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PHILOSOPHICA n.° 30, Novembro de 2007 ÍNDICE EDITORIAL 3 ARTIGOS RHÉTORIQUE ET TRANSCENDANCE DE LA PAROLE PUBLIQUE: L'ACTUALITÉ DU DE ORÁTORE Gilbert Larochelle 5 DA GUERRA E PAZ COMO QUESTÃO FILOSÓFICA (ROUSSEAU, KANT, HEGEL) João Lopes Alves 27 O LIBERALISMO EM JOHN RAWLS E A RESPOSTA AOS COMUNITARISTAS Denis Coitinho Silveira 61 SlNTHOMI TARDO-CAPITALISTI: UN'ANALISI TRA GODIMENTO E POLITICA ATTRAVERSO IL PENSIERO DI SLAVOY ZlZEK Luca Silvestri 83 DEBATE 1. RELEVÂNCIA DA FILOSOFIA NA SOCIEDADE DE HOJE Luís Crespo de Andrade e Maria Filomena Molder 102 2. OLHARES SOBRE A FILOSOFIA. A FILOSOFIA NA ESCOLA, NA CIDADE E NA CULTURA SOBRE O ENSINO DA FILOSOFIA Adriano Moreira 109 FILOSOFIA, CULTURA E SOCIEDADE, A FILOSOFIA, O TEATRO DO MUNDO E O MUNDO DO TEATRO: PELOS LABIRINTOS DA IDENTIDADE João Maria André 113 ARENAS, COCHILHAS, FAENAS - o DISCURSO FILOSÓFICO E O ENSINO SECUNDÁRIO Maria Lúcia Lepecki 121 FILOSOFIA E INTELIGIBILIDADE CIENTÍFICA José Matos Silva 128 SABER PENSAR José Manuel Pereira de Almeida 132

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  • PHILOSOPHICA n. 30, Novembro de 2007

    NDICE

    EDITORIAL 3

    ARTIGOS

    RHTORIQUE ET TRANSCENDANCE DE LA PAROLE PUBLIQUE: L 'ACTUALIT DU DE ORTORE Gilbert Larochelle 5

    D A GUERRA E PAZ COMO QUESTO FILOSFICA (ROUSSEAU, KANT, HEGEL) Joo Lopes Alves 27

    O LIBERALISMO EM JOHN RAWLS E A RESPOSTA AOS COMUNITARISTAS Denis Coitinho Silveira 61

    SlNTHOMI TARDO-CAPITALISTI: UN'ANALISI TRA GODIMENTO E POLITICA ATTRAVERSO I L PENSIERO D I SLAVOY ZlZEK Luca Silvestri 83

    DEBATE

    1. RELEVNCIA D A FILOSOFIA NA SOCIEDADE DE HOJE Lus Crespo de Andrade e Maria Filomena Molder 102

    2. OLHARES SOBRE A FILOSOFIA. A FILOSOFIA NA ESCOLA, NA CIDADE E NA CULTURA

    SOBRE O ENSINO DA FILOSOFIA Adriano Moreira 109

    FILOSOFIA, CULTURA E SOCIEDADE, A FILOSOFIA, O TEATRO DO MUNDO E O MUNDO DO TEATRO: PELOS LABIRINTOS DA IDENTIDADE Joo Maria Andr 113

    ARENAS, COCHILHAS, FAENAS - o DISCURSO FILOSFICO E O ENSINO SECUNDRIO Maria Lcia Lepecki 121

    FILOSOFIA E INTELIGIBILIDADE CIENTFICA Jos Matos Silva 128

    SABER PENSAR Jos Manuel Pereira de Almeida 132

  • 2 ndice

    ENSINAR/APRENDER FIOSOFIA. O OLHAR DE VORA NO SECUNDRIO Celestino Froes David 135

    3. Deliberao do Conselho Cientfico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa sobre a Supresso dos exames de Filo-sofia no Ensino Secundrio 139

    ESTADO DA QUESTO

    El EXTIN. HIPTESES DE EXISTNCIA EM ARISTTELES? Antnio Pedro Mesquita 141

    A G A M M N O N EN ATTENDAND GODOT: DA HERICA PALAVRA TRGICA AO TRGICO SILNCIO DO EXLIO Jos Pedro Serra 183

    SENTIMENTO DA NATUREZA E IMAGEM DO HOMEM: KANT-FEUERBACH-SIMMEL Adriana Verss imo Serro 203

    LEITURAS

    ANOTAES SOBRE A METAFSICA DOHNA (1792/1793) Juan A. Bonaccini 225

    D E L F I M SANTOS E HENRI BERGSON: PROXIMIDADE E DIVERGNCIAS Magda Costa Carvalho 245

    RECENSES

    Sarah CARVALHO, Stahl - Leibniz. Controverse sur la Vie, VOrganisme et le Mixte Adelino Cardoso 277

    Obras de Jos Marinho, vols. V I , VII e VI I I Renato Epifnio 282

    A. CAMPOS MATOS, Agostinho da Silva e Vasco de Magalhes-Vilhena, entrevistados sobre Antnio Srgio Romana Valente Pinho 288

    NGELO ALVES, Leonardo Coimbra (1883-1936): Filsofo, Orador e Poltico Celeste Natrio 293

    GENEVIEVE LLOYD, The Man of Reason 'Male' and 'Female' in Western Philosophy Mrcio Emanuel Machado 299

    INFORMAES 305

  • EDITORIAL

    Ao dedicar o presente nmero temtica "Filosofia e Espao Pbli-co", a revista Philosophica pretende dar expresso a uma vertente da Filosofia, que lhe to prpria quanto a busca de fundamentao ou o exerccio do pensamento categorial.

    A noo de Espao Pblico aqui tomada em sentido amplo. Abrange, por um lado, a ideia de um espao de encontro no qual as ideias se formam atravs da discusso e da partilha, sedimentando uma raciona-lidade crtica e dialctica, oposta meditao solitria ou transmisso unilateral de um saber j feito. Assume tambm a acepo mais ampla de res publica, a esfera social do viver humano, realidade extra-filosfica em cujas bases estruturantes filsofos de todos os tempos procuraram intervir, no cumprimento de uma racionalidade prtica e comunitria.

    A seco Artigos cobre o vasto leque temporal que vai da Antigui-dade actualidade. Descortinam-se nestes quatro ensaios diversos mati-zes dessa vocao interveniente e mltiplas possibilidades de articulao entre teoria e prtica, desde a funo persuasiva do discurso diagnose dos mecanismos enraizados no inconsciente colectivo.

    Partindo da anlise do De oratore de Ccero, Gilbert Larochelle evi-dencia os traos configuradores da concepo da retrica protagonizada pelo orador, exemplo do pensador comprometido com o contedo das mensagens que transmite e consciente do alcance educativo das palavras ditas.

    Joo Lopes Alves aborda um tema nuclear da filosofia poltica, a delimitao conceptual da guerra e da paz, em trs doutrinas clssicas: Rousseau, Kant e Hegel. Patente fica a complexidade deste problema, quer do ponto de vista jurdico (internamente, na tenso entre sociedade civil e Estado, externamente, no conflito entre Estados), quer no desfasa-mento entre a exigncia da Paz como princpio racional ltimo e os anta-gonismos emergentes da fragilidade da condio antropolgica.

    Sobre uma das mais influentes teorias contemporneas, a concepo da justia como equidade elaborada por John Rawls, que desde a publica-o de A Theory of Justice tem sido objecto de inmeras interpretaes, defende Denis Coitinho Silveira que, para alm de uma fundamentao conduzida no plano deontolgico, a teoria da equidade contm elementos teleolgicos e pontos de aproximao com a reflexo tica.

    A impossibilidade de traar fronteiras ntidas entre mbito privado e domnio pblico o fio condutor do artigo de Luca Silvestri dedicado a Slavoj Zizek e anlise do prazer como categoria poltica. Assim como a fruio individual se inscreve, nas sociedades massificadas, num terreno

  • 4 Editorial

    simblico e ideolgico, tambm aos mecanismos da aco poltica subja-zem modalidades vrias de produo e regulao do prazer dos seus membros individuais.

    As intervenes pblicas que compem a seco Debate foram pro-nunciadas entre final de 2006 e meados de 2007, num momento em que a supresso do exame de Filosofia do ensino secundrio suscitou a maior preocupao na comunidade filosfica, por acarretar, a curto prazo, o prprio desaparecimento da disciplina dos curricula escolares. Perspecti-vas mltiplas do papel desta disciplina no desenvolvimento global do jovem como pessoa e como cidado so abordadas por professores e outras personalidades de diferentes reas atravs de contributos tericos e testemunhos vividos.

    Os estudos de Antnio Pedro Mesquita, sobre Aristteles, de Jos Pedro Serra, sobre o Trgico e de Adriana Verssimo Serro, sobre o Sentimento da Natureza - reunidos em Estado da Questo - foram recen-temente apresentados em provas acadmicas de agregao na Universi-dade de Lisboa.

    Leituras, seco dedicada anlise de textos e documentos, oferece a leitura de um manuscrito de Kant, a Metafsica Dohna (1792/1793), por Juan A. Bonaccini, e a investigao de Magda Costa Carvalho sobre as relaes de Delfim Santos com Henri Bergson.

    Completam o presente nmero as habituais rubricas Recenses e Informaes do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e do Departamento de Filosofia.

    Fundada em 1993, a revista Philosophica chega ao seu 30. nmero, prevendo-se para breve a organizao do ndice dos materiais publicados.

    E o momento de agradecer a todos os colaboradores, sem os quais a publicao regular no poderia ter sido assegurada, e de cumprimentar os seus leitores.

    A.V.S.

  • ARTIGOS

    R H T O R I Q U E E T T R A N S C E N D A N C E D E L A P A R O L E

    P U B L I Q U E : L ' A C T U A L I T D U D E ORATORE

    Gilbert Larochelle Dpaitement des sciences humaines, Umversit du Qubec Chicoutimi

    [...] une fois la rgie corrompue, l'loquence s'est arrte, est devenue muette.

    Ptrone, Satiricon, II.

    La vocation de la parole publique chez Cicron dpend tout entire de la haute exigence de libert qu'il associe l'esprit rpublicain. Sa grandeur est dans l'engagement qu'elle porte, dans l'ide qu'elle sert dfendre, mieux encore dans la dvotion la vie en commun qu'elle ins-pire. Rien qui ne soit digne de l'loquence si parler ne signifie pas d'abord et avant tout se mettre au service d'autrui et poursuivre une fina-lit qui passe infiniment l'orateur lui-mme. Le songe de Scipion la fin du De repblica n'annonce-t-il pas l'immortalit celui qui aura us de sa libert pour ddier son existence aux intrts de la cit? Mais ce cuite paen pour Ies affaires publiques, nul ne le pourfendra davantage que saint Augustin qui reprochait Cicron, dans Chatas Dei, de sacraliser le profane et d'exciter les passions pour la chose du peuple1.

    Certes, l'esprit rpublicain ennoblit la libert et, son tour, 1'usage de celle-ci par la rhtorique doit permettre de fixer le sens en hauteur. Car nulle persuasion n'est possible dans un monde sans transcendance. Toute-fois, i l s'agit bien d'une drle de rpublique que celle qui n'appartient ni au peuple dans les faits ni ne lui revient de droit. La signification qu'elle

    1 Saint Augustin, Guitas Dei, II, X X l - x x u .

    Philosophica, 30, Lisboa, 2007, pp. 5-26

  • 6 Gilbert Mrochelle

    prend chez Cicron parat curieuse, sinon paradoxale pour un lecteur du X X l e sicle, mais aussi pour saint Augustin, peut-tre Fun des plus grands critiques qui ne ft jamais encore ce jour du De repblica. D'une part, les appels la libertas traversent la pense de l'Arpinate: le rejet du pou-voir absolu (Philippicae), le souci de dfendre les colonies centre l'empire (In Verrem), le dsaveu des conspirations contre l'tat (In Cati-linam), la promotion des institutions civiles {Pro Murena), le respect de la loi {De legitibus), la supriorit de l'intrt public (De oftlinesignis), etc. Cicron se range du ct des citoyens ordinaires (populares). Et un seul chemin sied l'exercice de la libert: que la violence le cede la persuasion, les armes la toge: Cedant arma togae, concedat laurea linguae-2.

    D'autre part, la notion de uirtus rattache F esprit rpublicain un ef-fort de dpassement: l'urbanit distingues des optimates semble toujours place la verticale de la multitude, comme si les qualits des lites ser-vaient de corrig dans Finstruction des droits. En effet, la vertu doit faire autorit et seuls les plus forts savent se hisser vers elle. La valeur du mrite donne Fimpression d'annuler, au moins de restreindre Funiver-salit de la participation la chose du peuple. Elle finit par laisser croire que la domination du plus fort est dans l'intrt du plus faible. Somme toute, une ambivalence parait se dessiner entre libert et vertu, entre raison et participation, entre le poids du petit nombre et celui du grand nombre: saint Augustin, incisif, tranche: cette rpublique n'existe pas, parce qu'elle ne se fonde ni sur un consensus de droit ni sur une communaut d'intrts 3. Plutarque rappelle que cette capacit jouer sur des tableaux diffrents, parfois contradictoires est Y image du parcours meme de Cicron dans le cursus honorum: des qu'il se mit avo-casser, dit-il joliment, le dsir de gloire et la monte en dignit Font sou vent emport jusqu' lui faire oublier le devoir de Fhomme de bien 4. Promotion de la justice la plupart du temps, mais Foccasion quelques contorsions pour dfendre Fescroquerie (Pro Flacco) ou pour innocenter le meurtre (Pro Milone).

    2 Cicron, De ojficiis, i , 22, 77. Que les armes le cdent la toge, les launers l'loquence. II crit aussi que la violence est propre la bte, la persuasion l'homme. De ojficiis, I, 11,34.

    3 Saint Augustin, Guitas Dei, II, xxi. Sur l'impuissance du grand nombre susciter la raison, Platn reste, par la voix de Socrate, le principal reprsentant de cette ide: voir le Criton, 44 a,

    4 Plutarque, Vie de Gcron, V i et X X X . Tacite Partage la mme opinion de Cicron en le dcrivant comme envieux, jaloux et sujet aux autres dfauts de la faiblesse humaine Dialogue des orateurs, X X V , 6.

  • Rhtorique et transcendance de la parole publique 7

    Des lors, comment peut-on faire confiance la rhtorique pour ma-nifest!" la libert et pour relever le dfi de l'esprit rpublicain? Polybe croyait que c'est la cohsion des socits huinaines qui fonde la recon-naissance de la (lignitos5: ne faut-il pas s'inquiter de constater que la capacit persuader le grand nombre en constitue le moyen le plus de-terminant? Quand les oreilles du peuple ne sont que la flte de Torateur 6, le discernement peut-il advenir par l'loquence? La rhtori-que. ce tyran tres puissant dont parle Gorgias dans son loge d'Hlne1, n'est-elle pas une forme d'antisocit parce qu'elle divise8, une fuite hors de la philosophie puisqu'elle indiffrencie le trompeur et r a m i vritable, bref un dtournement de 1'esprit rpublicain o la licence se confond avec la libert? Comment une ruse du diable - la seule erreur des Grecs 9 disait Ernest Renn - rapprocherait-elle du divin? Tel est le thme de ce propos: mais i l s'agit plutt de montrer l'actualit des orato-rii libri, surtout du De oratore en rappelant que la vocation de la parole publique s'inscrit dans une poursuite de l'excellence dont l'enjeu ultime porte sur la transcendance de l'homme. Plus qu'un accident du langage, l*art du bene dicendi chez Cicron est la substance de la dignitas et de 1'esprit rpublicain. II ne se rvle pleinement qu'aux points de suture entre la libertas et la uirtus pour rconcilier les termes de ce paradoxe politique. Signe d'lvation vers Yhwnanitas, il incarne le dpassement de soi dans le service public: voil ce qui en reprsente l'lment distinc-tif. Et en Y absence de cette regle, remarquait Ptrone. l'loquence s'arrte et devient muette. N'est orateur que celui qui s'engage, celui qui se leve debout pour faire objection au tyran - Antoine, Clodius, Csar, etc. - , bref celui qui dfend des valeurs, en l'occurrence rpublicaines. Dans cette mme ligne de pense, Tacite observe en considrant 1'histoire de Rome en retrospective: la libert est disparue avec l'loquence et, aprs celle-ci, la grandeur du peuple. L'art de la parole importe d'autant plus qu'il entrame des consquences sur la vie en commun. Dans aucune nation regie par un pouvoir fort, crit-il, nous ne connaissons d'oquen-

    5 Polybe, Histoire, VI, 14, 4-5. 6 Cicron, Brians LI, 192. Tacite reprend cette idee en disanl que les anciens orateurs

    avaient considr que le salaire de l'loquence ctait la renomme et I'opinion de la pos-tcrit, Anuales, XI, vi, 1.

    7 Gorgias, loge d'Hlene, B, XI. 8. 8L'idc de l'antisocit inhrente la rhlorque est voque, par le Socrate de Platn,

    dans le Protagoras et dans le Gorgias. 9 Cette sortie d'Ernest Renn fut faite en 1885 dans son discours de reception de Ferdi-

    nand de Lcsseps l'Acadmie rancaise. Elle est cite par Antoine Compagnon, La rhto-rique la fin du Xixe sicle (1875-1900) in Histoire de la rhtorique dans VEnrope moderne 1450-1950, (sous la direction de Marc Fumaroli), Paris, Presses Universitaires de France, 1999, p. 1215.

  • 8 Gilbert Larochelle

    ce 1 0 . Bref, la rhtorique fournit done 1'outil du consilium publicum, V instrument pour forger des principes communs.

    Pourquoi revenir Cicron encore une fois? Peut-tre, la vrit, pour saisir, travers lui, ce qui manque notre temps pour qu'une grande rhtorique montre la voie comme chez les Anciens et pour tirer de ce rapprochement un moment d'interpellation. De nos jours, c'est le dclin de l'ide d'excellence dans 1'espace public, de responsabilit dans l'exercice de la libert et d'universalit dans la parole politique qui rend le retour Cicron utile et mme pertinent. Pierre Grimal soutient que den de nouveau ne peut tre dit sur l'Arpinate1 1. Cependant, un tableau contrast se dessine dans lequel apparaissent nettement les enjeux de la grande sophistique de l'heure. Invasion des signes et rtrcissement du sens, prolifration de l'thique et clipse de la morale, bref la rhtorique d'aujourd'hui, pourtant omnipresente (cf. la publicit) ne transporte plus rien au-dela d'elle-mme. Elle ne permet plus de placer quoi que ce soit en hauteur, puisqu'elle est devenue son propre principe. Point d'engagement pour la cit ou contre le tyran, comme s'il n'y avait dsor-mais d'loquence que par la neutralisation du consensus universorum, par des ac commode men ts qui, diluant la cohsion sociale, font monter cha-qu fois l'insignifiance d'un eran. De cette impasse, Cicron en fut cons-cient: la forme mme des dialogues du De oratore en porte le tmoignage en rvlant la rhtorique comme Tantinomie du bavardage, parce que les mots ne doivent jamais y empcher le sens de parier!

    Biensance et aptitude la parole

    La mise en scene du De oratore contient une pdagogie l'envers de Tesprit rpublicain. La forme retenue pour construir Fceuvre n'a rien d'anodine. Peut-tre offre-t-elle une voie fconde pour en saisir la signifi-cation. En effet, le dcor est plant de maniere faire oublier la rhtori-que et ses Iieux habituis de dploiement: ni la tribune du snat ni le pr-toire du plaideur, encore moins la foule excite et livre la conqute de l'orateur. Plutt y retrouve-t-on le ton familier d'une causerie o Ies mar-queurs de l'loquence sont singulirement absents: la uirtuosas, la graui-tas, la majestas, la dignitas, etc. Cicron amnage une ambiance de d-pouillement extreme pour dcrire son contraire, comme si 1'effet de miroitement invers de la perspective allait rhausser l'entendement de ce que parier signifie dans le contexte de ]'espace public.

    1 0 Tacite, Dialogue des oraleurs, X L , 3. Cicron fait ce lien entre libert et eloquence dans Brutus, XII , 45.

    1 1 Pierre Grimal, Cicron, Paris, Fayard, 1986, p. 7.

  • Rhtorique et transcendance de la parole publique 9

    La trame du rcit repose sur une srie de dialogues emprunts, par une fiction littraire, aux temps anciens. Elle est campe dans le paysage bucolique du Tusculum, localit situe une vingtaine de kilometres au nord-est de Rome o les patriciens et les nobles se rendaient, surtout en t, pour chapper au climat torride et insalubre de la ville 1 2 . La conversa-tion met aux prises deux reprsentants illustres de l'loquence: Crassus et Antoine. Quelques personnages de moindre importance s'y joignent comme Sulpicius, Scevola, Cotta, Catulus, etc. Le charme des lieux ins-pire la dtente et prdispose la convivialit de Yamicitia. Le tableau parat sortir du Phdre de Platn quand Socrate, pour trouver un site fa-vorable l'entretien, exalte l'ombre rafrachissante du platane, la douceur du gazon, le bon air de Ft 1 3 . Copie conforme de la manire grecque avec cette seule diffrence que Crassus rdame des coussins pour assurer l'aisance ou l'tiquette.

    La socit des amis apaise les soucis de la rpublique: le De oratore est crit en un temps o Rome bascule dans l'agitation entre les factions de Clodius et de Milon. II devient une sorte de fuite vers le repos (otium) moins pour soulager I'esprit troubl de son auteur que pour le rendre disponible la rflexion. Le cercle des villgiateurs annonce, dans le canevas narratif de Cicron, une libert de ton, l'abandon de toute reser-ve, des effusions de spontanit, bref une fte de la parole. Du reste, la faconde sans pareille des deux hros tient de la lgende: [...] ce sont ees deux hommes qui, mon avis, ont t nos plus grands orateurs: ce sont les premiers qui ont port la gloire de l'loquence latine la hauteur de celle de la Grce 1 4. Un sommet de l'excellence se prpare ainsi loin des artifices de Yurbs et mme des effets de tribune du forum.

    Toutefois, la discussion prend un tour imprvu ds le dpart. Elle dbute par un dialogue de sourds o chacun, de Crassus et d'Antoine, expose en parallle sa conception diffrente et, somme toute, irreductible de Part oratoire. L'un croit que celui-ci dcoule du travail toujours ina-chev d'ducation de l'homme complet: i l est, bien sur, le visage d'emprunt que Cicron prend pour dfendre son point de vue; l'autre y voit plutt une question d'habilet naturelle accrue par l'exprience. Puis, quand les soliloques cessent, la fusion intersubjective de I'change tarde

    1 2 Lieu de villgiature rput pour sa fratcheur parce que situ 670 metres au-dessus du niveau de la mer, Tusculum se dployait sur le site de l'actuelle ville de Frascati. Ca-tn, Sulpicius et Cicron notamment aimaient s'y rendre et y teir des conversa-tions philosophiques. Frascati est encore aujourd'hui tres renomme, mais pour l'excellence de son vin blanc...

    1 3 Platn, Phdre, 230 b et c. Dans le Brutus, vi, 24, Cicron ajoute mme au dcor, outre la pelouse, une statue de Platn.

    1 4 Cicron, Brutus, X X X V I , 138. Aussi, dans le De oratore, II, 1,1, Cicron dclare que cette admiration pour Crassus et Antoinc lui vient de Tducation re^ ue de son pre.

  • 10 Gilbert Larochelle

    et mme ne se produit vritablement jamais. De toute evidence, la simpli-cit du moment n'accommode plus les hros. Elle menace plus qu'elle ne favorise la prise de parole. D'un ton crisp, Crassus trouble Ia fte: ce genre d'entretien m'a toujours dplu 1 5, confie-t-il. Et Sulpicius qui lui avoue avoir toujours espr, ds sa tendr jeunesse, entendre le maitre discourir sur son art, i l renchrit par une justification rtrospective de sa rticence: Ce n'tait point fiert de ma part ou manque de savoir-vivre ou refus de seconder ton noble et louable empressement [...], mais je n'ai pas, je te le jure, la moindre habitude de ees discussions, et toutes ees rgies enseignes sous forme technique ne sont point mon affaire16. Le consen-tement de l'orateur ayant t obtenu I'arrach, Cotta s'engouffre dans la brche pour en savoir plus: i l ne faut pas le laisser partir, lance-t-il, le squestrer au besoin pour le contraindre parier, puisque le rsultat jug le plus difficile, qui tait de faire parier Crassus, nous l'avons obtenu 1 7.

    Etrange situation que celle d'un matre de l'loquence, le plus grand qui ne ft jamais par surcrot, que l'on ne russit pas faire parier! Le paradoxe atteint son point limite quand Crassus dlgitime 1'intrt mme de la discussion en commenant par sa raison d'etre; d'abord, il accuse les circonstances: c'est le hasard qui m'a jet au milieu de votre entre-tien 1 8; puis, i l dnonce l'impasse du dbat: Qu'y a-t-il en effet de plus sot que de parier sur Ia manire de parier, puisqu'en lui-mme le fait de parier est toujours une sottise, moins que ce soit une ncessit? 1 9. Ni I'ombre du platane ni le relchement de la tension urbaine ne conviennent l'orateur. Crassus est lato sensu hors de lui! I I se retrouve dans la posi-tion d'un combattant illustre que Ton forcerait descendre de son cheval pour concder, au fond, qu'il ne sait mme pas marcher... Au second jour de la rencontre, une radicalisation se produit quand le summits orator dcline la requte de Csar, nouvel interlocuteur arriv la villa du Tus-culum, qui le prie d'engager une autre fois la conversation. Regrettant d'avoir parl Ia veille, i l confesse: j'ai t faible2 0. Pour rcuser I'invite, i l se dclare inepte (ineptus) o, si l'on prfre, non apte. Or, un ineptus, c'est celui dont la parole s'avre hors d'ordre dans un dbat. I I se distingue entre tous par son incapacit apercevoir ce que parier veut dire, mieux saisir le rfrent dans facte de parole. Bref, il ne discerne pas, note Crassus, ce que demandent les circonstances; mieux,

    1 5 Cicron, De oratore, I , 22, 99. 16 Idem. 1 7 Cicron, De oratore, I , 22, 100. 1 8 Cicron, De oratore, I , 24, 111. 1 9 Cicron, De oratore, l , 24, 112. 2 0 Cicron, De oratore, n, 4, 15.

  • Rhtorique et transcendance de la parole publique I I

    i l manque de convenance ou de mesure 2 1: voil Vineptus dont j'attribut est de ne point avoir l'intelligence du moment. Son incapacit entrer dans le Iangage de l'autre mne la multiplication des quiproqus. Triste destin pour un orateur, d'autant moins comprhensible que les conditions de la parole sont libres de toute entrave. Misre de la parole quand elle entreprend de parler d'elle-mme!

    Revers de fortune ou devoir de rserve: de quoi tmoigne cette inap-titude la parole dont la rvlation constitue peut-tre un topoi parmi les plus marquants du De oratorel L'esprit du conuiuium frle 1'impasse, parce que l'acte de dire (dicere) est dploy en dehors de son champ d'exprience. Pour lucider les correlations manques entre la ratio et YoratiOy entre Votium (le repos) et la dignitas (le rle public), bref entre la libert du moment et la vertu rpublicaine, plusieurs facteurs s'avrent ncessaires. Ces inadquations svissent dans tous les ples de la com-munication: le iocuteur, l'auditoire, le contexte, le message.

    D'abord, le Iocuteur. Un Romain, surtout s'il est une figure en vue, ne sait pas quitter son personnage (persona: masque). II reste en represen-tation, mme dans l'amiti. Quand Cicron relate le premier entretien, un dtail trahit ce fait: [...] si la journe avait rappel les sances du snat, le repas du soir fut digne du Tusculum 2 2. Constat: la causerie n'tait done pas sortie des codes inhrents la scne publique. De plus, la forme dialogique elle-mme place aussi l'orateur, dans la culture romaine du moins, en situation d'anomalie. Rien ne dtonne da vantage pour lui que de devoir partager la parole en s'insrant dans les modalits de la recipro-city. Alain Michel crit que 1'ducation, dans l'empire, forme des orgueilleux 2 3. Celui qui s'apprte prononcer un discours doit sentir qu'il fait vnement et qu'il se dtache de la multitude. Le Brutus rappelle que son art tient de l'exception: il n'y a rien au monde qui soit plus difficile2 4. II manque Crassus une certaine hauteur de ton, cette soli-tude du sommet o rside l'excelience, mieux o s'affrme, par une iden-tification double sens, la commune supriorit du Iocuteur et de l'objet mme dont il parle. L'orateur est, par dfmition, un individualiste: Oui! qu'y a-t-il de plus admirable que de voir, en face d'une immense multi-tude, un homme se dresser seul et, arm de cette facult que chacun a

    2 1 Cicern, De oratore, I I , 4, 17. 2 2 Cicron, De oratore, I , 7, 27. 2 3 Alain Michel, Rhtorique et philosophic chez Cicron, Paris, Presses Universitaires de

    France, 1960, p. 24. Sur le thme de l'ducation romaine, un ouvrage remarquable s'impose: Henri Irnce Marrou, Hisloire de l'ducation dans l'antiqitit, Paris, Editions du Seuil, 1965. Voir aussi l'ouvrage monumental de Paul Veyne, L'empire greco--romain, Paris, Editions du Seuil, 2005.

    2 4 Cicron, Brutus, Vi, 25.

  • 12 Gilbert Larochelle

    cependant recue de la nature, en user comme i l est seul alors, ou presque seul, en mesure de le faire?. Et son plaisir est de forcer le respect de tous: Quelle puissance, renchrit Crassus, que celle qui dompte les pas-sions du peuple, triomphe des scrupules des juges, branle la fermet du snat, merveilleux effet de la voix d'un seul homme? 2 5. L'vocation de la solitude revient quatre fois dans ce passage, Elle condense les trois dimensions de la rhtorique classique: Vethos par la dignitas de l'orateur, le pathos par l'motion du bien dire, le logos par l'esprit rpublicain. Si l'loquence est l'art dominateur 2 6, celui qui cre la cit et en prserve le lien, son usage lgitime, en tant que parole publique, doit viser le salut mme de l'Etat tout entier 2 7.

    Parler pour parler, c'est descendre de sa dignit. S'incliner devant l'ordinaire (vulgatus) de la vie publique et en mconnaitre la porte vri-table. Le langage tant la chose du monde la mieux partage selon une parit de condition entre tous les homines loqui, son ennoblissement dans l'art oratoire releve du sublime. La raret de l'occurrence fait ici la chert de la parole loquente. Crassus emprunte aux deux univers en se refusant concevoir l'un sans 1'autre: i l use du matriau le plus rpandu pour l'inscrire dans l'art le plus rserv. Bref, le plus dmocratique des mo-yens, le plus aristocratique des rsultats. Ainsi, se dclare-t-il esclave du peuple 2 8, mais la condition que Yeloquentia popularis s'autorise de la sapientia. Or, sortir de cette dialectique, c'est accepter que l'art domina-teur domine celui qui le pratique. Cicron n'accepte pas d'etre dbout par le langage: le malaise de son hros tient du sentiment qu'il prouve, autour du platane, d'etre incarcr dans un espace intralinguistique. Cette impression rappelle la concession du sophiste de Leontium, Gorgias, pour qui le langage est un tyran dont la puissance envote et subjugue. Mon-taigne reprendra la mme image en dnoncant la tyrannie parlire 2 9. Dominer le langage ou tre domin par lui: l'opposition recouvre la d-marcation entre Rome et Athnes, mieux entre les oratores et Ies rheto-res. Tout l'effort de Cicron incite cultiver le dni des seconds au profit des premiers, ceux-l seuls qui lvent la parole la majestas. Pline l'Ancien souligne que, dans la hirarchie du prestige Rome, l'orateur

    2 5 Cicron. De oratore, i , 8, 31. 2 6 Cicron, De oratore, I , 8, 30. 2 7 Cicron, De oratore, i , 8, 34. Aussi, dans le De inventione, i , 2, 2-3, Cicron explique

    que la cit fut constitue, l'origine, par l'loquence avec la lucidit d'un hommc manifestement suprieur et sage.

    28 Cicron, De oratore, I, 52, 225-226. 2 9 Michel de Montaigne, Essais, t. m, Paris, ditions Galimard, coll. La Pliade, 1962,

    p. 910.

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    arrive au deuxime rang, soit aprs les honneurs militaires30. Par contre, les rhetores latini inspirent le mpris des Grecs, peuple bavard et parfai-tement insipide auquel l'Arpinate rserve ses qualificatifs les plus causti-ques. Un peuple qui s'adonne parler pour parlen le Cato Maior assimile ce radotage un signe de la snilit 3 1.

    Puis, Yauditoire. La dignitas d'un grand orateur ne peut advenir, di-sions-nous dj, que s elle est reconnue. Et le salaire du mrite est pay par la multitude comme le disait Polybe. Crassus se sent dsempar au Tusculum, parce qu'il a perdu ses fltes: les oreiles du peuples. L'orgueilleux ne livre sa prestation que s'il dispose d'un thtre et d'un public. Cicron pose, dans le Brutus, les conditions de travail de l'orateur: Je veux qu' la nouvelle qu'il parlera on se presse d'occuper les bancs, le tribunal sige au complet, les scribes se montrent obligeants pour indiquer une place ou cder la leur, le cercle des curieux soit consi-drable, les juges attentifs; qu'au moment o se leve celui qui va parler, le cercle des curieux rdame le silence; qu'ensuite i l y ait des applaudis-sements ritrs, de nombreux cris d'admiration 3 2, A la domination et l'orgueil s'ajoute la vanit. Tacite reprend l'ide en d'autres mots. II aver-tit que si les circonstances ne sont pas des plus graves (grauissima), l'loquence devient infirme et s'effondre. Par contre, i l limite la super-be de l'orateur en soulignant que l'enthousiasme de la foule provient du fait que le peuple romain tait persuad que, par-del le crmonial, c'tait son intret qui se trouvait en jeu 3 3 .

    Parler ne suffit pas: Facte n'ouvre vers une plnitude que s'il rejoint ce que Perelman et appel un auditoire universel. Cicron dlimite ainsi le destinataire de l'art du bene dicendi: Mais quand je parle en public, c'est l'approbation du peuple queje veux. Car l'orateur qui par son langage russit, dit-il, avoir l'agrment de la multitude, il est impos-sible qu'il n'ait aussi l'agrment des connaisseurs3 4. Les priorits parais-sent claires: le peuple d'abord, 1'lite suivra. En filigrane, les effets habi-tuis du discours rhtorique se trouvent classs selon une disposition consquente: instruir (docere), sduire (delectare) et mouvoir (mover). Instruir n'importe, dans l'loquence, que si le savoir atteint les autres dimensions de l'auditeur: l'admiration (la reconnaissance) et l'motion

    3 0 Pline l'Ancien, Histoire naturelle, vn, 43, 139 3 1 Cicron, Cato Maior de Senectute, XI, 36. Un des passagcs les plus marquants conlre

    les Grecs se trouve dans le De oratore, B, 28, 75 quand Cicron parle des vieux radoteurs: detiros senes. Aussi, les rhetores dsignent. au sens pjoratif, Ies hbiles, et les oratores, au sens mlioratif, les sages.

    3 2 Cicron, Brutus, L X X X i v , 290. 3 3 Tacite, Dialogue des oraleurs, X X X i X , 2, 5. 3 4 Cicern. Brutus, X L I X , 184.

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    (les passions). Point de persuasion sans ethos et sans pathos: Cicron dans le De oratore: La majeure paitie du discours doit avoir pour but d'mouvoir 3 5. Ou encore dans le Brutus: L'effet produit est beaucoup plus grand par celui qui enflamme le juge que par celui qui Finstruit 3 6. Fnlon, dans ses Dialogues sur Veloquence, exprime la nuance faisant de l'orateur non pas un dvoy du savoir, mais celui qui s'adresse 1'homme complet dans la tradition de Yhumanitas, quitte laisser percer l'ambition dans ['intention: Je dis que le philosophe ne fait que convain-cre, et que l'orateur, outre qu'il convainc, persuade 3 7. Bref, la vrit ne convient que par le souci de l'altrit qui la recoit.

    Aussi, le contexte. Le malentendu du Tusculum porte une lecon sur le langage lui-mme. L'attitude de Crassus enseigne, par la ngative, qu'il n'y a de parole que situe. Bien avant les perces de la linguistique moderne et des theories cognitives, Cicron allguait que le discours ne se fait jamais qu' travers des contraintes dtermines. Le mot ne suit pas, pour lui, la dicte de l'tre, comme dans le Cratyle de Platn. Son pistmologie de la rhtorique est plutt fonde sur des conjonctures de parole. En clair, parler c'est s'adapter: teir compte de l'esprit du lieu, toujours insuffl par les atientes de I'auditoire. L'orateur tient son effica-cit du savoir de ce qui convient: Quoique sans la chose le mot ne soit rien, cependant la mme chose est souvent approuve ou rejete selon qu'on la prsente avec tel ou tel mot 3 8 . Alors que le langage lui-mme revt les caractristiques d'une cire tres molle 3 9 qui se drobe au ma-niement comme la maitrise de Vineptus, le dfi devient celui d'appr-cier les exigences d'une conjoncture de parole et de saisir les codes non crits. II faut mesurer le jusqu'o on peut aller, retrancher le trop et complter le trop peu, crit Cicron, pour que le discours soit conforme la sance, mieux ce qui est sant 4 0. En somme, I'art du bien dire dcoule d'une bien-sance; et c'est le convenable qui circonscrit la m-taphysique de l'orateur.

    L'atteinte au decorum est au cceur de la tension dialogique. La notion recouvre celle de convenance et sert rappeler l'idal dont le comporte-

    3 5 Cicron, De oratore, XL, 82, 337. Aussi: 27, 114-115. 3 6 Cicron, Brutus, xxu, 89. Une plaidoirie trop stoicienne ne fonctionne pas: De oratore,

    i , 53, 230. De plus, les stoiciens ont assch, scion Cicron, 1'art de parler de faon per-suasive. Oratore, 32, 113.

    3 7 Fnlon, Dialogues stir Veloquence, in CEuvres, t. 1, Paris, Gailimard, coll. La Pliade, 1983, p. 32.

    3 8 Cicron, Oratore, xxi, 72. II crit galement (cf. 71) que les auditoires ne doivent trc traits avec la mme sorte de mots ou d'des.

    3 9 Cicron, De oratore, III, 45, 177. 4 0 Cicron, Oratore, X X ! , 71, 73.

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    ment pratique doit tre inspir. Tire du verbe decet et du substantif decern (dcence), elle renvoie la beaut morale, de mme qu' Vhonestum. Le De officiis Fassocie un usage prudent de la parole41. Elle transcende et s'impose travers toute la varit infinie des contextes. Loin de se rabattre sur la technicit d'une rgle de protocole, le decorum, pour un Romain, est substance autant que forme. Contrari, Forateur du Tusculum ne voit pas Ia substance dans la forme. Pourquoi parier si la libert, la question la plus grave que Fon ait traiter42, n'est pas en jeu? Or, le decorum constitue le seul lieu possible o la libertas rencontre la uirtus. Car Fart oratoire reside tout entier dans une fonction salvatrice: son horizon d'exercice consiste maintenir les valeurs rpublicaines, les dfendre lorsqu'elles basculent du ct de la tyrannic Cicron recourt, de toute vidence, un argument des sophistes: Callicls, dans le Grgias, soutient que Floquence sauve43. Cependant, celle-ci n'est plus un effet de langage, mais un devoir (offi-cium) li aux exigences de la citoyennet exemplaire qui doit tre le fait de Forateur. Et Ies Tusculanae disputationes noncent que la plnitude de Fame tient un devoir pleinement accompli44.

    Piaton, au dbut de sa Republique, disait qu'il faut savoir lire les petites lettres dans les grosses lettres4 5. Aristote, dans sa Rhtorique, signalait que les lois non crites l'emportent sur les lois crites 4 6. Cicron insiste son tour sur le rle dvolu Fenvironnement de la parole avec la notion de decorum. Or, celle-ci est clairement place sous la dpendance du stoi'cisme et de sa loi d'airain. Elle permet d'exrjrimer cette harmonie entre ratio et oratio, entre volont et contingence. A ce titre, deux corol-laires ressortent de Fquation: la relativit de toute conjoncture de parole et le caractre pratique de son application. Certes, si le souci du con-venable (decere) marque la prcellence de Forateur la diffrence du rhteur, c'est parce que le savoir dont i l procde ne peut pas tre appris et maitris une fois pour toutes. Erasme s'insurgeait, dans son Cicero-nianus, de voir les prdicateurs de son temps n'aspirer qu' devenir une copie conforme de Forateur romain sans teir compte de la situation: Allons-nous, alors que nous sommes chrtiens, parier des chrtiens comme le pa'ien Cicron parlait des pa'iens?47. Ainsi, la relativit ap-

    4 1 Ciceron, De officiis, i , xxvn, 94. 42 Ciceron, De oratore, I , 40, 183, 4 3 Piaton, Gorgias, 511 b et c. 4 4 Ciciron, Tusculanae disputationes, XXIII, 54-55. Cetle preoccupation est egalcmenl

    transversale au De officiis. Piaton, Republique, I I , 368 d-369 a. 46 Aristote, Rhetorique, 1375 a, 15-17 4 7 Erasme, Dialogus ciceronianus, in Erasme, Paris, Robert Laffont, coli. Bouquins,

    1992, p. 433.

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    parat comme une sorte de thorme dans Part de Peloquence, mme si son interprtation reste lie une rfrence la nature, cet universel con-cret et intangible. Quant la dimension pratique, rien qui ne puisse lui cder: Toute la qualit en effet de la vertu rside dans Faction 4 8, stipule le De ojficiis. Et Faction ou trepasse tous les prceptes de la philosophic Ainsi, Porateur dont parle Cicron s'illustre la fois comme visionnaire du probabilisme (il travaille sur Fopinion vraisemblable) et comme vir-tuose du cas d'espce (il s'adapte Finfini). Voil deux dimensions qui font de lui un champion de la casuistique dont procde au demeurant tout le sto'icisme. Enfin, le message. Quand la parole est tourne vers elle--mme, de quoi parle-t-elle au juste? L'acte performatif qui s'ensuit con-fine alors Fesprit de systme. On reconnat celui-ci Fesprance d'enfermer Floquence dans des rgies. II n'est point de connaissance qu'on puisse rduire en systme, lorsqu'on se borne savoir le detail de sa matire 4 9. Toute Fimportance de Cicron se trouve dans ce combat contre les maitres de la scolastique et leur propensin laisser croire que des formules bien enseignes mnent une loquence bien dveloppe. Or, la tentative de codifier les procds de la parole constitue, dit-il, une injure Fintgrit du rel: le langage n'est jamais susceptible d'une dclinaison en techniques dont l'application machinale assurerait, qui dtient un tel savoir, une clairvoyance du signifi. L'orateur est plutt celui qui nonce un message fort dans lequel rgne non pas Falignement des mots, mais Fengagement d'une pense. II suffit de Fcouter la tri-bune ou au snat, prescrit Cicron, et vous distinguerez bientt s'il s'est born Fentranement mcanique de la dclamation d'coe ou s'il est venu Floquence avec le solide bagage d'une vaste culture gnrale 5 0. De l procde le vritable dfi de la pratique du bene dicendi: Fducation.

    L'loquence ne s'accomplit jamais autant que lorsqu'elle parvient se faire oublier. Pascal reprend Cicron sans rien y ajouter: La vraie loquence se moque de Floquence 5 1. A Rome, moins Forateur ne laisse voir son art, plus i l est cout; plus i l montre qu'il ne doit rien la Grce, plus on le croit 5 2. Bref, la persuasion dissimule moins par tromperie que pour faire jour des dimensions plus fondamentales: la rgle demeure Parrire-plan pour que prdominent Fducation et la culture. Le raison-nement de Cicron est fond sur une dploration: que les matres de Floquence rduisent leur enseignement la matrialit d'un savoir-faire.

    4 8 Cicron, De offics, i , VI, 19. 4 9 Cicron, De oraore, i , 41, 186. 5 0 Cicron, De oratore, i, 16, 72; aussi: 12, 50; 5, 19. 5 1 Blaise Pascal, Penses, 24, in QSuvres completes. Paris, Galllimard, 1954, p. 1094. 5 2 Cicron, De oratore, u, xxxv, 153.

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    Crassus est forc au Tusculum de dvoiler son jeu: c'est l'piphanie des ruses du diable! Montaigne se flicitait, dans ce mme esprit, que son fils ne frquentt point les escholes de la parlerie 5 3.

    L'insistance des oratorii libri sur le contenu du message reste d'une formidable actualit. En effet, de nos jours, le procduralisme a introduit dans l'espace public une espce de tyrannie du fonctionnel o ne compte la fin que l'observance des regles. II tend supplanter le discours philo-sophique et rduire ad minima les exigences de l'engagement rpubli-cain au nom de Fefficacit pratique que garantirait la prpondrance des formes. II couronne le triomphe dcisif du signe sur le sens: la dclinai-son sans fin de l'un dans 1'immanence de son dploiement et 1'indiffe-rence vis--vis de 1'autre avec la croyance d'assurer fquit dans la plu-ralit des cultures. Merleau-Ponty crit: On a bien raison de condamner le formalisme, mais on oublie d'habitude que son tort n'est pas d'estimer trop la forme, mais de l'estimer si peu qu'il la dtache du sens 5 4. Le dtachement du sens, c'est l'esprit de systme o prvaut une circularit rfrentielle et, par ricochet, une parole prise au pige de ses propres filets. L'effort de Cicron n'aura-t-il pas t d'enseigner, la diffrence de Quintilien, que Part oratoire reprsente plus qu'une clispositio (procdure) et qu'il participe pleinement de Vinventio (le sens lui--mme). Uartificium (les regles) doit le cder Vingenium (le gnie) dans floquence, la crativit plutt qu' ['imitation. Rappeler cette pdagogie n'est certes pas inutile, car elle seule permet d'apercevoir la porte profonde de la rhtorique en voquant son antipode: le bavardage, l'indiffrence au concret, bref cette prolifration des signes dtachs de tout rfrent prcis!

    Bavardage et rhtorique: une antinomic fondamentale

    A Athnes, le dfi est de faire taire l'orateur; Rome, de le faire par-ler. L'espace priv favorise le dbat d'un ct; dans fautre, il l'entrave. De toute vidence, l'arbre palabre ne couvre pas de son ombre une re-prise fidentque d'une culture par une autre. De Platn Cicron, seul un regard superficie! escamote les diffrences. Or, la mise en scene offre une clef de lecture, disions-nous dj. Pour ('interpretation de Cicron certes, mais aussi pour prendre la mesure de ce qui le distingue du philo-sophe grec. L'Arpinate emprunte tout55, mais n'imite pas tant qu'on le

    5 3 Michel ele Montaigne, op.cit., p. 905. 5 4 Maurice Merleau-Ponty, Signes, Paris, Gallimard, I960, p. 96. 5 5 Pierre Grimal, saluant l'effort immense de Cicron, finit par lui refuser, dans la

    mme phrase, toute originalitc philosophique, puisqu'il ne fit que reprendre ce que les philosophes d'ccole avaient elabor et continuaient de rpeter inlassablement, avec de

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    crfit. Que ce soil au Pire ou au Tusculum, la figure principale du rcit occupe, dans chaqu cas, une fonction irreductible. Platn propose un So-crate qui, par son hum.ilit feinte ou fausse, se place de facto en priphrie du point central de l'intrt. Se situant lui-mme dans la position de 1'ignorant, il interroge. II habite le lieu de l'tonnement: celui des ques-tions. Bref, c'est un Persan Paris! Le doute est son meilleur alli et jamais un discours final n'arrive le dissoudre compltement: On reprenda tout cela demain, semblent suggrer, chaqu fois, les protagonistes puiss.

    O tmpora, o mores: le maitre, Rome, s'instale au centre, comme la mtropole dans 1'empire. Et c'est la mdiocrit qui s'adresse la gloire en postulant l'insignifiance, l'intrt marginal de la question sur la rpon-se attendue. Le disciple interroge, le savant rpond. Les ignorants auto-proclams, les Sulpicius et les Cotta, ne parlent que pour reconnatre la supriorit de celui qui s'apprte dissoudre les nigmes. Le maitre anti-cipe, chaqu dtour, la cessation souhaite de son tour de parole, com-me pour se dlester d'un fardeau qui lui pese. On ne va surtout pas re-prendre cela plus tard, insinu avec insistance Crassus au dbut du second entretien; i l repousse la curiosit de ceux qui voudraient approfondir la question. Pire, i l regrette de ne pas avoir amen un Grec de service pour lui passer le reais dans la conversation entre bavards56. Si le dialogue, en sa forme mme, ressortit une stratgie d'humanisation de la dispute, i l reste marqu ni par la vivacit ni par la fluidit des changes, mais plutt par les implications pratiques d'un apprentissage.

    Le savoir, cependant, ne voyage pas d'un point A vers un point B sans qu'il y ait des enrich i ssements rciproques, des assouplissements significatifs. Cicron choisit un scnario o floquence prend, en pre-miere approximation, un tonalit impriale, une teinte pompeuse qui laisse entrevoir l'humeur, sinon l'impatiente supriorit d'un optimate devant des populares. Projection autobiographique ou artifice propre la fiction, Sainte-Beuve pousse le rapprochement jusqu' dire de lui, dans ses Causeries, qu'il fut le seul gnie que le peuple romain ait eu de vraiment gal son empire 5 7. Mais, l'inverse de la trajectoire uni-latrale du sens dans l'empire - de la mtropole vers les colonies, en l'espce du savant vers les ignorants - , le canevas des dialogues fait montre d'une relle ouverture de la position de chacun Pargument de l'autre, de telle sorte des nuances surgissent, des amendements se prpa-

    temps en temps quelque variante. Op.cit., p. 444. Ernest Renan nonait le m me jtigement sur Cicron: Histoire des origines du christianisme, t. I , Paris, Editions Robert Laffont, coll Bouquins, 1995, p. 472.

    5 6 Cicron, De oratore, I , 22, 104. 5 7 Charles Augustin Sainte-Beuve, Pline le naturaliste, 22 avril 1850, in Causeries du

    lundi, t. D, Paris, Gamier Frres, 1926-1947, p. 55.

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    rent, des concessions surviennent comme pour rappeler la fin le primat de la discussion, voire de la persuasion en toute chose58. Crassus et Antoine reconnaissent la lgitimit du point de vue de 1'autre et redploient tour de role leur dmonstration pour attnuer la rigueur de la controverse et pour circonscrire le bnfice direct que chacun retire de fchange.

    En fait, la structure mme du De oratore enchsse le statut de 1'argumentation dans une mthode qui volue sans cesse gale distance de la certitude hautaine et du relativisme. Mme si la servilit des disci-ples contribue hisser Crassus sur un pidestal - Cotta se compare un enfant et dclare sa honte devant un personnage aussi eminent39 - , les interlocuteurs suivent une procdure d'enqute non dogmatique et marque par l'intriorisation du principe de contradiction. Rempart contre les assurances trompeuses sur une vrit dernire, l'orateur vritable, souligne Cicron, est celui qui. sur chaqu point, se montre capable de soutenir le pour et le contre et, par ricochet, de fragiliser tout raison-nement linaire 6 0. II reconnat, dans les Tusculanae disputationes, em-ployer la manire socratique pour dcouvrir le vraisemblable; certes, n'pouse-t-il l'avis contraire que dans I'intention de forcer une claircie dans la conversation et de produire une reprsentation du probable61. Ainsi, i l n'en manera jamais une certitude de nature mtaphysique.

    Ce modele de prise en compte des opposs dans un dbat correspond la dialectique et 1'insertion de celle-ci au cceur mme de la rhtorique vise signifier que 1'horizon de toute argumentation reste marqu par une pluralit de choix possibles, par des entendements alternatifs en toutes situations. Et c'est en cela prcisment que le statut de la rhtorique cicronienne dpend d'abord et avant tout d'une formidable capacit de dcentrement de soi et d'adaptation aux valeurs de l'autre. Or, sortir de soi pour prendre la posture de Y advocatus diaboli et pour plaider tour tour les diffrentes theses, y compris celle que commande le jugement, c'est le secret de la mthode d'Antoine: Je plaide la cause de la partie adverse, afn de le [il parle de son client] forcer plaider la sienne et mettre au jour toutes les rflexions que son cas lui suggre. Aprs qu'il m'a quitt, je remplis moi seul trois roles diffrents et, avec la plus complete impartialit, je prends successivement la place du dfenseur, de

    5 S Michael Mcndelson, Everything Must Be Argued: Rhetorical Theory and Pedagogical Practice in Cicero's De oratore* in Journal of Education, Volume 179, Number I , 1997, pp. 15-47. Par exemple, voir les concessions de Crassus a Scievola: De oratore, 1, 12,54; 13, 55; 13, 56.

    59 De oratore, I , 35, 163. 6 0 De oratore, in, 21, 80. Voir aussi le De officiis, n, 2, 8. 61 Tusculanae disputationes, l , 4, 8.

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    l'adversaire et du juge 6 2 . Le De oratore empoite cet gard deux impli-cations: d'abord, la capacit de parler in utramque partem (des deux cots) constitue un moment sophistique, le locuteur tant, au moins vir-tuellement, disponible pour prendre n'importe quel point de vue dans le dbat; ensuite, le dnouement de celui-ci, s'il s'carte de toute vrit fina-le, est relgu une chelle humaine. L'ombre de Protagoras plane pour dire que l'homme est la mesure de toute chose.

    Par contre, si le procd dialogique du De oratore repose sur la transversalit du contradictoire, sur un dveloppement o le principe d'opposition devient le signe annonciateur d'une clairvoyance, il ne se sold jamais par I'impuissance ni par la suspension du jugement. Le scep-ticisme n'est qu'un pisode intermdiaire. Loin de tout relativisme, Cic-ron se dmarque de l'attitude sophistique en ce qu'il y a dpassement de l'change immdiat par la recherche de principes communs. Ainsi, il laisse entrevoir un dbouch post-sophistique qui n'a rien voir avec une pistmologie antifondationnelle. Ni certitude ni dissolution quant aux rfrences dont le langage doit demeurer le serviteur: Crassus vite l'un et l'autre de ees extremes et i l prouve, malgr les soubresauts de son humeur, que son diffrend, notamment avec Antoine, est surpass par un esprit de coopration qui djoue la superficialit de I'affrontement: Pour moi, cdant vos dsirs, j ' a i voulu vous indiquer les sources o i l vous faut puiser, les chemins qu'il vous faut suivre; mais je n'ai nullement prtendu vous guider en personne jusqu'au but: entreprise infinie et d'ailleurs surperflue. Je me suis content de vous mettre sur la voie et, comme des voyageurs, de vous montrer du dogt la direction des sour-ces 6 3. L'humilit et la rserve de l'orateur enseignent ici que l'amna-gement d'un logos partag exige une relle association et mme une ca-pacit de compromis en droite ligne avec l'humanisme.

    Polybe aide comprendre ce qui allait devenir, un sicle aprs lui, la spcificit du moment cicronien dans la conception de la rhtorique. Certes, i l reproche aux Grecs de l'avoir circonscrite un art de la contra-verse (Pristique) o l'attention est porte la technicit du pour et du contre. II appelle paradoxe cette stratgie d'argumentation qui re-fleurira au Moyen-ge sous le nom de disputatio. Or, un tel procd est le fait d'arme des hbiles (rhetores) qui finissent par oublier jusqu' la ncessit de poser le dfi des questions morales64. Uart aux Grecs, Ies

    6 2 De oratore, n. 14, 102. 63 De oratore, I, 46, 203. 6 4 Polybe, Histoire, xn, 26 c. Le raisonnement de Polybe n'est pas tout fait juste. I I

    dcrit bien, certes, le Grgias, mais certainement pas le Phdre o 1'change conduit l'admission d'une collusion au moins latente, sinon explicite entre Ia parole et 1'lvation vers la beaut morale.

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    mceurs aux Romains: Polybe laisse entendre que 1'esprit de combat devrait tre supplant par 1'tablissement de convergences langagires, Part oratoire, aprs tout, devant ses lettres de noblesse la propensin faonner du sens commun dans le but d'difier la cit.

    La dialectique porte done la rhtorique; mais e'est la philosophie qui la transporte au-del d'elle-mme pour faire voir le principe en toute cho-se. Un des temps forts du De oratore survient quand Crassus reproche Socrate d'avoir divis la forme et le fond, la parole et l'esprit, l'art du bien dire et l'exigence du bien penser: Avant lui, ceux qui traitaient, discutaient, enseignaient ce dont nous nous oceupons aujourd'hui, (...) s'appeaient tous du mme nom, parce que la connaissance et la pratique des notions les plus releves n'avaient aussi qu'un nom, la philosophie. Ce fut lui qui leur enleva ce nom, jusque-I port en commun, et qui. pai-sa dialectique, spara deux choses, lies au fond Tune l'autre, la science de bien penser et celle d'crire dans un style brillant. C'est d'alors que date cette sparation si importante, je dirais volontiers entre la langue et le cceur, sparation vraiment choquante, inutile, condamnable, qui imposa deux maitres diffrents pour bien vivre et bien dir 6 5. La capacit de relier la contingence une transcendane, de pratiquer un usage rfren-tialiste du langage signe, chez Cicern, la vocation de la parole dans l'espace public. Elle constitue le fondement de l'ordre civil, le critre anthropologique de l'humanisation qui permet de batir une civilisation, de surmonter la dispersion, bref de faire habiter la diversit en un lieu commun66.

    Aussi, les artifices du dialogue n'offrent-ils qu'une faade dont la didactique commande chaqu tournant une coniprhension au second degr, l'instar du monde des apparences chez Platn. Et toute la ruse du De oratore consiste exposer un problme en le thtralisant. Elle vite la dduction syllogistique et la dmonstration thortique que pour mieux illustrer le propos en le vivant par une mise en acte qui rappelle, au pas-sage, le primal romain de la uita actiua sur Yotium. II s'agit de jouer un rle dans une atmosphre tragique o se dtermine la pdagogie d'une lecture inverse. Ce renversement, dont la figure classique est le pritro-pe, Crassus le pratique souhait en voulant dire tous moments: Voyez, la rhtorique, ce n'est pas cela. Plus il s'exaspre autour du platane, plus le tmoignage devient puissant. Plus la sance confine au bavardage, plus la rhtorique est place en hauteur. A travers ce personnage central, c'est dans le soin que Cicron prend ne pas dire qu'il affirme le plus. Procd tout fait coherent, d'ailleurs, avec la primaut du contradictoire et con-si stant proposer ce qu'il faut appeler une explication vcue.

    65 De oratore, I I I . 16, 60-61. Antoine soutient le contraire: De oratore, I , 54, 233. ft De oratore, I , 8, 32-33. Aussi; De republica, I , 7, 12.

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    Rien n'aide mieux que le bavardage apercevoir a contrario ce que la rhtorique prsuppose. Or, bavarder, c'est teir une parole spare qui ne montre rien au-dela d'elle-mme; user du langage pour ne laisser surgir aucun signifi, le faire revenir lui-mme inlassablement comme un boomerang, de manire ce que les signes ne parlent jamais que des signes dans l'indiffrence totale au concret; c'est l'enfermer par le fait mme dans une modalit circulaire qu'illustre, du reste, la disposition des interlocuteurs sous le platane. Certes, la menace est celle d'une parole sans hauteur qu'aucun fondement ne soutient. Les mots s'y multiplient en proportion de eur dsengagement vis--vis de tout rfrent. Une prolif-ration sans piphanie o l'acte de parier conduit l'impossibilit de crer une correspondance entre le verbe et le monde.

    La transcendance des signes de la communication est le levain secret de l'art oratoire. Nulle autre voie ne tient, selon Cicron, pour qui tente de prendre la mesure de reloquence. Les picuriens n'y comprennent rien, puisqu'ils mprisent l'engagement politique et la uita actiua; les stoi'ciens ne valorisent que l'nonc sec et enferr dans la rationalit des paradoxes; le spcialiste d'cole limite son discernement en essayant de saisir la parole aile (Homre) en dehors de son vritable champ d'application: le forum. Les rhetores latini ne percoivent gure que le bien dire produit un agrandissement du monde qui, par-del les circons-tances contingentes, ouvre sur l'universalit d'un principe. L'antinomie entre bavardage et rhtorique se dcline done sur le fond d'un contraste irreductible. Elle dpartage des attitudes thiques davantage que de sim-ples mthodes. D'un cot, l'autonomie du langage, rabsence d'une emprise sur les choses, le repli vers la condition paisible de spectateur du monde (uita contemplatiu) font du bavard un locuteur omnipuissant. I I a des rponses sur tout, parce qu'il ne reprsente rien. I I ne dpend de personne, parce que son discours est autorfrentiel, fictif, arbitraire et, pour cette raison, dangereux pour l'esprit de la rpublique. D'un autre cot, l'orateur est celui qui a besoin de l'autre, de son approbation pour faire advenir le probabile, la vraisemblance par un compromis ngoci en vue du maximum d'effets sur le bien public 6 7 . I I opere, certes, en de$a de la vrit, Cicron lui rservant la pleine conscience de sa fragilit, de ses limitations cognitives, de son enracinement dans les modulations chan-geantes de l'histoire. Bref, un anti-Platon.

    Le De ojficiis pose une partition lexicale qu'il faut mettre en parall-

    6 7 Le probable est en lui-mme une limite impose la connaissance de l'orateur. II s'insre dans ce que Cicron appelle le devoir moyen qu'il faut diffrencier du de-voir parfait. De officiis, I, 3, 8; De finibus, m, 58-59. Aussi: Clara Auvray-Assayas Cicron, Paris, Les Belles Lettres, 2006. Sa lecture de Pceuvre de Cicron est cons-truite autour de la notion de probabile.

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    le avec Fantinomie entre bavardage et rhtorique. II diffrencie deux types de discours: la parole de la conversation (sermo) et la parole de Floquence (contentio); Fue convient la rencontre informell des amis, Fautre sied plutt aux tribunaux, au snat, au forum68. On sait que Socrate excellait dans la conversation: i l en fit le chantier, mieux le mo-dus operandi de la philosophic Par contre, en spcifiant deux cadres distincts pour fixer Fexercice de la parole, Cicron entendait batir la per-ception de la convenance non seulement selon le contexte, mais aussi selon le genre. Or, dans le sermo, i l est ncessaire, disait-il, de faire preu-ve de modration, de se rendre compte d'abord de quoi Fon parle et d'viter la prsence de quelque dfaut de caractre 6 9. Les risques y sont, nanmoins, des potentialits relles dans la mesure o s'y retrouve un petit groupe d'interlocuteurs qui dialoguent visire ferme. Car, n'est-ce pas dans le cnacle de Fchange priv que se produit le plus souvent le mole dicere dont i l rcense les variantes: dnigrement, mdi-sance, injure contre les absents et, en gnral, la banalit (idle talk)10! Quand Crassus dit: ce genre d'entretien m'a toujours dplu 7 1, c'est bien le sermo qu'il met en cause. Et son tour, quand i l se fait servir la fanfa-ronnade de Scaevola titre de rplique, Faccusation qu'il encaisse passe, au comble de sa virulence, par le dsaveu de la conjoncture de parole elle-mme. En clair, le cadre inhibe Faccs au contenu: II faut que nous soyons ici sur tes terres, o tu rgnes, pour que j'aie support pareille prtention. Puis, 1'offensive se poursuit en notifiant qu'un autre genre d'change verbal (la contentio) et permis de rvler le contenu, de rta-blir la transparence propre Pespace public, d'viter de dire n'importe quoi. I I renchrit en exaltant sans retenue les procds du forum: Au-trement je soufflerais une foule d'opposants les formules ncessaires, qui leur permettraient de te combattre, arms de Fordonnance du prteur, ou de t'assigner hors du tribunal au lieu contest... 7 2 . Bref, la conversa-tion tourne vide et se mu en bavardage quand elle excede sa limite, quand ce dont elle parle exige une mise en ceuvre au grand jour et une pleine reconnaissance par le controle de la multitude.

    Le bavardage dfinit une forme dgrade de la conversation. Mon-taigne le vilipendait et s'alarmait que Fon puisse eslever les mots et deprimer le sens 7 3 . On dprime le sens quand apparait, au coeur de la

    6 8 Deofficiis, I, 37,132. 69 De officiis, i, 37, 134. 70 Idem. 71 De oratore, I, 22, 99. 7 2 De oratore, l, 10, 41. 7 3 Michel de Montaigne, Essais, t. I, Paris, ditions Gallimard, coll. La Pliade, 1962,

    p. 245.

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    conjoncture de parole, une dissonance cognitive dans ia correlation entre le locuteur, l'auditoire, le decorum et le message. Or, i l y a dans cette dynamique un bris du lien social, au minimum une accentuation de la difficult a difier des principes partags et habiter un horizon com-mun. Mais la mise en scene de Cicron ne signifie pas que le sermo soit condamnable. Elle dvoile plutt les dangers de la manipulation dont le langage devient l'occurrence sous le mode d'une antirhtorique lorsqu'il se replie sur lui-mme et cede I'esprit de systme. Mieux encore, elle dmontre que plus la parole se rduit au formalisme de son efficacit, plus la capacit dpister les impostures de son usage diminue. Les appels respectifs de Crassus et de Scasvola rsonnent comme des incitations prserver les mcanismes de la persuasion publique afin de dbusquer les aveuglements et d'largir sans cesse Ies champs d'application possi-bles de la discussion.

    A l'heure o les dmocraties rsolvent Ies conflits en standardisant les structures de la parole afin de contoumer les dbats, en rabattant les relations sociales sur le recours des procdures dont la fonction consiste faire taire par anticipation toute controverse, ne faut-il plus s'tonner de constater l'vidence du lien causal entre la perte de sens et le rtrcisse-ment de la place accorde l'change verbal? Ainsi pointe, de facn lente mais dcisive, un monde o fhomme n'est plus plac devant son pro-chain, mais devant des choses. La tendance actuelle vouloir tout objec-tiver pourrait bien tre l'indice le plus sr d'un amoindrissement de la libert, parce qu'ee dpossde l'individu de son plus prcieux outil pour l'exercer: la parole. La discipline impose par ees processus de rification sociale a pour rsultat d'affaiblir la capacit critique, de neutraliser peu peu les rflexes de dfense devant Ies pratiques de manipulation et, plus grave encore, de distraire toute tentative de reflexion sur les finalits de la vie en commun. La persuasion glisse et migre vers le rgne des moyens: techniques, procdures, normes et lois inspirent dsormais des automa-tismes et de moins en moins cet effort de tous et chacun pour batir en-semble la concordia. Elle est dploye de facn rduire, voire limi-ner les obstacles son efficacit et non pas ouvrir le champ des options possibles qui rendraient l'argumentation ncessaire. Peut-il en ressortir une dmocratie de l'indiffrence quand la vocation de l'loquence s'arrte mesure que s'installent l'abstraction du locuteur et la passivit rsolue de l'auditoire? Le constat que Cicron fit en 54 peut servir de dcalque pour notre temps: Ce sont nos fautes, non le hasard qui font que, si nous avons encore le mot rpublique, nous n'avons depuis quelque temps dj plus la chose 7 4. Un prjug tenace a, depuis lors, rendu

    7 4 De repblica, V , 1, 2.

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    l'loquence suspecte, parce que la transcendance qui la fonde, l'esprit d'excellence que l'on y rattache serait le signe distinctif de l'aristocratie75.

    Mais la rhtorique tmoigne plutt d'une extreme attention l'autre. Telle se rvle la signification du De oratore dont la trame repose sur la confiance de Cicron en la discussion raisonne, sur la capacit rsolutoi-re de l'change verbal la condition qu'il demeure ouvert et transparent. L'ceuvre entire postule un interlocuteur de bonne volont sur 1'approbation duquel i l est sage de miser pour ngocier sans relche un univers de sens o s'incarne le destin de la cit. Toutefois, l'exercice de la parole publique recele maints prils et qui davantage que 1'Arpinate en paya plus cher le prix pour en avoir aussi longtemps savour la volupt? Avec une conscience de la prcarit ontologique de la vie en commun, i l sut mieux que quiconque rappeler que la libert par la parole publique reste Finsigne grandeur du mtier d'homme 7 6 .

    RESUME

    Pourquoi revenir Cicron encore une fois? Peut-tre, la vrit, pour comprendre, travers lui, ce qui manque notre temps pour qu'une grande rhtorique montre la voie comme chez les Anciens et pour tirer de ce rapprochement un moment d'interpellation. De nos jours, c'est le dclin de l'ide d'excellence dans I'espace public, de responsabilit dans l'exercice de la libert et d'une universalit dans la parole publique qui rend le retour Cicron utile, sinon ncessaire. Une relecture des oratorii libri permet de faire surgir un tableau contrast dans lequel apparaissent les enjeux de la grande sophistique de l'heure. Invasion des signes et rtrcissement du sens, prolifratlon de l'thique et eclipse de la morale, bref la rhtorique, pourtant omniprsente (cf. la publicit), ne transporte plus rien au-del d'elle-mme. Le prsent essai montre que, de cette impasse, Cicron en fut conscient: la forme mme des dialogues du De oratore en porte le tmoignage en rvlant la rhtorique comme l'antinomie du bavardage, dans la mesure o la vritable loquence porte toujours, en dernire analyse, sur une recherche du consensus universorum.

    7 5 George Steiner, Dans le chateau de Barbe-Bleue. Notes pour une redefinition de la culture, Paris, Gallimard, coli. Folio, 1973, p. 127.

    7 6 De republica, vi, 15, 15. Notons que l'expression latine munus humanuni est traduite, selon ies editions, tantt par mutier d'homme, tantt par mission de l'homme.

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    RESUMO

    RETRICA E TRANSCENDNCIA DA PALAVRA PBLICA: A ACTUALIDADE DO DE ORATORE

    Porqu voltar uma vez mais a Ccero? Talvez para compreender atravs dele o que falta ao nosso tempo: uma grande retrica que indique, como nos Antigos, o caminho, e para retirar dessa aproximao um momento de interpelao. Nos nos-sos dias, o declnio da ideia de excelncia no espao pblico, de responsabilidade no exerccio da liberdade e de universalidade na palavra pblica tornam o retorno a Ccero til, se no mesmo necessrio. Uma releitura dos oratorii libri permite evidenciar um quadro contrastado em que aparecem os desafios da grande sofstica do momento. Invaso dos signos e encolhimento do sentido, proliferao da tica e eclipse da moral, em suma, a retrica, embora omnipresente (veja-se a publici-dade), no transporta mais nada para alm dela mesma.

    O presente estudo mostra que Ccero teve conscincia deste impasse: a pr-pria forma dos dilogos do De oratore testemunho da retrica como antinomia do palavreado, sendo que a verdadeira eloquncia incide sempre, em ltima an-lise, numa busca do consensus universorum.

  • D A GUERRA E PAZ COMO QUESTO FILOSFICA (ROUSSEAU, K A N T , H E G E L )

    Joo Lopes Alves Jurista, Lisboa

    1, A Guerra segundo Rousseau

    Pode surpreender que, apesar do papel nuclear no pensamento polti-co moderno desempenhado por Jean-Jacques Rousseau, as reflexes do "Newton do mundo moral" (Kant) sobre o fenmeno da guerra no tenham alcanado (e, de meu conhecimento, continuam a no alcanar) o lugar que mereceriam na imponente massa de literatura secundria susci-tada pela sua obra.

    A insuficincia impressiona de facto, mas no supe nada de muito misterioso. Penso que contribuiu em decisiva medida para algum efeito de alheamento do comentarismo, apesar de tudo relativo,1 que o trabalho de exegese e crtica fosse fortssimamente atrado pelo fulgor do "petit trait", como o adjectivou Rousseau, publicado em 1762 sob o ttulo "Du Contract Social, ou Prncipes du Droit Politique" (Rousseau, 1964). Ora, esta obra de intensidade literria e terica verdadeiramente nica, tendo a crdito uma influncia avassaladora, incidiu principalmen-te no "direito estatal interno", se quisermos recorrer a uma epgrafe hege-liana (Hegel, 1974: 260 ss.; no caso de Hegel cito com referncia aos pargrafos que dividem o texto) por contra-posio juricidade "externa" que, grosso modo, corresponderia ao direi-to das gentes (ou, em linguagem de hoje, de focagem mais especializada, Direito Internacional Pblico), onde so cruciais as questes de guerra e

    1 Refiro, com viva recomendao de leitura, os estudos de Stelling-Michaud, sobre os crits sur 1'Abb de Saint-Pierre, em J.-J.Rousseau, 1964, Vol. I l l , pp. CXX-CLVIII; Hoffmann, 'Rousseau, la guerre et la paix', 1965; Truyol Y Serra, 'La guerra y la paz en Rousseau y Kant', 1979, pp. 47-62; Hassner, 'Rousseau and the Theory and Practice of International Relations', 1997, pp. 200-19; Morgado, 'Rousseau e o Projecto de Paz Perptua' (2006) 153-73.

    Philosophien, 30, Lisboa, 2007, pp. 27-60

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    de paz. Acresce que o filsofo genebrino renunciou intencionalmente a tratar do relacionamento inter-Estados que coroaria o universo poltico. Como se sabe e o prprio Rousseau destacou, o CS seria, no propsito originrio do autor, to-s a primeira parte de um tratado muito mais amplo no seu objecto, a que pensava dar o ttulo de "Institutions Politi-ques"2. Todavia, o projecto gorou-se, por razes cujo sentido geral comentado na concluso do CS:

    'Aps estabelecer os verdadeiros princpios do direito poltico e empreender a fundao do Estado sobre a respectiva base, estaria apoi-lo mediante as suas relaes externas, o que abrangeria o direito das gentes, o comrcio, o direito da guerra e as conquistas, o direito pblico, as ligas, as negociaes, os tratados, etc. Tudo isto porm forma um novo objecto demasiado vasto para a minha curta vista; sempre deveria fix-lo mais perto de mim" (Rous-seau, 1964, Oeuvres Completes , DI, p. 470).

    A ablao da matria internacional que prolongaria o CS no obstou a que o tema da guerra comparecesse em ordem dispersa por vrios luga-res da obra rousseauniana: no Discurso sobre as causas da desigualdade entre os homens (Rousseau 1964: OC, I I I , pp. 178-9), no artigo Economie Politique da Enciclopdia de Diderot e d'Alembert (Idem, 268-9), em trechos do prprio CS e de o Emlio (Idem, pp. 357-8 e Rousseau, 1969, OC, IV, 848-9), naturalmente no Extracto e no Julgamento sobre o Pro-jecto de Paz Perptua do Abade de Saint Pierre (Rousseau, 1964, OC, I I I , pp. 563-616) e, associados aos escritos sobre o famoso Projecto do Abade, nalguns fragmentos respeitantes guerra e ao "estado de guerra" (situao segundo Rousseau distinta da de guerra, como adiante comenta-rei; Idem, pp. 1899-1904). No seu conjunto, estes textos no s desenham ideias que contribuem para iluminar o significado da guerra como se con-jugam com as noes da clebre mansuetude do "estado de natureza" rousseauniano e da sua transio para um "estado social", esse sim neces-sariamente belicoso. Neste particular, Rousseau pensa a guerra a partir de uma crtica radical do que ele chama o "horrvel sistema de Hobbes" e a "absurda doutrina" do filsofo ingls. (Idem, p. 610)

    Sabe-se como Hobbes, precisamente nos antpodas daquilo que Rousseau pensar, concebe que a guerra (talvez melhor dito, neste con-texto, relaes de violncia) consubstancial ao estado de natureza dos humanos, visto sob a imagem de "guerra de todos contra todos", com os corolrios do medo constante de morte violenta (the Fear of Violent

    2 As referncias de Rousseau ao projecto gorado das Institutions Politiques encontram-se esparsas por lugares da sua obra alm do CS, nomeadamente nas Confessions, OC, I , p. 404.

  • Da guerra e paz como questo filosfica 29

    Death) que a proximidade do outro significa por natureza, a suspenso de quaisquer termos de convivialidade satisfatria e o inerente bloqueio das potencialidades de inventiva industriosa e artstica, de conhecimento racional das coisas, de circulao das pessoas, dos bens e das ideias. Nes-te cenrio descorooante, Hobbes pode concluir incisivamente que a vida em estado de natureza "solitria, pobre, srdida, selvagem e curta". (Hobbes, 1995, p. 111). Ter sido justamente para sair do 'tale of horror' do seu estado "natural", que o homem se auto-inflingiu o "artifcio" do poder irrestrito (mas no arbitrrio) do Leviat como um dispositivo de preveno e represso das pulses da liberdade natural. Ao conjecturar que so partes contratantes do hipottico pacto inter-individual de consti-tuio do Leviat os homens em relao de vizinhana, logo sob ameaa permanente de se trucidarem uns aos outros, Hobbes, como sabido, avana a ideia de que, pelo pacto assim ficcionado, delegam de jure, num dado homem ou numa assembleia (oligrquica ou democrtica), "o poder soberano ilimitado de os representar a todos eles, legislando, governando, julgando e policiando, a fim de se assegurar, pela fora da espada se necessrio, que os contratantes vivam em paz uns com os outros e este-jam protegidos dos restantes homens" (Alves, 2005, p. 127). Deste modo, reprime-se a violncia da guerra "natural", desregrada e generalizada, por recurso conteno coerciva da paz civil que o Estado institui e assegura, segundo as regras que o prprio Estado estabelece. Numa palavra: natu-reza significa guerra, sociedade significa paz ou, mais precisamente, segurana.

    Uma brecha na plausibilidade desta viso das coisas foi detectada por Montesquieu, no Esprito das Leis, com a sua sagacidade habitual. Considera Montesquieu que numa situao de igualdade virtual de foras em que todos se sentissem por igual ameaados, como suposto por Hobbes3, a tendncia mais verosmil consistiria no em se entre-atacarem, mas em se evitarem, e a paz, que no a guerra, seria "a primeira lei natu-ral". V-se que Rousseau j no anda longe. E Montesquieu acrescenta, enunciando uma crtica que vir a concitar considerveis concordncias, a de Rousseau cabea, que a ideia de imprio e de domnio, atribuda ao homem natural, " to compsita e depende de tantas outras ideias" que decerto no a teria em mente originariamente. No fundo, Hobbes no

    3 Uma das ideias chave da antropologia hobbesiana c a de que a natureza fez os homens to iguais nas faculdades de corpo e de esprito que mesmo as diferenas de fora entre indivduos no so suficientes para que algum possa reivindicar benefcios que no este-jam ao alcance dos outros, at porque os mais fracos tm sempre o recurso de compen-sar as suas inferioridades pelo uso da astcia c da inteligncia (Hobbes, 1995, pp. 109 ss.). esta posio de igualdade que toma o medo ou desconfiana de uns homens perante os outros homens uma lei gera) do "estado de natureza" (sobre o tema, Alves, 2005, pp. 125-35).

  • 30 Joo Lopes Alves

    atenderia a que atribui aos homens, "antes do estabelecimento das socie-dades", desejos e motivos que no podem surgir-lhes enquanto no as houver, s a partir de ento se suscitando razes de ataque e de defesa (Montesquieu, 1979, p. 126).

    Rousseau desenvolver esta linha de argumentao, que decerto seria de seu conhecimento como grande leitor e admirador de Montes-quieu. Sustenta, tambm ele, que "o homem , de seu natural, pacfico e assustadio, pronto a fugir ao menor perigo". (Rousseau, 1964, OC, I I I , p. 601) Coisas como a honra, o interesse, a vingana, a vontade de imp-rio, que poderiam empurr-lo a arrostar com os perigos e a morte, "sont loin de lui dans 1'tat de nature" {Idem). A par destas razes pela negati-va, intervm no cenrio, pela positiva, o sentimento humano bsico da "Piti", ou compaixo, que manifesta a repugnncia do homem em pro-vocar nos semelhantes mais sofrimento do que o estritamente necessrio. Trata-se, diz Rousseau, de "uma disposio conveniente a entes to dbeis e sujeitos a tantos males como ns somos" (Idem, p. 154). Senti-mento natural prvio a qualquer forma de reflexo, da compaixo se pode dizer que, temperando os efeitos do "amour de soi mme", contribui cru-cialmente para a conservao da espcie (Idem, p. 156).

    Tal o fundamento antropolgico primordial da tese rousseauniana do que seria popularizado sob a designao (muito imprpria) de "bom selvagem". O qual, observa Rousseau, no poderia ser bondoso porque, em rigor, nem sabe o que significa ser-se maldoso. A neutralizao das paixes e a ignorncia dos vcios impedi-lo-iam de fazer o mal intencio-nalmente. O 'estado de natureza', em Hobbes matriz tempestuosa de vio-lncia, transforma-se em Rousseau num campo de calmaria e de estagna-o civilizacional que, todas as contas feitas, seria propcia afinal, numa contabilidade de custos / benefcios de felicidade e infelicidade, ao que de melhor podem esperar os homens. Ou seja, bem pouco. O olhar hostil com que Rousseau considerava, em contra corrente na poca, as chama-das "luzes do progresso", to intimamente associadas s ideologias suas contemporneas da modernidade, ganha aqui explicao e justificao4.

    Mas se o estado de natureza isto, as razes de ser da guerra como flagelo endmico da humanidade devemos procur-las no contrrio disto que o "estado social*. O movimento da inverso terica anti-hobbesiana fica assim completo.

    4 Primeiro crtico da modernidade com um olhar moderno, Rousseau dirige ideia de progresso, to cara ao iluminismo setecentista, uma severa barragem de contestaes, inaugurada, como se sabe, com o polmico Discurso sobre a Cincia e as Artes, datado de 1750, em que so antecipados muitos dos temas das correntes actuais de criticismo aos malefcios do progresso e da "civilizao" em geral (Rousseau, 1964, III , pp. 1-57).

  • Da guerra e paz como questo filosfica 31

    A passagem do "paleoltico" de solides do estado de natureza ao "neoltico" do estado social teria sido movida pelo mpeto de apropriao egosta dos bens da ten-a por alguns homens e a pulso cpida de proibir aos outros a sua fruio (aquilo que justamente se chamar 'propriedade privada' enquanto que operao de privar de propriedade os outros).

    Paralelamente, surge a delimitao exclusivista dos territrios e a superveniencia de mil predaes, mil desigualdades de fortuna e poderio, mil violncias de ataque ou defesa.

    bem conhecido o promio de Rousseau 2.a parte do Discurso sobre a origem da desigualdade:

    "Quem primeiro delimitou um terreno e decidiu declarar isto perten-ce-me [...] foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Qantos cri-mes, guerras, mortes, quantas misrias e horrores, teria poupado ao gnero humano [.,..] quem houvesse gritado aos seus semelhantes: Cuidai de no escutar este impostor; estais perdidos se esquecerdes que os frutos so de todos e a Terra de ningum" (Rousseau, Idem p. 164).

    Daqui cai terra o germe das guerras, pois o grande fautor desta doena crnica da humanidade "civil" veio a consistir no impulso que o estabelecimento da hipottica primeira sociedade deu ao de todas as outras. A razo de ser de que proliferem sociedades que evoluiro rapi-damente para Estados mais ou menos complexos pois "une socit ne sauroit exister sans un gouvernement" (Montesquieu), e governar grupos gera necessariamente complexidade, fcil de entender. Rousseau resu-me com acutilncia a sua ideia num troo includo nos escritos sobre o Abade de Saint-Pierre, intitulado 'Que Ptat de guerre nait de 1'tat social':

    "Da primeira sociedade formada segue-se necessariamente a formao de todas as outras. Tem de se fazer parte dela ou de a ela nos unirmos para lhe resistir. H que imit-la ou deixarmo-nos engolir por ela". (Idem, p. 603)

    Vale por dizer que a dinmica da guerra com o seu cortejo de cala-midades se pe em marcha devido ao pluralismo das sociedades polticas, ou, brevitatis causa, dos Estados que se tm formado em todo o vasto mundo. Aquilo que, no status naturae ou no estado "pr-civil", digamos assim, das rudimentares sociedades primitivas, poderia resultar em confli-tos fugazes entre indivduos ou, quando mais, entre minsculos grupos efmeros, pela disputa deste ou daquele bem particular, d lugar a lutas organizadas de longa durao entre grandes corpos colectivos com voca-o de permanncia e alta complexidade estrutural, visando objectivos

  • 32 Joo Lopes Alves

    polticos estrategicamente determinados: dominar, conquistar, presrval-os domnios e as conquistas, prevenir ameaas de ataque. Um diagnstico desta nova qualidade nos conflitos humanos aparece condensado no CS:

    "A guerra no de modo algum uma relao de homem a homem, mas uma relao de Estado a Estado em que os particulares no so inimigos seno acidentalmente, no como homens, nem mesmo como cidados, mas como soldados". {Idem, p. 357)

    O mesmo afirmado no 'Estado de Guerra' com mxima conciso: "no h guerra entre os homens; somente h guerra entre os Estados" (Idem, p. 604). A caracterizao poltica da guerra como acontecimento circunscrito aos confrontos entre Estados remete, pois. um como que sucedneo "civi l" do belicoso estado de natureza hobbesiano para o patamar das relaes internacionais.

    No que tal signifique alguma moderao nos nveis de violncia. Pelo contrrio, para Rousseau agrava-os, e isto num duplo registo. Por um lado, um registo de grandeza. Rousseau salienta-o, com clareza:

    "A independncia retirada aos homens acantona-se nas sociedades, e estes grandes corpos, entregues s suas prprias impulses, produzem os choques mais terrveis, na proporo em que as suas massas exce-dem as dos indivduos". (Idem, p. 604)

    Deste ponto de vista, a "artificialidade" de dimenso dos Estados, comparada "naturalidade" dos indivduos, pode piorar a propenso belicosidade (e sabemos que piora). De facto, enquanto que os homens esbarram nos limites insuperveis de fora e de expresso fsica estabele-cidos pela natureza, os Estados, sendo criaes artificiais, no tm medi-da determinada, a sua grandeza indefinida e pode sempre ser aumentada ou restringida, com o acicate de que um Estado "se sente fraco tanto quanto existam outros mais fortes do que ele" (Rousseau, Idem, p. 605).

    Por outro lado, a passagem do "estado natural" ao "estado social" gera uma condio de duplo constrangimento (condio mista, nas palavas de Rousseau), grvida de violncias reforadas. Uma vez mais, a explicao de Rousseau cristalina:

    "De homem a homem, vivemos no estado civil, submetidos s leis; de povo a povo, cada um goza da liberdade natural; o que, no fundo, tor-na a nossa situao pior do que se ignorssemos estas distines. Pois, vivendo simultaneamente no estado social e no estado de natureza, estamos sujeitos aos inconvenientes de um e de outro, sem encontrar segurana em nenhum deles". (Idem, p. 610)

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    Rousseau estabelece depois uma ligao intrnseca entre guerras externas e despotismo interno. uma das suas ideias, alis no original, que influenciar segmentos determinantes do idealismo clssico alemo, mormente Kant e Fichte, conhecer prolongamentos at ao nosso tempo (basta lembrar a contrario a relao orgnica entre Paz e "Estado de Direito" democrtico contida na Declarao Universal dos Direitos do Homem) e, o que mais importante, ter confirmaes bem tristes na ordem do acontecimento. Eis como o "Citoyen de Genve" analisa a situao, no Jugement sur le Projet de Paix Perptuelle do Abade de Saint-Pierre, forando as cores, com recurso sua infungvel retrica:

    " fcil de compreender que, por um lado a guerra e as conquistas, e, por outro lado o progresso do despotismo, se ajudam mutuamente; que se deita mo vontade, num povo de escravos, ao dinheiro e aos homens de que se precise para subjugar outros homens; que, reciprocamente, a guerra fornece o pretexto de exaces pecunirias e outro, no menos espe-cioso de manter grandes exrcitos para se conservar o povo em respei-to. Enfim, todos podemos lobrigar bastante bem que os Prncipes con-quistadores tanto fazem guerra aos seus sbditos como aos seus inimigos e que a condio dos vencedores no melhor do que a dos vencidos". (Idem, p. 593)

    A viso rousseauniana do mundo dos homens, no seu traado actual, resulta, assim, mais sombria do que a do prprio Hobbes. Na verdade, o autoritarismo armado do Leviathan permitiria que se coabitasse em segu-rana, mediante a represso "institucional" dos apetites anmicos do estado de natureza. Para Rousseau nada se salva: nem no novo estado de "segunda natureza" civil, com as inerentes desigualdades de propriedade e a violncia competitiva que faz alastrar entre os homens, nem no "esta-do social", gerador de guerras e de despotismo. Talvez se no salve sequer o tempo ideal retrospectivo de um hipottico estado de natureza, povoado de humanos tidos por "bons" apenas porque so "borns et stupides". Como quer que seja, parados num tempo sem histria, absoluta-mente irrecupervel, uma vez passado o Rubico histrico da entrada na "civilizao" devido a algum conjunto fortuito de circunstncias externas, sobre as quais podemos conjecturar, mas nada sabemos de seguro (Idem p. 140). Como comentar Starobinski, "a transformao irreversvel; o caminho de regresso est aberto somente aos sonhadores" (Starobinski, 1964, p. LVII) . As tnues esperanas de melhoria da condio humana s quais Rousseau acena projectam-se no no passado, nem no presente, mas no futuro hipottico da possibilidade de se promover a educao para a liberdade a que aponta o que podemos chamar 'contrato educacional'

  • 34 Joao Lopes Alves

    do Emlio e de se alcanar o estadio de legitimidade do poder poltico segundo os direitos da razo e a razo do direito ser direito que encontra fundamento no "contrato social".5 Possibilidades essas que se mostram de verificao terrivelmente improvvel, aprisionadas como esto "num horizonte de extremismo lgico [...] a reflectir um horizonte de extremo risco existencial. O rol de horrores da historia humana ilustra-o com elo-quncia: h o risco de que os governantes confisquem o poder, o risco de que a guerra, interna e extema, perverta e aniquile o corpo poltico, o risco de que prevaleam os egosmos particulares, os pessoais e os colec-tivos, abolindo-se nas realidades da explorao a possibilidade de fazer valer o interesse comum, h enfim o risco maior de que os povos "no vejam" a razo - eventualidade que se bloqueou o pensamento poltico de Plato, como no haveria de bloquear outros pensamentos!" (Alves, 1983: p. 48). Mas precria que seja, a aposta num futuro melhor ou menos mau tudo quanto nos resta, pois da "histria do presente" s temos a esperar o pior.

    Quanto relao de Estado a Estado da guerra, o pessimismo de Rousseau adensa-se. Mesmo num contexto de sociedades polticas legti-mas, a questo da guerra no ficaria resolvida. Note-se que Rousseau no ignora os esforos histricos porfiados de se trazer as disciplinas do direi-to ao relacionamento entre Estados, guerra includa (o Projecto do Abade de Saint-Pierre inscreve-se nesse movimento, muito vivo doutrinariamen-te no sculo XVIII ) , mas a fraqueza de raiz do direito das gentes - falta de uma instncia supra-estatal com o poder efectivo de sancionar as pre-varicaes - deixa-o muito cptico sobre a possibilidade de se alcanar um estdio de paz genuna entre entidades soberanas independentes:

    "Quanto ao que se chama comummente o direito das gentes, certo que, faltando as sanes, as suas leis no passam de quimeras mais fra-cas ainda do que a lei natural. Esta, pelo menos, fala ao corao dos par-ticulares, ao passo que as decises do direito das gentes, sem outra garantia seno a utilidade de quem se lhe submete, so respeitadas ape-nas quando o interesse as ratifica". (Rousseau, 1964, OC, E, p. 610).

    patente, no entanto, que a guerra desencadeada no se processa de forma ininterrupta, mas como situao recorrente, e que os Estados con-seguem intervalar relaes temporrias de coexistncia no directamente blicas, bi ou multilaterais (ligas e confederaes, p.e.)6. Simplesmente, trata-se de situaes que no so de paz efectiva permanente mas de tr-

    5 Sobre a discutidssima noo de "contrato social" em Rousseau, permito-me citar Alves, 1983, pp. 11-56, e 2005, pp. 137-53, bem como a bibliografia a referenciada.

    6 E interessante que Rousseau tenha dedicado grande ateno constituio e ao papel das confederaes (Rousseau, 1964, III, pp. 564 ss.).

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    gua passageira. No essencial, os Estados vivem neste caso aquilo que Rousseau chama "estado de guerra", distinguindo-o explicitamente da guerra e que algo como um purgatorio entre cu e inferno. O rasgo con-ceituai merece realce e a mais de um ttulo. Em primeiro lugar, porque cola realidade das coisas muito melhor do que urna retrica tremendista de guerra permanente de todos contra todos7. Gagnebin observa que Rousseau desenvolve aqui uma noo nova que no encontramos em Hobbes, Grcio, Pufendorf ou nos autores do sculo X V I I I (Gagnebin, 1964: p. 1904). Nova, e de considervel impacte para a compreenso das relaes internacionais8. Realmente, se no houvesse pausas longas na beligerncia, nem se v como seria concebvel o surgimento de algum princpio de civilidade no contacto entre Estados. Ora, a existncia de um mdico de regras de civilidade impe-se observao. Mesmo os peles--vermelhas iroqueses de Montesquieu, que comiam os prisioneiros, enviavam e recebiam embaixadas e reconheciam direitos de guerra e de paz. Rousseau explica-se com a clareza habitual:

    "Embora os dois termos de guerra e de paz paream exactamente cor-relativos, o segundo compreende uma significao muito mais exten-sa, atendendo a que se pode interromper e perturbar a paz de muitas maneiras sem se ir at guerra". (Idem, p. 1902)

    Pode-se, certo, prolongar uma situao de hostilidades c