o barão - especial eleições

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BARAO Especial Eleições Jornal dos alunos de Relações Internacionais da PUC-SP São Paulo, 26 de agosto de 2012. Por Maria Shirts e Thais Adabo Conheça mais sobre os candidatos à reitoria, Anna Cintra (pág. 3), Dirceu de Mello (pág. 5) e Francisco Serralvo (pág. 10). E mais um infográfico sobre as eleições da PUC-SP (pág. 16).

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Edição especial do Jornal O Barão sobre as eleições para reitor da PUC-SP.

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Page 1: O Barão - Especial Eleições

BARAO Especial Eleições

Jornal dos alunos de Relações Internacionais da PUC-SP

São Paulo, 26 de agosto de 2012.

Por Maria Shirts e Thais Adabo

Conheça mais sobre os candidatos à

reitoria, Anna Cintra (pág. 3), Dirceu de

Mello (pág. 5) e Francisco Serralvo (pág. 10). E mais um infográfico sobre as eleições da PUC-SP (pág. 16).

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Democracia

A palavra é formada a partir dos vocábulos gregos “demos” (povo) e “kratós”

(poder, governo). O conceito começou a ser usado no século V a.C., em Atenas.

As classificações realizadas ainda nesse período continuam hoje na sua

essência. A democracia é a forma de governo “da multidão” (Platão) ou “dos mais”

(Aristóteles). Weber contribuiu com a concepção de democracia como método para

eleger líderes, ao passo que Rousseau discorreu sobre a origem da desigualdade

entre os homens.

Ao longo de séculos o conceito de democracia tem agregado valores que o

tornam hoje carregado de significado. Mas qual será o significado de democracia

para uma comunidade tão única quanto a da PUC-SP, uma comunidade com uma

louvável história de lutas democráticas? Foi pensando nisso que organizamos uma

edição especial com o perfil seguido de uma entrevista com cada um dos candidatos

à reitoria de nossa Universidade.

No começo dos anos 80, a PUC-SP tornou-se a primeira Universidade

brasileira a eleger o reitor e outros cargos administrativos via voto direto dos

professores, funcionários e alunos. E agora é a nossa vez de participar dessa

história.

As eleições no Campus Perdizes ocorrem de 27 a 30 de agosto, das 9 às 21h no saguão da Biblioteca Profa. Nadir Gouvêa Kfouri e no dia 31 de agosto das 9 às 12h no

mesmo lugar.

Leia na íntegra os planos de gestão dos candidatos e se

informe antes de votar!

http://www.pucsp.br/eleicao

Assista na íntegra o Roda Viva, debate entre os candidatos,

organizado por estudantes com a Agência Online de Jornalismo

Maurício Tragtenberg:

http://agemt.org

Page 3: O Barão - Especial Eleições

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Quem é... Anna Cintra?

Formação

Anna Maria Marques Cintra está concorrendo

com Dirceu de Mello e Francisco Serralvo ao cargo da

Reitoria para os próximos quatro anos. Anna Cintra

entrou na PUC como aluna em 1962, no curso de Letras.

Em 1967 se especializou, também pela PUC-SP, em

Didática do Português. Já o Doutorado a candidata realizou na USP, onde estudou

a "Análise morfo-sintática do pronome em português", na área de Linguística.

Atualmente leciona na pós-graduação da Faculdade de Comunicação e Filosofia

(FAFICLA) e é professora doutora da USP.

PUC

Anna Cintra cumpre funções na PUC-SP desde 1966. Participou da direção

da FAFICLA e do Centro de Ciências Humanas e Educação. Realizou projetos de

pesquisa voltados para a redação e leitura da Universidade, e ao ensino de

português nas escolas de São Paulo.

Outras instituições

Além da PUC e da USP, Anna Cintra teve experiência como professora na

Faculdade de São Bernardo e em escolas particulares da cidade, onde ministrou

aulas de Latim. A professora também tem uma série de projetos de pesquisa

voltados para programas de educação continuada, português instrumental,

linguagem verbal e lingüística aplicada à documentação.

"A PUC vale a pena"

A candidata não respondeu às perguntas elaboradas pelo "O Barão" e, por

isso, exporemos alguns pontos de sua proposta para a reitoria. Com o vice José

Eduardo Martinez, diretor da faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de

Sorocaba, Anna tem proposto metas de internacionalização e crescimento para a

PUC. Para tanto, a candidata afirma que é necessário revisar os projetos de

Page 4: O Barão - Especial Eleições

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graduação e educar o novo público da Universidade, que tem necessidades

diferentes uma vez que estão "interconectados" em rede. Além disso, diz que

investirá no maior incentivo à pesquisa na Universidade e na sua infraestrutura. A

candidata também propõe a revisão dos cursos de especialização e diz que irá

priorizar a qualificação e renovação dos professores.

Para saber mais da sua carreira acesse:

https://uspdigital.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=37A0B68FF963

Entrevista com a candidata

Como vocês pretendem lidar com o Movimento Estudantil ao

longo de uma gestão? Quais canais de diálogo vocês propõem?

A Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias, em nossa gestão,

construirá com os estudantes ramos de uma nova política comunitária e cultural

especificamente voltada para eles, a partir dos interesses e anseios desse segmento

da comunidade universitária, pactuando, entre outras coisas, o uso dos espaços; a

promoção e realização de eventos científicos, culturais e de lazer. Além disso, a

reitoria chamará também os estudantes (além de professores e funcionários) à

participação na renovação de nossas políticas acadêmicas e de bolsas de estudo.

Quanto aos canais de diálogo, consideramos formalista e muito pouco sistemática a

estratégia de audiências públicas eventuais. Vamos criar fóruns abertos, frequentes

e sistemáticos, de conversa com os estudantes, para pensarmos junto a

universidade, construindo soluções realistas para os problemas e alimentando

iniciativas inventivas e produtivas dos estudantes.

No curso de RI vários professores abandonaram o curso porque

não viram, neste, uma perspectiva de carreira. Como vocês acham que

é possível reverter esse quadro?

Page 5: O Barão - Especial Eleições

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O CONSUN aprovou em novembro de 2011 uma nova proposta de carreira

docente para a PUC-SP, que encerra a maximização e contempla ensino e pesquisa

no contrato dos professores. Ela precisará ser negociada com a Fundação São

Paulo, inclusive para estruturar a inclusão de todos os professores na carreira

docente. Essa decisão do CONSUN é colegiada e foi tomada com apoio da

representação dos professores, funcionários e estudantes, por isso é preciso

prestigiá-la.

Quais são os seus planos para reduzir essa capacidade de

ingerência da FUNDASP, âmbito acadêmico, aumentando a autonomia

da Universidade?

A universidade e a Fundação têm objetivos comuns: aprimorar a PUC-SP e

equacionar seus problemas. Acreditamos que, se a universidade tiver propostas

consistentes, claras, realistas e representativas da comunidade universitária,

qualificará a interlocução com a Fundação, tornando mais fácil delimitar funções e

competências na relação entre a universidade e sua mantenedora.

Como vocês pretendem equiparar a autonomia universitária à

atuação da Igreja dentro da Universidade?

A autonomia universitária é garantida pela constituição brasileira, e a

educação universitária é uma concessão do estado, devendo ser pluralista e

democrática. Naturalmente, as instituições, todas elas, têm vocações, inspirações e

limites éticos e legais, que precisam ser considerados. A PUC é uma universidade

católica, por isso possui diretrizes éticas e normas que lhe são próprias, o que não

fere o princípio da autonomia, mesmo que, em certos momentos, possam existir

polêmicas em relação a certas questões, o que é perfeitamente compreensível e faz

parte da dinâmica das sociedades e das instituições democráticas.

Page 6: O Barão - Especial Eleições

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Como vocês avaliam a atual captação de recursos externos? Qual

seu plano para financiar uma reforma de campus principal, junto à

reforma do "Corredor da Cardoso"?

A PUC não tem política de captação de recursos externos, é preciso construí-

la. No entanto, é bom desconfiar de respostas simplistas para questões complexas,

pois se fosse fácil captar recursos, de forma sistemática e em grande quantidade, as

muitas reitorias que já passaram pela PUC e também a Mantenedora já teriam feito

isso. Essa dificuldade, por sua vez, não deve frustrar a elaboração de estratégias

para a captação de recursos externos; ao contrário, precisamos ativar coletivamente

a inteligência da universidade para enfrentar esse desafio, mesmo que os

resultados não sejam imediatos, e sim de médio e longo prazos. A PUC tem uma

possibilidade de financiamento da obra do corredor da Cardoso aberta junto ao

BNDES; projeto que foi elaborado na reitoria da Profa. Maura Veras e cujo

andamento é lento e esbarra ainda em questões formais e administrativas, que

precisam ser superadas pelo trabalho conjunto da universidade com a

mantenedora.

Ao longo do ano passado os alunos discutiram muito a questão

dos seguranças da Graber, inclusive sobre o fato de ter havido violência

entre os alunos e eles. Vocês têm algum plano que visa a orientação

desses seguranças para com os alunos, e vice e versa?

O PAC precisa ser prestigiado para que possa fazer um trabalho de

orientação e acompanhamento da prestadora de serviços de segurança, de modo

que essa última cumpra adequadamente suas funções.

Vocês acreditam que treinamentos semestrais aos funcionários

de segurança terceirizados promovidos pelo CECCON devam ser

prioridade?

Page 7: O Barão - Especial Eleições

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Não sabemos se a melhor periodicidade é a semestral (será necessário

analisar o assunto e as condições operacionais), mas certamente treinamentos

sistemáticos são necessários e serão realizados.

Vocês acreditam que bolsas e benefícios para os funcionários

deveriam ser obrigação da PUC?

Essa modalidade de bolsas integra os acordos coletivos de trabalho de

funcionários e professores. Trata-se de uma conquista dos trabalhadores da PUC,

que deve ser preservada e, no que depender de nós, o será. Também consideramos

que cursos que revertam em qualificação profissional e contribuam para melhorar

a atuação do funcionário em suas atribuições na PUC devem ser tratados de

maneira diferente do que tem ocorrido.

Os senhores poderiam tecer um breve comentário a respeito da

PUC-Lima? Qual a sua opinião sobre o ocorrido?

Há questões políticas e institucionais particulares e delicadas relacionadas à

atual situação da PUC de Lima, no Peru. As notícias veiculadas pela imprensa sobre

as divergências da Igreja de Lima e a Santa Sé de um lado e, de outro lado, a

universidade, são ainda bastante gerais. Será necessário aguardar mais

informações, bem como observar os desdobramentos da crise, para formar uma

opinião ponderada a respeito do assunto. Por enquanto, só é possível manifestar

nosso desejo de que encontrem uma saída negociada e satisfatória, que mantenha

as tradições, os compromissos sociais e a reconhecida qualidade acadêmica de

nossa coirmã peruana.

Para terminar, por que os alunos deveriam votar na senhora e na

senhora?

Page 8: O Barão - Especial Eleições

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Não se trata de votar em duas pessoas (reitora e vice-reitor), mas em uma

proposta para a PUC-SP – seguramente, a melhor proposta nesta eleição. E isso

não é opinião ou presunção, mas análise das três propostas inscritas, o que permite

verificar que a nossa é a mais consistente, realista e factível. Além disso, votar na

chapa A PUC VALE A PENA é votar em um coletivo capaz de colocar nossa

proposta em prática, porque ele tem compromisso com a universidade e

comprovada competência acadêmica e de gestão acadêmica. O núcleo estratégico

da nossa chapa é composto por mais de 40 docentes de todas as 9 faculdades da

PUC-SP. Leiam as propostas criticamente (disponíveis no site da PUC) e

comparem, porque a PUC vale esse trabalho. Ela vale a pena.

Page 9: O Barão - Especial Eleições

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Quem é... Dirceu de Mello?

Acadêmico e jurista brasileiro, Dirceu foi

presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

durante 1998 e 1999 e atualmente é professor titular da

Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo. Atualmente, concorre para a

reeleição como reitor da nossa querida Pontifícia, tendo cumprido um mandato

desde 2009. Graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito da USP e é Doutor e

Livre-Docente em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Ministério Público do Estado de São Paulo

Fez parte do Ministério Público do Estado de São Paulo entre 1954 e 1979,

sendo Secretário e Vice-Presidente da Associação Paulista do Ministério Público de

1966 a 1969.

Esquadrão da Morte

Destacou-se por sua atuação no combate ao Esquadrão da Morte, grupo de

extermínio surgido na década de 60, formado por policiais, membros do Poder

Executivo, do Poder Judiciário e do Empresariado.

Em razão do combate ao Esquadrão da Morte e de todas as outras

investigações de violações dos direitos humanos que conduziu neste período, teve o

seu nome incluído no Serviço Nacional de Informações (SNI).

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, onde permaneceu por quase

vinte anos, como Desembargador, 2º Vice-Presidente, 1º Vice-Presidente e

Presidente até 1999.

Page 10: O Barão - Especial Eleições

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Na Pontifícia

Na PUC – São Paulo, onde ingressou como professor em 1969, ocupou os

cargos de Diretor do Curso de Estágio Profissional em 1974, Chefe do

Departamento de Direito Penal e Processual Penal da Faculdade de Direito até

2001, Vice-Diretor da Faculdade de Direito, Diretor Geral do Centro de Ciências

Jurídicas, Econômicas e Administrativas e Diretor da Faculdade de Direito.

Reitoria da PUC

Foi eleito pela comunidade acadêmica da PUC-SP, em 24 de outubro de

2008, para ocupar o cargo de Reitor, pelos próximos quatro anos, com sua eleição

ratificada pelo cardeal-arcebispo Dom Odilo Scherer.

Para saber mais da sua carreira acesse:

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=

K4794461A0

Entrevista com o candidato

Entrevistamos o candidato na última terça-feira (21/08) em nosso espaço

físico, quando tivemos a oportunidade de questionar quatro anos de gestão e a

recente candidatura à reeleição. Professor Dirceu encabeça a chapa “Autonomia e

Excelência Universitárias”, na qual propõe “uma nova PUC, ainda melhor”.

Como é lidar com o movimento estudantil? Quais foram as

principais dificuldades que você enfrentou com o ME ao longo da sua

gestão?

Nós sabemos perfeitamente que a mocidade é vibrante e consequentemente

você não pode esperar dos jovens aquilo que as pessoas de mais idade pensam e

fazem. Não tive problemas maiores, uma vez que assumi a reitoria com o

precedente de reitores que não costumavam dialogar com a comunidade. Na minha

Page 11: O Barão - Especial Eleições

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gestão, inaugurei o sistema de portas abertas. Estou sempre à disposição dos

alunos, funcionários e professores e sempre conseguimos lidar com as questões

através do diálogo. Além disso, nunca tivemos policia aqui no Campus. Todas as

reivindicações são consideradas por mim, minhas portas estão sempre abertas para

conversar.

No curso de RI houve a infelicidade de vários professores

abandonarem o curso porque não viram perspectiva de carreira. Como

você acha que é possível reverter esse quadro?

Esses professores jamais me procuraram para colocar suas questões. A

minha luta quando assumi a Universidade começou quando foram dispensados

centenas de professores e funcionários. Fui aos jornais, assumi uma posição, fiz

reuniões e manifestei meu inconformismo com a situação. Foi quando os

secretários executivos quiseram conversar comigo e algumas dispensas foram ate

revertidas. Esse foi um compromisso que eu consegui manter na minha gestão,

nunca houve dispensa em massas dos professores e funcionários. Casos isolados

acontecem, mas nada de forma maciça. Felizmente, de acordos firmados com os

dois secretários, criamos um termo de comportamento, sobre o que compete ao

reitor e o que compete aos secretários executivos, o que regulou nossa convivência

hoje. Na verdade, eu nem pretendia ser candidato novamente, mas digo a você que

fiquei assustado com a proposta de professores que lançaram suas candidaturas. E

também só aceito ser nomeado se for o primeiro colocado, se não estaria debatendo

contra aquilo que é o pensamento da comunidade.

Durante o debate, o senhor disse que sua gestão articulou acordo

para delimitar a capacidade de intervencionismo dos secretários

executivos no CONSAD. Ainda assim, a capacidade de ingerência da

Fundação São Paulo se mantém uma marca da administração da

Universidade desde a crise. O senhor tem planos para reduzir essa

capacidade de ingerência da FundaSP no âmbito acadêmico,

aumentando a autonomia da Universidade?

Page 12: O Barão - Especial Eleições

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Não posso interferir na vida da fundação São Paulo. Aquilo que é da

universidade como problemas internos, professores, alunos, isso diz respeito ao

reitor. Aquilo que diz respeito à Fundação São Paulo, ou seja, são as regras da

Igreja. E isso eu digo bem a vontade, pois sou católico, mas uma coisa é ter uma

religião e outra coisa é se submeter a uma situação com a qual você não concorda.

Nessa linha, nossa relação tem sido bastante amistosa.

O que você entende por autonomia universitária?

São as diretrizes fundamentais de funcionamento da universidade. A forma

de ensino, a forma de lidar com os professores, funcionários e alunos, a disciplina

interna, todas essas providencias são responsabilidade do Reitor.

O que você propõe por uma "efetiva participação da reitoria em

ações voltadas à captação de recursos financeiros", uma de suas 13

metas, e como você avalia a atual captação de recursos externos?

Eu encontrei essa Universidade falida. Falida! O Curador de Instituições

esteve a ponto de fechar a Universidade e sempre tive a preocupação de amortizar a

divida. Ela não esta vencida, mas não é o mesmo debito do passado. Não podemos

esquecer que o propósito da universidade não é dar lucros, nossa Universidade é

comunitária.

Qual a previsão de começo das obras no "Corredor Cardoso"?

O projeto do corredor é antigo e o que se esperava era que fossem

prontamente disponibilizados recursos pelos órgãos públicos para as obras, mas o

país mergulhou em uma crise econômica. Esse é o grande obstáculo que existe

hoje. A planta está feita e aprovada, mas a Igreja não possui o valor necessário para

seu inicio.

Ao longo do ano passado os alunos discutiram muito a questão

dos seguranças da Graber, inclusive sobre o fato de ter havido violência

entre os alunos e eles. Você tem algum plano que visa a orientação

desses seguranças para com os alunos, e vice e versa?

Page 13: O Barão - Especial Eleições

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Quando eu cheguei à reitoria, a Graber já tinha um contrato com a PUC por

meio da Fundação São Paulo, não com a reitoria. Eu tenho recebido reclamações e

já tenho conversado com os secretários executivos para normalizar a situação.

Problemas existem, mas devem ser seguidos de suas soluções. Toda vez que há uma

reclamação envolvendo a Graber, nos temos tomado providências, inclusive você

sabe que muitos funcionários da empresa foram dispensados após o ocorrido.

Vocês acreditam que treinamentos semestrais aos funcionários

de segurança terceirizados promovidos pelo CECCON devem ser

prioridade?

Como a atuação da empresa de segurança é em nosso Campus, mesmo o

contrato sendo com a Fundação São Paulo, é função do reitor se envolver nisso. Se

houver um litígio o primeiro a ser cobrado vai ser o reitor. Tenho interferido nessas

questões e digo que uma atividade bem conduzida não provoca reclamações. Com

certeza os seguranças precisam ter uma conduta especial para enfrentar situações

dessa natureza. Acho viável sim um debate com esse viés no CECCOM. Sou sempre

a favor das soluções através do diálogo.

O senhor poderia tecer um breve comentário a respeito da PUC-

Lima? Qual a sua opinião sobre o ocorrido?

Eu acredito que ali a questão não foi bem conduzida, das duas partes. Não

podemos encontrar uma solução se houver radicalismo. Nesse caso, tanto o pessoal

da Universidade, como o pessoal da Igreja foram radicais em suas posições. Ruim

para a Universidade, ruim para a Igreja.

Para terminar, por que os alunos deveriam votar no senhor?

Durante as minhas atividades dentro da PUC, nunca aceitei recondução.

Tinha o mesmo pensamento em relação à reitoria, ficaria quatro anos e me

aposentaria, viajaria e voltaria a ministrar aulas na PUC. Me assustei com a posição

que meus adversários assumiram em entrevistas e fui procurado por inúmeros

professores, alunos e funcionários. Entendi que não poderia desertar em uma hora

como essa, não se pode abandonar o barco em horas difíceis.

Page 14: O Barão - Especial Eleições

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Quem é... Francisco Serralvo?

Formação Acadêmica

Um dos candidatos à reitoria da PUC-SP se chama

Francisco Antonio Serralvo, tem 59 anos e é formado em

Administração de Empresas pela Universidade de Marília

desde 1983. Sua carreira na PUC-SP começou em 1990, ano em que entrou no

Mestrado em Administração. Seu doutorado, "A influência das marcas na formação

cultural dos usos e costumes", também foi concluído na PUC, mas na área de

Ciências Sociais. Serralvo também fez, entre 2004 e 2006, um Pós-Doutorado na

Universidad de Santiago de Compostela, onde se especializou em mercadologia,

gestão de marcas e estratégia, na subárea de Administração de Empresas.

Francisco Serralvo é atualmente coordenador da Pós-Graduação em Administração

da PUC-SP, instituição na qual leciona desde 1993.

Programas de atuação

Além da Pós-Graduação, Serralvo coordena o Grupo de Estudos da Marca

(GEMA) e o curso de especialização em Gestão de Negócios em vendas, ambos

programas da PUC-SP. Segundo o próprio professor, a sua experiência é voltada

para o comportamento do consumidor, negócios da sustentabilidade, estratégia

competitiva e gestão de marcas.

Outras instituições

A PUC não é a única instituição na qual Serralvo obteve sua experiência

como professor. O candidato lecionou em outras universidades do Estado de São

Paulo, como FAAP, UNISANTOS, ESPM e Mackenzie.

Outras experiências profissionais

Antes de se tornar professor, Francisco Serralvo trabalhou em empresas

como Brahma, Shell e Protisa entre os anos de 84 e 94, onde atuou nas áreas de

Recursos Humanos e Gerência de Vendas.

Page 15: O Barão - Especial Eleições

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Para saber mais da sua carreira acesse:

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=B433559

Entrevista com o candidato

O Barão entrevistou o candidato à reitoria, Francisco Serralvo, para saber

como ele lidaria com questões pontuais do nosso curso e da Universidade.

Coordenador da Pós em Administração e docente desde 1990, Serralvo é da chapa

Reconstruir a PUC-SP, que tem como vice Ana Bock, professora da Faculdade de

Ciências Humanas e da Saúde.

Como você pretende lidar com o Movimento Estudantil ao longo

de sua gestão? Quais canais de diálogo você propõe?

Através do diálogo como consta em nossa carta programa. O canal de

diálogo deve ser construído através da representação estudantil – Centros

Acadêmicos e da representação nos órgãos colegiados. Mas é possível estabelecer o

canal direto em reuniões gerais, se isso for conveniente para o momento e para o

segmento organizado na universidade. Tal opção, entretanto, deve ser reservada

para momentos especiais em que a universidade esteja mobilizada, momentos que

exijam essa alternativa.

Tivemos professores, no curso de RI, que não quiseram continuar

na PUC porque a universidade não ofereceu uma perspectiva de

carreira. Como você acha que é possível reverter esse quadro?

Nossa proposta é a revisão dos contratos dos professores. A discussão já

existe e foi encaminhada aos órgãos colegiados, mas não foi construído o acordo

necessário para atender a demanda existente hoje na PUC-SP. A carreira existe,

mas está represada. Esse é o outro problema que a próxima gestão terá que

Page 16: O Barão - Especial Eleições

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enfrentar e é importante garantir que os professores avancem em suas carreiras e

tenham seus direitos garantidos. Precisamos manter nossos quadros de qualidade

na universidade.

Quais são os seus planos para reduzir a capacidade de ingerência

da Fundasp no âmbito acadêmico e aumentar a autonomia da

Universidade?

Temos Estatutos e Regimento aprovados recentemente e eles foram

amplamente discutidos e passaram pelos órgãos colegiados. Consideramos que o

processo foi democrático e por isso os reconhecemos como legítimos. O problema é

o funcionamento atual que separa os temas acadêmicos dos temas financeiros. O

CONSAD tem a última palavra e acaba se sobrepondo às decisões acadêmicas, que

devem ser centrais na universidade. No nosso entendimento, somente uma reitoria

com clareza de suas posições e com um bom projeto e planejamento, apoiada na

ampla discussão com os setores envolvidos e com participação efetiva e

democrática dos colegiados da universidade, terá condições políticas de negociar

com a FUNDASP, através do CONSAD. É preciso considerar que a FUNDASP não

interessa uma universidade sem qualidade e ela precisa se apropriar dos objetivos

acadêmicos que visem uma PUC-SP melhor, mais compromissada com a produção

de conhecimento crítico, ensino de qualidade e extensão eficientes. O papel da

reitoria é fundamental na construção dessa relação, que deve priorizar nossos

objetivos acadêmicos.

Como você pretende lidar com a autonomia universitária frente à

atuação da Igreja dentro da Universidade?

A liberdade de cátedra e de produção autônoma do conhecimento é

garantida na PUC-SP. Não sabemos de nenhum professor ou pesquisador que

tenha sido tolhido neste seu direito (que é constitucional). O projeto PUC-SP e sua

excelência acadêmica depende dessa condição e, evidentemente, vamos continuar

defendendo que ela continue assim. A presença da Igreja Católica na universidade é

Page 17: O Barão - Especial Eleições

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garantida através da Pastoral e do Capelão da PUC-SP e atende aos interesses da

Igreja e dos católicos que frequentam nossos campi. Além disso, há a produção de

conhecimento na área teológica que é ecumênica, mas, evidentemente, prioriza o

catolicismo. Outra coisa é a Igreja como instituição que está presente

estatutariamente na FUNDASP. A Cúria Metropolitana é a responsável jurídica

pela FUNDASP e, assim, em última instância, é a mantenedora da universidade.

Neste ponto, a relação se dá a partir do que foi respondido na pergunta anterior.

Como você avalia a atual captação de recursos externos?

Um dos pontos centrais de nossa plataforma é manter as mensalidades

somente para o custeio das contas da universidade. O investimento deve vir do

recurso externo, que deve ser buscado nas fontes de financiamento das agências de

fomento, nos projetos com o setor privado, na organização de doações e outras

fontes possíveis. Isso desde que garantido o projeto pedagógico e científico da

universidade sem qualquer possibilidade de ferir sua autonomia. Quem investir na

PUC-SP o fará pela sua excelência e porque ela forma quadros qualificados para o

setor público e privado. Vamos convencer estes setores da importância de

patrocinar um projeto dessa magnitude. Isso não é somente pela PUC-SP, mas pelo

Brasil, que precisa de profissionais com essa qualidade e de produção de

conhecimento eficiente, que garanta a autonomia intelectual e tecnológica de nosso

país. A PUC-SP representa um dos pólos de qualidade e eficiência no campo

científico brasileiro e precisamos explorar essa condição e a responsabilidade do

setor público e privado com essa função que exercemos socialmente.

Qual seu plano para financiar uma reforma de campus principal,

junto à reforma do "Corredor Cardoso"?

O projeto das torres da Cardoso precisam ser discutidos com a comunidade.

No momento, eles estão nos gabinetes e não passaram ainda pelos órgãos

colegiados. O projeto faz parte da ampliação do espaço físico, hoje absolutamente

necessário. No entanto, deve ser feito com o conhecimento de todos os setores e

Page 18: O Barão - Especial Eleições

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equacionar, da melhor forma, a redistribuição do espaço físico.

Ao longo do ano passado os alunos discutiram muito a questão

dos seguranças da Graber, inclusive sobre o fato de ter havido violência

entre os alunos e eles. Você tem algum plano que visa a orientação

desses seguranças para com os alunos, e vice e versa?

A segurança deve ser patrimonial e deve ter os nossos estudantes,

funcionários e professores como foco dessa proteção. Nós não somos o foco da ação

de segurança. Para uma segurança comunitária e eficiente é preciso rediscutir o

contrato com a empresa, fixar os funcionários de segurança para que eles nos

conheçam e sejam conhecidos. A “prefeitura” do campus e a Pró-Reitoria

Comunitária deve ter um plano para a garantia do patrimônio e da nossa segurança

e esse plano deve ser discutido com a comunidade.

Vocês acreditam que treinamentos semestrais aos funcionários

de segurança terceirizados promovidos pelo CECCON devem ser

prioridade?

Já respondido.

Vocês acreditam que bolsas e benefícios para os funcionários

deveriam ser obrigação da PUC?

Nossa proposta inclui a cota de bolsas integrais e parciais. Ela deve atender

às necessidades de alunos, funcionários e professores. No caso dos professores e

funcionários isso faz parte do dissídio coletivo e é discutido durante os acordos

anuais junto com as entidades representativas – AFAPUC e APROPUC. Nós

reconhecemos sua representatividade (histórica!) e vamos manter o diálogo.

Page 19: O Barão - Especial Eleições

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O senhor poderia tecer um breve comentário a respeito da PUC-

Lima? Qual a sua opinião sobre o ocorrido?

Não acompanhamos a crise desta universidade que foi uma das primeiras

das Américas. Somente tivemos conhecimento pela imprensa do rompimento da

Santa Sé com a Universidade. Para opinar seria necessário informações mais

precisas que não possuímos no momento.

Page 20: O Barão - Especial Eleições

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Infográfico – Entendendo as Eleições na PUC-SP

Créditos: RedePUC.