plano de manejo da apa corumbataí, botucatu e tejupá...
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Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Geraldo Alckim SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE Bruno Covas FUNDAÇÃO FLORESTAL PRESIDENTE José Amaral Wagner Neto DIRETORIA EXECUTIVA José Amaral Wagner Neto DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA José Carlos Geraci DIRETORIA DE ASSISTÊNICA TÉCNICA Wanda Terezinha Passos Vasconcelos Maldonado Gerência de Proteção e Recuperação Ambiental Claudette Marta Hahn Área de Proteção Ambiental – Perímetro Botucatu Elisa Maria do Amaral Abril de 2011
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS FUNDAÇÃO FLORESTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO EQUIPE TÉCNICA DE COORDENAÇÃO E APOIO NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL- PERÍMETRO BOTUCATU Coordenação Executiva Elisa Maria do Amaral Eng. Civil, Msc - Gestora da APA
Botucatu - GPRA/DAT/FF Daniela Milanelo Coutinho Bióloga - GPRA/DAT/FF Grupo Técnico de Coordenação Elisa Maria do Amaral Eng. Civil, Msc - Gestora da APA
Botucatu - GPRA/DAT/FF Daniela Milanelo Coutinho Bióloga- GPRA/DAT/FF Maria Rita Silva Gilli Martins Eng. Florestal - prefeitura de Botucatu
(até outubro de 2010) e SOS Cuesta de Botucatu
Mônica Cabello de Brito Eng. Agrônomo, Msc – Casa da Floresta Colaboração - Fundação Florestal Claudette Marta Hahn Eng. Agrônomo, Msc – Gerente da GPRA Amilcar Marcel de Souza Eng. Florestal, Msc - DAT/GPRA/APA
Ibitinga Ana Fernandes Xavier Geógrafa – Setor de Geoprocessamento
e Cartografia Claudia Macedo Reis Eng. Florestal, Msc - DAT/GPRA Luciano Salmar Taveira Geólogo, Msc - DAT/GPRA Luiz Sertório Teixeira Geógrafo -DAT/GPRA/APA Corumbataí e
Tejupá Mario Sergio Rodrigues Eng. Agrônomo, PhD - DAT/GPRA/APA
Rio Batalha e E.E. Barreiro Rico Marcelo Takashi Misato Graduando em Gestão Ambiental/APA
Ituparaganga Oswaldo José Bruno Eng. Agrônomo - DAT/GDS/Setor RPPNs Renato Lorza Eng.Florestal – DAT/GPRA/APA
S.Francisco Xavier Sandra Eliza Beau Bióloga, Msc - DAT/GPRA/APA
Itupararanga Apoio na regional da Fundação Florestal em Botucatu Mauricio Arioli Fernandes Estagiário de Biologia José Francisco Calonego Melhado Estagiário de Administração Simone Luzia dos Santos Fernandes Serviços gerais Tercília Pereira R. Pedroso Estagiária de Administração
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Colaboração – Grupo Técnico de Plano de Manejo do Conselho Gestor da APA Botucatu Helton Carlos Delício Biólogo, Prof. Dr - IBB/UNESP de
Botucatu Juliana Griese Médico Veterinário- Instituto Itapoty Juliane Fumes Bazzo Eng. Florestal,Msc – prefeitura de
Botucatu Leonardo Siqueira Mendonça Biológo, Msc - Instituto Giramundo
Mutuando Maria Rita Silva Gilli Martins Eng. Florestal - prefeitura de Botucatu
(até outubro de 2010) e SOS Cuesta de Botucatu – coordenação do grupo
Renata Regina Fonseca Eng. Florestal, Dra. - FCA/UNESP de Botucatu
Nelita Maria Corrêa Médico Veterinário – SOS Cuesta de Botucatu- Secretária Executiva do Conselho Gestor da APA Botucatu.
Consultoria em Sistema de Informação Geográfica: Empresa Arvoredo Agronomia e Meio Ambiente LTDA Pedro P. Barbieri Geógrafo Empresa contratada para Elaboração do Plano de Manejo: Casa da Floresta Assessoria Ambiental Ltda. Coordenação Executiva Mônica Cabello de Brito Eng. Agrônomo, Msc Klaus Duarte Barretto Eng. Florestal, Msc Equipe Técnica das Áreas Temáticas e de Apoio Administração e Logística Márcia Regina C. B. Fonseca Administradora Lucas Milani Rodrigues Gestor Ambiental Banco de dados Cléber de Souza Francisco Biólogo e Técnico em Informática Banco de dados geográficos Simone Beatriz Lima Ranieri Eng. Agrônomo, Dra. Fabrício Tadeu Rodrigues de Oliveira Biólogo Dennis Araújo Mariano Estagiário de Agronomia
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Meio Físico Coordenação Simone Beatriz Lima Ranieri Eng. Agrônomo, Dra. Geologia, Geomorfologia, Pedologia Débora de Araújo Gabriel Geógrafa, Msc. Clima, Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos Carolina Rodrigues Fontana Eng. Florestal, Msc. Meio Biótico Vegetação Coordenação Heloiza Cassola Eng. Florestal, Msc. Vegetação e Flora Terrestre Aloysio de Pádua Teixeira Ecólogo, Dr. Klaus Duarte Barretto Eng. Florestal, Msc. Fauna Coordenação Vagner de Araújo Gabriel Biólogo, Dr. Avifauna Vagner de Araújo Gabriel Biólogo, Dr. Mastofauna Elson Fernandes de Lima Ecólogo Herpetofauna João Gabriel Ribeiro Giovanelli Ecólogo, Msc. Socioeconomia Coordenação Mônica Cabello de Brito Eng. Agronôma, Msc Socioeconomia e vetores de pressão Débora Aparecida Machi Gabriel Geógrafa, Msc. Oriowaldo Queda Prof. Dr. Titular aposentado do
Departamento de Economia, Administração e Sociologia, Esalq/USP
Metodologias participativas Mônica Cabello de Brito Eng. Agronôma, Msc José Vicente Vieira Eng. Agronômo, Dr. - moderador
metodologia participativa
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Geoprocessamento e análise da paisagem: uso e ocupação do solo, vetores de pressão Coordenação Simone Beatriz Lima Ranieri Eng. Agronôma, Dra. Uso e Ocupação do Solo Peterson Ricardo Fiorio Prof. Dr. Dept. Engenharia Rural ESALQ – USP Carlos Alberto Vetorazzi Prof. Dr. Dept. Engenharia Rural ESALQ – USP Geoprocessamento e análise da paisagem Fabrício Tadeu Rodrigues de Oliveira Biólogo Dennis Araújo Mariano Estagiário de Agronomia Zoneamento Simone Beatriz Lima Ranieri Eng. Agronôma, Dra. João Gabriel Ribeiro Giovanelli Ecólogo, Msc. Rodrigo de Almeida Nobre Biólogo, Msc. Avaliação e Planejamento Estratégico Mônica Cabello de Brito Eng. Agronôma, Msc. Dra. Simone Beatriz Lima Ranieri Eng. Agronôma, Dra. João Gabriel Ribeiro Giovanelli Ecólogo, Msc. Andrezza Bellotto Nobre Bióloga Lucas Milani Rodrigues Gestor Ambiental Programa de Gestão Organizacional Mônica Cabello de Brito Eng. Agronôma, Msc. Andrezza Bellotto Nobre Bióloga Apoio técnico Roger Tiago S. Carneiro dos Santos Técnico Florestal
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AGRADECIMENTOS
O Plano de Manejo da APA Botucatu é resultado da combinação de um trabalho desenvolvido pela empresa Casa da Floresta, contratada através de pregão eletrônico, por técnicos da Fundação Florestal e
membros do Conselho Gestor da APA Botucatu.
Por ser o primeiro Plano de Manejo de APA desenvolvido pela Fundação Florestal com metodologia própria, seu pioneirismo trouxe, ao longo dos trabalhos, muitas dificuldades e desafios, mas sempre
superados com muita seriedade, perseverança e dedicação. Nesse sentido, há que se destacar a
importância de muitos colaboradores nesse processo.
Primeiramente ressalta-se o papel do Núcleo de Planos de Manejo e da Gerência de Proteção e Recuperação Ambiental (GPRA) da Fundação Florestal, que definiram conjuntamente as diretrizes e bases
metodológicas para a elaboração do Termo de Referência para as APAs estaduais, que posteriormente
orientou a contratação da empresa e todo o desenvolvimento do trabalho. Agradecemos também pela sempre gentil atenção no esclarecimento de dúvidas e troca de experiências durante o processo de
elaboração do Plano.
Destaque deve ser dado também aos colegas da GPRA, sobretudo aos lotados em Botucatu, que trouxeram ao Plano, em diferentes etapas, contribuições valiosas na análise dos produtos e nos
direcionamentos técnicos.
Cabe um agradecimento especial à geógrafa Ana Fernandes Xavier, da Fundação Florestal que, apesar de
assoberbada, prestou uma valiosa contribuição na delimitação dos limites da APA Botucatu de acordo com o seu decreto de criação.
Agradecemos imensamente a todos os membros do Conselho Gestor da APA Botucatu, e em especial ao grupo técnico de Plano de Manejo, que apesar de toda carga de trabalho em suas instituições de origem,
contribuíram com suas experiências, seu conhecimento da região e com fornecimento de dados e informações importantes. Somos também gratos pelo seu fundamental apoio institucional e por legitimar
a construção participativa deste plano de manejo.
À Nelita Maria Corrêa, Secretária Executiva do Conselho Gestor da APA e representante da ONG SOS
Cuesta de Botucatu, agradecemos pela sua sempre pronta colaboração, sua efetiva contribuição, invejável organização e entusiasmo.
Ao Prof.Dr. Jorge Jim, do Instituo de Biociências da UNESP de Botucatu, um dos proponentes da criação
da APA, gostaríamos de agradecer imensamente por suas falas tão encantadoras e elucidativas, suas
observações e contribuições pertinentes. Esperamos que este Plano tenha atendido suas expectativas, bem como dos demais responsáveis pela criação da APA.
Vale lembrar, ainda, todos aqueles que participaram das oficinas de planejamento, representando o
terceiro setor, órgãos públicos, universidades e setor privado, cujas contribuições enriqueceram
significativamente o resultado dos trabalhos.
Finalmente, cabe dizer que esse trabalho mútuo desenvolvido por todos esses atores e pelos profissionais da Casa da Floresta, trouxe a todos nós um grande aprendizado e a sensação de que fizemos o melhor
possível.
Elisa Maria do Amaral – gestora da APA Botucatu – GPRA/DAT
Daniela Milanelo Coutinho – GPRA/DAT Coordenadoras do Plano pela Fundação Florestal
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APRESENTAÇÃO
A APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá foi uma das primeiras Unidades de Conservação de tal categoria criada no Estado de São Paulo.
O Plano de Manejo da APA - Perímetro Botucatu que aqui se apresenta, perpetua seu caráter pioneiro e inovador, pois também é um dos primeiros planos elaborados para APAs estaduais, com a adoção integral do padrão concebido pela Fundação Florestal para tais documentos.
A atuação da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo /FF na gestão das APAs do Estado de São Paulo teve início em período recente. Somente a partir de maio de 2008, com a edição do Decreto nº 53027/2008, a Fundação assumiu tal missão, cujo desafio é o de tornar tais territórios, instrumentos de planejamento regional, integrando as populações e as técnicas adequadas de manejo, independentemente de limites geográficos dos municípios, promovendo um novo modelo de desenvolvimento socioambiental e econômico. A atuação da instituição, através da Diretoria de Assistência Técnica/DAT, da Gerência de Proteção e Recuperação Ambiental/GPRA e notadamente de seus 13 gestores, vem colhendo bons
frutos.
Inicia-se com este Plano de Manejo, construído integralmente dentro da gestão da Fundação Florestal, o novo padrão de Planos para planejamento participativo na gestão de unidades de conservação. A tônica deste documento foi o caráter participativo, com o efetivo envolvimento da sociedade civil e órgãos públicos, através do Conselho Gestor da UC e convidados, atuantes na concepção e no acompanhamento durante todo o processo de elaboração.
Outro relevante aspecto do Plano de Manejo da APA de Corumbataí, Botucatu, Tejupá - Perímetro Botucatu refere-se ao diagnóstico socioambiental, etapa que compilou todas as informações disponíveis sobre o território protegido e que subsidiaram a definição do zoneamento socioambiental, das Diretrizes e Linas de Ação e do Programa de Gestão Organizacional. Esses, instrumentalizam fortemente o gestor, o Conselho Gestor, bem como o órgão licenciador ambiental estadual na tomada de decisões, zelando pela
salvaguarda dos atributos da APA.
A Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo agradece e parabeniza a gestora da APA que conduziu com seriedade e dedicação o processo, toda a equipe técnica da Fundação Florestal envolvida, o Conselho Gestor da APA e todos os atores que protagonizaram brilhantemente essa nova etapa da gestão da APA de Corumbataí, Botucatu, Tejupá - Perímetro Botucatu.
José Amaral Wagner Neto
Diretor Executivo da Fundação Florestal
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 2
1.1. Contextualização da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu .......... 5
1.2. A APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu ......................................... 10
1.2.1. Localização ............................................................................................................................. 10
1.2.2 Histórico de criação ............................................................................................................... 11
1.2.3 Gestão da APA Botucatu ....................................................................................................... 12
1.2.4 O Plano de Manejo ................................................................................................................ 14
2. Caracterizações Temáticas da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu . 16
2.1. Clima ......................................................................................................................................... 16
2.2. Recursos Hídricos Superficiais .............................................................................................. 16
2.3. Recursos Hídricos Subterrâneos ........................................................................................... 18
2.4. Geologia, Geomorfologia e Solos ......................................................................................... 21
2.5. Biodiversidade ......................................................................................................................... 23
2.6. Ocupação humana, socioeconomia e vetores de pressão ................................................ 28
2.7. Patrimônio Histórico-Cultural ................................................................................................ 32
3. Avaliação Estratégica ....................................................................................................................... 34
4. Zoneamento ......................................................................................................................................... 40
4.1. Critérios de Zoneamento ............................................................................................................. 43
4.2. Síntese das Informações sobre as Zonas e Áreas................................................................... 44
5. Planejamento .................................................................................................................................... 52
6. Gestão Organizacional da APA ....................................................................................................... 77
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Vetores de pressão negativos da APA Corumbataí, Botucatu e
Tejupá, perímetro Botucatu.
Tabela 2 Alguns Bens Materiais do Patrimônio Histórico-Cultural da APA
Corumbataí, Botucatu e Tejupá, perímetro Botucatu.
Tabela 3 Critérios para o zoneamento da APA Botucatu
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Distribuição dos biomas Mata Atlântica e Cerrado no Estado de
São Paulo e destaque do limite da APA Corumbataí, Botucatu e
Tejupá – perímetro Botucatu.
Figura 2 De acordo com os dados do Programa Biota-FAPESP a região de
abrangência da APA é uma área de alta e extrema prioridade
para levantamentos de flora e fauna.
Figura 3 Localização e vias de acesso à APA APA Corumbataí, Botucatu e
Tejupá – perímetro Botucatu.
Figura 4 Organograma institucional da APA Botucatu.
Figura 5 Área de afloramento e confinamento do Aquífero Guarani na
região da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – perímetro
Botucatu.
Figura 6 Distribuição das fisionomias vegetais na área da APA Corumbataí,
Botucatu e Tejupá – perímetro Botucatu.
Figura 7 Mapas dos 37 fragmentos florestais prioritários para conservação
da biodiversidade na área da abrangência da APA Botucatu.
Figura 8 Mapa de zoneamento da Área de Proteção Ambiental
Corumbataí, Botucatu, Tejupá – Perímetro Botucatu.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Matriz de Análise Estratégica da APA Botucatu.
Quadro 2 Matriz de Planejamento Estratégico da APA Botucatu.
Quadro 3 Quadro síntese das diretrizes e linhas de ação estratégica do
Programa de Gestão Organizacional da APA Botucatu.
LISTA DE SIGLAS
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico
CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONDEPHAAT Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico
CPLA Coordenadoria de Planejamento Ambiental
CPLEA Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental
DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica DAT Diretoria de Assistência Técnica
EMBRAPA Centro Nacional de Pesquisa de Solos
ENGEA Avaliações, Estudos do Patrimônio e Engenharia Ltda
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FF Fundação Florestal do Estado de São Paulo
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GPRA Gerência de Proteção e Recuperação Ambiental IAC Instituto Agronômico de Campinas IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IF Instituto Florestal IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional RPPN Reserva Particular de Patrimônio Natural SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SIEFLOR Sistema Estadual de Florestas SINBIOTA Sistema de Informação Ambiental do Biota SMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC Unidade de Conservação
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UGRHI Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos UNESP Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
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FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Nome da unidade: Área de Proteção Ambiental Corumbataí, Botucatu, Tejupá – Perímetro
Botucatu
Órgão gestor da Unidade: Fundação Florestal – Rua do Horto, 931 – Bairro Tremembé – São
Paulo – SP – Fone (11) 2997-5000
Nome do Gestor: Elisa Maria do Amaral
Endereço da Sede Rua Dr. Cardoso de Almeida, 2.839.
Caixa Postal 04, CEP 18.603-970.
Botucatu/SP
Telefone (14) 3814 1144
e-mail [email protected]
Decreto de Criação Decreto Estadual n.º 20.960 de 08 de junho de 1983
Regulamentação Resolução SMA s/nº de 11.03.87
Superfície da Unidade 215.615,12 ha/2.156,15 Km2
Perímetro da Unidade 626,02 Km
Municípios que abrange e
percentual da área territorial do
município inserido na Unidade
Conservação
Angatuba: 1,24%; Avaré: 22,88%; Bofete: 71,19%;
Botucatu: 25,94%; Guareí: 28,17%; Itatinga:
64,81%; Pardinho: 72,01%; São Manuel: 4,88%;
Torre de Pedra: 51,62%.
Coordenadas Geográficas 23o23’30” a 22o43’30” S
48o07’30” a 48o58’00” W
Marcos Geográficos referenciais
dos limites
Da represa de Jurumirim (municípios de Avaré e
Itatinga), ao sul da APA, às margens da represa de
Barra Bonita, ao norte, no município de Botucatu. Do
início do reverso das Cuestas Basálticas em direção ao
Planalto de Botucatu, a oeste, ao entroncamento da
Rodovia SP300 (Marechal Rondon) à rodovia SP-147,
a leste.
Biomas e ecossistemas
Biomas da Mata Atlântica e Cerrado, com as
fitofisionomias Floresta Estacional Semidecidual,
Savana Arborizada (cerrado "stricto sensu"), Savana
Florestada (cerradão), Campos Úmidos e áreas de
várzeas.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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1. INTRODUÇÃO
O Plano de Manejo, como instrumento de planejamento, vem sendo
utilizado no Brasil desde a década de 70, embora tenha sido legalmente
reconhecido em 2000 no contexto do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC).
Após a Lei nº 9.985, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC, regulamentada pelo Decreto nº. 4.340 de
agosto de 2002, o Plano de Manejo passou a ser o documento orientador de
todas as atividades a serem desenvolvidas nas unidades de conservação, sendo
obrigatória a elaboração do Plano de Manejo das unidades de conservação no
prazo de cinco anos a partir da data de sua criação. A lei também esclarece que
é proibida qualquer intervenção, alteração, desenvolvimento de atividades ou
modalidades de utilização nas unidades de conservação em desacordo com
seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.
De acordo com o art. 7º dessa Lei, as unidades de conservação dividem-
se em dois grupos: as denominadas de Proteção Integral e as de Uso
Sustentável. O SNUC inclui a categoria APA no grupo de Uso Sustentável e a
define como “uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das
populações humanas, e tem como objetivos proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos
recursos naturais”. (SNUC 2002, Artigo 15).
Nas APAs podem coexistir propriedades públicas e privadas, atividades
socioeconômicas urbanas e rurais e áreas de interesse para a conservação do
patrimônio natural e histórico-cultural. Devem, portanto, ser entendidas como
UC com características mistas, onde se busca a conservação do patrimônio
natural associada às condições de ocupação humana que se estabelecem nesse
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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território e aos princípios constitucionais que garantem o direito à propriedade
privada.
Desta forma, os Planos de Manejo constituem o principal
instrumento de gestão das UC, devendo definir o zoneamento da área
abrangida e estabelecer os Programas de Gestão, a partir da realização de
análises e diagnósticos dos elementos do meio físico, biótico e antrópico, num
processo de planejamento integrado e participativo.
Pelas especificidades que esta categoria de UC possui, o Plano de Manejo
das APAs deve ser conduzido como um amplo processo de articulação de
propostas advindas dos diferentes agentes sociais que interagem em seu
território, com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos
recursos naturais, econômicos e socioculturais às especificidades do meio
ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados (CPLEA,
2004).
O presente documento foi elaborado mediante um processo amplamente
participativo e é resultado do aprimoramento de um documento preliminar,
elaborado pela empresa Casa da Floresta Assessoria Ambiental Ltda, contratada
em 2009 para elaboração do produto piloto denominado “Plano de Manejo da
APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu”. Foi retrabalhado
posteriormente pelo órgão gestor da APA e pelo Conselho Gestor da APA, além
de outros colaboradores, adequando-o detalhadamente às necessidades de
conservação dos atributos que ensejaram a criação da APA, bem como ao
potencial e à vocação de desenvolvimento sustentável socioambiental desse
território.
Está assim estruturado:
- Volume I – Diagnóstico Socioambiental – elaborado a partir de
compilação de dados secundários, alguns levantamentos primários específicos e
ainda a partir de etnoconhecimento, colhido ao longo do planejamento
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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participativo. Esse volume manteve-se integralmente da forma elaborada pela
empresa contratada Casa da Floresta Assessoria Ambiental Ltda. Requer, como
qualquer trabalho de compilação de dados, de aprimoramento e atualização
constante, pressuposto do Plano de Manejo.
- Volume II – Planejamento Participativo – contempla a Avaliação
Estratégica da Unidade de Conservação, o Zoneamento da APA e o
Planejamento, estabelecendo aqui as Diretrizes e Linhas de Ação e o Programa
de Gestão Organizacional para a gestão da APA nos próximos anos. Esse
volume foi resultado de várias reuniões e amplas discussões com o Conselho
Gestor, baseado no documento preliminar organizado pela “Casa da Floresta” e
finalizado atendendo as expectativas tanto do Órgão Gestor quanto do
Conselho Gestor da Unidade.
- Volume III – Resumo Executivo – com as principais informações e
disposições do Plano.
- Volume IV – Cartografia, com todas as cartas bases e temáticas em
que se basearam as análises e conclusões do plano.
- Volume V – Minuta de Instrução Normativa e Diretrizes Gerais – com
a definição das zonas e regras de uso e ocupação, bem como as Diretrizes
Gerais e Linhas de Ação.
A gestão da APA Corumbataí, Botucatú, Tejupá – perímetro Botucatu
disporá, a partir da aprovação deste Plano de Manejo de um instrumento
robusto e legítimo para a gestão do território da APA.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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1.1. Contextualização da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá –
Perímetro Botucatu
A APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu abrange
parte de nove municípios paulistas que estão inseridos na região administrativa
de Sorocaba, dentro das regiões de governo de Itapetininga, Avaré e Botucatu.
São eles: Angatuba, Avaré, Bofete, Botucatu, Guareí, Itatinga, Pardinho, São
Manuel e Torre de Pedra, perfazendo um total de 215.615,1 ha. Apesar dos
municípios pertencerem às subáreas diversas e, portanto, com diferentes
centros de polarização, boa parte deles apresenta aspectos sociais e
econômicos parecidos e se integram de forma semelhante à economia regional.
A região Administrativa de Sorocaba, na década de 1960 foi escolhida
pelo governo federal, como Distrito Florestal Prioritário, para obtenção de
incentivos florestais, e, deste modo, a atividade reflorestadora ocupou áreas de
topografia favorável à mecanização, por exemplo, ao sul da região da APA de
Botucatu, introduzindo novas relações sociais de produção e eliminando a
hegemonia da atividade pecuarista, com a qual concorre em área. Mais adiante,
na década de 1980, os incentivos do Proálcool fazem com que a cultura
canavieira ganhe expressão na região, principalmente nos municípios de São
Manuel, Botucatu e Avaré.
O desenvolvimento das atividades industriais, agrosilvopastoris e até
mesmo turísticas da região da APA Botucatu está também muito ligado ao
sistema viário presente na região, compostos pelas Rodovias Castelo Branco e a
Rodovia Marechal Rondon como principais vias de acesso.
O potencial turístico da região a que está inserida está relacionado a
beleza paisagística do seu patrimônio natural, como as serras, cachoeiras e
represa. Além do grande patrimônio natural, destaca-se ainda um dos mais
importantes sítios arqueológicos do Estado de São Paulo, o Abrigo Sarandi,
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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situado no município de Guareí com registros pré-históricos com cerca de seis
mil anos.
A APA Botucatu está inserida, predominantemente, nas províncias
geomorfológicas da Depressão Periférica e Cuestas Basálticas, e,
subordinadamente, no Planalto Ocidental. Encontra-se, ainda em duas zonas da
Depressão Periférica: Zona do Médio Tietê e Zona do Paranapanema.
A linha de Cuestas sofreu um lento recuo, devido ao processo erosivo, o
qual deixou inúmeros Morros Testemunhos defronte ao seu alinhamento, como
exemplos os Morros do Bofete, Alegre e Três Pedras. Dessa forma tanto as
Cuestas, quanto os Morros Testemunhos são um dos atributos naturais mais
marcantes e características da região formando plataformas rochosas que
aparecem em destaque nos vales suaves ao seu redor. Além disso, são também
áreas muito frágeis que merecem todo cuidado e proteção.
Com relação às Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(UGRHI) do Estado de São Paulo, a APA encontra-se inserida em quatro delas,
sendo: UGRHI 10 (Tietê/Sorocaba), UGRHI 13 (Tietê/Jacaré), UGRHI 14 (Alto
Paranapanema) e UGRHI 17 (Médio Paranapanema).
No tocante aos recursos hídricos subterrâneos, um atributo de destaque
e importância para a APA Botucatu, merecendo grande atenção é a presença do
Sistema Aqüífero Guarani, que se estende por quase a totalidade da área da
APA Botucatu, sendo grande parte sua área de afloramento. O Aquífero
Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o
abastecimento público, desenvolvimento das atividades econômicas e lazer.
Nesse sentido, a região da APA apresente alta vulnerabilidade, colocando em
situação de alta exposição ao risco de contaminação o lençol freático e os
lençóis mais profundos, podendo, também, conduzir a um sobre-exploração e
consequente rebaixamento do lençol freático e o impacto nos corpos d'água
superficiais.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Outro ponto que merece grande destaque é o fato da APA Botucatu estar
localizada em uma zona de transição entre o bioma da Mata Atlântica e
Cerrado, com características bióticas de ambos, podendo ser considerada um
ecótono (Figura 1). Estes dois biomas são os predominantes no Estado de São
Paulo. O bioma Mata Atlântica ocupa a maior parte do território estadual,
enquanto que o bioma Cerrado, representado pela suas diferentes fisionomias
desde a florestal até a campestre, localiza-se no centro do estado.
Figura 1. Distribuição dos biomas Mata Atlântica e Cerrado no Estado de São Paulo e destaque do limite da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – perímetro Botucatu.
Para o Estado de São Paulo, restam do Bioma Mata Atlântica
aproximadamente 14% da vegetação original. Quanto ao Cerrado, este bima
chegou a ocupar 14% do território, no entanto, atualmente, estima-se que
restem não mais que 7% da área original, ou menos de 1% da área do Estado.
Desde o início da ocupação européia estes dois biomas foram
intensamente explorados, primeiramente com a extração de espécies de valor
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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madeireiro e depois com a retirada da cobertura vegetal nativa para
implantação de culturas agrícolas, em especial a cana-de-açúcar e o café, o que
resultou na fragmentação de habitats e no isolamento de pequenos
fragmentos.
Atualmente, tanto o Cerrado quanto a Mata Atlântica encontram-se em
situação crítica para conservação, devido à alta concentração de endemismo e
de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção, tendo sido indicados
como ecossistemas prioritários para conservação. O Cerrado apresenta altos
índices de endemismo devido principalmente à heterogeneidade ambiental, com
uma variação ao longo do espaço, enquanto o endemismo relacionado à Mata
Atlântica poderia estar relacionado com o gradiente altitudinal.
No interior do estado de São Paulo, as formações vegetais estão restritas
em áreas de alta declividade ou áreas em que o solo não apresenta atributos
desejáveis para a instalação de culturas agrícolas. Através do avanço da
agropecuária e da zona urbana, a vegetação nativa restringiu-se a pequenos
fragmentos ou remanescentes. Na APA Botucatu é clara esta situação, onde os
remanescentes de vegetação nativa estão principalmente nas frentes das
Cuestas, Morros Testemunhos e em alguns cursos de água de maior largura ou
quando encaixados em relevo acidentado.
Percebe-se, então, que a APA Botucatu possui diversos remanescentes
naturais significativos que potencialmente abrigam grande diversidade de
espécies da fauna e flora, sendo estes prioritários para conservação da
biodiversidade.
Ainda referindo-se à fauna, em razão da APA se localizar entre o
contínuo de Mata Atlântica da Serra de Paranapiacaba, remanescente mais
importante do bioma, e os fragmentos de Savana e Floresta Estacional
Semideciduais do oeste de São Paulo, há ocorrência de espécies endêmicas
tanto do Cerrado quanto da Mata Atlântica, sendo expressivo o endemismo de
aves, primatas e anfíbios anuros.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Dentro desse contexto, a APA, de acordo com o Programa Biota-FAPESP,
é uma área de alta e extrema prioridade para levantamentos de flora e fauna
(Figura 2).
Figura 2. De acordo com os dados do Programa Biota-FAPESP a região de abrangência da APA é uma área de alta e extrema prioridade para levantamentos de flora e fauna. Fonte: adaptado de Programa Biota-Fapesp,
sd.
E nesse contexto apresentado acima, a APA Corumbataí, Botucatu,
Tejupá – Perímetro Botucatu foi criada prioritariamente para proteger os
atributos ambientais e paisagísticos que ali abriga como as Cuestas Basálticas,
os Morros Testemunhos, as áreas de recarga do Aquífero Guarani,
remanescentes de vegetação dos biomas de Cerrado e de Mata Atlântica, a
fauna riquíssima e seu patrimônio histórico-cultural.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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1.2. A APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
1.2.1. Localização
A Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí, Botucatu e Tejupá –
Perímetro Botucatu, conhecida simplesmente como “APA Botucatu”, localiza-se
entre as coordenadas 23o23’30” a 22o43’30” de latitude Sul e 48o07’30” a
48o58’00” de longitude Oeste (Figura 3).
A APA Botucatu abrange parte dos municípios de Angatuba (1,24%),
Avaré (22,88%), Bofete (71,19%), Botucatu (25,94%), Guareí (28,17%),
Itatinga (64,81%), Pardinho (72,01%), São Manuel (4,88%) e Torre de Pedra
(51,62%), perfazendo um total de 215.615,12 ha.
Os municípios da APA Botucatu situam-se na região administrativa de
Sorocaba e pertencem às Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(UGRHs) 10, 13, 14, e 17, dos Rios Sorocaba e Médio Tietê; do Tietê/Jacaré; do
Alto Paranapanema e Médio Paranapanema, respectivamente. As principais vias
de acesso a APA são as Rodovias Castelo Branco e a Rodovia Marechal Rondon.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Figura 3. Localização e vias de acesso à APA APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – perímetro Botucatu.
1.2.2 Histórico de criação
A APA Botucatu foi criada em 1983, através do Decreto Estadual n.º
20.960, com o objetivo de proteger, dentre outros elementos, atributos como
as Cuestas Basálticas e Morros Testemunhos, os exemplares significativos da
flora e fauna regional, o Aqüífero Guarani e o patrimônio histórico-cultural
material e imaterial da região, dentre os quais se destaca o sítio arqueológico
do Abrigo Sarandi, localizado no município de Guareí.
Devido à dimensão significativa dos fragmentos de vegetação nativa em
seu perímetro, no decreto de criação da APA foi também definida e delimitada a
Zona de Vida Silvestre, que compreende todos os remanescentes da flora e da
fauna e as áreas definidas como de preservação permanente pelo Código
Florestal. Na Zona de Vida Silvestre não é permitida nenhuma atividade
degradadora ou potencialmente causadora de degradação ambiental, inclusive
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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o porte de armas de fogo, o de artefatos ou de instrumentos de destruição da
natureza.
1.2.3 Gestão da APA Botucatu
A APA Botucatu foi instituída pelo poder público estadual e seu sistema
de gestão atual está baseado funcionalmente em uma estrutura hierárquica
subordinada ao governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente (SMA), que é responsável por implementar o Sistema
Estadual de Florestas (SIEFLOR). A implantação deste sistema é realizada por
dois dos órgãos executores de política ambiental da SMA, a Fundação Florestal
(FF) e o Instituto Florestal (IF). Compete à Fundação Florestal o controle, a
administração, a gestão financeira, operacional e técnica das Unidades do
SIEFLOR, entre elas, as Áreas de Proteção Ambiental, que estão sujeitas a
todos os dispositivos legais referentes ao regime especial de administração do
estado. A Figura 4 mostra o organograma institucional onde se insere a gestão
da APA Botucatu.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Figura 4. Organograma institucional.
Em 2008 foi instituído o primeiro Conselho Gestor da APA Botucatu sob
gestão da Fundação Florestal, tendo este as funções de contribuir com a
elaboração do Plano de Manejo e realizar as articulações necessárias à
implementação de suas diretrizes e linhas de ação bem como buscar o
fortalecimento das relações institucionais dentro de seu território da APA. O
Conselho Gestor encontra-se atualmente da segunda gestão (2010-2012) e
conta com uma boa representação dos diversos setores sociais.
Sendo uma unidade de conservação de uso sustentável, onde os limites
territoriais não são tão percebidos quanto em unidades de proteção integral, e
onde a conservação do patrimônio natural e histórico-cultural deve se dar
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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conjuntamente aos diversos usos e ocupações do solo, a gestão de uma APA
deve necessariamente ser compartilhada, envolvendo várias instâncias
relacionadas ao poder público e privado. Nesse sentido, são papéis
fundamentais do gestor a articulação entre instituições, o estabelecimento de
parcerias e a comunicação ágil e constante entre as partes, a fim de efetivar a
implantação das ações apresentadas no Plano de Manejo. A Fundação Florestal
vem se estruturando para dar efetividade à gestão das APAs, priorizando a
elaboração dos Planos de Manejo.
O sistema de gestão atual da APA – perímetro Botucatu é realizado de
forma conjunta com outras quatro APAs (Corumbataí, Tejupá, Piracicaba,
Juquerí-Mirim Área I e Juquerí-Mirim Área II), além da Coordenação do
Programa de RPPNs do Estado de São Paulo, na sede regional localizada em
Botucatu. A gestão conjunta envolve o compartilhamento de custos
operacionais, infraestrutura, equipamentos e pessoal de apoio. Os recursos
financeiros provêm exclusivamente de dotação do órgão gestor, sendo
insuficientes para a implantação das ações propostas neste Plano de Manejo
para os próximos cinco anos. Dessa forma, é proposta a reformulação no
sistema de gestão através de um Programa de Gestão Organizacional com o
intuito de reverter esse cenário e garantir a concretização dos objetivos da APA.
1.2.4 O Plano de Manejo
A elaboração do Plano de Manejo da APA Botucatu ocorreu de forma
integrada, entre a equipe técnica da empresa contratada, Casa da Floresta
Assessoria Ambiental Ltda., equipe técnica da Fundação Florestal e membros do
Conselho Gestor da APA. A coordenação se desenvolveu de forma integrada
através do Grupo Técnico de Coordenação formado por técnicos da Casa da
Floresta, dois técnicos da Fundação Florestal e um membro do Conselho Gestor
da APA Botucatu. Esta integração visou um alinhamento institucional e uma
efetividade maior na futura implantação das ações, pela proximidade de quem
executa e quem implementa o Plano de Manejo. O Conselho Gestor da APA,
sob a presidência da Fundação Florestal, participou de maneira ativa da
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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elaboração do Plano através de reuniões técnicas, das oficinas de trabalho e na
disponibilização de dados e informações. Além disso, outros atores atuantes no
território participaram de oficinas de trabalhos trazendo valiosas contribuições.
O Plano de Manejo da APA Botucatu contou com o levantamento e a
análise de dados secundários dos temas relacionados ao meio físico, biótico e
socioeconômico, além da coleta de dados primários de vegetação,
socioeconomia e de informações sobre a estrutura organizacional e o atual
sistema de gestão da unidade.
O zoneamento da APA Botucatu se deu a partir dos resultados desses
diagnósticos, procurando integrar espacialmente os temas e extraindo deles os
aspectos mais relevantes para a definição e demarcação das zonas. Foram
também considerados como referência para o zoneamento os documentos do
pré-zoneamento da APA Botucatu elaborado anteriormente pela Coordenadoria
de Planejamento Ambiental - CPLA, em 2006. As propostas de zoneamento,
bem como as diretrizes e normas de uso para cada zona foram apresentadas,
discutidas e chanceladas nas oficinas de planejamento, que contaram com a
representação de diferentes segmentos da sociedade, caracterizando o
processo participativo nas diversas etapas da elaboração do Plano de Manejo.
Vale ressaltar que o produto final de zoneamento apresentado neste
documento foi resultado de várias reuniões e amplas discussões com o
Conselho Gestor, realizadas após as oficinas, tendo como base o documento
preliminar organizado pela “Casa da Floresta”, atendendo as expectativas tanto
do Órgão Gestor quanto do Conselho Gestor da Unidade.
O Plano de Manejo está dividido em três grandes temas: diagnóstico
ambiental, abrangendo os aspectos relacionados ao meio físico, biótico e
socioeconômico; avaliação estratégica, zoneamento e planejamento, composto
pela Matriz de Planejamento Estratégico e Programa de Gestão Organizacional.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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2. Caracterizações Temáticas da APA Corumbataí, Botucatu e
Tejupá – Perímetro Botucatu
2.1. Clima
De acordo com a classificação de Köppen, os climas encontrados para os
municípios de abrangência da APA Botucatu são Aw (clima tropical com estação
seca de inverno e chuvosa no verão, e temperatura média do mês mais frio
superior a 18ºC), que predomina nos municípios de Botucatu e São Manuel; e
Cf (clima temperado, com precipitação em todos os meses do ano e
temperatura média do mês mais quente superior a 10ºC e dos meses mais frios
entre -3ºC e 18ºC), que predomina no restante da área da APA.
Os meses de janeiro e fevereiro apresentam as maiores precipitações,
com valores variando entre 184 e 240 mm. Os meses mais secos são julho e
agosto, com precipitação entre 30 e 46 mm. De maneira geral, existe
excedente hídrico no solo entre os meses de outubro e março, variando de 296
a 394 mm e representando a fração de água da chuva naturalmente disponível
à recarga do Aquífero Guarani. No período de estiagem, os valores absolutos de
retirada e déficit hídrico no solo são pouco acentuados.
2.2. Recursos Hídricos Superficiais
Os corpos hídricos que drenam a área da APA Botucatu fluem para a
margem direita do rio Paranapanema e para a margem esquerda do rio Tietê.
Os rios que contribuem para a bacia do Rio Paranapanema podem ser
classificados em três tipos: os que nascem e deságuam na depressão Periférica,
como os Rios Guareí, Capivari e Santo Inácio; os que nascem na Cuesta de
Botucatu e descem em direção à Depressão, como o Ribeirão dos Veados e o
Rio Tamanduá; e os que nascem na Cuesta de Botucatu e se desenvolvem no
Planalto Ocidental, como o Rio Pardo. Dentre os principais rios que drenam
para o Tietê estão o Alambari, o Capivara e o Peixe.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Trinta e três bacias hidrográficas estão inseridas ao menos parcialmente
na APA Botucatu, sendo seis delas áreas de mananciais, isto é, áreas de
drenagem cujos rios principais são utilizados para abastecimento público, com
destaque para a bacia do Rio Pardo, de maior dimensão, que abastece o
município de Botucatu. Além do abastecimento público, são encontrados no
perímetro da APA pontos de captação de água superficial utilizados em
atividades minerárias, industriais e agropecuárias (irrigação e piscicultura).
Dentro dos recursos hídricos superficiais destaca-se também a presença
da Represa de Jurumirim, que limita a porção sul da APA, nos municípios de
Avaré e Itatinga, e que apresenta grande potencial turístico para fins
contemplativos e de recreação. Atualmente suas margens, tanto no município
de Avaré (dentro da APA) quanto no município de Paranapanema (fora da
APA), sofrem grande pressão imobiliária, embora no primeiro o padrão de
ocupação com loteamentos seja menos denso.
A APA Botucatu encontra-se inserida em quatro Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Estado de São Paulo: UGRHI
10 (Tietê/Sorocaba), UGRHI 13 (Tietê/Jacaré), UGRHI 14 (Alto Paranapanema)
e UGRHI 17 (Médio Paranapanema), com predomínio de sua área nas UGRHIs
10 e 14. Dos pontos de monitoramento da qualidade das águas superficiais pela
CETESB em todo Estado de São Paulo, nenhum se encontra inserido na área da
APA. Diante desta lacuna de informações, o levantamento secundário dos
parâmetros de qualidade de água foi concentrado nas UGRHIs 10 e 14, na
tentativa em se obter valores de referência em escala regional. Esse
levantamento mostrou que as condições gerais de qualidade das águas
superficiais dessas UGRHIs, medidas através do Índice de Qualidade de Águas
(IQA), são consideradas entre “boa” e “ótima” para o Reservatório de Barra
Bonita, localizado ao norte da APA, e “ótima” para o Reservatório Jurumirim, ao
sul da APA.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
18
Entretanto, estudos pontuais realizados para a região da APA Botucatu
apontam para a necessidade de um controle maior da disposição de resíduos
sólidos, do lançamento de efluentes sanitários e da aplicação de defensivos
agrícolas nas áreas rurais, tendo sido encontrados poluentes relacionados a
estes tipos de atividades em corpos hídricos inseridos no perímetro da unidade.
Destaca-se também a necessidade de melhoria da eficiência do sistema de
tratamento de esgoto em diversos municípios pertencentes à APA Botucatu,
bem como o controle da erosão do solo em áreas agrícolas, responsável pela
presença maciça de pontos de assoreamento nos corpos hídricos.
2.3. Recursos Hídricos Subterrâneos
Um fator de grande importância para a APA Botucatu é a presença do
Sistema Aqüífero Guarani (SAG). O SAG abrange uma área de cerca de
1.087.880 km2, distribuídos entre Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil, onde
ocupa parte dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (HIRATA et al.,
2008). Com um volume total de água armazenada estimado em torno de
30.000 km3 (FOSTER et al., 2009), o principal uso atual e potencial das águas
do Aqüífero Guarani é o abastecimento público. Isso se deve a diversos fatores
como a qualidade natural da água e maior proteção frente aos agentes
contaminantes; a quantidade de água assegurada ao longo do tempo, sem
variação por causas climáticas; a flexibilidade locacional e de escalonamento
das obras (poços) com a evolução da demanda por água; a maior
economicidade dos sistemas de abastecimento na maioria dos casos (ROCHA,
1997; HIRATA et al., 2006).
O Aqüífero Guarani é composto por arenitos das formações Pirambóia na
base e Botucatu no topo, sendo que cerca de 90% de sua área está recoberta
por espessos derrames de lavas basálticas, o que lhe confere características
típicas de um aqüífero regional confinado. Entretanto, nas bordas oeste e leste
da bacia do Rio Paraná, onde se localiza a APA Botucatu, faixas alongadas e
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
19
irregulares constituem a porção do aqüífero livre, por onde predominantemente
há a recarga da porção confinada.
No Estado de São Paulo, essas áreas de recarga ocorrem principalmente
nos locais de afloramento atravessados pelos Rios Tietê, Piracicaba, Mogi-
Guaçu, Pardo e Paranapanema, além de outros de menor vazão, como o Rio do
Peixe e o Rio São José dos Dourados (CETESB, 2007). Alguns dos principais
afluentes desses rios percorrem o perímetro da APA Botucatu, sendo que a área
de afloramento do aqüífero compreende aproximadamente 71% do total da
unidade (Figura 5).
Figura 5. Área de afloramento e confinamento do Aquífero Guarani na região da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – perímetro Botucatu. Fonte: adaptado de CETESB (2007).
Entretanto, a velocidade de fluxo de água subterrânea para alimentar
aquífero confinado é muito lenta (estimada entre 1 a 2 % da precipitação anual
ou entre 10 a 15 mm por ano). Dessa forma, a grande preocupação com as
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
20
áreas de afloramento do aquífero na APA Botucatu, uma das principais
justificativas para a criação da unidade, deve ser a manutenção da qualidade e
da disponibilidade de água para a população residente em seu próprio território
e nos municípios circunvizinhos, pois os possíveis impactos causados pelo uso e
ocupação do solo dentro desse recorte geográfico serão sentidos primeiramente
e com muito mais intensidade nesta escala regional, e não em escala
continental. Por outro lado, também deve-se considerar a necessidade de maior
controle de contaminantes mais persistentes, esses sim, oferecendo risco de
contaminação do aqüífero a longo prazo e em áreas mais abrangentes.
Dentre as principais fontes de poluição das águas subterrâneas estão o
despejo de efluentes urbanos domésticos e industriais e a aplicação
indiscriminada de agroquímicos, sendo eles fertilizantes ou defensivos agrícolas
(FOSTER et al., 2009; SÃO PAULO, 2005; CETESB, 1985). Embora a qualidade
das águas do Aquífero Guarani seja considerada naturalmente boa, a área da
APA Botucatu é considerada como de média a alta vulnerabilidade à
contaminação (SÃO PAULO, 2005). De fato, dados atuais da CETESB já
apontam indícios de alteração das características naturais do aqüífero causados
por atividades antrópicas próximas à área da APA, como o aumento nas
concentrações de N-Nitrato em ponto localizado na UGRHI 10, e de alumínio na
UGRHI 14.
A disponibilidade de água para abastecimento é outra preocupação com
relação ao aqüífero. Há, por exemplo, um grande descompasso entre as
estimativas dos poços construídos e o número de poços outorgados que
constam nos bancos de dados oficiais no Estado de São Paulo. Esse descontrole
sobre a exploração dos recursos hídricos subterrâneos provavelmente também
ocorre no perímetro da APA Botucatu, onde atualmente se tem registro de 16
poços outorgados.
Diante destas problemáticas, uma das principais preocupações com
relação ao zoneamento da APA Botucatu foi o mapeamento das áreas de
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
21
afloramento do Aqüífero Guarani, sendo o estabelecimento de normas e
diretrizes de uso e ocupação do solo voltado à manutenção da qualidade e
disponibilidade das águas subterrâneas para a população atual e para aas
gerações futuras.
2.4. Geologia, Geomorfologia e Solos
A APA Botucatu localiza-se sobre a borda nordeste da Bacia Sedimentar
do Paraná, na transição entre as províncias geomorfológicas da Depressão
Periférica (incluindo as zonas do Médio Tietê e do Paranapanema), das Cuestas
Basálticas e do Planalto Ocidental.
O relevo da Depressão Periférica é pouco acidentado, com predomínio de
colinas baixas, de formas suavizadas, separadas por vales jovens, sem planícies
aluviais importantes. Na APA Botucatu, os terrenos pertencentes a esta
província são constituídos predominantemente por rochas areníticas do Grupo
São Bento, que engloba as Formações Botucatu e Pirambóia, amplamente
distribuídas pela unidade. São encontradas também rochas do Grupo Passa
Dois, constituídas por folhelhos, argilitos e siltitos das Formações Irati e
Teresina, esta última predominando e ocorrendo em manchas nos municípios
de Guareí, Bofete e Itatinga. Embora em terrenos de declividade suave, o
substrato rochoso encontrado nesta província confere alta fragilidade erosiva a
esses terrenos. Embora predominem as rochas areníticas, na Depressão
Periférica são também encontrados importantes derrames e intrusões de rochas
basálticas da Formação Serra Geral, que, sendo resistentes à erosão em relação
aos arenitos, se mostram salientes na topografia, formando os Morros
Testemunhos por erosão diferencial, como os morros do Bofete e Três Pedras,
no município de Bofete, os morros Alegra, Naiva, Sarandi e Cirineu, no
município de Guareí, e o Torre de Pedra, no município de mesmo nome
(ENGEA, 1990).
As rochas basálticas da Formação Serra Geral também afloram em uma
faixa de largura de 1 a 3 km acompanhando a Serra de Botucatu, constituindo
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
22
a província das Cuestas Basálticas. Essa província é constituída por terrenos de
forte instabilidade, sujeitos a movimentos de massa, erosão laminar e erosão
linear, tais como ravinas e voçorocas muito profundas, encontradas em grande
quantidade no perímetro da APA.
As Cuestas e os Morros Testemunhos são alguns dos principais atributos
naturais a serem conservados na APA Botucatu, tendo sido este um dos
motivos da criação dessa unidade. Além de sua alta fragilidade natural e grande
beleza cênica, essas formações geológicas também abrigam diversos sítios
arqueológicos, muitos dos quais ainda não estudados.
A Província do Planalto Ocidental se inicia no reverso das Cuestas
Basálticas, avançando para noroeste, e é caracterizada por uma sucessão de
campos ondulados, de relevo extremamente suavizado. Nesses terrenos
ocorrem rochas da Formação Marília, pertencente ao Grupo Bauru, e constituída
predominantemente de arenitos. Na APA Botucatu, essa formação ocorre
principalmente nos municípios de Botucatu, Pardinho e Itatinga.
Ocorrem na APA Botucatu predominantemente Latossolos e Argissolos, e
subordinadamente Nitossolos e Neossolos. Os Latossolos Vermelho-Amarelos
ocupam a maior superfície da APA, sendo solos em avançado estágio de
intemperização, muito evoluídos, normalmente bastante profundos e de
fertilidade variável. Embora possuindo boa permeabilidade e estando
localizados em terrenos de declividade suave, os Latossolos encontrados na
APA tornam-se naturalmente suscetíveis à erosão devido ao substrato rochoso
predominantemente arenítico e friável.
Já os Argissolos Vermelho-Amarelos são encontrados em unidades de
mapeamento simples ou associados a outros solos, possuindo geralmente
horizonte superficial arenoso. Essa característica, aliada ao acúmulo de argila
em sub-superfície e à declividade acentuada dos terrenos, confere maior
suscetibilidade à erosão a essas localidades. É o que ocorre na porção leste e
norte APA, onde são encontradas diversas ravinas e voçorocas.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
23
2.5. Biodiversidade
A APA Botucatu abrange áreas pertencentes tanto o Bioma Mata
Atlântica quanto o Bioma Cerrado, sendo que o Cerrado fica concentrado ao
norte e sudoeste e a Mata Atlântica na região central e sudeste da APA. As
fitofisionomias presentes em sua maior proporção são da Floresta Estacional
Semidecidual (bioma Mata Atlântica), manchas de Savana (Cerrado), manchas
de formações de contato com a Savana e a Floresta Estacional Semidecidual,
além de campos úmidos e várzeas (Figura 6).
Figura 6. Distribuição das fisionomias vegetais na área da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – perímetro Botucatu. Fonte: Kronka et al. (2007).
Através do avanço da agropecuária e zona urbana, a vegetação nativa
restringiu-se a pequenos fragmentos ou remanescentes, presentes
principalmente nas frentes das Cuestas, Morros Testemunhos e em alguns
cursos de água de maior largura ou quando encaixados em relevo acidentado.
As formações de Floresta Estacional Semidecidual, apresentam-se em
grande parte em bom estado de conservação, com alta diversidade de espécies
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
24
arbóreas e estrutura florestal definida (como altura do dossel e estratificação).
Alguns remanescentes estudados apresentam-se em matriz com silvicultura de
essências exóticas, sendo considerada uma matriz permeável à flora e fauna
nativas, já outros estão inseridos em áreas de pastagens e canaviais, onde a
pressão é maior. Como exemplos de espécies registradas dessa formação
temos: Machaerium brasiliense, Allophylus edulis, Campomanesia guazumifolia,
Cariniana estrellensis, Casearia sylvestris, Copaifera langsdorffii, Guarea
guidonia, Maytenus aquifolia, Syagrus romanzoffiana, Acacia polyphylla, Aloysia
virgata, Aspidosperma polyneuron, Astronium graveolens, Casearia
gossypiosperma, Celtis iguanaea, Centrolobium tomentosum, Chrysophyllum
gonocarpum, Cordia trichotoma, Croton floribundus, Enterolobium
contortisiliquum, Guapira opposita, Guazuma ulmifolia, Hymenaea courbaril,
Luehea divaricata, Machaerium nyctitans, Maclura tinctoria, Metrodorea nigra,
Patagonula americana, Rapanea umbellata, Sorocea bonplandii, Trichilia
catigua, T. claussenii, T. elegans e T. pallida.
Os fragmentos de Savana (Cerrado) se localizam principalmente na
depressão periférica, com solos de textura arenosa. Diferente dos fragmentos
de Floresta Estacional Semidecidual, estão localizados em áreas de relevo mais
suave. Observa que, alguns estão inseridos em matriz de silvicultura e outros
estão situados ao lado de loteamentos e citricultura. Como exemplos de
espécies registradas em coleções de herbários (não foram levantados estudos
nessa formação) temos: Dyschoriste humilis, Duguetia furfuracea,
Anadenanthera falcata, Banisteriopsis argyrophylla, Aspidosperma tomentosum,
Schefflera vinosa, Gochnatia barrosii, Zeyhera digitalis, Caryocar brasiliense,
Kielmeyera variabilis, Erythroxylum suberosum, Anadenanthera falcata,
Copaifera langsdorffii, Stryphnodendron adstringens, Byrsonima intermedia,
Psidium cinereum, Solanum lycocarpum, Styrax camporum, entre outros.
Através das informações levantadas nota-se que os remanescentes de Savana
da região da APA Botucatu não são muito conhecidos quanto sua flora e
estrutura.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
25
Nos estudos e registros levantados para a região (em sua maioria para
formação de Floresta Estacional Semidecidual), foram registradas para o grupo
de fanerógamas 1.164 espécies, variando de hábito herbáceo, arbustivo e
arbóreo, para o grupo das pteridófitas 21 espécies enquanto que para o grupo
das gimnospermas somente duas espécies, sendo que do total de espécies
encontradas 42 são exóticas. Destes registros foram encontradas 29 espécies
relacionadas a algum grau de ameaça de extinção, sendo que 18 espécies para
Floresta Estacional Semidecidual, e 19 espécies comuns na Floresta Estacional
Semidecidual quanto na Savana (Cerrado).
Em função da grande lacuna de conhecimento identificada e baixa
qualidade dos dados de ocorrência compilados para os estudos de vegetação e
flora terrestres, utilizando métodos de ecologia da paisagem, foram
selecionados 37 remanescentes de vegetação prioritários para conservação da
biodiversidade abrangendo diferentes situações ambientais no interior da APA
Botucatu (Figura 7). Para isso, foi definido um limite de corte dos
remanescentes com área mínima de 100 ha. Esta dimensão de remanescente é
capaz de conter populações viáveis de muitas espécies silvestres e ainda inclui
ambientes onde processos ecólogicos não se encontram inteiramente ou
relativamente afetados por atividades antrópicas. Outra seleção foi feita
descartando os remanescentes que não comportavam em seu interior uma
circunferência de, no mínimo, 500 metros de raio. Esta análise visou excluir os
remanescentes de formato alongado que são mais suscetíveis aos efeitos de
borda. Além disso, os remanescentes que apresentavam também
estreitamentos de, no máximo, 200 metros de largura e 100 metros de
comprimento, foram “cortados” da seleção.
Dentre os fragmentos selecionados alguns deles possuem alto potencial
para criação de Unidades de Conservação, principalmente de proteção integral,
pelo fato de possuírem grande área e apresentarem condições para o
estabelecimento das diferentes espécies raras e ameaçadas compiladas durante
o inventário de dados secundários da biodiversidade. Salienta-se que a situação
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
26
de alguns dos fragmentos de Cerrado é crítica por sofrerem grande pressão de
ocupação residencial em seu entorno.
Figura 7. Mapas dos 37 fragmentos florestais prioritários para conservação da biodiversidade na área da abrangência da APA Botucatu.
Em relação à fauna a compilação dos dados secundários evidenciou que
potencialmente podem ocorrer na área de abrangência da APA Botucatu 424
espécies de vertebrados, dos quais 66 são mamíferos, 244 são aves, 58 são
anfíbios e 56 são répteis. Esta grande riqueza de espécies se deve pelo fato da
APA Botucatu estar localizada em uma zona de transição entre o bioma da Mata
Atlântica e Cerrado. Por esta razão, há ocorrência de espécies endêmicas tanto
do Bioma Cerrado quanto da Mata Atlântica, sendo expressiva também a
existência de espécies ameaçadas de extinção.
Foram registradas 18 espécies de mamíferos de pequeno porte, 14
espécies de morcegos e 36 espécies de médio e grande porte. Destas, 13 são
consideradas ameaçadas de extinção, seis são endêmicos do bioma da Mata
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
27
Atlântica e uma espécie é exótica. A APA Botucatu possui grande importância
para a conservação das espécies de mamíferos do bioma Cerrado e Mata
Atlântica, sendo que 22,4% das espécies que ocorrem nestes biomas são
encontradas nesta região.
Sobre as aves, das 244 espécies registradas três são endêmicas do
bioma do Cerrado, 30 são endêmicas da Mata Atlântica e nove espécies são
citadas com algum grau de ameaça de extinção em listas oficiais de espécies
ameaçadas. É importante ressaltar a ocorrência para região das espécies
urubu-rei (Sarcoramphus papa), a juriti-vermelha (Geotrygon violacea) e a
patativa (Sporophila plumbea), consideradas na categoria “em perigo” (EN)
para o estado de São Paulo.
No caso da herpetofauna, foram registradas 58 espécies de anfíbios
anuros, 52 espécies de serpentes e uma espécie de jacaré. Para o grupo dos
lagartos, anfisbênias e quelônios o inventário de espécies evidenciou uma
grande lacuna de conhecimento, sendo registrada apenas uma espécie para
cada grupo. Destas, 14 são endêmicas da Mata Atlântica, sete são endêmicas
do Cerrado e seis são citadas com algum grau de ameaça de extinção em listas
oficiais de espécies ameaçadas. É importante ressaltar a ocorrência para região
das espécies anfíbios Odontophrynus moratoi e Bokermannohyla izecksohni, e
das serpentes, Rhinocerophis itapetiningae, Philodryas livida,
Philodryas agassizii e Phalotris nasutus, presentes na lista de espécies
ameaçadas de extinção do estado de São Paulo.
A análise das informações sobre a ocorrência de espécies revelou uma
alta concentração de trabalhos no município de Botucatu e uma carência de
informações sobre o meio biótico nos demais municípios que a compõem, em
especial, Bofete, Guareí, Pardinho, São Manuel e Torre de Pedra. Além disso,
muitas dessas informações possuem deficiência na localização exata do
trabalho: geralmente apresentam as coordenadas geográficas da área urbana
do município, o que impede de afirmar se o registro é oriundo do interior da
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
28
APA. Ainda, informações recentes sobre o meio biótico são raras, o que
impossibilita afirmar com exatidão a ocorrência de determinadas espécies na
área. Tais fatos dificultaram o diagnóstico, limitando-o na discussão sobre seu
estado de conservação, no registro e localização de espécies ameaçadas e na
delimitação de áreas prioritárias para conservação.
A destruição de habitats é o principal e o mais preocupante vetor de
pressão observado. A conversão de grandes áreas em monoculturas, como
silvicultura de eucalipto e pinus, citricultura e o plantio de cana-de-açúcar, são
fortes ameaças à conservação da biodiversidade na região. A destruição dos
remanescentes florestais e consequente introdução de uma matriz agrícola
homogênea podem reduzir drasticamente a diversidade de hábitats e micro-
hábitats. Este impacto além de reduzir a riqueza e abundância de vários grupos
de espécies, pode extinguir localmente espécies restritas a hábitats específicos,
principalmente a de ambientes florestais e ambientes úmidos.
2.6. Ocupação humana, socioeconomia e vetores de pressão
Os municípios inseridos na APA Botucatu possuem um grau de
urbanização elevado, sendo que Avaré, Botucatu e São Manuel apresentam
valores percentuais acima de 90%. Pode-se notar ainda que a população
residente em área urbana é crescente em todos os municípios. O centro urbano
de maior relevância é a cidade de Botucatu, pólo comercial e tecnológico
regional, e onde se localizam dois campi da Universidade Estadual Paulista –
UNESP, um da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e outro da
Faculdade de Ciências Agronômicas e Florestais.
Quanto à rede fundiária, a terra encontra-se ainda hoje concentrada,
principalmente em Avaré, Botucatu, Itatinga e São Manuel, onde os
estabelecimentos maiores que 100 ha ocupam mais de 80% da área total. Essa
concentração de terras reflete ao uso dado ao solo agrícola, onde as atividades
dominantes nesses municípios são a pecuária, o reflorestamento e a cana-de-
açúcar. Estas atividades geralmente estão associadas às grandes propriedades.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
29
A agropecuária teve um papel fundamental na economia regional. Esta
continua sendo importante, mas atualmente possui um papel secundário, como
se verifica ao analisar a formação do Produto Interno Bruto, o PIB. Botucatu
possui o maior PIB total e PIB per capita, enquanto Torre de Pedra, os
menores. O setor de serviços é o maior responsável pelo PIB dos municípios, tal
como do estado de São Paulo. São Manuel e Botucatu apresentam, também,
uma expressiva participação da indústria. A participação da agropecuária só foi
significativa em Angatuba, Bofete, Guareí e Itatinga, onde foi responsável em
pelos menos 20 % do PIB.
O uso e a ocupação do solo da APA Botucatu analisado para os anos de
1999 e 2010, mostram a predominância da agropecuária e do reflorestamento
com espécies exóticas de pinus e eucalipto. Vale ressaltar também que houve
um avanço significativo da cultura da cana de açúcar e de citrus, substituindo
áreas de pastagem, isso pode ser observado, sobretudo nos municípios de São
Manuel, Botucatu e Avaré. Quanto à formações florestais, observou-se um
aumento de 6%, entretanto este aumento pode estar relacionado à qualidade
das imagens utilizadas e à metodologia da elaboração dos mapa
Através dos trabalhos dos grupos focais, trabalho de campo de
vegetação, mapa de uso e ocupação do solo, análise de imagens do Google,
além de alguns trabalhos acadêmicos permitiu a identificação de diversos
vetores de pressão negativos presentes na APA Botucatu. A tabela a seguir
mostra com detalhes os vetores encontrados (Tabela 1).
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
30
Tabela 1. Vetores de pressão negativos da APA Corumbataí, Botucatu e
Tejupá, perímetro Botucatu.
Ocupação / Atividade
Descrição Problemas e vetores
decorrentes
Usos do solo incompatíveis a
capacidade de uso
A ocupação pela cana-de-açúcar, citrus, cultura anual, reflorestamento, pastagens e outros geram a sobre-utilização de alguns setores da APA.
Erosão, assoreamento.
Estradas Sistema viário complexo favorece o escoamento superficial. Observado o escoamento de águas para o interior dos fragmentos florestais. Além disso, as estradas cortam grandes extensões do território da APA.
Erosão, assoreamento, fogo, atropelamento de fauna, barreira ecológica.
Aterros sanitários Municípios utilizam aterros sanitários, os quais necessitam de manutenção. Em Itatinga o aterro sanitário é simplificado e apresenta problemas.
Contaminação, proliferação de pragas e doenças.
Efluentes urbanos, industriais e
agrícolas
A inexistência de sistema de tratamento coletivo nos bairros rurais, ao qual fica ao encargo do morador que muitas vezes possui fossas negras ao invés das fossas sépticas. Além disso, existe uma baixa eficiência do tratamento do esgoto coletado.
Poluição do solo e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Cultura de cana-de-açúcar
Monocultura. O método de colheita utilizado é a queima.
Perda de biodiversidade, pressão sobre os pequenos proprietários em Botucatu, poluição atmosférica e das águas
Invasão de espécies exóticas
Registro nos fragmentos de espécies da fauna e flora exóticas, tais como, javali (Sus scrofa), lebre-européia (Lepus europaeus), pinus (Pinus sp.) e ipê-de-jardim (Tecoma stans)..
Perda de biodiversidade.
Caça e pesca A pesca e a caça predatória foram constatadas em alguns pontos, principalmente de paca
Perda de biodiversidade, diminuição das populações naturais.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
31
Ocupação / Atividade
Descrição Problemas e vetores
decorrentes
e capivara. Pastagens Pastagens sem utilização de
técnicas de conservação do solo Compactação do solo, erosão, invasão da APP.
Loteamentos Grandes remanescentes naturais do bioma do Cerrado ameaçados pela expansão urbana. Descuido com o escoamento das águas pluviais e falta de saneamento básico gera a utilização de fossas negras e poços.
Supressão de vegetação nativa, poluição do solo e das águas, erosão, pressão sobre a infraestrutura de transporte, saúde, educação, entre outros.
Ausência de APP Ausência de mata ciliar e vegetação em áreas declivosas em toda a APA. O mapa de Uso e Ocupação do Solo (figura 4.1.2.4/1) e Tangari e Silva (2007) constataram esta ausência em Avaré e em toda a APA.
Erosão, assoreamento, diminuição do fluxo gênico.
Reflorestamento Monocultura de eucaliptos. Perda de biodiversidade, homogeinização da paisagem.
Agricultura Utilização de defensivos e fertilizantes agrícolas e manejo inadequado das culturas.
Poluição das águas superficiais e subterrânea, perda de biodiversidade, diminuição do fluxo gênico entre os fragmentos, invasão da APP, desmatamento.
Turismo Em Avaré, ausência de planejamento na área próxima a represa onde não consta saneamento básico (água e esgoto) e acúmulo de lixo durante as temporadas (CAROLINO e SIMON, 2007).
Poluição sonora e das águas, desperdício de água.
Mineração Portos de areia, principalmente. Assoreamento, erosão.
Por outro lado, existem vetores de pressão positivos que afetam de
forma positiva a população. Na APA Botucatu, alguns vetores de pressão
positivos foram identificados, entre eles podemos citar (a) a existência de
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
32
outras unidades de conservação próximas, a qual favorece a conservação do
ambiente natural no entorno da APA, ou seja, podendo propiciar um fluxo de
espécies entre as unidades; (b) potencial turístico relacionado ao patrimônio
histórico-cultural e ao patrimônio natural; (c) incentivos a projetos de
agricultura orgânica; (d) ONGs e universidades atuantes na APA, que organizam
e estabelecem parcerias buscando a melhoria ambiental e qualidade de vida
para a população dos municípios; (e) existência de projetos nas áreas social e
ambiental; (f) grandes remanescentes das fitofisionomias dos biomas do
Cerrado e Mata Atlântica que potencialmente podem abrigar grande diversidade
de espécies da fauna e flora; e (g) ocorrência de festas populares, as quais
permitem o fortalecimento e a continuidade dos valores culturais da região.
2.7. Patrimônio Histórico-Cultural
O Patrimônio Histórico-Cultural Material da APA Botucatu corresponde a
bens imóveis de sítios arqueológicos e edificações. Os vestígios materiais dos
sítios arqueológicos são procedentes de três grupos indígenas que povoaram o
atual território da APA: os Guarani, os Caingang e os Oti-xavante. O
povoamento da APA por populações indígenas é relativamente recente, datado,
principalmente, entre os séculos XIX e XX.
Quinze sítios arqueológicos são conhecidos na APA, a maioria
concentrados no sopé da Cuesta e dos Morros Testemunhos, principalmente no
município de Guareí. Dentre eles destaca-se o Abrigo Sarandi, também nesse
município, sendo sua proteção um dos principais objetivos da criação da APA
Botucatu. Entretanto, não há detalhamento das características de grande parte
destes sítios arqueológicos, evidenciando a necessidade de estudos na região
que possibilitem o entendimento das antigas populações que habitaram a área,
além da proteção, recuperação e integração desses sítios ao patrimônio
arqueológico regional.
Já o Patrimônio Histórico-Cultural material edificado dos municípios da
APA Botucatu está ligado aos eventos econômicos da segunda metade do
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
33
século XIX e início do século XX, ou seja, a produção cafeeira e os primórdios
da industrialização. Constitui-se principalmente de sedes e outras estruturas de
antigas fazendas, incluindo terreiros de secagem, senzalas, moendas e
depósitos, concentrados nos municípios de Botucatu, Avaré, Itatinga e São
Manuel, além de igrejas e capelas de diversos estilos arquitetônicos, como
bizantino, gótico, barroco e colonial, encontradas principalmente em Botucatu.
Não há vestígios remanescentes da ocupação em períodos mais antigos,
embora se saiba que as primeiras incursões ao vale do Paranapanema tenham
ocorrido ainda no século XVI pelos castelhanos vindos de Assunção para São
Vicente, seguidas pelos paulistas vindos de Barueri, Sorocaba e Itapetininga a
procura de escravos no século XVII, e posteriormente pelos jesuítas que ali se
instalaram o século XVIII em grandes fazendas de criação de gado, sendo
finalmente expulsos do Brasil em 1759.
A Tabela 2 apresenta importantes bens materiais do Patrimônio
Histórico-Cultural da APA.
Tabela 2. Alguns Bens Materiais do Patrimônio Histórico-Cultural da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá, perímetro Botucatu.
Município Bem Histórico
Angatuba Casa da Cultura
Delegacia
Avaré Engenho Pinga Galo do Tamassia
Fórum – tombado pelo CONDEPHAAT
Bofete Igreja Matriz
Botucatu
Prefeitura Municipal (1930)
Casa das Meninas (1927)
Santa Casa de Misericórdia (1895)
Fórum (1920) – também abrigou a Cadeia até 1974. Sua arquitetura possui o mesmo padrão do edifício do Tribunal de Justiça de São Paulo, ambos do escritório de Ramos de Azevedo.
Praça Rubião Junior (1916)
Secretaria Municipal de Educação (1917) – antigo Seminário, com capela que reproduz conceitos de capelas de ordens franciscanas da
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
34
Município Bem Histórico
Europa.
Palácio Episcopal (1934) – atual Seminário.
Caridade Portuguesa Maria Pia (1901) – estilo neoclássico, riqueza de adereços.
Museu de Arte Contemporânea “Itajahy Martins” – acervo com mais de 50 peças de pintores contemporâneos.
Museu do Boiadeiro – acervo com peças referentes a vida e atividade do peão de boadeiro e outros elementos que fogem a temática.
Museu do Caboclo – acervo referentes à vida e à atividade do peão de boiadeiro.
Museu Histórico e Pedagógico “Francisco Blasi” – Acervo eclético, com objetos pertencentes a moradores da cidade.
Museu do Café – localizado na Fazenda Lageado, acervo relacionado à cultura do café e a sua história no espaço regional.
Itatinga
Casa de Educação e Cultura (1914) – antiga delegacia e cadeia do município.
Usina hidrelétrica Salto do Lobo – existe há quase 100 anos e após restauração foi posta em funcionamento há alguns anos.
São Manuel
Jardim Público (1905) – coreto.
Museu Histórico e Pedagógico “Pe. Manoel de Nóbrega” – mais de 4.000 peças catalogadas e é considerado um dos mais ricos museus do interior de São Paulo.
Fonte: Prefeituras (2010); Pólo Cuesta (2010); Figueiroa (2008).
3. Avaliação Estratégica
A APA Botucatu tem como missão disciplinar o uso e ocupação do solo
de modo a proteger as Cuestas Basálticas, Morros Testemunhos e
Biodiversidade, garantir a conservação do Aquífero Guarani e valorizar seus
atributos culturais, através de uma ação em rede entre as diferentes
instituições e atores sociais, que tenha como base a sustentabilidade
socioambiental.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
35
A análise estratégica da APA Botucatu é pautada em sua missão e foi
elaborada com base nos diagnósticos produzidos para os meios físico, biótico e
antrópico, nas contribuições da equipe técnica, nos dados coletados em
entrevistas e grupos focais, nas reuniões e entrevistas realizadas com membros
do Conselho Gestor, e nas oficinas de zoneamento e conclusiva realizadas em
setembro de 2010.
Enquanto metodologias de análise estratégica foram utilizadas
ferramentas tanto do ZOPP (Planejamento de Projetos Orientado por Objetivos)
quanto do SWOT (forças, fraquezas, ameaças e oportunidades) e,
principalmente, ferramentas do Enfoque Participativo (mais recentemente
utilizado quando se almeja a participação de fato e metodologia que veio da
evolução ao longo do tempo em relação às ferramentas do METAPLAN e ZOPP).
A utilização desse conjunto de ferramentas, incorporando elementos de
planejamento por objetivos proporciona uma análise estratégica mais focada
em objetivos, resultados esperados, ações, responsabilidades e indicadores de
avaliação. A metodologia da SWOT é muito utilizada como ferramenta para
análises de competitividade em empresas, em projetos de marketing, e já vem
sendo utilizada há algum tempo para Planos de Manejo no Estado de São Paulo
em unidades de conservação. Dessa forma optou-se por apresentar os
resultados dessa análise por meio da matriz SWOT.
Matriz de Análise Estratégica (SWOT)
O objetivo da Matriz de Análise Estratégica é construir uma visão
integrada das evoluções prováveis dos ambientes interno e externo da APA, a
curto, médio e longo prazos, e antecipar situações favoráveis e desfavoráveis,
capazes de estimular ou comprometer o seu bom desempenho, servindo de
eixo norteador das principais ações a serem detalhadas na matriz de
planejamento estratégico e Programa de Gestão.
Através da análise de fatores externos (oportunidades e ameaças) que
consistem em variáveis não controláveis à organização em questão e análise de
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
36
fatores internos (pontos fortes e fracos), que são variáveis que podem ser
controláveis pela gestão da UC, está descrito de forma concisa nesta análise
qual a atual situação de gestão da APA Botucatu.
Para a análise dos fatores internos da APA, sob o ponto de vista
estratégico, consideraram-se:
• Pontos Fortes: fenômenos ou condições inerentes à APA que contribuem ou
favorecem seu manejo.
• Pontos Fracos: fenômenos ou condições inerentes à APA que comprometem
ou dificultam o alcance de seus objetivos.
Para os efeitos da análise dos fatores externos, consideraram-se:
• Oportunidades: fenômenos ou condições externos à APA que contribuem ou
favorecem o alcance de seus objetivos.
• Ameaças: fenômenos ou condições externos à APA que comprometem ou
dificultam o alcance de seus objetivos.
A partir dessas análises, quatro situações prováveis para a organização e
planejamento da APA foram encontradas:
I) Desenvolvimento (cruzando-se os pontos fortes e as
oportunidades) – este quadrante trata de quais aspectos a
Unidade de Conservação tem melhor desempenho em sua
organização interna e quais as oportunidades apresentadas pelo
ambiente externo, sendo um espaço para que os tomadores de
decisão possam mostrar seu diferencial em processo de gestão da
UC;
II) Crescimento (cruzando-se os pontos fracos e as oportunidades) –
neste quadrante observa-se quais são as mudanças necessárias
dentro da gestão interna da UC para um aproveitamento melhor
das oportunidades oferecidas pelo ambiente externo;
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
37
III) Manutenção (cruzando-se os pontos fortes e as ameaças) –
apresenta os principais trunfos da UC, em uma tentativa de que
estes pontos fortes tornem-se favoráveis à gestão das ameaças
apresentadas pelo ambiente externo;
IV) Sobrevivência (cruzando-se os pontos fracos e as ameaças) –
apresenta as necessidades de mudanças profundas na gestão da
UC, a fim de garantir a sobrevivência da própria UC.
Nestas situações encontradas consideram-se como forças
impulsionadoras a situação de desenvolvimento, e as forças restritivas a
situação de sobrevivência, sendo que esta deverá ser objeto de ações mais
urgentes por parte da gestão da APA Botucatu.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Quadro 1. Matriz de Análise Estratégica da APA
Botucatu.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
39
Ambiente Interno
Pontos Fracos Pontos Fortes
Am
bie
nte
Ex
tern
o
Pre
do
min
ân
cia
de
Am
ea
ça
s
I) Lacunas de Pesquisas: 1) falta de mapeamentos pedológicos (1:100.000); falta de atualização das informações sobre os principais focos de erosão (ravinas e voçorocas); 2) não há padronização dos dados sobre recursos hídricos superficiais quanto à escala, períodos de coleta e parâmetros levantados; 3) poucas informações detalhadas sobre recursos hídricos subterrâneos: não é realizado levantamento das características físicas e químicas das águas subterrâneas e acompanhamento das possíveis alterações dessas características frente aos diferentes usos do solo da APA; 4) poucos levantamentos sobre o meio biótico nos municípios da APA – concentração das pesquisas em Botucatu. São raras informações recentes sobre o meio biótico; 5) dados antigos (2000) sobre o aspecto socioeconômico podem não retratar a situação atual dos municípios; 6) são inexistentes estudos detalhados de patrimônio histórico-cultural material e imaterial; 7) ausência de estudos sobre o impacto do turismo no território da APA. II) Vetores de Pressão 1) meio físico:expansão da malha viária; aumento populacional; uso intensivo do solo; empreendimentos lineares; mineração; 2) meio biótico: invasão de espécies exóticas; expansão imobiliária próxima aos remanescentes de vegetação, monoculturas; 3) meio social: concentração de terras; deterioração e descaracterização do patrimônio histórico edificado; falta de adequação e disposição dos resíduos sólidos. III) Fragilidade 1) alta vulnerabilidade da área à poluição dos recursos hídricos, especialmente os subterrâneos; 2) área com alta vulnerabilidade à erosão; 3) fragmentação de habitats. 4) áreas de preservação permanente não restauradas e áreas degradadas não recuperadas. IV) Gestão Organizacional 1) falta de: recursos humanos – equipe locada para esta APA; Recursos Financeiros; capacitação em ferramentas de SIG e Banco de dados; infraestrutura Adequada na APA; banco de dados sobre a APA; sistematização dos dados de gestão (financeiro / administrativo) da APA; identidade visual; divulgação. 2) organograma do órgão gestor muito verticalizado, dificultando a comunicação e a tomada de decisão; 3) desarticulação com os tomadores de decisão nos municípios, instituições atuantes na APA, órgãos fiscalizadores e órgãos licenciadores;
I) Atrativos da UC 1) bens históricos/culturais nos municípios da APA; 2) cuestas e morros testemunhos; 3) afloramento do Aquífero Guarani 4) região de transição ecológica com presença de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção do bioma da Mata Atlântica e Cerrado.
Op
ort
un
idad
es
I) Oportunidades do Meio Físico 1) uso do solo não adequado as classes de capacidade do uso do solo (pastagens, agricultura) o que potencializa os processos erosivos e de degradação; 2) o mapeamento pedológico que está sendo feito não abrange toda a região da APA; II) Oportunidades do Meio Biótico 1) os remanescentes de vegetação das diferentes fisionomias (37 no total) tem o potencial para criação de UCs (RPPNs); 2) falta de conectividade entre os remanescentes de vegetação; 3) falta de programas de créditos de carbono relacionados a reflorestamento. III) Oportunidades do Meio Social 1) não existem parcerias estabelecidas com ONGs ou agências de fomento para reavivamento das manifestações histórico/culturais presentes na APA. 2) necessidade de tombamento do patrimônio histórico/cultural existente. 3) inexistência de um selo específico para os produtos agrícolas e florestais gerados, cujos meios de produção estejam em consonância com os objetivos da APA e com as diretrizes do zoneamento. 4) pouca inserção da APA em projetos de Educomunicação (redes, coletivos educadores dentre outros
I) Pesquisas 1) Existência de muitos levantamentos bióticos na área de Botucatu / ocorrência de espécies ameaçadas de extinção; 2) UNESP Botucatu II) Parcerias 1) presença de muitas instituições que podem estabelecer parcerias para possíveis projetos (Matriz Institucional); 2) existência de políticas ambientai municipais e estaduais; 3) conselho gestor bem representativo.
Manutenção
Crescimento Desenvolvimento
Sobrevivência
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
40
4. Zoneamento
A elaboração do zoneamento foi realizada de acordo com as regras e
normas descritas no Roteiro Metodológico elaborado pelo IBAMA e orientações
constantes no Termo de Referência do plano de manejo APA Botucatu. O
zoneamento constitui um instrumento de ordenamento territorial, usado como
recurso para se atingir melhores resultados no manejo da unidade de
conservação, pois estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus
objetivos (IBAMA/GTZ, 2002).
Assim, o zoneamento da APA Botucatu teve como objetivo principal o
ordenamento do uso e ocupação do solo, a conservação das Cuestas, Morros
Testemunhos, dos ecossistemas associados e dos recursos hídricos superficiais
e subterrâneos. Sendo os objetivos específicos:
Proteger os remanescentes de vegetação nativa e promover a melhoria
de seu estado de conservação;
Conservar e garantir a qualidade e quantidade das águas dos mananciais
superficiais e do Aquífero Guarani;
Disciplinar o uso e ocupação do solo e a exploração dos recursos
naturais, restringindo a implantação de atividades potencialmente
impactantes;
Delimitar e conservar os sítios histórico-culturais e arqueológicos,
servindo à pesquisa, educação e turismo;
Planejar e ordenar as áreas de relevante interesse turístico;
Incentivar a
recuperação de áreas degradadas.
Para o zoneamento da APA Botucatu foram considerados os resultados
dos diagnósticos dos meios físico, biótico e socioeconômico, procurando
integrar espacialmente estes temas e extraindo deles os aspectos mais
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
41
relevantes para a definição e demarcação das zonas. Para adequar as regras do
zoneamento com a realidade local também foram considerados:
Os objetivos da APA como Unidade de Conservação de Uso Sustentável;
Os documentos do pré-zoneamento elaborado anteriormente pela CPLA
(2006);
A delimitação já estabelecida da “Zona de Vida Silvestre”, definida pelo
Decreto Estadual no 20.960, de 8 de junho de 1983;
As demandas das instituições e sociedade local, consensuadas nas
oficinas de zoneamento.
Para atender aos objetivos da APA Botucatu foram definidas cinco zonas,
Zona de Conservação do Patrimônio Natural (ZCPN); Zona de Conservação dos
Mananciais (ZCM); Zona de Conservação Hídrica 1 (ZCH1); Zona de
Conservação Hídrica 2 (ZCH2); Zona Agrosilvopastoril (ZA), e três áreas, Área
de Interesse Histórico-Cultural (AIHC); Área de Potencial Interesse Turístico
(APIT) e Área de Recuperação (AR) (Figura 8).
São consideradas Zonas as regiões geográficas inseridas nos limites da
APA Botucatu que possuem características próprias, com definição, objetivos,
normas e diretrizes, que levam em consideração graus específicos de proteção,
possibilidades de desenvolvimento econômico sustentável e mitigação de
possíveis impactos do uso e ocupação de seu território. Não há sobreposição
entre as zonas.
São consideradas Áreas as regiões que possuem atributos específicos
que as caracterizam como de especial interesse histórico, cultural, arqueológico,
turístico, ou que apresentam atualmente condições de degradação severa dos
recursos naturais. Estas se sobrepõem a uma ou mais zonas, sendo que seus
objetivos e normas obedecem aos da zona a qual estão sobrepostas,
acrescendo-se os objetivos e normas específicos para cada Área.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
42
Figura 8. Mapa de zoneamento da Área de Proteção Ambiental Corumbataí, Botucatu, Tejupá – Perímetro Botucatu.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
43
4.1. Critérios de Zoneamento
Como já dito anteriormente, os critérios para o zoneamento do APA
Botucatu levaram em consideração as orientações constantes do Roteiro
Metodológico do IBAMA, porém devido às características inerentes de uma
Unidade de Conservação de Uso Sustentável foi necessário adequar o roteiro
para realidade encontrada na região. A tabela a seguir mostra os critérios de
singularidade utilizados no zoneamento (Tabela 3).
Tabela 3. Critérios para o zoneamento da APA Botucatu
Critérios Indicativos da Singularidade da APA Botucatu
Critérios indicativos de valores para conservação
- Cuestas
- Morros Testemunhos
- Área de afloramento do Aquífero Guarani
- Presença de sítios históricos e culturais
Critérios indicativos para vocação de uso sustentável
- Potencial para uso Agropecuário
- Potencial para implantação empreendimentos
- Potencial para visitação
- Presença de infraestrutura
Fonte: Modificado do Roteiro Metodológico do IBAMA (IBAMA, 2002)
Para delimitação das zonas e áreas foram utilizadas ainda as seguintes
informações:
Mapa dos Padrões Morfológicos da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá –
Perímetro Botucatu;
Principais pontos de captação de água superficial para abastecimento
público;
Delimitação da área de recarga do Aquífero Guarani;
Vias de acesso (rodovias, estradas rurais e ferrovias).
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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4.2. Síntese das Informações sobre as Zonas e Áreas
O resultado final do zoneamento e do estabelecimento das normas de
uso e ocupação, bem como as diretrizes gerais e específicas para cada zona
apresentado neste Plano de Manejo foi obtido através de amplas discussões em
reuniões com o Conselho Gestor da APA, a partir de um produto apresentado
pela empresa contratada. As alterações se fizeram necessárias para atender
demandas e expectativas tanto do Órgão Gestor, quanto do Conselho da
Unidade.
A seguir, quadros-síntese das Zonas e Áreas contendo seus objetivos,
Descrição, normas de usos e Diretrizes.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Zona de Conservação do Patrimônio Natural (ZCPN)
Objetivos: é destinada a conservar as áreas mais íntegras e proteger as áreas mais frágeis, restringindo a ocupação e a utilização dos recursos naturais, de forma a garantir a proteção e a conservação do patrimônio natural, representado pelos atributos geomorfológicos que formam paisagens de grande beleza cênica, com trechos de vegetação nativa bem conservada servindo de importantes refúgios da biodiversidade regional. A ZCPN compreende as Cuestas Basálticas, cabeceiras dos cursos d´água que drenam para o interior da APA, mesas e morros testemunhos, e a diversidade biológica ocorrente.
Descrição: engloba: Cuestas Basálticas, incluindo seu sopé, sendo este definido como a base da Cuesta, que
possui declividade acima de 8% e uma faixa de 250 metros do seu reverso em direção ao Planalto Paulista,
formando uma faixa no sentido oeste-norte da APA, atravessando os municípios de Avaré, Itatinga, Pardinho,
Bofete, Botucatu e São Manuel;Todos os Morros e Mesas Testemunhos, incluindo sua base com declividade acima
de 8%, que encontram-se dispersos sobretudo na porção sudeste da APA. Possui remanescentes significativos de
vegetação nativa, sobretudo nas áreas mais declivosas como no fronte da Cuesta e nos morros testemunhos,
predominando a Floresta Estacional Semidecidual. As atividades econômicas predominates são pequenas áreas
ocupadas por pastagens, chácaras, culturas anuais, cana-de-açúcar, citricultura e reflorestamento com eucalipto.
Normas
Permitido: Atividades turísticas de educação e conscientização ambiental, de contemplação da paisagem; Implantação de Infra-estrutura de turismo e esporte de aventura, tais como trilhas com veículos off-road, motocicletas, vôo livre, entre outros, desde que as atividades estejam normatizadas e em áreas licenciadas; Atividades agrosilvopastoris utilizando sistema orgânico de produção, conforme Lei Federal nº 1083, de 23 de dezembro de 2003;Fabricação de alimentos artesanais e afins; Realização de pesquisas científicas e manejo para a manutenção da diversidade genética e populacional da biota;Projetos, obras e atividades de utilidade pública, interesse social e/ou baixo impacto nos termos da legislação vigente, desde que não hajam alternativas locacionais e comprometam a integridade das formações geomorfológicas, da fauna e flora e dos recursos hídricos; Para parcelamentos de solo para fins residenciais pré-existentes e consolidados, a taxa máxima de impermeabilização permitida por lote será de 20%; Utilização de agrotóxicos de baixa toxicidade, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde, e pouco perigosos (classe IV) conforme a Portaria Normativa IBAMA N° 84 de 15 de outubro de 1996 para atividades agrossilvopastoris pré-existentes;Geração de energia hidroelétrica, desde que não haja barramento de curso d’água natural.
Não Permitido Aeródromos, aeroportos, portos e dutovias;Obras hidráulicas, sistemas de drenagem e de irrigação de grande porte, a exemplo de pivô central e canhão hidráulico;Estações de tratamento de água e de esgoto doméstico e industrial;Centrais de geração de energia (hidroelétricas, termoelétricas, nucleares e eólicas), usina de açúcar, álcool e cogeração de energia; Aterros de inertes da construção civil, aterros sanitários e necrópoles; Extração mineral; Agroindústria de pequeno, médio ou grande porte, curtumes, indústrias e distritos industriais; Loteamentos e condomínios residenciais e parques temáticos; Cultivo e exploração de espécies exóticas invasoras; Pulverização de plantações com agrotóxicos através de aeronaves;Criação e pastoreio de animais nas encostas, topo dos morros e tabuleiros e nas beiras de corpos d´água.
Diretrizes: Priorização de ações de conservação e recuperação da vegetação nativa, tais como recomposição das faixas marginais dos corpos d’água, de reservatórios e entorno de nascentes, nas cuestas, mesas e morros
testemunhos, recomposição e averbação de Reservas Legais, compensação de reserva legal e servidão florestal e a criação unidades de conservação públicas e privadas, visando a integridade da vegetação nativa remanescente e o aumento da cobertura vegetal, bem como o restabelecimento ou incremento da conectividade entre os fragmentos de vegetação nativa; Articulação com o setor turístico a normatização da atividade turística e de esporte de aventura buscando seu regramento e a minimização da sua intervenção na ZCPN;Monitoramento e manejo das populações de espécies exóticas invasoras visando sua eliminação;Articulação com órgãos afins e comunidade rural para que as atividades e usos rurais sejam compatíveis com a legislação vigente, com o tipo de solo e com a classe de uso dos solos locais e que sejam utilizadas as técnicas de conservação de solo adequadas para cada situação;Promoção da adoção de práticas sustentáveis de produção agrossilvopastoril estimulando a transição para o sistema orgânico de produção; Realização de inventários e monitoramento da biodiversidade, mapeamento da ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, raras e endêmicas, e identificação de ações que minimizem os impactos negativos da fragmentação e de barreiras lineares (ex.: rodovias, ferrovias) sobre a fauna; Realização de estudos espeleo - arqueológicos das Cuestas, Mesas e Morros Testemunhos.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Zona de Conservação dos Mananciais (ZCM)
Objetivos: é destinada a conservar e garantir a qualidade e quantidade das águas dos mananciais de abastecimento público
e restringir as atividades ou obras que potencializem o risco de erosão do solo e a contaminação dos recursos hídricos.
Descrição: Engloba as porções das bacias utilizadas para a captação de água superficial para abastecimento público que se
encontram dentro do perímetro da APA, sendo elas: bacia do Rio Pardo, nos municípios de Botucatu e Pardinho; bacia do
Ribeirão da Água Branca, no município de Guareí; bacia do Ribeirão dos Almeidas, no município de Torre de Pedra; bacia do
Córrego do Tanque, no município de Bofete; bacias do Córrego da Igualdade e do Rio Paraíso, no município de São Manuel.
Estas bacias localizam-se em diversas províncias geomorfológicas, ocupando áreas pertencentes às Cuestas Basálticas, Planalto
Ocidental e Depressão Periférica. As porções dessas bacias localizadas fora do perímetro da APA receberam a denominação de
Área de Conservação de Mananciais (ACM).
Normas
Permitido: Atividades agrosilvopastoris com adoção de práticas de conservação e manejo adequado do solo; Atividades
industriais cujo fator de complexidade W seja igual ou menor a 2,5, de acordo com o anexo 1 do Decreto Estadual nº o Decreto Estadual 47.397/02; Atividades turísticas, de educação e conscientização ambiental; Empreendimentos e atividades de utilidade pública, interesse social e/ou baixo impacto nos termos da legislação vigente, na ausência de alternativa locacional; Sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários, na ausência comprovada de alternativa locacional;Obras hidráulicas para canalização, retificação e/ou barramento de curso d’água para pequenas centrais hidroelétricas e subestação de energia; Sistema de captação, tratamento e distribuição de água de acordo com a legislação vigente;Captação de água subterrânea seguindo as instruções da Resolução SMA 14/10; Aterros de inertes mediante apresentação de projeto específico a ser avaliado pelo órgão ambiental competente; Aquicultura nos termos da legislação vigente;Esportes de aventura a exemplo de trilhas com veículos off-road, motocicletas, entre outros, desde que normatizadas e em áreas licenciadas;Uso e manejo da vegetação nativa nos termos da Lei Federal nº 11.428 de 22/12/2006 e da Lei Estadual 13.550 de 2/6/2009 e demais normatizações vigentes com exceção dos 37 fragmentos prioritários para a pesquisa e conservação indicados no Plano de Manejo;Utilização de Agrotóxico de baixa toxicidade segundo a Organização Mundial da Saúde e pouco perigosos (classe IV) conforme a Portaria Normativa IBAMA nº 84 de 15/10/1996, com prazo de 2 anos para adequação das atividades pré existentes que façam uso de produtos das classes I, II e III;Extração de água mineral, respeitando a legislação pertinente. As atividades minerárias, exceto extração de água mineral, só serão permitidas nesta zona mediante as seguintes condições:I – Quando de utilidade pública, nos termos da Resolução CONAMA 369/06, mediante compensação ambiental, nos termos da Lei da Mata Atlântica (Nº11.428/06) e nos termos da Lei do Cerrado (Nº 13.550 de 02/06/09);II – Quando de interesse social, nos termos da Resolução CONAMA 369/06, mediante estudos que comprovem a inexistência de alternativa locacional;III – Quando não localizadas nas microbacias de 1ª e 2ª ordem, segundo Straler 1956 e cartografadas na escala 1:50.000 e nos leitos e nas faixas marginais a corpos d’água, perenes ou intermitentes, na largura mínima de 30m para leitos de até 10m e 50m de largura para leitos entre 10 e 50m, num raio de no mínimo 50 metros ao redor de nascentes e em locais cuja inclinação for igual ou superior a 45 º, equivalente a 100% na linha de maior declive.
Não Permitido: Aeroportos e dutovias caso existam alternativas locacionais; Obras hidráulicas, sistemas de drenagem e de
irrigação de grande porte a exemplo de pivô central e canhão hidráulico; aterros sanitários, de construção civil, necrópoles e curtumes; Distritos industriais;Usinas de geração de energia elétrica, usina de açúcar, álcool e cogeração de energia;Loteamentos residenciais com área do lote inferior a 5.000 m2, com taxa de impermeabilização superior a 20%; Pulverização de plantações com agrotóxicos através de aeronaves.
Diretrizes: Monitoramento da quantidade e qualidade de água dos mananciais; Estímulo a implantação , a ampliação e a
melhoria dos sistemas de redução, reuso, reciclagem e destinação de resíduos sólidos e de sistemas de tratamento de efluentes;
Priorização ações de conservação e recuperação da vegetação nativa, tais como recomposição de tais como recomposição das
faixas marginais dos corpos d’água, de reservatórios e entorno de nascentes, averbação e compensação de Reservas Legais,
servidão florestal e criação de unidades de conservação; Adoção de práticas adequadas de manejo e conservação do solo
agrícola e o controle do uso de agroquímicos, incentivando sistemas orgânicos de produção.Estímulo ao planejamento,
ordenamento e controle do uso do solo em áreas próximas às captações para abastecimento público ou privado e em áreas
vulneráveis à poluição.Para as áreas de Conservação de Mananciais, localizadas fora do perímetro da APA, mas contíguas à
ZCM, recomenda-se a adoção das mesmas diretrizes e normas de uso adotadas para a Zona.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Zona de Conservação Hídrica 1 (ZCH 1)
Objetivos: O objetivo é adequar as atividades potencialmente degradadoras que ofereçam riscos de contaminação das águas
subterrâneas (Aquífero Guarani) e limitar a expansão urbana protegendo os recursos hídricos superficiais e subterrâneos e evitar
os processos erosivos.
Descrição: Constitui-se de parte da área de afloramento de Aquífero Guarani, na Depressão Periférica Paulista, onde
predominam terrenos de declividade suave, frequentemente até 8%, predominando o processo de infiltração da água no perfil
do solo em detrimento do escoamento superficial (run-off).. Engloba os municípios de Avaré, Itatinga, Angatuba, Pardinho,
Bofete, Guareí, Botucatu e São Manuel. O limite desta zona com a ZCH2 se dá pelos leitos dos rios Capivari (município de
Guareí), Córrego da Sofia e da Lajinha (município de Bofete), todos na porção sul/sudeste da APA, além do Córrego Monjolinho
(município de Botucatu), na porção norte da APA. Nos municípios de Avaré e São Manuel, o limite desta zona com a ZA se dá
pelo limite do afloramento do Aquífero Guarani constante no mapa de aquíferos da CETESB (2007), na escala 1:1.000.000.
Normas
Permitido: Atividades agrossilvopastoris com adoção de práticas adequadas de conservação e manejo do solo; Utilização de
Agrotóxico de baixa toxicidade segundo a Organização Mundial da Saúde e pouco perigosos (classe IV) conforme a Portaria
Normativa IBAMA nº 84 de 15/10/1996, com prazo de 2 anos para adequação das atividades pré existentes que façam uso de
produtos das classes I, II e III;Instalação de estruturas para turismo e/ou para o desenvolvimento de esportes de aventura que
impactem negativamente o meio físico, biótico e a paisagem .Atividades de esporte de aventura a exemplo de trilhas com
veículos off-road, motocicletas e similares, desde que devidamente normatizadas e em áreas licenciadas, Projetos, obras e
atividades de utilidade pública, interesse social e/ou baixo impacto nos termos da legislação vigente, respeitado o disposto no
item 25;Aeródromos, aeroportos, portos e estruturas de apoio a embarcações, sem alternativas locacionais;Obras hidráulicas
para canalização, retificação e/ou barramento de curso d’água para pequenas centrais hidroelétricas e subestação de energia;
Parques aquáticos, sistemas de captação, tratamento e distribuição de água;Utilização de poços para abastecimento, desde que
devidamente outorgado pela DAEE, seguindo as instruções da Resolução SMA 14/10;Sistemas de tratamento de esgoto
sanitário, desde que não existam alternativas locacionais; Cultivo de cana-de-açúcar, conforme o Zoneamento Ambiental para o
Setor Sucroalcooleiro - Resolução SMA 88/08;Aquicultura nos termos da legislação vigente; Extração de água mineral,
respeitando a legislação pertinente.Aterros de inertes, mediante apresentação de projeto específico a ser avaliado pelo órgão
ambiental competente;Uso e manejo da vegetação nativa nos termos da Lei nº 11.428 de 22/12/2006 e da Lei Estadual 13.550
de 2/6/2009 e demais normatizações vigentes, com exceção dos fragmentos prioritários para a pesquisa e conservação
indicados no Plano de Manejo.As atividades minerárias, exceto extração de água mineral, só serão permitidas nesta zona
mediante as seguintes condições:I - Quando de utilidade pública, nos termos da Resolução CONAMA 369/06, mediante
compensação ambiental, nos termos da Lei da Mata Atlântica (Nº 11.428/06) e nos termos da Lei do Cerrado (Nº 13.550 de
02/06/09);II - Quando de interesse social, nos termos da Resolução CONAMA 369/06, mediante estudos que comprovem a
inexistência de alternativa locacional;III - Quando não localizadas nas microbacias de 1ª ordem segundo Straler, 1956 e
cartografadas na escala 1:50.000 e e nos leitos e nas faixas marginais a corpos d’água, perenes ou intermitentes, na largura
mínima de 30m para leitos de até 10m e 50m de largura para leitos entre 10 e 50m, num raio de no mínimo 50 metros ao redor
de nascentes e em locais cuja inclinação for igual ou superior a 45 º, equivalente a 100% na linha de maior declive.
Não Permitido: Dutovias, ferrovias, sistemas de armazenamento de produtos tóxicos ou com potencial de contaminação, caso
existam alternativas locacionais;Sistemas de drenagem e irrigação de grande porte a exemplo de pivô central e canhão
hidráulico;Usina de geração de energia elétrica, usina de açúcar e álcool e refino e moagem de açúcar de cana;Implantação de
distrito industrial e atividades industriais com fator de complexidade maior que 3, de acordo com anexo 1 do Decreto Estadual
47.397/02;aterros sanitários e necrópoles;Loteamentos ou condomínios residenciais com lote ou fração ideal inferior a 5.000 m2
e impermeabilização superior a 20% da área, exceto na Área de Interesse Turístico, que se sobrepõe a esta Zona, cuja
ocupação é diferenciada.
Diretrizes: Monitoramento da quantidade e qualidade de água dos mananciais superficiais e subterrâneos em especial do
Aqüífero Guarani;Levantamento e monitoramento de poços de abastecimento público ou privados bem como identificação das condições de instalação e as zonas de proteção;Estímulo a implantação, e melhoria dos sistemas de coleta e tratamento de esgotos nos loteamentos e condomínios residenciais priorizando tratamentos biológicos; Estímulo a implantação, ampliação e a melhoria dos sistemas de redução, reuso, reciclagem e destinação final de resíduos sólidos rurais e urbanos;Estímulo a implantação e a melhoria na eficiência dos sistemas de tratamento de efluentes domésticos e industriais rurais e urbanos;estimulo ao planejamento e ordenamento e controle da expansão urbana;Incentivo a adoção de práticas adequadas de manejo e conservação do solo agrícola, ao controle do uso de agroquímicos e a destinação adequada das embalagens de agroquímicos e a lavagem dos equipamentos utilizados na aplicação.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Zona de Conservação Hídrica 2 (ZCH 2)
Objetivos: é destinada à proteção e a conservação da qualidade e quantidade das águas superficiais e
subterrâneras com ênfase no Aquífero Guaraní, em áreas com alta fragilidade erosiva e declividade acentuada. As
ações relacionadas à zona visam minimizar processos erosivos, assoreamento dos corpos hídricos e contaminação
das águas superficiais e do Aquífero Guarani.
Descrição: Abrange regiões onde ocorre o afloramento do Aquífero Guarani localizadas na Depressão Periférica
Paulista, onde predominam terrenos de declividade acentuada, frequentemente acima de 8% e com alta
fragilidade erosiva, predominando o processo de escoamento superficial (run-off) em detrimento a infiltração.
Engloba porções dos municípios de Guareí, Torre de Pedra, Bofete e Botucatu. O limite desta zona com a ZCH1 se
dá pelos leitos dos rios Capivari (município de Guareí), Córrego da Sofia e da Lajinha (município de Bofete), todos
na porção sul/sudeste da APA, além do Córrego Monjolinho (município de Botucatu), na porção norte da APA.
Normas
Permitido: Atividades agrossilvopastoris com adoção de práticas adequadas de conservação e manejo do solo;
Utilização de Agrotóxico de baixa toxicidade segundo a Organização Mundial da Saúde e pouco perigosos (classe
IV) conforme a Portaria Normativa IBAMA nº 84 de 15/10/1996, com prazo de 3 anos para adequação das
atividades pré-existentes que façam uso de produtos das classes I, II e III;Instalação de estruturas para turismo
e/ou para o desenvolvimento de esportes de aventura que não impactem negativamente o meio físico, biótico e a
paisagem ;Atividades de esporte de aventura a exemplo de trilhas com veículos off-road, motocicleta e similares,
desde que devidamente normatizadas e em áreas licenciadas, Projetos, obras e atividades de utilidade pública,
interesse social e/ou baixo impacto nos termos da legislação vigente, respeitado o disposto no item
31;aeródromos e estruturas de apoio a embarcações, sem alternativas locacionais;Obras hidráulicas para
canalização, retificação e/ou barramento de curso d’água para pequenas centrais hidroelétricas e subestação de
energia sem alternativas locacionais; Sistemas de captação, tratamento e distribuição de água;utilização de poços
para abastecimento, desde que devidamente outorgado pela DAEE, seguindo as instruções da Resolução SMA
14/10;sistemas de tratamento de esgoto sanitário, desde que não existam alternativas locacionais; Cultivo de
cana-de-açúcar, conforme o Zoneamento Ambiental para o Setor Sucroalcooleiro - Resolução Conjunta SMA/SAA
06/09; Aquicultura nos termos da legislação vigente; Extração de água mineral, respeitando a legislação
pertinente.Aterros de inertes, mediante apresentação de projeto específico a ser avaliado pelo órgão ambiental
competente;Uso e manejo da vegetação nativa nos termos da Lei nº 11.428 de 22/12/2006 e da Lei Estadual
13.550 de 2/6/2009 e demais normatizações vigentes, com exceção dos fragmentos prioritários para a pesquisa e
conservação indicados no Plano de Manejo.As atividades minerárias, exceto extração de água mineral, só serão
permitidas nesta zona mediante as seguintes condições:I- Quando de utilidade pública, nos termos da Resolução
CONAMA 369/06, mediante compensação ambiental, nos termos da Lei da Mata Atlântica (Nº 11.428/06) e nos
termos da Lei do Cerrado (Nº 13.550 de 02/06/09);II – Quando de interesse social, nos termos da Resolução
CONAMA 369/06, mediante estudos que comprovem a inexistência de alternativa locacional;III – Quando não
localizadas nas microbacias de 1ª e 2ª ordem segundo Straler, 1956 e cartografadas na escala 1:50.000 e nos
leitos e nas faixas marginais a corpos d’água, perenes ou intermitentes, na largura mínima de 30m para leitos de
até 10m e 50m de largura para leitos entre 10 e 50m, num raio de no mínimo 50 metros ao redor de nascentes e
em locais cuja inclinação for igual ou superior a 45 º, equivalente a 100% na linha de maior declive.
Não Permitido: Aterros sanitários, aterros industriais e necrópoles;Distrito industrial e atividades industriais,
de fator de complexidade W maior que 3,5 de acordo com anexo 1 do Decreto Estadual 47.397/02;Portos e aeroportos;Usinas de geração de energia elétrica, usinas de açúcar, álcool de refino e moagem de açúcar de cana;Loteamentos ou condomínios residenciais com lote ou fração ideal inferior a 5.000 m2 e impermeabilização superior a 20% da área. Diretrizes: Incentivo à adoção de práticas conservacionistas e de manejo do solo nas áreas agrícolas, visando a proteção do
solo contra a erosão;recuperação das áreas degradadas e ações de conservação e recuperação da vegetação nativa; Realização
de levantamento e monitoramento de poços de abastecimento público ou privados eidentificar as condições de instalação e as
zonas de proteção;Monitoramento da quantidade e qualidade de água dos mananciais superficiais e subterrâneos.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Zona Agrosilvopastoril (ZA)
Objetivos: é destinada ao incentivo da introdução e desenvolvimento de práticas, técnicas e atividades
econômicas menos impactantes sobre os recursos naturais, com especial atenção aos recursos hídricos
superficiais. Área apta à ocupação em baixa densidade humana com histórico de uso voltado à atividade pecuária,
agrícolas, silvicultural e com potencial para o desenvolvimento.
Descrição: Região localizada predominantemente no reverso da Cuesta onde se inicia o Planaltode Botucatu,
diferenciando-se das ZCH1 e ZCH2 pelo fato de estar situada na área do Aquífero Guarani confinado. Engloba
parte dos municípios de Avaré, Itatinga, Botucatu, Pardinho e São Manuel. Predominam declividades suaves, até
8%. Nas áreas menos dissecadas do relevo afloram arenitos da Formação Marília e nas áreas mais dissecadas, ao
longo do leito de alguns rios principais (como o Pardo), afloram basaltos da Formação Serra Geral. Engloba
grande parte das áreas de maior altitude da APA (predominantemente 700 a 1000 metros). Parte das bacias
hidrográficas existentes nesta zona drena para a Zona de Conservação e Patrimônio Natural (ZCPN).
Normas
Permitido: Agricultura, pastagem, silvicultura, desde que não conflitantes com as normas previstas em outros instrumentos de
ordenamento territorial;Utilização de Agrotóxico de classes III e IV conforme a Portaria Normativa IBAMA nº 84 de 15/10/1996,
com prazo de 2 anos de adequação para as atividades pré-existentes que façam uso das classes I e II; Cultivo de cana-de-
açúcar conforme o Zoneamento Ambiental para o Setor Sucroalcooleiro, Resolução SMA 88/08;Instalação de estruturas para
turismo e/ou para o desenvolvimento de esportes de aventura que impactem negativamente o meio físico, biótico e a paisagem
.Atividades de esporte de aventura a exemplo de trilhas com veículos off-road, motocicleta e similares, desde que devidamente
normatizadas e em áreas licenciadas, Aquicultura nos termos da legislação vigente; Extração de água mineral, respeitando a
legislação pertinente.Projetos, obras e atividades de utilidade pública, interesse social e/ou baixo impacto nos termos da
legislação vigente e respeitado o disposto no item 37;Sistemas de irrigação e drenagem, obras hidráulicas de canalização,
retificação e/ou barramento de curso d’água para controle de cheias, Empreendimentos lineares como rodovias, ferrovias, linhas
de transmissão de energia, e dutos;aeródromos, aeroportos, portos e estruturas de apoio a embarcações;Sistemas de captação,
tratamento e distribuição de água;utilização de poços para abastecimento, desde que devidamente outorgado pela DAEE,
seguindo as instruções da Resolução SMA 14/10;sistemas de coleta e tratamento de esgoto sanitário e industrial, Pequenas
centrais hidrelétricas (PCH), usinas de açúcar, álcool e cogeração de energia, subestação de energia; Aterros de inertes,
mediante apresentação de projeto específico a ser avaliado pelo órgão ambiental competente; Aterros sanitários e necrópoles,
desde que não haja alternativa locacional fora da APA.As atividades minerárias, exceto extração de água mineral, só serão
permitidas nesta zona mediante as seguintes condições:I – Quando de utilidade pública, nos termos da Resolução CONAMA
369/06, mediante compensação ambiental, nos termos da Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/06) da Lei do Cerrado Lei do
Cerrado (Nº 13.550 de 02/06/09) e demais legislações afins;II – Quando de interesse social, nos termos da Resolução CONAMA
369/06;III – Quando não localizadas nas microbacias de 1ª ordem, segundo Straler 1956 e cartografadas na escala 1: 50.000 e
nos leitos e nas faixas marginais a corpos d’água, perenes ou intermitentes, na largura mínima de 30m para leitos de até 10m e
50m de largura para leitos entre 10 e 50m, num raio de no mínimo 50 metros ao redor de nascentes e em locais cuja inclinação
for igual ou superior a 45 º, equivalente a 100% na linha de maior declive.
Não Permitido: Atividades industriais com fator de complexidade W maior ou igual a 4, de acordo com o anexo 1 do Decreto
Estadual 47.397/02;Loteamentos e condomínios residenciais com área do lote ou fração ideal inferior a 2.000 m2 e
impermeabilização superior a 20% da área.
Diretrizes: Incentivo ao desenvolvimento de projetos –piloto sustentáveis de produção rural que possam ser difundidos para
outras zonas da APA;Adoção de práticas conservacionistas e de manejo do solo nas áreas agrícolas, visando a proteção do solo
contra a erosão e a conservação dos recursos naturais, com atenção aos recursos hídricos; Estímulo a destinação adequada das
embalagens de agroquímicos e a lavagem dos equipamentos utilizados na aplicação;Estímulo a implantação de sistema de
coleta e tratamento de esgotos; Estímulo a implantação de sistema de coleta seletiva e destinação adequada dos resíduos
sólidos.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
50
Área de Interesse Histórico-Cultural (AIHC)
Objetivos: é destinada a delimitar os locais de ocorrência de amostras do patrimônio histórico-
cultural e arqueológico visando incrementar os estudos, ações de restauração e interpretação dos
sítios histórico-culturais e arqueológicos.
Descrição: Compreende tanto as localidades pontuais dispersas nos municípios de Itatinga,
Botucatu e São Manuel, como áreas com alta concentração de sítios histórico-culturais e
arqueológicos, como é o caso das áreas delimitadas como um polígono nos municípios de Guareí e
Torre de Pedra, sobrepondo as ZCM, ZCPN e ZCH2.
Normas
Permitido: vigoram as normas estabelecidas para a zona em que está sobreposta, acrescida da
necessidade de estudos, ações de restauração dos sítios histórico-culturais e arqueológicos, e/ou
implantação de equipamentos turísticos e de interpretação dos mesmos.
Não Permitido: Instalação de ferrovias, aeroportos e aeródromos.
Diretrizes: Identificação, registro, proteção e tombamento do patrimônio histórico-cultural material
e imaterial;Planejamento e estruturação da visitação dos sítios e das Áreas de Interesse Histórico-
Cultural; incentivo a divulgação de informações referentes ao patrimônio histórico-cultural.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
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Área de Potencial Interesse Turístico (APIT)
Objetivos:Destina-se a Planejar e ordenar as atividades e ocupações voltadas ao turismo, como
loteamento para segunda residência, estruturas para hospedagem, alimentação e comércio localizadas
às margens da represa de Jurumirim.
Descrição: A Área de Potencial Interesse Turístico é onde se destacam os atrativos turístico-
recreativos, já explorados ou com potencial de exploração. Compreende uma faixa de 1.000 metros a
partir da cota máxima do reservatório, que vai desde o início da área represada do Ribeirão São João
do Pinhal, no município de Avaré, até o entroncamento da represa com o Ribeirão do Tamanduá, no
município de Itatinga. São contempladas também na APIT localidades pontuais e faixas de interesse
paisagístico devido a grande beleza cênica, mapeadas no zoneamento. A APIT bem como os pontos de
interesse turísticos sobrepõe-se às ZA, ZCPN, ZCH1 e ZCH2.
Normas
Permitido:vigoram as normas estabelecidas para a zona em que está sobreposta, sendo
admissíveis atividades desde que não comprometam a integridade do patrimônio turístico.
Não Permitido: Loteamentos e condomínios residenciais com área do lote ou fração ideal inferior a
2.000 m2 e impermeabilização superior a 20% da área; Aeroportos;Instalação de estruturas para
turismo e/ou para o desenvolvimento de esportes de aventura que impactem negativamente o meio
físico, biótico e a paisagem. Diretrizes: Incentivo ao planejamento, ordenamento e controle da expansão urbana;Incentivo ao planejamento e a normatização da atividade turística; Levantamento dos novos pontos e criação de
roteiros turísticos integrados; Restauração das faixas marginais da represa de Jurumirim, na largura de 100m a partir da cota máxima do reservatório
Área de Recuperação - AR
Objetivos: é destinada a delimitar os locais onde existem uma concentração significativa de processos
erosivos (ravinas e vossorocas) presentes em determinadas áreas da APA e que necessitam de medidas intensivas
e prioritárias de recuperação do meio abiótico e biótico visando minimizar ou estancar a degradação e promover a
adequação ambiental da área.
Diretrizes: Recuperação das áreas degradadas por processos erosivos (ravinas e voçorocas) priorizando
aquelas demarcadas pelos polígonos no mapa de zoneamento; Atualização do levantamento e acompanhamento
da evolução das áreas degradadas por erosão, bem como das áreas recuperadas.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
52
5. Planejamento
A gestão do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental
Corumbataí, Botucatu, Tejupá – Perímetro Botucatu se dará por meio de 8
diretrizes de planejamento, sendo o Conselho Gestor, Grupos de Trabalho e
Câmaras Técnicas os agentes mobilizadores. Além disso, para cada diretriz
foram definidos linhas de ações como apresentadas a seguir na Matriz de
Planejamento da APA Botucatu.
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
53
Quadro 2. Matriz de Planejamento Estratégico da APA Botucatu
SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E ECONÔMICA
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Área de Atuação
Parceiros Potenciais
Público Envolvido
Prioridade* Prazo
1 2 3 4 5
Sustentabilidade
Socioambiental e
Econômica
I- Busca da sustentabilidade
socioterritorial, mediante o
incentivo e difusão de
atividades econômicas
sustentáveis e compatíveis
com a proteção dos
atributos da APA.
Toda área de
abrangência da APA
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Serviço Brasileiro de Apoio a
Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) e Universidades.
Comunidade,
instituições privadas e
produtores rurais.
Alta x x x x x
II – Promoção e incentivo
à prática da produção
orgânica.
Toda área de
abrangência da APA Alta x x x x x
III – Capacitação dos
produtores rurais em temas
ligados à: certificação
orgânica e ambiental de
produtos e processos;
atividades e técnicas de
recuperação ambiental;
produção e comercialização
de sementes e mudas
Toda área de
abrangência da APA Alta x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
54
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Área de Atuação
Parceiros Potenciais
Público Envolvido
Prioridade* Prazo
1 2 3 4 5
florestais nativas e
recuperação florestal; boas
práticas agrícolas; legislação
ambiental, etc..
Sustentabilidade
Socioambiental e
Econômica
IV - Fortalecimento
organizacional e
desenvolvimento da
qualidade de vida dos
produtores rurais através da
melhoria da qualidade dos
produtos e sua
comercialização, da
rastreabilidade e da
certificação ambiental, com
ênfase no associativismo.
Toda área de
abrangência da APA
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Serviço Brasileiro de Apoio a
Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) e Universidades.
Comunidade,
instituições privadas e
produtores rurais.
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
55
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Área de Atuação
Parceiros Potenciais
Público Envolvido
Prioridade* Prazo
1 2 3 4 5
V – Busca de fontes
alternativas e
complementares de geração
de renda nas propriedades
rurais visando sua
sustentabilidade e a
valorização da cultura rural
(Ex: artesanato, produtos
alimentícios, produtos
florestais, turismo rural,
etc.).
Toda área de
abrangência da APA Alta X X X X X
Sustentabilidade
Socioambiental e
Econômica
VI– Busca de incentivos
econômicos às empresas e
instituições ambientalmente
corretas.
Toda área de
abrangência da APA
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Serviço Brasileiro de Apoio a
Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) e Universidades.
Comunidade,
instituições privadas e
produtores rurais.
Média X X X
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
56
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Área de Atuação
Parceiros Potenciais
Público Envolvido
Prioridade* Prazo
1 2 3 4 5
VII – Adoção de políticas de
incentivo para a promoção
da adequação, recuperação
e conservação ambiental,
através de mecanismos a
exemplo de Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA),
créditos de carbono, criação
de Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPNs),
entre outros.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN e
nos remanescentes
florestais prioritários
para conservação
Alta x x x x x
Sustentabilidade
Socioambiental e
Econômica
VIII – Articulação para o
fomento e a normatização
da atividade turística em
bases sustentáveis.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na APIT.
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP), Empresa
Brasileira de Turismo
(EMBRATUR), Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral
(CATI), Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Serviço Brasileiro
de Apoio a Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) e
Universidades.
Comunidade,
instituições privadas e
produtores rurais.
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
57
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Área de Atuação
Parceiros Potenciais
Público Envolvido
Prioridade* Prazo
1 2 3 4 5
IX – Levantamento
detalhado do potencial
turístico da APA (pontos
turísticos, eventos, festas,
cultura, patrimônio histórico
cultural e arqueológico,
artesanato, etc.).
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP), Empresa
Brasileira de Turismo
(EMBRATUR) e Universidades
Instituto de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) e Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e
Turístico (CONDEPHAAT).
Média x x x x x
Sustentabilidade
Socioambiental e
Econômica
X – Criação de roteiros
turísticos regionais
integrados.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na APIT.
Prefeituras, setor privado,
organizações não-
governamentais, Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP), Empresa
Brasileira de Turismo
(EMBRATUR), Serviço
Brasileiro de Apoio a Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE)
e Universidades.
Comunidade,
instituições privadas e
produtores rurais.
Média x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
58
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
Diretrizes Linha de Ação Estratégica Área de Atuação Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação da
Biodiversidade
I- Promoção da conservação
e a conexão de fragmentos
da vegetação nativa com
ênfase nos 37 fragmentos
identificados no Plano de
Manejo como prioritários
para conservação.
Toda área de
abrangência da APA,
onde ocorram
fragmentos de
vegetação nativa e
faixas marginais de
cursos d´água, à eles
associados. Universidades, Instituto
Florestal, comitês de bacias
hidrográficas, setor florestal e
agrícola, entidades do terceiro
setor, Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), Instituto
Butantan, Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Secretaria do Meio
Ambiente de São Paulo (SMA) e
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI) e
proprietários rurais.
Comunidade rural e
instituições públicas e
privadas atuantes na
APA
Alta x x x x x
II- Incentivo de proteção das
áreas de Preservação
Permanente e a Proteção e o
estabelecimento de Reservas
Legais, nos termos da
legislação vigente.
Toda área de
abrangência da APA. Alta x x x x x
III - Incentivo à criação de
Unidades de Conservação de
domínio público e privado em
remanescentes de vegetação
nativa da APA, priorizando os
37 fragmentos prioritários
para conservação apontados
pelo Plano de Manejo.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN.
Média x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
59
Diretrizes Linha de Ação Estratégica Área de Atuação Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação da
Biodiversidade
IV- Realização do inventário
e monitoramento florístico da
vegetação arbustivo-arbórea,
gramíneas e herbáceas.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN e
nos 37 fragmentos
prioritários.
Universidades, Instituto
Florestal, comitês de bacias
hidrográficas, setor florestal e
agrícola, entidades do terceiro
setor, Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), Instituto
Butantan, Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Secretaria do Meio
Ambiente de São Paulo (SMA) e
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI) e
proprietários rurais.
Comunidade rural e
instituições públicas e
privadas atuantes na
APA
Média x x x
V – Realização de inventário
e monitoramento da
herpetofauna, avifauna e
mastofauna e ictiofauna,
focando principalmente as
espécies raras, endêmicas e
ameaçadas de extinção
associadas aos biomas
existentes na APA.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN e
nos 37 fragmentos
prioritários.
Média X X X
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
60
Diretrizes Linha de Ação Estratégica Área de Atuação Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação da
Biodiversidade
VI – Atualização e
sistematização das listagens
de fauna geradas no plano
de manejo, sempre com
registro da ocorrência, com
vistas a promover programas
de conservação específicos
para as espécies ameaçadas,
raras e endêmicas.
Toda área de
abrangência da APA. Universidades, Instituto
Florestal, comitês de bacias
hidrográficas, setor florestal e
agrícola, entidades do terceiro
setor, Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), Instituto
Butantan, Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Secretaria do Meio
Ambiente de São Paulo (SMA) e
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI) e
proprietários rurais.
Comunidade rural e
instituições públicas e
privadas atuantes na
APA
Baixa x x x x x
VII- Estabelecimento de
controle da fauna exótica e o
controle da regeneração
natural de espécies exóticas
e espécies invasoras, que
comprometam a regeneração
da vegetação nativa.
Toda área de
abrangência da APA. Baixa x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
61
CONSERVAÇÃO DOS RESURSOS HÍDRICOS
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação
dos Recursos
Hídricos
I- Estímulo à adoção de
formas sustentáveis de uso
dos recursos hídricos e
modos sustentáveis de
produção;
Toda área de
abrangência da APA. Prefeituras, SMA, Comitês de
Bacias Hidrográficas,
Departamento de Água, Esgoto
e Energia Elétrica (DAEE),
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp), Agência Ambiental
Unificada (CETESB),
proprietários rurais, setor
privado, Universidades e
entidades do terceiro setor.
Todos os Municípios
da APA
Alta x x x x x
II - Monitoramento da
qualidade da água dos
pontos oficiais de coleta
subterrâneos e superficiais.
Zona de Conservação
dos Mananciais e Zonas
de Conservação Hídrica
1 e 2
Alta x x x x x
III - Instalação de novos
pontos de monitoramento de
água dentro da APA.
Toda área de
abrangência da APA. Média x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
62
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação
dos Recursos
Hídricos
IV - Incentivo à
regularização do uso de água
(outorgas).
Toda área de
abrangência da APA.
Prefeituras, SMA, Comitês de
Bacias Hidrográficas,
Departamento de Água, Esgoto
e Energia Elétrica (DAEE),
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp), Agência Ambiental
Unificada (CETESB),
proprietários rurais, setor
privado, Universidades e
entidades do terceiro setor.
Todos os Municípios
da APA
Média x x x x x
V – Adequação da disposição
de resíduos sólidos.
Toda área de
abrangência da APA. Alta X X X X
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
63
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação dos
Recursos Hídricos
VI – Incentivo à implantação
e/ou melhoria de sistemas
de coleta e tratamento de
efluentes.
Toda área de
abrangência da APA,
em especial nas Zonas
de Conservação dos
Mananciais e Zonas de
Conservação de
Recursos Hídricos 1 e 2.
Prefeituras, SMA, Comitês de
Bacias Hidrográficas,
Departamento de Água, Esgoto
e Energia Elétrica (DAEE),
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp), Agência Ambiental
Unificada (CETESB),
proprietários rurais, setor
privado, Universidades e
entidades do terceiro setor.
Todos os Municípios
da APA
Alta x x x x x
VII – levantamento de poços
de abastecimento públicos e
privados bem como
identificação das condições
de instalação e as zonas de
proteção.
Toda área de
abrangência da APA,
em especial nas Zonas
de Conservação dos
Mananciais, e Zonas de
Conservação de
Recursos Hídricos 1 e 2
Média x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
64
PROTEÇÃO, RECUPERAÇÃO E MONITORAMENTO AMBIENTAL
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação
Parceiros
Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Proteção,
Recuperação e
Monitoramento
Ambiental
I- Estímulo ao
planejamento,
ordenamento e controle do
uso do solo em áreas
frágeis, vulneráveis e de
importância ambiental e
cultural.
Toda área de
abrangência da APA
Secretaria do Meio Ambiente
de São Paulo (SMA),
Prefeituras, Polícia Militar
Ambiental do Estado de São
Paulo Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral
(CATI), entidades do terceiro
setor, universidades e
institutos de pesquisa,
proprietários rurais, sociedade
civil.
Todos os Municípios
da APA
Alta x x x x x
II- Difusão de técnicas
diversificadas de
recuperação ambiental;
Toda área de
abrangência da APA Média x x x x x
III- Incentivo à
recuperação e
monitoramento da
vegetação nativa.
Toda área de
abrangência da APA em
especial na ZCPN,nas
APPs, nos trechos de
conexão entre os
fragmentos de
vegetação nativa e na
área de Recuperação
/AR
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
65
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação
Parceiros
Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Proteção,
Recuperação e
Monitoramento
Ambiental
IV – Monitoramento e
recuperação das áreas
potenciais para o
restabelecimento /
aumento da conexão entre
os fragmentos prioritários
para viabilizar /
incrementar o fluxo gênico
entre as populações.
Toda área de
abrangência da APA
Secretaria do Meio Ambiente
de São Paulo (SMA),
Prefeituras, Polícia Militar
Ambiental do Estado de São
Paulo Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral
(CATI), entidades do terceiro
setor, universidades e
institutos de pesquisa,
proprietários rurais, sociedade
civil.
Todos os Municípios
da APA
Alta x x x x x
VI - Participação nos
processos de licenciamento
e monitoramento das ações
resultantes.
Toda área de
abrangência da APA Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
66
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação
Parceiros
Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Proteção,
Recuperação e
Monitoramento
Ambiental
VII- Difusão da legislação
ambiental vigente, para
promoção da adequação
ambiental e apoio às ações
de comando e controle das
atividades ilegais.
Toda área de
abrangência da APA
Secretaria do Meio Ambiente
de São Paulo (SMA),
Prefeituras, Polícia Militar
Ambiental do Estado de São
Paulo Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral
(CATI), entidades do terceiro
setor, universidades e
institutos de pesquisa,
proprietários rurais, sociedade
civil.
Todos os Municípios
da APA Média x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
67
CONSERVAÇÃO E MANEJO DO SOLO
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação e
Manejo do Solo
I- Articulação e apoio ao
fortalecimento das
instituições de extensão rural
atuantes no território,
voltadas à recuperação,
conservação e manejo do
solo.
Toda área de
abrangência da APA,
priorizando as Áreas de
Recuperação (AR)
Secretaria do Meio Ambiente de
São Paulo (SMA),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Universidades, entidades do
terceiro setor, Prefeituras e
Associações de Produtores
Rurais.
Comunidade e
instituições atuantes
na APA
Alta x x x x x
II-Incentivo à adoção de
técnicas adequadas de
conservação e manejo do
solo para as atividades
agrosilvopastoris.
Toda área de
abrangência da APA Média X x x x x
III- Apoio à readequação do
uso do solo em relação à
classe de capacidade de uso.
Toda área de
abrangência da APA Média x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
68
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação e
Manejo do Solo
IV - Incentivo à realização de
estudos para identificar
culturas e técnicas
agrosilvopastoris
compatíveis com a
fragilidade ambiental da APA.
Toda área de
abrangência da APA
Secretaria do Meio Ambiente de
São Paulo (SMA),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Universidades, entidades do
terceiro setor, Prefeituras e
Associações de Produtores
Rurais.
Comunidade e
instituições atuantes
na APA
Média x x x
V - Mapeamento,
caracterização, controle,
recuperação e
monitoramento dos locais
com processos erosivos
(ravinas, voçorocas e
erosões laminares difusas).
Toda área de
abrangência da APA,
em especial na Área de
Recuperação/ AR
Alta X X X
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
69
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação e
Manejo do Solo
VI - Promoção da
manutenção, recuperação e
adequação ambiental de
estradas públicas
(municipais, estaduais) e
readequação ambiental de
estradas e carreadores
privados.
Toda área de
abrangência da APA
Secretaria do Meio Ambiente de
São Paulo (SMA),
Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI),
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA),
Universidades, entidades do
terceiro setor, Prefeituras e
Associações de Produtores
Rurais.
Comunidade e
instituições atuantes
na APA
Média x X
CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Conservação do
Patrimônio
Histórico, Cultural
e Arqueológico
I – Identificação,
mapeamento, estudo,
registro, proteção e
tombamento do patrimônio
histórico, cultural e
arqueológico.
Toda área de
abrangência da APA,
priorizando a Área de
Interesse Histórico-
Cultural (AIHC)
Universidades, entidades do
terceiro setor, Prefeituras,
Instituto de Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (IPHAN) e
Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e
Comunidade,
moradores e visitantes
da APA, instituições
públicas e privadas
relacionadas ao tema .
Média x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
70
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica
Área de
Atuação Parceiros Potenciais
Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
II – Valorização e divulgação
do patrimônio histórico –
cultural material e imaterial
da APA, integrando com
roteiros turísticos;
Toda área de
abrangência da APA,
em especial nas Áreas
de Interesse Histórico –
Cultural (AIHC) e Área
de Potencial Interesse
Turístico (APIT)
Turístico (CONDEPHAAT).
Alta x x x
III – Criação de incentivos
de proteção e recuperação
do patrimônio histórico,
cultural e arqueológico.
Alta x x x
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Comunicação e
Educação
Ambiental
I- Construção do
pertencimento ao território
na população abrangida pela
APA Botucatu;
Todos os municípios da
APA e municípios
lindeiros
Prefeituras, Secretarias Estadual
e Municipal da Educação,
escolas, entidades do terceiro
setor, instituições públicas do
setor de transporte,
concessionárias de rodovias.
Comunidade,
moradores e visitantes
da APA, Estudantes e
professores da rede
pública e privada de
ensino, e membros de
instituições de ensino
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
71
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
II- Construção da identidade
da APA (logotipo, placas,
identidade visual, entre
outros);
Toda área de
abrangência da APA
e pesquisa, e
entidades
socioeducacionais Alta x x x x x
III - Identificação dos pontos
estratégicos no território
para colocação de placas de
identificação da APA,
evidenciando seus atributos.
Toda a região onde está
inserida a APA Alta x x
IV – Produção e difusão de
material técnico, de divulgação e
didático (cartilhas, folders, livros
técnicos, jogos educativos,
manual do professor, entre
outros) referentes ao plano de
manejo, e aos atributos
socioambientais e culturais da
APA.
Toda área de
abrangência da APA e
Municípios próximos e
integrantes à APA
Média x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
72
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Comunicação e
Educação
Ambiental
V - Articulação com
instituições pertinentes para
realização de projetos de
educomunicação que
estimulem a reflexão sobre
objetivos e atividades
desenvolvidas no território da
APA e a utilização desse
território para estudo do
meio em atividades escolares
e Educação Ambiental.
Toda área de
abrangência da APA e
Municípios próximos e
integrantes à APA
Escolas, secretarias de
educação, universidades e
ONgs que desenvolvem
pesquisa e projetos em
educomunicação
Estudantes e
professores da rede
pública e privada de
ensino, e membros de
instituições de ensino
e pesquisa, e
entidades
socioeducacionais
Média x x x x x
VI – Divulgação sistemática
das informações sobre a APA
e sua gestão, nas diferentes
mídias;
Toda área de
abrangência da APA e
Municípios próximos e
integrantes à APA.
Órgãos da impressa escrita e
faladas, meios de comunicação
em geral.
Comunidade,
moradores e visitantes
da APA, membros de
instituições de ensino
e pesquisa, e
entidades
socioeducacionais
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
73
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Comunicação e
Educação
Ambiental
VII - Participação em redes
de educação ambiental e de
comunicação local/regional,
disponibilizando informações
e estimulando o debate
sobre o uso sustentável do
território da APA;
Toda área de
abrangência da APA e
Municípios próximos e
integrantes à APA.
Comunidade, moradores,
ONG's, Prefeituras,
Universidades, profissionais e
instituições atuantes na APA
Estudantes e
professores da rede
pública e privada de
ensino, e membros de
instituições de ensino
e pesquisa, e
entidades
socioeducacionais
Média x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
74
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
VIII – Criação de um selo da
APA para produtos e
atividades desenvolvidas no
seu território, em
consonância com as
diretrizes do Plano de
Manejo.
Toda área de
abrangência da APA e
Municípios próximos e
integrantes à APA.
Entidades do terceiro setor
Prefeituras, Secretarias Estadual
e Municipal da Educação.
Comunidade,
moradores, ONG's,
Prefeituras,
profissionais e
instituições
relacionadas ao tema
atuantes na APA.
Média x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
75
PESQUISA
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Pesquisa
I - Organização, manutenção
e atualização do banco de
dados com as pesquisas
feitas na APA e áreas
adjacentes.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN.
Universidades, prefeituras,
Secretaria do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo (SMA),
Instituto Florestal (IF) e
entidades do terceiro setor.
Comunidade,
moradores,
pesquisadores e
visitantes da APA.
Alta x x x x
II – Identificação de novas
lacunas de conhecimento.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN.
Alta x x x x x
III – Incentivo e articulação
com instituições de ensino e
pesquisa para a realização de
pesquisas a partir da
definição das grandes
lacunas detectadas e
monitoramento de sua
aplicabilidade.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN.
Alta x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
76
Diretrizes Linha de Ação
Estratégica Área de Atuação
Parceiros Potenciais Público
Envolvido Prioridade*
Prazo
1 2 3 4 5
Pesquisa
IV - Incentivar o estudo de
avaliação de áreas potenciais
para implementação de
corredores de biodiversidade.
Toda área de
abrangência da APA,
com ênfase na ZCPN e
nos 37 fragmentos
prioritários para
conservação.
Universidades, prefeituras,
Secretaria do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo (SMA),
Instituto Florestal (IF) e
entidades do terceiro setor.
Comunidade,
moradores,
pesquisadores e
visitantes da APA.
Alta x x x x x
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
77
6. Gestão Organizacional da APA
A Gestão Organizacional da APA se dará pela implementação do
Programa de Gestão Organizacional. Este é o Programa chave do Plano de
Manejo, que tem como objetivo o fornecimento de ferramentas para auxiliar no
funcionamento da UC como um todo, na organização e controle dos seus
processos administrativos, financeiros e de recursos humanos, traçando
estratégias para a implementação do Plano de Manejo, além do
estabelecimento e manutenção das infraestruturas, a divulgação da UC,
capacitação continuada dos técnicos, entre outros. Fazendo parte de todo o
processo da análise estratégica da APA, este Programa serve como instrumento
e ferramenta para viabilização das diretrizes e ações de planejamento
necessárias colocadas como grandes desafios a serem alcançados nos próximos
cinco anos, descritos na Matriz de Planejamento. Dessa forma, busca-se a
consolidação desta Unidade de Conservação de Uso Sustentável.
O Programa de Gestão Organizacional vem sendo construído ao longo
dos trabalhos e ele é resultado dos dados obtidos pelo diagnóstico local da
Unidade de Conservação, de encontros, reuniões técnicas e oficinas com
agentes locais e da compilação de dados e experiências de programas similares,
propostos para outras UCs, considerados relevantes e adequados à situação das
UCs foco deste documento.
Para que este Programa seja exeqüível e de fato pertença não somente
ao órgão gestor desta UC, mas a todos que dela participarem, deverá ser
avaliado periodicamente, buscando-se adaptá-lo a realidade em cada momento
destes cinco anos. Para tanto se sugere que seja instrumento de análise e
monitoramento constante por parte do Conselho Gestor, direcionando as suas
ações, diagnósticos e estudos futuros.
A partir do diagnóstico situacional levantado, foram estabelecidas as
diretrizes e linhas de ação do Programa, que é apresentado no quadro abaixo:
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
78
Quadro 3. Síntese das diretrizes e linhas de ação estratégica do Programa de
Gestão Organizacional da APA Botucatu.
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
Diretriz 1.
Potencialização e
Fortalecimento do
Conselho Gestor
Elaboração de plano estratégico para fortalecer e potencializar a atuação do Conselho Gestor;
Estímulo e facilitação da participação de membros do Conselho Gestor na gestão da APA Botucatu;
Capacitação periódica os membros do Conselho
Gestor quanto aos objetivos, funções, atividades e
diretrizes da APA
Criação de Câmaras Técnicas para auxiliar no planejamento, detalhamento e gestão das diretrizes e linhas de ação estabelecidas no Plano de Manejo.
Diretriz 2.
Gestão Administrativa
e Financeira
Estabelecer gestão administrativa ágil e eficaz da
APA no que tange à gestão de recursos financeiros,
infraestrutura e de pessoal.
Readequação dos recursos financeiros orçamentários necessários para pleno funcionamento da gestão.
Aprimoramento das rotinas e documento de gestão
administrativo-orçamentário.
Elaboração de planejamento financeiro anual para obtenção de recursos orçamentários visando a concretização das diretrizes e linhas de ação previstas no Plano de Manejo.
Captação de recursos financeiros de fontes externas para a implementação de diretrizes do Plano.
Diretriz 3
Gestão de Pessoal
Adequação do quadro de funcionários para o pleno
funcionamento da APA Botucatu.
Capacitação técnica periódica os funcionários para
uso de ferramentas de melhoria da gestão (banco de
dados, geoprocessamento, etc.).
Promoção de reuniões técnicas para atualização e
trocas de experiências entre outros gestores de
Plano de Manejo da APA Corumbataí, Botucatu e Tejupá – Perímetro Botucatu
79
Diretrizes Linha de Ação Estratégica
APA’s e incentivo à participação em eventos afins
Direcionamento e concentração das funções e
atividades do gestor a assuntos exclusivos da APA.
Diretriz 4.
Adequação da
Infraestrutura
Viabilização de infraestrutura física adequada para a
gestão da APA.
Adequação e aquisição de equipamentos para o
funcionamento adequado da gestão da APA e
atendimento das diretrizes do Plano de Manejo.
Diretriz 5.
Implantação de
Sistema de
Documentação e
Monitoramento
Sistematização e organização da documentação
existente sobre a APA Botucatu.
Manutenção e atualização sistemática do banco de
dados georreferenciado com todas as informações
da APA Botucatu.
Implementação de sistema de coleta de dados,
sistematização, monitoramento e avaliação da
eficiência da gestão e desenvolvimento das
diretrizes, processos e resultados do Plano de
Manejo.
Elaboração de relatório anual de balanço de
atividades da APA.
Avaliação periódica da necessidade de revisão do
Plano de Manejo periodicamente o Plano de Manejo.
Diretrizes 6.
Gestão de
interessados e
parcerias
Identificação de potenciais parceiros nos setores
público e privado, para potencializar a Gestão da APA
na implementação de suas ações
Articulação com órgãos e Instituições públicas das diversas esferas de poder, Instituições de Ensino e Pesquisa, setor privado e comunidade rural visando à divulgação do Plano de Manejo, a integração de ações e o desenvolvimento conjunto das Diretrizes do Plano
Formalização de parcerias e gestão de convênios e
contratos.