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DISSERTAÇÃO CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E PROPAGAÇÃO DE CITRUS SP. E DE GÊNEROS AFINS COM POTENCIAL ORNAMENTAL RENATA BACHIN MAZZINI Campinas, SP 2009

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DISSERTAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA

E PROPAGAÇÃO DE CITRUS SP. E DE GÊNEROS

AFINS COM POTENCIAL ORNAMENTAL

RENATA BACHIN MAZZINI

Campinas, SP

2009

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INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E PROPAGAÇÃO DE CITRUS SP. E DE GÊNEROS AFINS

COM POTENCIAL ORNAMENTAL

RENATA BACHIN MAZZINI

Orientadora: Rose Mary Pio

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola.

Campinas, SP Fevereiro 2009

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Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico.

M477c Mazzini, Renata Bachin Caracterização morfológica e propagação de Citrus sp. e de gêneros afins com potencial ornamental / Renata Bachin Mazzini. Campinas: Instituto Agronômico, 2009. 71 fls. Orientadora: Rose Mary Pio Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) - Instituto Agronômico

1. Citros. 2. Citros - paisagismo. 3. Citros - ornamentais. I. Pio, Rose Mary. II. Título

CDD. 634.3

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“El amor y la naranja se parecen un poquito…

Por más dulce que ésta sea, siempre tiene su agriecito.”

Canção Popular Argentina

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A Deus,

Por me recriar a todo momento,

E aos meus pais,

Nilton e Mariliza,

Pelo apoio incondicional de sempre,

DEDICO

Ao Osvaldo,

Muito mais que um namorado,

OFEREÇO

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AGRADECIMENTOS

- Ao Instituto Agronômico, pela oportunidade e infra-estrutura disponível para o

desenvolvimento deste trabalho.

- À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

bolsa concedida, sem a qual não conseguiria concluir esta etapa.

- A minha orientadora Dra. Rose Mary Pio, pelos dois anos de ensinamento mas,

principalmente, por ter acreditado em mim desde o começo.

- Aos meus pais Nilton e Mariliza, minhas irmãs Roberta e Fernanda, meus sobrinhos

Serginho e Pedrinho, e meus cunhados Moysés e Sergio, por me darem o suporte

necessário para vencer mais este desafio.

- Ao meu amor e amigo Osvaldo Guedes Filho, por sua presença em minha vida, pelo

apoio diário, por toda ajuda e sugestões, e por seu companheirismo inimaginável.

- À Citrograf Mudas (Conchal/SP), pelo fornecimento dos porta-enxertos.

- Ao Dr. Cristiano Alberto de Andrade, do Centro de Solos e Recursos Ambientais/IAC,

por sua total disponibilidade e, principalmente, por ter me salvado das análises

estatísticas na última hora.

- Aos pesquisadores do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, especialmente:

Dr. Rodrigo Rocha Latado, pela confiança e amizade, pelo empréstimo da sala e pelas

discussões; Dr. Fernando Alves de Azevedo, pelas sugestões e por também ter me

resgatado das análises estatísticas na última hora; Me. Arthur Antonio Ghilardi, José

Dagoberto De Negri e Dr. José Orlando de Figueiredo, pela amizade, pelas caronas e

animadas conversas (É tão melhor ir pra Cordeiro com vocês!); Dra. Mariângela

Cristofani Yaly, pelas sugestões na pré-banca e posteriormente na banca; e Dr.

Jorgino Pompeu Júnior, pelas sugestões na revisão de literatura.

- Ao Dr. João Alexio Scarpare Filho (ESALQ/USP), por ter aceitado o convite para

fazer parte da banca examinadora, e por ter contribuído não só para a melhoria deste

trabalho, mas também para minha formação.

- Aos funcionários do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, especialmente:

Benedito Vanderlei da Cunha, pela ajuda na organização dos experimentos; Valéria

Xavier Paula Garcia, por abrir as portas do Laboratório de Análise de Qualidade de

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Fruta; Genésio Silvério da Silva, pela ajuda na coleta das estacas e por seu bom-

humor diário; Ewerton Tinelli, pela presteza; e Vandeclei Rodrigues, pelas

informações atualizadas sobre o BAG.

- Ao Dr. Renato Ferraz de Arruda Veiga, diretor do Jardim Botânico/IAC, por

disponibilizar a estrutura do Quarentenário para o experimento de estaquia, e a sua

equipe, especialmente: Míriam Aparecida Bonatto, pelo suporte na utilização do

material de laboratório; Sebastião Lopes e Maria Oliveira de Barros, pela ajuda na

manutenção de rotina das estacas.

- Ao Dr. Wilson Barbosa, diretor do Centro Experimental Central/IAC, pelas sugestões

na instalação do experimento de estaquia.

- Ao Me. Juliano Quarteroli Silva, pelo interesse e sugestões nas análises estatísticas.

- Ao Dr. Marcelo Bento Paes de Camargo, do Centro de Ecofisiologia e Biofísica/IAC,

por oferecer a estrutura do prédio da Climatologia quando meu computador foi pro

conserto a pouco mais de um mês da entrega da dissertação.

- Ao Dr. Rafael Vasconcelos Ribeiro, do Centro de Ecofisiologia e Biofísica/IAC, por

suas idéias e sugestões mirabolantes, e por seu cativante entusiasmo.

- À Dra. Ana Odete Santos Vieira (Universidade Estadual de Londrina/PR), pela

oportunidade de apresentar este trabalho, o que gerou valiosas sugestões e melhorias.

- Ao Dr. Alessandro Rapini (Universidade Estadual de Feira de Santana/BA), amigo de

outros ares, pela ajuda na definição e tradução dos termos botânicos.

- À Dra. Mariana Esteves Mansanares (Universidade Estadual de Londrina/PR), pela

cópia do dicionário ilustrado de botânica, usado neste trabalho.

- Às meninas da Pós-Graduação/IAC, Adilza Costa, Elizabeth Rigitano e Célia Terra,

pela amizade e presteza ao longo do curso.

- To my American friend Crystal Reece, who helped me with the evaluation of the

cuttings while on holiday in Brazil.

- A minha amiga Larissa Canhadas Bertan, por ter me hospedado em sua casa e me

dado aquela força até eu encontrar minha morada definitiva em Campinas.

- A minha prima Eliana Bachin, por ter me recebido em sua casa nas minhas vindas a

Campinas antes de começar o mestrado (Te admiro muito, prima!).

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- A minha amiga Larissa Abgariani Colombo e seu esposo Fernando (e agora também o

bebê Artur), pelas dicas e apoio no início do mestrado.

- A minha amiga chiquérrima Scheila Bitencourt Silveira, por nossa amizade que é

firme e forte, e por sempre acreditar em mim.

- E finalmente, aos amigos do mestrado que fizeram a minha vida muito mais feliz,

especialmente: Fabi, Sekita, Farinha, Matheus, Bru, Sil, Carlinha e Lud (Muito

obrigada pela ajuda, pelas conversas e pelos almoços e jantares!).

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................... ixÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................ xiRESUMO................................................................................................................. xiiiABSTRACT............................................................................................................. xv1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 012 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 022.1 Potencial Ornamental dos Citros e Sua Utilização no Paisagismo.................... 022.2 O Uso Ornamental de Outras Frutíferas............................................................ 052.3 Caracterização Morfológica de Germoplasma................................................... 072.4 Características Morfológicas das Variedades Estudadas................................... 092.4.1 Citrus sp. ........................................................................................................ 092.4.2 Fortunella sp. ................................................................................................. 112.4.3 Microcitrus australasica................................................................................. 122.5 Produção de Mudas Cítricas.............................................................................. 132.5.1 Enxertia e os porta-enxertos limão Cravo e trifoliata..................................... 152.5.2 Estaquia........................................................................................................... 193 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 213.1 Caracterização Morfológica............................................................................... 213.1.1 Banco Ativo de Germoplasma (BAG)............................................................ 213.1.2 Variedades....................................................................................................... 223.1.3 Coleta de dados............................................................................................... 223.1.3.1 Árvores......................................................................................................... 223.1.3.2 Folhas........................................................................................................... 223.1.3.3 Flores............................................................................................................ 233.1.3.4 Frutos........................................................................................................... 243.1.4 Análise estatística............................................................................................ 243.2 Enxertia.............................................................................................................. 243.2.1 Variedades....................................................................................................... 243.2.2 Localização do experimento........................................................................... 253.2.3 Porta-enxertos................................................................................................. 253.2.4 Enxertia........................................................................................................... 253.2.5 Análise estatística............................................................................................ 263.3 Estaquia.............................................................................................................. 263.3.1 Variedades....................................................................................................... 263.3.2 Localização do experimento........................................................................... 263.3.3 Estaquia........................................................................................................... 273.3.4 Análise estatística............................................................................................ 274 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 284.1 Caracterização Morfológica............................................................................... 284.1.1 Árvores............................................................................................................ 284.1.2 Folhas.............................................................................................................. 314.1.3 Flores............................................................................................................... 374.1.4 Frutos.............................................................................................................. 404.2 Enxertia.............................................................................................................. 514.3 Estaquia.............................................................................................................. 575 CONCLUSÕES.................................................................................................... 636 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 65

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Altura de planta e diâmetro de copa de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

30 Tabela 2 -

Comprimento, largura e área individual de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................................

32 Tabela 3 -

Formato de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...........

34 Tabela 4 -

Tipo de pecíolo de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................................................................................

35 Tabela 5 -

Tipo de margem de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)..................................................................................................

36 Tabela 6 -

Coloração de folhas adultas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................................................................................

37 Tabela 7 -

Diâmetro e comprimento, largura e número de pétalas de flores de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................

39 Tabela 8 -

Formato de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...........

41 Tabela 9 -

Altura, diâmetro e massa de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

46 Tabela 10 -

Características de casca de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

48 Tabela 11 -

Coloração de frutos maduros de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................................................................................

50 Tabela 12 -

Pegamento de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

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Tabela 13 - Pegamento total de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

53 Tabela 14 -

Valores do χ2 calculado e limites do χ2 tabelado para análise da existência de diferença estatística entre as porcentagens de pegamento de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008)....................................................................

53 Tabela 15 -

Comprimento de broto, número de folhas adultas e massa seca do broto de variedades copa cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008)...................................................................................................

55 Tabela 16 -

Sobrevivência, formação de calos, enraizamento e retenção foliar de estacas semi-lenhosas de variedades cítricas com potencial ornamental sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008)..................................................................................................

58 Tabela 17 -

Número de folhas novas por estaca semi-lenhosa de variedades cítricas com potencial ornamental sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008).................................................................

61 Tabela 18 -

Número de raízes, comprimento médio da maior raiz e massa seca de raízes por estaca semi-lenhosa da variedade cidra Mão-de-Buda sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008)..............

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Variedades cidra Mão-de-Buda (a) e laranja Cipó (b) (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................

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Figura 2 -

Ramos pendentes da variedade laranja Cipó (a) e interior da copa da mesma variedade (b) (Cordeirópolis/SP, 2008)..........................

29 Figura 3 -

Variedades kunquat Nagami (a), laranja Imperial (b), limão Faustrine (c) e tangerina Venezuela (d) (Cordeirópolis/SP, 2008)................................................................................................

30 Figura 4 -

Folhas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008)..........................

32 Figura 5 -

Formatos encontrados nas folhas das variedades estudadas: elíptico (a), oval (b), obovado (c) e ovado (d).................................

34 Figura 6 -

Variegação nas folhas da variedade laranja Imperial (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................

37 Figura 7 -

Flores que nascem isoladamente das variedades kunquat Nagami (a), laranja Imperial (b) e limão Faustrine (c), e inflorescências da cidra Mão-de-Buda (d), laranja Cipó (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................

38 Figura 8 -

Flores das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008)..........................

40 Figura 9 -

Botões florais e flores da variedade tangerina Venezuela (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................

40 Figura 10 -

Frutos das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008)...........................

42 Figura 11 -

Frutos da variedade cidra Mão-de-Buda (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................................................

43 Figura 12 -

Frutos das variedades Meiwa (a1) e Nagami (a2) descritos na bibliografia, e do kunquat Meiwa (b) e kunquat Nagami (c) cultivados no Banco Ativo de Germoplasma do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC (Cordeirópolis/SP, 2008)......................

45 Figura 13 -

Frutos das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008)..........................

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Figura 14 - Tamanhos e formatos diferentes de frutos maduros da variedade cidra Mão-de-Buda (Cordeirópolis/SP, 2008).................................

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Figura 15 -

Frutos da variedade laranja Imperial mostrando a região de variegação, mais escura e proeminente na casca (Cordeirópolis/SP, 2008).................................................................

49 Figura 16 -

Glândulas de óleo acentuadas na casca dos frutos da variedade laranja Imperial (Cordeirópolis/SP, 2008).....................................

50 Figura 17 -

Mudas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d) e tangerina Venezuela (e), enxertadas em trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008)......

57 Figura 18 -

Mudas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d) e tangerina Venezuela (e), enxertadas em limão Cravo (Cordeirópolis/SP, 2008)..............

57

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MAZZINI, Renata Bachin. Caracterização morfológica e propagação de Citrus sp. e de gêneros afins com potencial ornamental. 2009. 71f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Pós-Graduação – IAC.

RESUMO

Embora o Brasil seja o maior produtor mundial de citros, a produção de mudas cítricas

para fins ornamentais é pequena e a pesquisa nessa área é escassa. Os citros são

atrativos para o paisagismo principalmente por seus frutos, que são de tamanhos,

formatos e cores variados, e que, dependendo da variedade, são produzidos durante

quase o ano todo. O objetivo deste trabalho foi caracterizar, para fins paisagísticos, seis

variedades cítricas com potencial ornamental, a saber: cidra Mão-de-Buda, kunquat

Nagami, laranja Cipó, laranja Imperial, limão Faustrine e tangerina Venezuela. Elas são

mantidas no Banco Ativo de Germoplasma do Centro Avançado de Pesquisa

Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico,

localizado em Cordeirópolis/SP. Para cada variedade, foram coletadas 30 folhas adultas,

30 flores totalmente abertas e 30 frutos maduros para análise de seus caracteres

morfológicos. As características das árvores também foram avaliadas. O delineamento

utilizado foi o inteiramente casualizado, e a média das 30 medidas de cada variável

representou a variedade. Dois métodos de propagação foram testados para essas

variedades: a enxertia, utilizando-se os porta-enxertos limão Cravo e trifoliata Limeira,

e a estaquia. A variedade limão Faustrine não foi utilizada nos experimentos de

propagação, pois suas árvores não apresentavam material vegetativo suficiente para a

retirada de estacas e de ramos com borbulhas adequadas. O delineamento experimental

utilizado para o experimento de enxertia foi o inteiramente casualizado, em esquema

fatorial duplo (dois porta-enxertos x cinco variedades), com 12 repetições, totalizando

120 mudas. O delineamento utilizado para o experimento de estaquia também foi o

inteiramente casualizado, em esquema fatorial duplo (três concentrações de AIB x cinco

variedades), com quatro parcelas e 20 estacas por parcela por concentração de AIB,

resultando em 240 estacas por variedade e 1200 estacas no total. As médias dos dados

resultantes de ambos experimentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

significância. Foram observadas diferenças morfológicas acentuadas entre as seis

variedades avaliadas, e todas elas apresentaram interesse paisagístico. A propagação por

enxertia mostrou ser mais eficiente do que a estaquia, pois as estacas da variedade cidra

Mão-de-Buda foram as únicas que enraizaram. O porta-enxerto trifoliata, por induzir

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um crescimento mais lento às copas enxertadas sobre ele, pode favorecer o cultivo em

vaso das variedades avaliadas.

Palavras-Chave: paisagismo, germoplasma, enxertia, estaquia.

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MAZZINI, Renata Bachin. Morphological characterization and propagation of Citrus sp. and related genus with ornamental potential. 2009. 71p. Dissertation (MSc in Tropical and Subtropical Agriculture) – Pós-Graduação – IAC.

ABSTRACT

Brazil is the greatest citrus producer in the world, but the cultivation of citrus plants for

ornamental use is insignificant and the research on this subject is rare. Citrus plants are

impressive for landscaping especially because of their fruits, which have different sizes,

shapes and colors, and, depending on the variety, are produced almost all over the year.

The objective of this work was to characterize, for landscaping use, the following six

varieties of citrus with ornamental potential: Buddha’s Hand citron, Nagami kumquat,

Cipó orange, Imperial orange, Faustrine lemon and Venezuela mandarin. They are

cultivated at the germplasm collection, located at the Centro Avançado de Pesquisa

Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira, of the Instituto Agronômico, in

Cordeirópolis, São Paulo State, Brazil. For each variety, 30 leaves, 30 flowers and 30

fruits, all mature, were collected for analysis of their morphological characteristics. The

characteristics of the trees were also evaluated. The experimental design was

randomized, and each variety was described by the mean value of the 30 measurements

of each variable. Two propagation methods were tested: grafting, using Rangpur lime

and Limeira trifoliate orange as rootstocks, and stem cuttings. Faustrine lemon was not

tested in the propagation experiments, as the trees did not have enough vegetative

material for the removal of cuttings and of stems with suitable buds. The experimental

design for the grafting experiment was randomized, in factorial arrangement 2 x 5 (two

rootstocks and five varieties), with 12 replications, resulting in 120 plants. The

experimental design for the stem cuttings experiment was also randomized, in factorial

arrangement 3 x 5 (three IBA concentrations and five varieties), with four plots and 20

cuttings per plot per IBA concentration, resulting in 240 cuttings per variety and 1200

cuttings in total. The mean of the resulting values from both experiments were

compared by the Tukey test at 5% level of significance. It was observed prominent

morphological differences amongst the six varieties, and all of them showed

landscaping value. The propagation by grafting was more efficient than by stem

cuttings, as the cuttings from the Buddha’s Hand citron were the only ones that rooted.

The utilization of the trifoliate orange as the rootstock may benefit the cultivation of the

studied varieties in pots, as it induces a slower growth on the scions grafted on it.

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Key Words: landscape design, germplasm, grafting, stem cuttings.

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1 INTRODUÇÃO

A utilização dos citros, tanto do ponto de vista ornamental quanto alimentício, é

antiga, sendo que os primeiros relatos são provenientes da China. De lá, se espalharam

por todo o mundo, primeiramente na Europa e depois nas Américas, África e Austrália.

Os citros começaram a ser cultivados mundialmente para a produção de frutos somente

no século XVII. O Brasil ganhou êxito rapidamente, e no início do século XX, a

produção já estava completamente estabelecida, iniciando-se as exportações para a

Europa.

Atualmente, o Brasil está consagrado como o maior produtor de citros do

mundo. Cerca de 70% dos frutos destina-se à produção de suco concentrado congelado

de laranja para exportação, enquanto o restante é produzido para o consumo in natura.

O cultivo de variedades cítricas com potencial ornamental é ainda incipiente no

país, assim como a pesquisa nessa área. Algumas variedades entretanto, como por

exemplo os kunquats, já são cultivadas para fins paisagísticos em outros países, como

nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

Os citros são atrativos para o paisagismo por produzirem frutos com tamanhos,

formatos e cores variados que, com freqüência, permanecem na planta por longo tempo

depois de maduros. Alguns ainda têm uma pequena produção “fora-de-época”, fazendo

com que existam frutos quase o ano inteiro. Até mesmo as variedades com potencial

ornamental que ainda não são produzidas comercialmente podem ser consumidas in

natura, ou na forma de licores e doces em geral. Vale lembrar que as flores das

variedades cítricas, em sua maioria, possuem fragrância agradável que também pode ser

interessante sob o aspecto ornamental.

Não existe muita diversidade de variedades nos pomares comerciais. No entanto,

há centenas de citros cultivados em bancos de germoplasma que necessitam de estudos

para uma avaliação de suas características e qualidades. Desses estudos, podem surgir

variedades resistentes a doenças, novas variedades comerciais e matéria-prima para

programas de melhoramento genético. Embora trabalhos de caracterização morfológica

contribuam para esse fim, os voltados para fins ornamentais são ainda escassos.

As mudas cítricas são produzidas principalmente por sementes e enxertia, e esse

método é a base da citricultura atual, pois garante a formação de plantas sadias,

produtivas e longevas. O porta-enxerto mais utilizado no Brasil é o limão Cravo que,

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embora seja suscetível a algumas doenças, apresenta vantagens como compatibilidade

com todas as copas, produção precoce e alto vigor. Uma outra espécie utilizada como

porta-enxerto, principalmente no Rio Grande do Sul, é o trifoliata. Apesar de ser

incompatível com, por exemplo, a laranja doce Pêra e o tangor Murcott, exerce um

efeito ananicante em suas copas, favorecendo um plantio mais adensado e uma maior

produção de frutos por metro cúbico de copa.

O objetivo deste trabalho foi caracterizar morfologicamente, para fins

paisagísticos, seis variedades cítricas com potencial ornamental, cultivadas no Banco

Ativo de Germoplasma do Centro APTA Citros Sylvio Moreira, do Instituto

Agronômico, localizado em Cordeirópolis/SP, e testar a eficácia dos métodos de

propagação por enxertia e por estaquia para essas variedades.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Potencial Ornamental dos Citros e Sua Utilização no Paisagismo

A China foi, possivelmente, a pioneira na arte do paisagismo e do cultivo

vegetal. Existem livros escritos durante a dinastia Chon, de 1027 a 256 a.C., que já

mencionam o cultivo de certas plantas, como a espécie cítrica Poncirus trifoliata (L.)

Raf., nativa do centro e do norte daquele país, e atualmente muito usada como porta-

enxerto (DONADIO et al., 2005). Os kunquats (Fortunella sp. Swingle), muito usados

como ornamentais nos Estados Unidos e na Europa (HODGSON, 1967; LAWRENCE,

1957) e muito cultivados no Japão e na China (HODGSON, 1967), também já eram

conhecidos e o seu consumo era feito com casca, como nos dias atuais (DONADIO et

al., 2005). Eles podem também ser consumidos na forma de geléias e doces, e são

considerados ideais para o cultivo em vasos ou como bonsai (HODGSON, 1967;

LORENZI et al., 2006).

Foi provavelmente na China também que se fez uso, pela primeira vez, de

árvores frutíferas na composição de jardins. Os traçados desses jardins, suas técnicas de

criação e as espécies utilizadas foram posteriormente adotados pelos romanos que, a

princípio, plantavam seus jardins unicamente para a produção de alimento. Supõe-se

que esses métodos foram incorporados à cultura romana através da influência grega por

volta do ano 117 d.C. (DONADIO et al., 2005).

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Acredita-se que o responsável pela chegada dos citros na Grécia foi Alexandre,

o Grande. A espécie mais comum daquela época era a cidra (Citrus medica L.),

utilizada como ornamental e por possuir propriedades medicinais (DONADIO et al.,

2005; SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996). Atualmente, a variedade Mão-de-

Buda [C. medica var. sarcodactylis (Hoola van Nooten) Swingle] ainda é muito

cultivada na China e no Japão, onde também é utilizada para perfumar ambientes e

vestimentas (SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967). Essa variedade não é

comestível in natura, mas seus frutos podem ser consumidos na forma de doces

cristalizados (LORENZI et al., 2006). Outra variedade de cidra até hoje utilizada é a

Etrog (C. medica var. ethrog Engl.), considerada um símbolo importante em cerimônias

religiosas judaicas. Seu fruto, em forma de coração, representa a benevolência de Deus

para com os homens (LASZLO, 2007). Outras plantas frutíferas utilizadas naquela

época eram a macieira, a pereira e a cerejeira. Suas plantas eram cultivadas tanto em

grupos, em fileiras, ou isoladamente, quando ganhavam uma posição de destaque

(HOADLEY, 1996).

A partir da ocupação árabe da Espanha e da Itália por volta dos séculos XI e XII,

outras espécies cítricas foram introduzidas nesses países, além de outras plantas que

faziam parte da cultura árabe, como o figo, o damasco, o algodão e a cana-de-açúcar.

Essas plantas, devidamente irrigadas, compunham os jardins dos palácios árabes e das

mesquitas construídos nessa época. Também existem registros de plantio de outros

citros ornamentais, porém sem menção a uma variedade específica (CALABRESE,

1990 citado por DONADIO et al., 2005; LASZLO, 2007; SPIEGEL-ROY &

GOLDSCHMIDT, 1996; WEBBER et al., 1967).

Com o advento das cruzadas, entre os séculos XI e XIV, os citros se espalharam

pela Europa (DONADIO et al., 2005; WEBBER et al., 1967). Por volta do século XV, o

uso dos citros como plantas ornamentais já estava estabelecido principalmente na Itália.

A coleção mais famosa daquela época, mantida pelos Médici, localiza-se em Florença,

nos jardins de Villa Medicea di Castello e de Boboli (OSCAR TINTORI, 2008). Era a

coleção de germoplasma mais diversificada daquele tempo, constituída por variedades

de laranja doce, laranja azeda, limões, limas e cidras (CONTINELLA et al., 1992).

Foi nessa época também, acredita-se que criadas pelos italianos, que surgiram as

“orangeries”. Eram edificações construídas unicamente para o cultivo protegido de

variedades cítricas (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996). Primeiramente, eram

construídos abrigos únicos de madeira ao redor das árvores, passando depois a

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estruturas mais permanentes. Possivelmente, a primeira “orangery” foi construída na

metade do século XV, e está localizada no jardim Villa Palmieri, na Toscana. No

entanto, a mais famosa delas atualmente foi edificada em 1685 no Palácio de Versalhes,

localizado nos arredores de Paris. À frente da “orangery” de Versalhes, existe um pátio

com uma fonte circular no meio, rodeada por citros crescendo em grandes caixas de

madeira. Essas plantas são mantidas no interior da edificação nos meses de inverno até

os dias de hoje (LASZLO, 2007).

Provavelmente foram as “orangeries” que deram origem às estufas e casas de

vegetação do modo como são utilizadas atualmente (WEBBER et al., 1967). Porém, a

maioria dessas construções, espalhadas por toda a Europa, abriga agora outros usos.

Como eram mais uma demonstração de poder e riqueza, esses grandes espaços

perderam suas funções por volta do século XX. Por exemplo, na “orangery” do Royal

Botanic Gardens, Kew, nos arredores de Londres, funciona atualmente um restaurante,

enquanto a do Palácio de Schönbruun, em Viena, é usada para eventos (LASZLO,

2007).

Os citros foram introduzidos nas Américas durante a colonização portuguesa e

espanhola. No Brasil, existem relatos da presença de plantas cítricas a partir de 1530.

Na África, foram introduzidos pela Índia a partir do mesmo século. E na Austrália, só

ocorreu no século XVIII, com variedades provenientes do Brasil (DONADIO et al.,

2005; SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT, 1996; WEBBER et al., 1967).

Por volta de 1600, as plantas cítricas já estavam bem adaptadas ao clima

brasileiro e eram abundantes em quintais domésticos, conventos, fazendas e fortalezas

(HASSE, 1987). Mas foi já nesse século que se deu início à produção mundial

comercial dos citros, que passaram a ser cultivados principalmente nos estados da

Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo (DONADIO et al., 2005).

Aos poucos, os citros desapareceram dos quintais e jardins domésticos, para aparecerem

em grandes pomares comerciais.

Atualmente, o cultivo de plantas cítricas destina-se, principalmente, à produção

de frutas para a indústria (BOTEON & NEVES, 2005). No Brasil, o cultivo de

variedades com potencial ornamental é pequeno, e a pesquisa nessa área ainda é

escassa. No entanto, existem viveiros que se interessam cada vez mais pelo cultivo e

desenvolvimento de novas variedades para a utilização ornamental, como por exemplo o

viveiro de mudas cítricas Citrolima, localizado em Casa Branca/SP. Esse viveiro cultiva

a variedade de laranja doce Cipó [Citrus sinensis (L.) Osbeck], que produz ramos

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pendentes e é ideal para ser conduzida sobre pérgulas. Além disso, também produz, em

vasos, outras variedades de laranja doce enxertadas em trifoliata Flying Dragon. Esse

porta-enxerto exerce um efeito ananicante sobre suas copas, criando plantas que são

comumente chamadas por funcionários do viveiro de mini-laranjeiras. O viveiro ainda

produz, para fins ornamentais, uma variedade de tangerina pendente, dois limões, sendo

um pendente e o outro de tamanho gigante, um kunquat, a laranja Imperial que é

variegada (C. sinensis), e mais duas variedades de toranja [Citrus grandis (L.) Osbeck]

(AGROCITROS, 2008).

Os citros, em sua maioria, produzem flores brancas e perfumadas, folhas verde-

escuras e brilhantes, e frutos de tamanhos, formatos e cores variados. E além da

produção normal de frutos, existe uma pequena produção extemporânea, que chega a

5% do volume total produzido em um determinado ano, o que faz com que existam

frutos durante os 12 meses do ano (POZZAN & TRIBONI, 2005; QUEIROZ-VOLTAN

& BLUMER, 2005), característica muito apreciada no paisagismo. Além disso, os

frutos de muitas variedades permanecem na árvore durante meses depois de maduros

sem uma perda de qualidade muito significativa (WALHEIM, 1996).

A maioria das variedades com potencial ornamental pode ser ingerida in natura.

O kunquat por exemplo, é muito consumido nos países orientais, mas tem pouca

expressão no Brasil (MORTON, 1987; POMPEU JÚNIOR, 2001). Essa mesma espécie,

por produzir frutos pequenos, é possivelmente a mais utilizada, dentre as variedades

cítricas, para fins paisagísticos (CONTINELLA et al., 1992; LAWRENCE, 1957). Os

citros também podem ser consumidos na forma de geléias, conservas, doces

cristalizados e licores (LAWRENCE, 1957; POMPEU JÚNIOR, 2001).

2.2 O Uso Ornamental de Outras Frutíferas

As plantas frutíferas podem ser utilizadas, além do consumo de seus frutos in

natura, para vários outros fins. Seus frutos podem ser consumidos na forma de sucos,

sorvetes, compotas, geléias, doces cristalizados e licores. Muitas ainda podem ser

testadas por fontes de vitaminas ou substâncias medicinais. E também podem ser

cultivadas como ornamentais em vasos ou em jardins, e como bonsai (LORENZI et al.,

2006).

Em outros países, a utilização dos citros e de outras árvores frutíferas em

projetos paisagísticos é comum, e vem ganhando cada vez mais popularidade por serem

plantas atrativas, do ponto de vista ornamental, e ao mesmo tempo comestíveis

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(WALHEIM, 1996). No Brasil porém, esse uso ainda é raro, com exceção de coqueiros,

jabuticabeiras e algumas espécies de maracujá (LORENZI et al., 2006). No entanto,

parece existir atualmente uma proliferação de jardins em pequenos espaços, como por

exemplo em varandas de apartamentos (VARELLA, 2008), o que coincide com uma

crescente utilização de árvores e arbustos frutíferos cultivados em vasos

(CONTINELLA et al., 1992; LORENZI et al., 2006). As espécies preferidas são as que

produzem folhas e frutos pequenos, e troncos retorcidos, como a romãzeira, a aceroleira,

a pitangueira e a jabuticabeira (LORENZI et al., 2006).

Além dessas espécies, já comumente conhecidas e comercializadas, existem

ainda outras frutíferas nativas com muitos atributos ornamentais, como a grumixama, o

caimito e o bacupari (LORENZI et al., 2006). Existem também outras espécies, não

arbóreas, que podem ser utilizadas, como o kiwi e a uva, que tem hábito de trepadeiras,

e o abacaxi e o morango, plantas herbáceas que podem ser cultivadas em vasos

(BORGES, 2008). O abacaxi já vem se destacando entre as plantas ornamentais

cultivadas em vasos, ganhando lugar no mercado e na preferência do consumidor. As

bananeiras também têm sido usadas na composição de jardins e também para o cultivo

em vasos (SOUZA et al., 2005).

Jardins que contêm plantas frutíferas em sua composição, são jardins que

exploram os sentidos humanos, como o paladar e o olfato. Fruteiras, quando em plena

frutificação, exalam perfumes anteriormente incomuns em jardins (VARELLA, 2008).

Esses jardins que exploram os sentidos humanos são chamados de sensoriais, e vêm

ganhando fama. Por exemplo, o Secluded Garden do Royal Botanic Gardens, Kew, nos

arredores de Londres, foi construído para que se assemelhasse a um jardim doméstico, e

de modo que todos os sentidos do ser humano fossem explorados. Para a exploração do

paladar por exemplo, foram plantados um marmeleiro, uma macieira e uma pereira, que

despertam interesse desde o florescimento (ROYAL BOTANIC GARDENS, KEW,

2008).

Apesar de pesquisas sobre a utilização de frutíferas ornamentais estarem ainda

no início, o interesse nessa área vem crescendo. Com um banco de germoplasma

numeroso e variado, pesquisadores da EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical,

localizada em Cruz das Almas/BA, já vêm trabalhando em um programa de

melhoramento genético de variedades com potencial ornamental, entre eles o

abacaxizeiro. Com plantas de diferentes tamanhos de fruto, cores e formas, eles

começaram um trabalho de identificação e seleção dessas variedades com potencial

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ornamental, considerando, principalmente, a coloração e o formato do fruto, a

arquitetura da planta e a presença de espinhos, caso seja interessante para o cultivo em

vasos. Algumas variedades encontram-se em estudo para uma avaliação da resistência a

doenças e de indução ao florescimento. Variedades de bananeiras também vêm sendo

estudadas, e algumas plantas já foram identificadas por apresentarem porte baixo,

folhagem exuberante, inflorescências de coloração variada e frutos de tamanho

reduzido. Estudos de resistência a doenças também estão sendo realizados (SOUZA et

al., 2005).

Outra frutífera em estudo na instituição é a aceroleira. Algumas variedades já

foram selecionadas, como a CMF030, que apresenta a copa com formato esférico e

folhagem verde-escura e densa, e que também pode ser usada em topiaria. Existe

também a CMF031, que produz folhas variegadas, e a Rubra, que apresenta um porte

ereto e que pode ser usada como cerca-viva (RITZINGER & RITZINGER, 2006). A

aceroleira, inclusive, já vem sendo utilizada por alguns viveiristas para fins ornamentais,

e pode ser cultivada em jardins, diretamente nos canteiros ou em vasos. Variedades de

maracujazeiro serão as próximas a serem estudadas, considerando-se a intensidade de

floração e a resistência a doenças. Porém, no caso dessa frutífera, existem limitações a

seu uso como ornamental, como por exemplo a breve duração de suas flores depois de

abertas (SOUZA et al., 2005).

2.3 Caracterização Morfológica de Germoplasma

Existe uma grande diversidade de citros cultivados em bancos de germoplasma,

mas poucas variedades são conhecidas (MACHADO et al., 2005). Pomares comerciais

são geralmente constituídos de poucas cultivares, ou de somente uma cultivar, tornando-

os vulneráveis (MOREIRA & PIO, 1991) pela ausência de variabilidade genética.

O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) do Centro Avançado de Pesquisa

Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira (Centro APTA Citros Sylvio

Moreira), do Instituto Agronômico (IAC), localizado em Cordeirópolis/SP, é um dos

maiores do mundo, com cerca de 2.000 acessos. É constituído por diferentes espécies e

variedades cítricas, como laranjas, tangerinas, limões, limas, cidras, pomelos, toranjas e

híbridos, entre outros. Desde o estabelecimento desse banco, a diversidade genética nele

contida vem servindo como sustentáculo para o desenvolvimento da citricultura paulista

e brasileira. As pesquisas têm como objetivo encontrar variedades resistentes a doenças

e novos recursos genéticos para a solução de problemas de fitossanidade, além de novas

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variedades comerciais (CCSM/IAC, 2000). No entanto, centenas de variedades ainda

necessitam de estudos para uma melhor análise de suas qualidades (MOREIRA & PIO,

1991).

Estudos de caracterização morfológica são necessários para um melhor

conhecimento das variedades existentes, visando à diversificação das variedades

disponíveis para o cultivo. Cada aspecto deve ser avaliado, resultando na definição da

melhor cultivar para uma determinada região (MOREIRA & PIO, 1991). Além disso,

novas variedades descritas podem também ser usadas em programas de melhoramento

genético (KOEHLER-SANTOS et al., 2003), de conservação de germoplasma e de

certificação (RADMANN & OLIVEIRA, 2003). Podem ainda ser exploradas

comercialmente, tanto para o consumo in natura como para a indústria, ou ser utilizadas

como porta-enxertos (DOMINGUES et al., 1999).

A maioria dos trabalhos de caracterização morfológica de citros objetivam

descrever características físicas e organolépticas de frutos, sempre utilizando variedades

adequadas ao consumo, tanto in natura como para a indústria. Os mais comuns tratam

das tangerinas (DOMINGUES et al., 1999; PIO, 1992; PIO, 1997; RADMANN &

OLIVEIRA, 2003), e têm por objetivo encontrar novas cultivares adequadas ao

consumo in natura. Trabalhos de caracterização com outras frutíferas também são

poucos, mas todos têm como objetivo encontrar novas variedades com características

adequadas para o mercado consumidor (JESUS et al., 2004). Pesquisas que objetivam

encontrar variedades cítricas para fins paisagísticos são escassas. No entanto, já existem,

ainda que no começo, trabalhos com outras frutíferas para o mesmo fim, como por

exemplo, com abacaxizeiros e bananeiras (SANTOS-SEREJO et al., 2007; SOUZA et

al., 2007).

Existem vários conjuntos de descritores que servem como guia para trabalhos de

caracterização morfológica. No caso dos citros, o manual de descritores “Descriptors for

Citrus” (IBPGR, 1999) é o mais utilizado atualmente e representa uma ferramenta de

padronização internacional para todas as espécies cítricas. Esse sistema consiste na

descrição de caracteres botânicos facilmente visíveis e mensuráveis, e ainda fornece

base para uma descrição completa das plantas. Sua adoção produz um meio rápido e

eficiente de armazenamento e recuperação de dados para a utilização em bancos de

germoplasma (IBPGR, 1999).

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2.4 Características Morfológicas das Variedades Estudadas

Os citros pertencem à família Rutaceae, e são nativos do sudeste da Ásia, mais

especificamente das regiões da Índia e do sul da China. Apesar de existirem atualmente

muitas espécies e variedades, estudos genéticos apontam apenas três espécies como a

base de origem de todas as outras exploradas comercialmente: C. medica, o grupo das

cidras; C. grandis, o grupo das toranjas; e Citrus reticulata Blanco, o grupo das

tangerinas (ARAÚJO & ROQUE, 2005; DONADIO et al., 2005).

As espécies e variedades estudadas neste trabalho: Citrus sp. L., Fortunella sp. e

Microcitrus australasica Swingle, pertencem ao grupo dos citros verdadeiros, conforme

denominado por SWINGLE & REECE (1967), que incluem ainda outros três gêneros:

Clymenia Swingle, Eremocitrus Swingle e Poncirus Raf. (SWINGLE & REECE,

1967).

2.4.1 Citrus sp.

Nativas do sudeste da Ásia, são árvores pequenas (SWINGLE & REECE, 1967)

que podem atingir de 4,5 a 12,0 m de altura quando adultas (REUTHER, 1973). Elas

produzem folhas simples (SWINGLE & REECE, 1967), brevipecioladas, de formato

oval e coloração verde-escura (SCHNEIDER, 1968). Suas flores nascem isoladamente,

e geralmente apresentam cinco pétalas, mas esse número varia de quatro a oito.

Produzem frutos saborosos, aromáticos, e de coloração amarela a alaranjada quando

maduros (SWINGLE & REECE, 1967).

Citrus aurantifolia (Christm.) Swingle, as limas, são nativas do sudeste da Ásia

(SAUNT, 1990). São árvores de pequeno porte (SWINGLE & REECE, 1967), que

atingem de 2,0 a 4,0 m de altura (LORENZI et al., 2006). Essa espécie foi utilizada no

cruzamento Fortunella sp. x M. australasica x C. aurantifolia, que originou a variedade

limão Faustrine. Produz espinhos vigorosos, e folhas aromáticas (LORENZI et al.,

2006), simples, pequenas, de 5,0 a 7,5 cm de comprimento, brevipecioladas, de formato

elíptico, margem crenulada (SWINGLE & REECE, 1967) e coloração verde-clara

(SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967). Suas flores, aromáticas, produzem de

quatro a oito pétalas (LORENZI et al., 2006) que medem de 8,0 a 12,0 mm de

comprimento e de 2,4 a 4,0 mm de largura, e nascem em inflorescências (raramente

isoladas) (SWINGLE & REECE, 1967). Seus frutos são pequenos (SAUNT, 1990;

SWINGLE & REECE, 1967), de formato oval (SWINGLE & REECE, 1967) ou

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esférico, superfície lisa (SAUNT, 1990), de coloração verde-amarelada quando maduros

(SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967), e sabor muito ácido (SAUNT, 1990).

C. medica, as cidras, são nativas da China e da Índia (SWINGLE & REECE,

1967). São plantas arbustivas ou pequenas árvores (HODGSON, 1967; SWINGLE &

REECE, 1967), que atingem de 2,0 a 4,0 m de altura (LORENZI et al., 2006), e são

pouco resistentes ao frio ou ao calor intensos. Produzem folhas grandes (HODGSON,

1967), de 7,0 a 18,0 cm de comprimento (LORENZI et al., 2006), brevipecioladas, de

formato elíptico e margem serrilhada (HODGSON, 1967; SAUNT, 1990; SWINGLE &

REECE, 1967), e espinhos com cerca de 3,0 cm de comprimento (LORENZI et al.,

2006). Suas flores, grandes (HODGSON, 1967), perfumadas (LORENZI et al., 2006) e

de coloração rosada na parte abaxial das pétalas, nascem em inflorescências e produzem

cinco pétalas (SWINGLE & REECE, 1967). Seus frutos são grandes (HODGSON,

1967; SWINGLE & REECE, 1967), de formato variado (HODGSON, 1967; SAUNT,

1990), com superfície irregular lisa ou áspera, aromáticos e de coloração amarela

quando maduros (HODGSON, 1967; SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967). São

de sabor doce ou ácido (HODGSON, 1967; SWINGLE & REECE, 1967). A variedade

estudada neste trabalho, C. medica var. sarcodactylis, a cidra Mão-de-Buda, se

diferencia da espécie verdadeira por seus frutos, que apresentam regiões com sulcos

pronunciados em sua superfície, e se assemelham a uma mão (SWINGLE & REECE,

1967), o que explica seu nome popular. São arbustos com cerca de 2,5 m de altura, e

que produzem espinhos de 2,0 a 3,0 cm de comprimento. Suas folhas são

brevipecioladas, e medem de 7,0 a 17,0 cm de comprimento. Suas flores são brancas e

perfumadas (LORENZI et al., 2006).

C. reticulata, as tangerinas, são nativas do sudeste da Ásia (SWINGLE &

REECE, 1967). Dentre as espécies cítricas, elas estão entre as mais resistentes a baixas

temperaturas (WALHEIM, 1996). São árvores de pequeno porte (SWINGLE &

REECE, 1967), que atingem de 3,0 a 5,0 m de altura, e produzem folhas pequenas de

3,0 a 7,0 cm de comprimento (LORENZI et al., 2006), simples, brevipecioladas e de

formato alongado (SWINGLE & REECE, 1967). Suas flores, perfumadas (LORENZI et

al., 2006), nascem isoladamente ou em inflorescências. Seus frutos são de forma oblata

e coloração laranja ou laranja-avermelhada quando maduros (SWINGLE & REECE,

1967). São conhecidos pela facilidade com que sua casca é retirada e com que seus

gomos se separam (LORENZI et al., 2006). A variedade de C. reticulata estudada neste

trabalho é a Venezuela, considerada uma microtangerina. Segundo ARAUJO &

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SALIBE (2002), o termo microtangerina refere-se às espécies que produzem folhas,

flores e, principalmente, frutos de tamanho reduzido. A tangerina Venezuela se destaca

por produzir em sua casca, dentre os componentes majoritários do óleo essencial, 15,4%

de citronelal, componente que ainda não foi encontrado em outras tangerinas já

estudadas. Esse mesmo componente é constituinte majoritário do óleo essencial

encontrado em Eucalyptus citriodora Hook., o que justifica o odor diferenciado

encontrado nesta tangerina, que de fato se assemelha àquele encontrado em espécies de

eucaliptos (PIO et al., 2005).

C. sinensis, as laranjas doces, são nativas do sudeste da Ásia, possivelmente da

China e da Índia. São árvores de porte médio, que atingem de 5,0 a 10,0 m de altura

(LORENZI et al., 2006), e produzem a copa de formato esférico. Suas folhas,

brevipecioladas (SWINGLE & REECE, 1967), medem de 7,0 a 15,0 cm de

comprimento, e são aromáticas. Suas flores, brancas e perfumadas (LORENZI et al.,

2006), nascem isoladamente ou em inflorescências, e são formadas por cinco pétalas

(LORENZI et al., 2006; SWINGLE & REECE, 1967). Essas flores apresentam

glândulas de óleo na superfície abaxial das pétalas (QUEIROZ-VOLTAN & BLUMER,

2005; SCHNEIDER, 1968). Seus frutos são de formato esférico ou oval (SWINGLE &

REECE, 1967). No Brasil, a variedade Pêra é uma das mais conhecidas e cultivadas

dentre as laranjas doces (SAUNT, 1990). Seus frutos, aromáticos (LORENZI et al.,

2006), têm formato oval ou elipsóide, superfície lisa, coloração laranja-clara quando

maduros (HODGSON, 1967; SAUNT, 1990), e pesam 190 g em média (LARANJA,

s.d.). As variedades de laranja doce estudadas neste trabalho são a Cipó e a Imperial. A

laranja Cipó tem a copa de forma oblata e tendência de crescimento esparramado em

direção ao chão (DONADIO et al., 1995) por produzir ramos pendentes. É ideal para ser

conduzida sobre pérgulas (LORENZI et al., 2006). Suas folhas são simples,

brevipecioladas, de formato elíptico e de coloração verde-escura. Seus frutos são

esferóides, de coloração laranja-clara e superfície rugosa com glândulas de óleo

acentuadas. Medem 6,8 cm de altura e 6,9 cm de diâmetro, e pesam 146 g em média

(DONADIO et al., 1995). A laranja Imperial produz folhas e frutos variegados

(LORENZI et al., 2006).

2.4.2 Fortunella sp.

Nativos do sudoeste da China (SWINGLE & REECE, 1967), os kunquats são

arbustos ou árvores pequenas, que produzem folhas pequenas (HODGSON, 1967),

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simples e brevipecioladas (SWINGLE & REECE, 1967). Suas flores brancas nascem

isoladamente ou em inflorescências, e produzem cinco pétalas (raramente quatro ou

seis) que medem de 8,0 a 12,0 mm de comprimento. Seus frutos, aromáticos, são

produzidos em abundância. São pequenos, com cerca de 2,5 cm de diâmetro

(SWINGLE & REECE, 1967), de formato oval (HODGSON, 1967; SWINGLE &

REECE, 1967), superfície lisa (HODGSON, 1967) e coloração amarelo-ouro a laranja-

avermelhada. Tem sabor adocicado (HODGSON, 1967; SWINGLE & REECE, 1967),

mas moderadamente ácido. São as espécies cítricas mais resistentes ao frio

(HODGSON, 1967).

As plantas do gênero Fortunella lembram as plantas de Citrus no que concerne

ao aspecto geral da planta, considerando-se o tronco, os ramos, as folhas e as flores. As

diferenças morfológicas mais acentuadas encontram-se no verde-claro da parte abaxial

das folhas e no tamanho reduzido dos frutos (SWINGLE & REECE, 1967).

Fortunella margarita (Lour.) Swingle, o kunquat Nagami, é a espécie estudada

neste trabalho. É a mais conhecida dentre os kunquats (UNIVERSITY OF

CALIFORNIA, 2008), e suas árvores atingem de 3,0 a 4,0 m de altura (SAUNT, 1990;

SWINGLE & REECE, 1967). Suas folhas, as maiores do gênero, medem de 3,0 a 9,0

cm de comprimento, e são simples, brevipecioladas (SWINGLE & REECE, 1967) e de

coloração verde-escura (SAUNT, 1990). Geralmente não produzem espinhos. Suas

flores são pequenas, e nascem isoladamente ou em inflorescências (LORENZI et al.,

2006). Seus frutos, que medem de 2,0 a 3,0 cm de altura e de 0,7 a 2,0 cm de diâmetro,

pesam de 5 a 20 g (SAUNT, 1990). São de formato oval (SAUNT, 1990; SWINGLE &

REECE, 1967), superfície lisa (SAUNT, 1990), coloração laranja (SWINGLE &

REECE, 1967) e sabor ácido (SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967).

2.4.3 Microcitrus australasica

Essa espécie é encontrada na Austrália, e acredita-se que é o resultado de uma

lenta evolução. São plantas arbustivas ou árvores de pequeno porte, que podem ser

utilizadas como ornamental. Produz folhas de formato losangular que medem de 2,2 a

2,5 cm de comprimento e de 1,4 a 1,5 cm de largura, e espinhos vigorosos de 3,0 a 8,0

mm de comprimento. Suas flores nascem isoladamente, e suas pétalas medem de 7,0 a

8,0 mm de comprimento. Seus frutos, de formato alongado e cilíndrico, medem de 6,5 a

10,0 cm de altura e de 1,5 a 2,5 cm de diâmetro. São de coloração verde-amarelada

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quando maduros, e apresentam um sabor similar ao do limão (SWINGLE & REECE,

1967).

2.5 Produção de Mudas Cítricas

A evolução dos métodos de propagação de variedades cítricas coincide com a

evolução da importância de seu cultivo. Foi vencendo ameaças de doenças, que as

instituições de pesquisa descobriram soluções e melhoraram a produção das mudas.

Foi por volta de 1660, quando os citros já estavam estabelecidos no Brasil, que

eles passaram a ser cultivados mundialmente para a produção de frutos, ganhando êxito

nos estados da Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A

produção cresceu e, por volta dos anos de 1920, impulsionada pela crise do setor

cafeeiro, já estava completamente estabelecida no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul

e em São Paulo. Foi nessa época que começaram as exportações para a Inglaterra e

outros países da Europa, anteriormente restritas à Argentina. Houve também a criação

de várias estações brasileiras de pesquisa, como as de Limeira e de Sorocaba no estado

de São Paulo, subordinadas ao Instituto Agronômico (IAC) (BOTEON & NEVES,

2005; DONADIO et al., 2005).

No início da 2a Guerra Mundial, o tráfego marítimo foi quase totalmente

paralisado, o que afetou a exportação brasileira. Foi o fim do primeiro período áureo da

citricultura brasileira, pois o Brasil já exportava mais de 5 milhões de caixas de laranja

(DONADIO et al., 2005). Os produtores, desanimados com a falta de mercado

consumidor, abandonaram seus pomares minimizando os cuidados necessários, o que

agravou a incidência de várias doenças. A disseminação da doença tristeza por volta de

1937, até então desconhecida, dizimou 80% dos pomares cítricos do Brasil. As estações

de pesquisa, criadas no início do século, constataram então que existiam porta-enxertos

resistentes a essa doença, como o limão Cravo [Citrus limonia (L.) Osbeck], a laranja

doce (C. sinensis), a tangerina (C. reticulata) e o trifoliata (P. trifoliata) (DONADIO et

al., 2005; HASSE, 1987).

Por volta de 1957, outra doença, o cancro cítrico, ameaçou seriamente os

pomares de laranja do estado de São Paulo, se alastrando aos estados do Paraná e do

Mato Grosso. Houve então a eliminação de mais de 300 mil árvores, coordenada pelo

Instituto Biológico de São Paulo, o que culminou com a criação, em 1977, do Fundo da

Defesa da Citricultura (FUNDECITRUS), e do Banco do Germoplasma Sadio,

localizado na então Estação Experimental de Limeira. O FUNDECITRUS foi criado

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com o objetivo de administrar recursos de citricultores para a erradicação das doenças

que atacavam os pomares de laranja. Já o Banco do Germoplasma Sadio garantiu, a

partir da sua criação, a distribuição, tanto no Brasil como no exterior, de material de

propagação registrado e sadio por meio do Programa de Registro de Matrizes do Estado

de São Paulo, criado em 1969 (CARVALHO et al., 2005; DONADIO et al., 2005). Foi

criado também, em 1994, o Sistema de Produção de Mudas Certificadas. Revisado em

1998, esse sistema garante a produção de mudas livres de doenças porque todo o

processo é executado em ambiente protegido (CARVALHO et al., 2005).

A partir de 1960, houve uma diminuição na oferta de matéria-prima nos Estados

Unidos por causa da ocorrência de fortes geadas na Flórida, impulsionando a produção

de citros no Brasil, que passou da produção de frutas de mesa para frutas para a

indústria, visando o mercado internacional de suco concentrado congelado (BOTEON

& NEVES, 2005). Houve então um aumento muito rápido no número de árvores

plantadas no estado de São Paulo a partir de 1985, o que também foi diretamente

proporcional ao aumento da exportação de suco concentrado congelado de laranja

(DONADIO et al., 2005). Atualmente, o Brasil é o maior exportador desse produto no

mundo, seguido dos Estados Unidos. A fruta para ser consumida in natura representa

30% da produção, mas apenas cerca de 1% desse total é exportado (BOTEON &

NEVES, 2005; DONADIO et al., 2005).

O maior estado brasileiro produtor é São Paulo, seguido da Bahia, Sergipe,

Minas Gerais e Paraná, e a maior parte da produção é exportada para a Europa, Estados

Unidos e Japão (BOTEON & NEVES, 2005; DONADIO et al., 2005). As variedades

mais cultivadas são as de laranja doce Pêra, Natal e Valência. O Centro APTA Citros

Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico (IAC), localizado em Cordeirópolis/SP, lidera

as pesquisas na área de citricultura no país e no exterior (DONADIO et al., 2005).

O Programa de Registro de Matrizes do Estado de São Paulo vem garantindo,

desde a sua criação, a produção de mudas livres de doenças. Essas mudas são

produzidas, principalmente, por sementes e por enxertia, embora existam outros

métodos, como a estaquia, o cultivo de tecidos (POMPEU JÚNIOR, 2005) e a

microenxertia, método que permite livrar o material contaminado da maioria dos

patógenos (BAPTISTA et al., 1991). No entanto, a enxertia é o método mais utilizado e

é considerada a base da citricultura (POMPEU JÚNIOR, 1991).

As sementes da maioria das variedades cítricas formam embriões nucelares por

meio da diferenciação de células somáticas do nucelo. Esses embriões possuem o

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mesmo genoma da planta-mãe, e por isso formam plantas idênticas a ela. São essas

plantas que são usadas como porta-enxertos, pois apresentam um alto vigor e uma

produtividade mais tardia se cultivadas em pé-franco (POMPEU JÚNIOR, 2005). A

utilização desses embriões também garante a sanidade vegetal, pois não há formação de

vasos condutores suficientes para a translocação de patógenos da planta até eles

(CARVALHO et al., 2005).

Nos últimos anos, uma outra doença vem ameaçando a citricultura brasileira, o

“huanglongbing” (HLB) ou “ex-greening”. Transmitida por uma bactéria, a Candidatus

Liberibacter spp. que tem como vetor o psilídeo Diaphorina citri Kuwayama, é

considerada atualmente uma das piores doenças dos citros. Provavelmente originária da

China, foi diagnosticada no estado de São Paulo em 2004. A pesquisa, ainda no início,

recomenda a erradicação das árvores contaminadas, o controle do vetor psilídeo e a

utilização de mudas sadias. Por não existir ainda nenhuma variedade descoberta que

seja tolerante ou imune à doença (FUNDECITRUS, 2008), o HLB é a nova ameaça do

século XXI à citricultura.

2.5.1 Enxertia e os porta-enxertos limão Cravo e trifoliata

A enxertia é um método de propagação que une partes de plantas de tal maneira

que se crie uma associação benéfica entre dois indivíduos geneticamente diferentes, que

passam a se comportar como uma planta só (POMPEU JÚNIOR, 2005; STUCHI,

2003).

O objetivo da enxertia é obter plantas de melhor qualidade, mais produtivas e

longevas (POMPEU JÚNIOR, 2005). Entre as vantagens que apresenta, está a obtenção

de plantas uniformes e praticamente idênticas à planta-mãe, a precocidade da produção

e o aumento da produtividade (POMPEU JÚNIOR, 1991).

O porta-enxerto e a espécie enxertada se influenciam mutuamente, entre outros,

no crescimento, no tamanho, na frutificação, na síntese de nutrientes, no teor de

açúcares, na acidez dos frutos, e na resistência à seca e ao frio. A influência do porta-

enxerto sobre a copa é maior do que a da copa sobre o porta-enxerto, mas isso varia

muito de região para região e das condições edafoclimáticas de cada local. Sendo assim,

porta-enxertos e plantas a serem enxertadas (copas) são escolhidos de acordo com o

resultado que se almeja, como uma maior produção de frutos, uma maior resistência a

doenças ou árvores de tamanho reduzido que facilitam a colheita (POMPEU JÚNIOR,

2005). Existem alguns tipos de enxertia, como a borbulhia, a garfagem e a encostia, mas

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a borbulhia é a mais utilizada na citricultura. Esse método consiste na justaposição de

uma gema sobre um porta-enxerto enraizado (SIMÃO, 1998; TEÓFILO SOBRINHO,

1991).

A borbulhia na citricultura é feita pelo método do “T” normal ou do “T”

invertido, quando o caule do porta-enxerto atinge o diâmetro de 6 a 8 mm

(CARVALHO et al., 2005), comparável ao diâmetro de um lápis. No caso do “T”

normal, faz-se uma fenda no cavalo (porta-enxerto) no sentido transversal e

posteriormente no sentido longitudinal, de modo a formar um “T”. Levantando-se a

casca, a gema é então introduzida, e posteriormente amarrada junto ao porta-enxerto de

cima para baixo, com fitilho plástico ou biodegradável, a fim de conservar a umidade e

manter a gema unida ao porta-enxerto. No método do “T” invertido, o processo é

semelhante ao do “T” normal, invertendo-se as fendas de modo a se formar um “T”

invertido. A amarração é feita de baixo para cima. O método do “T” invertido apresenta

vantagens sobre o do “T” normal por evitar a penetração de água na região da enxertia

(TEÓFILO SOBRINHO, 1991). O enxerto deve ser feito a uma altura de 10 a 20 cm a

partir do colo da planta. Após 20 dias da realização da enxertia, retira-se o fitilho (a

retirada é desnecessária se o fitilho for biodegradável) e efetua-se a decapitação ou o

vergamento da haste do porta-enxerto acima do ponto de enxertia, de modo a forçar a

brotação da borbulha (CARVALHO et al., 2005; TEÓFILO SOBRINHO, 1991). No

entanto, segundo CARVALHO & MACHADO (1996), o método de decapitação do

porta-enxerto para o forçamento de borbulhas é mais eficaz que o método de

vergamento da haste do porta-enxerto.

A altura da região de enxertia também influencia no tamanho, na produtividade,

na absorção de nutrientes pela planta e na incidência de doenças (BITTERS et al., 1981;

POMPEU JÚNIOR, 2005), mas não interfere na qualidade dos frutos. Isso varia de

acordo com o porta-enxerto e a copa, mas é mais comum em plantas enxertadas em

trifoliata e em seus híbridos. A altura ideal de enxertia ainda não está estabelecida, e a

altura em voga corresponde mais à prática, à tradição dos viveiros (POMPEU JÚNIOR,

2005) e à conveniência do enxertador (BITTERS et al., 1981).

Segundo KOLLER et al. (1983), a elevação da altura da enxertia pode reduzir a

incidência da gomose, como foi comprovado enxertando-se limão [Citrus limon (L.)

Burm. f.] a 80 cm do colo da planta. Já a laranja Caipira (C. sinensis), enxertada a 20

cm do colo da planta, teve maior desenvolvimento de sua copa quando comparado à

enxertia a 80 cm do colo. No entanto, não houve diferença significativa entre as alturas

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de enxertia (20, 40 e 80 cm) sobre a produtividade e a altura das plantas. Mas para

BITTERS et al. (1981), a melhor produtividade para a variedade de laranja doce

Valência, enxertada sobre tangerina Cleópatra (Citrus reshni Hort ex Tan.), ocorreu

quando o ponto de enxertia foi a 30 cm do colo da planta, comparando-se as alturas de

5, 15, 30, 45, 60 e 90 cm. Já para essa mesma variedade enxertada sobre o citrange

Troyer (C. sinensis x P. trifoliata), a altura ideal de enxertia foi a 15 cm do colo da

planta. Os autores mencionam ainda que, acima da altura ideal encontrada para a laranja

Valência, enxertada tanto sobre a tangerina Cleópatra (30 cm) como sobre o citrange

Troyer (15 cm), a produtividade e a altura das árvores decresceram em razão do

aumento da altura do ponto de enxertia. SAMPAIO (1994) concluiu ainda que

borbulhas de laranja Piralima (C. sinensis), enxertadas sobre o trifoliata nas alturas de 0

e 10 cm do colo da planta, apresentaram maior volume de copa e conseqüentemente

maior produtividade, do que aquelas enxertadas a 20 e a 40 cm de altura. Portanto,

existem comportamentos variados para diferentes alturas de enxertia, que dependem

ainda da combinação copa/porta-enxerto (BITTERS et al., 1981; KOLLER et al., 1983).

Outros experimentos são necessários para que se estabeleça de modo conclusivo os

efeitos das variações nas alturas de enxertia.

A técnica de enxertia vem sendo usada desde o século V, mas o marco da

utilização de porta-enxertos na citricultura aconteceu em 1842, quando se descobriu, na

Ilha dos Açores, pertencente a Portugal, porta-enxertos resistentes à gomose (CHAPOT,

1975 citado por POMPEU JÚNIOR, 2005). No Brasil, a enxertia começou a ser

utilizada no início da produção de citros para fins comerciais, sendo que as variedades

mais utilizadas como porta-enxerto eram as de laranja doce. Quando se constatou a

baixa resistência dessas variedades à gomose, variedades de laranja azeda (Citrus

aurantium L.) passaram a ser utilizadas, e foram os principais porta-enxertos até a

década de 1940. A disseminação da doença tristeza levou à morte as plantas enxertadas

sobre essa espécie, e pesquisas então comprovaram que os porta-enxertos de limão

Cravo, tangerina Cleópatra, tangerina Sunki (Citrus sunki hort. ex Tanaka), laranja

Caipira e limão Rugoso (Citrus jambhiri Lush.) não apresentavam os sintomas da

doença. Essas variedades foram então utilizadas para a renovação da citricultura

(POMPEU JÚNIOR, 2005).

Já no início da 2a Guerra Mundial, o limão Cravo se estabeleceu como o porta-

enxerto mais adequado para muitas regiões brasileiras. Apesar de ser suscetível à

exocorte e à xiloporose, constatou-se posteriormente que essas doenças eram

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transmitidas por união de tecidos e ferramentas contaminados (CARVALHO et al.,

2003; POMPEU JÚNIOR, 2005), o que tornou viável a produção desses porta-enxertos

por meio de sementes. Atualmente, é o porta-enxerto mais utilizado no estado de São

Paulo, seguido da tangerina Cleópatra e do citrumelo Swingle (Citrus paradisi Macfad.

x P. trifoliata), apesar de que sua utilização está diminuindo por causa de sua

suscetibilidade à morte súbita dos citros. Essa variedade também é suscetível ao

declínio dos citros e a alguns nematóides (POMPEU JÚNIOR, 2005). No entanto,

apresenta diversas outras vantagens, como por exemplo facilidade na formação das

mudas, compatibilidade com todas as copas, produção precoce de alta qualidade e de

alta produtividade, alto vigor, resistência à seca e tolerância à tristeza (DONADIO et al.,

2005; POMPEU JÚNIOR, 2005).

Uma outra espécie muito utilizada como porta-enxerto, principalmente no Rio

Grande do Sul, é o trifoliata (POMPEU JÚNIOR, 1991; SCHÄFER et al., 2001). Citado

como um porta-enxerto tradicional na China (SPIEGEL-ROY & GOLDSCHMIDT,

1996), requer maior tempo de formação de muda, e apresenta suscetibilidade ao declínio

dos citros, baixa tolerância à seca e ainda incompatibilidade com algumas variedades,

como a laranja doce Pêra e o tangor Murcott (C. reticulata x C. sinensis) (POMPEU

JÚNIOR, 2001; POMPEU JÚNIOR, 2005).

A incompatibilidade entre duas espécies está relacionada a fatores fisiológicos,

biológicos e anatômicos. Os fatores fisiológicos se relacionam com a diferença da

necessidade de diferentes nutrientes, os biológicos com o ciclo vegetativo das plantas e

os anatômicos com a justa união dos tecidos cambiais (SIMÃO, 1998). A

incompatibilidade entre citros se expressa em um mal desenvolvimento da planta, baixa

sobrevivência e baixa produtividade, além de diferenças anatômicas, como por

exemplo, a diferença nos diâmetros de copa e porta-enxerto, sendo que este último tem

sempre o maior diâmetro. Geralmente, espécies incompatíveis entre si apresentam baixa

taxa de pegamento de borbulha na enxertia, e morte entre dois e 10 anos após o plantio.

No entanto, diferenças entre os diâmetros de copa e porta-enxerto não significam

necessariamente incompatibilidade (POMPEU JÚNIOR, 2005; STUCHI, 2003).

O trifoliata exerce um efeito ananicante sobre suas copas, o que parece estar

relacionado com o grau de incompatibilidade com as variedades enxertadas sobre ele.

Entretanto, é imune à tristeza, tolerante à morte súbita dos citros e resistente aos

nematóides dos citros. Ainda contribui para uma maturação mais tardia quando

comparado ao limão Cravo, com maior produção de frutos por metro cúbico de copa, e

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para um alto adensamento de plantio por influenciar no tamanho reduzido das árvores

enxertadas sobre ele. Árvores menores facilitam a colheita, o controle de pragas e

doenças, e a aplicação de outros tratos culturais. No entanto, esse efeito ananicante varia

com as condições edafoclimáticas, a variedade copa, a presença de viroses e o uso de

irrigação. Seus híbridos apresentam as mesmas características no que concerne ao

potencial ananicante, especialmente o Flying Dragon (POMPEU JÚNIOR, 2001;

POMPEU JÚNIOR, 2005).

Experimentos comprovam que as plantas enxertadas sobre trifoliata são sempre

menores do que aquelas enxertadas sobre outra variedade (POMPEU JÚNIOR, 2005).

SCHÄFER et al. (2001) também comprovaram o mesmo por meio de experimentos de

propagação por enxertia da tangerineira Montenegrina (Citrus deliciosa Ten.).

O trifoliata também é utilizado como porta-enxerto para a propagação de

kunquats na China, no Japão e nos Estados Unidos, resultando em plantas menores,

ornamentais, e cultivadas em vasos. Kunquats não são produzidos por sementes por não

apresentarem bom desenvolvimento do sistema radicular (HODGSON, 1967;

MORTON, 1987).

2.5.2 Estaquia

O método de propagação por estaquia baseia-se na tentativa de regeneração dos

tecidos para a emissão de raízes. As estacas devem conter pelo menos uma gema.

Quando retiradas de ramos, elas podem ser herbáceas, semi-lenhosas ou lenhosas. As

estacas herbáceas são retiradas da parte apical dos ramos, enquanto as semi-lenhosas ou

lenhosas são retiradas de ramos em processo de lignificação ou já lignificados,

respectivamente (SIMÃO, 1998).

Embora o método da enxertia já esteja estabelecido no Brasil como um meio

seguro para a produção dos citros, a estaquia torna-se necessária a fim de se contornar

os efeitos de doenças que afetam alguns porta-enxertos, como por exemplo o limão

Cravo que é suscetível à morte súbita do citros (GIRARDI, 2005), ou de propagar

variedades que produzem pouca ou nenhuma semente por fruto. A estaquia ainda

oferece outras vantagens, como a rapidez na formação das mudas e a preservação das

características genéticas da planta-mãe (SANTOS et al., 1988).

Atualmente, o tempo de formação de mudas produzidas por enxertia é maior do

que o de mudas produzidas por estaquia. Uma muda produzida por enxertia demora de

10 a 15 meses para estar pronta, enquanto a estaca leva um período inferior a 8 meses

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(CARVALHO et al., 2005; SCHÄFER et al., 2001). Mas, enquanto o processo de

enraizamento de estacas depende diretamente de vários fatores mencionados a seguir

(HABERMANN et al., 2006), a enxertia pode ser realizada em qualquer época do ano

em ambientes controlados de casas de vegetação. Além disso, existe uma dificuldade de

formação de raízes pivotantes em estacas, o que faz com que as plantas sejam

suscetíveis a tombamentos (POMPEU JÚNIOR, 2005).

Quando a eficiência de ambos os métodos é comparada entre si, encontram-se

resultados semelhantes de área de projeção de copa e de altura de planta. Entretanto, a

produtividade e a qualidade dos frutos das plantas estaqueadas são inferiores às das

plantas enxertadas. Além disso, elas ainda apresentam um crescimento inicial mais lento

e um maior índice de mortalidade (SCHÄFER, 2001).

Existem alguns fatores que afetam a facilidade com que certas plantas enraízam,

como a espécie, a idade da planta, a posição dos ramos, a época do ano e as condições

do ambiente e de sanidade da planta. Estacas de plantas jovens por exemplo, enraízam

com mais facilidade do que de plantas mais velhas (SIMÃO, 1998). Além disso, a

maioria das espécies cítricas não enraíza facilmente. Segundo CARVALHO et al.

(2005), a emissão de raízes em estacas propagadas por estaquia pode chegar a 100% em

cidras, limões e limas ácidas, como também relatam PLATT & OPITZ (1973), mas

apresenta um baixo índice entre as laranjas doces e as tangerinas. Para espécies de

hábito caducifólio por exemplo, a época do ano interfere no enraizamento, sendo que o

ideal para a retirada das estacas é no outono ou no inverno, enquanto para aquelas de

hábito perene é na primavera ou no verão (SIMÃO, 1998).

Estacas devem ser coletadas na parte da manhã, quando ainda estão túrgidas, a

uma temperatura entre 12 e 27 °C, que favorece o enraizamento. É também importante

manter a umidade relativa alta no ambiente de enraizamento, pois a atmosfera seca

resseca as estacas e reduz a possibilidade de emissão de raízes. Atualmente, um sistema

de nebulização intermitente mantém a umidade ao redor da estaca e diminui a

temperatura, o que contribui para a redução da transpiração e da respiração, favorecendo

o enraizamento (SIMÃO, 1998).

Como a maioria das espécies cítricas não enraíza facilmente, torna-se necessário

a aplicação de fitorreguladores (SANTOS et al., 1988) como as auxinas, as citocininas e

as giberelinas. Dentre eles, as auxinas são os que têm mais efeito no enraizamento de

estacas, pois atuam na regeneração de órgãos. São várias as auxinas sintéticas

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disponíveis, como por exemplo o ácido indolacético (AIA), o ácido indolbutírico (AIB),

o ácido naftalenoacético (ANA) e o 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) (SIMÃO, 1998).

Na Califórnia por exemplo, estacas cítricas eram propagadas com altas

concentrações de AIB (3.000 a 8.000 mg.L-1). Segundo PLATT & OPITZ (1973), a

concentração de 10.000 mg.L-1 era usada por até 2 segundos para aquelas de

enraizamento mais difícil. No entanto, ANDRADE & MARTINS (2003), BOAS et al.

(1988), GIRARDI (2005), HABERMANN et al. (2006) e SANTOS et al. (1988)

concluíram que a aplicação de fitorreguladores de crescimento (AIB, ANA e 2,4-D) a

diferentes concentrações não influencia no enraizamento de espécies cítricas.

Segundo CARVALHO et al. (2005), melhores resultados de enraizamento de

citros podem ser obtidos com a utilização de estacas semi-lenhosas, de 10 a 15 cm de

comprimento, com 3 a 4 folhas cortadas ao meio no ápice do ramo, com uma alta

umidade relativa do ar (80-100%), e uma temperatura acima de 28 °C. Os autores

mencionam porém, que o uso de substâncias promotoras de enraizamento, como o AIB

e o ANA, pode favorecer a velocidade e a uniformidade na emissão de raízes, mas não

altera o índice final de enraizamento.

Os substratos mais comumente utilizados para o enraizamento de estacas

incluem solo, areia, vermiculita, perlita e esfagno. Todos esses materiais devem ser

firmes e densos o suficiente para que a estaca se mantenha ereta até o enraizamento, e

também porosos para favorecer a presença de oxigênio e permitir o livre movimento da

água (SIMÃO, 1998).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização Morfológica

3.1.1 Banco Ativo de Germoplasma (BAG)

O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) localiza-se no Centro APTA Citros

Sylvio Moreira/IAC, no município de Cordeirópolis/SP, nas coordenadas 22°32’ S e

47°27’ W, a uma altitude de 639 m. Segundo a classificação de Köppen, o clima é do

tipo Cwa (clima subtropical com inverno seco e verão úmido). O solo é do tipo

Latossolo Vermelho distrófico (EMBRAPA, 2006), a média da precipitação pluvial

anual é de 1.221,2 mm, e da umidade relativa do ar é de 74,2%. A temperatura média

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anual é de 21,4 °C, sendo que a média da temperatura máxima é 27,8 °C, e da mínima é

14,8 °C (CIIAGRO/IAC, 2008).

Cada acesso do BAG é composto por três plantas, e todas recebem os tratos

culturais rotineiros da cultura. Estão enxertadas em tangerina Cleópatra, e plantadas no

espaçamento de 7,5 x 5,5 m. As plantas das variedades kunquat Nagami, laranja

Imperial e limão Faustrine foram plantadas em novembro/1983, e as de cidra Mão-de-

Buda, laranja Cipó e tangerina Venezuela em janeiro/1989.

3.1.2 Variedades

Seis variedades cítricas foram avaliadas morfologicamente: cidra Mão-de-Buda,

kunquat Nagami, laranja Cipó, laranja Imperial, limão Faustrine e tangerina Venezuela.

Todas são mantidas no BAG, do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC.

3.1.3 Coleta de dados

Para compor a amostra, foram utilizadas as três plantas de cada acesso, e

coletadas 10 folhas adultas, 10 flores totalmente abertas e 10 frutos maduros por planta,

perfazendo um total de 30 indivíduos por variedade. Esse material foi coletado na parte

externa da planta, ao redor de toda a copa, a uma altura de 1 a 2 m do solo, e avaliado de

acordo com o manual Descriptors for Citrus (IBPGR, 1999). O formato das folhas e os

tipos de margem foram estudados segundo HICKEY & KING (2004). As três árvores

de cada variedade também foram consideradas para as avaliações descritas a seguir.

3.1.3.1 Árvores

Foram tomadas as medidas de altura das árvores e de diâmetro das copas (no

sentido longitudinal à linha de plantio), utilizando-se uma régua graduada. Também

foram avaliados o formato das copas e a presença de espinhos.

3.1.3.2 Folhas

As folhas coletadas foram aquelas de tamanho mediano, que visualmente

compunham cerca de 80% das folhas da planta.

As medições de comprimento e de largura da lâmina foliar, considerando-se

sempre a maior medida, foram feitas com o auxílio de um escalímetro. Para a avaliação

da área individual das folhas, foi utilizado o medidor de área foliar da marca LI-Cor®,

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modelo LI-3100, e para a definição da coloração foi usado o colorímetro Minolta

CR-300, da marca Konica®.

Para a definição prática da coloração, foram utilizadas as lâminas foliares

inteiras, e tomadas três medidas aleatórias por lâmina foliar, de modo que o colorímetro

gerasse uma média que representasse a coloração da lâmina por inteiro. Dessas três

medidas, procurou-se localizar uma na parte basal, uma na parte central e uma na parte

apical da lâmina. A configuração do colorímetro utilizada foi a L*a*b*. Nessa

configuração, L* representa a luminosidade, e a* e b* representam a coloração. Valores

negativos muito baixos de L* representam a coloração preta ou muito escura, enquanto

valores positivos muito altos representam a coloração branca ou muito clara. Se a* for

negativo, representa a coloração verde, e se for positivo, a coloração vermelha. Com

relação a b*, se for negativo representa a coloração azul, e se for positivo, a coloração

amarela. Na ausência de valores de L*, valores de a* e b* próximos de zero

representam cores acromáticas. A definição da coloração e sua intensidade (mais clara

ou mais escura) porém, dependerá do conjunto dos valores obtidos das três variáveis

(L*, a* e b*) (MINOLTA, 1998).

Além das citadas, as seguintes variáveis também foram avaliadas: tipo da folha

(simples ou composta), formato da lâmina foliar, tipo de pecíolo (menor ou maior que a

lâmina foliar, ou ausente), tipo de margem, coloração da folha jovem e presença de

variegação. A coloração das folhas jovens foi avaliada visualmente e definida segundo o

manual Descriptors for Citrus (IBPGR, 1999), que considera somente as cores verde e

roxa. Quando a variegação foi constatada, considerou-se, para fins de definição de

coloração, as regiões fora das áreas de variegação. A presença ou a ausência de

fragrância também foi anotada.

3.1.3.3 Flores

As medidas de diâmetro de flor e de comprimento e largura de pétalas foram

feitas com o auxílio de um escalímetro. Além disso, avaliou-se o número de pétalas, a

coloração e o arranjo das flores na planta (se florescem isoladamente ou em

inflorescências). A coloração das pétalas foi definida segundo Descriptors for Citrus

(IBPGR, 1999), pois apresentam tamanho muito reduzido para a área do medidor de

coloração do colorímetro. As cores consideradas no manual são o branco, o amarelo-

claro, o amarelo e o roxo. A presença ou a ausência de fragrância também foi anotada.

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3.1.3.4 Frutos

Os frutos foram coletados quando apresentaram, visualmente, coloração amarela

para as variedades cidra Mão-de-Buda, tangerina Venezuela e laranja Imperial, e

coloração laranja para a laranja Cipó e o kunquat Nagami. Os frutos do limão Faustrine

foram coletados verdes, pois permanecem nessa coloração mesmo quando maduros. As

medidas de altura e diâmetro dos frutos foram feitas com o auxílio de um paquímetro,

considerando-se a região equatorial do fruto para a definição do diâmetro. Uma balança

foi utilizada para a medição da massa dos frutos, e o colorímetro Minolta CR-300 foi

usado para a definição da coloração da casca.

Para a definição prática da coloração, foram utilizados os frutos inteiros, e

tomadas três medidas aleatórias ao redor de cada fruto, de modo que o colorímetro

gerasse uma média que representasse a coloração do fruto por inteiro. Quando a

variegação foi constatada, considerou-se, para fins de definição de coloração, as regiões

fora das áreas de variegação. A configuração do colorímetro utilizada também foi a

L*a*b*. Outras variáveis ainda foram avaliadas, a saber: formato do fruto, textura da

casca, natureza das glândulas de óleo (discretas ou acentuadas) e localização dos frutos

na copa. A presença ou a ausência de fragrância também foi anotada.

3.1.4 Análise estatística

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. Para a

avaliação dos dados quantitativos, foram utilizadas as ferramentas da estatística

descritiva por meio do software Sisvar® (FERREIRA, 2003). A média das 30 medidas

simples coletadas de cada variável representou a variedade. O desvio padrão para cada

variedade também foi calculado. Para a análise dos dados qualitativos, a porcentagem

de freqüência de cada característica foi estimada.

3.2 Enxertia

3.2.1 Variedades

As variedades testadas no experimento de propagação por enxertia foram a cidra

Mão-de-Buda, o kunquat Nagami, a laranja Cipó, a laranja Imperial e a tangerina

Venezuela. O limão Faustrine foi excluído deste experimento pois as plantas não tinham

material vegetativo suficiente para a retirada de ramos com borbulhas adequadas para a

enxertia.

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As gemas dessas variedades foram enxertadas nos porta-enxertos de limão

Cravo e trifoliata Limeira.

3.2.2 Localização do experimento

O experimento foi instalado em telado anti-afídico, no Centro APTA Citros

Sylvio Moreira/IAC, localizado em Cordeirópolis/SP. A temperatura média no interior

do telado, no período do experimento (91 dias, de 10/12/2007 a 10/03/2008), foi de

25,3 °C, sendo que a média da temperatura máxima foi 31,8 °C, e da mínima foi

18,8 °C.

3.2.3 Porta-enxertos

Sementes de limão Cravo e de trifoliata Limeira foram semeadas em março de

2007, em tubetes de 50 mL, contendo o substrato Rendmax Citrus, da marca Eucatex®.

Esse substrato contém, em sua composição, casca de pínus, vermiculita expandida e

carvão moído, e é comumente utilizado para a produção de mudas cítricas (ZANETTI et

al., 2003). Após cerca de quatro meses a partir da data de germinação (em julho de

2007), as mudas foram transplantadas para sacos plásticos de coloração preta com

capacidade de 4 L, também contendo o substrato Rendmax Citrus. Durante o período de

desenvolvimento dos porta-enxertos, a irrigação foi feita diariamente e de forma

manual. A enxertia foi realizada quando as mudas apresentavam diâmetro de caule de 6

a 8 mm, comparável ao diâmetro de um lápis.

3.2.4 Enxertia

A enxertia foi realizada no dia 10/12/2007 e seus resultados foram avaliados

após 91 dias, em 10/03/2008. As mudas permaneceram sob o telado anti-afídico, e

foram irrigadas diariamente e de forma manual.

O método de enxertia utilizado foi o de borbulhia em “T” invertido que,

conforme descrevem CARVALHO et al. (2005) e TEÓFILO SOBRINHO (1991),

consiste na confecção de duas fendas no porta-enxerto. A primeira fenda é feita no

sentido transversal, e a segunda no sentido perpendicular, formando um “T” invertido.

Com a casca da fenda levantada, a gema a ser enxertada foi introduzida. As gemas

retiradas das cinco variedades avaliadas foram enxertadas a uma altura de 8 a 10 cm a

partir do nível do substrato. As borbulhas foram amarradas com fitilho plástico, de

modo que ficassem em contato com os porta-enxertos, evitando assim sua desidratação.

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Após 20 dias da enxertia, foi feito o corte do porta-enxerto, também chamado de

decapitação, logo acima do ponto de borbulhia. Esse procedimento é necessário para se

forçar a brotação, provocando um maior crescimento da muda (CARVALHO et al.,

2005). O fitilho plástico que envolvia a região da borbulhia foi retirado após 10 dias da

decapitação do porta-enxerto.

Após 91 dias da enxertia, as seguintes variáveis foram avaliadas: pegamento da

borbulha, comprimento da brotação do enxerto, número de folhas adultas por enxerto e

massa seca da brotação.

Nesse período, não foi observado nenhum sintoma de incompatibilidade entre

copa e porta-enxerto.

3.2.5 Análise estatística

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em

esquema fatorial duplo (dois porta-enxertos e cinco variedades), com, inicialmente, 12

repetições, totalizando 120 mudas.

Em função da morte de algumas borbulhas, essas 12 repetições foram utilizadas

apenas para o cálculo da porcentagem de pegamento de borbulha. Para a avaliação das

demais variáveis, foram utilizadas seis repetições, totalizando 60 mudas.

As médias dos dados resultantes foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

significância, por meio do software Sisvar® (FERREIRA, 2003), com a exceção da

análise de diferença estatística entre as taxas de pegamento de borbulha, que foi feita

segundo o teste de qui-quadrado (χ2) descrito por PIMENTEL-GOMES (2000).

3.3 Estaquia

3.3.1 Variedades

As variedades testadas no experimento de propagação por estaquia foram a cidra

Mão-de-Buda, o kunquat Nagami, a laranja Cipó, a laranja Imperial e a tangerina

Venezuela. O limão Faustrine foi novamente excluído do experimento, pois as plantas

não tinham material vegetativo suficiente para a retirada de estacas.

3.3.2 Localização do experimento

O experimento foi instalado em casa de vegetação telada com sistema de

nebulização intermitente, no Centro Experimental Central, do Instituto Agronômico

(IAC), localizado em Campinas/SP, nas coordenadas 22º53’ S e 47º04’ W e altitude de

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674 m. Segundo a classificação de Köppen, o clima é do tipo Cwa (clima subtropical

com inverno seco e verão úmido). A temperatura média no interior do telado, no

período do experimento (90 dias, de 19/03/2008 a 17/06/2008), foi de 22,2 °C, sendo

que a média da temperatura máxima foi 28,0 °C, e da mínima foi 16,3 °C.

3.3.3 Estaquia

A estaquia foi realizada no dia 19/03/2008, e seus resultados foram avaliados

após 90 dias, em 17/06/2008. As estacas permaneceram no interior da casa de vegetação

e foram irrigadas manualmente. Foi feita uma pulverização semanal com o inseticida

sistêmico Confidor 700 GrDA, da marca Bayer®, na proporção de 30 g/100 L, de modo

a combater o ataque de pragas em geral, mas principalmente de pulgões e cochonilhas.

Estacas semi-lenhosas foram coletadas de ramos com aproximadamente um ano

de idade, no período da manhã, e preparadas com cerca de 15 cm de comprimento e

metade de cada uma das duas últimas folhas apicais. O diâmetro das estacas não foi

padronizado. Depois de coletadas, as estacas foram embrulhadas em papel-jornal

umedecido e armazenadas em sacos plásticos, em caixa de isopor, com o objetivo de se

minimizar o estresse hídrico.

No dia seguinte, pela manhã, as bases das estacas foram mergulhadas em três

concentrações (0, 5.000 e 10.000 mg.L-1) de solução de ácido indolbutírico (AIB)

durante 10 segundos, e dispostas em vasos para o enraizamento, enterrando-se cerca de

2/3 de seu comprimento total. Os vasos foram então colocados em casa de vegetação

com sistema de nebulização intermitente. Esses vasos, com capacidade de 5 L, têm 20

cm de profundidade e abrigaram 20 estacas cada. O substrato utilizado foi o Rendmax

Citrus, da Eucatex®, mais vermiculita, na proporção de 1:1. A vermiculita foi

acrescentada para que se conservasse maior umidade.

Após 90 dias da estaquia, as seguintes variáveis foram avaliadas: sobrevivência

das estacas, enraizamento, formação de calos, retenção foliar, número de folhas novas

por estaca, número de raízes por estaca, comprimento da maior raiz por estaca e massa

seca de raízes por estaca.

3.3.4 Análise estatística

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em

esquema fatorial duplo (três concentrações de AIB e cinco variedades), com quatro

parcelas e 20 estacas por parcela por concentração de AIB, resultando em 240 estacas

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por variedade e 1200 estacas no total. No entanto, em função de uma única variedade ter

enraizado, a análise estatística em esquema fatorial duplo foi feita somente para a

variável número de folhas novas por estaca. Para a variedade que enraizou, foi então

feita a avaliação estatística no esquema do delineamento inteiramente casualizado,

considerando-se as três concentrações de AIB.

As médias dos dados resultantes foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

significância, por meio do software Sisvar® (FERREIRA, 2003).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização Morfológica

4.1.1 Árvores

Todas as variedades apresentam espinhos, com exceção do kunquat Nagami.

Foram encontradas descrições sobre a presença de espinhos somente para a variedade

cidra Mão-de-Buda e para a espécie M. australasica, utilizada no cruzamento que

originou o limão Faustrine (LORENZI et al., 2006; SWINGLE & REECE, 1967).

LORENZI et al. (2006) também confirmam a ausência de espinhos no kunquat Nagami,

o que favorece a utilização dessa variedade em jardins públicos, em locais onde existe a

presença de muitas crianças, ou em vasos.

As variedades cidra Mão-de-Buda e laranja Cipó apresentam forma de copa

oblata (Figura 1). Porém, para a variedade Cipó que produz ramos pendentes (Figura 2)

e que pode ser conduzida sobre pérgulas (LORENZI et al., 2006), não existe uma forma

determinada. Nas condições de campo do Banco Ativo de Germoplasma do Centro

APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, não há nenhum tipo de suporte sob a planta, o que

explicaria esse formato, conforme DONADIO et al. (1995) também descreveram. As

demais variedades apresentam formato de copa esferóide (Figura 3). As médias

encontradas para altura de planta e diâmetro de copa se encontram na tabela 1.

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Figura 1 - Variedades cidra Mão-de-Buda (a) e laranja Cipó (b) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Figura 2 - Ramos pendentes da variedade laranja Cipó (a) e interior da copa da mesma variedade (b) (Cordeirópolis/SP, 2008).

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Figura 3 - Variedades kunquat Nagami (a), laranja Imperial (b), limão Faustrine (c) e tangerina Venezuela (d) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Tabela 1 - Altura de planta e diâmetro de copa de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Altura da Planta (m)* Diâmetro da Copa (m)* Cidra Mão-de-Buda 2,59 4,00 Kunquat Nagami 3,60 3,83 Laranja Cipó 2,37 4,08 Laranja Imperial 4,37 4,36 Limão Faustrine 2,79 3,15 Tangerina Venezuela 4,45 3,99

*Média obtida a partir de três plantas.

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Todas as médias de altura encontradas concordam com a bibliografia consultada,

mencionada a seguir, com exceção da laranja Imperial que, segundo LORENZI et al.

(2006), atinge de 5,00 a 10,00 m de altura. No entanto, o formato de copa encontrado

corresponde ao descrito por SWINGLE & REECE (1967), mas não foram encontradas

outras citações a respeito do formato de copa para as variedades estudadas. A laranja

Cipó, também uma variedade de laranja doce, não deve ser comparada por essas

medidas, pois produz ramos pendentes. Ainda segundo LORENZI et al. (2006), as

cidras atingem cerca de 2,50 m de altura e as tangerinas de 3,00 a 5,00 m, o que

corresponde aos dados encontrados. Além disso, SAUNT (1990) e SWINGLE &

REECE (1967) encontraram medidas de altura para a variedade kunquat Nagami de

3,00 a 4,00 m, sendo que o valor encontrado neste trabalho foi de 3,60 m.

Não foram encontrados dados sobre a planta para a variedade limão Faustrine.

No entanto, HODGSON (1967) e SWINGLE & REECE (1967) mencionam que as

árvores das espécies utilizadas no cruzamento são de pequeno porte, enquanto

LORENZI et al. (2006) encontraram alturas de 2,00 a 4,00 m para a espécie C.

aurantifolia. Provavelmente a variedade Faustrine herdou essa característica.

Dados sobre o diâmetro das copas não foram encontrados na bibliografia

consultada.

4.1.2 Folhas

Todas as variedades apresentaram folhas do tipo simples e presença de

fragrância. Essas avaliações concordam com as descrições de tipo de folha encontradas

para as variedades de laranja doce Cipó e Imperial (DONADIO et al., 1995; SWINGLE

& REECE, 1967), para a tangerina Venezuela e o kunquat Nagami (SWINGLE &

REECE, 1967). Plantas do gênero Fortunella e C. aurantifolia, utilizadas no

cruzamento que originou o limão Faustrine, também produzem folhas simples

(SWINGLE & REECE, 1967). A presença de fragrância só foi constatada em C.

aurantifolia e em C. sinensis (as laranjas doces) (LORENZI et al., 2006).

Dentre as variedades avaliadas, a cidra Mão-de-Buda e as laranjas doces Cipó e

Imperial se sobressaíram por produzirem as maiores folhas (Figura 4). A tabela 2 mostra

os dados de comprimento, largura e área individual medidos para as folhas das

variedades estudadas. Seus respectivos formatos (Tabela 3) são expressos pelas

medidas. Como a maioria delas apresenta formato elíptico, ou qualquer outro formato

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que se aproxima do elíptico, a largura será sempre cerca da metade da medida do

comprimento.

Figura 4 - Folhas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Tabela 2 - Comprimento, largura e área individual de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Comprimento (cm)* Largura (cm)* Área Individual (cm2)*

Cidra Mão-de-Buda 10,12 ± 0,58 5,15 ± 0,28 38,09 ± 3,50 Kunquat Nagami 4,40 ± 0,30 1,95 ± 0,18 5,27 ± 0,58 Laranja Cipó 9,12 ± 0,59 5,46 ± 0,36 33,02 ± 3,30 Laranja Imperial 9,34 ± 0,71 5,13 ± 0,41 31,94 ± 3,19 Limão Faustrine 3,00 ± 0,32 1,45 ± 0,12 2,91 ± 0,33 Tangerina Venezuela 3,74 ± 0,24 1,97 ± 0,20 4,71 ± 0,53

*Média ± desvio padrão.

As medidas encontradas para tamanho de folha correspondem aos valores

descritos na bibliografia consultada, mencionada a seguir, embora algumas vezes sejam

citados valores bem abrangentes. Segundo LORENZI et al. (2006), folhas da variedade

cidra Mão-de-Buda medem de 7,00 a 17,00 cm de comprimento, enquanto as das

variedades de laranja doce Cipó e Imperial têm de 7,00 a 15,00 cm. Aliás, as medidas

encontradas para essas duas variedades de laranja doce são muito próximas entre si,

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além de corresponder à média do comprimento de folha (9,93 cm) encontrada por

DONADIO et al. (1995) para uma outra variedade de laranja doce, a Pêra. Folhas do

kunquat Nagami, segundo SWINGLE & REECE (1967), medem de 3,00 a 9,00 cm de

comprimento, enquanto para LORENZI et al. (2006), as da tangerina Venezuela medem

de 3,00 a 7,00 cm. Percebe-se portanto, que os valores encontrados correspondem aos

valores da bibliografia, embora aqueles estejam sempre incluídos na metade mais baixa

do intervalo descrito. Folhas do limão Faustrine são, provavelmente, uma média do

tamanho das folhas das três espécies utilizadas em seu cruzamento, pois as de M.

australasica medem de 2,20 a 2,50 cm de comprimento, e as de C. aurantifolia, de 5,00

a 7,50 cm (SWINGLE & REECE, 1967).

Medidas de largura só foram encontradas para M. australasica e para a

variedade de laranja doce Pêra. Para a primeira, a largura varia de 1,40 a 1,50 cm

(SWINGLE & REECE, 1967), o que corresponde à média da largura encontrada para o

limão Faustrine e, para a segunda, a média encontrada por DONADIO et al. (1995) foi

de 5,43 cm, mais uma vez corroborando com as medidas encontradas para as duas

variedades de laranja doce avaliadas, Cipó e Imperial.

Quanto à área individual da folha, só foram encontrados dados para algumas

variedades de laranja doce. Para a laranja Valência por exemplo, folhas que medem de

9,00 a 10,50 cm de comprimento, devem apresentar uma média de área individual de

31,80 cm2 em folhas produzidas por árvores de 29 anos (TURRELL, 1961 citado por

ERICKSON, 1968), o que corresponde aos dados encontrados. Já DONADIO et al.

(1995) encontraram uma média de área individual de 39,25 cm2 para a laranja Pêra, um

pouco acima do valor apresentado neste trabalho. Como as plantas estudadas por esses

autores estavam plantadas no município de Bebedouro/SP, essa diferença pode ter sido

ocasionada tanto pelas condições edafoclimáticas específicas da região, como pela

diferença de idade das plantas.

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Tabela 3 - Formato de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Elíptico1 (%) Oval2 (%) Obovado3 (%) Ovado4 (%)

Cidra Mão-de-Buda 53,3 46,7 ---- ---- Kunquat Nagami 90,0 ---- 10,0 ---- Laranja Cipó 90,0 ---- ---- 10,0 Laranja Imperial 90,0 ---- 10,0 ---- Limão Faustrine 76,7 ---- 23,3 ---- Tanger. Venezuela 83,3 ---- ---- 16,7

1Em forma de elipse (HICKEY & KING, 2004). 2Em formato elíptico, mas com uma largura maior (HICKEY & KING, 2004). 3Em formato de ovo, mas mais largo na porção apical (HICKEY & KING, 2004). 4Em formato de ovo, mais largo na porção basal (HICKEY & KING, 2004).

Descrições sobre os formatos das folhas só foram encontradas para as variedades

cidra Mão-de-Buda (HODGSON, 1967; SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967) e

laranja Cipó (DONADIO et al., 1995), e para a espécie C. aurantifolia (SWINGLE &

REECE, 1967), e concordam com os dados apresentados. Apesar disso, QUEIROZ-

VOLTAN & BLUMER (2005) mencionam que os citros em geral produzem folhas de

formato elíptico. Avaliações feitas nas lâminas foliares da cidra Mão-de-Buda porém,

demonstraram que apenas 53,3% das folhas apresentaram formato elíptico, e que o

restante (46,7%) tem formato oval. Esses formatos são semelhantes entre si, sendo que o

formato oval apresenta uma largura maior do que o elíptico (Figura 5).

Fonte: HICKEY & KING, 2004.

Figura 5 - Formatos encontrados nas folhas das variedades estudadas: elíptico (a), oval (b), obovado (c) e ovado (d).

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As folhas são, em sua maioria, brevipecioladas (Tabela 4), com exceção da cidra

Mão-de-Buda e do limão Faustrine que apresentam, respectivamente, 80,0% e 53,3% de

ausência de pecíolo, discordando de LORENZI et al. (2006). Esses autores descreveram

as folhas da cidra Mão-de-Buda como sendo brevipecioladas. Já para o limão Faustrine,

o gênero Fortunella e a espécie C. aurantifolia também produzem folhas

brevipecioladas (SWINGLE & REECE, 1967), porém não foram encontradas

descrições para M. australasica, espécie que pode ter influenciado nessa característica.

Folhas dos kunquats, das laranjas doces e das tangerinas também foram descritas como

sendo brevipecioladas por KOEHLER-SANTOS et al. (2003) e SWINGLE & REECE

(1967).

Tabela 4 - Tipo de pecíolo de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Brevipeciolada (%)* Ausência de Pecíolo (%) Cidra Mão-de-Buda 20,0 80,0 Kunquat Nagami 70,0 30,0 Laranja Cipó 100,0 0,0 Laranja Imperial 100,0 0,0 Limão Faustrine 46,7 53,3 Tangerina Venezuela 96,7 3,3

*Pecíolo menor que a lâmina foliar.

Com relação ao tipo de margem, o que predomina é a crenulada (Tabela 5), ao

contrário do que descreve QUEIROZ-VOLTAN & BLUMER (2005). Esses autores

citam que a maioria dos citros produz folhas com margem lisa. A exceção, dentre as

variedades avaliadas, é a cidra Mão-de-Buda, que apresenta maior porcentagem de

folhas com margem serrilhada, confirmando o que foi encontrado por HODGSON

(1967), SAUNT (1990) e SWINGLE & REECE (1967). Não foram encontradas

descrições das margens de folhas para as outras variedades.

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Tabela 5 - Tipo de margem de folhas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Crenulada1 (%)

Serrilhada2 (%)

Ser. + Cren.3 (%)

Cren. + Ser.4 (%)

Lisa + Cren.5 (%)

Cidra Mão-de-Buda 3,3 76,7 13,3 6,7 ----

Kunquat Nagami 73,3 ---- ---- ---- 26,7

Laranja Cipó 100,0 ---- ---- ---- ----

Laranja Imperial 63,3 ---- ---- ---- 36,7

Limão Faustrine 70,0 ---- ---- ---- 30,0

Tangerina Venezuela 100,0 ---- ---- ---- ---- 1Com “dentes” pequenos e arredondados (HICKEY & KING, 2004). 2Com “dentes” pequenos em forma de serra (HICKEY & KING, 2004). 3Margem serrilhada na metade basal passando à crenulada na metade apical. 4Margem crenulada na metade basal passando à serrilhada na metade apical. 5Margem lisa na metade basal passando à crenulada na metade apical.

Quanto à coloração, todas as variedades estudadas apresentaram valores muito

próximos entre si (Tabela 6). Esses valores, segundo MINOLTA (1998), representam a

coloração verde-escura para folhas adultas. Dados de coloração só foram encontrados

para as variedades laranja Cipó (DONADIO et al., 1995) e kunquat Nagami (SAUNT,

1990), e concordam com a coloração verde-escura. Somente as variedades cidra Mão-

de-Buda e limão Faustrine produzem folhas jovens de coloração roxa, sendo que o

restante produz folhas jovens verdes. A variedade laranja Imperial é a única, dentre as

estudadas, que apresentou variegação em suas folhas, conforme também encontrado por

LORENZI et al. (2006) (Figura 6). A presença de variegação é uma característica muito

atrativa para a utilização dessa variedade no paisagismo.

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Tabela 6 - Coloração de folhas adultas de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade L* * 1 a* * 2 b* * 3

Cidra Mão-de-Buda 37,29 ± 2,30 -15,07 ± 1,40 21,08 ± 3,09 Kunquat Nagami 36,36 ± 1,75 -11,02 ± 1,60 16,15 ± 2,42 Laranja Cipó 36,16 ± 2,48 -14,18 ± 1,63 16,15 ± 3,45 Laranja Imperial 38,51 ± 2,08 -12,12 ± 1,61 16,68 ± 2,71 Limão Faustrine 40,51 ± 2,39 -15,46 ± 1,86 22,60 ± 3,66 Tangerina Venezuela 37,41 ± 2,49 -13,72 ± 1,52 18,91 ± 3,27

*Média ± desvio padrão. 1L* representa valores para luminosidade (MINOLTA, 1998). 2a* representa valores para a coloração verde (-) em direção à vermelha (+) (MINOLTA, 1998). 3b* representa valores para a coloração azul (-) em direção à amarela (+) (MINOLTA, 1998).

Figura 6 - Variegação nas folhas da variedade laranja Imperial (Cordeirópolis/SP, 2008).

4.1.3 Flores

Todas as variedades estudadas produzem flores brancas com presença de

fragrância, conforme também descreveram LORENZI et al. (2006) para a cidra Mão-de-

Buda, a tangerina Venezuela, as laranjas doces Cipó e Imperial e para a espécie C.

aurantifolia. Não foram encontradas descrições de presença de fragrância para o gênero

Fortunella (os kunquats). Flores das variedades kunquat Nagami, laranja Imperial e

limão Faustrine são produzidas isoladamente, enquanto as da cidra Mão-de-Buda,

laranja Cipó e tangerina Venezuela são produzidas em inflorescências (Figura 7).

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Figura 7 - Flores que nascem isoladamente das variedades kunquat Nagami (a), laranja Imperial (b) e limão Faustrine (c), e inflorescências da cidra Mão-de-Buda (d), laranja Cipó (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Dados encontrados sobre o modo como as flores são produzidas variam.

LORENZI et al. (2006) e SWINGLE & REECE (1967) por exemplo, mencionam que

as flores das tangerinas, das laranjas doces e dos kunquats são produzidas tanto

isoladamente quanto em inflorescências. A cidra Mão-de-Buda e a espécie C.

aurantifolia produzem somente inflorescências, enquanto flores da espécie M.

australasica nascem isoladamente (SWINGLE & REECE, 1967).

Flores da cidra Mão-de-Buda e das variedades de laranja doce Cipó e Imperial

se sobressaíram por apresentarem o maior tamanho, sendo que a cidra Mão-de-Buda

produz as maiores flores dentre todas as variedades avaliadas (Tabela 7 e Figura 8). As

que apresentaram o menor tamanho de flor foram o kunquat Nagami e a tangerina

Venezuela. Porém, no caso da tangerina Venezuela, esse tamanho reduzido é

compensado pela grande produção de flores por planta, observado visualmente no

campo (Figura 9). O kunquat Nagami apresentou o maior número de pétalas por flor,

sendo também a variedade que mostrou o maior valor de desvio padrão para essa

variável. No entanto, por apresentar flores de tamanho pequeno, essa variação no

número de pétalas não é significativa para fins ornamentais, pois também não é muito

distinguível visualmente.

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Tabela 7 - Diâmetro e comprimento, largura e número de pétalas de flores de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Diâmetro Flor (cm)*

Compr. Pétalas (cm)*

Larg. Pétalas (cm)*

Núm. Pétalas*

Cidra Mão-de-Buda 4,66 ± 0,30 2,39 ± 0,18 0,74 ± 0,10 5,27 ± 0,78 Kunquat Nagami 1,98 ± 0,11 0,90 ± 0,07 0,37 ± 0,03 6,13 ± 1,14 Laranja Cipó 3,99 ± 0,32 1,92 ± 0,17 0,76 ± 0,06 4,93 ± 0,25 Laranja Imperial 3,95 ± 0,12 2,01 ± 0,08 0,71 ± 0,06 5,00 ± 0,00 Limão Faustrine 2,84 ± 0,38 1,46 ± 0,18 0,66 ± 0,07 3,33 ± 0,48 Tangerina Venezuela 2,16 ± 0,08 1,00 ± 0,04 0,40 ± 0,02 5,00 ± 0,00

*Média ± desvio padrão.

Quanto ao número de pétalas, LORENZI et al. (2006) e SWINGLE & REECE

(1967) mencionam que tanto a cidra Mão-de-Buda como as laranjas doces produzem

flores com cinco. No entanto, esse número variou nas avaliações feitas. As únicas

variedades que não apresentaram variação foram a laranja Imperial, concordando com

LORENZI et al. (2006) e SWINGLE & REECE (1967), e a tangerina Venezuela. Não

foram encontrados dados específicos para o kunquat Nagami, mas SWINGLE &

REECE (1967) descreveram as flores do gênero Fortunella com cinco pétalas, que

raramente variam de quatro a seis. No campo, foram encontradas flores de quatro a até

10 pétalas. LORENZI et al. (2006) mencionam ainda que flores de C. aurantifolia

podem ter de quatro a oito pétalas, o que pode explicar a variação no número de pétalas

de flores do limão Faustrine, mesmo sendo o número mais baixo dentre as variedades

avaliadas e também apresentar um valor baixo para o desvio padrão. O número de

pétalas produzidas em flores de M. australasica é desconhecido.

Só foram encontrados dados de tamanho de pétalas para as espécies utilizadas no

cruzamento que originou o limão Faustrine. Segundo SWINGLE & REECE (1967), C.

aurantifolia produz flores com pétalas que variam de 0,80 a 1,20 cm de comprimento e

de 0,24 a 0,40 cm de largura. As pétalas das flores do gênero Fortunella variam de 0,80

a 1,20 cm de comprimento, enquanto as de M. australasica são bem menores, variando

de 0,70 a 0,80 cm de comprimento. Considerando os valores encontrados, o limão

Faustrine deve ter herdado os maiores tamanhos para suas pétalas, tanto os de

comprimento como os de largura.

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Figura 8 - Flores das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Figura 9 - Botões florais e flores da variedade tangerina Venezuela (Cordeirópolis/SP, 2008).

4.1.4 Frutos

Todas as variedades avaliadas produzem frutos tanto no interior como ao redor

da copa. No entanto, a maior produção do kunquat Nagami, da laranja Imperial e da

tangerina Venezuela se localiza ao redor da copa, enquanto da cidra Mão-de-Buda se

localiza no interior. Frutos da laranja Cipó e do limão Faustrine são distribuídos

igualmente no interior e ao redor da copa. Porém, no caso da laranja Cipó,

provavelmente a maior produção se dá ao redor da copa, mas como seus ramos são

pendentes, os frutos “caem” em direção ao seu interior, como se a planta estivesse

crescendo sobre pérgulas (Figura 2b).

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Todos os frutos apresentaram presença de fragrância e variaram muito quanto a

seus formatos entre as variedades. Descrições de presença de fragrância só foram

encontradas para as cidras (HODGSON, 1967; SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE,

1967), os kunquats (SWINGLE & REECE, 1967) e a tangerina Venezuela (PIO et al.,

2005). No caso da variedade Venezuela, a fragrância produzida se assemelha àquela

produzida por eucaliptos, como observado subjetivamente no campo e confirmado pela

bibliografia consultada (PIO et al., 2005). A porcentagem de freqüência dos formatos é

mostrada na tabela 8 e podem ser vistos na figura 10.

Tabela 8 - Formato de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Alongado (%) Elipsóide (%)1 Esferóide (%)2 Oblato (%)3

Cidra Mão-de-Buda 100,0 ---- ---- ---- Kunquat Nagami ---- 86,7 13,3 ---- Laranja Cipó ---- 6,7 93,3 ---- Laranja Imperial ---- 3,3 96,7 ---- Limão Faustrine 100,0 ---- ---- ---- Tangerina Venezuela ---- ---- 10,0 90,0

1Contorno elíptico, mas em um corpo tri-dimensional (HICKEY & KING, 2004). 2Contorno esférico, mas em um corpo tri-dimensional. 3Formato arredondado, porém a largura é maior que a altura.

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Figura 10 - Frutos das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).

A maioria dos frutos das laranjas doces Cipó e Imperial apresentaram formato

esferóide, como também DONADIO et al. (1995) encontraram para a variedade Cipó.

De fato, SWINGLE & REECE (1967) constataram que frutos da espécie C. sinensis

apresentam formato esferóide ou elipsóide. Frutos do kunquat Nagami são,

predominantemente, elipsóides, confirmado também por SAUNT (1990) e SWINGLE

& REECE (1967). Os da tangerina Venezuela são de forma oblata, como também

encontrado por ARAUJO & SALIBE (2002), KOEHLER-SANTOS et al. (2003), PIO

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(1997), RADMANN & OLIVEIRA (2003) e SWINGLE & REECE (1967) para

tangerinas em geral. A totalidade dos frutos da cidra Mão-de-Buda e do limão Faustrine

são de formato alongado. Os da cidra Mão-de-Buda porém, apresentaram formatos

muito variados, concordando com HODGSON (1967) e SAUNT (1990). Além disso, a

existência de sulcos acentuados em sua superfície, conforme também citado por

SWINGLE & REECE (1967), faz com que esse formato seja dificilmente padronizado

(Figura 11). Com relação ao híbrido limão Faustrine, o formato alongado é

provavelmente proveniente de M. australasica, pois somente essa espécie, dentre as

utilizadas no seu cruzamento, produz frutos de formato alongado e cilíndrico

(SWINGLE & REECE, 1967). Frutos de Fortunella e de C. aurantifolia são elipsóides

(HODGSON, 1967; SWINGLE & REECE, 1967).

Figura 11 - Frutos da variedade cidra Mão-de-Buda (Cordeirópolis/SP, 2008).

Igualmente à diversidade de formato de frutos, medidas de dimensão e massa

também variaram muito entre as variedades estudadas (Tabela 9 e Figura 13). No

entanto, as medidas de altura e diâmetro expressam as formas encontradas, como

acontece com as folhas. Para a cidra Mão-de-Buda e o limão Faustrine que

apresentaram formato alongado, as medidas de diâmetro são cerca da metade do valor

encontrado para a altura. As medidas de altura e de diâmetro do formato esférico das

laranjas doces Cipó e Imperial são similares, expressando exatamente o formato

esférico, que deve apresentar, a partir de um eixo central, a mesma distância em todas as

direções. Essa semelhança entre suas medidas demonstra que ambas as variedades são

provenientes da mesma espécie, C. sinensis. Quanto à tangerina Venezuela, as medidas

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de diâmetro são maiores do que as medidas de altura, o que corresponde a sua forma

oblata.

Quanto ao kunquat Nagami, apesar de apresentar o formato elipsóide, sua

relação entre altura e diâmetro é similar à das duas laranjas doces, o que demonstra que

seus frutos são também levemente esferóides. No entanto, segundo KLEIN et al. (1985),

SAUNT (1990) e SWINGLE & REECE (1967), os frutos da variedade Meiwa são mais

largos que os de Nagami. E além disso, os dados de tamanho descritos para a variedade

Meiwa correspondem aos mostrados para a Nagami (Tabela 9). Segundo SAUNT

(1990), frutos do kunquat Nagami medem de 2,00 a 3,00 cm de altura e de 0,70 a 2,00

cm de diâmetro, demonstrando o formato elipsóide, também descrito por WALHEIM

(1996). SWINGLE & REECE (1967) mencionam ainda que frutos do kunquat Meiwa

medem de 2,50 a 3,50 cm de altura e de 2,50 a 2,80 cm de diâmetro. Valores de

diâmetro encontrados nas avaliações para o kunquat Nagami até mesmo ultrapassaram o

valor encontrado na bibliografia, confirmando o que já foi mencionado anteriormente

que, apesar de os frutos apresentarem formato elipsóide, a relação altura/diâmetro

mostra que são também levemente esferóides. Além disso, SWINGLE & REECE

(1967) também mencionam que frutos do kunquat Meiwa apresentam formatos que vão

do elipsóide ao esferóide (Figura 12).

Dados encontrados na bibliografia descrevem ainda que essas variedades, além

de serem distinguíveis pelo formato, também o são pelo sabor. Apesar de a avaliação do

sabor não estar prevista neste estudo, avaliou-se subjetivamente essa variável somente

para essas duas variedades. Segundo SAUNT (1990), SWINGLE & REECE (1967) e

WALHEIM (1996), frutos do kunquat Nagami apresentam um sabor ácido, enquanto

SAUNT (1990) menciona ainda que a variedade Meiwa produz os frutos mais doces

dentre os kunquats. De fato, os frutos avaliados do kunquat Nagami apresentaram sabor

mais adocicado do que os do Meiwa.

Assim sendo, baseado na bibliografia disponível e nas características observadas

neste trabalho, recomenda-se uma melhor averiguação sobre uma possível troca de

etiquetas dos acessos dos kunquats Meiwa e Nagami no Banco Ativo de Germoplasma

do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC.

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Fonte (a): WALHEIM, 1996.

Figura 12 - Frutos das variedades Meiwa (a1) e Nagami (a2) descritos na bibliografia, e do kunquat Meiwa (b) e kunquat Nagami (c) cultivados no Banco Ativo de Germoplasma do Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC (Cordeirópolis/SP, 2008).

As variedades kunquat Nagami e tangerina Venezuela, considerada uma

microtangerina, se destacaram por apresentarem os menores tamanhos de fruto. De fato,

KOEHLER-SANTOS et al. (2003) consideraram frutos de tamanho pequeno para

variedades de tangerinas quando estes mediram de 2,00 a 3,50 cm de altura e de 3,00 a

4,50 cm de diâmetro, dentre 37 variedades. O tamanho pequeno dos frutos pode ser uma

característica interessante para o cultivo dessas plantas em vaso.

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Tabela 9 - Altura, diâmetro e massa de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Altura (cm)* Diâmetro (cm)* Massa (g)*

Cidra Mão-de-Buda 13,28 ± 2,51 6,31 ± 0,76 265,39 ± 100,15 Kunquat Nagami 3,33 ± 0,24 3,14 ± 0,21 18,68 ± 3,51 Laranja Cipó 7,63 ± 0,38 7,35 ± 0,29 198,78 ± 19,92 Laranja Imperial 7,53 ± 0,41 7,19 ± 0,36 197,67 ± 25,50 Limão Faustrine 7,61 ± 0,53 3,29 ± 0,19 43,90 ± 5,53 Tangerina Venezuela 3,32 ± 0,23 3,86 ± 0,27 25,24 ± 4,16

*Média ± desvio padrão.

Figura 13 - Frutos das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d), limão Faustrine (e) e tangerina Venezuela (f) (Cordeirópolis/SP, 2008).

Dentre as laranjas doces, somente foram encontrados dados de tamanho para a

laranja Cipó, e são menores do que os encontrados nas avaliações feitas neste trabalho.

Segundo DONADIO et al. (1995), frutos medem uma média de 6,80 cm de altura e 6,90

cm de diâmetro. Já para o limão Faustrine, a média da altura encontrada nas avaliações

concordam com os dados encontrados para M. australasica (de 6,50 a 10,00 cm)

(SWINGLE & REECE, 1967). No entanto, segundo os dados resultantes, frutos do

limão Faustrine são mais largos que os dessa espécie, pois SWINGLE & REECE (1967)

encontraram valores de diâmetro que variaram de 1,50 a 2,50 cm. A largura do limão

Faustrine pode então ter sido influenciada pelas outras espécies utilizadas no seu

cruzamento, pois seus frutos apresentam formato elipsóide. Não foram encontrados

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valores específicos para a tangerina Venezuela, mas os dados resultantes concordam

com aqueles encontrados por ARAUJO & SALIBE (2002) para outras microtangerinas.

A massa dos frutos das variedades estudadas também variou muito, a exemplo

dos formatos e dos tamanhos. A cidra Mão-de-Buda, além de apresentar frutos com a

maior massa, também foi a variedade que teve o maior valor de desvio padrão, muito

superior aos outros. Mais uma vez, esses valores confirmam o fato de que seus frutos

são dificilmente padronizáveis (Figura 14). Como o kunquat Nagami e a tangerina

Venezuela produzem frutos com as menores dimensões, os valores de massa também

foram os menores. As laranjas doces Cipó e Imperial apresentaram valores de massa

muito próximos, correspondentes ao valor encontrado para uma outra variedade de

laranja doce, a Pêra (LARANJA, s.d.). No entanto, existem valores encontrados na

bibliografia para uma mesma variedade que são discordantes. Enquanto LARANJA

(s.d.) menciona uma média de 190 g por fruto para a laranja Pêra, POZZAN &

TRIBONI (2005) mencionam um valor que varia de 146 a 156 g. E ainda, DONADIO

et al. (1995) descreveram um peso médio de 146 g para frutos da laranja Cipó, muito

inferior ao encontrado nas avaliações deste trabalho. Essas diferenças de tamanho

portanto, podem variar segundo as condições edafoclimáticas de cada local de

avaliação, conforme DOMINGUES et al. (1999) relatam. Não foram encontrados dados

de massa para as espécies utilizadas no cruzamento que originou o limão Faustrine.

Figura 14 - Tamanhos e formatos diferentes de frutos maduros da variedade cidra Mão-de-Buda (Cordeirópolis/SP, 2008).

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Os frutos das variedades estudadas também apresentaram suas cascas com

características diferentes entre si. A totalidade dos frutos avaliados de cada variedade

apresentou as características conforme descritas na tabela 10.

Tabela 10 - Características de casca de frutos de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade Lisa Áspera Papilas1 Irregular Esburacada Sulcos acentuados

Cidra Mão-de-Buda ---- √ √ √ ---- √ Kunquat Nagami √ ---- ---- ---- ---- ---- Laranja Cipó ---- √ √ ---- ---- ---- Laranja Imperial ---- √ ---- √ ---- ---- Limão Faustrine √ ---- ---- ---- ---- ---- Tangerina Venezuela √ ---- √ √ √ ----

1“Buracos” na casca em forma de cone invertido, em direção ao interior do fruto (HICKEY & KING, 2004).

Segundo HODGSON (1967), SAUNT (1990) e SWINGLE & REECE (1967),

frutos da variedade cidra Mão-de-Buda apresentam superfície irregular e com sulcos

acentuados, concordando com os dados encontrados nestas avaliações. No entanto,

esses mesmos autores mencionam que a superfície pode ser lisa ou áspera, enquanto só

foram encontrados frutos com a superfície áspera. A superfície lisa encontrada para os

frutos do kunquat Nagami e do limão Faustrine concorda com SAUNT (1990) para a

variedade Nagami e com HODGSON (1967) e SAUNT (1990) para duas espécies

utilizadas no cruzamento que originou o limão Faustrine, C. aurantifolia e Fortunella,

respectivamente. Não foram encontrados dados para M. australasica. Embora a

superfície dos frutos da variedade de laranja doce Pêra seja lisa (HODGSON, 1967;

POZZAN & TRIBONI, 2005; SAUNT, 1990), frutos das laranjas Cipó e Imperial

apresentaram superfície áspera, concordando com DONADIO et al. (1995) com relação

à laranja Cipó. Apesar de dados de superfície de frutos não terem sido encontrados para

a laranja Imperial, os frutos dessas duas variedades só apresentaram características

diferentes por causa da variegação presente na laranja Imperial, pois a região de

variegação é proeminente quando comparada ao restante da casca (Figura 15).

LORENZI et al. (2006) também mencionaram a presença de variegação nos frutos dessa

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variedade. Com relação à tangerina Venezuela, KOEHLER-SANTOS et al. (2003)

descreveram uma superfície lisa para frutos de diversas tangerinas, mas não

mencionaram nenhuma outra característica semelhante ao encontrado para a variedade

Venezuela.

Figura 15 - Frutos da variedade laranja Imperial mostrando a região de variegação, mais escura e proeminente na casca (Cordeirópolis/SP, 2008).

As glândulas de óleo presentes nas cascas dos frutos de kunquat Nagami e das

laranjas doces Cipó e Imperial são acentuadas (Figura 16) e facilmente visíveis.

DONADIO et al. (1995) também mencionaram a presença de glândulas de óleo

acentuadas na casca da laranja Cipó. Já na cidra Mão-de-Buda, no limão Faustrine e na

tangerina Venezuela, elas são discretas. Não foram encontrados dados sobre a natureza

das glândulas de óleo para as outras variedades avaliadas.

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Figura 16 - Glândulas de óleo acentuadas na casca dos frutos da variedade laranja Imperial (Cordeirópolis/SP, 2008).

Os valores de coloração encontrados foram novamente diferentes entre as

variedades (Tabela 11).

Tabela 11 - Coloração de frutos maduros de variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em tangerina Cleópatra (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade L* * 1 a* * 2 b* * 3

Cidra Mão-de-Buda 61,91 ± 2,99 1,72 ± 2,57 42,47 ± 7,37 Kunquat Nagami 62,86 ± 1,90 18,53 ± 3,25 60,38 ± 2,84 Laranja Cipó 69,62 ± 1,91 12,94 ± 2,25 70,73 ± 1,89 Laranja Imperial 75,83 ± 2,07 0,34 ± 2,16 66,34 ± 2,96 Limão Faustrine 46,94 ± 1,89 -17,53 ± 0,65 30,89 ± 2,21 Tangerina Venezuela 68,93 ± 2,35 5,95 ± 2,39 63,45 ± 3,09

*Média ± desvio padrão. 1L* representa valores para luminosidade (MINOLTA, 1998). 2a* representa valores para a coloração verde (-) em direção à vermelha (+) (MINOLTA, 1998). 3b* representa valores para a coloração azul (-) em direção à amarela (+) (MINOLTA, 1998).

Os valores de L* são próximos entre si, com exceção para a variedade limão

Faustrine, que apresentou uma coloração mais escura. Os outros valores representam

cores mais claras e vivas. Os valores de a* e b* para as variedades cidra Mão-de-Buda,

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laranja Imperial e tangerina Venezuela correspondem à coloração amarela, conforme

também descrito por HODGSON (1967), SAUNT (1990) e SWINGLE & REECE

(1967) para as cidras em geral. Não foram encontrados dados específicos para a

tangerina Venezuela, mas SWINGLE & REECE (1967) descrevem as tangerinas com

uma coloração que varia da laranja à laranja-avermelhada. Já as variedades kunquat

Nagami e laranja Cipó, por terem um valor um pouco mais alto de vermelho,

apresentaram a coloração laranja clara, concordando com SWINGLE & REECE (1967)

para o kunquat Nagami e com DONADIO et al. (1995) para a laranja Cipó. Valores

para o limão Faustrine demonstram a coloração verde, o que corresponde à coloração

encontrada para C. aurantifolia (SAUNT, 1990; SWINGLE & REECE, 1967) e para M.

australasica (SWINGLE & REECE, 1967). Esses frutos apresentam a coloração verde-

amarelada quando entram na fase de senescência (SAUNT, 1990; SWINGLE &

REECE, 1967). Frutos das espécies de Fortunella apresentam uma coloração que varia

da amarelo-ouro à laranja-avermelhada (HODGSON, 1967; SWINGLE & REECE,

1967), mas essa característica não foi herdada pela variedade limão Faustrine.

4.2 Enxertia

Dentre os dois porta-enxertos avaliados, o trifoliata Limeira apresentou maior

porcentagem geral de pegamento de borbulha, que foi de 88,3%. No entanto, a

porcentagem apresentada pelo limão Cravo, 78,3%, ainda é considerada alta quando

observada isoladamente.

Sabe-se que o trifoliata apresenta incompatibilidade com algumas variedades,

como a laranja doce Pêra e o tangor Murcott (POMPEU JÚNIOR, 2001; POMPEU

JÚNIOR, 2005). No entanto, STUCHI (2003) afirma que espécies incompatíveis entre

si resultam, muitas vezes, em uma baixa taxa de pegamento de borbulha, o que não

aconteceu neste experimento. Como já mencionado, o trifoliata Limeira apresentou

resultados gerais de pegamento de borbulha mais altos que os encontrados para o limão

Cravo, não evidenciando portanto, problemas de incompatibilidade com as variedades

copa testadas.

Os resultados específicos para as laranjas doces para o porta-enxerto trifoliata

Limeira também foram altos (91,7% para a variedade Cipó e 83,3% para a Imperial)

(Tabela 12). Não se constatou problema de pegamento para a laranja Cipó enxertada

sobre ambos porta-enxertos, entretanto, a laranja Imperial apresentou baixa taxa quando

enxertada no limão Cravo (66,7%). Neste caso, futuros experimentos, de duração mais

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longa, são necessários para a confirmação da presença ou da ausência de

incompatibilidade entre os porta-enxertos e as variedades de laranja doce avaliadas.

Tabela 12 - Pegamento de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade/porta-enxerto % Pegamento Cidra Mão-de-Buda/limão Cravo 91,7 Kunquat Nagami/limão Cravo 50,0 Laranja Cipó/limão Cravo 91,7 Laranja Imperial/limão Cravo 66,7 Tangerina Venezuela/limão Cravo 91,7 Cidra Mão-de-Buda/trifoliata Limeira 100,0 Kunquat Nagami/trifoliata Limeira 66,7 Laranja Cipó/trifoliata Limeira 91,7 Laranja Imperial/trifoliata Limeira 83,3 Tangerina Venezuela/trifoliata Limeira 100,0

A variedade kunquat Nagami foi a que apresentou as menores taxas de

pegamento para os dois porta-enxertos, sendo 50,0% para o limão Cravo e 66,7% para o

trifoliata Limeira. Já as variedades cidra Mão-de-Buda e tangerina Venezuela

mostraram as mais altas taxas, e apresentaram resultados iguais para ambos porta-

enxertos (91,7% para o limão Cravo e 100,0% para o trifoliata Limeira).

A tabela 13 apresenta os resultados gerais de porcentagem de pegamento de

borbulha para cada variedade. As taxas encontradas para a cidra Mão-de-Buda e a

tangerina Venezuela foram as mais altas dentre todas as variedades estudadas, seguidas

pela laranja Cipó. A variedade laranja Imperial apresentou um valor mediano porque

também apresentou uma porcentagem mais baixa quando enxertada sobre o limão

Cravo. No entanto, a taxa geral para essa variedade ainda é considerada alta quando

avaliada isoladamente. O kunquat Nagami foi a que apresentou a taxa mais baixa dentre

todas as variedades avaliadas.

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Tabela 13 - Pegamento total de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008).

Variedade % Pegamento Cidra Mão-de-Buda 95,8 Kunquat Nagami 58,3 Laranja Cipó 91,7 Laranja Imperial 75,0 Tangerina Venezuela 95,8

As porcentagens de pegamento de borbulha não apresentaram diferença

estatística significativa entre as combinações variedade/porta-enxerto, nem entre os

resultados gerais dos porta-enxertos ou das variedades, segundo o teste de qui-quadrado

(χ2) descrito por PIMENTEL-GOMES (2000). Valores do χ2 calculado e limites do χ2

tabelado a 1% e 5% de significância são mostrados na tabela 14.

Tabela 14 - Valores do χ2 calculado e limites do χ2 tabelado para análise da existência de diferença estatística entre as porcentagens de pegamento de borbulha para variedades cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008).

Conjunto de dados χ2 calculado1 G.L.2 χ2 tabelado3

5% 1%

Variedades/porta-enxertos 3,60 9 16,92 21,67 Porta-enxertos 0,36 1 3,84 6,64 Variedades cítricas 3,10 4 9,49 13,28

1O valor do χ2 calculado deve ser maior que o valor do χ2 tabelado para expressar diferença estatística significativa. 2Graus de liberdade. 3Níveis de significância (PIMENTEL-GOMES, 2000).

Sabe-se que o limão Cravo confere um alto vigor à copa (POMPEU JÚNIOR,

2005) e, de fato, quando os dados de todas as variáveis medidas foram analisados, esse

porta-enxerto se sobressaiu por apresentar resultados mais altos, expressando um maior

crescimento nos enxertos (Tabela 15). Houve interação significativa porta-enxerto x

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variedade copa para todas as variáveis medidas. Isso significa que os resultados obtidos

são específicos para cada variedade, ou seja, o comportamento do porta-enxerto, no

caso deste experimento, depende da variedade.

Sabe-se também que o trifoliata exerce um efeito ananicante sobre suas copas,

resultando em plantas menores que aquelas enxertadas sobre outro porta-enxerto,

requerendo ainda um maior tempo de formação de mudas (POMPEU JÚNIOR, 2005).

Isso explicaria a diferença de crescimento inicial de brotação entre o trifoliata Limeira e

o limão Cravo.

Comparando-se apenas as variedades, a tangerina Venezuela apresentou os

maiores resultados para todas as variáveis medidas, seguida das laranjas doces Cipó e

Imperial (Tabela 15). A variedade Cipó porém, se sobressaiu à Imperial por ter

apresentado diferença estatística positiva na variável massa seca do broto. Os resultados

gerais mais baixos foram apresentados pelas variedades cidra Mão-de-Buda e kunquat

Nagami, sendo que não houve diferença estatística entre elas.

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Tabela 15 - Comprimento de broto, número de folhas adultas e massa seca do broto de variedades copa cítricas com potencial ornamental enxertadas em limão Cravo e trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008).

Comprimento de Broto (cm) Variedade Porta-enxerto1,2 Média variedade

Limão Cravo Trifoliata Limeira Cidra Mão-de-Buda 7,09 Aa 1,00 Aa 4,04 a Kunquat Nagami 19,23 Bb 3,34 Aab 11,28 a Laranja Cipó 28,09 Bb 17,53 Ac 22,81 b Laranja Imperial 26,55 Bb 14,63 Abc 20,59 b Tangerina Venezuela 61,45 Bc 24,81 Ac 43,13 c Média porta-enxerto 28,48 B 12,26 A

Número Folhas Adultas Variedade Porta-enxerto1,2 Média variedade

Limão Cravo Trifoliata Limeira Cidra Mão-de-Buda 6,33 Ba 2,67 Aa 4,50 a Kunquat Nagami 7,00 Bab 3,33 Aab 5,17 a Laranja Cipó 11,83 Ab 10,67 Ac 11,25 b Laranja Imperial 11,17 Aab 7,83 Abc 9,50 b Tangerina Venezuela 20,83 Bc 10,00 Ac 15,42 c Média porta-enxerto 11,43 B 6,90 A

Massa Seca do Broto (g) Variedade Porta-enxerto1,2 Média variedade

Limão Cravo Trifoliata Limeira Cidra Mão-de-Buda 2,37 Ba 0,40 Aa 1,39 a Kunquat Nagami 2,02 Ba 0,28 Aa 1,15 a Laranja Cipó 4,59 Bb 2,05 Ab 3,32 bc Laranja Imperial 4,37 Bb 1,16 Aab 2,76 b Tangerina Venezuela 6,62 Bc 1,73 Aab 4,17 c Média porta-enxerto 3,99 B 1,12 A

1Médias seguidas por letras maiúsculas iguais nas linhas indicam não existir diferença significativa entre os porta-enxertos pelo teste de Tukey a 5% de significância. 2Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas indicam não existir diferença significativa entre as variedades pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Quando os dados resultantes da interação porta-enxerto x variedade são

comparados entre si, percebe-se que o limão Cravo não diferiu estatisticamente do

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trifoliata Limeira na variável comprimento de broto para a cidra Mão-de-Buda e no

número de folhas adultas para as variedades de laranja doce Cipó e Imperial. Aliás,

essas duas variedades apresentaram resultados similares para os dois porta-enxertos,

sendo que a Cipó ainda se diferenciou positivamente da Imperial.

A tangerina Venezuela diferiu estatisticamente das demais, apresentando

resultados ainda mais altos quando enxertada sobre o limão Cravo (Figuras 17 e 18). A

análise estatística revela porém, que essa variedade também apresentou bons resultados

quando enxertada sobre o trifoliata Limeira, mas que, para esse porta-enxerto, a laranja

Cipó se sobressaiu na variável massa seca do broto, passando a ser então a variedade

que apresentou os maiores resultados de enxertia sobre ele. Depois da tangerina

Venezuela, a laranja Cipó também apresentou os resultados mais altos para o porta-

enxerto limão Cravo (Tabela 15), embora exista apenas uma pequena diferença

estatística com relação à laranja Imperial (na variável número de folhas adultas) e ao

kunquat Nagami (nas variáveis número de folhas adultas e massa seca do broto). A

laranja Imperial apresentou valores medianos para todas as variáveis medidas para

ambos porta-enxertos, mas, com exceção da variável número de folhas adultas, o limão

Cravo, mais uma vez, apresentou maiores resultados que o trifoliata Limeira (Figuras 17

e 18).

O kunquat Nagami e a cidra Mão-de-Buda apresentaram os menores resultados

dentre todas as variedades avaliadas e, de novo, o limão Cravo se distinguiu

positivamente do trifoliata Limeira (Figuras 17 e 18). Com exceção da variável massa

seca do broto, o kunquat Nagami apresentou resultados mais altos que a cidra Mão-de-

Buda para os dois porta-enxertos. A cidra Mão-de-Buda foi, então, a que apresentou os

menores resultados dentre todas as variedades avaliadas, para ambos porta-enxertos.

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Figura 17 - Mudas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d) e tangerina Venezuela (e), enxertadas em trifoliata Limeira (Cordeirópolis/SP, 2008).

Figura 18 - Mudas das variedades cidra Mão-de-Buda (a), kunquat Nagami (b), laranja Cipó (c), laranja Imperial (d) e tangerina Venezuela (e), enxertadas em limão Cravo (Cordeirópolis/SP, 2008).

A variedade que apresentou os maiores resultados de crescimento foi a tangerina

Venezuela, seguida da laranja Cipó, laranja Imperial, kunquat Nagami e cidra Mão-de-

Buda. A cidra Mão-de-Buda porém, apresentou uma alta taxa de pegamento de

borbulha, podendo ser considerada com resultados gerais melhores que o kunquat

Nagami por exemplo, que apresentou as menores taxas de pegamento. Vale lembrar

ainda que, pela existência de interação significativa porta-enxerto x variedade, esses

resultados são considerados específicos para cada variedade.

4.3 Estaquia

Os dados resultantes das diferentes concentrações de AIB para cada variedade,

com exceção da cidra Mão-de-Buda, indicaram valores muito baixos ou por vezes nulos

(Tabela 16).

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Tabela 16 - Sobrevivência, formação de calos, enraizamento e retenção foliar de estacas semi-lenhosas de variedades cítricas com potencial ornamental sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008).

Variedade/Concentração AIB Sobrevivência (%)

Formação de calos (%)

Enraizamento (%)

Retenção Foliar (%)

Cidra Mão-de-Buda/0 mg.L-1 98,7 0,0 97,5 67,5

Cidra Mão-de-Buda/5.000 mg.L-1 93,7 0,0 93,7 73,7

Cidra Mão-de-Buda/10.000 mg.L-1 98,7 0,0 98,7 75,0

Kunquat Nagami/0 mg.L-1 7,5 1,2 0,0 7,5

Kunquat Nagami/5.000 mg.L-1 2,5 1,2 0,0 2,5

Kunquat Nagami/10.000 mg.L-1 2,5 0,0 0,0 2,5

Laranja Cipó/0 mg.L-1 36,2 16,2 0,0 35,0

Laranja Cipó/5.000 mg.L-1 63,7 32,5 0,0 55,0

Laranja Cipó/10.000 mg.L-1 71,2 47,5 0,0 65,0

Laranja Imperial/0 mg.L-1 61,2 31,2 0,0 61,2

Laranja Imperial/5.000 mg.L-1 82,5 57,5 0,0 68,7

Laranja Imperial/10.000 mg.L-1 80,0 41,2 0,0 73,7

Tangerina Venezuela/0 mg.L-1 33,7 0,0 0,0 25,0

Tangerina Venezuela/5.000 mg.L-1 36,5 5,0 0,0 35,0

Tangerina Venezuela/10.000 mg.L-1 21,2 2,5 0,0 21,2

Segundo CARVALHO et al. (2005), a capacidade de emissão de raízes depende

da espécie cítrica. Esses autores afirmam que as cidras enraízam facilmente, podendo

chegar a até 100,0% das estacas, enquanto as laranjas doces e as tangerinas sempre

apresentam baixos índices (CARVALHO et al., 2005; SANTOS et al., 1988). No caso

deste experimento porém, o índice de enraizamento para o kunquat Nagami, para as

duas variedades de laranja doce Cipó e Imperial, e para a tangerina Venezuela foram de

0,0%. A cidra Mão-de-Buda foi a única variedade que enraizou.

A variedade Mão-de-Buda também se sobressaiu pela porcentagem de

sobrevivência para todos os tratamentos, muito mais alta (próxima a 100,0%) que a

encontrada para as outras variedades. Embora a porcentagem de retenção foliar para as

três concentrações seja próxima à encontrada para a laranja Imperial (cerca de 70,0%), a

variável número de folhas novas medida para a cidra Mão-de-Buda diferiu

estatisticamente das demais (Tabela 17). As porcentagens obtidas para as diferentes

variáveis medidas para essa variedade, considerando-se as três concentrações de AIB,

foram similares entre si, não havendo diferença entre os tratamentos. Dados resultantes

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das concentrações 0 e 5.000 mg.L-1 concordam com BOAS et al. (1988), que

encontraram enraizamento total de estacas semi-lenhosas com folhas para uma outra

variedade de cidra, a Etrog. No entanto, esses autores constataram enraizamento em

apenas 67,0% das estacas tratadas com 10.000 mg.L-1 de AIB, porcentagem inferior à

encontrada neste trabalho. A taxa de formação de calos para a cidra Mão-de-Buda foi

nula porque as estacas que não enraizaram também não formaram calos.

A laranja Imperial foi a variedade que apresentou a segunda maior porcentagem

de sobrevivência, de formação de calos e de retenção foliar, seguida pela laranja Cipó,

tangerina Venezuela e kunquat Nagami.

Para a laranja Imperial, a concentração 5.000 mg.L-1 apresentou os melhores

resultados para sobrevivência e formação de calos, embora a mais alta taxa para

retenção foliar tenha resultado da concentração 10.000 mg.L-1. No entanto, essa mesma

variável para a concentração 5.000 mg.L-1 apresenta um valor próximo daquele

resultante da concentração 10.000 mg.L-1, o que faz com que 5.000 mg.L-1 seja a

concentração que apresentou os melhores resultados gerais para a laranja Imperial.

Já a avaliação dos dados para a outra variedade de laranja doce avaliada, a Cipó,

confirma que a concentração 10.000 mg.L-1 se sobressaiu dentre as demais, pois

apresentou os resultados mais altos para todas as variáveis medidas.

Embora esses resultados sejam satisfatórios, nenhuma estaca de ambas

variedades enraizou, concordando com BOAS et al. (1988), que encontraram resultados

de enraizamento nulos para uma outra variedade de laranja doce, a Pêra,

independentemente das concentrações de AIB aplicadas. ROCHA et al. (1988) também

encontraram enraizamento de 0,0% em estacas herbáceas da laranja doce Valência

tratadas com diferentes concentrações de AIB (0, 2.000, 4.000 e 8.000 mg.L-1).

Apesar de nenhuma estaca das duas variedades ter enraizado, a porcentagem de

sobrevivência e de formação de calos mostra que é necessário a instalação de um outro

experimento com uma duração mais longa, pois as estacas dessas variedades podem

necessitar de um maior período para a emissão de suas raízes do que as outras. É

importante também que o experimento seja realizado durante o verão ou a primavera,

épocas mais quentes que beneficiam o processo de enraizamento. Porém, não é

necessário testar outros tipos de estacas (herbáceas ou lenhosas), pois experimentos

anteriores já comprovaram sua ineficácia (ROCHA et al., 1988). Ainda segundo esses

mesmos autores, melhores resultados no enraizamento de estacas de laranjeiras doces

podem ser obtidos por meio de um outro método de propagação, a alporquia.

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Os dados resultantes das avaliações feitas para as estacas da variedade tangerina

Venezuela apresentaram valores baixos. Os valores mais altos foram encontrados para a

concentração 5.000 mg.L-1, e permanecem em torno de 35,0% tanto para a porcentagem

de sobrevivência como de retenção foliar. Para essa mesma concentração, a

porcentagem de formação de calos foi de apenas 5,0%. Nenhuma estaca enraizou,

considerando-se os três tratamentos.

Não foram encontrados dados de experimentos específicos para a variedade

Venezuela na bibliografia consultada, mas SANTOS et al. (1988), trabalhando com o

enraizamento de estacas semi-lenhosas com folhas de uma outra microtangerina, a

Sunki, também encontraram enraizamento nulo para diferentes concentrações de AIB

(100, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 5.000 e 10.000 mg.L-1). No entanto, para estacas semi-

lenhosas sem folhas da mesma variedade, a concentração 3.000 mg.L-1 foi a que

apresentou a melhor porcentagem de enraizamento, chegando a 100,0%. As outras

concentrações, com exceção da 5.000 mg.L-1 que apresentou enraizamento nulo,

apresentaram uma porcentagem mínima de enraizamento de 50,0%.

Embora, neste trabalho, a concentração 5.000 mg.L-1 tenha apresentado os

melhores resultados de sobrevivência, de formação de calos e de retenção foliar para a

variedade Venezuela, foi esse o tratamento que apresentou o menor número de folhas

novas produzidas (Tabela 17). No entanto, para a tangerina Venezuela, os resultados da

análise estatística para essa variável não apresentaram diferença significativa entre os

tratamentos. Outros experimentos são então necessários a fim de se testar diferentes

condições, como por exemplo a ausência de folhas nas estacas, e de se buscar melhores

resultados.

Também para o kunquat Nagami, as taxas de sobrevivência, de formação de

calos, de enraizamento e de retenção foliar foram no geral muito baixas, não atingindo

nem mesmo 10,0% para todas essas variáveis (Tabela 16). A totalidade das estacas que

sobreviveram também reteve suas folhas. No entanto, o número de folhas novas para

essa variedade foi nulo para todos os tratamentos (Tabela 17). Neste caso, os

tratamentos não foram suficientes para induzir o enraizamento de estacas da variedade

kunquat Nagami, e outros experimentos de propagação por estaquia são necessários,

utilizando-se diferentes concentrações de AIB ou até mesmo outro fitorregulador.

No experimento de enxertia mostrado neste trabalho, as borbulhas da variedade

kunquat Nagami também foram as que apresentaram os menores resultados de

pegamento entre as variedades avaliadas. No entanto, a enxertia ainda pode ser uma

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alternativa de propagação para essas espécies, mas outras técnicas precisam também ser

testadas para uma melhor definição do método mais eficiente.

Tabela 17 - Número de folhas novas por estaca semi-lenhosa de variedades cítricas com potencial ornamental sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008).

Número Folhas Novas Variedade Concentração AIB (mg.L-1)1,2 Média variedade 0 5.000 10.000 Cidra Mão-de-Buda 3,35 Bab 3,86 Bb 2,87 Ba 3,36 b Kunquat Nagami 0,00 Aa 0,00 Aa 0,00 Aa 0,00 a Laranja Cipó 0,06 Aa 0,04 Aa 0,16 Aa 0,09 a Laranja Imperial 0,00 Aa 0,21 Aa 0,05 Aa 0,09 a Tangerina Venezuela 0,25 Aa 0,10 Aa 0,24 Aa 0,20 a Média concentração AIB 0,73 A 0,84 A 0,66 A

1Médias seguidas por letras maiúsculas iguais nas linhas indicam não existir diferença significativa entre as concentrações de AIB pelo teste de Tukey a 5% de significância. 2Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas indicam não existir diferença significativa entre as variedades pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Não houve interação significativa entre as concentrações de AIB e as variedades

para a variável número de folhas novas. A cidra Mão-de-Buda, mais uma vez, se

sobressaiu dentre todas as variedades avaliadas, mas não houve diferença significativa

entre as concentrações para essa variedade. No entanto, quando comparada às outras

variedades avaliadas, a concentração 5.000 mg.L-1 apresentou os melhores resultados,

seguida da concentração controle (0 mg.L-1). Não houve diferença estatística

significativa entre a cidra Mão-de-Buda e as outras variedades para a concentração

10.000 mg.L-1. Algumas estacas das outras variedades produziram novas folhas, mas

esse número foi tão baixo que não diferiu estatisticamente daquelas que não produziram

nenhuma folha, como foi o caso das estacas do kunquat Nagami.

Os resultados deste experimento corroboram com os encontrados por BOAS et

al. (1988), que não encontraram diferença significativa entre estacas semi-lenhosas com

folhas das variedades de laranja doce Natal e Valência e de tangerina Ponkan e Cravo,

para diferentes concentrações de AIB. No entanto, resultados encontrados para estacas

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de uma outra variedade de cidra, a Diamante, diferiram significativamente das outras

variedades mencionadas.

Neste experimento, a cidra Mão-de-Buda foi a única variedade que enraizou. Os

resultados de número de raízes, de comprimento médio da maior raiz e de massa seca de

raízes por estaca são então mostrados apenas para essa variedade (Tabela 18).

Tabela 18 - Número de raízes, comprimento médio da maior raiz e massa seca de raízes por estaca semi-lenhosa da variedade cidra Mão-de-Buda sob diferentes concentrações de AIB (Campinas/SP, 2008).

Concentração AIB Número Raízes* Compr. > Raiz (cm)*

Massa Seca Raízes (g)*

0 mg.L-1 14,54 a 8,79 b 0,10 b 5.000 mg.L-1 15,56 a 6,72 a 0,07 a 10.000 mg.L-1 17,50 a 9,23 b 0,12 c

*Médias seguidas por letras iguais não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Para a variedade Mão-de-Buda, não houve diferença entre os tratamentos para o

número de raízes produzidas. Os dados de comprimento médio da maior raiz por estaca

indicaram os melhores resultados para as concentrações 0 e 10.000 mg.L-1. No entanto,

esses dados estão abaixo dos encontrados por BOAS et al. (1988). Esses autores

encontraram 14,30 cm para a concentração controle (0 mg.L-1), enquanto o valor

encontrado para esta concentração neste trabalho foi de 8,79 cm. Do mesmo modo,

encontraram 9,30 cm para a concentração 5.000 mg.L-1, contra 6,72 cm deste trabalho, e

11,50 cm para a 10.000 mg.L-1 contra 9,23 cm deste trabalho. Porém, os autores não

mencionaram a data que o experimento foi conduzido, o que pode ter influenciado

positivamente nos resultados.

A análise estatística dos dados de massa seca de raízes mostra que a

concentração 10.000 mg.L-1 de AIB diferiu positivamente das demais, indicando que

esta é a melhor entre as três concentrações testadas para o enraizamento de estacas da

variedade cidra Mão-de-Buda.

Alguns fatores podem ter influenciado nos baixos resultados gerais encontrados,

como a concentração do fitorregulador AIB, juntamente com o tempo de imersão das

estacas, ou a época do ano, pois o experimento foi instalado no final do verão e durou

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estacas, ou a época do ano, pois o experimento foi instalado no final do verão e durou

quase o período total do outono. Outro fator que pode ter influenciado no enraizamento

é uma possível desidratação sofrida por parte das estacas, pois antes de terem sido

colocadas para enraizarem, foram armazenadas por cerca de 24 h depois de coletadas.

Além disso, seria também importante testar estacas sem folhas, pois segundo SANTOS

et al. (1988), as folhas podem ter retirado água das estacas, reduzindo a tendência ao

enraizamento.

Novos experimentos são portanto necessários, em outras épocas do ano, com

outras concentrações de AIB ou outro fitorregulador, e até mesmo outros tipos de estaca

(herbáceas ou lenhosas). É necessário também testar outros métodos de propagação,

além da enxertia já testada neste trabalho.

5 CONCLUSÕES

a) Existem diferenças morfológicas acentuadas entre as variedades estudadas e todas

apresentam potencial ornamental.

b) A cidra Mão-de-Buda se destaca por produzir frutos de formato único, que se

assemelham a uma mão, além do maior tamanho de flor. As variedades de laranja doce

Cipó e Imperial se sobressaem por produzirem, respectivamente, ramos pendentes e

folhas e frutos variegados. O limão Faustrine apresenta potencial paisagístico por seus

frutos de formato alongado, e as variedades kunquat Nagami e tangerina Venezuela por

produzirem frutos de tamanho reduzido.

c) A propagação por enxertia é mais eficiente do que a estaquia para as variedades

estudadas.

d) Embora o porta-enxerto limão Cravo tenha apresentado os maiores resultados de

crescimento, a utilização do trifoliata, por ter induzido um crescimento mais lento do

enxerto, pode favorecer o cultivo em vaso das variedades estudadas.

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e) O método de propagação por estaquia somente é eficiente para a variedade cidra

Mão-de-Buda, independentemente da concentração de AIB utilizada.

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