o blog educativo como recurso didÁtico … eles, estão praticas de colaboração, através do...
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O BLOG EDUCATIVO COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO: UMA
PRÁTICA POSSÍVEL
Autora: Neusa de Fátima Araújo Martins1
Orientadora: Cristine Isabel Simão2
RESUMO
A utilização dos recursos oferecidos através da Internet aos mais diversos segmentos da sociedade possibilitam um saber cada vez mais sistematizado, levando à escola novas possibilidades educativas. O trabalho aqui apresentado foi fruto do projeto desenvolvido com os professores e alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor Edison Pietrobelli, na cidade de Ponta Grossa, no que se refere ao uso dos recursos tecnológicos, optou-se por desenvolver Blogs Educativos das disciplinas do Núcleo Comum da Matriz Curricular do Ensino Fundamental, em momentos distintos, a fim de propiciar a participação coletiva do grupo envolvido desenvolvendo-se o espírito de cooperação na realização dos trabalhos, proporcionando maior aprendizagem e troca de conhecimentos. Conforme previsto na carga horária dos docentes, é possível a utilização da Hora Atividade para atualização dos profissionais da Educação, assim para a formação continuada em horário e ambiente de trabalho aproveitou-se o horário específico de cada um dos professores envolvidos ou de um grupo, utilizando-se o laboratório de informática para demonstrar através de atividades práticas, as diferentes utilidades do computador, bem como do uso da Internet no aprimoramento da prática pedagógica. A proposta era aproximar cada vez mais os professores das tecnologias, utilizando-as em suas aulas e reforçando nos alunos a importância do uso consciente e produtivo das redes sociais e sites de pesquisas. Após a implementação do projeto na escola, foi possível perceber que os professores demonstraram maior interesse em aprimorar-se e tornar suas aulas mais atraentes, despertando consequentemente, maior interesse por parte dos alunos na busca da autoaprendizagem.
Palavras chave: Tecnologias, Internet, aperfeiçoamento, diversidade metodológica.
1 Autora: Professora Pedagoga PDE/2010 – Neusa de Fátima Araújo Martins 2 Orientadora: Mestre em Educação, Especialista em EAD, atua no Setor de Ciências Humanas, Letras e
Artes e Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
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1. INTRODUÇÃO
A reflexão aqui realizada e transformada em projeto é advinda da
necessidade de estimular os educadores na utilização das Novas Tecnologias
da Informação e da Comunicação, como recurso didático pedagógico em sua
prática diária de sala de aula, assim como a autoaprendizagem, tanto de
educandos quanto de educadores.
Esta introspecção foi um despertar para o que é novo e diferente no
contexto escolar, uma vez que apresentou novas possibilidades de
transmissão, construção e transformação do conhecimento historicamente
construído pela humanidade.
Buscou-se neste processo, desde a elaboração do Projeto, a
construção do Caderno Temático, a base teórica que oferecesse suporte ao
trabalho pretendido. Estudou-se neste processo, não somente a prática
educativa dos docentes, mas envolveu a análise da prática pedagógica
também desta autora.
O projeto apresentado neste artigo foi desenvolvido em três momentos
distintos, sendo a socialização do trabalho entre a equipe de docentes,
coordenação e equipe diretiva; a adesão dos partícipes e o início dos estudos e
finalmente a prática no ambiente escolar.
Procurou-se através deste estudo, levar ao corpo docente maiores
possibilidades de planejamento no desenvolvimento de seu trabalho com os
conteúdos, maior proximidade entre docentes e discentes de forma menos
formal que a necessária em sala de aula, além de promover maior
entrosamento entre a equipe pedagógica com o corpo docente na busca
coletiva de metodologia educacional que auxilie constantemente a melhoria da
qualidade de ensino, além de procurar formas de manter os profissionais da
escola atualizados e em constante formação, através de cursos na modalidade
a distância.
Dentro deste contexto, surgiu a necessidade de orientação e
aprimoramento no domínio das ferramentas tecnológicas e das possibilidades
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de conhecimento que esta proporciona, até que fosse possível construirmos o
Blog Educativo, foco principal deste trabalho.
A qualidade do trabalho pedagógico que o professor desenvolve
envolve vários fatores, que podem contribuir para a melhoria da qualidade do
ensino da escola pública. Entre eles, a formação continuada, aqui descrita
através do Grupo de Trabalho em Rede. Porém as possibilidades dessa
constante formação não se esgotam, cabe aos educadores essa busca.
Tendo em vista que as transformações sociais ocorrem de forma
vertiginosa, a escola da sociedade atual não pode estar alheia a essas
mudanças. O trabalho docente e a sua atuação deve ser algo atraente aos
educandos, uma vez que fora dos muros escolares, as possibilidades de
aprendizado e lazer surgem a todo o momento e são infinitas, sendo que a
necessidade de orientação nesse espaço externo pode e deve partir do
professor que, através da interação com os alunos, observa que universos
esse aluno está buscando e assimilando.
O fator preocupante dessa aprendizagem informal, é que os alunos
assimilam muito rapidamente, por isso a necessidade da intervenção dos
educadores, portanto de sua formação tecnológica. Somente através da escola
o conhecimento passa a ter significado formal, objetivando a formação do
cidadão, visualizando e vivendo diariamente a prática cidadã, no ambiente
escolar.
Optou-se pela utilização do Blog, em virtude das facilidades e da
acessibilidade que este apresenta. Durante este trabalho, observou-se ainda
que os docentes necessitam de auxílio na elaboração de seus planos de
trabalho, pelo excesso de atividades desenvolvidas por estes no dia a dia.
Esse apoio pedagógico é urgente, necessário e certamente vem ao
encontro de suas aspirações, dando-lhes suporte no planejamento de
atividades que levem os alunos ao trabalho coletivo, participativo e acima de
tudo, que apresente aprendizagem significativa.
Além da necessidade de formação continuada, foi muito importante o
retorno ao ambiente universitário desta autora, buscando atualização e
reformulação de conceitos formados e por vezes deformados de concepções
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educativas. Buscando a adesão dos docentes, o projeto foi socializado durante
a Semana Pedagógica de julho de 2011.
O contingente de docentes que participaram foi bastante expressivo e
tornou possível o trabalho proposto, de forma bastante proveitosa e satisfatória.
O uso do Blog Educativo mostrou ser um recurso tecnológico acessível,
eficiente e eficaz no processo de ensino aprendizagem, porque proporciona a
dialogicidade entre os envolvidos. Nas considerações finais, apresentamos os
resultados das atividades propostas e realizadas. Após esta reflexão, ficou
clara a importância da atualização constante dos educadores, do
acompanhamento da evolução das tecnologias e do poder de transformação
que estas podem trazer à prática educativa, que espera levar aos educandos o
interesse tanto pelos conteúdos trabalhados quanto a disposição e curiosidade
para aprimorá-los e construir, junto ao grupo, novos conhecimentos e saberes
possíveis.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Avanço tecnológico e as transformações educacionais
Com o advento das novas tecnologias, mudaram as práticas na
sociedade como um todo e, inevitavelmente, a escola e os educadores deverão
repensar as suas práticas pedagógicas, uma vez que já não é mais possível
continuar utilizando-se de meios educacionais arcaicos e de mera transmissão
de conteúdos, fazendo uso exclusivamente do quadro de giz e livro didático,
enquanto na vida social e entre seus pares, os alunos se utilizam das
tecnologias mais variadas para o lazer, relacionamentos interpessoais e formas
de aprender tão mais atraentes que a sala de aula e o professor, em um
monólogo cansativo e convencional.
Essa transformação educacional e cultural levou os educadores a uma
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reflexão direcionada a virtualização dos saberes, dos conhecimentos antes
adquiridos e que agora, com as Novas Tecnologias da Informação e da
Comunicação, tornaram-se possíveis de divulgação imediata, de mudança de
concepções e práticas educativas nunca antes imaginadas.
Dentro do contexto das tecnologias, é possível estimular educadores e
educandos à troca de experiências, aquisição de conhecimentos atuais e
transformação dos conhecimentos em algo atrativo e de alguma forma,
inusitado. Os conteúdos trabalhados no dia a dia de sala de aula que
apresentam maiores dificuldades de aprendizagem podem ser percebidos mais
facilmente pelo professor e, de forma criativa ser trabalhada utilizando-se dos
novos recursos hoje disponíveis através das tecnologias.
Para Machado, 2006,
Os métodos de ensino são as formas através das quais os professores irão trabalhar os diversos conteúdos com a finalidade de atingirem os objetivos propostos. Compreende as estratégias e procedimentos adotados no ensino por professores e alunos. Os métodos se caracterizam por ações conscientes, planejadas, controladas, e visam atingir, além dos objetivos gerais e específicos propostos, algum nível de generalização.
Dessa forma, é fundamental que o educador demonstre domínio das
tecnologias, além de apresentar o aspecto afetivo que essa troca de
aprendizagem virtual exige e possibilita, já que estreita ainda mais as relações
entre alunos e professores.
Muitos são os recursos hoje disponíveis para que essa aprendizagem
coletiva ocorra, entre eles podemos citar os Chats, as Webconferências, os
Fóruns temáticos, as Webquests, além dos Blogs Educativos, que possibilitam
aos educadores e educandos a construção conjunta do saber, instigando cada
vez mais a pesquisa e a criatividade e, de forma concreta, fazer emergir a
competitividade construtiva e saudável.
Nesse sentido, estabelece ainda a autonomia do educando em buscar
maiores bases teóricas, pesquisar cientificamente, além de difundir os
resultados alcançados de seu trabalho, para um universo cada vez maior de
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partícipes da sua vida estudantil e para além destes, uma vez que nas redes
sociais e na construção do saber, nada ocorre de forma isolada.
Neste contexto, destaca-se o Blog Educativo que tem se apresentado de
maneira eficiente no quesito interatividade entre a escola e alunos, levando os
segmentos aqui apontados, à constante busca de reformulação de suas
práticas e da melhoria da qualidade da aprendizagem esperada pelos
educadores e pela sociedade como um todo.
O Blog Educativo é definido como uma ferramenta interativa de natureza
aberta e flexível, muitos são gratuitos e de fácil manuseio. Essas páginas
estimulam diálogos, apresentam diversos conteúdos como textos, fotos, links,
poesias, ideias, piadas, notícias, entre outros. Sempre direcionados de acordo
com o objetivo definido por aquele que o cria. Os blogs se assemelham a uma
linha de tempo onde as postagens abordam uma variedade de assuntos que
possibilitam sua atualização a qualquer tempo. E uma vez postado na web,
qualquer pessoa tem acesso a este e à informação nele contida.
É uma forma de comunicação eficiente que permite a diferentes grupos
de pessoas a interação, independente do tempo e espaço onde se encontrem,
registrando comentários e postagens de acordo com os temas propostos por
seu criador.
Outro fato positivo do Blog que ele é rápido e sua divulgação facilitada,
pelo fato de ser criado na própria Internet de forma on-line. Assim, a publicação
é praticamente imediata e com isso percebe-se a agilidade que as informações
podem estar disponíveis, difundidas e complementadas.
Neste sentido, o Blog com intuito educativo pode ser um forte aliado ao
professor uma vez que pode ser utilizado com diversos propósitos. É o que
enfatiza SILVA (2003) quando nos diz que:
Os Blogs tem sido utilizados para diversos propósitos na área Educacional. Entre eles, estão praticas de colaboração, através do gerenciamento de conhecimento e informação, entre outros. Entre essas práticas podemos observar o fortalecimento da sala de aula criando assim, um senso comunitário colaborativo.
Da mesma forma que destacamos que o uso desta ferramenta poderá
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contribuir no processo de ensino e aprendizagem, entende-se que as
tecnologias e outros recursos tecnológicos cada vez mais devem estar
presentes no âmbito escolar e com isso, devem estar estreitamente ligados ao
Projeto Politico-Pedagógico da escola, que é construído de forma coletiva e
torna-se a identidade escolar, delineando suas ações, sua filosofia de trabalho,
metodologias, expectativas de aprendizagem, sistema de avaliação, além de
apresentar em seu contexto, todos os Planos de Trabalho Docente e as
intenções educacionais de todos os envolvidos neste processo de ensino-
aprendizagem.
Para que cada vez mais haja um processo de reflexão a respeito do
papel do professor como mediador na utilização desta e de outras ferramentas
tecnológicas faz-se necessário um despertar da inércia educacional que tantos
se encontram, criando novas possibilidades de inclusão efetiva para os
educandos, visto que a escola é direito do cidadão e dever do estado. Ora, o
que ou quem representa o estado neste contexto, senão a escola? É esta que
deve transformar-se e efetivar o acompanhamento das mudanças sociais e
tecnológicas e, dentro destas, reconhecer as inúmeras atrações que se
apresentam aos alunos fora do ambiente escolar, bem mais prazerosa que
conteúdos expositivos em sala de aula. O aluno se torna agente da própria
aprendizagem e deixa de “assistir” a aula para “participar” ativamente dela.
Para tanto, o educador deve ser o primeiro a reconhecer a defasagem
do processo de ensino aprendizagem que ora se apresenta e, quando não há
incentivo por parte do estado, buscar de forma voluntária e autônoma essa
aprendizagem necessária a quem se propõe a ensinar. Ou ainda vamos
continuar agindo como se nada tivesse mudado, alheios ao que ocorre fora dos
muros escolares, mundo afora. É imprescindível que a escola e, portanto, o
educador, perceba que vivemos um presente e viveremos um futuro onde o
mínimo exigido e necessário, é acesso à tecnologia e o manuseio competente
e competitivo desta.
Os professores aprendem ao mesmo tempo em que os estudantes e atualizam continuamente tanto os seus saberes ‘disciplinares’ como suas competências pedagógicas "..." A partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência
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deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo (LÉVY, 1999, p. 171).
Muitas foram as tentativas e as buscas de formas diferentes de
construção do saber. Vários são os recursos utilizados no desafio da conquista
da aprendizagem significativa e entre estes recursos, apresenta-se o Blog, que
pode ser educativo e também pessoal. Neste caso específico, aborda-se o Blog
Educativo.
Assim a inovação nas metodologias de trabalho dos docentes, deve ser
constante, em consonância com o diagnóstico apresentado pela clientela
escolar, pelo resto da vida, de forma a garantir a melhoria real da qualidade de
ensino. Os indivíduos mudam, a sociedade muda e quem ensina também deve
mudar sua prática, muitas vezes arcaica e defasada com relação às
características dos alunos que passam de um nível de ensino para outro.
Na sociedade atual, é possível observar que, quanto mais uma
comunidade se arma de conhecimentos, menos ela arma a ignorância e a
criminalidade, uma vez que conhecimento e as consequências deste, quase
sempre levam os indivíduos a uma melhor qualidade de vida e conduta ética
em seu meio.
3 A UTILIZAÇÃO DO BLOG EDUCATIVO NO DESENVOLVIMENTO DO
PROJETO
O trabalho desenvolvido através da utilização e exploração de
tecnologias disponíveis aos alunos e professores, oportunizou a construção de
Blog Educativo de cada disciplina, através da participação dos professores das
respectivas disciplinas da Matriz Curricular do Ensino Fundamental e dos
alunos como colaboradores.
Após os oito encontros previstos para implementação do projeto, os
alunos, que receberam as orientações e produziram o material em conjunto
com os docentes, foram multiplicadores desse conhecimento aos demais
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colegas de turma, com a orientação desta professora PDE, além dos
professores participantes do projeto.
Aos docentes, equipe pedagógica e diretiva, foi solicitada a elaboração
de texto após a implementação do projeto, com o objetivo de avaliar a
importância do presente projeto na melhoria da qualidade do ensino e
facilitação na elaboração das aulas. Para os alunos foi elaborado um
questionário com perguntas abertas para que versassem sobre sua
aprendizagem durante essa experiência e a validade da continuação da
mesma, envolvendo toda a escola futuramente.
No ambiente escolar, o professor tem a possibilidade de criar com seus
alunos a pesquisa de conteúdos interdisciplinares, entre tantas outras
possibilidades de construção do saber.
Com a utilização do Blog Educativo, muitos e favoráveis são os
resultados conseguidos por professores que se utilizam dessa ferramenta e
que já são conhecedores do quanto podem enriquecer suas aulas, de forma a
oferecer aos alunos diferentes metodologias de ensino e aprendizagem, com o
prazer e a alegria que a aquisição e o domínio de um novo conhecimento
proporcionam.
Portanto, torna-se inevitável que ao educador, a busca de conteúdos
atrativos e significativos, indique aos alunos os caminhos para essa busca e
torne-se de forma definitiva e efetiva o mediador desse processo em que todos
buscam alcançar os objetivos esperados. É preciso que o professor incite o
aluno a buscar o conhecimento, lançando desafios que os levem a sentir a
necessidade de ultrapassar os limites que este mesmo se impõe e explore as
milhares de possibilidades que se apresentam.
Dessa forma, ocorre não apenas a aprendizagem, mas aproxima o
educando e o educador ainda mais, favorecendo a socialização do
conhecimento adquirido, entre todos os agentes educacionais. Com o uso do
Blog Educativo, é possível também manter intercâmbio com outras escolas,
outros alunos e agregar o conhecimento de cada um, formando um todo
criativo e enriquecedor de saberes.
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Diante de diversas perspectivas de mudança o professor deve instigar
os alunos na busca pelo conhecimento utilizando-se da tecnologia, motivando-
os para que eles adquiram a autoconfiança necessária para novas buscas.
Através desse espaço dado ao aluno na autoaprendizagem, este deixa
de ser receptor de informações, para ser o transformador do conhecimento
adquirido. Através do uso do computador, o aluno seleciona e relaciona
informações significativas explorando, refletindo sobre as próprias ideias,
vivenciando assim, um novo saber pedagógico. O que não é possível
expressar em algumas situações do cotidiano escolar, em virtude do excesso
de conteúdos a ser trabalhado, torna-se possível e enriquecedor através do
Blog, que envolve todos os alunos de uma mesma classe ou escola.
Um dos eixos das mudanças na Educação passa por sua transformação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, primordialmente, mas também incluindo administradores e a comunidade, principalmente os pais. Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto [...]. Pode até ser mais eficiente a curto prazo – os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos – mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos. (Moran,1998)
Dessa forma, a transformação da prática educativa é emergencial.
Deve ser instigante, desafiadora, atraente. Fórmulas prontas não existem. O
que deve existir é o desejo de formar cidadãos conscientes e críticos cientes e
conscientes de suas potencialidades e dos avanços tecnológicos e destes, tirar
proveito em prol da própria aprendizagem e da aprendizagem coletiva.
A transformação educacional não é um sonho, mas uma perspectiva
real, cheia de possibilidades e ações. Basta querer transformar e, a priori,
transformar-se.
Ser utópico não é apenas ser idealista ou pouco prático, mas também efetuar a denúncia e a anunciação. Por isso o caráter utópico de nossa teoria e prática educativa é tão permanente como a educação em si, que para nós, é uma ação cultural. Sua tendência para a denúncia e a anunciação não pode se esgotar quando a realidade, hoje denunciada, amanhã cede seu lugar à realidade previamente anunciada na denúncia. Quando a educação já não é utópica, isto é, quando já não possui a unidade dramática da denúncia e da anunciação, ou o futuro já não significa nada para os homens, ou estes têm medo de se arriscar a viver o futuro como superação criativa do presente, que já envelheceu. No entanto, conforme uma
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visão autenticamente utópica, a esperança não quer dizer cruzar os braços e esperar. A espera só é possível quando, cheios de esperança, procuramos alcançar o futuro anunciado que nasce no marco da denúncia por meio da ação reflexiva... a esperança utópica é um compromisso cheio de risco. (Paulo Freire, 1997)
Partindo do princípio do presente que envelheceu, a busca pelo novo,
pelo transformador, pela prática cidadã de ensinar e aprender, deve ser a
reflexão diária de todos nós, enquanto educadores. Aperfeiçoar o que já
sabemos e expurgar o medo do novo, expandir nossa visão de educação na
busca do que acreditamos ser o melhor para nossos educandos e
consequentemente, para a humanidade.
Nessa explosão de ideias, das mídias dominando os espaços
escolares, da Internet tomando lugares antes nunca imaginados. Diante de
tudo que já presenciamos e vivenciamos a nível tecnológico, de seus avanços,
surgiu a necessidade e consequente criação do projeto envolvendo o uso das
tecnologias, uma vez que a escola conta com os recursos necessários para
esse trabalho.
Através da observação do saber que os alunos já possuíam sobre as
tecnologias que se utilizavam fora da escola, do visível desinteresse que
alguns demonstravam diante da teoria das aulas, percebeu-se a necessidade
de envolver alunos e professores em um trabalho coletivo e que fizesse uso
das tecnologias.
Por isso, o êxito obtido através do Blog Educativo mostrou-se através
da intensificação do acesso ao laboratório de informática da escola, o que
tornou também necessária a disponibilidade de um profissional em tempo
integral para orientar os alunos em suas pesquisas e atualizações dos
conhecimentos adquiridos em sala de aula.
4 DESCRIÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃ DO PROJETO NA ESCOLA
A busca pela formação continuada e efetivada através da prática
pedagógica eficiente e eficaz nos levou a pleitear um lugar na formação
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proposta pelo Programa de Desenvolvimento da Educação, lançado pelo
Governo do Estado do Paraná, através da Secretaria de Estado da Educação.
Com essa busca, a participação se efetivou e muitas foram as conquistas
adquiridas através dessa oportunidade. As aprendizagens adquiridas através
da graduação, do curso de especialização e dos diversos cursos da área
realizados nesta caminhada profissional, acrescentaram enormemente na
aquisição de conhecimentos, de leituras sobre os mais diversos temas que
envolvem o aspecto educacional. Porém, através desta participação no PDE,
foi possível e necessário ultrapassar inúmeros obstáculos e superar
dificuldades.
Os cursos oferecidos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
como instituição credenciada, facilitadora e organizadora do Programa dentro
da proposta, foram de uma importância imensa, pois proporcionaram
reaprendizagens, mudança ou aprimoramento de concepções educacionais,
troca de experiências com educadores das mais diversas áreas, além de nos
tornar novamente alunos. E nessa perspectiva, entender melhor a visão que o
aluno tem da atuação do professor, da necessidade que este apresenta no que
se refere à inovação de métodos de ensino, algo que muitas vezes não se
torna tão visível enquanto partícipe do processo educacional, como educador.
Além disso, a necessidade de pesquisa, de atualização na base
referencial foi determinante para que o trabalho fluísse e apresentasse
resultados relevantes.
Retornando à escola no mês de agosto de 2011 para a aplicação do
Projeto em questão, foi grande a nossa satisfação pelo interesse que o trabalho
despertou nos educadores. Tanto por ser um tema atual, importante para a
mudança da prática educativa que muitos dos educadores sentem e buscam.
Muitos apresentam sucesso nessa busca, enquanto outros apresentam
dificuldades, até mesmo pela própria formação recebida na graduação. Ou
ainda, pela forma como conduziram sua atuação profissional, restrita a
conhecimentos e métodos ainda tradicionais.
Após a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN 9.394/96, do financiamento da educação na América Latina
através de organismos internacionais – Banco Mundial, impulsionaram as
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reflexões sobre a formação do professor, ao mesmo tempo em que foram
reconhecidas as defasagens na formação inicial dos professores.
Nesse contexto, apresenta-se a necessidade de tomada de decisões
individuais, autônomas de busca permanente de formação, atualização dos
educadores, no desenvolvimento de suas atividades profissionais. Também em
virtude dessa exigência na educação contemporânea, o projeto apresentado foi
recebido como mais uma oportunidade de atualização para os docentes da
escola.
Além de oportunizar o estreitamento nas relações entre os diversos
docentes da escola, que nem sempre ocorre devido aos horários de trabalho
diferenciados, também foi possível a estes participar do Grupo de Trabalho em
Rede – GTR. Este curso apresenta-se na modalidade a Distância, tendo como
obrigatoriedade o domínio das novas tecnologias e acesso às redes sociais
através da Internet.
O GTR é uma fase de trabalho obrigatória a todos os participantes do
PDE, onde há a atuação dos envolvidos no programa como tutores e, para isso
o Núcleo de Educação através do Centro Regional de Tecnologias
Educacionais – CRTE oferece formação bastante consistente e facilitadora do
processo.
O maior desafio foi o não domínio da tecnologia informatizada e o
maior estímulo foi o entusiasmo e a ansiedade dos professores em participar
do Grupo de Estudos. O tema desenvolvido durante o GTR foi o mesmo
idealizado na construção do Projeto de Intervenção Pedagógica, tendo como
Título “A expansão da Educação a Distância através do uso da internet: as
tecnologias da informação e comunicação como recurso didático
pedagógico”, desta autora.
Não foi possível a todos os docentes a participação neste tema
específico, tendo em vista as especialidades de cada disciplina. Igualmente
motivador, foi o desejo dos docentes de criar blogs referentes à sua disciplina,
objetivando melhorar seu desempenho educacional. Através dessa prática no
GTR, valorizou-se a modalidade da Educação a Distância, que há muito
avançou e muito acrescentou no processo de formação inicial e continuada de
profissionais das mais diversas áreas.
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Pode-se perceber nesse percurso, a possibilidade de troca de
experiências e aprendizagens, uma vez que um professor auxiliava o outro em
cada dificuldade específica do domínio da tecnologia da informática. Percebeu-
se que a maioria da clientela escolar ainda desconhece a grande evolução da
EAD, bem como a diversidade de cursos oferecidos pelas mais diversas
instituições públicas, em sua maioria gratuita. Outro fator que apresenta
dificuldades nessa modalidade de ensino é a ausência de capacitação de
profissionais na área de informática, ou mesmo, do uso da Internet de forma
produtiva.
Antes da criação dos blogs específicos, realizamos um Tour rápido
sobre os passos para criação do Blog Educativo. Cada professor criou sua
conta e demos início à construção dos Blogs por disciplina. Na sequência,
foram atribuídos nomes aos Blogs, escolhidos pelos alunos. A participação dos
alunos no desenvolvimento do trabalho foi idealizada pelos próprios docentes,
que selecionaram os alunos para participação nas atividades relacionadas a
este trabalho. A participação dos docentes deu-se por adesão, não atingindo a
todos, em virtude da grande resistência de determinado grupo de docentes às
mudanças, uma vez que, em alguns casos, não havia o domínio da tecnologia
informatizada.
Vale salientar que, ao iniciar minha participação no PDE, iniciei
paralelamente um curso de informática, pois o que sabia era apenas o básico e
não suficiente para desenvolver tal projeto. Assim, foi também algo desafiador e
novo tanto para a equipe da escola, como para meu próprio aprendizado.
5. A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
5.1 Primeiro Momento – Explanação e a Adesão
O primeiro momento ocorreu durante a semana pedagógica onde
utilizamos deste espaço para socializar o Projeto com o Corpo Docente, a
Equipe Diretiva e os Funcionários.
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Percebemos que os professores foram bastante receptivos à ideia, uma
vez que muitos estão abertos ao novo e, como educadores esperam que o
retorno à escola daqueles docentes que saíram para participar do Programa de
Desenvolvimento da Educação – PDE tragam novidades que possam auxiliar o
desenvolvimento de seu trabalho diário em sala de aula.
Desta forma, o desafio foi lançado a todos, uma vez que a participação
não era obrigatória. Aqueles que efetivamente se dispuseram a participar e
aderiram ao projeto de forma espontânea, contribuíram significativamente para
o desenvolvimento do Projeto, sendo que sem essa receptividade na
participação do trabalho, este não teria obtido sucesso.
Durante a explanação do Projeto foi visível o interesse dos professores
pelo trabalho, através das perguntas lançadas acerca do desenvolvimento do
projeto e o que cada um poderia desenvolver.
Pode-se perceber nesse percurso, a possibilidade de troca de
experiências e aprendizagens, uma vez que um professor auxiliava o outro em
cada dificuldade específica do domínio da tecnologia da informática.
Antes da criação dos blogs específicos, realizamos um Tour rápido
sobre os passos para criação do Blog Educativo. Cada professor criou sua
conta e demos início a construção dos Blogs por disciplina. Na sequência,
foram atribuídos nomes aos Blogs, escolhidos pelos alunos.
A participação dos alunos no desenvolvimento do trabalho foi
idealizada pelos próprios docentes, que selecionaram os alunos para
participação nas atividades relacionadas a este trabalho, foi possível visualizar
o quanto grande ainda é a resistência de determinado grupo de docentes às
mudanças, uma vez que não havia o domínio da tecnologia informatizada.
Vale salientar que, ao iniciar minha participação no PDE, iniciei
paralelamente um curso de informática, pois o que sabia era apenas o básico e
não suficiente para desenvolver tal projeto. Assim, foi também algo desafiador e
novo tanto para a equipe da escola, como para meu próprio aprendizado.
O maior desafio foi o não domínio da tecnologia informatizada e o
maior estímulo foi o entusiasmo e a ansiedade dos professores em participar
do Grupo de Trabalho em Rede – GTR. O tema desenvolvido durante o GTR
foi o mesmo idealizado na construção do Projeto de Intervenção Pedagógica,
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tendo como Título “ A expansão da Educação a Distância através do uso da
internet: as tecnologias da informação e comunicação como recurso
didático pedagógico”, desta autora.
Não foi possível a todos os docentes a participação neste tema
específico, tendo em vista as especialidades de cada disciplina. Igualmente
motivador, foi o desejo dos docentes de criar blogs referentes à sua disciplina,
objetivando melhorar seu desempenho educacional.
O estudo teórico sobre Educação a Distância, foi realizado de forma
individual e coletiva, com textos pré-elaborados, durante a construção do
Projeto de Implementação.
De acordo com a fala de Fredric Litto, presidente da ABED em
entrevista concedida à Revista Nova Escola (2009), não basta um curso
universitário para ser um profissional requisitado pela competência e todo
profissional precisa procurar atualizar-se em sua área constantemente, se não
for possível de forma presencial, deve ser na modalidade a Distância, mas
deve acontecer.
O aluno tem que decidir pela forma de educação que mais lhe ajudar,
se perguntar até que ponto há necessidade do apoio do professor, seja por
necessidade de explicações constantes, seja pela necessidade dos elogios, ou
das cobranças do professor. Precisa ter maturidade e motivação para concluir
os cursos a distância que se propuser a fazer. Assim como deve procurar uma
instituição séria para isso, sem mediocridade no trabalho e ensino proposto.
Complementando, ficou claro que o conhecimento não é mercadoria,
mas via de emancipação, uma vez que o sujeito só adquire autonomia através
do conhecimento.
5.2 Segundo Momento – preparação para o Grupo de Trabalho em Rede – GTR
A partir do mês de setembro e paralelamente a implementação do
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projeto, iniciamos nossa preparação para o Grupo de Trabalho em Rede, com o
Curso de Formação para Professores Tutores (figura 2), ministrado pelo Núcleo
de Educação, através do CRTE. Os profissionais da área destinados a esse
trabalho nos auxiliaram na identificação dos tutoriais de como: utilizar o e-mail
expresso, como utilizar o SACIR, o ambiente e-escola, editor de texto entre
muitos outros recursos além de nos fornecerem dicas imprescindíveis para o
desenvolvimento do trabalho na escola.
5.3 Terceiro Momento: a execução do Projeto
Na fase seguinte do trabalho, o projeto foi apresentado aos alunos
participantes, de forma informal e acessível. Três dos professores participantes
do projeto já possuíam blogs das disciplinas que ministram e alguns alunos
também já tinham blogs pessoais ou seguiam Blogs de seu interesse
específico, o que facilitou grandemente os trabalhos.
Totalizamos oito Blogs, nas disciplinas de História, Artes, Geografia (2),
Matemática (2), Educação Especial e Ciências, além de um específico desta
autora, com utilização de poesias, produzidas pela mesma, ainda em
construção e atualização, assim como os demais blogs, que continuam em
formação.
No design de cada blog, os docentes (figura 3) procuraram fotos e
textos relacionados à disciplina, para a página inicial do mesmo e assim
aconteceu, de acordo com a preferência de cada um. Depois de concluídos, os
blogs foram apresentados aos alunos, situação esta que possibilitou então, as
sugestões, trabalhos e composições realizadas pelos alunos participantes.
Os alunos que participaram do projeto foram indicados pelos
educadores, por se destacarem em outras atividades de sala de aula e, na
visão dos professores, teriam maior facilidade para auxiliar posteriormente os
colegas. Estes alunos participaram sugerindo atividades, repassando
informações para as demais turmas sobre o referido trabalho, bem como os
endereços eletrônicos de cada um, realizando postagens e desenvolvendo
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atividades lançadas pelos professores.
Para que esse trabalho pudesse ser efetivado no quesito de
atendimento dos alunos no Laboratório de Informática, realizei esse trabalho,
dentro da carga horária prevista e além desta, sempre que os alunos
precisavam fazer pesquisas, postagens ou desenvolver atividades propostas
pelos professores. Marques (1996, p. 14)
A educação se cumpre num diálogo de saberes, não em simples troca de informações, nem em mero assentimento acrítico a proposições alheias, mas na busca do entendimento compartilhado entre todos os que participam da mesma comunidade de vida, de trabalho, de uma comunidade discursiva de argumentação. (Marques (1996, p. 14)
Reafirmando a fala de Marques, todos os trabalhos desenvolvidos
pelos professores foram criativos e cooperativos. Destacaram-se neste
percurso, os trabalhos desenvolvidos e o empenho e dedicação da professora
da disciplina de Artes.
Foram pesquisados personagens folclóricos, realizadas pinturas a
partir das imagens, produzidas máscaras e realizada a exposição do trabalho
em espaço próprio, assim como a produção de músicas do estilo Rap,
Movimento Hip Hop, Acrósticos e Grafite (figura 1), com divulgação feita para
toda a escola.
Figura 1 – Trabalho desenvolvido na disciplina de Artes pela aluna Mariana (8ª série A)
Nesse trabalho específico, antes da produção dos desenhos, letras de
músicas, acrósticos, foram realizadas pesquisas sobre os temas propostos pela
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professora, também no laboratório e sob a orientação da autora deste projeto.
Os alunos demonstraram um interesse muito grande nas atividades artísticas,
nestes moldes.
Foram extremamente criativos nas suas produções e também nos
desenhos artísticos que realizaram, sempre sob a supervisão da professora,
tanto no laboratório quanto em sala de aula. Um fato bastante interessante e
não tão comum que se pode observar nesse trabalho, foi a cooperação entre
os alunos. Tanto dando ideias como complementando os trabalhos dos
colegas, sempre que possível ou necessário.
Tendo em vista que ao iniciar um novo ano letivo há sempre uma troca
de professores, houve uma preocupação em verificar junto aos professores que
permaneceram na escola sobre a continuidade do mesmo, muitos dos
docentes relataram que pretendem continuar com as turmas deste ano,
especialmente as turmas do 9º Ano, dissipando dessa forma o temor de que os
professores deixassem de utilizar-se desta ferramenta pedagógica em seu
cotidiano escolar.
As ferramentas existem e as possibilidades de uso são imensuráveis.
Cabe agora a cada educador encontrar a melhor forma de utilizá-las, de forma
a tornar seu trabalho efetivo e apresentar aprendizagem significativa aos
alunos.
O professor sempre foi e sempre será o elemento mais importante no
processo educativo, mesmo em uma geração cuja tendência é a utilização das
tecnologias em todos os ambientes sociais, em especial aqui na escola. As
informações são abundantes e as fontes infinitas. Vale buscar o que é mais
importante e imprescindível na formação do cidadão ciente e consciente de sua
importância em todo o contexto social.
Mesmo com toda a tecnologia disponível na atualidade, é de extrema
importância que os educadores se importem com o que, quando, como e por
que é tão importante acompanhar o desenvolvimento tecnológico.
Não pensando apenas no momento de transmitir ou construir o
conhecimento junto aos seus alunos, mas, porque estamos vivendo em um
tempo em que tudo muda o tempo todo e, é preciso acompanhar essas
mudanças ou corremos o risco de nos tornarmos obsoletos.
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Mudar a forma de ensinar pode e deve transformar o comportamento
dos educandos em seu papel de aprendiz, temos que fazer com que a escola
seja um espaço onde se viva diariamente a cidadania. Não no discurso vazio,
mas na prática enriquecedora. Mudam assim as concepções de homem e de
mundo, e quanto melhor for a qualidade do ensino oferecido pela escola,
melhor será a qualidade de vida dos envolvidos no processo educativo, da
comunidade onde a escola está inserida e da sociedade como um todo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que durante todo processo de aprendizagem no PDE –
Programa de Desenvolvimento da Educação, muitas experiências positivas
aconteceram. Durante todo o tempo dedicado ao desenvolvimento profissional,
nenhuma experiência de estudos foi tão gratificante quanto esta.
Nenhum curso que possa ter sido realizado nesse trajeto mostrou de
forma tão enfática o quanto é necessária a atualização constante, novas
aprendizagens, a revisão de conceitos e concepções educacionais.
Acima de tudo, acompanhar o processo evolutivo da humanidade e das
tecnologias disponíveis no status atual da sociedade. Rever conteúdos, renovar
conhecimentos, pesquisar e por vezes, sermos levados a buscar auxílio, a
reestudar e reaprender o que já imaginávamos saber tão bem. E encontramos,
ou reencontramos aprendizagens que nos foram e sempre serão necessárias
em nossa atuação enquanto profissionais.
Referimo-nos também às novas relações construídas com tantas
pessoas diferentes daquelas com as quais convivemos diariamente. Diferentes
não apenas fisicamente, mas em suas essências, vivências, experiências e
saberes. Essa mudança de vivências se faz necessária, para que possa avaliar
o que realizamos dentro do nosso trabalho.
Muitas vezes nos fechamos em nosso universo de relações e
passamos a desconhecer outras tantas que nos eram possíveis, por simples
acomodação. Sair da zona de conforto traz medo, insegurança, sensação de
criança quando ingressa pela primeira vez na escola. Tudo parece novo,
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inusitado e assustador. Porém, no decorrer do tempo, as relações vão se
estreitando de tal forma que não aprendemos apenas o conteúdo ou tema à
que nos propusemos pesquisar.
Aprendemos que somos capazes de criar, crescer, tropeçar, errar e
acertar, superar nossos próprios limites, que muitas vezes nós mesmos nos
impomos, porque a acomodação gera limites, mas a busca pelo desconhecido
gera liberdade. E assim foi.
Adquirimos conhecimentos nunca antes pensados, conhecemos
pessoas que, não fosse esse processo de aprendizagem e estudos jamais
conheceríamos. Convivemos diariamente e de forma tão próxima com os
educadores da própria escola onde atuamos, pudemos mostrar um pouco mais
de nós e aprender muito sobre eles.
Aprendemos que nada pode ser considerado impossível, antes de ser
tentado. Que não podemos jamais duvidar do potencial do outro. Que tudo é
possível em se tratando de pessoas e nesse quesito também nos incluímos.
Que é possível aprender sempre mais e mais.
Ao utilizar de forma construtiva, criativa e mais humana ainda, os
recursos que estão ao nosso dispor, a qualquer hora, em qualquer lugar. E que
muitas vezes não buscamos porque acreditávamos não precisar. Quanta
pretensão. Hoje, amadurecidos pelas experiências vividas, podemos com
certeza afirmar que: “ninguém nasce pronto e acabado, mas que se constrói
todos os dias, de forma diferente e crescente ou decrescente, dependendo do
que almejamos para nós, nossa vida e para aqueles dos quais nos tornamos
responsáveis porque de alguma forma cativamos e por isso, nos tornamos
responsáveis”.
Embora fossem estabelecidos 8 (oito) encontros cada um com 4 (quatro)
horas de duração para a implementação do projeto, este aconteceu em 12
(doze) encontros, em virtude do interesse na continuidade dos trabalhos e com
vistas ao atendimento de todos os docentes interessados no conteúdo da
proposta.
Foi possível perceber de forma bastante convincente que, na maioria
das vezes, quando não ocorre a busca da formação continuada por parte dos
educadores, é por falta de tempo e não de interesse ou necessidade. Salvo
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algumas poucas exceções. O desenvolvimento deste trabalho na escola
conseguiu aguçar a curiosidade dos docentes e discentes na busca pelo
diferencial pedagógico, da melhoria na atuação individual e coletiva.
A proposta lançada inicialmente com a pretensão de atingir um
contingente mediano de participantes, ultrapassou as expectativas porque a
adesão foi maior que a esperada. A possibilidade de utilização da Hora
Atividade para participação docente facilitou os encontros, mesmo que em
tempos distintos.
Os blogs criados foram importantes porque elevaram a autoestima dos
educadores, que buscavam de alguma forma, mostrar o trabalho que realizam.
Isso foi possível em maior proporção através do blog específico das disciplinas.
Alguns foram realizados individualmente, outros em duplas ou trios,
dependendo das disciplinas de atuação.
Foi uma experiência bastante enriquecedora para todos nós, tendo
despertado grande parte dos participantes e dos não participantes, para novas
formas de construir o conhecimento com a cooperação e participação ativa dos
alunos.
Além do aspecto cooperativo demonstrado durante o trabalho, foi
possível comprovar que todos podem aprender muito mais e alcançarem
resultados muito melhores quando se propõem a ajudar uns aos outros. Além
disso, proporcionou maior diálogo entre os professores das mesmas
disciplinas, como de disciplinas distintas, que puderam desenvolver as
atividades em conjunto, para serem utilizadas nas diversas áreas do
conhecimento.
Através das atitudes cooperativas, os educadores perceberam que o
ambiente escolar pode ser transformado, através do trabalho coletivo,
cooperativo e participativo de todos os envolvidos no processo educacional.
Ao concluir-se o projeto pode-se perceber que para os educadores, o
Blog passou a ser uma importante ferramenta de trabalho, pela infinidade de
possibilidades de estudos, dentro dos mais diversos temas e disciplinas.
Enfatizando ainda neste contexto, a cooperação entre os profissionais
envolvidos, fator determinante no desenvolvimento e no alcance dos objetivos
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traçados para este trabalho, os quais foram atingidos, para o momento
específico do desenvolvimento do trabalho.
Espera-se que esse envolvimento dos professores, a cooperação
dispendida nesse período, seja uma constante na busca da melhoria da
qualidade do ensino oferecido pela escola, já que a educação é um processo
cooperativo que vislumbra a emancipação do indivíduo, dentro do processo de
interação e democracia, onde todas as vozes representam sujeitos da história
construída pela humanidade.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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bases da educação nacional. DOU de 23.12.1996. Disponível em:
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24
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Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. Disponível em
<http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev16/machado.htm> Acesso em: 30 mai.
2012.
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<http://www.vanzolini-ead.org.br/www.escola/.../int01_material_de_apoio.doc>
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12 - RIZEK, B. Do laboratório a sala de aula. Revista Nova Escola, São
Paulo, n.145, set. 2001.
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Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Belo Horizonte, 2 a 6 de
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15 - SILVA, S.; OLIVEIRA, M. H. P. A contribuição da teoria sócio-
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<http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/agosto05/destaque/destaque.htm>
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17 - Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação/Secretaria de
Educação a distância. Série de Estudos da Educação a Distância, ISSN 1516-
2079; V.3 p.65,66,81. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED,
1998.