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1 MATERNIDADE NA VISÃO ESPÍRITA P. Janet Luiz Guilherme Marques (médium)

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1

MATERNIDADE

NA VISÃO ESPÍRITA

P. Janet

Luiz Guilherme Marques

(médium)

2

3

Quem são Minha Mãe e quem são Meus irmãos?

(Jesus)

Mulher, eis aí teu filho. Filho, eis aí tua mãe.

(Jesus)

Espíritas, amai-vos e instruí-vos.

(Allan Kardec)

As três realizações do ser humano: plantar uma árvore, escrever

um livro e ter um filho.

(ditado popular)

Se eu tivesse um filho a primeira coisa que eu lhe ensinaria é

que ele não é melhor do que ninguém.

(Francisco Cândido Xavier)

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Homenagem: a Maria Helena Marques

5

ÍNDICE

Introdução

1 – Os quatro referenciais

1.1 – Sexualidade

1.1.1 – Os Espíritos são bissexuados

1.1.1.1 – Encarnações no gênero masculino

1.1.1.2 – Encarnações no gênero feminino

1.2 – Sociedade

1.2.1 – Aprender a viver em coletividade

1.2.2 – Superação do egoísmo

1.2.3 – Solidão

1.2.4 – Interdependência dos seres

1.2.4.1 - Trocas energéticas

1.2.4.1.1 – Trocas energéticas gratificantes

1.2.4.1.2 – Trocas energéticas desgastantes

1.2.4.2 – O relato de Chico Xavier

1.3 – Riqueza

1.3.1 – Desapego

1.3.2 – A utilidade da riqueza

1.4 – Religiosidade

1.4.1 – Teoria e prática

2 – As três realizações humanas

2.1 – Plantar uma árvore

2.2 – Escrever um livro

2.3 – Ter um filho

2.3.1 – Filhos biológicos, adotivos e adoção informal

3 – As virtudes femininas

3.1 – Amor

3.2 – Compreensão

3.3 – Doçura

3.4 – Esperança

3.5 – Fé

3.6 – Devotamento

3.7 – Caridade

3.8 – Indulgência

3.9 – Benevolência

6

3.10 – Humildade

3.11 – Resignação

3.12 – Aceitação

3.13 – Perdão

3.14 – Abnegação

3.15 – Fraternidade

4 – A história de Francisca

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INTRODUÇÃO

Quem tiver a oportunidade de ler os dois livros de Nena

Galves sobre Chico Xavier, intitulados “Até Sempre, Chico

Xavier” e “Chico Xavier – luz em nossas vidas” verá

confirmado que o luminoso missionário de Jesus passou seus

primeiros anos da sua encarnação sob uma chuva de

sofrimentos, inclusive os maus tratos a ele infligidos pela

madrinha, mas, a partir de uma determinada época, recebeu

apoios importantes, que lhe deram, inclusive, um conforto

material e afetivo que a maioria dos espíritas desconhece que

ocorreram em sua vida. A verdade é que, praticamente

durante os quarenta e três anos finais da sua encarnação,

Chico se recuperava das agruras que vivenciava na cidade de

Uberaba, onde morava, com um verdadeiro conforto material

e benesses culturais nas idas semanais a São Paulo, quando

ficava hospedado na residência do casal Galves, o qual lhe

reservou uma suíte na sua confortável moradia, ali tendo

oportunidade de dar vazão aos seus acentuados pendores para

a Cultura, a realização de trabalhos importantes no setor da

mediunidade, além da reposição da energia psíquica ao lado

desses queridos do seu coração, cuja amizade provinha de

muitos séculos atrás.

Relatamos esses fatos aqui, neste estudo, não para dizer

que Chico era amante do luxo, mas para, comparativamente,

mostrar às mães que, ao lado da sua tarefa importantíssima

no exercício da maternidade, não estão necessariamente

despojadas do direito à sua própria realização como seres

humanos, podendo exercer sua profissão, ter sua realização

sexual e afetiva, desenvolver seus pendores culturais e assim

por diante.

Vemos, dentro dos lares, independente do nível social ou

cultural, muitas mães tristes, depressivas, com a aparência de

condenadas à infelicidade, por continuarem admitindo, para

sua vida, os padrões ultrapassados, que as obrigavam a tudo

renunciar em favor dos seus filhos: esse paradigma lembra as

épocas passadas, em que a ignorância das próprias Leis

8

Divinas, que devem sempre ser interpretadas “em espírito e

verdade”, justificava injustiças e abusos, gerando infelicidades

em nome de uma falsa religiosidade e uma falsa moral, mas,

na verdade, sem nenhum embasamento nas Lições de Jesus.

Rememoremos, por exemplo, para ilustrar o que

dizemos, a presença de Jesus e Sua Mãe, acompanhados de

alguns discípulos, nas “bodas de Caná da Galileia”.

Relembremos essa presença fraterna e feliz através das

próprias palavras de João, o Evangelista:

Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da

Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus.

Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.

Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles

já não têm vinho.

Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha

hora ainda não chegou.

Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos

disser.

Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as

purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou

três medidas.

Jesus ordena-lhes: Enchei as talhas de água. Eles

encheram-nas até em cima.

Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos

serventes. E levaram.

Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada

vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem

os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o

noivo

e disse-lhe: É costume servir primeiro o vinho bom e,

depois, quando os convidados já estão quase embriagados,

servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até

agora.

Este foi o primeiro milagre de Jesus, realizou-o em Caná

da Galileia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos

creram nele.

9

Ponderemos, para não deixar dúvidas, que não se afirma

que Jesus, Sua Mãe e Seus discípulos tenham feito uso do

vinho, porém que tal bebida satisfez a quem se afina com esse

gosto. Naquela festividade cada um demonstrou seu grau

evolutivo: uns se embriagaram, enquanto outros se fizeram

presentes em ato de solidariedade à alegria dos noivos.

Alguém, rigorista e puritano, pode estranhar a presença

de Jesus ao acontecimento festivo e, pior, à transformação de

água em vinho, que esses moralistas podem interpretar que

teria embriagado a muitos, todavia, a presença do Divino

Mestre em uma festividade puramente terrena não O

desmereceu, mas, até pelo contrário, visou ensinar à

humanidade a se alegrar com a alegria alheia, numa

demonstração inequívoca de Fraternidade verdadeira.

Ao mencionamos esse fato nossa intenção é de que sirva

de argumento, por comparação, com a maternidade,

esclarecendo que, mesmo sendo uma das tarefas mais nobres

que um Espírito pode desempenhar no mundo terreno, não

deve representar uma escravidão psicológica para as mães, as

quais, ao mesmo tempo que têm o dever de cuidar dos seus

filhos da melhor forma possível, não estão impedidas de

evoluir intelectual e moralmente, para tanto fazendo jus a

uma série de benesses, que as levem à realização pessoal.

Imaginemos que, no caso de Chico Xavier, se não tivesse

ele o apoio material de expressiva monta e o carinho constante

do casal Galves, na certa, não suportaria a carga enorme de

deveres e, até desgostos, que lhe competia carregar para levar

até o final sua gloriosa missão de Amor e Caridade.

Que as mães pensem no que estamos lhes trazendo à

reflexão e passem a cuidar de si, dando-se o direito de se

instruírem e de usufruírem de uma série de alegrias e

benefícios, a fim de suportarem sua carga de atribuições com

serenidade e felicidade pessoal.

Não pretendemos pregar a irresponsabilidade nem o

abandono das tarefas a que se propuseram desempenhar na

encarnação, mas sim nos propomos a mostrar-lhes que tudo

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deve passar pelo crivo do bom senso: nem os extremos da

renúncia sacrificada e triste, como quem somente devesse

viver as agruras e sofrimentos, nem a irresponsabilidade e o

egoísmo, de quem coloca em primeiro lugar seus interesses,

sem enxergar as necessidades alheias. Não se deve ser

masoquista nem hedonista, mas sim cristão no melhor sentido

da palavra.

A própria Nena Galves conta que Chico Xavier

informou-a de que ela não poderia, nesta encarnação, ter o

benefício de uma escolaridade expressiva, pois, em caso

contrário, não se dedicaria à família, mas ela, mesmo tendo

concluído apenas o antigo curso primário, pôde instruir-se,

como quase-autodidata, a ponto estar em condições de

escrever dois livros e ser uma destacada palestrante: não

frequentou nenhuma universidade, mas leu todos os livros

que desejou ler e adquiriu uma bagagem cultural suficiente

para sentir-se uma mulher culta, que realmente o é.

Assim devem proceder as mães: cumprir seus deveres,

sem deixar-se escravizar aos padrões do passado, em que não

tinham direito a não ser de servir aos filhos e aos maridos e,

mais adiante, aos netos, e nada mais.

Sua sexualidade era reprimida, uma vez que pregava-se

a noção de falsa pureza de que a nobilíssima Mãe de Jesus

tinha dado à luz virgem; que a sexualidade era pecaminosa e

deveria servir apenas à maternidade; seu gosto pela Cultura

era limitado a poucas leituras e sua convivência social deveria

se restringir a alguma celebrações, cerimônias e eventos.

Quanto à sexualidade, até hoje, apenas cerca de um

quinto das mulheres a tem plenamente satisfatória, devido às

castradoras lições passadas de mãe para filha, gerando

complexo de culpa e infelicidades. Joanna de Ângelis,

desenvolvendo sua missão de psicóloga com Jesus, tem

procurado libertar as mentes femininas do falso moralismo,

sem, é evidente, passar aos domínios da permissividade moral.

No que pertine ao aspecto intelectual, devem as mães

primar pelo gosto pela Cultura, sem se masculinizarem com a

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adoção de padrões agressivos e radicais de um feminismo

extremado, que passe a guerrear contra os homens, ao invés

de somar esforços para o bem comum e a educação dos filhos.

Que Deus, nosso Pai, e Jesus, nosso Divino Pastor, nos

abençoem, bem como aos nossos queridos irmãos e irmãs que

nos prestigiarem com sua atenção, compulsando estas

despretensiosas anotações.

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1 – OS QUATRO REFERENCIAIS

Francisco Cândido Xavier, em diálogo com Banerjee,

concordou com ele quanto aos quatro referenciais adotados

na sociedade indiana: 1) sexualidade, 2) sociedade, 3) riqueza

e 4) religiosidade, afirmando que demorariam a ser

implantados no Ocidente, mas era certo que tal fato iria

acontecer, com isso reconhecendo a importância dessas

quatro realidades na vida dos seres humanos encarnados.

Esse diálogo pode ser lido no livro de autoria de Nena Galves

intitulado “Chico Xavier – luz em nossas vidas”, editado pela

editora do Centro Espírita União. Falemos alguma coisa sobre

esses quatro valores, por ora, para, nos itens próprios,

aprofundarmos a reflexão sobre cada um deles.

Essa tábua de valores lembra um pouco a “hierarquia das

necessidades de Maslow”, segundo a qual os seres humanos

necessitam primeiro resolver seus problemas mais básicos

para, somente depois, irem se realizando quanto aos aspectos

mais ligados à espiritualidade: a) necessidades fisiológicas de

comida, água, ar, sono e sexo; b) necessidades de garantia:

segurança, estabilidade, ordem, proteção e libertação do medo

e da ansiedade; c) necessidades de pertinência e de amor; d)

necessidades de estima dos outros e de si mesmo; e e)

necessidade de auto-realização.

Quanto ao tópico 1, digamos que, para um homem e uma

mulher ocidentais, causa espanto o fato da sexualidade

figurar em primeiro lugar na multimilenária Cultura indiana,

mas isso tem uma explicação: se uma pessoa não tiver

conseguido se estabilizar nesse aspecto, tudo o mais na sua

vida corre o risco de desequilibrar-se. Não é por acaso que

Divaldo Pereira Franco, na sua palestra, em 2010, na

comemoração do Centenário do Nascimento de Francisco

Cândido Xavier, afirmou: “Tudo é sexo.” No item próprio

aprofundaremos este tema. O instinto mais forte na vida de

um ser humano é o da sobrevivência, que é ligado à

sexualidade, a qual garante a sobrevivência da espécie

humana.

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Quanto ao item 2, ponderemos que a sociedade é outro

instinto, a tendência para formarem-se conglomerados,

segundo o qual cada ser sente a necessidade de comunicar-se

com os demais, dando e recebendo de si próprio, e, assim,

formando famílias, clãs, cidades, países e assim por diante.

Sobre o item 3, digamos que a riqueza se traduz em todos

os recursos materiais utilizados para a alimentação, vestuário,

moradia, instrução etc., podendo ser empregados, segundo o

grau evolutivo de cada um, com idealismo ou egoísmo, de

forma planejada ou desorganizada e assim por diante.

Acerca do item 4, ou seja, a religiosidade, trata-se de um

outro instinto, pois existe naturalmente entre os povos mais

primitivos. A partir de um certo desenvolvimento intelectual é

que algumas pessoas começam a se tornar avessas à

religiosidade, o que representa uma manifestação de orgulho.

A religiosidade traduzindo-se no contato inicialmente com os

Espíritos e as forças da Natureza, através de variadas formas,

visíveis entre os povos primitivos, e, com o aperfeiçoamento

intelecto-moral, passando a consagrar a crença em Deus e

obedecendo aos deveres impostos pelas Leis Divinas.

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1.1 – SEXUALIDADE

A repressão à sexualidade tem visado, através dos

tempos, interesses de congregações religiosas, que, de uma

forma ou de outra, ao lado de benefícios trazidos com a Ética,

geraram profundos conflitos internos, que repercutem até

hoje, em muitos Espíritos encarnados ou desencarnados.

Francisco Cândido Xavier, no referido livro, aborda essa

questão, concordando com Banerjee no sentido de que os pais

e mães procuram conduzir seus filhos e filhas ao casamento

como uma forma de direcionar suas manifestações de

sexualidade física com finalidades úteis, dentre as quais,

naturalmente, a maternidade e a paternidade.

Somente Espíritos extremamente evoluídos conseguem

domar o instinto sexual sem se perturbarem. Alguns exemplos

são o próprio Chico Xavier, Gandhi, Francisco de Assis e

outros desse nível espiritual.

Divaldo Franco relatou na mencionada palestra que

Chico, a conselho de Emmanuel, implorou às “irmãzinhas”,

suas células sexuais, que o ajudassem, dirigindo-se para a

região cerebral, a fim de fortalecerem-no na tarefa

psicográfica, ao invés de cumprirem sua função natural na

reprodução de corpos e elas atenderam ao pedido do

missionário.

Trata-se de uma informação a que poucas pessoas

tiveram acesso, mas que é de suma importância para a

compreensão do que é a sexualidade em um Espírito desse

nível.

Quanto aos Espíritos medianos, compete-lhes direcionar

sua libido da forma mais ética que conseguirem, sob pena de

arcarem com as consequências desequilibrantes dos seus

pensamentos, sentimentos e atitudes.

Não estamos sugerindo a ninguém que tente imitar

Chico Xavier, pois trata-se de um Espírito dos mais elevados

que está ligado ao nosso planeta. Todavia, cabe aqui o

conselho de Paulo de Tarso: “quem não conseguir manter-se

sereno na abstinência do sexo, case-se”. Esse casamento não

15

significa, evidentemente, o compromisso legal com um

parceiro ou parceira, de acordo com o caso, mas a escolha de

alguém que se lhe afine.

No nosso entendimento, para que um relacionamento

conjugal dê certo são necessárias três afinidades: 1) moral, 2)

intelectual e 3) sexual. Faltando uma dessas, as chances de

sucesso são mínimas, senão impossíveis.

O que significaria a afinidade moral? - É a resultante de

dois Espíritos estarem mais ou menos no mesmo patamar de

aquisições morais.

O que significaria a afinidade intelectual? - É a

resultante de dois Espíritos estarem mais ou menos no mesmo

patamar de aquisições intelectuais.

O que significaria a afinidade sexual? - É a resultante de

dois Espíritos serem compreensivos um quanto às

necessidades do outro, dialogando sempre, para que ambos se

sintam realizados.

A maioria dos relacionamentos na Terra, mundo ainda

de provas e expiações, tem fracassado porque falta a

compreensão, mas, sobretudo, a prática, dessa regra, que o

bom senso e a experiência indicam.

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1.1.1 – OS ESPÍRITOS SÃO BISSEXUADOS

Quando os Espíritos Superiores que orientaram Allan

Kardec na Codificação afirmaram que os Espíritos não têm

sexo, quiseram dizer que desenvolveram ambas as

polaridades nas múltiplas reencarnações, desde o Reino

vegetal. É preciso que se entenda isso com clareza, para cada

um compreender a si mesmo e aos outros seres humanos.

Francisco Cândido Xavier, no mencionado livro, afirma

que somente a reencarnação explica a sexualidade. Por isso,

não se devem considerar as tendências de cada um como

anomalias, sem considerar sua origem em outras encarnações.

Isso não significa, porém, manterem-se tendências

prejudiciais simplesmente por comodismo ou imoralismo, mas

tratarem-se essas tendências com caridade, orientação técnica

e religiosa, a fim de que se processe a evolução espiritual:

nunca porém, condenando-se, como se faziam nos tempos

passados. Afinal, Jesus afirmou: “Quem estiver sem pecados

atire a primeira pedra”, “Não julgueis” e “Eu a ninguém

julgo”.

Entendamos a orientação: “Vai e não peques mais” como

um conselho que não visa impedir a prática da sexualidade,

mas, quando foi dado à nossa irmã que ficou rotulada como a

“mulher adúltera” sugeria-lhe a não praticar adultério.

Entendamos bem o significado das Lições de Jesus,

interpretando-as segundo as Leis Divinas e não de acordo com

qualquer tendência contrária a elas, que regulam a Natureza

em todos os seus níveis, inclusive o humano.

Tendo vivenciado tanto as experiências no polo

masculino como no feminino, pois tal é da Lei, antes de

reencarnar, os Espíritos Superiores decidem o que é melhor

para a evolução de cada Espírito e, assim, nascem homens e

mulheres: apenas isso, sem tabus, sem fetiches e com

finalidades nobres, no sentido da mais rápida evolução

intelecto-moral de cada um.

Há um ditado oriental que diz: “Muita gente se

envergonha do que não deve e não se envergonha do que deve.”

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Esse ditado é muito pertinente, inclusive, quando se trata da

sexualidade.

Libertemo-nos da ignorância e procuremos conhecer as

Leis Divinas, que Allan Kardec resumiu nas seguintes: 1)

Adoração, 2 – Trabalho, 3 – Reprodução, 4 – Conservação, 5

– Destruição, 6 – Sociedade, 7 – Progresso, 8 – Igualdade, 9 –

Liberdade e 10 - Justiça, Amor e Caridade.

Notemos que a sexualidade é a Lei n. 3 na sequência

lembrada por Kardec, sendo antecedida pela Adoração e o

Trabalho.

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1.1.1.1. - ENCARNAÇÕES NO GÊNERO MASCULINO

Os Espíritos necessitam encarnar no gênero masculino

para desenvolverem as virtudes masculinas, que, dentro do

quadro das vinte e quatro virtudes, mencionadas no

“Dicionário de Expressões Espíritas”, elaborado sob a

supervisão do Espírito de Verdade e divulgado pelo Institut

Amélie Boudet, de Paris, são as seguintes, segundo nosso

entendimento: 1 – firmeza, 2 – vontade, 3 – perseverança, 4 –

harmonia, 5 – rigor, 6 – disciplina, 7 – valentia, 8 - coragem e

9 – força. Somam apenas nove de um total de vinte e quatro.

A análise do significado de cada um delas está no nosso

livro intitulado “O Homem e a Mulher na Visão Espírita”,

publicado pela Editora AMCGuedes, em formato de livro de

papel, e divulgado na Internet no endereço

luizguilhermemarques.com.br e na Biblioteca Virtual

Espírita.

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1.1.1.2 – ENCARNAÇÕES NO GÊNERO FEMININO

Os Espíritos necessitam encarnar no gênero feminino

para desenvolverem as virtudes femininas, que, dentro do

quadro das vinte e quatro virtudes, mencionadas no

“Dicionário de Expressões Espíritas”, elaborado sob a

supervisão do Espírito de Verdade e divulgado pelo Institut

Amélie Boudet, de Paris, são as seguintes, segundo nosso

entendimento: 1 – Amor, 2 – compreensão, 3 – doçura, 4 –

esperança, 5 – fé, 6 – devotamento, 7 – caridade, 8 –

indulgência, 9 – benevolência, 10 – humildade, 11 –

resignação, 12 – aceitação, 13 – perdão, 14 – abnegação e 15 –

fraternidade. Somam apenas quinze de um total de vinte e

quatro.

Da mesma forma que afirmamos no item anterior, a

análise do significado de cada um delas está no nosso livro

intitulado “O Homem e a Mulher na Visão Espírita”,

publicado pela Editora AMCGuedes, em formato de livro de

papel, e divulgado na Internet no endereço

luizguilhermemarques.com.br e na Biblioteca Virtual

Espírita.

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1.2 – SOCIEDADE

Vejamos que também a sociedade se encontra elencada

entre as Leis Morais enumeradas por Allan Kardec, sob

orientação dos Espíritos Superiores, que conduziram seu

trabalho na Codificação da Doutrina Espírita: 1) Adoração, 2

– Trabalho, 3 – Reprodução, 4 – Conservação, 5 – Destruição,

6 – Sociedade, 7 – Progresso, 8 – Igualdade, 9 – Liberdade e

10 - Justiça, Amor e Caridade.

Notemos que a sexualidade é a Lei n. 6 na sequência

lembrada por Kardec, sendo antecedida pela Adoração, o

Trabalho, a Reprodução (sexualidade), a Conservação e a

Destruição.

J. M., no livro “Luz em Gotas”, de autoria coletiva,

psicografado pelo médium Gilberto Pontes de Andrade,

publicado pela Editora AMCGuedes, em formato de livro de

papel, e na Internet nos dois endereços acima referidos,

afirma, acertadamente, que: “... a finalidade máxima de cada

criatura é aprender a viver em coletividade.” (v. a mensagem

intitulada “A Reencarnação”.

21

1.2.1 – APRENDER A VIVER EM COLETIVIDADE

Quais são os requisitos necessários para aprendermos a

viver em coletividade? – Alguém falará na necessidade de leis

rigorosas, para conter os abusos dos desrespeitosos; outrem

falará na melhor distribuição de rendas; mais adiante um

apresentará outra sugestão. Todavia, mesmo respeitando o

direito de cada um propor o que lhe parece mais conveniente

ou justo, temos para nós que somente Jesus, como nosso

Divino Governador Planetário detém a chave do

Conhecimento e procurou apresentar a solução na seguinte

afirmativa: “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo

como a si mesmo.”

Qualquer outra fórmula é incompleta e, portanto,

insuficiente para a boa convivência entre os seres humanos.

Vejamos, por exemplo, como procedem os habitantes

mais evoluídos referidos por André Luiz, no seu livro “Nosso

Lar”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, que, por

seguirem a regra citada por Jesus, vivem harmoniosamente

naquela coletividade.

Sigamos esse referencial e, assim, teremos no mundo dos

encarnados uma coletividade harmônica, baseada no Amor a

Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

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1.2.2 – SUPERAÇÃO DO EGOÍSMO

Poucos abordariam o questão do egoísmo com maior

profundidade que Emmanuel. Vejamos sua mensagem,

constante de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

O egoísmo, esta chaga da humanidade, deve

desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso

moral. É ao Espiritismo que cabe a tarefa de fazê-la

elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é

portanto o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes

devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem.

Digo coragem, porque esta é a qualidade mais necessária

para vencer-se a si mesmo do que para vencer aos outros.

Que cada qual, portanto, dedique toda a sua atenção em

combatê-lo em si próprio, pois esse monstro devorador de

todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de

todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e

por isso mesmo, o maior obstáculo à felicidade dos

homens.

Jesus vos deu o exemplo da caridade, e Pôncio

Pilatos o do egoísmo. Porque, enquanto o Justo vai

percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava

as mãos, dizendo: Que me importa! Disse mesmo aos

judeus: Esse homem é justo, por que quereis crucificá-lo?

E, no entanto, deixa que o levem ao suplício.

É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo à

invasão dessa lepra do coração humano, que o

Cristianismo deve não ter ainda cumprido toda a sua

missão. E é a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos

superiores esclarecem, que cabem a tarefa e o dever de

extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua

força e limpar o caminho dos obstáculos que lhe

entravam a marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para

que ela possa elevar-se na escala dos mundos, pois já é

23

tempo da humanidade vestir a sua toga viril, e para isso é

necessário primeiro expulsá-lo de vosso coração.

24

1.2.3 – SOLIDÃO

Solidão é o sentimento de desamparo, que acomete todos

os Espíritos que ainda não conseguiram se integrar adequada

e conscientemente no conjunto formado por todos os seres

criados por Deus.

Emergindo dos Reinos inferiores da Natureza, contando

poucos milênios na fase da razão e, menos tempo ainda, no

mundo civilizado, ainda não aprendemos a dar e receber o

quanto é necessário para nos equilibrarmos interiormente e

não sentirmos solidão, que, na verdade, é resultado do

egoísmo.

O episódio vivenciado por Chico Xavier irá mostrar aos

prezados Leitores como ele superou o sentimento de solidão,

graças à abertura espiritual que lhe foi concedida por Deus

por conta dos seus méritos pessoais na realização do Amor

Universal.

Somente quem Ama Universalmente supera a solidão,

pois, em qualquer parte do Universo, estará dando de si e

recebendo energia positiva, numa permuta maravilhosa com

todos os seres da Criação, do mais simples e primitivo ao mais

evoluído.

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1.2.4 – INTERDEPENDÊNCIA DOS SERES

Montaigne ditou, através do médium, o livro “A

Interdependência dos Seres”, publicado pela já referida

Editora e também divulgado na Internet nos dois endereços

mencionados.

A interdependência dos seres criados por Deus é

absoluta e quando alguém se propõe a integrar-se de corpo e

alma nessa imensa engrenagem, somando ao invés de

subtrair, multiplicando em lugar de dividir, assimila, em

contrapartida, as vibrações da Paz e da Felicidade, as quais

independem de qualquer outro fator externo ou interno.

Os Espíritos Superiores não são tais pelo fato de serem

mais intelectualizados nem porque mais realizaram no Bem,

mas sim porque se integraram espontaneamente no conjunto

universal dos seres da Criação: essa a diferença entre os

Espíritos Superiores e os medianos e os primitivos.

Compreendam isso e façam como os evoluídos: deixem

de lado o egoísmo e, utilizando uma expressão muito

incompreendida: “dissolvam-se no Nirvana”, ou seja,

misturem suas vibrações com as de todos os demais seres do

Universo, quer dizer, Amem Universalmente.

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1.2.4.2 - TROCAS ENERGÉTICAS

“O essencial é invisível aos olhos.”: assim se expressava

Saint-Exupéry. Ninguém consegue enxergar as trocas

energéticas realizadas ininterruptamente entre todos os seres,

mas são elas que sustentam cada ser, tal como na simbiose,

através da qual se mantém a própria vida pela permuta

incessante com outros seres. Não somos, na essência,

diferentes dos demais seres dos Reinos inferiores, mas apenas

nos encontramos em um degrau evolutivo mais elevado.

O fato de estarmos vivendo as experiências iniciais no

que se convencionou chamar de “inteligência” costuma nos

levar à arrogância, mas o passo seguinte tem de ser a

compreensão da interdependência total entre todos os seres.

Os habitantes da Terra, ainda mundo de provas e

expiações, em sua imensa maioria, ignoram esta verdade

básica e, por isso, sofrem, como um cabo elétrico arrebentado

chicoteando o ar em todas as direções e espalhando descargas

elétricas em todas as direções, mas, na verdade, está,

instintivamente, procurando retornar ao seu papel de

integração no trabalho de condutor da energia construtiva

que por ele trafega, para atingir um fim útil.

Assim acontece com quem se desconecta da imensa

cadeia de dar e receber, que vigora no Universo. Infelizes dos

que se recusam à interação permanente com todos!

27

1.2.4.1.1– TROCAS ENERGÉTICAS GRATIFICANTES

A partir de um determinado grau de evolução, os seres

passam a ter a opção de emitir vibrações negativas ou

vibrações positivas, representando um início do que será, na

fase humana, o livre arbítrio.

O problema da solidão, que muitas pessoas sentem, é

decorrente de não conseguirem entender que é necessária a

permuta de energia psíquica com o máximo de seres possíveis,

a fim de se equilibrarem no sistema de dar e receber. Até as

energias negativas são importantes para a saúde físio-psíquica

dos seres humanos, pois um veneno ministrado na quantidade

certa é remédio.

Quando Jesus aconselhou: “Amai vossos inimigos” quis

dizer que precisamos da energia de cada um deles, porém, na

dose certa, pois, se em excesso, ela nos prejudica. Assim é que

Judas fez parte do grupo de apóstolos até o final, pois sua

energia negativa funcionava como “tempero” naquele guisado

pleno de substâncias saudáveis, que eram os demais apóstolos.

É preciso sabermos identificar quem ou o que nos

fornece energia gratificante, a fim de realizarmos a necessária

simbiose: por isso é importante saber escolher os parceiros

para o relacionamento conjugal, seja formal ou informal,

levando-se em conta as afinidades intelectual, moral e sexual.

Não se pode desprezar nenhum desses três fatores, sob pena

de insucesso, a não ser que o homem ou a mulher queiram se

submeter a uma convivência íntima pelo ideal de auxiliar o

progresso do parceiro ou parceira, conforme o caso.

Quanto aos amigos, é preciso saber distinguir os

verdadeiros amigos daqueles que são apenas companheiros

nas horas festivas, mas que não nos assistem nos momentos

difíceis.

Cada um deve ter ser lugar no nosso coração, todavia, é

preciso sabermos o que podemos esperar exatamente de cada

um, sob pena de sofrermos decepções sérias.

28

O contato com os seres dos Reinos inferiores da

Natureza é imprescindível, pois eles, normalmente, irradiam

apenas energia positiva, pelo menos aqueles que são pacíficos.

Quem não sabe misturar-se às plantas, aos bichos, às

montanhas e à paisagem ainda não entendeu o significado da

interdependência dos seres.

Verifique-se como Jesus vivia integrado à Natureza, aí

englobados os seres humanos, os animais, os vegetais e os

minerais: analise-se esse detalhe da Sua vida e da Sua

exemplificação!

Imitemo-lo dentro das nossas possibilidades!

29

1.2.4.1.2 – TROCAS ENERGÉTICAS DESGASTANTES

Como dito no item anterior, as energias negativas são

importantes, contanto que na quantidade certa, em que

representam remédios.

As críticas dos nossos adversários e suas emissões

mentais deletérias servem ao nosso progresso, sendo

indispensáveis. Por isso, repetimos, a presença de Judas no

colégio apostólico.

Igualmente podemos lembrar a contribuição da

madrinha de Chico Xavier, que, na infância do médium, lhe

aplicava três surras diárias e lhe espetava garfos no ventre:

sem essa tortura, o grande missionário de Jesus não estaria

em condições de suportar os sofrimentos que o isolariam do

Mal durante sua longa jornada terrena.

O que parece Mal é o Bem sob outra forma!

Esclareça-se, todavia, que o veneno somente pode ser

ministrado na dose certa, pois, em caso contrário, prejudica o

paciente.

A presença de pessoas negativas pode causar sérios

prejuízos, havendo casos de gente dotada de tamanha

negatividade que adoece quem dela se aproxima, podendo

levar até a óbito: Hernani Guimarães Andrade conta o caso

de uma matrona que, com sua negatividade, “sugava” as

energias de saúde das suas domésticas, levando-as lenta mas

seguramente à morte.

Há locais onde a impregnação fluídica é muito negativa,

o mesmo se dizendo de objetos. André Luiz aborda esse tema,

mostrando a realidade da impregnação fluídica.

30

1.2.4.2 – O RELATO DE CHICO XAVIER

No multimencionado livro de Nena Galves (“Até Sempre

Chico Xavier”) consta uma carta de Chico onde ele relata

como superou o sentimento de solidão: vendo-se fora do

corpo, no quintal da sua casa, começou a ouvir a voz

inarticulada do chão, dos vegetais ali plantados, do céu e tudo

que estava em volta, sendo que todas essas vozes

manifestavam gratidão a Deus e o desejo de servir aos seres

humanos. Nunca mais sentiu solidão.

Alguém pode taxar essa experiência de fantasia de um

alucinado, mas a verdade é que sabemos que os seres ditos

“inanimados” irradiam vibrações muito mais complexas do

que a Ciência materialista pode imaginar e que os seres

humanos de má fé ridicularizam como tolices e frutos da

ingenuidade.

Quem se resolva a fazer-se receptivo às emanações do

solo, das rochas, dos cursos d’água, dos vegetais, dos animais

e dos demais seres humanos, dando e recebendo energia

positiva sentirá diminuir sua solidão, até um dia desaparecer

totalmente, como aconteceu com Chico Xavier.

Francisco de Assis também vivenciou esse nível de

integração com o Universo. Imagine-se Jesus - que a pouca

ciência dos homens e mulheres medianos ou primitivos não

tem alcance para avaliar – como terá vivido toda Sua

encarnação, dando e recebendo emanações numa simbiose

inimaginável!

Aprendam primeiro que isto existe, que é real; depois,

comecem a praticar essa ciência do Amor Universal: os

resultados são surpreendentes e trazem a Felicidade e a Paz!

31

1.3 – RIQUEZA

Até certo tempo atrás riqueza era uma expressão

interpretada como sendo os bens materiais que estavam

principalmente nas mãos dos ricos: metais e joias preciosos,

terras etc.

Com a mudança drástica imposta a partir do século XX,

riqueza passou a ser tudo que possa ser utilizado para render

dinheiro: atualmente a tecnologia representa a maior fonte de

lucros.

Os imóveis deixaram de render muito, em detrimento do

trabalho intelectual: assim é que quem não trabalha, mesmo

detendo nas mãos muita riqueza, tende a perdê-la.

Jesus já tinha antecipado esse quadro em “A Grande

Síntese”, ditada à humanidade encarnada antes do início da

Segunda Guerra Mundial.

No sentido puramente material, do mundo materialista,

a inteligência é a maior riqueza do ser humano, todavia, ela

perde, em importância, para as virtudes, tanto que o

fenômeno Chico Xavier assim o demonstrou durante a

encarnação desse grande missionário de Jesus, diante do qual

a maioria das pessoas se limitava a chorar por suas próprias

limitações ético-morais, tal como se estivessem na presença do

próprio Jesus.

É preciso entendermos o que significa cada “talento” em

nossa vida, ou seja, cada item que Deus colocou à nossa

disposição para impulsionar o nosso próprio progresso e o dos

outros seres.

Para quem tem boa vontade qualquer desses itens se

transforma em uma fonte de riqueza material, intelectual e

moral. Em contrapartida, para quem age de má vontade ou

má fé tudo é inútil ou nocivo.

Uma quantia em dinheiro, mas mãos de Chico Xavier, se

traduzia em alimentos para famintos, moradia para

desabrigados, estudo para os carentes de instrução, livros

para os que não tinham poder aquisitivo para comprá-los,

medicamentos para doentes e assim por diante, sem contar a

32

riqueza representada pelos pensamentos de Amor, que

balsamizavam feridas físicas ou morais e assim por diante.

Vejamos a exemplificação de Jesus, para quem tudo

representava riqueza, convertida em alegria, curas, instrução,

ensinamentos, progresso, evolução.

Entendamos que o Universo é o conjunto de todas as

idealizações da Mente e do Coração do Pai Criador, não

havendo um espaço, por mínimo que seja, onde não haja vida,

em vários estilos diferentes: tudo isso é riqueza, que os

evoluídos, ou seja, os que Amam muito, manipulam em favor

do Bem e os medianos e os primitivos direcionam para metas

nem sempre úteis, assim mesmo quando o conseguem fazer

com seus recursos mentais limitados.

Mudemos o conceito de riqueza, entendendo que tudo é

riqueza nas mãos de quem sabe pensar, sentir e agir no Bem.

Sejamos do número desses idealistas!

33

1.3.1 – DESAPEGO

Chico Xavier foi um dos mais expressivos

exemplificadores do desapego, tanto que nada guardava para

si, transferindo para as mãos alheias tudo que recebia: quanto

aos seus poderes psíquicos, decorrentes da mediunidade

sublimada, utilizava em favor do esclarecimento, do

progresso, do Bem.

Quanto mais desapego alguém consegue vivenciar, mais

recursos lhe chegam às mãos, justamente para serem

distribuídos a quem deles carece.

Represar recursos, sejam de que tipo forem, é

candidatar-se à deterioração intelectual e moral. Ao

contrário, desapegar-se de tudo e apegar a Deus representa a

Felicidade e a Paz, porque nos tornamos instrumentos da

Espiritualidade Superior, comandada, em última instância, no

nosso planeta, por Jesus, que, por Sua vez, está em conexão

permanente com a Mente e o Coração de Deus.

“Desapego de tudo e apego a Deus” é um dos lemas da

irmã Tereza, que tem vivido em função desse projeto há

vários séculos.

Todavia, desapegar-se não quer dizer desprezar, mas

utilizar para o Bem todos os recursos que nos vêm às mãos,

seja, eles intelectuais, morais ou materiais: aí está um dos

segredos da Paz e da Felicidade!

34

1.3.2 – A UTILIDADE DA RIQUEZA

Ninguém melhor do que o Divino Governador da Terra

para ensinar sobre a riqueza material, o que fez através de “A

Grande Síntese”, no item que transcrevemos abaixo:

Da fase hedonística à fase colaboracionista

Como vedes, enfrento todos os problemas

econômicos, subindo até suas fontes, que estão na alma

humana. A solução é radical, substancial, e, acima de

tudo, muito simples. Mesmo no campo econômico

olhamos nas profundezas, atingindo a substância além da

forma. Substituí a premissa hedonística pela premissa

colaboracionista, elevando o mínimo ético das ciências

econômicas, dando-lhes um conteúdo moral. Elevei, pois,

o fenômeno econômico a um nível imensamente mais

alto; mostrei-vos, sobretudo, sua evolução e sua forma

futura. Indiquei-vos o caminho para ultrapassar a velha

economia hedonística, lancei as bases de nova economia

colaboracionista, a partir de teoremas apresentados de

maneira totalmente diversa, que deveis desenvolver.

Enquanto a base hedonística mergulha suas raízes na

involução subumana, a fase colaboracionista é decidida

aproximação da perfeição evangélica. Não podíamos

deixar de encontrar — como o percebemos em todos os

campos — também no econômico, as duas leis

consecutivas, entre as quais oscila a maturação biológica

humana. Duas leis sucessivas que, em qualquer campo,

provam a evolução: evolução no trabalho, na renúncia,

na dor, no amor; da força ao direito, do egoísmo ao

altruísmo, da guerra à paz, da concorrência ao

colaboracionismo, da fera ao homem e ao super-homem,

da desordem à ordem e à justiça do Evangelho, do mal ao

bem.

Vossa supercultura torna o fenômeno econômico um

problema complexo, acessível apenas aos técnicos que

35

nada resolvem; as crises se sucedem, verdadeiros

furacões econômicos que varrem tudo à sua passagem.

Falo-vos simplesmente da lei, da ordem universal, de uma

ordem ética com a qual é mister harmonizar esta ordem

econômica menor. Sabeis avaliá-lo com exatidão

matemática e esta vos revela toda a fisionomia do

fenômeno, a face interior de seu ser e de seu devenir. Mas

isto permanece isolado e, em sua sensibilidade, sofre

repercussões provenientes de impulsos morais e

psicológicos que vos escapam. Reconduzo tudo a uma

atitude de espírito e chego às raízes que se encontram no

campo das motivações. Mas, que pretendeis conseguir no

mundo econômico, se em sua base reside um princípio de

destruição: o egoísmo? Se todas as ações estão permeadas

de um egoísmo que as acompanha como mal de origem,

minando nos alicerces todo o edifício econômico?

Experimentam-se todos os sistemas mais complexos,

tenta-se mudar tudo, mas o egoísmo humano fica intacto,

com ele fica intacta a substância das coisas. Não é

possível construir com semelhantes materiais. Enquanto

o homem for o que é, incapaz de passar da fase

hedonística para a fase colaboracionista, será inútil

excogitar sistemas distributivos. É indispensável formar o

homem, antes dos programas sociais e estes construir

apenas para formar o homem. É preciso transformar o

problema econômico em problema ético.

Se o do ut des é uma necessidade psicológica do

mundo humano, se a necessidade é o único meio para

obter trabalho de um indivíduo, se a inconsciência ignora

a função social da atividade econômica, se a grande

máquina só pode mover-se por meio da mola hedonística,

então contentai-vos com os resultados que obtiverdes e

que esse sistema puder proporcionar. Podeis dizer que são

inúteis minhas palavras, eu vos digo que não é inútil

vosso sofrimento porque, tornando-se mais sensível vossa

psicologia, ela um dia compreenderá a enorme vantagem

36

de libertar-se desse contínuo esforço coletivo de

recíprocas demolições e reagirá, refreando o egoísmo até

superá-lo, transmudando-o em fraterna colaboração.

Contentai-vos, hoje, com a realização da máxima justiça,

permitida pelo sistema, com o equilíbrio entre o dar e o

receber, de equilibrar a balança do egoísmo. Mas é fato

que só pode produzir trabalhos de ordem inferior e numa

direção não será suficiente tão logo se eleve a prestar

serviços cuja função coletiva seja substancial. O mínimo

ético do mundo econômico é demasiado baixo para

sustentar-se.

Existem na sociedade humana funções

supereconômicas que, de fato, se inserem no campo

econômico hedonístico e, como tais, são substancialmente

compreendidas, embora seu conteúdo moral devesse ser

preponderante. Imaginai que degradação sofre o

princípio da função social, quando reduzido nas estreitas

limitações de função hedonística. Há funções econômicas

de conteúdo moral, verdadeiras funções sociais, que

sofrem constante processo de degradação, porque

limitadas apenas à lei da oferta e da procura. É

indispensável que essas formas de atividade sejam

atribuídas ao Estado, o único organismo ético que tem a

tarefa de elevá-las ao estado de função, impondo-vos o

fator moral.

Falo-vos do problema da distribuição da riqueza

como de um problema de destinos; reduzo as tentativas

violentas de nivelamento econômico a uma mentira do

pobre, que desejaria usurpar a posição do rico e a ele

digo: se a riqueza pode ter sido um furto, esta não é a

razão para roubá-la de novo. Resolvo o problema não

dando razão ao pobre que agride, mas dizendo ao rico: ai

de ti, se não cumprires o primordial dever de levar em

conta o interesse de todos no usufruto dos bens que te

foram concedidos; ai de ti, se não souberes descer até o

pobre, e dar-lhe o que sobra. Ai de quem hoje goza,

37

porque certamente não lucrará na eternidade. “É mais

fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que

um rico salvar-se”. Isto, porque o equilíbrio não é

alcançado mediante usurpações recíprocas, mas pela

compreensão das mútuas necessidades. O progresso

reside na concórdia e na cooperação; ai de quem se torna

instrumento de involução. A riqueza é uma corrente que

tem de circular, passando por todas as mãos, para o bem

de todos. Que a beneficência seja uma doação de alma

que eleva, um ato de bondade que irmana os espíritos,

mas não uma exibição que cava abismos de ódio; seja

também uma doação moral que se enriqueça de bens

eternos.

Mostrando-vos a essência da Lei, destruí a ideia

pueril de que a riqueza tenha de ser seguramente

felicidade. Como se a posse de bens pudesse mudar o

destino humano! Como se a igualdade das riquezas

pudesse gerar igualdade de destinos! Como se a justiça

divina pudesse ser corrigida por sistemas distributivos!

Com efeito, eles só levam a ilusões e a novos furtos. Mas

a felicidade é um equilíbrio interior de forças eternas, ao

passo que a riqueza é uma superposição externa e

momentânea, não uma qualidade de alma; ela não

consegue absolutamente fechar as portas à dor.

Demonstro-vos que a riqueza não é, como vos parece, um

privilégio, mas uma prova e, até por vezes, um castigo;

porém, é sempre um dever e uma responsabilidade.

Habituar-se a satisfazer-se enfraquece a satisfação; a

inércia favorece a atrofia e abre as portas ao

desmoronamento. Mesmo neste campo, impera a lei do

equilíbrio, porque os primeiros serão os últimos e os

últimos serão os primeiros.

38

1.4 – RELIGIOSIDADE

Jesus disse: “Não vim destruir a Lei”, ou seja, obrigar os

seres humanos a rejeitarem sua forma de praticar a

religiosidade, mas sim resumir tudo que fora ensinado

anteriormente, em todos os quadrantes da Terra, que Ele

concentrou na expressão “Amar a Deus sobre todas as coisas e

ao próximo como a si mesmo”. Não fundou o Cristianismo,

nem disse a quem adotasse Suas Lições que devesse se

considerar superior aos demais.

O identificativo que traçou foi o do Amor Universal:

“Reconhecereis Meus discípulos pelo muito Amor que

manifestarem”, não importando se fossem cristãos, budistas,

hinduístas ou até ateus.

A religiosidade deve se traduzir em obras, não apenas no

sentido da caridade material, mas nas atitudes benevolentes

do dia a dia, indistintamente, como manifestação do Amor

Universal.

Nenhum pessoa tem o direito de analisar a religiosidade

alheia, pois cada um serve à humanidade de uma forma

diferente, segundo suas características individuais: até a

madrinha de Chico Xavier, que o torturava, julgava estar

sendo benévola para com o menino, que ela entendia

endemoninhado e carente daquele tipo de “tratamento”.

Adolf Hitler e seus comandados também se entendiam

missionários do Bem e assim por diante.

O importante é cada um fazer o que lhe compete no

conjunto dos seres criados por Deus e o Pai saberá dar a cada

um uma tarefa na Sua Vinha, que é o Universo.

Não há duas pessoas que tenham uma religiosidade

absolutamente igual: portanto, cada um faça o Bem que

conseguir!

39

1.4.1 – TEORIA E PRÁTICA

A teoria da Religião pode ser resumida na já citada frase

de Jesus: “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo

como a si mesmo.” Entenda-se o próximo não somente como

os seres humanos, mas sim todos os seres “animados” e

“inanimados”, criados por Deus.

Não vimos os exemplos de Chico Xavier e Francisco de

Assis, que permutavam energia com todos os seres da

Criação, inclusive as feras e os minerais? Assim também

devemos começar a praticar, a fim de começarmos a ser

realmente felizes e viver em paz interior.

De nada adianta acumular conhecimentos teóricos sobre

os Ensinamentos Religiosos se não os colocarmos em prática.

Por isso Emmanuel dizia: “Com uma semana de Evangelho já

podemos fazer muito em favor dos semelhantes.”

Todas as correntes religiosas são boas, pois falam, na sua

essência, do Amor Universal: tudo depende dos adeptos

praticarem esse Amor.

40

2 – AS TRÊS REALIZAÇÕES HUMANAS

Os ditados populares sempre têm sua origem na mente

de um pensador, que, todavia, não teve seu nome ligado ao

provérbio: é o caso deste, que ora analisaremos.

Alguém pode questioná-lo, mas trata-se de uma grande

lição de Sabedoria. Vejamos cada um dos três tópicos, que

reunidos, falam da evolução intelectual e moral, a qual

conduz à perfeição relativa.

Jesus disse: “Sede perfeitos, como Vosso Pai, que está nos

Céus, é Perfeito”.

41

2.1 – PLANTAR UMA ÁRVORE

“Plantar uma árvore” pode ser interpretado como Amar

a Natureza, aí englobados todos os seres. Não basta admirar o

que já existe, mas contribuir para sua expansão, sua

multiplicação.

Cada árvore é um ser em evolução, cada molécula de

água é um ser em evolução, cada animal é um ser em

evolução, cada criatura humana é um ser em evolução: assim

devemos compreender e contribuir para a evolução de tudo o

que existe.

42

2.2 – ESCREVER UM LIVRO

“Escrever um livro” é propagar o Conhecimento de

variadas formas, por todos os lugares por onde andarmos ou

onde nossa influência chegar, inclusive pelo pensamento, que

é uma potência atuante.

Temos o dever de propagar as informações a que

tivemos acesso: nunca devemos guardar para nós o que

aprendemos. Aliás, Ralph Waldo Emerson disse uma frase

sobre o Conhecimento, que podemos tomar como verdades

para a nossa vida: “Os nossos conhecimentos são a reunião do

raciocínio e experiência de numerosas mentes.”

43

2.3 – TER UM FILHO

Divaldo Pereira Franco adotou centenas de filhos, Chico

Xavier adotou um, Madre Tereza de Calcutá Amou, como

verdadeiros rebentos do seu ventre, milhares de indianos e

assim por diante. Porém, não basta dar à luz um filho: o mais

importante é conviver com ele no dia a dia, dando e recebendo

Amor e permutando informações, conhecimentos, afeto.

Muita gente se limita a reproduzir corpos, mas não Ama

seus filhos ou então, sendo egoístas, orgulhosos e vaidosos,

transmitem a eles, pela vivência negativa, seus defeitos

morais, prejudicando-os.

Chico Xavier nos deixou mais esta grande lição quanto

aos filhos: “Se eu tiver um filho a primeira coisa que lhe

ensinarei é que não é melhor do que ninguém.”

44

2.3.1 – FILHOS BIOLÓGICOS, ADOTIVOS E ADOÇÃO

INFORMAL

No mundo de regeneração, que se aproxima, não haverá

a mínima distinção, de fato, entre filhos biológicos, filhos

adotivos e os filhos adquiridos pela adoção informal, pois o

que importará será o elo de Amor entre os pais e os filhos.

45

3– AS VIRTUDES FEMININAS

Como membros da mesma equipe, que trabalha na

difusão de mensagens esclarecedoras, sentimo-nos à vontade

para utilizar textos dos demais companheiros de trabalho e é

assim que transcrevemos abaixo as reflexões constantes do

livro “Os Verdadeiros Espíritas”, publicado pela multicitada

Editora.

46

3.1– AMOR

Primeiramente, devemos reconhecer que foi Jesus, o Sublime

Governador da Terra, quem esclareceu melhor sobre o Amor,

o qual, para o nosso nível de compreensão, pode ser

representado por uma árvore, a partir da qual se projetam

três ramos, que são: o Auto amor (Amor a si próprio), o Alo

amor (Amor ao próximo) e o Amor a Deus.

Quanto ao Auto amor, devemos considerar que somos

Espíritos medianos, ou seja, ligados a um mundo de provas e

expiações, criados por Deus há mais ou menos dois bilhões de

anos, como uma “semente espiritual” contendo todas as

potencialidades, que nos fizeram evoluir através dos Reinos

inferiores da Natureza até chegarmos ao que somos

atualmente, aperfeiçoando-nos intelecto-moralmente rumo à

categoria de Espíritos Puros, à qual pertencem Jesus e outros

Espíritos muito superiores a Ele próprio. A expressão: “Vós

sois deuses; vós podeis fazer tudo o que Eu faço e muito mais

ainda” esclarece sobre a perfectibilidade de todos os seres.

Esse progresso se faz através das reencarnações, a que todos

os seres estão submetidos desde que “saíram das Mãos do

Criador” até se tornarem Espíritos Puros, todavia, sempre

seguindo adiante, pois não há para as criaturas a Perfeição

Absoluta, esta que é apanágio somente do Pai. Os corpos que

vamos ocupando são formados por seres inferiores a nós

próprios, também encarnados, sendo que, por exemplo, na

fase humana, são trilhões deles, encarnados na fase evolutiva

de células que exercem determinadas tarefas especializadas, a

quem auxiliamos na sua evolução através do contato

fecundante com elas, que necessitam da nossa energia mais

evoluída, sendo que, por outro lado, somos aperfeiçoados ao

contato da energia superior que emana constantemente em

nosso favor, proveniente do magnetismo cheio de Amor e

47

Sabedoria de Jesus, todavia, estando, acima de todos, o Poder

Fecundante de Deus, como sustentação da existência de toda a

Criação. Por essa razão, devemos compreender a

interdependência entre todos os seres criados por Deus,

através da irradiação espiritual de cada um, que alcança

todos os demais e deles recebe, em contrapartida, sua

irradiação, numa permuta incessante. Não há, no Universo,

nenhuma estrutura isolada dessa teia de irradiações,

fecundada pelo Pai Celestial. O máximo que podemos fazer é

mudar de faixa vibratória, passando das mais inferiores às

superiores, gradativamente deixando de serem escravos do

primitivismo e alçando voo em direção aos estados em que se

exerce o trabalho consciente em favor do nosso próprio

progresso intelecto-moral e o dos demais irmãos e irmãs, pela

forma de pensar, sentir e agir. Portanto, o Auto amor deve ser

compreendido como a conscientização dessa realidade e o

consequente investimento no próprio aperfeiçoamento

intelecto-moral para integração em nível mais elevado nesse

imenso concerto de dar e receber.

O Alo amor representa o trabalho, através do pensar,

sentir e agir realizado conscientemente em favor do progresso

dos demais seres, incluindo aqueles que estão vivenciando os

primeiros degraus da evolução. Francisco de Assis chamava a

todos de “irmãos” e “irmãs” e Francisco Cândido Xavier

dirigia palavras carinhosas às plantas e aos animais. A

Ecologia nada mais é do que um nome que a Ciência

materialista dá ao Alo amor. Se devemos Amar nossos irmãos

e irmãs inferiores na escala evolutiva, quanto mais aqueles e

aquelas com os quais convivemos na coletividade humana à

qual pertencemos e que vemos atravessando dificuldades de

variada ordem! Todavia, se os devemos auxiliar

48

materialmente, cabe-nos, sobretudo, o dever de contribuir

para seu aperfeiçoamento intelecto-moral, que lhes

proporcionará a felicidade verdadeira, muito superior aos

benefícios terrenos da saciedade do estômago, da saúde

corporal e da oportunidade de estudar e trabalhar para o

próprio sustento.

O Amor a Deus representa o máximo de compreensão

intelecto-moral, pois somente os seres muito evoluídos

merecem esse entendimento, o qual se vai aperfeiçoando à

medida que evoluímos. Na verdade, Deus não distingue

nenhum dos seres por Ele criado, mas vai-se revelando a cada

um na medida em que cada um se faz capaz de compreendê-

l’O, assim como um pai ou uma mãe terrenos esclarecem seus

filhos sobre aspectos mais complexos da vida quando eles vão

passando da infância para a adolescência e assim por diante.

Quando Jesus nos ensinou o “Pai Nosso”, tentou resumir

naquelas poucas palavras tudo que podíamos esperar do Pai e

saber sobre Ele. Com o advento da Doutrina Espírita,

representando a Terceira Revelação, aprendemos mais sobre

o Pai, devendo-se esclarecer que a progressividade da

Revelação fará com que as próprias Lições dos Espíritos

Superiores, compendiadas por Allan Kardec, sejam melhor

esclarecidas na medida em que nos fizermos mais capacitados

intelecto-moralmente para compreender a Verdade a que

Jesus se referiu quando garantiu: “Conhecereis a Verdade e a

Verdade vos libertará.”. Quanto a Deus, somente nosso

aperfeiçoamento pessoal possibilita Sua compreensão, em

parte por intermédio das orientações dos Espíritos Superiores

e em parte como consequência natural da nossa sublimação

interior, que aumenta nosso contato consciente com Ele,

49

proporcionando-nos a felicidade, que cada um tem na justa

medida do seu merecimento individual.

50

3.2– COMPREENSÃO

A compreensão significa a capacidade de abranger a

integralidade das situações e dos seres, o que somente Deus

detém em grau absoluto. Os Espíritos Superiores detêm uma

compreensão muito mais abrangente que a nossa, pois,

inclusive, para eles não vigoram os referenciais de espaço e

tempo, que nos limitam, devido à nossa inferioridade

intelecto-moral. Foi justamente por essa precariedade que

ainda nos caracteriza que Jesus recomendou: “Não julgueis.”

Para reforçar esse conselho, disse: “Eu a ninguém julgo.”

Estava, todavia, nos chamando a atenção para a seriedade de

que se deve revestir o ato de analisar situações e pessoas, pois

não temos em mãos todos os dados necessários para dar aos

nossos julgamentos o necessário caráter pedagógico no seu

sentido mais elevado, o que se caracteriza pelo

impulsionamento evolutivo dos seres. Compreender

representa abarcar uma gama enorme de dados, que nossa

inteligência e nosso nível ético-moral somente vão adquirindo

à medida que nós próprios vamos evoluindo. Por isso um

Espírito Superior disse: “À medida que o juiz evolui adquire o

direito de julgar”, regra essa que se aplica a todos os seres

humanos, pois, assim procedendo, passarão cada vez mais a

julgar com maior dose de Amor. A Justiça terrena não leva

em conta esse fator, pois se limita a aplicar dispositivos legais

ou a jurisprudência dos tribunais, através de regras nem

sempre justas e humanitárias. Quando os Espíritos Superiores

mencionaram, em “O Livro dos Espíritos”, como uma das

Leis Morais a de Justiça, associaram-na imediatamente à do

Amor e da Caridade. Compreender é um ato ligado à noção

do Alo amor, ou seja, Amor ao próximo, que exige cautela,

porque não detemos a suficiente compreensão do seu nível

evolutivo intelecto-moral; humildade, porque não conhecemos

suficientemente nossa própria bagagem intelecto-moral, uma

vez que normalmente não exercitamos o autoconhecimento; e,

principalmente, porque, independente do nosso julgamento, o

que prevalece é o julgamento de Deus, que se processa através

51

das Suas Leis, que atuam de forma automática através da

própria consciência de cada um, que premia ou corrige pelos

seus pensamentos, sentimentos e ações. Em suma, nosso nível

atual de evolução nos permite um grau pouco elevado de

compreensão, todavia, devemos nos esforçar pelo nosso

aperfeiçoamento, em benefício nosso e dos nossos irmãos e

irmãs. Esforçarmo-nos por compreender é necessário para

adquirirmos essa virtude, decorrente do Alo amor.

52

3.3– DOÇURA

Jesus, Modelo de todas as virtudes para nós, também nos

mostrou como uma das qualidades morais a doçura, quando

recebia as requisições de todas as pessoas com igual paciência

e boa-vontade, mesmo se se tratavam das provenientes de

quem vinha tentar prejudicá-l’O e à Sua Divina Missão de

Amor e Sabedoria. Mesmo quando se dirigia a esses irmãos e

irmãs mal intencionados ou a eles se referia, nunca deixou de

exercitar a doçura, devendo-se interpretar Suas expressões

verbais e outras formas de expressão com bom senso e nunca

como formas de violência ou impaciência. Sabedor das

limitações intelecto-morais dos Seus pupilos, que somos todos

os habitantes da Terra, nunca poderia querer exigir que “as

frutas verdes amadurecessem a peso de pancadas, mas que

somente estariam maduras na época certa”, conforme a Lei

da Evolução. Ensinou com paciência, repetindo muitas vezes

as mesmas Lições, mesmo sabendo que, ao final de Sua

encarnação, seria traído e abandonado pelos que mais Lhe

receberam em termos de esclarecimentos. Todavia, aguardou

que amadurecessem para iniciarem, de forma mais lúcida, a

missão que traziam, na qualidade de grandes divulgadores da

Verdade, inspirados por Ele. A doçura é apanágio dos

Espíritos Superiores, que nunca se impacientam com as

incompreensões de quem ainda não está preparado para

entender a Verdade. Francisco de Assis, Francisco Cândido

Xavier, Mohandas Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e outros

missionários do Bem sempre se conduziram com doçura, pois

que ela é uma das manifestações mais elevadas do Amor

Universal.

53

3.4 – ESPERANÇA

4 Das pessoas que procuravam Jesus, muitas delas oscilavam

entre a confiança e a dúvida, todavia, cabe igualmente aqui

a reflexão sobre o provérbio: “Quando o discípulo está

pronto, o mestre aparece.” Para quem estava maduro

espiritualmente, a Palavra do Divino Mestre encontrou eco

no seu psiquismo. Porém, para os demais, tratava-se de um

convite desarrazoado para se renunciar aos interesses

mundanos, em troca de promessas que eles não tinham

condições de compreender. A diferença entre uns e outros

era quanto à maturidade espiritual, ou seja, um sentido

diferente da inteligência horizontal, a qual somente serve

para a vida terrena, e da moralidade primária da

dedicação aos parentes e amigos. Jesus somente conseguiu

despertar os que estavam “prontos”, como Paulo de Tarso,

Maria de Magdala, Zaqueu e outros, proporcionalmente

poucos, no meio de toda uma população de pessoas

dominadas pela materialidade. A esperança é uma virtude

associada umbilicalmente ao Amor a Deus, conforme

esclarecem os Espíritos Superiores, a qual dá a certeza da

nossa filiação divina, com as consequências que daí advém.

Todavia, se para alguns foi ou é suficiente a esperança

decorrente da sua própria certeza espontânea, a Terceira

Revelação trouxe reflexões filosóficas que fortalecem essa

certeza, por exemplo, nas afirmações sobre Deus

constantes de “O Livro dos Espíritos”, bem como nas

mensagens dos Espíritos Superiores e nas palavras de

Allan Kardec estampadas em “O Evangelho Segundo o

Espiritismo”. O Amor a Deus representa a conquista mais

elevada dos Espíritos, quando se fazem merecedores de

compreender o Criador, graças à sua já expressiva

evolução intelecto-moral, resultado do muito que

54

investiram nesse sentido, com a autorreforma moral

decorrente do autoconhecimento. Na verdade, a esperança

em Deus é conquista dos Espíritos Superiores, resultado do

seu merecimento. Os Espíritos medianos trazem pouco

desenvolvida a esperança, pois pouco ainda caminharam

na estrada da autorreforma moral, fazendo com que

oscilem entre a certeza e a dúvida. Somente quem já se

libertou dos defeitos morais do orgulho, egoísmo e vaidade,

vive a esperança em grau elevado e caminha seguro, no

cumprimento dos trabalhos de Amor Universal. Jesus

tinha esperança absoluta em Deus, ensinando-nos essa

virtude mesmo nos momentos de grande dificuldade, como

o da cruz. Aprendamos a ter esperança, confiantes na

nossa condição de filhos de Deus e agindo como tais, no

cumprimento de Suas Leis.

55

4.4 – FÉ

5 A fé é uma conquista individual, decorrente da sintonia

consciente com Deus. Não resulta do conhecimento

meramente horizontal inclusive sobre as Leis Divinas, pois

é grande o número dos que estudam essas Leis, mas não

mereceram ainda a fé, que Deus concede àqueles que julga

merecedores por suas conquistas ético-morais. Nicodemos

é um exemplo típico do religioso de pouca fé, uma vez que

ainda não tinha adquirido a virtude da humildade. A fé

representa a certeza inabalável em Deus, consequência do

esforço perseverante no cumprimento das Leis Divinas,

resumidas, conforme já dito, no Amor Universal. Quem

Ama adquire merecimento para receber do Pai Celestial o

conhecimento da Verdade, do qual decorre a felicidade do

relacionamento consciente com o Pai. Os Espíritos

Superiores vão adquirindo cada vez maior conhecimento

sobre Deus, enquanto que os Espíritos Puros, como Jesus,

interagem com Ele continuamente, tanto que se afirma

que, para nós, “Jesus é médium de Deus”. Todos os seres,

perfectíveis que são, caminham para essa conquista, que

representa o máximo de felicidade, pois, ao invés de

usufruírem apenas do afeto dos irmãos e irmãs, falíveis e

incompletos, receberão do próprio Criador as Emanações

do Seu Amor Infinito, que repletam de completude afetiva.

Devemos dar os primeiros passos, passando pela

autorreforma moral, que exige muitas realizações em favor

dos nossos irmãos e irmãs. A fé é uma recompensa aos que

muito se dedicam ao Bem, proporcionando-lhes um imenso

bem-estar interior. A certeza da presença de Deus em nós é

incentivo para vivermos com serenidade, em paz e muito

realizando em favor do Progresso da humanidade, mesmo

que aparentemente pequena seja nossa zona de influência.

56

Sabemos que Deus tudo vê e tudo sabe, mesmo quanto às

nossas intenções mais secretas e, por isso, confiemos na Sua

ajuda, no sentido de multiplicar o nosso esforço pela auto

renovação interior. A fé não é compreensível para os que

vivem em função dos interesses materiais, porque Deus Se

revela à medida que nos aproximamos d’Ele pelas virtudes.

Triste é a vida daqueles que ainda não têm fé em Deus, pois

seus pensamentos, sentimentos e ações circulam dentro de

um círculo vicioso, onde preponderam a insegurança e o

medo, apesar de ostentarem na face o sorriso e a aparente

autoconfiança. Oremos por esses irmãos e irmãs se não

pudermos fazer mais por eles!

57

5.4 – DEVOTAMENTO

6 Se é verdade que a esperança e a fé são virtudes ligadas

diretamente ao Amor a Deus, o devotamento representa o

Amor voltado para as demais criaturas. Imbuídos da

esperança e da fé em Deus, cumpre-nos o dever de

devotarmo-nos ao progresso intelecto-moral dos nossos

irmãos e irmãs. Jesus trouxe à Terra a Verdade numa

extensão e profundidade nunca igualada nem antes nem

depois d’Ele, pois a própria Terceira Revelação, com todos

seus méritos, simplesmente detalha alguns pontos da

Revelação de Jesus, mas não tem condições de alcançar

Sua Excelsitude. Aliás, quando o Divino Mestre falou:

“Passará o céu e a Terra, mas Minhas Palavras não

passarão.” estava afirmando que somente quando

alcançarmos o nível de Espíritos Puros compreenderemos

a Verdade. Qualquer das Suas muitas Lições representa

uma faceta da Verdade incompreensível em toda a sua

complexidade pelo nosso cérebro primitivo e pelo nosso

coração que ainda não sabe Amar Universalmente. O

devotamento ao próximo é uma das virtudes mais

marcantes nas grandes almas, que já entenderam que

quanto mais fazem em favor dos outros mais se aproximam

de Deus, ao contrário dos que pensam, sentem e agem em

função do poder, do prestígio, da riqueza e do prazer.

Jesus nunca vivenciou qualquer resquício de orgulho,

egoísmo ou vaidade, desde o início de Sua trajetória

evolutiva. Seu devotamento aos seres criados pelo Pai é

total, servindo de exemplo máximo para nós, que ainda

sentimos muita dificuldade em favorecer nossos irmãos e

irmãs, sem pensar em recompensas, que, na verdade, são

perfeitamente dispensáveis. Se o Pai sustenta as aves do

céu e veste as flores do campo, quanto mais a nós, homens

58

e mulheres de pouca fé... O devotamento é uma das mais

importantes virtudes que devemos exercitar, para

merecermos a recompensa da felicidade, que Deus concede

apenas a quem muito faz em favor dos outros Seus Filhos.

Peçamos ao Pai que nos livre do nosso egoísmo e

enxerguemos o bem de todos, devotando-nos a concretizá-

lo, pensando, sentindo e agindo em benefício do progresso

intelecto-moral de cada um em particular e das

coletividades em geral.

59

6.4 – CARIDADE

Quando Allan Kardec afirmou: “Fora da caridade não há

salvação.” estava apresentando aos espíritas um modelo de

conduta para não deixar dúvida alguma. Aliás, os espíritas em

geral são identificados normalmente pela prática da caridade.

Muito já se estudou sobre essa virtude, que, como se sabe,

pode ser praticada pelo pensamento, pelo sentimento e pelas

ações. Todavia, queremos apresentar aos queridos Leitores

uma reflexão que pode nos ajudar na nossa vida: nunca

devemos nos julgar superiores àqueles a quem prestamos

algum auxílio, porque, muitas vezes, os verdadeiros

necessitados somos nós e não eles. Lembremo-nos do exemplo

do cego curado por Jesus, que tinha nascido naquela condição

com o propósito de testemunhar em favor da Causa de Jesus e

não porque devesse algo à Justiça Divina. Outro exemplo:

conta-se que Francisco Cândido Xavier foi muitas vezes

abraçado longamente por um homem andrajoso e de

aparência sofrida, chamado Jorge, de quem a maioria das

pessoas se afastava, principalmente pela sua falta de higiene

corporal, sendo que ele, como afirmou Chico, ao desencarnar,

foi recebido por Jesus, que veio buscá-lo. A respeito desse

último caso. sem entrar no mérito da questão, fica a

indagação: - Quem necessitava mais daqueles abraços cheios

de profundo afeto: o médium, que precisaria de reposição

fluídica que somente os corações cheios de Amor poderiam

lhe proporcionar, ou o homem maltratado, que levava uma

vida aparentemente sem razão? Não devemos analisar as

pessoas pela aparência, classificando-as segundo os poucos

dados de que dispomos sobre elas, pois, na verdade, quase

nada sabemos até sobre nós mesmos. Há quem renasça na

condição de deficiente intelectual, mental ou físico

simplesmente para despertar a faculdade de Amar naqueles

que vivem encastelados no egoísmo, no orgulho ou na

vaidade... “Há muito mais mistérios entre o céu e Terra do

que imagina nossa vã Filosofia”, materialista e nossa pobreza

intelecto-moral... Por essas e outras razões, devemos aprender

60

a nos considerar iguais a todos os irmãos e irmãs em

humanidade, auxiliando-os como pudermos, sem achar que

somos especiais por causa do muito ou do pouco que lhes

fizermos de bom, pois pode acontecer de o mendigo, o doente

ou o sofredor que nos estendem a mão estarem milhares de

anos à nossa frente na estrada evolutiva! Francisco Cândido

Xavier, certa feita, teria afirmado que é verdade que muitos

membros da antiga nobreza estão reencarnados, podendo ser

identificados, enquanto que muitas ex-lavadeiras habitam

atualmente os planos espirituais superiores!

61

6.5 – INDULGÊNCIA

Jesus foi indulgente com a mulher adúltera que os fariseus

queriam apedrejar; igualmente com Judas, que o traiu; com

Simão Pedro, que o negou três vezes; com Saulo, que tentou

destruir Sua Obra, antes de se converter; com Zaqueu, que

vivia da usura; mas, sobretudo, com todos que o condenaram,

apodaram, maltrataram e crucificaram, não esboçando a

mínima atitude de defesa ou reação por uma única razão:

Amava a todos indistintamente como Seus pupilos, a quem

competia ensinar pela indulgência e não corrigir com as

armas da severidade e da dureza. Ninguém realmente o

ofendeu, mas agrediu a própria consciência, por ignorância,

porque Ele não levava em conta as palavras e atitudes dos

Seus Amados, que somos todos nós, mas sim nossas carências

intelecto-morais, que Ele vem suprindo desde que nos tomou

nos Braços Misericordiosos. Ser indulgente não é ser

conivente com os equívocos dos tutelados, mas relevar-lhes a

ignorância, ensinando-os com paciência, através da repetição

das lições, até que, um dia, despertem, como Públio Lêntulo,

que se tornou um dos Seus mais dedicados discípulos. A

indulgência é filha dileta do Amor, que nunca se melindra

nem se cansa de Amar aqueles que ainda não têm alcance

intelecto-moral para compreenderem as virtudes. Gandhi foi

indulgente com os ingleses, que escravizaram seu país por dois

séculos; Francisco Cândido Xavier era indulgente com

aqueles que o criticavam por sua humildade; Divaldo Pereira

Franco foi indulgente com o filho que sofria de forte

propensão para a prática do homicídio, pedindo-lhe que

matasse a ele e nunca a outra pessoa. Quem passa a entender

o Amor Universal se torna indulgente e nunca se julga

ofendido.

62

6.6 – BENEVOLÊNCIA

A benevolência foi exemplificada por Jesus em grau máximo,

quando atendia a todos que O procuravam, inclusive o

senador Públio Lêntulo, imaturo para compreender-Lhe as

Orientações naquele momento. Todavia, enxergando o futuro

e o passado, Jesus semeava Lições, que muitos somente iriam

apreender daí a anos, séculos ou milênios. Ninguém era

desprezado por Ele, que proporcionava o melhor de Si mesmo

para incentivar o desenvolvimento da mínima chama que

crepitasse no fundo da consciência de cada um. Benevolência

é semear em qualquer tipo de terreno, sem aguardar os

resultados, que pertencem a Deus. Fazer o bem

indistintamente é o que nos compete, como aprendizes na

Vinha do Senhor, que nos contrata para servir, em troca do

salário representado pelo Seu Amor Paternal. Não temos a

visão do passado nem do futuro, vivendo circunscritos aos

minutos e horas que se sucedem, como oportunidades de

crescimento intelecto-moral e a benevolência é das melhores

formas de contribuir para a Obra Divina, transformando

desertos morais e intelectuais em campos verdejantes, de onde

brotarão flores multicoloridas e frutos saborosos e saudáveis.

Quem é benevolente se assemelha a uma árvore frondosa, sob

cuja sombra descansam os caminhantes da vida, e de cujos

galhos pendem saborosas frutas, que saciam a fome dos

famintos. Pelo contrário, aqueles que ainda não conquistaram

essa virtude parecem arbustos ressequidos, enfezados e

raquíticos, cheios de espinhos e perigosos para quem se

aproxima, pois, além de inúteis, podem ferir as mãos

desavisadas que os buscam confiantes. Feliz de quem se

transforma em refúgio para seus irmãos e irmãs, pois passa a

exalar o perfume da felicidade, atraindo os sofredores de

várias ordens, que nele encontram o abraço carinhoso. Assim

viveu Bezerra de Menezes, que ficou conhecido como o

“médico dos pobres” e assim era Mohandas Gandhi, de quem,

como ele mesmo dizia, muitos estropiados da mente se

63

aproximavam, atraídos por seu magnetismo, representado

pela benevolência permanente.

64

6.7 – HUMILDADE

Jesus, quando disse: “Ninguém vai ao Pai a não ser por

Mim.” não estava se arrogando um prestígio inútil, mas sim

esclarecendo-nos sobre quem Ele realmente era e é, ou seja, o

Sublime Governador da Terra, a quem compete nos

encaminhar para a evolução intelecto-moral. Ser humilde não

significa rebaixar-se, mas sim trabalhar pelo bem comum sem

outra intenção que a de servir. Não se trata de mostrar-se

grande ou pequeno, mas simplesmente cumprir sua tarefa,

sem estabelecer comparações inúteis entre evoluídos e

primitivos, pois que todos podem desempenhar sua tarefa em

benefício do conjunto. Jesus recusou o qualificativo de

“Bom”, dizendo que apenas o Pai merecia esse título, mas

identificou-se como mestre (professor), pois que, como tal,

competia-Lhe ensinar a Verdade, portanto, representando o

Caminho, a Verdade e a Vida, que conduzem os habitantes da

Terra a Deus, os quais não chegarão ao Pai a não ser por Ele,

único Médium de Deus para o nosso mundo. A humildade

caracterizava o Divino Pastor das almas terrenas. E, nessa

condição, tinha de “colocar a candeia sobre o candeeiro, a fim

de dar luz a todos os que estivessem na casa”. Os missionários

do Bem são humildes, mas não omissos, temerosos,

subservientes, timoratos, covardes ou tímidos, porque o Amor

lhes dá a autoridade necessária para falar e realizar em

benefício de todos. Não agem por interesse próprio, mas

impulsionados pelo desejo de servir a todos. São grandes

porque servem bem a todos e não se servem de ninguém.

Madre Teresa de Calcutá serviu a vida inteira a cada um em

particular, sem nunca ter procurado qualquer benefício

pessoal, vivendo com humildade, mas sendo firme nos

momentos em que a declaração da Verdade se fazia

necessária. É preciso entender a humildade como a virtude

que nos faz desapegados dos interesses pessoais, mas

corajosos na propagação do Bem e na defesa do progresso

intelecto-moral dos outros!

65

6.8 – RESIGNAÇÃO

Os Espíritos Superiores nunca pleiteiam aquilo que contraria

as Leis Divinas: isso representa a resignação. Forçar o

impossível, precipitar-se na busca do irracional, pretender o

injusto, colher frutos ainda verdes: tudo isso se traduz em

rebeldia e irresignação. Sabendo que Deus é Justo e Sábio, os

Espíritos Superiores aguardam pacientemente que tudo venha

no momento próprio. De nada adianta tirar da terra a

plântula para apreciar-lhe a raiz, sendo que se deve aguardar

que o tempo a fortaleça e transforme em arbusto e,

posteriormente, em árvore frondosa. Resignar-se é aguardar a

Justiça Divina, sem pretender que ela decida a nosso favor,

pois pode acontecer de sermos os réus, que merecem a

condenação, e não as vítimas, que devam ser protegidas.

Somente Deus sabe quem é culpado e quem é inocente, porque

enxerga o passado e não apenas o presente, enquanto que nós

somente conhecemos alguns poucos anos da nossa vida e da

existência alheia. As pessoas resignadas não sofrem com as

adversidades, que interpretam como eventos naturais; não

tentam mudar as circunstâncias que independem da sua

vontade e não atribuem aos outros a culpa pelo que de mal

lhes tenha acontecido. Tudo tem uma razão construtiva para

acontecer e o Pai, que somente permite o Bem, mesmo que

seja interpretado como o Mal, vela por todos e Suas Leis

conduzem tudo e todos para o Progresso. Sofrer é ignorar a

utilidade das lições propiciadas pela Sabedoria e Bondade de

Deus, como o aluno desidioso reclama dos deveres de casa e

das lições da sala de aula. Jesus resignou-se com a morte na

cruz, pois sabia da utilidade desse sacrifício para marcar a

fogo Sua passagem pela Terra e Suas Lições. Sócrates

resignou-se com sua condenação a beber cicuta, porque seus

Orientadores Espirituais lhe esclareceram a necessidade

daquele sacrifício. Gandhi morreu assinado, resignado com os

Designíos Divinos, em benefício da missão que trouxe ao

mundo terreno. Aprendamos a virtude da resignação, que

representa Amor a Deus!

66

6.9 – ACEITAÇÃO

A aceitação diz respeito à realidade imposta por Deus, que

sabemos ser a melhor para o nosso aprendizado, a nossa

evolução intelecto-moral. Todas as circunstâncias da nossa

vida são favoráveis a esse objetivo, pois, em caso contrário, o

Pai, que Ama infinitamente Suas criaturas, não permitiria

que ocorressem. Tudo que nos cerca a existência funciona

como incentivo ao nosso progresso intelecto-moral, apesar de,

na nossa visão ainda toldada pelo primitivismo decorrente dos

defeitos morais e do pouco desenvolvimento da inteligência

somente precariamente iluminada pelo Amor, enxergarmos

quase tudo como obstáculos e sofrimentos, os quais costumam

nos desanimar ou revoltar. As pedras, quando juntadas e

colocadas na posição certa, transformam-se em base da

construção; os abismos são alerta para nos desviarmos e

procurarmos os caminhos da planície; as mudanças

climáticas, decorrentes da variação das estações do ano, nos

ensinam que os ciclos da vida se repetem e que devemos

aguardar a época certa para agir de tal ou qual forma; as

facilidades nos mostram que devemos aproveitá-las enquanto

estão presentes; os amigos significam apoio e troca afetiva e os

adversários representam um reforço à voz da nossa

consciência, mostrando o que temos de aperfeiçoar em nós

mesmos. Pretender encontrar na vida apenas benesses é

comparável a querer parar a sequência das estações ou a

rotação da Terra, esta que alterna os dias e as noites. A

aceitação significa fé em Deus e sabedoria no trato conosco

mesmos e com os outros. Trata-se de uma das mais

importantes virtudes, visível nas pessoas que atingiram um

elevado grau de serenidade. Atualmente, com o estilo de vida

direcionado para a competição, o consumismo e o estresse

individual e coletivo, muita gente passa o tempo, representado

pelas horas de cada dia, sem nenhuma aceitação, querendo

alterar a ordem natural das coisas, simplesmente por

inconformação, rebeldia ou ignorância. O autodomínio, a

paciência e a fé em Deus nos induzem à aceitação de tudo que

67

não depende da nossa vontade e também daquilo que nossa

consciência apresenta como útil para nosso progresso

intelecto-moral. Querer tudo mudar, obedecendo aos

impulsos, ao modismo e à arrogância somente tumultuam a

vida individual e das coletividades. Devemos procurar

entender as Leis Divinas para sabermos o que devemos

aceitar e o que nos compete mudar!

68

6.10 – PERDÃO

Os Espíritos Superiores deixaram por último o perdão, com

suas ramificações: abnegação e fraternidade. Não terá sido

por acaso, mas talvez porque representa a culminância da

evolução ético-moral. Recebendo o Mal, ao invés de

devolvermos na mesma moeda, façamos o Bem, através do

pensamento, do sentimento e das atitudes. Assim deve

acontecer por duas razões: primeiro, porque o Mal só nos

atingirá se Deus assim o permitir para o nosso progresso

intelecto-moral e, segundo, porque o Mal, na verdade, é o

Bem representando nossa impulsão para Frente e para Cima.

Querer mal aos nossos adversários é desejar que o professor

não nos ensine as lições ou que não nos indique os deveres de

casa, ambos que são indispensáveis ao nosso aprendizado.

Perdoar não é apenas sinal de espírito caritativo, mas também

de compreensão de que a evolução se processa com a

presença, na proporção certa, das facilidades e dificuldades.

Se os amigos nos trazem as facilidades, os adversários nos

colocam no caminho as dificuldades, mas ambas são

indispensáveis. Jesus nunca Se inquietou com as dificuldades,

mas aproveitou-as para ensinar-nos a lidar tranquila e

inteligentemente com elas. Se não fossem Sua morte na cruz e

os episódios dantescos dos circos romanos, o Cristianismo não

se teria propagado tão rapidamente no mundo, atingindo sua

finalidade na renovação dos paradigmas. “Perdoar não sete,

mas setenta vezes sete” significa aceitar as dificuldades,

porque elas existirão sempre, mudando apenas de umas para

outras. A evolução intelecto-moral nos faz entender que não

temos adversários externos, pois os únicos inimigos reais são

nossos próprios defeitos morais, decorrentes da incompletude

intelecto-moral que nos caracteriza. Por isso, perdoar aqueles

que aparentemente nos prejudicam passa a ser cada vez mais

natural e espontâneo. Jesus, mesmo na cruz, nas vascas da

agonia, não se esqueceu de pedir ao Anjo da Caridade que

fosse socorrer Judas, o qual tinha acabado de suicidar, e,

retornando do mundo espiritual, procurou todos aqueles que

69

O tinham traído e abandonado, para ensinar-lhes que a morte

mata o corpo, mas que o Espírito é imortal, indiretamente

abençoando-os com o perdão!

70

6.11 – ABNEGAÇÃO

Para entendermos a abnegação devemos conjugar o

Auto amor com o Alo amor e o Amor a Deus. Um não deve

excluir os outros, pois são diferentes, mas todos igualmente

importantes, assim como detêm o mesmo valor o Amor aos

filhos, aos irmãos carnais, ao cônjuge e aos pais. Abnegação

não significa deixar de Auto amarmo-nos, investindo no nosso

progresso intelecto-moral, mas sim realizarmos esse

investimento justamente deixando de lado os defeitos morais,

que nos induzem a não enxergar senão os interesses

mundanos. Quando levamos em conta os deveres que temos

para com o progresso intelecto-moral das outras criaturas de

Deus na mesma intensidade com que procuramos Amar a

Deus e a nós mesmos, estamos praticando a virtude da

abnegação. Joanna de Ângelis, que viveu muitas encarnações

voltadas para a renúncia a si mesma, inclusive na figura de

Clara de Assis, quando praticava a autoflagelação,

atualmente é uma das mais importantes missionárias do

Cristo a ensinar a necessidade do Auto amor, pois não se

consegue Amar a outrem sem Amar a si próprio, no sentido

mais elevado da palavra, ou seja, investindo no próprio

aperfeiçoamento intelecto-moral. A abnegação como a

entendiam os anacoretas e os religiosos fanatizados da Idade

Média representa verdadeira irracionalidade, incompatível

com as Leis Divinas, esclarecidas através da Terceira

Revelação. Abnegação é doar de si mesmo em favor dos

outros sem segundas intenções; é fazer o bem indistintamente;

é não julgar pelo simples prazer de alegrar-se com as

desgraças alheias; é transferir às mãos alheias tudo que não

nos é indispensável; é não competir naquilo que não é

essencial para nossa sobrevivência e nosso desenvolvimento

intelecto-moral; em suma, é considerar todos tão importantes

quanto nós próprios, uma vez que, para Deus, os seres que se

iniciam na trajetória evolutiva são tão queridos quanto os

Espíritos Puros. A abnegação deve ser praticada com

utilidade para nós e para nossos irmãos e irmãs.

71

3.15 – FRATERNIDADE

Quanto a este tópico vamos fugir do estilo deste estudo para

fornecer aos queridos Leitores os comentários de um jurista

francês e, após, expor as nossas reflexões: “Esse terceiro termo

da divisa republicana, (artigo C. 2, al. 4) é devida aos

republicanos de 1848. Todavia, enquanto que liberdade e a

igualdade são direitos que não comportam obrigação como

encargo de cada um a não ser de respeitar os direitos de outrem,

a fraternidade deve ser sobretudo considerada como um dever,

mas um dever moral, insuscetível de se traduzir por obrigações

jurídicas, salvo se se instituir a tirania. Na Constituição, a

noção que se aproxima mais da fraternidade é aquela da

solidariedade (Pr. 46, al. 10 a 13). Para retomar uma expressão

de R. Capitant, “a fraternidade não é um princípio da

democracia; ela é uma aplicação sua”. “(Dictionnaire de droit

constitutionnel, Michel de Villiers, Paris: Masson & Armand

Colin Éditeurs, 1998:98). Com a virtude da fraternidade, os

Espíritos Superiores, dirigidos pelo Espírito de Verdade,

encerram o rol das 23 virtudes, ramificações do Amor. Não há

como deixar de reconhecermos a superioridade notável desses

mestres, que, do mundo espiritual, orientam os surtos

evolutivos do mundo terreno, sob o Comando Amoroso e

Sábio de Jesus, a quem nos compete agradecer do fundo da

nossa alma por mais essas maravilhosas informações acerca

da Verdade, que, como Ele afirmou, liberta. E é assim que, de

joelhos postos na terra, agradecemos ao Divino Mestre e Seus

emissários, propondo-nos continuar na nossa autorreforma

moral e divulgá-la aos nossos irmãos e irmãs em humanidade,

“colocando a candeia sobre o candeeiro, a fim de que dê luz a

todos os que estão na casa.”, pois não há nenhuma

manifestação maior de fraternidade do que contribuir para o

progresso intelecto-moral dos nossos irmãos e irmãs em

humanidade.

72

4 – A HISTÓRIA DE FRANCISCA

Na encarnação mais antiga de que tomou conhecimento,

Francisca era casada e não teve filhos, vivendo feliz, segundo

os conceitos materialistas, com o marido, que muito a amava.

Na encarnação seguinte, tinha nascido pobre e era uma

dançarina ambulante, explorada pela mãe, até que caiu nas

graças de uma jovem condessa, que a presenteou com uma

herdade, que a protegida, já adulta, transformou em uma

casa de prostituição, cooptando adolescentes e jovens, sob o

pretexto de transformá-las em dançarinas profissionais. Num

determinado dia, chega-lhe às mãos uma menina de seis anos

de idade, abandonada voluntariamente pela mãe, que a

empresária do Mal passou a tratar como filha do coração,

dando-lhe carinho e instrução refinada, apesar de corrompê-

la sexualmente: era o ex-marido reencarnado no gênero

feminino. Essa criança cresceu triste e, um dia, suicidou-se

pelo desgosto da vida que levava. A ex-dançarina desencarnou

corroída pela solidão e o remorso, pois, além de ter

desencaminhado moralmente dezenas de meninas a quem lhe

competia encaminhar na Arte da Dança, desperdiçou a

oportunidade de tornar-se verdadeira mãe, no sentido mais

elevado da palavra, daquela jovenzinha que seus

Orientadores Espirituais lhe encaminharam às mãos.

Em seguida renasceu para, em um casamento

considerado feliz, segundo os padrões terrenos, ser mãe de um

menino e uma menina, mas, visando usufruir de maior

liberdade junto aos dois amantes que lhe galvanizavam o

coração, internou as crianças em um colégio em que ficaram

isolados do seu convívio. Mostrou, então, que não estava

preparada ainda para a maternidade no seu sentido mais

elevado, que demanda Amor maternal e muitas renúncias.

Na vida seguinte, renasceu no sexo masculino, levou uma

vida de muitos abusos na área da sexualidade, casou-se com

uma jovem por pura questão de conveniência e não foi pai. Se

tivesse tido a bênção da paternidade, poderia ter começado a

sensibilização do coração para essa que é uma das tarefas

73

mais importantes de um ser humano na Terra: a maternidade

ou paternidade.

Até então, não tinha manifestado nenhum interesse pela

religiosidade, vivendo apenas em função da materialidade.

Retornando ao mundo espiritual, foi-lhe dito que teria de

renascer no Brasil, onde seria escrava. Nessa situação

dramática iniciou seu despertamento espiritual, passando a

ouvir as preleções do seu próprio Guia Espiritual,

reencarnado, acerca dos cultos africanos, que falavam de

Deus, do contato com o mundo espiritual e outras lições de

grande valia. Sofrendo abusos sexuais quase que constantes,

engravidou mais de uma dezena de vezes, vindo dar à luz

filhos e filhas com os quais não pode conviver, pois eram

encaminhados para os cuidados de outras pessoas, visando à

posterior utilização como trabalhadores braçais. Com essa

maternidade forçada, propiciou a reencarnação de muitos

Espíritos necessitados de evolução.

Na encarnação seguinte, trouxe como tarefa principal o

serviço na área médica, optando pelo celibato e inscrevendo-

se como voluntária para desempenhar seu trabalho nos

campos de batalha durante a Segunda Guerra Mundial,

quando desencarnou devido à explosão de uma bomba.

Em seguida, reencarnou no Uruguai, tendo como tarefas

principais a mediunidade com Jesus e a maternidade, quando

foi mãe de sete filhos, a todos eles amando e orientando com

verdadeiro desvelo e mil renúncias.

Tinha, então, aprendido a maternidade verdadeira.

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