renergy #10

92
Tecnologias do futuro para geração de energia NESTA EDIÇÃO ::: Expectativas, cenários e análises sobre as fontes que devem participar da matriz energética brasileira no longo prazo Entrevista com o CEO da Impsa Wind Luís Pescarmona Consumo infantil ano 2 > # 10 > 2012 > www.renergybrasil.com.br

Upload: renergy-brasil

Post on 13-Mar-2016

223 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Revista Renergy Brasil #10

TRANSCRIPT

Tecnologias do futuro para geração de energia

N E S TA E D I Ç ÃO ::: Expectativas, cenários e análises sobre as fontes

que devem participar da matriz energética brasileira no longo prazo •

Entrevista com o CEO da Impsa Wind Luís Pescarmona • Consumo infantil

a no 2 > # 1 0 > 2 0 1 2 > w w w. re ne rg y b ra s i l .co m .b r

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

Circuito P&DR&D Circuit

ConferênciaConferences

Rodada de NegóciosBusiness Rounds

Uma das melhores infraestruturas do paíspara expor seus produtos e equipamentos

Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

Av. Senador Virgílio Távora, 1701, sala 808Aldeota - Fortaleza/CE - BrasilTel.: +55 (85) 3033.4450

www.allaboutenergy.com.br

11 • 12 • 13MAR • 2013

O maior evento de energias renováveisda América Latina, não para de crescere agora ganhou um novo espaço:Centro de Eventos do CearáThe largest renewable energy event inLatin America continues to grow and now hasLatin America continues to grow and now hasLatin America continues to grow and now hasLatin America continues to grow and now hasgained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in Cearágained a new space: Events Center in CearáC

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

agên

ciag

as.c

om

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

Circuito P&DR&D Circuit

ConferênciaConferences

Rodada de NegóciosBusiness Rounds

Uma das melhores infraestruturas do paíspara expor seus produtos e equipamentosOne of the best infrastructures in the countryfor you to exhibit your products and equipaments

Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

Av. Senador Virgílio Távora, 1701, sala 808Aldeota - Fortaleza/CE - BrasilTel.: +55 (85) 3033.4450

www.allaboutenergy.com.br

11 • 12 • 13MAR • 2013

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

O CEO da Impsa Wind analisa o mercadobrasileiro na geração de energiaO CEO da Impsa Wind analisa o mercadobrasileiro na geração de energia

64

LUÍS PESCARMONA

“entrevista

28

32

76Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar artigos de moda feitos com couro 86

Guia prático de como o trabalho voluntário pode impulsionar uma carreira profi ssional 87

Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88

Os ilustradores do Baião Ilustrado inspiram-se na seção “O Último Apaga a Luz” 90

Motos já são fabricadas com motores movidos a eletricidade ou ar comprimido 10

Museu Salvador Dalí construiu uma sede moderna e com preocupação ambiental 12

Projeto 596 acres busca encontrar solução para terrenos abandonados 18

Viena possui vários atributos verdes e sustentáveis, que aliam modernidade e preservação histórica 24

A oceanógrafa SylviaEarle é uma exploradorae defensora da ecologia dos mares

Expectativas, cenários e análises sobre as fontes que devem participar da matriz energética brasileira no longo prazo

Os impactos do consumo infantil em uma economia que busca a sustentabilidade

Células solares esféricas surgem como alternativa para gerar eletricidade 52

Projeto holandês quer aproveitar a malha viária para gerar energia elétrica através da luz do sol 54

Fique por dentro sobre como funcionam biodigestores 56

Para aproveitar pequenos cursos de água, turbinas horizontais prometem baixo impacto ambiental 58

{ 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

editorial

No mês em que se realiza a Rio+20, a Renergy Brasil pensa nos próxi-mos 20, 50 anos para a geração de energia renovável no País. Do lado

estatal, os passos iniciais em regular as novos fontes de energia mostram as bases que vão construir os caminhos para o desenvolvimento de um mercado de energia renovável. Na via das instituições de pesquisa e or-ganização não-governamental, tudo indica que a participação da hidrele-tricidade pode perder espaço para a implementação de novas matrizes de energia. Mas o caminho é longo para reduzir a fatia deste setor que ainda representa os maiores lucros em energia no Brasil. O universo das fontes renováveis é amplo e promissor para quem quiser investir em um futuro mais sustentável. Hidrogênio, biomassa, algas são algumas da apostas de investidores e pesquisadores.

Novas tecnologias em geração de energia renovável, campanhas am-bientais, soluções em mobi-lidade urbana, locais com a marca da sustentabilidade espalhados pelo mundo, eventos na área de energia e meio ambiente revelam ou-tras novidades nesta edição.

O presidente da argenti-na Impsa Wind Luís Pescar-mona faz coro aos empresá-rios brasileiros e aponta o caminho para uma energia mais competitiva no Brasil: redução da carga tributária. Mais uma (e recorrente) demanda para impulsionar o setor. Mas não há uma es-tagnação na atividade pro-dutiva. Os pleitos são em

prol de uma economia de primeiro mundo para o País, visto que medidas do governo Federal favorecem juros menores, impulsionando o consumo e a produção. Neste cenário, uma reportagem mostra o impacto do consu-mo infantil numa economia sustentável. Elas têm força na hora de decidir as compras da família e o mercado já estuda e atende suas demandas. Elas são os consumidores de energia do futuro.

Sobre o futuro e as crianças

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ÇÃOCarol de [email protected]ÇÃOSílvio Mauro, Carlos Henrique [email protected] GRÁFICOGil DicelliEDITORAÇÃO ELETRÔNICAGerardo JúniorEstalo! Comunicação + DesignREVISÃOEleuda de CarvalhoCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃOPérola Felipette Brocaneli, Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - baião Ilustrado(ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3033 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701sala 808 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELCarol de CastroMTB-CE 1718 JPCAPAMax UchoaStúdio de CriaçãoOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

O universo das fontes renováveis é amplo e promissor para quem quiser investir em um futuro mais sustentável. Hidrogênio, biomassa, algas são algumas da apostas de investidores e pesquisadores

Para mais informações entre em contato com seu corretor de seguros, ou acesse www.rsaseguros.com.br.

SOLUÇÕES INOVADORAS E PIONEIRAS EM SEGUROS PARA ENERGIA RENOVÁVEL.

PIONEIRISMO QUE TRABALHA A FAVOR DO SEU NEGÓCIO

Com uma equipe altamente especializada, a RSA Seguros oferece cobertura completa para projetos de Energia Renovável. São 30 anos de experiência no desenvolvimento de soluções inovadoras em Seguros para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s), com gerenciamento de riscos realizado de maneira rápida, efi ciente e com todo o suporte dos Centros de Excelência do grupo no exterior.

RS-0073-12 B - Anuncio PCH Brasil Energia.indd 1 11/04/12 21:33

{ 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

transportar

Épossível reduzir o impacto ambiental de uma empre-

sa e ao mesmo tempo diminuir custos? A Ecofrotas, primeira em-presa do País a atuar com gestão sustentável de frotas, está provan-do que sim. De acordo com seu presidente, Marcos Schoenber-ger, o trabalho desenvolvido pela empresa garante, em média, uma redução de custo de 15% para seus clientes. Além disso, outro foco da empresa é a redução dos impactos ambientais em um dos setores res-ponsáveis pela quarta maior fon-te de emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE), segundo a Agência Internacional de Energia: frotas de veículos. “A Ecofrotas assume um compromisso não somente com a redução do custo total da frota, mas também com a redução do impacto ambiental provocado pelos veículos, tanto no que se re-

fere aos gases emitidos como ao descarte de resíduos como óleos, pneus e peças em geral”, afirma Schoenberger. E a peça funda-mental para a redução destes im-pactos ambientais é a informação.

Um dos serviços ofertados pela empresa é o Relatório de In-teligência de Frota, no qual, entre outros indicadores, estão informa-ções sobre as emissões de GEE. A análise destes dados permite aos gestores das empresas efetuarem ações no sentido de reduzir estas emissões ou, em alguns casos, ado-tar medidas compensatórias. De acordo com o relatório de susten-tabilidade da Ecofrotas publicado este ano, em 2010 as operações da empresa geraram 1.024,22 tonela-das de CO². Essas emissões foram compensadas por meio da compra de créditos de carbono no merca-do voluntário.

Fundada em 1999 com o nome de Embratec Good Card e tendo como foco principal a inovação, a empresa se reinventou a partir de 2009, quando passou a se chamar Ecofrotas e decidiu se reposicio-nar, tendo a gestão sustentável de frotas como foco principal de suas atividades. A mudança rapi-damente se mostrou acertada e se refletiu em bons números. De acordo com Schoenberger, em 2010 a Ecofrotas teve o melhor ano de sua história e registrou um aumento no faturamento 37% su-perior ao de 2009.

Segundo o presidente, a em-presa que possui hoje 350 funcio-nários, divididos em 12 escritórios regionais, atende a uma carteira de sete mil clientes corporativos e é responsável pela gestão de 400 mil veículos no País, que realizam mais de 22 milhões de transações por ano em rede nacional de pos-tos e oficinas mecânicas. Entre seus clientes, Schoenberger cita empresas como a Vivo, 3M do Bra-sil e o Governo do Estado do Ceará.

Desde que passou a adotar a gestão sustentável de suas frotas, a Vivo registrou uma redução de 40% em emissão de gás carbônico. Com um trabalho orientado pela Ecofrotas, a empresa de telefonia conseguiu reduzir suas emissões de gás carbônico em 3.204 tone-ladas entre setembro de 2007 e julho de 2010. De acordo com a

Frotas sustentáveisGrandes empresas registram reduçãode 40% em emissão de gás carbônico comgestão sustentável de frotas

Div

ulga

ção

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 9 }

Ecofrotas, essa redução se deveu principalmente à substituição da gasolina por etanol como com-bustível prioritário dos veículos da empresa. Além disso, “a renovação da frota e o treinamento dos co-laboradores também auxiliaram nesse processo”.

O diretor de Patrimônio, Ser-viços e Obras da Vivo, Pollymark Aquino, afirmou que os resulta-dos de redução das emissões da companhia, além de serem con-siderados positivos em termos absolutos, são ainda mais signifi-cativos se forem avaliados em ter-mos relativos, uma vez que foram conquistados num momento de

forte expansão das operações da empresa. “Instalamos uma média de quatro antenas por dia. Ao fazer isso gastando e emitindo menos, estamos sendo extremamente efi-cientes”, observa.

Para a 3M do Brasil, a esco-lha da Ecofrotas se deveu a um entendimento comum sobre a importância de se aliar susten-tabilidade ambiental com gestão eficiente nos negócios. “A escolha do sistema de gestão de frotas da Ecofrotas está alinhada com a nos-sa filosofia de desenvolver ações com vantagens econômicas atre-ladas à sustentabilidade em nosso relacionamento com os colabora-

dores, fornecedores e com a nossa estratégia de produção e de ven-das”, afirma o gerente Corporativo de Distribuição, Administração de Vendas, Serviços Administrativos e e-Productivity da 3M, José Au-gusto Soares.

O trabalho, que começou apenas com veículos de vendas e operacionais em 2004, foi expan-dido para toda a frota da empre-sa. E os resultados são bastante semelhantes aos alcançados com a Vivo. De 2007 a 2010, as emis-sões de CO² dos veículos da com-panhia foram reduzidas em 40% e os custos da empresa com sua frota reduziram-se em 20%.

Para sabermais sobre

www.ecofrotas.com.br

{ 1 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

acelerar

VelocidadeelétricaMotos já são fabricadas commotores movidos a eletricidadeou ar comprimido

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 1 1 }

A celerar uma moto, ouvir o ronco do motor e sentir

o vento batendo no rosto. Para muitos, esta é a expressão má-xima da sensação de liberdade. Mas, em poucos anos, esta sensa-ção será disfrutada de uma forma bem mais silenciosa. O futuro das motos pode estar na utiliza-ção de motores movidos a eletri-cidade ou ar comprimido. Já são muitos os exemplos de protótipos e também motos que estão sendo comercializadas com motores que não utilizam combustíveis fósseis.

O australiano Dean Benstead criou o conceito da motocicleta “O2 Pursuit”, com o objetivo de fornecer uma alternativa susten-tável aos consumidores. Com capacidade de atingir velocidade de até 100 km/h, ela roda em ar comprimido usando tecnologia e motores desenvolvidos na Aus-trália. A moto de Dean será fabri-cada inteiramente com materiais reciclados. Por tratar-se de um protótipo, ainda não existe custo estimado para a comercialização.

Outro exemplo da utilização do ar comprimido como combus-tível é Saline Bird, conceito de motovelocidade criado por cinco estudantes da Escola Internacio-nal de Design de Valenciennes, na França. A moto é equipada com três tanques de ar, com ca-pacidade total para 27 litros.

Mas as motos sustentáveis não são apenas protótipos. Atualmen-te no mercado já existem exem-plos destes veículos movidos a energia elétrica. A exemplo dos protótipos a ar comprimido, estas motos elétricas possuem motores silenciosos, o que contribui para a redução da poluição sonora nas cidades, ao mesmo tempo que re-duz a emissão de CO².

No Brasil, a marca Kasinski já oferece aos consumidores scoo-ters movidas a eletricidade. A Prima Electra, que é a primeira scooter elétrica fabricada no País, utiliza um motor de 2000 watts alimentado por baterias chumbo--ácidas. Ela tem uma autonomia de até 50 km e atinge uma velo-cidade máxima de até 60 km/h.

Seu preço, sem incluir o valor do frete, é de R$ 3.990. Além da Prima, a Kasinski também vende a WIN Elektra, que possui uma autonomia de 80 km. Esta versão atinge uma velocidade de até 60 km/h.

Para quem procura uma moto mais potente do que uma scooter, uma boa opção são as produzidas pela empresa norteamericana Zero Motorcycle. A empresa é especializada na produção de motos elétricas de alto rendimen-to. Utilizando baterias de íon de lítio, a versão Zero S chega a atin-gir uma velocidade de 140 km/h, além de ter uma autonomia de mais de 150 km, quando está com a carga completa. A Zero S é vendida por um preço a partir de US$ 11.945.

Para sabermais sobre

http://goo.gl/XP7F8http://goo.gl/EodwXhttp://goo.gl/ATj24

©20

12 C

opyr

ight

Zer

o M

otor

cycl

es, I

nc.

© w

ww

.kas

insk

i.com

.br

© o

2pur

suitd

eanb

enst

ead.

files

.wor

dpre

ss.c

om

{ 1 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

visitar

Salvador DalíecologicamentecorretoMuseu que guarda rico acervo do artistaespanhol construiu uma sede moderna e compreocupação ambiental. Um dos principaisobjetivos foi reduzir o consumo de energia e água

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 1 3 }

N ão bastasse a riqueza do seu acervo, o Salvador Dalí Mu-

seum, localizado em Saint Peter-sburg, Flórida (Estados Unidos) e que abriga a maior coleção do mundo de obras do artista espa-nhol, ainda pode se orgulhar das suas formas arquitetônicas que, em si, são uma atração à parte. Mas o seu projetista, do escritó-rio de arquitetura Hok, foi mais além. Com a ajuda de softwares de engenharia e arquitetura, o prédio foi desenhado para, na medida do possível, respeitar o meio ambiente através de vários sistemas que reduzem o consu-mo de energia e recursos natu-rais.

Para começar, a posição do edifício foi calculada de forma a reduzir a carga de luz que vem do poente (um expediente comum em locais quentes e ensolarados. O lado principal da construção fi ca voltado para o nascente, evitando o mormaço da tarde e a necessidade de aumento do ar condicionado). Coletores solares instalados no telhado servem

para aquecer a água dos banhei-ros e ajudar no ciclo de desum-idifi cação do sistema de ar condi-cionado. Sensores de movimento ajudam a economizar energia, acendendo as luzes automatica-mente quando alguém chega e desligando quando as salas estão vazias.

Para conservação da água, encanamentos e torneiras usam dispositivos de baixo fl uxo - com eles, a água sai das torneiras com mais força e em menos quanti-dade. Além disso, todo o líquido condensado é reciclado e volta para o sistema hidráulico. Por fi m, o revestimento do edifício é bem isolado e, através de uma massa térmica do concreto, atua como um dissipador de calor para reduzir as variações de tempera-tura ao longo do dia.

Outro recurso explorado no prédio do museu é o chamado “daylighting”, prática que consiste em aproveitar ao máximo a luz natural para, com isso, reduzir o consumo de energia das luzes artifi ciais. Na “daylighting”, jane-

Wik

imed

ia C

omm

ons

{ 14 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

visitar

las e superfícies reflexivas servem para aproveitar ao máximo a iluminação do dia. Isso pode ser combinado com lâmpadas de baixa potência ou com regulagem automática dos interruptores: quanto mais forte for a luz vinda do sol, menos luz artificial será usada e viceversa.

Uma preocupação adicional dos projetistas foi com a redução dos gastos e recursos para manter o prédio. Foi usada uma estrutura de concreto, metal e 1.062 pai-néis de vidro com resistência suficiente para suportar, apesar da altura de aproximadamente 75 metros, os furacões que cos-tumam assolar a Flórida. Na combinação dos materiais, o

concreto ficou com aparência de inacabado para reduzir a necessi-dade de manutenção e fazer contraste com a delicadeza e a transparência do vidro.

Para ter idéia da resistência do prédio, a estrutura foi projetada para suportar ventos de mais de 260 km/h e furacões de categoria 5. O telhado e as paredes são de concreto e tem 12 e 18 polegadas de espessura, respectivamente. Localizado acima do nível de inundação no terceiro andar, o acervo está protegido de tem-pestades. Especialmente desen-volvidos para o projeto, os painéis de vidro triangulares tem uma polegada e meia de espessura e foram testados para resistir a ven-

tos de mais de 200 km/h, chuva torrencial e os impactos de um furacão de categoria 3.

O Museu Salvador Dalí foi fundado em 1982 e sua nova sede foi construída entre 2008 e 2009. A estrutura moderna, de 68 mil m², dobrou o tamanho original da instituição. A exposição per-manente inclui óleos, aquarelas, desenhos, esculturas e outras obras, compondo um acervo de mais de 2 mil peças.

Para sabermais sobre

thedali.org/

Foto

s: ©

Mor

is M

oren

o

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 1 5 }

pagar

Cupom social

F azer compras também pode ser um jeito de ajudar o pró-

ximo. Alguns consumidores doam

a nota fi scal para entidades fi lan-trópicas. E, agora, as empresas aderiram a uma nova iniciativa. A Regispel, fabricante de bobinas fi scais, inovou ao utilizar pela pri-meira vez o verso dos cupons para apoiar causas sociais e se comuni-car com o consumidor.

Inicialmente o projeto conta com o apoio de grandes redes varejistas como Bobs, Lojas Zelo, Leroy Merlin, Center Castilho, Via Brasil, Kinoplex, Lojas Cem e Eskala, que nesta primeira etapa

do projeto apoiam o Instituo Ayr-ton Senna. “As cadeias varejistas adquirem as bobinas com inscri-ções de apoio ao Cupom Solidá-rio e parte da renda obtida com a venda é destinada a essa enti-dade”, explica o gerente de comu-nicação e marketing, Giancarlo Pizzutto, idealizador do projeto. De acordo com ele, são mais de 200 milhões de cupons emitidos no varejo por mês. Para aderir aos chamados “cupons solidários” não existe custo ao varejo.

Stand 65Rio de Janeiro

Visite-nos no

Portugal . Brasil . Polônia . Romêniawww.megajoule.pt

Os ventos que nos movemsão verde-amarelos.Mais de 200 projetos certificados no Brasil.

Serviços de Medição de Vento

Avaliação de Recurso e Estimativas de Produção

Curvas de Potência e Análises de Desempenho

Due Diligence

Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD)

Mesoescala

Energia Solar

Para cada detalhe,um especialista.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Div

ulga

ção

{ 16 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

limpar

C onscientizar a população sobre o correto descarte de

resíduos urbanos e transmitir in-formações. Estes são os objetivos de uma nova tecnologia implan-tada ruas de Londres. Apelidadas de Renew Recycle Bin, as lixeiras inteligentes auxiliam a cidade a reduzir a quantidade de lixo jogada diariamente nas ruas. São mais de 30 jornais gratui-

tos distribuídos diariamente aos londrinos, que resultam em uma enorme quantidade de resíduos produzidos e descartados. Este foi um dos problemas resolvido por esta tecnologia.

A empresa que administra as lixeiras firmou parcerias com os principais veículos de comuni-cação britânicos e internacion-ais. Com isso, as notícias mais

importantes do dia são transmiti-das constantemente através das telas de LED instaladas na Recy-cle Bin. Informações de temas variados, desde cotidiano até as artes, são transmitidas entre 6h e 23h59.

Segundo a fabricante, as estruturas das lixeiras são feitas com um material que é quatro vezes mais resistente que o aço. A parte externa é revestida com um vidro reforçado com polímero. A ideia é que, a cada ano, uma des-sas lixeiras deve receber 1,5 ton-eladas de materiais recicláveis, sendo a maior parte papel.

As telas instaladas na Recycle Bin são de LED, o que propor-ciona baixo consumo de energia. Mas isso não deixou de gerar questionamentos em relação à estrutura. Foi sentida a falta da utilização de placas fotovol-taicas para a obtenção da energia necessária para fazer a estrutura funcionar.

As primeiras unidades foram instaladas em Londres em fever-eiro deste ano e até os jogos olímpicos, em julho, a cidade deverá contar com cem lixeiras deste tipo espalhadas pelas ruas. Uma unidade da Recycle Bin será instalada em Nova York para tes-tes e ainda existe a possibilidade de levar a estrutura para Tóquio e Singapura.

Lixeira inteligenteEstruturas espalhadas por Londres funcionam como lixeiras, mas também divulgam informações em telas de LED

Div

ulga

ção

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AN_ORGANICCLEAN_RENERGY.pdf 1 14/06/12 14:58

{ 1 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

ocupar

Dar verde a áreasabandonadasProjeto busca encontrar soluçãopara terrenos abandonados, dar umautilidade para o imóvel, de modo quebeneficie a comunidade

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 19 }

Ter um terreno abandonado ao lado de casa muitas vezes

é motivo de preocupação, pois pode servir de esconderijo para bandidos ou ser utilizado para a prática de crimes. Pior ainda se este terreno pertencer ao poder público e não tiver nada plane-jado para sua utilização. Buscar uma solução para este problema e ao mesmo tempo encontrar uma utilidade para o imóvel, de modo que beneficie a comuni-dade que mora no entorno. Este é o princípio do projeto 596acres.org. Os responsáveis pelo projeto estão mapeando os terrenos de propriedade do governo na área do Brooklyn, em Nova York, e es-tão estimulando as comunidades locais a se organizar e encontrar um uso para eles.

A partir de informações do ban-co de dados do Departamento

de Planejamento de Nova York, o 596acres identificou áreas que fo-ram cadastradas como “vagas”. Ao todo foram 596 acres, ou o equi-valente a mais de 2,4 milhões de metros quadrados, para os quais o poder público não tinha nada pensado uma utilização. De posse destes dados, os responsáveis pelo projeto identificaram as áreas, imprimiram mapas e escreveram dados sobre cada lote, como por exemplo, o tamanho e o órgão responsável por eles. Tudo isso foi afixado nas grades que protegiam os terrenos mapeados.

Alguns moradores de áreas próximas a estes terrenos utili-zaram estas informações para entrar em contato com os órgãos responsáveis e começaram a pen-sar projetos que envolvessem a

comunidade local. Um destes projetos foi desenvolvido por duas mulheres que transforma-ram uma área próxima de suas casas em horta comunitária. A ideia delas era plantar legumes e verduras, produzindo alimentos frescos para os vizinhos. Ao mes-mo tempo foram realizadas ofi-cinas de capacitação com outros moradores, para que eles também pudessem se responsabilizar pe-las plantas. O projeto foi tão bem sucedido que a prefeitura de Nova York resolveu incluí-lo como par-te do programa oficial de jardina-gem da cidade, o Green Thumb.

O 596acres também disponi-biliza um mapeamento das áreas em seu site, www.596acres.org e organiza oficinas para ensinar a utilização das ferramentas da página. Nela também podem ser cadastradas mais áreas e as ativi-dades que estão sendo realizadas pelos moradores em terrenos identificados. Desta forma, as pessoas podem ter conhecimento das áreas ainda sem utilização e

os que já possuem projetos sendo desenvolvidos pelas comunida-des.

No Brasil, uma lei sancionada pela presidente Dilma Roussef em novembro do ano passado irá garantir à população informa-ções semelhantes às que foram utilizadas pelo 596 acres. A Lei 12.527 ou Lei de Acesso à Infor-mação, que entrou em vigor em maio deste ano, possibilita que o cidadão faça uma consulta aos órgãos do poder público, que te-rão a obrigação de disponibilizar as informações requisitadas num prazo de até 20 dias. Entre as inú-meras possibilidades, os cidadãos brasileiros poderão se inspirar no site norte-americano e solicitar informações sobre áreas governa-mentais sem uso.

Para sabermais sobre

http://596acres.org/

Foto

: Eri

c Fi

sche

r

Foto

: Kei

th S

imm

ons

{ 2 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

incentivar

Sabe aquele ensinamento que as mães dizem para os

filhos: jamais aceite carona de estranho? Com um princípio que vai ao encontro desta máxima, o site Caronetas tenta estabelecer contato entre pessoas que têm em comum o trajeto de casa para o trabalho e estimular a prática de carona entre elas. E moti-vos não faltam para justificar as vantagens da carona. Com mais pessoas dividindo o mesmo auto-móvel, menos carros estarão nas ruas e, com isso, menos conges-

tionamento e uma emissão me-nor de CO².

E para quem não esquece o conselho da mamãe, o método do site limita o estímulo à caro-na apenas a colaboradores com-provadamente de empresas e centros empresariais cadastradas no site. O método é simples mas, ao mesmo tempo, seguro. A em-presa se cadastra e, após a confir-mação e aprovação por parte da equipe do site, é enviado um link para que os colaborades possam se cadastrar também. O colabo-

rador preenche os dados com seu CEP e e-mail corporativo. Caso algum funcionário não possua e--mail corporativo, o responsável pela empresa precisa confirmar que este é colaborador. A partir daí, se inicia o processo de con-tato para a carona propriamente dita.

As pessoas que possuem car-ros recebem o e-mail de pessoas que fazem trajeto semelhante e entram em contato com os ca-roneteiros (nome dado pelo site para quem recebe a carona). Já

Carona amigaDividir carros diminui a poluição,aproxima pessoas e reduz congestionamentosno trânsito. Tudo isso com segurança

Foto

: Ant

onio

Mile

na/A

E

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 2 1 }

quem não possui carro fica aguar-dando o contato do caronista (nome dado para quem oferece a carona). O melhor é que todo o trabalho do site é feito de forma gratuita. Mas alguns entendi-mentos podem ser feitos entre ca-ronista e caroneteiro, que resul-tem em vantagens para ambos, como o rodízio para a utilização de carros entre eles ou a divisão de custos com gasolina, pedágios, estacionamento, entre outros.

Desde o início de suas opera-ções em fevereiro do ano passado, o Caronetas vem sendo um su-cesso. Logo nos primeiros dias de atividade, foram mil cadastros re-alizados e 100 caronas marcadas. Hoje, o site já possui 900 empre-sas e mais de 230 mil funcioná-rios cadastrados. A ideia também recebeu o reconhecimento do Banco Mundial, que o convidou para ser parceiro de uma experi-ência que busca encontrar solu-ções de mobilidade urbana.

Por um trânsito melhorO Projeto Piloto de Mobilida-

de Corporativa está sendo aplica-do em São Paulo, na região da Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, em particular, as empresas dos edifícios do Centro Empresarial Nações Unidas (CENU) e do World Trade Center (WTC).

A escolha da área não foi alea-tória. A região da Berrini é a que

tem o maior índice de pessoas se deslocando de carro sozinhas, de acordo com a pesquisa Origem--Destino do Metrô de São Paulo. É também, consequentemente, uma das recordistas em conges-tionamentos da cidade.

O projeto do Banco Mundial procura estimular uma prática já bastante comum na Europa e nos Estados Unidos, mas que ain-da é pouco utilizada no Brasil: a adoção de métodos de gestão de demanda de tráfego (Travel De-mand Management - TDM - em inglês) por empresas privadas. Como as empresas são polos ge-radores de tráfego, elas têm um grande poder de influência sobre o trânsito da cidade. O objetivo do banco é buscar juntamente com as empresas instaladas na área soluções para o problema.

O projeto é dividido em eta-pas. Na primeira, foi realizado um seminário para convidar as empresas a participarem do pilo-to e explicar seu funcionamento. No mês passado foi realizado um seminário para ensinar os funcio-nários destas empresas a criar e implementar planos de mobilida-de para os funcionários. No mo-mento está sendo realizada uma pesquisa com os funcionários para entender como eles se deslo-cam ao trabalho. Estes dados ser-virão de base a planos de mobili-dade para a área. Após a pesquisa,

as empresas terão até agosto para implementar os planos.

E onde entra o Caronetas? Dentro deste planejamento, o site foi apontado pelo Banco Mundial como uma alternativa inovadora para ajudar a resolver o problema do trânsito na área. Juntamente com outras entida-des e empresas que têm atuação na área de mobilidade urbana, o Caronetas aparece como uma opção para que os funcionários das empresas do Centro Empre-sarial Nações Unidas (CENU) e do World Trade Center (WTC) possam deixar grande parte dos carros em casa.

Para o diretor do Caronetas, Marcio Nigro, a parceria com o Banco Mundial é muito im-portante, pois ajudará o site a se inserir em outros locais. “Atra-vés desta parceria, tivemos um reconhecimento que facilitará a entrada em outros países”, dis-se. O Banco Mundial pretende utilizar a experiência na Berrini como iniciativa piloto que poderá ser replicada em outras regiões de São Paulo e em outras cidades brasileiras, se o resultado for bem sucedido.

Para sabermais sobre

http://goo.gl/lw2QQhttp://goo.gl/q0cWg

{ 2 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

ler

Olivro “Mamíferos do Bra-sil – Uma Visão Artística”,

lançado pelo pintor naturalista Tomas Sigrist, famoso por suas ilustrações de aves, é uma refe-rência sobre a história natural destes animais brasileiros. Ima-gens de onças, macacos, jaguati-ricas, morcegos, raposas, baleias e golfinhos fazem parte da obra. Para reproduzir as pinturas feitas a mão, Sigrist empreendeu uma aventura pelas matas e campos do país. O livro, patrocinado pela Tetra Pak, é resultado de mais de cinco anos de pesquisa de campo feita pelos mais variados biomas brasileiros: desde a Mata Atlân-tica até o Cerrado, passando pela Floresta Amazônica, Parque Na-cional das Emas (GO), Pantanal, matas virgens na região de Per-nambuco, Serra do Cipó (MG) e Iguape (SP).

Segundo o artista, além da visualização dos animais, a uti-lização de materiais específicos garante a qualidade da obra. “Com o uso do pastel seco, por exemplo, é possível reproduzir com perfeição a textura do pelo aveludado de algumas espécies de mamíferos retratados no livro, como é o caso da onça pintada”, afirma Sigrist.

Para Fernando von Zuben, diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak, promover a sustentabilidade

junto aos mais diversos públicos é o principal objetivo da empresa. “Com esse projeto, acreditamos que ao mesmo tempo em que des-pertamos o interesse dos cidadãos pela arte e cultura, disseminamos a mensagem da importância da preservação do meio ambiente”, conclui.

Foi lançado também o livro

infantojuvenil “Guerra e Paz”, de Eraldo Miranda, inspirado nos painéis de Cândido Portinari, um dos artistas mais prestigiados do país e um dos maiores pintores brasileiros de todos os tempos. Editada pela Cria Mineira, a obra foi desenvolvida especial-mente para as crianças e tem uma preocupação em conscien-

Livros ecológicosCrianças podem aprender a preservar o meio ambiente por meio de leituras com conteúdo verde e materiais sustentáveis

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 2 3 }

tizar os pequenos sobre questões ecológicas e de direitos humanos. E, como reforço a essa ideia, uti-

liza o Vitopaper, papel sintético criado a partir de diversos tipos de plástico reciclado com tecnologia 100% brasileira da Vitopel.

Unindo sustentabilidade e alta qualidade visual, “Guerra e Paz” editado em Vitopaper é cem por cento reciclável, extrema-mente resistente e possui textura agradável ao toque. Levando-se em consideração que o produto é desenvolvido especialmente para o público infantil, o papel sinté-tico feito de plásticos reciclados é difícil de rasgar e resiste à água. O Vitopaper incentiva a coleta sele-tiva no Brasil, já que para cada ton-elada produzida do material são

retirados das ruas e lixões cerca de 850 quilos de resíduos plásticos.

O conceito e desenvolvimento do livro “Guerra e Paz” surgiu em 2008, quando a coordenadora geral do projeto, Nádia Alonso, conheceu João Portinari, fi lho do pintor. “Na época, eu estava elab-orando um DVD que retratava a vida de vários pintores”, conta Nádia. Em 2010, com o esforço do João em trazer os painéis expostos na ONU com umas das principais obras de seu pai, para serem exibidos no Brasil, surgiu a ideia da realização de uma obra infantojuvenil em homenagem a Cândido Portinari.

{ 2 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

QUA L I DA D E D E V I DA

cidade renovável

Um lugar parase viver

Viena, a capital da Áustria, possui váriosatributos verdes e sustentáveis, que aliammodernidade e preservação histórica

{ por Carlos Henrique Camelo

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 2 5 }

Oque esperar de um local que oferece qualidade de vida

para seus moradores? E se esta cidade consegue ser moderna ao mesmo tempo em que preserva o seu patrimônio histórico? E se os seus governantes ainda assumem um compromisso com a área de efi ciência energética, buscando reduzir o aumento do consumo? Você dirá que este é um dos melho-res locais do mundo para se viver. E é mesmo. Viena, a capital da Áus-tria, possui todos estes atributos. Não por acaso, ela foi escolhida a primeira do ranking das melhores cidades para se viver, conforme estudo elaborado pela consultoria norte-americana Mercer, em 2011.

A pesquisa avaliou os municí-pios com base em dez categorias, incluindo: ambiente político, so-cial, econômico e sociocultural; condições de saúde e saneamento básico; escolaridade; serviços públicos e de transporte; recreação e bens de consumo. Além de ofer-ecer qualidade de vida para os cerca de 1,7 milhão de habitantes, Viena também se destaca pela relação

Viena

SXC

.h u

{ 2 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

cidade renovável

QUA L I DA D E D E V I DA

com seu patrimônio. Desde 2001, seu centro histórico integra a lista de Patrimônio da Unesco (Organi-zação das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Mas para a capital austríaca, preser-var não signifi ca deixar intocável. Muito pelo contrário, Viena con-segue sempre se modernizar, mas sem agredir este patrimônio. Tanto que em 2010 recebeu o prêmio de “Planejamento Urbano” da Organi-zação das Nações Unidas (ONU), por transformar sua antiga infraes-trutura em instalações modernas.

Parte desta modernização tam-bém passa pela busca da efi ciência energética. Viena foi a primeira cidade europeia a desenhar e im-plementar um Programa Urbano de Efi ciência Energética. Com um horizonte até 2015, o programa busca reduzir até esta data o au-

mento do consumo energético dos estimados 12% para 7%. Para que isso ocorra, foi fi rmado um com-promisso que envolve mais de 100 medidas relacionadas à efi ciência energética.

Dentro deste programa merecem uma atenção especial os prédios com mais de 30 anos. Com 25% das casas construídas entre 1945 e 1980, Viena tem investido na remodelação destes edifícios, com o intuito de buscar a efi ciên-cia energética. Entre as ações de-senvolvidas estão fi nanciamento para a reabilitação térmica dos pré-dios, bem como critérios de subsí-dios que levem em consideração a efi ciência e a sustentabilidade no consumo energético. As ações e obrigações não se aplicam ap-enas aos prédios privados. Edifícios públicos também tem que respeitar

estes critérios de efi ciência.O trabalho realizado na cidade já

começa a dar resultados. De mead-os de 2006, quando se iniciou o pro-grama, até igual período de 2009, foi registrada uma redução anual de 134 GWh. A avaliação feita durante o período de implementação do programa foi apenas uma primeira checagem dos resultados. Está pre-vista para o fi nal deste ano a publi-cação de um relatório sobre o que foi conseguido de redução nestes cerca de seis anos. Mas somente em 2015, teremos o balanço fi nal para saber se os austríacos conseguirão cumprir o planejado.

Para sabermais sobre

http://www.wien.gv.at

Div

ulga

ção

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

{ 2 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

P E R F I L

A oceanógrafaamericana SylviaAlice Earle é umaexploradora edefensora do mundosubmarino. Começoucedo, quando aindacriança brincava deexplorar as florestasperto de sua casa

Exploradorade oceanos

rg verde

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 2 9 }

Um mergulho no oceano. Um mergulho rumo a um mundo

selvagem e desconhecido, indiferente, mas indissociavelmente pertencente ao mundo dos homens. A oceanógrafa americana Sylvia Alice Earle, 76, leva a sério os seus mergulhos, mergulha até quando em terra firme, um mergulho reflexivo, apaixonado, e por vezes, pre-ocupado. Motivos tem de sobra para preocupar-se, não chega ao desespero, mas é latente o seu sofrimento.

Os números traduzem o que os homens parecem não entender. “Em 50 anos nós perdemos, na verdade, arrancamos, comemos mais de 90% dos grandes peixes que existiam”. Se-gundo ela, 50% dos recifes de corais foram perdidos ou estão em fase de desaparecimento, sem falar que ape-nas 1% dos oceanos são protegidos por medidas ambientais.

A preocupação, no entanto, foi modulada por ações, iniciativas e, so-bretudo, conhecimento. Sylvia é uma exploradora e defensora do mundo submarino. Começou cedo, quando ainda criança brincava de explorar as

florestas perto de sua casa, na cidade de Gibbstown, New Jersey. O encan-tamento pela natureza ressoou em todas as esferas de sua vida e chegou ao ápice com a sua primeira viagem ao fundo do mar, um mergulho livre em 1953, durante a sua graduação na Universidade do Estado da Flórida. De acordo com Sylvia, foi aquele momen-to mágico que marcou o início de sua carreira como cientista.

O mergulho deixou-a fascinada por todos os aspectos da vida no oceano e, desde então, nunca mais parou. Sua pesquisa sempre esteve aliada à práti-ca. Foram inúmeros mergulhos e cer-ca de 70 expedições aquáticas, totali-zando aproximadamente 6.500 horas debaixo d’água. Conheceu o planeta como poucos tiveram a oportunidade de conhecer. Galápagos, Panamá, Chi-na, Bahamas, Havaí, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Bermudas e Alasca. A curiosidade e a sede pelo co-nhecimento ditaram uma vida intensa e agitada, contrastando com a tranqui-lidade da vida submarina. Obstáculos foram muitos, alternando entre o

preconceito, a descrença e ignorância, Sylvia superando tudo, mostrou-se uma mulher forte e sem hesitar conti-nua até hoje as suas pesquisas.

Seu empenho e determinação em prol da preservação e da proteção dos ecossistemas marinhos lhe rende-ram mais de 100 prêmios nacionais e internacionais, e também recordes, como por exemplo, em 1979, quando mergulhou a uma profundidade de 381 metros no mar perto de Oahu, estabelecendo desde então a maior marca já registrada por uma mulher mergulhando em mar aberto. No en-tanto, os prêmios e os recordes regis-tram muito mais do que números, são frutos, pequenos reconhecimentos de seu trabalho, atuação e pesquisa em prol do meio ambiente.

Sylvia Earle foi nomeada pela re-vista Time como a primeira heroína para o planeta e chamada de “lenda viva” pela Biblioteca do Congresso Americano. Verdade? Casada, mãe de três filhos, oceanógrafa, exploradora, escritora, conferencista, exploradora em residência da National Geogra-

{ 3 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

P E R F I L

rg verde

phic Society, líder das Expedições Sus-tentáveis pelos Mares, conselheira do Harte Research Institute no Golfo do México e Texas, fundadora e presiden-te da Fundação Deep Search e presi-dente do Conselho Consultivo para o Oceano do Google Earth. Com tudo isso, podemos dizer que Sylvia é uma mãe para o planeta. Afinal, não são as mães que carregam consigo caracte-rísticas de heroína?

A consciência de um mundo em conexão e em conectividade lhe ren-deu um pensamento coerente e lúci-do. Sua pesquisa reflete uma busca, a busca pela redenção da humanidade, a busca por uma esperança em um ser egoísta e ignorante de um mundo que existe para além de sua própria vida

cotidiana. «Nas escolas, as crianças aprendem as letras, os números, mas não aprendem a importância da natu-reza para a sobrevivência delas”. Sua preocupação atenta para um mundo de pedra, uniformizado, permeado pela falta de sensibilidade, contato e convivência com a natureza.

Sylvia escolheu trilhar um cami-nho, o de aprender e divulgar a im-portância dos oceanos para a vida e a futura sobrevivência do homem, assim como avaliar a devastação e os impactos causados por ele. O mar apa-rece como metáfora, é o lugar onde a experiência se torna realidade palpá-vel. Sua fala é clara e não poupa esfor-ços ou críticas, a luta pela consciência é inglória. Diz ela: “Com cada gota de

água que você bebe, a cada inspira-ção, você está ligado aos mares. Não importa em que parte do globo você vive. A maioria do oxigênio na atmos-fera é gerado no mar”. Sylvia não quer apenas compartilhar e fazer ecoar o seu sofrimento, ela deseja produzir, instigar ações e mover interesses, quer mostrar que é possível e que essa é uma responsabilidade de todos e não somente dela.

Sua luta reside em esperanças, e a maior talvez seja a crença de que o homem não tenha a mente pequena demais para assimilar e entender a importância do oceano, mas acima de tudo, que ele possa compreender de uma vez por todas, que não está só neste mundo.

©K

ipEv

ansP

hoto

grap

hy.c

om

Rua Dr. Fabrício Vampré, 277 - Vila Mariana | 04014.020 - São Paulo, SPFone: (11) 3807.8300 | Fax: (11) 3807.8400www.alfareal.com.br | [email protected]

Cada projeto demanda um programa de seguros específico. Por esse motivo, a Alfa Real oferece

soluções em seguros e gerenciamento de riscos para toda a cadeia produtiva do setor de energia.

A aliança com as principais empresas do setor financeiro e de seguros, a equipe especializada e a

experiência de 16 anos de mercado fazem da Alfa Real uma empresa de extrema confiança.

Assessoramos mais de 750MW com investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões.

Proteja seu investimento. Contate a Alfa Real.

Sua receita ao sabor do vento.Seu investimento, não.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

{ 3 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capaN OVA S F O N T E S

{ Por Juliana Bomfi m

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 3 3 }©

350

jb |

Dre

amst

ime.

com

FUTURO

{ Por Silvio Mauro

Hoje, o Brasil depende, em boa parte, da força das águas de represas para gerar eletricidade. Mas o universo das fontes renováveis é bem mais amplo. E bastante promissor, para quem quiser investir em um futuro mais sustentável. Biomassa, algas, Hidrogênio, energia dos oceanos são algumas da apostas de investidores e pesquisadores, mas no plano governamental falta regulação

ENERGIA DO

{ 3 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

Quando se fala em energias renováveis no Brasil, geral-

mente o senso comum remete às duas fontes que hoje são as vede-tes da geração ambientalmente engajada: a solar e a eólica. Além, claro, da tradicional hidrelétrica. De fato, essas três estão entre as mais avançadas, tanto no mundo quanto no País. No entanto, com a tecnologia disponível atual-mente, é possível extrair energia de várias outras alternativas. Ain-da não se ouve falar com frequên-cia nelas, mas é possível que, em um futuro próximo, usinas de al-gas, de biomassa e de Hidrogênio, entre outros elementos, façam parte da nossa matriz, operando em harmonia com as tradicio-nais. Aqui e lá fora tem gente tra-balhando para isso.

Segundo o relatório “Comu-nicado nº 145 - Plano Nacional

de Resíduos Sólidos: diagnóstico dos resíduos urbanos, agrossil-vopastoris e a questão dos ca-tadores”, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se todos os resíduos secos da produção da agroindústria da cana no Brasil fossem utilizados para a geração de energia, a po-tência instalada seria de 16.464 MW por ano. Um potencial supe-rior ao da usina de Itaipu, ressalta a instituição.

Considerando outras fontes de resíduos do setor agropecuá-rio (veja quadro), esse potencial sobe para quase 26 mil MW. Se estivesse sendo explorado hoje, esse total corresponderia a qua-se 1/5 do que é gerado em toda a matriz energética brasileira atu-al, considerando todas as opções (renováveis ou não). No caso de setor de cana de açúcar, ressalta

o Ipea, o aproveitamento dos re-síduos para geração de eletrici-dade está bem adiantado, o que garante a quase autossuficiência energética da atividade.

Hoje, de acordo com a Agên-cia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a força vinda de fontes renováveis representa cerca de 74% da matriz elétrica brasileira. Desses, 65% vêm de hidrelétri-cas, uma alternativa considerada renovável atualmente bastante polêmica, por causa do grande impacto ambiental que os lagos das usinas causam. O grande de-safio é aumentar o uso da biomas-sa, cuja participação, hoje, está em pouco mais de 7%.

Regina Helena Sambuichi, técnica de planejamento e pes-quisa do Ipea, destaca que mes-mo resíduos com pouco poten-cial ou dificuldades logísticas de

N OVA S F O N T E S

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 3 5 }

aproveitamento (como os restos de extração de madeira, que pre-cisariam ser recolhidos e trans-portados para longas distâncias), vale a pena se esforçar para im-plementar o uso, principalmente por causa de razões ambientais. O não tratamento dos resíduos, alerta ela, pode trazer contami-nação do solo, do ar e da água, o que acarretaria em prejuízo à saúde humana e custos para o sistema de saúde. “Não se pode aproveitar todos os resíduos, mas é importante buscar a viabilidade de uso deles”, explica.

Da mesma forma, o Ipea lem-

bra que a geração de resíduos sólidos urbanos tende a aumen-tar, não apenas por causa do au-mento da população mas tam-bém com o aumento da renda, “principalmente quando estratos da população ganham poder de compra”, como está acontecendo atualmente no Brasil. O poten-cial estimado pelo órgão para geração de eletricidade a partir de usinas de biogás instaladas em aterros sanitários de grandes cen-tros urbanos é relativamente bai-xo: aproximadamente 311 MW. Mas isso significaria uma grande quantidade a menos de lixo orgâ-

nico depositado no solo.Outra fonte de energia reno-

vável com potencial de cresci-mento, mas ainda incipiente no Brasil, é a das ondas. Segundo a Aneel, existe apenas um empre-endimento usando essa opção, e com pouca quantidade de energia gerada: apenas 50 KW. Há tam-bém a solar, bastante conhecida mas ainda pouco explorada no Brasil. São oito empreendimen-tos que somam 1,5 MW de eletri-cidade. Por fim, a mais avançada é a eólica, com 329 empreendi-mentos autorizados ou em cons-trução e total de de 8,5 MW.

Fonte Resíduos (milhões de T/ANO) Potencial Energético (MW/ANO)

Agricultura

Cana-de-açúcar (bagaço e torta de filtro) 201,4 16,46

Soja 41,9 3,42

Milho 29,4 2,41

Trigo 3,0 238,00

Arroz 2,5 175,00

Bovinos 1.655,4 1,03

Aves 28,0 136,00

Suínos 20,4 122,00

Total 1.703,8 1,29

Indústrias primárias associadas às criações animais

Abatedouros 103,2 11,2

Graxarias 6,8 0,8

Laticínios 13,2 2,6

Total 123,2 14,6

Silvicultura

Colheita de madeira em tora 15,7 650,00

Processamento mecânico de madeira 22,9 954,00

Total 38,5 1.604,00

Potencial de biomassa - setor agropecuário

© M

elin

da N

agy

| Dre

amst

ime.

com

{ 3 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

N OVA S F O N T E S

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 3 7 }

Seguindo o exemplo de sucesso do etanol, programa do governo pretende tornar o Brasil uma re-ferência mundial no uso de uma fonte que tem como resíduo ape-nas a água

Elemento formador de uma das substâncias mais básicas da vida, que é a água, o Hidrogênio também pode produzido a partir de fonte de energia renovável. E apresenta algumas vantagens em relação a outras alternativas. Uma delas é a eficiência. Para efeito de comparação, se os veículos auto-motores - que estão entre os prin-cipais responsáveis pela poluição atmosférica do mundo moderno - usassem essa tecnologia ao in-vés do motor a explosão, além de emitir apenas água pelo

escapamento, seus propulso-res teriam uma eficiência muito maior no processo de conversão de energia em força mecânica.

Segundo Adriano Duarte Fi-lho, coordenador geral de tecno-logias setoriais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o motor de um carro, por exemplo, consegue aprovei-tar apenas 30% da energia obtida com a queima de combustível para tracionar o veículo. O resto se perde em dissipação de calor. Já com a tecnologia de uso do Hi-drogênio, que funciona através de uma reação química com o oxigê-nio que obtém água e eletricidade como produtos, a eficiência sobe para aproximadamente 50%.

Outra vantagem do Hidrogê-

nio, aponta ele, é a versatilidade. As células de combustível, com-ponentes onde ocorre a reação entre o elemento e o oxigênio, podem ser de qualquer tamanho. Por isso, a sua aplicabilidade é vasta. “Celulares, residências e até cidades poderiam receber essa energia”, afirma ele. Além disso, o Hidrogênio pode ser ob-tido de várias fontes diferentes e ser armazenado.

Um processo interessante apontado por Adriano Duarte é a conversão de energia elétrica ex-cedente para obtenção de Hidro-gênio, como é o casodos estudos em desenvolvimento pela Usina Itaipu Binacional Ele ficaria, en-tão, armazenado para ser usado só quando necessário. Segundo

A força que vem do HidrogênioE

�ci

ên

cia

, % Célula aCombustível

Sistema Híbrido SOFC/Turbina a Gás

Turbina a GásAvançado

Turbina a Gás

Ciclo Aperfeiçoado

Motor de

Combustão Interna

Microturbinas Turbina a Gás

Ciclo Simples

Turbina a Gás

Ciclo Combinado

Potência (kW)

0,1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 10 100 1000

hydr

ogen

link.

net

{ 3 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

o representante do MCTI, hoje, quando as usinas não têm de-manda, desativam as turbinas porque não têm para onde enviar a energia a mais que geram. Entre as fontes possíveis para a extração de Hidrogênio estão a eletrólise da água e a biomassa.

O único obstáculo atual para o uso do Hidrogênio é o alto custo das células de Hidrogênio e do processo de obtenção da substância. Veículos movidos a Hidrogênio, por exemplo, seriam inviáveis economicamente, no entanto os veículos poderiam ser abastecidos com álcool de bio-massa para produzir Hidrogenio em reformador embarcado no veículo. Um propulsor com essa tecnologia é cinco vezes mais caro que um convencional a combustão. E apresenta menos durabilidade, também. Existem, inclusive, dois protótipos de ôni-bus, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Mas, por enquan-to, a aplicação comercial está em desenvolvimento da competitivi-dade.

Considerando todos esses fatores e apostando que, assim como aconteceu com o etanol, o Hidrogênio também poderá se tornar uma fonte viável no futu-ro, o governo brasileiro mantém o Programa de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação para a Economia do Hidrogênio (ProH2). Segundo o MCTI, o principal objetivo é promover uma rede que envolve universidades, centros de pesqui-sa e setor privado para viabilizar o desenvolvimento de tecnolo-gias para a produção tanto de Hidrogênio quanto de células de combustível. Através desse esfor-ço, o governo acredita que, assim

como aconteceu com o etanol, o Brasil consiga se habilitar para se tornar um produtor internacio-nalmente competitivo nessa área.

O esforço do País para estu-dar o Hidrogênio como fonte de energia passou por várias fases. O início foi em 1999. Dois anos depois, uma assessoria interna-cional foi contratada para mape-ar as competências que o Brasil tinha na área, ou seja, identificar quem tinha potencial para contri-buir com a rede. Em 2002, o Pro-grama foi lançado oficialmente. Hoje, de acordo com o MCTI, ele mantém cerca de 40 grupos de estudo distribuídos por 20 uni-versidades e centros de pesquisa. Já foram investidos, entre 2004 e 2010, 112 milhões de reais na ini-ciativa, sendo 47 milhões vindos apenas do ministério.

O ProH2 não recebeu dinhei-

ro nem em 2011 nem este ano, mas o programa continua. As ins-tituições estão se mantendo com as verbas recebidas anteriormen-te e seguem com as pesquisas em ritmo normal. Alguns resultados e patentes, inclusive, já foram ob-tidos, de acordo com informações repassadas pela assessoria de co-municação do MCTI.

O representante do MCTI ex-plica que, diferentemente do que ocorre com outras fontes de ener-gia renovável, não é possível fazer estimativas com o potencial de geração de energia com o Hidro-gênio, principalmente por causa da grande quantidade de possibi-lidades que existem para obtê-lo. Ele assegura que a tecnologia é muito promissora, embora admi-ta que muito precisa ser feito. “O custo ainda deve levar dez anos para baixar e ficar viável”, diz.

N OVA S F O N T E S

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 3 9 }

Estudo do Greenpeace defende que o Brasil poderia aumentar sua geração de energia até 2050 sem precisar de fontes não reno-váveis

Com economia em cresci-mento e demanda cada vez mais forte por energia, o Brasil tem di-versificado sua matriz energéti-ca, historicamente bastante con-centrada nas hidrelétricas. Hoje, o país tem usinas termelétricas, faz leilões para parques eólicos e começa a engatinhar no aprovei-tamento em larga escala da luz solar. Além disso, temos as polê-micas usinas de energia nuclear que, mesmo com muitas vozes contrárias, continuam operando. No entanto, o País tem potencial para, até o ano de 2050, passar

por uma revolução energética, abolindo as fontes não renová-veis e aproveitando melhor as alternativas renováveis de baixo impacto ambiental.

Esse é o prognóstico do es-tudo “Revolução energética - a caminho do desenvolvimento limpo”, elaborado pelo Greenpe-ace em parceria com o Conselho Europeu de Energia Renovável (Erec, de European Renewable Energy Council). De acordo com o levantamento, fontes como carvão, petróleo e urânio deixa-riam de ser usadas. E a hidrelétri-ca, que hoje responde por quase 66% do total da matriz energé-tica brasileira, diminuiria para

pouco mais de 46% - uma redu-ção de 20 pontos percentuais. Em contrapartida, a biomassa e a eólica, que hoje têm partici-pação de aproximadamente 9%, subiriam para cerca de 37%. E a solar, que hoje não faz parte da matriz, passaria a responder por mais de 9%.

É possível implementar esse quadro diante da certeza de que a demanda só irá crescer nos pró-ximos anos? Segundo o estudo, a

resposta é sim, já que, no Brasil, o total de energia que poderia ser aproveitada com as tecnologias atuais é de 26,4 vezes a necessi-dade atual. De todas as fontes, a luz solar é a que teria mais capa-cidade: o estudo afirma que ela, sozinha, forneceria 20 vezes a quantidade de energia que o País precisa hoje.

Para isso, no entanto, é preci-so que o Brasil mude a filosofia atual de investimento em novas fontes. Os “princípios chave” da revolução energética prevista pelo Greenpeace são os seguin-tes: respeitar os limites naturais do ambiente, eliminação gradual de fontes poluentes e não reno-

váveis, implantação de soluções renováveis, principalmente os sistemas descentralizados (nos quais a energia é produzida perto de onde é consumida, evitando o desperdício nas etapas de trans-missão e distribuição), equidade na utilização dos recursos e des-vinculação dos conceitos de cres-cimento econômico e consumo de combustíveis fósseis.

A descentralização é um pon-to que merece destaque. Citando

A revolução energética

O Brasil tem diversificado sua matriz energética, historicamente concentrada nas hidrelétricas. Hoje, tem usinas termelétricas, faz leilões para parques eó-licos e começa a engatinhar no aproveitamento em larga escala da luzsolar. E tem as polêmicas usinas de energia nuclear

© P

eter

fact

ors |

Dre

amst

ime.

com

{ 4 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

N OVA S F O N T E S

dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, o relatório do Greenpeace ressalta que 16% da eletricidade produzida no Brasil é perdida durante os processos de transmissão e distribuição. Esse total é equivalente à geração da hidrelétrica de Itaipu. Desse desperdício, metade é perda téc-nica e a outra metade é decorren-te de problemas como fraude ou furto de eletricidade - o chamado “gato”. Além disso, o Brasil ainda tem, segundo o estudo, cerca de um milhão de pessoas em peque-nas comunidades que ainda não têm acesso à energia, por causa do modelo centralizado atual. Elas poderiam ser beneficiadas com pequenas usinas, instalação de placas solares ou geradores eólicos domésticos, por exemplo.

Esse investimento para o fim do modelo centralizado em um país de dimensões continentais e muitas diferenças entre as regiões é uma amostra do que seria o desafio de migrar para a revolução energética defendida pelo Greenpeace. O estudo levou em conta, para efeito de compa-ração, dados de referência com dados do Ministério de Minas e Energia (MME).

Com base nas informações do MME, o aumento do consumo final de eletricidade no Brasil será de mais de três vezes em pouco mais de 40 anos (de 445 TWh, em 2007, para 1.442 TWh em 2050). No cenário da revolu-ção energética, esse crescimento seria reduzido. O consumo final de eletricidade atingiria 1.197 TWh em 2050, 17% menos do que no cenário de referência ba-seado em dados do governo.

Isso seria obtido com medi-

das de eficiência energética que, defende o estudo, têm potencial para reduzir o consumo em 415 TWh por ano, o que adiaria a necessidade de aumento de par-te da capacidade instalada. Essa redução progressiva do consu-mo seria alcançada por meio do uso de equipamentos elétricos eficientes em todos os setores, conscientização da sociedade para uso racional da eletricidade e melhor gerenciamento da de-manda.

Por fim, o estudo do Greenpe-ace aponta que o investimento em energias limpas e renováveis resultaria em um custo menor da eletricidade. A adoção de tecnologias renováveis aumen-taria o custo de geração elétrica entre R$ 90 e R$ 106/MWh, entre 2007 e 2020. Esse valor subiria para R$ 127/MWh em 2040 e estabilizaria em R$ 120/MWh no ano de 2050, devido à redução do preço das energias eólica e solar, que responderiam por uma parcela significativa da matriz elétrica. Já no cenário de referência, o custo médio de geração seria de R$ 110/MWh em 2020, subindo para R$ 129/MWh em 2030 e alcançando R$ 176/MWh em 2050.

A explicação para essa dife-rença é simples. A emissão de carbono tem um custo, para os países. E ele sobe na proporção direta da preocupação do mundo com o meio ambiente, tornando o uso de combustíveis fósseis dis-pendioso. Segundo o Greenpea-ce, os valores estimados para as emissões de CO² (por tonelada de carbono) irão passar de R$ 18 (US$ 15), em 2010, para R$ 90 (US$ 50) em 2050.

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 4 1 }

Muito a fazer

O Brasil já tem experiências con-solidadas e significativas em ener-gia eólica. Mas as outras opções de fontes renováveis ainda são pouco exploradas (e estudadas) no País

Um dos grandes desafios das novas tecnologias é a sua implan-tação em empreendimentos ren-táveis, que garantam retorno para os investidores e um bom preço para os usuários. Nesse aspecto, a única fonte renovável de energia que tem experiências bem sucedi-das e comercialmente viáveis no Brasil é a eólica. As outras alterna-tivas ainda têm poucos exemplos a serem mostrados. Prova maior disso é que a única representan-te delas na matriz energética é a biomassa, responsável por pouco mais de 7% do total gerado no País, apenas.

Essa pouca vivência brasileira, no que se refere às várias fontes limpas e renováveis disponíveis atualmente, também se reflete na falta de material para divulga-ção. Para fazer esta reportagem, a Renergy Brasil procurou grandes empresas e órgãos governamen-tais cuja atividade está ligada ao tema, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério das Minas e Energia (MME).

Um exemplo do setor privado onde há investimentos em algu-mas opções renováveis é a MPX, empresa do grupo EBX, perten-cente ao empresário Eike Batista. Atuante nas áreas de exploração e comercialização de recursos naturais (carvão e gás natural) e geração de energia, ela investe em projetos ligados a alternativas

mais limpas. Desde 2009, a em-presa faz parte de um convênio com a Universidade de Valparaí-so, a Pontifícia Universidade Ca-tólica de Valparaíso e a Ecotecnos (consultoria ambiental especia-lizada em biotecnologia), para pesquisar a produção comercial de etanol a partir de macroalgas no Chile. Também há um projeto com o mesmo propósito no Bra-

sil, em parceria com a Universi-dade Federal do Rio de Janeiro.

Outro estudo da empresa é sobre o aproveitamento sustentá-vel dos resíduos sólidos urbanos para geração de energia elétrica. O principal objetivo é avaliar o potencial técnico, econômico e ambiental do aproveitamento energético dos resíduos. Duas

Um dos grandes desafios das novas tecnologias é a sua implantação em empre-endimentos rentáveis, que garantam retorno para os investidores e um bom preço para os usuários. Nesse aspecto, a única fonte renovável de energia que tem experiências bem sucedidas e comercial-mente viáveis no Brasil é a eólica.

© N

alup

hoto

| D

ream

stim

e.co

m

{ 4 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

Destaques de cada país

capa

N OVA S F O N T E S

América do Norte

2.347,03 mtoe

445 milhões de habitantes

4.939,04 Twh de consumo de energia

11.113 kwh per capita

América Latina

727,63 mtoe

462 milhões de habitantes

903,63 Twh de consumo de energia

1.956 kwh per capita

África

1.160,87 mtoe

984 milhões de habitantes

562,11 Twh de consumo de energia

571 kwh per capita

Europa

1.066,08 mtoe

543 milhões de habitantes

3.415,60 Twh de consumo de energia

6.287 kwh per capita

Euroásia

1.253,92 mtoe

142 milhões de habitantes

913,51 Twh de consumo de energia

6.443 kwh per capita

China

1.993,36 mtoe

1,3 bilhão de habitantes

3.293,21 Twh de consumo de energia

2.471 kwh per capita

Oriente Médio

1.605,20 mtoe

198,5 milhões de habitantes

671,71 Twh de consumo de energia

3.384 kwh per capita

História 250

200

150

100

50

0

1990 2000 2007 2015 2025 2035

Projeções

CarvãoGás Natural

Renováveis

Nuclear

liquids

Oceania

405,41 mtoe

202 milhões de habitantes

1.741,94 Twh de consumo de energia

8.618 kwh per capita

Ásia, sem a China

1.263,32 mtoe

2,1 bilhões de habitantes

1.569,51 Twh de consumo de energia

719 kwh per capita

Maiores produtores de energia • • • • • • • • •Maiores populações • • • • • • • • •Maiores consumidores energia • • • • • • • • •Maiores consumos per capita • • • • • • • • •

Produção de energia (em quatrilhões de BTu)

FONTE: IEA - International Energy Agency

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 4 3 }

alternativas são consideradas. Uma delas é a produção de bio-gás, resultante da decomposição de matéria orgânica, através de dutos colocados em biodigesto-res ou aterros sanitários. A outra é o acionamento de um gerador com gases caloríficos obtidos com a queima dos resíduos sólidos. Vale ressaltar que todas as infor-mações acima estão disponíveis no site da MPX. A empresa não forneceu informações sobre a si-tuação atual ou resultados obtidos com os seus projetos.

No Ceará, um exemplo in-teressante de experiências com o tema é o Instituto de Desen-volvimento Sustentável e Ener-gias Renováveis (Ider). A ONG foi fundada em 1993, depois de uma parceria entre a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e a Cooperação Alemã para o Desen-volvimento (GTZ) para execução de um projeto de eletrificação de comunidades rurais com o uso de energia solar. Desde então, o Ider tem várias experiências na implantação de projetos ligados a energias renováveis, principal-mente de eletrificação rural com painéis solares e capacitações so-bre energias renováveis.

Ainda no estado, uma parceria entre a Tecbio - empresa fundada por Expedito Parente, criador do biodiesel, que faleceu no ano pas-sado - e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estuda o aproveitamento do material or-gânico dos esgotos para geração de energia. Segundo os responsá-veis pelo projeto, no entanto, não poderiam ser fornecidas muitas informações porque o processo ainda está em desenvolvimento e não foi patenteado.

Ambiciosas ou nem tanto, me-tas de uso de fontes renováveis na matriz energética fazem parte das políticas de praticamente to-dos os países do mundo. A China lidera o esforço

Primavera árabe, tsunami no Japão e vazamento em um poço da British Petroleum no Golfo do México. Esses três acontecimen-tos, tão distantes geograficamen-te, têm um ponto em comum: expuseram o perigo que o mundo atual vive por sua (ainda) forte dependência de fontes de ener-gia não renovável. No caso do movimento político dos países do Oriente Médio e do norte da Áfri-ca, a consequência imediata foi o abalo no preço internacional do petróleo. No Japão e no Golfo do México, os problemas foram cau-sados por desastres ambientais, com vazamento de material ra-dioativo no primeiro e toneladas de óleo - que durante três meses poluíram o mar - no segundo.

Os fenômenos descritos an-teriormente estão citados no Renewables 2011 - Global Status Report (GSR, em português, Re-latório de Status Global de Reno-váveis em 2011), levantamento feito anualmente sobre o uso de fontes como solar fotovoltaica, eólica, biocombustíveis, hídrica e geotérmica. O estudo é realizado desde 2005 pela Ren21, entida-de que reúne pessoas de todo o mundo em torno do esforço de incrementar as fontes de energias renováveis nos países. Divulgada no fim do ano passado com dados de 2010, a última edição destacou a necessidade urgente de mudar

o foco da matriz energética mun-dial, tanto por razões ambientais quanto econômicas.

Segundo o GSR, a crise eco-nômica mundial tem feito muitos países, especialmente os desen-volvidos, frearem os investimen-tos em fontes limpas de energia. No entanto, essa preocupação hoje envolve um número cada vez maior de nações no esforço, o

que tem ajudado a manter o nível de investimentos em um patamar elevado. Apesar da recessão que tem afetado principalmente a Eu-ropa, o montante global aplicado em energias renováveis bateu recorde em 2010. Atingiu 211 bi-lhões de dólares, 32% a mais que o investido no ano anterior. De acordo com o relatório, 118 na-ções têm políticas de estímulo a energias renováveis, sendo que a China é responsável por um terço do total de investimentos.

Há números animadores. Nos Estados Unidos, as energias reno-váveis alcançaram cerca de 10,9% da produção de energia primária. Foi um aumento de 5,6%, que permitiu uma representação pró-

Por um mundo mais limpo

A crise econômica mundial tem feito muitos países, especial-mente os desenvolvi-dos, frearem os inves-timentos em fontes limpas de energia.

{ 4 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

N OVA S F O N T E S

O Brasil pode mudar a base de sua matriz energética e ser um exemplo para o mundo, assim como fez com o etanol e o bio-diesel. Na opinião do, coorde-nador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, o País “reúne condições para o desenvolvimento de diver-sas fontes: hídrica, eólica, solar, biomassa e até oceânica”

Renergy:: O relatório “Revo-lução energética - a caminho do desenvolvimento limpo”, elaborado pelo Greenpeace, aponta um cenário otimista para o uso de energias renová-veis no Brasil, com participa-ção em mais de 90% da matriz energética em 2050. Na sua opinião, o País está caminhan-do pra esse cenário? Por que?Ricardo Baitelo:: É um pouco cedo para compararmos as esti-mativas de 2050 com as tendên-cias atuais mas, de acordo com as projeções parciais para 2015 e 2020, os avanços na energia eóli-ca têm puxado esse crescimento até para além dos dados estima-dos pelo Greenpeace. Por outro lado, é preciso fazer uma ressalva às demais fontes. Biomassa e pe-quenas centrais hidrelétricas não têm sido favorecidas nos leilões de energia e os planos oficiais in-dicam um crescimento da fonte hidrelétrica exacerbado, consi-derando padrões de impactos sociais e ambientais.

R:: Em uma avaliação empíri-ca, parece que outros países, especialmente os do grupo

conhecido como Bric (forma-do por Rússia, Índia e China, além do Brasil) estão mais avançados em investimentos e pesquisas que busquem a viabi-lidade econômica das energias renováveis. Na Europa, é possí-vel ver residências com placas solares nos tetos. Mas não se vê isso com facilidade no Nor-deste, região que tem índices bem maiores de insolação. Isso acontece, de fato?RB:: O Brasil está, de fato, atrasa-do no desenvolvimento da ener-gia solar e aprovou resolução para o incentivo à fonte apenas recentemente. Ainda é necessá-rio definir como será a atração de indústrias produtoras de equipa-mentos e quais serão as linhas de crédito para a aquisição destes e-quipamentos para as residências.

R:: Estão em discussão, no Brasil, novas regulamentações para uso de energia eólica e solar. Além disso, a Aneel deve

liberar um expediente que já existe em outros países, que é o de autorizar a geração pró-pria de energia em residências e vender o excedente. Como o Greenpeace vê essas medidas?RB:: Vemos as medidas com otimismo. Acreditamos que a publicação da resolução tenha sido uma vitória para todos. En-tretanto, é essencial que sejam definidas as linhas de crédito para a aquisição dos equipamen-tos, bem como o pacote para a atração de indústrias fabricantes ao Brasil. Com esses elementos, saberemos qual a demanda na-cional para a energia solar e em que ritmo ela poderá crescer.

R:: Com o vasto território e os muitos recursos naturais que possui, o Brasil tem potencial para liderar, no futuro (assim como foi exemplo no mundo com o uso de álcool combustí-vel e biodiesel para veículos), o uso de fontes renováveis para

jogo rápido com RICARDO BAITELO

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 4 5 }

geração de eletricidade?RB:: Definitivamente. O Brasil reúne condições para o desen-volvimento de diversas fontes: hídrica, eólica, solar, biomassa e até oceânica.

R:: A energia hidrelétrica é considerada uma fonte reno-vável, mas também muito po-lêmica por causa dos impactos ambientais (um exemplo re-

cente é a usina de Belo Mon-te). Como vocês vêem essa alternativa para o Brasil? Tería-mos outras opções para produ-zir energia em larga escala com os mesmos custos e prazos de implementação?RB:: A maneira como a energia hidrelétrica tem aumentado na Amazônia é extremamente pre-ocupante. Não se vê essa fonte sob o ângulo dos impactos am-bientais e sociais causados pelos empreendimentos. Nesse senti-do, acreditamos que a expansão dessa energia deve ser restrita - focada em pequenos aproveita-mentos hidrelétricos e melhora de eficiência das usinas existen-

tes. Há outras fontes com prazos mais curtos de implementação, como eólica, solar e biomassa. Já a relação dos custos deve levar mais tempo para se equiparar - uma vez que estamos falando de tecnologias mais recentes em relação à hidreletricidade, que já conta com 100 anos de experiên-cia no País.

R:: Voltando ao relatório “Re-volução energética - a caminho do desenvolvimento limpo”, o Greenpeace estima que a ener-gia nuclear no Brasil deixará de ser usada. No entanto, o governo mantém o funciona-mento das usinas e o cronogra-ma já estabelecido em Angra dos Reis. Vocês acreditam que essa situação se reverterá?RB:: A construção de Angra 3 ainda não é definitiva - a garan-tia do empréstimo de bancos franceses (responsáveis por mais de 30% do valor da obra) ainda não foi aprovada pela Alemanha e não o será, antes do segundo semestre de 2012. Em relação a futuras usinas planejadas para o Nordeste, as declarações mais recentes dos governadores esta-duais são contrárias à construção delas.

R:: No Brasil, ao contrário do que existe em outros países, não há uma política de uso do lixo para geração de energia. Na sua avaliação, isso se dá por falta de vontade políti-ca ou porque essa tecnologia ainda é muito cara para ser implantada em nossos maio-res centros urbanos?

RB:: Acredito que seja uma mistura de ambos os fatores. O potencial de geração de eletrici-dade a biogás é grande e a fonte é a mais democrática de todas, considerando que toda cidade produz lixo e poderia se benefi-ciar dessa energia.

R:: Na sua avaliação, os gover-nos (federal, estaduais e muni-cipais) têm se interessado pelo assunto? Há boas experiências a relatar, em relação ao setor público?RB:: Há um interesse crescente na fonte eólica - principalmente nos estados nordestinos - e mais recentemente na fonte solar. Existem planos, mas o que já está construído e visível ainda não é representativo em relação ao que se projeta para os próximos cinco anos para essas fontes.

R:: Como está o uso de fontes limpas e renováveis em outros países? Quem está na vanguar-da, atualmente?RB:: Na fonte eólica, a China é quem tem mais parques instala-dos e gera mais energia. Em rela-ção à geração solar, há um domí-nio da Alemanha e da Espanha na geração, mas os painéis vêm essencialmente da Ásia (China, Japão, Taiwan, entre outros). No uso da biomassa, o Brasil apare-ce entre os cinco maiores, muito mais por conta do etanol do que pela geração por bagaço de cana e outros resíduos. Em relação a investimentos, os países que tem se excedido são China, Ale-manha, Estados Unidos, Itália e Brasil.

O potencial de gera-ção de eletricidade a biogás é grande e a fon-te é a mais democrática de todas, considerando que toda cidade produz lixo e poderia se benefi-ciar dessa energia.

{ 4 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

capa

N OVA S F O N T E S

xima da energia nuclear (11,3%), de uso muito mais antigo naquele país. Já a China acrescentou 29 GW da sua rede de capacidade renovável. Foi um aumento de 12% em relação a 2009, que a fez alcançar um total de 263 GW. Na Alemanha, 11% consumo total de energia veio de fontes renováveis. Elas responderam por 16,8% do consumo de eletricidade, 9,8% da produção de calor e 5,8% do con-sumo de combustível para trans-porte. Por fi m, vários países con-seguiram fazer com que a energia eólica passasse a ser um impor-tante componente da matriz, como Dinamarca (22%), Portu-gal (21%) e Espanha (15,4%).

Quem está contribuindo muito para o crescimento das energias renováveis no mun-

do são os habitantes das zonas rurais. De acordo com o GSR, em muitas comunidades mais isoladas, onde é difícil ou eco-nomicamente inviável instalar ligações das grandes redes elé-tricas, atividades básicas como iluminação, aquecimento, refri-geração e bombeamento de água estão sendo garantidos através de pequenos sistemas fotovoltaicos, turbinas eólicas, mini-hidrelétri-cas ou equipamentos à base de biomassa. O número de domicí-lios rurais atendidos por fontes renováveis é difícil de estimar, porque muitas iniciativas vêm de projetos individuais. No entanto, há um dado disponível: mais de 44 milhões de lares já usam o gás obtido através de biodigestores domésticos para iluminação ou

para cozinhar alimentos.O relatório fez vários rankings

de países segundo alguns crité-rios ligados à exploração de fon-tes renováveis. O Brasil aparece como 5ª maior capacidade de investimento, 2º maior produtor de etanol e biodiesel (apesar de criador dos dois biocombustíveis, ele perde o primeiro posto para Estados Unidos e Alemanha, res-pectivamente). E no potencial de geração a partir de biomassa, o Brasil fi ca em segundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Vale ressalta que o grande exem-plo a ser seguido é o da Suécia. O país nórdico já alcançou uma meta que tinha estabelecido para apenas 2020, que era de gerar 50% de toda a sua energia a partir de fontes limpas e renováveis.

© A

nne

Pow

er |

Dre

amst

ime.

com

{ 4 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

especialistaE N T R E V I S TA DÁ R I O M E N E Z E S

Oprofessor e consultor Dá-rio Menezes aposta que o

mercado pode passar a incentivar produção sustentável. “A crise é econômica, mas ela também traz oportunidades para o país ou suas empresas repensarem suas es-tratégias e destinarem os poucos recursos que eles têm para indús-trias mais adaptadas a esse novo momento”, afirma. “Indústrias que geram menos passivo ambien-tal e em quase todos os casos apre-sentam custo menor de produção. Na energia eólica, por exemplo, o difícil é você fazer acontecer, co-locar uma turbina para funcionar. Mas depois que faz isso, o custo de geração dessa energia é muito baixo”. Neste cenário, ele também analisa os rumos pós-Rio+20 na seguinte entrevista

Renergy:: De acordo com o site www.ofuturoquenosque-remos.org.br, administrado

Solar: “há muito aser feito”Em meio a uma crise econômica em países ricos, reverbera o discurso da sustentabilidade. Para o consultor de empresa e professor de Governança Corporativa e Sustentabilidade Empresarial do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Dário Menezes, defende que as empresas podem deixar de investir em uma cadeia tradicional, de petróleo e gás, e destinar os recursos para energia eólica ou solar, por exemplo.

Div

lgaç

ão

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 4 9 }

pelo Centro de Informação das Nações Unidas do Rio de Janei-ro (Unic Rio), o mundo terá 9 bilhões de pessoas em 2050. Teremos tecnologia para gerar energia, alimentar e dar empre-go a essa população e, ao mes-mo tempo, explorar os recursos naturais do planeta de forma sustentável?Dário Menezes:: Essa, talvez, seja uma das grandes questões. Hoje somos um planeta com 7 bi-lhões de pessoas. Alcançamos isso no fim do ano passado e estamos caminhando para essa população de 9 bilhões em 2050. Isso traz desafios desde os mais simples, como por exemplo, de que for-ma alimentar essas pessoas. Nós não podemos pensar em dobrar a capacidade de produção agríco-la porque a agricultura é um dos grandes consumidores de água e um dos fatores que a gente con-sidera, até para antes de 2050, é uma possibilidade de escassez de água potável em varias regiões do mundo. Então nós temos o desa-fio de dobrar a produção agrícola, aumentá-la consideravelmente, sem que isso implique em uma demanda maior por água. É pre-ciso desenvolver outras formas de plantio que não exijam tanto consumo. O mesmo serve para a energia. Como fazer com que a gente consiga dar sustento, em-prego e moradia para 9 bilhões de pessoas? Se nós usarmos só os combustíveis fósseis, derivados de petróleo, que são poluentes, nós não vamos chegar lá. O que precisamos é usar outras fontes, renováveis, de energia. Entre as alternativas estão a hidrelétrica, que já é muito usada no Brasil, ou as matrizes mais novas, como

a solar e a eólica. Há ainda outras questões, como a mobilidade ur-bana e o consumo consciente. Se todos esses 9 bilhões consumirem no ritmo dos Estados Unidos, por exemplo, não vai dar, porque o padrão de consumo dos Estados Unidos é altamente insustentável. Então, é preciso garantir que cada um desses 9 bilhões tenha acesso ao que considera o consumo ne-cessário para sua vida mas não no ritmo de um americano.

R:: Mas o padrão de vida ameri-cano é almejado por boa parte do mundo, não?DM:: Sim. Esse é um dos dilemas da humanidade. Todo mundo

acha bacana o modelo america-no. Mas nem precisamos chegar ao mundo de 9 bilhões. Se hoje só a população da China tivesse esse mesmo padrão de consumo dos Estados Unidos, a gente teria que ter dois planetas e meio em recursos naturais. Hoje ele já é insustentável. Com essa popula-ção esperada para 2050, então, é preciso mudar em vários fatores. Água, energia, mobilidade, con-sumo, redução de desigualdades, entre outros.

R:: Por falar no padrão de con-sumo dos Estados Unidos, uma

das questões mais polêmicas, atualmente, em relação ao meio ambiente, é a respeito do papel de cada país na construção des-sa nova realidade mais susten-tável. Na sua avaliação, os paí-ses desenvolvidos, por já serem consumidores mais expressivos de energia e recursos naturais, teriam mais obrigação de em-preender esse esforço que os países pobres ou em desenvolvi-mento ou a responsabilidade de todos é a mesma?DM:: Todos devem contribuir. Mas o Protocolo de Kyoto, que foi assinado em 1998, estabelece que os países mais desenvolvidos, por terem um grau de produção e consumo superior, deveriam dar uma parcela maior de contri-buição. Eles deveriam voltar os seus níveis de emissão de gases causadores do efeito estufa aos patamares de 1995. Um problema nessa questão, no entanto, é que os Estados Unidos e a China não aderiram ao protocolo.

R:: Em paralelo com a discussão sobre sustentabilidade, o mun-do desenvolvido, atualmente, vive uma crise econômica de conseqüências ainda imprevisí-veis para todo o planeta. Nesse cenário, há espaço para discutir o investimento necessário para o uso de fontes renováveis de energia?DM:: Na verdade, o que aconte-ce é que não estamos falando de coisas desconexas. Essas questões são duas faces da mesma moeda. Países como a Grécia e a Espa-nha, por exemplo, têm problemas econômicos graves e que vêm de longo prazo, mas eu também posso ter uma proposta de que

O número de domi-cílios rurais atendidos por fontes renováveis é difícil de estimar, porque muitas iniciativas vêm de projetos individuais.

{ 5 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

os financiamentos deixem de ser dados para indústrias poluentes e passem para empresas verdes. Eles podem deixar de investir em uma cadeia tradicional, de petró-leo e gás, e destinar os recursos para energia eólica ou solar, por exemplo. Pode-se passar a incen-tivar empregos em biotecnologia, em produção sustentável. A crise é econômica, mas ela também traz oportunidades para o país ou suas empresas repensarem suas estratégias e destinarem os pou-cos recursos que eles têm para indústrias mais adaptadas a esse novo momento. Indústrias que geram menos passivo ambiental e em quase todos os casos apresen-tam custo menor de produção. Na energia eólica, por exemplo, o difí-cil é você fazer acontecer, colocar uma turbina para funcionar. Mas depois que faz isso, o custo de ge-ração dessa energia é muito baixo.

R:: Mas algumas fontes alterna-tivas de energia ainda são mais caras que as tradicionais.DM:: Não é que elas sejam mais caras. A questão é que é preciso mudar o modo de pensar. Vamos supor que, no meu prédio, onde sou síndico, a conta mensal é de mil reais. Eu posso sugerir a colo-cação de uma placa solar que vai se pagar em vinte meses. E depois disso, a energia vai ter um custo mensal de 700 reais, por exemplo. No primeiro momento as pesso-as podem dizer que vão investir uma quantia maior para instalar a placa. Mas depois que houver a redução do custo, ela se pereniza. Então, é uma questão de decisão. Eu quero continuar pagando mil reais por mês ou fazer um inves-

timento que ao longo do tempo pode trazer um retorno muito melhor e vai deixar de agredir o meio ambiente?

R:: Ainda falando sobre os pa-íses desenvolvidos, ao mesmo tempo em que eles, mesmo em crise, já apresentam uma alta demanda por energia e re-cursos naturais, as chamadas nações emergentes vêem uma classe média com crescente poder aquisitivo e conseqüen-te aumento de consumo de bens duráveis como automó-veis e eletrodomésticos. Nesse contexto, pode-se dizer que a energia, atualmente, é o ponto central da discussão ambiental do planeta?DM:: Não, eu não acho que seja só essa a questão mais importan-te. A humanidade está diante de várias questões. Temos a escassez de água, a extinção de várias espé-cies de animais e plantas, as desi-gualdades sociais. Temos muitas coisas para atacar e resolver. Uma delas, mas que não é central é a energia. Mal ou bem, nós conse-guiremos ter petróleo por mais 80, 100 anos. Água doce, pelas es-tatísticas, a gente só tem até 2025, em vários países do mundo.

R:: O senhor diz, em um artigo, que as motivações para colocar a sustentabilidade como tema central na estratégia de negó-cios estão relacionadas com o aumento da eficiência opera-cional e a redução de custos. Investir em sustentabilidade, realmente, significa obter redu-ção de custos?DM:: Significa obter uma empre-

sa mais aberta, colaborativa, mais integrada com fornecedores e par-ceiros. Também significa uma re-visão dos processos operacionais. Na maioria dos casos, isso faz com que ela se torne mais competitiva.

R:: Na sua avaliação, qual o prin-cipal debate da Rio+20?DM:: Acho que o debate central é o chamado Triple Bottom Line: como mesclar o crescimento eco-nômico com a proteção social e ambiental. A discussão é: o mun-do precisa crescer e gerar empre-go para garantir o sustento das 9 bilhões de pessoas que virão, mas como fazer isso de uma forma que se proteja o ambiental e o social? A gente não consegue seguir em frente com a humanidade se não conseguir equilibrar essas três coisas. Não adianta ser ótimo no desempenho econômico e gerar vários empregos se eles são polui-dores ou relacionados a atividades que vão exaurir os recursos natu-rais.

R:: E com relação aos resultados práticos do evento para o futu-ro, qual a sua expectativa?DM:: Nesse momento, em que estou dando a entrevista, temos um quadro de baixa adesão dos chefes de estado ao encontro. O ideal seria que, apesar da crise e do processo eleitoral que muitos países estão vivendo, nós conse-guíssemos ter o maior número possível de chefes de estado no evento para garantir que as deci-sões que vão ser tomadas serão colocadas em prática. Nós não precisamos de novos acordos. Precisamos é que os acordos que já existem sejam cumpridos.

DÁ R I O M E N E Z E S

especialista

E N T R E V I S TA

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

{ 5 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

alternativa

Se o sol se move ao longo do dia, por que os painéis sola-

res são planos? Foi essa pergunta que Josuke Nakata, presidente da Kiosemi, empresa de inovação ja-ponesa, se fez alguns anos depois de fundar sua companhia. Dessa pergunta simples nasceu mais uma ideia para contribuir com a geração de energia limpa: micro-células solares esféricas.

Nakata, que foi membro de uma equipe que desenvolveu painéis solares para a Mitsubishi Electric, observou que, além de a luz solar não ser estática, a incidên-cia dos raios é difusa, ou seja, eles não chegam à superfície da Terra fazendo um ângulo exato de 90 graus com o solo. Por isso, pensou em desenvolver células fotovol-taicas capazes de receber a luz de

forma mais eficiente. Elas seriam na forma de cristais esféricos de silício (o principal material usado nos painéis solares) derretido.

O caminho para chegar ao produto idealizado pelo inventor é interessante. Ele tinha planos de expandir a Kyosemi e escolheu a cidade de Kamisunagawa, um ex--polo de mineração de carvão que estava tentando atrair novas indús-trias. Uma delas era o Jamic (Japan Microgravity Center, ou Centro de Microgravidade do Japão), que tinha transformado um túnel de uma mina abandonada em local de pesquisas científicas.

O trabalho do Jamic interessou Nakata, que teve a ideia de fazer cristais esféricos de silício derreti-do na ausência de gravidade. Para isso, aproveitou um túnel vertical

com 490 metros de profundida-de das instalações do laboratório. Colocando uma cápsula vazia em queda nesse túnel, o seu espaço interior entrava em estado de mi-crogravidade durante a queda. A equipe da Kyosemi, então, pôs um pedaço de silício na cápsula e ten-tou derretê-lo e cristalizá-lo duran-te a queda. A experiência foi repe-tida na forma de tentativas e erros. Como resultado, foram formados alguns grãos de forma cilíndrica.

O passo seguinte foi fazer a liga-ção de várias esferas produzidas na experiência sobre uma superfície para gerar eletricidade. Foi obti-da eletricidade a partir de quatro células, quando elas, depois de prontas no túnel, foram expostas à luz. Após esse primeiro resultado, a Kyosemi começou a realizar as pesquisas de forma mais intensiva e criou seu próprio laboratório de microgravidade. A patente dos tra-balhos foi lançada em 2004, com o registro da marca Sphelar (Spheric Solar, esfera solar em português).

A partir do conceito, a empresa criou vários subprodutos. O Sphe-lar Array é um conjunto de módu-los solares com seis opções dife-rentes de tensão. O Sphelar One, uma microcélula esférica moldada em um invólucro de plástico. Já o Sphelar Dome foi projetado para captação ao ar livre e dispositivos sem fio. E o Sphelar Mini Dome, com as mesmas características do modelo anterior mas em formas

Maior alcance

Foto

: Kio

sem

i

Células solares esféricas surgem como alternativa mais eficiente para captar a luz ao longo do dia e gerar eletricidade

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 5 3 }

mais reduzidas.Segundo o inventor das células

esféricas, seu produto é mais efi-ciente que as convencionais. Isso acontece, de acordo com ele, por-que a luz do sol entra em cada cé-lula a partir de várias direções sob a forma de radiação direta, reflexão e dispersão. Em módulos solares tra-dicionais, a luz que entra é limitada por causa do tamanho bidimensio-nal da superfície receptora de luz. “Isso significa que muito pouco da luz que brilha nos lados e para trás das células pode dar qualquer con-tribuição para a geração de ener-gia”, explica o cientista.

Ele ainda acrescenta que para

garantir a melhor captação de luz possível, o sistema convencional tenta posicionar as placas de forma a otimizar o ângulo de inclinação da superfície de recepção de luz. No entanto, com o movimento do sol, há alterações no ângulo de incidência causando decréscimo na potência gerada. O problema é amenizado com as células esféri-cas, cuja superfície de captação é bem maior.

Outra vantagem do sistema, ressalta Nakata, é que a produção das células esféricas de silício dife-re significativamente da produção de células solares convencionais. Elas poderiam ser mais finas, para

reduzir custos, mas isso as deixaria mais susceptíveis a rompimento durante o manuseio. As células esféricas oferecem uma solução melhor para o problema. Elas têm diâmetro de cerca de um milíme-tro, o que aumenta a relação entre a área da superfície e o volume. Isso significa que com uma pequena quantidade de silício é possível produzir uma grande superfície receptora de luz, poupando o cus-to com material. Além disso, o processo de fabricação dos cristais esféricos de silício elimina a per-da de processamento associada à produção dos módulos planos das placas solares convencionais.

{ 5 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

solar

Estradas energéticasProjeto holandês quer aproveitar a malha viária dopaís para gerar energia elétrica através da luz do solcom um piso carregado de células fotovoltaicas

Um dos grandes desafios para a indústria automobi-

lística, que tem sido pressionada pelo mercado a colocar carros elétricos nas ruas, substituindo os movidos a motor a combus-tão, é com relação à autonomia dos modelos. Geralmente ela é de pouco mais de 100 km. E o abastecimento não é tão simples quanto o dos modelos tradicio-nais. Além de existirem poucos pontos, carregar baterias ainda leva bem mais tempo que encher um tanque. Pensando numa solu-ção para isso, um projeto na Ho-landa propõe a construção de um sistema que aproveita a malha viária do país para gerar energia através da luz solar.

Batizado de SolaRoad (junção das palavras “solar” e “road”, que em português poderia ser tra-duzido como “estrada solar”), o projeto tem como uma das metas aproveitar os 137 mil km de estra-das existentes na Holanda para gerar energia. A estimativa é que cada metro quadrado signifique 50 kWh - para efeito de compa-ração, segundo a equipe respon-sável pela SolaRoad, o consumo médio anual de uma família ho-landesa é de aproximadamente 3.500 kWh.

Basicamente, o projeto fun-ciona da seguinte forma: a estra-da é formada por camadas. Na

base de tudo, ficaria o concreto. Logo acima, um nível com células solares. E para protegê-las, uma camada superior transparente para que a luz do sol chegue ao material fotoelétrico. A promessa é de que esse material, “fabricado em um processo industrial, em condições controladas”, segundo os responsáveis pelo SolaRoad, seria capaz de resistir ao peso dos veículos sem rachar. Além disso, ele será muito durável e poderia ficar longos períodos sem preci-sar de manutenção.

Além da geração de energia, a proposta é fazer com que a es-

trada ofereça vários outros recur-sos. Sensores poderiam avaliar as condições do tráfego e ajudar os engenheiros a melhorar a fluidez dos veículos. Outra possibilidade seria permitir o trânsito de veí-culos automáticos, guiados pela própria estrada. LEDs instalados ao longo da via poderiam ajudar os motoristas em condições de baixa visibilidade. E, por fim, a proposta mais interessante: um sistema de transmissão de ener-gia sem fio poderia abastecer os carros elétricos enquanto eles es-tivessem passando pela estrada.

Além das estradas para veí-

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 5 5 }

culos motorizados, o SolaRoad também pretende aproveitar os 15 mil km de ciclovias da Holan-da, país onde o uso da bicicleta como meio de transporte faz parte da cultura da população. A experiência piloto do projeto, inclusive, está sendo implantada em 100 metros de uma ciclovia na província de Noord-Holland, localizada no norte do país e da qual faz parte a cidade de Amster-dã. Os projetistas fazem questão de destacar que muitos testes ain-da precisam ser feitos para que o sistema seja viável. O programa inclui desenvolvimento de pro-dutos nas áreas de engenharia, seleção de materiais, distribuição de energia, modelo de negócio e os critérios segurança e conforto para os usuários. Uma questão que precisa ser resolvida, por exemplo, é o pouco atrito exis-tente no vidro. Como os pneus terão aderência para frear em um material liso?

O SolaRoad é fruto de uma parceria entre o TNO, uma ins-tituição de pesquisa, a emprei-teira Ooms Avenhorn Groep, a empresa de tecnologia Imtech e a província de Noord-Holland. O projeto é ambicioso e ainda não há resultados concretos a serem mostrados. Os investidores admi-tem que ainda há muito a apren-der sobre o sistema que eles idea-lizaram. Mas são ambiciosos. No cronograma definido pela equi-pe, a ciclovia piloto deve começar a funcionar este ano e até 2015

eles acreditam ter um produto viável para colocar no mercado, e que gere lucro.

Projetos vão muito além da estrada

A TNO, principal parceira da SolaRoad, tem vários outros projetos em diversas áreas, prin-cipalmente as ligadas à inova-ção. A sigla vem de Nederlandse Organisatie voor Toegepast Na-tuurwetenschappelijk Onderzo-ek (Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada). Ainda no setor de geração de energia limpa, a instituição está empenhada numa meta definida pela União Europeia, segundo a qual a percentagem de fontes renováveis na matriz energética do continente tem que chegar a 20% até 2020.

A contribuição da TNO para atingir este objetivo tem sido es-tabelecer parcerias com o setor público e empresas para aprimo-

rar o conhecimento sobres redes de energia inteligentes, conheci-das como Smartgrids. Segundo a instituição de pesquisa, elas são estruturas de energia integradas em que grandes e pequenos con-sumidores e produtores ficam li-gados à mesma matriz, tornando o fornecimento de energia mais confiável, sustentável e eficiente.

O TNO trabalha para que em 2050 essas redes “inteligen-tes” garantam o mesmo nível de segurança e estabilidade no fornecimento de energia que as fontes tradicionais, principal-mente porque elas preveem esse modelo descentralizado com a participação integrada de opções renováveis (energia solar, eólica, biomassa etc.).

Para sabermais sobre

tno.nl/solaroad

Rebe

cca

Pulle

ns, r

ebec

ca.p

ulle

ns@

tno.

nl

{ 5 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

fique por dentro

São equipamentos relativa-mente simples, formados

por uma câmara hermetica-mente fechada, onde é deposi-tada uma mistura formada por materiais orgânicos, acrescidos de água. Os biodigestores produ-zem as condições ideais para que as bactérias anaeróbicas possam digerir e fermentar o material orgânico depositado, produzindo o gás metano, também chamado de biogás

Desde meados do século XIX, a Índia deu início ao processo

de produção de energia através de biodigestores. Um marco no desenvolvimento desta tecno-logia foi a criação do Institute Gobár Gás (Instituto de Gás de Esterco), na cidade de Kampur, em 1939. No instituto, foi desen-volvida a primeira usina de gás de esterco. Com o sucesso das pes-quisas realizadas, a metodologia de biodigestores foi difundida por toda a Índia. O exemplo foi seguido pela China e, de acordo com alguns pesquisadores, em 1972, o país já possuía mais

de sete milhões de unidades.No Brasil, o uso e as pesquisas

com biodigestores se iniciaram a partir da segunda metade da década de 1970, porém os resulta-dos obtidos desde então colocam o País em boa situação no que se refere à tecnologia de biodigestão. De acordo com o Atlas da Energia Elétrica no Brasil, elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a biomassa representa cerca de 20% da oferta primária de energia no País. «A imensa superfície do território nacio-

Como funcionam osbiodigestores

Rena

ult:

Div

ulga

ção

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 57 }

nal, quase toda localizada em regiões tropicais e chuvosas, ofe-rece excelentes condições para a produção e o uso energético da biomassa em larga escala».

Mas afi nal, o que são e como funcionam os biodigestores? Eles são equipamentos relativa-mente simples, formados por uma câmara hermeticamente fechada, onde é depositada uma mistura formada por materiais orgânicos, acrescidos de água. A matéria orgânica utilizada pode ser formada por resíduos de produção vegetal, como poda, palha, folhas, bagaço de cana de açúcar; de produção animal, como esterco e urina, ou de produção humana, como fezes, urinas e lixo doméstico.

Os biodigestores produzem as condições ideais para que as

bactérias anaeróbicas possam digerir e fermentar o material orgânico depositado, produzindo o gás metano, também chamado de biogás. Para que isso ocorra, são necessárias algumas condi-ções específi cas, como a inexis-tência de ar no biodigestor, pois a presença do O² é mortal para as bactérias anaeróbicas, parali-sando o seu metabolismo e a con-sequente produção do metano. Outra condição necessária para a biodigestão é que a tempera-tura esteja entre 15°C e 45°C, uma vez que alterações bruscas de temperatura comprometem a produção. Também é necessá-ria a presença de nutrientes na matéria prima utilizada e que ela possua um percentual de água de 90 a 95% em relação ao seu peso.

O processo completo da biodi-

gestão leva algo em torno de 55 a 60 dias para ser concluído. O bio-gás produzido pode ser utilizado para o aquecimento de fogões, lampiões, chocadeiras e estufas de produção vegetal. Ele pode ser utilizado ainda para a geração de energia elétrica através de gerado-res acoplados a motores de explo-são adaptados ao consumo de gás.

O resíduo formado pelos bio-digestores, que podemos chamar de biofertilizante, como o pró-prio nome já diz, pode ser usado como adubo orgânico. Além de água, esse líquido que fi ca no biodigestor possui elementos químicos como nitrogênio, fós-foro e potássio em quantidades que podem ser utilizadas pelos produtores rurais para a fertili-zação do solo, sem falar no seu baixo custo para ser produzido.

BiodigestorResídusoanimais

Coleta de fertilizante

Saída

Saída

Válvula

Nível do terreno

Entrada

Câmara de digestão

Descarga

Biogás

1 Excrementos animais e restos de alimentos são misturados com água no alimentador do biodigestor

2 Dentro do biodigestor, a ação das bactérias decompõe o lixo, transformando-o em gás metano e adubo

3 O gás metano pode ser encanado para alimentar um gerador ou aquecedor

4 As sobras servem como fertilizante

Div

ulga

ção

{ 5 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

hidreletricidade

Fáceis de instalare usarPara aproveitar o potencial de pequenose médios cursos de água, empresa americanaprojetou turbinas horizontais que dispensamobras de instalação e prometem baixoimpacto ambiental

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 59 }

G eração de energia limpa, eficiente e segura. Essa é a

proposta da Hydrovolts, empre-sa americana que desenvolveu uma turbina de mesmo nome. Diferentemente das convencio-nais usadas em usinas hidrelétri-cas, ela funciona sobre um eixo horizontal. De acordo com os projetistas, isso garante algumas vantagens na captação da água e no aproveitamento da energia das correntezas para gerar eletri-cidade.

Basicamente, a Hydrovolt é formada por um gerador com espaço interno para colocação de diferentes tipos de rotor (o componente onde ficam as pás, que vai girar com a força da água). O objetivo para essa diversidade de opções de modelos de rotores, explica a empresa fabricante, foi o de adequar a turbina à reali-dade do cliente, adaptando-se a fatores como velocidade e densidade da água e profun-didade do local de instalação.

Ainda em relação à profundi-dade, outra facilidade da turbina para otimizar a captação de ener-gia é que ela é flutuante, podendo ficar sobre a superfície da água ou

submersa dentro do fluxo. Essa flutuabilidade pode ser ajustada para gerar energia onde a veloci-dade da água for maior: depois de devidamente programada, ela ras-treia automaticamente os difer-entes níveis de profundidade.

Apesar de aceitar vários tipos de rotores, a Hydrovolt também se preocupou em desenvolver seu próprio equipamento, batizado de “Flipwing” (em português, algo como “asa que vira”). Nela, as pás articuladas são empurra-das pela corrente de água contra o eixo central. Quando vão fazer o caminho de volta, dessa vez contra a corrente, elas viram e ficam apenas com a borda como superfície de contato. De acordo com a fabricante, isso elimina quase toda a resistência e propor-ciona um diferencial de pressão, através do eixo, de cerca de 95%.

Entre os principais argumen-tos dos projetistas, em relação à vantagem do uso da Hydrovolt, estão o fato de que no mundo existem milhões de pessoas vivendo próximo de pequenos fluxos de água e boa parte delas é incapaz de tirar proveito do potencial energético que esses

fluxos apresentam. E, com isso, acabam dependendo de água vinda de grandes fontes gera-doras. E mesmo as pequenas hidrelétricas, apontadas como solução para geração em peque-nas localidades, acabam causando algum impacto ambiental.

Já em relação à energia eólica, outra opção de energia limpa para pequenas propriedades, os fabricantes da Hydrovolt afir-mam que a água corrente tem uma energia 800 vezes maior por área que o fluxo de ar. Por causa disso, ela tem uma relação custo benefício melhor. Além disso, é bem menos provável que um canal ou pequeno rio fique total-mente parado do que uma região passar o dia inteiro sem ventos ou com correntes de ar inca-pazes de girar uma turbina eólica.

Para funcionar, a turbina hor-izontal é um produto, segundo os projetistas, do tipo “plug and play”, ou seja, é so colocar den-tro da água, conectar a um fio condutor, e começar a usar a energia. Ela dispensa qualquer modificação no local onde vai ser instalada e fica presa ao solo por linhas de ancoragem. Os

Imag

ens:

Div

ulga

ção

{ 6 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

hidreletricidade

modelos mais compactos, se-gundo a Hydrovolt, podem gerar eletricidade menos de uma hora depois de colocados na água e precisam de uma corrente com velocidade mínima de 1 m/s.

Considerando o preço da ele-tricidade nos Estados Unidos, de cerca de 11 centavos de dólar por kilowatt, os fabricantes garantem que um pequeno protótipo da Hydrovolts, em uma corrente de 2 m/s, pode garantir ao usuário uma economia de cerca de 1.400 dólares por ano. Se a velocidade for de 6 m/s e for usado um gerador maior, podem ser pro-duzidos cerca de 37 mil dólares. Esse montante pode ser em eco-nomia nos gastos ou em receita, já que os americanos podem vender a energia excedente para a rede de distribuição.

A empresa disponibiliza qua-

tro tipos de turbina horizontal. A portátil tem o tamanho aproxi-mado de uma mesa de trabalho e é apropriada para pequenos canais e comportas, cachoeiras e vertedouros. É capaz de gerar entre 100 W e 1kW, depend-endo da velocidade da água. O modelo médio tem dimensões próximas de um carro pequeno. Foi projetado para caber na maioria dos canais de irrigação e gera entre 1,5 e 12 kW. A tur-bina grande tem o tamanho de um caminhão pequeno. Gera até 20 kW e é adequada para grandes canais e aquedutos. Por fim, há o modelo para cascata, do mesmo tamanho da portátil mas capaz de gerar até 30 kW.

Em relação à capacidade total de geração de energia, as turbi-nas são modulares e podem ser ligadas para trabalhar em con-

junto e aumentar a potência de saída. Assim, uma turbina de 30 kW pode ser simulada pela união de três de médio porte ou duas de grandes dimensões.

Segundo a empresa, a Hydro-volts contabiliza três projetos de avaliação nos Estados Unidos. O primeiro foi feito em parceria com a Marinha. Um estudante de um centro de pesquisa da instituição comprovou que o equipamento funciona de forma similar a uma turbina de ondas. No outro, foi construído um rotor especial para aproveitar a água em uma estação de tratamento de águas residuais da cidade de Port Orchard. Por fim, em um canal de irrigação em Sunnyside, uma turbina funcionou durante 20 horas. Com um fluxo de 1,2 m/s, ela produziu um total de 8 kWh de energia durante o período.

@Gamesa_Officialgamesaofficial

NOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: plataforma G9X-2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específica para diminuir o Custo da Energia (CoE)

@Gamesa_Officialgamesaofficial

NOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MWNOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade > Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade > Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade > Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade > Sim, alcança a mais elevada eficiência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do> Sim, oferece a menor densidade de energia do> Sim, oferece a menor densidade de energia do> Sim, oferece a menor densidade de energia do> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: > Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: > Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: > Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: > Sim, tem a confiança na tecnologia comprovada: plataforma G9X-2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específica para > Sim, desenvolvemos tecnologia específica para > Sim, desenvolvemos tecnologia específica para diminuir o Custo da Energia (CoE)

YESWE DO

{ 6 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

eólicas

Mercado aquecidoBrasil é líder no mercado eólico latino-americano. Foi responsável por 50% das instalações efetuadas na América Latina em 2011, com 582,6 gigawatts (GW), e também se destaca quanto à capacidade total investida em energia eólica

Está sendo implantada, no Ceará, a primeira fábrica no

Brasil de aerogeradores da Fuhr-lander, empresa multinacional de origem alemã. A empresa fez o lançamento, em abril deste ano, da pedra fundamental, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, região metropolitana de Fortale-za. A previsão é de que a fábrica inicie as atividades no primeiro se-mestre de 2013. A Fuhrlander vai produzir aerogeradores com 141 metros de altura, com adaptações para tirar o melhor proveito dos ventos brasileiros. Serão cerca de 240 unidades fabricadas por ano, trabalhando inicialmente em um turno por dia. A princípio, serão

criados 200 empregos diretosde alta qualifi cação em áreas

de níveis gerenciais, administra-tivo, fi nanceiro, técnico e de en-genharia, além de 600 empregos indiretos.

A chegada da alemã assinala uma expansão do setor de ener-gia eólica no Brasil, colocando-se como ferramenta fundamental para o barateamento dos custos e evitando a evasão de investimen-tos em função da importação dos equipamentos. O gerente de pro-jetos da empresa, Newton Lima, destacou a importância dessa ação como atrativo para o interesse e a instalação de outras empresas ligadas ao setor. “Eles têm partes

de fundição, elétrica, hidráulica e sistema de cabos que podem ser adicionados à produção local. No entanto, para fabricar aqui, nes-te momento, ainda teremos que comprar essas partes de produto-res de outros estados, como Mi-nas Gerais e São Paulo. Mas com a nossa fábrica aqui, essas empresas podem vir a se instalar no Ceará”, avalia.

De acordo com Newton Lima, a primeira fábrica terá cerca de 122 mil metros quadrados e um investimento previsto em R$ 15 milhões para a primeira fase. No entanto, a longo prazo, a Fuhrlan-der já planeja uma possível am-pliação, o que resultaria em um investimento adicional de R$ 30 milhões.

Em projeção feita pelo pre-sidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tol-masquim, o Brasil pode se tornar, em 2013, o décimo maior produ-tor de energia eólica do mundo, um salto de 10 posições, já que o País terminou 2011 na 20ª colo-cação. A estimativa tomou como base o crescimento da capacidade instalada e a previsão da entrada dos parques eólicos já contratados, e o Ceará tem papel predominante neste crescimento.

Div

ulga

ção

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 6 3 }

Números apresentados no Comitê Latino-Americano do Conselho Global de Energia Eó-lica (GWEC), durante encontro realizado no México em março deste ano, ressaltam a liderança do Brasil no mercado eólico latino--americano. O País foi responsável por 50% das instalações efetuadas na América Latina em 2011, com 582,6 gigawatts (GW), e também se destaca quanto à capacidade total investida em energia eólica.

Na segunda posição, no mes-mo ranking, está o México, com 31%, Honduras, respondendo por 9%, Argentina com 7% e Chile, 3%. O Brasil também se sobres-

sai quando o aspecto analisado é potência instalada acumulada por país, de 2008 a 2012, alcançando um volume de 1.509 MW.

A Abeeólica (Associação Bra-sileira de Energia Eólica), insti-tuição que congrega e representa o setor eólico no País, analisa que as perspectivas de crescimento até 2020 são positivas para o mercado eólico brasileiro. “Nossa previsão é que o Brasil atinja o potencial de 20.000 MW instalados até 2020 e esse número é muito plausível. Para sustentar essa indústria, bas-ta vender, pelo menos, 2 GW por ano, somando-se o mercado regu-lado e mercado livre”, destacou o

diretor Executivo da Abeeólica, Pedro Perrelli.

Segundo dados disponibiliza-dos pelo GWEC, a previsão é de que América Latina e Caribe atin-jam 30.000 MW de capacidade cumulativa até 2020. O Conselho também disponibilizou estatísti-cas quanto à participação dos fa-bricantes de turbinas eólicas nos três principais mercados latino--americanos. No Brasil, a Enercon tem 43%, Suzlon 24%, Impsa 22% e Vestas 10%. No México, a Accio-na WP tem 63%, Gamesa 23% e Clipper 14%. Já no Chile, Vestas

detém 57%, Acciona 30%, Dewind 10% e Siemens 2%.

{ 6 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

personagemE N T R E V I S TA

O CEO da Impsa Wind, Luis Pescarmona,aponta o caminho para uma energia maiscompetitiva no Brasil: redução da cargatributária. “Impostos representam 48% docusto da produção elétrica no Brasil. Esse nívelde impostos é claramente um obstáculo aoinvestimento e ao desenvolvimento do País”.Para ele, este esforço deve ser o foco de Dilma

“Brasil necessitade energia maiscompetitiva”

{ por Carol de Castro

LU I S P E S C A R M O NA

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 6 5 }

Imag

ens:

Agê

ncia

Bra

sil

{ 6 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

personagem

uis Pescarmona faz parte da quarta geração da família que empresta o sobrenome a grupo de empresas com origem na Ar-gentina. Ele é engenheiro indus-trial graduado no Instituto Tec-nológico de Buenos Aires, com MBA da Escola de Negócios de Harvard (EUA). É membro do Comitê Executivo da Impsa des-de 2006. De 2000 a 2003, ocu-pou vários cargos na divisão de Investment Banking do Morgan Stanley, em Nova York e Buenos Aires. Atualmente, é CEO da Impsa Wind e responsável por todas as unidades de negócios do Grupo Pescarmona no Brasil. A origem da Impsa remonta ao ano de 1907, quando o avô do atual presidente, Enrique M. Pescarmona, fundou Talleres Metalúrgicos Pescarmona na província de Mendonza, Ar-gentina. Ali se fabricavam so-bressalentes de ferro fundido, equipamentos para a indústria vitivinícola e comportas para ca-nais de irrigação. Durante a dé-cada de 1910-1920, Pescarmona se converteu em líder no forne-cimento de equipamentos para vitivinicultura, manufatura de comportas e outros componen-tes de metalurgia leve.Durante a década de 1970, a

Impsa se posicionou como de-senvolvedor de tecnologia e se firmou como líder na produção de bens de capital para a geração hidrelétrica na América Latina.Nos anos 80, surgiu o conceito de provedor de soluções inte-gradas. Para alcançar esse ob-jetivo, foi implementada uma política agressiva de pesquisa e desenvolvimento que permitiu transformar em realidade esse novo foco. Como prova concre-ta disso, a companhia construiu seu próprio laboratório hidráuli-co em Mendonza, no Centro de Investigação Tecnológica (CTI), o único na América Latina e um dos mais avançados do mundo. Paralelamente, as operações da companhia se consolidaram com sua expansão internacional na América Latina e nos novos mercados, como a China e o Su-deste Asiático. Durante os anos 90, a compa-nhia começou a desenvolver sua capacidade de engenharia financeira como propulsora e investidora de projetos de gera-ção elétrica. Os investimentos realizados foram muito variados, mas podemos destacar alguns nas seguintes categorias: BOT (Build, Operate & Transfer), BROT (Build, Rehab, Operate & Maintenance) e BOM (Build, Operate & Maintenance).Com essa conquista, a Impsa se tornou um dos principais desen-volvedores de projetos “hydro” no Mundo e um provedor de so-luções integrais. Desde projetos de engenharia básica, passando por contratação e fabricação, até a operação e manutenção, a Impsa desenvolveu um know--how e tecnologia que inclui não

E N T R E V I S TA LU I S P E S C A R M O NA

O Brasil é atraente para investidores locais e internacionais. Conta com democracia estável e economia em crescimento

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 67 }

apenas engenharia de produto, mas também engenharia de pro-cessos e engenharia financeira. Atualmente, a empresa está de-senvolvendo novas versões de seus equipamentos Unipower, tecnologia própria de última geração, para chegar a uma po-tência unitária de quatro a cinco megawtts (MW) nos próximos três anos. Hoje, a Impsa está consolidada como líder na gera-ção de energia elétrica a partir de recursos renováveis na Amé-rica Latina, sendo o principal investidor em parques eólicos na região e o maior produtor de equipamentos. Com mais de 30.000 MW instalados, está presente em mais de 40 países, com projetos operando nos cin-co continentes. Possui mais de cinco mil empregados no mun-do que asseguram a qualidade e excelência de seus produtos e serviços.

Renergy:: O Brasil tem atra-ído investimentos na área de energia renovável. O governo brasileiro vem incentivando as fontes de energia alternativa e utilizando esse fato como um case de marketing institucio-nal do País no cenário interna-cional. Como o empresariado internacional vê o mercado brasileiro?Luis Pescarmona:: O Brasil é um mercado muito atraente tanto para investidores locais quanto para internacionais. No nível político, conta com uma democracia institucional está-vel. A economia se encontra em claro crescimento e é vista como uma oportunidade, de-vido às condições de crédito de

seu Estado, que não tem altos níveis de dívida soberana. Esse crescimento em conjunto com um sistema institucional que respeita a lei e os contratos é fundamental para que os inves-tidores possam seguir investindo no Brasil. Além disso, a visão de fornecer financiamento a longo prazo na moeda local a produtos que gerem emprego no Brasil reforça a vontade de investir não apenas em projetos específicos, mas também em cadeias de va-lor com alta incidência de em-prego qualificado, gerando um ciclo virtuoso de investimento e geração de forma sustentável ao longo do tempo. Claramen-te existem desafios, um deles é dar continuidade mediante o planejamento ordenado das necessidades energéticas de um país, com foco no longo prazo. Isso se constrói de uma manei-ra muito lenta e se destrói mui-to fácil, por isso a vigilância do Estado não pode variar nem se esquecer desse planejamento, mesmo quando os mercados que são muito variáveis peçam isso. A energia elétrica não é um bem normal ou comum. É um bem estratégico e deve ser visto como uma prioridade em nível estatal. Até hoje, o Brasil conseguiu dar esses passos de maneira corre-ta, mas é um caminho que não termina nunca. Portanto, a ins-titucionalidade alcançada deve ser sempre reforçada, com mais e maiores amostras de metas cla-ras e objetivos a longo prazo.

Renergy:: O que atrai e o que afasta o investidor de energia renovável no Brasil? A consolidação de um marco

Financiamento a longo prazo na moeda local a produtos que gerem emprego no Brasil reforça a vontade de investir

{ 6 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

regulatório e uma melhora nas questões tributárias são os principais questionamentos quando se fala em investimen-tos no País?Luis Pescarmona:: Seguran-ça jurídica e o acesso a financia-mento são chaves para o sucesso e o crescimento que estão tendo as energias renováveis no Brasil. A falta de confiança no sistema é muito prejudicial, e todos os obstáculos que surgem devem ser superados com uma visão sis-têmica de suas consequências. De nada serve fazer as coisas bem em uma área, se o plane-jamento pode ser alterado por necessidades de curto prazo. De nada serve ter um sistema muito transparente de preços se esses preços não são sustentáveis no longo prazo. É preciso entender que existe uma assimetria muito grande na energia. Se deixa de ser negócio, é a sociedade que sempre paga o pato. Nesse pon-to, me refiro ao planejamento. É imperativo que o Estado não compre energia visando apenas o preço. Tem que ter uma visão de que os investimentos devem ser constantes. Se os preços, por conjunturas internacionais de falta de oportunidades, caem de-masiadamente, inclusive remo-vendo a rentabilidade positiva, é muito provável que as conse-quências negativas sejam maio-res ao que se consegue com uma poupança simples. Se não há capacidade de investir, a socie-dade inevitavelmente fica com os custos da falta de energia, que se medem percentualmente do PIB: uma crise energética não custa menos de 3 a 4% do PIB de uma nação. Pelo contrário, se

se sobreinveste, a preços ligeira-mente acima do ideal, esses cus-tos que são pagos pela sociedade são financiados a longo prazo, já que os contratos de energia du-ram 15 ou mais anos. Essa visão de continuar a investir, seguindo um planejamento de longo pra-zo, protegendo o sistema de suas próprias vontades negativas e dando sinais claros de proteção dos investimentos, fará com que o mercado energético brasileiro seja invejado em todo o mundo.

Renergy:: Na sua opinião, quais os caminhos para o Bra-sil atrair mais investimentos em energia limpa?Luis Pescarmona:: Planos de compra de energia no longo pra-zo, preços e condições de contra-tos a serem respeitados ao pé da letra, com suporte em um qua-dro institucional de todo o siste-ma. O Brasil precisa de energia. O mundo precisa de energia.

Renergy:: O aquecimento global esquentou, no geral, os negócios verdes?Luis Pescarmona:: As ener-gias renováveis são uma fonte de energia infinita e limpa que fazem com que o mundo seja mais sustentável. Os efeitos são cada vez mais visíveis, e os países são cada vez mais conscientes do caminho a seguir para viver em um mundo melhor. As novas gerações já não aceitam que se continue contaminando nosso habitat a qualquer custo.

Renergy:: O senhor acredita que o Brasil tem conseguido aliar desenvolvimento econô-mico e tecnológico com sus-

Planejamento de longo prazo fará com que o mercado energético brasileiro seja invejado em todo o mundo

personagem

E N T R E V I S TA LU I S P E S C A R M O NA

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 69 }

tentabilidade?Luis Pescarmona:: É muito importante que o desenvolvi-mento econômico e tecnológico esteja a serviço da sustentabili-dade. É contraproducente im-pulsionar um sem o outro. As três variáveis do desenvolvimen-to devem ser parte da equação e manter um equilíbrio de cresci-mento conjunto. O Brasil é um país que aposta nisso, e a Impsa demonstra seu apoio a essa po-lítica com fortes investimentos em I+D e em tecnologia de últi-ma geração, que foi tropicalizada especialmente para os ventos e as condições próprias do País.

Renergy:: Como o senhor avalia a política ambiental hoje no Brasil, para liberação de novos empreendimentos de energia?Luis Pescarmona:: A polí-tica ambiental é fundamental para manter o equilíbrio, para resguardar e respeitar o meio ambiente. Creio que existe um desafio muito grande na aprova-ção de grandes represas hidrelé-tricas no Brasil. O sistema hoje está muito focado em preservar, mas não o faz de maneira siste-mática. As dificuldades na apro-vação dos projetos de energia limpa vistos de forma individual não contemplam os prejuízos gerados por esses atrasos. Todo atraso implica na necessidade de queimar mais gases de efeito estufa ou de contar com menos oportunidades de crescimen-to sustentável. O caso dos três maiores produtores e consumi-dores de energia elétrica - EUA, China e Índia - é um exemplo claro. A matriz energética dos

três está totalmente baseada no carbono, e seu crescimento também. Esse pode ser o caso do Brasil, se as dificuldades para construir projetos de energia limpa continuarem crescendo. Lamentavelmente, não há alter-nativas sem consequências, mas o pior de tudo é não fazer nada, porque depois o que se tenha que fazer será feito da pior forma e com os piores combustíveis.

Renergy:: Qual a sua opinião a respeito da geração de ener-gia elétrica no Brasil?Luis Pescarmona:: O Brasil tem grandes desafios à frente que devem ser acompanhados pelo setor elétrico para seguir na via do crescimento. O Brasil precisa seguir investindo em to-das as energias possíveis. Quan-to mais limpa, melhor; quanto mais independente, melhor; quanto mais rápida, melhor; e quanto mais diversificada, me-lhor. Tudo isso gerando postos de trabalho locais sustentáveis no longo prazo. De nada serve fazer ciclos combinados baratos, se toda a geração de emprego ocorre nos países centrais. De nada serve contar com recursos eólicos quase inacabáveis se os e-quipamentos são produzidos por trabalhadores estrangeiros. O Brasil tem o volume e a capaci-tação de seu povo para desenhar, construir e vender qualquer pro-duto energético que necessite. Se os custos a mais de investi-mentos por compra de empre-go local são bem calculados, se entende que esse é o caminho correto para alcançar um Brasil sustentável, com gente produti-va e membro do mundo.

O Brasil precisa seguir investindo em todas as energias possíveis. Quanto mais limpa, melhor

{ 7 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

O Brasil tem que aprender com a Argentina que a energia não é um bem simples

personagem

Renergy:: E o que o senhor espera do governo Dilma em relação a esse assunto?Luis Pescarmona:: Eu acre-dito que não se deve pensar na energia como algo que um indi-víduo decide sozinho, por mais poderosa que essa pessoa seja. A energia é uma política de Es-tado, não pode ser decidida por desejos. As decisões devem ser sistemáticas e institucionais. Dilma é a executiva encarregada de levar essas decisões à frente. Para hoje, o Brasil necessita de energia mais competitiva. Isso é claramente uma discussão po-lítica mas, do ponto de vista de análise, existem apenas duas ma-neiras de alcançar uma redução. Uma redução na rentabilidade, que afetaria na vontade dos in-vestidores para seguir investin-do, embora exista concorrência , e a energia eólica é um grande exemplo. A redução não é eter-na, já que menos rentabilidade afeta, a médio e longo prazo, a quantidade de concorrência e, portanto, não é uma ferramenta eterna. A outra forma é reduzir impostos, que hoje represen-tam 48% do custo da produção elétrica no Brasil. Esse nível de impostos é claramente um obs-táculo ao investimento e ao de-senvolvimento do Brasil. É aí, no meu entendimento, que Dilma deve focar seus recursos.

Renergy:: O que a Argentina tem a aprender com o Brasil e viceversa, em relação à gera-ção de energia renovável? Não vamos falar de futebol.Luis Pescarmona:: Acredito que os dois países têm um futuro muito promissor em relação às

energias renováveis. Diria que o potencial em termos de porcen-tagem é maior na Argentina. A Argentina tem a sorte e a desgra-ça de ter grandes reservatórios de gás, que afetam o desejo por energias renováveis e não conta-minantes. A Argentina deveria usar o gás para gerar a maior riqueza possível, e claramente o uso para energia elétrica não é o caso. Usando o gás em petro-química, a rentabilidade do país é muito maior, quase 5 para 1. Usando a dita petroquímica, por exemplo, para o agronegócio, levamos a rentabilidade de 8 a 10 vezes. E isso só em nível de commodities, imagine se essas commodities se industrializam a valores agregados. O Brasil tem que aprender com a Argentina que a energia não é um bem simples. A Argentina cometeu o erro de depender to-talmente do mercado em termos de energia, dizendo que o mer-cado diria os sinais corretos para investir. O único sinal aceito por esse tipo de pensamento são os preços da energia. Mas os preços estão ligados a circunstâncias que estão fora da equação eco-nômica, infelizmente as depres-sões e as bolhas existem e conti-nuarão a existir. O que nos salva desses picos é o planejamento a longo prazo.

Renergy:: Qual seu conselho para jovens empresários no Brasil que desejam empreen-der no setor de energia?Luis Pescarmona:: Que se preparem para competir com os melhores, porque ali nós esta-remos, prontos para aprender e também ensinar.

E N T R E V I S TA LU I S P E S C A R M O NA

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

{ 72 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

E V E N T O S D O S E T O R

Fórum debate economia verdeRealizado em Manaus, Fórum Mundial de Sustentabilidade contou com participação de empresários e ativistas ambientais

OFórum Mundial de Sus-tentabilidade chegou a sua

terceira edição em 2012. O even-to ocorreu de 22 a 24 de março na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, e contou com a presença de nomes impor-tantes entre autoridades e lide-ranças que compõem o cenário político e econômico nacional e internacional para discutir e pro-por soluções de sustentabilidade ambiental, social e econômica, a partir do tema “Economia Verde e Desenvolvimento Sustentável”.

O encontro ante-cedeu os debates que serão tra-vados na conferência organizada pela ONU, a Rio+20, que ocorre de 13 a 22 de junho deste ano, na cidade do Rio de Janeiro.

Dentre os principais partici-pantes, compareceram a ativista política e social Bianca Jagger, a ex-ministra da Noruega Gro Bur-tland, o sociólogo e ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro da França Dominique de Villepin e a ocea-nógrafa Sylvia Earle, entre outros.

O fórum teve início com o discurso do governador do Ama-zonas, Omar Aziz, que pediu aos participantes para discutir, pro-por e encontrar soluções aplicá-veis a partir da aliança entre pre-servação e sustentabilidade em favor dos povos da Amazônia que carecem da floresta para sobre-viver. As discussões giraram em torno da relação entre economia, política e sustentabilidade, e a in-tegração entre empresa e estado. De acordo com Silvia Earle, “a economia não é nada sem o meio

Imag

ens:

Div

ulga

ção

E V E N T O S D O S E T O R

cobertura

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 7 3 }

ambiente”, e instrui para que este pensamento seja incorporado às políticas públicas e apreendido pelas pessoas.

A ativista Bianca Jagger fez um apelo à presidente Dilma Rousse-ff para que a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, fosse reconsiderada, em virtude do modo como a vida das comunidades e do ecossistema da região seriam irremediavelmente afetados. Bianca disse que este não é um tipo de energia limpa e aconselhou o uso de energias renováveis em substituição ao uso de hidrelétricas, pois enten-de que estas são ferramentas que se valem do sacrifício de pessoas,

comunidades e meio ambiente.Em seu discurso, Fernando

Henrique Cardoso defendeu o aumento e o incremento do uso de energia eólica e acrescentou que é necessário criar mecanis-mos de conciliação e projetos capazes de unir desenvolvimento econômico e a sustentabilidade do meio ambiente. O ex-presi-dente admitiu que “era possível ter feito mais pelo meio ambien-te” durante o seu governo.

A 3° edição do fórum culmi-nou com a leitura da Carta do Amazonas, um manifesto que le-vanta temas e estabelece determi-nados pontos de discussão mere-cedores de uma atenção especial

da sociedade brasileira e mun-dial. Alguns pontos de destaque são o estabelecimento de metas para a universalização do acesso à energia limpa até 2030, formu-lação de programa de governança dos oceanos com a recuperação dos ecossistemas marinhos, reco-nhecimento de que a atmosfera é um bem comum e que a contami-nação por gases do efeito estufa e outros poluentes precisa ser eli-minada de forma gradual.

Para sabermais sobre

http://goo.gl/jtxX1

{ 74 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

E V E N T O S D O S E T O R

coberturaAconteceu

Feicon Batimat A Feicon Batimat - Salão Inter-nacional da Construção, que aconteceu em março, no Pavilhão de Exposições do Anhembi em São Paulo, é a maior feira de negócios da cadeia de construção civil na América Latina. Orga-nizada e promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, antecipou as maiores novidades do setor da construção no Brasil antes de chegarem aos consu-midores finais. A feira tem um

amplo e especializado público alvo, formado por arquitetos, engenheiros, construtores, designers de interiores, incorpo-radores, revendedores, lojistas e demais profissionais do setor, que puderam conferir os lançamentos em automação, equipamentos e produtos; iluminação; aquece-dores e condicionadores de ar; revestimentos; portas e janelas; fundações e estruturas, e pro-dutos para cozinha e banheiro. Na cerimônia oficial de abertura da edição comemorativa de 20 anos da Feicon Batimat, o secre-tário de Habitação de São Paulo, Silvio Torres, anunciou o investi-mento de R$ 80 bilhões em obras para os próximos 4 anos. “Foi muito oportuno que esta edição da feira, uma das maiores do

mundo, tenha esse enfoque em sustentabilidade no ano em que o Brasil sedia o Rio+20. Cada vez mais estamos procurando imple-mentar modelos de construção sustentável nas obras governa-mentais”, acrescentou. Segundo o secretário, o setor de construção continua sendo um dos que mais criam novos empregos devido aos programas de habitações popu-lares, impulsionando a economia do país. A Feicon Batimat contou com 800 marcas expositoras de 20 países e durante os cinco dias de atividades previu receber 130 mil compradores, que conferiram em primeira mão 2 mil lança-mentos de toda a cadeia da cons-trução civil. Segundo a Anamaco, o evento teve movimentação de R$ 360 milhões.

Accelerate Oil & Gas 2012O AccelerateOil&Gas reuniu membros da Petro-

bras, petrolíferas internacionais, EPCistas e outros integrantes da indústria com fornecedores e pres-tadores de serviços para explorar oportunidades de projetos, soluções tecnológicas, veículos de finan-ciamento e outros temas relevantes à formação e implantação de projetos de óleo e gás. O evento fa-cilitou o diálogo necessário para manter o ritmo de desenvolvimento gerado pelos diversos programas brasileiros nesta área.

Ambiental ExpoO Congresso Ambiental Expo, que aconteceu

em maio no Holiday Inn Hotel em São Paulo, é um evento para a discussão de temas relacionados aos fatores econômicos, tecnológicos e legais para o de-senvolvimento da nova economia e do Brasil. Em-presas patrocinadoras apresentaram equipamentos, sistemas, soluções e tendências para prevenção, tratamento e correção de impactos ambientais nos setores de saneamento, energia, resíduos, solo e ar.

Timberland Investing Latin AmericaEm 2012, o evento alcançou sua maior edição. A

programação da 5ª edição do Timberland Investing Latin America discutiu o histórico e as projeções do mercado para investimento florestal, o posiciona-mento e estratégia de fundos de pensão, análises de riscos do setor, o lugar ocupado pela América Latina no contexto mundial de timber, além da apresenta-ção de um tutorial para novos investidores e de um site visit para uma floresta local.

Eficiência EnergéticaO Instituto da Cidade realizou em março o IV

Seminário do Fórum Nacional e o Legado da Copa, discutindo “A Eficiência Energética para o Desen-volvimento da Cidade”. O encontro reuniu lideran-ças do pensamento sustentável, em uma discussão ampla sobre as possibilidades e potencialidades do uso da energia limpa para uma cidade plena de re-cursos naturais e desenvolvimento como Fortaleza, que será uma das subsedes do Mundial de 2014.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

{ 76 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

Empresas já sabem que a influência da publicidade na criança gera crescimento de vendas. Pesquisadores mostram que mais do que negócios o consumo infantil também causa impactos nos hábitos alimentares, comportamento e formação da personalidade dos pequenos. Está em jogo também todo o equilíbrio ambiental do planeta. O consumismo está relacionado à ideia de devorar, destruir e extinguir

O negócioe os efeitos do consumoinfantil

destaqueC O N S U M O I N FA N T I L

{ por Carlos Henrique Camelo

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 7 7 }

© A

nato

ly T

iply

ashi

n | D

ream

stim

e.co

m

{ 78 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

Crianças sentadas em frente à televisão. À primeira vista, esta

cena corriqueira pode parecer inofen-siva. Talvez por isso muitos pais não se deem conta do risco potencial da exposição das crianças à publicidade contida na programação televisiva. O alerta sobre estes riscos e o seus possíveis efeitos no desenvolvimento dos pequenos são os temas centrais do documentário “Criança, a alma do negócio”, da diretora Estela Renner e do produtor executivo Marcos Nisti. O filme defende a tese de que as crian-ças e adolescentes se transformaram nos alvos prioritários das campanhas publicitárias, tanto por serem presas fáceis para a publicidade como pelo seu poder de influência sobre a deci-são de compra nas famílias.

O ponto de partida para a realiza-ção do documentário foi o Instituto Alana, organização não governamen-tal que, entre as atividades desenvolvi-das, realiza um trabalho de conscien-tização sobre os prejuízos decorrentes da comunicação mercadológica volta-da ao público infantil. Depois de re-gistrar aulas com os conselheiros do instituto, Estela passou a conhecer mais sobre os impactos do excesso de publicidade infantil e buscou uma for-ma de alertar os pais sobre estes riscos.

No documentário, a diretora traz depoimentos de crianças, pais e espe-cialistas falando sobre os impactos ne-gativos da exposição dos pequenos ao bombardeio diário de produtos e mar-cas. As entrevistas são acompanhadas por dados preocupantes, como os da Associação Dietética Norte America-na que diz que bastam 30 segundos para uma marca influenciar uma criança, ou os da pesquisa da TNS/InterScience que diz que as crian-ças brasileiras influenciam 80% das decisões de compra de uma família. Carros, roupas, alimentos, eletrodo-

mésticos, quase tudo dentro de casa tem por trás o palpite de uma criança.

E o resultado dessa influência pode ser visto nos testes realizados com crianças durante as filmagens. Meninos e meninas que não conse-guem identificar frutas ou legumes, mas não titubeiam ao nomear as empresas, vendo apenas as suas logo-marcas. Que tem na ponta da língua o nome de salgadinhos olhando para suas embalagens e que escolhem a palavra “comprar” ao invés da palavra “brincar” ou mesmo as que apontam ir ao shopping center como passeio favorito.

E não adianta simplesmente achar que é exagero da diretora. Ao expor esta realidade, o filme quer chamar a atenção para um problema que é mui-to mais comum do que imaginamos. De acordo com a pesquisa da Kiddo’s Brasil 2006, em média, 85,50% das crianças entre 6 e 12 anos assistem à tevê diariamente. Destas, 90% dizem que gostam muito de assistir à progra-mação televisiva e 77% afirmam que ficam o tempo que desejam em frente aos televisores.

Já a pesquisa do Painel Nacional de Televisores do Ibope 2007 aponta

que as crianças brasileiras, entre 4 e 11 anos, passam em média 4 horas, 50 minutos e 11 segundos por dia em frente à telinha. O resultado dá ao Brasil um título que não merece ser comemorado, o de maior tempo de exposição de crianças e adolescentes à programação televisiva.

Não é difícil precisar a quantidade de inserções comerciais contidas nes-te tempo. Um levantamento realizado pelo projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, em outubro de 2010, às vésperas do Dia das Crianças, ava-liou a programação infantil de sete canais, sendo cinco canais infantis da TV fechada e dois canais abertos. Foram registradas cerca de 350 pu-blicidades diferentes, num total de aproximadamente 1.100 inserções comerciais.

Difícil mesmo é ter dimensão de todos os impactos destas mensagens publicitárias nestas crianças e adoles-centes. Como elas irão reagir a estes comerciais? O certo é que, como crianças e adolescentes estão em processo de desenvolvimento da per-sonalidade, ficam mais vulneráveis que os adultos às consequências do estímulo excessivo ao consumo.

destaque

C O N S U M O I N FA N T I L

© G

reen

land

| D

ream

stim

e.co

m

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 7 9 }

Para a professora de psiquiatria e au-tora do livro “Crianças do consumo - a infância roubada”, Susan Linn, o mar-keting voltado para crianças acaba contribuindo para uma série de pro-blemas como a obesidade infantil, de-pendência de tabaco e consumo pre-coce de álcool e erotização precoce.

E não precisa ir muito longe para encontrar exemplos. Basta uma pe-quena volta nos shoppings para ver crianças, principalmente as meni-nas, se vestindo como adultos, cada vez mais cedo. Maquiagem, cabelo, roupas, sapatos, pulseiras, celulares da moda. Um verdadeiro desfile de minimodelos, que em nada deixam a dever à boneca Barbie e seu milhão de acessórios. Ou como os exemplos con-tidos no documentário, no qual crian-ças pequenas dizem ir ao cabeleireiro frequentemente ou o depoimento da professora que diz que crianças estão

deixando de brincar de correr por cau-sa de seus sapatos de salto alto.

A obesidade infantil é outro pro-blema apontado por Susan Linn como associado à publicidade excessiva voltada para crianças. Nos Estados Unidos, a obesidade infantil passou de 5% em 1964 para 30% nos dias atuais. Cerca de 1/3 dos americanos hoje tem sobrepeso, segundo o site de educação americano Teach.com. O problema é tão sério que desper-tou o interesse da primeira dama dos EUA, Michelle Obama, que em 2010 lançou uma campanha contra a obesi-dade infantil. A campanha Let’s Move (“Vamos Nos Mover”, em tradução li-vre), encabeçada por Michelle, busca aumentar o valor nutritivo das refei-ções escolares e melhorar o acesso a alimentos saudáveis em áreas mais pobres do país.

O problema da obesidade infan-

til no Brasil também não é muito diferente do que ocorre nos EUA. Segundo o IBGE, uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos tem sobrepeso ou é obesa. De acordo com números da Primeira Jornada de Alimentos e Obesidade na Infância e Adolescência, na Escola Paulista de Medicina (Unifesp), 14% das crianças do País são obesas e 25% estão acima do peso. Estas curvas acompanham o crescimento do volume investido no marketing infanto-juvenil.

Os próprios pais estão sentindo na pele a influência da publicidade nos hábitos alimentares de seus filhos. Segundo pesquisa do Datafolha, re-alizada ano passado para o Instituto Alana, 78% dos pais entrevistados afirmaram que os filhos pedem as co-midas que veem nos anúncios. E 79% dos pais acreditam que a publicidade de alimentos não saudáveis prejudica hábitos alimentares das crianças.

Até mesmo a Organização Mun-dial de Saúde (OMS) reconhece a gravidade do problema e lançou, em 2010, recomendações para que os go-vernos internacionais desenvolvam políticas públicas para reduzir o im-pacto nas crianças do marketing de alimentos e bebidas com baixo teor nutricional. Com esse objetivo, uma das orientações pedia a proibição de comunicação mercadológica desse tipo de produto em ambientes de-dicados às crianças, como escolas e playgrounds.

A estimativa da OMS era de que mais de 42 milhões de crianças com menos de cinco anos estariam acima do peso ou sofreriam de obesidade até o fim de 2010 - das quais 35 milhões de crianças de países em desenvolvi-mento, como é o caso do Brasil.

Erotização precoce e obesidade infantil

© D

ream

stim

e A

genc

y | D

ream

stim

e.co

m

{ 8 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

Ninguém nasce consumista. Esta é premissa do Instituto Alana, or-ganização não governamental que desenvolve uma verdadeira cruzada contra a comunicação mercadológica dirigida às crianças. “O consumismo é uma ideologia, um hábito mental forjado que se tornou umas das carac-terísticas culturais mais marcantes da sociedade atual. Não importa o gênero, a faixa etária, a nacionalida-de, a crença ou o poder aquisitivo.

Hoje, todos que são impactados pelas mídias de massa são estimulados a consumir de modo inconsequente”. Para o Instituto Alana, o consumismo infantil é uma questão urgente e um problema de todos: pais, educadores, empresários e poder público.

Por meio do projeto Criança e Consumo, o instituto tenta conscien-tizar a população, especialmente edu-cadores, formadores de opinião e em-presas, sobre os malefícios da indução

A norte-americana Susan Linn é professora de psiquiatria na Es-cola Médica de Harvard, escritora, produtora premiada e artista de fantoches. É cofundadora e direto-ra da Campanha por uma Infância Livre de Comerciais (Campaign for a Commercial-Free Childhood). Escreveu extensivamente sobre os efeitos da mídia e do marketing co-mercial sobre crianças. É autora do livro “Crianças do consumo - a in-fância roubada”, onde discute as re-lações entre pais, crianças, agências de publicidade, marketing e consu-mismo e suas consequências para o desenvolvimento infantil. Outra obra da autora com edição em por-tuguês é o livro “Em Defesa do Faz de Conta - Preserve a Brincadeira em um Mundo Dominado Pela Tecnologia”, no qual Susan Linn defende a necessidade de brincar usando a imaginação e argumenta por que ajudar as crianças a encon-trar tempo para o faz de conta pode fazer delas adultos mais saudáveis.

Quem é Susan Linn

Para sabermais sobre

http://bit.ly/fclUHYhttp://bbc.in/bBvZcbhttp://bit.ly/d7WSjahttp://bit.ly/A3LJWZ

Combatendo o consumismo

destaque

C O N S U M O I N FA N T I L

Mon

tage

m e

m im

agen

s de

© M

arza

nna

Sync

erz

| © D

imju

l | D

ream

stim

e.co

m

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 8 1 }

do consumo exagerado às crianças. O projeto foi criado em 2006, a partir da realização do 1º Fórum Internacio-nal Criança e Consumo, para divul-gar e debater questões referentes às relações de consumo que envolvam crianças, em especial, para fomentar a reflexão sobre as consequências do consumismo nessa fase da vida.

São realizadas ações educacionais, pesquisas, eventos e também ações na esfera jurídica, como notificação de veículos de comunicação, anun-ciantes e ingresso de representações e outras ações em órgãos como o De-partamento de Proteção de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça (DPDC), Procons, Ministério Público e Conselho Nacional de Autorregula-mentação Publicitária (Conar). Além disso, o instituto acompanha e apoia iniciativas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ligadas aos te-mas infância, consumo e publicidade.

O Instituto Alana também man-tém um site e um blog com notí-cias, publicações e um conjunto de informações sobre tudo que tenha relação com o consumismo e pu-blicidade infantil. Também apoia iniciativas como o manifesto “Publi-cidade Infantil Não”, que pede o fim da publicidade dirigida a crianças e adolescentes. “Pedimos àqueles que representam os Poderes da Nação que se comprometam com a infância brasileira e efetivamente promovam o fim da publicidade e da comunica-ção mercadológica voltada ao público menor de 12 anos de idade”. O mani-festo, que conta atualmente com a as-sinatura de 151 instituições e de mais de 15 mil pessoas, está disponível no endereço eletrônico: http://www.pu-blicidadeinfantilnao.org.br.

Quem é considerado criança? E quem é considerado adoles-cente?

O Estatuto da Criança e do Adoles-cente (ECA) considera criança “a pessoa até doze anos de idade incompletos”. Para o estatuto, o adolescente é a pessoa “entre doze e dezoito anos de idade”.

O que é comunicação merca-dológica?

É toda e qualquer atividade de co-municação comercial empregada na divulgação de produtos e serviços, in-dependentemente do suporte ou do meio utilizado; ou seja, além de publici-dades, anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio e banners na Internet, são exemplos de comunicação mercadológica as embalagens, as pro-moções, o merchandising e a forma da disposição dos produtos em pontos de venda.

Quais são as diferenças entre consumo e consumismo?

O consumo é a atividade econômi-ca que se fundamenta na utilização di-reta das riquezas geradas e, justamente por isso, pressupõe racionalidade em

sua prática. Já o consumismo é o ato de adquirir produtos e serviços de ma-neira compulsiva, sem necessidade ou consciência. Enquanto o consumidor responsável adquire produtos e serviços de modo consciente, o consumidor con-sumista compra por impulso, de forma irracional e inconsequente.

Por que toda e qualquer publicidade dirigida à criança é abusiva?

De acordo com a interpretação conjunta da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Código de Defesa do Consumidor, o Brasil já proíbe qualquer publicidade dirigida a crianças.

Quem é responsável por proteger as crianças do consu-mismo?

A família, a sociedade e o Estado (art. 227, da Constituição Federal).

Fonte: Instituto Alana

Fique por dentro

Para sabermais sobre

http://www.alana.org.br

© T

hom

as P

erki

ns |

Dre

amst

ime.

com

{ 8 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

Uma questão de conscientização

destaque

C O N S U M O I N FA N T I L

Mais do que uma questão individual, o consumismo infantil, assim como todo o consumismo, é responsável pe-la geração de problemas que vão além da porta de nossa casa. Está em jogo também todo o equilíbrio ambiental de nosso planeta. De acordo com o Instituto Alana, o consumismo está relacionado à ideia de devorar, des-truir e extinguir. “Se agora tragédias naturais, como queimadas, furacões, inundações gigantescas, enchentes e períodos prolongados de seca, são muito mais comuns e frequentes, foi porque a exploração irresponsável do meio ambiente prevaleceu ao longo de décadas”.

Porém, não adianta ficar apenas culpando as empresas pela comuni-cação dirigida ou cobrando dos gover-nos normas mais rígidas para a publi-cidade infantil. Os pais também tem uma missão muito importante neste

processo de conscientização, que é o de buscar dar o exemplo dentro de casa. De acordo com o Instituto Ala-na, as crianças espelham- se no com-portamento dos adultos com quem convivem. Por isso, é importante que os adultos se conscientizem da neces-sidade de controlar gastos e evitar o consumo exagerado.

Além do exemplo, os pais precisam buscar alternativas de lazer que não envolvam tipos de mídia. “Leia, jogue e cozinhe com as crianças. Estimule--as a tocar instrumentos musicais e a desenhar. Não atrele os momentos das refeições ao ato de assistir à televisão”, orienta o Instituto Alana.

A mesma opinião é compartilhada pela educadora e diretora da Escola Vila, Fátima Limaverde. Segundo ela, os pais precisam dedicar um tempo para brincar com os seus filhos e ao mesmo tempo conversar sobre temas

como ecologia, conservação dos recur-sos naturais e destino correto do lixo. “Não percam a oportunidade, sentem no chão com seus filhos para montar quebra-cabeças, brincar com jogos, carrinhos feitos por eles, bonecas cos-turadas em casa e sintam o prazer da brincadeira e o despertar das crianças para novas descobertas. Dessa forma não estaríamos poluindo o planeta com tanto brinquedo de plástico em nome das crianças”, diz a educadora.

De acordo com ela, a escola tam-bém é um espaço favorável para que os pequenos aprendam sobre susten-tabilidade. “A responsabilidade pela vida no planeta Terra só é despertada através da consciência de que somos a própria natureza, aí surge a necessi-dade do cuidar de si (ecologia pessoal), cuidar do outro (ecologia social) e cui-dar do planeta (ecologia planetária)”, afirma Fátima Limaverde.

© A

lexa

nder

Sha

lam

ov |

Dre

amst

ime.

com

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 8 3 }

Livros e vídeos

Crianças do Consumo: A Infância RoubadaEditora: Instituto AlanaAno: 2006

Consuming Kids: The Hostile Takeover of ChildhoodEditora: WW NORTONAno: 2004

Em Defesa do Faz de Conta - Preserve a Brincadeira em um Mundo Dominado Pela TecnologiaEditora: Best Seller LtdaAno: 2010

Crianças, a alma do negócioDireção: Estela RennerProdução Executiva: Marcos Nisti Maria Farinha ProduçõesEstreia: Janeiro de 2008Duração: 49 minutos

Consuming Kids: Protecting Our Children from the Onslaught of Marketing & AdvertisingEditora: Anchor BooksAno: 2005Onde

encontrar

http://goo.gl/eAswA

Para sabermais sobre

http://goo.gl/atL9Ahttp://goo.gl/ayCjX

{ 8 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

em açãoA RT I G O

Avalorização das águas na pai-sagem esta quase sempre rela-

cionada à harmonia existente entre os espaços construídos e os espaços abertos, dos espaços arquitetônicos e dos espaços naturais, que ao lon-go de décadas foi inspiração para as paisagens românticas, valorizando a observação da paisagem natural e desta forma associando as águas aos espaços de contemplação.

Nas diferentes fases de relacio-namento do homem com a nature-za, que vão desde a arte jardinística até a paisagem contemporânea, as paisagens urbanas capazes de res-guardar, preservar e conservar ao máximo a identidade ambiental sempre foi um desafi o, desde que se entenda identidade ambiental como um conjunto de fatores am-bientais que oferece ao local uma paisagem diferenciada das demais, por vezes única no mundo.

Desta forma os diferentes terri-tórios urbanos vão sendo contrui-dos sobre uma paisagem natural tão antropisada, que pode ser chamada de “geografi a da sobrevivência” co-mo defi ne Sun (1985, pags. 45 e 85) a paisagem que passa a existir após as diversas interferências humanas, que passam a formar uma unidade de paisagem.

Partindo do principio que “a pre-servação das principais característi-cas da paisagem” devem ser o obje-tivo do arquiteto urbanista, e para tanto deve valer-se dos conceitos de planejamento ambiental para sal-vaguardar e ressaltar as principais características naturais necessárias à preservação da unidade de paisa-gem do território, cabe perguntar?

A exploração da água nos espa-

ços urbanos pode também resgatar as lembranças de paisagens natu-rais ou ainda a representação de imagens lúdicas e míticas com as quais o cidadão se identifi ca, a fi m de proporcionar a construção da imagem das águas urbanas associa-das a paisagens uteis e agradáveis.

O reconhecimento da paisagem natural como identidade ambien-tal indica que apesar da constante transformação da paisagem e da sobreposição de paisagens, cada território guarda características inalteráveis, tal como a fi sionomia dos rios que cruzam os diferentes estados e cidades brasileiras.

O grande desafi o contemporâ-neo tem sido desenvolver espaços urbanos, nos quais a preservação das relações ecossistemas seja a prioridade, sem relegar à segundo plano a funcionalidade da água pa-ra a instalação e o desenvolvimento das cidades, onde indústrias, hi-droelétricas com seus respectivos grandes lagos, barragens e eclusas além de áreas rurais são parte da paisagem.

A estruturação da paisagem da cidade através de suas principais características ambientais é neces-sária, em várias cidades do mundo, Hafencity em Hamburgo / Alema-nha é um exemplo da reestrutura-ção urbana a partir da valorização da importância da região portuária, Barcelona / Espanha também teve por inspiração a abertura da cidade ao mar.

A luz destas experiências, São Paulo pode recuperar sua identida-de natural, valorizando as águas dos rios e lagos da cidade, melhorando a qualidade do ar e abrandando as di-

ferenças térmicas do território que chegam a 10°C no mesmo horário em pontos diferentes da cidade.

O desenvolvimento de um mo-delo de reestruturação urbana, inspirada nos parkways de Frede-rick Law Olmsted, desenvolvendo extensas áreas verdes ao longo dos rios e córregos formando um siste-ma de refrigeração e umidifi cação do ar, proporcionando o trânsito de espécies de ave fauna além de fauna terrestre e aquática, entre as matrizes da paisagem natural que margeiam a cidade.

O gerenciamento destes par-ques lineares proporcionaria uma grande quantidade de empregos e oportunidades que se iniciariam com a manutenção das áreas verdes empregando pedreiros, encanado-res, jardineiros e até veterinários, biólogos, botânicos, professores, guias turísticos, além de pesquisas diversas.

A cidade de São Paulo ganharia além de lindas paisagens, uma exce-lente qualidade de vida e uma nova fonte de renda advinda do turismo, além de ser um modelo de “desen-volvimento em rede” para todas as cidades brasileiras e mundiais.

BIBLIOGRAFIA: SUN, Alex. Água e paisagem: questões de paisa-gismo em torno de um reservatório de abastecimento na Grande São Paulo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Facul-dade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 1985.Pérola Felipette Brocaneli é mestre em Arquitetura pela FAU Mackenzie, doutora pela FAU-USP e professora na Universidade Pres-biteriana Mackenzie

Pérola Felipette Brocaneli

A água na paisagem das cidades

{ 8 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

Couro

Os resíduos da construção civil vem gerando cada vez mais transtornos quanto à destinação fi nal. A gestão dos resíduos de construção e demolição foi defi nida na Resolução do Conama de 2002, como sendo atribuição dos municípios a elaboração, implementação e coordenação do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que contempla o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e a regulamentação para que as obras apresentem os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Grandes e pequenas empresas e até usuários de materiais de construção em pequenas obras caseiras podem destinar sustentavelmente os resíduos da construção civil - o conhecido entulho - e até reutilizá-los.

AC E S S Ó R I O S D E M O DA

REDUZIR Na hora de comprar artigos de couro da moda, vale apostar em itens de couro ecológico. São peças conhe-cidas como recuperado de couro. São produtos compostos por fi bras de couro bovino e outros agentes que, combinados segundo uma for-mulação exclusiva, produzem um material versátil e ecologicamente correto.

REUTILIZARQuando o acessório de couro en-velhece, perde cor e brilho, mas é possível reaproveitar. Algumas ofi ci-nas de artesãos podem restaurar os mais diversos artigos em couro. Dá para transformar um manto de cou-ro num tailler, uma saia numa bota, aumentar ou diminuir os tamanhos das roupas, alterar a altura do sapato, modifi car o salto, aumentar ou di-minuir a forma, arredondar os bicos, modifi car a cor.

RECICLARSapatos imitam couro a partir de sobras, como serragem, retalhos de plástico e até chifre de boi. Com a reciclagem desses materiais, a in-dústria de moda e acessórios estão fabricando calçados e bolsas de cou-ro ecológico, ajudando a preservar o meio ambiente.

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 87 }

Como?T R A B A L H O VO L U N TÁ R I O

guia verde

Currículo. A experiência como voluntário deve ser descrita no currículo profissional. Isso mostra suas experiências, que você não está construindo apenas habilidades profissionais, mas também interpessoais. Preenche espaços vazios no currículo, se é o caso de estar há algum tempo sem trabalho, e permite falar algumas vantagens sobre sua colaboração na comunidade.

Conexão. O serviço permite conhecer pessoas, cenários e perspectivas que jamais seriam possíveis sem contato. Eventos de caridade ou para arrecadar recursos também favorece conversar com outros voluntários. Se for apropriado, é possível trocar informações e abrir caminhos para enviar o currículo.

Foco. Não faça o trabalho voluntário somente com o propósito de conseguir um emprego. Essa não pode ser a única motivação. Se for assim, você vai perder o senso de realização, de dever cumprido. Outras pessoas vão perceber claramente suas intenções, o que pode causar uma reação negativa.

Habilidades. O voluntário vai conhecer outras pessoas, obter experiências e aprender novas habilidades profissionais. Ele deve conversar com o coordenador do trabalho voluntário sobre o que pode ser desenvolvido. É uma chance de conseguir um treinamento. Isso mostra, a futuros e potenciais empregadores, que ele está interessado em novos desafios.

Estratégia. Quer trabalhar com relações públicas? Seja voluntário em uma empresa deste setor ou se ofereça para cuidar da publicidade de um evento de caridade. É importante ser apaixonado pela causa na qual se está envolvido voluntariamente. Esse entusiasmo será evidenciado em uma entrevista de emprego. Procure oportunidades baseado nos seus interesses.

Relacionamento. Trate todas as pessoas, sejam outros voluntários ou beneficiados, de forma igual e com respeito. Você não sabe quem conhece quem e qual a impressão terão de você. Eles podem abrir novas oportunidades quando falarem sobre você. Seja profissional, confiável, eficiente, gentil. Ou podem transmitir uma imagem negativa a seu respeito.

Experiências que impulsionam uma carreira profissional

2

3

5

4

6

1

Para alavancar a carreira profissional, estando empregado ou não, o trabalhador deveria ser voluntário em algum projeto. Este é o conselho de especialistas em recursos humanos. Eles apontam este caminho como um dos segredos para desenvolver oportunidades de trabalho. A experiência favorece a formação de uma rede de contatos, o aprendizado a motivar atitudes positivas, a tornar-se um líder e adquirir competências organizacionais. Outro bônus é o retorno do trabalho voluntário à comunidade e o sentimento bom que isso traz para a pessoa. Se está desempregado ou tem trabalho mas quer ampliar seus horizontes, considere ser voluntário. Essa experiência pode levar a crescimento pessoal e profissional.

{ 8 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

campanhaOs brasileiros que desejem con-tribuir com as discussões sobre

desenvolvimento sustentável, tema da conferência Rio+20, que a Organização das Nações Unidas (ONU) realiza no Rio de Janeiro em junho, pode enviar textos, fotos ou vídeos para o site http://www.

ofuturoquenosqueremos.org.br. A iniciativa faz parte de uma campanha de conversa global lançada mundialmente pela ONU, com versões para o árabe, chinês, espanhol, inglês, francês e russo, línguas ofi ciais das Nações Unidas.

infantilHeróis do Futuro é um projeto multiplataforma do Sistema Firjan, por meio do Sesi, criado com o

objetivo de sensibilizar jovens estudantes do Rio para os temas que serão debatidos na Rio+20 e para os desafi os de um desenvolvimento sustentável no mundo. Inicialmente vol-tado para alunos das redes pública e particular de ensino da cidade do Rio de Janeiro, além da rede Sesi e Senai de educação do estado do Rio, o projeto foi ampliado, permitindo a participação de qualquer pessoa em todo o mundo. O projeto conta com a parceria da Secretaria Municipal de Educação do Rio, que abriu as portas de suas escolas para os Heróis do Futuro. Mais informações em www.heroisdofuturo.com.br

site A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20,

marca os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen-volvimento (Rio-92) e deverá contribuir para defi nir a agenda do desenvolvimento sustentável para

as próximas décadas. A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009. Mais informações em www.rio20.gov.br

agenda Outra iniciativa da ONU é a Agen-da Total (AT), uma plataforma de

conversação na internet que vai reunir todas as agendas da Rio+20, incluindo os eventos ofi ciais da ONU e os para-

lelos, promovidos pela prefeitura e pelo governo do estado, além da programação da Cúpula dos Povos e da sociedade civil. O serviço está disponível no site www.agendatotal.org.

r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011 { 89 }

festivalO Brasil é um país imensamente rico em recursos hídricos: 13% de toda a água doce

do mundo está aqui. Considerando esses aspectos, o novo tema do Festival do Minuto, rios, pode trazer diversas abordagens. Se você

tem uma história para contar que envolva o tema rio, produza seu vídeo de 1 minuto e inscreva no site www.festivaldominuto.com.br sua criação. Você vai concorrer a três laptops. As inscrições seguem até o dia 27 de outubro de 2012.

exposiçãoAté 1º de julho, imagens inéditas do fundo do mar ficarão expostas

na mostra Oceanos, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janei-ro. Realizada pela Aliança Francesa, a exposição traz fotos feitas durante as gravações do filme de mesmo nome, dos diretores Jacques Perrin e Jacques Cluzaud.

projeto Com o objetivo de recompor a Mata Atlântica e preservar os aspectos cul-

turais da região, o projeto Corredor Ecológico do Vale do Paraíba foi concebido em 2006 por meio das iniciativas de José Luciano Penido (Fibria), Mario Mantovani (SOS Mata Atlântica), Oded Grajew (Instituto Ethos) e Tamas Makray (Instituto Oikos). Mais em www.corredorecologico.org.br

conferência A 11ª edição do World Wind Energy Conference acontece

em Bonn, na Alemanha de 3 a 5 de julho de 2012. O encontro reúne im-portantes players do mercado de energias renováveis e políticos de todo o mundo para debater o tema central “Poder da comunidade - poder de cidadãos”.

{ 9 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 10 > 2011

o último apaga a luzEntrando em Campo. Ilustração: Thyago Cabral

Vis

ite

pro

jeto

s d

os

arti

stas

do

Co

leti

vo B

ase

/ Bai

ão Il

ust

rad

o: w

ww

.bai

aoilu

stra

do.

com

.br

Quem acorda cedo para o amanhã,aproveita o melhor do sol.

A Braselco vem renovada como nunca para

comemorar seus 15 anos.

Em 2012, juntos, Sr. Vento e Sr. Sol garantem

resultados ainda melhores para sua empresa.

BRASELCO. Energias que trabalham ao nosso favor.

anos

Consultoria, assessoria técnica e desenvolvimento deprojetos de engenharia para grandes empreendimentos na área de energias renováveis.

+55 85 3261.2014 / www.braselco.com.br

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K