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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação VALIDAÇÃO DO MODELO DE SATISFAÇÃO ACSI EM UM CURSO DE INGLÊS NUMA ESCOLA DE IDIOMAS EM BELO HORIZONTE Julius César Siqueira Othero Fernandes Belo Horizonte 2007

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Page 1: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação

VALIDAÇÃO DO MODELO DE SATISFAÇÃO ACSI EM UM CURSO DE

INGLÊS NUMA ESCOLA DE IDIOMAS EM BELO HORIZONTE

Julius César Siqueira Othero Fernandes

Belo Horizonte

2007

Page 2: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

Julius César Siqueira Othero Fernandes

VALIDAÇÃO DO MODELO DE SATISFAÇÃO ACSI EM UM CURSO DE

INGLÊS NUMA ESCOLA DE IDIOMAS EM BELO HORIZONTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Professor Dr. Dalton Jorge Teixeira.

Belo Horizonte

2007

Page 3: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Fernandes, Julius César Siqueira Othero. F363v Validação do modelo de satisfação ACSI em um curso de inglês numa escola de idiomas em Belo Horizonte / Julius César Siqueira Othero Fernandes. Belo Horizonte, 2007. 137f. Orientador: Dalton Jorge Teixeira Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração Bibliografia. 1. Satisfação do consumidor. 2. Serviços ao cliente. 3. Fornell, Claes. 4. American Customer Satisfaction Index. 5. Modelagem de equações estruturais. I. Teixeira, Dalton Jorge. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.89

Page 4: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

A todos aqueles que acreditam no sucesso da empresa a partir da satisfação de clientes!

Page 5: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Senhor e Criador.

Ao co-autor desse trabalho, o amigo, Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira, a quem dirijo

meu especial agradecimento, pela forma como conduziu sua orientação – com maestria e

paciência, mesmo nos momentos críticos de mudança de rumo;

A todos aqueles que, de alguma forma, mesmo sem a consciência plena, contribuíram

de forma direta ou indireta para a conclusão deste trabalho;

A meus pais, Rosa Alda e Darcy Othero, por seu incondicional e, muitas vezes,

involuntário apoio nessa grande jornada;

À amada Luciana Logrado, que me apoiou desde o início, por ter feito com que eu

acreditasse no sucesso e mantivesse a esperança e a fé;

A todos os meus amigos, Ramon Leite, Paulo Isnard e Marcos Areas, em especial, ao

Jefferson, pelo apoio e companheirismo nos momentos mais difíceis dessa caminhada;

A meus irmãos e demais pares, pela tolerância e compreensão de minha ausência

momentânea em ocasiões de encontro familiar;

A meus sobrinhos, Felipe Fernandes e Carolina Othero, pela valiosa colaboração na

transcrição e conferência dos dados da pesquisa deste trabalho;

Aos professores e colegas da quarta turma do MPA PUC Minas;

Às irmãs Mariluce e Alcione Mendes, pela total disponibilidade e abertura para a

realização da pesquisa em sua empresa.

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Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

Hippolyte Léon Denizard Rivail – Allan Kardec (1857)

Page 7: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

RESUMO

A competitividade das empresas e dos países tem sido alvo de estudos em quase todo o mundo, em especial no tocante à influência da satisfação de clientes nos resultados dessas organizações. O modelo proposto por Fornell et al (1996), o ACSI_ American Customer Satisfaction Index, vem sendo aplicado em trabalhos na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Visando testar a validade da medição da satisfação e de sua cadeia nomológica de construtos, expectativas, valor e qualidade percebida, reclamações e lealdade em cursos de inglês em escolas de idiomas, foi elaborado este trabalho de pesquisa. Com a aplicação da técnica de modelagem de equações estruturais é feita a análise de plausibilidade dos achados a partir da interpretação dos resultados obtidos com dados de duzentos e sessenta respondentes. O estudo verifica o significativo impacto da satisfação na propensão à lealdade nessas escolas, bem como ressalta importantes aspectos das relações entre os antecedentes e conseqüentes do construto satisfação geral.

Palavras-chave: Satisfação do cliente; Modelo de Fornell; ACSI; Equações estruturais.

Page 8: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

ABSTRACT

Competitiveness of companies and countries has been aimed at studies almost the world over, especially concerning the influence of customers' satisfaction on those organizations’ results. The model proposed by Fornell et al (1996), ACSI_ American Customer Satisfaction Index, has been applied to works at Europe, United States and Brazil. This research work has been elaborated in order to test the validity of satisfaction measurement and of its construct natural phenomenological laws’ chain, expectations, value and noticed quality, complaints and loyalty, in English courses at language schools. By the application of the technique of structural equations modelling, it is made the analysis of discoveries’ plausibility, based upon the interpretation of results obtained from 260 respondents' data. The study verifies the meaningful impact of satisfaction on the propensity for loyalty in those schools, as well as emphasizes important features of relationships among antecedents and consequences of the general satisfaction construct.

Key Words: Customer's satisfaction; Model of Fornell; ACSI; Structural equations.

Page 9: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – O Modelo Hipotético de Pesquisa..................................................................23

FIGURA 2 – American National Satisfaction Index...........................................................32

FIGURA 3 – Zona de tolerância e os níveis de expectativas..............................................50

FIGURA 4 – Homoscedasticidade com uma variável de cada construto............................90

FIGURA 5 – Homoscedasticidade com duas variáveis de cada construto..........................91

FIGURA 6 – Homoscedasticidade com três variáveis de cada construto............................92

FIGURA 7 – Modelo modificado ACSI do curso de inglês de uma escola de

idiomas (com resultados padronizados).......................................................100

Page 10: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Outliers...............................................................................................................79

TABELA 2 – Variância total explicada....................................................................................80

TABELA 3 – Comunalidades...................................................................................................82

TABELA 4 – Matriz rotacionada dos componentes.................................................................83

TABELA 5 – Normalidade univariada.....................................................................................85

TABELA 6 – Normalidade multivariada..................................................................................87

TABELA 7 – Correlações entre o construto Satisfação e suas variáveis.................................95

TABELA 8 – Correlações entre o construto Qualidade e suas variáveis.................................95

TABELA 9 – Correlações entre o construto Reclamação e suas variáveis..............................96

TABELA 10 – Correlações entre o construto Lealdade e suas variáveis.................................96

TABELA 11 – Correlações entre o construto Expectativa e suas variáveis.............................96

TABELA 12 – Correlações entre o construto Valor e suas variáveis.......................................96

TABELA 13 – Validade discriminante.....................................................................................98

TABELA 14 – Confiabilidade dos dados.................................................................................99

TABELA 15 – Composição dos Construtos do modelo.........................................................103

TABELA 16 – Resultados de medidas de ajuste....................................................................105

TABELA 17 – Linearidade das variáveis...............................................................................136

TABELA 18 – Resultados padronizados do modelo modificado...........................................137

Page 11: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Avaliação dos relacionamentos hipotéticos.....................................................107

Page 12: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

LISTA DE SIGLAS

ABF - Associação Brasileira de Franquias

ABT - Associação Brasileira de Tecnologia Educacional

ACSI – American Customer Satisfaction Index

AFC - Análise Fatorial Confirmatória

AFE - Análise Fatorial Exploratória

AGFI - Índice de qualidade de ajuste calibrado

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações

ANPAD - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em

Administração

ANUP - Associação Nacional das Universidades Particulares

AT&T – American Technologie & Telecommunication

CATHO - Consulting Admission, Training, Hunting and Outplacement

CFI - Índice de ajuste comparativo

CMIN – qui-quadrado

CSI – Customer Satisfaction Index

DETRAN- MG - Departamento de Trânsito de Minas Gerais

DF – grau de liberdade

DK – Deustsch Kunderbarometer

ECSI – European Customer Satisfaction Index

EFQM - European Foundation for Quality Management

EOQ - European Organization for Quality

FACE – Faculdade de Ciências Econômicas

FAURGS - Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

FIA-USP - Fundação Instituto de Administração – Universidade de São Paulo

FUMEC - Fundação Mineira de Educação e Cultura

GFI - Índice de qualidade de ajuste

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MFQ - Movement Français pour la Qualité

NFI - Índice de ajuste normado

NQRC - National Quality Research Center

PBH - Prefeitura de Belo Horizonte

PIB – Produto Interno Bruto

Page 13: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

PMMG - Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

PUCMINAS – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RAC - Revista de Administração Contemporânea

RAE – Revista de Administração de Empresas

RFI - Índice de ajuste relativo

RH – Recursos Humanos

RMSEA - Raiz do erro quadrático médio de aproximação

SCSB – Sweden Customer Satisfaction Barometer

SEM - Structural Equations Modeling (Modelagem de Equações Estruturais)

SPSS - Statistical Package for Social Science

SRF - Secretaria da Receita Federal

TLI - Índice de Tucker-Lewis

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

Page 14: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 14 1.1 Introdução..................................................................................................................... 14 1.2 Problema de pesquisa.................................................................................................. 17 1.3 Justificativa................................................................................................................... 19 1.4 Hipóteses do estudo...................................................................................................... 23 1.5 Objetivos....................................................................................................................... 24 1.5.1 Objetivo geral............................................................................................................. 24 1.5.2 Objetivos específicos................................................................................................... 24 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 25 2.1 Satisfação de clientes................................................................................................... 25 2.2 Índices nacionais e setoriais de mensuração de satisfação de clientes: histórico e visão nos Estados Unidos e na Europa.......................................................... 29 2.3 O modelo de satisfação ACSI – American Customer Satisfaction Index................. 30 2.3.1 Contribuições da utilização do Modelo de Fornell (ACSI) para a medição de satisfação de clientes........................................................................... 34 2.3.2 Propriedades dos índices de satisfação de clientes................................................... 37 2.3.2.1 Precisão................................................................................................................... 37 2.3.2.2 Capacidade de previsão de resultados financeiros.............................................. 38 2.3.2.3 Capacidade de diagnóstico.................................................................................... 39 2.3.2.4 Comparabilidade.................................................................................................... 40 2.3.2.5 Possibilidade de agregação.................................................................................... 40 2.3.3 Propriedades do modelo de satisfação ACSI............................................................. 41 2.3.4 Condicionantes dos modelos de mensuração da satisfação de clientes................... 42 2.3.5 Determinantes do índice de satisfação de clientes.................................................... 43 2.4 Qualidade...................................................................................................................... 44 2.4.1 Qualidade dos serviços............................................................................................... 44 2.5 Valor percebido............................................................................................................ 47 2.6 Expectativa................................................................................................................... 48 2.7 Reclamação................................................................................................................... 51 2.8 Lealdade........................................................................................................................ 53 2.9 A franqueadora Number One – perfil e histórico..................................................... 55 2.9.1 A metodologia exclusiva Number One...................................................................... 55 2.9.2 Os pilares dos Métodos Dynamic e Wave.................................................................. 56 2.9.3 Evolução com qualidade............................................................................................ 57 2.9.4 Inovações e conquistas............................................................................................... 58 2.9.5 Filosofia Number One Solutions............................................................................... 58 2.9.6 Diferenciais competitivos........................................................................................... 59 2.10 A franqueada Number One Gutierrez..................................................................... 61 2.11 O curso de inglês da escola-alvo da pesquisa........................................................... 61 2.12 Ensino de língua estrangeira no Brasil: crescimento e competitividade............... 62 3. METODOLOGIA DA PESQUISA.............................................................................. 64 3.1 Estratégia...................................................................................................................... 64 3.2 Tipo de pesquisa........................................................................................................... 65 3.3 O universo da pesquisa e a amostra........................................................................... 66 3.4 Técnica de coleta de dados.......................................................................................... 67

Page 15: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

3.5 Instrumento de coleta de dados.................................................................................. 67 3.6 Tratamento, interpretação e análise dos dados......................................................... 69 3.6.1 Modelagem de equações estruturais (SEM) ............................................................. 69 4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA.................................................................... 74 4.1 Primeira fase – pré-teste............................................................................................. 74 4.2 Segunda fase – abordagem descritiva quantitativa.................................................. 74 5 TRATAMENTO DOS DADOS..................................................................................... 76 5.1 Análise descritiva dos dados coletados....................................................................... 76 5.2 Análise estatística dos dados coletados....................................................................... 76 5.2.1 Preparação dos dados................................................................................................ 77 5.2.1.1 Dados ausentes....................................................................................................... 77 5.2.1.2 Questões reversas.................................................................................................. 77 5.2.1.3 Outliers................................................................................................................... 78 5.2.2 Análise fatorial exploratória..................................................................................... 80 5.2.2.1 Normalidade univariada....................................................................................... 84 5.2.2.2 Normalidade multivariada.................................................................................... 86 5.2.2.3 Linearidade............................................................................................................. 88 5.2.2.4 Homoscedasticidade............................................................................................... 89 5.2.2.5 Validade de face..................................................................................................... 92 5.2.2.6 Validade convergente............................................................................................. 94 5.2.2.7 Validade discriminante.......................................................................................... 97 5.2.2.8 Confiabilidade........................................................................................................ 98 5.2.3 O modelo..................................................................................................................... 99 6 RESULTADOS DA PESQUISA.................................................................................... 104 6.1 Resultados finais........................................................................................................... 104 6.2 Resultados de medidas de ajuste................................................................................. 105 6.3 Teste das hipóteses da pesquisa.................................................................................. 106 7 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS..................................................................................................................... 109 7.1 Conclusões.................................................................................................................... 109 7.2 Limitações da pesquisa................................................................................................ 113 7.3 Sugestões para futuros trabalhos................................................................................ 115 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 116 APÊNDICES....................................................................................................................... 126 13

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

A sociedade moderna enfrenta mudanças profundas com impactos nas esferas política,

social e econômica. Essas mudanças começaram no século passado, conforme Berkowitz et

al. (2003, p.48): “As grandes mudanças e transformações que influenciaram poderosamente

as organizações, a sua administração e o seu comportamento, ocorreram a partir do século

XX.”

Observa-se, nesse ambiente, a competição de várias tendências destacando-se:

concorrência mais acirrada, consumidores mais exigentes, qualidade aliada a custos baixos,

informações sobre concorrentes amplamente disponíveis e mudança tecnológica muito

intensa. Diante desses desafios, as empresas visionárias procuram munir-se de ferramentas

capazes de potencializar sua capacidade de geração de valor para o público-cliente,

colaboradores e sociedade. Torna-se evidente a necessidade de implementação de processo de

gestão compatível com o que há de mais avançado na teoria das organizações, com foco no

capital humano, comenta Berkowitz et al. (2003, p.55): “No mundo contemporâneo o capital

financeiro deixou de ser o recurso mais importante, cedendo lugar ao conhecimento... É a vez

do conhecimento, do capital humano e do capital intelectual.”

Na onda do conhecimento (movimento de incremento do ensino no país), vê-se

atualmente um crescimento, sem precedentes, do número de instituições de ensino de línguas

estrangeiras. Segundo dados do MEC (2006), esse mercado registrou uma ampliação

aproximada de 45% nos últimos 5 anos. São escolas que, em seu papel de empresa, também

vivem as transformações da nova era, a era da informação, comentam Berkowitz et al. (2003).

Um dos aspectos importantes para o sucesso de uma escola de línguas estrangeiras é a

sua capacidade de atender de forma ágil e dinâmica às necessidades de seus alunos e de certa

maneira encantá-los. Afinal, eles são os clientes, comenta o Sr. Márcio Mascarenhas,

presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

Na linha das mudanças de grande amplitude que envolvem toda a sociedade,

Berkowitz et al. (2003, p.45) afirmam que o mundo virou uma aldeia global: “A aplicação da

tecnologia da informação – integrando a televisão, o telefone e o computador – trouxe

desdobramentos imprevisíveis e transformou o mundo em uma verdadeira aldeia global.”

Page 17: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

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A globalização é um processo típico da segunda metade do século XX que conduz a

crescente integração das economias e das sociedades dos vários países, especialmente no

tocante à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros e à difusão de

informações. A partir dela, o estudo de língua estrangeira torna-se fator de diferenciação

pessoal no competitivo mercado de trabalho nacional, afirmam Kotler e Armstrong (2004).

Em consonância com esses autores, Thomas Amos Case, presidente do grupo Catho

(CATHO, 2006), também defende essa idéia.

O atual ambiente empresarial, era da informação, conforme Berkowitz et al. (2003),

exige profissionais cada vez mais bem preparados e com um cabedal de conhecimentos

abrangente que inclua, necessariamente, o domínio de uma ou mais línguas estrangeiras, em

que concorda com os autores Helena Arthur Salviano Mello, diretora geral da Manager

(MANAGER, 2006). O estudo de línguas é fator de manutenção da empregabilidade,

acrescentam os autores.

O ambiente organizacional é hoje caracterizado por uma alta competitividade, elevada

turbulência ambiental e mudanças rápidas e descontínuas no macroambiente das empresas. A

globalização da economia acrescenta mais complexidade às organizações, fazendo com que

os mercados percam fronteiras e fiquem ainda mais competitivos, conforme Filho (2001).

Essa nova realidade está contribuindo para que cada vez se torne mais caro obter

novos clientes, o que faz com que manter clientes antigos seja mais atraente. Estima-se que,

atualmente, custe de três a cinco vezes menos manter um cliente do que obter um cliente

novo, afirmam Bateson e Hoffman (2002). Até do ponto de vista financeiro, é mais

interessante manter clientes satisfeitos e leais do que em outras circunstâncias.

Bateson e Hoffman (2000) afirmam que maiores índices de satisfação do cliente

tornam a organização mais resistente à concorrência e aumenta sua participação no mercado,

apesar de que, segundo os autores, altos índices de satisfação não significam necessariamente

fidelidade eterna do cliente, pois as necessidades dos clientes mudam com o tempo e com o

atendimento das necessidades atuais. Nesse contexto, os clientes irão procurar por empresas

que melhor satisfaçam o novo conjunto de necessidades.

Diversos estudos de Fornell (1992), Anderson, Fornell e Lehmann (1994), Edvardsson

et al. (2000) e Martensen, Gronholdt e Kristensen (2000) verificaram uma relação positiva

entre satisfação e propensão do cliente à lealdade. Porém, embora a satisfação dos clientes

seja primordial para qualquer empresa bem-sucedida, constata-se que a satisfação isolada não

é suficiente para a manutenção de clientes leais, segundo Griffin (1998).

Page 18: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

16

Assim, surgem as seguintes questões: O que leva à satisfação e à lealdade? Que fatores

exercem mais influência na satisfação e na lealdade? As respostas a essas questões são de

grande importância para as empresas, conforme Fornell (1999). Satisfação de clientes não

deve ser simplesmente uma meta, mas sim uma forma de as empresas melhorarem seu

desempenho. Diversos estudos têm demonstrado as relações entre satisfação, lealdade e

desempenho econômico, medido de diversas formas, como, por exemplo, retorno sobre

investimento, preço das ações e valor agregado, conforme Anderson, Fornell e Lehmann

(1994) e Fornell 1999. Um profundo conhecimento sobre os fatores que levam à satisfação e à

lealdade pode ajudar as empresas na alocação de recursos escassos, buscando a otimização de

sua performance, comentam Martensen, Gronholdt e Kristensen (2000).

Atentos a isso, surgiram os Índices Nacionais de Satisfação, que procuraram medir a

satisfação dos clientes e a propensão destes à lealdade. O primeiro desses índices surgiu em

1989, na Suécia, o Barômetro Sueco de Satisfação de Cliente, conhecido como Sweden

Customer Satisfaction Barometer (SCSB). Posteriormente, na Alemanha, em 1992, com o

Deustsch Kunderbarometer (DK), e nos Estados Unidos, em 1994, com o American Customer

Satisfaction Index (ACSI), Israel e Taiwan, em 1995, e Nova Zelândia, em 1996, também

desenvolveram seus índices nacionais. Em 1998 foi lançado o Índice Europeu de Satisfação

de Cliente, designado como European Customer Satisfaction Index (ECSI).

Dessa forma, o presente trabalho pretende testar o modelo estrutural utilizado pelo

Índice de Satisfação de Clientes Americano (ACSI - American Customer Satisfaction Index)

no Brasil, em um curso de inglês de uma escola de línguas estrangeiras no bairro Gutierrez,

em Belo Horizonte.

Com isso, objetiva-se verificar as relações entre os construtos: expectativa, qualidade

percebida pelo cliente, valor percebido, satisfação, Reclamação e lealdade de clientes, tendo

também como referência os trabalhos realizados por Zeithaml, Berry e Parasuraman (1996),

Fornell et al. (1996), Dodds, Monroe, Grewal (1991) e Oliver (1997), além de adaptar escalas

utilizadas na modelagem de equações estruturais para escolas de ensino de idiomas.

Este trabalho inicia-se, portanto, por essa introdução, e posteriormente o problema de

pesquisa e a justificativa são vistos em detalhes. As hipóteses do trabalho são apresentadas em

seguida. Os objetivos, tanto geral como específicos, são expostos no próximo capítulo, de

forma a direcionar os trabalhos deste estudo.

A fundamentação teórica deste trabalho vem a seguir e inicia-se com o

posicionamento e a relevância do construto satisfação na disciplina de Marketing, uma

introdução aos Índices Nacionais de Satisfação (SCSB, DK, ECSI, entre outros), assim como

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17

do ACSI, que é o modelo proposto nesta pesquisa. Neste referencial ainda são estudados os

principais antecedentes (expectativas, qualidade e valor percebidos pelo cliente) do construto

base deste trabalho (satisfação) e seus conseqüentes (reclamação e lealdade do cliente). O

construto satisfação mereceu especial atenção. Para tanto, são apresentados os estudos de

diversos autores a respeito desse tema.

Logo após, são apresentados o perfil e o histórico da franqueadora Number One

Solutions, da escola franqueada Number One do bairro Gutierrez, em Belo Horizonte, e o

curso de inglês da escola-alvo desta pesquisa (Number One Gutierrez). Na seqüência é tratado

um panorama do mercado de ensino de língua estrangeira no Brasil.

Já a metodologia que foi utilizada na pesquisa é vista na parte seguinte, em que são

detalhadas as características gerais do estudo, a estratégia a ser adotada, o tipo de pesquisa, o

universo e a amostra, a técnica e o instrumento de coleta de dados e a explanação sobre a

interpretação dos dados com a aplicação da técnica de equações estruturais na análise dos

achados.

No desenvolvimento do trabalho são abordadas duas fases, a de pré-teste e a fase de

caráter quantitativa da pesquisa. Em seguida, no tratamento dos dados, são apresentadas as

análises descritiva e estatística dos dados coletados.

Finalmente, são apresentados os resultados, englobando resultados finais e de medida

de ajuste e o teste das hipóteses da pesquisa. Completam o trabalho as conclusões, as

limitações da pesquisa, as sugestões para futuros trabalhos, as referências e os apêndices.

1.2 Problema de pesquisa

Com base nos estudos teóricos e empíricos sobre satisfação e seus modelos, deseja-se

proceder a testes de validação do Modelo de Fornell (ACSI) para o curso de inglês de uma

escola de línguas. Assim, os esforços de pesquisa serão convergidos em torno da seguinte

questão de pesquisa: até que ponto o modelo de satisfação de Fornell (ACSI) é válido para um

curso de inglês em uma escola de idiomas em Belo Horizonte?

Existem várias justificativas para se realizarem estudos dessa natureza. Uma primeira

se alimenta na importância e no alcance social dos serviços de ensino de línguas no país,

conforme Thomas Amos Case, presidente do grupo Catho (CATHO, 2006). Outros aspectos

que se somam de forma corroboradora dizem respeito à verificação de o modelo de Fornell

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(ACSI), de avaliação da satisfação de clientes, poder ser considerado válido para ser aplicado

no setor de cursos de inglês em escolas de ensino de idiomas.

No que se refere à aplicação do modelo ACSI no Brasil, podem-se enumerar vários

benefícios e vantagens, tanto para clientes quanto fornecedores e governo. Em especial, o uso

do modelo de Fornell, num contexto brasileiro, vai gradativamente permitir avançar na

compreensão das relações entre entes fundamentais, como qualidade percebida, valor

percebido, satisfação global e lealdade do cliente, conforme Gonçalves et al. (2002). Fornell

(1992) enumera uma série de vantagens da alta satisfação do cliente com a empresa, tais como

aumento da lealdade do cliente, menor elasticidade do preço, quedas dos custos de atração de

novos clientes e privilegiada reputação no mercado (comentários favoráveis do cliente).

Além disso, em outros países, despontam fundadas evidências de que a satisfação do

cliente é um indicador proeminente de desempenho financeiro, tanto pelo lado dos lucros

contábeis quanto do valor para o acionista, apontam Ittner e Larcker (1996); Anderson,

Fornell e Lehmann (1994); Fornell, Ittner e Larcker (1996). A lealdade do cliente também é

um indicador muito provável de lucratividade, como apontam Reichheld e Sasser (1990).

Dessa forma, a satisfação e a lealdade do cliente são temas importantes para a Administração,

dado seu impacto direto ou indireto sobre os lucros da organização.

Conforme Moura (2004), no Brasil há uma carência de estudos verificando as relações

entre esses construtos e não se tem claro o efeito da satisfação sobre o desempenho financeiro.

Evidências empíricas no sentido de comprovar o relacionamento entre esses construtos

poderiam refletir na gestão dos prestadores de serviço, que dariam maior atenção às

avaliações dos clientes quanto ao serviço.

Na perspectiva dos prestadores de serviços, um indicador uniforme e comparável de

satisfação do cliente permitiria benchmarking contínuo entre empresas, de modo que um

baixo índice de satisfação revelaria um ponto fraco da empresa e abriria espaço para outras

concorrentes, aponta Moura (2004).

Um indicador de satisfação do cliente poderia também auxiliar os próprios clientes em

suas decisões de compra, podendo comparar as múltiplas ofertas de produtos e serviços e

escolher as de melhor qualidade e valor, lembra Moura (2004). É previsível que a existência

de um índice de satisfação do cliente encoraje a competição pela qualidade e pelo preço,

levando à maior satisfação do cliente, segundo Fornell et al. (1996).

A pretensão deste trabalho será fazer um exame inicial de um setor relevante para a

realidade brasileira, conforme Reggiane Alvim, diretora da Reggiane Hunting (REGGIANE,

2006) e ensejar estudos futuros que venham a ampliar o escopo de pesquisa na validação do

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Modelo de Fornell (ACSI) para avaliar a satisfação de alunos de cursos de inglês em escolas

de idiomas no país.

Por outro lado, vê-se atualmente um crescimento do número de escolas de ensino de

idiomas, conforme dados do MEC (2006). Imersas nesse ambiente altamente competitivo, as

escolas procuram estratégias mais sólidas e para isso lançam mão de sistemas de gestão mais

eficientes e capazes de contribuir efetivamente para obtenção de vantagem competitiva,

aponta a ANUP (2006).

É também notório o papel da satisfação de consumidores como fator determinante não

só de retornos crescentes, como também da lealdade por parte de clientes (alunos) através de

geração de valor para os mesmos, comentam Fornell et al., Aaker, Kumar e Day, e Gale

citados por Filho, Guerra e Moura (2003, p.13). Porém, no cenário brasileiro, são escassos os

estudos científicos que pesquisam a medição de expectativa, valor, satisfação, reclamação,

propensão à lealdade e qualidade, bem como seus impactos mútuos nesse ramo de negócios.

Em torno dessas observações, assim como de reflexões propostas pelos estudos feitos

pelos autores citados até aqui, surgiu uma indagação fundamental:

• O modelo de satisfação ACSI é válido para analisar a cadeia

nomológica de satisfação dos clientes de um curso de inglês de uma escola de

idiomas em Belo Horizonte?

1.3 Justificativa da pesquisa

Segundo Kotler (2000), a filosofia do marketing deve se modificar para se adequar e

responder às demandas e expectativas de um mundo em transição, de uma Economia

Industrial para uma Economia da Informação. Nesse esforço de adaptação, o marketing

passou a priorizar e valorizar os relacionamentos e não somente as transações com os clientes,

a se esforçar em conquistá-los, conhecê-los e retê-los nas empresas, investindo altas somas em

promoção, segmentação e fidelização de clientes, o que demonstra a presente preocupação

com a satisfação dos clientes.

Anderson, Fornell e Lehmann (1994) verificaram que um dos principais fatores que

levam à lealdade dos clientes seria a satisfação desses com o produto ou serviço de seus

fornecedores. Esses autores apontaram ainda outros benefícios com relação a clientes

satisfeitos e leais: redução da sensibilidade ao preço, imunização dos clientes em relação aos

Page 22: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

20

esforços da concorrência, custos de transação mais baixos, redução dos custos decorrentes de

falhas, custos mais baixos para atrair novos clientes e melhor reputação da empresa.

Entretanto uma correta compreensão da relação entre satisfação e intenção torna-se

fundamental, pois é dela que, em parte, supõe-se a lealdade como resultado, ressalta

Reichheld (1996).

É com o objetivo de medir a satisfação dos clientes com relação a produtos e serviços

e a propensão dos mesmos à lealdade que surgiram os Índices Nacionais de Satisfação. Estes

utilizam uma metodologia de indicadores múltiplos para avaliar a satisfação e a propensão à

lealdade dos clientes. Esse tipo de metodologia mostrou-se adequado, através de vários

estudos de Fornell et al. (1992), Martensen, Gronholdt e Kristensen (2000), Anderson e

Fornell (2000) e Fornell et al. (1996). Os índices nacionais de satisfação representam ainda

um novo tipo de sistema de medição, conforme salienta Fornell et al. (1996), baseados em

clientes para avaliação do desempenho de empresas, setores econômicos da indústria e

economias nacionais.

O setor de serviços (cursos de idiomas) destaca-se como um desses importantes

setores econômicos, já que, conforme João Roberto Moreira Alves, presidente da Associação

Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT, 2006), entre 1995 e 2005, a participação desse

segmento na economia brasileira aumentou aproximadamente 60%, salto este registrado nos

últimos três anos, devido ao processo de globalização da economia nacional decorrente da

abertura de mercado, aliada ao incremento do turismo internacional em nosso país.

Entretanto o setor de serviços (cursos de idiomas) no Brasil ainda tem muito espaço

para o crescimento. Conforme uma pesquisa realizada pela consultoria A. T. Kearney e

publicada na revista The Economist, em 2003 o Brasil ocupava o quinto lugar no ranking de

países mais atraentes para o desenvolvimento de escolas de línguas, perdendo apenas para a

Rússia, China, México e o Canadá, afirma João Roberto Moreira Alves, presidente da ABT

(ABT, 2006). Segundo essa reportagem, enquanto o México, um país em desenvolvimento

como o Brasil, tem uma parcela significativa da população (21,5%) de estudantes de língua

estrangeira, o Brasil tem menos de 5% da população envolvida com o estudo de idiomas,

conforme o presidente da ABT (ABT, 2006).

Segundo o presidente da ABT (ABT, 2006), a aprendizagem de línguas estrangeiras é

hoje um pré-requisito essencial para o acesso ao conhecimento e um fator de favorecimento

da mobilidade pessoal e profissional. Para Leffa (2000) é óbvio que, no momento em que se

valoriza o conhecimento, cria-se um contexto favorável para a aprendizagem da língua

estrangeira, veículo importante para a divulgação do conhecimento. Desde tempos

Page 23: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

21

imemoriais, a humanidade tem-se preocupado com a questão da incomunicabilidade

resultante do desconhecimento da língua do outro, simbolizada através do Mito de Babel,

destaca João Roberto Moreira Alves, presidente da ABT (ABT, 2006).

Afirma Case que:

Mais de 62% dos executivos contratados para o cargo de diretor, ou acima, falam inglês. Escalões menores estão mais abertos para quem não domina essa ou outra língua, mas é muito difícil o ingresso de candidatos que não possuam tal habilidade. (CASE, 2004, p.29)

Case (2004) comenta ainda que o sucesso de qualquer profissional depende, cada vez

mais, de seu domínio de uma ou mais línguas, com destaque para o inglês, espanhol e o

mandarim. O conhecimento de outros idiomas melhora a empregabilidade em pelo menos

70% e garante um diferencial muito valorizado atualmente no mercado de trabalho. A

avaliação de qualquer profissional, independentemente do nível hierárquico, é extremamente

influenciada por esse quesito, garante o autor.

O autor destaca o inglês como a língua predominante nesse setor, o que

conseqüentemente direciona as escolas de idiomas no país a adotarem essa língua como a de

maior abrangência e disponibilidade em seu quadro de cursos, chegando a aproximadamente

90% das turmas.

Reggiane Alvim, diretora da Reggiane Hunting (REGGIANE, 2006), salienta que o

setor de escolas de línguas estrangeiras é muito importante para diversos setores de atividades

profissionais. O domínio de uma ou mais línguas estrangeiras aparece como elo vital em

processos seletivos, como fator de competitividade para a colocação, a recolocação ou a

manutenção de profissionais em seus postos de atividade no mercado trabalho.

Ainda segundo a diretora da Reggiane Hunting (REGGIANE, 2006), a concorrência

vem aumentando a cada ano e os alunos dos cursos de inglês precisam se aperfeiçoar para

manterem-se competitivos e com bom nível de empregabilidade no mercado de trabalho.

O ensino de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, é de fundamental

importância para a formação dos jovens no país. Atualmente, trata-se de um serviço prestado

predominantemente por franquias de empresas conceituadas no mercado nacional e

internacional. “Segundo o último levantamento realizado por nossa associação, mais de 70%

do mercado nacional é atendido dessa forma”, destaca João Roberto Moreira Alves,

presidente da ABT (ABT, 2006).

Page 24: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

22

As franquias se preocupam muito com a satisfação de seus clientes finais (alunos das

escolas franqueadas), segundo Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER

ONE, 2006), pois alunos satisfeitos garantem a continuidade de todo o sistema de franquias.

Diante desse cenário, surge a necessidade de se entender melhor a percepção dos

clientes finais (alunos) em relação aos serviços prestados pelos cursos de inglês das escolas de

línguas estrangeiras (franquias), assim como avaliar o grau de satisfação desses alunos e a

propensão dos mesmos à lealdade.

A satisfação global do cliente, como o construto central do modelo de Fornell (ACSI),

é situada dentro de uma cadeia de relacionamentos que vão de seus antecedentes

(expectativas, qualidade e valor percebidos pelo cliente) a seus conseqüentes (reclamação e

lealdade do cliente), conforme Gonçalves et al. (2002). Com essa estrutura, o modelo bem

permite que o índice de satisfação global do cliente seja testado sob o ponto de vista

nomológico. Validade nomológica é o grau em que um construto se comporta como predito

dentro de um sistema de construtos relacionados, a chamada rede nomológica, de acordo com

Cronbach e Meehl (1955).

O modelo ACSI já foi aplicado em algumas organizações no Brasil e no mundo. No

Brasil, ele foi aplicado em instituições acadêmicas e corporativas. Na área de ensino, o

modelo ACSI foi pesquisado na Escola de Administração da Faculdade de Ciências

Econômicas (FACE) da Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) de

Belo Horizonte.

Pelo fato de o modelo ACSI basear-se na satisfação para estruturar sua rede de

construtos (cadeia nomológica), conforme Fornell et al. (1996), ele se posicionou como o

modelo adequado para ser aplicado nesta pesquisa, já que satisfação é o construto base do

tema central deste estudo. Foi estudada, neste trabalho, a cadeia de relações de construtos na

prestação de serviço disponibilizada por um curso de inglês. As referências cognitivas, que

constituem a rede atitudinal dessa cadeia de relações de construtos, ou seja, o modo de

proceder ou agir, o comportamento e o procedimento foram definidos por Ferreira (2002).

Aliado a isso, a preocupação foi verificar/testar a satisfação do aluno do curso de inglês, da

escola-alvo da pesquisa, utilizando-se esse modelo na condução do trabalho. A adoção desse

modelo na presente pesquisa, assim se justifica.

A questão é saber se esse tipo de serviço (curso de inglês) atende aos objetivos

propostos, ou seja, se os alunos desse curso estão satisfeitos com o serviço prestado pelo curso

de inglês ministrado por essa escola, de outra forma, como é que essas pessoas avaliam esse

serviço. Além disso, a idéia é verificar se o modelo ACSI serve para medir satisfação em

Page 25: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

23

escolas de idiomas, ou seja, a verificação do ajustamento de um modelo de satisfação baseado

no modelo ACSI para o setor de cursos de inglês em escolas de idiomas.

Na tentativa de entender melhor essas questões, foi elaborado este projeto de pesquisa,

que visa testar o modelo ACSI em uma escola de ensino da língua inglesa para avaliar a

satisfação dos alunos com o curso ministrado nessa instituição.

1.4 Hipóteses do estudo

Observando-se a revisão dos autores pertinentes, como Fornell et al. (1996), Oliver

(1980), Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985), Zeithaml (1988), Anderson e Fornell (2000),

dentre outros, e com o objetivo de verificar as relações do modelo ACSI no setor de escolas

de língua estrangeira no Brasil, o modelo de pesquisa testado seguiu o modelo original ACSI.

Desse modo, o modelo proposto apresentou as seguintes relações hipotéticas, conforme a

Figura 1:

Figura 1 - Modelo Hipotético de Pesquisa. Fonte: Fornell et al. (1996, p.8).

As seguintes hipóteses serão verificadas:

a) H1: há um impacto positivo das expectativas do cliente na qualidade percebida pelo cliente;

b) H2: há um impacto positivo da qualidade percebida pelo cliente na satisfação geral do

cliente;

H6

+

H5

+

H7

-

H9

- H4

+

H3

+

H8

+

H2

+

Valor Percebido

pelo Cliente

Satisfação Geral

do Cliente

H1

+

Lealdade

Reclamação

Expectativa do Cliente

Qualidade Percebida

pelo Cliente

Page 26: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

24

c) H3: há um impacto positivo da qualidade percebida no valor percebido pelo cliente;

d) H4: há um impacto positivo das expectativas do cliente no valor percebido pelo cliente;

e) H5: há um impacto positivo do valor percebido pelo cliente na satisfação geral do cliente;

f) H6: há um impacto positivo das expectativas do cliente na satisfação geral do cliente;

g) H7: há um impacto negativo das reclamações na satisfação geral do cliente;

h) H8: há um impacto positivo da satisfação geral do cliente na propensão à lealdade do

cliente;

i) H9: há um impacto negativo das reclamações na propensão à lealdade do cliente.

1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo geral

Este estudo teve por objetivo verificar e analisar a validade do modelo de Fornell

(ACSI) quando aplicado em um curso de inglês de uma escola de idiomas em Belo Horizonte.

1.5.2 Objetivos específicos

a) Verificar as relações entre os seis construtos da cadeia nomológica (qualidade

percebida, expectativa do cliente, valor percebido, satisfação global do cliente, reclamação

do cliente e lealdade do cliente), conforme as hipóteses do modelo;

b) Calcular o índice de satisfação global dos alunos em relação ao serviço

prestado pelo curso de inglês da escola-alvo da pesquisa;

Page 27: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Satisfação de clientes

Para entender a satisfação de clientes numa transação de mercado, inicialmente é

necessário distinguir os principais papéis desempenhados pelos clientes. Conforme Sheth,

Mittal e Newman (1999), uma transação de mercado requer pelo menos três papéis

desempenhados pelos clientes: (1) comprar (ou seja, selecionar) um produto ou serviço; (2)

pagar por ele; e (3) usá-lo ou consumí-lo. Assim, um cliente pode ser: (1) um comprador, (2)

um pagante ou (3) um usuário/consumidor. O usuário é a pessoa que efetivamente consome

ou utiliza o produto ou recebe os benefícios do serviço. O pagante é a pessoa que financia a

compra. Finalmente, o comprador é aquele que participa da obtenção do produto no mercado.

Cada um desses papéis pode ser desempenhado pela mesma pessoa ou unidade organizacional

(por exemplo, um departamento) ou por diferentes pessoas ou departamentos.

Moura (2004) afirma que, na década de 50, surgiram os primeiros trabalhos sobre o

comportamento do consumidor. Porém, somente a partir da década de 60, é que a Escola do

Comportamento do Consumidor começou a crescer e a se fortalecer.

Segundo a autora:

A satisfação do consumidor pode ser contextualizada como integrante da teoria do Comportamento do Consumidor. Essa é considerada uma área do conhecimento de Marketing, mas também vinculada a outras disciplinas do conhecimento como a Psicologia, Sociologia e Antropologia. (MOURA, 2004, p. 21)

Sheth, Gardner e Garret (1988) destacam a Escola do Comportamento do Consumidor

por seu intenso impacto na disciplina de Marketing, com inúmeros trabalhos e livros

desenvolvidos nessa área do comportamento. Os autores destacam que o campo de pesquisa

sobre a satisfação do consumidor ganhou corpo a partir do trabalho de Cardozo (1965),

evolução que ocorreu tendo em vista sua grande relevância sob o ponto de vista de Marketing.

Churchill e Suprenant (1982) destacam os primeiros estudos de pesquisa sobre a

satisfação do consumidor que despontaram no início da década de 70. De acordo com os

autores, desde então, o volume de pesquisa em satisfação do consumidor tem sido

impressionante. Diversas teorias foram propostas para examinar os antecedentes da satisfação

Page 28: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

26

e desenvolver importantes mensurações do construto. A satisfação é o resultado mais

importante da atividade mercadológica e serve para fazer a ligação entre processos que

culminam em compra e consumo com fenômenos de pós-compra, como atitude de troca,

repetição da compra e lealdade à marca, conforme esses autores. Segundo Churchill e

Suprenant (1982), a importância da satisfação está na geração de lucros por meio da

realização das necessidades e desejos dos consumidores.

De acordo com Moura (2004), com relação a modelos teóricos e teorias concebidas

dentro da corrente de pensamento da Escola do Comportamento do Consumidor, podem-se

ressaltar os desenvolvidos por Engel, Kollat e Blackwell (1968) e Howard e Sheth citados por

Sheth, Gardner e Garret (1988, p.17). É importante frisar que esses modelos contemplam a

satisfação do consumidor, como um conceito pertencente ao framework (estrutura, esquema)

geral do comportamento do consumidor. Moura (2004) acrescenta que os testes empíricos

desses modelos foram auferidos por diversos autores para fins de validação.

A verificação da literatura referente a pesquisas sobre a satisfação dos consumidores

mostra uma forte heterogeneidade nas definições e nos modos de mensuração, o que torna

difícil a integração e a síntese dos resultados de pesquisa, uma vez que não há uma definição

universalmente aceita, afirma Cougo (2001).

Um desses estudos sobre satisfação foi proposto por Howard e Sheth (1969, p.57), em

que a definição de satisfação teria estreita ligação com o estado psicológico do indivíduo: “O

estado de ser adequadamente recompensado em uma situação de compra pelos sacrifícios

realizados”.

Uma outra definição de satisfação é atribuída a Hunt (1977, p.44): “A avaliação feita

de que a experiência foi, pelo menos, tão boa como se esperava que fosse”. Essas definições

incluem três elementos característicos do conceito de satisfação: trata-se de um estado

psicológico, posterior à compra e de um caráter de relatividade, do ponto de vista de Evrard

(1995).

A satisfação também foi definida por Oliver (1997) como a resposta ou reação do

consumidor à sua realização, no sentido de avaliar se as características do bem ou serviço

atendem a suas necessidades, proporcionando um nível prazeroso de consumo. Essa avaliação

ocorre quando o consumidor compara os benefícios recebidos através do bem ou serviço com

suas expectativas.

A satisfação do cliente possui dois conceitos essenciais: satisfação específica em uma

transação e satisfação acumulada, de acordo com Boulding et al. (1993). Os pesquisadores de

marketing e do consumidor concordam no que tange à dimensão da transação específica, que

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27

ela envolve o julgamento individual da experiência com um produto ou serviço, sendo uma

visão particular e de curto prazo com certo produto ou serviço. Sob a abordagem cumulativa,

a satisfação é caracterizada como um construto abstrato que descreve a experiência total de

consumo com um produto ou serviço. A visão de Johnson, Anderson e Fornell (1994) é de

que a satisfação é cumulativa.

A adoção desse conceito de satisfação é mais consistente com as visões existentes na

psicologia econômica, segundo Van Raaij (1981) e Wärneryd (1988):

A adoção desse conceito de satisfação é mais consistente com as visões existentes na psicologia econômica, em que a satisfação é igualada com a noção subjetiva de bem-estar e na economia, onde a satisfação vai além da utilidade econômica esperada e encampa a utilidade do consumo pós-compra. (VAN RAAIJ, 1981, p.19)

Conforme Johnson, Anderson e Fornell (1994), sob um ponto de vista mais aplicado

ou gerencial, a satisfação acumulada é mais atraente porque fornece uma indicação clara (e

fundamental) da performance atual e de longo prazo de uma empresa ou mercado.

Conceitualmente, a satisfação é uma conseqüência da compra e do uso, resultante da

comparação feita pelos consumidores das recompensas e custos da transação em relação às

conseqüências antecipadas, afirmam Churchill e Suprenant (1982).

Harvey (1998, p.48) concorda com essa definição, salientando que “a satisfação mede

o quanto os resultados produzidos para o cliente e o processo ao qual ele atravessou para

obter esses resultados atendem às suas expectativas” .

Oliver (1980) reconhece o papel das expectativas como padrões de comparação, sem

os quais a satisfação, como resposta humana, não pode existir. Mas difere do paradigma

básico ao considerar a comparação entre expectativas e desempenho como um dos vários

processos de comparação que o consumidor realiza ao avaliar um bem ou serviço. Segundo

esse ponto de vista, o consumidor pode realizar dois tipos de processos cognitivos

(comparações) e psicológicos. O desempenho, afirma esse autor, pode afetar a satisfação

diretamente ou, em outras palavras, sem o auxílio de outras influências ou moderadores da

satisfação. Mas também é o ponto de partida dos processos de comparação e dos processos

psicológicos realizados pelo consumidor. Oliver (1980) descreve os processos psicológicos

como intervenientes na formação de julgamentos de satisfação. Esses processos são menos

observáveis, mas são essenciais para compreender o processo de satisfação por estarem

baseados em dissonância cognitiva. Essa dissonância consiste em manifestações de medo e

Page 30: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

28

ansiedade que o consumidor pode experimentar no momento de fazer a compra, como

resultado de previsões de que o produto não terá o desempenho desejado ou esperado, ou seja,

que ele não atenderá a suas expectativas. Segundo o autor, esse temor continua depois da

compra, antes do uso e, provavelmente, permanecerá durante o uso do produto.

Além de Oliver citado por Gonçalves et al. (2002, p.20), que direcionou seus trabalhos

para a análise de relações entre os antecedentes da satisfação (expectativas e desconfirmação)

com seus conseqüentes (atitudes e intenções após a compra), outras pesquisas nesse campo

mudaram um pouco o foco para a verificação de relações entre construtos. Olson e Dover

citados por Curchill e Suprenant (1982, p.30) analisaram os efeitos das expectativas, do

desempenho e da desconfirmação nas opiniões dos consumidores.

Posteriormente, Oliver (1997) validou um modelo de satisfação do consumidor em que

a satisfação é influenciada basicamente por respostas afetivas positivas e negativas

(emocionais) e desconfirmação cognitiva.

As literaturas sobre qualidade de serviço e satisfação ressaltam que os consumidores

fazem uma comparação entre o desempenho do produto ou serviço com algum padrão,

apontam Spreng e Mackoy (1996), embora esse padrão não seja o mesmo nos dois casos,

comentam Bitner (1990), Parasuraman, Zeithaml e Berry (1994), Zeithaml, Berry e

Parasuraman (1993). Esses autores argumentam que o padrão de comparação na determinação

da satisfação são as expectativas preditivas, ou seja, o que os consumidores acreditam que

irão receber, enquanto a qualidade de serviço percebida resulta da comparação do

desempenho com o que os consumidores acham que o fornecedor deveria prover ou o que

eles, consumidores, estariam dispostos a aceitar. Oliver citado por Spreng e Mackoy (1996,

p.210) defende semelhante ponto de vista ao descrever um modelo conceitual que visa

integrar qualidade de serviço e satisfação. Ele argumenta que, enquanto os antecedentes da

percepção de qualidade são as desconfirmações de ideais, os antecedentes da satisfação são as

desconfirmações de expectativas preditivas (referentes tanto a dimensões de qualidade de

serviço quanto a dimensões não relacionadas com a qualidade) e também a qualidade

percebida. Dessa forma, alguém pode ficar satisfeito com uma baixa qualidade se o

desempenho percebido for superior ao que essa pessoa previa, afirma Oliver (1993).

A visão de satisfação adotada por esta pesquisa é a de Fornell et al. (1996), em que a

satisfação global do cliente, como o construto central do modelo, é situada dentro de uma

cadeia de relacionamentos que vão de seus antecedentes (expectativas, qualidade e valor

percebidos pelo cliente) a seus conseqüentes (reclamação e lealdade do cliente). Do ponto de

vista de Fornell et al. (1996), a abordagem de satisfação mais aplicável é a abordagem

Page 31: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

29

cumulativa que permite, entre outros aspectos, o monitoramento do desempenho atual e de

longo prazo da empresa, de acordo com a avaliação dos clientes. Sendo assim, neste estudo a

satisfação foi tratada sob a perspectiva cumulativa em consonância com os autores do modelo

ACSI.

2.2 Índices nacionais e setoriais de mensuração de satisfação de clientes: histórico e

visão nos Estados Unidos e na Europa

Os Índices Nacionais de Satisfação de Clientes procuram medir a satisfação dos

clientes e a propensão destes à lealdade, além disso contribuem para estabelecer uma imagem

mais precisa dos resultados de uma economia, setor de atividade, região ou empresa, ao

mesmo tempo em que podem ajudar a estabelecer abordagens uniformes de medição. A

Suécia foi o primeiro país a desenvolver, em 1989, um indicador desse tipo chamado

Barômetro Sueco de Satisfação de Cliente, conhecido como Sweden Customer Satisfaction

Barometer (SCSB), seguindo-se a Alemanha em 1992, com o (DK - Deustsch

Kunderbarometer), e os Estados Unidos da América em 1994, com o Índice Americano de

Satisfação do Cliente (American Customer Satisfaction Index - ACSI), Israel e Taiwan em

1995, e Nova Zelândia em 1996, além de Formosa, que também desenvolveram seus índices

nacionais. Testes pilotos têm sido também implementados na Coréia e no Brasil, de acordo

com Anderson e Fornell (2000).

Em 1996 a Comissão Européia, a pedido da European Organization for Quality

(EOQ), encomendou ao Movement Français pour la Qualité (MFQ) um estudo de viabilidade

no sentido de desenvolver um índice nacional e um índice europeu de satisfação do cliente,

tomando como base a experiência já conseguida nos diferentes países, afirmam Fornell et al.

(1996). Esse índice teria o objetivo de fornecer indicadores para as empresas se compararem

entre si, posicionarem-se nos respectivos setores de negócio, identificarem melhores

desempenhos, etc. Por outro lado, em níveis mais macroeconômicos, proporcionaria uma

bateria de indicadores que permitiria às autoridades públicas avaliar os desempenhos de

sistemas econômicos, os diferentes setores de atividade ou regiões, validar outros parâmetros

e completar (ou até antecipar) a análise que geralmente se faz com base em indicadores de

outra índole (inflação, desemprego, PIB, etc.), apoiando a competitividade e o

desenvolvimento da Europa, seus países e regiões, conforme Mendes e Saraiva (2002).

Page 32: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

30

Em 1998 a European Foundation for Quality Management (EFQM) e a Customer

Satisfaction Index (CSI) University Network, com o apoio da Comissão Européia, definiram

as bases para o lançamento de um projeto piloto do Índice Europeu de Satisfação de Cliente,

designado como European Customer Satisfaction Index (ECSI), a que aderiram os seguintes

países europeus: Portugal, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Islândia,

Itália, Reino Unido, Suécia e Suíça. A União Européia recomendou a criação de tal tipo de

índice em seus países membros, segundo Fornell et al. (1996).

2.3 O modelo de satisfação ACSI – American Customer Satisfaction Index

FAURGS e FIA-USP (2003) citam que, atualmente, realçam-se entre os modelos de

satisfação os índices nacionais de satisfação de clientes. Rossi e Slongo (1997) concordam

com essa perspectiva e destacam o modelo de Fornell, que adota o índice norte-americano: o

American Customer Satisfaction Index (ACSI). O ACSI é uma medida de desempenho,

baseada no mercado, para empresas, indústrias, setores econômicos e economias nacionais. A

teoria que fundamenta o modelo do ACSI tem três antecedentes: a qualidade ou performance

percebida, o valor percebido e a expectativa do cliente. As conseqüências do aumento da

satisfação do cliente, que é aferida pelo ACSI, apontam para a redução das reclamações e para

o incremento da lealdade do cliente, de acordo com Fornell et al. (1996).

O método do ACSI foi concebido para ser representativo da economia do país como

um todo, afirmam Rossi e Slongo (1997). Para tanto, ele foi introduzido em 1994, contendo

informações sobre quarenta ramos de atividade dos sete principais setores econômicos dos

Estados Unidos que tiveram seus clientes finais pesquisados pelo National Quality Research

Center (NQRC), de acordo com Fornell (1995). Esses sete setores são: (1) indústrias de bens

não duráveis (cigarros, cerveja, tênis esportivos, gasolina, etc); (2) indústrias de bens duráveis

(automóveis, computadores pessoais, aparelhos eletroeletrônicos, etc); (3)

transportes/comunicações/utilidades (linhas aéreas, redes de televisão, serviços postais, etc);

(4) varejo (lojas de departamento, restaurantes, redes de fast food, supermercados, etc); (5)

setor financeiro/seguros (bancos comerciais, seguradoras, etc); (6) serviços (hospitais, hotéis,

etc); e (7) administração pública/governo (transportes coletivos, polícia, etc). As escolas de

línguas estrangeiras fazem parte do setor (6) serviços, pois são contratos de prestação de

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31

serviço com prazo determinado ou não e que podem ser renovados ou cancelados a qualquer

momento, conforme João Roberto Moreira Alves, presidente da ABT (ABT, 2006).

Em cada um desses sete setores, as maiores empresas por volume de vendas são

incluídas na pesquisa. E, para cada uma dessas empresas, aproximadamente duzentos e

cinqüenta clientes atuais são entrevistados, a partir de amostras probabilísticas de domicílios

obtidas em relações de domicílios norte-americanos com telefone, que representam 95% dos

lares em todo o país. Cada questionário aplicado a esses clientes contém as mesmas dezessete

questões estruturadas e oito questões demográficas. A terminologia e os exemplos são

ajustados aos produtos e serviços especificamente avaliados. As quinze variáveis medidas, por

sua vez, referem-se às variáveis latentes de (a) expectativas do cliente - 3 variáveis; (b)

qualidade percebida - 3 variáveis; (c) valor percebido - 2 variáveis; (d) o próprio ACSI - 3

variáveis; (e) reclamações do cliente - 1 variável; e (f) lealdade do cliente - 3 variáveis,

conforme Fornell et al. (1996). Os autores ressaltam que é utilizada uma escala de dez pontos

no questionário a fim de permitir que os clientes façam melhor discriminação em suas

respostas. Importa registrar que todos os sete setores apresentam índices próprios, assim como

todas as indústrias (subsetores) e todas as empresas pesquisadas.

Este estudo aplicou como base teórica o Modelo de Fornell da ACSI - American

Customer Satisfaction Index, para efeito de comparação com a realidade que foi encontrada

pela pesquisa de campo e serviu como referencial de análise deste estudo.

O modelo adotado na metodologia ACSI considera como determinantes para a

satisfação dos clientes, e a propensão à lealdade dos mesmos, os seguintes elementos:

expectativas dos clientes, qualidade percebida e valor percebido. Essas variáveis não são

diretamente observáveis, porque cada uma delas está associada a um conjunto de indicadores

(variáveis de medida) obtidos através de um questionário.

De acordo com Filho, Guerra e Moura (2003), o índice de satisfação de clientes

americano (ACSI) é um tipo de medição de resultados baseado em marketing para as

empresas, indústrias, setores econômicos e economias nacionais. O ACSI é utilizado

nacionalmente nos Estados Unidos da América para conduzir estudos de benchmarking ao

longo do tempo. Os autores afirmam que, segundo o modelo exibido na Figura 2, o índice

ACSI é mais orientado à qualidade e ao valor. Assim, a escolha desse modelo se justifica pelo

fato de o tema central da pesquisa tratar da satisfação geral do cliente, que tem, dentre seus

determinantes, os construtos qualidade e valor percebidos pelo cliente.

Page 34: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

32

Figura 2 – American National Satisfaction Index (ACSI). Fonte: Fornell et al. (1996, p.8).

Segundo Filho, Guerra e Moura (2003), o governo americano utiliza esses índices

para verificar a competitividade do país em seus diversos setores e estabelecer metas para

que essa competitividade seja ampliada. A metodologia aplicada é quantitativa, através de

questionário estruturado, e considera o modelo estrutural da Figura 2 como base para

avaliação da satisfação.

Conforme Gonçalves et al. (2002), esse modelo pretende oferecer uma base de

mensuração uniforme e comparável para a satisfação global do cliente, além de apontar

relações de tal construto com seus principais antecedentes e conseqüentes. Implícito no

modelo está o reconhecimento de que a satisfação global do cliente não pode ser medida

diretamente, por ser uma variável latente requerendo múltiplos indicadores em sua

mensuração. O resultado mais imediato e palpável da operacionalização desse modelo é um

escore da variável da satisfação global do cliente, em termos genéricos, o suficiente para

comparação de organizações fornecedoras, ramos de atividades, setores e nações.

Ainda segundo Gonçalves et al. (2002), a satisfação global do cliente, como o

construto central do modelo, é situada dentro de uma cadeia de relacionamentos que vão de

seus antecedentes (expectativas, qualidade e valor percebidos pelo cliente) a seus

conseqüentes (reclamações e lealdade do cliente). De especial interesse no modelo, indo

além da própria satisfação global, é a explicação da lealdade do cliente, como indicador

muito provável de lucratividade, ressaltam Reichheld e Sasser (1990).

ANSI

+

+

Qualidade percebida

pelo Cliente

Expectativa do Cliente

Valor percebido

pelo Cliente

Satisfação Geral do

Cliente

Lealdade

Reclamação

-

+

+

+

+ +

-

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33

Filho, Guerra e Moura (2003) afirmam que o primeiro determinante da satisfação é a

qualidade percebida ou performance, que é a avaliação feita pelo mercado servido de uma

experiência de consumo recente. Espera-se que ela tenha um efeito positivo e direto na

satisfação global. Essa predição é intuitiva e fundamental para toda a atividade econômica.

Para operacionalizar esse construto, os autores se utilizaram da literatura de qualidade para

estabelecer dois componentes da experiência de consumo: (1) personalização ou

customização, que significa o grau em que a oferta da empresa fornecedora é adequada

(personalizada) para atender a necessidades heterogêneas de clientes; e (2) confiabilidade,

como o grau em que se pode contar com a oferta do fornecedor, ou seja, o grau pelo qual a

oferta da empresa fornecedora é confiável, padronizado e livre de falhas e deficiências

segundo, Fornell et al. (1996).

O segundo determinante da satisfação geral é o valor percebido, ou nível percebido

de qualidade do produto em relação ao preço pago, conforme Filho, Guerra e Moura (2003).

Junto ao valor percebido, o fator preço incorpora-se ao modelo, reforçando a possibilidade

de comparar resultados entre fornecedores, ramos de atividades, setores e indústrias. A

utilização de julgamentos de valor para medir resultados também controla variáveis, tais

como renda e orçamento entre respondentes, comenta Lancaster (1971), o que permite

comparar produtos de preço alto e baixo. Para qualidade percebida, espera-se uma

associação positiva para com o valor percebido e com a satisfação geral.

O terceiro e último elemento determinante da satisfação geral é a expectativa do

cliente (mercado servido). Ainda segundo Filho, Guerra e Moura (2003), as expectativas do

mercado exprimem tanto a experiência prévia de consumo do cliente com a oferta da

empresa fornecedora (incluindo informações não experienciais, de fontes como propaganda

e comunicação boca-a-boca), quanto uma previsão da capacidade/habilidade do fornecedor

de oferecer a qualidade esperada no futuro. Assim, o construto expectativa tem perspectivas

de passado e futuro. Captura as experiências de qualidade prévias e logo tem uma associação

direta e positiva com os resultados da empresa, tais como a satisfação. Ao mesmo tempo,

prevê como a empresa fornecedora pode se comportar no futuro, e a expectativa de

qualidade é fundamental para a avaliação global de qualidade. Assim o caráter preditivo das

expectativas de qual deve ser a qualidade futura, sugere um efeito positivo sobre a satisfação

global do cliente, ressaltam Fornell et al. (1996).

Finalmente, as expectativas dos clientes devem ser relacionadas positivamente com a

qualidade percebida e conseqüentemente com o valor percebido. Isto porque o conhecimento

do cliente deve ser tal que as expectativas espelhem precisamente a qualidade corrente.

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34

Espera-se que o mercado servido tenha expectativas que sejam amplamente racionais e que

reflitam as habilidades dos clientes de aprender a partir da experiência e predizer os níveis de

qualidade e valor que irão receber, afirma Howard (1977).

Segundo a teoria de voz-saída de Hirschman (1970), as conseqüências imediatas de

uma maior satisfação do cliente são o decréscimo de suas reclamações e o incremento de sua

lealdade. Quando insatisfeito, o cliente tem a opção de sair do fornecedor (procurando um

concorrente) ou verbalizar reclamações na tentativa de uma solução. Por isso, o modelo

propõe que um aumento da satisfação global do cliente deve reduzir a incidência de

reclamações e aumentar a lealdade do cliente.

2.3.1 Contribuições da utilização do Modelo de Fornell (ACSI) para a medição de

satisfação de clientes

O Modelo de Fornell (ACSI – American Customer Satisfation Index) já foi aplicado

em algumas instituições no Brasil e no mundo.

No Brasil, ele foi aplicado em algumas instituições públicas e privadas. Na área

pública, ele foi testado de forma simultânea com o modelo de Morgan e Hunt (1994) em

quatro órgãos da administração pública: o Departamento de Trânsito de Minas Gerais

(DETRAN- MG); Prefeitura de Belo Horizonte (PBH); Secretaria da Receita Federal (SRF)

e Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). Nessa pesquisa de Gonçalves et al.

(2002), no sentido geral, pode-se verificar que todos os indicadores apresentaram valores

médios baixos em relação ao ponto central da escala. De acordo com os autores, isso é uma

evidência de que os “clientes” dessas organizações sabem que suas relações com essas

empresas serão conturbadas.

Gonçalves et al. (2002) afirmam que, das variáveis independentes que predizem a

satisfação, a qualidade é a que possui maior impacto em relação à expectativa e ao valor

Percebido.

Na área privada o Modelo ACSI foi aplicado em nove instituições de mercado, oito

no meio corporativo e uma no meio acadêmico. Uma dessas aplicações realizou-se em

quatro indústrias automobilísticas - Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen -, conforme

relato de Urdan e Rodrigues (1999).

Page 37: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

35

Usando em sua análise as equações estruturais, Urdan e Rodrigues (1999) afirmam

que o modelo ACSI padece de desajustamento, o que traz duas implicações cruciais. De um

lado, há a perspectiva de que testes estatísticos podem ser uma ferramenta pobre para

escolher um modelo: a rejeição estatística não inviabilizaria sua utilização prática. De outro

lado, uma abordagem mais purista levaria à rejeição do modelo ACSI, na forma como ele

está estabelecido, para o ramo automobilístico. Qualquer que seja a escolha, conforme os

autores, seria ótimo futuramente haver um índice brasileiro de satisfação do cliente, com

enormes benefícios potenciais para clientes e produtores.

Ademais, viu-se que são bem fortes os efeitos de qualidade percebida sobre

satisfação global e de satisfação global sobre lealdade. De acordo com Urdan e Rodrigues

(1999), se realmente a lealdade é antecedida pela qualidade percebida e pela satisfação

global, o produtor que usufrui melhoria nessa relação deve ser favorecido por efeitos

mercadológicos excelentes e isso deve provocar um incremento financeiro para a empresa.

Urdan e Rodrigues (1999) concluem que um indicador de satisfação do consumidor

pode ajudar os clientes a melhorar o processo de decisão de compra, pois passam a contar

com maior precisão nas informações. É previsível que a mera existência de um índice

independente de satisfação do cliente induza esforços dos produtores de bens e serviços para

apurar suas ofertas, enraizando na gestão deles maior apreço pelos clientes e suas avaliações,

criando genuína mentalidade de marketing.

No âmbito do setor de telefonia móvel no estado de Minas Gerais, Moura (2004)

aplicou uma pesquisa de validação do modelo ACSI. Para essa pesquisa o modelo original

foi modificado com a inclusão do construto Conveniência. Para sua análise foi utilizada a

técnica de modelagem de equações estruturais (SEM). Observou-se que o modelo proposto

sugerido pela análise fatorial exploratória (AFE) apresentou um nível moderado de ajuste.

Nesse estudo, a análise das hipóteses permitiu dizer que os antecedentes da satisfação

(qualidade percebida e valor percebido) afetam esse construto, e a qualidade percebida é

mais importante que o valor percebido. Foi também verificado que a satisfação do

consumidor afeta sua lealdade. Considerando-se os construtos propostos, verificou-se que,

para os construtos conveniência e reclamação, não foi possível levantar indicadores que

pudessem mensurá-los.

Conforme Moura (2004), a análise dos índices possibilita dizer que os resultados

alcançados em relação às operadoras mineiras apresentam índices de satisfação ainda aquém

de seu potencial, havendo oportunidades de melhoria no que diz respeito à percepção dos

usuários. Provavelmente, por se tratar de um setor que se desenvolveu recentemente no

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36

Brasil, que está em franca expansão e vem passando por profundas transformações, é

possível considerar um grande potencial de melhoria na avaliação de seus clientes.

Ademais, Moura (2004) aponta como contribuições desse trabalho o reforço da teoria

que relaciona o construto satisfação com seus principais antecedentes e conseqüentes, e a

recomendação gerencial de que investimentos nos antecedentes qualidade e valor se

reproduzem em efeitos positivos na satisfação do consumidor e conseqüentemente na

lealdade à empresa.

Outra aplicação do Modelo ACSI foi realizada na Escola de Administração da

Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Fundação Mineira de Educação

e Cultura (FUMEC), em Belo Horizonte.

Conforme relato de Filho, Guerra e Moura (2003), foi testado o modelo ACSI

original, exceto pela exclusão do construto reclamação, já que o mesmo tem pouca

ocorrência nas instituições de ensino superior. A análise foi feita através da aplicação de

equações estruturais, e assim foi constatado que a satisfação continua sendo uma grande

arma para obtenção da lealdade. Aponta ainda que a qualidade e o valor percebidos são os

construtos que têm maior impacto sobre a satisfação na amostra estudada. Os autores

sugerem que as Instituições de Ensino Superior devam investir seus esforços primariamente

em qualidade e valor, para obterem lealdade e satisfação de seus egressos.

Por outro lado, constataram que a expectativa não teve impacto significativo sobre a

satisfação. Esse fato poderia estar relacionado a que, após semestres utilizando os serviços

da instituição, os usuários já teriam expectativas que se igualam a seu conceito de satisfação,

ou seja, esperam o que recebem, pois a escola mantém a maior parte de seus procedimentos e

estratégias de serviços de um semestre para o outro, não havendo diferença entre as

medições dos dois construtos. No trabalho de Filho, Guerra e Moura (2003) é proposta uma

questão: isso ocorreria com outros serviços realizados no longo prazo? Seriam, nesses casos,

satisfação e expectativas um só construto?

Uma aplicação do Modelo ACSI modificado foi a pesquisa que Faria (2006) realizou

em três clubes sociais de Belo Horizonte.

Na pesquisa conduzida por Faria (2006), foi excluído do Modelo ACSI o construto

antecedente à satisfação - expectativas do cliente -, e os construtos conseqüentes à satisfação

- reclamações e lealdade. Foram incluídos os construtos recursos físicos e humanos e

serviços como antecedentes à satisfação. Foi incluído também o construto fidelização como

conseqüente à satisfação, e, em seu trabalho, o pesquisador descreve a fidelização como um

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37

construto muito próximo ao construto lealdade. Em sua análise foi utilizada a modelagem de

equações estruturais (SEM).

Em suas conclusões, Faria (2006) aponta que os objetivos da pesquisa foram

atingidos a partir da análise do modelo ACSI modificado, proporcionada pela aplicação da

técnica de modelagem de equações estruturais (SEM).

2.3.2 Propriedades dos índices de satisfação de clientes

As propriedades de um índice devem estar em consonância com seus objetivos. Para

alcançar os objetivos do ACSI, a metodologia deve satisfazer um certo número de

propriedades, conhecidas como critérios de desempenho, dos quais os mais importantes são:

a) precisão;

b) capacidade de previsão de resultados financeiros;

c) diagnóstico;

d) possibilidade de agregação;

e) comparabilidade.

2.3.2.1 Precisão

A precisão refere-se à certeza ou nível de confiança com que os índices são

estimados. Para uma dada dimensão da amostra, obtém-se um elevado nível de precisão

prestando uma grande atenção à recolha de dados e um grande cuidado à especificação do

modelo. Investigação referente ao ACSI indica que a utilização de uma abordagem estrutural

aumenta a precisão da estimação em cerca de 22% em relação à abordagem não estrutural ou

descritiva dos estudos de mercado, comentam Anderson e Fornell (2000).

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38

2.3.2.2 Capacidade de previsão de resultados financeiros

As empresas mais bem situadas no ranking de satisfação do ACSI são, sem surpresa,

as campeãs de satisfação do cliente no mercado americano. Entre elas estão Purina, Quaker,

Amazon, Hilton, Coca-Cola e Unilever. Por outro lado, empresas que sofreram para manter

níveis altos de satisfação do cliente, como Compaq, Nike e AT&T, viram suas ações

despencarem. A relação entre satisfação do cliente e valor de mercado é inegável. Cada

unidade de satisfação no ACSI corresponde a US$ 898 milhões em valor de mercado,

conforme Pizani (2002).

A idéia fundamental subjacente a essa capacidade de previsão é a de que clientes

satisfeitos e leais representam um ativo econômico da empresa, embora intangível. Por

definição, um ativo econômico gera fluxos de receitas futuras para o detentor do ativo.

Então, se os clientes satisfeitos forem, de fato, um ativo, deverá ser possível utilizar os

índices de satisfação e de lealdade para prever resultados financeiros da empresa. Ora, de

acordo com Anderson e Fornell (2000), tanto no caso do SCSB como no do ACSI, a

investigação empírica realizada confirma essas hipóteses.

Assim, no caso do SCSB, constata-se que o aumento anual de um ponto percentual

nesse índice ao longo de cinco anos acarreta, em média, um aumento de 6,5% no retorno

corrente do investimento. No caso específico das empresas cotadas na Bolsa de Valores de

Estocolmo aparece também evidente que alterações no SCSB têm efeitos de previsão na

rentabilidade, acrescentam Anderson e Fornell (2000).

No caso do ACSI, a investigação já é abundante, sugerindo uma relação positiva e

estatisticamente forte entre o valor do índice e a rentabilidade. Com efeito, estudos mostram,

em particular, a existência de uma relação positiva e significativa entre o ACSI e:

a) o rendimento contabilístico dos ativos;

b) o valor de mercado das ações;

c) os resultados financeiros ajustados das empresas.

Portanto, para Anderson e Fornell (2000), ao seguir a mesma abordagem que o

SCSB, o ACSI também deverá possuir a mesma capacidade de previsão.

O desenvolvimento de relacionamentos fortes e duradouros entre consumidores e

fornecedores tem apresentado inúmeros benefícios para ambas as partes. Os benefícios para

as empresas têm sido bem documentados na literatura. De maneira geral, clientes leais

podem levar ao crescimento os rendimentos de uma empresa, pois eles são mais inclinados a

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39

fazer compras adicionais de produtos e serviços e geram novos negócios para a empresa

através do boca-a-boca, afirmam Zeithaml, Berry e Parasuraman (1996). Esse ponto de vista

é compartilhado por Leite, Elias e Sundermann (2005) e Reichheld (2002), autor que destaca

que clientes fiéis costumam recomendar seus fornecedores a outros clientes potenciais, o que

gera uma fonte adicional de receitas para esses fornecedores.

O estabelecimento de uma medida padrão de satisfação com claras ligações ao

desempenho financeiro de longo prazo pode ajudar a enraizar na gestão dos fornecedores um

maior apreço pelos clientes e suas avaliações, ressaltam Gonçalves et al. (2002). Vale dizer

que genuína mentalidade de marketing não parece ser algo comum nas organizações

brasileiras, entre outras razões porque não se tem nítido o efeito da satisfação sobre o

desempenho financeiro.

Os autores lembram que não se pode esquecer do papel de um indicador de satisfação

do cliente na formulação estratégica. Com ele tem-se um sistema uniforme e comparável que

permite benchmarking ao longo do tempo e entre fornecedores. Torna-se bem exeqüível

analisar as forças e fraquezas de uma empresa e de seus concorrentes. Entre outras

aplicações, revelando o grau em que uma empresa atende a necessidades e desejos de seus

clientes, um baixo índice de satisfação aponta área de oportunidade de expansão para

empresas mais competentes.

Não menos relevante, um indicador de satisfação do cliente pode muitíssimo ajudar

os próprios clientes, comentam Gonçalves et al. (2002). Aí entram melhores decisões de

compra, pois o comprador passa a dispor de informações confiáveis e precisas, que são a

matéria-prima essencial para decidir. Abre-se caminho, assim, para o consumo de bens e

serviços de melhor qualidade e/ou valor, dentro das expectativas do cliente, o que tende a

culminar com o aprimoramento do padrão geral de vida da população, ainda que mantidos os

níveis de renda da sociedade, garantem os autores.

2.3.2.3 Capacidade de diagnóstico

Capacidade de diagnóstico é a capacidade de gerar informação acerca das causas e

das conseqüências da satisfação. Ao utilizar um modelo econométrico estrutural com

relações de causalidade entre suas variáveis, a abordagem utilizada no ACSI permite não só

estimar os índices de satisfação do cliente, mas igualmente diagnosticar as razões dos valores

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40

assumidos e suas conseqüências sobre a lealdade do cliente. A capacidade de diagnóstico

aparece, assim, como uma das maiores vantagens dessa abordagem em relação à abordagem

não estrutural ou descritiva, destacam Fornell et al. (1996).

2.3.2.4 Comparabilidade

Uma propriedade fundamental é a capacidade de comparar índices de satisfação de

diferentes empresas, indústrias, setores ou mesmo países, o que, no entanto, não é de fácil

alcance.

Com efeito, a economia do bem-estar tem evidenciado que as comparações

interpessoais são difíceis. No caso de se utilizarem questionários em que a resposta assume

uma dada escala (1 a 10, no caso do ACSI), nada garante que a escala tenha o mesmo

significado para todos os respondentes, lembram Gonçalves et al. (2002).

A metodologia adotada no ACSI procura garantir a comparabilidade dos índices,

especificando o modelo em termos de variáveis latentes, que são aquelas não observadas

diretamente e que possuem um elevado grau de abstração. Nesse nível de abstração, existe,

segundo Fornell et al. (1996), uma base para comparar grandezas que são fundamentalmente

diferentes.

A investigação levada a cabo no caso do SCSB e do ACSI realça ser ainda prematuro

proceder a uma avaliação definitiva sobre a capacidade de essa metodologia produzir índices

comparáveis através de indivíduos, empresas, etc., apontam Gonçalves et al. (2002). No

entanto os resultados sugerem que as diferenças entre os índices derivam fundamentalmente

de fatores "objetivos", como são os graus de concentração e de competitividade do setor de

atividade, e o grau de heterogeneidade, tanto na procura como na oferta dos produtos e

serviços.

2.3.2.5 Possibilidade de agregação

A metodologia adotada no ACSI calcula os índices de satisfação do cliente em

empresas e, através de agregações sucessivas, calcula os índices no setor de atividade

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41

(agregação de empresas) do país (agregação de setores) e mesmo no continente (agregação

de países), conforme Fornell (1996).

A agregação é feita tomando como ponderadores as vendas das empresas para

calcular o índice do setor. Os índices nacionais e o da União Européia são calculados

utilizando como ponderadores os valores acrescentados dos setores (no caso dos índices

nacionais) e os PIBs (no caso do índice europeu).

Por outro lado, e qualquer que seja o nível de agregação considerado, a metodologia

adotada produz índices normalizados na escala 0-100, em que 0 representa o nível mínimo e

100 o nível máximo. Esses índices são assim de interpretação intuitiva, permitindo a

comparação direta entre empresas, setores e países, comentam Vilares e Coelho (1999).

O nível de cobertura de um setor é dado pelo peso das empresas analisadas no total

das vendas do setor. Considerando-se o país, o grau de cobertura é dado pelo peso dos

setores analisados no Produto Interno Bruto (PIB).

2.3.3 Propriedades do modelo de satisfação ACSI

Pretende-se que o ACSI ofereça estimativas de elevada precisão, relatam Vilares e

Coelho (1999) e que tenha a capacidade de previsão dos futuros desempenhos das empresas

e das economias. O índice tem também capacidade de diagnóstico, uma vez que a

abordagem adotada permite não só estimar os índices de satisfação do cliente, mas

igualmente diagnosticar as razões dos valores assumidos (os antecedentes e conseqüentes) e

respectivas conseqüências sobre a lealdade dos clientes. Além disso, é fundamental garantir

a comparabilidade desses índices entre empresas, setores e países ao longo do tempo.

Finalmente, uma vez que as abordagens adotadas se encontram uniformizadas entre

empresas, setores e países, os índices de satisfação (calculados em nível de cada empresa)

podem ser posteriormente agregados para calcular os índices dos setores de atividade, e estes

podem ainda ser agregados para calcular os Índices Nacionais.

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42

2.3.4 Condicionantes dos modelos de mensuração da satisfação de clientes

É importante referir igualmente algumas condicionantes dos modelos utilizados para

a criação desses índices de satisfação dos clientes.

Leite, Elias e Sundermann (2005) afirmam que, no modelo ECSI, a satisfação de

clientes é considerada como uma chave para a sua lealdade, que tem dois antecedentes, a

imagem e a satisfação de clientes. No entanto vários autores argumentam que, embora um

elevado índice de satisfação possa conduzir à lealdade, essa relação é amplamente afetada

por outras variáveis. Essa observação assume uma importância acrescida quando o aumento

da satisfação de clientes está associado a custos elevados. Resta, portanto, saber até que

ponto o modelo criado para o ECSI é ou não inquestionável em suas relações de causa-

efeito. Por exemplo, no caso do modelo SCSB, a lealdade tem outros antecedentes, para

além da satisfação de clientes. Esses antecedentes foram posteriormente eliminados nos

modelos ACSI e ECSI.

Outro aspecto a ser levado em consideração são as diferenças e semelhanças entre

produtos e serviços, no que diz respeito aos efeitos da satisfação no desempenho das

empresas, pois é sabido que os produtos alcançam valores de qualidade percebida e de

satisfação superiores aos serviços, afirma Fornell (1992). Por outro lado, a satisfação tem um

efeito mais diretamente observável na lealdade dentro do contexto de serviços do que nos

produtos, conforme Edvardsson et al. (2000). Com base nas diferenças entre a produção de

um produto e de um serviço, alguns autores, como Edvardsson et al. (2000), argumentam

que a lealdade é preferencialmente “conquistada” para o caso dos serviços e “comprada”

para o caso dos produtos, uma vez que a lealdade de um cliente a um produto não é,

normalmente, tão rentável como a lealdade de um cliente a um serviço.

Construiu-se um modelo europeu que procura relacionar a satisfação e a lealdade dos

clientes com o desempenho das empresas. Como construção para a lealdade e a satisfação de

clientes, esse modelo usa os índices das variáveis latentes presentes no SCSB. Os resultados

com ele obtidos parecem confirmar que o SCSB e o ACSI (logo, poderá deduzir-se também

o ECSI) são previsores poderosos da lealdade e estão positivamente relacionados com

retornos financeiros e contábeis. No entanto esse efeito é claramente mais forte no ramo dos

serviços, relatam Edvardsson et al. (2000). Tal fato poderá pôr em causa as propriedades de

“comparabilidade” e de “possibilidade de agregação” dos índices, no que diz respeito, pelo

menos, à lealdade.

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43

2.3.5 Determinantes do índice de satisfação de clientes

O índice de satisfação do cliente aparece como a variável central. São apresentados

três antecedentes ou determinantes da satisfação do consumidor:

a)·as expectativas dos clientes;

b) a qualidade percebida dos serviços prestados;

c) o valor percebido pelo cliente.

As expectativas incluem não só a informação que os clientes detinham no passado

sobre os produtos e serviços oferecidos pela empresa (baseada na própria experiência ou em

informações de terceiros ou ainda em campanhas publicitárias e de promoção), mas

igualmente a antecipação que eles faziam sobre a capacidade de a empresa oferecer no futuro

produtos e serviços com qualidade. Levando-se em consideração que alguns entrevistados já

eram clientes há bastante tempo, adotou-se como referência as expectativas que tinham em

um período anterior. Supõe-se que as expectativas têm um impacto direto sobre a satisfação

do cliente e um impacto indireto via qualidade e valor percebido (relação qualidade / preço),

comentam Edvardsson et al. (2000).

A qualidade percebida é o julgamento do cliente sobre a superioridade ou excelência

dos bens e/ou serviços disponibilizados pela empresa. A qualidade percebida integra, para

além de um julgamento global, a avaliação sobre um conjunto de dimensões que incluem:

a) a disponibilidade, ou seja, a capacidade de a empresa para aconselhar os clientes a

adquirir produtos e/ou serviços com as características que satisfazem suas necessidades;

b) a fiabilidade, ou seja, a capacidade da empresa para disponibilizar produtos ou

serviços em que se verifica a ausência de falhas.

Para os autores Edvardsson et al. (2000), o valor percebido representa a avaliação

feita pelos clientes da qualidade dos produtos e serviços da empresa, tendo agora em atenção

o preço pago por esses produtos e serviços. Trata-se assim de uma relação qualidade/preço,

em que a inclusão dessa variável incorpora informação sobre os preços no modelo,

aumentando a comparabilidade dos resultados em termos de empresas, de setores e mesmo

de países. Supõe-se que o valor percebido (relação qualidade/preço) tem um impacto direto

sobre a satisfação do cliente, salientam os autores.

Cada uma dessas variáveis latentes tem associada um conjunto de variáveis de

medida, que correspondem às questões incluídas no questionário.

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44

No caso do ECSI existem quatro antecedentes: a imagem, as expectativas dos

clientes, a qualidade percebida dos produtos e serviços e o valor percebido.

O construto imagem, que o diferencia de outros índices, pretende integrar todo o tipo

de associações que os clientes fazem, conforme o caso, ao nome da marca ou da empresa.

Supõe-se um efeito direto positivo da imagem na satisfação e na lealdade do cliente e um

efeito indireto via expectativas geradas, acrescentam Edvardsson et al. (2000).

2.4 Qualidade

Segundo Horovitz, (1994, p.32), qualidade pode ser conceituada como sendo “o nível

de excelência que a empresa escolheu alcançar para satisfazer sua clientela-alvo é, ao

mesmo tempo, a medida em que ela se conforma a esse nível”. Já Slack et al. (1997, p.88)

consideram qualidade como sendo “a consistente conformidade com as expectativas do

cliente”. Esse conceito adota a definição da qualidade baseada no usuário, isto é, em sua

percepção.

Assim, Zeithaml (1988) define qualidade percebida como sendo o julgamento do

consumidor sobre a excelência geral ou superioridade do produto ou serviço.

A pesquisa trabalhou com a questão da qualidade percebida, que é entendida

conceitualmente como qualidade dos serviços, o que representa a associação interativa entre

o cliente e os elementos de serviço, como, por exemplo, o comportamento dos funcionários

da empresa, afirmam Leite, Elias e Sundermann (2005). Este estudo analisou o serviço

prestado/comercializado pela escola foco da pesquisa, no caso, o curso de inglês.

2.4.1 Qualidade dos serviços

A avaliação dos serviços é assunto oportuno em face da atual importância para a

satisfação das necessidades do consumidor. Porém, ao contrário da qualidade de bens, que

pode ser medida objetivamente através de indicadores como durabilidade e número de

defeitos, conforme Crosby (1987) e Garvin (1992), a qualidade de serviço só pode ser

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45

medida parcialmente em termos objetivos, devido à função da natureza mais abstrata do

serviço, resultante de sua intangibilidade e demais singularidades, aponta Veiga (2000).

Segundo Zeithaml (1985, p.54), “um serviço é de qualidade somente quando iguala

ou supera as expectativas que o cliente tem a respeito do mesmo”. Portanto, a avaliação da

qualidade do serviço deve ser feita comparando as expectativas de execução com a

percepção a respeito do serviço recebido. Esse é o parâmetro que melhor demonstra a

satisfação ou insatisfação do cliente e, portanto, a qualidade do serviço oferecido. Essa

avaliação da satisfação deve ser feita de forma ativa, perguntando e comunicando-se com os

clientes.

Um modelo formal para medir a qualidade dos serviços e detectar deficiências nos

mesmos foi desenvolvido por Zeithaml, Parasuraman e Berry (1985) e constitui uma das

mais aprimoradas referências para medição da qualidade dos serviços. Esse modelo foi

decorrente da constatação feita pelos mesmos quanto à pouca atenção dada ao setor de

serviços pelos estudiosos. As dificuldades envolvidas em mensurar os aspectos relativos à

qualidade de serviços faziam com que poucos estudiosos se interessassem pelo assunto,

destacando-se Sasser, Olsen e Wyckoff (1978), Gronroos (1982) e Lehtinen e Lehtinen

(1982).

O modelo conceitual de medição da qualidade do serviço, desenvolvido por

Zeithaml, Parasuraman e Berry (1985), parte do conceito de que a qualidade do serviço se

determina comparando o serviço esperado com o recebido. A essa diferença os autores

chamam de "gap 5", normalmente avaliada com base em cinco dimensões da qualidade do

serviço, que são:

a) confiabilidade - habilidade para realizar o serviço prometido de forma confiável e

cuidadosa;

b) capacidade de resposta - disposição e vontade de ajudar os usuários e

proporcionar um serviço rápido;

c) segurança - conhecimento e atenção demonstrados pelos empregados e sua

habilidade para inspirar credibilidade e confiança nos clientes;

d) elementos tangíveis - aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e

meios de comunicação;

e) empatia - atenção individualizada que as escolas oferecem a seus clientes.

Segundo os autores, a importância que os clientes concedem a essas dimensões não é

a mesma para cada uma delas. Normalmente as três primeiras (confiabilidade, capacidade de

resposta e segurança) são as mais valorizadas na hora de avaliar um serviço, o que não é

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46

surpresa, e demonstra, em todos os resultados, que o "que" é mais valorizado do que o

"como".

O serviço esperado, por outro lado, depende de fatores como:

a) comunicação verbal;

b) experiências pessoais;

c) comunicações externas.

Zeithaml, Parasuraman e Berry (1985) afirmam que a qualidade do serviço, ao ser

uma comparação entre expectativa e percepção, pode ser aumentada melhorando-se a

percepção (atuando sobre as dimensões da qualidade do serviço) e/ou gerenciando as

expectativas de forma a atingir os objetivos propostos (informando o cliente, cativando-o,

etc.). As causas que promovem a diferença entre o serviço esperado e o recebido, em alguns

casos, têm origem em fatores internos que podem ser provenientes de:

a) os gestores da empresa não conhecem as necessidades e as expectativas dos

clientes e, portanto, precisam das informações para estruturar um serviço adequado.

Isto é típico de organizações muito hierarquizadas, com muitos níveis entre a direção

e o pessoal de atendimento, ou de companhias que fazem poucas pesquisas de

marketing (gap 1);

b) apesar de conhecer essas necessidades, a organização pode falhar na modelagem do

serviço que quer oferecer a seus consumidores, por considerar inviável oferecer o

serviço requerido ou porque não existe um compromisso sério da alta direção, no

sentido de propiciar um serviço ao cliente de qualidade superior. A rigidez no tempo

de atendimento poderia ser um exemplo dessa distorção (gap 2);

c) mesmo tendo uma boa modelagem do serviço, a instituição pode falhar na

execução dele, resultando num serviço recebido abaixo das expectativas. Isso pode

ocorrer devido a múltiplos fatores, entre eles a ambigüidade de funções, existência de

conflitos funcionais, desajuste entre capacidade dos empregados e as funções que

executam, a tecnologia requerida para desenvolvê-las ou pela percepção por parte dos

empregados da inexistência de controle, etc (gap 3);

d) por último, a empresa pode afetar a qualidade do serviço efetuando uma

comunicação externa que não esteja alinhada com a prestação do serviço (gap 4).

Essa diferença é muito importante porque altera tanto as expectativas quanto as

percepções e ocorre em situações em que há deficiência na comunicação horizontal, entre

vendas, produção e logística, e tende a comprometer por excessos, como, por exemplo, no

cumprimento de ordens. Também se observa essa diferença, com freqüência, em sistemas de

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47

franquia ou delegação geridas localmente, quando a comunicação externa é centralizada,

apontam Zeithaml, Parasuraman e Berry (1985).

Os autores comentam que o instrumento utilizado para avaliação da qualidade do

serviço consiste de um questionário específico para o serviço que se pretende medir. Nesse

questionário, refletem-se os atributos para cada dimensão da qualidade do serviço, como a

confiabilidade, garantia, etc. Esses atributos devem ser previamente coletados de diversas

fontes, mas fundamentalmente dos próprios clientes, ou seja, no caso dessa pesquisa dos

alunos da escola-alvo do estudo. O questionário deve valorar expectativas e percepções de

cada atributo. O questionário deve permitir chegar a informações completas para analisar os

aspectos mais valorados pelos alunos e onde são geradas as maiores deficiências. Essa

ferramenta, utilizada adequadamente, é uma valiosa fonte de ajuda para alavancar as

melhorias necessárias, de acordo com o requerido pelo aluno, ao mesmo tempo que permite

verificar se os esforços e recursos que a escola está investindo, com a finalidade de executar

seus serviços, estão sendo distribuídos de acordo com as expectativas e valorações dos

alunos.

2.5 Valor percebido

Embora o construto de valor percebido tenha sido identificado por Parasuraman

(1997) como uma das mais importantes medidas na busca de vantagem competitiva pelas

empresas, a literatura a respeito ainda é restrita, conforme Domingues (2000).

Uma boa conceituação a respeito desse construto é feito por Zeithaml (1988, p.93),

segundo o qual “valor percebido é a avaliação total do consumidor sobre a utilidade de um

produto, baseado em percepções do que é recebido (benefícios) e do que é dado

(sacrifícios)”.

Já Kotler (2000) verifica que o valor percebido é o valor atribuído pelos clientes ao

produto ou serviço, baseado na relação entre os benefícios que esse trará, segundo a ótica do

consumidor, e os custos percebidos para sua aquisição, comparativamente à concorrência.

Mais recentemente, Parasuraman e Grewal (2000) conceitualizaram valor percebido

como um construto dinâmico, composto de quatro tipos de valor: o valor de aquisição, o

valor de transação, o valor de uso e o valor de recuperação.

Page 50: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

48

Esses autores definiram o valor de aquisição como os benefícios recebidos pelo valor

monetário gasto. Já o valor de transação seria o prazer que o consumidor tem por ter feito um

bom negócio. O valor de uso seria a utilidade derivada da utilização do produto/serviço,

enquanto o valor de recuperação seria o benefício residual recebido na hora da revenda ou do

fim do uso, no caso de produtos, ou do término, no caso de serviços.

Utilizando essas definições, a relevância de cada uma das quatro dimensões é

diferente no processo de compra. Assim, valor de aquisição e valor de transação são mais

evidentes durante a compra, enquanto o valor de uso e o valor recuperado seriam mais

pertinentes depois da compra.

De forma sucinta, Gale (1996) conceitua o valor como a qualidade percebida pelo

mercado, ajustada pelo preço relativo de seu produto, enquanto Woodruff (1997) enxerga o

valor percebido como sendo a percepção do cliente sobre as preferências e as avaliações dos

atributos do produto, do desempenho desses atributos e das conseqüências originadas pelo

uso. Os clientes enxergam o produto como um conjunto de atributos. Assim, quando

compram e usam o produto, desenvolvem preferências e desejos por certos atributos, que

lhes proporcionam as conseqüências desejadas nas situações de uso (conceito de valor em

uso), atendendo a seus objetivos e gerando satisfação com o valor percebido.

2.6 Expectativa

O conceito de expectativa há muito tempo é analisado pelos estudiosos de marketing,

principalmente sua relação com a satisfação de clientes. Porém, conforme observam Spreng,

MacKenzie e Olshavsky (1996), na literatura não há um consenso claro acerca da definição

do conceito de expectativa. Esses autores preferem reservar o termo à percepção de

probabilidade de ocorrência de determinado evento. Outros, como Oliver (1980), advogam

que o conceito deve ser ampliado e incorporar a avaliação - positiva, negativa ou neutra - do

evento esperado. Independentemente dessas diferenças, as duas tendências reconhecem que a

expectativa preditiva, isto é, restrita à percepção de probabilidade de ocorrência do evento é

insuficiente para dar conta do fenômeno da satisfação.

Assim, diversos autores, como Evrard (1995), Oliver (1997), Spreng, Mackenzie e

Olshavsky (1996), entre outros, admitem que as expectativas são apenas um dos elementos

do quadro de referência a partir do qual os consumidores avaliam suas experiências.

Page 51: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

49

Já para Kotler (2000, p.77) satisfação é “função da diferença entre o desempenho

percebido e as expectativas: se o desempenho ficar abaixo das expectativas, o consumidor

ficará insatisfeito, se atender, ficará satisfeito, se exceder, ficará altamente satisfeito,

gratificado ou encantado.”

Assim, expectativas de cliente não atendidas geram insatisfação. Portanto, as

expectativas devem ser administradas, salienta Normann (1993). Criar ou permitir que se

criem expectativas altas demais pode gerar insatisfação. A empresa pode comunicar um

nível de características menor que o proporcionado por seu serviço e, assim, criar um

excedente de satisfação no contato com o serviço. Uma forma de limitar as expectativas do

cliente são as garantias explícitas de serviço. Isso porque elas definem padrões claros e

obrigam o fornecedor a compreender por que falhou, aponta Hart citado por Sviokla e

Shapiro (1994, p.198).

Antes da compra, os clientes possuem uma expectativa sobre a qualidade do

produto/serviço com base em necessidades individuais, experiências passadas,

recomendações de terceiros e propaganda de um fornecedor de serviços. Após comprarem e

consumirem o serviço, os clientes comparam sua qualidade esperada com aquilo que

realmente receberam. Os desempenhos de produtos/serviços que surpreendem e encantam os

clientes por ficarem acima de seus níveis de serviço desejado serão vistos como de qualidade

superior. Caso o produto/serviço seja analisado dentro de sua zona de tolerância, acharão que

ele é adequado. Entretanto, se a qualidade real cai abaixo do nível de serviço adequado

esperado pelos clientes, ocorre uma discrepância ou lacuna na qualidade, entre o

desempenho do fornecedor de serviço e as expectativas do cliente, apontam Lovelock e

Wright (2002).

Um ponto interessante apresentado por Zeithaml (1988) é a constatação de que as

expectativas dos clientes sobre um determinado serviço estão em níveis diferentes: nível

desejado e o nível adequado. Dessa forma, o nível de serviço desejado reflete um misto do

serviço que o cliente acredita que "pode ser" com o que "deveria ser", enquanto o nível de

serviço adequado reflete o que o cliente acha aceitável.

A zona de tolerância demonstrada na Figura 3 separa o nível desejado e adequado.

Um desempenho abaixo da zona de tolerância gera frustração no cliente e reduz sua

lealdade; um desempenho na zona de tolerância é considerado satisfatório; e um desempenho

acima da zona de tolerância reforça a lealdade dos clientes.

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50

Serviço Desejado

Zona de Tolerância

Serviço Adequado

Figura 3 – Zona de tolerância e os níveis de expectativas. Fonte: Zeithaml, Berry e Parasuraman (1995).

Assim, o ponto crítico no desenvolvimento e ajuste de políticas de serviço ao cliente

está no monitoramento e entendimento das expectativas dos clientes. Para isso, é de

fundamental importância entender os gaps existentes entre percepções dos consumidores e

dos gerentes com relação aos serviços oferecidos.

Segundo Almeida (1995), em cada "momento da verdade" que o cliente vivencia numa

empresa, a percepção pode variar entre fortemente positiva (encantamento) ou extremamente

negativa (profunda decepção). O autor afirma que a satisfação do cliente pode ser analisada

através da relação entre o que ele viu (percebeu) e o que ele esperava ver (expectativa).

Analisando essa relação, o autor tirou algumas conclusões:

a) quanto maior for a expectativa, que é a visão prévia do nível de serviço, maior

também será a possibilidade de o cliente se frustrar, portanto, de ficar insatisfeito;

b) quanto maior a percepção positiva do cliente, maior também será a possibilidade de

o cliente ficar satisfeito.

A qualidade do produto/serviço está relacionada à habilidade de se minimizarem as

discrepâncias entre as expectativas e percepções de clientes e seus fornecedores. Em geral, as

metodologias de avaliação da qualidade de serviço apresentadas na literatura baseiam-se em

um processo no qual o consumidor compara o serviço percebido com o serviço esperado,

afirma Almeida (1995).

As expectativas dos clientes com relação ao serviço realmente são, em muitos casos,

diferentes do nível de serviço oferecido. Sharma, Grewal e Levy (1995) sugerem que as

empresas devem procurar aumentar as expectativas dos clientes, caso essas estejam abaixo

dos níveis de serviço oferecidos, de forma a manter os atuais e conquistar novos clientes. Um

problema potencialmente maior ocorre quando as expectativas estão acima dos níveis de

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51

serviço nas áreas que são percebidas como importantes para os consumidores. Caso seja

muito caro ou muito difícil aperfeiçoar-se nessas áreas, a melhor estratégia seria desviar a

atenção dos clientes para outras áreas em que a empresa se sobressai. A longo prazo, a melhor

estratégia consiste no esforço da empresa, para que não haja gap entre o nível de serviço

esperado e o de fato oferecido.

Na presente pesquisa foi considerada a perspectiva de Fornell et al. (1996) e a de

Filho, Guerra e Moura (2003), que consideram que o construto expectativa tem perspectivas

de passado e futuro e que captura as experiências de qualidade prévias e logo tem uma

associação direta e positiva com os resultados da empresa, tais como a satisfação, que é o

construto central do tema deste estudo.

2.7 Reclamação

Lovelock e Wright (2002, p.76) lembram o importante papel da reclamação em uma

empresa: “Clientes que reclamam dão à empresa a oportunidade para corrigir problemas,

restabelecer relações com o reclamante e melhorar a qualidade do atendimento para todos.”

Os autores comentam ainda que a empresa deve enxergar a reclamação como uma

oportunidade de melhoria, que, se for bem entendida, absorvida e trabalhada, pode

transformar o caso numa nova fonte de resultados positivos para todos, inclusive o

consumidor. “Quando as reclamações são resolvidas de modo satisfatório, há uma chance

muito maior de que os clientes envolvidos permaneçam fiéis e continuem a comprar os

artigos ou os serviços em questão.” (LOVELOCK E WRIGHT, 2002, p.164)

Os autores constataram numa pesquisa promovida no mercado europeu, no período

1995-2003, que as intenções de voltar a comprar iam de 69% a 80% entre os reclamantes que

ficavam inteiramente satisfeitos com o resultado da reclamação. Essa cifra caía para 17% e até

32%, dependendo do tipo de produto ou serviço, para reclamantes que achavam que sua

reclamação não fora resolvida em seu favor.

Lovelock e Wright (2002, p.161) definem reclamação como “a expressão formal de

insatisfação com algum aspecto de uma experiência de serviço.”

Os autores complementam a idéia afirmando que a percepção dos clientes de que um

ou mais aspectos específicos da entrega do serviço não atenderam a suas expectativas pode

gerar uma reclamação. De acordo com Lovelock e Wright (2002), a pesquisa no mundo

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52

inteiro tem evidenciado o triste fato de que a maioria das pessoas não reclama, principalmente

se acham que isso não surtirá nenhum efeito. E mesmo quando elas comunicam sua

insatisfação, os gerentes podem não ficar sabendo de reclamações feitas ao pessoal de

atendimento aos clientes.

Conforme preconizam Lovelock e Wright (2002), as pesquisas demonstram que a

maioria das reclamações é feita no local onde o produto foi comprado ou onde o serviço foi

prestado/recebido. Pouquíssimos consumidores insatisfeitos reclamam diretamente com os

fabricantes ou no escritório central. Estudos setoriais sugerem que menos de 5% das

reclamações sobre bens duráveis e serviços chegam a alcançar as sedes das empresas,

provavelmente porque os intermediários do varejo não conseguem passá-las adiante, afirmam

os autores. No caso da empresa que gerencia a rede de franquias na qual está inserida a

escola-alvo da pesquisa, esse índice se equivale. Porém, comenta Márcio Mascarenhas,

presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006), a principal razão das reclamações não

alcançá-los é o fato de o franqueado conseguir resolver o problema e assim não haver

necessidade de envolvimento da franqueadora no caso. Conforme o presidente da rede

(NUMBER ONE, 2006), um ponto diferenciador no caso da empresa deles, em relação a esse

assunto, é que há um índice insignificante de reclamações. Esse fato é explicado por uma

pesquisa realizada pela empresa franqueadora, Number One Solutions, no período de 2000 a

2005. Ela revelou que mais de 85% dos alunos da rede são pessoas de alta renda, mais

propensas a reclamar do que as de baixa renda, e que mais de 90% são jovens, mais inclinadas

a reclamar do que as mais velhas. Mesmo assim, a empresa consegue manter baixo o índice

de reclamações.

O relacionamento final do modelo de Fornell está entre reclamações do cliente e sua

lealdade. A direção e o sinal desse relacionamento dependem dos sistemas de serviço ao

cliente e de solução de reclamações dada pelo fornecedor, de acordo com Fornell (1992).

Quando o relacionamento é positivo, a implicação é que o fornecedor foi bem sucedido em

transformar um cliente que reclama num cliente leal. Quando o relacionamento é negativo, o

fornecedor lidou com a situação de tal forma que a situação negativa tornou-se ainda pior,

contribuindo para a perda da lealdade do cliente.

Na presente pesquisa, o construto reclamação foi considerado na perspectiva de

Lovelock e Wright (2002), que está em linha com o pensamento de Fornell (1992), no qual,

dependendo da forma como uma reclamação é tratada, essa poderá gerar satisfação ou

insatisfação, lealdade ou não.

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53

2.8 Lealdade

Existem várias definições para o que se chama de fidelização ou "lealdade do cliente".

Griffin (2001, p.48) diz que "um cliente fiel se caracteriza, entre outras coisas, por repetir as

suas compras com regularidade, propagandear produtos/serviços a outras pessoas, ser imune

à pressão da concorrência e tolerar eventuais problemas sem desertar.”

Já Lovelock e Wright (2002, p.76) consideram a lealdade como a “vontade de um

cliente de continuar prestigiando uma empresa durante um período prolongado de tempo,

comprando e utilizando seus bens e serviços em uma base repetida e preferivelmente

exclusiva, e recomendando voluntariamente os produtos da empresa.”

A manutenção de um relacionamento de longo prazo com os clientes é importante,

pois leva a vantagens econômicas e ao crescimento das receitas e lucratividade ao longo do

tempo. Diversos autores já identificaram que os custos de captação de clientes são

significativamente superiores aos de manutenção. Além disso, o cliente leal é mais barato. Ele

realiza compras adicionais de produtos complementares daqueles que foram contratados,

realiza menos pesquisas de preço, já conhece os processos do fornecedor e é uma importante

forma de propaganda boca-a-boca dos produtos, comenta Leite (2004).

Os autores acrescentam ainda que, apesar de a questão da lealdade estar sendo muito

discutida ultimamente, diversos especialistas acreditam que, na verdade, a lealdade de clientes

a seus fornecedores acabou. A partir do momento em que diversos produtos e serviços se

tornaram commodities, é o preço que irá definir o tempo de permanência do cliente junto a seu

fornecedor. A relação do cliente com seu fornecedor irá durar até que um novo fornecedor

surja com preços melhores, encerrando assim essa relação.

Leite, Elias e Sundermann (2005) afirmam que essa parece ser uma opinião correta, se

ela não fosse simplista demais e desconsiderasse outros atributos e sentimentos que fazem

parte do processo de compra, e que, portanto, irão influenciar diretamente nesse

relacionamento. O que tem acontecido ultimamente é que muitas empresas têm passado a dar

maior ênfase não só à venda em si mas também ao pré e ao pós-venda.

Segundo Kotler (2000, p.25), “profissionais de marketing experientes tentam

construir relacionamentos a longo prazo, confiança, relacionamentos do tipo “ganhar-

ganhar” com clientes, distribuidores, revendedores e fornecedores.”

Cada dia mais os profissionais de marketing têm passado a enxergar o processo de

venda não como um “flerte passageiro” mas como um “casamento” de um cliente com uma

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54

organização. Afinal, a preocupação com o cliente não se restringe ao momento da venda. Ela

continua, no dia seguinte, na semana seguinte, no mês seguinte...

No fundo, o que se espera dessa aproximação é a lealdade do cliente. Ao sentir-se

valorizado, mesmo quando não está comprando, o consumidor estabelece laços inconscientes

com o fornecedor que o trata de forma tão especial, acrescenta o autor.

Nesse contexto, portanto, o que se tem procurado identificar são os fatores que levam

à lealdade. Embora a satisfação dos clientes seja considerada um fator extremamente

importante para a sobrevivência de uma empresa, ela por si só não é suficiente para manter a

lealdade dos clientes, acrescentam Leite, Elias e Sundermann (2005).

Eis algumas descobertas, citadas por Griffin (1998):

a) “A Forum Corporation informa que mais de 40% dos clientes que afirmam estar

satisfeitos mudam de fornecedores sem hesitar;

b) A Harvard Business Review informa que entre 65% e 85% dos clientes que optam

por um novo fornecedor afirmam que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o

fornecedor anterior;

c) Dr. Peter ZanDan, cuja empresa Intelliquest realiza pesquisas de mercado para

fabricantes de computadores no mundo todo, relata que, em mais de trinta mil

entrevistas, a Intelliquest nunca observou a satisfação dos clientes como um indicador

confiável de compras regulares;

d) As pesquisas realizadas pelo Juran Institute revelam que mais de 90% dos altos

gerentes das 200 maiores empresas dos Estados Unidos concordam com a afirmação:

“A maximização da satisfação dos clientes aumenta a lucratividade e a participação

no mercado”. Ainda assim, menos de dois por cento dos duzentos entrevistados

conseguiram constatar uma melhoria da lucratividade a partir da elevação

documentada dos níveis de satisfação dos clientes.

Diante desse cenário, surge o questionamento: quais seriam, então, os fatores que

levariam à lealdade dos clientes? Esse trabalho testou se a satisfação, o atendimento às

expectativas, o valor percebido e a qualidade de serviços são importantes fatores que levam à

lealdade dos clientes.

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55

2.9 A franqueadora Number One – perfil e histórico

O Number One Solutions é uma escola de línguas estrangeiras especializada no

desenvolvimento do estudo de línguas com abordagem pedagógica diferenciada e aplicação

dos revolucionários métodos Dynamic e Wave de ensino dinâmico. Além disso, há um amplo

material didático e de apoio, segundo Márcio Mascarenhas, presidente do Number One

(NUMBER ONE, 2006). A disseminação desse trabalho é feita através de franquias em todo o

país. O franqueador capacita e apóia as escolas franqueadas que disponibilizam os cursos de

língua estrangeira que têm demanda identificada em cada praça.

Pioneiro no país no uso da multimídia, o Number One possui método e metodologia

próprios, aperfeiçoados por profissionais altamente capacitados, afirma o presidente do

Number One (NUMBER ONE, 2006). Segundo ele, rigorosos processos de escolha e

treinamento de professores contribuem para adequada utilização do método e para o

aprendizado de qualidade, típico dos alunos Number One.

Acrescenta o presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006) que, além de

promover a excelência no ensino, o Number One oferece oportunidades para intercâmbios

culturais. Os alunos são também presenteados com diversos brindes, além de contar com uma

grife exclusiva, desenvolvida especialmente para a "turma Number One". Os alunos Number

One têm ainda inúmeras facilidades de compra e descontos com o Number One Card, o cartão

de afinidades. Finalmente, como escola com responsabilidade social, o Systems mantém

parceria com a Fundação Artes & Ofícios, entidade sem fins lucrativos que atua na

alfabetização e profissionalização de jovens com necessidades especiais, relata o presidente

do Number One (NUMBER ONE, 2006).

2.9.1 A metodologia exclusiva Number One

De acordo com Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE,

2006), os métodos Dynamic e Wave foram criados para atender às necessidades específicas de

estudantes brasileiros no aprendizado do inglês, ensinando a língua de maneira rápida e

eficiente. Para tanto, utilizam abordagens adequadas, capazes de superar dificuldades e

obstáculos que a língua inglesa apresenta em relação ao português, enfocando aquilo que é

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56

realmente diferente entre os dois idiomas. Os métodos Dynamic e Wave priorizam o aspecto

oral por razões óbvias: a língua existe a partir da necessidade de comunicação, que se dá

primeiramente na forma falada e, somente depois, na escrita; e é através da audição e da fala

que se aprende, naturalmente, a língua nativa. Assim, nada mais lógico do que seguir esse

modelo para o ensino de uma segunda língua.

2.9.2 Os pilares dos Métodos Dynamic e Wave

Em maior ou menor grau, o ser humano é dotado de raciocínio associativo, um dos

princípios geradores dos métodos Dynamic e Wave. Sendo gradualmente exposta a novas

informações gramaticais, semânticas e culturais, a pessoa associa os dados que recebe, e

passa, naturalmente, a desenvolver novos conceitos e experiências, assimilando a língua de

forma sólida e eficaz. Em resumo, o aluno é levado a raciocinar para compreender, não

passando, simplesmente, por um processo mecânico de assimilação, afirma o presidente do

Number One (NUMBER ONE, 2006).

Para ele, os quatro pilares dos Métodos Dynamic e Wave são:

a) Desafio

Tudo o que desafia a vontade de aprender, inerente ao ser humano, tem resultados

positivos. Os métodos Dynamic e Wave são estruturados para apresentarem novos

conhecimentos, a partir de um gradativo aumento do grau de dificuldade a ser vencido pelo

aluno. Cada novo item é um desafio superável, mas a dinâmica e o ritmo de sua apresentação

impedem a instalação do tédio e do desinteresse, já que cada elemento dominado, ou seja,

desafio superado, torna-se fácil. Assim, antes que o desinteresse se instale, um novo desafio é

proposto e a motivação, reforçada.

b) Realidade e Vivência

Os métodos Dynamic e Wave têm como princípio básico a adequação da situação de

aprendizagem à realidade do aluno. Todo aprendizado que é parte de uma experiência real e

concreta, atinge maior eficácia. Por isso, dar oportunidade para a vivência imediata do que

está sendo ensinado é outro fator fundamental para garantir o sucesso da aprendizagem.

c) Descontração

Os métodos usados propiciam um ambiente sem ansiedade na sala de aula, pois

estimulam a descontração e naturalidade, a autoconfiança e confiança mútua entre colegas e

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57

professor. Isso quebraria qualquer tensão inibidora, gerando condições propícias ao

aprendizado. Em resumo, gera afetividade que se traduz em motivação, interesse, humor e

prazer, num ambiente de total interação, naturalidade e desinibição, onde, conseqüentemente,

atinge-se o objetivo de ensinar.

d) Feedback

Faz parte da filosofia dos dois métodos a aplicação de feedback na aprendizagem.

Feedback é um processo que visa à mudança de comportamento, é a comunicação a uma

pessoa ou grupo, no sentido de fornecer dados sobre como as atuações podem ser melhoradas.

Esse retorno eficaz ajuda o aluno a melhorar seu desempenho e, assim, alcançar seu objetivo

de aprender inglês.

2.9.3 Evolução com qualidade

O "Number One Curso de Línguas Ltda." foi criado em 1972, destacando-se por seu

método inovador e dinâmico de ensino. Conseqüentemente, a escola logo conquistou o

respeito e a confiança de milhares de pais e alunos, despertando o interesse de diversos

empreendedores em obter concessão da técnica. Iniciou uma trajetória de grande expansão.

Em 1991 o sistema de franchising foi implantado pelo Number One Solutions, escola

responsável pelo processo de cessão de Know how e gerenciamento na aplicação do Método

Dynamic, em todo o território nacional.

Conforme Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006),

a rede está em permanente expansão. A matriz da escola está localizada em São Paulo, com

escritórios nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, e uma rede

de duzentos e trinta franqueados atuam em todas as regiões do Brasil. Em 2005 a escola

faturou R$ 21 milhões, o que representou um crescimento de 18% sobre o ano anterior.

O Number One possui ainda mais de cem unidades entre terceirizações e frentes

avançadas em treze estados brasileiros. A rede de franquias conta com mais de seis mil alunos

ativos somente em Belo Horizonte, onde atua em parceria com vinte e duas escolas

franqueadas.

O método é constantemente avaliado e adaptado às mais modernas tecnologias

disponíveis no mercado, atendendo a crianças desde os três anos de idade.

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58

Todos os cursos são formatados em multimídia, começam pelo módulo básico, passam

pelo intermediário e vão até o avançado. Os professores são selecionados e treinados e cerca

de 85% deles têm experiência adquirida no exterior.

2.9.4 Inovações e conquistas

Em 2005 a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios elegeu o Number One

Idiomas a melhor franquia do Brasil no segmento educação e treinamento. Além disso, foi

mais um reconhecimento à escola, que acumula outros prêmios, como, por exemplo, o troféu

Franquia de Destaque categoria Master, prêmio concedido pela ABF, ressalta Márcio

Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006). Além disso, ele cita que o

Number One foi apontada pelo jornal Valor Econômico como uma das “escolas emergentes

com o maior crescimento no Brasil” nos últimos quatro anos.

O presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006) comenta que, em pesquisa de

opinião recentemente realizada, pais e alunos da Rede reconheceram como pontos fortes a

seriedade da escola, o método moderno e dinâmico, a qualidade dos professores, o plantão

sempre disponível ao aluno de acordo com sua necessidade de tempo, o ambiente

descontraído e bem-humorado, as atividades extraclasse e a variedade de produtos oferecida

aos mais diversos públicos.

2.9.5 Filosofia Number One Solutions

A fundamentação que norteia o funcionamento da rede de franquias Number One tem

os seguintes princípios:

a) NEGÓCIO: transferência de Know-how na gestão de ensino de idiomas;

b) MISSÃO: desenvolver produtos metodológicos de ensino de idiomas e práticas

administrativas que garantam ao franqueado excelência nos processos administrativos

e na prestação dos serviços, possibilitando alta rentabilidade em seu negócio;

c) VISÃO: ser a melhor e maior franquia no segmento de ensino de idiomas no Brasil;

d) PRINCÍPIOS: comportamento ético e transparente em todas as áreas. Lucro como

mola propulsora do negócio. Controle e aprimoramento da metodologia de ensino.

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59

Busca constante da inovação tecnológica, visando manter o diferencial. Foco total no

franqueado para que sua satisfação incentive-o a ter a melhor e maior escola de

idiomas de seu território;

e) CLIENTE: o franqueado;

f) CONCORRENTE: é todo aquele franqueado que não absorve o know-how

metodológico e administrativo, não os transmitindo adequadamente a seus clientes,

enfraquecendo, dessa forma, a marca NUMBER ONE;

g) DIFERENCIAL COMPETITIVO: é oferecer ao cliente soluções tecnológicas

eficazes para o ensino de idiomas, através de uma equipe capacitada e comprometida;

h) FOCO DO MARKETING: é na consolidação e desenvolvimento da marca Number

One no território do cliente, de acordo com sua realidade.

2.9.6 Diferenciais competitivos

Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006), afirma que

grande parte do sucesso do Number One Idiomas é creditado a três premissas seguidas à risca

pela escola desde sua fundação, e que são apontadas como os grandes diferenciais

competitivos da escola e da rede de franquias: Equipe Motivada, Marketing Agressivo e Foco

no Cliente.

a) Equipe Motivada

Por entender que os Recursos Humanos são uma das mais, senão a mais importante

parte de uma empresa, o Number One Idiomas tem por premissa sempre ouvir e investir em

seu pessoal, buscando a motivação de sua equipe. Em um mercado como o de escola de

línguas, conseguir manter uma equipe motivada, bem treinada e satisfeita é apontado como

um grande diferencial competitivo. O setor de RH da franqueadora, em sintonia com os

franqueados, conduz diversas ações buscando reduzir o turn over e, ao mesmo tempo,

aumentar a motivação do pessoal, comenta Márcio Mascarenhas, presidente do Number One

(NUMBER ONE, 2006).

O resultado dessas ações é que teria levado o Number One Idiomas a ser eleito, pelo

terceiro ano consecutivo, uma das cem melhores empresas do Brasil para se trabalhar. Além

disso, através de pesquisas internas, foi detectado que 81% dos funcionários se sentem muito

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60

satisfeitos ou satisfeitos por trabalharem na escola, destaca Márcio Mascarenhas, presidente

do Number One (NUMBER ONE, 2006).

b) Marketing Agressivo

Logo no início de suas atividades, o Number One viu que era importante ter um bom

serviço, mas que era igualmente importante ter uma boa forma de apresentá-lo. Pensando

assim, o Number One sempre buscou se diferenciar de seus concorrentes, seja na qualidade de

seus folders e prospectos, que sempre foram feitos com a mais alta qualidade, seja na

organização de seus eventos, que se destacam pelo alto nível, relata Márcio Mascarenhas,

presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

Por entender que seus serviços não são de massa, e sim para públicos específicos, o

Number One Idiomas sempre investiu em mídia, porém dirigida a seu público-alvo,

principalmente em televisões, rádios, revistas e jornais. A escola sempre enfatiza os diversos

prêmios conquistados, reafirmando assim a competência da escola atestada pelas entidades

especializadas.

O Number One busca ainda se aproximar dos diversos veículos de comunicação,

colocando em seu site uma área específica para esse público, chamado “Sala de Imprensa”,

onde qualquer jornalista poderá obter diversas informações a respeito da escola, novidades,

matérias já veiculadas e ainda um canal aberto de contato com a assessoria de imprensa.

c) Foco no Cliente

O Number One iniciou as atividades já com o foco no cliente. A história inicia-se

quando uma grande empresa, com problemas para se comunicar com fornecedores de outro

país, encontrou em um jovem professor de inglês a solução de seus problemas, afirma Márcio

Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

A partir de então, a escola garante que nunca mais perdeu o foco no cliente. Seus

cursos teriam sido sempre criados a partir de necessidades demonstradas pelos alunos. Além

disso, as mudanças mais importantes da escola sempre tiveram participação dos alunos. Seja

através de solicitações de alterações, seja por problemas apresentados ou até mesmo dicas que

são passadas para o setor de educação e ensino, o aluno é ouvido pela escola. Hoje eles

contam com um setor específico de relacionamento, em que, através de pesquisas constantes,

é possível identificar possíveis insatisfações ou falhas que estejam acontecendo.

Além disso, afirma Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER

ONE, 2006), franqueados com seus setores comercial, acadêmico e financeiro, que estão em

constante contato com os alunos, têm o direcionamento explícito de, ao menor sinal de

Page 63: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

61

insatisfação, levarem esses problemas para a escola e, em conjunto com as áreas envolvidas,

proporem soluções.

Ao criar a cultura de ouvir e entender os alunos, a escola conseguiu um importante

diferencial, pois, voltada para o cliente, seus cursos são desenvolvidos já de acordo com as

principais necessidades dos alunos, o que evita esforços na formatação de cursos sem

receptividade no mercado, comenta Márcio Mascarenhas, presidente do Number One

(NUMBER ONE, 2006).

2.10 A franqueada Number One Gutierrez

Segundo Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006), a

franqueada Number One Gutierrez nasceu em 1989. A proprietária, então aluna de um dos

cursos da escola em outra franquia de Belo Horizonte, entendeu que aquela metodologia

diferenciada poderia ser oferecida numa região da cidade onde não havia nenhuma outra

opção.

O Number One Gutierrez, como é reconhecido no mercado, conta hoje com quase

seiscentos alunos ativos e um quadro de nove professores e seis funcionários administrativos.

“É uma das mais destacadas franqueadas de nossa rede”, ressalta Márcio Mascarenhas,

presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

2.11 O curso de inglês da escola-alvo da pesquisa

Conforme Ferreira (2002, p.144), um curso de língua estrangeira é “ o conjunto das

matérias ensinadas em escolas e classes, de acordo com um programa traçado e que em

geral se adapta aos diferentes níveis de adiantamento dos alunos.” (FERREIRA, 2002,

p.144)

O objetivo desses cursos são, em geral, capacitar os alunos a se comunicarem

corretamente com pessoas e empresas de diferentes países que adotem aquela língua estudada

como a, ou uma das, línguas nacionais, comenta Ferreira (2002).

Page 64: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

62

O que caracteriza um curso de língua estrangeira é a possibilidade da continuidade da

prática dessa língua, dentro e fora do ambiente da escola, facilitando a fixação dos

conhecimentos adquiridos durante o curso, afirma o Márcio Mascarenhas, presidente do

Number One (NUMBER ONE, 2006) e conclui: “Nossos cursos são divididos em semestres

letivos, para facilitar o nivelamento dos alunos e sistematizar o aprendizado”.

O curso de língua estrangeira alvo dessa pesquisa é o curso de inglês da escola

Number One Gutierrez. O curso de inglês da escola teve 95,7% do total de alunos

regularmente matriculados no primeiro semestre de 2006. Os outros cursos que compõem a

grade curricular da escola são o Espanhol e o Francês, que correspondem a 3,6% e a 0,7%,

respectivamente, de acordo com o presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

O curso de inglês tinha, naquele momento, treze turmas que funcionavam nos períodos

da manhã, tarde e noite. O turno de maior demanda é o da noite, com 45% das turmas.

Entretanto o quadro de professores da escola é reduzido, pois todos os professores dos cursos

de Espanhol e Francês são professores bilíngües, dominam também o inglês. O curso de

inglês abrange desde alunos na fase de infância, acima de 2,5 anos de idade, a alunos da

chamada terceira idade, acima dos 60 anos.

Por ser aplicado em uma escola franqueada Number One, a metodologia e todo o

material didático é padronizado pela franqueadora, explica Márcio Mascarenhas, presidente

do Number One (NUMBER ONE, 2006).

2.12 Ensino de língua estrangeira no Brasil: crescimento e competitividade

O crescimento acelerado da oferta de vagas nas escolas de línguas estrangeiras deve se

manter nos próximos anos, de acordo com as projeções do Ministério da Educação. Em

apenas cinco anos, o sistema cresceu três vezes mais do que nos vinte anos anteriores,

conforme João Roberto Moreira Alves, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia

Educacional (ABT, 2006).

O crescimento das matrículas deu-se a partir de 1996. De 1994 a 1996, a matrícula

cresceu apenas 7%. De 1997 a 1999, o crescimento chegou a 13,8%, quase o dobro do índice

anterior. Só em 1999, comparado com as matrículas de 1998, o crescimento foi de 8,4%. De

2000 a 2003, o crescimento foi de 35,7%. Ainda de acordo com João Roberto Moreira Alves

(ABT, 2006), o Censo desse período, de 1994 a 2003, oferece ainda indicadores de qualidade

Page 65: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

63

do ensino de línguas e destaca o inglês como o idioma predominante, contando com cerca de

85,8% dos alunos regularmente matriculados.

O crescimento do número de professores também demonstra que o sistema está se

expandindo. Em cinco anos, o total de professores cresceu 63,8%. Além disso, as distorções

estão sendo corrigidas, com maior oferta de cursos nas capitais e expansão recorde de vagas

na região Nordeste, algo em torno de 40,5% em apenas dois anos. Estimativas do Ministério

da Educação indicam que, caso essa tendência de crescimento se mantenha, o ensino de

língua estrangeira no país terá aproximadamente nove milhões de alunos matriculados em

cursos de idiomas em 2006, informa o presidente da ABT (ABT, 2006).

Page 66: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

64

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Estratégia

Ao examinar a bibliografia disponível sobre o assunto, observou-se uma diversidade

de métodos de pesquisa aplicados à área das ciências sociais, cujo conhecimento busca

descrever fenômenos sociais, políticos, culturais, econômicos, entre outros, afirma Godoy

(1995). O autor diz que esses fenômenos estão ligados intrinsecamente ao comportamento

humano.

No planejamento deste trabalho foram preparados a introdução ao assunto a ser

estudado, o problema e a justificativa da investigação, e formuladas as hipóteses e os

objetivos geral e específicos que se pretendem atingir com este estudo. Em seguida é

detalhada a fundamentação teórica que serviu de base para a pesquisa. Parte-se, agora, para a

exposição da metodologia escolhida para sua operacionalização.

A presente pesquisa inseriu-se na classificação de pesquisa descritiva, uma vez que

teve como objetivo testar hipóteses específicas e examinar relacionamentos (associações)

entre construtos, segundo Malhotra (2001).

O foco da pesquisa foi o curso de inglês do Number One Gutierrez, localizado em

Belo Horizonte, franqueada da escola Number One Solutions. Para avaliar o modelo de

satisfação do consumidor proposto pela pesquisa – ACSI – foram consultados os usuários

finais dos serviços prestados pelo curso de inglês da escola, ou seja, seus alunos, que

constituíram o universo da pesquisa. Para a realização da investigação foi utilizado o método

survey, pois apresenta a vantagem de quantificação e a generalização dos dados para a

população, conforme aponta Malhotra (2001). Aliado a isso, por ter sido o survey o método

empregado pelos proponentes do modelo ACSI, ele foi utilizado para fins de comparação

entre os modelos.

Este estudo foi realizado em duas fases. A primeira fase foi feita por meio de um pré-

teste para identificar a percepção de atributo (ou conjunto de atributos) do construto satisfação

dos alunos do curso escolhido para este trabalho, para que pudesse ser associado aos

construtos vinculados à satisfação, já existentes na literatura sobre marketing. Essa fase foi

uma oportunidade para testar a validade do instrumento de pesquisa que foi aplicado na

amostra final.

Page 67: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

65

Na segunda fase da investigação, foi realizado um trabalho que viabilizou a pesquisa

survey que buscou medir a satisfação do cliente usuário (conforme já citado na página 25

dessa pesquisa), ou seja, do aluno que freqüenta o curso de inglês disponibilizado pela escola,

no que tange à relação do construto satisfação com seus construtos antecedentes (expectativa

do cliente, valor e qualidade percebidos pelo cliente) e seus construtos conseqüentes

(reclamação de cliente e lealdade).

3.2 Tipo de pesquisa

Na primeira fase da pesquisa, o pesquisador estudou o fenômeno com maior

profundidade, proporcionou maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo

explícito, o que o auxiliou na identificação de variáveis, conforme aponta Malhotra (2001).

Para isso, de acordo com Churchill (1979), essa é a fase em que a aplicação de um

questionário de teste auxilia na validação do instrumento de pesquisa, que é aplicado na

amostra final.

Do ponto de vista de seus objetivos, a segunda fase da pesquisa foi descritiva, pois,

segundo Gil (1991), a pesquisa descritiva tem por objetivo básico descrever as características

de determinado universo ou fenômeno e estabelecer possíveis relações entre variáveis.

Esse estudo adotou o método tipo survey de pesquisa, por ser o mais adequado a

atender aos objetivos propostos:

Planejamento “tipo survey”: utiliza-se uma série de questões compiladas para estudar uma ou mais variáveis de interesse, estas questões são dirigidas em uma amostra de entrevistados, que respondem a um questionário, ou respondem questões pelo telefone ou via internet/e-mail. (BOENTE, 2004, p.13)

Conforme aponta Malhotra (2001, p.179), “o método de survey para a obtenção de

informações se baseia no interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias

perguntas sobre seu comportamento, intenções, atitudes, percepção, motivações, e

características demográficas e de estilo de vida.”

Segundo Babbie (2001, p.29), “pesquisa de survey é hoje provavelmente o método de

pesquisa mais conhecido e amplamente usado nas ciências sociais.” (BABBIE, 2001, p.29)

Page 68: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

66

De acordo com Aaker, Kumar e Day (1998), pelo fato de utilizarem técnicas

estatísticas, as pesquisas descritivas quantitativas conseguem traduzir em números as opiniões

e informações a serem classificadas e analisadas pelo pesquisador. No planejamento deste

estudo foi definido que esse tipo de pesquisa era o mais indicado, pelo fato de que, por meio

de métodos estruturados de coleta de dados junto a amostras representativas de determinado

universo, seria possível tirar conclusões objetivas e obter resultados replicáveis e confiáveis.

Na segunda fase desta investigação, o método de pesquisa utilizado foi o “survey” e a

coleta de dados foi feita através de questionário estruturado, aplicado pelo pesquisador através

de abordagem aos alunos do curso de inglês na ocasião de sua chegada à escola. Segundo

Malhotra (2001), a vantagem desse método reside no fato de ser mais produtivo o entrevistado

ir ao entrevistador do que o contrário.

3.3 O universo da pesquisa e a amostra

Todos os alunos do curso de inglês da escola-alvo da pesquisa, que tinham matrícula

vigente no primeiro semestre de 2006, compuseram o universo da pesquisa.

Na fase de validação do instrumento e teste do modelo, aplicou-se a primeira versão

do questionário (vide APÊNDICE A) a uma amostra inicial, selecionada por conveniência

pelo pesquisador composta por trinta alunos do curso de inglês. Conforme citado na página 25

dessa pesquisa, os alunos aqui desempenhando o papel de cliente usuário.

Nesse estudo foram considerados cinqüenta e dois parâmetros a serem pesquisados

relativos aos seis construtos. Conforme a recomendação de (HAIR et al., 2005, p.485), “[...]

de aplicação de cinco a dez casos por parâmetro (em que cada pergunta do questionário é

considerada um parâmetro)”, foi definido que os questionários seriam aplicados em duzentos

e sessenta alunos do curso de inglês, o que também vai ao encontro à proposta desses autores,

na qual o tamanho adequado de uma amostra para o desenvolvimento de equações estruturais

deve ser da ordem de duzentos elementos. Portanto, o tamanho da amostra de duzentos e

sessenta casos foi considerado satisfatório.

De acordo com Tagliacarne (1974, p.37), a teoria do processo de amostragem indica

que “um número suficientemente grande de casos sorteados para um universo apresenta,

quase certamente, os mesmos caracteres do universo”.

Page 69: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

67

Para a definição do tamanho da amostra, o pesquisador baseou-se também nas médias

utilizadas em estudos similares sobre o modelo ACSI, ficando em torno de duzentos a

duzentos e cinqüenta elementos, de acordo com Holbrook (1978), Westbrook (1987), Oliver e

Swan (1989), Spreng, Mackenzie e Olshavsky (1996).

3.4 Técnica de coleta de dados

Nas duas fases da pesquisa, os dados foram coletados por meio de questionários

estruturados aplicados pelo pesquisador nas dependências da escola. Para incentivar os

estudantes a responder ao questionário, o pesquisador promoveu o sorteio de uma cesta de

chocolates. Para participar da promoção, os alunos tiveram que se identificar, pelo número de

matrícula no cabeçalho do formulário. Essa identificação serviu também para facilitar o

gerenciamento do levantamento de dados e evitar duplicidade de questionários de um mesmo

respondente. As respostas desses questionários foram armazenadas num banco de dados para

análise posterior.

A idéia inicial era também oferecer o acesso ao questionário via site do Number One

na internet, porém esse procedimento foi inviabilizado, tendo em vista a falta de infra-

estrutura de rede na escola. Eles ainda poderiam participar da pesquisa, através de mensagens

eletrônicas que a diretoria enviaria a todos os alunos constantes em seu banco de dados. Essas

mensagens contariam com um link que levaria o aluno diretamente ao questionário. Devido a

restrições técnicas da franqueada, esse procedimento também não funcionou.

3.5 Instrumento de coleta de dados

Com relação aos procedimentos a adotar na pesquisa, Gil (1991) enfatiza a

importância do instrumento de coleta de dados na identificação de um delineamento mais

adequado. Nas duas fases da presente pesquisa, foram aplicados questionários estruturados.

Na primeira fase adotou-se um questionário com sessenta e duas questões relativas aos

seis construtos, para ser testado na amostra inicial definida pelo pesquisador, com a escala das

Page 70: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

68

respostas variando de um a dez, conforme o grau de concordância ou não do respondente com

a questão proposta (vide APÊNDICE A).

Na segunda fase, o formulário final utilizado (vide APÊNDICE B) pelo pesquisador

teve cinqüenta e duas perguntas no total, utilizando a mesma escala do questionário inicial.

Conforme Malhotra (1996), as escalas de medição da satisfação dos clientes foram

medidas em escala intervalar de dez posições de resposta, rotuladas em seus extremos.

Porém a busca da escala perfeita para medir a satisfação dos clientes tem provocado

discussões na literatura recente de marketing. Um exemplo desses debates pode ser

encontrado no periódico Marketing Research (1994), que em seu volume 6 se dedicou

inteiramente ao tema. Devlin, Dong e Brown (1993) defenderam uma escala de cinco pontos

para medir as expectativas e de quatro pontos para as solicitações dos clientes. Wittink e

Bayer (1994), por sua vez, apresentaram justificativas para o uso conjunto da escala de dez

pontos na medição da satisfação global, e da escala de dois pontos na medição de itens

individuais.

Schmalensee (1994), ao analisar os trabalhos supracitados, assumiu uma posição de

síntese ao afirmar que “o número de pontos de uma escala é menos importante do que sua

aplicação”, ou seja, a seleção dos termos empregados e o número de pontos de uma escala

devem ser definidos pelos objetivos da empresa e pelas situações do mercado. Para a autora,

nenhuma escala é perfeita em todas as situações. Apresentou, para sustentar essa conclusão,

escalas de dois, quatro, cinco, sete e dez pontos, ressaltando as utilidades específicas de cada

uma, sempre de acordo com a necessidade de informação da empresa e a situação de mercado.

No caso de Filho, Guerra e Moura (2003), foi adotada uma escala de onze pontos. Essa

escala foi alterada para onze pontos, visando ao tratamento como variáveis contínuas e

possível melhor medição (originalmente eram de sete pontos).

Portanto, concluem Rossi e Slongo (1997) que, a respeito das escalas, não existe uma

escala ideal que seja capaz de responder, indistintamente, a todas as pesquisas de medição de

satisfação de clientes. Importa analisar os propósitos que levam uma empresa a conceber um

sistema de avaliação da satisfação de seus clientes e, a partir dessa compreensão, elaborar o

tipo de escala mais apropriado, o que provavelmente se configure mais confiável e válido. Por

isso, a escala de dez pontos foi adotada no questionário dessa pesquisa.

De acordo com Fornell (1992), um dos objetivos em se adotar uma escala de dez

pontos é permitir que os alunos façam melhor discriminação em suas respostas. Outro

objetivo apontado pelo autor do uso da escala com dez pontos é reduzir os problemas

estatísticos de distorção nas respostas.

Page 71: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

69

3.6 Tratamento, interpretação e análise dos dados

Quanto ao tratamento e interpretação dos dados coletados, eles foram agrupados e

formatados para permitir a análise dos achados. Esta pesquisa procurou dados sobre a

satisfação dos clientes finais, ou seja, dos alunos do curso de inglês da escola pesquisada. O

volume de dados finais gerados por esse levantamento é que possibilitou ao pesquisador

buscar respostas ao problema de pesquisa, analisar as hipóteses e atender aos objetivos geral e

específicos propostos neste estudo.

3.6.1 Modelagem de equações estruturais (SEM)

O ponto inicial para a aplicação da técnica de modelagem de equações estruturais

(Structural Equations Modeling – SEM), segundo Farias e Santos (2000), é a teoria utilizada

pelo pesquisador a respeito das relações causais entre um conjunto de variáveis. O

pesquisador deve estar bem fundamentado na teoria quando da especificação das relações de

causa. Assumindo isso como uma premissa, expressa-se essa teoria de um modo formal e

claro. O modelo é apresentado tanto em palavras quanto em um diagrama. O diagrama pode

ser entendido como um grupo de afirmativas que resumem um conjunto de hipóteses.

Segundo Hair et al. (1998), o erro mais crítico no desenvolvimento de modelos com base

teórica é a omissão de uma ou mais variáveis independentes, um problema conhecido como

erro de especificação. Para esses autores todos os modelos de equação estrutural são

acometidos desse erro de alguma forma, considerando-se que um construto ou indicador em

potencial pode ser excluído. No caso desta pesquisa optou-se por não excluir nenhum dos

construtos do modelo ACSI original.

Para efetivar-se a análise, faz-se necessária a existência de dados para cada variável do

modelo. As variáveis devem ser mensuradas em uma escala intervalar ou, possivelmente, em

uma escala ordinal, que possa ser tratada como intervalar. O número de casos necessários

depende da complexidade do modelo. Sugerem-se duzentos a trezentos casos para cada

modelo, conforme Maruyama (1998) e Klem (1995).

Page 72: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

70

Existem dois tipos de variáveis em um modelo de SEM, afirma Loehlin (1998):

variáveis endógenas e variáveis exógenas. Os valores das variáveis endógenas são explicados

por uma ou mais variáveis exógenas do modelo. Os valores das variáveis exógenas são

assumidos como dados, isto é, o modelo não tenta explicá-los. Essa distinção é similar à feita

entre variáveis dependentes (endógenas) e independentes (exógenas) da análise de regressão.

Entretanto, na SEM, uma variável pode ser tanto dependente quanto independente. A regra é:

se uma variável é dependente em alguma parte do modelo, então ela é endógena, conforme

Klem (1995). Já Hair et al. (1998) argumentam que o diagrama deve ser definido em termos

de construtos, para então se buscarem variáveis que irão mensurá-los. A regra geral é que

cada construto é definido por cinco a sete indicadores, embora quando se lida com escalas

preexistentes isso não seja válido. Os construtos podem ser exógenos ou endógenos. Cada

construto endógeno constitui uma variável dependente nas equações estruturais, comentam

Farias e Santos (2000). No caso desta pesquisa, expectativa e reclamação são consideradas

variáveis exógenas, enquanto qualidade e valor percebidos pelo cliente, satisfação e lealdade

são variáveis endógenas.

Após a análise de validação do instrumento de pesquisa, bem como da avaliação das

premissas requeridas pela análise multivariada, foi aplicada a técnica SEM, tendo por

finalidade a verificação das hipóteses concernentes ao modelo proposto. Conforme Urdan e

Rodrigues (1999), a estratégia analítica desta pesquisa foi calcada na técnica de modelagem

de equações lineares estruturais, ou simplesmente equações estruturais, a qual permite

também avaliar a procedência estatística, a magnitude e a direção dos diversos caminhos

causais que configuram o modelo ACSI. Além de oferecer excelente visão introdutória sobre

tal técnica, Schuler (1995) destaca que ela não é ainda muito utilizada no Brasil, tanto por

certa complexidade, como pela carência de literatura nacional que facilite ter acesso a ela.

Porém destaca que a técnica é uma contribuição importante para os pesquisadores de

marketing, por causa dos recursos de análise que proporciona quando comparada com os

métodos tradicionais. Conveniente, pois, expô-la em suas linhas mestras.

Hair et al. (1995) lembram que todas as técnicas multivariadas de primeira geração,

como a análise discriminante ou a análise fatorial, trazem a limitação comum de só poderem

examinar uma relação por vez, uma única relação entre variáveis dependentes e

independentes; entretanto, amiúde, o pesquisador enfrenta como problema um conjunto de

relações interligadas, em que entra como solução o método das equações estruturais; daí ser

ele qualificado como uma segunda geração de técnicas multivariadas. Trata-se de recurso

extremamente poderoso, pois enseja tratamento mais sistemático e holístico de problemas de

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71

pesquisa, como no teste de modelos abrangentes, um conjunto de princípios fundamentais ou

mesmo uma teoria inteira.

Joreskog e Sorbom (1989) esclarecem a essência desse método. Muitos métodos das

teorias e modelos nas ciências sociais e comportamentais, aí incluído o marketing, são

formulados com base em conceitos teóricos, construtos não diretamente mensuráveis ou

observáveis; porém é comum que uma quantidade de indicadores ou sintomas de tais

construtos possa ser utilizada, com maior ou menor adequação, para estudar as variáveis

teóricas. De modo amplo, há dois problemas de inferência científica nesse domínio. O

primeiro envolve a mensuração. O que as mensurações observadas realmente medem? De que

forma e quão bem alguém mede os tipos de coisas que precisam ser medidas? Como a

validade e a fidedignidade das medidas podem ser expressas?

O segundo problema refere-se às relações causais entre as variáveis e o relativo poder

explicativo de tais relações. Como alguém pode inferir complexas relações causais entre

variáveis que não são diretamente observáveis, mas refletidas em indicadores falíveis? Como

as forças de relações latentes podem ser avaliadas? Para resolver esses dois tipos de

problemas, o método de equações estruturais, na sua forma mais geral, desdobra-se em duas

partes: o modelo de mensuração e o modelo estrutural.

O modelo de mensuração especifica como as variáveis latentes ou construtos se

medem em função de variáveis observáveis, e descreve as propriedades de mensuração,

validade e fidedignidade das variáveis observadas. O modelo estrutural especifica as relações

causais entre as variáveis latentes e descreve os efeitos causais e a quantidade de variância

não explicada.

Como cada equação no modelo representa um vínculo causal, em vez de mera

associação empírica, os parâmetros estruturais não coincidem, em geral, com os coeficientes

de uma simples análise de regressão entre as variáveis observáreis. Em vez disso, os

parâmetros estruturais representam características relativamente separadas, invariantes e

autônomas do mecanismo que gera as variáveis observáveis. Para tanto, o método de

equações estruturais requer ferramentas estatísticas baseadas nas convencionais análises de

regressão e de variância e que as transcendam.

Na verdade, tem-se um método geral de equações estruturais, dentro do qual se

incluem diversos métodos particulares, com algumas variações de algoritmo. Além disso, há

vários softwares comerciais no mercado, que trazem um ou alguns métodos particulares, entre

os quais o pioneiro LISREL, já em sua oitava versão e o mais conhecido deles.

Page 74: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

72

Nesta pesquisa optou-se pelo software AMOS, recomendado por Arbuckle (1997), que

pode funcionar integrado ao software SPSS, desse aproveitando os arquivos de dados,

facilitando sobremaneira o trabalho de análise.

Dentre outras razões, duas em especial conduziram à escolha dos softwares AMOS e

do SPSS: o fato de Urdan e Rodrigues (1999), Filho, Guerra e Moura (2003), Leite (2004) e

Faria (2006) os terem adotado, todos com sucesso, e o fato da propriedade distintiva do

software AMOS de aceitar a falta de resposta para algumas variáveis nos registros dos

respondentes (missing data), o que desde o início se cogitava ocorrer no levantamento de

dados e num questionário que exige considerável esforço de avaliação por parte dos

respondentes.

Conforme Hair et al. citados por Filho, Guerra e Moura (2003, p.17), equações

estruturais têm sido utilizadas em quase todos os campos de estudo, incluindo-se marketing,

gestão, comportamento organizacional e até genética. A razão para esse fato está calcada em

dois elementos: (1) prover um método para lidar com múltiplos relacionamentos

simultaneamente, enquanto provê eficiência estatística; (2) sua habilidade em avaliar os

relacionamentos de forma abrangente e prover uma transição da análise exploratória para a

confirmatória. Dessa forma, a Modelagem de Equações Estruturais foi escolhida como a

técnica multivariada adequada para a verificação do modelo desta pesquisa. Além disso, neste

trabalho, todas as hipóteses foram submetidas a testes.

A SEM pode ser vista, segundo Klem (1995), como extensão da regressão múltipla, se

for considerado que, na aplicação da regressão, o pesquisador está interessado em prever uma

única variável dependente, enquanto na SEM há mais de uma variável dependente. A

preocupação nessa técnica é com a ordem das variáveis. Na regressão, X influencia Y; na

SEM, X influencia Y e Y influencia Z. Uma das características básicas da SEM é que se pode

testar uma teoria de ordem causal entre um conjunto de variáveis. No caso da satisfação do

consumidor, por exemplo, a teoria propõe que as expectativas do cliente influenciam o valor

percebido pelo cliente e que o valor percebido pelo cliente pode levar à satisfação. É possível

verificar tal relação causal com o uso da SEM. Segundo Farias e Santos (2000), essa técnica

oferece ao pesquisador a possibilidade de investigar como as variáveis antecedentes explicam

bem a variável principal (satisfação) e, também, qual das variáveis antecedentes é a mais

importante.

Klem (1995) e Maruyama (1998) afirmam que dois resultados principais podem ser

esperados de uma análise com a aplicação da SEM. Primeiro, uma estimativa da magnitude

dos efeitos estabelecida entre variáveis é oferecida. Essas estimativas estão condicionadas ao

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73

fato de o modelo especificado (diagrama) estar correto. Segundo, é possível testar se o

modelo é consistente com os dados observados. Se o modelo e os dados são consistentes,

pode-se dizer que esse é plausível, embora não se possa afirmar que esse é correto, aponta

Klem (1995).

Segundo Maruyama (1998), os métodos de SEM devem ter início em um modelo

conceitual que especifique as relações entre um conjunto de variáveis. A teoria oferece o

ponto central dessa técnica. Como foi citado, a SEM oferece estimativas da força de todas as

relações hipotetizadas em um esquema teórico. As informações disponibilizadas referem-se

tanto ao impacto de uma variável sobre a outra, como da relação de uma influência indireta,

de uma variável posicionada entre duas outras, denominada interveniente ou mediadora. No

caso desta pesquisa, o construto valor pode ser considerado uma variável interveniente ou

mediadora dos conjuntos qualidade/satisfação e expectativa/satisfação e o construto satisfação

é a variável interveniente para os conjuntos expectativa/lealdade, valor/lealdade e

qualidade/lealdade.

Em Hair Jr. et al. (1995) e Hair Jr. et al. (1998), os autores afirmam que a teoria

oferece a racionalização para quase todos os aspectos da SEM. Para esses autores, a SEM é

mais um método de análises confirmatórias, guiado mais pela teoria do que por resultados

empíricos.

A aplicação da técnica de modelagem de equações estruturais (SEM) para a avaliação

da satisfação do consumidor (aluno do curso de inglês, no caso dessa pesquisa) consiste em

um método mais robusto dentre outras formas de mensuração, em consonância com as

conclusões de Marchetti e Prado (2001). Em um estudo comparativo dos diversos modelos de

avaliação de satisfação, esses autores levantam as vantagens dos modelos apoiados em

equações estruturais. Essas estão associadas ao fato de que os indicadores podem ser

aplicados a diversos tipos de empresas em um setor, sendo mais parcimonioso e com

indicadores mais amplos. Ainda permite a sumarização em indicadores de satisfação

ponderados pela contribuição efetiva de cada indicador no modelo global, ou seja, a

ponderação é proveniente da estrutura das respostas obtidas nas entrevistas e não na forma

arbitrária. Outras vantagens seriam a identificação do desempenho global do modelo testado,

a confiabilidade de cada variável e o poder de explicação dos construtos independentes sobre

os dependentes, segundo os autores.

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74

4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

4.1 Primeira fase – pré-teste

Inicialmente foi realizada a fase de pré-teste, com o objetivo de identificar os

indicadores dos construtos propostos no modelo de Fornell e preparar a posterior elaboração

do instrumento de pesquisa. O questionário inicial foi elaborado com base na indicação de

autores como Hair et al. (1998) e Churchill (1979), bem como na orientação dada pelo

orientador desta pesquisa.

Os objetivos da aplicação dessa versão do questionário foram o refinamento da escala,

bem como a verificação da validade do instrumento para aplicação na amostra final, conforme

Churchill (1979). O autor comenta que, nessa fase, essa validação do instrumento de pesquisa

é realizada a fim de verificar inconsistências nas questões e o tempo de resposta antes da

aplicação final do questionário.

O intuito final dessa fase é comparar os indicadores originais e fazer as adaptações

necessárias. Assim, o instrumento de investigação resultante se adequou às especificidades do

setor de escolas de idiomas.

4.2 Segunda fase – abordagem descritiva quantitativa

A segunda fase da pesquisa foi fundamentada em uma pesquisa do tipo survey. Dessa

forma, a escola colaboradora na investigação prontificou-se a disponibilizar sala e estrutura

básica para acompanhamento da coleta de dados, alocando pessoal, selecionando

aleatoriamente os respondentes em conjunto com o pesquisador e garantindo todos os

recursos necessários para a realização dessa fase quantitativa. Para isso, duas atendentes do

setor administrativo ficaram responsáveis por fazer os contatos e solicitar aos alunos que

participassem da pesquisa, que foi feita pelo próprio pesquisador acompanhado eventualmente

pela proprietária da escola. Além disso, reforçaram o objetivo da pesquisa e asseguraram o

anonimato aos respondentes. Todo o procedimento foi acompanhado pela gerência da escola,

tanto no turno matutino quanto no vespertino. Todos os questionários foram respondidos em

Page 77: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

75

três semanas, e alcançou-se uma amostra de duzentos e sessenta casos válidos, portanto, além

dos duzentos que recomendam Hair et al. (2005). A fase de coleta de dados ocorreu de acordo

com a disponibilidade da escola colaboradora na pesquisa. Os dados relativos à pesquisa

receberam tratamento estatístico por meio de softwares aplicativos específicos, que foram

utilizados para o processamento e a análise dos dados coletados.

A pesquisa do tipo survey foi adotada na segunda fase por ser a forma mais adequada

para este tipo de estudo, pois se aplica à quantificação dos dados e permite generalizar os

resultados para o universo pesquisado, de acordo com Malhotra (1996). Essa fase é

caracterizada, conforme Malhotra (1996), por ser um método em que é entrevistado um

grande número de respondentes, utilizando-se de questionários pré-definidos e padronizados.

Este tipo de pesquisa mostrou-se adequada porque permitiu aplicar técnicas de validação da

amostra e de escalas e adaptou-as à modelagem de equações estruturais para cursos de inglês

em escolas de ensino de línguas estrangeiras.

Page 78: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

76

5 TRATAMENTO DOS DADOS

5.1 Análise descritiva dos dados coletados

No total, duzentos e oitenta e sete alunos atenderam ao convite para responderem ao

questionário proposto pelo pesquisador.

Desse montante, duzentos e sessenta questionários foram respondidos de forma correta

por respondentes que realmente se encaixavam no perfil estabelecido para a pesquisa e,

portanto, aproveitados.

Os vinte e sete questionários desconsiderados consistiam de respostas duplicadas,

incompletas, rasuradas ou de respondentes que não se encaixavam no perfil estabelecido para

o universo pesquisado, ou seja, tinham sua matrícula vencida ou não renovada naquela data.

5.2 Análise estatística dos dados coletados

O questionário aplicado para essa pesquisa contém diversas questões relativas à

percepção dos respondentes em relação a alguns aspectos dos seis construtos do modelo

ACSI.

As respostas a essas questões consistem, estatisticamente, em variáveis que, pelo

método da análise fatorial, de acordo com Malhotra (2001), servem de base para a extração de

fatores que, depois de tratados de maneira apropriada, são interpretados dando suporte às

conclusões e servindo como base para que seja respondido o problema da presente pesquisa.

O procedimento de preparação dos dados, a análise fatorial, o tratamento estatístico

dos dados, a submissão do modelo à análise computadorizada e as validações são detalhados a

seguir.

Page 79: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

77

5.2.1 Preparação dos dados

Os dados quantitativos relativos à pesquisa survey receberam tratamento estatístico,

através da submissão deles a uma AFE, com o uso dos softwares Excel e o Statistical Package

for Social Science (SPSS), versão 12.0, que foram utilizados para a análise dos dados, de

conformidade com Faria (2006).

Conforme Hair et al. (2005), o software SPSS 12.0 tem sido utilizado no meio

acadêmico-científico e empresarial como ferramenta para procedimento de análises

estatísticas, principalmente no caso de estatísticas multivariadas de marketing, como se

caracteriza o presente estudo.

5.2.1.1 Dados ausentes

De acordo com Malhotra (1996), deverão ser retirados da análise os casos em que a

proporção de dados ausentes ultrapasse 10% do número de variáveis, o que não ocorreu na

presente pesquisa, em que foi verificada a ausência de alguns poucos dados. O valor foi muito

pequeno para desautorizar o uso da imputação pela média, pois não chegou a 3% das

observações, situação parecida com a que ocorreu com Filho, Guerra e Moura (2003).

Embora reconheça as limitações dos métodos de imputação, Hair et al. (1998)

ressaltam que cabe ao pesquisador fazer uma análise e utilizar o método que julgar mais

adequado. Portanto, neste estudo, os dados ausentes foram substituídos pela média aritmética

dos valores das respostas válidas numa escala de um a dez. Esse procedimento foi adotado

apenas para aquelas variáveis que apresentaram tal situação, conforme recomendam Hair et

al. (2005).

5.2.1.2 Questões reversas

No início da análise na planilha Excel, foram percebidas pelo pesquisador a existência

de sete questões reversas, E3VAR, L5VAR, R1VAR, S3VAR, S5VAR, S7VAR e S10VAR.

Page 80: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

78

Para essas questões em que ficou claro que o respondente interpretou o questionamento de

forma inversa ao planejado pelo pesquisador, foi feita a inversão ainda no banco de dados do

Excel, conforme padrões estatísticos recomendados por Hair et al. (2005), para permitir a

análise de validade das escalas.

5.2.1.3 Outliers

Em uma primeira análise com o uso do software estatístico AMOS 5, verificou-se na

matriz de centróides (Mahalanobis distance) que os casos (questionários) de números 4, 7, 8,

21, 77, 86, 94, 110, 120, 122, 124, 133, 139, 140, 146, 161, 173, 178, 195, 211, 221 e 250

estavam com os valores de p1 inferiores a 0,001, conforme mostrado na Tabela 1:

Page 81: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

79

Caso número Mahalanobis d-squared p1139 144,847 08 139,744 04 127,321 0

122 121,582 0161 117,349 086 112,489 021 93,155 0173 93,155 0110 87,863 0211 87,863 094 87,554 0195 87,554 0178 87,05 0146 87,05 077 86,189 0124 84,807 0250 83,819 0221 83,408 0120 83,408 07 81,433 0

140 78,841 0133 78,797 0259 77,416 0,00150 76,311 0,001232 75,631 0,00132 75,631 0,00193 75,514 0,00158 73,842 0,0011 73,282 0,001

194 72,456 0,002185 69,589 0,004127 69,416 0,004253 69,416 0,004183 67,888 0,005151 67,888 0,005219 67,629 0,006118 67,629 0,006153 67,272 0,006159 65,473 0,009168 64,456 0,01116 64,456 0,011

Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

OutliersTABELA 1

Com base na análise inicial dos dados, foram identificados vinte e dois outliers

multivariados, que foram retirados da análise para não comprometerem os resultados, de

acordo com Hair et al. (2005). Portanto, a amostra final passou de duzentos e sessenta para

duzentos e trinta e oito casos válidos.

Page 82: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

80

5.2.2 Análise fatorial exploratória

A partir da recomendação de Hair et al. (2005), para o novo banco de dados

processou-se a análise fatorial exploratória (AFE) extraindo-se seis fatores com eingevalues

maiores que 1,00, os quais explicam 62,33% da variância total acumulada, conforme mostra a

Tabela 2:

ComponentTotal % of

VarianceCumulative

%Total % of

VarianceCumulative

%Total % of

VarianceCumulative

%1 29,268 26,175 26,175 29,268 26,175 26,175 15,638 13,985 13,9852 12,872 11,512 37,686 12,872 11,512 37,686 12,011 10,742 24,7273 9,429 8,433 46,119 9,429 8,433 46,119 13,325 11,917 36,6444 7,891 7,057 53,177 7,891 7,057 53,177 6,529 5,839 42,4835 5,778 5,168 58,344 5,778 5,168 58,344 12,350 11,044 53,5276 4,456 3,985 62,330 4,456 3,985 62,330 9,843 8,803 62,3307 3,863 3,455 65,7858 3,778 3,379 69,1639 3,029 2,709 71,87210 2,845 2,544 74,41611 2,611 2,335 76,75112 2,546 2,277 79,02813 2,279 2,038 81,06614 2,150 1,923 82,98915 2,026 1,812 84,80116 1,605 1,435 86,23617 1,482 1,326 87,56218 1,440 1,287 88,84919 1,236 1,105 89,95420 1,072 0,959 90,91321 1,055 0,943 91,85722 0,905 0,809 92,66623 0,836 0,747 93,41324 0,792 0,708 94,12125 0,751 0,672 94,79326 0,737 0,659 95,45227 0,629 0,563 96,01528 0,605 0,541 96,55629 0,542 0,484 97,04030 0,494 0,442 97,48231 0,446 0,399 97,88132 0,384 0,344 98,22533 0,335 0,300 98,52434 0,301 0,269 98,79335 0,294 0,263 99,05636 0,246 0,220 99,27637 0,240 0,215 99,49138 0,203 0,181 99,67239 0,164 0,147 99,81940 0,123 0,110 99,92941 0,080 0,071 100,000

Extraction Method: Principal Component Analysis.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Tabela 2: Variância total explicadaTABELA 2

Initial Eigenvalues(a) Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings

Page 83: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

81

Com base em Hair et al. (2005), foi constatado que o componente 1 (satisfação)

explica 26,175% da variância, e a diferença (73,825%) é explicada pela variância das demais

variáveis não agrupadas em fatores ou em fatores pouco relevantes, conforme demonstra a

Tabela 2. O componente 1 tem poder de explicação de 29,268 variáveis, seguido pelo

componente 2 (Qualidade), que explica 12,872 variáveis.

A Tabela 2 mostra também que 62,330% da variância são explicados pelos seis

componentes encontrados e os 37,670% restantes, pela variância das demais variáveis não

agrupadas em fatores ou em fatores pouco relevantes.

Os pré-requisitos para se realizar a AFE foram apurados, o que indicou a aplicação da

técnica, pois o teste de esfericidade de Bartlett encontrado foi de 5753,293, com nível de

significância de 0,000. O grau de liberdade df foi de 820 e a medida KMO foi de 0,845, maior

que o mínimo aceitável (0,70), indicando que a análise fatorial foi adequada para os dados

obtidos nesta pesquisa, de acordo com Hair et al. (2005).

Na Tabela 3 verificam-se as comunalidades para cada variável, as quais representam a

quantia de variância explicada pela solução fatorial para cada variável, conforme Hair et al.

(2005). Nesta tabela observa-se que todas as comunalidades podem ser consideradas como

tendo explicação suficiente, tanto pelo fato de todas as variáveis carregarem em algum fator,

quanto porque seus valores foram acima de 0,36. Segundo Hair et al. (2005), o pesquisador

pode definir um nível de explicação aceitável para a variância de cada variável, que, no caso

desta pesquisa, foi definido em 0,35.

Page 84: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

82

Variável Inicial FinalE1VAR 1 0,537E2VAR 1 0,48E4VAR 1 0,365E5VAR 1 0,522Q2VAR 1 0,414Q3VAR 1 0,415Q4VAR 1 0,403Q5VAR 1 0,551Q6VAR 1 0,669Q7VAR 1 0,667Q8VAR 1 0,439Q11VAR 1 0,406Q13VAR 1 0,64Q14VAR 1 0,535Q15VAR 1 0,412Q16VAR 1 0,331Q18VAR 1 0,411Q20VAR 1 0,625V2VAR 1 0,635V4VAR 1 0,615V5VAR 1 0,366L1VAR 1 0,423L2VAR 1 0,502L3VAR 1 0,673L4VAR 1 0,561R1VAR 1 0,735R2VAR 1 0,711R3VAR 1 0,422R4VAR 1 0,732R5VAR 1 0,731S1VAR 1 0,637S2VAR 1 0,595S4VAR 1 0,492S5VAR 1 0,547S6VAR 1 0,641S7VAR 1 0,667S8VAR 1 0,687S9VAR 1 0,762S10VAR 1 0,395S11VAR 1 0,454S12VAR 1 0,618

Extraction Method: Principal Component Analysis.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

ComunalidadesTABELA 3

Em seguida, apresenta-se a matriz rotacionada de cargas fatoriais (critério

VARIMAX). Conforme recomendação de Hair et al. (2005) e a exemplo de Faria (2006), no

presente estudo empregou-se a rotação ortogonal VARIMAX, com resultados verificados na

Tabela 4.

Page 85: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

83

VariávelSatisfação Qualidade Reclamação Lealdade Expectativa Valor

E1VAR 0,613 E2VAR 0,506 E4VAR 0,463 E5VAR 0,481 Q2VAR 0,552 Q3VAR 0,464 Q4VAR 0,551 Q5VAR 0,656 Q6VAR 0,526 Q7VAR 0,505 Q8VAR 0,429 Q11VAR 0,451 Q13VAR 0,687 Q14VAR 0,582 Q15VAR 0,501 Q16VAR 0,503 Q18VAR 0,525 Q20VAR 0,459 V2VAR 0,703V4VAR 0,715V5VAR 0,5L1VAR 0,605 L2VAR 0,612 L3VAR 0,542 L4VAR 0,603 R1VAR 0,569 R2VAR 0,717 R3VAR 0,678 R4VAR 0,704 R5VAR 0,694 S1VAR 0,749 S2VAR 0,682 S4VAR 0,734 S5VAR 0,565 S6VAR 0,712 S7VAR 0,73 S8VAR 0,763 S9VAR 0,823 S10VAR 0,692 S11VAR 0,609 S12VAR 0,769

Extraction Method: Principal Component Analysis.Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Componentes

Matriz rotacionada dos componentesTABELA 4

A rotação fatorial é definida por Hair et al. (2005) como sendo uma ferramenta

importante na interpretação de fatores. Nela os eixos de referência dos fatores são

Page 86: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

84

rotacionados em torno da origem até que alguma outra posição seja alcançada. O objetivo é

simplificar as linhas e colunas da matriz fatorial para facilitar a interpretação, além de

maximizar a carga de uma variável em um único fator ao simplificar as linhas e tornar o

número de cargas “elevadas” o menor possível ao simplificar as colunas.

No caso desta pesquisa que optou por aplicar a rotação ortogonal VARIMAX, Hair et

al. (2005) lembram que ela se concentra na simplificação das colunas da matriz fatorial.

Segundo Hair et al. (2005), um dos tratamentos simples para as variáveis de carga

fatorial menor que 0,4 é eliminá-las da análise, por considerá-las variáveis problemáticas.

Para este estudo, optou-se pela retirada dessas variáveis da análise devido à falta de conexão

com as outras dimensões, o que também foi verificado na AFE.

Em linha com o trabalho de Faria (2006), após a aplicação da AFE, partiu-se para a

submissão do modelo proposto à técnica da SEM, cujos resultados são apresentados a seguir.

A finalidade disso foi a verificação das hipóteses concernentes ao modelo proposto. Para

tanto, todas as hipóteses foram submetidas a testes.

5.2.2.1 Normalidade univariada

De acordo com Hair et al. (2005), testes estatísticos específicos estão disponíveis em

vários softwares como o SAS e o BMDP, porém o mais utilizado é o SPSS, que serviu de

base para esta análise.

Esses autores comentam que os testes estatísticos mais comuns são os dois aplicados

neste estudo, o teste de Shapiro-Wilks e uma modificação do teste Kolmogorov-Smirnov.

Cada um calcula o nível de significância para as diferenças em relação a uma distribuição

normal.

Submetendo-se as variáveis ao teste estatístico de Normalidade Univariada, conforme

recomendam Hair et al. (2005), verificou-se a não normalidade das mesmas, pois tanto as

significâncias de Kolmogorov-Smirnov quanto de Shapiro-Wilks foram iguais a 0,000, ou

seja, < 0,05 para todas as variáveis, conforme se verifica na Tabela 5.

Page 87: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

85

VariávelStatistic df Sig. Statistic df Sig.

E1VAR 0,21 238 0 0,84 238 0E2VAR 0,207 238 0 0,859 238 0E4VAR 0,414 238 0 0,512 238 0E5VAR 0,276 238 0 0,748 238 0Q2VAR 0,355 238 0 0,578 238 0Q3VAR 0,217 238 0 0,802 238 0Q4VAR 0,243 238 0 0,78 238 0Q5VAR 0,47 238 0 0,53 238 0Q6VAR 0,421 238 0 0,616 238 0Q7VAR 0,446 238 0 0,587 238 0Q8VAR 0,271 238 0 0,692 238 0Q11VAR 0,227 238 0 0,75 238 0Q13VAR 0,314 238 0 0,713 238 0Q14VAR 0,336 238 0 0,682 238 0Q15VAR 0,293 238 0 0,7 238 0Q16VAR 0,274 238 0 0,748 238 0Q18VAR 0,299 238 0 0,71 238 0Q20VAR 0,283 238 0 0,718 238 0V2VAR 0,163 238 0 0,901 238 0V4VAR 0,197 238 0 0,917 238 0V5VAR 0,178 238 0 0,914 238 0L1VAR 0,145 238 0 0,91 238 0L2VAR 0,232 238 0 0,796 238 0L3VAR 0,239 238 0 0,785 238 0L4VAR 0,26 238 0 0,752 238 0R1VAR 0,144 238 0 0,902 238 0R2VAR 0,186 238 0 0,882 238 0R3VAR 0,297 238 0 0,719 238 0R4VAR 0,221 238 0 0,815 238 0R5VAR 0,218 238 0 0,803 238 0S1VAR 0,225 238 0 0,791 238 0S2VAR 0,198 238 0 0,82 238 0S4VAR 0,327 238 0 0,681 238 0S5VAR 0,307 238 0 0,714 238 0S6VAR 0,241 238 0 0,782 238 0S7VAR 0,303 238 0 0,619 238 0S8VAR 0,262 238 0 0,721 238 0S9VAR 0,274 238 0 0,744 238 0S10VAR 0,345 238 0 0,53 238 0S11VAR 0,268 238 0 0,654 238 0S12VAR 0,281 238 0 0,678 238 0

A Lilliefors Significance Correction.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

TABELA 5

Kolmogorov-Smirnov(a) Shapiro-Wilk

Normalidade univariada

Page 88: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

86

5.2.2.2 Normalidade multivariada

Para que se assuma o pressuposto de normalidade multivariada, o índice de Mardia,

denominada PK, baseada em funções de assimetria e curtose deve ter valor menor que 3. Com

o teste de Normalidade Multivariada, de acordo com indicação de Hair et al. (2005),

verificou-se também como não normal.

Page 89: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

87

Variável min. max. skew c.r. kurtosis c.r.

S12VAR 1 10 -2,312 -14,563 6,616 20,833

S6VAR 3 10 -1,375 -8,661 1,244 3,918

S2VAR 3 10 -1,354 -8,527 1,916 6,032

R5VAR 2 10 -1,057 -6,66 0,227 0,716

R4VAR 2 10 -0,904 -5,696 -0,245 -0,771

R2VAR 1 10 -0,524 -3,303 -0,913 -2,876

L4VAR 1 10 -1,635 -10,3 2,066 6,505

L1VAR 1 10 -0,385 -2,425 -1,031 -3,245

Q6VAR 7 10 -1,779 -11,204 2,577 8,114

S11VAR 2 10 -2,668 -16,801 9,267 29,181

S10VAR 1 10 -2,774 -17,47 7,278 22,919

S9VAR 4 10 -1,632 -10,278 2,528 7,961

S8VAR 3 10 -2,012 -12,671 5,263 16,572

S7VAR 1 10 -2,662 -16,768 8,362 26,334

S5VAR 1 10 -1,411 -8,887 0,647 2,038

S4VAR 2 10 -2,199 -13,848 6,841 21,543

Q20VAR 4 10 -1,954 -12,304 4,94 15,555

S1VAR 3 10 -1,537 -9,679 2,895 9,116

L3VAR 2 10 -1,5 -9,449 1,921 6,05

L2VAR 3 10 -1,468 -9,243 2,581 8,128

Q18VAR 4 10 -1,824 -11,488 3,368 10,607

E5VAR 5 10 -1,62 -10,201 3,081 9,703

V5VAR 4 10 -0,476 -2,995 -0,729 -2,296

V4VAR 2 10 -0,6 -3,781 -0,184 -0,579

V2VAR 4 10 0,022 0,14 -1,349 -4,247

R3VAR 1 10 -1,575 -9,919 1,409 4,438

R1VAR 1 10 -0,294 -1,849 -1,031 -3,245

E4VAR 2 10 -3,877 -24,42 23,978 75,507

E2VAR 6 10 -0,535 -3,37 -0,227 -0,714

E1VAR 5 10 -0,853 -5,373 0,87 2,739

Q16VAR 3 10 -1,638 -10,318 2,815 8,863

Q14VAR 5 10 -1,864 -11,742 3,325 10,471

Q13VAR 4 10 -1,6 -10,078 1,912 6,02

Q11VAR 1 10 -2,109 -13,28 5,914 18,623

Q8VAR 2 10 -2,124 -13,377 4,9 15,431

Q7VAR 8 10 -1,615 -10,173 1,437 4,525

Q5VAR 7 10 -2,124 -13,375 4,086 12,867

Q4VAR 5 10 -1,442 -9,081 2,097 6,605

Q3VAR 3 10 -1,246 -7,848 0,847 2,669

Q2VAR 3 10 -2,846 -17,923 9,541 30,046Multivariate 366,123 48,721

Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Normalidade multivariadaTABELA 6

Page 90: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

88

No caso dessa pesquisa, o valor de 48,721, conforme mostra a Tabela 6, levaria à

aceitação da hipótese de que não foi atingida a normalidade multivariada, uma vez que o valor

normal, por esse critério prático, deveria ser no máximo 3, conforme recomendam Garson

(2001) e Hattie (1997).

Verificou-se, portanto, por meio dos testes apresentados, a violação da premissa de

normalidades uni e multivariadas. Moura (2004) e Faria (2006), em suas pesquisas

“Validação do Modelo de Satisfação ACSI Modificado: um exame empírico com Equações

Estruturais” e “Estratégias de marketing para fidelização de sócios de clubes sociais em Belo

Horizonte”, respectivamente, depararam com o mesmo problema, mas deram continuidade a

seu estudo.

Segundo Filho, Guerra e Moura (2003), a normalidade multivariada é uma premissa

freqüentemente violada. Conforme esses autores, Hair et al. (1998) recomendam o uso de

transformações nos dados a fim de alcançar a normalidade; sugerem transformar as variáveis

utilizando lnx, 1/x e raiz quadrada de x, porém alertam que a interpretação dos dados poderá

ser alterada, cabendo ao pesquisador ressaltar essas mudanças.

Por outro lado, Hair et al. (2005) afirmam que os testes de significância são menos

úteis em amostras pequenas (menos de trinta) e muito sensíveis em amostras grandes (que

excedam a mil observações). Assim, sendo o presente estudo composto de duzentas e trinta e

oito observações, e com base nesse argumento para este estudo, optou-se por aplicar as

técnicas de análise multivariada sem utilizar transformações, uma vez que essas alteram a

interpretação dos resultados. Também foram utilizados outros métodos de estimação para a

análise multivariada dos dados, tais como, a validade convergente e a validade discriminante.

Além disso, levou-se em consideração o argumento dos autores Hair et al. (1998) e Gujarati

(2000), em que, nesse tipo de trabalho, os efeitos negativos da não-normalidade tendem a ser

menos danosos em amostras maiores, como é o caso da amostra em estudo (duzentos e trinta e

oito casos válidos).

5.2.2.3 Linearidade

Segundo Hair et al. (2005), linearidade é uma suposição implícita em todas as técnicas

multivariadas baseadas em medidas correlacionais de associação, incluindo regressão

múltipla, regressão logística, análise fatorial e modelagem de equações estruturais (SEM).

Page 91: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

89

A maneira mais utilizada para calcular correlações ou covariâncias entre variáveis é a

correlação produto-momento de Pearson. Essa é a forma mais utilizada em análise

multivariada, mas deve-se considerar que todas as variáveis são medidas de forma métrica,

ressaltam Leite, Elias e Sundermann (2005).

Portanto, para o presente estudo, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson

para cada uma das dimensões extraídas (variáveis de cada construto), promovendo a

verificação de linearidade entre elas. Espera-se, no caso de linearidade, que as correlações

sejam significativas entre esses indicadores.

Conforme se verifica na Tabela 17 (vide APÊNDICE C), as variáveis do modelo

apresentaram correlações entre si, indicando haver uma relação linear positiva moderada entre

elas. Em outras palavras, foi comprovada a existência de relacionamento linear

estatisticamente significativo em nível de 1% entre a maioria das variáveis que compõem os

construtos em análise, resultado similar ao encontrado por Filho, Guerra e Moura (2003).

5.2.2.4 Homoscedasticidade

Hair et al. (2005) tratam homoscedasticidade como sendo uma suposição relacionada

primariamente a relações de dependência entre variáveis. Refere-se à suposição de que as

variáveis dependentes exibem níveis iguais de variância ao longo do domínio {conjunto de

variáveis que formam uma variável preditora (que vem antes) da(s) variável(is) preditora(s)}.

Para eles, a homoscedasticidade é desejável porque a variância da variável dependente,

sendo explicada na relação de dependência, não deveria concentrar-se apenas em um domínio

limitado dos valores independentes.

Para esse estudo, de conformidade com Faria (2006), os dados foram submetidos ao

teste de homoscedasticidade usando-se o software SPSS 12.0 e os mesmos mostraram-se, na

sua grande maioria, homoscedásticos.

Para ilustração do presente estudo, foram elaboradas as Figuras 4, 5 e 6. A primeira,

com apenas uma variável de cada construto; a segunda, com duas variáveis de cada construto;

e a terceira, com três variáveis da cada construto.

Page 92: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

90

Figura 4: Homoscedasticidade com uma variável de cada construto. Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006.

E1VAR Q2VAR V2VAR L1VAR R1VAR S1VAR

S1V

AR

R1V

AR

L1V

AR

V2V

AR

Q2V

AR

E1V

AR

Page 93: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

91

Figura 5: Homoscedasticidade com duas variáveis de cada construto. Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006.

E1VARE2VAR

Q2VARQ3VAR

V2VARV4VAR

L1VARL4VAR

R2VARR4VAR

S1VARS2VAR

S2V

...S

1V...

R4V

...R

2V...

L4V

...L1

V...

V4V

...V

2V...

Q3V

...Q

2V...

E2V

...E

1V...

Page 94: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

92

Figura 6: Homoscedasticidade com três variáveis de cada construto. Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006.

5.2.2.5 Validade de face

Antes da pesquisa de campo, o instrumento de pesquisa foi submetido a um pré-teste.

Nessa fase de validação do instrumento e teste do modelo, foi feito um levantamento com

trinta respondentes. Os questionários foram aplicados aos respondentes, ou seja, a um grupo

de alunos do curso de inglês da escola-alvo desta pesquisa. Na análise para validar esse

Page 95: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

93

trabalho, ficou clara a necessidade de que os questionários fossem revisados e adaptados

conforme a orientação deste estudo e de conformidade com o direcionamento do orientador da

pesquisa. Finalmente, foram eliminados os questionários que não foram validados por

apresentarem algum tipo de rasura ou mais de uma resposta por questão.

Como resultado dessa análise qualitativa, foi elaborado o instrumento final de

pesquisa, contendo cinqüenta e duas questões referentes ao modelo (vide APÊNDICE B).

Com base em Fornell (1992), foi adotada a escala elaborada para a mensuração dos construtos

do modelo original ACSI contendo dez pontos, diferentemente de Moura (2004), que adotou

apenas cinco pontos em sua escala, porém de forma idêntica a Urdan e Rodrigues (1999) e

Faria (2006). Já Filho, Guerra e Moura (2003) adotaram onze pontos para a escala.

Em relação à validação do instrumento de pesquisa, os resultados da AFE indicaram

uma reconfiguração do modelo hipotético proposto, por isso o questionário foi ajustado pelo

orientador deste trabalho, adequando-o assim às reais necessidades deste estudo.

Conforme propõe Hair et al. (2005), deve-se eliminar as variáveis que apresentem

cargas fatoriais negativas, pois elas não deverão se enquadrar em nenhum construto. Caso

alguma variável apresente carga fatorial menor que 0,4, ou seja percebida pelos respondentes

como um construto diferente do planejado, ela deve ser retirada da análise, de acordo com

esses autores.

Portanto, as variáveis S3VAR, Q9VAR e Q10VAR foram eliminadas, já que não se

enquadraram em nenhum construto, pois apresentaram cargas fatoriais negativas. As variáveis

E3VAR, Q1VAR, V1VAR, V3VAR e L5VAR foram retiradas da análise, por apresentarem

cargas fatoriais menores que 0,4. As variáveis Q12VAR, Q17VAR, Q19VAR e Q21VAR

foram retiradas da análise, porque foram percebidas como reclamação pelos respondentes e

não como qualidade, conforme planejado.

Hair et al. (2005) afirmam também que as variáveis que apresentarem maior carga

fatorial em outro construto sejam deslocadas para ele para execução da análise dos dados.

Nessa condição, as variáveis R1VAR e R3VAR foram deslocadas do construto “reclamação”

para o construto “expectativa”; a variável E5VAR foi deslocada do construto “expectativa”

para o construto “satisfação”; as variáveis Q18VAR e Q20VAR foram deslocadas do

construto “qualidade” para o construto “satisfação”; as variáveis L2VAR e L3VAR foram

deslocadas do construto “lealdade” para o construto “satisfação”; a variável Q6VAR foi

deslocada do construto “qualidade” para o construto “lealdade”, porque na AFE ficou

evidente que os respondentes perceberam essas variáveis mais bem enquadradas no construto

para o qual foram deslocadas.

Page 96: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

94

Nos construtos “qualidade”, “reclamação” e “valor”, a maioria das variáveis se

enquadrou ao propósito e não houve nenhuma variável deslocada para esses construtos.

5.2.2.6 Validade convergente

Hair et al. (2005) afirmam que validade convergente é a medida de validade de

construto que mede a extensão em que a escala se relaciona com outras medidas do mesmo

construto. Ou ainda, avalia o grau em que duas medidas do mesmo conceito são

correlacionadas. O pesquisador procura por medidas alternativas do conceito e então as

correlaciona com a escala somativa. Os autores Hair et al. (2005) estão em linha com o

pensamento de Malhotra (2001), que aponta validade convergente como sendo até que ponto

a escala se correlaciona positivamente com outras medidas do mesmo construto.

A verificação da validade convergente foi realizada pelo exame da significância

estatística dos parâmetros estimados pela Análise Fatorial Confirmatória (AFC) em nível de

1%, observando suas respectivas correlações de Pearson. Ou seja, para verificar a validade

convergente dos construtos, cada um deles foi submetido a uma AFC, buscando-se observar a

significância da carga de cada item nos respectivos construtos. Tal procedimento é indicado,

tanto por Bagozzi, Yi e Lynn (1984), quanto por Im, Grover e Sharma (1998).

Para cada construto verificou-se a validade convergente. Nas Tabelas 7 a 12 verificam-

se as correlações de cada construto do modelo com as variáveis que os compõem.

Segundo o exame da significância estatística preconizado por Hair et al. (2005),

considera-se a validade convergente aceitável quando cada uma das cargas fatoriais

(parâmetros estimados) relativas aos indicadores dos construtos é estatisticamente

significativa, ou seja, o valor da correlação de Pearson apresenta valores maiores do que a

maioria. De acordo com os autores isso quer dizer que os indicadores convergem para seu

respectivo construto com carga fatorial estatisticamente significante.

Page 97: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

95

SATISFAÇÃO Q5VAR Q18VAR Q20VAR L2VAR L3VAR S1VAR S2VAR S4VAR S5VAR S6VAR S7VAR S8VAR S9VAR S10VAR S11VAR S12VARSATISFAÇÃO Pearson Correlation 1 ,384(**) ,577(**) ,587(**) ,582(**) ,634(**) ,758(**) ,723(**) ,695(**) ,616(**) ,736(**) ,705(**) ,785(**) ,814(**) ,580(**) ,611(**) ,748(**)Q5VAR Pearson Correlation ,384(**) 1 ,330(**) ,229(**) ,169(**) ,281(**) ,309(**) ,239(**) ,223(**) 0,109 ,304(**) ,198(**) ,405(**) ,335(**) ,287(**) ,229(**) ,311(**)Q18VAR Pearson Correlation ,577(**) ,330(**) 1 ,395(**) ,411(**) ,412(**) ,351(**) ,414(**) ,483(**) ,335(**) ,331(**) ,315(**) ,376(**) ,351(**) ,247(**) ,223(**) ,342(** )Q20VAR Pearson Correlation ,587(**) ,229(**) ,395(**) 1 ,527(**) ,460(**) ,532(**) ,470(**) ,346(**) ,197(**) ,330(**) ,213(**) ,494(**) ,393(**) ,198(**) ,295(**) ,359(** )L2VAR Pearson Correlation ,582(**) ,169(**) ,411(**) ,527(**) 1 ,606(**) ,388(**) ,318(**) ,396(**) ,236(**) ,336(**) ,266(**) ,417(**) ,352(**) ,211(**) ,241(**) ,338(**)L3VAR Pearson Correlation ,634(**) ,281(**) ,412(**) ,460(**) ,606(**) 1 ,462(**) ,335(**) ,377(**) ,154(*) ,416(**) ,345(**) ,359(**) ,506(**) ,289(**) ,238(**) ,428(**)S1VAR Pearson Correlation ,758(**) ,309(**) ,351(**) ,532(**) ,388(**) ,462(**) 1 ,728(**) ,548(**) ,308(**) ,607(**) ,438(**) ,631(**) ,592(**) ,310(**) ,410(**) ,512(**)S2VAR Pearson Correlation ,723(**) ,239(**) ,414(**) ,470(**) ,318(**) ,335(**) ,728(**) 1 ,550(**) ,425(**) ,504(**) ,344(**) ,554(**) ,535(**) ,299(**) ,437(**) ,492(**)S4VAR Pearson Correlation ,695(**) ,223(**) ,483(**) ,346(**) ,396(**) ,377(**) ,548(**) ,550(**) 1 ,310(**) ,507(**) ,341(**) ,495(**) ,480(**) ,505(**) ,389(**) ,459(**)S5VAR Pearson Correlation ,616(**) 0,109 ,335(**) ,197(**) ,236(**) ,154(*) ,308(**) ,425(**) ,310(**) 1 ,376(**) ,578(**) ,468(**) ,458(**) ,334(**) ,340(**) ,388(**)S6VAR Pearson Correlation ,736(**) ,304(**) ,331(**) ,330(**) ,336(**) ,416(**) ,607(**) ,504(**) ,507(**) ,376(* *) 1 ,578(**) ,546(**) ,669(**) ,289(**) ,456(**) ,641(**)S7VAR Pearson Correlation ,705(**) ,198(**) ,315(**) ,213(**) ,266(**) ,345(**) ,438(**) ,344(**) ,341(**) ,578(* *) ,578(**) 1 ,499(**) ,651(**) ,493(**) ,384(**) ,556(**)S8VAR Pearson Correlation ,785(**) ,405(**) ,376(**) ,494(**) ,417(**) ,359(**) ,631(**) ,554(**) ,495(**) ,468(* *) ,546(**) ,499(**) 1 ,749(**) ,390(**) ,525(**) ,671(**)S9VAR Pearson Correlation ,814(**) ,335(**) ,351(**) ,393(**) ,352(**) ,506(**) ,592(**) ,535(**) ,480(**) ,458(* *) ,669(**) ,651(**) ,749(**) 1 ,422(**) ,540(**) ,704(**)S10VAR Pearson Correlation ,580(**) ,287(**) ,247(**) ,198(**) ,211(**) ,289(**) ,310(**) ,299(**) ,505(**) ,334(**) ,289(**) ,493(**) ,390(**) ,422(**) 1 ,332(**) ,354(** )S11VAR Pearson Correlation ,611(**) ,229(**) ,223(**) ,295(**) ,241(**) ,238(**) ,410(**) ,437(**) ,389(**) ,340(**) ,456(**) ,384(**) ,525(**) ,540(**) ,332(**) 1 ,513(** )S12VAR Pearson Correlation ,748(**) ,311(**) ,342(**) ,359(**) ,338(**) ,428(**) ,512(**) ,492(**) ,459(**) ,388(**) ,641(**) ,556(**) ,671(**) ,704(**) ,354(**) ,513(**) 1** Correlações com significância ao nível de 1%.* Correlações com significância ao nível de 5%. Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Correlações entre o construto Satisfação e suas variáveisTABELA 7

QUALIDADE Q2VAR Q3VAR Q4VAR Q5VAR Q7VAR Q8VAR Q11VAR Q13VAR Q14VAR Q15VAR Q16VARQUALIDADE Pearson Correlation 1 ,508(**) ,654(**) ,546(**) ,526(**) ,573(**) ,660(**) ,594(**) ,737(**) ,690(**) ,664(**) ,574(**)Q2VAR Pearson Correlation ,508(**) 1 ,222(**) 0,116 ,281(**) ,285(**) ,288(**) ,312(**) ,348(**) ,132(*) ,253(**) ,265(**)Q3VAR Pearson Correlation ,654(**) ,222(**) 1 ,359(**) ,262(**) ,311(**) ,277(**) ,192(**) ,473(**) ,363(**) ,451(**) ,320(**)Q4VAR Pearson Correlation ,546(**) 0,116 ,359(**) 1 ,394(**) ,458(**) ,377(**) 0,126 ,262(**) ,400(**) ,216(**) ,271(**)Q5VAR Pearson Correlation ,526(**) ,281(**) ,262(**) ,394(**) 1 ,402(**) ,291(**) ,199(**) ,406(**) ,395(**) ,155(*) ,347(**)Q7VAR Pearson Correlation ,573(**) ,285(**) ,311(**) ,458(**) ,402(**) 1 ,371(**) ,218(**) ,320(**) ,549(**) ,291(**) ,185(**)Q8VAR Pearson Correlation ,660(**) ,288(**) ,277(**) ,377(**) ,291(**) ,371(**) 1 ,386(**) ,389(**) ,410(**) ,332(**) ,193(**)Q11VAR Pearson Correlation ,594(**) ,312(**) ,192(**) 0,126 ,199(**) ,218(**) ,386(**) 1 ,322(**) ,396(**) ,292(**) ,306(**)Q13VAR Pearson Correlation ,737(**) ,348(**) ,473(**) ,262(**) ,406(**) ,320(**) ,389(**) ,322(**) 1 ,526(**) ,503(**) ,379(**)Q14VAR Pearson Correlation ,690(**) ,132(*) ,363(**) ,400(**) ,395(**) ,549(**) ,410(**) ,396(**) ,526(**) 1 ,400(**) ,280(**)Q15VAR Pearson Correlation ,664(**) ,253(**) ,451(**) ,216(**) ,155(*) ,291(**) ,332(**) ,292(**) ,503(**) ,400(**) 1 ,320(**)Q16VAR Pearson Correlation ,574(**) ,265(**) ,320(**) ,271(**) ,347(**) ,185(**) ,193(**) ,306(**) ,379(**) ,280(**) ,320(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.* Correlações com significância ao nível de 5%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Correlações entre o construto Qualidade e suas variáveisTABELA 8

Page 98: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

96

RECLAMAÇÃO R2VAR R4VAR R5VARRECLAMAÇÃO Pearson Correlation 1 ,749(**) ,865(**) ,868(**)R2VAR Pearson Correlation ,749(**) 1 ,350(**) ,359(**)R4VAR Pearson Correlation ,865(**) ,350(**) 1 ,897(**)R5VAR Pearson Correlation ,868(**) ,359(**) ,897(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Correlações entre o construto Reclamação e suas variáveisTABELA 9

LEALDADE Q6VAR L1VAR L4VARLEALDADE Pearson Correlation 1 ,483(**) ,866(**) ,820(**)Q6VAR Pearson Correlation ,483(**) 1 ,192(**) ,449(**)L1VAR Pearson Correlation ,866(**) ,192(**) 1 ,449(**)L4VAR Pearson Correlation ,820(**) ,449(**) ,449(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

TABELA 10Correlações entre o construto Lealdade e suas variáveis

EXPECTATIVA E1VAR E2VAR E4VAR R1VAR R2VAREXPECTATIVA Pearson Correlation 1 ,529(**) ,510(**) ,431(**) ,697(**) ,390(**)E1VAR Pearson Correlation ,529(**) 1 ,493(**) ,480(**) 0,059 0,119E2VAR Pearson Correlation ,510(**) ,493(**) 1 ,380(**) 0,103 0,113E4VAR Pearson Correlation ,431(**) ,480(**) ,380(**) 1 0,01 -0,046R1VAR Pearson Correlation ,697(**) 0,059 0,103 0,01 1 ,569(**)R2VAR Pearson Correlation ,390(**) 0,119 0,113 -0,046 ,569(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Correlações entre o construto Expectativa e suas variáveisTABELA 11

VALOR V2VAR V4VAR V5VARVALOR Pearson Correlation 1 ,820(**) ,802(**) ,618(**)V2VAR Pearson Correlation ,820(**) 1 ,593(**) ,217(**)V4VAR Pearson Correlation ,802(**) ,593(**) 1 ,197(**)V5VAR Pearson Correlation ,618(**) ,217(**) ,197(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Correlações entre o construto Valor e suas variáveisTABELA 12

Page 99: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

97

Sendo assim, seis modelos de análise fatorial foram realizados, um por construto. De

acordo com Hair et al. (2005), verifica-se nas Tabelas 7 a 12 que os dados possuem validade

convergente, pois mostram que a carga dos indicadores nos construtos é significativa

estatisticamente, ou seja, há existência de correlações, em sua maioria, altas entre cada

construto e suas variáveis, principalmente ao nível de 1% de significância.

5.2.2.7 Validade discriminante

A validade discriminante refere-se ao grau em que uma medida não se correlaciona

com outros construtos, dos quais se supõe que se diferencia, de acordo com Malhotra (2001).

Hair et al. (2005) concordam com essa idéia, pois afirmam que a validade discriminante

avalia até que ponto uma medida não se relaciona com outros construtos, dos quais se supõe

que ela se difere. É o grau em que dois conceitos similares são distintos. A escala somativa é

correlacionada com uma medida similar mas conceitualmente diferente, devendo essa

correlação ser baixa. Essa correlação será considerada baixa quando o valor apresentado for

menor do que a maioria.

Dessa forma, a validade discriminante dos construtos do modelo proposto,

identificados durante o processamento dos dados pelo software AMOS 5: “reclamação” com

“valor”, “reclamação” com “lealdade” e “expectativa” com “reclamação”, foi avaliada par a

par com o objetivo de apurar se as variáveis latentes eram não correlacionadas e, portanto,

discriminantes. É o que se verifica na Tabela 13, em que são mostradas as correlações de

Pearson entre os pares de construtos supostamente discriminantes. Esse procedimento pode

ser feito por meio da verificação da correlação de Pearson, conforme Hair et al. (2005),

método esse igualmente adotado por Faria (2006).

Page 100: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

98

RECLAMAÇÃO VALORRECLAMAÇÃO Pearson Correlation 1 -0,083VALOR Pearson Correlation -0,083 1 RECLAMAÇÃO LEALDADERECLAMAÇÃO Pearson Correlation 1 ,253(**)LEALDADE Pearson Correlation ,253(**) 1 EXPECTATIVA RECLAMAÇÃOEXPECTATIVA Pearson Correlation 1 ,358(**)RECLAMAÇÃO Pearson Correlation ,358(**) 1

** Correlações com significância ao nível de 1%.Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Validade discriminanteTABELA 13

Para os dados em questão, de acordo com Hair et al. (2005), verificou-se que os

mesmos possuem validade discriminante, porque as correlações encontradas são

relativamente baixas ou negativas. Em outras palavras, isso indica que os construtos são não-

correlacionados, o que atesta a validade discriminante dos mesmos.

5.2.2.8 Confiabilidade

A escala com o formato indicado pela AFE foi submetida ao teste de confiabilidade do

instrumento de pesquisa feita com o uso do coeficiente Alpha de Cronbach, que, segundo

Hair et al. (2005), é a medida mais amplamente usada, com limite inferior aceito de 0,6 para

estudos deste tipo. Procedimento também adotado por Moura e Gonçalves (2005).

Na Tabela 14, verificam-se os coeficientes Alpha de Cronbach calculados para o

conjunto de dados e para cada construto; para todos, o valor mínimo de 0,6 foi atingido, com

exceção para as escalas dos construtos “lealdade” e “expectativa”, apesar de não serem muito

próximos de 0,6, puderam ser aceitos por aproximação.

Conforme Hair et al. (2005), os outros quatro construtos, “satisfação”, “qualidade”,

“reclamação” e “valor’, atestam a confiabilidade dos dados, pois apresentaram escalas acima

de 0,6, destacando-se que a maioria apresentou valores acima de 0,7.

Page 101: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

99

Construto Alfa de CronbachBanco de Dados 0,906Satisfação 0,910Qualidade 0,819Reclamação 0,739Lealdade 0,547Expectativa 0,451Valor 0,607Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Confiabilidade dos dadosTABELA 14

5.2.3 O modelo

Depois de verificada a validade e a confiabilidade dos dados, preparou-se o modelo

adotado, para ser submetido às análises com uso do sofware AMOS 5. Os resultados são

mostrados na Figura 7.

Page 102: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

100

e4

e11

Q4

Q11

e6

e3

e2

e1

Q3

Q2

Q1

Expectativa

Valor

Qualidade

Reclamação

Lealdade

Satisfação

Q6 Q7Q5 Q9Q8 Q10

E1 E2 L3

e7e5

e12

e45e10e9e8

E5E4E3 L2L1

R3R2R1

S1

S2

S3 S4

S15

S5

S6

S7

S16

S8

S9

S11

S10

S12 S13

S14

V1 V2 V3

e13

e14

e15

e16 e17

e18

e21

e27

e22

e20

e19

e28

e29

e30

e31 e32 e26e25e24

e23

e33

e34

e35

e36 e37 e38 e39 e40

e42 e43

e44

e41

0,584

0,582

0,522

0,639

0,113

0,688

0,163

0,0330,1410,342 0,658

0,665

0,447 0,487

0,7620,669

0,4740,6020,625

0,560

0,591

0,561

0,696

0,797

0,694

0,692

0,5560,738

0,7750,834

0,674

0,650

0,652

0,545

0,734

0,624

0,632

0,1620,612

0,6600,750

0,968

0,379

0,4900,458

0,9320,949

0,333- 0,310

- 0,170

Figura 7 - Modelo modificado ACSI do curso de inglês de uma escola de idiomas. (com resultados padronizados) Fontes: Fornell et al. (1996, p.8) e banco de dados da pesquisa - agosto 2006.

Page 103: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

101

Em relação ao poder de explicação dos construtos da cadeia nomológica de relações,

percebeu-se que:

a) a variância de “lealdade” é explicada em 68,8% pela variável “satisfação” e em

3,3% pela “reclamação”;

b) a variância de “satisfação” é explicada em 16,3% pela variável “reclamação”, em

14,1% pela “qualidade”, em 11,3% pelo “valor” e em 58,4% pela “expectativa”;

c) a variância de “valor” é explicada em 58,2% pela variável “qualidade” e em 52,2%

pela “expectativa”;

d) a variância de “qualidade” é explicada em 63,9% pela “expectativa”.

De acordo com os resultados apresentados para o modelo proposto, a maior parte das

relações entre os construtos mostrou-se estatisticamente significativa, pois os impactos dessas

relações apresentaram valores acima de 50%. Entretanto as outras relações entre os construtos

se apresentaram pouco significativas, variando entre 3% e 16%. Os resultados são um pouco

diferentes do que apresentaram Moura e Gonçalves (2005), em que todas as relações entre os

construtos se mostraram estatisticamente significativas, e de Faria (2006), em que apenas uma

relação se apresentou pouco significativa.

O construto “lealdade” teve 68,8% da variância explicada pelo construto “satisfação” e

3,3% da variância explicada pelo construto “reclamação”, ou seja, o impacto do construto

“satisfação” foi o mais significativo.

O construto “reclamação” apresentou 16,3% de poder de explicação para o construto

“satisfação” e 3,3% de poder de explicação para o construto “lealdade”, ou seja, os impactos

desse construto foram pouco significativos, tanto em “satisfação” quanto em “lealdade”, que

foi o menor deles.

O construto “satisfação” teve 14,1% da variância explicada pelo construto

“qualidade”, 11,3% da variância explicada pelo construto “valor” e 58,4% da variância

explicada pelo construto “expectativa”, ou seja, os impactos dos construtos “qualidade” e

“valor” em “satisfação” foram pouco significativos, e o construto “valor” foi o antecedente de

menor impacto. Enquanto isso o construto “expectativa”, além de ter sido significativo, foi o

antecedente que promoveu o maior impacto em “satisfação”.

O construto “valor” teve 58,2% da variância explicada pelo construto “qualidade” e

52,2% da variância explicada pelo construto “expectativa”, que por sua vez foi o antecedente

que teve o menor poder de explicação para o construto “satisfação” (11,3%). Isso significa

Page 104: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

102

que, apesar de receber impactos relevantes de seus antecedentes “qualidade” e “expectativa”,

ele, não apresentou impacto significativo em “satisfação”.

O construto “qualidade” teve 63,9% da variância explicada pelo construto

“expectativa”, que foi o maior impacto que esse construto promoveu. Além disso, apresentou

impacto pouco significativo em “satisfação” e foi o antecedente que apresentou o maior

impacto em “valor”.

O construto “expectativa” teve o maior poder de explicação para o construto

“qualidade” (63,9%), seguido de “satisfação” (58,4%) e de “valor” (52,2%). Verificou-se

ainda que ele apresentou um impacto significativo em “satisfação” (58,4%), que, por sua vez,

apresentou o maior impacto de todos em “lealdade” (68,8%).

Dessa forma, pode-se interpretar que o vínculo entre o par de construtos “satisfação” e

“lealdade” mostrou-se o mais forte dessa análise, com um percentual de 68,8%. Isso

demonstra que o relacionamento entre os construtos é direto e positivo, ou seja, quanto maior

a satisfação geral do aluno, maior é sua lealdade à escola.

O vínculo entre os pares de construtos “reclamação”/“satisfação” e

“reclamação”/“lealdade” mostrou-se fraco, com um percentual de 16,3% e de 3,3%,

respectivamente. Isso pode significar que, o relacionamento entre os construtos, apesar de

direto e positivo, é pouco expressivo, isto é, as reclamações têm sido atendidas o que pode

estar gerando uma certa satisfação no aluno reclamante e provavelmente mantendo, mesmo

que de forma discreta, sua propensão à lealdade, situação essa, que pode ter certa influência

pelo fato do aluno desempenhar o papel de cliente usuário, conforme já citado na página 25

desta pesquisa.

O percentual de variância entre os construtos “qualidade” e “satisfação” apresentou o

valor de 14,1%, indicando um relacionamento conseqüencial positivo porém bem baixo; isso

pode querer dizer que, por ser uma franquia, é obrigada a seguir padrões de qualidade pré-

estabelecidos e amplamente divulgados no mercado, mas o quesito qualidade não interfere

diretamente na satisfação do aluno de forma significativa.

O percentual foi menor para o relacionamento entre “valor” e “satisfação” (11,3%),

revelando uma relação positiva, mas de baixa intensidade, com o construto “valor”, o que

afeta a variável latente “satisfação” com uma intensidade menor, podendo significar que o

valor percebido pelo aluno não afeta diretamente sua satisfação geral.

O vínculo entre os construtos “expectativa” e “satisfação” apresentou o valor de

58,4%, indicando um relacionamento conseqüencial positivo e moderado. Mesmo assim foi o

Page 105: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

103

construto antecedente da satisfação de maior força. Isso pode significar que, mesmo não

sendo um vínculo forte, o atendimento satisfatório às expectativas do aluno serão bem mais

consideradas por ele na formação de sua satisfação geral do que os outros antecedentes,

“qualidade” e “valor” percebidos.

O construto “qualidade” apresentou um moderado vínculo com “valor” (58,2%), um

pouco acima do que “expectativa” (52,2%), isto é, o valor percebido poderá ser observado a

partir do atendimento satisfatório às expectativas do aluno, junto a uma boa qualidade

percebida por ele.

O percentual de variância entre os construtos “expectativa” e “qualidade” apresentou o

valor de 63,9%, indicando um relacionamento conseqüencial positivo de moderado a alto, isto

é, provavelmente, quanto mais as expectativas do aluno forem atendidas satisfatoriamente,

maior será sua percepção de qualidade.

Vale dizer que a propensão à lealdade do aluno sofre influência direta de sua

satisfação geral, que, por sua vez, é influenciada de forma decisiva pelo atendimento

satisfatório a suas expectativas, o que está em linha com os conceitos de marketing estudados

na preparação desta pesquisa.

Neste modelo adotado, os seis construtos, resultados da AFE, foram compostos

conforme mostra a Tabela 15.

Construto VariáveisSatisfação E5VAR, Q18VAR, Q20VAR, L2VAR, L3VAR, S1VAR, S2VAR, S4VAR,

S5VAR, S6VAR, S7VAR, S8VAR, S9VAR, S10VAR, S11VAR e S12VARQualidade Q2VAR, Q3VAR, Q4VAR,Q5VAR, Q7VAR, Q8VAR, Q11VAR,

Q13VAR, Q14VAR, Q15VAR e Q16VARReclamação R2VAR, R4VAR e R5VARLealdade Q6VAR, L1VAR e L4VARExpectativa E1VAR, E2VAR, E4VAR, R1VAR e R3VARValor V2VAR, V4VAR e V5VARFonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Composição dos construtos do modeloTABELA 15

Page 106: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

104

6 RESULTADOS DA PESQUISA

6.1 Resultados finais

Após o processamento dos dados com o uso do software AMOS 5, obteve-se:

a) Nível de probabilidade = 0,000;

b) Qui-quadrado CMIN= 2740;

c) Grau de liberdade df= 732;

d) Indicando CMIN/df = 3,74.

Conforme Hair et al. (2005), o nível de probabilidade ideal deverá ser o mais próximo

de zero e os níveis aceitáveis para o índice CMIN/df serão entre 2 e 5, já para Latif (2000) o

índice CMIN/df será aceitável se for inferior a 3. Nos dois casos os índices resultantes do

presente estudo, atenderam às recomendações de Hair et al. (2005), da mesma forma que a

pesquisa de Faria (2006). Apesar de o índice CMIN/df não atender à indicação de Latif

(2000), ele está muito próximo do valor recomendado (3,74), portanto permite sua aceitação

por proximidade.

O resultado da submissão do modelo desse estudo às análises com o software AMOS

5, demonstrado na Figura 7 e conjugado à observação das Tabelas 15 e 18, permite verificar

que:

a) variável que melhor explicou o construto “satisfação” foi S6VAR (83,4%), seguida

de S12VAR (79,7%) e de S7VAR (77,5%);

b) a variável que melhor explicou o construto “qualidade” foi Q9VAR (76,2%),

seguida de Q8VAR (66,9%) e de Q5VAR (62,5%);

c) a variável que melhor explicou o construto “reclamação” foi R2VAR (94,9%),

seguida de R3VAR (93,2%) e de R1VAR (37,9%);

d) a variável que melhor explicou o construto “lealdade” foi L3VAR (96,8%), seguida

de L2VAR (49,0%);

e) a variável que melhor explicou o construto “expectativa” foi E1VAR (75,0%),

seguida de E2VAR (66,0%) e de E3VAR (61,2%);

f) a variável que melhor explicou o construto “valor” foi V3VAR (33,3%).

Page 107: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

105

6.2 Resultados de medidas de ajuste

Como a amostra total de duzentos e sessenta casos é considerada grande e, segundo

Hair et al. (1998), o teste de qui-quadrado é mais sensível e menos confiável para amostras

maiores que duzentos casos, os autores recomendam que o pesquisador complemente sua

análise com outras medidas de ajuste para a verificação da validade do modelo. Dessa forma,

no trabalho em questão, outras medidas de ajustamento foram verificadas.

A seguir apresenta-se a Tabela 16 com os demais resultados de medidas de ajuste.

Medidas de ajuste Valor encontrado Valor GFI - Índice de qualidade de ajuste 0,641 > ou = 0,8AGFI - Índice de qualidade de ajuste calibrado 0,598 > ou = 0,8NFI - Índice de ajuste normado 0,541 > ou = 0,9RFI - Índice de ajuste relativo 0,511 > ou = 0,9CFI - Índice de ajuste comparativo 0,613 > ou = 0,8TLI - Índice de Tucker-Lewis 0,588 > ou = 0,9RMSEA - Raiz do erro quadrático médio de aproximação

0,108 < ou = 0,08

Fonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Resultados de medidas de ajusteTABELA 16

Hair et al. (2005) mostram que os principais indicadores de ajuste – GFI, AGFI e CFI

– possuem bom desempenho, com valores iguais ou acima de 0,8. Já os indicadores de ajuste

NFI, RFI e TLI possuirão bom desempenho, com valores iguais ou acima de 0,9. O RMSEA

possui bom desempenho, com valor igual ou abaixo de 0,08.

O GFI de 0,641, o AGFI de 0,598 e o CFI de 0,613 estão menores, porém muito

próximos do nível recomendado de 0,8, permitindo assim sua aceitação por proximidade. O

NFI de 0,541, o RFI de 0,511 e o TLI de 0,588 são os mais críticos em relação ao nível

recomendado de 0,9. De acordo com Hair et al. (2005), devido a isso, verificou-se os índices

de modificação indicados pelo software AMOS 5, mas não foi notada nenhuma mudança

viável para melhorar o ajuste do modelo. O RMSEA de 0,108 está maior, porém muito

próximo do nível recomendado de 0,08, permitindo também sua aceitação por proximidade.

A verificação das medidas permite dizer que o ajuste absoluto não ocorreu ao

considerar que o modelo apresentou GFI = 0,641 e AGFI = 0,598, apesar dos valores terem

Page 108: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

106

ficado abaixo de 0,8 (vide TABELA 16). Apesar de o valor de RMSEA = 0,108 não favorecer

a aceitação do modelo porque é maior que 0,08, ele é bem próximo. As medidas de ajuste

incremental do modelo apresentaram valores abaixo do recomendável (NFI = 0,541, RFI =

0,511, CFI = 0,613 e TLI = 0,588). Isso pode significar a necessidade de melhorias no modelo

proposto. Portanto, com base nos índices de ajuste, o modelo proposto da pesquisa apresentou

um nível moderado de ajustamento global, resultado parecido com o de Moura (2004).

Conforme Huertas e Urdan (2000), mesmo esse resultado favorece a avaliação do ajustamento

dos aspectos de mensuração e permite prosseguir com o teste das hipóteses do modelo.

6.3 Teste das hipóteses da pesquisa

De acordo com Hair et al. (2005), os diversos modelos realizados permitem a

verificação das hipóteses do problema nos escopos estruturais dos construtos envolvidos em

cada um deles, bem como as limitações inerentes. Procedeu-se à elaboração do quadro

referencial (vide QUADRO 1), que permite a avaliação dos relacionamentos hipotéticos

propostos:

Page 109: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

107

Hipótese Relacionamento Resultado obtidoH1: Há um impacto positivo das expectativas do

cliente na qualidade percebida pelo cliente Positivo Confirmada ¹ H2: Há um impacto positivo da qualidade

percebida pelo cliente na satisfação geral do cliente Positivo Confirmada ³H3: Há um impacto positivo da qualidadepercebida pelo cliente no valor percebido pelocliente

Positivo Confirmada ¹ H4: Há um impacto positivo das expectativas do

cliente no valor percebido pelo cliente Positivo Confirmada ¹ H5: Há um impacto positivo do valor percebido

pelo cliente na satisfação geral do cliente Positivo Confirmada ³H6: Há um impacto positivo das expectativas do

cliente na satisfação geral do cliente Positivo Confirmada ¹H7: Há um impacto negativo das reclamações na

satisfação geral do cliente Negativo Rejeitada ³H8: Há um impacto positivo da satisfação geral na

propensão à lealdade do cliente Positivo Confirmada ¹H9: Há um impacto negativo das reclamações na

propensão à lealdade do cliente Negativo Rejeitada ³

Nota:¹ Estimativa é positiva e significante² Estimativa é negativa e significante³ Estimativa não é significanteFonte: banco de dados da pesquisa - agosto 2006

Quadro 1: Avaliação dos relacionamentos hipotéticos

a) H1 = hipótese confirmada pelo modelo com valor significativo de 63,9% e H4 =

hipótese confirmada pelo modelo com valor significativo de 52,2%. O resultado está em linha

com a teoria de marketing, que preconiza que as expectativas dos clientes devem ser

relacionadas positivamente com a qualidade percebida e conseqüentemente com o valor

percebido. Isso porque o conhecimento do cliente deve ser tal que as expectativas espelhem

precisamente a qualidade corrente, o que corrobora a afirmação de Howard (1977), entre suas

citações na página 33 desse estudo.

b) H2 = hipótese confirmada pelo modelo com valor pouco significativo de 14,1%. A

teoria declara esse aspecto com mais robustez. Filho, Guerra e Moura (2003) ressaltam que o

primeiro determinante da satisfação é a qualidade percebida ou performance, e acrescentam

que se espera que ela tenha um efeito positivo e direto na satisfação global. Isso confirma o

que esses autores afirmam em citação na página 32.

c) H3 = hipótese confirmada pelo modelo, com valor significativo de 58,2% e H5 =

hipótese confirmada pelo modelo com valor pouco significativo de 11,3%. Na teoria o

relacionamento entre qualidade e valor é previsto e o relacionamento entre valor e satisfação

Page 110: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

108

deveria ser mais proeminente. O segundo determinante da satisfação geral é o valor

percebido, ou nível percebido de qualidade do produto em relação ao preço pago, conforme

Filho, Guerra e Moura (2003). Para qualidade percebida, espera-se uma associação positiva

para com o valor percebido e com a satisfação geral, fato já citado na página 34 desse

trabalho.

d) H6 = hipótese confirmada pelo modelo com valor significativo de 58,4%. Em linha

com a teoria que afirma que o terceiro e último elemento determinante da satisfação geral são

as expectativas do cliente (mercado servido). O caráter preditivo das expectativas de qual

deve ser a qualidade futura sugere um efeito positivo sobre a satisfação global do cliente,

ressaltam Fornell et al. (1996) em citação na página 33.

e) H7 = hipótese não confirmada pelo modelo, com valor pouco significativo de

16,3%. O modelo apresentou um impacto positivo, apesar de pequeno, o que confirma as

teorias de marketing, pois o cliente que reclama e é bem atendido, normalmente se mantém

satisfeito. Na presente pesquisa o construto reclamação será considerado na perspectiva de

Lovelock e Wright (2002), que está em linha com o pensamento de Fornell (1992). De acordo

com esses autores, dependendo da forma como uma reclamação é tratada, esta poderá gerar

satisfação ou insatisfação, lealdade ou não, conforme citado na página 52 desta pesquisa.

f) H8 = hipótese confirmada pelo modelo com valor significativo de 68,8%. As

conseqüências do aumento da satisfação do cliente, que é aferida pelo ACSI, apontam para a

redução das reclamações e para o incremento da lealdade do cliente, de acordo com Fornell et

al. (1996). A teoria que comprova isso é citada na página 30

g) H9 = hipótese não confirmada pelo modelo, com valor pouco significativo de 3,3%.

O modelo apresentou um impacto positivo, apesar de pequeno, o que confirma as teorias de

marketing, pois o cliente que reclama é aquele que deverá manter-se leal. A teoria nos mostra

que o cliente que tem suas reclamações resolvidas de forma satisfatória provavelmente

permanecerá leal. Isso corrobora o que Lovelock e Wright (2002) afirmam sobre a

problemática das reclamações, conforme já citado na página 50.

Page 111: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

109

7 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA FUTUROS

TRABALHOS

7.1 Conclusões

O modelo de Fornell (ACSI) de satisfação de clientes foi testado num curso de inglês

numa escola de idiomas em Belo Horizonte. O tamanho da amostra, a abrangência da

pesquisa e os bons resultados obtidos na validação das escalas utilizadas para medir as

variáveis em análise permitiram o teste do modelo proposto através da aplicação da técnica

estatística multivariada denominada “análise de equações estruturais” (SEM) ou “análise de

caminhos”. Esse teste do modelo serviu para a avaliação das hipóteses elaboradas no trabalho

em relação a um esquema teórico da satisfação do consumidor.

Os resultados obtidos neste estudo apontam que os alunos do curso de inglês,

apresentam considerações sobre satisfação semelhantes às encontradas na literatura sobre

marketing pesquisada.

A mensuração da satisfação apurada neste estudo apresentou um poder significativo de

explicação da lealdade dos alunos do curso de inglês da escola de idiomas alvo dessa

pesquisa, que foi de 68,8%. Ao mesmo tempo, a reclamação apresentou impacto pequeno,

mas positivo na satisfação geral dos alunos, reforçando a satisfação, no sentido em que,

mesmo reclamando, o aluno se mantém satisfeito.

Aliado a isso, a indagação fundamental do problema apresentado para a pesquisa

também é respondida pelo significativo impacto do construto expectativa no construto

satisfação e esse, por sua vez, na lealdade, indicando um alto grau de satisfação dos clientes

do curso de inglês da escola de idiomas alvo dessa pesquisa.

O trabalho realizado permitiu verificar que é válida a aplicação do modelo de Fornell

(ACSI) em cursos de inglês de escolas de idiomas. Essa constatação foi indicada, tanto pelos

resultados satisfatórios obtidos, ou seja, nível moderado de ajuste com base na AFC (software

AMOS 5), quanto pelo fato de que sete das nove hipóteses testadas foram confirmadas pela

pesquisa e, em sua maioria, apresentaram valores significativos.

Quanto às hipóteses inicialmente apresentadas, todas elas foram apoiadas pelos testes,

com exceção para apenas duas, que previam impacto negativo da reclamação na satisfação do

Page 112: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

110

aluno e em sua propensão à lealdade. Essas hipóteses confirmaram que a qualidade percebida

pelo aluno, sua expectativa e o e valor percebido por ele são antecedentes à satisfação geral.

Já a lealdade e a reclamação são seus conseqüentes. Percebeu-se ainda que a reclamação é um

componente com influência pouco significativa na manutenção da satisfação do aluno e em

sua propensão à lealdade.

Apesar de o teste estatístico da SEM não ter alcançado alguns valores esperados, isso

não invalida a pesquisa, dadas algumas particularidades conhecidas do teste. Os objetivos

específicos também foram verificados de forma satisfatória, conforme relatado anteriormente

no item “Resultados Finais” apurados no modelo testado.

Foi constatado ainda que apenas duas hipóteses, a H7 e a H9, que estavam previstas

com valor negativo, não foram confirmadas pela pesquisa. A análise das hipóteses permitiu

dizer que os antecedentes da satisfação (qualidade percebida e valor percebido) afetam a

satisfação bem menos do que a expectativa. A relação conseqüencial de que a satisfação do

consumidor afeta sua lealdade foi também verificada, como se constatou no trabalho de

Moura e Gonçalves (2005), Marchetti e Prado (2001), Filho, Guerra e Moura (2003) e Huertas

e Urdan (2000).

Quanto aos objetivos específicos, verificou-se que a direção da escola está no caminho

certo quando investe em melhoria da qualidade de serviços e promoções, pois a percepção de

“qualidade” foi o construto que apareceu com maior impacto explicativo do construto “valor”,

explicando 58,2% da percepção de “valor” do aluno.

Foi detectada uma forte influência da expectativa na percepção de qualidade e na

satisfação geral dos alunos. A propensão à lealdade sofre um forte impacto da satisfação, que,

por sua vez, tem a expectativa como a dimensão que mais impacta a resposta de satisfação

geral dos estudantes. Apesar de a qualidade ter um impacto direto reduzido na satisfação dos

alunos do curso de inglês, ela apresenta um impacto significativo na percepção de valor deles,

que sofre uma forte influência tanto da expectativa do aluno quanto da qualidade percebida

por eles.

A partir de tais achados, conclui-se que os antecedentes da satisfação (expectativa,

qualidade e valor) e seus conseqüentes (lealdade e reclamação) foram mensurados de forma

adequada, com escalas válidas e confiáveis, e que a maioria das hipóteses foram confirmadas,

com valores significativos, conforme testes estatísticos realizados.

Uma análise inicial do modelo, sob a ótica dos antecedentes da satisfação, faz com que

se observe que “expectativa” é o construto que tem maior impacto sobre “satisfação” na

Page 113: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

111

amostra estudada, apresentando um impacto bem acima do dobro da soma dos impactos dos

construtos “qualidade percebida” e “valor percebido”. Tal constatação não vai ao encontro

dos resultados de Fornell et al. (1996), que comprovou empiricamente ser a satisfação mais

orientada à qualidade do que valor ou expectativas. Seguindo-se esse raciocínio, organizações

desse ramo de serviços devem investir seus esforços inicialmente em entender bem as

expectativas de seus alunos, para que possam proporcionar um maior grau de lealdade e

satisfação de seus egressos. Por outro lado, essa constatação reforça a teoria da

desconfirmação das expectativas e resultados de Oliver (1997), quando comparados com o

modelo de avaliação de satisfação global, como o mensurado nesta pesquisa. Conforme o

modelo de Oliver (1997), a satisfação decorre de avaliação das expectativas e do desempenho

percebido. Nesse sentido, observa-se que a satisfação global dos respondentes decorre do

atendimento satisfatório a suas expectativas. É importante notar que, no modelo de Oliver,

(1997) o processo de satisfação é cognitivo e não uma avaliação gerencial de impacto geral,

como propõem os modelos ACSI e Europeu de medição de satisfação.

No que se refere ao impacto da satisfação sobre a propensão à lealdade, o resultado

indica a importância do primeiro construto para a obtenção do segundo. Essa medição está em

sintonia com grande parte das pesquisas realizadas, tais como a de Gonçalves et al. (2002), de

Filho, Guerra e Moura (2003), de Moura (2004) e de Faria (2006), e demonstra que a

satisfação continua sendo uma estratégia adequada para obtenção da lealdade. Já Reichheld e

Sasser et al. (1990) argumentam que, na atualidade, em mercados muito competitivos, a alta

satisfação apresenta baixa relação com a lealdade, e os clientes mudam de fornecedor com

foco em preço, tecnologia, marca e outros elementos. Mas, de acordo com os resultados desta

pesquisa, a princípio, a propensão à lealdade é proveniente da satisfação e pode ser

considerada como fator extremamente importante para escolas de ensino de idiomas de

características similares.

Por outro lado, observa-se que a expectativa apresenta significativo impacto positivo

na qualidade. Com relação ao construto valor, o mesmo tem impacto relevante proveniente da

qualidade, da mesma forma que a satisfação recebe impacto significativo da expectativa,

como confirmam Churchill (1995) e Fornel et al. (1996). Segundo esses autores, esse impacto

deverá ser relevante, pois o valor pode ser considerado como uma relação entre valor

percebido (qualidade percebida) e custos.

A análise dos índices possibilita dizer que os resultados alcançados em relação à

escolas de idiomas apresentam índices de satisfação ainda aquém de seu potencial, havendo

Page 114: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

112

oportunidades de melhoria, no que diz respeito, por exemplo, à melhor percepção das

expectativas de seus alunos.

Como geralmente a lealdade é antecedida pela satisfação global do aluno, que por sua

vez tem por antecedentes o valor percebido, a qualidade percebida e as expectativas, a escola

de cursos de inglês que adotar melhoria nessa relação deve ser favorecida por efeitos

mercadológicos positivos, como menor elasticidade de preço, proteção de participação de

mercado, queda dos custos de atração de novos alunos e privilegiada reputação no mercado.

Dessa forma, a satisfação do cliente deve levar a um desempenho financeiro superior,

almejado por toda organização, conforme Anderson, Fornell e Lehmann (1994), Ittner e

Larcker (1996), e Fornell et al. (1996).

Para Sheth (1996) o ambiente de competição global, os processos de fusões,

aquisições e alianças, a redução de fornecedores, a maior seletividade dos clientes, a

administração do risco, as barreiras internacionais à entrada e à saída de produtos e serviços, a

capitalização e compras em mercados globais e a integração universal da empresa moldam um

cenário em que as atividades das companhias devem ser cada vez mais sensíveis ao mercado.

Todos os desempenhos empresariais precisam responder pronta e competentemente aos

requerimentos dos clientes. Até mesmo esse tipo de prestação de serviço (curso de inglês),

vem sendo cada vez mais acompanhado de serviços agregados, tentando diferenciar, no limite

do possível, o que oferecem, como é o caso do curso de inglês do Number One Gutierrez,

ressalta Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006). Portanto, a

resposta da empresa aos movimentos do mercado passa pela pesquisa de satisfação de

clientes, o atendimento satisfatório deles e seu constante monitoramento.

A percepção de valor percebido e a qualidade percebida apresentaram um

insignificante impacto na satisfação do aluno. Isso pode ser explicado pelo fato de que a

maioria deles tem o curso financiado pelos pais ou parentes próximos, conforme relato de

Márcio Mascarenhas, presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006).

No caso do curso de inglês da escola pesquisada, as Reclamações dos estudantes do

curso de inglês não apresentaram impacto negativo na satisfação geral e nem na propensão à

lealdade deles. Nos dois casos, por apresentar um impacto pequeno mas positivo, isso indica

que, mesmo reclamando, o aluno se mantém satisfeito e leal. Como pode significar também

que os alunos que reclamam têm sido atendidos de forma satisfatória, o que gera satisfação e

mantém a lealdade. Outra possibilidade é que os alunos que reclamam ficam “teoricamente

insatisfeitos”, pois, mesmo nessa situação, se ele souber que uma escola concorrente está

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113

anunciando uma promoção, ele não pode nem pensar em aproveitar a dita promoção, o que é

perfeitamente compreendido, pois desempenhando o papel de cliente usuário, conforme já

citado na página 25 dessa pesquisa, quem paga a mensalidade não são eles.

Um índice de satisfação fornece uma consistente avaliação do desempenho passado e

presente da empresa. Esse índice permite ainda avaliar um dos ativos mais importantes para

uma companhia: seus clientes. Assim, os resultados obtidos por este estudo sugerem

investimentos das escolas de idiomas na identificação prévia e no atendimento satisfatório das

expectativas de seus futuros alunos, para que o resultado provável seja um excelente grau de

satisfação geral dos estudantes e uma forte propensão à lealdade.

Observa-se também que as expectativas apresentam-se mais significativas na

avaliação da qualidade do que da satisfação, permitindo, portanto, supor que mesmo com

expectativas maiores ou menores, é possível gerar satisfação ou insatisfação no aluno,

lembrando que o processo de uso e consumo do serviço é longo (seis anos de curso em

média).

7.2 Limitações da pesquisa

Inicialmente deve-se considerar que a seleção da amostra de clientes foi feita em uma

escola específica de Belo Horizonte, situada num bairro de classe média alta e com um

número limitado de alunos, mesmo considerando-se os comentários de Márcio Mascarenhas,

presidente do Number One (NUMBER ONE, 2006), em que a franqueadora tem abrangência

nacional e é uma das principais organizações do mercado em que atua.

A generalização dos resultados deste estudo para todas as escolas de idiomas fica

comprometida, uma vez que o produto estudado, o curso de inglês, apresenta características

específicas. Sugere-se, portanto, a ampliação dessa pesquisa contemplando escolas que

apresentem outros tipos de cursos de idiomas. Uma outra limitação desse trabalho foi a coleta

de dados ter sido feita em corte transversal, isto é, em apenas um dado momento,

apresentando, portanto, as limitações inerentes a este tipo de pesquisa. Num estudo

longitudinal, em que se busca analisar a variação dos índices ao longo do tempo, a

generalização dos resultados seria mais apropriada para a determinação de relações de causa e

efeito entre comportamentos de clientes. Isso é feito pelas entidades que realizam o ACSI nos

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Estados Unidos e um estudo dessa abrangência, no Brasil, poderia fornecer subsídios para o

desenvolvimento de um modelo brasileiro.

O fato de ter sido utilizado um modelo nessa pesquisa pode ser um fator limitante. De

acordo com Gosling e Gonçalves (2003, p. 84), “os modelos são uma tentativa de se explicar

como a realidade se comporta”. No entanto cabe verificar se realmente o que se imagina (o

modelo esboçado) traduz a realidade. De um lado há a perspectiva de que os testes estatísticos

podem ser uma ferramenta algo pobre para escolher-se um modelo, conforme Arbuckle

(1997). Um modelo é sempre uma representação dos elementos mais importantes, uma

condensação de um sistema do mundo real percebido, de acordo com Naert e Leeflang

(1978). Por outro lado, no melhor dos casos, o modelo pode ser uma aproximação e, como tal,

pode ser útil sem ser plenamente verdadeiro. Não sendo nunca perfeitos, os modelos podem

ser rejeitados por critérios estatísticos, mas nem por isso se tornam condenados para

utilização.

Este trabalho contou ainda com restrições de tempo e recursos financeiros, porém o

apoio da escola estudada muito contribuiu para sua realização. Um maior volume financeiro,

mais tempo e o envolvimento de outras escolas poderiam implicar o desenvolvimento de um

modelo válido para todo o setor.

A aplicação do método em número ainda reduzido de setores da atividade econômica

traz uma limitação referente à extensão da utilidade do método para outros setores. A

continuidade de sua aplicação reforçará sua estrutura e seus procedimentos.

As dificuldades naturais de um survey como pesquisa estruturada e de campo também

podem ser consideradas outra limitação. Vários respondentes eram jovens e não tinham um

exato juízo de valor de alguns dos pontos pesquisados, assim como na pesquisa feita por

Moura (2004).

Outras limitações da pesquisa se referem à aplicação das técnicas para a coleta de

dados tanto para a fase qualitativa quanto para a quantitativa.

Para a fase quantitativa, a desvantagem encontrada no método survey é que os

entrevistados podem não fornecer a informação correta ou não compreender as perguntas,

relutar em responder a questões delicadas ou pessoais, salienta Malhotra (2001).

Apesar das conclusões e implicações importantes desse estudo, é necessário

reconhecer suas limitações e a necessidade de pesquisas adicionais.

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7.3 Sugestões para futuros trabalhos

A experiência deste estudo não deve parar aqui, pois assim como mostrou conclusões

interessantes para a escola de idiomas alvo da pesquisa, provavelmente poderá mostrar

também para outras escolas e também para outros tipos de organizações, verificando outros

valores que movimentam as mentes de seus clientes.

Pesquisar o grau de satisfação de clientes no Brasil, bem como sua importância

estratégica e operacional para as empresas, constitui desdobramento natural deste trabalho.

Avançar na direção do aproveitamento dos resultados das pesquisas de satisfação de

clientes para aprimorar as ações de marketing das empresas, como resposta efetiva às

demandas expressas pelo mercado, pode ser alvo de uma investigação futura.

Iniciativas no sentido de ampliar os estudos de aplicação do modelo ACSI no setor de

escolas de idiomas no país seriam de grande valia para o desenvolvimento de um modelo de

satisfação mais adequado, de modo que possa refletir o comportamento do cliente desse setor,

no que se refere à sua satisfação geral e ao relacionamento com outras variáveis importantes.

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Page 126: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

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Page 128: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

126

APÊNDICES

APÊNDICE A - Questionário aplicado na primeira fase da pesquisa

Questionário

Agradecemos desde já sua resposta a este questionário. O objetivo é conhecer como os alunos avaliam

os serviços prestados pelo Number One Gutierrez. Por isso, solicitamos que você responda a TODAS as

questões com atenção, reproduzindo suas opiniões com a máxima fidelidade. Ressaltamos que as informações

serão mantidas sob sigilo e que sua identidade não será divulgada.

Apenas para controle do processo e identificação do ganhador do brinde a ser sorteado entre os

questionários considerados válidos *, solicitamos que informe seu Nº de matrícula: _____________________

Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira Orientador da Pesquisa

PucMinas

Julius César Othero Mestrando em Administração

PucMinas

* Para efeito de validação dos questionários, todos serão submetidos à prévia avaliação computadorizada, na qual serão validados os

questionários que estiverem com todas as questões respondidas, sem rasuras e sem repetições.

Considerando as expectativas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E1 - Quais são suas expectativas globais de qualidade, que o

NUMBER ONE pode lhe oferecer?

Considerando as expectativas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E2- Quais são as suas expectativas de que o NUMBER ONE

satisfaça suas necessidades?

Considerando as expectativas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E3 - Quais são suas expectativas de que as coisas possam dar

errado no seu curso?

Muito baixas

Muito altas

Não iam satisfazer de forma alguma

Nunca Frequentemente

Iriam satisfazer totalmente

Page 129: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

127

Considerando as expectativas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E4 - Como você espera que o seu curso seja no futuro.

Considerando as expectativas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E5 - Pela sua experiência com o NUMBER ONE e sua visão

pessoal, você acredita que a escola lhe oferecerá no próximo

semestre um curso.

Considerando a qualidade

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Q1 - As instalações físicas do NUMBER ONE atendem às

necessidades acadêmicas dos alunos.

Q2 - As instalações físicas do NUMBER ONE são

visualmente atraentes.

Q3 - Posso confiar nos funcionários do NUMBER ONE.

Q4 - O NUMBER ONE dá atenção individualizada aos

alunos.

Q5 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE são

ágeis no atendimento aos alunos.

Q6 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE tem

conhecimento suficiente para responder às perguntas dos

alunos.

Q7 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE

transmitem segurança quando atendem aos alunos.

Q8 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE lidam

de maneira cuidadosa com os alunos.

Q9 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE

procuram entender as necessidades dos alunos.

Q10 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE são

educados com os alunos.

Discordo totalmente

Concordo totalmente

Péssimo Ótimo

Muito Ruim

Muito Bom

Page 130: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

128

Q11 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE

apresentam aparência limpa e profissional.

Q12 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE têm

boa vontade e presteza no atendimento aos alunos.

Q13 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE

sempre estão à disposição dos alunos.

Q14 - Os professores do NUMBER ONE são capacitados

para transmitirem conhecimento para seus alunos.

Q15 - Os equipamentos do NUMBER ONE são modernos e

atendem às necessidades acadêmicas dos alunos.

Q16 - O serviço extra - plantão (aulas de reforço para o curso

de inglês) oferecido pelo NUMBER ONE é executado de

maneira eficiente.

Q17 - O serviço extra - monitoria (reforço de inglês para

aulas de colégio) oferecido pelo NUMBER ONE é

executado de maneira eficiente.

Q18 - Os horários de funcionamento de todos os setores,

inclusive aulas, são adequadas à necessidade dos alunos.

Q19- Os eventos promovidos pelo NUMBER ONE são

importantes para os alunos.

Q20 - O NUMBER ONE cumpre os prazos de acordo com o

prometido.

Q21 - O NUMBER ONE realiza os serviços como foram

combinados.

Q22 - O NUMBER ONE busca sempre fazer o melhor para

seus alunos.

Q23 - O NUMBER ONE busca atender às solicitações dos

alunos.

Q24 - A estrutura curricular dos cursos oferecidos pelo

NUMBER ONE está de acordo com as exigências do

mercado de trabalho.

Q25 - O NUMBER ONE mantém seus alunos informados

das normas de funcionamento dos cursos.

Q26 - A biblioteca do NUMBER ONE atende às

necessidades acadêmicas dos alunos.

Q27 - Os recursos didáticos utilizados nas aulas facilitam o

processo de aprendizagem dos alunos do NUMBER ONE.

Q28 – O NUMBER ONE incentiva os alunos a buscarem

conhecimentos específicos em suas respectivas áreas

acadêmicas.

Q29 - O NUMBER ONE oferece uma formação de excelente

qualidade.

Q30 - As aulas ministradas no NUMBER ONE são muito

proveitosas.

Page 131: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

129

Considerando o valor

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

V1 - Qual é a sua avaliação de qualidade do curso uma vez

dado o preço atual da mensalidade?

V2 – Comparado a outros cursos de inglês da cidade, o valor

da mensalidade do curso do NUMBER ONE é:

V3 - O curso tem um valor para mim, pelo que pago.

V4 - O valor da mensalidade pode ser considerado.

V5 - Uma vez considerados os benefícios que o NUMBER

ONE me oferece e o valor da mensalidade que pago, posso

afirmar que os benefícios são em relação aos custos.

Considerando a lealdade

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

L1 - Qual é a chance de você se matricular em novos cursos de

línguas oferecidos pelo NUMBER ONE?

L2 - Em que medida é provável que você fale coisas positivas

sobre o NUMBER ONE e seus cursos, para seus amigos e

conhecidos?

L3 - Em que medida é provável que você encoraje amigos e

parentes a estudar no NUMBER ONE.

L4 - Em que medida é provável que você considere o

NUMBER ONE como a primeira opção para o curso de uma 2ª

língua estrangeira.

L5 - Em que medida é provável que você experimente cursos

de outra instituição de ensino de idiomas na próxima

oportunidade que necessitar.

Muito Baixo

Muito Alto

Nem um pouco provável

Extremamente provável

Page 132: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

130

Considerando a reclamação

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

R1 - O NUMBER ONE é uma instituição que ouve e registra

suas reclamações de forma informal .

R2 - O NUMBER ONE é uma instituição que ouve e registra

suas reclamações de forma formal .

R3 – O NUMBER ONE reconhece que as reclamações servem

para identificar alguma falha no funcionamento da escola.

R4 – Reclamações são vistas de forma positiva pela direção do

NUMBER ONE, ou seja, como oportunidades de melhoria do

curso de inglês.

R5 - O NUMBER ONE é uma instituição que entende que as

reclamações dos alunos são uma importante contribuição para a

manutenção e crescimento do curso.

Considerando a satisfação

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

S1 - O curso do NUMBER ONE é um dos melhores que eu

poderia fazer.

S2 - O curso do NUMBER ONE é exatamente o que necessito.

S3 - O curso do NUMBER ONE não tem sido como pensei que

seria.

S4 - Estou satisfeito com minha decisão de fazer esse curso no

NUMBER ONE.

S5 - Às vezes tenho dúvidas se devo continuar fazendo esse

curso no NUMBER ONE.

S6 - Minha escolha de fazer o curso no NUMBER ONE foi a

mais sensata.

S7 - Se eu pudesse voltar atrás, faria o curso em outra

instituição.

S8 - Eu realmente tenho gostado do curso no NUMBER ONE.

S9 - A minha decisão em fazer o curso de inglês no NUMBER

ONE foi acertada.

S10 - Não estou feliz por estar fazendo esse curso no

NUMBER ONE.

S11 - Fazer esse curso no NUMBER ONE tem sido uma boa

experiência.

S12 - Estou seguro de ter feito a coisa certa ao fazer esse curso

no NUMBER ONE.

Discordo totalmente

Concordo totalmente

Discordo totalmente

Concordo totalmente

Page 133: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

131

APÊNDICE B - Questionário aplicado na segunda fase da pesquisa

Questionário Data: _____/_____/2006

Agradecemos desde já sua resposta a este questionário. O objetivo é conhecer como os alunos avaliam

os serviços prestados pelo Number One Gutierrez. Por isso, solicitamos que você responda a TODAS as

questões com atenção, reproduzindo suas opiniões com a máxima fidelidade. Ressaltamos que as informações

serão mantidas sob sigilo e que sua identidade não será divulgada.

Apenas para controle, auditoria, transparência do processo e identificação do ganhador do brinde a ser

sorteado entre os questionários considerados válidos *, solicitamos que informe seu Nº de matrícula: ________

Caso você, por qualquer motivo, não tenha uma opinião formada sobre o assunto da questão, marque

com um X o quadro 5, este quadro será considerado neutro.

Prof. Dr. Dalton Jorge Teixeira Orientador da Pesquisa

PucMinas

Julius César Othero Mestrando em Administração

PucMinas

* Para efeito de validação dos questionários, todos serão submetidos à prévia avaliação computadorizada, na qual serão validados os

questionários que estiverem com todas as questões respondidas, sem rasuras e sem repetições.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E1 - Quais são suas expectativas globais de qualidade, que o

NUMBER ONE pode lhe oferecer?

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E2- Quais são as suas expectativas de que o NUMBER ONE

satisfaça suas necessidades?

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E3 - Quais são suas expectativas de que as coisas possam dar

errado no seu curso?

Muito baixas

Muito altas

Não iam satisfazer de forma alguma

Nunca Frequentemente

Iriam satisfazer totalmente

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132

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E4 - Como você espera que o seu curso seja no futuro.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E5 - Pela sua experiência com o NUMBER ONE e sua visão

pessoal, você acredita que a escola lhe oferecerá no próximo

semestre um curso.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Q1 - As instalações físicas do NUMBER ONE atendem às

necessidades acadêmicas dos alunos.

Q2 - Posso confiar nos funcionários do NUMBER ONE.

Q3 - O NUMBER ONE dá atenção individualizada aos

alunos.

Q4 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE são

ágeis no atendimento aos alunos.

Q5 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE são

educados com os alunos.

Q6 - Os professores e funcionários do NUMBER ONE têm

boa vontade e presteza no atendimento aos alunos.

Q7 - Os professores do NUMBER ONE são capacitados para

transmitirem conhecimento para seus alunos.

Q8 - Os equipamentos do NUMBER ONE são modernos e

atendem às necessidades acadêmicas dos alunos.

Q9 - O serviço extra –plantão (aulas de reforço para o curso

de inglês) é executado de maneira eficiente. (caso não tenha

utilizado esse serviço, marque o quadro 5)

Q10 - O serviço extra –monitoria (reforço de inglês para

aulas de colégio) é executado de maneira eficiente. (caso não

tenha utilizado esse serviço, marque o quadro 5)

Discordo totalmente

Concordo totalmente

Péssimo Ótimo

Muito Ruim

Muito Bom

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133

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Q11 - Os horários de funcionamento de todos os setores,

inclusive aulas, são adequados à necessidade dos alunos.

Q12 - Os eventos promovidos pelo NUMBER ONE são

importantes para os alunos.

Q13 - O NUMBER ONE realiza os serviços como foram

combinados (atende ao nível de qualidade e cumpre os

prazos acertados).

Q14 - O NUMBER ONE busca sempre fazer o melhor para

seus alunos.

Q15 - A estrutura curricular dos cursos oferecidos pelo

NUMBER ONE está de acordo com as exigências do

mercado de trabalho.

Q16 - O NUMBER ONE mantém seus alunos informados

das normas de funcionamento dos cursos.

Q17 - A biblioteca do NUMBER ONE atende às

necessidades acadêmicas dos alunos.

Q18 - Os recursos didáticos utilizados nas aulas facilitam o

processo de aprendizagem dos alunos do NUMBER ONE.

Q19 – O NUMBER ONE incentiva os alunos a buscarem

conhecimentos específicos em suas respectivas áreas

acadêmicas.

Q20 - O NUMBER ONE oferece uma formação de excelente

qualidade.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

V1 - Qual é a sua avaliação de qualidade do curso uma vez

dado o preço atual da mensalidade?

V2 – Comparado a outros cursos de inglês da cidade, o valor

da mensalidade do curso do NUMBER ONE é:

V3 - O curso tem um valor para mim, pelo que pago.

V4 - O valor da mensalidade pode ser considerado.

V5 - Uma vez considerados os benefícios que o NUMBER

ONE me oferece e o valor da mensalidade que pago, posso

afirmar que os benefícios são em relação aos custos.

Muito Baixo

Muito Alto

Discordo totalmente

Concordo totalmente

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134

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

L1 - Qual é a chance de você se matricular em novos cursos

de línguas oferecidos pelo NUMBER ONE?

L2 - Em que medida é provável que você fale coisas

positivas sobre o NUMBER ONE e seus cursos, para seus

amigos e conhecidos?

L3 - Em que medida é provável que você encoraje amigos e

parentes a estudar no NUMBER ONE.

L4 - Em que medida é provável que você considere o

NUMBER ONE como a primeira opção para o curso de uma

2ª língua estrangeira.

L5 - Em que medida é provável que você experimente cursos

de outra instituição de ensino de idiomas na próxima

oportunidade que necessitar.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

R1 - O NUMBER ONE é uma instituição que ouve e registra

suas reclamações de forma informal .

R2 - O NUMBER ONE é uma instituição que ouve e registra

suas reclamações de forma formal .

R3 – O NUMBER ONE reconhece que as reclamações

servem para identificar alguma falha no funcionamento da

escola.

R4 – Reclamações são vistas de forma positiva pela direção

do NUMBER ONE, ou seja, como oportunidades de

melhoria do curso de inglês.

R5 - O NUMBER ONE é uma instituição que entende que as

reclamações dos alunos são uma importante contribuição

para a manutenção e crescimento do curso.

Nem um pouco provável

Extremamente provável

Discordo totalmente

Concordo totalmente

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1

2

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4

5

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7

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10

S1 - O curso do NUMBER ONE é um dos melhores que eu

poderia fazer.

S2 - O curso do NUMBER ONE é exatamente o que

necessito.

S3 - O curso do NUMBER ONE não tem sido como pensei

que seria.

S4 - Estou satisfeito com minha decisão de fazer esse curso

no NUMBER ONE.

S5 - Às vezes tenho dúvidas se devo continuar fazendo esse

curso no NUMBER ONE.

S6 - Minha escolha de fazer o curso no NUMBER ONE foi

a mais sensata.

S7 - Se eu pudesse voltar atrás, faria o curso em outra

instituição.

S8 - Eu realmente tenho gostado do curso no NUMBER

ONE.

S9 - A minha decisão em fazer o curso de inglês no

NUMBER ONE foi acertada.

S10 - Não estou feliz por estar fazendo esse curso no

NUMBER ONE.

S11 - Fazer esse curso no NUMBER ONE tem sido uma

boa experiência.

S12 - Estou seguro de ter feito a coisa certa ao fazer esse

curso no NUMBER ONE.

Discordo totalmente

Concordo totalmente

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136

APÊNDICE C - Tabela 17 Linearidade das variáveis

Page 139: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró

137

APÊNDICE D - Tabela 18 Resultados padronizados do modelo modificado