os filmes de animação 2

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Os filmes de animação têm sido aplaudidos pela originalidade nos últimos anos, pelo menos quando consideradas as produções lançadas pelos estúdios de Hollywood. Raramente deixam de surpreender, seja pelo avanço técnico ou pela coragem narrativa. Nas próximas semanas, estreiam dois novos exemplares: Divertida Mente, de Pete Docter e Ronnie Del Carmen, vem da Pixar - e chega ao Brasil na próxima quinta-feira, 18 - e Minions, de Pierre Coffin e Kyle Balda, é produzido pela Illumination para a Universal - que deve entrar em cartaz por aqui a partir do dia 25 de junho. O primeiro se passa no cérebro de uma garota, Riley, de 11 anos, e tem como personagens principais cinco emoções: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. "Todo o mundo adorou a ideia, mas John Lasseter (diretor criativo da Pixar e da Disney Animation) foi o primeiro a dizer: 'vai ser difícil de fazer'", contou o produtor Jonas Rivera, que trabalhou cinco anos no projeto. Minions é uma história de origem dos personagens que roubaram a cena nos dois Meu Malvado Favorito, ou seja, é uma 'prequência'. Só que, desta vez, os personagens principais são as criaturas em formato de cápsula que falam uma língua ininteligível, são meio imbecis e sempre seguem os vilões. "Foi um grande desafio. Mas, na animação, temos um grande presente: o tempo. Tivemos três anos, então pudemos fazer besteira algumas vezes", contou ao jornal O Estado de S.Paulo Pierre Coffin, que também faz a voz de todos os Minions. Coffin se refere ao lento modo de produção das animações. Durante os vários anos de desenvolvimento, o roteiro continua a ser reescrito. A Pixar tem o chamado "conselho de cérebros", que assiste às várias etapas do filme, fazendo críticas. A cada três meses, há uma exibição do material feito até aquele momento, aberta a todos os funcionários do estúdio, dos seguranças a John Lasseter. "Sempre dizemos que, em algum momento, tivemos o pior filme da história em nossas mãos", costuma afirmar Lasseter. A Pixar e a Disney não hesitam em jogar fora sequências inteiras que não funcionam. Inspiração Cada filme apresenta suas próprias dificuldades técnicas, mas a tecnologia avançou tanto que permite realizar praticamente tudo. O principal, porém, sempre será a história. "O único grande desafio no presente e no futuro é fazer com que ela não se perca em meio às possibilidades oferecidas pela tecnologia", disse Rivera. Para Don Hall, diretor de Operação Big Hero, "temos artistas incríveis, que podem fazer as melhores cenas de ação, mas o importante são as personagens". Não à toa, seus modelos são Dumbo e Bambi, ambos da década de 1940. Jonas Rivera e Pete Docter também citam como inspiração para Divertida Mente desenhos da mesma época, como Pernalonga e Papa-Léguas, criados por Tex Avery e Chuck Jones - e foi difícil conseguir que os programas de animação digital da Pixar se comportassem da mesma maneira exagerada. "Tivemos de fazer a tecnologia funcionar a serviço da caricatura, em vez do realismo", disse Rivera. O objetivo era que as personagens não parecessem pessoas, mas emoções - Alegria, por exemplo, parece coberta de lantejoulas refletoras de luz. Até curtas-metragens recentes, como Paperman e Hora de Viajar, recuperam técnicas da animação em 2D. Para fazer os Minions, com seu idioma próprio desconhecido dos

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  • Os filmes de animao tm sido aplaudidos pela originalidade nos ltimos anos, pelo

    menos quando consideradas as produes lanadas pelos estdios de Hollywood.

    Raramente deixam de surpreender, seja pelo avano tcnico ou pela coragem narrativa.

    Nas prximas semanas, estreiam dois novos exemplares: Divertida Mente, de Pete

    Docter e Ronnie Del Carmen, vem da Pixar - e chega ao Brasil na prxima quinta-feira,

    18 - e Minions, de Pierre Coffin e Kyle Balda, produzido pela Illumination para a

    Universal - que deve entrar em cartaz por aqui a partir do dia 25 de junho.

    O primeiro se passa no crebro de uma garota, Riley, de 11 anos, e tem como

    personagens principais cinco emoes: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho.

    "Todo o mundo adorou a ideia, mas John Lasseter (diretor criativo da Pixar e da Disney

    Animation) foi o primeiro a dizer: 'vai ser difcil de fazer'", contou o produtor Jonas

    Rivera, que trabalhou cinco anos no projeto.

    Minions uma histria de origem dos personagens que roubaram a cena nos dois Meu

    Malvado Favorito, ou seja, uma 'prequncia'. S que, desta vez, os personagens

    principais so as criaturas em formato de cpsula que falam uma lngua ininteligvel,

    so meio imbecis e sempre seguem os viles. "Foi um grande desafio. Mas, na

    animao, temos um grande presente: o tempo. Tivemos trs anos, ento pudemos fazer

    besteira algumas vezes", contou ao jornal O Estado de S.Paulo Pierre Coffin, que

    tambm faz a voz de todos os Minions.

    Coffin se refere ao lento modo de produo das animaes. Durante os vrios anos de

    desenvolvimento, o roteiro continua a ser reescrito. A Pixar tem o chamado "conselho

    de crebros", que assiste s vrias etapas do filme, fazendo crticas. A cada trs meses,

    h uma exibio do material feito at aquele momento, aberta a todos os funcionrios do

    estdio, dos seguranas a John Lasseter. "Sempre dizemos que, em algum momento,

    tivemos o pior filme da histria em nossas mos", costuma afirmar Lasseter. A Pixar e a

    Disney no hesitam em jogar fora sequncias inteiras que no funcionam.

    Inspirao

    Cada filme apresenta suas prprias dificuldades tcnicas, mas a tecnologia avanou

    tanto que permite realizar praticamente tudo. O principal, porm, sempre ser a histria.

    "O nico grande desafio no presente e no futuro fazer com que ela no se perca em

    meio s possibilidades oferecidas pela tecnologia", disse Rivera. Para Don Hall, diretor

    de Operao Big Hero, "temos artistas incrveis, que podem fazer as melhores cenas de

    ao, mas o importante so as personagens". No toa, seus modelos so Dumbo e

    Bambi, ambos da dcada de 1940.

    Jonas Rivera e Pete Docter tambm citam como inspirao para Divertida Mente

    desenhos da mesma poca, como Pernalonga e Papa-Lguas, criados por Tex Avery e

    Chuck Jones - e foi difcil conseguir que os programas de animao digital da Pixar se

    comportassem da mesma maneira exagerada. "Tivemos de fazer a tecnologia funcionar

    a servio da caricatura, em vez do realismo", disse Rivera. O objetivo era que as

    personagens no parecessem pessoas, mas emoes - Alegria, por exemplo, parece

    coberta de lantejoulas refletoras de luz.

    At curtas-metragens recentes, como Paperman e Hora de Viajar, recuperam tcnicas da

    animao em 2D. Para fazer os Minions, com seu idioma prprio desconhecido dos

  • meros mortais, Pierre Coffin e Kyle Balda voltaram a expoentes do cinema mudo como

    Charlie Chaplin e Jacques Tati. Em Como Treinar Seu Drago, o diretor Dean DeBlois

    buscou ajuda do fotgrafo Roger Deakins, que faz filmes com atores, para iluminar sua

    animao.

    O Pequeno Prncipe, de Mark Osborne, mistura digital com stop-motion. A Laika, de

    Coraline e Boxtrolls, usa a tecnologia apenas para dar polimento antiga tcnica de

    stop-motion. Possveis sinais de que, no futuro, no importa o nvel da tecnologia, a

    animao continuar se preocupando basicamente com o de sempre: a histria.