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The Portuguese-American Monthly Magazine in the United States Cooking with Dad Manny Lopes Consulado de Portugal em Consulado de Portugal em Orlando abre até final do ano... Orlando abre até final do ano... mas o de Miami nem chega a abrir mas o de Miami nem chega a abrir Programa de TV une duas gerações de luso-descendentes Programa de TV une duas gerações de luso-descendentes October 2008 • vol. II • nº 14 • $3 Acaba o voto do emigrante Acaba o voto do emigrante por correspondência por correspondência Miguel Miguel Ramalho-Santos Ramalho-Santos Cientista português ganha prémio de $1,5 milhões

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ComunidadesUSA Magazine Oct 08 edtion

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Page 1: October 08

Comunidades AçorianasComunidades Açorianas

The Portuguese-American Monthly Magazine in the United States

Cooking with Dad Manny Lopes

Consulado de Portugal em Consulado de Portugal em Orlando abre até fi nal do ano... Orlando abre até fi nal do ano... mas o de Miami nem chega a abrirmas o de Miami nem chega a abrir

Programa de TV une duas gerações de luso-descendentesPrograma de TV une duas gerações de luso-descendentes

October 2008 • vol. II • nº 14 • $3

Saiba quais são e as que Saiba quais são e as que deve comer todos os diasdeve comer todos os dias

APE lança rádio e tele-APE lança rádio e tele-visão na Internet para visão na Internet para os emigrantesos emigrantes

Acaba o voto do emigrante Acaba o voto do emigrante por correspondênciapor correspondência

Miguel Miguel Ramalho-SantosRamalho-SantosCientista português ganha prémio de $1,5 milhões

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2 – EM FOCO – Associação dos Portugueses no Estrangeiro (APE) lança rádio e televisão na Internet para os emigrantes; Escritório Consular de Portugal em Orlando, Flórida, abre até ao fi nal do ano 3 – FALATÓRIO4 – I CONVENÇÃO MUNDIAL DAS COMUNIDADESEmigrantes pedem defesa do movimento associativo e da língua portuguesa5 – EMIGRAÇÃO – Acabou o voto por correspondência6 – ENTRAR NOS EUA sem visto só com pedido feito na Internet; empresá-rios portugueses da diáspora reúnem-se em Lisboa8 – CONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS – Novos conselheiros tomam posse no Centro Cultural de Belém15 – PORTUGAL –Parque termal do Vidago (Chaves) reabre remodelado em 200916 – CULTURA –Dias de Melo: escritor açoriano deixou-nos aos 83 anos19 – NAS ONDAS DA INTERNET –Algumas páginas que interessam; Madre-deus lançam novo disco24 - COMUNIDADES –Escola Infante D. Henrique e Banco Espírito Santo entre-gam Bolsas de Estudo; MAPS e CPCU oferecem aulas de inglês para adultos; Proverbo homenageou jornalista Fernando Santos36 – LUSOFONIA – Luso-descendente lembrado e homenageado no Uruguai

www.ComunidadesUSA.com

Th e Portuguese-American Magazine in the United States

COOKING COOKING WITH DAD WITH DAD

MANNY LOPESMANNY LOPES

vol. II • nº 14 • Set/OCTOBER 2008

17 - ALZIRA SILVA, directora Regional das Comunidades, inaugura Portal das Comunidades Açorianas

9 MIGUEL RAMALHO SANTOSCienti sta português ganha prémio de $1,5 milhões para

pesquisa com células estaminais embrionárias

Programa de culinária na Televisão une duas gerações de luso-descendentes em torno da

cultura e gastronomia portuguesas

9 MIGUEL RAMALHO SANTOS

Neste número:

12 – NA MARGEM de CÁ – A ilha de Cascaes, por Lélia Nunes; 26 –HISTÓRIA – Palma Inácio, por Eduardo Mayone Dias; 29 – LIVROS – Funchal: Uma Nostálgica viagem à cidade antiga, por Duarte Barcelos; 31 – DA AMÉRICA e das COMUNIDADES – Do fi m do voto por correspondência à América socialista, por Diniz Borges; 34 – DIA-CRÓNICA – por Onésimo Teotónio de Almeida; 35 – AN AZOREAN in the MIDWEST – por Manuel Ponte 37 – ENGLISH SECTION – The Mistery of Language, por Dr. António Simões39 – HORÓSCOPOS – por Maria Helena; 40 –HUMOR

Secções

Page 4: October 08

PRINTED IN NEW YORK USA

The Portuguese-American Monthly Magazine in the USA

www.ComunidadesUSA.com

9255 Center St. suite 400MANASSAS,VA 20110Tel: (703) 369-3324 Fax: (703) 369-3325

COMUNIDADESUSA is published monthly by ComunidadesUSA, 9255 Center St., suite 400, MANASSAS, VA 20110-5567. Application to mail at periodicals postage rates is pending at MANASSAS VA and additional mailling offi ces.

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ComunidadesUSA é publicada mensalmente, 12 vezes por ano. Assinatura anual: $30; 2 anos: $56Para assinar ligue/To subscribe call: 1-888-712-3324 • Fax: (703) 369-3325em NY: (914) 720-8705ou [email protected]

EDITOR: António Oliveira

COLABORADORESDr. António Simões, Ana Duarte, Prof. Onésimo Teotónio

Almeida, Prof. Mayone Dias, Duarte Barcelos, Diniz Borges, João Martins, David Tatlock, Ângela Costa, Glória

de Mello, Fernando G. Rosa, Cândido Mesquita, Dr. Manuel Luciano da Silva, Edmundo Macedo,

Dr. Carlos Pimenta, Maria João Ávila, Manuela da Luz Chaplin, José Carlos Fernandes, José Brites, Adalino

Cabral, Anabela Quelha, José Carlos Sanchez

CORRESPONDENTESNEW JERSEY: Glória Melo

SUN COAST (Flórida): Sidónio Fagulha SAN DIEGO, CA: Manuel Coelho e Mizé Violante

WATERBURY, CT: Manuel Carrelo FLORIDA: José Marques

PALM BEACH, FL: Fernando de Sousa TAUNTON, MA: Elisabeth Pinto

PENSYLVANIA: Nélson Viriato BaptistaPEABODY, MA: Ana Duarte

COLABORADORES e CORRESPONDENTES:

As opiniões expressas pelos colaboradores nos seus artigos não exprimem necessariamente a opinião da administração da revista “ComunidadesUSA”. É permitida a reprodução do material publicado desde que mençionada a fonte. O leitor pode contactar a revista directamente através de correio, telefone, fax ou e-mail com os seus comentários, ideias, críticas ou sugestões. Para cartas ao editor use o e-mail [email protected], mencionando no título “Cartas ao editor”.

1-888-712-3324

ADMINISTRAÇÃO, ASSINATURAS E PUBLICIDADE:

90 Sunhaven Dr.NEW ROCHELLE, NEW YORK 10801Tel: (914) 720-8705E-mail: [email protected]

REDACÇÃO/NEWS ROOM:

PUBLISHER:José João Morais (ComunidadesUSA)

E M F O C O

O próximo plenário do Conselho das Comunidades, a 14 de Outubro, vai ser já transmitido em directo na Internet

APE lança rádio e televisão on-line para os emigrantes portugueses

A Associação dos Portugueses no Estrangei-ro (APE) vai lançar uma rádio e televisão

on-line dirigida aos emigrantes portugueses de todo o mundo, anunciou a associação.

Segundo o secretário-executivo da APE, Gabriel Fernandes, a rádio e a televisão vão já transmitir em directo todo o plenário do Conselho das Comunidades Portugueses (CCP) que vai decorrer em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, entre os próximos dias 15 e 17 de Outubro.

O objectivo, segundo Gabriel Fernandes, é dar mais visibilidade ao CCP, o órgão de consulta do governo português em questões de emigração, que é ainda desconhecido de grande parte da população emigrante.

Para além da cobertura dos eventos do CCP, a rádio e televisão da APE vai transmitir programas de informação e debates de temas pertinentes para os portugueses residentes no

estrangeiro.A rádio terá ainda parcerias com rádios

locais de Portugal e das comunidades e funcio-nará para já com 12 horas de emissões diárias. Para sintonizar basta ir ao sitio da APE em www.apeportugal.com.

“Vamos estar em sintonia com a Europa, os Estados Unidos, o Brasil e África. Mas temos de analisar o problema da Austrália para ver que programas vamos transmitir de noite”, disse a mesma fonte. A televisão também já foi testada recentemente no congresso Mundial da Comunidades que a APE organizou em Agosto em Santa Maria da Feira.

Criada em 2007, a APE é uma associação de defesa dos direitos dos portugueses no es-trangeiro com sede em Portugal e delegados por todo o mundo. O actual presidente é José João Morais, da Virgínia, Estados Unidos da América

O NOVO escritório consular de Portugal na Flórida vai fi car situado na Piazza Grand Ave-nue, no 6996, da cidade de Orlando, e deverá abrir ao público antes do fi nal do ano. Segundo fonte da secção consular da Embaixada de Por-tugal em Washington, na dependência da qual fi cará este escritório, o processo decorre com normalidade e já tem todas as autorizações necessárias, aguardando-se agora a conclusão da obras de adaptação do local.

O novo escritório Consular de Portugal em Orlando vai prestar ao público todos os serviços normais de emissão de documen-tação, nomeadamente vai ser dotado de uma máquina de recolha de dados para emitir passaportes que serão enviados por correio em três dias úteis aos requerentes.

Este escritório, recorde-se, foi uma das promessas do Secretário de Estado das Co-munidades no âmbito da reestruturação consular de 2006 que, entretanto, encerrou, inexplicavelmente, o Consulado Honorário em Miami. Apesar de ter prometido que Mia-mi continuaria aberto, a verdade é que desde Setembro de 2007 ele se encontra encerrado. A Secretaria de Estado das Comunidades disse recentemente que o objectivo é manter abertos os dois consulados, mas a revista Comunida-desUSA soube que, em princípio, o Consu-aldo honorário de Miami não terá qualquer funcionário nem prestará nenhum serviço de documentação aos portugueses residentes nesta área que serão assim obrigados a usar o escritório de Orlando.

Escritório consular de Portugal em Orlando abre até ao final do anoFica situado na Piazza Grande Avenue e terá dois funcionários

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ComunidadesUSA Oct 2008 3

“Um elefante viciado em heroína esteve três anos em desintoxicação”

Daily Telegraph

Na Madeira pensa-se em tudo. Vejam só este parque de estacionamento no Hiper Sá do Centro

Comercial de Santana. Além de espaços para defi cientes e grávidas, há também um lugar para

grávidas defi cientes...

““F A L A T Ó R I O... a falar é que a gente se (des)entende

Nota: As opiniões e afi rmações aqui expressas não coincidem necessariamente com as dos proprietários e editores da revista

Portugal está a viver uma verdadeira onda de assal-tos que atingiu em Agosto uma violência inusitada e nunca vista. A culpa é das alterações ao código Penal, dizem uns, que difi cultam a prisão preven-tiva e obrigam os juízes a soltarem os criminosos presos pela polícia. Mesmo em fl agrante delito. Outros dizem que se trata de uam vingança dos juízes pelo facto de terem sido maltratados pelo governo. A verdade é que Portugal parece estar a saque e grande parte dos crimes são cometidos por cidadãos estrangeiros certamente conhecedores da brandura das nossas leis e dos nossos juízes. A situação é de tal forma que tudo serve aos ladrões, desde as coisas mais insignifi cantes, como roupa na rua a secar, até assaltos preparados com rigor militar, como foi o da carrinha de valores da auto-estrada A3. Mas há casos para todos os gostos: imagine-se que dia destes um ladrão foi preso por ter assaltado, pasme-se, as instalações da própria polícia Judiciária em Lisboa. Palavras para quê...

Parece brincadeira mas não é. Esta sanita portátil existe mesmo e foi descoberta nas serras da Madeira, acima do Poiso na ida para o Chão da Lagoa. Pelos vistos foi muito usada durante o último rally Vinho da Madeira 2008. Não se sabe se Alberto João Jardim vai fazer com ela o que Sócra-tes fez com o computador Magalhães, isto é, vendê-la ao Chavez para reproduzir...

Na via rápida Funchal-Santa Cruz também circulam cadeiras. Não sabemos se são de rodas, mas que também têm acidentes, isso têm. Vejam só a notícia.

Esquadra assaltada...

Quem não tem Magalhães, tem WC portátil...

“Seria má política apostar no fute-bol português”Suleiman Al-Fahim, milionário que comprou o

Manchester City

“Sem saltos altos não consigo pensar! Não me concentro e não posso focar nada...”Vitoria Beckham, à BBC

Programação? Para quê?• A RTP1 transmitiu 48 programas não anunciados e 27 programas anunciados não chegaram a ser transmitidos• A SIC exibiu 25 programas não anunciados e 16 anunciados não foram transmitidos.• A TVI transmitiu 51 programas exibidos mas não anunciados pela estação, e 7 programas anuncia-dos não foram transmitidos.Quantos ao cumprimento de horários... pois.

Do relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)

A TAP LANÇOU recentemente uma cam-panha de bilhetes a 64 euros (Tap discount) válidos para qualquer destino na Europa para onde a companhia efectue voos directos mas… como era de esperar, não incluiu os Aço-res. Nem para lá, nem de lá para qualquer des-tino para onde voa, neste caso Lisboa e Porto, e em “code share” com a SATA de Ponta Delgada para Amesterdão, Londres, Dublin, Manchester e Frankfurt. Curiosamente, inclui três voos a saírem do Funchal.

Como diria Scollari, e o burro sou eu?

E o burro sou eu?

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4 Oct 2008 ComunidadesUSA

A I Convenção Mundial das Comu-nidades Portuguesas organizada pela Associação de Portugueses no

Estrangeiro (APE) e que decorreu em Agosto na cidade de Santa Maria da Feira, concluiu ser essencial preservar a memória da nossa emigração e dinamizar o movimento asso-ciativo. A Convenção Mundial visou a análi-se e discussão de questões actuais e premen-tes relacionadas com a diáspora portuguesa, a saber: (1) a Crise do Associativismo, (2) as Memórias, e (3) as Geminações. Sobre estas matérias, concluiu-se o seguinte:

O Associativismo foi e continua a ser um elemento essencial da presença portuguesa nos cinco continentes; por isso, é impor-tante efectuar um levantamento exaustivo das associações portuguesas no estrangeiro, conhecer a sua história, os seus problemas actuais e o seu enquadramento nos respecti-vos países de acolhimento, num trabalho que poderá ser atribuído ao recentemente criado “Observatório”.

As razões para um cenário de crise em algumas das associações prendem-se, entre outros aspectos, com a difi culdade de reno-vação de dirigentes, a pouca participação de mulheres, a falta de apoios e a reduzida intervenção do Governo português na defi -nição e execução de um politica adequada a esta nova realidade. Dessa forma, deve ser solicitada uma maior intervenção que pode incidir na formação de dirigentes, na mo-dernização do funcionamento e num maior reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

Também as autarquias podem servir como elos de ligação com as associações portuguesas no estrangeiro, através do estabelecimento de parcerias. Assim, reco-nhecendo a excelência da articulação entre o poder central e o poder local na área das migrações, torna-se indispensável que a rede dos gabinetes, que lhes presta apoio, possa cobrir todo o território nacional (Continente e Ilhas).

Este alargamento deve realizar-se nas regiões mais afectadas pelos fl uxos migra-tórios, passando os gabinetes já existentes a

serem designados como gabinetes de apoio às migrações, dada as características actuais da mobilidade das populações.

Perante a situação verifi cada, a Con-venção propõe uma política orientada na concentração de esforços humanos e mate-riais no sentido de melhor aproveitar meios logísticos que através de adequada utiliza-ção contrariem a pulverização e dispersão associativa.

A situação do ensino do idioma luso, oferecido pelas associações portuguesas dos EUA, foi alvo de refl exão, tendo-se concluído que é um dever histórico de Portugal apoiar estas escolas que já contam com um século de promoção e disseminação da nossa língua no continente norte-americano, a par da necessidade de um esforço continuado de integração da língua nos curricula ofi ciais norte-americanos especialmente nas áreas de maior concentração de portugueses e/ou luso-descendentes. Só com uma integra-ção alargada, ao serviço dos portugueses e luso-descendentes, brasileiros e oriundos dos PALOP, bem como de todas as pessoas norte-americanas ou de outras etnias inte-ressadas na aprendizagem do Português, se poderá concretizar o objectivo da internacio-nalização da língua nos EUA, usando como modelo o trabalho já realizado, no terreno, com sucesso, por outras línguas europeias de projecção mundial. Para tal, espera-se que o governo português apetreche as Coordena-ções de Ensino da Costa Leste e Oeste com os recursos humanos, fi nanceiros e materiais sufi cientes para fazer face às necessidades existentes, acabando, assim, com o estado de abandono a que tem sido votado o ensino português nos EUA, nas últimas décadas.

Não se pode falar na história de Portugal sem conhecer a história de mobilidade dos portugueses no Mundo que começou no século XV com os Descobrimentos e dentro das devidas comparações prosseguiu poucos séculos depois com a emigração.

Preservar a memória da emigração por-tuguesa é manter viva as heranças culturais e acompanhar a dinâmica das suas mudanças,

reconhecendo a importância do relacio-namento inter-geracional na partilha de experiências de vida e dos seus riquíssimos testemunhos.

Sendo múltiplas as fontes de informação e diversa a que pode ser recolhida, todo este trabalho de defesa e preservação da memória deve ser feito de forma sistemática e respon-savelmente articulada entre as comunidades portuguesas, o poder central em Portugal e a sua rede administrativa e diplomática, dispo-nibilizando a Associação de Portugueses no Estrangeiro para, nesta e noutras áreas, dar o seu contributo que pensamos ser útil.

Existindo já em Portugal iniciativas que desenvolveram trabalho neste domínio su-gere a Convenção que as mesmas não sejam ignoradas, inspirando o desenvolvimento e a caracterização de um projecto de âmbito nacional.

Geminação é uma união entre duas localidades, resultante da fusão de vontades, estimulando factores diversos e alicerçada em interesses comuns. São muitos os casos em que comunidades portuguesas residen-tes no estrangeiro deram início a processos de geminação, que pretendem intensifi car os elos com o país de origem. A intenção inicial foi transcendida pelo alargamento de participantes e intensifi cação de programas articulados que ajudaram ao aprofundamen-to de um reconhecimento mútuo e melhor relacionamento entre as partes envolvidas.

A geminação pode despertar poten-cialidades adormecidas, permitir ideias e projectos inovadores, congregando vontades e esforços, somando valências e oportunida-des, multiplicando frutos e dividendos.

Santa Maria da Feira e Guimarães deixaram-nos bons exemplos de gemina-ções dinâmicas e de sucesso, implicando as respectivas populações e garantindo assim o desenvolvimento e a perenidade do projecto inicial.

A APE é uma associação internacional com sede em Portugal de defesa dos interes-ses dos emigrantes. É presidida por Jose João Morais, da Virginia, EUA.

Na I Convenção Mundial das Comunidades organizada pela APE

Emigrantes pedem na Feira defesa do movimento associativo, ensino da língua e preservação da memória da emigração

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ComunidadesUSA Oct 2008 5

Acabou o voto por correspondência para os emigrantes portugueses

A alteração da lei eleitoral, que institui o voto presencial dos emigrantes nas legis-

lativas e europeias, foi aprovada com os votos do PS e PCP, a abstenção do Bloco de Esquerda

Alteração foi aprovada na Assembleia com os votos do PS e PCP

A partir de agora todas as eleições são presenciais (nos Consulados)

e os votos contra do PSD e do CDS-PP.A troca de acusações entre socialistas e

social-democratas marcou o debate que ante-cedeu a votação da proposta de substituição do

José Lello, do PS, antigo secretário de Estado das Comunidades, foi o autor do projecto

que extinguiu o voto por correspondência. As razões que estiveram na origem deste desejo de mudar a lei são incompreensíveis para a maioria dos emigrantes que vêem nele apenas uma jogada político-partidária ou uma enge-nharia eleitoral para evitar uma situação que já aconteceu ao PS: ganhar as eleições legislativas com maioria “relativa” graças a um deputado eleito pela Emigração.

O círculo de Fora da Europa é dominado pelo PSD desde os anos 90 e mesmo na Eu-ropa, onde os movimentos de esquerda estão mais bem organizados, o PSD consegue eleger sempre um deputado. José Lello, e o PS, devem saber que o fim do voto por correspondência significa um aumento da abstenção (basta ver o número de votantes nas últimas eleições presidenciais, as primeiras onde para votar era necessário uma deslocação ao Consulado) mas mesmo assim foram para a frente com o projec-to sem ouvirem os emigrantes nem o Conselho das Comunidades, o órgão de consulta sobre questões de emigração. Lello argumentou que se tratou de “uma iniciativa parlamentar” e que “por outro lado”, o Conselho “não es-tava a funcionar”. O que não é inteiramente verdade, pois até os novos conselheiros eleitos tomarem posse (o que vai acontecer este mês) os destinos do CCP são dirigidos pelo Conselho Permanente.

José Lello diz que o voto por correspon-dência não oferece garantias de segurança. Por outro lado, as suas afirmações de que o PS está a prever o alargamento dos locais de voto e pretende introduzir na nova lei a possibilidade dos emigrantes portugueses votarem também

voto por correspondência pelo presencial. O de-putado do PSD pelo círculo Fora da Europa, José Cesário, acusou os socialistas de "terem medo" do voto dos emigrantes. "Desde 1999 que [o PS] não consegue ganhar umas eleições nas comu-nidades portuguesas. Pelo contrário, tem sido perfeitamente esmagado nos mais diversos actos eleitorais realizados", acusou o parlamentar.

"Confrontado com esta situação o PS não tem escrúpulos. Usa uma das suas únicas ini-ciativas dirigidas aos portugueses na diáspora nesta legislatura para tentar alterar adminis-trativamente este estado de coisas", referiu José Cesário, acrescentando que o PS espera assim "que a sua pobre sorte mude e passe a ter melhores resultados".

José Cesário sublinhou que os emigrantes não votam no PS porque "não acreditam" num partido que acabou com as contas Poupança Emigrante, com os incentivos ao crédito, com o porte pago para o envio de jornais e com quase duas dezenas de consulados.

Respondendo às críticas do PSD, o deputado socialista José Lello lembrou que "o próprio PSD" defendeu no seu projecto de lei sobre a partici-pação dos emigrantes nas eleições presidenciais que "não só admitia o voto presencial como regra, como o considerava a todos os títulos o instrumento ideal de expressão da vontade dos eleitores". Lello, que foi dos autores da proposta socialista, defendeu que o voto por correspon-dência tem "muitas imperfeições" e pode ser "potencialmente permeável à fraude".

"Nas últimas eleições legislativas, a impren-sa deu conta do desaparecimento inexplicável de várias centenas de boletins de voto desti-nados à emigração e perto de uma centena de votos oriundos do Brasil foram enviados para Espanha", justifi cou.

Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, de-safi ou o PS a apresentar o mapa dos mesas de voto que pretende criar em cada país, um repto que foi aceite de imediato.

em consulados honorários e vice-consulados, em associações portuguesas e ainda em “insti-tuições públicas de outros países, como escolas e câmaras municipais” são no mínimo ingénuas para quem já foi secretário de Estado das Co-munidades e deveria conhecer esta realidade, sobretudo nas Américas. Como é que os Con-sulados, com os parcos recursos financeiros que têm e a crónica falta de funcionários vão poder criar mesas de voto? E com que volun-tários? Nos Estados Unidos viu-se nas recentes eleições para o Conselho das Comunidades essa dificuldade e no Canadá a lei proíbe mesmo as associações sociais de se envolverem em actos eleitorais estrangeiros. Se as eleições decorre-rem só nos Consulados a abstenção aumentará assustadoramente na América do Norte e do Sul. Esta decisão, que não teve em conta ne-nhum estudo credível, é ainda mais estranha quando o governo do PS testou nas últimas eleições o voto electrónico (via Internet) e a maioria da democracias modernas aceitam sem problemas o voto por correspondência. É estranho também que toda a esquerda tenha votado a proposta de José Lello.

É caso para perguntar: e se os resultados fossem diferentes, isto é, se o PS vencesse no círculo da Emigração Fora da Europa, o voto por correspondência era seguro?

Nas últimas eleições para a Assembleia da República, em Fevereiro de 2005, a absten-ção nos dois círculos eleitorais da Emigração situou-se nos 76 por cento, com 36.388 emi-grantes a votar, num total de 148.159 recen-seados. O PS obteve 12728 votos no círculo da Europa e 3552 no de Fora da Europa; o PSD obteve 6366 no círculo da Europa e 7783 no de Fora da Europa.

A quem incomoda o voto por correspondência?

José Lello o autor da proposta que acabou com o voto dos emigrantes por correspondência

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6 Oct 2008 ComunidadesUSA

REPRESENTANTES das 120 mil empresas portuguesas da diáspora reúnem-se em No-vembro, em Lisboa, no I Fórum Mundial dos Empresários Portugueses, anunciou a Secretaria de Estado das Comunidades. A iniciativa resul-ta de uma parceria do Ministério dos Negócios Estrangeiros com a Confederação Mundial das Câmaras de Comércio Portuguesas.

“Este I Fórum Mundial dos Empresários Portugueses pretende potenciar as capacidades verifi cadas no conjunto de empresas, que são propriedade de portugueses que vivem fora de Portugal, e também a ambição de Portugal em internacionalizar as suas empresas e a sua economia”, disse a fonte.

O objectivo é encontrar “formas de coope-ração e de parcerias entre as empresas tituladas por portugueses que vivem no estrangeiro e empresas portuguesas sediadas em Portugal”.

A iniciativa vai decorrer a 28, 29 e 30 de Novembro e a par da realização do Fórum, o

AS NOVAS regras de entrada nos Estados Unidos para quem viaje em turismo e sem visto entram em vigor a 12 de Janeiro do próximo ano e implicam alterações signifi -cativas, nomeadamente um pedido que deve ser feito obrigatoriamente na Internet através do sistema Electrónico para Autorização de Viagem [ESTA].

Este pedido ao Programa de Isenção de Visto [PIV] é grátis e deve ser solicitado com antecedência através do site https://esta.cbp.dhs.gov disponível a partir de 17 de Outubro em 17 línguas, segundo fonte ofi cial.

A resposta ao pedido pode ser imediata dando autorização aprovada [viagem autori-zada], viagem não autorizada ou autorização pendente que terá uma resposta até 72 horas

após o pedido.Caso seja aprovada a entrada nos

EUA, a autorização é válida por dois anos, excepto se, por exemplo, mudar de nome ou de passaporte, sendo o documento de leitura óptica o único válido para passar a fronteira norte-americana.

A aprovação da entrada em território norte-americano aplica-se a quem se desloca por um período máximo de 90 dias e implica que o requerente possua uma passagem de ida e volta, ou com saída para outro país. Ficam isentos deste pedido quem possua visto para entrar nos EUA ou que entre pelas fronteiras terrestres, deixando por isso de ser necessário o preenchimento do anterior formulário, o I-94W.

Novas regras entram em vigor em Janeiro de 2009 mas o site que recebe os pedidos está disponível a partir de 17 de Outubro

Entrar nos EUA sem visto só com pedido antecipado na Internet

Estes procedimentos causaram alguma preocupação entre as comunidades portugue-sas nomeadamente as açorianas, pois os fami-liares que residem no arquipélago, sobretudo pessoas de idade, visitam frequentemente os familiares nos Estados Unidos, sendo agora obrigados a requerer autorização.

Como ela deve ser feita na Internet, alguns emigrantes manifestaram o receio de que isso atrase o processo, pois a maioria dos idosos não só não sabe usar o computador como não possui uma caixa de correio electrónico (e-mail).

Os serviços da Direcção Regional das Co-munidades Açorianas, no entanto, já disseram estar disponíveis para prestar apoio.Governo vai apresentar um programa de in-

centivo à internacionalização dos empresários portugueses.

“Este programa, a que chamamos NetIn-vest, permitirá criar uma rede de informações e conhecimentos, também em parceria com a Confederação, não só para a oportunidade de negócios como para a troca de informações e oportunidades de investimento também em Portugal”, acrescentou. Este programa recor-rerá a capitais de risco e a outros incentivos, “no sentido dessas parcerias poderem vir a estabelecer uma cooperação estratégica entre as diferentes empresas, dando por essa via um curso à internacionalização das empresas portuguesas”.

Segundo a Secretaria de Estado das Comu-nidades há mais de 120 mil empresas no mundo inteiro tituladas por portugueses. Destas, 20 mil são consideradas grandes empresas, em todas as áreas e em todos os domínios de negócios”.

Empresários portugueses da diáspora reúnem-se em Lisboa em NovembroExistem mais de 120 mil empresas portuguesas de emigrantes, 20 mil das quais são consideradas grandes empresas

A EMIGRAÇÃO NO MUNDO

1. Estados Unidos 35 milhões2. Federação Russa 13,3 milhões 3. Alemanha 7,3 milhões4. Ucrânia 6,9 milhões5. França 6,3 milhões6. Índia 6,3 milhões7. Canadá 5,8 milhões8. Arábia Saudita 5,3 milhões

PAÍS MILHÕES DE EMIGRANTES

fonte: OIM

Total de emigrantes: 175 milhõesilhõ

A página onde deve ser requerida a autorização

Page 9: October 08

Instituição sólida em franco crescimento...Transferências GRÁTIS.

Soluções para emigrantes e não residentes

O Banif – Banco Internacional do Funchal, também está presente junto das

comunidades portuguesas nos EUA, através do Banif Açores, Inc. Para mais

informação consulte o escritório próximo de si...

www.banifbca.com

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76 Ferry Street Newark, NJ 07105-1820

Tel: 973-344-5600

1645 Pleasant Street Fall River, MA 02723

Tel: 508-673-5881

2 B North 33rd Street San José, CA 95116 Tel: 408-251-8081

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8 Oct 2008 ComunidadesUSA

Conselho das Comunidades Portuguesas toma posse no Centro Cultural de Belém

O Conselho Mundial das Comunidades Portuguesas (CCP) vai tomar posse no Plenário Mundial que decorre de

15 a 19 de Outubro em Lisboa com Conselhei-ros eleitos e nomeados. Cinco meses depois de ter sido eleito, o CCP vai também eleger o seu presidente e Conselho Permanente com o novo fi gurino que lhe deu a revisão da lei que rege este órgão consultivo do governo português para as questões de emigração.

De acordo com a nova lei do CCP, o CCP é composto por 73 conselheiros, dos quais 63 são eleitos e dez são designados entre asso-ciações, luso-eleitos, o Conselho Permanente das Comunidades Madeirenses e o Congresso das Comunidades Açorianas. Segundo fon-

te do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, por votação das associações de portugueses na Europa, foram designados Alfredo Cardoso (membro da Federação das Associações Portuguesas de Munster, Alemanha) e Mário Castilho (Pre-sidente da Associação Portuguesa Cultural e Social de Pontault-Combault, França).

As Associações Fora da Europa nomearam o dirigente associativo Terry Costa, do Canadá, e o presidente da Casa de Portugal de Montevi-deu, Raul Simón. Por seu lado, os luso-eleitos na Europa escolheram Paulo Paixão e Cristela de Oliveira, ambos de França. Os portugueses eleitos para cargos políticos Fora da Europa designaram Rita Botelho dos Santos (pelo

Plenário Mundial, agora com eleitos e nomeados, vai também eleger o novo presidente do Conselho Permanente

círculo China, Japão, Tailândia e Macau) e Manuel Simão de Freitas (África do Sul). Pelo Conselho Permanente das Comunidades Madeirenses foi designado José Gonçalves, residente na Bélgica, enquanto o Congresso das Comunidades Açorianas optou por não indicar ninguém, preferindo designar pessoas de acordo com os temas em discussão.

Nomeados Entretanto, e tal como prevê a lei, o

Governo nomeou os conselheiros pelos pa-íses onde não houve candidatos, tendo sido indicada Maria Teresa Heymans (Holanda), Manuel Martins Pereira (Valência, Venezuela) e Joaquim Torres Rodrigues (Angola e Repú-blica Popular do Congo). Pelo círculo de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Senegal foi nomeada Maria Adriana Carva-lho e pela Índia Jorge Renato Fernandes. De acordo com a fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, falta nomear uma pessoa por Espanha porque "não se apresen-tou ninguém, nem se encontrou alguém com disponibilidade".

Os Conselheiros dos Estados UnidosA nova lei do CCP reduziu o número de Conselheiros nos Estados Unidos de nove para cinco, além de retirar a este círculo a zona da Bermuda. Os Conselheiros eleitos para o novo CCP são José João Morais e Manuel Carrelo, pelo círculo de Newark (inclui Washington, New Jersey, New York e Connecticut), João Pacheco e Claudinor Salomão, pelo círculo de New Bedford (inclui Massachusetts e Rhod Island), e Elmano Costa, pelo círculo de San Francisco (California). Somente este é um estreante, pois os restantes pertenciam já ao anterior Conselho.O CCP é um órgão de consulta do governo português para as ques-tões da emigração.

Círculo de Newark (Washington, New Jersey, New York e Connecticut)

José João Morais Manuel Carrelo

Círculo de New Bedford (Massachusetts e Rhode Island)

João Pacheco

Claudinor Salomão

Círculo de San Francisco (California)

Elmano Costa

fotos: ComunidadesUSA

fotos: ComunidadesUSA

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ComunidadesUSA Oct 2008 9

Miguel Ramalho-Santos Biólogo português ganha prémio de $1,5 para investigação em células estaminais embrionárias

Qual a razão que o levou a deixar Portugal para fazer o doutoramento nos Estados Unidos?

Durante o meu Mestrado, em Coimbra, fui-me in-formando das várias áreas da formação em Biomedici-na no fundo para tentar descobrir um bocado as áreas que mais me interessavam para o meu trabalho futuro

de doutoramento. À medida que ia lendo fui desco-brindo um interesse bastante grande por Biologia do Desenvolvimento, isto é, um fascínio por saber como é que o embrião se desenvolve a partir de uma única cé-lula, que permite construir um organismo inteiro com os vários tipos de células diferenciadas que compõem o nosso corpo. E apercebi-me que de facto a investigação de topo nessa área era feita nos Estados Unidos, sobre-tudo em Harvard, por um grupo de investigadores com os quais eu gostaria de trabalhar. Candidatei-me em 1997, tive a sorte de entrar no programa e acabei por vir trabalhar com eles no doutoramento em Biologia do Desenvolvimento Embrionário.

E como surgiu a Universidade da Califórnia?Após a conclusão do doutoramento tive conheci-

mento da existência de um lugar nesta universidade

O biólogo português Miguel Ramalho-Santos, investigador e do-cente da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, foi um dos dois galardoados desta universidade com o Prémio de Novo Inovador, atribuído pelo National Institute of Health, dos

Estados Unidos, no valor de 1,5 milhões de dólares. Este prémio destina-se a apoiar a pesquisa de inovações que possam vir a “transformar a ciência biomédica e comportamental”. No caso de Miguel, vai permitir a continua-ção, durante os próximos cinco anos, dos seus trabalhos de investigação em células estaminais embrionárias no laboratório que dirige em São Francisco, naquela universidade californiana.

Actualmente, Miguel Ramalho-Santos é também professor assistente de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutiva no Instituto de Medicina da Regeneração da Universidade; em laboratório, a sua investigação centra-se no controlo e função das células estaminais embrionárias, com implicações para a biologia, medicina regenerativa e cancro. Os seus trabalhos têm sido publicados em várias revistas científi cas de referência na área, nomeadamen-te a “Cell Stem Cell” e a “Gene Th erapy”.

Miguel Ramalho-Santos é fi lho do sociólogo Boaventura Sousa Santos e da investigadora e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coim-bra Maria Irene Ramalho. Licenciou-se em Biologia na Universidade de Coimbra, onde fez também um mestrado em Biologia Celular, mas escolheu a Universidade de Harvard, em MA, para fazer o seu doutoramento numa área naquele tempo pouco investigada em Portugal. Acabou por fi car nos Estados Unidos, já lá vão onze anos. A revista ComunidadesUSA falou com o cientista que nos explicou em que consiste o seu trabalho e qual a impor-tância deste prémio para as suas pesquisas.

entrevista de António Oliveira

Miguel Ramalho-Santos

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10 Oct 2008 ComunidadesUSA

que me interessou pelo facto de ser de investigador indepen-dente, isto é, não estava a trabalhar para outro professor.

Candidatei-me e entrei como investigador, com o meu laboratório, em Outubro de 2003, estabelecendo o meu próprio programa de investigação. Comecei desde logo a ter alunos de doutoramento e de “pos-doc” a trabalhar para mim. Foi uma oportunidade de começar a trabalhar mais cedo na investiga-ção. Desde Dezembro último sou também professor associado da Universidade.

E como é fi nanciada a sua investigação?A maior parte dos fundos vêem de “grants”, como este do

National Institutes of Health (NIH), de instituições privadas e da própria universidade, que embora seja uma universidade pública, tem fundos para a sua própria investigação. Quando comecei a trabalhar aqui recebi fundos da Universidade para poder contratar uma técnica; depois tive um aluno que veio de Portugal de um programa doutoral da Universidade de Coim-bra, com uma Bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia; pouco tempo depois contratei uma “pos-doc” croata que veio de um laboratório da Alemanha também com uma Bolsa. Ao mesmo tempo ia candidatando o laboratório a “grants” e esta agora que recebemos do NIH é de longe a maior de todas que nos vai permitir a independência fi nanceira, digamos assim, a liberdade para fazer todo o trabalho em que estamos envolvi-dos ao longo dos próximos cinco anos.

Quantos alunos e cientistas trabalham no seu laborató-rio?

Neste momento somos sete, incluindo eu, o que é bastan-te razoável, mas esta “grant” vai permitir expandir para além disso.

Pode explicar sucintamente as suas investigações e as implicações práticas, digamos assim, para o futuro da huma-nidade?

Devo desde já dizer que eu sou um biólogo, portanto faço investigação básica, não faço investigação clínica, digamos as-sim. Faço investigação na área da genética das propriedades das células estaminais embrionárias, portanto quais são os genes que conferem às células estaminais embrionárias as proprie-dades que as distinguem de outras células. Uma propriedade fundamental destas células e uma das razões pela qual eu me senti fascinado pela embriologia, é que são células que têm capacidade de dar origem a qualquer tipo de célula do orga-nismo. Ou seja, a partir de células estaminais embrionárias é possível obter células musculares, neurónios, células do sistema digestivo... Qualquer tipo de células do nosso corpo pode ser derivada no laboratório a partir de células estaminais embrio-nárias. O que não é o caso de células estaminais adultas que são muito mais restritas no seu potencial. É uma propriedade extremamente fascinante como é que uma célula é capaz de ter todas as opções em aberto, digamos, de diferenciação, e de alguma maneira isto tem que ser revelado em termos genéticos.

Portanto o meu laboratório está interessado, e tem vindo a fazer trabalho nessa área para saber quais são os genes e os mecanismos, digamos moleculares, que regulam essa capacidade das células estaminais embrionárias de darem origem a todas as outras células. Portanto, como é possível explicar a nível molecular e genético esse facto de estarem toda as opções em aberto.

Conhecendo então este processo é agora possível reproduzir qualquer tipo de célula em laboratório para curar qualquer tipo de doença?

Bom, eu ia chegar a esse ponto. Mas gosto de ressal-var que eu faço investigação básica e como em todos os casos no passado, por vezes foi possível prever qual o tipo de aplicação que veio a resultar daí em benefício para a humanidade, noutros casos foram resultados inesperados durante o decurso da investigação básica. E muitas vezes é isso que acontece e os cientistas têm que ter os olhos abertos para possibilidades que não estão à espera e de onde resultam observações interessantes que têm uma importância enorme para a humanidade mas que não foram imediatamente previstas. No caso da investigação de células estaminais há, enfi m, a proposta, ou a ideia, de que o que pode derivar mais directamente em termos de apli-cações desta investigação básica é o que mencionou, isto é, se formos capazes de saber como é que as células têm estas opções todas em aberto talvez seja possível manipular estes programas genéticos que estamos a estudar, como digo a nível básico nas células estaminais, de modo a poder gerar células que possam ser úteis para os doentes. Ou para pelo menos perceber determinado tipo de doenças para as quais tem sido difícil arranjar cura. Este é um potencial das célu-las estaminais enorme, mas eu acho que pode haver vários outros. O futuro o dirá

O estudo nestas células estaminais humanas tem sido alvo de forte polémica nos Estados Unidos, com um grupo de conservadores a opor-se ao seu estudo. Como cientista, como vê toda a esta polémica?

Eu trabalho em células estaminais embrionárias que são derivadas de embriões muito jovens, de uma semana após a fertilização. Temos trabalhado em células humanas, mas como fazemos investigação básica, muito do nossos trabalho é feito em ratinhos onde podemos estudar a embriologia em mais pormenor e podemos fazer experiên-cia que não podemos fazer em humanos. O ratinho é um excelente modelo genético, pois podemos manipular genes de uma maneira muito específi ca que não é possível em seres humanos, por isso usamos estas células estaminais em vez das humanas para fazer as experiências. Mas também usamos as humanas para verifi car se os resultados que estamos a obter nos ratinhos se aplicam à espécie humana, o que é importante neste tipo de investigação. Há alguma

Investigações poderão possibilitar criar células em laboratório capazes de curar qualquer doença

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ComunidadesUSA Oct 2008 11

e agora com este prémio, não põe a hipótese de regres-sar a Portugal?

É uma perspecti-va que mantenho em aberto. Estou muito em contacto com o que se passa em Portugal, pois todos os anos vou lá varias vezes dar seminários em universidades, sobretudo em Coim-bra e Lisboa, e tenho participado na orien-tação de cursos de programas de dou-toramento nesta área da biomedicina e em

2009 vou participar num novo programa da Fundação Gulbenkian na área da formação de médicos interessados em fazer investi-gação fundamental. Portanto estou muito ligado e muito a par da investigação que está a decorrer em Portugal em células estami-nais ou embriologia do desenvolvimento, ou até em outras áreas. Neste momento tenho aqui excelentes condições e óptimos colegas nesta universidade, gente com quem é muito interessante interagir. Esta universidade tem também uma grande tradição na investiga-ção de células estaminais. Foi aqui que foram descobertas as células estaminais embrioná-rias de rato. A descoberta foi feita por dois grupos ao mesmo tempo: um desta univer-sidade e outro em Inglaterra. Esta “grant” de cinco anos é realmente uma oportunidade para agarrar e tentar fazer o melhor trabalho que pudermos, mas não excluo a hipótese de regressar a Portugal ou à Europa.

Acha que Portugal oferece hoje condi-ções de trabalho aos seus jovens cientistas para evitar que eles saiam do país?

Sim, as coisas melhoraram bastante des-de que eu saí. Na altura não havia de facto investigação de biologia de desenvolvimento embrionária de topo e foi muito claro que eu tinha que sair. Neste momento já há, mas continuam as limitações de fi nanciamento. É importante que o Estado português continue a investir em investigação e desenvolvimen-to, porque é uma área de futuro e Portugal tem mostrado que tem talentos e se os jovens forem estimulados para se dedicarem à ciência e investigação e os vários projectos

controvérsia nesta área, mas ela é cada vez menor, até porque há agora uma percepção geral de que esta investigação tem que seguir o seu curso para ser possível desenvolver no-vas terapias. Esta é uma área muito jovem e pode levar o seu tempo até dar frutos, mas a minha perspectiva é de que ela deve avançar e logo se verá se há aplicações interessantes ou não.

Como cientista naturalmente acredita que estes estudos e outros do género nos vão permitir encontrar num futuro a cura par doenças que hoje são incuráveis?

Eu acho que sim. Na Califórnia há um referendo para fi nanciar a investigação em células estaminais embrionárias precisamen-te porque o Estado se apercebeu de que há um potencial enorme não só de terapias mas até de potencial económico, pois isto pode ser toda uma nova área da economia em termos da biotecnologia, indústrias da saúde, farmacêuticas e por aí fora. É no fundo apro-veitar o potencial de usar células em vez de drogas, ou em conjunto com elas, para curar, ou pelo menos tentar melhorar a condição de doentes que padecem sobretudo de doen-ças degenerativas bastante graves. Acho que esse potencial é enormes e já há teste clínicos a decorrer com células derivadas de células estaminais embrionárias humanas em doen-tes de diabetes e de Parkinson. Portanto já não é um mundo de fantasia, mas claro que vai demorar o seu tempo, como tem sido o caso das descoberta de novos medicamentos para o cancro. Esta é defi nitivamente uma área de futuro.

Após onze anos nos Estados Unidos,

que fi nanciam a investigação continuarem a ser apoiados, as coisas podem melhorar ainda mais. Acho que tem sido feito um trabalho bastante bom nos últimos anos tentando atrair investigadores portugueses que estavam no estrangeiro para Portugal. Se esse esforço continuar só pode ser bom para o país.

E como foi a adaptação aos Estados Unidos?

Eu tenho e sempre tive um espécie de “mix feeelings” por viver nos Estados Uni-dos. É evidente que tive aqui oportunidades excelentes em termos da minha formação e da investigação que estou a fazer. O meio académico é de facto interessante e esti-mulante, menos rígido do que na Europa, mais aberto e meritocrático, como eles lhe chamam, e isso também me atrai, pois estamos menos dependentes de hierarquias e de outras coisas que em Portugal são mais preponderantes. Mas a nível, digamos, social e político, sobretudo nestes últimos anos, foi às vezes um pouquinho deprimente sentir que estou nos Estados Unidos e a viver neste país. Às vezes sinto um bocado essa ambiguidade em que me custa sentir-me integrado. Estou nos Estados Unidos há onze anos e continuo a sentir-me perfeitamente português e obviamente que tenho mui-tas saudades da família e dos amigos e do ambiente e da cultura em Portugal. Por isso tento estar perto todas as vezes que posso e tenho oportunidade.

Põe a hipótese de fi car a viver cá?Essa é uma questão pessoal que se me

porá provavelmente no futuro. Se calhar não teria problema nenhum com isso, mas essa é uma decisão que terei de tomar na altura certa e neste momento não estou preocupa-do com isso. Tenho boas perspectivas pro-fi ssionais pela frente e acho que esta é uma oportunidade que devo agarrar, sobretudo se puder continuar a passar alguma desta inovação e da investigação e do conhecimen-to que estamos a gerar para Portugal, através dos programas onde tenho dado aulas ou de outras oportunidades que possam surgir por lá. Esse tipo de intercâmbios podem ser muito bons para mim. O futuro o dirá.

Tem algum aluno português consigo neste momento?

Sim, aqui tenho um aluno que está a ter-minar o doutoramento, o Alexandre Maia, e tenho também acompanhado alguns alunos em Portugal.

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N A M A R G E M D E C Á

por Lélia Pereira da Silva Nunes*, lha de Santa Catarina, Brasil

A crónica do Brasildo Brasil

A Ilha de Cascaes100 anos de Franklin Cascaes (1908 -2008)

termo “bruxólico” forjado por ele e confi gura-se “o imaginário bruxólico” na literatura, na arte, na mú-sica e na vida ilhoa. A Ilha passa a ser conhecida (e sua imagem vendida) quer pela beleza de suas praias, quer por sua magia como Ilha das Bruxas ou Ilha da Magia ou Ilha de Cascaes.

As Bruxas da Ilha estão na literatura enfeitiçando o leitor; nas artes, os próprios artistas anunciam-se partícipes do Realismo Fantástico Ilhéu – a escola artística de Cascaes; na música, a temática está presente na fi gura da mulher-bruxa, feiticeira, que tece a tela da sedução infi nita, que faz mil lou-curas, aprisionando na rede da pesca, no rendado da paixão.

Como artista, Franklin Cascaes foi autodidacta. Utilizou o seu talento e criatividade em registrar e transmitir através da escrita, do desenho, da escul-tura e do artesanato o legado açoriano, na ânsia de memorizar o passado, de salvar o património cultural que se fragmentava frente às exigências da moderni-dade, que chegava transformando o espaço urbano, descaracterizando o meio rural e espoliando o pesca-dor da sua praia.

Um bruxo, solitário em sua caminhada, por mais de trinta anos recolhendo histórias e estórias, num persistente trabalho de rabiscar a mitologia, desenhar a bico-de-pena cenas do cotidiano, crenças e o ima-ginário ilhéu, moldar na argila os personagens desse cenário insular. Da argila brotaram rostos conhecidos da cidade, do bispo ao governador, do manezinho e pescador à rendeira da Lagoa da Conceição. Deixou um valioso documentário sobre usos e costumes, histórias de bruxarias e magias, além de um acervo riquíssimo de cerâmica fi gurativa que retratam festas religiosas tradicionais, folguedos populares, crenças e lendas, as alfaias e as tecnologias patrimoniais dos engenhos, da pesca e da agricultura, a labuta diária na criação artesanal de subsistência.

Traduziu melhor do que ninguém o universo ar-tístico, fantástico, mágico que permeava (e permeia) a teia de relações sociais do povo açoriano da Ilha de Santa Catarina. Na sua única obra publicada, O fan-tástico na Ilha de Santa Catarina (1979 – I volume), estão reunidas doze estórias de um conjunto de vinte

“Oh minha Ilha de Santa Catarina,És uma sereia que enlevas e embalas o mar

Mesmo se morrer distante de ti querida Quero vir para sempre no teu seio repousar”

Franklin Cascaes in:Canto da Ilha de Santa Catarina,1973

O ano de 2008 assinala o centenário de nasci-mento do etnógrafo, escultor,folclorista Franklin Cascaes,o bruxo da Ilha.

Não é sem razão que quando se fala na presença do imaginário bruxólico na literatura, na música e nas artes catarinenses seu nome é sempre lembrado como uma referência incontestável tanto por estudio-sos e pesquisadores da cultura popular catarinense quanto pela população catarinense, particularmente pelos habitantes da Ilha de Santa Catarina.

Na obra de Cascaes, o imaginário bruxólico cria corpo, agiganta-se e com força se impõe, estando presente de forma manifesta em toda parte e não mais restrito ao interior da ilha e às conversas de fi ns de tarde nos barracões de pesca. Populariza-se o

NOTA: este texto está escrito em português do Brasil, país de onde é natural a autora.

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e quatro. No enredo, temos a narrativa linear do fantástico contado com extrema singele-za por vozes da Lagoa, do Ribeirão da Ilha, do Pântano do Sul e de outras freguesias. O leitor mergulha num torvelinho e de cada página saltam bruxas, feiticeiras, lobiso-mens, boitatás, benzedeiras com suas rezas e remédios.

“A bruxa que estava sentada no banco da popa da lancha junto da gaiúta, onde o pescador estava escondido, era comadre e prima dele. Ela sabia da presença dele ali, através do seu fado fadórico sobrenatural.(...)

Ao ser desmascarada suas faces enru-besceram, seus olhos esgazearam e sua fala emudeceu. Recuperando-se, ela afi rmou: – Compadre, a terra de origem deste punha-do de areia e deste ramalhete de rosas é a Índia.

Eu aprendi, na minha escola de inicia-ção à bruxaria, que lá nos Açores, na terra dos nossos antepassados, as bruxas também costumavam roubar embarcações e fazer estas viagens extraordinárias entre as ilhas e a Índia.”

(Bruxas Roubam Lancha Baleeira de um Pescador, in: O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, 1ºvol.)

O segundo volume de O fantástico na Ilha de Santa Catarina, que só sairia nove anos após sua morte, ou seja, em 1992, traz doze outras estórias. Os textos seleccionados refl ectem as andanças de Franklin Casca-es pelo interior da Ilha, no lusco-fusco do entardecer, num dia de prosa nos bancos das vendas com os pescadores da Armação ou do Canto dos Araçás, a contar casos sobre as aparições das praias desertas, os vultos que acenam, misteriosos e desesperados do alto dos paredões dos Naufragados ou ainda causos sobre as bruxas, lobisomens, boitatás, que habitam todos os cantos e recantos da Ilha. Estórias de tempos idos, estórias reme-moradas continuamente no tempo e naquele espaço sem limites ou fronteiras a não ser o da linha do horizonte onde o céu e o mar se encontram.

Franklin Cascaes, o bruxo ilhéu que amou a Ilha com a sabedoria de quem conhece o movimento das marés, o sussurrar tinhoso do vento sul e a humildade de quem nasceu no mar das espumas de Itaguaçu, percorreu madrugadas iluminadas pela lua cheia, alçou voos nas asas da imaginação e repousou para sempre no seio da terra amada, a sua Desterro, numa tarde chuvosa do verão de 1983.

Reza Contra Bruxas

— Pela cruz de São SimãoQue te benzo com água bentaNa sexta-feira da Paixão Treze raio tem o SóliTreze raios tem a Lua,Salta o demônio para o infernoqu’esta alma não é tua.— Tosca marosca,rabo de rosca, aguilhão nos teus pés e e freio na tua boca.— Por riba do silvadoe por baixo do telhado!São Pedro, São Paulo, São Fontista.Dentro da casa, São João Batista— Bruxa, tatara- bruxa,tu não me entres nesta casa, nem nesta comarca toda— Por todos os santos. Amém!

Esta oração foi recolhida no Pântano do Sul, mas é comum em toda ilha com ligeiras alterações, segundo os moradores do interior da Ilha é bom tê-la por perto para espantar as bruxas ou rezá-la até antes de falar sobre elas...

“Eu aprendi, na minha escola de iniciação à bruxaria, que lá nos Açores, na terra dos

nossos antepassados, as bruxas também costumavam roubar embarcações (...)”.

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O parque termal de Vidago, Chaves, reabre as portas no primeiro semestre de 2009

após obras de requalifi cação no âmbito do projecto Aquanattur, da Unicer, que pretende dar notoriedade à região enquanto destino turístico. A pré-abertura e abertura daquele espaço ocorrerão entre "Março e Junho" do próximo ano.

O Aquanattur é um projecto da responsa-bilidade da Unicer Turismo, resultado de um

contrato realizado com a Agência Portugue-sa para o Investimento (API), no valor de 47,8 milhões de euros, para requalifi cação dos centenários parques de Pedras Salgadas e Vidago, em Trás-os-Montes. O projecto visa a reconversão dos dois parques — que distam entre si nove quilómetros — através da dinami-zação de duas marcas do grupo Unicer (Pedras e Vidago), dotando-os de infra-estruturas turísticas e termais, que passarão a funcionar

numa lógica de complementaridade. No parque de Vidago, que completa cem

anos de existência em 2010, o hotel de quatro estrelas está a ser transformado num "cinco estrelas diferenciado", num projecto assinado pelo arquitecto Álvaro Sisa Vieira. Vidago vai ter também um SPA lúdico e termal, cons-truído de raiz nas traseiras do hotel, que será servido pela cadeia internacional da especia-lidade E'SPA.

O actual campo de golfe de nove buracos, desenhado por McKenzie Ross em 1936, pas-sará a ter 18 buracos, em formato "borboleta", a partir de um centro que é o próprio hotel. Este parque vai dispor ainda de um espaço exposi-tivo de Serralves e de casas rurais para aloja-mento de artistas, com atelier incluído.

Parque termal de Vigado (Chaves) reabre remodelado em 2009

A Câmara de Peniche anunciou que adquiriu uma moeda de ouro com mais de 200 anos encontrada no fundo mar e que pertencia ao carregamento de um navio que naufra-gou perto de Peniche, em 1786. A moeda fazia parte do carregamento do navio, onde se incluíam 150 toneladas de moedas de ouro e prata e 600 toneladas de cobre. O San Pedro de Alcântara, que fazia a ligação entre Callao, no Peru, e Cádiz, em Espanha, naufragou no dia 2 de Fevereiro de 1786 na zona de Papoa, em Peniche. Segundo relata um comunicado da autarquia, após o naufrágio, a então vila de Peniche “viu chegar gente de diversos lugares da Europa para participar nas operações de resgate da carga do navio”.

Peniche compra moeda com mais de 200 anos

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16 Oct 2008 ComunidadesUSA

C U L T U R A

por Kiwamu HamaokaNo dia 24 de Setembro soube, pela Internet, do falecimento do grande escritor açoriano Dias de Melo. Conheci-o na Ilha de São Miguel em 1991. Mas antes disso tinha adquirido em Lisboa uma segunda edição do seu livro Pedras Negras. Dez anos depois, traduzi essa obra prima para japonês, que foi publicada no Japão. A dialectologia pico-ense era, porém, inevitavelmente domplexa e eu tinha que fazer perguntas ao autor por carta. Dias de Melo não estava ligado à internet e levou muito tempo a eu conseguir resposta. Soube entretanto que ele fora internado no hospital e operado. Mes-mo assim, continuava a “escreviver” e parece que o fez até ao último momento.

No Japão, bem como nos Açores, houve próspera actividade de baleação e essa indústria enriqueceu a vida do mundo. E contribuiu para aumentar o intercâmbio mundial. Dias de Melo foi, como é óbvio pela leitura dos seus livros, expe-rimentou a baleação e por isso as suas descrições daquela saga têm, naturalmente, mais força e di-namismo, nitidamente graças à sua experiência. A trilogia baleeira - Mar Rubro, Pedras Negras, Mar pela Proa - deve ficar na memória da gente porque tem na verdade um valor de ficar.

Aprendi várias cóisas através das crónicas romanceadas de Dias de Melo. Por exemplo, de Mar Rubro, soube que um emigrante açoriano se tornou na América um capitão militar. Isso revela também é o universalismo dos Açores. Em Pedras Negras, soube que um barco baleeiro foi utilizado para fuga à fome dos Açores. E, em Mar pela Proa, tive conhecimento das inúmeras intrigas pro-fundas dos homens baleeiros por causa do dinheiro da pesca da baleia.

As três obras acima mencionadas, em todo o caso, devem ser consideradas tesouros não só para os açorianos mas também para o mundo inteiro. Quem está ligado à comunidade açoriana vai ter de dar as mãos para manter esse património mundial. No Japão, traduzi Pedras Negras. Nos Estados Unidos da América, Gregory MacNab traduziu também (Gávea-Brown, 1983). E nos Açores há felizmente agora a reedição dessa obra prima dele. E por isso continurá a trilogia da ami-zade entre o Japão, os E. U. A. e os Açores.

Para Dias de Melo – Haverá sempre a Trilogia da Amizade

O escritor açoriano Dias de Melo faleceu a 24 de Setmebro aos 83 anos no hos-

pital de Ponta Delgada, onde se encontrava internado há cerca de uma semana.

José Dias de Melo nasceu na Calheta do Nesquim, ilha do Pico, a 8 de Abril de 1925, sendo conhecido nos meios literários como um escritor profundamente ligado aos Açores e às suas gentes, que retratou com mesrtia nos muitos livros que escreveu. Foi professor primário e colaborador assí-duo da imprensa regional e nacional e um profundo conhecedor da temática baleeira e da emigração, tema sobre o qual escreveu variadíssimas vezes.

O seu primeiro livro – "Toadas do Mar e da Terra" – remonta aos 50, mas foi com "Pedras Negras", publicado em 1964, que se tornou conhecido do grande público e da crítica. Ao longo da sua vida foi alvo de muitas homenagens, nomeadamente a comenda da Ordem do Infante, o título de Cidadão Honorário das Lajes do Pico e, já este ano, um reconhecimento público do governo regional (ver foto, que incluiu o lançamento de uma nova edição da trilogia das obras do autor - "Pedras Negras", "Mar

Rubro" e Mar Pla Proa".O escritor João de Melo classifi cou a sua

obra como “vasta e signifi cativa, especial-mente em torno da sua ilha natal, o Pico”.

"Tendo sido um épico local da faina da caça à baleia, com paralelo na literatura norte-americana, basta lembrar o Moby Dick, esteve sempre muito atento ao tempo português e não se limitou a ser um homem insularizado", realçou este escritor seu conterrâneo.

"Ele inseriu os Açores na dinâmica do tempo português, nunca se deixando apa-nhar pelo regionalismo, e é claramente um autor nacional", sublinhou. Da sua obra, João de Melo destacou a trilogia "Pedras Negras", "Mar Rubro" e Mar P'la

Por seu turno, o presidente do Governo Regional, Carlos César, expressou o seu pesar pela morte do escritor Dias de Melo, considerando que, na sua condição de autor e cidadão, "consolidou um imaginário aço-riano feito de mundividências populares".

Na avaliação de Carlos César, Dias de Melo aprofundou conceitos do imaginário regional e desenvolveu uma "estética com-bativa e socialmente empenhada".

Literatura açoriana de luto mais uma vez

Dias de Melo, o autor de “Pedras Negras’, deixa-nos aos 83 anos

Dias de Melo recebe das mãos do presidente Carlos César uma homenagem do governo regional (Maio 08)

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Comunidades açorianas inauguram Portal bilingue na Internet

As comunidades açorianas espalhadas pelo mundo têm desde Setembro um portal na Internet que lhes vai permitir

estreitar laços e encurtar distâncias e ao mesmo tempo construir uma base de conhecimentos sobre os temas da diáspora de grande quali-dade e quantidade para futuros trabalhos de investigação sobre esta temática. Denominado “Comunidades Açorianas”, o portal bilingue (em português e inglês) encontra-se no endereço www.comunidadesacorianas.org e tem já alguns artigos disponíveis publicados por especialistas em Portugal, Açores, Estados Unidos e Brasil. O seu objectivo é construir uma grande base de dados que vai crescendo por contribuição de uma comunidade de académicos e outros peritos nas várias áreas da emigração, desde a literatura à investigação científi ca, até às comu-nidades, tradições populares, história, educação, comunicação social, artes e letras, património, referências bibliográfi cas, entre outras.

Não se trata de mais uma página na In-ternet ou de um portal de simples referências bibliográfi cas mas sim de uma base de saberes, informação e escritos de qualidade verifi cada e atestada por um conselho científi co. Pretende-se que os vários académicos açorianos ou de origem açoriana ou outros que estudam o tema

da emigração dêem o seu contributo de uma forma livre permitindo que os seus estudos cheguem até ao investigador e ao público em geral interessado em conhecer o fenómeno das migrações.

Alzira Silva, a directora Regional das Comu-nidades, entidade que patrocinou a iniciativa, disse na altura da inauguração que o portal constitui um “legado que respeita o passado, que acompanha o presente e que prepara o futuro”, notando que se trata de um contributo para que a identidade açoriana “persista no espaço temporal e que derrube as barreiras físicas das nossas Comunidades, criando um espaço in-ternacional de conhecimento da nossa história que, afi nal, é de todos nós”.

“O Portal Comunidades Açorianas consiste na partilha. Como seres humanos temos o dever de partilhar conhecimento, utilizando as ferra-mentas contemporâneas como elo de intercâm-bio de experiências nas mais diversas partes do Globo viabilizando e incentivando a investigação da nossa história”, disse Alzira Silva .

Com o objectivo de atingir o grande público, o Portal pretende dar a conhecer “aspectos da trajectória emigratória dos açorianas, e agora também o fenómeno recente da imigração nos Açores, um aspecto essencial que moldou a

nossa maneira de estar no mundo”, explicou a directora Regional das Comunidades à revista ComunidadesUSA.

“É uma porta aberta das Comunidades que falará delas e as porá a falar de si e que vai pôr os açorianas a ler as comunidades e as comuni-dades a lerem os Açores e no fundo as pessoas todas em contacto com tudo aquilo que existe inédito e nós possamos convidar a entrar, e tudo aquilo que já está escrito mas que agora fi cará reunido de uma maneira muito mais acessível a pesquisadores, estudiosos e a simples curiosos destes fenómenos”, acrescentou.

Mas se o Portal partiu da iniciativa da Di-recção Regional das Comunidades, o objectivo é que ele ganhe agora uma dinâmica própria. Alzira Silva explica: “Nós queremos que este Portal ganhe uma dinâmica própria, que ganhe autonomia e deixe de ser um bebé da DRC. É como uma criança que vai para o mundo e que este agarra cheio de solicitações de desafi os, de convites, de apelos que as próprias comunidades criarão e irão gerir da maneira que considerarem mais conveniente. Mas claro que numa primei-ra fase nós temos que alimentar esse Portal e quando ele estiver em condições de ter a sua vida própria vai tornar-se autónomo. Mas nesta alimentação nós não queremos estar sozinhos, queremos estar com os Conselhos (Científi co e de Ética) e com as comunidades, que podem começar já a aceder ao portal e a pensar em contributos que lhe possam dar e a divulgar para outros que o possam fazer também”.

Alzira Silva disse ainda que o Portal das Comunidades “é um bem de todos não sendo de maneira nenhuma um bem de um grupo ou de elite que se uniu para o fazer”.

“Claro que tivemos que unir algumas insti-tuições e pessoas para o tornar possível, mas a partir do momento que ele está no mundo é um bem de todos e é isso que queremos que seja”, explicou. A directora Regional adiantou que todos poderão participar carregando trabalhos no Portal desde que respeitem as regras e os critérios de qualidade, notando que ele não pre-tende ser “um blogue de brincadeira” mas sim “um espaço onde há lugar para o trabalho acadé-mico como há lugar para o artigo de informação que tenha por base um dos temas relacionados com esta temáticas desde que cumpra as regras defi nidas pelo Conselho Científi co”.

O leitor também pode participar e submeter artigos. Basta para isso que se inscreva na página inicial como colaborador. Para mais informações vá até www.comunidadeacorianas.org.

Um projecto ambicioso e de grande qualidade científi ca

Situado em www.comunidadesacorianas.org o Portal vai crescer com o contributo da diáspora açoriana espalhada pelo mundo

Alzira Silva (de branco, ao centro, com alguns dos colaboradores do Portal durante a inauguração na Horta, Faial

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19 Oct 2008 ComunidadesUSA

Páginas na Internet que talvez lhe interessem... ou não

N A S O N D A S D A I N T E R N E T

Fotos de Portugal inteirohttp://minhasorigens.no.sapo.pt/PPS%20Portugal.htmlUma página para quem gosta das “presentations” em Power Point que nos invadem a caixa de correio electrónico todos os dias. Esta reúne todos os “PPs” sobre Portugal, incluindo Açores e Madeira. Só é pena é que as fotos sejam todas em baixa resolução...

Tudo sobre o Colombo portuguêshttp://colombo.do.sapo.pt/Um site interessante onde se tenta desmontar, com provas documentais, a alegada mentira em torno da nacionaldiade italiana de Colombo e se mostra a sua verdadeira nacionalidade: portuguesa

Português para imigranteshttp://cursoimigrantes.no.sapo.pt/Um curso para os imigranets a viverem em Portugal aprenderem português mas que serve bem para todos. Até mesmo aqueles que acham que já sabem falar e escrever a língua...

Um museu da Emigração Portuguesahttp://www.museu-emigrantes.org/Talvez a melhor página on-line sobre a temática da emigração portuguesa. Este site do Museu da Emigração da Câmara Municipal de Fafe está disponível também nas línguas inglesa e francesa.

IQ testehttp://www.iqtestfree.net/Teste o seu coefi ciente de inteligência. Mas não fi que surpreendido...

PALEIORestaurante

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www.paleio.com

O restaurante onde cada cliente é um amigo.Carlos Capote

Os Madredeus lançam um novo disco de estúdio no próximo dia 20 de Outubro através da Farol Música. «Metafonia» é um duplo CD e o primeiro registo dos Madredeus após a saída de Teresa Salgueiro, José Peixoto e Fernando Júdice. A Pedro Ayres Magalhães (guitarra clássica) e Carlos Maria Trinda-de (sintetizadores) juntaram-se duas novas vozes, as das cantoras Mariana Abrunheiro e Rita Damásio.«Metafonia» conta ainda com a participação da Banda Cós-mica, composta por Ana Isabel Dias (harpa), Sérgio Zurawski (guitarra eléctrica), Gustavo Roriz (guitarra baixo), Ruca Rebordão (percussão), Babi Bergamini (bateria), Jorge Varrecoso (violino) e Sofi a Vitória, Cristina Loureiro e Marisa Fortes (coros).O disco divide-se entre 12 temas originais e sete músicas retiradas de álbuns anteriores dos Madredeus.Em «Metafonia», a nova formação dos Madredeus propõe reinventar a abordagem à música cantada em português para grandes espec-táculos, bebendo da tradição das composições portuguesas e dos arranjos da música popular da Europa, África Ocidental e Brasil.

Madredeus lançam novo CD — “Metafonia” —, em Outubro

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ComunidadesUSA Oct 2008 20

“COOKING WITH DAD” é um programa de televisão que, como o próprio nome indica, trata de culinária. Neste caso de culiná-ria portuguesa que se apresenta aos telespectadores como um programa de família onde o patriarca cozinha com os seus fi lhos e lhe tenta transmitir um pouco da sua herança cultural através da gastronomia. O seu autor é Manny Lopes, natural de Benedita, Alcobaça, a viver nos Estados Unidos, na área de Ludlow, MA, desde os seus seis anos de idade, e que desenvolveu um interesse pela cozinha portuguesa no restaurante do seu pai, o “Caravela”, o primeiro restaurante português da zona oeste de MA. Os seus colaboradores são, obviamente, os seus três fi lhos — Frank, Th o-mas e Jaclyn — que o acompanham ao longo dos episódios e vão aprendendo a cozinhar pratos tipicamente portugueses.

“Cooking with Dad é um programa familiar baseado nas mi-nhas experiências do dia a dia com os meus fi lhos assim como com os meus pais e irmãos”, explica à ComunidadesUSA Manny Lopes.

Mas como surgiu esta ideia de produzir um programa de culi-nária portuguesa com a família?

“A ideia de fazer um programa de culinária foi nascendo com o tempo”, diz Manny Lopes. “Na tradição portuguesa, a cozinha é geralmente o ponto de encontro de mutas famílias. Eu e os meus fi lhos sempre passámos tempo juntos na cozinha e eles gostavam de participar e ajudar. Um dos programas favoritos do meu fi lho Tom era o “Th e Iron Chef ” que nós víamos juntos. Com o passar do tempo cada um deles ia aprendendo a cozinhar comigo e eu gostava de brincar dizendo que um dia gravaria os programas e os mandava para o Canal da Culinária chamando-lhes Cooking With Dad”, diz. Eventualmente, as suas experiências e vivências na cozinha com os fi lhos à volta da culinária portuguesa tornaram-se conhecidas dos amigos que se mostraram interessados em saber mais dos seus dotes culinários acabando por o convencer a mostrá-los publicamente. Manny Lopes acabou por ceder à pressão dos amigos e ao mesmo concretizar aquele sonho antigo com que costuma brincar com os fi lhos.

“O ano passado decidimos seguir esse sonho e fi lmámos o episódio piloto, que colocámos na Internet numa página crida para o efeito. Saiu muito bem, o que nos encorajou a gravar mais. Even-tualmente acabámos por fi lmar 13 episódios que nos divertiram imenso”, explicou Manny à nossa revista.

O sucesso do episódio piloto em www.Cookingwithdad” foi rápido, apesar de Manny não ter feito qualquer publicidade. Disse apenas aos amigos, que disseram aos seus amigos numa cadeia que levou já mais de 35 mil pessoas a verem o programa. E foi esse êxi-to que o levou a gravar mais 12 episódios, num estúdio, com meios profi ssionais e aptos a serem passados em televisão. Neste momen-to Cooking With Dad já tem um contrato para o programa passar numa estação pública e eventualmente em outros canais.

‘Cooking with Dad’Descobrir as raízes portuguesas através da culinária

“Para já o programa vai passar no Cox Cable Rhode Island Public Access, que cobre o estado de Rhode Island e partes de Massachuset-ts, e estamos em negociações com uma estação local afi liada da CBS na área de Springfi eld-Ludlow”, diz Manny Lopes. “Recentemente desloquei-me também à Califórnia, à área de São Francisco e São José, onde estabeleci contactos com vista a uma possível distribuição”, acrescenta notando que aquela é uma área onde residem milhares de portugueses e seus descendentes.

Destinado a atingir um público vasto, sobretudo de origem portuguesa mas que já não fala a língua (terceiras, quartas e mais gerações) o programa é, naturalmente, falado em inglês. Mas, tal com a música, a culinária tem uma linguagem universal compressível por todos. Paras os luso-descendentes, ele é também uma forma de relembrar os tempos passados na cozinha com as mães cozinhando as receitas que trouxeram de Portugal ou que lhes foram transmitidas pelos seus avós ao mesmo tempo que vão aprendendo um pouco so-bre a cultura portuguesa e as suas raízes lusas. As receitas preparadas em todos os programas não podiam ser mais portuguesas. Tratam-se de pratos que Manny aprendeu a cozinhar no restaurante dos seus pais e outros que foi apreciando nas festas da comunidade portugue-sa de Massachusetts e em restaurantes locais.

“Penso que podemos dizer que algumas receitas são adaptada por nós”, diz. “A forma de preparar muitas das receitas tradicionais varia em função de quem as confecciona e da região onde são cozinhadas. Eu espero que o nosso blogue na Internet (www.cookingwithdad.com) inspire as pessoas a mandarem-nos as suas versões das receitas que nós cozinhamos nos programas”, diz.

Manny Lopes com os fi lhos Frank, Thomas e Jaclyn

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Tell us about your family and why they immigrated to the United States.

I was born in Portugal in the small town of Benedita, which is in the freguesia of Alcobaça. At that time Benedita was a very poor community and we lived in a small typical Portuguese farm house constructed of stone. It was a quinta that we shared with my grandparents and some aunts and uncles. Th e homes had no running water, electricity or central heating system. Cooking and hea-ting were done on the lareira (hearth) in the kitchen. My father Francisco Antonio Joao made a living as a “sapateiro” (Cobbler-shoe maker). He had an ofi cina attached to the house and had 3 employees.

We immigrated to the United States in March 1960. I was 6 years old and my sisters were 7, 4 and 2. We emigrated for the same reasons that many before us and aft er us did. Th e United States was the “land of opportunity”, where if you worked hard you could get ahead and have a good life. I slightly remember the long 12 hour ride on the propeller plane ride across the Atlantic to a new country. Th e Plane took us to Boston Massachusetts where we were picked up by my uncle José João (my father’s brother) and some aunts and uncles that were already li-ving here. We then made the ride to western Massachusetts on the super wide modern highways and I remember eating a banana on the way and being so surprised at its size, even the bananas were bigger here!

Th e saying that “if you work hard, you can make it in the USA” was exactly that. My father took jobs at a masonry plant making cement blocks and forging plants, someti-mes working 3 jobs he would go to the jobs on a bicycle, getting up early and traveling the distances to work even in the NE winter weather. My mother also took a job as a sewing machine operator at a factory. Our life changed drastically, from the quiet rural poor community to the faster paced life in the USA. Life was hard and my parents had regrets at times having to work round the clock while leaving their children at home.

But, our close family ties kept us together. My parent’s hard work paid off as they

were able to buy a home within their fi rst year (with my uncle Joe’s help) and a car. By 1965 we were able to make a family trip back to Por-tugal, and what a trip that was. We were an example of the success in the United States. My father rented a car and the people in the village thought looked at us like we were royalty. We brought a brand new 8mm movie camera and documented our travel there traveling all the way to Oporto, Braga, Fatima etc. For the trip to Fatima my father rented a bus to take the villagers so they wouldn’t have to make the two day walk to the pilgrimage. Every family brought a picnic lunch and when they got off the bus all the variations of meals were put out on blankets and we were encou-raged to taste them all. It’s amazing how the same meal can be prepared so diff erently from family to family.

When did you start getting interested in the Portuguese cuisine?

My family was of the entrepreneurial mindset. Probably because they were self employed in Portugal and had to come up with ways to make a living there. I followed in that tradition and was always involved in “family businesses” in one way or another. My father started buying and investing in real estate and apartments in the late 60s. I of course was involved with all aspects of that including visiting prospective properties with my parents and helping to interpret etc with realtors, lawyers etc. Of course once properties were purchased I was involved with repairs etc, a whole new perspective and I learned many things that became very useful to this day. My family eventually broke away from the factory life. We bought

and owned the fi rst Portuguese Restaurant in Western Massachusetts and called it “Res-taurant Caravela”. Back then Portuguese food and cuisine was virtually unheard of outside the Portuguese community but through some creative advertising and promotions, we were able to bring in many non Portu-guese who loved it. We tried to introduce the traditional Portuguese dishes, and even

had sardinhas grelhadas on the menu as an appetizer. We encouraged people to try it and would show them how to eat them. Th ey were a hit. We hired a Brazilian chef at one point that brought some great dishes in as well. We catered many weddings as far away as Rhode Island and of course it was a family experience as my Father, mother, and sisters were all involved in every aspect of the business.

What made you start a TV show about Portuguese food?

Th e idea and concept of starting a cooking show developed over time. In the Portuguese tradition, the kitchen is usually the focal point of most families. My children and I have always spent time together in the

“Cooking with Dad is a true family cooking based on real life experiences between my children and I” and the portuguese culture

Manny Lopes co os pais e irmãos no tempo do restaurante Caravela

A família Lopes ao tempo em que emigraram

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kitchen. Th ey always took a keen interest in participating and helping. I like having a kitchen with the stove positioned on a center island in the kitchen making it a focal point and the cooking becomes part of the activity. When my children were small they would push the kitchen chairs up against the counter and want to be a part of the fun. Usually breakfast on weekends we would make pancakes, waffl es etc. We would shape the pancakes into Mickey Mouse faces and other fun shapes. One of Tom’s favorite sho-ws on TV was “Th e Iron Chef ”, we used to watch it together. Later as they were growing up they would individually spend time with me cooking and making up meals together and I would joke that I would one day record our episodes in the kitchen and send the fi lm into the cooking channel and call it “Cooking with Dad”. Last year we decided to follow that dream and fi lmed the pilot. It came out very well and we were encouraged to do more. We then proceeded to fi lm 13 episodes. We had lots of fun with that and included my mother and sisters in diff erent episodes.

What is the main objective of the show?Cooking with Dad is a true family

cooking based on real life experiences between my children and I as well as my parents and sisters. In future shows we will be highlighting more extended family mem-bers, friend, more restaurants and other fes-tas and festivals around the country and the word. We also intend to touch on the history of the meals and locations in Portugal

When will the show debut on TV and in which stations? Do you have Portuguese sponsors?

We’ve been working on both sponsors and a format for airing our show on Public Access and other networks. It’s been a bit of a learning experience over the past year getting to know how the media business works and we had to re-assess how we needed to approach the market. We do not as of yet have any Portuguese sponsors but is something we’re working on. I’m hoping to have the support of Portuguese communities and companies as we have been primarily focusing on our culture and food. I’m sure that in time we will once the shows are being aired and people see the content. So far we will be airing on Cox Cable Rhode Island Public Access later this year. Cox RI Public Access broadcasts to the entire state of RI

and neighboring communi-ties like New Bedford MA. Th is market is a very large Portuguese community, so we are looking forward to that. We are also researching and plan on targeting other public access across the USA, recen-tly we made a visit to the San Francisco-San Jose Area in an eff ort to meet Portuguese from that area as well. In the Springfi eld-Ludlow MA area of western MA, we’ve been discussing the show with a local CBS affi liate that looks promising

Th e pilot program on your web page is a huge success. How the people heard about it?

Th e only advertising we’ve done is by having a web site and word of mouth. I was very impressed that in just about a year of having the web site we’ve had over 35,000 hits. In reaction to that we’re revamping the web site to make it more interactive. All we’ve had on the site so far is the full screening of our pilot show that was fi lmed in a studio in RI. We will be adding a “blog” onto the site and also posting some of our other shows that we fi lmed on location at the Portuguese Festa and my kitchen in Ludlow MA. We have fl irted with the idea of selling the episodes for TV, I guess time will tell on that.

How do you choose the recipes? Are they all traditional or adapted by you?

Th e recipes that we’ve chosen so far are our traditional family recipes and recipes for items that we’ve featured at the Festa and a local restaurant. So I guess some of the recipes are adapted by us. I recently heard a comment by a popular cooking show host that most great recipes start at home and that’s something I’ve always believed. We all long for the tastes and smells of what we were brought up with, we try to emulate that. Really many of our traditional Portuguese recipes have many variations as they are made from family to family and region to region. Dobrada and cozido as well as caldei-rada are great examples of that. I’m hoping that the new blog on our website will inspire people to send in they’re variation of the recipes we’re showing. It could be interesting to see all the variations. If you think about it, the Portuguese are represented all over the

world, from mainland Portugal to Açores, Madeira, then Brasil, Goa, Mozambique, Macau even Hawaii, the Philippines, and I’m sure Portuguese living in France, Australia the USA and many other countries have their own Portuguese variations.

We are trying to be creative as well and bring some interesting recipes that have a Portuguese fl avor to them but off ering some alternatives, as an example on one episode we fi lmed showing Portuguese sandwiches, we made some bifanas. My older son Frank wanted a non meat version so we marinated tofu in a bifana marinade recipe. Th e fi nal result was a delicious alternative we called a “Tufana”. On another show with my sister Trinda, we fi lmed a Vegan show were we made a vegetarian Paelha and vegan choco-late Congo bars.

Do you think the Portuguese cuisine will be in the future appreciated in this country like the Italian or French, for example?

I do feel that the USA is ready for our Portuguese Cusine, but it will take some eff ort and education on our part to present it. Take the sardinha appetizer that we tried at our restaurant many years ago. I remem-ber when I would fi rst mention it to custo-mers; they would frown and thought that I was trying to give them canned sardines. Aft er encouraging them and showing them the proper method of eating them, they came back for more. Th e same has happe-ned in the USA with sushi, Mexican food and Asian cuisines. Th ey are now all widely accepted and favored in the USA Th ere are a lot of misconceptions out there among Ame-rican about Portuguese food and Portugal in general. Many people think it’s very spicy or just don’t know, in reality our cuisine isn’t very diff erent from many French or Italian dishes.

A velha casa da família em Portugal

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Mais do que um CaféMais do que um CaféMorais Plaza • Manassas, VirginiaMorais Plaza • Manassas, Virginia

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24 Oct 2008 ComunidadesUSA

N E W Y O R K & M A

A Escola de Língua Portuguesa Infante D. Henrique, de Mount Vernon, estado

de Nova Iorque, e o Banco Espírito Santo Inc., voltaram este ano a distribuir a Bolsa de Estudo 2008 “O Navegador/Banco Espírito Santo”. Estas Bolas destinam-se a ajudar alunos luso-descendentes de Nova Iorque no pros-seguimento dos seus estudos universitários. Trata-se de uma iniciativa conjunta da escola Infante D. Henrique, do Portuguese American Club de Mount Vernon e do Banco Espírito Santo através dos seus escritórios em Newark, Nova Jérsia

Com a entre-ga das bolsas deste ano ascende a 19 mil dólares o to-tal doado por estas instituições nos úl-timos quatro anos a estudantes de origem portuguesa residentes no esta-do de Nova Iorque. Este ano foram entregues bolsas de estudo no valor de $6,000 a alunos que se destacaram pelas suas qualidades aca-

Escola Infante D. Henrique e Banco Espírito Santo entregam Bolsas de estudo a alunos luso-descendentes

démicas mas também pelo seu envolvimento comunitário, um dos factores de peso na atribuição dos prémios.

O primeiro classifi cado na edição deste ano foi Mariana Gomes, residente em Mount Vernon, que completou o 9º ano do Curso de Língua e Cultura Portuguesa na Escola Infante D. Henrique. Foram ainda atribuídas Bolsas a Diana Figueiredo, Johnatahn dos Reis e Danny Sousa.

A cerimónia de entrega decorreu no Portuguese American Club de Mount Vernon durante um jantar onde esteve presente o re-presentantes do Banco Espírito Santo, director do escritório em Bridgeport, Jorge Custódio

António Gato, o director do Espírito Santo em Newark, Nova Jérsia, disse que este apoio continuado à Bolsa “O Navegador/Banco Espí-rito Santo” se insere na “política de proximida-de do banco com as comunidades e faz parte do seu papel social de apoiar iniciativas que visem o engrandecimento cultural da mesma.

A Escola de Língua Portuguesa Infante D. Henrique foi fundada em 1974 pela comuni-dade portuguesa de Mont Vernon, tem aulas de Português até ao 9º ano e serve as comuni-dades do condado de Westchester, Estado de Nova Iorque.

Segundo o seu director, Judite Fernandes, a escola não tem qualquer apoio de Portugal para o seu funcionamento.

“A nossa escola, como aliás todas as outras comunitárias nos Estados Unidos, ao contrário da Europa, vive apenas do apoio dos pais e das comunidades e da dedicação de alguns professores que teimam em ensinar a língua portuguesa às novas gerações”, disse.

A CPCU Credit Union e a Massachusetts Alliance of Portuguese Speakers (MAPS)

assinaram um protocolo de cooperação que vai permitir criar aulas de inglês para adultos nas comunidades de Cambridge, Massachusetts. Paulo Pinto, director executivo da MAPS, e Rui Domingos, chefe executivo da CPCU, anunciaram que a MAPS vai oferecer um curso de inglês ESL gratuito de 12 semanas durante este Outono patrocinado pela CPCU. O curso deverá começar no início de Novembro de 2008 no escritório da MAPS em Cambridge, 1046 Cambride St., com aulas de duas horas duas vezes por semana.

“A MAPS está muito grata por receber este apoio da CPCU”, disse Paulo Pinto. “É real-mente empolgante ver os nossos empresários locais interessados em fortalecer os membros da comunidade de língua portuguesa e ajudá-los a tornarem-se mais auto-sufi cientes. Esta-mos honrados em colaborar com a CPCU e ansiosos para trabalhar com eles em futuros projectos.”

Domingos, ele mesmo um imigrante, per-cebe o valor e benefício de ser bilingue e diz que “esta parceria representa o nosso grande e contínuo interesse na comunidade de língua

portuguesa, não só como recurso bancário, mas como um meio de ajudar os nossos mem-bros a navegar linguisticamente neste país. Estamos ansiosos em trabalhar com a MAPS e oferecer aos nossos membros a oportunidade de melhorar as suas capacidades linguísticas e ter sucesso no país.”

Qualquer interessado em aprender ou aperfeiçoar o seu inglês deverá inscrever-se durante este mês de Outubro entrando em con-tacto com Julia Évora, coordenadora do pro-grama através do telefone (617) 864-7600.

A CPCU é uma instituição fi nanceira sem fi ns lucrativos servindo há 80 anos a comuni-dade de língua portuguesa com escritórios em Somerville e Cambridge, MA.

Diaquino Freitas e Julia Patane com Mariana Gomes (centro) a primeiraclassifi cada deste ano das Bolsas “O Navegador/Banco Espírito Santo”

MAPS e CPCU oferecem inglês para adultos

Rui Domingos e Paulo Pinto

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ComunidadesUSA Oct 2008 25

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ONDA CURTA

A Proverbo, a secção literária do Sport Club Português de Newark, New Jersey, continua na sua senda da

promoção das nossas letras e da cultura por-tuguesa de cá e de lá. Recentemente, num dos seus encontros mensais, os “proverbianos” (como lhes chama a nossa querida amiga Glória de Melo) homenagearam o jornalista do Luso-Americano Fernando Santos.

O Fernando, que havia já sido distingui-do em Portugal com o “Prémio talento 2008” da Secretaria de Estado das Comunidades, aproveitou para falar de um dos seus livros — “Por quem os sinos não dobram” — que relata a visita que fez a uma das tribos índias

da Amazónia.Por quem os sinos não dobram” que

suscitou imensas perguntas de todos os pre-sentes e a que o Fernando respondeu com entusiasmo e desvendando segredos desta tribo de índios brasileiros. Ofereceu um exemplar a Proverbo e à Secção cultural da Casa do Ribatejo, na pessoa da Cila Santos.

A homenagem foi feita em forma de “proclamação do Dia do Fernando San-

tos”, com a oferta de uma placa alusiva. O Fernando Santos, recorde-se, tem apoiado, incentivado e “puxado” pela Proverbo desde a primeira hora, sendo um acérrimo defen-sor da nossa língua e cultura. A proclamação não podia ter sido mais bem entregue.

Fernando Santos e chefe de redacção do mais antigo jornal português publcaido fora de Portugal, o Luso-Americano, de Newark, New Jersey.

Jornalista Fernando Santos homenageado em Newark, NJ

Fernando Santos, ao centro, com o grupo da Proverbo

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26 Oct 2008 ComunidadesUSA

H I S T Ó R I A

EDUARDO MAYONE DIAS

A juventudeDurante os quase cinquenta anos de resis-

tência em Portugal ao sistema político cataliza-do pela chamada Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926, muitos foram evidentemente, a vários níveis, os obreiros desse movimento. No campo da acção directa, todavia, um lugar de muito especial relevo foi assinalado por Palma Inácio.

Hermínio da Palma Inácio nasceu a 29 de Janeiro de 1922 em Ferragudo, então uma pequena aldeia de pescadores da costa algarvia, fi lho de um humilde operário ferroviário de escassas letras mas de fi rmes convicções sindi-calistas.

Terminado em Silves o curso secundário industrial, alista-se aos dezoito anos na Aero-náutica Militar e é destinado à Base Aérea nº1, na Granja do Marquês, Sintra. Aí completa o curso de mecânico e atinge o posto de sargento. Consegue também o brevet de piloto civil. Du-rante o serviço militar estabelece relações com alguns ofi ciais desafectos ao regime salazarista e, curiosamente, também com um nesse tempo fervoroso apoiante do Estado Novo, o Capitão Humberto Delgado.

Estava-se no período da Segunda Guer-ra Mundial e o País ressentia-se da falta de transportes que causava sérios problemas na obtenção de produtos essenciais. Palma Inácio, preocupado com a carência de alimentos na sua aldeia natal, tenta clandestinamente levar alguns a bordo de um Tiger da Aeronáutica Militar. Sofre contudo um acidente no Alentejo e o seu plano é descoberto. Condenado a vinte dias de prisão é em seguida afastado do serviço. Encontra sem embargo colocação na aviação civil e começa a trabalhar no aeroporto de Lisboa como mecânico da linha aérea holande-sa KLM.

A primeira operação Palma Inácio envolve-se entretanto em

Revolucionário e aventureiroPALMA INÁCIO

actividades antigovernamentais e a 10 de Abril de 1947 é um dos participantes na “abrilada”, um plano de golpe de estado pela Junta Militar de Libertação Nacional, dirigido pelo Almirante Mendes Cabeçadas com a colaboração de vários ofi ciais superiores, entre eles o General Marques Godinho. A insurreição iria iniciar-se na região de Tomar e determinaram-se precauções para neutrali-zar unidades militares que se pudessem opor ao movimento.

Uma destas precauções consistia em imobilizar os recursos da Base Aérea da Granja do Marquês, onde Palma Inácio havia prestado serviço. Bom conhecedor do terreno, encaminha-se pois para aí na companhia de outro mecânico, Gabriel Gomes, e entre os dois cortam os cabos de comando de 28 caças e de um Dakota utilizado pelo Ministro da Guerra, Santos Costa, para as suas desloca-ções ofi ciais.

A conjura é cancelada à última hora e a polícia lança uma vaga de prisões. Na iminência de ser detido, o jovem revolucioná-rio refugia-se numa casa de Lisboa e depois numa quinta em Odivelas, onde aparenta ser estudante em férias.

A primeira prisãoDenunciado por alguém que vira a sua

fotografi a afi xada no posto local da GNR, Palma Inácio é preso e dá entrada no Aljube. Havendo-se recusado a revelar o nome do ofi cial que o encarregara da missão de sabota-gem, sofre a tortura da ”estátua” por doze dias consecutivos, seguidos por cinco meses de incomunicabilidade.

A 16 de Maio de 1949 enrola quatro len-çóis nas pernas, debaixo das calças e na casa de banho, durante um momento de inatenção dos guardas, usa-os para saltar por uma janela a quinze metros do solo. Derruba quatro guardas que se lhe atravessam no caminho e

De entre os resistentes à ditadura salazarista, ele ocupa sem dúvida um lugar de destaque

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ComunidadesUSA Oct 2008 27

desaparece entre a multidão da Baixa de Lisboa.

Marrocos, Estados Unidos e Brasil Após quatro meses escondido numa casa

perto de Alcobaça, um amigo ajuda-o a entrar num navio de carga que partia de Lisboa para Casablanca, onde desembarca. No Marrocos francês obtem o estatuto de exilado político e trabalha por um ano como mecânico de camiões. Emprega-se depois como membro da tripulação de um navio mercante que operava no Norte da Europa. Deste passa para outro, no qual, como empregado de mesa, viaja pelo Extremo Oriente e chega aos Estados Unidos.

Fixa-se então na pequena cidade de Northampton, em Massachusetts, dotada de um aeroporto em funcionamento desde 1929, e consegue um emprego como mecânico da aviação, outro brevet de piloto civil e um novo trabalho como instrutor de voo. Assim passam cinco anos até que, em 1955, os serviços de imigração o descobrem como indocumentado e o deportam.

A etapa seguinte é o Brasil, onde reencontra Humberto Delgado e se relaciona com outros membros do exílio político, entre eles Henrique Galvão. Foi este quem concebeu a chamada Operação Vagô, que Palma Inácio e cinco com-panheiros iriam protagonizar.

Um audacioso golpe A Operação Vagô consistiu no desvio de

um Super-Constellation da TAP da carreira Casablanca-Lisboa. Pouco antes do seu início, Palma Inácio recebe o aviso de que a operação devia ser abandonada. No entanto, com tudo já em andamento, decide prosseguir.

Assim, a 10 de Novembro de 1961, no aeroporto de Casablanca, um “comando” de seis operacionais portugueses, todos exilados políticos no Brasil, embarca no “Mouzinho de Albuquerque”, juntando-se a treze passageiros, dois portugueses e onze de outras nacionalida-des. A única mulher entre os assaltantes estava grávida e o seu ventre ainda mais se avulta

com cinco pistolas que traz presas por uma cinta. Palma Inácio entra com um revólver escondido numa meia.

Tudo decorre então de acordo com o plano es-tabelecido. 45 minutos após a descolagem, Palma Inácio irrompe pela cabina de pilotagem e aponta o seu revólver à cabeça do comandante, exigindo-lhe que simule uma aterragem em Lisboa, seguida de um voo rasante sobre a capital, Barreiro, Setúbal, Beja e Faro. Em todos estes pontos seria lançado borda fora um total de 100 000 panfl e-tos impressos em papel de seda que haviam sido introduzidos no aparelho dentro da bagagem de mão dos conspiradores. O texto dos panfl etos con-sistia num manifesto da Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres do Estrangeiro denunciando a falsidade das eleições para a Assembleia Nacional que dois dias depois iriam ter lugar e incitando a uma revolta contra o governo salazarista.

Procurando dissuadir os assaltantes do seu propósito, o comandante alega que não tem possibilidade de abrir as janelas nem dispõe de combustível para um regresso a Marrocos, como lhe fora ordenado. Absolutamente familiariza-do com as circunstâncias, Palma Inácio não se deixa convencer. Pede o registo de voo e depois de verifi car que o combustível seria mais do que sufi ciente para o voo até Tânger, recomenda ao comandante a despressurização das cabinas e a abertura das janelas de emergência para assim se realizar o lançamento dos panfl etos.

Responsável pela segurança do avião e dos seus tripulantes e passageiros, o comandante vê-se forçado a obedecer. Comunicado o incidente pela rádio, dois caças Sabre levantam voo da base de Monte Real com o fi m de interceptar o Super-Constellation e mesmo abatê-lo se não obedecer à intimação de aterrar em solo português mas nunca o conseguem detectar.

Com o auxílio do comissário de bordo e das duas hospedeiras, os panfl etos vão sendo lançados à medida que se alcançam os objectivos. Já sobre o mar, de regresso a Marrocos, ainda a baixa altitu-de, são avistados dois navios de guerra portugue-ses mas o comandante executa uma habilíssima manobra de evasão. A escassos metros das ondas cruza entre as duas unidades, e assim impede-as de usar a sua artilharia pelo risco de se atingirem mutuamente.

Entre os passageiros mantinha-se a calma. Na realidade ignoravam o que estava acontecendo. Os companheiros de Palma Inácio evitaram mostrar as armas e o pessoal de bordo tentou criar um ambiente de normalidade servindo bebidas. Foi somento após a chegada a Tânger que os passa-

A ETAPA seguinte é o Brasil, onde reen-contra Humberto Delgado e se relaciona com outros membros do exílio político, entre eles Henrique Galvão. Foi este quem concebeu a chamada Operação Vagô, que Palma Inácio e cinco companheiros iriam protagonizar.

A Operação Vagô consistiu no desvio de um Super-Constella-

tion da TAP da carreira Casa-blanca-Lisboa. Pouco antes do

seu início, Palma Inácio recebe o aviso de que a operação devia

ser abandonada. No entanto, com tudo já em andamento,

decide prosseguir.

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28 Oct 2008 ComunidadesUSA

GNR desarmadas. Após alguns dias, os ocupantes retirar-se-iam para o estrangeiro.

Cerca de cinquenta membros da LUAR entram em Portugal por Moncorvo, em carros carregados de armas e explosivos. A opera-ção todavia fracassa quando um agente da PSP desconfi a que um Mercedes conduzido e ocupado por jovens tivesse sido roubado. Palma Inácio reage com um tiro para o ar, é dado o alarme e todos são detidos.

Nova prisão e fuga Palma Inácio, na cadeia da PIDE do Porto, começa a planear

nova fuga. Consegue que uma irmã lhe envie umas lâminas escondi-das num album e pacientemente vai serrando as grades da cela. Nove meses depois da sua prisão, numa noite de forte temporal, empurra as grades, cai sobre um alpendre, salta um muro e na rua passa em frente de um guarda abrigado numa guarita que o toma por um tran-seunte fugindo à chuva. Na primeira esquina corre até ao tabuleiro superior da ponte D. Luís I, por onde os comboios passavam a redu-zida velocidade. Suspende-se de um vagão de carga, chega a Lisboa e semanas depois cruza a fronteira.

A PIDE transmite a sua fotografi a pela televisão, oferece uma re-compensa por informações que levem à sua recaptura mas tudo sem resultado. É no entanto detido em Madrid e enviado para a prisão de Carabanchel. Um pedido de extradição não é deferido pelo Governo Espanhol. Expulso do país, fi xa-se na capital francesa.

A última prisão Em 1973 entra de novo em Portugal, com outro grandioso pro-

jecto, o de sequestrar alguma alta personalidade do regime, que seria trocada por presos políticos. Uma quebra das regras de segurança da LUAR leva a polícia a procurar um suspeito numa tasquinha das Avenidas Novas. A surpresa foi que esse suspeito, disfarçado com uma peruca, era Palma Inácio. Violentamente espancado ainda na rua, antes mesmo de chegar à sede da DGS e durante a noite, entra num estado de pré-coma.

O sistema político português estava no entanto perto do seu fi m. A 26 de Abril de 1974 começam a ser libertados os presos do Forte de Caxias. Palma Inácio é o último a sair, posto que alguns ofi ciais resistiam à ideia da sua libertação por considerarem que o assalto ao banco da Figueira da Foz havia sido um crime comum.

O anticlimático fi m de uma fulgurante carreira

O mais famoso revolucionário do tempo torna-se então mili-tante do Partido Socialista. Mário Soares propõe para ele em 1994 a concessão da Ordem da Liberdade mas a proposta não é aceite pelo Conselho das Ordens. Só seis anos mais tarde, durante o mandato de Jorge Sampaio, é que recebe pela mão de Manuel Alegre as insígnias dessa condecoração.

Dada a sua idade, ingressa num Lar fundado por ex-alunos da Casa Pia de Lisboa, onde mal subsiste com uma modesta pensão de reforma, tendo-se, por razões de consciência, abstido de solicitar reingresso nas Forças Armadas com o posto que através dos anos lhe haveria correspondido, como a lei autorizava.

Era o singelo desenlace da aventurosa carreira do homem mais temido pela Ditadura, incessantemente empenhado numa luta pela liberdade sem jamais haver recorrido à violência física.

geiros, ante a exuberância dos assaltantes, reforçada por um brinde com o champanhe de bordo celebrando o êxito da operação, se deram conta do assalto. Palma Inácio remata a operação oferecendo a cada passageira uma rosa e pedindo desculpa pelo inconvenente.

A Operação Vagô assinalou-se pela ausência de qualquer acto violento e, mais do que tudo, por um impressionante atentado à quase invulnerabilidade do governo de Salazar. Representou também um episódio verdadeiramente notável pois se tratava, pela primeira vez na história mundial do sequestro, com fi ns políticos, de um avião de passageiros.

A Operação Mondego O desvio do avião da TAP havia esgotado os fundos dos conspi-

radores exilados no Brasil, que desejavam prosseguir a sua actuação até ser atingido o objectivo fi nal do desmantelamento do regime ditatorial português. Entretanto Palma Inácio fundara a Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR) e consideravam-se novas estratégias.

A opção recaiu sobre um projecto a que se deu o nome de Operação Mondego, a primeira actuação da LUAR. Tratava-se agora de um assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz. O plano foi meticulosamente estudado e, ao ser posto em prática, Pal-ma Inácio fez-se passar por um arqueólogo brasileiro interessado em estudar as ruínas de Conímbriga. Com o pretenso fi m de conseguir fotografi as aéreas foi-lhe facultado o uso de um avião.

Uma vez assegurado um relativo êxito, a 17 de Maio de 1967, minutos antes das quatro da tarde, hora do encerramento da agên-cia, Palma Inácio e três companheiros entram pelas instalações e em breve saem com três sacos contendo um pouco mais de 29 000 contos, quantia muito apreciável para a época, a caminho da frontei-ra espanhola.

Fora um rude abalo ao prestígio do Estado, mas na realidade não muito rentável para a LUAR. Das notas roubadas, 12 000 de 500$00, não haviam ainda sido postas em circulação, o que não as tornava susceptíveis de reembolso ou troca. Também parte do produto do assalto eram 18 500 notas de mil escudos, prontamente retiradas de circulação. De qualquer modo, informadores da PIDE infi ltrados na LUAR levaram a que 11 000 contos fossem recuperados numa quinta dos arredores de Paris, assim como idêntica quantia escondi-da numa mina de água perto de Guimarães. Com os fundos ainda passíveis de serem utilizados adquiriram-se armas na Checoslová-quia, então enviadas a depósitos na Bélgica, França e Portugal.

O Governo Português solicitou a várias autoridades estrangeiras a extradição dos quatro culpados, o que foi sempre recusado por o assalto haver sido considerado um acto político.

Uma operação fracassada O último e mais espectacular plano de Palma Inácio não chegou

a consumar-se. Propunha-se ele ocupar com elementos da LUAR a cidade da Covilhã, cujos acessos, incluindo estradas e pontes, seriam cortados com explosivos. A população seria evacuada e a PSP e a

O último e mais espectacular plano de Palma Inácio não che-gou a consumar-se. Propunha-se ele ocupar com elementos da LUAR a cidade da Covilhã

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por Duarte Barcelos (investigador da ilha da Madeira)

Memórias do Funchal – o Bilhete-Postal Ilustrado até à Primeira Metade do Século XX

Uma nostálgica viagem à cidade antiga

No ano que ora decorre o Funchal está a comemorar os 500 anos da sua elevação a cidade. De modo a assinalar digna-mente esta efeméride a Empresa Municipal Funchal 500 Anos fez uma aposta forte na edição de livros que, no seu conjunto, no presente e no futuro, constituir-se-ão como incontornáveis obras de referência.

A obra Memórias do Funchal – O Bilhete-Postal Ilustrado até à Primeira Metade do Século XX, de José Manuel Melim Mendes, foi editado pelo Funchal 500 Anos, e teve o seu lan-çamento no pretérito dia 17 de Dezembro de 2007, no Hotel Porto Mare, localizado na zona velha da cidade, a dois passos da sede da entidade que patrocionou a sua publicação. Trata-se de um magnífi co livro de capa dura, em edição bilingue (português e inglês), contendo 411 páginas e medindo 23 x 31 cm, e que apresenta 413 postais antigos da cidade do Funchal, publicados no tamanho original, e organizados por ordem temática.

Na nossa cidade existem inúmeros coleccionadores de postais antigos, que fazem da procura de raridades um verda-deiro hobby. O autor deste livro, homem multifacetado ligado a vários organismos, é um deles. Com esta edição decidiu partilhar com o público os postais mais importantes da sua magnífi ca colecção. O despontar do interesse por esta área é-nos explicado por José Mendes no Preâmbulo: «O hábito

de coleccionar bilhetes-postais ilustrados, designadamente da Madeira e do Porto Santo e de navios mercantes, principiou, ainda, nos meus tempos de menino. Os primeiros, porque o meu pai, funcionário da Delegação de Turismo da Madeira, me incutiu o gosto de preservar os postais sobre a Madeira e o Porto Santo, editados pela Delegação de Turismo, ateliês fotográfi cos e casas comerciais. De navios mercantes, porque devido à excelente vista do quintal da casa de meus pais sobre a baía, no sítio muito apropriadamente designado por Lombo da Boa Vista, a contemplação e os sonhos que a chegada e partida dos navios provocavam me impulsionaram a juntar postais de navios que algumas vezes visitava. E, depois, porque, na Escola de São Filipe e no Liceu Jaime Moniz dessas décadas longín-quas, coleccionar e trocar postais de navios era, para muitos de nós, as playstations ou os passatempos televisivos da época.»

A abrir o livro deparamo-nos com três magnífi cos postais panorâmicos da cidade do Funchal, seguidos de um fabuloso mapa antigo da mesma, que remonta ao dealbar do século XX. No capítulo “Os Primeiros Postais ilustrados do Funchal” encontramos 19 ilustrações que nos apresentam alguns belos cantos e recantos da nossa cidade romântica, cada uma delas acompanhada por legendas bilingues, narrando alguns aspectos técnicos das mesmas. Por entre outras coisas encontramos imagens dos carros de bois, das “redes” como meio de trans-

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porte, do “comboio do Monte”, dos famosos carrinhos de cesto, ou ainda vistas da baía funchalense ou de alguns hotéis.

No capítulo “Funchal: a Baía e o Porto. Porta de Entrada e Saída” deparamo-nos com uma magnífi ca colecção de 51 postais de temática marítima, mostrando sobretudo o movimento de embarcações na nossa baía, numa época muito anterior à construção da “muralha”. De facto, estes postais remontam ao tempo em que a maioria dos emigrantes madeirenses rumou aos Estados Unidos ou ao Brasil, em que o embarque nos “vapores” se fazia de lancha desde o cais da Pontinha. E na maioria destas ilustrações antigas contam-se, por vezes às dezenas, o número de barcos ancorados ao largo do Funchal, sinónimo da importância que outrora teve o nosso porto marítimo.

Na secção “Deambulando pelas Princi-pais Referências citadinas” estão patentes 78 belos postais que nos apresentam um varia-do leque de imagens sobre as principais ruas e edifícios do Funchal antigo, desde o cais da cidade, o Palácio de São Lourenço, o Pilar de Bânger, a Sé Catedral, o Teatro Municipal, a Rua do Aljube com o seu pujante comércio, algumas ribeiras do Funchal ou a Fortaleza do Pico.

No capítulo referente às “Actividades e Profi ssões”, 51 belíssimas ilustrações mostram-nos algumas profi ssões de outrora, sendo que algumas que algumas já deixaram de existir nos nossos dias. Começando pelos bomboteiros, que nas suas lanchas vendiam os produtos da Madeira aos turistas a bordo dos barcos, e passando pelos intrépidos rapa-zes da mergulhança, pelos pescadores, pelos agricultores (mostrando imagens da apanha e transporte da cana-de-açúcar, e do fazer do vinho nos típicos lagares e transporte do mosto em “borrachos”, pelas bordadeiras ou lavadeiras, pelos leiteiros ou pelos homens das cestas, pelas vendedeiras de fl ores, pelos vendedores nos mercados antigos, pelos boeiros, “candeeiros” e carreiros do Monte, a nossa vista espraia-se e delicia-se com a contemplação destas imagens.

Na secção referente ao “Turismo” en-contramos 39 magnífi cas ilustrações, muitas delas referentes aos antigos hotéis madei-renses, com grande destaque para o Reid’s, que ainda hoje em dia existe, e para os vários anexos que chegou a possuir.

Segue-se um dos capítulos mais interes-santes deste livro, sem desprimor para os ou-tros, intitulado “A Visão de alguns Artistas”, em que nos são apresentadas 52 belíssimas pinturas feitas por artistas estrangeiros na Madeira, com destaque para as produzidas por Ella du Cane, Max Römer ou Paolo Kutscha. Muitas destes postais são cópias de aguarelas destes pintores, que nos dão uma visão romântica do Funchal, das suas fl ores, das suas gentes, e dos seus costumes.

Os postais respeitantes à publicidade não foram esquecidos pelo autor deste livro, e num capítulo com o mesmo nome são apre-sentadas 55 exemplares distintos, que vão desde a que era feita aos diferentes hotéis, aos editados pelas antigas companhias de na-vegação marítima com imagens do Funchal, e do qual destacamos um de um “vapor” da Cunard Line (que chegou a transportar emi-grantes madeirenses para a América) com a cidade do Funchal como pano de fundo, aos contendo imagens dos antigos hidroavi-ões que faziam viagens para a Madeira, aos postais editados pelas empresas de expor-tação de vinho, aos curiosos postais sobre a banana da ilha, aos postais de casas comer-ciais, com destaque para as que lidavam com a venda e exportação de bordados.

No último capítulo deste livro, intitulado “Eventos Marcantes e Sociedade”, encon-tramos uma série de 65 postais, contendo reproduções fotográfi cas, de algumas impor-

tantes efemérides da história madeirense na primeira metade do século XX. Assim sendo, o primeiro grande evento que merece largo destaque foi a visita real dos reis D. Carlos e D. Amélia, em 1901, a chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral à Madeira em 1921, imagens alusivas às comemorações do 5.º centenário da Madeira, assinalado em 1922, imagens dos estragos causados pelo grande temporal de 1926, curiosas imagens de um Zeppelin sobrevoando o Funchal, um conjunto de imagens retratando alguns aspectos da Revolta da Madeira, em 1931, as visitas de alguns presidentes da República à nossa ilha, entre outras, terminando com interessantes imagens sobre a visita da Ima-gem de Nossa Senhora de Fátima à Madeira, em 1948.

Se uma imagem vale por mil palavras, 413, tantas quantas as reproduzidas neste livro, valerão muito mais. Ao longo das suas inúmeras imagens o nosso olhar percorre, embevecido, curiosíssimos aspectos do Funchal de outrora. Trata-se simplesmente de um livro fabuloso, que tem uma apre-sentação cuidada, e que merece fi gurar na estante de cada madeirense. Esta obra é ainda aconselhável a todos os nostálgicos que se recordam do Funchal antigo, ou até muito especialmente aos nossos emigrantes, que ainda o retêm na retina.

Esta obra, cuja compra recomendamos vivamente, encontra-se à venda por 60 Euros e poderá ser adquirida através do site www.funchal500anos.com na opção Loja Virtual, na página inicial, ou através do seguinte endereço postal: Funchal 500 Anos, Rua de Santa Maria, n.º 170, 9060-291 Funchal, Madeira – Portugal.

Se uma imagem vale por mil palavras, 413, tantas quantas as reproduzidas neste livro, valerão muito mais.

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D A A M É R I C A E D A S C O M U N I D A D E S

Do fim do voto por correspondência à nova América socialista...

fantoche. Tal como escreveu há anos Manuel Alegre: “…a esquerda a que pertenço ainda não é/não a busquem no alfa nem no ómega/ela mora no como e no porquê/contra a men-tira e as trevas do dogma… a esquerda a que pertenço é outra vida/não se enreda nos limos, não se entrega…a esquerda a que pertenço não se compra/tem poemas que podem ser guerrilhas/e onde outros capitulam ela está contra.”

Quem acredita numa democracia baseada em princípios de esquerda tão sagrados como o do direito ao voto e desse direito ser facilitado a todos os cidadãos, está de luto. Se em outros tempos se disse que Mário Soares “engavetou” alguns princípios da esquerda em Portugal, então poder-se-á dizer que o PS de José Sócrates enterrou-os bem enterrados. É mesmo não ter vergonha!

A visita turística de António Braga...E já que se falou em vergonha, quem não tem vergonha

nenhuma é o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. O Senhor António Braga esteve na Califór-nia, durante alguns dias. Veio passear. Literalmente! Num momento em que deveria estar em Lisboa, tentando con-vencer este seu PS que limitar os votos dos emigrantes é algo antidemocrático, decidiu dar um salto à Califórnia. É muito mais conveniente estar a visitar um estado (não as comunida-des, porque não houve verdadeiros encontros com as forças vivas da comunidade—aliás houve um encontro em S. José da Califórnia com 3 pessoas), almoçando aqui, jantando ali, fa-zendo um discurso aqui e outro ali (sempre em lugares muito restritos) do que estar em Lisboa lutando pelos direitos dos emigrantes. Mas isto já se esperava.

Este é, seguramente, o pior Secretário de Estado das Co-munidades que temos tido. E olhem meus amigos, que salvo raras excepções, não temos tido muita sorte com Secretários de Estado das Comunidades. Porém este é demais! É que se fosse um defensor das comunidades, e pelo direito destas votarem, não só fi cava em Lisboa, como se não conseguisse mudar o seu partido, demitia-se. Já vi políticos demitirem-se por menos. Que falta de pudor! Depois, onde estão os nossos “lideres” comunitários? Se calhar num “cocktail” com o Senhor Secretário de Estado? Oxalá que não! Acho que teriam mais vergonha, ou talvez não?! É que num momento em que os direitos dos emigrantes são cada vez mais arruma-dos, há que chamar as pessoas à responsabilidade. Quem está em posição de liderança nas nossas comunidades tem o dever, diria mesmo a obrigação, de tomar uma posição forte contra

Nunca perdi muito tempo com os movimen-tos que insistem em que votemos na terra de origem. Apesar de achar um direito para quem detém a dupla nacionalidade, penso que como comunidade devemo-nos

preocupar com a nossa presença no mundo político norte-americano, o mundo onde vivemos e onde vivem as nossas famílias. Mas, votar, e participar activamente na vida política dos EUA, não signifi ca que não temos o direito de votar e de participar, também activamente, na vida política em Portugal, aliás, a Constituição portuguesa permite-o. Daí que a última medida governativa em Portugal, que tem por objectivo restringir o voto do emigrante é, verdadeiramente, vergonhosa.

Para quem não sabe, permitem-me uma breve sinopse. Acontece que os cidadãos portugueses que vivam no estran-geiro podem, como sabemos, votar para a Assembleia da República e para o Presidente da República. Para a Assem-bleia da República os emigrantes que ainda têm a cidadania portuguesa podem votar por correspondência. Para o Pre-sidente da Republica o voto é presencial, em mesas de voto que normalmente funcionam nos Consulados. A última modifi cação, vinda do sempre à direita primeiro-ministro José Sócrates, é que se cesse o direito ao voto por correspon-dência para a Assembleia da República.

Poder-se-á dizer que no caso do estado da Califórnia (onde vivo há quase 40 anos) esta é uma questão meramen-te académica. É que são meia dúzia de pessoas que votam nestes actos eleitorais. Porém, a proposta apresentada pelo Partido Socialista é contrária a qualquer princípio demo-crático. Aliás, o governo do Engenheiro José Sócrates há muito que vendeu a alma ao diabo. É um dos aspectos que mais intriga o PSD. Este PS está mais à direita que o Partido Social Democrata.

Sabe-se que o PS não tem tido bons resultados nos círculos da emigração, por vezes até por ser incompreendido. Porém, nunca será a colocar entraves aos votos dos cida-dãos que vai ser compreendido. Há quem afi rme que esta proposta do PS, tem como primordial objectivo, aumentar o número de votos pela emigração, cortando nos votos do PSD. Tudo leva a crer que estas más línguas têm razão. Isso é muito mau. Nunca a esquerda democrática trabalha para reduzir a participação eleitoral, nunca. A esquerda que se vive em Portugal é, seguramente, uma esquerda doentia. É

Passando pela visita turística do secretário de Estado das Comunidades à Califórnia por DINIZ BORGES

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32 Oct 2008 ComunidadesUSA

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mais esta discriminação. Até mesmo a nossa comunicação social, que infelizmente de jornalismo tem muito pouco, também deveria ter uma palavra nesta matéria.

Já o disse milhares de vezes, nada mudará no relacionamento entre Portugal e as nossas comunidades, enquanto os líderes não quiserem tomar uma posição. Um dos nossos grandes males continua a ser a duplicidade. Criticamos a classe política em Portugal enquanto eles lá estão, mas quando chegam cá, fi camos babados com um con-vite para tomarmos um copito e tirarmos uma foto de circunstância. Bendita presunção e água benta!

América socialista?Na América agora somos todos socialistas. Isto para pegar numa

frase recentemente escrita por um colunista do New York Times sobre a recente onda de nacionalizações. É verdade! Quem o diria? Um governo da direita, um dos mais direitistas que temos tido, um go-verno que sempre enalteceu o selvático mercado livre, sem o mínimo de restrições, acaba de nacionalizar algumas das mais importantes companhias fi nanceiras do país.

Como sabem três monstruosas companhias do mundo da alta fi nança foram “compradas” pelo governo americano, o mesmo go-verno que acaba de pedir ao Congresso autorização gastar mais um trilião de dólares num plano para “tentar” salvar o mítico mercado livre. Um trilião de dólares para preservar os barões do Wall Street. A isto chama-se “welfare” para os super ricos. É que este plano de salvação nacional custará a cada pessoa nos Estados Unidos cerca de 2300 dólares. E sem qualquer garantia que funcionará. Para além de conter pouco, muito pouco mesmo, no que concerne a benefícios para o cidadão comum. Mais, não nos esqueçamos: quem está a pedir os fundos para salvar a economia é o mesmo governo que a afundou.

Ninguém é assim tão ingénuo que pense que nada deveria ser feito. É geralmente sabido que é necessária uma intervenção gover-namental. Porém não deixa de ser curioso que são os proponentes dum governo que diz favorecer uma desligação total entre o mundo empresarial e governativo que se torna no maior intervencionista na história recente dos EUA.

É bom que se diga ainda que estamos apenas na ponta do iceberg, e que entre tudo o que se passou nos últimos dias e continuará a passar, algo não deixa de ser interessante, ou seja: a era dos conversa-dores, inaugurada por Ronald Reagan em 1980 está a chegar ao fi m. Foi o antigo actor de cinema, tornado governador e depois presidente que levou ao país a mensagem, e mais tarde as políticas, que aboli-ram com inúmeros regulamentos com que o capitalismo tinha que conviver. Para Reagan, e os seus acólitos, tais como Bush I e Bush II, e até mesmo Bill Clinton depois de perder a maioria Democrata no Congresso, o governo não era parte da solução mas sim parte do problema. Esta fi losofi a deu lugar a uma amalgama de leis que libe-ralizaram todos os sectores da economia. Hoje, esse mesmo grupo desfaz esse princípio. Hoje, o governo tem que forçosamente ser par-te da solução porque se não for, o capitalismo morre. É o socialismo para os ricos, através das nacionalizações que está a salvaguardar o capitalismo. Que engraçado!

Daí que quando nas campanhas políticas ouvirem um Republica-no a discursar sobre as virtudes dum mercado livre completamente liberalizado façam uma destas duas: corram com ele/a do poder ou votem por ele/a e preparem-se para esvaziar os bolsos.

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D I A - C R Ó N I C A

ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA

Uma entrevista com Peggy Whitson, primeira mu-lher a comandar a Estação Especial Internacional (ISS), despoletou-me da memória o recente con-vívio aqui na Brown em casa de Ruth Simmons (que também vê com frequência atrelado ao seu nome o designativo de “primeira mulher negra

reitora de uma universidade Ivy League”). Era festa para celebrar os doutorandos honoris causa deste ano. A simplicidade digna, mai-lo desconcertante à-vontade desses encontros, não deixam nunca de me impressionar, a mim nado e criado no formalismo cinzentão lusitano, recuperado depois do 25 de Abril em novos moldes, é certo, mas ressuscitado para durar. No laudatório dos honorandos por um membro da Universidade, e nos agradecimentos daqueles, sempre o humor put down e self-deprecating. Tudo em tom chão, como na referência ao trabalho de Shih Choon Fong, pioneiro em Engenharia Fractal - “o que quer que isso seja”, o apresentador a acrescentar, e depois o Honoris Causa, hoje Reitor da Na-tional University of Singapura, a explicar que em criança fi cava muito triste quando se lhe quebravam os brinquedos e, por isso, passou quinze anos na Brown a investigar o proble-ma. Ou Robert Redford, laureado pelo seu papel de defesa do ambiente, ao chegar-lhe a vez de agradecer, admitindo não saber falar em público porque todas as frases dos fi lmes que o lançaram nos olhos do mundo foram escritas por outros. Chegou a vez da geofí-sica planetária Maria Zuber, antiga aluna da Brown, hoje investigadora no MIT e respon-sável por um projecto que faria aterrar uma nave em Marte no dia seguinte. Falou das lutas íntimas por que uma mulher passa quando tem fi lhos pequenos e quer ao mesmo tempo manter uma carreira científi ca a exigir entrega incondicional. Que um dia, atormentada, à mesa com os fi lhos lhes pôs a questão: fi car mais tempo em casa ou continuar a dedicar-se à carreira científi ca. O mais novo saltou logo: Tás louca! Na minha escola eu sou o único com uma mãe que dispara raios laser para o espaço!

Made in PortugalEsta crónica ia prosseguir no tema da mulher na ciência, mas

também pode legitimamente enveredar por outro rumo, como o de continuar com histórias de doutoramentos honoris causa de que me recordo. Há muitos anos foi a vez de Mário Soares. O único portu-guês até agora, se não incluirmos o luso-descendente Craig Mello, Nobel de Medicina no ano passado e ex-aluno. A universidade quis reconhecer o papel de Mário Soares na consolidação do processo de-mocrático em Portugal. No mesmo ano, Stevie Wonder ganhou um honoris causa em Música. No colorido e alegre cortejo College Street abaixo, Stevie Wonder e o nosso ex-Presidente, ambos com a beca da Brown, barrete e tudo, caminharam de braço dado, o cantor cego completamente entregue à confi ante fi rmeza de Soares. No outro dia, o Providence Journal trazia, em parangonas e na primeira página, uma fotografi a dos dois.

Eu estava de saída para Lisboa dali a pou-co e fui à redacção do jornal indagar se me cediam uma cópia. (Eram tempos arcaicos, pré-internéticos, quando tudo tinha de ser em papel e por mão própria ou correio pos-tal). Sim, senhor, com muito gosto, autoriza-ção plena para reproduzir a dita. Levei-a para Lisboa e fui oferecê-la a amigos no Diário de Notícias, onde eu era então colaborador re-gular, levado pela mão do Mário Bettencourt Resendes (coincidência que, como é óbvio e o leitor acredita piamente, nada tinha a ver com o facto de sermos patrícios da mesma ilha dos Açores). Dias depois, saía em desta-que na última página, creio que com honras de “foto da semana”. E não demorou muito para eu receber em retorno uma boca, que

rodou célere entre a má-língua portuguesa - a legenda a incluir pelo jornal devia ter sido simplesmente: “Um cego a guiar outro cego”.

Injusta, muito injusta mesmo. Mas – convenhamos - uma boa e bem portuguesa piada, autêntica, made in Portugal, na melhor tradi-ção do nosso escárnio e mal-dizer, em que somos mestres com o calo de oitocentos anos de experiência.

Pena não haver comprador para essa nossa produção.

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28 January 2007 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

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ComunidadesUSA Oct 2008 35

The tuna sandwich

AN AZOREAN IN THE MIDWEST

MANUEL L. PONTE

The most noticeable defi ciency in the world's richest country is the lack of charcoal-broiled sardines, served with

fresh lemon, slightly hard bread, and a cheap white wine. We won't even require hot pepper sauce, although that condiment would help highlight how much we natives of St. Michael's Island, Azores, sacrifi ced when we came to America - a country where until a few years ago fi sh was considered Catholic penance.

Furthermore, when an Azorean such as I marries a Bostonian of Irish background, the poor chap "suff ers". Granted that the wife may be beautiful, kind, gentle, and God-fearing, but Heaven forgive her for the fi sh she serves. Even aft er more than fi ft y years of marriage, Katherine has yet to serve any kind of charcoal-broiled sardines, which is understandable since we live more than fourteen hundred miles from the Atlantic.

In the meantime, I live dreading when my wife opens a tuna fi sh can. Here's why:

In 1955 and '56, I worked for a Boston insurance agency, having chosen that occupa-tion when a college friend told me that one of the best ways to earn money in America was to become an insurance agent. "Americans protect their wealth by impoverishing them-selves while paying the insurance premiums that protect their wealth," my friend claimed. Naturally, aft er having lived so many

years broke, it was only natural that I try to better my status in the easiest possible manner. Work, I felt, is for donkeys. Th at's why God gave them four legs. At least that's what we used to say back on the island.

Th e truth is that I never felt right as an insurance agent. Th e work was boring and aggravating, and what it did for me was to measure me for my numbers, rather than my mind. I remember, for example, that in the agency where I worked, the ideal symbol of success was to imitate, or outdo, a certain Yale Goldman, who, although still young, sold a lot

of policies, while suff ering from an extremely nervous stomach. Life was a constant pressure cooker where the equivalent of well done redu-ced itself to the top dollar. One day, aft er having made the "President's Club", I abandoned the job, never to return.

I still remember how the General Agent, Henry Faser, looked at me and pointed out in a rather critical manner: "You're abandoning a career that could assure great fi nancial security for you and your family. Insurance has made America great."

As Henry talked I thought of my father, a simple carpenter, who, with a saw, some bo-ards, a hammer, etc., could build a cabin, or a house. I also thought of my mother, a simple seamstress, who with a needle, thread, buttons, and cloth could make me a shirt, or even a pair of drawers. But I, what could I make? I could only take money from people and, playing with cards that favored the insurers, pretended that I was doing it for the insured's benefi t and not for the insurer's profi t and my commission. If Henry's great America existed, I felt, it was because certain people got up in the morning and, with plow, or any other tool at hand, made the land produce, or a house rise, etc. Granted that the insurance agent would be needed eventually in the scheme of things. In the meantime, it was my feeling that I still personally needed a bit more from life and that, if money were to be my only objective, I was living without very high aims.

I can not, however, claim that my life as an insurance agent did not prepare me for the fu-ture. If I had not lived it, I would not have ever met Dick Casey and grown to recognize what it is to be Boston Irish. My life would have been relegated to having married a beautiful woman and lived with her without knowing why she did not know how to prepare a tuna salad.

Yes. A tuna salad.Dick Casey and I stopped one aft ernoon at

my parents' in Cambridge. It was around lunch time, and my mother insisted that we sit down and eat. We were a most informal family, and Dick was only asked to eat the same we would eat - something simple: Boiled potatoes, fresh kale from our garden, and tuna fi sh covered gently with olive oil and wine vinegar. Not the

greatest, or the fanciest, cuisine. Dick did not comment as he ate the pota-

toes and the kale, although he claimed he had never eaten them boiled in our style. On the other hand, as he ate the tuna, which minutes earlier had been in a twelve-ounce can from the Stop & Shop, he would look at my mother, and with a smile where one could practically see the map of Ireland on his Irish-American face, thank her, and thank her, and thank her...Profusely.

My mother, who had never been noted for her cooking, would, in turn, look at me and, in her St. Michael's dialect, ask me: "Dank you, dank you, p'ra quê?" English translation: "Th ank, thank you, for what?"). Aft er a while she would inform me for the possibly tenth time that her tuna had come from a can. "If he could only taste freshly salted tuna the way I used to prepare it back home. Or charcoal broiled sardines... Here in America, though, we don't have the time for those things."

And, while she spoke to me in Portuguese, Dick would continue his "Th ank you, Mrs. Ponte."

It has been more than fifty years. My mother died abput ten years ago - but not before we reminisced and brought up the tuna fi sh incident. "If only he knew how good my sardines were," she assured me nostalgically. She had forgotten his name, referring to him as my old friend "Dank you."

Two years aft er Dick had lunch at my parents', Katherine Gerada Mulvey and I married. By that time, I had already stopped selling insurance. Dick Casey, however, had not faded from my memory. In fact, it wasn't long aft er I married that I discovered the rea-son for his ecstasy.

One Saturday Katherine prepared sandwi-ches for us to take to Jones Beach. We lived on Long Island, New York, at the time. Katherine, somehow, has always liked chicken, something that I can do without, regardless of what nutri-tionists say. It has always been my belief that if any animal has feathers, he, or she, was born to fl y, sing - or lay eggs, which I love to eat regardless of how they're prepared. Marriage, however, makes demands on most people. Th at is to say, there have been many Sundays

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36 Oct 2008 ComunidadesUSA

O luso-descendente Carlos Vaz Ferreira é o homenageado nas celebrações do Dia do Património

no Uruguai, com as principais actividades centradas em Colonia del Sacramento, cida-de fundada por Portugal no século XVII.

Filho e neto de portugueses, o fi lósofo Carlos Vaz Ferreira nasceu em Montevideu a 15 de Outubro de 1872, e no passado dia 03 de Janeiro completaram-se 50 anos sobre a sua morte, facto que levou as autoridades uruguaias a escolherem-no para o homena-gear e recordar a sua obra nas celebrações que ao longo do fi m-de-semana se estendem em todo o Uruguai.

A escolha de Colonia del Sacramento para acolher as principais actividades, deve-se ao legado histórico deixado por Portugal e ainda à sua inclusão no grupo das 22 maravilhas de origem portuguesa no mundo e que são Património da Humanidade, dis-se à Agência Lusa o intendente (governador do Departamento de Colonia) Walter Zimmer.

A escolha das Sete Maravi-lhas de Origem Portuguesa no Mundo começará a ser votada a partir do próximo dia 07 de Dezembro, e os resultados serão revelados numa cerimónia a realizar em 10 de Junho de 2009.

A cidade foi classifi cada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1995, e os museus do Período Histórico Português e da Casa Nacarello ilustram os pontos patrimoniais de referência do chama-do "barrio histórico".

"Temos muito orgulho no legado histó-rico de Portugal e como Carlos Vaz Ferreira é descendente de portugueses faz todo o sentido o destaque dado a Colonia", disse Walter Zimmer.

Além das conferências, visitas guiadas

Eduardo Lobão, da Agência Lusa

aos museus e animação de rua, o Dia do Património Nacional, que vai na 14ª edição, integrou este ano a novidade de colocar em cada uma das casas do "barrio histórico"

pendões com os nomes de cada uma das famílias que nelas viveu.

"Trata-se de garantir que o Património Imaterial deste local património da Humani-dade continue e não cai não esquecimento", salientou Walter Zimmer à Lusa.

Colonia del Sacramento foi fundada pelo português Manuel Lobo em 1680, no Rio da Prata, e tinha a função estratégica de

defesa contra o império espanhol, tendo por essa razão sido palco de disputas ao longo de um século, que a deixavam ora sob controlo português ou castelhano.

A arquitectura urbana foi considera-da pela UNESCO como um dos melhores exemplos da união dos estilos português, espanhol e pós-colonial, e entre os monu-mentos e locais de referência contam-se a Basílica do Santíssimo Sacramento, a Capela de S. Benito de Palermo, a Praça 25 de Maio, também chamada Praça das Armas, o Museu Português e a Casa Nacarelo.

Luso-descendente lembrado e homenageado no Uruguai

Foi fi lósofo, escritor e académico, responsável pela introdução dos valores liberais e do plurarismo político e dos conceitos do pragmatismo fi losófi co na América do Sul

Portas da cidade Colónia do Sacramento, fundada pelo português Manuel Lobo em 1680 no Rio da Prata

Carlos Vaz Ferreira

The tuna sandwich(conclusion from last page)

in almost fi ft y years when I have had to put up with chicken, when I would have been a lot happier with a simple piece of bread and cheese, aft er having thrown the chicken dinner to the farthest reaches of the garden.

Since at the time of the sandwiches I alre-ady knew about Katherine's taste for chicken, however, it was only natural, therefore, that I eat the sandwich at our beach picnic without thinking of what it contained. Besides kno-wing it would contain chicken, I also knew that, in true American style, it would have considerable mayonnaise, as well as various food stretchers that nutritionists suggest add value to a meal while reducing the cost of its main ingredient. As a good husband, I did not hesitate to compliment Katherine on how well she had mixed all the ingredients - celery, green pepper, and, of course, chicken.

"What chicken?" Katherine asked."Th e chicken in the sandwich. Buried in

the mayonnaise," I replied."Chicken? It wasn't chicken. It was tuna."I suddenly started to laugh. In front of

me suddenly surged the fi gure of Dick Casey, looking at my mother and saying: "Thank you, Mrs. Ponte." Th e poor chap, raised in Depression-time Boston had never eaten pure tuna in his life. Or, if perchance he had, someone had given it to him mixed with car-rots, celery, mayonnaise, etc. so that it would "stretch" and make the tuna can go a long way. Fortunately for him, my mother had never read a magazine in her life dealing with nutrition, or with how a woman could come up with better and more economical tuna meals. To her, tuna was tuna, and should be eaten as such - with perhaps boiled potatoes, kale, cabbage, and possibly a boiled onion - all covered slightly with wine vinegar and olive oil and, when not being served to guests, hot sauce, or a hot fi nger pepper.

Tuna should be tuna - and nothing else. Period.

"Th ank you, Mrs. Ponte. Th ank you," said Dick Casey as he faded into my memory in the beach's sunshine.

And to Katherine. Well, what can I say aft er over fi ft y years?

"Th ank you, too, Mrs. Ponte. It's been fun. Even without the sardines."

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ComunidadesUSA Oct 2008 37

ANTÓNIO SIMÕESANTANTÓÓÓNIÓNIO SO S ÕIMÕIMÕESES

In a recent article I discussed what it is to be bilingual and some of the theoreti-

cal models. Language learning, be it in the fi rst or second language, is a very complex process. We can use the fi eld of neurology, socio-linguistics, psychology, anthropology and so one to give us a glimpse of this fasci-nating and mysterious phenomenon.

Years ago while looking out of my apart-ment window on Bleeker Street in New York City, I refl ected on what language is. As I deepened in abstraction, the more I became confused. I realized that language was tied not only into thought and speech but also emotions and feelings. I also realized that symbols, which are language representations, are diff erent in each culture. For example, the color white in many western countries represents purity and “goodness.” Yet, in some of the Asian cultures it represents death and mourning.

I also compared some of my own language(s), English and Portuguese. I know that I could not explain to a Portuguese what it means to be a Red Sox fan and a Yankee hater (or vice versa). Similarly, I could not explain to my American counterparts was it is to be a Benfi ca fan and a Sporting hater (again or vice versa). With this realization I wrote the following poem. It is in both English and Portuguese

I hope you enjoy it.

On LangaugeMetaphoric consciousness that shapes

one's soul to the earth and fosters a love in one's mind for everlasting truth.

Little is known about why and when this awareness is created, and for what reason and the like.

It defi nes love and hate at the same time, but still hinders us in dealing with many facets of what is and what is not.

Many words we gather, possess, and use

The Mistery of Language

in our lifetime, though we do not unders-tand the deep meaning of what we say.

Beauty can be created with great emo-tions that touch our very essence; the beauty penetrates many realities but hides its own function.

Th ere are many tongues on this earth, and possibly in the uni¬verse itself, saying the same things.

Still, we believe that the same words are saying diff erent things.

Visual creations are formed and shaped that make us see the world in many complex ways, and at the same time attempt to sim-plify what is and what could be.

Body movements and body distances are done and then analyzed in other languages, believing that our own way of thinking is immune to subjectivi¬ty.

A Chomsky, a Whorf, and others will use language to explain it, thinking that objecti-vity has been accom¬plished.

Th e poet will smile and continue on in the exploration.

Governments create rules for what is and hire a few to preserve the correct way, and the rewards are distributed in terms of knowledge and value.

People who do not have the cultural ca-pital are put aside as diff er¬ent or defi cient.

Computer chips now create new ways of defi ning the old, artifi ¬cial voices explain new forms of the same thing.

Two plus two is no longer four, and four plus four is no longer eight, but both explain thirty three.

Forms are shaped and changed from one moment to another, a media event can create new thoughts from the forms of the past, a past that makes the present and the future all in one.

Language, I still do not know what it is.

Da LinguagemPercepção metafórica que molda a alma

à terra e alimenta no pensamento um amor à verdade eterna.

Pouco se sabe do porque — e do quando se torna consciente e porque razão e o resto.

Defi ne ao mesmo tempo amor e ódio mas impede-nos também de lidar com as muitas faces do que é e do que não è.

As palavras que coleccionamos, possuí-mos e usamos pela vida sem percebermos o signifi cado profundo do que dizemos.

Pode criar-se beleza de grandes emoções que tocam a nossa essência; a beleza perpas-sa muitas realidades mas oculta a sua função.

Línguas há neste planeta, e até talvez no próprio universo, que dizem as mesmas coisas.

Pensamos, todavia, que as mesmas pala-vras dizem coisas diferentes.

Criações visuais que se foram e tomam formas que nos fazem ver o mundo de um modo complexo e ao mesmo tempo, tentar simplifi car o que é e o que podia ser.

Movimentos gestuais e distâncias corpo-rais são dadas e analisadas, acredita-se que o nosso pensar é imune à subjectividade.

Um Chomsky, um Whorf usam a língua para o explicar, pensando atingir a objecti-vidade.

O poeta sorri e prossegue a sua busca.Governos promulgam leis para o que há-

de ser, empregam uns tantos que preservam a versão verdadeira a distribuem recompen-sas pelo conhecimento e valor.

Põe-se de lado quem não tem capital cultural por que é diferente ou defi ciente.

Computadores criam agora novos modos de defi nir o antigo, vozes artifi cias explicam novas formas da mesma coisa.

Dois mais dois não são quatro, nem quatro mais quatro são oito, mas juntos explicam trinta e três.

Tomam forma novas que mudam de um momento para o outro, imagens recriam pensamentos de formas do passado, passado que funde o presente e o futuro.

Linguagem, ainda no sei o que é.

Language is tied not only into thought and speech but also emotions and feelings

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ComunidadesUSA Oct 2008 39

Numa época em que as crianças e jo-vens se mostram mais inquietos e em que mesmo os adultos apresentam

cada vez mais problemas relacionados com o stress e a agitação da vida quotidiana, a Musi-coterapia é uma boa forma para reencontrar o equilíbrio e conquistar a harmonia. Oiça música, deixe-se levar pela emoção!

A música traz-nos bem-estar e está presen-te nas mais diferentes culturas. Todos os seres humanos têm uma relação específi ca com o som no seu dia-a-dia. É uma linguagem uni-versal e uma parte integrante da nossa vida.

É importante ter em conta que a música está também dentro de cada um de nós, e que pode induzir ou aliviar as nossas emoções.

A música contribui para o nosso bem-estar pois proporciona relaxamento, sendo um dos passatempos preferidos da maior parte das pessoas. Por outro lado, em quase todas as festas e outros locais de convívio, como bares ou discotecas, a música é uma presença constante, mesmo que seja discreta. Desde sempre a música também foi adoptada na vida espiritual, fazendo parte de muitas cerimónias religiosas, por um lado, e ajudando na meditação, por outro. Uma vez que ajuda a libertar os sentimentos e as emoções, tem muitas vantagens terapêuticas.

Como o próprio nome indica, a Musicote-rapia utiliza a música e a sua linguagem simbó-lica própria como uma maneira de estabelecer um elemento mediador que ajude as pessoas a entrarem em harmonia consigo próprias e com o Mundo que as rodeia.

É uma utilização do som e da música concebida com objectivos terapêuticos, e estruturada de forma a aliviar o sofrimento de alguém e melhorar o seu estado de saúde física e mental, ou contribuir para diminuir problemas que o indivíduo tenha consigo ou com aqueles com quem vive.

Lave a sua alma ouvindo as músicas de que mais gosta. Se estiver triste e quiser mandar a tristeza embora oiça uma música alegre!

As qualidades da terapia acima referida não dispensam as indicações do seu médico.

Maria Helena e a Musicoterapia Carneiro – 21/3 a 20/4

Carta do Mês: O Dependurado, que signifi ca Sacrifício. Amor: Poderá ser invadido pela paixão. A felicidade es-pera por si, aproveite-a! Saúde: Procure fazer uma vida mais salutar. Cuidar da sua saúde não é uma questão de querer. É um dever. Dinheiro: Esta não é uma boa altura para investir nos negócios. Número da Sorte: 12

Touro – 21/4 a 20/5Carta do Mês: 2 de Ouros, que signifi ca Difi culdade ou In-dolência. Amor: Dê mais atenção à sua família. Ela também necessita de si. Que o Amor seja uma constante na sua vida! Saúde: Poderá ter difi culdades em dormir. Dinheiro: Se pretende abrir um negócio não o faça já. Espere por dias melhores. Número da Sorte: 66

Gémeos – 21/5 a 20/6Carta do Mês: A Papisa, que signifi ca Estabilidade, Estudo e Mistério. Amor: É uma boa altura para os nativos solteiros iniciarem um relacionamento estável. Procure intensamen-te sentimentos sólidos e duradouros, espalhando em seu redor alegria e bem-estar! Saúde: O descanso e o exercício

físico são fundamentais para conseguir aguentar a pressão exercida sobre si durante este mês. Dinheiro: Planifi que a sua vida profi ssional para que possa ser mais organizado e rentabilizar o seu trabalho. Número da Sorte: 2

Caranguejo – 21/6 a 21/7Carta do Mês: Cavaleiro de Paus, que signifi ca Viagem longa, Partida Inesperada. Amor: Ponha as cartas na mesa e evite esconder a verdade. Enfrente os seus medos e as suas dúvidas e será feliz! Saúde: É possível que se sinta psicologicamente esgotado. Descanse mais. Dinheiro: É possível que tenha alguns problemas com o seu patronato. Número da Sorte: 34

Leão – 22/7 a 22/8Carta do Mês: Morte, que signifi ca Renovação. Amor: Esqueça o seu passado afectivo e parta em direcção à felicidade. Que o futuro lhe seja risonho! Saúde: Andará mais impaciente nesta altura. Dinheiro: Financeiramente tudo se apresenta estável. Número da Sorte: 13

Virgem – 23/8 a 22/9Carta do Mês: A Estrela, que signifi ca Protecção, Luz. Amor: Altura ideal para efectuar a mudança que tanto necessita de fazer. É tempo de um novo recomeço! Saúde: Canalize a sua energia para actividades de lazer. Faça ape-nas aquilo que realmente gosta. Dinheiro: Esforce-se por aumentar os níveis dos seus rendimentos, para conseguir melhorar a sua situação económica. Número da Sorte: 1

Balança – 23/9 a 22/10Carta do Mês: 8 de Paus, que signifi ca Rapidez. Amor: Evite as discussões com alguém que lhe é muito querido. Agora é tempo para paciência e vontade de partilhar. Saúde: Previna-se contra gripes. Dinheiro: Dê mais valor ao seu trabalho, e só terá a ganhar com isso. Número da Sorte: 30

Escorpião – 23/10 a 21/11Carta do Mês: Valete de Ouros, que signifi ca Refl exão, Novidades. Amor: Poderá ser surpreendido pelo seu par. Aproveite a surpresa. Viva o presente com confi ança! Saúde: Tente manter a calma, pois o seu sistema nervoso anda um pouco frágil. Dinheiro: Este é um momento favorável, aproveite para fazer o que já tinha planeado. Número da Sorte: 75

Sagitário – 22/11 a 21/12Carta do Mês: 10 de Ouros, que signifi ca Prosperidade, Riqueza e Segurança. Amor: Saiba desculpar e pedir des-culpa. O seu par apreciará a sua atitude. Siga a sua intuição, siga o caminho do amor! Saúde: Faça mais exercício físico. Olhe mais pela sua circulação sanguínea. Dinheiro: Tente poupar algum dinheiro. Mais tarde poderá precisar dele. Número da Sorte: 74

Capricórnio – 22/12 a 20/1Carta do Mês: O Carro, que signifi ca Sucesso. Amor: Mês de grande harmonia entre o casal. Aproveite ao máximo os momentos de alegria para agradecer a Deus tudo o que tem! Saúde: Modere o seu estado de ansiedade. Dinheiro: Êxitos a nível pessoal e profi ssional. Número da Sorte: 7

Aquário – 21/1 a 19/2Carta do Mês: A Temperança, que signifi ca Equilíbrio. Amor: Sentirá a necessidade de fazer alguns sacrifícios para manter o bem-estar familiar. Rejeite pensamentos pessimistas e derrotistas. Dê mais de si. Saúde: Tendência para sentir uma ligeira indisposição que o conduzirá à redução do seu ritmo diário. Dinheiro: Poderá ter as con-dições necessárias para se dedicar a um projecto deixado na gaveta. Número da Sorte: 14

Peixes – 20/2 a 20/3Carta do Mês: 7 de Espadas, que signifi ca Novos Planos, Interferências. Amor: Sentir-se-á liberto para expressar os seus sentimentos e amar espontaneamente. Que o Amor seja uma constante na sua vida! Saúde: Estará melhor do que habitualmente. Dinheiro: Boa altura para pedir aquele aumento ao seu chefe. Número da Sorte: 57

Horóscopos para OutubroHoróscopos para Outubropela Dra Maria Helena, LISBOA

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40 Oct 2008 ComunidadesUSA

HUMORHUMOR

PASSATEMPOSPASSATEMPOS

Duas louras encontraram-se depois de algum tempo sem se verem.

Olga – Queeeeerida! Há quantos séculos!Clara - Jooooooia! Sabes, tive um rebento! Olga – Ai sim? É como se chama? Clara – Sonasol. Olga – Eu também tenho uma fi lha. Chamei-lhe

Maria. Clara – Ai credo, isso não é nome de bolacha?

L ___ G ___ M ___ N ___ S ___

S ___ RR ___ ___ L S M ___

P N ___ ___ M ___ T ___ C ___

G ___ L ___ S ___ ___ M ___

___ R Q ___ ___ T ___ C T ___

R ___ P ___ B L ___ C ___ N ___

Use as cinco vogais para completar cada palavra. Atenção que, na mesma palavra, não pode repetir vogais.

O jogo das VogaisObserve a sequência apresentada de seguida. Que peça de dominó deve colocar no espaço vazio para que a sequência seja correcta? Deve substrair umas peças às outras.

DOCRILOCO

ASAFIO

CERINTEORNOLAPMIAESVARUZTPELTIANO

Ordene as letras de cada palavra para formar nomes de animais. Em seguida, com a primeira letra de cada animal, obtenha o nome do continente onde os podemos encontrar a todos.

ANIMAISCrocodiloFaizãoRinoceronteImpalaAvestruzAntílope

Continente: ÁFRICA

VOGAISLeguminosaSurrealismoPneumáticoGuloseimaArquitectoRepublicano

SOLUÇÕES

DOMINÓSPeça F menos a peça C é igual à peça B

Uma anedota politicamente incorrecta...

✦ O Hino Nacional Francês chama-se La Mayonèse.✦ No começo os índios eram muito atrazados mas com o tempo foram-se sifi lizando.✦ Na Grécia a democracia funcionavam muito bem porque os que não estavam de acordo envenenavam-se.✦ Os ruminantes distinguem-se dos outros animais porque o que comem, comem duas vezes.✦ As plantas distinguem-se dos animais por só respirarem à noite.✦ Ecologia é o estudo dos ecos, isto é, da ida e vinda dos sons.

O que os alunos portugueses escrevem nos testes...

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