os desafios da escola pÚblica paranaense na … · na elaboração do programa de rádio será...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: Uma contribuição para o desenvolvimento da oralidade e reflexão sobre o uso
das variedades linguísticas
Autor: ELICEIA ZATCERCONEY
Disciplina/Área: LÍNGUA PORTUGUESA
Escola de Implementação do Projeto:
COLÉGIO ESTADUAL SANTO ANTONIO
Município da escola:
IMBITUVA
Núcleo Regional de Educação:
PONTA GROSSA
Professor Orientador:
LETICIA FRAGA
Instituição de Ensino Superior:
UEPG
Resumo: Considerando que a oralidade também precisa ser enfocada na
escola, o presente trabalho versa sobre essa temática, com a
pretensão de defender uma pedagogia do oral, baseada em
algumas teorias que discutem o ensino de língua, diferença entre
escrita e oralidade, variação linguística, norma culta e não-culta.
Considerando que o conhecimento sobre a língua pode levar a
uma emancipação dos sujeitos e que o desconhecimento sobre
ela mantém o assujeitamento destes, a presente Unidade
Didática pretende intervir, colaborativamente, no ensino e na
formação íntegra do educando através dos eixos sustentadores
do ensino de língua portuguesa: leitura, escrita e oralidade.
Palavras-chave: Oralidade, norma, variedades.
Formato do Material
Unidade Didática
Público: Professores da Rede Estadual de Ensino
Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental
APRESENTAÇÃO
TEMA
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE E
REFLEXÃO SOBRE O USO DAS VARIEDADES LINGUÍSTICAS
TÍTULO
REFLEXÃO SOBRE O USO DE VARIEDADES ORAIS CULTAS E NÃO-CULTAS
DE LÍNGUA PORTUGUESA, A PARTIR DA PRODUÇÃO DE UM PROGRAMA DE RÁDIO
POR ALUNOS DE 6º ANO
OBJETIVOS:GERALIncentivar a prática da oralidade através da produção de um programa de rádio.
ESPECÍFICOSIncentivar a reflexão sobre as formas de preconceito linguístico através do
exercício sobre a necessidade de pensar sobre o uso adequado de variedades cultas e
não-cultas orais.
Propor atividades voltadas à reflexão sobre a realidade linguística local.
Investigar as contribuições da análise crítica nas produções orais.
Mostrar a interferência da oralidade na produção escrita (através do apontamento
das marcas da oralidade na escrita).
Refletir sobre as diferenças entre as variedades cultas e não – cultas.
Revelar a fala efetiva do indivíduo.
CONTEÚDO
Modalidade oral de língua;
Discussão, com base em algumas teorias, sobre o ensino de língua;
Diferença entre escrita e oralidade;
Variação linguística;
Norma culta e não-culta.
FORMATO DO MATERIAL
Unidade Didática
DESENVOLVIMENTO
Seguindo a ideia manifestada no Projeto, optou-se pela elaboração de uma
Unidade Didática, pois a produção enfoca como tema nuclear a oralidade, com
aprofundamento teórico e metodológico, englobando mais de um conteúdo relacionado à
disciplina de Língua Portuguesa, como a discussão, com base em algumas teorias, sobre
o ensino de língua; Diferença entre escrita e oralidade; Variação linguística; Norma culta e
não-culta.
Os conteúdos serão abordados através da elaboração de oficinas para a produção
de programas de rádio, com entrevistas, momento do ouvinte, entretenimento, enfim a
caracterização e análise da realidade local através da exploração da oralidade usando o
rádio como respaldo, pois entende-se que o rádio é um potencializador de situações que
promovem a comunicação e a construção do conhecimento. E a exploração do rádio no
processo educativo oportuniza uma significativa atividade social.
A oralidade apresenta-se pautada em situações específicas de uso da fala e na
produção de discursos, por isso possibilita diversos trabalhos em sala de aula em que o
aluno se constitui como sujeito do processo interativo.
Não basta, portanto, que atividades de linguagem oral sejam consideradas apenas como oportunidades de interação oral com o professor e os colegas, elas precisam ser planejadas para o desenvolvimento de habilidades de produção e recepção de textos orais frequentes em situações formais. (SOARES, 1999, p.22)
Aqui, trata-se da mídia rádio como um importante recurso tecnológico auxiliador no
desenvolvimento do processo de aprendizagem da linguagem. É através dela que os
homens interagem nos espaços sociais e a escola constitui não somente um espaço
privilegiado mas contribui determinantemente tanto para o desenvolvimento da oralidade
e a valorização das variedades linguísticas quanto para a acentuação do preconceito
linguístico, pois a língua não é meramente diversa, ela também atua na compreensão da
diversidade linguístico cultural, ou seja, “a língua é o suporte de uma dinâmica social”.
(PRETTI, 1974, p. 7)
Considerando que o rádio, embora relativamente antigo, comparado aos meios de
comunicação mais recentes, como a televisão, a internet, o celular etc., não tem sido
devidamente explorado e difundido na rede de Educação Básica, mesmo representando
um instrumento rico em possibilidades pedagógicas e de considerável abrangência,
atingindo todas as camadas populacionais, o propósito é, através de uma abordagem
didático-pedagógica, em questão a Unidade Didática, oportunizar o aprendizado e uso do
rádio como elemento integrado ao cotidiano escolar e a outras mídias, compreendendo
não só o papel que ele desempenha na educação mas também como meio de expressão
e de reflexão sobre sua função social.
O rádio é um dos meios de comunicação mais populares no Brasil e consegue atingir públicos de diferentes classes sociais, níveis de escolaridades variados e condições econômicas diversas, podendo chegar a lugares distantes, de difícil acesso (JUNG, 2005).
Socialmente circulam diversos gêneros textuais, seja através de meios orais ou
escritos. E com isso, os indivíduos têm acesso a várias linguagens cotidianas. Apesar da
infinidade de informações oferecidas pela mídia, o rádio ainda é preferido por muitos,
especialmente durante o trabalho, pois é possível ouvir o rádio sem perder a
concentração. Além disso, é um objeto de fácil transporte e funcionamento, seja em
construções, trabalhos domésticos, viagens etc.
“[...] alcança 96% do território nacional, a maior cobertura entre todos os meios de comunicação com público aproximado de noventa milhões de ouvintes” (JUNG, 2005).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento das tecnologias de informação e
comunicação assumiu um ritmo acelerado, determinando novos rumos para a sociedade,
não somente em termos tecnológicos, mas também sócio-econômico-culturais.
Atualmente as tecnologias tornaram-se fundamentais e causaram mudanças até no
comportamento das pessoas, pois já se fala em doenças digitais, há adolescentes que
quase não conversam mais, pois o vício e o uso exagerado da internet causou uma
espécie de “solidão digital” que não é aprovada e nem acompanhada pela maioria dos
pais, porém em controvérsia, temos uma grande parte da camada populacional que nem
acesso as tecnologias possui e seu maior meio de informação, distração, diversão e até
paixão continua sendo o rádio e suas programações, seja o jornal com informações e
notícias locais, a música preferida, o programa de todos os dias, enfim é a realidade de
muitos de nossos alunos e pais de alunos da Escola Pública.
A intenção é usar a linguagem radiofônica integrada a outras linguagens,
propiciando o protagonismo do educador e do estudante, em igualdade de condições,
fortalecida por uma prática democratizadora das relações e materializada pelo exercício
da prática comunicativa. Assim, o rádio continua sendo uma excelente opção quando se
quer pensar numa educação revigorada e mais próxima da realidade dos nossos
educandos.
Obviamente que, na era da informação, uma experiência educacional diversificada
que conduza a um processo de aprendizagem mais prática, e não apenas teórica, que
visa a um conteúdo em si, será uma importante aliada à exploração de diferentes
possibilidades através dos meios tecnológicos.
Na elaboração do programa de rádio será explorada a oralidade em situações reais
de usos da fala, ora formais (uso de variedades cultas), ora informais (uso de variedades
não-cultas), através de diferentes caminhos, como: entrevistas, “fala político”, cantinho do
ouvinte (procura-se, vende-se, aluga-se, compra-se etc.), leitura de cartas, e o que mais
for sugerido pelos alunos. Este exercício envolverá primeiramente a escrita e a troca de
produções entre alunos de turmas diferentes, ou seja, carta de leitor que engloba
produções e respostas às produções, também recados, elogios, explicação, troca de
opiniões, debates, contação de histórias, declamação de poemas, propagandas, notícias
policiais, depoimentos sobre situações significativas vivenciadas pelo aluno ou por
pessoas de seu convívio; momento do apaixonado com relatos de experiências e opiniões
do crítico opinista ou conciliador.
A partir de então, será possível observar a argumentação do aluno, como ele
defende seu ponto de vista. Além disso, será possível orientar a adequação da linguagem
ao contexto, trabalhar com os turnos de fala, com a interação entre os participantes etc.
possibilitando acesso ao conhecimento através da descoberta e consequente
aprendizagem exercitando constantemente a comunicação. E, também, possibilitar uma
maior aproximação dos envolvidos com a leitura e produção oral, pois são alunos pré-
adolescentes em fase de transição, que se encontram no 6º ano do Ensino Fundamental
do Colégio Estadual Santo Antônio de Imbituva.
A oralidade e a leitura são importantes práticas discursivas e contribuem para a
socialização do conhecimento de forma democrática e produtiva. Além disso, também
contribuem para determinar o contexto de produção.
Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar da língua portuguesa e de outras áreas (exposição, relatório de experiência, entrevista, debate, etc.) e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, entrevista, etc.) (BRASIL, 1998: p. 67-68)
Para situar de forma mais adequada a relação do ensino através do rádio e dos
gêneros radialísticos, é importante historicizar sobre a contribuição do rádio para a
educação, por isso justifica-se a leitura do texto a seguir.
UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DO RÁDIO
(O rádio é a escola dos que não têm escola, Roquette Pinto)
A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923, foi a primeira emissora do
Brasil e alguns dos principais programas transmitidos eram palestras, aulas de Língua
Portuguesa, História, Geografia, Física, Química e cursos práticos sobre Rádio,
Telegrafia, Telefonia e Silvicultura... pois Roquette acreditava no poder do rádio como
importante instrumento educacional.
Edgar Roquette Pinto foi um dos maiores defensores da radiodifusão educativa no
Brasil, e além disso exerceu fundamental papel na divulgação da ciência, marcadamente
no início do século XX. “Eu quero tirar a ciência do domínio exclusivista dos sábios para
entregá-la ao povo.” (Edgar Roquette-Pinto)
Devido ao analfabetismo da época, em 1934 foi inaugurada a estação da Rádio
Escola Municipal do Distrito Federal que transmitia conhecimentos sistematizados para
escolas e para o público em geral. Os alunos-radiouvintes matriculados recebiam as
apostilas das aulas radiofônicas pelo correio ou na própria Rádio com antecedência
e acompanhavam as aulas pela Rádio-Escola, resolviam as questões que estavam na
apostila e entregavam na Rádio ou devolviam via correio. Quando surgiam dúvidas
referentes aos exercícios, comunicavam-se com a Rádio-Escola por telefone, cartas ou
visita aos estúdios da Emissora.
Em 1936, não conseguindo mais manter a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro sem
publicidade, Roquette Pinto cedeu-a ao Ministério de Educação e Saúde com o
compromisso de que a emissora continuasse a difundir programas educativos e culturais.
Ela passou, então, a denominar-se Rádio do Ministério de Educação e Cultura (Rádio
MEC), iniciando, assim, o sistema de Rádios Educativas no Brasil, e é curioso que a
Rádio MEC existe até hoje.
Os anos 40 e 50 marcaram a chamada “época de ouro” do rádio, quando o veículo
além de atingir boa parte da população era uma fonte de informação com credibilidade
mesmo fora do circuito das emissoras educativas, como ocorria com o Grande Jornal
Falado Tupi e com o Repórter Esso.
Outra aproximação entre Rádio e Educação ocorreu com a criação da rádio da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1957. O surgimento das rádios
universitárias marcou o início de uma nova fase da rádio educativa no país com a
implantação de emissoras dentro das universidades, local destinado à produção e à
transmissão de conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais. Atualmente, das 327
emissoras educativas, 47 pertencem a Universidades.
Em outro âmbito, temos a consolidação das rádios comunitárias como um veículo
que utiliza conteúdos da educação. Pode-se dizer que as rádios comunitárias brasileiras,
tal qual como concebidas hoje, surgiram a partir do acúmulo das experiências do uso do
rádio como instrumento comunitário e basicamente democrático. Depois de muita
discussão em torno do tema, em fevereiro de 1998 o Congresso regulamentou e instituiu
o Serviço de Radiodifusão Comunitária em nosso país.
Recentemente, o namoro entre o Rádio e a Educação tem acontecido, tanto na
programação das emissoras, quanto em âmbito escolar com a implementação de projetos
que, além de promover a escuta e análise de programas radiofônicos, estimulam a
criação de rádios virtuais ou “emissoras” com transmissões em circuito fechado dentro
das escolas. A programação de cunho pedagógico e cultural é geralmente produzida em
conjunto por integrantes da comunidade escolar.
O papel do ouvinte dentre os aspectos históricos, socioculturais e tecnológicos que
envolvem a produção radiofônica pode ser observado sob duas óticas: como um ser que
pratica a atividade específica do texto radiofônico nas ondas da rádio e como um cidadão
que pode e deve participar da produção dos textos, configurando o referido duplo papel
do cidadão, em qualquer esfera social, resultando em reflexo de mudanças na relação
com o rádio.
Até a segunda metade do século XX, a história apresenta um ouvinte passivo,
receptor do produto final propagado pelas ondas do rádio, e que aos poucos vai dando
lugar a um novo ouvinte, que participa ativamente da produção do texto radiofônico,
opina, sugere, colabora com suas interferências externas.
O século XXI caracteriza-se pela interação, marcando a produção participativa
como atividade democrática e cidadã e, assim busca-se o desenvolvimento da
competência comunicativa dos alunos, descobrindo o Rádio através da prática da
oralidade aliada as competências de leitura, interpretação e escrita envolvidas pela língua
e suas variações.
A paixão pelo rádio intensifica-se e explica-se pela descoberta de que a linguagem
é um instrumento facilitador do ideal de muitos educadores de construir um processo
educativo a partir do lugar onde seus estudantes se encontram, aproximando escola e
vida e, além disso, é um ativo recurso tecnológico, capaz de resgatar e valorizar a voz dos
membros da comunidade e suas formas de articular o pensamento e expressar emoções,
independentemente das condições sociais, econômicas e culturais dos sujeitos
(professores, jovens aprendizes, agentes culturais etc.) envolvidos nos processos de
formação. (Informações sobre a história do rádio baseadas no endereço eletrônico: http://
webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/radio/_basic_geral.htm – acessado em
28/10/2013).
Inicialmente propõe-se que sejam discutidos os gêneros radialísticos, explorando os conhecimentos prévios através dos relatos dos alunos, para depois construir a compreensão destes Gêneros. O Professor (a) explica e cita exemplos sobre os diversos gêneros, principalmente os que compõem a estrutura radialística. Após breve explicação, sugere-se que sejam ouvidos alguns programas de rádio, especialmente locais.
Caro (a) Professor (a)Seguem orientações basilares para a produção, em sala de aula, de um programa de rádio, visando à exploração da oralidade e do trabalho com a língua.
MATERIAL DIDÁTICO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Para a elaboração de um programa de rádio no ambiente
escolar, o ideal é utilizar uma mistura de gêneros de forma criativa.
Um programa de Rádio exige preparação, organização,
ensaio, enfim todas as etapas devem ser previstas, planejadas e
estruturadas previamente. Porém, no presente trabalho, por abordar
a questão da língua e suas variedades, ou seja, um uso específico da
língua por seus falantes, a improvisação será uma marcante
característica, e toda a apresentação terá questões surpresas, em
que cada grupo deve fazer uma pergunta surpresa para os colegas
de outros grupos, os quais deverão responder. O objetivo é também
“desestruturar” a equipe e obter seu modo natural de falar, revelando
assim as situações reais de uso da fala. Pode-se também
observar outros tipos de programas sugeridos, como serviço, jornal,
fala ouvinte, debates, entrevistas, dicas e curiosidades, esportes,
musical, revista, radionovela, pesquisa de opinião, coleta de
informações objetivam a participação improvisada dos alunos
objetivando revelar suas falas reais.
Um dos primeiros passos para elaborar um programa de rádio,
Professor (a)Recomenda-se que as atividades sejam recolhidas e arquivadas para que, ao término das produções, elas sejam comparadas às demais atividades.Por meio disso, poder-se-á identificar se houve avanço significativo do aluno em relação ao conteúdo e objetivos propostos.
além de decidir o nome da rádio, é construir um projeto que esteja vinculado ao projeto
pedagógico da escola, considerando que a função do Rádio é educar, informar, entreter,
mobilizar, sensibilizar etc. O projeto deve contemplar os objetivos da rádio, a divisão de
responsabilidades e que tipo de programação será veiculada. Para definir o formato da
programação é preciso decidir se os programas serão noticiários, musicais, humorísticos,
educativos, e distribuí-los durante o tempo estipulado de programação da rádio.
Em um programa que trate de variedades com duração de 40 minutos, por
exemplo, podem ser destinados cinco minutos para as notícias, cinco para músicas e três
para o intervalo comercial. E, então, na segunda parte do programa, pode haver uma
entrevista de 10 minutos, intercalada com música, cinco minutos para prestação de
serviços (avisos, recados, divulgação de eventos, achados e perdidos etc.), e mais dois
minutos de música. E os dez minutos restantes podem ser divididos entre notícias locais e
recadinhos do coração.
Além disso, é preciso aprender a linguagem do rádio; escrever o texto adequado
para a fala, com características mais palatáveis, de modo simples, objetivo e breve,
usando palavras conhecidas e expressões típicas da região em que se vive; falar
naturalmente, sem pressa; usar tom de voz convincente; respeitar o tom da notícia:
alegre, consternado, irônico; transmitir segurança e credibilidade.
O rádio, em sua programação pode trazer notícias, curiosidades, receitas,
campanhas, destaques, programas musicais, institucionais e serviços, espaço escola,
entre outros.
Antes de iniciar os trabalhos, sugere-se que os alunos ouçam programas das
rádios locais e prestem atenção nas programações exibidas, e nos detalhes como data,
hora, tempo, clima, horóscopos, avisos, etc.
Também poderá ser realizada uma enquete, como atividade introdutória sobre a
relação das pessoas com o rádio cotidianamente e suas respectivas opiniões, podendo
adotar o tema “Eu e o Rádio”. Poderá ser elaborado um questionário e distribuído ao
grupo relacionado as atividades educativas radiofônicas. Sugerem-se questões como:
1) Com que frequência, habitualmente, ouço o rádio?
O professor (a) pode disponibilizar respostas de múltipla escolha, como:
a) Diariamente (uma vez ao dia)
b) Diariamente (mais de uma vez ao dia)
c) Quando tenho tempo disponível
d) De vez em quando
e) Nunca
2) Quando ouço o rádio, eu…Respostas:
a) Concentro-me nesta atividadeb) Tento ouvi-lo enquanto faço outras coisasc) Ligo e deixo tocar sem prestar muita atençãod) Não consigo fazer outra coisa com o rádio ligado.
3) Quando ouço o rádio, em que estou interessado?a) Educação (cursos)b) Emprego (vagas disponíveis)c) Informação (notícias)d) Propagandase) Diversão (música, humor)
4) Dentro de um projeto pedagógico, na minha opinião, o rádio pode ajudar...a) Muitob) Um poucoc) Nadad) É um meio alternativo interessante.
Estas questões podem ajudar a esclarecer o perfil de ouvinte, de quem as
responde, tanto no sentido geral, quanto no que toca ao conhecimento específico do
papel educativo do rádio. Após, é aconselhável registrar as conclusões em um diário
específico. E posteriormente apresentar os resultados e debater os itens relevantes. A
abertura da programação, empolgante e convidativa com mensagens otimistas, também é
um item a ser considerado.
Pretende-se que esta seção seja iniciada com a retomada, análise e finalidade dos gêneros e exemplos ouvidos através de um programa de rádio pré-selecionado. A seguir, o conteúdo será apresentado na TV pendrive.
CATEGORIAS DE PROGRAMAÇÃO
- Notícias: Os alunos poderão divulgar festas de suas comunidades, bingos, etc. Poderão
organizar uma agenda de eventos para os quais cada grupo elaborará os convites,
oralmente, em forma de publicidade, usando uma linguagem persuasiva tentando
convencer os ouvintes qual será a melhor programação e, portanto, a melhor opção.
- Institucionais e Serviços: divulgação, oferta de serviços, assim como de anúncios das
datas de aniversários dos alunos. Além de cursos e encontros, ações desenvolvidas na
escola, entre outros. As notas de serviços podem ser encaixadas durante a programação
da rádio a qualquer momento.
- Sabores: os alunos poderão coletar informações e receitas para a merenda escolar.
Serão explorados e produzidos textos instrucionais.
- Jornal: noticiários curtos ou de maior densidade, com os principais acontecimentos que
estão movendo a comunidade local ou global.
- “Fala ouvinte”: os alunos, oriundos de comunidades diferentes poderão relatar os fatos e
acontecimentos ocorridos em suas comunidades/localidades. Poderão fazer
reivindicações, elogios.
- Dicas e curiosidades: um momento divertido do programa, pois tanto a dica quanto a
curiosidade podem ser brincadeiras com o ouvinte, as duas podem ser apresentadas num
bloco único, mas com cunho educativo. Serão pesquisadas informações curiosas sobre o
local, os famosos causos típicos da região, histórias de assombração, lendas... enfim o
famoso “era uma vez”.
- Debates: momento em que os temas relativos à educação e a disciplina de Língua
Portuguesa podem ser aprofundados, após pesquisas os próprios alunos apresentarão o
conteúdo e assim que surgirem dúvidas os colegas de sala rádio ouvintes farão
Logo após, solicitar que os alunos formem grupos, escolham um líder; orientar para que elaborem as atividades, troquem ideias e experiências nos grupos.
perguntas, tornando o programa interativo, assim estaremos adotando uma maneira
descontraída e até divertida de aprender.
- Entrevistas: bloco que faz com que o ouvinte se interesse mais pelo programa. Neste,
uma pessoa, sempre que possível, especialista, é convidada para falar sobre determinado
assunto, despertando curiosidade. Será algo diferente que chamará a atenção dos
alunos.
- Esportes: programa que estimula a prática esportiva, explorando o saber competir, e
também divulgando os resultados dos torneios realizados no colégio, bem como introduzir
informações sobre a teoria que perpassa cada uma das modalidades esportivas.
- Musical: pesquisa sobre o universo sonoro cotidiano, ou seja, as músicas mais ouvidas,
considerando faixa etária, grau de escolaridade etc.; levantamento de músicos
paranaenses. Os programas musicais, desde que sem preconceito, promovem o bom
gosto, a arte e a cultura valorizando o verdadeiro artista, por isso é fundamental
interpretar o sentido e a mensagem das músicas. O ouvinte pode, além de relaxar e se
divertir, ser iniciado na educação musical, sugerir músicas etc.
- Revista: programa misto que tem de tudo um pouco. Música, debates, entrevistas,
reportagens, entre outros. Aqui, explorar-se-á a interpretação, cada aluno fará leituras de
algumas reportagens da Revista Mundo Estranho e outras trazidas pela Professora.
Também será possível pesquisar em livros e sites e falar aos colegas.
- Radionovela: programa com formato das novelas que conhecemos da televisão, mas
que aborda temas ligados ao cotidiano das pessoas com conteúdos educativos com a
finalidade de inserir valores sociais, estabelecendo um momento para a reflexão.
- Espaço Escola: momento de revelação; os alunos poderão conversar com os
professores buscando relatos de experiências. Destinado também a histórias de vidas e
reportagens diversas.
- Agradecimentos.
Para a realização das atividades em grupo será necessário organizar a equipe de
Posteriormente, o (a) Professor(a) disponibiliza atendimentos nos grupos, ouvindo e sugerindo atividades; incentivando a interação entre os participantes do grupo e entre os demais grupos; explorando a oralidade.
modo que o número mínimo de componentes seja igual ou superior ao número das
funções necessárias para o programa. A escolha de um líder na equipe é relevante para a
organização dos trabalhos, divisão de tarefas e realização harmônica das atividades.
Cada programa tem um formato particular, cabendo à equipe decidir que forma
deseja adotar. No caso em questão, um programa voltado para colegas de sala do próprio
colégio, sugere-se a interação com o público e até a inclusão de convidados especiais,
levando em conta o tempo disponível para apresentar o programa.
Caberá à equipe escolher o gênero de programa, seja dramático (histórias de
ficção por meio de radionovelas ou leitura de contos); jornalístico (coletar notícias “da
hora” para deixar o público informado sobre os últimos acontecimentos, o que causa
entusiasmo); musical (selecionar músicas etc.)
A equipe deverá selecionar temas e preparar seu conteúdo e se for conveniente
poderá:
• Fazer uma pequena pesquisa de opinião;
• Coletar informações e ideias e, posteriormente em conjunto fazer uma seleção;
• Reunião de pauta para planejar o programa, assim como o seu registro, e também
realizar atividades de pesquisa, coleta de informações e consulta em alguns sites.
Preparar um roteiro também é uma atividade indispensável para cada equipe, com
o objetivo de atribuir tarefas para todos os componentes do grupo, assim o
preparo/planejamento envolve a divisão dos trabalhos, como:
- Quem será o locutor;
- Quem irá controlar o tempo;
- Quem irá controlar os turnos de fala;
- Quem fará as perguntas para o entrevistado;
- Quem fará a seleção das músicas que serão tocadas.
A delimitação do tema pela equipe também é fundamental, a equipe deve decidir
Sugestão: Visita a uma rádio local.Durante a visita, todos devem estar atentos. Fazer anotações, perguntas. Professor(a) deve monitorar antecipadamente, tomando ciência de quais perguntas o aluno gostaria de fazer e por quê. Depois, solicitar relatos escritos e orais, incentivando a leitura, oralidade e produção (prática da escrita).
qual será o assunto para o programa e escolher que aspectos serão abordados
(conceitos, história, notícias, dúvidas sobre a disciplina, entre outros), assim como quais
serão deixados para uma próxima edição, ou descartados. A organização gera confiança.
Ao falar do tema escolhido, é preciso deixar bem claro para o ouvinte sua linha de
raciocínio. Também é importante:
• usar informações de fontes confiáveis,
• entrevistar pessoas que possuam conhecimento sobre o assunto abordado.
• explicar os conceitos mais complicados com adequação vocabular.
• tentar prender a atenção do ouvinte, por exemplo, anunciar que logo após o intervalo o
ouvinte aprenderá a fazer algo interessante, tal como um vaso de garrafas PET, dicas
imprescindíveis para avaliações, entre outras atividades relatadas passo a passo pela
equipe.
ROTEIRO
É Indispensável clareza e simplicidade, para garantir a compreensão do conteúdo.
Para tal considera-se viável:
• Apresentar-se e falar o nome do programa, o nome da rádio (escolhido), o dia e a hora,
o clima.
• Fazer a abertura de maneira positiva na tentativa de cativar os ouvintes.
• Explicar os temas de difícil compreensão de forma simples, sem complicações.
• Mostrar ao ouvinte que o tema abordado está relacionado com o seu cotidiano. Solicitar
que alguns colegas opinem sobre o assunto.
• Mostrar que existem divergências de opinião sobre um mesmo assunto.
• Para temas polêmicos, entrevistar pessoas com opiniões divergentes para que cada um
defenda seu ponto de vista. Explorar a participação dos colegas e o posicionamento, ou
seja, com quem concordam ou discordam e por quê.
• Contar uma história surpreendente, que prenda a atenção dos colegas.
• Abordar palavras estrangeiras, quando presentes no texto, discutindo a questão dos
estrangeirismos.
• Indicar onde devem entrar as vinhetas, efeitos especiais e onde encontrá-los. Vinheta –
Sequência curta de sons, imagens, usada em abertura, encerramento ou reinício de
programas de rádio ou televisão (AURÉLIO, 2005, p. 899)
ALGUMAS SUGESTÕES PARA DESENVOLVER CONTEÚDOS PARA PROGRAMA DE
RÁDIO
1) Façam um levantamento das principais gírias usadas na região. Será divertido e
certamente irão se surpreender com a criatividade do povo, além do mais irão perceber
que muitas palavras e expressões não têm registro em dicionários.
2) Entrevistem os pais e/ou vizinhos: perguntem a seus pais sobre o que um ser humano
mais quer e precisa para ser feliz. Perguntem-lhes o que é liberdade e quais são os
requisitos para que uma pessoa seja livre.
3) Pesquisem fábulas, contos.
4) Escolham seus cantores preferidos e selecionem as letras de música que mais
gostarem, observem de que assunto trata o repertório. Escolham poemas que mais
gostam, aproveitem e embarquem numa viagem através do tempo e descubram os
poetas de nossa história. Posteriormente, será explorada a questão intertextual.
5) Pesquisem histórias locais, utilizem um gravador.
6) Preparem uma apresentação teatral.
7) Empreguem a criatividade misturada a seus conhecimentos sobre a maneira de
estruturar, organizar uma receita e invente uma receita que resolva um problema muito
sério. Exemplo: Receita de espantar a tristeza. (MURRAY, Roseane. Receitas de olhar. São Paulo: FTD, 1997, p. 42).
8) Discutam a respeito da necessidade de economia e desperdícios desnecessários de
toda a espécie (alimentos, materiais de limpeza, materiais escolares, água, luz etc.).
Divulguem as opiniões durante a apresentação na rádio, pode ser através de
propagandas ou folhetos informativos; criem peças teatrais; ou façam uma pequena
conferência sobre o assunto.
9) Escolham um tema e organizem um debate. Sugestão: “A coisa” (Flávia Muniz.
Viajantes do infinito. São Paulo: Moderna, 1991, p. 20). Organizar grupos favoráveis e
Professor(a):Também sugere-se, como atividade para exploração oral, o trabalho com o gênero Imagem Fotográfica, através da disponibilização e observação de imagens contrastantes, por exemplo, uma foto com belas imagens da natureza e outra foto de lixo, indagando sobre a imagem bonita:Que sensação a imagem lhe oferece?Imagine o cheiro, o vento, o sol.Depois, pedir para que observem a imagem do lixo e pedir para que exponham suas opiniões:O que será aconteceu para chegar a tal situação? Imaginem também nesta imagem o cheiro, o vento, o sol...
Professor (a)Pesquise materiais, vídeos, use preferencialmente os sites:Google acadêmicoScielo BrasilPeriódicos do MECPortal do Professor/MECDomínio Público
contra as ideias sobre a existência ou não de vida fora da Terra, expressando e
defendendo a opinião através de argumentações. Escolham um coordenador que
estabelecerá as regras e garantirá a fala de cada participante; garantindo o respeito à
opinião diferente; retomar o tema quando houver fuga etc.
AVALIAÇÃO
A execução da produção será dinâmica, e por tal característica poderá ser alterada,
bem como adaptada na medida em que os dados da própria implementação venham a
exigi-las, pois a execução estará voltada para a construção dos resultados, tendo a
avaliação como instrumento de diagnóstico, auxiliador na melhoria dos resultados,
embasada em um trabalho crítico e construtivo em prol do desenvolvimento dos discentes
e autocrescimento.
A oralidade será avaliada em função da adequação do discurso/texto aos diferentes
interlocutores e situações. As exigências de adequação da fala serão diferentes num
debate, numa troca de ideias, numa entrevista, num relato de história, e isso deverá ser
considerado na análise de produção oral.
Também será verificada a participação dos alunos nos diálogos, na formulação de
opiniões, nos relatos, nas discussões, entre outras atividades, considerando a clareza que
ele mostra ao expor suas ideias, a fluência da sua fala, a argumentação que apresenta ao
defender seus pontos de vista e a adequação. Além disso, o aluno deverá se posicionar
como avaliador de textos orais cincundantes no meio em que convive, como: noticiários,
discursos políticos, programas humorísticos televisivos, entre outros.
As ações e práticas de intervenção, após análises e pesquisas, serão planejadas e
tratadas conjuntamente com o grupo envolvido, num processo de produção e elaboração
de material e, ainda, reflexão sobre avaliação.
O rádio pode ser usado como um estímulo e meio de ação dialógico, para tanto, a
escola precisará estar aberta e se promover como acolhedora, produtora e intensificadora
dos diálogos e participações dos alunos, e através de atividades inovadoras “ela se
obrigará a deixar de ser um espaço preponderantemente fabricador de memórias
repetitivas, para ser um espaço comunicante e, portanto, criador” (FREIRE, 1984, p. 7).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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montar um programa de rádio sobre ciências. 1.ed. Rio de Janeiro: Fio cruz, 2010, 37 p.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Escolar de Língua Portuguesa.
Curitiba: Positivo, 2005.
FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Sobre educação: diálogos. 2.ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1984. 132 p.
JUNG, M. Jornalismo de rádio. São Paulo: Contexto, 2005.
OLIVEIRA, T. Tecendo textos: ensino de língua portuguesa através de projetos. 2ª ed. São
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Antropologia Brasiliana – Ciência e educação na obra de Edgar Roquette-Pinto. Belo
Horizonte / Rio de Janeiro: Editora UFMG / Editora Fiocruz, 2008.