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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
JOGOS NUMA PERSPECTIVA INCLUSIVA PARA ALUNOS COM
DISTÚRBIOS NA LINGUAGEM ESCRITA.
Neura de Morais Iagla1
Jaqueline de Arruda watzlawick2
RESUMO
Este projeto teve por objetivo promover processos inclusivos com uma
metodologia direcionada para o aprendizado, a reflexão, a criatividade e a
cooperação. As ações e atividades cognitivas foram voltadas para os alunos que
apresentaram distúrbios na linguagem escrita buscando a superação das
dificuldades apresentadas mais precisamente em relação á disgrafia e disortografia.
O projeto de pesquisa e as ações foram desenvolvidas no Colégio Estadual João
Cavalli da Costa com alunos de Educação Especial por meio de atividades lúdicas,
técnicas pedagógicas, jogos e dinâmicas relacionadas ao traçado e a grafia das
letras. Esta proposta de ação pedagógica oportunizou a capacidade de
compreender, memorizar, abstrair, partindo das dificuldades apresentadas pelos
alunos, e assim organizar situações didáticas apropriadas para a superação das
mesmas. Buscando avaliar a qualidade do trabalho desenvolvido em relação as
metas e os objetivos do ensino-aprendizagem foi possível constatar que os jogos e
as atividades lúdicas contribuíram para a superação dos déficits relacionados a
escrita. O trabalho desenvolvido não se constitui numa definição estática mas sim
em uma proposta com atividades criadoras e na aplicação de conceitos pedagógicos
voltados na formação do aluno e das técnicas do ensino-aprendizagem.
Palavras – chaves: aprendizagem, jogos, inclusão, disortografia, disgrafia.
1 Autora: Neura de Morais Iagla; professora do Curso PDE, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, professora do Colégio Estadual João Cavalli da Costa. E-mail: [email protected] Professora: Jaqueline de Arruda; Educadora e Orientadora do Curso PDE em Educação Especial, Programa da Secretária de Estado, UNICENTRO.
1- INTRODUÇÃO
O trabalho se desenvolveu por meio da observação e intuição produtiva
relacionados a escrita envolvendo os alunos do ensino regular e sala de recursos
matriculados no 7º, 8º e 9º ano do Colégio Estadual João Cavalli, que apresentaram
déficits em relação á disgrafia e disortografia.
A metodologia utilizada seguiu com a utilização de jogos numa perspectiva
Inclusiva além das práticas pedagógicas que estimularam a memória, raciocínio,
atenção, concentração, abstração e habilidades linguísticas bem como,
proporcionou o desenvolvimento da coordenação motora fina e ampla por meio do
aprendizado da leitura e da escrita. Considerando que a aprendizagem só ocorre
quando o educando interioriza e compreende o conhecimento apossuir-se . Portanto
não basta a mera exposição do aluno ao conteúdo. Para aprender é preciso que
haja ação. “Porém, tudo isso acontece com a participação do sujeito por inteiro”, ou
seja, com a mobilização dos seus aspectos cognitivos, emocionais e sociais. (jornal
do MEC, Brasília, Agosto de 2000).
Está proposta objetivou solucionar as dificuldades dos alunos em relação aos
Transtornos da Expressão Escrita: DISORTOGRAFIA e DISGRAFIA, com atividades
criadoras, dinâmicas, leituras, jogos, músicas, brincadeiras e produções escritas. A
proposta envolveu os pais dos alunos, professores do ensino regular e sala de
recurso, equipe escolar e também dos profissionais da saúde como: fonoaudióloga,
psicóloga e psicopedagogo.
Os alunos refletiram sobre suas dificuldades em relação á produção de
frases, textos, encartes, letras de músicas, reportagens que leem, escrevem, ouvem
e falam por meio da roda de leitura e da conversa. Expressaram o pensamento por
meio das produções espontâneas, tanto na forma oral como na escrita, e assim foi
realizado as intervenções que incentivaram a escrita a fim de melhorar o
aprendizado. Este trabalho auxiliou na organização de suas ideias e na estruturação
de suas produções melhorando a capacidade de aprender a ouvir, investigar,
analisar e sintetizar.
Os encaminhamentos metodológicos seguiram com a exposição de jogos
cooperativos, pedagógicos de regras e normas e com o uso das tecnologias,
computador, internet, TV, som e músicas, dinâmicas de relaxamento físico e mental
e outras atividades que enfocaram os aspectos emocionais a fim de proporcionar o
desbloqueio da aprendizagem em relação á escrita e assim melhorar a
autoconfiança e a autoestima dos alunos. Estás práticas educativas proporcionaram
possibilidades para a implementação dos jogos, fazendo destes um importante
instrumento para melhorar as condições de aprendizagem em relação á disortografia
e a disgrafia para desenvolver suas habilidades motoras, intelectual, sócio
emocional e competências necessárias para o seu aprendizado. Assim esta
proposta de ensinar numa perspectiva lúdica a partir dos jogos foi desenvolvida
para estimular a atenção com métodos que levem os alunos a desenvolver sua
coordenação motora fina e também sua escrita com diversas maneiras de aprender.
O trabalho também enfocou os aspectos cognitivos (concentração, raciocínio,
nível de leitura, escrita, analise e síntese). Aspectos da linguagem: construção do
vocabulário, fluência, codificação e organização do pensamento. Aspectos
psicomotores: esquema corporal, lateralidade, organização temporal e espacial,
equilíbrio, postura, coordenação motora ampla e coordenação motora fina. Aspectos
sociais e afetivos: identificação pessoal responsabilidade, autonomia, assiduidade
organização do material, relações sociais com a família, colegas e professores.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Ao observar e analisar o ritmo e as dificuldades em relação ao
desenvolvimento e a aprendizagem de alguns alunos em relação à aquisição de
conteúdos relacionados mais precisamente na linguagem escrita suscita-nos
desenvolver atividades criadoras com jogos e dinâmicas.
Considerando a preocupação e necessidade da equipe escolar, professores
da sala de recurso e da classe comum em trabalhar dentro de uma aprendizagem
cooperativa com os alunos que apresentam distúrbio de aprendizagem na escrita. O
trabalho colaborativo é um aporte para que seja possível desenvolver metas em
relação ao ensino em conjunto com a equipe escolar que envolve desde a
fonoaudióloga, psicopedagogo, pedagogo, diretor, família, psicóloga e professores
envolvidos. Temos que no trabalho e esforço colaborativo é possível alcançar os
objetivos e um melhor desempenho em relação á parte intelectual e individual do
aluno relacionadas a disortografia e a disgrafia.
De acordo com Carvalho (2000) é importante examinar a nossa prática
pedagógica identificando as barreiras e os desafios que temos em relação á
aprendizagem para obtermos sucesso no ensino como um todo não esquecendo de
observar as características do aprendiz e suas condições orgânicas e psicossociais
proporcionando condições adequadas para um ensino de qualidade enfocando as
necessidades do aluno e também a sua realidade pois são os insucessos dos
nossos alunos na escola que nos levam a examinar à nossa prática pedagógica.
Examinar a prática pedagógica objetivando identificar as barreiras para a aprendizagem é um desafio a todos nós educadores que, até então, as temos examinados sob a ótica das características do aprendiz. Suas condições orgânicas e psicossociais têm sido consideradas como os únicos obstáculos responsáveis pelo seu insucesso na escola. (Carvalho, 2000, p. 60).
Para desenvolver uma prática pedagógica numa perspectiva lúdica com
jogos e atividades prazerosas se faz importante que o professor esteja apto, atento e
tenha a mão um plano com métodos e técnicas para alavancar suas ações a cada
dificuldade apresentada pelo aluno, compreendendo a capacidade e potencial do
aluno contribuindo assim para o desenvolvimento do processo
ensino/aprendizagem. Entretanto é importante criar espaços e disponibilizar
materiais, ou seja, fazer a mediação da construção do conhecimento com a
realidade do aluno.
Segundo Piaget (1962; 1976) a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
Pelo fato de o jogo se configurar como um meio tão poderoso para a
aprendizagem das crianças, observa-se que em todo lugar onde se consegue
transformar em jogo a iniciação à leitura, ao cálculo ou à ortografia, as crianças se
apaixonam por essas ocupações, geralmente tidas como maçantes. Os jogos não
são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das
crianças, mas um meio que contribui para o desenvolvimento intelectual da criança,
enriquece.
De acordo com Almeida (1998), é necessário que os educadores analisem
como está o compromisso com a educação e o aprendizado, e como estamos
atuando diante da nossa prática pedagógica.
Ao desenvolver o trabalho é necessário primeiramente identificamos as
dificuldades de nossos alunos motivando seu aprendizado para vencer as barreiras
limitadoras de seu desempenho escolar.
Pois a educação lúdica integra a teoria com a prática tornando o aprendizado
mais interessante para o aluno. Pois quando usamos técnicas diferenciadas
estamos dando oportunidades de melhorar o aprendizado de forma criativa
incentivando para não se perder o prazer por estar no ambiente escolar.
A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante, seus objetivos, além de explicar as relações do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoas passivas, técnicas para as relações reflexivas, criadora, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer de satisfação individual e modificador da sociedade. (ALMEIDA, 1998, P.31).
Quanto as dificuldades ou transtornos na aprendizagem que podem ser na
leitura ou na escrita ou até mesmo em relação aos cálculos matemáticos fica claro
que é muito importante as intervenções para que nossos alunos não sejam
excluídos ou se transforme em meros expectadores em uma sala de aula.
Segundo Jardini (2003), o educando que apresenta déficits no aprendizado deve ser identificado e diagnosticado precocemente para que receba um atendimento adequado para a sua idade realidade e série com metodologias e estratégias que garantam o aprendizado e seja disponibilizado as adequações curriculares de pequeno e grande porte e o envolvimento dos profissionais da saúde como: fonoaudióloga, psicóloga, psico pedagoga e também um acompanhamento do profissional da sala de recurso.
Dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala leitura, escrita, raciocínio e habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao individuo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas da auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes, por exemplo: deficiências sensoriais, retardamento mental, transtornos emocionais graves ou com influencias extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instruções inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influencias. Por isso, a necessidade de identificação e diagnósticos precoce dessas alterações no curso normal do desenvolvimento evita posteriores consequências educacionais e sociais desfavoráveis (JARDINI, 2003, p. 27).
DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM NA ESCRITA:
Segundo parecer da CNE/CEB (p.46 a 56) DISGRAFIA é considerado
transtorno na escrita, traçado deforme, margens malfeitas, linhas irregulares,
pressão forte ou fraca, ligações inexistentes, letras angulosas e isso acontece
devido a incapacidade de recordar esse grafismo escreve muito lentamente o que
acaba unindo inadequadamente as letras, tornando a letra inelegível.
Disgrafia, porém, não está associada a nem um tipo de comprometimento
intelectual.
DISORTOGRAFIA: Confusão na escrita no uso das letras, b/d, p/q, e/a, b/h,
na/a, em/e, casa/caza, azar/asar, exame/ezame, caixa/caxa, pipoca/popoca.
A característica principal de um aluno com disortográfica é a confusão de
letras, sílabas de palavras, e trocas ortográficas e muitas vezes não domina a
relação do sons com as palavras impressas fazendo a relação ortográfica.
Os recursos com jogos são válidos quando vêm com o objetivo de estimular e
facilitar a aprendizagem.
Segundo Borim (1996) os jogos desenvolvem a capacidade de ver e
aprender de um ponto de vista diferente potencializando a linguagem o raciocínio,
criatividade, argumentação e mais que isso potencializa o conhecimento dedutivo.
Jogos auxiliam também na descentralização que consiste em desenvolver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista que difere do seu, bem como potencializar a linguagem, a criatividade e raciocínio dedutivo de argumentação necessária durante a troca de informação. (BORIM,1996, p. 134).
Acreditando que o espaço escolar pode ser um espaço agradável, prazeroso,
de forma que as brincadeiras e os jogos permitam ao educando alcançar sucesso no
seu aprendizado em sala de recursos e classes especiais. Porque desenvolvem
várias habilidades e tanto em confiança necessária em nossos alunos.
É por meio do lúdico que a criança abandona o seu mundo de necessidades e
constrangimentos e se desenvolve, criando e adaptando uma nova realidade a sua
personalidade. Portanto, o educador deve estar sempre buscando a melhoria da
qualidade de vida dos alunos e também o ensino/aprendizagem com qualidade para
todos.
A preocupação em relacionar a educação do aluno ao seu meio, sua
comunidade e contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para
decidirem e atuarem na realidade social de um modo comprometido com a vida e
com o seu bem-estar.
As atividades lúdicas agem sobre o processo de aprendizagem pelo qual os
alunos captam e organizam informações integrando o conhecimento com a sua
realidade, oferecendo a oportunidade de explorar vários campos do conhecimento
fazendo-se presente como recurso didático e estimulando o aluno a pensar, analisar
questionar, interagir.
A educação especial atualmente enfrenta dois grandes desafios que é de
orientar e criar situações pedagógicas para auxiliar na aprendizagem tanto dos
alunos com necessidades especiais permanentes quanto dos alunos com
dificuldades de aprendizagem, tais como problemas de lentidão no processo de
compreensão, distúrbios emocionais e de conduta, isolamento social déficits de
atenção e concentração e, consequentemente a evasão por não conseguir se achar
no seu ambiente escolar.
Segundo Nogueira (2002), a inclusão não consiste apenas na permanência
dos alunos em sala de aula e sim em uma reorganização do sistema educacional e
na revisão de antigas concepções que possibilitem o desenvolvimento cognitivo,
social e cultural respeitando as diferenças e as necessidades dos nossos alunos na
rede de ensino.
Vale sempre enfatizar que a inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na sua permanência junto aos demais alunos, nem na negação dos serviços especializados àqueles que deles necessitem. Ao contrário, implica uma reorganização do sistema educacional, o que acarreta a revisão de antigas concepções e paradigmas educacionais na busca de se possibilitar o desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, respeitando suas diferenças e atendendo às suas necessidades. (GLAT e NOGUEIRA,2002,p.26).
Assim o presente estudo foi desenvolvido com alunos que apresentam
Distúrbios de Aprendizagem na Escrita dentro dos aspectos cognitivos e
pedagógicos, com uma metodologia direcionada para a aquisição da linguagem oral
e escrita, interpretação e produção, visando atender e desenvolver as habilidades e
as necessidades de cada educando de forma prazerosa enfocando assim os
processos cognitivos, motor, sócio afetivo e a produção de conhecimento por meio
de jogos e atividades lúdicas.
A proposta de trabalho foi desenvolvida com ações objetivos que motivaram
o aprendizado, em relação a investigar, intervir e produzir estratégias sobre a
realidade de cada educando dando possibilidades de uma análise construtiva,
permitindo assim realizar metas educacionais e desenvolver as intervenções
pedagógicas necessárias dentro das estratégias aplicadas e dos diferentes recursos
com materiais e jogos que permitiram aos alunos avançar em seus conhecimentos,
especificamente em relação á linguagem escrita.
Jacques Dellors, (2001,p.106), “Sustenta que a educação necessariamente
terá que se organizar sobre quatro pilares:”
- Aprender a conhecer;
- Aprender a fazer;
- Aprender a conviver com os outros;
- Aprender a ser;
A educação inclusiva parte do princípio básico que é centrada na criança e
capaz de satisfazer a formação, maturação nos desenvolvimentos das habilidades
partindo da família, da interação social e do aprender a ser e fazer e através dos
momentos lúdicos explorar linguagens e abrir espaços para o aluno questionar
analisar, criar em relação a sua autoconstrução intelectual.
Acreditamos que o espaço escolar pode ser agradável, prazeroso, onde as
brincadeiras e os jogos permitem aos educadores sucesso e melhores resultados
com ganhos e avanços no processo ensino aprendizagem dos nossos alunos. É
necessário ainda ousar enquanto somos desafiados a buscar soluções para
melhorar a qualidade do ensino. Porém não podemos esquecer que os jogos são
ferramentas valiosas quando tem se em mente objetivos a serem alcançados com
estratégias diferenciadas.
Segundo Saviani (1991), o professor precisa estar atento em relação ao seu
papel, para garantir que todos os alunos se apropriem do conhecimento e da
aquisição dos conteúdos. O desafio em ser educador é trabalhamos com o “desafio
escolar” quando recebemos e trabalhamos com alunos especiais, com alguma ou
várias deficiências ou dificuldades em relação ao ensino aprendizagem. A sala de
aula se transforma em uma arena, onde o educador luta para não ser sempre o
perdedor. Assim precisamos conhecer nossos alunos para não exclui-los da
aprendizagem e do seu ambiente escolar, prejudicando a sua aprendizagem.
E o papel do professor é o de garantir que o conhecimento seja adquirido, às vezes mesmo contra a vontade imediata da criança, que espontaneamente não tem condições de enveredar para a realização dos esforços necessários à aquisição dos conteúdos mais ricos e sem os quais ela não terá vez, não terá chance de participar da sociedade (SAVIANI,1991, p.60).
É por meio do lúdico que o aluno deixa de ser um mero expectador e participa
ativamente da construção do conhecimento. Essa prática educativa faz com que o
aluno integre a teoria com a prática na vivência e participação com os demais
colegas para desenvolver o raciocínio, memória e também sua criatividade sem
constrangimentos mas com muita dedicação. Nesta prática será oferecido ao aluno
subsídios para que possa se adaptar a uma nova realidade em relação ao domínio
não apenas teórico mas também prático sobre o saber. Portanto, o educador deve
estar sempre buscando a melhoria da qualidade de vida dos alunos e também o
ensino/aprendizagem com qualidade para todos.
Entretanto podemos perceber, concluir que são várias as habilidades
adquiridas por meio dos jogos para a aprendizagem de alunos com distúrbios na
escrita, a saber: coordenação motora ampla e fina, memória mediata e imediata,
atenção e concentração para o aprendizado, organização do pensamento;
coordenação grafo motora, compreensão verbal, estruturação linguística,
pensamento de análise e síntese, entre outros.
Para Piaget e Almeida os jogos são ferramentas de grande valor na
aprendizagem pois estão ligadas ao conhecimento tendo uma relação ativa com as
diferentes formas e expressão da linguagem seja ela falada, gestualizada ou escrita
assimilando o real dentro daquilo que o aluno conhece, gosta ou aprende.
Os jogos estão diretamente ligados ao desenvolvimento mental da infância; tanto para a aprendizagem quanto as atividades lúdicas constituam uma assimilação do real. (PIAGET, 1975, p. 12).
A brincadeira simboliza a relação pensamento-ação da criança, e, sendo assim, constitui-se provavelmente na matriz de formas de expressão da linguagem (gestual, falada ou escrita). (ALMEIDA, 1995, p. 24)
Assim o presente estudo: ensinar numa perspectiva lúdica a partir dos jogos e
dinâmicas, investigou a contribuição dos mesmos no processo do ensino e
aprendizagem de alunos com distúrbios ou déficits na escrita mais precisamente na
disgrafia e disortografia, observando-se os seus avanços em relação á escrita.
Os objetivos foram distinguir a diferença entre dificuldade e distúrbio de
aprendizagem; conceituar o lúdico; analisar a visão de alguns teóricos a respeito do
trabalho lúdico no desenvolvimento cognitivo, e, afetivo.
No desenvolvimento das atividades criou-se um ambiente de aprendizagem
para valorizar a criatividade, o potencial individual, as interações sociais, o trabalho
cooperativo, a experimentação e a inovação e também primando pela qualidade do
ensino.
RESULTADOS E DISCUSÕES DAS AÇÕES REALIZADAS
Foi realizado um trabalho de sondagem em relação á aquisição da linguagem
oral e escrita, de interpretação, produção e o processo de análise e síntese da
escrita espontânea, enfocando os processos cognitivos, motor, sócio afetivo e o
conhecimento já adquirido. As ações buscaram motivar o aprendizado em relação á
investigação, intervenção e produção de estratégias por meio de atividades
reflexivas e criadoras, com a linguagem oral e escrita. O que permitiu a troca de
conhecimento, informações, e ideias. Estes processos levaram os alunos a observar
e descobrir o funcionamento gráfico fonêmico da escrita e suas convenções, foram
exercitados ainda os seguintes encaminhamentos:
Em relação á disgrafia que é uma alteração motora priorizamos atividades de
integração viso motora, coordenação motora fina e ampla, atividades com desenhos,
pinturas recortes, dobraduras, colagens com palavras, figuras e também o traçado
correto das letras com diferentes tipos de atividades, jogos, dinâmicas e
brincadeiras.
Com relação á disortografia que é a escrita incorreta das palavras foi
trabalhado com leitura e ditado de palavras e de pseudopalavras, jogos com o
soletrando para verificar a memória ativa e também a relação fonema/grafema e
ortografia e jogos com palavras, frases, e também o conhecimento lexical por meio
do dicionário explorando as habilidades grafo motoras por meio de encartes,
desenhos, pintura, dobradura e diferentes tipos de textos, músicas, brincadeiras,
produção espontânea verificando assim a capacidade de planejamento e a
organização sequencial temporal, narrativa, vocabulário, coesão.
O trabalho também enfocou os aspectos cognitivos (concentração, raciocínio,
nível de leitura, escrita, analise e síntese). Aspectos da linguagem: construção do
vocabulário, fluência, codificação e organização do pensamento. Aspectos
psicomotores: esquema corporal, lateralidade, organização temporal e espacial,
equilíbrio, postura, coordenação motora ampla e coordenação motora fina. Aspectos
sociais e afetivos: identificação pessoal responsabilidade, autonomia assiduidade
organização do material, relações sociais com a: família, colegas e professores.
Foram explorados Jogos, dinâmicas e atividades lúdicas observando por meio
de registros o desempenho cognitivo, afetivo e motor, atividades criadoras que
permitiu a troca de conhecimento, informações, ideias entre alunos professor e a
família oportunizando assim a aprendizagem. Atividades reflexivas e estratégicas
com a linguagem oral e escrita permitindo assim aos alunos observar e descobrir o
funcionamento gráfico fonêmico da linguagem e suas convenções.
Houve adequação curricular de pequeno porte em relação á metodologia a
ser aplicada para solucionar as dificuldades relacionadas ás habilidades de leitura e
escrita no que se refere a capacidade de aprender ouvir, e enxergar maneiras
investigativas em relação ao aprendizado.
Os alunos foram desafiados a expressar seus pensamentos, tanto oral quanto
na forma escrita, com intervenções desafiadoras que incentivaram as descobertas e
o aprendizado e assim a organização e sistematização do conhecimento
promovidas pelo contato com diferentes materiais, quando os alunos refletiram
sobre suas dificuldades em relação aos textos que leem, escrevem, falam e ouvem.
Bem como, a participação em Jogos cooperativos e pedagógicos com suas regras e
normas e o uso das tecnologias: computador, internet, TV.
Explorou-se ainda o contato com as letras de músicas, poemas, charges,
poesias, jornais, revistas, cruzadinhas, charadas, encartes e textos diversos.
Completamos a produção de apostila com os alunos abrangendo o tema ESCRITA.
Também foi trabalhado com dinâmicas de relaxamento físico e mental e outras
atividades relacionadas aos aspectos emocionais que ocasionavam o bloqueio do
ensino aprendizagem da escrita e assim os alunos melhoraram sua confiança e
autoestima.
Conseguimos a interação entre os professores da classe comum com os da
sala de recursos e de toda a equipe escolar e, dos pais (familiares), por meio da
promoção de reuniões e outros encontros, primando pelas trocas de experiências,
envolvendo ainda os demais profissionais da saúde.
O diagnóstico, sem duvida, permitiu trazer para debate junto aos alunos
envolvidos as possibilidades de superação dos déficits, favorecendo ainda a
realização de uma análise coletiva sobre o papel potencial de se trabalhar em
equipe com a comunidade escolar e envolvimento dos pais para desempenharmos
juntos um ensino de qualidade e inclusivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo foi possível observar o processo de ensino
aprendizagem dos alunos que apresentavam distúrbio na linguagem escrita,
disgrafia e disortografia. No decorrer das atividades os encaminhamentos
metodológicos contribuíram para a aprendizagem suscitada pelo projeto que
proporcionou as condições de superação. Os alunos progrediram positivamente ao
adquirir os conceitos propostos nas diferentes áreas do conhecimento.
Este trabalho foi desenvolvido com uma perspectiva lúdica enfocando os
jogos, assim possibilitou a efetivação do desenvolvimento das habilidades dentro
das necessidades de cada aluno.
Constatou-se a importância dos jogos em sala de aula, ao observar os
problemas e dificuldades sendo superados. Durante todo o processo de ensino e
aprendizado houve a intenção de solucionar os problemas encontrados na prática
diária em relação á disgrafia e também com a disortografia. Caminhos estes que nos
trouxeram às soluções e as condições de melhorar a aprendizagem em relação á
leitura e a escrita.
Os alunos foram desafiados e isto fez com os mesmos se autoavaliassem
verificando onde apresentavam mais dificuldades. Assim puderam verificar onde e
como erraram e de que forma era possível melhorar, ou seja, avaliar o seu próprio
desempenho.
Ao estudar profundamente a linguagem oral e escrita, buscamos
conhecimentos e a utilização de uma metodologia que melhorasse a aprendizagem
da escrita e, principalmente, desenvolver um interesse dos alunos para com o seu
próprio ensino.
Percebemos que ao criar estratégias com momentos lúdicos, os jogos foram
importantes ferramentas na mão dos alunos, aumentando o seu interesse no
desenvolvimento da sua autonomia moral, intelectual e uma agilidade mental com
iniciativa e criatividade.
Segundo Piaget nós educadores precisamos traçar objetivos em relação á
aprender , inovar e não simplesmente repetir coisas prontas pois é necessário traçar
objetivos com conhecimentos úteis para a vida do aluno no qual ele possa acumular
conhecimentos e também aprender a aprender que é muito importante hoje para a
nossa realidade escolar onde os alunos estão desmotivados e sem perspectivas em
relação ao ensino como um todo. Pois precisamos sim saber qual é o objetivo em
relação ao que estamos ensinando para os nossos alunos.
Qual o objetivo desse ensino? Acumular conhecimentos úteis? Aprender a aprender? Aprender a inovar, a produzir o novo em qualquer campo, tanto para saber? Aprender a controlar, a verificar ou simplesmente a repetir? (Jean PIAGET, 1972).
. Assim ficou claro que os jogos foram muito importantes para estabelecer a
relação à coordenação motora e viso motora escrita enquanto ato motor e ato
simbólico, análise e síntese visual e auditiva.
Constatou-se que é possível melhorar a aprendizagem, com os exercícios de
produção de frases, textos, propagandas e dinâmicas. Os alunos demonstraram um
grande avanço em relação a autoestima, pela melhor organização e produção
escrita, alcançada por meio da participação em jogos, dinâmicas, músicas e
experiências em outras atividades lúdicas.
Diante dos resultados da presente pesquisa e aplicação do projeto ficou
evidenciado que é possível melhorar a qualidade do ensino aprendizagem, bem
como superar as dificuldades em relação á escrita ao se buscar os estilos de
aprendizagem que venham de encontro com os deficit dos nossos alunos.
Desta forma, é mister incentivar o envolvimento das famílias no ambiente
escolar oferecendo um olhar para o acompanhamento e apoio oferecido durante o
aprendizado dos filhos.
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