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municípios sustentáveis: construindo caminhos para
uma gestão compartilhada
do território
Sistematização participativa do projeto Cotriguaçu Sempre Verde
Cotriguaçu Mato Grosso
2014
municípios sustentáveis: construindo caminhos para uma gestão compartilhada do território
Sistematização participativa do projeto Cotriguaçu Sempre Verde
Cotriguaçu – Mato Grosso
junho de 2014
Representantes da
Prefeitura de Cotriguaçu
Elaine Castanha Bonavigo
(Agente Administrativa do
Setor de Licitações e Contratos
da Prefeitura de Cotriguaçu)
Denise Schütz Freitas
(Secretária Executiva do CMMA)
Amilton Castanha
(Secretário Municipal de
Desenvolvimento Econômico,
Agricultura, Meio Ambiente
e Assuntos Fundiários)
Pecuaristas
Arnaldo de Campos
Arnaldo de Campos Junior
Gilberto Siebert Filho
Florentino Aparecido Martins
Representantes do P.A. Nova
Cotriguaçu
Maria Margarida de Oliveira Barbosa
(Comunidade Santa Clara)
Luara Marchiori de Souza Ferreira
(Comunidade Santa Clara)
Sirlene de Oliveira Barbosa
(Comunidade Santa Clara)
Derzilio Valério do Nascimento
(Comunidade Santa Clara)
Gerci Laurindo de Oliveira
(Comunidade Nova Esperança)
Cleuza Aparecida Lúcio de Andrade
(Comunidade Nova Esperança)
Luzia Coelho de Carvalho
(Comunidade Nova Esperança)
Terezinha Alves Ferreira Inhanse
(Comunidade Nova Esperança)
Cleuza Francisca de Souza
(Comunidade Nova Esperança)
Sonia Shumacher
(Comunidade Nova Esperança)
Vanessa Soares Gomes
(Comunidade Nova Esperança)
Rosineide Rodrigues da Silva
(Comunidade Ouro Verde)
Patrícia Lopes Damaceno
(Comunidade Ouro Verde)
Leidemar Maria Eloi Moza
(Comunidade Ouro Verde)
Maria Carmelina Pinheiro
(Comunidade Ouro Verde)
Idalina Costa Martins
(Comunidade Ouro Verde)
Joel Ferreira de Jesus
(Comunidade Ouro Verde)
João Carlos Moza
(Comunidade Ouro Verde)
Daniel Ferreira de Oliveira
(Comunidade Ouro Verde)
Realização
Instituto Centro de Vida (ICV)
Apoio
Fundo Vale
Coordenação
Renato Aparecido de Farias
Coordenação Assistente
Camila Horiye Rodrigues
Equipe Técnica
Vando Telles de Oliveira
Sandra Regina Gomes
Rodrigo Marcelino
Elisangela Sodré
Suzanne Scaglia
Andrés Emiliano Rodrigo Pasquis
Vinicius de Freitas Silgueiro
Bruno Simionato Castro
Carolina de Oliveira Jordão
Vilmar Andretta
Eduardo de A. S. Florence
Publicação
Organização do conteúdo
Camila Horiye Rodrigues
Renato Farias
Texto
Equipe Projeto
Cotriguaçu Sempre Verde
Paulo Sérgio Ferreira Neto
Mapas
Vinicius de Freitas Silgueiro
Revisão
Giselle Marques
Daniela Torezzan
Fotos
Arquivo ICV
Forest Comunicação
(parceria especial)
Participantes do processo
de sistematização
Representantes de
organizações e instituições
Cleide Regina de Arruda
(diretora da ONF Brasil)
Alan Bernardes da Silveira
(ONF Brasil)
Elison Marcelo Schuster
(Schuster Assessoria
Agronômica e Florestal)
Reinaldo Valiguzski
(Presidente da Coopercotri)
Damião Carlos de Lima
(Presidente do SPR)
Givanildo da Silva Ribeiro
(Presidente do STTR de Cotriguaçu)
Alzira Gonçalves de Melo Goularte
(Comunidade Ouro Verde)
Aparecida Maria Aguiar dos Santos
(Comunidade Ouro Verde)
João Alves de Souza
(Comunidade Novo Horizonte)
Iolanda dos Santos
(Comunidade Novo Horizonte)
Representantes da Etnia Rikbaktsa
Dokta Rikbaktsa
(Cacique da Terra Indígena
Escondido)
Pajé Inácio Tukú Rikbaktsa
(Pajé da Terra Indígena Escondido)
Raimundo Iamonxi
(Professor na Terra Indígena
Escondido)
Rosalvo Rekzo Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Adriana Zawa Rikbaktatsa
(Terra Indígena Escondido)
Humberto Hokzitsa Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Cleide Naura Tsakta
(Terra Indígena Escondido)
Marcia Dubeo Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Marciane Mundy Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Ana Bella Anbô Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Lindomar Edyk Rikbaktsa
(Terra Indígena Escondido)
Jaime Zehamy Rikbakta
(Presidente da Asirik)
projeto cotriguaçu sempre verde
siglas
Asirik Associação Indígena Rikbaktsa
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social
BPA Boas Práticas Agropecuárias
CAR Cadastro Ambiental Rural
Cipem Centro das Indústrias Produtoras e
Exportadoras de Madeira do Estado
do Mato Grosso
CMMA Conselho Municipal de Meio
Ambiente
Cogeo Coordenadoria de Recursos Florestais
Conab Companhia Nacional de
Abastecimento
Coopercotri Cooperativa Agropecuária de
Cotriguaçu
Consea Conselho Municipal de Alimentação
Escolar
CCP Controle Processual
CVM Controle Processual Coordenadoria
de Vistoria e Monitoramento
CRF Coordenadoria de Recursos Florestais
CSV Cotriguaçu Sempre Verde
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária
Empaer Empresa Mato-grossense de
Pesquisa, Assistência e Extensão
Rural
Expocotri Exposição Agropecuária de
Cotriguaçu
Feinoroeste Feira da Agricultura Familiar e
Torneio Leiteiro Regional
Funai Fundação Nacional do Índio
Funam Fundação Agro-ambiental da
Amazônia
Fundema Fundo Municipal de Defesa do Meio
Ambiente
GPS Global Positioning System
GTPS Grupo de Trabalho da Pecuária
Sustentável
IAF Fundação Interamericana
Ibama Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística
IFT Instituto Floresta Tropical
Indea-MT Instituto de Defesa Agropecuária do
Mato Grosso
Inpe Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais
Unemat Universidade do Estado do Mato
Grosso
MMA Ministério do Meio Ambiente
ONF Office National des Forêts
ONG Organização Não Governamental
PA Projeto de assentamento
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
Pamflor Programa de Apoio ao Manejo
Florestal
Petra Plataforma Experimental para a
Gestão de Territórios da Amazônia
Legal
PMFS Planos de Manejo Florestal
Sustentável
PMMA Política Municipal de Meio
Ambiente
PNAE Programa Nacional de Alimentação
Escolar
PNGATI Política Nacional de Gestão
Ambiental em Terras Indígenas
POA Plano Operacional Anual
Prad Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas
Prodes Programa de Cálculo de
Desflorestamento da Amazônia
Prodemflor Programa de Desenvolvimento do
Bom Manejo Florestal
REDD Redução das Emissões do
Desmatamento e da Degradação
florestal
SDRS Secretaria de Desenvolvimento Rural
Sustentável
Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas
SDEAMAAF Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Agricultura, Meio
Ambiente e Assuntos Fundiários
Sefaz Secretaria da Fazenda
Sema-MT Secretaria Estadual de Meio
Ambiente de Mato Grosso
Senar Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SIG Sistema de Informação Geográfica
Simno Sindicado das
Indústrias Madeireiras e Moveleiras
do Noroeste do Mato Grosso
SMEC Secretaria Municipal de Educação e
Cultura
SPR Sindicato dos Produtores Rurais
STTR Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais
TI Terra Indígena
TNC The NatureConservancy
UA Unidade Animal
UFMT Universidade Federal do Mato Grosso
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
CONTEXTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Os desafios de uma abordagem integrada . . . . . 27
Mergulhando nos cinco componentes . . . . . . . . 30
Estratégias na estruturação do
Estratégias na estruturação do
Projeto Cotriguaçu Sempre Verde . . . . . . . . . . . . . . 51
RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Apoio à Gestão Ambiental Municipal . . . . . . . . . 58
Bom Manejo Florestal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Boas Práticas Agropecuárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Apoio à Governança Social e Ambiental
nos Assentamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Áreas Protegidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
DESAFIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Apoio à Gestão Ambiental Municipal . . . . . . . . . . 77
Programa de Apoio ao Manejo
Florestal Sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Programa de Boas Práticas Agropecuárias . . . . . 80
Apoio à Governança Social e
Ambiental nos Assentamentos . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Áreas Protegidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
APRENDIZADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86
Tempo dos processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Relações de confiança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Integração entre os setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Comprometimento/atuação
da equipe do ICV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Previsão de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Geração de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Replicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Anexo I – Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Anexo II – Principais Ações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
13
Esta publicação descreve a sistematiza-
ção do Projeto Cotriguaçu Sempre Verde
(CSV), desenvolvidos pelo Instituto Cen-
tro de Vida (ICV) e parceiros, com apoio
Fundo Vale, no município de Cotriguaçu,
localizado na região noroeste do estado
do Mato Grosso.
O ICV é uma Organização da Socieda-
de Civil de Interesse Público (OSCIP),
constituída em 1991, sediada em Cuiabá-
-MT, cuja missão é construir soluções
compartilhadas para a sustentabilidade
do uso da terra e dos recursos naturais.
Faz isso visando conciliar a produção
agropecuária e florestal com a conser-
vação e recuperação dos ecossistemas
naturais e de seus serviços. A atuação do
ICV abrange os campos da governança
ambiental e das políticas públicas em
nível estadual e das iniciativas práticas
em nível municipal.
Os resultados obtidos nos três anos de
execução do Projeto CSV estimulou o
ICV a resgatar a história vivida em Cotri-
guaçu. Esse resgate foi feito a partir da
análise crítica produzida por represen-
tantes das instituições e organizações
locais, lideranças comunitárias, pessoas
envolvidas com as práticas promovidas
pelo Projeto e também pelos técnicos
do ICV.
A sistematização contemplou as ações
desenvolvidas entre os anos de 2011 e
2013, durante a execução do Projeto CSV,
tendo como objetivo analisar a evolução,
registrar as principais ações, estratégias,
acúmulos, desafios, aprendizados e possí-
veis correções de rumo na atuação
do ICV em Cotriguaçu, com a perspecti-
va de continuidade das ações iniciadas
no município.
Esperamos que essa publicação contri-
bua para outras organizações, gestores
públicos, financiadores e lideranças em
seus processos de desenvolvimento local
e, além disso, que auxilie na reflexão da
própria trajetória de Cotriguaçu duran-
te esse período, possibilitando que os
passos seguintes sejam, cada vez mais,
coerentes e propositivos.
Para isso, organizou-se o texto da sis-
tematização em seis blocos: Contexto,
contendo informações da região, municí-
pio e histórico de elaboração do Projeto;
Abordagem integrada, com informa-
ções sobre as estratégias e abordagens
adotadas de forma geral e por compo-
nente; Resultados, apresentado a partir
de diálogos com os beneficiários diretos
e indiretos do projeto; Desafios, identifi-
cados no desenvolvimento do projeto
e das especificidades de cada compo-
nente e integração; Aprendizados,
adquiridos na vivência com os atores e
parceiros; e Considerações Finais, que
indicam os próximos passos do projeto.
Além destes, estão registradas, em anexo,
as Principais Ações realizadas pelo
Projeto e a Metodologia utilizada na
sistematização.
Boa leitura!
Fonte: ICV (2014)
figura 1 | Região Noroeste de Mato Grosso
AMPA
TO
GO
MS
Bolívia
AC
MT
Município de Cotriguaçu
Assentamentos do Incra
Terras Indígenas
Unidadesde Conservação
Região Noroeste de Mato Grosso
Limites municipais de Mato Grosso
Des�orestamento
Floresta
Hidrogra�a
Não �oresta
Nuvem
0 km 15
N
30 60 90
Rondolândia
Aripuanã
Juruena
Castanheira
Colniza
Cotriguaçu
Juína
COBERTURA DO SOLO (2013)
19
A região Noroeste de Mato Grosso, composta por Ari-
puanã, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juína, Juruena
e Rondolândia (Figura 1) cobre uma área total de 108
mil quilômetros quadrados. Representa 12% da área do
estado, sendo considerada a última grande fronteira
florestal de Mato Grosso, portanto, prioritária para im-
plementar estratégias de contenção do desmatamento.
Ainda pouco ocupada, a região possui cerca de 120 mil
habitantes, dos quais, aproximadamente, 38% vivem em
áreas rurais. Localizada no “arco do desmatamento” da
Amazônia Legal (Figura 2), região responsável por me-
tade da perda de floresta tropical entre os anos de 2000
e 2005, o desmatamento no Noroeste até 2013 totalizou
cerca de 19.900 quilômetros, de acordo com dados do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e, ain-
da assim, detém quase 80% de cobertura florestal, que
alcança 85 mil quilômetros quadrados.
A região de interflúvio do rio Juruena com o rio Aripuanã,
onde se localiza o município de Cotriguaçu, estava ocupa-
da há muito tempo por indígenas da etnia Rikbaktsa com
cerca de 1.300 indivíduos. Atualmente, esse povo vive em
reservas demarcadas, sendo elas: Japuíra, Erikbaktsa e na
Terra Indígena Escondido, em Cotriguaçu.
No princípio dos anos de 1980, a tentativa inicial de
ocupação da região de Cotriguaçu ocorreu a partir da
parceria entre o Estado e as cooperativas. Por meio do
projeto Cotriguaçu-Juruena, coordenou-se os trabalhos
de abertura de estradas, colonização e assentamento de
colonos em uma área de 400 mil hectares de terras. Em
abril de 1984, iniciaram-se os trabalhos de infraestrutu-
ra viária e de topografia. Naquele momento, esta porção
territorial fazia parte do total de um milhão de hectares
de propriedade da Cotriguaçu Colonizadora do Aripua-
nã S/A, sediada em Cascavel, no estado do Paraná.
Mas o processo não ocorreu conforme o previsto e o
colonizador de Juruena, Sr. João Meirelles, foi incum-
bido de executar novamente essa colonização. Para
viabilizá-la, criou-se o sistema de CEDERES (Centros
de Desenvolvimento Regional) que dividiu as áreas a
serem colonizadas em nove unidades, entre 15 e 69 mil
hectares cada.
Somente em 1986, iniciou-se a construção de Cotriguaçu,
desmembrado dos municípios de Juruena e
de Aripuanã, e que foi emancipado em 1991. O município
possui, atualmente, uma população de 15.900 habitan-
Fontes: limites políticos do Brasil - IBGE (2010) e des�orestamento - Prodes/Inpe (2011)
NDesmatamento acumulado
Município de Cotriguaçu - MT
Região Noroeste
Limites Estaduais
Amazônia Legal
0 km 5350 700175
Mato Grosso
Tocantins
Mato Grosso
Acre
Amazonas
RoraimaAmapá
MaranhãoPará
figura 2 | Cotriguaçu no Contexto do Arco do Desmatamento
21
Fontes: limites políticos do Brasil - IBGE (2010) e des�orestamento - Prodes/Inpe (2011)
NDesmatamento acumulado
Município de Cotriguaçu - MT
Região Noroeste
Limites Estaduais
Amazônia Legal
0 km 5350 700175
Mato Grosso
Tocantins
Mato Grosso
Acre
Amazonas
RoraimaAmapá
MaranhãoPará
figura 3 | Estrutura Fundiária de Cotriguaçu
Assentamentos do Incra
Propriedades c/ CAR e/ou LAU
Terra Indígena
Unidadesde Conservação
Limite municipal de Cotriguaçu
N
0km 10 20 30 405
máx.: 1302
mín.: 0
ALTITUDE (m)
Parque Nacional do Juruena
Terra Indígena Escondido
PA Juruena
PANova
Cotriguaçu
Fontes: Assentamentos - Incra (2010); Estradas principais, Unidades de Conservação, Terra Indígena e Limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); Propriedades com CAR e/ou LAU até maio/2014 - Sema-MT; Limites estaduais e municipais de Mato Grosso - IBGE (2010); Imagens do satélite SPOT 5 (2007); Altitude - SRTM (2000)
Fonte: ICV (2012)
figura 4 | Desmatamento Acumulado em Cotriguaçu
Fonte: ICV (2012)
Estradas principais
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
Até 2000 2001 a 2005 2006 a 2013
N
máx.: 1302
mín.: 0
ALTITUDE (m)
DESMATAMENTO
Fontes: Estradas, área urbana e limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); desmatamen-to acumulado - INPE/PRODES (2013); limites estaduais e municipais de Mato Grosso - IBGE (2010); imagens de satélite SPOT 5 (2007); altitude - SRTM (2000)
0 km 10 20 30 405
23
tes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010). Nele, destaca-se a diversidade
das tipologias fundiárias e usos da terra. Tem sua base
econômica na indústria madeireira, atividade pecuária
em forte expansão, com um rebanho de 240 mil cabeças,
segundo o Instituto de Defesa Agropecuária do Mato
Grosso (Indea-MT, 2010) e uma população rural ainda
muito representativa, de 66%, atribuída, principalmente,
à presença de grandes Projetos de Assentamentos (PA)
como o Nova Cotriguaçu, Juruena e Cederes.
Por possuir muitas terras devolutas e áreas desocupa-
das, Cotriguaçu converteu-se em um polo de projetos
de assentamento do Programa de Reforma Agrária do
Incra. Estes projetos contribuíram para que um grande
fluxo populacional de famílias oriundas de acampa-
mentos existentes nos municípios de Itaquirai, Bonito,
Amambai, entre outros de Mato Grosso do Sul, além de
muitas famílias de Rondônia, migrassem à região. Em
consequência, ocorreu um aumento significativo da
área ocupada, criando novas comunidades com desta-
que para Nova Esperança e Nova União.
Cotriguaçu conta, ainda, com três áreas protegidas: a
Terra Indígena Escondido, o Parque Estadual Igarapés
do Juruena e o Parque Nacional do Juruena, no extremo
norte do município. Possui uma área total de 914.900
hectares (IBGE, 2010), dos quais, 67% incluem áreas
privadas e assentamentos rurais e, o restante, 33%, são
compostos por Terras Indígenas e Unidades de Conser-
vação (Figura 3).
Em relação ao tamanho das propriedades, Cotriguaçu,
como no restante do país, apresenta dados que refletem
a concentração de terras, com propriedades com mais
de 2.500 hectares, as quais, apesar de representarem
menos de 1% do total de propriedades, ocupam 40% do
território. As médias propriedades, de 200 a 2.500 hecta-
res, representam, aproximadamente, 5% do total, ocu-
pando pouco mais de 26% da área. Já as propriedades
menores que 200 hectares representam mais de 93% do
total e ocupam cerca de 30% da área.
Apesar da taxa de desmatamento do município ser
mais elevada que a média regional, 77% do território
ainda é coberto por florestas, segundo dados de 2013 do
Prodes/Inpe. Diante disso, é preciso analisar a dinâmica
de desmatamento para compreender como ocorreu a
abertura de florestas ao longo do tempo.
Estradas principais
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
Até 2000 2001 a 2005 2006 a 2013
N
máx.: 1302
mín.: 0
ALTITUDE (m)
DESMATAMENTO
Fontes: Estradas, área urbana e limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); desmatamen-to acumulado - INPE/PRODES (2013); limites estaduais e municipais de Mato Grosso - IBGE (2010); imagens de satélite SPOT 5 (2007); altitude - SRTM (2000)
0 km 10 20 30 405
Nos anos de 2006 e 2007, o tema Redução das Emissões do Desma-tamento e da Degradação florestal (REDD+) ganhou força no Brasil. Neste momento, o ICV estava inseri-do no debate fazendo interlocuções com o governo do Mato Grosso e também em nível nacional.
O mecanismo de REDD, ou REDD+, que inclui atividades de conserva-ção, uso e restauração florestal, foi criado no âmbito das discussões da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC). Seu objetivo é reduzir as taxas de desmatamento nos países em desenvolvimento e a con-sequente emissão de gases de efeito estufa, minimizando os efeitos das mudanças climáticas globais. Esse mecanismo inclui meios de compen-sação financeira.
Nesse contexto, a região noroeste do Mato Grosso tinha um gran-de potencial para implantação desse mecanismo, principalmente Cotriguaçu, pela extensa cobertura florestal e pela diversidade de atores sociais existentes. Essas discussões geraram expectativas no município
relacionadas a pagamentos por serviços ambientais, mas também auxiliou na formulação do Projeto Cotriguaçu Sempre Verde (CSV), como uma iniciativa piloto na Redução do Desmatamento e da Degradação.
Em 2010, o ICV concluiu a elabora-ção do Projeto CSV e o submeteu ao Fundo Vale. Estruturado em cinco componentes, a execução do Projeto foi iniciada em março de 2011 A equipe do ICV decidiu que o REDD+, como meta do Projeto, seria possível apenas se os atores locais estivessem bem informados e empoderados sobre as questões referentes ao mecanismo e manifes-tassem interesse em acessá-lo.
Ciente do arrefecimento no debate nacional e internacional sobre REDD+, a equipe reconheceu a dificuldade da concretização de ações que tragam benefícios am-bientais e aporte financeiro para o desenvolvimento local a partir dos mecanismos de compensação. Além disso, o REDD+ exigia um grau de governança local que, naquele mo-mento, ainda não existia. Portanto,
houve alterações de abordagem e de finalidade na execução do Projeto.
Na implementação foram prio-rizadas ações de formação de capital social, de desenvolvimento organizacional e institucional, e de capacitação em boas práticas de produção.
Essas ações planejadas na perspec-tiva de inclusão e integração dos diferentes segmentos da sociedade local na construção de uma gestão territorial pautada em um planeja-mento integrado, envolvendo tanto empresários da pecuária e do setor madeireiro quanto da economia familiar da agricultura e do extra-tivismo em assentamentos e Terra Indígena.
A intenção desse trabalho é que a redução do desmatamento e da degradação seja uma consequência e um resultado do sucesso dessas ações. Apesar do foco não ser mais o REDD+, o ICV compreende que, se for de interesse dos atores locais, esse mecanismo poderá vir a ser um tema tratado no planejamento integrado do território.
como surgiu o projeto CSV
Em Cotriguaçu, as maiores taxas de desmatamento
foram entre 2001 e 2005, em que cerca de 10% do ter-
ritório do município foi aberto (Figura 4). O aumento
da abertura de floresta neste período foi um fenômeno
verificado na Amazônia Legal como um todo, cujo pico
do desmatamento foi em 2004, com mais de 27.000
quilômetros quadrados desmatados.
Devido a esse contexto de desmatamento, a cidade inte-
grou, em 2008, a lista do Ministério do Meio Ambiente
(MMA) de Municípios Prioritários para Ações de Controle
e Prevenção do Desmatamento na Amazônia Legal. Esta
lista impôs uma série de sanções e restrições que vão
desde a intensificação da política de comando e o controle
25
com o aumento da fiscalização, até o uso de instrumentos
econômicos através da limitação do crédito rural às pro-
priedades sem Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Diante desses desafios e oportunidades, o ICV enten-
deu ser de extrema importância iniciar um trabalho, na
região, que conciliasse o fomento das atividades produ-
tivas sustentáveis, o aumento da governança e a redu-
ção do desmatamento e da degradação. Para tanto, em
2009, com apoio da Fundação Packard, o ICV realizou
um diagnóstico inicial no intuito de apontar caminhos
para o desenvolvimento de um projeto em Cotriguaçu.
Esse diagnóstico identificou o seguinte cenário:
• As iniciativas existentes de manejo florestal necessi-
tavam ser melhoradas e ampliadas, não atendiam ade-
quadamente aos requisitos ambientais nem a demanda
da indústria e ainda havia entraves nos licenciamentos
das áreas a serem manejadas;
• A pecuária, tanto de corte como de leite, estava presen-
te em 76% dos estabelecimentos rurais do município e,
apesar de sua importância, os sistemas eram muito ex-
tensivos e com baixo uso tecnológico, levando à degrada-
ção das áreas em pouco tempo, à abertura de novas áreas
e, consequentemente, ao desmatamento das florestas;
• Os assentamentos apresentavam altos índices de des-
matamento e grande concentração de focos de queima-
das, além de dificuldades de acesso ao crédito rural e de
assessoria à produção e comercialização. Além disso, as
associações comunitárias encontravam-se fragilizadas;
• Na Terra Indígena Escondido, apesar da ausência de
desmatamentos, fogo e exploração florestal, as famílias
encontravam-se isoladas da aldeia principal do povo
Rikbaktsa, dificultando o acesso a informações e bene-
fícios para o grupo;
• A gestão pública municipal apresentava uma carên-
cia de capacidade técnica, recursos e infraestrutura
adequada para realizar a gestão ambiental municipal,
não havia nem mesmo um planejamento integrado dos
diferentes setores do município na perspectiva de uma
visão e gestão territorial.
Essa conjuntura levou o ICV a desenhar um conjunto
articulado de ações que se constituíram no Projeto Co-
triguaçu Sempre Verde.
Esse projeto tem como objetivo apoiar a construção
de uma trajetória socioeconômica e ambiental no
município, pautada em atividades que conciliem
a manutenção da floresta, reduzindo o desmata-
mento e a degradação, valorizem as potencialida-
des locais, os processos de governança e o desen-
volvimento de atividades produtivas com menor
impacto sobre os recursos naturais. As ações foram
organizadas em cinco componentes:
Para desenvolver as atividades, o ICV contou com par-
ceiros como a The Nature Conservancy (TNC), a Office
National des Forêts (ONF-Brasil), o Governo do Estado
de Mato Grosso e a Prefeitura Municipal de Cotriguaçu.
No entanto, ao longo da execução do projeto, algumas
parcerias mudaram, outras chegaram e se modificaram
conforme a trajetória que foi sendo desenhada e o rit-
mo das ações em nível local.
Governança social e ambiental dos assentamentos
Boas práticasagropecuárias(BPA)
Gestão ambientalmunicipal
Bom manejo�orestal
Áreasprotegidas
27
os desafios de uma abordagem integrada
Como trabalhar a governança socioambiental em uma
região de fronteira e que ainda detém a maior parte de
cobertura florestal? É possível pensar em uma Cotrigua-
çu Sempre Verde? Quais são os desafios e oportunida-
des desse contexto?
As reflexões da equipe e a estratégia desenhada para o
CSV se apoiaram, principalmente, nessas três questões.
Primeiramente, a equipe fez um mergulho nas realida-
des de cada setor - pecuaristas, assentados, madeireiros,
indígenas e gestor público. Após alguns meses, a equipe
do Projeto participou de uma oficina visando fazer uma
leitura do contexto do município de Cotriguaçu a partir
da interação e observações de campo junto a cada setor.
Essa leitura buscou olhar para seis pontos: Político:
indivíduos ou grupo-chave, estruturas de poder; Econô-
mico: força econômica atual, ponto de capitalização nas
cadeias dos produtos, tendências futuras; Social: nível e
formas de organização, a estrutura social (renda, educa-
ção, saúde); Tecnológico: acesso, uso, inovações locais,
apropriação e difusão; Legal: fundiário, ambiental e so-
cial; Ambiental: percepções locais, nível de consciência
com o tema, situação dos recursos naturais.
Embora tenha sido uma leitura inicial, foi de extrema
relevância para a própria equipe perceber os diferentes
desafios e realidades. Esse também foi o momento de
fazer ajustes e redefinições no Projeto, adequando-o
de acordo com a vivência do campo e a interação com
cada ator social. Essas reuniões ocorreram mensalmen-
te, possibilitando que toda a equipe trocasse informa-
ções e analisasse o desenvolvimento das ações de forma
coletiva. Ao se deparar com as dificuldades e diferentes
realidades no campo, a equipe foi adaptando-se e equa-
cionando o desenvolvimento do projeto.
A abordagem imprimida na execução do Projeto CSV,
além dos diagnósticos prévios que orientaram a atua-
ção junto aos diferentes públicos e das parcerias esta-
belecidas com o gestor municipal, organizações de base,
instituições locais e de atuação regional, contou com
a disponibilização de uma equipe que esteve junto aos
beneficiários não apenas como assessores técnicos, mas
como provocadores e promotores de debates e reflexões
que conduziram às ações do Projeto.
A assessoria permanente dos técnicos do ICV se estabe-
leceu a partir da relação de confiança adquirida junto aos
beneficiários e parceiros e se consolidou à medida que
as ações do Projeto foram realizadas com transparência,
respeitando os tempos e processos locais. Desse modo, as
estratégias, as ações e os resultados obtidos com cada se-
tor tiveram suas especificidades, descritas mais adiante.
Ao atuar com setores distintos, o ICV foi provocado a
conhecer metodologias e formas de intervenção ade-
quadas a cada público. Para tanto, o projeto demandou
uma equipe de campo tão diversa quanto a realidade
apresentada. Isso nos levou aos desafios de trabalhar a
diversidade para dentro e para fora da equipe, prezando
pelos constantes espaços de diálogo e construção de
cada passo do Projeto.
Durante os dois primeiros anos, a equipe concentrou-
-se no trabalho junto a cada componente, atendendo as
demandas dos diferentes públicos com ações concretas,
práticas e com efeitos de curto prazo. Para isso, a equipe
do ICV implementou:
Diagnósticos, mapeamentos e planejamentos partici-
pativos realizados em conjunto com os parceiros
e beneficiários;
figura 5 | Caminho Percorrido entre 2010 e 2013
Diagnóstico socioeconômico e ambiental do município
Diálogo com instituições locais, lideranças e parceiros, identi�ca-ção da teia social, principais demandas e potenciais
Desenho CSV: elaboração da proposta com base no diagnóstico e demandas locais
Apresentação da proposta aos diferentes setores de Cotriguaçu
Ajustes na proposta a partir do envolvimento de cada setor no projeto
Trabalho de campo junto aos diferentes setores: estabeleci-mento de uma relação de con�ança entre os atores e o ICV
Aproximação dos setores através do Conselho Municipal de Meio Ambiente
Atuação visando o empoderamento das ações do projeto pelos diferentes setores
Apresentação dos resultados do projeto para os diferentes setores: oportunidade de conhecer o outro e entender a proposta de forma ampla
Preparação para um diálogo interseto-rial: compreensão da visão sobre desenvolvimento sustentável para cada setor econômico
Diálogo interseto-rial para compartil-har resultados, demandas e possíveis caminhos comuns
Construção de um espaço multisetorial para acordar e planejar, de forma conjunta, Cotriguaçu sustentável
FASE DE PREPARAÇÃO FASE DE TRABALHO POR COMPONENTE FASE DE INTEGRAÇÃO
Construção dos
autores
29
Atividades de fortalecimento institucional, junto a Pre-
feitura Municipal, e organizacional com as associações
e grupos informais de assentamento e Terra Indígena;
Capacitações e assessoria técnica para os agricultores
familiares, assentados, pecuaristas e madeireiros;
Parcerias institucionais com órgãos públicos, ONGs
e entidades de classe na execução das ações;
Capacitação interna da equipe executora do Projeto,
com o objetivo de ampliar a capacidade de monitora-
mento e execução das atividades.
No terceiro ano, a nossa equipe também passou a olhar
com mais atenção as estratégias de integração, buscan-
do que os diferentes setores tivessem conhecimento de
cada componente do Projeto. Aconteceram encontros,
entre agosto e outubro de 2013, como uma primeira etapa
da estratégia para se chegar a um diálogo intersetorial.
Esse diálogo propõe que diferentes setores - com condições
econômicas, carências e demandas distintas - sejam provoca-
dos a uma estratégia de planejamento multi, inter e trans-
setorial. De acordo com esta dinâmica, as questões de todos
são levantadas e expostas, visto que, apesar das diferenças, a
responsabilidade com o município é algo comum aos setores.
Além das estratégias e abordagens de caráter mais geral
que orientaram a execução do Projeto, o desenvolvi-
mento de cada componente teve sua particularidade na
estratégia adotada e na execução das ações. Essas espe-
cificidades são apresentadas a seguir, na exposição dos
cinco componentes, por meio dos quais são destacados,
também, os objetivos, públicos diretos e principais ações.
Diagnóstico socioeconômico e ambiental do município
Diálogo com instituições locais, lideranças e parceiros, identi�ca-ção da teia social, principais demandas e potenciais
Desenho CSV: elaboração da proposta com base no diagnóstico e demandas locais
Apresentação da proposta aos diferentes setores de Cotriguaçu
Ajustes na proposta a partir do envolvimento de cada setor no projeto
Trabalho de campo junto aos diferentes setores: estabeleci-mento de uma relação de con�ança entre os atores e o ICV
Aproximação dos setores através do Conselho Municipal de Meio Ambiente
Atuação visando o empoderamento das ações do projeto pelos diferentes setores
Apresentação dos resultados do projeto para os diferentes setores: oportunidade de conhecer o outro e entender a proposta de forma ampla
Preparação para um diálogo interseto-rial: compreensão da visão sobre desenvolvimento sustentável para cada setor econômico
Diálogo interseto-rial para compartil-har resultados, demandas e possíveis caminhos comuns
Construção de um espaço multisetorial para acordar e planejar, de forma conjunta, Cotriguaçu sustentável
FASE DE PREPARAÇÃO FASE DE TRABALHO POR COMPONENTE FASE DE INTEGRAÇÃO
• TNC
• Embrapa Agrossil-vipastoril de Sinop-MT, Embrapa Gado de Corte de Campo Grande - MS e Prefeitura Municipal de Cotriguaçu
• ONF-Brasil
• Instituto Floresta Tropical (IFT)
• Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT)
• Prefeitura municipal de Cotriguaçu e Secretarias
• Fundação Roberto Marinho
• Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
• Sindicato Rural
•Empresa Mato-gros-sense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer/Nova União)
•Coopercotri
•Prevfogo/ Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
•Funai
• Associação Indígena Rikbaktsa (Asirik)
COMPONENTES
OBJETIVOS
PÚBLICO DIRETO
Gestão ambientalmunicipal
Fortalecer o poder público local para execução da agenda ambiental e a participação social na gestão do meio ambiente.
Boas Práticas Agropecuárias
Promover e disseminar as Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) no município de Cotriguaçu
Bom Manejo Florestal
Promover o desenvolvimento, a transparência e a melhoria das práticas do manejo sustentável em Cotriguaçu, podendo servir de piloto para um programa de abrangência regional e estadual
Governança Social e Ambiental nos Assentamentos
Promover a governança socioambi-ental no PA Nova Cotriguaçu, através do fortalecimento da organização comunitária, do planejamento e da gestão participa-tiva do território, além da geração de renda através de atividades produtivas diversi�cadas e sustentáveis
Áreas Protegidas
Promover a construção de iniciativas que assegurem a boa gestão do território
• Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente e Assuntos Fundiários• Conselho Municipal de Meio Ambiente
• Pecuaristas de Cotriguaçu • Empresários �orestais de Cotriguaçu (indústrias e detentores de PMFS/fornecedores de madeira em tora)• Funcionários das empresas (trabalhadores �orestais) de Cotriguaçu• Responsáveis técnicos (engen-heiros �orestais) dos planos de manejo de Cotriguaçu• Professores das escolas rurais de ensino médio
• Agricultores e agricultoras das comunidades: Santa Clara, Nova Esperança, Novo Horizonte e Ouro Verde
• Etnia Rikbaktsa
PARCERIAS
mergulhando nos cinco componentes
quadro 1 | Objetivos por Componente do CSV
Construção dos
autores
31• TNC
• Embrapa Agrossil-vipastoril de Sinop-MT, Embrapa Gado de Corte de Campo Grande - MS e Prefeitura Municipal de Cotriguaçu
• ONF-Brasil
• Instituto Floresta Tropical (IFT)
• Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT)
• Prefeitura municipal de Cotriguaçu e Secretarias
• Fundação Roberto Marinho
• Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
• Sindicato Rural
•Empresa Mato-gros-sense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer/Nova União)
•Coopercotri
•Prevfogo/ Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
•Funai
• Associação Indígena Rikbaktsa (Asirik)
COMPONENTES
OBJETIVOS
PÚBLICO DIRETO
Gestão ambientalmunicipal
Fortalecer o poder público local para execução da agenda ambiental e a participação social na gestão do meio ambiente.
Boas Práticas Agropecuárias
Promover e disseminar as Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) no município de Cotriguaçu
Bom Manejo Florestal
Promover o desenvolvimento, a transparência e a melhoria das práticas do manejo sustentável em Cotriguaçu, podendo servir de piloto para um programa de abrangência regional e estadual
Governança Social e Ambiental nos Assentamentos
Promover a governança socioambi-ental no PA Nova Cotriguaçu, através do fortalecimento da organização comunitária, do planejamento e da gestão participa-tiva do território, além da geração de renda através de atividades produtivas diversi�cadas e sustentáveis
Áreas Protegidas
Promover a construção de iniciativas que assegurem a boa gestão do território
• Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente e Assuntos Fundiários• Conselho Municipal de Meio Ambiente
• Pecuaristas de Cotriguaçu • Empresários �orestais de Cotriguaçu (indústrias e detentores de PMFS/fornecedores de madeira em tora)• Funcionários das empresas (trabalhadores �orestais) de Cotriguaçu• Responsáveis técnicos (engen-heiros �orestais) dos planos de manejo de Cotriguaçu• Professores das escolas rurais de ensino médio
• Agricultores e agricultoras das comunidades: Santa Clara, Nova Esperança, Novo Horizonte e Ouro Verde
• Etnia Rikbaktsa
PARCERIAS
Cada componente desenhado pelo Proje-
to tinha objetivos específicos em con-
sonância com o objetivo geral e com as
demandas levantadas pelos atores locais.
O Quadro 1 resume os objetivos e pú-
blicos por componente e, também, as
parcerias que foram firmadas no desen-
volvimento das ações.
gestão ambiental municipal
As ações de Gestão Ambiental Municipal tiveram o pa-
pel de apoiar a Prefeitura na execução das atribuições
relacionadas às questões ambientais e, também, apro-
ximar os setores (agricultores familiares, indígenas, pe-
cuaristas e madeireiros) do município do poder público.
Para tanto, o ICV investiu em capacitação de pessoal e
em estrutura física para fortalecer a Secretaria de De-
senvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente
e Assuntos Fundiários e sua relação com os setores.
Como uma das demandas era a criação de uma legis-
lação ambiental em nível municipal, com o Projeto
investiu-se na reativação do Conselho Municipal
de Meio Ambiente (CMMA). Isso contribuiu para
que o debate fosse tratado em um fórum amplo, capaci-
tando conselheiros e ajudando na redefinição de
sua composição.
Nesse sentido, ter uma equipe do Projeto atuando com
quatro importantes setores permitiu que esses atores se
aproximassem com mais facilidade da gestão ambiental
do município e do Conselho de Meio Ambiente. Essa
participação se configurou como um primeiro espaço
de debate intersetorial, no âmbito do CSV, que contri-
buiu não somente para os setores se conhecerem, como
também para quebrar preconceitos e amenizar situa-
ções de conflito.
Para nivelar o grupo, o ICV realizou uma capacitação
para o CMMA – em dois módulos - com uma agenda
voltada à contextualização das questões socioambien-
tais do município, da importância da participação social
Campanha Queimar não é legal na Escola Municipal Al-
dovrando da Costa Silva na Comunidade Nova Esperança
33
1. Constitui-se como um con-junto de tecnologias que ma-nipulam dados e informações sobre feições e fenômenos que ocorrem no espaço físico, ou seja, no território e que podem ser localizados a partir de coordenadas geográficas (MENDONÇA et al., 2011).
nos processos de tomada de decisão do poder público,
bem como da construção de indicativos para um plano
de trabalho para estruturação do Conselho.
O ICV ainda apoiou o CMMA e a Secretaria com parece-
res jurídicos e na orientação dos debates sobre a criação
e implementação de um Fundo Municipal de Defesa do
Meio Ambiente (Fundema) e da Política Municipal de
Meio Ambiente (PMMA) de forma participativa. A asses-
soria ocorreu mês a mês, respeitando o tempo de assimi-
lação dos envolvidos para cada etapa e desafio.
Com o Projeto CSV, investiu-se na implantação de um
laboratório de geotecnologias1, localizado na própria
Secretaria, e na capacitação de técnicos para atuarem
com o monitoramento e regularização ambiental. Esse
passo foi importante para ganhar a confiança do poder
público, que possuía infraestrutura física e recursos
humanos limitados para atuar na pasta ambiental.
A partir disso, a Secretaria se equipou e passou a utilizar
o laboratório como fonte de referência e dados, como por
exemplo, para a elaboração da Campanha “Queimar não
é legal”, de conscientização sobre queimadas nas áreas
urbana e rural, para a elaboração de projetos e, até mes-
mo, para o planejamento urbano. Isso resultou na apro-
priação das geotecnologias e no monitoramento em si.
Com relação a regularização ambiental, o trabalho,
inicialmente, era realizado apena pela TNC, a partir
do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com recursos do
Fundo Amazônia/Banco Nacional de Desenvolvimento
(BNDES), pelo projeto Cotriguaçu Legal. Com o tem-
po, a Secretaria demandou ações também ao Projeto
Cotriguaçu Sempre Verde, do ICV, que investiu tanto na
capacitação dos técnicos municipais para atuarem com
o CAR, como na estruturação, organização e planeja-
mento da equipe, visando um trabalho em conjunto.
Além dessas ações, o ICV assessorou o CMMA e a
Secretaria na elaboração do projeto “Semeando Novos
Rumos em Cotriguaçu”, submetido ao Fundo Amazô-
nia/BNDES, que foi uma oportunidade para os envolvi-
dos de trabalhar colaborativamente e do poder público
adquirir recursos financeiros diretos para a pasta am-
biental. Com isso, será possível concretizar os planos de
construir uma secretaria de meio ambiente exclusiva e
trabalhar a recuperação de áreas degradadas e o manejo
sustentável de pastagens.
bom manejo florestal
Já no setor florestal, o grande desafio foi identificar os
obstáculos no licenciamento dos Planos de Manejo Flo-
restal. A equipe seguiu as etapas necessárias, de modo
cuidadoso, próximo aos empresários florestais, com o
conhecimento das condições e trâmites exigidos pela
Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) e,
ainda, fazendo a capacitação dos funcionários das em-
presas florestais em Boas Práticas de Manejo Florestal.
Um diagnóstico sobre o setor florestal e o manejo flo-
restal realizado em 2010 em Cotriguaçu pelo Instituto
Floresta Tropical (IFT) e, também, a inspiração
no Pamflor-Pará2 orientaram a formulação do Pro-
grama de Desenvolvimento do Bom Manejo Florestal
(Prodemflor)3.
Ademais, conversas com parceiros e com represen-
tantes do setor florestal, no município, ajudaram a
identificar as dificuldades na aprovação dos Planos de
Manejo, como os prazos que podem demorar até dois
anos, algo que traz muita insegurança ao setor em
fazer investimentos.
Capacitação do Instituto Floresta Tropical (IFT)
na Fazenda São Nicolau/ONF em Cotriguaçu
35
2. O Governo do Estado do Pará, em parceria com organizações públicas e privadas, dá mais um passo para promover a qualificação e a melhoria do manejo florestal no territó-rio paraense e, dessa forma, assegurar a transparência e o controle ambiental sobre o uso dos recursos florestais. Para isso, o governo, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), insti-tuiu em 2009, o Programa de Apoio ao Manejo Florestal – Pamflor, um programa públi-co, independente e integrado por uma rede de parceria interinstitucional. Disponível em: http://www.sema.pa.gov.br/2009/11/27/9703/
3. Disponível em: http://www.icv.org.br/site/wp-content/uploads/2012/12/Folder-Pro-demflor.pdf.
O Projeto buscou superar esse obstáculo ao identificar
quais são as etapas e as dificuldades no licenciamen-
to dos Planos de Manejo. A partir disso, foi elaborada
uma proposta e apresentada para a Sema-MT. Com
isso nasceu, ainda em 2010, o Prodemflor, com o obje-
tivo de promover a melhoria das práticas do manejo
florestal, o aumento do controle e da transparência no
setor florestal, considerando Cotriguaçu como uma
iniciativa piloto.
O desenho do termo de cooperação técnica, envolven-
do Sema-MT, TNC, ICV, ONF e IFT, definiu a estrutura
institucional do Programa. Em Cotriguaçu, o Programa
ficou sob a coordenação da ONF-Brasil, cuja proprieda-
de-sede foi disponibilizada como centro de capacitação
e com a assessoria do ICV, que tinha o diálogo direto
com os empresários. O IFT atuou no suporte técnico,
definição de diretrizes e capacitação de funcionários
das madeireiras.
Nesse contexto, o ICV apresentou o Programa ao setor
madeireiro, tendo como agente mobilizador um empre-
sário florestal local. Na sequência, sete empresários as-
sinaram uma carta de apoio ao Programa, na expectati-
va de receber apoio técnico para a melhoria das práticas
do manejo florestal e ter maior agilidade nas rotinas de
licenciamento dos Planos de Manejo Florestal Susten-
tável (PMFS) e dos Planos de Operação Anual (POAs).
O ICV e a ONF se aproximaram da Sema-MT para enten-
der as dificuldades do órgão no processo de licenciamento,
com o objetivo de colaborar para que os planos de manejo
chegassem ao órgão estadual tecnicamente adequados.
Baseando-se nos protocolos e no diálogo com a Sema-
-MT, o ICV conseguiu analisar e emitir pareceres sobre os
Planos de Manejo, auxiliando os empresários florestais a
melhorarem os projetos. Isso tudo possibilitou, ainda, a
criação de um protocolo específico do Prodemflor.
A dinâmica do trabalho foi desenvolvida para possibili-
tar que diferentes atores do setor florestal, tais como, o
órgão público, os madeireiros, ONGs, engenheiros flo-
restais, instituições (pesquisa, sindicatos, Cipem) e con-
sultores interagissem através das oficinas, reuniões e
capacitações do Projeto. O resultado foi uma rica troca
de conhecimentos, experiências e utilização de novas
ferramentas. Além disso, o Prodemflor foi constante-
mente alimentado pela discussão desse grupo diverso
figura 6 | Áreas de Manejo Florestal em Cotriguaçu
Estradas principais
Áreas de manejo �orestal
Propriedade com CAR e/ou LAU
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
N
Fontes: Áreas de Manejo Florestal (AMF) até maio /2014 -Sema-MT; propriedades c/CAR e/ou LAR até maio/2014 - Sema-MT; limites estaduais e municipais de Mato Grosso - IBGE (2010); imagens do satélite SPOT 5 (2007); altitude - SRTM (2000)
0 km 10 20 30 405
37
e qualificado, com experiências não somente em Mato
Grosso, mas, também, em outras regiões da Amazônia,
agregando contribuições valiosas ao Programa em cada
espaço de interação.
O Prodemflor também buscou desmistificar a visão
sobre o manejo florestal, principalmente entre os em-
presários, mostrando que é possível melhorar as práti-
cas e, também, que o investimento feito retorna para o
próprio empresário.
Fazer a informação chegar até o campo, onde o mane-
jo acontece, incentiva a adoção, ainda que mínima, de
boas práticas. Além disso, o Programa contribuiu na
estruturação das empresas que pretendem, em longo
prazo, adquirir uma certificação, visto que melhora os
processos, principalmente em termos do manejo, quali-
dade do trabalho dos funcionários e gestão empresarial.
Para ampliar o conceito de bom manejo para além da
visão empresarial, desenvolveu-se o Programa Flo-
restabilidade4, em parceria com a Fundação Roberto
Marinho e Secretaria Municipal de Educação e Cultura,
com o apoio dos professores das escolas municipais.
Essa ação buscou levar as questões relativas ao manejo
madeireiro e não madeireiro para a educação escolar,
oferecendo recursos pedagógicos para os professores
trabalharem essa temática em sala de aula, garantindo
um acompanhamento posterior.
Outra estratégia importante foi inserir as discussões do
setor florestal no Conselho Municipal de Meio Ambien-
te, encorajando a participação de um representante,
buscando promover uma visão integrada e um maior
diálogo entre setor.
Esse piloto trouxe para o ICV um diagnóstico detalhado
do setor florestal. O que funciona, o que não funciona
e quais as questões-chave que precisam ser trabalhadas
para que o processo realmente aconteça. Foi possível
enxergar questões estruturais do setor e compreender
os ritmos diferentes de cada ator nesse processo.
4. Disponível em: www.floresta-bilidade.org.br.
boas práticas agropecuárias
As ações do componente de Boas Práticas Agropecuá-
rias (BPA) tiveram como propósito promover a adoção
de maneiras diferenciadas de produção na pecuária de
corte e de leite em Cotriguaçu, como forma de contri-
buir para a preservação dos recursos naturais e a con-
tenção do desmatamento.
A primeira ação com a pecuária de corte foi o estabele-
cimento de parcerias, começando com o Sindicato dos
Produtores Rurais, órgão de maior representatividade
do setor. Com isso, buscou-se alcançar os produtores
ligados ao Sindicato com interesse em aderir ao pro-
jeto, para implantação de Unidades de Referência nas
propriedades com o objetivo de conquistar resultados
concretos. A proposta era que, em seguida, o Sindicato
Rural assumisse a agenda de boas práticas no municí-
pio, dando continuidade às ações.
Também buscamos a parceria com a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrossilvipastoril,
de Sinop-MT, e com a Embrapa Gado de Corte, em Campo
Grande-MS, no intuito de utilizar o BPA como ferramenta
para nortear as ações junto aos pecuaristas de Cotriguaçu.
A Embrapa contribuiu na orientação do trabalho.
Todas as técnicas propostas no Projeto CSV sempre
tiveram um olhar para melhor utilização dos recursos
disponíveis, visando desenvolver uma pecuária de baixo
impacto na Amazônia.
Em Cotriguaçu, o Sindicato dos Produtores Rurais e um
técnico local do ICV mobilizaram os pecuaristas para a
Manejo racional é uma das boas práticas agropecuárias
39
apresentação do Componente e, ainda, forneceram orienta-
ções gerais sobre as boas práticas. A presença da Embrapa
também contribuiu para o estabelecimento da relação de
confiança com os pecuaristas, visto que muitos já a conhe-
ciam. Assim, quatro produtores aderiram ao Projeto, res-
ponsabilizando-se em realizar os investimentos sugeridos a
partir das orientações da assessoria técnica disponibilizada
pelo ICV. No início, as orientações foram mais básicas, indi-
cando adequações na gestão e organização da propriedade,
com pouca demanda de investimentos financeiros.
Uma destas primeiras atividades foi o estabelecimen-
to de um marco zero das propriedades, a partir de um
diagnóstico que utilizou o mapeamento, análises de
solos e qualidade das pastagens, tendo como referência
os critérios do BPA da Embrapa5.
A partir do marco zero, estruturou-se um plano de tra-
balho para os itens que estavam em conformidade, com
destaque para a parte ambiental, das pastagens e de
gestão da propriedade. Foram realizadas, ainda, oficinas
relacionadas com sanidade animal, manejo racional e
normas de segurança do trabalhador rural no campo.
Com esta estratégia, foi possível identificar a capacida-
de de investimento dos proprietários, assim como obter
uma maior valorização dos projetos em médio prazo.
Ainda com o objetivo de mostrar que era possível fazer
uma pecuária diferente, o Projeto levou os produtores a dois
intercâmbios: um em Minas Gerais, onde eles viram que os
pecuaristas estavam conseguindo ser eficientes em uma
região bem mais escassa em recursos naturais; e, outro, em
Alta Floresta, onde tiveram contato com as técnicas im-
plantadas em propriedades do município. Isso os motivou
e deu confiança para investirem em pastagem, calagem,
cercas e forragem. A recomendação foi iniciar aos poucos e
ampliar o trabalho quando viessem os resultados.
Compreendendo que o investimento sem o conheci-
mento pode ser um problema e que é preciso saber
como utilizar os recursos, a capacitação esteve sempre
presente nas ações deste componente. Assim, todas
as visitas foram atreladas a processos de capacitação,
principalmente, dos funcionários das fazendas, que tra-
balham todos os dias no sistema. A partir do momento
que eles se empoderam dessa técnica, os novos hábitos
viram rotina e não representam um trabalho a mais,
proporcionando uma mudança permanente.
5. Disponível em: http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/files/2013/02/MANUAL_de--BPA_NACIONAL.pdf.
governança social e ambiental nos assentamentos
Dentre as atividades que mais têm gerado renda nos
últimos anos, encontra-se a pecuária de leite, que está
concentrada nas propriedades de agricultura familiar,
principalmente nos assentamentos. Em sua origem, o
Projeto não previa atuar com essa atividade econômica,
mas, ao identificar o grande número de produtores de
leite nesses assentamentos, o ICV readequou o Compo-
nente de Boas Práticas Agropecuárias com o intuito de
atendê-los. Essa readequação também foi uma forma
de fortalecer as ações do Componente de Governança
Social e Ambiental nos assentamentos que, a princípio,
contava apenas com a assessoria de um técnico – des-
crito mais adiante.
A proposta do BPA-leite foi potencializar a cadeia
produtiva leiteira com sustentabilidade e preservação
ambiental, além de fomentar a geração de renda entre
as famílias agricultoras a partir da produção e comer-
cialização; sem perder de vista, também, o cultivo
consorciado e diverso na agricultura familiar. Essa é
uma forma de valorizar a mão-de-obra familiar e a di-
versificação do sistema de produção, numa experiência
integradora do modelo produtivo de agricultura fami-
liar com a pecuária.
Neste sentido, tanto o componente do BPA-leite, como
também o da Governança Socioambiental nos Assenta-
mentos, partiram do mesmo ponto e critérios para se-
leção das comunidades a serem atendidas pelo Projeto.
A taxa de desmatamento e focos de calor, o isolamento
e a carência por assessoria técnica, e a fragilidade das
Oficina de planejamento na Associação dos Pequenos Pro-
dutores Rurais de Nova Esperança no PA Nova Cotriguaçu
41
####
######### ######
##########
### ####
####
##
#
#
Fontes: Estradas, área urbana, bacia leiteira e limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); Assentamentos - Incr (2010); propriedades c/ CAR e/ou LAU até maio/2014 - Sema/MT; limites estaduas e municipais de Mato Grosso - IBGE (2010); imagens de satéliteSPOT 5 (2007); Altitude - SRTM (2000)
LAV - NMV
RESFRIADORES
Colniza
Juruena
PRODUTORESN
Estradas principais
Assentamentos do Incra
Propriedade com CAR e/ou LAU
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
0 km 10 20 30 405
figura 7 – Bacia Leiteira em Cotriguaçu
! !
!
!!
$$ $$
$$$$$$$$$
LAV - NMV
RESFRIADORES
Colniza
Juruena
PRODUTORESN
Estradas principais
Assentamentos do Incra
Propriedade com CAR e/ou LAU
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
figura 7 – Bacia Leiteira em Cotriguaçu (destaques)
43
! !
!
!!
$$ $$
$$$$$$$$$
LAV - NMV
RESFRIADORES
Colniza
Juruena
PRODUTORESN
Estradas principais
Assentamentos do Incra
Propriedade com CAR e/ou LAU
Área urbana
Limite municipal de Cotriguaçu
figura 8 | Cotriguaçu no Contexto do Arco do Desmatamento
Igarapezinhos
Picadas antigas
Igarapés
Rios e igarapés
Estradas
Limites municipais
Açaí
Buritizal
Capoeira
Castanhal
Frutas
Patuazal
Ponta
Seringueira
Barreiro
Caça
Pesca
Risco de invasão
Aldeia Babaçuzal
Cemitério
Centro de apoio
Maloca antiga
N
Fontes: Funai e IBGE Fontes: hidrograa e estradas - Sema, terras indígenas - Funai, sistema de coordenadas geográcas - Sirgas 2000
NRios e igarapés
Estradas
Área de uso da comunidade
ETNOZONEAMENTO
Área de ocupação
Área de sustento
Área de vigilância
Área de preservação
Rio Juruena
Igar
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0km 5 10 15 202.5
0km 5 10 15 202.5
Rio Juruena
COTRIGUAÇU
NOVA BANDEIRANTES
organizações de base levaram a equipe a escolher o Pro-
jeto de Assentamento (PA) Nova Cotriguaçu como área
de abrangência desses dois Componentes.
O Projeto concentrou a atuação em quatro comunida-
des do PA Nova Cotriguaçu, mais distantes dos núcleos
urbanos de Cotriguaçu e Nova União, pois resolveu-
-se começar com uma escala menor para desenvolver
ações-piloto, antes de atender as famílias do assenta-
mento inteiro, que somam 100.000 hectares.
Após o processo de mobilização e divulgação do Projeto,
juntamente com as associações rurais da localidade, es-
pontaneamente, as famílias se aproximaram da proposta
de trabalhar as boas práticas da pecuária leiteira. A partici-
pação variou entre reuniões, capacitações e dias de campo.
Apesar disso, há um grupo de 15 famílias de multi-
plicadores que possuem um sistema rotacionado de
pastagem e que são acompanhadas e assessoradas
pelo Projeto Cotriguaçu Sempre Verde. Essas famílias
acompanham todas as capacitações e reuniões, disponi-
bilizando a propriedade para demonstrar a experiência,
recebendo visitas e apoiando o monitoramento das
unidades experimentais – sistema de piquete. Esses sis-
temas também foram baseados nos princípios de Boas
Práticas da Embrapa, como no BPA-corte, porém, com
adaptações para a realidade da agricultura familiar, com
foco na pastagem, no manejo sanitário e na água.
Para construção das unidades, cada família envolvida
no Projeto recebeu materiais para implantação do siste-
ma de piquete. Para os agricultores e agricultoras, foram
entregues arames lisos para fazer mola, para fechar as
porteiras dos piquetes, bate estaca feita no torno, barras
de ferro como isolador para raio e fio terra, e, ainda, ara-
mes lisos apropriados para cerca elétrica. O kit continha
placa solar para produção de energia, bomba d’água, ele-
trificador, bateria e mangueira. Em contrapartida, eles
forneceram a mão de obra e as lascas para a cerca.
Em seguida, houve um mutirão, envolvendo as famílias,
para implantar os 15 sistemas de piquete. Cada pessoa
ficou responsável por uma atividade da implantação:
alguns marcando os croquis e piquetes ou furando as
estacas, uns, montando as cercas elétricas de arame e,
outros, colocando os isoladores de energia. Esse grupo
se reúne mensalmente para avaliar a tecnologia e trocar
experiências.
47áreas protegidas
Devido à dificuldade de criar uma dinâmica comunitá-
ria, em uma região onde as associações estavam muito
fragilizadas, os beneficiários optaram, inicialmente,
em receber assessoria através de grupos informais,
ou seja, grupos de mulheres e famílias interessadas
na diversificação da produção e na pecuária de leite.
Gradativamente, eles buscaram resgatar e reativar suas
associações comunitárias para ganhar reconhecimento
e legitimidade.
De modo geral, as ações concentraram-se: na mobili-
zação comunitária; na assessoria à implementação dos
planos comunitários (capacitações e intercâmbios em
organização social, sistemas de produção de base agro-
ecológica e comercialização coletiva); na formação de
lideranças locais; no apoio à elaboração e gestão de pro-
jetos produtivos comunitários; no apoio à articulação
local e regional, na participação em eventos e espaços
de diálogo; na assessoria a informações sobre políticas
públicas; na regularização e na gestão administrativa e
financeira das organizações de base.
A organização e a realização das atividades nas comu-
nidades sempre aconteceram de forma participativa,
visando fomentar, assim, um protagonismo dos atores
locais. Desse modo, desejava-se reforçar a capacidade das
comunidades de se organizarem em prol do próprio desen-
volvimento, criando condições de autogestão e autonomia
gradativa em relação à assessoria fornecida pelo Projeto.
Ademais, a mobilização do público se construiu atra-
vés de estratégias de comunicação comunitária, com
Oficina de etnomapeamento na
Aldeia Babaçuzal TI Escondido
Fontes: Estradas principais e limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); Unidades de Conservação - MMA (2011); Terras indígenas - Funai (2010); Imagens do satélite SPOT 5 (2007); Altitude - SRTM (2000)
NEstradas principais
Unidades de Conservação federais
Unidades de Conservação estaduais
Terras indígenas
Limite municipal de Cotriguaçu
Parque Estadual Igarapés do Juruena
Parque Nacional do Juruena
Terra Indígena do Escondido
0 km 12 18 245
0 km 12060
0 km 420280140
máx.: 1302
mín.: 0
ALTITUDE (m)
figura 8 | Áreas Protegidas Presentes no Território de Cotriguaçu
49
Fontes: Estradas principais e limite municipal de Cotriguaçu - ICV (2012); Unidades de Conservação - MMA (2011); Terras indígenas - Funai (2010); Imagens do satélite SPOT 5 (2007); Altitude - SRTM (2000)
NEstradas principais
Unidades de Conservação federais
Unidades de Conservação estaduais
Terras indígenas
Limite municipal de Cotriguaçu
Parque Estadual Igarapés do Juruena
Parque Nacional do Juruena
Terra Indígena do Escondido
0 km 12 18 245
0 km 12060
0 km 420280140
máx.: 1302
mín.: 0
ALTITUDE (m)
a intenção de ampliar a divulgação das atividades
na região, sendo livre a participação dos beneficiários
nas atividades, mediante contribuição e contraparti-
das como alimentação e transporte, entre outros. No
entanto, deu-se uma atenção especial ao envolvimento
das mulheres e dos jovens rurais, procurando, sempre
que possível, criar condições e espaços para facilitar e
valorizar essa participação.
Além de uma abordagem de gênero e em prol do prota-
gonismo juvenil, o Componente de Apoio à Governança
Socioambiental trabalhou numa perspectiva de resgate
da autoestima e de fortalecimento da identidade cam-
ponesa dos agricultores familiares. Isso ocorreu através
da construção de ações vindas desse público, onde o
ICV teve o papel apenas de conduzir os processos de
facilitação das tomadas de decisão coletivas.
Nesse sentido, para oferecer espaços de formação e de
capacitação técnica, a base teórica aplicada pelo grupo
formador foi baseada nos princípios da educação popu-
lar, construindo os conhecimentos de forma dialogada.
Essa construção valorizou os saberes locais e técnico-
-científico, resgatou elementos da cultura popular e da
sabedoria empírica, mas, também, promoveu atitudes
de observação, experimentação, repasse e multiplicação
para facilitar a difusão horizontal das inovações e das
práticas. Sempre houve cuidado no uso de linguagem
adequada para não excluir públicos com diferentes
níveis de formação.
A assessoria desenvolveu uma estratégia de conscienti-
zação ambiental transversal e permanente em todos os
momentos de diálogo e vivência nas comunidades, pro-
curando fazer com que as famílias atendidas pelo Projeto
se empoderassem dessa temática, incorporando, cada vez
mais, práticas respeitosas à natureza nos sistemas pro-
dutivos. Além disso, criou condições para que pudessem
tratar esse assunto polêmico com mais força e clareza
nos espaços de debate coletivo sobre gestão de recursos
naturais, desmatamento, queimadas, uso de agrotóxico,
conservação dos recursos hídricos, entre outros.
Enfim, no incentivo à organização comunitária para a
diversificação e a construção das cadeias socioproduti-
vas e de acesso ao mercado, o Componente da Gover-
nança Socioambiental nos Assentamentos desenvol-
veu uma abordagem ancorada na construção de uma
economia solidária. Sempre, com o intuito de promover
o associativismo, o cooperativismo e, também, o forta-
lecimento do tecido social local. Isso foi feito através
do resgate de práticas como mutirões, trocas e venda
direta, da inserção em programas de comercialização
institucional e da articulação com entidades locais e
regionais que valorizam a produção da sociobiodiversi-
dade com preço justo e sem atravessadores.
A formulação original desse Componente contou com
a parceria da Operação Amazônia Nativa (OPAN) e pre-
via a elaboração de um Plano de Gestão Territorial das
Terras Indígenas (TI) Erikbaktsa, Japuíra e Escondido.
Previa, também, a implementação de ações, entre elas,
o mecanismo de REDD+. Questionamentos da Etnia
Rikbaktsa e da Fundação Nacional do Índio (Funai) so-
bre o REDD+ determinaram um recuo no envolvimento
dos índios com o Projeto CSV. A própria reorientação
do Projeto como um todo levou o foco desse compo-
nente para a construção do Plano de Gestão Territorial
das Terras Indígenas, relacionado à Política Nacional de
Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI).
Após quase dois anos de diálogo, a Associação Indígena
Rikbaktsa (Asirik) aceitou participar do Projeto, desde que
pudesse fazer uma gestão compartilhada do Componente.
Nesse novo formato, a Funai Regional Noroeste passou
a ser uma parceira. Foi construído um planejamento de
atividades centradas na TI Escondido com a Asirik, a qual
ficou responsável por acompanhar o trabalho, participar
das oficinas e gerar informações para as aldeias das outras
duas terras indígenas ( Japuíra e Erikbaktsa).
A partir do segundo semestre de 2012, iniciaram-se as
atividades na Aldeia Babaçuzal/Terra Indígena Escon-
dido. O Projeto CSV garantiu um técnico envolvido
diretamente com as famílias da TI Escondido, que,
inclusive, ficou alguns dias morando na comunidade. O
trabalho de imersão teve como objetivos que ele com-
preendesse os hábitos, estabelecesse laços de confiança,
conhecesse o manejo dos recursos naturais, entre ou-
tros aspectos. Essa vivência foi importante na determi-
nação e construção conjunta das atividades realizadas
pelo Projeto.
Para a elaboração do Plano de Gestão, foram utilizados
diversos métodos participativos de diagnóstico e ava-
liação como o etnomapeamento e avaliação ecológica,
além de instrumentos de planejamento como o etnozo-
neamento. Um resultado para além do Plano de Gestão
foi o fortalecimento da comunidade tanto na Etnia,
quanto nos outros setores de Cotriguaçu. Essa nova
situação deverá garantir a implementação do Plano e,
ainda, a participação efetiva e ativa do povo Rikbaktsa
no objetivo geral do Projeto.
51
2012
2013
2011 Diagnóstico do setor �orestal em Cotriguaçu
Apresentação do projeto para os setores e parceiros, identi�-cação de demandas e oportunidades junto a cada grupo, ajustes no projeto
Longa negociação junto à Funai e aos Rikbaktsa sobre a proposta a ser desenvolvida pelo projeto
Diagnóstico socioeconômico e ambiental de Cotriguaçu e contato com parceiros locais
Mapeamento da bacia leiteira, leituras de paisagem e de�nição da região de trabalho. Primeiros contatos e identi�-cação das lideranças no assentamento
Nivelamento com a Sema e ONF
Implantação do Laboratório de
Geotecnologias - diagnóstico socioam-
biental e monitora-mento de focos de
calor, desmatamento e degradação �orestal
Planejamento junto aos grupos de trabalho
Facilitação das reuniões do Conselho
Municipal de Meio Ambiente (CMMA)
Apoio técnico e metodológico para execução do Cadastro Ambiental Rural (CAR)
Capacitação dos conselheiros do CMMA
Convite da Asirik para que o ICV realizasse o projeto na TI Escondido; Asirik dá ao ICV a Carta de Anuência /aceite da comunidade
Apresentação do projeto e alinhamento das atividades na aldeia Babaçuzal/TI Escondido e imersão na comunidade
Apoio à Prefeitura na elaboração de projeto para o Fundo Amazônia
De�nição dos grupos de interesse (grupo de mulheres, agricultura diversi�cada e associações comu-nitárias); Diagnóstico participativo socioeco-nômico e ambiental
Adesão de quatro pecuaristas para implantação das unidades de referência
Estruturação e Fortalecimento do Sistema Municipal de Meio Ambiente (Conselho, Fundo e Política de Meio Ambiente)
BPA-corteBom Manejo FlorestalGestão Ambiental MunicipalGovernança Socioambiental nos Assentamentos e BPA-leiteÁreas ProtegidasTodos - CSV
estratÉgias na estruturação do projeto cotriguaçu sempre verde
Para escrever sobre os resultados, desafios e lições, foi
realizada uma sistematização envolvendo 60 pessoas. Fo-
ram entrevistas individuais e coletivas com os diferentes
setores - quatro comunidades no PA Nova Cotriguaçu, a
aldeia Babaçuzal, na Terra Indígena Escondido, represen-
tantes do setor madeireiro, funcionários da prefeitura,
pecuaristas, organizações parceiras e equipe do ICV. As
informações obtidas foram organizadas e apresentadas
em uma Oficina que contou com a participação das
pessoas envolvidas no processo de sistematização. Foi
um momento privilegiado não somente para validar as
informações, como também para trocar conhecimentos
sobre as diferentes ações e resultados obtidos.
diferentes “olhares” sobre o csv
Ter conseguido atuar junto a setores tão diferentes e, ao
mesmo tempo, tão importantes para o desenvolvimen-
to do município foi um grande mérito do Projeto CSV,
principalmente por ser executado em apenas três anos.
Nessa trajetória, o ICV contou com o envolvimento
destes setores na busca por soluções para os principais
desafios existentes. Foram questões como gestão e
governança, técnicas e práticas associadas às princi-
pais atividades econômicas, com atenção à diversidade
social e cultural, características de Cotriguaçu.
“Foram dados os primeiros passos porque o Projeto não atendeu
apenas um setor do município. Tentou atender todos os setores”
“Nenhuma ação no município conseguiu trabalhar de forma tão
ousada como o ICV, com diferentes setores. Temos um grau de
comunicação com os diferentes espaços. É um projeto ambicioso,
complexo e o empoderamento das pessoas é um ponto forte, pois estão
se abrindo novas percepções. As pessoas estão confiando nas suas
capacidades de mudar a realidade”
“As pessoas estavam muito desacreditadas em função de projetos que
geravam expectativas sem conseguir atendê-las. O CSV atuou nesses
três anos levando informações para as comunidades”
Elaine Castanha Bonavigo, agente
administrativa do setor de licitações
e contratos da prefeitura de
Cotriguaçu
Andrés Emiliano Rodrigo Pasquis,
assessor de comu-nicação do ICV
Givanildo da Silva Ribeiro, presidente do STTR de Cotri-
guaçu
57
Envolvida com o Projeto CSV, a equipe do ICV conseguiu
estabelecer uma dinâmica interna que privilegiou a visão
integrada dos cinco componentes. Entretanto, essa visão
e a necessidade de uma gestão compartilhada do muni-
cípio ainda não é uma realidade para todos os diferen-
tes setores envolvidos com o Projeto. É um movimento
crescente que precisa continuar para que esse processo se
concretize. Os parceiros identificam, no Projeto, uma efe-
tiva oportunidade de desenvolvimento sustentável, mas,
também, têm ciência das adversidades a serem superadas.
“É um desafio conter o desmatamento que ocorre por diferentes
fatores, mas é importante compreender como esses fatores se inter-
relacionam e quais suas origens”
“A integração dos componentes pode se dar nos processos de geração
de renda. Por exemplo, as famílias produzirem pó de babaçu para
abastecer o mercado de ração de animais e, com isso, gerar renda
e reduzir o uso do Fosbovi (sal mineral)”
Renato Farias , coordenador do
CSV/ICV
Givanildo da Silva Ribeiro,
presidente do STR de Cotriguaçu
“Quando eu era estudante, o professor pediu para fazer uma carta
de como Cotriguaçu estaria daqui a 20 anos. Coloquei na carta que
teria muito pasto, menos mata e água contaminada. Hoje, faria a
carta dizendo que teria mais mata, menos pasto. Tem gente que está
plantando ou deixando o mato crescer nos pastos”
Luara Marchiori de Souza
Ferreira, jovem da Comunidade Santa Clara, PA
Nova Cotriguaçu
O Projeto foi se ajustando paulatinamente, se moldan-
do em razão das particularidades, desafios e, por vezes,
reveses, garantindo que os resultados fossem obtidos ao
se adequar a ação às condicionantes locais e contextos
regionais. Para que isso acontecesse, foi fundamental a
compreensão e decisão do agente financiador (Fundo
Vale) em aprovar remanejamentos no orçamento.
“Foi muito importante a flexibilidade do Fundo Vale em permitir
o remanejamento de orçamento do Projeto para que pudéssemos
realizar as atividades com eficiência e obtermos os resultados que
alcançamos”.
O conjunto de ações realizadas e promovidas pelo Projeto
CSV e que constam no Anexo II, produziu resultados por
cada Componente do projeto que são apresentados a seguir.
Suzanne Scaglia, educadora em prá-ticas sustentáveis
do ICV
apoio à gestão ambiental municipal
Estruturação da prefeitura com laboratório de geotec-
nologias para a realização do monitoramento de des-
matamento, degradação florestal e queimadas, além da
regularização ambiental de propriedades rurais, com
técnicos capacitados e relatórios gerados;
Apoio à regularização ambiental das propriedades rurais
de Cotriguaçu, a partir da parceria envolvendo o ICV,
a TNC e o gestor municipal, que trouxe competência
técnica, funcionários públicos e organização do processo
de elaboração do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esta
ação resultou na capacitação de nove técnicos para tra-
balhar junto ao CAR e na elaboração de 400 CARs no PA
Nova Cotriguaçu e propriedades familiares privadas;
Reativação e fortalecimento do Conselho Municipal
de Meio Ambiente (CMMA) com a ampliação de sua
composição e representação dos diversos setores, defi-
nição de diretrizes para as políticas municipais de meio
ambiente (elaboração do Projeto de Lei da Política de
Meio Ambiente e criação do Fundo Municipal de Meio
Ambiente) e aplicação de instrumentos de gestão, como
o regimento interno do Conselho e a constituição de
Câmaras Técnicas;
Apoio no desenho da Campanha do CMMA “Queimar
não é legal”, demanda da Câmara Técnica de Desmata-
mento e Queimadas. Foram elaboradas faixas (coloca-
das em pontos estratégicos do município), um folder
abordando os impactos à saúde e ao meio ambiente
resultantes das queimadas. Também foram realizadas
reuniões de conscientização em três comunidades de
dois assentamentos, identificados como áreas priori-
“Trabalhar com SIG trouxe benefícios para a prefeitura e para
o município. É um ótimo instrumento de gestão para controlar
e quantificar os problemas”.
Denise Schütz Freitas, secretária
executiva do CMMA
59
tárias a partir do monitoramento dos focos de calor,
realizado pelo laboratório de geotecnologias;
“Os índios estão no CMMA. Estão conhecendo os outros setores. Estão
tendo um local onde são ouvidos e podem falar”.
“O CMMA pode ser um caminho, mas quem está de fora não percebe
a sua importância e o seu poder”.
“Dentro do CMMA existe um respeito mútuo entre os setores”.
Denise Schütz Freitas, secretária
executiva do CMMA
Denise Schütz Freitas, secretária
executiva do CMMA
Elison Marcelo Schuster, enge-
nheiro florestal da Schuster Assesso-ria Agronômica e
Florestal
Apoio na elaboração do Projeto “Semeando Novos
Rumos em Cotriguaçu” junto à Secretária de Desen-
volvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente
e Assuntos Fundiários e membros do CMMA, a ser
financiado pelo Fundo Amazônia/BNDES. Esse projeto
será executado pela Secretaria de Meio Ambiente de
Cotriguaçu, em processo de criação, e contempla o for-
talecimento da Secretaria, apoio ao CAR, ações de recu-
peração de áreas degradadas e implantação de unidades
demonstrativas de boas práticas agropecuárias;
“Ainda existe uma mentalidade que os conselhos municipais não vão
ajudar em nada o município. O projeto financiado pelo BNDES pode
dar uma animada e mudar essa mentalidade e ainda ajudar outros
conselhos a correr atrás de recursos”.
“O que achávamos que não seríamos capazes de fazer, estamos
realizando”.
Reinaldo Valigu-zski, presidente da
Coopercotri
Elaine Castanha Bonavigo, agente
administrativa do setor de licitações
e contratos da prefeitura de
Cotriguaçu
Construção de um movimento para criação de um diálo-
go intersetorial, permitindo que os diferentes setores se
conheçam, debatam e planejem ações para o desenvolvi-
mento sustentável de Cotriguaçu. Já houve uma rodada
no município entre agosto e outubro de 2013 quando
representantes de cada setor tiveram a oportunidade de
conhecer as atividades realizadas e as ações do CMMA.
Elaboração do Programa de Desenvolvimento do Bom
Manejo Florestal no Estado de Mato Grosso (Prode-
mflor), com base nas atividades desenvolvidas pela
equipe no âmbito do projeto;
Articulação e oficinas técnicas junto à Sema-MT para
entender o processo de aprovação dos Planos de Manejo
Florestal Sustentável e os principais gargalos/deficiên-
cias técnicas dentro do processo de análise/aprovação;
Sensibilização de sete empresários do setor florestal (ma-
deireiros e proprietários de serrarias), capacitações técni-
cas em Boas Práticas de Manejo Florestal para os funcio-
nários das empresas florestais, com protocolos gerados;
Estabelecimento de um centro de referência em manejo
florestal em parceria com a ONF-Brasil na Fazenda São
Nicolau, em Cotriguaçu;
Oficina do Programa Florestabilidade: Educação para
o Manejo Florestal, para capacitação de professores
e, consequentemente, estudantes, em parceria com a
Secretaria Municipal de Educação e Cultura e com a
Fundação Roberto Marinho.
bom manejo florestal
“As capacitações promovidas pelo Projeto CSV na Fazenda São
Nicolau, contribuíram para aproximar a ONF dos diferentes setores
de Cotriguaçu (madeireiros, pecuaristas, assentados) e ainda auxiliou
na construção do Projeto Plataforma Experimental para a Gestão
de Territórios da Amazônia Legal (Petra) onde nossa área estará
disponível para pesquisa e processos de capacitação”.
Cleide Regina de Arruda, diretora
da ONF Brasil
“As capacitações promovidas pelo CSV trouxeram novas informa ções
para ostrabalhadores e empresas do setor florestal do município,
que possivelmente adotaram práticas como a redução da altura de
corte, o aproveitamento de galhos, a abertura de estradas e pátios,
entre outras”.
Elison Marcelo Schuster, enge-
nheiro florestal da Schuster Assesso-ria Agronômica e
Florestal
61
As equipes do ICV e da ONF se capacitaram e obtive-
ram informações sobre os procedimentos para a realiza-
ção do Manejo Florestal com os técnicos da Sema-MT.
Entretanto, como a Sema-MT não assinou o acordo
de cooperação com a ONF-Brasil, o ICV e o Centro das
Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do
Estado do Mato Grosso (Cipem) não tiveram prossegui-
mento os processos pretendidos visando à celeridade
na liberação dos Projetos de Manejo Florestal do grupo
de sete madeireiros que aderiu ao Prodemflor.
Empresas e funcionários do setor flo-
restal começaram a adotar técnicas
de Manejo de Baixo Impacto
boas práticasagropecuárias
Implantação de unidades de referência de pecuária
de corte com a adoção de Boas Práticas em quatro
propriedades. Neste grupo, dois se destacaram e adota-
ram diversas práticas para melhorar as pastagens,
as instalações e a qualidade do gado. Dentre as modifi-
cações principais, destacamos: água encanada para os
bebedouros, isolamento de Áreas de Preservação Per-
manente (APPs), controle da sanidade, piqueteamento
com cerca elétrica, calagem e adubação, reforma de
pasto com mudança de capim, marcação do gado, entre
outros. Além disso, estão acompanhando os resultados,
como o crescimento da pastagem e o peso dos animais.
Os dados estão sendo coletados e trabalhados por um
técnico contratado pelo ICV;
“Embora, atualmente, sejam apenas quatro unidades de referência
adotando o BPA, ele tem uma importância muito grande para o
município. Vai trazer consequências positivas e muito amplas para
Cotriguaçu. Podemos produzir muito mais do que produzimos hoje
sem desmatar”.
Arnaldo de Cam-pos, pecuarista
Premiação de uma das quatro unidades de referência
de pecuária de corte apoiada pelo Projeto CSV, que
foi contemplada, em outubro de 2013, com o primeiro
Certificado do Programa Boas Práticas Agropecuárias
da Embrapa no estado do Mato Grosso. Nessa proprie-
dade, a taxa de lotação da área intensificada chegou a
3,5 Unidade Animal por hectare, uma marca muito
boa, já que a média do estado é de 0,76 Unidade Animal
por hectare.
“Foi importante para mim, pois sabia o que devia fazer, mas não
sabia como fazer o manejo da pastagem e do gado. O piqueteamento
melhorou o gado que, agora, vai beber em grupo, está mais calmo,
tem sempre sal e pasto disponível e reduzi a quantidade de herbicida.
Acabei de ir ao meu vizinho para difundir a ideia do BPA”.
Florentino Apa-recido Martins,
pecuarista
63
Aumento no interesse para adesão das Boas Práticas.
O Sindicato dos Produtores Rurais está estimulando
o Programa BPA junto aos associados e já identificou
45 proprietários interessados em aderir ao Programa;
“Com o BPA é possível ampliar de, aproximadamente, 300 mil cabeças
para 1 milhão de cabeças de gado no município de Cotriguaçu sem
ter que derrubar a floresta. Eu assumi o SPR por causa da viabilidade
econômica e ambiental do BPA e tem pecuarista querendo se filiar ao
SPR por conta do BPA”.
DamiãoCarlos de Lima,
presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Cotriguaçu
“Agora, após a implementação do BPA, tenho o que dizer para
os fazendeiros”.
Amilton Castanha, secretário munici-pal de Desenvolvi-mento Econômico, Agricultura, Meio
Ambiente e As-suntos Fundiários
Elaboração pelo ICV de um memorando de entendi-
mento com JBS para buscar protocolos que bonifiquem
as Boas Práticas adotadas pelos produtores na pecuária;
Há uma expectativa de vender melhor o gado criado via
BPA e que apresenta animais jovens, com peso e aca-
bamento de carcaça que resultam em carne de melhor
qualidade;
Ampliação das áreas sob Boas Práticas sendo fomenta-
das pelos proprietários das quatro unidades de referên-
cia que pretendem convocar as agências de crédito para
discutir financiamento para adoção das BPAs.
Assistência técnica na propriedade
do Gilberto Siebert, em Cotriguaçu
apoio à governança social e ambiental nos assentamentos
aspectos produtivos
Implantação de iniciativas de agricultura diversificada e
de Boas Práticas na pecuária de leite em quatro comu-
nidades do PA Nova Cotriguaçu – Novo Horizonte,
Santa Clara, Nova Esperança e Ouro Verde;
Criação de um grupo de mulheres em cada comunida-
de, trabalhando com geração de renda através da pro-
dução, do beneficiamento e do artesanato. Ainda foram
instaladas 15 unidades experimentais de Boas Práticas
na pecuária de leite, três unidades de horticultura agro-
ecológica, oito unidades de avicultura agroecológica e,
ainda, três unidades experimentais de sistemas agroflo-
restais;
Facilitação no manejo do gado de leite com consequen-
te redução do trabalho, obtenção de maior produção,
melhor qualidade, além do aumento da renda familiar,
o que tem motivado as famílias envolvidas. Um indica-
dor desta motivação é a ampliação das instalações com
recursos próprios e outras famílias querendo aderir ao
BPA Leite;
“Antes de piquetear, os três pastos não davam para as vacas que
eu tenho e ainda dava muita cigarrinha. Agora, o pasto não fica
mais baixo, o capim fica mais novo para comer e ficou mais fácil
de prender o bezerro e ter as vacas perto de casa. Estou conseguindo
um melhor controle. Com esse sistema não precisa desmatar, queimar,
porque em um pedacinho menor dá para as criações sem precisar ter
dor de cabeça”.
Maria Margarida de Oliveira
Barbosa, Grupo de Mulheres da Paz
– Comunidade Santa Clara, PA
Nova Cotriguaçu
“Com o sistema do BPA Leite produzo mais em pouca área, com um
leite de qualidade e mais higiene e com o gado mais são. Hoje, tem
gente na comunidade interessada em fazer esse sistema”.
Joel Ferreira de Jesus –
Comunidade Ouro Verde PA Nova
Cotriguaçu
65
“Plantei cana e no tempo da seca as vacas não emagrecem mais. Com
a placa da energia solar economizo com o diesel. Não pretendo mudar,
quero fazer mais piquetes. Os piquetes desafogam os outros pastos. A
gente tava sem nada. Tudo para gente que está começando
é importante”.
Daniel Ferreira de Oliveira,
Comunidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
“Tem muita gente que não entrou no começo porque não acreditou
(no BPA Leite) e que, agora, teria interesse em entrar porque viu o
resultado. Foi um trabalho transparente. Se tivesse trazido dinheiro
vivo, talvez não fosse tão bom porque onde entra o dinheiro desvia
a ação. Mas as coisas têm que ter vantagem e desvantagem (para ter
resultado tem que ter trabalho)”.
Derzilio Valério do Nascimento,
Comunidade Santa Clara, PA
Nova Cotriguaçu
“Com o trabalho do BPA Leite vai sobrar terra para plantar porque há
maior eficiência na criação do gado em regime de piquete. As famílias
estão diversificando a produção e crescendo com a pecuária de leite”.
Reinaldo Valiguzski, presidente
Coopercotri
“Estão fazendo o pó do babaçu e misturando com o sal para a ração
do gado. Acabou com o carrapato e diminuiu a diarreia nos bezerros.
Isso está espalhando na região”
Rosineide Rodrigues da
Silva, Comunidade Ouro Verde, PA
Nova Cotriguaçu
Curso de fabricação de conservas e compotas para
o Grupo Mulheres da Esperança do PA Nova Cotriguaçu
“A partir dos intercâmbios deu para ver que é possível ter uma
agricultura mais diversificada, plantar várias coisas (pupunha, café,
etc.). Estávamos ficando adultos e pensando só no capim. Agora,
estamos mudando o pensamento e isso está acontecendo na prática”
Luara Marchiori de Souza Ferreira,
jovem da Co-munidade Santa
Clara, PA Nova Cotriguaçu
“Já vieram pessoas de Nova União olhar minha propriedade e alguns
adotaram algumas coisas nas suas terras”
Maria Margari-da de Oliveira
Barbosa, Grupo de Mulheres da Paz
– Comunidade Santa Clara, PA
Nova Cotriguaçu
“Passei a ver mais a questão ambiental. Me conscientizei e vou fazer
isso com meus filhos. Vi que é possível adubar sem precisar comprar
químicos. O ICV levantou a bola e nós temos que conseguir manter a
bola quicando”.
Gerci Laurindo de Oliveira,
Comunidade Nova Esperança, PA
Nova Cotriguaçu
Mobilização de recursos pelos grupos de mulheres e
associações para construir e reformar barracões, além de
estruturar três unidades de beneficiamento, para viabilizar
as atividades comunitárias, como: cursos de capacitação,
beneficiamento de frutas e do coco de babaçu, cozinha
coletiva, artesanato, estrutura de galinheiros piqueteados,
equipamentos (triturador, freezer, entre outros);
Diversificação da produção pelas famílias que se envol-
veram com a implantação de hortas familiares, criação
de pequenos animais e aumento das áreas de lavoura
familiar (milho, feijão e mandiocais) contribuindo para
o fortalecimento da segurança alimentar e nutricional
das famílias e nas comunidades;
Adoção de práticas agroecológicas, plantios agroflores-
tais e inicio à transição agroecológica dos sistemas de
produção com a redução ou eliminação do uso de agrotó-
xicos e de remédios químicos. Houve, também, a melho-
ria do planejamento das unidades de produção familiar;
Processos de difusão e adoção de tecnologia e de troca
de experiência entre os agricultores, em particular, atra-
vés de visitas espontâneas nas unidades de referência
apoiadas pelo projeto, dentre elas: manejo de pastagem
e BPA Leite, avicultura e horticultura agroecológica, be-
neficiamento do babaçu e da mandioca. Houve cerca de
15 replicações das unidades de horticultura e avicultura.
67
comercialização
Melhoria na economia familiar dos grupos envolvidos,
apesar das dificuldades estruturais para a comercialização,
permitindo a realização de pequenos investimentos pro-
dutivos. Ainda que sejam em pequenos volumes, há um
crescimento da comercialização local na própria comuni-
dade, no PA Nova Cotriguaçu ou nas cidades da região;
Comercialização local dos produtores familiares e
grupos de mulheres das comunidades de Nova Espe-
rança, Santa Clara, Novo Horizonte e Ouro Verde. No
comércio, podem ser encontrados artesanato, polpas e
doces de frutas, compotas, queijos, frangos, produtos de
panificação, farinha e subprodutos do babaçu, como a
farinha de mesocarpo para fabricação de ração animal
(na Coopercotri,). A diversidade de produtos tem trazi-
do reconhecimento do trabalho das mulheres e, conse-
quentemente, gerado renda. O objetivo é aumentar a
escala de produção para dar conta das demandas;
Divulgação dos produtos com a participação dos grupos
em eventos, como exposições e feira de agricultura
familiar na região, visibilidade que resultou no aumen-
to das encomendas de produtos e de canais e pontos de
comercialização na região;
Comercialização dos frangos agroecológicos pelo gru-
po de mulheres de Novo Horizonte diretamente nas
comunidades. A sistematização da venda tem ocorrido
de modo organizado, pois há empenho em padronizar
os produtos, considerando política de preço, produção
de panfleto, registro de consumidores, qualidade, entre
outros;
Comercialização de produtos das famílias da comuni-
dade Nova Esperança, via Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abaste-
cimento (Conab), para fornecer a merenda escolar da
escola da comunidade. Mas houve dificuldades porque
o cadastro foi operado pela associação de Nova União
(APRNU), o que dificultou o monitoramento por parte
das famílias envolvidas. Graças à assessoria do projeto
a perspectiva é de superar isso, fortalecendo as associa-
ções locais para elas mesmas acessarem os mercados
institucionais diretamente.
organização
Houve mudanças nas estruturas de algumas associa-
ções comunitárias e realização de atividades coletivas.
Também se observou a restauração da confiança das
famílias nas associações comunitárias e o reconheci-
mento de novos (as) líderes comunitários (as);
Organização dos grupos de mulheres, com diretorias,
regimentos internos e parcerias com as respectivas
associações comunitárias;
Na comunidade Nova Esperança, o grupo de mulheres
adquiriu equipamentos, com recursos da Fundação
Interamericana (IAF) via projeto do Fundo Socioam-
biental do CASA e estruturou uma cozinha comunitária
para beneficiar a produção local. Já os grupos de mulhe-
res de Ouro Verde e Santa Clara aprovaram um projeto,
em maio 2014, enviado via Coopercotri, que tem como
objetivo incentivar o desenvolvimento da cadeia extra-
tivista do babaçu.
“Agora estamos trabalhando mais junto, a amizade aumentou. Agora
parece que é tudo uma família só”.
Joel Ferreira de Jesus, Comunida-
de Ouro Verde, PA Nova Cotriguaçu
Reunião de avaliação com a Associação dos Pequenos Pro-
dutores Rurais de Nova Esperança e Mulheres da Esperança
69
Regularização da associação da comunidade de Santa Clara.
As comunidades de Santa Clara e de Novo Horizonte cons-
truíram barracões comunitários com trabalho em regime de
mutirão para levantar as estruturas. A comunidade de Nova
Esperança também se mobilizou para reativar a associação;
Aproximação das associações das quatro comunidades
atendidas no projeto para troca de conhecimento e
gestão compartilhada de recursos, em particular, com a
conquista de um trator para atender as demandas de me-
canização da terra na região sul do PA Nova Cotriguaçu.
Autovalorização e empoderamento das mulheres, tanto
nas próprias famílias como nas comunidades e associa-
ções, devido ao trabalho junto aos grupos de mulheres;
“Agora, já fazemos coisas que antes comprávamos (material de
limpeza, pão, doces). A melhoria tem que vir da comunidade e nós que
ainda somos poucos temos que trazer mais gente. Temos que correr
atrás das pessoas para puxar mais gente”
Sonia Shumacher, Comunidade Nova
Esperança, PA Nova Cotriguaçu
“Esse trabalho fez com que a gente tivesse mais voz, mais liberdade.
Agora o marido até incentiva”
Terezinha Alves Ferreira Inhanse,
Comunidade Nova Esperança, PA
Nova Cotriguaçu
“O ICV tem que estar junto com o nosso grupo ainda. Mas acho que
vai ter uma hora que vamos caminhar sozinhas. Queremos, como
meta, ter uma renda para não depender só do dinheiro do marido e
comprar o que quero sem pedir para ele. Minha cabeça já não quer só
pensar em lavar roupa”
Leidemar Maria Eloi Moza, Co-
munidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
“As meninas do ICV dão condições para que possamos andar sozinhas
e saibamos o que fazer. Hoje, já conseguimos mostrar para os maridos
que somos alguém. Os caminhos estão abrindo. Já conseguimos ser
mais respeitadas”
Patrícia Lopes Damaceno,
Comunidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
“Trabalho na escola no projeto Mais Educação e falo do meio
ambiente. Os cursos me ajudaram a fazer esse trabalho na escola.
Antes do ICV vir, minha ideia era ir para a cidade. Agora, quero fazer
uma faculdade e voltar para ajudar minha comunidade”
Luara Marchiori de Souza Ferreira,
jovem da Co-munidade Santa
Clara, PA Nova Cotriguaçu
“Antes, o apoio era pouco. Antes do ICV nem os órgãos públicos vinham.
Agora, as pessoas da prefeitura estão começando a apoiar as iniciativas”
Luara Marchiori de Souza Ferreira, jo-
vem da Comunida-de Santa Clara, PA Nova Cotriguaçu
Construção do Plano de Gestão Territorial da Terra
Indígena Escondido, a partir de informações obtidas
com o mapeamento colaborativo, avaliação ecológica,
calendário ecológico e etnozoneamento;
Reconhecimento do ICV, pelos Rikbaktsa, como um
parceiro importante, contribuindo para que eles alcan-
çassem mais autonomia na resolução de problemas. Essa
ação tem melhorado a relação dos índios com os vizi-
nhos da TI e com os diferentes setores do município;
áreas protegidas
“Depois que o ICV começou a trabalhar com a gente somos tratados
de forma diferente na cidade”
Dokta Rikbaktsa, cacique da Terra In-dígena Escondido/
Rikbaktsa
“É importante termos o mapeamento para saber onde, no futuro,
podem ser feitas novas aldeias, ter pontos de fiscalização”
Dokta Rikbaktsa, cacique da Terra
Indígena Escondi-do/Rikbaktsa
“Tudo foi feito junto com a comunidade. O ICV fez amizade,
conheceram a comunidade, ficou junto com nós”
Dokta Rikbaktsa, cacique da Terra
Indígena Escondi-do/Rikbaktsa
“Diminuiu o assoreamento do córrego que passa na nossa TI porque
pararam de jogar os resíduos do manejo vizinho na nossa área e
também porque o pessoal do assentamento (PA Nova Cotriguaçu)
diminuiu o desmatamento nas cabeceiras. Isso já é fruto do nosso
trabalho junto com o ICV”.
Raimundo Iamonxi, professor na Terra Indígena
Escondido/Rik-baktsa
71
Participação e representação de liderança indígena da
TI Escondido no CMMA, significando uma inserção so-
cial desses povos e possibilitando que as suas questões
ganhem visibilidade na gestão municipal.
“Primeiro precisamos de capacitação para fazer a gestão da produção
e comercialização”
Jaime Zehamy Rikbakta,
presidente da Asirik
“Com a participação no CMMA conseguimos informar os
outros setores do município sobre a importância de não desmatar
a área indígena”
Jaime Zehamy Rikbakta,
presidente da Asirik
“Estamos no CMMA junto com o setor madeireiro e falamos para
eles que a nossa área é importante de preservar”
Raimundo Iamonxi, professor na Terra Indígena
Escondido/Rikbaktsa
Viabilização e melhoria na venda de artesanatos indíge-
nas em feiras e eventos, por meio de canais diretos;
“A gente está pesando em vender a produção da castanha saindo
da aldeia já com nota para evitar atravessador”
Dokta Rikbaktsa, cacique da
Terra Indígena Escondido/
Rikbaktsa
Rikbatsa comercializando artesanato
no 3º Encontro de Saberes e Sabores
Apesar dos avanços alcançados, ainda existem desafios
a serem superados no âmbito do Projeto CSV, fazendo
com que a população busque, ainda mais, por bases
sustentáveis para o desenvolvimento de Cotriguaçu: as
florestas sejam mantidas, o desmatamento e a degrada-
ção sejam reduzidos e as atividades produtivas gerem
menos impacto sobre os recursos naturais.
Embora seja crescente o número de pessoas interessa-
das, ainda são poucas as envolvidas com o Projeto CSV
que compreendem Cotriguaçu como um município
onde há conexões e conflitos entre os diferentes se-
tores. São poucas as pessoas que conseguem ter uma
visão mais integrada, além de perceber a necessidade
de se promover uma gestão compartilhada do território.
“Ninguém que executa o Projeto, atualmente, estava na sua
elaboração. Fomos adaptando as estratégias durante a execução
do Projeto. As dificuldades que tivemos com alguns parceiros foram
consequência da falta de envolvimento da equipe executora na
elaboração do Projeto”
Sandra Regina Gomes, educadora
em práticas sus-tentáveis do ICV
Há um interesse do Fundo Vale, agente financiador, em
ampliar o Projeto CSV para outros municípios da região
noroeste do Mato Grosso. Entretanto, há muito que se
consolidar e, também, ampliar em escala no município.
O desafio institucional é conseguir atender a demanda
interna, continuar atuando no município e, ao mesmo
tempo, ampliar a atuação para outros municípios.
Os desafios, aqui registrados, são fruto dos depoimen-
tos de pessoas e dos representantes de organizações
e instituições que participaram dessa sistematização
e estão apresentados por componente do projeto.
“Hoje não é possível ampliar o trabalho sem a ajuda do ICV”Luara Marchiori
de Souza Ferreira, jovem da Co-
munidade Santa Clara, PA Nova
Cotriguaçu
77
apoio à gestão ambiental municipal
Um desafio a ser enfrentado está relacionado à re-
presentação dos diferentes setores no CMMA. Os
madeireiros têm uma participação ativa, mas estão
representados pelo Sindicato das Indústrias Madeirei-
ras e Moveleiras do Noroeste do Mato Grosso (Simno),
representante regional do setor, o que dificulta o com-
partilhamento das informações.
Já nos assentamentos, a agricultura familiar é represen-
tada por diferentes associações, sindicatos e coopera-
tivas, dificultando a comunicação e o estabelecimento
de pautas comuns. Com isso, as questões de interesse
mais amplo correm o risco de não serem discutidas e as
soluções não serem identificadas.
Outro desafio do CMMA é a implementação das Câma-
ras Técnicas criadas para tratar de temas prioritários
- desmatamento, queimadas, regularização ambiental
e fundiária, educação ambiental e resíduos sólidos. E,
também, a manutenção do Fundo de Defesa do Meio
Ambiente para que garanta recursos em médio e longo
prazo para a agenda ambiental que deverá ser gerida
de forma colaborativa pelo CMMA.
Existem também dificuldades logísticas que limitam
a frequência dos conselheiros nas reuniões do CMMA,
como falta de recurso para irem de suas comunidades
até a sede do município.
“O papel do conselheiro ainda não é muito claro, principalmente por
causa da inconstância na participação e nas trocas nas representações,
já que os setores não conseguem manter as mesmas pessoas”
Amilton Castanha, secretário munici-pal de Desenvolvi-mento Econômico, Agricultura, Meio
Ambiente e As-suntos Fundiários
Ainda existe muita dúvida das famílias que deram
entrada ao processo de regularização ambiental (CAR).
Portanto, o desafio é garantir que as informações
estejam acessíveis sempre que necessário e, ainda, dar
continuidade ao cadastramento. O apoio ao CAR é uma
das atividades a serem financiadas pelo Fundo Amazô-
nia/BNDES no Projeto a ser executado pela Secretaria
de Meio Ambiente de Cotriguaçu. Essa é uma oportuni-
dade de superar as dificuldades atuais.
Por fim, foi avaliado que o monitoramento ambiental,
na escala local, exige envolvimento e apropriação que
não acontecem rapidamente. Além disso, por ser tam-
bém uma medida de fiscalização, e no caso do Projeto
CSV ter ação multisetorial, é necessário envolver todos
os atores interessados nessa discussão. Isso garantirá
que as relações de transparência, confiança e legitimi-
dade não se abalem. Não é tarefa simples, mas as ações
e utilizações envolvendo o monitoramento ambiental
devem ser construídas, compreendidas e acordadas.
“A realização do CAR não esteve sob a responsabilidade exclusiva
do ICV. Percebendo os problemas no atendimento a essa demanda, o
ICV juntamente com a Elaine (funcionária da prefeitura) e a equipe
da prefeitura, procuraram superar as dificuldades”
Carolina de Oliveira Jordão,
analista de gestão ambiental do ICV
Conselheiro Reinaldo Valiguzski na capacitação
do Conselho Municipal de Meio Ambiente
79
programa de apoio ao manejo florestal sustentável
O desafio central é continuar envolvendo o setor
florestal nas atividades do Projeto CSV, pois como a
Sema-MT não assinou o acordo de cooperação com a
ONF-Brasil, ICV e Cipem, que poderia possibilitar uma
maior agilidade na aprovação dos Planos de Manejo,
houve uma desmobilização. Essa foi uma das principais
demandas do setor florestal e que estimulou os sete
empresários florestais a aderirem ao Programa. O papel
da Sema é fundamental nas ações e as atividades não
podem ficar nessa dependência para funcionar.
Diferente de outros setores econômicos, as exigências
do órgão fiscalizador acabam interferindo de forma
decisiva no trabalho. Por isso o desafio em continuar
sensibilizando o setor florestal para a importância e
os benefícios da adoção das boas práticas de manejo
florestal e para a necessidade de haver transparência na
cadeia produtiva, mesmo que a Sema, até o momento,
não diferencie esses empresários dos demais.
Outro desafio é ampliar o Programa de Apoio ao Ma-
nejo Florestal Sustentável para outros setores e usos,
como por exemplo, o manejo comunitário - madeireiro
e não madeireiro - nos assentamentos. Isso envolve
ações para além da escala local, visto que ainda não
existe regulamentação no estado.
Por fim, é preciso enfrentar a ilegalidade do setor, pois
se observa que alguns empreendedores não atuam de
acordo com a legislação, enquanto outros o fazem e,
desse modo, assumem mais custos associados. Esse fato
resulta em uma competição desleal.
“A Sema-MT teve a intenção inicial em colaborar, mas as trocas
de secretários e coordenadores no órgão comprometeram a
continuidade do diálogo e a parceria prevista”
Vinicius de Freitas Silgueiro, analista de geotecnologias
do ICV
O grande desafio do BPA é a ampliação da escala,
ou seja, fazer com que o conhecimento das técnicas
chegue a outros produtores para aumentar a eficiência
das pastagens, evitando o desmatamento. O domínio
do conhecimento técnico ainda está restrito aos profis-
sionais do ICV. Existe interesse de outros pecuaristas
em se envolver no BPA Corte, mas o atendimento dessa
demanda latente dependerá de profissionais capacita-
dos para assessorar esse público. Para isso, o ICV criou
um Programa de Especialização que, atualmente,
envolve três técnicos de Cotriguaçu e poderá suprir
essa necessidade.
Outro problema a ser enfrentado para a expansão do
BPA Corte é o acesso a fontes de crédito. Segundo
depoimento dos pecuaristas, apesar da existência de
linhas de crédito, as agências financiadoras existentes
no município não possuem estrutura suficiente para
viabilizá-las e ainda falta assessoria técnica preparada
para a elaboração de projetos.
programa de boas práticas agropecuárias
“Falta capacidade técnica no município. Estamos tentando levar
os técnicos da região para se qualificarem em Alta Floresta, em um
programa de pósgraduação”.
“Temos dificuldade de obtenção de crédito para ampliar o trabalho do
BPA de Corte no município. E isso é necessário já que os investimentos
(insumos, mão de obra) não são baixos, mas as agências financiadoras
locais (Banco do Brasil, etc.) não têm estrutura”
Damião Carlos de Lima, presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de Cotriguaçu
Arnaldo de Campos,
pecuarista
81
apoio à governança social e ambiental nos assentamentos
Embora existam potenciais e benefícios dos mercados
institucionais, programas da Conab e do FNE, é morosa a
comercialização via PAA e PNAE em função de diversos
desafios a serem superados: falta de regularização das
associações comunitárias, dificuldades de comunicação
envolvendo a Secretaria de Educação, a diretoria das es-
colas e os produtores (as), além da dificuldade de organi-
zação dos grupos para atender as demandas de produção.
Os processos de comercialização da produção consti-
tuem um gargalo devido à falta de estrutura de armaze-
namento, ao beneficiamento, ao transporte e às dificul-
dades de organização e comunicação para conseguir
acesso aos mercados formais.
Outros desafios a serem enfrentados no assentamento
são:
• O maior envolvimento da juventude rural;
• A escala de trabalho;
• A implantação de estruturas adequadas de beneficia-
mento comunitário;
• A criação de capacidades locais em gestão de empre-
endimento coletivo;
• A valorização da produção local e a inserção no merca-
do regional;
• A melhoria dos processos de comunicação comunitá-
ria e acesso à informação;
“Aqui, o povo não tem medo de trabalhar, mas de produzir, porque
produz, mas não sai, a produção se perde por falta de escoamento”
João Alves de Sou-za, Comunidade
de Santa Clara, PA Nova Cotriguaçu).
“Como as associações comunitárias ainda estão se organizando, a
comercialização via PAA e PNAE foi viabilizada, até agora, pela
Coopercotri que não está dando conta porque é muito trabalho”
Leidemar Maria Eloi Moza, Co-
munidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
É preciso um planejamento do setor, diálogo e integra-
ção. Para isso, é necessário realizar um diagnóstico mais
amplo do setor, abordando suas influências, impactos,
oportunidades e riscos. A previsão de riscos deve envol-
ver o efeito rebote, ou seja, o efeito contrário ao espe-
rado, como a abertura de novas áreas para pastagem
devido ao sucesso das técnicas implantadas.
Seu Dezi Valério dos Santos na
colheita de cana para ração animal
83
• A difusão das inovações técnicas e a facilitação de
troca de experiências;
• O apoio à regularização fundiária e ambiental;
• O acesso ao crédito para replicar os sistemas produ-
tivos, investir no desenvolvimento da produção e nas
atividades de beneficiamento;
• Os baixos preços pagos pelos laticínios no leite.
Com todos os resultados positivos alcançados e, tam-
bém, por aqueles que ainda se espera obter, há uma
grande súplica de todos os setores para que o ICV con-
tinue atuando no município. Os envolvidos valorizam a
contribuição do Projeto CSV, mas identificam a necessi-
dade de ampliar esses acúmulos, assim como, aumentar
a escala da atuação, envolvendo mais famílias e outras
regiões ainda não atendidas.
“O trabalho do ICV nunca acaba. A comunidade que começou vai
querer melhorar”
Reinaldo Valigu-zski, presidente da
Coopercotri
“Para continuar fazendo algumas práticas do BPA Leite, como
por exemplo, fazer uma nova adubação da pastagem, preciso
de algum apoio externo. Dá para outras pessoas copiarem o que
estou fazendo, mas tem que tirar dinheiro do bolso. Tem gente
que tem condições. Se eu pudesse já teria aumentado os piquetes”.
Maria Margarida de Oliveira Barbo-
sa, Comunidade Santa Clara, PA
Nova Cotriguaçu
“Se fosse fazer o BPA Leite por conta própria, não entraria nisso.
E ainda precisamos de assistência técnica”
Joel Ferreira de Jesus, Comunida-
de Ouro Verde, PA Nova Cotriguaçu
“O ICV plantou uma semente. O desafio é ter gente nossa para regar”Gerci Laurindo
de Oliveira, Comunidade Nova
Esperança, PA Nova Cotriguaçu
“Ainda são poucos os jovens envolvidos nos grupos”. Luara Marchiori
de Souza Ferreira, jovem da Co-
munidade Santa Clara, PA Nova
Cotriguaçu
áreas protegidas
O Plano de Gestão da TI Escondido tem uma grande
responsabilidade no estabelecimento dos acordos de
uso de recurso entre as comunidades das três áreas –
Japuíra, Erikbaktsa e Escondido, buscando equilibrar os
benefícios e favorecendo os moradores da TI Escondido.
Esse planejamento deve garantir a soberania e seguran-
ça territorial desse povo.
“Precisamos de apoio e estrutura para fazer a fiscalização de nossa TI”Dokta Rikbaktsa,
cacique da Terra Indígena
Escondido/Rikbaktsa
Além disso, são necessários recursos para a imple-
mentação do Plano de Gestão, para a captação e ges-
tão desses recursos. A Associação Indígena Rikbaktsa
(Asirik) tem um papel central. A etnia vem buscando
recursos para uma infraestrutura mínima que possa
favorecer a reocupação da TI Escondido, com abertura
de novas aldeias, o que viabilizaria e fortaleceria todo
o processo de implementação do plano. Apesar de não
estar na governabilidade do ICV, essa é uma ação a ser
acompanhada e apoiada, pois tem impactos diretos nos
objetivos do Componente.
“O Plano de Gestão das TIs envolve muitas pessoas. São, aproximada-
mente, 20 aldeias nas outras duas TIs, o que dificulta o acordo coleti-
vo, inclusive para a instalação de novas aldeias na TI Escondido”
Rodrigo Marcelino,
analista socioambiental
do ICV
“Falta interesse dos índios de outros locais para abrir novas aldeias
na nossa TI, porque não tem estrada, assistência, etc”
Dokta Rikbaktsa, cacique da
Terra Indígena Escondido/
Rikbaktsa
85Há uma ansiedade por parte dos índios da TI Escondido
por ações que gerem renda para as famílias da comu-
nidade Babaçuzal. Eles se envolveram nas atividades
orientadoras do Plano de Gestão e, agora, estão na
expectativa por ações concretas, que tragam benefícios
econômicos. Essa demanda ficou mais evidente depois
que eles souberam que no PA Nova Cotriguaçu, fa-
mílias envolvidas com o Projeto CSV estão recebendo
apoio para a instalação de atividades produtivas gera-
doras de renda, dentre elas, o BPA Leite, a criação de
galinhas e o beneficiamento do babaçu.
“Queremos saber se vai gerar renda. Sabemos que no assentamento
o Projeto apoiou a criação de galinhas. Se ficarmos apenas em
reuniões o povo desanima”.
Dokta Rikbaktsa, cacique da
Terra Indígena Escondido/
Rikbaktsa
“Precisamos de atividades que gerem renda para nosso povo. Para isso,
temos que ter uma pessoa capacitada aqui na TI Escondido”
Raimundo Iamonxi, professor na Terra Indígena
Escondido/Rikbaktsa
Anciões Rikbaktsa contando histó-
rias das malocas e ocupações antigas
da TI Escondido
As pessoas que se envolveram na sistematização ex-
pressaram nos depoimentos o que aprenderam com
o Projeto CSV. Esses aprendizados permitiram que
algumas recomendações fossem apontadas, tanto no
âmbito do Projeto, como para iniciativas semelhantes.
Foram organizados sete tópicos avaliativos: Tempo dos
processos; Relações de confiança; Integração entre os
setores; Comprometimento/atuação da equipe; Previsão
de riscos; Geração de conhecimento; e Replicação.
Diálogo Intersetorial reuniu indígenas, empresários
florestais, poder público, agricultores e pecuaristas
participantes do projeto
91
tempo dos processos
É importante considerar e respeitar o tempo dos pro-
cessos e das pessoas que se envolvem em ações como
as promovidas pelo Projeto CSV. Agindo dessa maneira,
cria-se a possibilidade de obter resultados duradouros.
No caso do Projeto CSV, como há o interesse do Fun-
do Vale em ampliar as ações para outros municípios
da região Noroeste de Mato Grosso, é preciso pensar
em um novo projeto que dê continuidade às ações no
município de Cotriguaçu. Ademais, fortalecer as organi-
zações e valorizar as iniciativas que gerem boas práticas
são importantes para que o desenvolvimento social e
econômico do município seja sustentável. Três anos de
Projeto é pouco tempo para que se obtenham mudan-
ças significativas, ainda mais em um município com
muitos desafios estruturais. O importante é ter ciência
deles para propor ações visando superá-los: diferenças
sociais, grandes distâncias e infraestrutura deficitária,
carência de assistência técnica, dificuldade de acesso a
políticas públicas, entre outros.
“Cada componente tem seu tempo. Se não respeitar os tempos aí
fica difícil de amarrar”
“O tempo dos processos, principalmente com comunidades indígenas,
e o tempo do Projeto (financiador) são diferentes”
“É possível se envolver mais e ter coragem de iniciar algo novo. Não
sermos imediatistas e fazer as coisas pouco aos poucos”
Renato Farias, coordenador do
CSV/ICV
Rodrigo Mar-celino, analista socioambiental
do ICV
Elaine Castanha Bonavigo, agente
administrativa do setor de licitações
e contratos da prefeitura de Cotriguaçu“
Um princípio importante na execução de um Projeto
como o CSV é a construção de relações entre executo-
res, parceiros e beneficiários, baseada na transparência,
ou seja, com as atividades, processos e objetivos sendo
tratados abertamente. Se há transparência e as ações
geram respostas rápidas e concretas às demandas do
público envolvido, criam-se laços de confiança e de
corresponsabilidade na execução do Projeto.
relações de confiança
A manutenção das relações de confiança estabelecidas
está diretamente interligada com o envolvimento e
interesse das pessoas em continuar com as ações inicia-
das pelo Projeto CSV, como também em ampliá-las. O
que decorre das soluções imediatas e práticas produti-
vas adotadas pelo BPA Corte e Leite, na diversificação
da produção e no manejo florestal de baixo impacto.
Nesse sentido, no caso dos indígenas, há a necessidade
de priorizar na implementação do Plano de Gestão da
TI Escondido, atividades práticas e geradoras de renda
para que a comunidade do Babaçuzal obtenha bene-
fícios do tempo que se dedicaram às etapas de elabo-
ração do Plano. Além disso, para que possam se sentir
estimulados a continuar participando.
“Trabalhar de forma diversificada só é possível construindo confiança
com as pessoas envolvidas, o que está atrelado à transparência e à
obtenção de resultados práticos para os beneficiários. Temos uma
responsabilidade que vai para além do que é um Projeto”
“É importante estabelecer relações de confiança”
Renato Farias, coordenador do
CSV/ICV
Camila Horiye Rodrigues, coorde-
nadora assistente do CSV/ICV
93
Quando se pretende contribuir para o alcance de metas
tão ousadas, como redução de desmatamento, degra-
dação ambiental e gestão territorial compartilhada,
é fundamental atuar junto com os diversos setores
presentes em um território. Tanto os problemas, como
as possíveis soluções, não são exclusivos de um ou de
outro setor e, muitas vezes, dificuldades vividas ou
provocadas por um têm relação direta com os demais.
O grande desafio em um contexto complexo como o de
Cotriguaçu é fazer com que a ação com os diferentes
setores gerem soluções para o município/coletividade e
não ampliem conflitos existentes ou mesmo as desi-
gualdades sociais.
integração entre os setores
“A contenção do desmatamento tem que ser vista como consequ-
ência das práticas e processos e não como finalidade das ações
ou do Projeto”
“É importante não desassociar as práticas das governanças
(organização social)”
“Os resultados não se resumem a números/dados (pessoas envolvidas,
hectares trabalhados), mas aos processos onde o CSV colocou os pés
no chão, procurou entender a realidade e obteve, assim, resultados na
governança municipal, com os assentados, com os pecuaristas”
“Se o CSV tivesse atuado apenas com o setor florestal, o Projeto
seria um fracasso, mas como envolveu outros setores, houve resul-
tados positivos. Por exemplo, tem pecuarista que também atua no
setor florestal que está animado com os resultados proporcionados
pelo Projeto”
Renato Farias, coordenador do
CSV/ICV
Camila Horiye Rodrigues coorde-nadora assistente
do CSV/ICV
Bruno Simionato Castro, analista de
carbono florestal do ICV
Elison Marcelo Schuster, enge-
nheiro florestal da Schuster Assesso-ria Agronômica e
Florestal
Também é importante que os diferentes setores que
atuam e constroem a realidade de um município, gra-
dativamente, ampliem suas percepções sobre o lugar
onde vivem e passem a compreender a necessidade de
integrar ações e construir uma gestão compartilhada.
Em Cotriguaçu, acreditamos que o diálogo intersetorial
pode produzir debates e gerar conhecimentos impor-
tantes, inclusive fornecendo elementos para a atuação
do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
“O CSV em Cotriguaçu permitiu demonstrar a possibilidade
de integração de diferentes iniciativas que são trabalhadas pelo
ICV em outras regiões (REDD+, Defesa Socioambiental,
Transparência Florestal, Desenvolvimento Rural Comunitário,
Municípios Sustentáveis, Pecuária Integrada de Baixo Carbono,
Manejo Florestal)”
Carolina de Oliveira Jordão,
analista de gestão ambiental do ICV
“Quando começamos a trabalhar junto com os beneficiários, vemos
coisas que não tínhamos noção. Aí, junta a visão geral com a dos
agricultores. Buscar uma visão conjunta é muito complicado”
Vando Telles de Oliveira, coorde-
nador da Iniciativa Pecuária Integrada
do ICV
Equipe do projeto durante curso de especialização
em gestão colaborativa das Universidades Estadual
do Mato Grosso e Flórida
95
A dedicação e o perfil da equipe executora de um Pro-
jeto como o CSV é definidora do sucesso ou do fracasso
de sua execução. Além disso, o interesse dos benefici-
ários e parceiros também define o nível de obtenção
dos resultados. A carência por assessoria em todos os
setores - gestor municipal, assentados, comunidade
indígena, pecuaristas, madeireiros - de Cotriguaçu,
garantiu uma abertura das pessoas às propostas do ICV,
assim como definiu um panorama muito favorável para
a realização das atividades. Mas um diferencial foi o
cuidado e a dedicação com que a equipe do ICV efetuou
o Projeto, estabelecendo uma presença constante junto
ao público.
comprometimento/atuação da equipe do icv
“Identificar as pessoas de confiança é importante, mas mais
importante ainda é manter a proximidade com essas pessoas
e, para isso, é preciso estar no local, fazendo o trabalho junto
com os envolvidos”
Bruno Simionato Castro, analista de
carbono florestal do ICV
“Os processos requerem uma imersão maior. Tem que vivenciar
a vida das comunidades para ter informações verdadeiras e
também ser verdadeiro. A equipe do Projeto mudar de Alta Floresta
para Cotriguaçu foi fundamental para ter uma visão estratégica
dos processos”
Rodrigo Mar-celino, analista socioambiental
do ICV
“A sustentabilidade das ações não é só a ambiental, é trabalhar
com públicos diferentes. Para isso, é preciso ter um comprometimento
profissional, ter equipe integrada e dedicada (inclusive que trabalhe
nos fins de semana). O ICV não conseguiria fazer nada se não tivesse
colocado o coração, ou seja, com o envolvimento e a dedicação
total dos técnicos”
Andrés Pasquis, assessor de comu-
nicação do ICV
“Nunca tinha trabalhado de forma tão aprofundada, criteriosa
e baseado em um projeto. Trabalhei com os produtores de forma
mais cuidadosa e aprofundada e com mais qualidade”.
Vilmar Andretta, técnico em pecu-
ária sustentável do ICV
É muito difícil prever antecipadamente se todas as
ações acontecerão como previsto e se o desenho da
estratégia de um Projeto terá êxito em todas as etapas.
Mas, para evitar surpresas, é importante antever riscos
e ficar atento a eles e, ainda, dosar o tempo e a energia
entre as atividades previstas de forma a garantir que a
falta de uma atividade não comprometa as demais.
No caso do apoio ao Manejo Florestal Sustentável, é
necessário investir nas demandas do setor que estão re-
lacionadas à redução de custos e benefícios econômicos
com as Boas Práticas de Manejo Florestal para garantir
que os empresários florestais sintam-se estimulados a
continuar com as ações iniciadas pelo Projeto CSV. Da
mesma forma, é importante continuar o trabalho de
auxiliá-los a deixarem os Projetos aptos para licencia-
mento na Sema-MT, independentemente do estabele-
cimento de um acordo formal com o órgão estadual que
garanta a celeridade nesses licenciamentos.
previsão de riscos
Com relação ao PA Nova Cotriguaçu, é preciso superar as
dificuldades relacionadas à falta de regularização fundi-
ária e ambiental, valendo para todo o município, como
também acabar com a morosidade dos processos admi-
nistrativos na legalização das associações. São aspectos
que fogem da governabilidade do ICV e dos assentados,
causando dificuldade e até impossibilitando investimen-
tos, acesso ao crédito, à comercialização, entre outros.
“No próximo Prodemflor não podemos depender, exclusivamente, da
Sema-MT, embora não dê para abrir mão da relação com o órgão”
“Devíamos ter firmado o acordo com a Sema-MT antes de ter dado
continuidade nas outras ações do Prodemflor”
Bruno Simionato Castro, analista de
carbono florestal do ICV
Cleide Regina de Arruda, diretora
da ONF Brasil
97
A geração de novos conhecimentos é um fator de ex-
trema importância na execução de um projeto. São os
novos aprendizados que poderão provocar mudanças
permanentes nos territórios beneficiados por projetos
de desenvolvimento socioambiental. Os projetos têm
vida útil limitada, já os moradores desses territórios é
que terão capacidade, ou não, de dar continuidade ao
que foi iniciado. Quanto mais empoderada e capacitada
estiverem as pessoas, maior a probabilidade dessa con-
tinuidade. Os depoimentos dos envolvidos com o Pro-
jeto CSV são indicadores do acúmulo de experiências
adquiridas em alguns setores e que poderão possibilitar
a continuidade das ações iniciadas.
geração de conhecimento
“Foi muito importante os intercâmbios com outras comunidades (Zoró
e Suruí) para ver que é possível gerar renda por eles próprios”
“O pulo do gato está na informação - mercado futuro, quanto eu
gasto, saber sobre o acesso aos créditos”
“Aprendemos com o CAR e com o monitoramento ambiental. Com o
CAR tem que ter uma pessoa dedicada a isso e que abrace a causa e,
ainda, tenha respaldo político na gestão municipal”
“Hoje, só pensamos em capim. Se eu tivesse feito apenas 24hectares de
pasto ao invés de ter aberto quase tudo, estaria melhor porque não dou
conta de manter tudo no limpo, ou seja, não desmataria tanto”
“Aumentou nossa formação. Vi que somos capazes. Estamos
acreditando mais uma na outra e entendendo o lado da outra”
Raimundo Iamonxi, professor na Terra Indígena
Escondido/Rik-baktsa
Gilberto Siebert Filho, pecuarista
Carolina de Oliveira Jordão,
analista de gestão ambiental do ICV
Gerci Laurindo de Oliveira,
Comunidade Nova Esperança, PA
Nova Cotriguaçu
Patrícia Lopes Damaceno,
Comunidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
“Aprendi a pensar mais na frente. Ocupar a mente e não ficar só
cuidando do serviço de casa. Cada reunião, volto com a mente mais
aberta. Passei a valorizar o babaçu, a não deixar queimar ou derrubar
ou deixar caído. Valorizar mais o nosso sítio. Vivia triste no sítio, com
o piquete e a luz, veio a TV e informações como o Globo Rural”
“Para acreditar tem que ver. Depois que eu vi, percebi que o projeto
é fantástico”
“Aprendi a questionar, sugerir ações, tanto em público como em
reuniões (conselhos, apresentações) e, também, a reivindicar direitos e
saber dos deveres”.
Leidemar Maria Eloi Moza, Co-
munidade Ouro Verde, PA Nova
Cotriguaçu
Damião Carlos de Lima, presidente do SPR de Cotri-
guaçu
Denise Schütz Freitas, secretária
executiva do CMMA“
Intercâmbio do povo Rikbatsa com
povos Zoró e Suruí em Rondônia
99
Os resultados obtidos com Projeto CSV indicam
que, independentemente, do município ou região, é
possível replicar a abordagem que o ICV adotou em
Cotriguaçu. Conforme dito anteriormente, o trabalho
se orientou pela observação e respeito aos tempos e
processos, pelas relações de confiança, com a presença
e comprometimento da equipe executora. Isso tudo se
deu no envolvimento com os diferentes setores, bem
como na participação destes nos processos de análise
da realidade, de planejamento e de construção das prá-
ticas/soluções.
replicação
“Acredito que é possível replicar para outras regiões a metodologia
de ter diagnósticos mais claros e aprofundados das pessoas e setores
com os quais vamos nos deparar”
“Os municípios e regiões são diferentes, mas as estratégias podem
ser comuns”.
“É replicável nossa abordagem de trabalho – respeitar os tempos
dos beneficiários e parceiros, agir refletindo constantemente
(ação/reflexão)”.
“Há a necessidade de olhar para o capital humano, ou seja, as
pessoas que se envolveram e incorporaram as práticas e processos,
assim, se o ICV sair, elas continuam”
Carolina de Oliveira Jordão,
analista de gestão ambiental do ICV
Sandra Regina Gomes, educadora
em práticas sus-tentáveis do ICV
Carolina de Oliveira Jordão,
analista de gestão ambiental do ICV
Renato Farias, coordenador do
CSV/ICV
O processo iniciado em 2011, pelo Projeto Cotriguaçu
Sempre Verde no município, trouxe resultados surpre-
endentes para tão pouco tempo de atuação. Em apenas
três anos, algumas famílias adotaram práticas mais
sustentáveis de produção no assentamento PA Nova
Cotriguaçu, surgiram novas perspectivas produtivas
com a otimização na criação do gado para a produção
de leite e com a diversificação da produção agroextrati-
vista, como as culturas anuais, frutíferas (babaçu).
As mulheres estão se organizando em grupos para
viabilizar a produção e comercialização de seus produ-
tos: artesanato, derivados do babaçu, polpas de fruta,
entre outros. A organização as tem fortalecido e am-
pliado a consciência do potencial de transformação de
suas ações na realidade da família e da comunidade.
Essas, por sua vez, estão reativando as associações, na
perspectiva de dar continuidade e ampliar os processos
produtivos e de comercialização iniciados com o Proje-
to CSV. Apesar de ocorrer, ainda, em pequena escala, as
diferentes frentes apontam para mudanças no uso dos
recursos do assentamento que, até então, estava centra-
do na pecuária.
Os pecuaristas vislumbraram possibilidades de trans-
formar a produção extensiva em uma pecuária mais
eficiente, com benefícios econômicos e sem necessida-
de de exercer pressão sobre novas áreas. A adoção de
técnicas de manejo da pastagem, tais como piquetes,
adubação e calagem, mudança de capim, possibilitou o
aumento da lotação – ocupação de animais por área –
reduzindo a pressão sobre as demais pastagens.
Um efeito esperado desse resultado é que a manuten-
ção da fertilidade das pastagens e a maior capacidade
de produção por área diminuam a pressão sobre as
florestas. Os resultados obtidos nas quatro propriedades
assessoradas pelo Projeto CSV despertou o interesse de
outros pecuaristas no município. A ampliação e irradia-
considerações finais
103
ção das boas práticas na pecuária de corte dependerão
da capacidade do setor em superar problemas relacio-
nados à assistência técnica e ao acesso ao crédito.
A Terra Indígena Escondido, da etnia Rikbaktsa, tem
seu Plano de Gestão Territorial que poderá garantir
maior sustentabilidade no uso e conservação de suas
terras. O Plano é um importante instrumento de ges-
tão a ser utilizado tanto no diálogo com as outras duas
Terras Indígenas presentes no território, como com os
outros setores e seus vizinhos. A expectativa dessas fa-
mílias é de que o Plano os auxilie na vigilância da área,
no uso sustentável dos recursos naturais e na instala-
ção de novas famílias, o que poderia garantir um maior
controle e fiscalização do seu território.
O setor florestal teve acesso a boas práticas em Manejo
Florestal, realizando avanços em campo, com a melhoria
do manejo e com adoção de técnicas que colaboram para
uma menor degradação florestal. O setor ainda partici-
pou de oficinas e reuniões as quais permitiram entender
melhor o processo de aprovação dos Planos de Manejo.
Entretanto, como não se firmou o acordo de coopera-
ção entre a Sema-MT e os parceiros do Projeto, não foi
alcançado o objetivo previsto de agilizar as rotinas de
licenciamentos dos Planos de Manejo. Como o manejo
sustentável das florestas é um aspecto importante no
desenvolvimento do município e na manutenção deste
recurso natural, o desafio é continuar envolvendo o
setor florestal com as boas práticas de uso das florestas.
A questão ambiental foi intensificada dentro da prefei-
tura municipal com a definição de instrumentos legais
para a gestão ambiental, a capacitação de funcionários
públicos e o fortalecimento do Conselho Municipal
de Meio Ambiente. Um dos produtos desse trabalho
será a criação, em breve, da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente.
O Projeto CSV instrumentalizou a prefeitura com
a instalação de um laboratório de geotecnologias
e os processos formativos ampliaram o conhecimento
e a capacidade de alguns funcionários públicos munici-
pais para atuar na área ambiental. A opção por investir
em pessoal do quadro permanente da prefeitura teve
como objetivo garantir a continuidade das ações am-
bientais no município, independentemente do perfil
do gestor municipal.
O Projeto ousou ao buscar contribuir para mudanças
estruturais em um município que apresenta uma rea-
lidade complexa e envolve uma enorme diversidade de
atores e de ocupação do seu território, com a presença
de Terras Indígenas, Unidades de Conservação, assenta-
mentos, grandes fazendas e agricultura familiar.
Certamente, essas mudanças não vão acontecer no
curto prazo, pois existem muitos desafios a serem
superados. Porém, se depender do entusiasmo das
pessoas que se envolveram até então, é provável que a
iniciativa promovida pelo ICV deixe um bom alicerce
para a construção de um Cotriguaçu mais sustentável.
Ao obter resultados significativos com setores distintos
do município, o Projeto CSV iniciou uma trajetória que
aponta para a possibilidade do desenvolvimento socio-
econômico com redução do desmatamento e da degra-
dação ambiental.
105
referências bibliográficas
Bernasconi, P.; Mendonça, R. A. M.; Santos, R.;
Scaranello, M. Uso das Geotecnologias para Gestão
Ambiental: Experiências na Amazônia Meridional. Cuiabá:
Instituto Centro de Vida, 2011.
IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística)
Cidades. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.
br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=510337&search=ma
to-grosso|cotriguacu. Acesso em: 15 mar 2014.
ICV (Instituto Centro de Vida). Diagnóstico Ambiental do
Município de Cotriguaçu – MT , 2012. 30p.
ICV (Instituto Centro de Vida). Migração e seus efeitos no
Projeto de Assentamento Nova Cotriguaçu, 2013.
HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências.
Brasília: MMA, 2006. p. 24 (Série Monitoramento &
Avaliação, 2).
NEA-IE/UNICAMP (Núcleo de Economia Agrícola do
Instituto de Economia da Universidade Estadual de
Campinas). Pesquisa dos Mercados de Terras de Cotriguaçu:
subsídios para o cálculo do custo de oportunidade da floresta
preservada. Campinas, 2011. 84 p.
conceito e dinâmica
A sistematização do Projeto Cotriguaçu Sempre Verde
partiu da premissa de que é necessário organizar as in-
formações e impressões das pessoas que se envolveram
para promover uma reflexão sobre o processo vivido e,
assim, poder gerar novos conhecimentos.
A dinâmica construída para essa sistematização orien-
tou-se pela definição de Oscar Jara7, para quem “[...] a
sistematização é aquela interpretação crítica de uma ou
várias experiências que, a partir de seu ordenamento e
reconstrução, descobre ou explicita a lógica do proces-
so vivido, os fatores que intervieram no dito processo,
como se relacionaram entre si e porque o fizeram desse
modo.”
Os sujeitos da sistematização foram, sobretudo, as
pessoas dos diferentes setores e a equipe do ICV que
estiveram envolvidos com o Projeto CSV. O processo
foi orientado para facilitar que os envolvidos rememo-
rassem suas experiências e identificassem resultados,
partilhando as informações e percepções sobre os
aprendizados obtidos.
etapas da sistematização
A sistematização foi realizada entre os meses de feve-
reiro e abril de 2014 e envolveu 60 pessoas. O primeiro
passo para a reconstrução do desenvolvimento do Pro-
jeto foi a identificação do eixo central e os aspectos que
orientaram as análises.
Definidos o eixo e os aspectos orientadores, realizou-se
a coleta e organização de dados e informações, obtidos
tanto nos documentos e registros produzidos pelo ICV,
como através de entrevistas individuais e coletivas com
os diferentes setores e com a equipe do ICV. Foram
109visitadas quatro comunidades no PA Nova Cotriguaçu,
a comunidade Babaçuzal, na Terra Indígena Escondido,
pecuaristas, representante do setor madeireiro, funcio-
nários da prefeitura e organizações parcerias do Projeto.
As entrevistas foram orientadas por roteiros previa-
mente elaborados e construídos a partir das informa-
ções contidas nos documentos.
As informações obtidas foram organizadas em um tex-
to contendo os principais resultados, desafios e apren-
dizados. Esse texto foi a base para a realização de uma
oficina, que contou com a participação das pessoas en-
trevistadas. Esse foi um momento privilegiado de troca
de informação e de conhecimento sobre as diferentes
ações e resultados obtidos com a execução do Projeto.
Promover o desenvolvi-mento, a transparência
e a melhoria das práticas do manejo
sustentável em Cotriguaçu, podendo
servir de piloto para um programa de abrangên-cia regional e estadual
Abordagens e estratégias utilizadas pelo Projeto CSV visando o desenvolvimento social e econômico de Cotriguaçu-MT
Principais ações realizadas pelo Projeto CSV na construção do desenvolvimento social e econômico de Cotriguaçu-MT
Interferências da implementação do Projeto CSV na construção de uma visão territorial, na gestão compartilhada do território e na construção de práticas de uso dos recursos naturais
Eixo Aspectos
A seguir, são apresentadas as principais ações realizadas
pelo Projeto CSV, organizadas em três tópicos.
No Desenvolvimento Organizacional estão registradas
as atividades junto aos grupos e organizações comu-
nitárias no PA Nova Cotriguaçu e, também, as etapas
realizadas junto à TI Escondido na elaboração do Plano
de Gestão.
No Desenvolvimento Institucional estão descritas as
atividades de capacitação de técnicos da prefeitura e
dos conselheiros do CMMA, apoio à regularização am-
biental, e assessorias na formulação da Política Munici-
pal de Meio Ambiente e na gestão do CMMA.
E, no último item, Formação do Capital Social, Capaci-
tação e Assessoria Técnica, estão relatados os eventos,
as capacitações – cursos, intercâmbios – e as atividades
de assessorias que contribuíram para a implantação das
Boas Práticas da Pecuária de Leite e de Corte, do Mane-
jo Florestal Sustentável, da agricultura diversificada e
do extrativismo.
113
desenvolvimento organizacional
Fortalecimento de organizações comunitárias; diag-
nóstico e planejamento do assentamento; e plano de
gestão territorial da TI
pa nova cotriguaçu
ações objetivo público local data/
período
primeiras
reuniões para
organização
dos grupos de
mulheres
Realizar as primeiras oficinas de
trabalho com os grupos de mulheres
nas três comunidades construindo
elementos do diagnóstico participativo
e análise de gênero
Nova Esperança:
9 mulheres, Novo
Horizonte: 6
mulheres, Santa
Clara: 13 mulheres
Comunidades:
Nova Esperança,
Novo Horizonte e
Santa Clara
24 a
26.set.2011
primeiras arti-
culações com
parceiros muni-
cipais, captação
de recursos
através de edi-
tais, da busca
de parcerias e
apoios locais e
da mobilização
comunitária,
capacitações
técnicas
Realizar a articulação com parceiros
locais
Participantes nas
articulações com
as parcerias* e
participantes nas
reuniões sobre
mobilização de re-
cursos através dos
editais abertos**
Assentamento PA
Nova Cotriguaçu,
Nova Esperança,
Novo Horizonte e
Santa Clara.
18 a
29.mar.2012***
e desde
set.2011
(permanente
articulação e
diálogo com
parceiros
locais)
oficinas de
diagnóstico
participativo e
planejamentos
estratégicos
Juntamente com os moradores, en-
tender melhor a logística e problemas
existentes, conhecer as propriedades
através do mapeamento de atividades
existentes nestes locais. Elaborar um
plano de desenvolvimento baseado
no diagnóstico realizado. Capacitar
os grupos e lideranças locais para a
implementação e monitoramento dos
planos.
128 agricultores e
agricultoras
Nova Esperança,
Novo Horizonte,
Santa Clara e
Ouro Verde
Ago a dez.2011
capacitações
técnicas e
intercâmbios
em produção
agroecológica
e boas práticas
de beneficia-
mento
Diversificar os sistemas de produção
familiar, promovendo a transição agro-
ecológica, a melhoria da qualidade dos
produtos e visando a sustentabilidade.
Consolidação de 3 experiências de
beneficiamento artesanal coletivo.
300 agricultores e
agricultoras
Nova Esperança,
Novo Horizonte,
Santa Clara e
Ouro Verde
Fev.2012 até o
fim do projeto
* Representantes da Secretária de Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente e Assuntos Fundiários; Sindicato dos Tra-balhadores e Trabalhadoras Rurais ; Cooperativa de Cotriguaçu ; Secretaria de Ação Social; Secretaria Municipal de Educação e Cultura.** 21 agricultores em Nova Esperança; 13 em Santa Clara e 20 em Novo horizonte.*** Quando foram submetidos os primeiros projetos comunitários
ações objetivo público local data/
período
assessoria em
processos de
desenvolvimen-
to organizacio-
nal dos grupos
de mulheres e
das associações
comunitárias
e formação
de lideranças
rurais
Apoiar o fortalecimento organizacional
dos grupos e das associações. Capacitar
as diretorias e lideranças rurais em
gestão de associação e promoção
de atividades comunitárias como
mutirões e mobilização de recursos.
Facilitar os processos administrativos
junto aos diretores das associações
para legalização e regularização.
3 associações
comunitárias
e 4 grupos de
mulheres
Nova Esperança,
Novo Horizonte,
Santa Clara e
Ouro Verde
Set.2011 a
jun.2014
capacitação e
processos de
articulação
dos grupos de
produtores
para o acesso
ao mercado e
comercializa-
ção coletiva
Informação sobre acesso a mercado e
aumento do número de famílias inse-
ridas em 4 canais de comercialização
(PAA/ PNAE, Cooperativa, comércio
local e venda direta – feiras livres)
Participação em feiras/eventos para
exposição e venda de produtos
45 famílias de
produtores rurais,
incluindo quatro
grupos de mulhe-
res e 3 associações
Nova Esperança,
Novo Horizonte,
Santa Clara e
Ouro Verde
Fev.2012 a
jun.2014
inserção em
espaços de con-
trole social
e elaboração
de políticas
públicas
Formação e participação de lideranças
na Câmara Técnica de Desmatamen-
to e Queimada, no Foro Regional de
Desenvolvimento Rural Sustentável,
no Conselho Municipal de Alimenta-
ção Escolar. Reuniões junto a órgãos
públicos municipais e Consórcio
Intermunicipal.
Lideranças rurais
de quatro comu-
nidades do PA
Nova Cotriguaçu,
PA Juruena e ou-
tras organização
de bases do mu-
nicípio (Aprofeco,
Coopercotri)
Nova Esperança,
Novo Horizonte,
Santa Clara e
Ouro Verde
Ago.2012 a
jun.2014
avaliações
semestrais do
projeto – bpa
leite
Reunião, a cada seis meses, com os
agricultores para avaliar o andamento
do BPA Leite e planejar os próximos
passos
Roda entre comu-
nidades na casa
de um produtor
envolvido no
projeto
Manoel Brás, em
Novo Horizonte,
Barrerito, em
Ouro Verde, Maria
Margarida, em
Santa Clara e João
Quirino, em Novo
Horizonte
A cada 6
meses
terra indígena escondido
ações objetivo público local data/
período
oficina de no-
ções básicas de
etnocartogra-
fia e gps
Capacitar a comunidade para o uso das
ferramentas cartográficas
Comunidade da
Aldeia Babaçuzal
TI Escondido Set.2012
oficina de et-
nomapeamento
Construir, coletivamente, o mapa
cognitivo/mental da TI Escondido
e buscar georeferenciá-lo em bases
cartográficas
TI Escondido Out a
nov.2012
expedição
escondido - rio
juruena
Mapear locais de ocupação antiga e
relevância cultural
Lideranças das al-
deias Babaçuzal e
anciões das outras
áreas ( Japuíra e
Erikbaktsa)
Limite leste da TI
Escondido no Rio
Juruena
17 a 25.jan.2013
participação na
noite cultural
de cotriguaçu
Apresentar dança e música tradi-
cionais, expor artesanato e comidas
tradicionais.
Sociedade de
Cotriguaçu
Centro de Tradi-
ções Gaúchas de
Cotriguaçu
25.mai.2013
115
ações objetivo público local data/
período
resgate
cultural
Resgatar a autoestima e o trabalho
conjunto através da construção da casa
tradicional (maloca central)
Comunidade da
Aldeia Babaçuzal
TI Escondido Abr. a jun.2013
oficina de
avaliação
ecológica
Avaliar os recursos conhecidos e utili-
zados pelos Rikbaktsa da TI Escondido
e sua forma de manejo
Comunidade da
Aldeia Babaçuzal,
técnicos do ICV e
consultor externo
TI Escondido 2 a 5. set.2013
oficina de
calendário
ecológico
Situar, no tempo, os recursos mais
usados pela comunidade
Comunidade da
Aldeia Babaçuzal
TI Escondido 2.out.2013
oficina de
etnozonea-
mento
Realizar o etnozoneamento da TI com
base nas informações levantadas nas
oficinas anteriores
Comunidade da
Aldeia Babaçuzal
TI Escondido 9 e 10.fev.2014
desenvolvimento institucional
Fortalecimento da Prefeitura de Cotriguaçu, CMMA,
regularização e monitoramento ambiental
ações objetivo público local data/
período
criação da
lei do fundo
municipal de
defesa do meio
ambiente
Criar mecanismo para captação de
recurso para execução da agenda
ambiental
SDEAMAAF* SDEAMAAF 2011
retomada das
reuniões do
cmma** e acom-
panhamento
mensal
Fortalecer a participação social e o con-
trole social dentro da gestão ambiental
municipal
SDEAMAAF e
Conselheiros do
CMMA
SDEAMAAF 2011
duas capaci-
tações dos
conselheiros
do cmma sobre
o território de
cotriguaçu e
a importância
da participação
social
1) Desenvolver, nos conselheiros, uma
visão territorial de Cotriguaçu, para
que estes não atuem pensando somen-
te no “setor” que está representando. 2)
Fortalecer uma atuação efetiva e inte-
grada do CMMA nas discussões sobre
as políticas ambientais e nas tomadas
de decisões relacionadas à questão
ambiental de Cotriguaçu
Conselheiros do
CMMA
Câmara de Vere-
adores e Centro
de Convivência
(Secretaria de As-
sistência Social)
2012
apoio no
planejamento
estratégico do
cmma
Planejar a estruturação do CMMA em
relação: 1) à participação ampliada; 2)
ao funcionamento focado; e 3) à admi-
nistração de recursos
SDEAMAAF e
Conselheiros do
CMMA
SDEAMAAF 2012
acompanhamen-
to e facilitação
das reuniões do
cmma
1) Facilitar as reuniões do CMMA no
início; 2) Capacitar funcionários da
SDEAMAAF para a execução do cargo
de secretário(a) executivo(a) e facili-
tação das reuniões; 3) Acompanhar e
assessorar tecnicamente o andamento
das pautas do CMMA
SDEAMAAF,
CMMA e 2
funcionários da
SDEAMAAF
SDEAMAAF 2011 a 2014
* Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Agricultura, Meio Ambiente e Assuntos Fundiários** Conselho Municipal De Meio Ambiente
ações objetivo público local data/
período
apoio no de-
senvolvimento
do projeto
“semeando
novos rumos
em cotriguaçu”
submetido ao
fundo amazô-
nia/bndes
Prefeitura municipal captar recursos
próprios para a gestão ambiental
Comissão de
escrita do projeto:
SDEAMAAF,
Sindicato dos Tra-
balhadores Rurais
e Coopercotri.
SDEAMAAF 2011 a 2013
assessoria
na discussão
no cmma de
proposta de
projeto de lei
da política mu-
nicipal de meio
ambiente
CMMA apresentar à Câmara de Vere-
adores um projeto de lei discutido de
forma participativa
SDEAMAAF e
Conselheiros do
CMMA
SDEAMAAF 2011 a 2014
assessoria para
a criação da
campanha de
comunicação
“queimar não é
legal”
Atender demanda do CMMA para
divulgar e discutir os prejuízos das
queimadas para o município
SDEAMAAF e
Conselheiros do
CMMA
SDEAMAAF 2013
capacitação de
3 técnicos em
geotecnologias
voltadas ao
monitoramen-
to ambiental
Proporcionar conhecimento técnico
para monitorar e registrar a ocorrência
de queimadas, desmatamentos e degra-
dação florestal no município
1 técnico da
SDEAMAAF e 2
jovens
SDEAMAAF 2011 a 2012
capacitação de
9 técnicos em
geotecnologias
para o cadas-
tro ambiental
rural (car)
Nivelar o conhecimento dos técni-
cos da SDEAMAAF a respeito das
ferramentas e procedimentos para a
realização do CAR
8 Técnicos da
SDEAMAAF e 1
técnico contrata-
do pelo ICV
SDEAMAAF 2013
apoio ao
programa de
regularização
ambiental
Subsídio técnico e metodológico na exe-
cução do CAR (propriedades no entorno
da área urbana e no PA Nova Cotrigua-
çu), execução de cerca de 400 CAR
SDEAMAAF SDEAMAAF 2012 a 2013
formação do capital social, capacitação e assessoria técnica
ações objetivo local público data/
período
palestra do
coordenador
nacional do
bpa embrapa
gado de corte
Apresentação do Programa de Boas
Práticas Agropecuárias para o gado de
corte
Clube Arca 43 pecuaristas Set.2011
palestra do
coordenador
estadual do
bpa embrapa
agrossilvipas-
toril
Boas práticas de controle sanitário de
bovinos
Câmara Municipal 22 pecuaristas 7.dez.2011
programa de boas práticas agropecuárias – bpa corte
117
ações objetivo local público data/
período
palestra de
técnico da em-
brapa agrossil-
vipastoril
Boas práticas de manejo de pastagens Câmara Municipal 22 pecuaristas 7. dez.2011
oficina com
técnicos da une-
mat e fundação
agro-ambiental
da amazônia
(funam)
Controle biológico de cigarrinha das
pastagens com uso do fungo Metarhi-
zium anisopliae
Câmara Municipal
e Fazenda Sofia
44 pecuaristas 10 e 11.nov.2012
oficina com
técnico do icv
Boas práticas de sanidade e manejo de
curral
Câmara Municipal
e Fazenda Rancho
Imperial
35 pecuaristas 13 e 14.nov.2012
intercâmbio no
estado de minas
gerais
Intercâmbio de produtores e técni-
cos com fazendas e instituições de
pesquisa
Fazendas e
Instituições de
pesquisa
4 pecuaristas 28.jan a
2.fev.2013
capacitação do
serviço nacio-
nal de apren-
dizagem rural
(senar)-mt
sobre seguran-
ça do trabalho
na agricultura
(norma regu-
lamentadora
- nr31
Segurança do trabalho Ação Social 11 pecuaristas 1 a 3. ago.2013
1º dia de campo
boas práticas
agropecuárias
Entrega do certificado categoria bronze
para Fazenda Águas Claras
Fazenda Águas
Claras
78 pecuaristas 13.nov.2013
seminário pecu-
ária sustentá-
vel na prática
– grupo de tra-
balho da pecuá-
ria sustentável
(gtps)
Apresentação do Projeto pecuária in-
tegrada de baixo carbono no seminário
do Grupo de Trabalho da Pecuária
Sustentável
Diamond Tower
– São Paulo
Morumbi
5 pecuaristas 28.nov.2013
intercâmbio
novilho pre-
coce
Intercâmbio de produtores e técnicos
com a associação de produtores de
novilho precoce do Mato Grosso do Sul
Famasul e Asso-
ciação de produ-
tores de Novilho
Precoce – Campo
Grande
5 pecuaristas 29 e
30.nov.2013
ações objetivo local público data/
período
reunião com
o público que
trabalha com
atividade do
leite no pa
cotriguaçu
Falar do Projeto BPA, do apoio técnico,
mas sem citar ainda a doação de equi-
pamentos.
Fazer visita nas propriedades
Comunidade
Santa Clara
120 pessoas, das 3
comunidades
10.set.2011
visitas nas pro-
priedades para
conhecer tipo
de solo e ani-
mais leiteiros
Preenchimento de um questionário,
com dados do proprietário, proprieda-
des e animais existentes
Santa Clara, Novo
Horizonte e Ouro
Verde
102 propriedades 11 a 23..set.2011
coleta de amos-
tra do solo
Saber tipo de solo para fazer correção
na terra
Santa Clara, Novo
Horizonte e Ouro
Verde
20 propriedades Out.2011
boas práticas agropecuárias – bpa leite
* Global Positioning System
ações objetivo local público data/
período
oficina de boas
práticas agro-
pecuárias
Divulgar os passos e as atividades
realizadas nas propriedades durante
os 3 anos; Identificar quem gostaria
de permanecer no projeto; Dar ciência
sobre o recurso existente para apoiar as
iniciativas
Santa Clara 40 pessoas Out.2011
registrar os
pontos gps* nas
áreas marcadas
para implan-
tação dos
piquetes
Fazer o desenho para croquis e marcar
estacas para os piquetes rotacionados
Santa Clara, Ouro
Verde e Novo
Horizonte
17 propriedades Out.2011
oficina de
instalação do
sistema - cerca
elétrica com
placas solares
Capacitar os agricultores e definir uma
pessoa responsável por acompanhar
a implantação do sistema que foi
implantado na casa de um agricultor
em regime de mutirão
Novo Horizonte
(casa do Manoel
Brás)
20 pessoas 7.dez.2011
oficina sobre
boas práticas
para evitar a
mastite nas va-
cas leiteiras
Oficina realizada pela Embrapa de
Sinop, com o objetivo de tratar da
higienização do leite
Ouro Verde 40 pessoas 6.dez.2011
acompanhamen-
to técnico
Acompanhar a entrega dos materiais
para os piquetes, marcação de áreas
para croquis, implantação dos sistemas
Nas 3 comuni-
dades
10 propriedades Dez.2011 e jan,
fev e abr.2012
reuniões
mensais
Avaliar o sistema; trocar experiências
sobre os diversos manejos; deba-
ter sobre a indicação dos próximos
agricultores a aderirem ao BPA Leite; e
discutir a respeito das dificuldades no
escoamento do leite
Todo mês em
uma comuni-
dade diferente,
para estimular
o conhecimento
sobre os sistemas
implantados
15 propriedades De mar.2011 a
jul.2014
mutirão para
cortar mudas
de cana
Estimular o trabalho entre as comu-
nidades; Fornecer complementação
alimentar da cana no período da seca
Doação da Secre-
taria da Agricul-
tura
Propriedade de
Cotriguaçu
Nov.2012
oficina teórica
sobre suple-
mento alimen-
tar com a cana-
-de-açúcar
Capacitar os agricultores para quanti-
dade necessária de cana por animal e
destacar a importância da Ureia junto
à cana
Barracão da as-
sociação de Ouro
verde
55 participantes Set.2012
oficina sobre o
fungo biológi-
co da cigarri-
nha para o bom
controle da
pastagem
Capacitar os agricultores para identifi-
cação do inseto e infestação, aplicação
do fungo no pasto, e, ainda como fazer
o monitoramento na pastagem
Casa do Moises,
em Novo Hori-
zonte
60 participantes 10.nov.2012
práticas de
aplicação
do fungo da
cigarrinha na
pastagem (apli-
cação em dois
momentos)
Experimentar os efeitos da aplicação
nas áreas infestadas e fazer o monito-
ramento dos resultados na pastagem
Nas comunidades
de Ouro Verde,
Novo Horizonte e
Santa Clara
45 participantes
aplicando o fungo
= 450 kg, 10 kg
por família, em 10
hectares de pasto
Fev. e nov.2013
oficina prática
cana e ureia
Capacitação prática sobre a utilização
da cana plantada nas propriedades para
a alimentação das vacas
Santa Clara (casa
D. Maria Marga-
rida)
25 pessoas 5 e 6 de
jun.2013
oficina sobre
a sanidade das
vacas leiteiras
Capacitação para a vacinação - técnicas
para evitar problemas e importância da
vacinação
Ouro Verde (casa
do Adilson de
Jesus)
20 pessoas 20.nov.2013
119
ações objetivo local público data/
período
intercâmbio
sobre manejo
agroecológico
em pastagem
Capacitação em técnicas práticas e de
baixo custo na implantação das cercas
elétricas
Juína-MT 4 agricultores – 1
de Santa Clara, 2
de Ouro Verde e
1 de Novo Hori-
zonte
Setembro de
2013
visitas técnicas Monitorar o fluxo do gado no pasto
(descanso e revitalização), quantidade
de leite mensal e acompanhar o preço
do leite entregue ao lacticínio
Nas 3 comuni-
dades
15 propriedades A cada 15 dias
ações objetivo local público data/
período
capacitação
em técnicas es-
peciais pré-ex-
ploratórias*,
oferecido pelo
ift**
Oferecer capacitações técnicas aos
funcionários das empresas florestais
que aderiram, voluntariamente, ao
programa de boas práticas
Fazenda São
Nicolau (ONF-I/
ONF-Brasil) –
Cotriguaçu/MT
Funcionários das
empresas flores-
tais que aderiram
ao programa de
boas práticas
18 a 21.out.2011
24 a 28.out.2011
oficinas técni-
cas de capacita-
ção da equipe do
programa nas
coordenadorias
da sema-mt***
Entender o processo e os principais
gargalos nas análises de aprovação
dos Planos de Manejo Sustentável e
licenciamento da exploração em Mato
Grosso
Sede da Secretaria
de Meio Ambien-
te de Mato Grosso
(Sema-MT)
Equipe Prode-
mflor (ICV e ONF-
-Brasil)
Mar a abr.2012
oficina técnica
em avaliação de
boas práticas
de manejo
florestal com
engenheiro
florestal
paulo bitten-
court (ift)
Construção do Roteiro de Avaliação
Técnica Independente em PMFS para
o programa
Fazenda São
Nicolau (ONF-I/
ONF-Brasil) -Co-
triguaçu/MT
Equipe Prode-
mflor (ICV e ONF-
-Brasil)
Jun.2012
reuniões com
empresários
florestais, com
apresentação
de proposta de
boas práticas
de manejo flo-
restal
Ter adesão para os empresários ao
programa de boas práticas
Cotriguaçu – visi-
ta às madeireiras
de 9 empresários
florestais
Empresários flo-
restais e parceiros
da iniciativa (ONF
e IFT)
Jun.2012
reunião com
setor florestal
do município
e empresários
que aderiram
ao programa de
boas práticas
Nivelamento do andamento das ativi-
dades e eleição de representantes do
setor no Conselho Municipal de Meio
Ambiente
Escritório da Ma-
deireira Richter
Ltda. – Cotrigua-
çu/MT
Empresários
Florestais de
Cotriguaçu/MT
Jun.2012
reunião com
setor florestal
e empresários
que aderiram
ao programa de
boas práticas
Assinatura do termo de adesão ao
Prodemflor
Escritório da Ma-
deireira Richter
Ltda – Cotrigua-
çu/MT
Empresários
Florestais de
Cotriguaçu/MT
Jul.2012
programa de apoio ao manejo florestal sustentável
* Delimitação de talhões, abertura de picadas e inventário 100% em manejo florestal** Instituto Floresta Tropical*** Coordenadoria de Controle Processual (CCP), Coordenadoria de Vistoria e Monitoramento (CVM), Coordenadoria de Geoprocessa-mento (Cogeo) e Coordenadoria de Recursos Florestais (CRF)
ações objetivo local público data/
período
capacitação
técnica ofere-
cida pelo ift
em toi*, tcs** e
toa***
Oferecer capacitações técnicas aos
funcionários das empresas florestais
que aderiram, voluntariamente, ao
programa de boas práticas.
Fazenda Adelina
– Madeireira E. J.
Wagner, distrito
de Nova União/
MT
Funcionários das
empresas flores-
tais que aderiram
ao programa de
boas práticas
22 a
30.out.2012
capacitação em
avaliação de
campo indepen-
dente em pmfs,
oferecida pelo
ift
Capacitar a equipe Prodemflor em
avaliação da qualidade da exploração
florestal em campo
Cotriguaçu/MT e
distrito de Nova
União/MT
Equipe Prode-
mflor (ICV e ONF-
-Brasil)
Out.2012
oficina do
programa
florestabili-
dade: educação
para o manejo
florestal, em
parceria com a
fundação ro-
berto marinho
Capacitar e oferecer material pedagó-
gico aos professores da rede pública de
ensino de Cotriguaçu em tópicos de
educação voltadas ao manejo florestal
(madeireiro e não madeireiro)
Fazenda São
Nicolau (ONF-I/
ONF-Brasil)-Co-
triguaçu/MT
60 Professores e
alunos da rede pú-
blica de ensino de
Cotriguaçu/MT
Set.2013
capacitação
técnica para
uso da ferra-
menta modelo
digital de
exploração
florestal
(modeflora) em
parceria com a
embrapa agros-
silvipastoril
Capacitar profissionais da área florestal
no uso e aplicação de uma nova
ferramenta de elaboração, execução e
monitoramento da exploração florestal
Sede da Embrapa
Agrossilvipastoril-
Sinop/MT
Equipe Prodem-
flor, analistas
ambientais da
Sema-MT e
Ibama, professo-
res universitários
(UFMT e Unemat)
e 22 profissionais
autônomos que
atuam na elabora-
ção de PMFS
Out.2013
ações objetivo local público data/
período
primeiras
reuniões para
organização
dos grupos de
mulheres
Realização de um intercâmbio dos
grupos com o grupo de mulheres vir-
tuosas no PA Juruena; Fazer contatos
com lideranças, levantar informação
sobre os mecanismos de comercializa-
ção junto da Coopercotri e Associação
de Produtores Rurais de Nova União
(APRNU), e conhecer a situação atual
de acesso aos mercados institucionais
(PAA e PNAE). Identificar oportunida-
des de parceria ou de acesso ao merca-
do para as comunidades beneficiadas
pelo projeto
Comunidades:
Nova Esperança,
Novo Horizonte e
Santa Clara
Nova Esperança:
9 mulheres, Novo
Horizonte: 6
mulheres, Santa
Clara: 13 mulheres
24 a
26.set.2011
agricultura e extrativismo
* Técnicas de planejamento e construção de pátios, estradas e infraestruturas em manejo florestal** Técnicas especiais de corte e segurança em manejo florestal*** Técnicas de planejamento e operações de arraste em manejo florestal
121
ações objetivo local público data/
período
seminário
sobre comercia-
lização e par-
ticipação dos
agricultores
no 1º encontro
da agricultura
familiar em
nova união
Realizar a articulação com parceiros lo-
cais e trazer informação sobre cadeias
produtivas e comercialização para os
produtores do assentamento
Assentamento PA
Nova Cotriguaçu,
Comunidades:
Nova Esperança,
Novo Horizonte e
Santa Clara
Secretaria Muni-
cipal de Educação
e Cultura, Secreta-
ria de Estado de
Fazenda , Cooper-
cotri, Associação
dos Produtores
Rurais de Nova
União, Secretaria
Municipal de
Desenvolvimen-
to Econômico,
Agricultura, Meio
Ambiente e As-
suntos Fundiários;
Participação na
Feira da Agricul-
tura Familiar: 42
agricultores (as)
18 a 29.mar.2012
capacitação
sobre criação
de galinhas
caipiras
Gerar conhecimento sobre a criação e
manejo de galinhas caipiras
Assentamento PA
Nova Cotriguaçu,
Comunidades:
Nova Esperança e
Novo Horizonte
Novo Horizonte:
23 pessoas Nova
Esperança: 24
pessoas
18 a 29.mar.2012
4 oficinas de
horticultura
orgânica
Nivelar conhecimentos teóricos e
práticos sobre horticultura orgânica;
Implantação de 4 hortas familiares que
podem servir de unidade demonstra-
tiva; Incentivar o desenvolvimento
de hortas agroecológicas familiares
na comunidade e levantar as deman-
das em relação ao planejamento e de
acompanhamento de cada família
1 oficina na
comunidade Nova
Esperança (2012),
3 oficinas (Nova
Esperança, Novo
Horizonte, Santa
Clara) em 2013
Total de 55 agri-
cultores (as) nas
quatro oficinas
26.jun.2012
(1ª oficina, NE)
28.jun.2013
(2ª oficina, NE)
29.jun.2013
(3ª oficina, SC)
9.jul.2013
(4ª oficina, NH)
intercâmbio em
alta floresta e
carlinda
Permitir a troca de experiências entre
agricultores de diferentes regiões; Fo-
mentar o uso de técnicas de agricultura
sustentável, alternativas à derrubada e
queimada de vegetação; Fomentar a or-
ganização social dos agricultores; Apre-
sentar aos agricultores do PA Nova
Cotriguaçu exemplos bem sucedidos
de práticas orgânicas e agroecológicas
para produção e restauro florestal
3 propriedades
rurais em Alta
Floresta e 4 pro-
priedades rurais
em Carlinda
12 agricultores
(as) e 3 técnicos
do ICV
6 e 7.jul.2012
2 encontros
de saberes e
sabores
Socializar os resultados das comunida-
des; Apresentar os planos estratégicos
dos grupos e seus desafios; Divulgar
resultados do BPA leite; Divulgar
trabalhos realizados com os agricul-
tores de diferentes comunidades;
Integrar as diferentes comunidades do
assentamento entre si e com o restante
do município; Apresentar o Instituto
Centro de Vida e o Projeto Cotriguaçu
Sempre Verde
O 1º na Nova
Esperança e o 2º
na Santa Clara
1º encontro: 350
pessoas; 2º encon-
tro: mais de 400
pessoas;
22.jul.2012
(1º encontro)
17.ago.2013
(2º encontro)
ações objetivo local público data/
período
participação em
feiras e exposi-
ções
Divulgar os trabalhos e produtos dos
grupos e promover a comercialização
desses produtos;
Representantes
das 4 comuni-
dades
Expocotri 2012: 6
mulheres*; Feira
da Agricultura
Familiar e Torneio
Leiteiro Regional
(Feinoroeste) em
2012: 2 agriculto-
ras e 1 agricultor;
em 2013: 5 agricul-
toras
31.jul a
2.ago.2012
(Expocotri -
Cotriguaçu)
16 a 28.set.2012
(Feinoroeste -
Castanheira)
31.out a
2.nov.2013
(Aripuanã)
intercâmbio
juruena e juína
Conhecer experiências de produção
agroecológica, organização comunitá-
ria, associativismo e cooperativismo,
unidades de beneficiamento da produ-
ção e experiências de comercialização
solidária nos municípios de Juruena e
Juína
PA Vale do Ama-
nhecer e 13 de
Maio, em Juruena,
comunidade de
São Justino e
núcleo de Terra
Rocha, em Juína
29 agricultores
(as) e 2 técnicos
do ICV
19 a 21.out.2012
curso de
formação de
lideranças
Mobilizar lideranças para o prota-
gonismo no processo de desenvolvi-
mento local; Capacitar para a gestão
coletiva comunitária; Construir visões
críticas sobre a realidade da agricultura
familiar, o território e suas dinâmicas;
Sensibilizar sobre o papel da liderança,
por meio de reflexões sobre relações
interpessoais, desafios dos trabalhos
coletivos, organização social, comuni-
cação, participação, resolução de con-
flitos, apoios e parcerias, representati-
vidade, gestão de pequenos projetos,
entre outros
Comunidade
Novo Horizonte
(1º módulo) e
Santa Clara (2º
módulo)
27 agricultores
(as)
26 e 27.out.2012
(1º módulo)
23 e 24.nov.2012
(2º módulo)
intercâmbio em
alta floresta
e participação
do encontro
da agricultura
familiar
Permitir a troca de experiências entre
agricultores de diferentes regiões; Via-
bilizar a participação dos agricultores
e agricultoras do PA Nova Cotriguaçu
no Encontro Regional da Agricultura
Familiar de Alta Floresta; Fomentar
a organização social dos agricultores;
Trazer os agricultores para um coletivo
maior de discussão sobre políticas
para a agricultura familiar; Visitar uma
experiência bem sucedida de produção
e comercialização direta
Teatro, Retiro Boa
Nova, Sítio do
Adir
9 agricultores (as),
2 professoras e 1
técnica do ICV
6 e 7.abr.2013
reunião com a
coopercotri
Iniciar diálogo para comercialização da
castanha
TI Escondido Comunidade da
Aldeia Babaçuzal
e Tesoureiro da
cooperativa
25.jun.2013
cursos de ca-
pacitação pelo
senar
Capacitar agricultores (as) de acordo
com as demandas dos grupos e/ou das
comunidades
Nova Esperança:
6; Novo Horizon-
te: 6; Santa Clara:
5; Ouro Verde: 2
de 12 a 15 partici-
pantes**
2013
curso de
formação em
agroecologia
Repassar fundamentos da agroecolo-
gia; Incentivar a adoção de práticas
agroecológicas e criar um grupo de
agricultores experimentadores; Dar
acompanhamento técnico aos alunos
entre os módulos
4 comunidades
do PA (SC, OV,
NE, NH). A turma
é formada por 13
pessoas
1º módulo: 28 e 29
de setembro de
2013; 2º módulo: 12
e 13 de novem-
bro de 2013; 3º
módulo: 22 e 23 de
fevereiro de 2014
* 2 de cada grupo, pois ainda não tinha o trabalho com as mulheres da Ouro Verde** A quantidade de pessoas que podem participar dos cursos é definida pelo Senar
realização
apoio
parceiros
F383
Ferreira Neto, Paulo Sérgio.Municípios sustentáveis: construindo
caminhos para uma gestão compartilhada do território. / Paulo Sérgio Ferreira Neto; Camila Horiye Rodrigues e Renato Farias. — Cotriguaçu-MT: ICV, 2015.
ISBN: 978-85-62361-11-1
1.Municípios Sustentáveis. 2.Gestão Compartilhada. I.Rodrigues, Camila Horiye. II.Farias, Renato. III.Título.
CDU 504: 63
Este livro foi composto
na fonte Alda, criada por
Berton Hasebe em 2008.
Design: Explico (Marcelo
Pliger e Marcela Souza).
Creative Commons:
atribuição não-comercial
compartilha igual.
Fevereiro de 2015