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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
Contextualização ........................................................................................................... 3
Justificativa.................................................................................................................... 4
Relevância do tema ....................................................................................................... 4
Objectivos...................................................................................................................... 5
Problematização ............................................................................................................ 5
Metodologia .................................................................................................................. 6
Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 6
CAPÍTULO I - ABORDAGEM CONCEPTUAL DO TEMA ........................................ 7
1.1. Perspectiva Histórica .............................................................................................. 7
1.2. Conceito ................................................................................................................. 9
1.3. Características do Capital de Risco ...................................................................... 11
1.4. Capital de Risco e o Processo de Internacionalização ......................................... 12
1.5. Vantagens do Investimento em Capital de Risco ................................................. 15
1.6. Tipos de Investidores em Capital de Risco .......................................................... 18
1.7. As Formas de Investimento das Entidades de Capital de Risco .......................... 21
1.8. Mecanismos de Saída (Exit) ou Desinvestimento dos Venture Capitalists/Privat
Equity .......................................................................................................................... 24
1.9. A avaliação no processo de decisão de um investimento de Capital de Risco .... 26
1.9.1. O plano de negócios .......................................................................................... 27
1.9.1.1. O seu contexto no capital de risco .................................................................. 28
1.9.1.2. Um plano de negócio vitorioso ...................................................................... 30
1.9.1.3. Riscos envolvidos nos Investimentos de Capital de Risco ............................ 31
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1.10. Instrumentos fundamentais nas operações de capital de risco: Acordos Para-
Sociais e Acções Preferenciais .................................................................................... 33
1.10.1. Acordos Para-Socias ....................................................................................... 33
1.10.2. Acções Preferenciais ....................................................................................... 36
1.11. Projecto de Investimento enquanto instrumento de captação dos fundos de
Capital de Risco .......................................................................................................... 37
1.12. O Capital de Risco e as PMEs de base tecnológica ........................................... 41
CAPITULO II – ENQUADRAMENTO DO CAPITAL DE RISCO NA ECONOMIA
INTERNACIONAL ....................................................................................................... 45
2.1. O Sistema Financeiro Internacional ..................................................................... 45
2.2. Capital de Risco nos EUA .................................................................................... 46
2.3. Capital de Risco na Europa .................................................................................. 49
CAPÍTULO III - ENQUADRAMENTO DO CAPITAL DE RISCO NA ECONOMIA
CABO – VERDIANA .................................................................................................... 52
3.1. Sistema Financeiro Nacional ................................................................................ 52
3.2. Capital de Risco em Cabo Verde ......................................................................... 53
CAPITULO IV – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................... 63
Conclusão .................................................................................................................... 63
Recomendações ........................................................................................................... 64
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 66
ANEXO – Contrato de Accionista ................................................................................. 70
APÊNDICE – Inquérito e modelo de Entrevista aplicado ............................................. 71
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INTRODUÇÃO
Contextualização
Nesta conjuntura que vivemos, o capital de risco como alternativa de financiamento
cresce de importância e poderá ter um papel mais profundo do que alavancador de
projectos.
O processo de globalização fomenta o aumento da competição e, com isso, a
necessidade de desenvolver novos produtos e serviços com tecnologias mais arrojadas.
Dentro deste cenário, torna-se necessário que as PMEs tenham investimento a baixo
custo que proporcione a viabilidade de uma produção em maior escala e consigam, com
isso competir de forma mais estruturada.
Segundo Gonçalo Pereira Coutinho, “a actual conjuntura económica determina um
aumento das necessidades de financiamento das empresas através de capitais próprios
em detrimento de capital alheio. Nesse sentido favorece claramente o crescimento do
peso dos capitais próprios na estrutura financeira das empresas, sendo o capital de risco
uma boa opção” (cf. Franchising e Empreendedorismo, 2009).
As PMEs e os empreendedores enfrentam grandes dificuldades de obter um capital
barato e que possa viabilizar a alavancagem financeira, principalmente para estes
últimos que contam apenas com o “capital conhecimento”.
Segundo Titericz apud Pinto, a capacitação, através do capital de risco, vem tornando
uma alternativa importante para que os empreendedores consigam recursos financeiros
para viabilizarem a abertura de suas empresas e ampliarem suas linhas de produto.
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Justificativa
Pretende-se, com o desenvolvimento desse tema, conhecer um pouco melhor a
perspectiva histórica, a situação actual e as perspectivas futuras do capital de risco,
recurso muito utilizado nos dias de hoje, devido ao seu baixo custo.
Tendo em conta que 90% do tecido empresarial cabo-verdiano é formado pelas
Pequenas e Médias Empresas; considerando que os bancos, embora com excesso de
liquidez, mostram-se pouco propensos em financiar projectos a 100%, capacidades e
ideias credíveis e sustentáveis, justifica-se, portanto, a abordagem a esta temática.
Assim sendo, é fundamental que se tenha e se conheçam outras fontes alternativas de
financiamento. Um outro motivo que justifica a realização deste trabalho, prende-se
com a pouca divulgação deste produto financeiro e mesmo a inexistência de um estudo
aprofundado deste tema em Cabo Verde. Tendo em vista que o país está ávido por
inovação empresarial, principalmente nas áreas de tecnologia de informação, e reforçar
o seu estatuto de pais de desenvolvimento médio, havendo necessidade de exploração
de todos os recursos de modo a rentabiliza-lo, justifica-se esta discussão em torno do
capital de risco.
Relevância do tema
Este estudo poderá contribuir para algumas reflexões e incentivar a divulgação desta
modalidade de financiamento e, ainda levar ao conhecimento dos eventuais leitores
deste trabalho aspectos importantes relacionados com o capital de risco como uma
alternativa de financiamento. Poderá despertar ainda a atenção pela lacuna que existe
entre os empreendedores e os financiadores, nomeadamente para projectos de alto risco.
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Objectivos
Objectivo Geral
Com a realização deste trabalho pretendeu-se, em termos gerais, entender a génese e o
percurso histórico das actividades do capital de risco no mundo e em Cabo Verde.
Objectivos Específicos:
Em termos específicos, os objectivos pretendidos foram:
• Analisar o funcionamento e sucesso deste instrumento a nível internacional;
• Identificar aspectos da cultura empresarial nacional que ajuda ou dificulta a
Entrada do instrumento Capital de Risco nos países;
• Identificar ou evidenciar Capital de Risco como fonte de financiamento em
Cabo Verde;
• Analisar os impactos da entrada de Capital de Risco no sistema financeiro cabo-
verdiano;
• Propor medidas que venham a facilitar a penetração do produto Capital de Risco
no país.
Problematização
Na base deste trabalho está a preocupação em descobrir o que é que explica o
surgimento do CR em Cabo Verde. Entretanto, para compreender a sua chegada a este
país é necessário, em primeiro lugar, entender a sua origem no mundo. Assim, duas
questões de partida serviram como orientadoras dessa pesquisa:
• Em primeiro lugar, procurei desvendar o que impulsionou a criação do fundo de
capital de risco e quais são os projectos mais atractivos para entidades viradas
para essa área de actuação?
• Uma segunda pergunta, mais virada para a realidade cabo-verdiana, busca
explicações para a não penetração do instrumento financeiro Capital de risco no
tecido empresarial nacional.
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Tais perguntas impulsionaram essas pesquisas no sentido de encontrar possíveis
soluções. Para tal, formulei as seguintes hipóteses: pode o Capital de Risco constituir-se
em uma alternativa viável de financiamento, oferecendo melhor garantia de
rendibilidade às Pequenas e Médias Empresas, se comparado com as outras
modalidades de financiamento! A entrada deste produto no sistema financeiro nacional
pode ter impactos positivos.
Metodologia
Para aferir da viabilidade das hipóteses formuladas, procedi a um exaustivo
levantamento de bibliografia sobre este tema, para dar conta do seu surgimento a nível
global, da função do capital de risco e suas perspectivas futuras, quer no mundo, como
em Cabo Verde. Como a sua implementação em Cabo Verde é ainda incipiente e faltam
bibliografias sobre esta matéria, porque não abundam estudos acerca, tive que recorrer a
inquéritos junto a técnicos que trabalham em instituições financeiras cabo-verdianas.
Ainda apoiei-me nas modernas tecnologias, designadamente, através de pesquisas na
Internet.
Foi dirigido um inquérito a participadas de A PROMOTORA, SA e a Câmara de
Comércio de Sotavento. Ainda foi efectuada entrevista em que o público-alvo foram
técnicos dos Bancos da Praça e a única participante existente no país.
Estrutura do Trabalho
Para alcançar os objectivos traçados, o trabalho foi estruturado em 4 capítulos a seguir
indicados:
• Capitulo I: Abordagem conceptual do tema;
• Capitulo II: Enquadramento do Capital de Risco na economia Internacional;
• Capitulo III: Enquadramento do Capital de Risco na economia Cabo – Verdiana;
• Capitulo IV: Principais conclusões e Recomendações.
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CAPÍTULO I - ABORDAGEM CONCEPTUAL DO TEMA
1.1. Perspectiva Histórica
A realização deste trabalho obriga-me, para uma melhor compreensão do tema em
estudo, a fazer uma reflexão teórica em torno do conceito do Capital de Risco, de modo
a poder explicar a sua implantação no mercado cabo-verdiano. Entretanto, antes de
entrar propriamente na definição deste conceito, é necessário fazer um enquadramento
histórico que permite entender o surgimento, evolução e a chegada desta entidade
financeira ao mercado cabo-verdiano.
Assim, com base no Guia Prático do Capital de Risco, pode-se constatar que os
primeiros antecedentes dos investimentos em capital de risco surgiram ainda no século
XV, quando as primeiras expedições marítimas eram financiadas com expectativa nos
lucros decorrentes, mas com grande risco de perda do investimento.
Outro período relevante para o crescimento do capital de risco, enquanto actividade
económica, foi no século XVIII, em Inglaterra, produto da Revolução Industrial e do
ambiente propício aos investimentos em projectos fabris emergentes com elevado
potencial de rendibilidade, quando mercadores, armadores e os primeiros industriais da
tecelagem procuravam apoio financeiro ocasional para os seus projectos junto de
indivíduos abastados.
Esses indivíduos abastados, hoje designados de business angels, continuam a fazer parte
fundamental da indústria de capital de risco.
As primeiras operações de capital de risco, na forma como conhecemos hoje, têm as
suas origens nos EUA, em meados da década de 40 do século XX.
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De acordo com o Guia Prático, a primeira sociedade de investimentos em capital de
risco foi criada em 1946, a American Research & Development, um fundo de capital de
risco gerido por profissionais dedicado a realizar investimentos de alto risco, com o
objectivo especifico de adquirir participações em pequenas e médias empresas
inovadoras.
Embora informal, esta forma alternativa de financiamento, foi se desenvolvendo até
atingir o estatuto de indústria nas décadas de 70 e 80 do século passado.
Ainda de acordo com a mesma fonte, perante o potencial deste projecto, o governo
norte-americano criou a Small Business Investiments Companies Administration
(SBICA) que, ao gerir um conjunto de benefícios fiscais e de créditos bonificados,
permitiu o desenvolvimento da indústria capital de risco.
Os EUA continuam até agora a liderar a mobilização de fundos de capital de risco com
uma grande disparidade em relação a Inglaterra, outro país também bastante evoluído
nesta matéria.
A história de como as pequenas empresas atraem investimentos ou capital de risco de
que precisam para sobreviver e depois para crescer, vale-se de uma cultura que valoriza
o optimismo e o risco, políticas de governo abrangentes e favoráveis a investimentos,
bem como na energia e no entusiasmo do empresário individualmente. Como os Estados
Unidos não têm o monopólio sobre essas características, parece provável que histórias
ligadas a investidores e capital de risco e a empresários de alta tecnologia cada vez mais
serão um fenómeno global compartilhado (cf. Capital de Risco).
Autores como Francisco Banha, que desenvolveram estudos sobre o capital de risco,
deixam dicas sobre esta matéria. Em o “Manual de Capital de risco”, Banha diz que:
“(…) no já distante ano de 1968, quando os cientistas Robert Noyce e Gordon Moore
deixaram a empresa FAIRCHILD – a maior accionista na época da IMB – para
constituírem a INTEL, dirigiram-se a um inteligente financiador, chamado Arthur Rock,
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para os ajudar a financiar os seus projectos. Arthur Rock elaborou um business plan de
duas páginas e angariou 2,5 milhões de dólares. A INTEL se tornou uma das mais
omnipresentes e influentes empresas a nível mundial, bem como se pode dizer que faz
parte da história de alta tecnologia” (p.p. 145, 146).
Hoje em dia, de acordo com o autor acima citado, é comum assistirmos ao abandono de
jovens brilhantes, com especialização em engenharia, entre outras, de empresas
mundialmente reconhecidas para criarem os seus próprios empreendimentos. O que
Gordon Moore (actual presidente da INTEL) e o seu amigo fizeram foi totalmente fora
do contexto conservador que caracterizava o ambiente empresarial dos EUA. No
entanto, como faz ver Banha, a inexistência de um sistema de financiamento lógico que
permitisse avançar com uma ideia e transformá-la numa empresa, fez com que o êxito
obtido pela intervenção de Arthur Rock fosse decisivo para validar a perspectiva ao
recurso a capital de risco para financiamento de start-ups de alta tecnologia, e
considerá-lo, hoje em dia, o “Pai” do Venture Capital que todos conhecemos.
Como se pode perceber, o surgimento do capital de risco está profundamente ligado à
liberalização dos mercados financeiros, que demandou o alargamento das fontes
alternativas de financiamento. Assim, o capital de risco surge como uma das alternativas
de financiamento dinamizador da economia, constituindo o factor chave do
empreendedorismo e do processo de criação e viabilização das pequenas e médias
empresas, principalmente as de base tecnológicas.
1.2. Conceito
Sobre o conceito de capital de risco existe um conjunto de formulações, mais ou menos
consensual, que permite entender a importância deste instrumento para a dinâmica do
mercado.
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A partir do Guia Prático, define-se a indústria capital de risco como uma fonte de
investimento empresarial, com o objectivo de financiar empresas, apoiando o seu
desenvolvimento e crescimento, com fortes reflexos na gestão.
Citando ainda a mesma fonte, pode-se dizer o capital de risco é uma das principais
fontes de financiamento para jovens empresas, Start-Up´s e investimentos de risco com
elevado potencial de rentabilização. É um magnífico instrumento de desenvolvimento
empresarial.
Para além da definição legal, o capital de risco, também é chamado de capital de
investimento, capital de desenvolvimento, venture capital e private equity na versão,
inglesa (Carlos, 2004, p. 4).
Capital de risco é uma técnica, modalidade ou forma de investimento que se caracteriza
pela existência de um investidor profissional, ou seja, aquele que investe em empresas
com elevado potencial de crescimento, através da aquisição de participações no capital
social de outras empresas, geralmente com objectivo de obter dentro de um horizonte de
médio e longo prazo mais-valias decorrentes do seu investimento (cf. Portal do
Empreendedor).
Para Garcez, CR consiste em investimento na forma de participação accionaria
relevante porém minoritária (podendo chegar 40% do capital total), por investidores
individuais ou institucionais, a empresas emergentes de pequeno ou médio porte para
um produto, processo ou serviço inovador, de grande potencial de crescimento e
rentabilidade associado a altos níveis de risco, por um prazo de 5 a 10 anos em geral,
em que os investidores esperam obter lucros na forma de ganhos de capital.
Para Neto, O capital de risco constitui uma alternativa interessante para capitalizar
Pequenas e Médias Empresas (PMEs), em especial pela dificuldade que estas encontram
na fase de desenvolvimento e crescimento.
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1.3. Características do Capital de Risco
A indústria de capital de risco caracteriza – se como uma fonte de apoio financeiro e
gerencial às pequenas e médias empresas de base tecnológica e/ou empreendimentos
com forte potencial de crescimento e rentabilidade. Constitui-se em participações
temporárias (frequentemente 3, 5 ou 10 anos), minoritárias e sem qualquer garantia real,
com objectivo de obter mais-valia significativa na ocasião de desinvestimento
(Geranegócio, sd, p.3). Ainda segundo a mesma fonte, o seu objectivo é buscar retorno
acima da média de mercado, aceitando, para isso, um maior nível de risco, com prazo de
aplicação girando em torno de sete anos.
Caracteriza-se, como refere a citada fonte, como instrumento eficaz na concretização de
iniciativas empresariais especialmente no domínio das novas tecnologias, uma vez que
neste tipo de negócio as empresas necessitam de investimentos financeiros adequados
ao seu rápido crescimento e desenvolvimento, transformando-se em parceiro do
negócio, com todas as vantagens e riscos inerentes ao projecto. Pode-se destacar
algumas características básicas deste instrumento financeiro:
- Não exigir o pagamento de quaisquer encargos financeiros;
- Ter um papel de interlocutor activo;
- Promover o apoio a jovens empresários automotivados;
- Criar e manter uma parceria com o empresário;
- Promover a criação de uma grande confiança entre as partes envolvidas no
negócio.
Ao contrário das formas tradicionais de financiamento, o Capital de Risco assume, de
acordo com guia prático de CR, integralmente os desafios do mercado, ao não ser
recompensado pelos juros do capital investido mas sim pelo sucesso da empresa
financiada.
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O investimento em capital de risco dirige-se a novos projectos empresariais e a
empresas não cotadas em mercado de bolsa, e parte substancial da mais-valia gerada
será resultado da venda posterior da participação (HIGH-TECH, p.1).
1.4. Capital de Risco e o Processo de Internacionalização
Nos últimos 20 anos, a evolução da economia mundial é marcada pela globalização dos
mercados e internacionalização das empresas, quando as empresas começaram a cruzar
fronteiras e a se instalarem em mercados estrangeiros. Esse fenómeno as obrigou a
procederem a alterações no que tange ao seu posicionamento competitivo, de forma a
enfrentarem os desafios do século XXI. Hoje é fundamental que as empresas percebam
esta tendência, de modo a poderem definir estratégias competitivas, que lhes permitam
sobreviver num contexto global, mesmo que a sua missão não tenha em consideração a
presença física em mercados internacionais.
Grande parte das empresas recorre, essencialmente, ao crédito bancário para financiar o
seu desenvolvimento, apresentando, consequentemente, um baixo grau de capitalização.
Tal fragilidade é potenciada pela insuficiência dos recursos empresariais dinâmicos, tais
como gestores, quadros técnicos e trabalhadores especializados, provocando que as
empresas se encontrem, de uma forma geral, subdimensionadas e pouco orientadas para
factores de competitividade.
O processo de internacionalização, de acordo com Carvalho, requer da parte das
empresas e dos seus gestores algumas características: têm que ser competitivas no
mercado doméstico, há que compreender as culturas locais, fomentar a dimensão e
sustentabilidade de recursos económicos. As empresas devem pautar por uma estrutura
accionista estabilizada e com elevada participação de capitais próprios, sendo que isto
lhes permite solidificar a fase de aprendizagem. Na perspectiva de Carvalho têm que ser
pró-activas, surpreendentes, e conquistar o nicho do mercado com destaque a nível de
inovação e qualidade. O desenvolvimento de parcerias de ganho mútuo, formais,
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informais, inovadoras, com os seus stakholders1, permite-lhes mitigar riscos e alavancar
as capacidades e competências. A estratégia nacional de internacionalização precisa
estar associada a condições macroeconómicas favoráveis, conforme Lacerda.
Para Faria e Santos, a ampliação da actuação das empresas para além dos limites de seus
territórios de origem e o próprio acirramento das disputas internas forçam-nas a se
depararem com novos parâmetros de concorrência (2006, p.104).
O apoio do capital de risco nos processos de internacionalização reveste-se de especial
significado, como mostra A Promotora, já que reforça a estrutura financeira da empresa,
reduz o risco pela sua partilha e ainda é um parceiro de gestão útil pelo rigor das
metodologias, experiência de actuação e rede de contactos internacionais detida.
Citando a mesma fonte, o apoio de gestão que o capital de risco pode/deve efectuar, em
termos de processo de internacionalização das empresas, passa, antes de mais, pela
participação na análise das oportunidades e ameaças versus pontos fortes e fracos da
empresa e na análise “cadeia de valor” da empresa e dos factores críticos de sucesso do
negócio, de uma forma dinâmica. Tal permitirá efectuar uma abordagem sistémica do
processo de definição de uma estratégia, que incorpore a vertente internacional,
permitindo definir necessidade/oportunidade de entrada no mercado internacional.
As análises feitas até aqui permitem perceber um conjunto de vantagens advenientes da
internacionalização empresarial. Apoiando na mesma fonte (p.6), destaco as seguintes:
- Ultrapassagem do limite de crescimento do mercado nacional;
- Oportunidade de desenvolvimento, por contacto com clientes mais exigentes e
concorrentes mais evoluídos;
- Aproveitamento de economias de escala e optimização da utilização das
capacidades produtivas;
1 Todos aqueles que se relacionam com a empresa e tem um interesse directo ou indirecto na sua
existência: clientes, accionistas, fornecedores, bancos, estado, etc.
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- Criação de imagem;
- Acesso a factores de vantagem competitiva;
- Diversificação do risco.
A competitividade resultante da contínua globalização, onde a variável tempo ganha
relevante papel e a variável espaço é remetido a um plano marginal, a não participação
de uma empresa em mercados externos não significa capacidade de concorrência local,
mas sim fraqueza de posicionamento e exposição à concorrência internacional. A
competitividade a este nível impõe a formação, quer a nível nacional e quer
internacional, de alianças que minimizem a escassez de recursos (humanos, financeiros,
materiais e outros) e reforcem as capacidades intrínsecas das organizações.
Como enfatizam estudos sobre internacionalização das pequenas e médias empresas, a
opção de internacionalizar dá-se normalmente em uma etapa posterior ao processo de
criação, ou seja, a empresa não nasce com ambição de exportar. De acordo com
Carvalho, investir no estrangeiro deve ser uma etapa do processo de crescimento da
empresa. Já Ovatt e Mc Dougall (1995) defendem um ponto de vista diferente. Para
estes autores, algumas empresas já nascem com a ambição de ser global. A
oportunidade de negócio visualizada transborda as fronteiras do país, sede da empresa.
Muitas vezes, para viabilizar esse negócio as empresas têm que, necessariamente, desde
muito cedo, estabelecer contactos com clientes, fornecedores e parceiros no exterior.
No entender de Faria e Santos, estudos com abordagem behaviorista e incremental, vêm
a entrada das empresas no mercado externo como um processo gradativo, de
aprendizagem, no qual quanto mais houver redução da percepção do risco da actividade
que se dá com o conhecimento do mercado adquirido, mais recursos são investidos.
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1.5. Vantagens do Investimento em Capital de Risco
O capital de risco ao assumir a forma de participação no capital social da empresa,
reforça a sua autonomia financeira. E como capital social não há lugar a garantias,
reembolso ou pagamento de encargos com juros, que ocorreria se o financiamento fosse
feito por recurso ao crédito. Facilita-se assim a expansão da empresa e a consequente
criação de mais-valia, que é um dos objectivos dos capitalistas de risco.
As empresas apoiadas pelo capital de risco conhecem resultados significativos, se
comparadas com as que enveredam por outras formas de financiamento, conforme
mostra a experiência internacional. Assim, apresentam benefícios tanto pela injecção de
capitais como pelo aconselhamento à gestão e que reflectem-se da seguinte forma:
- Financeiramente, através de um planeamento financeiro e da optimização das
fontes e custos, preparando a empresa para o acesso ao mercado de capitais;
- Através de uma estratégia empresarial adequada à rápida evolução no meio
contextual;
- Estabelecendo contactos através de sua rede, nacional e internacional, com o
objectivo de direccionar a empresa para o desenvolvimento de contactos
comerciais, a transferência de tecnologia, entre outras.
Outro benefício do capital de risco resulta do apoio técnico prestado às empresas
participadas. Tal apoio produz efeito nos diferentes níveis da participada, que vai desde
a racionalização dos recursos internos à potencialização do relacionamento com o meio
transaccional, passando pelas sinergias resultantes da intervenção numa diversidade de
empresas; pela abertura de oportunidades comerciais internacionais e criação de joint-
venture. O apoio que os investidores profissionais fornecem, conforme realça Correia,
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não são só os fundos necessários, como também enviam sinais de credibilidade aos
Stakeholders da empresa.
O capital de risco, segundo A Promotora, é adequado a um leque amplo de
destinatários: tanto os que estão na fase de concretização de projectos, com elevado
potencial de retorno, complementando os recursos próprios escassos dos promotores,
como para as empresas existentes, preferencialmente as de base tecnológica em início
de actividade, transformação ou expansão proporcionando-lhes meios financeiros e
técnicos, apoiando o seu crescimento e desenvolvimento ganhando estabilidade. Ainda
proporciona às empresas e empreendedores o capital de conhecimento, resultante do
know-how do negócio, redes de contactos nacionais e internacionais, capacidade de
conseguir aprender a obter a vantagem económica da quantidade crescente de
informações.
No entanto, segundo algumas fontes, como Geranegócio, é no fazer a comparação das
diferenças comportamentais entre o CR e o crédito bancário que se notam as principais
vantagens do CR, como se pode constatar no quadro seguinte:
Quadro 1
Comparação das diferenças comportamentais entre CR e FT
Vantagens do CR se comparado com financiamento tradicional (crédito bancário)
Características CR Crédito Bancário
Tempo de aplicação Médio e longo prazo De curto prazo a longo prazo
Dedicação e Assistência
A dedicação é total durante a
permanência no negócio,
tornando-se um verdadeiro
parceiro, que partilha riscos e
recompensas, com
aconselhamento e apoio de
gestão com vista a auxiliar ao
sucesso
A única dedicação é no
sentido de resguardar-se caso
empréstimo esteja em risco, e
não haja possibilidade do
cumprimento da dívida. A
disponibilidade de assistência
varia consideravelmente com
as diferentes entidades.
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Actividade
Disponibiliza uma base de
capital flexível, adequada às
necessidades de
desenvolvimento e
crescimento da empresa.
É uma boa fonte de
financiamento se a empresa
possuir um plano pré definido
de reembolso que permita,
com segurança, cumprir o
serviço da dívida.
Rentabilidade
A rentabilidade da SCR
depende do sucesso e do
crescimento do negócio.
Quanto maior for o sucesso
maior é rentabilidade de todos
os investidores.
Depende do cumprimento
pela empresa do serviço da
dívida e da manutenção do
valor dos activos que servem
de garantia.
Comportamento
Se o negócio não se revelar
viável as SCR estão, lado a
lado com os demais sócios.
Verificando – se os
problemas as SCR reforçarão
o seu apoio com vista à sua
resolução. Tem sempre por
objectivo valorizar o negócio.
Verificando-se a existência de
problemas, os financiadores
estarão na 1ª linha para
receber. Se houver indicações
de que algo vai mal os
financiadores poderão
precipitar os acontecimentos
já que procurarão resguardar
os seus interesses.
Fonte: GERANEGÓCIO, p. 5
Pela análise do quadro constata-se que nesta modalidade de financiamento, o CR, ao
contrário do financiamento bancário, não são prestadas garantias pessoais ou reais pelos
promotores, o que torna o CR vantajoso em relação a outras modalidades de
financiamento. Pois que uma das condições para o acesso ao crédito bancário é as
garantias solicitadas o que condiciona, uma vez que as empresas, na fase de lançamento,
não têm activos, existirá, sim, uma ideia, um produto, conhecimentos dos processos
técnicos de fabrico e um forte empenho pessoal do promotor ou promotores do projecto.
Com base no quadro, percebe-se ainda que, no capital de risco, os investidores ficam
sujeitos à performance financeira do negócio, ou seja, a rentabilidade dos investidores
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depende da rentabilidade e do sucesso do negócio. Se o negócio for inviável, o
capitalista de risco fica na mesma posição de qualquer outro sócio/accionista da
empresa. Com a ligação a uma SCR, o empreendedor tem resguarda a sua
independência, podendo equilibrar a relação entre capitais próprios e alheios,
beneficiando-se dos contactos da SCR e ganhando credibilidade e força nas negociações
junto a instituições financeiras e outras entidades.
Trata-se de uma entidade financiadora com objectivos e espírito diferente do
financiador clássico e por isso capaz de avaliar as potencialidades da ideia.
O financiador de capital de risco, como parceiro de um projecto, com know how e
experiência a nível financeiro, pode funcionar como um importante factor de
dinamização de outros apoios, pois o conhecimento do mercado financeiro potencia
facilidades de contracção de empréstimos.
O CR de risco tem uma perspectiva de investimento de médio e longo prazo, situando
entre os 3 e 10 anos, que constitui uma vantagem para investimentos cujo retorno é de
longo prazo e associado a incerteza ambiental. Os capitalistas de risco têm um empenho
total na actividade da empresa até ao desinvestimento, tornando-se um verdadeiro
parceiro. Constata-se que no CR não são exigidos pagamentos regulares de montantes
determinados, o que para uma empresa em início de actividade é bom porque não
sentem pressão de tesouraria, ao contrário do financiamento bancário em que são
exigidos pagamentos regulares de capital e juros.
1.6. Tipos de Investidores em Capital de Risco
As entidades de capital de risco são cruciais na promoção do crescimento económico de
qualquer país, uma vez que financiam pequenas e médias empresas, que no fundo mais
contribuem para a produção e emprego em todo o mundo.
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De acordo com Correia (2002), os capitalistas de risco procuram aplicar os seus
recursos nas empresas com perspectivas de alto retorno, que tenham potencial para se
consolidar no mercado. O investidor de capital de risco, todavia, não é um mero
prestamista, mas sim um novo sócio da empresa: se esta fracassa, ele não retirará
benefício algum do investimento. Se tiver êxito, terá direito a participar nesse sucesso.
Para Banha, os investidores de capital de risco são investidores sofisticados,
profissionais geralmente com alcance muitas vezes internacional cujo suporte financeiro
pode ser fundamental no momento de expansão do negócio.
Em geral, eles formam uma parceria operacional estreita com os fundadores, e podem
trazer gerentes profissionais que ocuparão os cargos de director executivo e director
financeiro. A questão, para qualquer investidor em capital de risco, é a avaliação da
empresa. O primeiro desafio dos fundadores é entrar em acordo com os investidores no
que tange ao valor da empresa já que ele determina o valor do seu investimento e a
extensão de sua participação accionaria (C & R).
Dependendo da avaliação quanto à competência administrativa dos fundadores, esses
investidores podem condicionar seu investimento à contratação nos novos directores
gerentes e podem requerer participação directa na gestão das actividades diárias da
empresa. Segundo Garcez, na indústria de capital de risco existem os seguintes tipos de
investidores:
- Empreendedores, Famílias e Amigos
Os empreendedores em geral contam com recursos próprios (seed capital) para
desenvolver um protótipo ou um estudo de mercado com objectivo de subsidiar a
concepção e avaliação preliminar da viabilidade do seu empreendimento. No caso de
levantamento de recursos de terceiros, esses fundos são em geral obtidos através de
hipotecas de bens pessoais, empréstimos bancários pessoais ou da participação de
amigos e familiares no negócio. Reforça Garcez, que esses recursos são designados no
mercado de love money, e seus fornecedores geralmente não envolvem na gestão do
empreendimento.
20
- Business Angels
Os business angels, investidores informais, isto é não institucionais de capital de risco
dispõem de recursos abundantes e procuram “não pôr todos os ovos no mesmo cesto” –
diz Esperança e Matias (p.34) constituem uma das entidades de capital de risco útil para
as empresas que precisam de financiamento estável, ou seja, recursos a capital próprio.
Portanto, segundo F. Banha, os business angels são capitalistas de risco individuais que
cobrem as necessidades de financiamento a que os fundos institucionais de capital de
risco não dão resposta, nomeadamente os projectos de seed capital e start-ups. O seu
capital proporciona taxas mais baixas de financiamento.
Esses tipos de financiadores individuais são especiais. Normalmente realizam
investimentos em sectores de actividade nos quais já conhecem o melhor possível. Esta
particularidade lhes permitem não só aportar recursos nos projectos que seleccionam,
como também proporcionar contactos através da sua rede de relações e da sua própria
experiência de empresário, sendo que, os BA como empresários, proporcionam aos
empreendedores conselhos preciosos que fazem ganhar tempo, o que para uma jovem
empresa é um verdadeiro acelerador.
Este tipo de investidor representa uma fonte de capital importante para novos e
crescentes negócios. Normalmente são qualificados em quatro grupos diferentes a
destacar os angels com experiência profissional (ex-executivos); angels guardiões ou
veteranos da indústria; angels de rendimento financeiro que são os indivíduos com
grandes fortunas e angels empreendedores (empreendedores que triunfam nos seus
negócios). (in file://E:\caprisco2.htm, em 23/02/2009).
- Empresas de venture capital
Estas, segundo Garcez, são empresas formalmente constituídas para realizar
investimentos em capital de risco, normalmente constituídas como fundos de
investimentos, sob gestão de profissionais especializados, agregando recursos de
21
diversos investidores para compra de participação accionária de empresas emergentes.
Além de participar dos conselhos das empresas, elas actuam de forma sistematizada no
apoio de gestão. O funding (fundo) destas empresas de capital de risco provê fundos de
pensão, grandes corporações, investidores privados, universidades e investidores
estrangeiros. Nesse sentido, como refere Garcez, estas empresas actuam como um fundo
de investimento cujo padrão de operação, exige um grande envolvimento na gestão dos
empreendimentos em carteira.
- Corporate venturing
Os investimentos são realizados por investidores, normalmente empresas de maior
porte, ou mesmo grandes corporações, em empresas de menor porte, com objectivos
específicos de alavancar competências ou desenvolver produtos inovadores que
complementam às suas actividades. Tendencialmente, estes investidores corporativos
participam em empresas em estágios mais avançados, as quais já tenham desenvolvido
um produto e obtido alguma aceitação junto ao mercado e adicionar valor contribuindo
para o seu posicionamento estratégico. A nível da gestão podem assumir uma atitude
passiva. Estas empresas muitas vezes e acabam mais tarde por pertencer aos respectivos
conglomerado (cf. Garcez; Geranegócio).
1.7. As Formas de Investimento das Entidades de Capital de Risco
De acordo com o Guia Prático de CR, o investimento em outras empresas processa-se
de forma diferente e com características específicas, de acordo com as diferentes
necessidades das empresas, à medida que percorrem os estágios de desenvolvimento da
cadeia de inovação. As designações utilizadas pela indústria do capital de risco
reflectem quer a sua origem anglo-saxónica, como na fase do desenvolvimento
empresarial em que o investimento é realizado.
22
Assim de acordo com os operadores do mercado, os investimentos em CR revestem as
seguintes formas: Seed Capital, Start-Up, Other early stage, Expansão, Management
Buy-Out, Managemente Buy-In, Buy-In Management Buy-Out, Institutional Buy-Out,
Replacement equity (capital de substituição), Bridge financing (capital ponte),
Resgate/Turnaround (recuperação de empresas), Public to Private.
Destaco, a seguir, as características essências das formas de investimento mais
utilizadas nas empresas de alta tecnologia, conforme glossário de capital de risco -
gesbanha:
- Seed Capital (Capital Semente)
Financiamento de pequeno montante dirigido a projectos empresariais em fase de
concepção, envolvendo muitas vezes apoio a estudos de mercado para determinar a
viabilidade de um produto ou serviço, mas também ao desenvolvimento de produto a
partir de projectos ou estudos. Este investimento é o que oferece mais desafios para a
indústria do capital de risco, partindo muitas vezes de ideias originais que carecem de
suporte financeiro e de gestão para singrar, sendo o financiamento que mais estimula a
participação do investidor na gestão e organização do projecto empresarial. Dado à
incerteza ambiental, tem subjacente um risco elevado, a sua taxa de retorno potencial
será também bastante elevada.
- Start-Ups (Capital de Arranque)
Implica o investimento no capital de empresas já existentes e a funcionar, ou em
processo final de instalação, com um projecto desenvolvido, mas que não iniciaram
ainda a comercialização dos produtos ou serviços. Geralmente, o investimento é
destinado ao marketing inicial e ao lançamento dos produtos, serviços ou conceitos
desenvolvidos. As start-ups podem ser pequenos projectos empresariais resultado da
investigação ou de ideias originais, mas também projectos suportados por grandes
conglomerados empresariais, como no caso da indústria de componentes automóveis ou
das telecomunicações. No fundo tem como objectivo o desenvolvimento do produto e
23
imagem permitindo um maior crescimento e valorização do negócio (cf. Guia Prático de
Capital de Risco; IAPMEI; CR, 2009).
- Other Early Stage (Estágio de Maturação)
Este investimento é dirigido a empresas recém-instaladas, que completaram a fase de
desenvolvimento de produto e que possam já ter iniciado a comercialização, mas ainda
sem lucros, sendo destinado à melhoria dos processos de fabrico e comercialização, e ao
marketing. É a fase que decorre até a empresa atingir o seu ponto de equilíbrio. (Guia
Prática de Capital de Risco, IAPMEI, p. 12).
- Expansão
Este tipo investimento, designado de desenvolvimento ou de crescimento, é destinado a
empresas que já atingiram maturidade, isto é, o produto ou serviço já está implementado
e sua comercialização com êxito, mas que não tem recursos adicionais para expandir o
seu negócio, aumentar a sua capacidade de produção ou desenvolver técnicas de
comercialização e promoção. Nesta fase o risco é menor e dai há mais investidores
dispostos em financiar as empresas. (Cf. Banha; Guia Prático do Capital de Risco).
Gráfico 1
Formas de Investimento em Capital de Risco
Fonte: IPMEI, in www.iapmei.pt/iapmei-art-03.php?id=533, consultado em 27/02/2009.
24
1.8. Mecanismos de Saída (Exit) ou Desinvestimento dos Venture Capitalists/Privat
Equity
Para realizar retornos financeiros, os capitalistas de risco precisam revender a
participação que detêm nas empresas investidas. Essa etapa mesmo quando não é
lucrativa chama-se saída (exit) e é fundamental para esse ramo de negócios (GOMPERS
e LERNER, 1999 apud Ribeiro e Almeida 2005).
Segundo Pinto (1996) a existência de mecanismos de saída ou desinvestimento bem
desenvolvidos é um dos factores fundamentais para o sucesso da actividade de capital
de risco, cuja lógica das operações pressupõe um desinvestimento no menor prazo
possível e com maior retorno possível. Todo o processo de investimento fica
estabelecido no contrato de accionistas assinado entre as duas partes.
Segundo Banha, (2000), os capitalistas de risco têm sempre uma “estratégia de saída”.
Precisam de liquidez. Assim, a empresa pode ser estável, rentável e vender um produto
de qualidade, mas, se não houver uma estratégia de saída bem definida - um caminho
para obter essa liquidez, não vale a pena investir.
Do ponto de vista de Almeida e Ribeiro, a oportunidade de realização de saídas, que
cubram o custo de oportunidade dos recursos empregados, é condição necessária para a
existência do capital de risco e depende de diversos factores relacionados às
competências do VC, características do empreendimento e especificidade do mercado
em que se actua.
Como a remuneração dos ventures capitalists depende das mais-valias realizadas,
importa conhecer quais os mecanismos de desinvestimento (saída), onde se destacam os
cinco mais comuns, conforme Pinto:
25
1- O capitalista de risco pode optar pela venda das participações no mercado accionário,
notadamente no mercado secundário (Bolsa de Valores), na situação de existência de
oferta pública de venda (Initial Public Offering – IPO), em especial quando o capital de
risco assumiu a natureza de “bridge financing”. Esta forma de alienação das
participações é preferida nos mercados mais desenvolvidos, ou com uma projecção das
PMEs em mercado de bolsas; Esta modalidade só é viável para empresas em boas
condições financeiras.
2- Pode-se optar pela venda directa a outras empresas, normalmente maior do que a
participada (Take-Over). É uma excelente alternativa de saída no caso de participações
em empresas enfrentando dificuldades. A saída via aquisições é especialmente
apropriada para investimentos em empresas menores, que, por causa de seu tamanho,
não são atraentes para os grandes investidores institucionais ou para as empresas com
atracção por segmentos estratégicos.
3- Através da recompra por parte dos empreendedores/gestores das empresas. A venda
aos antigos titulares pode recorrer de forma espontânea, como pré-negociada no
momento da entrada das entidades de capital de risco. Contratos promessa, opções call e
put, e MBO são as variantes mais comuns.
4- Compra secundária da participação por uma terceira parte;
5- Pela liquidação da empresa (write-off). A empresa é descontituída, e todos os activos
são liquidados de divididos entre os accionistas e credores. (cf. Guia Prático de Capital
de Risco; Garcez; A Promotora).
Para Pinto (1996), as modalidades de saída mais utilizadas nos Estados Unidos da
América são através de aberturas de capital no mercado accionário e através de
aquisições, embora a primeira gera maior lucratividade apesar de horizonte de tempo
maior, conforme quadro 2, elaborado com base em estudo com 26 fundos operando
26
entre 1970 e 1982. Formalmente, a abertura de capital é o processo pelo qual a
propriedade de uma empresa fechada é transferida, total ou parcialmente, para um
grande número de pessoas que desejam dela participar e que não mantêm
necessariamente, relações entre si, com um grupo controlador.
Quadro 2
Comparação entre Métodos Alternativos de Desinvestimento
Tempo Custo
(US$Mil)
Proveitos
(US$Mil)
Múltiplo
Abertura de Capital
Aquisição
Recompra
Venda Secundária
Liquidação
4,2
3,7
4,7
3,6
4,1
814
988
595
715
1.030
5.804
1.699
1.268
1.431
198
7,1
1,7
2,1
2,0
0,2
Fonte:Sagari e Guidotti (1992) apud Pinto.
1.9. A avaliação no processo de decisão de um investimento de Capital de Risco
Analisados alguns aspectos do capital de risco, como sua evolução histórica, suas
vantagens, as formas como as entidades de capital de risco investem numa sociedade e
como processa a saída, refiro-me agora à importância da avaliação para tomada de
decisão de investir ou não num determinado negócio.
Segundo Banha, o investidor de CR, ao aplicar os seus recursos numa empresa, espera e
pretende sempre ter êxito, ou seja, obter retornos, tanto através de dividendos, como na
realização de mais-valias no momento da sua retirada do empreendimento. Contudo,
para o êxito da decisão do investimento contribui, indubitavelmente, uma correcta
avaliação, quer do ponto de vista qualitativa como quantitativa, dos interesses
envolvidos. O apoio de técnicos e consultores qualificados é indispensável neste
processo. O processo começa com a entrega das propostas por parte dos
27
empreendedores ou promotores, de seguida faz-se a selecção, passa-se para a avaliação,
estruturação e por último actividades de pós-investimento (Ibid, p. 101 e 102).
Ainda, segundo Banha, nos mercados mais evoluídos como o Americano e o Inglês, as
sociedades de capital de risco para poderem responder a demanda das propostas de
investimento, utilizam determinadas técnicas de avaliação para a pré-selecção, onde se
destaca o modelo de análise elaborado por Tyebjee e Bruno. Segundo este modelo,
como refere Banha, a fase de avaliação consiste na análise exaustiva dos projectos que
passaram as fases anteriores, caracterizando-se pelo objectivo de seleccionar as
melhores propostas com as maiores expectativas de sucesso e os rendimentos potenciais
mais elevados.
Assim, para além das técnicas de avaliação correntes da previsão e actualização dos
cash flows, os gestores das SCR procuram efectuar uma abordagem qualitativa baseada
nos aspectos focados nos pontos seguintes:
1.9.1. O plano de negócios
As entidades de capital de risco consideram o plano de negócio uma ferramenta muito
importante, pois permite, por um lado, ao empreendedor fazer a auto análise dos pontos
fracos e fortes do seu projecto, atingir o seu objectivo que é angariar fundos necessários
para alavancar o seu negócio, por outro lado, aos investidores, de terem instrumentos
úteis na análise de oportunidades de investimento.
Para Banha, o grau de profissionalismo usado na elaboração do plano de negócios
fornece logo uma primeira visão da qualidade de gestão. Por essa razão, deve ser dada
uma especial atenção ao grau de objectividade com que é definida a missão da empresa;
ao pormenor com que é descrito o produto/serviço idealizado; a relevância ao valor das
informações de mercado apresentadas; ao domínio da tecnologia envolvida; o grau de
conhecimento dos clientes, fornecedores e concorrentes; à identificação dos vários
28
responsáveis e das suas competências específicas; à coerência das projecções elaboradas
e do plano de médio/longo prazo e à lógica inerente ao dossier elaborado (op. cit, p.
102, 103).
É evidente que a consistência e o rigor do plano de desenvolvimento do negócio
apresentado, bem como com a objectividade na apresentação do projecto, constituem
elementos fundamentais para análise das competências dos promotores bem como a
viabilidade da ideia, enfatizam Banha e Glossário de CR.
A avaliação é uma peça chave de apresentação de um projecto de investimento a um
investidor ou financiador, seja ele um particular (um BA, por exemplo), uma SCR ou
instituição financeira (IAPMEI, 2009).
1.9.1.1. O seu contexto no capital de risco
Segundo Banha, os capitalistas de risco (ou investidores em capitais próprios), devem
munir-se da máxima informação possível sobre o negócio alvo do seu investimento,
para que na medida do possível o risco possa ser diminuído, na medida que contribuem
com o seu capital em troca de uma participação no capital da sociedade, não têm
garantias, o sucesso do seu investimento depende da performance da empresa. Eles
assumem totalmente os riscos do negócio, sendo isto, um dos elementos que lhes
caracterizam como entidades de capital de risco (Idem, p. 103 e 104).
Segundo o autor acima citado, as entidades de capital de risco conseguem essas
informações através de plano de negócios completos onde constem todos os dados
referentes ao conceito de viabilidade do negócio, como por exemplo:
- Características do produto ou serviço que pretendem lançar;
- Vantagens para potenciais clientes – qual a necessidade do mercado a
preencher;
- Posicionamento do produto ou serviço que pretendem lançar no mercado
29
nacional, e possibilidades de penetração no mercado internacional;
- Vantagens competitivas da iniciativa a desenvolver;
- Linhas mestras que permitirão obter, a partir de uma ideia, a rendibilidade do
projecto;
- Equipa de management (gestão);
- Projecções económico-financeiras e respectivos indicadores.
Estas informações têm de estar devidamente estruturadas de modo a captar a atenção do
investidor.
O plano de negócios deve assim ser realista e dar a conhecer de uma forma eficaz o seu
“sonho” aos capitalistas de risco. Para isso, deve basear-se nos chamados quatro Ms:
- A magia
O capitalista de risco tem de visualizar e estar comprometido com o seu “sonho”. O
plano de negócios tem de convencer que a sua oportunidade de investimento não se
baseia apenas em “fumos e espelhos”, mas sim numa verdadeira solução a um problema
ou oportunidade existente.
- A equipa de gestão
A qualidade da equipa de gestão é um dos indicadores mais importantes de um
investimento de capital de risco potencialmente bem sucedido. O plano de negócios tem
de convencer o capitalista de risco que a equipa de gestão (directores
executivos/principais gestores) está apaixonada, preparada, e mantém sempre uma
atitude positiva.
30
- O mercado
A pesquisa apropriada, compreensão e selecção de uma indústria, mercados e clientes-
alvos são importantes no sucesso potencial de uma empresa financiada por capital de
risco. No entanto, o plano de negócios tem de convencer o capitalista de risco de que o
mercado alvo é grande, ou está a crescer, e que existe um plano sólido para conquistar e
manter uma quota de mercado significativa.
- O dinheiro
É sobre ele, ou mais propriamente sobre o negócio, que o capitalista de risco toma
decisão de investimento. Sendo assim, o plano de negócios tem de o convencer que a
estratégia financeira adoptada se baseia em suposições sólidas e comprovadas, que o
preço da empresa está correcto, e que existirá um ROI significativo.
1.9.1.2. Um plano de negócio vitorioso
É evidente que as entidades de capital de risco não dispõem de muito tempo para
analisar pormenorizadamente todos os projectos apresentados. Contudo, torna
necessário que haja um resumo das ideias de negócios, de modo que os capitalistas de
risco encontrem com facilidade dentro de um plano de negócios as respostas a cinco
questões básicas, nomeadamente: qual a actividade? Qual o posicionamento face à
concorrência? Qual o perfil da equipa de gestão? Qual o volume de negócio previsto a
3/5 anos? E qual o montante de capital necessário?
No entanto, para que esse objectivo seja alcançado/concretizado, é necessário que exista
um sumário executivo, composto por duas ou três páginas no máximo, que se
encontrem logo de inicio, e que funcionem como a “fotografia” de todo o projecto. É
esse sumário executivo que determina se o projecto merece mais atenção por parte dos
31
capitalistas de risco. Permite aos capitalistas de risco ter uma noção daquilo que é o
projecto na generalidade. Se o sumário executivo cativar o capitalista de risco, ele pode
analisar o projecto na íntegra, onde espera encontrar todas as informações anteriormente
referidas de forma mais pormenorizadas. Portanto, o plano de negócio tem de transmitir
a segurança do projecto (Banha, op. cit; Glossário de capital de risco).
O capitalista de risco, uma vez na posse do plano de negócio, inicia a fase de recolha de
informações sobre a equipa de gestão, o promotor, pois é importante saber se este é
capaz de liderar um projecto empresarial, o mercado, e o produto ou serviço. Se todas
estas etapas da elaboração do plano forem tidas em consideração, e se o negócio
satisfazer todas as condições atrás descritas, por certo que o empreendedor vai
conseguir angariar o capital necessário ao seu negócio, uma vez que conseguiu atrair,
demonstrar e provar que o projecto é realista e cria valor para o capitalista de risco
(Glossário de Capital de Risco).
Para José Manuel, em selecção e encaminhamento de projectos de investimento: Caso
SEBRAE-RS, BRDE E CRP, uma ideia enquadrada num mercado, gestão, meio
ambiente, engenharia financeira, preço, custo, vendas, clientes, um espírito
empreendedor por trás entre outros é o mínimo que precisa ter um projecto ou plano de
negócio para poder despertar interesse de instituições financeiras, principalmente,
investidor de risco.
1.9.1.3. Riscos envolvidos nos Investimentos de Capital de Risco
Para Nabhan, risco não é uma incerteza, é um evento conhecido, cuja ocorrência pode
causar uma variação nos indicadores económicos e financeiros de um negócio e,
diminuir ou aumentar a rentabilidade do negócio.
Em qualquer aspecto da vida económica e financeira envolve riscos que precisam ser
avaliados e mitigados na medida do possível.
32
As sociedades de capital de risco não ficam de fora. Quando recebem os projectos das
empresas que a elas recorrem, procuram identificar os aspectos da iniciativa que
apresentam maior vulnerabilidade e avaliar se esses riscos são de natureza controlável.
Segundo Barbierato (2000) apud Correia, a maior fragilidade de decisão de investir em
projectos, principalmente, nas empresas de capital de risco tem a ver com a
subjectividade do agente, imposta por um alto grau de incerteza, escassez de dados e
assimetria informal.
As actividades das entidades de capital de risco envolvem uma série de riscos que
poderão conduzir a perda total do investimento, caso não forem devidamente
ponderados. Os riscos envolvidos podem ser controlados com maior ou menor grau por
parte das entidades de capital de risco, com excepção de alguns. No conjunto dos riscos
que as entidades de capital de risco estão sujeitos, podemos encontrar, segundo Banha,
os de desenvolvimento, comercial, de gestão e de crescimento.
Para Banha, o risco de desenvolvimento trata-se de estudar se será de facto, possível
conhecer e produzir o produto/serviço imaginado em condições eficientes. É importante
para as sociedades de capital de risco tentar perceber mais sobre o produto ou serviço e
sobre a tecnologia utilizada, sendo também importante analisar a posição dos
concorrentes. Um outro risco envolvido é o comercial. Segundo o mesmo autor, uma
vez conseguido desenvolver a produção em condições favoráveis, torna-se fundamental
saber se será possível colocá-lo no mercado de forma competitiva, nomeadamente
através da análise das cinco forças competitivas (Barreiras à entrada, produtos
substitutos, concorrentes, fornecedores e clientes) que, segundo Porter (1992) apud,
Banha, determinam a rentabilidade de uma empresa. Um terceiro risco envolvido
constitui o risco de gestão. Importa, após estar concebida uma política comercial eficaz,
estudar a possibilidade de obter lucros interessantes por via da margem ou do volume.
Finalmente, envolve o risco de crescimento. Estando dominadas as áreas de produção e
33
do marketing de forma eficiente, trata-se de avaliar o potencial e a viabilidade do
crescimento do negócio, reforça Banha.
Os riscos comercial e de gestão, deverão ser os únicos aceitáveis pelo investidor de
risco, uma vez que se trata de áreas nas quais ele detém competências específicas e nas
quais poderá acrescentar maior valor às iniciativas.
1.10. Instrumentos fundamentais nas operações de capital de risco: Acordos Para-
Sociais e Acções Preferenciais
No entender de F.B., as negociações de capital de risco envolvem muitas vezes acordos
que exigem 20 ou mais páginas para que se possa contemplar tudo o que os investidores
insistem em reduzir a escrito.
Os empreendedores, também são interessados em ver traduzido por escrito os termos e
condições das relações que serão desenvolvidas neste processo de investimento.
1.10.1. Acordos Para-Sociais
Numa operação de capital de risco o acordo para-social, resulta de negociações que
estabelecem claramente os direitos e deveres das duas partes, os financiadores (SCR ou
business angel) e os empreendedores (Beta, soc. cr 2009).
O acordo para-social ou acordo de accionistas, para além dos aspectos relacionados com
a avaliação do negócio e estrutura de financiamento da operação, regula um conjunto de
outras questões, que deverão ser negociados pelas partes de entre as quais, destacam-se
algumas (A Promotora, 2009):
- Termos de entrada, permanência e saída da SCR, onde se definem os timings
para a colaboração conjunta de empresa e SCR;
34
- Distribuição de lucros, ponto fundamental que deve ser cuidadosamente
analisado. É preciso não esquecer que uma SCR participa efectivamente nos
ganhos e perdas da empresa;
- Presença do representante do investidor de risco nos órgãos sociais. Mesmo
que esse investidor não intervenha, na maioria dos casos, na gestão corrente da
empresa, normalmente, nomeia um membro não executivo para o Conselho de
Administração da empresa;
- A existência de maioria qualificada, na tomada das decisões mais importantes
pelos órgãos sociais da empresa, visando negociações entre as partes;
- Restrição à venda, a qualquer investidor, das acções detidas pelas partes
(promotores e sociedade de capital de risco), evitando assim grandes alterações
na estrutura de accionistas, sem acordo e consentimento das partes. Os
promotores, geralmente, têm a opção da compra das acções detidas pela
sociedade de capital de riscos no desinvestimento;
- Fixação de comissões a pagar ao investidor de Capital de Risco por esta
prestar, por exemplo, algum apoio à gestão e este deve constar de um Contrato
de Prestação de Serviços, entre outras.
Permite à SCR comprometimento dos sócios numa gestão fortemente empenhada no
bom funcionamento e desenvolvimento da empresa e também acautelar os seus
interesses.
Este acordo resulta das negociações efectuadas entre as entidades que aportam fundos
de capital de risco e as entidades que carecem desses fundos, ou seja, entre as entidades
de capital de risco e as participadas (F.B). Nesse contrato são definidas as condições das
relações que futuramente vão ser estabelecidas, nomeadamente as percentagens nas
participações; o grau de intervenção das entidades de capital de risco na gestão da
empresa, fixação de penalidades e cláusulas indemnizatórias, no caso de incumprimento
35
dos objectivos delineados por acordo entre as partes; estabelecimento de regulamento de
gestão que espelha o planeamento financeiro, baseando-se normalmente no Plano de
Negócio elaborado pelos promotores e fixa normas de fornecimento das informações da
empresa aos investidores, entre outras.
Pode-se dizer que a celebração dos acordos para-sociais visa garantir às partes
segurança e certeza jurídica.
As operações de financiamento via capital de risco assumem, como mostra Simões, uma
importância fundamental para a nova geração de empresários empenhados na criação de
empreendimentos, empregos, produtos e serviços inovadores, exportações e
rendimentos fiscais para os países. No entanto, as negociações com as sociedades de
capital de risco, são algo de muito complexo que deve pressupor um profundo
conhecimento dos termos e condições que normalmente são exigidas por estas
entidades, sob pena de as concepções efectuadas pelo empresário, poderem levar a
conflitos ruinosos no futuro, esclarece o autor.
Os acordos para-sociais desempenham a função de integração e regulamentação das
normas constantes do contrato de sociedade, criando assim vínculos que são assumidos
pelos sócios, entre eles ou perante a sociedade e terceiros. A sua eficácia é obrigacional,
pessoal ou individual, ou seja, apenas estão sujeitos à sua disciplina aqueles que
participam no acordo.
Ainda, citando o mesmo autor, o acordo para-social é uma figura diferente dos contratos
de sociedade. O contrato de sociedade tem que obedecer aos requisitos de forma
legalmente previsto, vigorando para o contrato para-social o princípio da liberdade sob a
forma. Em relação à validade, o contrato de sociedade tem regras especiais para aplicar,
enquanto que o regime jurídico da invalidade dos acordos para-social se encontra sujeito
às normas gerais de direito civil sobre a invalidade dos negócios jurídicos. No que
respeita à eficácia, a do acordo para-social é meramente obrigacional ou pessoal,
enquanto que, o contrato de sociedade é eficaz perante terceiros, explica Simões. A
36
interpretação do contrato de sociedade deve realizar-se segundo um critério objectivo,
enquanto que, a interpretação de um acordo para-social deve fazer-se de acordo com a
regra geral aplicável aos negócios jurídicos.
Pode-se dizer que a celebração dos acordos para-sociais visa garantir às partes
segurança e certeza jurídica.
1.10.2. Acções Preferenciais
O financiamento via capital de risco poderá ser estruturado através de acções
preferenciais2 visando sobretudo uma aplicação prática do que pode constituir um
instrumento importante, para as PMEs se financiarem com vista à sua expansão e
desenvolvimento. O financiamento via capital de risco pode desempenhar um papel
importante na vida de muitas empresas, designadamente através da sua estruturação em
acções preferenciais (Banha, op. cit., p. 123).
Ainda, segundo F. Banha, os privilégios concedidos nas acções preferenciais aos
financiadores de capital de risco podem ter uma duração limitada. Deste modo, os
empresários e financiadores de capital de risco poderão convencionar acções
preferenciais a termo. Estas serão reconvertidas automaticamente em acções ordinárias,
desde que decorrido determinado prazo e quando forem ultrapassadas as circunstâncias
que forem determinantes para a concessão de vantagens, o que se apresenta bastante
útil, tanto para os empresários, como para as SCR, sabendo que a participação destas no
capital social terá sempre um carácter temporário, que poderá ser convencionado após
as negociações que decorrem entre os empresários e as SCR, com vista a acertar os
termos de entrada e saída do capital social.
2 São acções que dão aos seus titulares preferência na distribuição de dividendos
37
1.11. Projecto de Investimento enquanto instrumento de captação dos fundos de
Capital de Risco
Um projecto começa com idealização de um negócio, ideia essa que pode ser uma
oportunidade de gerar rendimento. Essa ideia precisa ser estruturada de modo a se
estimar “justo” para o empreendimento que tenciona pôr em prática.
Para Carlos Mata (2002), um projecto pode ser definido como um conjunto de
actividades, implicando a utilização de diferentes recursos, executados para levar a cabo
um determinado objectivo.
Segundo Esperança e Matias (2005, p. 67), um projecto de investimento permite
determinar a viabilidade económica da afectação de fundos escassos, qualquer que seja
a capacidade da empresa promotora, a um investimento real que deverá gerar um
retorno compensador.
Buarque, em “Avaliação económica de projectos”, diz que a realização do projecto,
desde a ideia inicial até ao seu funcionamento como uma unidade de produção, é um
processo contínuo no tempo, através de sucessivas fases, nas quais se combinam
considerações de carácter técnico, económico e financeira estudadas através de
diferentes etapas.
É de salientar que uma ideia de negócio deve ser estruturada com base num estudo
aturado das condições básicas para confecção do projecto. Segundo Buarque, na obra
acima citada, a elaboração e execução do projecto de investimento respeitam diversas
etapas a realçar, a identificação da ideia, o estudo da previsibilidade, o detalhamento de
engenharia e a execução, sendo que as três primeiras fases é que são mais importantes
no quadro deste estudo.
A fase de identificação consta-se de caracterização, de forma preliminar, a concepção da
ideia, de forma a ter uma noção clara se existe ou não razões para prosseguir para etapas
38
seguintes. Uma vez justificada a ideia como sendo lógica, dá-se a inicialização da etapa
seguinte, ou o estudo de previsibilidade durante o qual é elaborado um estudo
preliminar, com base em dados que podem não ser definitivos. Se o estudo da
previsibilidade justifica o investimento no estudo definitivo, é que os projectistas
partem para o estudo de viabilidade.
O projecto de investimento e as suas fases de elaboração devem conter um estudo de
mercado, um estudo de tamanho e localização, a engenharia, uma análise de custos e
receitas e uma avaliação do mérito do projecto, também chamada de análise de
rentabilidade (Buarque, op. cit., p. 26). Tendo em consideração a conclusão dos estudos
acima citados, permite a engenharia iniciar o trabalho de determinação do nível dos
custos, a localização e o tamanho. Por outro lado, permite determinar, ainda que de
forma preliminar, os custos e receitas, a estrutura do financiamento e a rentabilidade da
empresa. No entanto, a partir destes pontos, conclui-se deste modo, se faz sentido
investir mais recursos para a consumação das etapas seguintes.
Correia diz que, no caso de um investidor de risco, o aprofundamento do estudo
pressupõe um bom plano de negócio, redigido recorrendo a vocabulários simples, claro,
evitando o uso de línguas robustas e demasiadamente técnica. Isto se deve ao facto
desse plano ser, geralmente, lido por pessoas que têm formação e experiência na área
financeira não dominando os aspectos técnicos do negócio da empresa.
O projecto de investimento constitui um instrumento que os financiadores,
particularmente os capitalistas de risco, utilizam para extraírem informações úteis que
permitem formar uma ideia ideal do negócio projectado (Esperança e Matias). Contudo,
os analistas utilizam determinadas estratégias para caracterizarem essas informações,
nomeadamente, um plano preliminar que deve apresentar uma síntese do plano de
negócio, onde no geral se forma uma primeira opinião sobre o que está sendo proposto.
Esse documento deve ser conciso, persuasivo e conter informações sintetizadas
referentes ao mercado, negócio da empresa, clientes, produto/serviços, as vantagens
39
competitivas, área operacional, a gestão e seus objectivos, projecções económicas e
financeiras, a necessidade de financiamento e as possibilidades de saída do investidor de
risco (Correia, op. cit., 2002).
Na elaboração do projecto de investimentos, procura-se reunir todas as informações,
com o objectivo de dar uma maior consistência ao mesmo. Por outro lado, os analistas
financeiros, especificamente, os quadros técnicos das entidades de capital de risco,
também procuram reunir todas as informações necessárias para efectuarem uma análise
aturada do projecto. Muitas vezes as informações recolhidas junto dos destinatários são
distorcidas a àquelas que foram solicitadas. Os destinatários do financiamento fornecem
informações que mais lhes beneficiam. Contudo, cabe aos analistas tentarem catalisar o
máximo possível das informações, para poderem ajuizar da melhor forma o projecto e
outras informações extra-projecto (qualitativas).
Se o empreendedor possuir um projecto que ambicione alcançar a liderança num
determinado segmento de mercado através de uma solução que permita mudar os
hábitos dos clientes ou seja que identificou uma necessidade não satisfeita em vez de
somente alcançar um novo nível de desempenho, promover melhorias incrementais,
atender melhor as actuais expectativas ou acrescentar mais um produto/serviço há gama
dos já existentes, certamente que terá vários investidores interessados no seu projecto.
Segundo Correia, os investidores de risco ao “abraçarem” um projecto submetem-no a
uma avaliação, visando sua análise, para que se possa minimizar os riscos e incertezas
garantindo assim, em parte, a possibilidade de maximização de valor para os
empresários.
Aprovado o plano de negócio, deve-se, de seguida, dar prosseguimento às análises
numéricas, que passa pela utilização de critérios económicos e financeiros para concluir
sobre a viabilidade (estudo técnico de cariz financeiro que procura determinar as
possibilidades de sucessos económicos e financeiro de um projecto) dos projectos de
investimento. No conjunto dos critérios atrás referidos encontramos, nomeadamente, os
40
critérios financeiros TIR (taxa interna de rentabilidade), VAL (valor actual liquido),
PAY-BACK PERIOD (período de recuperação dos investimentos, ou PRI) e os rácios
(liquidez, rentabilidade, endividamento, actividade, entre outras), como sendo os mais
utilizados pelas entidades de capital de risco.
A taxa de rentabilidade interna (TIR) representa a rentabilidade gerada pelo
investimento, ou seja, representa uma taxa de juro tal, que se o capital tivesse sido
colocado a essa taxa, obteríamos exactamente a mesma taxa de rentabilidade final.
Podemos conceituá-lo como taxa a que se utiliza como taxa de desconto, torna o VAL
igual a zero.
O valor actual líquido (VAL) tem por objectivo avaliar a viabilidade de um projecto de
investimento através do cálculo do valor actual de todos os seus cash-flow. Entende-se
como VAL, o valor acumulado dos cash-flows que se conhece hoje, como sendo
resultado dos cash-flows que o projecto vai gerar durante o período de vida útil. Tendo
em conta que qualquer investimento só gera cash-flows no futuro, torna-se imperativo a
actualização de cada um desses cash-flows com o propósito de compara-lo com o valor
do investimento.
O PRI destina-se a determinar o tempo de recuperação do capital investido, ou seja,
calcula-se o tempo necessário para que as receitas geradas e acumuladas recuperem as
despesas em investimento realizadas e acumuladas durante o período de vida do
projecto (IAPMEI).
A partir do momento em que já estão determinados os valores para cada indicador
acima citado, cabe aos gestores de projectos concluírem sobre a viabilidade do projecto.
No entanto, na escolha e selecção de projectos, os gestores de projecto aceitam os que
têm uma maior TIR, maior VAL e menor PRI.
Para além dos critérios atrás citados, os capitalistas de risco não conformam em apenas
analisar o projecto em si. Como é óbvio, a rentabilidade satisfatória de um projecto, não
41
justificam, por si só, o sucesso do negócio. Por isso, os analistas (pessoas qualificadas
que indagam sobre pontos importantes a ter em conta no processo de financiamento)
realizam várias entrevistas com os promotores, no âmbito da análise qualitativa para o
aporte do recurso a fundo do capital de risco. Por outro lado, a conjuntura económica e
o sector para o qual o projecto é direccionado, são analisados pormenorizadamente, no
sentido de tirar conclusões reais dos fenómenos.
1.12. O Capital de Risco e as PMEs de base tecnológica
As PMEs de base tecnológica3, são as que mais atraem os investidores de capital de
risco uma vez que oferecem perspectivas de rentabilidade bastante elevadas e
possibilidade de alto crescimento. A esta associação entre CR e as PMEs de base
tecnológica tem sido denominado de “capital clássico” (Pinto, 1996).
A criação e desenvolvimento das empresas de base tecnológica requerem um ambiente
tecnologicamente activo, com grande disponibilidade de recursos técnicos e humanos
que apresente oportunidades para a iniciativa empresarial, favoreça o espírito
empreendedor e gere sinergias para o estabelecimento de novas empresas. (Jorge de
Paula, p. 1). Elas vêm sendo há muito tempo alvo de atenção de analistas económicos
devido a seu potencial de geração de rendimento e do emprego. No pós-fordismo, esta
atenção se intensifica á medida em que os atributos de flexibilidade e rapidez de
adaptação às demandas do mercado características de muitas PMEs são valorizados
(Renata La Rovere, 1999).
O mercado das novas tecnologias (Software, telecomunicações, Internet, bioinformática
e biotecnologia) apresenta um crescimento estrondoso a nível mundial, gerando
significativas oportunidades para os que querem investir e outros que apresentam uma
capacidade empreendedora que lhes permitem aproveitar as oportunidades de
realizarem mais-valias. Compete dizer que as empresas de base tecnológica são
3 Segundo Santos apud Garcez (2005), são aquelas que operam com processos, produtos ou serviços onde a tecnologia é considerada nova ou inovadora.
42
actualmente, os maiores destinos dos fundos de capital de risco a nível mundial. Para
confirmar essa afirmação, baseio-me em Venture One, apud F. Banha onde se afirma
que os investimentos em empresas a operar na Internet representam 58% da totalidade
do capital de Risco disponibilizado entre Janeiro e Abril de 1999, num total de 600
milhões de contos.
As maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas nascentes de base tecnológica
relacionam-se à sua carência de capacidade gerencial e à sua dificuldade para obter
recursos financeiros. Tipicamente, as pequenas e médias empresas de base tecnológica
são criadas por profissionais com grande conhecimento técnico em sua área, mas que
possuem pouca ou nenhuma experiência administrativa e comercial. Embora este facto
não inviabilize a constituição da empresa, ele tende a tornar-se progressivamente mais
importante à medida em que a empresa se desenvolve, podendo, em muitos casos, ser o
determinante do seu eventual insucesso.
No que tange à obtenção de recursos financeiros, para empresas nascentes de base
tecnológica são inadequados os modelos tradicionais de financiamento, pois
amortização e juros previamente estabelecidos retiram-lhes recursos fundamentais ao
seu desenvolvimento e, em última instância, à sua sobrevivência. Note-se, ainda, que os
activos de um empreendimento nascente de base tecnológica constituem-se,
essencialmente, nos conhecimentos acumulados em longos anos de pesquisa,
intangíveis e, imprestáveis como garantias bancárias (Jorge de Paula, p. 1 e 2).
A experiência internacional indica que, por ser capaz de oferecer resposta satisfatória a
essas duas demandas básicas de modo conjugado, o capital de risco constitui-se como
motor fundamental para a criação e para as fases iniciais de desenvolvimento de
empresas de base tecnológica.
Estudos realizados no Brasil pela FINEP – Financiadora de estudos e projectos, citado
por Jorge da Costa (p. 2 e 3) - referem que os requisitos para o florescimento de um
dinâmico mercado de capitais de risco são as demandas, as ofertas e o ambiente.
43
Portanto, deve haver uma quantidade adequada de investidores motivados a investir seu
capital em empresas de crescimento acelerado e alto risco.
Por outro lado, referem ainda estes estudos, deve haver um fluxo contínuo de
oportunidades de investimento, isto é, faz-se necessária a constante criação e o
desenvolvimento de novos negócios de crescimento acelerado, a fim de que haja uma
permanente geração de propostas de alta qualidade para os capitalistas de risco.
Por fim, devem estar presentes condições subjacentes que tornem baixos os custos de
transacção, seja para a localização de empreendimentos de alto potencial, seja para a
efectivação dos investimentos em diversas etapas, seja para o desenvolvimento. Sob
esta dominação podem-se incluir condições que no escopo de instituições de fomentos
não são manipuláveis (ex. as variáveis macroeconómicas), outras de grande
complexidade mas nem por isso insuportáveis, como a adequação do sistema
regulatório e o desenvolvimento de mercados que confiram liquidez às aplicações,
assim como outras passíveis de intervenção mais simples e directa, como a
disponibilidade de profissionais altamente qualificados e a oferta de informações
qualificadas que reduzam os custos de transacção.
O que se depreende actualmente, é que as pequenas e médias empresas,
fundamentalmente as de base tecnológica, constituem importantes “alicerce”do
crescimento económico em qualquer país do mundo, mesmo os desenvolvidos.
Constituem importantes fontes de criação de emprego e de consolidação do tecido
empresarial do país. Sabe-se também que, muitas das grandes empresas existentes
actualmente, foram as PMEs que conseguiram crescer até atingirem o estatuto de
grandes empresas. Por isso, são considerados como maiores indutores do crescimento a
nível mundial.
É verdade que nos países em vias de desenvolvimento e os emergentes, não são fáceis a
criação de uma grande empresa. Torna imperativo a idealização de pequenos e médios
empreendimentos de base tecnológico, que com o andamento do tempo poderão
44
transformar numa grande empresa. Nesses países, esses empreendimentos são
avassaladores em relação às grandes empresas, o que leva a existência de incentivos
para o surgimento de muitas outras e que se desenvolvam efectivamente.
As PMEs de base tecnológica desempenham um papel fundamental para o crescimento
e desenvolvimento das economias. Suas contribuições sociais podem ser avaliadas,
tanto na geração de oportunidades com o aproveitamento de uma grande parcela da
força de trabalho, como no estímulo do desenvolvimento empresarial, ajudando na
criação de um mercado interno capaz de funcionar como base sólida para uma economia
sustentável. Sem o constante surgimento de novas empresas de orientação inovativa, o
sistema económico vê-se privado do dinamismo tecnológico necessário ao processo de
desenvolvimento.
45
CAPITULO II – ENQUADRAMENTO DO CAPITAL DE RISCO NA
ECONOMIA INTERNACIONAL
2.1. O Sistema Financeiro Internacional
Por Sistema Financeiro, entende-se o conjunto de instituições, instrumentos e
mecanismos que permitem canalizar os excedentes financeiros, ou seja, a oferta de
fundos líquidos dos agentes económicos superavitários ou aforradores com capacidade
de financiamento para os agentes económicos deficitários, isto é, os agentes com
necessidade de financiamento, de forma a que o processo de intermediação se processe
em conformidade com as necessidades dos agentes deficitários quanto aos prazos de
reembolso, custo desses fundos e, simultaneamente, de acordo com o interesses dos
agentes aforradores, em termos de risco, liquidez e remuneração.
Alguns autores como Bravo definem o sistema financeiro como o conjunto de
instituições, regras, capacidades e práticas existentes em cada país, que permite o
funcionamento da economia, e concretamente a rentabilização de poupanças e a
obtenção de financiamento investimentos e despesas. Para Capul e Garnier (p. 403), o
sistema financeiro internacional descreve o conjunto de actividades financeiras
realizadas no mundo. Elas representam a contrapartida das actividades comerciais
(compra e venda de produtos em diferentes países) ou correspondem a aplicações
financeiras (empréstimos, compra e venda de títulos mobiliários, concessão de crédito,
etc). O sistema financeiro engloba todas as instituições financeiras, de entre as quais o
capital de risco. Nas economias modernas coexistem diferentes modelos de Sistema
Financeiro.
Thiel (2001) considera que um factor importante para o papel do sistema financeiro
enquanto causa do crescimento poderá ser o grau de abrangência e complementaridade
das estruturas existentes.
46
A entidades de capital de risco, constituem importantes factos para a economia mundial,
mormente as em vias de desenvolvimento, tendo em consideração a crise financeira que
vem fustigando sistematicamente a economia mundial. É evidente que os bancos têm
uma importância inquestionável, sendo que constituem o mais importante alavancador
do crescimento económico mundial. Torna-se imperativo referir que nas situações de
crise, as entidades de capital de risco, os grandes fundos mundiais de capital de risco,
podem assistir tecnicamente as suas participadas, evitando o colapso total dos mesmos.
2.2. Capital de Risco nos EUA
Os EUA desenvolveram pioneiramente e de forma mais abrangente, um sistema
peculiar de financiamento da inovação através da concessão de capital de risco. Este
país nunca parou de apostar no CR como uma das alternativas viáveis para dinamizar a
economia. É o país onde este produto é mais desenvolvido. Tudo isto deveu-se a um
conjunto de factores favoráveis, como ambiente cultural e institucional, pois que a
mentalidade Norte-Americana acerca do self-made man é um factor fundamental que
estimula o surgimento de novos empresários. Essa dinâmica, justifica-se pela existência
de pólos e parques tecnológicos e universidades voltadas para áreas de alta tecnologia,
ao gerar uma grande oferta de novos empreendimentos com forte conteúdo tecnológico
e grande potencial de crescimento, contribuindo sobremaneira para que esta actividade
se tornasse atraente e viável do ponto de vista dos investidores (Gorgulho, 1996, apud
Pinto).
Ainda segundo a autora, o aparato regulatório do país, também foi um factor de grande
estímulo à actividade do CR. As mudanças na legislação sobre questões relativas à
actividade, como, por exemplo, a permissão de que os fundos de pensão participassem
deste tipo de investimento, tiverem efeitos imediatos e radicais sobre a evolução da
indústria. Todo um conjunto de medidas como incentivos e restrições fiscais,
começando pela alteração das alíquotas de imposto sobre os ganhos de capital
47
provenientes dos investimentos de capital de risco, contribuíram para o sucesso desta
operação nos EUA.
Posto isto vale a pena conhecer um pouco os impactos deste produto na economia
americana e para os investidores e participadas.
Impacto económico
Segundo Luciane Pinto (1996), o impacto económico da actividade de capital de risco é
inegável. Os investimentos em empresas como DEC, Apple, Su, Lotus, Fairchild,
Genentech, Federal Express, Cellular One e, recentemente, a Ntescape, contribuíram
para o desenvolvimento de segmentos industriais completamente novos, alguns entre os
mais importantes nos dias actuais como o de computadores, de semicondutores, de
biotecnologia, entre outras.
Continuando com a citação da autora acima, estas empresas que obtiveram avaliações
milionárias em suas aberturas de capital, tornando também milionários os que nelas
investiram, atraíram bilhões de dólares em milhares de investidores para a actividade de
capital de risco. Contudo, não são apenas estes sucessos notáveis que trazem
contribuições positivas para o dinamismo da economia americana. Centenas de
empresas não tão famosas trabalharam em conjunto para promover o estímulo
tecnológico de regiões inteiras dos Estados Unidos.
Em pesquisa realizada pela Venture Economics Inc. e Coopers & Lybrand apud Luciane
Pinto, com 235 empresas financiadas por capital de risco entre 1985 a 1989,
concluíram-se que, em apenas 1,9 ano de existência, elas criaram 36 mil novos
empregos, exportaram US$786 milhões em P&D e pagaram US$ 170 milhões de
impostos. O crescimento destas empresas ultrapassou de longe o da maioria das demais
pequenas empresas e o das grandes corporações. Elas contavam também com mais
trabalhadores especializados em sua força de trabalho (53%) do que a matéria geral
(13%).
48
Resultados alcançados do ponto de vista dos investidores
A avaliação das taxas de retorno é uma tarefa difícil e delicada, uma vez que ela
depende dos critérios utilizados, do período que está sendo avaliado e da amostra de
empresas seleccionada.
Bygrave e Timmons (1992) apud Pinto, analisaram as taxas de retorno anualizadas
médias de todos os fundos formados entre 1969 e 1985. Estes dados, ainda segundo
estes autores, mostram que os retornos tipicamente são menores que 20%, com breves
picos acima de 30%. Contudo, o quartil superior teve uma performance bem melhor,
apresentando retornos acima de 20% em nove dos dezasseis anos, acima de 30% em
quatro destes anos e acima de 40% em um ano.
Outro factor a ser observado neste país, segundo a mesma obra, pag.17, é que, de acordo
com a lógica da formação de carteira do capital de risco, algumas poucas empresas são
responsáveis pela maior parte dos ganhos. Bygrave e Timmons (1992) apud Pinto,
citaram estudo que analisaram 383 investimentos realizados por 13 empresas de venture
capital entre 1969 e 1985. O estudo realizado por esses autores mostrou que quase
metade do valor final da carteira resultou de apenas 6,8% de todos os seus
investimentos e 75% vieram de 15,7%, tendo havido perdas em 34,5% dos
investimentos.
Estudos realizados por Florida e Kenney (1988) apud Pinto, avaliando a performance
dos 10 principais fundos de capital de risco nos EUA no período de 1972/83, mostrou
que, dos 525 investimentos realizados, apenas os 56 vencedores ou 10,7% geraram mais
de metade do valor da carteira (US$823 milhões), quintuplicando o valor investido,
enquanto 38% dobraram o investimento original e aproximadamente metade deles (266)
ficou up break-even point ou resultou em perdas. Este desempenho gerou um retorno
ponderado para a certeira de 35% no período.
49
Contudo, as análises realizadas sobre os retornos, revelaram que foram melhores através
da abertura de capitais, em fundos especializados em investimentos nas empresas em
estágios iniciais e de alta tecnologia. No entanto, deve-se esperar um longo período até a
obtenção destes retornos (Pinto, 1996).
Resultados alcançados do ponto de vista das participadas (empresas investidas)
O capital de risco tem um papel fundamental no processo de inovação nos EUA, através
do fornecimento de recursos e do auxílio prestado à organização de empresas de
orientação tecnológica embrionárias, afirmou Pinto. Os ventures capitalists estão no
centro de diversas redes, que eles activamente ajudam a desenvolver, compreendendo
instituições financeiras, grandes empresas, universidades e empreendedores.
O capital de risco serve, em grande medida, para formalizar os papéis historicamente
desempenhados pelo empreendedor e financiador independente e estimula, com sua
estrutura, o processo de inovação, que é vital para o desenvolvimento das economias
capitalistas, de acordo com Florida e Kenney (1988) apud Pinto.
Segundo Barra, a disseminação do capital de risco fora dos EUA é um fenómeno
recente, mas vem representando uma alternativa não desprezível de financiamento a
novas diversas economias.
2.3. Capital de Risco na Europa
A actividade de capital de risco na Europa teve maior expressão no Reino Unido e em
França, embora neste último país ainda o desenvolvimento está aquém do alcançado no
Reino Unido.
50
A indústria de capital de risco no Reino Unido é a maior desenvolvida da Europa. Este
país foi o primeiro, a nível europeu, a perceber a sua importância no florescimento da
economia, sendo que esta modalidade de financiamento representa 50% do total que se
realiza na Europa, ocupando a segunda posição a nível mundial, a seguir aos Estados
Unidos, diz Francisco Banha, em O CR (p. 68).
Continuando com a citação do autor, a indústria de capital de risco investiu, no tecido
empresarial Britânico, mais de 32 mil milhões de Euros em mais de 26.500 empresas
desde 1983, tendo em 1997 atingido o recorde de investimento no montante de 5.9 mil
milhões de Euros em mais de 1.200 empresas. Mais de 49% do investimento via capital
de risco foi destinado à expressão de empresas existentes, contribuindo assim para o seu
crescimento e aumentando o seu grau de competitividade. Estudos realizados
demonstram a importância da utilização de financiamento via capital de risco, em
operações de management buy-in e management buy-out que constituem um
significativo valor para a economia britânica.
Em França, segundo Chausson apud Banha, o capital de risco nos princípios do ano
1995, não tinha o brilho desejado, existiam alguns pequenos fundos dispostos a investir
em projectos start-ups. Os fundos disponíveis na altura se destinavam,
fundamentalmente, ao financiamento do crescimento das empresas que tinham alguma
maturidade. Verificava-se ainda inexistência dos business angels e um mercado bolsista
virado exclusivamente para as grandes empresas.
Ainda de acordo com este autor, já nos finais de 1995, com a entrada dos business
angels no mercado francês e do novo mercado, que permitiu o financiamento em vários
estágios das empresas, é que os fundos de capital de risco passaram a ter maior
expressão.
Hoje, como refere o autor, assiste-se a uma multiplicação de fundos canalizados, acima
de tudo, para os projectos start-ups, a um aumento substancial de SCR e valores
envolvidos neste mercado.
51
Conforme AUESL, apesar de o mercado europeu continuar a ser fragmentado em
consequência das divergências que subsistem entre os Estados-Membros, o sector de
capital de risco é actualmente muito mais importante, mais maduro e mais profissional
do que em 1998.
52
CAPÍTULO III - ENQUADRAMENTO DO CAPITAL DE RISCO NA
ECONOMIA CABO – VERDIANA
3.1. Sistema Financeiro Nacional
O sistema financeiro cabo-verdiano, à data da Independência Nacional, era formado
pelo Banco Nacional Ultramarino, com a natureza de banco emissor e comercial, com
uma filial na Praia e outra em S. Vicente e uma delegação na ilha do Sal; a Caixa de
Crédito de Cabo Verde, como instituição especial de crédito do Estado; a Caixa Postal,
com natureza de instituição especial de crédito.
Hoje a realidade do SFN é outra. Tem um órgão regulador que é o Banco de Cabo
Verde, cinco Bancos Comerciais, IFIs, Seguradoras, Sociedades Correctoras e
Financeiras de Corretagem, Sociedade de Capital de Risco, Banco de Investimento,
Bolsa de Valores, sendo que esta última veio dinamizar o sistema.
Essas alterações, verificadas no SFN, resultaram da pressão do mercado e das
imposições de uma economia moderna e globalizada.
O Sistema Financeiro cabo-verdiano vive actualmente um momento interessante da sua
história, ou seja, de um sistema unicamente intermediador transitou-se para o sistema
duplo, isto é, Intermediação Financeira conjuntamente com a Desintermediação
Financeira.
Já estão a ser comercializados no Mercado Financeiro cabo-verdiano produtos
financeiros que se enquadram no âmbito dos mercados desintermediados,
nomeadamente, emissão de Acções e Obrigações das grandes empresas, e por isso, a
implementação e a diversificação de novos produtos financeiros não deve ser
subestimada.
53
O acesso ao crédito por certas classes económicas constitui um grande problema. O
sistema financeiro cabo-verdiano ainda não se encontra suficientemente desenvolvido e
estruturado, de modo a dar resposta cabal às necessidades desses agentes, pelo que a
introdução no mercado de novos produtos/alternativas, adaptados a cada classe, é uma
forma inteligente de se colmatar essa insuficiência do sistema.
É neste cenário que o CR, tema deste estudo, é tratado como um instrumento ou forma
alternativa de financiamento viável que merece destaque.
3.2. Capital de Risco em Cabo Verde
O instrumento Capital de Risco foi instituído em Cabo Verde na década de 90, pelo
Decreto-Lei nº 72/94 de 12 de Dezembro, que o define como instrumento de promoção
de investimento e de introdução de inovação tecnológica.
Foi instituído com o objectivo de implementar uma política de fomento de utilização de
instrumentos de capitalização de empresas e estimular o aparecimento dessas sociedades
de iniciativa privada e possível de associar às entidades públicas.
Só mais tarde, com a instituição da primeira sociedade de capital de risco, é que se deu
o início a essa actividade no país. Pois, foi mediante o Decreto-Lei nº 3/96 de 19 de
Fevereiro, que se instituiu a primeira sociedade de capital de risco no SFN, que recebeu
a denominação de A Promotora, SA. Isto deveu-se à necessidade de modernização do
sector financeiro e dinamização da economia, consequentemente o aumento do leque de
opções dos instrumentos financeiros no mercado financeiro nacional.
Como sendo a primeira e única sociedade de capital de risco existente em Cabo Verde,
implica afirmar que falar da actividade de capital de risco em Cabo Verde é referir às
actividades e acções desenvolvidas pela A Promotora, SA.
54
A sociedade tem como fito o apoio e promoção de investimentos no sector privado e
nacional e da inovação tecnológica em projectos ou empresas, através da participação
temporária e minoritária no respectivo capital social. Tem como objecto acessório:
- Prestação de assistência na gestão financeira, técnica, administrativa e
comercial da participada, designadamente a elaboração de estudos técnico-económicos
de viabilidade de empresas ou de novos projectos de investimentos, bem como das
condições e modalidades do respectivo financiamento, e ainda execução de estudos ou
projectos, visando a reorganização, concentração ou outra forma de racionalização da
actividade das empresas em que participa, incluindo a promoção de mercados, a
melhoria de processos de produção e a introdução de novas tecnologias.
A sociedade tem como estratégia reforçar o relacionamento dentro do grupo financeiro
CGD, aumentar o fundo para aplicação financeira, aproximar dos capitais de risco do
grupo CGD, por forma a aumentar a capacidade de participação de A Promotora.
O capital social da sociedade é de 450.000.000.00, representado por 450 mil acções com
o valor nominal de 1.000, 00 e repartido da seguinte forma:
Quadro 3
Composição Accionaria de A Promotora, SA
Nome do Accionista Nº. de Acções Detidas % de Participação
CGD 180.000 40,00 %
Estado de Cabo Verde 120.000 26,67 %
BCA 50.000 11,11 %
Garantia, SARL 50.000 11,11 %
INPS 50.000 11,11 %
Total do capital social 450.000 100 %
Fonte: A Promotora, SA
55
A única fonte para financiamento de actividade de capital de risco é o capital social de
A Promotora. Dado à pouca demanda, o fundo até agora mostrou-se suficiente,
conforme dados recolhidos junto à A Promotora.
Embora, desde 1994, exista todo um quadro legal que permita a A Promotora a
implementação e promoção do produto e com o tecido empresarial cabo-verdiano
formado 90% por Pequenas e Médias Empresas, a dinâmica do CR na economia
nacional não tem sido a melhor. Assim, mediante o decreto-lei nº 22/2004, o governo
alterou o Decreto-Lei nº 72/1994 com o objectivo de alargar o âmbito das actividades da
SCR no país, permitindo entre outras, que a A Promotora, SA, assuma outras
actividades parabancárias e preste serviços de consultoria a todas as empresas
interessadas, independentemente de serem ou não suas participadas. Essa alteração visa
impulsionar a actividade da sociedade de capital de risco e afirmar no mercado.
A participação social de CR nas empresas permite o seu fortalecimento, a sua
credibilidade junto das instituições financeiras e melhorar os seus posicionamentos
competitivos no mercado. Esta estratégia reforça também as estruturas de capital dessas
empresas e ao mesmo tempo a bancarização dos seus projectos. É essa acção que
também aconteceu com a actuação da única SCR existente em Cabo Verde.
A Sociedade não tem preferência em relação às áreas de investimento, desde que seja
apresentado um projecto de elevado potencial de crescimento e que revela um alto grau
de retorno, com carácter inovador e com promotor associado que mostre interessado,
capaz e que conheça o negócio.
Procedimentos de análise de projectos
A parceria entre o empreendedor e o investidor não acontece de uma forma espontânea,
mas sim segue todo um processo que vai desde a decisão do promotor do projecto em
procurar o parceiro, CR, até a decisão da SCR em aceitar o projecto apresentado, após a
56
análise deste e avaliação do seu promotor, seguindo o seu trâmite normal até ao
desinvestimento.
A sociedade dispõe de dois técnicos para analisar os projectos apresentados. Isto nunca
pôs em causa a capacidade de resposta, de acordo com A Promotora, SA.
Para selecção dos projectos de investimento apresentados analisam o perfil do
promotor, o seu currículo, idoneidade, entre outras; o plano de negócios apresentado; a
envolvente externa Cabo Verde e o mundo para o negócio proposto e o fundo
disponível para o efeito.
Procedimentos de relacionamento
As negociações com as Sociedades de Capital de Risco são procedimentos complexos
que pressupõem um profundo conhecimento dos termos e condições que normalmente
são exigidos.
Assim, o acordo para-social e o pacto social são instrumentos utilizados até agora para o
vínculo entre as partes, promotor e a Sociedade de CR. No entanto, dadas as limitações
desses acordos e as fragilidades da justiça no país, estuda-se reforçar este método de
forma a reduzir os riscos associados ao incumprimento dos acordos existentes no país
hoje.
O relacionamento mantido entre a A Promotora e suas participadas tem sido apenas a
troca de informações, através de apresentação de informação periódica sobre a evolução
da situação económico-financeira da participada.
Participações nos capitais considerados de risco
Desde a data da sua criação, A Promotora participou, em termos de investimento, em 10
(dez) empresas caracterizadas, no contexto cabo-verdiano, de Média e Pequena
57
dimensão, e estão distribuídas pelas ilhas de S. Vicente (40%) e Santiago (60%), com
maior concentração nesta última, como mostra o gráfico 2.
Gráfico 2
Fonte: elaborado com base nos dados recolhidos no terreno
Pela análise do quadro, pode-se constatar que na maior parte das ilhas de Cabo Verde a
presença de participadas ainda é um desconhecido.
Das dez participadas, cinco não estão activas no mercado em consequência de falência
declarada e fechamento das portas pura e simplesmente. Duas estão ainda na fase inicial
de actividade. Nas restantes aconteceu o desinvestimento, com a recuperação do capital
social investido e um prémio de desinvestimento negociado, na medida em que, como
não são empresas cotadas, a determinação do valor do mercado exige uma avaliação das
participadas.
Com este cenário, em parte, fica explicado a situação de CR em Cabo Verde, já que os
50% de falências representam uma perda para a A Promotora em valores que ascendem
a 50.000 cts. Essas falências deveram-se mais a erros de gestão e decisões estratégicas
do que propriamente dificuldades sectoriais, conforme A Promotora.
Para o país essas falências tiveram impactos a nível económico e social, em virtude do
número de desemprego associado.
58
As participadas dedicam-se a actividades como artes decorativas e publicidade,
transportes marítimos, exploração de veículos automóveis táxis normais e especiais;
produção e comercialização de produtos agrícolas e avícolas; transformação,
conservação e comercialização de produtos do mar; exploração de actividades
desportivas; sistema de informação e comércio electrónico, inertes e imobiliária.
Gráfico 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1996-1998 1998-2000 2000-2002 2002-2004 2004-2006 2006-2008
Evolução do Portfolio das parti
cipações
Ano
Fonte: elaborado com base nos dados recolhidos no terreno
Como mostra o gráfico, a actividade da empresa esteve estagnada durante algum tempo,
2002 a 2006, o que deixa transparecer a pouca dinâmica do produto.
No último período, conforme o gráfico, houve um impulso motivado pela estratégia
traçada pela SCR em 2006 e devido também ao alargamento do âmbito da sua
actividade.
Em matéria de evolução, constata-se que a actividade de CR não ganhou ainda espaço
no mercado, pois decorridos 13 anos de sua existência no panorama financeiro, continua
Participadas
59
a existir uma só sociedade CR, com a mesma composição accionaria e um número
reduzido de investimentos.
De acordo com o relatório de contas de 2007, conhecem-se os factores que estiveram na
origem da não penetração plena do produto na economia nacional e que se destacam:
• Exiguidade do mercado e o nível de desenvolvimento da cultura empresarial em
Cabo Verde;
• Baixa capacidade de inovação a nível nacional;
• Falta de capacidade financeira dos empreendedores.
Perante este cenário, vale-se uma Análise SWOT do produto em Cabo Verde, onde se
destacam como pontos fortes a repartição de riscos, capacitação da gestão, entre outras.
Ponto fraco: investimento em empreendimentos novos, ligados directamente à grande
subjectividade do promotor, imposta pelo alto grau de incerteza, a escassez de dados e
assimetria de informações;
As oportunidades que são várias como tecido empresarial formado com grande
percentagem de PMEs que deparam com insuficiência de capital próprio; receio dos
bancos em financiar PMEs e empresas emergentes sem histórico e mais de 50% sem
garantias sólidas; fomento do empreendedorismo que implica surgimento de projectos
com grande potencial de crescimento; estágio de desenvolvimento do país (progressão à
categoria de país de desenvolvimento médio); necessidade de inovação para melhoria e
competitividade da economia nacional, precisam ser aproveitadas para dinamizar a
actividade de CR no país.
Como ameaças destacam-se a dificuldade dos empresários em partilhar informações;
cultura do empresariado nacional na planificação e controlo como instrumento de
gestão; gestão deficiente de tesouraria e fragilidade de justiça em termos do
cumprimento do contrato. Estas ameaças podem ser transformadas em oportunidades
que poderão fortalecer a presença e actuação da actividade no mercado nacional.
60
Análise do inquérito e da entrevista
Os inquéritos aplicados e as entrevistas efectuadas permitiram recolher informações a
cerca do produto em Cabo Verde e funcionamento da actividade de CR. Apenas 20%
das participadas responderam o inquérito. Pelo que o tamanho da amostra não facilita o
tratamento estatístico dos dados recolhidos.
Analisadas as respostas dos 20% das participadas que responderam aos inquéritos,
chegamos aos seguintes resultados:
Os motivos da participação foram complementos de capitais. Uma das inqueridas
afirmou que o motivo de imagem esteve fora de cogitação, uma vez que são pessoas
com alguma imagem no mercado quanto ao ramo de actividade e carácter do próprio
promotor.
Quanto à questão de conhecimento do produto, uma das inqueridas já o conhecia.
Conforme resposta do mesmo, este conhecimento deu-se através da Câmara de
Comércio, pelo que pude constatar que, o facto de ser uma pessoa com título de técnico
superior, talvez tenha facilitado um pouco no acesso ao produto, contrariamente à outra
inquerida, que não o conhecia.
As inqueridas foram inânimes em afirmar que o produto CR não é suficientemente
divulgado na classe empresarial.
Formas de investimento em capital de risco
As empresas Start-Up foram as que receberam investimentos. Pois, conforme entrevista,
à Promotora as outras formas ainda não foram experimentadas, pelo que pressupõe-se
que a actividade de capital de risco em Cabo Verde é bastante incipiente.
61
Situação das participadas após o aporte de capital de risco
De acordo com a resposta das participadas constata-se que com o aporte de capital
sentiram algumas melhorias, sendo a rentabilidade económica e financeira foi a que
mais sofreu alteração. A melhoria em termos de qualidade de gestão, imagem externa da
empresa, nível de competitividade reflectiu apenas numa participada. As outras
melhorias que se podiam sentir como inovação tecnológica e volume de negócio não se
reflectiu em nenhuma das participadas.
Mecanismos de saída/desinvestimento
Como é óbvio, a A Promotora, como qualquer outra sociedade de capital de risco, tem
como estratégia desinvestir quando for a altura devida, que normalmente acontece com
a maturação e valorização do negócio. Segundo o relatório de 2007 a sociedade
desinvestiu de mais uma empresa, totalizando assim 3 (três) desinvestimento realizados.
A forma utilizada para a saída das participadas foi a recompra por parte dos próprios
promotores. Um dos inqueridos explica que a venda da participação a terceiros à
empresa, seria uma ameaça, por se tratar de um estranho e dai acarretar um conjunto de
situações que pode pôr em crise a empresa.
A estratégia de saída através de abertura de capital na bolsa ainda é um fenómeno por
acontecer, porque as PMEs não preenchem os requisitos para serem cotadas na bolsa.
Esse é mais um desafio ou mais um passo a dar futuramente, após a plena penetração do
produto no SFN.
Situação da participada após Desinvestimento
As duas inqueridas que responderam o inquérito afirmam que não notaram nenhuma
diferença, embora a parceria manteve-se por um período de 5 a 10 anos.
62
As participadas que responderam o inquérito avaliam o desempenho de A Promotora
como razoável.
Uma inquerida aconselha outras empresas e empreendedores a financiarem via CR
enquanto a outra não aconselha, e o mesmo acontece quando esta última responde a
pergunta 13 do inquérito em anexo, pois se tiver um novo projecto, CR não seria a
alternativa escolhida.
Quanto às unidades associadas do governo, apenas uma respondeu o inquérito, onde,
segundo o ponto de vista da mesma, a introdução do produto no sistema financeiro
cabo-verdiano teve pouca influência na resolução de dificuldades relacionadas com os
recursos financeiros e de gestão das PMEs, verificando-se o mesmo quanto às
perspectivas dos pequenos e médios empresários.
Ainda, segundo a mesma, a introdução do produto não colmatou a insipiência do
sistema financeiro nacional, pelo que a solidez do sistema não alterou, embora fora visto
como uma das alternativas que poderia contribuir para a melhoria da situação.
63
CAPITULO IV – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Conclusão
Ao final das análises, com base no material bibliográfico consultado, foi possível
constatar que são os EUA o país onde o capital de risco tem maior expressão e apresenta
maior volume de investimentos de capital de risco no mundo. O CR é tido como uma
das causas do desenvolvimento económico que os EUA conheceu. Como um produto
voltado para as micro, pequenas e médias empresas, que são consideradas como aquelas
que mais empregam pessoas e que consequentemente contribuem significativamente
para a diminuição do desemprego, é um grande alavancador da economia de qualquer
país.
Conclui-se ainda que o capital de risco é uma alternativa viável de financiamento tanto
para as PMES como para os projectos de empreendedorismo.
As operações de financiamento via capital de risco assumem uma importância
fundamental para a nova geração de empresários empenhados na criação de
empreendimentos, empregos, produtos e serviços inovadores, exportações e
rendimentos fiscais para os países.
Constata-se que CR não é solução adequada para todas as necessidades financeiras das
empresas, pois estas devem combinar, de forma adequada, o capital próprio e de
terceiros.
Da análise à literatura sobre o CR depreende-se que este instrumento financeiro se
traduz num investimento em capitais próprios. Ou seja, não é uma dívida, mas sim um
investimento colocado, assumindo idêntico nível de risco que os promotores iniciais
assumem no negócio. O capitalista de risco é um parceiro que se alia a quem criou uma
nova ideia e com eles partilha o risco de desenvolvimento do negócio.
64
O endividamento é completamente distinto, pois baseia-se no fornecimento de capital
alheio, sendo remunerado por via do pagamento de uma taxa de juro e com exigência de
garantias. No capital de risco para além do dinheiro, o investidor também aplica parte de
seus conhecimentos e ajuda na gestão da empresa.
Ainda conclui-se que a meta do empreendedor e do investidor é agregar valor à
empresa.
Constata-se que Cabo verde, pelas suas características, país com grande percentagem de
PMES, tem fortes potencialidades nesta modalidade de financiamento. Constata-se
ainda que a criação de mecanismos eficazes de divulgação e promoção deste produto
junto da classe empresarial é algo que precisa ser melhor explorado.
Denota-se que a aposta na dinamização do mercado de CR ainda é pouco desenvolvida
no panorama nacional tendo em conta todas as vantagens advenientes desta actividade.
Entretanto, levando em consideração as palavras dos representantes do governo de Cabo
Verde\, percebe-se uma vontade de querer mudar o rumo, com aposta no
Empreendedorismo, como uma das ferramentas para o desenvolvimento da economia.
O produto precisa ser divulgado e trabalhado junto da classe empresarial, das
universidades e na sociedade em geral, porque pude constatar na pesquisa e abordagem
às pessoas formadas, técnicos de empresas, que desconhecem o produto e o seu
funcionamento.
Recomendações
- A imagem de capital de risco deve ser desligada da noção de pura participação
financeira;
65
- Deve-se apostar na adequada divulgação, junto dos empresários e empreendedores,
não só das vantagens e possibilidade que esta alternativa de financiamento permite, mas
também pela sensibilização para aspectos intangíveis, acesso a uma rede de contactos, e
a própria credibilidade conferida às ideias;
- A criação de fundos de riscos, que seriam geridos pela A Promotora, SA seria uma
outra alternativa, pois este fundo (principalmente como capital semente num país como
Cabo Verde) permite aos promotores de novos projectos encontrar parceiros que
possibilitam alavancagem destes projectos;
- Seria aconselhável a realização de concurso nacional de Planos de Negócios, destinado
a inovação.
- Criação de programas para atrair e apoiar projectos ainda em fases iniciais.
66
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70
ANEXO – Contrato de Accionista
71
APÊNDICE – Inquérito e modelo de Entrevista aplicado