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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
MARIENE MIYOKO NATORI
Ingredientes derivados do milho em dietas para tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus) e pacu (Piaractus mesopotamicus):
digestibilidade, desempenho e viabilidade econômica
Pirassununga-SP
2011
MARIENE MIYOKO NATORI
Ingredientes derivados do milho em dietas para tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus) e pacu (Piaractus mesopotamicus):
digestibilidade, desempenho e viabilidade econômica
Dissertação apresentada à Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos, da Universidade de São Paulo, como
parte dos requisitos para obtenção de Título de Mestre em
Zootecnia, na área de concentração: Qualidade de
Produtividade Animal
Orientador(a): Profa. Dra. Elisabete Maria Macedo Viegas
Pirassununga – SP
2011
VERSÃO CORRIGIDA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
da Universidade de São Paulo
Natori, Mariene Miyoko
N279i Ingredientes derivados do milho em dietas para
tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e pacu
(Piaractus mesopotamicus): digestibilidade, desempenho
e
viabilidade econômica / Mariene Miyoko Natori. –-
Pirassununga, 2011.
106 f.
Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos – Universidade de São Paulo.
Departamento de Zootecnia.
Área de Concentração: Qualidade e Produtividade
Animal.
Orientadora: Profa. Dra. Elisabete Maria Macedo
Viegas.
1. Água de maceração do milho 2. Glúten de milho
3. Germe de milho 4. Dextrina 5. Nutrição 6. Peixes.
I. Título.
Letter for my grandparents in Japan, special tanks
To: My grandparents live in Chiba and Yamanashi
“Chiba no ojiichan to obaachan, soshite yamanashi no obaachan, ogenki
desuka? Yahari nihongo to romaji a niawanai ne. Dakara, eigo de kakimasu”.
“I`m writing to you in English because I`m afraid of the program here couldn`t
read kanji. There is a long time that I don`t send a letter to you, I`m little bit
occupied here in Brazil. Now, I`m finishing one more cycle of my life, today, I`m
going to be a master, I hope. But I don`t feel that I am a master, because, this
word for me has a meaning of experience and wisdom, like you grandpa and
grandmas. I live in a time that here, we leave without wars, like you passed in
the Second World War. Both of you fought to survive and took care about your
sons, you saw the sky in red color, you escaped to not be a prisoner; you lost
parents because of the war. For all this things that you passed and still alive, I
feel that the real master are you. I´m here, presenting my research, because,
you didn`t give up and raised my mom and dad. I do have to register my thanks
for you in my dissertation. For me, you are my real master. Thank you for all.”
Korekaramo, yoroshiku onegaishimasu.
From:Mariene Miyoko Natori
DEDICO
à minha família,
aos meus pais Yumiko e Michiomi,
Aos meus irmãos, Juliana e Alexandre.
Agradecimentos especiais ao
Thiago de Campos Previero,
Por ter me apoiado, por ter tido paciência
e pelos momentos de alegria e felicidade
o qual gostaria que durasse por muitos e longos anos
Agradecimentos
- Às empresas Corn Product do Brasil e a Evialis pela doação de ingredientes
para esta pesquisa.
- Ao CNPq, pela bolsa concedida.
- À Profa. Dra. Elisabete Maria Macedo Viegas, por ter me orientado além de
ter tido bastante paciência comigo, principalmente na hora de escrever a
dissertação.
- Ao Prof. Dr. Augusto Gameiro que me ajudou em boa parte do meu trabalho.
-Ao Prof. Dr. Julio Balieiro, por ter me ajudado com a estatística.
- À professora Claudia Lima Verde Leal, que me deu a oportunidade em fazer
uma iniciação científica.
- Aos colegas de trabalho, Sheyla Vargas, Fábio Sussel, Paulo Roberto C.
Oliveira Filho e Pamela Girao, Julio Guerra Segura, João de Paula, Elaine
Batista, Rodrigo Batista, Naira Cabral, Laura Soares Lima, Maria Angélica e
Ligia U. Gonçalves pelos momentos de trabalho, descontração, e de happy
hours. Não posso me esquecer do Sr e Sra Vargas, por ter cedido a casa na
maioria das vezes.
- Aos funcionários, José Apolinário Ferraz e Daflin Mello, por ter me ajudado e
também pelos momentos de descontração e risos.
- Ao pessoal da avicultura, Vanessa Nakagi, Bruna Pacheco, Agatha Pinho,
Amanda Caniatto, Mariana Pavesi, Juliana Martinez, Paulo Bravo, Jessica
Iwama, Eduardo Ruis, Midian pelos momentos do controle das aves até amigo
ovo, além das risadas no bandejão.
- À cantina do Miltinho, à Adriana, Milttinho, Ju, Jéssica, Elaine, pelos
momentos de gastronomia e risadas.
- Ao grupo Gexpisc, Joana Angélica, Paula Parra, Camila e integrantes, por ter
me convidado a dar palestras que para mim foi muito importante por ser a
primeira, oficialmente.
- Especiais agradecimentos para a minha turma, XXV, principalmente a Alice
Deleo Rodrigues, Eloisa Wataya, Carla Ortega, Marcela Kato, Frederico Issao
Tomiita, Flavio Perna Júnior e Cristina Moncau.
- Ao Margutti e Rafaela, pelos momentos de diversão e “discussão sobre
desempenho de jogadores” no bandejão, na sala e na quadra, e pelos copos
de água depois do treino.
- Aos colegas que participam comigo das atividades esportivas, no vôlei e no
futsal, a Graziela, a Ju Diniz, a Reíssa, a Gabriela, Paula Okuro, Priscila, Flavia
Vargas e os meninos e meninas da graduação (que são muitas pessoas) que
me fazem chorar de rir e me fazer sair do sedentarismo. E ao time do JIZ
feminino e masculino, que sempre causam barulho em quadras.
- Ao pessoal do APTA, que sempre me convidam para trabalhar e almoçar.
- Ao Guilherme, Leonardo Tachibana e Dani, pelos jantares e pelas risadas;
- Ao pessoal do Laboratório de Histologia, e principalmente, para o Nilton
Pedro.
- À minha amiga de infância, Miriam Massami Suzuki,
- À vizinha da minha casa, dona Dirce e família,
- Ao Celso e Solange, da praia,
- À família do Thiago Previero, pelos momentos agradáveis.
- Aos meus bichos de estimação.
RESUMO
NATORI, M.M. Ingredientes derivados do milho em dietas para tilápia nilótica(Oreochromis niloticus) e pacu (Piaractus mesopotamicus): digestibilidade, desempenho e viabilidade econômica. 2011. 106f.
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2011.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a digestibilidade, o
desempenho e a viabilidade econômica da inclusão de derivados do milho:
água de maceração (AM), glúten (GM), farelo de glúten (FG), germe (GEM) e
dextrina (D) em dietas para tilápia (Oreochromis niloticus) e do pacu (Piaractus
mesopotamicus). No primeiro, secundo e terceiro experimentos, avaliaram-se a
digestibilidade in vivo do AM para a tilápia e para o pacu, e GM, FG, GEM e D
somente para o pacu. No quarto e no quinto experimentos, foram avaliados o
desempenho e a viabilidade econômica de AM para a tilápia e o pacu. Para os
ensaios de digestibilidade, foram utilizados 126 juvenis de tilápia (peso médio
de 35,93g±7,64g), 120 pacus (peso médio de 29,50 g ± 5,13 g) e 108 pacus
(peso médio de 77,69g ± 17,65g). Estes peixes foram acondicionados em seis
gaiolas submersas em seis aquários de alimentação com capacidade de 100 L
de água, e para a coleta de fezes, utilizaram-se três aquários cilíndricos de
fundo cônico de 250 L. Para os ensaios de desempenho, foram utilizados 200
alevinos de tilápia (peso médio de 2,81 ± 0,15g) distribuídos em 20 caixas de
130L com densidade de 10 peixes por caixa, e 140 pacus (peso médio de
3,42± 0,30g) distribuídos em aquários de 40L com densidade de sete peixes
por aquário. Foram obtidos os seguintes valores de coeficiente de
digestibilidade aparente (CDA) de proteína bruta (PB) e energia bruta (EB) de
AM: 94,15% e 84,93%, para tilápia e 97,10% e 98,43%, para pacu,
respectivamente. Já para os ingredientes GM, FG, e GEM obtiveram-se os
seguintes valores de CDAPB para o pacu: 99,62%, 84,92%, 70,97%, e para
CDAEB: 98,13%, 76,89%, 62,88%, respectivamente. Em relação à D, foi
determinado apenas o CDAEB de 85,16%. Quanto ao ensaio de desempenho,
não foram verificadas diferenças significativas para os parâmetros zootécnicos
avaliados, para as duas espécies, exceto para a taxa de eficiência protéica
referente à tilápia. A análise de viabilidade econômica demonstrou que as
inclusões de 8% de AM em dieta para tilápia nilótica, e 6% em dietas
experimentais para o pacu foram os tratamentos que mais reduziram os custos
relacionados à formação da dieta em comparação ao controle.
Palavras-chave: Água de maceração do milho, glúten de milho, farelo de glúten
de milho, germe de milho, dextrina, nutrição, peixes
ABSTRACT
NATORI, M.M. Ingredient derivated from corn in diets for Nile tilápia (Oreochromis niloticus) and pacu (Piaractus mesopotamicus): digestibility, performance and economic viability. 2011 – M.Sc. 106f. Dissertation – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2011.
The aim of this research was to evaluate the digestibility, performance
and economic viability of corn derivative ingredients inclusions in diets:
condensed fermented corn extractive (CE), gluten meal (GM), corn gluten feed
21% (CGF) and dextrin (D) to Nile tilápia (Oreochromis niloticus) and pacu
(Piaractus mesopotamicus). In the first, second and third experiments, were
evaluated the digestibility of CE of tilápia and pacu, and others ingredients, just
for pacu. In fourth and five experiments, performance assay of CE of tilápia and
pacu were evaluated. For the digestibility assays, were used 126 juveniles of
tilápia (weight mean 35,93g±7,64g), 120 pacus (weight mean 29,50 g ± 5,13 g),
and 108 pacus (weight mean 77,69 g ± 17,65g). The fishes were assigned were
assigned to six 100L feeding tanks and three 250 L cylindrical tanks with conical
bottom, to feces collection. For the fourth and fifth experiments, were used 200
tilápia fingerlings (weight mean 2,81 ± 0,15g) distributed in twenty 130L tanks
and 140 pacu fingerlings (weight mean 3,42± 0,30g) distributed in twenty 40L
aquaria. For the CE digestibility assay, were obtained the following values of
apparent digestibility coefficient (ADC) of crude protein (CP) and energy (CE):
94.15% and 84.93%, for tilápia, 97.10% and 98.43%, for pacu, respectively. For
the GM, CGF and CG digestibility assay, were obtained the following values of
ADCCP: 99,62%, 84,92% 70,97%, and ADCCE values: 98,13%, 76,89%,
62,88%, respectively. In relation to D, were obtained only the ADDCE value:
85,16%. For the performance assays, no significant differences in relation to
parameters evaluated were found for both species, except the protein efficiency
ratio of tilápia. The evaluation of economic viability demonstrated that inclusions
of 8% of AM in diet for Nile tilápia, and 6% in diets for pacu were the treatment
that most reduced the cost related to diets elaboration.
Key words: condensed fermentative corn extractive, gluten meal, corn gluten
feed, corn germ, dextrin, nutrition, fish
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1. GRÁFICO DE PRODUÇÃO MUNDIAL DE FRANGOS, SUÍNOS E PESCADO. ______ 20
FIGURA 2. PRODUÇÃO MUNDIAL E PREÇO DE FARINHA DE PEIXE E DE FARELO DE SOJA. _ 25
FIGURA 3. PRIMEIRA ETAPA DO PROCESSAMENTO DO MILHO _____________________ 32
FIGURA 4. SEGUNDA ETAPA DO PROCESSAMENTO DO MILHO _____________________ 32
FIGURA 5. VISTA DO LABORATÓRIO DE AQUICULTURA (FZEA-USP) _______________ 41
FIGURA 6. AQUÁRIOS DE ALIMENTAÇÃO ____________________________________ 43
FIGURA 7. MISTURA DE INGREDIENTES. ____________________________________ 44
FIGURA 8. PELETIZAÇÃO DAS DIETAS ______________________________________ 44
FIGURA 9. AQUÁRIOS CILINDRO-CÔNICO DE FIBRA DE VIDRO _____________________ 46
FIGURA 10. AQUÁRIOS PARA DESEMPENHO. _________________________________ 48
FIGURA 11. RESERVATÓRIOS COM AQUECEDORES ____________________________ 48
FIGURA 12. FILTRO BIOLÓGICO __________________________________________ 48
FIGURA 13. AQUÁRIOS ________________________________________________ 49
FIGURA 14. BIOFILTRO ________________________________________________ 49
FIGURA 15. SOPRADOR PARA AERAÇÃO ____________________________________ 49
FIGURA 16. MISTURA DOS INGREDIENTES___________________________________ 52
FIGURA 17. PELETIZAÇÃO DAS DIETAS _____________________________________ 52
FIGURA 18. EFEITO DA INCLUSÃO DE AM SOBRE A TAXA DE EFICIÊNCIA PROTÉICA EM DIETAS
PARA A TILÁPIA NILÓTICA ___________________________________________ 69
FIGURA 19. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS, PARA FORMAÇÃO DE 1KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA. ______________ 75
FIGURA 20. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM RELACIONADAS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA __________________ 76
FIGURA 21. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS PARA FORMAÇÃO DE 1 KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA _______________ 79
FIGURA 22. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM, RELACIONADAS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA __________________ 79
FIGURA 23. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS PARA FORMAÇÃO DE 1 KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA _______________ 82
FIGURA 24. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM, RELACIONADAS AO DESEMPENHO DA TILÁPIA NILÓTICA __________________ 82
FIGURA 25. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS PARA FORMAÇÃO DE 1 KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DO PACU. _______________________ 85
FIGURA 26. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM, RELACIONADAS AO DESEMPENHO DO PACU. __________________________ 86
FIGURA 27. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS PARA FORMAÇÃO DE 1 KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DO PACU. _______________________ 88
FIGURA 28. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DO PACU. _________________________ 89
FIGURA 29. CUSTOS DE DIETAS EXPERIMENTAIS PARA FORMAÇÃO DE 1 KG DE PESO VIVO DO
ANIMAL, RELACIONADOS AO DESEMPENHO DO PACU. _______________________ 92
FIGURA 30. VARIAÇÕES DE CDPV DAS DIETAS CONTENDO 0% E AS DEMAIS INCLUSÕES DA
AM, RELACIONADAS AO DESEMPENHO DO PACU. __________________________ 92
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. FATORES ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA __________ 21 TABELA 2. BENEFÍCIOS E RISCOS DA AQUICULTURA____________________________ 23 TABELA 3. UTILIZAÇÃO DE RAÇÃO E SUA EFICIÊNCIA (1995 E 2007). _______________ 26 TABELA 4. NÍVEIS DE INCLUSÃO DE FARINHA E ÓLEO DE PEIXE. ___________________ 27 TABELA 5. PROPRIEDADES NUTRICIONAIS DA FARINHA DE PEIXE E INGREDIENTES PROTÉICOS
DE ORIGEM ANIMAL COMUMENTE UTILIZADOS EM DIETAS PARA AQUICULTURA. _____ 30 TABELA 6. COEFICIENTE DE DIGESTIBILIDADE APARENTE (CDA%) DE PROTEÍNA BRUTA (PB)
E ENERGIA BRUTA (EB) DE MILHO E SEUS DERIVADOS PARA A TILÁPIA, OBTIDOS POR
VÁRIOS AUTORES. ________________________________________________ 34 TABELA 7. COEFICIENTE DE DIGESTIBILIDADE APARENTE (CDA%) DE PROTEÍNA BRUTA (PB)
E ENERGIA BRUTA (EB) DE MILHO E SEUS DERIVADOS PARA O PACU. ___________ 35 TABELA 8. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DOS INGREDIENTES UTILIZADOS NA FORMULAÇÃO DAS
DIETAS EXPERIMENTAIS DOS ENSAIOS DE DESEMPENHO E DE DIGESTIBILIDADE (BASE
SECA). ________________________________________________________ 41 TABELA 9. ESQUEMA DE PREPARO DAS DIETAS CONTROLE E TESTES _______________ 44 TABELA 10. FORMULAÇÃO E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA DIETA REFERÊNCIA (DR) DO
EXPERIMENTO 1 (EXP1), EXPERIMENTO 2 (EXP2) E EXPERIMENTO 3 (EXP3). ____ 45 TABELA 11. FORMULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DAS DIETAS PARA O ENSAIO DE DESEMPENHO DE
TILÁPIA NILÓTICA(OREOCHROMIS NILOTICUS) (EXPERIMENTO 4). ______________ 50
TABELA 12. FORMULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DAS DIETAS PARA O ENSAIO DE DESEMPENHO DE
PACU (PIARACTUS MESOPOTAMICUS) (EXPERIMENTO 5). ____________________ 51
TABELA 13. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS AVALIADOS PARA O DESEMPENHO DE TILÁPIA
NILÓTICAE PACU. ________________________________________________ 53 TABELA 14. PREÇOS MÉDIOS DE INGREDIENTES UTILIZADOS._____________________ 55 TABELA 15. CUSTO DE PRODUÇÃO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS PARA TILÁPIA NILÓTICA E
PARA O PACU. ___________________________________________________ 56 TABELA 16. CENÁRIO DE VARIAÇÃO DOS PREÇOS RELATIVOS À AM, FARELO DE SOJA E
FARINHA DE PEIXE. _______________________________________________ 57 TABELA 17. PREÇOS MÍNIMOS, MÉDIOS E MÁXIMOS DOS INGREDIENTES AM, FARELO DE
SOJA E FARINHA DE PEIXE. __________________________________________ 57 TABELA 18. VALORES DE COEFICIENTE DIGESTIBILIDADE DE PROTEÍNA E ENERGIA, E SEUS
VALORES DE PROTEÍNA (PD) E ENERGIA DIGESTÍVEL (ED) DA AM EM TILÁPIA NILÓTICAE
PACU. ________________________________________________________ 59 TABELA 19. VALORES DE COEFICIENTE DIGESTIBILIDADE DE PROTEÍNA E ENERGIA, E SEUS
VALORES DE PROTEÍNA (PD) E ENERGIA DIGESTÍVEL (ED) DOS INGREDIENTES
DERIVADOS DO MILHO REFERENTES AO PACU. ____________________________ 59 TABELA 20. VALORES MÉDIOS DOS PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DO ENSAIO DE
DESEMPENHO DA TILÁPIA: GP (GANHO DE PESO), CR (CONSUMO DE RAÇÃO), CA
(CONVERSÃO ALIMENTAR), TCE (TAXA DE CRESCIMENTO ESPECÍFICO), TEP (TAXA DE
EFICIÊNCIA PROTÉICA). ____________________________________________ 68 TABELA 21. VALORES MÉDIOS REFERENTES AOS PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS: GP (GANHO
DE PESO), CR (CONSUMO DE RAÇÃO), CA (CONVERSÃO ALIMENTAR), TCE (TAXA DE
CRESCIMENTO ESPECÍFICO), TEP (TAXA DE EFICIÊNCIA PROTÉICA) PARA O PACU. _ 71 TABELA 22. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO EM
RELAÇÃO AO CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O
PREÇO MÍNIMO, MÉDIO E MÁXIMO DA AM, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA _______ 75 TABELA 23. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO DO
CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O PREÇO MÍNIMO DO
FARELO DE SOJA, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA DO DESEMPENHO DA TILÁPIA
NILÓTICA. ______________________________________________________ 78
TABELA 24. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO DO
CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O PREÇO MÍNIMO DA
FARINHA DE PEIXE, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA DO DESEMPENHO DE TILÁPIA
NILÓTICA. ______________________________________________________ 81 TABELA 25. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO DO
CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O PREÇO MÍNIMO DA
AM, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA DO DESEMPENHO DE PACU. _____________ 85 TABELA 26. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO DO
CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O PREÇO MÍNIMO DO
FARELO DE SOJA, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA DO DESEMPENHO DE PACU. ___ 88 TABELA 27. VALORES DE CONVERSÃO ALIMENTAR (CA), CUSTO DAS DIETAS EXPERIMENTAIS
(CDE), CUSTO DA DIETA PARA FORMAÇÃO DE 1 KG PESO VIVO (CDPV) E VARIAÇÃO DO
CDPV ENTRE 0% E OS RESPECTIVOS TRATAMENTOS, UTILIZANDO O PREÇO MÍNIMO DA
FARINHA DE PEIXE, PARA A VIABILIDADE ECONÔMICA DO DESEMPENHO DE PACU. __ 91 TABELA 28. RESUMO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS RELACIONADOS À INFLUÊNCIA
DOS PREÇOS DE AM, FARELO DE SOJA E FARINHA DE PEIXE. _________________ 94
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ____________________________________________________________ 17
2. REVISÃO DE LITERATURA _________________________________________________ 19
2.1. Aquicultura e a produção mundial de pescado ____________________________ 19
2.2. A relação da aquicultura com a farinha e óleo de peixe ______________________ 24
2.3. Tendência: Busca por ingredientes alternativos ____________________________ 28
2.4. Os ingredientes derivados do milho ______________________________________ 31
2.5. Espécies estudadas ___________________________________________________ 36
2.5.1. Tilápia nilótica ______________________________________________________ 36
2.5.2. Pacu _____________________________________________________________ 38
3. OBJETIVOS E HIPÓTESES _________________________________________________ 39
3.1. Objetivo geral_________________________________________________________ 39
3.2. Objetivos específicos __________________________________________________ 39
3.3. Hipóteses ____________________________________________________________ 39
4. MATERIAL E MÉTODOS ___________________________________________________ 40
4.1. Ensaio de Digestibilidade in vivo ________________________________________ 42
4.1.1. Espécies de peixe avaliadas e condições experimentais ____________________ 42
4.1.1.1. Experimento 1: Determinação da digestibilidade da água de macreação do
milho (AM) para aTilápia nilótica(Oreochromis niloticus) _______________________ 42
4.1.1.2. Experimento 2: Determinação da digestibilidade da água de maceração do
milho (AM) para o Pacu (Piaractus mesopotamicus) ___________________________ 42
4.1.1.3. Experimento 3 : Determinação da digestibilidade do GM, FG, GEM e D para o
Pacu (Piaractus mesopotamicus) __________________________________________ 43
4.1.2. Metodologia do ensaio de digestibilidade ________________________________ 43
4.1.3. Cálculos dos Coeficientes de Digestibilidade Aparente (CDA) ________________ 46
4.2. Ensaio de desempenho ________________________________________________ 47
4.2.1. Local e condições experimentais _______________________________________ 47
4.2.1.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da tilápia (Oreochromis niloticus) ____ 47
4.2.1.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do pacu (Piaractus mesopotamicus) _ 48
4.2.2. Dietas para o ensaio de desempenho ___________________________________ 49
4.2.3. Desempenho zootécnico _____________________________________________ 52
4.2.3.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da tilápia (Oreochromis niloticus) ____ 52
4.2.3.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento pacu (Piaractus mesopotamicus) ____ 52
4.2.4. Viabilidade econômica _______________________________________________ 53
4.2.4.1. Preços ________________________________________________________ 54
5. ANÁLISE ESTATÍSTICA ____________________________________________________ 58
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO _______________________________________________ 58
6.1. Ensaio de Digestibilidade _______________________________________________ 58
6.1.1. Experimento 1 e 2: Determinação da digestibilidade da AM para a Tilápia
nilótica(Oreochromis niloticus) e para o Pacu (Piaractus mesopotamicus) ____________ 59
6.1.2. Experimento 3: Determinação de digestibilidade de GM, FG, GEM e D do Pacu
(Piaractus mesopotamicus) ________________________________________________ 65
6.2. Ensaio de Desempenho ________________________________________________ 68
6.2.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da Tilápia nilótica(Oreochromis niloticus) _ 68
6.2.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do Pacu (Piaractus mesopotamicus) ____ 71
6.3. Viabilidade econômica _________________________________________________ 73
6.3.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da Tilápia nilótica ____________________ 73
6.3.1.1. Variação dos preços da AM _______________________________________ 74
6.3.1.2. Variação dos preços do farelo de soja _______________________________ 77
6.3.1.3. Variação dos preços da farinha de peixe _____________________________ 81
6.3.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do Pacu ___________________________ 84
6.3.2.1. Variação dos preços da AM _______________________________________ 84
6.3.2.2. Variação dos preços do farelo de soja _______________________________ 87
6.3.2.3. Variação dos preços da farinha de peixe _____________________________ 91
7. CONCLUSÃO ____________________________________________________________ 95
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________________ 95
17
1. INTRODUÇÃO
O pescado é considerado como uma fonte importante de proteína de alta
qualidade, sendo consumido principalmente em regiões onde a criação de
animais como bovinos, suínos entre outros é escassa (TIDWELL & ALLAN,
2001).
De acordo com as estatísticas da FAO (2009), detecta-se o aumento
mundial de consumo de 16,4 Kg/ per capita de pescado em 2005, para 17 Kg/
per capita em 2007. Cerca de 80% da produção de pescado (113,7 milhões de
toneladas), destinaram-se ao consumo direto para a população, e o restante
para a formação de produtos como a farinha e óleo de peixe, utilizados em
rações para animais.
Neste contexto, segundo Hannesson (2003), a aquicultura desenvolve
de forma notória nos últimos anos em relação à pesca. No período entre 2002
e 2007, a atividade aquícola cresceu cerca de 6%, e atingiu a faixa de 50,2
milhões de toneladas, o qual gerou um aumento de 13,4 milhões de toneladas.
Em contraste a esta atividade, entre 2001 e 2007, a produção pesqueira
estagnou-se em 90 milhões de toneladas (FAO, 2009).
Em relação à aquicultura brasileira, entre os anos de 1998 e 2007,
houve um crescimento na produção, cerca de 185 mil toneladas (FAO, 2009).
A aquicultura continental apresentou crescimento contínuo nos últimos anos,
passando de 180 mil toneladas em 2004 para 208 mil toneladas em 2008
(FAO, 2010).
Em sistemas intensivos de produção, a tilápia nilótica (Oreochromis
niloticus) se destaca pelo fato de apresentar algumas características desejáveis
como o rápido crescimento em comparação às demais espécies utilizadas na
piscicultura brasileira, além fornecer carne com boas características
organolépticas, destinada ao processamento industrial, para obtenção de filés
sem espinhas e de grande versatilidade industrial e culinária (FURUYA et al.,
2010).
Existe o interesse em cultivar, de forma intensiva as espécies nativas
tropicais, como o tambaqui (Colossoma macropomum) e o pacu (Piaractus
mesopotamicus) (ABIMORAD, 2004). O pacu pertence à subfamília Myleinae,
na qual incluem-se os peixes considerados de maior potencial para a
18
piscicultura. Esta espécie, assim como o tambaqui e a pirapitinga (Piaractus
brachypomus), é altamente apreciada pela excelência da sua carne, grande
importância na pesca comercial em suas regiões de origem, além de ser
amplamente utilizada em piscicultura, apresenta grande habilidade de ganho
de peso, rusticidade e adaptabilidade aos ecossistemas aquaculturais.
(OLIVEIRA et al., 2004).
Segundo Gatlin III et al. (2007), a expansão da aquicultura, entre outros
fatores, foi viabilizada pelo crescimento da produção industrial de dietas para
organismos aquáticos. O desafio encontrado pela aquicultura está relacionado
à viabilidade econômica e alternativas sustentáveis para a substituição, em
parte, de alimentos como a farinha e óleo de peixe, largamente utilizados em
rações aquícolas. Dentre as alternativas, o milho é uma boa opção para a
substituição, visto que é produzido em quase todos os continentes, tendo a sua
importância caracterizada pelas diversas formas de utilização, que vão desde a
alimentação animal até indústria de alta tecnologia, como a produção de filmes
e embalagens biodegradáveis (PAES, 2006).
Em geral, os peixes cultivados necessitam de mesmos nutrientes
exigidos pelos animais terrestres para funções fisiológicas como o crescimento
e reprodução (NRC, 1993). Normalmente, tais nutrientes são obtidos pela
ingestão de alimentos naturais disponíveis no ambiente e das rações
comerciais fornecidas aos animais criados em cativeiros (ROTTA, 2003).
A utilização de resíduos, assim como subprodutos agroindustriais, pode
ser uma solução viável para a substituição de ingredientes convencionais, com
o intuito de diminuir os custos de produção (CHOVATIYA, 2011). Por sua vez,
o processamento do milho envolve além da produção de amido, a geração de
subprodutos como a água de maceração, germe, farelo de glúten 21%, glúten
60% e a dextrina (MOREIRA et al., 2002).
O emprego de dietas nutricionalmente eficientes e de baixo custo pode
ser fundamental para a produção. Dietas menos onerosas podem ser obtidas a
partir do uso de ingredientes como subprodutos ou produtos alternativos. Desta
forma, o estudo sobre a utilização de ingredientes derivados do milho é
interessante tanto quanto no aspecto nutricional, como no econômico e no
ambiental. Portanto o objetivo deste trabalho foi avaliar a digestibilidade, o
desempenho e a viabilidade econômica das inclusões de ingredientes
19
derivados do milho em dietas para a tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) e do
pacu (Piaractus mesopotamicus) alimentados com dietas contendo
ingredientes derivados do milho.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Aquicultura e a produção mundial de pescado
A aquicultura é definida como a produção de organismos aquáticos tais
como peixes, crustáceos, e moluscos, de forma individual, em grupos ou
corporações usando intervenções como alimentação artificial, medicamentos,
controle de cruzamento e contenções, aumentando a produtividade (SAPKOTA
et al., 2008), sendo estas técnicas responsáveis pela geração de espécies de
alto valor como o camarão e o salmão, e os tradicionais como a carpa (ASCHE
& TVERAS˚, 2004).
A atividade da aquicultura iniciou-se com o sistema de produção de
pescado de água doce na Ásia e, na atualidade, espalhou-se para todos os
continentes, utilizando os recursos aquáticos e variedades de espécies
aquáticas. A atividade aquícola que antes era praticada em pequena escala
comercial e familiar, atualmente inclui produções de larga escala comercial e
industrial de peixes de alto valor aquisitivo sendo negociados em níveis
regional, nacional e internacional (SUBASINGHE, 2009).
Na década de 90, a produção aquícola em países em desenvolvimento
era realizada em sistema extensivo ou semi-extensivo, utilizando o policultivo
como base da tecnologia de produção, contrastando-se com a produção
encontrada em países desenvolvidos, abalizada em criação intensiva de peixes
carnívoros de valor elevado, utilizando nutrientes considerados como onerosos
(HASAN, 2001).
Comparando-se com os outros tipos de criação, como a avicultura e
suinocultura, a partir da década de 1970, a aquicultura (a salmonicultura,
carcinicultura, tilapicultura e afins), vem demonstrando elevado crescimento,
atingindo porcentagens acima de 10,3% (Figura 1). Já para outros setores,
entre os anos de 1985 a 2006, o crescimento referente ao setor avícola e
suinícola foi de 2,8% e 4,9%, respectivamente. A tendência ao crescimento
20
destes negócios reflete o aumento do consumo globalizado por estas fontes de
proteína (TVERA°S & TVERA°S, 2010).
Fonte: (TVERAºS & TVERAºS, 2010)
Figura 1. Gráfico de produção mundial de frangos, suínos e pescado.
De acordo com a FAO (2009), o aumento da produção entre os anos de
1970 a 2006 foi de 6,9% ao ano (com média de 5,8% entre os anos de 2004 e
2008), refletindo-se o padrão típico, de rápido crescimento seguido pela
desaceleração de produção devido à concorrência e outras restrições. Em
números, a produção aquícola, excluindo a quantidade produzida de plantas
aquáticas, no período entre 1950 a 2008, aumentou de 639 mil para 52,5
milhões de toneladas, atingindo valor de 98,5 bilhões de dólares (FAO, 2010).
Para Bostock et al. (2010), o continuo desenvolvimento da atividade
aquícola depende da interação de alguns elementos descritos na Tabela 1.
Para o crescimento deste ramo, os estudos sobre a relação destes fatores
fazem-se necessários. Os principais fatores a serem discutidos são: a
demanda do mercado (e competição), a disponibilidade dos recursos
ambientais, o desenvolvimento ou a transferência de tecnologias apropriadas e
o favorecimento de negócios que permitam aos empresários lucrarem com os
investimentos neste setor.
Percebe-se que a aquicultura diversifica-se em suas características e
métodos de produção, seja em grande ou pequena escala comercial. São
demonstrados sinais de agregação, e divisão entre dois sub-setores principais:
21
os produtores de larga escala comercial os quais se baseiam em métodos
intensivos de produção, e os produtores familiares de menor dimensão ou
cooperativistas baseados principalmente em formas tradicionais de produção
de peixes, moluscos e plantas aquáticas, fornecendo nichos especializados em
mercados locais ou nacionais, através de agentes tradicionais (MUIR & YOUNG,
1998).
Tabela 1. Fatores envolvidos no desenvolvimento da aquicultura
Fator Implicação
Demanda de mercado Boa demanda e preços elevados para espécies selecionadas, em que mercados
tradicionais oferecem vantagens iniciais para produtores, crescente desenvolvimento
de mercados para espécies mais importantes (competitividade no mercado sendo o
fator central na formação de um sistema viável de produção
Ambiente Disponibilidade inicial de locais com acesso a água com qualidade, clima, nutrientes
para criações dependentes do meio ambiente, como exemplo a criação de moluscos
bivalves
Infraestrutura Disponibilidade ou prover transporte, energia, comunicação, acesso a mercados
importantes, sistema de informação, e apoio cientifico
Capacidade técnica Desenvolvimento e estabelecimento rápido de técnicas para produção de larvas,
agricultura, ração, lagoas, tanque-rede e outros sistemas de cultivo, melhorias no
sistema tradicional, oportunidades para integração com outras atividades e setores
Investimentos Investimento local, nacional, e regional, sendo privativo, comercial ou instituicional,
incentivos e esquemas de apoios para desenvolvimento e pesquisas técnicas
Recursos humanos Estabelecimento de escolas técnicas de ensino referentes à atividade, desenvolvidas
por empresas e desenvolvimento de centros, aumentando o nível de conhecimentos
em gestão em grupos de base
Sistema institucional Estabelecimento de estratégias para pesquisas, adaptando as necessidades de
mudanças da indústria, desenvolvimento de sistemas de leis e regulamentos, sendo
proativo para o meio ambiente.
Fonte: Muir & Young (1998), adaptado por Bostock et al. (2010)
22
Além destes componentes descritos na Tabela 1, outros dois podem ser
considerados como fundamentais para a aquicultura: a qualidade do produto e
a regularidade no fornecimento. Produtores e empresas aquícolas necessitam,
assim como empresas, ponderar os fatores de produção, a fim de fornecer
produtos de boa qualidade aos consumidores finais, tomando-se como
exemplo o controle de pontos críticos, cuidados relacionados ao
processamento, embalagem, distribuição, assim como, obter estratégias
relacionadas à produção escalonada, e o marketing (VALENTI, 2002).
O crescimento da produção aquícola, para Naylor et al. (2000), pode
também ser considerado como forma de redução de estoques marinhos.
Alguns tipos de criações, incluindo a produção de salmão e camarão, podem
ocasionar danos potenciais aos recursos naturais através dos efluentes ou
poluentes gerados, da inserção de espécies exóticas e de patógenos, e do uso
exacerbado de quantidade de farinha e óleo de peixe, provenientes de peixes
de menor valor aquisitivo como a anchoveta.
Na produção de pescado reside, portanto, um paradoxo: a aquicultura
seria uma possível solução para diminuição dos estoques marinhos, mas
também, um fator contribuinte para esta degradação (NAYLOR et al., 2000).
Para Frankic & Hershner (2003); a atividade apresentaria benefícios e riscos
aos recursos aquáticos (Tabela 2).
23
Tabela 2. Benefícios e riscos da aquicultura
Benefícios da aquicultura
Promover o aumento da oferta de alimentos e melhorar a nutrição para a população
Promover a diversificação de fontes de renda e alimento
Promover o aumento de empregos e redução de preços de alimentos
Preservar a biodiversidade aquática através do repovoamento e recuperação de espécies
Reduzir a pressão sobre os recursos pesqueiros, caso a atividade seja realizada de forma
sustentável
Estimular o desenvolvimento de pesquisas e a tecnologia
Aumentar a preocupação sobre a educação e conscientização ambiental
Riscos da aquicultura
Aumento da sendimentação pelo enriquecimento orgânico, reduzindo a qualidade da água
Enriquecimento da coluna d’água por nutrientes/carbono liberados pela produção
Redução de níveis de oxigênio dissolvido na coluna d’água, e geração de eutrofização
Poluição do ambiente por substâncias químicas, farmacêuticas e tóxicas nos sedimentos e
coluna d’água (efeitos locais ou à distância)
Surgimento de patógenos, doenças devido ao sistema de criação intensificado, e mudanças
na estrutura do ecossistema local, e introdução de estoques de cultivos de indivíduos
geneticamente modificados (NAYLOR et al, 2002)
Fonte: Frankic & Hershner (2003)
Para atingir o equilíbrio entre as suas características positivas e
negativas, a aquicultura deve-se ater a regras, visando à sustentabilidade. Para
Ross et al. (2008), a atividade necessita também reduzir o uso de recursos
naturais escassos como a terra, água e alimentos para a população, mantendo
a biodiversidade aquática, e prover a qualidade de vida humana, a equidade
em benefícios para os envolvidos no setor aquícola, tornando a atividade
sustentável.
Sendo assim, a aquicultura moderna deve considerar a produção
lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social como
fatores essenciais e indissociáveis para a continuidade da atividade (VALENTI,
2002). A atividade possui o potencial para fomentar o desenvolvimento social,
econômico e ambiental de países em desenvolvimento como o Brasil
(VALENTI, 2008).
24
2.2. A relação da aquicultura com a farinha e óleo de peixe
Para a aquicultura, a questão nutricional é considerada fundamental,
visto que, o crescimento, a saúde e a reprodução de peixes e de outros
organismos aquáticos dependem primariamente do fornecimento dos
elementos nutricionais adequados. Esta provisão nutricional, seja em termos
qualitativos como quantitativos, pode ser realizada pela adoção de dietas
completas ou com organismos vivos, ou através da adubação por fertilizantes
(TACON & FOSTER, 2003; HASAN, 2001). Para o êxito dos sistemas de
produção implantados, é necessário fornecer regularmente estes componentes,
para alcançar as metas pré-determinadas (HASAN, 2001).
A nutrição dos animais de criação é responsável por mais de 50% dos
custos de produção. Dentre os ingredientes utilizados para a formação de
rações para pescado, geralmente os grãos são fontes de carboidratos e a
farinha de peixe é a principal fonte de proteína para maioria dos cultivos
comerciais, especialmente na produção de peixes carnívoros (RANA et al.,
2009).
A farinha de peixe, segundo Drew et al. (2007), pode ser produzida a
partir de subprodutos de pescado destinado ao consumo humano ou por peixes
que são capturados especificamente para a produção desta “commodity”. Para
a sua produção, pode-se utilizar peixe seco, cru ou o subproduto, seguida de
extração de óleo. Dependendo do substrato, o nível de proteína bruta pode
variar entre 500 a 720 g Kg-1, e matéria mineral de 100 a 210 g Kg-1.
O uso de farinha assim, como do óleo de peixe, em dietas para animais
é devido às suas características como alta porcentagem de proteína
apresentada, são fontes de aminoácidos essenciais, possuem excelente
concentração de ácidos graxos ômega 3, como o EPA (ácido
eicosapentaenóico) e DHA (ácido docosahexaenóico), alta digestibilidade dos
nutrientes, e reduzida presença de elementos anti-nutricionais (BARROWS,
2008; SHAMSHAK & ANDERSON, 2008 ), com inclusão em torno de 30 a 60%
em rações para espécies carnívoras (LI et al., 2009).
De acordo com Hardy (2010), a inclusão de farinha de peixe em criações
de peixes carnívoros e onívoros até 2005 era justificada pelo melhor custo e
25
benefício apresentado por este ingrediente. Considerando o período de 1977 a
2005, como apresentado pela Figura 2, o preço da farinha de peixe permanecia
entre 400 a 900 dólares por tonelada, sendo as variações de preços atribuídas
à maior ou menor demanda global pelo produto. No entanto, a partir de 2006,
houve um aumento de preço para 1500 dólares, permanecendo atualmente na
faixa de valor superior a 1100 dólares por tonelada.
Fonte: (TVERA°S & TVERA°S, 2010)
Figura 2. Produção mundial e preço de farinha de peixe e de farelo de soja.
A tendência à evolução positiva do setor aquícola também acaba
gerando o aumento pela demanda, e consequentemente, o preço da farinha de
peixe, demonstrado na Figura 2. A produção de farinha de peixe concentra-se
em alguns países, dentre os quais o Peru, o qual detém acima de 50% da
produção mundial deste tipo de ingrediente conjuntamente com o Chile, sendo
estes, o primeiro e o segundo maiores produtores mundiais, respectivamente,
seguidos por países nórdicos como Noruega, Dinamarca e Islândia, que
contribuem com 15% do total produzido (TVERA°S & TVERA°S, 2010).
Segundo Naylor et al. (2009), entre os anos de 1995 e 2007, a produção
de organismos aquáticos triplicou em volume. Neste período, com os avanços
relacionados à nutrição, houve redução na taxa de conversão alimentar e o uso
de farinha e óleo de peixe (Tabela 3). Paradoxalmente, houve o aumento pela
demanda por estes insumos pelo setor aquícola, para 3,6 milhões e 835 mil
toneladas, respectivamente para a farinha e óleo de peixe.
26
Esta procura deve-se, em parte, pela intensificação dos cultivos de
espécies como carpa chinesa, tilápia e camarão, e a maior dependência de
espécies marinhas por estes alimentos, observadas na Tabela 3. O aumento
do uso e consequente elevação de preços destas “commodities” incentivam a
sobrepesca, pressionando negativamente os recursos marinhos (NAYLOR et
al., 2009).
Tabela 3. Utilização de ração e sua eficiência (1995 e 2007).
*Porcentagem estimada da produção total de grupos de espécies baseada no fornecimento
de ração. ** Média da taxa FCR (consumo total de ração/aumento total da biomassa dos
grupos de espécies). *** Também conhecido como taxas de inclusão. **** Fornecimento de
ração para grupos de espécies (mil toneladas).
Fonte: Naylor et al. (2009)
Ao estudar a utilização de farinha e óleo de peixe, entre os anos de 2006
e 2007, Tacon & Metian (2008), constataram diferentes níveis de inclusão
destas “commodities” na dieta de espécies aquáticas criadas em cativeiro entre
diversos países (Tabela 4).
Grupos
de
espécies
Grupos
Espécies
Porcentagem
em rações*
Média
FCR**
Média (%)
farinha de
peixe em
rações***
Média (%)
óleo de
peixe em
rações***
Total de
rações
usadas
****
Camarão 1995 75 2,0 28 2 1.392
2007 93 1,7 18 2 5.603
Salmão 1995 100 1,5 45 25 806
2007 100 1,3 24 16 1.923
Peixe
Marinho
1995 50 2,0 50 15 498
2007 72 1,9 30 7 2.311
Carpa
chinesa
1995 20 2,0 10 0 1.970
2007 47 1,7 5 0 8.578
Tilápia 1995 70 2,0 14 1 984
2007 82 1,7 5 0 3.590
27
Tabela 4. Níveis de inclusão de farinha e óleo de peixe.
Espécies
Níveis de inclusão (%)
Farinha de peixe Óleo de peixe
Camarão 5 – 40 0,5 – 10
Salmão 20 – 50 9 – 35
Truta 15 – 55 3 – 40
Enguia 40 – 80 0 – 24
Peixe marinho 7 – 70 1 – 15
Tilápia 0 – 20 0 – 10
“Milk fish” 1 - 5 0 – 2
Camarão de água
doce
5 – 25 0 – 3
Carpa chinesa 0 – 20 0 – 2
Catfish 3 – 40 0 – 15
Fonte: Tacon & Metian (2008)
Os diferentes níveis de utilização destes produtos entre países, segundo
os autores, podem estar relacionados ao sistema de produção, diferenças
específicas entre as espécies cultivadas e seus respectivos valores de
mercado, a disponibilidade dos ingredientes, seus custos e qualidade e a
existência ou não de legislação sobre o uso e a importação (subsídios ou
incentivos) dos produtos. (TACON & METIAN, 2008).
Em 2006, no Brasil, foram produzidas 65.000 toneladas de rações para a
carcinicultura marinha, sendo incluídos 15% (9750 toneladas) e 3% (1950
toneladas) de farinha e óleo de peixe, respectivamente. Para a tilapicultura,
foram produzidas, em 2007, cerca de 40.000 toneladas de ração, sendo
incluídos 2,5% (1000 toneladas) e 0,5% (200 toneladas) de farinha e óleo de
peixe, respectivamente. Há uma tendência de diminuição do uso destes
ingredientes de origem extrativa, ocasionada por alguns fatores, como a
diminuição de estoques marinhos, que servem de substrato para a formação
dos ingredientes em questão. O aumento de preços destes insumos, portanto,
poderia ocorrer devido ao aumento dos custos operacionais, referentes a
pesca, maior consumo de energia entre outros fatores (TACON & METIAN,
2008).
28
Devido ao aumento dos custos de produção destes ingredientes, além
do aumento de sua demanda, fazem com que empresas produtoras de ração
busquem ingredientes alternativos, como exemplo, os alimentos de origem
vegetal (BARROWS et al.,2008).
No Brasil, a disponibilidade de farinha de peixe de boa qualidade é
pequena, devido alto custo de importação, levando pesquisadores a buscarem
fontes alternativas protéicas que possam substituir este ingrediente sem afetar
de forma significativa o desempenho dos animais (BOSCOLO et al., 2001).
2.3. Tendência: Busca por ingredientes alternativos
O desenvolvimento de pesquisas atuais relacionadas à produção de
dietas para aquicultura direciona-se à procura de ingredientes alternativos para
substituir matérias-primas de origem aquática (BRINKER & REITER, 2011).
Para viabilizar tais substituições, os ingredientes potenciais devem possuir
características como: adequação nutricional, pronta disponibilidade, fácil
manuseio, transporte e estocagem, boa porcentagem de proteína, perfil
favorável de aminoácidos, alta digestibilidade dos nutrientes e palatabilidade,
baixo teor de fibra, de amido, de carboidratos não solúveis e de elementos
antinutricionais (GATLIN III et al., 2007). Os ingredientes substitutos poderiam
ser de origem vegetal ou animal (GLENCOSS et al., 2007).
A escolha das matérias-primas alternativas também deve ponderar as
possíveis modificações na saúde e desempenho de peixes cultivados, assim
como as características inerentes ao animal, como a pecilotermia, a
dependência direta ou indireta do ambiente e os hábitos alimentares que
influem diretamente no seu comportamento, integridade estrutural, bem estar,
funções fisiológicas, reprodução e crescimento. Além disso, o baixo preço dos
produtos é essencial para a sua inclusão em rações para cultivos (CYRINO et
al., 2010; NAYLOR et al., 2009).
Ainda, de acordo com Glencoss et al. (2007), a fim de realizar possíveis
substituições devem ser consideradas as seguintes variáveis ou componentes
chaves: a caracterização, a digestibilidade, a palatabilidade, a utilização do
nutriente e a sua funcionalidade. Outro fator a ser mensurado em testes com
29
ingredientes substitutos são a aceitação do consumidor, o mínimo de poluição
e danos ao ecossistema e benefícios à saúde humana.
Atualmente, a inclusão de proteínas e óleos de origem vegetal é
amplamente utilizada nas formulações de rações aquícolas. São realizadas
pesquisas para avaliar ingredientes de origem vegetal com níveis protéicos de
20 a 50%. Estes elementos têm sido considerados como novas opções viáveis
em busca de sustentabilidade (DIAS et al, 2009).
Segundo Pezzato et al. (2009), pesquisas também visam obter
informações necessárias para a formulação de rações que possam atender as
exigências para as espécies cultivadas. O alimento balanceado permite aos
animais respostas de potencial máximo produtivo. Existem várias fontes
protéicas que podem ser substitutos da farinha de peixe, como grãos
oleaginosos (soja e canola), legumes (algodão) e grãos de cereais (milho e
trigo), cujas propriedades ou qualidades podem ser influenciadas pelo
processamento (HANSEN, 2009).
Para obter formulação adequada para a dieta animal, deve-se considerar
a relação energia/proteína como a base de cálculo. A proteína dietária (balanço
de aminoácidos), pode ser responsável por cerca de 60% de custo da
produção de ração, sendo difícil a sua alteração relacionada ao valor
estabelecido. As substituições mal realizadas podem proporcionar perdas
significativas ao desempenho, bem-estar, e ao ambiente (PEZZATO et al.,
2009).
Para Hardy (2010), os produtores procuram diminuir os níveis de adição
da farinha de peixe, através do uso combinado de ingredientes de origem
vegetal. Para atingir as metas de diminuição dos custos relacionados à
inclusão deste concentrado, desafios são gerados para manter a taxa de
crescimento e baixa conversão alimentar, visto que, existe a dificuldade em se
substituir acima de 50% do concentrado protéico de origem aquática.
A busca pela relação adequada de energia/proteína para uma
determinada espécie depende principalmente dos valores nutritivos dos
alimentos combinados (PEZZATO et al, 2009). A indústria de rações remunera
os fornecedores de ingredientes pelos seus valores digestíveis, logo, o aporte
nutricional pode determinar os preços de ingredientes energéticos como milho,
trigo, arroz ou sorgo, e protéicos como os farelos de soja, canola ou algodão.
30
É de consenso geral, a necessidade em suprir as deficiências ocasionadas
por tais substituições (proteína animal por proteína vegetal), adicionando
alguns aminoácidos sintéticos, para balancear o perfil de aminoácidos
essenciais das dietas. A alta porcentagem de inclusão dos inputs de origem
vegetal pode gerar alterações na digestão e utilização de outros nutrientes para
algumas espécies. Estes suplementos podem ser dotados de fatores
antinutricionais e porcentagem considerável de carboidratos (Tabela 5) (DIAS,
et al., 2009). Por esta razão, faz-se necessário a avaliação de cada variável,
descrita por Glencoss et al. (2007).
Tabela 5. Propriedades nutricionais da farinha de peixe e ingredientes
protéicos de origem animal comumente utilizados em dietas para aquicultura.
Fonte : Drew et al. (2007)
Sendo assim, para uma busca de formulações de dietas de custo
mínimo sem afetar o desempenho, a composição dos ingredientes, a exigência
animal e o preço são os fatores que devem ser considerados. A crescente
tendência mundial de elevação de preços de fontes protéicas e a poluição
ambiental têm levado nutricionistas a formularem rações que atendam de forma
adequada às exigências nutricionais, mesmo aqueles que utilizam alimentos
alternativos em função do seu valor nutritivo, o custo e a oferta desses
Ingredientes Proteina
bruta
(g.Kg-1
)
Taxa de eficiência
de proteína
Compostos
secundários
termo lábeis
Compostos secundários
termo estáveis
Farinha de peixe 500 – 720 3,1 – 3,7 - -
Farelo de soja 480 1,60 Inibidor de
tripsina, lecitinas
Saponinas, polisacarídeos
não amiláceos
Farelo de Canola 380 3,29 Mirosinase Glucosinolatos, fitatos,
taninos, sinapine, fibra,
compostos fenólicos
Linho 260 2,88 Glicosídeos
cianogênicos,
linatine
Mucilagem, polissacarídeos
não amiláceos
31
produtos (RODRIGUES et al., 2001). O exato conhecimento sobre os
alimentos, por exemplo, os coeficientes de digestibilidade, permitem melhor
atendimento às exigências nutricionais, evitando a sobrecarga fisiológica do
animal e ambiental, possibilitando o uso de diversos alimentos alternativos os
quais podem permitir a aproximação para o equilíbrio entre o ponto ótimo
biológico e econômico (PEZZATO et al. 2009; RODRIGUES et al. 2001).
2.4. Os ingredientes derivados do milho
O milho é produzido em quase todos os continentes, tendo a sua
importância caracterizada pelas diversas formas de utilização, que vão desde a
alimentação animal até indústria de alta tecnologia, como a produção de filmes
e embalagens biodegradáveis. Cerca de 70% da produção mundial deste
ingrediente, até o momento, está sendo destinado à alimentação animal,
podendo este percentual chegar a 85%, em países desenvolvidos. Em termos
gerais, apenas 15% da produção mundial total destina-se ao consumo humano,
de forma direta ou indireta (PAES, 2006).
No mercado, existem algumas variedades de milho: as de alto teor de
óleo (6 a 7,5%) e alto teor de proteína (>12%) destinados para a nutrição
animal, alto teor de amilose (milho waxy), com propriedades importantes para a
indústria alimentícia e de papel; alto teor de amilopectina (milho ceroso), para a
indústria alimentícia e de produção de adesivos; alto teor de ácido graxo oléico,
para a produção de margarinas e óleos de fritura especiais; alto teor de
aminoácidos (lisina e triptofano), com melhor qualidade protéica e com amido
de fácil extração, destinados à indústria de produção de álcool (PAES, 2006).
O processamento do milho tem como objetivo separar partes do milho
em componentes principais: farelo/fibra de germe, glúten e amido (GATLIN III
et al., 2007), obtendo-se produtos como a água de maceração, germe, farelo
de glúten 21%, glúten 60% e a dextrina (MENEGHETTI & DOMINGUES,2008)
(Figura 3 e 4) .
A cada 100 quilos de milho processados, podem ser gerados de 62 a 68
quilos de amido, três quilos de óleo, três quilos de farelo de germe, 20 quilos de
glúten e por volta de 5 quilos de farelo de glúten (MOREIRA et al., 2002). As
32
Figura 3 e 4 apresentam as etapas do processo de fabricação dos derivados do
milho.
Fonte: Fernandes (2003), citado por Meneghetti & Domingues (2008), modificada
Figura 3. Primeira etapa do processamento do milho
Fonte: Fernandes (2003), citado por Meneghetti & Domingues (2008), modificada
Figura 4. Segunda etapa do processamento do milho
Para Chovatiya et al. (2011), a utilização de resíduos assim como
subprodutos agroindustriais, pode ser a solução para a substituição de
ingredientes convencionais e a diminuição de custos de produção. Desta
forma, estes derivados do milho podem ser alternativas viáveis para as
indústrias de ração.
Limpeza Maceração
Água de maceração
Evaporação Concentração
Água de maceração
concentrada
1ª Moagem
Separador de Germe
Casca / Proteína amido
2ª Moagem Separador de Casca
Casca Úmida
Secagem
farelo Refinazil
Proteina /amido
Centrifugação
Amido Úmida
Proteína Úmida
SecagemGlúten
protenose
Germe
Lavador de Germe
Secador de Germe
Extrator de Óleo
Torta de Germe
Óleo bruto Refino Óleo
33
A água de maceração do milho é usada como fonte protéica para
alimentação de ruminantes e monogástricos, além de ser palatabilizante para
ração de cães, e usado como meio de cultura para fermentação industrial ou
isca para o combate de moscas. Este subproduto possui como características a
coloração marrom escura ou amarela, dependendo do tipo de estocagem, odor
agradável, alta porcentagem de proteína bruta, aminoácidos, minerais,
vitaminas, ácidos orgânicos (principalmente o acido lático), enzimas, baixas
quantidades de fibras e gordura (CHOVATIYA et al., 2011, SILVA, 2006).
Além disso, este derivado é considerado como uma fonte relativamente
barata de nutrientes para a produção de compostos, como as enzimas geradas
por microrganismos já que fornecem de maneira satisfatória o nitrogênio, vários
micronutrientes, vitaminas e fatores estimulantes para o seu crescimento
(NASCIMENTO & MARTINS, 2006).
Em peixes, a água de maceração do milho foi testada por Chovatiya et.
al. (2011), em dietas para alevinos de carpa indiana (Labeo rohita), obtendo-se
resultados significativos como a porcentagem de substituição de 75% de
ingredientes convencionais, além de melhorar a qualidade de carcaças, em
relação à proteína e gordura. Segundo estes mesmos autores, são raros os
estudos com a água de maceração do milho para a nutrição de peixes,
diferentemente de outros subprodutos, como por exemplo, o glúten de milho.
Este ingrediente é um dos mais importantes na indústria de amido,
possuindo cerca de 60 a 65% de proteína bruta, baixa quantidade de gordura
(< 5%), vitaminas B e E, e a ausência de fatores antinutricionais, mas,
deficiente em alguns aminoácidos essenciais como a lisina e metionina. Por
esta razão, existe a necessidade em suplementar lisina em dietas, para
salmonídeos, quando utilizar esse ingrediente (REGOST, et al., 1999). Em
salmão do atlântico (Salmo salar L.), Mente et al. (2003), constataram a
possibilidade em substituição de 50%, da farinha de peixe por este alimento.
Em carpas, a substituição de 25% da farinha de peixe por água de
maceração do milho, demonstrou melhor resultado relacionado ao ganho de
peso (KAUR & SAXENA, 2005). Para a espécie Sparus aurata, a inclusão
acima de 60% deste ingrediente não gerou efeitos negativos ao desempenho
(PEREIRA & TELES, 2003). Estes autores verificaram o uso deste como fonte
34
protéica, em combinação com outros insumos, para substituir a farinha de
peixe, em truta arco-íris, carpas, robalo, tilápia.
Pezzato et al. (2002), ao estudar a digestibilidade em tilápias, de alguns
ingredientes comumente utilizados na nutrição animal, verificaram valores de
coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) altos para o glúten de milho 21%
e 60%, assim como o milho (Tabela 6.). Gonçalves et al. (2005), ao avaliarem a
ação de fitase na digestibilidade de alimento, concluíram que os melhores
resultados foram apresentados por farelo de soja, seguido por farelo de
algodão (28%), farelo de girassol e o glúten de milho. Em geral, os CDAs da
proteína bruta são maiores que os valores de CDA da energia (Tabela 6.)
Tabela 6. Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA%) de proteína bruta
(PB) e energia bruta (EB) de milho e seus derivados para a tilápia, obtidos por
vários autores.
Alimento
CDA (%) Espécie Autor
PB EB
Milho 91,66 83,95 Tilápia Pezzato et al.(2002)
87,12 82,63 Tilápia Furuya et al.(2001)
Glúten de milho 95,61 71,80 Tilápia Pezzato et al.(2002)
97,61 93,52 Tilápia Meurer et al. (2003)
Amido de milho 91,99 69,28 Tilápia Pezzato et al.(2002)
Em relação ao germe de milho, Pezzato et al. (2002) obtiveram os
seguintes dados de CDA de matéria seca, proteína e energia bruta para tilápia
(Oreochromis niloticus): 54,54 %, 86,77% e 51,03 %, respectivamente. Em
relação aos valores de CDA de matéria seca, estes autores constataram a
semelhança em valores entre o milho, amido de milho e germe. No entanto ao
avaliar os valores relacionados a outros nutrientes, este mesmo alimento
apresentou porcentagem inferior aos demais derivados do milho. Assim como
estes autores, Furuya et al. (2001), constataram bons resultados relacionado
ao valor de CDA do milho, para a tilápia nilótica.
Para a espécie pacu (Piaractus mesopotamicus), segundo Abimorad et
al.(2008), dentre os concentrados protéicos, o glúten de milho apresentou
35
valores altos relacionados a quantidade e digestibilidade de metionina e cistina,
assim como o CDA da proteína, diferentemente do milho, o qual apresentou
valor de CDA de metionina inferior ao seu derivado. Dentre os ingredientes
pesquisados por outros autores, apresentados na Tabela 7, pode se observar
que o milho e glúten de milho (60%) apresentaram valores mais altos de CDA,
tanto para a proteína bruta como a energia.
Tabela 7. Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA%) de proteína bruta
(PB) e energia bruta (EB) de milho e seus derivados para o pacu.
Alimento CDA (%) Espécie Autor
PB EB
Milho 84,38 86,69 Pacu Abimorad & Carneiro (2004)
85,8 75,8 Pacu Abimorad et. al (2008)
Glúten de milho (60%) 95,96 86 Pacu Abimorad et. al (2008)
Amido de milho regular 84,2 72,8 Pacu Muñoz (2005)
Amido de milho ceroso 81,4 74 Pacu Muñoz (2005)
Amido pregel. e modif. 86,9 79,5 Pacu Muñoz (2005)
Dextrina 80,9 64,7 Pacu Muñoz (2005)
A dextrina é um amido granular, não ramificado, com moléculas
reorganizadas pela conversão termoquímica do amido, o que confere aos
grânulos a propriedade de se solubilizar na água fria (INTERNATIONAL
STARCH CENTER, 2010; MUÑOZ, 2005).
Segundo Muñoz (2005), diversos autores têm realizado importantes
revisões sobre a utilização de carboidratos e possíveis efeitos em seu
metabolismo em variedades de espécies. O carboidrato constitui-se em um dos
três componentes principais para as rações aquícolas, sendo usado como fonte
de energia para o crescimento animal, para as funções biológicas e para a
metabolização deste nutriente; no entanto, seu mecanismo de utilização ainda
não está totalmente entendido.
Para Lee & Lee (2004), ao analisar o custo e o benefício, os carboidratos
são as melhores fontes de energia para animais, sendo que a habilidade em
utilizar este nutriente varia entre as espécies de peixe. O seu uso como fonte
energética depende de características relacionadas ao sistema digestório e
36
metabólico do animal, sendo adaptado por diferentes ambientes aquáticos, por
nível de carboidratos e por sua complexidade.
A inclusão de fontes de carboidratos em dietas para a espécie
Platichthys stellatus, proporcionou melhores resultados com a utilização de
dextrina (LEE & LEE, 2004). Em pacu, Muñoz (2005) observou diminuição de
CDA da proteína e energia, relacionada a inclusão do alimento em questão.
O fornecimento de níveis apropriados deste nutriente, evita o
catabolismo da proteína e lipídeos para obtenção de energia, permitindo
produzir metabólitos intermediários fundamentais para a síntese de outros
compostos biologicamente importantes (WILSON, 1994). Em relação às
espécies, peixes tropicais são mais eficientes em usar níveis dietários mais
altos de carboidratos do que peixes marinhos ou de água fria. A tilápia
nilóticautiliza de forma eficiente a energia do milho, o qual é rico em amido e
aproveitado por esta espécie (PEZZATO et al., 2002).
Desta forma, a tilápia (Oreochromis niloticus) e pacu (Piaractus
mesopotamicus) são espécies que potencialmente podem utilizar de forma
eficiente o milho e seus derivados.
2.5. Espécies estudadas
2.5.1. Tilápia nilótica
As criações referentes às espécies exóticas introduzidas no Brasil, como
tilápia, carpa, truta e catfish americano, possuem o conhecimento técnico
disponível, tanto no campo da biologia como no da própria piscicultura, sendo
imprescindível para viabilizar técnica e comercialmente (SEBRAE, 2008).
Dentre estes cultivos, a tilapicultura vem sendo considerada
economicamente importante em diversos países, tendo sua produção mundial
crescente, principalmente em regiões de clima tropical e subtropical, incluindo o
Brasil (FURUYA et al., 2010).
A tilápia nilóticaé uma espécie exótica, originária da África, pertencente à
família dos cíclideos e possui raios das nadadeiras dorsal, pélvica e anal
transformados em espinhos defensivos. Este peixe tem como característica a
rusticidade e a baixa susceptibilidade a doenças parasitárias, precocidade
37
sexual aliada à alta prolificidade e resistência a baixas concentrações de
oxigênio dissolvido. O interesse pelo seu cultivo, nas regiões sul e sudeste,
cresceu rapidamente devido à introdução de técnicas relacionadas à reversão
sexual e utilizações de espécies para o lazer como os pesque-pagues. No país,
o cultivo está sendo realizado em diversos sistemas de produção,
principalmente em viveiros e tanques-rede (FURUYA et al., 2010; AIURA,
2007).
A tilápia nilótica apresenta hábito alimentar onívoro, tendo a capacidade
em aproveitar o amido como fonte de energia, além de aceitar sem dificuldades
as rações comerciais (TACHIBANA, 2007). Em se tratando de mercado, este
peixe é amplamente consumido no Brasil, Europa e Estados Unidos, podendo
ser comercializado ao atingir peso de 350 a 1000 gramas, dependendo do seu
destino final. As formas de apresentação para a sua venda são diversas como
o peixe inteiro ou filé resfriado ou congelado, ou em cortes específicos. Os
resíduos gerados pela sua filetagem podem ser processados para produzir
silagem ácida, farinha e óleo de peixe com intuito de se utilizar em alimentação
animal.
A produção mundial de tilápia nilótica aumentou de 825.340 toneladas
em 1999 para 2.334.432 toneladas em 2008. Em relação à produção brasileira,
considerando as espécies de tilápias cultivadas, houve crescimento de 27.104
toneladas em 1999 para 96.000 toneladas em 2010 (FAO, 2010).
O desenvolvimento de técnicas como a reversão sexual, na década de
70, representou grande avanço em sua criação possibilitou a produção de
populações apenas de machos, e com esta tecnologia, podem-se fornecer
peixes uniformes e de tamanho desejado pelo mercado (FAO, 2010).
Atualmente, os programas de melhoramento e a importação de novas
linhagens desenvolvem peixes com características adequadas para criação no
Brasil. Diversos grupos de pesquisas realizam estudos na área de nutrição,
contribuindo para o aperfeiçoamento do manejo nutricional e formação de
rações que permitem melhoras dos índices zootécnicos de tilápias em
confinamento, bem como gerando informações para elaborar rações que
resultem em menor impacto ambiental (FURUYA et al., 2010).
38
2.5.2. Pacu
O pacu pertence à família Characidae, e é largamente difundido em
território brasileiro, podendo ser encontrado desde a bacia do Rio do Prata até
a bacia dos rios Paraguai-Uruguai. Possui o hábito alimentar onívoro,
alimentando-se naturalmente de frutos, detritos orgânicos, crustáceos,
moluscos e pequenos peixes, variando-se as fontes em função da
sazonalidade (ABIMORAD & CARNEIRO, 2004).
Esta espécie, atualmente denominada Piaractus mesopotamicus , a qual
era classificada como Colossoma mitrei, é um peixe reofílico, e tem grande
importância na pesca comercial. Apresenta cabeça relativamente pequena,
com duas séries de dentes, escamas pequenas, havendo relatos de peixes
com 82 cm de comprimento total e 18,5 Kg de peso vivo (GUEVARA, 2003).
O pacu é uma das espécies nativas mais cultivadas nas regiões Sudeste
e Centro-Oeste do Brasil por possuir fácil adaptação à alimentação artificial, por
aceitar diversos ingredientes de origem vegetal e animal, rápido crescimento,
carne de excelente sabor, e consequentemente, elevado valor comercial
(BICUDO, 2008; URBINATI & GONÇALVES, 2005; ABIMORAD, 2004).
No entanto, a criação deste peixe em diferentes pontos do país, devido a
diferenças climáticas regionais, exige adaptações em seu manejo para
possibilitar a sua produção. Em Santa Catarina, a produção é realizada em
baixas densidades populacionais, e o tempo necessário para atingir um
quilograma pode demorar até 30 meses. Já em Mato Grosso, a densidade na
criação utilizada costuma ser de duas a três vezes maiores e o tempo de
cultivo menor (OSTRENSKY et al., 2008).
As espécies nativas da Amazônia e Pantanal, em 2004, segundo
Diegues (2006), apresentaram crescimento constante nos últimos anos, cerca
de 30% da produção nacional, destacando-se o tambaqui (Colossoma
macropomum), com 25.272 toneladas, o pacu (Piaractus mesopotomicus) com
8.946 toneladas.
Em 2005, segundo Bicudo (2008), esta espécie representa 5,06% de
toda produção nacional de peixes de água doce. Considerando o híbrido
tambacu, proveniente do cruzamento do tambaqui e o pacu, a produção passa
39
para 11,14%. Segundo as estatísticas da FAO (2010), a produção de pacu no
Brasil, entre os anos de 1999 a 2008, cresceu de 4.339 para 12.400 toneladas.
3. OBJETIVOS E HIPÓTESES
3.1. Objetivo geral
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a digestibilidade dos
ingredientes água de maceração do milho para a tilápia nilótica (Oreochromis
niloticus), e derivados do milho: água de maceração, glúten, farelo de glúten,
germe e dextrina para o pacu (Piaractus mesopotamicus), e o desempenho
destas duas espécies submetidas às dietas contendo diferentes níveis de
inclusão da água de maceração do milho, e a sua viabilidade econômica.
3.2. Objetivos específicos
- Determinar a digestibilidade aparente in vivo dos ingredientes água
maceração de milho (AM) em tilápia nilótica e pacu e glúten de milho (GM),
farelo de glúten de milho (FG), germe de milho (GM) e dextrina (D), para o
pacu.
- Avaliar o desempenho zootécnico das espécies tilápia e pacu, alimentados
com dietas contendo diferentes níveis de adição do ingrediente água de
maceração do milho.
- Verificar a viabilidade econômica da inclusão da AM em dietas para tilápia
nilótica e para o pacu.
3.3. Hipóteses
Em relação aos ensaios de desempenho, foram formuladas as seguintes
hipóteses:
40
- H0: Os valores dos parâmetros zootécnicos (ganho de peso, consumo,
conversão alimentar, taxa de crescimento específico, taxa de retenção
protéica) não foram alterados com adição do ingrediente água de maceração
do milho nas dietas de tilápia e pacu.
- H1: Os valores dos parâmetros zootécnicos (ganho de peso, consumo,
conversão alimentar, taxa de crescimento específico, taxa de retenção
protéica) foram alterados com adição do ingrediente água de maceração do
milho nas dietas de tilápia e pacu.
Considerando os objetivos deste projeto de pesquisa, não foram
realizadas análises estatísticas nos ensaios de digestibilidade.
4. MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios de digestibilidade e desempenho foram realizados no
Laboratório de Aquicultura da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP) (Figura 5). Realizaram-
se análises bromatológicas nos ingredientes utilizados nestes ensaios seguindo
a metodologia da AOAC (1990). Os resultados obtidos nas análises são
apresentados na Tabela 8.
41
Figura 5. Vista do Laboratório de Aquicultura (FZEA-USP)
Tabela 8. Composição centesimal dos ingredientes utilizados na formulação
das dietas experimentais dos ensaios de desempenho e de digestibilidade
(base seca).
INGREDIENTES (g. Kg-1
)
Matéria
seca
Proteína
bruta
Extrato
Etéreo
Matéria
Mineral
Energia Bruta
(kcal.Kg-1
)
Farinha de peixe 92,54 64,57 9,07 21,26 4242,5*
Farelo de trigo 88,35 17,18 3,36 5,35 4289*
Farelo de soja 88,66 51,18 2,46 6,4 4586*
Farelo de milho 88,86 9,36 4,08 1,34 4284*
Quirera de arroz 88,85 9,11 0,55 0,71 4149*
Água de maceração 53,00 42,83 0,186 15,54 3311
Glúten de milho 90,43 59,03 2,23 1,97 5114
Farelo de glúten 21% 91,00 22,65 1,74 4,96 4382
Germe de milho 91,53 18,63 4,28 1,34 4426
Dextrina 99,13 1,10 0,17 - 3970
* Dados obtidos por WATANABE, 2006.
42
4.1. Ensaio de Digestibilidade in vivo
4.1.1. Espécies de peixe avaliadas e condições experimentais
4.1.1.1. Experimento 1: Determinação da digestibilidade da água de
macreação do milho (AM) para aTilápia nilótica (Oreochromis niloticus)
Para este ensaio, foram utilizados 126 juvenis de tilápias nilótica (peso
médio de 35,93g ± 7,64g) mantidos em seis gaiolas, inseridas em aquários de
alimentação com capacidade de 100 L de água (densidade 21 peixes por
aquários), em um sistema de fluxo contínuo, aeração e com controle da
temperatura por aquecedores com termostato de 300 watts, (Figura 6). A
iluminação foi controlada por temporizador, mantendo fotoperíodo constante de
12 horas luz e 12 horas escuro. Foram monitorados semanalmente os
seguintes parâmetros da água: temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH,
através do equipamento Horiba U-10, obtendo valores médios de 24,18 ºC;
7,06 mg. L-1; e 6,8, respectivamente, os quais estão de acordo com valores
ideais para esta espécie (OSTRENSKY, A; BOEGER, W.; 1998).
4.1.1.2. Experimento 2: Determinação da digestibilidade da água de
maceração do milho (AM) para o Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Para este ensaio, foram utilizadas 120 juvenis de pacu (peso médio de
29,50g ± 5,13g), acondicionados em seis gaiolas (densidade 20 peixes por
aquário), em esquema experimental idêntico ao Experimento 1. Foram obtidos
os seguintes valores de temperatura, oxigênio dissolvido e pH: 26,26 °C, 4,56
mg . L-1; 6,75, respectivamente, os quais estão de acordo com valores ideais
para esta espécie (OSTRENSKY, A; BOEGER, W.; 1998).
43
4.1.1.3. Experimento 3 : Determinação da digestibilidade do GM, FG, GEM e D para o Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Para este ensaio, foram utilizadas 108 juvenis de pacu (peso médio de
77,69g ± 17,65g), acondicionados em seis gaiolas (densidade 18 peixes por
aquário), em esquema experimental idêntico ao Experimento 1. Foram obtidos
os seguintes valores de temperatura, oxigênio dissolvido e pH: 27,69 °C, 5,89
mg.L-1 e 6,34, respectivamente, os quais estão de acordo com valores ideais
para esta espécie (OSTRENSKY, A; BOEGER, W.; 1998).
Fonte: Watanabe (2006)
Figura 6. Aquários de alimentação
4.1.2. Metodologia do ensaio de digestibilidade
Para avaliar a digestibilidade dos ingredientes, água de maceração do
milho, glúten de milho, farelo de glúten 21% e dextrina, foi utilizado o método
indireto para determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA)
da proteína e energia.
Sendo assim, os peixes foram alimentados com dieta controle e dieta
teste, seguindo a metodologia descrita por Cho & Kaushik (1990) (Tabela 9),
utilizando o óxido de crômio (Cr2O3), como indicador inerte para a
determinação do coeficiente de digestibilidade aparente (CDA), conforme
recomendações de Shipton & Britz (2001).
44
Tabela 9. Esquema de preparo das dietas controle e testes
Conteúdo Dieta Controle (%) Dietas Testes (%)
Dietas referências (Tabela 2) 99,5 69,50
Ingredientes teste 0 30,00
Óxido de crômio 0,5 0,5
As dietas referências foram formuladas a partir de dados obtidos pelas
análises bromatológicas dos ingredientes (AOAC, 1990), demonstrado na
Tabela 8. Os ingredientes da dieta referência, a água de maceração do milho e
o óxido de crômio foram misturados homogeneamente, peletizados, (Figura 7 e
8), secos e estocados em freezer a temperatura de – 18°C. Analisou-se a
composição centesimal da dieta referência, ilustrada na Tabela 10.
Figura 7. Mistura de ingredientes.
Figura 8. Peletização das dietas
45
Tabela 10. Formulação e composição centesimal da dieta referência (DR) do
experimento 1 (EXP1), experimento 2 (EXP2) e experimento 3 (EXP3).
Suplemento Vitamínico e mineral (Evimix Fish): níveis de garantia por Kg de produto: Vit.A, 1.000.000UI;
Vit.D3, 500.000UI; Vit.E, 20.000 mg, Vit.K, 500 mg, Vit.C, 25.000 mg; Vit.B1, 500 mg; Vit.B2, 1.750,00 mg;
Vit. B6, 1.125,00 mg; Pantotenato de Cálcio, 5.000,00 mg; Ácido Fólico, 250,00 mg; Biotina, 50,00 mg;
Niacina, 5.000,00 mg; Vit, B12, 24,00 mg; Cobre, 2.000,00 mg; Ferro, 13.700,00 mg; Iodo, 100 mg;
Manganês, 3.750,00 mg; Selênio, 75,00 mg; Zinco, 20.000,00 mg; BHT, 250 mg; Veículo q.s.p, 1000,00 g.
*Valor calculado a partir do CDAs (Coeficiente de Digestibilidade Aparente) obtidos nos experimentos
As amostras de fezes foram coletadas utilizando três aquários cilindro-
cônicos de fibra de vidro (Figura 9), com capacidade de 250L cada um e
equipados com sistema de aeração, termostatos, recipiente coletor de fezes e
com fluxo contínuo de água (WATANABE, 2006).
Ingredientes (g. Kg-1
) DR EXP1 DR EXP2 DR EXP3
Amido 8 7,8 7,8
farelo de milho 28,8 18 18
farelo de soja 26 35 35
farelo trigo 18 18 18
farinha de peixe 13 13 13
quirera de arroz 5 7 7
Premix vitamínico e mineral¹ 0,5 0,5 0,5
Sal comum 0,2 0,2 0,2
Óxido de crômio 0,5 0,5 0,5
Nutrientes (g. Kg-1
) Composição analisada
Matéria seca (MS) 94,73 96,19 95,67
Proteína Bruta (PB) 26,62 31,77 32,18
Proteina digestível (PD)* 23,20 28,02 28,02
Matéria mineral (MM) 6,46 9,71 8,39
Extrato Etéreo (EE) 2,87 2,79 2,74
Energia bruta (EB) 4246 4155 4203
Energia digestível (ED)* 3276 3321 3557
46
Fonte: Watanabe (2006)
Figura 9. Aquários cilindro-cônico de fibra de vidro
Inicialmente, os peixes foram adaptados com a dieta teste durante seis
dias. Durante o período de coleta, os peixes foram alimentados duas vezes ao
dia, às 8 horas da manhã e 17 horas e meia. Para a coleta de fezes, os peixes
foram colocados em aquários de coleta e permaneceram num período entre 8 e
12 horas. Em cada experimento, as coletas foram realizadas durante o período
de 30 dias. As amostras de fezes foram congeladas até o momento das
análises.
A avaliação do teor de óxido de crômio das fezes e das dietas foi
determinada através de digestão nitro-perclórica e leitura (absorbância) por
espectrofotômetro (350nm), conforme descrito por Furukawa & Tsukahara
(1966). Foram obtidas três leituras de cada repetição.
4.1.3. Cálculos dos Coeficientes de Digestibilidade Aparente (CDA)
Para a determinação dos CDAs dos nutrientes proteína (PB) e energia
(EB), foi utilizada a fórmula descrita por Cho e Kaushik (1990):
CDA = CDAdrCDAdt 100
7030
100
Onde:
47
CDA = coeficiente de digestibilidade aparente do nutriente no ingrediente teste;
CDAdt = coeficiente de digestibilidade aparente do nutriente contido na dieta
teste;
CDAdr = coeficiente de digestibilidade aparente do nutriente contido na dieta
referência.
Sendo os valores de CDAdt e CDAdr obtidos pela fórmula descrita por
Nose (1966):
CDA = dieta na EB de kcal/kg ou %PB
fezes nas EB de kcal/kg ou %PB
fezes nasO%Cr
dieta naO%Cr100100
32
32
CDA = coeficiente de digestibilidade do nutriente na dieta teste ou dieta
referência.
4.2. Ensaio de desempenho
4.2.1. Local e condições experimentais
4.2.1.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da tilápia (Oreochromis niloticus)
Para este ensaio, foi utilizado sistema de recirculação com circuito
fechado, composto por 20 caixas de fibra de vidro com capacidade de
armazenamento útil de 130L, demonstrado na Figura 10. O sistema era
constituído por dois compartimentos utilizados para a manutenção da qualidade
da água: caixa de captação com resistência para o aquecimento de água e o
filtro biológico, demonstrado na Figura 11 e 12, e aeração por soprador (Figura
15). A iluminação foi controlada por temporizador, com fotoperíodo de 12 horas
luz e escuro. Foram monitorados ao longo do experimento, os parâmetros da
água: temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH, pelo equipamento Horiba U-
10, amônia e nitrito por “kits” comerciais da marca Labcon. Foram obtidos os
seguintes valores médios de parâmetros de qualidade da água: 26 °C, 6,33 mg
L-1, 6,99, 0-0,25ppm e 0-0,25ppm, respectivamente .
48
Figura 10. Aquários para desempenho.
Figura 11. Reservatórios com
aquecedores
Figura 12. Filtro biológico
4.2.1.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do pacu (Piaractus
mesopotamicus)
Para este ensaio, utilizou-se o sistema de recirculação com circuito
fechado, composto por 20 aquários com capacidade de armazenamento de
40L (Figura 13), contendo três unidades responsáveis pela manutenção dos
parâmetros da água: caixa de captação de água, caixa de aquecimento de
água e biofiltro com capacidade de 200L para manutenção dos níveis de
amônia e nitrito (Figura 14) e aeração por soprador (Figura 15). A iluminação
também foi controlada por temporizador, com fotoperíodo de 12 horas luz e 12
horas escuro. Foram monitorados semanalmente os seguintes parâmetros da
49
água: temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH, , por meio de um
equipamento Horiba U-10, amônia e nitrito por “kits” comerciais da marca
Labcon. Foram obtidos os seguintes valores médios de qualidade da agua:
26.91° C, 4.65 mg L-1 6.33, 0-0,25ppm, 0-0,25ppm, respectivamente.
Figura 13. Aquários
Figura 14. Biofiltro
Figura 15. Soprador para aeração
4.2.2. Dietas para o ensaio de desempenho
As dietas foram formuladas a partir dos dados obtidos pela análise
bromatológica dos ingredientes, e dados de coeficientes de digestibilidade
aparente. Foram produzidas dietas contendo 0%, 2%, 4%, 6% e 8% da água
de maceração do milho, descritos nas Tabelas 11 e 12.
50
Tabela 11. Formulação e composição das dietas para o ensaio de
desempenho de tilápias nilótica(Oreochromis niloticus) (experimento 4).
Ingredientes (g.100g-1
)
Dietas
0% 2% 4% 6% 8%
Amido 9,01 8,51 7,51 6,51 6,51
Farinha de peixe 14,00 14,00 14,00 13,50 13,00
Farelo de trigo 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00
Quirera de milho 27,50 27,50 27,50 27,00 27,00
Farelo de soja 25,50 23,80 21,80 20,80 19,80
Óleo de soja 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Quirera de arroz 4,79 4,99 5,99 6,99 6,49
Sal comum 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
Suplemento vitamínico e mineral 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
AM - 2,00 4,00 6,00 8,00
BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Nutrientes (g.100g-1
) Composição
Matéria seca 96,60 97,05 97,39 97,54 95,58
Proteína bruta 26,83 27,40 27,67 27,62 27,18
Proteína digestível * 25,87 25,89 25,84 28,22 25,92
Extrato etéreo 3,45 3,88 3,52 3,5 3,63
Matéria mineral 6,18 6,04 5,21 6,43 7,31
Energia digestível(kcal.Kg-1
) * 3326 3320,4 3322 3324 3317
¹ Suplemento Vitamínico e mineral (Evimix Fish): níveis de garantia por Kg de produto: Vit.A,
1.000.000UI; Vit.D3, 500.000UI; Vit.E, 20.000 mg, Vit.K, 500 mg, Vit.C, 25.000 mg; Vit.B1, 500
mg; Vit.B2, 1.750,00 mg; Vit. B6, 1.125,00 mg; Pantotenato de Cálcio, 5.000,00 mg; Ácido
Fólico, 250,00 mg; Biotina, 50,00 mg; Niacina, 5.000,00 mg; Vit, B12, 24,00 mg; Cobre,
2.000,00 mg; Ferro, 13.700,00 mg; Iodo, 100 mg; Manganês, 3.750,00 mg; Selênio, 75,00 mg;
Zinco, 20.000,00 mg; BHT, 250 mg; Veículo q.s.p, 1000,00 g.
* Dados calculados pelo programa SUPERCRAC 4.2.
.
51
Tabela 12. Formulação e composição das dietas para o ensaio de
desempenho de pacu (Piaractus mesopotamicus) (experimento 5).
Ingredientes (g.100g-1
)
Dietas
0% 2% 4% 6% 8%
Amido 8,79 7,79 7,79 6,79 6,79
Farinha de peixe 14 13 13 13 12
Farelo de trigo 18 18 18 18 18
Quirera de milho 18 18 18 19 19
Farelo de soja 36 35 33 31 31
Óleo de soja 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
Quirera de arroz 4 5 5 5 4
Sal comum 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Suplemento vitamínico
e mineral¹ 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5
ÁM - 2 4 6 8
BHT 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Nutrientes (g.100g-1
) Composição
Matéria seca 97,54 97,70 97,40 97,42 97,63
Proteína bruta 32,00 31,62 32,67 31,10 30,22
Proteína digestível * 27,2 27,09 27,07 27,12 27,28
Extrato etéreo 3,16 3,03 3,15 3,04 3,06
Matéria mineral 6,56 6,20 6,72 6,85 6,86
Energia digestível
(kcal.Kg-1
) * 3232 3239 3237 3247 3231
¹ Suplemento Vitamínico e mineral (Evimix Fish): níveis de garantia por Kg de produto: Vit.A,
1.000.000UI; Vit.D3, 500.000UI; Vit.E, 20.000 mg, Vit.K, 500 mg, Vit.C, 25.000 mg; Vit.B1, 500
mg; Vit.B2, 1.750,00 mg; Vit. B6, 1.125,00 mg; Pantotenato de Cálcio, 5.000,00 mg; Ácido
Fólico, 250,00 mg; Biotina, 50,00 mg; Niacina, 5.000,00 mg; Vit, B12, 24,00 mg; Cobre,
2.000,00 mg; Ferro, 13.700,00 mg; Iodo, 100 mg; Manganês, 3.750,00 mg; Selênio, 75,00 mg;
Zinco, 20.000,00 mg; BHT, 250 mg; Veículo q.s.p, 1000,00 g.
* Dados calculados pelo programa SUPERCRAC 4.2.
Os ingredientes das dietas foram misturados homogeneamente,
peletizados, demonstrados nas Figuras 16 e 17, secos em estufa por volta de
52
60 graus, e estocados em freezers com temperatura – 18 °C, até o momento
de sua utilização.
Figura 16. Mistura dos ingredientes
Figura 17. Peletização das dietas
4.2.3. Desempenho zootécnico
4.2.3.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da tilápia (Oreochromis
niloticus)
Os peixes foram aclimatados com dieta controle por sete dias e em
seguida pesados, em balança de precisão demonstrada na Figura 18, obtendo-
se peso médio de 2,81 ± 0,15g, distribuídos em 20 caixas de 130L com
densidade de 10 peixes por caixa, em delineamento inteiramente casualizado
constituído por cinco tratamentos e quatro repetições. Os peixes foram
alimentados até aparente saciedade duas vezes ao dia (às 8 e 17 horas) com
as dietas por 60 dias. Foram realizadas pesagens, aos 30 e 60 dias e
avaliaram-se os parâmetros, descritos na Tabela 13.
4.2.3.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento pacu (Piaractus
mesopotamicus)
Assim como no experimento 4, os alevinos de pacu foram aclimatados
com dieta controle por sete dias e em seguida pesados, através de uma
balança de precisão, obtendo-se peso médio de 3,42± 0,30g, distribuídos em
53
aquários de 40L com densidade de sete peixes por aquário, em delineamento
inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições. Os peixes
foram alimentados até aparente saciedade duas vezes ao dia (às 8hs e
17horas) com as dietas durante 90 dias de período experimental. Foram
realizadas as pesagens, aos 30, 60 e 90 dias e foram avaliados os parâmetros
de desempenho (Tabela 13).
Tabela 13. Parâmetros zootécnicos avaliados para o desempenho de tilápia
nilóticae Pacu.
4.2.4. Viabilidade econômica
Para analisar a viabilidade econômica da inclusão da AM em dietas para
a tilápia nilótica e para o pacu, foram calculados os indicadores econômicos
seguindo a metodologia descrita abaixo. O embasamento para esta análise
pode ser encontrado em Gameiro (2009) e Rushton (2009).
De acordo com a Teoria Econômica, os fatores de produção
considerados são todos os bens e serviços empregados para a formação de
outros bens e serviços (Samuelson, 1972; Mankiw, 2005). Os fatores de
produção podem ser organizados em três grupos: recursos naturais (T),
trabalho (L) e capital (K). Em função das possíveis combinações destes fatores
para a obtenção de um “produto”, determina-se a quantidade produzida (Q). A
tecnologia de produção representa a forma de como os fatores são
Parâmetros Descrição
Consumo de ração (g) (CR) Consumo total da dieta por unidade experimental / n° de indivíduos
Ganho médio de peso (g) (GPI)
(peso final unid. experimental - peso inicial unid. experimental) / n°
indivíduos
Conversão alimentar (CA) Alimento ingerido / ganho de peso
Taxa de eficiência protéica (TEP) Ganho de peso / ( CR x % PB da dieta)
Taxa de crescimento específico
(% dia -1
) (TCE)
TCE (%) = [(ln peso corporal final – ln peso corporal inicial )/tempo
em dias] x 100
54
combinados. Sendo assim, obtém-se a quantidade do produto (Q) em função
de T, L e K, e as suas combinações:
KLTfQ ,, (1)
A expressão (1) pode ser denominada como “função de produção”
(PASSOS & NOGAMI, 2003). A produtividade dos fatores de produção é dada
pela razão entre a quantidade de produto e a quantidade do fator alocada no
processo. Para o caso da produtividade do fator T, por exemplo, tem-se: Q/T,
denominado como “eficiência alimentar” em nutrição animal, quando T
representa a quantidade de dieta consumida.
Para este trabalho, Q representa a quantidade de quilogramas de peso
vivo de peixes alimentados com diferentes níveis de inclusão de AM,
considerando-se cinco tecnologias de produção distintas. As tecnologias
diferem-se exclusivamente em sua composição de T, pela participação de
diferentes ingredientes, dando origem a cinco dietas experimentais,
representadas por cinco tratamentos, não existindo a variação em relação a
alocação de trabalho (L) e capital (K) entre os tratamentos, uma vez que o
manejo, os equipamentos e as instalações são idênticos para tratamentos.
Tem-se que CR é o consumo de dieta experimental (em Kg) do animal
pertencente ao tratamento n e GPn o ganho de peso dos peixes (em Kg). Ao
inverter a produtividade do fator “dieta” (T/Q), foi obtido o parâmetro conversão
alimentar (CAn) representada pela seguinte equação:
CAn =
(2)
4.2.4.1. Preços
Os preços dos ingredientes utilizados estão descritos na Tabela 14. Para
os ingredientes farelo de soja, farelo de trigo, amido de milho, óleo de soja,
quirera de arroz, e sal comum, os preços médios foram obtidos através de
levantamento de dados por instituições, no período de 10 anos: Centro de
55
Estudos Avançados em economia (CEPEA / ESALQ) e Instituto de Economia
Agrícola (IEA – APTA). Para a farinha de peixe, o suplemento vitamínico e
mineral e a AM, foi feito um levantamento de dados no mercado, uma vez que
não se identificou instituição de pesquisa que dispusesse de tais informações.
Tabela 14. Preços médios de ingredientes utilizados.
Ingredientes
Preço médio
Fontes (R$ Kg-1
)
Amido de milho 1,19 CEPEA – ESALQ
Óleo de soja 2,07
Farelo de trigo 0,46
Farelo de milho 0,39
IEA – APTA
Farelo de soja 0,86
Quirera de arroz 0,38
Sal comum 6,76
Suplemento vitamínico e mineral 13,7 Levantamento de dados
Farinha de peixe 1,8
Água de maceração do milho 0,67
Para obter preços históricos representativos, foram considerados os
preços mensais desses produtos no período de 10 anos, à exceção dos três
ingredientes (suplemento mineral e vitamínico, farinha de peixe e água de
maceração do milho) cujos preços foram obtidos no mercado. Os preços
nominais foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o mês de
janeiro de 2011, seguindo o método usual, apresentado, por exemplo, em
Hoffmann (1991):
PQcorrigidat =
(3)
Sendo PQcorrigido,t o preço real do ingrediente no mês t, corrigido para o
mês de janeiro de 2011; PQnominal,t o preço do ingrediente no mês t; INPCjan_2011
o índice para o mês de janeiro de 2011; e o INPCt o índice para o mês t.
56
Calcularam-se os custos de produção das dietas experimentais (Tabela
15), considerando-se a formulação das mesmas e os preços dos ingredientes.
Tabela 15. Custo de produção das dietas experimentais para tilápia nilótica e
para o pacu.
Níveis de inclusão (g. 100g-1)
Preço médio (R$ Kg-1
)
Tilápia nilótica Pacu
0 0,91 0,97
2 0,92 0,96
4 0,91 0,96
6 0,91 0,96
8 0,92 0,97
Com os dados de CAn obtidos, calculou-se o custo da dieta para a
produção de um quilograma de peso do animal, representada pela equação
descrita abaixo:
CDAPVn = (4)
Sendo:
CDAPVn = Custo da dieta, em reais, para a produção de um quilo de peso
vivo.
Em seguida, calculou-se a variação de CDPVs dos tratamentos com
inclusão de diferentes níveis de AM em relação ao controle, descrito pela
equação abaixo. Adicionalmente, foram calculados os CDPVs, variando-se os
preços da AM, do farelo de soja e da farinha de peixe, conforme os cenários
econômicos descritos na Tabela 16, considerando os valores mínimos, médios
e máximos destes produtos (Tabela 17).
VARenc =
(5)
57
e = espécie (1 = tilápia; 2 = pacu)
n = nível de inclusão de AM (0, 2, 4, 6, 8)
c = cenário de variação dos preços relativos de AM, farelo de soja e farinha de
peixe, obtidos pelo levantamento de preços realizados, conforme Tabela 17.
Tabela 16. Cenário de variação dos preços relativos à AM, farelo de soja e
farinha de peixe.
Foco de análise sobre
variação dos preços
Cenário AM (preços) Farelo Soja
(preços)
Farinha de
Peixe (preços)
AM
1 Mínimo Médio Médio
2 Médio Médio Médio
3 Máximo Médio Médio
Farelo de soja
4 Médio Mínimo Médio
5 Médio Médio Médio
6 Médio Máximo Médio
Farinha de peixe
7 Médio Médio Mínimo
8 Médio Médio Médio
9 Médio Médio Máximo
Tabela 17. Preços mínimos, médios e máximos dos ingredientes AM, farelo de
soja e farinha de peixe.
Ingredientes
Preços (R$ Kg-1
)
Mínimo Médio Máximo
AM 0,58 0,67 0,75
Farelo de soja 0,52 0,86 1,26
Farinha de peixe 1,10 1,45 1,80
A utilização de preços (mínimo, médio e máximo) da AM teve como
objetivo avaliar o impacto da inclusão deste ingrediente sobre os valores dos
custos de produção em relação à dieta controle. Em relação ao farelo de soja e
à farinha de peixe, a utilização dos preços (mínimo, médio e máximo) destes
58
ingredientes teve como objetivo verificar se estas variações podem interferir
nos custos de produção das dietas testes e controle.
Sendo assim, segundo Passos e Nogami (2003), o método de
produção, neste caso, o tratamento, pode ser “tecnologicamente mais eficiente”
entre os alternativos pela menor utilização de um dos fatores de produção,
considerando os outros fatores inalterados. Para estes mesmos autores, um
método de produção será considerado “economicamente eficiente” se permitir
a obtenção da mesma quantidade de produto que os alternativos, ao menor
custo possível.
Em outras palavras, é possível ter uma determinada dieta tecnicamente
mais eficiente (menor conversão, por exemplo), sem ser economicamente
eficiente. A análise dos custos e, em última instância dos preços dos principais
ingredientes é relevante.
Baseando-se nesses dois conceitos, reforça-se que máxima eficiência
técnica não implica, necessariamente, máxima eficiência econômica. Para
Gameiro (2009), essa distinção é fundamental para a análise econômica
aplicada à Zootecnia.
5. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Considerando os objetivos deste projeto de pesquisa, os ensaios de
digestibilidade dos experimentos 1, 2 e 3, não foram realizadas as análises
estatísticas. Já os dados referentes ao desempenho zootécnico, foram
avaliados pelo teste de variância (ANOVA) e de regressão, ao nível de
probabilidade de 5%.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. Ensaio de Digestibilidade
Os resultados de CDA da proteína (CDAPB) e energia (CDAEB) dos
ingredientes de AM, GM, FG, GEM, D, estão descritos na Tabela 18 e 19:
59
Tabela 18. Valores de coeficiente digestibilidade de proteína e energia, e seus
valores de proteína (PD) e energia digestível (ED) da AM em tilápia nilóticae
Pacu.
CDA
Ingrediente Espécie Experimento Proteína (%) Energia (%) PD (g. 100 g -1
) ED (kcal . Kg-1
)
ÁM Tilápia 1 94,15 84,93 40,32 2812
ÁM Pacu 2 97,10 98,43 41,58 3259
Tabela 19. Valores de coeficiente digestibilidade de proteína e energia, e seus
valores de proteína (PD) e energia digestível (ED) dos ingredientes derivados
do milho referentes ao pacu.
CDA
Ingrediente Espécie Experimento Proteína (%) Energia (%) PD (g. 100 g -1
) ED (kcal . Kg-1
)
GM Pacu 3 99,62 98,13 58,81 4343
FG Pacu 3 84,92 76,89 19,23 3369
GEM Pacu 3 70,97 78,12 13,22 2783
D Pacu 3 - 84,80 - 3380
6.1.1. Experimento 1 e 2: Determinação da digestibilidade da AM para a
Tilápia nilótica(Oreochromis niloticus) e para o Pacu (Piaractus
mesopotamicus)
Em todas as situações visualizadas na Tabela 18, a água de maceração
do milho apresentou melhores valores de digestibilidade para o pacu quando
comparado a tilápia nilótica. Para a tilápia nilótica, foi obtido CDAPB da AM de
94,15% e 97,10%, para o pacu. A Proteína Digestível (PD) foi de 40,32% e
41,58%, respectivamente para tilápia e pacu (Tabela 18). Em vista dos
resultados determinados, pode-se observar que o valor de CDAPB da AM para
o pacu apresentou cerca de 3% a mais do que para a tilápia nilótica, e para PD,
cerca de 1%, demonstrando que o pacu possuir maior capacidade em digerir o
ingrediente AM.
60
Em relação à digestibilidade da energia bruta, foram obtidos CDAEBs de
84,90% para a tilápia nilótica, e 98,43% para o pacu, e energia digestível de
2812 e 3259 kcal Kg-1, respectivamente (Tabela 18). Assim como no caso da
CDAPB de AM verificados para ambos as espécies, o pacu demonstrou melhor
capacidade em digerir este ingrediente, apresentando diferenças em torno de
13% entre os CDAPBs, e 400 kcal Kg-1.
Em relação à tilápia nilótica, o valor obtido no presente trabalho obtido
foi superior aos citados por Pezzato et al. (2002) para ingredientes comumente
utilizados em dietas comerciais para peixe, como exemplo, a farinha de peixe
(CDAPB de 78,55%), farelo de soja (CDAPB de 91,56%), milho (CDAPB de
91,66%), milho extrusado (CDAPB de 89,62%), germe de milho (CDAPB de
86,77%), e glúten de milho (CDAPB de 95,96%). Observando os dados destes
autores, somente o glúten de milho apresentou CDAPB maior do que a AM
neste experimento. Da mesma forma, nossos valores foram melhores que os
alcançados por Furuya et al.(2001), para o milho (87,12%).
Em contraposição, Boscolo et al. (2002), ao testarem ingredientes
alternativos e convencionais para a tilápias nilótica, observaram valores
superiores de CDAPBs para os ingredientes milheto (94,91%) e farinha
varredura de mandioca (97,52%), e o triticale (94,78%). Valores, igualmente
superiores de CDAPBs (97,60% e 95,61%) em relação à AM, foram
encontrados para o glúten de milho com a tilápia nilótica (MEURER et al., 2003;
PEZZATO et al., 2002).
As diferenças de CDAs encontrados por diversos autores podem estar
relacionadas a vários fatores como diferenças nas metodologias de coleta de
fezes utilizadas, aos níveis de inclusão dos ingredientes teste, possíveis fatores
antinutricionais ou desbalanço aminoacídico, espécies ou linhagens de
animais, fisiologia da digestão, processamento e das dietas experimentais,
variedade do grão e do local e solo do seu cultivo (BOSCOLO et al., 2002).
Comparando-se os resultados de digestibilidade de AM para o pacu com
os de Abimorad et al.(2008), observou-se que o valor de CDAPB da AM foi
superior aos ingredientes testados pelos autores para o milho (85,80%) e o
glúten de milho (95,60%). Para o matrinchã (Brycon cephalus), pertencente à
mesma família do pacu, Sallum et al. (2002) observaram resultados de CDAPB
61
de 70,82% para o milho e 90,53% para o farelo de soja, ambos os valores
inferiores aos CDAPBs destes mesmos ingredientes avaliados por autores
Abimorad et al.(2008), Abimorad & Carneiro (2004), e CDAPBs de AM no
presente trabalho.
Comparando-se o pacu e o tambaqui, os coeficientes de digestibilidade
da proteína, do ingrediente fubá de milho (83,29%) e farelo de soja (90,35%)
foram inferiores aos CDAPB de AM. Vale ressaltar que os valores dos
coeficientes de digestibilidade apresentados pelo tambaqui foram corrigidos por
fator de produção de nitrogênio endógeno previamente avaliado ao passo que
para este trabalho, foram obtidos valores de digestibilidade aparente, ou seja,
sem correção dos coeficientes por este fator. No entanto, observou-se a
semelhança na capacidade digestível destas duas espécies onívoras em
relação a digestibilidade dos ingredientes de origem vegetal, comprovado pela
digestibilidade apresentada por estes dois tipos de peixe para o farelo de soja (
VIDAL JR. et al., 2004).
Em relação a outras espécies, segundo Oliveira Filho & Fracalossi
(2006), o jundiá (Rhamdia quelen) apresentou CDAPBs de alimentos
energéticos, como o milho (73,00%) e quirera de arroz (80,70%), porcentagens
inferiores aos resultados encontrados para AM, em tilápia e pacu neste estudo.
No entanto, ao avaliarem os CDAs dos ingredientes protéicos, o índice de
CDAPB do glúten de milho (95,00%) foi superior ao CDAPB de AM encontrado
para a tilápia nilótica, e para o pacu, inferior.
Ao testar ingredientes de origens diferentes para juvenis e adultos da
espécie Sebastes schlegeli, Lee (2002), determinou valores de CDAPBs de
farinha de peixe branco (CDAPB de 95,00% e 88,00%); farinha de anchova
(CDAPB de 95,00% e 92,00%); farinha de carne (CDAPB de 91,00% e
90,00%); farinha de pena (CDAPB de 79,00% e 63,00%); farinha de sangue
(CDAPB de 86,00% e 87,00%); farelo de soja (CDAPB de 80,00% e 84,00%);
farelo de trigo (CDAPB de 95,00%; 91,00%); farelo de algodão (CDAPB de
81,00% e 78,00%); levedura (CDAPB de 73,00% e 78,00%) e glúten de milho
(CDAPB de 92,00% e 92,00%). Observando estes dados, em geral, os
ingredientes de origem aquática foram os mais digestíveis para esta espécie
carnívora. No entanto, o glúten de milho e o farelo de trigo demonstraram boa
digestibilidade, equiparando-se com o CDAPB da AM em tilápia nilóticae para
62
pacu. Sendo assim, estes alimentos podem ser considerados como substitutos
parciais para rações destinadas a estes peixes.
Para o pintado (Pseudoplatystoma coruscans), os ingredientes de origem
vegetal, comumente utilizados em nutrição animal, como farelo de soja, milho,
farelo de trigo entre outros, os CDAPBs foram inferiores aos valores
apresentados pela tilápia nilóticae pelo pacu, para estes mesmos ingredientes,
observados por autores como Pezzato et al. (2002) e Abimorad et al. (2008), e
para a AM, para ambas as espécies. Foram observados valores mais elevados
de CDAPB em relação à farinha de peixe (84,14%) (GONÇALVES &
CARNEIRO, 2003).
Ao avaliarem a digestibilidade de ingredientes energéticos em surubim
(Pseudoplatystoma sp), Teixeira et al. (2010) verificaram valores de CDAPBs
de milho (87,40%), de farelo de arroz (83,84%), de quirera de arroz (85,30%) e
de sorgo (81,11%), os quais são inferiores aos valores encontrados por outros
autores para as espécies tilápia nilóticae pacu, para estes ingredientes, assim
como no caso da AM.
Em relação os coeficientes de digestibilidade de energia bruta, Furuya et
al. (2001), determinaram para tilápia nilótica, 82,63% para o milho, 70,33%
para o farelo de trigo, 77,21% para o farelo de soja, 87,19% para a farinha de
peixe, valores inferiores ao CDAEB da AM, excetuando a farinha de peixe.
Boscolo et al. (2002), encontraram valores de CDAEBs de ingredientes
alternativos e convencionais para a tilápia nilótica, como o milheto (89,12%) e
farinha de varredura de mandioca (91,40%), superiores ao CDAEB da AM.
Além dos ingredientes testados por Boscolo et al. (2002), os autores
Meurer et al. (2003) e Pezzato et al. (2002), encontraram valores de CDAEBs
divergentes para o glúten de milho. Comparando o resultado obtidos por
Meurer et al. (2003) e para a AM, o glúten de milho apresentou melhor
digestibilidade de energia, por atingir CDAEB de 93,53%. No entanto, para
Pezzato et al. (2002), este mesmo ingrediente apresentou CDAEB (71,80%)
inferior ao AM. Estas contraposições, também podem ser justificadas por vários
fatores, como diferenças em metodologias de coleta de fezes utilizadas,
descritos por Boscolo et al. (2002), assim como no caso das determinações de
valores de CDAPBs diferentes para o mesmo ingrediente encontrados por
estes autores.
63
A digestibilidade aparente da energia da AM para o pacu (98,43%) foi
superior quando comparada aos resultados obtidos por Abimorad et al. (2008),
em relação a farinha de peixe (74,50%), farelo de soja (78,10%), milho
(75,80%) e glúten de milho (86,00%), para a mesma espécie.
. Comparando-se com as outras espécies, segundo Oliveira Filho &
Fracalossi (2006), o jundiá (Rhamdia quelen) apresentou CDAEBs de
alimentos energéticos como o milho (59,10%), quirera de arroz (64,80%),
inferiores aos resultados de CDAEBs de AM determinados para a tilápia
nilóticae para o pacu. Entretanto, para o ingrediente glúten de milho (88,00%),
tanto a digestibilidade de proteína quanto a de energia, foram superiores aos
CDAs de AM encontrados para a tilápia nilótica, e inferiores aos valores obtidos
para o pacu.
Em geral, a explicação dada por estes autores a diferenças
apresentadas pelas três espécies onívoras estaria relacionada à tendência do
jundiá a apresentar características semelhantes às espécies carnívoras no que
se refere ao aproveitamento de nutrientes provenientes dos alimentos
protéicos, superiores aos alimentos energéticos.
Ao testar ingredientes de origem vegetal e animal, para adultos e juvenis
de Sebastes schlegeli, Lee (2002) verificou valores de CDAEB de farinha de
peixe branco (CDAEB de 99,00% e 95,00%), farinha de anchova (CDAEB de
96,00% e 93,00%),farinha de carne (CDAEB de 93,00% e 90,00%), farelo de
soja (CDAEB de 61,00% e 64,00%), farelo de trigo (CDAEB de 39,00% e
46,00%), glúten de milho (CDAEB de 89,00% e 89,00%). Avaliando estes
valores, os ingredientes de origem aquática obtiveram melhores coeficientes,
do que a AM para a tilápia nilóticae semelhantes para o pacu. No entanto, o
glúten de milho demonstrou novamente ser bem digestível para a espécie
estudada por este autor.
Gonçalves & Carneiro (2003) determinaram valores de CDAEBs de
ingredientes utilizados no mercado para o pintado, como farelo de soja, milho,
farelo de trigo, os quais foram inferiores aos valores determinados por Pezzato
et al. (2002) e Abimorad et al. (2008), para os mesmos ingredientes e para o
AM em tilápias nilóticae pacu. Assim como estes autores, Teixeira et al. (2010)
verificaram valores de digestibilidade da energia inferiores ao AM para ambas
as espécies estudadas neste trabalho.
64
Em peixes carnívoros como o surubim (Pseudoplatystoma sp), existem
particularidades, como circunvoluções das alças finais do intestino médio, que
podem ser consideradas como adaptação e por este motivo pode digerir
ingredientes ricos em carboidratos amiláceos. Logo, a fisiologia e morfologia do
trato gastrointestinal podem interferir na capacidade nutricional dos animais,
visto que, esta espécie possui estruturas que permitem se adequar melhor a
um regime alimentar onívoro, como a tilápia nilótica. (TEIXEIRA et al. 2010).
Em casos como a da espécie carnívora Sebastes schlegeli, os
carboidratos contidos em alta porcentagem nos alimentos de origem vegetal
não foram aproveitados de forma eficiente pelo animal. Logo, a relação
digestibilidade da energia foi negativamente proporcional a quantidade deste
nutriente. Entretanto, para a proteína, a digestibilidade e o seu teor
apresentam-se positivamente proporcionais (LEE, 2002).
Sendo assim, a boa digestibilidade apresentada pela tilápia nilóticae pelo
pacu em relação ao AM, pode estar relacionada à sua fisiologia.
Diferentemente das espécies como pintado (Pseudoplatystoma coruscans)
estudado por Gonçalves & Carneiro (2003) e Sebastes schlegeli por Lee
(2002), a tilápia nilóticapor ser onívora, apresenta boa capacidade digestiva de
alimentos de origem vegetal ou animal (MEURER et al., 2003). Furuya et
al.(2001), observaram que a eficiência desta espécie onívora em utilizar os
ingredientes vegetais estaria relacionada a suas adaptações morfológicas e
fisiológicas. Assim como a tilápia nilótica, os CDAs altos apresentados pelo
pacu com os ingredientes de origem vegetal podem ser explicados pelo hábito
alimentar frugívoro/herbívoro (ABIMORAD & CARNEIRO; 2004), e possuir
vantagens morfológicas e histológicas de seu sistema digestório (ABIMORAD,
2008).
Para Santos et al. (2008) o interesse em determinar características
químicas assim como a digestibilidade dos alimentos alternativos estaria
relacionada a sua possível inclusão em rações para peixes, visto que o seu
custo de produção tende ao crescimento, devido a valorização de preços dos
ingredientes utilizados convencionalmente, como exemplo a farinha de peixe.
Segundo McGoogan & Reigh (1996), a digestibilidade do ingrediente
pode estar relacionada à composição química do alimento e a capacidade
digestiva do animal. Fatores como composição e processamento de dietas,
65
níveis de carboidratos, fibras e gordura, grau de moagem, entre outros,
igualmente influem na digestibilidade dos alimentos fornecidos ao peixe
(OLIVEIRA FILHO, 2005). Desta forma, os valores de CDAs da AM, para
tilápia nilóticae para o pacu, poderiam estar relacionados à sua composição,
visto que, esta solução concentrada obtida da maceração de grãos de milho,
contém carboidratos solúveis, aminoácidos, vitamina e sais minerais, que
podem estar prontamente disponível para o animal (SILVA, 2006).
6.1.2. Experimento 3: Determinação de digestibilidade de GM, FG, GEM e
D do Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Em geral o pacu apresentou valores de CDAPB acima de 70% e acima
de 78% para CDAEB (Tabela 19). Os melhores valores obtidos para CDAPB e
CDAEB forma alcançados com o GM (PB=99,62% e EB=98,13%). Entre os
outros ingredientes avaliados a dextrina (D) mostrou-se a mais digestível em
termos de energia.
Comparando-se o CDAPB de GM com os de Abimorad et al.(2008),
observou-se este valor foi superior aos de farinha de peixe (84,60%) , farelo de
soja (90,60%), milho (85,80%) e glúten de milho (95,60%). Em relação aos
CDAPBs os determinados para FG (84,92%) foram inferiores ao glúten de
milho, farelo de soja e farelo de trigo (87,70%) e superiores à levedura
(81,50%) e semelhante à farinha de peixe. Para os CDAPB de GEM (70,97%) ,
este valor foi inferior aos ingredientes testados pelos autores.
Para o matrinchã (Brycon cephalus), pertencente a mesma família do
pacu, Sallum et al. (2002) observaram resultados de CDAPB de 70,82% para o
milho e 90,53% para o farelo de soja, ambos os valores inferiores aos CDAPBs
destes mesmos ingredientes avaliados por autores Abimorad et al.(2008),
Abimorad & Carneiro (2004), e CDAPBs de GM no presente estudo. Já para o
FG e GEM, estes valores foram inferiores ao CDAPB do farelo de soja
determinado em matrinchã. O CDAPB do milho, para esta espécie, foi
semelhante ao CDAPB do FG determinado para o pacu.
Comparando-se o pacu e o tambaqui, os coeficientes de digestibilidade
da proteína, do ingrediente fubá de milho (83,29%) e farelo de soja (90,35%)
66
foram inferiores aos CDAPB de GM (99,62%). Para FG, o fubá de milho
apresentou-se menos digestível em relação à proteína, ao contrário do farelo
de soja. Estes dois ingredientes foram mais digestíveis para o tambaqui do que
GEM para o pacu. Vale ressaltar-se que os valores dos coeficientes de
digestibilidade apresentados pelo tambaqui foram corrigidos por fator de
produção de nitrogênio endógeno previamente avaliado, ao passo que para
este trabalho, foi obtido valores de digestibilidade aparente, ou seja, sem
correção dos coeficientes por este fator (VIDAL JR. et al., 2004). No entanto,
observou-se a semelhança na capacidade de digerir ingredientes de origem
vegetal por estas duas espécies onívoras, comprovada pela digestibilidade
apresentada por estes dois tipos de peixe ( VIDAL JR. et al., 2004).
Em relação aos peixes carnívoros, observou-se a maior capacidade do
pacu em digerir nutrientes providas por alimentos de origem vegetal.
Gonçalves & Carneiro (2003), ao testarem a digestibilidade de diversos
ingredientes, como o farelo de soja, milho entre outros, para o pintado
(Pseudoplatystoma coruscans), observaram valores de CDAPBs abaixo de
70%.
Neste trabalho em comparação com os resultados obtidos por Abimorad
et al. (2008), o GM apresentou valor superior de CDAEB em relação a farinha
de peixe (74,50%), farelo de soja (78,10%), milho (75,80%) e glúten de milho
(86,00%). Para o CDAEB de FG, este alimento apresentou índices superiores à
farinha de peixe, levedura (73,00%), farelo de trigo (74,40%) e milho. Para o
CDAEB de GEM, este subproduto foi superior a estes ingredientes excetuando
o farelo de soja e glúten de milho.
Estudando os níveis de inclusão de 20% e 40% de diferentes fontes de
carboidratos em dietas de pacu, Muñoz (2005) obteve valores de CDAEB
médios de fontes derivadas do milho, como exemplo o amido de milho regular
(72,80%), amido de milho ceroso (74,00%), amido de milho pré-gelatinizado
(79,50%) e dextrina (64,70%). Em ambos os índices, os resultados
apresentados por Muñoz (2005) foram inferiores ao valor de da CDAEB da
dextrina determinado neste trabalho.
Baldan (2008), ao avaliar a digestibilidade de dietas contendo baixo,
médio e alto valor de carboidratos em pacu, observou alto índice de
digestibilidade de proteína e amido (aproximadamente 99%). Considerando os
67
níveis de inclusão deste nutriente, observou-se melhor digestibilidade em
dietas contendo maiores porcentagens de inclusão do carboidrato.
Comparando-se o pacu com a tilápia nilótica, Pezzato et al. (2002),
encontraram CDAEB de 69,28%, índice pouco superior ao valor encontrado por
Muñoz (2005) para a dextrina e inferior ao CDAEB deste ingrediente testado
neste experimento (84,80%).
Para Vieira et al. (2005), a eficiência do uso de carboidratos pelos peixes
pode estar relacionada á complexidade de moléculas, uma vez que as
espécies carnívoras de água temperada não aproveitam este tipo de nutriente
como fonte de energia. A possível relação entre a sua capacidade digestiva
entre diversos tipos de peixes pode estar relacionada à temperatura de cultivo,
justificada pelo metabolismo de cada animal, devido ao equilíbrio
insulina/glucagon ser termo sensível. Logo, para peixes de clima temperado a
liberação de glucagon aumenta e a de insulina diminui, ao contrario dos peixes
tropicais.
A utilização do carboidrato pode estar associada a fatores que envolvem
o seu metabolismo, já que para peixes de clima temperado, detectou-se baixa
atividade da hexoquinase ou falta de glicoquinase e a inibição de insulina, pela
somatostatina ou baixo numero de seus receptores (WILSON, 1994).
Os CDAs altos apresentados pelo pacu com os ingredientes de origem
vegetal podem ser explicados pelo hábito alimentar frugívoro/herbívoro
(ABIMORAD & CARNEIRO; 2004), e possuir vantagens morfológicas e
histológicas de seu sistema digestório (ABIMORAD, 2008). Em comparação ao
CDA da AM apresentada pelo pacu e pela tilápia nilótica, para o qual foram
obtidos valores de 94,15% e 97,10% para proteína, e para energia, 84,93% e
98,43%, respectivamente. O pacu apresentou valores superiores de CDAPB e
melhor aproveitamento de energia, em relação ao GM. Para os demais
ingredientes, os CDAs foram inferiores.
Pode-se inferir que o pacu é eficiente em utilizar ingredientes de origem
vegetal e supõe-se que este peixe possui aptidão em utilizar melhor a proteína
e energia contida no ingrediente GM, por apresentar elevados coeficientes de
digestibilidade tanto da proteína como da energia, demonstrando o eficiente
aproveitamento dos carboidratos destes ingredientes. A capacidade alta em
digerir esta fonte de energia, segundo Wilson (1994), também poderia estar
68
relacionada à maior atividade da amilase no sistema digestório de peixes
tropicais como o pacu e a tilápia nilótica.
6.2. Ensaio de Desempenho
6.2.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da Tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus)
Durante o período experimental foi observado 20% de mortalidade de
forma aleatória e não associada a qualquer tratamento. Não foram verificadas
diferenças significativas entre os tratamentos em relação aos parâmetros
avaliados, excetuando a taxa de eficiência protéica, cujos valores estão
apresentados na Tabela 20.
Tabela 20. Valores médios dos parâmetros zootécnicos do ensaio de
desempenho da tilápia: GP (Ganho de peso), CR (Consumo de ração), CA
(Conversão Alimentar), TCE (Taxa de crescimento específico), TEP (Taxa de
eficiência protéica).
Níveis de Inclusão de AM (g.100
g-1
)
Parâmetros
GP (g) CR (g) CA TCE (% dia-1
) TEP
0 6,89±1,04 12,26±0,14 1,79±0,14 2,09±0,18 2,08±0,15
2 6,90±0,31 13,01±0,54 1,89±0,13 2,09±0,04 1,94±0,14
4 6,56±0,23 13,23±1,52 2,02±0,22 2,02±0,08 1,81±0,19
6 6,15±0,59 12,65±0,89 1,91±0,22 1,99±0,09 1,77±0,2
8 7,33±0,68 12,83±1,53 1,75±0,10 2,17±0,07 2,11±0,13
Valores de P dos tratamentos 0,16ns
0,80 ns
0,07 ns
0,17 ns
0,03 *
Coeficiente de Variação (%) 10,32 8,45 10,37 5,33 10,56
* Efeito significativo e ns = não significativo (p<0,05)
O parâmetro TEP obedeceu a um comportamento quadrático crescente
em função do nível de inclusão da água de maceração do milho, expresso pela
equação: y= 0,0191x2 – 0,1592x + 2,1199 e R2 de 0,42 (p<0,05), demonstrado
na Figura 18.
69
Figura 18. Efeito da inclusão de AM sobre a taxa de eficiência protéica em
dietas para a tilápia nilótica
Hisano et al.(2003) avaliaram a substituição da proteína proveniente do
farelo de soja pela proteína do glúten de milho (0%, 25%, 50%, 75% e 100%) e
observaram efeitos lineares no parâmetro CR e quadráticos no GP, CA e TEP,
determinando os limites máximos de inclusão do derivado de milho. No
presente trabalho, a inclusão de níveis de AM foi somente incluída nas
formulações de dietas experimentais, substituindo-se ingredientes como farelo
de soja, farinha de peixe (ingredientes proteicos).
A inclusão de AM não alterou de forma significativa aos parâmetros GP,
CR, CA para a tilápia nilótica. Em relação à TEP, Hisano et al. (2003), assim
como neste trabalho, observaram efeito quadrático, entretanto, a curva obtida
por estes autores foi decrescente.
O comportamento quadrático crescente apresentado pelos resultados
obtidos em TEP pode estar relacionado com a composição de aminoácidos
contidos em cada dieta experimental, visto que este fator pode afetar o
desempenho produtivo como o GP, descrito por Hisano et al. (2003), mas não
foi observada influência da TEP sobre o GP, neste experimento. Vale ressaltar,
que os níveis de inclusão dos respectivos ingredientes teste neste experimento
foram diferentes dos testados por Hisano et al. (2003).
y = 0,0191x2 - 0,1592x + 2,1199
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 2 4 6 8 10
TEP
Nível de Inclusão de Água de Maceração
TEP estimado
TEP observado
70
A adição de milheto em dietas para a tilápia nilótica em fase de reversão
sexual, em 0%, 2%, 4%, 6% e 8%, apresentou comportamento linear crescente
para a variável GP (MEURER et al., 2004), diferindo-se dos resultados obtidos
por Hisano et al. (2003), e para a inclusão de AM neste trabalho.
Tachibana (2007) ao testar diferentes níveis de substituição do milho
pelo triticale, em 0, 25%, 50%, 75% e 100% em dietas para alevinos de tilápia
nilótica, verificou diferenças em CR, CA. No entanto, como a inclusão de AM, o
triticale não alterou a tendência ao GP em tilápia nilótica. Para o tratamento
50%, houve o aumento do CR, justificada por conter de forma equilibrada o
milho e o triticale, mas também, piorou a CA, devido ao não aproveitamento
dos nutrientes fornecidos por este tratamento.
Vieira et al. (2005), ao avaliarem o efeito do processamento de extrusão
e peletização do milho sobre o desempenho produtivo da tilápia nilótica, não
obtiveram resultados significativos referentes ao GP e CA para a piaba
(Leporinus friderici), assim como o subproduto testado (AM). No entanto, estes
processos influenciaram significativamente a composição corporal do peixe.
Ao analisarem a substituição da farinha de peixe pelo glúten de milho,
em níveis de 25%, 50%, 75% e 100% para carpas, Kaur & Saxena (2005)
verificaram correlação negativa entre os níveis de inclusão deste ingrediente e
o GP, justificada pelo desbalanço de alguns aminoácidos essenciais
detectados pelo aumento do glúten de milho, visto que a substituição de até
25% deste ingrediente não afetou o GP deste animal.
Chovatiya et al. (2011), em experimento com a carpa indiana (Labeo
rohita), observou que a adição da água de maceração do milho influenciou de
forma positiva o GP, TCE, CA, em que os níveis de 25% e 50% foram
considerados os melhores tratamentos. Estes resultados positivos não foram
conseguidos com a tilápia nilóticano presente estudo, provavelmente porque
foram adicionados em níveis mais baixos (de 0 a 8%) que os de Chovatiya et
al. (2011). Estes efeitos favoráveis podem estar relacionados à presença de
alguns aminoácidos essenciais, exceto lisina, à baixa quantidade de fatores
antinutricionais, a redução de níveis de açúcar e alto teor de minerais contidos
na solução, além de conter produtos fermentados, degradáveis, mistura de
carboidratos, aminoácidos, peptídeos, compostos orgânicos, íons inorgânicos,
e ricos em nutrientes como proteína, energia e minerais, e ácido lático.
71
6.2.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do Pacu (Piaractus
mesopotamicus)
Durante o período experimental, não foi observada ocorrência de
mortalidade. Em relação ao ensaio de desempenho, foram obtidos valores
descritos na Tabela 21, em que não se verificou diferença significativa entre os
tratamentos para nenhum dos parâmetros avaliados.
Tabela 21. Valores médios referentes aos parâmetros zootécnicos: GP (Ganho
de peso), CR (Consumo de ração), CA (Conversão Alimentar), TCE (Taxa de
crescimento específico), TEP (Taxa de eficiência protéica) para o pacu.
Níveis de Inclusão de
AM (g.100 g-1
)
Parâmetros
GP (g) CR (g) CA TCE (%. Dia-1
) TEP
0 14,45±2,95 15,05±2,31 1,05±0,06 1,84±0,21 2,99±0,61
2 12,87±3,65 14,81±3,10 1,17±0,11 1,71±0,29 2,72±0,25
4 15,90±3,39 17,52±1,98 1,12±0,12 1,89±0,21 2,75±0,29
6 16,21±2,73 16,85±2,4 1,04±0,04 1,95±0,17 3,09±0,12
8 16,87±4,97 17,78±4,12 1,08±0,17 1,95±0,29 3,10±0,45
Valores de P dos tratamentos 0,55ns
0,40ns
0,36ns
0,54ns
0,44ns
Coeficiente de Variação 23,19 16,49 9,22 11,90 12,43
* Efeito significativo e ns = não significativo (p<0,05)
Ao avaliar o desempenho de juvenis de pacu, alimentados com
diferentes fontes de milho, Muñoz (2005) observou a existência de relação
entre o nível de complexidade estrutural dos carboidratos apresentado por
ingrediente e a eficiência deste em melhorar os parâmetros avaliados, como
GP e CR, CA, TCE, TEP. As fontes mais complexas não gelatinizadas, como
amido de milho regular e ceroso, assim como as parcialmente hidrolizadas ou
com maior teor de oligo e monossacarídeos, como dextrina, maltodextrina, e
glicose foram as que se mostraram como piores fontes de carboidratos para a
alimentação do pacu. Ao contrário destes produtos a base de milho, a adição
de AM não afetou (p>0,05) os parâmetros avaliados comparativamente ao
tratamento controle.
72
Polese et al.(2010), ao testarem as inclusões de diferentes granulometria
do milho em dietas para pacu, observaram melhores resultados em dietas que
continham a menor granulometria deste ingrediente, observando a correlação
positiva entre o grau de tamanho e o ganho de peso, e menor CA. Para TCE e
TEP, também observaram a mesma tendência a estas variáveis, diferindo-se
com os dados obtidos para a inclusão da AM. Para os autores supracitados, a
razão pela qual o tratamento com menor tamanho de grãos de milho,
apresentou melhor desempenho pode estar correlacionada com a superfície de
exposição dos alimentos às secreções digestivas e pelo tempo de passagem
no trato gastrointestinal do animal.
Em relação a outras espécies, ao testarem a substituição do milho pelo
milheto em dietas para carpa capim, em níveis de 0%, 33%, 66,67% e 100%,
Kavata et al. (2005) não verificaram diferenças significativas relacionadas ao
GP e CA, igualmente observadas para AM, demonstrando a eficiência deste
produto assim como o ingrediente testado neste trabalho, em substituir
ingredientes convencionais. Para Silva et al. (1997), a inclusão em níveis
crescentes deste ingrediente em dietas para tambaqui também não afetou o
GP e CA.
Kaur & Saxena (2005), ao testarem diferentes níveis de substituição do
glúten de milho em carpas (25%, 50%, 75% e 100%), verificaram que o
tratamento contendo 25% deste ingrediente não afetou o GP do animal. Ao
testarem a inclusão deste mesmo ingrediente em salmão do Atlântico (Salmo
salar L.), em porcentagem de 0%, 16%, 32%, 48% e 64%, Mente et al. (2003)
não verificaram diferenças significativas relacionadas ao GP, possibilitando a
inclusão deste alimento em até 50% sem causar danos ao desempenho deste
peixe carnívoro. Os respectivos níveis de inclusão não influenciaram de forma
efetiva em relação ao CA, assim como, neste trabalho.
Pereira & Teles (2003), ao analisarem o glúten de milho em espécie
Sparus aurata, não verificaram, assim como para AM, diferenças significativas
em GP, em TCE e em TEP, até o tratamento contendo 60% deste derivado. No
entanto, acima deste valor, os autores observaram decréscimo em GP e
eficiência na utilização do alimento. A justificativa dada por estes autores
(PEREIRA & TELES, 2003; KAUR & SAXENA, 2005), seria a perda da
eficiência em fornecer os nutrientes, devido ao desbalanço de aminoácidos
73
essenciais gerados pelo aumento da inclusão deste derivado do milho. Mente
et al. (2003), não verificaram o efeito da deficiência de alguns aminoácidos,
justificada pelo alto teor de proteína das dietas fornecida, em torno de 52%,
para o salmão do Atlântico.
A eficiência do AM em fornecer nutrientes assim como a farinha de
peixe e farelo de soja, demonstrados pelo valor de CDA e de parâmetros
zootécnicos avaliados, pode estar relacionada com a capacidade fisiológica do
pacu. A eficácia em utilizar carboidratos pelo pacu é devido a fatores como o
seu hábito alimentar onívoro, a morfologia de seu trato digestório e a sua
capacidade de armazenamento estomacal, que permitem a liberação contínua
do alimento possibilitando uma ação eficiente da amilase nos cecos e
intestinos, permitindo melhor digestão e absorção das fontes complexas de
carboidratos (MUÑOZ, 2005).
Comparando-se os resultados de desempenho obtidos nesta pesquisa
para as espécies tilápia nilótica e pacu, foram observadas diferenças
significativas em relação aos parâmetros avaliados. A TEP para a tilápia foi
significativamente influenciada pelos níveis de inclusão de AM. Entretanto os
resultados obtidos para o pacu não foi verificada esta diferença. Em geral, a
ausência significativa entre os resultados obtidos para estas duas espécies
pode ser vista como um resultado favorável, visto que a AM substituiu em
parte, a farinha de peixe, sem afetar o desempenho dos peixes.
Além disso, a utilização subprodutos ou resíduos industriais contribui
para a minimização de impactos relacionados aos recursos naturais, sendo
uma estratégia de geração mais limpa, o qual é buscado as evoluções tanto da
parte tecnológica e econômica, quanto da parte ambiental, em todo o processo
produtivo, com o objetivo de aumentar o uso de matéria-prima, neste caso, o
milho (CAMPOS et al., 2010)
6.3. Viabilidade econômica
6.3.1. Experimento 4: Ensaio de crescimento da Tilápia nilótica
Para a melhor compreensão da análise econômica realizada para o
ensaio de desempenho da tilápia nilótica, os resultados obtidos foram
74
organizados para a discussão, nos seguintes subitens: variação dos preços da
AM, do farelo de soja e farinha de peixe.
Neste trabalho, vale ressaltar que para os cálculos, de custo de dieta
experimental (CDE), custo da dieta para produção de 1 quilo de peso vivo
(CDPV) e variação dos CDPVs entre 0% e os demais tratamentos, foram
considerados os valores de umidade (quantidade real utilizada para a produção
de dietas) nos respectivos ingredientes utilizados, inclusive e a AM, o qual se
apresenta no mercado como um produto de textura pastosa.
6.3.1.1. Variação dos preços da água de maceração (AM)
Em função da variação dos preços da AM (mínimo, médio e máximo),
foram obtidos os resultados, descritos nas Tabelas 22. Utilizando estes dados,
foram elaboradas figuras (Figuras 19 e 20) referentes aos custos de produção
das dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a comparação entre o
CDPV de 0% e os demais tratamentos, considerando os respectivos preços.
75
Tabela 22. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação em relação ao CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos,
utilizando o preço mínimo, médio e máximo da AM, para a viabilidade
econômica
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo de AM: 58 centavos de R$ Kg-1
(cenário 1)
CA (Kg ração Kg-1
PV)1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
)0,91 0,91 0,91 0,90 0,90
CDPV (R$)1,64 1,73 1,83 1,72 1,58
Var. entre CDPVs1,00 1,06 1,12 1,05 0,97
Preço médio de AM: 67 centavos de R$ Kg-1
(cenário 2)
CA (Kg ração Kg-1
PV)1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
)0,91 0,92 0,91 0,91 0,92
CDPV (R$)1,64 1,73 1,85 1,74 1,60
Var. entre CDPVs1,00 1,06 1,13 1,06 0,98
Preço máximo de AM: 75 centavos de R$ Kg-1
(cenário 3)
CA (Kg ração Kg-1
PV)1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
)0,91 0,92 0,91 0,91 0,92
CDPV (R$)1,64 1,74 1,86 1,76 1,62
Var. entre CDPVs1,00 1,06 1,14 1,07 0,99
Figura 19. Custos de dietas experimentais (CDPV), para formação de 1Kg de
peso vivo do animal, relacionados ao desempenho da tilápia nilótica.
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
0 2 4 6 8
CD
PV
(R
$)
Niveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo AM
Preço médio AM
Preço máximo AM
76
Figura 20. Variações de custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg
de peso vivo (CDPV), das dietas contendo 0% e as demais inclusões da água
de maceração relacionadas ao desempenho da tilápia nilótica
Os custos de produção das dietas, calculados para cada tratamento,
foram influenciados em função dos preços (cenários econômicos 1,2 e 3) da
AM, como demonstra a Tabela 22.
Considerando o cenário econômico nº 1, em que o preço AM era mínimo
(58 centavos de real Kg-1 do produto), observou-se que entre os custos de
produção do tratamento 0% e o tratamento 8%, o qual atingiu valor mínimo, a
diferença foi de 1 centavo por Kg da dieta produzida.
Ao avaliar o cenário econômico nº 2, o aumento do preço de AM, de 58
centavos de real Kg-1 do produto AM para 67 centavos de real Kg-1 do produto
AM, observa-se que a diferença entre os tratamentos 0% e 8% foi de 1 centavo
de real Kg-1 da dieta produzida. Foram observados, aumentos em valores para
as dietas contendo 2% e 8% da AM.
Para o cenário econômico nº 3, o preço máximo de AM (75 centavos de
real Kg-1 de produto) alterou a tendência da diminuição dos CDEs, como
averiguada nos casos supracitados, gerando um incremento nos valores, para
os tratamentos 2%,4%,6% e 8%.
Entre os tratamentos, e os respectivos cenários econômicos, a variação
de preços da AM conseguiu gerar diferenças de até 1 centavo de real Kg-1 de
dieta produzida. Em relação aos resultados de CDPV, apresentados tabela 22,
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Var
iaçã
o d
e ín
dic
e C
DP
Vs
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
Preço mínimo da AM
Preço médio da AM
Preço máximo da AM
77
o qual envolve a relação entre CDE e CA, observou-se a mesma tendência,
para os três cenários econômicos descritos acima, como pode ser verificado na
Figura 19.
Estatisticamente, a CA, determinada para cada tratamento, como
descritas nas tabelas 22, não apresentou de forma significativa diferenças entre
os níveis de inclusão da AM. No entanto, ao avaliar viabilidade econômica,
através do indicador CDPV, observou-se que a inclusão de 8% foi a que
apresentou o menor índice. Devido à CAs dos tratamentos 2%,4% e 6%, serem
piores que ao controle, o CDPV dos respectivos tratamentos com AM foram
maiores do que a de 0% de inclusão deste ingrediente.
Observando a Figura 20, os preços (mínimo, médio e máximo)
influenciaram na diferença, em porcentagem, a variação dos CDPVs entre 0%
e os demais tratamentos com AM. A amplitude entre os índices apresentados
para 4%, 6% e 8%, dos três cenários econômicos, variou 1% entre si.
Comparando os resultados entre as inclusões em 0% e 8% da AM, foi
verificado o decréscimo em até 3% em valores de CDPV, o qual pode se
considerar um resultado satisfatório, já que, foram feitas substituições de
ingredientes como farinha de peixe ao adicionar este derivado do milho. Para
os demais tratamentos, houve um acréscimo de 6% a 14% de CDPV.
6.3.1.2. Variação dos preços do farelo de soja
Em função da variação dos preços do farelo de soja (mínimo, médio e
máximo), foram obtidos os seguintes resultados, descritos na Tabela 23.
Utilizando estes dados, foram feitos gráficos (Figuras 21 e 22) referentes aos
custos de produção das dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a
comparação entre CDPV de 0% e dos demais tratamentos, considerando os
respectivos preços.
78
Tabela 23. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação do CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos, utilizando o preço
mínimo do farelo de soja, para a viabilidade econômica do desempenho da
tilápia nilótica.
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo do farelo de soja: 52 centavos de R$ Kg-1
(cenário 4)
CA (Kg ração Kg-1
PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
) 0,82 0,83 0,83 0,83 0,84
CDPV (R$) 1,46 1,56 1,68 1,59 1,47
Var. entre CDPVs 1,00 1,07 1,15 1,09 1,01
Preço médio do farelo de soja: 86 centavos de R$ Kg-1
(cenário 5)
CA (Kg ração Kg-1
PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
) 0,91 0,92 0,91 0,91 0,92
CDPV (R$) 1,64 1,73 1,85 1,74 1,60
Var. entre CDPVs 1,00 1,06 1,13 1,06 0,98
Preço máximo do farelo de soja: 1,26 R$ Kg-1
(cenário 6)
CA (Kg ração Kg-1
PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1
) 1,03 1,02 1,01 1,00 1,00
CDPV (R$) 1,84 1,94 2,04 1,92 1,76
Var. entre CDPVs 1,00 1,05 1,11 1,04 0,96
79
Figura 21. Custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg de peso vivo
do animal (CDPV), relacionados ao desempenho da tilápia nilótica
Figura 22. Variações de custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg
de peso vivo do animal (CDPV) das dietas contendo 0% e as demais inclusões
da AM, relacionadas ao desempenho da tilápia nilótica
Observando os CDEs dos respectivos tratamentos, ponderando-se as
variações de preços do farelo de soja, descritos em cenários econômicos n º 5,
6 e 7, foram averiguadas a influência dos preços (mínimo, médio e máximo)
deste ingrediente convencional sobre os resultados obtidos (Tabela 23).
No cenário nº 4, em que o preço considerado para o farelo de soja foi o
mínimo (52 centavos de real Kg-1 do produto), os CDEs, aumentaram à medida
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
0 2 4 6 8
CD
PV
(R
$)
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo f. soja
preço médio f. soja
preço máximo f. soja
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Var
iaçã
o d
e ín
dic
e C
DP
Vs
Niveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo f. soja
preço médio f. soja
preço máximo f. soja
80
que os tratamentos apresentaram maiores níveis de inclusão da AM. A
diferença entre os CDEs mínimo (0%) e máximo (8%) foi de 2 centavos por Kg
de dieta produzida, o qual foi maior do que a diferença entre CDEs destes
mesmos tratamentos, ao analisar o efeito do preço mínimo da AM. Entre os
cenários n º 1 e 4, em que se utilizou os preços mínimos de AM e farelo de soja
para os cálculos, foram observados, em média, diferenças de preços de até 9
centavos.
Para o cenário nº 5, o preço médio de farelo de soja (86 centavos de real
Kg-1 de produto) gerou variação entre os preços de dietas experimentais em
torno de 1 centavo/Kg de dieta produzida.
Em cenário nº 6, foi observada a inversão do comportamento dos
resultados obtidos em cenário nº 4, ocasionado pelo aumento do preço de
farelo de soja, de 52 centavos para 1,26 reais Kg-1 de produto, ocorrendo uma
queda de preços em 3 centavos entre os tratamentos 0% e 8%. A diferença de
preços deste ingrediente foi maior do que a diferença de preços mínimo e
máximo de AM (8 centavos). A diferença entre valores de CDE dos tratamentos
de cenários econômicos nº 3 e 6, também foi aproximadamente de 8 centavos
(Tabela 23).
A variação de CDPV entre níveis de 0% e 8% de inclusão da AM foi
significativamente alterada em função da mudança de preços do farelo de soja.
Ao analisar o cenário econômico nº 4, a diferença entre estes dois tratamentos
foi de 1%, o qual a dieta controle foi o que apresentou melhor CDPV.
Entretanto, ao observar as cenários econômicos nº 5 e 6, ponderando-se
os preços (médio e máximo), foram verificadas inversões de situações, em que
o nível de inclusão de 8% foi o que apresentou menor CDPV em relação aos
demais tratamentos, apresentando redução de até 4% em CDPV em relação
ao tratamento controle, observada na Figura 22. O efeito da variação dos
preços de farelo de soja foi mais significativo para as dietas que continham 4%
a 8% de AM, assim como no caso em que se variou o preço do ingrediente
testado. Este efeito também foi mais significativo do que a mudança de preços
do derivado do milho, como observada nas Figuras 20 e 22. Este fato pode
estar relacionado à maior diferença apresentada pelo preço mínimo, médio e
máximo do farelo de soja.
81
6.3.1.3. Variação dos preços da farinha de peixe
Em função da variação dos preços da farinha de peixe (mínimo, médio e
máximo), foram obtidos os resultados, descritos na Tabela 24. Utilizando estes
dados, foram feitos gráficos (Figuras 23 e 24) referentes aos custos de
produção das dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a
comparação entre CDPV de 0% e dos demais tratamentos, considerando os
respectivos preços.
Tabela 24. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação do CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos, utilizando o preço
mínimo da farinha de peixe, para a viabilidade econômica do desempenho de
tilápia nilótica.
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo da farinha de peixe (cenário 7): 1,10 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1) 0,86 0,86 0,86 0,86 0,87
CDPV (R$) 1,54 1,63 1,74 1,64 1,52
Var. entre CDPVs 1,00 1,06 1,13 1,07 0,98
Preço médio da farinha de peixe (cenário 8): 1,45 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1) 0,91 0,92 0,91 0,91 0,92
CDPV (R$) 1,64 1,73 1,85 1,74 1,60
Var. entre CDPVs 1,00 1,06 1,13 1,06 0,98
Preço máximo da farinha de peixe (cenário 9): 1,80 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,79 1,89 2,02 1,91 1,75
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,97 0,97 0,96 0,96
CDPV (R$) 1,73 1,83 1,95 1,84 1,69
Var. entre CDPVs 1,00 1,06 1,13 1,06 0,98
82
Figura 23. Custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg de peso vivo
do animal ( CDPV), relacionados ao desempenho da tilápia nilótica
Figura 24. Variações de custos de dietas experimentais para formação de 1
quilo de peso vivo animal (CDPV) das dietas contendo 0% e as demais
inclusões da AM, relacionadas ao desempenho da tilápia nilótica
A variação de preços de farinha de peixe, descritos nos cenários
econômicos nº 7, 8 e 9 (Tabela 24), assim como no caso da AM e farelo de
soja, alterou os CDEs obtidos para os tratamentos. Em cenário nº 7, em que se
considerou o foco de estudo o valor mínimo deste ingrediente (1,10 reais Kg-1
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
0 2 4 6 8
CD
PV
R$)
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo farinha de peixe
preço médio farinha de peixe
preço máximo farinha de peixe
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Var
iaçã
o d
e ín
dic
e C
DP
Vs
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo farinha de peixe
preço médio farinha de peixe
preço máximo farinha de peixe
83
do produto), a dieta que continha 8% de AM foi a mais custosa em relação a
outras inclusões. A diferença em preços entre 0% e este tratamento atingiu 1
centavo de real Kg-1 de dieta produzida .
Ao aumentar o preço deste alimento, de 1,10 para 1,45 reais Kg-1 do
produto (cenário nº 8), foram observadas variações de preços em 1 centavo de
real dentre os níveis de AM estudados, como foi discutido nos casos anteriores
(cenários nº 2 e 5).
Para o valor máximo da farinha de peixe, os CDEs dos tratamentos 0%,
2% e 4%, foram mais altos do que os de 6% e 8%, seguindo a mesma
tendência observada para o farelo de soja, em cenário nº 6. A variação de
preços deste alimento, considerando os três cenários econômicos, gerou
diferenças dentre as dietas experimentais. Como exemplo, utilizando como
objeto de comparação, o CDE de 8% de AM, foi observada a diferença em
custos de até 5 centavos, dentre os valores (mínimo, médio e máximo)
utilizados (Tabela 24).
Observando a Figura 23, independente dos preços de farinha de peixe, o
tratamento 8% foi o que apresentou melhores valores de CDPVs, devido a fato
de estar relacionado com a eficiência apresentada por esta dieta experimental
em disponibilizar os nutrientes necessários, visto que, a CA foi a menor em
relação a outras, inclusive do tratamento controle.
A variação dos valores de farinha de peixe gerou diferenças em valores
de CDPVs entre os mesmos tratamentos. A diferença encontrada entre CDPVs,
por exemplo, para a dieta 8% de inclusão de AM, entre os cenários econômicos
nº 7, 8 e 9, foi de aproximadamente 10 centavos, sendo mais efetivo do que os
CDPVs obtidos a se basear na mudança de preços da AM (cenários nº 1,2 e 3).
Ao relacionar os valores de CDPVs de 0% com os demais tratamentos, o
tratamento 8% demonstrou-se como mais eficiente, por apresentar CDPVs
mais baixos, para os três casos propostos (Figura 24). Diferentemente do
farelo de soja (Figura 22), a oscilação de preços da farinha de peixe não
alterou de forma significativa esta relação (Figura 24), devido à menor inclusão
deste nas formulações das dietas – testes em relação ao alimento vegetal.
Assim como este alimento de origem animal, não houve maior influência da
variante preço da AM sobre este indicador econômico.
84
De um modo geral, considerando os 9 cenários econômicos propostos
para avaliar a viabilidade da inclusão de AM, em diferentes níveis inclusão,
observaram-se pontos importantes, como a dependência dos custos de
produção das dietas em função da eficiência na variável CA. Por esta razão,
excetuando o cenário econômico nº 4, o tratamento 8% foi que apresentou
melhor eficiência sobre estas variáveis estudadas, reduzindo em 2% os custos
em relação ao controle. A inclusão de 4% de AM foi que apresentou maiores
custos de produção relacionada a nutrição.
6.3.2. Experimento 5: Ensaio de crescimento do Pacu
Assim como no caso da tilápia nilótica, os resultados obtidos para o pacu
foram divididos para a discussão, em seguintes subitens: variação dos preços
da AM, do farelo de soja e farinha de peixe.
Como no caso da tilápia nilótica, vale ressaltar que os cálculos, de CDE,
CDPV e variação dos CDPVs entre 0% e os demais tratamentos, foram
considerados os valores de umidade (quantidade real utilizada para produção
de dietas) nos respectivos ingredientes utilizados, inclusive a AM, o qual se
apresenta no mercado como um produto de textura pastosa.
6.3.2.1. Variação dos preços da água de maceração (AM)
Em função da variação dos preços da AM (mínimo, médio e máximo),
foram obtidos os resultados, descritos na Tabela 25. Utilizando estes dados,
foram feitos gráficos (Figura 25 e 26) referentes aos custos de produção das
dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a comparação entre CDPV
de 0% e dos demais tratamentos, considerando os respectivos preços.
85
Tabela 25. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação do CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos, utilizando o preço
mínimo da AM, para a viabilidade econômica do desempenho de pacu.
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo da AM (cenário 1): 58 centavos R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,95 0,96 0,95 0,95
CDPV (R$) 1,02 1,12 1,07 0,99 1,03
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,06 0,97 1,01
Preço médio da AM (cenário 2): 67 centavos R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,96 0,96 0,96 0,97
CDPV (R$) 1,02 1,12 1,08 1,00 1,04
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,06 0,98 1,03
Preço máximo da AM (cenário 3): 75 centavos R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,96 0,97 0,97 0,98
CDPV (R$) 1,02 1,12 1,09 1,01 1,06
Var. entre CDPVs 1,00 1,11 1,07 0,99 1,04
.
Figura 25. Custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg de peso vivo
do animal (CDPV), relacionados ao desempenho do pacu.
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
0 2 4 6 8
CD
PV
(R
$)
Niveis de inclusão (%)
Preço mínimo da AM
Preço médio da AM
Preço máximo da AM
86
Figura 26. Variações de custos de dietas experimentais, para formação de 1
quilo de peso vivo animal (CDPV) das dietas contendo 0% e as demais
inclusões da AM, relacionadas ao desempenho do pacu.
Em cenário econômico nº 1, ao considerar o valor mínimo de AM (58
centavos de real Kg-1 do produto de produto), os CDEs contendo este
ingrediente apresentaram valores abaixo do controle. Entre os tratamentos com
o ingrediente teste, foram observadas variações em 1 centavo no custos de
produção (Tabela 25).
O aumento do preço do produto, para 67 centavos de real Kg-1 de
produto (cenário nº 2), fez com que os CDEs controle e 8%, fossem os que
apresentassem maiores valores em relação aos demais tratamentos
Ao considerar o preço máximo do produto (75 centavos de real Kg-1 de
produto) (cenário nº 3), o CDE contendo 8% da AM, foi a mais custosa dentre
as demais inclusões, incluindo o controle (0%). As diferenças relacionadas a
este indicador, girou em torno de 1 centavo/Kg de dieta produzida. Entre os
três cenários econômicos, a oscilação de valores de CDE entre os mesmos
tratamentos em diferentes situações, foi de 1 centavo/Kg de dieta produzida.
Em relação aos CDPVs dos tratamentos, a oscilação de preços da AM
não alterou ao comportamento do gráfico (Figura 25), em que a inclusão ao
nível de 6% foi que apresentou menor custo de produção, e consequentemente,
foi mais eficiente em relação ao controle, como demonstra a Figura 26.
Entretanto, a diferença entre a variação de CDPVs destes dois níveis de
inclusão, reduziu em 1%, a medida que foi aumentando o preço da AM. Os
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Var
iaçã
o d
e ín
dic
e C
DP
Vs
Niveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
Preço mínimo
Preço médio
Preço máximo
87
demais tratamentos mostraram ser mais custosos do que o controle. Este fato,
como citado no caso da tilápia nilótica, deveu-se às diferenças relacionadas
aos valores de CA, ao qual economicamente, a inclusão de 6% da AM foi a que
demonstrou melhor resultado para as variáveis estudadas. A redução de custos
em relação ao tratamento 0% de adição de AM foi entre 1 a 3%. Já o a inclusão
de 2%, gerou acréscimo de até 11% dos custos em relação ao controle. Vale
frisar que estatisticamente, não foram detectadas diferenças significativas entre
os tratamentos para este parâmetro de desempenho.
Em comparação à tilápia nilótica, os valores referentes ao CDEs de pacu
foram mais altos em relação a esta espécie, devido à porcentagem maior de
inclusão dos ingredientes protéicos, para obtenção de níveis mais elevados de
proteína bruta. No entanto, ao considerar o indicador econômico CDPVs,
independente da variação dos preços da AM, o pacu apresentou os valores
mais baixos, justificada pela maior CA apresentada pela tilápia nilótica. As
condições experimentais (tamanho de aquários, densidade de peixes e
formulações de dietas) e o período experimental foram diferentes.
No caso do experimento nº 4, o tratamento com 8% de adição de AM,
independente da variação dos preços deste ingrediente, foi o que apresentou
melhores resultados referentes aos indicadores econômicos avaliados, e a
inclusão de 4%, a que apresentou piores resultados. Para o experimento nº5, o
tratamento com 2% e 6% de adição de AM, foram os que apresentaram os
piores e melhores resultados, considerando as oscilações de valores deste
derivado do milho, respectivamente.
6.3.2.2. Variação dos preços do farelo de soja
Em função da variação dos preços do farelo de soja (mínimo, médio e
máximo), foram obtidos os resultados, descritos na Tabela 26. Utilizando estes
dados, foram feitos gráficos (Figuras 27 e 28) referentes aos custos de
produção das dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a
comparação entre CDPV de 0% e os demais tratamentos, considerando os
respectivos preços.
88
Tabela 26. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação do CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos, utilizando o preço
mínimo do farelo de soja, para a viabilidade econômica do desempenho de
pacu.
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo do farelo de soja (cenário 4): 52 centavos R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,83 0,82 0,84 0,84 0,85
CDPV (R$) 0,87 0,96 0,94 0,88 0,92
Var. entre CDPVs 1,00 1,11 1,08 1,01 1,05
Preço médio do farelo de soja (cenário 5): 86 centavos R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,96 0,96 0,96 0,97
CDPV (R$) 1,02 1,12 1,08 1,00 1,04
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,06 0,98 1,03
Preço máximo do farelo de soja (cenário 6): 1,26 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 1,13 1,12 1,11 1,10 1,11
CDPV (R$) 1,19 1,31 1,25 1,15 1,19
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,05 0,97 1,01
Figura 27. Custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg de peso vivo
do animal (CDPV), relacionados ao desempenho do pacu.
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
0 2 4 6 8
CD
PV
(R
$)
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo f. soja
preço médio f. soja
preço máximo f. soja
89
Figura 28. Variações de custos de dietas experimentais pra formação de 1 Kg
de peso vivo animal (CDPV) das dietas contendo 0% e as demais inclusões da
AM, relacionados ao desempenho do pacu.
Observando o cenário econômico nº 4 (Tabela 26), o preço mínimo do
farelo de soja (52 centavos de real Kg-1 de produto) tornou as dietas
experimentais contendo 4%, 6% e 8% de AM mais custosas em relação às
dietas com 0% e 2% de inclusão deste derivado. A diferença entre os
tratamentos que apresentaram CDE mínimo (2%) e máximo (8%), foi de 2
centavos/Kg de dieta produzida.
Ao aumentar o valor para 86 centavos de real Kg-1 de produto (cenário
nº 5) (Tabela 26), os valores de CDEs aumentam em 14 centavos de real Kg-1
de dieta produzida, para todos os tratamentos. Como consequência, o valor de
CDE 0% passou a ser o mais custoso entre os demais, conjuntamente com o
CDE 8%. A diferença entre o CDE mínimo e máximo caiu para 1 centavo/Kg de
dieta produzida.
Considerando o preço máximo deste alimento (1,26 real Kg-1do produto)
(Tabela 26) (cenário nº 6), os CDEs para todos os níveis de inclusão, em
comparação com o cenário nº5, elevaram em 16 centavos/Kg de dieta
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Var
iaçã
o d
e ín
dic
e C
DP
Vs
Niveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo f. soja
preço médio f. soja
preço máximo f. soja
90
produzida. Entre os tratamentos, ao contrário do cenário nº 4, o CDE 0%
apresentou o valor mais alto, e CDE 6%, o mais baixo.
Em geral, as variações de preços farelo de soja alteraram de forma mais
significativa os valores de CDEs determinados para os tratamentos, em relação
à variação de preços da AM. Ao passo que, este primeiro ingrediente tenha
apresentado diferenças em CDEs entre os cenários nº 4, 5 e 6, entre 14 e 16
centavos de real Kg-1 de dieta produzida, e o segundo, somente alterou em 1
centavos Kg-1 de dieta produzida, entre os cenários nº 1,2 e 3. Estes
resultados devem estar relacionados à maior amplitude entre os preços
mínimo, médio e máximo apresentado pelo alimento a base de soja
Em relação aos CDPVs (Figura 27), ao utilizar em base de cálculos o
preço mínimo do farelo de soja (cenário nº 4), a inclusão de 0% de AM foi a
que demonstrou melhor eficiência e a de 2%, o pior resultado, para esta
variável. Este tratamento, em comparação ao controle, aumentou o CDPV em
11%.
Já para o cenário nº6, o preço máximo deste alimento fez com que o
CDPV proveniente da adição em 6% da AM, atingisse o menor custo, sendo o
tratamento mais eficiente para esta variável. Logo, em relação ao controle,
como pode ser observado na Figura 28, reduzisse o CDPV em 3%.
Observando a oscilação de preços de AM e farelo de soja, em geral,
demonstraram que o tratamento 6% foi o mais eficiente para as variáveis
estudadas, excetuando a situação em que foi analisado o valor mínimo deste
segundo ingrediente, em que o tratamento controle foi o menos custoso.
Comparando-se o efeito da variação de preços de farelo de soja sobre a
viabilidade econômica das inclusões de AM em tilápia e em pacu, a diferenças
apresentada para CDEs para o pacu foi maior do que a tilápia nilótica,
atingindo valores de 14 a 16 centavos Kg-1 de dieta produzida, contra 8
centavos Kg-1 de dieta produzida. A explicação desta diferença pode estar
relacionada à maior inclusão deste ingrediente em dietas experimentais para o
ensaio de desempenho de pacu. Para esta mesma comparação, os preços de
AM não alteraram os CDEs para estes peixes. Para o pacu, o tratamento com
6% de inclusão de AM, apresentou melhores resultados, diferentemente da
tilápia nilótica, em que a inclusão de 8% do produto foi a que apresentou menor
custo relacionado à nutrição.
91
6.3.2.3. Variação dos preços da farinha de peixe
Em função da variação dos preços do farelo de soja (mínimo, médio e
máximo), foram obtidos os seguintes resultados, descritos na Tabela 27.
Utilizando estes dados, foram feitos gráficos (Figuras 29 e 30) referentes aos
custos de produção das dietas experimentais, aos CDPVs dos tratamentos e a
comparação entre CDPV de 0% e dos demais tratamentos, considerando os
respectivos preços.
Tabela 27. Valores de conversão alimentar (CA), custo das dietas
experimentais (CDE), custo da dieta para formação de 1 Kg peso vivo (CDPV)
e variação do CDPV entre 0% e os respectivos tratamentos, utilizando o preço
mínimo da farinha de peixe, para a viabilidade econômica do desempenho de
pacu.
Variáveis
Niveis de inclusão (%)
0 2 4 6 8
Preço mínimo da farinha de peixe (cenário 7): 1,10 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,91 0,91 0,92 0,91 0,92
CDPV (R$) 0,96 1,06 1,02 0,95 0,99
Var. entre CDPVs 1,00 1,11 1,07 0,99 1,04
Preço médio da farinha de peixe (cenário 8): 1,45 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 0,97 0,96 0,96 0,96 0,97
CDPV (R$) 1,02 1,12 1,08 1,00 1,04
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,06 0,98 1,03
Preço máximo da farinha de peixe (cenário 9): 1,80 R$ Kg-1
CA (Kg ração Kg-1 PV) 1,05 1,17 1,12 1,04 1,08
CDE (R$ Kg-1) 1,02 1,01 1,01 1,01 1,01
CDPV (R$) 1,07 1,18 1,13 1,05 1,09
Var. entre CDPVs 1,00 1,10 1,06 0,98 1,02
92
Figura 29. Custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg de peso vivo
do animal, relacionados ao desempenho do pacu.
Figura 30. Variações de custos de dietas experimentais para formação de 1 Kg
(CDPV) das dietas contendo 0% e as demais inclusões da AM, relacionadas ao
desempenho do pacu.
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
0 2 4 6 8
CD
PV
(R
$)
Níveis de inclusão da água de maceração (AM) (%)
preço mínimo farinha de peixe
preço médio farinha de peixe
preço máximo farinha de peixe
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
0 2 4 6 8
Va
ria
ção
de
índ
ice
CD
PV
s
Niveis de inclusão da água de maceração (AM)(%)
preço mínimo farinha de peixe
preço médio farinha de peixe
preço máximo farinha de peixe
93
A variação de preços de farinha de peixe, descritos nos cenários
econômicos nº 7, 8 e 9 (Tabela 27), como no caso da AM e do farelo de soja,
também influenciou de forma significativa os CDEs obtidos para os tratamentos.
Em cenário nº 7, o qual se utilizou valor mínimo deste ingrediente (1,10 reais
Kg-1 do produto), as dietas com 4% e 8% de AM apresentaram valores mais
altos em relação a outras inclusões. Os custos entre as respectivas inclusões
oscilaram 1 centavo por Kg-1 de dieta produzida (Tabela 27).
Ao aumentar o preço deste alimento, de 1,10 para 1,45 reais Kg-1 do
produto (cenário nº 8), também foram observadas variações de CDEs em 1
centavo de real dentre os níveis de AM estudados (Tabela 27).
Para o valor máximo da farinha de peixe, o CDE referente ao tratamento
0% (Tabela 27), foi o mais alto. A variação de preços deste alimento,
considerando os três cenários econômicos, gerou diferenças dentre as dietas
experimentais. Como exemplo, utilizando como objeto de comparação, o CDE
de 8% de AM, foi observada a diferença em custos de até 3 centavos, dentre
os valores (mínimo, médio e máximo) utilizados.
Independente dos preços de farinha de peixe, o tratamento 6% foi o que
apresentou melhores valores de CDPVs, devido a fato de estar relacionado
com a eficiência apresentada por esta dieta experimental em disponibilizar os
nutrientes necessários, visto que, a CA foi menor em relação a outras, inclusive
do tratamento controle (Figura 30).
A variação dos valores de farinha de peixe gerou diferenças em valores
de CDPVs entre os mesmos tratamentos. A diferença encontrada entre CDPVs,
por exemplo, para a dieta 6% de inclusão de AM, entre os cenários econômicos
nº 7, 8 e 9, foi de aproximadamente 5 centavos, sendo mais efetivo do que os
CDPVs obtidos a se basear na mudança de preços da AM (cenários nº 1,2 e 3).
Ao relacionar os valores de CDPVs de 0% com os demais tratamentos, o
tratamento 6% demonstrou-se como mais eficiente, por apresentar CDPVs
mais baixos, para os três casos propostos. Diferentemente do farelo de soja, a
oscilação de preços da farinha de peixe não alterou de forma significativa a
esta relação, devido à menor inclusão deste nas formulações das dietas –
testes em relação ao alimento vegetal. Assim como este alimento de origem
animal, não houve maior influência da variante preço da AM sobre este
indicador econômico.
94
De um modo geral, considerando os 9 cenários econômicos propostos
para avaliar a viabilidade da inclusão de AM, em diferentes níveis inclusão,
observaram-se pontos importantes, como a dependência dos custos de
produção das dietas em função da eficiência na variável CA. Por esta razão,
excetuando o cenário econômico nº 4, o tratamento 6% foi que apresentou
melhor eficiência sobre estas variáveis estudadas, reduzindo em 2% os custos
em relação ao controle. A inclusão de 2% de AM foi que apresentou maiores
custos de produção relacionada à nutrição.
As variações de preços de farinha de peixe, de farelo de soja e da AM
demonstraram que o tratamento 6% foi o que demonstrou ser mais viável
economicamente, considerando os indicadores utilizados, em oposição aos
resultados determinados para a tilápia nilótica, em que o tratamento com 8% foi
o melhor economicamente. O pacu, independente dos níveis de inclusões de
AM, demonstrou a melhor utilização deste ingrediente, demonstrando valores
mais baixos de CDEs, CDPVs em relação a tilápia nilótica.
Para facilitar o entendimento das análises de viabilidade econômica
realizada para o desempenho de tilápia nilótica e pacu, a Tabela 28 demonstra,
em síntese os resultados obtidos.
-
Tabela 28. Resumo dos principais resultados obtidos relacionados à influência
dos preços de AM, farelo de soja e farinha de peixe.
Ingredientes Resultados
AM Foram observados menores índices (custos), no caso da tilápia, para o nível de
inclusão de 8% da AM, para qualquer variação de preços deste ingrediente, e para
o pacu, 6% de inclusão de AM. Quanto menor for o preço, maiores serão os
ganhos econômicos.
Farelo de soja Foram observados menores índices (custos), para o nível de inclusão de 8% de
AM para a tilápia e 6% para o pacu, desde que o preço deste ingrediente não atinja
valor abaixo de 0,86 centavos/Kg do produto. Este alimento apresentou influência
sobre a decisão de incluir ou não a AM em dietas para estes peixes.
Farinha de
peixe
Foram observados menores índices (custos) para o nível de inclusão de 8% de AM
para a tilápia nilótica e 6% para o pacu, para qualquer variação de preços deste
ingrediente.
95
7. CONCLUSÃO
Os elevados valores de coeficientes de digestibilidade aparente obtidos
demonstraram a eficiência da tilápia e do pacu em utilizar a proteína e energia
dos ingredientes derivados do milho.
Em relação ao desempenho, a substituição de ingredientes como farelo
de soja, farinha de peixe entre outros ingredientes pela água de maceração do
milho pode ser realizada até em 8% de inclusão, uma vez que não houve
diferenças significativas nos parâmetros zootécnicos avaliados. Podem ser
verificados futuramente maiores níveis de adição do ingrediente teste nas
dietas para tilápia nilótica e pacu. Adicionalmente, o uso deste ingrediente
contribui para o meio ambiente, destinando-se de resíduos industriais para fins
como a nutrição de peixes.
Independente da variação de preços da AM, do farelo de soja e da
farinha de peixe, os tratamentos 8% e 6%, foram os que apresentaram
menores índices relacionados a custos de produção, para as espécies tilápia
nilótica e pacu, respectivamente.
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