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MUNDA
“Senhor Rei mandam bem pescop pa ba casá ma Codezinha”
1. APRESENTAÇÃO
Este documento apresenta para instituições,empresas e ONGs o projeto do
espetáculo de dança-teatro MUNDA com a finalidade de obtenção de parcerias,
apoios culturais ou patrocinios.
São apresentadas o material teorico sobre a dramaturgia, a encenação, as
referências, o publico-alvo e justificativa. A caracteristica principal do projeto é o
estudo da relação possivel entre manifestações tradicionas e o teatro, mais
especificamente, entre os contos tradicionais e sua representatividade no teatro
contemporâneo.
1.1 Justificativa
Na tradição caboverdiana a contação de historias é uma das manifestações primárias
da teatralidade do seu povo.
Este projeto na verdade precisa ser justificado duas vezes, a primeira pela proposta
de linguagem e a segunda pela histora que ela conta.
- Sem querer sobrepor um em relação ao outro, essa montagem pensa na relação
entre uma manifestação popular e uma manifestação erudita, isto é, a contação de
historia e o teatro. O projecto estuda a tradução do conto tradicional e de
expressao oral para a realidade do palco. A cerne do trabalho investigativo e
criador é a teatralidade inerente nas artes tradicionais e as possibilidades de
retrata-la em cena.
– A peça basea-se em um dos contos mais populares da tradição cabo verdiana,
Bulimundo. A historia de Bulimundo já inspirou vários artistas (Báu, Leão
Lopes, Celina Pereira etc) por estar muito enraizada no nosso imaginário
popular. Aborda um tema, entre outros, que precisa ser ouvido e precisa ser
contado: a Liberdade. No entanto também conta a historia de um periodo
escravocráta e de lutas de poder vivenciado nas ilhas.
– O diferencial deste projecto é que coloca essa historia sob o ponto de vista da
Mulher, do amor e da relação de Bulimundo e a Princesinha/Codezinha/
Vaquinha de Praia (que lhe custou a sua liberdade/vida). MUNDA é o nome
com que batizamos essa personagem que representa a mulher-personagem tão
fundamental para o conto de Bulimundo.
Posto isto, são expostos aqui as directrizes do projecto que guiaram a
contrução do espetáculo. Pretendemos com esta peça enaltecer icones fortes da
nossa cultura, apresentar uma proposta cénica onde o tradicional e
contemporaneo se casam e, ao mesmo tempo, refletir sobre o universo
feminino caboverdiano.
2. DRAMATURGIA
A dramaturgia surgiu do estudo/desconstrução/reconstrução das várias versões
de Bulimundo. Após a investigação, o texto foi criado paralelamente aos ensaios, isto
é, uma construção dramatúrgica em que o texto se estrutura juntamente com
dramaturgia corporal.
2.1 Sinópse do conto/ sinópse da peça
Bulimundo era um boi que rebelou contra o Rei e suas leis, por isso era
perseguido. Mas ele consegui fugir para a montanha mais alta das terras do rei e alí
dominou sem que niguem o conseguisse capturar. Até que um dia chega um menino a
mando do rei, cantado e tocando um cavaquinho e prometendo a mão da Princesinha
em casamento. Iludido pelo falso noivado Bulimundo é capturado e assasinado
enquanto lhe faziam a barba no preparatório do seu casamento.
Este conto esta presente em todo o país e fortemente enraizado no nosso
imaginário, mas assim como variam a personalidade de cada ilha também podemos
encontrar pequenas variações nas versões de cada ilha.
Depois começa a nossa versão, MUNDA, posta em censa como obra teatral: A
princesinha vestida de noiva recebe o anúncio que Bulimundo esta morto.
Neste caso o ouvinte é o espectador e o contador é o palco.
3. A ENCENAÇÃO
3.1 Proposta Cénica
A peça é um monólogo de teatro-dança montada pela junção de várias
performances. No palco está uma atriz/dançarina que contracena com os objectos de
cena. Esses objectos são ossos de boi que representado os restos mortais de
Bulimundo e outros objectos do ambiente de romarías de Santo Antão, são simbolos
figurativos acompahados de movimentos oníricos.
Os objectos de cena fortalecem o conceito da peça contendo em si a
representação da dislaceração causada pela morte do amor e permanece como uma
ruína. Esse mesmo tom domina a maior parte do espetáculo tanto na plasticidade, na
dramaturgia e no registro de interpretação.
A cena joga constantemente com o naturalismo rude (nos objectos) em conflito
com o simbolismo objectivo (nas açoes-fisicas) assim surge a poética do espetaculo
nessa confrontação entre o orgânico e o grotesco.
3.2 Uso do espaço
O espaço representa um lugar interno da personagem, ali seus gestos são
reações radicais ao que ocorre no seu entorno. Durante o monologo a atriz seu
ausenta varias vezes do palco deixando o espaço vazio como quem por momentos
perde consciência para logo voltar ao espaço em momentos performáticos que são
como espasmos de consciência. O desenho de espaço é de um palco italiano mas a
atmosfera é de isolamento que é desafiado com a posição de estar em frente ao
publico. Nos momentos que atriz abandona o palco provocará ao público o seu
próprio isolamento e estranhamento. E assim numa mecânica de estar e não estar
usamos o palco causando um sentimento de uma presença invisivel no espaço
independentemente deste estar ocupado ou não por um corpo.
3.3 Registro de interpretação
A única personagem da peça é retirada do conto Bulimundo, no entanto nada
sabemos dessa personagem. A Princesinha é mencionada no conto (em algumas
versões é uma vaquinha e em outras a codezinha) e é pela promessa da sua mão em
casamento que se engana, capturam e matam a o heroi do conto, Bulimundo.
Primeiramente colocamos questões sobre a personagem: Ela conhecia
Bulimundo? Ela conhecia e correspondia o amor de Bulimundo? Ela participou
voluntariamente na estrategia de captura?
Depois fizemos a construção da personagem pelas motivações e pontos de intenção
(no corpo) a qualidade interpretativa foi determinada e estilizada de acordo com os
resultados da pesquisa de corpo, expressividade, memórias e associações,
musicalidade (ritmos de Santo Antão) e elementos do conto.
4. Público-alvo
4.1 Público geral
- Pela densidade do espetáculo definimos a idade minima adequado para o
espectador: 14 anos.
– A peça é adequado para jovens, adultos e idosos.
4.2 Público específico
– É possível enquadar o espetáculo tanto na categoria de Dança e Teatro, sendo
possível a sua apresentação para um publico apreciador dos dois generos de
arte performática.
– Grupos de estudo de temas ligados à: literatura, historia, estudos sociais,
cultura caboverdiana, artes performativas.
5. Equipa Criativa e Sinopse
Encenação: Sara Estrela
Actução: Milena Tavares
Produção Musical: Jeff Hessney
Iluminação: Edson Fortes
Sinopse
...e no dia do matrimónio, levaram Bulimundo ao barbeiro para que lhefizessem a barba. Num golpe só de navalha o carrásco disfarçado de barbeirodecapita o bondoso rebelde. Seu espirito revolucionário reencarnou emMUNDAMUNDA é o nome que daremos a elaMUNDA é o nome daquela que nunca se ouviu. Codezinha de Nhô Rei- Princesinha-Vaquinha de praia.
Gênero: Dança-Teatro