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1 T ópicos E speciais d e E conomia X VIII ( A N E 0 5 0 ) Economia U rbana Prof. D r. A dmir A ntonio B etarelli J unior Esta nota de aula tem o propósito de sintetizar o conteúdo exposto em aula a partir das referências listadas na disciplina. Representa, pois, um parâmetro, não sendo um documento exclusivo para o estudo. Grande parte do conteúdo reproduz trechos traduzidos livremente das referências, especialmente: O’SULLIVAN, A. Urban Economics. 8th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. c ap. 1 . AULA 1 I ntrodução à E conomia U rbana, c onceitos e a xiomas 1 Economia U rbana Economia urbana é um ramo de estudo com praticamente 50 anos de existência, nascida da economia regional. Alonso (1964), Mills (1967) e Muth (1969) são considerados, por vezes, os fundadores deste campo da economia, com forte influência teórica do modelo de von Thünen (1842). O p rincipal objetivo da economia urbana é explicar a estrutura interna das cidades, ou seja, busca compreender a organização e distribuição urbana das atividades econômicas e humanas (das famílias)(CRUZ et al., 2011). Por outro lado, este ramo de estudo busca explicar o porquê as cidades possuem um (m onocêntrica) ou mais Distrito Central de Negócios (DCN) (p olicêntrica). A distribuição do uso da terra entre residências, fábricas, escritório e infraestrutura influenciam a própria localização das atividades humanas e sociais (e.g., trabalho, compras, educação e lazer), e vice-versa (BUTTON, 2010). Elas são interdependentes. Ou melhor, pessoas são atraídas pelas oportunidades oferecidas na cidade. Os grandes centros urbanos, ao contrário dos menores e das zonas rurais, tendem a oferecer a seus residentes atrações culturais (e.g., cinemas, teatros, bibliotecas, museus e shows), proporcionam acessos à oferta de serviços específicos (e.g., restaurantes étnicos, especialidades médicas e educação superior) e são grandes polos de emprego (GALINARI, 2006). ( A ( A )

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Page 1: O’SULLIVAN, A. Urban Economics. 8th ed. New York: …ºdo-1-–-N_Introdução-à... · O’SULLIVAN, A. Urban Economics. 8th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. cap. 1. AULA 1 –

1

Tópicos Especiais de Economia XVIII (ANE050) Economia Urbana

Prof. Dr. Admir Antonio Betarelli Junior Esta nota de aula tem o propósito de sintetizar o conteúdo exposto em aula a partir das referências listadas na disciplina. Representa, pois, um parâmetro, não sendo um documento exclusivo para o estudo. Grande parte do conteúdo reproduz trechos traduzidos livremente das referências, especialmente:

O’SULLIVAN, A. Urban Economics. 8th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. cap. 1.

AULA 1 – Introdução à Economia Urbana, conceitos e axiomas

1 Economia Urbana

Economia urbana é um ramo de estudo com praticamente 50 anos de

existência, nascida da economia regional. Alonso (1964), Mills (1967) e Muth

(1969) são considerados, por vezes, os fundadores deste campo da economia,

com forte influência teórica do modelo de von Thünen (1842). O principal

objetivo da economia urbana é explicar a estrutura interna das cidades, ou

seja, busca compreender a organização e distribuição urbana das atividades

econômicas e humanas (das famílias)(CRUZ et al., 2011). Por outro lado,

este ramo de estudo busca explicar o porquê as cidades possuem um

(monocêntrica) ou mais Distrito Central de Negócios (DCN) (policêntrica).

A distribuição do uso da terra entre residências, fábricas, escritório e

infraestrutura influenciam a própria localização das atividades humanas e

sociais (e.g., trabalho, compras, educação e lazer), e vice-versa (BUTTON,

2010). Elas são interdependentes. Ou melhor, pessoas são atraídas pelas

oportunidades oferecidas na cidade. Os grandes centros urbanos, ao

contrário dos menores e das zonas rurais, tendem a oferecer a seus

residentes atrações culturais (e.g., cinemas, teatros, bibliotecas, museus e

shows), proporcionam acessos à oferta de serviços específicos (e.g.,

restaurantes étnicos, especialidades médicas e educação superior) e são

grandes polos de emprego (GALINARI, 2006).

(A(A )

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Já a concentração de atividades econômicas nas cidades se justifica

principalmente pelas economias de aglomeração provenientes de

externalidades positivas geradas pela proximidade geográfica dos agentes

econômicos, que favorecem a elevação da produtividade das firmas,

contrapondo-se aos efeitos negativos do próprio crescimento das cidades

(e.g., poluição, trânsito, criminalidade, congestionamentos) (GALINARI,

2006).

Nesse processo de aglomeração econômica emergem centros urbanos de

diversas dimensões: metrópoles, cidades ou pequenas cidades. A diversidade

econômica de uma cidade é fomentada pelas interações entre os setores

localizados nela. Um grande numero de variedades produzidas localmente

fará a localização mais atrativa para os consumidores, ampliando, por

conseguinte, o tamanho do mercado local e atraindo ou desenvolvendo novas

atividades produtivas. Nesse sentido, o ambiente econômico local de uma

cidade deve gerar vantagens de escala do processo de urbanização em razão

da diversidade das atividades produtivas, revelando principalmente os

serviços produtivos. O crescimento das cidades está relacionado com a

própria especialização produtiva, com a sua diversidade econômica e a sua

localização relativa aos demais centros urbanos.

Ademais, o crescimento de cidades grandes é mais dinâmico. Ela cresce,

não somente com o tempo, mas no espaço. Com efeito, cresce para cima (em

densidade), assim como para fora (em área) (RICHARDSON, 1978). Uma

vez que as cidades apresentam tamanhos diferentes, isto leva ao surgimento

de uma hierarquia entre elas e a conformação de uma complexa rede

urbana. Em suma as cidades são como ilhas flutuantes, sendo que algumas

se especializam em determinadas atividades, enquanto outras se

diversificam.

1.1 Definição geral

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A economia urbana é uma disciplina que se encontra na interseção de

geografia e economia. A Economia explora as escolhas das famílias que

maximizam as suas utilidades com recursos limitados, enquanto que as

firmas maximizam os lucros com uma dada tecnologia de produção

(O’SULLIVAN, 2011). Por outro lado, a geografia estuda como as coisas

estão organizadas no espaço, respondendo a questão: Onde a atividade

humana ocorre?

A economia urbana explora as decisões locacionais das famílias

(maximizadoras de utilidade) e firmas (maximizadoras de lucro) e mostra

como essas decisões determinam a formação de cidades em diferentes

tamanhos e formas. A economia urbana também identifica as ineficiências

típicas das grandes cidades, como poluição, trânsito, criminalidade, as quais

aparentemente deveriam repelir os agentes econômicos. Após esse

diagnóstico, esse ramo de economia examina políticas públicas alternativas

para promover escolhas locacionais eficientes. Ou seja, quais medidas

Economia:Famílias e

Firmas

GeografiaOnde a

atividade humana ocorre?

Economia Urbana

Escolhas

ótimas de

localizaçãoProblemas

urbanos

Políticas

públicas

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poderiam diminuir a criminalidade em uma cidade? Qual política poderia

atenuar o problema de congestionamento e transporte público?

Nesse ramo de estudo existem seis áreas relacionadas, quais sejam:

a) Forças de Mercado no desenvolvimento de cidades. As decisões

locacionais inter-urbanas de firmas e famílias geram cidades de

diferentes tamanhos e estrutura econômica (base econômica). Nessa

área exploram-se questões de porque as cidades existem e porque

existem cidades grandes e outras melhores?

b) Uso do solo dentro das cidades. As decisões locacionais intra-urbanas

de firmas e famílias geram padrões urbanos de uso da terra. Por

exemplo, nas cidades modernas os empregos estão distribuídos em

toda a área metropolitana, enquanto que cidades de até 100 anos

geralmente exibem uma concentração espacial de empregos em sua

área territorial. É possível, inclusive, explorar questões de segregação

com respeito à raça, renda e nível educacional;

c) Transporte Urbano. Exploram-se algumas possíveis soluções para o

problema de congestionamento urbano e visualiza o papel do

transporte em massa na área urbana. Por exemplo, é possível

identificar se o sistema de ônibus é mais eficiente que o sistema de

metrô (O’SULLIVAN, 2011). O modelo também explica como o

desenvolvimento de modernos meios de transporte (automóveis e

transporte de massa) gerou a suburbanização e o achatamento da

densidade populacional urbana, uma situação conhecida como

espraiamento (sprawl) urbano (CRUZ et al., 2011).

d) Crime e política pública. Analisa o problema de crime urbano e

mostra os vínculos entre o crime e outros problemas urbano, tais como

a pobreza e o baixo nível educacional;

e) Habitação (moradias) e políticas públicas. As escolhas habitacionais

são vinculadas com as escolhas locacionais, uma vez que as habitações

são imóveis. Nessa área discute-se o porquê a habitação é diferente de

outros produtos e como as políticas de habitação trabalha;

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f) Impostos e gastos do governo local. Sob um sistema fragmentado de

governo local, muitas áreas metropolitanas têm tem dezenas de

governos locais, incluindo municípios, distritos escolares e distritos

especiais. Fazendo escolhas locacionais, famílias consideram uma

mistura de taxas e bens públicos locais (O’SULLIVAN, 2011).

2 O que é cidade?

Um economista urbano define uma área urbana como uma área

geográfica que contém um grande número de pessoas em um espaço

geográfico relativamente pequeno. Em outras palavras, uma área urbana

tem uma densidade populacional que é relativamente alta em relação à

densidade de uma área circundante. Esta definição acomoda áreas urbanas

de tamanhos muito diferentes, de uma cidade pequena a uma grande área

metropolitana. A definição é baseada na densidade populacional, pois uma

característica essencial de uma economia urbana é o contato frequente entre

diferentes atividades econômicas, o que só é possível se as firmas e

domicílios estão concentrados em uma área relativamente pequena. Existe

um conjunto de definições quanto à cidade, essenciais para o entendimento

dos estudos em Economia Urbana (O’SULLIVAN, 2011). As definições

comuns são:

a) Área Urbana: a área geográfica densamente povoada com uma

população mínima de 2.500 pessoas e uma densidade mínima de 500

pessoas por quilómetros quadrado.

b) População urbana: as pessoas que vivem em áreas urbanas.

c) Área metropolitana: uma área central com um núcleo populacional

substancial, juntamente com as comunidades adjacentes que são

integradas, em um sentido econômico, com a área central. Para se

qualificar como uma área metropolitana, a população mínima é de

50.000 pessoas.

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d) Área micropolitana: uma versão menor de uma área metropolitana

com uma concentração de 10.000 a 50.000 pessoas. Em 2000, havia

559 áreas nos Estados Unidos.

e) Cidade principal: o maior município em cada área metropolitana ou

micropolitana. Um município é definido como uma área sobre a qual

uma corporação exerce autoridade política e fornece serviços do

governo local, tais como: o serviço de esgoto, proteção contra crime e

corpo de bombeiros (O’SULLIVAN, 2011).

A pesquisa sobre as regiões de influência das Cidades (REGIC),

elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde

2007, disponibiliza informações acerca da centralidade e interações das

cidades a partir dos fluxos de bens e serviços no país (IBGE, 2008). Envolve-

se, pois, com elementos teóricos do ramo da economia urbana e regional,

particularmente no que diz respeito ao sistema urbano hierárquico e

multifuncional, sendo o espaço constituído e organizado por um núcleo

urbano circundado por regiões complementares. Nessa pesquisa, o IBGE

(2008) apresentou as seguintes classificações e definições:

a) Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do País, que

caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos

entre si, além de, em geral, possuírem extensa área de influência

direta. Dividem-se entre: Grande metrópole nacional – São Paulo, o

maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes em

2007; Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população

de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também

estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São

Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; e

Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo

Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando

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de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo

nível da gestão territorial.

b) Capital regional – integram este nível 70 centros que, como as

metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede

urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao

das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo

referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande

número de municípios. Existem três subdivisões: Capital regional A –

constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487

relacionamentos; Capital regional B – constituído por 20 cidades, com

medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; e Capital

regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil

habitantes e 162 relacionamentos. A cidade de Juiz de Fora foi

classificada como Capital Regional (2B).

c) Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades

de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da

gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus

relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em

geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais

adensada nas áreas.

A Figura 1 abaixo ilustra a rede urbana com essas classificações ao longo

do território nacional. Tão breve, ao discutirmos sistemas urbanos ou de

cidades, retomaremos esses conceitos de maneira prática. Por momento, o

importante é diferenciar e apresentar os conceitos para o Brasil.

Ao longo da disciplina serão utilizados três termos para se referir à

concentração espacial da atividade econômica: área urbana, área

metropolitana e cidade. Estes três termos, os quais serão usados

indistintamente, referem-se à cidade econômica (i.e., uma área com uma

densidade populacional relativamente alta que contém um conjunto de

atividades estreitamente relacionadas), e não a cidade política. Ao se referir

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a uma cidade política, usa-se o termo central da cidade ou município. Esta

definição acomoda áreas urbanas de tamanhos muito diferentes, ou seja, de

uma cidade pequena a uma grande área metropolitana. A definição é

baseada na densidade populacional, porque uma característica essencial de

uma economia urbana é o contato frequente entre diferentes atores

econômicos (O’SULLIVAN, 2011).

Figura 1 – Rede urbana brasileira (2007)

3 Porque as cidades existem?

Esta é a questão fundamental da economia urbana. As pessoas

precisam de terra para produzir alimentos e outros recursos, e de viver em

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cidades densas e separar da área rural onde o alimento é produzido. Talvez

uma analogia próxima de uma cidade no mundo natural é uma colmeia de

abelhas ou um formigueiro, cujos insetos revelam funções e atividades

distintas. As cidades existem porque a tecnologia humana criou sistemas de

produção e de troca que parecem desafiar a ordem natural. Três condições

devem ser satisfeitas para uma cidade se desenvolver:

1) Excedente agrícola: os agricultores, residentes fora das cidades,

são autossuficientes e seu excedente de produção rural é

comercializado na cidade;

2) Produção Urbana. Os moradores da cidade devem produzir bens

ou serviços para facilitar o intercâmbio de alimentos e produtos

urbanos;

3) Transporte para troca. Deve haver um sistema de transporte

eficaz para facilitar o intercâmbio entre produtos alimentares e

urbanos.

Para Cantillon (1952), a origem das cidades poderia ser creditada à

concentração de propriedade de terras, o que permitiu aos patrões viverem a

uma distância de suas propriedades em lugares onde poderiam “desfrutar

uma sociedade agradável”, e às demandas dos patrões, que atrairiam

artesãos e mercadores. Já Beckmann (1972) se concentrou no trade-off entre

o desejo de um indivíduo interagir com outros e a sua necessidade de

consumir uma extensa porção de terra. De acordo com estas preferências, o

contato interpessoal estimula a urbanização (CRUZ et al., 2011).

Entre 1960 a 2015, tal proporção das pessoas que vivem nas cidades

no mundo passou de 33,6% para quase 54% ((WORLDBANK, 2016). Em

outras palavras, a área urbana tem uma densidade populacional

relativamente maior quando comparada a da área rural em 2015. Essa

definição trata áreas urbanas de diversos tamanhos, de uma pequena cidade

até uma grande área metropolitana. A transformação de uma sociedade

rural para uma urbana ocorreu em razão dos progressos tecnológicos, do

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crescimento do excedente agrícola (condição 1), do aumento da

produtividade dos trabalhadores urbanos (condição 2) e da expansão da

eficiência de transporte e intercâmbio (condição 3) (O’SULLIVAN, 2011).

A Figura 2 apresenta as taxas de urbanização para diferentes regiões

do mundo, com projeções para o ano de 2030. Em 1950, as taxas de

urbanização foram relativamente baixas na África e na Ásia, e mais elevada

na Oceania e América do Norte. Para o mundo, a taxa de urbanização era

30% em 1950 e espera-se dobrá-la até o ano de 2030. No Brasil, entre 1960 a

2015, observa-se que a taxa de urbanização passou de 46,1% para 85,6%

(WORLDBANK, 2016), ratificando a significativa produção da espacialidade

urbana no país entre os períodos.

Figura 2 – Taxas de urbanização, por região mundial, 1950–2030

Ademais, o mapa da Figura 3 aponta que as maiores cidades no mundo

estão localizadas em países em desenvolvimento. Isso também reforça um

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dos fatos estilizados em Economia Urbana, que será apresentado no final

desse documento.

Figura 3 – Tamanho populacional nas maiores cidades mundiais

4 Os cinco axiomas de economia urbana

Economia Urbana explora as escolhas locacionais de famílias e

firmas, assumindo que as mesmas são móveis. Entretanto, as pessoas não

alteram instantaneamente seus locais de trabalho e residências quando as

circunstâncias mudam. Por conseguinte, um modelo de mobilidade perfeita

nos diz mais sobre as mudanças no longo prazo do que em curto prazo.

Embora a maioria dos modelos de economia urbana assuma a hipótese de

mobilidade perfeita, há exceções, que serão destacadas em futuras análises.

Nesta parte, cabem apresentar os cinco axiomas da economia urbana. O

axioma é uma auto evidência de verdade, algo que a maioria das pessoas

facilmente compreende e aceita. Os cinco axiomas estão no cerne da

economia urbana e, juntos, fornecem uma base para os modelos econômicos

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de escolhas locacionais. São axiomas que aparecem repetidamente

(O’SULLIVAN, 2011).

Axioma 1: Os preços se ajustam para atingir o equilíbrio locacional

Um equilíbrio locacional ocorre quando ninguém tem um incentivo

para se mover. Suponha que você e João estão competindo por duas casas de

aluguel, uma ao longo de uma bela praia e outra ao longo de uma estrada

barulhenta. Se as duas casas têm o mesmo preço (o mesmo aluguel mensal),

você preferiria a casa de praia, assim como João. Mesmo que lançasse uma

moeda e concedesse a casa de praia para o vencedor, esta negociação não iria

gerar um equilíbrio locacional, pois a pessoa azarada, que ficaria na casa

situada próxima a rodovia, teria um incentivo para mover para a casa mais

desejável (O’SULLIVAN, 2011).

O equilíbrio locacional requer um preço mais elevado para a casa de

praia. Para eliminar o incentivo de se mover, o preço da casa de praia deve

ser alto o suficiente para totalmente compensar o melhor ambiente. A

pergunta é: Quanto dinheiro você estaria disposto a sacrificar para viver na

praia? Se a sua resposta é de US$ 300 e João concordar, então o preço de

equilíbrio da casa de praia será de US $ 300 mais alto do que o preço da casa

na estrada. De um modo geral, ajustam-se os preços para gerar o mesmo

nível de utilidade em diferentes ambientes, levando as pessoas a viver em

locais desejáveis e indesejáveis (O’SULLIVAN, 2011).

Esse tipo de forças econômicas opera no mercado de trabalho.

Trabalhadores competem por trabalhos em locais desejáveis, causando

salários mais baixos em locais mais desejáveis. Suponha que você está

competindo com Rick por dois empregos, um em Juiz de Fora e outro em

Belo Horizonte. Belo Horizonte apresenta um ambiente social mais

estimulante. Se a diferença do salário mensal for $500 a fim de compensar

totalmente o meio social distinto entre as duas cidades, então o salário de

equilíbrio será de $ 500 mais baixos em Belo Horizonte. Os dois

trabalhadores serão indiferentes entre as duas cidades, porque um

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movimento para Belo Horizonte significaria um corte salarial de $500. No

mercado de trabalho, os salários ajustam para levar as pessoas a trabalhar

em ambientes desejáveis e indesejáveis (O’SULLIVAN, 2011).

O preço da terra também ajusta para garantir o equilíbrio locacional

entre firmas. Firmas competem por terras mais acessíveis em uma cidade.

Em razão disso, há um acirramento de competição pelo uso da terra próxima

ao centro da cidade, e, portanto, a mais cara. Em equilíbrio, firmas

instaladas em áreas (terras) mais distantes do centro pagam um preço mais

baixo pelo uso do solo (terra). Inversamente, firmas localizadas próximas ao

centro da cidade, tendem a pagar relativamente mais caro pelo uso da terra

(O’SULLIVAN, 2011).

Axioma 2: Efeitos de auto reforço geram resultados extremos

Um efeito de auto reforço é uma mudança de algo que leva a alterações

adicionais no mesmo sentido. Considere uma cidade onde os vendedores de

automóveis são inicialmente distribuídos uniformemente por toda a cidade.

Se um vendedor se transfere ao lado de outro vendedor em uma estrada, o

que acontece? Consumidores de automóveis comparam marcas antes de

comprar, e o par de vendedores nessa estrada irão facilitar compras pela

comparação, que devem atrair mais clientes. O aumento do trafego de

consumidores na estrada irá tornar a área atrativa para os vendedores de

automóveis, de modo que eles também irão se transferir para a estrada. O

resultado final é uma "fileira", um conjunto de firmas que competem umas

contra as outras, mesmos aquelas localizadas nas proximidades

(O’SULLIVAN, 2011).

Mudanças de auto reforço também influenciam nas decisões de

localização das pessoas. Suponha que os artistas e tipos criativos são

inicialmente distribuídos uniformemente entre uma dúzia de cidades em

uma região. Se uma cidade experimenta um influxo de artistas, seu

ambiente criativo melhorará, pois os artistas (1) expõem mais ideias e

técnicas de fabricação e (2) podem compartilhar estúdios, lojas de impressão,

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fornecedores de ferramentas, e outras instalações. O grupo de artistas vai

atrair outros artistas da região, causando uma concentração de produção

artística em uma cidade. Nas últimas décadas, cidades que têm atraído os

artistas e pessoas criativas têm experimentado um crescimento

relativamente rápido (e.g., Florida em 2002) (O’SULLIVAN, 2011).

Axioma 3: Externalidades causam ineficiências

Na maioria das transações, os custos e benefícios da troca são

confinados aos compradores e vendedores individuais. O consumidor paga

um preço igual ao custo total da produção do bem, para que ninguém mais

carrega um custo da transação. Da mesma forma, o consumidor é a única

pessoa a beneficiar do produto. Em contraste, uma externalidade ocorre

quando alguns dos custos ou benefícios de uma transação são

experimentados por alguém que não seja o comprador ou vendedor, isto é,

alguém externo à transação (O’SULLIVAN, 2011).

Um custo externo ocorre quando um consumidor pagar um preço que

é menor do que o pleno custo de produzir um bem. O preço de um produto

sempre inclui os custos de trabalho, de capital e matérias-primas utilizadas

para produzir o produto, mas geralmente não incluem os custos ambientais

da produção do produto. Já um benefício externo ocorre quando um bem

comprado por uma pessoa gera um efeito positivo para alguém. Por exemplo,

pintar minha casa pode melhorar a aparência de meu bairro, aumentando o

valor da casa do meu vizinho (O’SULLIVAN, 2011).

Quando existem custos ou benefícios externos, o equilíbrio do mercado

não será socialmente eficaz. No caso dos custos externos, as pessoas pagam

menos do que o custo social total (custo privado mais o social). Em muitos

casos há uma solução simples: internalizar a externalidade com um imposto

ou um subsídio (O’SULLIVAN, 2011).

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Axioma 4: A produção está sujeita a economias de escala

Economias de escala ocorrem quando o custo médio de produção

diminui à medida que a produção aumenta. Quando a curva de custo médio

de longo prazo é negativamente inclinada, diz-se que há economias de escala

na produção. Economias de escala podem ocorrer por dois motivos:

a) Insumos indivisíveis. Alguns insumos de capital são

"irregulares" e não pode ser requerido para pequenas escalas de operações

produtivas. Como resultado, uma pequena operação tem o mesmo insumo

indivisível com em uma grande operação. Por exemplo, para a fabricação de

geladeiras, é preciso de um molde, mesmo que para uma produção de uma

unidade ou mil unidades. Como a produção aumenta, o custo médio diminui

porque o custo do insumo é indivisivelmente distribuído por mais bens

produzidos.

b) Especialização do fator. Uma pequena escala de produção, um

trabalhador realiza uma grande variedade de tarefas de produção. Já em

uma operação maior, com mais trabalhadores, cada trabalhador especializa

em algumas tarefas, levando a uma maior produtividade por causa da

continuidade (menos tempo é gasto ao mudar de uma tarefa para outra) e

proficiência. Como veremos na disciplina, as economias de escala

desempenham um papel vital nas economias urbanas. Se não há economias

de escala, também não haverá cidades. Será caro transportar produtos a

partir de um local de produção para os consumidores. A produção

centralizada em cidades será sensata se há alguma vantagem a mais do que

os custos de transporte deslocamentos.

Axioma 5: Concorrência gera lucro econômico zero

Quando não há restrições à entrada de firmas em um mercado,

esperam-se que novas firmas entrem no mercado até que o lucro econômico

firmas seja nulo. Cabe ressaltar que o lucro econômico engloba também os

custos de oportunidade de um empreendimento.

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Na economia urbana, a competição tem uma dimensão espacial. Cada

firma entra no mercado em algum local, e o lucro de cada firma é afetado

pelas localizações das outras firmas. A competição espacial parece muito

com concorrência monopolística, uma estrutura de mercado na qual as

firmas vendem produtos pouco diferenciados em um ambiente de livre

entrada. Cada firma tem o monopólio para a sua diferenciação de produto,

mas a livre entrada leva para uma forte concorrência, pois os consumidores

podem facilmente mudar de um produto diferenciado para outro. Com a

concorrência espacial, cada firma tem um monopólio local na área

imediatamente em torno do seu estabelecimento, mas a hipótese de livre

entrada leva a uma forte concorrência (O’SULLIVAN, 2011).

5 Alguns fatos estilizados na Economia Urbana

Estudos empíricos têm estabelecidos um número de fatos estilizados

sobre a composição, o tamanho e localizações de cidades. Podem-se sumariar

alguns deles:

Fato estilizado 1. Países urbanizados são os mais ricos.

Fato estilizado 2. Pessoas e atividades econômicas se aglomeram no

espaço.

Fato estilizado 3. Existem aglomerações de cidades.

Fato estilizado 4. Na maioria das vezes, grandes cidades se localizam em

países em desenvolvimento.

Fato estilizado 5. Algumas cidades crescem mais rápido que outras.

Fato estilizado 6. Especialização e diversificação coexistem em cidades.

Fato estilizado 7. Grandes cidades tendem a ser mais diversificadas.

Fato estilizado 8. Cidades populosas são as maiores.

Fato estilizado 9. Renda fundiária (preço/m2) difere no espaço.

Fato estilizado 10. Grandes cidades têm maiores taxas de crime e

congestionamentos.

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Exercícios

1) Afinal, o que o ramo de estudo “Economia Urbana” trata?

2) O que é cidade e porque elas existem? Explique as condições básicas

para o desenvolvimento de uma cidade?

3) Exemplifique três axiomas em Economia Urbana.

4) Conceitue as regiões urbanas e metropolitanas conforme o IBGE.

(Use, se possível, os conceitos das notas técnicas). Ademais, o que é

uma cidade econômica?

5) A partir das informações estatísticas do IBGE (2008), caracterize um

município de interesse em termos de: tamanho populacional,

composição do PIB (estrutura produtiva), taxa de urbanização e sua

classificação – as regiões de influência das Cidades (REGIC).

Links para obter informações:

http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/regic.shtm?c=7

http://www.ipeadata.gov.br/

Exemplo da questão 5.

O munícipio de Juiz de Fora apresenta um total de 516 mil residentes locais, cuja população está localizada proeminentemente na área urbana (98% do total de residentes), de acordo com o Censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A economia de Juiz de Fora é a quinta maior do Estado de Minas Gerais e cresceu cerca de 10% entre 2006 a 2010, registrando uma significativa taxa anual média de 2,4%. De acordo com o IBGE, em 2012, o seu Produto Interno Bruto (PIB) atingiu aproximadamente R$ 10 bilhões em 2012 (preços correntes). Juiz de Fora compreende uma área total de 1429,8 km² e com um perímetro urbano de 317,7 km². Na economia de Juiz de Fora, o setor de serviços, inclusive administração, saúde e educação públicas e seguridade social, é o mais significativo, com 73,75% do Valor Adicionado (VA) de Juiz de Fora (R$ 6,2 bilhões a preços correntes) e 2,85% do VA de Minas Gerais. Por outro lado, o setor de industrial tornou-se menos significativo entre 2005 e 2012, passando de 28,1% para 25,8% no VA. A cidade de Juiz de Fora foi classificada como Capital Regional (2B), a quarta na hierarquia das centralidades no território brasileiro.

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Leituras interessantes:

· A distribuição urbana de mercadorias e o planejamento da mobilidade urbana

http://www.antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/a-distribuicao-urbana-de-

mercadorias-e-o-planejamento-da-mobilidade-urbana.html

· A cidade que queremos

http://www.antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/a-cidade-que-queremos.html

· Pessoas mudam, a cidade muda

http://www.antp.org.br/noticias/ponto-de-vista/pessoas-mudam-a-cidade-muda.html

Referências

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BECKMANN, M. J. Von Thünen Revisited: A Neoclassical Land Use Model. The Swedish Journal of Economics, v. 74, n. 1, p. 1–7, 1972. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/3439005>.

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CANTILLON, R. Essai sur la nature du commerce en général. New York: INEd, 1952.

CRUZ, B. DE O. et al. Economia regional e urbana: teorias e métodos com ênfase no Brasil. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 2011.

GALINARI, R. Retornos Crescentes Urbano-Industriais e Spillovers Espaciais: Evidências a partir da taxa salarial no estado de São Paulo. 2006. 162 f. Dissertação (Mestre em Economia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/UFMG), 2006.

IBGE. Regiões de influência das cidades: 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/geografia_urbana/areas_urbanizadas/default.shtm>.

MILLS, E. S. An Aggregative Model of Resource Allocation in a Metropolitan Area. The American Economic Review, v. 57, n. 2, p. 197–210, 1967. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/1821621>.

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MUTH, R. F. Cities and Housing. Chicago: University of Chicago Press, 1969.

O’SULLIVAN, A. Urban economics. 8th. ed. New York: McGraw-Hill/Irwin, 2011.

RICHARDSON, H. W. Economia urbana. Rio de Janeiro: Interciencia, 1978.

VON THÜNEN, J. H. Der isolierte Staat in Beziehung auf Landwirtschaft und Nationalökonomie. Oxford: Pergammon Press, 1842. v. 7.

WORLDBANK. Urban Development: Data. Disponível em: <http://data.worldbank.org/topic/urban-development?end=2015&start=1960>.