planejamento estratégico e gestão ambiental relato prático

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO AMBIENTAL DA TEORIA A UM RELATO PRÁTICO João Antônio Ramos Castro, M. Eng. Departamento de Engenharia Industrial/CT/UFSM CEP: 97.111.970. Camobi. Santa Maria. RS Abstract: This article summarize, some aspects the will tackle at strategic planning process of a industrial organization, in the than concern the strategy of adoption a environmental management system. Key words: Strategic Planning, Environmental Management 1. Introdução Com a Revolução Industrial, deu-se início o desenvolvimento tecnológico da era atual, caracterizado pela agressividade dos processos produtivos ao meio ambiente, apenas tendo como meta a expansão das organizações industriais e utilizando as técnicas de Engenharia, apenas para o tratamento dos efeitos de tais agressividades. Nos anos mais recentes, profundas mudanças estão ocorrendo tanto no contexto mundial, quanto no Brasil. Estas transformações são oriundas de um processo de globalização dos mercados, a formação de blocos econômicos, inovações tecnol gicas cada vez mais rápidas, tudo isso decorrente da busca da satisfazer as exigências do mercado consumidor. Tais mudanças, vem gerando um período de consideráveis modificações, no ambiente empresarial, tais como restruturações nas organizações dos mais diversos sistemas produtivos, nos modelos gerenciais tradicionais, nas tecnologias em prol do imperativo ambiental e também modificações extremamente profundas nas relações de trabalho até então vigentes no país. Dentro deste contexto, temos uma nova visão no que tange os processos projetuais e produtivos em toda a sua abrangência, através da incorporação de ações que agreguem valor ambiental ao produto e conseqüentemente torne a organização apta a satisfazer às exigências do mercado atuante e ainda possibilitar a competitividade perante a concorrência, habilitando a conquista de novos mercados, tornando-a uma empresa de classe mundial. SILVERSTEIN (1993) advertiu que, já se verifica no mercado internacional uma grande gama de restrições a produtos e serviços que não demonstrem de forma inequívoca a sua qualidade ambiental e a de seus processos produtivos. Atualmente, as organizações sofrem muitas pressões para gerenciar e melhorar seu desempenho ambiental: atuar em conformidade com uma legislação mais rigorosa e satisfazer as demandas dos clientes. A partir desta realidade, as questões ambientais parecem tocar agora profundamente no pensar e no agir tecnológicos, restruturando de uma

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO AMBIENTALDA TEORIA A UM RELATO PRÁTICO

João Antônio Ramos Castro, M. Eng.Departamento de Engenharia Industrial/CT/UFSM

CEP: 97.111.970. Camobi. Santa Maria. RS

Abstract:This article summarize, some aspects the will tackle at strategic planning process of a

industrial organization, in the than concern the strategy of adoption a environmentalmanagement system.

Key words: Strategic Planning, Environmental Management

1. Introdução

Com a Revolução Industrial, deu-se início o desenvolvimento tecnológico da eraatual, caracterizado pela agressividade dos processos produtivos ao meio ambiente, apenastendo como meta a expansão das organizações industriais e utilizando as técnicas deEngenharia, apenas para o tratamento dos efeitos de tais agressividades.

Nos anos mais recentes, profundas mudanças estão ocorrendo tanto no contextomundial, quanto no Brasil. Estas transformações são oriundas de um processo deglobalização dos mercados, a formação de blocos econômicos, inovações tecnol gicas cadavez mais rápidas, tudo isso decorrente da busca da satisfazer as exigências do mercadoconsumidor.

Tais mudanças, vem gerando um período de consideráveis modificações, noambiente empresarial, tais como restruturações nas organizações dos mais diversossistemas produtivos, nos modelos gerenciais tradicionais, nas tecnologias em prol doimperativo ambiental e também modificações extremamente profundas nas relações detrabalho até então vigentes no país.

Dentro deste contexto, temos uma nova visão no que tange os processos projetuais eprodutivos em toda a sua abrangência, através da incorporação de ações que agreguemvalor ambiental ao produto e conseqüentemente torne a organização apta a satisfazer àsexigências do mercado atuante e ainda possibilitar a competitividade perante aconcorrência, habilitando a conquista de novos mercados, tornando-a uma empresa declasse mundial. SILVERSTEIN (1993) advertiu que, já se verifica no mercadointernacional uma grande gama de restrições a produtos e serviços que não demonstrem deforma inequívoca a sua qualidade ambiental e a de seus processos produtivos.

Atualmente, as organizações sofrem muitas pressões para gerenciar e melhorar seudesempenho ambiental: atuar em conformidade com uma legislação mais rigorosa esatisfazer as demandas dos clientes. A partir desta realidade, as questões ambientaisparecem tocar agora profundamente no pensar e no agir tecnológicos, restruturando de uma

forma objetiva a concepção tradicional de processos em Engenharia. Já não basta, pensarapenas em termos de custo/benefício e de otimização no sentido puramente técnicoatrelado apenas aos limites processuais e produtivos da unidade fabril. Hoje é preciso levarem conta os resíduos processuais, o ciclo de vida dos produtos e os danos ao meioambiente. Em síntese: “o meio ambiente tornou-se uma variável básica no interior doprocesso de produção.” (AIDAR e CYTRYNOWICZ, 1992, p.15).

Essa restruturação, envolve fatores, que segundo SILVERSTEIN (1993): “estãorelacionados com o meio ambiente e estão alterando fundamentalmente o valor dos ativos,a maneira como são feitos os produtos, o material que é utilizado nessa produção, os tiposde produtos que as pessoas compram e o modus operandi dos diretores e planejadores” (p.9).

2. Planejamento Estratégico

Toda a empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar,produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. A partir desta concepção, aatividade de planejamento torna-se de caráter primordial, que segundo OLIVEIRA (1993):“ o seu propósito pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas eatitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar asimplicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos empresariais quefacilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente eeficaz.” (p.26).

O planejamento estratégico é conceituado como um processo gerencial que visa aempresa como um todo e, que portanto diz respeito tanto à formulação de objetivos quantoà seleção dos cursos de ação a serem seguidos para a sua consecução, de modo a atingir umnível de consonância entre a empresa e o ambiente onde a mesma está inserida. Também éconsiderado, segundo OLIVEIRA (1993), as premissas básicas que a empresa, como umtodo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentaçãodecisória. Em conseqüência, o planejamento estratégico é, normalmente, deresponsabilidade dos níveis mais altos da empresa, pois é neste nível que as decisõespresentes, a partir de sua dimensão afetarão o futuro da empresa. Com isso, o mesmorelaciona-se normalmente, com objetivos a longo prazo.

Planejamento estratégico é um processo contínuo e sistemático de análise daempresa, com o intuito de conhecer e melhor utilizar seus pontos fortes; conhecer eeliminar ou adequar seus pontos fracos; conhecer e melhor usufruir as oportunidadesexternas e conhecer e evitar as ameaças externas, para o estabelecimento de objetivos,estratégias e ações que instrumentalizem à empresa na busca de vantagem competitiva. Naprática, planejamento estratégico, conforme HAMEL e PRAHALAD (1995): “...é um‘crivo da viabilidade’. É uma ferramenta para garantir que as questões de viabilidade sejam

Na sua missão mais atual, conforme o trabalho de GRACIOSO (1996): “oplanejamento estratégico procurou corrigir as falhas do passado e assume duas dimensõesessenciais: (1) ele é voltado para o ambiente externo e visa conciliar a realidade domercado com os recursos da empresa e; (2) ele procura estimular o raciocínio estratégicoem todos os níveis decisórios da empresa. Finalmente, através de uma metodologia deplanejamento adequada, criam-se condições para que os executivos de linha participemativamente de sua elaboração e se comprometam com suas conclusões.” (p. 16). A partirdaí, define-se normalmente, planejamento estratégico, segundo GRACIOSO: “pelaalocação de recursos calculados para atingir determinados objetivos, num ambientecompetitivo e dinâmico.”(p. 28).

OLIVEIRA (1993), enfatiza que o planejamento estratégico possui três dimensõesoperacionais: delineamento, elaboração e implementação. O delineamento compreende aestruturação do processo de planejamento estratégico, que pode ser organização no ambiente externo) ou organizacional (ajuste entre a organização e oambiente externo). A elaboração inclui a identificação das oportunidades e ameaças noambiente da empresa e adoção de estimativas de risco para as alternativas estabelecidas. Aimplementação envolve assuntos organizacionais, os sistemas de informações, os sistemasde incentivos, a competência operacional, o treinamento e a liderança necessária aodesenvolvimento do processo.

No planejamento estratégico, não existe uma metodologia universal, porque asempresas diferem de tamanhos, em tipos de operações, em forma de organização, emfilosofia e estilo gerencial. A partir do conhecimento das dimensões operacionais citadasacima, podemos a seguir propor algumas etapas a serem seguidas e suas funções nodesenvolvimento do processo de planejamento estratégico nas empresas.

a) Diagnóstico Básico: nesta etapa, se trabalha com a cultura, valores e filosofia daorganização. São desenvolvidas as análises externas e internas da empresa,identificando-se as oportunidades e ameaças que podem estar presente no ambienteda empresa, a partir da análise externa. Da análise interna, verifica-se os pontosfortes e fracos da empresa, para que a área de atuação da mesma seja determinada.b) Missão Empresarial: Nesta etapa, temos a definição de qual é o negócio daempresa, definindo os setores onde a mesma já atua ou esta analisando apossibilidade de atuar no futuro.c) Políticas: São parâmetros, orientações ou regras que facilitam a tomada dedecisões no âmbito do comportamento e dos procedimentos internos e externos daempresa.d) Objetivos e Metas: Nesta etapa, determina-se o alvo ou estado futuro que sealmeja atingir. A quantificação e o estabelecimento de prazo para sua realização,concretiza-se através das metas da empresa.e) Estratégias: Expressa como a empresa deverá utilizar seus pontos fortes epotenciais existentes para superar, levando em conta seus objetivos, mudanças quepossam afetar a interação da empresa e seu ambiente.f) Controle e Ativação: Nesta etapa, temos o acompanhamento do desempenho dosistema através da comparação dos padrões previamente estabelecidos, da avaliaçãodo desempenho e do resultado das ações como forma de realimentar o sistema, como intuito de corrigir possíveis desvios ou melhorar o desempenho para assegurar ocumprimento de metas e objetivos estabelecidos anteriormente.

3. Gestão Ambiental

A globalização dos mercados, formação de blocos econômicos, mudança da visãodos clientes, com referência a produtos, processos e serviços, estão dirigindo as empresas abuscarem certificação por terceiros da sua conformidade com padrões de sistemas degarantia da qualidade definidos e internacionais - ISO série 9000.

Em termos de todas as vantagens de competitividade e diferenciação concebidas, queas organizações obtém, através da certificação de um sistema de gestão da garantia daqualidade; podemos ter uma idéia, de um padrão internacional para a implantação de um

, que promova a integração dos critérios ambientais aoscritérios de desempenho da organização em todos os níveis, fornecendo à organização umabase auto-reguladora para a melhoria contínua do desempenho ambiental, através dos

processos de auditoria e revisão. Embora, não seja uma solução para o desenvolvimentosustentável, a adoção de um sistema de gestão ambiental. Mas é uma forma de gerenciar aorganização, levando em conta os reflexos de suas atividades ao meio ambiente.

Os princípios do desenvolvimento sustentável, conforme GILBERT: “ envolvem oprocesso de integração dos critérios ambientais na prática econômica, com o intuito deassegurar que os planos estratégicos das organizações satisfaçam a necessidade decrescimento e evolução contínuos e, ao mesmo tempo, conservem as “riquezas” do meioambiente para o futuro.” (1995, p. 2-3).

Incorporar estes princípios, no gerenciamento das organizações industriais, significauma restruturação da filosofia da mesma e também exigirá muitas mudanças nos aspectosda sociedade e comércio, vivendo dentro da capacidade dos ecossistemas existentes.Conforme GILBERT (1995): “não se trata apenas da poluição do ar, conservação da água,uso de matéria-prima e gestão de resíduos processuais; trata-se de um problema global, queafeta as transações que atravessam fronteiras, comércio, finanças e ideologias políticas.” (p.2).

Com isso, o papel das indústrias que procuram se manter no mercado globalizado,operando em uma base internacional é essencial para que uma abordagem construtiva possaalcançar a meta de desenvolvimento sustentável. Sendo que, as indústrias influenciam afonte de matérias-primas, os processos de produção e distribuição, as respostas de seusconsumidores e os métodos de eliminação de res duos através de suas operações.

Um gerenciamento pró-ativo das indústrias, visando encontrar incentivos positivospara mudar e melhorar continuamente o desempenho ambiental, significa que além doatendimento das legislações de controle ambiental pertinentes a sua atividade, tambéminstrumentaliza para a aplicação das melhores práticas internacionais para a melhoria deseu desempenho e ainda proporciona um processo de comunicação mais saudável com aspartes interessadas (comunidade local, funcionários, clientes, acionistas, órgãos decontrole) e, finalmente um futuro industrial e social sustentável para toda a humanidade.

Um Sistema de Gestão Ambiental, segundo GILBERT (1995): “enfoca elementosdiferentes dentro do sistema gerencial, pois o mesmo apresenta uma ampliação para otratamento da questão ambiental tornando-se mais amplo” (p. 10), e é definido porHEMENWAY e GILDERSLEEVE (1995), como: “aquele aspecto da estruturaadministrativa global da organização que endereça o impacto imediato e a longo prazo deseus produtos, serviços e processos ao meio ambiente. Fornece ordem e consistência nasmetodologias organizacionais através da alocação de recursos, definição deresponsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos.” (p. 7).

Um sistema de gestão ambiental passa a existir, de acordo com o trabalho deCARVALHO e FROSINI (1995), como conseqüência do reconhecimento por parte daorganização da necessidade de controlar e melhorar o seu desempenho ambiental,entendido como a habilidade de gerenciar efeitos ambientais, como forma de: sob umaótica reativa e dependente, alcançar, dentre outros, redução de custos, atendimento alegislações e regulamentos, evitar sanções penais e/ou obter diferencial de competitividade;

eguir, dentre outros, desenvolver emanter os seus negócios de forma sustentável e contribuir com a preservação, conservaçãoe/ou recuperação de fontes de recursos naturais e nichos ecológicos estratégicos; e/ou aindasob uma ótica consciente de interdependência global, responder a desafios mundiais como,por exemplo, a degradação da camada de ozônio, o aquecimento do planeta, a poluição daágua, do ar e do solo, os efeitos de químicos tóxicos, a deterioração da qualidade de vida,entre outros.

Para o desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão Ambiental,temos alguns elementos(estágios) constituintes, são eles: o estabelecimento de princípios

e compromissos ambientais; avaliação inicial de impactos; pol tica ambiental;institucionalização da função gestão da qualidade ambiental; inventário de leis,normas e regulamentos; análises de conformidade; programa de gestão ambiental;manual de gestão ambiental; implantação do programa; ativação do controleoperacional; relatórios de desempenho ambiental; auditorias ambientais; e açõescorretivas, apoiados pelo comprometimento e engajamento da alta administração daempresa, sendo que vários desses elementos devido as suas características, são oriundosdiretamente do planejamento estratégico.

4. Relato prático

4.1. A empresa

A Petroflex, é uma empresa nacional que é constituída de três unidades fabris. Éhoje, um dos principais fabricantes mundiais de elastômeros em suas unidades produtivas,localizadas nos municípios de Duque de Caxias-RJ, Cabo-PE e Triunfo-RS. A unidade, naqual está sendo obtida as informações, para a realização deste trabalho é a de Triunfo (III

oquímico), que é a precursora das demais em adoção de sistemas de gestão. Aunidade, se dedica a fabricação de Borracha Sintética em Emulsão (SBR), Etilbenzeno, eem outras atividades, produtos e serviços relacionados à indústria petroquímica.

Além do compromisso com a Qualidade, a empresa é signatária do programavoluntário de “Atuação Responsável” da ABIQUIM - Associação Brasileira da IndústriaQuímica, seguindo uma tendência internacional das empresas químicas. Este programainclui a segurança das instalações, processos e produtos, e a preservação da saúde dostrabalhadores, além da proteção do meio ambiente, por parte das empresas do setor e aolongo da cadeia produtiva.

A empresa dispõem de uma política de conservação de energia baseada naracionalização do consumo de vapor e energia elétrica. Para tanto, busca sempre o aumentoda eficiência nos processos produtivos. Todo o trabalho da empresa, que foi como oprecursor para a adoção de sistemas, iniciou com o programa de redução de perdas, sendoque a metodologia gerencial deste programa, acompanha todas as etapas de produção,desde a entrada de matéria-prima até a saída dos res duos e dos produtos, da unidade fabril,e seu objetivo maior é otimizar os processos em todas as frentes e com a tendência a uma

A Petroflex, por ser uma indústria petroquímica e adotar uma tecnologia moderna,apresenta agregação de valor em equipamentos e processos e pequena quantidade defuncionários, mas os mesmos treinados e qualificados.

A empresa é certificada na Norma ISO 9002 e na ISO 14001 e trabalha junto de seuscolaboradores no sistema de gestão de sa de e segurança balizado pela norma BS 8800. Éa primeira instalação industrial do setor petroquímico a ser certificada por uma norma degestão ambiental e a segunda do país.

4.2. Questões Ambientais, Sistemas de Gestão e o Planejamento Estratégico.

A empresa, desde o início de suas atividades produtivas, no final da década de 70,teve as questões ambientais um forte peso em suas estratégias. Por estar situada no III PóloPetroquímico do Sul, a Petroflex usufrui de uma série de vantagens que este complexooferece, dentre elas o Sistema Integrado de Tratamento de Efluentes Líquidos - SITEL e oSistema Centralizado de Controle de Resíduos Sólidos - SICECORS. Em seu parque fabril,

a Petroflex vem desenvolvendo soluções para o controle e a preservação do meio ambienta,através de um sistema de melhoria contínua. Para tanto, vem desenvolvendo estudos eprojetos para a redução e reaproveitamento de resíduos e efluentes, com base na legislaçãovigente e nas melhores práticas internacionais; além de manter áreas de preservação, comoo lago natural e a reserva florestal anexa ao parque industrial.

A partir de 1991, deu-se, oriundo do planejamento estratégico, um enfoque maiornas questões ambientais, com o destaque na formação e treinamento de recursos humanosespecíficos para a área ambiental, que antes fazia parte das engenharias de processo e deprodução.

A partir do ano de 1995, no planejamento estratégico da Petroflex, as questõesambientais passaram a ser sistematizadas, em um gerenciamento ambiental que atende-seàs normas BS 7750 e posteriormente à ISO 14001. Esse sistema, está proporcionando aempresa, o estudo, projeto e execução de redução de perdas, desperdícios processuais,redução, reutilização e reciclagem de resíduos e efluentes, novas tecnologias e aí pordiante, enfim a modificação e otimização dos processos projetuais e produtivos em prol doimperativo ambiental. Para ilustrar melhor esta proposição, temos que após a implantaçãodesta sistemática pela empresa, 97% dos resíduos gerados nas unidades de produção da

stando para serem armazenados no SICECORS apenas3%, na sua maior parte composto de lixo doméstico.

A adoção de sistemas, como modelo gerencial, é oriundo do planejamentoestratégico. Sendo o que busca a empresa é: competitividade e uma produção ética.

Estamos, em realidade, vivendo a véspera de um novo paradigma, um novo modeloconceitual que balizará as relações produtivas e comerciais do próximo s culo.

No atual ritmo das mudanças contextuais, nenhuma empresa pode considerar-seimune as ameaças do ambiente, tais como: obsolescência do produto, a saturação domercado, novas exigências legais, normativas ou comunitárias frente a atividade daempresa, dentre outras. Por essa razão, todas as empresas devem fazer revisões periódicasde suas estratégias dentro do processo contínuo de identificação das ameaças eoportunidades externas. Conforme PORTER (1986): “a empresa, deve escolher eimplementar uma estratégia genérica a fim de obter e sustentar uma vantagem

Dentro destas mudanças, temos as questões relativas à conservação ambiental, queocupam hoje uma significativa parcela de investimentos e esforços administrativos detodos os segmentos da atividade econômica. De acordo com ANSOFF (1987), que trata apoluição ambiental e a necessidade de adaptação das empresas as novas exigências domercado frente as questões ambientais, da seguinte forma: “como ganhou grande aceitaçãosocial a opinião segundo a qual as ‘empresas poluidoras não merecem continuar existindo’,os gerentes de um número cada vez maior de empresas estão tentando, de diversasmaneiras, adaptar seu comportamento a esta nova situação adversa.” (p. 131).

O mercado, segundo REIS (1996), rapidamente percebeu que as exigências podematuar fortemente em favor da competitividade de uns em oposição à inviabilização deoutros.

Uma empresa, ou um setor, que identifique nas questões ambientais uma vantagemcompetitiva utilizará tal arma com vigor, especialmente se fomentar no seio da comunidadeque abriga uma atividade concorrente, uma oposição ao “classificação esteja desprovida de sustentação técnica ou de amparo legal.

O componente ambiental chegou para ficar. Conforme REIS (1996): “o dilema daempresa moderna é o de adaptar-se ou correr o risco de perder espaços arduamenteconquistados, sendo imperativo aplicar princípios de gerenciamento ambiental condizentescom o desenvolvimento sustentável.” (p. 5).

A partir do exposto, temos que, para que as empresas se tornem competitivas, ousimplesmente continuem existindo, devem ser permeáveis ao meio ambiente, percebendoos sinais ambientais e tendo-os como referencial para o desenvolvimento do processocontínuo de mudança estratégica.

Para a adoção do gerenciamento ambiental pela organização industrial, temos algunsaspectos relevantes a serem abordados pelo processo de planejamento estratégico, damesma:

a) Inclusão da variável ambiental no planejamento estratégico da empresa.b) Utilização de métodos de avaliação de impacto ambiental mais adequados ao dia-

a-dia operacional dos processos produtivos utilizados pelas empresas, com base narealidade político-econômica do país.

c) Avaliação das tecnologias em uso e desenvolvimento de novas, com o objetivo dedeterminar a extensão de benefícios e/ou danos ao meio ambiente.

d) Na análise de investimentos, inserir critérios de tomada de decisões, buscandoestabelecer relações custo/benefício onde os fatores relacionados com o meioambiente sejam levados em consideração.

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