portuguÊs instrumental
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PORTUGUÊS
INSTRUMENTAL
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE BRASÍLIA
PRESIDENTE: Pr. Orcival Pereira Xavier
Faculdade Teológica da Assembléia de Deus de Brasília – FATADEB:
Diretor: Pr. Benedito Messias dos SantosAssistente: Salma MachadoCoordenadora: Elaísa SantosSecretária: Lilian Machado
Conselho Consultivo:Pr. Manoel XavierPr. Otaviano MiguelPr. Job CardosoPr. Sebastião NeyPr. Benedito Messias
Tiragem da 1a Edição: 500 exemplares.É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra.
Direitos reservados à FATADEB
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 03I. BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 05II. LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA 12III. APRENDA A LER, ESTUDAR, ENTENDER E REDIGIR: COMO ORGANIZAR SUA CULTURA GERAL
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VI. TÉCNICA DE REDAÇÃO 261. Estrutura do parágrafo 262. Texto dissertativo 273. Redação 314. Redação da Introdução 325. Redação do Desenvolvimento 376. Redação da Conclusão 397. Períodos de Ligação 408. Expressões de Abertura 419. Revisão do Rascunho 4110. Passar a Limpo 4211. Modelos de Dissertação 42V. REDAÇÃO OFICIAL 531. O que é redação oficial 532. Pronomes de Tratamento 533. Fechos para comunicações 574. Conceito de Documentos Oficiais 57VI. NOÇÕES DE SEMÂNTICA 59VII. PONTUAÇÃO 73VIII. GRAMÁTICA 86IX. NOVAS REGRAS DE ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO GRÁFICA 104X. MORFOLOGIA 112XI. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS 135XII. SINTAXE 140XIII. PRÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1601. Compreensão e interpretação de textos 1602. Coesão e coerência textuais 162
3. Tipologia textual. 1634. Ortografia oficial. Acentuação gráfica. 166XIV. ALGUMAS REGRAS DE ORTOGRAFIA 169XV. USO DA VÍRGULA 185XVI. ESTILÍSTICA 206APÊNDICE 212
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INTRODUÇÃO
A Faculdade Teológica da Assembleia de Deus de Brasília
– FATADEB oferecerá, a partir deste ano de 2009, nos Programas de
Convalidação de Bacharel em Teologia e de formação de Bacharel em
Teologia, conhecimentos essenciais da Língua Portuguesa segundo os
melhores autores lusófonos, já com a ortografia atualizada segundo o
Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008.
Esses estudos de Língua Portuguesa, especialmente
desenvolvidos pelo autor a pedido da FATADEB, foram intitulados de
Português Instrumental porque, além de oferecer oportunidade de
atualização nos aspectos essenciais da Língua Portuguesa, também se
destina a aperfeiçoar conhecimentos gramaticais, de linguagem e de
comunicação, considerados instrumentos de trabalho do teólogo.
O programa de Português Instrumental destaca os
aspectos que o autor entendeu como indispensáveis àqueles que
desejam escrever e falar corretamente a nossa língua. Foi
desenvolvido de forma compactada dado o seu objetivo e em
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consonância com o lapso temporal destinado ao estudo da Língua
Portuguesa nos cursos que não se situam na área de letras.
Outro aspecto levado em conta foi a exigência legal de se
formar bacharéis com conhecimentos de sua língua materna
correspondentes ao nível em que se situam na hierarquia cultural.
Assim, mãos à obra e bom proveito.
Taguatinga (DF), janeiro de 2009.
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I. BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
O Surgimento
O surgimento da Língua Portuguesa está profunda e
inseparavelmente ligado ao processo de constituição da Nação
Portuguesa.
Na região central da Itália, o Lácio, vivia um povo que
falava o latim. Esse povo foi crescendo e anexando novas terras a seu
domínio. Naquela região, posteriormente, foi fundada a cidade de
Roma. Os romanos chegaram a possuir um grande império, o Império
Romano. A cada conquista, impunham aos vencidos seus hábitos, suas
instituições, os padrões de vida e a língua.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar
(sermo vulgaris, rusticus, plebeius) e o latim clássico (sermo
litterarius, eruditus, urbanus). O latim vulgar era somente falado. Era
a língua do cotidiano usada pelo povo analfabeto da região central da
atual Itália e das províncias: soldados, marinheiros, artífices,
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agricultores, barbeiros, escravos etc. Era a língua coloquial, viva,
sujeita a alterações freqüentes. Apresentava diversas variações.
O latim clássico, língua falada e escrita apurada, artificial,
rígida era o instrumento literário usado pelos grandes poetas,
prosadores, filósofos e retóricos. A modalidade do latim imposta aos
povos vencidos era a vulgar. Os povos vencidos eram diversos e
falavam línguas diferenciadas. Por isso, em cada região, o latim vulgar
sofreu alterações distintas, o que resultou no surgimento dos diferentes
romanços e posteriormente nas diferentes línguas neolatinas.
No século III a.C., os romanos invadiram a região,
iniciando-se, assim o longo processo de romanização da península
ibérica. A dominação não era apenas territorial, mas também cultural.
No decorrer dos séculos, os romanos abriram estradas ligando as
colônias à metrópole, fundaram escolas, organizaram o comércio,
levaram o cristianismo aos nativos. A ligação com a metrópole
sustentava a unidade da língua evitando a expansão das tendências
dialetais. Ao latim foram anexadas palavras e expressões das línguas
dos nativos das regiões conquistadas.
No século V da era cristã, a península sofreu invasão de
povos bárbaros germânicos (vândalos suevos e visigodos). Como
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esses povos bárbaros possuíam cultura pouco desenvolvida, os novos
conquistadores aceitaram a cultura e a língua peninsular mas
influenciaram a língua local acrescentando a ela novos vocábulos e
favorecendo sua dialetação, já que cada povo bárbaro falava o latim de
uma forma diferente.
Com a queda do Império Romano, as escolas foram
fechadas e a nobreza desbancada. Não havia mais os elementos
unificadores da língua. O latim ficou livre para modificar-se.
As invasões não pararam por aí. No século VIII, a
península foi tomada pelos árabes. O domínio mouro foi mais intenso
no sul da península. Formou-se, então, a cultura moçárabe, que serviu
por longo tempo de intermediária entre o mundo cristão e o mundo
muçulmano.
O árabes possuíam uma cultura muito desenvolvida mas
muito diferente da cultura local, o que gerou resistência por parte do
povo. Sua religião, língua e hábitos eram completamente diferentes. O
árabe foi falado ao mesmo tempo em que o latim (romanço). As
influências lingüísticas árabes se limitam ao léxico no qual os
empréstimos são geralmente reconhecíveis pela sílaba inicial AL –
correspondente ao artigo árabe: alface, almeirão, alcachofra, álcool,
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Alcorão, álgebra, alfândega. (Outros: bairro, berinjela, café, califa,
garrafa, quintal, xarope).
Embora os bárbaros e os árabes tenham permanecido
muito tempo na península, a influência que exerceram na língua foi
pequena, ficando restrita ao léxico, pois o processo de romanização foi
muito intenso.
Os cristãos, principalmente os do norte, nunca aceitaram o
domínio muçulmano. Organizaram um movimento de expulsão dos
árabes (a Reconquista). A guerra travada foi chamada de “santa” ou
“cruzada”. Isso ocorreu por volta do século XI. No século XV os
árabes estavam completamente expulsos da península.
Durante a Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar
D. Afonso VI, rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique, conde de
Borgonha, destacou-se pelos serviços prestados à coroa e por
recompensa recebeu a mão de D. Teresa, filha do rei. Como dote,
recebeu o Condado Portucalense. Continuou lutando contra os árabes
e anexando novos territórios ao seu condado, o qual foi tomando o
contorno do que é hoje Portugal.
D. Afonso Henriques, filho do casal, funda, então, a Nação
Portuguesa, que se torna independente em 1143. A língua falada nessa
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parte ocidental da Península era o galego-português, que com o tempo
foi se diferenciando: no sul, português, e no norte, galego, que foi
sofrendo mais influência do castelhano. Em 1290, o rei D. Diniz funda
a Escola de Direitos Gerais e obriga, em decreto, o uso oficial da
Língua Portuguesa.
A Expansão
Portugal ficou conhecido pelas grandes navegações. No
século XV e XVI, através dos movimentos colonialistas e de
propagação do catolicismo, espalhou pelo mundo a língua portuguesa.
O português era imposto às línguas autóctones como língua oficial ou
modificava-se dando origem aos dialetos crioulos. Foi assim que a
língua chegou à América, África, Ásia e Oceania.
O Domínio Atual
Atualmente, o português é a língua oficial de alguns países
(Portugal, arquipélago de Açores e Ilha da Madeira, Brasil, Guiné-
Bissau, Angola, Moçambique, Ilha de São Tomé e Príncipe,
arquipélago de Cabo Verde). Em outras regiões é falado por parte da
população como um dialeto (Macau, Goa, Damão e Timor). As
regiões que falam a língua portuguesa estão intimamente ligadas ao
processo colonizador de Portugal.
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O Português no Brasil
A Língua Portuguesa foi trazida ao Brasil no século XVI
através do descobrimento. Importante registrar que os indígenas
apresentaram grande resistência à imposição dos colonizadores. Além
das diversas línguas indígenas, misturaram-se também ao português o
espanhol e o francês (pelas invasões); as línguas africanas (pelo tráfico
negreiro) e, posteriormente, com a imigração, outras línguas européias
(o italiano, o alemão e o espanhol). A língua também sofreu, ainda,
influência dos veículos de comunicação, com isso absorvemos
palavras japonesas, francesas e principalmente inglesas.
Principais influências na língua portuguesa falada no Brasil
Influências Exemplos
TupiNomes de pessoas: Ubirajara, Iracema...Nomes de lugares: Ipanema, Copacabana...Nomes de animais e plantas: tatu, arara, caju, maracujá...
Dialetos africanos Acarajé, dendê, fubá, quilombo, moleque, caçula...Alemão Níquel, gás...Espanhol Bolero, castanhola...Japonês Karaokê, camicase...Francês Paletó, boné, matinê, capot (capô), abat-jour
(abajur), bâton (batom), cabaret (cabaré), buffet (bifê)...
Italiano – muitos termos relacionados às artes e à culinária
Macarrão, piano, soneto, bandido, ária, camarim, partitura, lasanha...
Inglês Show, software, sanduíche, hamburger...
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Vocabulário
Dialeto: variedade regional de uma língua
Línguas neolatinas: línguas românticas, novilatinas ou latinas.
Foram as línguas constituídas a partir do latim.
São línguas neolatinas: o Português, o Francês, o Espanhol, o
Italiano, o Romeno, o Catalão, o Sardo e o Provençal.
Romanço: fase de transição entre o latim e as línguas
neolatinas.
Conheça mais sobre a História da Língua Portuguesa/Bibliografia
Castro, Ivo de. Curso de História da Língua Portuguesa. Lisboa:
Universidade Aberta, 1991.
Cunha, Celso Ferreira. Gramática da Língua Portuguesa. 7 Ed., Rio de
Janeiro: FENAME, 1980.
Faraco, Carlos Emílio, MOURA, Francisco Marco. Língua e
Literatura. 15 Ed., São Paulo: Ática, 1995.
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II. LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
O termo linguagem deve ser entendido como a faculdade
mental que distingue os humanos de outras espécies animais e
possibilita os modos específicos de pensamento, conhecimento e
interação com os semelhantes. É capacidade específica da espécie
humana de comunicar-se por meio de um sistema de signos, o qual é
denominado de língua.
A língua, pois, deve ser entendida como forma de
realização da linguagem; como sistema lingüístico necessário ao
exercício da linguagem na interlocução ou como instrumento do qual
a linguagem se utiliza na comunicação.
Apesar de a língua ser um sistema de signos específicos de
membros de uma mesma comunidade (Por exemplo: língua
portuguesa, língua inglesa), no interior de uma mesma língua são
importantes as variações . Dentro de uma mesma língua temos, então,
diversas modalidades: língua familiar; língua técnica, língua popular,
língua própria a certas classes sociais, a certos subgrupos, nos quais
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que se enquadram os diferentes tipos de gíria. Entre as variações
geográficas temos os dialetos (como as variações específicas das
diversas regiões do Brasil: nordeste, sul etc.) Alguns linguistas
preferem usar o termo dialeto para designar as variantes ou variações ,
de uma forma geral.
Repetindo, a língua é um sistema de símbolos pelo qual a
linguagem se realiza. Mas a linguagem se encontra relacionada a
outros sistemas simbólicos (sinais marítimos, código Morse) e torna-
se, assim, objeto da semiologia ou semiótica, que deve estudar “a vida
dos signos no seio da vida social”. Portanto, o termo linguagem tem
uma conotação bem mais abrangente do que o termo língua.
A fala, por sua vez, é um fenômeno físico e concreto, que
pode ser analisado seja diretamente, com ajuda dos órgãos sensoriais,
seja graças a métodos e instrumentos análogos aos utilizados pelas
ciências físicas. Em nós ouvintes, a fala é, com efeito, um fenômeno
fonético; a articulação da voz dá origem a um segmento fonético
audível imediatamente, a título de pura sensação. Esse fenômeno
implica o aparelho fonador e a produção dos sons da fala.
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III. APRENDA A LER, ESTUDAR, ENTENDER E REDIGIR:
COMO ORGANIZAR SUA CULTURA GERAL
A sua cultura geral é formada ao longo de sua existência.
Grande parte dos conhecimentos que irá adquirir será tirada dos livros
e preservada para o resto da vida. É a maior fortuna que você poderá
ter, pois jamais perderá o seu valor. Portanto, habitue-se a ler.
Tenha sempre à cabeceira um abajur e um livro. Leia por,
pelo menos, meia hora antes de dormir. Um bom rendimento, para
começar, é ter lido um livro por mês; depois, procure melhorar, lendo
um livro por quinzena.
"Um país se faz com homens e livros." (Monteiro Lobato)
Como entender melhor o que você lê
1) Concentre-se na leitura, expulsando as idéias e pensamentos
vagos, que nada têm a ver com o que você está lendo.
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2) Tenha à mão um lápis bicolor: sublinhe em vermelho o que
tem que guardar e em azul o que é bom guardar.
3) Quando se tratar de um livro, habitue-se a fazer anotações nas
margens das páginas.
4) Quando se tratar de revistas e jornais, você poderá recortar o
texto que lhe interessa para seu arquivo pessoal.
5) Após a leitura de um livro, organize um pequeno sumário que
sintetize aquilo que você leu.
6) Arquive este sumário numa pasta conveniente, para posterior
consulta.
7) Troque idéias com colegas sobre o assunto que você está
lendo.
8) Use o dicionário para tirar dúvidas sobre as palavras que
desconhecer.
9) A síntese de um livro é, normalmente, encontrada pela leitura
de suas orelhas e do sumário.
10) Dados sobre o autor do livro você encontrará no prefácio.
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“Um bom livro é aquele que você abre com curiosidade e que fecha com proveito.” (Duclos)
Como redigir sobre um assunto
1) Reúna livros, revistas, recortes de jornais e anotações sobre o
assunto a ser tratado.
2) Leia-os de acordo com a técnica ensinada.
3) Faça um sumário recolhendo o que é importante de cada fonte.
4) Ordene as idéias, esquematizando-as com coerência, de acordo
com a importância dentro do assunto.
Escreva bem
1) Inicie por uma introdução que prepare e motive o leitor para o
que será desenvolvido.
2) Desenvolva o assunto de forma concatenada e lógica,
procurando esgotar o conteúdo.
3) Encerre por uma síntese conclusiva que contenha sua própria
idéia sobre o assunto e que seja coerente com o
desenvolvimento.
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Observação: Ao começar a desenvolver o assunto, não se
preocupe com a redação correta nem com os erros de português;
escreva tudo o que lhe vier à mente e arrume depois. Você poderá
utilizar mais de uma folha de papel para isso, fazendo rascunhos
sucessivos, até chegar ao produto final.
“Aquele que sabe ler já sabe a mais difícil das artes.” (Duclos)
Como redigir sobre um assunto
Lembre-se sempre que, ao formar um plano de trabalho
para escrever sua redação, você deve visualizar também a sua
ESTÉTICA:
Nunca comece uma redação com períodos longos. Basta fazer
uma frase-núcleo que será a sua idéia geral a ser desenvolvida
nos parágrafos que se seguirão;
Não coloque uma expressão que desconheça, pois o erro de
ortografia e acentuação é o que mais tira pontos em uma
redação;
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Nunca use hífen onde não é necessário, como em penta-
campeão, ou com erro na separação de sílabas como CA-RRO;
Nunca use gírias na redação, pois a dissertação é a explicação
racional do que vai ser desenvolvido e uma gíria pode cortar
totalmente a sequência das ideias do texto (incongruência),
além de ofender a norma culta da Língua Portuguesa;
Não se esqueça dos pingos nos “is” e dos “jotas”; não use
bolinhas no lugar do pingo;
Nunca coloque vírgulas onde não são necessárias;
Jamais entregue uma redação sem verificar a separação
silábica das palavras;
Comece a escrever estruturando o que vai passar para o papel;
Tenha calma na hora de dissertar e sempre volte à frase-núcleo
para orientar seus argumentos;
Verifique sempre a ESTÉTICA: Parágrafo, acentuação,
vocabulário, separação silábica e, principalmente, a
PONTUAÇÃO, que é a maior dificuldade de quem escreve e a
maior fonte de erros na redação;
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Respeite as margens do papel e procure sempre fazer uma letra
constante sem, diminuí-la no final da redação para ganhar mais
espaço ou aumentar para preencher espaço;
A letra tem que ser visível e compreensível para quem lê;
Prepare sempre um esquema lógico em cima da estrutura
intrínseca e extrínseca;
Não inicie nem termine uma redação com expressões do tipo:
“... Eu acho..., Parece ser..., Acredito mesmo..., Quem sabe...”
Isso demonstra dúvidas em seus argumentos anteriores;
Cuidado com “superlativos criativos” do tipo: “mesmamente,
apenasmente”. E de “neologismos incultos” do tipo:
“imexível, inconstitucionalizável”.
Estudo em torno da aula
Antes
1) Saiba o assunto que vai
ser tratado.
2) Faça uma leitura prévia
do texto.
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3) Assinale o que não
entendeu.
4) Prepare uma folha para
anotações.
5) Reúna o material
necessário.
Durante
1) Coloque sobre a
carteira o que irá
precisar.
2) Mantenha viva a sua
atenção.
3) Expulse idéias vagas.
4) Anote tudo que julgar
importante.
5) Tire as dúvidas pouco
antes do final da aula.
Depois
1) Faça um resumo do que
foi ensinado.
2) Troque idéias com
colegas.
3) Consulte outras fontes.
4) Arquive o seu resumo
por matéria numa pasta
conveniente.
5) Leia periodicamente
seus resumos.
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Estudo em casa
Local
1) Crie uma rotina, habitue-se a estudar sempre no mesmo lugar.
2) Use uma escrivaninha, mesa ou cadeira de braço com uma
tábua para escrever.
3) Organize, ao alcance das mãos, seus livros, cadernos e
resumos selecionados por matéria.
4) Providencie um local que tenha luz suficiente por cima e que
incida sobre o papel pelo lado contrário ao da mão que você
escreve.
5) Busque um local sossegado para estudar; se preferir, use
música de fundo.
Horário
1) Programe horários rígidos para estudar.
2) Evite estudar logo após as refeições.
3) A cada duas horas, caminhe um pouco, mexa-se.
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4) Descubra o horário em que seu estudo rende mais.
Cuidados
1) Descanse a vista de vez em quando, fechando a abrindo os
olhos e olhando pontos distantes.
2) Procure a melhor posição de conforto para estudar. Sente-se
com a coluna bem apoiada na poltrona, para não criar vícios de
postura.
Estilística
Cada indivíduo tem sua maneira própria de utilizar as
palavras. Ao organizá-las, ele demonstra o seu estilo ao falar e ao
escrever. O estudo dessa organização individual da linguagem chama-
se Estilística.
1. O vocabulário – Comunicação falada e escrita.
A maioria das pessoas tem cerca de 300 palavras no seu
vocabulário. Há outro grupo que usa perto de 500 palavras. A pessoa
culta usa cerca de 800 palavras.
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Bons escritores brasileiros tinham e usavam um
vocabulário de cerca de 3.000 palavras.
Rui Barbosa, segundo os estudiosos do assunto, conhecia
e empregava por volta de 4.500 palavras.
João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da
Língua Portuguesa, tinha e utilizava um vocabulário de cerca de
8.000 palavras!
Não use formas reduzidas populares de palavras nem
repetições desnecessárias; procure não usar gíria e palavras de baixa
freqüência (pouco usadas). Exemplos: né, sabe né, aí, então, daí, tipo,
depois, pegou, a gente (em vez de nós), dá (em lugar de é possível),
falou (em lugar de disse), caçar (em lugar de procurar).
Os conetivos são os responsáveis pelo estabelecimento de
relações de sentido entre as idéias. Os substantivos e os verbos devem
estar interligados não apenas para acrescentar informações, mas
também para alicerçar o sentido do texto.
2. A construção frasal e o sentido na comunicação
Observe a construção de várias possibilidades de sentido a
partir de duas idéias simples.24
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Exemplo: Ela fala de maneira criativa. Todos gostam de
suas palestras.
Causa: Todos gostam de suas palestras, porque ela fala de
maneira criativa. Como ela fala de maneira criativa, todos gostam de
suas palestras.
Consequência: Ela fala de maneira tão criativa que todos
gostam de suas palestras.
Conclusão: Ela fala de maneira criativa, todos gostam,
pois/portanto, de suas palestras.
3. Coesão textual
Há coesão quando existe harmonia entre as palavras, isto
é, quando elas apresentam vínculos adequados de sentido, e a
mensagem organiza-se de forma seqüenciada, tendo um início, um
meio e um fim. A língua escrita exige um rigor e uma disciplina de
expressão muito maiores do que a língua falada.
Observe no exemplo a seguir o erro cometido em uma
carta enviada pelo setor de atendimento de uma empresa de
engenharia.
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Solicitamos apontar as atitudes tomadas para bloquear as causas desse lamentável episódio.
“Bloquear causas” de um episódio que já ocorreu só faria
sentido se fosse possível voltar no tempo. O que se pretendia era
IDENTIFICAR as causas, a fim de prevenir outros incidentes.
4. Incoerência
O cuidado com as palavras pode evitar erros como os
expostos a seguir.
Texto incoerente:
Agradecemos seu convite de patrocínio para o programa
Estação Livre e nos sentimos muito honrados, porém nossa cota de
doações para este ano está bastante ampla.
Texto corrigido:
Agradecemos seu convite de patrocínio para o programa
Estação Livre, porém lamentamos informar que nossa cota de doações
para este ano já está esgotada.
O bom orador depende de 7% das palavras que usa, de 38% da aparência e de 55% dos gestos, boas maneiras e postura.
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IV. TÉCNICA DE REDAÇÃO
1. Estrutura do parágrafo
Parágrafo é uma unidade de composição escrita sobre
determinado assunto, elaborado com o fim de atingir determinado
objetivo. Essa unidade é estruturada por meio de um conjunto de
orações e apresenta, normalmente, três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão. Observe o exemplo abaixo:
A bíblia e o celular
Introdução (Tese)Já imaginou o que aconteceria se tratássemos a nossa Bíblia do jeito que tratamos o nosso celular? Desenvolvimento (Defesa da tese)
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A nossa Bíblia sempre estaria na nossa mão, ou no bolso ou na bolsa! Com certeza daríamos uma olhada nela várias vezes ao dia! Com certeza, também, voltaríamos para apanhá-la quando a esquecêssemos em casa, no escritório! E se a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos? E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela? E se a déssemos de presente às crianças? E se a usássemos quando viajamos? E se lançássemos mão dela em caso de emergência? Seria maravilhoso!E mais: ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal. Ela "pega" em qualquer lugar. Também não é preciso se preocupar com a falta de crédito porque Jesus já pagou a conta e os créditos não têm fim! E o melhor de tudo: a ligação nunca cai, nunca falta linha e a carga da bateria é para toda a vida!
Conclusão (Fecho)É isso, meu amigo! Você não precisa deixar seu celular de lado mas pode por a Bíblia Sagrada ao lado do seu celular!
2. Texto dissertativo
Planejamento da dissertação
O hábito de planejar sua dissertação permitir-lhe-á
desenvolvê-la com segurança. Para isso, com lápis e papel na mão, é
necessário elaborar o roteiro, que deverá conter os seguintes passos
(ou etapas) fundamentais:
Escolha do assunto (ou tema)
Se você não tiver conhecimentos prévios a respeito do
assunto que precisa ou deve tratar, deverá pesquisá-lo.
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Delimitação do assunto
Como não é possível dissertar sobre a totalidade de
determinado assunto, esgotando-o, impõem-se certos limites. Você
deve definir os aspectos sobre os quais quer ou precisa escrever.
Suponha-se que você deva redigir um texto com
aproximadamente 30 linhas. Quanto mais amplo for o assunto sobre o
qual você irá redigir, tanto menos profundo e mais superficial será seu
texto. Em contraposição, quanto menos amplo ou mais específico for
o assunto, mais profundo e menos superficial será seu texto.
Fixação do objetivo
Concomitantemente à delimitação do assunto, você deve
se perguntar: Para que vou escrever sobre esse assunto? Com que
objetivo? Pretendo apenas organizar informações? Ou desejo
convencer meu leitor de algo?
Em função da resposta que você obtiver de si próprio, vai
fixar seu objetivo, o qual deve ser introduzido por um desses verbos:
Apontar, comprar, caracterizar, desenvolver.
Para apresentar argumentos pró e/ou contra uma
convicção: Analisar, relatar, elogiar etc.29
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
O fato de fixar um objetivo dará a seu texto uma linha de
pensamento coerente, que estará presente ao longo do texto, afastando
o perigo da incoerência ou da incongruência.
Nova delimitação do assunto
Neste momento, escreva todas as idéias que lhe vierem à
mente sobre o assunto (ou tema) a ser tratado. Liste-as todas, sem
preocupar-se com o fato de serem boas ou não, pertinentes ou não.
Às vezes, as idéias vêm-nos aos borbotões, como se
fossem uma cachoeira da serra. Como o pensamento é mais rápido do
que a capacidade de escrever, você deve registrar rapidamente no
papel todas as idéias, antes que elas lhe escapem. Se você listou uma
grande quantidade de idéias, dificilmente poderá tratar de todas elas;
logo, torna-se necessário avançar para a próxima etapa.
Delimitação e seleção das idéias
Agora, você deve cortar as idéias que, por mais
interessantes que lhe pareçam ou sejam, fogem ao assunto (ou tema)
sobre o qual você tenha de redigir. O objetivo fundamental desse
procedimento é evitar a fuga ao tema, tão comum de acontecer aos
estudantes.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
As idéias selecionadas serão as idéias-núcleo com as quais
você redigirá os parágrafos. Cada idéia-núcleo corresponderá a um
parágrafo.
Lembrete: a delimitação e a escolha das idéias devem ser
feitas ordenadamente, numa gradação que parta das mais genéricas às
mais específicas. Ou vice-versa. Geralmente, costuma-se colocar, em
primeiro lugar, as idéias mais amplas ou abrangentes (generalizações);
em segundo, as intermediárias (entre amplas e delimitadas); e, em
terceiro, as mais delimitadas, particularizadas ou detalhadas. Objetivo
principal desta etapa é controlar o assunto com mais facilidade.
Distribuição das idéias
Desde Aristóteles, na antiga Grécia, a estrutura textual é
composta das seguintes três partes fundamentais (não é demais
repetir): Introdução, desenvolvimento e conclusão. Logo, distribua
suas idéias de forma ordenada nessas três partes tradicionais do texto.
Lembrete: A seleção é sua! Você pode começar por
argumentos a favor ou contra. Pode também começar por argumentos
polêmicos.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Aqui termina o roteiro. Convém lembrar que, muitas
vezes, em qualquer das etapas acima podemos voltar às anteriores
para fazer ajustes e reajustes.
Outras vezes, porém, os reajustes no roteiro ocorrem após
a fixação do objetivo. Você pode chegar à conclusão de que não
deseja mais escrever sobre o assunto inicial, e sim sobre o outro.
De qualquer forma, refaça seu roteiro quantas vezes forem
necessárias, a fim de que fique um texto claro e coerente, bem
centrado no assunto a tratar, e com grandes chances de atingir o
objetivo a que você se propôs.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Lembrete: Um roteiro bem elaborado representa 50% do
caminho a percorrer na redação de um texto.
3. Redação
Agora, comece a redigir. Lembre-se do seguinte: cada
ideia-núcleo corresponde a um parágrafo e, cada parágrafo deverá
conter a estruturação já estudada.
Introdução – É chamado de tópico frasal. Um ou dois
períodos curtos que introduzem a idéia-núcleo. O tópico frasal pode
ser redigido num destes tipos:
a) declaração afirmativa;b) declaração negativa;
(c) definição;d) divisão;
e) classificação;f) alusão histórica;
g) interrogação
Desenvolvimento: É o período principal + período
terciário. O desenvolvimento do parágrafo pode ser redigido num
destes tipos:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) descrição;b) enumeração de detalhes;c) narração;d) comparação (ou paralelo);e) analogia;f) contraste;g) confronto;
h) exemplos;i) causa e/ou efeito;j) motivo e/ ou consequência;k) ilustração;l) enquadramento;m) dissertação ou exposição–argumentação;n) híbrido.
Conclusão: É o período final, utilizando-se apenas um
parágrafo.
Elementos de coesão (ou de transição): Ligam os
períodos uns aos outros.
4. Redação da Introdução
Na introdução, parte inicial do texto, deve o autor
apresentar o assunto (ou tema), delimitando-o, isto é, mencionando o
assunto escolhido sobre o qual deseja ou precisa escrever. Nessa parte
do texto, também poderá ser expresso o objetivo, o qual será de
fundamental importância, tanto para o autor quanto para o leitor. Para
este, porque o situará imediatamente no pensamento daquele,
preparando-o para receber e compreender as idéias expostas no
desenvolvimento, facilitando-lhe, desse modo, a leitura. Para o autor,
a introdução do texto representa o caminho ou o rumo a seguir ao
longo do texto, indicando ao leitor como irá desenvolver seu tema.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Isso imprimirá ao texto não só a linha de pensamento coerente que
estará nele presente, mas também afastará o perigo da incoerência ou
fuga ao assunto.
Lembrete: Uma boa introdução é aquela em que se coloca
as questões a serem respondidas no desenvolvimento do texto.
Decidido o assunto a tratar, colhidas as informações,
realizado o roteiro, agora é só redigir.
Um dos problemas que a maioria dos redatores enfrenta é
o de como começar. Entretanto, existe uma forma técnica para
resolver esse problema. Vejam-se os esquemas e os exemplos que
seguem.
Tipos de introdução
Zoleiva Felizardo, em sua obra intitulada Teoria e Prática
da Redação, sugere o seguinte esquema:
Dados retrospectivos:
As primeiras manifestações de comunicação humana, nas
eras mais primitivas, foram traduzidas por sons que expressavam
sentimentos de dor, de alegria ou de espanto. Mais tarde.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Uma citação:
a) O assunto em pauta pode ser discutido (ou analisado etc.) a
partir das (lúcidas) palavras de, quando afirma que.
b) Segundo Fulano de Tal.
Uma cena descritiva
O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os
passantes. Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da grande
metrópole. Uma densa e ameaçadora neblina empresta a São Paulo o
aspecto de fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a
paisagem tristonha da poluição.
Uma pergunta.
Será a chamada música popular brasileira verdadeiramente
popular e verdadeiramente brasileira?
Um dado geográfico, precisando um fato.
Em Criciúma, no sul de Santa Catarina, oito mil homens
vivem uma aventura todos os dias. A aventura do carvão. São os
mineiros, homens que nunca vêem o sol.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Dados estatísticos.
a) Naquela cidade de 100.000 habitantes, cerca de 20.000
frequentam as salas escolares, o que atesta a preocupação das
autoridades com o nível de instrução de seus moradores.
b) A internet, rede mundial de computadores, cresceu 300% no
ano de 1994 e chega a de 40 milhões de usuários. No ano
seguinte, a rede cresceu 900%. Ou seja, a Internet ganhou
quase quatro novos usuários para cada bebê que nasceu no
mundo em 1995.
Narrativa de um fato
a) Em agosto de 1976, faleceu o ex-presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira, em cuja gestão foi construída Brasília,
a monumental capital brasileira.
b) Não foi há muito tempo, quando a Máfia ainda era uma
atividade em expansão na Itália, seus integrantes, os “homens
de honra,” tinha até orgulho de trocar beijos e abraços em
público.
O recurso da linguagem figurada.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) O jornaleiro, filho das madrugadas frias do Sul, quebra o gelo
das manhãs gaúchas com sua voz cortante e queixosa como o
minuano dos pampas.
b) O grito silencioso da pobreza corta os corações dos mais
sensíveis.
Uma frase declarativa.
a) O BNDES venderá em Brasília seus imóveis à beira do Lago
Paranoá – três casas e quatro terrenos – mantidos para
residência funcional de sua alta administração.
b) Os congressos evangélicos deste ano foram dos mais
concorridos das últimas décadas. Ao contrário dos outros,
muitos crentes vieram de todas as partes do País.
Idéias contrastantes
a) Enquanto os salões da alta costura das grandes capitais exibem
coleções de vestimentas suntuosas, os marginais da sociedade
morrem de frio por falta de agasalho.
b) Se no passado a mulher chinesa tinha que se casar com o noivo
escolhido pela família, hoje ela tem liberdade para decidir a
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
sua própria vida, o que inclui não só o casamento, mas
educação e profissão – desde que não vá contra as leis do
Estado.
Lembrete: Ao redigir a introdução, evite introduções
vagas; introduções prolixas; introduções abruptas.
5. Redação do Desenvolvimento
O desenvolvimento, o corpo do texto, é onde se explanam,
se expressam ou se expõem as idéias, se desenvolvem as idéias
apresentadas na introdução.
Para desenvolver um texto, utilize um dos procedimentos
abaixo:
Enumeração
Divida, em conformidade com uma determinada ordem, o
assunto em partes, relacionando metodicamente cada uma delas. Tudo
vai depender do assunto. Suponha-se que você deseja escrever sobre
os tipos de poluição e que haja três tipos: do ar, das águas e do solo.
Logo, você precisará de apenas um parágrafo para dissertar sobre cada
tipo.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Classificação
Aqui você pode agrupar os dados em duas classes
distintas, que depois se convertem no fenômeno da Opinião Pública,
no qual encontramos fatores complementares. Esta é a introdução de
um texto.
O desenvolvimento será a apresentação, em cada
parágrafo, de um dos fatores, seja básico, seja complementar. Nada
impede que você utilize dois parágrafos para cada tipo, ou seja, dois
aspectos para cada um deles.
Estruturação por enumeração – Argumentos e/ou opiniões
favoráveis e desfavoráveis.
Nesse tipo de desenvolvimento, expõe-se, primeiramente,
um argumento favorável. A seguir, justifica-se, isto é, diz-se a causa,
apresenta o documento que comprova a veracidade desse argumento.
Depois, expõem-se os argumentos contrários, um por um. Também se
podem utilizar apenas argumentos favoráveis ou apenas desfavoráveis.
Pode-se, igualmente, apresentar argumentos polêmicos, ou seja, uma
mesma idéia, com seus prós e contras.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Nota: Existe uma técnica para persuadir os leitores sobre o seu ponto
de vista: Se você for contra uma idéia, uma opinião, um ponto de
vista, comece com as idéias opostas às suas. Comece, portanto, com
os prós. Isto é, as opiniões de seus oponentes, e só depois analise os
contras. Se, ao contrário, você for a favor de uma idéia, comece pelos
contras para depois analisar os prós.
Logo, você pode começar com os argumentos favoráveis,
seguindo-se os contrários, ou pode inverter essa estruturação
começando pelos argumentos contrários seguidos dos favoráveis.
Pode, igualmente, intercalar favoráveis e contrários, sucessivamente.
6. Redação da Conclusão
Na conclusão, parte final do texto, encerra-se o assunto,
sintetizando o desenvolvimento de maneira bastante genérica.
A conclusão é a síntese do desenvolvimento, o resumo
dos argumentos mas não do texto. Deve ser curta, clara, objetiva e,
principalmente, coerente com o texto.
Atenção: Não se pode introduzir idéia nova na conclusão!
Tipos de conclusão
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Para encerrar o texto, pode-se utilizar um dos tipos de
conclusão abaixo:
referência ao título;
reafirmação do assunto
ou tema;
frase generalizante;
advertência;
uma ou mais sugestões;
síntese dos argumentos.
7. Períodos de Ligação
Entre a introdução e o desenvolvimento, e entre este e
a conclusão, deve haver períodos de ligação, isto é, frases que
permitam a passagem natural entre as partes. Se o seu
desenvolvimento tiver argumentos favoráveis e contrários, você deve
redigir um período de ligação entre estes. Esse procedimento, além de
garantir a coesão entre as partes do texto, evitará cortes abruptos de
ideias.
8. Expressões de Abertura
No início de cada parágrafo, a partir do segundo, utilize
expressões de abertura para interligar os parágrafos uns aos outros se
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
utilizando de adjuntos adverbiais ou de orações subordinadas
adverbiais, tanto desenvolvidas quanto reduzidas.
9. Revisão do Rascunho
No momento em que você estiver redigindo, não se
preocupe com os aspectos gramaticais, lingüísticos e estilísticos,
porque haverá o perigo de não redigir a contento. Quando concluir a
redação, vem a última etapa: antes de passar a limpo, é necessário
revisar tais aspectos, tendo em mente:
a) Ortografia;
b) Concordância verbal e
nominal;
c) Regência verbal e
nominal;
d) Pontuação;
e) Acentuação;
f) Estruturas oracionais
completas, conforme
estudo empreendido;
g) Construção frasal sem
ambiguidades;
h) Repetição de palavras;
i) Subordinação
enfadonha;
j) Paralelismo semântico,
sintático e morfológico;
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
k) Propriedade vocabular;
l) Precisão vocabular;
m) Concisão;
n) Clareza;
o) Simplicidade;
p) Originalidade;
q) Adjetivação;
r) Coerência;
s) Coesão;
t) Objetividade; e
u) Harmonia sonora.
10. Passar a Limpo
Depois de passar a limpo, faça uma última revisão para
verificar se não faltou um acento gráfico, uma vírgula, um travessão
ou houve qualquer outro tipo de incorreção.
11. Modelos de Dissertação
Modelo A
Assunto: Opiniões
Delimitação do assunto: A formação das opiniões individuais
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Objetivo: Apresentar os atores que atuam no processo de
formação das opiniões individuais
No processo de formação das opiniões individuais, que depois se convertem no fenômeno da Opinião Pública, encontramos fatores básicos e fatores complementares.
Entre os fatores básicos estão a educação, a vida familiar e a participação nos grupos primários.
A educação é um fator fundamental, porque vai confirmando a mentalidade dos indivíduos a abrindo-lhes horizontes específicos. Desde o momento que nasce e se incorpora à sociedade, o cidadão participa de todo um processo educativo, que vai moldando o seu comportamento e delineando normas de conduta.
Esse processo educativo envolve não apenas a educação informal – conjunto de experiências que as pessoas vão adquirindo pelo fato de viverem em sociedade – mas também a educação formal – aquela proporcionada pela escola, pela universidade.
Outro fator importante é a vida familiar, que se insere no próprio contexto da educação informal. Da família, o indivíduo recebe uma série de padrões de comportamento, aos quais vai se acostumando, e em torno dos quais vai girar a sua atividade social. Toda a sua vida em sociedade estará orientada pelos marcos de referência que advêm da vida familiar e condicionam a adoção de opiniões e atitudes.
A seguir, adquire importância a participação do indivíduo, o qual se integra nesses grupos primários: vizinhanças, clubes, trabalho, associações etc. O indivíduo se integra nesses grupos porque as suas normas estão de acordo com seus próprios padrões de comportamento. Ele aprende a cumprir as normas do grupo e a receber as sanções decorrentes da sua infringência.
Vejamos, agora, os fatores complementares na formação das opiniões individuais: os meios de comunicação de massa, os grupos de pressão e a propaganda.
Os meios de comunicação difundem os fatos (não apenas informações jornalísticas, mas também mensagens de natureza artística e cultural) a respeito dos quais os cidadãos vão formar juízos de valor.
Os grupos de pressão procuram galvanizar a atenção das pessoas que compõem a sociedade e orientar a Opinião Pública num determinado padrão existente.
A propaganda, por sua vez, busca persuadir os indivíduos para a mudança de atitudes ou a conservação dos padrões existentes.
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A formação da Opinião Pública constitui realmente um processo complexo, que está condicionado por diversos elementos, ademais dos problemas de personalidade que tem cada indivíduo.Modelo B
A Cultura de Massas e Suas ConsequênciasA civilização contemporânea tem, sem dúvida, uma diversidade de
características, talvez inéditas na trajetória histórica do homem. Uma delas, entretanto, tem preocupado, de forma especial, o restrito mundo dos intelectuais modernos: a cultura de massa.
Indubitavelmente, a televisão, o rádio, o jornal, poderosos veículos de comunicação, vêm alterando, significativamente, a fisionomia cultural de nossa época.
Se procurarmos entender os múltiplos aspectos que envolvem a cultura de massa, a partir de uma fundamentação histórica, veremos que ela provoca inúmeras conseqüências positivas e negativas ao mesmo tempo.
Com relação, por exemplo, à possibilidade de participação, percebemos que, ao contrário da cultura elitizante de outras épocas, existe um número extraordinário de pessoas que pode vivenciar os processos contemporâneos. Os múltiplos acontecimentos que explodem no mundo inteiro são imediatamente traduzidos, de forma acessível, pelos diversos meios de comunicação de massa. O homem simples de pequena cidade interiorana já não está isolado. Será informado, diariamente, sobre os últimos impasses nas negociações sobre a mais recente declaração de um governante, nos Estados Unidos.
Vista a questão através do prisma social, poderemos observar algumas vantagens da comunicação em massa. Ela atende a homogeneizar a cultura, a diminuir diferenças, a aproximar as classes.
Observando, porém, a cultura de massa em sua outra face, a negativa, teremos de concordar que inúmeras críticas se fazem necessárias.
Em primeiro lugar, percebemos que o tipo de cultura de que falávamos é, visivelmente, orientada no sentido do consumo. O esquema de propaganda se utiliza intensamente dela, provocando necessidades e nos arrastando a um modelo de vida superficial, de consumo intenso, de aquisição de objetos, cuja importância é secundária em relação às necessidades básicas. A máquina publicitária é tão implacável que, nos últimos anos, recorre a artifícios poderosos e irresistíveis. Relaciona o produto a uma idéia de felicidade, apela para os nossos sentimentos, dirige-se à inocência das crianças, condicionando-as a servirem como intermediários do consumo.
Se, por outro lado, examinarmos a tendência da cultura de massa, dentro do processo de conhecimento, as consequências, então, são mais agudas.
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Os “mass media” são obrigados, pela sua própria natureza, a nivelar suas mensagens em padrões acessíveis, que evitem a necessidade de reflexão, que sejam de consumo fácil e imediato. O nível da cultura perde em profundidade, entorpecendo a consciência histórica, desvirtuando a verdadeira significação dos fatos.
Como se pode ver, então, o processo de massificação é altamente discutível.
Há certa função ambígua que caracteriza uma verdadeira ruptura cultural. Por um lado, a evidência de uma maior participação quantitativa; por outro lado, a horizontalidade, a superficialidade, o automatismo, o consumo exagerado.
Enfim, é uma época de verdadeira crise, de transformações radicais e inevitáveis.(José Marques de Melo. Comunicação, opinião, desenvolvimento.)
Textos para estudo e análise
LIBERTOS OU ESCRAVOS DA PALAVRA?
Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto após muito sofrimento e humilhação e processou o homem. No tribunal, o homem disse ao juiz:
- Comentários não causam tanto mal...E o juiz decidiu:- Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois
pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!
O homem obedeceu e voltou no dia seguinte e o juiz lhe disse:- Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou
ontem!- Não posso fazer isso, Meritíssimo! – respondeu o homem – O vento
deve tê-los espalhado por “tudo quanto é lugar” e já não sei onde estão!- Ao que o juiz respondeu:- Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a
honra de um homem espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!
Sejamos senhores de nossa língua para não sermos escravos de nossas palavras. Nunca se esqueça: Quem ama não vê defeitos. Quem odeia não vê
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qualidades. E quem é amigo vê as duas coisas. Vale a pena repetir as palavras do Salmo 15, versículo 3: “O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho”.
REFLEXÕES
"Tenha compreensão e misericórdia daqueles que têm dificuldade de mudar.
Torne-se a corporificação do poder e do amor e nunca fale das fraquezas de ninguém. As pessoas precisam apenas do nosso amor e compreensão e não da nossa incriminação.
Ser benevolente é entender e respeitar as limitações de cada um e ajudá-los a superar as suas dificuldades nos momentos cruciais da vida.
“Por isso, não tenha uma atitude demasiado dura nem fale daquilo que você é incapaz de colocar em ação.”
AMIZADE
Um filho pergunta à mãe:– Mãe, posso ir ao hospital ver meu amigo? Ele está doente!Claro, responde a mãe. E pergunta: – Mas o que ele tem? O filho, com a cabeça baixa, diz: – Tumor no cérebro.A mãe, furiosa, diz: – E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer?O filho lhe dá as costas e vai...Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo: - Ai, mãe,
foi tão horrível! Ele morreu na minha frente! A mãe, com raiva: – E agora? Tá feliz? Valeu a pena ter visto aquela
cena?Uma última lágrima cai de seus olhos e, acompanhado de um sorriso,
ele diz: – Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer: – Eu tinha
certeza de quer você viria!Moral da história: A amizade não se resume só em horas boas, alegria e festa. Amigo é para todas as horas, boas ou ruins, tristes ou alegres! Amigo Não tem preço!
VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?
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Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência?'
A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele, com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.
Redação vencedora.
“Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro. Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade. Já deitei na grama de madrugada vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir contínuo.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: 'Qual sua experiência? Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência!
Experiência... Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência?
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Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora, gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?”
VOCÊ É ESPECIAL Um famoso palestrante começou um seminário segurando uma nota
de 100 reais. – Quem quer esta nota de 100 reais?Mãos começaram a se erguer. Ele disse: – Eu darei esta nota a um de vocês, mas primeiro, deixem me fazer
isto! Então ele amassou a nota. E perguntou, outra vez: – Quem ainda quer esta nota? As mãos continuaram erguidas. Bom - ele disse - e se eu fizer isto? E ele deixou a nota cair no chão e
começou a pisá-la e esfregá-la. Depois, pegou a nota, agora imunda e amassada, e perguntou:
– E agora? Quem ainda quer esta nota? Todas as mãos continuaram erguidas. Meus amigos, vocês todos
devem aprender esta lição: Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês ainda irão querer esta nota, porque ela não perde o valor. Ela ainda valerá 100 reais.
Essa situação também se dá conosco. Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos sujos, por decisões que tomamos e/ou pelas circunstâncias que vêm em nossos caminhos. E assim, ficamos nos sentindo desvalorizados, sem importância.
Porém, creiam, não importa o que aconteceu ou o que acontecerá, jamais perderemos nosso valor perante o Universo. Quer estejamos sujos, quer estejamos limpos, quer amassados ou inteiros, nada disso altera a importância que temos. A nossa valia.
O preço de nossas vidas não é pelo que fazemos ou que sabemos, mas pelo que Somos! Somos especiais... Você é especial. Muito especial... Jamais se esqueça disso.
Eterno (Carlos D. Andrade)
OS VERDADEIROS AMIGOS
Um jovem recém casado estava sentado num sofá num dia quente e úmido, bebericando chá gelado durante uma visita ao seu pai. Ao conversarem sobre
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a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho.
– Nunca se esqueça de seus amigos, aconselhou! Serão mais importantes na medida em que você envelhecer. Independentemente do quanto você ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles; faça coisas com eles; telefone para eles...
Que estranho conselho! Pensou o jovem. Acabo de ingressar no mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza minha esposa e a família que iniciaremos serão tudo que necessito para dar sentido à minha vida!
Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contato com seus amigos e anualmente aumentava o número de amigos. Na medida em que os anos se passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava. Na medida em que o tempo e a natureza realizam suas mudanças e mistérios sobre um homem, amigos são baluartes de sua vida.
Passados mais de 50 anos, eis o que aprendi: A distância separa. As crianças crescem. Os empregos vão e vêem. O
amor fica mais frouxo. As pessoas não fazem o que deveriam fazer. A vida acontece. O coração se rompe. Os pais morrem. Os colegas esquecem os favores. As carreiras terminam. Mas, os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.
Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, abençoando sua vida!
Quando iniciamos esta aventura chamada vida, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante. Nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.
NOSSOS LOBOSUma noite, um velho índio contou ao seu neto sobre uma batalha
que acontece dentro das pessoas. Ele disse: – 'Meu filho, a batalha é entre dois 'lobos' dentro de todos nós. Um é
mau. É a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso e a superioridade.
O outro é bom. É a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé’.
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O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu avô: – 'Qual lobo vence?’ O velho índio simplesmente respondeu: – 'Aquele que você alimentar'.
AS TRÊS PENEIRASUm rapaz procurou Sócrates e lhe disse que precisaria contar algo
sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: – O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? – Três peneiras? – Sim. A primeira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um
fato?Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo.
Suponhamos então que seja verdade. Deve passar pela Segunda peneira: a BONDADE.
O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?
Se o que você quer contar é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
E arremata Sócrates:Se passar pelas três peneiras, conte! Caso contrário, esqueça e enterre
tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos e colegas. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz!
Saber calar é, sobretudo, uma arte. Se o comentário a fazer de uma para outra pessoa não vier em benefício de alguém, se não ajudar, ou pior, se causar mágoa é melhor calar.
Não é fácil, mas se conseguimos colocar em prática esta técnica de bem viver estaremos fazendo certamente nossa parte, dando nossa contribuição, como o passarinho da floresta sabedor que sua contribuição diante do incêndio era insignificante, pequeno mesmo, mas ao carregar água no bico para ajudar a apagar o fogo, tinha ao menos consciência e paz, pois fazia sua parte. Se cada um der sua contribuição, quantos dissabores e maledicências não serão evitados?
O ser humano necessita dar sua contribuição, pequena que seja, mas efetiva, para que as coisas mudem, melhorem e aconteçam, preservando a natureza,
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florestas e animais e, principalmente, preservando a si próprio e respeitando o seu próximo.
São ações que, isoladamente podem significar muito pouco, mas, se realizadas em coletividade, ajudarão a construir um mundo melhor, nesta e nas próximas gerações: faça a sua parte
Disse-lhe Sócrates, sorrindo. E ainda continuou: - Da próxima vez que surgir um boato por aí, submeta-o ao teste, ao exame dessas peneiras, meu amigo. Verdade, bondade e necessidade. Tudo isso antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, e sabe por que meu amigo?
Porque pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. E as medíocres falam sobre pessoas.
Reflexões interessantes
Cada uma de nossas leituras deixa uma semente que germina. Jules Renard (Châlons, 1864 - Paris, 1910), escritor francêsAs pessoas tendem a colocar palavras onde faltam idéias. Goethe. Fonte:Guia dos CuriososO que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê. Platão (427 a.c - 347 a.C), filósofo gregoAquele a quem a palavra não educar também o pau não educará. Sócrates (Atenas, 470 a.C. 399 d.C.), filósofo grego cujos ensinamentos formaram a base da filosofia ocidental. Não somos nós que fazemos a história. É a história que nos faz. Martin Luther King (1929, Atlanta, Geórgia - 1968, Memphis, Tennessee), pastor e ativista político estadunidense, a mais nova pessoa no mundo a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1964), em A força de amar.
Como os técnicos se comunicam: economia – variações de
“economês”
1 2 3Programação Funcional SistemáticaEstratégia Operacional Integrada
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Mobilidade Dimensional EquilibradaPlanificação Transicional TotalizadaDinâmica Estrutural InsumidaFlexibilidade Global BalanceadaImplementação Direcional CoordenadaInstrumentação Opcional CombinadaRetroação Central EstabilizadaProjeção Setorial Paralela
Qualquer substantivo da coluna 1 combinado com
quaisquer adjetivos das colunas 2 e 3, resultará numa expressão
semelhante às usadas pelos “cientistas econômicos”.
V. REDAÇÃO OFICIAL
1. O que é redação oficial
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e
comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder
Executivo.
A redação oficial deve caracterizar-se pela
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão,
formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, oralidade, publicidade
e eficiência (...).” Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
fundamentais de toda administração pública, claro está que devem
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
2. Pronomes de Tratamento
Emprego dos pronomes de tratamento
Os pronomes de tratamento, também chamados
pronomes de reverência, são pronomes usados no trato cortês e
cerimonioso.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Quadro dos pronomes de tratamento
Senhor, Senhora, Senhorita - as pessoas de respeito;
Vossa(s) Senhoria(s) – as pessoas de cerimônia;
Vossa(s) Excelência(s) - altas autoridades;
Vossa Santidade – o líder da Igreja Católica Romana, o papa;
Vossa(s) Eminência(s) – os cardeais da Igreja Católica
Romana;
Vossa Reverendíssima(s) – os sacerdotes;
Vossa(s) Majestade(s) – os reis, imperadores e rainhas;
Vossa(s) Alteza(s) - príncipes e princesas.
Os pronomes de tratamento são pronomes de segunda pessoa,
usam-se, entretanto, com formas verbais de terceira pessoa:
Temos certeza de que Vossa Excelência resolverá as
divergências.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Se aludimos à pessoa de quem falamos, usaremos o possessivo
Sua.
Sua Senhoria partiu ontem sem avisar ninguém.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo
respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal
Federal;
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador; Senhor Juiz; Senhor Ministro; Senhor
Governador.
OBSERVAÇÃO: Em comunicações oficiais, está abolido
o uso do tratamento digníssimo (DD.) para as autoridades arroladas na
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer
cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
para particulares. O vocativo adequado é Senhor fulano de tal.
Fica, pois, dispensado o emprego do superlativo
ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
tratamento Senhor.
Acrescenta-se que doutor não é forma de tratamento, e
sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra
geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que
tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado.
É costume designar por doutor os médicos e os advogados, sendo que
eses últimos têm essa prerrogativa estabelecida em Lei. Nos demais
casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às
comunicações.
3. Fechos para comunicações
O fecho das comunicações oficiais tem, além da finalidade
óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
para fecho, que vinham sendo utilizados desde 1937 estabeleciam
quinze padrões, foram para dois fechos diferentes para todas as
modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da
República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia
inferior: Atenciosamente,
4. Conceito de Documentos Oficiais
Correspondência Interna
É o instrumento de comunicação para assuntos internos,
entre chefias de unidades administrativas de um mesmo órgão. É o
veículo de mensagens rotineiras, objetivas e simples, que não venham
a criar, alterar ou suprimir direitos e obrigações, nem tratar de ordem
pessoal. A Correspondência Interna substitui o memorando, cuja
nomenclatura não deve ser mais utilizada.
Ofício
Correspondência pela qual se mantém intercâmbio de
informações a respeito de assunto técnico ou administrativo, cujo teor
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
tenha caráter exclusivamente institucional. São objetos de ofícios as
comunicações realizadas entre dirigentes de entidades públicas,
podendo ser também dirigidos a entidades particular;
Atestado
O atestado é um documento que fala a favor do portador
do documento, geralmente do ponto de vista profissional. Existe
também o atestado médico, no qual o médico discrimina se a pessoa
pode ou não exercer determinada função ou se a pessoa esteve doente
e qual foi a doença.
Ata
É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos
fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembléia.
A ata será assinada e/ou rubricada por todos os presentes à reunião ou
apenas pelo Presidente e Relator, dependendo das exigências
regimentais do órgão.
VI. NOÇÕES DE SEMÂNTICA
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Estuda os significados.
Estuda o referencial do Código.
Conotação: sentido pela idéia, sentido figurado.
Denotação: sentido literal.
“Jesus preciso mais de poder” (Hino 423, da Harpa Cristã)
(Precisando mais, tendo mais necessidade...)
Se fosse assim: Jesus, preciso de mais poder (Pedindo
mais poder...)
Não, preciso mais de você! (Necessidade)
Não preciso mais de você!(Dipensa)
Não vou sair mais (Nem menos) Não vou mais sair (Nunca mais) Não quero ser eu (Negativa) Não, quero ser eu (Positiva) Não quero ser (Forma negativa) Quero não ser (Forma positiva)
“Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (Ap 22.7)
“Eis que presto venho; bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (Ap 22.7)
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
“Eis que cedo venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.” (AP 22.7)
Ambiguidade – Deve-se evitar frases como estas:
a) João propõe perdão a Pedro;
b) João e Pedro conversavam e falavam de sua mãe;
c) João disse a Pedro que seu carro era velho;
d) João disse que não queria falar sobre o burro do seu filho;
e) O burro do João estava doente;
f) João emprestou o livro de Pedro.
A Entonação faz a comunicação
a) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente. Eu não disse que
ele atendeu mal ao cliente.
b) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.
c) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.
d) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
e) Eu não disse que ele atendeu mal ao cliente?
Significados
a) Santificar-se, santidade, santificação, santo, santíssimo,
santarrão, santinho
b) Humilhar-se, humilhado, humilde, humilhação, humildade,
humilhante
Níveis de linguagem
Nossa vida em sociedade está sujeita a regras a que
devemos obedecer. O mesmo acontece com a linguagem: ela tem
normas, princípios que precisam ser obedecidos.
Geralmente, achamos que essas regras dizem respeito
apenas à gramática normativa. Tanto isso é verdade que, para a
maioria das pessoas, expressar-se corretamente em língua portuguesa
significa não cometer “erros” de ortografia, concordância verbal,
acentuação etc. Há, no entanto, erro mais comprometedor do que o
gramatical, como é o de inadequação da linguagem ao contexto.
Isso nos leva a concluir que existem níveis de linguagem.
Vamos destacar dois desses níveis: o coloquial e o culto.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Linguagem coloquial: é aquela empregada no cotidiano.
É a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do
falante, sem muita preocupação com as formas lingüísticas.
Geralmente é informal, incorpora gírias e expressões e não obedece,
necessariamente, às regras da gramática normativa.
Linguagem culta: é uma linguagem mais formal, que
segue os princípios da gramática normativa. É empregada na escola,
no trabalho, nos jornais e nos livros em geral.
Dominar uma língua, portanto, não significa apenas
conhecer normas gramaticais, mas, sobretudo empregar
adequadamente essa língua nas várias situações do dia-a-dia: na
escola, com os amigos ou no exemplo de seleção, no trabalho.
Funções da linguagem
O homem é um ser social: ele necessita estar em constante
comunicação com seu semelhante. Essa comunicação ocorre através
de um processo no qual estão sempre envolvidos alguns elementos.
Vejamos:
Emissor: é o que emite a mensagem.
Receptor: é o que recebe a mensagem.64
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Mensagem: é o conteúdo transmitido pelo emissor.
Código: é o conjunto organizado de signos utilizados na
transmissão e recepção da mensagem.
Referente: é o conjunto de informações que compõem a
mensagem.
Canal: é o meio pelo qual circula a mensagem.
Como em todos os atos de comunicação, a comunicação
verbal também depende de um contexto que possibilite a
verbalização: o emissor verbaliza pensamentos, emoções e fatos
criados ou sugeridos por uma determinada situação.
Ao ser verbalizada, a mensagem revela funções e estas
funções variam de acordo com que o emissor pretende comunicar.
Função emotiva (ou expressiva)
Centraliza-se predominantemente no emissor, revelando
sua emoção, sua opinião. É a linguagem dos livros autobiográficos, de
memórias, de poesias líricas, de bilhetes e de cartas de amor. É
subjetiva e nela prevalecem a primeira pessoa do singular, as
interjeições e as exclamações. Veja o exemplo que segue:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
“A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!”
Função referencial (ou denotativa)
Quando se centraliza predominantemente no referente. O
emissor procura oferecer informações sobre o ambiente. É a
linguagem das notícias de jornal, dos livros científicos. Objetiva,
direta e denotativa, nela prevalece a terceira pessoa do singular.
Exemplo:
“Parte dos 120 mil km cúbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os continentes, já não trazem mais a vida, mas a morte lenta e penosa para lagos, florestas, animais e pessoas...”
Função apelativa (ou conativa)
Ocorre quando se centraliza predominantemente no
receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor.
É a linguagem dos discursos, dos sermões, das propagandas que se
dirigem diretamente ao consumidor. Como o emissor se dirige ao
receptor, é comum o uso dos pronomes você e tu, ou o nome da
pessoa, além dos vocativos e imperativos. Exemplo:
“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço
certo.”
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Função fática
Centralizada predominantemente no canal: tem como
objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a
eficiência do canal. É a linguagem das falas telefônicas e dos prefixos
radiofônicos.
É linguagem carregada de expressões como alô, então,
entende? Aí então, está me ouvindo? Então tchau, aqui é a Rádio...
Veja o exemplo:
“...Aí então o cobrador não quis me dar o troco, né, falando que era pouca coisa, e fiquei danada, entende?
Função poética
É centralizada predominantemente na mensagem,
revelando recursos imaginativos variados pelo emissor. Afetiva,
sugestiva, conotativa, ela é metafórica. É a linguagem figurada
presente em obras literárias, em letras de músicas, em algumas
propagandas, na fala fantasiosa de crianças.
Exemplo: “Na tarde quente as folhas aplaudindo a brisa fresca.”
Função metalinguística
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Centralizada predominantemente no código; é o uso da
linguagem para falar dela própria. A poesia que fala da poesia, da sua
função, e do poeta, um texto que comenta outro texto.
Os dicionários são o melhor exemplo de emprego de
metalinguagem. Neles, “traduz-se” um termo empregando o próprio
código a que pertence esse termo.
Exemplo: “atmosfera – s.f. 1. Massa gasosa que envolve
a terra. 2. O ar que respiramos”.
Observação
Em um mesmo texto podem aparecer várias funções de linguagem. O importante é saber qual é a função predominante no texto, porque ela o definirá como sendo emotivo, referencial, apelativo, fático, poético ou metalinguístico.
Significação das palavras
Sinônimas
Significado idêntico (perfeitos): lábio e beiço; cara e rosto;
Significado parecido (imperfeitos): cavalo e corcel; sábio e
erudito.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Antônimas
Significados contrários: dia e noite; amar e odiar; sim e não;
calor e frio; bom e mau; bem e mal; certo e errado; frio e
quente; perto e longe; grande e pequeno.
Homônimas
São aquelas que têm significados diferentes mas iguais nos
sons e/ou nas letras e dividem-se em:
Homófonas (idênticas nos sons): cento e assento; conserto e
concerto; seção, secção, sessão e cessão; paço e passo; laço e
lasso; acender e ascender; servo e cervo;
Homógrafas (têm a escrita igual): forma (ô) e forma; olho (ô)
e olho; colher (ê) e colher; fora (ô) e fora; molho (ô) e molho;
coro (ô) e coro; sábia, sabia e sabiá;
Homógrafas homófonas (letras e sons iguais). São as
chamadas homônimas perfeitas: canto (ângulo) e canto
(verbo); mato (bosque) e mato (verbo) mata (bosque, floresta)
e mata (verbo); manga (fruta) e manga (de camisa); livre
(solto) e livre (verbo); processar (informações), processar
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
(beneficiar) e processar (levar ao tribunal, a juízo); assistir
(ver, participar) e assistir (ajudar, cuidar, prestar assistência).
Parônimas
São parecidas na escrita e na pronúncia, mas de
significados diferentes: descrição (ato de escrever) e discrição
(modéstia); eminente (ilustre, notável) e iminente (ameaçante,
próximo); osso (parte do esqueleto) e ouço (verbo); coro (várias
vozes) e couro (pele); intimorato (corajoso) e intemerato (puro,
íntegro); despercebido (não notado) e desapercebido (desprevenido).
Derivação
O termo derivação se refere a um conjunto de diversos
processos de formação de novas palavras a partir de um único radical.
A derivação pode ser por prefixação, por sufixação ou ainda pode ser
derivação parassintática, derivação regressiva e derivação imprópria.
Derivação imprópria
Denomina-se derivação imprópria o processo de alteração
da classe da palavra (sem quaisquer alterações estruturais da palavra)
em que esta passa a se referir a uma nova significação.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos: A palavra burro, que originariamente se remete
a um animal quadrúpede (substantivo) passou também a ser
empregada na designação de qualquer pessoa a que se quer referir por
sua inépcia (adjetivo). Outro exemplo se dá na palavra oliveira
(substantivo comum), que pode se transformar num sobrenome de
família (Oliveira: substantivo próprio).
Este processo não se dá no campo morfológico (não há
ocorrência de processos de ordem morfológica), mas sim no campo da
semântica.
Derivação parassintática
A derivação parassintática ao processo de união
simultânea necessária de um prefixo e um sufixo a determinado
radical para a formação de uma nova palavra. Nas palavras resultadas
deste processo, a simultaneidade da agregação dos afixos ao radical é
condição fundamental. Exemplos de algumas palavras resultadas deste
processo, observamos:
Entardecer (Prefixo en- e sufixo -cer para o tema tarde:
não existem formas do tema em que apenas um destes afixos a ele se
agregam) Empobrecer, adoecer, adocicar, etc.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Derivação por prefixação
Derivação por prefixação é o processo de formação de
novas palavras a partir do acréscimo de prefixos a radicais.
Exemplo: A partir da palavra destinar, pode-se formar
uma outra palavra por derivação prefixal: predestinar (prefixo pre- ;
sentido de anterioridade).
Derivação por sufixação
Derivação por sufixação é o processo de formação de
novas palavras a partir do acréscimo de sufixos a radicais.
Exemplo: A partir da palavra real, pode-se formar outra
palavra por derivação sufixal: realismo (sufixo -ismo : no caso da
palavra realismo, utilizado para designar um dado sistema de idéias
artísticas). A partir da mesma palavra, deriva-se por sufixação a
palavra realista (sufixo -ista : no caso da palavra realista, utilizado
para designar aquilo que é relativo a realismo, como “romance
realista” ou, de forma geral, aquele que é partidário do realismo, ou
ainda aquele que age com realismo).
O processo de derivação por sufixação é responsável pelas:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
flexões de grau dos vocábulos (sufixos aumentativos e
diminutivos, tendo como exemplo a palavra casa, da qual
derivam-se as palavras casinha e casão ou casarão);
mudanças de classe dos vocábulos (por exemplo, a mudança
de classe do adjetivo belo para o substantivo beleza);
pelas flexões dos modos e tempos verbais nos verbos.
Derivação regressiva
Dá-se o nome de derivação regressiva ao processo de
formação de palavras em que a palavra primitiva sofre regressão, isto
é, perde elementos de sua forma original. Este tipo de processo é
observável, sobretudo, na formação de substantivos originados de
verbos. Tais substantivos são denominados, portanto, substantivos
deverbais. A derivação regressiva também é observada em algumas
formas nominais que sofreram regressão por conterem em sua
terminação elementos que se assemelham à flexão de grau (tendo
como exemplos, as palavras sarampão e rosmaninho, das quais
derivaram-se sarampo e rosmano, que são radicais falsos).
Outros exemplos: amparo (do verbo amparar), consumo
(do verbo consumir), embarque (do verbo embarcar). As formas
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
nominais que lembram ações são formados por este tipo de derivação.
VII. PONTUAÇÃO
Emprego dos sinais de pontuação
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Vírgula – Indica que há uma breve pausa. Usa-se:
Para separar elementos relacionados:
A Igreja vai consagrar pastores, presbíteros e diáconos.
Comprei um apartamento que tem dois quartos, duas salas,
cozinha, área de serviço, duas varandas e três.
“E batizai-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
Para isolar o vocativo:
Francisco, desligue já essa televisão!
Por favor, senhor Formiga, venha até o meu gabinete.
Ontem, Paulo, você faltou você perdeu uma ótima aula!
Ó Raimundo, por que te abates?
Boa redação, Samuel!
Para isolar o aposto:
Jesus, nosso Salvador, morreu na cruz por nossos pecados.
Paulo, o apóstolo dos gentios, escreveu 13 epístolas.75
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
João, o discípulo amado, escreveu o Livro do Apocalipse.
Para isolar palavras e expressões explicativas: a saber,
por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.
Para isolar o adjunto adverbial antecipado:
Lá na mata, as noites são escuras e perigosas.
Ontem à noite, fomos todos jantar fora.
Para isolar elementos repetidos:
A casa, a casa foi destruída.
Estamos todos cansados, cansados de tanto andar.
Para isolar, nas datas, o nome do lugar:
Brasília, 21 de abril de 1960.
União da Vitória, 25 de março de 1981.
Para isolar os adjuntos adverbiais:
A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio
gerente.
Para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela
conjunção e:
Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.
Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao
dirigir.
Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.
Para indicar a elipse de um elemento da oração:
Foi um grande escândalo. Às vezes, gritava; outras,
estrebuchava como um animal.
Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que
foi um acidente.
Para separar o paralelismo de provérbios:
Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
Ouvir cantar o galo, sem saber onde.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Após a saudação em correspondência (social e comercial):
Com muito amor,
Respeitosamente,
Para isolar as orações adjetivas explicativas:
Marina, que é uma criatura maldosa, “puxou o tapete” de
Juliana lá no trabalho.
Para isolar orações intercaladas:
Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.
O filme, disse ele, é fantástico.
Ponto – Indica uma pausa mais prolongada. Usa-se:
Para indicar o término de uma frase declarativa de um período
simples ou composto:
Desejo-lhe uma boa noite.
Todos, quase sempre calados, ficaram muito alegres com a
chegada do amigo.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Na maioria das abreviaturas: dez. = dezembro, comiss. = comissão
Nota: O ponto que encerra um texto escrito recebe o nome de ponto
final.
Ponto-e-vírgula
Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa
maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre
o ponto e a vírgula. Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
Separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas
que já apresentam separação por vírgula:
Criança, foi sempre sapeca; moça, era inteligente e alegre;
agora, mulher madura, tornou-se uma responsável.
Separar vários itens de uma enumeração:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,
a arte e o saber;
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
(Constituição da República Federativa do Brasil)
Dois pontos - Os dois pontos são empregados para:
Uma enumeração: Rubião recordou a sua entrada no escritório do
Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.
Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o
grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...
(Machado de Assis)
Uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou: Afinal, o
que houve?
Um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não
porque o amasse, mas para magoar Lucila.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Observe que os dois pontos são também usados na
introdução de exemplos, notas ou observações:
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e
parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso,
descriminar/discriminar, tráfico/tráfego, conserto/concerto etc.
Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é
usada na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente).
Observação: Na linguagem coloquial, pode-se aplicar o
grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, minutinho, segundinho,
loginho, melhorzinho, pouquinho etc.
Nota: A invocação em correspondência (social ou
comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:
Querida amiga:
Prezados senhores,
Ponto de interrogação
O ponto de interrogação é empregado para indicar uma
pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
– Não obrigado. A que horas janta-se?
– Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
– O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a
cavalo?
- Não.
(José de Alencar)
Ponto de exclamação
O ponto-de-exclamação é empregado para marcar o fim de
qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente
exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
– Viva o meu príncipe! Sim, senhor. Eis aqui um
comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto!
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
– Então janta, homem! (Eça de Queiroz)
O ponto de exclamação é também usado com
interjeições e locuções interjetivas: Oh! Valha-me Deus!
Reticências - As reticências são empregadas para:
a) assinalar interrupção do pensamento:
– Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência
de que fiz o meu dever. Mas o mundo saberá... (Júlio Dinis)
b) indicar passos que são suprimidos de um texto:
O primeiro e crucial problema de lingüística geral que
Saussure focalizou dizia respeito à natureza da linguagem. Encarava-a
como um sistema de signos... Considerava a lingüística, portanto, com
um aspecto de uma ciência mais geral, a ciência dos signos... (Mattoso
Câmara Jr.)
c) marcar aumento de emoção:
As palavras únicas de Teresa, em resposta àquela carta,
significativa da turvação do infeliz, foram estas: “Morrerei, Simão,
morrerei. Perdoa tu ao meu destino. Perdi-te. Bem sabes que sorte eu
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
queria dar-te. E morro, porque não posso, nem poderei jamais
resgatar-te. (Camilo Castelo Branco)
Aspas - As aspas são empregadas:
a) antes e depois de citações textuais: “O gramático deveria
descrever a língua em uso em nossa época, pois é dela que os alunos
necessitam para a comunicação quotidiana”. (Roulet)
b) para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias e expressões
populares ou vulgares: O “software” mais usado atualmente é o.
Outras, como: “deletar”, “xilondró” “puxador de carro” etc.
c) para realçar uma palavra ou expressão: Ele reagiu
impulsivamente e lhe disse um “não” sonoro. Aquele “mal súbito” na
vida financeira de João afastou-lhe os amigos dissimulados.
Travessão - Emprega-se o travessão para:
a) indicar a mudança de interlocutor no diálogo:
“– Que gente é aquela, seu Alberto? – São japoneses.– Japoneses? E... É gente como nós? – É. O Japão é um grande país. A única diferença é que eles são amarelos. – Mas, então não são índios?”(Ferreira de Castro)
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
b) colocar em relevo certas palavras ou expressões:
Maria José sempre muito generosa – sem ser artificial ou
piegas – a perdoou sem restrições.
Um grupo de turistas estrangeiros – todos muito ruidosos -
invadiu o saguão do hotel no qual estávamos hospedados.
c) substituir a vírgula ou os dois pontos:
Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente
selvagem, a arte é a superioridade humana - acima dos preceitos que
se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se
corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase. (Raul Pompéia)
d) ligar palavras ou grupos de palavras que formam um
“conjunto” no enunciado:
A ponte Rio–Niterói está sendo reformada. O triângulo
Paris–Milão–Nova York está sendo ameaçado, no mundo da moda,
pela ascensão dos estilistas do Japão.
Parênteses - São empregados para:
a) destacar num texto qualquer explicação ou comentário:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Todo signo lingüístico é formado de duas partes
associadas e inseparáveis, isto é, o significante (unidade formada pela
sucessão de fonemas) e o significado (conceito ou idéia).
b) incluir informativos sobre bibliografia (autor, ano de
publicação, página etc.):
Mattoso Câmara (1977:91) afirma que, às vezes, os
preceitos da matemática e os registros dos dicionários são discutíveis:
consideram erro o que já poderia ser admitido e aceitam o que
poderia, de preferência, ser posto de lado.
c) indicar marcações cênicas numa peça de teatro:
Abelardo I – Que fim levou o americano? João – Decerto caiu no copo de uísque!Abelardo I – Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita) (Oswald de Andrade)
d) isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em
substituição à vírgula e aos travessões:
Afirma-se (não se prova) que é muitos políticos roubam.
Asterisco - É sinal gráfico em forma de estrela, é um recurso
empregado para:
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) remissão a uma nota no pé da página ou no fim de um capítulo
de um livro:
Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria,
confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -
aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está
ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar
atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria etc. É o morfema que
não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras
palavras.
b) substituição de um nome próprio que não se deseja mencionar:
O Dr. afirmou que a causa da infecção hospitalar na Casa
de Saúde Municipal está ligada à falta de produtos adequados para
assepsia.
VIII. GRAMÁTICA
FONOLOGIA
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Fonética
Fonema e letra
Tipos de fonemas
Classificação dos
fonemas
Separação silábica
Encontro vocálico
Encontro consonantal
Dígrafos
Ortografia
Grafia
Novas regras de
ortografia
Regras de acentuação
gráfica
Ortoépia ou ortoepia
Fonema e letra
A palavra falada constitui-se de uma combinação de
unidades mínimas de som (fonemas). Essas unidades sonoras são
representadas graficamente na escrita através de letras. Não se deve
confundir fonema com letra. Um é o elemento acústico, enquanto o
outro é um sinal gráfico, que representa o fonema segundo a
convenção da língua.
Nem sempre há uma correspondência entre letra e som.
Uma mesma letra pode representar sons diferenciados (próximo, 88
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
exame, caixa), existem letras diferentes correspondendo ao mesmo
som (seco, cedo, laço, próximo), uma letra pode representar mais de
um som (fixo), há letra que não tem som algum (hora) e certos sons
ora são representados por uma só letra, ora por duas (xícara/chinelo,
gato/guitarra, rabo/carro).
Fonema = menor elemento sonoro capaz de estabelecer
distinção de significado. Exemplos: (pata ≠ bata ≠ mata ≠ nata...)
Tipos de fonemas
Vogal - sons cuja produção não encontra obstáculos para a
passagem de ar. Não precisam de amparo de outro fonema
para serem emitidos, constituem assim a base da sílaba. Em
quilo o u não é fonema, logo não há ditongo; já em quatro é
pronunciado, constituindo o ditongo.
Semivogal - sons i e u quando apoiados em uma vogal
autêntica na mesma sílaba. Os fonemas e e o, nas mesmas
circunstâncias, também serão semivogais.
Consoante - fonemas produzidos através da obstrução à
emissão de ar, precisando de uma vogal para serem emitidos.
Para haver consoante, é necessário o fonema (som) e não a
89
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
letra (representação). Em fixo, há três fonemas consonantais,
apesar de haver graficamente só duas consoantes.
Classificação dos fonemas
Há quatro os critérios de classificação para as vogais:
Zona de articulação
a) média ou central: a
b) anteriores ou palatais: é, ê, i, y
c) Posteriores ou velares: ó, ô, u
Intensidade
a) tônicas: mais intensidade
b) átonas: intensidade fraca
c) a vogal átona pode ser: pretônica, postônica ou subtônica /
facilmente = a (subtônica), i (pretônica), último e (postônica)
Timbre
90
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) abertas - a, é, ó (em sílaba tônica ou subtônica)
b) fechadas - ê, ô, i, y, u (em sílabas tônicas, subtônicas ou
átonas)
c) reduzidas - vogais átonas finais, proferidas fracamente
Papel das cavidades bucal e nasal
a) orais - a, é, ê, i, y, ó, ô, u - ressonância apenas da boca
b) nasais - todas as vogais nasalisadas - ressonância em parte da
cavidade nasal. Índices de nasalidade: e m ou n em fim de
sílaba.
Observação: As vogais nasais são sempre fechadas
As consoantes também apresentam quatro critérios de
classificação
Modo de articulação
oclusivas - corrente de ar encontra na boca obstáculo total - p,
b, t, d, c(=k), k, q, g (=guê)
91
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
constritivas - corrente de ar encontra obstáculo parcial na boca
- f, v, s, z, x, j, l, lh, r, rr. Elas subdividem-se em: fricativas -
f, v, s, z, x, j/laterais - l, lh/vibrantes - r, rr
Observação: As consoantes nasais (m, n, nh) são ponto
de divergência entre gramáticos, no tocante a agrupá-las como
oclusivas ou constritivas. Isso se deve ao fato de a oclusão ser apenas
bucal, chegando o ar às fossas nasais onde ressoa. Para Faraco e
Moura, são oclusivas. Hildebrando não as coloca em nenhum dos dois
grupos.
Ponto de articulação
bilabiais: p, b, m
labiodentais: f, v
linguodentais: t, d, n
alveolares: s, z, l, r
palatais: x, j, lh, nh
velares: c(=k), qu, g (=guê), rr
92
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Papel das cordas vocais
surdas - sem vibração: p, t, c(=k), qu, f, s, x, k
sonoras - com vibração: b, d, g, v, z, j, l, lh, m, n, nh, r (fraca),
rr (forte)
Papel das cavidades bucal e nasal
nasais: m, n, nh
orais: todas as outras
Separação silábica
Sílab: conjunto de sons que pode ser emitido numa só
expiração. Pode ser aberta ou fechada se terminada por vogal ou
consoante, respectivamente.
Na estrutura da sílaba existe, necessariamente, uma vogal,
à qual se juntam, ou não, semivogais e/ou consoantes. Assim, não há
sílaba sem vogal e esse é o único fonema que, sozinho, forma sílaba.
A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a
palavra lentamente, de forma melódica.
93
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Toda consoante precedida de vogal forma sílaba com a
vogal seguinte. Merece a lembrança de que m e n podem ser índices
de nasalização da vogal anterior, acompanhando-a na sílaba. (ja-ne-la,
su-bu-ma-no, é-ti-co, tran-sa-ma-zô-ni-ca; mas bom-ba, sen-ti-do)
Consoante inicial não seguida de vogal fica na sílaba
seguinte (pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co). Se a consoante não seguida
de vogal estiver dentro do vocábulo, ela fica na sílaba precedente (ap-
to, rit-mo).
Os ditongos e tritongos não se separam, porém no hiato
cada vogal está numa sílaba diferente.
Os dígrafos do h e do u também são inseparáveis, os
demais devem ser separados. (cha-ve, ne-nhum, a-qui-lo, se-gue).
Em geral, os grupos consonantais onde a segunda letra é l
ou r não se separam. (bra-ço, a-tle-ta).
Em sufixos terminados por consoante + palavra iniciada
por vogal, há união dessa consoante final com a vogal, não se
considerando a integridade do elemento mórfico (bi-sa-vô ≠ bis-ne-to,
tran-sa-cio-nal ≠ trans-pa-ren-te).
94
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
As letras duplas e os encontros consonantais pronunciados
disjuntamente devem ser separados. (oc-cip-tal, ca-a-tin-ga, ad-vo-
ga-do, dig-no, sub-li-nhar, ab-ro-gar, ab-rup-to)
Na translineação, devem-se evitar separações que resultem
no fim de uma linha ou no início da outra vogais isoladas ou termos
grosseiros. (i//dei//a, cus//toso, puta//tivo, fede//ral).
Dependendo da quantidade de sílabas, as palavras podem
ser classificadas em: monossílaba (mono = um), dissílaba (di = dois),
trissílaba (tri = três) e polissílaba (poli = vários/+ de quatro)
Encontros vocálicos
Sequência de sons vocálicos (vogais e/ou semivogais) que
pode ocorrer numa mesma sílaba ou em sílabas separadas. As vogais
serão as pronunciadas mais fortes, enquanto as semivogais serão mais
fracas na emissão e sempre átonas. São três tipos de encontros
vocálicos: hiatos, ditongos e tritongos.
Hiatos
Sequência de duas vogais em sílabas diferentes (saude,
cooperar, ruim, creem).
95
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Ditongos
Vogal e semivogal pronunciadas numa só sílaba,
independentemente da ordem destas. Os ditongos podem ser
classificados em decrescentes ou crescentes e orais ou nasais.
ditongo crescente: SV + V (glória, qual, frequente, tênue)
ditongo decrescente: V + SV (pai, chapeu, muito, mãe)
ditongo nasal: com índices claros de nasalidade: a presença do
til (~) e as letras m ou n em fim de sílaba (mão, quando,
também [~ei])
ditongo oral: os ditongos não nasais são ditos orais.
Tritongos
Uma vogal entre duas semivogais numa só sílaba.
(Uruguai, saguões, enxaguou, delinquem [ueim]).
Também podem ser classificados em nasais ou orais,
seguindo os mesmos princípios dos ditongos.
Observações:
96
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a é sempre vogal e se estiver acompanhada de outra(s) "vogal"
na mesma sílaba, esta será semivogal.
i e u geralmente funcionam como semivogais, mas e e o
podem também desempenhar este papel.
am em, em fim de palavra, correspondem aos ditongos ao / ei
nasalisados
falsos ditongos - quando átonos finais, os encontros (ia, ie, io,
oa e ua) são normalmente ditongos crescentes, mas também
podem ser hiatos. Se esses grupos não forem finais nem
átonos, só podem ser hiatos. (his-tó-ria ou ri-a, geo-gra-fi-a,
di-e-ta, di-á-li-se, pi-ru-á - marcadas as sílabas tônicas).
encontros instáveis - além dos falsos ditongos, são os
encontros de i ou u (átonos) com a vogal seguinte (piaga, fel,
prior, muar, suor, crueldade, violento, persuadir). Tais
encontros, na fala do RJ, tendem a hiatos, segundo Rocha
Lima.
os encontros de palavras como praia, maio, feio, goiaba e
baleia são separados de forma a criar um ditongo e uma vogal
sozinha depois.
97
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Encontros consonantais
Sequência de duas ou mais consoantes, sem vogal
intermediária, desde que não constituam dígrafo. Podem ocorrer na
mesma sílaba ou não: perfeitos/próprios ou imperfeitos/impróprios)
- pe-dra, cla-ro, por-ta, lis-ta.
Os encontros (gn, mn, pn, ps, pt e tm) não são muito
comuns. Quando iniciais, são inseparáveis, quando mediais, criam
uma pronúncia mais difícil.
(gnomo/digno, ptialina/apto). No uso coloquial, há uma
tendência a destruir esse encontro, inserindo uma vogal epentética i.
Observação: quando x corresponde a cs, há um encontro consonantal
fonético. Nesse caso, x é chamado de dífono.
Dígrafos
Grupo de duas letras, representando um só fonema. São
dígrafos em língua portuguesa: lh, nh, ch, rr, ss, qu (+e ou i), gu (+e
ou i), sc, sç, xc, além das vogais nasais (V+m ou n - chamados
dígrafos vocálicos).
98
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Observações:
Letra diacrítica - segunda letra do dígrafo e não é fonema (membro -
1º m é fonema; o segundo, letra diacrítica).
Letra h no início de palavra não é fonema nem forma dígrafo e
classifica-se como letra etimológica.
Ortografia
É a parte da Gramática que cuida da correta grafia das
palavras. Eis alguns artifícios que podem ser úteis para se grafar
corretamente as palavras.
Emprego do S
O fonema /Z/ será grafado com "S" depois de ditongo: louSa
paiSagem maiSena SouSa
Os sufixos "OSO/OSA" (cheio de...) devem ser grafados com
"S": charmoSa dengoSa venenoSa raivoSo
Os sufixos "ESA / ISA / ESSA", formadores de femininos, são
grafados com "S": baroneSa condeSSa duqueSa papiSa
99
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Todas as flexões dos verbos "QUERER / PÔR’’: quiS puS
puSer quiSeSSe uSei
Nos grupos "IST / UST": miSto juSto ciSTo juSto
São grafadas com "S" palavras indicadoras de origem,
nacionalidade, posição social ou título, derivadas de
substantivos: cortÊS (corte) burguÊS (burgo); pequinÊS
(Pequim); camponÊS (campo); japonÊS (Japão) paranaENSE
(Paraná); javanÊS botucatuENSE
Grafam-se com S palavras derivadas de verbos terminados em
nDER, nDIR e com SS derivadas de verbos terminados em
DER ,DIR: pretenSão (pretender) regreSSão (regredir)
Emprego do Z
Verbos em "ISAR" são grafados com "S" apenas quando a
palavra primitiva apresentar a seqüência IS + VOGAL.
Caso não apresente essa sequência, o verbo será grafado com
"Z"
encamISAr (camISA) pesquISAr (perquISA); amenIZAr
(ameno) cicatrIZAr (cicatrIZ); catequIZAr (catequESE)
100
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
batIZAr (batISMo)
São grafados com - Z - substantivos abstratos derivados de
adjetivos:
viuveZ (viúvo) estupideZ (estúpido); beleZa (belo) pequeneZ
(pequeno)
Quando houver a correlação - Z/C/Ç -
feliZ (feliCidade) aZedo (áCido); veloZ (veloCidade) preZar
(preÇo)
Emprego do - C e do Ç
Depois de ditongo, o fonema sibilante será grafado com - C/Ç:
coiCe feiÇão traiÇão foiCe
Quando houver a correlação - T/C/Ç: absorÇão (absorto)
canÇão (canto); exceÇão (excetuar) marCiano (Marte)
Nos sufixos - AÇO/IÇO/UÇO: caniÇo ricaÇo dentuÇo
Derivados de verbos terminados em - TER/DIR/MIR -, quando
tais terminações não desaparecem: retenÇão (reter) adiÇão
(adir); remiÇão (remir) abstenÇão (abster).
101
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Emprego do X
Depois de ditongo, o fonema chiado deve ser grafado com – X:
ameiXa baiXo trouXa peiXe
Observação: cauCHo recauCHutar
Depois da inicial - EN - usamos – X: enXaqueca enXoval
enXurrada - exceção (enCHova)
Observação: Se a palavra for derivada de outra que já
apresente - CH -, este se conserva: enCHarcar (charco)
enCHente (cheio); enCHapelar (chapéu) enCHouriçar
(chouriço).
Depois da inicial - ME -, o som chiado será grafado com - X -
meXerica meXer meXilhão MéXico
Observação: meCHa e derivados (mechagem, mechado...) e
meCHoação
Depois da vogal - E -, o fonema /Z/ será grafado com – X:
eXato eXemplo eXagero
102
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Em vocábulos de origem tupi, africana ou árabe: Xavante
abacaXi EreXim
Emprego do J
Nos vocábulos de origem tupi, africana ou árabe: Jiboia
moJi Jia alforJe
Cuidado: viagem( substantivo), viajem( verbo)
Emprego do G
Nas terminações - ÁGIO, - ÉGIO, - ÍGIO, - ÓGIO, - ÚGIO:
adáGIO colÉGIO vestÍGIO relÓGIO refÚGIO
Nos verbos em - GER e – GIR: eleGER fuGIR proteGER
Nas terminações de substantivos em – GEM: folhaGEM
vertiGEM ferruGEM
Emprego do E e do I
Os ditongos nasais /ãy/ e /õy/ - pÕE cÃEs mÃE
Observação: /UY/ (nasal) apenas em MUITO
103
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Verbos terminados em – AIR - OER - e - UIR - apresentam
flexões em - i -; verbos terminados em - UAR - e - OAR -
apresentam flexões em – E.
corrÓI possUI continUE ensabOE
Emprego do H
O -H- inicial só é usado quando justificado pela origem da
palavra: Hábil, hesitar, homem, harmonia, habitar, história
O -H- inicial é eliminado quando a palavra recebe um prefixo:
inábil, desarmonia
O -H- inicial permanecerá nas palavras compostas unidas por
hífen: Super-homem, pré-história
O -H- é empregado no final de algumas interjeições: ah! oh!
Acentuação gráfica
Grafia
Formas Variantes
Há palavras que podem ser grafadas de duas maneiras,
sendo ambas aceitas em Português pela norma de língua culta.
104
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos:
cota – quota
catorze – quatorze
quociente – cociente
quotidiano - cotidiano
IX. NOVAS REGRAS DE ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO
GRÁFICA
105
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
O Decreto N° 6.583, de 29 de setembro de 2008,
promulgou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado
em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, aprovado pelo Decreto
Legislativo n° 54, de 18 de abril de 1995.
Foram signatários desse Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa os seguintes países:
República Popular de Angola,
Republica Federativa do Brasil,
República de Cabo Verde,
República da Guiné Bissau,
República de Moçambique,
República Portuguesa, e
República Democrática de São Tomé e Príncipe.
As mudanças estão resumidas no anexo a este comentário.
Em breve, a Academia Brasileira de Letras (ABL) vai
republicar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)
106
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
com as modificações introduzidas pelo Acordo.
Importante observar:
1) As novas regras ortográficas estão valendo desde o dia 1º de
janeiro de 2009. Entretanto, até 2012, a velha e a nova
ortografia podem conviver. A partir de então, as mudanças na
escrita serão obrigatórias.
2) Muda a grafia mas permanece a pronúncia. Por exemplo,
passa-se a escrever linguiça mas pronuncia-se lingüiça. O
mesmo vale para sequência, tranquilo, assembleia, joia, ideia.
3) Para o Brasil, serão modificadas cerca de 3000 palavras dentre
as 110.000 mais utilizadas. Para outros países, como Portugal,
por exemplo, serão muito mais alterações, especialmente na
eliminação de consoantes mudas (afecto, adoptado).
Há divergências, ainda, sobre o emprego do hífen.
Trema
O trema não é mais usado, a não ser em palavras
estrangeiras: Müller, Frölich e suas derivadas, tal como em
mülleriano.
107
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
As regras de acentuação gráfica
Monossílabos
São acentuados os tônicos terminados em A, E, O
seguidos ou não de S: Pá/pás, Rapé/rapés, Nó/nós
Oxítonos
Recebem acento gráfico os terminados:
em A, E, O seguidos ou não de S: Cajá/cajás, Café/cafés,
Cipó/cipós
em EM/ENS, com mais de uma sílaba: Armazém/armazéns,
mantém, provém
Paroxítonos
Devem ser acentuados quando terminados: em L, N, R, X:
Imóvel, hífen, âmbar, tórax
não são acentuados os prefixos terminados em R: Inter, super.
em Ã(S), ÃO(S), EI(S), I(S), OM(NOS), PS, UM(UNS), US:
ímã/ímãs, órfão/órfãos, jóquei/jóqueis, júri/júris,
108
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
eléctrom/eléctrons, fórceps.
álbum/álbuns, vírus.
I: Anti, semi
com encontros vocálicos (ditongos crescentes) em EA, EI, EO,
IA, IE, IO, AO, UA, EU, UO: côdea, pônei, terráqueo, vitória,
colégio, amêndoa, água, tênue, contínuo
Proparoxítonos
Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas: fôlego,
íntegro, lâmpada, mágica
Hiatos
São acentuados o I e o U tônicos, quando formam hiato
com a vogal anterior, seguidos ou não de S e que estiverem na última
sílaba:ba-ú, Pi-au-í, Ju-í, a-í, sa-í, a-ça-í, Já-ú.
Se não houver ditongo antes do I ou do U tônicos,
seguidos ou não de S, havendo hiato, os vocábulos são acentuados: sa-
ú-de, sa-í-da, sa-ú-va, fa-ís-ca
Observações:
109
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
não é acentuado o I tônico que antecede NH: rainha, ainda,
não são acentuados o I e o U tônicos da base dos ditongos IU e
UI: atraiu, saiu
não é acentuado o penúltimo O fechado do hiato OO, seguido
ou não de S: magoo, vôos, enjoo
Ditongos
São acentuadas as vogais E e O, tônicas e abertas:
1) em última sílaba do ditongo EU: chapéu, troféu, troféus, herói
2) na penúltima sílaba: heróico, paranóico
Acento diferencial
Recebem acento circunflexo diferencial:
pôde (verbo-pret. perf.) diferenciando de pode (verbo-
presente).
pôr (verbo) diferenciando de por (preposição).
têm (verbo-3.ª pes. pl.) diferenciando de tem (verbo-3.ª pes.
sing.).
110
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
vêm (verbo-3.ª pes. pl.) diferenciando de vem (verbo-3.ª pes.
Sing.).
Ortoépia ou ortoepia
Ocupa-se da boa pronunciação das palavras, no ato da
fala.
E ou I: confessionário, digladiar, anteontem, pontiagudo,
irrequieto, dentifrício, empecilho, periquito, páreo, creolina,
disenteria, irrequieto, lacrimogêneo, seriema, umedecer,
Ifigênia
O ou U: tossir, glóbulo, botijão, engolir, goela, cutia, bueiro,
jabuticaba, lombriga, poleiro, rebuliço, cumbuca, lóbulo,
tábua, tabuada
J ou : jerico, cafajeste, rabugento, tigela, bugiganga, ojeriza,
jérsei, sarjeta, vigência, injeção, sugestão, gergelim, herege
X ou CH: muxoxo, capacho, mexilhão, elixir, xampu, graxa,
broche, enxoval, laxante, atarraxar, caxumba
C ou: geringonça, almaço, facínora, miçanga, cobiça
111
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Com S: ânsia, ansioso, ascensão, compreensão, dissensão,
hortênsia, obsessão, pretensioso, recenseamento, seara, Sintra,
Elisa, Sousa, Teresa
Com SS: admissão, alvíssaras, arremessar, asseio, concessão,
escassear, fossa, fosso, massapê, possessão, potassa,
repercussão, sanguessuga, vicissitude
Com SC/SÇ: abscesso, abscissa, apascentar, aquiescer,
ascensão, condescender, cônscio, convalescente, efervescência,
enrubescer, fascinante, imprescindível, intumescer,
miscelânea, obsceno, oscilar, remanescente, rescindir,
suscetível, vísceras
Com XC: exceção, exceder, excelente, excepcional, excesso,
exceto, excitar
Com Z: abalizado, agonizar, algazarra, aneizinhos, aprazível,
aspereza, atroz, baliza, cafuzo, catequizar, deslize, destreza,
escassez, lambuzar, Luzia, Muniz, prazenteiro, preconizar,
regozijo, revezar, rijeza, tenaz, tez, vazar
Outras palavras que merecem atenção: destilaria, hilaridade,
impigem, Manuel, Filipe, Joaquim, secessão, buço, granizo,
112
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
esplêndido, feixe, alfazema, honradez, lapisinho, baliza,
prazerosamente, anchova, cochicho, privilégio, berinjela,
pichação, lambujem, sinusite, seringa, ogiva, cerzir,
convalescença, mormaço, obcecado, rechaçar, ruço
(=grisalho), terçol
Timbre aberto: badejo, coeso, grelha, ileso, obeso, obsoleto,
coldre, dolo, molho (feixe, conjunto), piloro
Timbre fechado: cerda, escaravelho, reses, algoz, colmeia,
crosta, molho (caldo)
X. MORFOLOGIA
Classes de palavras
As palavras usadas na nossa língua podem ser divididas
em classes gramaticais em razão do significado e da função de cada
113
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
uma.
O estudo dessas Classes Gramaticais nos ajuda a ter mais
segurança ao escrever e a ter uma maior facilidade de expressão, seja
de forma oral ou escrita.
Mas não imagine que sempre será necessário reservar um
tempo para fazer uma análise das palavras antes de criar uma frase ou
oração. Com o tempo, após fazer muitos exercícios, analisar textos de
outros autores e criar seus próprios textos, esse processo passa a
acontecer automaticamente. É a prática que nos dá essa agilidade.
Classes Gramaticais
Ao todo, são 10 (dez) classes gramaticais, 6 (seis) delas
compostas por palavras variáveis e mais 4 (quatro) de
palavras invariáveis.
Variáveis
São aquelas em as palavras flexionam-se em gênero,
número, grau, tempo, modo e pessoa. São seis classes: substantivos,
artigos, adjetivos, numerais, pronomes, verbos.
Invariáveis
114
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
São aquelas em que as palavras não se flexionam, isto é,
nada mudam em sua grafia. São quatro classes: advérbios,
preposições, conjunções, interjeições.
Definições, funções e exemplos de cada uma dessas
classes gramaticais.
Variáveis
Substantivos
Basicamente, substantivo é toda palavra que dá nome a
seres, objetos, lugares, sentimentos, ações, qualidades ou estados etc.
Exemplos:
Seres: cachorro, flor, homem, Maria, João
Objetos: computador, borracha, livro
Lugares: sorveteria, aeroporto, Belo Horizonte, Brasil
Sentimentos: amor, ódio, rancor, aflição, afeição
Ações: nascimento, digitação, colheita, salto
Qualidades ou estados: beleza, alegria, juventude
115
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Os substantivos podem ser classificados em comuns e
próprios; concretos e abstratos; e coletivos.
Quanto à formação, podem ser primitivos ou derivados e
simples ou compostos.
E são variáveis, pois podem se flexionar em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e grau
(aumentativo e diminutivo).
Artigos
O Artigo é uma palavra variável que acompanha os
substantivos e tem a função de determiná-lo, indicando-lhe ainda
gênero e número. Isoladamente, o artigo não possui nenhum
significado.
Podem variar em gênero e número, de acordo com o
substantivo ao qual se referem.
Os artigos são classificados como Definidos quando
determinam o substantivo de modo particular e preciso, ao passo que
são Indefinidos quando determinam o substantivo de forma geral,
vaga e imprecisa. Os artigos definidos são as palavras: o, a, os, as. Já
os artigos indefinidos são: um, uma, uns, umas.116
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Adjetivos
O Adjetivo é a palavra que atribui características aos seres,
objetos, lugares, sentimentos, ações, qualidades etc, ou seja, ao
substantivo.
Assim, dizemos que o adjetivo modifica o substantivo,
atribuindo-lhe uma qualidade ou expressando sua aparência, aspecto
ou mesmo seu estado. Por exemplo: água fria, sapato grande, carne
congelada.
Assim, os adjetivos, como os substantivo, também podem
ser classificados quanto à sua formação em: primitivos ou derivados,
simples ou compostos e variar em gênero, número e grau.
Numerais
O Numeral é a palavra que modifica o substantivo
determinando a sua quantidade em números, múltiplos ou fração, ou
mesmo a sua ordem em uma determinada seqüência. Por exemplo:
dois bois, salto triplo, meio quilo, primeiro lugar. Podem ser
classificados em numerais ordinais (um, dois, três), cardinais
(primeiro, segundo, terceiro), multiplicativos (duplo, triplo, sêxtuplo)
e fracionários (meio, terço, onze avos).
117
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Como regra, os numerais são variáveis, mas nem todos os
numerais variam em gênero e número. Por exemplo, os numerais
cardinais em geral são invariáveis, com exceção de um (uma), dois
(duas), e dos terminados em -entos e -ão (quinhentas, milhões).
Pronomes
Os Pronomes constituem uma categoria de palavras tão
importante quanto à dos substantivos. Eles podem servir como uma
espécie de curinga, sendo usados para substituir um substantivo. Pode
ainda se referir a um substantivo, ou acompanhá-lo qualificando-o de
alguma maneira. Variáveis em gênero e número, os pronomes
concordam com o substantivo ao qual substituem, se referem ou
qualificam.
Classificação
Os pronomes classificam-se em pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Há, ainda, os
pronomes substantivos e os adjetivos.
Pessoais: Designam as três pessoas do discurso:
Retos: Eu, nós, tu, vós, ele, ela, eles, elas
118
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Oblíquos - Átonos e tônicos: me, mim, comigo, te, ti, contigo, se,
lhe, o, a, si, consigo – nos, conosco, vos, convosco, se, lhes, os, as si,
consigo
Observações:
a) Os pronomes eu e tu são usados apenas na função de
sujeito.
Isto é para eu fazer.
Entregaram as cartas
para tu leres.
Nada houve entre mim
e ti.
É fácil para eu viajar de
avião.
b) Os pronomes si/consigo são necessariamente reflexivos
(sujeito e complemento na mesma pessoa):
Eles só pensam em si. A senhora trouxe
consigo belas flores.
c) Com nós / com vós são formas corretas, desde que
empregadas com reforço:
Ele cantou com nós três.
119
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Deveis conversar com vós mesmos.
Possessivos - Indicam posse em relação às pessoas do discurso:
Singular e plural
meu(s)/minhas(s): 1ª pessoa - nosso(s)/nossa(s)
teu(s)/tua(s): 2ª pessoa - vossos)/vossa(s)
seu(s)/sua(s): 3ª pessoa - seu(s)/sua(s)
Demonstrativos - Indicam lugar ou posição dos seres com relação às
pessoas do discurso.
1ª pessoa: este(s)/esta(s)/isto
2ª pessoa: esse(s)/essa(s)/isso
3ª pessoa: aquele(s)/aquela(s)/aquilo
Observações:
Este e suas flexões indicam o que está fisicamente no
âmbito do emissor ou referem-se ao que ocorre no momento atual ou
futuro em relação ao momento da fala.
Este ano iremos a Jerusalém. Isto é verdade.
120
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Esse e suas flexões fazem referência ao que está
fisicamente no âmbito do receptor ou indicam passado em relação ao
momento da fala.
Essa tela é linda. Esse teu agasalho parece quente.
Aquele e suas flexões servem para indicar o que está no
âmbito do referente ou distante das duas primeiras pessoas, ou
referem-se a um tempo distante no passado em relação ao momento da
fala.
Naquele momento, a sala toda ficou calada.
Aqueles cadernos são das crianças.
Este / Aquele podem indicar a posição do substantivo que
substituem na frase. Assim, ESTE refere- se ao substantivo mais
próximo do demonstrativo e AQUELE ao mais distante:
O velho e o menino caminhavam vagarosamente. Aquele,
porque estava doente; este, porque estava faminto.
São também demonstrativos:
O, a, os, as:
121
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Não sei o que queres (=aquilo).
As chaves de Paulo são as que ficaram em casa (=aquelas).
Mesmo, mesma, mesmos, mesmas:
Elas mesmas fizeram o trabalho.
Próprio, própria, próprios, próprias
Ele próprio serviu os amigos.
Semelhante, semelhantes
Quem teve semelhante idéia?
Tal, tais
Tais coisas sempre preocupam.
Indefinidos
De um modo geral, baseiam-se na idéia coisa, referindo-se
de modo vago à terceira pessoa, ou expressam quantidade
indeterminada. Podem ser:
Variáveis:
122
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Algum/a(s), outro/a(s), nenhum/a(s), todo/a(s),
quanto/a(s), tanto/a(s), muito/a(s), pouco/a(s), qual(quais),
certo/a(s), vário/a(s), diverso/a(s), qualquer (quaisquer), um/a(s):
Muitos já elogiaram
este filme.
Encontrei vários
recados dele.
Uns cantam, outros
louvam.
Pegue algumas laranjas
Invariáveis:
Algo, alguém, nada, ninguém, tudo, outrem, cada, que,
quem:
Nada é eterno. Que horas são?
Locuções pronominais indefinidas: cada um, cada qual,
qualquer um, todo aquele que, seja qual, seja quem for, tal e tal, um e
outro, a gente, etc.:
Cada qual sabe de si.
Interrogativos
123
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
São os indefinidos quem/que/qual(quais)/quanto/as)
usados nas interrogações diretas ou indiretas:
Qual é seu nome? (Interrogação direta)
Não sei qual é seu nome. (Interrogação indireta)
Relativos
Relacionam-se a um nome mencionado anteriormente
(antecedente), introduzindo-o na oração seguinte:
a) Variáveis: qual(quais), cujo/a(s), quanto/a(s)
(precedidos dos indefinidos tudo/todo, tanto e variações):
Este é o jovem cujo pai ganhou o prêmio.
Pense em todos quantos te apoiaram.
b) Invariáveis: que, quem, onde:
Tu sabes a quem procurar?
É bonita a casa onde moramos.
Pronomes substantivos e pronomes adjetivos
124
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) Substantivos são os que substituem um substantivo:
O terno azul é meu.
b) Adjetivos são os que modificam um substantivo:
Meu casaco é marrom.
De tratamento: Você, vocês, senhor, senhores, senhora, senhoras,
senhorita, senhoritas, e:
Vossa Alteza - para príncipes e princesas
Vossa Eminência - para cardeais da Igreja Católica
Vossa Excelência - para autoridades: bispos, juízes, do
governo e das forças armadas
Vossa Magnificência - para reitores de universidades
Vossa Majestade – para reis, rainhas e imperadores
Vossa Onipotência - para Deus
Vossa Reverendíssima - para autoridades religiosas
Vossa Santidade - para o líder da Igreja Católica, o papa
125
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Vossa Senhoria - para funcionários graduados e na linguagem
comercial
Observação:
Usa-se Vossa quando se fala diretamente com a pessoa
(Como está Vossa Excelência?) e Sua quando se fala sobre a pessoa
(Sua Excelência nos disse que está bem).
Colocação pronominal
Denomina-se a posição do pronome, em relação ao verbo,
de:
Próclise: com o pronome colocado antes do verbo (Aqui se pode
louvar)
Mesóclise: com o pronome colocado no meio do verbo (Convidá-lo-
emos a pregar a Palavra).
Ênclise: com o pronome colocado depois do verbo (Apagaram-se as
luzes).
Regra geral: Deve-se colocar o pronome encliticamente,
desde que não haja termo que obrigue à próclise ou seja um dos
126
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
futuros do indicativo, devendo-se atentar para as situações específicas.
São situações de próclise:
Oração negativa: desde que não haja pausa entre o verbo e as
palavras de negação. Ninguém se aproxima/Nada me convence disso..
Observação: Se a palavra negativa preceder um infinitivo não-
flexionado, é possível a ênclise: Calei para não magoá-la
Frases exclamativas: (começadas por palavras exclamativas) e
optativas (desejo) - Deus te guie!/Quanto sangue se derramou
inutilmente!
Conjunção subordinativa - Preciso de que me ajudes/O trabalhador
produz pouco, quando se alimenta mal.
Observação: S elipse da conjunção não dispensa a próclise: Quando
passo e (quando) te vejo, alegro-me.
Pronome ou palavras interrogativas - Quem me viu ontem?/Queria
saber por que te afliges tanto
Pronome indefinido, demonstrativo e relativo - Alguém me ajude a
sair daqui/Isso te pertence/Ele que se vestiu de verde está ridículo.
127
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Advérbio (não seguido de vírgula) e numeral ambos - Aqui se vê
muita miséria. Aqui, vê-se muita miséria/Ambos se olharam
profundamente.
Observações:
Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será
facultativa. Este fator, entretanto, não pode quebrar o princípio dos
fatores de próclise: Ele se feriu ou ele feriu-se/O homem se recupera
ou o homem recupera-se/Ninguém me convencerá/Tudo se fez por
uma boa causa.
Por questão de eufonia, pode-se preferir a próclise ao
invés da ênclise, quando o sujeito vier antes do verbo: "Cada dia lhe
desfolha um afeto" (Alexandre Herculano)/Você viu-o/Você o viu.
Uso de mesóclise
Respeitados os princípios de próclise, far-se-á mesóclise
caso o verbo esteja nos tempos futuros do indicativo. Exemplos: dar-
te-ia = daria + te/dar-te-ei = darei + te.
Diante da platéia, cantar-se-ia melhor/Os amigos sinceros
lembrar-nos-ão um dia
128
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Usa-se ênclise
Em início da frase ou após sinal de pontuação.
Casos não proclíticos e não mesoclíticos em geral.
Nas orações imperativas afirmativas - Procure suas colegas
e convide-as.
Junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição
a, em se tratando dos pronomes o/a (s). Exemplos: Todos
corriam a escutá-lo com atenção/Ele começou a
insultá-la/Nem sei se nos tornaremos a vê-los novamente.
Estando o infinitivo pessoal regido da preposição para, é
indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo,
mesmo com a presença do advérbio não.
Exemplo: Silenciei para não irritá-lo/Silenciei para não o
irritar
Formas infinitas e locuções verbais
A regra geral é a ênclise (Viver é adaptar-se). Admite-se
também a próclise se o infinitivo não-flexionado vier precedido de
129
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
preposição ou palavra negativa (para te servir/servir-te, não o
incomodar/incomodá-lo).
Observação: se o pronome for o, s, os, as e o infinitivo regido da
preposição a, usa-se a ênclise, se o infinitivo vier flexionado,
prefere-se a próclise.
Com o gerúndio, a regra geral em a ênclise. Entretanto, a
próclise é obrigatória se: o gerúndio vier precedido da preposição em
ou se o gerúndio vier precedido de advérbio que o modifique
diretamente, sem pausa (Em se tratando de colocação pronominal, sei
tudo!)
Com o particípio: sem auxiliar não admite próclise ou
ênclise e sim a forma oblíqua regida de preposição: Concedida a mim
a preferência, farei por merecê-la
Em locuções verbais: Auxiliar + infinitivo (podem os pronomes,
conforme as circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo
auxiliar, ora à forma nominal): Devo calar-me/devo-me calar/devo me
calar - Não devo calar-me/não me devo calar/não devo me calar.
Observação: mesmo como fator de próclise, a ênclise no infinitivo
é correta.
130
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Auxiliar + preposição + infinitivo (Há de acostumar-se/há de se
acostumar - Não se há de acostumar/não há de acostumar-se.
Auxiliar + gerúndio (podem os pronomes, conforme as
circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora
à forma nominal): Vou-me arrastando vou me arrastando/vou
arrastando-me - Não me vou arrastando/não vou arrastando-me.
Observação: como fator de próclise, o pronome não
pode aparecer entre os verbos
Auxiliar + particípio (os pronomes se juntam ao auxiliar e jamais ao
particípio, de acordo com as circunstâncias): Os amigos o tinham
prevenido/os amigos tinham-no prevenido - Nunca a tínhamos visto
antes.
Verbos
Os Verbos são palavras que podem indicar uma ação
(correr, trabalhar), um estado (ser, estar), um fenômeno da natureza
(chover, ventar), uma ocorrência (aconteceu, sucedeu), uma vontade,
desejo ou sentimento (sentir, querer), uma conveniência (convém,
cumprir), uma opinião (achar) etc.
131
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
A classe dos verbos é a mais variável da língua
portuguesa, se flexionando em número, pessoa, tempo, modo e voz.
Suas variações são chamadas conjugações. De acordo com a forma de
conjugação, os verbos são classificados em regulares, irregulares,
anômalos, defectivos, e abundantes.
Invariáveis
Advérbios
Os Advérbios são palavras que indicam as circunstâncias
em que os fatos acontecem. Podem indicar tempo (hoje, quando),
modo (rapidamente, normalmente), afirmação (sim, realmente),
negação (não, nunca), dúvida (talvez, acaso), intensidade (muito,
pouco), lugar (abaixo, dentro, fora), designação (eis), interrogação
(onde, quanto), inclusão (até, inclusive, também), exclusão (fora,
salvo, exceto) etc.
São palavras invariáveis, pois não se flexionam em gênero
e número como os substantivos e nem em pessoa, modo, tempo e voz
como os verbos. Entretanto, podem ser flexionados em grau,
admitindo os graus comparativo e superlativo absoluto.
Preposições
132
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
A Preposição é uma palavra invariável que liga dois
elementos de uma oração, estabelecendo uma relação entre eles.
As preposições podem ser classificadas como essenciais,
quando são palavras que sempre desempenham a função de
preposição (por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre,
com, contra, sem, sob, sobre, trás), ou acidentais, quando forem
palavras de outras classes gramaticais que estiverem, eventualmente,
ocupando o papel de uma preposição (afora, fora, exceto, salvo,
malgrado, durante, mediante, segundo, menos).
É comum acontecer a junção de uma preposição com outra
palavra. Quando isso ocorre, chamamos de combinação a junção que
não leva a uma alteração fonética, como por exemplo, a junção do a
(preposição) + o (artigo) que resulta em "ao". Haverá contração
quando, na junção, a preposição sofre redução, como por exemplo: de
(preposição) + a (artigo) resulta em "da".
Conjunções
As Conjunções são palavras invariáveis que ligam duas
orações ou duas palavras semelhantes (de mesma função gramatical)
da mesma oração. Às vezes, uma conjunção é representada não por
133
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
apenas uma palavra, mas por duas ou mais palavras. Nesses casos,
esse conjunto é chamado de Locução Conjuntiva.
As conjunções podem ser Coordenativas (quando ligam
palavras ou orações com a mesma função gramatical e não
estabelecem relação de dependência entre elas) ou Subordinativas
(quando ligam duas orações em que cada uma delas depende da
existência da outra).
As conjunções Coordenativas podem ser aditivas (e, nem),
adversativas (mas, porém, contudo), alternativas (ou... ou, ora... ora),
conclusivas (ora, logo) ou explicativas (que, pois, porque).
Já as conjunções Subordinativas se classificam em causais
(porque, pois, desde que), concessivas (embora, conquanto, ainda
que), condicionais (se, caso, a menos que), conformativas (como,
conforme, segundo), comparativas (tanto quanto, como, tal e qual),
consecutivas (de modo que, de forma que), finais (para que, a fim de
que), proporcionais (ao passo que, quanto mais) e temporais (logo
que, agora que, depois que) e integrantes (se, que).
Em geral, as conjunções não têm uma única classificação,
devendo ser analisadas de acordo com a coesão e o significado da
frase em que estiverem inseridas.
134
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Interjeições
As Interjeições são palavras invariáveis usadas para
expressar sensações ou estados emotivos, podendo ser classificadas de
acordo com a emoção que traduzem, como por exemplo, alegria
(Viva!), dor (Ai!), advertência (Cuidado!), alívio (Ufa!), surpresa
(Nossa!), espanto (Oh!), afugentamento (Passa!), saudação (Oi!),
agradecimento (Obrigado!) etc. Há também interjeições chamadas de
imitativas, pois exprimem ruídos e vozes (Zás!, Pum!, Miau!, Tique
taque!, Psiu!).
Observe que, de acordo com o tom de voz utilizado, a
mesma interjeição poderá expressar sentimentos diferentes.
A duas ou mais palavras usadas como interjeição damos o
nome de Locução Interjetiva
135
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
XI. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
As novas palavras que surgem na língua são formadas
através de vários processos de formação de palavras:
COMPOSIÇÃO - união de duas ou mais palavras que
têm vida própria na língua e formam uma nova palavra, com sentido
diferente. A composição pode ser:
por justaposição - as palavras são colocadas lado a lado,
hifenizadas ou não, sem qualquer alteração fonética: guarda-
chuva, passatempo
136
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
por aglutinação - as palavras aglutinam-se e ficam com um só
acento tônico, tendo alterada a sua forma: planalto
(plano+alto), aguardente (água+ardente)
DERIVAÇÃO - uma só palavra, com vida própria na
língua, participa da formação de um novo termo. À palavra básica se
juntam afixos (prefixo e/ou sufixo), muda-se a sua classe gramatical,
usa-se parte da palavra, ou eliminam-se fonemas terminativos. A
derivação pode ser:
prefixal: feita com acréscimo de prefixos: infiel, desleal
sufixal: feita com acréscimo de sufixos: simplesmente,
naturalidade
prefixal e Sufixal: a palavra recebe prefixo e sufixo ao mesmo
tempo, mas existe na língua apenas com um dos afixos:
infelizmente, deslealdade
parassintética: a palavra recebe prefixo e sufixo, porém não
existe na língua apenas com um dos afixos: enriquecer,
espernear
regressiva: a palavra é criada por analogia, reduzindo a
palavra primitiva: 137
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Verbos dão origem a substantivos que indicam ação:
ataque (de atacar), embarque (de embarcar), resgate (de resgatar),
disputa (de disputar). São chamados substantivos deverbais.
Nomes que não indicam ação dão origem a verbos: plantar
(de planta), telefonar (de telefone).
Observação: Nomes podem derivar de outros nomes,
porque o falante vê a possibilidade de eliminar um sufixo real ou
imaginário. Exemplos: boteco (de botequim), sarampo (de sarampão),
bença (de bênção), portuga (de português), asco (de asqueroso), etc.
imprópria ou Conversão - trata-se de mudança da classe
gramatical da palavra, sem lhe alterar a forma:
Comício monstro (substantivo passa a adjetivo).
Falavam alto (adjetivo passa a advérbio).
O cantar é preciso (verbo passa a substantivo).
O não é um advérbio (advérbio passa a substantivo).
Maria Pereira (substantivo comum passa a próprio).
Abreviação ou redução - a palavra é usada de forma reduzida.
138
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
cine de cinema (cinema
já é redução de
cinematógrafo)
pneu (de pneumático)
moto (de motocicleta)
foto (de fotografia)
quilo (de quilograma)
Observações: 1. Há casos em que a forma reduzida passa a ser usada
com outro valor, como em foto, que passou a designar a casa
comercial: Foto Boa Imagem. 2. Não se deve confundir abreviação
com abreviatura, que é a representação da palavra através de uma ou
mais letras: Av. = avenida / Dr. = doutor
Onomatopéia - palavra que imita certos sons: bem-te-vi, tique-taque,
mugir, zunzum
Hibridismo - palavras formadas com elementos provenientes de
línguas diferentes:
televisão (grego+latim)
abreugrafia
(português+grego)
alcoômetro (árabe+
grego)
burocracia
(francês+grego)
zincografia
(alemão+grego)
139
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Petrópolis
(latim+grego)
Teresópolis
(português+grego)
cotonete
(inglês+português)
Siglas - palavras formadas por iniciais de títulos: ONU (Organização
das Nações Unidas), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), PR (Paraná), (PB (Paraíba), RJ (Rio de Janeiro), RR
(Roraima).
140
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
XII. SINTAXE
Funções Sintáticas
Frase, oração e período
Frase - todo enunciado de sentido completo, capaz de
estabelecer comunicação. Podem ser nominais ou verbais.
Oração - enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou
locução verbal.
Período - constitui-se de uma ou mais orações. Podem ser
simples ou compostos.
Observação: Haverá num período tantas orações quanto forem os
verbos, considerando-se locuções verbais e tempos compostos como
141
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
um só verbo.
Sujeito
O verbo mantém relação de concordância com seu sujeito.
A composição do sujeito explícito pode ser uma única palavra ou um
conjunto de palavras (onde se deve determinar o núcleo ou núcleos),
incluindo também as orações substantivas subjetivas.
Podem ser núcleo do sujeito: substantivo ou um equivalente dele
(pronomes substantivos, numerais substantivos ou palavras
substantivadas).
Tipos de sujeito
Os tipos de sujeito são basicamente dois, segundo diversos
autores, determinado (simples, composto e oculto) e indeterminado
(indeterminado e oração sem sujeito).
Simples - possui um núcleo.
Exemplos: João saiu de casa /Ninguém me viu sair /Dois
alunos vieram aqui.
142
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Observação: o pronome oblíquo átono pode funcionar
como sujeito de um verbo no infinitivo. Isso ocorre quando se tem na
1ª oração um verbo causativo (deixar, mandar, fazer...) ou sensitivos
(ver, ouvir, sentir) - o chefe mandou-o trabalhar/não o vimos entrar
Composto - possui mais de um núcleo, independente de sua ordem
na frase.
Exemplos: Pedro e eu visitamos os doentes/Wilson e
Thiago irão à festa / Estão aqui os seus livros e a sua caneta.
Observação: nos casos de inversão do sujeito a verbos
intransitivos (aparecer, chegar, correr, restar, surgir), pode-se
confundi-los com objeto. Deve-se sempre examinar a natureza do
verbo para não se deixar enganar - apareceu, então, a pessoa
desaparecida.
Sujeito oculto, elíptico ou desinencial - determinado,
mas implícito na desinência verbal ou subentendido através de uma
frase anterior. Deve-se atentar para a 3ª pessoa do plural, onde não há
sujeito oculto eles ou elas e sim um caso de sujeito indeterminado.
Exemplo: Viveram felizes para sempre/Imaginaram
muitas coisas belas/Calem a boca!
143
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Indeterminado - quando não se pode ou não se deseja
esclarecer com precisão qual é o sujeito. Ocorre de duas maneiras:
verbo na 3ª pessoa do plural, sem sujeito explícito ou na 3ª pessoa do
singular (exceto com verbo transitivo direto+SE): Ex. Nunca lhe
ofereceram emprego/Precisa-se de empregados
Observação: a oração de sujeito indeterminado com a
partícula SE não pode ser transformada em voz passiva analítica.
Havendo essa possibilidade, a palavra SE deve ser interpretada como
pronome apassivador. Ex.: Celebrou-se o casamento – O casamento
foi celebrado.
Oração sem sujeito
O processo verbal encerra-se em si mesmo, sem
atribuição a nenhum ser. Ocorre sempre com verbos impessoais nos
seguintes casos: verbos que exprimem fenômenos da natureza; verbos
fazer, ser, ir e estar indicando tempo cronológico ou clima (no caso do
ser, também distância); verbo haver = existir ou em referência a tempo
decorrido.
Exemplos: Choveu muito hoje/São quatro horas da
tarde/Havia dez pessoas na sala/ Há muitos tempo não os vejo/Vai
para dois anos de espera.
144
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Observação: os verbos impessoais não apresentam sujeito
e devem permanecer na 3ª pessoa do singular (exceto o verbo ser, que
também admite a 3ª pessoa do plural). Quando um verbo auxiliar se
junta a um verbo impessoal, a impessoalidade é transmitida a ele.
Predicado
É classificado em três tipos:
Verbal - o núcleo do predicado é um verbo que traz idéia
nova ao sujeito (transitivo ou intransitivo).
Complementos verbais
São termos que complementam a significação de um verbo
transitivo, isto é, de sentido incompleto. Podem ser diretos ou
indiretos em função de se ligarem ou não ao verbo por preposição
necessária.
Completa um verbo transitivo direto sem se ligar a ele por
preposição necessária. Representa-se por: substantivo, pronome
substantivo, numeral, palavra ou expressão substantivada ou oração
subordinada substantiva objetiva direta.
145
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos: Amava a mulher / Não direi nada / Ele deixou
cinco caídos / Use aquele i.
Pode indicar: o ser sobre o qual recai a ação verbal, o
resultado da ação ou o conteúdo da ação.
Exemplo: Castigou o filho/Construiu uma bela
casa/Contestou sua reeleição.
Verbos transitivos - Pedem complementos verbais para completarem
a sua significação. Podem ser transitivos diretos, indiretos e diretos e
indiretos, dependendo do complemento.
A regência verbal é importante para se compreender que os verbos
devem ser classificados em função do contexto em que se apresentam.
Há casos de verbos que aparecem com transitividades diferentes se os
contextos foram trocados.
Ex.: Perdoai sempre. - intransitivo/Perdoai as ofensas - transitivo
direto/Perdoai aos inimigos - transitivo indireto/Perdoai as ofensas aos
inimigos. - transitivo direto e indireto
Verbos intransitivos - Quando a significação verbal está inteiramente
contida no verbo, não necessitando de complementação.
146
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos: Comprei flores/Comprei-lhe flores/Os passageiros
desceram/Ontem choveu.
Objeto direto preposicionado
Completa o sentido de um verbo transitivo direto, com o
uso de uma preposição não regida pelo verbo. Alguns casos deste
emprego são indicados pela gramática:
a) com as formas tônicas dos pronomes pessoais - Ele
conquistou a mim com sabedoria.
b) com o pronome quem com antecedente expresso - Perdi
meu pai a quem muito amava.
c) com o nome Deus - Ame a Deus.
d) quando se coordenam pronome pessoal átono e substantivo
- Ele o esperava e aos convidados.
e) com verbo trans. direto usado impessoalmente + se - Aos
pais ama-se com carinho.
f) para evitar ambigüidade - "Vence o mal ao remédio" (A.
Ferreira).
147
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Objeto direto interno
Construído em cima de um pleonasmo, traz um
complemento que já tem sua idéia semanticamente expressa pelo
verbo (Viverei a vida intensamente. / Choramos um pranto sentido).
Objeto indireto
Complemento ligado a um verbo transitivo indireto, ligado
a ele por meio de uma preposição necessária (a, mais raramente para),
regida pelo verbo.
Pode ser representado por: substantivo ou expressão
substantivada, pronome substantivo, numeral ou oração subordinada
substantiva objetiva indireta.
Exemplo: Ele divergiu do rapaz / A moça apresentou-o a
elas / A mãe gostava de ambos
Objeto representado por pronome oblíquo
Os pronomes pessoais oblíquos, como foi visto no estudo
da morfologia, são indicados para uso sintático de objetos.
148
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Os pronomes o, a, os, as são utilizados para substituir o
objeto direto. Já os pronomes lhe, lhes substituem o objeto indireto.
Os demais pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos e vos) tanto
podem ser empregados para substituir objeto direto quanto indireto.
Neste último caso, deve-se analisar a transitividade verbal para
classificar o complemento.
Exemplos: Emprestei-o/O assunto
interessa-lhe/Telefonou-me/Convidaram-nos.
Cabe também destacar que com a utilização dos pronomes
como objeto indireto a preposição não aparece, dificultando um pouco
a análise.
Exemplos: Comprei um presente a ela = comprei-lhe um
presente.
Objeto pleonástico
Recurso utilizado para chamar a atenção para o objeto, que
antecede o verbo. O objeto deslocado é repetido através de um
pronome pessoal átono.
Exemplos: Estas obras, já as li no ano passado / Ao
avarento, nada lhe satisfaz149
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Nominal
O núcleo do predicado é um nome (predicativo). O verbo
não encerra significado, funcionando apenas como ligação entre o
sujeito e o predicativo.
Exemplos: O rapaz estava apreensivo/Ela caiu de cama/A
mãe virou bicho naquele dia.
Verbos de ligação - Expressam estado permanente ou
transitório, mudança ou continuidade de estado, aparência de
estado (ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, andar
= estar). Deve-se entender que estes verbos não serão mais de
ligação se não estabelecerem relação entre sujeito e seu
predicativo. (Ando preocupado/Andei cem metros, Fiquei
triste/Fiquei na sala, Permaneceu suspensa/Permaneceu no
cargo)
Predicativo
Expressa um estado ou qualidade do sujeito ou do objeto.
Pode ser representado por: substantivo ou expressão substantivada,
adjetivo ou locução adjetiva, pronome, numeral ou oração
subordinada substantiva predicativa.
150
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos: Os filhos são frutos/Ela era chata e sem
utilidade/Os próximos seremos nós/Todos eram um/O difícil era que
ele viesse.
O predicativo pode referir-se ao objeto, sendo mais
raramente ao objeto indireto. Exprime, às vezes, a conseqüência do
fato indicado pelo predicado verbal.
Exemplos: Elegeram o macaco Tião governador/Todos lhe
chamavam ladrão.
Observação: O predicativo pode vir precedido de
preposição (de, em, para, por), de locução prepositiva ou da palavra
como (Ele formou-se de advogado/Considerei-o como um farsante.
Alguns predicativos do objeto: Todos nos julgam
culpados/Considero uma verdade isso/As paixões tornam os homens
cegos/Acho razoáveis suas pretensões/O maior desprazer de um
homem é ver a amada triste/O governador nomeou a professora
reitora/O juiz julgou o recurso improcedente.
Verbo-nominal: Contém dois núcleos: verbo significativo
e um predicativo.
151
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exemplos: Ela entrou risonha na sala/João abaixou os
olhos pensativo/Considero inexeqüível o projeto exposto.
Observações:
Verbos transobjetivos: exigem complemento verbal mais predicativo
(predicativo do objeto).
Quando houver verbo de ligação, o predicado será
necessariamente nominal e quando houver predicativo do
objeto, o predicado será verbo-nominal sempre. Para se
classificar o predicado, é indispensável o estudo dos tipos de
verbos quanto a sua regência e necessidade de complementos
(transitivos, intransitivos e de ligação).
Exemplos de orações com os principais verbos
transobjetivos - Os verbos seguintes, quando empregados em
sentido especial, são transobjetivos: transitivos diretos
(raramente indiretos) + predicativo. Vêm acompanhados de
predicativo do objeto, formando o predicado verbo-nominal.
Exemplos de verbos transobjetivos:
a) Eu sempre a achei competente.
b) Os funcionários aclamaram-no líder. 152
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
c) O povo acusava-o de corrupto.
d) Os familiares calculavam-no empregado.
e) Os amigos chamavam a João de irmão.
f) Doravante, vou considerá-la minha amiga.
g) Em pouco tempo, constituíram-no gerente-geral.
h) Coroaram-na rainha da festa.
i) Quando criança, eles criam-me um estudioso.
j) Apesar das evidências, ele não se dava por vencido.
k) Depois dos testes, declararam-me habilitado.
l) Usaram o livro e deixaram-no rasgado.
m) O povo elegeu-o senador pelo Distrito Federal.
n) Para minha decepção, fui encontrá-la muito infeliz.
o) A minha intenção era fazê-la feliz.
p) Eu a imaginava muito inteligente. Os amigos intitularam-no
herói. 153
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
q) Todos o julgavam culpado.
r) Nomearam meu irmão inspetor-chefe.
s) Ali, ninguém o sabia bandido. A família supunha-o íntegro.
t) Por causa da briga, tacharam-no de louco.
u) Todos o tinham como doido.
Agente da passiva
Nas orações de voz passiva analítica, é o elemento que
pratica a ação verbal, daí seu nome de agente, uma vez que o sujeito é
paciente. Seu emprego na forma analítica não é obrigatório, podendo
ser omitido em função de ter menor importância.
O agente da passiva vem precedido de preposição (de, per,
por).
Exemplos: A casa foi construída com esforço (Por
quem?). Vários exércitos foram vencidos pelos romanos.
Complemento nominal
154
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Tanto o complemento nominal como o objeto indireto
vêm precedidos de preposição obrigatória, mas a palavra que rege esta
preposição é diferente nos dois casos: nome (substantivo, adjetivo ou
advérbio) no complemente nominal e verbo no objeto indireto.
Exemplos: Ofensivo à honra, contrariamente aos nossos
anseios, compreensão do mundo, obedecer aos princípios, precisar de
auxílio.
Deve-se marcar que há uma relação de regência nominal
envolvendo o emprego do complemento nominal, que é termo regido.
Muitas vezes o nome cuja significação o complemento nominal
integra tem raiz verbal (amar o trabalho - amor ao trabalho/confiar em
Deus - confiança em Deus). Quando um termo preposicionado se liga
a um advérbio ou adjetivo, não há dúvida de que o termo regido é um
complemento nominal.
No entanto, quando um termo preposicionado liga-se a um
substantivo, deve-se fazer uma análise mais criteriosa. Esse
substantivo deve apresentar uma transitividade em si mesmo, para ser
caracterizado como complemento nominal. São casos de substantivos
ditos transitivos:
155
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
a) substantivos abstratos de ação, correspondente a verbo cognato
que seja transitivo ou que peça complementação adverbial de
circunstância.
Exemplo: inversão da ordem - onde o verbo de "inverter a ordem" é
transitivo direto/obediência aos pais - onde o verbo de "obedecer aos
pais" é trans. indireto/ ida a Roma - onde o verbo de "ir a Roma" pede
adjunto adverbial
b) substantivo abstrato de qualidade, derivado de adjetivo que se
possa usar transitivamente
Exemplos: certeza da vitória - onde se pode construir "certo da
vitória"/ fidelidade aos amigos - onde se pode construir "fiel aos
amigos"
Observação: Ss perderem o caráter abstrato, os substantivos deixam
de reger Complemento Nominal.
Adjunto adnominal
Acompanha um substantivo, núcleo de uma função
sintática qualquer, procurando caracterizá-lo, determiná-lo ou
individualizá-lo.
156
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
O adjunto adnominal pode ser expresso por: artigos,
numerais ou pronomes adjetivos, adjetivos e locuções adjetivas. A um
mesmo núcleo podem-se subordinar adjuntos adnominais de naturezas
diferentes.
O adjunto adnominal constituído de artigo ou pronomes
adjetivo pode aparecer combinado ou contraído com uma preposição,
que não possui função sintática.
Exemplo: Naquele dia (aquele é adj. adnominal, mas em não possui
função sintática).
São considerados adjuntos adnominais os pronomes
oblíquos com valor possessivo (pisou-me o pé = o meu pé / tirou-nos
até a roupa=até a nossa roupa).
Neste caso, alguns autores divergem entendendo-o como
OI.
Quando é representado por uma locução adjetiva, é
comum confundir o adjunto adnominal com o Complemento Nominal
por causa da preposição.
Aposto
157
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Termo ou expressão de caráter individualizador ou de
esclarecimento, que acompanha um elemento da oração, qualquer que
seja a função deste.
Conforme o sentido que empresta a seu referente, pode ser
analisado como:
explicativo - João, meu primo, esteve aqui.
enumerativo - Eis os três rapazes: José, Pedro e Lucas
recapitulativo ou resumitivo - Os pais, os netos e as primos,
todos estavam radiantes
distributivo - Matemática e Biologia são ciências, aquela
exata e esta humana
aposto de oração - A resposta foi ríspida, sinal de
ignorância/Foi rápido nos exercícios, fato que me surpreendeu
especificativo - O poeta Olavo Bilac/O Estado de Tocantins/A
serra de Teresópolis
Observação:
158
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
O aposto especificativo não se confunde com adj.
adnominal pois, no caso do aposto, ambos os termos designam o
mesmo ser. Ex.: A cidade de Londres. A neblina de Londres.
Caso faça referência a objeto indireto, complemento
nominal ou adjunto adverbial, pode aparecer precedido de preposição.
De maneira geral, o aposto explicativo é destacado por
pausas, podendo ser representadas por vírgulas, dois pontos ou
travessões. Pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a
saber, isto é, quer dizer etc.
Aposto especificativo não se separa de seu referente por
nenhum sinal de pontuação. Neste caso, pode o aposto vir precedido
de preposição.
Cabe observar o aposto nestas proposições: Ele salvou-se
do naufrágio, porém jóias, roupas, documentos, o mais naufragou com
o navi /(...) porém, o mais - joias, roupas, documentos - naufragou
com o navio
Vocativo
Termo ou expressão de natureza exclamativa que tem
função de invocar ou destacar alguém ou ente personificado. Não 159
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
mantém relação sintática com qualquer outro elemento da oração, por
isso não faz parte do sujeito ou do predicado.
Virá sempre marcado por pontuação e admite a
anteposição de interjeição de chamamento.
Exemplo: Ei!, Amigo, espere por mim/"Pai, afasta de mim esse
cálice"/"Gosto muito de você, irmãozinho".
160
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
XIII. PRÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos
Texto
Ao interpretar um texto, o leitor deve compreender os
níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de ter fixada, de
modo razoável, a aprendizagem do léxico.
Deve-se ter em mente que as frases produzem significados
diferentes no contexto em que estão inseridas. Por isso, é necessário
sempre se confrontar as partes que compõem o texto.
Além disso, é fundamental apreender as informações
apresentadas nas entrelinhas do texto e as inferências a que este
remete. Tal procedimento justifica-se porque o texto é sempre produto
de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
Os níveis de leitura são necessário para se entender bem um texto.
161
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: o
informativa e de reconhecimento e o interpretativo.
O primeiro deve ser atingido de modo cauteloso por ser o
primeiro contato com o novo texto. Dessa primeira leitura, extraem-se
informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível
de leitura.
Durante a interpretação propriamente dita, deve-se
destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma
palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de
procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação
seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da
essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca
considerou como pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação
deste com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de
arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global
dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar
comprometida. Aqui não se podem dispensar as referências
bibliográficas da fonte e contidas na identificação do autor.
162
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas
e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras
tais como não, exceto, errada, respectivamente etc., as quais fazem
diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação,
trabalha-se com o conceito do “mais adequado”, isto é, o que responde
melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar
certa para responder à pergunta de um primeiro leitor mas encontrar-
se no texto uma outra alternativa mais completa a ser descoberta por
um segundo leitos mais atento.
Por isso, sempre se deve retornar ao texto, mesmo que
aparentemente pareça ser perda de tempo. Ressalte-se, ainda, que se
pode ter um fragmento de texto transcrito para ser a base de uma
análise textual. A descontextualização de palavras ou frases, algumas
vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no leitor e
intérprete de um texto. Deve-se ler, sempre, a frase anterior e a
posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor. Dessa
maneira, a resposta será mais consciente e segura.
2. Coesão e coerência textuais
A coesão e a coerência são dois conceitos importantes e
podem ser assim definidas:
163
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Coesão: É a harmonia interna entre as partes de um texto. É garantida
por ligações, de natureza gramatical e lexical, entre os elementos de
uma frase ou de um texto.
Coerência: É a relação lógica entre idéias, situações ou
acontecimentos. Pode apoiar-se em mecanismos formais, de natureza
gramatical ou lexical e no conhecimento partilhado entre os usuários
da língua.
3. Tipologia textual.
A estruturação dos textos
O que é um texto.
A palavra texto vem do Latim e significa tecido.
Literalmente, ao produzir um texto, estamos entrelaçando fios de
idéias tal como na indústria têxtil se entrelaçam fios de linha para se
fazer o tecido. O texto é, portanto, uma ampla unidade com coerência
de sentido, com frases relacionadas umas às outras. A matéria prima é
a palavra, que forma a forma a frase, que forma o texto, acrescentando
aí o contexto.
Modos e tipos textuais
164
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Texto narrativo
Narrar é contar fatos (histórias ou estórias). Fatos ocorrem
com pessoas, que são os personagens, em algum momento (tempo).
Exemplo: “Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal-iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente, foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa”.
Texto Descritivo
Neste tipo de texto, ocorre uma preocupação com os
detalhes daquilo que se descreve, esses detalhes são de coisas, bichos,
pessoas, seres, objetos, paisagens, situações e estados de alma.
Exemplo: “Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o Sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura”.
Texto dissertativo
O texto dissertativo utiliza-se da análise crítica, por isso a
palavra fundamental da sua essência é argumentação.
165
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Os argumentos de uma dissertação devem ter
fundamentação científica, filosófica e com base na experiência. Citar
autores, livros, conceitos e exemplos de fatos reais veiculados pela
imprensa têm grande utilidade para o conhecimento dos leitos.
Aconselha-se a utilização da 3ª pessoa para garantir a
impessoalidade e conferir maior autoridade ao texto.
Devemos levar em conta que é possível fazer uma análise
crítica de cunho literário, de forma pessoal, mas deve-se para isso,
lançar mão da crônica.
Exemplo: “O Brasil é um país de crescimento desordenado porque a sua realidade econômica é desordenada. O acesso à riqueza está sempre restrito ao poder da elite. Não há uma distribuição de renda justa. Seu desenvolvimento econômico também não é bem distribuído porque encontramos em suas regiões uma grande população muito pobre comandada e oprimida por uma pequena população extremamente rica”.
Observação: Não há como confundir estes três tipos de
textos. Enquanto a DESCRIÇÃO aponta os elementos que
caracterizam os seres, os objetos, ambientes e paisagens, a
NARRAÇÃO implica uma idéia de ação, movimento empreendido
pelos personagens da história. Já a DISSERTAÇÃO assume um
caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas
166
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
ou fatos específicos mas analisa certos assuntos que são abordados de
modo impessoal.
4. Ortografia oficial. Acentuação gráfica.
Como qualquer língua, o Português tem a sua ortografia
oficial, exceções às regras de grafia, tem expressões idiomáticas, tem
estrangeirismo e regionalismos. Entretanto, diferentemente de
algumas línguas, o Português tem acentuação gráfica em muitas
palavras.
Grafias
Bem-me-quer, malmequer: Bem-me-quer se escreve com hífens e
malmequer se escreve tudo junto.
Estender
Do latim, extendere. Deveria grafar-se extender em
português, mas se escreve estender.
Expressões
Encontro
Ir ao encontro de – a favor de
167
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Ir de encontro a – colidir, bater de frente
Ir contra – ideia de contrário
Grafia das palavras
INCORRETO CORRETO(A, uma) guaraná (O, um) guaraná12:00H – 12H30 – 12:30 12h – 12h30min. Basculhar Vasculhar (procurar, remexer)Bassora VassouraBeneficiente BeneficenteBicabornato BicarbonatoCaçar uma cadeira para sentar Procurar uma cadeira para sentarCapu (pronúncia incorreta de capô) Capô (Do francês, capot)Capu (pronúncia incorreta de capuz) CapuzCelândia CeilândiaChega dói Chega a doer (Sempre se o infinitivo.)Cutuvelo Cotovelo (Coto = ponta.)Ela estar aqui Ele está aquiEspauta EspátulaEstauta EstátuaEu o verei daqui há uma semana Eu o verei daqui a uma semanaFlepa FarpaGurita GuaritaGuspir CuspirIdoniedade IdoneidadeKilograma QuilogramaKm (quilômetro) kmLargato LagartoM (metro) mManá(Alimento caído do céu, como chuva) Manar Brotar, verter, irromperMeio-dia-e-meio (Meio-dia mais 6 horas) Meio-dia-e-meia (-e-meia hora)
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Meto lenhar Metro linearNão deixe de perder a bênção nesta noite Não perca a bênção nesta noite Não o vejo a muito tempo Não o vejo há muito tempoPrevilégio PrivilégioPrimeira a Pedro Primeira Epístola (Carta) de PedroPrimeira a Reis Primeiro Livro de ReisSão meio-dia, são meia-noite É meio-dia, é meia-noiteSão uma e meia É uma e meia (É uma hora e meia)Tauba TábuaTorpeçá TropeçarTrabesseiro, trabissero, travissero TravesseiroTutubiar TitubearVasculhante (pequena janela) BasculanteVou “louvar” um hino Vou cantar um hino (Só se “louva a Deus”.
Acentuação gráfica e acentuação tônica
Parte formal da palavra – a forma escrita, que em
comunicação é o significante.
Parte ideal da palavra – o que ela quer dizer, o
significado, a idéia.
169
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
XIV. ALGUMAS REGRAS DE ORTOGRAFIA
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras
substantivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
corr e sent.
Exemplos:
pretender-pretensão/expandir-expansão/ascender-ascensão/inverter-
inversão/aspergir-aspersão/submergir-submersão/divertir-diversão/
impelir-impulsivo/compelir-compulsório/repelir-repulsa/recorrer-
recurso/discorrer-discurso/sentir-sensível/consentir-consensual.
c) Escreve -se com S e não com Z.
nos sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos. Exemplos: freguês,
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa etc.
170
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
nos sufixos gregos: ase, ese, ise e ose. Exemplos: catequese,
metamorfose.
nas formas verbais pôr e querer. Exemplos: pôs, pus,
quisera, quis, quiseste.
em nomes derivados de verbos com radicais terminados em
d. Exemplos:: aludir - alusão/decidir - decisão/empreender -
empresa/difundir – difusão.
nos diminutivos cujos radicais terminam com s. Exemplos:
Luís - Luisinho/Rosa - Rosinha/lápis – lapisinho.
após ditongos. Exemplos: coisa, pausa, pouso.
em verbos derivados de nomes cujo radical termina com s.
Exemplos: anális(e) + ar - analisar/pesquis(a) + ar - pesquisar
d) Escreve-se com SS e não com C e Ç.
Os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter. Ex.:
agredir - agressivo imprimir - impressão/admitir - admissão/ceder -
cessão/exceder - excesso/percutir - percussão/regredir -
171
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
regressão/oprimir - opressão/comprometer - compromisso/submeter –
submissão.
quando o prefixo termina com vogal que se junta com a
palavra iniciada por s. Ex.: a + simétrico - assimétrico/re +
surgir – ressurgir.
no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Ex.: ficasse,
falasse.
e) Escreve -se com C ou Ç e não com S e SS.
nos vocábulos de origem árabe. Exemplos: cetim, açucena,
açúcar.
nos vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Ex.: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu. Ex.:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
esperança, carapuça, dentuço.
nomes derivados do verbo ter.Ex.: abster - abstenção/deter -
detenção/ater - atenção/reter – retenção.
172
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
após ditongos. Ex.: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r). Ex.: marte
- marciano/infrator - infração/absorto – absorção.
f) Escreve -se com Z e não com S.
nos sufixos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo. Ex.:
macio - maciez/rico – riqueza.
nos sufixos izar (desde que o radical da palavra de origem não
termine com s). Ex.: final - finalizar/concreto – concretizar.
como consoante de ligação se o radical não terminar com s..
Ex.: pé + inho - pezinho/café + al - cafezal ≠ lápis + inho –
lapisinho.
g) Escreve -se com G e não com J
nas palavras de origem grega ou árabe. Ex.: tigela, girafa,
gesso.
estrangeirismo, cuja letra G é originária. Ex.: sargento, gim.
nas terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas
exceções). Ex.: imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Exceção: pajem.
nas terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio. Ex.: sufrágio,
sortilégio, litígio, relógio, refúgio.
nos verbos terminados em ger e gir. Ex.: eleger, mugir.
depois da letra “r” com poucas exceções. Exemplos: emergir,
surgir.
depois da letra a, desde que não seja radical terminado com j.
Ex.: ágil, agente.
h) Escreve -se com J e não com G
nas palavras de origem latinas. Ex.: jeito, ma jestade, hoje.
nas palavras de origem árabe, africana ou exótica. Ex.: alforje,
jibóia, manjerona.
nas palavras terminada com aje. Ex.: laje, ultraje
i) Escreve -se com X e não com CH.
nas palavras de origem tupi, africana ou exótica. Ex. abacaxi,
muxoxo, xucro.
174
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
nas palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J).Ex.:
xampu, lagartixa.
depois de ditongo. Ex.: frouxo, feixe.
depois de en. Ex.: enxurrada, enxoval.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra iniciada
com ch - Cheio - enchente)
j) Escreve -se com CH e não com X.
nas palavras de origem estrangeira. Ex.: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
Acentuação gráfica
Prosódia
São oxítonas: cateter, Cister, condor, masseter, mister (=necessário),
negus (soberano etíope), Nobel, obus (peça de artilharia), novel
(novato), ruim (hiato), sutil, ureter, Xerox.
São paroxítonas: alanos (povo bárbaro), alcácer (fortaleza), ambrosia
(manjar delicioso), avaro, avito, aziago, barbaria, batavo (holandês),
caracteres, celtiberos, cartomancia, ciclope, decano, diatribe (crítica), 175
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
edito (lei, decreto), efebo (rapaz que chegou à puberdade), estrupido
(grande estrondo), êxul (exilado), filantropo, fortuito (ditongo),
gratuito (ditongo), homizio (refúgio), hosana, ibero, imbele (não
belicoso), inaudito, látex, libido, luzidio, Madagáscar, maquinaria,
matula (súcia; farnel), mercancia (mercadoria), misantropo, necropsia,
nenúfar (planta), Normandia, onagro (jumento), ônix, opimo
(excelente, abundante), penedia (rochedo), policromo, poliglota,
pudico, quiromancia, recorde, refrega (peleja), rócio (orgulho),
rubrica, ubíquo.
São proparoxítonas: ádvena (forasteiro), aeródromo, aerólito, ágape
(refeição dos antigos), álacre, álcali, alcíone, amálgama, anátema,
andrógino, anêmona, antífona, antífrase, antístrofe, areópago, aríete,
arquétipo, azáfama, bátega, bávaro, bímano, bólido (e), brâmane,
cérbero, crisântemo, édito (ordem judicial), égide, elétrodo, etíope
(hiato), fagócito, férula, gárrulo, hégira (j), idólatra, ímprobo, ínclito,
ínterim, leucócito, lêvedo, ômega, périplo, plêiade, prófugo, protótipo,
quadrúmano, revérbero, sátrapa, trânsfuga, vermífugo, zéfiro, zênite.
Admitem dupla prosódia: acróbata ou acrobata, anídrido ou
anidrido, Bálcãs ou Balcãs, hieróglifo ou hieroglifo, homília ou
homilia, Oceânia ou Oceania, ortoépia ou ortoepia, projétil ou projetil,
176
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
réptil ou reptil, sáfari ou safari, sóror ou soror, homília ou homilia,
zângão ou zangão.
Palavras átonas
Monossílabos: artigos (combinados ou não com
preposições)/pronomes pessoais oblíquos átonos e pronomes
relativos/certas preposições (a, de, em, com, por, sem, sem, sob, para)
e suas combinações com artigo/certas conjunções (e, nem, ou, mas,
que, se)/formas de tratamento (dom, frei, são...).
Dissílabos: preposição para, conjunções como e porque, partícula pelo
(a/s)
Regras de acentuação
Acentuam-se:
Monossílabos tônicos terminados em:
a(s) - lá, cá, já
e(s) - pé, mês, fé
o(s) - pó, só, nós
177
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
Observação: O monossílabo "que" recebe acento circunflexo quando
substantivado ou em final de frase, já que se torna palavra tônica em
tais situações - Ex.: A moça tem um quê especial./Você não foi à festa
por quê?/Estava rindo de quê?
Oxítonos terminados em:
a(s) - Pará, sofás.
e(s) - você, cafés.
o(s) - avô, paletós.
em, ens - ninguém,
armazéns
Paroxítonos terminados em:
ão(s), ã(s) - órfãos,
órfãs
ei(s) - jóquei, fáceis
i(s) - júri, lápis
us - vírus
um, uns - álbum, álbuns
r - revólver
x - tórax
n / ons - hífen, prótons
l - fácil
ps - bíceps
178
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
ditongos crescentes
seguidos ou não de S -
ginásio, mágoa, áreas
Proparoxítonos - todos são acentuados
Ditongos abertos em monossílabos tônicos e oxítonas.
ói(s) - dói, herói(s)
éi(s) - réis, papéis
éu(s) - céu(s), troféu(s)
179
Observação: A nova reforma ortográfica excluiu dessa regra as
palavras paroxítonas com esses ditongos abertos tônicos. Portanto
NÃO são mais acentuadas palavras como jiboia, apoia (verbo apoiar),
ideia, epopeia e assembleia.
I e U, seguidos ou não de S, tônicos em hiato com a vogal
anterior, sozinhos na sílaba ou seguidos de S - saúde, egoísmo
≠ juiz, ruim.
Se o I destes casos vier seguido de NH não será acentuado -
rainha, tainha
Observação: A nova reforma ortográfica excluiu dessa regra o caso
de I e U separam-se de um ditongo anterior, porque não há hiato
efetivamente (uma vez que não se configura a situação de vogal +
vogal e sim semivogal + vogal). Portanto NÃO são mais acentuadas
palavras como feiura, baiuca e Bocaiuva.
Acento diferencial aparece nas seguintes situações:
pôr (verbo) X por (prep.)
pôde (pretérito perf) X pode (presente do indicativo)
ter e vir na 3ª pess. plural, bem como em verbos derivados,
recebem acento (ele tem X eles têm / ele vem X eles vêm / ele
contém X eles contêm / ele provém X eles provêm)
Observação: A nova reforma ortográfica aboliu os demais casos de
acento diferencial. Portanto NÃO são mais acentuadas palavras como
para (do verbo parar), pelo/pelas/pela (do verbo pelar), pelo(s)
(cabelo, penugem), pera (fruta), polo(s) (jogo ou extremidade).
A nova reforma ortográfica aboliu a existência de acento
circunflexo nas palavras terminadas pelo hiato oo(s) e nas
formas verbais com o hiato eem. Portanto NÃO são mais
acentuadas palavras como voo(s), enjoo(s), abençoo, perdoo,
creem, deem, leem, veem, releem.
A nova reforma ortográfica aboliu o uso do trema, mas a
pronúncia das palavras que recebiam tal indicação gráfica não
sofrerá alteração. Portanto NÃO recebem mais trema palavras
como linguiça, cinquenta, pinguim, delinquente e tranquilo.
Alguns problemas de acentuação devem-se a vícios de fala ou
pronúncia inadequada de algumas palavras.
Nos nomes compostos, considera-se a tonicidade da última
palavra para efeito de classificação. As demais palavras que
constituem o nome composto são ditas átonas. Exemplos:
couve-flor - oxítona, arco-íris (Paroxítona).
Os pronomes oblíquos átonos o/a/os/as podem transformar-se
em lo/la/los/las ou no/na/nos/nas em função da terminação
verbal. Quando os verbos terminam por R/S/Z ou no caso de
mesóclise (R), geram acentuação se a forma verbal (sem o
pronome) tiver seu acento justificado por alguma regra.
Exemplos: comprá-la, vendê-los, substituí-lo, comprá-la-íamos ≠
parti-los.
Emprego das classes de palavras
Grife os pronomes e as locuções pronominais
Refiro-me àquele homem, cujo filho fugiu.
A aluna, de cujo pai eu falava, acaba de entrar.
Reporto-me àquele aviso, de cujo conteúdo não tomei
conhecimento.
Atendendo ao pedido do cliente, informei-lhe que o
empréstimo já foi aprovado.
Fez referência às (àquelas) matérias de que trata o programa.
Ainda não recebemos o telegrama a que V.S.ª fez referência
em sua carta.
Houve alterações com que os candidatos estão de acordo.
Foi somada a folha a que o funcionário se refere.
Requerimento a cujo conteúdo o banco fez referência.
É o único fato de que se tem notícia.
O requerimento a que nos referimos foi definido.
Agradeço a confiança com que fui distinguido.
Houve modificações com que os associados estão de acordo.
Desempenhou bem as tarefas de que (ou das quais) estava
incumbido.
Ele não o viu mas todos os convidados o viram.
Informo-o de que seu livro já lhe foi enviado.
Emprego do sinal indicativo de crase
Uso da crase e suas implicações
Crase é a junção, a contração de a+a. O primeiro a é uma
preposição; o segundo, geralmente, é o artigo feminino a . Por isso é
que só ocorre com palavras ou femininas. Em expressões femininas
também pode ocorrer a crase. Excepcionalmente, às vezes, ocorre em
à q uele(s). Numerais não aceitam crase. Para que ocorra a crase com
artigo no plural ( as ), é necessário que a palavra feminina também
esteja no plural e vice-versa.
Exemplos:
Rumo a 2010 (numeral).
Vi o homem grande à distância de 10 metros (Distância
determinada).
A FATADEB ainda não oferece cursos a distância (Distância
não determinada).
Acompanhava-o, a distância, discretamente.
A distância, todos parecem iguais.
À noite, todos os gatos são pardos.
Ele vive a expensas dos pais (A locução é “a expensas de”.).
Teste seus conhecimentos.
1) Para que tenha sentido, o período abaixo deverá receber 1 ponto e 2
vírgulas.
“Pedro toma banho porque sua mãe disse ele pegue a toalha.”
Pontuação do período.
“Pedro toma banho porque sua. Mãe, disse ele, pegue a toalha.
Comentário: A dificuldade surge porque o verbo suar confunde-se
com o pronome possessivo sua.
XV. USO DA VÍRGULA
A força da vírgula!
Texto apresentado pala ABI (Associação Brasileira de
Imprensa) por ocasião do seu centenário (Com adaptações).
A vírgula pode ser uma pausa... Ou não. Não, espere.Não espere.
Um pequeno deslocamento e ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.2,34.
Pode ser autoritária. .
Aceito, obrigado.Aceito obrigado
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.
Um pequeno salto e ela cria vilões. Esse, rapaz, é corrupto.Esse rapaz é corrupto
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.Não, queremos saber.
Só mesmo a língua portuguesa!
Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e caneta.
Escreveu assim:
Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha
irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres.
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus
bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do
padeiro. Nada dou aos pobres.
3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa para a
sardinha dele: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu
sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos
pobres.
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez
esta interpretação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu
sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos
pobres. Assim é a vida. Nós é que fazemos a pontuação. E isso faz a
diferença!
Concordância nominal e verbal.
O aluno mais novo vai para a escola à tarde (singular)
Os alunos mais novos vão para a escola à tarde (plural)
Ela é boa aluna. Ele é bom aluno.
Ambos são bons alunos. Ele e ela são bom alunos (o
masculino tem precedência na concordância nominal)
O aluno e a aluna estão cansados (o masculino tem
precedência na concordância nominal)
Concordância de número
Plural metafônico – Ocorre quando a palavra no
singular tem sílaba tônica fechada e, no plural, aberta:
tijolo/tijolos, novo/novos, povo/povos.
Plural magestático – Antigamente, era usado por reis e
imperadores, juntamente com aposto. Hoje usa-se em
correspondências, quando uma só pessoa assina: Nós, o Rei,
decretamos..., Referimo-nos ao pleito de V. S.ª para.
Regência nominal e verbal.
Diz-se “regência nominal e verbal” porque a preposição
“rege” os nomes e os verbos. Ou seja, acompanha, obrigatoriamente,
alguns substantivos, adjetivos e verbos. Exemplos:
A casa de João é amarela (regência nominal – substantivo).
Ele é bom de matemática (regência nominal – adjetivo).
Muitas pessoas não gostam de estudar (regência verbal –
verbo gostar).
Significação das palavras.
Sinônimos
São palavras diferentes na forma, mas iguais ou
semelhantes na significação. Os sinônimos podem ser:
a) perfeitos
b) imperfeitos
Sinônimos Perfeitos
Se a significação é igual, o que é raro. Exemplos:
avaro – avarento
léxico – vocabulário
falecer – morrer
escarradeira – cuspideira
língua – idioma
Sinônimos Imperfeitos
Se semelhantes é o mais comum. Exemplos:
córrego – riacho
belo – formoso
Antônimos
São palavras diferentes na forma e opostas na significação.
Exemplos: sim – não; abaixar – levantar; nascer – morrer; correr –
parar; sair – chegar; belo – feio; vida – morte
Homônimos
Vem do grego “homós” que quer dizer: “igual”, “ónymon”
que significa “nome”. São palavras iguais na forma e diferentes na
significação. Os homônimos podem ser:
a) Homônimos Homófonos
São os que têm som igual e significação diferente.
Exemplos:
cerrar (fechar)/serrar (cortar)
chá (bebida)/ xá (soberano do Irã)
cheque (ordem de pagamento)/xeque (lance do jogo de xadrez)
concertar (ajustar, combinar)/consertar (corrigir, reparar)
coser (costurar)/ cozer (preparar alimentos)
esperto (inteligente, perspicaz)/experto (experiente, perito)
espiar (observar, espionar)/expiar (reparar falta mediante
cumprimento de pena)
estrato (camada)/extrato (o que se extrai de)
flagrante (evidente)/fragrante (perfumado)
incerto (não certo, impreciso)/inserto (introduzido, inserido)
incipiente (principiante)/insipiente (ignorante)
ruço (pardacento, grisalho)/russo (natural da Rússia)
tachar (atribuir defeito a)/taxar (fixar taxa)
acender (pôr fogo)/ascender (subir)
acento (símbolo gráfico)/assento (lugar em que se senta)
apreçar (ajustar o preço)/apressar (formar rápido)
bucho (estômago)/buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais)/cassar (tornar sem efeito)
cela (pequeno quarto)/sela (arreio)
censo (recenseamento)/senso (entendimento, juízo)
b) Homônimos Homógrafos
São palavras que têm grafia igual e significação diferente;
devemos notar que as vogais podem ter som diferente, bem como
pode ser diferente o acento da palavra. Sendo que se escrevam com as
mesmas letras e tenham significação diferente. Exemplos:
sede(residência) – sede (vontade de beber água)
cará (planta) – cara (rosto)
sabia (verbo saber) – sabiá (pássaro) – sábia (feminino de
sábio)
Nota: As palavras podem ser ao mesmo tempo homônimos
homófonos e homônimos homógrafos. Exemplos:
mato (bosque) – mato (verbo)
livre (solto) – livre (verbo livrar)
rio (verbo rir) – rio (curso de água natural)
amo (verbo amar) – amo (servo)
canto (ângulo) – canto (verbo cantar)
fui (verbo ser) – fui (verbo ir)
Parônimos
São palavras de significação diferente, mas de forma
parecida ou semelhante. Exemplos:
recrear (divertir, alegrar)/recriar (criar novamente)
sortir (abastecer)/surtir (produzir efeito)
tráfego (trânsito)/tráfico (comércio ilegal)
vadear (atravessar a vau)/vadiar (andar ociosamente)
vultoso (volumoso)/vultuoso (atacado de congestão na face)
imergir (afundar)/emergir (vir à tona)
inflação (alta dos preços)/infração (violação)
infligir (aplicar pena)infringir (violar, desrespeitar)
mandado (ordem judicial)/mandato (procuração)
ratificar (confirmar)/retificar (corrigir)
emigrar (deixar um país)/imigrar (entrar num país)
eminente (elevado)/iminente (prestes a ocorrer)
esbaforido (ofegante, apressado)/espavorido (apavorado)
estada (permanência de pessoas)/estadia (permanência de
veículos)
fusível (o que funde)/fuzil (arma)
absolver (perdoar, inocentar)/absorver (sorver, aspirar)
arrear (pôr arreios)/arriar (descer, cair)
cavaleiro (que cavalga)/cavalheiro (homem cortês)
comprimento (extensão)/cumprimento (saudação)
descrição (ato de descrever)/discrição (reserva, prudência)
descriminar (tirar a culpa, inocentar)/discriminar (distinguir)
despensa (onde se guardam mantimentos)/dispensa (ato de
dispensar)
Algumas palavras homônimas e parônimas
absolver: inocentar, perdoar
absorver: sorver, consumir, esgotar
ascender: subir
acender: pôr fogo, alumiar
acidente: acontecimento casual
incidente: episódio, aventura
acento: tom de voz, sinal gráfico
assento: lugar de sentar-se
amoral: indiferente à moral
imoral: contra a moral, libertino,
devasso
arrear: pôr arreios
arriar: abaixar, descer
cavaleiro: aquele que sabe andar a
cavalo
cavalheiro: homem educado
cédula: documento, chapa eleitoral
sédula: ativa, cuidadosa (feminino de
sédulo)
censo: recenseamento
senso: raciocínio, juízo claro
conserto: reparo
concerto: sessão musical, acordo
cheque: ordem de pagamento
xeque: lance de jogo no xadrez
delatar: denunciar
dilatar: alargar, ampliar
desapercebido: desprovido de
despercebido: sem ser notado
descrição: ato de descrever, expor
discrição: reservada, qualidade de
discreto
descriminar: inocentar
discriminar: distinguir
despensa: onde se guardam
alimentos
dispensa: ato de dispensar
destratado: maltratado com palavras
distratado: desfazer o acordo, o trato
eminente: ilustre, excelente
iminente: que ameaça acontecer
emergir: vir à tona
imergir: mergulhar
espiar: observar, espionar
expiar: sofrer castigo
estático: firme, imóvel
extático: admirado, pasmado
flagrante: evidente
fragrante: perfumado
fluir: correr
fruir: gozar, desfrutar
incerto: impreciso
inserto: introduzido, inserido
incipiente: principiante
insipiente: ignorante
inflação: desvalorização do dinheiro
infração: violação, transgressão
infligir: aplicar pena
infringir: violar, desrespeitar
intercessão: ato de interceder, de
intervir
intersecção: ato de cortar
mandado: ordem judicial
mandato: procuração
tacha: pequeno prego
taxa: tributo
tráfego: movimento, trânsito
tráfico: comércio lícito ou não
ratificar: validar, confirmar
retificar: emendar, corrigir
cessão: doação
sessão: reunião
seção: divisão, parte de um todo
Alguns significados no Brasil e em Portugal:
No Brasil Em PortugalSuéter Camisola
Marrom CastanhoVitrine MontraTerno FatoFato Facto
Palavras e expressões que oferecem dificuldades de língua,
linguagem e fala:
Por volta das 10 horas e não “de 10 horas
É meio-dia e meia (“Meia” refere-se à meia hora.)
É um hora e 30 minutos.
São 12 horas. É meio-dia
Ficar em pé.
Abramos nossas Bíblias no Segundo Livro de Crônicas, na
Segunda Carta de Pedro, na Terceira Carta de João, Epístola de
Paulo aos Gálatas, no Livro do Profeta Isaías, no Evangelho de
Mateus ou de São Mateus...
Leiamos, de forma alternada, do versículo 1.º ao 10.º Lerei os
ímpares.
Significação - Vocabulário
Semântico - Adj. - Relativo à significação; significativo.
Concisão - S. f. - Qualidade de conciso. Brevidade e clareza
(no dizer ou escrever).
Congruência - S. f. - Proporção. Relação adequada (entre uma
coisa e o fim a que tende).
Teol. catól. Razão do prêmio dado aos merecimentos côngruos
Côngruo-Adj. Conveniente. Condigno. Adequado. Suficiente.
Declarado em termos claros. De côngruo: por merecimento
côngruo.
Significado – Locuções
Locuções Prepositivas:
De encontro a – em sentido oposto, contra
Ao encontro de – concordar (o mesmo que a favor de, à
procura de, em consonância com)
Observação: Essas locuções prepositivas podem transformar-se em
Locuções verbais se junto for usado algum verbo: ir ao encontro de,
vir de encontro a, correr ao encontro de, surgir a favor de, ir à
procura de etc.).
Ortografia e significado
A fim ou afim?
Escrevemos afim, quando queremos dizer semelhante. (O
gosto dela era afim ao da turma.)
Escrevemos a fim (de), quando queremos indicar
finalidade. (Veio a fim de conhecer os parentes/Pensemos bastante, a
fim de que respondamos certo/Ela não está a fim do rapaz).
A par ou ao par?
A expressão ao par significa sem ágio no câmbio.
Portanto, se quisermos utilizar esse tipo de expressão, significando
ciente, deveremos escrever a par.
Fiquei a par dos fatos/A moça não está a par do assunto.
A cerca de, acerca de ou há cerca de?
A cerca de significa a uma distância. (Teresópolis fica a
cerca de uma hora de carro do Rio).
Acerca de - significa sobre. (Conversamos acerca de
política).
Há cerca de - significa que faz ou existe(m)
aproximadamente. (Mudei-me para este apartamento há cerca de oito
anos/Há cerca de doze mil candidatos, concorrendo às vagas).
Ao encontro de ou de encontro a?
Ao encontro de - quer dizer favorável a, para junto de.
(Vamos ao encontro dos nossos amigos./Isso vem ao encontro dos
anseios da turma).
De encontro a - quer dizer contra. (Um automóvel foi de
encontro a outro/Este ato desagradou aos funcionários, porque veio de
encontro às suas aspirações).
Há ou a?
Quando nos referimos a um determinado espaço de tempo,
podemos escrever há ou a, nas seguintes situações:
Há - quando o espaço de tempo já tiver decorrido. (Ela saiu há dez
minutos).
A - quando o espaço de tempo ainda não transcorreu. (Ela voltará
daqui a dez minutos).
Haver ou ter?
Embora usado largamente na fala diária, a gramática não
aceita a substituição do verbo haver pelo ter. Deve-se dizer, portanto,
não havia mais leite na padaria.
Se não ou senão?
Emprega-se o primeiro, quando o se pode ser substituído
por caso ou na hipótese de que.
Se não chover, viajarei amanhã (= caso não chova - ou na
hipótese de que não chova, viajarei amanhã).
Se não se tratar dessa alternativa, a expressão sempre se
escreverá com uma só palavra: senão.
Senão – Vá de uma vez, senão você vai se atrasar. (senão
= caso contrário)/Nada mais havia a fazer senão conformar-se com a
situação (senão = a não ser)/"As pedras achadas pelo bandeirante não
eram esmeraldas, senão turmalinas, puras turmalinas" (senão =
mas)/Não havia um senão naquele rapaz. (senão = defeito).
Haja vista ou haja visto?
Apenas a primeira opção é correta, porque a palavra
"vista", nessa expressão, é invariável.
Haja vista o trágico acontecimento... (hajam vista os
acontecimentos...)
Em vez de ou ao invés de?
A expressão em vez de significa em lugar de. (Hoje, Pedro
foi em vez de Paulo/Em vez de você, vou eu para Petrópolis).
A expressão ao invés de significa ao contrário de. (Ao
invés de proteger, resolveu não assumir/Ao invés de melhorar, sua
atitude piorou a situação).
Significado das palavras
Para estudarmos o significado das palavras devemos
conhecer os sinônimos, antônimos, homônimos e parônimos.
Palavras sinônimas - duas ou mais palavras identificam-se
exatamente ou aproximadamente quanto ao significado. As
que se identificam exatamente se dizem sinônimas perfeitas
(cara e rosto). As que se identificam por aproximadamente se
dizem sinônimas imperfeitas (esperar e aguardar).
Palavras antônimas - duas ou mais palavras têm significados
contrários, como amor e ódio vitorioso e derrotado
Palavras homônimas - duas ou mais palavras apresentam
identidade de sons ou de forma, mas de significado diferente.
As palavras homônimas se apresentam como:
Perfeitas - mesma grafia e mesma pronúncia, mas com classes
diferentes.
Exemplos: caminho (substantivo) e caminho (do verbo
caminhar)/cedo (advérbio) e cedo (do verbo ceder)/for (do verbo ser) e
for (do verbo ir)/livre (adjetivo) e livre (do verbo livrar)/são (adjetivo)
e são (do verbo ser)/serra (substantivo) e serra (do verbo serrar)
Homógrafas - mesma grafia e pronúncia diferente.
Exemplos: colher (substantivo) e colher (do verbo colher)/começo
(substantivo) e começo (do verbo começar)/gelo (substantivo) e gelo
(do verbo gelar)/torre (substantivo) e torre (verbo torrar)
Homófonas - grafia diferente e mesma pronúncia.
Exemplos: acender (pôr fogo) e ascender (subir)/acento (tonicidade de
palavras) e assento (lugar para sentar-se)/apreçar (avaliar preços) e
apressar (acelerar)/caçar (perseguição e morte de seres vivos) e cassar
(anular)/cela (quarto pequeno), sela (arreio de animais) e sela (do
verbo selar)/cerrar (fechar) e serrar (cortar)/cessão (doação), seção
(divisão) e sessão (tempo de duração de uma apresentação ou
espetáculo)/concerto (apresentação musical) e conserto
(arrumação)/coser (costurar) e cozer (cozinhar)/sinto (do verbo sentir)
e cinto (objeto de vestuário)/taxa (imposto) e tacha (prego pequeno)
Observação: Não se deve confundir os homônimos perfeitos com o
conceito de polissemia em que as palavras têm mesma grafia, som e
classe (ponto de ônibus, ponto final, ponto de vista, ponto de encontro
etc.)
Palavras parônimas - duas ou mais palavras quando
apresentam grafia e pronúncia parecidas, mas significado
diferente.
Exemplos: área (superfície) e ária (melodia)/comprimento (extensão)
e cumprimento (saudação)/deferir (conceder) e diferir
(adiar)/descrição (ato de descrever) e discrição (reserva em atos e
atitudes)/despercebido (desatento) e desapercebido
(despreparado)/emergir (vir a tona, despontar) e imergir
(mergulhar)/emigrante (quem sai voluntariamente de seu próprio país
para se estabelecer em outro) e imigrante (quem entra em outro país a
fim de se estabelecer)/eminente (destacado, elevado) e iminente
(prestes a acontecer)/fla grante (evidente) e fragrante (perfumado,
aromático)/fluir (correr em estado fluido ou com abundância) e fruir
(desfrutar, aproveitar)/inflação (desvalorização da moeda) e infração
(violação da lei)/infringir (transgredir) e infligir (aplicar)/ratificar
(confirmar) e retificar (corrigir)/tráfego (trânsito de veículos em vias
públicas) e tráfico (comércio desonesto ou ilícito)/vultoso (que faz
vulto, volumoso ou de grande importância) e vultuoso (acometido de
congestão da face)
Grafias semelhantes, significados diferentes
Discriminar – tratar de forma diferente
Descriminar – inocentar, absolver de crime (O prefixo des- dá ideia de
negação.)
Cumprimento – saudação
Comprimento – extensão, tamanho
XVI. ESTILÍSTICA
Semiologia ou Semiótica
Ciência que estuda o funcionamento do sistema de signos.
Por signo entende-se a interpretação e alguém diante de uma "coisa"
ou "evento".
Exemplo: preto é uma cor, mas passa a ser signo (luto) na
comunicação.
Ha signos naturais e artificiais:
Os naturais não são produzidos pelo homem. São "coisas"
e "eventos" que o homem passa a interpretar como signos.
Exemplos: nuvens negras (chuva vindoura), vôo de certas aves (mau
agouro), sintomas de doença...
Os artificiais são criados pelo homem para que funcionem
no processo da comunicação. Caracterizam-se, portanto, pela
intenção.
Exemplos: apitos de juiz, sinal de trânsito, signos lingüísticos...
Signo linguístico
Cada palavra representa um signo linguístico, mas não é
qualquer seqüência de sons que constitui um signo. Um signo
linguístico constitui-se de duas partes, conforme a definição abaixo:
"(...) 3- Ling. Entidade constituída pela combinação de um conceito, denominado significado e uma imagem acústica, denominada significante. A imagem acústica de um signo lingüístico não é a palavra falada (ou seja, o som material) mas a impressão psíquica deste som (...)". Aurélio Buarque de Holanda.
Observação: Para enriquecer o texto literário e lhe dar maior ou
menor expressividade, o escritor pode utilizar-se do aspecto visual e
do aspecto sonoro do significante.
Compare as duas frases a seguir:
Comprei uma geladeira nova/Meus amigos estão uma
geladeira comigo.
A palavra geladeira apareceu com dois significados
distintos nas frases, dependendo do contexto. Assim, pode-se concluir
que na frase a o signo está empregado no sentido denotativo e na
frase b, no conotativo.
Denotação - Significado convencional, usual ou dicionarizado da
palavra. Não permite várias interpretações, sendo a palavra usada em
seu sentido objetivo.
Exemplos: Ignorando as leis, a empresa usou o trator na área
proibida.
trator: "veículo motorizado que (...) é capaz de rebocar cargas ou de operar, rebocando ou empurrando, equipamentos agrícolas, de terraplanagem, etc." Aurélio Buarque de Holanda.
Conotação - Significado novo, diferente do convencional, criado pelo
contexto.
Também denominado sentido figurado, muito explorado
pela literatura.
Favorece a pluralidade interpretativa, pois as palavras
ganham significados subjetivos, que mais sugerem do que informam.
Exemplos: Esse operário é um trator. (Trator: com sentido de força,
capacidade de trabalho, rapidez.)
Elementos da comunicação
Emissor - emite, codifica a mensagem
Receptor - recebe, decodifica a mensagem
Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor
Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem
Referente - contexto relacionado a emissor e receptor
Canal - meio pelo qual circula a mensagem
Observação: As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação
Funções da linguagem
Função emotiva (ou expressiva) - Centralizada no emissor, revelando sua
opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e
exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e
cartas de amor.
Função referencial (ou denotativa) - Centralizada no referente, quando o
emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta,
denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem usada nas
notícias de jornal e livros científicos.
Função apelativa (ou conativa) - Centraliza-se no receptor; o emissor
procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige
ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos
vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se
dirigem diretamente ao consumidor.
Função fática - Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou
não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem
das falas telefônicas, saudações e similares.
Função poética - Centralizada na mensagem, revelando recursos
imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é
metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem
figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas
propagandas etc.
Função metalingüística - Centralizada no código, usando a linguagem
para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do
poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são
repositórios de metalinguagem.
Observação: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da
linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto,
para então defini-lo.
APÊNDICE
A FAMÍLIA INDO-EUROPEIA, O LATIM, AS LÍNGUAS DERIVADAS, O PORTUGUÊS E O ITÁLICO
IntroduçãoFamília indo-européia
Havia um idioma falado há cerca de 5 mil anos em alguma região entre a Índia e a Europa. Não há documentos que atestem o idioma indo-europeu,
mas as 449 línguas atuais que derivaram dele têm características comuns, como as raízes de algumas palavras e regras gramaticais.
Itálico e latimCom as migrações, as mutações da árvore indo-européia resultaram
nos ramos itálico, germânico e mais nove subgrupos. Não há documentos escritos, mas acredita-se que o itálico tenha nascido por volta de 1 000 a.C. na região, claro, da Itália.
O Latim é uma língua do ramo itálico da família Indo-Européia. Pertence ao grupo centum e era falada pelo povo da antiga Roma. É uma língua altamente flexional e, em conseqüência disso, tem uma grande flexibilidade na ordem das palavras.
Inicialmente um dialeto itálico falado na região do Lácio (VETVS LATIVM, entre o rio Tibre, o curso baixo do rio Ânio, a cadeia dos Apeninos, o território dos Volscos e o Mar Tirreno), o Latim tornou-se uma língua importante à medida em que os seus falantes (os romanos) ganhavam destaque na região. Com as expansões militares de Roma e a conseqüente importância alcançada pelo Império Romano, tornou-se uma espécia de língua universal do mundo ocidental, mantendo sua importância mesmo depois da queda do Império.
A língua se expandiu juntamente com o Império Romano (ver mapa ao lado), apesar de que nas regiões orientais o Grego continuasse predominando.
O Latim perdurou até depois da queda do Império Romano. A Igreja Católica o tem como língua oficial até hoje. Obras literárias e teológicas em Latim foram escritas durante toda a Idade Média. Vários cientistas e filósofos modernos (Descartes, Newton, Leibniz etc.) escreveram obras originalmente em Latim. Até hoje ele é usado em alguns termos jurídicos, na taxonomia dos seres vivos e outras questões de nomenclatura científica.Latim
O Lácio, uma das regiões compreendidas pelo ramo itálico, às margens do rio Tibre, é o berço do latim, que surgiu como língua de pastores e agricultores por volta de 600 a.C. Com a expansão de Roma, o latim alargou sua área de atuação e acabou absorvendo os idiomas osco e umbro.
Latim vulgarO ponto de partida das línguas românicas foi o latim vulgar, falado
no dia-a-dia. Era uma língua com finalidades práticas e imediatas, ao contrário do latim clássico, de escritores como Cícero e Virgílio. Nas regiões que o Império Romano conquistou, o latim vulgar ganhou novos sotaques, como o português.Os idiomas que vieram do latim
Segundoo compêndio Ethnologue, atualmente existem 6.912 idiomas falados mundo. Desses idiomas românicos, pelo menos oito vieram do latim:
italiano, francês, espanhol, catalão, galego, português, provençal e romeno . Alguns acrescentam: o occitânico , o sardo e o romanche. O dalmático, falado antigamente na costa da Dalmácia, na Croácia, também tinha origem latina, mas já foi extinto. O próprio latim não é mais falado, e, hoje, é usado apenas em documentos oficiais do Vaticano. Além dos idiomas falados, o Ethnologue considera três linguagens artificiais (esperanto, europanto e interlíngua) e 121 línguas de sinais.O Português
Na península Ibérica, província romana desde fins do século 3 a.C., o latim começou a modificar-se com as invasões bárbaras (Século V) e árabes (Século VIII). O dialeto galego-português surgiu no século 12 e, quatro séculos depois, galego e português já formavam duas línguas diferentesGramática latinaPronúncia na língua latina
Existem três formas de pronúncia na língua latina: a pronúncia eclesiástica ou italiana, usada pela igreja Católica Romana, pronúncia clássica (reconstruída), que foi elaborada a partir de estudos sobre a pronúncia de povos próximos, que se acredita ser a mais próxima da pronúncia praticada na antiguidade e a pronúncia portuguesa, usada nas escolas no Brasil e em Portugal apenas para fins didáticos. Pronúncia clássica
O latim só tinha letras maiúsculas. As minúsculas forma utilizadas pela primeira vez na Idade Média. A pronúncia é por sílabas, muito parecida com a do português.
Todas as vogais podem ser longas ou curtas. A pronúncia das vogais aqui descrita é muito aproximada e fundamentada na evolução do latim para o português (vogais longas tornam-se fechadas, breves tornam-se abertas).A – Com pronúnica longa, mais ou menos como em levar; quando breve, como em chazinho.G – Sempre o g português, como em gato (também em -GE-, -GI-; nos -GUE-, -GUI- o u é pronunciado, como semivogal). H – Hacca, que só os falantes muito cultos aspiravam o H (como o inglês how). Mesmo na época clássica, para a maioria, era mudo.J – Esta letra não existia no latim clássico, foi criada na Idade Média para fazer diferença entre o i vogal e o i consonântico para o que muitos i latinos foram evoluíndoQ – Sempre antes do u semivogal, -QV-. QVI R – Possivelmente como em caro, ou talvez como em carro (rr não uvular, mas alveolar, o "clássico" europeu e como se pronúncia ainda nas zonas rurais de Portugal, em África ou na Galiza), talvez ambos dois segundo regras similares às do português
V - Nunca como o V português, sempre é vogal ou semivogal: quando vogal longo, como em miúdo, quando vogal breve como em surdo, quando semivogal como em mau. É semivogal quando diante de outra vogal, como em SOLVO ou QVARTVS. Na Idade Média, o V minúsculo grafava-se "u", o "u" afinal foi utilizado só para o som vogal e "v" para o consonântico (como no português);X – EX, "gs" ou "ks", segundo a palavra (LEX-LEGIS, gs; DUX-DUCIS, ks)Y – YPSILLON, como o u francês ou o ü/ue alemão, a letra é grega e não latina (este som não existe em latim), mas empregou-se para empréstimos do grego;Z – ZETA, como o z alemão, aproximadamente "ts", também para empréstimos do grego;Há também estes dígrafos para empréstimos gregos:CH – Como o j espanhol ou o ch alemão; também aparece em palavras latinas, nelas é talvez um K levemente aspirado, é dizer, K+H, (PVLCHER, LACHRIMA) ou apenas um simples K PH – Aproximadamente como um P aspirado (PHILOSOPHIA) RH – Ccomo o R ou RR (RHETOR, RHOMBVS)TH – Como em inglês thin ou o c/z espanhol da península
As letras para os empréstimos gregos tendiam a ser pronunciadas com os sons mais próximos do latim, assim o Y pronunciava-s I ou V, o Z como S, CH como K, TH como T, PH como F, etc.
As letras das consoantes podem ser duplas, BB, CC, DD, FF, GG, LL, MM, NN, LL, PP, RR, SS, TT, mesmo a vogal VV (MORTVVS)... a pronúncia é como duas letras separadas em sílabas diferentes, ILLE é "IL-LE" (ou um L mais longo), têm valor fonológico, p.ex. ANVS, "A-NVS", "(mulher) velha", não é, nem se pronúncia como ANNVS, "AN-NVS", "ano", SVMVS, "SV-MVS", "nós somos", não tem a ver com SVMMVS, "SVM-MVS", "o mais alto".
Arcaicamente, as vogais longas por vezes eram escritas como duplas, nos tempos da República com um acento grave (APEX), e no Império com algo parecido a um acento agudo. Mas nunca foi universal nem unanimemente aceite. Na Idade Média, sobretudo nos livros de aprendizagem, adoptou-se o costume de grafar as vogais longas com um tracinho acima (mácron), e as breves com um u pequeninho (bráquia).
Há ditongos e tritongos (muito raros), AE, AV, EI, EV, OE, OI, VI, e pronunciavam-se com os sons correspondentes, mas muito cedo foram evoluindo para outros sons, p.ex. AE passou a ser pronunciado como um E aberto, OE como E fechado, AV como o "ou" (ow) português etc.Declinações
Declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo (esta última inexistente no Latim) sofrem em.
O latim possui cinco declinações, que se dividem em seis casos básicos cada uma, com singular e plural – Nominativo, Genitivo, Dativo,
Acusativo, Ablativo e Vocativo . As frases, para serem corretamente traduziadas, devem ser analisadas sintaticamente pelo genitivo singular, que correspondem, respectivamente a "ae", "i", "is", "us", "ei" (1.ª a 5.ª declinações).Nominativo - Indica o sujeito e predicativo do sujeito. Homo - [o] homem (ex: homō ibi stat - o homem está de pé aí) Genitivo - Expressa posse, matéria ou origem (fonte). Geralmente indica o adjunto adnominal restritivo. Hominis - de [o] homem (ex: nōmen hominis est Claudius - O nome do homem é Claudius) Dativo - Indica quem sofre a ação, o objeto indireto da oração. hominī - para/a [o] homem [como objeto indireto] (hominī donum dedī - eu dei um presente ao homem) Acusativo - Expressa o objeto direto do verbo. hominem - [o] homem [como objeto direto] (ex: hominem vidi - Eu vi o homem.) Ablativo - Indica separação ou os meios pelos quais uma ação é efetuada. homine - [o] homem (ex:sum altior homine - sou mais alto que o homem) Vocativo - Usado na comunicação direta para chamar o interlocutor. é o mesmo vocativo da língua portuguesa.
Caso Preposição/artigo Singular PluralNominativo a, as —a —aeGenitivo de, das —ae —ārumDativo para a, para as, à, às, ao, aos —ae —īsAcusativo a, as —am —āsAblativo pela, pelas —ā —īsVocativo - —a —ae
As declinações são identificadas pelo nominativo e pelo genitivo singular. A declinação permite que as orações latinas sejam estruturadas das mais diversas formas, diferentemente do Português onde a estrutura geral das orações é sujeito-verbo-objeto. Isto obriga o latinista a atentar-se à declinação das palavras para compreender corretamente as frases.
Por exemplo, alguém desatento às declinações poderia interpretar a seguinte frase "Philosophum non facit barba." como "o filósofo não faz a barba", sendo que o correto é "A barba não faz o filósofo".
Primeira Declinação Os substantivos deste caso geralmente terminam em -a e são
tipicamente femininos. As exceções são os substantivos que designam profissões exercidas por homens, tais como "agricola" (fazendeiro) e "nauta" (navegante). O
genitivo singular das palavras de primeira declinação tem a terminação -ae. A tabela com o paradigma dessa declinação é:stella –ae (a estrela, da estrela); lingua, -ae (a língua, da língua);vita, -ae (a vida, da vida); scientia, -ae (ciência, sabedoria, conhecimento) - f .Caso Singular Plural Singular Plural Singula
r Plural
Nominativo
stella stellae lingua linguae vita vitae
Genitivo stellae stellārum linguae linguārum
vitae vitārum
Dativo stellae stellīs linguae linguīs vitae vitīsAcusativo stellam stellās linguam linguās vitam vitāsAblativo stellā stellīs linguā linguīs vitā vitīsVocativo stella stellae lingua linguae vita vitae
Non scholae sed vitae discimus" (Seneca) Aprendemos não para a escola, mas para a vida. "Nihil sine magno labore vita dedit mortalibus" (Horácio) A vida nada dá aos mortais senão trabalho duro. "Et ipsa scientia potestas est". (Francis Bacon)
E conhecimento em si é poder. Sine scientia ars nihil est. A arte não é nada sem a ciência.
Segunda Declinação A maioria das palavras de segunda declinação são substantivos
masculinos com terminação (no nominativo singular) em -us ou -r, ou substantivos neutros com terminação em -um. O genitivo singular de todas termina em -ī. Para as poucas palavras que possuem o caso locativo, este é idêntico ao genitivo.campus, –ī – o campo, do campo (masculino); puer, -ī – o menino, do menino (masculino); bellum, -ī – a guerra, da guerra (neutro); verbum, -i - a palavra, da palavra (neutro); Deus, ī – Deus, de Deus (masculino - irregular).
Caso Singular Plural Singular Plural Singular PluralNom. Campus campī verbum verba Deus Deī, Dī,
DiīGen. Campī campōrum verbī verbōrum Deī,
DīviDeōrum, Deum
Dat. Campō campīs verbō verbīs Deō, Deīs, Dīs,
Dīvō DiīsAcus. Campum campōs verbum verba Deum DeōsAbl. Campō campīs verbō verbīs Deō,
DīvōDeīs, Dīs, Diīs
Voc. Campe campī verbum verba Dīve Deī, Dī, Diī
Sunt pueri pueri pueri puerilia tractant. - Meninos são meninos e agem como meninos. "Si vis pacem, para bellum". - Se queres a paz, prepara-te para a guerra. Peior est bello timor ipse belli. - Pior que a guerra é o medo da guerra. Verbum sapienti satis est. - (Uma) palavra é suficiente para o sábio. Verba movent, exempla trahunt. - Palavras movem, exemplos compelem. A verbis ad verbera. - Palavras ao vento. Vox populi, vox Dei. – A voz do povo, a voz de Deus.
Terceira Declinação
A terceira declinação contém o maior grupo de substantivos. Os substantivos de terceira podem terminar em -a, -e, -ī, -ō, -y, -c, -l, -n, -r, -s, -t ou -x. Estes consistem em substantivos masculinos, neutros e femininos das mais diversas raízes. O genitivo singular de todas palavras de terceira declinação termina em -is.
homō, -is (o, do humano, o, do homem, no sentido de "ser humano") – masculino; omnis m/f, omne n - todo/toda/tudo Caso Singular Plural Singular Plural
Masc./fem.. Neutro Masc./fem. NeutroNominativo homō homin·ēs omnis omne omnēs omniaGenitivo homin·is homin·um omnis omnis omnium omniumDativo homin·ī homin·ibus omnī omnī omnibus omnibusAcusativo homin·em homin·ēs omnem omne omnēs omnia
Ablativo homin·e homin·ibus omnī omnī omnibus omnibusVocativo homō homin·ēs
"Nihil est ab omni parte beatum". (Horácio) - Nada é bom em toda parte. "Non omnia possumus omnes". (Virgílio) - Nem todos [nós] podemos tudo. "Sol omnibus lucet". (Petronius) - O Sol ilumina a todos. "Non omne quod licet honestum est".- Nem tudo que é lícito é honesto. Non omne quod nitet aurum est.- Nem tudo que brilha é ouro. "Omnes homines dignitate et iure liberi et pares nascuntur". (Declaração Universal dos Direitos do Homem) - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Omnia vincit amor. - O amor vence tudo.
Quarta Declinação Palavras latinas de quarta declinação são geralmente palavras
masculinas ou femininas terminadas em -us, ou palavras neutras terminadas em -ū. O genitivo singular das palavras de quarta declinação terminam em -ūs. manus, -ūs - a mão, da mão – feminino Caso Singular PluralNominativo man-us, man-ūsGenitivo man-ūs, man-uumDativo man-ūi, man-ibus
Acusativo man-um, man-ūsAblativo man-ū, man-ibusVocativo man-us, man-ūm
"Manus manum lavat". - [Uma] mão lava [outra] mão. "Dente lupus, cornu taurus petit". - O lobo ataca com os dentes; o touro, com o chifre.
Quinta Declinação
Palavras latinas de quinta declinação são geralmente femininas, com algumas exceções como "dies", que só é usada no feminino quando indica um dia especial. No nominativo singular elas terminam em -ēs, e no genitivo singular, em -ēī. As palavras de quinta declinação tem raiz invariável. diēs, -ēī - o dia, do dia (masculino); rēs, -eī – a coisa, da coisa (feminino)
Caso Singular Plural Singular Pluralnominativo di·ēs, di·ēs rēs rēsgenitivo di·ēī di·ērum reī rērumDativo di·ēī di·ēbus reī rēbusacusativo di·em di·ēs rem rēsablativo di·ē di·ēbus rē rēbusvocativo di·ēs di·ēs
Carpe diem. - Aproveite o dia. Observação: Outras palavras de quinta declinação derivam de "dies", tais como "hodies" (hoje) e "meridies" (meio-dia). "Libertas inaestimabilis res est". - [A] liberdade é [uma] coisa inestimável. "Fallaces sunt rerum species". - A aparência das coisas é enganosa.
Adjetivos No Latim os adjetivos concordam com o substantivo em gênero e
número. A maioria dos adjetivos são declinados na primeira ou segunda declinação, em função de estarem no gênero feminino ou masculino, respectivamente; e alguns são de terceira declinação. No grau comparativo, são declinados na terceira declinação.Adjetivos de 1ª e 3 declinações - malus m, mala f, malum n - mau, má, malvado, ruim Número Singular PluralCaso \ Gênero Masculino Feminino Neutro Masculino
Feminino NeutroNominativo malus mala malum malī
malae malaGenitivo malī malae malī malōrum
malārum malōrumDativo malō malae malō malīs
malīs malīsAcusativo malum malam malum malōs
malās malaAblativo malō malā malō malīs
malīs malīs
"Cum recte vivis, ne cures verba malorum". (Catão)
"Se vives corretamente, não preocupar-te-ás com as palavras más/maldizeres".
magnus m, magna f, magnum n - grande Número Singular PluralCaso \ Gênero Masculino Feminino Neutro Masculino
Feminino NeutroNominativo magnus magna magnum magnī
magnae magnaGenitivo magnī magnae magnī magnōrum
magnārum magnōrumDativo magnō magnae magnō magnīs
magnīs magnīsAcusativo magnum magnam magnum magnōs
magnās magnaAblativo magnō magnā magnō magnīs
magnīs magnīs
Consuetudinis vis magna est. - [A] força do hábito é grande. "Potest ex casa magnus vir exire". - Um grande homem pode sair de uma choupana.
Numerais Cardinais
Numeral romano Número em latim Numeral indo-arábicoN * nullus, -a, -um * 0I ūnus -a -um 1II duo -ae 2III trēs, tria 3IV quattor 4V quinque 5VI sēx 6VII septem 7VIII octō 8IX novem 9X decem 10XV quindecim 15XX viginti 20XXV viginti quinque 25
L quinquaginta 50C centum 100D quingentī, -ae, -a 500M mille 1000
*Os romanos, assim como os gregos, não tinham o conceito do número zero. Remeter a este número com a palavra "nullus" ("nenhum") foi feito primeiramente na Idade Média. A identificação do zero pela letra N é atribuída a Bede, por volta de 725 d.C.
Exceto pelos números entre 04 (quatuor) e 100 (centum), os numerais cardinais latinos são todos declináveis.
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"Non ut edam vivo, sed vivam edo". - Não vivo para comer, mas como para viver.Aut vincere aut mori. - Ou vencer ou morrer.
BIBLIOGRAFIA
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REDAÇÃO
BUENO, Francisco da Silveira. Arte de Escrever. Saraiva S.A., São PauloCÂMARA JR., J. MATTOSO. Manual de Expressão Oral e Escrita. Editora Vozes Ltda., Petrópolis.