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LABORATÓRIO DA PAISAGEM
RELATÓRIO: OFICINA QUAPÁ-SEL BRASÍLIA (DF) 26, 27 e 28 de Abril de 2009
PROJETO TEMÁTICO DE PESQUISA
OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL
Equipe QUAPÁ-SEL:
Prof. Dr. Silvio Soares Macedo (FAUUSP)
Profa. Dra. Vanderli Custódio (IEB-USP - Geografia)
Dra. Ana Cecília Arruda Campos (FAUUSP)
Pesquisador Alexander Villalón (FAUUSP)
Coordenação Local:
Prof. Dr. Vicente de P. Q. Barcellos (FAU-UnB)
Profa. Maria da Assunção P. Rodrigues (MSc)
Arq. Jorge Calderon (Mestrando)
Arq. Giuliana Sousa (Mestranda)
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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO......................................................................................................03
2. LEITURA DA ÁREA URBANA DE BRASÍLIA...........................................................04
3. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA QUAPÁ-SEL PARA OS AGENTES LOCAIS.06
4. APRESENTAÇÕES DOS AGENTES LOCAIS .......................................................10
5. DINÂMICA DA OFICINA ...........................................................................................22
6. RESULTADOS DA OFICINA ....................................................................................33
7. ANEXOS ...................................................................................................................37
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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
1. APRESENTAÇÃO
Ocupação de médio e alto padrão em Águas Claras (Brasília, Distrito Federal).
Nos dias 26, 27 e 28 de Abril de 2009 foi realizada a Oficina QUAPÁ-SEL em Brasília
(DF), no Estado de Goiás, onde estiveram presentes o Prof. Dr. Silvio Soares Macedo,
a Profa. Dra. Vanderli Custódio, a Dra. Ana Cecília de Arruda Campos e o bolsista
Alexander Villalón, todos de São Paulo (SP). A Oficina contou com a coordenação e
colaboração local do Prof. Dr. Vicente de P. Q. Barcellos e da Profa. Maria Assunção
P. Rodrigues (MSc), ambos do curso de Arquitetura da Universidade Nacional de
Brasília (UnB), onde ocorreram as atividades.
Com o objetivo de ampliar a compreensão da estrutura urbana de Brasília e entorno, foi
realizado um sobrevôo pelo Plano Piloto e principais “cidades satélites”, além de visita
terrestre a diferentes pontos da cidade de Brasília com o objetivo de promover um
melhor entendimento e análise das questões referentes ao Sistema de Espaços Livres.
Cabe lembrar que a Oficina, relatada neste documento, faz parte de um conjunto de
ações definido pelo projeto de pesquisa e reiterado, junto aos representantes dos
demais núcleos regionais do SEL, por ocasião do II e III Colóquios: Os sistemas de
espaços livres e a constituição da esfera pública contemporânea no Brasil – QUAPÁ-
SEL, realizados respectivamente, em 2007 em São Paulo e em 2008 em Curitiba.
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2. LEITURA DA ÁREA URBANA DE BRASÍLIA
Brasília (DF), capital do País, foi idealizada como centro político do Estado Brasileiro,
em meados do século XIX.
A construção foi levada a efeito a partir de 1957, com base no projeto urbanístico de
Lucio Costa e principais edificações projetadas por Oscar Niemeyer. O Plano Piloto,
onde estão localizadas as instalações dos poderes da União, possui a forma de um
avião, com destaque para as Asas Norte e Sul; quadras extensas e setores definidos
de ocupação do solo: setor hoteleiro, setor comercial, setor residencial, setor industrial
e outros.
Brasília é formada por mais de 30 administrações regionais. Possui aproximadamente
2.600.000 habitantes. No Plano Piloto são cerca de 250.000, ou seja, a maior
concentração está nas “cidades satélites1”, principalmente as de noroeste, como
Guará, Taguatinga, Samambaia e Ceilândia.
O sobrevôo realizado pela Companhia ESAT Aero Táxi, sob o comando do piloto
Montenegro, no dia 26 de abril, contou com a participação dos arquitetos Silvio Soares
Macedo, Ana Cecília de Arruda Campos, Vicente Barcellos e do pesquisador Alexander
Villalón. Com início às 11h:30m o vôo durou 1h:15m. O trajeto constituiu: Aeroporto (1),
Guará (2), Guará 2 (3), Guará 1 (4), Vicente Pires (5), Águas Claras (6), Samambaia
(7), Recanto das Emas (tangente) (8), Ceilândia (9), Taguatinga Norte (10), Vicente
Pires (11), Estrutural (12), Cruzeiro-Sudoeste (13), Asa Sul (14), Lago Sul (15),
Península dos Ministros (16), Jardim Botânico (17), Península do Lago Norte (18), Asa
Norte (19), cruzamento da Asa Sul (20), Aeroporto (1) 2. Foram tiradas mais de 2000
fotografias.
Com relação à parte terrestre, percorreu-se, entre 14h e 18h, debaixo de chuva, grande
parte das áreas observadas no sobrevôo, cabe destacar:
- as quadras residenciais de Guará 1 e as de edifícios do Guará 2;
- a linha de metrô de superfície;
- a feira ou mercado popular do Guará, com bancas variadas, de roupas a alimentos;
1 Em outras cidades do País seriam equivalentes a grandes bairros. Resultam da prática e cultura do
poder público do Distrito Federal (DF) em transferir “ocupações” (invasões) irregulares a áreas distantes do Plano Piloto. Possuem arruamento definido e o tamanho dos lotes é relativo à condição socioeconômica do conjunto populacional em remoção – lotes menores constituem “cidades satélites” mais empobrecidas. Inclusive, o nome Ceilândia advém de Comissão de Erradicação de Invasões.
2 Deixamos de anexar mapa com o traçado do roteiro do sobrevôo por indisponibilidade de recursos
técnicos locais.
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- a “cidade satélite” de Vicente Pires, ex-área rural, constituída por ocupações
(“invasões”), inclusive em áreas de proteção permanente (APPs), na forma de um
conjunto de lotes continuamente murados. Muitos, após sua implantação, passam a
exigir a implantação de serviços básicos pelo Poder Público;
- a Samambaia, área de chácaras concedidas pelo governo do DF para uso durante 30
anos, mas que se tornou a “cidade satélite” mais adensada e precária do Distrito.
Possui arruamento definido, mas sem asfaltamento;
- Taguatinga, “cidade satélite” onde está em instalação o governo do DF. A
transferência do Plano Piloto para “Tagua” foi motivada pela concentração de
população nessa região (noroeste) do Distrito, cerca de 1 milhão de habitantes;
- a quase inexistência de arborização e tratamento paisagístico nas “cidades satélites”
e, ao contrário, tratamento ao longo das grandes vias de rodagem;
- a verticalização concentrada, sem arborização intralote ou viária, com calçadas e ruas
estreitas em Águas Claras;
- o “Setor das concessionárias” de veículos: Brasília possui cerca de 2.600.000
habitantes e cerca de 1 milhão de automóveis – quase 1 veículo para cada 2
habitantes;
- visita à Asa Sul: os diversos arranjos internos (edifícios e áreas livres de edificação)
na implantação das quadras e superquadras concebidas por Lucio Costa. São edifícios
com quatro ou seis andares, com área para instalação de escola, comércio,
arborização, estacionamento, centros comunitários, unidades de vizinhança;
- o Setor Sudoeste, com as superquadras de alto padrão ocupadas pela população
com a segunda maior renda per capita do DF. Entretanto, seu projeto de implantação
perde características das superquadras como a ventilação cruzada;
- setor residencial Octagonal, uma releitura da superquadra, com controle de acesso;
- a igreja triangular construída Oscar Niemeyer na Quadra 308. Quadra implantada por
Lucio Costa como exemplo para a construção das demais. Contudo, por vários
motivos, dentre eles, a crítica ao modernismo na Arquitetura e as diferentes
concepções artísticas dos escritórios e profissionais contratados para a implantação
das quadras, ao longo dos anos, houve descaracterização da proposta inicial;
- a existência de quadras ainda desocupadas no Plano Piloto, projetado para meio
milhão de pessoas, mas ainda com 250.000;
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- a Quadra “W3”, da Asa Sul, composta por residências, mas inicialmente projetada
para constituir o cinturão hortifrutigranjeiro do DF, e que em diversos pontos ocupam as
áreas livres comuns; e
- o Plano Piloto, a Esplanada dos Ministérios e o Setor de Hotéis.
Todo o material fotográfico, tanto da parte aérea como terrestre, foi disponibilizado aos
representantes da coordenação local da Oficina. Quando sistematizado, será também
disponibilizado na base iconográfica do QUAPÁ-SEL, com vistas ao acesso dos
pesquisadores dos núcleos SEL de todo o País.
3. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA QUAPÁ-SEL PARA OS AGENTES LOCAIS
No dia 27 de abril, a partir das 9h, realizou-se uma série de palestras com o objetivo de
expor e compartilhar questões referentes à gestão e às formas de ocupação de
Brasília.
Abertura com o Prof. Dr. Silvio Soares Macedo, FAUUSP, Coordenador geral do
projeto QUAPÁ-SEL
A primeira parte da apresentação tratou de conceitos que orientam o projeto temático
de pesquisa “Os Sistemas de Espaços Livres e a Constituição da Esfera Pública
Contemporânea no Brasil”. O Sistema foi apresentado enquanto dependência,
articulação e conjunto. Os sistemas de espaços livres urbanos constituem-se de todos
os espaços livres públicos e privados de circulação, lazer, recreação, acesso,
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conservação, preservação e produção. Os espaços livres são todos os não ocupados
por volumes edificados aos quais as pessoas têm acesso; podem ser espaço-solo,
espaço-água, espaço-luz. A vegetação não é definidora dos espaços livres, embora os
qualifique. Na cidade tradicional, as ruas proporcionam conexão e continuidade de
espaços livres, fragmentados no restante. Entre as funções dos espaços livres, foram
destacadas a função ambiental (recente enquanto preocupação, mas enquanto função
sempre existiu), estético-formal e funcional. Índices propagados como ideais como os
12/m2 por pessoa de áreas verdes não representam o real, precisam ser avaliados em
conjuntos com outras relações como as densidades populacionais, densidade
construída, dimensão dos lotes, etc. Culturalmente, também as necessidades são
diferentes: vegetar 12 m² por pessoa num ambiente desértico não faz o menor sentido,
pois o custo é altíssimo. Mesmo em Brasília, onde o verde permeia as edificações,
como as pessoas se comportam nos espaços livres públicos? As formas de utilização
dos espaços também precisam ser levadas em conta, dadas às suas particularidades
de uso. Além dos espaços livres, também se conceituou área verde, que é toda e
qualquer área que contenha vegetação situada em solo permeável; e espaço verde,
como aquele que é estruturado total e predominantemente por vegetação, e não
necessariamente têm solo permeável. O Prof. Silvio destacou também a relação entre
os espaços livres públicos e privados: áreas com grandes extensões de espaços livres
privados reduzem a demanda por espaços livres públicos, embora não a elimine.
Dentre os fatores condicionantes da apropriação dos espaços livres, a relação entre a
densidade construída do lote e os espaços livres evidencia, em muitas cidades, que
cada vez mais se dá a ocupação total do lote, em diversas faixas de renda. A demanda
por conservação e preservação de áreas naturais é recente, o que ainda gera conflitos,
por exemplo, a gestão dos estoques decorrentes das Áreas de Preservação
Permanentes (APPs Urbanas). Dentre os padrões de eficiência do sistema de espaços
livres, podem ser destacadas a acessibilidade pública, a condição da apropriação
pública, a qualificação paisagística (falta de projetos adequados) e a gestão –
problema comum a várias cidades. O “Piscinão” de Ramos é exemplo de péssima
gestão do espaço público. Em função da baía poluída, implantou-se o projeto que é de
boa qualidade e muito usado pela população. É um bom projeto, mas pelo motivo
errado: a poluição em si. Os sistemas podem ser totais (como Brasília), parciais (como
o projeto de áreas livres em Curitiba para conter enchentes), formal e informal.
A segunda parte da apresentação tratou do projeto temático de pesquisa, sua
organização, estruturação e conclusões preliminares. São muitas as discussões: o que
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é esfera pública para nós? Muitas vezes adotam-se conceitos europeus do pós-guerra
que não correspondem à nossa realidade. A Oficina é um momento de mútuo
aprendizado e troca de informações. A pesquisa acontece em rede, com graus
diferentes de envolvimento dos diversos núcleos locais. Vez por outra, o contato e a
viabilidade da Oficina se dão pela Prefeitura e não pela Universidade, como os casos
dos municípios de Rio Branco ou Suzano. Os resultados das Oficinas variam, por
vezes em função desse grau de envolvimento ou outras dificuldades, mas os
resultados têm sido muito satisfatórios. Além das Oficinas, são realizadas simulações
da legislação de uso e ocupação do solo das cidades estudadas, com a geração de
modelos gráficos. Por exemplo, em Belém a legislação permite a construção de prédios
muito próximos, inadequados às condições climáticas locais. Toda a legislação local é
avaliada em termos ambientais e confrontada com os projetos implantados. Por
exemplo, em Manaus são protegidas as margens de lagoas, mas não suas águas, que
poluídas, desestimulam a ocupação e uso do espaço. Outra realização é o
desenvolvimento de mapas temáticos com a observação das áreas livres privadas e da
verticalização dos imóveis. Como dito anteriormente, as Áreas de Preservação
Permanentes geraram estoques de áreas nas cidades, mas ainda não se têm projetos
claros para sua gestão. Há verbas disponíveis no país para a remoção de população
dessas áreas. Calçadas em geral não são tratadas e possuem dimensões inadequadas
aos usos da população. As Forças Armadas são proprietárias de vastas extensões de
terras passíveis de uso para preservação e conservação, ou mesmo convívio e lazer.
Prof. Dr. Vicente Barcellos e Profa. Maria Assunção P. Rodrigues (MSc), FAUUnB,
QUAPÁ-SEL Núcleo Brasília. Estudo de Impacto Ambiental da Região do
Paranoazinho, DF (Grande Colorado)
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A região de estudo está localizada ao lado da cidade satélite de Sobradinho, a
nordeste do Plano Piloto. O projeto tratou do parcelamento de terras privadas (ao
contrário de boa parte do Distrito Federal), terras da União e Terracap, de ocupação
irregular. A atual ocupação apresenta adensamento e consolidação da área por
atividades de comércio e serviços. Existem tentativas de controle do poder público
inclusive por prática de demolições. A população não é homogênea em termos
socioeconômicos: apresenta moradores de renda baixa, média e média alta. O
tratamento dos espaços livres coletivos no interior dos condomínios varia muito, por
vezes há apenas o arruamento, em outros existem projetos paisagísticos de fato. Com
relação aos espaços livres públicos, as ruas possuem larguras variáveis. As calçadas
em geral são estreitas, não tratadas, com trechos onde as edificações avançam por
sobre as mesmas. Constituem exceções os parcelamentos onde o empreendedor
verticalizou, deixando mais espaço para as calçadas e criando bolsões de
estacionamento para as atividades de comércio e serviços. O padrão de ocupação
mais comum é o loteamento de uma chácara, traçando apenas uma rua central e
definindo os lotes. Quanto aos parques públicos, existe o Parque Canela da Ema,
delimitado enquanto área, mas ainda não implantado paisagisticamente. Como as
áreas disponíveis às novas ocupações se encontram fragmentadas, o projeto teve
como ponto de partida a busca da conexão. Foram levados em conta projetos e planos
existentes como o “Projeto Anel de Atividades de Sobradinho”, da Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SEDUMA) - Governo do Distrito Federal
(GDF), que distribuiu equipamentos ao longo da via de integração viária. Buscou-se
articular a área de estudo com a área mais estruturada, para que os equipamentos
pudessem atender à população como um todo. A avaliação da paisagem urbana
implantada mostrou que a atual ocupação é predominantemente horizontal e
fragmentada, dificultando a integração social. Essa ocupação gera inconvenientes
ambientais como a fragmentação das áreas florestadas, e o predomínio do transporte
individual. A proposta, em linhas gerais, é ocupar os vazios urbanos que não
apresentam inconvenientes ambientais, unindo fragmentos e proporcionando
integração social. Propusemos a criação de um pólo multifuncional (centro urbano)
verticalizado, em contraste com a horizontalidade existente, com grandes
equipamentos públicos e privados (estação de passageiros, supermercados,
shoppings, universidade, edifícios de uso misto). As calçadas terão 7 metros nas vias
principais e 5 metros nas vias secundárias, ambas com ciclovias ao lado. Julgamos
serem essas as dimensões necessárias para permitir arborização e implantação de
Mobiliário urbano. Os parques públicos estarão distribuídos na forma de faixas, ao
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longo das APPs, integrados com outras estruturas como avenidas-parque e núcleos de
equipamentos e lazer. São evitados parques sem acessibilidade e integração visual.
Quanto ao total de habitantes, os atuais 60.000 passariam a 186.000, segundo
previsão da capacidade do sistema pelas concessionárias de águas e esgotos.
Prevaleceu a proposta de 258.000 habitantes, ainda inferior ao indicado no Plano
Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (PDOT), mas que exigirá
investimentos na infra-estrutura de água e esgotos, com novas tecnologias. As
condicionantes e exigências para o adensamento prevêem contrapartida da iniciativa
privada na implantação de infra-estrutura urbana de responsabilidade do poder público:
estação de tratamento de esgoto; sistema de transporte coletivo (VLP) em via
exclusiva; estação de passageiros; nova via de acesso ao Plano Piloto; remanejamento
de linhas de alta tensão, etc.
4. APRESENTAÇÃO DOS AGENTES LOCAIS
1ª PALESTRA
Arq. Maurício Guimarães Goulart (MSc), SEDUMA – GDF (Projeto Orla)
O Projeto Orla abrange as áreas que separam o projeto de Lucio Costa do Lago de
Paranoá. O júri do Concurso de Brasília já criticava a demasiada quantidade de terras
entre o centro governamental e o lago. Os princípios idealizados por Lucio Costa (item
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(20 de seu relatório para o concurso) determinavam a implantação de clubes esportivos
nas suas margens, e não residências. O GDF criou, em 1992, um grupo de trabalho
específico para estudar a ocupação das margens do Paranoá, cujas diretrizes foram
publicadas em 1993. Foram listados 167 lotes na área, 64 margeando o lago. Destes
64, 40 eram clubes, 10 hotéis, 8 pertencentes a órgãos públicos como a UnB, 4
comerciais e 2 outros. A maior parte dos lotes apresentava taxa de ocupação de 30% e
coeficiente de aproveitamento de 60%. O gabarito máximo era de 9 metros. A intenção
era a de horizontalidade. As diretrizes propostas reafirmaram o caráter de um
complexo de atividades que atraíssem pessoas com atividades culturais, hotéis, bares,
restaurantes, museus, livrarias. Foram criados 11 pólos, sendo que um deles foi vetado
pelo IPHAN. Mesmo assim, apenas 2 foram parcialmente implantados, os pólos 3 e 11.
O Pólo 1: (Pontão Lago Norte), parte é ocupada pelo Congresso e parte é Unidade de
Conservação, mas seria para restaurantes e bares. Pólos 2 e 3: com características
hoteleiras, é a área pública com maior acesso ao lago atualmente. Previa-se um
calçadão ao longo do lago, mas não foi construído. Já existe o Museu de Arte e a
concha acústica. Sua ocupação pode comprometer o acesso público, alguns terrenos
são privados. Houve flexibilização de uso com flats e apart-hotéis. O uso residencial
contraria o projeto de Lucio Costa, mas é apoiado por alguns setores. Pólo 4: parque
em área de cerrado, mas não implantado. Pólo 5: destinado a fomentar atividades
hoteleiras, mas com taxas de ocupação menores, interligado por trilhas. Pólo 6: o
próprio GDF fez um projeto anterior, redimensionando lotes, liberando as margens.
Pólos 7 e 8: criados pelo Projeto Orla, não designados anteriormente. No Pólo 7,
previa-se um parque temático sobre ciências e tecnologia, semelhante ao La Villete, de
Paris. O governo quer instalar ali um pólo de TV digital para obtenção de recursos
necessários à implantação das áreas públicas. No Pólo 8, os lotes destinados às
instituições culturais e organismos internacionais foram transferidos para autarquias.
Pólo 9: seria um parque aquático. Pólo 10: seria o parque das Nações. Pólo 11 (Pontão
Lago Sul): já consagrado como área de lazer, mas apenas 20 a 30% implantados.
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2ª PALESTRA
Arq. Paulo Zimbres (MSc) – (Projeto Setor Noroeste)
Segundo o autor do projeto – o expositor –, os espaços públicos têm sido
negligenciados em projetos urbanos. É preciso cooptar a iniciativa privada para ajudar
nisso. O genoma rodoviário da cidade de Brasília afastou as pessoas de pensarem nas
ruas, calçadas, pátios. Esse repertório tradicional foi negligenciado, considerado
ultrapassado, mas há demanda e necessidade. Em 1995, o autor apresentou a
primeira proposta para o Setor Noroeste ao então governador Cristovam Buarque.
Entretanto, na época só se pensava no Projeto Orla. Em 2000, reapresentou o projeto
em segunda versão modificada a Joaquim Roriz. Já se delimitava um parque
ecológico, corredor de avifauna ligado, ao Parque Nacional. O trecho urbanizado seria
um bairro para 80.000 pessoas. O autor considera passível o adensamento do Plano
Piloto, e seu projeto contempla isso. Entretanto, a população foi reduzida para 40.000
pessoas, e mais uma área foi reservada para parque. No novo projeto, foi feito um
esforço para que as ruas tivessem calçadas niveladas, as lojas foram
redimensionadas, implantou-se estacionamento adequado nos 2 lados da via, buscou-
se adequar os edifícios à topografia local com bom uso dos pilotis, evitando a
“inacessibilidade universal”, reforçou-se o apreço ao pedestre. Basicamente, o projeto
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Segue os princípios da estruturação das superquadras de Lucio Costa, mas agrupa as
mesmas de 4 em 4, ampliando o domínio do pedestre. O centro comercial entre
quadras é disposto separado das áreas habitacionais, com vias dos 2 lados,
diferentemente do modelo original, lindeiro as superquadras. Desenvolveu sistema
viário criando mais conexões com o restante, e na via de ligação com o Plano Piloto,
concentrou edifícios de comércio e serviços de âmbito regional. O parque retoma a
idéia de grupo vencedor de concurso realizado em 1989, mas não implantado, onde
um eixo orientativo organizaria os espaços e as atividades, ligando-se visualmente à
torre de TV.
3ª PALESTRA
Arq. Rejane Jung Vianna (MSc), Subsecretária de Planejamento Urbano do GDF
(Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF)
Contextualização da estratégia de integração ambiental urbana do DF: a) planejamento
do território; b) projeto do espaço urbano; c) gestão do território. No DF há
desintegração e desarticulação entre as manchas urbanas e entre as manchas de
áreas verdes. Como integrar as manchas verdes? Por intermédio: a) do
macrozoneamento; b) da articulação institucional; c) da configuração e implantação de
conectores ambientais e de corredores ecológicos. Conectores ambientais são
conjuntos de estruturas lineares de vegetação nativa e de outros espaços livres, tanto
de ambiência urbana quanto rural, e favorecem a interligação entre sistemas naturais;
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no urbano e no rural. No urbano: parques lineares, valorização e ampliação de
arborização em áreas urbanas, obras que minimizam os cortes feitos pelo sistema
viário. No rural: proteger, recuperar e manter as unidades de conservação e APPs,
demarcação de reservas legais, desenvolvimento de atividades compatíveis como
ecoturismo etc. Serão 11 conectores ambientais, utilizados como elementos de
estruturação do espaço urbano. Sobre os corredores não completou o pensamento.
QUESTÕES
Do público sobre o que foi aprovado, no último sábado, dia 25.04, do PDOT do DF. A
expositora respondeu que há conflitos com o Campus da UNB e que as APPs podem
ser loteadas, mas não podem ser ocupadas. Como a publicação é recente ela teria de
estudá-la para poder responder uma série de perguntas.
4ª PALESTRA
Sr. Maximiliano Magalhães, Prefeitura Comunitária da Quadra 110 de Samambaia.
O que é uma prefeitura comunitária? É uma associação de moradores que objetiva
melhorias para as quadras, tais como as que foram buscadas para a realização de
projeto em parceria com a FAU-UNB e o GDF. Os fundamentos do projeto são: a)
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acessibilidade (Decreto Federal n. 5296 de 2 dez. 2004), rampas para cadeirantes,
direito de ir e vir; b) arborização: há pouca em Samambaia e, quando há, são fícus
destruidores de calçadas. Optamos por plantar espécies do cerrado, como os ipês; c)
por implantar espaços de lazer: praças de esporte e; d) por aumentar o envolvimento
da comunidade: os técnicos apresentaram projetos e as comunidades (Quadras 110 e
112) escolheram uma das propostas para a implantação. Na Quadra 112, também foi
elaborado um projeto de intervenção em uma escola. No geral, a Samambaia só tem
arruamento e um amontoado de construções, mas inexiste arborização, é só um
“terrão”, sem asfalto e nenhum outro tratamento urbanístico. As soluções, como praças
com possibilidade de prática esportiva, praças e cruzamentos com rampeamento,
foram dadas por projetos desenvolvidos com os alunos de graduação do curso de
Arquitetura, da UnB, sob orientação docente.
DEBATE
- Questão de uma técnica do Departamento de Parques e Jardins: elogiou o trabalho
de Maximiliano, mas objetivou que as comunidades podem solicitar ao Departamento
mudas de árvores e assessoria no plantio.
- Maximiliano respondeu que há ofícios encaminhados ao Depto., mas sem resposta.
- Outra técnica da SEDUMA ofereceu parceria à Comunidade e atentou para o fato de
a arborização, nos projetos implantados, ser menor do que antes. Lembrou que as
escolas são reformadas, contudo a própria comunidade as depreda rapidamente.
- Maximiliano diz que os critérios de arborização e impermeabilidade foram
considerados pelos consultores dos projetos implantados. As imagens, de “antes e
depois”, apresentadas são antigas, atualmente as árvores já cresceram e a arborização
está maior.
- O Prof. Vicente Barcellos disse que parece que há menos arborização porque os fícus
foram retirados.
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5ª PALESTRA
Arq. Dra. Sandra Soares de Mello – As Áreas de Proteção Permanente (APPs)
O doutorado defendido pela expositora trata da ocupação urbana ao longo dos corpos
d’água. Identificou uma relação dicotômica: por um lado, água e cidade têm um vínculo
histórico; por outro lado, no Brasil, desde 1999, essas áreas são proibidas de serem
ocupadas – as APPs. Não é dicotômico? O mínimo é manter, para proteção, uma faixa
mínima de 30m ao longo dos rios, mas a lei não levou em consideração as realidades
(funções) locais, dessas faixas. A Resolução CONAMA no. 369/2006, trouxe nova
regulamentação sobre as águas em áreas urbanas: ambientais e de uso urbano. Há
duas vertentes básicas da relação cidade e água; numa delas, o corpo d’água é
valorizado; em outra: é desvalorizado, são depósitos de lixo, são fundos de casas.
Trata-se de uma visão ambiental (biofísica) x uma visão urbanística (sociocultural). Há
semelhanças e diferenças entre ambas. A autora relaciona todos os aspectos físico-
ambientais (hidrologia, pedologia, geomorfologia) com os tipos de funções das águas e
dos usos urbanos dados a elas. Verificam os aspectos urbanísticos, os planos urbanos
e a relação com as águas ao longo da história: ora de aproximação, ora de
distanciamento dos corpos d’água e das margens. A pesquisa de campo teve
realização em duas cidades semelhantes (cerrado, curso d’água pequeno, etc.), são
elas: Núcleo Bandeirante (Brasília) e Pirenópolis (Goiás). Na primeira as margens e o
rio não são vistos, são privatizados, fechados ao acesso de pedestre, há maior
artificialidade e baixo grau de urbanidade das áreas de beira rio; na segunda, são
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espaços públicos, mais visíveis, com menor artificialidade e alto grau de urbanidade na
beira rio. Aplicou seminários acerca da valorização das águas para as comunidades e
o resultado revelou maior conhecimento, pertença e desejo de proteger as águas em
Pirenópolis. Propõe que, na dimensão local, cada trecho de rio seja tratado de modo
diferenciado, sempre considerando os aspectos ambientais, os graus de centralidade
urbana e o tipo adequado de tratamento paisagístico, ou seja, as APPs não deveriam
ser consideradas genericamente, mas como situações diferenciadas.
6ª PALESTRA
Profa. Dra. Marta Romero, LaSUS-FAU-UNB (Projeto Campus da UnB)
Os aspectos condicionantes para o projeto foi o clima, ou seja, o “clima fechado”
específico de onde está o Plano Piloto, entre chapadas. Tal como Lucio Costa, pensa
que o sítio urbano é importante e deve ser considerado. Infelizmente, a construção do
Campus da UnB fez tábula rasa da topografia, como em outras partes de Brasília, e
retirou a vegetação nativa. No projeto de urbanismo da parte sul do Campus identificou
uma vegetação de cerrado e propôs quadras que a aproveitassem, inclusive com a
proposição do aumento da porcentagem de áreas permeáveis e canais de infiltração.
Incluiu lagoas de recolhimento de águas para reuso, caminhos para pedestres,
biovaletas, cisternas, ciclovias, tratamento de águas por intermédio de wetlands,
infraestrutura verde, verticalização de modo manter a vista do lago, conforto ambiental,
a criação do CRAD (Centro de Reabilitação de Ambientes Degradados) para estudo do
Bioma do Cerrado; a direção dos ventos; manutenção de umidade do lugar nos
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períodos de seca etc. Para o Campus da Ceilândia (400.000 hab.), foi proposto um
projeto de áreas administrativas (Centro Administrativo Metropolitano), sambódromo,
superquadras etc. Parte do intento em levar a UnB para Ceilândia é proporcionar
adensamento, porque, inclusive, a cidade satélite é servida por linha de metrô.
7ª PALESTRA
Arq. Simone Cruz Lima (MSc), Departamento de Parques e Jardins – Arborização
Urbana de Brasília.
Em 1958 inexistia arborização em Brasília. Em 1967 havia um pouco mais e hoje mais
um tanto. O Departamento vem avançando no trabalho de plantio ao longo das
décadas. Há vários exemplos de maior arborização dentro das quadras, serpenteando
os blocos construídos; o mesmo ocorre ao longo das margens do Lago Paranoá e
também nos Parques Sarah Kubitschek e Olhos d’Água, bem como na Lagoa do Sapo.
Áreas bem utilizados pela população.
DEBATE
- A Profa. Vanderli elogia os trabalhos das professoras Marta Romero e Sandra Soares
e pergunta à Arq. Simone Cruz se haveria projetos de arborização para as cidades
satélites de Samambaia e Vicente Pires.
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- A Arq. Simone diz que há somente o de projeto de Taguá Parque, na região de
Taguatinga.
- O Prof. Sílvio pergunta sobre a implantação de outros parques.
- A Profa. Simone diz que não há nada projetado.
- Maximiliano perguntou sobre uma área específica, se seria ou não transformada em
parque.
- O Prof. Sílvio perguntou à Arq. Simone quem produz os projetos de arborização?
- A Arq. Simone respondeu que são as administrações regionais, elas têm autonomia
de proposição dos projetos.
- O Prof. Vicente dirigiu-se à Profa. Sandra comentando que as APPs são complicadas.
Que a situação ainda está confusa.
- A Profa. Sandra disse que a resolução CONAMA é confusa, tornando difícil o trabalho
das prefeituras.
- O Prof. Sílvio perguntou o que seja “sustentável”, pois para cada um de nós possui
um significado. Questão que incomoda o nosso grupo de pesquisa, parece que o
“sustentável” não inclui planejar para as pessoas.
- A Arq. Rejane Jung disse que mesmo com os corredores/conectores ambientais, os
pequenos animais morrerão, porque de um modo ou de outro, estão em proximidade
urbana.
- O Prof. Sílvio lembra que os discursos e práticas ambientais ignoram os urbanitas e
que há cidades onde inexistem ou são raros os espaços para pedestres. O Prof. Sílvio
lembrou que o índice de impermeabilidade de certas quadras seria baixo.
- A Profa. Marta Romero disse que nas superquadras a impermeabilização é de cerca
de 56%. É elevada.
- O Prof. Sílvio diz que não foi bem o que viu ontem. Há quadras muito diferenciadas.
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Encerramento (Prof. Dr. Silvio Macedo)
Observei que em Brasília, as avenidas para os carros são arborizadas, mas nas
superquadras e, principalmente, nas cidades satélites, na escala do pedestre,
inexistem árvores. Estou fazendo uma provocação para avançarmos na discussão de
amanhã. Outra provocação: qual é o significado de uma praça em Brasília, onde elas
não foram pensadas no Plano Piloto? Outra ainda: onde temos terra seca, onde não
nasce mais árvore do cerrado, porque não manter o fícus e o eucalipto existentes?
Outra provocação ainda: estamos mesmo implantando parques ou bosques urbanos?
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Lista dos presentes às Apresentações dos Agentes Locais – 26 de abril de 2009.
Nome completo
Instituição Função e-mail
Adriana de Vasconcellos Santos Salles
EMBRAPA Arquiteta e Mestre [email protected]
Adriana Marques Seixas
FAU – UnB Graduanda [email protected]
Alba Rodrigues Grilo FAU – UnB Graduanda [email protected]
Ana Cecília de Arruda Campos
FAU – USP Doutora [email protected]
Beanicy Ferreira Machado
FAU – UnB Arquiteta Urbanista [email protected]
Caio Frederico e Silva FAU – UnB Arquiteto Urbanista [email protected]
Catarina Tokatjian Extrema Construção Arquiteta e Urbanista [email protected]
Claudimar de Souza Miranda
NOVACAP Técnico em edificações
Delayse Maria Teles FAU – UnB Arquiteta Urbanista [email protected]
Diana Alejandra Muñoz Arboleda
FAU – UnB Arquiteta paisagista [email protected]
Elizabeth Machado DPJ – NOVACAP Arquiteta e urbanista [email protected]
Fernando de Oliveira Lopes
SEDUMA – GDF Arquiteto e Urbanista [email protected]
Flávio Rodrigues de Queiroz Macedo
GEO – UnB Graduando [email protected]
Francisco Ricardo Costa Pinto
FAU – UnB Arquiteto Urbanista [email protected]
Guilherme Machado de Oliveira
GEA – UnB Graduando [email protected]
Lorena M. Burgos Castelo Branco
FAU – UnB Graduanda [email protected]
Ludmila Dias Fernandes
FAU – UnB Arquiteta Urbanista [email protected]
Luiza Arman Jovita FAU – UnB Graduanda [email protected]
Luiza Campos Magalhães
FAU – UnB Estudante graduação [email protected]
Maria Del Consuelo Lemos
SEDUMA – GDF Arquiteta [email protected]
Marta Regina Soares Mondaini
SEDUMA – GDF Arquiteta [email protected]
Nataniel dos Santos Rocha Mota
FAU – UnB Graduando [email protected]
Raphael Gonçalves Vanderlei
FAU – UnB Graduando [email protected]
Ricardo Viena Anastácio
GEA – UnB Graduando [email protected]
Sérgio Ulisses Silva Jatobá
SEDUMA – GDF Arquiteto e Urbanista [email protected]
Silvia da Castro Brandão
FAU – UnB Graduanda brandã[email protected]
Simone Rose Malty SEDUMA – GDF Arquiteta Urbanista [email protected]
Vanderli Custódio IEB – USP (Geog.) Professora Doutora [email protected]
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5. DINÂMICA DA OFICINA
A Oficina QUAPA-SEL teve início às 9h e se estendeu até às 19h, do dia 27 de abril
de 2009. Contou com a participação de técnicos da Secretaria do Meio Ambiente
(SEDUMA) do Governo do Distrito Federal (GDF), da NOVACAP e, de acadêmicos e
estudantes de graduação de Arquitetura e Geografia da UnB.
Sobre cartografia, disponibilizada pelo Prof. Dr. Vicente Barcellos (FAU–UnB), os participantes foram divididos em 3 grupos temáticos de trabalho, a saber:
Grupo 1 – Espaços Livres Urbanos Privados
Grupo 2 – Espaços Livres Urbanos Públicos
Nome completo
Instituição Função E-mail
Alexander Villalón FAU – USP Pesquisador [email protected]
Ana Cecília de Arruda Campos
FAU – USP Doutora [email protected]
Diana Alejandra Muñoz Arboleda
FAU – UnB Arquiteta paisagista
Maria Del Consuelo Lemos
SEDUMA – GDF Arquiteta [email protected]
Raphael Gonçalves Vanderlei
FAU – UnB Graduando [email protected]
Nome completo
Instituição Função E-mail
Claudimar de Souza Miranda
NOVACAP Técnico em edificações
Delayse Maria Teles
FAU – UnB Arquiteta urbanista
Elizabeth Machado
DPJ – NOVACAP Arquiteta urbanista
Guilherme Machado de Oliveira
Geografia – UnB Graduando [email protected]
Jorge E. Calderon Minda
Arquitetura – UnB Graduando [email protected]
Marta Regina Soares Mondaini
SEDUMA – GDF Arquiteta [email protected]
Simone Cruz de Lima
DPJ – NOVACAP Arquiteta [email protected]
Vicente Barcellos
FAU – UnB Professor [email protected]
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Grupo 3 – Espaços Livres de Preservação e Conservação / Águas Urbanas
Dinâmica de trabalho dos três grupos da Oficina QUAPÁ-SEL Brasília.
Foi solicitado que cada grupo elaborasse um mapa temático e um quadro síntese
contendo: características, conflitos e potencialidades. No final da tarde os grupos
apresentaram os mapas e quadros desenvolvidos.
Nome completo
Instituição Função E-mail
Giuliana de Brito Sousa
FAU – UnB Pós-graduanda [email protected]
Maria da Assunção P. Rodrigues
FAU – UnB Professora [email protected]
Maurício G. Goulart SEDUMA – GDF Arquiteto [email protected]
Simone Rose Malty SEDUMA – GDF Arquiteta urbanista [email protected]
Vanderli Custódio IEB – USP (Geog.) Professora Doutora [email protected]
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Grupo 1 – Espaços Livres Urbanos Privados: apresentação do mapa
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Quadro Síntese do Grupo 1
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
1- Lago Norte Lago Sul
- Lotes unifamiliares residenciais, dimensão mínima 600m
2, máxima
1.300m2, maioria 800m
2;
- TO 50%, CA 1, max. 8,50mt. (Excluindo cx. d’água); - Muros não permitidos, só cerca viva; - População residente homogênea, alto poder aquisitivo; - Acesso único pela morfologia do lugar (Lago Norte); - Área verde pode ser cercada, mas não construída (sem piscina, piso etc.); - Áreas permeáveis, tratadas paisagisticamente.
- Ocupação privada das áreas públicas (com construção ou pisos), lindeiras aos lotes, seja entre conjuntos; seja à beira do lago; - Possíveis conexões viárias com área varjão (Lago Norte); - Fundiário: governo quer cobrar dos proprietários as áreas invadidas. Haveria perda real das áreas verdes públicas; - Isolamento, sem mobilidade para pedestre (grandes distâncias).
- Preservação de áreas verdes permeáveis.
- Garantia de visuais para o Lago.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
2 - Vicente Pires
- Chácaras transformadas em condomínios; - Lotes provenientes de loteamentos irregulares; - Presença de muitas chácaras ainda não loteadas; - presença de rios e córregos cotando o território; - Lotes grandes (aproximadamente 800m
2), com
bastante área livre; - Moradias unifamiliares; - Cada chácara com aprox. 30 lotes; - Sem infra-estrutura urbana; - Área residencial.
Pouca arborização; - Dentro dos condomínios não há áreas livres comuns, calçadas; - Sem infra-estrutura nem equipamentos, moradores usam os corredores (carros).
- Chácaras ainda não loteadas;
- Espaço livre intralote em abundância.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
3 - Águas Claras
- Verticalização; - Edifício residencial em lote privado; - Impermeabilização do solo; - Pouca área vegetada; - Proximidade entre os edifícios; - Não tem limite de gabarito, relação de dimensão do lote e com traçado a partir da rua.
- Permeabilidade do solo comprometida; - Praticamente sem arborização intralote; - Problemas de salubridade: sem sombra; proximidade dos edifícios pode comprometer a ventilação ao consolidar sua implantação; - Discussão para estabelecer limites de altura: cone definido erroneamente pode gerar prédios mais de 30 andares.
- Área passível de adensamento interessa ao mercado imobiliário.
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TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
4 - Taguatinga
- Lotes 10 x 30; - Alta taxa de ocupação do lote, mas menos que cidades satélites próximas; - Alta impermeabilidade do solo; - Pouca arborização.
- Salubridade: ventilação / iluminação deficientes; - pouca permeabilidade do solo: mesmo quintais são cimentados.
- Verticalização para liberar área.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
5 - Guará 1 Guará 2
- Área predominantemente residencial, unifamiliar; - Alta ocupação dos lotes, mas casas com quintais; - Alta impermeabilização do solo; - Ocupação horizontal. - Área predominantemente residencial; - Alta ocupação do lote, praticamente total com poucas exceções; - Alta impermeabilização do solo; - Presença de prédios.
- Salubridade: ventilação / iluminação; - Ocupação das calçadas pelas casas; - Permeabilidade do solo comprometida. - Salubridade; - Permeabilidade do solo comprometida; - Prédios com pilotis ocupados e grades avançando na calçada.
- Estoques de espaços públicos a serem privatizados; - Áreas passíveis de verticalização e adensamento; - Possível liberação de espaço livre.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
6 - Samambaia e Recanto das Emas
- Padrão de ocupação horizontal; - Lote mínimo de 125m
2 (5m x
25m); - Repete um padrão de poucos acessos aos conjuntos da quadra. Não é o alinhamento tradicional; - 100% de ocupação do lote; - Verticalização do imóvel para expansão de área construída; - Ocupação da calçada pelos imóveis; - Desrespeito aos índices de ocupação previstos em lei.
- Salubridade: problemas de ventilação / iluminação; - Permeabilidade do solo comprometida; - Invasão das calçadas.
- Estoques de espaços públicos a serem privatizados; - Áreas passíveis de verticalização e adensamento possível liberação de espaço livre.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
7 - Ceilândia
- Características semelhantes à Samambaia e Recanto das Emas, mas com traçado diferente das quadras e sem ocupação das calçadas pelos imóveis; - Lotes 10m x 25m.
- Semelhante aos itens acima, mas sem invasão das calçadas.
Não indicadas.
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TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
8 - Sudoeste
- Uso residencial e comercial; - Lotes homogêneos; - Espaços privativos com equipamento para lazer (piscina, playground – ginásio); - Fechamento do espaço privado interiorizado; - Separação entre área de comércio e área residencial; - Residencial multifamiliar; - TO 100%, CA-6; - Apesar do solo público a quadra é fechada como condomínio privado.
- Não relacionamento entre espaços públicos e privados; - Pouca arborização (conforto); - Áreas impermeáveis; - Isolamento dos espaços privados sem contato visual com os espaços públicos. - Lotes comerciais fora da lei.
Não indicadas.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
9 - Tele Brasília e Vila Planalto
- Antigos acampamentos da época da construção de Brasília; - Lotes com praticamente 100% de ocupação.
- Ausência de vegetação intralote; - Permeabilidade do solo; - Invasão de calçadas.
Não indicadas.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
10 - Cruzeiro Velho
- Uso residencial unifamiliar; - Fechamento de espaços privados; - Lotes pequenos – bem ocupados.
- Ausência de vegetação intralote; - Permeabilidade do solo.
Não indicadas.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
11- Cruzeiro Novo
- Residencial multifamiliar-unifamiliar; - Pilotis cercados (Área pública).
- Ausência de vegetação; - Permeabilidade do solo; - Ocupação de área pública.
- Abertura dos pilotis e integração com espaço público.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
12 - Plano Piloto: Quadras 900 - 600 Norte - Sul
- Uso institucional – serviços; - Lotes de 1.500m
2;
- TO 50%, CA 1; - Lotes privados – fechados; - Grandes áreas livres internas ao lote; - Tombamento; - Não há obrigatoriedade de criação de vagas de estacionamento.
- Problemas de estacionamento em universidades e hospitais; - Conflitos externos-internos.
- Como área já está consolidada. Não verificamos potencialidades.
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TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
13 - Plano Piloto: Quadras 700
- Lotes pequenos aproximadamente 200m
2;
- Privatização de área pública nas entrequadras; - Tombamento.
- Uso comercial instalado em imóveis residenciais; - Ocupação máxima do lote.
Não indicadas.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
14 - Clubes
- Usos de lazer e recreação; - Espaços privativos.
- Descaracterização do Plano Piloto; - Privatização da orla do lago; - A cidade não tem acesso ao lago (visual); - Pressão do mercado imobiliário para troca de uso.
- Potencial paisagístico se a Orla for liberada;
- Liberação de áreas privadas para o público;
- Troca de usos previstos para maiores adensamentos.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
15 - Planaltina (cidade tradicional)
- Cidade colonial: a primeira do DF – imóveis tombados; - Ruas de pedra; - Edificação no alinhamento dos lotes; - Padrão de ocupações com residência unifamiliar; - Quintais permeáveis.
- Invasão das margens do córrego.
- Turismo; - Transformação do privado em turístico.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
16 - Planaltina
- Bairros planejados pelo governo; - Desrespeito dos índices de ocupação previstos em norma (ocupação de 100%); - Ocupação das calçadas com postes de iluminação; - Padrão de ocupação residencial.
- Ausência de mata. - Problemas de ventilação; - Permeabilidade do solo comprometida.
- Lotes em estoque para geração de emprego e renda.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
17 - Sobradinho II
- Projetos feitos de acordo com as normas, mas todas as áreas públicas foram ocupadas por moradia; - Lotes com 150m
2;
- Sem permeabilidade.
- Permeabilidade do solo comprometida; - Problemas de ventilação.
- Área consolidada com pouca alternativa de transformação.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
18 - Sobradinho
- Área planejada para classe média; - Taxa de 20% de permeabilidade; - Permanência do jardim central; - Residência unifamiliar.
- Falta ocupação de muitos espaços.
- Áreas possíveis de verticalização e adensamento;
- Transformação do padrão estabelecido com verticalização e liberação de espaços livres;
- Requalificação dos espaços públicos.
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Grupo 2 – Espaços Livres Urbanos Públicos: apresentação do mapa
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Quadro Síntese do Grupo 2
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
1A - Superquadra
- Residencial com acesso de veículo único; - Pilotis; - Comercial; Equipamentos; - Ausência do sistema do lote; - Rua independente dos edifícios; - Caminhos de pedestres independente das vias; - Equipamentos de lazer coletivo.
- Barulho; - Vagas.
- Criação de ciclovias;
- Pedestres: melhorar conexões;
- Qualidade dos materiais;
- Acessibilidade.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
2A - Lago Sul
- Residencial unifamiliar; - Grandes áreas verdes tratadas.
- Invasões de áreas públicas junto ao lago; - Área verde; - Pedestre.
- Faltam ciclovias;
- Acesso para prática de lazer ao lago.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
3A - Taguatinga Cruzeiro
- Residencial unifamiliar; - Multifamiliar; - Áreas muito impermeáveis; - Ocupação total do lote; - Arborização de rua quase inexistente; - Poucas praças.
- Grandes distâncias dos espaços livres públicos, tanto aos parques quanto às praças.
- Grandes estoques de áreas para parques.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
3B - Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Recanto das Emas
- Residencial unifamiliar; - Lote comum, rua corredor; - Pouca arborização; - Extensas áreas impermeabilizadas intercaladas com grandes espaços livres sem tratamento. - Situação dos pedestres: 1ª: junto às vias calçadas, estreitas; 2ª: entre quadras desvinculadas das ruas.
- Ausência de tratamento dos espaços livres.
- Estoque de áreas para tratamento;
- Ciclovias;
- Arborização;
- Lazer.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
3C - Águas Claras
- Habitação coletiva em altura; - Lazer no próprio prédio; - Calçadas estreitas, alta densidade.
- Ruas estreitas; - Pedestres x auto x ciclistas.
- Conectividade com o parque.
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TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
4 - Casas em fitas geminadas
- Rua seca, alternada com área parque.
- Não indicados.
- Não indicadas.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
5 - Invasões Vicente Pires
- Residencial unifamiliar; - Predomínio de condomínios privados irregulares oriundos de chácaras parceladas (concessão); - Espaços permeáveis dentro do lote.
- Falta de espaços livres públicos; - Falta de calçadas, circulação de pedestres.
- Estoques de estreitas áreas junto a córregos.
Grupo 3 – Espaços Livres de Preservação e Conservação / Águas Urbanas: apresentação do mapa
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Quadro Síntese do Grupo 3
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
1. Lago Norte (SHIN) Lago Sul (SHIS) Parkway (SMPW)
- Lotes de 1.500m
2 a 20.000 m
2;
- Antigas chácaras não parceladas; - Poder aquisitivo alto; - Densidade baixa; - Casas isoladas no meio do lote; Lotes de 800 m
2 (SHIN/SHIS) a
2.000m2 (SHPW);
- Quase totalmente residencial; - Sistema viário com hierarquia clara (espinha dorsal); - Alto valor dos imóveis.
- Baixo interesse coletivo; - Muitos conflitos entre os moradores; - Muitas invasões de áreas verdes públicas; - Apropriação indevida dos espaços contíguos à água.
- O parcelamento respeita as premissas ambientais: fundos de vales, topografia...;
- Baixo lançamento de efluentes;
- Maior esclarecimento da população, p. ex., coleta seletiva de lixo.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
2. Plano Piloto: (Asa Norte – SQN) (Asa Sul – SQS)
- Plano de Lucio Costa: superquadras, unidades de vizinhança; - Área mais antiga; - Alto poder aquisitivo; - Baixa densidade; - Blocos de apartamentos e casas geminadas (Quadra 700); - Alto valor dos imóveis: aproximadamente R$4.000,00 a R$8.000,00 m
2.
- Elevada especulação imobiliária; - Alto tráfego: congestionamento e falta de estacionamentos.
- Alto interesse na manutenção da qualidade de vida;
- Alta mobilidade da população, geralmente mais idosa
- Muitas amenidades: proximidade do comércio, atendimento à saúde, atividades culturais e de lazer;
- Interesse da população na preservação ambiental.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
3. Guará I e II, Sobradinho I e II, Planaltina
- Classe média; - Lotes entre 200m
2 e 800m
2;
densidade média; - Elevado esclarecimento da população.
- Ocupação ordenada; - Margens dos cursos d’água desprezadas, desvalorizadas.
- Possibilidade de criação de muitos parques: de uso múltiplo > recuperação de áreas degradadas > áreas de lazer.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
4. Mansões Sobradinho Grande Colorado Vicente Pires: antiga colônia agrícola
- Classe média expulsa do Plano Piloto devido à especulação imobiliária; - Condomínios fechados; - Lotes entre 500m
2 e 1.000m
2;
- Densidade média; - Áreas decorrentes de invasões e ocupação irregulares.
- Baixa qualidade técnica dos projetos de ocupação; - Muitos lotes residenciais; - Poucos lotes institucionais e de comércio; - Ocupação de encostas e áreas ambientalmente frágeis.
- População com maior senso de mobilização / união;
- Maior disposição para acordos de regularização da situação fundiária;
- Tentativa de adequação à legislação ambiental.
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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
5. Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Vila Estrutural, Águas Claras Sul, (*) Santa Maria, (*) Brazlândia, (*) Gama. Obs. (*) fora do mapa.
- Cidades planejadas, destinadas a abrigar população recém-chegada e proveniente de invasões; - Baixa renda, originalmente; - Corredores de transportes (saída sul)
- Baixa infra-estrutura; - Muitos avanços sobre os cursos d’água; - Uso dos rios para diluição de efluentes; - Elevados lançamentos de esgoto e muitas captações; - Pouco esclarecimento e interesse da população sobre conceitos de preservação ambiental.
- Grande participação popular (associações e cooperativas) > mobilização e ações coletivas;
- Áreas de interesse político, devido à alta densidade habitacional.
TIPOS CARACTERÍSTICAS CONFLITOS POTENCIALIDADES
6. Águas Claras Norte - Verticalização acentuada; - Elevadíssima densidade.
- Inexistem galerias de águas pluviais; - Sistema viário comprometido.
Não indicadas.
6. RESULTADOS DA OFICINA3
Mapa síntese explicado pelo Prof. Dr. Silvio Soares Macedo
3 Colaboração do Arq. Sidney Vieira Carvalho (Ministério das Cidades) nas anotações do item.
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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL.
Brasília nunca foi voltada para suas águas (rios ou lagos), é construída no altiplano.
Não aproveita esse elemento como uma forma de composição espacial e cênica.
Esses espaços livres foram os que restaram dos planos de ocupação, mesmo no Plano
Piloto.
Por que os parques não se consolidam em Brasília? Porque inexiste demanda para
todos eles. Nesse sentido, o parque mais utilizado, o Parque da Cidade Dona Sarah
Kubitschek, é aquele onde há maior densidade habitacional no entorno.
As vias, em geral, são pensadas como vias-parque (parkways), que carecem de
tratamento, mas que, por isso mesmo, revelam potencial paisagístico. As pessoas
praticam caminhada e corrida ao longo delas.
Verifica-se, no Plano Piloto, uma baixa densidade habitacional, com muito espaço livre
intra-quadra, o que acaba por constituir uma cidade-bosque. E não podemos falar em
cidade-parque, pois o Plano carece de conexões e estruturação em seus espaços
livres. As superquadras, também nesse sentido, foram desenhadas como unidades
autônomas, mesmo nos lugares onde uma maior conexão seria possível.
Em áreas de ocupação recente de classes médias, como Vicente Pires e Águas
Claras, a qualidade urbana é pior até mesmo que em ocupações mais antigas de
populações de baixa renda, como Taguatinga. Interessante pois, mesmo havendo uma
fuga das classes médias desses locais de população caracteristicamente mais pobre,
essa fuga se dá em direção a locais de piores qualidades urbanas, tanto de desenho
viário (Vicente Pires é uma invasão de classe média em áreas de chácaras loteadas,
sem qualquer espaço livre público ou equipamento comunitário), quanto de volumetrias
construídas (Águas Claras é um bairro de edifícios habitacionais verticalizados, sem
muito distanciamento entre os blocos, reproduzindo o que há de pior nas densas áreas
habitacionais paulistanas).
Há um divisor de águas que é também um divisor socioeconômico: maior número de
pobres e maior densidade nas quadras leste da Bacia do Córrego Descoberto
(esquerda de Goiás, em direção à Corumbá), e menos denso para a direita em direção
ao Lago Paranoá.
O arruamento planejado em todas as quadras de Brasília é uma vantagem a ser
aproveitada.
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O modelo da cidade contemporânea é de difusão e dispersão: Brasília já foi criada com
esse formato.
As áreas de vivência não são tratadas em Samambaia, Ceilândia, etc, ou seja, nas
cidades satélites faltam espaços de vizinhança e de encontro; faltam praças.
O estoque de áreas de preservação permanente junto a cursos d’água é grande, mas a
visibilidade para o rio e para as áreas de fundo de vale é pequena, o que dificultará o
uso e a apropriação desses espaços. Há necessidade de ampliação da acessibilidade.
A arborização urbana só existe na proteção dos corpos d’água e no Plano Piloto,
sendo o restante da cidade desprovida desse cuidado.
O restante da cidade, ou seja, fora do Plano, é marcado por uma alta densidade
construída, mesmo nas áreas de ocupação de população mais rica.
Um fato interessante é que, dadas as condições de acessibilidade através de
automóveis, Brasília parece ter antecipado uma tendência que vem se verificar em
diferentes cidades brasileiras em processo de crescimento na atualidade: a dispersão
da urbanização. Antes, era um fator de diferenciação, mas hoje pode ser vista como
profética de uma tendência geral. E nesse sentido é privilegiada, pois dispõe de
grandes espaços livres para resolução de problemas de ocupação, circulação, etc.
Assim, pode crescer e acomodar melhor a população, o que é facilitado por ter o
controle das terras do distrito e executar os projetos de loteamento das áreas de
expansão.
De uma maneira geral, falta projeto de paisagismo em toda a cidade, com exceção da
Super Quadra Sul 308, projetada pro Roberto Burle Marx, o que é de se estranhar em
se tratando de uma cidade cujo “casco histórico” foi majoritariamente projetado. Por
outro lado, a discussão de desenho urbano concentra-se no Plano Piloto, e nas
maneiras de manter a sua qualidade nas mais recentes ampliações (Noroeste e
Sudoeste). As áreas de expansão ficam a reboque, com pouca atenção.
O grande parque, tanto no sentido simbólico, quanto no sentido espacial, seria o Eixo
Monumental. A necessidade de novos espaços livres é pequena.
Problemas graves que podem ser encontrados na cidade é a privatização dos espaços
livres públicos, a falta de conexão e caminhos para pedestres e a baixa qualidade do
transporte público.
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A cidade permite, pela quantidade de espaços livres, uma quantidade enorme de
espaços usados de forma inusitada. São diversos espaços informais que acabam
sendo usados para recreação e lazer (cachoeiras, curvas de rio, baixios de pontes,
etc.). Fica a sugestão para que os pesquisadores locais escrevam sobre esses
espaços, identificando e caracterizando conceitualmente essas áreas de tamanho
interesse para a população.
Isso porque a questão do lazer ao ar livre ganha outros ares na fase pós-televisão, pois
mudam as formas de ocupação nos períodos livres. Os parques, nesse sentido,
dependem muito mais das possibilidades de acesso, da densidade da demanda
próxima e o tempo de ócio reservado para a população ao tipo de recreação que pode
ser exercido em parques.
Cabe lembrar que os problemas de desatenção ao pedestre, dificuldade de circulação
e apropriação são mais graves nas cidades satélites.
No geral, há muito estoque de áreas livres em Brasília, mas faltam projetos e
tratamento paisagístico.
DISCUSSÃO FINAL
Alguns técnicos questionaram a fala do Prof. Sílvio quanto ao pouco uso dos parques:
segundo eles são muito utilizados e há demanda sim;
Simone Rose Malty, arquiteta paisagista da SEDUMA-GDF, do Grupo 3, informou que
em Brasília o arruamento é sempre elaborado, mesmo nas “cidades satélites” mais
pobres. Informou também, que na cidade existem alguns lotes padrão: 8mx20m,
10mx30m, 16mx30m, 20mx40m e 16mx50m. São definidos coeficiente de ocupação e
área permeável dos lotes. Quando das remoções são oferecidas algumas plantas-
padrão para que o futuro morador escolha, se assim o desejar, facilitando o trâmite de
regularização junto ao poder público.
A Profa. Vanderli perguntou de onde vem a água que abastece Brasília. Disse que a
expulsão/remoção dos pobres do Plano Piloto para as cidades satélites, concentradas
a noroeste e oeste de Brasília, transfere os problemas ambientais, principalmente os
hídricos para a bacia do Descoberto, ou seja, para as bacias vizinhas.
Um técnico informou que a água que abastece Brasília vem de fora da cidade.
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A Profa. Vanderli lembrou que seria importante considerar o princípio de que as águas
de uma bacia hidrográfica devem ser utilizadas pela população que nela está
localizada, evitando o uso dos recursos de bacias vizinhas. Anotou que a verticalização
de Águas Claras comprometerá o albedo, a circulação do vento, a permeabilidade do
solo, e criará uma bolha climática urbana, com potencialidade de gerar “situações de
desastre” do tipo inundações. Anotou também, que os hábitos e costumes das formas
de apropriação urbanas se repetem em Brasília: a ascensão social urbana passa pelo
tamanho dos lotes: do menor ao maior.
7. ANEXOS - Programação