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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PRÁTICAS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO EM INSTITUIÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS DE ENSINO SUPERIOR: O CASO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ, CAMPUS CURITIBA RICARDO BELINSKI CURITIBA 2004

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

PRÁTICAS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO

DECISÓRIO ESTRATÉGICO EM INSTITUIÇÕES SEM FINS

LUCRATIVOS DE ENSINO SUPERIOR:

O CASO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO

PARANÁ, CAMPUS CURITIBA

RICARDO BELINSKI

CURITIBA 2004

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RICARDO BELINSKI

PRÁTICAS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO

DECISÓRIO ESTRATÉGICO EM INSTITUIÇÕES SEM FINS

LUCRATIVOS DE ENSINO SUPERIOR:

O CASO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO

PARANÁ, CAMPUS CURITIBA

Dissertação de Mestrado apresentada como requisito

parcial para a obtenção do grau de Mestre no

Programa de Mestrado em Administração do Centro

de Ciências Sociais Aplicadas da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Flávio Pacheco.

Área de Concentração: Gestão Estratégica da

Informação e do Conhecimento.

CURITIBA 2004

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TERMO DE APROVAÇÃO

PRÁTICAS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO

DECISÓRIO ESTRATÉGICO EM INSTITUIÇÕES SEM FINS

LUCRATIVOS DE ENSINO SUPERIOR:

O CASO DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ,

CAMPUS CURITIBA.

POR

RICARDO BELINSKI

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Programa

de Pós-Graduação em Administração, área de concentração em Administração Estratégica,

do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Prof. Dr. Eduardo Damião da Silva Diretor do Programa

Orientador: Prof. Dr. Fernando Flávio Pacheco

(PPAD/PUCPR)

Prof. Luiz Carlos Duclós, Ph.D. (PPAD/PUCPR)

Prof. Belmiro Valverde Jobim Castor, Ph.D. (membro externo)

Curitiba, 28 de Outubro de 2004

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DEDICATÓRIA

À Deus pelo dom da Inteligência a todos os seres vivos deste planeta.

À família Belinski que desde cedo me ensinou a fazer dos estudos um momento de raro prazer: aos meus pais Osvaldo e

Aparecida, aos meus irmãos Sérgio, Sônia e Ângela.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Fernando Flávio Pacheco pelo acompanhamento, pelo apoio e incentivo;

À equipe do ISAD-PUCPR pelo apoio incondicional: Karim, Margarete e Marina.

À atenção e prestatividade de Luciana e Erli da secretaria do Programa de Mestrado da PUCPR;

Ao Instituto dos Irmãos Maristas das Escolas pelo incentivo nos estudos e pela dedicação à educação brasileira desde 1897, especialmente aos Irmãos Dario Bortolini e Rafael

Mendes dos Santos;

Ao reitor Prof. Dr. Clemente Ivo Juliatto pelo apoio e incentivo nos estudos sobre Administração Universitária;

À família Martins, principalmente por Rita e Merylin pelo companheirismo e pela partilha de vida nos últimos anos;

À amiga e companheira de vida Juliane Martins pelas idéias, pelo carinho e pela prontidão em ajudar;

Ao corpo docente do Programa de Mestrado em Administração (PPAD) da PUCPR pelo companheirismo e

pela partilha de conhecimentos durantes estes anos;

Aos colegas de mestrado pelos grupos de estudo, troca de experiências e novas amizades;

À Eva de Fátima Curelo do Mestrado em Direito da PUCPR pelo apoio e pelas dicas durante esta pesquisa;

Aos administradores universitários da PUCPR pela colaboração nesta pesquisa e constante atenção;

Enfim, a todos que direta ou indiretamente colaboraram indiretamente com este projeto de pesquisa.

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EPÍGRAFE

Existem cinco fatores que permitem a previsão sobre qual dos oponentes sairá vencedor:

• Aquele que sabe quando deve ou quando não deve lutar;

• Aquele que sabe como adotar a arte militar apropriada de acordo com a superioridade ou inferioridade de suas forças frente ao inimigo;

• Aquele que sabe como manter seus superiores e subordinados unidos de acordo com suas propostas;

• Aquele que está bem preparado e enfrenta um inimigo desprevenido;

• Aquele que é um general sábio e capaz, cujo soberano não interfere.

Sun Tzu, A Arte da Guerra, 2002.

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RESUMO

BELINSKI, Ricardo. Práticas de Inteligência Empresarial e Processo Decisório Estratégico em Instituições Sem Fins Lucrativos de Ensino Superior: o caso da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, campus Curitiba. 2004. 165f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2004. Este estudo de caso, de caráter exploratório e descritivo, aborda as características das práticas da Inteligência Empresarial que subsidiam o Processo Decisório Estratégico de uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos. Procurou-se mensurar as práticas de Inteligência Empresarial decompondo-as em atributos gerenciais relacionados às Competências das Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo. Os atributos gerenciais relacionados às Competências das Pessoas versam sobre a capacidade de resposta, a disseminação de informação, o uso das ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação, a utilização das redes de relacionamento social, o atendimento ao cliente, a capacitação pessoal, a disposição ao risco, o grau de lealdade aos objetivos organizacionais. Os atributos gerenciais relacionados aos Processos Organizacionais versam sobre a resposta às mudanças ambientais, o planejamento estratégico, as metas e regulamentos, a aprendizagem organizacional, o acesso às informações, as características das regras e procedimentos institucionais, e o monitoramento da concorrência. Os atributos gerenciais relacionados à Gestão do Tempo versam sobre o grau de previsibilidade das mudanças, os aspectos de inovação em produtos e serviços e as características da informação em circulação. A unidade de análise em estudo é o campus Curitiba da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e a amostra pesquisada é composta de 68 gestores universitários divididos em dois grupos de análise. Os atributos gerenciais relacionados às práticas de Inteligência Empresarial foram levantados por meio de um formulário impresso com 34 questões fechadas em escala Likert de 5 pontos, visando identificar seus níveis de estruturação, sistematização e uso efetivo na organização em estudo. Palavras-chave: Gestão do Conhecimento Organizacional, Gestão Universitária, Instituições Sem Fins Lucrativos, Inteligência Empresarial, Processo Decisório Estratégico.

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ABSTRACT

BELINSKI, Ricardo. Business Intelligence and Strategic Decisive Process Practice at Non-Profit Higher Education Teaching Institutions: case of “Pontifícia Universidade Católica do Paraná”, campus of Curitiba. 2004. 165f. Dissertation (Business Masters) - Post Graduation Course in Administration, “Pontifícia Universidade Católica do Paraná”, Curitiba, 2004.

This case study, with an exploitive and descriptive purpose, approaches the characteristics of Business Intelligence practice, which subsidized the Strategic Decisive Process of a Non- Profit Higher Education Teaching Institution. The practice of Intelligence Business was measured decomposing it into management skills, related to People’s Competence, the Organizational Process and Time Management. The managements attributes related to People’s Competence talk about the answering capacity, information dissemination, the use of Information Technology and Communication tools, the use of social relationship nets, the clients’ service, people’s capacity, the disposition to taking risks, loyalty to the organizational purposes. The management attributes related to the Organizational Processes are about the answers to environmental changes, the strategic plan, goals and rules, the organization process learning, access to information, characteristics of rules, institutional procedures, and the market (competitors) monitoring. The management attributes related to Time Management, talk about the degree of prediction for changes, the aspects of innovation in products and services and the characteristics of circulation of the information. The analysis unit is the Curitiba Campus of “Pontifícia Universidade Católica do Paraná” (PUCPR), and the researched sample is composed by 68 administrators divided in two groups of analysis. The management attributes related to the practice of Business Intelligence were gotten by a printed form with 34 closed questions at Likert scale of 5 points, focusing on identifying the levels of structuring systematization and effective use in an organized study. Key words: Managerial Intelligence, University Management, Strategic Decision-Making Process, Non-Profitable Institutions, Managerial Knowledge.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 16 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ......................................................................... 16

1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................ 21

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 21

1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 21

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 21

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................. 24 2.1 PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL ............................ 24

2.2 ORGANIZAÇÃO NA ERA DO CONHECIMENTO ....................................... 26

2.2.1 As Características do Conhecimento .................................................................. 28

2.2.2 Organizações que Aprendem ............................................................................. 33

2.3 INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL ................................................................... 37

2.3.1 Implementação da Inteligência Empresarial ...................................................... 43

2.3.2 Estruturação da Inteligência Empresarial ........................................................... 49

2.3.3 Processo ou Tecnologia da Inteligência Empresarial ......................................... 51

2.4 PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO ..................................................... 53

2.4.1 Características e Elementos do Processo Decisório Estratégico ........................ 57

2.4.2 As Armadilhas do Processo Decisório Estratégico ............................................ 60

2.5 INSTITUIÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS .................................................... 61

2.6 ADMINISTRAÇÃO UNIVERSITÁRIA .......................................................... 69

2.6.1 Tendência nas Instituições de Ensino Superior .................................................. 72

2.6.2 Modelos de Gestão Universitária ....................................................................... 77

2.6.3 Avaliação do Ensino Superior ............................................................................ 81

2.7 A PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ...................... 82

2.7.1 Planejamento Estratégico e Desafios Gerenciais ............................................... 82

3 METODOLOGIA ........................................................................... 88 3.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................. 88

3.1.1 Problema de pesquisa ......................................................................................... 88

3.1.2 Visão global da pesquisa .................................................................................... 89

3.2 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS .................................. 89

3.2.1 Categoria de Análise: Processo Decisório Estratégico ...................................... 90

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3.2.2 Categoria de Análise: Inteligência Empresarial ................................................. 90

3.2.3 Algumas Definições Constitutivas de Termos no Contexto da Pesquisa............ 90

3.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 91

3.3.1 Coleta de Dados e Amostra ................................................................................ 92

3.3.2 Unidade de Análise ............................................................................................ 94

3.3.3 Tratamento de Dados ......................................................................................... 94

3.3.4 Limitações da Pesquisa ...................................................................................... 95

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .......................... 97 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................ 99

4.1.1 Distribuição por Setor de Atuação ................................................................... 100

4.1.2 Distribuição por Formação Acadêmica ............................................................ 101

4.1.3 Distribuição por Gênero ................................................................................... 102

4.1.4 Distribuição por Faixa Etária ........................................................................... 103

4.1.5 Distribuição por Tempo de Trabalho ............................................................... 104

4.1.6 Distribuição por Carga Horária ........................................................................ 105

4.1.7 Resumo das características do perfil da Amostra ............................................ 106

4.2 SOBRE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO ........................................................................ 107

4.2.1 Atributos Gerenciais Relacionados às Competências das Pessoas ............ 120

4.2.1.1 Disposição ao Risco ......................................................................................... 108

4.2.1.2 Disseminação de Resultados ............................................................................ 109

4.2.1.3 Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano ........................................ 110

4.2.1.4 Utilização das Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação .................................................................................................... 111

4.2.1.5 Capacitação dos Recursos Humanos ................................................................ 112

4.2.1.6 Relacionamento com Clientes .......................................................................... 113

4.2.1.7 Redes de Relacionamento Social ..................................................................... 114

4.2.1.8 Necessidades de Informação ............................................................................ 115

4.2.1.9 Postura Diante de Novas Oportunidades .......................................................... 116

4.2.1.10 Lealdade aos Objetivos Organizacionais ......................................................... 117

4.2.1.11 Confidencialidade das Informações Estratégicas ............................................. 118

4.2.1.12 Partilha de Informação entre os Setores ........................................................... 119

4.2.2 Resumo das Características dos Atributos Gerenciais relacionados à Competência das Pessoas ................................................................................ 120

4.2.3 Atributos Gerenciais Relacionados aos Processos Organizacionais .......... 122

4.2.3.1 Instabilidade Ambiental ................................................................................... 122

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4.2.3.2 Fluxo de Informações ....................................................................................... 123

4.2.3.3 Processo de Planejamento Estratégico ............................................................. 124

4.2.3.4 Características das Metas e Objetivos Organizacionais ................................... 125

4.2.3.5 Criação da Estratégia Organizacional .............................................................. 126

4.2.3.6 Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação ............................ 127

4.2.3.7 Processo de Coleta de Informações .................................................................. 128

4.2.3.8 Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais ............................................... 129

4.2.3.9 Acesso às Informações Institucionais .............................................................. 130

4.2.3.10 Características dos Procedimentos e Regras .................................................... 131

4.2.3.11 Relatórios Prospectivos na Organização .......................................................... 132

4.2.3.12 Monitoramento da Concorrência ...................................................................... 133

4.2.4 Resumo das Características dos Atributos Gerenciais relacionados aos Processos Organizacionais .............................................................................. 134

4.2.5 Atributos Gerenciais Relacionados à Gestão do Tempo ............................. 137

4.2.5.1 Previsão de Eventos ......................................................................................... 137

4.2.5.2 Inovação em Produtos e Serviços ..................................................................... 138

4.2.5.3 Características das Informações Formais em Circulação ................................. 139

4.2.6 Resumo das Características dos Atributos Gerenciais relacionados à Gestão do Tempo ............................................................................................. 140

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................142 REFERÊNCIAS ...........................................................................150 ANEXO A – Autorização para a Pesquisa na PUCPR ...........................155 ANEXO B – Carta-Convite aos Gestores ............................................156 ANEXO C – Formulário de Pesquisa .................................................157

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Categorias Analíticas em Estudo ..................................................................93

Quadro 01 – Moldura Organizacional da Inteligência Empresarial ..................................50

Quadro 02 – Tipos e Técnicas de Tomada de Decisão ....................................................58

Quadro 03 – Características de Organizações Acadêmicas e Burocracias

Tradicionais ..................................................................................................75

Gráfico 01 – Distribuição por Setor de Atuação .............................................................100

Gráfico 02 – Distribuição por Formação Acadêmica Completa .....................................101

Gráfico 03 – Distribuição por Gênero .............................................................................103

Gráfico 04 – Distribuição por Faixa Etária ......................................................................104

Gráfico 05 – Distribuição por Tempo de Trabalho .........................................................105

Gráfico 06 – Distribuição por Carga Horária ..................................................................106

Gráfico 07 – Postura dos Gestores Diante do Risco ........................................................109

Gráfico 08 – Disseminação de Resultados ......................................................................110

Gráfico 09 – Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano ..................................111

Gráfico 10 – Utilização das Ferramentas de TIC ............................................................112

Gráfico 11 – Capacitação dos Recursos Humanos ..........................................................113

Gráfico 12 – Relacionamento com os Clientes ................................................................114

Gráfico 13 – Redes de Relacionamento Social ................................................................115

Gráfico 14 – Necessidades de Informação ......................................................................116

Gráfico 15 – Postura Diante de Novas Oportunidades ....................................................117

Gráfico 16 – Lealdade aos Objetivos Organizacionais ....................................................118

Gráfico 17 – Confidencialidade das Informações Estratégicas .......................................119

Gráfico 18 – Partilha de Informações entre os Setores ....................................................120

Gráfico 19 – Instabilidade Ambiental ..............................................................................123

Gráfico 20 – Fluxo de Informações ..................................................................................124

Gráfico 21 – Processo de Planejamento Estratégico ......................................................125

Gráfico 22 – Características das Metas e Objetivos Organizacionais ............................126

Gráfico 23 – Criação da Estratégia Organizacional .......................................................127

Gráfico 24 – Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação .......................128

Gráfico 25 – Processo de Coleta de Informações ............................................................129

Gráfico 26 – Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais .........................................130

Gráfico 27 – Acesso às Informações Institucionais .........................................................131

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Gráfico 28 – Características dos Procedimentos e Regras ..............................................132

Gráfico 29 – Relatórios Prospectivos na Organização ....................................................133

Gráfico 30 – Monitoramento da Concorrência ................................................................134

Gráfico 31 – Previsão de Eventos ....................................................................................138

Gráfico 32 – Inovação em Produtos e Serviços ...............................................................139

Gráfico 33 – Características das Informações Formais em Circulação ...........................140

Tabela 01 – Histórico do Número de Vagas e Inscritos em Vestibulares ........................83

Tabela 02 – Histórico do Número de Docentes da PUCPR .............................................84

Tabela 03 – Distribuição dos Docentes Segundo a Classe de Carreira ............................85

Tabela 04 – Distribuição dos Professores Segundo a Carga Horária ...............................85

Tabela 05 – Distribuição dos Professores Segundo o Período de Admissão ..................85

Tabela 06 – Histórico do Percentual de Docentes segundo a Qualificação .....................86

Tabela 07 – Histórico do Número de Funcionários da PUCPR .......................................86

Tabela 08 – Histórico da Relação Aluno/Funcionário na PUCPR ...................................86

Tabela 09 – Capacitação de Recursos Humanos na PUCPR ...........................................87

Tabela 10 – Distribuição por Setor de Atuação .............................................................100

Tabela 11 – Distribuição por Formação Acadêmica Completa .....................................101

Tabela 12 – Distribuição por Formação Acadêmica Incompleta ...................................102

Tabela 13 – Distribuição por Gênero .............................................................................102

Tabela 14 – Distribuição por Faixa Etária ......................................................................103

Tabela 15 – Distribuição por Tempo de Trabalho .........................................................104

Tabela 16 – Distribuição por Carga Horária ...................................................................105

Tabela 17 – Postura dos Gestores Diante do Risco ........................................................109

Tabela 18 – Disseminação de Resultados ......................................................................109

Tabela 19 – Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano ..................................110

Tabela 20 – Utilização das Ferramentas de TIC ............................................................111

Tabela 21 – Capacitação dos Recursos Humanos ...........................................................112

Tabela 22 – Relacionamento com os Clientes ................................................................113

Tabela 23 – Redes de Relacionamento Social ................................................................114

Tabela 24 – Necessidades de Informação ......................................................................115

Tabela 25 – Postura Diante de Novas Oportunidades ....................................................116

Tabela 26 – Lealdade aos Objetivos Organizacionais ....................................................117

Tabela 27 – Confidencialidade das Informações Estratégicas .......................................119

Tabela 28 – Partilha de Informações entre os Setores.....................................................120

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Tabela 29 – Instabilidade Ambiental ..............................................................................123

Tabela 30 – Fluxo de Informações .................................................................................124

Tabela 31 – Processo de Planejamento Estratégico ......................................................125

Tabela 32 – Características das Metas e Objetivos Organizacionais ............................126

Tabela 33 – Criação da Estratégia Organizacional .......................................................127

Tabela 34 – Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação .......................128

Tabela 35 – Processo de Coleta de Informações ............................................................129

Tabela 36 – Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais .........................................129

Tabela 37 – Acesso às Informações Institucionais .........................................................130

Tabela 38 – Características dos Procedimentos e Regras ..............................................131

Tabela 39 – Relatórios Prospectivos na Organização ....................................................133

Tabela 40 – Monitoramento da Concorrência ................................................................134

Tabela 41 – Previsão de Eventos ....................................................................................138

Tabela 42 – Inovação em Produtos e Serviços ...............................................................138

Tabela 43 – Características das Informações Formais em Circulação ...........................139

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APC Associação Paranaense de Cultura

Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEs Comissão de Especialistas do Ministério da Educação

CIA Central de Inteligência Americana (EUA)

ENC Exame Nacional de Cursos (Provão)

Finep Financiadora de Estudos e Projetos

IES Instituição de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

ONG Organização Não-Governamental

P&D Planejamento e Desenvolvimento

Paiub Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras

PIMs Profit Impact of Market Strategy

PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná

SCIP Society of Intelligence Competitive

Sesu Secretaria de Ensino Superior

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

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1 INTRODUÇÃO

Este estudo de caso objetiva caracterizar as práticas de Inteligência Empresarial,

como suporte ao Processo Decisório Estratégico, a partir de atributos gerenciais

relacionados à Competência das Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do

Tempo. Como uma das práticas da Gestão do Conhecimento, a Inteligência Empresarial

subsidia os administradores com informações acuradas e relevantes com o objetivo de

reduzir as incertezas associadas ao processo de tomada de decisão estratégicas.

O tema em estudo é apresentado no Capítulo 1, assim como o objetivo da pesquisa e

sua justificativa. Nele estão a pergunta de pesquisa, as etapas a serem vencidas e os

objetivos específicos para se alcançar o objetivo geral deste estudo.

A revisão de literatura, presente no Capítulo 2, versa sobre Inteligência Empresarial e

Processo Decisório Estratégico em Instituições de Ensino Superior. Para contextualizar o

ambiente no qual está inserida a instituição universitária em estudo, a PUCPR campus

Curitiba, também são apresentadas as características da gestão universitária e entidades

sem fins lucrativos.

A metodologia de pesquisa está presente no Capítulo 3, com o método de análise, as

definições constitutivas e operacionais, a delimitação da pesquisa, suas técnicas, assim

como as limitações deste estudo de caso. A análise dos dados coletados está presente no

Capítulo 4 e no Capítulo 5 estão as conclusões e as recomendações para estudos

posteriores.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Em um ambiente competitivo e globalizado, caracterizado por rápidas mudanças, a

sobrevivência de uma organização está relacionada a sua capacidade de interagir com os

anseios e as necessidades da sociedade (CASTELLS, 1999). Uma das principais

ferramentas de monitoramento ambiental é a Inteligência Empresarial caracterizada como

uma das práticas da Gestão do Conhecimento Organizacional (SANTOS et al, 2001).

As últimas décadas do século XX foram marcadas pela crescente importância da

Gestão do Conhecimento Organizacional, sobretudo a partir dos estudos do modelo

japonês de gestão empresarial (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). O objetivo da Gestão do

Conhecimento é identificar e institucionalizar o conhecimento das pessoas e incorporá-lo

às práticas de uma organização (STEWART, 1998).

A Gestão do Conhecimento Organizacional, segundo Santos et al (2001, p.34), “é um

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17

processo corporativo, focado na estratégia empresarial”. Tem como funções relacionadas

ao conhecimento: a criação e a captura como Aprendizagem Organizacional; a organização

e a codificação como Inteligência Empresarial; a disseminação como Educação

Corporativa; a avaliação como Gestão de Competências e a mensuração como Capital

Intelectual. A Inteligência Empresarial resulta da necessidade da organização manter um

aprimoramento contínuo das mudanças ambientais, com suas oportunidades e ameaças,

visando uma rápida adaptação e potencializando sua capacidade de inovar

(TARAPANOFF, 2002). Vários autores estão desenvolvendo esses conceitos no meio

empresarial, entre eles, Nonaka e Takeuchi (1997), Senge (2002), Stewart (1998), Sveiby

(1998).

A Inteligência Empresarial é definida como um processo sistemático e contínuo de

definição de necessidades, coleta, armazenamento, análise, disseminação e avaliação de

informações sobre o meio ambiente organizacional interno e externo visando dar suporte

ao Processo Decisório Estratégico em vista de manter ou melhorar a estabilidade e a

competitividade de uma organização (MAGALHÃES, 2004).

Outras variações para o termo Inteligência Empresarial, segundo Santos et al (2001)

e Tarapanoff (2002), são: Inteligência Competitiva, Inteligência Organizacional,

Technology Watch, Competitor Intelligence, Veille Technologique, Veille Stratégique,

Intelligence Economique, Intelligence Concurrencielle.

As práticas de Inteligência Empresarial também estão vinculadas às etapas do

Processo Decisório Estratégico, como coleta, análise e disseminação de dados e

informações. Sua localização, no âmbito da empresa, bem como seu grau de estruturação

depende de fatores como cultura organizacional e modelos de gestão. A função das práticas

da Inteligência Empresarial é a de subsidiar os executivos de uma organização em suas

decisões estratégicas com informações relevantes e oportunas.

O monitoramento ambiental, que é a aquisição de informação do ambiente externo, é

fundamental para a sobrevivência de uma instituição. A Inteligência Empresarial faz isso

por meio da estruturação de seu processo de identificação da necessidade de informação,

coleta e disseminação das mesmas, de maneira apropriada e eficaz, aos decisores de uma

organização.

Pela inexistência de um processo sistemático e formalmente estruturado de

Inteligência Empresarial na instituição em estudo, procurou-se investigar suas práticas por

meio de atributos gerenciais relacionados às Competências das Pessoas, aos Processos

Organizacionais e à Gestão do Tempo. Os atributos gerenciais relacionados às pessoas

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versam sobre a capacidade de resposta, a disseminação de informação, o uso das

ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), a utilização das redes de

relacionamento social, o atendimento ao cliente, a capacitação pessoal, a disposição ao

risco, o grau de lealdade aos objetivos organizacionais. Os atributos gerenciais

relacionados aos Processos Organizacionais versam sobre a resposta às mudanças

ambientais, o planejamento estratégico, as metas e regulamentos, a aprendizagem

organizacional, o acesso às informações, as características das regras e procedimentos

institucionais, e o monitoramento da concorrência. Os atributos gerenciais relacionados à

Gestão do Tempo versam sobre o grau de previsibilidade das mudanças, os aspectos de

inovação e as características da informação. A identificação desses atributos gerenciais

relacionados às Competências das Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do

Tempo é fundamental para a caracterização das práticas de Inteligência Empresarial. Nesse

estudo procurou-se investigar as características destes atributos gerenciais em uma

Instituição de Ensino Superior, e como as mesmas estão relacionadas com o Processo

Decisório Estratégico.

Em relação às instituições de Ensino Superior, que possuem um modelo gerencial

atípico, como a anarquia organizada ou a burocracia profissional (CASTILHO, 2004), é

necessário compreender as características do Processo Decisório Estratégico.Este estudo

versa sobre as características da Inteligência Empresarial, visando identificar seus níveis de

estruturação, sistematização e uso efetivo na organização por meio das práticas gerenciais

relacionadas ao Processo Decisório Estratégico. Compreende-se por estruturação, fazer ou

formar uma estrutura formal relacionada à Inteligência, envolvendo pessoas e recursos

computacionais. Sistematização significa reduzir diversos elementos a um sistema, ou

ainda, sistematizar práticas dispersas na instituição. O uso efetivo refere-se à aceitação

pelos administradores de estruturas e sistemas implantados na instituição. Além disso, é

necessário que as práticas de Inteligência Empresarial estejam alinhadas às estratégias da

organização.

Naturalmente, a localização da Inteligência Empresarial é a alta administração,

devido à sua proximidade ao Processo Decisório Estratégico de uma instituição. Também

podem existir outras estruturas descentralizadas de Inteligência, de acordo com as

estratégias empresariais definidas e características da estrutura da organização. A

Inteligência Empresarial realiza constantemente o monitoramento ambiental e sua função é

elaborar cenários e relatórios prospectivos, e geralmente, está atrelada às ferramentas de

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de última geração. Segundo Tarapanoff

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(2002), para ter Inteligência é preciso contar com uma infra-estrutura de comunicações

como base, utilizar hardwares e softwares e gerar conteúdos informacionais. A integração

destes elementos requer uma gestão eficaz da informação.

Entre as práticas da Inteligência Empresarial estão: o processo de identificação dos

principais responsáveis pelas decisões estratégicas e suas necessidades de conhecimento; a

coleta propriamente dita de dados e informações sobre determinada questão; a análise dos

dados e informações e sua transformação em Inteligência; a disseminação da Inteligência,

pelos meios e formatos mais adequados aos responsáveis pelas decisões.

O resultado da análise de dados e informações coletados é disseminado em relatórios

prospectivos e recomendações sobre o futuro para os administradores. Seu principal

objetivo é antecipar ameaças e identificar oportunidades para a organização. Esta atividade

está baseada nas necessidades de informação e identificação dos responsáveis, que irão

subsidiar as decisões estratégicas. Pressupõe o desenvolvimento de uma estratégia e

sistemas de apoio ao Processo Decisório Estratégico. Isso é visto como um processo

analítico, algo inacabado e contínuo, pois a disseminação de documentos prospectivos aos

principais decisores acaba gerando novas demandas por informação.

Os estudos sobre a teoria organizacional de Herbert Simon (1970) estão focados no

comportamento das pessoas na resolução de problemas, que envolve: (i) a escolha de

assuntos que exigem o estabelecimento de metas e (ii) a projeção de alternativas de ação

que sejam satisfatórios. O Processo Decisório Estratégico engloba três atividades:

identificação de necessidades, elaboração de cenários de ação e escolha da melhor

alternativa de ação.

As alternativas de ação resultante do Processo Decisório Estratégico influenciam o

comportamento das pessoas na organização. A principal tarefa do administrador é reduzir o

grande número de alternativas para a melhor e mais satisfatória ação, visto que não há

tempo e recursos suficientes para analisar exaustivamente todas as opções possíveis

buscando eliminar a incerteza e o risco dos negócios. A racionalidade limitada, segundo

Simon (1970), é uma realidade, pois os administradores têm uma capacidade restrita de

processar o conhecimento que eles detêm, além de não compreender a reação dos outros e

de predizer eventos futuros.

As fases do processo decisório são: identificação da necessidade da decisão,

elaboração de critérios e sub-critérios e a definição de alternativas de ação. A prática de

tomada de decisão, segundo Saaty (1991), está ligada à avaliação das alternativas, visando

satisfazer o conjunto dos critérios estabelecidos. A melhor alternativa de ação está

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relacionada à satisfação do maior número no conjunto de objetivos estabelecidos.

Desde a década de 1990, com a crescente valorização do capital humano e o

crescimento da concorrência, as organizações sem fins lucrativos passaram a adotar o

modelo de gestão das empresas lucrativas, geralmente sem as devidas adaptações ao

universo gerencial destas organizações.

A teoria administrativa, em sua origem, estava focada na gestão de empresas

comerciais e estatais. Com a queda nos investimentos em ações de caridade e o risco de

perda de direitos de organizações filantrópicas, há um movimento crescente de adoção de

práticas gerenciais de empresas públicas e privadas, por entidades sem fins lucrativos. Essa

realidade teve início na década de 1960. Tradicionalmente estas instituições não se

preocupam com questões financeiras, como rentabilidade ou retorno sobre investimento,

mas a falta de recursos está exigindo uma gestão profissional. Por isso, é pertinente a

adoção de práticas de Inteligência Empresarial quer para se proteger dos riscos do

mercado, quer para otimizar as oportunidades de negócios. Segundo Drucker (1995), o fato

destas instituições não possuírem um lucro convencional é um imperativo para a exigência

de uma gestão profissional. A PUCPR, objeto deste estudo, é integrante do chamado

Terceiro Setor por ser uma instituição filantrópica e comunitária.

A escolha da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), campus Curitiba,

deve-se principalmente aos seguintes fatos: ao reduzido número de estudos que investigam

a realidade de Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos no que concerne às

práticas de Inteligência Empresarial; a significativa participação deste tipo de organização

no conjunto das instituições de Ensino Superior no país; e a PUCPR ser a maior instituição

privada sem fins lucrativos de Ensino Superior do Estado do Paraná, assim como pela

maior facilidade de acesso aos dados e informações institucionais.

A PUCPR é classificada como uma Instituição de Ensino Superior filantrópica,

comunitária e confessional. Em 2003, ela registrou mais de 20 mil alunos de graduação em

mais de 50 cursos. Acompanhando as oportunidades de mercado, a PUCPR elaborou seu

Plano Estratégico para o horizonte até 2010, constituiu a Aliança Saúde em 1999 com a

Santa Casa de Misericórdia de Curitiba para expandir sua área de formação em saúde e

implementou novos campi no interior do estado, em Toledo, Londrina e Maringá. Esse

processo de interiorização havia iniciado em 1991 com o campi em São José dos Pinhais.

A partir da década de 1990, a PUCPR consolidou seu projeto universitário como uma

entidade de ensino, pesquisa e extensão, com a criação de vários cursos stricto sensu, a

implantação de projetos comunitários e ambientais e a abertura de diversos cursos de

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graduação. Neste mesmo período, o Governo Federal incentivou a criação de centenas de

instituições de Ensino Superior no país para atender uma demanda reprimida de

acadêmicos egressos do ensino médio.

1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

Este estudo aborda as práticas da Inteligência Empresarial relacionadas ao Processo

Decisório Estratégico de uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos. Essa

investigação se dá por meio de atributos gerenciais relacionados às Competências das

Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo. Neste contexto, temos como

problema de pesquisa:

Como as práticas de Inteligência Empresarial contribuem para o Processo

Decisório Estratégico em uma instituição sem fins lucrativos de Ensino Superior?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é caracterizar a contribuição das práticas da Inteligência

Empresarial para o Processo Decisório Estratégico de uma Instituição sem fins lucrativos

de Ensino Superior, por meio de atributos relacionados às Competências das Pessoas, aos

Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo.

1.3.2 Objetivos Específicos

Para atingir o objetivo geral, são enumerados os seguintes objetivos específicos:

• Descrever as práticas de Inteligência Empresarial;

• Descrever os atributos gerenciais relacionados às Competências das

Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo inerentes ao

Processo Decisório Estratégico;

• Identificar as características do Processo Decisório Estratégico em

instituições sem fins lucrativos de Ensino Superior;

• Caracterizar as contribuições das práticas de Inteligência Empresarial

desenvolvidas na PUCPR em seu Processo Decisório Estratégico.

1.4 JUSTIFICATIVA

A Inteligência Empresarial, compreendida como um processo de monitoramento

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ambiental cujas informações dão suporte ao Processo Decisório Estratégico, possui

algumas práticas gerenciais que facilitam a sobrevivência em um mercado competitivo,

quer aproveitando eficazmente as oportunidades de negócios, quer se protegendo dos

avanços da concorrência e das mudanças ambientais.

As mudanças sociais ocorridas nos últimos 50 anos exigem uma nova postura das

Instituições de Ensino Superior, sobretudo as sem fins lucrativos. Segundo Castells (1999,

p.22), as principais características do atual contexto são o gerenciamento flexível, a

descentralização e a organização em redes das empresas, um considerável fortalecimento

do papel do capital e o conseqüente enfraquecimento dos movimentos trabalhistas. O

aumento da concorrência econômica global promove a diferenciação dos cenários

geográficos e culturais para a acumulação e a gestão de capitais.

Neste contexto de globalização e competitividade, as Instituições de Ensino Superior

não podem ficar apenas com as fatias de mercado conquistadas e nas atuais posições

competitivas. Entre os grandes desafios administrativos das Instituições de Ensino Superior

está a diminuição dos custos operacionais e a melhoria de seu desempenho global,

incluindo a melhoria de seu processo de ensino-aprendizagem.

A Administração Científica, desde Taylor (1970), está criando ferramentas para uma

gestão mais rentável e mais eficiente. As premissas do pensamento taylorista marcaram o

ambiente empresarial no século XX. Entre essas modernas ferramentas de gestão está a

Inteligência Empresarial. O pensamento de Fayol (1975) estava focado em disseminar o

ensino da administração nas escolas, criando gestores profissionais. Estes princípios

gerenciais, nos últimos 30 anos, estão também sendo aplicados às organizações sem fins

lucrativos.

A base da economia mundial, desde a década de 1970, está passando por uma

revolução em seus princípios e aplicações. Houve um significativo desinvestimento em

instituições sem fins lucrativos que estão buscando profissionalizar sua gestão em vista da

sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo. Há um crescente interesse em

adaptar os princípios tradicionais da administração científica para as instituições sem fins

lucrativos em vista de sua rentabilidade.

As primeiras tentativas sistematizadas de operacionalização dos princípios das

teorias organizacionais, à realidade da administração educacional, surgiram na década de

1930 (SANDER, 1995). Com o objetivo de promover uma gestão universitária profissional

e inovadora são aplicados os mesmos princípios administrativos empresariais,

independentes da natureza e objetivos da organização. Mas, as Instituições de Ensino

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Superior sem fins lucrativos possuem características administrativas próprias.

Em uma era dominada pelos recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação

(TIC), e pelos efeitos de uma economia globalizada, as práticas gerenciais exigem

profissionalismo e competência, além de agilidade e rapidez em seus processos. As

práticas da Inteligência Empresarial têm a função de subsidiar eficazmente o Processo

Decisório Estratégico fazendo com que uma instituição aproveite melhor as oportunidades

e reduza os riscos associados a seus negócios. As ferramentas de TIC, quando alinhadas ao

Plano Estratégico da instituição, são capazes de potencializar as práticas de gestão no

tocante ao uso da informação e do conhecimento (TERRA, 2002).

Desde a década de 1990, a Inteligência Empresarial, entendida como uma das

práticas da Gestão do Conhecimento, está sendo incorporada à evolução da gestão de

organizações, com ou sem fins lucrativos.

O atual contexto, segundo Tarapanoff (2002), é o da sociedade da informação e do

conhecimento que sintetiza, mas não esgota, as novas diretrizes e orientações da

organização voltada para o aprendizado, a competitividade, a universalização e a inovação,

sobretudo porque utiliza a informação como o seu principal recurso.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O referencial teórico aborda assuntos relacionados ao Processo Decisório Estratégico

e suas ferramentas de suporte, sobretudo a Inteligência Empresarial. Também são

apresentadas as características da gestão universitária, os fundamentos da Gestão do

Conhecimento, e as características das instituições sem fins lucrativos. Finalmente, são

apresentadas as características de uma Instituição de Ensino Superior privada, sem fins

lucrativos, comunitária e confessional.

2.1 PLANEJAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL

O planejamento estratégico empresarial evoluiu das preocupações financeiras a curto

prazo, condição essencial para a consolidação e crescimento de uma organização, para uma

visão mais sofisticada de previsão de cenários futuros de negócios. Na década de 1950

surgiram novas ferramentas para promover o planejamento a longo prazo. Em 1960, vários

elementos foram incorporados às técnicas do planejamento com a pretensão de

compreender melhor o ambiente no qual as organizações estão inseridas.

Uma das funções mais importantes em uma organização é tomar decisões. O

processo decisório está onipresente nos vários níveis da organização. A estratégia

empresarial perpassa o processo decisório, visto que ela deve assegurar a coerência entre

meios e fins, entre recursos disponíveis e objetivos desejados, mobilizando as pessoas em

determinada direção. O processo de elaboração do planejamento estratégico possibilita aos

colaboradores de uma organização visualizar a missão, os objetivos e os procedimentos

adotados, além de seus valores e crenças. Como resultado do Plano Estratégico são

formulados objetivos e metas a serem alcançados pela organização, assim como deixam

evidentes as forças e as fraquezas da corporação.

O planejamento estratégico é um processo constante da organização, contudo em

alguns momentos há a sua formalização em documentos, em formas de planos. Essa

separação entre planejamento e ação serve apenas para efeitos didáticos. As ações

estratégicas são desdobradas em ações táticas e operacionais na instituição, levando em

consideração as oportunidades e ameaças ambientais. Quem desenvolve a estratégia é a

alta administração tendo em vista as demandas de mercado, o comportamento dos

consumidores e os objetivos dos stakeholders.

Os estudos do economista Porter (1993; 1999) são bastante utilizados para definir o

cenário de negócios, assim como para fazer escolhas nas posturas estratégicas. Segundo

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Porter (1993; 1999) há algumas estratégias típicas: por foco, escopo ou diferenciação. De

posse dessas ferramentas, é possível implementar ações estratégicas que podem estar

associadas ao Processo Decisório Estratégico e às práticas de Inteligência Empresarial.

Um dos principais desafios administrativos é facilitar a aprendizagem

organizacional. Esse processo contínuo de melhoria das ações e atitudes, por meio do

conhecimento, é capaz de transformar a potencialidade do comportamento humano em

ações efetivas na empresa.

No processo de estruturação e sistematização da Inteligência Empresarial é

necessária a presença de analistas para validar as informações e dados desconexos que

foram coletados. Eles são capazes de anteceder inovações e ameaças. Além das empresas,

países também realizam atividades de Inteligência. Entre os cinco países com maior grau

de estruturação do processo de Inteligência estão Japão, Estados Unidos, Alemanha,

França e Grã-Bretanha, respectivamente (MILLER, 2002, p.50). Aspectos da cultura

nacional em relação à informação e educação são facilmente transpostos ao ambiente do

trabalho pelos gestores em seu nível de prioridade à leitura, educação e informação.

A partir da Segunda Guerra Mundial, houve a transposição de algumas técnicas

militares, típicas dos esforços de inteligência, para o ambiente privado. Em sua origem, o

planejamento estratégico estava centrado em princípios da ação militar. Um dos objetivos

do uso da Inteligência Empresarial é prever a ação da concorrência (inimigo), suas forças e

fraquezas a fim de realizar um ataque surpresa e conquistar territórios (fatias de mercado).

Esse processo foi impulsionado, a partir da década de 1990, pela evolução da Tecnologia

da Informação e Comunicação (TIC), em um momento em que o ambiente empresarial

tornou-se mais competitivo e globalizado. A abundância de informações também exige um

tratamento acurado para separar as mais relevantes e fundamentais para os negócios da

organização.

No atual cenário, as ameaças e oportunidades podem estar em regiões longínquas do

mundo e podem emergir a qualquer momento. Podem estar escondidas em culturas

diferentes e lugares distantes. Na década de 1990, os sete tigres asiáticos causaram um

furor no mercado internacional, a partir de uma série de decisões históricas em vista do

aumento da produtividade. As crises do México e da Rússia quase solaparam os mercados

internacionais na década de 1990. O monitoramento ambiental é importante para se prever

crises como essas.

Com o crescimento da importância da Gestão do Conhecimento Organizacional será

possível criar empresas inteligentes e que aprendem, mais dinâmicas e ativas diante das

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demandas do mercado. Neste cenário, as práticas de Inteligência Empresarial tendem a ser

mais estruturadas, sistematizadas e efetivamente utilizadas. A previsão de eventos futuros e

a recomendação de atitudes prospectivas são o principal objetivo das práticas da

Inteligência Empresarial.

Atualmente milhares de dados e informações estão disponíveis. É preciso saber o que

realmente importa para a administração estratégica, eliminando os ruídos de comunicação.

Com a estruturação dos processos de Inteligência Empresarial é possível filtrar os dados e

informações mais relevantes e transformá-los em conhecimento. Na Era da Gestão do

Conhecimento, as organizações que mantiverem uma atitude prospectiva no mercado, e

tomarem as decisões na velocidade adequada, tendem a criar uma vantagem competitiva.

As primeiras ferramentas de elaboração do planejamento estratégico estavam

fundadas em um ambiente pouco mutável. Acreditava-se na possibilidade de analisar as

características do ambiente, levantar dados dos concorrentes, e definir a melhor estratégia

para os produtos e serviços de uma empresa para um longo período de tempo. A reação da

concorrência era lenta e gradual. Essas ferramentas, focadas sobretudo em fatores

econômicos, mostram-se insuficientes em um ambiente mutável e competitivo. A partir da

década de 1990, o tempo de obsolescência de produtos e serviços é muito rápido. A

inovação constitui o diferencial na concorrência por fatias de mercado e outro fator que

influencia as práticas da Inteligência Empresarial está associado à disposição ao risco e a

percepção das incertezas ambientais.

Nos últimos anos, para Mintzberg (1995), houve uma queda do planejamento e a

ascensão da estratégia. Não há mais tempo suficiente para elaborar previamente todas as

alternativas possíveis para uma ação empresarial. A estratégia passou a agir e a processar

informações que constantemente chegam do mercado. Assim, supera-se historicamente a

dicotomia entre o planejamento e sua implementação.

2.2 ORGANIZAÇÃO NA ERA DO CONHECIMENTO

Desde o período grego, o conhecimento é tema central na filosofia. Segundo

Crawford (1994), em cada ciclo da civilização, como a sociedade primitiva, a agrícola, a

industrial, e a atual era do conhecimento, prevaleceu um determinado tipo de valor.

Enquanto que na sociedade primitiva a matemática e a agronomia eram valorizadas, na

sociedade industrial, os fundamentos estavam na física e química. Na atual sociedade do

conhecimento, a base de conhecimento está na eletrônica quântica, na biologia molecular e

na ecologia.

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Segundo Castilho (2004), a sociedade do conhecimento foi predita por Daniel Bell,

sociólogo americano, em 1976. Segundo Bell, a transformação econômica apontava para

uma transposição de ordem industrial, centrada na produção de bens de consumo, para uma

economia centrada no trabalho com as idéias, fortemente baseada na comunicação.

A Inteligência Empresarial, como uma das práticas da Gestão do Conhecimento

Organizacional, é uma disciplina gerencial nascente que reflete a atual necessidade das

empresas em estabelecer métodos eficazes para o gerenciamento de informações e

conhecimentos, que depois de colhidos, analisados, interpretados e sistematizados, podem

auferir uma vantagem competitiva para a organização. A implantação desse novo modelo

organizacional, em que o conhecimento gera riqueza, exige algumas mudanças nos

paradigmas da organização, ou seja, a quebra de modelos e padrões. Segundo Senge (2002,

p.23), “só mudando nossas formas de pensar é que podemos modificar políticas e práticas

profundamente enraizadas. Só mudando nossa forma de interagir poderemos estabelecer

visões e compreensões compartilhadas, e novas capacidades de ação coordenada”. Na nova

economia, exige-se uma nova mentalidade nas organizações que são mais favoráveis ao

fluxo das informações e dados dotados de relevância e transformados em Inteligência. Isso

para dar suporte à era da competência gerencial (Tarapanoff, 2002).

A passagem do pensamento cartesiano ao pensamento sistêmico é um dos maiores

desafios das práticas da Gestão do Conhecimento Organizacional, pois implica mudar a

maneira como os indivíduos percebem o mundo. Nas empresas, há uma exigência por uma

mudança cultural, pois em uma organização que aprende, as pessoas estão alterando

continuamente a sua realidade pela incorporação de novas idéias.

O objetivo das práticas da Gestão do Conhecimento Organizacional é otimizar o

processo gerencial, assim como oferecer roteiros de ação. Para Davenport e Prusak (1998,

p.13), “roteiros são padrões de experiência interiorizada, caminhos em meio a um labirinto

de alternativas, poupando-nos o trabalho de conscientemente analisar e escolher a cada

passo dado ao longo do caminho”. A vantagem do s roteiros é agilizar a velocidade da

empresa, pois padroniza as respostas e implanta uma rotina de trabalho. Todavia, esses

roteiros devem ser flexíveis para suportar mudanças e novas adaptações.

Ser gerente significa ter o controle e decidir sobre os rumos dos negócios. As

premissas da Gestão do Conhecimento Organizacional, como o pensamento sistêmico, o

domínio pessoal, os modelos mentais, a visão compartilhada, a aprendizagem em equipe,

apontam para novos rumos. Para Senge (2002, p.38), as organizações que realmente terão

sucesso no futuro serão aquelas em que se cultivam nas pessoas o comprometimento e a

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capacidade de aprender em todos os níveis da organização.

Uma das características da Gestão do Conhecimento Organizacional é o

comprometimento de todos os setores da organização na implementação das estratégias

empresariais. Segundo Senge (1992), quando os membros de uma organização

concentram-se apenas em sua função, eles não se sentem responsáveis pelos resultados a

não ser quando todas as funções atuam em conjunto. Por meio dos recursos da tecnologia

da informação e comunicação é possível a implantação de técnicas de disseminação de

conhecimento dentro da empresa, e isso pode ser facilitado pela criação de Portais

Corporativos (TERRA, 2002). A capacitação multifuncional é uma das premissas para a

incorporação das melhores práticas gerenciais e para o desenvolvimento dos ativos

intangíveis na organização.

2.2.1 As Características do Conhecimento

Segundo Nonaka e Takeuchi (1998), o filósofo Platão concebia o conhecimento

como uma crença verdadeira e justificada. O conhecimento é um processo humano e

dinâmico que é capaz de justificar a crença pessoal em relação à verdade. Ele está

relacionado à ação e apresenta-se em duas formas: explícito e tácito. O primeiro pode ser

expresso pela linguagem oral ou escrita. O tácito é fruto da experiência pessoal e envolve

crenças e valores. O conceito de conhecimento tácito tem sua origem nas pesquisas na

teoria da informação e da cibernética, e é algo pessoal, formado dentro de um contexto

social e individual. Os conhecimentos tácito e explícito estão presentes nos dados e

informações que subsidiam o Processo Decisório Estratégico de uma organização.

A nova riqueza no século XXI provém do conhecimento das pessoas na organização.

Segundo Stewart (1998), o conhecimento e a informação – não apenas o conhecimento

científico, mas a notícia, a opinião, a diversão, a comunicação e o serviço – tornaram-se as

matérias-primas básicas e um dos produtos mais importantes na nova economia. Compra-

se e vende-se conhecimento o tempo todo, pois há muito conhecimento embutido nos

atuais produtos e serviços. Deste modo, os principais ativos necessários à criação de

riqueza não são mais bens físicos, como a terra, ferramentas mecânicas ou fábricas, mas

são oriundos principalmente de ativos intangíveis oriundos do conhecimento. Esses ativos

são potencializados pelas modernas ferramentas da tecnologia da informação e

comunicação, organizados em sistemas de apoio à decisão, entre eles a Inteligência

Empresarial.

Nesse contexto, a noção de tempo e espaço na empresa também se modifica. Os

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modelos de abastecimento de insumos do tipo just-in-time estão presentes em vários

setores da economia, com nas montadoras de automóveis, cujos princípios passam a ser

incorporados pelos analistas em Inteligência. Isso exige uma nova cultura organizacional,

não mais derivada basicamente de uma empresa composta de ativos físicos e uma série de

operários, sob a coordenação de um supervisor, mas em uma organização que responde em

tempo real às necessidades do mercado e dos clientes. Além disso, ela aprende com sua

experiência. Na Era do Conhecimento, a empresa depende de novas tecnologias, sobretudo

oriundas da informática, além de um ambiente de valorização do risco e da criatividade das

pessoas. A informação e o conhecimento podem ser tanto matéria-prima quanto produto do

trabalho, pois muitos dos conteúdos do conhecimento estão embutidos nos resultados. Esse

processo é cíclico.

As práticas de Inteligência Empresarial também podem estar associadas a fatores do

capital humano em uma instituição, pois é possível, a partir da análise dos dados e

informações, subsidiar políticas estratégicas de capacitação dos funcionários buscando

reduzir áreas de incerteza e lacunas de conhecimento.

Nas empresas tradicionais, similares à estrutura militar, as funções estavam

claramente definidas pela hierarquia e pelos procedimentos padronizados e rotineiros. Esse

ambiente estável está cedendo lugar a modos mais flexíveis de composição de equipes e

produção. Segundo Stewart (1998, p.58), a gestão do capital intelectual ainda é um oceano

recém-descoberto, que não consta no mapa, e poucos executivos entendem suas dimensões

ou sabem como navegá-lo. Entre as novas habilidades estão os ativos intelectuais

codificados, tais como patentes e direitos autorais, ou ainda valores subjetivos como

patrimônio de marca. A base de ativos também pode ser reforçada pelo treinamento e

capacitação dos profissionais modificando a curva de aprendizagem da organização. O

desafio na era atual é transpor o conhecimento, que é um ativo imanente de seres humanos,

para o ambiente organizacional de forma sistemática. As práticas de Inteligência

Empresarial podem contribuir para a criação de um ambiente de valorização e mensuração

do capital humano, estrutural e dos clientes, além da estruturação e sistematização de

processos gerenciais.

Há uma crescente complexidade na evolução de dados à inteligência na organização.

Cada um destes elementos – dados, informação, conhecimento e inteligência – possui um

grau de complexidade que alimenta o Processo Decisório Estratégico da organização.

Dados são sinais que não foram processados, correlacionados, avaliados ou interpretados.

É a matéria-prima utilizada na produção das informações. A informação é o processo de

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transformação que envolve a aplicação de alguns procedimentos, como formatação,

tradução, fusão, impressão, para que os dados sejam exibidos em uma forma inteligível às

pessoas que vão utilizá-los. O conhecimento pode ser definido como informações que

foram avaliadas em sua relevância e importância, e são utilizadas pelos que assessoram as

decisões em busca das respostas ou soluções mais adequadas à cada situação. Na

hierarquia do fluxo de informações que subsidia o Processo Decisório Estratégico está a

Inteligência que é o conhecimento em um contexto relevante e que permite atuar com

vantagem competitiva no ambiente. Esse processo é realizado por meio de sínteses, um

processo eminentemente humano, mesmo que envolva o uso intensivo de novas

tecnologias. O desenvolvimento do capital humano está no centro das práticas da

Inteligência Empresarial.

Segundo Sveiby (1998), o conhecimento possui algumas características: (i) é tácito,

pois os indivíduos mudam ou adaptam os conceitos à luz de suas experiências e

reinterpretam a linguagem utilizada para expressá-lo; (ii) é orientado à ação, pois é

dinâmico e novos conhecimentos são constantemente gerados por meio da análise das

impressões sensoriais dos indivíduos; (iii) é sustentado por regras, pois o cérebro humano

cria inúmeros padrões que agem como filtros inconscientes de procedimentos para lidar

com as situações, permitindo rapidez e eficácia na ação.

O maior desafio para as organizações no século XXI é a implantação de um sistema

eficiente de gerenciamento dos ativos intangíveis. O Capital Intelectual, segundo Stewart

(1998), pode assumir duas formas. Na primeira há um arcabouço quase permanente de

conhecimento ou expertise que cresce em torno de uma tarefa, uma pessoa ou uma

organização. Também pode ser a capacidade de comunicação ou de liderança, a

familiaridade com os processos organizacionais, valores e cultura da organização. No

segundo tipo de ativo, o conhecimento é constituído de ferramentas que aumentam esse

arcabouço de conhecimento, quer reunindo fatos, dados, informações, quer oferecendo

expertise a quem precise pela disseminação do conhecimento. Não basta ter depósitos de

conhecimento, é preciso saber usá-lo como vantagem competitiva. Os analistas de

inteligência, que dão suporte às práticas de Inteligência Empresarial, podem ser úteis na

gestão dos dados e informações fazendo com que sejam eficaz e eficientemente utilizados

pelos administradores.

O conhecimento é um dos poucos ativos que não se extingue pelo uso. Como ele é

intrínseco às pessoas, o desafio gerencial é implantar mecanismos para que ele se torne um

dos ativos permanentes da empresa. Como a função de todos os ativos empresariais é

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sempre gerar riqueza, o mesmo deve ocorrer com o capital intelectual, dos clientes e

estrutural (STEWART, 1998). O conhecimento é o conjunto total de cognição e

habilidades que os indivíduos utilizam para resolver problemas (PROBST, 2002). É

construído por indivíduos e representa suas crenças sobre relacionamentos causais.

O capital intelectual pode ser encontrado em três fontes: pessoas, estruturas e

clientes. Segundo Stewart (1998, p.67), a empresa européia Skandia foi a pioneira em

avaliar seus ativos intangíveis neste formato. Mas a inteligência dos indivíduos não

significa necessariamente que a organização seja mais eficiente e competente. Se isso fosse

verdadeiro, as universidades, que estão repletas de pessoas brilhantes, seriam o exemplo de

organização coletiva, mas isso não ocorre devido ao fraco fluxo de conhecimento entre os

diversos setores dessas organizações.

O capital estrutural está relacionado ao compartilhamento e transmissão de

conhecimento. Esses ativos intelectuais estruturais podem ser sistemas de informação,

laboratórios, análise competitiva e de mercado, conhecimento dos canais de mercado e

foco gerencial. Ele está a serviço do capital humano, que é a somatória das habilidades e

capacidades humanas. O capital do cliente é o valor dos relacionamentos de uma empresa

com as pessoas com as quais negocia.

Dois objetivos devem ser perseguidos na gestão do Capital Intelectual: (i) codificar

os arcabouços de conhecimentos a serem transferidos, e (ii) ligar as pessoas aos dados, aos

especialistas e suas competências em uma base just-in-time. Isso pressupõe características

na cultura organizacional que permita o livre fluxo de conhecimento visando novas idéias.

Há uma série de ferramentas que podem auxiliar nessa mudança cultural, entre elas,

treinamentos, pesquisas e o mapeamento de áreas de ignorância. Para aumentar o Capital

Intelectual é preciso que haja um ambiente de valorização humana e de confiança. Deste

modo, as idéias e contribuições pessoais podem fluir naturalmente. Um bom

relacionamento entre a alta administração e as gerências intermediárias também favorece a

criação de conhecimento e a integração entre as informações.

Como fontes de aprendizado organizacional está o estímulo ao trabalho em equipe,

às comunidades de prática e técnicas de partilha de experiências. As equipes

multidisciplinares podem captar, formalizar e capitalizar o talento individual em benefício

da organização. Deste modo, mesmo quando os membros da organização vão embora, é

possível manter o conhecimento. Para que isso ocorra, a empresa deve ser um local de

aprendizagem, ou seja, um ambiente propício para idéias novas e compartilhamento de

conhecimentos especializados entre as diversas áreas.

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O principal benefício da experiência é que ela proporciona uma perspectiva histórica

sob a qual podem ser compreendidos novos eventos e situações. Para Davenport e Prusak

(1998, p.9), “o conhecimento nascido da experiência reconhece padrões que nos são

familiares e pode fazer inter-relações entre aquilo que está acontecendo agora e aquilo que

antes aconteceu”. Em determinados momentos, as organizações conc orrentes podem

aumentar seus ativos intangíveis atraindo os melhores trabalhadores do conhecimento.

Esse fato demonstra a estrutura frágil em que está baseado o conhecimento organizacional,

enquanto este não for transferido das pessoas para a organização e disseminado entre seus

colaboradores. O único ativo intangível de propriedade da empresa é o estrutural. Mas

também é o mais pobre entre os capitais intangíveis.

O capital estrutural serve a dois objetivos, a saber, na formação de estoques de

conhecimento e no uso em tempo real. A gestão dos estoques de conhecimento utiliza uma

estrutura just-in-time para adicionar valor ao trabalho. Esse trabalho é customizado, pois é

imprevisível e incontrolável por qualquer sistema informatizado e exige a interferência

humana, sobretudo porque as informações mais importantes estão mais próximas dos

clientes. Deste modo, os capitais humano, estrutural e do cliente trabalham juntos e

interagem na criação de valor para a organização. As práticas de Inteligência Empresarial

podem ser capazes de transformar os estoques de conhecimento em importante insumo ao

Processo Decisório Estratégico.

Em termos de cultura organizacional, os capitais humano e estrutural reforçam-se

mutuamente quando há um senso de propósito partilhado na empresa e a gerência apóia a

agilidade na resposta operacional. Os valores de visão partilhada, abertura para novas

idéias e agilidade para tomada de decisões estão intimamente ligadas ao sucesso do

processo de Inteligência Empresarial. Há destruição de riqueza quando o ambiente não é

propício à inovação e à experimentação, ou a sua preocupação está focada apenas no

controle do comportamento. Na nova economia, o cliente pode ser uma das principais

fontes de riqueza, é por meio dele que chegam informações relevantes para a empresa de

forma ágil e com baixo custo.

Na teoria da criação de conhecimento organizacional de Nonaka e Takeuchi (1997),

há o processo contínuo de passagem do conhecimento tácito para explícito. Há quatro

modos para que isto ocorra: externalização, socialização, combinação e internalização. A

externalização utiliza metáforas, conceitos ou modelos para expressar o conhecimento por

via oral ou escrita. A socialização é um processo de compartilhamento de experiências. Na

combinação, os indivíduos trocam e combinam conhecimentos por meio de reuniões,

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documentos, conversas ao telefone ou redes de relacionamento sociais. Na internalização

aprende-se fazendo. Para os autores, esse conhecimento cresce constantemente em formato

de espiral.

Enfim, as práticas da Inteligência Empresarial pressupõem que a organização

valorize o aprendizado entre seus profissionais.

2.2.2 Organizações que Aprendem

Nas universidades, os profissionais do conhecimento gerenciam suas atividades com

elevado grau de autonomia e seu desempenho é averiguado por outros profissionais, pelos

clientes e pela alta administração. O crescimento da nova geração de trabalhadores do

conhecimento não significa a completa eliminação dos trabalhadores manuais ou de

escritório, pois algumas funções exigem presença física e constância. A substituição da

estrutura empresarial clássica, uma réplica das organizações militares com suas linhas de

comando, é uma exigência da nova economia e das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC). A sobrevivência de uma empresa está ligada à sua capacidade

inovadora e empreendedora. Como a velocidade de mudança em cada setor da indústria é

diferente, as práticas da Inteligência Empresarial estão mais sistematizadas em indústrias

mais competitivas como telecomunicações, informática e biotecnologia.

As ferramentas de TIC estão presentes, sobretudo, no suporte à gestão financeira das

empresas devido à sua capacidade de processamento de dados em curtos espaços de tempo.

Antes, por exemplo, eram exigidos vários dias e pessoas para conferir os dados das

principais análises de investimento como a taxa de retorno esperada; o período de retorno e

a expectativa de vida produtiva do investimento; o valor presente de todos os retornos

futuros, durante a vida produtiva do investimento; o risco de não efetuar ou retardar o

investimento; o custo e o risco da hipótese de fracasso; e, finalmente, o custo da

oportunidade. Atualmente, uma planilha eletrônica é capaz de processar essas equações

com muita rapidez. A interferência humana está voltada para a análise dos resultados e no

Processo Decisório Estratégico sobre as ações a serem tomadas.

Em alguns setores, o trabalho está migrando dos setores operacionais, para as

equipes concentradas em tarefas ou projeto. A administração continua sendo a responsável

pelas normas e padrões da organização, sendo suas principais funções o treinamento e a

disseminação do conhecimento de especialistas para os diversos setores. Neste novo

ambiente de negócios é exigido dos trabalhadores do conhecimento uma maior

autodisciplina para o trabalho e um gerenciamento das comunicações e dos

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relacionamentos. Em muitos casos, os profissionais estão interligados com as fontes de

dados da empresa pela Internet, enquanto trabalham em suas casas.

Os objetivos das organizações do conhecimento devem ser nítidos, simples e

facilmente transpostos em ações específicas. As práticas da gestão visam identificar essas

competências e transferi-las para os membros da organização. Isto facilita a distinção entre

o essencial e o acessório na gestão das empresas. Definidos os objetivos, o trabalho é

desenvolvido em torno das metas e atividades. Neste sentido, o autocontrole e auto-gestão

dos profissionais são essenciais para o sucesso dessa nova configuração. Entre os

principais desafios da era do conhecimento estão (i) desenvolvimento de recompensas,

reconhecimento e oportunidades de carreira para os especialistas; (ii) criação de visão

unificada da organização de especialistas; (iii) projeto da estrutura gerencial de uma

organização de forças-tarefas; (iv) certeza da seleção, preparação e teste do pessoal da alta

administração.

Em organizações que possuem trabalhadores do conhecimento, como universidades,

o alinhamento entre os objetivos da instituição e dos profissionais está centrado em questão

de significados, de gestão e de mensuração. O primeiro está relacionado ao sentido das

principais idéias das organizações em aprendizagem. O segundo envolve aspectos práticos

e cotidianos da administração empresarial. O terceiro está relacionado aos critérios de

medição e avaliação a partir de uma convenção social. As dificuldades relacionadas às

organizações que aprendem estão centradas em questões que não são facilmente

operacionais ou aplicáveis na prática. É preciso superar o aspecto de meras recomendações

sobre a Gestão do Conhecimento Organizacional para uma experiência empírica de

administração, com a finalidade de obter ganhos efetivos em termos de eficiência,

produtividade e eficácia. A Inteligência Empresarial pode ser implantada na empresa e

avaliada em termos de atributos gerenciais relacionados à competência das pessoas, aos

processos organizacionais e à gestão do tempo.

O principal objetivo da organização que aprende é sua disposição e habilidade em

criar, adquirir e disseminar conhecimentos, além de modificar o comportamento das

pessoas com a finalidade de incorporar os novos conhecimentos e idéias no cotidiano

organizacional. Nesse modelo de gestão, os profissionais compartilham conhecimentos e

experiências entre os membros da organização.

Entre as habilidades das organizações que aprendem estão algumas atividades, como

(i) solução de problemas de maneira sistemática; (ii) experimentação de novas abordagens,

aprendizado com as próprias experiências e antecedentes; (iii) aprendizado com as

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experiências e melhores práticas alheias; (iv) e transferência de conhecimentos rápida e

eficientemente para toda a organização. Estas etapas são complementadas pelas pessoas

com suas atitudes mentais, conjunto de ferramentas gerenciais e padrões de

comportamento.

O conhecimento está intimamente relacionado ao aprendizado, pois a melhor

maneira de desenvolver uma organização que aprende é produzir constantemente novas

idéias e novas abordagens da realidade. Em termos de novas idéias, o mais importante é

transformar descobertas e invenções em novas fontes de receita para a organização. O mais

importante é incorporar, na gestão cotidiana, sistemas e atividades que respaldam a

transferência da experiência e do aprendizado. Essa atitude prospectiva requer um

monitoramento ambiental constante.

O início do Processo Decisório Estratégico tem suas origens na identificação de

problemas ou oportunidades, e na necessidade de informação dos administradores. Essa

etapa é sistemática e constante. Os métodos de qualidade atualmente estão impregnados na

administração estratégica, constituindo um pressuposto para a implementação das práticas

da Inteligência Empresarial. Entre as premissas da qualidade está a inserção de critérios

científicos no diagnóstico de problemas ou oportunidades. Os dados e informações

coletados e analisados respaldam esse processo, sobretudo a partir de métodos estatísticos.

A partir disso, é possível estabelecer estimativas ou cursos de ação possíveis que devem

ser comunicados aos administradores.

A Inteligência Empresarial pressupõe um ambiente favorável ao aprendizado

contínuo, ou seja, uma organização que aprende e que incorpora as melhores práticas

gerenciais em seu cotidiano. Os resultados das principais decisões oriundas dos processos

de inteligência devem ser disseminados eficiente e eficazmente na organização. Seus

efeitos são visíveis nos níveis estratégico, tático e operacional. O processo de

retroalimentação ou feedback deve ser capaz de enriquecer e afinar os instrumentos de

coleta de dados para transformá-los novamente em inteligência. As características das

organizações de aprendizagem facilitam o pleno funcionamento das práticas de

Inteligência Empresarial, visto terem a mesma base conceitual de desenvolvimento de

ativos intangíveis.

É possível a existência de abordagens diferentes para a Inteligência Empresarial,

quer como função, quer como processo. Pode estar relacionado estritamente ao

acompanhamento da concorrência e do mercado, voltado sobremaneira ao ambiente

externo da organização e à sondagem de estratégias de marketing e ao registro de marcas e

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patentes. É uma estruturação em termos de função gerencial. Ou ainda, além desse

monitoramento externo, as práticas de Inteligência Empresarial podem considerar os vários

elementos da aprendizagem organizacional com seu fluxo de comunicação interno e a

participação dos colaboradores internos. Com isso, pode-se aprender com o conhecimento

e a experiência das pessoas, além de disseminá-lo rápida e eficientemente na organização.

É uma estruturação em termos de processo gerencial.

A organização que aprende possui algumas etapas. A primeira é a cognitiva, em que

os membros da organização são expostos a novas idéias para ampliar sua base de

conhecimentos e pensar de modo diferente. A incorporação de comportamento é a segunda

fase em que os colaboradores incorporam as novas idéias ao seu modo de ser e agir. A

melhoria do desempenho é o efeito da terceira etapa, pois é fruto da incorporação de novas

idéias e mudança de comportamento. A avaliação dos níveis de aprendizado organizacional

deve considerar estas três etapas. As práticas de Inteligência Empresarial podem oferecer

subsídios a esses processos, mostrando relatórios prospectivos sobre novas idéias e novas

tecnologias no mercado a serem incorporadas na empresa.

Um dos elementos subjetivos para a aprendizagem organizacional é a disponibilidade

de tempo para refletir e analisar os planos estratégicos, estabelecer relações entre as

necessidades dos clientes, além de perceber as mudanças no ambiente de negócios. A

novidade é que nas organizações que aprendem, sobretudo nas compostas por

trabalhadores do conhecimento, as tarefas de planejamento e implementação da estratégia

empresarial são atividades contínuas e participativas, não apenas uma série de decisões

impostas pela alta administração. A troca de idéias é um importante estímulo ao

intercâmbio de idéias entre esses profissionais, por isso é importante a criação de redes de

relacionamento social.

O escopo da sistematização das práticas de Inteligência Empresarial é elevar o

processo decisório a um nível analítico, mesmo que seja considerada uma atividade em

separado pela maioria dos gestores. Como essas práticas exigem altos investimentos em

pessoas, processos e tecnologias o atual desafio é disponibilizar esse serviço para as

instituições de pequeno e médio porte, que possuem pouca capacidade de investimento.

A necessidade da estruturação e sistematização do processo de Inteligência

Empresarial está relacionada a alguns eventos do mercado e da concorrência, sobretudo

quando relacionados a perdas de fatias de mercado, redução de lucros ou outros efeitos

negativos sobre os resultados financeiros da organização. Isso força a busca por

informações relevantes sobre a concorrência e o ambiente de negócios, iniciando o

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processo de monitoramento ambiental por meio das práticas de Inteligência Empresarial.

Com o tempo, esse processo tende a ser incorporado ao cotidiano da administração

estratégica.

Quanto ao surgimento, o processo de Inteligência Empresarial pode nascer da

necessidade de informação de algum setor específico da empresa, como Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) ou marketing. Devido ao seu alto valor agregado e seus

resultados imediatos, as práticas de Inteligência podem ser expandidas para outras

unidades da empresa, até serem formalmente estruturadas e sistematizadas junto ao

Processo Decisório Estratégico da alta administração. Entre as condições essenciais para o

bom funcionamento do processo da Inteligência Empresarial estão: (i) os valores culturais,

principalmente os relacionados à partilha de informações, nível de diálogo e resistências às

mudanças; (ii) os fatores estruturais, como a interação entre os níveis hierárquicos em

termos de proximidade física ou tecnológica; (iii) fatores comportamentais, como

mecanismos de sustentação e coleta e partilha de informações, com mecanismos adequados

para retribuir a quem colabora no processo (MILLER, 2002).

O sucesso da Inteligência Empresarial está relacionado a sua proximidade com o

Processo Decisório Estratégico. Esta aproximação, graças às ferramentas de TIC,

independe de distâncias físicas. Seu desempenho está mais relacionado às competências

das pessoas na empresa e na gestão do tempo, ou seja, a aspectos da cultura organizacional.

2.3 INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL

A Inteligência Empresarial é uma das práticas da Gestão do Conhecimento. Seu

objetivo é subsidiar o Processo Decisório Estratégico da organização por meio de

conhecimentos relevantes e úteis para os decisores. Geralmente atua em áreas de

conhecimento críticos da organização, com informações confidenciais. Na execução de

suas tarefas, a Inteligência Empresarial utiliza técnicas éticas e legais.

Segundo Santos et al (2001, p.41), “a Inteligência Empresarial é um processo

analítico que transforma informações públicas e desagregadas em conhecimento

estratégico relevante, acurado e utilizável, sobre concorrentes, sua posição no mercado,

performance, capacidade e intenções”. É uma coleção de peças de informações que são

filtradas, destiladas e analisadas daquilo que realmente os administradores necessitam para

a tomada de decisão. O processo de Inteligência Empresarial está baseado no entendimento

de que os gerentes precisam estar sempre bem informados sobre as questões fundamentais

de seu negócio de maneira formal e sistemática (MILLER, 2002).

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A Inteligência Empresarial apresenta quatro fases, a saber: (i) a identificação dos

responsáveis pelas principais decisões e suas necessidades em matéria de inteligência; (ii) a

coleta de informações; (iii) a análise da informação e sua transformação em inteligência; e

(iv) a disseminação da inteligência entre os responsáveis pelas decisões (MILLER, 2002,

p.37).

O objetivo da Inteligência Empresarial é desenvolver, de forma estruturada,

sistemática e contínua, as fases de coleta, análise e disseminação de conhecimento

relevante para subsidiar o processo decisório no tocante aos movimentos da concorrência e

dos mercados, além de busca de novas oportunidades de negócios. As práticas de

Inteligência Empresarial estão associadas à implementação de ações estratégicas baseadas

nos objetivos do Plano Estratégico da instituição. Sua funcionalidade está ligada à cultura

organizacional, à distribuição dos grupos de poder e à postura estratégica da empresa no

mercado. As práticas de Inteligência Empresarial podem ser expressas por meio de

atributos gerenciais relacionados à competência das pessoas, aos processos organizacionais

e à gestão do tempo na organização. Entre os diversos conceitos de Inteligência

Empresarial estão, segundo Gomes e Braga (2001):

• Programa institucional e sistemático para garimpar e analisar informação sobre as

atividades da concorrência e as tendências do setor específico e do mercado em geral

com o propósito de levar a organização a atingir seus objetivos e metas (KAHANER,

1997);

• Atividade de gestão estratégica da informação que tem como objetivo permitir que os

tomadores de decisão se antecipem às tendências dos mercados e à evolução da

concorrência, detectem e avaliem ameaças e oportunidades que se apresentem em seu

ambiente de negócio para definirem as ações ofensivas e defensivas mais adaptadas às

estratégias de desenvolvimento da organização (JACOBIAK, 1997 apud GOMES e

BRAGA, 2001);

• Processo de coleta, análise e disseminação da inteligência relevante, específica, no

momento adequado – refere-se às implicações com o ambiente do negócio, os

concorrentes e a organização (MILLER, 1997 apud GOMES e BRAGA, 2001);

• Coleta ética e o uso da informação pública e publicada disponível sobre tendências,

eventos e atores, fora das fronteiras da organização. Identificar as necessidades de

informação da organização; coletar, sistematicamente, a informação relevante e, em

seguida, processá-la analiticamente, transformando-a em elemento para a tomada de

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decisão (COELHO, 1997 apud GOMES e BRAGA, 2001);

• Radar que proporciona à organização o conhecimento das oportunidades e das ameaças

identificadas no ambiente, que poderão instruir suas tomadas de decisão, visando à

conquista de vantagem competitiva. Instrumento de decisão e forma de agregar valor à

função de informação (GIESBRECHT, 2000 apud GOMES e BRAGA, 2001);

• Um processo formalizado, ininterruptamente avaliado, pelo qual a gerência avalia a

evolução de sua indústria e a capacidade e o comportamento de seus concorrentes

atuais e potenciais, para auxiliar na manutenção ou desenvolvimento de uma vantagem

competitiva (PRESCOTT e GIBBONS, 1993 apud GOMES e BRAGA, 2001);

• Um programa de Inteligência Empresarial tenta assegurar que a organização tenha

informações exatas sobre seus concorrentes e um plano para utilização dessa

informação para sua vantagem (Mc GONAGLE e VELLA, 1990 apud GOMES e

BRAGA, 2001).

Neste estudo de caso, a Inteligência Empresarial é definida como um processo

sistemático e contínuo de definição de necessidades, coleta, armazenamento, análise,

disseminação e avaliação de informações sobre o meio ambiente organizacional interno e

externo visando dar suporte ao Processo Decisório Estratégico em vista de manter ou

melhorar a estabilidade e a competitividade da organização (MAGALHÃES, 2004).

Seu principal objetivo é subsidiar o processo decisório com informações acuradas e

relevantes. Para isso são utilizadas várias técnicas de pesquisa e investigação, como as

ferramentas de TIC e, recentemente, da Internet. Seu princípio básico se assemelha aos

seres vivos que mantém um relacionamento constante de troca de informações com seu

meio ambiente em vista de sua sobrevivência pela redução dos riscos. Este processo pode

estar estruturado nos níveis administrativos estratégicos, táticos e operacionais e muitas

vezes seu trabalho pode estar associado a um departamento ou setor de serviços na

organização. Alguns fatores da cultura organizacional condicionam o local de implantação

do processo da Inteligência Empresarial e influenciam o trabalho dos profissionais da

inteligência, conhecidos também como analistas de inteligência.

As fases da Inteligência compreendem o mapeamento de necessidade dos decisores,

a coleta propriamente dita das informações, seu tratamento e análise e sua disseminação

aos solicitantes de seus serviços. Trata-se de uma atividade fundamental para reduzir a

incerteza associada ao Processo Decisório Estratégico.

Em termos da estruturação da Inteligência Empresarial, na década de 1980, Leonard

Fuld foi um dos pioneiros nos Estados Unidos a utilizar as técnicas de Inteligência

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Empresarial para criar uma vantagem competitiva às empresas. As primeiras técnicas

surgiram associadas ao uso das ferramentas da Tecnologia da Informação e Comunicação

(TIC). Localizada em Cambridge, a empresa de Leonard Fuld passou a oferecer esse

serviço à comunidade, como pesquisas e análise de mercado, cursos sobre os métodos de

inteligência e sistemas de monitoramento ambiental, sobretudo sobre oportunidade de

negócios. Atualmente os analistas de inteligência fazem parte da Sociedade dos

Profissionais de Inteligência Competitiva (Scip). A Scip é uma associação sem fins

lucrativos com a missão de gerenciar o conhecimento gerencial por meio da disseminação

de práticas que ajudam as empresas a manter uma vantagem competitiva. Promove

regularmente cursos e oportunidade de networking entre profissionais que atuam em

Inteligência Empresarial.

Muitos dos profissionais associados à Scip provém de áreas de pesquisa empresarial,

análise estratégica de negócios, marketing, além de ciência e tecnologia. Suas principais

ferramentas de trabalho estão associadas à informática e à Internet. Desde 1986, a Scip

possui mais de 50 divisões espalhadas pelo mundo associadas a milhares de organizações

afins. A Scip mantém um site (www.scip.org) e um escritório central em Alexandria,

Virgínia, nos Estados Unidos. Outras associações foram criadas com esse mesmo objetivo

em várias outras regiões do mundo.

O objetivo da Inteligência Empresarial é procurar na organização aquilo que pode

proporcionar um valor a longo prazo, como patentes ou identificação de melhores práticas

gerenciais. Com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) também é

possível criar canais exclusivos na Internet para partilhar idéias e soluções sobre os

problemas e oportunidades em uma empresa, como os portais corporativos (TERRA,

2002). Essa base de informática pode ser capaz de unir os especialistas aos funcionários de

uma organização. A Inteligência Empresarial está associada à atividade humana de

qualificação das informações e dados. Os administradores, de posse da informação, devem

agir no momento adequado com o objetivo de utilizá-la como importante insumo

estratégico. Não adianta ter o conhecimento ou a inteligência, se não for para a ação. A não

ser que a inatividade seja uma decisão estratégica. Deve haver uma sintonia entre a

necessidade e a apresentação de informação acurada e útil ao Processo Decisório

Estratégico.

A Inteligência Empresarial, como um processo estruturado, deve estar situada junto

ao Processo Decisório Estratégico da organização, normalmente ao redor da alta

administração. Em alguns casos, é possível iniciar a estruturação da inteligência em alguns

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departamentos com pessoas qualificadas para monitorar o mercado e a concorrência. Em

outros casos, essas atividades isoladas tendem a fazer parte do staff da alta administração

por mérito de seus resultados. A Inteligência Empresarial, quando atua junto ao Processo

Decisório Estratégico de uma organização, é capaz de influenciar o desempenho de toda a

organização, em seus níveis estratégico, tático e operacional.

Em casos particulares é possível criar serviços de inteligência para assessorar

determinados setores sobre os aspectos de seus negócios a respeito de produtos e

mercados. Neste caso, a inteligência pode auxiliar áreas como marketing, produção,

administração financeira, vendas, entre outros. Geralmente a Inteligência Empresarial

possui um escopo mais amplo. No processo de sistematização das práticas da Inteligência

Empresarial é importante compreender aspectos da cultura e dos valores da instituição.

O fornecimento de informações relevantes e acuradas aos decisores da organização é

apenas o início de um processo que não tem fim. Seu efeito cíclico implica o

aprimoramento das técnicas de identificação das necessidades de informação, dos

processos de coleta de informações e sua disseminação criteriosa às pessoas. No ciclo da

Inteligência, as pessoas estão no início e no fim do processo.

O monitoramento ambiental, que é um processo de filtragem de uma grande

quantidade de informações para suprir alguma necessidade, está presente na administração

desde sua origem. A novidade das práticas de Inteligência Empresarial está em seu

entrelaçamento com as novas tecnologias e os processos administrativos empresariais,

principalmente o planejamento estratégico e o processo decisório, sob a ótica da emergente

Gestão do Conhecimento Organizacional. Sua implantação formal nas empresas está

associada à crescente competitividade e a globalização dos mercados, sobretudo a partir da

década de 1990. Setores focados em rápidas mudanças tecnológicas, como as indústrias de

biotecnologia, farmacêutica, telecomunicações, informática, possuem uma necessidade

maior de estruturação e investimentos em Inteligência Empresarial, sobretudo para

monitorar marcas e patentes.

Quanto à localização da Inteligência Empresarial na organização vai depender do

estilo de gestão, valores e crenças, e a velocidade de reação da alta administração diante

dos riscos ambientais. Há uma tendência de aplicação da Inteligência Empresarial, de

modo estruturado ou não, em quase todos os setores do mercado. Com o crescimento da

importância da administração estratégica nas empresas, o monitoramento ambiental tende a

assumir um maior grau de estruturação e sistematização. Sun Tzu (2002) revela a

importância de se conhecer o terreno de combate para vencer as batalhas e a guerra. O

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conhecimento dos movimentos inimigos é uma prática milenar na guerra, tanto assim que a

estratégia empresarial possui vários princípios advindos do ambiente militar. De posse das

informações é possível determinar se é preciso a guerra ou uma ação diplomática. A

filosofia política de Machiavelli (2004) também afirma que o governante mais bem

informado tem maiores chances de se manter no poder por mais tempo.

Com origem no meio militar, os princípios da Inteligência Empresarial invadiram a

administração pública, sobretudo a gestão urbana. Serviços como a Central de Inteligência

Americana (CIA), nos Estados Unidos, e a Scotland Yard, na Inglaterra, são exemplos da

importância deste tema na segurança pública. Em sua versão executiva, a Inteligência

Empresarial faz uso de algumas técnicas de monitoramento ambiental.

A crescente importância da gestão profissional e a adoção de práticas administrativas

modernas, como o planejamento estratégico empresarial, tendem a reforçar a importância

da Inteligência Empresarial em todos os setores de negócios, inclusive na gestão

universitária. Entre as razões para tal estão a globalização da economia, mudanças no

mercado e o ritmo das mudanças tecnológicas.

Uma das maiores barreiras à implementação das práticas da Inteligência Empresarial

é a disponibilidade de dados e informações públicas e confiáveis sobre aspectos do

mercado nos meios de comunicação social. Sua atuação ética e legal depende da qualidade

da cobertura pela mídia das ações das empresas. O trabalho de análise dos dados é

fundamental, visto que nem sempre as informações veiculadas nos mass media são as mais

atualizadas ou relevantes, visto que muitos dos press releases das assessorias de imprensa

das empresas são publicados na íntegra, sem uma investigação por parte dos jornalistas e

editores dos meios de comunicação de massa. Os mass media podem constituir uma das

importantes fontes de informações para a Inteligência Empresarial se forem sérias e

aprofundadas na investigação de suas pautas.

A necessidade de informação dos executivos da alta administração pode ser

influenciada pela exagerada auto-confiança na leitura de notícias publicadas em dezenas de

jornais, revistas e sites de Internet. Geralmente as informações mais acuradas estão

acessíveis apenas a assinantes de serviços de notícias. As informações públicas podem

induzir ao erro, ou fazer parte de uma estratégia de contra-informação da concorrência por

meio de suas assessorias de imprensa ou de marketing.

Além do acesso aos meios de comunicação social, o analista de Inteligência procura

conferir as fontes de informações em que está a origem dos fatos, verificar os balanços de

empresas, pode entrevistar funcionários, e confrontar dados oficiais com números internos

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da empresa. Outra fonte de informação é o governo e suas diversas agências. Assim, as

informações podem estar mais próximas da realidade. Também é preciso separar as

informações relevantes dos rumores ou boatos.

2.3.1 Implementação da Inteligência Empresarial

O método dos Fatores Críticos de Sucesso está associado ao Plano Estratégico, aos

sistemas de informação gerencial e, mais recentemente, às práticas de Inteligência

Empresarial. Sua importância está ligada ao grau de turbulência ambiental dos negócios

em determinado setor ou indústria. Sua aplicação permite que as ações das empresas sejam

focadas, para isso é realizado o permanente monitoramento das tendências e dos sinais do

ambiente de negócios (TARAPANOFF, 2002). Sua principal função é a análise

competitiva dos mercados.

A origem do método dos Fatores Críticos de Sucesso está ligado à questão do

gerenciamento da informação em um artigo de Daniel (1961), na década de 1960. A

informação era um importante ativo a ser gerenciado na emergente tecnologia da

informação e comunicação. Esse conceito recebeu pouca atenção até a década de 1970,

quando Anthony, Dearden & Vancil (1980), apontaram sua utilidade quando da elaboração

de projetos de sistemas gerenciais para a área de planejamento e controle. Além de prover

informações sobre rentabilidade e outros indicadores de desempenho, os Fatores Críticos

de Sucesso identificam as principais variáveis que são responsáveis pelos principais

resultados da organização. Esse método demonstrou forte impacto na rentabilidade das

empresas (TARAPANOFF, 2002).

Na década de 1980, foi ampliado o uso deste método, sobretudo nas empresas que

haviam implantado seus sistemas de informações gerenciais. Isso demonstra que o grau de

estruturação dos sistemas em uma organização pode facilitar a implantação de

metodologias e práticas de Inteligência Organizacional. Um mínimo de tecnologia é

exigido para monitorar o mercado. Em pouco tempo, os Fatores Críticos de Sucesso foram

aplicados não apenas aos sistemas de informação de apoio à gestão, mas ao próprio

planejamento estratégico da empresa.

Na década de 1980, com a estruturação das práticas da Inteligência Empresarial, o

método dos Fatores Críticos de Sucesso ganha uma nova aplicação na modelagem e

gerenciamento do Processo Decisório Estratégico. Seu destaque está nas fases de

planejamento e avaliação no ciclo da inteligência na organização e sua presença está

focada na estratégia empresarial e está associado ao sistema de informação gerencial.

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Os Fatores Críticos de Sucesso, para Tarapanoff, (2002):

• “são aquelas variáveis cujo gerenciamento poderá afetar significativamente a

posição competitiva de uma empresa dentro de seu ramo de atividade, podendo

variar de acordo com o ramo” (HOFER & SCHENDEL, 1978, p.77).

• “são aquelas poucas áreas, para qualquer negócio, nas quais os resultados, se

satisfatórios, irão assegurar um desempenho competitivo e de sucesso para a

organização” (ROCKART, 1979, p.85).

• “são aquelas características, condições ou variáveis que, quando devidamente

gerenciadas, podem ter um impacto significativo sobre o sucesso de uma

empresa, considerando seu ambiente de competição” (LEIDECKER &

BRUNO, 1984, p.24).

Essa última definição é a mais adequada às práticas de Inteligência Empresarial.

Entre as características dos Fatores Críticos de Sucesso estão o nível hierárquico, a

arborescência e seu caráter dinâmico.

Por nível hierárquico compreende-se que os Fatores Críticos de Sucesso podem estar

relacionados ao ramo de negócio como um todo, a aspectos específicos da empresas ou a

unidades de negócios. Também podem estar relacionados a gerentes ou a departamentos.

Segundo Rockart (1979 apud TARAPANOFF, 2002), há cinco níveis a ser considerados

nessa hierarquia: (i) a indústria ou ramo de negócio; (ii) estratégia e posicionamento

competitivo; (iii) fatores-chave do ambiente externo; (iv) fatores temporais; (v) posição

gerencial.

Associado à natureza hierárquica, outra característica dos Fatores Críticos de Sucesso

é a arborescência ou a ramificação. Este assunto é trabalhado por alguns autores como

Bullen & Rockart (1981), Jakobiak (1988) e Dou (1995). Essa ramificação está relacionada

à sua importância. Quanto ao número, os Fatores Críticos de Sucesso não devem passar de

uma dezena, sob pena de não serem produtivos. Estes podem ser desdobrados em

processos-chave, ou até mesmo em atividades e são bastante eficazes se alinhados às

estratégias organizacionais. O desdobramento dos fatores críticos em árvores de

pertinência permite reconhecer a importância de cada ramificação com a finalidade de

identificar a necessidade de informação por processo-chave, por área funcional, por projeto

ou por indivíduo.

Outra característica dos Fatores Críticos de Sucesso é a mudança freqüente do

ambiente a ser monitorado. Assim que ocorrem modificações no ambiente, a organização

deve responder adequadamente e avaliar seus impactos. Neste processo são mensurados os

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fatores críticos e identificados a intensidade de seus sinais.

O método dos Fatores Críticos de Sucesso tem por objetivo geral identificar as

características, condições ou variáveis que devem ser devidamente monitoradas e

gerenciadas pela organização para que ela fique bem posicionada em seu ambiente

competitivo (TARAPANOFF, 2002).

Entre suas aplicações estão: (i) aliado ao processo de Inteligência Empresarial no

monitoramento das necessidades de informação dos gerentes; (ii) no mapeamento das

características exclusivas de uma organização; (iii) como ferramenta heurística para

gerentes refinarem seus mapas mentais; (iv) como método auxiliar na definição de

habilidades, tecnologias e conhecimentos considerados essenciais para a organização.

Segundo a abordagem de Rockart (1979), há um método simples para identificação

dos Fatores Críticos de Sucesso. Ele está baseado em entrevistas com a alta administração

da organização, em duas ou três rodadas de conversação. Na primeira etapa, as entrevistas

individuais com os principais executivos visam identificar os objetivos da empresa, em

seguida são discutidos os fatores críticos e seus impactos sobre cada um destes objetivos.

Durante a entrevista, é possível relacionar os resultados entre si, combinando, eliminando e

até mesmo identificando novos fatores críticos.

Na segunda etapa, são analisados todos os resultados das entrevistas com a finalidade

de formular uma proposta consolidada. Os executivos discutem essa proposição buscando

um consenso no grupo. Caso não seja possível o consenso nesta etapa, parte-se para uma

terceira rodada com os principais executivos para consenso e validação final dos fatores.

Aperfeiçoando esse método, Jakobiak (1988) desenvolveu o conceito de “informação

crítica”, que rela ciona as necessidades de informação aos Fatores Críticos de Sucesso, que

é um objetivo prioritário. Como tal é necessário um conjunto de ações e de metas para sua

realização. A informação crítica acompanha esse processo, alimentando-o. Jakobiak (1988)

recomenda aos responsáveis pelas entrevistas com os principais executivos: (i) conhecer os

fundamentos teóricos desse método; (ii) estar familiarizado com o ambiente sócio-

produtivo no qual a organização está inserida; (iii) estudar a empresa, utilizando fontes

internas e externas; (iv) obter a autorização formal da alta administração para entrevistar os

gerentes de nível intermediário; (v) fornecer aos entrevistados os fundamentos do método;

(vi) iniciar as entrevistas pelos executivos de nível hierárquico mais elevado; (vii) simular

previamente uma entrevista para identificar os possíveis Fatores Críticos de Sucesso a

serem propostos; (viii) dominar bem a técnica de condução de entrevistas.

Outros autores, como Leidecker & Bruno (1984), buscam uma abordagem mais

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ampla dos Fatores Críticos de Sucesso, visando a sua aplicação em processos de

planejamento estratégico. Propõem oito técnicas: (i) análise ambiental; (ii) análise da

estrutura da indústria; (iii) consulta a especialistas; (iv) análise da concorrência; (v) análise

da empresa líder no segmento ou ramo de negócio; (vi) avaliação da empresa; (vii) análise

de fatores temporais e intuitivos; (viii) análise dos dados da base Profit Impact of Market

Strategy (PIMS).

(i) Análise ambiental. A análise ambiental engloba uma variedade de abordagens

com a finalidade de identificar as forças econômicas, políticas e sociais que estão

influenciando os negócios. É uma análise em nível macro, que a partir do princípio

da arborescência é possível chegar aos Fatores Críticos de Sucesso de determinada

empresa.

(ii) Análise da estrutura da indústria. As cinco forças competitivas de Porter (1993;

1999), permitem uma análise da estrutura da indústria. Essas técnicas analíticas,

estão focadas nas cinco forças de Porter (1993; 1999), a saber: (i) a ameaça de novos

entrantes; (ii) o poder de negociação dos compradores; (iii) a ameaça de produtos e

serviços substitutos; (iv) o poder de negociação dos fornecedores. O principal efeito

dessas técnicas analíticas são os rendimentos em termos financeiros, ou seja, o

retorno sobre o capital investido a longo prazo. Seu principal objetivo é a formulação

da melhor estratégia em vista do retorno sobre o investimento.

Os estudos de Porter (1993; 1999) estão focados em um paradigma de um mercado

estável e com grandes referências à lucratividade, ou seja, em fatores econômicos.

Contudo, a partir da década de 1990, considerando-se um ambiente turbulento e

estável, esses fatores foram associados à insipiente Gestão do Conhecimento,

associados a alguns elementos intangíveis, tais como capital estrutural, capital dos

clientes e capital intelectual (STEWART, 2003), com o objetivo de incluir os ativos

intangíveis na movimentação contábil da organização.

Segundo Porter (1993; 1999), todas as organizações possuem uma estratégia

competitiva, quer evidente ou não. Essa estratégia pode estar presente seja por via

sistemática de planejamento estratégico, seja por atividades desenvolvidas nas

unidades da organização. Geralmente as atividades e iniciativas dispersas na

organização não são capazes de gerar a melhor estratégia empresarial. Por isso, a

elaboração da estratégia organizacional de forma sistemática e metódica tende a ser

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mais eficaz e eficiente na utilização dos recursos disponíveis, além de ser mais

facilmente disseminada na organização. Deste modo, as metas e os objetivos podem

ser conhecidos por todos os membros da empresa. Isso facilita o trabalho de

monitoramento ambiental, assim com a implantação da Inteligência Empresarial

(TARAPANOFF, 2002).

O processo sistemático da criação da estratégia empresarial também é capaz de gerar

as melhores práticas e a aprendizagem organizacional necessárias para o sucesso das

ferramentas da Gestão do Conhecimento Empresarial (STEWART, 2003). Entre elas

a Inteligência Empresarial. A Gestão do Conhecimento surgiu para gerenciar os

novos diferenciais competitivos para as empresas. Ela está associada sobretudo à

criação de conhecimento e criação de uma organização de aprendizagem, isto é, que

seja capaz de auto-aperfeiçoamento contínuo pelo esforço conjunto de seus

administradores e colaboradores (MILLER, 2002; TARAPANOFF, 2002; SANTOS

et al, 2001).

O processo de Inteligência Empresarial pressupõe que a organização tenha um

planejamento estratégico, formal ou não. É preciso que ele seja conhecido pelos

membros da organização. O esforço de coletar informações e transformá-las em

inteligência fica mais focada e com mais possibilidade de acerto. O ambiente de

negócios é composto basicamente pelas outras instituições que competem em uma

mesma área de negócios, chamadas, por Porter (1993; 1999), de indústria. A

formulação da estratégia empresarial passa pela aplicação das técnicas analíticas das

cinco forças em uma determinada indústria, neste caso, as instituições de Ensino

Superior.

(iii) Consulta a especialistas. Para gerar visões diferentes e subjetivas, pode-se

consultar as informações de especialistas sobre a indústria, o setor industrial ou o

negócio da empresa. Nessa percepção, o conhecimento e a intuição de um

especialista da indústria pode constituir uma valiosa fonte para identificação de

fatores críticos, tanto para a indústria quanto para a empresa. As limitações estão

situadas em seu caráter subjetivo, por sua tendência pessoal. É um instrumento útil

para reflexão, mas bastante frágil para o planejamento estratégico.

(iv) Análise da concorrência. Também é uma técnica bastante limitada, pois está

focada em apenas uma das forças de Porter (1993; 1999): a rivalidade entre os

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concorrentes. Na prática, é utilizada para analisar as informações sobre a

concorrência.

(v) Análise da empresa líder no segmento industrial. É um método bastante útil em

setores dominados por poucas empresas. A vantagem desta técnica está vinculada ao

fato de que a empresa líder em um segmento é quem dita as regras da concorrência,

também é possível perceber suas forças e fraquezas e determinar a postura

estratégica de reação e prospecção em novos negócios. A desvantagem para o

seguidor é sua vulnerabilidade e um enfoque demasiado estreito.

(vi) Avaliação da empresa. Determinar os Fatores Críticos de Sucesso em uma

empresa é um desafio. Esse resultado não é algo absoluto, mas deve ser confrontado

com os resultados da indústria e de seus concorrentes. Entre as técnicas utilizadas

estão avaliação de forças e fraquezas, análise do perfil dos recursos, auditorias

estratégicas e análise das competências essenciais. Seu objetivo é mapear os

extremos do desempenho da empresa.

(vii) Fatores temporais e intuitivos. É uma técnica para conhecimento da empresa,

seus fundamentos estão na intuição e na percepção de indivíduos muito próximos da

organização e visa identificar os impactos de curto prazo mais significativo na

gestão. Suas vantagens estão na subjetividade e na descoberta de sutilezas que as

técnicas mais objetivas desconsideram.

(viii) Análise dos dados da base Profit Impact of Market Strategy (PIMS). A

iniciativa da base de dados do Strategic Planning Institute, que gerencia o PIMS,

organiza dados e indicadores referentes a: (i) atividades operacionais de unidades de

negócios; (ii) aspectos do ramo de atividade; (iii) perfis dos concorrentes; (iv)

clientes e fornecedores. Às empresas participantes dessa iniciativa são oferecidas

informações relevantes de caráter concorrencial e comercial.

Nos últimos anos, o acesso a essa base de dados tem permitido conhecer a posição

relativa de cada empresa no mercado estudado; o grau de integração vertical das

empresas que atuam no mercado; as atividades referentes a novos produtos; a

intensidade de capital exigida pelo ramo de negócio; a relação investimento em P&D

sobre faturamento, bem como o esforço de marketing versus faturamento

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(TARAPANOFF, 2002, p.201). Seu trunfo é a formação de uma base empírica para a

referida análise.

2.3.2 Estruturação da Inteligência Empresarial

Entre as principais necessidades de informação para a Inteligência estão questões de

natureza estratégica, como planejamento a longo prazo, investimentos de capital e

oportunidades tecnológicas. Em cada tipo de estrutura organizacional seu grau de

sistematização e estruturação vai ser distinto. Nas estruturas organizacionais

descentralizadas por setor, produto ou departamento, a Inteligência tende a ser uma função

gerencial. Em outros casos, a tendência é iniciar o processo da Inteligência Empresarial a

partir da alta administração e seu staff. Elementos da cultura organizacional também

podem influenciar a estruturação da Inteligência. As práticas de Inteligência Empresarial

também podem ser sistematizadas e estruturadas em pequenas e médias empresas, com as

devidas adequações.

Foram identificadas, segundo Miller (2002), três estruturas organizacionais mais

comuns para a localização da Inteligência Empresarial. Elas estão relacionadas às

necessidades estratégicas e táticas, ao grau de descentralização e o ponto central do

processo de tomada de decisão.

Os sistemas de Inteligência centralizados têm como premissa que as necessidades de

informação e que as decisões referentes à estratégia, seu planejamento e implementação,

são tomadas na cúpula da corporação. Estes sistemas tendem a ser auto-sustentáveis, visto

que são dependentes da alimentação de informações por todos os componentes da

organização. A alta administração, além de ser a responsável pelo processo F� FRPR�orçamento e pessoal F� p� TXHP�GHILQH� DV� QHFHVVLGDGHV� GH� ,QWHOLJ ência. Neste caso, a

resultante das práticas da Inteligência Empresarial é constituída de informações altamente

analíticas, voltadas para o futuro, e com uma longa vida útil.

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Quadro 1 - Moldura organizacional da Inteligência Empresarial

Estratégicas x Táticas Estrutura Organizacional

Corporativa

Centro da Tomada de Decisões

Centralizada Peso maior no foco estratégico

Equipe corporativa forte Pouca delegação de autoridade

Descentralizada Peso maior no foco tático Unidade estratégica de negócio de elevada autonomia

Tomada de decisões por consenso

Híbridas Mix de necessidades estratégicas e táticas

Divisão de poder entre a corporação central e suas equipes organizacionais

Tomada de decisões por consenso

Fonte: MILLER, Jerry. O Milênio da Inteligência Competitiva. Porto Alegre: Bookman, 2002. p.71.

Em corporações descentralizadas, as necessidades por Inteligência são mais táticas e

operacionais, o que demanda atividades de monitoramento da concorrência e do mercado.

Essas práticas são usadas como insumo no processo de planejamento estratégico

corporativo e geralmente estão estruturadas em termos de funções gerenciais. A

Inteligência Empresarial, em sistemas descentralizados, são geralmente constituídas por

múltiplas equipes espalhadas na organização para finalidades táticas e operacionais, e

diretamente não são fontes de inteligência para a alta administração. Em alguns casos, as

atividades de inteligência nas unidades podem chegar à alta administração por meio de um

trabalho de filtragem dos produtos deste processo, que geralmente tem aspectos táticos. Há

ainda sistemas híbridos que combinam aspectos de um sistema centralizado ou não.

Para o funcionamento eficiente das práticas de Inteligência Empresarial alguns

pressupostos devem estar presentes: acesso ao Processo Decisório Estratégico, visibilidade,

ligações com os outros setores da organização e estímulo da alta administração para

desenvolver tal tarefa. Ou seja, a Inteligência depende de atributos gerenciais relacionados

à competência das pessoas, aos processos organizacionais e à gestão do tempo. Sua

localização deve ser próxima e acessível à alta administração. É preciso que os

responsáveis pelas decisões definam suas necessidades básicas de informação e como

desejam receber os relatórios prospectivos.

Para os profissionais de Inteligência o acesso às fontes de informações escritas, orais,

eletrônicas, e sua capacidade criativa, são fundamentais. Não basta ter um banco de dados

se não se houver critérios claros e nítidos para se buscar o conhecimento nele embutidos.

Por isso, é importante mapear a necessidade de informação dos administradores.

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Além das qualidades físicas e psicológicas do profissional de inteligência, ele precisa

ter uma compreensão geral das estruturas de poder distribuídas na organização. Esses

aspectos dão pistas de onde os administradores irão se reportar para procurar informações.

O mapeamento das redes de relacionamento sociais ajuda na identificação das pessoas que

dão suporte às decisões geralmente pela concentração de dados e informações.

Uma das forças competitivas mais importantes na empresa é sua capacidade de

movimentação no mercado. O acirramento da concorrência em alguns setores é uma

realidade, visto que muitos setores são oligopólios em que os poucos concorrentes estão

em luta permanente por nichos e fatias de mercado. Como o enfrentamento direto é

prejudicial para todo o setor, buscam-se outras maneiras para crescer e ganhar mercado.

Esse enfrentamento indireto pode ser facilitado pelas práticas de Inteligência Empresarial.

Essa disputa entre os competidores é apenas uma das cinco forças de Porter (1993;

1999). As outras são o poder dos consumidores, o poder dos fornecedores, a ameaça de

novos entrantes e a ameaça de produtos ou serviços substitutos. Originalmente Porter

(1993; 1999) não havia citado a regulamentação do governo, contudo a partir da década de

1980, os estudos sobre a influência da regulamentação do governo afirmam que sua

influência não é direta sobre o mercado, mas indireta no sentido de alterar o equilíbrio

existente entre as outras cinco forças de Porter (1993; 1999).

As atividades de Inteligência possuem duas dimensões de exploração da selva

competitiva. Primeiro, é preciso analisar a floresta ou setor em que estão inseridos os

negócios da empresa. Segundo, verificar as árvores que correspondem aos concorrentes

diretos. Por isso, a Inteligência além de acompanhar os movimentos da concorrência nos

mínimos detalhes, também precisa analisar o setor da indústria na qual essa organização

está inserida e suas macro-tendências (MILLER, 2002). Além disso, é preciso mapear as

competências dentro da organização em vista da aprendizagem organizacional e preencher

as lacunas com a devida capacitação dos profissionais.

2.3.3 Processo ou Tecnologia da Inteligência Empresarial

A Inteligência Empresarial possui duas vertentes: uma centrada no processo e outra

centrada na tecnologia (MILLER, 2002). A abordagem focada no processo está

concentrada em definir, analisar e compreender as interações entre pessoas e suas tarefas

para concretizar os resultados. Neste sentido, a organização busca ampliar suas operações

com a utilização dos recursos humanos com maior eficiência. A tecnologia desempenha

uma função secundária de apoio e suporte nesta concepção.

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A abordagem centrada na tecnologia procura utilizar da melhor maneira as novas

tecnologias na resolução dos problemas. Considera-se a incapacidade dos seres humanos,

visto que a tecnologia está no centro da questão e é uma força que exige capacitação de

pessoas em processos. A empresa, ao utilizar adequadamente as tecnologias, é capaz de

administrar constantemente sua base de conhecimento.

Por vezes, a Inteligência e o conhecimento aparecem sobrepostos. Segundo Miller

(2002), são mínimas as diferenças entre Inteligência Empresarial e a Gestão do

Conhecimento Organizacional, visto que ambos possuem processos semelhantes de coleta,

análise, disseminação de seu produto na organização. O que muda é o escopo de atuação.

Segundo Miller (2002, p.194), “a previsão é que a Inteligência Empresarial, após seu

amadurecimento conceitual, esteja relacionada às práticas e procedimentos padronizados

do ambiente de negócios”. Não será mais vista como um custo adicional, mas como algo

inerente ao risco do negócio, ao lado de outras funções gerenciais como marketing,

finanças e recursos humanos.

Neste estudo, as práticas da Inteligência Empresarial estão decompostas em atributos

gerenciais F� competência das pessoas, processos organizacionais e gestão do tempo F�associados ao Processo Decisório Estratégico. As primeiras versam sobre aspectos como

capacidade de resposta diante da turbulência ambiental, características da disseminação de

informação, uso das ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação, utilização

das redes de relacionamento social, aspectos do atendimento ao cliente, capacitação

pessoal, disposição pessoal ao risco, grau de lealdade aos objetivos organizacionais. A

segunda versa sobre as respostas às mudanças ambientais, o planejamento estratégico, as

metas e regulamentos da empresa, a aprendizagem organizacional, o acesso às

informações, as regras e procedimentos, e o monitoramento da concorrência. A terceira

versa sobre o grau de previsibilidade, aspectos da inovação e características da informação.

Enfim, as práticas da Inteligência Empresarial podem contribuir com o Processo

Decisório Estratégico de uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos quando:

• A alta administração está ciente da necessidade do monitoramento ambiental e

acompanha os processos nos setores estratégicos da instituição, patrocinando as

melhores práticas gerenciais;

• Capacitam as pessoas na utilização das ferramentas de TIC de forma eficaz e

prospectiva;

• Capacitam os gestores para enfrentar os riscos diante de novas oportunidades;

• É capaz de prever com antecedência os movimentos da concorrência no

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lançamento de novos produtos e serviços, e no desenvolvimento de novas

metodologias e tecnologias;

• Favorecem a circulação de relatórios prospectivos sobre os movimentos da

concorrência e novas oportunidades, de maneira rápida, ágil e constante;

• Favorecem a disseminação de redes de relacionamento social para troca de

informações e busca do conhecimento também dentro da organização.

• Fornecem informações relevantes e adequadas aos principais decisores no

momento adequado;

• Identificam e incorpora as melhores práticas gerenciais na instituição coletadas

dentro e fora de seu quadro funcional;

• Mantém canais abertos de diálogo com os clientes, como professores, alunos,

funcionários, membros da comunidade, coletando informações sobre suas

necessidades;

• Protegem a propriedades intelectuais da instituição como marcas e patentes, além

das informações estratégicas;

• Reduzem as incertezas ambientais para os principais decisores por meio de

informações atuais e úteis;

• Utilizam as ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação de maneira

eficaz e constante, otimizando tempo e espaço;

2.4 PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO

O Processo Decisório nas organizações está se transformando rapidamente nos

últimos 30 anos, devido à velocidade dos avanças tecnológicos da informação e

comunicação. As decisões precisam ser acuradas e rápidas. A tomada de decisão está

relacionada a aspectos da cultura organizacional, ao modelo de gestão, além de

características históricas da instituição. Os estudos sobre o processo de tomada de decisão

buscam uma conexão entre a qualidade da informação e suas conseqüências na empresa.

O pioneiro na compreensão do processo de tomada de decisão foi Simon (1960).

Seus estudos abordam o comportamento humano nas organizações. Sua principal tese

versa sobre a racionalidade limitada das pessoas, principalmente associada ao processo de

tomada de decisão e resolução de problemas. Sua base teórica está fundada nas premissas

do behaviorismo. Na evolução de seus estudos, Simon (1970) utiliza o computador para

simular o pensamento humano por meio de sistemas de inteligência artificial. Tomar

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decisões é a principal função do gestor e também a mais arriscada. Depois de tomada a

decisão o grande desafio gerencial é fazer com que todos os colaboradores da organização

também assumam o rumo apresentado como a melhor a ser implantado. O modo como os

administradores tomam decisões e resolvem seus problemas revela algumas características

do comportamento das pessoas na organização.

As críticas de Simon (1970) estão centradas nos princípios da economia e

administração neoclássica. A resolução de problemas envolve: (i) escolher assuntos que

requeiram o estabelecimento de metas, (ii) projetar cursos de ação satisfatórios e, (iii)

avaliar e escolher entre várias ações alternativas. Segundo Simon (1986), a primeira dessas

atividades geralmente é chamada de solução de problemas e a terceira é chamada de

tomada de decisão. O Processo Decisório Estratégico engloba três atividades: identificação

de necessidades, elaboração de cenários e escolha do melhor curso de ação.

A atividade central da administração, segundo o behaviorismo, é o processo de

tomada de decisão. As principais publicações sobre esse tema surgiram com Chester

Barnard (1979), sobre as funções do executivo e com Herbert Simon (1960), com seus

estudos sobre o comportamento administrativo. Uma análise feita por Balestrin (2002) nas

publicações de Herbert Simon e sua contribuição à teoria das organizações encontrou 845

obras originais, entre artigos e livros, que foram publicados no período de 1937 a fevereiro

de 2001. O tema básico de Simon está centrado no comportamento humano na resolução

de problemas.

O Processo Decisório Estratégico envolve a seleção consciente ou inconsciente de

determinadas ações entre as possíveis ao administrador, que vão influenciar o

comportamento das pessoas sobre as quais têm influência e autoridade. Como há um

grande número de alternativas, a tarefa do administrador é reduzir para a melhor opção de

ação. Segundo Simon (1970), há uma enorme dificuldade para os administradores

analisarem todas as informações necessárias para se chegar à melhor conclusão sobre

qualquer questão, pois não há tempo e recursos suficientes para eliminar completamente

todas as incertezas. A racionalidade limitada é uma realidade, pois as pessoas têm uma

capacidade restrita de processar o conhecimento que elas detêm, além de não compreender

a reação dos outros e de predizer eventos futuros.

A hierarquia da decisão envolve alguns níveis, a saber: decisão, critérios, sub-

critérios e alternativas de ação. Segundo Saaty (1991), a prática da tomada de decisão está

ligada à avaliação das alternativas, buscando satisfazer o conjunto dos critérios

estabelecidos. A melhor alternativa de ação está relacionada, então, à satisfação do maior

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número no conjunto de objetivos estabelecidos.

O processo decisório pode ser desencadeado por uma série de razões, tais como,

soluções para um problema, resposta a alguma necessidade ou o imperativo de algum

objetivo estratégico a ser alcançado. A decisão é fruto de um processo, pois está situado

em um determinado momento histórico, com as informações disponíveis naquele

momento, e com os interesses em jogo de alguns agentes da organização, como pessoas,

instituições, conjuntura econômica e política.

Os administradores, segundo Saaty (1991), motivado pelo desejo de controlar ou a

necessidade de prever eventos, geralmente se encontram diante de um complexo sistema

de aspectos relacionados à decisão. É preciso considerar esse emaranhado, pois maior sua

compreensão, melhor tende a ser os efeitos das decisões na organização.

O compromisso com a decisão tomada e sua imediata implementação é o objetivo

esperado dos profissionais de uma organização. Por isso, o resultado do Processo Decisório

Estratégico deve ser formalmente difundido em toda a organização. As dificuldades em

processos decisórios mais elaborados estão relacionadas ao grande consumo de tempo até

que todos os decisores entendam o problema, visto que há uma tendência à manifestação

das respostas mais fáceis e menos comprometedoras. A tomada de decisão pode ser

definida, basicamente, como uma ação a ser tomada acerca de um ou mais contextos, cuja

ação poderá gerar conseqüências, que é a principal medida de uma decisão (MORON,

1998).

Entre as causas dos efeitos nefastos das decisões podem estar o fato de que as

alternativas não estavam claramente definidas. Essa situação pode ser causada por

informações insuficientes ou marginais ao real problema, ou ainda por não se considerar os

custos e os benefícios da decisão com a devida precisão. As decisões por fuga são

caracterizadas quando o responsável demora tanto para tomar uma decisão que o problema

se resolve sozinho, sem a ação da empresa. Na gestão universitária é muito comum esse

comportamento reativo, visto a complexidade do ambiente organizacional e seus jogos de

poder e interesse.

Desde a década de 1970, as técnicas de suporte à tomada de decisão estão avançando

consideravelmente graças a algumas ferramentas como pesquisa operacional, ciência do

gerenciamento e tecnologias de sistemas de informação. Entre estas práticas gerenciais está

a Inteligência Empresarial. Segundo Balestrin (2002), essa preocupação está presente nos

escritos de Herbert Simon e está centrado no uso de sistemas de informação

computacionais. Se antes o acesso às informações era limitado, atualmente há um acúmulo

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de informações disponíveis no ambiente e nem sempre os administradores possuem tempo

para sua análise e processamento. Por isso, é importante a incorporação de sistemas

informatizados neste processo. A Inteligência Empresarial, como suporte ao Processo

Decisório Estratégico, pode fazer uso intensivo das ferramentas de informação e

comunicação (TIC) para identificar, coletar, analisar e disseminar informações relevantes.

Para Simon (1970), uma organização é composta por um complexo sistema de

comunicação e inter-relações existentes em um grupamento humano.

A aproximação satisfatória dos resultados é citado por March e Simon (1958), pois

os administradores são limitados no processamento das informações. Segundo Simon

(1979), os princípios da racionalidade perfeita são contrários aos fatos que realmente

ocorrem no processo real de tomada de decisão. Atualmente é possível compreender o

mecanismo da escolha racional humana, que funciona como um complexo sistema de

processamento de informações em que o administrador busca alternativas de ação, calcula

as conseqüências, tentando reduzir as incertezas. Enfim, procurando um curso de ação

suficientemente satisfatório.

A incerteza é um elemento sempre presente no processo de tomada de decisões, pois

há a possibilidade do fracasso ou da frustração de expectativas. Diante do risco no mundo

dos negócios, os administradores podem ser mais reativos ou mais prospectivos. Em um

ambiente imprevisível e incerto, os decisores têm que ser mais flexíveis em vista de uma

adequação aos novos desafios, por isso cada vez mais elas são transitórias e adequadas a

determinados momentos. A velocidade de reação diante dos movimentos da concorrência e

das mudanças ambientais é um importante fator de rentabilidade no ambiente competitivo.

No tocante à gestão da informação, o maior número de subsídios de inteligência aos

decisores de uma organização pode ser uma ferramenta importante para reduzir os riscos e

as incertezas. Isso pode ser feito com informações, dados ou conhecimentos de fatos

passados, presentes ou até mesmo de previsões futuras ou elaboração de cenários. Essas

atividades são típicas da Inteligência Empresarial.

As alternativas, segundo March e Simon (1958), são ótimas quando: (i) existir um

conjunto de critérios que permitem que todas as alternativas sejam comparadas e, (ii) a

alternativa for escolhida segundo estes critérios. Mas são apenas satisfatórias quando: (i)

existir um conjunto de critérios que descreve o mínimo de satisfação para as alternativas de

ação e, (ii) a alternativa escolhida satisfaz esses critérios.

Os principais estudos sobre o processo decisório nas organizações estão centrados,

sobretudo, em questões não operacionais, como autoridade, centralização, comando,

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controle. Segundo Simon (1970), a autoridade é apenas uma entre várias formas de

influenciar o comportamento dos indivíduos, cuja principal característica é a persuasão e a

concordância do subordinado.

Classicamente, as empresas contabilizam apenas seus ativos tangíveis. A nova

economia exige também a consideração dos ativos intangíveis, visto que as pessoas podem

processar informações e dados, gerando conhecimento organizacional (DRUCKER, 1995).

Esse pode ser um diferencial competitivo para a instituição.

2.4.1 Características e Elementos do Processo Decisório Estratégico

Modelos são processos de racionalização e simplificação de realidades complexas e

permitem mapear as características de um fenômeno social. Quanto às categorias, as

decisões podem ser programadas e não-programadas, ou seja, estruturadas e pouco

estruturadas. As decisões programadas são repetitivas e rotineiras e as não-programadas

não têm regras para seguir e nem possuem um esquema específico (SIMON, 1970).

Quanto mais elevado o nível e a complexidade organizacional, tende-se a ter um

maior número de decisões não-programadas ou imprevisíveis. Para as decisões

programadas, os sistemas de informação gerencial, apoiados pelas ferramentas de

informação e comunicação, podem agilizar o processo em busca das melhores alternativas.

A Inteligência Empresarial está mais focada nas decisões não-programadas, por serem

inéditas e exigirem uma gama de informações para compreender a questão.

Na resolução de problemas, de acordo com Simon (1970), há uma relação entre o

processo de tomada de decisão e o papel que os indivíduos desempenham na sociedade.

Seu modelo de processo decisório está dividido em quatro fases: investigação, concepção,

escolha e revisão. Na fase de inteligência ou investigação há a exploração do ambiente, o

processamento de dados e informações, a identificação de oportunidades e problemas,

enfim, buscam-se colocar as variáveis em evidência. Na fase de desenho ou concepção há a

criação, desenvolvimento e análise dos prováveis cursos de ação que podem ser

desenvolvidos pelo tomador de decisão. Na fase de escolha há seleção das alternativas

prováveis ou do curso de ação mais adequado. Na fase de revisão há a avaliação das

decisões passadas e seus efeitos. As técnicas relacionadas ao processo decisório estão

expressas no Quadro 2.

São quatro as ações relacionadas ao processo decisório, segundo Russo e

Schoemaker (1993), são eles: (i) Estruturar. Significa definir o que deve ser decidido e

determinar que critérios fazem preferir uma opção em relação à outra; (ii) Colher

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informação. Trata-se de procurar fatos reconhecíveis como as estimativas razoáveis a

respeito de elementos não reconhecíveis, necessários para tomar decisão; (iii) Checar as

conclusões. Apenas uma estruturação adequada e informações suficientes não garantem

uma decisão correta. As decisões não podem ser tomadas exclusivamente pela intuição,

mesmo diante de dados suficientes; (iv) Aprender (ou deixar de aprender) com o feedback.

Significa que o administrador deve manter o acompanhamento dos efeitos da decisão,

assegurando a incorporação dos resultados na aprendizagem organizacional para eventos

futuros. Essa abordagem inova ao propor a fase da estruturação do feedback, o que

significa assimilar as melhores práticas gerenciais. Segundo Russo e Schoemaker (1993),

os administradores não aprendem facilmente com a experiência, sobretudo se não houver

aceitação do processo de feedback.

Quadro 2 - Tipos e técnicas de Tomada de Decisão

Técnicas de Tomar Decisões

Tipos de Decisão TRADICIONAIS MODERNAS

PROGRAMADAS

• Decisões repetitivas e de rotina.

• A organização desenvolve processo específico para tratá-la.

* Hábito;

* Rotina Administrativa: procedimentos padronizados de operação;

* Estrutura da organização: Expectativas comuns;

Um sistema de sub-objetivos;

Canais de informação bem definidos.

* Pesquisa operacional:

Análise matemática;

Modelos de simulação em computador;

* Processamento eletrônico de dados.

NÃO-PROGRAMADAS

• Decisões políticas mal estruturadas.

• Tratadas por processos gerais de resolver problemas.

* Julgamento, intuição e criatividade;

* Normas práticas;

* Seleção e treinamento de executivos.

* Técnicas heurísticas de resolver problemas aplicados a:

Treinamento de indivíduos que toma decisões;

Montagem de programas heurísticos de computadores.

Fonte: Adaptado de SIMON, Herbert A. The new science of management decision. New York: Harper and Brothers Publishers, 1960.

Entre os fatores relacionados ao processo de tomada de decisão estão a determinação,

a persuasão e a fuga do problema. Alguns administradores tomam decisões baseadas na

intuição. Segundo Russo e Schoemaker (1993), a intuição é o ato em que o administrador

processa parte ou todas as informações que possui de maneira automática e rápida, sem se

preocupar com qualquer detalhe. Essas decisões raramente levam em consideração, de

maneira adequada e sistemática, todas as informações disponíveis. Essa prática tem suas

inconsistências, pois pode ser afetada por evidências, armadilhas ou aspectos como fadiga

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e distração do administrador que influenciam as escolhas. A principal vantagem da decisão

por intuição é que são mais rápidas e práticas se comparadas aos métodos estruturados e

sistematizados.

As práticas de Inteligência Empresarial tendem a estruturar as percepções sobre fatos

ou eventos com informações relevantes, facilitando também o trabalho intuitivo dos

decisores. Para isso, o analista de inteligência precisa conhecer aspectos da cultura e

valores organizacionais. As organizações nem sempre tomam as suas decisões de maneira

sistemática e metódica, pois deixam espaços para realidades caóticas e complexas nos

processos de formulação de alternativas. Para Simon (1970), não é possível saber todas as

alternativas e não há tempo hábil para analisar todos os detalhes.

O comportamento humano é intencional, embora limitadamente racional (SIMON,

1970). Em torno desta idéia se desenvolve sua teoria administrativa que estuda a

racionalidade intencional e limitada do comportamento dos seres humanos em busca de um

comportamento meramente satisfatório nas organizações. O desenvolvimento de

ferramentas gerenciais baseadas, sobretudo, na informática e na inteligência artificial pode

oferecer uma contribuição ao processo decisório na medida em que simulando o

comportamento humano se está ampliando as fronteiras da racionalidade limitada. Os

estudos sobre o Processo Decisório Estratégico envolvem a adaptação e o aprendizado dos

indivíduos. Para isso é preciso compreender como funciona a mente humana. Segundo

Simon (1987), esta é uma tarefa multidisciplinar que envolve a psicologia, a economia, a

estatística, a matemática, a ciência política, a inteligência artificial, a ciência cognitiva.

O processo de formular alternativas de decisão, segundo Shimizu (2001), e a escolha

entre a melhor delas é quase caótico e complexo. É caótico porque os decisores não

possuem uma visão clara e complexa dos objetivos e dos meios que definem o problema

em discussão. Complexo porque a incerteza, a falta de estruturação e o tamanho do

problema podem inviabilizar a aplicação sistemática da maior parte das metodologias de

decisão, geralmente baseadas em julgamentos subjetivos. A complexidade do processo

decisório pode ser explicada pela metáfora de um grande rio que traz de seus afluentes

incontáveis premissas que constituem e dão forma a uma questão.

As decisões carregam consigo o jogo de poder e políticas, além de tons pessoais e

história institucional. Não é um evento isolado, mas é um processo complexo na busca pela

melhor resposta a uma questão. Além da objetividade das ações propostas, a subjetividade

no processo decisório está relacionada a juízos de valor que estão presentes na mente dos

administradores.

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O Processo Decisório Estratégico é holístico, ou seja, não pode ser divido em partes.

Por isso, as metodologias de apoio à decisão devem suportar essa subjetividade e atuar

como um elo de ligação entre os administradores e os juízos de valor sobre as informações

a ser consideradas. Segundo March (1994), o processo de tomada de decisão é uma

atividade que interpreta uma ação como uma escolha racional. A racionalidade é um

particular conjunto de procedimentos para fazer escolhas. As teorias de escolha racional

assumem os processos de decisão como baseados nas conseqüências das ações ou na

preferência dos decisores. A incerteza sobre a melhor alternativa de ação não pode ser

completamente eliminada, mas pode ser reduzida pela qualidade das informações e dados,

além do ajustamento das práticas gerenciais da organização para cumprir as decisões

tomadas.

A redução da incerteza associada ao Processo Decisório Estratégico é a principal

função das práticas de Inteligência Empresarial. Isso tem um impacto nos estudos sobre a

racionalidade limitada visto que os sistemas de apoio à decisão tendem a fazer uso

sistemático e constante das ferramentas de informação e comunicação (TIC). No início do

século XXI, os administradores possuem mais subsídios para a tomada de decisão que nos

primórdios dos estudos de Herbert Simon (1960).

2.4.2 As Armadilhas do Processo Decisório Estratégico

O Processo Decisório Estratégico, segundo Shimizu (2001), pode sofrer interferência

das armadilhas ocultas que resultam em decisões nefastas. Seus erros podem estar

relacionados à formulação e estruturação do problema e na escolha da melhor (ou mais

suficiente) alternativa de ação. Essas armadilhas estão ocultas e são invisíveis, por isso

representam um perigo à parte ao Processo Decisório Estratégico. Uma das saídas é a

conscientização do administrador sobre sua existência e suas características, em vista de

minimizar seus efeitos.

As principais armadilhas ocultas relacionadas ao Processo Decisório Estratégico são:

(i) Armadilha da Âncora. Ao considerar uma decisão, a mente do administrador dá

maior peso às primeiras informações recebidas. Impressões iniciais, estimativas ou dados

ancoram pensamentos subseqüentes e condicionam o julgamento dos cursos de ação. Nos

negócios, o tipo mais comum de ancoragem está relacionado a eventos passados ou a

tendências.

(ii) Armadilha do Status Quo. Os administradores acreditam que suas decisões são

racionais e objetivas. Mas os preconceitos das pessoas influenciam as alternativas em vista

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da perpetuação do status quo. Essa armadilha atua na psique, protegendo o ego das

pessoas. Quebrar o status quo significa assumir a responsabilidade de ação, além de

permitir uma autocrítica em busca de outras alternativas.

(iii) Armadilha do custo investido. Trata-se de fazer escolhas justificando escolhas

passadas, até mesmo quando essas não se mostram mais válidas.

(iv) Armadilha da evidência confirmada. Trata-se de buscar informações que apóiam

o instinto do administrador evitando informações que contradizem sua decisão. Esse

preconceito leva o decisor a dar mais peso às informações que ratificam seu ponto de vista.

(v) Armadilha de tabelas comparativas. O primeiro passo para tomar uma decisão é

moldar os elementos da pergunta. Isso influencia as alternativas de escolhas a serem feitas.

Está relacionada à outras armadilhas psicológicas, podendo realçar um custo investido ou

ainda pode conduzir para uma confirmação de evidência.

(vi) Armadilha de estimativa e da previsão. A maioria das pessoas faz estimativas

sobre tempo, peso, distância e volume. Isso condiciona o pensamento do administrador.

(vii) Armadilha do excesso de confiança. As estimativas estão no cotidiano das

pessoas e geram um excesso de confiança que pode induzir a erros de julgamento.

Estas são apenas algumas armadilhas, pois há ainda outras citadas por Russo e

Schoemaker (1993) e Cohen (2001). A consciência dessas armadilhas pode conferir um

grau mais racional no processo decisório.

O procedimento racional é aquele que segue uma lógica da conseqüência, fazendo a

escolha depender de quatro questões básicas: alternativas, expectativas, preferências e

regras de decisão. É preciso aceitar a presença da subjetividade neste processo. Por isso, é

importante conhecer as características da organização na qual os profissionais estão

inseridos, tanto para estruturar as práticas de Inteligência Empresarial quanto para interagir

com as etapas do Processo Decisório Estratégico. As instituições sem fins lucrativos

apresentam algumas peculiaridades em sua gestão e administração estratégica,

principalmente em seu Processo Decisório Estratégico.

2.5 INSTITUIÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS

O fim do Estado de bem-estar social, a recessão do capitalismo mundial e a crise na

representação democrática do Estado e seus instrumentos políticos, tais como partidos e

organizações, coincidem no tempo no século passado. Várias são as conseqüências desse

fenômeno e seus impactos sobre as instituições sem fins lucrativos, que também podem ser

chamadas de organizações não-governamentais ou Terceiro Setor. Diante desta realidade,

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nos últimos anos surgiram as chamadas organizações não-governamentais (ONGs). Alguns

autores, tais como Lador-Leberer (1963) apontam a Igreja Católica como uma das mais

antigas ONGs do Ocidente e Vallier (1972) em seus estudos sobre poder mundial

considera essa instituição como um ator transnacional. Desde 1990, as ONGs fazem parte

de um fenômeno de mobilização da sociedade civil organizada em busca de solução para

políticas públicas ineficientes, principalmente nas áreas sociais, educacionais e de meio

ambiente.

Desde a década de 1990, as tradicionais obras de caridade da Igreja Católica

Apostólica Romana, como escolas, hospitais, abrigos, asilos e universidades, são

concebidas como integrantes do Terceiro Setor. Geralmente essas obras não têm

finalidades lucrativas, ou seja, o superávit de seus recursos é integralmente reinvestido na

melhoria e expansão dos serviços.

Inicialmente o termo Terceiro Setor era aplicado exclusivamente às organizações

internacionais que não foram estabelecidas mediante acordos internacionais. Contudo, com

o passar do tempo, esse termo passou a ser utilizado também por organizações que

atuavam exclusivamente em contexto nacional, sobretudo em países em desenvolvimento

ou em países industrializados, como é o caso do Brasil. As ONGs estão inseridas nas

políticas de desenvolvimento de uma região ou país. Seu surgimento está inserido no

contexto de organizações sem fins lucrativos e no Terceiro Setor, envolvendo também

ações de voluntariado.

Imitando a estrutura militar, as empresas primaram pela concepção cartesiana da

divisão do trabalho. Seus níveis hierárquicos e linhas de comando foram estudados pela

administração clássica e seus efeitos foram o aumento da produtividade e lucratividade.

Sua visão de negócios era mecanicista. Contudo, a visão orgânica da empresa concebe o

trabalho como algo mutável e flexível, baseado no conhecimento e no processamento de

dados e informações do meio ambiente competitivo no qual se está inserido.

O foco da administração cartesiana está nas metas, estrutura e eficiência operacional,

a partir da metáfora das máquinas. Em contrapartida, a idéia de que as organizações são

mais semelhantes a organismos vivos dirige a atenção para questões como sobrevivência,

relações com o ambiente e eficácia. Essa é uma das características das seculares

instituições de origem judaico-cristã, como as milenares universidades católicas: a

sobrevivência a longo prazo. Na concepção das organizações orgânicas a sobrevivência no

mercado é seu principal objetivo e sua gestão está marcada por metas e objetivos

relacionados às mudanças ambientais.

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A teoria dos sistemas abertos enfatiza a importância do ambiente em que as

organizações estão inseridas. Para Morgan (2000, p.61), a “perspectiva dos sistemas

abertos sugere que devemos sempre organizar tendo o ambiente em mente. Ela devota

muita atenção ao entendimento da tarefa ou função do ambiente, definido pelas interações

diretas da organização com os clientes, os concorrentes, os fornecedores, sindicatos, órgãos

do governo e o ambiente contextual mais amplo ou geral”. Os constantes problemas na

organização do tipo mecanicista resultaram no deslocamento da atenção para a biologia

como fonte de idéias para analisar uma organização. De modo geral, como as instituições

sem fins lucrativos são criadas para responder determinadas necessidades sociais, há uma

tendência a uma estruturação organizacional mais orgânica que mecanicista.

O crescente interesse pelas instituições sem fins lucrativos em temas como

Planejamento Estratégico e Gestão do Conhecimento Organizacional pressupõem a

necessidade do monitoramento ambiental. As metodologias de gestão estão associadas à

estrutura organizacional. Desde a década de 1960, busca-se caracterizar as instituições em

diferentes espécies e, segundo Mintzberg (1995), há basicamente cinco tipos de

organização: a máquina burocrática; a forma divisionalizada; a burocracia profissional; a

estrutura simples e as adhocracias. Cada uma destas espécies possui subsistemas próprios,

além de concentração de práticas de gestão e diferentes distribuição de poder.

Necessariamente não há um processo evolutivo entre estes modelos ideais, visto que

muitas empresas de alta tecnologia já nascem como adhocracias e assim se estabilizam,

enquanto outras tendem a ter estrutura simples ou burocracia profissional

permanentemente.

A burocracia profissional modifica os princípios do controle centralizado para

permitir maior autonomia do pessoal e é adequada para lidar com condições estáveis em

que as tarefas são complexas. Para Morgan (2000, p.70), este tipo revelou-se uma estrutura

adequada para universidades, em que os profissionais com habilidades ou conhecimentos-

chave precisam de uma grande dose de autonomia e arbítrio para serem eficazes em seu

trabalho.

Desde a década de 1980, a eficácia da burocracia profissional vem sendo

severamente desafiada pelas constantes mudanças ambientais. A estrutura da burocracia

profissional tende a ser quase plana, isto é, os níveis hierárquicos são substituídos por um

sistema descentralizado de autoridade. Essa padronização e integração são alcançadas por

meio de treinamento profissional e da aceitação das normas operacionais, e isso funciona

melhor que o controle direto em muitos casos.

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A sociedade industrial foi marcada pelo surgimento de grande número de

organizações para prover produtos e serviços a seu ambiente. As instituições sem fins

lucrativos também são conhecidas como organizações a serviço do ambiente (ANSOFF,

1983). Entre elas estão instituições de negócios, hospitais, universidades, igrejas, alguns

setores governamentais que prestam serviços públicos, tais como correios. Nos Estados

Unidos, essas organizações movimentam uma quantia considerável de investimentos, além

de empregar milhares de trabalhadores. Elas estão inseridas no âmbito da sociedade civil e

sua função é prover bens coletivos sociais (GONÇALVES, 1996). As outras empresas são

caracterizadas pelas suas finalidades lucrativas, ou por sua natureza estatal.

Nas empresas com fins lucrativos os ativos são de propriedade de indivíduos. Nas

organizações sem fins lucrativos os ativos são de propriedade pública. As ferramentas de

gestão eram principalmente utilizadas pelas empresas lucrativas, visto que as sem fins

lucrativas eram altamente subsidiadas. O atual ambiente competitivo está aproximando

essas duas categorias. Os estudos comprovam que a busca exclusiva pelo lucro é bastante

limitada nas empresas comerciais, e que as instituições sem fins lucrativos precisam se

adaptar a um ambiente competitivo e com recursos escassos por meio de uma gestão

profissional. Há muitas empresas com fins lucrativos que estão desenvolvendo atividades

de responsabilidade social, domínio típico de organizações do Terceiro Setor.

Entre as características das empresas comerciais está a satisfação do cliente e a

capacidade de influenciar no poder de compra de produtos e serviços, por meio de

campanhas agressivas de marketing e propaganda. Essa agressividade em vender produtos

e serviços aos clientes, utilizando ferramentas de mídia, constitui uma das principais

características das empresas comerciais. Segundo Drucker (1995), de um modo geral, as

organizações sem fins lucrativos não estão focadas nas necessidades dos clientes,

tampouco preocupadas com sua eficiência econômica, e as práticas de gestão profissional

são consideradas apenas em casos em que sua sobrevivência está em risco.

De modo geral, nas organizações sem fins lucrativos, o administrador não realiza

efetivamente qualquer tipo de conversão de recursos. Antes, estão mais interessados na

orientação e no controle do comportamento da organização. Segundo Ansoff (1983, p. 26),

na Alemanha e na Holanda, “a preocupação dos administradores de tais organizações é

exclusivamente em determinar o que deve ser feito ou em motivar outras pessoas para

desempenhar suas funções”. Ou seja, os administradores dessas organizações apenas

buscam controlar o processo e os resultados do trabalho, não enfatizando o que deve ser

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feito, como em uma linha de produção. Em vários casos é difícil mensurar o produto final

do processo de uma instituição sem fins lucrativos visto a inexistência de parâmetros de

rentabilidade ou lucratividade, mesmo que seja um índice social.

A partir da década de 1990, enfrentando um ambiente de concorrência e de recursos

escassos, as organizações sem fins lucrativos mudaram seu típico comportamento

administrativo menos agressivo e ambicioso que suas congêneres comerciais. Como

resultado, passam a incorporar em sua estrutura metodologias de gestão empresarial para

evitar o isolamento e o divórcio da realidade ambiental e também para eliminar sua

ineficiência interna. No Brasil, as universidades sem fins lucrativos passaram por esse

mesmo processo, criando uma associação para defender seus interesses e melhorar sua

gestão empresarial, como é o caso da Associação Brasileira das Universidades

Comunitárias (Abruc).

A administração clássica está estruturada desde o início do século XX (TAYLOR,

1970). Contudo, as organizações sem fins lucrativos são oriundas de políticas públicas,

desenvolvidas principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos,

no período de Franklin Roosevelt, o governo assumiu a responsabilidade pelo bem-estar

social. Mas o crescimento explosivo das despesas governamentais e com o bem-estar

chegou a tal nível que não se podia mais tolerar sua ineficiência. Como resultado, na

atualidade, as organizações sem fins lucrativos estão sujeitas à crescente pressão no sentido

de buscar a mesma eficiência que suas congêneres comerciais por meio da incorporação de

práticas gerenciais.

Essa pressão está impulsionando as organizações sem fins lucrativos a exercer

atividades de natureza empresarial e de inovação de produtos ou serviços. Desde o final do

século XX, as universidades defrontam-se com problemas de supercapacidade de oferta,

déficits orçamentários e o questionamento da relevância do modelo de Ensino Superior

baseado em premissas do século XVII (CASTILHO, 2004).

O atual ambiente, como num ecossistema, elimina as organizações sem fins

lucrativos que não sejam produtivas e eficientes na aplicação de seus recursos. Essa

mudança de cultura organizacional de incorporação dos princípios da ação gerencial

constitui seu principal desafio. Os hábitos burocráticos encontram-se tão entrincheirados e

a resistência às mudanças é tão pertinaz que, de maneira típica, faz-se necessário uma crise

de sobrevivência iminente ou efetiva para que uma organização sem fins lucrativos aceite

essa nova realidade ambiental de concorrência e de globalização e passe a adotar métodos

e técnicas da gestão profissional.

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Durante o século XX, as rápidas mudanças sociais tornaram o ambiente das

organizações mais difíceis de serem previstos. As práticas administrativas precisam

acompanhar esse ritmo de mudança. Soma-se a isso a falta de planejamento estratégico nas

organizações sem fins lucrativos, pois, em uma organização altamente subsidiada há uma

tendência a não se buscar a eficácia e eficiência operacional. Entre as pressões para tornar

essas organizações mais competitivas está o condicionamento da disponibilidade de

recursos mediante metas e índices de desempenho objetivos descritos em relatórios.

Primeiramente foram as empresas comerciais que perceberam essas mudanças ambientais.

Apenas no final da segunda metade do século XX é que as organizações sem fins

lucrativos perceberam que o tempo disponível para as respostas efetivas se tornou mais

curto.

O nível de turbulência empresarial é o grau de reconhecimento do tempo no qual as

organizações devem implementar suas decisões. Sob pressão, as empresas adaptam seus

mecanismos de resposta ao aumento da turbulência do ambiente como o nível de

orçamento estratégico, a imprevisibilidade da mudança, as novidades tecnológicas e a

freqüência das mudanças.

Segundo Drucker (1995), internamente as organizações podem ser classificadas em

dois modelos. O primeiro descreve as empresas de negócios como sendo irrequietas,

agressivas e em busca contínua de maximização de lucros. O segundo retrata as

organizações sem fins lucrativos como sendo passivas e inclinadas a reagir às mudanças

ambientais, destituídas de sensibilidade. Na melhor das hipóteses, essas organizações são

burocráticas, introvertidas, resistentes às mudanças e isoladas de seu ambiente.

Após a Segunda Guerra Mundial, as metodologias administrativas tornaram-se

populares graças à influência das escolas de administração, ao crescente número de livros,

periódicos e seminários sobre o tema. As novas tecnologias se transformaram em um

símbolo de status e sinônimo de boa administração. Mas ainda há muita resistência para

sua adoção nas instituições sem fins lucrativos.

Com a crescente complexidade nas organizações houve a separação entre a

propriedade e a administração. Na empresa tradicional, o proprietário era o administrador

geral que comandava todas as funções gerenciais. Diante de seu crescimento, os

proprietários detêm o controle acionário e administradores profissionais assumem o

comando da empresa. Isso influencia o comportamento dos administradores profissionais,

visto que há uma maior cobrança por resultados.

Outro fenômeno é a descentralização do poder, sobretudo oriundas da dificuldade de

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controle em grandes corporações. A partir de conhecimentos cada vez mais especializados,

sobretudo em organizações burocráticas, o poder tende a ficar mais concentrado na

administração média ou inferior. Essas mudanças também afetam as instituições sem fins

lucrativos. O acesso ao poder por parte dos trabalhadores verifica-se em dois níveis: no

local de trabalho, onde os profissionais participam das decisões sobre as condições e a

natureza do trabalho; e na administração geral, em que os profissionais agem no sentido de

proteger e de promover seus interesses no decorrer do Processo Decisório Estratégico.

Nessa complexidade de estrutura de poder, a administração geral é bastante forte e a

tecnocracia é poderosa.

A estrutura de poder tem reflexos na cultura organizacional, pois a preocupação está

na segurança de não perder o emprego ou não ser punido por mau desempenho. Nas

organizações sem fins lucrativos a segurança do emprego e os prêmios e punições se

relacionam com a antigüidade no serviço e não necessariamente com o desempenho. Essa

realidade tende a bloquear o processo de mudança organizacional e influenciar

negativamente o planejamento estratégico na inserção de novas tecnologias. Por outro

lado, o grau de lealdade dos profissionais aos objetivos organizacionais tende a ser mais

altruísta pela identificação pessoal com os objetivos da organização.

As instituições sem fins lucrativos, segundo Gonçalves (1996), não aspiram a nada

mais que a mera sobrevivência. Apenas algumas dessas organizações perseguem uma

variedade de objetivos e metas. A maioria está satisfeita em operar em déficit, pois

acreditam que o mesmo será coberto por subsídios externos. Apenas quando há ameaça à

sua sobrevivência é que elas passam a dar atenção ao desempenho econômico e à

profissionalização das práticas gerenciais.

Em sua origem, as organizações sem fins lucrativos são fundadas por entidades

governamentais ou por indivíduos de espírito público. O objetivo de seus fundadores é

proporcionar serviços socialmente necessários na área de saúde ou educação,

principalmente em setores que não podem ser atendidos pelas empresas que visam ao

lucro. Entre as principais características das instituições sem fins lucrativos, segundo

Gonçalves (1996, p.28) estão: “a criação de uma estrutura formal; o estabelecimento de

metas e objetivos sociais; um certo grau de autonomia; a ligação à sociedade por atos de

solidariedade; e uma função sócio-política em sua comunidade”.

À medida que uma empresa cresce e se desenvolve, dois aspectos tendem a se tornar

institucionalizados: o desempenho e as aspirações. O atributo do desempenho é utilizado

para julgar a organização em termos de sucesso ou fracasso. Em algumas é a lucratividade

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mensurável, mas nas organizações sem fins lucrativos, normalmente, é um vago conceito

de serviço prestado ao público. O segundo aspecto envolve a agressividade das aspirações.

A maioria das organizações sem fins lucrativos busca meramente um ponto de satisfação,

enquanto que as empresas lucrativas visam a atingir metas ambiciosas ou a maximização

do retorno sobre o capital investido.

Segundo Hamel e Prahalad (1995, p.26), “a competição pelo futuro é uma luta pela

criação e domínio de oportunidades emergentes, ou seja, pela posse de um novo espaço

competitivo”. Para isso, são necessários quatro elementos: (i) compreensão de que a

competição pelo futuro é algo diferente; (ii) um processo pela descoberta e percepção das

oportunidades futuras; (iii) habilidade de energizar a empresa de cima abaixo o que

representa uma longa e árdua jornada em direção ao futuro; (iv) capacidade de superar os

concorrentes e ocupar uma posição primordial no futuro, sem correr riscos desmedidos. A

competência essencial é o que diferencia uma empresa de seus concorrentes, além de

proporcionar uma margem de competitividade e que pode ser aplicada a outros setores ou

negócios. As instituições sem fins lucrativos também devem possuir competências

essenciais para uma gestão profissional.

O processo de poder na organização limita a agressividade das aspirações e pode ser

de três tipos: coercitivo, consensual e negociação. Sob o processo coercivo, as aspirações

podem abranger desde a maximização até o ponto de satisfação; sob um processo

consensual, as aspirações podem ser a busca de meta ou o ponto de satisfação; sob um

processo de poder de negociação, as aspirações são o ponto médio de satisfação. Ou seja, a

cultura na qual as organizações estão inseridas condicionam a elaboração de sua

estratégica. Estas características ainda incluem a perspectiva de tempo, o domínio das

alternativas, o foco da atenção governamental, a propensão à mudança e a descontinuidade

com a experiência passada.

Além disso, as organizações sem fins lucrativos ou do Terceiro Setor iniciam sua

existência e buscam atingir um determinado ponto de satisfação e nele permanecem por

muito tempo. Segundo Ansoff (1983, p.117), nas organizações sem fins lucrativos o “poder

é distribuído por toda a organização, graças ao controle local sobre os conhecimentos e os

recursos, no que diz respeito à garantia de emprego e ao sistema de recompensas com base

no tempo de serviço”. Em muitos casos, ape nas uma grave crise pode provocar mudanças

nas organizações sem fins lucrativos no sentido de profissionalizar suas práticas gerenciais.

A liderança possui características próprias em organizações sem fins lucrativos. Nas

empresas profissionais, a liderança provém da tecnocracia. É de se esperar que uma

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organização sem fins lucrativos se abstenha da mudança estratégica – um domínio

reservado aos profissionais. A principal função dos administradores é assegurar o

funcionamento regular dessas organizações e captar o máximo possível de subsídios

necessários à sua sobrevivência.

As organizações, para cumprir sua missão e seus objetivos, utilizam-se de metas e

objetivos. A estratégia é o meio pelo qual os objetivos são alcançados. Como o objetivo da

estratégia empresarial é criar uma vantagem competitiva duradoura para a empresa, torna-

se importante a elaboração e implementação do Plano Estratégico nas empresas.

O planejamento de longo prazo foi uma resposta da organização a pressões do

crescimento rápido, do tamanho e complexidade. O planejamento estratégico foi criado na

década de 1960, menos de dez anos após o planejamento de longo prazo. Sua origem está

ligada à saturação e ao declínio do crescimento em várias empresas. Um dos exemplos

clássicos de planejamento estratégico foi o utilizado por Robert MacNamara no

Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Desde a década de 1990, algumas

instituições sem fins lucrativos passaram a adotar a metodologia do Planejamento

Estratégico em vista de sua sobrevivência e otimização de seus ativos, como é o caso da

instituição em estudo, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

2.6 ADMINISTRAÇÃO UNIVERSITÁRIA

A capacidade de criar e disseminar conhecimento e incorporá-lo em produtos ou

serviços parece ser um processo frágil nos modelos de gestão universitária (CASTILHO,

2004). Por isso, não basta ter na organização pessoas eficientes com alto grau de

conhecimento, é preciso que a organização estabeleça mecanismos adequados para

transferir as informações das pessoas para sua estrutura gerencial. O esforço de integração

entre os vários setores pode ser um dos objetivos das práticas da Inteligência Empresarial,

visto que é possível também internamente, sobretudo no ambiente complexo das

universidades, identificar as fraquezas e deficiências em torno das informações estratégicas

sobre sua área de atuação ou negócio.

Na questão financeira, a Constituição Brasileira de 1988 disciplinou os recursos

públicos que são destinados às instituições de Ensino Superior comunitárias, confessionais

ou filantrópicas desde que comprovem sua finalidade não lucrativa e apliquem seus

excedentes em educação. Essa situação originou inúmeros debates sobre o sistema

educacional brasileiro e levou à necessidade de adequação das leis educacionais em vigor.

A lei no 9394, chamada de Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

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70

foi publicada em 12 de dezembro de 1996 e trouxe algumas alterações significativas na

regulamentação da educação superior em geral e do setor privado especificamente.

Atualmente no Brasil, os estabelecimentos privados de educação superior podem

distinguir-se sob várias formas: a natureza institucional como universidades, centro

universitário, faculdades integradas, faculdades, institutos ou escolas superiores; a natureza

jurídica de sua mantenedora como fundação, associação ou sociedade de direito privado; e

ainda a natureza de sua identidade como filantrópica ou não, comunitária, laica ou

confessional.

Contudo, a LDB de 1996 não especificou a distinção entre as instituições privadas de

Ensino Superior, de um lado as particulares em sentido estrito, de outro, as comunitárias,

confessionais e filantrópicas, para que as últimas possam gozar de benefícios dos recursos

públicos e certas isenções. Para isso, as instituições sem fins lucrativos criaram

mecanismos de reconhecimento social, como a Associação Brasileira de Universidades

Comunitárias (Abruc) no sentido de buscar subsídios governamentais para seus projetos de

educação.

Para que as instituições confessionais, comunitárias ou filantrópicas pudessem se

beneficiar de recursos públicos surgiram agrupamentos de interesse no setor de Ensino

Superior. Esse segmento está organizado em forma de associações, constituídas em torno

de dois elementos: o caráter não-lucrativo de sua finalidade educativa e sua organização

interna de poder, baseada na participação da comunidade. Esses dois princípios são

fundamentais no estabelecimento das diferenças entre essas instituições e as demais

instituições privadas de educação superior no país com finalidades comerciais. Nessas

últimas, predominam o caráter lucrativo na prestação de serviços na área de educação e a

subordinação dos assuntos acadêmicos e administrativos às finalidades da mantenedora,

proprietária do estabelecimento.

No atual ambiente competitivo do Ensino Superior brasileiro estão 1.637 instituições,

segundo o Censo da Educação Superior de 2002. Destas 1.442 são privadas, e 317 são

comunitárias, confessionais ou filantrópicas. Contudo, grande parte das 1.125 instituições

de Ensino Superior é mantida por uma entidade sem fins lucrativos (CASTILHO, 2004).

As Pontifícias Universidades Católicas, por sua natureza gerencial e inserção social, se

assemelham às entidades públicas, de caráter não estatal. Com a expansão da oferta de

cursos superiores, sobretudo a partir do final da década de 1990, também aumentou a

concorrência e a exigência por uma administração profissional nas instituições sem fins

lucrativos.

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71

Na década de 1930 surgem as primeiras tentativas de criação de uma administração

escolar no Brasil. Seu desenvolvimento acontece, na década de 1960, como uma adaptação

de modelos administrativos científicos, gerenciais e burocráticos (SANDER, 1995). A

educação se encontra entre duas vertentes conflitantes, quer na defesa de procedimentos

administrativos educacionais sob a adesão dos princípios e métodos desenvolvidos e

adotados em empresas comerciais, quer na negação da necessidade e conveniência da

própria administração na situação escolar. No primeiro caso, os princípios da

administração estão focados na busca pela racionalidade, eficiência e eficácia

organizacional.

O termo gestão é utilizado por instituições educativas dos mais diversos níveis como

educação básica e superior, além de sistemas educacionais como municipal, estadual e

federal. Segundo Werle (2001), no estado da arte do termo gestão e gestor estão processos,

políticas e ações administrativas que são construídas no interior das instituições educativas,

articuladas por um gestor educacional. Administração da educação é entendida como um

conceito amplo que engloba as políticas, o planejamento, a gestão e a avaliação da

educação, e está diretamente vinculada à natureza da instituição educativa. O termo gestor

pressupõe competência e profissionalismo, e está aliado à ação competente, reação

dinâmica em cada situação de forma integrada.

A mudança de paradigma na escola está ligada ao atual contexto social, democrático

e participativo. Para Lück (2000), esse ambiente é caracterizado pelo reconhecimento da

importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a

orientação e planejamento de seu trabalho. Sendo assim, o conceito de gestão educacional

está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, à

participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante

um compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais significativos. Um

elemento importante na gestão educacional é a interpenetração entre as dimensões políticas

e pedagógicas. Nas instituições educativas esses dois aspectos estão interligados. Esse

modelo de gestão, democrático e participativo, é oriundo das experiências de gestão em

instituições públicas de ensino.

A gestão educacional, segundo Lück (2000), tem as seguintes características: a

democratização do processo de determinação dos destinos do estabelecimento de ensino e

seu projeto político-pedagógico; a compreensão da questão dinâmica e conflitante das

relações interpessoais da organização, o entendimento dessa organização como uma

entidade viva e dinâmica, demandando uma atuação especial de liderança; o entendimento

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de que a mudança dos processos pedagógicos envolve alterações das relações sociais da

organização; a compreensão de que os avanços das organizações se assentam muito mais

em processos sociais, sinergia e competência, do que meramente em insumos ou recursos.

Neste sentido, a gestão educacional exige uma postura do gestor que vai além dos

procedimentos tradicionais da administração científica.

Essa tendência pelos princípios democráticos em instituições de ensino demanda

uma participação ativa dos que atuam no processo decisório, na elaboração do Plano

Estratégico e na capacidade de resposta quando surgem os problemas, a fim de garantir a

funcionalidade da organização (LÜCK, 2000). O grau de participação de membros da

sociedade na gestão universitária depende da cultura organizacional, bem como do seu

modelo de gestão. Em muitas instituições de Ensino Superior sem fins lucrativos os

principais gestores são eleitos pela comunidade de alunos, professores e funcionários,

inclusive o reitor, em um simulacro da democracia social. Esse não é o caso da gestão na

PUCPR.

A administração educacional, segundo Sander (1995), desenvolve-se em cinco etapas

consecutivas, frutos de enfoques conceituais e analíticos a partir do contexto da América

Latina. No período colonial, o enfoque jurídico teve o caráter normativo e pensamento

dedutivo. Durante a Revolução Industrial, o enfoque tecnocrático acompanhou o

movimento científico, gerencial e burocrático da escola clássica de administração. A escola

psicossociológica, durante os anos 1930, com o enfoque comportamentalista utilizou a

teoria do sistema social na organização e na gestão da educação. De natureza

modernizadora, o enfoque desenvolvimentista foi baseado na teoria política no período

pós-guerra. Nas últimas décadas, autores latino-americanos estão desenvolvendo o enfoque

sociológico e estão preocupados com a concepção de teorias sociológicas e soluções

educativas capazes de satisfazer necessidades e aspirações da sociedade latino-americana.

Esses movimentos ideológicos, presentes sobretudo nas instituições públicas, tendem a

influenciar a gestão de instituições privadas de Ensino Superior.

2.6.1 Tendência nas Instituições de Ensino Superior

Os novos desafios da globalização, sobretudo a partir da década de 1990, estão

exigindo uma nova postura competitiva das instituições de Ensino Superior, pois

tradicionalmente são mais resistentes às mudanças que as entidades comerciais. Essas

mudanças estão relacionadas à sua gestão administrativa e à incorporação de práticas

gerenciais profissionais.

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Entre as mudanças externas estão o aumento da demanda social por qualificação

acadêmica e a abertura para uma clientela diversificada; os constantes cortes nos gastos

públicos na área de Ensino Superior; mudanças no mercado e na economia; e a

implantação de sistemas de avaliação institucional. Entre os fatores internos pode-se citar a

progressão geométrica do conhecimento e da ciência em todas as áreas simultaneamente; a

necessidade de abordagens multidisciplinares; a velocidade da implantação das novas

tecnologias da informação e comunicação; o desenvolvimento da pesquisa e os desafios de

aproximar as pesquisas das salas de aula. Gerenciar essas instituições neste contexto

passou a ser um desafio para os profissionais de gestão universitária.

Entre as organizações consideradas complexas estão as universidades

(BALDRIDGE, 1971a, 1971b, 1975, 1983) e entre seus estilos e modelos de decisão estão

o burocrático, o racional, o político, o colegiado e o anárquico. A natureza das instituições

de Ensino Superior, principalmente por sua complexidade, torna o processo decisório

condicionado a diversos critérios de avaliação. A administração universitária sofre

constantemente interferências internas e externas, principalmente as relacionadas a sua

estrutura e serviços oferecidos. Entre os paradigmas que avaliam a gestão de instituições

universitárias, segundo Sander (1984), estão: eficiência como critério econômico; eficácia

como critério pedagógico; efetividade como critério político; e relevância como critério

antropológico. Os dois primeiros, são de natureza instrumental, e estão geralmente

subordinados aos critérios políticos e antropológicos. Isso explica o enfraquecimento dos

aspectos racionais e econômicos na gestão universitária e na dificuldade de incorporação

de práticas gerenciais típicas de empresas comerciais, como a Inteligência Empresarial.

Desde a década de 1980, o Estado encampou o desafio da avaliação das instituições

de Ensino Superior. Para isso realizou uma série de seminários. Na década seguinte, foram

estruturadas atividades de mensuração como o Programa de Avaliação Institucional das

Universidades Brasileiras (PAIUB), o Exame Nacional de Cursos, também conhecido por

Provão (ENC) e as Comissões de Especialistas (CEs). Essas iniciativas fazem parte da

regulamentação do governo que, segundo Porter (1993; 1999), podem não interferir

diretamente nas empresas, mas é capaz de alterar o equilíbrio no setor do Ensino Superior.

Foram analisados modelos adotados em outros países com a finalidade de adotar um

padrão brasileiro de avaliação institucional. As avaliações mais recentes estão focadas na

alocação de recursos financeiros e pedagógicos e na avaliação do mercado, dos alunos e

professores. Além desse caráter coercitivo, há uma dimensão normativa visando capacitar

profissionais na formação específica em gestão universitária, com ênfase em avaliação

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institucional. Várias instituições de Ensino Superior criaram departamentos próprios para a

avaliação institucional fazendo uso intensivo das estatísticas institucionais como fonte

objetiva de medição. Neste sentido, a PUCPR criou, no final da década de 1990, junto à

Pró-Reitoria de Planejamento um setor específico para a avaliação institucional em

resposta às pressões ambientais do Governo Federal.

O objetivo das universidades está na formação de pessoas e na disseminação de

conhecimento, e faz isso por meio de sua prática educativa. A estrutura que operacionaliza

esse objetivo nem sempre é a mais adequada, por não resultar de um processo racional de

planejamento, nem pela resolução de problemas institucionais. As universidades estão mais

interessadas em ceder a pressões institucionais do que em fazer um gerenciamento racional

e eficiente economicamente. A maior preocupação das universidades é com a legitimação,

e isso se explica pelo fato das instituições de Ensino Superior estarem situadas em

ambientes institucionais fortes e ambientes técnicos fracos. Segundo Scott e Meyer (1992)

todas as organizações têm seu comportamento sujeito a essas pressões ambientais, quer

oriundas do ambiente técnico, quer do institucional.

As organizações podem variar conforme seus clientes, tecnologias, habilidades,

estruturas, estilo de liderança e como se relacionam com o ambiente externo. Essas

características comuns possibilitam a criação de indústrias na visão de Porter (1993; 1999).

Segundo Baldridge (1971a.; 1971b; 1975; 1983), as universidades são singulares. Cinco

características as distinguem: objetivos ambíguos, client service, tecnologia problemática,

profissionalismo e vulnerabilidade ambiental, conforme Quadro 3. Esses fatores

influenciam a gestão universitária e suas práticas de ação gerencial, bem como na

implantação e sistematização de metodologias administrativas mais modernas.

As instituições de Ensino Superior têm dificuldades de construir estruturas objetivas

de decisão para reduzir as incertezas ambientais e enfrentar possíveis conflitos. Como o

objetivo da universidade é algo ambíguo e não consensual, a administração universitária

geralmente é marcada pela retórica, mais que pela ação efetiva e coordenada. Como são as

pessoas que processam as universidades, esse fenômeno é conhecido como client service.

Os alunos ou clientes entram nas universidades, são alimentados em suas necessidades

específicas e depois retornam à sociedade. Porém, como esses clientes são seres pensantes,

eles querem participar do processo decisório por meio dos canais institucionais. Isso torna

o processo racional mais complexo, principalmente quando os alunos são capazes de

indicar os principais dirigentes das instituições de Ensino Superior por meio de eleições.

Nas indústrias há rotinas e trabalhos segmentados. Mas quando as pessoas se

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sobrepõem aos processos, não é possível desenvolver uma tecnologia específica, nem

padronizar comportamentos e procedimentos. Por esse motivo, são poucas as tarefas

simples e rotineiras no ambiente universitário.

Quadro 3 – Características de organizações acadêmicas e burocracias tradicionais

Organizações Acadêmicas

(faculdades e universidades)

Burocracias Tradicionais

(Agências de governo e indústrias)

Objetivos Ambíguos, contestados e

inconsistentes

Objetivos claros e menos

desacordos

Serviços ao Cliente Client serving Processamento de material e

comercial

Tecnologia Confusa, não rotineira e holística Clara, Rotineira e segmentada

Staff Predominantemente profissional Predominantemente não

profissional

Relações Ambientais Muito vulnerável Menos vulnerável

Imagem sumarizada Anarquia organizada Burocracia

Fonte: Baldridge et al. Alternatives Model of Governance in Higher Education. Massachussets: Ginn Custon Publishing, 1971a.

Contudo, mesmo com objetivos ambíguos e tecnologias problemáticas essas

organizações podem contar com profissionais altamente capacitados. Nas universidades,

esses técnicos são os professores, que estão mais envolvidos com os problemas de seus

alunos, seus principais clientes. Neste caso dois dilemas estão presentes. Primeiro, as

atividades complexas não podem ser divididas com um grupo de profissionais e devem ser

administrados por uma única pessoa, o professor. Segundo, os professores estão divididos

entre a lealdade às normas da corporação profissional e os objetivos da organização. O

professor universitário possui um elevado grau de autonomia na gestão universitária dentro

dos princípios previamente estabelecidos por sua classe profissional.

Todas as organizações têm um nível de relacionamento com seu ambiente, contudo o

grau de dependência ou autonomia desses fatores é diferente. A universidade está situada

entre a liberdade e o condicionamento. Em uma abordagem institucionalista, para

Baldridge (1971a.; 1971b; 1975; 1983) quando as organizações profissionais estão bem

separadas das pressões do ambiente externo, então valores e normas profissionais exercem

um papel dominante em moldar as características da organização. Ou quando uma forte

pressão externa é exercida nas instituições de Ensino Superior, a autonomia operacional

dos professores é seriamente reduzida. Essa vulnerabilidade ambiental da organização

pode condicionar o modelo de gestão da universidade e conseqüentemente as práticas da

Inteligência Empresarial.

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Neste contexto, no Processo Decisório Estratégico prevalece a inatividade porque os

administradores não se envolvem no processo político inerente às instituições de Ensino

Superior. Geralmente, a participação na gestão universitária é fluída, pois há uma

descontinuidade e rodízio entre os indivíduos que participam dos processos gerenciais. A

complexidade da gestão universitária não possui todas as características da burocracia

profissional, marcada pela estabilidade e processos bem definidos desenvolvidos por

profissionais extremamente competentes. Segundo Baldridge (1971a.; 1971b; 1975; 1983),

as organizações acadêmicas são bastante fluídas. A burocracia profissional implica linhas

de autoridade e comando hierárquico, enquanto os professores possuem relativa

autonomia.

Para caracterizar as universidades, Cohen e March (1974), sugerem o termo anarquia

organizada, caracterizada pela ausência de uma autoridade central, em que as pessoas estão

indo e vindo de direções variadas. Com objetivos ambíguos, as decisões geralmente são

fruto de atividades não planejadas. A alta administração e a reitoria assumem um papel de

catalisador ou facilitador de um processo contínuo de tomada de decisão. A alta

administração apenas negocia, mas não comanda, e tenta aplicar soluções já existentes aos

problemas que vão aparecendo. Esse modelo de gestão também é conhecido como “Lata de

Lixo”, ou seja, há um recipiente gerencial no qual os vários problemas e soluções estão

simplesmente depositados. Este esquema está explicitado no Quadro 3.

Além das características do modelo da anarquia organizada, a administração

universitária pode ser explicada por aspectos advindos dos modelos burocráticos, político e

colegiado. Entre essas características estão a divisão do trabalho condicionado à uma

coordenação; atividades padronizadas; utilização de critérios impessoais; atuação de uma

hierarquia administrativa; e a presença de algumas regras e regulamentos formalizados.

Nas Instituições de Ensino Superior, com ênfase no ensino, em que os professores

têm pouco envolvimento com a organização, prepondera o modelo burocrático. Em

instituições universitárias mais complexas, com pesquisa e com docentes com maior carga

horária, prevalecem os modelos anárquicos e políticos, ou até mesmo a burocracia

profissional.

A teoria institucional visa analisar a organização em relação ao seu ambiente.

Surgida na década de 1940, evoluiu sua forma de abordagem englobando a

interdependência técnica do ambiente e a influência de fatores sociais e culturais do

ambiente. Segundo DiMaggio e Powell (1983; 1991), as preferências individuais e

algumas categorias semelhantes í�FRPR�R� self, ação social, a cidadania í�V ão moldadas nas

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instituições por forças institucionais. As estruturas organizacionais desenvolvem-se em

contextos institucionalizados, não necessariamente por critérios de eficiência. Esse

fenômeno é conhecido como isomorfismo. Na teoria institucional, o isomorfismo

institucional está presente em uma organização que, por sua vez, está refletindo uma

realidade socialmente construída. Por isso, muitas práticas da gestão universitária são

oriundas das instituições educacionais de gestão estatal, inclusive importando critérios de

avaliação institucional adotados pelos especialistas do Governo Federal.

Segundo DiMaggio e Powell (1983; 1991) há três mecanismos para essas

mudanças isomórficas: (i) isomorfismo coercitivo í�RULJLQDGRV�GH�LQIOX ências políticas e da

busca por legitimidade; (ii) isomorfismo mimético í�UHVXOWDQWH�GH�XP�FHUWR�SDGU ão de

resposta à incerteza ambiental; (iii) isomorfismo normativo í� DVVRFLDGR� à ação

profissional. Essas mudanças podem ocorrer simultaneamente. As organizações estão

inseridas em um setor organizacional, que possui uma dimensão técnica e uma dimensão

institucional (SCOTT e MEYER, 1991). O setor técnico é aquele em que os produtos e

serviços estão presentes em um mercado em que as organizações têm o controle efetivo

dos sistemas de produção. No setor institucional, em vista da legitimidade, as organizações

seguem as mesmas regras e condutas elaboradas por seus pares. Estes dois aspectos são

complementares e simultâneos e influenciam o modelo de gestão universitária.

2.6.2 Modelos de Gestão Universitária

Os efeitos da globalização estão presentes na gestão universitária, sobretudo como

frutos de mudanças econômicas, sociais, políticas e educacionais. As instituições de Ensino

Superior estão sistematizando seus processos de monitoramento ambiental, sobretudo para

enfrentar a queda na produtividade acadêmica, a perda de alunos e conseqüentemente da

rentabilidade. Esse ambiente turbulento é favorável à implementação de sistemas de

avaliação institucional, o qual pressupõe a existência de práticas gerenciais profissionais.

Diante das pressões ambientais, as instituições de Ensino Superior estão mais

preocupadas com a qualidade no atendimento aos seus clientes – alunos, nos serviços

prestados, no ambiente universitário, na avaliação institucional e no monitoramento dos

movimentos da concorrência. Para gerenciar essas mudanças surge a necessidade de

profissionalizar as atividades gerenciais e implantar novas metodologias, como a

Inteligência Empresarial. Os gestores universitários precisam considerar a multiplicidade

de objetivos presentes em uma Instituição do Ensino Superior, principalmente os conflitos

envolvendo as atividades relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão provenientes da

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visão e experiência acadêmica dos gestores envolvidos no Processo Decisório Estratégico.

As atividades administrativas e burocráticas são consideradas normalmente sem

importância, desnecessárias e inúteis por parte dos profissionais docentes. Geralmente, a

área acadêmica está preocupada exclusivamente com os aspectos técnicos e pedagógicos,

dedicando pouco tempo às práticas de gestão universitária.

Uma das questões que mais gera conflito no seio da universidade é a disposição dos

recursos para gerar bens e serviços. Há uma tensão natural entre a autonomia acadêmica e

as diretrizes administrativas da mantenedora. Para otimizar os recursos, estão sendo

incorporadas à gestão universitária as práticas gerenciais das empresas comerciais. O

Processo Decisório Estratégico carrega elementos da cultura corporativa, seus valores e sua

estruturação interna e seus grupos de poder, e as práticas de Inteligência Empresarial

podem estar adequadas para otimizar o resultado deste processo.

O modelo de gestão é definido como uma forma ideal, algo estruturado, um

conjunto articulado de preceitos legais, com uma hierarquia definida, um conjunto

estruturado de princípios e regras, ou seja, uma forma de alcançar a eficácia e a

maximização dos recursos. Com relação aos modelos de análise das organizações

educacionais Lima (1999), descreve quatro modelos de gestão presentes em instituições de

Ensino Superior: o modelo político, o modelo racional-burocrático, o modelo anarquia

organizada, o modelo de gestão estratégica, e o modelo da organização que aprende.

Segundo Lima (1999), o modelo político realça a diversidade de interesses e de

ideologias, assim como a inexistência de objetivos consistentes e partilhados por todos. O

poder, a luta e o conflito são importantes e há uma racionalidade política. Mas, essa

racionalidade está em função dos indivíduos e suas ações. Esse modelo enfatiza o dissenso,

o conflito e a negociação entre grupos de interesse. A atividade política é uma atividade

essencial nessas organizações. Há o reconhecimento de que a autoridade formal é apenas

uma das fontes de poder, de que os conflitos são normais e se constituem fatores

significantes da promoção de mudanças. Então, a tomada de decisão aparece como o

resultado de um processo complexo de negociação entre as partes e os indivíduos.

No modelo racional-burocrático os objetivos organizacionais estão bem claros e

definidos. Pressupõe a existência de processos e tecnologias claros e transparentes. As

organizações estão centradas na orientação para a tarefa e na importância de suas estruturas

organizacionais. A ação organizacional é entendida como sendo o produto de uma decisão

claramente identificada ou de uma escolha deliberada, calculada, ou seja, algo racional.

Segundo Lima (1999), a definição de burocracia tem suas origens nos estudos de Max

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Weber, e o modelo burocrático possui um sistema de referências completo e consistente do

ponto de vista técnico, sendo possível conhecer as possíveis escolhas e prever suas

conseqüências. Seu acento está em normas e nas estruturas formais, e os processos de

planejamento e tomada de decisão conferem a estabilidade e o caráter previsível para as

ações organizacionais.

Segundo Cohen, March e Olsen (1972), no modelo anarquia organizada, os

objetivos estão pouco claros, pois estão em constante conflito e as tecnologias são

consideradas ambíguas e incertas. Neste modelo, a gestão carece de propostas claras e o

comportamento da instituição é deduzido dos interesses individuais. Os problemas são

permanentes e não são necessariamente resolvidos por processos de escolha. A base de

informação é deficiente, e a gestão é congestionada pelo cotidiano. A busca pelo consenso

se dá por meio do controle da agenda decisória e do acesso à informação. Os atores não

têm um propósito claramente definido nos processos decisórios estratégicos.

Segundo Castilho (2004), as organizações educativas e públicas podem ser

entendidas parcialmente como anarquias organizadas por três características: (i) os

objetivos e preferências são inconsistentes e insuficientemente definidos e há uma

intencionalidade organizacional problemática. A organização descobre suas preferências

por meio da ação, mais que pelas suas opções; (ii) os processos e tecnologias estão pouco

claros e pouco compreendidos pelos membros da organização. Embora consigam

sobreviver ou até mesmo produzir, geralmente seus processos não são compreendidos por

seus membros. A operação se dá por processos de simples tentativa-erro, em invenções

pragmáticas de necessidade; (iii) a participação das pessoas é fluída, do tipo part-time. Os

participantes variam na quantidade de tempo e esforço que dedicam a diferentes domínios

e seu envolvimento varia de uma ocasião para outra. As audiências e os decisores mudam

constantemente. O modelo Anarquia Organizada é caracterizado pela desconexão entre

estruturas, atividades, objetivos, procedimentos, decisões e realizações na instituição.

A gestão estratégica de Instituições de Ensino Superior abarca uma complexidade,

segundo Castilho (2004), a saber: (i) definir sua missão de futuro para investir esforços de

todas as pessoas na produção de um diferencial organizacional; (ii) distinguir as possíveis

áreas de atuação em que a Instituição de Ensino Superior pode adquirir vantagem

competitiva em um mercado; (iii) reorganizar a estrutura organizacional, facilitando as

atividades em uma organização mais flexível por meio de equipes multidisciplinares e

grupos autônomos; (iv) envolver os atores na construção do futuro organizacional; (v)

favorecer o pensamento criativo dos diversos atores.

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A aprendizagem organizacional exige capacitação e crescimento intelectual

constante de seus membros. Segundo Meyer (2000), as instituições de Ensino Superior são

alvo de críticas pela ineficiência no uso dos recursos, pela baixa qualidade do ensino

ministrado e pela pouca pertinência sociais dos serviços educacionais prestados. Segundo

Castilho (2004), a responsabilidade pelo desempenho destas organizações está na atuação

de seus administradores: reitores, pró-reitores, diretores de unidade de ensino,

coordenadores de curso e responsáveis por unidades administrativas.

Há uma apatia dos administradores universitários em relação aos desafios do

ambiente externo, que se materializa em um comportamento conformista em relação ao

status quo adquirido pela instituição (MEYER, 2000). Alguns fatores podem contribuir

para isso: (i) obsoletismo estrutural da organização; (ii) baixa produtividade acadêmica;

(iii) resistência às mudanças; (iv) administração universitária ineficiente. Para Castilho

(2004), no caso da administração universitária, há duas vertentes para explicar esse

fenômeno. Uma destaca a existência do antagonismo entre administração e desempenho. A

falta de integração está no distanciamento entre a decisão institucional e a ação concreta.

Outra vertente, pressupõe que o sucesso das instituições depende do sucesso de sua

administração. Isto significa que há uma relação entre decisão e ação de modo que as

alterações produzem impacto no desempenho organizacional. As práticas da Inteligência

Empresarial pressupõem a existência de uma ação efetiva de Processo Decisório

Estratégico, focado em objetivos estratégicos previamente definidos e conhecidos por

todos os participantes. Quanto mais estruturado este sistema, mais facilmente as decisões

podem ser disseminadas na organização em vista do aumento do desempenho, além disso é

possível retroalimentar o Processo Decisório Estratégico com informações relevantes e

eficazes.

No que se refere às dimensões da gestão universitária, Meyer (2000), divide em três

níveis. O primeiro é ocupado pela administração superior. Nela estão os conselhos

superiores, os responsáveis pela formulação das diretrizes da instituição, a organização e a

supervisão de uma implementação. No segundo nível está a administração acadêmica, que

abrange atividades relacionadas às unidades acadêmicas, como coordenações de curso. O

terceiro é denominado administração de atividade-meio, em que se localizam os setores

que envolvem atividades que servem de apoio à área fim da instituição (secretarias,

recursos humanos, financeiro, biblioteca, serviços gerais, entre outros).

A estrutura formal de uma Instituição de Ensino Superior visa racionalizar as ações,

distribuindo responsabilidades e competências, gerenciando conflitos, alocando recursos,

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supervisionando atividades para que os objetivos organizacionais sejam alcançados.

Segundo Castilho (2004), na era do conhecimento é importante aos gestores das

instituições de Ensino Superior o rompimento de barreiras internas, estruturais,

burocráticas e comportamentais para que a instituição possa se alinhar dentro de uma nova

realidade e cumprir sua missão de prestação de serviços à comunidade. Segundo Castilho

(2004), a diversidade de fins, tais como ensino, pesquisa e extensão, de uma Instituição de

Ensino Superior e a multiplicidade de centros de iniciativa e decisão fazem com que o

processo decisório dessas instituições esteja sujeito à interferência de um amplo conjunto

de situações, levando-as a adotar, às vezes, diferentes modelos de gestão, que expressam

suas ações organizacionais em certos momentos e em função de determinados propósitos.

2.6.3 Avaliação do Ensino Superior

O ambiente externo das instituições de Ensino Superior é marcado por uma série de

especificidades, pois nelas estão inseridas as políticas de desenvolvimento tecnológico,

cultural, social e econômico da sociedade em geral. Com a finalidade de uma avaliação

mais objetiva do desempenho das instituições de Ensino Superior, desde a década de 1990,

o Governo Federal passou a avaliar os cursos de graduação por uma comissão de

especialistas da área e é uma condição fundamental para o credenciamento de seus cursos

no Ministério da Educação.

Entre as preocupações pela qualidade nas instituições de Ensino Superior estão a

qualidade do pessoal e dos cursos de graduação, a eqüidade de acesso e grau de evasão, o

crédito educativo, a educação à distância, a desburocratização e os programas de fomento à

pesquisa. A partir destas preocupações estão sendo criados programas para capacitação e

incremento de qualidade da gestão universitária.

O Governo Federal possui algumas ferramentas e organismos para avaliar os

programas de pós-graduação, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes) e a Secretaria de Ensino Superior (Sesu). A avaliação institucional

é comandada pelo Programa de Avaliação das Universidades Brasileiras (Paiub), com seu

diagnóstico de avaliação docente, da infra-estrutura aos cursos e desempenho operacional

da instituição. Essas avaliações externas tendem a pressionar a gestão universitária para

que seja mais eficiente e eficaz. Conseqüentemente, as instituições de Ensino Superior

tendem a adotar técnicas e processos administrativos voltados para resultados e a

modernizar sua gestão, além de capacitar seus profissionais.

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2.7 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

A origem da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), na cidade de

Curitiba (PR), remonta a 1959, quando o governador Moysés Lupion repassou o terreno do

hipódromo do Guabirotuba à Associação Paranaense de Cultura, mantenedora da

universidade. A PUCPR tem em suas origens a iniciativa do Arcebispo Dom Manuel da

Silveira D'Elboux, que fundou em 14 de março de 1959, a Universidade Católica

constituída por várias unidades, a saber: Escola de Serviço Social (fundada em 1944);

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba (fundada em 1950); Escola de

Enfermagem Madre Leónie (fundada em 1953); Faculdade Católica de Direito do Paraná

(fundada em 1956); Faculdade de Ciências Médicas (fundada em 1956); Faculdade de

Ciências Econômicas (fundada em 1957) – desagregada em 1977; Círculo de Estudos

Bandeirantes (fundado em 1929) – desagregado em 1965, voltando a ser vinculado em

1987, como órgão cultural da Universidade (HOERNER JR, 1995).

A PUCPR foi reconhecida pelo Governo Federal em 17 de maio de 1960 pelo

Decreto n.º 48.232. Em 8 de novembro de 1985, foi elevada pela Santa Sé à condição de

Pontifícia, título concedido às Universidades Católicas que demonstram, por vários anos,

um acervo de serviços meritórios prestados à sociedade e à Igreja Católica. Trata-se, pois,

de um reconhecimento da ação progressiva de aperfeiçoamento, não só da Instituição, mas

de seus professores, funcionários e administradores.

Desde 1973, a PUCPR é dirigida pela Congregação dos Irmãos Maristas das Escolas,

fundada pelo padre francês Marcelino José Bento Champagnat, em 1817. Segundo a

classificação do Finep, a PUCPR é uma Instituição de Ensino Superior privada,

comunitária, confessional e filantrópica. Isso caracteriza uma instituição do Terceiro Setor,

pois a aproxima da missão de instituições educativas do setor público, mas com uma

gestão não-estatal e sem finalidades lucrativas, porque reinveste integralmente seu

superávit na expansão de suas atividades educativas.

2.7.1 Planejamento Estratégico e Desafios Gerenciais

Por ocasião da elaboração de seu Plano Estratégico para o horizonte 2010, a PUCPR

definiu como sua missão: "A Pontifícia Universidade Católica do Paraná, orientada por

princípios éticos, cristãos e maristas, tem por missão desenvolver e difundir o

conhecimento e a cultura e promover a formação integral e permanente dos cidadãos e

profissionais comprometidos com a vida e com o progresso da sociedade" (PUCPR, 1998;

2003).

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Desde a década de 1990, a PUCPR elabora periodicamente seu Plano Estratégico, e

nele estão as metas, os projetos e ações a serem realizados. Com a participação de vários

membros da instituição foram definidas sua missão, visão de futuro e as grandes opções

estratégicas. Na elaboração do Plano Estratégico para o horizonte 2010 participaram uma

centena de pessoas, incluindo membros da reitoria, decanos, diretores de curso,

professores, representantes discentes e funcionários.

Entre suas prioridades até 2010, a PUCPR definiu: a busca da crescente

empregabilidade de seus alunos e o esforço para intensificar a qualidade, o crescimento e a

inovação. Também foi elaborado um documento com a finalidade de disseminar as opções

estratégicas para a comunidade universitária. Seu acesso também é possível pela Internet,

no site da instituição (www.pucpr.br).

Suas opções estratégicas abrangem os cursos de graduação como o centro de suas

ações, com uma estratégia de expansão, principalmente a partir da extensão, a prestação de

serviços, a especialização lato sensu e stricto sensu (mestrados). A evolução da PUCPR se

dará em direção aos doutorados, cursos de formação técnica e tecnólogos, os cursos

seqüenciais e, principalmente, o ensino à distância e a educação continuada. Além disso,

há a definição de várias ações estratégicas para o horizonte 2010 a serem implantadas nas

principais frentes de atuação da universidade: Ensino Superior, saúde e comunicação social

(PUCPR, 2002).

Para enfrentar esses novos desafios, a PUCPR elaborou seu Plano Estratégico para o

horizonte 2010. Também expandiu suas atividades para a área de saúde, com a

constituição, em 1999, da Aliança Saúde e a interiorização dos campi em São José dos

Pinhais (1991), Toledo (2002), Londrina (2003) e Maringá (2004).

Desde sua fundação, a PUCPR está em um processo de constante aperfeiçoamento de

sua gestão universitária. A partir da década de 1990, com a crescente complexidade

ambiental na qual estão inseridas as Instituições de Ensino Superior, o setor do Ensino

Superior no país teve um aumento expressivo de vagas não apenas nos cursos tradicionais

de graduação, mas também nos cursos seqüenciais e tecnólogos.

Assim, houve alteração no número da relação dos inscritos por vagas na PUCPR no

período compreendido entre 1999 e 2003 conforme Tabela 1. Esse histórico apresenta uma

tendência de queda desde o final da década de 1990.

Tabela 1 - Histórico do número de vagas e de inscritos em vestibulares (1999 - 2003)

Ano Vagas Candidatos Inscritos

1999 4.800 17.949

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2000 6.130 18.636

2001 6.650 16.057

2002 8.591 14.601

2003 7.502 14.966

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.25.

Diante deste cenário, é importante o estudo sobre as ferramentas gerenciais presentes

na PUCPR, principalmente associadas ao Processo Decisório Estratégico e às práticas de

Inteligência Empresarial.

Para este estudo, no período compreendido entre maio e agosto de 2004 foram

coletadas informações referentes à gestão universitária da PUCPR. Para a criação do

formulário para coleta de dados foram consultados os relatórios da PUCPR (PUC EM

DADOS, 2004) e de sua mantenedora, a Associação Paranaense de Cultura (APC). A

unidade de análise deste estudo constitui o mais tradicional e pioneiro campus da PUCPR,

o de Curitiba. Neste local está sediada a reitoria da PUCPR e os órgãos da alta

administração universitária do complexo, assim como sua mantenedora, a APC.

A Associação Paranaense de Cultura é a responsável por várias unidades, a saber:

PUCPR, campus Curitiba; PUCPR, campus São José dos Pinhais; PUCPR, campus

Londrina; PUCPR, campus Toledo; Hospital Universitário Cajuru; Laboratório

Farmacêutico Cajuru; Editora Universitária Champagnat; Centro Social Champagnat;

LUMEN Centro de Comunicação; Fazenda Experimental Gralha Azul; Centro de

Educação Profissional Irmão Mário Cristóvão.

A PUCPR está estruturada em unidades universitárias que coordenam e executam

atividades de ensino, pesquisa e extensão, também chamadas de órgãos suplementares que

estão dispostos nos campi. Em 2004, a administração universitária na PUCPR está assim

estruturada:

(a) Administração Superior: Grão-Chancelaria; Conselho Universitário; Conselho de

Administração Econômico-Financeira; Conselho de Desenvolvimento; Reitoria.

(b) Administração Acadêmica de cada Centro Universitário: Conselho Acadêmico;

Decanato do Centro; Colegiado do Curso; Direção de Curso;

(c) Administração dos Institutos e Órgãos Suplementares.

A PUCPR ofereceu em 2003, 54 cursos de graduação em várias áreas do

conhecimento. Em 2003, também foram ofertados 5 cursos seqüenciais; 83 cursos de

especialização (lato sensu); 13 programas de mestrados e doutorados (stricto sensu).

Em 2003, a PUCPR possuía 1.391 professores conforme Tabela 2.

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Tabela 2 - Histórico do número de docentes da PUCPR (1999 - 2003)

ANO PROFESSORES

1999 1.132

2000 1.241

2001 1.307

2002 1.330

2003 1.391

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.131

Quanto à classe de carreira, a maioria dos professores da PUCPR corresponde a

adjuntos (32%) conforme Tabela 3. Os professores assistentes são 29% e os titulares

apenas 10%.

Tabela 3 - Distribuição dos docentes segundo a classe da carreira (2003)

CLASSE NÚMERO

Titular 136 (10%)

Adjunto 448 (32%)

Assistente 404 (29%)

Auxiliar de Ensino 103 (8%)

Contrato Especial 300 (21%)

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.131

A maioria dos professores universitários da PUCPR possui uma carga horária

semanal entre 20 e 39 horas semanais conforme Tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição dos professores segundo a carga horária semanal (2003)

CARGA HORÁRIA NÚMERO

Menos de 8h 134 (10%)

De 8 a 19h 303 (22%)

De 20 a 39h 588 (42%)

40 horas 366 (26%)

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.132

Vê-se que grande parte dos professores da PUCPR foi admitida desde 1999,

conforme a Tabela 5.

Tabela 5 - Distribuição dos professores segundo o período de admissão (2003)

Período Número

1999 a 2003 579 (42%)

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1994 a 1998 320 (23%)

1989 a 1993 157 (11%)

1984 a 1988 147 (10%)

1979 a 1983 95 (7%)

Antes de 1978 93 (7%)

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.132

É significativa a evolução do número de mestres e doutores na PUCPR em 2003,

conforme Tabela 6, o que representa a qualificação do corpo docente da instituição. A

formação stricto sensu dos professores saltou de 47% em 1999 para 71% em 2003.

Tabela 6 - Histórico do percentual de docentes segundo a qualificação (1999 – 2003)

Ano Graduados Especialistas Mestres e Doutores

1999 11% 42% 47%

2000 11% 36% 53%

2001 10% 33% 57%

2002 9% 29% 62%

2003 6% 23% 71%

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.132

O corpo técnico-administrativo da PUCPR em 2003 contava com 1.091

colaboradores. Sendo 53% homens e 47% mulheres. Sua evolução está na Tabela 7.

Tabela 7 - Histórico do número de funcionários da PUCPR (1999 - 2003)

Ano Número

1999 731

2000 733

2001 823

2002 938

2003 1.091

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.132

A gestão universitária geralmente é intensiva em mão-de-obra. A Tabela 8 apresenta

a evolução do histórico da relação aluno por funcionário na PUCPR no período após a

implantação do planejamento estratégico em 1998.

Tabela 8 - Histórico da relação aluno/ funcionário na PUCPR

Ano Relação aluno/funcionário

1999 25,4

2000 27,8

2001 29,2

2002 24,2

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2003 24,0

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.134

Em 1999 foi implantado, na PUCPR, o Programa de Treinamento e

Desenvolvimento de Colaboradores. Essas atividades estão alinhadas aos objetivos

traçados no Plano Estratégico da PUCPR no tocante ao desenvolvimento de habilidades e

competências técnicas e comportamentais. Um dos principais conteúdos das capacitações

está focado nas resistências às mudanças organizacionais. Houve um aumento nas

atividades de treinamento no período entre 2000 e 2001 conforme mostra a Tabela 9.

Tabela 9 - Capacitação de recursos humanos na PUCPR

Ano Atividades de treinamento

(participantes x carga horária)

1999 11.708

2000 28.912

2001 27.610

2002 17.067

Fonte: PUCPR em Dados. Curitiba: Champagnat, 2004. p.135

Essas tabelas referentes à PUCPR revelam o desafio gerencial e o ambiente de estudo

e o cenário na qual foram coletados os dados para análise.

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3 METODOLOGIA

A opção em estudar a administração de instituições de Ensino Superior do Terceiro

Setor provém da experiência pessoal e administrativa do pesquisador em organizações

desta natureza, tais como fundações e empresas filantrópicas, há mais de dez anos. No

Brasil, tradicionalmente, as instituições de Ensino Superior de orientação católica são

responsáveis pela formação de milhares de jovens profissionais para o mercado de

trabalho, além de ser uma instituição de tradição milenar. O escopo deste estudo de caso

está restrito às práticas de Inteligência Empresarial como subsídio ao Processo Decisório

Estratégico, em uma Instituição de Ensino Superior, privada, comunitária, sem fins

lucrativos e confessional: a PUCPR, campus de Curitiba.

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos para auxiliar na elucidação

das perguntas de pesquisa, bem como definir o contexto e limites da atual pesquisa. Pela

natureza do problema de pesquisa, optou-se pela metodologia qualitativa de caráter

exploratório e descritivo com estudo de caso, cuja unidade de análise é o campus Curitiba

da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O horizonte de análise é o período

compreendido entre 1998 e 2004. O detalhamento desse estudo de caso está explicitado a

seguir.

3.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Este estudo utiliza as técnicas do estudo de caso que, segundo Gil (2002), são

adequadas a pesquisas exploratórias e descritivas. O estudo de caso, segundo Yin (2001), é

uma investigação empírica que estuda um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não

estão claramente definidos. Assim, neste estudo de caso foram utilizados os métodos de

pesquisa documental, exploratória e descritiva.

3.1.1 Problema de Pesquisa

A partir do referencial teórico anteriormente citado, este trabalho orienta-se pelo

seguinte problema de pesquisa:

Como as práticas de Inteligência Empresarial contribuem para o Processo

Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos?

Vários aspectos são analisados: Inteligência Empresarial, Instituições Sem Fins

Lucrativos, Processo Decisório Estratégico e Administração Universitária.

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3.1.2 Visão Global da Pesquisa

Para responder o problema de pesquisa foram seguidas as etapas:

• Descrever as práticas de Inteligência Empresarial;

• Descrever os atributos gerenciais relacionados às competências das

pessoas, aos processos organizacionais e à gestão do tempo inerentes ao

Processo Decisório Estratégico;

• Identificar as características do Processo Decisório Estratégico em

instituições sem fins lucrativos de Ensino Superior;

• Caracterizar as contribuições das práticas de Inteligência Empresarial

desenvolvidas na PUCPR em seu Processo Decisório Estratégico.

O método escolhido é o qualitativo, que segundo Richardson (1999, p.79), difere do

quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do processo

de análise de um problema. Para analisar fenômenos sociais, como é o caso do presente

estudo, a forma mais apropriada é a abordagem qualitativa, por se tratar de situações

complexas ou estritamente particulares.

Entre as características da pesquisa qualitativa está o fato de empregar uma

metodologia própria para descrever a complexidade de determinado problema, analisar a

interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por

grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em

maior nível de profundidade o entendimento das particularidades do comportamento dos

indivíduos.

Para a efetividade deste estudo, deve-se considerar a natureza do fenômeno a ser

estudado, suas possíveis explicações, a viabilidade de sua execução no tempo disponível

para a pesquisa e a referência a possíveis aspectos inovadores. A revisão da literatura e a

consulta a fontes organizacionais apresentam-se como bases para a compreensão das

características da gestão universitária da instituição em estudo.

3.2 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS

As categorias analíticas deste estudo derivam das perguntas de pesquisa. Como é um

trabalho descritivo, que busca apresentar as características de um fenômeno, serão

apresentados e conceituados os principais termos em uso.

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3.2.1 Categoria de Análise: Processo Decisório Estratégico

Definição constitutiva: Processo Decisório Estratégico é a escolha entre as várias

alternativas de um curso de ação que parece ser o mais adequado para a organização em

determinado momento. Para tanto, o gestor utiliza as ferramentas de tecnologia, além de

suas crenças e valores, experiências anteriores e sua capacidade de prever eventos futuros e

desdobramentos a partir das decisões (SIMON, 1970).

Definição operacional:

Na atual fase de complexidade da sociedade, as decisões devem ser tomadas de

forma rápida e eficaz, segundo Simon (1970), o Processo Decisório Estratégico vai além

da racionalidade e assume configurações estratégicas com aspectos racionais e subjetivos.

Neste trabalho são consideras as características relacionadas a este fator, como as

habilidades dos gestores para o Processo Decisório Estratégico, a filosofia de gestão da

instituição, a estrutura de decisões no contexto da organização e principalmente as

características das informações que subsidiam o processo de tomada de decisão.

3.2.2 Categoria de Análise: Inteligência Empresarial

Definição constitutiva:

A Inteligência Empresarial é um processo analítico que transforma informações

públicas e desagregadas em conhecimento estratégico relevante, acurado e utilizável, sobre

concorrentes, sua posição no mercado, performance, capacidade e intenções (SANTOS et

al 2001, p.41). A Inteligência Empresarial é definida como um processo sistemático e

contínuo de definição de necessidades, coleta, armazenamento, análise, disseminação e

avaliação de informações sobre o meio ambiente organizacional interno e externo visando

dar suporte ao Processo Decisório Estratégico em vista de manter ou melhorar a

estabilidade e a competitividade de uma organização (MAGALHÃES, 2004).

Definição operacional:

A Inteligência Empresarial, segundo Miller (2002, p.37) apresenta quatro fases, a

saber: (i) a identificação dos responsáveis pelas principais decisões e suas necessidades em

matéria de inteligência; (ii) a coleta de informações; (iii) a análise da informação e sua

transformação em inteligência; e (iv) a disseminação da inteligência entre os responsáveis

pelas decisões.

3.2.3 Algumas definições constitutivas de termos no contexto da pesquisa

Ativos Intangíveis. Os ativos intangíveis são assim chamados porque não podem ser

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91

contabilizados. Sua origem está nas pessoas da organização e sua ação gera bens e

serviços. Esses ativos podem ser classificados em três tipos, a saber: estrutura externa

como marcas, relações com clientes e fornecedores; estrutura interna como gerência,

estrutura legal, sistemas e manuais, atitudes, P&D, softwares; e competência individual

como escolaridade e experiência (SVEIBY, 1998).

Capital do Cliente. É o valor dos relacionamentos de uma empresa com as pessoas

com as quais faz negócios (STEWART, 1998).

Capital Humano. Ele é formado e empregado quando uma parte maior do tempo e

do talento das pessoas que trabalham em uma empresa é dedicada a atividades que

resultam em inovação (STEWART, 1998).

Capital Intelectual. Está ligado à atividade humana nas organizações, pois os seres

humanos – seus corpos, habilidades e conhecimento – são parte de um estoque de capital

do mundo. Em uma economia do conhecimento, o principal investimento de uma

sociedade tem que ser melhorar as habilidades e talentos de sua população. Os capitais

físico e financeiro adicionam valor ao capital humano porque permitem que o capital

humano aumente sua produtividade e seja mais bem pago por suas habilidades

profissionais. Da mesma forma, o capital humano é essencial para a produção de capital

físico: as pessoas inventam novas máquinas, criam novos edifícios e geram novos negócios

(CRAWFORD, 1994).

Dados. Formam um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos. Num

contexto organizacional, dados são descritos como registros estruturados de transações

(DAVENPORT e PRUSAK, 1998)

Gestão do Conhecimento. É o processo sistemático de identificação, criação,

renovação e aplicação de conhecimentos que são considerados estratégicos em uma

organização. É a administração dos ativos de conhecimento nas organizações, que permite

estruturar os ativos intangíveis em vista de sua rentabilidade (SANTOS et al, 2001).

Informação. Dados tornam-se informação quando as pessoas lhe acrescentam

significado. Transformam-se dados em informação agregando valor de diversas maneiras,

tais como contextualização, categorização, cálculo, correção, condensação (DAVENPORT

e PRUSAK, 1998).

3.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A escolha da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), campus Curitiba,

deve-se principalmente aos seguintes fatos: ao reduzido número de estudos que investigam

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a realidade de Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos no que concerne às

práticas de Inteligência Empresarial; a significativa participação deste tipo de organização

no conjunto das instituições de Ensino Superior no país; a PUCPR ser a maior instituição

privada sem fins lucrativos de Ensino Superior do Estado do Paraná, assim como pela

maior facilidade de acesso aos dados e informações institucionais.

Quanto ao plano de pesquisa, ela é documental, descritiva e exploratória, pois

apresenta as características da metodologia de Inteligência Empresarial a partir dos

atributos gerenciais relacionados à competência de pessoas, aos processos organizacionais

e à gestão do tempo.

3.3.1 Coleta de dados e amostra

A amostra desta pesquisa é não-probabilística e intencional. A amostra confunde-se

com o universo de análise na PUCPR, Campus Curitiba e é composta por três níveis

gerenciais, a saber, reitoria e alta administração, decanatos e direção de cursos do campus

Curitiba da PUCPR. A partir da análise documental, alguns setores administrativos de

apoio à educação foram incluídos na pesquisa, sobretudo os Núcleos de Estatística, de

Desenvolvimento e de Avaliação Institucional.

A coleta de dados foi composta por dois momentos: análise documental e formulário

estruturado. A análise documental revelou como estão presentes na instituição em estudo

algumas práticas de Inteligência Empresarial a partir dos atributos gerenciais relacionados

à competência das pessoas, aos processos organizacionais e à gestão do tempo. Também

aponta evidências sobre as características do Processo Decisório Estratégico e o modelo de

gestão presente na instituição em estudo. Também foram consultados os documentos

relativos à estruturação e sistematização do Planejamento Estratégico da PUCPR horizonte

1998 e 2010, bem como a brochura resultante que está disponível na Internet

(www.pucpr.br).

A partir de documentos e consultas, foi possível perceber as relações entre o modelo

administrativo da PUCPR campus Curitiba e as práticas de Inteligência Empresarial. Em

recente pesquisa de Castilho (2004), foram identificadas na gestão de instituições de

Ensino Superior uma prevalência do modelo racional burocrático e, em alguns momentos,

a anarquia organizada. Além disso, constatou-se que nem sempre o capital humano dos

docentes é aproveitado devidamente no aprimoramento da gestão administrativa.

À amostra de 68 pessoas foi aplicado um formulário impresso com 34 questões

fechadas em escala Likert de cinco pontos no período entre 10 e 27 de agosto de 2004. As

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93

perguntas foram retiradas da revisão de literatura e da experiência do pesquisador e estão

divididas em atributos gerenciais relacionados à competência de pessoas, aos processos

organizacionais e à gestão do tempo. A pesquisa documental e consulta bibliográfica

estiveram focadas nas características da gestão de universidades privadas sem fins

lucrativos. A partir desses documentos foram percebidos os aspectos mais significativos da

cultura organizacional da instituição em estudo. O formulário impresso foi submetido à

avaliação do orientador do mestrando para se adequar ao estudo, corrigindo falhas e

adequando a linguagem à amostra, evitando interpretações dúbias.

A aplicação do formulário impresso se deu por contato direto na instituição, primeiro

por e-mail interno e na seqüência foi enviado, em um envelope, uma carta explicativa e o

formulário. O próprio pesquisador tratou de buscar o formulário preenchido por cada

membro da amostra. Dos 68 formulários enviados, o retorno foi de 55, o que representa

uma taxa de retorno de 80,88%, o que é bastante significativo. Os 14 respondentes que

faltaram foram contatados durante duas semanas e não puderam responder ao formulário

devido a motivos diversos.

Os resultados do formulário impresso foram avaliados por freqüência simples de

porcentagem. A caracterização geral foi baseada na totalidade dos respondentes e feita uma

correlação entre os aspectos identificados em dois grupos distintos: alta administração e

unidades acadêmicas. Da caracterização da amostra não foram significativas outras

correlações além do grupo funcional. Foram averiguadas as categorias analíticas em

estudo, ou seja, a caracterização das práticas da Inteligência Empresarial no Processo

Decisório Estratégico, conforme esquema da Figura 1.

Figura 1 – Categorias analíticas em estudo

INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO

Fonte: O autor.

As características pesquisadas foram centradas na mensuração dos atributos

gerenciais relacionados à competência das pessoas, aos processos administrativos e à

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94

gestão do tempo em relação à metodologia de Inteligência Empresarial, que subsidia o

Processo Decisório Estratégico da PUCPR. A escala Likert de cinco pontos oferece um

parâmetro para a averiguação do grau de estruturação, sistematização e uso efetivo pelos

gestores universitários de práticas de Inteligência Empresarial.

Um formulário pode ter três objetivos básicos: descrição, explicação e exploração.

Neste estudo, a metodologia do formulário impresso utilizada foi a descritiva, com o

propósito de caracterizar um fenômeno, no caso as práticas da Inteligência Empresarial por

meio de atributos gerenciais.

3.3.2 Unidade de Análise

Este estudo de caso foi realizado no campus Curitiba da Pontifícia Universidade

Católica do Paraná. A amostra selecionada engloba membros da reitoria e mantenedora,

decanos e diretores de curso. A escolha da unidade de análise deve-se ao fato de ser o mais

antigo campus da referida universidade, além de sediar sua reitoria e mantenedora.

Portanto, em um mesmo espaço tem-se vários níveis hierárquicos.

Os dados foram coletados em um ponto determinado do tempo, o que caracteriza um

corte transversal. Solicitou-se que fosse considerado o período de 1998 a 2004 na PUCPR

conforme carta de apresentação da pesquisa, conforme anexo B.

Neste caso a amostra confunde-se com o universo de pesquisa. Da unidade de

análise, o campus Curitiba da PUCPR, fazem parte do universo de pesquisa todos os

integrantes da reitoria, da mantenedora, dos decanos e diretores de curso do campus

Curitiba da PUCPR num total de 68 pessoas. A partir da análise documental foram

incorporados outros setores, como Núcleo de Estatística, Desenvolvimento e Avaliação

Institucional e foram considerados como membros da alta administração.

Por se tratar de um estudo de caso simples, a técnica de definição de amostra é

intencional (SELLTIZ, 1965). A escolha apesar de ser intencional, o que para muitos possa

parecer um viés da pesquisa, está de pleno acordo com Minayo (2001), pois a amostragem

qualitativa privilegia os sujeitos sociais que detêm os atributos que o pesquisador pretende

conhecer.

3.3.3 Tratamento de Dados

As técnicas de pesquisa de suporte são análise documental e estudos exploratórios. A

análise documental objetiva coletar informações sobre a estrutura organizacional e as

práticas de Inteligência Empresarial. Além disso, visa coletar informações relativas à

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implementação do Plano Estratégico da PUCPR desde 1998. A partir da análise

documental, esses dados foram analisados para a construção do formulário com os

principais pontos que se relacionam com o problema de pesquisa. Em ambos os

procedimentos, a análise dos dados é de natureza predominantemente qualitativa. Segundo

Gil (2002), o aspecto mais importante na análise e interpretação dos dados é a preservação

da totalidade da unidade social. Por isso, são desenvolvidas tipologias, que podem ser

definidas a priori ou a posteriori. Os dados do formulário foram analisados em uma

freqüência simples, buscando-se sua relação com os atributos, constructos e categorias de

análise da pesquisa.

A partir da análise documental foram descritas as principais características do Plano

Estratégico em vigor dessa instituição e o funcionamento de sua estrutura administrativa.

Segundo Gil (2002), o relatório de um estudo de único caso, normalmente, se dá em forma

de uma narrativa e é escrito durante o processo de coleta de dados, a partir do momento em

que os estágios forem se sucedendo no tempo. O relatório final é composto do histórico da

instituição, sua estrutura organizacional e as características das práticas de Inteligência

Empresarial a partir dos resultados obtidos pelo formulário.

3.3.4 Limitações da Pesquisa

Como o objetivo deste estudo é estabelecer uma relação entre as contribuições das

práticas de Inteligência Empresarial no Processo Decisório Estratégico em uma Instituição

de Ensino Superior por meio de atributos gerenciais algumas limitações estão presentes

neste trabalho.

Uma delas está relacionada a sua abrangência e escopo. Em futuros estudos

recomenda-se estudar esse fenômeno englobando todas as unidades ou campi da PUCPR

para averiguar a freqüência dos fenômenos abordados nesta pesquisa. Além disso, a

amostra pode ser ampliada para os setores gerenciais de apoio e outras unidades ligadas à

mantenedora, para se estabelecer relações entre as várias unidades da Associação

Paranaense de Cultura e suas práticas de gestão, como Aliança Saúde composta por Santa

Casa de Misericórdia e Hospital Cajuru ou o LUMEN Centro de Comunicação.

Do ponto de vista da gestão universitária, as limitações estão relacionadas a um

único estudo de caso, não podendo ser cruzadas informações com outras instituições de

Ensino Superior de caráter estatal, privado com fins lucrativos e privado sem fins

lucrativos. Destas relações podem surgir contribuições à compreensão da Inteligência

Empresarial na gestão universitária como um todo.

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Outra limitação está relacionada às questões geográficas e de caráter cultural, sendo

importante estudos futuros comparando entidades sem fins lucrativos de caráter

confessional, ou seja, um estudo sobre as práticas de Inteligência Empresarial em outras

universidades católicas brasileiras para averiguar a freqüência dos resultados em várias

regiões do país.

Questões metodológicas também podem ser aprimoradas como a aplicação de uma

entrevista pessoal para refinar os dados e esclarecer melhor os elementos que fazem parte

da Inteligência Empresarial no Processo Decisório Estratégico em uma Instituição de

Ensino Superior sem fins lucrativos.

Como esta pesquisa está inserida na emergente questão da Gestão do Conhecimento

Organizacional em instituições de Ensino Superior brasileiras, outras pesquisas terão a

missão de preencher as lacunas existentes. Nas conclusões e recomendações deste trabalho

estão enumerados alguns enfoques que podem ser estudados.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desde sua origem, na década

de 1960, busca o aperfeiçoamento de sua gestão por meio da consolidação de seus sistemas

de gestão e qualificação de seu quadro funcional e docente. Também foram abertos novos

cursos e criados órgãos de apoio à gestão educativa (HOERNER JR, 1995).

Em meados da década de 1990, a gestão universitária teve forte impacto pela

presença de novos entrantes no mercado de Ensino Superior, fruto do estabelecimento de

políticas de incentivo do Governo Federal ao crescimento da oferta de vagas no Ensino

Superior para os estudantes brasileiros.

No Estado do Paraná, a principal concorrente da PUCPR era a Universidade Federal

do Paraná (UFPR), de caráter público, estatal e gratuito. Historicamente, a crescente

procura pelas vagas do concurso vestibular da PUCPR era um indicativo de sua influência

social e sua qualidade de ensino. Contudo, no final da década de 1990 a crescente oferta de

cursos de graduação, e depois de cursos seqüenciais e tecnólogos não foi acompanhada

pela crescente busca por essas vagas, na PUCPR. No Processo Seletivo do Vestibular de

2003, por exemplo, a PUCPR ofereceu 7.502 vagas, enquanto que a UFPR ofertou 4.149

vagas, tendo como alunos inscritos, respectivamente, 14.966 candidatos e 52.437

candidatos. A relação de candidato por vaga na PUCPR em 2003 foi de apenas 2,0. Além

disso, outras instituições de Ensino Superior se estabeleceram no estado do Paraná, área de

abrangência da PUCPR, contando em 2004 com 166 instituições de Ensino Superior

segundo o Ministério da Educação. Apenas na região metropolitana de Curitiba há 46

instituições de Ensino Superior instaladas. Esse cenário demonstra um setor em franco

crescimento nos últimos anos, além do acirramento da concorrência.

O início do século XXI constitui um novo desafio gerencial para os administradores

da PUCPR em vista de sua sobrevivência no mercado de Ensino Superior, visto que a

crescente oferta de vagas na capital paranaense é um fator que está influenciando sua

expansão e sua rentabilidade. Conforme relatório de sua mantenedora, a principal fonte de

receita da PUCPR provém das mensalidades de seus alunos de graduação.

Esta realidade exige uma postura constante de monitoramento ambiental, sobretudo a

sistematização e estruturação das práticas de Inteligência Empresarial, que tem por

objetivo identificar as reais necessidades de informação de seus gestores e estabelecer

processos ágeis e rápidos para dar suporte ao Processo Decisório Estratégico da

universidade.

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Para essa pesquisa foram selecionados os principais órgãos de gestão universitária da

mais antiga unidade da PUCPR, o campus Curitiba. Fazem parte da amostra 68 pessoas

que trabalham nos diversos níveis gerenciais da instituição: Reitoria, Mantenedora, Pró-

Reitorias, Direção de Cursos e alguns órgãos suplementares de apoio à decisão.

Em 2003, a gestão da PUCPR era responsável por 54 cursos de graduação, tendo

uma comunidade estudantil de 20.208 alunos, distribuídos em seus campi de Curitiba, São

José dos Pinhais, Londrina, Toledo e Maringá. Além disso, há vários cursos seqüenciais e

tecnólogos em suas primeiras turmas, além dos alunos nos mais de cem cursos de

especialização lato sensu (PUCPR, 2002; 2004).

A estrutura da gestão universitária da PUCPR está dividida em Pró-Reitorias,

Decanatos e Órgãos Colegiados. O reitor da PUCPR é indicado pela presidência da

mantenedora mediante consulta às principais autoridades universitárias, como decanos e

assessores. A Associação Paranaense de Cultura (APC) funciona no mesmo prédio da

Reitoria e mantém contato constante com as demais Pró-Reitorias. A PUCPR mantém

alguns serviços compartilhados com outras empresas mantidas pela APC.

Desde 1998, a PUCPR possui um Plano Estratégico formalmente elaborado pela

comunidade universitária. Deste processo participaram aproximadamente 200 pessoas, em

várias etapas, pois diversos grupos participaram, de maneira alternada, nos vários

momentos de elaboração deste instrumento de gestão. Desde então, foram disseminadas na

instituição as principais decisões estratégicas da PUCPR em forma de uma brochura para

os gestores universitários e a missão da instituição foi estampada nos diversos gabinetes da

instituição. De tempos em tempos, essas opções estratégicas são revistas e discutidas pelos

gestores da universidade.

Entre as opções estratégicas da PUCPR está a ampliação de sua atuação nas áreas de

Comunicação Social, Saúde e Ensino Superior. Em 1999, foi constituída a Aliança Saúde

PUCPR í�6DQWD�&DVD��HP�YLVWD�GD�H[FHO ência em serviços hospitalares e apoio na formação

acadêmica no setor de saúde. O processo de interiorização iniciou em 1991 em São José

dos Pinhais e foi retomado no início do século XXI em Londrina, Toledo e Maringá. Como

a mantenedora pertence ao Instituto Religioso dos Irmãos Maristas, aproveitou-se das

instalações e do apoio logístico dos Colégios Maristas para a instalação dos campi da

PUCPR, principalmente nas cidades de Londrina e Maringá. Em Toledo, a PUCPR contou

com o apoio do poder público local para sua instalação.

A década de 1990 foi marcada pelos emergentes estudos sobre os ativos intangíveis

de uma organização, entre eles a Gestão do Conhecimento Organizacional. Como uma de

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suas práticas está a Inteligência Empresarial que é um processo de identificação de

necessidades de informação, ou preenchimento dos gaps, que podem auxiliar o Processo

Decisório Estratégico. Nesta pesquisa optou-se pela caracterização da Inteligência

Empresarial por meio de atributos gerenciais relacionados à competência das pessoas, aos

processos organizacionais e à gestão do tempo. Para ser considerada como formalmente

estruturada em uma organização, a Inteligência Empresarial deve estar alinhada às

estratégias de sua gestão, incorporada às estruturas administrativas e adequada aos

requisitos do Processo Decisório Estratégico.

A partir do referencial teórico foram elaboradas algumas questões em um formulário,

que foi aplicado aos principais gestores do campus Curitiba da PUCPR com a finalidade de

caracterizar as práticas de Inteligência Empresarial que impactam no Processo Decisório

Estratégico de uma Instituição de Ensino Superior.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

De maio a agosto de 2004 foram coletadas informações referentes aos principais

documentos e relatórios sobre a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e sua

mantenedora, a Associação Paranaense de Cultura (APC). Também foi consultado o

documento contendo o Plano Estratégico da PUCPR para o horizonte 1998 a 2010 e suas

principais opções estratégicas. De posse do referencial teórico e dos principais documentos

sobre as opções estratégicas da PUCPR foram elaboradas 34 questões em um formulário

que utilizou uma escala Likert de cinco pontos para mensurar os aspectos em estudo. Esse

instrumento de pesquisa, além de conter informações sobre a identificação e caracterização

da amostra, apresenta as questões relativas às práticas de Inteligência Empresarial

subdivididas em atributos gerenciais relacionados às competências de pessoas, aos

processos organizacionais e à gestão do tempo. O formulário completo encontra-se no

anexo C.

Antes de aplicar o formulário de pesquisa, foi solicitada a autorização formal da

presidência da mantenedora da PUCPR, a Associação Paranaense de Cultura, por meio de

um ofício que está no anexo A. Essa solicitação foi prontamente atendida por se tratar de

uma pesquisa de caráter acadêmico, sendo autorizada a consulta a documentos de uso

cotidiano pelos gestores.

A amostra foi do tipo intencional, sem análise estatística. Foram aplicados 68

formulários na PUCPR, campus Curitiba, no período compreendido entre 11 e 27 de

agosto de 2004. No dia 10 de agosto foi encaminhada uma correspondência personalizada

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por e-mail solicitando a participação do gestor universitário e explicando o escopo da

pesquisa, conforme mostra o Anexo B. Essa mesma correspondência foi impressa e

enviada com o formulário para os gestores. No período de duas semanas, entre 18 e 27 de

agosto, os gestores foram convidados a responder o formulário. Por fim, foram recolhidos

55 formulários, todos válidos, o que constitui um retorno significativo de 80,88%. A

seguir, a caracterização da amostra.

4.1.1 Distribuição por Setor de Atuação, referente à pergunta 6 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Esta análise dos dados foi realizada tendo em vista o comportamento dos gestores

universitários em dois níveis gerenciais de atuação. Na primeira, consideram-se decanos e

diretores de curso em uma mesma categoria e, na segunda, intitulada de alta administração,

composta por membros da reitoria, da mantenedora, das Pró-Reitorias e de órgãos de

assessoria à Reitoria. Da amostra de 55 pessoas pesquisadas, 36,36% constituem

representantes da alta administração e 63,64% são membros da direção de cursos e

decanos, conforme o Gráfico 1. A distribuição relativa ao principal setor de atuação da

amostra está expressa na Tabela 10.

Tabela 10 – Distribuição por Setor de Atuação (pergunta 6)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

Reitoria 5 9,09 20 36,36 35 63,64

Decanato 4 7,27

Direção de Cursos 31 56,36

Gerência Administrativa 1 1,82

Pró-Reitoria 10 18,18

Mantenedora 4 7,27

TOTAL 55 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 01 - Distribuição por Setor de Atuação (pergunta 6)

36,36%

63,64%

Alta Administração Decanos e Diretores

Fonte: Pesquisa de campo.

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101

4.1.2 Distribuição por Formação Acadêmica, referente à pergunta 2 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Quanto à formação acadêmica dos membros da amostra, há uma tendência ao

doutorado completo (45,45%), enquanto que o mestrado também é significativo (41,82%),

segundo o Gráfico 2. Desdobrando a formação acadêmica, a alta administração concentra

maior número de gestores com mestrado completo (55%), sendo que 60% dos profissionais

do decanato e da direção de cursos possuem o doutorado. Ainda é significativo o número

de gestores com formação acadêmica até a especialização completa, sendo 25% na alta

administração e 5,71% entre os decanos e diretores de curso, conforme a Tabela 11.

Em uma Instituição de Ensino Superior, principalmente dedicada ao ensino, pesquisa

e extensão, como é o caso da PUCPR, a presença de doutores no quadro gerencial tende a

valorizar o aspecto da pesquisa, além de consolidar os programas stricto sensu na

instituição.

Tabela 11 – Distribuição por Formação Acadêmica Completa (pergunta 2)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

% % %

Doutorado completo 45,45 20,00 60,00

Mestrado completo 41,82 55,00 34,29

Especialização 9,09 15,00 5,71

Outros 3,64 10,00 0,00

TOTAL 100,00 100,00 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo.

GRÁFICO 02 - Distribuição por Formação Acadêmica Completa (pergunta 2)

0

10

20

30

40

50

60

70

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

doutorado completo mestrado completo especialização outros

Fonte: Pesquisa de Campo.

Analisando a Tabela 12, a qual contém a distribuição por formação acadêmica

incompleta dos pesquisados, percebe-se o significativo número de doutorandos entre os

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102

membros da alta administração (10%) e entre os decanos e diretores (14,29%). Isso pode

significar uma tendência da instituição no investimento de seu capital humano, podendo

resultar em melhoria na qualidade da gestão e dos indicadores da avaliação institucional,

futuramente.

Tabela 12 - Distribuição por Formação Acadêmica Incompleta (pergunta 2)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

Doutorado completo 25 45,45 4 20,00 21 60,00

Doutorado incompleto 7 12,73 2 10,00 5 14,29

Mestrado completo 16 29,09 9 45,00 7 20,00

Mestrado incompleto 1 1,82 0 0,00 1 2,86

Especialização completa 4 7,27 3 15,00 1 2,86

Especialização incompleta 1 1,82 1 5,00 0 0,00

Graduação 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

4.1.3 Distribuição por Gênero, referente à pergunta 1 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

A amostra geral é composta por 63,64% de homens e 36,36% de mulheres, segundo

o Gráfico 3. Na alta administração há uma predominância de homens (80%), sendo que

esse número cai para 54,29% nos decanos e diretores. Há uma tendência a ter mais

mulheres no decanato e na direção de cursos (45,71%), comparativamente à alta

administração (20%), conforme a Tabela 13.

Tabela 13 – Distribuição por Gênero (pergunta 1)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

SEXO f % f % f %

Masculino 35 63,64 16 80,00 19 54,29

Feminino 20 36,36 4 20,00 16 45,71

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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103

GRÁFICO 03 - Distribuição por Gênero (pergunta 1)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

Masculino Feminino

Fonte: Pesquisa de campo.

4.1.4 Distribuição por Faixa Etária, referente à pergunta 3 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Quanto à faixa etária da amostra, há uma concentração em gestores acima de 50 anos

(49,09%), conforme a Tabela 14. Na alta administração esse número salta para 70%,

enquanto entre os decanos e diretores de curso há uma dispersão entre as faixas acima de

31 anos, mesmo com um predomínio de gestores acima de 50 anos (37,14%), segundo o

Gráfico 4.

Tabela 14 – Distribuição por Faixa Etária (pergunta 3)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

Até 31 anos 0 0,00 0 0,00 0 0,00

de 31 a 40 anos 10 18,18 0 0,00 10 28,57

de 41 a 50 anos 18 32,73 6 30,00 12 34,29

Acima de 50 anos 27 49,09 14 70,00 13 37,14

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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104

GRÁFICO 04 - Distribuição por Faixa Etária(pergunta 3)

0

10

20

30

40

50

60

70

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

Até 31 anos de 31 a 40 anos de 41 a 50 anos acima de 50 anos

Fonte: Pesquisa de campo.

4.1.5 Distribuição por Tempo de Trabalho, referente à pergunta 4 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

É significativa a concentração de membros da alta administração com mais de sete

anos de trabalho na PUCPR (95%), conforme a Tabela 15. Isso pode demonstrar uma

prática de gestão focada na busca de talentos dentro do corpo docente da própria instituição

para assumir cargos de responsabilidade e coordenação.

Entre os decanos e diretores de curso a distribuição também é significativa entre os

membros com mais de sete anos na mesma instituição (74,29%), segundo o Gráfico 5. Isso

reforça uma das características das instituições sem fins lucrativos que é a valorização da

antigüidade de tempo de serviço.

Tabela 15 – Distribuição por Tempo de Trabalho (pergunta 4)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

Menos de 1 ano 0 0,00 0 0,00 0 0,00

de 1 ano e 1 mês a 3 anos 1 1,82 1 5,00 0 0,00

de 3 anos e 1mês a 5 anos 2 3,64 0 0,00 2 5,71

de 5 anos e 1 mês a 7 anos 7 12,73 0 0,00 7 20,00

mais de 7 anos 45 81,82 19 95,00 26 74,29

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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105

GRÁFICO 05 - Distribuição por Tempo de Trabalho (pergunta 4)

0

10

20

30

40

50

60

7080

90

100

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

menos de 1 ano de 1 ano e 1 mês a 3 anosde 3 anos e 1mês a 5 anos de 5 anos e 1 mês a 7 anosmais de 7 anos

Fonte: Pesquisa de campo.

4.1.6 Distribuição por Carga Horária, referente à pergunta 5 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Quase a totalidade da carga horária de trabalho está compreendida acima de 31 horas

semanais (96,36%), conforme a Tabela 16. Isso pode ser caracterizado como uma

tendência à dedicação exclusiva em funções de gestão universitária. Ainda é significativo o

número de gestores que atuam entre 31 e 40 horas semanais na instituição (56,36%).

A maioria dos membros da alta administração possui uma carga horária de trabalho

semanal acima de 40 horas (60%), enquanto os decanos e diretores estão compreendidos

entre 31 e 40 horas (68,57%), segundo o Gráfico 6.

Salienta-se o fato de que os professores com carga semanal de 40 horas constituem

apenas 26% do total do corpo docente da instituição, sendo que dentre eles estão os

gestores universitários, principalmente na direção de cursos. Nota-se ainda que 42% do

corpo docente da PUCPR foi admitida desde 1999, conforme a Tabela 5. (PONTIFÍCIA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ, 2004)

Tabela 16 – Distribuição por Carga Horária (pergunta 5)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

Menor que 12 horas 1 1,82 1 5,00 0 0,00

de 12 a 20 horas 0 0,00 0 0,00 0 0,00

de 21 a 30 horas 1 1,82 0 0,00 1 2,86

de 31 a 40 horas 31 56,36 7 35,00 24 68,57

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106

Acima de 40 horas 22 40,00 12 60,00 10 28,57

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 06 - Distribuição por Carga Horária(pergunta 5)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

menor que 12 horas de 12 a 20 horas de 21 a 30 horas

de 31 a 40 horas acima de 40 horas

Fonte: Pesquisa de campo.

4.1.7 Resumo das características do perfil da Amostra

Segundo os dados da caracterização da amostra desta pesquisa, é possível salientar

que os principais gestores universitários da PUCPR, em 2004, são formados

predominantemente por homens (63,64%), que possuem uma formação acadêmica stricto

sensu (58,18%), estão acima de 50 anos (49,09%), trabalham há mais de sete anos na

mesma instituição (81,82%) e dedicam-se à gestão universitária acima de 31 horas

semanais (96,36%).

A alta administração é composta predominantemente por homens (80%), com

mestrado completo (55%), com idade acima de 50 anos (70%), com mais de sete anos na

mesma instituição (95%), que trabalham acima de 40 horas semanais (60%).

Entre os decanos e diretores de curso há um predomínio de homens (54,29%), com

doutorado completo (60%), com dispersão na distribuição etária acima de 31 anos, mesmo

que concentrada acima de 50 anos (37,14%), trabalham na mesma instituição há mais de

sete anos (74,29%) e com carga horária entre 31 e 40 horas semanais (68,57%).

Isso corrobora alguns aspectos da literatura sobre administração de instituições sem

fins lucrativos que afirma que os cargos de maior responsabilidade são destinados às

pessoas com maior tempo na instituição, prevalecendo o efeito da antigüidade e a formação

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107

de carreira dentro da mesma instituição.

No tópico seguinte, os dados que resultam da pesquisa de campo serão analisados na

perspectiva das práticas de Inteligência Empresarial por meio de atributos gerenciais

relacionados à competência das pessoas, aos processos organizacionais e à gestão do

tempo.

4.2 SOBRE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL E PROCESSO DECISÓRIO ESTRATÉGICO

O monitoramento ambiental é um dos principais objetivos da Inteligência

Empresarial. Sua função, em uma Instituição de Ensino Superior, é a de identificar as

necessidades de informação dos gestores universitários e apresentar informações relevantes

ao Processo Decisório Estratégico de modo ágil, rápido e eficiente. Além disso, pressupõe

a existência de determinadas estruturas organizacionais e comportamentos humanos que

favorecem esse processo de coleta e disseminação de informações.

As questões que integram o formulário utilizado nesta pesquisa estão baseadas em

atributos gerenciais do processo de Inteligência Empresarial, relacionados às competências

das pessoas, aos processos organizacionais e à gestão do tempo. Com a finalidade de captar

as respostas dos pesquisados de modo mais claro possível, foi utilizada a técnica de

projeção pessoal nas perguntas de maneira a coletar a resposta das pessoas, sem ser muito

direto e para evitar vieses nas respostas sobre a instituição em estudo. Por isso, algumas

questões versam sobre o ambiente do Ensino Superior em geral, mas indiretamente

refletem a percepção administrativa da PUCPR, visto o longo tempo de experiência

profissional dos pesquisados nesta instituição.

Pela inexistência de um processo sistemático e formalmente estruturado de

Inteligência Empresarial na instituição em estudo, procurou-se mensurar suas práticas

decompondo-as em atributos gerenciais relacionados às competências das pessoas, aos

processos organizacionais e à gestão do tempo. Os atributos gerenciais relacionados às

competências das pessoas versam sobre a capacidade de resposta, a disseminação de

informação, o uso das ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação, a

utilização das redes de relacionamento social, o atendimento ao cliente, a capacitação

pessoal, a disposição ao risco, o grau de lealdade aos objetivos organizacionais. Os

atributos gerenciais relacionados aos processos organizacionais versam sobre a resposta às

mudanças ambientais, o planejamento estratégico, as metas e regulamentos, a

aprendizagem organizacional, o acesso às informações, as características das regras e

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108

procedimentos institucionais, e o monitoramento da concorrência. Os atributos gerenciais

relacionados à gestão do tempo versam sobre o grau de previsão das mudanças, os aspectos

de inovação em produtos e serviços e as características da informação em circulação.

O monitoramento ambiental é fundamental para a sobrevivência de uma instituição.

A Inteligência Empresarial faz isso por meio da estruturação de seu processo de

identificação de necessidade de informação, coleta de dados e informações e disseminação,

de maneira apropriada e eficaz, aos decisores da organização, objetivando a redução dos

riscos nos negócios, por meio da elaboração de cenários prospectivos para a organização.

A identificação desses atributos gerenciais relacionados às competências das pessoas, aos

processos organizacionais e à gestão do tempo é fundamental para a caracterização das

práticas de Inteligência Empresarial.

Este estudo versa sobre as características da Inteligência Empresarial, visando

identificar seus níveis de estruturação, sistematização e uso efetivo na organização por

meio de práticas gerenciais relacionadas ao Processo Decisório Estratégico. Compreende-

se por estruturação, fazer ou formar uma estrutura formal relacionada à Inteligência,

envolvendo pessoas e recursos de Tecnologia de Informação e Comunicação.

Sistematização significa reduzir diversos elementos a um sistema, ou ainda, sistematizar

práticas dispersas na instituição. O uso efetivo refere-se à aceitação pelos administradores

de estruturas e sistemas implantados na instituição. Além disso, para os efeitos esperados

das práticas de Inteligência Empresarial é preciso que suas metodologias e seus processos

estejam alinhadas ao Plano Estratégico da organização.

4.2.1 Atributos Gerenciais relacionados às Competências das Pessoas

4.2.1.1 Disposição ao Risco, referente à pergunta 10 do formulário de pesquisa apresentado

no Anexo C.

Diante de uma crise, há riscos e oportunidades. O comportamento dos gestores diante

dos riscos é um indicativo do tipo de estratégia empresarial a ser adotada. Segundo os

dados da Tabela 17, há uma dispersão equivalente entre os extremos (30,91%), com

valores idênticos entre as posturas prospectivas e conservadoras. Por outro lado, há uma

tendência a uma discrepância entre os dois grupos pesquisados. A alta administração tende

a ser mais conservadora e reativa (50%), enquanto os decanos e diretores tendem a ser

mais pró-ativos e prospectivos (34,28%), embora sua média na disposição ao risco seja alta

(45,71%), conforme o Gráfico 7.

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109

Tabela 17 - Postura dos Gestores Diante do Risco (pergunta 10)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (pró-ativa e prospectiva) 2 3,64 0 0,00 2 5,71

4 15 27,27 5 25,00 10 28,57

3 21 38,18 5 25,00 16 45,71

2 15 27,27 9 45,00 6 17,14

1 (reativa e conservadora) 2 3,64 1 5,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 07 - Postura dos Gestores Diante do Risco (pergunta 10)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (pró-ativa e prospectiva) 4 3 2 1 (reativa e conservadora)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.2 Disseminação de Resultados, referente à pergunta 12 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Tão importante quanto tomar decisões é disseminar seus resultados visando atingir os

diversos setores de uma organização. Quanto à disseminação dos resultados do Processo

Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior, há uma tendência a

considerá-lo restrito e insuficiente (43,63%), conforme a Tabela 18. A alta administração

considera o processo de difusão dos resultados do Processo Decisório Estratégico restrito e

insuficiente (55%), enquanto entre decanos e diretores não há uma tendência claramente

definida. Apenas 5% dos membros da alta administração consideram que o resultado do

Processo Decisório Estratégico tende a ser disseminado de forma ampla e suficiente,

segundo o Gráfico 8.

Tabela 18 - Disseminação de Resultados (pergunta 12)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

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110

5 (amplo e suficiente) 0 0,00 0 0,00 0 0,00

4 11 20,00 1 5,00 10 28,57

3 20 36,36 8 40,00 12 34,29

2 21 38,18 9 45,00 12 34,29

1 (restrito e insuficiente) 3 5,45 2 10,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 08 - Disseminação de Resultados (pergunta 12)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (amplo e suficiente) 4 3 2 1 (restrito e insuficiente)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.3 Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano, referente à pergunta 15 do

formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

Para a administração de uma Instituição de Ensino Superior é importante o

envolvimento da alta administração, quer estimulando os gestores, quer percebendo os

pontos fortes e fracos no cotidiano de sua organização. Segundo a Tabela 19, não há uma

tendência definida quanto ao envolvimento da alta administração no cotidiano

organizacional. A alta administração percebe como baixo seu envolvimento na gestão

cotidiana (50%), enquanto que entre os decanos e diretores de cursos não há uma tendência

aos extremos da escala, segundo o Gráfico 9. Isso revela uma tendência a ser discrepante a

percepção entre os dois grupos no tocante ao envolvimento da alta administração.

Tabela 19 - Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano (pergunta 15)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (alto) 6 10,91 2 10,00 4 11,43

4 13 23,64 5 25,00 8 22,86

3 15 27,27 3 15,00 12 34,29

2 15 27,27 9 45,00 6 17,14

1 (baixo) 6 10,91 1 5,00 5 14,29

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111

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 09 - Envolvimento da Alta Administração no Cotidiano (pergunta 15)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (alto) 4 3 2 1 (baixo)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.4 Utilização das Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação, referente

à pergunta 18 do formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

Não basta ter as melhores e mais adequadas ferramentas de gestão, é preciso que os

gestores utilizem efetivamente esses instrumentos em seu cotidiano. Esta questão refere-se

ao uso efetivo de ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC).

Segundo a Tabela 20, a maioria da amostra (52,73%) utiliza constante e sistematicamente

as ferramentas de TIC na PUCPR. O uso sistemático dessas ferramentas pela alta

administração (40%) é inferior ao uso entre decanos e diretores (60%). O uso eventual e

esporádico é mais significativo na alta administração (20%), sendo que apenas 2,86% dos

decanos e diretores fazem uso eventual e esporádico das ferramentas de TIC, segundo o

Gráfico 10.

Tabela 20 – Utilização das Ferramentas de TIC (pergunta 18)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (constante e sistemático) 5 9,09 0 0,00 5 14,29

4 24 43,64 8 40,00 16 45,71

3 21 38,18 8 40,00 13 37,14

2 4 7,27 3 15,00 1 2,86

1 (eventual e esporádico) 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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112

GRÁFICO 10 - Utilização das Ferramentas de TIC (pergunta 18)

05

1015

2025

30

35404550

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (constante e sistemático) 4 3 2 1 (eventual e esporádico)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.5 Capacitação dos Recursos Humanos, referente à pergunta 19 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

A capacitação dos recursos humanos, considerados ativos intangíveis da organização,

pode favorecer uma vantagem competitiva à instituição. Segundo a Tabela 21, há uma

tendência, dentre os dois grupos pesquisados, à capacitação funcional (36,36%). Apenas

25% da alta administração consideram que a atual capacitação está focada em habilidades

interfuncionais, enquanto que entre os decanos e diretores esse número salta para 31,43%.

A alta administração concentra uma maior percepção em capacitação apenas funcional

(40%), segundo o Gráfico 11. Há uma tendência a uma percepção semelhante entre os dois

grupos.

Tabela 21 - Capacitação dos Recursos Humanos (pergunta 19)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (habilidades interfuncionais) 5 9,09 1 5,00 4 11,43

4 11 20,00 4 20,00 7 20,00

3 19 34,55 7 35,00 12 34,29

2 17 30,91 7 35,00 10 28,57

1 (capacitação funcional) 3 5,45 1 5,00 2 5,71

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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113

GRÁFICO 11 - Capacitação dos Recursos Humanos (pergunta 19)

0

5

10

15

20

25

30

35

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (habilidades interfuncionais) 4 3 2 1 (capacitação funcional)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.6 Relacionamento com Clientes, referente à pergunta 20 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Um dos parâmetros da Gestão do Conhecimento Organizacional é o Capital dos

Clientes, pois eles podem trazer para a instituição novas idéias, projetos e soluções. No

caso da PUCPR, os clientes são formados por alunos, pais, sociedade, entre outros.

Segundo a Tabela 22, a maioria dos gestores (47,27%) considera o atual relacionamento

com seus clientes como alto e sistemático. Não há uma tendência definida para a alta

administração. Por outro lado, há uma clara tendência dentre decanos e diretores para um

relacionamento alto e sistemático (57,14%), conforme o Gráfico 12, provavelmente

decorrente do constante contato com pais, alunos e professores. Sendo assim, há uma

tendência discrepante entre os dois grupos analisados.

Tabela 22 - Relacionamento com os Clientes (pergunta 20)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (alto e sistemático) 5 9,09 2 10,00 3 8,57

4 21 38,18 4 20,00 17 48,57

3 16 29,09 7 35,00 9 25,71

2 10 18,18 6 30,00 4 11,43

1 (baixo e assistemático) 2 3,64 1 5,00 1 2,86

Não respondeu 1 1,82 0 0,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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114

GRÁFICO 12 - Relacionamento com os Clientes (pergunta 20)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (alto e sistemático) 4 3 2 1 (baixo e assistemático) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.7 Redes de Relacionamento Social, referente à pergunta 22 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Uma das características dos gestores é a busca por informação para o Processo

Decisório Estratégico com seus pares. Normalmente isso é realizado de maneira informal.

Segundo a Tabela 23, há uma concentração em torno da percepção no valor intermediário

da escala de avaliação, não havendo tendência aos extremos. A alta administração

apresenta valores próximos ao grau intermediário, sendo 35% para baixo e 25,46% como

alta a utilização das networks. Há uma tendência a uma percepção semelhante entre os dois

grupos. Entre os decanos e diretores há uma concentração no grau intermediário com

37,14%, com uma tendência ao baixo o uso das redes de relacionamento social (37,14%),

segundo o Gráfico 13.

Tabela 23 - Redes de Relacionamento Social (pergunta 22)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (alto) 1 1,82 1 5,00 0 0,00

4 13 23,64 4 20,00 9 25,71

3 20 36,36 7 35,00 13 37,14

2 16 29,09 6 30,00 10 28,57

1 (baixo) 4 7,27 1 5,00 3 8,57

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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115

GRÁFICO 13 - Redes de Relacionamento Social (pergunta 22)

05

101520253035404550

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (sistemático e estruturado) 4 3 2 1 (assistemático e desestruturado)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.8 Necessidades de Informação, referente à pergunta 25 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

O Processo Decisório Estratégico pressupõe a existência de funções de identificação

de necessidades de informação pelos gestores. Seu grau de estruturação depende da área de

negócio e da necessidade gerencial. Segundo a Tabela 24, há uma tendência geral para um

processo amplo e estruturado de identificação de necessidades de informação (36,36%),

claramente influenciado pela percepção de decanos e diretores de curso. Percebe-se que há

uma discrepância entre as tendências dos dois grupos pesquisados. Uma diferença

significativa entre os grupos é percebida pelo fato de que 22,86% de decanos e diretores

consideram esse processo como restrito e desestruturado, contra 35% de membros da alta

administração, segundo o Gráfico 14.

Tabela 24 – Necessidades de Informação (pergunta 25)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (ampla e estruturada) 4 7,27 2 10,00 2 5,71

4 16 29,09 5 25,00 11 31,43

3 19 34,55 5 25,00 14 40,00

2 13 23,64 5 25,00 8 22,86

1 (restrita e desestruturada) 2 3,64 2 10,00 0 0,00

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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116

GRÁFICO 14 - Necessidades de Informação (pergunta 25)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (ampla e estruturada) 4 3 2 1 (restrita e desestruturada) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.9 Postura Diante de Novas Oportunidades, referente à pergunta 28 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

A disposição ao risco é uma das prerrogativas de uma instituição que sabe aproveitar

as oportunidades do mercado. Segundo a Tabela 25, a postura dos gestores diante de novas

oportunidades tende a ser conservadora e reativa (32,72%), fortemente induzida pela

percepção da alta administração. Segundo o Gráfico 15, entre os decanos e diretores de

curso há uma maior tendência à disposição ao risco (20%). Mesmo assim, esse grupo

mantém um alto índice de reação conservadora e reativa a novas oportunidades no

mercado (31,43%).

Tabela 25 - Postura Diante de Novas Oportunidades (pergunta 28)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (alta disposição ao risco) 1 1,82 0 0,00 1 2,86

4 7 12,73 1 5,00 6 17,14

3 28 50,91 11 55,00 17 48,57

2 15 27,27 7 35,00 8 22,86

1 (conservadores e reativos) 3 5,45 0 0,00 3 8,57

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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117

GRÁFICO 15 - Postura Diante de Novas Oportunidades (pergunta 28)

0

10

20

30

40

50

60

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (alta disposição ao risco) 4 3 2 1 (conservadores e reativos) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.10 Lealdade aos Objetivos Organizacionais, referente à pergunta 30 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Um dos dilemas dos profissionais altamente qualificados é a lealdade à sua área de

formação e a sua corporação, ou a fidelidade aos objetivos da organização para a qual se

trabalha. Segundo a Tabela 26, os dados agregados apontam para um alto grau de lealdade

aos objetivos organizacionais de forma ampla e altruísta (63,63%). A comparação entre os

dois grupos pesquisados mostra uma clara discrepância de percepção, sendo que decanos e

diretores de curso consideram que a lealdade é predominantemente ampla, irrestrita e

altruísta (74,29%), sendo que esse número cai para 45% entre a alta administração.

Segundo o Gráfico 16, apenas 8,57% dos decanos e diretores consideram baixo o grau de

lealdade, contra 20% dos membros da alta administração. Esses resultados podem decorrer

do fato de que, na instituição em estudo, os decanos e diretores de curso são nomeados

após consulta aos membros da mantenedora, da reitoria e dos decanatos, fato esse que pode

influenciar o grau de lealdade mais acentuado entre os mesmos.

Tabela 26 – Lealdade aos Objetivos Organizacionais (pergunta 30)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (amplo, irrestrito e altruísta) 10 18,18 2 10,00 8 22,86

4 25 45,45 7 35,00 18 51,43

3 12 21,82 6 30,00 6 17,14

2 6 10,91 4 20,00 2 5,71

1 (baixo, focado no profissionalismo)

1 1,82 0 0,00 1 2,86

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118

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 16 - Lealdade aos Objetivos Organizacionais (pergunta 30)

0

10

20

30

40

50

60

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (amplo, irrestrito e altruísta) 4 3 2 1 (baixo, focado no profissionalismo) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.11 Confidencialidade das Informações Estratégicas, referente à pergunta 31 do

formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

Quanto ao grau de confidencialidade das principais informações estratégicas em uma

Instituição de Ensino Superior, a Tabela 27 mostra uma tendência a ser alta e restrita

apenas a alguns setores (52,73%). Dentre a alta administração concentra-se a maior

percepção de que as informações devem ser confidenciais (65%), contra apenas 10%

daqueles que consideram que essa informação deve estar acessível aos demais membros da

organização. Entre decanos e diretores há um menor grau de percepção de que as

informações devam ser confidenciais (45,72%), sendo que 22,86% deles consideram que

as informações estratégicas deveriam estar acessíveis aos demais membros da organização,

como professores, funcionários e alunos, segundo o Gráfico 17.

Esses resultados podem ser decorrentes do modelo de gestão universitária adotado

pela PUCPR, onde a mantenedora é responsável pela nomeação do reitor da universidade,

que por sua vez, faz a nomeação dos Pró-Reitores, Decanos e Diretores de curso após

consulta à comunidade acadêmica. Outro aspecto que pode corroborar para esses

resultados é o fato de não haver, na instituição pesquisada, mecanismos formalmente

estruturados de gestão compartilhada com a comunidade acadêmica, como ouvidoria ou

eleição direta para cargos acadêmicos.

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119

Tabela 27 - Confidencialidade das Informações Estratégicas (pergunta 31)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (alto e restrito apenas a alguns setores)

11 20,00 6 30,00 5 14,29

4 18 32,73 7 35,00 11 31,43

3 16 29,09 5 25,00 11 31,43

2 6 10,91 2 10,00 4 11,43

1 (baixo e acessível aos membros da organização)

4 7,27 0 0,00 4 11,43

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 17 - Confidencialidade das Informações Estratégicas(pergunta 31)

0

5

10

15

20

25

30

35

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (alto e restrito apenas a alguns setores)4321 (baixo e acessível aos membros da organização)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.1.12 Partilha de Informações entre os Setores, referente à pergunta 33 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

No compartilhamento de informações entre os diversos setores que compõem a

PUCPR, há uma tendência a um comportamento semelhante entre os dois grupos

pesquisados, conforme a Tabela 28. Entre os membros da alta administração a partilha de

informações entre os setores tende a ser desestruturada e de orientação geral (40%), sendo

que entre decanos e diretores de curso esse número cai para 28,72%, conforme o Gráfico

18. Da mesma forma 30% da alta administração tende a fazer o repasse imediato das

informações, sendo que 30,43% entre decanos e diretores percebem o mesmo fato.

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120

Tabela 28 – Partilha de Informações entre os Setores (pergunta 33)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (imediatamente e constantemente) 6 10,91 3 15,00 3 8,57

4 11 20,00 3 15,00 8 22,86

3 20 36,36 6 30,00 14 40,00

2 10 18,18 5 25,00 5 14,29

1 (eventual e raramente) 7 12,73 3 15,00 4 11,43

Não respondeu 1 1,82 0 0,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 18 - Partilha de Informações entre os Setores (pergunta 33)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (imediata e constantemente) 4 3 2 1 (eventual e raramente) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.2 Resumo das características dos Atributos Gerenciais relacionados à

Competência das Pessoas

Os estudos sobre a Gestão do Conhecimento Organizacional podem estar focados

em pessoas, em processos ou em tecnologias. As pessoas são consideradas os principais

ativos em uma instituição por serem capazes de transformar dados e informações em

inteligência. Por essa razão, justifica-se o crescimento dos estudos sobre a importância do

capital intelectual das organizações.

Quanto ao atributo gerencial relacionado à competência das pessoas, foram

avaliados o grau de estruturação, sistematização e uso efetivo de características como: a

disposição ao risco; a disseminação de resultados do Processo Decisório Estratégico; o

envolvimento da alta administração no cotidiano da instituição; a utilização das

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121

ferramentas de TIC; a capacitação dos gestores universitários; o relacionamento com os

clientes; as redes de relacionamento social; a necessidade de informação; a postura diante

de novas oportunidades; a lealdade aos objetivos organizacionais; a confidencialidade das

informações estratégicas e, a partilha de informações entre os setores.

Segundo esta pesquisa, a alta administração apresenta como características

relacionadas ao atributo gerencial Competência das Pessoas uma tendência para: uma

postura reativa e conservadora diante do risco (50%); uma disseminação restrita e

insuficiente dos resultados do Processo Decisório Estratégico (55%); um baixo

envolvimento no dia-a-dia da instituição (50%); uma utilização constante e sistemática das

ferramentas de TIC (40%). Quanto à capacitação dos recursos humanos, ela é considerada

apenas funcional (40%), enquanto o relacionamento com os clientes é considerado baixo e

assistemático (35%), assim como também é baixo o uso das redes de relacionamento social

para a busca de informações estratégicas (35%). Há uma tendência ao grau intermediário

sobre a identificação das necessidades de informação (25%), não sendo nem ampla, nem

restrita. A postura da alta administração diante de novas oportunidades tende a ser reativa e

conservadora (35%), o que corrobora a sua baixa disposição ao risco segundo a Tabela 17.

O grau de lealdade aos objetivos organizacionais da alta administração é mais baixo (45%)

que entre os decanos e diretores, pois é maior seu foco no profissionalismo e carreira

(20%). A alta administração considera que deve ser alto o grau de confidencialidade das

informações estratégicas (65%), não sendo facilmente acessível aos demais membros da

organização, como professores e alunos. A alta administração apresenta uma tendência a

uma partilha de informação entre os setores, de forma mais eventual e rara (40%).

Entre os decanos e diretores de curso de graduação, há uma tendência a uma

postura mais pró-ativa e prospectiva diante do risco (34,28%). Tendem a considerar que o

atual processo de disseminação dos resultados do Processo Decisório Estratégico é restrito

e insuficiente (37,15%), embora apresente um índice significativo como amplo e suficiente

(28,57%). Consideram alto o envolvimento da alta administração na gestão cotidiana da

instituição (34,29%). O uso constante e sistemático das ferramentas de TIC é bem mais

acentuado entre os decanos e diretores (60%), comparativamente à alta administração

(40%). Segundo decanos e diretores, a capacitação das pessoas tende a ser funcional

(34,28%). A partir de seu cotidiano gerencial, os decanos e diretores consideram alto e

sistemático seu relacionamento com os clientes (57,14%), como professores, alunos e pais.

O uso das redes de relacionamento social pelos decanos e diretores, para a busca por

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122

informações é baixo (37,14%), apresentando um comportamento semelhante ao da alta

administração. O processo de identificação de necessidades de informação tende a ser

amplo e estruturado (37,14%), sendo que entre os decanos e diretores há uma maior

disposição ao risco (20%), tendo um comportamento mais pró-ativo e prospectivo. Seu alto

grau de lealdade aos objetivos organizacionais (74,29%) pode estar vinculado ao fato de

sua nomeação resultar da indicação de membros da alta administração. Tendem a

considerar menos restritivos o acesso às informações estratégicas da instituição (22,86%)

em relação à média da pesquisa. Os decanos e diretores tendem a repassar informações

para outros setores imediata e constantemente (31,43%), facilitando o intercâmbio de

soluções para problemas comuns. Esse baixo índice pode estar relacionado ao baixo uso

das redes de relacionamento social na instituição em estudo.

Os dois grupos apresentam resultados muito semelhantes quanto ao uso das redes

de relacionamento social para a busca de informações, no repasse de informações entre os

setores e na capacitação dos recursos humanos. Em cada um destes casos, apresentam

semelhanças em pelo menos um dos extremos da escala de análise.

As maiores discrepâncias entre os dois grupos analisados no que se refere ao atributo

gerencial Competência de Pessoas ocorrem nos itens relacionados à disposição ao risco, à

disseminação dos resultados do Processo Decisório Estratégico, na avaliação do

envolvimento da alta administração no cotidiano da organização, na utilização das

ferramentas de TIC, no relacionamento com os clientes, na identificação das necessidades

de informação, no grau de lealdade dos gestores universitários, no grau de

confidencialidade das informações estratégicas dos membros da mantenedora e da reitoria,

no repasse de informações entre os setores da organização, na identificação das

necessidades de informação e na postura diante de novas oportunidades.

4.2.3 Atributos gerenciais relacionados aos Processos Organizacionais

4.2.3.1 Instabilidade Ambiental, referente à pergunta 8 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Quanto ao grau de instabilidade ambiental no qual estão inseridas as instituições de

Ensino Superior, segundo a Tabela 29, os gestores universitários tendem a considerar o

ambiente como mais instável (29,09%). Esse índice sobe para 35% entre os membros da

alta administração, caracterizando uma discrepância em relação a decanos e diretores que

não demonstram uma tendência para os extremos da escala de avaliação. Apenas 17,14%

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123

dos decanos e diretores consideram o ambiente estável, sendo que 25,71% deles

consideram o ambiente instável, conforme o Gráfico 19.

Tabela 29 - Instabilidade Ambiental (pergunta 8)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (ambiente instável) 0 0,00 0 0,00 0 0,00

4 16 29,09 7 35,00 9 25,71

3 27 49,09 8 40,00 19 54,29

2 10 18,18 4 20,00 6 17,14

1 (ambiente estável) 1 1,82 1 5,00 0 0,00

Não respondeu 1 1,82 0 0,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 19 - Instabilidade Ambiental (pergunta 8)

0

10

20

30

40

50

60

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (ambiente instável) 4 3 2 1 (ambiente estável) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.2 Fluxo de Informações, referente à pergunta 11 do formulário de pesquisa

apresentado no Anexo C.

Quanto ao fluxo de informações no Processo Decisório Estratégico de uma IES, os

gestores universitários afirmam que ele tende a ser restrito e insuficiente (50,91%),

conforme a Tabela 30. Percebe-se claramente uma semelhança entre as tendências dos dois

grupos pesquisados, sendo que 45% da alta administração tende a considerar o fluxo de

informações como restrito e insuficiente, o que ainda é mais acentuado entre os decanos e

diretores de curso (54,29%), segundo o Gráfico 20.

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124

Tabela 30 - Fluxo de Informações (pergunta 11)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (amplo e suficiente) 2 3,64 0 0,00 2 5,71

4 9 16,36 4 20,00 5 14,29

3 16 29,09 7 35,00 9 25,71

2 22 40,00 8 40,00 14 40,00

1 (restrito e insuficiente) 6 10,91 1 5,00 5 14,29

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 20 - Fluxo de Informações (pergunta 11)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (amplo e suficiente) 4 3 2 1 (restrito e insuficiente)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.3 Processo de Planejamento Estratégico, referente à pergunta 13 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

O Plano Estratégico da PUCPR (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO

PARANÁ, 1998), abrange o horizonte de 1998 até 2010. Durante a elaboração do referido

Plano, os gestores universitários participaram de diversas atividades com a finalidade de

coletar os principais dados e informações para definir as opções estratégias da instituição.

Muitos dos gestores universitários que compõem a amostra da presente pesquisa

participaram, direta ou indiretamente, do processo formal de elaboração do Plano

Estratégico da PUCPR em 1998. Sobre as características deste processo na PUCPR,

segundo a Tabela 31, os dados agregados mostram que há um equilíbrio entre a

flexibilidade e interatividade neste processo (36,36%), com uma sutil tendência a ser mais

flexível, aberto e interativo (34,54%).

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125

Por outro lado, a análise dos dados desagregados mostra que há uma clara tendência

discrepante entre a percepção dos dois grupos de análise. A alta administração tende a

considerar o processo de elaboração do Plano Estratégico da PUCPR como sendo mais

flexível e interativo (45%), ao contrário da percepção de decanos e diretores que tendem a

considerar esse processo como pré-determinado (40%), conforme o Gráfico 21.

Tabela 31 - Processo de Planejamento Estratégico (pergunta 13)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (flexível e interativo) 5 9,09 3 15,00 2 5,71

4 14 25,45 6 30,00 8 22,86

3 20 36,36 9 45,00 11 31,43

2 15 27,27 2 10,00 13 37,14

1 (pré-determinado) 1 1,82 0 0,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 21 - Processo de Planejamento Estratégico (pergunta 13)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (f lexível e interativo) 4 3 2 1 (pré-determinado)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.4 Características das Metas e Objetivos Organizacionais, referente à pergunta 14 do

formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

No Plano Estratégico da PUCPR de 1998 foram definidos algumas metas e objetivos

para a organização. Perguntada sobre as características de metas e objetivos

organizacionais em instituições de Ensino Superior, a maioria dos gestores universitários

considera que as mesmas são predominantemente objetivas e determinísticas (43,63%),

conforme a Tabela 32. A alta administração considera que os objetivos e as metas já estão

determinados e são bastante objetivos (55%), índice maior que o encontrado entre os

decanos e diretores de curso (37,14%), mostrando uma tendência discrepante entre as

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126

percepções dos dois grupos, segundo o Gráfico 22.

Tabela 32 – Características das Metas e Objetivos Organizacionais (pergunta 14)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (subjetivos e probabilísticos) 0 0,00 0 0,00 0 0,00

4 11 20,00 4 20,00 7 20,00

3 20 36,36 5 25,00 15 42,86

2 21 38,18 10 50,00 11 31,43

1 (objetivos e determinísticos) 3 5,45 1 5,00 2 5,71

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 22 - Características das Metas e Objetivos Organizacionais(pergunta 14)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (subjetivos e probabilísticos) 4 3 2 1 (objetivos e determinísticos)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.5 Criação da Estratégia Organizacional, referente à pergunta 16 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Mesmo tendo elaborado seu Plano Estratégico em 1998, a PUCPR mantém

atividades regulares para a adequação dos objetivos e metas por meio da discussão sobre as

melhores estratégias a serem aplicadas. Segundo a Tabela 33, a construção da estratégia

organizacional na PUCPR, campus Curitiba, é percebida pelos gestores como um processo

inacabado e de construção permanente (61,82%). Segundo o Gráfico 23, há uma tendência

semelhante entre a percepção dos dois grupos analisados, sendo que 65% da alta

administração e 60% de decanos e diretores tendem a considerar que a construção da

estratégia organizacional seja um processo permanente.

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127

Tabela 33 - Criação da Estratégia Organizacional (pergunta 16)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (construção permanente) 17 30,91 5 25,00 12 34,29

4 17 30,91 8 40,00 9 25,71

3 14 25,45 6 30,00 8 22,86

2 7 12,73 1 5,00 6 17,14

1 (de tempos em tempos) 0 0,00 0 0,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 23 - Criação da Estratégia Organizacional (pergunta 16)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (construção permanente) 4 3 2 1 (de tempos em tempos)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.6 Ferramentas de Tecnologia da Informação e Comunicação, referente à pergunta 17

do formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

As ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) constituem

importantes instrumentais na Gestão do Conhecimento Organizacional, sobretudo na

implantação de processos de Inteligência Empresarial. Conforme a Tabela 34, a maioria

dos gestores universitários da PUCPR (65,45%) considera as ferramentas de TIC

adequadas e atualizadas, contra apenas 7,27% que as consideram como obsoletas e

restritivas. Isso pode estar refletindo que o investimento em computadores, equipamentos,

periféricos e softwares, feitos nos últimos anos pela Associação Paranaense de Cultura,

segundo dados do Relatório Anual de 2003 (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DO PARANÁ, 2004), está oferecendo um suporte adequado à gestão universitária.

Segundo os dados do Gráfico 24, há uma tendência semelhante na percepção dos dois

grupos analisados, sendo que 60% da alta administração e 68,57% de decanos e diretores

tendem a considerar como adequadas e atualizadas as ferramentas de TIC.

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128

Tabela 34 – Ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (pergunta 17)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (adequadas e atualizadas) 10 18,18 1 5,00 9 25,71

4 26 47,27 11 55,00 15 42,86

3 15 27,27 6 30,00 9 25,71

2 4 7,27 2 10,00 2 5,71

1 (obsoletas e restritivas) 0 0,00 0 0,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 24 - Ferramentas de TIC (pergunta 17)

0

10

20

30

40

50

60

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (adequadas e atualizadas) 4 3 2 1 (obsoletas e restritivas)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.7 Processo de Coleta de Informações, referente à pergunta 21 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Segundo a Tabela 35, há um equilíbrio na consideração sobre o processo de coleta de

informações para o Processo Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior

(38,18%). Essa tendência é reforçada pela análise dos dados desagregados onde tanto a alta

administração (95%), quanto decanos e diretores (85,72%) tendem ao centro da escala de

avaliação considerada, conforme o Gráfico 25.

Tabela 35 – Processo de Coleta de Informações (pergunta 21)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (sistemático e estruturado) 2 3,64 0 0,00 2 5,71

4 14 25,45 4 20,00 10 28,57

3 21 38,18 9 45,00 12 34,29

2 14 25,45 6 30,00 8 22,86

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129

1 (assistemático e desestruturado) 4 7,27 1 5,00 3 8,57

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 25 - Processo de Coleta de Informações (pergunta 21)

05

1015202530354045

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (sistemático e estruturado) 4 3 2 1 (assistemático e desestruturado)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.8 Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais, referente à pergunta 23 do

formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

Na Gestão do Conhecimento Organizacional, além da identificação dos principais

ativos intangíveis, principalmente focado nas pessoas, na estrutura e nos clientes, há um

esforço de socialização do conhecimento e das experiências gerenciais. Promover a

incorporação das melhores práticas na organização também pode ser um dos objetivos da

Inteligência Empresarial. Segundo a Tabela 36 e o Gráfico 26, há uma dispersão

significativa entre os resultados da análise, podendo indicar a não compreensão pelos

pesquisados da questão proposta, ou então, resultado de problemas metodológicos da

aplicação da pesquisa.

Tabela 36 - Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais (pergunta 23)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (sistemático e constante) 4 7,27 1 5,00 3 8,57

4 13 23,64 3 15,00 10 28,57

3 17 30,91 8 40,00 9 25,71

2 17 30,91 6 30,00 11 31,43

1 (informal e eventual) 3 5,45 1 5,00 2 5,71

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

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130

GRÁFICO 26 - Incorporação das Melhoras Práticas Gerenciais (pergunta 23)

05

10152025303540

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (sistemático e constante) 4 3 2 1 (informal e eventual) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.9 Acesso às Informações Institucionais, referente à pergunta 27 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

O acesso, por parte dos gestores, às principais informações organizacionais, pode

reduzir o grau de incerteza do Processo Decisório Estratégico. Segundo a Tabela 37, há um

equilíbrio na percepção dos gestores da PUCPR sobre o acesso às informações

institucionais (30,91%), com uma leve tendência a ser amplo e interativo (34,55%).

Segundo o Gráfico 27 e a Tabela 37, há uma clara discrepância entre as percepções dos

dois grupos de análise, sendo que 40% da alta administração tendem a considerar o acesso

às informações institucionais como restrito e sem interação, enquanto que 40% dos

decanos e diretores tendem a considerar o mesmo como amplo e interativo. Comparando

os resultados apresentados na Tabela 30 (Fluxo de informações no Processo Decisório

Estratégico), e na Tabela 35 (Coleta de informações no Processo Decisório Estratégico),

com aqueles da Tabela 37 percebe-se uma aparente inconsistência entre os resultados tanto

nos dados agregados, quanto nos desagregados. Esse fato pode decorrer de problemas

metodológicos na aplicação do formulário, ou na percepção dos gestores sobre os

conceitos apresentados.

Tabela 37 - Acesso às Informações Institucionais (pergunta 27)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (amplo e interativo) 7 12,73 0 0,00 7 20,00

4 12 21,82 5 25,00 7 20,00

3 17 30,91 6 30,00 11 31,43

2 14 25,45 6 30,00 8 22,86

1 (restrito e sem interação) 4 7,27 2 10,00 2 5,71

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131

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 27 - Acesso às Informações Institucionais (pergunta 27)

0

5

10

15

20

25

30

35

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (amplo e restrito) 4 3 2 1 (restrito e sem interação) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.10 Características dos Procedimentos e Regras, referente à pergunta 29 do formulário

de pesquisa apresentado no Anexo C.

O conhecimento da rotina administrativa e sua formalização facilitam a

implementação das metas e objetivos organizacionais, além de agilizar processos

cotidianos. Segundo a Tabela 38, a percepção dos gestores da PUCPR mostra uma

tendência para regras e procedimentos altamente padronizados e sistematizados (45,46%).

Esse índice é menor entre a alta administração (35%), enquanto que entre os decanos e

diretores é mais acentuado (51,43%). Os dois grupos apresentam uma tendência

semelhante na percepção do grau de desestruturação das regras e procedimentos

organizacionais, em torno de 15%, conforme o Gráfico 28.

Tabela 38 - Características dos Procedimentos e Regras (pergunta 29)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (altamente estruturado e sistematizados)

6 10,91 1 5,00 5 14,29

4 19 34,55 6 30,00 13 37,14

3 21 38,18 9 45,00 12 34,29

2 5 9,09 2 10,00 3 8,57

1 (desestruturados e de orientação geral)

3 5,45 1 5,00 2 5,71

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132

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 28 - Características dos Procedimentos e Regras (pergunta 29)

05

1015202530

354045

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (altamente estruturados e sistematizados) 4

3 21 (desestruturados e de orientação geral) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.11 Relatórios Prospectivos na Organização, referente à pergunta 32 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Uma das principais funções da Inteligência Empresarial é a disseminação de

relatórios prospectivos, no momento oportuno, para os decisores da organização. Segundo

a Tabela 39, os gestores da PUCPR tendem a considerar que a circulação de documentos

com informações prospectivas e voltadas para oportunidades é constante (36,36%). Esse

valor é mais acentuado entre os decanos e diretores de curso (42,85%). Contudo, os

membros da alta administração consideram que raramente circulam relatórios prospectivos

sobre sua área de atuação (40%), conforme o Gráfico 29. Há uma tendência a uma

percepção discrepante entre os dois grupos. Essa questão pode estar indicando a existência

de um erro na metodologia de pesquisa, visto que pode não ter sido suficientemente

compreendido o termo relatório prospectivo, elemento típico de organizações com um alto

grau de estruturação das práticas de Inteligência Empresarial.

Em função da PUCPR não contar com um processo estruturado e sistemático de

Inteligência Empresarial e, conseqüentemente, não produzir relatórios prospectivos

destinados ao Processo Decisório Estratégico, pressupõem-se que há uma inconsistência

entre os resultados levantados, na medida em que a avaliação de decanos e diretores indica

a existência dos mesmos.

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133

Tabela 39 - Relatórios Prospectivos na Organização (pergunta 32)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (constantemente) 9 16,36 3 15,00 6 17,14

4 11 20,00 2 10,00 9 25,71

3 20 36,36 7 35,00 13 37,14

2 10 18,18 6 30,00 4 11,43

1 (raramente) 5 9,09 2 10,00 3 8,57

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00

Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 29 - Relatórios Prospectivos na Organização (pergunta 32)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (constantemente) 4 3 2 1 (raramente)

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.3.12 Monitoramento da Concorrência, referente à pergunta 34 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

Um dos objetivos da Inteligência Empresarial é o monitoramento dos movimentos

estratégicos da concorrência. Segundo a Tabela 40, a maioria dos gestores universitários da

PUCPR, campus Curitiba (50,91%) considera que atualmente não é possível saber com

antecedência sobre o lançamento de novos produtos ou serviços na área de Ensino

Superior. Há uma tendência semelhante na percepção dos dois grupos pesquisados, sendo

que essa percepção é mais acentuada entre os membros da alta administração (60%),

enquanto que 45,72% de decanos e diretores consideram o mesmo, segundo o Gráfico 30.

Por outro lado, 25,71% de decanos e diretores de curso apresentam um maior índice de

monitoramento da concorrência, comparativamente à alta administração, fato que pode

estar relacionado à proximidade dos decanos e diretores com seus clientes, os quais trazem

informações essenciais sobre a concorrência em sua procura por produtos e serviços no

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134

mercado do Ensino Superior por um preço mais competitivo e melhor qualidade.

Tabela 40 - Monitoramento da Concorrência (pergunta 34)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (certamente) 4 7,27 1 5,00 3 8,57

4 8 14,55 2 10,00 6 17,14

3 14 25,45 5 25,00 9 25,71

2 19 34,55 8 40,00 11 31,43

1 (raramente) 9 16,36 4 20,00 5 14,29

Não respondeu 1 1,82 0 0,00 1 2,86

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 30 - Monitoramento da Concorrência (pergunta 34)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (certamente) 4 3 2 1 (raramente) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.4 Resumo das características dos Atributos Gerenciais relacionados aos Processos

Organizacionais

Os processos organizacionais são essenciais para o pleno funcionamento de uma

organização, pois são responsáveis pela transformação dos esforços humanos em ativos

para a instituição. Para efeitos deste estudo, foram considerados alguns atributos

relacionados aos processos organizacionais: a percepção da instabilidade ambiental, os

fluxos de informação, o planejamento estratégico, as metas e objetivos organizacionais, a

criação da estratégia organizacional, as ferramentas de TIC, a coleta de informações, a

incorporação das melhores práticas gerenciais, o acesso às informações institucionais, as

rotinas administrativas, os documentos prospectivos na organização, e o monitoramento da

concorrência.

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135

Os membros da mantenedora e da Reitoria, ou seja, da alta administração, tendem a

apresentar as seguintes características: o acento em um ambiente instável (35%);

consideração de que o fluxo de informações que subsidia o Processo Decisório Estratégico

é restrito e insuficiente (45%). Tende a considerar o Plano Estratégico como flexível e

interativo (45%) e com metas objetivas e determinadas (55%). Segundo a alta

administração, a criação da estratégia organizacional tende a ser vista como uma

construção permanente (65%). Também tende a considerar que as atuais ferramentas de

TIC são adequadas e atualizadas (60%) embora considere como desestruturado o sistema

de coleta de informações para o Processo Decisório Estratégico (35%), assim como um

baixo índice de incorporação sistemática das melhores práticas gerenciais (20%). O acesso

às informações institucionais tende a ser considerado como restrito e sem interação (40%),

tendendo a perceber as regras e os procedimentos administrativos com alto nível de

estruturação e sistematização (35%). A alta administração tende a considerar que

raramente recebe relatórios prospectivos de sua área de atuação (40%), assim como

considera que raramente é possível saber de lançamento de novos produtos e serviços da

concorrência (60%) na área do Ensino Superior.

Os decanos e diretores de cursos tendem a apresentar as seguintes características:

não definem claramente uma tendência sobre o grau de estabilidade ambiental das IES

(54,29%), com um fluxo de informações insuficiente e restrito (54,29%) para subsidiar o

Processo Decisório Estratégico. O Plano Estratégico para eles tende a ser algo pré-

determinado (40%), com objetivos e metas organizacionais já definidos e bastante

objetivos (37,14%). O processo de criação da estratégia empresarial tende a ser de

construção permanente (60%). Quanto às características das ferramentas de TIC, são

poucos aqueles que consideram as mesmas como obsoletas e restritivas (5,71%),

contrariamente àqueles que as consideram adequadas e adaptadas ao momento atual

(68,57%). Tendem a considerar que o processo de coleta de informações para o Processo

Decisório Estratégico é mais sistemático e estruturado (34,28%), e uma tendência para a

incorporação de melhores práticas gerenciais (37,14%). Segundo os decanos e diretores, o

acesso às informações institucionais tendem a ser amplo e interativo (40%), assim como as

rotinas administrativas tendem a ser altamente estruturadas e sistematizadas (51,23%). Um

percentual significativo dos mesmos (42,85%) considera que circulam relatórios

prospectivos em sua área de atuação. Por outro lado, quanto ao monitoramento da

concorrência, os decanos e diretores de curso tendem a perceber que raramente são capazes

de prever o lançamento de novos produtos e serviços no Ensino Superior (45,72%).

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136

Em relação aos processos organizacionais, as maiores discrepâncias entre os dois

grupos encontram-se nas questões vinculadas à percepção da instabilidade ambiental, em

que 35% dos membros da alta administração percebem como sendo estável, enquanto

decanos e diretores de curso não demonstram uma tendência para os extremos da escala da

avaliação, sendo que 54,29% destes se posicionaram no centro da escala de avaliação.

Quanto à percepção do processo de planejamento estratégico há grandes diferenças,

sendo que os dados se invertem entre os grupos, pois a alta administração tende a perceber

como um processo interativo e flexível (45%), enquanto que os decanos e diretores de

curso tendem a considerá-lo como um processo pré-determinado (40%). Essa discrepância

de percepção entre os dois grupos de análise pode estar relacionado aos diferentes tempos

de efetivação dos mesmos na empresa, visto que o Plano Estratégico da PUCPR foi

implantado em 1998 e nem todos os atuais gestores tinham cargos administrativos nesta

época. Provavelmente decorrente desse mesmo contexto organizacional, outra discrepância

percebida entre os dois grupos está no fato da alta administração considerar que as metas e

objetivos da organização já estão determinados e são objetivos (55%), índice

consideravelmente maior que aquele encontrado entre decanos e diretores de curso

(37,14%). Quanto ao acesso às informações institucionais há uma postura diversa entre os

dois grupos, sendo que 40% da alta administração tende a considerar o acesso às

informações institucionais como restrito e sem interação, enquanto que 40% de decanos e

diretores tendem a considerar o mesmo como amplo e interativo.

Quanto à freqüência de circulação de relatórios prospectivos na organização,

42,85% de decanos e diretores tendem a considerar que a mesma é constante, enquanto

que, contrariamente, 40% dos membros da alta administração consideram que raramente

circulam relatórios prospectivos sobre sua área de atuação.

Os dois grupos pesquisados apresentam as seguintes semelhanças de percepção: um

fluxo de informações tendendo a ser restrito e insuficiente no Processo Decisório

Estratégico; um processo de criação da estratégia organizacional como sendo inacabado e

de construção permanente; ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação

consideradas como adequadas e atualizadas; características que tendem para a alta

padronização e sistematização das regras e dos procedimentos da instituição; tendem a

considerar que atualmente não é possível saber com antecedência sobre o lançamento de

novos produtos ou serviços na área de Ensino Superior.

Diferentemente das demais questões analisadas, a Tabela 35 apresenta uma

tendência semelhante da percepção dos dois grupos analisados, em relação ao processo de

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137

coleta de informações no Processo Decisório Estratégico, porém não tendendo aos

extremos da escala de avaliação e fortemente concentrando sua freqüência no valor

intermediário da escala.

Finalmente, quanto à incorporação das melhores práticas gerenciais, percebeu-se

uma dispersão significativa entre os resultados da análise o que pode estar indicando

problemas metodológicos na aplicação dos formulários ou então a não compreensão pelos

pesquisados da questão proposta.

4.2.5 Atributos gerenciais relacionados à Gestão do Tempo

4.2.5.1 Previsão de Eventos, referente à pergunta 9 do formulário de pesquisa apresentado

no Anexo C.

Segundo a Tabela 41, o conjunto dos gestores pesquisados tende a considerar como

alta a capacidade de previsão de eventos futuros na gestão de Instituições de Ensino

Superior (32,73%), mesmo considerando uma grande concentração na escala de grau

intermediário (49,09%). A alta administração tende a apresentar um índice mais elevado da

capacidade de previsão de eventos futuros (40%), índice significativamente superior àquele

apontado por decanos e diretores (28,57%), conforme o gráfico 31. Porém, apesar dessa

diferença, a análise dos dois grupos analisados mostra uma semelhança na tendência de

percepção de ambos.

Comparando os resultados desse atributo gerencial com àqueles relacionados aos

processos organizacionais, percebe-se a seguinte aparente contradição de resultados:

enquanto os gestores tendem a afirmar que os ambientes no qual estão inseridas as

Instituições de Ensino Superior são instáveis (29,09%, conforme Tabela 29), que o fluxo

de informações no Processo Decisório Estratégico tende a ser restrito e insuficiente

(50,91%, conforme Tabela 30), e que não é possível saber com antecedência sobre o

lançamento de novos produtos ou serviços (50,91%, conforme Tabela 40), atributos esses

necessários à elaboração de cenários prospectivos, contraditoriamente tendem a afirmar

que a instituição tem uma alta capacidade de previsão de eventos futuros (32,73%,

conforme Tabela 41).

Tabela 41- Previsão de Eventos (pergunta 9)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (baixa) 1 1,82 0 0,00 1 2,86

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138

4 6 10,91 3 15,00 3 8,57

3 27 49,09 8 40,00 19 54,29

2 13 23,64 6 30,00 7 20,00

1 (alta) 5 9,09 2 10,00 3 8,57

Não respondeu 3 5,45 1 5,00 2 5,71

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 31 - Previsão de Eventos (pergunta 9)

0

10

20

30

40

50

60

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (baixa) 4 3 2 1 (alta) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.5.2 Inovação em Produtos e Serviços, referente à pergunta 24 do formulário de

pesquisa apresentado no Anexo C.

A capacidade de inovação é um dos principais diferenciais em um mercado

competitivo. A oferta de novos produtos e serviços pode auferir uma vantagem competitiva

sustentável para a organização. Segundo a Tabela 42, 25,45% dos gestores pesquisados

tendem a considerar que as Instituições de Ensino Superior mantém uma postura pró-ativa

e prospectiva na oferta de novos produtos e serviços, enquanto 32,72% desses considera

que essa postura tende a ser reativa e conservadora. Por outro lado, percebe-se claramente

uma postura discrepante entre os dois grupos pesquisados, quando da análise dos dados

desagregados, verificando que a percepção da alta administração tende a uma postura

reativa e conservadora (50%), enquanto decanos e diretores de curso tendem a uma postura

levemente pró-ativa e prospectiva (28,57%).

TABELA 42 – Inovação em Produtos e Serviços (pergunta 24)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (pró-ativa e prospectiva) 3 5,45 1 5,00 2 5,71

4 11 20,00 3 15,00 8 22,86

3 22 40,00 5 25,00 17 48,57

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139

2 15 27,27 9 45,00 6 17,14

1 (reativa e conservadora) 3 5,45 1 5,00 2 5,71

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 32 - Inovação em Produtos e Serviços (pergunta 24)

0

10

20

30

40

50

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (pró-ativa e prospectiva) 4 3 2 1 (reativa e conservadora) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.5.3 Características das Informações Formais em Circulação, referente à pergunta 26

do formulário de pesquisa apresentado no Anexo C.

A função da comunicação corporativa é fazer circular as principais informações

estratégicas na instituição e criar uma visão compartilhada. Isso deve ser feito de uma

maneira formal, reduzindo ruídos e distorções na comunicação entre os diversos setores, as

pessoas e os níveis gerenciais. Segundo a Tabela 43 e o Gráfico 33, há uma dispersão

significativa entre os resultados da análise, podendo indicar a não compreensão pelos

pesquisados da questão proposta, ou então, resultado de problemas metodológicos da

aplicação da pesquisa.

TABELA 43 - Características das Informações Formais em Circulação (pergunta 26)

Geral Alta Administração Decanato e Direção

GRAU f % f % f %

5 (prospectivas e voltadas para oportunidades)

4 7,27 0 0,00 4 11,43

4 15 27,27 8 40,00 7 20,00

3 17 30,91 3 15,00 14 40,00

2 16 29,09 7 35,00 9 25,71

1 (reativas e relacionadas a eventos passados)

2 3,64 1 5,00 1 2,86

Não respondeu 1 1,82 1 5,00 0 0,00

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140

TOTAL 55 100,00 20 100,00 35 100,00 Fonte: Pesquisa de campo.

GRÁFICO 33 - Características das Informações Formais em Circulação(pergunta 26)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Geral Alta Administração Decanos e Diretores

%

5 (prospectivas e voltadas para oportunidades) 43 21 (reativas e relacionadas a eventos passados) Não respondeu

Fonte: Pesquisa de campo.

4.2.6 Resumo das características dos Atributos Gerenciais relacionados à Gestão do Tempo

A gestão do tempo é essencial em uma sociedade em constante mutação. O lançamento

de novos produtos e serviços na área de Ensino Superior pode auferir uma vantagem

competitiva para a organização.

Neste quesito foram avaliadas a capacidade de previsão de eventos futuros, a inovação

em produtos e serviços e as informações formais em circulação na instituição. O conjunto

da alta administração apresenta uma tendência a considerar que as Instituições de Ensino

Superior têm uma alta capacidade de previsão de eventos futuros (40%), uma postura mais

reativa e conservadora na criação de novos produtos e serviços (50%), não definindo

claramente as características das informações formais que circulam na instituição,

dispersando significativamente sua percepção entre os extremos da escala da avaliação.

Decanos e diretores tendem a considerar como alta sua capacidade de previsão de

eventos futuros (28,57%), com uma tendência ao centro da escala (54,29%), como pró-

ativa e prospectiva sua postura na criação de novos produtos e serviços (28,57%), também

com tendência ao centro da escala (48,57%), e não definindo claramente as características

das informações formais que circulam na instituição de maneira semelhante ao conjunto da

alta administração.

As maiores discrepâncias entre os dois grupos de análise estão relacionadas às posturas

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na criação de novos produtos e serviços, sendo que a alta administração tende a ser reativa

e conservadora (50%), enquanto decanos e diretores de curso tendem a uma postura pró-

ativa e prospectiva (28,57%). Por outro lado, tanto a alta administração (40%), quanto

decanos e diretores de curso (28,57%) tendem a perceber como alta sua capacidade de

previsão de eventos futuros mostrando um comportamento semelhante nesse atributo

gerencial.

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Essa pesquisa teve como objetivo principal caracterizar a contribuição das práticas da

Inteligência Empresarial para o Processo Decisório Estratégico de uma Instituição Sem

Fins Lucrativos de Ensino Superior, por meio de atributos relacionados às Competências

das Pessoas, aos Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo. A unidade de análise foi

o campus Curitiba da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), onde foram

aplicados 68 formulários aos principais gestores universitários dos seguintes níveis

gerenciais: Reitoria, Mantenedora, Pró-Reitorias, Decanatos, Direção de Cursos e alguns

órgãos de assessoria da alta administração. O instrumento de análise, aplicado a essa

amostra, é composto de 27 questões que procuram avaliar a percepção dos gestores

universitários em relação aos atributos gerenciais relacionados às práticas de Inteligência

Empresarial e subdivididos em questões relacionadas à Competência das Pessoas, aos

Processos Organizacionais e à Gestão do Tempo. Além destas questões, outras sete se

referem às características dos pesquisados.

Segundo os dados da caracterização da amostra desta pesquisa, é possível salientar

que os gestores universitários da PUCPR, em 2004, são formados predominantemente por

homens (63,64%), possuem uma formação acadêmica stricto sensu (58,18%), tem mais de

50 anos de idade (49,09%), trabalham há mais de sete anos na instituição (81,82%) e

dedicam-se à gestão universitária acima de 31 horas semanais (96,36%). O conjunto dos

pesquisados que integram a alta administração, é composto predominantemente por

homens (80%) com mestrado completo (55%), com idade acima de 50 anos (70%), com

mais de sete anos na instituição (95%), que trabalham acima de 40 horas semanais (60%).

Por outro lado, entre os decanos e diretores de curso há um predomínio de homens

(54,29%) com doutorado completo (60%), acima de 50 anos (37,14%), que trabalham na

instituição há mais de sete anos (74,29%) com carga horária entre 31 e 40 horas semanais

(68,57%). Esses resultados corroboram alguns aspectos da literatura sobre administração

de instituições sem fins lucrativos que afirma que os cargos de maior responsabilidade são

destinados às pessoas com maior tempo na instituição, prevalecendo o efeito da

antigüidade e a formação de carreira dentro de uma mesma instituição.

A análise dos dados que resultaram da pesquisa referente ao atributo gerencial

relacionado às Competências das Pessoas foram avaliados o grau de estruturação,

sistematização e uso efetivo de características como: a disposição ao risco; a disseminação

de resultados do Processo Decisório Estratégico; o envolvimento da alta administração no

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cotidiano da instituição; a utilização das ferramentas de TIC; a capacitação dos gestores

universitários; o relacionamento com os clientes; as redes de relacionamento social; a

necessidade de informação; a postura diante de novas oportunidades; a lealdade aos

objetivos organizacionais; a confidencialidade das informações estratégicas e a partilha de

informações entre os setores.

Segundo esta pesquisa, a alta administração apresenta como características

relacionadas ao atributo gerencial Competência das Pessoas uma tendência para: uma

postura reativa e conservadora diante do risco (50%); uma disseminação restrita e

insuficiente dos resultados do Processo Decisório Estratégico (55%); um baixo

envolvimento no dia-a-dia da instituição (50%); uma utilização constante e sistemática das

ferramentas de TIC (40%). Quanto à capacitação dos recursos humanos, ela é considerada

apenas funcional (40%), enquanto que o relacionamento com os clientes é considerado

baixo e assistemático (35%), assim como também é baixo o uso das redes de

relacionamento social para a busca de informações estratégicas (35%). Há uma tendência

ao grau intermediário sobre a identificação das necessidades de informação (25%), não

sendo nem ampla, nem restrita. A postura da alta administração diante de novas

oportunidades tende a ser reativa e conservadora (35%), o que corrobora a sua postura

conservadora diante do risco. O grau de lealdade aos objetivos organizacionais da alta

administração é mais baixo (45%) que entre os decanos e diretores, pois é maior seu foco

no profissionalismo e carreira (20%). A alta administração apresenta uma tendência a uma

partilha de informação, entre os setores da organização, de forma mais eventual e rara

(40%). A alta administração considera que deve ser alto o grau de confidencialidade das

informações estratégicas (65%), não sendo as mesmas facilmente acessível aos demais

membros da organização, como professores e alunos. Esse último resultado, em particular,

pode ser decorrente do modelo de gestão universitária adotado pela PUCPR, onde a

mantenedora é responsável pela nomeação do reitor da universidade, que por sua vez, faz a

nomeação dos Pró-Reitores, Decanos e Diretores de curso após consulta à comunidade

acadêmica. Outro aspecto que pode corroborar para esse resultado é o fato de não haver, na

instituição pesquisada, mecanismos formalmente estruturados de gestão compartilhada

com a comunidade acadêmica, como ouvidoria ou eleição direta para cargos acadêmicos.

Entre os decanos e diretores de curso de graduação, há uma tendência a uma postura

mais pró-ativa e prospectiva diante do risco (34,28%). Tendem a considerar que a

disseminação dos resultados do Processo Decisório Estratégico é restrita e insuficiente

(37,15%), embora parte significativa da amostra (28,57%) considere a disseminação como

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amplo e suficiente. Consideram alto o envolvimento da alta administração na gestão

cotidiana da instituição (34,29%). O uso constante e sistemático das ferramentas de TIC é

bem mais acentuado entre os decanos e diretores (60%), comparativamente ao conjunto da

alta administração (40%). Segundo decanos e diretores, a capacitação de recursos humanos

tende a ser funcional (34,28%). A partir de seu cotidiano gerencial, os decanos e diretores

consideram alto e sistemático seu relacionamento com os clientes (57,14%), como

professores, alunos e pais. O uso das redes de relacionamento social pelos decanos e

diretores, para a busca por informações é baixo (37,14%), apresentando um

comportamento semelhante ao da alta administração. O processo de identificação de

necessidades de informação tende a ser amplo e estruturado (37,14%), sendo que entre os

decanos e diretores há uma maior disposição ao risco (20%), possuindo esses um

comportamento mais pró-ativo e prospectivo do que os membros da alta administração.

Seu alto grau de lealdade aos objetivos organizacionais (74,29%) pode decorrer do fato de

que, na instituição em estudo, os decanos e diretores de curso são nomeados após consulta

aos membros da mantenedora, da Reitoria e dos decanatos, fato esse que pode influenciar o

grau de lealdade mais acentuado entre os mesmos. Tendem a considerar menos restritivos

o acesso às informações estratégicas da instituição (22,86%) em relação à média da

pesquisa. Os decanos e diretores tendem a repassar informações para outros setores de

forma imediata e constante (31,43%), facilitando o intercâmbio de soluções para

problemas comuns. Esse baixo índice pode estar relacionado ao baixo uso das redes de

relacionamento social na instituição em estudo.

Os dois grupos apresentam resultados muito semelhantes quanto ao uso das redes de

relacionamento social para a busca de informações, no repasse de informações entre os

setores e na capacitação dos recursos humanos. Em cada um destes casos, apresentam

semelhanças em pelo menos um dos extremos da escala de análise.

As maiores discrepâncias entre os dois grupos analisados no que se refere ao atributo

gerencial Competência de Pessoas ocorrem nos itens relacionados à disposição ao risco, à

disseminação dos resultados do Processo Decisório Estratégico, na avaliação do

envolvimento da alta administração no cotidiano da organização, na utilização das

ferramentas de TIC, no relacionamento com os clientes, na identificação das necessidades

de informação, no grau de lealdade dos gestores universitários, no grau de

confidencialidade das informações estratégicas dos membros da mantenedora e da reitoria,

no repasse de informações entre os setores da organização, na identificação das

necessidades de informação e na postura diante de novas oportunidades.

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O pleno funcionamento de uma instituição pressupõe processos organizacionais

ágeis, adequados e atualizados, porque eles são os responsáveis pela transformação do

esforço humano em ativos contábeis. Para efeitos deste estudo, foram considerados alguns

atributos gerenciais relacionados aos Processos Organizacionais: a instabilidade ambiental,

os fluxos de informação, o Planejamento Estratégico, as metas e objetivos organizacionais,

a criação da estratégia organizacional, as ferramentas de TIC, a coleta de informações, a

incorporação das melhores práticas gerenciais, o acesso às informações institucionais, as

rotinas administrativas, os documentos prospectivos na organização e o monitoramento da

concorrência.

Os membros da mantenedora e da Reitoria, ou seja, da alta administração, tendem a

apresentar as seguintes características: o acento em um ambiente instável (35%) e a

consideração de que o fluxo de informações que subsidia o Processo Decisório Estratégico

é restrito e insuficiente (45%). Tende a considerar o Plano Estratégico como flexível e

interativo (45%) e com metas objetivas e determinadas (55%). Segundo a alta

administração, a criação da estratégia organizacional tende a ser vista como uma

construção permanente (65%). Também tende a considerar que as atuais ferramentas de

TIC são adequadas e atualizadas (60%) embora considere como desestruturado o sistema

de coleta de informações para o Processo Decisório Estratégico (35%), assim como baixo o

índice de incorporação sistemática das melhores práticas gerenciais (20%). O acesso às

informações institucionais tende a ser considerado como restrito e sem interação (40%),

tendendo a perceber as regras e os procedimentos administrativos com alto nível de

estruturação e sistematização (35%).

A alta administração tende a considerar que raramente recebe relatórios prospectivos

de sua área de atuação (40%), assim como considera que raramente é possível saber de

lançamento de novos produtos e serviços da concorrência (60%) na área do Ensino

Superior.

Os decanos e diretores de cursos tendem a apresentar as seguintes características: não

definem claramente uma tendência sobre o grau de estabilidade ambiental das IES

(54,29%), e consideram como insuficiente e restrito (54,29%) o fluxo de informações para

subsidiar o Processo Decisório Estratégico. O Plano Estratégico para eles tende a ser algo

pré-determinado (40%), com objetivos e metas organizacionais já definidos e bastante

objetivos (37,14%). O processo de criação da estratégia empresarial tende a ser de

construção permanente (60%). Quanto às características das ferramentas de TIC, são

poucos aqueles que consideram as mesmas como obsoletas e restritivas (5,71%),

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contrariamente àqueles que as consideram adequadas e adaptadas ao momento atual

(68,57%). Tendem a considerar que o processo de coleta de informações para o Processo

Decisório Estratégico é mais sistemático e estruturado (34,28%), e percebem uma

tendência para a incorporação sistemática das melhores práticas gerenciais (37,14%).

Segundo os decanos e diretores, o acesso às informações institucionais tende a ser amplo e

interativo (40%), assim como as rotinas administrativas tendem a ser altamente

estruturadas e sistematizadas (51,23%). Um percentual significativo dos mesmos (42,85%)

considera que circulam, na organização, relatórios prospectivos em sua área de atuação.

Por outro lado, quanto ao monitoramento da concorrência, os decanos e diretores de curso

tendem a perceber que raramente são capazes de prever o lançamento de novos produtos e

serviços na área de Ensino Superior (45,72%). Por outro lado, 25,71% de decanos e

diretores de curso apresentam um maior índice de monitoramento da concorrência,

comparativamente à alta administração, fato que pode estar relacionado à proximidade dos

decanos e diretores com seus clientes, os quais trazem informações essenciais sobre a

concorrência em sua procura por melhores produtos e serviços no mercado do Ensino

Superior por um preço mais competitivo e melhor qualidade.

Em relação aos processos organizacionais, as maiores discrepâncias entre os dois

grupos encontram-se nas questões relacionadas à percepção da instabilidade ambiental, em

que 35% dos membros da alta administração percebem como sendo estável, enquanto

decanos e diretores de curso (54,29%) se posicionam no centro da escala de avaliação, não

tendendo a um dos extremos.

Quanto à percepção do processo de Planejamento Estratégico há grandes diferenças

entre os dois grupos, sendo que a alta administração tende a perceber como um processo

interativo e flexível (45%), enquanto que decanos e diretores de curso tendem a considerá-

lo como um processo pré-determinado (40%). Essa discrepância de percepção entre os dois

grupos de análise pode estar relacionado aos diferentes tempos de efetivação dos mesmos

na empresa, visto que o Plano Estratégico da PUCPR foi implantado em 1998 e nem todos

os atuais gestores estavam em cargos administrativos nesta época. Provavelmente

decorrente desse mesmo contexto organizacional, outra discrepância percebida entre os

dois grupos está no fato da alta administração considerar que as metas e objetivos da

organização já estão determinados e são objetivos (55%), índice consideravelmente maior

que aquele encontrado entre decanos e diretores de curso (37,14%). Quanto ao acesso às

informações institucionais há uma postura diversa entre os dois grupos, sendo que 40% da

alta administração tende a considerar o acesso às informações institucionais como restrito e

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sem interação, enquanto que 40% de decanos e diretores tendem a considerar o mesmo

como amplo e interativo.

Quanto à freqüência de circulação de relatórios prospectivos na organização, 42,85%

de decanos e diretores tendem a considerar que a mesma é constante, enquanto que,

contrariamente, 40% dos membros da alta administração consideram que raramente

circulam relatórios prospectivos sobre sua área de atuação.

Os dois grupos pesquisados apresentam as seguintes semelhanças de percepção em

relação ao atributo gerencial Processos Organizacionais: um fluxo de informações

tendendo a ser restrito e insuficiente no Processo Decisório Estratégico; um processo de

criação da estratégia organizacional como sendo inacabado e de construção permanente;

ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação consideradas como adequadas e

atualizadas; tendência para uma alta padronização e sistematização das regras e dos

procedimentos da instituição; tendência a considerar que atualmente não é possível saber

com antecedência sobre o lançamento de novos produtos ou serviços na área de Ensino

Superior.

Diferentemente das demais questões analisadas, os resultados da Tabela 35 (Coleta

de Informações ao Processo Decisório Estratégico) apresentam uma tendência semelhante

da percepção dos dois grupos analisados, porém fortemente concentrando sua freqüência

no valor intermediário na escala Likert de avaliação.

Outro atributo gerencial pesquisado, a Gestão do Tempo é essencial em uma

sociedade em constante mutação. O lançamento de novos produtos e serviços na área de

Ensino Superior pode auferir uma vantagem competitiva para a organização. Neste atributo

foram avaliadas a capacidade de previsão de eventos futuros, a inovação em produtos e

serviços e as características das informações formais em circulação na instituição. O

conjunto da alta administração apresenta uma tendência a considerar que as Instituições de

Ensino Superior têm uma alta capacidade de previsão de eventos futuros (40%), uma

postura mais reativa e conservadora na criação de novos produtos e serviços (50%), não

definindo claramente as características das informações formais que circulam na

instituição, dispersando significativamente sua percepção entre os extremos da escala de

avaliação.

Decanos e diretores tendem a considerar como alta sua capacidade de previsão de

eventos futuros (28,57%), com uma tendência ao centro da escala (54,29%), como pró-

ativa e prospectiva sua postura na criação de novos produtos e serviços (28,57%), também

com tendência ao centro da escala (48,57%), e não definindo claramente as características

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das informações formais que circulam na instituição de maneira semelhante ao conjunto da

alta administração.

As maiores discrepâncias entre os dois grupos de análise, em relação aos atributos

relacionados à Gestão do Tempo, estão relacionadas às posturas na criação de novos

produtos e serviços, sendo que a alta administração tende a ser reativa e conservadora

(50%), enquanto decanos e diretores de curso tendem a uma postura pró-ativa e

prospectiva (28,57%). Por outro lado, tanto a alta administração (40%), quanto decanos e

diretores de curso (28,57%) tendem a perceber como alta sua capacidade de previsão de

eventos futuros mostrando um comportamento semelhante nesse atributo gerencial.

Algumas das questões propostas na pesquisa apresentaram resultados aparentemente

inconsistentes as quais merecem uma análise particular. Dessa forma, a Tabela 36

(Incorporação das Melhores Práticas Gerenciais) apresenta uma dispersão significativa

entre os resultados da análise, podendo indicar a não compreensão pelos pesquisados da

questão proposta, ou então resultado de problemas metodológicos de aplicação da

pesquisa. Por sua vez, segundo a Tabela 39, os gestores da PUCPR tendem a considerar

que a circulação de documentos com informações prospectivas e voltadas para

oportunidades é constante (36,36%). Esse valor é mais acentuado entre os decanos e

diretores de curso (42,85%). Contudo, os membros da alta administração consideram que

raramente circulam relatórios prospectivos sobre sua área de atuação (40%), mostrando

uma tendência discrepante na percepção entre os dois grupos. Essa questão pode estar

indicando a existência de um erro na metodologia de pesquisa, visto que pode não ter sido

suficientemente compreendido o termo relatório prospectivo, elemento típico de

organizações com um alto grau de estruturação das práticas de Inteligência Empresarial.

Em função da PUCPR não contar com um processo estruturado e sistemático de

Inteligência Empresarial e, conseqüentemente, não produzir relatório prospectivos

destinados ao Processo Decisório Estratégico, pressupõem-se que há uma inconsistência

entre os resultados levantados, na medida em que a avaliação de decanos e diretores

indicam a existência dos mesmos.

Comparando os resultados apresentados na Tabela 30 (Fluxo de informações no

Processo Decisório Estratégico), e na Tabela 35 (Coleta de informações no Processo

Decisório Estratégico), com aqueles da Tabela 37 (Acesso às Informações Institucionais)

percebe-se uma aparente inconsistência entre os resultados tanto nos dados agregados,

quanto nos desagregados. Segundo a Tabela 37, há um equilíbrio na percepção dos

gestores da PUCPR sobre o acesso às informações institucionais (30,91%), com uma leve

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tendência a ser amplo e interativo (34,55%). Segundo o Gráfico 27 e a Tabela 37, há uma

clara discrepância entre as percepções dos dois grupos de análise, sendo que 40% da alta

administração tendem a considerar o acesso às informações institucionais como restrito e

sem interação, enquanto que 40% dos decanos e diretores tendem a considerar o mesmo

como amplo e interativo. Esse fato pode decorrer de problemas metodológicos na

aplicação do formulário, ou na percepção dos gestores sobre os conceitos apresentados.

Recomendações para a continuidade desta pesquisa: o aprofundamento desse estudo

pela inclusão de gestores universitários e gerências administrativas de apoio à educação de

todos os campi da PUCPR: Toledo, Londrina e Maringá; a ampliação da pesquisa para um

estudo multicaso, comparando as práticas de Inteligência Empresarial entre as instituições

de Ensino Superior de caráter público e privado, com e sem fins lucrativos.

Por fim, seguem algumas alternativas de estudos:

• Promover estudos sobre a implantação de núcleos de Inteligência Empresarial

em instituições de Ensino Superior sem fins lucrativos;

• Investigar a influência dos modelos de gestão de instituições de Ensino

Superior, no Processo Decisório Estratégico e nas práticas de Inteligência

Empresarial.

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ANEXO A

AUTORIZAÇÃO PARA A PESQUISA NA PUCPR

Curitiba, 22 de junho de 2004. Prezado Professor Rafael Mendes dos Santos Vice-Presidente da Associação Paranaense de Cultura

No âmbito do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da PUCPR, o

mestrando Ricardo Belinski está desenvolvendo sua dissertação de mestrado, sob minha orientação acadêmica, pesquisando as práticas de Inteligência Organizacional no Processo Decisório Estratégico de instituições de Ensino Superior sem fins lucrativos. Acreditando que esse tema, além de atual é importante para a gestão universitária brasileira, escolhemos a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Campus Curitiba) como objeto de estudo.

Para a realização dessa pesquisa será necessário coletar informações junto aos diversos setores do Campus Curitiba da PUCPR, sobretudo direção de cursos, decanatos, pró-reitorias, reitoria e mantenedora. Essa coleta será realizada entre os meses de junho e agosto próximos, junto a pessoas desses setores e na consulta a documentos e arquivos da instituição. Essa pesquisa é descritiva e aborda o período de 1998 a 2004, sobretudo os aspectos da elaboração e implantação do planejamento estratégico da PUCPR no horizonte 1998 a 2010; o processo de interiorização da PUCPR nos campi Toledo, Londrina e Maringá; e a implantação da Aliança Saúde PUCPR - Santa Casa.

De forma a favorecer o desenvolvimento dos trabalhos, dentro da qualidade e dos prazos definidos no projeto de pesquisa, solicitamos autorização para utilizar dados e informações referentes as unidades administrativas do Campus Curitiba da PUCPR, para fins exclusivos de pesquisa acadêmica, considerando que os mesmos são essenciais na elaboração dos questionários e da estrutura das entrevistas a serem realizadas. Esta atividade de pesquisa procura respeitar o caráter de confidencialidade e de confiança da instituição na apresentação dos dados e informações estratégicas da PUCPR, sendo que apenas serão divulgados os dados e informações de domínio público.

O tema da pesquisa aborda um dos assuntos emergentes na administração: a inteligência organizacional. Compreende-se por Inteligência Organizacional o resultado da análise de dados e informações coletados, de forma ética e sistemática, do ambiente competitivo em que uma organização está atuando. Esta atividade está baseada nas necessidades de informações que são identificadas em seus gestores, e que irão embasar o processo de tomada de decisão estratégico. O fruto do trabalho de inteligência organizacional é a geração de recomendações sobre eventos futuros e não somente relatórios para justificar decisões passadas. Seu principal objetivo é antecipar ameaças e identificar oportunidades para a organização. É um processo contínuo e inacabado em que constantemente os dados e as informações são transformados em conhecimento, e disseminados na organização, sobretudo para subsidiar o processo de tomada de decisão.

Certos da importante contribuição que este trabalho poderá prestar a área de administração universitária, como também a própria PUCPR, desde já agradecemos sua compreensão e apoio ao desenvolvimento desse projeto de pesquisa.

Atenciosamente

Professor Fernando Flávio Pacheco * Orientador - Mestrado em Administração/PUCPR Ricardo Belinski * Mestrando em Administração

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ANEXO B

CARTA-CONVITE AOS GESTORES Prezado Professor

No período de 10 a 17 de agosto estaremos realizando o levantamento de campo do projeto de

pesquisa sobre Administração Universitária e Gestão do Conhecimento, que está sendo desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCPR, para o que solicitamos a sua participação.

O objetivo principal deste projeto de pesquisa é investigar como as práticas de Inteligência Organizacional contribuem para o Processo Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos.

Para tal, utiliza metodologia de estudo de caso, define como unidade de Análise o campus Curitiba da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e adota, para a coleta de dados, um corte transversal no tempo compreendido entre o período 1998 e 2004.

A amostra selecionada para a pesquisa, a qual será aplicado um questionário estruturado, é composta por três níveis gerenciais: a reitoria e alta administração, decanatos e direção de cursos do campus Curitiba da PUCPR.

As questões podem ser respondidas considerando o horizonte 1998 a 2004, da PUCPR, e os seguintes eventos correlacionados a esse período: (a) planejamento estratégico 1998 e 2010; (b) constituição da Aliança Saúde; e, (c) interiorização dos Campi da PUCPR.

Em um ambiente competitivo e com rápidas mudanças, a informação constitui um dos mais

importantes recursos para o processo decisório de uma organização. Em uma era dominada pelos recursos da tecnologia da informação e comunicação, as práticas

gerenciais exigem muito profissionalismo e competência. Entre elas, a Inteligência Organizacional é capaz de subsidiar eficazmente o Processo Decisório Estratégico fazendo com que a instituição aproveite as oportunidades e diminua o risco dos negócios. O objetivo da inteligência organizacional é desenvolver, de uma forma estruturada, sistemática e contínua, a coleta, análise e disseminação de informação e conhecimento relevante para subsidiar o processo decisório no tocante aos movimentos da concorrência, dos mercados e dos efeitos da globalização econômica. Ela está diretamente ligada à implementação de ações estratégicas pela organização.

Com uma linha de pesquisa em “Gestão da Informação e do Conhecimento”, o Programa de Mestrado em Administração da PUCPR vem promovendo importantes projetos de pesquisa que objetivam desenvolver novos conhecimentos nesta área emergente da Administração, particularmente no tocante a Inteligência Organizacional, entendida como uma das práticas da Gestão Estratégica do Conhecimento. De forma a melhor compreender a relação dessas práticas com o contexto da gestão de instituições de Ensino Superior, principalmente daquelas de gestão privada e sem fins lucrativos, definiu-se a PUCPR como objeto de análise desse projeto, procurando desenvolver novos conhecimentos que possam contribuir para o aprimoramento de instituições dessa natureza.

Sendo assim, o envolvimento dos gestores da PUCPR no projeto, em especial a sua participação,

é de fundamental importância para o desenvolvimento desse trabalho, para o que agradecemos desde já sua contribuição. Aproveitamos para esclarecer que nenhuma informação sigilosa será requerida, assim como nenhuma das informações levantadas será tratada de forma individualizada, não permitindo a identificação dos entrevistados.

Atenciosamente

Ricardo Belinski * Mestrando em Administração PUCPR

Telefone: (041) 9607 3277 * E-mail: [email protected]

Prof. Fernando Flávio Pacheco * Orientador Telefone: (041) 271 1377 * E-mail: [email protected]

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ANEXO C

FORMULÁRIO DE PESQUISA Prezado (a) Professor (a)

Contamos com sua participação neste estudo acadêmico do Programa de Mestrado em Administração da PUCPR, inserido na linha de pesquisa “Gestão Estratégica da Informação e do Conhecimento”. Sua identificação é opcional, não sendo requisito necessário para a análise dos dados levantados.

O objetivo principal deste projeto de pesquisa é investigar como as práticas de Inteligência Organizacional contribuem para o Processo Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior sem fins lucrativos.

Para tal, utiliza metodologia de estudo de caso, define como unidade de análise o campus Curitiba da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e adota, para a coleta de dados, um corte transversal no tempo compreendido entre o período 1998 e 2004.

A amostra selecionada para a pesquisa, a qual será aplicado o presente questionário estruturado, é composta por três níveis gerenciais: a reitoria e alta administração, decanatos e direção de cursos do campus Curitiba da PUCPR. As questões podem ser respondidas considerando o horizonte de tempo 1998 a 2004, da PUCPR, e os seguintes eventos correlacionados a esse período: (a) planejamento estratégico 1998 e 2010; (b) constituição da Aliança Saúde; e, c) interiorização dos Campi da PUCPR.

Desde já, agradecemos a sua valiosa participação. Favor retornar o questionário até dia 18 de agosto de 2004.

Ricardo Belinski, Mestrando em Administração

41 9607 3277 * 41 268 9144 * [email protected] Orientador Prof. Dr. Fernando Flávio Pacheco

Favor assinalar a alternativa do questionário que mais se aproxima de sua percepção pessoal. I. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

1. Sexo ( ) masculino ( ) feminino 2. Formação Acadêmica

( ) doutorado completo ( ) doutorado incompleto ( ) mestrado completo ( ) mestrado incompleto Assinalar o maior grau de

formação acadêmica ( ) especialização completa ( ) especialização incompleta

( ) graduação 3. Faixa Etária ( ) até 31 anos ( ) de 31 a 40 anos ( ) de 41 a 50 anos ( ) acima de 51 anos 4. Há quanto tempo trabalha na PUCPR? ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 ano e 1 mês a 3 anos ( )de 3 anos e 1 mês a 5 anos ( )de 5 anos e 1 mês a 7 anos ( ) mais que 7 anos

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5. Qual sua carga horária semanal de trabalho na PUCPR? ( ) menor que 12 horas ( ) de 12 a 20 horas ( ) de 21 a 30 horas ( ) de 31 a 40 horas ( ) acima de 40 horas 6. Qual seu principal setor de atuação na PUCPR? ( ) Reitoria ( ) Decanato ( ) Direção de cursos ( ) Gerência administrativa ( ) Pró-reitoria ( ) Mantenedora ( ) Outro. Qual? 7. Participa de órgãos colegiados na PUCPR? ( ) sim ( ) não Quais?

Considerando uma escala de 1 a 5, onde os valores extremos estão previamente definidos, favor assinalar a alternativa de resposta que mais se aproxima de sua percepção pessoal. II. INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL E PROCESSO DECISÓRIO 8. Qual o grau de instabilidade que caracteriza o ambiente no qual estão inseridas as Instituições de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Ambiente instável Ambiente estável

9. Qual é a capacidade de previsão de eventos futuros na gestão das Instituições de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Baixa Alta

10. Como você percebe a postura dos gestores universitários diante das constantes mudanças ambientais do mercado?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Pró-ativa e prospectiva

Reativa e conservadora

11. Como é o fluxo de informações que dá suporte ao Processo Decisório Estratégico em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

Amplo e suficiente Restrito e insuficiente

12. Como é o processo de disseminação dos resultados do Processo Decisório Estratégico entre os gestores universitários?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

Amplo e suficiente Restrito e insuficiente

13. A partir de sua experiência, quais são as características do processo de planejamento estratégico em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Flexível e interativo

Pré-determinado

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14. Como são as metas e os objetivos organizacionais em uma Instituição de Ensino Superior? ( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

Subjetivas e probabilísticas

Objetivas e determinísticas

15. Em geral, qual o grau de envolvimento da alta administração no cotidiano da gestão universitária?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Alto Baixo

16. Como você avalia o processo de criação da estratégia organizacional em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Processo de construção permanente

Como algo definido de “tempos em

tempos” 17. Quais são as principais características das ferramentas de tecnologia da informação que dão suporte à gestão universitária (e-mail, intranet, Internet)?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Adequadas e atualizadas

Obsoletas e Restritivas

18. Como é a utilização das ferramentas de tecnologia da informação (e-mail, intranet, Internet) pelos gestores universitários?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Constante e Sistemático

Eventual e esporádico

19. Quais são as principais características do processo de capacitação dos recursos humanos em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Incentivo em habilidades

multifuncionais

Restrito à capacitação funcional

20. Quais são as principais características do relacionamento de uma Instituição de Ensino Superior com os seus clientes?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

Alto e sistemático Baixo e assistemático

21. Como é o processo de coleta de informações para subsidiar o processo decisório em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Sistemático e Estruturado

Assistemático e desestruturado

22. Qual o grau de utilização, pelos gestores universitários, das redes de relacionamento social (networks) na busca por informações para os seus processos decisórios?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Alto Baixo

23. Como é o processo institucional de incorporação das melhores práticas dos gestores universitários na PUCPR?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Sistemático e

Constante Informal e

Eventual

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24. Como é a postura de uma Instituição de Ensino Superior na criação e desenvolvimento de novos produtos e serviços?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Pró-ativa e Prospectiva

Reativa e Conservadora

25. Como a Instituição de Ensino Superior identifica a necessidade de informação de seus gestores universitários?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 De forma ampla e

estruturada De forma restrita e

desestruturada 26. Quais são as principais características das informações que circulam formalmente entre os gestores universitários da PUCPR?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Prospectivas e voltadas para oportunidades

Reativas e relacionadas a

eventos passados 27. Como é o acesso dos gestores universitários às informações institucionais na PUCPR?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

Amplo e interativo Restrito e sem interação

28. Na PUCPR, diante de novas oportunidades, como pode ser caracterizado o comportamento dos gestores universitários?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Alta disposição ao

risco Conservadores e

reativos 29. Quais são as características das regras e procedimentos administrativos na PUCPR?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Altamente

estruturados e sistematizados

Desestruturados e de orientação geral

30. De modo geral, como é o grau de lealdade dos gestores universitários aos objetivos organizacionais em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Amplo, irrestrito e

altruísta Baixo, focado no

profissionalismo 31. Qual deve ser o grau de confidencialidade das principais informações estratégicas em uma Instituição de Ensino Superior?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Alto e restrito

apenas a alguns setores

Baixo e acessível aos membros da

organização

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32. Na PUCPR, com que freqüência os gestores universitários recebem relatórios prospectivos com informações atuais sobre sua área de responsabilidade?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Constantemente Raramente

33. Na PUCPR, se um gestor universitário recebe uma informação relacionada a outro setor, com que freqüência a pessoa passará a informação adiante?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Imediatamente e constantemente

Eventualmente e raramente

34. Na área do Ensino Superior, se um concorrente lançar um novo produto ou serviço, a PUCPR saberá disso com antecedência?

( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1 Certamente Raramente

Obrigado pela sua participação!

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Belinski, Ricardo

B431p

2004 Práticas de Inteligência Empresarial e Processo Decisório Estratégico em instituições sem fins lucrativos de ensino superior : o caso da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, campus Curitiba / Ricardo Belinski; orientador, Fernando Flávio Pacheco. – 2004.

165 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,

Curitiba, 2004 Inclui bibliografia

1. Planejamento Estratégico. 2. Gestão do Conhecimento. 3. Processo Decisório. 4. Associações Sem Fins Lucrativos – Administração. 5. Capital

Intelectual. I. Pacheco, Fernando Flávio. II. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Mestrado em Administração. III. Título.

CDD-20.ed. 658.4012

658.4038 658.048