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Page 1: Rbcm 2003 flexibilidade e lombalgia

R. Bras. Ci. e Mov. Brasília v. 11 n. 2 p. 35-40 junho 2003 35

Resumo

O objetivo deste estudo foi verificar a influência da práticaregular de atividades físicas de lazer e da aptidão físicasobre a prevalência de lombalgia em 200 mulheres (34±11anos) e 128 homens (33±11 anos) que procuravam a práticasupervisionada de atividades físicas. 24% apresentaramrelato positivo de lombalgia, sendo este mais prevalentenos homens (35%) que nas mulheres (29%). A flexibilidadefoi avaliada utilizando-se o Flexiteste, considerando osseguintes movimentos: flexão do quadril (FLQ), extensãodo quadril (EXQ), abdução do quadril (ABQ) e flexão anteriordo tronco (FLT). Outras variáveis observadas foram peso,IMC, VO

2 máx, percentual de gordura e circunferência

abdominal. Foram considerados sedentários os queapresentavam, nos últimos três meses, freqüência semanalde atividades físicas de lazer (FSA)<1, como pouco ativos1≤FSA<3 e como fisicamente ativos FSA≥3. A regressãologística demonstrou que havia associação significativa(p<0,05; R=0,29; R2=0,09) apenas entre a prevalência delombalgia e FLQ, esta última exercendo efeito causador(odds-ratio=2,2), e FLT, exercendo efeito protetor (odds-ratio=0,5). Esses resultados sugerem que na prevenção etratamento da lombalgia, os exercícios de alongamento paraaumentar a flexibilidade na flexão do quadril devem serevitados, enquanto aqueles para melhorar a flexibilidade naflexão anterior de tronco devem ser encorajados.

PALAVRAS-CHAVE: lombalgia, prevalência, flexibilidade,avaliação funcional, aptidão física, atividades físicas de lazer.

Componentes da aptidão física e sua influênciasobre a prevalência de lombalgia

Physical fitness components and their influence on theprevalence of low back pain

Marcos Doederlein Polito1,2

Geraldo de Albuquerque Maranhão Neto3,4

Vitor Agnew Lira4

Abstract

The objective of this study was to verify the influence ofregular practice of leisure physical activities and of physicalfitness on the prevalence of lumbago in 200 women (34±11years) and 128 men (33±11 years) who sought supervisedpractice of physical activities. 24% of them positivelyreported lumbago, which was more prevalent among men(35%) than among women (29%). Flexibility was evaluatedusing the Flexitest, considering the following movements:hip flexion (HFL), hip extension (HEX), hip abduction (HAB)and anterior trunk flexion (TFL). Other observed variableswere weight, BMI, VO

2 max, body fat percentage and

abdominal circumference. The subjects presenting weeklyfrequency of leisure physical activity (LPA)<1, in theprevious three months, were classified as sedentary, theones presenting 1≤LPA<3, as low active, and the onespresenting LPA≥3, as physically active. Logistic regressionshowed a significant relationship (p<.05; R=.29; R2=.09) onlybetween lumbago prevalence and HFL, the latter exerting acasual effect (odds-ratio=2.2), and TFL, exerting a protectiveeffect (odds-ratio = .5). Those results suggest that, in theprevention and treatment of lumbago, stretching exercisesaiming to improve flexibility in hip flexion should be avoided,while those aiming to improve flexibility in trunk anteriorflexion should be encouraged.

KEYWORDS: lumbago, prevalence, flexibility, physicalfitness, functional evaluation, leisure physical activity.

1 Programa de Pós-graduação em Educação Física da UniversidadeGama Filho (PPGEF-UGF) - Bolsista CNPq – E-mail:[email protected]

2 Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (Labsau-UERJ)

3 Escola de Educação Física do Centro Universitário da Cidade(UniverCidade)

4 Departamento de Educação Física da Escola de Reabilitação daUniversidade Católica de Petrópolis (UCP).

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Introdução

Não é raro indivíduos que praticam atividadesfísicas em academias e centros esportivos possuírem umhistórico de lombalgia ou desencadearem essa condiçãoapós o início do treinamento.

A lombalgia é uma condição comum que pode afetaratletas e não atletas. Dados populacionais demonstram quecerca de 60 a 80% das pessoas relatam esse incômodo emalgum momento da vida (14). Pelo fato de a dor lombarmanifestar-se sob várias condições, precisar sua exataetiologia torna-se difícil. Sua causa pode estar associada aacometimentos degenerativos ou traumáticos no discointervertebral ou no corpo vertebral (14), elevada sobrecarganas atividades laborais (6,11), movimentação excessiva dosmecanismos flexor e rotator da coluna (6), fatorespsicológicos (15), inatividade física (21), flexibilidade e forçareduzidas (3, 13, 19), obesidade (10,20) e fumo (15,16). Aavaliação funcional em pessoas que buscam a prática deatividade física supervisionada pode fornecer informaçõesinteressantes para a prescrição dos exercícios. Porém, nãoé simples determinar os fatores relacionados à lombalgia ouquais indivíduos estarão sujeitos a desenvolvê-la.

O presente estudo possui dois objetivos principais.O primeiro, é o de verificar a associação de algunscomponentes da aptidão física e da prática de atividadesfísicas de lazer com a prevalência de lombalgia, em indivíduosque procuram a prática da atividade física supervisionada.E, pelos resultados obtidos, abordar possíveis alternativasde prescrição de exercícios que possam minimizar aocorrência dos referidos incômodos.

Métodos

A amostra foi composta por 328 indivíduos entre18 e 81 anos. As mulheres (n=200) apresentavam idade de34±11 anos, peso de 62,2±10,7 kg e estatura de 162±6,7 cm.Já os homens (n=128) apresentavam idade de 33±11 anos,peso de 81,5±14,6 kg e estatura de 177±6,7 cm. Antes deiniciarem ou até três semanas após o início de seu programade treinamento, os indivíduos passaram por uma avaliaçãofuncional, na qual foram perguntados sobre incômodososteomioarticulares. A partir desses dados, a prevalênciade lombalgia pôde ser estabelecida pela proporção entre onúmero total de indivíduos que apresentavam determinadacaracterística e o número de indivíduos que apresentavama mesma característica, porém relatavam incômodo lombar.Exemplificando, supondo que houvesse 100 indivíduossedentários na amostra e, desses, 57 apresentassemlombalgia, a prevalência seria 57/100, ou seja, 57%. Com oobjetivo de aumentar o poder exploratório dos achados, apossível influência da aptidão física sobre a prevalência delombalgia foi testada isoladamente para a flexibilidade, acomposição corporal e a aptidão cardiorrespiratória.

Avaliou-se a flexibilidade passiva em oitomovimentos do Flexiteste (1). Contudo, somente aquelesrelacionados às articulações de quadril e troncointegraram as análises, a saber: flexão do quadril (FLQ),extensão do quadril (EXQ), abdução do quadril (ABQ) eflexão do tronco (FLT).

As variáveis antropométricas medidas, oucalculadas, foram o peso e a estatura – obtidos em umabalança Welmy® com leituras de 0,1 kg e 0,5 cm,respectivamente –, o Índice de Massa Corporal (IMC), opercentual de gordura (%g) estimado a partir da medida detrês dobras cutâneas (7), utilizando-se um compasso modeloLange e a circunferência abdominal (CA), medida na alturada cicatriz umbilical. As medidas de dobras cutâneas foramfeitas por dois avaliadores experientes. A confiabilidade dasmedidas foi estabelecida pelo coeficiente de correlaçãointraclasse (CCI) em cada uma das dobras avaliadas, em 20indivíduos de ambos os sexos. Os CCI variaram de 0,85 a0,98, representando uma elevada fidedignidade.

A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada pelaestimativa do VO

2 máx, proveniente de teste submáximo em

cicloergômetro (2). Os indivíduos também reportaram o nívelde atividade física de lazer nos últimos três meses queantecediam a avaliação. Assim, foram classificados como“sedentários” quando relatavam freqüência semanal deatividades físicas de lazer (FSA) inferior a um (FSA < 1),como “pouco ativos” (1 ≤ FSA < 3), ou ainda, como “ativos”(FSA ≥ 3).

Análise estatística

Para a verificação de variáveis que melhorassociavam-se à prevalência de lombalgia conduziu-se umaregressão logística utilizando o pacote estatístico Stata forWindows 5.0. Esta análise caracteriza-se pela dicotomia davariável dependente. Todas as variáveis estudadas fizeramparte da análise com o objetivo de selecionar aquelas que seassociavam estatisticamente com a lombalgia (p<0,05). Apósa análise, cada variável independente apresenta um odds-ratio (razão de chances) que equivale ao risco de desenvolvera lombalgia. Para um odds-ratio igual a 1,0 consideramos umefeito nulo da variável; acima de 1,0 representa uma associaçãode risco ou um efeito causador, e um odds-ratio abaixo dessevalor representa um efeito protetor (22).

Para ratificar se houve o risco ou proteção contra alombalgia, o intervalo de confiança foi calculado. Esseprocedimento também possibilitou testarmos um modelopreditivo para a lombalgia. A estatística descritiva foiutilizada tanto para a caracterização da amostra, quanto paradeterminar valores percentuais, principalmente os referentesà prevalência de lombalgia.

Resultados e discussão

O razoável tamanho da amostra e as diversas variáveisestudadas permitiram a análise da influência de alguns fatoressobre a prevalência de incômodos lombares (Tabela 1).

Entre os indivíduos estudados, 78 (24%) apresentaramlombalgia, sendo uma característica mais prevalente noshomens (35%) que nas mulheres (29%). Entretanto, osedentarismo foi maior nas mulheres (63%) que nos homens(51%) e cerca de 29% de ambos, eram pessoas fisicamenteativas com regularidade. Além disso, a prevalência de lombalgiafoi similar entre os níveis de atividade física (Figura 1). Essesfatores sugerem pouca influência do nível de atividade físicasobre a prevalência de incômodos lombares.

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A literatura não traz resultados claros sobre a relaçãoentre o nível de atividade física de lazer e incômodos lombares.Estudos apontam que o exercício físico pode ser realizadopor pessoas com lombalgia crônica sem comprometer suasfunções ou desencadear mais manifestações de dor (5,24).Por outro lado, não foram encontrados dados queabordassem os benefícios de uma vida mais ativa sobre aprevalência de lombalgia. Assim, pode-se entender quedependendo do tipo de atividade física praticada pode ounão haver benefícios, e que talvez por isso o nível deatividade física de lazer tenha associação pobre com aprevalência de incômodos lombares.

A aptidão cardiorrespiratória também nãoapresentou associação significativa com a prevalência deincômodos lombares, ao contrário do reportado por VanDer Velde e Mireau (23) que verificaram que indivíduos comdor lombar crônica possuem menor capacidade aeróbia queindivíduos sem dor. Tal relação carece de mais estudos.

Embora alguns dados demonstrem que a obesidadeé um fator de risco para o desenvolvimento da lombalgia(10,20), esse aspecto não foi confirmado em nosso estudo.Isso pôde ser observado, já que não houve associação

significativa entre os índices deadiposidade e a prevalência delombalgia.

Quanto aos componentesda aptidão física avaliados, exceçãoocorreu apenas para a flexibilidadepassiva em dois movimentos (FLT eFLQ), os quais se associaramsignificativamente à prevalência delombalgia (Tabela 2).

A regressão logística e ocálculo do R2 demonstrou que essasduas variáveis explicavam cerca de10% da prevalência de lombalgia(Tabela 2). Porém, a capacidadeexplicativa das variáveis nãopossibilitou desenvolver um modelopreditivo. A influência da flexibilidadesobre a prevalência de lombalgiamanifestou-se, curiosamente, deforma distinta nos dois movimentossupracitados. A FLT apresentou umefeito protetor quanto à lombalgia(odds-ratio<1,0) e a FLQ um efeitocausador (odds-ratio>1,0). Nenhumadas variáveis apresentou o valor 1,0dentro do seu intervalo de confiança,o que ratifica as relações protetora ecausal, respectivamente.

Em geral, os indivíduos comincômodos lombares apresentaramuma amplitude muito pequena deFLT, nota 0 no Flexiteste (Figuras 2 e3), e muito grande de FLQ, nota 4 noFlexiteste (Figuras 4 e 5). Realmente,uma grande amplitude de movimentoem extensores do quadril éfreqüentemente observada emindivíduos com hiperlordose (9), e

tais indivíduos parecem mais propensos a casos delombalgia (8,21). É interessante observar ainda, que umaextrema flexibilidade na FLT também mostrou-se prejudicial,pois as menores prevalências de lombalgia ocorreram nos

Tabela 1 - Valor das variáveis que compuseram a regressão logística para toda a amostra ediferenciação dos resultados por sexo

*Índice de Massa Corporal; |Percentual de gordura; †Circunferência abdominal; ‡Flexão do quadril(mediana); §Extensão do quadril (mediana); ¶Abdução do quadril (mediana); **Flexão anterior dotronco (mediana)

Figura 1 - Prevalência de lombalgia e nível de atividade física de lazer* Sedentário = freqüência semanal de atividades física inferior a 1 (FSA < 1); Poucoativo = (1≤FSA<3);

Ativo = (FSA≥3)

Tabela 2 - Resultados da regressão logística entre todas as variáveisestudadas e a ocorrência de lombalgia (R = 0,29; R2 = 0,089)

*Índice de Massa Corporal; |Percentual de gordura; †Circunferênciaabdominal; ‡Flexão do quadril; §Extensão do quadril; ¶Abdução doquadril; **Flexão anterior do tronco

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Figura 3 - Prevalência de lombalgia e flexibilidade no movimento de flexão anterior do tronconíveis intermediários de flexibilidade(Figura 3). Essa última observação podeestar relacionada a pelo menos doisfatores. O primeiro deles é que o escoremáximo no movimento de FLT envolveimportante flexão do quadril, como podeser observado na Figura 2. É bemprovável, portanto, que a maioria daspessoas com escore 4 nesse movimento,tenham-no conseguido em virtude deuma hipermobilidade na FLQ, a qualpareceu exercer um efeito causador nalombalgia. Os mecanismos pelos quais ahipermobilidade na articulação doquadril levaria à lombalgia ainda não sãoconhecidos. Contudo, é possível que ahipermobilidade nessa articulação causeuma sobrecarga em articulaçõespróximas, como as articulaçõesintervertebrais lombares, gerando o quadro de dor.Corroborando essa hipótese, Nadler et al. (12) reportaramque a lassidão ligamentar nos membros inferiores e quadril,um importante fator predisponente à hipermobilidade,correlaciona-se à incidência de lombalgia em jovens atletas.Esses autores, no entanto, não observaram associação entrea hipomobilidade em tais articulações e o risco de lombalgia.

O segundo fator é que há evidências de que ahipermobilidade em vértebras lombares também podepredispor ao aparecimento da lombalgia (17). Talvez, isso sedeva a uma instabilidade articular que pode ser provocadapela hipermobilidade isoladamente, ou em conjunto à fraquezada musculatura paravertebral lombar. Sobretudo, osresultados sugerem que as pessoas com hipermobilidade nosdois movimentos ou hipermobilidade na FLQ e hipomobilidadena FLT, apresentariam maior risco de lombalgia.

Figura 2 - Mapa de avaliação do para a flexibilidade no movimen-to de flexão anterior do tronco (Flexiteste)

Figura 4 - Mapa de avaliação para a flexibilidade no movimentode flexão do quadril (Flexiteste)

Apesar dos achados apresentados, parece que aflexibilidade e sua relação com incômodos lombares não éum consenso na literatura. Sullivan et al. (18), por exemplo,estudando 96 indivíduos com lombalgia, não verificaramrelação entre a flexibilidade do tronco, avaliada comgoniômetro, e o referido incômodo. Já outros dados emestudo prospectivo abrangendo 3.020 trabalhadores,apontaram uma relação entre os resultados no Teste deSentar e Alcançar e a lombalgia (4). Talvez, parte da diferençanas conclusões desses estudos possa ser explicada pelonúmero de pessoas estudadas e pela forma de avaliação daflexibilidade. O Flexiteste, utilizado no presente estudo, não

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possui um poder discriminativo tão grande quanto àgoniometria em avaliar a flexibilidade passiva. Por outrolado, possibilita uma avaliação mais específica pormovimento e articulação do que o Teste de Sentar e Alcançar.Em adição, a avaliação da flexibilidade ativa depende doequilíbrio e/ou força do avaliado. Assim, é pouco provávelque avaliações passiva e ativa da flexibilidade forneçamresultados semelhantes, principalmente em pessoas queapresentem incômodos osteomioarticulares.

Figura 5 - Prevalência de lombalgia e flexibilidade no movimento de flexão do quadril

Conclusões e implicações

Entre os componentes da aptidão física e os níveisde atividade física avaliados, somente a flexibilidade, emmovimentos específicos, associou-se à prevalência deincômodos lombares em indivíduos que procuram a práticasupervisionada de exercícios. Embora a influência daflexibilidade sobre a lombalgia não tenha sido apontada emtodos os estudos semelhantes a este, uma boa flexibilidade deFLT parece exercer um efeito preventivo, enquanto a elevadaFLQ tende a contribuir para o aparecimento dos incômodos.De forma simples, parece que indivíduos com elevada FLQnão devem realizar exercícios de alongamento para amusculatura extensora dessa articulação, com o objetivo deganho de amplitude de movimento. Isso poderá aumentar osseus riscos de desenvolver o incômodo e dificultar seutratamento. Já para os que apresentam pobre FLT, devem-seprescrever exercícios de alongamento adequados paraproporcionar ganho de amplitude. O mesmo não deve serseguido para os que já apresentam boa flexibilidade nomovimento de FLT, já que a hipermobilidade no mesmo podeaumentar o risco de lombalgia. A partir dessas condutas,provavelmente haverá menos chances de desconfortoslombares. Obviamente, os cuidados não deverão estar voltadosapenas para a flexibilidade, visto que a etiologia da lombalgia émultifatorial, como abordado na introdução deste estudo.

Ensaios futuros devem dedicar maior atenção para arelação ideal entre força e flexibilidade nas musculaturas queatuam na coluna e quadril a fim de estabelecer direcionamentosmais específicos para a prescrição de exercícios voltados parao tratamento e prevenção da lombalgia. Tais estudos devemincluir a avaliação da amplitude de movimentos isolados.

Quanto a esse último aspecto, não parece uma estratégiainteressante utilizar dados de estudos envolvendo flexibilidadepassiva no contraponto aos resultados de avaliações passivase vice-versa. Nem tão pouco, deve-se buscar resultadosconsensuais a partir dessas avaliações. Deve-se sim, encará-las como fontes de informações mutuamente complementares,já que a flexibilidade ativa sofre influência de outros aspectos,como a potência da musculatura que está realizando omovimento, enquanto a flexibilidade passiva não.

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