavras que eles conhecem. Nesse momento será apresentado o
vocabulário que ainda não foi estudado em sala para facilitar o segundo momento da
compreensão (pull out, set them out, warm, longer, without, thought, still, might, etc). A
próxima etapa é uma discussão sobre o verdadeiro significado apresentado na HQ, visto
que os alunos já tem os significados das novas palavras, buscando chegar mais
próximo possível do que realmente ele trata.
3) A gramática a partir da leitura: nesse momento, pede-se aos alunos para destacarem
no texto as formas do verbo TO BE, no Simple Present, retomando a discussão do tema
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já estudado em aulas anteriores e reforçando o uso das formas contractas com outras
palavras, como no caso de that´s.
4) Retomada a leitura: após a retomada do VERB TO BE, volta-se ao texto para uma
nova leitura da mesma HQ, destacando a presença do verbo em apreço, mas trazendo o
foco agora para a reprodução oral dos diálogos entre si, por meio de repetição (professor
lê e pede para, em seguida, os alunos lerem também), para posteriormente haver o
momento da leitura em trios, momento este que poderá ser gravado ou filmado para
futuras discussões sobre o que precisa melhorar em relação a leitura.
5.2. Atividade para o ensino de língua espanhola
Tópico da aula: interpretação de texto
Série recomendada: 5º ano Ensino Fundamental I
Tempo previsto: uma aula
Objetivo: observar o uso da língua utilizando um meio que a represente no seu efetivo
uso, e partir daí, desenvolver as habilidades de compreensão e interpretação de texto.
Recursos didáticos: fotocopias da HQ "Mis zapatos" (anexo II, Mónica y su Pandilla.
São Paulo: Mauricio de Sousa Editora: Panini Comics, n. 26, páginas 50 e 51, 2012.
Procedimento:
1) Antes da Leitura: fazer um breve debate sobre o que os alunos conhecem sobre HQs
e então fazer uma síntese sobre esse gênero de maneira simplificada (Falar dos balões,
expressão dos personagens). Nesse momento será feita a breve discussão sobre as
características dos personagens (gordinflona, bajita, etc) da Turma da Mônica (Mónica
y su Pandilla) e a apresentação dos nomes dos personagens em Espanhol (Cebollita,
Cascarón, etc.).
2) Leitura e compreensão: distribuir a historinha em anexo. Pedir aos alunos que
observem as imagens. Questioná-los sobre o tema da historinha, baseando-se nos
formatos dos balões e nas palavras que eles conhecem. Nesse momento será
apresentado o vocabulário que ainda não foi estudado em sala para facilitar o segundo
momento da compreensão (pesado, blandos, desatados, etc). Em seguida, partir para
arguição sobre o verdadeiro significado apresentado na HQ, visto que os alunos já tem
os significados das novas palavras.
3) A interpretação: nesse momento, pede-se aos alunos para falarem sobre a intenção do
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texto, principalmente o último quadrinho, quando "Cascarón" diz "¡Yo no tengo esos
problemas!" . Após esse momento, requer dos alunos a escrita das hipóteses por eles
levantadas, sempre com o apoio do professor com relação às palavras que eles queiram
colocar em espanhol, mas ainda não conhecem.
Também pode ser trabalhado a questão da fala do Cebolinha, questionando ao alunos se
é a mesma troca que acontece em português, e o aluno aqui mostrará sua afinidade com
a leitura de HQ, pois independente de ler a historieta, se for conhecedor desse gênero,
saberá a resposta. Aquele que não conhece precisará recorrer ao texto mais uma vez a
fim de encontrar substrato para a proposta.
4) Retomada a leitura: após a interpretação, volta-se ao texto para uma nova leitura da
mesma HQ, trazendo o foco agora para a reprodução oral dos diálogos entre si, por
meio de repetição (professor lê e pede para, em seguida, os alunos lerem também), para
posteriormente haver o momento da leitura em trios, momento este que poderá ser
gravado ou filmado para futuras discussões sobre o que precisa melhorar em relação a
leitura.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme apresentado neste artigo, para que o ensino/aprendizagem
seja algo interessante ao aprendiz, necessário é colocá-lo em contato com diversos
gêneros textuais presentes em seu cotidiano, para nele despertar o interesse pela língua
estrangeira. Para tanto, o gênero História em Quadrinhos como recurso para o
ensino/aprendizagem da língua estrangeira, presente nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, ressalta a importância das HQs Mónica y su Pandilla e Monica’s Gang,
1-) Lee la historieta de Cascarón y escribe lo que comprendiste, en portugués:
_________________________________________________________________
2-) ¿Por qué Cascarón no tiene problemas con zapatos, de acuerdo con la historieta?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________
3-) Saca del texto las palabras en que Cebollita presenta dificultades en hablar. Luego,
escribe lo que hay de equivocado en ellas.
_________________________________________________________________
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ambas de Maurício de Souza, cuja realidade social presente nas páginas em muito se
assemelha à dos aprendizes, material este que permite a criação de exercícios de
estratégias diversas, sempre focado à prática do idioma estrangeiro, por meio de
abordagem comunicativa motivadora, dinâmica, acessível, entre outras, confirmando a
utilidade das HQs ao ensino de língua estrangeira.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, M.. Estética da criação verbal.São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 262. BRASIL,SEF/MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais- 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental- Língua Estrangeira. Brasília, DF: SEF/MEC, 1998. BRASIL.Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes curriculares de Língua Estrangeira moderna para a educação básica. Curitiba, PR: SEED, 2008. LANNONE, L. R. & LANNONE, R. A.. O Mundo das Histórias em Quadrinhos. 4ed. São Paulo: Moderna, 1995. 89p. MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. MENDONÇA, M. R. de S. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: DIONISIO, Ângela Paiva;MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. (p. 194-207). RAMA, A.; VERGUEIRO, W.; BARBOSA, A.; RAMOS, P.; VILELA, T. Como usar as histórias em quadrinhos em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004. RODRÍGUEZ, D. J. História em quadrinhos na aula de língua estrangeira: proposta de análise de adequação didática e sugestão de exercícios. São Paulo, 2008. (Dissertação de Mestrado – PPGLLA – DLM/FFLCH-USP) SILVA, A. Interação verbal e não-verbal na leitura de Histórias em Quadrinhos. In: Revista Vertentes, nº 30, Universidade Federal de São João Del Rey, RJ, 2008, disponível em http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/. Acesso em 28 de abril de 2014. SOUSA, M.de. Monica´s Gang. São Paulo: Mauricio de Sousa Editora: Panini Comics, n. 43, 2013. ____________. Mónica y su Pandilla. São Paulo: Mauricio de Sousa Editora: Panini Comics, n. 26, 2012. VERGUEIRO, W.C.S. Uso das HQs no ensino. IN: BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; VILELA, Tulio, RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (orgs). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
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ANEXO 1 - COMIC BOOK
190
ANEXO 2 - HISTORIETA