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PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO II 2010/2011 ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL E DO AMBIENTE Docente: Domingos Ribas Capítulo II – Classificação de Revestimentos de Paredes 2.2.1-Revestimentos de Estanquidade

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PROCESSOS

DE

CONSTRUÇÃO II

1 2010/2011

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL E DO AMBIENTE

Docente: Domingos Ribas

Capítulo II – Classificação de Revestimentos de Paredes

2.2.1-Revestimentos de Estanquidade

Page 2: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

2.1 INTRUDUÇÃO

Neste capítulo pretende-se estabelecer uma classificação dos

revestimentos utilizáveis em paramentos exteriores ou interiores de

paredes de alvenaria ou de betão. Para ambos os casos, os revestimentos

são classificados segundo as funções que estão aptos a desempenhar no

quadro das exigências funcionais relativas ao conjunto tosco da parede –

revestimento.

Muitos outros critérios classificativos poderiam, evidentemente ter sido

adoptados, com base, por exemplo, ou no material constituinte, ou na

natureza do ligante do revestimento, ou na técnica de execução, ou na

tradicional idade do revestimento.

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2.2 REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES

2.2.1 REVESTIMENTO DE ESTANQUIDADE

Um revestimento diz-se de estanquidade quando é capaz de garantir por si

só a estanquidade à água exigível em geral ao conjunto tosco parede –

revestimento. Estes revestimentos devem manter as suas características

mesmo no caso de ocorrência de fissuração limitada do suporte.

São os seguintes revestimentos deste tipo:

a) Revestimentos por elementos descontínuos;

b) Revestimentos e ligantes hidráulicos armados e independentes;

c) Revestimentos de ligantes sintéticos armados com rede de fibra de

vidro.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

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2.2.1.1 REVESTIMENTOS POR ELEMENTOS DESCONTINUOS

Generalidades

Estes revestimentos são executados a partir de elementos (placas réguas

ou ladrilhos) prefabricados de fibrocimento, betão, metal, plástico, madeira,

pedra natural ou artificial, materiais cerâmicos, etc., apresentam pequena

espessura e tem forma e dimensões faciais diversas.

Estes elementos são fixados mecanicamente à parede, ou directamente –

caso em que teremos revestimentos por elementos descontínuos de

fixação directa ao suporte, ou muito mais frequente, por intermédio duma

estrutura (ripado engradado) de madeira (ver figura 2.1) ou metálica, que

se estende ao longo de toda a parede, ou de peças metálicas de reduzidas

dimensões para fixação pontual e teremos então, os revestimentos por

elementos descontínuos independentes do suporte.

CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Fig. 2.1 - Revestimento por elementos descontínuos de reduzidas dimensões faciais

Elemento de revestimento

Ripas horizontais

e – espessura da lâmina de ar

Varas verticais

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Estes dois processos de fixação indirecta dão origem à formação duma

caixa de ar entre o revestimento e a parede onde pode ser inserido um

isolante térmico, caso em que haverá que deixar uma lâmina de ar

ventilada para o exterior entre o revestimento e o isolante.

Os revestimentos por elementos de fixação directa só poderão ser

considerados de estanquidade se houver garantia inequívoca de que eles

próprios são estanques à água e de que as juntas entre os elementos são

também estanques, ou por sobreposição parcial dos elementos (Fig. 2.2),

ou por preenchimento com material estanque durável, caso contrário serão

considerados apenas como revestimentos de acabamentos ou decorativos.

A caixa de ar existente entre o revestimento e o suporte ou entre o

revestimento e o isolante deve dispor na sua base de dispositivos que

garantam a evacuação da água nela eventualmente infiltrada e ser

ventilada pelo exterior para evitar condensações prolongadas.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Fig. 2.2 – Esquema de sobreposição entre elementos de reduzidas dimensões dos revestimentos

por elementos descontínuos

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Os processo de fixação indirecta, por ripado ou por fixações pontuais,

tornam possível a execução destes revestimentos em suportes rigorosos

do ponto de vista da planeza ou de regularidade superficial, por a estrutura

ou as peças de fixação podem ser mais ou menos afastadas do suporte,

podendo inclusivamente se interrompida para que as deficiências daquelas

tipos possam ser vencidas.

No que se refere às dimensões faciais, existem as seguintes tipologias de

elementos:

a) elementos de reduzidas dimensões (soletos ou “escamas”);

b) elementos em forma de régua ou lâminas;

c) elementos de grandes dimensões.

Estes elementos são em geral, de barro vermelho, madeira, fibrocimento,

betão, pedra natural ou artificial, zinco ou cobre.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

A durabilidade dos revestimentos por elementos descontínuos deve ser

comparável à da própria parede. Essa durabilidade deve ser atingida não

só pelos elementos de revestimentos, mas também pelas fixações. Estas

devem ser bem tratadas contra a corrosão ou qualquer outro processo de

deterioração, pois por não serem acessíveis, não podem ser submetidas a

manutenção periódica. Os trabalhos de reparação destes revestimentos

devem, então, assumir carácter excepcional e limitar-se à substituição de

um ou outro elemento acidentalmente deteriorado.

O comportamento físico-químico dos elementos e das fixações deve ser

avaliado por ensaios de envelhecimento natural e acelerado, tendo

sobretudo em conta as acções mais agressivas para cada material – água,

radiações ultravioletas, choques térmicos, etc.

A estabilidade mecânica dos revestimentos e das fixações deve ser

verificada por cálculo ou por ensaio, tendo em conta o peso próprio e a

acção do vento

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Revestimentos por elementos descontínuos de reduzidas dimensões

Tradicionalmente, os revestimentos de elementos de reduzidas dimensões

faciais são executados por fixação desses elementos sobre uma estrutura

de madeira constituída por varas verticais e por ripas horizontais ou

constituídas por perfis metálicos. Esta estrutura pode ser fixada

directamente a parede ou então por intermédio de esquadros que a

destacam ligeiramente das paredes.

Os elementos de revestimento são pregados ou agrafados nessa estrutura.

As juntas horizontais são sempre de recobrimento, devendo as juntas ser

desencontradas. Constituem excepção frequente a este tipo de montagem

os revestimentos de pedra natural, em que as juntas ente elementos são

em geral de topo.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Um revestimento em placas de pedra natural é composto por três

elementos:

a) um revestimento em placas de pedra, com várias espessuras e

dimensões possíveis;

b) um sistema de fixação desse revestimento ao elemento resistente

que é a parede;

c) uma camada de transição entre o revestimento e a parede portante,

podendo essa camada ser unicamente constituída por uma lâmina de

ar, ou então por elementos de isolamento ou de impermeabilização

colocados entre as placas de pedra e a parede de suporte.

As placas de pedra são geralmente de forma rectangular, embora possam

apresentar outras formas, como por exemplo, os soletos de ardósia,

tradicionais na nossa arquitectura autóctone, em forma de escama.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

A escolha de determinado tipo de pedra deve ser condicionada, para além

das razões estéticas, pelo estudo da localização do revestimento no imóvel

e da situação do imóvel no contexto geográfico, e pela determinação das

características físicas da rocha e sua resposta às diversas solicitações.

Relativamente à situação do revestimento no imóvel deverá ser tido em

conta, entre outros factores, os seguintes condicionantes:

a) inclinação do revestimento relativamente à vertical;

b) existência ou não de saliências próximas que intensifiquem

escorrências;

c) localização do revestimento em zonas especialmente sujeitas a

choques, ou a acções horizontais, como embasamentos, cunhais,

orientação e exposição solar, exposição a ventos fortes dominantes, etc.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Pedras muito porosas são desaconselhadas em zonas em que facilmente

se acumulem lixos e poeiras, pedras muito frágeis são desaconselhadas

em locais sujeitos facilmente a choques.

Em referência à localização do imóvel no contexto geográfico deve-se

atender ao seguinte:

a) situação ou não em envolvente fortemente urbana (entenda-se poluída);

b) clima dominante, temperatura, pluviosidade, regime de ventos, regimes

de gelo e degelo;

c) proximidade de elementos fortemente poluidores.

As características das pedras que mais facilmente e fortemente

condicionaram a sua durabilidade e qualidade de envelhecimento são a

capilaridade, a resistência ao gelo e a sua resistência mecânica.

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As pedras utilizadas usualmente em revestimentos exteriores são

fundamentalmente os granitos, os mármores, os calcários, os xistos e

os basaltos.

O acabamento superficial das placas de pedra pode ser de diversos tipos,

consoante a natureza da pedra, a utilização futura e necessariamente

considerações estéticas. Assim poderemos ter pedras com acabamento

bruto, obtido pela fendilhação da rocha, acabamento serrado, obtido pelo

corte da pedra, ou com acabamentos tratados, como o amaciado, o

polido, o bujardado ou o flamejado.

CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Os revestimentos em placas de pedra natural podem dividir-se em dois

tipos principais:

a) revestimentos auto-portantes;

b) revestimentos acoplados a um suporte resistente e portante, também

designados por não resistentes.

Um revestimento de placas de pedra auto-portante insere-se no âmbito

das paredes duplas, ou triplas, isto é, funciona como um elemento

resistente, com alguma espessura, no mínimo de 7,5 cm, capaz de suportar

o seu peso próprio e demais acções verticais, por encosto topo a topo, e

que deverá ser solidarizado ao conjunto da parede por grampos, ou gatos,

para auxílio na resistência às acções horizontais, à encurvadura e ao

movimento determinado, por exemplo, pelas variações térmicas. Permitem

facilmente a inclusão de uma caixa de ar ventilada e a colocação de

isolamentos térmicos com alguma espessura.

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Os revestimentos não resistentes poderão ser fundamentalmente de dois

tipos:

a) fixação directa, quando o elemento que faz a solidarização do

revestimento ao suporte é continuo e de espessura diminuta,

quer seja por colagem (com cola ou argamassa cola), ou por selagem

(pela utilização de uma argamassa de cal hidráulica);

b) fixação indirecta, quando a solidarização é garantida por elementos

pontuais, de quantidade variável por unidade de revestimento, do tipo

grampo, agrafo ou gato.

Um revestimento de placas acoplado a um suporte por meio de fixações é,

por exemplo, fortemente condicionado pelo peso próprio do mesmo, função

necessariamente da espessura da pedra, e pela distância ao ponto de

suporte, pelo que se tenta, no compromisso possível entre efeito estético,

resistência à flexão e ao choque, economia, conforto e segurança do

conjunto, conseguir a menor espessura, quer da pedra, quer da camada

intermédia.

CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Page 17: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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Escolha do sistema de suporte

Determinante da qualidade de um revestimento acoplado a um suporte é a

escolha do sistema de suporte do mesmo. O sistema de suporte, tal com

a designação indica, tem por função suportar o peso do revestimento, e de

outros elementos a ele anexos como sub-camadas isolantes, isto é resistir

às forças verticais, mas também evitar o deslocamento e o derrube sobre

o efeito de acções horizontais, como por exemplo o vento. Funciona ainda

como um amortecedor, absorvendo as deformações diferenciais entre

suporte e revestimento, reduzindo os esforços sobre o revestimento,

geralmente mais frágil e mais sujeito a deteriorações que o suporte.

CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Page 18: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

A escolha de determinado sistema de fixação do revestimento em

detrimento de outro prende-se com diversos factores:

a) A possibilidade de solidarização do sistema de fixação, quer por

chumbadouro, fixação mecânica, colagem, etc. e o comportamento

físico do suporte após a colocação do revestimento, variações

dimensionais relacionadas, por exemplo, com retracção de presa,

variação térmica, assentamentos e cedências;

b) Prende-se ainda com a eventual presença de sub-camada de

isolamento ou impermeabilização, com a sua espessura, isto é, com a

distância entre o limite do suporte e plano axial das placas, e com os

esforços induzidos pelo peso próprio do revestimento, bem como

variações dimensionais, sobre o suporte. A natureza das placas de

revestimento também condiciona a escolha da fixação, nomeadamente

o peso próprio das placas, suas características geométricas e possíveis

variações dimensionais.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Page 19: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

c) Outro factor a considerar na escolha do sistema de fixação é a situação

do revestimento em questão no total da obra, e a existência de zonas

singulares, isto é, zonas especialmente solicitadas e expostas, como

por exemplo embasamentos, bordaduras, cunhais, elementos

estruturais, pilares, vigas e topos de lajes.

d) O dimensionamento de um sistema de fixação deveria ser, sempre que

possível, baseado em ensaios e verificado por cálculo.

e) As fixações podem ser de cobre, latão ou aço inox, isto é, em materiais

não oxidáveis para uma maior longevidade do conjunto.

Page 20: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

Condições e limites de aplicação

Como foi dito atrás, a utilização de determinado tipo de fixação é

determinada pelas características do suporte e pela existência ou não

de sub-camada isolante. O D.T.U. 55.2 estabelece um quadro de

compatibilidades entre diversos tipos de suportes, e de fixações, com e

sem sub-camada isolante (Quadro 2.1).

Estabelece ainda condições limites para a utilização de fixação por

agrafos e pontos de argamassa, designadamente no que refere à altura

do edifício, (edifícios de altura não superior a 28 metros), às dimensões da

placa, (placas com um máximo de 1 m2 de área em que a maior dimensão

não poderá exceder o 1,40 m) e ao afastamento das placas ao suporte (

distância entre o tardoz da placa e o suporte compreendida entre 20 mm e

50 mm).

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Page 21: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

(1) A estabilidade da ligação da estrutura intermédia ao suporte deve ser inequivocamente assegurada. (2) Processo de fixação admissível se a resistência característica do betão aos 28 dias de idade for ≥ 15 MPaa.

(3) Processo de fixação admissível apenas em paredes não resistentes, até um máximo de 6 m de altura do paramento e desde que os agrafos ou

gatos sejam chumbados com argamassa decimento, numa profundidade mínima de duas fiadas de furos..

(4) Processo de fixação admissível em paredes resistentes ou não resistentes, desde que os gatos de posicionamento se insiram em juntas

horizontais da alvenaria.

Quadro 2.1 – Compatibilidade entre

suportes e processos de fixação de

revestimentos de pedra

(5) Processo de fixação admissível apenas no caso das juntas entre placas de revestimento serem deixadas abertas ou, então, preenchidas com

material resiliente.

Page 22: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Sistemas de suporte

Os sistemas de fixação são fundamentalmente os seguintes:

a) fixação por agrafos e pontos de argamassa, de fácil execução mas com um

problema, inviabiliza a colocação de um isolamento térmico contínuo entre o

suporte e o revestimento, fig. 2.3.

Fig. 2.3 - Agrafos aplicados em topos verticais das placas de pedra e chumbados com argamassa na parede

Page 23: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

• b) fixação efectuada por gatos, este sistema já possibilita a colocação de um

isolamento térmico, sendo contudo de execução um pouco mais difícil. A fixação

pode ser obtida por chumbagem dos gatos, ou por fixação mecânica, fig. 2.4.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Fig. 2.4 - Algumas configurações de gatos

Nos sistemas de fixação directa ao

suporte são usualmente utilizada 4

fixações por placa, duas fixações de

suspensão e duas fixações de

posicionamento.

No topo horizontal inferior são colocadas

as fixações de suspensão, e nas zonas

superiores dos topos laterais são

aplicadas as fixações de posicionamento.

Quando se utilizam grampos ou gatos com

fixação mecânica ao suporte, as cavilhas

devem ser o mesmo material que os gatos

ou agrafos, para evitar a corrosão.

Page 24: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

Sistema se fixação por Gatos – Gatos Chumbados

1- Marcação dos locais onde serão executados os chumbadouros dos

gatos à parede, fig. 2.5.

2- Abertura dos furos na parede. Os furos para chumbadouro deverão

ter no mínimo 60 mm de profundidade, de modo a permitir

uma penetração do gato de pelo menos 50 mm, e 40 mm de

diâmetro, para que se efectua uma verdadeira solidarização

do gato ao suporte.

3- Limpeza e humedecimento dos furos para melhor aderência das

argamassas

4- Preenchimento dos furos com argamassa. A argamassa deverá ser

do traço volumétrico 1:2 a 3 (cimento Portland : areia) ou

0,5:0,5: 2 a 3 (cimento Portland : cal apagada em pó:

areia), devendo a areia estar limpa e apresentar granulometria entre

0,08 mm e 2 ou 3 mm.

5- As placas deverão ser perfuradas nos seus topos para colocação

dos gatos. Os furos deverão ser cilíndricos, ter profundidade

superior em 5 mm ao comprimento do estilete (com um

mínimo de 30 mm) e diâmetro superior em 1 mm ao diâmetro

do estilete.

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Fig. 2.5 - Gatos chumbados

à parede

Page 25: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

Sistema se fixação por gatos – Gatos chumbados

• 6- Colocação das placas no local, encostando-as ao suporte, de modo a inserir os gatos,

previamente fixados às placas, no interior dos chumbadouros.

• 7- Alinhamento juntas horizontais e verticais entre placas, fig. 2.6.

• 8- Após a presa de aprumo das placas, com recurso a cunhas de madeira ou PVC que serão

introduzidas nas os chumbadouros serão retiradas todas as cunhas.

• 9- Preenchimento das juntas entre as placas, se for desejado.

Fig. 2.6 - Sistema de fixação por gatos - Preenchimento de juntas

Page 26: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

• Exemplos de aplicação

Fig. 2.7 - Sistema de fixação por gatos

Fixação mecânica

Fig. 2.8 - Sistema de fixação por gatos

Fixação mecânica

Page 27: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Placas de pedras naturais

• b) fixação a uma estrutura intermédia, metálica ou de madeira. Este sistema terá

uma execução mais simplificada do que qualquer um dos anteriores, mas com um

grande problema, o custo elevado.

A utilização de uma estrutura intermédia que faz a ligação entre o suporte e o

revestimento, permite a execução do revestimento sem ter em conta quer a

natureza quer o estado do suporte, na zona corrente, uma vez que a fixação se

faz pontualmente em zonas resistente ou que foram tornadas resistentes.

Exemplo tradicional de um sistema de fixação por estrutura intermédia é o

revestimento de fachadas com soletos de ardósia pregados a um ripado, muitas

vezes executado sobre uma parede de taipa. Fig. 2.9

A estrutura intermédia serve a distribuição ou a concentração de cargas, pela

opção de fazer muitas ou poucas ligações ao suporte. Permite pois adequar os

esforços a que está sujeito o suporte à sua capacidade resistente.

A estrutura intermédia pode ser ligada ao suporte de diversos modos, sendo

geralmente executada com gatos chumbados ou fixados mecanicamente.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

As placas de pedra são geralmente de forma rectangular, embora possam

apresentar outras formas, como por exemplo, os soletos de ardósia,

tradicionais na nossa arquitectura autóctone, em forma de escama.

Fig. 2.9 – Soletos de ardósia - elementos de reduzidas dimensões faciais

Page 29: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Fig. 2.10 – Revestimento por elementos de ardósia em escama. Pormenor da sobreposição entre elementos

Page 30: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Revestimento cerâmico

A fachada ventilada é uma solução construtiva que tem tido uma importância

crescente na arquitectura contemporânea, quer pelas suas características técnicas

quer pela sua linguagem estética. A fachada ventilada é criada pela colocação de um

revestimento separado da estrutura do edifício. A câmara daí resultante, deve ficar

aberta em pontos estratégicos, normalmente localizados nas zonas inferior e

superior de modo a permitir a sua ventilação. Fig. 2.11

Esta câmara melhora as prestações da fachada evitando a humidade e a

condensação, conferindo estabilidade ao edifício e prolongando a sua vida útil. A

variação de densidade de ar no interior da câmara em relação ao exterior cria um

“efeito chaminé”, evitando a transmissão directa da temperatura ambiente para o

edifício. Assim, o ar pode fluir na abertura da fachada devido à diferente densidade

entre o interior e o exterior da mesma, gerando duas vantagens: de Inverno,

mantendo a estrutura de suporte e o material de isolamento térmico seco, reduz-se

os problemas de condensação; de Verão, a absorção e reflexo das radiações solares

é retida na cavidade, não passando para o interior do edifício. Fig. 2.12

Page 31: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

Com a fachada ventilada gera-se um fluxo de ar contínuo na cavidade, o que é

naturalmente impossível nas fachadas tradicionais. Existe um sistema de ventilação

com junta aberta. Com este sistema, o fluxo de ar dentro da abertura é mais

consistente e benéfico do que num sistema de junta fechada, mesmo sob os efeitos da

pressão e sucção do vento e durante o aquecimento ou refrigeração do ar. Fig. 2.13

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Fig. 2.11 Fig. 2.12 Fig. 2.13

Page 32: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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A fachada ventilada cerâmica pelas suas propriedades técnicas apresenta inúmeras vantagens donde se destacam:

• Isolamento Térmico

A fachada ventilada permite um eficaz isolamento térmico. No Verão, a parede exterior oferece uma protecção muito eficaz ao edifício contra o calor gerado pela radiação solar. A fachada ventilada funciona como um protector térmico natural, dado que a ventilação constante dentro da caixa de ar mantém a temperatura ambiente, devido a uma eficiente ventilação. Fig. 2.14

• Inércia Térmica

A fachada ventilada tem um benefício adicional que é a inércia térmica - capacidade do revestimento gerir e armazenar calor, ideal para os climas quentes e frios. No Verão este efeito resulta numa onda de calor retardada, uma vez que o calor armazenado penetra pelas paredes para o interior do edifício em quantidade reduzida, quando a temperatura ambiente é mais baixa e o edifício está mais frio. O contrário acontece no Inverno. O resultado final é uma temperatura mais uniforme que aumenta o conforto e o bem estar no interior do edifício criando uma espécie de microclima. Fig. 2.15

CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Page 33: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Poupança Energética

Calcula-se que com a fachada ventilada se consiga obter uma redução de consumo térmico e consequente poupança energética de 25 % em relação ao revestimento tradicional de fachadas, o que se traduz também num aumento da vida útil do edifício. Como consequência dos benefícios térmicos, a fachada ventilada reflecte também benefícios económicos. A poupança energética obtida com a fachada ventilada é muito superior ao diferencial entre os custos de construção de fachada ventilada e os sistemas tradicionais de isolamento térmico.

• Isolamento Acústico

A fachada ventilada ajuda a reduzir a transmissão do som, permitindo um isolamento acústico de forma significativa sem aumento significativo do preço. Com a fachada ventilada cria-se uma barreira que aumenta as propriedades acústicas de absorção do som em 6 dB, o que corresponde a uma redução de 50% do nível de ruído no interior do edifício. Fig. 2.16

Page 34: PCII_Capitulo_II_2.2.1_-_Classificacao_de_Revestimentos_de_paredes

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• Ventilação Natural

As paredes ventiladas permitem a circulação desobstruída do fluxo de ar dentro da câmara de ar permitindo uma ventilação natural e consequentemente a eliminação da humidade devido às condensações e efeito de capilaridade. Fig. 2.17

• Protecção da Chuva

A fachada ventilada permite uma protecção a longo prazo. do edifício, contra as. chuvas ácidas e outros agentes meteorológicos (chuva, gelo e neve) que são uma das causas principais da deterioração exterior das fachadas. Alguns estudos e pesquisas realizadas por institutos Norte-Europeus provaram que não há infiltrações significativas da chuva ou da neve na câmara de ar das paredes ventiladas nos painéis de revestimento com sistemas de junta aberta mesmo quando sujeitos a pressões de ventos fortes. A protecção do edifício contra os agentes meteorológicos é uma característica importante que aumenta a vida útil e durabilidade do mesmo, sem aumentar os custos de manutenção. Fig. 2.18

CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Fig. 2.14 Fig. 2.15

Fig. 2.17 Fig. 2.18 Fig. 2.16

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• A fachada ventilada cerâmica é composta por peças cerâmicas extrudidas e subestrutura em alumínio com clips em aço inox apresentando as seguintes vantagens:

a) Flexibilidade;

b) Modularidade;

c) Rapidez de Execução;

d) Baixos Custos de Manutenção – solução com tratamento hidro repelente com baixos custos de limpeza

e)Facilidade de Manutenção devido à possibilidade de actuar sobre cada placa individualmente;

f) Facilidade de Montagem/Desmontagem;

g)Permite a redução dos custos em obra, dado que a parede de suporte não necessita nem de reboco nem de pintura.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• A fachada ventilada cerâmica é composta por peças cerâmicas extrudidas e subestrutura em alumínio com clips em aço inox apresentando as seguintes vantagens:

a) Flexibilidade;

b) Modularidade;

c) Rapidez de Execução;

d) Baixos Custos de Manutenção – solução com tratamento hidro repelente com baixos custos de limpeza

e) Facilidade de Manutenção devido à possibilidade de actuar sobre cada placa individualmente;

f) Facilidade de Montagem/Desmontagem;

g) Permite a redução dos custos em obra, dado que a parede de suporte não necessita nem de reboco nem de pintura.

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Pormenores Construtivos

Fig. 2.19 –Detalhes construtivos – Secção vertical

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Pormenores construtivos

Fig. 2.20 – Detalhes construtivo – Secção horizontal

lateral (parede)

Fig. 2.21 – Detalhes construtivo – Secção horizontal

lateral (janela)

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Pormenores Construtivos

Fig. 2.22 – Detalhes construtivo – Remate de topo Fig. 2.23 – Detalhes construtivo – Secção vertical

inferior (janela)

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Pormenores Construtivos

Fig. 2.24 – Detalhes construtivo – Remate de fundo Fig. 2.25 – Detalhes construtivo – Secção vertical

superior (janela)

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Pormenores Construtivos

Fig. 2.26 – Detalhes construtivo – Canto exterior Fig. 2.27 – Detalhes construtivo – Canto interior

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Exemplos de aplicação

Fig. 2.28 – Fachada ventilada com revestimento cerâmico

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

• Exemplos de aplicação

Fig. 2.29 – Fachada ventilada com revestimento cerâmico

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CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES

Referências:

• LNEC – Proc.º. 83/11/7334

• SOLADRILHO - SOCIEDADE CERÂMICA DE LADRILHOS, S.A.

• “Solução de fachada ventilada FACE by Soladrilho”

• www.soladrilho.pt