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1 O ECOMUSEU COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL-REGIONAL E AGENTE DEFINIDOR DE GEOESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE DOS TERRITÓRIOS António Pedrosa Universidade do Porto – Portugal [email protected] Tulio Barbosa Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Resumo O presente trabalho tem como centralidade apontamentos importantes para pensarmos o Ecomuseu como modelo de sustentabilidade territorial apoiado na valorização do patrimônio cultural e natural das comunidades rurais tradicionais. O Ecomuseu tem como finalidade a promoção dos aspectos patrimoniais e o desenvolvimento das comunidades rurais tradicionais pelos seus modos de vida, impedindo o avanço sistemático das exigências exógenas da globalização. Palavras-chave: Ecomuseu. Comunidades Rurais Tradicionais. Sustentabilidade. Identidade cultural. Patrimônio cultural e natural. Introdução O Ecomuseu na sua base conceitual deverá constituir-se como: espaço de valorização de recursos e patrimônio; espaço de representação de identidade territorial e cultural; espaço de formação, investigação e experimentação; espaço de conservação e cooperação interinstitucional; espaço de participação e cidadania e um espaço de inovação e de mobilização de novas atividades. (BABO; GUERRA, 2005) Deve então ser concebido como um museu de um território pressupondo um forte envolvimento de populações e instituições locais no processo de valorização dos diversos patrimônios, dos recursos naturais endógenos e dos valores culturais identitários da região, devendo assumir-se como um elemento de importância significativa na estratégia definida para o desenvolvimento territorial. A ideia de um Ecomuseu para uma determinada região deve resultar da consciência e importância que a população tem do seu território, mas também da preocupação de salvaguardar um patrimônio, nas suas múltiplas componentes, natural, cultural e socioeconômica, tendo como finalidade contribuir para o desenvolvimento das próprias populações (BABO e GUERRA, 2005). Por isso, o conceito de Ecomuseu ou de Museu

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O ECOMUSEU COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL-REGIONAL E AGENTE DEFINIDOR DE

GEOESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE DOS TERRITÓRIOS

António Pedrosa Universidade do Porto – Portugal

[email protected]

Tulio Barbosa Universidade Federal de Uberlândia

[email protected] Resumo O presente trabalho tem como centralidade apontamentos importantes para pensarmos o Ecomuseu como modelo de sustentabilidade territorial apoiado na valorização do patrimônio cultural e natural das comunidades rurais tradicionais. O Ecomuseu tem como finalidade a promoção dos aspectos patrimoniais e o desenvolvimento das comunidades rurais tradicionais pelos seus modos de vida, impedindo o avanço sistemático das exigências exógenas da globalização. Palavras-chave: Ecomuseu. Comunidades Rurais Tradicionais. Sustentabilidade. Identidade cultural. Patrimônio cultural e natural. Introdução O Ecomuseu na sua base conceitual deverá constituir-se como: espaço de valorização de

recursos e patrimônio; espaço de representação de identidade territorial e cultural;

espaço de formação, investigação e experimentação; espaço de conservação e

cooperação interinstitucional; espaço de participação e cidadania e um espaço de

inovação e de mobilização de novas atividades. (BABO; GUERRA, 2005)

Deve então ser concebido como um museu de um território pressupondo um forte

envolvimento de populações e instituições locais no processo de valorização dos

diversos patrimônios, dos recursos naturais endógenos e dos valores culturais

identitários da região, devendo assumir-se como um elemento de importância

significativa na estratégia definida para o desenvolvimento territorial.

A ideia de um Ecomuseu para uma determinada região deve resultar da consciência e

importância que a população tem do seu território, mas também da preocupação de

salvaguardar um patrimônio, nas suas múltiplas componentes, natural, cultural e

socioeconômica, tendo como finalidade contribuir para o desenvolvimento das próprias

populações (BABO e GUERRA, 2005). Por isso, o conceito de Ecomuseu ou de Museu

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do Território repousa na valorização dos seus recursos chave: população, patrimônio

natural e construído e valores culturais.

Nenhum território poderá ser sustentável se a população local não conhecer e

reconhecer as potencialidades do local onde reside, assim como, se não souber tirar

dividendos da valorização desses sítios, a que alguns chamam patrimônio enquanto

outros apenas veem “patrimônios” (TEIXEIRA, 2005). Deste modo, entendemos que

esta nova visão terá de ter implicações na melhoria do seu modo de vida da população e

na sua forma de encarar o futuro.

Assim, o conceito de ecomuseu deve procurar manter os níveis de sustentabilidade de

desenvolvimento e alcançar a revitalização do território que abarca. Esta ideia só pode

ser alcançada se a comunidade se sentir envolvida no projeto, que terá de ter também

como prioridade o aproveitamento e valorização do patrimônio e identidade cultural,

também deve incentivar e promover a diversificação de outras atividades no seu espaço,

nomeadamente associadas ao turismo cultural e/ou outras que propiciem uma melhoria

socioeconômica e permitam encontrar novos motivos que levem a que a população se

fixe no território (PEDROSA e PEREIRA, 2012).

O Ecomuseu pode ser entendido como um espaço de memória, mas, ao mesmo tempo,

vocacionado para o desenvolvimento se considerarmos que: situa os objetos no seu

contexto, preserva conhecimentos técnicos e saberes locais, consciencializa e educa

acerca dos valores do património cultural; implica interpretar os diferentes espaços que

compõem uma paisagem; permite desenvolver programas de participação popular e

contribui para o desenvolvimento da comunidade (TEIXEIRA, 2005).

A noção de ecomuseu inspira-se na ideia de um “museu integral”, que nos remete de

imediato para dois aspectos essenciais: o espaço e o tempo. A este propósito Fernando

Pessoa (1992) afirma que o ecomuseu: “é ao mesmo tempo um museu do tempo e do

espaço, congregando a exposição do fio condutor da duração dos séculos com a

presença real do espaço que guarda as marcas do passado".

Deste modo, é nosso objetivo destacar neste trabalho caráter multidimensional que o

Ecomuseu deve possuir, conferindo-lhe uma dialética particular no incremento das

relações entre património e desenvolvimento e sustentabilidade, permitindo-lhe assumir,

assim, um papel agregador e de dinamizador das diferentes componentes da realidade

regional em que se insere, partindo da diversidade de recursos e de atividades que possa

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integrar – recursos naturais, recursos culturais, património edificado e habitat, saberes-

fazer tradicionais, capacidades de inovação, atividades a promover e serviços a prestar.

É, também, nosso objetivo demonstrar que a implementação do Ecomuseu passa

claramente pelo conhecimento e valorização do patrimônio que permite fazer sobressair

à identidade cultural do território. (TEIXEIRA, 2005).

Com este conhecimento que resulta da investigação deve defender um projeto de

desenvolvimento baseado nos fatores endógenos que mobilize as populações locais para

a promoção e divulgação dos recursos existentes através de diversas formas de

marketing territorial. Deve, ainda, ter um papel importante como promotor turístico

através da concepção e promoção de produtos específicos relacionados com o território

em que se inserem resultantes de uma organização seletiva da oferta turística

assegurando uma boa articulação da agenda cultural.

Os valores patrimoniais e a identidade cultural dos territórios como suporte do Ecomuseu. Em tempos de globalização, de fluidez das informações e dos valores a ideia de

identidade territorial precisa ser reorganizada nas próprias comunidades, ou seja, as

imbricações das transversalidades culturais impuseram uma disritmia nas concepções de

muitas comunidades quanto à suas identidades culturais e territoriais. Neste sentido, a

partir de Santos (2008), entendemos que as comunidades e suas tradições foram e são

impactadas por valores e concepções que distanciam os mesmos de suas origens

históricas e geográficas.

Perante esta ideia compreendemos a partir de Santos (1978) que a relação dos valores

patrimoniais e a identidade cultural é ponto essencial para a formulação de políticas

concernentes à sustentabilidade das comunidades centradas em valores tradicionais e

que foram afastadas dos processos de modernização do capitalismo pelo próprio arranjo

e rearranjo produtivo. O distanciamento da “modernização” acarretou o

empobrecimento destas comunidades, que não foi voluntário, uma vez que as

imposições do modo de produção capitalista não selecionaram os territórios destas

comunidades e, como tal, foram negligenciados pelo sistema.

Ao mesmo tempo, este cenário de tensões apresenta questões importantíssimas para a

formulação de críticas ao próprio sistema; assim, a partir de Morais (2012)

compreendemos que essa conjuntura leva à construção de resistências. Deste modo, o

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Ecomuseu surge como organização político-social e econômica voltada, sobretudo, para

a resistência das imposições da modernidade excludente e para a reorganização

comunitária a partir de seus valores e tradições, em outras palavras, o Ecomuseu

proporciona o renovar das comunidades sem impor-lhes condições antagônicas aos seus

modos de viver.

Valores patrimoniais e culturais tem como resultado a construção de uma identidade

territorial, ao pensarmos sobre determinada parte do território não refletimos apenas o

geográfico, já que as pessoas fazem o território. Conforme Coimbra (2010) as

identidades culturais são forjadas no movimento dialético entre as condições materiais

dadas, a geografia e o processo histórico; assim, os patrimônios naturais e/ou culturais

formam o arcabouço cultural e paisagístico os quais resultam numa concepção estética

particularizada e é justamente essa estética geográfico-histórica e cultural que formam

as condições patrimoniais para serem trabalhadas dentro da concepção do Ecomuseu.

São indissociáveis a estética e a cultura comunitária, visto que a partir desta relação à

constituição paisagística atua como patrimônio, ou seja, as condições ímpares de uma

dada comunidade centralizam informações fundamentais para a divulgação das

diferenças estéticas, paisagísticas e culturais as quais promoverão a comunidade e,

posteriormente, ampliará a eficiência dos objetivos do Ecomuseu. Sem esse aparato não

existe Ecomuseu.

A íntima e necessária relação do patrimônio material e imaterial com a cultura de

identidade territorial resulta num modo específico de viver; assim, o Ecomuseu subtrai o

obscurantismo da imposição homogeneizadora da globalização e reforça os modos de

viver específicos da comunidade. Essa especificidade é que garante a identidade cultural

ao mesmo tempo em que garante a eficiência do Ecomuseu, já que o seu princípio

norteador é a garantia do modo de vida destas comunidades e sua inserção no circuito

do turismo, da valorização dos produtos tradicionais, do artesanato, da gastronomia e

outros - elementos que permitem a continuidade de valores culturais (materiais e

imateriais) e a conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural.

A imposição dos valores capitalistas via globalização são impedidos de avançarem nas

comunidades organizadas a partir de um projeto político e econômico comum; assim, o

Ecomuseu é simultaneamente a alternativa e a resistência dos modos de vidas destas

comunidades, já que ao partilharem seus valores culturais e patrimoniais com outras

pessoas (os turistas) estes serão divulgados com suas especificidades vivenciais,

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promovendo ao mesmo tempo a curiosidade quanto ao exotismo e o impacto no

cotidiano dos turistas, pois os mesmos se deparam (ou depararão) com valores e modos

de vida muitos diferentes dos seus cotidianos. Neste sentido, o Ecomuseu é um meio de

promover a sustentabilidade destas comunidades pela resistência a homogeneização dos

modos de vidas impostos pela globalização.

Valorizar o patrimônio e a identidade cultural significa reforçar a resistência contra as

operações impositivas do mercado globalizado promovendo o desenvolvimento das

comunidades na perspectiva da sustentabilidade. Os direcionamentos econômicos,

sociais, políticos e culturais destas comunidades atrelam-se ao circuito da não

globalização e isso possibilita o desenvolvimento de espacialidades específicas às quais

edificam novas lógicas e apresentam aos circuitos tradicionais da economia outros

caminhos operacionalizados pela identidade cultural e pela valorização do patrimônio

material e imaterial. Se as imposições dos circuitos capitalistas forjam as coerções dos

territórios e subtraem toda possibilidade de autonomia, o Ecomuseu promove relativa

autonomia econômica e considerável autonomia política e social, pelo que a valorização

da cultura endógena é uma barreira considerável às coações do sistema produtivo.

Obviamente, compreendemos a impossibilidade de total autonomia quanto às

imposições do sistema capitalista, porém o fortalecimento das relações comunitárias, o

apoio mútuo e a formação de uma identidade cultural são atributos suficientes para

construírem um modelo alternativo (e ao mesmo tempo resistência) ao atual.

A identidade cultural projeta o cotidiano para além do cotidiano, isto é, não se trata de

engessamento do passado no presente, uma vez que os sujeitos pelo caminho da

afirmação existencial e, neste sentido, os cotidianos dos moradores destas comunidades

vão além das imposições de uma tipificação veiculada ao modo de produção capitalista,

pois as resistências dos mesmos pela identidade cultural fornecem outras relações que

garantem a sustentabilidade dos mesmos.

A identidade cultural reflete-se na construção da paisagem através dos seus elementos

materiais e imateriais, constituição dos valores identitários passe pela ação construtiva

dos membros de uma comunidade, poroutras palavras, os sujeitos identificam-se

culturalmente pelas suas ações cotidianas, que exprimem suas experiências de vidas.

Neste sentido, pensar os valores culturais e patrimoniais como fomento para o

desenvolvimento endógeno passa, inegavelmente, pela constituição dos sujeitos

enquanto agentes de suas próprias experiências, portanto, a eficiência da elaboração,

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organização e prática do Ecomuseu depende das relações cotidianas dos sujeitos

vivendo em comunidade; assim, os valores culturais são visualizados a partir da não

interrupção do cotidiano da comunidade que terá a implementação do projeto do

Ecomuseu. De acordo com Teixeira (2005, p. 4): O ecomuseu, muito mais que uma simples instituição museológica, é uma instituição política, cultural e regional. Não se pretende negar ao homem rural os benefícios da tecnologia moderna pois se assim fosse haveria o risco, como afirma Rivière, de colocar uma população numa gaiola e o risco de a manipular. Trata-se sim, de procurar que ela encontre tais benefícios sem alienação da personalidade própria da comunidade a que pertence.

Pensar as comunidades rurais para além da imposição da divisão do trabalho é ponto

fulcral para a construção de uma identidade comunitária eivada de resistências e

capacidade organizativa sem a alienação tipificada do capitalismo. Para Teixeira (2005)

a não alienação da “personalidade” da comunidade insere-se na organização política e

cultural da mesma a partir da proteção à identidade cultural e patrimonial.

Nas últimas cinco décadas foram significativas às transformações no campo brasileiro,

resultado direto da revolução verde empreendida pelo capital internacional o qual

promoveu a sedimentação do conservadorismo no campo tendo como resultado a

fragmentação das comunidades tradicionais e a concentração de terras para

pouquíssimos proprietários. Essas transformações foram-se intensificando década a

década, cujo resultado reflete nos tempos atuais situações nefastas para as comunidades

rurais formadas por pequenos e médios proprietários. A utilização crescente e a

dependências das tecnologias produzidas e comercializadas pelas multinacionais

inseridas nas cadeias produtivas de commodities “excluíram” do setor produtivo

porções do território brasileiro, os quais podem ser compreendidas como locais

empobrecidos, pois os investimentos diretos do capital e do Estado somente se

encontram direcionados para áreas com capacidade de retorno para os investimentos.

Neste sentido, a identidade cultural corre o risco de negada pelos habitantes destas

regiões empobrecidas, pois os mesmos podem não desejar que outros os identifiquem

como sendo pertencentes à dada localidade, já que essa identificação pode levar a

construção de uma ideia errada e promover alguns preconceitos. Essa negação da

identidade cultural e territorial pode tornar-se um obstáculo para os empreendimentos e

ações que procuram supear as condições de pobreza, já que os esforços consorciados

das comunidades podem fragmentar-se.

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O desafio para a construção de um projeto de Ecomuseu está justamente nas condições

materiais da população rural brasileira, já que majoritariamente vivem em condições de

pobreza. Assim, a problemática consiste justamente na construção de um projeto

desalienante que permita a identificação dos valores patrimoniais e a identidade cultural

dos territórios. A negação dos valores patrimoniais e culturais é resultado da alienação

do sujeito perante as suas condições de vida; assim, não apresentamos os moradores das

comunidades rurais pobres como sujeitos incapazes de se organizarem política, social e

economicamente, pois o próprio processo de alienação é parte das estratégias de

sobrevivência, uma vez que as condições de vida no meio rural não suprem as

necessidades básicas dos mesmos.

A identificação com elementos negadores das condições de vida destes, como a vida

urbana, os grandes centros de compras, dentre outros, leva-os a buscarem uma nova

identidade que não mais se justifica pela ruralidade.

Os valores patrimoniais e a identidade cultural somente farão sentidos para esses

sujeitos quando os compreenderem como resistências ao quadro degradante de

imposição cultural nesses tempos de globalização. A identidade pelas condições

materiais e imateriais passa pelas relações sociais e o lugar destes sujeitos no modo de

produção capitalista; assim, as comunidades rurais precisam associar o modo de vida as

resistências necessárias para se imporem ao capitalismo.

A resistência pelos valores patrimoniais e culturais reside justamente na capacidade de

sobreviver e progredir sem abdicar das tradições e dos valores ímpares que compõem

uma comunidade, em outras palavras, sem agressões ao modo que essas pessoas vivem

e pensam, trata-se do respeito pela diversidade e a oposição à homogeneização das

condições de vidas.

O Ecomuseu e o seu contributo para um projeto territorial de desenvolvimento endógeno. As variantes da pobreza influenciam decisivamente as influências exógenas às

comunidades rurais, portanto, pensar a crítica das condições de vida dessas

comunidades somente é possível com a projeção de ações práticas para a superação da

pobreza. Assim, sem-terras assentados, quilombolas, pequenos e médios proprietários,

são direcionados pelo e para o mercado das commodities.

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O resultado deste direcionamento é o limite da atuação destes sujeitos com as cadeias

produtivas. Os limites destas levam à limitação da vida destes sujeitos, pois muitos

abandonaram seus modos de vida e partiram para a construção de elementos conectados

com às necessidades do capitalismo e não com as suas reais necessidades, já que os

elementos culturais constituem o âmago destas comunidades.

As comunidades tradicionais vão além da definição vinculada ao modo de produção não

capitalista ou pré-capitalista, pois entendemos que as comunidades tradicionais foram

construídas pela relação contínua das condições geográficas, históricas e sociais, que

levaram a constituição de comunidades que possuem particularidades e que se

diferenciam pelos seus modos de vida. As condições ímpares para a existência destas

comunidades forjaram tradições diferenciadas das demais.

Essas comunidades possuem em si elementos que vão além da homogeneidade imposta

pelas condições exógenas; assim, a gastronomia, a dança, o vestuário, costumes, “saber-

fazer”, enfim, elementos cotidianos que os diferenciam dos demais e dão sentido de

unidade e de identidade ao mesmo tempo que representam aqueles que não lhe

pertencem como alternativas às imposições dominantes. Assim, pescadores,

quilombolas, faxinalenses, pantaneiros, extrativistas, quebradeiras, ribeirinhos,

indígenas, caiçaras, ciganos, comunidades rurais religiosas, pequenos e médios

proprietários que vivem em comunidades tem como centralidade as diversidades e as

particularidades que vão além da conceituação econômica, pois os atributos culturais e

patrimoniais permitem que os mesmos sejam compreendidos pelos seus modos de vida

e não pela imposição de um modelo. Justamente por não comporem esse modelado

econômico são majoritariamente empobrecidos.

As condições de pobreza provoado pelo endividamento bancário, ou por outros

endividamentos, pela perda do poder de compra , pela quebra da safra, são muitos os

motivos que levaram muitas comunidades rurais tradicionais a abandonarem suas

concepções e modos de vida, substituindo pelas imposições do mercado.

Neste sentido, pensarmos o Ecomuseu como projeto territorial de desenvolvimento

endógeno é fundamental para a subtração das imposições do mercado de commodities,

pois fortificamos alternativas para que a tradição cultural permaneça e com isso a

qualidade de vida necessária para toda a comunidade seja imposta. Neste ponto,

apresentamos o direito à tradição, o direito a memória e o direito a qualidade de vida

das populações das comunidades tradicionais por meio da implantação do Ecomuseu.

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O direito a memória é tema fundamental para a constituição patrimonial e cultural do

Ecomuseu, pois permite aos membros da comunidade não se desvencilharem das suas

tradições e nem abandonarem seus modos de vida. Assim, um dos pontos fundamentais

para o Ecomuseu é a garantia da memória, da história e da continuidade desta para as

futuras gerações.

A anulação dos sujeitos das comunidades rurais e a inserção destes no circuito

produtivo das commodities direcionam os mesmos a construírem seu próprio

esquecimento, já que sua identidade é subtraída para dar lugar a um comprometimento

com os valores exógenos a sua condição e modo de vida.

As relações sociais nas comunidades rurais são indissociáveis do trabalho, mas também

da religiosidade, artes, danças, enfim, da cultura. São elementos dispensados pelo modo

de produção capitalista, já que o mesmo não depende destes para e se sustentar ao

contrário das comunidades rurais que por meio do Ecomuseu dependem destas relações

para se afirmarem e se auto sustentarem. O Ecomuseu pode funcionar como um

elemento potencializador destas caraterísticas ajudando à sustentabilidade das mesmas e

da comunidade.

O Ecomuseu, portanto, como projeto de desenvolvimento territorial endógeno depende

da fundamentação cultural vivida por essas comunidades. No caso das comunidades

rurais é importante que os sujeitos que as compõem entendam que seu modo de vida

vincula-se a tradições que estão além do tempo presente; assim, compreende-las

historicamente é o primeiro passo para firma-los como pertencentes a uma cultura, não

que os mesmos não tenham consciência de si e de suas condições, todavia a

confirmação de seu modo de vida pela fundamentação histórica legitima seus espaços.

A partir da legitimação dos espaços a compreensão da identidade territorial é

consequência; assim, os sujeitos compreendem seus espaços pela correspondência dos

seus modos de viver. A produção da cotidianidade por esses sujeitos revelam aos

demais como os mesmos vivem e se diferenciam das outras comunidades. Essa

multidimensionalidade cotidiana quando comparada pela articulação de vivências

remontam possibilidades que efetuam dinamismos centrados no desenvolvimento de

suas condições de vidas. Esse desenvolvimento somente será efetuado pelo consórcio da

tradição destas comunidades com a consciência crítica quanto as suas dificuldades

econômicas.

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Pensar o desenvolvimento destas comunidades significa defender sua própria tradição,

pois não se trata de “se venderem ao mercado”, mas buscarem alternativas a partir de

seus modos de viver e não abdicarem de sua história, da cultura e de suas

relações.Assim entendemos a tradição permite narrar outras histórias e demonstrar que

existem pensamentos e costumes diferentes da homogeneização ocorrida nestes tempos

de globalização, nestes tempos de expansão do agronegócio. O tradicional neste sentido nada tem a ver com o passado, nem tão pouco com um tempo linear. O tradicional está relacionado com a maneira de uso dos recursos e com sua persistência. Ele tem a ver com o futuro. Os povos e comunidades tradicionais estão construindo situações de autosustentabilidade. É um momento de construção de sonhos e de possibilidades e isto não significa outra coisa que limites para os agronegócios, que objetivam uma expansão desmedida. (ALMEIDA, 2009, p. 10).

Neste sentido, o Ecomuseu auxiliaria não apenas na melhoria das condições de vida das

comunidades rurais tradicionais, sobretudo, incentivaria a construção de uma identidade

que subtraísse a ideologia do agronegócio para as comunidades rurais tradicionais. Não

temos dúvidas: é uma forma de resistência aos ditames do agronegócio globalizado,

pois não vivem em função dos vínculos de mercado promovido pelas grandes empresas

agrícolas e nem pela flutuação das commodities.

O Ecomuseu como desenvolvimento endógeno promove a identidade regional e cultural

e com isso reforça as formas de resistência a globalização impositva, pois o

desenvolvimento da comunidade terá que ocorrer pelo ritmo e tradição da comunidade,

sendo, todavia, fundamental a organização das atividades para a promoção do

desenvolvimento.

Deste modo, o Ecomuseu precisa de um projeto que supra as necessidades locais e ao

mesmo tempo enriqueça a diversidade cultural, já que a organização de um Ecomuseu

permite que a latência cultural se manifeste, deste modo, haverá a promoção da

diversidade cultural como aponta Teixeira (2005).

O desenvolvimento endógeno, local ou regional, que pode ser gerado pelo elo

Ecomuseu parte das identificadas e direciona-as para a produção de uma espacialidade

organizada simultaneamente como modos de vida e negócios. A sobrevivência e

desenvolvimento da comunidade dependem, sobretudo, da diferenciação de seus modos

de vida quando comparados aos demais, principalmente com cultura urbana globalizada.

O desenvolvimento endógeno não está vinculado apenas ao turismo rural, pois o

Ecomuseu patrocina vivências ímpares pela tradição, todavia, não entendemos tradição

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pela pois é fundamental manter a tradição e essa é composta pelo patrimônio artístico,

cultural e material, arquitetônico, imaterial. O Ecomuseu não é apenas uma promoção

turística mas não a coloca a parte, pois são imbricados cotidianamente as situações

turísticas e a tradição da comunidade; assim, segundo Babo e Guerra (2005, p. 8): É preciso ter em linha de conta que as zonas rurais se afirmam hoje muito mais do que meros espaços agrícolas, como temos vindo a referir; aliás, a agricultura não poderá ser somente a alavanca de enraizamento das populações a estes locais, ter-se-ão de prefigurar uma multiplicidade de opções credíveis de utilização das zonas rurais, como já vimos anteriormente. Em síntese, torna-se urgente dar conteúdo à expressão: “o interior, um território visitável, mas também habitável”

Sabemos dos desafios de grande monta para a implantação de um projeto de Ecomuseu,

pois como apontou Babo e Guerra (2005) o habitável é fundamental, pois somente

existirá Ecomuseu com as pessoas das comunidades habitando-as e vivendo

normalmente, para isso é fundamental o desenvolvimento social e econômico por meio

de opções credíveis como apontou Babo e Guerra (2005).

Diante disso, é fundamental pensarmos os agentes diversificadores para o

desenvolvimento endógeno destas comunidades.

O Ecomuseu como agente de diversificação de atividades no seu espaço e como estratégia de sustentabilidade do território O Ecomuseu em si precisa apresentar diversificação de atividades para a promoção do

desenvolvimento endógeno dessas comunidades. No Brasil são muitos os desafios que

se terão de vencer para que isso se concretize, pois as comunidades rurais tradicionais

são, geralmente, paupérrimas e seus recursos econômicos e administrativos são

praticamente nulos. Existem diferenças substanciais entre as agroindústrias familiares

cujas compõem circuitos turísticos rurais e as comunidades rurais tradicionais, uma vez

que as primeiras são, muitas vezes, favorecidas por financiamentos públicos e privados,

pois as mesmas possuem garantias para tomarem tais empréstimos, pelo contrário as

comunidades rurais tradicionais são desfavorecidas por terem linhas de créditos

extremamente limitadas, mesmo tendo como garantia a Lei nº 11.326 de 24/07/2006 e a

Lei nº 12.512 14/10/2011, ainda são limitadíssimas as condições para o

desenvolvimento destas comunidades tradicionais.

As comunidades rurais tradicionais tem seus rendimentos limitados, pelas próprias

condições materiais e pela pouca diversidade de suas ações creditáveis; assim, a

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implantação de um projeto de Ecomuseu passa, antes de tudo, pela motivação das

pessoas por meio da conscientização de suas próprias condições históricas.

O Ecomuseu terá de abranger as dimensões culturais, históricas, geográficas,

econômicas, políticas, sociais e ambientais. Assim, para que se verifique o

desenvolvimento e a diversificação de atividades é fundamental ter como ponto de

partida a valorização do patrimônio e da identidade cultural, pelo que se torna

necessário para isso é necessária a identificação dos valores identitários que compõem

as singularidades de uma comunidade.

Esses valores, pesquisas, elaboração de planos e atividades terão de ser realizados

conjuntamente entre os moradores das comunidades rurais, associações locais, as

universidades envolvidas, os conselhos de bairros, as comunidades religiosas, o poder

público municipal e estadual. Conjuntamente grupos de trabalhos serão formados,

responsáveis pela centralização das informações (para posteriormente ser repassada para

todos os interessados), da busca por recursos econômicos e pela organização do

treinamento dos moradores destas comunidades rurais tradicionais. Entendemos que

esse processo de pesquisas e levantamentos das potencialidades culturais e patrimoniais

não é imediato e leva um tempo considerável para formar e entender todos os cenários

possíveis. Durante as pesquisas os objetivos também precisam estar claros, pois por

meio destes também são alcançadas as necessidades dos levantamentos culturais.

Diante disso, a identificação destes valores passará pela investigação dos elementos

naturais e patrimoniais da paisagem cultural, patrimônio histórico-cultural material e

imaterial e outros aspectos culturais. Essas investigações são levantamentos que são

realizados por meio de entrevistas, análises de documentos, levantamentos

bibliográficos, trabalhos de campo e observações do cotidiano.

Inicialmente, o Ecomuseu tem que ser organizado localmente, envolvendo toda a região,

porém precisa trazer a comunidade rural tradicional para o encantamento desta nova

forma de se organizar, ao mesmo tempo em que precisa promover a integração da

comunidade local com a região. E esse caminho não é tão simples, pois precisam ser

avaliados os aspectos positivos e negativos desta integração para a formação de um

Ecomuseu territorial, já que no Brasil muitas comunidades rurais tradicionais não tem

relações tão próximas com os espaços urbanos e acesso a logística para atração dos

turistas e outros interessados na visitação. É preciso, de fato, um amplo trabalho de

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formação para que ocorra a aproximação necessária entre a população da cidade e das

comunidades rurais para que possa ser desenvolvido o projeto do Ecomuseu.

A aproximação somente ocorrerá pela formação e essa depende do projeto de

desenvolvimento endógeno a partir dos objetivos elencados pelas singularidades da

valorização dos patrimônios identitários e culturais. Neste sentido, o Ecomuseu somente

será efetivado pela compreensão das potencialidades para a promoção não apenas das

comunidades rurais tradicionais, também, se todos se envolverem, a promoção e o

melhoramento de toda uma região.

Para isso o ponto central é a mobilização da população local com o envolvimento desta

nas decisões e nas repercussões que essas poderão modificar os espaços da mesma.

Assim, a promoção de eventos, a divulgação da história regional, a cultura local, os

recursos naturais e culturais, os artesanatos, os vestuários e a gastronomia são decisivos

para a constituição da promoção da região. As divulgações das especificidades e

singularidades é que garantem a promoção dos valores destas comunidades rurais e de

suas regiões, mas para isso é fundamental a organização administrativa voltada para a

busca por recursos, a centralidade dos objetivos da população e o marketing territorial.

O turismo, portanto, é atividade promotora do Ecomuseu, porém o Ecomuseu não é

somente o turismo, já que as atividades desenvolvidas no mesmo não subtraem o

cotidiano dos moradores das comunidades tradicionais e não buscam uma adaptação as

exigências do turismo vinculado a regiões já reconhecidas, pois as regiões do Ecomuseu

tem como centralidade a valorização das condições culturais e naturais e são esses

elementos ímpares que os turistas procuram.

Para que isso se efetive é fundamental o inventário e diagnósticos dos recursos naturais

e culturais, os detalhamentos das potencialidades e suas vinculações com os objetivos

cotidianos dos moradores destas comunidades. A seleção destes elementos leva a uma

organização que precisa ser medida e verificada a importância destes elementos para a

promoção da singularidade da comunidade. Essa seleção passa, obrigatoriamente, pela

concepção de especificidades que diferenciem essa comunidade; assim, as propriedades

naturais e culturais devem ser trabalhadas na elaboração de produtos vinculados a uma

agenda cultural. Esses elementos são primordiais para a criação de um Ecomuseu e para

a promoção do desenvolvimento local, regional ou territorial.

Em suma, apresentamos esquema importante (figura 01) para a compreensão dos

elementos para a construção do Ecomuseu:

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Fig. 01 – Esquema geral dos elementos constitutivos do Ecomuseu

Conclusões Ainda essa temática no Brasil é pouco trabalhada e menos ainda colocada em prática,

mas pensamos sobre a mesma voltada como possibilidades para que as comunidades

rurais tradicionais avancem e não fiquem dependentes das estruturas arcaicas de

organizações regionais, nem dependentes da produção agrícola voltada para as

exigências do mercado globalizado; assim, entendemos que os elementos aqui

apresentados contribuem para pensarmos as comunidades rurais não como locais de

dependência, pois as mesmas podem desenvolver potencialidades por meio de seus

próprios valores, potencialidades que levam à relativa independência, sobretudo,

constrói e reforçam identidades como fundamentos de resistências e constituição de

memórias.

Referências ALMEIDA, A. W. B. et al (org). Terras de Faxinais. Manaus: Edições da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, 2009.

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BABO, E.; GUERRA, P. As relações paradigmáticas entre património e desenvolvimento: o caso do Ecomuseu do Barroso. 2005. Disponível em: http://repositorio-berto.up.pt/bitstream/10216/53702/2/paulaguerrarelaes000119967.pdf COIMBRA, E. Território: Especulações sobre o conceito. In: COIMBRA, E. (org.) Geografias do Território. Macaé: Ponto da Cultura, 2010. p. 94-108. MORAIS, S. P. Incluídos? Pobreza e políticas compensatórias em um Brasil rico. Saarbrücken: Editorial Académica Española, 2012. PEDROSA, A.S.; PEREIRA, A. A paisagem cultural como linha de concepção de uma rota turística: o exemplo do Alto Barroso – Norte de Portugal, Revista Geonorte, Edição Especial, V.2, N.4, p.46 – 59, 2012. SANTOS, M. Da totalidade ao lugar. São Paulo: Edusp, 2008. SANTOS, M. O trabalho do geógrafo no terceiro mundo. São Paulo: Hucitec, 1978. TEIXEIRA, D. J. V. O Ecomuseu de Barroso. A nova museologia ao serviço do desenvolvimento local. Universidade do Minho, 2005. (Tese de mestrado).