pasta e papel 59

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The leading publication covering the pulp & paper industry from Brazil and Portugal.

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A valorização do setor da pasta e papel:da floresta ao produto final

Opresente número de Pasta e Papel foi preparado nas vésperas da Conferência das Nações Unidas Rio+20, onde serão debatidos temas como o desempenho do setor florestal nas

bio economias, a importância da sua certificação e o contributo da indústria florestal no desenvolvimento rural. Será, certamente, uma conferência que destacará o fortalecimento daeconomia baseada em florestas plantadas, obedecendo a sólidos critérios socio ambientais,e a sua importância na promoção do desenvolvimento sustentável, na integridade dos ecossistemas e na conservação da biodiversidade.

Florestas que teremos de continuar a plantar de modo que possamos ultrapassar “as novas tensões no uso da terra, no acesso a água, nas utilizações alternativas dos produtos“ como é referido, neste número, no artigo “ “Portugal, País de vocação florestal”do Eng. Luís Costa Leal.

Paralelamente a esta atenção à questão da matéria-prima, a presente situação económica e financeira implica, mais do que nunca, a continuação da procura de poupanças na melhoria da eficiência da produção. A poupança de energia e a eficiênciaenergética são exemplos do caminho a seguir, como se apresenta no artigo “A eficiência energética como parte da operação no dia-a-dia fabril”.

E quando se verifica uma contenção, de um modo geral, na procura do papel, um setor mantém um crescimento continuado na procura mundial: o do papel tissue. Destacamos este importante mercado, apresentando a situação atual nas mais antiga emais recente fábricas de papel produzindo papel tissue em Portugal (a Fapajal e a AMS Goma-Camps, respetivamente) e numexemplo de recente desenvolvimento e investimento no Brasil (a Mili).

Mas o setor do papel não pode estagnar: investimentos bem ponderados e bem implementados são de destacar, como se verificou, no princípio deste ano, com a MP 11 da SAICA em Partington, uma máquina de grandes dimensões e um dos poucos investimentos na Europa, e que trazemos ao conhecimento dos nossos leitores.

Uma floresta promotora do desenvolvimento sustentável, base de uma produção empenhada na sua eficiência, com investimentoscertos no tempo certo, com a procura de novos mercados, satisfazendo os anseios dos clientes, os caminhos para a valorização do nosso setor industrial.

João de Sá NogueiraEditor

pasta e papel - Verão 2012 3

Ponto de vista

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Indice

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ABK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2ABTCP 2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23Ashland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Brunnschweiler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49CTP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58IPX India (Adforum) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59MIAC 2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Orbinox. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Roquette . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6-7/30-31/50-51Safem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Savcor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Siemens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Zellcheming 2012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

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Sumário

REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDACÇÃO em PortugalJOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA

Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGALFax/Tel : (351) 262 838 569E-mail : [email protected]

REDACÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil :ROBERTO T. SEBOK

Av. Piassanguaba, 104604060-001 São Paulo, BRASILTel +5511 9964 2775 /+5511 5587 5750Cel +55 11 9999 10 76Email : [email protected]

PUBLICIDADE Portugal :AUGUSTO GÓIS

Alameda Um de Março, n° 39 - 1° Esq.2300-431 Tomar - PORTUGALTel. 249 322 073 - Fax 249 321 537Mobil : 917 22 30 42

PUBLICIDADE Internacional :STÉPHANE RICHARD

36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - FrançaTel : +33 238 42 29 00Fax : +33 238 42 29 10Email : [email protected]

Maqueta :SIMON AND PARTNER’S

TIRAGEM 5.500Portugal 2.200 Brasil 3.300ENP S.A Capital 38.113 EuroRC Orléans FR 5934303773536, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - França

www.groupenp.com

Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie 2009-2010, La Carte Papetière France 2010, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera 2011, El Papel, Anuário Ibéricoda Industria Papeleira 2009-2010, Turkiye Kagit Sanayii,Paper Middleast.

Official Media Partner

2012

PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira 3

EM DESTAQUEPapel nacional brilha nos ecrãs de Cannes 6Grupo Portucel Soporcel marcou presença na DRUPA 2012 6No âmbito da ação “Dá a Mão à Floresta”, Grupo Portucel Soporcelcelebrou Dia do Ambiente 7Grupo Portucel Soporcel participou na Conferência RIO+20 10Grupo Portucel Soporcel participou na IV edição da FICOR -Feira Internacional da Cortiça 11Grupo Portucel Soporcel celebra Dia Mundial da Floresta:Navigator de mão dada com a floresta 12Grupo Portucel Soporcel contribui para reduzir o número de incêndios:Projeto-piloto “FLORESTA SEGURA“ em parceria coma Escola Nacional de Bombeiros 12A Torraspapel continua com o seu compromisso de obtera certificação ISO 50001 para todos os seus centros produtivos 15Lecta reinvidica os Direitos do Papel” na DRUPA 2012 16Por iniciativa da Bracelpa, setor da celulose e papel na Rio+20 16América Latina já responde por quase 20% das vendas globaisdo Grupo Pöyry 18Cenibra tem novos Diretores 18

INDÚSTRIA FLORESTALPortugal, País de vocação florestal O eucalipto e a indústriade pasta para papel 20

INDÚSTRIA FLORESTALComo Tirar o Máximo Valor em Plantação Florestal 26

DOSSIER TISSUEPapel tissue: um mercado com procura crescente 28FAPAJAL: Uma história de mais de 250 anos 32Mili: No Brasil, Rumo ao Futuro 37AMS GOMA-CAMPS: A mais recente fábrica portuguesa de tissue 40

CARTÃO CANELADOA MP11 de SAICA em Partington:Crónica de um projeto bem-sucedido 44

ENERGIAA eficiência energética como parte da operação no dia-a-dia fabril: Importância da automação e da supervisão de modelosde operação previamente estabelecidos 52

PAPER CLASSIFIED 58

Edição conforme o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

N° 59 - Verão 2012

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Portugal

Papel nacional brilha nos ecrãs de Cannes

Acampanha europeia da CELPA “Paper From Portugal - More Forests, Better Future” inspirou

cineastas de todo o mundo a participarem no Concurso MOFILM, um projeto criativo e motivador associado ao mais emblemático dos concursos de publicidade, o Cannes Lions Internacional Advertising Festival.O papel nacional foi o grande protagonista nos ecrãs do concurso lançado pela Celpa em parceria com a MOFILM, uma iniciativa que está integrada na campanha internacional “Paper From Portugal”, a qual tem como principal objetivo promover os produtos papeleiros portugueses.“Ao usar papel de Portugal, está a contribuir para um futuro melhor” é a ideia base deste concurso dirigido a todos os realizadores da rede Mofilm para que, através do suporte audiovisual, criem vídeos que permitam contar a verdadeira história dos produtos papeleiros portugueses e a forma como contribuem para a sustentabilidade das florestas portuguesas.Um desafio à criatividade onde se pretende a conceção de filmes emocionais e com potencial de partilha no canal web, vídeos criativos, ousados, dinâmicos, constituindo um dos pontos altos da campanha “Paper From Portugal - More Forests, Better Future” – que decorre até Março de 2013 e cujos objetivos principais, recorde-se, são eliminar preconceitos sobre a indústria da pasta e do papel, clarificar o seu contributo para o crescimento da floresta e demonstrar a sustentabilidade dos produtos papeleiros portugueses.Fundada em 2007, a MOFILM representa uma comunidade de criativos e cineastas que são desafiados a criar filmes para grandes marcas e causas sociais. Trata-se de uma ideia original e revolucionária, que está a

mudar o paradigma da produção publicitária: através da atribuição de bolsas, os candidatos podem conceber filmes (de 45 a 90 segundos) sobre as marcas e as campanhas que participam no projeto.No final de cada concurso, cada marca dispõe de pelo menos cinco filmes, que pode exibir e promover, contribuindo para aumentar a sua notoriedade ao mesmo tempo que impulsiona a carreira de novos realizadores e criadores. Estes, por seu lado, com produções inovadoras, ousadas, e criativas, têm a oportunidade de conceber trabalhos com elevados padrões de qualidade garantindo uma produção com a máxima independência e liberdade.

Grupo Portucel Soporcel marcou presença na DRUPA 2012

Ogrupo Portucel Soporcel teve uma forte presença na edição deste ano da DRUPA

2012, a mais emblemática feira europeia dedicada ao sector de artes gráficas e que decorreu de 3 a 16 de Maio em Dusseldorf, na Alemanha.Num stand com uma área superior a 300m², estiveram representadas as marcas do Grupo que têm uma posição de relevo no mercado gráfico. Para além das tradicionais aplicações de impressão offset e pre-print, o Grupo apresentou na Drupa o forte desenvolvimento que as suas

Em destaque

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pré-print e offset com um conjunto de soluções que respondem às necessidades específicas do mercado gráfico e um posicionamento sofisticado e inovador.O Grupo também destacou o Explorer Graphic, cujo conceito de comunicação está ligado ao mundo da aventura, das viagens, do desporto e das emoções, a gama Target Plus, que conta com dois produtos distintos, o Target Plus pre-print e o Target Plus Offset, que utilizam como conceito comunicacional as viagens e o claim “nunca se irá esquecer de uma impressão de primeira classe”, e o Navigator pre-print, cuja comunicação está associada à importância da primeira impressão, fundamental para o sucesso nos negócios e no sector da pré-impressão.

No âmbito da ação “Dá a Mão à Floresta”, Grupo Portucel Soporcel celebrou Dia do Ambiente

Ogrupo Portucel Soporcel organizou, no dia 5 de Junho, uma iniciativa que reuniu cerca

de 200 crianças do 1º ciclo do Ensino Básico provenientes de escolas de Cacia, Eixo e Figueira da Foz, num dia dedicado ao Ambiente. Dando continuidade à ação “Dá a Mão à Floresta”, que assinalou o Dia Mundial da Floresta, em Março deste ano, o Grupo reforçou a sua atuação com o público infantil, proporcionando uma jornada de aprendizagens e diversão em pleno contacto com a Natureza.Sensibilizar os mais jovens para a necessidade de cuidar da floresta e dos recursos naturais, clarificar a atuação do grupo Portucel Soporcel na gestão sustentável e valorização da floresta nacional e promover o papel como um produto ambientalmente responsável, foram alguns dos objetivos deste evento, que teve lugar na Quinta de S. Francisco, em Eixo, sede do RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel do Grupo.Ao longo de todo o dia, foram desenvolvidas atividades não só para as crianças mas também para os professores. Quer a estampar uma t-shirt com tinta ecológica no “Atelier de Pintura”, a plantar uma árvore numa zona da Quinta ou a brincar ao Jogo da Floresta, os alunos puderam aprender mais sobre as nossas florestas de forma divertida e conhecer formas de cuidar e proteger a Natureza.Para os professores, foi planeada uma ação

marcas apresentam no segmento digital. Teve assim particular destaque a Soporset, líder no mercado europeu de papéis gráficos não revestidos e a primeira em termos de qualidade percebida e notoriedade espontânea. Estiveram ainda representadas a Inaset, PioneerGraphic, Explorer Graphic e Target Plus,bem como a Navigator pre-print, marcas de referência no mercado gráfico pela sua elevada qualidade.Devido ao seu estatuto de maior feira mundial do sector gráfico, a DRUPA constituiu uma excelente oportunidade para reforçar, a nível comercial, a posição de liderança que o grupo Portucel Soporcel detém actualmente no exigente mercado europeu, bem como consolidar a sua presença nos restantes mercados para onde exporta os seus produtos.Considerado o ponto de encontro da indústria gráfica, a DRUPA tem lugar de quatro em quatro anos, reunindo desde fabricantes de equipamentos de impressão a fornecedores de consumíveis. Nesta edição, acolheu cerca de 2000 empresas e marcas de relevo internacional, representando, para o grupo Portucel Soporcel, uma importante afirmação da sua forte dinâmica comercial.Atendendo à sua posição de liderança, a marca Soporset teve um lugar de relevo no stand do Grupo. O actual conceito de comunicação da marca, lançado em 2011, reforça a associação entre a elevada performance – principal valor da marca – e a inovação tecnológica e ambiental, através de conceitos vanguardistas. O papel Soporset foi pioneiro ao lançar a categoria pre-print no mercado, está presente em mais de 80 países e é actualmente a marca gráfica do segmento Premium mais utilizada pelos profissionais de artes gráficas europeus. A marca Inaset, uma vez mais, centrou a sua comunicação no conceito ligado à Arte. Desde sempre com um forte vínculo ao mundo artístico, sobretudo à pintura, a marca continuou a estabelecer a ligação entre o trabalho do artista plástico que pinta as suas obras-primas e o gráfico que usa o papel Inaset para a produção dos seus melhores trabalhos. No stand do Grupo esteve ainda presente a Gama Pioneer Graphic lançada no mercado em 2004, que assenta em valores como a qualidade, exigência e flexibilidade, know-how e brancura e está associada ao conceito “dar asas à imaginação”. Pioneer é uma marca com papéis

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visando desmistificar ideias preconcebidas sobre a floresta industrial e o seu impacte ambiental, evidenciando que a utilização de papel contribui para renovar a floresta.Integrada na Política de Responsabilidade Corporativa do Grupo, esta iniciativa visa promover melhores práticas ambientais e incutir nos jovens, desde tenra idade, hábitos mais saudáveis no que respeita à proteção da floresta e à preservação dos recursos naturais.

Grupo Portucel Soporcel participou na Conferência RIO+20

Ogrupo Portucel Soporcel participou na Conferência RIO+20, que decorreu entre 13

e 22 de Junho no Rio de Janeiro. Com o objetivo principal de assegurar um comprometimento político renovado para o desenvolvimento sustentável, a Conferência reuniu Chefes de Estado e de Governo para debater a Economia Verde no contexto do Desenvolvimento Sustentável e da Erradicação da Pobreza.Atendendo à importância estratégica da gestão dos recursos florestais para o desenvolvimento económico, ambiental e social de Portugal, no dia 21 de Junho, Paula Guimarães, Responsável de Certificação Florestal do grupo Portucel Soporcel, realizou, no Pavilhão de Portugal, uma apresentação subordinada ao tema “Gestão e Certificação Florestal na Indústria Portuguesa do Papel”.Naquele que é o mais importante evento, a nível mundial, no debate dos desafios com que o planeta se defronta em matéria de Desenvolvimento Sustentável, o Grupo procurou chamar a atenção para o papel decisivo que as plantações florestais podem desempenhar na redução da pressão da extração de matéria-prima a partir de florestas naturais, proporcionando oportunidades em contextos em que estas são praticamente inexistentes e oferecendo uma solução para as necessidades da indústrias de base florestal. Com efeito, a Empresa defende que, através de uma gestão adequada, as plantações florestais são geradoras de riqueza, equilíbrio ambiental e bem-estar social. É hoje reconhecido que o sector florestal é um player determinante na “economia verde”, à escala mundial, não só devido à sustentabilidade dos produtos florestais mas também pelo papel

das florestas enquanto sumidouro de carbono.O grupo Portucel Soporcel realçou, no Rio de Janeiro, que a gestão florestal responsável praticada pelas empresas portuguesas da fileira da pasta e do papel (representando o Grupo perto de 70% dessa fileira), cuja área certificada representa 70% da área certificada total do País, é uma evidência de que plantações florestais bem geridas podem contribuir positivamente para a integridade dos ecossistemas à escala da paisagem, a conservação da biodiversidade e a promoção de um contexto social e económico favorável.Esta fileira representa mais de 5% das exportações de bens do País, liderando a contribuição global do sector florestal para a balança comercial. A nível global, é de salientar que mais de 50% das exportações europeias de papel de escritório e impressão offset provêm da indústria portuguesa, ou seja, do grupo Portucel Soporcel.Ocupando 38% do território, e fortemente direcionada para os mercados externos, a floresta portuguesa possui um elevado Valor Acrescentado Nacional (VAN) – 71,4% (valor superior à média nacional de 59,3%), contribuindo muito significativamente para o peso das exportações no PIB do País. Na fileira da pasta e do papel, Portugal é, através do grupo Portucel Soporcel, líder europeu na produção de papel fino de impressão e escrita não revestido e de pasta branqueada de eucalipto. A Empresa representa 0,7% do PIB nacional e 3% das exportações de bens gerando um elevadíssimo e ímpar VAN, pelo facto de os seus produtos serem obtidos, na quase totalidade, a partir de matérias-primas e recursos nacionais.Enquanto grupo florestal verticalmente integrado, cuja atividade se inicia com a Investigação aplicada à gestão responsável de um recurso natural e renovável - a floresta nacional - passando pela produção de celulose, energia e papel, o compromisso com a sustentabilidade faz parte integrante do seu modelo de negócio.Na qualidade de maior gestor florestal privado do País, o Grupo promove a valorização e proteção da floresta, acrescentando valor aos 120 000 hectares que gere em Portugal. Tendo sido a primeira entidade no País a usufruir da gestão florestal certificada simultaneamente pelos prestigiados sistemas FSC® (Forest Stewardship Council®)1 e PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification), a Empresa

Em destaque

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do grupo Portucel Soporcel no que se refere à sua atuação como promotor da floresta nacional, a intervenção centrou-se na gestão do montado, numa ótica de gestão florestal integrada de uma grande empresa da fileira florestal do eucalipto, evidenciando o facto de que é possível exercer as boas práticas florestais conciliando a produção com a preservação da Natureza. A FICOR 2012, uma iniciativa da Câmara Municipal de Coruche, tem como principais objetivos reforçar a importância do sector florestal, em especial a fileira da cortiça, como alavanca da economia nacional, fortalecer a liderança internacional de Portugal no sector florestal e afirmar Coruche como a capital mundial da cortiça.

Grupo Portucel Soporcel promove ativamente a valorização da floresta portuguesa

O grupo Portucel Soporcel é responsável pela valorização da floresta portuguesa contribuindo para a dinamização do sector florestal, a nível nacional e regional, e para a conservação da biodiversidade.O Grupo vê a floresta plantada como um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento da sua atividade e promove a gestão eficiente, competitiva e responsável das suas plantações e espaços agroflorestais. Atualmente gere cerca de 120 mil hectares de espaços silvestres, distribuídos por 158 concelhos de Portugal, onde se pode encontrar desde plantações de eucalipto, a montados de sobro, povoamentos de pinheiro bravo, áreas de resinosas ou folhosas diversas, e também manchas de habitats naturais e seminaturais, representativos das diferentes regiões do país, bem como áreas agrícolas e pastagens. Uma parte significativa da área gerida pelo grupo Portucel Soporcel localiza-se ou está adjacente a zonas protegidas ou zonas de alto índice de biodiversidade.O Grupo defende que as florestas, em geral, e as plantações, em particular, podem contribuir positivamente para a integridade dos ecossistemas à escala da paisagem e para o património sociocultural. Aposta num conceito global de Floresta Sustentável, pautando a sua ação com base num exigente Código de Conduta Florestal. A sua Política Florestal tem como objetivo garantir

aplica as melhores práticas de silvicultura, executa um plano eficaz de defesa e proteção da floresta contra incêndios e promove a gestão da biodiversidade.A presença do grupo Portucel Soporcel na Conferência RIO+20 demonstrou o compromisso no desenvolvimento sustentável da sua atividade, na crença de que as práticas sustentáveis são socialmente corretas, ambientalmente indispensáveis e economicamente vantajosas.

Grupo Portucel Soporcel participou na IV edição da FICOR - Feira Internacional da Cortiça

Ogrupo Portucel S o p o r c e l

participou na IV edição da FICOR - Feira Internacional da Cortiça, que decorreu

em Coruche, entre 24 e 27 e Maio de 2012. O Grupo marcou presença nesta iniciativa na sua qualidade de maior produtor nacional privado de eucalipto, de pinho e resinosas, e um dos maiores produtores e gestores certificados de sobro. Enquanto empresa determinante para o desenvolvimento da floresta nacional, reconhecida pelo uso diversificado do património florestal que tem sob a sua responsabilidade, o Grupo gere de forma responsável as plantações de eucalipto, matéria-prima para a sua atividade principal - o fabrico de pasta de celulose e papel – e também o montado de sobro, os povoamentos de pinheiro bravo e resinosas, folhosas diversas e, ainda, áreas agrícolas e pastagens. Dada a importância e dimensão dos proprietários florestais nesta região e à posição que ocupa como um dos principais produtores nacionais de cortiça, o Grupo participou na FICOR 2012 com um stand no espaço de exposições e uma apresentação na Conferência «Valorização Ambiental e Turística do Montado de Sobro», que se realizou no dia 24 de Maio no Observatório do Sobreiro e da Cortiça. Inserida num painel designado por Valorização Ambiental do Montado, a apresentação do Grupo, dedicada ao tema “Valorização do montado na indústria papeleira”, foi da responsabilidade de João Lé, Administrador da Portucel Soporcel Florestal. Para além de dar a conhecer a realidade

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a gestão eficiente e competitiva das plantações e espaços agroflorestais e promover o respeito pela conservação dos recursos naturais.O Grupo é reconhecido como um forte impulsionador da expansão do processo de certificação florestal em Portugal, designadamente através dos protocolos de cooperação estabelecidos com as organizações de produtores florestais e de ações de sensibilização desenvolvidas com proprietários. Foi pioneiro a nível mundial na atribuição de um prémio na aquisição de madeira certificada. O seu modelo de gestão florestal é certificado pelos sistemas internacionais FSC® e PEFC.Parte integrante do compromisso assumido pelo Grupo é o investimento na prevenção e apoio ao combate aos incêndios florestais sendo a entidade privada que mais contribui para o esforço nacional de redução de risco de incêndio, com um investimento anual de 3 milhões de euros. Entre as iniciativas desenvolvidas merecem destaque o trabalho de identificação de zonas críticas e a gestão estratégica de combustíveis florestais, ao nível da paisagem, assim como as ações de sensibilização junto das populações em áreas de maior risco e o desenvolvimento de um seguro inovador destinado a garantir as replantações após sinistro.A produção de plantas florestais e ornamentais do grupo Portucel Soporcel, para utilização própria e para o mercado interno e externo, é assegurada pela Viveiros Aliança S.A.. Fruto de um recente investimento, os viveiros do Grupo têm uma capacidade anual de produção de cerca de 12 milhões de plantas certificadas de diversas espécies florestais, que se destinam à renovação da floresta nacional. Nestes viveiros é produzida uma grande diversidade de plantas, entre as quais mais de 30 espécies florestais diferentes e 130 espécies ornamentais e arbustivas, para além de 5 variedades de oliveira.

Grupo Portucel Soporcel celebra Dia Mundial da Floresta: Navigator de mão dada com a floresta

No Dia Mundial da Floresta, a marca Navigator, líder mundial de vendas de

papel de escritório Premium, ofereceu milhares de plantas em Lisboa e no Porto, além de diversos materiais Navigator. Esta ação, enquadrada na

iniciativa “Dá a Mão à Floresta”, decorreu no dia 21 de Março e teve como objetivo sensibilizar a população para a importância de cuidar da floresta e do papel ativo que a marca Navigator e o grupo Portucel Soporcel têm tido nesse âmbito.Diversas espécies de plantas, entre as quais eucaliptos, azinheiras e alfazemas, produzidas nos viveiros do grupo Portucel Soporcel, foram oferecidos durante todo o dia a quem passou junto das lojas Staples (Alfragide, Circunvalação e Gaia) e Continente (Centro Colombo), expressando assim junto do grande público o investimento que o Grupo tem realizado no domínio da gestão responsável da floresta nacional e da conservação da biodiversidade. Para o Grupo e para a marca Navigator, o Desenvolvimento Sustentável e a Responsabilidade Social são parte integrante do seu modelo de gestão. O papel produzido pelo Grupo é ambientalmente responsável, biodegradável e reciclável sendo obtido a partir de um recurso natural renovável, plantado especificamente para este fim. A Navigator é uma das marcas portuguesas de maior sucesso a nível mundial, estando presente em mais de 90 países com o Rótulo Ecológico da União Europeia. O Ecolabel promove produtos e serviços ecológicos que cumprem rigorosos critérios de desempenho ambiental. No segmento de papel para escritório e papel para usos gráficos, o Ecolabel obriga à utilização de madeira certificada e de origem controlada e inibe o uso de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde. Promove igualmente a utilização de energia renovável, a implementação de um rigoroso sistema de gestão de resíduos e a redução das emissões de gases com efeito de estufa, bem como da poluição atmosférica e dos aquíferos.

Grupo Portucel Soporcel contribui para reduzir o número de incêndios:Projeto-piloto “FLORESTA SEGURA“em parceria com a Escola Nacional de Bombeiros

Mantendo para 2012 um orçamento de 3 milhões de euros para a proteção da floresta

contra incêndios, o grupo Portucel Soporcel apoia também este ano um projeto-piloto, dinamizado pela Escola Nacional de Bombeiros. Este projeto,

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curso, no âmbito MIT Portugal, apelam para a adoção de uma estratégia de redução do risco de incêndios, focada na prevenção e resolução das causas deste grave problema.

97% dos fogos tem origem humana

Atendendo a que mais de 90% dos incêndios florestais em Portugal resultam de práticas de uso do fogo negligente ou intencional, o grupo Portucel Soporcel mantém em 2012 o seu forte empenho na área da prevenção, daí a importância deste programa de formação da ENB.Os conteúdos transmitidos em cada sessão de formação serão adaptados às causas e motivações dos incêndios que caracterizam as várias localidades abrangidas e adequados ao público-alvo, privilegiando a transmissão oral de conhecimentos e a execução prática de exemplos. Em cada localidade serão apresentadas estatísticas relevantes, como a evolução do número de incêndios ou a área ardida, as causas e motivações associadas, a legislação aplicável e as técnicas de eliminação de matos e silvados. No final da ação, os participantes deverão estar conscientes de que, em conjunto com os bombeiros e outras entidades locais, podem ser uma parte importante da solução para o problema dos incêndios florestais, através da correta eliminação de sobrantes agrícolas, matos e lixo.Estas ações de formação destinam-se fundamentalmente a residentes permanentes ou temporários das localidades selecionadas, agricultores e utilizadores dos espaços rurais. No final de cada sessão, a Escola Nacional de Bombeiros emitirá certificados aos participantes nas ações de sensibilização.

A maior contribuição privada na prevenção de incêndios

Defender a floresta contra incêndios é uma prioridade para o grupo Portucel Soporcel, que todos os anos investe um montante muito significativo na prevenção e apoio ao combate de incêndios florestais. Empregando o melhor conhecimento disponível no domínio da gestão do risco de incêndio florestal, no campo das políticas públicas, da gestão e da engenharia, e mobilizando os diversos intervenientes em torno de uma visão comum, o Grupo aposta fortemente na existência de um

denom i nado “ F L O R E S T A S E G U R A ” , procura reduzir a ocorrência de incêndios através da sensibilização,

formação e fornecimento de soluções neste domínio aos agricultores e outros habitantes do meio rural e periurbano.“FLORESTA SEGURA” visa ensinar os agricultores e população rural a fazer queimas, fogueiras e borralheiras com segurança e mobilizar as entidades locais (Bombeiros, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, organizações de agricultores e proprietários florestais, entre outras) para desenvolver processos que apoiem este público-alvo na eliminação de sobrantes agrícolas sem risco de provocar incêndios com danos para as pessoas, bens e floresta.O programa consiste na realização de 20 sessões de formação levadas a cabo pela Escola Nacional de Bombeiros em 9 concelhos piloto dos distritos do Porto, Coimbra e Lisboa, a saber: Gondomar, Valongo, Paredes, Vila Nova de Poiares, Lousã, Góis, Mafra, Alenquer e Torres Vedras. O grupo Portucel Soporcel é parceiro deste projeto através do patrocínio das sessões de formação e apoio técnico à sua realização. Esta iniciativa conta ainda com o apoio das Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia locais, assim como da AFN, ANPC e GNR.A 1ª sessão de sensibilização decorreu em maio passado na aldeia do Carvalho, no concelho de Vila Nova de Poiares, contando com forte adesão e entusiasmo dos participantes. Do programa previsto, estão já agendadas várias sessões para o mês de Junho, prevendo-se a sua conclusão em Novembro de 2012, salvaguardando o período crítico dos incêndios florestais e os dias nos quais é interdito o uso do fogo no espaço rural/florestal.O apoio do Grupo a este programa de formação insere-se numa estratégia de defesa da floresta contra incêndios assente na prevenção, fator essencial para reduzir o impacto dos incêndios florestais e diminuir o seu número. De facto, uma parte muito significativa destes incêndios poderia nunca ocorrer, não provocar danos ou aumentar os custos de combate. Peritos internacionais que realizaram trabalho em Portugal (Mark Beighley, 2009) e resultados preliminares de projetos em

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sistema nacional mais eficaz, assente na redução da probabilidade de ocorrência do evento fogo e na minimização da exposição e mitigação do risco.Entre as diversas iniciativas que o Grupo leva a cabo, destaca-se o projeto de investigação e desenvolvimento com o MIT Portugal, que se iniciou em 2011. Enquadrado no Programa MIT Portugal (http://www.mitportugal.org/research-overview/research.html) o projeto FIRE-ENGINE - Flexible Design of Forest Fire Management Systems, tem como objetivo desenvolver métodos de desenho de soluções de proteção florestal (prevenção/combate) gerando contributos importantes para a melhoria dos sistemas de gestão de incêndios florestais, nos domínios das políticas públicas, da gestão e da engenharia. Neste projeto, está mobilizada a experiência e conhecimento de gestão florestal, prevenção e combate a incêndios do grupo Portucel Soporcel, com as competências da Engineering Systems Division (ESD) do Massachusetts Institute of Technology (MIT), do INESC Porto / Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Em áreas mais operacionais, salientam-se as participações ativas em mais de 35 comissões municipais de defesa da floresta contra incêndios, a atualização permanente de placas de informação do risco meteorológico, a manutenção de pontos de água e sua sinalização, para além do tratamento de combustíveis florestais numa área superior a 10 000 ha e a manutenção de mais de 5 000 km de rede viária.

Grupo Portucel Soporcel participa no dispositivo de combate nacional

Complementando uma estratégia focada na prevenção, o grupo Portucel Soporcel participa no dispositivo de combate nacional através da AFOCELCA, organização em que detém uma participação maioritária.De salientar que, em cada campanha, mais de 85% dos fogos que são combatidos pelas brigadas que compõem esta organização ocorrem em propriedades de vizinhos, apoiando de forma relevante a Autoridade Nacional de Proteção Civil. Este facto reforça a evidência de que uma floresta bem gerida é muito menos vulnerável ao risco de incêndio.

Espanha

A Torraspapel continua com o seu compromisso de obter a certificação ISO 50001 para todos os seus centros produtivos

As fábricas de Sant Joan les Fonts e Sarrià de Ter obtiveram a certificação de Sistemas

de Gestão Energética ISO 50001. A referida certificação, baseada no ciclo de melhoria contínua, contribui para uma utilização eficiente das fontes energéticas disponíveis e, por conseguinte, para a redução das emissões de gases de efeito de estufa, entre outros aspetos.A fábrica de Sant Joan les Fonts, dedicada ao fabrico de papel revestido, está localizada no Parque Natural da Zona Vulcânica de Garrotxa, em Girona, Espanha. Por outro lado, o papel offset e o papel suporte são fabricados na fábrica de Sarrià de Ter, situada também em Girona.O meio ambiente tem sido desde sempre uma prioridade para a Torraspapel, o que a tem levado a adotar as melhores medidas para garantir um desenvolvimento industrial sustentável. Um exemplo disso são as certificações ambientais ISO 14001 e EMAS, as cadeias de custódia FSC e PEFC, a certificação de qualidade ISO 9001 e, agora, a certificação de Sistemas de Gestão Energética ISO 50001.Com esta notícia, o Grupo Lecta, ao qual pertence a Torraspapel, avança no compromisso assumido de obter esta certificação de eficiência energética

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impressos em papéis desta marca se converteram em obras de arte. “Made for incredible stories, extraordinary images and glamorous ideas” foi a sua nova campanha. Uma exposição de objetos realizados em papel, uma excecional coleção de mostruários e incríveis livros impressos convenceram de que os papéis revestidos estão feitos para a Arte e que a Arte está feita para os papéis revestidos.Papéis revestidos que podem realçar a beleza das imagens e a claridade dos textos? Na Drupa, a Torraspapel mostrou a todos os que visitaram o seu stand como isto é possível, permitindo viver momentos únicos e incríveis com as suas amostras impressas e os seus catálogos. Acresce que, para esta feira, foi editada uma edição especial do seu conhecido catálogo Creator, onde imagens e amostras de papel partilham o mesmo espaço.

Brasil

Por iniciativa da Bracelpa, setor da celulose e papel na Rio+20

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA) e a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) promoveram, durante a Rio+20, o seminário Forests: the Heart of a Green Economy enquanto o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), o International Chamber of Commerce (ICC) e o UN Global Compact promoveram o Busines Day. Em ambos os eventos, representantes das empresas de celulose e papel e da Bracelpa defenderam a adoção de mecanismos que visam à produção cada vez mais sustentável no setor, a partir da valorização do carbono florestal e da utilização da biotecnologia arbórea.Em relação ao primeiro ponto, estimativas indicam que o setor de base florestal brasileiro armazena aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), considerando somente o carbono das áreas de florestas plantadas, ou seja, em 7,0 milhões de hectares, dos quais 2,2 milhões de hectares são destinados à produção de celulose e papel. As estimativas não incluem as áreas de conservação mantidas pelo setor – reserva legal, áreas de preservação permanente,

em todos os seus centros produtivos durante o ano de 2012.

Lecta reinvidica os Direitos do Papel” na DRUPA 2012

AL e c t a e s t e v e

presente na Drupa 2012, a feira líder mundial das artes gráficas, que decorreu em Düsseldorf

de 3 a 16 de maio.Nesta edição, a Lecta reivindicou os direitos do papel e o valor do meio impresso com a sua campanha “Paper Rights”. O papel não é apenas um meio de comunicação, é muito mais que isso, evoca emoções, memórias e pensamentos positivos que possivelmente têm sido esquecidos. Apelando à consciência de cada um, o papel reclama os seus direitos de compromisso e responsabilidade com a sociedade, a cultura e o meio ambiente. “Paper Rights” é uma campanha humana, emotiva e surpreendente que pretende recuperar para o papel o lugar que lhe pertence.A Lecta é um dos maiores fabricantes de papel revestido com pasta química e um dos líderes europeus no mercado das especialidades. O Grupo Lecta é formado por três empresas de grande tradição nos seus mercados de origem: Cartiere del Garda em Itália, Condat em França e Torraspapel em Espanha. Todos os centros produtivos possuem as certificações ambientais ISO 14001 e EMAS, bem como da Cadeia de Custódia PEFC™ e FSC®.Na Drupa, a Cartiere del Garda apresentou tanto o seu novo livro de amostras como a “Simplexity”,a nova edição de “A Better Project”, o conceito editorial de uma visão contemporânea da vida através de livros conceptuais. Uma experiência emocional e multissensorial que só o papel impresso pode proporcionar. Para além disso, os visitantes puderam deleitar-se com a grande qualidade das amostras impressas na “TheExcellent Collection”.Por seu lado, a Condat preparou uma surpresa para todos os seus visitantes. No stand da Lecta, descobriram um mundo onde os projetos criativos

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entre outras – de aproximadamente 2,9 milhões de hectares. Para se ter uma ideia, esse armazenamento equivale a mais da metade de todas as emissões do Brasil em 2005, que foram de cerca de 2,18 bilhões de tCO2e.Para promover a valorização económica dos benefícios climáticos e socio ambientais, o setor brasileiro de celulose e papel está desenvolvendo, em conjunto com diversas organizações da sociedade civil, a Iniciativa Brasil Florestas Sustentáveis. Trata-se da estruturação e implantação de um programa estratégico para o cultivo adicional e gestão sustentável de florestas industriais, de maneira integrada à proteção e à conservação de florestas nativas, como alternativa de mitigação das mudanças climáticas e de promoção do desenvolvimento territorial sustentável.Este projeto está de acordo com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto, e poderá servir de base para iniciativas-piloto em larga escala, bem como para políticas e programas setoriais mais amplos. Além disso, poderá colaborar com os compromissos voluntários, assumidos pelo governo brasileiro em 2009, durante a COP-15, para mitigar os efeitos do aquecimento global.Assim, o setor espera conjugar a valorização dos benefícios climáticos e socio ambientais – inclusive por meio de créditos de carbono – com a necessidade e o desafio de expandir a base florestal brasileira no contexto da economia verde. “Não se trata apenas de ações potenciais ou necessidades brasileiras. Estimativas da FAO apontam que mais de 2 bilhões de pessoas em todo o planeta dependem de biomassa florestal para sobrevivência, o que deixa claro a necessidade de incrementar os esforços de coordenação e cooperação internacional nessa área”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Nesse sentido, o Brasil pode atuar como protagonista na difusão de experiências importantes para outros países em desenvolvimento, a fim de fomentar a economia verde com base nas sinergias entre a mitigação da mudança do clima e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Benefícios económicos, sociaise ambientais da biotecnologia arbórea

Em fase de testes desenvolvidos por académicos, cientistas e institutos de pesquisa de renome internacional, a biotecnologia arbórea ainda não é utilizada em escala comercial. No entanto, essa tecnologia vem se a destacar noutras áreas do agronegócio, e pode representar uma oportunidade para produzir mais sem esgotar as fontes de matéria-prima, destacando-se como alternativa para atender a procura da população mundial crescente por alimentos, biocombustíveis, fibras e florestas, os chamados 4Fs (food, fuel, fiber and forests).Segundo a International Service for the Acquisition of Agro-Biotech Application (Isaaa), a biotecnologia foi a tecnologia agrícola mais adotada nos últimos 10 anos, com área atual plantada 94 vezes maior do que a existente em 1996, distribuída em 29 países. Hoje já existem mais de 160 milhões de hectares de culturas agrícolas transgénicas cultivadas mundialmente, e o Brasil ocupa o segundo lugar do ranking de área plantada com organismos geneticamente modificados (OGMs), com mais de 30 milhões de hectares.Para a consultoria de valoração e precificação Ceteris, os benefícios da biotecnologia já quantificados e acumulados de 1996 a 2010 incluem aumento no volume e valor de produção, que atingiu € 56 bilhões; provisão de melhorias ambientais, por evitar o uso de 443 milhões de kg de ingrediente ativo de pesticidas; conservação da biodiversidade, por evitar que 91 milhões de hectares adicionais de terras fossem destinados à agricultura; redução da pobreza por meio de programas para 15 milhões de pequenos produtores; e redução de emissão de 19 milhões de toneladas de CO2, somente em 2010.No tripé da sustentabilidade, o setor de florestas plantadas, celulose e papel acredita que a contribuição da biotecnologia em plantações florestais virá principalmente em forma de estímulo a novos investimentos, redução de custos de produção e riscos de perdas, além de aumento de competitividade. No campo social, se dará no atendimento da procura, e geração de emprego e renda. Para o meio ambiente, facilitará o controle de pragas e doenças, com aumento potencial da produtividade da madeira e redução do consumo de recursos naturais, além de incentivar a implantação de sistemas agroflorestais.Diante desse cenário, o setor brasileiro de florestas plantadas, celulose e papel defendeu a inclusão

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implementação de um projeto, com capacidade de entrega on-budget e on-time nas modalidades EPC (Engineering, Procurement and Construction) e EPCM (Engineering, Procurement and Construction Management).A Pöyry é uma empresa global de consultoria e engenharia, dedicada a um modelo de sustentabilidade equilibrada - balanced sustainability – e gestão responsável. Com atuação focada em qualidade e integridade, oferece aos clientes serviços de excelência em consultoria, soluções completas, design e supervisão. A ampla experiência da empresa abrange os segmentos de energia, indústria, urbanismo e transporte, água e meio ambiente. A Pöyry conta com a experiência de 7.000 especialistas e uma rede de escritórios locais em cerca de 50 países.Empresa de capital aberto, com ações na Bolsa de Helsínquia, a Pöyry vem registando um crescimento médio de 12% ao ano nos últimos 10 anos. Em 2011, obteve uma faturação de 680 milhões de euros.No Brasil, a Pöyry iniciou atividades em 1974, tendo criado a sua subsidiária brasileira em 1999. Com uma posição de liderança na área de engenharia, a Pöyry aumentou a sua gama de atuação no ciclo de vida completo do investimento, ingressando ainda mais nas áreas de consultoria e gestão de projetos, além dos serviços de engenharia de fábrica. Atualmente, a Pöyry conta com mais de 700 colaboradores no País e atende mais de 50 diferentes clientes de diversos setores.

Cenibra tem novos Diretores

No passado dia 1 de maio, a Direção da CENIBRA alterou a estrutura organizacional

da Empresa com base nas deliberações dos

do tema biotecnologia na agenda da Rio+20. “OBrasil tem muito a contribuir nesse debate, por sua reconhecida excelência na gestão florestal, por ser um grande produtor agrícola e possuir terras disponíveis para atender parte significativa da procura mundial por alimentos, biocombustíveis e produtos florestais”, declarou Elizabeth de Carvalhaes.O objetivo do setor era que governos e organizações participantes da Rio+20 reconhecessem os avanços científicos resultantes de estudos e pesquisas da aplicação da biotecnologia como uma das ferramentas essenciais para a solução dessas procuras futuras. “Além disso, é fundamental que avaliem, ampla e conjuntamente, os riscos e oportunidades do uso da biotecnologia no contexto das propostas para o desenvolvimento sustentável”, completou a presidente executiva da Bracelpa.

América Latina já responde por quase 20% das vendas globais do Grupo Pöyry

OGrupo Pöyry, multinacional finlandesa de consultoria e serviços de engenharia,

registou, em 2011, um aumento de 16,8% em suas vendas globais em relação ao ano anterior, o equivalente a EUR 796,1 milhões. Desse total, 18% dizem respeito à América Latina, região na qual o Brasil é o principal mercado.“A importância do Brasil deve-se, em especial, aos grandes projetos que fechámos na área de celulose e papel, como Eldorado Brasil, Rigesa e Suzano. Por isso, a nossa expectativa é manter neste ano o patamar de vendas e melhorar a rentabilidade”, afirma Marcelo Cordaro, presidente da Pöyry.No início deste ano a empresa anunciou a inauguração de um novo escritório em Belo Horizonte para fortalecer sua atuação no setor de mineração, que hoje é o segundo principal mercado da Pöyry no Brasil.“O nosso objetivo é replicar, em mineração, a expertise de engenharia que desenvolvemos com sucesso no setor de celulose e papel, do qual somos líderes no País”, explica Cordaro, ao destacar que bioenergia é outro mercado no qual a empresa quer crescer.A metodologia de trabalho da Pöyry consiste em acompanhar o cliente em todas as fases de

Da esquerda para a direita: Diretor Comercial, Kazuhiro Yoshida; Diretor Vice-Presidente, Naohiro Doi; Diretor-Presidente, Paulo Eduardo Rocha Brant e o Diretor Industrial e Técnico, Róbinson Félix

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acionistas na Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária de 30 de abril de 2012. Com esta alteração, a Direção ficou composta pelo atual Diretor-Presidente, Paulo Eduardo Rocha Brant; Diretor Vice-Presidente, Naohiro Doi; Diretor Industrial e Técnico, Róbinson Félix; e Diretor Comercial, Kazuhiro Yoshida. A Cerimónia de Posse aconteceu no dia 3 de maio na Casa de Hóspedes da CENIBRA. Durante o evento, os novos diretores discursaram confiantes na mudança que contribuirá para que a Empresa alcance os objetivos e se torne cada vez mais uma referência no setor de celulose.

Crédito das fotos para João Rabelo

Róbinson Félix, primeiro brasileiro a assumir o cargo de Diretor Técnico em toda a história da CENIBRA.

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Para quem percorra o nosso País, árvores e floresta são elementos constantes. Contrariamente a outros países e regiões

onde existem vastas extensões de terras de uma enorme monotonia, as paisagens em Portugal sucedem-se, diversas e marcadas pela atividade humana, associadas a uma integração de usos agrícolas e florestais.

O Portugal florestal de hoje é o resultado de décadas de intervenção humana nos campos. A arborização de extensas áreas de pinhal, a condução e aproveitamento das áreas de sobro e azinho e, mais recentemente, a expansão do eucalipto, foram a base para a afirmação desectores industriais vigorosos, de forte tendência exportadora, geradores de emprego e riqueza.

Apesar da perceção de risco de fogo que noshabituámos a associar à floresta, a realidade é que o País com maior área florestal privada da Europa mantém interesse na atividade florestal como forma de gerar valor e de rentabilizar a terra.

Luís Costa LealDiretor de Desenvolvimento da Altri Florestal

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Figura 1 – Distribuição geográfica das principais espécies florestais

Nota BiográficaLuís Filipe Gaspar da Costa LealEngenheiro Silvicultor, desempenha as funções de Diretor de Desenvolvimento da Altri Florestal.Tendo iniciado a sua atividade profissional na CELBI – Celulose da Beira Industrial em 1981 onde desempenhou diversasfunções nas áreas do planeamento estratégico, ambiente, inventário e mapeamento, estudos de crescimento e ‘project lea-der’ em várias áreas (viveiros, planeamento estratégico, e sistemas informáticos de planeamento e controlo operacional), foi posteriormente adjunto do Ministro da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas e Coordenador da Terceira Conferência Ministerial para a Proteção das Florestas na Europa, Adjunto do Secretário de Estado do Desenvolvimento Rurale Diretor Geral da CELPA – Associação da Indústria Papeleira.Para além da participação em vários grupos de trabalho em organizações nacionais e internacionais, foi membro doConselho de Administração do PEFC Council e membro do Conselho de Administração do Centro de Biomassa para a Energia.

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A existência de um sector industrial forte, ajusante da floresta, com solidez e competênciasdemonstradas é, seguramente, um fator de pesona opção de investimento efetuada por agentesprivados, muitos dos quais sem recursos a apoiosou subvenções públicas.

Este aspeto é aliás determinante no caso particularda fileira do eucalipto. A demonstrá-lo está adinâmica de evolução da espécie, bem marcadapela evolução da capacidade industrial instalada.

O Eucalipto – um caso de sucesso e de caminhos conturbados

À data do último Inventário Florestal Nacional oeucalipto ocupava cerca de 23% da área florestallocalizando-se fundamentalmente nas zonascosteiras do litoral e no vale do Tejo, áreas commelhor aptidão para a sua cultura.

Conhecido na Europa nos finais do século XVIII,o eucalipto é introduzido em Portugal na décadade 1850, tendo sido considerado como ‘plantasúteis para a arborização’. Iniciou-se, assim, umafase de utilização experimental conduzida pelos

serviços oficiais e com papeldestacado de particulares. Naépoca, registavam-se com algumcarinho as novas plantações ea boa saúde das plantas maisantigas. Essa experimentaçãoteve entusiastas e protagonistas.Em 1871, Oliveira Júniorrejubilava: «Sentimos verdadeiraalegria em saber que o nossopredileto Eucalyptus vai povoandoencostas e vales e transformandoas montanhas agrestes em belose aprazíveis bosques que devemconstituir uma riqueza aos nossosvindouros, se mão cruel lhes nãotirar a vida».

Este estado de graça resultavade um grande conjunto devirtudes encontradas, desde asboas características da madeiraquer para carpintaria quer paraa indústria naval, à utilidadedos óleos para fins medicinais,à capacidade de exploração

em talhadia, à utilidade para enxugar terrenosalagadiços e à capacidade de gerar rendimentopara os particularesface ao porte queatingia em curto espaçode tempo.Este clima positivo veiono entanto a alterar-see no princípio do séculoXX o eucalipto possuíagrupos de entusiastase de detratores. Estesapresentavam queixasrelativamente àsqualidades da madeira,dificuldades em resistirao frio e à secura,albergar mosquitosna casca e propiciarambiente para pássarosque destruíam asculturas para além doscustos associados à suaplantação e ao cortedas volumosas árvores.Cerca do ano de

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Figura 4 –Áreas de maior aptidão para a cultura do Eucalyptus globulus

Figura 2 – Evolução da área florestal em Portugal (Fonte: DGRF, 2005)

Figura 3 – Evolução da área de eucalipto e da produção de pasta para papel (Fonte: Celpa 2011)

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1930 o eucalipto, juntamente com as acácias, está reportado como ocupando cerca de 8.000 hectares sendo que as suas utilizações mais frequentes seriam para lenha e para alimentar a primeira fábrica de pasta para papel do mundo que utilizava a sua madeira para esse fim - a Caima Pulp Corporation. Esta empresa de Albergaria, instalada em 1888 a consumir madeira de pinho, iniciou o consumo de eucalipto em 1926 com uma produção de 5.000 toneladas por ano de pasta ‘ao sulfito’ das quais apenas 15% eram consumidas nacionalmente sendo o resto exportado. Foram precisos perto de 30 anos, um complexo processo político de decisão e o apoio financeiro do Plano Marshall para surgir um novo investimento para produção de pasta. Em 1953 surge a Companhia Portuguesa de Celulose dando início à produção de pasta química de pinho. A Companhia Portuguesa de Celulose tinha por base um projeto complexo e não era uma fábrica típica de pasta. Possuía um projeto florestal a montante assim como a produção de papel para suprir as necessidades nacionais sem recurso à importação, nomeadamente de papel de jornal.

O abandono da produção de pasta mecânica para a produção de papel de jornal em 1969 e os resultados dos trabalhos iniciados em 1956 para a utilização de eucalipto para pasta Kraft, foram determinantes para o crescimento contínuo da produção de pasta de eucalipto na Companhia Portuguesa de Celulose a partir de 1957.

Na década de 50 a área florestada com eucalipto rondava os 50.000 hectares e estavam lançadas as bases para o aparecimento de novas capacidades industriais a partir dos anos 60. É o período de surgimento das unidades da Celbi na Leirosa, da Caima em Constância e da Socel em Setúbal.

Este percurso industrial conduz a uma rápida expansão do eucaliptal. No início dos anos 80, quando o eucalipto ocupa então cerca de 250 mil hectares do território, assiste-se ao envolvimento mais ativo da indústria na florestação e, simultaneamente, ao crescimento do grupo de detratores da espécie. A expansão do eucaliptal e os potenciais problemas relacionados com essa expansão dominou o debate florestal na década de 80 e de alguma forma mobilizou tanto os meios sociais e industriais, como a comunidade científica que, mantendo-se à margem da polémica, reuniu esforços no sentido de estudar e avaliar os principais temas que eram emotivamente debatidos na sociedade: o consumo de água, o empobrecimento dos solos, a erosão e o impacte negativo sobre animais e plantas. No entanto pecou por defeito uma abordagem menos técnica e mais social. O muito respeitado colega e amigo Lucílio Martins utiliza frequentemente a expressão ‘a árvore não tem culpa do que os homens fazem com ela’.Na realidade as particularidades da árvore, do Eucalyptus globulus, têm uma importância mínima face ao modelo de silvicultura e às práticas e técnicas utilizadas. A associação do eucalipto à indústria penalizou fortemente a perceção pública acerca da espécie que por vezes ignora que os grandes detentores dos cerca de 750 mil hectares existentes são proprietários florestais não industriais.

A evolução do debate e da confrontação de ideias, a adaptação das práticas culturais e o desenvolvimento mais recente dos processos de certificação voluntária da gestão florestal

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Figura 5 – Mata Nacional do Urso, 1910 (foto arquivo ICNF,IP)

Figura 6 – Registo de exemplares de eucaliptos (foto arquivo ICNF,IP)

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sustentável podem caracterizar a convivência dos diversos atores do panorama florestal português.

Reflexão final

Ao longo dos anos, como em qualquer outra atividade, não há apenas ‘preto e branco’. Tendo iniciado a atividade profissional no início da década de 80, ao olhar para esses 30 anos, verifico os avanços extraordinários em torno do conhecimento e da evolução técnica na gestão dos eucaliptais, e nas relações da indústria com a sociedade e da sociedade com a indústria.

Neste período foram construídas ‘pontes’ para ultrapassar muitas das ‘trincheiras’ e evitar outros tantos obstáculos que colocámos e encontrámos no caminho.

Nem todas as questões estão resolvidas e muitas outras questões irão surgir. Se não fosse assim, concordando com Michel Godet, também não teria graça. O futuro estaria determinado e o percurso não tinha as “incertezas” que nos fazem crescer e estar mais bem preparados para o ir construindo à medida do tempo.

Para a fileira florestal o seu sucesso passará por ter todos os elos da mesma cadeia empenhados, fortes e conscientes dos desafios. O insucesso de uns determinará, inevitavelmente, o insucesso dos outros.

A complexidade da gestão florestal resulta das dimensões alargadas da floresta, no espaço e no tempo, e das relações do homem com a natureza, a sua conservação e seu uso.

As próximas décadas irão assistir a novas ou mais fortes pressões sobre os recursos. Vamos ser mais, num clima em mudança, vamos estar mais concentrados em cidades, vamos consumir mais e exigir mais. Novas tensões no uso da terra, no acesso a água, nas utilizações alternativas dos produtos são apenas exemplos de questões a que à nossa escala temos de ultrapassar.

É difícil, hoje, conceber uma sociedade sem papel. Talvez o seu uso venha a ser muito diferente do atual. Para tal as empresas deverão manter-se flexíveis, apostar na complementaridade, apostar em novas parcerias e desenvolver estratégias específicas antecipando problemas.Todas as mudanças vão ter impacte na floresta

Figura 7 – Evolução recente das áreas de pinho, eucalipto e outras espécies (fonte: CELPA 2011)

Figura 8 – A certificação da GFS como fator de mudança

Figura 9 – Previsão de evolução da população mundial e da taxa de fertilidade

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de hoje.A floresta de amanhã, essa, vai precisar de visão, conhecimento e empenho.Mesmo a amada e odiada floresta de eucalipto, apesar de ser muito resistente, vai precisar da

nossa ajuda sábia e interesseira. Sábia porque a margem para errar deverá ser mais pequena e interesseira porque o País precisa da floresta de eucalipto para gerar mais emprego, mais riqueza e proporcionar um melhor ambiente para um futuro melhor.

Bibliografia:Alves, Jorge Fernandes (2000) A estruturação de um sector industrial – a pasta de papel. História, IIIª série, Vol. 1:153-182Radich, M. (1994) Uma exótica em Portugal. Ler História 25:11-26.

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Durante os últimos anos, o setor desilvicultura da América do Sul implementoutecnologias que nos permitem administrar

não apenas os processos empresariais, masprincipalmente o organismo vivo que é a base denossa indústria, as florestas. De fato, o processode modernização trouxe inteligência ao negócioe está profundamente ligado às mudançasno mercado global. Hoje em dia, grandescorporações com ativos florestais no Brasil e emoutros países da América do Sul competem comempresas poderosas e igualmente capitalizadasem outros continentes. Para ganhar esta batalha,é de extrema importância contar com sistemas deinformação avançados de administração florestal.

Os melhores sistemas de informação em uso hojesão aqueles que integram processos operacionais,administrativos e estratégicos de forma contínua.Eles cobrem o processo empresarial desde apesquisa genética e a produção de mudas até acolheita e o transporte. Muitas das empresas desilvicultura da América do Sul têm esses sistemasem uso e estão se beneficiando de poderemplanejar e controlar suas operações florestais.

O próximo passo lógico para se tirar o máximovalor das florestas é a otimização. É fato que cercade 60% do custo da madeira vêm da colheita eda logística. Isso representa uma base de custode centenas de milhões de dólares em florestasde plantação em larga escala e é o maior itemno qual a otimização pode trazer uma economiaenorme nos custos. Com ajuda da otimização, épossível economizar entre 5 e 10% nessa fasedo processo sem sacrificar o uso sustentável dos

ativos florestais.Trabalhar com material genético é uma área dedesenvolvimento de evolução rápida que objetivaproduzir a matéria-prima de melhor qualidadepara a produção de celulose e papel. Como ademanda de matéria-prima de uma fábrica decelulose é guiada pela indústria de papel e, porfim, pelo usuário final dos produtos de papel,é importante poder reagir proporcionandomudanças nessa cadeia. Na prática, issosignifica que alguns materiais genéticos podemficar obsoletos com o passar do tempo e precisamser substituídos por outros que possam produzira melhor fibra possível para satisfazer asnecessidades específicas dos usuários finais.

Outro exemplo de se tirar o máximo valor naplantação florestal está na distribuição de mudas.Geralmente, a produção de mudas nas operaçõesem larga escala é planejada tendo como baseum plano anual de colheita. Assim como todas as vezes nas quais estamos lidamos com a natureza,as áreas onde as colheitas foram feitas diferemdo que estava planejado e isso traz à tona umdilema muito desafiador; como distribuir asmudas já produzidas da melhor forma possível,com o objetivo de maximizar o IAM (incrementoanual médio). Vários parâmetros, desde materialgenético até solo e condições climáticas ecustos operacionais, entre outros, precisam serconsiderados. Se feito corretamente, esse é umprocesso que oferece possibilidades para ganhosconsideráveis em produtividade.

A fibra é na maioria das vezes o fator quemais afeta o custo e a qualidade da celulose

Pasi Niemelainen, Savcor Forest IncLana Silva, Savcor Forest Ltda

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produzida. A qualidade da fibra, por sua vez, éinfluenciada por genótipos, fenótipos e condiçõesoperacionais, entre outros fatores. Ao otimizartoda a cadeia de valor florestal, precisamosconsiderar uma rede complexa de macroambiente,propriedades do grupo de árvores, da árvore eda fibra de madeira, propriedades da fibra decelulose, redes de fibra e propriedades da fibrade papel. Com o tempo, a cadeia de valor nosleva a perceber que é a exigência do usuáriofinal que guia todo o processo. É aí que está odesafio final da otimização de cadeia de valor.Devemos considerar que as exigências dousuário final guiam as necessidades industriaispara certos tipos de fibra e isso precisa serconsiderado na obtenção de matéria-prima desdeo desenvolvimento genético e a distribuição demudas até o transporte e a mistura de cavaco.

A indústria florestal da América do Sul deusaltos gigantescos nos últimos anos quanto àimplementação de tecnologias para administrarseus ativos florestais. Integração contínua desistemas de informação robustos de administração

florestal e ferramentas avançadas de otimizaçãosão a chave para desenvolver a competitividadeda indústria floresta sul-americana e paraaumentar ainda mais nossas capacidades deconcorrência nos mercados internacionais.

A Savcor Forest entrou no mercado da América do Sul no início dos anos 1990. Já nos primeirosanos no mercado, a companhia focalizou emsua força tradicional, prevenção de corrosão eletroquímica para indústrias de celulose e papel.Porém, desde cedo a Savcor Forest reconheceu a importância da indústria florestal sul-americana e trouxe soluções para esse mercado que influencia operações dessa escala e escopo.

A Savcor Forest tem uma história forte na indústria florestal da Finlândia, onde a empresa desenvolveu soluções de software avançadas para operadoresflorestais. A competência fundamental está na administração de toda a cadeia de abastecimento e no oferecimento de soluções integradas para colheita, logística, inventário e venda.

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Um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade moderna é a higiene. Boa saúde e

qualidade de vida estão diretamente relacionados com uma boa higiene.Para tal, um dos produtos mais importantes é o papel tissue, desenvolvido para todos os tipos de higiene e de limpeza. Os rolos de papel higiénico existem desde oséculo XIX, mas é só mais recentemente (anos1960) é que o papel para uso higiénico começou a oferecer os níveis de resistência, suavidade,absorção e preço razoável que as famíliasanseiam. Mais de 20 bilhões de rolos de papelsão consumidas anualmente na Europa.

Os primeiros lenços de papel foram propostosna década de 1920 e tiveram, de imediato,uma contribuição significativa para a higiene ea limpeza. Têm melhorado ao longo dos anos, atualmente, oferecendo, um alto nível de macieza e de resistência, mas o conceito básico permaneceinalterado.

Papéis tissue (ou papéis para fins sanitário) é o nome genérico dado a uma categoria de produtos que engloba os seguintes papéis:a) Higiénico Popular;b) Folha Simples de Boa Qualidade;c) Folha Simples de Alta Qualidade;d) Higiénico Folha Dupla;e) Toalha de Cozinha;f) Toalha de Mão; g) Guardanapo;h) Lenço;i) Lenço Hospitalar

Os papéis tissue são assim chamados devido àssuas propriedades físicas, que lembram as deum tecido: suavidade, espessura, capacidade deabsorção de humidade e resistência. Estes papéispossuem baixas gramagens (15 a 50 g/m2) esão produzidos com base em diversos tipos defibras, sendo as curtas e as recicladas as de maiorutilização. As fibras curtas dão macieza ao papelenquanto as longas dão resistência.

O mercado dos papéis tissue pode ser divididoem duas partes bem diferenciadas:

, ou mercado das famílias (doméstico), onde os produtos são usados no dia a dia doslares;

, que atende o mercadoinstitucional/empresarial, incluindo bares,restaurantes, hotéis, hospitais, unidadesindustriais, linhas aéreas etc.

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Precisamente devido a este crescimento deconsumo nos países em desenvolvimento, o papeltissue é o único tipo de papel que deve manter,a nível mundial, uma tendência sustentada decrescimento anual.

Com efeito, após a procura mundial terultrapassado os 29.000 milhões de toneladas em2011, com um crescimento de 3,3% em relaçãoa 2010, prevê-se um crescimento médio de 3,4%ao ano, até 2014.

Por essa razão, a oportunidade para, nestenúmero de Pasta e Papel, nos determos sobrealguns exemplos da sua produção em Portugal eno Brasil: referimo-nos às fábricas da Fapajal e daAMS Goma-Camps, respetivamente a mais antigae a mais recente fábrica de tissue em Portugal, ea Mili, um exemplo do recente desenvolvimento einvestimento no Brasil.

Enquanto no mercado at home a concorrênciaé centrada no estabelecimento de marcas, naqualidade dos produtos e no esforço inovador,no mercado institucional, away from home, ospreços e as relações comerciais de longo prazocontribuem para o sucesso das empresas.Diferentemente de uma commodity, que geralmentepossui mercado com preço único, os preços dospapéis tissue variam, significativamente, de acordocom as marcas e as qualidades intrínsecas decada produto (cor, cheiro, macieza, capacidadede absorção da humidade, etc.).

O consumo mundial de papéis tissue parece estardiretamente correlacionado com o rendimento percapita de cada país e com o tamanho e a taxa decrescimento da população. Além disso, nos paísesem desenvolvimento, os movimentos ascendentesnas classes sociais também influenciam aevolução do consumo, pela “popularização” dealguns tipos de produtos. A combinação dessesfatores sugere as razões pelas quais os países emdesenvolvimento apresentam elevadas taxas decrescimento do consumo.

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Tudo leva a crer que foi depois do grandesismo de 1 de Novembro de 1755 que os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho,

do Mosteiro de S. Vicente, tenham começadoa fabricar papel na sua nova propriedade da Abelheira, à margem do rio Trancão, entre o Zambujal e o Tojal. Depois do Terramoto, é quase certo que os frades, como tantas outrasComunidades, tenham saído de Lisboa para osarredores, neste caso para a quinta da Abelheira, com sua casa senhorial e capela, reformada e engrandecida durante os 5 anos anteriores, ecercada por uma vasta propriedade.

Os Vicentinos provavelmente fabricavam ochamado papel lombardo, rugoso e áspero, para embrulho, feito a partir de trapos de linho,como todo o papel na Europa. Quando vieram asinvasões francesas, o Moinho da Abelheira, quejá fabricava papel de escrever, parou, aliás como quase todas as oficinas da época.Em 1833, quando voltou, por pouco tempo, o país à normalidade, a fábrica tornou a funcionar, mas somente até a dissolução das ordens religiosas. Em 1835 o Barão, depois Conde, do Tojal,comprou a propriedade em hasta pública, elogo melhorou o engenho, transformando o velhomoinho numa casa fabril, e encomendando no

estrangeiro máquinas modernas para fabrico em contínuo. Em 1841, a fábrica estava apetrechada para produzir papel de escrever,r papel almaço e papel de peso (o pardo).

Por morte do Conde do Tojal, herdou a fábrica um seu cunhado inglês, Cônsul da Inglaterra em Lisboa, que mais tarde a vendeu à firma Graham.

A firma William Graham & Co., proprietária de importantes fábricas no rio Clyde, foi fundadaem Glasgow, na Escócia, em 1784. Durante as Guerras Napoleónicas, o filho do fundador dogrupo estabeleceu-se em Lisboa, para promover a colocação de produtos de seu fabrico e, mais tarde, um seu sobrinho criava a filial do Porto.Além dos negócios comerciais, como a exportação de vinhos finos do Porto, a empresa Guilherme Graham Júnior e Cia. (como era denominada em Portugal) desenvolveu a sua atividade industrial, iniciada com a produção de vinhos do Porto. Nasegunda metade do século XIX a família adquiriu uma fábrica de tecidos nas proximidades de Lisboa e outra nas proximidades do Porto. No último ano do século também adquiriu a Fábrica de Papel da Abelheira (Tojal), ao lado do Rio Trancão.

Durante os anos que se seguiram foram introduzidos vários melhoramentos na fábrica, e em 1923 a casa Graham resolveu reconstruir e remodelar por completo a fábrica, à custa de enormes investimentos.

Na casa das máquinas havia 3 máquinas de papel, produzindo papéis de impressão e escrita de alta e média qualidade

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Vista geral da Transformação

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Quevedo Pessanha, além de outros com posiçõessimbólicas. Em 1967 iniciou-se um vultuosoprograma de investimentos no sentido de substituira Máquina 3 por uma nova, tipo Yankee, demarca ErWePa, com capacidade de 11 tons pordia, para a produção de papéis leves. A máquinainiciou a produção em 1969 e passou a chamar-se “Máquina 2”. A Máquina 4 foi reconstruída einstalou-se uma nova central de refinação. Haviaplanos ainda para uma instalação completa paraa fabricação de cartão, que não foi concluída por ter sido uma máquina para esse fim instalada naCompanhia do Papel do Prado.

Em Novembro de 1967, um cataclismo abateu-se sobre Lisboa e arredores, na forma de chuvastorrenciais que provocaram enchentes dosrios, o que resultou em enormes prejuízos, nãototalmente cobertos pelas seguradoras. Lembramos funcionários antigos de ouvir dizer que seencontraram bobinas-mãe de papel a flutuar,semanas depois, na costa da Ilha da Madeira!

Desde 1967/8 a Graham - Indústria de Papel daAbelheira passou a ser controlada pelo GrupoChampalimaud, interessado no fabrico de sacosde papel para a Companhia de Cimentos deLeiria. Iniciou-se, no entanto, um período muitoproblemático para a empresa, que reclamavade pessoal pouco qualificado, de problemasinfindáveis com a reconstruída Máquina 4 e coma nova Máquina 2, de subidas de preço na pastae quebras no preço do papel, da concorrência daInapa nos papéis de escrita. Com um excesso de problemas, a fábrica de papel fechou em Janeirode 1973, reabrindo, mais aligeirada em termosde custos, em Dezembro do mesmo ano, após aconversão da maioria dos créditos em capital da

numa grande Fourdrinier e noutra máquina maispequena, e papéis de embrulho e krafts numamáquina tipo Yankee, calandrados só dum lado.A energia era gerada por um equipamento suíçotopo de gama Sulzer e o vapor era fornecido porcaldeiras Babcock & Wilcox.

No antigo convento, transformado em verdadeiropalácio, residiam membros da família Graham,morando os executivos e engenheiros estrangeirosem boas casas no alto da colina em frente dafábrica, e a maioria do pessoal fabril em casasou pertencentes à fábrica ou na aldeia próxima,o Zambujal. A fábrica chegou a empregar quase800 funcionários; abrigava lojas que vendiamalimentos a esse “mundo” de gente, peixariase refeitórios. O herói de O Mandarim de Eçade Queiroz (1880) é-nos apresentado, logo naprimeira página do romance, a escrever “numaformosa letra cursiva sobre papel “Tojal”…”

Em meados de 1964 um grupo de cidadãosaustríacos adquiriu a maioria da empresa e 3anos mais tarde a Guilherme Graham e Cia.desaparece definitivamente do corpo accionista.Na altura, a Máquina 1, com a capacidade decerca de 9 toneladas por dia, fabricava papéisalmaço e outros de escrita, a Máquina 2 papéiskraft para sacos, a máquina 3t friccionados e sulfitos e na maior e mais moderna, a Máquina 4,uma Bertram com capacidade de 25 mil toneladaspor ano, fabricava papéis de escrita. A empresapassou a denominar-se Graham - Indústria dePapel da Abelheira, S.A.R.L.

Já no início de 1965, na lista de accionistas,aparecem alguns portugueses, como o Sr. AlbanoEduardo da Costa Lobo, e mais tarde o Prof.Dr. Armando Gonçalves Pereira, o Dr. JorgeGonçalves Pereira, e em 1969, o Eng. Vasco

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Enrolador MP3

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nova empresa, cuja denominação passou a ser Fapajal – Fábrica de Papel do Tojal, Lda.

Em decorrência das nacionalizações, em 1975 a Fapajal passou para o âmbito do Estado, tendo sido agrupada ao universo da Portucel, quando esta empresa foi criada mais tarde no mesmo ano. Os vultuosos investimentos efetuados para permitir o fabrico a partir de pasta de papéis reciclados e para reconverter a Máquina 4 de produtora de kraft em produtora de papéis de impressão e escrita, não tiveram sucesso. O papel resultante era de má qualidade, o preço de venda não cobria os custos, os clientes espanhóis não pagavam, e a dívida acumulou-se para um valor alarmante. Em termos ambientais pouco esforço foi feito no tratamento de águas, acabando por entrar no Rio Trancão todos os efluentes, a despeito da legislação ambiental portuguesa e europeia que já existia na altura.

A produção de papéis tissue na Máquina 2 tinha boa aceitação no mercado nacional e espanhol, mas como a sua participação nas vendas era de menos de 1/4, não cobria os prejuízos originados na Máquina 4, e a dívida para com o accionista Portucel ia-se acumulando. Em Novembro de 1995 decidiu-se encerrar definitivamente a Máquina 4, passando a empresa a dedicar-se exclusivamente à produção de papel tissue, a partir de pasta virgem, em bobinas mãe, e vendidas a transformadores nacionais e espanhóis.

Em 1997 o terreno envolvente, com o antigo palácio-convento, abandonado e muito degradado, apresentando apenas um esboço de sua glória dalgumas décadas anteriores, foi dado em dação da vultuosa dívida acumulada a uma

empresa imobiliária da Portucel e, em 2002, foi vendida por esta a uma empresa de urbanização.

A situação actual

Em meados de 1999 lançou-se um concurso público para a privatização da Fapajal, já transformada em sociedade anónima e despojada da envolvente Quinta da Abelheira. O concurso foi ganho por um grupo de accionistas privados nacionais, liderados pelo Dr. Luis Pereira da Cunha e pela Dra. Helen Gray de Castro, ex-Administradores do Grupo Inapa e do Grupo Papelaria Fernandes.A nova Administração empreendeu em 2000 um grande projecto de investimento, apoiado pelo PEDIP, incluindo uma estação de tratamentos de efluentes industriais, a instalação de uma nova linha de destintagem para a produção de pasta reciclada, um gerador de cogeração e uma nova caldeira alimentada a gás natural, automatismos e sistemas de gestão. Apostou-se na integração a jusante, com a instalação gradual de uma área de transformação dentro da empresa, no sentido de melhorar e estabilizar as margens operacionais, como aliás fizeram as outras fábricas de referência que também produzem papel tissue.

Um ano mais tarde, foi recondicionada a Máquina 1, que actualmente produz cerca de 1.700 toneladas por ano de papéis lisos para o fabrico de toalhas de mesa e toalhas de mão. A Máquina 2 foi beneficiada ao longo dos últimos 10 anos, produzindo actualmente cerca de 6.500 tons por ano de tissue a partir de fibra virgem e de fibra reciclada.

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MP3 Bobinadora

Armazém de bobinas

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2008 e 2010, com mais da metade destinada à exportação.

A empresa hoje transforma uma crescente fatia do papel produzido em produto acabado destinado aos mercados institucional e da restauração (away-from-home). Os investimentos recentes em linhas adicionais na área da transformação irão permitir um aumento de 40% nas vendas previstas do produto transformado, em 2012, grande parte destinada à exportação.

A Fapajal aposta num alto padrão de qualidade de produto e serviço pós-venda, e numa procura constante, junto do grande cliente, de alternativas de produtos de boa relação qualidade-custo. Isso tem-lhe permitido servir clientes de referência tanto na área do papel em bobinas como do produto transformado, em Portugal e na Espanha, Alemanha, França, Reino Unido e Caraíbas. A capacidade que a empresa tem de fornecer todos os produtos do mercado away-from-homeconstitui um factor competitivo, pela facilidade do fornecimento a partir de um “one-stop-shop”.

A empresa conta vender cerca de €26 milhões em 2012, estando, até ao momento em sintonia com o seu Business Plan.

Desde o início da concessão do estatuto de PME Líder pelo IAPMEI/Ministério da Economia, em 2009, que a empresa tem mantido esse estatuto, e os resultados de auditorias recentes indicam que a certificação da qualidade pela norma ISO 9001-2008 será concedida até o final do primeiro semestre de 2012.

A Fapajal foi a primeira empresa do sector de pasta e papel a conseguir a Licença Ambiental, há 7 anos, e desde então tem como objectivo seguir as soluções BAT (Best Available Technology).

Em 2006 investiu-se num segundo motor de cogeração, e no ano seguinte a actividade de cogeração foi destacada para uma empresa de produção e venda de energia elétrica e térmica, ficando a Fapajal com o enfoque unicamente na produção e transformação de papel.

Em 2008 foi decidido, após análise, investir num aumento significativo da produção, através de um investimento numa nova máquina de papel tissue e em acrescida capacidade na área da Transformação. Isso permitiria à empresa ultrapassar a sua condição de muito pequena produtora, com a resultante síndrome de altos custos fixos unitários e pouca flexibilidade. O investimento constituiu um grande passo para a Fapajal, e o apoio recebido dos financiadores, inclusive do programa QREN do Estado, atesta à boa relação existente com os parceiros financeiros e à cuidadosa gestão financeira.

A nova Máquina de Papel 3 arrancou no final de Julho 2009 e prevê-se para 2012 produzir 25 mil tons por ano de papéis tissue de fibra virgem. Com a entrada em produção dessa MP, as vendas consolidadas quase triplicaram entre

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Armazém de produtos transformados

Movimentação de bobinas

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No plano estratégico da empresa está a instalação de uma máquina de papel idêntica à MP3, para produzir papéis tissues a partir de fibra reciclada, mas por ora o investimento terá que esperar por um contexto económico-financeiro europeu mais favorável.

Equipamento produtivo

A Fapajal dispõe actualmente da seguinte capacidade produtiva:MP 1 – marca desconhecida, de meados do séc. XIX, mesa plana (fourdrinier). Fabricava papel almaço. Talvez a mais antiga MP de mesa plana ainda em funcionamento em Portugal, foi remodelada em 2001. Largura 1800 mm, velocidade 110 m/min, papéis lisos entre 38 e 60 g/m2. Capacidade média de produção de 360 t/mês.

MP 2 – marca ErWePa, tipo Yankee. 1969. Ultima remodelação em 2007. Largura 2350 mm, velocidade 500 m/min, papéis crepados de 16 a 52 g/m2, lisos de 18 a 70g/m2. Capacidade média de produção de 600 t/mês.

MP 3 – marca Toscotec, 2009. Largura 2750mm, velocidade 1300 m/min, papéis crepados de 12 a 35g/m2. Capacidade média de produção de 1800 t/mês.Transformados: toda a gama de away-from-home, incluindo 3 bobinadoras, 4 linhas de toalhas de mão, 2 linhas de toalhas de mesa e 1 de toalhete de bandeja, 2 linhas de guardanapos, 2 linhas de guardanapos tipo “bar”, 2 linhas guardanapos tipo-L (miniservis).

Inovação

No âmbito da preocupação constante com inovação e melhoria de qualidade, a equipa técnica da Fapajal em 2011 concretizou um projecto de fixação de carbonato de cálcio na folha de papéis tissue de pasta virgem Disso resulta acrescida suavidade e brancura do papel, além do efeito económico positivo de substituição de uma pequena percentagem da pasta virgem por carbonato de cálcio. O êxito desta nova aplicação levou a Fapajal a solicitar uma patente para o processo utilizado.

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RESUMO HISTÓRICO

1755 – Após o grande terramoto de Lisboa, os monges de São Vicente fixam residência na Quinta da Abelheira, doada pelo Rei, e aí começam a produzir papel de impressão e escrita 1836 – O negócio é adquirido pelos produtores de vinho do Porto William Graham & Co., de nacionalidade inglesa1923 – Remodelação total da fábrica – produção de papel de I&E em 2 MP’s e de kraft noutra 1964/7 – Venda a accionistas austríacos e depois a nacionais1967 – Introdução da actual MP2 para fabrico de papéis tissue. Produção de papéis de I&E na MP1, tissue na MP2 e kraft na então MP3 1973/5 – Insolvência pós-revolução, empresa nacionalizada sob a então estatal Portucel. Paragem da MP1 e transformação da MP3 de kraft para I&E, resultando em enormes prejuízos1999 – Venda em concurso público, ganho por accionistas nacionais privados, liderados por Luís Pereira da Cunha e por Helen Gray de Castro. Nessa altura só existe produção de 20 t/dia de papéis tissue na MP22000/1 – Projeto importante de investimento, com introdução de uma linha de reciclado, de cogeração a gás natural, de uma estação de tratamento de águas residuais industriais, de sistemas e automatizações, de um sector de produto transformado2001 – Recondicionamento da MP1 para fabrico de papel para toalhas de mesa e mãos2003 – Recondicionamento da MP22008/9 – Projecto importante de investimento na MP3 – 60 t/dia - start-up final Julho 20092011/12 – Investimentos na capacidade produtiva da área da Transformação.

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História

Ahistória da Mili começou em 1983, emTrês Barras (Santa Catarina). Em 1985a sede mudou para Curitiba (PR). Nesta

fase a Mili produzia o papel em Santa Catarinae fazia o acabamento em Curitiba, num edifícioalugado.

Em 1996 ficou pronta a sede própria na capitalparanaense, que hoje abriga a administração e aprodução de fraldas e absorventes.

A produção e a transformação nas linhas deprodutos de papel encontram-se em Três Barras.É também em Santa Catarina que a Mili mantémuma fazenda de reflorestamento.

Em 2001, a Mili inaugurou a sua Central deDistribuição, em Curitiba. São mais de novemil metros quadrados de área construída, queconcentram a expedição de produtos para todo oBrasil e Mercosul.

Na Mili todos os estágios da fabricação de um produto seguem rigorosos padrões de qualidade.Em todas as linhas de produção, cada detalheé minuciosamente cuidado e estudado, desde aescolha da matéria-prima, até ao processo final de

acabamento, tudo controlado eletronicamente eatestado por um laboratório próprio funcionando24 horas por dia.

A Mili Inaugurou em novembro de 2008, a suafábrica em Maceió. Ali são fabricadas algumasdas duas linhas de papel higiênico. No mesmolocal também funciona a sua central de distribuiçãopara a região Nordeste, concentrando todo o mixde produtos da empresa: papel higiénico, toalhase guardanapos de papel, fraldas descartáveis,absorventes higiénicos e mais uma série de itensde higiene pessoal e limpeza doméstica.

A nova MP7 da Mili será instalada na fábrica de Três Barras, no estado de Santa Catarina

Fundada em 1983, a Mili conta hoje com mais de 1200 colaboradores, distribuídos por três unidades fabris e duas centrais de distribuição. As suas fábricas estão localizadas em Santa Catarina, Paraná e Alagoas. As centrais de distribuição encontram-se em Curitiba (PR) e Maceió (AL). A Mili é uma das maiores fabricantes brasileiras no segmento de higiene e limpeza. Os seus produtos - papel higiénico, toalhas de papel, guardanapos, fraldas descartáveis e absorventes higiênicos - estão entre os líderes nacionais de mercado.A linha de produtos ainda é composta por mais uma série de itens de limpeza doméstica. Os produtos Mili estão presentes em todo o território brasileiro e no Mercosul, através de um sistema próprio de distribuição totalmente focado nas necessidades dos clientes. A Mili preocupa-se com seu papel junto à sociedade e desenvolve uma série de iniciativas dentro do conceito de Responsabilidade Social. As ações envolvem, principalmente, a preservação do meio ambiente.

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Anualmente as principais publicações brasileiras dos setores de Economia e de Comércio a Retalho publicam os seus rankings, classificando as empresas conforme o seu desempenho no mercado e financeiro. A Mili vem, ano após ano, aparecendo muito positivamente nestas revistas. Indicamos, de seguida, o resumo do seu desempenho em 2011:

Nesta edição de 2011 a Mili ocupa posição de destaque no setor Papel e Celulose, classificando-se como “A melhor fabricante de papel higiénico do Brasil”, com destaque para:

(o maior entre as fabricantes de papel higiênico).

Segundo pesquisa Nielsen:

região Sul.

Pesquisa realizada com exclusividade pela

região Sul.

A Mili foi novamente escolhida pelos leitores da revista como uma das melhores fornecedoras de:

O complexo industrial de Três Barras, no planalto catarinense, é responsável pela produção do papel a partir da reciclagem de aparas selecionadas. A unidade conta com destacados processos de preservação ambiental e uma subestação própria de energia elétrica.

Em Curitiba, capital do Paraná, são produzidas fraldas descartáveis e absorventes higiénicos. Junto a esta unidade encontra-se também a sede da empresa.

A mais moderna unidade industrial, inaugurada

no mesmo local funciona também uma das centrais de distribuição.

A Mili possui um sistema moderno e exclusivo de logística, aliado a uma frota eficiente, garantindo a agilidade e a confiança nas entregas por todo o país e exterior. Para atender a todas as regiões, as Centrais de Distribuição estão localizadas em pontos geográficos estratégicos (Curitiba e Maceió), junto às principais rodovias e portos, onde se concentram o armazenamento e a expedição dos produtos para os pontos de venda.

Na Mili, todos os estágios da fabricação dos produtos seguem rigorosos padrões de qualidade. Em todas as linhas de produção, cada detalhe é acompanhado desde a receção da matéria-prima até ao produto final. As unidades industriais contam com os seus próprios laboratórios de Controle de Qualidade e profissionais especializados.

Produtos Mili

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A Mili foi classificada entre as 10 melhores no segmento de Papel e Celulose:

A Mili é uma empresa preocupada com seu papel junto à sociedade e ao planeta. Os seus projetos sociais têm como propósito o despertar para as questões ambientais, educativas e de cidadania.Promovendo melhores condições de vida e novas oportunidades, a Mili, através destes projetos e uma série de ações de mobilização, sensibilização, educação e qualidade de vida, envolve funcionários, familiares, prestadores de serviço e a comunidade.

Atua em consonância com as necessidades e anseios da empresa, buscando os resultados de forma a contribuir para o bem-estar dos funcionários, a sua qualidade de vida, saúde e educação, vendo o ser humano de forma integral.

A Mili comemora agora mais uma etapa no seu caminho de crescimento constante: o investimento de perto de 80 milhões de euros na sua sétima máquina de papel tissue. O novo equipamento propiciará à empresa um aumento de produção

no segundo semestre de 2013, justamente quando a Mili, uma empresa de capital 100% brasileiro, estará a comemorar os seus 30 anos de existência», apontou o Diretor-Presidente,

decidiu-se, de novo, por este fornecedor na encomenda desta moderna máquina de tissue, a

papel no enrolador e velocidade de operação de

Três Barras, em Santa Catarina, onde já existem

O fornecimento contará com as mais modernas

de papel tissue de alta qualidade, com a menor utilização de recursos naturais: caixa de entrada MasterJet Pro T de duplo fluxo com ModuleJet (sistema de controle de diluição), formador

T, Yankee T-Rib de 5,4 m de diâmetro, hote de alta eficiência para 510 °C, enrolador MasterReel com retorno automático dos veios dos mandris e automação completa para a operação da

sem fonte radioativa para a fabricação de papel tissue no Brasil.

Com mais esse projeto, a Mili visa responder à crescente procura de papéis tissue no Brasil, por meio da produção de mais de cerca de 70 mil

fibras recicladas na sua composição e baixo consumo de energia, visando cumprir com seu objetivo central de manter um crescimento sustentável.

“Para a Voith é uma satisfação muito grande ser escolhida, por uma das empresas que mais crescem no Brasil, para fazer parte desse novo e ousado projeto. Este é o quinto trabalho que realizamos em parceria desde o ano de 2000 e o terceiro somente em 2011”, afirmou Rogério

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Ajovem empresa AMS-GC terminou noinício do presente ano a segunda fase doprojeto, tendo na inauguração contado

com a presença do Ministro da Economia, Dr.Álvaro Santos Pereira.

AMS-GC é um player no mercado tissue, tendoriniciado a sua produção em Agosto de 2009. Com um investimento total a rondar os 50 milhõesde euros, a empresa construiu uma unidade “green field” em Vila Velha de Ródão ocupando ”uma área de 150.000 m2.

O projeto nasceu de uma oportunidade detetadano mercado, a qual e depois de analisada coma elaboração do estudo de mercado e estudos

financeiros, levou a criação da empresa AMS-Paper Mill and Converting SA, tendo maistarde e devido a parceria criada com o GrupoGoma Camps, alterado a sua designação paraAMS-Goma Camps SA. O Governo Portuguêsatravés da AICEP atribuiu ao projeto o estatutoPIN- Projeto de Potencial Interesse Nacional, o que acabou por ser um marco importante para aceleridade da implementação de todo o projeto, oqual decorreu em tempo record e com um rigoroso cumprimento orçamental, tendo o mesmo ficado5% abaixo do previsto.

Desde a assinatura de compra da máquinade papel até ao seu start up, decorreram 14meses. Os edifícios iniciais com 30.000m2 foramconstruídos num tempo record de 7 meses. Afabricação de papel foi projeto turn key da yresponsabilidade da Toscotec. O “start up” da ”máquina de papel ocorreu a 10/8/2009, 5 dias antes da data prevista.

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são alcançados cinco anos depois do start up, e o departamento de converting, registajá eficiências acima da média do sector. Forteenfoque na qualidade de produto e serviço, tempermitido uma excelente aceitação do mercadoaos produtos produzidos o que tem permitido aempresa registar crescimentos assinaláveis nassuas vendas as quais cresceram 16% de 2010para 2011.

O êxito do sucesso alcançado, alicerça-se numagestão profissional e simples. Enfoque particularno principal ativo da empresa, as pessoas;trabalho de equipa; delegação de competênciase formação adequada; permanente processo demelhorias continua e enfoque nos resultados, sãoas chaves do sucesso.

A empresa adota uma estratégia de crescimentosustentado, tendo sempre presente a suaresponsabilidade social, a qual é encaradanão como “Marketing Social” mas sim como a”visão empreendedora mais preocupada com aenvolvente social onde a empresa se insere, com acriação do lucro como meio para se conseguir umdesenvolvimento sustentado e com mais qualidadede vida. Procura um comportamento ético, quecontribua para o desenvolvimento económico,social e ambiental. As decisões devem permitira solidez do crescimento, sendo as mesmas

Trata-se de uma máquina Crescente Former, comvelocidade de produção de 1.900m/minutos,velocidade já alcançada e na qual a máquinatem estado a laborar. Na área de “converting” aempresa tem instalado três linhas que produzemprodutos para os dois segmentos de mercado“consumer” e “AFH”.

A empresa foi oficialmente inaugurada em15/5/2006 com a presença do primeiro-ministroEngº Jose Sócrates, o qual enalteceu o espiritoempreendedor dos promotores do projeto.

Perto dos três anos de atividade, a empresa temregistado um crescimento significativo, obtidode forma sustentada. A máquina de papelestá a alcançar resultados que normalmente

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avaliadas em termos do respetivo impacto no médio e longo prazo.

A instalação da unidade em Vila Velha de Ródão, teve um significativo impacto social, fazendo com que este concelho tenha hoje a 2ª mais baixa taxa de desemprego do país. Num estudo recentemente elaborado no universo de 10 empresas do sector de Pasta, Papel e Impressão e relativamente ao posicionamento ao nível da responsabilidade Social, Capital Psicológico, Empenhamento e Desempenho, a AMS-GC e em 15 fatores dos 17 avaliados, foi classificada acima da média do sector, o que é assinalável para uma empresa com uma idade tão jovem.

O reconhecido bom desempenho desde o start up, aumenta a responsabilidade da AMS-GC para o futuro, pretendendo continuar a consolidar a posição no sector e conjuntamente com as adequadas práticas de gestão, garantir o crescimento sustentado e desta forma permitir a empresa cumprir o seu papel na vida.

O PROJETO

Em 10 de agosto de 2009, a AMS Goma-Camps iniciou a produção na nova fábrica situada em Vila Velha de Ródão, dispondo de uma máquina de papel tissue da Toscotec, uma AHEAD 2.0, com uma capacidade total de 110t/dia.

A AMS Goma-Camps é uma empresa privada, propriedade do grupo português Mateus Rocha e Simão e da empresa espanhola Goma-Camps.

A fábrica, projetada para operar com pasta virgem e desperdícios de papel, produz quer bobinas jumbo para transformadores locais, quer produtos acabados, fornecendo os mercados ibérico e do Norte de África com uma vasta gama de produtos, incluindo lenços, guardanapos, papel higiénico e toalhas. A fábrica também fornece alguns países africanos de língua oficial portuguesa, estando ativa tanto no mercado consumidor, como no setor de AFH.

O projeto «turn-key» da Toscotec incluiu o fornecimento da preparação de pastas virgens, da máquina de papel tissue AHEAD 2.0, com cilindro secador Yankee TT SYD 15FT em aço, dos equipamentos auxiliares da máquina, de uma bobinadora de 3 folhas (TT WIND-H), com calandra, eletrificação e sistema de controlo, e toda a montagem.

A velocidade da máquina é de 1900 m/min, com uma largura útil de 2.820 milímetros e uma produção diária de 110 toneladas.

O projeto AMS Goma-Camps foi baseado na B.A.T. (melhor tecnologia disponível) para a produção de tissue e, graças à combinação de um secador de Yankee de aço e prensa aspirante TT

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pelo Estado Português o estatuto de PIN-Projeto de Potencial Interesse Nacional.

Em dezembro desse ano é assinada a parceria estratégica com a Goma Camps e é alterada a designação para AMS – Goma Camps, SA.

Em janeiro de 2009 inicia-se a construção da fábrica, que será inaugurada em Agosto pelo Primeiro-ministro José Sócrates.

Em Agosto de 2009 arranca a máquina de papel e as linhas de transformação

Em 2011 a empresa obtêm a certificação integrada, qualidade, ambiente e segurança e em 2012 é atribuído a certificação “Ecolabel” a parte do seu portfolio.

Representando um investimento de 50 milhões de euros, criou até 2011, 120 postos de trabalho e prevê terminar 2012 com 137 colaboradores. Produziu em 2011 26.560 toneladas, atingindo um volume de vendas de 40,2 milhões de euros.

de grande diâmetro, foi grandemente orientado para a poupança de energia.

A HISTÓRIA

Em 2007 e depois de concluídos o estudo de mercado e os estudos económicos e financeiros, é criada com a designação de AMS- Papermill and Converting, SA.

Em 2008 é assinado o protocolo com a Câmara Municipal de Vila Velha de Rodão e é atribuído

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Em 1998, o peso mínimo que, tecnicamente,se podia considerar para o papel fluting era de 105 g/m2. Tentava-se baixar o peso até

75 g/m2 para oferecer aos clientes - os fabricantesde embalagens de cartão - produtos mais leves emais rentáveis. No entanto, isso exigia aumentara velocidade das máquinas, de modo a manter amesma capacidade produtiva

O desafio era conseguir um papel mais leve,com menor peso - e, portanto, frágil - mas comresistência física idêntica. A SAICA lançou, então,um projeto que tinha este duplo objetivo. Osfornecedores alemão Voith, finlandesa Metso eamericana Beloit, hoje desaparecida, trabalharamem paralelo com o departamento de projeto deSAICA. Após alguns meses de trabalho, a Voithconseguiu apresentar uma máquina capaz deproduzir papel de 75gr/m2 a uma velocidade de1.450 metros por minuto, o que representava umaumento de velocidade de 25%, que compensavaa diminuição do peso.

Investimentos calculados e progressivos

Devido ao resultado da experimentação e ao trabalho em conjunto com a Voith, o saltotecnológico alcançado pela MP9, transformou a

SAICA no primeiro produtor mundial de papel leve para a produção de caixas de cartão canelado. A MP9 arrancou em Outubro de 1999. O projeto foium sucesso e a SAICA ficou muito satisfeito com o trabalho da Voith.

Em 2004, SAICA tomou a decisão de construir uma nova máquina em Burgo de Ebro, que seria o MP10. Três construtores foram consultados: Metso, Mitsubishi e Voith. Acabou por ser a Voitha vencer o concurso, o que reduziu o tempo doprojeto, pela experiência adquirida, visto a MP10 ser muito parecida com o MP9 anteriormente fornecida. Em março de 2010, a MP10 começou a produzir papel para canelar fluiting e teste-liner.A máquina, com uma largura de 8,55 m e umalargura útil na teia de 7,90 m, tem dois circuitosde caixa de chegada, que permitem produzir papel de duas camadas, a uma velocidade de projeto de 1800 m/min. Os pesos vão de 65 a175 g/m2.

Na SAICA, os planos estratégicos sãodesenvolvidos para dez anos. Há muitos anosque a empresa aragonesa planeava fazer umaexpansão na Europa Ocidental. A Inglaterrarepresentava grande oportunidade por duasrazões principais: primeiro, pela disponibilidadede matérias-primas, visto ser um país densamente

A MP 11 da SAICA em Partington, perto de Manchester, arrancou em janeiro deste ano. Para além de ser uma máquina de grandes dimensões e um dos poucos investimentos na Europa neste momento, é interessante destacar que o projeto, em si, se desenvolveu de uma forma admirável, graças a uma gestão perfeita e à anterior experiência obtida em Espanha. O Grupo ENP (de que a revista Pasta e Papel faz parte), através da editora da revista El Papel, Sophie Ozanne, teve oportunidade de se encontrar com Federico Asencio, subdiretor geral da SAICA Paper e seu diretor industrial, que relatou porquê e como foi concluído este macro projeto. Uma visita à MP 10 de Burgo de Ebro, por ele guiada, serviu de ilustração perfeita ao relato, já que as duas máquinas são muito semelhantes.

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Oprojeto daOOMP 11 não OOsó inclui a linhade produção de papel, mas tambémcontempla umaunidade de captação e tratamento de águapara o processo e para as caldeiras,uma unidade de cogeração dispondo de uma turbinaa gás e outra avapor, uma unidade de recuperação energética dosd e s p e r d í c i o sdo processo e uma estação de tratamento de águasdo processo.

Sophie Ozanne

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O desenvolvimento do projeto da MP11

O projeto da MP11 foi lançado em 2007. Em2008 foi alcançado um acordo com o proprietáriodos terrenos e foi apresentada a documentaçãonecessária para obter as licenças de construção.No entanto, os acionistas, perante a iminência dacrise que viria a tornar-se mais profunda do que sepensava a princípio, decidiram congelar o projeto,aproveitando-se o tempo para reduzir o custo doinvestimento. Francisco Carilla, diretor da divisãode projetos industriais, trabalhou com sua equipae apresentou ao Conselho de Administração umprojeto que foi finalmente aprovado em dezembrode 2009. Os necessários trabalhos prévioscomeçaram em março de 2010. Devido àscaracterísticas do terreno, foi necessário realizarum tratamento físico-químico de estabilização dosolo e a execução de 7.000 estacas de fundação,com um comprimento total de 112 km, a fim deevitar assentamentos dos edifícios, equipamentose instalações.

Uma equipa experiente projetou uma fábrica muito compacta

A equipa do projeto e operações, totalizando maisde 20 pessoas, trabalhou em estreita colaboraçãodurante meses para realizar o projeto, desdea definição das máquinas, à seleção dosfornecedores e das equipas, até à direção de

povoado (70 milhões) e, segundo, porque haviaum deficit de máquinas de papel instaladas.

O primeiro passo foi a aquisição de fabricantesde cartão canelado, a IP em 2006 e a SCAem 2008. «Tratava-se de prever a relação adequada de integração entre os três negócios:papel, recuperação e embalagens», diz FedericoAsensio. O segundo passo foi dado no final de2010 e início de 2011, com a aquisição dequatro empresas para a recuperação e gestão deresíduos, a Futur Ltd em outubro de 2010, a CuttsReciclagem em julho de 2011, a Stirling Fibre emsetembro de 2011, e, finalmente, a Houghtoninício de abril de 2012, com o fim de garantira disponibilidade de matéria-prima na futurafábrica de papel.

A vocação da máquina nova, explica FedericoAsensio, é « fornecer papel para o Reino Unido e Irlanda e ser o líder em papéis de alto desempenho em qualidade e serviço». Dentro doplano estratégico, 65% da produção é destinadapara fábricas de cartão canelado da SAICA.

Porque escolheu Manchester? Simplesmente poruma questão de logística: é uma localizaçãocentral, numa área densamente povoada noReino Unido, perto dos locais de consumo. Poroutro lado, para permitir uma alimentação fluidada matéria-prima – o papel recuperado - graças àboa rede de autoestradas na área.

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OGrupo SAICAé o número OO

1 em Espanha na fabricação de papel para cartão canelado, comuma capacidade de quase doismilhões de toneladas de papel. Commais de 8.000 colaboradores e a presença emEspanha, França,Irlanda, Itália,Portugal e Reino Unido, o Grupo tem três linhas de negócio:

fabricação de papel

materiais recicláveis

embalagens de cartão caneladocom um volume de negócios que ultrapassa os 1.900 milhões de euros.

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obras, à organização da fábrica, à formação do pessoal e ao arranque da fábrica. Um aspeto positivo do projeto foi que, neste caso, se partia de zero, o que permitiu planear uma fábrica muito compacta, cujos custos operacionais foram otimizados ao máximo. A partir de uma única sala de controlo, dirige-se a central de energia, a estação de tratamento de água, a preparação de pastas e a máquina de papel. Esta configuração oferece uma grande flexibilidade e versatilidade à organização.

A Metso foi escolhida, desta vez, principalmente pela sua tecnologia

Depois de uma boa parceria com a Voith, com «relação sempre fantástica», nas palavras de Federico Asensio, e a experiência com a MP9, onde, com o salto tecnológico alcançado, a Voith mostrou ao mundo o seu know-how, foi uma grande surpresa para muitas pessoas saberem que, no caso de MP11,a Metso tinha sido escolhida.

Asensio explica que se realizou um concurso e que os três finalistas foram a Voith, a Metso e a Andritz. Finalmente a Metso foi selecionado para uma série de razões, inclusive porque o fabricante foi muito aberto em ouvir a experiência papeleira da SAICA, porque, ao longo dos anos, tinha recuperado o nível tecnológico, pelo preço, pela eficiência da máquina, e, também, pela necessidade, por parte da SAICA, avaliar outro fornecedor, com vista aos investimentos futuros nas possíveis MP12 e MP13 na Europa Ocidental, previstas no plano estratégico da empresa.

O projeto de Partington foi uma experiência muito positiva

Perguntando a Federico Asensio quais foram os pontos fortes do projeto, diz-nos que está «muitosatisfeito com a forma como se desenvolveu o projeto». «Principalmente porque foi um esforço de equipa. Foi um projeto de toda a empresa».Começando com o departamento de compras. Em particular, Asensio menciona «o extraordinário trabalho da SAICA Natur, que assegurou o fornecimento de matéria-prima». As equipas de projetos, de operações e da SAICA Partington funcionaram perfeitamente.

A máquina arrancou com uma antecedência de 15 dias, e a capacidade produtiva da fábrica superou as expectativas. Em 15 de janeiro, a máquina tinha papel no enrolador. No caso da MP10, quatro dias depois, produziu-se papel vendável. Na MP11, demorou apenas dois dias. Outra boa novidade foi a aplicação de amido, que neste caso foi realizada em apenas três dias. Iste foi, seguramente, em grande parte devido «aotrabalho excelente da Metso em todas as etapas»,acrescentou o diretor.

Por outro lado, a SAICA, durante a formação das equipas, reuniu esforços e recursos com que obteve resultados muito bons. De junho 2010 até setembro de 2011 mudaram-se gradualmente para Zaragoza 75 pessoas para seguir um treino teórico e prático, com o apoio da escola de papel da Alemanha, desenvolvido nos postos de trabalho da MP10.

Também equipas espanholas foram enviados para Partington. Os funcionários tiveram a oportunidade de, forma voluntária, se deslocarem com as suas famílias, durante alguns meses, para Inglaterra; a boa surpresa foi que apareceram mais voluntários do que postos de trabalho. De tudo isto resultou um espírito de aprendizagem, de compreensão mútua entre as culturas, e, claro, foi conseguida uma técnica de preparação perfeita.

Este projeto é inovador em vários aspetos. O que fez a diferença foi o fato de realizá-lo num país diferente, com diferentes fornecedores: a Metso em vez da Voith para a máquina principal, a Siemens, em vez da General Electric, para a turbina a gás na central de cogeração, a Voith em

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MP11

ponta. Máquina com 7,5 m de largura

1.500m/min.

produzidas a partir de 100% de papel recuperado.

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Um contrato de manutenção integral

Além da construção das peças principais da máquina, à Metso foi confiada a manutenção geral de toda a fábrica. Obviamente, antes de tomar essa decisão, procedeu-se a um concurso entre empresas especializadas em manutenção. Em 11 de janeiro de 2011 foi assinado o contrato com o fornecedor escolhido, a Metso, após avaliar várias propostas, incluindo a Voith e a ABB.

O conceito, no entanto, é diferente dos clássicos

vez da Paques na estação de tratamento de água do processo, etc.

Além disso, foi dada muita atenção à energia. Foi instalado um sofisticado sistema de recuperação na hote da secaria da máquina, etc.

No entanto, as grandes mudanças em relação às fábricas anteriores foram, acima de tudo, o fato de ter uma equipa pequena, um armazém automático com veículos autónomos e, finalmente, o contrato de manutenção integral assinado com a MMS (Metso Mill Services).

SAICA Paper, uma empresa líder na fabricação de papel canelado

Começando a sua atividade em 1943, na fábrica de San Juan de la Peña (Saragoça) a SAICA, é líder na fabricação de cartão canelado, com uma capacidade de produção de quase 2 milhões de toneladas / ano.

As suas unidades de produção situam-se em Saragoça, Burgo de Ebro, Venizel (França) e Partington (Reino Unido).

A fábrica de Saragoça, situada mesmo no centro da cidade, tem duas máquinas de papel, as MP6 e MP7, com uma capacidade de produção conjunta de 500.000 toneladas /ano.

A de Burgo de Ebro, a cerca de 25 quilómetros de Saragoça, tem três máquinas de papel (a MP8 com 7,20 m de largura útil e uma capacidade de produção de 350.000 toneladas /ano; a MP9 com 7,50 m de largura útil e uma capacidade de produção de 400.000 toneladas /ano e a MP10 com 7,80 m de largura útil e uma capacidade de produção de 425.000 toneladas /ano).

A fábrica de Venizel , localizada a 100 km a norte de Paris e a 50 km de Reims, tem uma máquina de papel com uma capacidade de produção de 250.000 toneladas /ano.

A fábrica de Partington, localizada perto de Manchester, dispõe da MP11 com 7,50 m de largura útil e uma capacidade de produção de 425.000 toneladas /ano.

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contratos de manutenção. Asensio confessou-nos: «Estamos satisfeitos por estarmos na direção certa. Percorremos um longo caminho em várias etapas». Ao princípio subcontratavam-se pessoas individualmente quando havia um pico de trabalho, como é o caso da manutenção anual da máquina. Depois, deu-se mais um passo ao terceirizar os serviços de manutenção a equipas ou por seções, com um preço fixo. O passo seguinte foi terceirizar uma manutenção completa ou global. A Metso é responsável pela definição de intervir onde e quando, de modo que a fábrica tenha o melhor desempenho. A MMS realiza a manutenção preventiva e a corretiva em todas as áreas e em todas as disciplinas, desde a preparação da pasta – embora, neste caso, seja de outro fabricante, a Voith – até à bobinadora e às expedições. A Metso é quem tem que decidir sobre a manutenção necessária. Para tal, utiliza ferramentas clássicas, tais como KPIs (Key Performance Indicators). «Oobjetivo final é comum: produzir papel na maior quantidade possível, ao custo de produção mais baixo possível», disse Asensio. O negócio nuclear da SAICA é a fabricação de papel. O

negócio da Metso Mill Services, por seu lado, é a manutenção: tem à sua disposição a capacidade para introduzir novas tecnologias que permitam melhorar a eficiência da fábrica.

Podemos estabelecer a analogia com outro setor estratégico onde se subcontratam especialistas: a gestão de dados, os Data Centers, que representam um valor especialmente estratégico para qualquer cliente, dada a elevada dependência das empresas dos seus sistemas de IT. A esses sistemas não se podem permitir qualquer paralisação ou falha de disponibilidade (downtime). O conceito do Uptime Institute *, que garante aos seus clientes uma disponibilidade ótima e total do equipamento é semelhante ao que a SAICA procurou com o contrato de manutenção global com a Metso. Os dois lados trabalham em conjunto e contribuem com o seu conhecimento. Alcançar 100% de ocupação da máquina e uma segurança perfeita é uma responsabilidade coletiva, já que as paragens são extremamente caros.*http://uptimeinstitute.com

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A UE exige eficiência energética

Como parte do Pacote do Clima e daEnergia da UE, foi definida uma meta demelhoria de 20% na eficiência energética

até 2020. A melhoria da eficiência energéticaé uma das medidas mais importantes que osEstados membros estão a adotar para cumprir osrequisitos deste pacote de energia. Na Finlândia,as ferramentas aplicadas incluem auditorias deenergia compatível com o modelo Motiva, bemcomo subsídios ao investimento atribuídos pelosCentros de Desenvolvimento Económico, dosTransportes e do Ambiente e do Ministério doTrabalho e da Economia. O principal foco é emprojetos que fazem uso da nova tecnologia. Emjaneiro de 2010, uma norma europeia entrouem vigor, que é baseada em normas nacionaisanteriores e tem como objetivo ajudar asorganizações a construir sistemas necessáriospara melhorar a eficiência energética. A Metsoestá preparada para este desafio com o seupróprio serviço de eficiência energética, dirigidoàs indústrias de energia e de processo.

Serviço Metso de eficiência energética

As bases para melhorar a eficiência energéticaincluem o controlo fiável e métodos de análise defluxos de energia, com o fim de descobrir o estadoinicial de eficiência energética e para identificareventuais estrangulamentos. Estes métodos fazemparte dos serviços de eficiência energética daMetso, cujas fases essenciais, por uma ordemcronológica, incluem a auditoria da eficiênciaenergética, a monitorização, a identificaçãode alvos para a melhoria e a implementaçãodos projetos (Fig. 1). A melhoria da eficiênciaenergética é um projeto contínuo de longo prazo,onde, todavia, as fases do serviço podem serrepetidas. Todas as fases exigem uma cooperaçãoestreita entre o cliente e o fornecedor.

1. Auditorias de eficiência energética e pesquisas

O serviço de eficiência energética começa com umlevantamento da situação inicial, em que o nível de

Os processos de produção aplicados nas fábricas modernas cumprem os seus objetivos quase na íntegra, e não há, portanto, praticamente melhorias significativas a serem feitas nesta área. Hoje, outros objetivos são procurados para encontrar poupança ou impactos indiretos na melhoria da eficiência da produção. A poupança de energia e a eficiência energética é geralmente considerada como uma das medidas possíveis, especialmente quando nos referimos a unidades produtoras de energia ou a indústrias de energia intensiva.

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Tiina Stenvik, Pasi Airikka, Alpo Tuomi, Kirsi Koukkari-Halme

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Numa pesquisa da situação inicial, a atenção é dada, por exemplo, ao uso eficiente dos fluxos de energia, à energia desperdiçada, aos vários tipos de interrupções da produção e aos fatores que limitam a produção. Usando dados históricos e vários métodos de análise, tais como análises de correlação e regressão, juntamente com estatísticas multivariáveis, é possível determinar as dependências mais distintas relacionadas com as operações de uma determinada fábrica. Estudando essas dependências, é possível desvendar as causas e os mecanismos que influenciam as situações operacionais que comprometem a eficiência energética.

O resultado final de uma pesquisa da situação inicial é um relatório, que inclui metas preliminares da melhoria da eficiência energética e indicadores para a monitorização da eficiência energética. Nesta fase do serviço, é possível implementar as mudanças mais visíveis do processo de controlo que irá melhorar a eficiência energética. O mais essencial, porém, é determinar as figuras-chave que descrevem a eficiência energética e os indicadores para os diversos níveis do processo, de modo a estabelecer as bases para o acompanhamento a longo prazo.

Um exemplo

A fábrica de pasta da Cenibra produz mais de um milhão de toneladas de pasta de eucalipto por ano (Fig. 2). Uma pesquisa da situação inicial foi realizada na central de energia, tendo como objetivo identificar os estrangulamentos da produção de energia e avaliar o potencial de melhoria atingível através de técnicas de controlo de processos. A pesquisa foi realizada

gestão de processos, o consumo de energia, bem como dos fluxos de energia e matérias-primas, são pesquisados, sendo definidos os indicadores relacionados. Uma pesquisa da situação inicial exige forte competência no controlo do processos e na gestão, e acima de tudo, conhecer o processo de produção em estudo. As áreas de foco de uma pesquisa da situação inicial incluem a automação do processo, controlo do projeto e aanálise dos métodos de operação da fábrica em questão. Numa pesquisa da situação inicial, as informações que descrevem as operações da fábrica são recolhidas através da entrevista do pessoal operacional, estudando as fases do processo, e analisando os dados históricos registados pelo sistema de dados. Tipicamente, uma pesquisa da situação inicial numa fábrica é levada a cabo durante uma semana. Segue-se uma fase de análise e de reporte que leva várias semanas.

Figura 1. O serviço de eficiência energética da Metso começa com a auditoria de eficiência energética, ou seja, uma pesquisa da situação inicial.

Figura 2. A fábrica brasileira de celulose produz mais de um milhão de toneladas de celulose de eucalipto.

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em cooperação entre o cliente e os especialistas da Metso em controlo de processo e produção de energia. O problema mais significativo detetado na produção de energia foi o excesso de vapor perdido entre a central e o processo na fábrica. Foi acordado que este volume de produção, ‘toneladas por hora «, seria usado como o único indicador da eficiência energética. Um objetivo da melhoria da eficiência energética foi estabelecida e usado também como o objetivo mais visível para o projeto de eficiência energética que mais tarde foi implementada.

2. Implementação da monitorização da eficiência energética

A monitorização é a base da gestão de energia. Quando bem aplicada, produz informações em tempo real para a tomada de decisão diária e afeta diariamente os métodos de operação. A monitorização ajuda a manter e desenvolver práticas de boa eficiência energética através, por exemplo, da padronização de métodos de boas práticas na operação. Ao implementar a monitorização, os indicadores que descrevem a eficiência energética de um processo são estabelecidos e acordados em conjunto, e com base no relatório de avaliação da situação, o acompanhamento da eficiência está configurado como outra parte da supervisão do processo. São selecionados indicadores inequívocos e inteligíveis e objetivos de modo que só possam ser afetados através da sua própria ação. Na prática, os indicadores baseados em dinheiro são muitas vezes aqueles que tornam o potencial de poupança mais concreto.

Na fase de implementação, são tomadas medidas para descobrir quais as medidas e variáveis calculadas já existem em termos dos sistemas de automação e o que pode e deve ser acrescentado, de modo a acompanhar os indicadores e índices definidos na fase de levantamento da situação inicial. Possíveis ligações com outros sistemas também são pesquisadas. Os indicadores de eficiência energética e os relatórios devem ser configurados de modo a permitir avaliar, com uma rápida leitura, o estado de eficiência da central de energia. Os dados históricos e tendências relacionadas, por sua vez, ajudam a descobrir o comportamento, a mais longo prazo, dos indicadores de eficiência energética.

Os indicadores podem ser definidos quer para a totalidade do processo de produção, quer para processos parciais ou unidades específicas. A figura apresenta indicadores de eficiência típicos de energia para todo o processo produtivo que podem ser relacionados com, por exemplo, volumes de produção.

Outro exemplo

A monitorização da eficiência energética das fábricas da Botnia em Joutseno, Rauma e Äänekoski foi implementada no mesmo sistema de supervisão e reporte das emissões das fábricas. Esta decisão foi tomada por as fábricas já terem boas experiências com relatórios conjuntos das emissões do grupo, baseados num projeto que a Metso entregou em 2008. A monitorização da eficiência energética das fábricas cobre todas as fases principais da fabricação de celulose, e os valores chave mais essenciais, que descrevem a eficiência energética nas fábricas, podem agora ser seguidos num sistema único a nível de grupo.

3. Identificação de objetivos de melhoria

Após o período estabelecido para o acompanhamento da monitorização da eficiência energética, os indicadores são aperfeiçoados e podem ser alteradas com base na experiência adquirida. A monitorização torna a eficiência energética dum processo mais transparente e facilita a identificação do objetivo de melhoria. No seu melhor, a gestão da energia é incorporada noutra gestão, significando que

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Figura 3. Indicadores de eficiência energética.

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conteúdo do projeto é determinado pelo cliente. O cliente seleciona as suas medidas preferidas entre as recomendadas na pesquisa da situação inicial, com base no que considera adequado considerando os investimentos e o potencial previsto na melhoria de processos. A tarefa da Metso envolve o cálculo da estimativa dos ganhos potenciais das várias medidas, e, portanto, também em conjunto com o cliente, finalmente o retorno do investimento.

Dependendo do processo e da natureza da atividade, alguns indicadores de eficiência energética e objetivos podem ser assumidos como parte do contrato de serviço entre a Metso e o cliente. Além disso, também podem ser consideradas no acordo de serviço, a verificação regular dos objetivos de melhoria, bem como propostas sobre projetos futuros de eficiência energética. Por sua vez, isto ajudará a garantir que a melhoria da eficiência energética se torne num processo contínuo na fábrica.

Ainda um outro exemplo

Um projeto de automação foi implementada na fábrica brasileira de celulose Cenibra para melhorar a eficiência energética. No projeto, o chamado controle inteligente de nível superior foi instalado no topo da automação existente nas instalações, com base no modelo multivariável de controlo preditivo no sistema de automação Metso DNA. A solução destinava-se a estabilizar a produção de vapor da central de energia da fábrica, de modo que o consumo e a produção de vapor fossem perfeitamente equilibrados, tanto nas mudanças de operação como, até mesmo, em

a eficiência energética é gerida como parte da eficiência global e de qualidade de um processo. A busca da melhoria contínua incentiva o pessoal a encontrar novas práticas e métodos de trabalho para melhorar a eficiência energética. É importante reunir as propostas de melhoria tão cuidadosamente quanto possível, a fim de facilitar as medidas de melhoria potenciais que ocorrerão mais tarde. Ao catalogar e processar as propostas de melhoria, por exemplo, uma listagem eletrónica das operações pode ser usada para reuni-las todas num único local e torná-las acessíveis. Isto irá, entre outros benefícios, fomentar, de forma mais eficaz, a cooperação e o diálogo entre o cliente e o fornecedor, que é de extrema importância para identificar as metas de melhoria que ainda não foram detetadas ou classificadas como essenciais na fase de levantamento da situação inicial.

Os objetivos identificados para a melhoria podem variar, mas, em termos de controlo de processo e de gestão, muitas vezes podem ser isolados dentro dos requisitos do processo de automação relacionados com a mudança apresentados na

4. A implementação de um projeto de eficiência energética

Num projeto de eficiência energética, são concretizadas as vantagens geradas pela cadeia de serviços de eficiência energética. O

Tabela 1. Objetivos para os níveis gerais de melhoria típicos para o controlo do processo e da operação.

Tabela 2. Resultados do projeto de eficiência energética implementadas na central da fábrica de celulose.

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casos de alterações de consumo. Isto exige umcontrolo coordenado dos vários dispositivos queoperam como equalizadores de vapor de rede,vários valores objetivos simultâneos e a gestãoeficaz da pressão de vapor nos vários níveis darede de vapor.Foi mencionado já que, durante a pesquisa dasituação inicial, o indicador de sucesso para aimplementação do projeto de eficiência energéticafosse o volume de vapor desperdiçado. Após oprojeto, o indicador de eficiência energética emquestão ilustrou uma redução de 90% no volumemensal de desperdício de vapor. Isso traduziu-senuma redução de mais de 700 toneladas de fuelno consumo mensal, e uma diminuição da pegadade carbono de 2.200 toneladas no mesmoperíodo de tempo (Tabela 2).

Resumo

Melhorar e manter a eficiência energética exigeuma abordagem sistemática. Esta começa comuma pesquisa que especifica o nível de eficiência,os indicadores que melhor descrevem a eficiência,

os estrangulamentos, os potenciais de melhoriae os objetivos preliminares de melhoria. Depoisda pesquisa, um conjunto de indicadores deeficiência energética é configurado no sistema defábrica para permitir a monitorização contínua,a compreensão e a aprendizagem. Depoisda monitorização ser realizada durante umtempo razoável, as observações recolhidas sãoutilizadas para justificar os objetivos preliminaresde melhoria apurados no levantamento dasituação inicial. Após a identificação dosobjetivos, as medidas de melhoria especificadassão implementadas para aumentar a eficiênciaenergética. A melhoria da eficiência energéticaé um processo contínuo e parte integrante dagestão da fábrica, sendo suportado por umconjunto de indicadores práticos e pelo sistemade monitorização estabelecido durante o serviçode eficiência energética. A prestação de serviçorelacionada com a eficiência energética pode serrepetida se necessário, ou pode ser incorporadacomo parte de outro acordo de prestação deserviços por especialistas.

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ARevista PASTA E PAPEL incluirá artigos de índole científica, técnica, económica e social e notas de síntese sobre

temas de actualidade, divulgação, informação, comunicaçãoe notícias.

Os artigos, de todos os tipos, deverão ser entreguesdactilografados e em suporte magnético (disquete ou CD) redigidos em língua portuguesa, com um número de páginasA4 não superior a 15 (artigos) ou a 3 (sínteses); este número inclui quadros e tabelas, fotografias, gráficos, referências de pé de página, etc.

Os artigos, de todos os tipos, enviados para publicação devem ser escritos de forma clara e sucinta, em letra tipo Arial ou Times New Roman tamanho 11, ocupando uma mancha de 15 cm X 23 cm.

Os artigos técnico-científicos deverão ser acompanhados deum Resumo, em texto que não ultrapasse as 150 palavras;indicar-se-ão também, no máximo, 5 palavras-chave.

Os títulos dos artigos, que deverão ser concisos e correctamenteinterpretativos do respectivo conteúdo, não devem ultrapassaras 10 palavras. O do (s) autor (es) será seguido do título profissional e endereço da instituição a que pertence.

As referências bibliográficas serão listadas pelo nome doautor (último apelido) e por ordem alfabética, seguidas dadata de publicação e título. No caso de dois autores, osnomes são separados por &; no caso de 3 ou mais autores, onome do 1º autor deverá ser seguido de et al.

As tabelas e quadros serão entregues em folhas separadas,com título próprio e numeração seguida, de acordo com o seuaparecimento no corpo do artigo.

As figuras (gráficos, fotografias, etc.) deverão sernumeradas por ordem do seu aparecimento no texto (ondeserão referenciadas) devendo ser apresentadas em folhasseparadas, com legenda própria.

As teorias e opiniões veiculadas nos artigos são da inteiraresponsabilidade dos seus autores.

Os artigos com o respectivo suporte (disquete ou CD) deverãoser enviados para:

Eng. João José de Sá NogueiraRevista Pasta e Papel

Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50 – 3º A2500-227 CALDAS DA RAINHA

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