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Motivação ou cooperação Afinal, por que se trabalha? [ Um dis-curso sobre o trabalho e a qualidade de vida ] u

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[ Um dis-curso sobre o trabalho e a qualidade de vida ]

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Wilson Britto

Motivação ou cooperação Afinal, por que se trabalha?

[ Um dis-curso sobre o trabalho e a qualidade de vida ]

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Britto, Wilson Motivaçãooucooperação:afinal,porquesetrabalha? : [um dis-curso sobre o trabalho e aqualidadedevida]/WilsonBritto.--Cuiabá,MT:Entrelinhas,2012.

Bibliografia. ISBN 978-85-7992-023-3

1.Filosofia2.Gestãoempresarial3.Motivação(Psicologia)4.Psicologia5.Qualidadedevidanotrabalho6.SociologiaI.Título.

Av.SenadorMetello,3773|JardimCuiabá CEP78030-005|Cuiabá/MT

Telefax:6536245294/36248711|[email protected] www.entrelinhaseditora.com.br

©2012.Britto,Wilson.TodososdireitosreservadosparaEntrelinhasEditora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático: 1.Motivação:Qualidadedevidanotrabalho:

Psicologiaaplicada158.7

12-00176 CDD-158.7

Editora

Maria Teresa Carrión Carracedo

Produção Gráfica

Ricardo Miguel Carrión Carracedo

caPa

Helton Bastos

diaGramação

RonaldoGuarimTaques

rEvisão

Henriette Marcey Zanini

fotos

caPa:ReneBurri|MagnumPhotos|LatinstockdEtalhEs dE abErtura dE caPítulo:Filmfoto|Shutterstock

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Dedicado àqueles que têm um “real interesse” pela área de Recursos Humanos nas organizações.

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“As formigas abolinadas em um tronco de árvore descem correnteza abaixo em um rio caudaloso e creem que estão conduzindo o tronco”.

Da sabedoria dos índios moicanos

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Apresentação

Wilson Britto passou e ainda passa a maior parte de seu tempo obser-vando,pesquisando,analisandoocomportamentodosindivíduos

emfamília,nasociedade,notrabalho.Semprehouvedesuaparteumapreocupação em estudar as pessoas: suas atitudes, relacionamentos, con-flitos,sucessos, fracassos,crescimentopessoal,profissional,comosereshumanos.Semprecomopropósitodeajudar.Desuasreflexõessurgiramdúvidas,questões,indagações.Dessasin-

dagaçõesdecunhoexistencial,duasjulgooportunodestacar:Porqueaspessoas, de modo geral, sofrem tanto, são infelizes, incompletas, princi-palmenteemsetratandodotema“trabalho”?Porquetamanhainconsci-ência sobre o trabalho e sua importância na vida das pessoas? Ele obteve suasrespostas,epartedelasencontra-senestaobra.Acreditoque taisquestões surgiram já emsua infância.De família

humilde,habitandoemlocalquasedesumano–quehojedenominaría-mosfavela–,teveaoportunidadedepessoalmentevivenciarmuitasdassituaçõesconflituosasqueotrabalhocomumenteproduz.Comestudoemuitoempenho,conseguiusuperartodosessesdesconfortosqueavidaàsvezesnostraz.Hoje,comofilosofiadevida,adotaaideiadequeoindi-víduodevepossuiro“limitedonecessário”.Nãoéfavorávelaoacúmulodebens,porémtambémpregaquedevemosteronecessárioesuficienteparaviverdemaneiradignaeconfortável.

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Wilson Britto vem atuando há anos como consultor, conselheiro em váriasempresas.DentreelasoGrupoCanopus,doqualmeorgulhodeserpresidentefundador.Durantevinteanos,temostidoaoportunidadede contar com sua presença como consultor, conselheiro, amigo e com-panheiro.Seusconselhossempreforamdirecionadosparaocrescimentoedesenvolvimentodasorganizaçõesemtodososaspectos,principalmen-teemseuaspectohumano.Comseusestudos,leituras,pesquisas,comsuaespiritualidade,conse-

guiurespostasparamuitasdasquestõesexistenciaisqueenvolvemavidadossereshumanos,principalmentenoquetangeaotrabalhoequalidadede vida.Ele consegue transmitir conceitos que possibilitam às pessoasviveremharmoniaconsigomesmas,comopróximo,comoUniverso.

Sinto-me honrado e agradecido pela oportunidade de apresentar Wil-son Britto e esta obra, onde ele procura nos proporcionar respostas para indagaçõesdegrandesignificado:“Afinal,porquesetrabalha?”–poisotrabalhosignificaoqueviemosfazernestemundo–;“Porqueosdireto-resnãocantam?”–estaquestãorepresentaoconflitoentreaautorreali-zaçãoeaqualidadedevida–;e“Oqueaconteceu?”–porqueosorriso,a graça da criança, perde lugar ao semblante triste, estressado, do adulto?Caroleitor,aproveitebemestaobra,porque,alémdeserumaviagem

pelomundodotrabalhoedaqualidadedevida,tambéméumareflexãoeumricoaprendizadosobrenossaexistência.Etenhoacertezadeque,notérminodaleitura,vocêsesentirámuitomelhor,comacertezadequeDeus,oGrandeArquitetodoUniverso,necessitadetodosnósparadarcontinuidadeàSuaObra.Apartirdestaconsciênciaumanovaharmoniaexistiráentrevocê,digo,nóseotrabalho.Tenhoacertezadequeestaobraseráumsucessopelamaneiradife-

rentecomooautortrataotema.Édiferentedetudoquejáliarespeito.

Marcos Roberto CruzDiretor-presidenteefundadordoGrupoCanopus

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Prólogo

Uma indagação colocada por mim em meu livro Um homem mau: aquele que encontrou a liberdade, a paz e a felicidade, agora exige res-

posta.Emumdeseusprimeiroslivros,AbrahamMaslowapresentanaprimeirapáginaduasfotografias:naprimeirahaviaumgrupodecriançasemumberçário,alegres,felizes,comumabelaexpressão.Asegundafo-tografiaexibiaoutrogrupo,depessoasadultas,emummetrôdeNovaYork,amontoadas,estressadas,desalentadas,estampandonafaceumtris-te semblante. Abaixo havia uma pergunta: “O que aconteceu?”. Maslow, atravésdeestudossobreotrabalho,passouorestodesuavidatentandoresponderaessaindagação.

Uma segunda indagação: durante anos, em meus contatos com orga-nizaçõesdediferentesportesedediferentessegmentos,algoquesempremeintrigoufoiofatodejamaistervistoum“diretor”deempresa“can-tar”duranteotrabalho,aopassoquepessoassimples,queocupamnasor-ganizaçõespostosnabasedapirâmide,cantam.Porqueumprofissionalque,aprincípio,encontrouaautorrealizaçãoprofissional,concretizouosonho de atingir o topo da pirâmide, tem como herança a face fechada easeriedade?Nãoéparaestar“realmente”felizeestamparnorostoaalegria, a espontaneidade, sua felicidade? Por que os diretores não cantam?.

E a indagação principal: Afinal, por que se trabalha?. Sabemosque aspessoastrabalhamporqueotrabalhoéparteintegrantedesuaidentidade

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eestãotentandofazeralgoparasuapessoa,suafamília,paraacomunida-de.Recebemporisso.Odinheiroatendeassuasnecessidades.Otrabalhoatendeaindaaoutrasinúmerasnecessidades.Masnumaanálisemaispro-fundasobreosmotivosquelevamaspessoasatrabalhar,sobreospropó-sitosdotrabalho,oqueotrabalhonosdáemtroca,iremosconstatarqueháalgomuitomaispoderosodoqueatroca,sejaoquefor.Selidarmoscomos propósitos do trabalho no nível de troca, estaremos perdendotoda a essência doqueacontececomoatodetrabalhar.Afinal,porquesetrabalha?Somosseresviventesembuscadeuma

significação.Oserhumanofazmuitasperguntassobreavida.Masafun-damental,creio,éaperguntasobreo que ele veio fazer nesse mundo. E a res-posta está no “agir”, no trabalho, pois o agir significa “eu sou”. As duas primeiras indagações,“Oqueaconteceu?”e“Porqueosdiretoresnãocantam?”,referem-seàqualidadedevida.Apergunta“Afinal,porquesetrabalha?”é por demais importante, porque não é simplesmentemotivacional, éexistencial. Exigeumarespostaparanossaexistêncianessemundo.O que busco nesta obra? Busco, via trabalho, respostas para essas

três indagações. Simples respostas, divagações, teorias, opiniões poucoserviriam.Querocomorespostaalgocomconsistência,vivenciado,quepossatrazerumarealcontribuiçãoparaarealidadequeessasindagaçõesrepresentam.OmetrôdeNovaYorkéumametáfora,vistosoboângulodo trabalho,querepresentaoníveldequalidadedevidaprofissionalepessoalaqueestamossujeitosnosdiasatuais:ritmofrenético,competiti-vo,estressante,semsentidodevida.Ofatodeosdiretoresnãocantaremdemonstraqueháalgodeerradonaquiloquesedizdaautorrealização,sucesso,fama,poder,crescimentoprofissional.

Há uma moralidade externa ao trabalho, constituída pelos deveres, obrigações, responsabilidades, que vai muito além do cargo e do ato do trabalho.Crescimentoprofissionalsignificacrescimentodessamoralidade.Significacrescimen-todosdeveres,obrigações,responsabilidades...Perdagradativadaliber-dade.Esenãoháliberdade,nãoexistiráapaz,nãoexistiráafelicidade.Pazefelicidadesão“apenas”consequências,umderivativodaliberdade.Procuroumarespostaparaospropósitosdotrabalho.Masquerouma

respostaqueváalémdamotivação,alémdamoralidade,alémdotrabalho“abstrato”,semsentido,pobredesignificado.

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Para obtenção dessas respostas tive que percorrer, durante anos eanos,umlongocaminho.Passeipelos“clássicosdamotivação”:explo-reiasideiaseteoriassobremotivaçãodepsicólogosderenome–Skin-ner,DavidMcLaren,FredericHerzberg,DouglasMcGregoreAbrahamMaslow–embuscadosmotivosquenos levama trabalhar.Analiseiopensamentode antigosMestres–LaoTsé,ChuangTsé–;defilósofos–Heráclito,Platão,Aristóteles,Descartes,Hume,Kant,Schopenhauer,Hegel,Nietzsche,Kierkegaard,Sartre,MathiasAires–;decientistas,eco-nomistasepensadores–Darwin,Malthus,KarlMarx.Tivequemedeternosprincípiosuniversaisaosquaistodaequalqueração,todoequalquertrabalhoestásubordinado–OProcessoUniversaldostaoístasesuasleis,aharmoniaocultadeHeráclito,adialéticadeHegel,osincronismodeJung.Pesquisei livrossobreadministração,economia,sociologia, livrossagrados–Bíblia,Fihi-Ma-Fihi,Bhagadav-Gîtâ.Embuscadeumaresposta,houvenecessidadedeiralémdapsico-

logia,daeconomia,daadministração,dareligião,dafilosofiaocidental.Tivequemeaproximardafilosofiaorientalparaobterumarespostaquesatisfizesse.Edepossedessasrespostas,ondepretendochegar?Quero, inicialmente, demonstrar como aqueles elementos que in-

tegramoatodetrabalho–amotivação,amoralidade,alibido,apaixão,acrençado“fazeracontecer”easeriedade–tolhemaliberdadee“em-pobrecem”oViver.Empobrecemaspessoasemtermosdequalidadedevidaprofissionalepessoal.Pretendo,nessesentido,apresentarideiasvoltadasparaelevaronível

deconsciência,transcender,iralémdesseselementoscitados.Pretendodemonstrarosaltosenobrespropósitosdotrabalhopor“tantos”,hoje,epor“mimmesmo”,duranteanos,ignorados.Querodemonstrartambémqueo“fazerriquezas”éumdom.Aque-

lequesabefazerriquezaspossuiumdomcomoopintor,omúsico,opoeta...Produzirriquezaséumdomeissoasorganizaçõessabemfazermuitobem.Falta“somente”umnívelmaiselevadodeconsciênciasocialededignidadedevida.Acreditoquequempodeemmuito“melhorar”omundoéacomunidadeempresarial.Nãosãoospolíticos–essessãoemsuamaioriaexcessivamenteegoístasparatal–enemosgovernos.Sãooslíderesempresariaisquando perceberem que a questão das pessoas é maior do que a empresa em si.

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Querodemonstrarqueasgrandesmudançasnasorganizaçõesenotrabalhonecessitamde líderes comprometidos comessasmudanças.Enãoacreditoquepossahavertransformaçãoamenosqueolíderealide-rançasetransformem.Essetipodemudançanãopodevirdebaixoparacima.Éumaquestãodeliderança.Tenhoumapropostaaapresentar.Consisteemtrabalharcomo“en-

riquecimento do propósito do trabalho”aliadoaummelhorníveldequalidadedevida,indiferentedocargo,organização,doprofissionalqueoexecuta.Emminhaproposta,asinergiaétrabalhadaemumnívelvoltadopara

promoveroalinhamentodonúcleodeumaorganizaçãoouentidade–missão,valoresevisão–comotrabalho.Etambémasinergiaserátraba-lhadaemumnívelmaiselevado,quandoseadquireapercepçãodeuma“realidademaior”ondetodostrabalhamemfunçãodeumprojetoúnico.Ondeobemdeumrepresentaobemdosdemais.Háumrelacionamentoempíricopossívelentreoconceitodesinergiaeodeboascondiçõesdetrabalho.Ainovaçãodeminhapropostaéqueassociandoumagestãoformada

por um sistema de liderança “natural” a uma “consciência” real do papel do trabalho iráproporcionarumamelhorqualidadedevidaparaas li-derançaseaosmembrosdesuasequipessemcomprometeroresultadopretendidopelaorganização.

Tenho uma crença apoiada em um propósito mais elevado para o tra-balho,dariquezaporelepromovida,edeumnívelmaiselevadodequali-dadedevidaparaasliderançaseosdemaisprofissionais.Sei que a suprema busca de todo ser humano, a busca pela liberdade, paz e felicidade pode e deve ser alcançada por meio do trabalho. Masnãosouumsonhador.Façoda realidade a base de todo o meu

trabalho.Nãoestoupropondoumaondados“dezpassos”paraissoouaquilo.Nãosetratado“como”parasoluçõesmilagrosas.Nãosetratademaisum“modismo”paraaáreadeadministração.Pretendoapresentarumestudoconsideradoprofundo,frutodereflexõesvoltadasparamu-dançasefetivas.Conheçoosdesafiosdasmudanças;conheçoarealidadequeimperanotrabalhoabstratoemnossosdias.Seidalentidãoqueexistenasgrandesmudanças.Seiquealgumasdeminhaspropostaspodemserimplantadasdeimediatoeoutrasnecessitarãodeantecedentesqueexi-girãoumtempomaiorparamaturação.Háestágiosquenecessariamente

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precisamsercumpridosparaqueaconsciênciasobreotrabalho,adig-nidadedevida,opapelsocialdasorganizações,aliderançanaturalsejamatingidos.OProcessoUniversalqueatudoconduztemseuprópriorit-mo,seuprópriotempo,seuspropósitos.Paraoobservadorconsciente,ahistóriatudoissodemonstra.Sábioéaquelequeconhecendooprincípioconseguevisualizarofim.Deusnãotempressa!Masalgumacoisapedeparaserfeitaagora!Pormim.Pornós.

Wilson Britto

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Osdiretoresnãocantam! 21

Vai e come o pão com o suor de teu rosto 37

Clássicos da motivação 47

Maslowquasechegoulá! 63

Quantoganhaumguerrilheiro? 81

ONadadeondetudoprovém 93

Qualidadedevida:verdadesindesejáveis 111

Oqueaconteceu? 133

Alémdamotivação 149

Somente em clima de festa o principiar tem sentido 167

Uma Proposta 185

Minhas Crenças 197

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Os diretores não cantam!

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Constatações

Estouaquiemmeusítio,Terra Pura,aos“pésdaMantiqueira”,suldeMi-nasGerais,iniciandoumlivrosobreosmotivosquelevamaspessoas

atrabalhar.Motivos,aprincípio,aparentementeóbvios–eesseéograndeequívoco.Coincidentemente,ouçoasvozesdoscatadoresdecafénafazen-davizinha.Éépocadecolheita,dezenasdepessoasserãorecrutadasedepoisdispensadas.Trata-sedeumtrabalhotemporário,sofridoesemgarantias.Enquantocolhemocafé,serviçoduroeingrato,oscatadorescantam.

Gritamparaosamigosquecolhemocaféaalgumadistância,brincam,fazempiadas.Algunsimitamcomperfeiçãoocantodospássarosdare-gião.Demonstramumaalegriaquecausasurpresa,poisécedo,estamosemjunhoeafriagemláforafazdotrabalhodessescatadoresalgoaindamaisdifícil.Mas,apesardofrio,dascondiçõesdotrabalho,doganhosalarialincer-

to–algunstrabalhamsomenteemépocadecolheita–eumavidadepe-núriaquaseextrema,poisosconheço,encontreiemmeucaminhomuitosdeles,elessãoalegres.Ecantam!Porquecomessavidaeessetrabalho,du-ranteotrabalhoaindacantam?Seráporquenãocomparam?Seráporquenãopossuemideais?Seráporquepobrenãoéaquelequenãopossui,masaquelequecompara?Riconãoéoquetem,masaquelequenãonecessita?Os estoicos, naGrécia Antiga, perceberam que a privação e o so-

frimento não se originam imediatamente e necessariamente do fato do não-ter, mas sim do querer-ter e não-ter.Oquerer-terécondiçãonecessária

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pelaqualexclusivamenteonão-tersetornaprivaçãoeprovoqueador.Reconheceramaindaosestoicosqueéaesperançaeaexpectativaqueali-mentamodesejo.Assim,nãosãoosbensinalcançáveisqueinquietameatormentam,massomentealgodemaisoumenosinsignificantedaquiloquesepodealcançar.Portanto,nãoapenasoabsolutamente,mastambémorelativamenteinalcançáveldeixa-noscompletamentecalmos.Ouseráenfimqueoscatadorescantampor resignação?Nãocreio

queporresignaçãoseja,poiselaconduzcomosombranãoaalegria,ocanto,masatristezaouarevolta.Possivelmenteessefoioprincipalmotivoquemelevouamergulharna

pergunta:“Afinal,porquesetrabalha?”.E,aomesmotempo,procurarasso-ciarotrabalho,seusmotivos,comqualidadedevidaprofissionalepessoal.

Durante mais de trinta anos como consultor de empresas, tive a opor-tunidade de estar em contato e vivenciar a vida das pessoas em seus tra-balhosemmaisdeumacentenadeorganizações,depequeno,médioegrandeporte.Oquedespertavaaminhaatençãoéquequandoentravaemumaorganização,independentedoseuporteousetor,observavaquemuitasvezesaspessoasquefaziamafaxina,preparavamo“cafezinho”,oucuidavamdasplantasnopátiooujardim,enquantorealizavamseutra-balhocantavam.Outrosprofissionaisqueocupavamnapirâmideabaseerammaisalegres,divertidosecantavam.Masàmedidaquesesubianoorganograma,agraça,adiversãoeramsubstituídaspelaansiedade,sobre-tudopela seriedade. Jamais presenciei umpresidente, superintendenteoudiretordeumaorganizaçãocantandonotrabalho.Jamais!Porquê?Procureiincessantemente,duranteminhavidaprofissional,porum

motivo real e aceitávelquejustificasseoatodetrabalhar.Ummotivorealpara as pessoas trabalharem, uma verdade maior, uma realidade maior.Um“motivo”que justificasseo trabalho.Era uma busca pessoal.Abuscaporumarespostaeraalgoquemuitomeincomodavaeacreditotambémqueomesmoocorrecomamaioriadaspessoasquetêmummínimodede-sejoporatingirapercepçãodeum“significado”paraotrabalhoeavida.Afinal, o trabalho é, sem nenhuma dúvida, o principal elemento que dá um signifi-cado ao nosso viver. Nossa existência.Procureiummotivoreal,significativo,paraotrabalho.Éfácilcons-

tatarqueparaamaioriadaspessoasquetrabalha,eleseapresentacomoumfardo,umaprisão,algonecessário,masindesejável.Muitosnãoestão

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contentescomoquefazem;outrostrabalhampornecessidadedesobre-viver;para algunso localde trabalhoeosganhosadvindoscomo seutrabalhodeixamadesejar;outrosmais,mesmotendoatingidoposiçõesdesucesso,poder,dedestaque,gozandodegrandesbenefícios,sentemumgrandevazio;e,finalmente,háaquelesquemesmosatisfeitoscomoquefazem,sentemquefaltaalgoenãosabemoquê.Grandeeconstanteéabusca.Motivosmil:sobrevivência,segurança,

dinheiro, sucesso,poder,crescimento, realização,o“fazeracontecer”...Muda-se de cargo, trabalho, organização, local, na vã tentativa de se re-alizar.Mas o vazio persiste.Trabalha-sepelosimplesatodetrabalhar,porprofissão,vocação,até“missão”,masovaziopersiste.Eseestevazio“épreenchido”duranteotempoemqueseestánaativa,ofimdacarreiraeda saúdeemgeral, atingeoprofissional commuita força.A ideiadeaposentadoriapodeequivaleràcastração,senãoàmorte,paraoshomenscujaidentidade foi construída em torno do trabalho, especialmente se a carreira foibem-sucedida.

A suprema busca dos homens, a busca pela liberdade, paz, felicidade –leiamagraça,aserenidade–,asupremaharmonia,notrabalhonãoseencontra, enemna sua ausência.Muitos creemqueestando livresdotrabalho seriampessoasmais realizadas,mas a liberdade “de” é apenasmetadedeliberdade;háquesecompletarcomaoutrametade,aliberda-de“para”,que,ironicamente,érealizadapelaação,pelotrabalho.Essaminha“angústia”,duranteanos,pornãoencontrarumarespos-

taquedesseaotrabalhoumrealsignificado–“Afinal,porquesetraba-lha?”–associadaàqualidadedevidapessoaleprofissional–“Oqueacon-teceu?”–,metáforadometrôdeNovaYork,fezcomqueeupersistissenabuscadeumaresposta.Respostaquenossospais,lídereseeducadorespossivelmentenãoforamcapazesdenosdar.Refiro-meaumarespostasatisfatória.Pelocontrário,influenciadosporconceitoseprincípiosher-dados, teimam em manter um modus vivendiquenãosatisfaz.

Nossa educação, nossa cultura, nossa moralidade do trabalho, nosso mododeconduzirascoisas,noOcidente,recebeuumaenormeinflu-ênciadefilósofosgregos–Sócrates,PlatãoeAristóteles–principalmen-te.Daigrejacristã,decientistasepensadorescomoDescartes,Darwin,Malthus,paranãocitaroutros.Dessasfontesadquirimosprincípiosqueinfluenciamenormementenossosconceitossobreotrabalho,nossama-

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neiradetrabalhar,osignificadodotrabalhoemnossasvidaseosmotivosquenoslevamatrabalhar.

O que é o trabalho?

Umaexpediçãodestinada a escalarumaltopico, comooK2ouoEverest,écomposta,supostamente,comcercadecentoevintesetein-divíduos.Centoevinte–carregadoreseoutrosprofissionaisdeapoioesetealpinistas.Centoevinteficarãonabasedomonte–leiampirâmide–,cinco,emmédia,serãodistribuídosemacampamentosbasesmonta-dos em diferentes altitudes ao longo do percurso e, possivelmente, dois alpinistassearriscarãoachegaraotopodamontanha.Assiméaescalada.Assiméavida.Oqueéotrabalho?Paraamaioriaqueestaránabase,otrabalhoé

ummeioparasobreviver.Otrabalhoéuminstrumentodedefesa.Outraparcela poderá estar trabalhando por uma moralidade do trabalho–dever,obrigação,responsabilidade.Existemaquelesquetêmotrabalhocomoum instrumento de realização profissional e conquistas.Háosquetrabalhampor valores e virtudes.Existem,finalmente,unspoucos,osraros,osdesper-tos,cujotrabalhoatendeaumsignificado maior.Abordareiessestópicos,masnãonecessariamenteagora.

Atitude perante o trabalho

Nietzsche,filósofoalemão,usaemtermosdemetáforascomoo“ser”navidaasfigurasdoleão,camelo,águiaeacriança.Creioquecomrela-çãoaumaatitudeperanteotrabalhoépossívelusá-lasfazendoasdevidasadaptações.Omododetrabalhodoprofissional“leão”temmuitoavercomaque-

lequetemotrabalhocomouminstrumentodeconquista,comoarmadepredador.Paramuitosdessesprofissionais,aspessoas,assimcomoascoisas,sãoimportantespelasua“utilidade”;pessoas e coisas são para serem

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Page 25: Motivação ou cooperação Afinal, por que se trabalha? u – Bíblia, Fihi-Ma-Fihi, Bhagadav-Gîtâ. Em busca de uma resposta, houve necessidade de ir além da psico-logia, da economia,

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usadas.CitandoNietzsche:“Umserhumanoquelutaporqualquercoi-saconsiderapraticamente todosqueencontrapelocaminhocomoummeio,oucomoumatrasoouobstáculo.Oucomoumlugardedescansotemporário.Abondadequelheéprópriasóépossívelquandoatingeaal-turadesejadaedomina.Estácondenadoàcomédia.Conheceráasolidãoeoqueelatemdemaisperverso.”1

Há o “camelo”, trabalha para sobreviver.Nas areias escaldantes doSaara,curva-separaqueemseudorsosejacolocadaapesadacarga.Éotrabalho“escravo”,submisso,resignado.Temotrabalhocomoumpesadofardo.Háumavariação,ameuver,docamelo:ocamelosanto.Temotra-balhocomoumdever,oumesmo“missão”.Deverdosoutroscuidar,odeser responsável por tapar os buracos da estrada, o de ser um deus de plan-tão.Sempreaconfundircaridadeepiedadecomaverdadeiracompaixão.Otrabalhador“águia”, liberto,voamaisalto.Dedicaseutrabalhoà

semente,àquiloqueveioaomundorealizar.Existeaindaumamaneiradetrabalhar da “criança”: mesmo com metas, mas sem ansiedades, sem ex-pectativas.Um trabalhar além da motivação, da moralidade, da missão, da doação –guardem,porfavor,esteponto.Écomooconstruirumcastelodeareianapraia:terotrabalhocomoumasincera–enãoséria–diversão.

Significados do trabalho

Otrabalhotrazparaquemtrabalhapequenos,médiosegrandessigni-ficados.Pequenossignificadosquesustentamoego:trabalha-separa“ser”,ter,pelopoder,pelo“fazeracontecer”...Pelo“sernecessário”,pelo re-conhecimento.Pequenossignificadosqueilusoriamenteapresentam-secomosendograndes,poisoegotemcomomaniatornargrandeoqueépequeno.Pequenossignificadosparaosquetêmumapercepçãodoqueéoviver,masemborasendopequenossignificados,otrabalho,nessecaso,tolhealiberdade,écárcere,éescravidão.Otrabalhopodeserportadordemédiossignificados:quandopropor-

cionaàvidaumsignificado.Sim,avida,emsi,nãopossuinenhumpro-pósito,nenhumsentido.Éumadasverdadesqueoserhumanomaistei-maemnãoaceitar.Aação,otrabalho,serveparadaràvidaaquiloqueela

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