os desafios da escola pÚblica paranaense na … · 2016-06-10 · atividades como textos para...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA NO ENSINO DA QUÍMICA
Mauri Jorge Mai 1 Reinaldo Aparecido Bariccatti 2
RESUMO A temática deste foi centrada temática envolvendo uma proposta de metodológica no Ensino da Química, vinculado ao PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). A escolha da estratégia justificou-se pela possibilidade de contribuir na construção do conhecimento em química através de propostas de sugestões de atividades como textos para contextualização dos temas abordados sobre Química Orgânica e as Funções orgânicas, além de exercícios de fixação, pesquisa virtual e de campo. Onde a prática em laboratório de química da escola, levou os alunos a comprovar que a reutilização das sobras de hortaliças, frutas e verduras objetivando o reaproveitamento desses vegetais que antes iriam para o lixo, utilizando-os na produção de etanol. A metodologia foi pautada na abordagem da pesquisa-ação com intervenção junto aos alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio do Distrito de Moreninha, Santa Helena – PR. O objetivo foi de proporcionar aos alunos contextualizar e relacionar a teoria com a prática, através das diferentes estratégias, na busca de proporcionar aos alunos condições para construção de aprendizagens significativas sobre o tema, compreendendo sua importância, relacionando as funções orgânicas com as questões ambientais e com o cotidiano das pessoas. PALAVRAS-CHAVE: Química Orgânica; Educação Ambiental; Funções Orgânicas; Aprendizagem significativa.
1 INTRODUÇÃO
Muitas vezes as aulas de Química são descontextualizadas e há aversão por parte dos
alunos pela disciplina, estes são alguns dos desafios enfrentados que encontramos na prática
docente. Diante disso e pelo fato dos educadores serem os formadores de opiniões,
contribuindo para a transformação do aluno em um cidadão consciente. Para minimizar esta
aversão à disciplina e valorizar a formação do aluno foi elaborado esse projeto teórico/prático.
No contexto escolar o ensino da Química é muitas vezes voltado a práticas
pedagógicas tradicionais onde o ensino é descontextualizado do meio sócio cultural do aluno
e passa a ser transmitido a eles um conhecimento fragmentado, muitas vezes distante de sua
realidade e que será de pouca utilidade para a vida. E, por não conseguem relacionar o que é
trabalhado pelo professor com o seu dia a dia, tornam as aulas de Química monótonas,
desmotivando o aprendizado.
Sabemos que quando o ensino ofertado não gera aprendizagem com grandes
significados, também não será capaz de provocar mudança de comportamento. Tornando o
ensino da Química uma área do conhecimento pouco atraente ou até mesmo sem valor para o 1 Professor de Química do Ensino Público do Estado do Paraná – Cursista do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná 2 Professor Doutor em Química e Sub-área da UNIOESTE desde 1999, Físico Química pela Unicamp, orientador PDE.
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aluno, que não consegue perceber a relação entre a instituição escolar, o conhecimento
cientifico e a vida, pois “[...] os conceitos científicos devem contribuir para a formação de
sujeitos que compreendam a ciência do seu tempo, tornando-se agentes de transformação da
sociedade em que estão inseridos”. (OLIVEIRA, 2001, p. 31).
E na busca de relacionar os conteúdos de Química, mais propriamente as Funções
Orgânicas e seus Grupos Funcionais Oxigenados relacionando com os cuidados que devemos
ter com nosso meio e a escassez dos recursos naturais como os combustíveis fósseis. Tem se
como um dos objetivos desse projeto relacionar a teoria com as aulas práticas em laboratório,
para auxiliarem no desenvolvimento de conceitos científicos, contribuindo na formação com
os estudantes no sentido de adquirirem ferramentas que possam auxiliá-los na interpretação
do meio em que vivem, desenvolvendo possíveis soluções para problemas cotidianos que por
si só já se mostram complexos.
Assim a abordagem metodológica para o ensino da Química segundo as Diretrizes
Curriculares Estaduais - DCEs;
As atividades experimentais, utilizando ou não o ambiente de laboratório escolar convencional, podem ser o ponto de partida para a apreensão de conceitos e sua relação com as ideias a serem discutidas em aula. Os estudantes, assim, estabelecem relações entre a teoria e a prática e, ao mesmo tempo, expressam ao professor suas dúvidas. (DCEs, 2010, p.67)
Dessa forma, o processo de ensino e aprendizagem ensinar química deverá ir além de
um repasse de conceitos aos alunos, ela deverá ser “[...] norteada pela construção e
reconstrução de significados dos conceitos científicos, vinculada a contextos históricos,
políticos, econômicos, sociais e culturais (DCEs, 2010, p. 51) e deverá fundamentar a teoria
aprendida em sala de aula com a pesquisa e análise de seus resultados.
O professor precisa trabalhar com metodologias, dando significado aos do conteúdo
explorado que o aluno aprendeu durante as aulas, e que muitas vezes para ele esses conceitos
lhe parecem tão distantes e desvinculados de sua realidade, “[...] se não relaciona o que
estudou na aula de Química com o que vê no dia-a-dia. Na verdade esse aluno não aprendeu
um conceito, mas apenas sua definição”. (MORTIMER, 2000, p. 274).
Atualmente vivemos em uma sociedade que cada dia mais vem enfrentando crise
energética devido à escassez dos combustíveis fósseis, visto que, trata - se de recursos não -
renováveis. Os efeitos dessa crise já são visíveis e, seu agravamento, repercutirá
negativamente no meio produtivo e conseqüentemente econômico, político e social. Sabendo
que estes recursos têm prazo limite para se esgotar, e tentando amenizar assim os impactos
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negativos causados pelo seu processo de extração e consumo, tem se buscado novas fontes
energéticas.
Este estudo se justifica diante de sua abordagem tanto no Projeto do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, e na Proposta Didático Pedagógica – PDP, que foi de
oportunizar aos alunos através de metodologias em sala de aula e pesquisa de campo e
laboratorial a construção de aprendizagens significativas sobre o tema “Educação Ambiental
Sustentável: Monitoramento Ambiental uma Proposta Metodológica em Química.
Assim, neste artigo pretende-se relatar sobre a aplicação da PDP, que teve como
objetivo proporcionar ao educando oportunidades de contextualizar e relacionar a teoria e
prática, através das diferentes estratégias, na busca de proporcionar aos alunos condições para
construção de aprendizagens significativas sobre o tema, compreendendo sua importância,
relacionando as funções orgânicas com as questões ambientais e com o cotidiano das pessoas.
E, em conjunto com o meio na busca de alternativas energéticas como o álcool ecológico,
verificando através de experiências em laboratório a quantidade de álcool que se podem
produzir com verduras, frutas e hortaliças, que possuem alguns sacarídeos e transformaram
em etanol. A Proposta foi voltada aos alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
do Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio do Distrito de Moreninha, do
município de Santa Helena – PR.
Na tentativa de incitar uma maior compreensão dos procedimentos, abordou-se
primeiramente a fundamentação teórica referente à Química Orgânica, as Funções Orgânicas
e seus Grupos Funcionais Oxigenados, seguido da condução da experiência realizado em
laboratório de Química na produção de álcool ecológico com análise dos resultados obtidos e
dados da pesquisa participativa e as considerações finais que puderam ser extraídos desse
estudo aqui apresentado.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Ensino da Química Voltado a Questões Ambientais
Trabalhar com metodologias e estratégias voltadas a uma abordagem às questões
ambientais em aulas de química vem sendo tema de reflexões recentes no contexto escolar.
Buscando configurar um espaço que propiciasse a contextualização do conhecimento
dos conceitos químicos, aprendidos durante as aulas da disciplina as questões ambientais, na
busca de alternativas energéticas sustentáveis como o álcool ecológico, extraído de sobra ou
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descarte de verduras, legumes e frutas que teriam como destino o lixo, através de
experimentos. E, no âmbito do ensino de química a abordagem, que elenca os conteúdos que
envolvem as funções orgânicas e a fabricação de álcool ecológico e sua purificação, mostra-se
como articuladora entre o contexto ambiental e os aspectos do conhecimento químico.
Conforme Lopes (2002), trabalhar os conceitos químicos em uma abordagem
contextualizada com as questões ambientais, nas aulas de química vem sendo tema de
reflexões recentes em nossa sociedade e fazem parte das recomendações que constituem tanto
as Diretrizes Curriculares Nacionais como as Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino
Médio de Química.
De acordo com Santos e Schnetzler (2000), a discussão dos Temas Sociais articulados
ao Ensino de Química é uma possibilidade para auxiliar na compreensão dos problemas em
que a sociedade se encontra imersa. A formação para a cidadania constitui foco de discussão
dos autores, que defendem a necessidade dos estudantes desenvolverem capacidade de julgar,
para alcançarem uma participação democrática na sua vida em sociedade.
Da mesma forma, Santos e Mortimer (1999) investigaram a concepção sobre a
contextualização do ensino de química de professores de química e se esses, de alguma
maneira, introduziam as dimensões sociais do conhecimento químico em sala de aula. Os
autores também enfatizam que a educação significativa é aquela voltada à formação para a
cidadania. Sendo fundamental oportunizar a discussão em sala de aula de aspectos
tecnológicos, econômicos, ambientais, políticos, éticos e sociais relacionados aos termos e
temas científicos presentes na sociedade.
Segundo Mortimer e Cols (2000), há um consenso entre os estudiosos em relação às
discussões acerca dos aspectos centrais, dos aspectos metodológicos e dos conteúdos
estruturantes do Ensino Médio de Química. Pois, o ensino da química é visto como um espaço
privilegiado para a compreensão da matéria, sua constituição, propriedades e “transformações,
assim como a consideração das inter-relações entre os níveis teóricos, representacionais e
fenomenológicos.
2.2 Funções Orgânicas
A terminologia “Química Orgânica” vem da época que havia uma crença que existiam
duas categorias de substâncias químicas ou diferentes uma da outra: substancias as orgânicas,
provenientes de animais ou vegetal, ou seja, de organismos vivos. E as substâncias
inorgânicas, aquelas que provenientes dos minerais.
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Segundo Perruzzo e Canto (2010), até início do século XIX, essa divisão existia
porque na época acreditava-se, que os compostos orgânicos só pudessem ocorrer de seres
vivos, e que os químicos podiam transformar um composto orgânico em outro composto
orgânico. Acreditava-se que somente através de uma força misteriosa, a força da vida,
pudesse se originar tais substâncias. Por isso, as substâncias orgânicas não podiam ser
produzidas em laboratórios. Em 1807, o químico sueco Jõns Jacob Berzelius (1779-1848) propôs uma classificação para as substâncias, separando-as em dois grupos: orgânicas e inorgânicas. Berzelius e outros químicos da sua época acreditavam que substâncias orgânicas seriam aquelas obtidas a partir de matéria viva, possuidoras de força vital e, por isso, impossíveis de serem sintetizadas a partir de materiais inorgânicos. As substâncias desprovidas de força vital, ditas inanimadas, foram denominadas substâncias inorgânicas. Essa ideia era conhecida como teoria da força vital ou vitalismo. (SANTOS, MOL 2010, p.18)
Só em meados do século XIX, com os avanços e pesquisas na área através de testes de
laboratório suficientes para que a teoria da força da vida fosse posta de lado e inúmeros outros
compostos orgânicos foram sintetizados e assim foi possível preparar compostos orgânicos a
partir de compostos que não existem em organismos vivos.
Comenta Perruzzo e Canto (2010), que foi o químico Kolbe (1818-1884) que através
de uma demonstração, que era possível sintetizar o ácido acético a partir de substâncias
inorgânicas, derrubando de vez a teoria da força vital.
Estudos posteriores provaram que átomos de elementos químicos constituintes de
materiais de origem mineral também estão presentes em seres vivos. Comprovando também
que, “[...] uma característica da composição química da grande maioria das substâncias
presentes nos seres vivos é a existência de átomos de carbono.” (SANTOS, MOL 2010, p.19).
Foram as pesquisas iniciais desenvolvidas com as substâncias classificadas por
Berzelius como orgânicas que levariam à descoberta de inúmeras substâncias com uma
característica comum: a presença de cadeias carbônicas. O que auxiliou no surgimento de uma
importante área de estudo da Química, que ficou conhecida como Química Orgânica, a qual
hoje é conceituada como o ramo da Química que estuda as substâncias que contêm átomos do
elemento químico carbono. Na natureza o carbono pode se apresentar em duas formas como substâncias simples carvão e diamante; estas são formas alotrópicas, cuja diferença está na estrutura espacial, enquanto um tem estrutura cristalina o outro é amorfo. Tal diferença altera as propriedades físicas e químicas das duas substâncias que são formadas pelo mesmo elemento químico. No entanto, o carbono ainda apresenta outras propriedades importantes que o tornam elemento importante na Química Orgânica. (SANTOS, MOL 2010, p.19)
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Segundo Lisboa (2010), os compostos orgânicos são estruturalmente constituídos por
uma cadeia carbônica e por um ou mais grupos funcionais (podem possuir mais de um grupo
funcional - polifuncionais). E que os grupos funcionais são a parte responsável por suas
propriedades químicas (reatividade) e, por conta deles, as moléculas são classificadas nas
diversas funções orgânicas (ou classes orgânicas). Sendo que o caso de moléculas
polifuncionais, a reatividade do composto é um somatório da reatividade de cada grupo
funcional, podendo um interferir ou não no outro.
Assim, observa-se que; [...] as propriedades químicas (e algumas físicas) dos
compostos orgânicos são devidas à presença ou ausência, em sua molécula, de um
determinado grupo funcional: conjunto de um ou mais átomos ligados de uma determinada
maneira. (SANTOS, MOL, 2010, p.22). Por exemplo, substâncias que contém apenas carbono
e hidrogênio em sua estrutura são muito pouco ácidas (acidez baixa). Se, entretanto, um dos
hidrogênios for substituído por OH (hidroxila ou oxidrila), a acidez aumenta
consideravelmente. Podemos, então, definir o OH como um grupo funcional.
No entanto não se deve considerar de uma mesma classe orgânica todas as substâncias
que possuem um grupo OH, por exemplo, se o OH estiver ligado a um anel aromático, a
acidez do composto é muito maior assim, “[...] para definir uma função orgânica, precisamos
considerar o grupo funcional e o tipo de cadeia carbônica a qual ele está ligado”
(PERRUZZO, CANTO, 2010, 56).
2.2.1 Grupos Funcionais Oxigenados: Álcool, Éteres, Aldeído e Acetona
Na classificação dos grupos funcionais oxigenados se destacam o álcool, aldeído,
cetona, éter, etc. O quadro 1, a seguir, trás o grupo funcional e forma geral e um exemplo de
componentes dos mesmos FUNÇÃO
GRUPO FUNCIONAL
FORMULA GERAL
EXEMPLO
Álcool – HO (lig.com C saturado) R – OH H3 C – CH2 – OH
Aldeído
– C = O I H
R– C=O I H
H– C= O I H
Acetona
– C– II O
R–C = R’ II O
H3 C – C – CH3 II O
Éter
I I – C – O– C – I I
R– O– R’
CH3 – OCH2 – CH3
Quadro 1 Principais grupos funcionais oxigenados FONTE: MAI (2013)
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A função álcool sempre é associada ao álcool etílico (CH3– CH2OH) usado em
bebidas alcoólicas e combustível, entre várias outras aplicações. Entretanto, os alcoóis
compreendem uma grande família de compostos orgânicos que possuem uma hidroxila (OH)
ligada a um carbono saturado (hibridização sp3).
Os alcoóis são considerados substâncias orgânicas, devido a suas moléculas possuírem
uma ou mais hidroxila (– OH), e que “[...] seu grupo funcional, ligadas a átomos de carbono
saturados de cadeia carbônica, sua formula geral é R-OH, sendo R um grupo alquila, isso é
um grupo resultante da remoção de átomo(s) de hidrogênio, de um alcano.” (SANTOS, MOL,
2010, p.61). Portanto, os alcoóis podem ser considerados como derivados dos alcanos em que
um dos hidrogênios foi retirado da cadeia, cíclica ou acíclica e substituído por um grupo OH. Os alcoóis são muitos usados como solventes e como matéria-prima para a obtenção de inúmeros outros compostos orgânicos. No Brasil, não podemos esquecer a importância do álcool comum como combustível para automóveis. Costuma-se representar um monoálcool por R – OH, podendo ser também considerado como derivado de água H – O – H, pela substituição de um hidrogênio por um radical orgânico. (FELTRE, 1996, p, 479)
Além disso, o hidrogênio ligado ao oxigênio faz ligação hidrogênio – força
intermolecular forte –, o que faz, por exemplo, com que não existam alcoóis gasosos nas
condições normais de temperatura e pressão (CNTP).
Segundo Lisboa (2010), quando a molécula de álcool tem apenas uma hidroxila, sua
classificação é monoálcool ou monol. Mas, ao apresentar em sua molécula duas hidroxilas é
classificado como diol ou glicol. E, se em sua molécula for composta com três hidroxilas é
denominada triol, e assim “[...] sucessivamente, costuma-se chamar alcoóis com mais de uma
hidroxila de polialcoóis ou polióis” (LISBOA, 2010, p.107). Os alcoóis são ainda
classificados de acordo com qual hidroxila o carbono aparece ligado, veja o Quadro a seguir.
Quadro. 02 – Classificação dos alcoóis Fonte: LISBOA, 2010 (p.107)
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Comenta Lisboa (2010), que os alcoóis sofrem vários tipos de reações. Devido ao
oxigênio ser muito eletronegativo e o hidrogênio da hidroxila ser ácido. Por exemplo, o
metóxido de sódio (CH3O-Na+), uma base usada na fabricação do biodiesel, “[...] é obtido
por reação do metanol com sódio metálico, aproveitando exatamente a acidez desse
hidrogênio Na realidade, essa reação é de redução do hidrogênio. (SANTOS, MOL, 2010,
p.62). Sem dúvidas, pode-se dizer que os alcoóis, de maior importância econômica são o
metanol e o etanol.
Segundo Feltre (1996), o metanol (CH3 OH) é um líquido inflamável e possui chama
invisível. Por causa disso, exige cuidados especiais no seu manuseio. É usado como
combustível em Fórmula Indy e as equipes de automobilismo dessa categoria recebem
treinamento especial, pois o fogo resultante do metanol é invisível.
O metanol também é denominado “álcool da madeira”, porque era obtido pela sua
destilação. Atualmente é obtido industrialmente por reação de carvão com água na presença
de catalisadores e tem grande aplicação como solvente, e, “[...] sua obtenção também se dá
por meio das reações como monóxido de carbono na presença de um catalisador metálico:
cobre ou zinco.” (LISBOA, 2010, p.109)
Para Santos e Mol (2010), o etanol é muito usado como combustível e possui a
vantagem, em relação à gasolina e ao óleo diesel, de ser renovável e também um “combustível
limpo”, isto é, não libera, em sua combustão, compostos de enxofre, o que acontece com os
derivados de petróleo. No Brasil, é obtido pela fermentação principalmente da cana-de açúcar.
O álcool vendido em farmácias é denominado álcool desnaturado, porque se
adicionam substâncias de sabor desagradável ou possui baixa purificação, para evitar seu uso
como bebida.
Podemos também retirar o hidrogênio por reação clássica ácido-base, mas aí temos de
usar bases muito fortes, pois os alcoóis são ácidos fracos. Comenta Perruzzo e Canto (2010),
que o oxigênio possui dois pares de elétrons não ligantes eles podem receber um H+, ou seja,
também podem atuar como base. E que os cátions resultantes dessa reação são chamados de
íons alquil-oxônios e são muito utilizados como intermediários em reações de substituição e
eliminação de alcoóis (para aumentar a reatividade dos alcoóis). Essas substâncias podem
atuar tanto como base e também como ácidos, sendo denominadas anfotéricas.
Os éteres (R– O–R’) são compostos onde o oxigênio está diretamente ligado a dois
grupos alquila ou arila. Podendo, também ser denominados de “óxidos orgânicos”, podendo
ser considerados derivados da água (H–O–H), pela substituição de dois hidrogênios por grupos
orgânicos
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Os éteres são usados em como solventes em indústrias químicas, em alguns aditivos
para gasolina, em resinas de modelagem tipo epóxi e, “[...] são usados como matéria-prima,
na síntese de outros compostos orgânicos. O éter comum é usado como anestésico em
hospitais” (FELTRE, 1996, p.482).
Para Santos e Mol (2010), quando o hidrogênio (OH) de alcoóis e fenóis é substituído
por um grupo alquila (R) ou arila (AR), temos a classe dos éteres. O éter dietilico ou éter
etílico é o que conhecemos como éter (CH3CH2OCH2CH3), muito usado como anestésicos
solventes de resinas, óleos (são pouco polares) e na extração de óleos, gorduras e essências.
Segundo Perruzzo e Canto (2010), a venda de éter etílico é controlada pela Policia
Federal, porque ele é usado como solvente para a extração da cocaína das folhas de coca. O
problema do uso do éter é que ele é volátil (evapora facilmente), inflamável (pega fogo muito
fácil) e é mais denso que o ar: se deixarmos uma garrafa de éter aberta ele vai volatilizando e
se acumulando no chão. Aí, qualquer faísca é suficiente para gerar um incêndio. “[...] éter
etílico também é denominado éter sulfúrico, pois foi obtido pela primeira vez por Valerius
Cordus – séc. XVI, quando reagiu etanol com ácido sulfúrico. (SANTOS, MOL 2010, p.18).
Para Santos e Mol (2010), os éteres são pouco reativos (só sofrem basicamente reações
de clivagem-quebra - por ácidos), e por causa dessa propriedade são muito usados como
solventes, pois um solvente só deve dissolver as substâncias, e não reagir com elas.
Comenta Lisboa (2010), uma exceção à baixa reatividade dos éteres são os epóxidos:
éteres cíclicos com três carbonos. Para fechar a cadeia carbônica com apenas três carbonos, a
cadeia tem que ser forçada, os ângulos das ligações C–C ficam muito diferentes dos do
tetraedro (C sp3: 109,5º), lembrando que os ângulos de um triângulo equilátero são de 60º
“[...] chamados de epóxidos (assim como o ciclo propano) são muito reativos (tendem a sofrer
reações de abertura do anel), porque têm uma grande tensão angular.” (PERRUZZO, CANTO
(2010, p.76)
Os aldeídos (– CHO) e cetonas (– CO –) possuem como grupo funcional a carbonila,
no qual o carbono está hibridizado sp2. Essa ligação é polar do carbono está com caráter
positivo: eletrofílico – e é a responsável pela grande reatividade dessa classe de compostos.
Os aldeídos e cetonas com pelo menos, “[...] um hidrogênio ligado no carbono vizinho ao
grupo carbonila, encontram-se em um equilíbrio dinâmico com um isômero denominado
enol.” (LISBOA, 2010, p.125)
Esse equilíbrio é denominado tautomeria cetoenólico e, na grande maioria das vezes,
está deslocado sempre para a forma ceto (para os aldeídos ou cetonas), isto é, sempre tem
muito mais aldeído ou cetona do que enol.
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Aldeídos e cetonas são muito usados em perfumaria e indústrias alimentícias e
farmacêuticas como odorizantes. A cetona (propanona) é a cetona mais simples e é usada
como solventes (de lacas, resinas, acetileno), na extração de óleos vegetais e na fabricação de
medicamentos hipnóticos como o sulfonal (um sonífero), sendo a “[...] substância mais
conhecida comercialmente como acetona e utilizada como solvente para remoção de esmaltes
de unhas (SANTOS, Mol, 2010, p. 66 e 67)
Para Feltre (1996) o metanal (formaldeído) é um gás normalmente comercializado na
forma de uma solução aquosa a 37% conhecida como formol ou formalina. Esta solução é
muito utilizada como desinfetante e como conservante de amostras biológicas. O formaldeído
(gás) é usado na produção das resinas baquelite, fórmica (formaldeído + ureia), etc.
Segundo Santos e Mol (2010), o etanal (acetaldeído) é um líquido incolor de cheiro
característico: aquele cheiro típico dos carros a álcool é devido à oxidação parcial do álcool
etílico a etanal. É utilizado na fabricação de polímeros (por exemplo, o poliacetato de vinila –
PVA – cola branca), inseticidas (é matéria-prima para a obtenção de DDT), e na fabricação
dos espelhos comuns (espelhos de prata).
Os aldeídos e cetonas são muito importantes na Química Orgânica devido à
versatilidade, ao grande número de reações de que podem participar, com possibilidade de
formação de vários tipos de produtos. As características do grupo funcional carbonila para
entendermos essa reatividade: como contém uma insaturação (C=O), apresentam, por isso,
tendência a sofrer reações de adição, como os alcenos.
Todavia, diferentemente dos alcenos, a ligação é muito polarizada, o que traz
consequências importantes. O carbono tem caráter positivo e assim sofre ataque de espécies
que possuem uma carga negativa ou um par de elétrons não ligantes (nucleófilos).
Lembra Lisboa (2010), que é nos alcenos que se inicia a reação de adição à C=C é
uma espécie positiva de ligação um eletrófilo. No entanto, quando as funções OH e C=O
estão na mesma molécula, essa reação acontece bem mais facilmente e os produtos são,
também, facilmente isolados.
Comenta Lisboa (2010), que os açúcares (carboidratos) são compostos de função
mista: poliálcool-aldeído ou poliálcool-cetona de fórmula geral CnH2nOn. E são classificados
em monossacarídeos, dissacarídeos ou polissacarídeos, sendo esses dois últimos formados por
dois (dissacarídeos) ou mais monossacarídeos (os polissacarídeos são polímeros naturais).
Temos a glicose um monossacarídeo, a sacarose (açúcar de cozinha), um dissacarídeo (glicose
+ frutose) e o amido, um polissacarídeo (é constituído por mais ou menos 1.400 unidades de
glicose).
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Na realidade, o que ocorre é que a OH e a C=O pertencem à mesma molécula, são
mantidos permanentemente na vizinhança um do outro: mesmo quando há um desligamento
momentâneo (e há, em solução: os hemicetais e hemiacetais estão frequentemente se
desligando) a molécula tende a passar na maior parte do tempo na forma cíclica (hemiacetal
ou hemicetal), especialmente se o anel formado tiver cinco ou seis membros.
2.2.2 Reações de oxidação de álcool a aldeído e cetonas
A oxidação dos alcoóis é uma reação importante, tanto do ponto de vista laboratorial
como industrial. Vários oxidantes podem ser usados sendo os mais utilizados as misturas
K2Cr2O7 / H2SO4 e KMnO4 / H2SO4.
Para Santos e Mol (2010), a oxidação de um álcool primário produz aldeídos, por
perda de dois átomos de hidrogênio do álcool formando dois íons hidrônio H3O+:
CH3OH + Cr2O72- H2CO + Cr3+
metanol metanal CH3 CH2 OH + Cr2O7
2- CH3CHO + Cr3+ etanol etanal
Acontece redução do íons Cr2O7
2- (de cor alaranjada) a Cr3+ (de cor verde), nessas
reações, as quais servem de base aos analisadores de álcool automobilístico. Sendo que os
aldeídos são facilmente oxidados dando origem aos ácidos carboxílicos.
CH3 C HO + Cr2O72- CH3 COOH + Cr3+
etanal ácido etanóico
Segundo Feltre (1996), em alguns casos que o aldeído pode ser separado rapidamente
da mistura reagente, as oxidações de alcoóis podem ser usadas como método de preparação
laboratorial de aldeídos.
O caráter redutor dos aldeídos revela-se em dois testes distintos:
a) Consiste na reação com os íons complexo diaminoprata Ag (NH3)2+, o qual entra na
composição do reagente de Tollens, com redução a prata metálica (espelho de prata); esta
reação é a essência de um processo de fabricação de espelhos.
b) Quando usando a uma solução conhecida como de licor de Fehling (solução
alcalina de Cu2+ em complexo com os íons tartarato); neste caso desaparece a coloração azul
CH3 CHO + 2 Ag (NH3)2+ + H2O CH3COOH + 2 H+ + 2 Ag (s) + 4 NH3
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escura característica da solução de Fehling e aparece um precipitado vermelho-tijolo de óxido
de cobre (I).
CH3CHO + CuO
CH3 COOH + Cu2O
Etanal azul
ác. Etanóico vermelho-tijolo
Segundo Santos e Mol (2010), a redução a Cu2O constitui a base da pesquisa de
açúcar (glicose) na urina. A glicose, que apresenta características redutoras devido a um grupo
aldeídico, RCHO, provoca o aparecimento de um precipitado vermelho de Cu2O quando o
teste é positivo.
A oxidação de alcoóis secundários fornece cetonas por perca do átomo de H do grupo
álcool e do átomo de H que estava ligado ao carbono também ligado ao grupo OH. Mais uma
vez, usa-se um oxidante forte como o Cr2O72-. Por exemplo, para o 2-propanol tem-se:
Para Feltre (1996), as cetonas são mais resistentes à oxidação do que os aldeídos.
Quando os oxidantes são suficientemente fortes e as condições de oxidação enérgicas
(temperaturas mais altas, reagentes mais concentrados, etc.), as cetonas originam produtos de
degradação, isto é, ocorrem rupturas de ligações C-C.
RCH2COCH3R' MnO4
- / H+
quente RCOOH + RCH2COOH R'COOH + R'CH2COOH
cetona mistura de ácidos carboxílicos
Na percepção de Lisboa (2010), essa reação é fácil de executar e não requisita de
condições muito controladas: temperatura e quantidade do agente oxidante são bem flexíveis;
geralmente se aplica o oxidante em largo excesso.
Cita Feltre (1996), que praticamente não existem alcoóis secundários onde uma
oxidação à cetona seria impedida pelos fatores indutivos ou mesoméricos (efeitos
eletrônicos). Único fator que dificulta o ataque do oxidante é o impedimento espacial, por
grupos vizinhos volumosos (grupos fenilas, t-butilas, isopropilas, entre outros).
Comenta Santos e Mol (2010), que a oxidação de alcoóis primários e secundários
dando respectivamente aldeídos e cetonas, pode também ser conseguida sujeitando um
sistema constituído por vapor do álcool e ar a 300 - 500 °C, na presença de um catalisador
(prata, cobre); fala-se então de desidrogenação do álcool. Este é o processo industrial para
obtenção de metanal e de acetona.
CH3CHOHCH3 + Cr2O72- CH3COCH3 + Cr3+
13
2 CH3 OH + O2 Ag
500 °C
2 HCHO + 2 H2O
2 CH3 CH (OH) CH3 + O2
Ag
500 °C 2 CH3COCH3 + 2 H2O
Outra reação com álcool acontece devido à oxidação do etanol a ácido acético pelo ar,
catalisada pelas acetobactérias do vinho (formação do vinagre) que é muito conhecida.
Segundo Lisboa (2010), um processo de obter industrialmente o ácido etanóico (ácido
acético) é por oxidação do etanol na presença de um catalisador (acetato de magnésio (II):
2 CH3 CHO + O2 Mn(CH
3CO
2)2
2 CH3COOH
Comenta Santos e Mol (2010) que a oxidação de alcoóis terciários geralmente não é
possível, embora, sendo todos os alcoóis combustíveis produzindo CO2 e H2O. Os agentes
oxidantes comuns provocam eliminação de água, resultando no alqueno antes de oxidar o
substrato. A reação mais típica dos alcoóis terciários é a eliminação.
2.2.3 Reações de combustão e entalpia de combustão, termoquímica
É denominada de reações de combustão aquelas em que um composto que é
denominado combustível reage com o oxigênio (O2), que é o comburente. A reação entre uma
substância e o oxigênio chama-se reação de combustão e “[...] a energia liberada na
combustão completa de 1 mol de uma substância no estado padrão é chamado de entalpia de
combustão” (PERRUZZO, CANTO, 2010, p. 78)
Podemos também nos referir à entalpia de combustão como ∆H de combustão e calor
de combustão. Como se pressupõe que a substância esteja em seu estado padrão, podemos
também chamá-la de entalpia-padrão de combustão.
Segundo Santos e Mol (2010), que uma combustão completa só irá produzir CO2 e
H2O se a queima for de compostos que possuam apenas carbono e hidrogênio (como
hidrocarbonetos) ou carbono, hidrogênio e oxigênio (como alcoóis, cetonas, ácidos
carboxílicos e aldeídos). Uma combustão incompleta desses compostos produziria monóxido
de carbono (CO) ou carbono elementar (C).
14
2.2.4 Combustíveis renováveis; biodiesel, bioetanol, biometano, biocarvão e hidrogênio.
São consideradas fontes de energia renovável os bicombustíveis, que podem ser
obtidos através de biomassas feitas com compostos orgânicos de origem animal e vegetal.
Para Santos e Pinto (2009), os bicombustíveis são considerados energia limpa, pois liberam
na atmosfera uma quantia significativamente menor de poluentes em relação aos combustíveis
derivados do petróleo.
Alguns exemplos mais conhecidos são: biodiesel, biometano, biocarvão, hidrogênio e
o etanol. Segundo Sales e Amorim (2006), os combustíveis baseados em recursos limpos e
renováveis crescem em importância, a nível exponencial em todo o mundo. E as economias
mais desenvolvidas já utilizam os eco-combustíveis de forma eficiente e intensa.
O biodiesel, por sua vez, consiste em uma fonte renovável de energia e apresenta
conveniências frente ao hidrogênio e ao álcool, pois se torna “[...] mais barato que o
hidrogênio e sua produção é menos limitada à região sudeste, como no caso do etanol
proveniente da cana-de-açúcar. Ele pode ser produzido em qualquer região do país, inclusive
no semi-árido.” (SANTOS, PINTO, 2009, p.58)
Produzido a partir de óleos vegetais, sebo de origem animal, óleo de frituras e da
matéria graxa encontrada nos esgotos municipais, é considerado um forte candidato o
substituto do petróleo e seus derivados. (Fonte: D’ARCE, 2005.).
Para Santos e Pinto (2009), o biodiesel é um combustível obtido de fontes limpas e
renováveis que não contém compostos sulfurados e aromáticos, apresenta alto número de
cetonas e é biodegradável. O biodiesel tem demonstrado através de pesquisas em escala
mundial que é um dos combustíveis que “[...] apresenta melhores resultados no tocante a
combustibilidade e menores Impactos Ambientais das Emissões gasosas, tendo em vista que
este combustível não gera resíduos de enxofre e outros poluentes.” (SALES, AMORIM, 2006,
p, 11). Ele vem ser uma alternativa mais "limpa" para substituir o óleo diesel, pois segundo
Santos e Pinto (2009), [...] obtido por meio de uma reação de transesterificação, durante a qual os triglicerídios presentes no óleo vegetal são convertidos em um éster de menor massa molecular, semelhante ao óleo diesel. Nessa reação, obtém-se como subproduto a glicerina (glicerol), substância altamente hidratante utilizada em diversas indústrias, principalmente na produção de cosméticos. Os vegetais mais estudados para obtenção de óleo no Brasil são: mamona, soja, milho, amendoim, algodão, babaçu e palma. O biodiesel também pode ser obtido a partir de óleo de fritura e sebo bovino. (SANTOS, PINTO, 2009, 32)
15
Outra grande vantagem do biodiesel proveniente de vegetais é ele ser obtido de fontes
renováveis e livres de compostos de enxofre ou de nitrogênio.
Muitos cientistas acreditam que o biodiesel tem um grande potencial para ser o
combustível do futuro, substituir o diesel quando este não mais existir, uma das grandes
questões levantadas em relação ao mesmo na atualidade.
Segundo Sales e Amorim (2006), todo o processo da produção do biodiesel, ainda se
encontra em estágio de desenvolvimento, na busca de encontrar melhorara nos rendimentos de
sua reação de combustão, por meio de testes de diferentes catalisadores, e implantar a
produção em grande escala. O biodiesel apresenta vantagens ambientais frente ao diesel de
petróleo, pois ele permite que, [...] se estabeleça um ciclo fechado de carbono, ou seja, a planta que será utilizada como matéria-prima, enquanto em fase de crescimento, absorve o CO2 e o libera novamente quando o biodiesel é queimado na combustão do motor. (...), com esse ciclo fechado estabelecido, o biodiesel reduz em até 78% as emissões líquidas de CO2. (SANTOS, PINTO, 2009, 53)
Esse combustível possui grandes benefícios tanto em nível de propriedades físicas
quanto de condições ligadas a custos diretos e indiretos. Devido ao fato de utilizar fontes não
alimentícias e que possuem grandes concentrações naturais de óleo, incrementa a produção
com baixos custos e com grandes possibilidades e vendas finais a preços baixos.
Para Sales e Amorim (2006), os benefícios ambientais são visíveis quando da
utilização de fontes naturais que incentivam a produção com base na policultura além de
gerarem produtos mais limpos e que não poluem a atmosfera, pois o uso desse bicombustível
reduz significativamente as emissões enxofre, anidrido carbônico, hidrocarbonetos não-
queimados, material não-particulado, dos gases causadores do efeito estufa e compostos
sulfurados e aromáticos.
O Bioetanol é um tipo de álcool criado a partir de matérias-primas de biomassa,
como milho, açúcar e até mesmo materiais celulósicos, tais como lascas de madeira.
Segundo Lisboa (2009), o álcool etílico, é muitas vezes usado como combustível
limpo. Alguns especialistas distinguem o etanol e bioetanol celulósico simplesmente porque o
etanol é feito a base de produtos que servem de alimentos aos seres humanos ou animais. Eles
são, no entanto, praticamente produzidos com fontes orgânicas.
A fonte mais comum para a produção do etanol em diversas partes do mundo, como
nos Estados Unidos, assim como muitos outros países de clima temperado, é o milho. O milho
tem uma boa quantidade de amido, elemento necessário durante o processo de fermentação
16
para produção de grandes quantidades de etanol. O milho é colhido e processado em uma
usina de etanol e, dependendo do procedimento utilizado, o grão seco ainda pode ter algum
benefício nutricional para o gado. Em outros casos, se tornará inútil.
Para Santos e Mol (2009), no Brasil e alguns outros países, a cana de açúcar é muito
usada na produção do combustível etanol. Pois seu teor de amido no açúcar é maior do que no
milho. Dessa forma se obtém uma maior quantidade etanol com a utilização de açúcar.
Segundo Lisboa (2010), o etanol é um composto orgânico oxigenado de fórmula
química C2H5OH. Em nosso país ele é utilizado como combustível automotivo em duas
versões: álcool hidratado (em carros a álcool ou flex fuel) e álcool anidro (adicionado à
gasolina na proporção de 25%). O primeiro tipo possui 7% de água na mistura, enquanto o
segundo no máximo 0,7%. A produção do etanol, a partir da cana de açúcar, em países com
clima é propício para o cultivo da cana de açúcar, e isso normalmente acontece nas áreas entre
os trópicos, seria uma fonte de economia e possibilidade de maior quantidade de matéria
prima, sem contar com a diminuição dos impactos ambientais, pois segundo Isaías Machado,
Aliado à eficiência energética estão os aspectos ambientais. Análises do engenheiro mecânico da Unicamp Isaías Macedo mostram que a substituição de gasolina por etanol levaria a uma redução no total de emissões de GEE em torno de 2,6t CO2 eq./m3 (etanol anidro) e 1,7t CO2 eq./m3 (etanol hidratado). Isso demonstra a superioridade do etanol de cana-de-açúcar, em relação às demais tecnologias produtoras de bicombustível no que diz respeito à relação energia renovável obtida / energia fóssil usada3.
Há muitos outros benefícios proporcionados pelo combustível à base de etanol. Não só
ele pode ser usado como combustível, mas também pode servir de suplemento de combustível
para veículos movidos a gasolina, assim, estendendo os recursos do produto.
Sem contar que além de ser fonte de geração de energia limpa é também uma
possibilidade aos países que não têm recursos de combustíveis fósseis, na produção de
combustível, tornando importante agregado a economia desses países, com advento da
escassez do petróleo. Mesmo que produzindo certa quantia de dióxido de carbono este é
renovável através do ciclo de carbono.
2.3 Abordagens Pedagógicas Socio-interacionista na Aprendizagem da Química
As teorias de Vygotsky e Ausubel e têm muito a oferecer no que diz respeito a esse
processo de mudança de foco da aprendizagem da química no contexto educacional. 3 Disponível em < http://www.bioetanol.org.br/interna/index.php?chave=bioetanol> acesso em 30 de maio de 2013.
17
A teoria sócio-interacionista de Vygotstky também oferece condições necessárias para
que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de modo eficiente, pois esta acena para
caminhos diferentes daqueles propostos pela escola conteudista, demonstrando que o
conhecimento está longe de ser algo que se produz isoladamente.
Para Vygotsky (1989), é na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão
internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de
conhecimentos e da própria consciência, assim, um processo interpessoal é transformado num
processo intrapessoal.
Comenta Vygotsky (1998) que todas as funções no desenvolvimento da criança
aparecem duas vezes no ciclo do desenvolvimento humano “ [...] primeiro, no nível social, e,
depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da
criança (intrapsicológica). Isso se aplica igualmente para a atenção voluntária, para a memória
lógica e para a formação de conceitos. Todas as funções superiores originam-se, segundo das
relações reais entre indivíduos humanos.” (VYGOTSKY, 1998, p. 75)
Segundo o autor existem dois níveis de conhecimento: o real e o potencial. Sendo que
no primeiro o indivíduo é capaz de realizar tarefas com independência, e caracteriza-se pelo
desenvolvimento já consolidado. O segundo nível do conhecimento, o indivíduo só é capaz de
realizar atividades com a ajuda do outro, levando ao desenvolvimento, pois não é em qualquer
etapa da vida que uma pessoa é capaz de resolver problemas com a ajuda de outras pessoas.
Define Vygotsky (1989), que a partir desses dois níveis a zona de desenvolvimento
proximal como a distância entre o conhecimento real e o potencial; nela estão as funções
psicológicas ainda não consolidadas. Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1998, p. 112).
Diante das colocações do autor, podemos afirmar que o processo de desenvolvimento
cognitivo estaria centrado na possibilidade que o individuo, é constantemente, colocado em
situações problema que provoquem a construção de conhecimentos e conceitos, a partir da
zona de desenvolvimento proximal.
Ou seja, o sujeito necessita usar os conhecimentos já consolidados, desestabilizados
por novas informações, que serão processadas, colocadas em relação com outros
conhecimentos, de outros sujeitos, num processo de interação, para só então, serem
consolidadas como um conhecimento novo.
18
Para Villardi (2001), a metodologia sócio-interacista, no âmbito do processo de
aprendizagem, é dinâmica onde a ação ou o discurso do outro causam modificações na forma
de pensar e agir, interferindo no modo como a elaboração e a apropriação do conhecimento se
consolidarão.
Já Ausubel (1980) entende que, se o professor antes de apresentar o conteúdo ao aluno
utilizar-se dos conhecimentos prévios deste, como uma ponte que ligará o que ele já sabe e o
que deverá saber para que o conteúdo seja aprendido, tudo terá maior significado.
A teoria da aprendizagem de Ausubel tem um papel facilitador no ensino da química,
pois o professor poderá colocar em prática essas idéias, certamente terá maior sucesso no
processo de ensino-aprendizagem.
Cabe à educação escolar propiciar um ambiente favorável e interativo entre o aluno, o
material didático e o professor, munindo-os de ferramentas para o desenvolvimento de
competências e habilidades que possibilitem o crescimento do aprendiz enquanto indivíduo,
como por exemplo, laboratório de química.
Com este propósito de mudança, o projeto de pesquisa irá abordar uma questão
socioambiental e utiliza-se da experimentação em laboratório na fabricação de álcool
ecológico. E, assim interagir com o aluno e dar maior significado aos conceitos de funções
orgânicas, relacionando a teoria com a prática que produzirá a aprendizagem significativa.
Dentro da concepção da teoria Sociointeracionista de Vygotsky a aprendizagem é
resultado da interação social e compartilhamento de significados socialmente aceitos, dentro
do estágio atual e potencial do aluno, considerando o aluno inserido numa sociedade e em
uma cultura que determina esse conhecimento.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
A presente pesquisa é de abordagem qualitativa, com características de pesquisa-ação.
A pesquisa-ação delimita um plano de ação baseado em objetivos, envolvendo um processo
de acompanhamento da ação planejada e no relato do processo.
No decorrer de 32 aulas, sendo a metodologia inspirada na proposta de PDP, e a
pesquisa segue a linha metodológica em uma abordagem da pesquisa-ação, que trata de […]
um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos
de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2002, p. 14).
19
A pesquisa-ação apresenta características de pesquisa participativa engajada, na qual
existe uma “ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação
investigada.” (THIOLLENT, 2002, p. 16). A pesquisa-ação representa a forma pela qual foi
desenvolvida a Produção Didática Pedagógica, através de um conjunto de procedimentos,
técnicas, metodologias, ideia e situações vivenciadas na prática. Visando melhorar a
compreensão dos alunos por meio da superação da lacuna entre a teoria e a prática dos
conteúdos de Química Orgânica de Funções Oxigenadas.
Em relação à proposta, esta foi implementada no primeiro semestre do ano letivo de
2014 no Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio do
município de Santa Helena – PR com uma turma de 22 alunos dos 3º Anos do Ensino Médio.
3.1 A Experiência Com o GTR
Através da realização do GTR 2014, percebeu com as contribuições e participações
dos cursistas nas Temáticas propostas que atividades envolvendo teoria e prática vinculada a
diferentes estratégias de ensino na busca de proporcionar aos alunos condições para
construção de aprendizagens significativas sobre o Ensino da Química, compreendendo a
importância, relacionando as funções orgânicas com as questões ambientais e com o cotidiano
de todos nós.
Ocorreu no decorrer do GTR a participação expressiva e significativa por parte dos
cursistas escritos. Onde ao realizar as atividades propostas nas Três Temáticas houve
comprometimento por parte dos colegas cursistas e nos seus relatos, opiniões, interações foi
possível perceber que os mesmos tinham conhecimento prévio tanto do Projeto de
Implementação na Escola como na PDP intitulados Educação Ambiental Sustentável: Uma
Proposta Metodológica no Ensino da Química”. Demonstrou em suas colocações com
conhecimento de área a importância de desenvolver atividades que tenham abordagem
metodológica com pesquisa e experimentos e, podem ser o ponto de partida para aquisição de
conceitos e sua relação com as ideias a serem discutidas em aula. Segundo os colegas os
alunos passam a estabelecer relações entre a teoria e a prática e, ao mesmo tempo podem estar
questionando o professor no surgimento de dúvidas e assim construindo e adquirindo novos
conhecimentos.
Muito positivo foi que durante todas as atividades solicitadas durante o GTR, os
cursistas demonstraram através de suas as contribuições e interações dos colegas cursistas a
necessidade do professor trabalhar com metodologias de ensino que motive os alunos a
20
participarem das aulas e querer internalizarem os conteúdos de Química, pois as mesmas
levam a experiência e a prática relacionada a teoria, dando significado o que é aprendido em
sala de aula, pois através da construção do conhecimento os alunos se sentem capazes de agir
e interagir no meio em que vivem de forma a preservar seu ambiente.
Enfim, todos os colegas cursistas concordaram que metodologias e ações diferenciadas
durante as aulas de Química e elencando conteúdos e conceitos que lhe dêem significações ao
aluno, e esse passa a relacioná-los com seu dia a dia.
O GTR foi muito importante para minha vida profissional e com certeza meus colegas
de curso, o mesmo foi rico em contribuições, relatos de experiências e praticas pedagógicas
que contribuirão de forma positiva em nossa prática pedagógica.
3.2 Implementação Da Proposta Didático Pedagógica - PDP
Para o início do desenvolvimento desse trabalho a PDP foi estruturada em três
momentos sendo eles:
Primeiro Momento: contato com a Química Orgânica;
Segundo Momento: Seis Oficinas sendo;
1ª Oficina: Funções Oxigenadas;
2ª Oficina: Bebidas Alcoólicas e o Etanol;
3ª Oficinas: Drogas Oxigenadas;
4ª Oficina: Éteres e Aldeídos;
5ª Oficina: Aldeídos e Acetona;
6ª Oficina: Potencial Energético das Frutas e Verduras nos Desperdícios de
Supermercados;
Terceiro Momento: circulação do estudo para comunidade escolar
Como proposta inicial foi trabalhada com uma dinâmica “Elementos Organógenos”,
levando os alunos a interar-se da temática proposta, bem como um texto informativo sobre a
Química Orgânica, para então dar continuidade ao processo de construção de conceitos e
saberes, através de momentos divididos entre a contextualização teórica em sala de aula e a
prática laboratorial, no laboratório de Química da escola.
Outra metodologia usada foi a do texto, que teve como objetivo auxiliar os alunos a
elaborarem diálogos com o texto, gerar questões que facilitem a identificação das principais
conceitos trabalhados e ampliação do conhecimento prévio que os alunos têm sobre as
funções orgânicas e seus derivados.
21
E para finalizar, foi a realizada a circulação da pesquisa para comunidade escolar e
toda comunidade.
A seguir trataremos da análise dos resultados e as considerações finais com base na
coleta das atividades desenvolvidas no decorrer do processo de implementação da PDP, na
aplicação de cada etapa do projeto junto aos alunos.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Nesse momento do artigo apresentam-se os resultados obtidos com o
desenvolvimento da Produção Didático Pedagógica – PDP desenvolvida com a explanação de
como foram trabalhados cada uma das oficinas, como estudos, pesquisa de campo e praticas
laboratorial com os alunos dos 3º Anos do Ensino Médio.
A implantação da PDP, teve seu inicio com um total de 22 alunos, na sequência do
desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma explanação para os mesmos da forma de
implementação do projeto e de como se processaria o método da PDP em forma de Unidade
Didática, onde todo o trabalho foi centrado no conceito de aprendizagem significativa a partir
de uma proposta metodológica no Ensino da Química voltada a Educação Ambiental
Sustentável.
Optou-se por esta prática metodológica, seguindo a linha teórica de aprendizagem
significativa, pesquisa ação, pois acredito que quanto maior o contato com a prática e os
conceitos envolvendo relacionando as funções orgânicas com as questões ambientais e com o
seu dia, maiores sua aprendizagem. Onde durante as atividades desenvolvidas estabeleceu-se
constante diálogo com os alunos, no sentido de auxiliá-lo na construção e reconstrução de
conhecimentos. Foram feitas pesquisas e questionários com a intenção de proporcionar aos
alunos um entendimento sobre o que são as funções orgânicas e onde se encontram presentes
no meio.
A primeira oficina, percebeu que o conhecimento dos alunos em relação a Quimica
organica era muito restrito, e que com a dinâmica do “Elementos organógenos” , os alunos
passaram a compreender que os compostos orgânicos são muito comuns e importantes em
nossa vida diária; por exemplo, álcool comum existe em bebidas e é muito usado na indústria;
o vinagre tempero habitual em nossas refeições; o éter é muito usado em farmácias e tais; o
açúcar comum é um alimento importante; a gasolina é um dos combustíveis de maior uso no
mundo atual entre outros. Assim a partir desse momento foi possível iniciar as atividades
envolvendo o tema proposto.
22
Na sequência foram trabalhadas atividades envolvendo a pesquisa de campo e de
laboratório que se caracterizou da seguinte forma:
Os resultados obtidos junto aos agricultores e mercados do distrito levaram a uma
demanda muito boa de frutas e verduras, para que os alunos pudessem realizar o experimento
de produção de álcool ecológico a partir dos restos de fruta e verdura.
Após a coleta dos produtos foram levados ao laboratório selecionados somente os
alimentos que constam na relação de pesquisa (banana, cenoura, beterraba, uva, melão,
maracujá, caqui, alface e caldo de cana)
No passo seguinte após os alimentos selecionados, forma batidos no liquidificador e
preparar a calda. Após a preparação da calda foi levado para fermentação em bacias de PVC,
por aproximadamente 72 horas.
Após as 72 horas foram peneirados (coados) para separar as fibras e bagaços da calda
para ser destilada em destilador montado com panela de pressão adaptada com termômetro e
saída para o condensador de vidro.
O destilado foi coletado em copos de Becker e transferido para uma proveta para
medir a graduação alcoólica com Alcoolômetro GAY- LUSSAC de graduação 0 a 100 GL.
Após o termino da destilação foi realizado a segunda destilação para obter uma maior
graduação alcoólica, com controle de temperatura 82º C (Graus Celsius). Onde foi obtido o
seguinte resultado de rendimento do desperdício de frutas e verduras na produção do álcool
ecológico:
Alface: para a fermentação foram utilizadas 20 unidades de alface sendo que na 1ª
destilação – foram obtidos 41. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 76 G.L. Tendo como
rendimento final 79 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 900 m rodados.
Maracujá: para a fermentação não houve pesagem e na 2ª destilação foram obtidos
75 G.L. Tendo como rendimento final 51 mL. O rendimento mínimo no carro é de 480 m
rodados
Banana: para a fermentação foram utilizados 844 gramas de banana e na 1ª
destilação – foram obtidos 41. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 79 G.L. Tendo como
rendimento final 71 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 810 m rodados.
Cenoura: para a fermentação foram utilizadas 3.302 gramas e na 1ª destilação –
foram obtidos 35. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 82 G.L. Tendo como rendimento final
96 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 1120 m rodados.
Uva: para a fermentação não houve pesagem e na 2ª destilação foram obtidos 80
G.L. Tendo como rendimento final 27 mL. O rendimento mínimo no carro é de 280 m
23
rodados.
Beterraba: para a fermentação foram utilizados 1302 gramas de banana e na 1ª
destilação – foram obtidos 45. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 82 G.L. Tendo como
rendimento final 34 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 400 m rodados.
Caldo de Cana: para a fermentação foram utilizados 3000 gramas de banana e na 1ª
destilação – foram obtidos 45. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 83 G.L. Tendo como
rendimento final 71 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 320 m rodados.
Melão: para a fermentação foram utilizadas 2 unidades da fruta, sendo que na 2ª
destilação foram obtidos 80 G.L. Tendo como rendimento final 40 mL. Tendo como mínimo
de rendimento no carro é de 410 m rodados.
Caqui: para a fermentação foram utilizadas 1204 gramas da fruta, sendo que na 1ª
destilação foram obtidos 30. G.L, na 2ª destilação foram obtidos 78 G.L. Tendo como
rendimento final 34 mL. Tendo como mínimo de rendimento no carro é de 350 m rodados.
Os produtos passaram por uma fermentação aeróbica com levedura seca natural de
fermento biológico (seccharamyus cerevisiai) usando o agente de reidratação de água morna e
açúcar. E a fermentação ficou em repouso por aproximadamente 72 horas. Após isso passou
pelos dois processos de destilação resultando em álcool ecológico, sendo possível de utilzar
como combustível alternativo derivado de alimentos (frutas e verduras) que são
desperdiçadas.
Para finalizar as atividades envolvendo a PDP, foi feito a apresentação da pesquisa
para comunidade do Distrito de Moreninha, onde foi apresento do pelo professor responsáveis
e alunos do 3º Ano um esboço do projeto, gráficos, cartazes com os resultados do rendimento
de cada um dos produtos utilizados na experiência e fotos mostrando passo a passo do
experimento realizado em laboratório e de alguns momentos em sala de aula da realização das
atividades que envolviam a parte teórica da proposta de trabalho.
Após, a realização de todas as atividades relacionadas com as Funções Orgânicas,
que, como havia sido planejado foi realizado um momento com os alunos para avaliarem a
aplicação da PDP, em relação entre teoria e prática estabelecida nas atividades, os alunos
consideram excelentes, comentaram que foi mais fácil para eles aprenderem sobre as Funções
Orgânicas, pois com o que aprendiam nos textos em sala no laboratório eles constatavam a
veracidade do conceito na prática.
Também se perguntou aos alunos se eles tiveram dificuldades em de desenvolver as
atividades propostas, e, segundo eles, as atividades exigiram muita atenção, mas como se
envolveram, não tiveram dificuldades em realizá-las.
24
Percebeu-se que no geral a pesquisa foi um sucesso e a aceitação dos alunos para
esse tipo de prática metodológica foi muito bom.
Outro ponto positivo percebido com a aplicação da proposta é que entre o grupo de
alunos que participaram da pesquisa houve maior entusiasmo, participação, empenho para
sanar as duvidas em relação às funções oxigenadas, do que nas turmas de alunos que não
participaram da pesquisa. Percebeu que a compreensão e construção do conhecimento em
química, quando envolve a teoria relacionada com a prática da vida cotidiana a aprendizagem
é maior
Sendo considerado pelo grupo de alunos e comunidade escolar como ponto negativo
o pouco número de aulas de química durante a semana e muitas vezes o ambiente não auxilia
o professor em realizar atividades práticas com pesquisa em laboratório de química, devido a
infra estrutura, ou seja, espaço inadequado para comportar uma turma de aluno.
Sendo assim constatamos que, de uma maneira geral, as atividades foram muito
produtivas, os alunos se envolveram em todos os momentos e a aprendizagem se deu de uma
maneira mais adequada e satisfatória atingindo, portanto, os objetivos propostos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação da PDP, para os alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio do
Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio nos permitiu concluir que:
Os alunos possuem pouco conhecimento prévio a respeito das Funções da
Química Orgânica e que não estavam relacionando as questões ambientais a fatores do seu
cotidiano, onde a Química está presente;
Que os alunos, através da proposta de metodológica no Ensino da Química, com
metodologias voltadas ao desperdício o energético contido hortifrutigranjeiros, envolvendo a
comprovação laboratorial, conseguiram relacionar suas concepções espontâneas com o
conhecimento científico transformando e elaborando, para ser útil na sua prática enquanto
individuo preocupado com o meio em que vive;
As atividades favoreceram a reorganização de conceitos existentes sobre funções
oxigenadas em Química Orgânica, ampliando seus conhecimentos, os quais se deram através
da participação efetiva dos alunos em pesquisas de campo e laboratorial, seminários e
discussões relacionadas ao tema abordado;
A turma de alunos que participaram do projeto, sentiram-se parte integrante do
processo de ensino e de aprendizagem, motivados e interessados o que permitiu o
25
enriquecimento das aulas, levando ampliação dos conhecimentos existentes, diferenciando das
demais turmas que ministro aula na harmonia de participação e não apresentaram o mesmo
desempenho escolar;
A metodologia oportunizada aos alunos contribuir para a transformação dos
mesmos em cidadãos mais conscientes e preocupados com a questão socioambiental que
envolve o meio, no caso mais especifico a questão da energia renovável e limpa como é o
caso do álcool ecológico;
Sabemos que no dia a dia em sala de aula muitas vezes o Ensino da Química é
direcionado a práticas pedagógicas tradicionais onde o mesmo fica descontextualizado da
realidade do aluno e do meio sociocultural e passa a ser transmitido um conhecimento
fragmentado, muitas vezes sem ou com pouca utilidade para seu dia a dia. E, por não
conseguir relacionar o que é trabalhado pelo educador com o seu cotidiano, tornam as aulas
de Química monótonas e os mesmo são desmotivados a aprender.
Enfim a metodologia utilizada nessa abordagem de trabalho escolar auxiliou os
alunos, de forma geral, a analisar e utilizar o conhecimento cotidiano para compreensão dos
conceitos químicos. Assim cremos que enquanto professor devemos procurar diversificar
nossas práticas pedagógicas com o intuito de permitir um processo de aprendizagem mais
adequado aos alunos e garantir uma participação de forma ativa e freqüente dos mesmos,
levando a construção do conhecimento através da aprendizagem significativa.
5. REFERÊNCIAS
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