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MUNICÍPIO DE TELÊMACO BORBA ESTADO DO PARANÁ Poder Executivo SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PROPOSTA PEDAGÓGICA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE TELÊMACO BORBA - MARCO CONCEITUAL Telêmaco Borba 2012

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  • MUNICPIO DE TELMACO BORBA

    ESTADO DO PARAN

    Poder Executivo

    SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAO

    PROPOSTA PEDAGGICA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO

    DE TELMACO BORBA - MARCO CONCEITUAL

    Telmaco Borba

    2012

  • FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA SCIO- HISTRICA

    Homem/ sociedade/educao

    Como ser histrico situado num contexto scio-poltico-econmico o homem tem suas

    necessidades diretamente determinadas pelas relaes sociais de produo.

    A sociedade o conjunto dos grupos humanos que interagem e relacionam-se de

    acordo com as condies determinantes de cada nao, cultura e classe social. A

    sociedade capitalista formada, marcada e determinada por processos contraditrios e

    lutas de classe por conta das diferenas polticas, econmicas, histricas e culturais.

    Assim, o processo educacional, como prxis social tambm depende, para seu

    desenvolvimento, de um conjunto de fatores relacionados esfera das condies reais de

    trabalho e produo.

    No possvel esperar que a sociedade melhore e se transforme sem que se pense

    e se projete as mudanas necessrias na educao. Como mediadora do processo

    constitutivo do ser humano. Apesar de seus limites e dificuldades, a escola deve

    posicionar-se frente s necessidades humanas e contemplar a elevao da condio

    social, material e histrica dos educandos. necessrio lutar para que os sujeitos

    envolvidos no processo educacional tenham condies de manter sua integridade moral e

    sua dignidade como fatores necessrios para que a transformao social acontea, pois

    so os sujeitos como seres sociais que, conscientes das necessidades de sua sociedade,

    podero pensar nas formas de mudar a realidade na qual esto inseridos. Essa

    transformao na conscincia do educando que se constitui no objetivo maior da

    educao escolar.

    O educando precisa, primeiramente pelo domnio do conhecimento - da linguagem

    em suas vrias formas, das cincias de modo geral - tornar-se parte desse universo que

    lhe oferecido pela cultura socialmente elaborada. Sem dvida, este o ponto de partida

    da educao escolar. No entanto, tambm essencial que ele, a partir desse

    conhecimento, estabelea as relaes entre o saber adquirido, as experincias vivenciais,

    as relaes de trabalho e produo, as necessidades sociais e individuais, para que

    transcenda os limites da conscincia ingnua e do senso comum que o caracterizam. S

    quando se conhece bem uma realidade, torna-se possvel pensar em transform-la. A

  • educao responsvel por fazer com que o educando adquira esse conhecimento de

    vital importncia. Ela no a responsvel direta pela transformao social, mas tem um

    papel importante nesse processo que no pode ser negado.

    No existe separao entre a vida prtica e sua representao terica - pois ambas

    constituem-se prticas sociais. Como as prticas sociais diferem nas diversas culturas

    humanas, sendo tantas as prticas como so diversas as sociedades; assim tambm, os

    conhecimentos tericos elaborados a partir delas, nem sempre so acessveis a todos e

    necessitam de uma compreenso mais aprofundada dos processos sociais e histricos

    que as determinaram. A elaborao dos processos cognitivos depende em princpio, dessa

    compreenso, para que acontea o estabelecimento de relaes entre os vrios conceitos

    e conhecimentos. O estabelecimento destas relaes, por sua vez, determinar a

    aprendizagem. A sistematizao do conhecimento fator importante para que se

    construam os conceitos, a partir do conhecimento inicial. Sendo assim, notria a

    necessidade de se garantir a todos o acesso a esse conhecimento, como condio

    importante para o desenvolvimento humano social e a escola a instncia social que deve

    orientar tal procedimento, possibilitando ao aluno esse acesso.

    O sistema de diviso de classes, no Capitalismo, vem determinando a apropriao e

    o domnio do conhecimento por uma minoria que o utiliza conforme seus interesses,

    principalmente para a manuteno do status quo que favorece as classes dominantes,

    tendo como objetivo o lucro em todas as dimenses. Neste sentido estas classes precisam

    que os mecanismos de explorao sejam ocultados e, por essa razo, procuram inculcar

    nas pessoas a idia de impossibilidade de mudanas, por culpa das prprias vtimas dessa

    explorao. Ex: O pobre vive nessa condio porque se acomoda... No tem sade porque

    relaxado... Enfim, a ideologia da pobreza que cria sua prpria desgraa, porque no se

    empenha em mudar sua vida um dos fatores que contribui para o agravamento dos

    problemas sociais.

    Oculta-se assim que o responsvel pelos problemas sociais o regime capitalista,

    que, em sua lgica, exige do trabalhador alm da sua fora de trabalho, tambm o

    dispndio de suas energias mentais; no lhe concedendo os direitos e prerrogativas de sua

    condio de assalariado. Na maioria dos casos, mesmo nas horas em que deveria

    desfrutar do lazer junto de sua famlia, o empregado obrigado a fazer horas extras ou

    dedicar-se a outra atividade para complementar sua renda. Alm disso, o conhecimento

    segundo o Capitalismo passa a depender das condies financeiras das pessoas e os

    pobres no possuem essas condies que so necessrias para adquirir: livros, materiais

  • escolares, tecnologias modernas e no lhes so oferecidas condies como tempo livre

    para estudo (aluno trabalhador).

    Como o Estado est organizado nas perspectivas do atendimento s demandas do

    Capitalismo, os recursos para a educao, condicionados a essa lgica, sero aqueles que

    sobram das demandas do capital, porque seu dispndio no visa lucro. Assim sendo, nas

    localidades em que os rgos competentes no procuram reverter esse quadro, a escola

    fica empobrecida e faz o que pode para contornar suas dificuldades, mantendo um

    ensino pobre para o pobre. Maquia-se a realidade da educao, com a criao de

    ideologias que oferecem falsas esperanas de transformao dessa realidade. As prticas

    que acontecem nas escolas seguem essa linha ideolgica, produzindo quantitativamente

    ndices inverdicos de escolarizao das classes populares, deixando de lado a questo

    qualitativa da educao, necessria populao que poderia garantir sua verdadeira

    formao social e cidad.

    As propostas educacionais, na maioria das vezes, minimizam a necessidade do

    domnio do conhecimento por todas as pessoas e maximizam a importncia dos ndices de

    escolarizao para efeito das estatsticas a serem mostradas como resultado das polticas

    implantadas. Estas, por sua vez, demandam recursos altssimos mal distribudos e mal

    utilizados. Os contedos so reduzidos, com a desculpa de que se quer facilitar a sua

    compreenso para o aluno. Isto, alm de caracterizar uma discriminao (julgando que o

    aluno pobre no inteligente), acaba barateando a formao acadmica dos alunos das

    classes populares. Porm, a escola que est a servio da transformao social, deve

    oferecer ao seu aluno, de qualquer classe, um ensino de qualidade que lhe garanta as

    condies para que possa compreender seu papel social e realmente efetiv-lo na prtica.

    imprescindvel compreender tambm que algumas ideologias s promovem a

    desunio no trabalho escolar, colocando como opositores entre si, professores, pais e

    alunos, ao invs de promover a interao desses sujeitos e assim desenvolver a poltica de

    colaborao em torno do mesmo objetivo que melhorar a qualidade da escola pblica.

    Nesse sentido, torna-se necessrio considerar alguns procedimentos que podero

    facilitar essa interao e promover melhorias no resultado do trabalho educativo:

    1. clarificar para os pais as dificuldades dos professores em seu trabalho;

    2. procurar saber e entender as causas que impedem os pais de participarem

    ativamente da vida escolar dos filhos;

    3. unirem-se todos em torno dessa luta pela conquista dos recursos necessrios ao

  • bom funcionamento da escola;

    4. ofertar e garantir uma boa formao continuada aos professores, a efetiva

    aprendizagem dos alunos e conseguir a participao dos pais na escola.

    preciso que todos: professores, pais, alunos, funcionrios e comunidade

    compreendam que pertencem a uma mesma classe social (a dos trabalhadores) e que,

    sendo assim, devem unir-se na luta pela transformao social, pela busca de melhores

    condies de vida e pelos direitos educao de qualidade para todos. Esta conscincia

    de classe que deve permear todo o processo educativo na escola.

    A escola a instncia onde acontece de forma sistematizada a transmisso do saber

    elaborado constitudo de teorias e conceitos que so aceitos como conhecimento

    cientfico. Mas as teorias constituem vises de mundo de quem as criou e so

    determinadas pelas condies de classe de seus elaboradores, estando por isso sujeitas a

    distores ideolgicas que podem conduzir a interpretaes parciais da realidade.

    Segundo Snyders (1974), o que constitui o diferencial entre as pedagogias e que as

    define como progressistas, reacionrias ou conservadoras, so os contedos. pelo que

    diz, pelo que explica, a partir da viso de homem que se quer formar e da concepo de

    sociedade que uma pedagogia pode ser julgada.

    Snyders afirma que: o contedo, o saber ensinado dominante e a forma que

    subordinada. (id, p. 310).

    Sendo assim, possvel afirmar que para a renovao de uma proposta pedaggica

    necessria a renovao dos contedos curriculares.

    O eixo bsico da pedagogia marxista a relao dialtica entre dois movimentos

    interdependentes: continuidade e ruptura que esto, por sua vez, profundamente

    imbricados na estrutura do movimento contnuo do processo de ensino/aprendizagem dos

    contedos curriculares, deles dependendo a sua renovao. Sendo tambm o processo

    de ensino, por sua natureza, um movimento dialtico, deve promover, ora a continuidade,

    ora a ruptura, buscando ininterruptamente a transformao.

    Neste sentido, para que o presente estado de coisas sofra transformao,

    necessrio que sejam valorizados inicialmente os saberes do senso comum (empricos) do

    aluno, tornando-se o ensino uma continuidade da vida, trabalhando a partir do senso

    comum na direo do saber elaborado, que constitui o movimento de ruptura.

    A ruptura (no ensino) pode ser interpretada como o movimento pelo qual o professor

    introduz conhecimentos novos que ocasionam o rompimento dos conceitos e das

  • experincias vivenciais empricas do senso comum, levando os educandos ruptura com

    os conceitos do senso comum pela percepo da necessidade de confrontar os

    conhecimentos adquiridos e os conhecimentos do senso comum sua anlise, revelando

    suas contradies, as coincidncias e as diferenas entre ambos. A seguir o professor

    conduzir os alunos elaborao de conceitos (agora cientficos) que sero ento

    internalizados, constituindo-se na sntese continuidade/ruptura que, confrontada,

    determinar nova continuidade e nova ruptura, em processo contnuo de transformao. A

    cada aprendizagem nova, nova reelaborao e nova sntese dever acontecer. Por esta

    razo, o ensino nesta perspectiva transformador das conscincias tanto de alunos,

    quanto de professores.

    Os contedos devem favorecer o desenvolvimento da dialtica continuidade/ruptura e

    esta, por sua vez, os determinar. Devem ser provocadores, levando o aluno a pensar,

    questionar-se e refletir sobre a sua aplicao e sobre as relaes que podem ser

    estabelecidas entre as reas do conhecimento. O encontro com idias novas e novos

    saberes a partir das experincias adquiridas que vai propiciar a ruptura com o senso

    comum. O papel do professor de suma importncia nesse processo, pois ele que

    precisa estabelecer com o aluno as relaes entre os contedos, atravs de um profundo

    conhecimento das razes epistemolgicas dos mesmos.

    O conhecimento cientfico e o seu processo de produo, transmisso e assimilao

    o aspecto fundamental no processo educativo.

    Os contedos precisam ser relevantes, terem ressonncia na vida dos educandos,

    devem ser um prolongamento daquilo que os alunos esperam e necessitam, necessrios

    vida, como afirmava Vygotsky. Os saberes envolvidos nestes movimentos so os

    conhecimentos dos alunos, os saberes do professor, os saberes culturais e a histria do

    conhecimento.

    Educao e Trabalho

    Segundo Saviani (1991), como prtica social e como resultado do trabalho humano

    nas suas relaes sociais, o trabalho pedaggico considerado um trabalho no material.

    A experincia e o conhecimento produzido pela humanidade resultam da transmisso e

    da incorporao destes, de gerao em gerao, atravs da cultura e da educao.

    Educao e trabalho so atividades humanas especficas desenvolvidas

    intencionalmente, comportando duas vises antagnicas: conservao e a mudana. Estes

  • dois movimentos so a sntese da atividade humana pois esto presentes na prtica social.

    A sociedade produz a desigualdade social e esta acentuada pela excessiva produo de

    riquezas e acmulo de capitais por uma minoria privilegiada que concentra a distribuio

    da renda e o poder em suas mos, enquanto a grande maioria se v s voltas com a

    necessidade mais premente de sobrevivncia, muitas vezes sem as mnimas condies de

    dignidade para sua existncia, como trabalho, sade e educao.

    A escola vem reproduzindo sistematicamente esse conflito, pois refora pela

    estrutura, organizao e aes, a dualidade: trabalho manual e intelectual; formao geral

    e especfica, humanista e tcnica; terica e prtica. Essa viso dicotmica da prtica social

    e da sociedade deve ser revista e superada pela natureza histrica e social que comporta

    alm dos conflitos, a continuidade, a descontinuidade, a coexistncia, os consensos,

    conforme as necessidades que se colocam no espao das contradies, objetivando o

    equilbrio de bens e de foras. (id)

    A escola

    A escola considerada pela classe trabalhadora como espao para a transformao

    social onde pode ter acesso ao conhecimento elaborado e deve viver a democracia em

    todas as suas prticas. Sendo assim, necessrio que a escola seja reorganizada para

    possibilitar, no s a efetiva apropriao de conhecimentos, mas de procedimentos para

    sua produo e a real vivncia democrtica.

    Nesta concepo pedaggica cabe ao professor viabilizar as condies de

    apropriao do saber com base num princpio fundamental da organizao sistemtica da

    sua ao a prtica conceitual e metodolgica, pela qual ele deve realizar a mediao

    entre o saber do senso comum e escolar com o conhecimento cientfico e cultural mais

    elaborado.

    Para que isto seja possvel, o professor precisa de competncia pedaggica que

    possibilite as inter-relaes dos diversos contedos e disciplinas, os mtodos, os objetivos

    e a avaliao.

    Snyders (1971, p. 315) coloca a troca dialtica como mais importante que o dilogo,

    pois este nem sempre verdadeiro. O professor precisa aceitar as idias dos alunos em

    princpio, para depois esclarecer a verdade do conceito em questo, no se tornando um

    oponente do aluno, pois se a verdade do mestre for o contrrio da verdade daquilo que o

    discpulo julgava ser a verdade, o mestre no pode ser seno o oponente do discpulo, vai

  • opor-se ao discpulo, reduzindo-o a um quase-silncio.

    Muitas vezes, o professor no entende ou no aceita as argumentaes e o

    raciocnio do aluno, criando em sala de aula uma situao complicada que pode levar o

    aluno a sentir-se inferiorizado perante a turma fazendo com que ele se cale, se revolte ou

    se torne aptico. Por essa razo, importante que o professor, em princpio, oua o aluno

    em seu raciocnio ou em suas hipteses e, depois, argumente com ele sobre os mesmos,

    sem exp-lo desnecessariamente perante a classe. Este procedimento, certamente

    favorecer a interao professor/aluno, valorizando a relao entre ambos e promovendo a

    aprendizagem.

    A tecnologia na escola

    As tecnologias so importantes mas apenas se soubermos utiliz-las. E saber utiliz-las no apenas um problema tcnico. ( Dowbor,L, 2001)

    O desenvolvimento tecnolgico, desde o uso da machadinha,na Idade da Pedra

    Lascada, at a era da informtica, representou avanos muito significativos para a

    humanidade. Atravs das tecnologias primitivas, apesar de rudimentares, criou-se a

    cultura, teve incio e desenvolveu-se a atividade do trabalho humano.

    Nas primeiras comunidades, cultivar a terra era algo temporrio: era necessrio

    locomover-se em busca de novas terras frteis. No passar dos sculos, com a inveno de

    alguns instrumentos agrcolas, o homem pde, finalmente fixar-se, trabalhando a terra e

    podendo explor-la melhor.

    Mais tarde, com a escrita, a inveno da imprensa, do telgrafo, do correio, foi

    possvel dinamizar-se o processo de comunicao entre as pessoas mesmo distncia.

    Entre as TICs (Tecnologias da Informao e da Comunicao) convencionais, esto

    as inscries e desenhos rupestres encontradas nas cavernas e stios arqueolgicos, a

    pedra Roseta, a escrita em pergaminho, em papiro, o papel, o livro manuscrito, a

    tipografia, o livro impresso, a litografia, a fotografia, o fongrafo, o disco de vinil, o jornal,

    o cinema em celulide, o rdio, o telefone, a televiso, o vdeo. Tudo isto constitui a

    Tecnologia da Informao e Comunicao, mesmo em seu formato convencional, pr-

    digital.

    O livro, a fotografia, o som gravado, o jornal, o cinema, o rdio, a televiso, o vdeo, o

    telefone e outras tecnologias convencionais, acabaram tornando-se tambm digitais ou

  • recebendo similares digitais. Dessa forma, quando se fala, por exemplo, em Livro, sem

    discriminar se manuscrito, impresso, ou digital, fala-se de uma categoria genrica, da

    qual o livro manuscrito, o livro impresso e o livro digital so espcies. O livro manuscrito e

    o livro impresso so TCs convencionais, o livro eletrnico ou e-book TIC digital.

    A mquina fotogrfica, o telefone, o cinema, o rdio e o televisor tiveram papis

    fundamentais na histria da comunicao e da veiculao de informaes na sociedade.

    Estas tecnologias no representam somente um avano na comunicao, mas expressam

    principalmente o desenvolvimento da inteligncia e do pensamento humano. Tais recursos

    inserem-se num contexto amplo: o sistema econmico, social e poltico. Na medida em que

    este sistema evolui, exige maior necessidade da utilizao destes recursos que, por sua

    vez, impulsionam o desenvolvimento da sociedade, contribuindo para a ampliao e a

    divulgao dos pensamentos divergentes que a movem e para formao de novos valores

    e paradigmas.

    Quando se fala em tecnologia, o comum pensar-se logo em computadores, Internet.

    Mas, tecnologia muito mais que isso: h tecnologia nos lpis que usamos, no quadro de

    giz, nos livros, nas cadeiras em que sentamos, na roupa que vestimos. Basta lembrar na

    revoluo social causada pelo advento da imprensa.

    possvel imaginar uma escola , hoje, sem livros, sem material impresso?

    A chegada da Tecnologia de Informao e Comunicao (TIC) s escolas evidencia

    desafios e problemas relacionados aos espaos e aos tempos que a utilizao das

    tecnologias convencionais e das novas provoca nas prticas que ocorrem no cotidiano

    dessas instituies. Para entend-los e super-los, fundamental reconhecer as

    potencialidades das tecnologias disponveis e a realidade em que a escola se encontra

    inserida, identificando as caractersticas do trabalho pedaggico que nela desenvolvido,

    de seu corpo discente e docente, de sua comunidade interna e externa. Esse

    reconhecimento favorece a incorporao de diferentes tecnologias (computador, Internet,

    vdeo) existentes na escola prtica pedaggica e a outras atividades escolares, nas

    situaes em que possam trazer contribuies significativas do ponto de vista da

    aprendizagem. As tecnologias so utilizadas de acordo com os objetivos educacionais e as

    estratgias mais adequadas para alcan-los.

    No processo de incorporao das TICs nas escolas, aprende-se a lidar com a

    diversidade, a abrangncia e a rapidez de acesso s informaes, bem como novas

    possibilidades de informao e interao, o que possibilita novas formas de aprender,

    ensinar e produzir conhecimento, que se sabe incompleto, provisrio e complexo.

  • O trabalho na escola lida todo o tempo com tecnologia mas raramente a produz. O

    que as tecnologias digitais nos trazem de especial , justamente a possibilidade de

    ampliao do conhecimento, de sua produo, divulgao e compartilhamento.

    Inserir-se na sociedade da informao tecnolgica no quer dizer apenas ter acesso

    s TICs, mas principalmente saber utiliz-las para a busca e a seleo de informaes que

    permitam a cada pessoa resolver problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar

    na transformao do seu contexto social.

    A sociedade, chamada por alguns de sociedade da tecnologia, sociedade do

    conhecimento ou ainda sociedade da aprendizagem caracteriza-se pela rapidez e a

    abrangncia de informaes. A realidade do mundo atual requer um novo perfil de

    profissionais e de cidados que coloca para a escola novos desafios. Encontramos no

    cotidiano, situaes que demandam o uso de novas tecnologias as quais provocam

    transformaes em nossa maneira de pensar e de nos relacionarmos com os objetos e

    com o mundo.

    No bojo das mudanas tecnolgicas, culturais e cientficas, no h como prever quais

    sero os conhecimentos necessrios para a vida em sociedade e no mundo do trabalho

    daqui a alguns anos. O desafio atual do sistema educacional formar alunos para a

    cidadania responsvel e para que sejam eternos aprendizes, que tenham autonomia e

    saibam selecionar informaes teis na produo de conhecimentos para a resoluo de

    problemas da vida e do trabalho. Os alunos precisam ser preparados para utilizar os

    sistemas culturais de representao do pensamento que marcam a sociedade

    contempornea, o que implica na necessidade de novas formas de alfabetizao e

    letramento (sonora, visual, hipermdia etc) prprias da cibercultura, alm das formas j

    conhecidas.

    Princpios de Cidadania e da tica

    Cidadania o conjunto de direitos e deveres inerentes vida de cada individuo

    humano. Desde o nascimento, j se pode considerar um ser humano como mais um

    cidado que passar a fazer parte de uma determinada sociedade, sujeito com direitos e

    deveres. A cidadania portanto uma condio de ser humano. No apenas um direito

    poltico que se adquire atravs das aes realizadas na vida social.

    O ser humano comea a sua vida inserido na sociedade e dela participa, inicialmente

    atravs da documentao legal. Porm, esses so os seus mnimos direitos de cidadania.

  • O exerccio verdadeiro da cidadania requer que cada cidado seja respeitado,

    educado, que tenha condies dignas de sade, trabalho, moradia, lazer, acesso cultura

    geral, liberdade poltica e religiosa, direito de ir e vir, para que possa atuar na sociedade

    tendo sua cidadania vivida, realizada, ampliada, atravs dos direitos que sua condio

    de cidado lhe garante.

    O exerccio pleno da cidadania passa pela questo dos deveres que leva cada

    indivduo a procurar viver de acordo com os princpios que regem a sociedade da qual faz

    parte.

    O exerccio dos deveres de cidadania est intimamente ligado aos princpios de tica

    e aos valores sociais que a norteiam.

    A educao tem importante papel na formao das pessoas como constituidora e

    transformadora de sua conscincia para o exerccio da cidadania.

    Assim, o homem/ a mulher, adultos, jovens e crianas, constituem-se cidados de

    direitos e deveres e devem ter assegurada a dignidade de sua condio.

    O QUE APRENDER/ENSINAR? PRTICA PEDAGGICA RELAO

    DIALTICA: PROFESSOR/ALUNO/CONHECIMENTO

    Na verdade o que o professor ensina no se ope atividade j praticada pelo aluno

    ou a seus conhecimentos, mas prolonga e amplia estas duas dimenses. No toma

    direo contrria vida do aluno, mas distingue-se dela: a relao professor/aluno no

    horizontal, mas tambm no se define como hierarquia entre potncias estranhas e

    exteriores uma a outra. Isto acontece porque o contedo que se vai ensinar implica a

    sntese continuidade/ruptura, na unidade teoria/prtica, uma atividade vivida associada

    existncia, s condies de existncia e ao conhecimento dessas condies.

    Sendo assim, a funo precpua da educao a transformao das conscincias.

    Por isso, a verdadeira cincia no pode ficar na aparncia alienada, mas deve estabelecer

    laos internos, isto , atingir as conscincias produzindo nelas a transformao pela

    compreenso crtica da realidade.

    O professor nesta perspectiva o agente de transformao e deve desenraizar as

    concepes do senso comum, pois no se pode continuar fiel s experincias vividas e

    ele deve ser aquele que dirige conduz at o conhecimento terico e s atitudes prticas a

    partir das experincias.

  • O objetivo a atingir pelo professor no deve ser contrrio realidade do aluno, mas

    seu complemento e seu desenvolvimento.

    Para tanto, a reflexo sobre a ao cotidiana realizada marcar a orientao para o

    planejamento das aes futuras. Na ao pedaggica est presente, de modo mais

    elaborado, a sntese continuidade/ruptura.

    O objetivo do ensino realizar a sntese continuidade/ruptura: a interveno do

    professor poder revelar aos alunos o valor e a coerncia de outras culturas, promovendo

    atravs de novos conhecimentos o rompimento com conceitos do senso comum e fazendo

    o aluno penetrar em um novo mundo de valores e saberes.

    O Papel do professor ser o de levar o aluno a aplicar alguns princpios diretores que

    permitem:

    a) estabelecer relaes entre as reas do conhecimento;

    b) analisar as prprias opinies nas relaes com suas experincias efetivas

    (elaborar conceitos novos);

    c) crescer, apropriar-se da riqueza socio-cultural, tornar-se co-participante na

    produo do patrimnio cultural;

    d) transformar-se a si mesmo relacionando-se com os recursos humanos externos;

    e) exercer atividades fsicas (corporais) e sociais.

    Segundo Wallon, (citado por Snyders, p. 333) desde o comeo da vida a criana est

    em relao com os outros (...) e a actividade do corpo e as emoes so os primeiros

    comportamentos humanos e precisam ser valorizados como formas de linguagem

    meios de expresso e de comunicao com os que a rodeiam: a criana desde o

    nascimento um ser socializado, anexado sociedade. (id).

    Estes princpios de Snyders constituem um roteiro facilitador para o planejamento, a

    organizao e o desenvolvimento de uma prtica que considera todos os aspectos da

    aprendizagem.

    A Cultura

    A cultura, no privilgio da elite social, ou de grupos de pessoas com maior poder

    econmico, que tiveram maiores oportunidades na vida e, por essa razo, estudaram

    mais... A cultura no se refere, portanto apenas formao intelectual das pessoas. , isto

    sim, um conjunto amplo de fatores scio-histricos que, pela ao humana desenvolveram-

  • se de vrias formas e foram se transformando, conforme as civilizaes humanas foram

    evoluindo.

    Assim sendo, desde o incio da vida humana na Terra, a cultura existe, como

    produto da atividade dos homens. Ao criar a primeira roda, ao utilizar pela primeira vez o

    fogo, ao desenhar nas paredes das cavernas as aventuras de caa, o homem primitivo

    comeou a criao cultural da humanidade. Depois, no decorrer dos sculos, a cada ato

    humano, a cada descoberta nova, esta cultura foi se enriquecendo e ampliando, at tornar-

    se o que hoje conhecemos e, ser assim continuamente.

    Alguns sentidos da palavra cultura que encontramos nos do a idia do termo com

    maior clareza: a palavra cultura vem do Latim cultura-ae e tem sua raiz no verbo colo-

    colui-cultum-colre, que tem os seguintes significados: encontrar-se habitualmente,

    cultivar, morar em, cuidar de, adornar, proteger, ocupar-se de, realizar, cumprir,

    praticar, honrar, venerar, respeitar.

    Como se pode perceber, os significados da palavra cultura so muitos e expressam

    realmente tudo aquilo que faz parte do devir humano (o desenvolvimento do homem em

    sua existncia desde o comeo da humanidade). Realmente o homem um ser social,

    cultiva a terra para alimentar-se, cultiva suas amizades, precisa de um lugar para morar,

    cuida de suas propriedades, sua famlia, tem senso esttico, protege sua vida e a dos

    seus, trabalha,para realizar-se sustentar-se, e possui valores que o levam a realizar aes,

    a honrar sua palavra e sua ptria, a venerar e respeitar a Divindade, o sagrado.

    Segundo Snyders a criana imersa na cultura, pertence a ela, no s pelos

    resultados das descobertas, mas pelas relaes e pelo comportamento.Ensinar a criana

    prolongar o prprio esforo pelo qual ela no deixa de se ligar ao mundo dos outros; no

    de modo algum faze-la desviar de qualquer itinerrio natural. (p. 334)

    A cultura no privilgio da elite, nem seu domnio particular. Ela pertence a todos os

    homens pela prpria condio humana que a criou. um prolongamento da vida. A cultura

    da escola diferente da cultura do aluno mas uma no se ope outra. Os alunos no

    esto errados (saberes do senso comum), a criana no tem de abrir mo de suas idias,

    mas enriquec-las pela mediao do professor, da escola, ou de outros meios a seu

    alcance. O professor deve lanar mo do conhecimento que os alunos dominam e,

    partindo da (daquilo que os alunos j conhecem), trabalhar um contedo novo com a

    turma.

    Nesse sentido, um bom exemplo o trabalho com a arte, em suas vrias dimenses.

    A arte um poderoso aliado do professor e precisa fazer parte da organizao curricular,

  • no apenas como um contedo a mais, mas como uma forma de interligar todos os

    contedos. A arte constitui uma sucesso de esforos dos artistas e representa a criao e

    o desenvolvimento da conscincia cultural popular e, a conscincia da criana um reflexo

    ativo da sociedade da qual faz parte. Porm necessrio pensar na criana, no como um

    artista, pois ela no o . O artista tem todo um caminho percorrido e a criana, por mais

    que possua potencial artstico, ainda ter de ser orientada, ter de trilhar esse caminho de

    aprendizagens para chegar ao domnio da arte e, o papel do professor e da escola

    ensin-la, incentivar-lhe as potencialidades e ajud-la a desenvolv-las.

    As grandes obras servem de modelo para o educando como aliadas para a tomada

    de conscincia pessoal que ele dever realizar aos poucos. As obras dos grandes mestres

    so modelos que o professor pode utilizar para oferecer aos alunos, alm do

    conhecimento artstico, tambm o desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade.

    Assim sendo, imprescindvel levar para a sala de aula uma grande variedade de

    autores nas vrias modalidades artsticas e culturais regionais, nacionais e internacionais,

    clssicas e populares, manifestaes do folclore etc. Pelo conhecimento da arte e da

    cultura, o aluno aprender a situar historicamente as manifestaes culturais,

    enriquecendo suas experincias e seus conhecimentos em todas as reas.

    O professor poder basear-se no que a criana, em seus gostos e suas aspiraes

    - no que h de positivo na cultura mais imediata mas no ficar s nesse ponto.

    necessrio mostrar ao aluno a cultura erudita, acelerando a disciplina e ampliando as

    experincias da criana, pois,segundo Vygotsky (1987), quanto mais ricas forem as

    experincias, mais ricos sero a imaginao e os sentimentos da criana. Este

    enriquecimento , sem dvida um importante fator de aprendizagem e desenvolvimento.

    Exemplos dessa questo seriam: possibilitar aos alunos o conhecimento dos autores

    de msicas e pinturas clssicos, a passagem da leitura e produo de textos livres a textos

    mais complexos, o conhecimento da histria da humanidade e da cultura de outras

    regies, o conhecimento dos vrios ambientes e sua biodiversidade, etc.

    O aluno no dever ser colocado frente a solues prontas e conceitos fechados,

    mas precisa ser colocado diante de opinies variadas e heterogneas, na esperana de

    despertar-lhe, atravs da mediao do professor, o esprito crtico. O professor o modelo

    do aluno: ampara-o, ajuda-o, e para isto pode fornecer-lhe modelos, conduzi-lo,

    apresentando-lhe perspectivas variadas, pois, segundo Snyders: Para algum tomar posse

    de si mesmo, para encontrar a fora de pensar sobre si mesmo, precisa de um modelo que

    o tire das facilidades e comparaes usuais (senso comum). Ser guiado para os modelos

  • no o contrrio da independncia de esprito, mas a nica maneira de alcanar a

    independncia de esprito. (p. 348 ) Ele afirma ainda que: pela imitao dos grandes,

    ou antes, inspirando-se nos grandes, que se formaram todos os grandes (...) (p. 349)

    Estas afirmaes porm no querem dizer que o aluno ir copiar o modelo, mas que

    este servir de ponto de partida para sua ao. Esta ao consistir em modificar, guiado

    pelo professor, a sua maneira de pensar, os seus conceitos, tomando como referncia o

    modelo apresentado. Este procedimento constitui na verdade, o estabelecimento da

    relao entre a experincia imediata do aluno e a experincia elaborada do professor e

    favorecer o enriquecimento das experincias do educando, promovendo seu

    desenvolvimento.

    Um exemplo disso pode ser o trabalho com a poesia ou a produo de texto de modo

    geral: o professor pode incentivar, a partir dos textos dos autores mais conhecidos que os

    alunos produzam parfrases reprodutivas e criativas que muito favorecem o

    desenvolvimento, o domnio da ortografia, a criatividade e a fluidez na escrita.

    Tolstoi, um grande escritor russo, que ensinava aos filhos dos camponeses, tinha

    uma interessante estratgia para conseguir que seus alunos produzissem: Escreviam

    todos, professor e alunos e depois do trabalho pronto, todos juntos assinavam a obra. Era

    oferecida a estes alunos, alm da teoria e do exemplo necessrios, toda a paixo do

    escritor pela escrita literria. Esta paixo era, sem dvida, um importante ingrediente na

    receita do sucesso da aprendizagem daqueles alunos. Em La imaginacion y el arte em la

    infncia (Vygotsky, 1978) so narrados alguns episdios desse interessante modo de

    ensinar, que oferecer aos alunos maior quantidade e qualidade de experincias para

    enriquecer-lhe a imaginao e os sentimentos.

    Nas escolas, muitas vezes, o que falta isso. O exemplo do professor como agente

    da aprendizagem atuando naquilo que sabe fazer melhor. Ora um professor que no l

    e/ou no gosta de escrever, no poder levar os alunos a serem bons leitores e nem

    orient-los a produzirem textos com sentido e funo social.

    Nesse sentido, tambm importante ressaltar que o aluno deve ser levado a

    questionar os modelos, indagar, duvidar... Enfim, nesse processo necessrio que o

    professor tenha sempre presente a conscincia de sua responsabilidade maior, que a de

    levar o aluno a pensar com autonomia, mesmo que seja a partir de modelos dados.

    O Conhecimento

  • O conhecimento, sendo a expresso de uma realidade social no pode ser um dado

    puramente subjetivo, nem uma elaborao puramente material, objetiva, mas constitui-se

    em uma relao social. na relao social que os homens interagem (prtica social)

    originando o conhecimento, dando-lhe sentido e significado.

    O fator determinante na formao das conscincias so as condies histrico-

    sociais isto a forma como os homens esto naquele dado momento histrico,

    produzindo sua existncia real, que determina sua conscincia, seus valores, seu

    conhecimento. Assim sendo, o conhecimento do educando se d atravs da sua insero

    no contexto das prticas sociais que definem os objetos do conhecimento prprios desta

    ou daquela sociedade. A escola a instncia sistematizadora na transmisso dessas

    prticas e na elaborao de novos saberes, conceitos e significados.

    necessrio historicizar o ensino mostrar a continuidade histrica, o movimento

    pelo qual os homens se libertaram, pois o desenvolvimento histrico das cincias pode

    realizar a sntese continuidade/ruptura. O ensino histrico da civilizao o lao orgnico

    entre as reas do conhecimento.

    O ensino deve permitir ao aluno sentir a incidncia do contedo em sua vida e a

    contextualizao possibilita estabelecimento da relao entre o contedo ensinado e a

    histria humana. A histria do conhecimento est ligada histria cotidiana do aluno, da

    famlia, da comunidade e a compreenso dos vrios momentos na histria do

    conhecimento importante para que o aluno tome conscincia de si prprio, como ser

    social e histrico, situado no contexto geral da histria humana.

    Os contedos que esto em causa por motivos de classe. Os mtodos no-diretivos

    se inscrevem na poltica escolar da burguesia caracterizando uma distino bem clara

    entre o dizer e o no-dizer, mantendo o aluno na ignorncia daqueles conhecimentos que,

    se explicitados, poderiam lev-lo compreenso crtica e poltica da realidade. Segundo

    Snyders pelo no - dizer que a escola serve ao regime dominante estabelecido, levando

    as pessoas ao conformismo e alienao. (id p. 361). Em contraposio, a pedagogia

    que se pretende dialtica est sempre ligada ao conhecimento e cincia: Ao mesmo

    tempo a cincia de desenvolvimento das formas sociais (materialismo histrico) e a cincia

    da distino entre a verdade e o erro (materialismo dialtico). A primeira refere-se a como

    as sociedades se constituem e suas relaes de poder, as classes sociais e suas relaes

    na produo do conhecimento e a segunda reflete sobre o conhecimento em si, estabelece

    conceitos, elucida as teorias a partir da compreenso das contradies, do movimento e da

    transformao nessas relaes.

  • Para dar conta da educao de forma a instrumentalizar realmente os educandos

    das classes populares, para seu exerccio social e histrico, a escola pblica deve:

    - Oferecer ao aluno os conhecimentos mais aprofundados da cultura, os

    conhecimentos cientficos e os instrumentos intelectuais prprios para anlise da realidade

    e uma interveno na mesma;

    - Evitar a massa de conhecimento inteis, sem vida, suprfluos e a excessiva

    preocupao com o mtodo em detrimento dos contedos (como vem acontecendo na

    prtica pedaggica a partir do advento das prticas pedaggicas modernas que se

    deixaram esvaziar de contedos); (grifos nossos)

    - Conduzir os alunos compreenso mais lcida das leis, das experincias de

    laboratrio, elaborao de conceitos, mantendo sempre o contato com o senso comum

    que o ponto de partida para o conhecimento elaborado;

    - Realizar a sntese continuidade-ruptura que possibilitar o estabelecimento das

    relaes entre as vrias reas do conhecimento pela compreenso crtica e histrica dos

    contedos em sua relao com a vida do aluno e seus conhecimentos prvios.

    ENSINO-APRENDIZAGEM - DESENVOLVIMENTO1

    Segundo Vygotsky (2006, p. 114), pode-se considerar o desenvolvimento como um

    processo interpsquico e intrapsquico. Inicialmente interpsquico- a partir de atividades

    realizadas nas relaes sociais. Intrapsquico - j numa segunda etapa em atividades

    individuais, como propriedades internas do pensamento.

    Sabe-se que as estruturas internas do pensamento, ou funes superiores,

    constituem a inteligncia do ser humano. Porm, para que realmente acontea seu

    desenvolvimento essas funes dependem da aprendizagem. Em outras palavras, o

    processo de aprendizagem que conduz ao desenvolvimento mental e o ativa, sendo por

    essa razo, imprescindvel para que se desenvolvam as caractersticas humanas formadas

    historicamente.

    Como condutora-ativadora do desenvolvimento, a aprendizagem por sua vez, pode

    ser considerada como um processo inter e intrapessoal.

    Interpessoal - porque, para que realmente acontea, necessita da interao (ao

    entre pessoas) para o estabelecimento da mediao (processo de ensino).

    1 In: Pedroso, R. Questes pedaggicas que merecem ressignificao, 2012

  • Intrapessoal - porque depende tambm da ao consciente da pessoa que aprende e

    que precisa desenvolver a ateno, a reflexo para que acontea a elaborao e a

    internalizao de conceitos que representam o resultado real da aprendizagem.

    A partir desses pressupostos, pode-se inferir que os processos de ensino e de

    aprendizagem so interdependentes e indissociveis como as duas faces de uma mesma

    moeda.

    Baseando-se nesses pressupostos, consideram-se como pontos essenciais no

    processo de aprendizagem::

    Elaborao de conceitos contedos - mtodo domnio dos contedos pelo

    professor objetivos claros e explcitos para os alunos desenvolvimento da

    ateno arbitrria, da reflexo, da ao consciente.

    Atividades significativas (coerentes com os contedos ensinados) leitura e

    produo de textos.

    A aprendizagem acontece a partir das estratgias de ensino corretamente

    organizadas e desenvolvidas pelo professor.

    Durante o processo de ensino (aula) o aluno deve tomar conscincia dos

    contedos, compreendendo-os de forma a alcanar um nvel de conscincia que lhe

    permita desenvolver a ateno arbitrria pelo qual ele analisa as informaes

    transmitidas e escolhe o que mais significativo ou melhor do ponto de vista do

    conhecimento (reflexo). Depois de realizar a reflexo a respeito do conhecimento, ele

    elabora um conceito a respeito do contedo aprendido que resultar em uma ao

    consciente.

    a aprendizagem corretamente planejada, organizada e desenvolvida que ativa a

    rea de desenvolvimento potencial, estimulando um grupo de processos internos de

    desenvolvimento no mbito das inter-relaes com outros que, na continuao, so

    absorvidos pelo curso interior de desenvolvimento e se convertem em aquisies

    internas... (id. P. 115)

    Isto significa que a aprendizagem escolar orienta e estimula processos internos de

    desenvolvimento. Existe entre os dois processos uma relao recproca, uma

    interdependncia, mas ambos no acontecem ao mesmo tempo.

    Entende-se ento que: o processo de ensino/aprendizagem deve resultar sempre em

    desenvolvimento das funes mentais superiores (intelecto) ativando o nvel de

    desenvolvimento potencial que possibilitar a elaborao de conceitos pelo aluno.

  • Nenhum conceito poder ser dado pronto pelo professor, pois se assim for ser

    apenas memorizao e no produzir aprendizagem real do ponto de vista da ativao das

    funes superiores do pensamento do aluno.

    Esquema do processo de aprendizagem:

    Aprendizagem conceitual2

    Para que acontea uma aprendizagem conceitual, isto , a aprendizagem que

    favorea a elaborao de conceitos, necessria uma ao consciente e arbitrria do

    sujeito aprendente (aluno). Porm no pode haver esta ao consciente, sem ter havido

    anteriormente uma interveno por parte do sujeito ensinante (professor ou outra pessoa).

    Esta ao de ensinar precisa ser significativa, isto , ser composta por contedos e

    mtodos que levem o aluno tomada de conscincia da realidade, do contexto mais amplo

    em que o conhecimento produzido e das relaes desses conhecimentos entre si.

    Para Vygotsky e seus colaboradores, a formao de conceitos envolve uma srie de

    funes mentais complexas, como a ateno arbitrria, a memria lgica, a percepo e o

    raciocnio e ainda processos cognitivos como a abstrao e a discriminao. Portanto, no

    se forma conceitos atravs de memorizao mecnica.

    O autor denomina de conceitos espontneos, aqueles que so aprendidos

    informalmente (no cotidiano) e de conceitos cientficos queles que so aprendidos

    atravs do ensino formal de contedos (na escola)

    Os conceitos espontneos so aprendidos pelas pessoas quando observam,

    experimentam, manipulam objetos, imitam etc.

    2 Apendizagem conceitual ver Galuch/Sforni. (2009)

    Ensino explcito

    Percepo

    Ateno arbitrria Reflexo

    (raciocnio)

    Ao consciente

  • J os conceitos cientficos so os conhecimentos sistematizados adquiridos atravs

    do ensino.

    Durante o ensino, os conceitos no podem ser tratados de forma isolada, pois fazem

    parte de um sistema (o conhecimento cientfico).

    O desenvolvimento dos conceitos cientficos so formados a partir dos conceitos

    espontneos. por isso que o professor precisa partir do conhecimento que o aluno j

    possui, para ensinar-lhe aquilo que ele ainda no sabe. tambm por essa razo que os

    contedos ensinados na escola devem ter um carter interdisciplinar, obedecendo a uma

    seqncia e uma graduao, de forma a favorecer a compreenso, possibilitar a

    reflexo, a elaborao de conceitos para que acontea a aprendizagem.

    Ainda Segundo Vygotsky, os contedos devem ser relevantes vida.

    Uma aprendizagem portanto, precisa ser tambm significativa para o sujeito.

    Esta idia de aprendizagem significativa no se contrape idia de aprendizagem

    conceitual mas, ao contrrio, torna-a mais completa. Assim, podemos dizer que o

    processo de ensino aprendizagem conceitual deve ser significativo.

    Acreditamos que, antes de ser conceitual o processo de ensino/aprendizagem

    precisa ter significao, para quem dele participa, tanto professores como alunos.

    Por essa razo, ao ministrar uma aula, sempre necessrio:

    1. Que o professor tenha em mente, muito claros, os objetivos dos contedos

    que sero veiculados;

    2. que o professor explicite esses objetivos para os alunos, de forma a

    esclarecer quais conceitos eles iro apreender nas atividades propostas;

    3. que o professor, antes de explicar um contedo novo, estabelea relaes

    deste com o contedo da aula anterior;

    4. que o professor sempre explique claramente o contedo;

    5. que o professor estabelea relaes entre o contedo e a realidade, e entre

    as reas do conhecimento;

    6. que o professor apresente exemplos claros para que o aluno entenda melhor

    o contedo ensinado;

    7. que o professor estabelea interao com os alunos durante a explanao do

    contedo;

    8. que, aps essa explanao, os alunos realizem atividades de fixao

    significativas (de acordo com o contedo ensinado), com enunciados claros para que os

  • alunos entendam o que se espera que eles saibam (quais conhecimentos esto sendo

    aprendidos);

    9. que, a cada contedo ensinado, seja realizada avaliao diagnstica;

    10. que o professor retome aquele contedo, ao iniciar outra aula, e que realize

    feedback sempre que necessrio.

    O Processo Inclusivo

    Tomando como pressuposto bsico que todos tm direito educao de qualidade e

    que os sistemas educacionais precisam mudar para poder responder s necessidades de

    todos os alunos, nesta proposta entende-se que todas as crianas so especiais e, por

    isso mesmo, devem receber aquilo que a escola e a sociedade em geral podem oferecer

    de melhor. Assim sendo, todas as escolas so, ou devem ser, especiais. Nesta concepo,

    a Educao Inclusiva no diz respeito somente s crianas com deficincias, mas a todas

    as crianas que encontram barreiras como: barreiras de acesso escolarizao; barreiras

    determinadas por problemas sociais como desagregao familiar, pobreza extrema,

    irresponsabilidade familiar, faltas e/ou evaso escolar; histria de fracasso escolar, etc.

    Na maioria dos casos, so essas barreiras, mais que as necessidades educativas

    especiais de aprendizagem ou as deficincias intelectual e fsica, que ocasionam a

    excluso dos alunos em seus direitos educao como exerccio pleno de sua cidadania.

    A incluso das crianas e jovens das minorias seja na dimenso racial, de classe

    social, de gnero, com deficincia fsica, sensorial, intelectual, ou altas habilidades, deve

    ser atividade, influncia e funo desempenhada pela escola e no mera tolerncia.

    Segundo Ainscow & Tweddle (apud: Incluso, 2005,p. 44), so quatro os elementos-

    chave na definio de incluso:

    A Constituio Brasileira de 1988 assegura a todas as crianas o direito de ser,

    sendo diferente, instituindo como um dos princpios do ensino, a igualdade de condies

    1. Incluso um processo nunca termina porque sempre haver alunos que encontraro barreiras para aprender; 2. Incluso diz respeito identificao e remoo de barreiras por meio de coleta contnua de informaes para que

    se possa entender o desempenho dos alunos, planejar e estabelecer metas; 3. Incluso diz respeito presena, participao e apropriao dos conhecimentos escolares por todos os alunos

    f reqncia pontualidade participao nas aulas - aquisio e domnio dos contedos; 4. Incluso envolve uma nfase nos grupos de estudantes que podem estar com risco de marginalizao, excluso

    e baixa performance educacional isto , a todas as crianas que apresentam quaisquer dificuldades, ou enfrentam quaisquer tipos de barreiras que as excluem ou discriminam e s quais deve ser oferecido o apoio e a orientao necessrios superao dessas dificuldades.

  • de acesso e permanncia na escola (Art. 206, Inciso I), ao eleger como fundamento da

    nossa Repblica a cidadania e a dignidade da pessoa humana (Art. 1, Incisos II e III) e,

    como um dos seus objetivos fundamentais [...] a promoo do bem de todos, sem

    preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao

    (Art. 3, Inciso IV) ela se adiantou Declarao de Salamanca que preceituou em 1994:

    Neste sentido imprescindvel que os rgos competentes compreendam a

    importncia da incluso escolar, sob todos os pontos de vista, garantindo estrutura fsica,

    recursos e formao continuada especfica aos professores, para que, em esforo

    conjunto dem conta de tornar a escola um ambiente inclusivo para todos os alunos.

    A realizao do ensino inclusivo requer a percepo do sistema escolar como um

    todo unificado, em vez de duas estruturas paralelas; uma para alunos regulares e outra

    para alunos com necessidades especiais. Isso exige que os gestores promovam essa

    unificao, que ela seja desejvel e possvel e que comuniquem essa viso em seu

    comportamento pblico, em palavras e aes.

    Embora a proposta de educao inclusiva deva ser compreendida como um processo

    dirigido universalizao da educao de boa qualidade para todos, com todos, com todas

    e por toda a vida, nas prticas discursivas da quase totalidade dos educadores, ela est

    relacionada ao alunado da educao especial. Nossas escolas devem melhorar suas

    condies de funcionamento e suas prticas pedaggicas para todos, pois no apenas as

    pessoas em situao de deficincia tm sido as excludas do direito de aprender e

    participar.

    As estatsticas educacionais brasileiras ainda apontam para um considervel nmero

    de crianas fora das salas de aula e para inmeras outras que, precocemente tm

    abandonado a escola, sem que hajam adquirido o conhecimento necessrio para que

    possam assumir com dignidade a plenitude da cidadania. Os que se evadem tambm so

    sujeitos dos movimentos pela incluso ao lado de todos aqueles que, tendo ou no,

    necessidades especiais, so vtimas dos movimentos elitistas e excludentes das escolas e

    da sociedade.

    Trata-se de equiparar oportunidades garantindo-se a todos, inclusive aos que

    [...] todas as escolas deveriam acomodar todas as crianas, independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingsticas ou outras. Deveriam incluir todas as crianas deficientes e superdotadas, crianas de origem remota ou de populao nmade, crianas pertencentes a minorias lingsticas, tnicas ou culturais e crianas de outros grupos em desvantagem ou marginalizados. As escolas tm que encontrar a maneira de educar com xito todas as crianas, inclusive as que tm deficincias graves.

  • apresentam necessidades especiais, ou altas habilidades/superdotados, o direito de

    aprender, crescer e desenvolver-se em plenitude.

    No entanto, necessrio que se faa uma incluso educacional responsvel, pois

    esta no pode ser dissociada dos demais aspectos bsicos de responsabilidade de outros

    segmentos sociais para que, inter-relacionados, fortaleam os sentimentos ticos e de

    cidadania.

    Para que se processe a incluso de um aluno com caractersticas diferenciadas em

    uma turma regular, h necessidade de se criarem mecanismos que permitam sua

    integrao e aprendizagem, com sucesso em todos os sentidos: social, emocional, e

    intelectual.

    No o aluno que deve amoldar-se ou adaptar-se escola, mas ela que,

    consciente de sua funo social, deve colocar-se disposio do aluno, tornando-se um

    espao inclusivo. Nesse contexto, a educao especial concebida para possibilitar que o

    aluno com necessidades educacionais especiais atinja os objetivos da educao geral.

    A escola comprometida com a incluso deve considerar que:

    A educao um direito humano;

    todas as crianas esto na escola para aprender;

    h crianas que so mais vulnerveis excluso social do que as outras;

    da responsabilidade da escola e dos professores a criao de estratgias

    de ensino e aprendizagem mais efetivas para possibilitar o domnio do conhecimento a

    todos os alunos;

    em qualquer perodo de escolarizao a criana pode enfrentar dificuldades

    para aprender ou para fazer parte da comunidade escolar;

    as dificuldades na aprendizagem que surgem na escola e na sala de aula

    constituem um desafio na busca pela melhoria da qualidade do ensino;

    todas as mudanas geradas como resultado da tentativa de oferecer

    respostas s necessidades de aprendizagem em sala de aula transformam-se em

    condio para todas as criana aprenderem e resultam em melhoria na qualidade da

    prtica do professor.

  • CURRCULO: A ORGANIZAO DOS CONTEDOS E SUA COMPLEXIDADE

    Currculo escolar o conjunto de princpios que estabelecem, norteiam, organizam,

    direcionam as aes da escola, tais como: As concepes tericas, a organizao

    curricular, a organizao do trabalho pedaggico, a avaliao.

    A organizao curricular deve propor a graduao dos contedos de forma a facilitar

    a apropriao do conhecimento pelo aluno.

    A graduao que se prope a seguinte:

    a) Os contedos que exigem pr-requisitos devem ser apresentados a partir do

    trabalho anterior ou simultneo;

    b) com relao aos conhecimentos no articulados entre si, estes no devem ser

    trabalhados sem a devida contextualizao, para que se torne mais fcil a sua

    compreenso pelo aluno;

    c) os contedos no devem ser apresentados de maneira fragmentada;

    d) deve ser garantido ao aluno um tempo para a apropriao de cada conceito.

    e) devem ser buscados meios de saber se o aluno realizou tal apropriao.

    A graduao acontecer no processo de aprendizagem e no na apresentao dos

    contedos. A funo dos conceitos explicar o contedo; a funo da escola ensinar os

    conceitos aos alunos, fazer com que eles se apropriem deles e os compreendam,

    orientando-os na sua re-elaborao. Os conceitos so os instrumentos para a leitura da

    realidade que permitiro aos alunos a tomada de decises conscientes em suas aes na

    vida.

    Nesse sentido, preciso considerar a importncia da formao inicial e continuada

    dos professores, a sua insero compromissada e competente no fazer pedaggico, o

    domnio efetivo dos contedos curriculares, a compreenso da significncia desses

    contedos para a vida dos alunos.

    O professor deve estar atento s necessidades e exigncias do contexto educacional

    e social, refletindo constantemente sobre seu trabalho e os resultados deste na

    aprendizagem dos alunos. Precisa dominar os fundamentos que regem o conhecimento

    em suas origens histrico-sociais para poder levar os alunos compreenso dos

    contedos por inteiro e no em fragmentos estanques e sem sentido. A imposio de

  • conhecimentos estanques, conceitos e categorias fechados, sem profundidade, leva os

    alunos a simples memorizao e no lhes possibilita a compreenso do conhecimento em

    sua relevncia como categoria cultural, humana, histrica e social. No tendo essa

    compreenso, fica muito difcil aos alunos o estabelecimento de relaes entre o contedo

    e a realidade. Aquilo que lhes foi ensinado, torna-se intil e assim produz-se a alienao.

    Considerando tais pressupostos, necessrio entender que, o ensino enquanto

    processo, implica um movimento de anlise e reflexo permanente entre o todo e as partes

    e destas entre si, no podendo acontecer de forma linear nem etapista.

    Neste sentido, uma anlise das prticas pedaggicas revela alguns aspectos que lhe

    so subjacentes e que as influenciam, como o livro didtico. Pela utilizao do livro didtico

    (como nico recurso), os conhecimentos organizados em disciplinas, fragmentados, em

    regime seriado, perde-se a unidade do conhecimento. Os contedos se repetem, ano aps

    ano, mas os alunos no aprendem porque os contedos no mantm, entre si, as inter-

    relaes que os fariam ter histria, serem relevantes e compreensveis. A no-

    contextualizao dos contedos torna-os inteis.

    Os livros didticos, historicamente, tambm so responsveis pela falcia no

    processo de ensino/aprendizagem. Na impossibilidade de colocar-se neles toda a

    dimenso do conhecimento - na grande maioria dos livros didticos - encontrou-se uma

    forma de abrevi-la atravs de resumos, exemplos, pequenos textos, que, mostram de

    maneira muito resumida os contedos (muitos) a serem ensinados. A idia lgica de que

    o prprio professor ampliasse os contedos atravs de pesquisas, consultas e utilizao de

    outras fontes, enriquecendo desta forma os contedos trabalhados e a sua prtica. Porm,

    isto dificilmente acontece: O professor, formado luz dos manuais didticos, ficou

    condicionado a uma forma de organizao curricular superficial. Em funo disso, tornou-

    se um mero reprodutor do conhecimento dos manuais, dos resumos, das descries, das

    regras e definies, encontrados naquelas colees de livros que trazem receitas e

    sugestes prticas ou projetos prontos. A utilizao desse material, de forma exclusiva,

    levou o professor a simplesmente copiar as prticas explicitadas neles, sem realizar uma

    reflexo mais sria sobre elas, ou preocupar-se em historicizar, em fundamentar e nem

    mesmo em compreender o que ele prprio diz que ensina, reduzindo sua ensinagem,

    levando os seus alunos a apenas conhecer uma pequena amostra do que o

    conhecimento.

    As mudanas na educao geradas pela re-elaborao das concepes

    pedaggicas e a implantao de novas polticas educacionais, a conseqente

  • reformulao dos livros didticos (h livros muito bons, mais aprofundados em seu

    contedo e com boas indicaes para os professores), mas, na maioria das vezes, esses

    livros no so utilizados de maneira a aproveitar inteiramente seu contedo. Isto parece

    acontecer por causa da pouca compreenso que os professores tm das concepes, das

    propostas e da metodologia que embasam os livros didticos. Alm disso, mesmo sendo

    bons, estes no podem constituir-se no nico modelo para a prtica pedaggica.

    necessrio que o professor pesquise em outras fontes para enriquecer e aprofundar seus

    conhecimentos.

    Por outro lado, s aumentar o tempo para a apropriao dos contedos no resolve o

    problema da aprendizagem e nem torna os contedos mais relevantes vida. O problema

    est na abordagem e na fragmentao. Enquanto no forem revistas estas questes,

    buscando articular as reas do conhecimento e rever seus fundamentos, no acontecer

    a mudana.

    Outro fator a ser considerado, consiste na viso romntica e/ou metafsica do

    processo de ensino /aprendizagem que a maioria dos educadores possui, a partir de sua

    formao inicial, pela padronizao do aluno ideal, desconsiderando o aluno real em suas

    diferenas e seus ritmos de aprendizagem individuais. Esta viso precisa ser superada.

    A maioria dos professores ainda considera os alunos como categoria homognea

    qual tudo deve ser ensinado da mesma maneira. Isto implica uma reformulao no

    conceito de criana, de homem e de sociedade, a observao criteriosa da realidade social

    com suas mudanas e a compreenso pelos professores das influncias dessas mudanas

    na educao.

    Para superar a fragmentao, o professor precisa preocupar-se em estabelecer, de

    maneira o mais natural possvel, as necessrias conexes entre os contedos, j que o

    conhecimento universalmente produzido constitui-se como um todo unificado, em sua

    historicidade.

    Neste sentido, o cerne do processo do ensino interdisciplinar, considerada como fio

    condutor que promover a integrao do conhecimento em todas as reas, a linguagem

    em suas vrias formas.

    O trabalho com a linguagem o eixo bsico do processo de ensino/aprendizagem,

    mediadora do processo de constituio humana histrico-social e deve privilegiar o texto,

    como unidade da lngua, a leitura, a interpretao, a produo escrita, a anlise lingstica

    e a sistematizao do cdigo escrito. A compreenso gradativa, no etapista dos

    fundamentos da lngua escrita propicia a compreenso de cada recurso da linguagem.

  • A interpretao de textos deve ser realizada atravs de questes pertinentes que

    levem o aluno a refletir sobre o tema lido e no constituda de perguntas previsveis, que

    no ofeream possibilidade para questionamento e reflexo.

    a linguagem que permeia todas as situaes de ensino/aprendizagem, por isso,

    importante que, ao trabalhar qualquer rea do conhecimento, o professor utilize-se da

    oralidade, da leitura, da interpretao e, principalmente da produo de textos, nas vrias

    reas. importante tambm que o professor no se limite a utilizar-se apenas de cpias

    e/ou exerccios mecnicos e repetitivos, mas que traga para suas aulas muito material

    escrito para que, juntos, professor e alunos possam utiliz-lo da melhor forma possvel, em

    atividades relevantes aprendizagem. O material a ser utilizado s ter valor se for

    importante para a aprendizagem, isto , tiver objetivo pedaggico.

    A Interdisciplinaridade da Concepo Ao Pedaggica

    Segundo Lck, a interdisciplinaridade constitui-se de um esforo no sentido de

    promover a unidade entre as diversas representaes da realidade pela elaborao da

    sntese de sua recomposio contnua. Nesse processo, busca-se estabelecer o sentido

    da unidade dentro da diversidade, permitindo que se tenha uma viso de conjunto e

    possibilitando que se estabelea relaes entre os conhecimentos e as informaes

    recebidas pelas pessoas, de forma desordenada, dissociada e at contraditria.

    A interdisciplinaridade importante no processo de ensino/aprendizagem porque

    representa uma possibilidade de promover a superao da dicotomia entre as experincias

    escolares e aquelas da realidade vivencial dos alunos, permitindo ainda a compreenso de

    que o ensino no apenas uma questo pedaggica, mas tambm um problema

    epistemolgico. (id, p. 60)

    No sentido da elaborao do conhecimento, a interdisciplinaridade pressupe uma

    nova conscincia da realidade, uma nova maneira de pensar, que deve resultar em um ato

    de troca, uma integrao das diversas reas do conhecimento, com o objetivo de produzir

    novos conhecimentos, de modo mais abrangente e aprofundado. Este processo dialtico

    de reflexo-ao constitui a prxis pedaggica, produzindo a hominizao e superando a

    A interdisciplinaridade no campo da cincia corresponde necessidade de superar a viso fragmentadora de produo do conhecimento, articular e produzir coerncia entre os mltiplos fragmentos que esto postos no acervo de conhecimento da humanidade. (Lck, 1998, 59)

  • fragmentao do conhecimento (disciplinaridade).

    Segundo Fazenda (1992), esta viso de pensamento e da ao interdisciplinares

    apiam-se no princpio de que nenhuma fonte do conhecimento completa em si mesma e

    que o dilogo entre as vrias formas de conhecimento que faz surgir novos

    desdobramentos na compreenso da realidade e sua representao. Outra questo

    favorecida pela interdisciplinaridade a relao teoria/prtica j que, no processo de

    contnua inter-influncia de ambas, essa relao se enriquece.

    O conhecimento um fenmeno multidimensional e inacabado. Por essa razo,

    impossvel sua completude e abrangncia total. A cada etapa do processo cognoscitivo,

    novas questes e novos desdobramentos vo surgindo, necessitando de uma contnua

    elaborao de conhecimentos para fazer frente a essa demanda. nesse sentido que a

    interdisciplinaridade pode contribuir, pois constitui-se num processo contnuo de

    elaborao do conhecimento, que orientado por uma atitude aberta e crtica realidade,

    com o objetivo de apreend-la ao mximo e viv-la plenamente. (id)

    Segundo Morin (1985, 33), a interdisciplinaridade no se constitui em uma

    desvalorizao das disciplinas nem do conhecimento por elas produzido. As disciplinas

    no perdem sua competncia, mas precisam desenvolv-la no sentido de articularem-se

    uma s outras. Assim, ligadas em uma cadeia devero formar o anel completo do

    conhecimento.

    preciso estabelecer um mtodo que possibilite um dilogo entre os diversos

    conhecimentos fazendo-os convergir para uma compreenso da realidade o mais

    globalizadora possvel. Nesse processo, o aluno no fica parte, mas deve inserir-se,

    entrando no circuito, estabelecendo uma mediao consigo mesmo, (pensando na sua

    prpria maneira de pensar e compreender os contedos) e com a realidade, constituindo-

    se esse processo em uma verdadeira ciranda de conscientizao . Desta forma

    possvel afirmar que o conhecimento no pode dissociar-se da vida humana e da relao

    social, restabelecendo-se a circularidade entre homem, sociedade, vida, conhecimento, na

    Conceito de interdisciplinaridade Interdisciplinaridade o processo que envolve a integrao e o engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interao das disciplinas do currculo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentao do ensino, objetivando a formao integral dos alunos a fim de que possam exercer criticamente a cidadania mediante a viso global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos e globais da realidade atual. (id, p. 64)

  • qual, cada elemento se explica reciprocamente.

    Este dilogo ocorre na interface entre uma e outra atividades e o quadro referencial

    do aluno e , dessa rotatividade resulta um saber consciente e globalizador da realidade.

    So funes da interdisciplinaridade:

    1. Auxiliar o estabelecimento da unidade do conhecimento de acordo com

    Habermas, o conhecimento comum entre as disciplinas sendo que entre elas existem

    diferenas muito maiores que linguagem, simbologia e conceitos. Estas diferenas, afirma

    Lck, existem pelo jogo do poder, pelo qual as pessoas usam o conhecimento para se

    promoverem socialmente; pela falta de comunicao entre as pessoas; e pelo descuido em

    estabelecer o dilogo entre os vrios segmentos do conhecimento que produzem.

    2. Promover o avano do conhecimento medida em que so exercidas, as

    atividades humanas vo sendo questionadas, tornando-se cada vez mais complexa a

    compreenso da realidade.

    No contexto das prticas pedaggicas e educacionais, sente-se a necessidade da

    construo de currculos de carter flexvel, interdisciplinar, significativo, no sentido de

    implementar formas mais apropriadas de contribuir para a melhoria do processo ensino-

    aprendizagem e compatibiliz-lo com as novas demandas impostas pelas transformaes

    dentro do ambiente social como tambm no mundo da produo material.

    A proposta interdisciplinar pressupe a reorganizao do processo de produo,

    transmisso e aplicao do conhecimento tendo como referncia, a compreenso de

    problemas significativos, assuntos que, para serem enfrentados, exigem saberes de

    natureza diferentes e o esforo conjunto de vrios campos de conhecimento e pesquisa.

    Do ponto de vista didtico, a interdisciplinaridade um tipo de abordagem que

    conduz a uma ordenao especfica do processo de ensino-aprendizagem dentro dos

    contedos e atividades. Nesse sentido, dentro da Proposta Pedaggica da Rede Municipal

    de Ensino, os professores atravs da interdisciplinaridade, devem proporcionar aos alunos

    uma aprendizagem simultnea e significativa dos saberes e dos mtodos comuns a vrias

    disciplinas ou campos do saber, facilitando o dilogo permanente entre teoria e prtica nas

    dimenses do saber.

  • A EDUCAO INFANTIL E SUA ESPECIFICIDADE

    A Educao Infantil, segundo a LDB primeira etapa da Educao Bsica, tem suas

    especificidades e deve ser considerada dentro dos parmetros adequados faixa etria a

    que se destina. necessrio ter muita clareza de concepes pedaggicas, do

    desenvolvimento da criana e das caractersticas da primeira infncia, ao organizar o

    trabalho com crianas pequenas.

    Concepo de criana

    O conceito de criana pequena como sujeito de direitos, reconhecido na Constituio

    Federal de 1988 e fortalecido no Estatuto da Criana e do Adolescente Lei 8069/90,

    garante o direito ao atendimento s crianas, sendo que, independente da denominao

    dos estabelecimentos, responsabilidade destes oferecer cuidado e educao, de forma

    intencional e sistemtica.

    Segundo o documento Poltica Nacional de Educao Infantil-MEC (1994) a criana

    um ser completo que, embora esteja em processo de desenvolvimento depende do adulto

    para sobrevivncia e crescimento, um ser ativo e capaz de ampliar seus conhecimentos,

    enriquecer suas experincias e desenvolver sua autonomia frente s condies de seu

    meio social. Para que isso se concretize, necessrio repensarmos a concepo de

    Educao Infantil, a organizao do espao onde ela se desenvolve e a variedade de

    experincias de conhecimento advindas do cotidiano das instituies educativas por meio

    de situaes desafiadoras.

    Os primeiros anos de vida so essenciais no processo de desenvolvimento humano.

    As relaes estabelecidas com outras pessoas, adultos ou crianas, exercem papel

    decisivo na constituio da identidade, da afetividade e da cognio.

    A partir das trocas e das inter-relaes que as crianas estabelecem com o meio, elas

    aprendem e se desenvolvem, agem ativamente em seu entorno, observam, selecionam

    informaes, analisando-as e dando-lhes diferentes sentidos. Ampliando a diversidade de

    relaes, amplia-se o universo de experincias e suas possibilidades de entenderem e

    transformarem seu mundo; de aprenderem a respeito de si, das pessoas e de constiturem

    sua identidade pessoal. Assim, na Educao Infantil, as interaes se constituem no

    espao do conhecimento, da produo da histria pessoal do grupo e da cultura.

  • Estas particularidades do desenvolvimento da criana, na faixa etria de zero a cinco

    anos, exigem que a educao infantil cumpra suas funes de educar e cuidar de forma

    integrada, proporcionando meios de levar a criana a patamares cada vez mais elevados

    de aprendizagem e desenvolvimento (Pedroso, 2005).

    A Educao Infantil ofertada nas instituies municipais abrange duas faixas

    etrias: 0-5 anos (CMEIs) 4-5 ( Escolas Municipais) sendo que as crianas nestas

    faixas etrias tm direito a educao e cuidados de acordo com a LDB 9394/96.

    O Currculo na Educao Infantil

    Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais, o currculo na Educao Infantil

    constitui-se como conjunto de prticas que buscam articular as experincias e os saberes

    das crianas com os conhecimentos que fazem parte do patrimnio cultural, artstico,

    cientfico e tecnolgico.

    A definio de currculo defendida pelas Diretrizes pe em foco a ao mediadora da

    Instituio de educao Infantil como articuladora das experincias e saberes das crianas

    e os conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que despertem os interesses da

    criana.

    Assim, o currculo da educao Infantil precisa considerar entre as prticas

    desenvolvidas com as crianas, no apenas aquelas relacionadas a educao e cuidado

    fsico, que envolvem a higiene e sade infantil, mas tambm prticas culturais que

    busquem articular as experincias e os saberes das crianas com os conhecimentos que

    fazem parte do patrimnio cultural, artstico, ambiental, cientfico e tecnolgico, de modo a

    promover o desenvolvimento integral da criana.

    Desta forma as prticas que fazem parte do currculo, e que iro constituir a rotina

    diria nas instituies de Educao Infantil - planejadas partir da inteno do professor, e

    por ele frequentemente avaliadas - devem respeitar a faixa etria da criana, no

    antecipando as rotinas formais do ensino fundamental, que para as crianas de 0 a 5 anos

    so totalmente artificiais e, portanto, inadequadas.

    Portanto, o currculo na educao Infantil, precisa ser organizado a partir de uma

    concepo que compreende o ser humano como sujeito que se constitui nas relaes

    sociais e que este desde beb ir estabelecer inmeras relaes, vivenciadas atravs da

    ao planejada do professor, que garantir condies para a criana experimentar

  • possibilidades para movimentar-se, sentar, andar, discriminar sons, reconhecer cheiros,

    experimentar alimentos, agarrar brinquedos, desenvolver a linguagem oral, ouvir histrias,

    enfim, aprender, e assim construir sua identidade. Deste modo, o currculo vivenciado por

    crianas atravs da interao e mediao garantida pelo adulto que possibilitar

    aprendizagens verdadeiramente significativas e relevantes, possibilitando o

    desenvolvimento infantil.

    A LDB (Art.29) postula que a educao infantil, tem como finalidade o

    desenvolvimento integral da criana (...). Este desenvolvimento integral no poder

    acontecer de forma fragmentada, mas necessrio que partir das concepo de criana

    e educao infantil, na organizao do currculo sejam pensados os tempos e espaos, os

    critrios e procedimentos, os conhecimentos, as metodologias, as formas de

    acompanhamento e avaliao.

    Assim a instituio precisa garantir a educao e o cuidado dos bebs e crianas,

    de forma a complementar a ao da famlia, e ir alm, garantindo que essas crianas

    oriundas de diferentes classes sociais, tenham a oportunidade de conviver, interagir com

    igualdade de oportunidades, partilhar saberes, apropriar-se do conhecimento

    historicamente produzido, desenvolver-se no seu tempo de criana, vivendo plenamente

    sua infncia.

    Cabe ao professor compreender e considerar como bebs e crianas nesse

    momento de suas vidas vivenciam o mundo, como aprendem, como expressam desejos e

    curiosidades, como interagem e se comunicam, privilegiando as brincadeiras e

    interaes no contexto da instituio.

    Compreender a importncia da atividade ldica como condio para o

    desenvolvimento humano na infncia significa garantir que, durante o tempo que a criana

    permanece na instituio, os momentos da rotina sejam permeados pela ludicidade, pois,

    o brincar, atravs das diferentes possibilidades de brincadeira, os jogos, o prazer e a

    alegria so inerentes ao cotidiano de crianas e adultos na instituio, e representam o

    passaporte para a criana desenvolver-se, construir redes neuronais que daro suporte

    aprendizagem dos contedos.

    Para exemplificar essa questo, podemos pensar na brincadeira de amarelinha.

    Nesta brincadeira de jogar amarelinha, as crianas iro: contar o nmero de casas,

    desenhar figuras geomtricas, escrever os nmeros, desenvolver equilbrio, lateralidade,

    organizao de sequncia, e outros conhecimentos, com os quais estaro interagindo de

    forma ldica.

  • *CRAIDY & KAERCHE. IN: Educao infantil pra que te quero, 2001.

    De acordo com o Parecer CNE, n20 de 11/11/2009:

    Sabe-se que neste perodo da vida, as crianas que apresentam idade de

    educao Infantil, esto num momento muito intenso j que, caracteriza-se por muitas e

    importantes aquisies: desenvolvimento da fala, marcha, controle esfincteriano, formao

    da imaginao, construes simblicas, desenvolvimento da expresso atravs das

    diferentes linguagens, que sero desenvolvidos medida que a criana relaciona-se e

    interage com parceiros mais experientes, crianas e adultos.

    Portanto cuidar e educar, significa promover o desenvolvimento integral da criana,

    como est expresso nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil, que

    afirma educar cuidando inclui acolher, garantir a segurana, mas tambm alimentar a

    curiosidade, a ludicidade e a expressividade da criana.

    A Proposta Pedaggica da educao Infantil, se organiza, contemplando diversas

    aes, as quais so constitudas de experincias, interaes, procedimentos, critrios, que

    formam o Currculo, e a efetivao destas aes promotoras da aprendizagem e do

    desenvolvimento atravs do planejamento do professor que possibilitar a garantia de uma

    educao Infantil de qualidade.

    Portanto os princpios presentes no contexto da instituio entre os profissionais

    (professores, gestores, equipe de apoio) so balizadores do planejamento pedaggico a

    ser definido e realizado na instituio.

    Essa organizao pedaggica garantida na medida em que o processo de

    avaliao - o qual constitutivo e constituinte da Proposta Pedaggica, do Currculo e da

    programao didtica do professor - realizado de forma competente, atravs dos

    instrumentos avaliativos e registros, que permitiro ao professor identificar como a criana

    vem se apropriando da cultura, tendo assim informaes essenciais para desenvolvimento

    da prtica pedaggica.

    Assim, o Currculo na educao Infantil tambm precisa contemplar a avaliao,

    compreendendo a importncia de desenvolver o processo avaliativo nos diferentes

    ... a proposta pedaggica das instituies de Educao Infantil deve ter como objetivo principal promover o desenvolvimento integral das crianas de zero a cinco anos de idade garantindo a cada uma delas o acesso a processos de construo de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito proteo, sade, liberdade, ao respeito, dignidade, brincadeira, convivncia e interao com outras crianas. Da decorrem algumas condies para a organizao curricular.

  • mbitos: avaliao da aprendizagem, avaliao da prtica pedaggica e avaliao

    institucional.

    Na Educao Infantil, a avaliao da aprendizagem ter como ao principal a

    observao, atravs da qual o professor ter condies de realizar registros, anotaes,

    relatrios.

    Os registros avaliativos iro direcionar a prtica do professor, promovendo a

    orientao sobre o que o professor pode e precisa fazer, quais os interesses, as

    dificuldades da criana,o que cada criana j se apropriou e o que pode aprofundar.

    atravs do processo avaliativo que as informaes acerca da aprendizagem e

    desenvolvimento dos bebs e crianas sero identificadas:

    - quais tempos e espaos precisam ser garantidos na organizao do planejamento;

    - quais atividades e experincias precisam ser priorizadas para as crianas de 0 a 3

    anos e quais para as crianas de 4 a 5 anos;

    - qual metodologia precisa ser desenvolvida para garantir a aprendizagem e o

    desenvolvimento.

    - quais contedos precisam ser abordados e que objetivos precisa-se atingir.

    O desenvolvimento da educao infantil dever, portanto garantir que bebs e

    crianas desenvolvam-se e aprendam em seu tempo de infncia, de forma que cada

    momento desta infncia seja plenamente vivenciado, e onde as experincias e

    aprendizagens geradas iro possibilitar a constituio de suas identidades, e a cada nova

    etapa da vida, constituem-se sujeitos, ampliam suas aprendizagens e elaboram

    conhecimento.

    Os Princpios que compem a proposta curricular

    As prticas pedaggicas que compem a proposta curricular da Educao Infantil

    devem ter como eixos norteadores a Brincadeira e as Interaes.

    As DCNEIs destacam a brincadeira como atividade privilegiada na promoo do

    desenvolvimento das crianas pequenas. Brincar, d criana oportunidade de imitar a

    realidade e construir o novo, conforme ela reconstri o cenrio necessrio para que sua

    fantasia se aproxime ou se distancie da realidade vivida, assumindo personagens e

    transformando objetos pelo uso que deles faz.

    Segundo Vygotsky (2007), brincar uma atividade humana criadora na qual,

    imaginao, fantasia e realidade interagem na produo de novas possibilidades de

  • interpretao, de expresso e de ao pelas crianas, assim como de novas formas de

    construir relaes sociais com outros sujeitos: crianas ou adultos.

    Atravs das brincadeiras e outras atividades cotidianas desenvolvidas nas instituies

    de Educao Infantil, a criana aprende a assumir papis diferentes e, ao se colocar no

    lugar do outro, aprende a coordenar seu comportamento com os de seus parceiros e

    desenvolver habilidades variadas, construindo sua identidade.

    O brincar, como processo dialtico, parte de algumas aprendizagens mais simples,

    constituindo-se possibilidade de novas aprendizagens que vo, aos poucos ampliando e

    enriquecendo a imaginao e as experincias infantis.

    Mas, segundo o Art. 9 das DCNEIs, o brincar no pode ser pensado sem as

    Interaes:

    - Interao com a professora;

    - interao com as outras crianas;

    - interao com os brinquedos e os materiais;

    -interao com o ambiente;

    - interao da instituio com a famlia e a criana.

    Na histria cotidiana das interaes com diferentes parceiros, vo sendo construdas

    significaes compartilhadas a partir das quais a criana aprende como agir ou resistir aos

    valores e normas da cultura de seu ambiente social.

    Nesse processo, preciso considerar que nesse perodo da infncia, na interao

    com seus pares, as crianas aprendem e que so diversas das coisas que elas se

    apropriam no contato com os adultos ou com crianas maiores.

    Ambiente na Educao Infantil

    Todo ambiente educador, enquanto contexto de desenvolvimento inclui a organizao

    de grande diversidade de aspectos: os tempos e os espaos, as rotinas de atividades, a

    forma como o adulto exerce seu papel e os materiais disponveis.

    Sabemos que cada vez mais o espao fsico e os arranjos espaciais existentes nas

    turmas de Educao Infantil so vistos como ambientes que requerem especial ateno e

    planejamento. Alm disso, so claras as significaes que a criana pequena empresta ao

    ambiente que pode lhe provocar medo ou curiosidade, irritabilidade ou calma, atividade ou

    apatia.

  • O ambiente educador, e precisa ser flexvel, deve passar por modificaes

    frequentes, planejadas pelos professores, possibilitando diferentes arranjos, de forma a

    atender as necessidades das crianas e permitir-lhes agir nesse espao como

    protagonistas na apropriao do conhecimento. Tudo o que cerca as pessoas e o que

    usam os objetos, os materiais e as estruturas no so elementos cognitivos passivos,

    mas, ao contrrio, so elementos que condicionam e so condicionados pelas aes dos

    indivduos que nela agem.

    A configurao particular de cada instituio, no que se refere ao jardim, s paredes,

    s janelas grandes e aos mveis atraentes, mostra que esse um local onde os adultos

    pensam sobre a qualidade do ambiente escolar como espao educativo.

    Toda escola deve ser cheia de luz, com variedade de materiais e com alegria das

    crianas. Como afirma Snyders (1990), alegria como sentimento que floresce do ato de

    conhecer, no uma alegria frvola, de fazer o que se gosta e por isso sentir alegria. Fala da

    alegria da descoberta, de se aproximar do que mais elaborado, daquilo que no seria

    possvel sem o professor e a escola. Para ele, no se desafia a inteligncia do aluno com a

    repetio do que ele j sabe ou com a reproduo superficial do que a mdia oferece, ou

    ainda com o atendimento do desejo da criana. O desejo tambm construdo

    socialmente, gosta-se em principio, do que se conhece, rejeita-se o desconhecido o

    elaborado.

    A proposta curricular para a Educao Infantil que se apresenta busca romper com a

    tradio de promover o isolamento das perspectivas infantis num espao controlado pelo

    adulto e com a descontextualizao das atividades que so propostas as crianas atravs

    de tarefas ritualizadas de colorir desenhos mimeografados, de colar bolinhas de papel,

    entre outras, ao contrrio, a Proposta Curricular que se propes precisa contemplar

    atividades de pesquisa, de troca de opinies, de expresso corporal, de atividades

    musicais, jogos e brincadeiras, literatura infantil onde as crianas experimentem atividades

    significativas e contextualizadas para todos os alunos, com variados tipos de materiais

    que desafiem a inteligncia, a criatividade e o desenvolvimento infantil , criando novas

    perspectivas para a aprendizagem.

    O ENSINO FUNDAMENTAL E SUA ESPECIFICIDADE - A ORGANIZAO DA

    ESCOLARIDADE EM CICLOS DE APRENDIZAGEM

    Compreendendo a criana, na faixa etria de 06 a 10/11 anos, como sujeito de

  • direitos de cidadania, garantidos pelo Estatuto da Criana e do Adolescente e

    considerando como o mais importante de seus direitos, depois do direito vida e sade,

    a educao de qualidade, esta Proposta est estruturada em Ciclos de Aprendizagem.

    O objetivo desta opo na linha pedaggica da Secretaria Municipal de Educ