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Universidade Federal de Alfenas Maquely Aparecida Vicente Michelli Aparecida da Silva Brito Projeto Conceitual e Básico de Tratamento de Efluente Líquido da Empresa M&G Poços de Caldas / MG 2015

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Universidade Federal de Alfenas

Maquely Aparecida Vicente

Michelli Aparecida da Silva Brito

Projeto Conceitual e Básico de Tratamento de

Efluente Líquido da Empresa M&G

Poços de Caldas / MG

2015

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Maquely Aparecida Vicente

Michelli Aparecida da Silva Brito

Projeto Conceitual e Básico de Tratamento de

Efluente Líquido da Empresa M&G

Trabalho de Conclusão de Curso II

apresentado como parte dos requisitos para

conclusão do curso e obtenção do título

Bacharel em Engenharia Química pela

Universidade Federal de Alfenas.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Lodi

Poços de Caldas / MG

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

V632p Vicente, Maquely Aparecida.

Projeto conceitual e básico de tratamento de efluente líquido da empresa

M&G. / Maquely Aparecida Vicente; Michelli Aparecida da Silva Brito;

Orientação de Leandro Lodi . Poços de Caldas: 2015.

40 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fls. 39 - 40

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –

Universidade Federal de Alfenas– Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Tratamento de efluente. 2. Otimização do Processo. 3. Operações Unitárias. I.

Brito, Michelli Aparecida da Silva . II. Lodi, Leandro (orient.). III. Universidade

Federal de Alfenas – Unifal. IV. Título.

CDD 660.2842

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelas bênçãos ao longo da graduação.

À Universidade Federal de Alfenas pelo incentivo a realizar projetos cada vez mais

desafiadores.

Ao Profº Dr. Leandro Lodi, orientador, pela confiança, apoio, dedicação, incentivo e por todo

conhecimento e experiência transmitidos.

À Empresa Mossi & Ghisolfi S.p.A. (M&G) pela oportunidade concedida para a realização

deste projeto, especialmente ao Cesar Mariano e Laudarcy Vieira pela atenção e confiança no

projeto e também, aos operadores da empresa que nos auxiliaram nos testes realizados.

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RESUMO

A geração de resíduos líquidos, sólidos e gasosos provenientes de processos produtivos faz

parte da rotina industrial de muitas empresas. Tais resíduos são denominados efluentes, os

quais devem ser tratados para posterior reutilização ou lançamento ao meio ambiente,

diminuindo custos com seu reaproveitamento e o impacto gerado na natureza. Dentro deste

conceito, a empresa Mossi & Ghisolfi S.p.A. (M&G) em Poços de Caldas possui um

tratamento de efluentes para seu processo de reciclagem de plásticos Politereftalato de Etileno

(PET). Esse tratamento tem como base tratar o efluente líquido proveniente da lavagem dos

recipientes plásticos e atualmente, utiliza-se de um Geotube para realizar a contenção de todo

o resíduo presente no líquido. A fim de otimizar esse tratamento em questão, foi proposto

como objetivo deste trabalho o planejamento e desenvolvimento de um projeto conceitual e

básico. Tal projeto tem como foco a implantação das técnicas das operações unitárias, como o

gradeamento e a sedimentação, com o propósito de reter a maior quantidade de sólidos

grosseiros e sedimentáveis possíveis presentes no efluente. Por meio dos testes de proveta e

testes com o Geotube realizados, foi possível propor e dimensionar novas etapas para o

sistema de tratamento de efluentes da Recicladora da empresa M&G. Os resultados obtidos no

desenvolvimento deste projeto apresentaram eficiência de 45,5% de retenção das partículas

sedimentáveis.

Palavras-chave: Tratamento de efluente, otimização do processo, tratamento preliminar e

primário.

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ABSTRACT

The generation of liquid, solid and gaseous waste from production processes is part of the

industrial routine of many companies. Such waste are called effluents, which must be treated

to reuse or release to the environment, reducing costs with its reuse and the impact generated

in nature. Within this concept, the company Mossi & Ghisolfi SpA (M & G) in Poços de

Caldas has a wastewater treatment for its plastics recycling process polyethylene terephthalate

(PET). This treatment is based on treating the liquid effluent from the washing of plastic

containers, and currently they use a Geotube to perform the containment of any residue

present in the liquid. In order to optimize the treatment in question, it was proposed as

objective of this work the planning and development of a conceptual and basic design. This

project focuses on the implementation of the techniques of unit operations such as steps grids

and sedimentation in order to retain the greatest amount of coarse solids and possible

sedimentary present in the effluent. By the test tube tests and tests with Geotube, it was

possible to propose and resize new steps to the effluent treatment system Recycler of M & G

Company. The results obtained in the development of this project has a 45.5% of efficiency

retention of sedimentary particles.

Key words: wastewater treatment. optimization of process. pretreatment and primary

treatment.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................ 9

1.1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 9

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 9

1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 10

2.1 TRATAMENTO PRELIMINAR .................................................................................... 10

2.1.1 GRADEAMENTO ................................................................................................................ 10

2.1.2 PROJETO DE UM GRADEAMENTO ....................................................................................... 10

2.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO ......................................................................................... 11

2.2.1 SEDIMENTAÇÃO ................................................................................................................ 11

2.2.2 PROJETO DE UM SEDIMENTADOR ...................................................................................... 12

2.3 GEOTUBE....................................................................................................................... 15

2.4 BLOCOS DRENANTES ................................................................................................. 16

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 17

3.1 TESTES DE SEDIMENTAÇÃO .................................................................................... 17

3.2 TESTES NO GEOTUBE ................................................................................................. 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 19

4.1 DESCRIÇÃO DO PROJETO .......................................................................................... 19

4.1.1 TRATAMENTO PRELIMINAR ............................................................................................... 20

4.1.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO ................................................................................................... 20

4.2 BALANÇO DE MASSA ................................................................................................. 21

4.3 DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS ......................................................... 23

4.3.1 GRADEAMENTO ................................................................................................................ 23

4.3.2 SEDIMENTADOR ................................................................................................................ 25

4.3.3 CAIXA DE DEPOSIÇÃO DE AREIA OU BLOCOS DRENANTES ................................................. 29

4.3.4 TUBULAÇÕES .................................................................................................................... 31

4.4 DESCRITIVO DO FUNCIONAMENTO DAS MALHAS DE CONTROLE ................ 31

4.4.1 MALHA DE CONTROLE DE VÁLVULAS ............................................................................... 31

4.4.2 MALHA DE CONTROLE DE BOMBAS ................................................................................... 32

4.5 ESPECIFICAÇÃO DO EFLUENTE, CLARIFICADO E DESCARTES ....................... 32

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4.6 LISTA DE EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS ..................................................... 33

4.7 FLUXOGRAMA DE ENGENHARIA - P&ID ............................................................... 34

4.8 EFICIÊNCIA DO PROJETO........................................................................................... 35

4.9 RELATÓRIO DE REVISÃO DE RISCOS DO PROCESSO (RRP) UTILIZANDO

WHAT IF .................................................................................................................................. 36

4.10 SUGESTÕES FUTURAS ............................................................................................... 37

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

As indústrias químicas geram volumes consideráveis de efluentes líquidos,

diariamente. A geração desses efluentes se dá de diversas maneiras, sendo uma delas o

resíduo gerado da lavagem da matéria – prima. Como é o caso da empresa Mossi & Ghisolfi

S.p.A. (M&G), a qual é líder no mercado Sul Americano de fibras de poliéster, com uma de

suas unidades localizada em Poços de Caldas. A companhia possui um processo de

reciclagem de garrafas PET e a lavagem dos lotes de garrafas de diferentes tipos gera uma

quantidade considerável de resíduos sólidos e estes são dispostos para o sistema de tratamento

de efluentes implantado na empresa.

O sistema implantado é basicamente composto por gradeamento, onde há retenção de

partículas sólidas, seguido de tanque de equalização para a correção do pH do efluente e logo

após a equalização, este é transferido para o Geotube, equipamento que retém todas as

partículas sólidas suspensas e sedimentáveis provenientes deste efluente, que é composto

principalmente de areia. Do Geotube, o efluente é destinado para o tratamento biológico,

corrigindo assim a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e a DQO (Demanda Química de

Oxigênio) do efluente, respeitando os padrões exigidos.

Os processos de tratamento de efluentes são classificados conforme a natureza do

efluente ou de acordo com as operações unitárias envolvidas, ou seja: tratamentos físicos,

químicos e biológicos. O conjunto desses processos compõem as cinco etapas do tratamento

de efluentes, o tratamento preliminar, tratamento primário, tratamento secundário e tratamento

terciário.

O tratamento preliminar ou primário é constituído por processos físicos que envolvem

a remoção de sólidos grosseiros, sedimentáveis ou em suspensão, por meio de separações em

gradeamento, peneiramento, sedimentação, flotação, separação em câmaras de óleos e

gorduras, como também a filtração para a limpeza de matéria orgânica e inorgânica

(MACHADO, 2011).

Os processos químicos e biológicos constituem o tratamento secundário, que são

adição de reagentes químicos ou biológicos no processo com a finalidade de provocar a

reação química de remoção de poluentes ou degradação da matéria orgânica. Operações como

coagulação, floculação, neutralização de pH e entre outros. Estes processos químicos estão no

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conjunto de tratamentos primários, cuja principal função é a eliminação da matéria orgânica e

de sólidos em suspensão (GIORDANO, 2003).

1.1 OBJETIVO

1.1.1 Objetivo Geral

Otimizar o processo de tratamento de efluentes líquidos da Recicladora da empresa

Mossi & Ghisolfi S.p.A. (M&G).

1.1.2 Objetivos Específicos

- Proposta de um projeto para otimização do sistema de tratamentos de efluentes

líquidos da recicladora M&G;

- Testes de sedimentação com amostras de efluente coletados;

- Proposta de um novo gradeamento no tratamento preliminar;

- Projeto de um tanque de sedimentação e um tanque de blocos drenantes no

tratamento primário;

- Avaliação dos custos, eficiência e limitações do processo proposto.

1.2 JUSTIFICATIVA

Diante da possibilidade de melhorias no sistema de tratamento de efluente líquido da

recicladora da empresa M&G Fibras Brasil propôs-se a elaboração deste estudo. Dentro desse

contexto propôs-se um projeto conceitual e básico da linha de tratamento de efluentes líquidos

da empresa, com remoção prévia de sólidos, para a otimização do tratamento físico-químico e

biológico à jusante.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TRATAMENTO PRELIMINAR

2.1.1 Gradeamento

O processo de gradeamento se dá pela remoção de sólidos de diâmetros maiores do

que a grade utilizada nesta etapa para a retenção dos resíduos indesejáveis ao processo. Além

de remover sólidos, o gradeamento tem por finalidade a proteção de equipamentos posteriores

ao processo, pois este não permite a continuação de materiais com potencial para danificar as

bombas, tubulações, comprometendo todas as etapas seguintes do tratamento. Portanto, a

eficiência no gradeamento é crucial para o bom decorrer do tratamento.

Para a melhor eficiência do processo é necessário o correto dimensionamento da

grade, constituinte principal do gradeamento. A grade tem por requisito espaçamento entre as

barras superior a dos resíduos que se deseja separar. Conforme esses espaçamentos são

classificados como grosseiras com 40 até 100 mm, médias de 20 a 40 mm, finas de 10 a 20

mm e ultrafinas de 3 a 10 mm (FRAJA; VISMARA; PASTORELLI, 1994).

Existem vários modelos de grade, o que varia de acordo com o fabricante e com a

funcionalidade. Por exemplo, a grade curva com braços rotativos da empresa SIGMA, pode

ser usada como grosseira ou média e para canais com até 2,5 m de profundidade. Ao passo

que a grade mecanizada inclinada tipo gancho é utilizada como fina ou ultrafina para canais

com nível líquido alto (SIGMA, 2015).

Outro componente importante para o gradeamento consiste nas escovas, que são

acopladas à grade e tem como objetivo a desobstrução do canal de operação. A velocidade

com que estas escovas operam e a manutenção são pontos importantes para o bom

funcionamento do sistema (FRAJA; VISMARA; PASTORELLI, 1994).

2.1.2 Projeto de um gradeamento

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Em um projeto de dimensionamento de grade deve-se considerar, principalmente, a

vazão do processo, o espaçamento e a espessura da grade mecanizada, coeficiente de pico e a

altura de lâmina d’água. Assim, é possível calcular a eficiência da grade, largura do canal,

número de barras e espaçamentos, entre outros (UNESP, 2000).

Dependendo do efluente da empresa o sistema de limpeza do gradeamento pode ser

manual (para pequenas ETE’s) e com largura máxima de 3 m, por cremalheira, grade

mecanizada tipo escalar por cremalheira ou grade de barras curvas (para ETE’s de maior

porte) com vazões superiores a 250 L/s.

A inclinação das grades, geralmente está na faixa de 45 º a 60 º. Se a inclinação não

condiz com a vazão, o sistema preliminar se tornará ineficiente, o que influenciaria, também,

em todo processo restante. Portanto, como solução, deve haver testes e redimensionamento

das grades para a posterior implantação na indústria.

2.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO

Os tratamentos primários têm a finalidade de retirar os sólidos em suspensão

sedimentáveis que ainda não foram eliminados no tratamento preliminar.

2.2.1 Sedimentação

O procedimento, chamado de sedimentação ou decantação, consiste em um processo

físico baseado na diferença de densidade entre as fases para uma separação sólido-líquido.

Geralmente, este processo é utilizado a fim de retirar do efluente líquido os componentes

sólidos suspensos, com maior densidade que o fluido, que não foram retirados na etapa

preliminar, ou seja, no gradeamento ou desarenação (DEZOTTI, 2008).

O processo de sedimentação ocorre de tal maneira que se formam quatro tipos de

zonas no líquido que se sedimenta, a zona de partículas discretas, zona floculante, zona

retardada e zona de compressão (METCALF; EDDY, 1995).

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Na zona de partículas discretas, que acontece logo abaixo da superfície líquida há um

simples processo de decantação, em que partículas livres se sedimentam sem interação entre

elas. Na zona floculante, as partículas já não se encontram mais livres, elas chocam-se entre si

formando aglomerados e originando flocos devido ao aumento da concentração nessa região.

A zona retardada ocorre em uma região em que há uma grande concentração de partículas,

porém essas possuem maior dificuldade de se sedimentarem devido a força contrária exercida

pelo líquido. A última região, a zona de compressão, é formada pelas partículas que se

sedimentam no fundo do sedimentador, as quais formam uma massa que vai sendo

comprimida conforme aumenta a quantidade de partículas (METCALF; EDDY, 1995).

Esse processo ocorre em tanques denominados sedimentadores, os quais são

caracterizados pela sua forma e dimensionamento, podendo conter mecanização ou não. As

duas formas mais comuns de sedimentadores são tanques circulares e retangulares. Os

sedimentadores circulares são geralmente de maiores diâmetros, e o líquido flui do centro em

direção às paredes do tanque, através de um sistema de tubulação central ascendente. Os

sedimentadores retangulares são implantados quando há uma limitação de espaço para o

projeto, pois ocupam uma menor área. O líquido flui, atravessando o tanque horizontalmente

e seus dispositivos de entrada são projetados de forma a alcançar uma distribuição uniforme

do liquido no tanque (VISMARA; BUTELLI; COMOLLI, 1991).

O liquido flui lentamente através do tanque fazendo com que os sólidos em suspensão

com densidade maior que do efluente se depositem gradualmente no fundo do tanque. Ao

final do processo, obtêm-se dois produtos: o líquido clarificado e um decantado, que consiste

na camada de sólido que se sedimenta, geralmente chamada de lodo, a qual pode ser então,

adensada no poço do tanque e enviada para adensadores (DEZOTTI, 2008).

2.2.2 Projeto de um Sedimentador

Há vários métodos que podem ser utilizados para cálculos de dimensionamento de um

sedimentador. Um dos métodos gráficos consiste no método de Kynch, o qual permite traçar

uma curva de sedimentação através de ensaios de sedimentação obtendo o volume da fase não

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clarificada em função do tempo. Assim, explorando a curva de sedimentação do gráfico é

possível encontrar a área para um sedimentador (CREMASCO, 2012).

Biscaia Jr, sucessor de Kynch, propôs um método a fim de simplificar o método de

Kynch e minimizar a razão da vazão pela área do sedimentador, afirmando que a curva de

sedimentação consiste na combinação de uma reta com uma exponencial. Assim, é possível

encontrar a área de um sedimentador através da Equação 1 (MASSARANI, 1997).

, (1)

onde Q é a vazão na alimentação no sedimentador, é a altura da interface no tempo e

é o tempo correspondente a altura mínima de sedimentação, . Essa altura mínima

pode ser obtida pela Equação 2.

(2)

onde e consistem na concentração de partículas na alimentação e no espessado,

respectivamente. A Figura 1 mostra a relação de e , graficamente.

Figura 1 Relação entre e pelo método de Biscaia.-

Fonte: Adaptado de MASSARANI (1997).

Para determinar o valor de é necessário utilizar os dados de um ensaio de proveta

para plotar a curva de sedimentação exponencial, , e assim, encontrar a respectiva

equação da curva, como mostra a Equação 3.

(3)

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onde a e b são valores encontrados de acordo com a curva de sedimentação. Assim, através

desta equação é possível isolar e determiná-lo, de acordo com a Equação 4.

(

) (4)

Após determinar o valor de e substituindo-o na Equação 1, é possível encontrar a

área do sedimentador, A, conhecendo-se a vazão e altura . Através da relação A =

, é possível obter o respectivo diâmetro do sedimentador, .

Para obter a altura de um sedimentador em operação contínua, é necessário considerar

que consiste na altura de uma região em que há liquido clarificado, a altura da região

que há espessamento ou compactação e a altura correspondente ao fundo do tanque de

sedimentação, região onde se localiza o espessado.

A altura da região para um sedimentador contínuo pode ser considerada entre um

intervalo de 0,45 a 0,75m. Para se determinar o valor da região de espessamento, , utiliza-

se a Equação 5 (ORR, 1966 apud CREMASCO, 2012).

, (5)

onde consiste no tempo de residência da fase particulada na região de espessamento e

pode ser calculada através da curva de sedimentação, considerando o inicio e fim da região de

espessamento através do gráfico mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Determinação do tempo de residência, .

Fonte: Adaptado de CREMASCO (2012).

(1 )ORR, C. Particulate Technology. New York: The Macmillan Co 1966.

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E por fim, a altura do fundo do tanque, , é obtida utilizando a Equação 6.

(6)

onde é o diâmetro do sedimentador.

Assim, a altura total do sedimentador se dá pela soma de todas as alturas encontradas,

como mostra a Equação 7 (MASSARANI, 1997).

(7)

A angulação do fundo do tanque do sedimentador, , é obtida

experimentalmente através da obtenção do ângulo de repouso do espessado, . Assim,

para um sedimentador convencional, > , para que as partículas na região

do espessado se direcionem para a saída no fundo do sedimentador.

Para obter as dimensões das tubulações para as correntes de entrada e saída do

sedimentador e também para a corrente que sai da caixa de retenção de areia, utiliza-se a

relação da Equação 8.

, (8)

onde é a velocidade de escoamento do fluido em m/s, a vazão volumétrica em m³/s e =

, para uma tubulação de área de seção transversal circular.

2.3 GEOTUBE

De acordo com a empresa Allonda (2007), Geotube é o nome dado a uma tecnologia

que visa à desidratação de lodos, sendo utilizada para a separação sólido-liquido em diversos

casos. O processo se dá em três etapas, sendo a primeira o bombeamento, onde o efluente

líquido com sólidos suspensos é direcionado para o Geotube sendo então floculado. Em

seguida, ocorre a fase de desidratação, em que os sólidos contidos no efluente ficam presos

nos poros do Geotube, tendo como produto de saída um líquido clarificado. E por último,

ocorre a consolidação, em que os sólidos vão se depositando no interior do Geotube.

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Esse tipo de tecnologia pode ser aplicado em grandes e pequenos projetos, tendo como

vantagem ser de fácil manuseio, pois dispensa engrenagens ou prensas para seu

funcionamento e apresenta fácil implantação. E é o tipo de tecnologia empregada no processo

da empresa M&G.

2.4 BLOCOS DRENANTES

Com a geração de resíduos no sistema de tratamento de efluentes e o aumento do

consumo de água para diluição dos mesmos houve consequentemente um aumento da

formação de lodo. Segundo estimativas para cada 1 m3 de água tratada são gerados 76 g de

resíduos no tratamento de efluentes. Considerando a região metropolitana de São Paulo, isto

daria uma formação, em média, de 404 t/dia de lodo. Sabe-se ainda que, o processamento do

lodo demanda de 20% a 60 % dos custos de uma ETE. Assim, torna-se necessário o estudo de

alternativas para a redução da quantidade de água do lodo, dentre elas, estão o uso de filtro-

prensa, um tipo de desaguador mecânico, tubos geotêxtis, secador térmico e entre outros

(HALLACK, 1990).

Porém, o processo de desaguamento e secagem do lodo tem sido insatisfatório em

eficiência devido ao sistema falho dos leitos de secagem, como também o elevado custo dos

métodos de desaguamentos mecânicos. Uma alternativa que tem se destacado no mercado são

os blocos drenantes, que são camadas justapostas imóveis com alta porosidade, contendo

orifícios filtrantes, e resistência a abrasão e corrosão. Estas camadas são moldadas e

constituem um bloco, denominado blocos drenantes (HALLACK, 1990).

O princípio de funcionamento destes blocos consiste em descarte do lodo para os

leitos, enquanto que a água escoa pelos blocos. Assim, o lodo é armazenado no piso secando

até o teor de sólidos desejado. E por fim, ocorre a raspagem do lodo seco (MÜLLER, 2005).

Além de ter uma elevada eficiência de desaguamento e secagem os blocos drenantes

são projetados para operar em pequenas dimensões com altas capacidades, apresenta fácil

manutenção e baixo custo de operação (MÜLLER, 2005).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TESTES DE SEDIMENTAÇÃO

Neste projeto foram realizados testes de sedimentação do efluente líquido da

Recicladora da empresa M&G a fim de obter dados para projetar e dimensionar o tanque de

sedimentação do tratamento primário. Tais testes foram realizados no laboratório da própria

empresa coletando o efluente na saída no gradeamento. Para obter um resultado confiável foi

preciso realizar os testes várias vezes em dias alternados, pois a caracterização do efluente

varia de acordo com o lote e a região de origem da matéria prima, garrafas de politereftalato

de etileno (PET).

Primeiramente, realizou-se cerca de, aproximadamente, quinze testes de sedimentação,

porém, devido à discrepância dos dados considerou-se apenas 5 ensaios, utilizando uma

proveta de 2000 mL, onde foi possível diferenciar a zona clarificada da zona sedimentada em

um intervalo de 30 minutos, de acordo com a Figura 3, a seguir.

Figura 3 – Ensaios de Sedimentação.

Fonte: Dos Autores (2015).

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Também, foram obtidas as massas dos sólidos que sedimentaram na base da proveta

em cada um dos testes, com auxílio de uma balança analítica, filtrando o lodo resultante do

experimento com um auxílio de uma manta de filtração. Os dados obtidos estão de acordo

com a Tabela 1, a seguir.

Tabela 1 – Dados obtidos dos testes de sedimentação.

Variáveis Dados obtidos

Concentração de partículas na alimentação 60.830,00 g/m³

Concentração de partículas do espessado 325.111,11 g/m³

Volume do lodo 0,38 L

Massa total 375,00 g

Massa de partículas sedimentáveis 121,60 g

Massa de água 253,30 g

Fonte: Dos Autores (2015).

3.2 TESTES NO GEOTUBE

Com a finalidade de quantificar a massa de efluente filtrada pelo Geotube presente na

empresa, foram feitos cinco testes com um mini-geotube, fornecido pelo mesmo fabricante do

Geotube do processo, ou seja, com o mesmo material, porém com um tamanho menor em

relação ao do processo, sendo 55 cm de largura por 55 cm de altura.

Os testes no mini - geotube foram feitos com aproximadamente 1 hora de ensaio

utilizando 20 L da amostra de efluente coletado próximo ao gradeamento. No fim dos testes,

foram coletados os líquidos clarificados, seus respectivos volumes em outros recipientes e

ainda, feita a quantificação da massa filtrada pelo Geotube por meio de uma balança analítica.

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19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DESCRIÇÃO DO PROJETO

Partindo do objetivo deste projeto, o qual se refere a propor uma otimização para o

tratamento de efluente da Recicladora da empresa M&G, levou-se em consideração a água de

lavagem das garrafas PET no início do processo. Para facilitar o entendimento e construção

do processo, é mostrado no diagrama de blocos da Figura 4, as etapas que compõem o

processo de tratamento de efluentes hoje na Recicladora da empresa M&G, partindo do

efluente gerado nas lavagens das garrafas PET até chegar ao tratamento biológico.

Figura 4 – Diagrama de blocos do processo de tratamento de efluentes da Recicladora da

M&G Fibras Brasil.

Fonte: Dos Autores (2015).

Contudo, propõe-se a reorganização das operações presentes no tratamento de efluente

atual, inserindo, principalmente, as etapas de sedimentação e blocos drenantes, como na

Figura 5.

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20

Figura 5 - Diagrama de Blocos do Processo.

Fonte: Dos Autores (2015).

4.1.1 Tratamento preliminar

Primeiramente, os lotes de garrafas PET da empresa são encaminhados para um

tanque onde recebem água, detergente, soda cáustica, meio filtrante (farinha), agente

umectante e antiespumante para a remoção de sujeiras e resíduos indesejáveis na produção de

Flak. A água proveniente dessa lavagem seguirá para o tratamento preliminar, composto de

um gradeamento estático autolimpante, no qual ficarão retidos sólidos grosseiros como

tampas, rótulos, pedras e outros materiais que tenham diâmetros maiores que a abertura da

grade. Os sólidos grosseiros retidos serão escovados e transportados através de um sistema de

arraste acoplado ao equipamento e, ainda serão depositados em uma caixa de contenção para

posterior descarte.

4.1.2 Tratamento primário

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21

O efluente resultante do tratamento preliminar segue, através de tubulações, para o

tratamento primário constituído por um tanque sedimentador. Neste caso, não haverá a

necessidade de bombas para encaminhar o efluente, pois sugere-se que o sedimentador seja

localizado em um nível abaixo do tratamento preliminar. Assim, o efluente escoará através da

tubulação por força da gravidade. O tanque sedimentador será do tipo contínuo convencional

com área circular, o qual dispõe de três dutos: alimentação do efluente, retirada do clarificado

e do lodo.

Após o clarificado sair pelo ducto (Overflow), entrará em uma caixa de contenção a

fim de ser bombeado para o tanque de equalização, utilizando uma bomba do tipo centrífuga.

No tanque de equalização ocorre a correção de pH através da dosagem de ácido sulfúrico. Em

seguida, o clarificado é bombeado para o Geotube, utilizando uma bomba do tipo parafuso.

Na tubulação, haverá antes e depois de cada uma das bombas uma válvula do tipo esfera a fim

de garantir segurança ao sistema e possíveis paradas para manutenção.

O ducto de retirada do lodo (Underflow) será controlado por uma válvula manual

esfera, a qual irá direcionar o descarte para um tanque de deposição de areia constituído por

blocos drenantes. Os blocos drenantes filtram a água constituinte do lodo através dos poros e

retém sobre o piso apenas os sólidos resultantes do processo. Assim, a água filtrada pelos

blocos será direcionada a caixa de coleta, localizada a um nível inferior ao tanque de

deposição de areia e posteriormente, bombeada retornando para o tanque de sedimentação,

utilizando uma bomba do tipo pneumática seguida por uma válvula de ar.

Os sólidos retidos no piso dos blocos drenantes serão desidratados e se acumularão até

atingir a capacidade do tanque ou de acordo com a programação da empresa para retirada

desses sólidos. Os sólidos poderão ser retirados utilizando raspagem manual ou máquinas no

interior do tanque e encaminhados para destino adequado.

4.2 BALANÇO DE MASSA

Para realizar o balanço de massa no tanque sedimentador e no tanque de blocos

drenantes utilizou-se os dados obtidos nos testes de sedimentação correspondentes a maior

concentração de partículas na alimentação e no espessado, 60830g/m³ e 325111,11g/m³,

respectivamente. O volume de lodo apresentado foi de 0,38L com uma massa total de 375g,

sendo 121,6g a massa de partículas sedimentáveis e 253,3g de água. Assim foi possível

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22

realizar o balanço de massa no sedimentador e no tanque de retenção de areia. Os dados

obtidos no balanço de massa seguem na Tabela 2.

Tabela 2 - Dados obtidos no balanço de massa.

Correntes Massa (g)

Alimentação de efluente 2037,4

Clarificado 1662,4

Lodo 375,0

Água filtrada pelos blocos drenantes 253,3

Areia 121,6

Fonte: Dos Autores (2015).

Os balanços de massa parcial e global, em gramas, realizados para as etapas de

sedimentação e retenção de areia através dos dados dos testes de sedimentação em batelada

são mostrados na Figura 6.

Figura 6 - Balanço de massa no sedimentador e tanque de blocos drenantes, em gramas. Fonte: Dos Autores (2015).

94,04%

5,96%

100,00%

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23

Admitindo a vazão de 3,5m³/h, sendo a vazão média apresentada pela recicladora, foi

possível realizar o balanço de massa para um sistema contínuo nas etapas de sedimentação e

retenção de areia em kg/h, considerando uma porcentagem em volume e massa de lodo na

alimentação do efluente de 18,8% e 18,4%, respectivamente. Os balanços parcial e global são

mostrados na Figura 7.

Figura 7 - Balanço de massa no sedimentador e tanque de blocos drenantes, em kg/h. Fonte: Dos Autores (2015).

4.3 DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS

4.3.1 Gradeamento

Visando a otimização do processo do tratamento preliminar de efluentes da

Recicladora da empresa M&G, realizou-se a reformulação do sistema de gradeamento para tal

processo. Assim, foi necessário observar e analisar durante 2 horas, o tipo e tamanho de

material que, atualmente, a grade está retendo e o que está deixando atravessá-la. Dessa

maneira, obtiveram-se dados a fim de propor um novo projeto de gradeamento para o

processo.

100,00% 94,04%

5,96%

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Analisando o gradeamento da empresa M&G conclui-se que o sistema é, em geral,

eficiente, ou seja, atende à demanda de produção, de acordo com as especificações dos

efluentes e da vazão operada. Porém, consegue-se aumentar a eficiência apenas modificando

o layout da grade presente, hoje, na empresa. A sugestão, baseada no acompanhamento da

operação, consiste em duplicar o tamanho da grade e da vassoura de limpeza automática, a

qual apresenta atualmente, 84 cm de comprimento da vassoura, 1,07 m e 73 cm de

comprimento e altura da grade. No projeto proposto, as novas dimensões da grade seriam de

168 cm de comprimento da vassoura, 2,14 m de comprimento da grade e 73 cm de altura,

mantendo a altura com o valor inicial.

No sistema atual o efluente é introduzido de maneira perpendicular ao comprimento da

grade e concorrente a vassoura de limpeza automática. Este projeto propõe, além da

duplicação do comprimento da grade e da vassoura de limpeza, a entrada do efluente

acompanhando o comprimento da grade e a vassoura em movimento perpendicular ao

efluente, devido ao aumento do tempo de residência do efluente, conforme as Figuras 8 e 9, a

seguir.

Figura 8 - Gradeamento atual. Fonte: Adaptado de Gomes (2013).

Figura 9 - Gradeamento redimensionado. Fonte: Adaptado de Gomes (2013).

Entrada de

efluentes

ANTES

Entrada de

efluentes

DEPOIS

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25

4.3.2 Sedimentador

Para encontrar a área do tanque sedimentador necessária para sedimentar os sólidos,

primeiramente foram realizados testes de proveta com o efluente que sai do tanque de

lavagem das garrafas PET na recicladora. Pelos ensaios obteve-se uma média da concentração

de partículas sedimentáveis presentes no efluente. Para isso, houve a necessidade de realizar

quinze ensaios devido a grande variação da concentração de sólidos sedimentáveis neste

efluente, variando de acordo com o tipo e origem do lote de garrafas PET.

Após realizar os testes em cinco dias diferentes, obteve-se os volumes e as massas de

lodo e também, a massa das partículas sedimentáveis para cada ensaio. Para a melhor

visualização dos cálculos e interpretação dos resultados, optou-se por trabalhar com os dados

dos ensaios que obtiveram maior e menor volume de lodo e consequentemente de massa das

partículas sedimentáveis, e também, com a média desses valores. Assim, foi possível

encontrar a concentração de partículas na alimentação e no espessado, que se mostrou no

geral, próximas. Tal relação está apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 - Massas e concentrações das partículas e massas de lodo.

Dados Maior Volume Menor Volume Média

Massa de lodo (g) 375,00 180,40 277,77

Massa de partículas (g) 121,66 58,52 90,09

Concentração de partículas na

alimentação (g/m³)

60.830,00 29.260,00 42.350,00

Concentração de partículas no espessado

(g/m³)

325.111,11 323.477,80 324.869,66

Fonte: Dos Autores (2015).

Com os dados dos ensaios de proveta também foi possível plotar os gráficos da altura

da interface, z, pelo tempo, t, e obter as curvas de sedimentação referentes aos ensaios que

apresentaram maior e menor concentração e também, a concentração média de partículas

sedimentáveis. Conforme mostram Figuras 10, 11 e 12.

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26

Figura 10 - Gráfico da altura, z, em função do tempo, t, para a menor concentração de partículas.

Fonte: Dos Autores (2015).

Figura 11 - Gráfico da altura, z, em função do tempo, t, para a maior concentração de partículas.

Fonte: Dos Autores (2015).

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25 30

Alt

ura

da

inte

rfac

e, z

(cm

)

Tempo (min)

Z versus t Menor concentração de partículas

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30

Alt

ura

da

inte

rfac

e, z

(cm

)

Tempo (min)

Z versus t Maior concentração de partículas

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27

Figura 12 - Gráfico da altura, z, em função do tempo, t, para a concentração média de partículas.

Fonte: Dos Autores (2015).

O calculado para os três casos, utilizando a Equação 2, foi de = 7,89cm,

3,78cm e 5,67 cm para a maior concentração de partículas, menor e média, respectivamente.

Ao plotar a curva de sedimentação z versus t encontrou-se as equações exponenciais

sendo e R² = 0,9007 para a curva de maior concentração de

partículas, e R² = 0,9174 para a curva de menor concentração de

partículas e e R² = 0,9046 para a curva de concentração média.

Através dessas equações encontrou-se isolando-o, como foi mostrado na Equação 4.

Após obter esses valores, utilizando a Equação 1 e considerando = 0,42m,

encontrou-se vários valores referente a área do sedimentador, A, variando a vazão de

alimentação, Q. Essa relação é mostrada no gráfico da Figura 13. Considerando a área do

sedimentador contínuo convencional sendo A = , obteve-se valores para o diâmetro

do sedimentador, D, variando também a vazão, Q, como mostra também a Figura 14.

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25 30

Alt

ura

da

inte

rfac

e, z

(cm

)

Tempo (min)

Z versus t Concentração de partículas média

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28

Figura 13 - Gráfico da vazão versus área do sedimentador.

Fonte: Dos Autores (2015).

Figura 14 - Gráfico da vazão versus diâmetro do sedimentador.

Fonte: Dos Autores (2015).

A altura de um sedimentador convencional contínuo é dividida em três partes, ,

e e a altura pode variar entre 0,45m e 0,75m. Para determinar a altura do

sedimentador, primeiramente obteve-se o valor de utilizando as curvas z versus t das

Figuras 10, 11 e 12, e também através da relação contida na Figura 2. Assim, utilizando a

Equação 5 obteve-se as alturas e os valores encontrados foram de 0,12m, 0,05m e 0,09m

0

1

2

3

4

5

6

0 1 2 3 4 5 6 7

Áre

a, A

(m

²)

Vazão, Q (m³/h)

Vazão versus Área

Menor concentração

Maior concentração

Concentração média

0,75

0,95

1,15

1,35

1,55

1,75

1,95

2,15

2,35

2,55

2,75

0 1 2 3 4 5 6 7

Diâ

me

tro

, D (

m)

Vazão, Q (m³/h)

Vazão versus Diâmetro

Menor concentração

Maior concentração

Concentração média

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29

para as concentrações de partículas sedimentáveis maior, menor e média, respectivamente. A

altura foi calculada utilizando a Equação 6 e variando o diâmetro. A altura total H, foi

obtida utilizando a relação da Equação 7. Assim, foi possível realizar um comparativo,

graficamente, da altura total H para diferentes diâmetros e concentrações, considerando o

valor de máximo, 0,75m. Essas comparações são mostradas na Figura 15.

Figura 15 - Gráfico do diâmetro versus altura do sedimentador.

Fonte: Dos Autores (2015).

O ângulo de inclinação da base do sedimentador necessário para garantir que as

partículas sólidas não se sedimentem antes de atingir a saída para o tanque de blocos

drenantes, foi obtido utilizando ensaios de ângulo de repouso das partículas nos mesmos

testes de sedimentação. Assim, a média do ângulo foi de 39º.

A caixa de coleta de clarificado que acompanha o sedimentador foi estimada, através

dos dados de balanço de massa e da vazão média operada pela empresa de 3,5 m³/h. A

dimensão calculada garante que o clarificado não transborde da caixa até ser bombeado para o

tanque de equalização. Assim, a dimensão encontrada para o tanque de coleta foi de 2,5m³ de

volume, sendo 2,25m² de área e 1,1m de altura.

4.3.3 Caixa de deposição de areia ou blocos drenantes

0,8

0,9

1

1,1

0,5 1 1,5 2 2,5 3

Alt

ura

, H (

m)

Diâmetro, D (m)

D versus H - H1 = 0,75

Maior concentração

Menor concentração

Concentração média

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30

A caixa de retenção de areia construída de blocos drenantes foi dimensionada

utilizando os dados dos testes de sedimentação realizados. Fixou-se uma altura da caixa de

0,5m, ou seja, quando as partículas sólidas atingirem essa altura máxima da caixa, deve-se

realizar a remoção dessas partículas a fim de destiná-las a um local apropriado. Assim,

conhecendo-se a porcentagem de volume de partículas na vazão de alimentação, através do

balanço de massa no sedimentador e na caixa de retenção de areia, obtém-se o respectivo

volume de partículas para uma determinada vazão. Considerando a maior concentração de

partículas sedimentáveis apresentada nos testes, foi possível estimar a área da caixa de

retenção para diferentes vazões de alimentação no sedimentador, em m³/dia. Foi possível

também realizar um comparativo do tamanho necessário da área para uma determinada

quantidade de dias de acúmulo de partículas na caixa, como mostra a Figura 16.

Figura 16 - Gráfico da área da caixa de areia em função da vazão do tanque de retenção de areia.

Fonte: Dos Autores (2015).

A caixa de coleta que acompanha a caixa de retenção de areia foi estimada de acordo

com a vazão de água que sai dos blocos drenantes, sendo esta 212,9 kg/h e, posteriormente,

retorna ao tanque sedimentador. Portanto, levando-se em conta essa vazão de água, tem-se

que a caixa de coleta terá 2,25 m³ de volume, sendo 2,25 m² de área e 1m de altura.

0

50

100

150

200

250

0 20 40 60 80 100 120

Are

a (m

²)

Q (m³/dia)

Área versus Vazão maior concentração de partículas

1 dia5 dias10 dias15 dias

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31

4.3.4 Tubulações

Para encontrar o diâmetro das tubulações do sistema utilizou-se a relação da Equação

8. Esse projeto é constituído pela tubulação 1, de alimentação do efluente no tanque

sedimentador, pela tubulação 2, de saída do clarificado do sedimentador para o tanque de

equalização e pela tubulação 3, para a corrente de água filtrada pelos blocos drenantes que

retorna para o sedimentado. Assim, através dos dados do balanço de massa e considerando a

velocidade do fluido de 3m/s, os valores encontrados foram de 2 polegadas para a tubulação

1, 2 polegadas para a tubulação 2 e 1 polegada para a tubulação 3.

4.4 DESCRITIVO DO FUNCIONAMENTO DAS MALHAS DE CONTROLE

4.4.1 Malha de controle de válvulas

O sistema de controle de volume do sedimentador será composto por cinco válvulas

esfera de três polegadas, com o objetivo de atender à demanda de operação de efluente sem

entupimento e sem grande esforço de manuseio para a operação, e ainda uma válvula de ar

entre o tanque de coleta de água e o tanque sedimentador. O princípio de funcionamento da

válvula esfera consiste na passagem do fluido no momento de total abertura da válvula e

alinhamento com a tubulação, caso contrário a abertura fica perpendicular ao sentido do fluxo,

ou seja, fechada. A vantagem em se utilizar tal válvula está na sua agilidade de operação, por

exemplo, caso precise de um rápido bloqueio essa válvula tem a condição de responder

rapidamente ao sistema. E ainda, mesmo trabalhando em altas vazões e pressões, a perda de

carga é quase desprezível.

Anteriormente e posteriormente às bombas especificadas no projeto haverá válvulas de

controle de vazão das respectivas correntes, estas serão do mesmo tipo da válvula de controle

do sedimentador.

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32

4.4.2 Malha de controle de bombas

O sistema será composto por uma bomba centrífuga, por uma pneumática, a primeira

localizada em paralelo ao sedimentador com a finalidade de bombear o efluente para o

Geotube. A segunda bomba estará localizada após a caixa de descarte e bombeará o efluente

residual dos blocos drenantes novamente para o sedimentador, a fim de sedimentar a maior

quantidade de sólidos possíveis para serem tratados pelos blocos drenantes, destinando apenas

o líquido clarificado para o Geotube, otimizando, assim, sua vida útil. As bombas utilizadas

são as já instaladas no processo da fábrica, com a mesma função. Porém, o líquido bombeado

por elas seria mais clarificado, reduzindo a possibilidade de entupimento e corrosão. Como a

operação já está treinada a trabalhar no manual, considera-se que o controle, portanto, será

manual.

4.5 ESPECIFICAÇÃO DO EFLUENTE, CLARIFICADO E DESCARTES

Por meio do desenvolvimento do projeto, considerando cada etapa do processo, é

possível realizar uma descrição das características físicas do efluente oriundo da lavagem das

garrafas PETs e dos sólidos grosseiros retidos no gradeamento. Também é possível descrever

o líquido clarificado bombeado para o Geotube e o espessado no fundo do tanque

sedimentador, ambos resultantes do processo de sedimentação e por fim, o lodo retido no

tanque de blocos drenantes. Tais descrições seguem na Tabela 4.

Tabela 4 - Características dos compostos presentes no processo.

Identificação Composição

Efluente – lavagem das garrafas PETs.

Água, rótulos, tampas, pedras, areia, pedaços pequenos

de garrafa PET, produtos para lavagem (NaOH, meio

filtrante (farinha), detergente, agente umectante,

antiespumante) e sólidos diluídos.

Sólidos grosseiros – retidos no

gradeamento.

Tampas, rótulos, pedras e demais sólidos com um

diâmetro maior que a abertura da grade.

(Continua)

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Identificação Composição

Clarificado – processo de sedimentação. Água, NaOH, detergente, agente umectante,

antiespumante, sólidos diluídos.

Espessado – processo de sedimentação. Água, areia, meio filtrante (farinha) e alguns outros

sólidos suspensos sedimentáveis.

Lodo seco – tanque de blocos drenantes. Basicamente areia, meio filtrante (farinha) e alguns

outros sólidos sedimentáveis.

Fonte: Dos Autores (2015).

4.6 LISTA DE EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS

O processo proposto para o tratamento de efluentes da Recicladora é constituído pelos

seguintes equipamentos primários: gradeamento, tanque sedimentador e tanque de deposição

de areia e, pelos equipamentos secundários: bombas, válvulas e manômetros. Na Tabela 5

estão especificadas as quantidades e descrições de cada equipamento.

Tabela 5 - Especificações dos equipamentos do processo.

Equipamentos Quantidade Descrição

Gradeamento

1 Dimensão: 168cm de comprimento da vassoura, 214cm e

73cm de comprimento e altura da grade, respectivamente.

Sedimentador

1

Tipo: Sedimentador convencional contínuo de aço carbono;

Volume útil para uma vazão máxima de 7 m³/h: 5,85 m³;

Volume útil para uma vazão média de 3,5 m³/h: 2,76 m³.

Tanque de

deposição de

areia

1

Material: Blocos drenantes;

Volume para uma vazão máxima de 22,56 m³/dia de lodo:

73,18 m³ para um período de 10 dias de acúmulo;

Volume para uma vazão média de 15,79 m³/dia de lodo: 51,22

m³ para um período de 10 dias de acúmulo.

Tanque de coleta

de clarificado

1 Material: concreto;

Volume: 2,5m³; Área: 2,25m²; Altura: 1,1m.

(continua)

(Conclusão)

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Equipamentos Quantidade Descrição

Tanque de coleta

de água

1 Material: concreto;

Volume: 1m³; Área: 1m²; Altura:1m.

Bomba

Centrífuga

1

Altura manométrica máxima (mca): 20;

Vazão de bomba mínima m³/h: 0,3;

Vazão de bomba máxima m³/h: 7,7;

Bomba

Pneumática

1

Pressão máxima: 8,62bar;

Vazão de bomba mínima m³/h: 0,06;

Vazão de bomba máxima m³/h: 1,56.

Válvula de Ar 1 Para utilização na bomba pneumática.

Válvula Esfera 5 Funcionamento: manual;

Pressão mínima: 1,6Mpa e Pressão máxima:4Mpa.

Manômetro de

Pressão

2 Medidor de pressão analógico.

Fonte: Dos Autores (2015).

4.7 FLUXOGRAMA DE ENGENHARIA - P&ID

Após definir todos os equipamentos para compor o projeto, foi possível construir o

Fluxograma de Engenharia (P&ID), especificando os equipamentos, válvulas, instrumentos e

diâmetros das tubulações para as respectivas correntes, destacando em vermelho as etapas

propostas nesse projeto, como é mostrado na Figura 17. As demais etapas contidas no P&ID

já se encontram instaladas e em operação na empresa.

(Conclusão)

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35

Figura 17 - Fluxograma de Engenharia do processo – P&ID.

Fonte: Dos Autores (2015).

4.8 EFICIÊNCIA DO PROJETO

Através dos dados obtidos nos testes de proveta e do Geotube, obteve-se a eficiência

do projeto proposto. Primeiramente, foram coletados, no mesmo instante, duas amostras de

efluente na saída do gradeamento utilizado pela empresa. Com a primeira amostra, de 20L,

realizou-se o teste do Geotube, o qual reteve em uma hora de teste, 2200g de partículas

sólidas. Com a segunda amostra, 2L, realizou-se o teste de proveta, o qual reteve em 30

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36

minutos 100,1g de partículas sólidas sedimentáveis. Considerando a relação da massa retida

pelo Geotube para 20L de efluente, a massa total retida pelo sedimentador deveria ser de 220g

para atingir 100% de eficiência. Como o teste mostrou que o sedimentador reteve 100,1g de

partículas sólidas, a eficiência deste processo se mostrou de 45,5%. Ou seja, 45,5% das

partículas que seguiriam pelo processo ficarão retidas no tanque sedimentador aumentando o

tempo de vida útil do Geotube. O que em comparação com a literatura, a maior eficiência

provável seria de 40%.

4.9 RELATÓRIO DE REVISÃO DE RISCOS DO PROCESSO (RRP) UTILIZANDO

WHAT IF

O relatório de revisão de riscos (RRP) é uma ferramenta utilizada em projetos

conceituais e básicos, cujo objetivo é um levantamento de possíveis riscos durante a execução

do projeto. Este levantamento engloba não só riscos de falha do projeto, mas também riscos

de segurança, condições de trabalho do operador, entre outros. Para o levantamento de riscos

é usado What if, que consiste em uma série de questionamentos sobre a possível falha durante

a implementação do projeto e suas respectivas tratativas (LODI, 2014).

A Tabela 6 a seguir apresenta a análise What if do processo.

Tabela 6 - What if.

What if

Identificação do sistema: Sistema de tratamento de efluentes na M&G

Subsistema: Avaliação do processo

Responsáveis: Maquely Vicente e Michelli Brito

Data: 09/10/2015

E SE? Resposta dos responsáveis

Faltar energia elétrica O sistema não terá problemas de descontrole

Entupimento da válvula do

sedimentador Há uma tubulação de ladrão para a caixa de sedimentação

Manutenção na bomba de

clarificado

Há outra bomba em paralelo para ser acionada, caso ocorra

algum problema.

Fonte: Dos Autores (2015).

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4.10 SUGESTÕES FUTURAS

A fim de enriquecer esse projeto fazendo com que apresente um detalhamento maior

do processo, seria necessário realizar um estudo mais aprofundado da caracterização do

efluente, do processo e dos custos. Um dos testes propostos para a caracterização do efluente

e tipos de sólidos retidos pelo Geotube seria realizar testes com o mini Geotube utilizando

apenas o efluente clarificado, resultante de um processo de sedimentação. Assim, seria

possível analisar o tipo de sólidos retidos por sedimentação e o tipo de sólidos retidos pelo

Geotube e assim, encontrar qual seria o aumento da vida útil do Geotube, comprovando a

viabilidade técnica do sistema.

Para comprovar a eficiência do processo levando-se em consideração a viabilidade

econômica, seria necessária uma avaliação dos custos para implantação das novas etapas

propostas neste processo e também, estimar o retorno financeiro do investimento inicial e

custos operacionais para esse novo sistema de tratamento de efluentes na Recicladora da

empresa M&G.

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5 CONCLUSÃO

O projeto conceitual e básico do sistema de tratamento de efluentes líquidos da

recicladora da empresa M&G, teve como objetivo otimizar o processo atual através da

inserção de novas etapas, consistindo no gradeamento e sedimentação para o tratamento

preliminar e primário, respectivamente. A princípio, desenvolveu-se teoricamente as técnicas

propostas, buscando referências na literatura. Após construir as bases para o desenvolvimento

do projeto, foram realizados, com o efluente, testes de proveta e com o Geotube em campo.

Durante esse período, foram obtidos os dados necessários para projetar e dimensionar o novo

processo de tratamento de efluente e também, coletados os dados fornecidos pela empresa

M&G. Assim, pode-se aplicar ao projeto algumas das diversas ferramentas da Engenharia

Química como o dimensionamento de equipamentos, balanço de massa, fluxogramas de

processo como o PFD e o P&ID e, cálculo da eficiência do processo.

A partir dos dados obtidos nos testes pode-se observar que a etapa de sedimentação se

mostrou ser eficiente para o cenário em questão, apresentando boa sedimentação das

partículas sólidas presentes no efluente, em que 45,5 % dessas partículas que seriam

destinadas para o Geotube, ficarão retidas no tanque de sedimentação. Também, foi possível

dimensionar o tanque sedimentador, a caixa de retenção de areia construída de blocos

drenantes, a caixa de coleta da água filtrada pelos blocos e também, a caixa de coleta do

clarificado que sai do sedimentador. O sistema de gradeamento mostrou-se eficiente de

acordo com a demanda da produção, no entanto, essa eficiência pode ser aumentada com a

modificação do layout da grade desse sistema.

No desenvolvimento do projeto realizou-se uma estimativa de custos para implantação

do novo processo, uma análise de riscos através do What if e verificação das limitações deste

projeto. Assim, o custo de implantação do processo foi estimado em aproximadamente R$

40.000,00 reais, visto que a maioria dos equipamentos, acessórios como bombas, válvulas e

tubulações já são estruturados na empresa e seriam reaproveitados. Dessa maneira, foram

usados, ao máximo, os recursos disponíveis na proposta deste projeto.

Ao longo do projeto algumas limitações foram encontradas, como a indisponibilidade

de informações específicas necessárias. A solução encontrada para eliminar essa limitação foi

fazer as próprias medidas na empresa, e as medições que não foram possíveis realizou-se a

método de estimativas baseada na média informada pela empresa.

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