mÓdulo ii – hemorragias, choques e ferimentos · choque séptico: resulta da resposta sistémica...
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Módulo 2 – Hemorragias, choques e ferimentos
Apresentação do Módulo
Este módulo tem como objetivo apresentar os principais tipos de hemorragias, choques e
ferimentos, assim como demonstrar os procedimentos operacionais do atendimento pré-
hospitalar durante o tratamento emergencial.
Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Enumerar os tipos e os principais sinais ou sintomas indicativos de uma hemorragia;
Citar e demonstrar 4 diferentes técnicas para controlar hemorragias externas;
Descrever as causas principais e o tratamento pré-hospitalar do choque;
Citar pelos menos cinco diferentes tipos de ferimentos, assim como descrever os
procedimentos gerais para tratar ferimentos abertos e fechados.
Estrutura do Módulo
Este módulo está dividido nas seguintes aulas:
Aula 1 – Hemorragias
Aula 2 – Choques
Aula 3 – Ferimentos
Estude, a seguir, o conteúdo da aula 1.
Aula 1 – Hemorragias
1. Hemorragia
Hemorragia ou sangramento significam a mesma coisa, isto é, sangue que escapa de artérias,
veias ou vasos capilares. A hemorragia pode ser definida como a perda do volume sanguíneo
circulante.
As hemorragias são classificadas de forma anatômica ou clínica.
1.1. Classificação anatômica
Arterial: Hemorragia que faz jorrar
sangue pulsátil e de cor vermelho vivo.
Venosa: Hemorragia onde o sangue sai
lento e contínuo, com cor vermelho
escuro.
Capilar: O sangue sai lentamente
dos vasos menores, na cor similar ao
sangue venoso/arterial.
1.2. Classificação clínica
Hemorragia externa
São aquelas que podem ser vistas a partir de uma ferida aberta.
Sinais e sintomas:
• Agitação;
• Palidez;
• Sudorese intensa;
• Pele fria;
• Pulso acelerado (acima de 100 bpm);
• Hipotensão;
• Sede;
• Fraqueza.
Se não controlados, o estado de choque poderá se desenvolver, podendo levar até mesmo ao
óbito do paciente.
Hemorragia interna
As hemorragias internas geralmente não são visíveis, porém podem ser bastante graves, pois
também podem provocar choque e levar a vítima à morte. Exemplos: fratura fechada de
fêmur, laceração de um órgão maciço como o fígado ou baço, etc.
Sinais e sintomas
São idênticos aos da hemorragia externa. Fique atento, pois o paciente poderá tossir sangue,
vomitar sangue, sangrar pelo nariz, ouvidos, boca, reto ou órgãos genitais.
1.3. Técnicas utilizadas no controle das hemorragias
1.3.1. Pressão direta sobre o ferimento
Controle a hemorragia fazendo uma compressão direta sobre a ferida que sangra com sua mão
(protegida por luva descartável), ou ainda, com a ajuda de um pano limpo ou gaze esterilizada
para prevenir a infecção.
1.3.2. Compressão sobre os pontos arteriais
Se a hemorragia for muito intensa e você não conseguir fazer parar a saída do sangue, tente
controlar o sangramento pressionando diretamente sobre as artérias principais que nutrem de
sangue o local lesionado.
Pressão direta sobre o ferimento
1. Elevação do Membro
Pressão direta sobre o ferimento
2. Elevação do Membro
Lembre-se de que os pulsos são mais facilmente palpáveis nos locais onde artérias calibrosas
estão posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro. Os mais comuns são o pulso
radial, pulso braquial, o pulso femural, o pulso carotídeo e o pulso dorsal do pé ou tibial
posterior.
1.3.3. Elevação do membro
Mantenha a região que sangra em uma posição mais elevada que o resto do corpo, pois esse
procedimento contribuirá para diminuir o fluxo de sangue circulante e, consequentemente , o
sangramento.
1.3.4. Curativo compressivo
Nesta técnica, o emergencista deverá utilizar atadura ou uma tira de pano (limpo ou estéril),
para fixar o curativo no local da lesão. Não apertar muito ou comprimir com demasiada força
para não agravá-la ainda mais.
Controle as possíveis hemorragias através das técnicas de pressão direta, elevação, pressão
sobre os pontos arteriais e curativo compressivo. Segundo as pesquisas mais recentes, o
torniquete é uma técnica em abandono e os emergencistas devem ser desencorajados ao seu
uso. Infelizmente, essa técnica ainda está muito firmemente arraigada à cultura brasileira. No
entanto, tal utilização é tão excepcional e seus riscos tamanhos, que o ensino dessa manobra
deve ser eliminado.
O emprego do torniquete, apesar de fazer cessar o sangramento, impede a circulação na parte
mais distal da extremidade onde é aplicado e também possibilita o acúmulo de toxinas nessa
região; por esse motivo, NÃO deve ser utilizado.
Nos casos graves, sugerimos o emprego da combinação de duas ou mais técnicas de
contenção de hemorragias já citadas.
Tratamento pré-hospitalar
Avalie o nível de consciência;
Abra as VA estabilizando a coluna cervical;
Monitore a respiração e a circulação;
Exponha o local do ferimento;
Efetue hemostasia;
Afrouxe roupas;
Aqueça o paciente;
Não dê nada de comer ou beber;
Ministre oxigênio suplementar;
Transporte o paciente imediatamente para o hospital.
Em casos de amputação traumática, esmagamento de membro e hemorragia em vaso arterial
de grande calibre, deve-se empregar a combinação das técnicas de hemostasia.
O primeiro passo a ser empregado em hemorragias visíveis é o emprego da técnica pressão
direta.
Aula 2 – Choques
Nesta aula você irá conhecer passo a passo do tratamento dado a uma vítima de choque.
2.1. Estado de choque
O choque é um estado de hipoperfusão tecidual. Independentemente da causa, condiciona um
desequilíbrio entre o transporte e as necessidades de oxigênio (O2) e substratos energéticos, o
qual pode gerar sofrimento e morte celular. A própria lesão celular induz uma resposta
inflamatória que, alterando as características funcionais e estruturais da microcirculação,
agrava ainda mais a hipoperfusão. Gera-se assim um ciclo vicioso que, se não for
interrompido, pode levar à falência de múltiplos órgãos e, eventualmente, à morte.
Quando o corpo de uma pessoa sofre um ferimento (trauma) ou apresenta uma enfermidade,
ele imediatamente reage, tentando corrigir os efeitos do dano. Se o problema é severo, uma
das reações é o choque; portanto, o choque indica a existência de um problema no sistema
circulatório, o qual geralmente está relacionado com uma das seguintes causas:
Insuficiência cardíaca: Quando o coração não consegue bombear quantidade suficiente de
sangue. Se o coração por algum motivo deixar de bombear sangue adequadamente ou parar de
funcionar (parada cardíaca), o choque se desenvolverá de imediato.
Lesão nos vasos sanguíneos: O sistema circulatório deve obrigatoriamente ser um sistema
fechado. Se os vasos (artérias, veias ou capilares) forem lesados e perderem muito sangue, o
paciente entrará em choque.
Diminuição do volume de sangue circulante: Se houver uma diminuição no volume de
sangue circulante ou se os vasos sanguíneos por algum motivo se dilatarem (aumentarem seu
diâmetro), impedindo que o sistema permaneça preenchido corretamente, o choque se
desenvolverá.
2.2. Tipos de choque
O choque pode ser classificado de várias formas, porque existe mais de uma causa para ele. O
emergencista não necessita conhecer todas essas formas de choque, no entanto é fundamental
que ele entenda de que forma os pacientes podem desenvolver o choque.
Os tipos de choque são:
Choque hipovolêmico: É o choque causado pela perda de sangue e/ou pela perda de plasma.
Ex.: Sangramentos graves ou queimaduras.
Choque cardiogênico: É o choque cardíaco. Esse choque é causado pela falha do coração no
bombeamento sanguíneo para todas as partes vitais do corpo.
Choque neurogênico: É o choque do sistema nervoso; em outras palavras, a vítima sofre um
trauma e o sistema nervoso não consegue controlar o calibre (diâmetro) dos vasos sanguíneos.
O volume de sangue disponível é insuficiente para preencher todo o espaço dos vasos
sanguíneos dilatados.
Choque anafilático: É o choque alérgico. Desenvolve-se no caso de uma pessoa entrar em
contato com determinada substância da qual é extremamente alérgica, por exemplo,
alimentos, medicamentos, substâncias inaladas ou em contato com a pele. O choque
anafilático é o resultado de uma reação alérgica severa e que ameaça a vida.
Choque séptico: Resulta da resposta sistémica a uma infecção grave. É uma situação mais
frequente nos idosos, imunodeprimidos ou nos doentes sujeitos a procedimentos invasivos. As
infecções gastrointestinais, urinárias e pulmonares são as mais comuns e a resposta global do
organismo, bem como o quadro sintomático são independentes do tipo de agente envolvido.
O choque séptico ocorre geralmente no ambiente hospitalar e, portanto, é pouco observado
pelos profissionais emergencistas que atuam no ambiente pré-hospitalar.
Sinais e sintomas gerais do choque
Agitação ou ansiedade;
Respiração rápida e superficial;
Pulso rápido e filiforme (fraco);
Pele fria e úmida;
Sudorese;
Face pálida e posteriormente cianótica;
Olhos estáveis, sem brilho e pupilas dilatadas;
Sede;
Náuseas e vômitos;
Queda da pressão arterial.
Além dos sinais e sintomas descritos acima, no choque anafilático o paciente desenvolve os
seguintes sinais e sintomas:
Prurido na pele;
Sensação de queimação na pele;
Edema generalizado; e
Dificuldade para respirar.
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Deite o paciente.
4. Mantenha as vias aéreas permeáveis.
5. Realize reanimação, se necessário.
6. Controle a hemorragia.
7. Administre oxigênio, caso esteja disponível.
8. Imobilize as fraturas, se necessário.
9. Evite o manejo brusco.
10. Previna a perda de calor corporal.
11. Não ministre alimentos nem líquidos.
12. Verifique os sinais vitais.
13. Transporte o paciente.
14. Na entrevista, pergunte se o paciente é alérgico a alguma substância e se teve contato
com ela. No mais, trate igualmente como outro choque já visto anteriormente. Nesse
caso, a vítima precisa receber medicamentos para combater a reação alérgica.
Em geral, o paciente deve estar em decúbito dorsal, com as extremidades inferiores elevadas.
Se o paciente tiver as pernas fraturadas, não elevá-las, a menos que estejam bem imobilizadas.
Por efeito da gravidade, pode melhorar a oferta de sangue ao coração e, por conseguinte, ao
encéfalo.
A cabeça e ombros do paciente devem ficar ligeiramente elevados (somente em pacientes que
apresentam problemas respiratórios). Elevar a cabeça se há sangramento na boca. Não usar
essa posição nos pacientes inconscientes ou com uma possível lesão do pescoço, coluna,
tórax, abdômen ou pélvis.
Aula 3 – Ferimentos
Nesta aula, você conhecerá a descrição dos procedimentos gerais para tratar ferimentos
abertos e fechados.
3.1. Compressas, ataduras e curativos
Compressa
Material limpo ou estéril que se aplica diretamente sobre um ferimento para proteger, mantê-
lo limpo ou deter a hemorragia.
Alguns tipos de compressas são:
• Absorventes: Feminino, masculino, campos cirúrgicos, gazes.
• Antissépticas: Utilizadas para prevenir e/ou combater infecções. Já vem pronta para
ser utilizada.
Atadura
Faixa de tecido, gaze, crepom ou elástica que tem como finalidades:
• Exercer pressão sobre uma parte do corpo;
• Imobilizar uma região;
• Fixar curativos, proteger feridas, manter estética no curativo, etc.
Curativo
É um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma
ferida quando necessário, com a finalidade de promover a rápida cicatrização e prevenir a
contaminação ou infecção.
Tipos: oclusivo, volumoso.
1. Assegurar o controle de hemorragias.
2. Abrir e manejar as compressas de maneira asséptica.
3. Cobrir completamente os ferimentos.
4. Assegurar que o curativo esteja firme e fixo, mas não tão apertado a ponto de afetar a
circulação.
5. Verificar perfusão ou pulso distal antes e depois de realizar o curativo.
6. Assegurar-se que não fiquem pontas soltas que possam enganchar em outros objetos
quando o paciente for movimentado.
7. Evitar cobrir as extremidades dos dedos.
3.2. Ferimentos em tecidos moles
São lesões que ocorrem em todos os tecidos moles do corpo, comumente causadas por
trauma.
3.2.1. Classificação dos ferimentos
- Fechado
- Aberto
Ferimento fechado
É aquele onde não existe uma perda da continuidade da superfície cutânea. Geralmente é
causado pelo impacto de um objeto contundente.
Os ferimentos fechados podem variar desde danos aos tecidos subcutâneos até lesões severas
aos órgãos internos. As superficiais não requerem um cuidado imediato.
Tratamento pré-hospitalar para os ferimentos fechados
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Trate o choque.
4. Proteja a área lesionada.
5. Transporte o paciente.
O sangue pode acumular-se no tecido danificado e formar um hematoma; em tais casos,
deve-se aplicar um curativo.
Ferimento aberto
É aquele onde existe uma perda de continuidade da superfície cutânea
Tipos de ferimentos abertos:
Feridas contusas;
Abrasões ou escoriações;
Ferimentos incisos;
Feridas lacerantes ou lacerações;
Avulsões;
Amputações;
Eviscerações.
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Exponha o ferimento. Retire a roupa que esteja sobre e ao redor do ferimento. Não se
deve retirar a roupa passando-a por cima da cabeça ou das extremidades. O melhor método
é simplesmente levantar e retirar a roupa ou cortá-la longe do local do ferimento, de acordo
com o protocolo local. Evite agravar os ferimentos do paciente.
4. Não lave; limpe a superfície do ferimento retirando apenas o excesso.
5. Controle hemorragias. Inicie com pressão direta, elevação e pontos de pressão.
6. Previna a contaminação. Use um curativo estéril, roupa ou pano limpo para cobrir o
ferimento, mantendo o calor.
7. Mantenha o paciente em repouso, e, se possível, cubra-o com um cobertor ou lençol.
8. Ofereça apoio emocional ao paciente.
9. Trate o choque.
10. Transporte o paciente.
Outros tipos de ferimentos
Pérfuro-cortante
1. Examine se tem saída.
2. Cubra completamente qualquer ferimento aberto.
Objeto encravado
1. Não o remova.
2. Controle hemorragias.
3. Estabilize o objeto.
Avulsão (extirpação) – arrancamento parcial de um tecido
1. Limpe a superfície do ferimento.
2. Recoloque a pele (se possível).
3. Controle hemorragias.
4. Cubra o ferimento.
Mutilação (amputação traumática)
1. Controle as hemorragias e previna o choque.
2. Cubra as partes amputadas com curativos, limpe-as e mantenha-as refrigeradas (se
possível).
3. Guarde e conduza as partes amputadas junto com o paciente até o hospital.
O tratamento pré-hospitalar dos ferimentos em tecidos moles
está dirigido a controlar hemorragias e a prevenir a contaminação.
Face e couro cabeludo
A face e o couro cabeludo recebem abundante irrigação de sangue através de artérias e veias;
e as feridas, nessas áreas, sangram muito.
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Controle a hemorragia com pressão direta.
4. Suspeite de uma lesão no encéfalo ou no pescoço diante de qualquer ferimento na
cabeça.
5. Não tente limpar a superfície de uma ferida no couro cabeludo. Com frequência isso é
causa de hemorragia adicional, agrava lesões e provoca muita dor caso exista uma
fratura do crânio.
6. Não aplique pressão no ferimento se existir a possibilidade de uma fratura no crânio.
Ferimentos nos olhos
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Não exerça pressão direta sobre os olhos.
4. Caso encontre um objeto encravado ou se ele se encontra protruso, você:
Não deverá remover os objetos.
Não deverá recolocar o olho, caso ele tenha sido expulso.
Deverá estabilizar com curativo específico (copo-atadura) sobre o olho, permitindo
ao objeto encravado sair através da abertura. Cubra o olho não lesionado para reduzir
o movimento de ambos os olhos. Explique ao paciente porque está fazendo isso.
5. Trate o choque.
6. Preste suporte emocional ao paciente.
Em um paciente inconsciente, feche os olhos antes de vendá-los para prevenir que se resseque
o tecido e haja risco de cegueira permanente. Mantenha-os fechados permitindo
lacrimejamento e umidade normais.
Deve-se cuidar de um olho protruso da mesma forma que de um objeto
encravado.
3.1. Considerações especiais
Tratamento pré-hospitalar de queimaduras nos olhos
Olho protuso
Por calor. Na maioria dos casos, somente as pálpebras são queimadas.
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Não abra os olhos, caso haja sinais de pálpebras queimadas.
4. Com as pálpebras do paciente fechadas, cubra os olhos com um curativo frouxo e
úmido. Caso não haja forma de umedecê-lo, aplique um curativo frouxo e seco.
5. Não use nenhum tipo de unguento para queimaduras nas pálpebras.
Por luz (radiação). A “cegueira da neve” e a “cegueira do soldador” são dois exemplos.
Cubra os olhos com material escuro, mantendo as pálpebras fechadas. Caso não haja materiais
assim, use vários curativos ou vende e coloque uma capa de material opaco, como um plástico
escuro.
Por substâncias químicas. Muitas substâncias químicas podem causar sério dano aos olhos.
1. Enxague os olhos com água abundante, dependendo da substância. Não atrase o cuidado
tentando encontrar água estéril. Use qualquer fonte de água boa para beber. Se for
possível, mantenha um jorro constante por pelo menos 20 minutos.
2. Depois de lavar os olhos, com as pálpebras do paciente fechadas, aplique um curativo
frouxo e úmido.
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Enxague imediatamente os olhos com água, por pelo menos 20 minutos. Mantenha o
olho sob água corrente à baixa pressão: torneira, garrafa, copo ou outra fonte. Você
pode manter aberta a pálpebra do paciente.
4. Depois de lavar os olhos do paciente, cubra-os com curativos úmidos; caso o paciente
sinta aumentar o seu mal-estar, volte a enxaguar os olhos por cinco minutos, tirando
previamente os curativos.
Ferimentos nas bochechas
Tratamento pré-hospitalar para ferimentos nas bochechas
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Caso necessário, coloque um curativo por dentro da boca e outro pelo lado externo.
4. Corrija os problemas respiratórios. Revise a boca cuidadosamente, procurando por
algum objeto solto. Exemplo: dentes quebrados que possam estar alojados nas vias
aéreas.
5. Revise cuidadosamente se há hemorragia dentro da boca ou garganta que possa obstruir
as vias aéreas.
6. Cubra com um curativo.
Objetos encravados nas bochechas.
1. Revise a parte interna da boca para ver se o objeto transpassou a bochecha. Cuide de
seus dedos durante o exame.
2. Se o objeto está encravado apenas na bochecha, retire-o de dentro para fora.
3. Se não suspeita de lesões no pescoço e nem na coluna vertebral, gire a cabeça do
paciente para drenar o sangue da boca.
4. Se suspeita de uma lesão de pescoço ou coluna, não gire a cabeça do paciente; gire-o em
bloco.
5. Use curativos e coloque-os no lado interno da ferida com a finalidade de controlar o
fluxo de sangue.
6. Cubra o ferimento.
Feridas no ouvido
Tratamento pré-hospitalar para ferimentos no ouvido externo
Cortantes: Cubra com curativo.
Laceração: Coloque vários curativos para proteger o tecido lesionado. Guarde a parte
lacerada envolta em um curativo estéril dentro de uma bolsa ou envoltório plástico e
mantenha-a úmida e fria.
Avulsões: Use um curativo volumoso e fixe-o com uma atadura.
Tratamento pré-hospitalar para ferimentos nos ouvidos e orelhas
Hemorragia: Aplique um curativo externamente e fixe-o. Não tampe o conduto
auditivo porque pode agravar a lesão interna.
Corpo estranho: Não tente remover o objeto. Caso necessário, aplique um curativo
externo e preste suporte emocional ao paciente.
Líquido claro: Saindo dos ouvidos, pode indicar uma fratura de crânio. Não tampe o
conduto auditivo externo. Aplique uma atadura frouxa, estéril ou limpa.
Ouvido obstruído: Dano no tímpano, líquidos no ouvido médio e objetos no canal
podem ser causa para que o paciente queixe-se de “ouvido tampado”. Não examine dentro do
ouvido. O emergencista, em tais casos, deve evitar que o paciente bata a cabeça na tentativa
de limpar seus ouvidos. Esses golpes podem causar dano severo ao ouvido interno.
Muitos desses problemas podem desaparecer mesmo antes do tratamento médico.
Ferimentos na boca
Tratamento pré-hospitalar para feridas na boca
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Assegure uma via aérea permeável.
4. Em caso de lábios cortados, use um curativo enrolado ou dobrado entre os lábios e a
gengiva.
5. Em caso de lábios em avulsão, aplique um curativo compressivo.
6. Em caso de cortes na face interna da bochecha, não encha a boca com o curativo.
Qualquer curativo colocado entre a bochecha e a gengiva deverá ser sustentado com a
mão. Caso seja possível, coloque a cabeça do paciente de maneira que permita a
drenagem.
Ferimentos abdominais
Qualquer ferimento profundo causado por objeto cortante ou perfurante no abdômen, pélvis
ou na parte inferior das costas.
Sinais e sintomas:
• Dor na região abdominal e\ou pélvica;
• Respirações rápidas e superficiais;
• Pulso rápido;
• Abdômen muito sensível e\ou rígido.
Tratamento pré-hospitalar
1. Use EPI (biossegurança).
2. Verifique se a cena está segura.
3. Não recoloque nenhum órgão eviscerado para dentro do abdômen.
4. Cubra todo o ferimento com curativo volumoso e fixe-o.
5. Em caso de evisceração, evite tocar o órgão exposto. Cubra com um curativo
umedecido, depois um curativo oclusivo (plástico ou aluminizado) para manter
aquecido o local e fixe-o com ataduras.
6. Verifique constantemente os sinais vitais.
Evisceração
7. Deite o paciente em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas.
8. Advirta que, em caso de lesões na pélvis ou extremidades inferiores, as pernas não
devem ser flexionadas.
9. Esteja alerta para a possibilidade de vômito.
10. Não lave a lesão.
11. Trate o choque.
Obs.: Em caso de objeto encravado, não se deve removê-lo. Estabilize o objeto com
curativo volumoso e fixe-o.
Ferimentos nas genitálias
Tratamento pré-hospitalar para ferimento nas genitálias
Por contusão – O uso de bolsas de gelo pode auxiliar na diminuição da dor e sangramento.
Cortes – Absorventes higiênicos podem ser utilizados para controlar sangramentos e fixados
com ataduras ou bandagens triangulares.
Encravados – Não remova objetos cravados ou encravados.
Mutilação (amputação) – Preserve partes descoladas, envolvendo-as em plástico ou curativos
limpos.
Exercícios de fixação
1. Enunciado
Durante o tratamento a um paciente com ferimento abdominal aberto com exposição de
órgãos, o emergencista deve:
Alternativas
(A) Cobrir todo o ferimento com curativo estéril.
(B) Recolocar os órgãos na cavidade abdominal.
(C) Aplicar um curativo compressivo no local.
(D) Lavar toda a extensão do ferimento.
Gabarito
(A) Cobrir todo o ferimento com curativo estéril
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Módulo 2 – Aula 3 (p. )
2. Enunciado
Associe as informações abaixo.
1 Avulsão Lesão de borda irregular produzida por objeto rombo.
2 Abrasão Lesão de borda regular produzida por objeto cortante.
3 Laceração Lesão provocada por objetos pontiagudos e arma de fogo.
4 Amputação Lesão superficial de sangramento discreto e muito doloroso.
5 Ferimento incisivo Lesão que envolve rasgo ou arrancamento de uma grande
parte da pele.
6 Ferimento
penetrante ou
perfurante
Lesão geralmente relacionada a um acidente automobilístico,
podendo envolver o corte e o arrancamento de membros.
O resultado da associação é:
Alternativas
(A) 2 – 1 – 3 – 6 – 4 – 5
(B) 3 – 5 – 6 – 2 – 1 – 4
(C) 5 – 2 – 1 – 4 – 3 – 6
(D) 6 – 3 – 4 – 1 – 5 – 2
Gabarito
(B) 3 – 5 – 6 – 2 – 1 – 4
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Módulo 2 – Aula 3 (p. )
3. Enunciado
Considerando os tipos de choque, correlacione as informações abaixo:
1 Choque
cardiogênico Perda de sangue ou perda de plasma.
2 Choque
hipovolêmico Choque da infecção; causado por micro-organismos.
3 Choque
neurogênico
Resultado de reação alérgica severa e que ameaça a
vida.
4 Choque anafilático Falha do coração no bombeamento sanguíneo para todas
as partes vitais do corpo.
5 Choque séptico Trauma; volume de sangue insuficiente para preencher
todo o espaço dos vasos sanguíneos dilatados.
O resultado é:
Alternativas
(A) 1 – 4 – 5 – 3 – 2
(B) 2 – 5 – 4 – 1 – 3
(C) 4 – 2 – 3 – 5 – 1
(D) 5 – 2 – 1 – 4 – 3
Gabarito
(B) 2 – 5 – 4 – 1 – 3
Feedback
Módulo 2 – Aula 2 (p. )
4. Enunciado
Em caso de hemorragia visível, o primeiro passo no atendimento pré-hospitalar é o emprego
da técnica de:
Alternativas
(A) elevação do membro ferido
(B) compressão dos pontos arteriais
(C) pressão direta sobre o ferimento
(D) aposição de curativo compressivo
Gabarito
(C) pressão direta sobre o ferimento
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Módulo 2 – Aula 1 (p. )
5. Enunciado
As formas de tratamento inicial, no caso de trauma no couro cabeludo, NÃO incluem:
Alternativas
(A) Controlar a hemorragia com pressão direta.
(B) Lavar o local com água abundante e sabão neutro.
(C) Suspeitar de lesão adicional na cabeça ou pescoço.
(D) Deixar de aplicar pressão, se existir a possibilidade de fratura no crânio.
Gabarito
(B) Lavar o local com água abundante e sabão neutro.
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Módulo 2 – Aula 3 (p. )
6. Enunciado
Entre as recomendações para tratamento pré-hospitalar de um ferimento aberto NÃO se
encontra:
Alternativas
(A) Cobrir o ferimento com curativo estéril.
(B) Utilizar proteção individual do emergencista (EPI).
(C) Expor o local do ferimento, cortando as vestes, se necessário.
(D) Remover curativo já colocado, mesmo que não tenha ocorrido hemostasia.
Gabarito
(D) Remover curativo já colocado, mesmo que não tenha ocorrido hemostasia.
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Módulo 2 – Aula 3 (p. )
7. Enunciado
Para atender um paciente com ferimento no olho, o socorrista deve:
(A) Aplicar um curativo compressivo diretamente sobre os olhos do paciente.
(B) Tampar os dois olhos do paciente.
(C) Não tampar os dois olhos do paciente para mantê-lo atento a tudo que se passa ao seu
redor.
(D) Remover objetos cravados e examinar a órbita ocular do paciente.
Gabarito
(B) Tampar os dois olhos do paciente.
Feedback
Módulo 2 – Aula 3 (p. )
8. Enunciado
As técnicas utilizadas para controlar uma hemorragia são:
(A) Torniquete, compressão dos pontos arteriais, imobilização, controle da dor e curativo
compressivo.
(B) Elevação do membro, aferição dos sinais vitais e torniquete.
(C) Pressão direta sobre o ferimento, imobilização e elevação do membro.
(D) Compressão dos pontos arteriais, elevação do membro, pressão direta sobre o ferimento e
curativo compressivo.
Gabarito
(D) Compressão dos pontos arteriais, elevação do membro, pressão direta sobre o
ferimento e curativo compressivo.
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Módulo 2 – Aula 1 (p. )
9. Enunciado
Os principais sinais e sintomas de um paciente em estado de choque hipovolêmico são os
seguintes:
(A) Palidez, pele fria, pulso rápido e fraqueza.
(B) Acidez estomacal, tosse, cãibras, angústia.
(C) Edema, inquietude, vômitos, convulsões.
(D) Pálpebras caídas, paralisia, tontura, atordoamento.
Gabarito
(A) Palidez, pele fria, pulso rápido e fraqueza
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Módulo 2 – Aula 1 (p. )
10. Enunciado
Ao atender a um ferimento aberto no abdômen, o emergencista deverá:
(A) Cobrir com curativo oclusivo.
(B) Não recolocar nenhum órgão eviscerado para o interior do abdômen.
(C) Expor o local da lesão para avaliar corretamente o ferimento.
(D) Todas as anteriores estão corretas.
Gabarito
(D) Todas as anteriores estão corretas.
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Módulo 2 – Aula 3 (p. )
11. Enunciado
O objetivo principal do uso de curativos de compressas de gaze sobre feridas abertas é:
(A) Imobilizar, diminuir o hematoma e esterilizar o ferimento.
(B) Acalmar a dor, fazer pressão e evitar a formação de bolhas.
(C) Controlar hemorragias e prevenir contaminações.
(D) Esterilizar o ferimento e controlar a saída do sangue.
Gabarito
(C) Controlar hemorragias e prevenir contaminações.
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Módulo 2 – Aula 1 (p. )