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Investimentos em alta NESTA EDIÇÃO ::: O Brasil é a “bola da vez” nos investimentos em fontes renováveis? Empresários, consultores e políticos discutem desenvolvimento econômico e o setor brasileiro de energia Empregos verdes ano 1 > # 5 > 2011 > www.renergybrasil.com.br ISSN 2178-5732 R$ 10,00 9 7 7 2 1 7 8 5 7 3 0 0 6 0 5

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Investimentos em Alta

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Investimentos em alta

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NESTA EDIÇÃO ::: O Brasil é a “ bola da vez” nos investimentos em

fontes renováveis? • Empresários, consultores e políticos discutem

desenvolvimento econômico e o setor brasileiro de energia • Empregos verdes

a no 1 > # 5 > 2 0 1 1 > w w w. re ne rg y b ra s i l .co m .b r

ISSN 2178-5732

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índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdo

Localize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

JORGE MARTINS

“entre vista

O presidente executivo da Martifer fala sobre o desenvolvimento de negócios na área de energias renováveis no Brasil. Em entrevista, Martins diz que o Brasil “está na moda” e de como pode se tornar uma potência mundial neste setor

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Deputado Antonio Balhmann , da Frente Parlamentar da Energia Alternativa, fala sobre investimentos em fontes alternativas 62

Opinião: A economista Cíntia Gaio discute sobre energia e o crescimento econômico brasileiro 66

São Paulo oferta transporte público movido a hidrogênio e etanol 74

Cobertura: Segunda edição do Fórum Mundial de Sustentabilidade reuniu lideranças empresariais, políticas e ambientais 84

Os metais podem ser 100% reciclados. Saiba como reduzir, reutilizar e reciclar este material 98

Considerado o vilão da conta de energia brasileira, conheça as vantagens e desvantagens de cada modelo de chuveiro 100

Eventos, conferências, livros, filmes e produtos ligados a energias renováveis e sustentabilidade 102

O artista Thyago Cabral faz um “retrato” do empresário verde em sua obra para a seção “O Último Apaga a Luz” 106

Rio de Janeiro recebe obras de três museus com base em construção verde 8

Estudo conclui que investir pelo menos 2% do PIB mundial poderá garantir economia verde 20

Brasil enfrenta o desafio de dobrar áreas protegidas da Mata Atlântica 22

Artistas e voluntários criaram instalações gigantescas para alertar sobre as mudanças climáticas 28

Fotógrafo Luciano

Candisani retrata a

natureza para levar uma

reflexão ecológica às

pessoas

Brasil é considerado a

“bola da vez” em termos de

investimentos na área de

energia renovável

Trabalhos que promovem

o desenvolvimento

econômico, social

e são sustentáveis

ambientalmente

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editorial

De acordo com um levantamento mundial da Organização das Na-ções Unidas, estava previsto que, para 2011, os investimentos glo-

bais em fontes renováveis e limpas deveriam alcançar US$ 240 bilhões. Porém, recente estudo, feito pela instituição The Pew Charitable Trusts, mostra que esta previsão da ONU já foi antecipada. Ainda em 2010.

Ano passado, os negócios no setor de energia alcançaram um valor recorde de US$ 243 bilhões, tendo como principais receptores destes números os chamados países do BRIC, principalmente Brasil, Índia e China.

Apesar de o Brasil ficar em sexto lugar na lista dos maiores investido-res mundiais em energia limpa, tem sido considerado a “bola da vez” em investimentos. Ainda em processo de consolidação do marco regulatório do setor, o governo brasileiro vem utilizando este fato como case de mar-

keting institucional do País no cenário internacional.

A Renergy conversou com consultorias de mer-cado, assessorias jurídicas, dirigentes de empresas, in-vestidores e lideranças po-líticas para saber sobre as expectativas, riscos e mo-delos de negócio a serem desenvolvidos para garan-tir a consolidação do setor. E fazer real a previsão.

A entrevista desta edi-ção retrata a realidade des-tes números pelo ponto de vista do presidente de uma

empresa do setor. Jorge Martins, CEO da Martifer, fala com otimismo do mercado brasileiro para os negócios verdes.

Por conta da realidade destes investimentos e da demanda, a revista preparou um especial sobre os empregos também considerados verdes. E traz um painel de como está o mercado de trabalho destas funções que promovem a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Este número ainda contém uma cobertura da segunda edição do Fó-rum Mundial de Sustentabilidade, que reuniu lideranças mundiais co-mo Bill Clinton, Arnold Schwarzenegger e Richard Branson para tratar do tema.

Boa leitura. E não se esqueça: recicle esta revista, passando-a adiante para um novo leitor.

Investindo no verde

Apesar de o Brasil ficar em sexto lugar na lista dos maiores investidores mundiais em energia limpa, tem sido considerado a “bola da vez”

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ário [email protected]ÇÃOAna [email protected]ÇÃOCarol de Castro e Paola [email protected] GRÁFICOGil DicelliDIREÇÃO DE ARTEAldonso Palá[email protected]ÇÃO ELETRÔNICAGerardo JúniorEstalo! Comunicação + DesignREVISÃOEleuda de CarvalhoCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃOCíntia Aparecida Furtado Gaio (artigo) e Thyago Cabral - Baião Ilustrado (ilustração) DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3023 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELAna NaddafMTB CE01131CAPAMax Uchôa (concepção)Xico Gomes (ilustração 3D)Estalo! Comunicação + DesignOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

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Make the most of your energy

As soluções completas da Schneider Electric melhoram aprodutividade e reduzem os custos de energia em até 30%.

©2011 Schneider Electric Industries SAS. Todos os Direitos Reservados. Schneider Electric e Make the most of your energy são de propriedade da Schneider Electric, ou de suas afiliadas nos Estados Unidos e em outros países. Avenida das Nações Unidas, 18.605 - CEP:04753-100 - São Paulo/SP • 998-2799_BR

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O que provocou esta mudança? É simples: soluções energeticamente eficientes que tratam da operação eólica como um todo – desde equipamentos e rede de media tensão até as subestações coletoras – e fornecem uma conexão segura e confiável com a rede.

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visitar

O Rio de Janeiro recebe obras de três museus com construção verde, baseada em critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social. São os primeiros museus a receberem o selo no Brasil

Museussustentáveis

O Rio de Janeiro foi anunciado como capital mundial da

Sustentabilidade no ano passado. A cidade vai sediar um fórum global sobre este tema anual-mente. E, em 2012, o evento ocor-rerá um pouco antes da Confe-rência Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Sustentável, a Rio + 20.Com o rótulo de sustentável,

a cidade carioca recebe obras de três prédios públicos com cons-trução verde, baseada em critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social. São eles, o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR), e o Museu da

Imagem e do Som (MIS). Os três projetos estão sendo financiados pela prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com o governo do Estado e a Fundação Roberto Marinho. As duas primeiras cons-truções estão sendo desenvolvi-das com os critérios necessários para a certificação Leed (sigla em

Museu do Amanhã

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inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental), concedida pelo Green Building Council/Brasil, ano passado. Eles são os primeiros museus verdes a rece-berem o selo no Brasil.

O Museu do Amanhã, assi-nado pelo premiado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, faz parte do projeto de revitalização da zona portuária. Será constru-ído no Píer Mauá. Seu acervo será dedicado à ciência, à tecnologia e à conscientização ambiental, sempre com o foco no futuro. O espaço está previsto para ser inaugurado no segundo semestre de 2012, junto com a abertura da Rio+20. O projeto prevê, entre outras soluções ecológicas, o uso da água da Baía de Guanabara no

resfriamento dos equipamentos de ar condicionado.

A sustentabilidade do novo prédio do MIS foi pensada desde a demolição da antiga boate Help, que cedeu o terreno para o empre-endimento na Praia de Copaca-bana, feita de forma a minimizar os transtornos causados pelo método tradicional, como poeira e barulho. Além disso, 99,81% dos resíduos gerados foram enviados à reciclagem ou reaproveita-dos. O projeto é dos americanos Elizabeth Diller e Ricardo Scofi-dio. Para obter o registro ao selo Leed, foram contratadas a Casa do Futuro.com, especializada em automação predial, e o escritório americano de design Atelier Ten, de consultoria ambiental.

O MAR fica no Palácio Dom João VI, prédio tombado como Patrimônio Cultural e integra o “Porto Maravilha”, programa de revitalização da Zona Portu-ária, que inclui a restauração de imóveis de quatro bairros: Saúde, Gamboa, Santo Cristo e Caju. Um teleférico vai ligar o Morro da Conceição ao museu, que vai abri-gar obras de arte e uma exposição permanente sobre a história da cidade. O investimento é de R$ 43 milhões. A ideia é que a revitaliza-ção seja âncora cultural da região. O horário de funcionamento vai acompanhar o movimento da Praça Mauá, funcionando no fim de semana. O Museu de Arte do Rio deve ser aberto ao público no início de 2012.

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Museu de Arte do Rio Museu da Imagem e do Som

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compartilhar

OBrasil é o primeiro país da América Latina a disponi-

bilizar o carsharing, sistema de compartilhamento de carros que ajuda a diminuir a quantidade de veículos nas ruas. Em franco cres-cimento no mundo, o serviço é oferecido em mais de mil cidades no mundo e consiste na utilização de carros por demandas, retirados em pontos estratégicos de uma cidade, com itens como combus-tível e seguro inclusos no preço.

Uma consultoria realizada

pela Frost & Sullivan estima que o número de usuários de carsha-ring, somente na América do Norte e na Europa, em 2016, vai atingir 10 milhões de pessoas. “Não tenho dúvidas de que o compartilhamento de carros será um dos principais modais das cidades no futuro”, prevê o sócio diretor da Zazcar, Felipe Barroso, que trouxe para a maior metró-pole brasileira o carsharing.

O compartilhamento de carros permite aos usuários ter

um veículo à disposição quando precisar e realizar o pagamento por hora, sem arcar com as despesas fixas e manutenção. Segundo a Universidade da Cali-fórnia, um terço dos usuários vendeu o seu carro após experi-mentar o sistema.

A diferença entre o carsharing e o tradicional aluguel de veículos consiste em três pontos princi-pais: o aluguel pode ser por hora; os carros ficam descentralizados, estacionados em locais perto da casa ou trabalho dos membros; não há intermediações na reti-rada do carro. “Isso significa que a pessoa abre o carro com seu smartcard, responde a algumas perguntas no computador de bordo e pronto. Está pronta para dirigir”, explica Barroso. O sócio diretor da Zazcar acrescenta ainda que é importante consi-derar o fato de que, no compar-tilhamento de carros, por regra, combustível e seguro estão inclu-ídos nos preços.

E não é só. Diante do marasmo em que se encontra o trânsito em muitas cidades do mundo,

O sistema de carsharing existe em mais de mil cidades do mundo, entre elas São Paulo, e pode representar, por cada carro compartilhado, a retirada de até nove carros das ruas

Bom para o bolso,para o trânsito e parao meio ambiente

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o carsharing significa também economia de tempo, de dinheiro e de meio ambiente, na medida em que incentiva a diminuição de veículos nas ruas. No entanto, o serviço enfrenta desafios em locais onde a integração entre os transportes não funciona de fato.

“É uma experiência bastante complexa, porque a gente tenta difundir a lógica da complemen-taridade dos diversos tipos de transporte, sem haver na cidade uma política pública integradora clara”, destaca Barroso. Apesar disso, o número de adeptos da modalidade não para de crescer. Com cerca de 300 clientes, a Zazcar está adicionando mais 10 carros em sua frota nos próximos meses.

Para Felipe Barroso, utilizar o carsharing é uma questão de conveniência. Apesar de no Brasil

ser moda comprar carro, o que a empresa observou é que existe um desejo muito grande das pessoas de não dependerem dele.

“Nossas estimativas hoje são de que uma pessoa que usa o carro duas vezes por semana, 4 horas cada vez, teria um gasto de cerca de R$ 454,60 com a Zazcar. Um carro popular custa para manter por mês, no mínimo, R$ 1.500. É uma economia que pode chegar a uns R$ 900, se você considerar o transporte alterna-tivo durante o restante dos dias, ou seja, muito dinheiro. E isso só aumenta dependendo do modelo do carro”, relata.

Do ponto de vista ambiental, assim como com os grupos de carona, mais conhecidos como carpooling, também existem ganhos. Barroso cita um estudo feito na América do Norte por

Susan Shaheen, especialista em mobilidade, da Universidade de Berkeley, que chegou à conclusão de que cada carro compartilhado no continente retirou outros nove de circulação. A diminuição da quilometragem percorrida pelo sistema como um todo possibi-litou uma redução de cerca de 225 mil toneladas cúbicas de gases de efeito estufa.

“No final do dia, não tem muita conveniência quando você gasta R$ 2.000 por mês com o seu carro e perde duas horas no trânsito diariamente. Aos poucos, as pessoas estão enten-dendo isso e aquelas que podem, que moram perto do trabalho ou podem usar o transporte público de forma conveniente, já estão mudando seu paradigma. É nessa vanguarda que nós queremos atuar”, finaliza.

• A idéia surgiu na Suíça em 1987, numa iniciativa entre amigos, e se disseminou pela Europa e Estados Unidos como solução de mobilidade e redução das emissões de gases do efeito estufa.

• A norte-americana Zipcar é a primeira no mundo, com uma frota de 6,5 mil carros, que circulam nos EUA e Inglaterra, principalmente entre o público universitário.

• Para utilizar o sistema, primeiro o interessado faz um cadastro, opta por um dos planos oferecidos pela empresa e recebe em casa um cartão de acesso. Com o cartão em mãos, ele faz a reserva do carro quando quiser, por telefone ou internet.

• Depois, retira ele mesmo o carro em pontos chave específicos na cidade, usa como se fosse seu e devolve após o período de tempo escolhido.

Para sabermais sobre

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conscientizar

Entre 20h30 e 21h30, do últi-mo dia 26 de março, 124 ci-

dades brasileiras apagaram a luz. Elas participaram da campanha Hora do Planeta 2011, da WWF-Brasil. Com o slogan “Apague a luz para ver um mundo melhor”, a intenção era provocar uma re-flexão sobre o aquecimento glo-bal. A iniciativa foi liderada pela ONG internacional WWF, que

espalhou a ação em 134 países, no mesmo dia e horário local.

No Brasil, realizada desde 2009, aderiram à campanha ba-res, restaurantes e cartões pos-tais, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e a estátua de Pa-dre Cícero em Juazeiro do Norte, no Ceará.

No Rio, os Arcos da Lapa fi-caram às escuras pela primeira

vez. Houve show do cantor Toni Garrido, discursos da ministra do Meio Ambiente, Izabella Tei-xeira, e do secretário de Conser-vação da Cidade, Carlos Osório. Outros 300 pontos turísticos da cidade carioca apagaram a luz, como a Praia de Copacabana. Em Brasília, o prédio do Congresso Nacional participou da ação. Em São Paulo, a Ponte Estaiada. Em

Várias cidades e monumentos em todo o mundo ficaram no escuro por uma hora para apoiar uma ação em prol do meio ambiente. A campanha Hora do Planeta é uma reflexão sobre o aquecimento global

Para ver no escuro

Evento no Jóckey Club, Rio de Janeiro, durante a Hora do Planeta.

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Manaus, o Teatro da Ópera (Tea-tro Amazonas).

Em Mato Grosso do Sul, o evento teve seu pontapé inicial na Praça do Rádio, em Campo Grande, onde o prefeito Nelson Trad Filho puxou a contagem re-gressiva. Rodas de capoeira, uma escola de samba e uma banda local animaram o apagar das lu-zes nos ícones da cidade, como o prédio histórico do Centro Cul-tural Morada dos Baís. No Acre, as cidades de Rio Branco, Xapuri, Santa Rosa do Purus e Sena Ma-dureira participaram oficialmen-te do movimento da Hora do Pla-neta. Em Rio Branco, o palácio do governo estadual ficou às escuras durante uma hora.

No mundo, a participação foi recorde. Começou na Nova Zelândia, num lado da Linha In-ternacional que marca a mudan-ça de data. E terminou nas Ilhas

Cook, antigo território da Nova Zelândia, na Polinésia, que se en-contram do outro lado dessa Li-nha (portanto, no dia seguinte).

Nos Estados Unidos, a adesão foi dos estados de Louisiana até Missouri, de Utah até Indiana. Na cidade de Los Angeles, as pes-soas se reuniram para uma vigília à luz de velas. Em Denver, no Co-lorado, 500 participantes fizeram um GS (sigla em inglês para ban-deirantes, ou Girl Scouts) gigante e luminoso nos degraus da sede do governo estadual. Todos os 96 prédios da ONU em Nova York, inclusive a sede da organização, tiveram suas luzes desligadas. Si-multaneamente, foram apagados os cartazes luminosos nas mar-quises e telhados dos teatros na Broadway. Os grandes ícones da cidade, como o prédio do Empire State e outros edifícios na Times Square também ficaram às escu-

ras para o evento.No Canadá, 422 cidades par-

ticiparam da Hora do Planeta 2011. O evento também contou com a participação de 73 univer-sidades e 30 monumentos em todo o país, inclusive a torre CN em Toronto, os prédios do Parla-mento em Ottawa, as Cataratas do Niágara e a ponte Lions Gate Bridge em Vancouver.

Na Jamaica, o Grand Palla-dium Jamaica e Lady Hamilton Resort e Spa em Lucea Hanover mantiveram seu apoio à Hora do Planeta desligando as luzes para o evento. Na Venezuela, mais de mil pessoas se reuniram em Ca-racas. Na Argentina, os ícones de Buenos Aires - como o Obelisco, a Ponte da Mulher e a Pirâmide de Maio (que é o monumento mais antigo da capital) - ficaram no escuro para apoiar a ação em prol do meio ambiente.

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1. Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, antes e durante a Hora do Planeta. 2. Estádio do Morumbi, em São Paulo, antes e durante a Hora do Planeta. 3. Congresso Nacional, em Brasília, antes e durante a Hora do Planeta.

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Com o selo da sustentabili-dade, a Prefeitura do Rio de

Janeiro, cidade conhecida mun-dialmente pela suas belezas e também pelos contrastes sociais, tem a ousada meta de urbani-zar todas as favelas cariocas até 2020. Em primeiro momento, parece mais uma promessa polí-tica, mas o projeto Morar Cario-ca ultrapassa a questão da melho-ria habitacional e trabalha com uma visão integrada de cidade.

Habitação não compreende só moradia, mas também equipa-mentos públicos que possam ga-rantir a cidadania da população que vive em determinada área. Neste sentido, a proposta preten-de integrar social e urbanamen-te as favelas, com uma visão de cidade sustentável que envolve a implantação de serviços de in-fraestrutura nas comunidades, como água, esgoto, drenagem, pavimentação, iluminação públi-ca. Além disso, almeja também eliminar áreas de risco, através do

reassentamento de populações que residem em áreas impróprias para moradia, e a recuperação de áreas de proteção ambiental de-gradadas, como encostas de mor-ros e margens de rio.

O secretário Municipal de Habitação do Rio de Janeiro, Jorge Bittar, explica que o que

se deseja é a integração física, social, cultural e ambiental des-sas comunidades à cidade. “O Morar Carioca trabalha com um conceito de bairro, com um con-ceito de cidade. Ou seja, procura prover, na região onde as pessoas habitam, não apenas a infraestru-tura, mas todos os equipamentos

morar

Projeto promete urbanizaçãosustentável de favelas cariocasO Morar Carioca planeja investir R$ 8 bilhões até 2020 na urbanização de todas as favelas do Rio de Janeiro.A intenção é reconhecer as comunidades, muitas delas ocupações irregulares, como parte da cidade

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sociais necessários a uma boa qualidade de vida”, explica Bittar.

A ousadia não fica só na pro-posta, uma vez que o investi-mento para que a favela se torne cidade não é modesto. O total de investimentos na urbanização chega a R$ 8 bilhões até 2020, sendo R$ 2 bilhões empregados até 2012. O que parece impossí-vel é um desafio não só para os gestores como também para os profissionais de arquitetura que participaram de um concurso público, resultado de um convê-nio entre a Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro e o Instituto dos Arquitetos do Bra-sil (IAB), para seleção de projetos para 40 grupamentos de favelas distribuídos por toda a cidade.

Dos 86 escritórios de arquite-tura inscritos de todo o Brasil, fo-ram selecionados os 40 melhores para realizar os chamados “proje-tos de qualidade”. Um deles foi o Zoom Arquitetura e Urbanismo - um coletivo formado pelos ar-quitetos Augusto Aneas, Fernão Morato e Guilherme Ortenblad - que concebeu um projeto para construção de prédios escalona-dos e multifuncionais, conecta-dos por funiculares, respeitan-

do as moradias preexistentes e integrando-as à malha urbana do Rio, buscando a melhoria dos precários padrões construtivos e urbanos existentes.

A questão da sustentabilidade está presente em tudo. O arqui-teto do Zoom, Augusto Eneas, destaca que a grande preocupa-ção é transcender a questão me-ramente técnica e material do conceito de sustentabilidade que vem sendo divulgado e utilizado. “Para nós, e nos nossos projetos, procuramos atrelar a sustenta-bilidade à condição urbana. Isso implica buscar estratégias para que qualquer intervenção pontu-al, como um edifício, um equipa-mento ou mero mobiliário urba-no, contribua para a cidade como um todo”, explica Eneas.

O Zoom, além do Morar Ca-rioca, também está desenvolven-do habitações sociais sustentá-veis para o Estado de São Paulo e projetos urbanos sustentáveis para áreas públicas da capital.

Áreas degradadas

A transformação e recupera-ção de áreas já degradadas em locais sustentáveis é outro ponto que desmistifica a idéia de que a

remoção das ocupações irregu-lares é a única solução. Fernão Morato, também arquiteto do Zoom, destaca que é possível sim recuperar áreas degradadas, mas para isso é necessário ser estra-tégico, focando no ponto a ser recuperado.

“As experiências mais recen-tes nos mostram que focar na infraestrutura urbana das favelas tem um retorno maior do que a intervenção na habitação em si, que obviamente também tem que ser considerada. Soluções para a questão do lixo e do esgoto nessas áreas são também pontos centrais que não podem mais ser negligenciados”, explica.

O arquiteto Guilherme Or-tenblad complementa essa idéia e diz que no Morar Carioca pro-curaram reforçar a importância de se investir em equipamentos públicos e de transportes nas áre-as, assim como buscar estratégias de regularizar a questão do lixo e do esgoto gerados pelas comuni-dades. “A aplicação de novas tec-nologias sustentáveis pode fazer com que a infraestrutura antes inexistente nas comunidades se torne uma referência até mesmo à cidade formal”, finaliza.

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exercitar

Omovimento surgiu como um incentivo ao uso da

bicicleta no Dia Mundial sem Carro, em 22 de setembro, mas acabou virando um sucesso entre os adeptos do ciclismo como prá-tica esportiva ou simplesmente para quem utiliza o veículo como meio de transporte. Trata-se do Yahoo! Social Bike, um aplicativo para iPhone que faz a integração da bicicleta com as principais redes sociais, como Twitter, Fa-cebook e Meme do Yahoo!. Atra-vés do aplicativo, que é gratuito, é possível compartilhar rotas de

ciclismo em passeio e viagem, fo-tos e vídeos, além de dados sobre a performance da pedalada.

O Social Bike é um incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte convencional e não alternativo e também da idéia de que não basta se exercitar so-zinho, o melhor é compartilhar. Por isso, conta ainda com um ca-nal informativo na Internet onde são disponibilizadas dicas e maté-rias sobre saúde, segurança, trân-sito, tecnologia, entretenimento, melhores pontos da cidade para pedalar, participação de colunis-

tas especiais, entre outros.Guiado por GPS, o aplicativo

possibilita também que o ciclis-ta compartilhe a sua localização para que outras pessoas que este-jam utilizando o aplicativo vejam, além do tempo de deslocamento, distância percorrida, velocidade em quilômetros por hora e calo-rias gastas na atividade. Uma fer-ramenta útil e muito interessante para quem participa de pedaladas em grupo.

No canal informativo, pessoas experientes no deslocamento sobre duas rodas, como o publi-citário Carlos Kiwi, apaixonado por ciclismo desde criança, for-necem dicas de como pedalar na cidade, além de outros canais com informações sobre primei-ros socorros. No perfil do Twitter @social_bike, os seguidores di-videm temas diversos do mundo de quem anda de bicicleta, desde como lavar a bike, pedalar na neve, na chuva, até fazer um ro-teiro inédito.

Aplicativo do Yahoo! para iPhone compartilha rotas e informações para ciclistas. Guiado por GPS, o aplicativo é gratuito e possibilita também que ciclistas compartilhem informações

Bicicleta conectada

Para sabermais sobre

O aplicativo Yahoo! Social

Bike pode ser encontrado no

site: http://itunes.apple.com/

br/app/yahoo-social-bike/

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investir

PIB e a economiaverdeEstudo conclui que investir, anualmente, 2% do PIB mundial em medidas sustentáveis, em setores estratégicos, irá garantir a transição para uma economia verde até 2050

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Redução da pobreza, mais empregos e valorização do

capital natural são as consequên-cias da transição de uma econo-mia marrom (de alta emissão de carbono) para a economia ver-de. Esta mudança demanda um investimento de apenas 2% do PIB global em dez setores. O re-latório “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desen-volvimento Sustentável e a Erra-dicação da Pobreza”, do Pnuma, demonstra que a transição para uma economia de baixo carbono e eficiência de recursos se torna possível se forem investidos cer-ca de US$ 1,3 trilhão até 2050.

Os setores estratégicos são agricultura, edificações, energia, pesca, silvicultura, indústria, tu-rismo, transporte, água e gestão de resíduos. Para o Pnuma, tais investimentos devem ser estimu-lados por reformas de políticas nacionais e internacionais. “Um cenário de investimento verde atingiria taxas de crescimento anual mais altas que o cenário habitual de negócios, em um espaço de tempo entre cinco a

dez anos. Esse crescimento eco-nômico caracteriza-se por um desacoplamento significativo em impactos ambientais”, afirma o relatório.

A organização reconhece que a demanda global por ener-gia aumentaria um pouco, mas retornaria aos níveis correntes até 2050, o que significaria uma redução de cerca de 40% em re-lação ao esperado no cenário ha-bitual de negócios, graças a avan-ços substanciais em eficiência energética. Uma economia verde valoriza e investe em capital na-tural (silvicultura, agricultura, água potável e pesca), contribui para a redução da pobreza, e possibilita a criação de empre-gos verdes, acredita o Pnuma. A organização também orienta os governos a aplicar ferramentas, como impostos, incentivos fis-cais e licenças negociáveis, para promover investimentos e inova-ções, assim como o investimento em capacitação, treinamento e educação.

O assunto também está na agenda governamental. A econo-

mia verde foi destaque no discur-so da ministra do Meio Ambien-te, Izabella Teixeira, proferido em fevereiro, no Fórum Global de Ministros de Meio Ambiente, em Nairóbi (Quênia). “O con-ceito de desenvolvimento sus-tentável nos permitiu superar a falsa noção de contradição entre a proteção ambiental e a elimina-ção da fome. Isso representa um progresso real que não pode ser perdido”, enfatizou a ministra.

“As ações da economia ver-de devem oferecer oportunida-des para todos os países, e isso, como sabemos, demanda maior financiamento, tecnologia e ca-pacitação”, sugeriu. Izabella Tei-xeira falou aos ministros sobre as questões políticas emergentes que contribuirão com o processo preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável, a Rio+20, que novamente destacará o Bra-sil no cenário mundial em 2012. O discurso da ministra brasileira corroborou o relatório lançado pelo Pnuma durante o encontro de autoridades internacionais.

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Brasil tem o desafio de dobrar áreas protegidasda Mata Atlânticaaté 2020Apesar das pressões sobre o bioma, a meta para 2020 é ter 17% das áreas protegidas, quando hoje existem apenas 9,8%

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Cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do

Brasil, além de dois terços da população brasileira, o que cor-responde a 112 milhões de ha-bitantes, estão na área da Mata Atlântica. Imagine que indústrias importantes como a da pecuária, cana de açúcar, papel e celulose, turismo fazem parte do conjunto de pressões sobre o território da Mata, da qual hoje só restam apenas 7% em bom estado de conservação, distribuídos em fragmentos isolados acima de 1.000 hectares cada.

Apesar disso, o bioma ainda abriga uma quantidade impor-tante de espécies da fauna e da flora e, por isso, deve ser preser-vado. Um diagnóstico sobre o cumprimento de metas de con-servação da biodiversidade na Mata Atlântica, elaborado pelo WWF-Brasil, em parceria com a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) e apoio de uma série de instituições, aponta que o Brasil tem amplo espaço para avançar na manutenção e principalmente na recuperação do bioma.

No entanto, das 51 metas nacionais para proteção da flo-resta, baseadas em diretrizes glo-bais da Convenção das Nações

Unidas sobre Conservação da Diversidade Biológica, o País cumpriu apenas duas na totali-dade, cinco não foram executa-das e o restante encontra-se em estágios intermediários de cum-primento.

O presidente do Conselho Nacional da RBMA, Clayton Ferreira Lino, explica que a meta para 2020 é ter 17% das áreas protegidas. “Para ter uma pro-teção de 17% na Mata Atlântica - considerando que hoje temos 9,8%- ainda falta muito. Quase temos que dobrar o número de áreas protegidas. Ainda temos um conjunto grande de pressões sobre o bioma”, afirmou.

No caso específico da Mata Atlântica, a situação, conforme Clayton Lino, é muito crítica. Isso porque não só os remanes-centes, como as áreas de prote-ção integral, são muito poucos. “Nós precisaríamos realmente ter um esforço de criação de mais áreas protegidas, de dobrar o tamanho das áreas protegidas progressivamente”, defendeu.

A estratégia para ter novas áreas protegidas e cumprir essa meta para a próxima década, conforme o presidente do Conse-lho Nacional da RBMA, por um lado, passa pelo envolvimento de

iniciativas privadas e sociedade. Conforme ele, não é só papel do governo proteger essas áreas. “Hoje, a Mata Atlântica não tem mais mata suficiente para você simplesmente ir lá e criar área protegida, cumprindo a meta. É preciso conectar fragmentos em algumas áreas que estão defi-nidas e isso é difícil, em alguns casos, bastante caro”, explica.

Um pacto pela restauração da Mata, que envolve 170 insti-tuições, desde governo, grandes empresas, proprietários rurais a ONGs e universidades, está cadastrando os projetos de res-tauração que estão acontecendo. De acordo com Lino, já estão cadastrados 16 mil hectares. “Os projetos estão acontecendo, são muitas iniciativas importantes e precisamos ter mais mecanismos que estimulem a restauração. Por um lado legal, precisamos que o Código Florestal não seja descaracterizado. Segundo, pre-cisamos de estímulos concretos para a conservação, como o paga-mento por serviços ambientais”, aponta.

Lino defende que tenha um incentivo financeiro, ou seja, que haja um pagamento por essa prestação de serviços ambientais. “Ao restaurar uma área, conec-

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tando fragmentos, por exemplo, o proprietário vai coletar car-bono da atmosfera, recuperando área de produção, captação de água. Então, ele está prestando um serviço para a sociedade como um todo e o que a gente advoga é que ele tenha um incentivo financeiro”. Hoje, no Brasil, existe uma lei para paga-mento de prestação de serviços ambientais e já existem algumas experiências nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e em alguns municípios.

Outro desafio é o cumpri-mento das 20 metas definidas na Convenção de Biodiversidade da ONU, realizada em outubro, em Nagoya, no Japão. “Para isso, o Brasil precisa conhecer bem a situação, traçar metas, rever

estratégias. Precisamos conhecer melhor os cenários de mudan-ças climáticas na Mata Atlântica, para ver como diminuir total-mente o impacto, ter desmata-mento zero e estudar formas de adaptação a essas transformações naturais”, explica Lino.

No entanto, para se chegar a essas metas, o mais importante, segundo ele, é ter um plano nacional de desocupação das áreas de risco da Mata Atlântica, o que Lino considera como prio-ridade nacional. “O problema da Mata Atlântica é a ocupação. Por um lado, durante muito tempo, houve incentivo para desmatar, para o plantio. Hoje, tem que se cancelar todos os incentivos da destruição, com isso já vai dimi-nuir o desmatamento. Segundo,

o nosso País não tem tradição de seguir zoneamento ou plano diretor e precisamos mudar isto. Nas áreas urbanas e rurais, existe uma pressão de ocupação muito grande e esse é nosso principal problema. A urbanização, as estradas, o crescimento das cida-des tem sido um enorme fator de desmatamento da Mata Atlân-tica, com seriíssimas consequên-cias, até porque grande parte é ocupação de área de risco. Isso tanto por pobre como por rico”.

O presidente do Conselho Nacional da RBMA denuncia que, muitas vezes, existe cum-plicidade de órgãos licenciadores e até um incentivo de políticos, que promovem o loteamento de áreas de risco com população de baixa renda. Isto é grave.

• A Mata Atlântica é o mais ameaçado dos biomas brasileiros• 80% dos remanescentes estão concentrados nas mãos de proprietários privados• Quando o Brasil foi descoberto, em 1500, a Mata Atlântica cobria cerca de 1,3 milhão de km², em

toda a sua extensão. Hoje está restrita a 7,9% da cobertura original, num total de 102 mil km²• É importante também por abrigar 65% das espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Muitas são

endêmicas, ou seja, só existem lá• Hoje existem 627 reservas privadas (RPPNs) de Mata Atlântica em todo o País, que protegem 0,1%

do bioma. Parques nacionais e estaduais somam apenas 2,3% da área protegida da Mata Atlântica

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reciclar

R$ 1,5 bi para economizar R$ 8 biProjeto pretende regulamentar sistema de coleta seletiva. A meta é que, até 2014, nenhum resíduo sólido seja encaminhado para aterros sanitários, aumentando assim a economia gerada com a reciclagem

R$ 1,5 bilhão em reciclagem. Este recurso foi liberado

pelo governo federal para o tra-tamento adequado de lixo nos municípios brasileiros. O inves-timento representa a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). A meta, com foco na sustentabilidade, é de que até 2014 nenhum resíduo sólido seja encaminhado para os aterros sanitários. Apenas material orgânico para com-postagem ou geração de energia será permitido ir para os co-

nhecidos “lixões”.O objetivo é criar e manter

aterros sanitários, gerar novas co-operativas, apresentar programas de educação ambiental. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, apenas 3% dos municípios possuem um sistema de coleta seletiva regulamentado. Por isso, o Brasil pode economizar até R$ 8 bilhões por ano se reciclar todo o lixo, de acordo com levan-tamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Atualmente a economia

gerada com a atividade de reci-clagem varia de R$ 1,5 bilhão a R$ 3 bilhões anualmente, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Os benefícios da reciclagem são econômicos e ambientais, como a elevação do nível de renda dos catadores de lixo e a necessidade de estímulo à profissionalização da mão de obra. Atualmente, apenas 14% da população bra-sileira contam com o serviço de coleta seletiva, e somente 3% dos resíduos sólidos urbanos são des-tinados à reciclagem.

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ver

De um lado do oceano, o artista Jorge Rodriguez-

Gerada e cidadãos locais do Delta do Ebro, na Espanha, for-mavam um gigantesco rosto representando uma jovem refu-giada ameaçada pela mudança

climática. Do outro, milhares de pessoas se reuniram e formaram uma ‘enxurrada’ humana no leito seco do rio Santa Fé, na cidade de mesmo nome, no Novo México, Estados Unidos. O feito era para representar onde o rio

deveria fluir. Com o aqueci-mento global, o rio (que fornece 40% da água da cidade) está secando.

Em Nova York, a artista Molly Dilworth criou o “Cool Roof” em uma escola pública, represen-

Artistas e voluntários em todo o mundo criaram instalações gigantescas, que podiam ser vistas do espaço, para alertar sobre as mudanças climáticas. O projeto de arte foi registrado por satélites

Arte contra ocaos climático

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Para sabermais sobre

Mais fotos do projeto podem

ser encontradas no site: http://

earth.350.org/big-pictures/

tando a costa de Nova York e Nova Jersey depois de 7 metros de elevação do nível do mar. De volta ao outro lado do oceano, um urso polar se formava na encosta de uma geleira, na Islân-dia, ameçada de derretimento.

“A arte pode transmitir de uma forma diferente de como a ciência trata a ameaça que a mudança climática representa para o nosso planeta”, explicou o autor e ambientalista Bill McKi-bben, criador da organização 350. A ONG incentivou artistas e milhares de voluntários, no mundo todo, a criarem instala-ções gigantescas para represen-tar a atual crise climática e aler-

tar líderes políticos.O Brasil também participou

do evento. Crianças de várias escolas da cidade de Tupã, em São Paulo, formaram uma ban-deira brasileira estilizada. Foram utilizados vários painéis solares, cedidos pela empresa Blue Sol, para formar o azul do triângulo. O verde veio do gramado de um campo de futebol e o amarelo das camisetas dos participantes, que também representavam um sol. A ideia do grupo brasileiro é incentivar governantes ao uso de energias limpas no País.

Cada obra de arte, do projeto que ganhou o nome de 350 Earth, foi concebida para ser

grande o suficiente para ser visí-vel do espaço. Os projetos foram fotografados por satélites opera-dos pela Digital Globe, uma companhia com base no Colo-rado. Os satélites viajaram a 17.000 milhas por hora, cerca de 400 quilômetros acima da Terra, dando alguns minutos para cada grupo registrar sua instalação e repassar sua mensagem.

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R E S P O N SA B I L I DA D E A M B I E N TA L

Apesar de ser menos badalada que as cidades vizinhas, a capital do Canadá, Ottawa, se destaca pelo seu avançado desenvolvimento sustentável. O processo de planejamento, gerado a partir de planos de conservação e gestão ambiental, teve início há duas décadas

Vinte anos desustentabi lidade

cidade renovável

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Entre as cidades turísticas do leste do Canadá, destacam-se

Toronto por sua segunda maior torre do mundo, Quebec e seus prédios históricos, e Montreal com seus parques e ruas comerciais. Sem grande destaque, a capital do país, Ottawa, fica à sombra das badaladas vizinhas. De coloni-zação inglesa e francesa, Ottawa chama atenção pela qualidade de vida da população, o que ainda não a difere propriamente das outras cidades canadenses.

O padrão de vida em Ottawa, como no restante do Canadá, é muito alto. E os indicadores sociais são positivos. Não há desabriga-dos, nem violência. Os serviços de educação e saúde funcionam apro-priadamente. Mais da metade dos moradores da cidade têm diploma de nível superior, o que confere o mais alto nível educacional do país. Todos na cidade falam inglês e francês, sendo que espanhol, ita-liano e até o português também são falados por muitos. É uma

cidade jovem. Cerca de metade de população tem menos de 35 anos.

Está localizada no nordeste da província de Ontário, na fron-teira com a província de Quebec, às margens do rio Ottawa. É a se-gunda maior cidade de Ontário, localizada a aproximadamente 400 quilômetros a leste de Toronto, e a 190 quilômetros oeste de Mon-treal. Possui mais de 800 mil habi-tantes, com mais de 1,1 milhão de pessoas na região metropolitana, chamada oficialmente de Região da Capital Nacional.

As principais atividades econômicas incluem serviços do governo, pesquisa e desenvolvi-mento, saúde, educação, turismo e desenvolvimento de software. É no setor de tecnologia de informação que está concentrado o cresci-mento econômico atual.

Nos últimos vinte anos, a cidade começou a avançar para o desenvolvimento sustentável, com o processo de planejamento de um novo Plano Oficial. A sustenta-

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cidade renovável

bilidade deve-se à Estratégia de Conservação e Gestão Ambiental adotada em agosto de 1991. Este mecanismo vai além do planeja-mento convencional de uso do solo e conservação, cobrindo todos os aspectos de desenvolvimento urbano, inclusive considerando crescimento urbano e o ambiente natural.

A Estratégia para a Con-servação e Gerenciamento Ambi-ental divide-ser em Abordagem ao Gerenciamento Ambiental e Agenda Ambiental. O primeiro é um documento que esboça os princípios de sustentabilidade e a abordagem/planejamento ao ecos-

sistema como instrumentos guia. O segundo é um plano de ação que descreve o estado atual das questões e preocupações ambien-tais, metas e ações para construir a sustentabilidade, ações atuais em cada área, e assuntos a serem abor-dados no futuro.

Ottawa desenvolveu ações participativas para cumprir as exigências da Estratégia. As comu-nidades são consultadas por meio de seminários. Estes eventos pos-sibilitaram a evolução de políti-cas e planos de ação focados em assuntos de sustentabilidade, val-ores e prioridades identificados na comunidade, e que continuam sis-

tematicamente avaliados e imple-mentados.

Além dos bons índices em saúde, educação e segurança urbana, estas ações resultaram hoje em um sistema público de transporte integrado. Estes serviços colocaram Ottawa como a terceira cidade mais limpa do mundo, segundo ranking divul-gado pela empresa de consultoria Mercer. Em primeiro lugar ficou Calgary, também no Canadá, com seu sistema de saneamento e reciclagem referência em todo o mundo. Em segundo, Honolulu, no Havaí, por ter a melhor quali-dade de ar dos Estados Unidos.

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P E R F I L

Autor de cinco livros, Luciano

Candisani é fotógrafo de natureza há 12 anos. Pelo seu trabalho na revista National Geographic recebeu cinco prêmios Abril de Jornalismo e foi nomeado membro permanente da International League of Conservation Photographers

Natureza por opçãoe vocação

rg verde

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Antes de atender ao pedido des-ta entrevista, o fotógrafo de

natureza Luciano Candisani estava “ilhado” no Pantanal, registrando uma cheia histórica. “Muita água, um mar”, como ele mesmo disse. Na vol-ta, o avião não conseguiu pousar no ponto isolado onde ele fotografava. O jeito foi voltar de trator, em 12 horas de viagem.

Essa experiência muito particular e singular pode parecer uma aventura de filme, mas é uma constante na vida deste fotógrafo, que estudou Biologia na Universidade de São Paulo (USP) e tem um arquivo de cerca de 30 mil imagens em temas como biodiversi-dade, natureza, populações tradicio-nais, expedições e ciência, além de cinco livros publicados. Pode-se dizer que onde existe natureza ele esteve, está ou ainda vai passar por lá.

Nascido na cidade de São Paulo, mas radicado em Ilhabela, Candisani fotografa natureza há 12 anos e já re-gistrou não só o Brasil, mas diversos lugares do mundo. Pelo seu trabalho

na consagrada revista National Ge-ographic foi indicado dez vezes ao Prêmio Abril de Jornalismo, dos quais venceu cinco, e pelo conjunto de sua obra foi nomeado membro perma-nente, desde 2007, da International League of Conservation Photogra-phers (ILCP), um grupo que reúne 70 dos principais fotógrafos de natureza em atividade no mundo.

O amor pela fauna e flora e pela fotografia andam de mãos dadas com Candisani e chegaram em sua vida ao mesmo tempo, ainda na adoles-cência. “Meu interesse pelos grandes espaços naturais, desde o início, este-ve vinculado à fotografia e ao cinema documental. Viajava pelo mundo nas páginas da National Geographic e nos documentários do Cousteau. Queria fazer algo igual. Dei meus primeiros passos em direção a esse sonho no fundo do mar do litoral norte de São Paulo”, lembra.

Isso porque ele mergulha desde criança e, aos 14 anos, fez um curso de mergulho autônomo - com cilindro

de ar - e o primeiro item que adqui-riu para o seu kit de mergulhador foi uma câmera anfíbia Nikonos V, que o acompanhou por muitos anos. “Meu pai sempre foi um entusiasta da ima-gem e um fotógrafo nato, o que me possibilitou o acesso a câmeras pro-fissionais muito cedo. Comecei na fotografia documentando a natureza e estou no mesmo tema até hoje. Mui-ta coisa mudou na minha abordagem durante esses últimos 12 anos, mas o tema é essencialmente o mesmo”, explica.

Fotografar ambientes remotos como a Amazônia, Patagônia, Antár-tica, Ilhas Falkland, Abrolhos, Ilhas Galápagos ou Atol das Rocas não é simplesmente chegar ao local com a câmera na mão. São trabalhos que exigem planejamento minucioso e, conforme Candisani, nada pode ser esquecido.

“Você fica semanas tentando ima-ginar tudo o que pode acontecer du-rante uma expedição, fazendo mental-mente cada passo do roteiro, arruma

1. Parque Estadual do Jalapão, em Tocantins 2. Tartarugas na Reserva Biológica do Atol das Rocas, arquipélago que pertence ao Rio Grande do Norte.

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P E R F I L

rg verde

e desarruma malas, leva mochilas extras, baterias de todos os tipos, kit de primeiros socorros etc., e, mesmo assim, as surpresas aparecem”, conta.

No Atol das Rocas, por exemplo, onde esteve por três viagens longas para fazer um livro, pensou em cada detalhe: do desembarque entre a arre-bentação das ondas à inexistência de água potável ou energia elétrica. “Fui preparado, enfim. Mas, mesmo assim, formigas fizeram ninho no meu flash e, no fim da viagem, tive uma apen-dicite aguda e tive que sair às pressas para uma cirurgia em São Paulo. Sus-to”, lembra.

Mesmo com os percalços e impre-vistos, são muitas as lições deixadas pelas expedições, especialmente as da Antártica, Patagônia e Atol das Rocas, que marcaram, de forma particular, sua vida profissional e pessoal.

“No fundo do mar congelado da Antártica tive minha primeira grande oportunidade profissional: registrar a vida submarina debaixo das águas congeladas. Isso foi em 1996, quando esse tipo de abordagem era raríssimo. O material que produzi nas duas ex-pedições de que participei abriu as

portas para as primeiras publicações importantes. Nessa época, passei de fotógrafo de expedições científicas para fotógrafo de histórias para revis-tas”, relata.

Já a Patagônia foi consequência da sua experiência polar. O fotógrafo passou sete meses na região morando a bordo do veleiro Aysso, da família Schurmann. “Era marinheiro e fotó-grafo. Nessa época vivi intensamente duas grandes paixões: a navegação a vela e a fotografia documental, apren-di muito em ambos os campos”.

No Atol, Candisani fez seu pri-meiro projeto de livro autoral. Uma peculiaridade, segundo ele, une os três ambientes. Nestes locais, a na-tureza ainda está no controle da vida humana. “Nós é que temos que nos adaptar aos ciclos naturais. No Atol, por exemplo, a vida vai no ritmo das marés. Nada é feito sem consultar o vai e vem do mar”, destaca.

Para fotografar natureza, ele con-sidera que tanto a técnica como o conhecimento e intimidade com o meio são importantes, uma vez que a técnica é o meio para dar forma a sua interpretação pessoal da história.

“Conhecer o tema é fundamental para criar essa interpretação. Você vai a campo para buscar imagens capazes de traduzir conceitos previamente criados durante as pesquisas e envol-vimento prévio com o tema”, explica.

Por isso, a fotografia de Luciano Candisani não é só estética e cumpre muito bem sua função social, não só ao arrebatar o leitor/apreciador mas também por fazê-lo refletir sobre a alarmante questão do meio ambiente.

“Fotografia é interpretação. Mes-mo na foto documental o que se faz é buscar o registro de uma resposta emocional pessoal, independente da realidade absoluta diante da lente. E, na minha interpretação da natureza, a preocupação com a conservação apa-rece sempre, naturalmente, embora não de forma, digamos, didática. Uso os controles da câmera, a composição, a luz, as cores para enfatizar a beleza e a importância da biodiversidade e dos grandes espaços naturais. Gosto de dizer que, através do meu trabalho, ainda há muito que podemos salvar. É uma realização quando essa aborda-gem traz, na prática, resultados para a conservação”, finaliza.

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personagemE N T R E V I S TA

O presidente executivo da Martifer, Jorge Martins, é otimista quanto ao desenvolvimento de negócios na área de energias renováveis no Brasil. A empresa portuguesa é uma empreendedora também no ramo de energia solar, além de atuar no setor de construções metálicas. Em entrevista exclusiva, o CEO diz que o Brasil está na moda, considerando os recursos naturais disponíveis e a previsão de se tornar uma potência mundial. No entanto, a falta de regulamento para o setor e a alta carga tributária ainda são entraves

“Negócios verdes estãoem grande ascensão"

JO RG E M A RT I N S

{ por Carol de Castro

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E N T R E V I S TA

personagem

m mundo preparado para uma energia totalmente verde. Esta é a aposta do presidente da Marti-fer Jorge Martins. Para ele, a pre-ocupação com o meio ambiente, o crescimento da população mundial e a qualidade de vida das pessoas vão demandar um consumo de energia maior. Aten-der esta demanda, em meio aos riscos do aquecimento global, exige uma geração de energias renováveis. “O investimento será cada vez maior em fontes de energia que permitem uma provisão indefinida em termos de geração de energia, de forma a causar o mínimo impacto em termos de implantação, e mais ainda, não deixar resultados negativos na natureza em termos de exploração”.Com um olhar europeu, ele des-taca que o Brasil tem um enorme potencial de crescimento nas áreas solar e eólica, além do cres-cimento econômico, da estabi-lidade política e da garantia da organização de leilões de energia regulares. Tudo isso está abrindo o apetite de grandes investidores a entrarem no mercado brasi-leiro. Por outro lado, diz Martins, faltam mão de obra qualificada, infraestrutura adequada ao forte crescimento econômico do Bra-sil e regulação do setor, devendo-

se também reduzir a pesada carga tributária, garantir a cone-xão à rede e definir claramente a questão do licenciamento ambiental, uniformizando os procedimentos em todas as esfe-ras de fiscalização.

Renergy:: Energia renová-vel avança em vários países. O mundo está preparado para uma energia 100% verde? Qual o principal entrave?Jorge Martins:: Certamente que sim. Hoje, o que se vê, em nível global, é um aumento da preocupação com o meio ambiente, do crescimento da população mundial e da quali-dade de vida das pessoas e, con-sequentemente, do consumo de energia. O resultado destas necessidades latentes é o investi-mento cada vez maior em fontes de energia que são renováveis, ou seja, permitem uma provisão indefinida em termos de gera-ção de energia, e limpas ou ver-des, como foi referido, de forma a causar o mínimo impacto em termos de implantação, e mais ainda, não deixar resultados negativos na natureza em ter-mos de exploração. Exceto por aspecto físico da rede elétrica e aspectos ambientais, em alguns locais, e sem fundamentalismos, entendo que não haja entraves à utilização da energia limpa e renovável. O que há, em se tra-tando do mercado brasileiro, é exatamente o obstáculo inicial, que é normal quando se inicia o desenvolvimento de qualquer atividade. Quando todos estive-rem mais acostumados a ouvir falar em parques eólicos e par-ques solares no Brasil, estas fon-

tes poderão ser mais competiti-vas e ocupar seu devido espaço neste mercado.

R:: Recente estudo do The Pew Charitable Trusts mostra que os investimentos em energias limpas, em 2010, alcançaram o valor recorde de US$ 243 bilhões, com alta de 30% em relação a 2009. O que o Brasil tem a ganhar com isto?JM:: Desses US$ 243 bi, US$ 7 bi foram investidos no Bra-sil. Em 2009, o valor foi tam-bém semelhante. Para o ano de 2011, com o início da constru-ção de muitos parques eólicos no País, no seguimento dos leilões de 2009 e 2010, esse valor deverá crescer significati-vamente. Aumentando o inves-timento, crescem as empresas gerando mais emprego, aumen-tando a qualidade de vida e o bem estar da população.

R:: Entre os maiores investido-res em energias limpas estão China, Alemanha e os Estados Unidos, quais são os outros paí-ses que também poderiam se beneficiar desta nova realidade do setor de energia?JM:: Obviamente o Brasil. Tanto na energia eólica como na solar, o Brasil tem um enorme poten-cial de crescimento. O recurso de vento é extraordinário, com fato-res de capacidade elevadíssimos, sol não falta e somando o fato de que estas tecnologias são hoje competitivas no custo e na via-bilidade, o Brasil se beneficiará muito com esta realidade.

R:: O Brasil tem sido conside-rado a “bola da vez” em termos

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de investimentos, principal-mente na área de energia reno-vável. O governo brasileiro vem incentivando as fontes de energia alternativa e vem utili-zando esse fato como um case de marketing institucional do País no cenário internacional. Como o empresariado inter-nacional enxerga o mercado brasileiro?JM:: O interesse de grandes players do mercado de energias renováveis no Brasil tem aumen-tado consideravelmente. Os grandes developers e fabrican-tes do mundo da energia eólica estão se instalando no Brasil e já se comprometeram a efe-tuar grandes investimentos no País. A Martifer Renováveis, por exemplo, vai construir nove par-ques eólicos até julho de 2012, totalizando 220MW e mais de R$800 milhões de investimento. O Brasil está na moda. E, no que diz respeito à energia, com todos os recursos naturais de que dis-põe, o Brasil irá afirmar-se como potência mundial. A Martifer, como empreendedora também no ramo de energia solar, já vê o Brasil com os olhos de um poten-cial investimento, logo que sur-girem os devidos regulamentos para este ramo.

R:: O que atrai e o que afasta o investidor de energia renová-vel no Brasil? A consolidação de um marco regulatório e uma melhora nas questões tri-butárias são os principais ques-tionamentos quando se fala em investimentos no País?JM:: O crescimento econômico do Brasil, a estabilidade política e a garantia da organização de lei-

lões de energia regulares abriram o apetite a grandes investidores a entrarem no mercado brasileiro. Hoje o Brasil é um país seguro para o investimento. Pelo lado negativo, pode se falar na espe-culação criada à volta dos pro-jetos de energias renováveis, na lentidão nos processos de licen-ciamento e na construção, na falta de mão de obra qualificada e infraestruturas desadequadas ao forte crescimento econômico do Brasil. Acredito, entretanto, que isto está a melhorar. Relativo à questão regulatória, o Brasil já possui uma fonte interessante de legislação que, com a con-solidação, facilitará ainda mais o entendimento do setor para todas as partes envolvidas no seu desenvolvimento.

R:: Mas o Brasil tem mostrado condições para se aproveitar destas previsões de investi-mentos. Na sua opinião, quais os caminhos para o País atrair mais investimentos em ener-gia limpa? No que precisamos nos concentrar - entre o regu-latório, o legal, o político e o tributário - para favorecer estas oportunidades?JM:: O Governo deverá garan-tir uma regular organização de leilões, com especial cuidado para não atingir valores de tarifa impraticáveis para o investi-mento de empresas com dimen-são suficiente para concluir o projeto. Deverá também assegu-rar todas as infraestruturas para a construção de projectos, sejam portuários ou viários, emagrecer a pesada carga tributária e garan-tir a conexão à rede. A questão da conexão é muito importante. O

O Brasil está na

moda. E, no que diz respeito à energia, com todos os recursos naturais de que dispõe, o Brasil irá afirmar-se como potência mundial

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sistema de transmissão da ener-gia gerada pelos empreendimen-tos ocupa uma carga pesada nos projetos e, quanto mais próximos de subestações, mais interessan-tes se tornam os empreendimen-tos. A questão do licenciamento ambiental precisa também estar claramente definida. Apesar de haver discricionariedade nos órgãos ambientais estaduais, era interessante a criação de um padrão para os empreendi-mentos eólicos, considerados de baixo potencial poluidor/degradador. Não falo em normas menos ou mais rígidas, falo em uniformidade de procedimentos, para que o investidor saiba o que o espera e como cumprir com os procedimentos necessários.

R:: O aquecimento global esquentou, no geral, os negó-cios verdes?JM:: Entendo que sim. O resul-tado da falta de preocupação com os efeitos da poluição mun-dial é, dentre outros, o aqueci-mento global. A utilização da chamada energia limpa é uma forma muito interessante de se unir o útil ao agradável. É criar condições para a diminuição do efeito estufa, enquanto se cria condições para o fornecimento contínuo de energia à população. Não é a toa que os “negócios ver-des” estão em grande ascensão. A relação é direta com a neces-sidade de se criar mecanismos melhores para o mundo, em ter-mos de poluição.

R:: Face à última crise eco-nômica e ao caos climático global, todos parecem querer entender ou dar sua contri-

buição em relação à preserva-ção. Existe uma preocupação ambiental por parte da ini-ciativa privada ou virou moda falar de ecologia?JM:: A preocupação existe em nível mundial. É, como men-cionei, a relação entre o desen-volvimento de soluções menos impactantes do ponto de vista ambiental e a problemática do aquecimento global, que é direta. Não é que tenha “virado moda” é muito mais o fato de que, agora, o mundo abriu os olhos para um problema real. Imagino que na época da revolução industrial devem ter dito que “estava na moda” falar em fábricas e indús-trias, e olha só, foi consequência do desenvolvimento, é a história da humanidade. Isto também se aplica aos dias de hoje.

R:: O senhor acredita que o Brasil tem conseguido aliar desenvolvimento econômico e tecnológico com sustentabili-dade?JM:: No ramo de energias reno-váveis, o Brasil ainda tem muito espaço para desenvolvimento, do ponto de vista tecnológico rela-cionado com a sustentabilidade. Isto faz parte. Daqui a pouco, poderemos vislumbrar proje-tos off shore, investimentos em áreas que afetem ainda menos o meio ambiente, e tecnologias que já existem em outros lugares do mundo serão trazidas para cá. A carga tributária no País ainda é pesada, o que atrapalha um pouco os negócios, mas os investidores veem a vontade do Governo em melhorar esta ques-tão, e acreditamos que isto é uma questão de tempo para estarmos

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Hoje o Brasil é um

país seguro para o investimento. Pelo lado negativo, pode se falar na especulação criada à volta dos projetos de energias renováveis

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bem alinhados com o desenvolvi-mento do mercado.

R:: Como o senhor avalia a política ambiental hoje no Brasil para liberação de novos empreendimentos?JM:: De uma forma geral, existe uma tentativa de adaptação dos órgãos responsáveis a uma nova realidade em que está a ser desenvolvido um grande número de projectos de energias renová-veis. Mas pelo fato de estarem, em muitos casos, a viver pela primeira vez o licenciamento de projetos eólicos, surgem ainda muitas indefinições, nome-adamente sobre que estudos ambientais deverão ser realiza-dos. Apesar de tudo, penso que existe uma tentativa, por parte de alguns Estados, nomeada-mente Rio Grande do Norte, em incentivar estes novos empreen-dimentos, mantendo os níveis de exigência ambiental, mas criando também mecanismos e grupos de ação que permitem trazer maior eficácia e eficiência aos processos de obtenção de licenças. Este exemplo deveria ser seguido por outros Estados para que permitisse que os pro-cessos de licenciamento fluam com maior celeridade e os inves-tidores sintam confiança total para investir.

R:: Um dos principais con-frontos no governo do Lula foi entre os ministérios do Meio Ambiente e o de Minas e Energia. Qual a sua opinião a respeito da geração de energia elétrica no País?JM:: Relativo a conflitos com os órgãos defensores do Meio

Ambiente, entendo que não há o que se discutir. Como se fos-sem lados diferentes da mesma moeda, o desenvolvimento de melhores soluções para a geração de energia elétrica e a defesa do meio ambiente. Não são assun-tos conflitantes. A defesa do meio ambiente deve sempre ser levada em consideração e o fato de o Estado procurar a adoção de fontes limpas e renováveis está diretamente em consonância com o interesse na conservação do meio ambiente. Entendo que é dever do Estado proteger o meio ambiente, da mesma forma que é dever deste Estado forne-cer energia aos cidadãos sem estar refém de apenas uma fonte ou um setor específico. Os dois pontos devem estar alinhados e caminhar lado a lado, o que, a meu ver, é completamente possí-vel e viável, desde que haja infor-mação disponibilizada e regras claras, que possam ser acompa-nhadas pelos participantes.

R:: E o que o senhor espera do governo Dilma em relação a este assunto?JM:: Lembro de uma entrevista que ouvi da presidenta Dilma Roussef, quando ainda era candi-data, em que ela falava da impor-tância do desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Falava até que a “esquina do Brasil” (nordeste) possuía ventos mun-dialmente competitivos para a geração de energia pela fonte eólica. Acredito plenamente que ela tenha intenção em conti-nuar o desenvolvimento do setor eólico no Brasil e há de criar as melhores condições para o seu desenvolvimento no País.

Era interessante

a criação de um padrão para os empreendimentos eólicos, considerados de baixo potencial poluidor/degradador

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Procura crescente de energia Custos ascendentes de energia Recursos em esgotamento Alterações climáticas mundiais Falta de trabalho em todo o globo Custos ascendes de energia

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Procura crescente de energia Custos ascendentes de energia Recursos em esgotamento Alterações climáticas mundiais Falta de trabalho em todo o globo Custos ascendes de energia

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Apesar de ainda não superar China e Estados Unidos em termos absolutos, o Brasil tem sido considerado a “bola da vez” em termos de investimentos. Principalmente na área de energia renovável. Ainda em processo para consolidar o marco regulatório dessas atividades, o governo brasileiro vem incentivando as fontes alternativas e vem utilizando esse fato como um case de marketing institucional do País no cenário internacional. Consultorias de mercado, assessorias jurídicas, investidores e dirigentes de empresa falam sobre expectativas de negócios, riscos a serem monitorados e modelos a serem desenvolvidos para garantir a consolidação no setor e o retorno esperado

{ por Paola Vasconcelos

ENERGIAEM EXPANSÃO

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Ninguém vive sem energia, que é um dos bens mais

importantes não só para o desen-volvimento do mundo, mas para a sua sobrevivência. Pensando que nos próximos 25 anos a de-manda por energia global deve aumentar cerca de 35%, predo-minantemente pelos gastos em eletricidade e aumento da frota de veículos, tem se transformado numa necessidade o desenvolvi-mento de novas fontes de gera-ção energética.

E quando se pensa nas ques-tões ambientais - principalmente porque o setor de energia é res-ponsável por 70% das emissões de gases poluentes na atmosfera, agravando o cenário de mudan-ças climáticas e as transforma-ções na natureza - investir em energias limpas, que geram lucro sem impacto ambiental, é um

caminho que converge para o sucesso.

Grande parte dos países que compõem o chamado G-20, que agrupa as maiores economias mundiais, já tem investimentos e iniciativas consolidadas no de-senvolvimento de energias lim-pas. Pesquisa divulgada pela The Pew Charitable Trusts, no final do mês de março, mostra que o setor de energia renovável está emergindo como um dos mais dinâmicos e competitivos do mundo, acumulando 630% de crescimento em financiamentos e investimentos desde 2004.

Para este ano, os investimen-tos globais em energias limpas devem alcançar US$ 240 bilhões, puxados principalmente pelas ações do Brasil, China e Índia, segundo levantamento mundial da Organização das Nações Uni-

das (ONU), feito no final do ano passado.

O recente estudo do The Pew Charitable Trusts já mostra que os investimentos em energias limpas em 2010 anteciparam es-ta previsão da ONU: alcançaram o valor recorde de US$ 243 bi-lhões, com alta de 30% em rela-ção a 2009. E o Brasil tem muito a ganhar com isto.

Isso porque, apesar de o Brasil ficar em sexto lugar na lista dos maiores investidores mundiais em energia limpa, com registro de US$ 7,6 bilhões em investi-mentos, ante US$ 7,7 bilhões em 2009, as oportunidades de negócios são crescentes. Nas pri-meiras posições entre os maiores investidores em energias limpas estão China (US$ 54,4 bilhões), Alemanha (US$ 41,2 bilhões) e os EUA (US$ 34 bilhões).

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Investimentos em energias renováveis no Brasil até 2020

Política de energia limpa

R$ 8 bi Políticas Copenhagen R$ 7 bilhões

Políticas atuaisR$ 4 bi

Fundos e Investimentos (2009)*

Total Investimentos R$ 7,4 bilhões

Investimentos no ranking do G-20 6

Total (em porcentagem) no G-20 6,5%

Taxa de crescimento (5 anos) 147,8%* Inclui os investimentos em capital de risco e mercados públicos, ativos financeiros para todas as tecnologias de energia limpa, incluindo os biocombustíveis e eficiência energética.

Principal meta em energias renováveis (para 2012)

Energia eólica - 1422MW

Energia Limpa instalada (2009)

Total de capacidade de energia renovável R$ 7,4 bilhões

Total de capacidade de energia 9,8%

Total (em porcentagem) no G-20 3,2%

Taxa de crescimento (5 anos) 13,9%

Fonte: relatório da Pew Charitable Trusts

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Potencial para explorar as fontes renováveis - como ar, água, sol, biomassa, biocom-bustíveis - não falta ao território brasileiro e às expectativas, não só das empresas que já investem no setor como das consultorias especializadas no mercado, que são as melhores possíveis.

A disposição do governo brasileiro é claramente favo-rável e a própria presidente da República, Dilma Rousseff, já declarou que o seu governo vai

consolidar a energia limpa e tem isso como um dos passos necessários para que o País esteja entre as nações de desenvolvi-mento forte.

O cenário brasileiro é favo-rável não só pelo discurso positivo da chefe de Estado. A tendência, segundo a sócia líder da Deloitte para atendimento das empresas de energia, Iara Pasian, é de que investimentos em fontes alternativas de energia cresçam de forma significativa

no Brasil. Do total de energia produzida em 2008, de 99.832 MW, 84,5% estava representada por fonte hidráulica, incluindo pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), e 1,3% (1.256 MW) por fontes alternativas. “É estimado que, até 2017, o Brasil gerará 154.797 MW representados por 75,9% de hidráulica e 4% (6,233 MW) de fontes alterna-tivas. Portanto, os investimentos deverão crescer significativa-mente. O potencial eólico brasi-

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O caminho das energias limpas

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leiro é estimado em 143.000 MW”, aponta Iara Pasian.

O governo brasileiro vem, desde 2001, incentivando o investimento em fontes de energia alternativas, espe-cialmente biomassa e, conforme a executiva da Deloitte, tem utilizado esse fato como um case de marketing institucional do País no cenário internacional, especialmente para as questões de sustentabilidade.

No entanto, para a sócia

líder da Deloitte, a segurança dos investidores em empre-endimentos de infraestrutura de atividade regulada deve ser consequência direta da trans-parência, segurança jurídica e efetividade do marco regulatório estabelecido para essas ativi-dades. “O governo ainda está no processo de aprendizado para que possa consolidar o marco regulatório dessas atividades. Por serem recentes, existem riscos a serem monitorados, modelos de negócios - geração, operação, manutenção, financiamento, tecnologia e comercialização da energia - a serem desenvolvidos e aprimorados para garantir o retorno esperado”, disse Pasian.

O sócio diretor de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, Renato Pereira, confirma as

boas expectativas e, segundo ele, o Brasil já está aproveitando as oportunidades não só no mercado de energias renováveis mas de uma forma geral.

“O Brasil tem sido, nos últimos anos, principalmente depois da crise, a bola da vez em termos de investimentos - não em termos absolutos, porque ninguém supera a China e os Estados Unidos. A consoli-dação do ambiente regulatório também está contribuindo muito para isso e, se houver uma melhora das questões tributárias para que o ambiente

esteja bastante propício para investimentos de estrangeiros, a tendência é desses inves-timentos aumentarem mais ainda”, avalia Pereira.

Para o sócio diretor da KPMG, o Brasil hoje já ocupa uma posição importante em função de ter um histórico de respeito aos investidores e de retornos e de grande potencial de investimentos em determi-nadas áreas. “O ambiente hoje é bastante propício”, destaca.

Existem vários investidores olhando para o Brasil, para fazer investimentos de ordem normal, como também em energias renováveis. O executivo destaca que as energias renováveis estão entre as maiores prioridades de investimentos, mas diz que o importante é ter retorno. “Inves-

tidor quer retorno, sempre. Se não gera retorno, não há investi-mento”, disse.

Renato Pereira avalia que, durante algum tempo, os inves-timentos até não ocorreram no Brasil em função da facilidade que se tinha em hidrelétricas. Após o apagão, em 2003, correu-se para fazer investimentos em térmicas, que não utilizam tecnologia limpa. “O que se vê hoje é um movimento forte de aproveitamento de investi-mentos em energias eólicas e de biomassa”, destaca.

© Liliya Zakharchenko | Dreamstime.com

Investidor quer retorno, sempre. Se não gera retorno, não há investimento

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Brasil está pronto para “significativo crescimento de investimentos”

De acordo com o relatório “Glo-bal Clean Power: A $2.3 Trillion Opportunity”, da organização Pew Charitable Trusts, divulgado no fi-nal de 2010, as políticas atuais de desenvolvimento de tecnologias limpas das 20 nações mais ricas do mundo deverão resultar em um in-vestimento de 1,7 trilhão de dólares em energias renováveis até 2020.

Apesar de ainda estar longe do

topo do ranking, o relatório diz que o Brasil está pronto para um “signi-ficativo crescimento de investimen-tos”. China, Índia, Japão e Coréia do Sul responderão por cerca de 40% dos investimentos em projetos de energia limpa na próxima década.

O relatório diz que o Brasil tem “fortes políticas energéticas” e, nos próximos dez anos, esse crescimento se dará em energia eólica, biomassa e pequenas usinas hidrelétricas. Segundo o estudo, o financiamento de ativos de ener-gias renováveis em 2020 mais que dobraria, para US$ 8,4 bilhões sob

o reforço de cenários políticos, mas que o investimento privado em energias renováveis deverá man-ter-se estável em US$ 4 bilhões nos próximos 10 anos.

O potencial de investimento acumulado no Brasil entre 2010 e 2020 está projetado em US$ 67 bi-lhões, com alavancagem de 25 GW de capacidade instalada.

Como desafio, o estudo destaca

que o Brasil poderia ter mais suces-so se aprovasse uma norma federal de uso da energia renovável para geração de eletricidade e definisse a capacidade instalada a ser adquiri-da anualmente em cada leilão, e que ainda apresenta problemas de infra-estrutura de acesso e transmissão da energia. Assinala que o governo também poderia reduzir os impos-tos para projetos de infraestrutura em energia renovável, já que repre-sentam até 40% do investimento, e considerar a redução da taxa de ju-ros pelo Banco Central para a dívida da construção de projetos.

O Brasil poderia ter mais sucesso se aprovasse uma norma federal de uso da energia renovável para geração de eletricidade e definisse a capacidade instalada a ser adquirida anualmente em cada leilão

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O coordenador do Instituto Brasileiro de Relações com In-vestidores (IBRI), Diego Barreto, classifica essa priorização das hi-drelétricas na matriz energética brasileira como um movimento “tático” e não estratégico. “O Bra-sil é um país com um dos maiores potenciais hídricos do mundo e naturalmente isto interferiu nas decisões de exploração de fontes nas últimas décadas”, disse.

Para Barreto, ainda não houve direcionamento ou recebimen-to de fortes investimentos para o desenvolvimento de energias renováveis em função de quatro fatores básicos: cultura ligada à hidreletricidade, baixo desenvol-vimento de tecnologia nacional, custo Brasil e política nacional de desenvolvimento de energias renováveis.

“A cultura energética ligada à hidreletricidade faz com que a maior parte do nosso mate-rial humano esteja focado no desenvolvimento desta fonte, deslocando pouco para as novas. Como consequência, desenvol-vemos pouca tecnologia nacio-nal, o que impossibilita uma certa independência em ener-gias renováveis, logo, o estímulo torna-se pequeno. O custo Brasil é auto explicável. Por fim, não existe uma política nacional que assegure que os investimentos atuais não sejam tratados pelo Estado brasileiro, como aconte-ceu durante as duas primeiras décadas do Pró-Álcool”, explica o coordenador do IBRI.

Apesar das dificuldades, Bar-reto considera que o Brasil tem

todas as condições naturais para se aproveitar das previsões de in-vestimentos, na medida em que continua apresentando, do ponto de vista macroeconômico, me-lhora nos seus indicadores, mas ainda dependendo de uma maior redução de sua taxa básica de ju-ros. “Por outro lado, o País ainda tem um ambiente de negócios moroso e custoso, o que o torna menos competitivo que outros países, especialmente aqueles considerados desenvolvidos e em desenvolvimento. Além disso, o Brasil precisará acelerar a capa-citação de sua mão de obra, em todos os níveis e funções”, disse.

Nos últimos anos, diante do crescimento das preocupações com o impacto ambiental dos projetos e da necessidade de maior diversificação da matriz elétrica brasileira para aumentar sua segurança, o Brasil passou a se voltar também para o aprovei-tamento de outras usinas, como as eólicas e PCHs. Na opinião do consultor do Núcleo de Estudos Econômicos e Financeiros da Andrade & Canellas, consultoria especializada no setor energético brasileiro, Ricardo Savoia, um crescimento mais consistente da exploração dessas fontes renová-veis depende, em alguns casos, de um arcabouço regulatório, le-gal, político e tributário que favo-reça essas oportunidades.

“É importante destacar que, em virtude de aprimoramentos tecnológicos, estímulos governa-mentais e ganhos de eficiência verificados nos últimos anos, já é perceptível o avanço da inserção

dessas fontes na matriz brasileira, embora mais lento do que seria possível”, destaca Savoia. Num país onde mais de 80% da ele-tricidade usada é produzida em hidrelétricas e ainda dispõe de mais de 60% de seu potencial hí-drico inexplorado, é difícil que a discussão sobre desenvolvimento de energias renováveis não esbar-re nas usinas hidrelétricas.

Não só por isso, o consultor da Andrade & Canellas ressalta que energia hidrelétrica é uma ótima opção, “mas não é a única”. “Cada vez mais, uma análise criteriosa será necessária levando em conta todos os crescentes riscos relacio-nados a tais empreendimentos, dentre eles: impactos ambien-tais crescentes, usinas cada vez mais a ‘fio d’água’, distância dos centros de carga, custos de trans-missão e outros custos associados podem vir a comprometer a via-bilidade do projeto, podendo ser mais vantajoso investir em outras fontes de geração”, disse.

Sobre as “novas” fontes lim-pas, cujo impacto ambiental é ainda menor do que das hidrelé-tricas, Ricardo Savoia considera que o Brasil ainda está em estágio muito inicial. “Mas é um cami-nho que tem tudo para ser muito promissor”, avalia. Na última dé-cada, como explica o executivo, o setor elétrico nacional passou por profundas mudanças, entre elas ajustes em sua regulação, criando benefícios para que fosse possível a inserção de fontes alternativas na matriz energética nacional. “Entre as opções para o desen-volvimento dessas fontes estão os

Mudanças na cultura energética

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leilões de energia de reserva, cuja quarta edição será realizada este ano. A oferta de projetos também é crescente: nos últimos leilões de energia eólica, a quantidade de energia ofertada foi bem supe-rior à demanda, sendo inclusive disponibilizada ao mercado livre. Sendo assim, estamos num está-gio inicial, mas temos tudo para crescer muito nessa área”, disse.

Savoia avalia que os investi-mentos nas fontes alternativas no Brasil são proporcionalmente expressivos, se comparados com o volume aplicado na China, por

exemplo, devido às diferenças de extensão territorial, porte popu-lacional e crescente demanda. Enquanto os investimentos da China nessa área foram de US$ 34,6 bilhões em 2009, os do Bra-sil foram de US$ 7,4 bilhões no mesmo ano.

Apesar de considerar os in-vestimentos crescentes, as difi-culdades em fontes renováveis, para o consultor do Núcleo de Estudos Econômicos e Financei-ros da Andrade & Canellas, estão em custos elevados para sua im-plementação em relação a outras

fontes, barreiras políticas e legais, falta de capacitação tecnológica. O cenário para investidores para os próximos anos, segundo ele, é muito bom. “O Brasil está se desenvolvendo e precisa de mais infraestrutura, inclusive energia. Há condições de financiamento dos projetos, principalmente via BNDES, e há mercado. Além disso, com o crescimento econô-mico do País e o nível de investi-mento, investidores estrangeiros estão atentos a oportunidades de contribuir com essa expansão”, destaca Ricardo Savoia.

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Porque investir no Brasil

Principais motivos que incentivam os investi-mentos no País, segundo consultorias de mercado, investidores e dirigentes de empresa:• 190 milhões de habitantes que movimentam a eco-

nomia interna• PIB de 7,5% em 2010, previsão em torno de 5% ao

ano para os próximos anos• Crescimento da classe C, de 37% da população em

2003 para 56% até 2014 (novos 40 milhões)• Menor taxa de desemprego da série histórica (ou-

tubro 2010)• Maior economia da América Latina e oitava do

mundo. Pelo The Economist, será a quinta até 2016• Terceira maior Bolsa do mundo em valor de mer-

cado• Moeda estável, com macroeconomia favorável• Sem histórico de grandes catástrofes naturais (fura-

cões, vulcões etc.)• Segundo maior produtor de bioetanol (33% do total

mundial)• Tem a maior biodiversidade do planeta. Cerca de

20% da biodiversidade mundial está no Brasil, com

tecnologia agroindustrial de ponta• Tem a maior rede hidrográfica do planeta (mais de

70% da matriz elétrica tem origem hídrica)• Está entre as 10 maiores reservas de petróleo do

mundo• É referência mundial na produção e desenvolvi-

mento de biocombustíveis• Quarto exportador mundial de aço• Participa de blocos econômicos• Tem parque industrial diversificado• País integrante da sigla BRIC, ou seja, mundialmen-

te já é reconhecido como país com potencial para investimentos

• Nos últimos 10 anos, a taxa de retorno do inves-timento estrangeiro direto (IED) no Brasil foi de 26,4%

• Foi um dos países menos afetados pela última crise mundial

• Grande reserva em moedas fortes• Eventos de alcance mundial já programados para

acontecer no País (Copa do Mundo e Olimpíadas)• É grande produtor de bens de consumo

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Biomassa ou eólica?

Quando se fala da geração de energias renováveis no Brasil, lembra-se imediatamente das oportunidades advindas do alto nível de insolação do território, dos ventos e também das ondas marítimas. No entanto, apesar desse evidente potencial, nem sempre o aproveitamento destas fontes limpas é viável, do ponto de vista tecnológico, legal e fi-nanceiro.

O sócio diretor de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, Renato Pereira, explica que vá-rias tecnologias de exploração de energias renováveis existem, mas que elas não são necessariamen-te viáveis economicamente. O retorno financeiro, segundo ele, vem quando uma tecnologia atin-ge um bom nível de maturidade.

“Invenções e tecnologias são muitas, mas a tecnologia preci-sa amadurecer e se tornar viável economicamente para disputar, em pé de igualdade, com outras que já existem há muito tem-po, como a geração hidrelétrica e queima de carvão. As novas energias precisam se consolidar e a vez de consolidação agora é justamente da biomassa e das eó-licas”, prospecta.

Isso porque a eficiência de geração tem aumentado bastante nos últimos anos. “Uma turbina eólica hoje produz muito mais energia do que produzia antiga-mente, em função dos acertos de tecnologia. Células fotoelétricas hoje produzem várias vezes mais do que produziam as primeiras células. É importante que a tec-nologia exista e amadureça. E

quando ela atinge um estágio de amadurecimento, o investimento vem e começa a dar retorno”, ex-plica o executivo.

Essa tendência de consolida-ção das energias eólica e gerada pela biomassa no mundo é um dos resultados da Pesquisa Anual de Fusões e Aquisições no Setor de Energia Renovável da KPMG International (Power Ahead 2010). O estudo entrevistou 250 executivos da área distribuídos na Europa Ocidental (33%), América do Norte (29%), região da Ásia-Pacífico (18%) e da Euro-pa Oriental, Oriente Médio, Áfri-ca e América do Sul (% restante) e, além de mostrar um aumento de 145% em volume de negócios somente no primeiro trimestre de 2010, na comparação com o mesmo período de 2009, consta-tou também que os tipos de ener-gia mais atraentes para as com-panhias e os investidores eram, em nível de interesse, a biomassa (37%), seguida das energias solar (36%) e eólica (35%).

Já para a exploração de ener-gia solar no Brasil, Renato Perei-ra vê um bom caminho, no mo-mento, somente para a utilização doméstica, justamente pelo desenvolvimento ainda tímido de tecnologias. “Existem muitas usinas de geração de energia so-lar no mundo. Mas o que se vê é que a tecnologia ainda está se de-senvolvendo. O aproveitamento da energia solar para uso domés-tico poderia ser bem maior no Brasil. São investimentos relati-vamente elevados, mas que dão retorno, que se pagam em alguns

anos, em termos de economia do que se paga na conta de luz”, defendeu.

Apesar de considerar que as modalidades de energias reno-váveis biomassa e eólica são as que mais se adaptam ao cenário brasileiro, do ponto de vista téc-nico, financeiro e logístico, a só-cia líder da Deloitte, Iara Pasian, destaca que diversas fontes de energia alternativas estão sendo estudadas no Brasil para verificar a viabilidade econômica de de-senvolvimento de projetos e ain-da é muito cedo para dizer quais serão viabilizadas e quais serão priorizadas e incentivadas pelo governo no futuro para produção em larga escala.

“Tudo irá depender da escas-sez de outras matérias primas, fontes utilizadas como combus-tível ou para gerar energia, custo de oportunidade e relação custo benefício. Deverão ocorrer gran-des avanços tecnológicos nos próximos anos no mundo e no Brasil. Estão sendo estudadas a energia solar fotovoltaica, ener-gia maremotriz, energia geotér-mica, torres solares, células com-bustíveis de hidrogênio, entre outras”, disse.

Para Pasian, o desafio no de-senvolvimento de fontes alterna-tivas de energia (PCHs, eólicas, solar, biomassa e outros) está diretamente vinculado à questão ambiental. “O Brasil tem apre-sentado situação diferenciada e privilegiada no mundo, somos respeitados internacionalmente exatamente pela nossa matriz energética estar concentrada em

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hidráulica, considerada limpa devido à abundância de rios, com potencial para ser desenvolvido especialmente, hoje, na região Norte. Essa situação é comple-tamente diferente em outras regiões mundiais, no qual a de-pendência por termoelétricas a carvão - poluente - é muito gran-de”, destaca.

Para o consultor do Núcleo de Estudos Econômicos e Finan-ceiros da Andrade & Canellas, Ricardo Savoia, o Brasil é um país “abençoado”, pois tem po-tencial para desenvolver todas as modalidades de energias renová-veis. Apesar disso, no momento, as mais vantajosas, segundo ele, são a cana de açúcar - seja para produção de etanol ou geração de eletricidade - e as hidrelétri-cas. “As demais formas de bio-massa, a energia eólica e a solar também terão cada vez mais es-paço”, destaca.

Conforme Savoia, a energia da biomassa está inserida na ma-triz nacional e vem sendo nego-ciada. Hoje, responde por 5,4% da matriz elétrica brasileira, sen-do a maior parte disso represen-tada por usinas de cana de açú-car, enquanto a eólica responde por apenas 0,2% da nossa matriz elétrica, segundo o Balanço Ener-gético Nacional de 2010. “O que acontece é que o setor de eólica está em expansão, passando por uma verdadeira ‘avalanche’ de oferta. Por isso, tem chamado mais a atenção”, considera.

O executivo da KPMG, Re-nato Pereira, destaca que o po-tencial de energia que o Brasil já possui hoje, em usinas de cana de açúcar, é muito grande. “Se equiparamos todas essas usinas

com uma boa tecnologia, tería-mos praticamente uma Itaipu no campo. Hoje, o Brasil tem poten-cial de geração de uma Itaipu só com biomassa a partir de cana de açúcar”, aponta.

Conforme Pereira, isso é po-tencial, mas ainda falta o inves-timento. Com a crise de 2008, o setor de cana de açúcar passou por um momento relativamen-te delicado, em função da crise de crédito e da baixa dos pre-ços. Além disso, combinou um momento quando o setor havia investido bastante, e os preços despencaram e o crédito foi cor-tado. “Esse período fez com que o setor parasse de investir em bio-

massa, em novas usinas, e passou a investir na aquisição, na conso-lidação. Agora a tendência é de os investimentos voltarem, como já estão voltando”, complementa.

Várias empresas, segundo Renato Pereira, da KPMG, já estão anunciando, senão os in-vestimentos, mas os planos de investir em energias renováveis no Brasil. Um exemplo é a líder de mercado do setor de açúcar e álcool, que está fazendo uma joint-venture com a Shell e pla-neja investimento em bioener-gia, complementando as usinas que já possuem para se tornarem um grande produtor de energia hidrelétrica no País.

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A chegada de novos inves-timentos, aportes de recursos, novas empresas, esbarra, mui-tas vezes, no Brasil, nas conhe-cidas burocracias e lentidões nos processos administrativos e jurídicos. Mesmo com todo o potencial favorável do mundo, o desenvolvimento do setor de energias limpas pode não sair do lugar em decorrência de questões legais e administrativas. Vem jus-tamente daí o fato de a assessoria jurídica ser considerada um item fundamental não só para os no-vos negócios como para quem já está produzindo.

Diante da falta de um marco regulatório para o setor, uma ma-neira de o investidor cercar-se de cuidados jurídicos que lhe dimi-nuam os riscos no investimento, conforme a coordenadora da área jurídica de Energia Eólica do escritório Becker, Pizzato e Advogados Associados, Marília Pioli, é uma assessoria jurídica es-pecializada e criteriosa, em espe-cial aos investidores estrangeiros, levando-se em conta as peculiari-dades de diferenças culturais e de ordenamento jurídico.

Para a advogada Marília Pioli, os riscos de investimento estão principalmente na inexistência de um marco regulatório para o setor. “As regras são insuficientes e as que existem, a exemplo das ambientais, não estabelecem um padrão”. Um exemplo, conforme

ela, acontece nas questões rela-cionadas ao licenciamento.

“O que é preciso para obter a licença? Isso depende de qual Es-tado irá albergar o parque eólico, por exemplo. Essa situação sai do campo da autonomia federativa para tornar-se um problema, na medida em que critérios são im-peditivos de concessão em deter-minados Estados e permissivos em outro. Por certo que as carac-terísticas de cada local devem ser consideradas e importam con-sideravelmente na análise que conduzirá à concessão ou não da licença, mas o que se tem hoje é grande disparidade de exigên-cias”, ponderou.

A insegurança jurídica, provo-cada pelos “vai e vens” das regras normativas, é exemplificada, con-forme Pioli, em situação ocorrida no leilão de 2009. Na ocasião, houve projetos que deixaram de concorrer no leilão porque na época vigia o Convênio Confaz 69, que estabelecia isenção de ICMS nas operações com equi-pamentos e componentes para o aproveitamento de energia eó-lica somente até 31 de dezembro de 2009. Posteriormente, com o Convênio 119, prorrogou-se a da-ta para 31 de janeiro de 2010 (pos-teriormente, novamente pror-rogada) mas, por isso, tornou-se tarde para aqueles projetos parti-ciparem do leilão. “As modifica-ções das regras, de forma geral,

Hoje, o Brasil tem potencial de geração de uma Itaipu só com biomassa a partir de cana de açúcar

Como garantir a segurança jurídica de novos investimentos no Brasil?

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são uma constante no Brasil. Em menor ou maior grau, em menor ou maior quantidade, as altera-ções sempre acabarão atingindo um ou outro investidor”, aponta.

Outro exemplo, conforme Pioli, é a realização periódica de leilões, considerada imprescindí-vel para um crescimento susten-tável e concreto de uma indústria de energia eólica no País. Apesar de já estar programado o terceiro leilão, pelo terceiro ano consecu-tivo, não há de fato uma política estabelecida de realizações de lei-lões. “Anualmente se espera que aconteçam, mas não há garantia de que venham a ocorrer”, disse.

“A instabilidade normativa brasileira - agravada pela moro-sidade dos processos legislativos, que fazem com que projetos pas-sem mais de década tramitando nas esferas legislativas - é uma ameaça para o investidor em energia eólica no Brasil, não obs-tante todas as grandes vantagens do País, que certamente tem sido o fator responsável pelo sucesso dos investimentos nos últimos anos”, pondera Marília Pioli.

A insegurança jurídica tam-bém é apontada pela sócia do escritório Albuquerque Pinto So-ares Vieira Advogados, Mariella Rocha, como um dos fatores que fazem com que o potencial para a exploração de energias renová-veis não seja bem aproveitado no Brasil. “O desperdício desse po-tencial se deve ao fato de o Brasil ser historicamente produtor de energia limpa, a partir de fonte hi-drelétrica, a preços baixos. Além disso, a insegurança jurídica que ainda paira sobre o setor, sobretu-do quanto à incerteza de quando e quais as regras aplicáveis aos lei-

lões de energia a partir de fontes renováveis”, destaca.

Somente com a percepção de que se faz necessária a diver-sificação da matriz energética, conforme Mariella Rocha, é que --se tem conseguido um incre-mento da participação das fontes de energias limpas alternativas, como é o caso da energia eólica. Uma das principais dificuldades para os investidores, de acordo com a advogada do escritório Albuquerque Pinto Soares Vieira Advogados, é a obtenção de fi-nanciamentos e linhas de crédito específicas para o setor. “Apesar do papel relevante de instituições como o BNB e o BNDES, os re-cursos disponíveis ainda não são

suficientes para atender a toda a demanda de investimentos”.

Segundo Mariella Rocha, não há diferenças fundamentais no tratamento entre um investidor brasileiro e um investidor estran-geiro, no que se refere à explora-ção e produção de energia, mas o importante para investidores nacionais e estrangeiros é que to-mem as cautelas necessárias para a boa consecução do projeto. “A assessoria jurídica é fundamental para a análise contratual e da le-gislação aplicável, desde a aquisi-ção do direito de usar imóvel até a celebração dos contratos necessá-rios à construção, operação e ma-nutenção dos projetos de geração de energia”, orienta.

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Empresas que atuam no se-tor de energias renováveis estão vivendo um momento singular não só no Brasil, mas em todo o mundo. A Wobben Windpower - subsidiária da Enercon GmbH, líder mundial em tecnologia eó-lica de ponta e um dos líderes do mercado eólico mundial - é a pri-meira fabricante de aerogerado-res de grande porte da América do Sul. Foi criada há 14 anos para produzir componentes e aeroge-radores para o mercado interno e exportação, além de projetar, instalar, operar e prestar serviços

de assistência técnica para usi-nas eólicas. É também a primei-ra produtora independente de energia elétrica oriunda de fonte eólica autorizada pela ANEEL, com quatro usinas próprias em operação.

O diretor presidente da Wo-bben Windpower, Pedro Angelo Vial, observa que as empresas que já investem em energias renováveis no Brasil estão satis-feitas e vão continuar a investir. Conforme ele, as oportunidades são diversas. “É um complemen-to a outras fontes de energia e há muito vento para produzir ener-gia eólica, água para as PCHs, plantações de cana de açúcar para biomassa e muitas outras

oportunidades de investimento”, lembrou.

Quanto aos desafios, para Pedro Angelo Vial, eles existem mais pelas condições de investi-mento. “O custo para investir em energias renováveis caiu muito, mas ainda precisamos de um planejamento do governo atra-vés dos leilões periódicos a cada ano”, destaca.

Para o diretor presidente da Wobben Windpower, os riscos nos investimentos são mínimos e as condições são amplos parques industriais, áreas disponíveis e

“regime de ventos muito bons”. “Hoje o mundo tem necessida-de de investir em tecnologias que favoreçam o meio ambiente para nossa própria sobrevivência e para o futuro dos nossos filhos e netos. O homem encontrou uma saída na utilização das fon-tes de energias renováveis, onde o Brasil tem um grande potencial para ser explorado. Temos uma capacidade imensa para produ-zir energia através do vento, da biomassa e hidrelétricas, além de outras fontes”.

O crescimento de grupos em-presariais que começam a atuar em energias renováveis também é observado. A Energisa Comer-cializadora, a mais nova empresa

do Grupo Energisa, criada em outubro de 2005, com foco em serviços de comercialização de energia elétrica no ambiente de contratação livre, tanto para os projetos próprios quanto de ter-ceiros, ampliou seu portfólio em 2010 e fechou o ano com um vo-lume de vendas de 51,4 MW mé-dios, um crescimento de 108% em relação a 2009, o qual já havia registrado crescimento de 109% sobre 2008.

A Comercializadora tem cer-ca de 35% das vendas concen-tradas em Minas Gerais. Com

experiência no desenvolvimento de PCHs, mantém seu foco em fontes renováveis de energia. A empresa está engajada na comer-cialização de parte da energia eólica proveniente de cinco par-ques instalados no Rio Grande do Norte no mercado livre, ocorrido em agosto de 2010.

O diretor presidente do Gru-po Energisa, Ricardo Botelho, anuncia o desejo de ampliar o ne-gócio de geração para equilibrar o portfólio do grupo, que hoje é majoritariamente em distribui-ção e serviços. “Iremos ocupar os espaços que se apresentam inte-ressantes e possíveis aos nossos acionistas, dentro de uma ótica de ampliação de valor, e obser-

Administrando desafios para crescer

O custo para investir em energias renováveis caiu muito, mas ainda precisamos de um planejamento do governo através dos leilões periódicos a cada ano

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O financiamento de projetos é considerado uma das grandes barreiras para o desenvolvimento do setor de energias renováveis, pelo reduzido número de institui-ções que fornecem crédito.

O Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) é considerado a prin-cipal instituição financiadora do País. Entre suas linhas de atuação, tem o segmento de geração de energias alternativas, para finan-ciar empreendimentos a partir de fontes alternativas, tais como biomassa, eólica e solar, além de pequenas centrais hidrelétricas, visando a diversificação da matriz energética nacional.

O Banco do Nordeste (BNB) também tem sido um importante incentivador. Em 2010, destinou mais de R$ 777 milhões para ati-vidades econômicas e empreendi-mentos que propiciam ou estimu-lam a sustentabilidade ambiental.

Parte dos recursos foi desti-nada a projetos de geração de

energias por fontes renováveis. A implantação de usinas eólicas, por exemplo, contou com recursos da ordem de R$ 673,2 milhões, cerca de 87% do total investido. Outros R$ 26,6 milhões foram concedi-dos à instalação de Pequenas Cen-trais Hidrelétricas (PCH).

Mais recentemente, um Acor-do de Cooperação Técnica para a execução do Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroener-gético e Sucroquímico (PAISS), assinado entre o BNDES e a Financiadora de Estudos e Pro-jetos (Finep), vai disponibilizar R$ 1 bilhão para o período 2011-2014. Seu objetivo é fomentar projetos que visem o desenvol-vimento, a produção e a comer-cialização de novas tecnologias industriais destinadas ao proces-samento da biomassa provenien-te da cana de açúcar.

Conforme o coordenador do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), Diego

Barreto, o BNDES é o único agente capaz de financiar ener-gia limpa a taxas competitivas no Brasil, permitindo a viabilidade dos projetos.

Em dezembro do ano passado o governo brasileiro, segundo Barreto, deu um passo impor-tante no sentido de dividir esta responsabilidade com o mercado de capitais, o que poderá criar um novo fluxo de capitais para este tipo de projeto.

“O governo anunciou um pacote de medidas para estimu-lar o financiamento privado de longo prazo, especialmente para os títulos emitidos para finan-ciamento de projetos de infraes-trutura, nos quais os de energia limpa poderão se enquadrar. Em suma, o governo federal está bus-cando a desoneração do finan-ciamento privado a projetos de infraestrutura por meio do desen-volvimento do mercado de títulos privados de longo prazo”, explica o coordenador.

vada a nossa capacidade de exe-cução e financeira. Nosso plano estratégico é atingir 500MW exclusivamente em fontes reno-váveis ate 2017”, disse.

Para que o Brasil possa ga-nhar com as oportunidades que se apresentam no mercado de renováveis, Ricardo Botelho de-fende um projeto nacional para a área. “O que falta é um projeto nacional, uma visão estratégica da nação que conscientemen-te e ativamente promova toda

a cadeia de valor. Precisamos também incentivar a inovação na área energética para poder não depender de importações e buscar ser exportador de equi-pamentos de alto valor agrega-do para geração. E isso se daria através de estímulos à produção local de equipamentos com deso-neração de custos, uso de verbas de P&D e apoio a startups na área de tecnologia voltada para ener-gia renovável”, aponta.

Além disso, para o diretor

presidente do Grupo Energisa, é imperativo a manutenção de leilões específicos para eólicas e PCHs, de forma a dar previsibi-lidade à indústria e prestadores de serviços locais. “Uma cadeia de valor forte, com tecnologia sendo produzida localmente, um mercado consumidor vigoroso e recursos naturais sendo usados de forma sustentável é uma enor-me oportunidade para o País ser um líder global da economia do século XXI”.

Para estimular o financiamento

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Aburocracia brasileira põe medo em investidores

estrangeiros, mas não retira o interesse em explorar o mercado nacional. A análise é do depu-tado federal Antonio Balhmann (PSB-CE). Ele assumiu o man-dato este ano, após presidir a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), criada em 2007. À frente do órgão, Balhmann res-pondeu diretamente pela polí-tica de atração de investimentos e fomento de novos negócios do Estado.

Em sua trajetória profissional, constam experiências como presidente do Conselho Deli-berativo do Sebrae, e secretário de Indústria e Comércio do Ceará durante o governo de Ciro Gomes. Durante o primeiro mandato de Lula, exerceu cargo de coordenador dos fundos de investimentos da Superinten-dência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no caso, o Fundo de Investimentos do Nor-deste (Finor). Chegou também

a responder pela Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene), já extinta.

Foi deputado federal de 1995 a 1999. No mandato de 2011 a 2015, participa como titular da

comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comér-cio, e como suplente da comis-são de Minas e Energia. Sobre desenvolvimento e energia, ele concedeu a seguinte entrevista.

Renergy:: O que o Brasil tem feito para atrair investi-mento estrangeiro?

Antonio Balhmann:: Hoje, ocorre o inverso. Os inves-

tidores estão fazendo força pra vir. Mas o Brasil é o cipoal da burocracia. Esta é uma grande dificuldade que incorpora temor no investidor privado. Isso tem dificultado a atração de investimentos. Mas, apesar disso, temos muitas empresas de olho no Brasil. Da China, da Europa, dos Estados Unidos. Eles estão, obviamente, aguardando que se confirmem as condições para que possam aportar. Este é um mal não somente do setor de energia. Todo investidor tem medo, mas vem pela dimensão do mercado brasileiro.R:: Como deputado federal, qual sua plataforma para o desen-volvimento do uso de energia limpa?AB:: Já criamos, nesta legisla-tura, a Frente Parlamentar da Energia Alternativa, que foi constituída pela primeira vez. A agenda para os próximos meses é entrar em contato com o meio empresarial e institucional para absorver e lutar por tudo aquilo

Burocracia atrasa vinda de investidoresResponsável pela Frente Parlamentar da Energia Alternativa, o deputado federal Antonio Balhmann discute a participação e ampliação das fontes renováveis na matriz energética. A agenda para os próximos meses é fazer o elo entre o meio empresarial e o meio institucional

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Todo investidor tem

medo, mas vem pela dimensão do mercado brasileiro

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que vem favorecer a participação e ampliação das fontes renová-veis na matriz energética, seja em relação aos aspectos legais, regulamentares ou comerciais. Vamos envolver o Itamaraty, órgãos de controle, de meio ambiente. Sabemos que o tema é amplo e longo.

R:: Qual a grande aposta do Brasil em energia?AB:: Tem que apostar em todas as fontes reconhecidas como inexoráveis em termos de futuro. Tem a solar como uma grande possibilidade no cenário próximo, mas não tem legislação que permita. Só vale em outros países que conseguiram avançar nesta área. A Alemanha é uma referência. O país preparou uma legislação que estimula o capital privado a investir, envolve universidades com recursos para pesquisa. Aqui, tem muita limi-tação. Não temos, por exemplo, uma fábrica brasileira de geração de fonte eólica.

R:: Como o primeiro presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) define a polí-tica de atração de investimentos para o Ceará?AB:: Ter energia gerada no Estado garante qualquer ativi-dade sem o temor de não ter energia. Essa é uma solução difícil no Ceará, porque estamos no final da linha do sistema interligado de energia e não temos fontes hidráulicas. A condição de usar fontes limpas e com tecnologia disponível estimula investimento em qual-quer área. A questão de energia renovável para o Nordeste é

estratégica. Não temos fontes que não sejam renováveis. Há uma compreensão clara no governo de Cid Gomes que é estimular as fontes de geração de energia limpa, obviamente porque a natureza nos privi-legiou de vento e sol, e adotar esta estratégia para atrairmos os investidores. O apagão, por exemplo, era uma ameaça aos investidores, que sempre perguntavam: tem energia para nossos investimentos?

R:: Quais os resultados colhidos a partir das ações desta política?AB:: No Ceará, os investimentos

vieram na área de tecnologia convencional, carvão e gás. Temos uma grande termelétrica em fase de conclusão, o que já nos garante fornecimento de grande parte da necessidade nossa de energia. E, com o pé no futuro, temos usinas de geração de energia solar e eólica, de nível comercial. Para o desen-volvimento da cadeia produtiva de energia solar, faltam, no Brasil, instrumentos legais que permitam viabilizar o investi-mento. Criamos um fundo de investimento que paga ao inves-tidor privado a diferença entre custo da energia solar e o custo

da energia atual. A diferença entre tarifas é paga pelo fundo. O Ceará é o primeiro estado no Brasil que permite instalação de usina comercial de fonte solar. A primeira usina solar comercial no Brasil vai começar com a geração de 1 MW e depois vai ampliando. Também estimu-lamos a eólica. Pelo potencial que o Ceará possui, é o maior gerador de fonte eólica do País e deveremos continuar a partir dos próximos leilões. Temos uma usina piloto de fonte maremotriz em implantação. Nossa rota deve perseguir pela necessidade de geração. Com os leilões temos mais de 1 GW de eólica. Com mais 1 giga a ser instalado até 2012, serão 2 giga que atendem a toda a nossa demanda no cenário atual. Precisamos hoje de 1,3 GW para rodar o Ceará. Vamos ficar autossuficientes e ter superávit de energia.

R:: Como o Ceará trabalha para voltar a ser muito atrativo para os investidores de energia eólica, que foram espantados pelo Ministério Público?AB:: O governo esteve reunido com todos os prefeitos. Refor-mulou a abordagem da Seinfra. É uma questão superada. O problema da burocracia está superado. O Estado vai levar infraestrutura aos municípios com projetos eólicos. Temos que avançar em outras coisas. O Ceará tem uma parte das subestações distante, o que só viabiliza parques médios. Com a construção de subestações, damos novamente um custo mais barato para a linha de trans-missão no Ceará.

especialista

Tem que apostar

em todas as fontes reconhecidas como inexoráveis em termos de futuro

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em açãoA RT I G O

OBrasil possui uma matriz energética bastante diferen-

ciada da matriz mundial, com uma participação expressiva de energia renovável, em que se destacam a produção de energia hidrelétrica e de biocombustíveis. Foi o quinto país que mais recebeu investi-mentos em energia renovável em 2009, e suas condições geográficas, como a grande extensão do litoral, a alta incidência de ventos e de raios solares, poderão permitir uma produção ainda maior de energia limpa. Aliado a isto, tem uma grande perspectiva de crescimento econô-mico para os próximos 20 anos, nos quais terá de ampliar fortemente sua produção de energia.

Nas próximas duas décadas, prevê-se que o Brasil chegará ao auge do período produtivo pois, além da estabilidade econômica, terá a maior população economica-mente ativa de sua história. Haverá aumento da produção e da renda, assim como da demanda por bens e serviços. Consequentemente, o consumo per capita de energia se elevará. Para se ter idéia da grandeza deste crescimento, o Plano Nacional Energético 2030, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente - MME e pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, projeta, em um cenário conservador, o aumento da intensidade elétrica de 193,6 kwh/mil reais, em relação ao PIB de

2005, para 230,3 kwh/mil reais em relação ao PIB de 2030. Em termos de consumo de energia per capita, haverá uma expansão de 0,89 mil tep/hab em 2005, para 1,49 mil tep/hab em 2030.

O País enfrenta o desafio duplo de expandir sua oferta de energia, ao mesmo tempo em que mantém a participação de energias renováveis e não poluentes. Ao contrário do que ocorreu com os países desenvol-vidos, o Brasil deverá dar este salto de crescimento com baixas emis-sões de gases poluentes, conforme compromissos internacionais já assumidos.

Um relatório do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA) sobre o setor de energia mostra, entre-tanto, que a matriz energética poderá se tornar mais poluente nos próximos anos. Em junho de 2010, havia 569 usinas produtoras de energia elétrica aprovadas ou em construção, que irão expandir a capacidade de produção em 35%. A produção de energia eólica mais que duplicará, mas sua parti-cipação continuará limitada. E as usinas termelétricas movidas a óleo combustível e carvão mineral, alta-mente poluente, terão um aumento da participação na produção de 17% para 23%, enquanto as usinas hidrelétricas terão sua participação reduzida de 73% para 64%, devido a um aumento de apenas 20% na

capacidade de produção.A estratégia para manter ou

aumentar a produção de energia sustentável inclui medidas como a expansão da energia hidrelétrica através da modernização tecnológica das usinas existentes. O esgotamento do potencial hídrico nas Regiões Sul e Sudeste desperta o interesse na exploração do potencial remanes-cente da Região Norte, entretanto, esta exploração esbarra em ques-tões ambientais e sociais, além do elevado custo de distribuição. Outras medidas importantes são o incentivo à cogeração de energia pela indústria e o fortalecimento da produção de biocombustíveis.

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecno-logias, como a energia solar e das marés, de forma a torná-las viáveis e proporcionar sua implantação em larga escala, serão fundamentais para que o Brasil possa enfrentar o desafio do crescimento sem aumento de emissões poluentes.

Cíntia Aparecida Furtado Gaio é economista e contabilista formada pela Universidade de São Paulo. Atuou em projetos de pesquisa econômica nos setores de trans-porte, indústria, saúde e segurança privada na Fipe-USP e em consul-torias. E nas áreas de controladoria e planejamento financeiro em diversas empresas privadas.

Cíntia Aparecida Furtado Gaio

Crescimento econômico brasileiro traz oportunidades e desafios para o setor de energia renovável

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Painéis fotovoltaicosUm dia de sol radiante rende aproximadamente 1.000 watts de energia por metro quadrado da superfície do planeta. Mas como transformar isso em energia utilizável? Quando se pensa em energia solar, imaginam-se logo aquelas enormes placas espelhadas sobre as residências transformando os raios solares em eletricidade - são os chamados painéis fotovoltaicos. A Renergy Brasil explica como acontece o processo de conversão da energia solar em elétrica nesses painéis

Células fotovoltaicas (foto = luz, voltaica = eletricidade)

convertem a luz do sol diretamente em eletricidade. O efeito fotovoltai-co, relatado por Edmond Becquerel em 1839, é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semi-condutor, produzida pela absorção da luz. A CV é a unidade funda-mental do processo de conversão.

Essas células são feitas de ma-teriais semicondutores, como o silício, que é atualmente o mais utilizado. Quando a luz atinge a célula, certa quantidade dela é absorvida pelo material semicon-dutor, transferindo a energia da luz captada para ele. Por possuírem um ou mais campos elétricos, as CV forçam os elétrons livres, pela

absorção da luz, a fluir em certo sentido, formando uma corrente - como demonstrado na figura 1.

Nas CV, o silício é levemente modificado para que favoreça a con-dução de corrente. O silício puro é um mau condutor de eletricidade já que os elétrons estão todos presos à sua estrutura cristalina. Uma célula solar tem silício com impurezas: isso significa que outros átomos, como dos elementos químicos fós-foro ou boro, são misturados com os átomos de silício.

O processo de adição de im-purezas é chamado de doping, e quando “dopado” com fósforo o silício resultante é chamado tipo-N ("n" de negativo) por causa do predomínio dos elétrons livres. O si-lício dopado tipo-N é um condutor

muito melhor do que o silício puro. A outra parte é dopada com boro, que possui apenas três elétrons, em vez de quatro, em sua camada mais externa, para se tornar um silício do tipo-P.

Em vez de ter elétrons livres, o silício tipo-P ("p" de positivo) tem buracos livres, que são a ausência de elétrons. Quando há o contato entre o silício tipo-N e o silício tipo-P, os elétrons livres no lado N pro-curam ocupar os buracos livres no lado P, e se dá uma “corrida” para preenchê-los, formando-se dessa forma o campo elétrico, como na figura 2. O fluxo de elétrons fornece a corrente e o campo elétrico das células causa uma voltagem. Com a corrente e a voltagem dá-se a po-tência, que é o produto dos dois.

Fig. 2

Correntecontínua

Materialdo tipo P Material

do tipo N

Célulafotovoltaica

(-)

(+)

A

B

Fig. 1

fique por dentro

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r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011 { 69 }

A - Para proteger o painel das intempériesB - O silício é um material muito brilhante e,

portanto, reflete muito. O revestimento

anti-reflexo é aplicado no topo da célula para reduzir a perda de reflexo

luz do sol

vidro de cobertura

revestimento anti-reflexo

rede de contato

Si tipo-n

Si tipo-p

contato posterior

A

A

B

B

CC

D DE

EF

F

Painéis fotovoltaicos em ação

Anatomia do painel fotovoltaico

Fonte: How Stuff Works/CRESESB

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{ 7 0 } r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011

Desde o final de 2009, a tramitação do Projeto de Lei

(PL) número 630, de 2003, mais conhecido como v, está parada na Câmara Federal. A legislação, caso seja votada e aprovada, será um importante divisor no que diz respeito ao desenvolvimento das energias renováveis no Brasil.

Isso porque a Lei de Renová-veis estabelece subsídios para

fontes de geração e assegura a elas prioridade na ligação com a rede de distribuição de energia nacional; cria mecanismos de penalização para fontes poluentes com gases de efeito estufa; fomenta incentivos tribu-tários para instalação de fábricas no Brasil; e condições para que o País possa participar e competir no mercado de fornecimento

dos componentes das energias renováveis.

Ou seja, vai ajudar a diversi-ficar a matriz energética brasi-leira, através da geração de energia eólica, solar, biomassa e pequenas centrais elétricas (PCHs), e assim diminuir a emissão de gases poluentes.

O projeto está pronto para a pauta e a sua votação depende de

Parado na Câmara Federal desde 2009 o projeto de lei que estabelece subsídios para fontes de geração de energia limpa e assegura a elas prioridade na ligação com a rede de distribuição de energia nacional

A esperacontinua

renováveis

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r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011 { 7 1 }

uma articulação entre os líderes da casa legislativa. Entidades que atuam em defesa do meio ambiente, como Greenpeace, já se manifestaram publicamente para reivindicar a votação do PL das Renováveis. No ultimo mês de fevereiro, ativistas do Greenpeace levantaram no prédio do Congresso Nacional uma torre eólica inflável de 25 metros para lembrar aos depu-tados que o projeto da Lei das Renováveis espera votação.

O relator do projeto, deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), responsável pelas últimas modi-ficações no texto, disse que é possível que lobbies de forne-cedores de térmicas convencio-nais possam ter pressionado ou obstruído a tramitação do PL no Congresso. “Porém, creio que vamos superar isto”, disse, otimista. “A falta de legislação, nos termos menos competitivos, cria obstáculos para a instalação de alternativas de fontes reno-váveis, impede a redução de custos e nos deixa dependentes de importações”, completou o deputado.

Apesar de ter uma matriz energética com 46% de fontes renováveis, com eletricidade de base hidrelétrica e com imenso potencial para fontes eólicas, solar e biomassa, Ferro defende

a diversificação dessa matriz. “Somos uma nação privilegiada em termos energéticos e recursos naturais, precisamos ter uma diversificação de fontes, pois a segurança energética tem a ver com isso, porém, seguramente, nossa grande opção ainda serão as hidrelétricas, pois temos muitos recursos nesta área, dominamos a tecnologia, operamos com eficiência um grande e complexo sistema que atualmente inter-liga praticamente todo o País. Deveremos, contudo, crescer no uso da energia eólica, que ainda é relativamente pouco usada no Brasil”, avalia.

Já o coordenador da Campanha de Energias Reno-váveis do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, disse que a apro-vação do PL 630 representa um marco regulatório com regras claras para o incentivo e o desen-volvimento destas fontes, resul-tando em benefícios ambien-tais, sociais - com a criação de milhares de empregos verdes - e econômicos - uma vez que o custo de instalação e geração de energia dessas fontes é inferior ao custo de se utilizar combustíveis fósseis e ao custo revisto de usinas nucleares, incorporando critérios mais rígidos de segurança.

Baitelo lembra que o Brasil está entre os cinco maiores emis-

sores de gases de efeito estufa do mundo, em função de ativi-dades relacionadas à conversão de florestas e à agricultura. Além disso, conforme ele, parte dessas emissões que cabe à energia, ainda que seja inferior a 20% do total, tende a se equiparar às emissões de desmatamento nos próximos dez anos, de acordo com o inventário nacional de gases de efeito estufa. “Por este motivo, é imprescindível que o crescimento energético do País seja fundamentado em ener-gias renováveis e essas emissões sejam evitadas”, destaca.

Diante da falta de um norte regulador, o desenvolvimento das energias limpas no Brasil pode ficar à margem dos outros países. O coordenador da Campanha de Energias Reno-váveis do Greenpeace Brasil diz que a falta da legislação signi-fica a ausência de regras claras de funcionamento e incentivo desses mercados, gerando incer-teza para empreendedores.

“O impacto se reflete no crescimento dessa indústria, na medida em que retarda ou invia-biliza a entrada e o desenvolvi-mento de empresas de energias renováveis no País e, por conse-quência, a geração de conheci-mentos e empregos no setor”, finaliza Baitelo.

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Depois de sucessivos prazos prorrogados para cadastro

e habilitação de projetos de ge-ração de energia pelo Ministério de Minas e Energia (MME), os Leilões A-3 e de Reserva deverão ser realizados no próximo mês de julho. Os leilões vão contratar empreendimentos com início de geração em 2014.

A Empresa de Pesquisa Ener-gética (EPE) recebeu, até o último dia 04 de maio, as requisições para

o cadastramento e a habilitação técnica dos empreendimentos candidatos a participar do proces-so. Antes, o leilão estava previsto para o primeiro trimestre de 2011 e o prazo final para entrega de do-cumentação era 16 de março.

As sucessivas prorrogações aconteceram devido a pressões do setor junto ao MME, princi-palmente de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com difi-culdades de aprovação de pro-

jetos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O adiamento também era uma de-manda da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), que se articulou para que a data limite chegasse até maio.

Para o presidente da Abeeóli-ca, Ricardo Simões, a ampliação dos prazos possibilitou que novos empreendedores se inscrevessem no leilão. Conforme ele, para o governo, isso é bom porque au-

Os Leilões A-3 e de Reserva, que vão contratar energia de parques eólicos, além de usinas a biomassa, gás e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), deverão ser realizados no próximo mês de julho

Quando julhochegar

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menta a concorrência e propor-ciona modicidade tarifária ao final do leilão.

Uma das demandas do setor eólico junto ao MME era para que houvesse aquisição exclusiva de energia eólica neste leilão. Isso porque existe grande quantidade de projetos e potencial de desen-volvimento eólico considerável, principalmente nas regiões Nor-deste e Sul do Brasil. O presidente da Abeeólica explica que concor-rer com gás natural, que emite gases de efeito estufa, seria uma concorrência assimétrica entre uma forma de geração limpa e renovável com uma geração que

tem emissão de gases.No entanto, Ricardo Simões

destaca que a expectativa é posi-tiva para o setor de energia eólica neste leilão: comercializar mais dois mil megawatts (MW) mé-dios de energia gerada pelos ven-tos. A tendência, conforme ele, é que estados como Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, que já vêm encabeçan-do os leilões, continuem como destaques.

Essa expectativa já se confir-ma a partir dos dados prelimi-nares da EPE. A menos de 10 dias para o prazo final, as usinas de geração de energia lideravam

o número de projetos inscritos para os leilões de energia de re-serva e de A-3. Térmicas a gás e a biomassa também apareciam em números expressivos e a empresa espera que a oferta seja superior à demanda.

O Leilão A-3 contratará energia para suprimento do mercado das distribuidoras a partir de março de 2014, podendo participar empreendimentos de geração a partir de energia hídrica, eólica, biomassa e gás natural. Os contratos de suprimento terão 30 anos de duração para empreendi-mentos de fonte hídrica e 20 anos para as demais fontes.

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novas tecnologias

São Paulo já oferta transporte público movido a hidrogênio e etanol. Por conta disso, o Brasil passa a ser um dos cinco países do mundo a deter essa tecnologia de fabricação. No Rio, entra em teste um ônibus híbrido, movido a eletricidade e a hidrogênio

Ônibus comenergia verde

Alguns países, e até o Brasil, já oferecem transporte

urbano sem ou pouca emissão de poluentes no ar, ou seja, zero uso de combustíveis fósseis. Essa possibilidade requer a substi-tuição de energia proveniente do petróleo, como gasolina e diesel, por fontes limpas, como o hidro-gênio e biocombustíveis.

No País, São Paulo sai na frente, entre as capitais brasi-leiras, na oferta de transporte público movido a hidrogênio e etanol. O Ônibus Brasi-leiro Movido a Hidrogênio, cujo projeto é coordenado por Empresas Metropolitanas de Transportes Urbanos (EMTU/

SP), está circulando em testes com passageiros desde dezembro de 2010, no Corredor Metropo-litano ABD (São Mateus-Jaba-quara), gerenciado pela EMTU/SP. Outros três ônibus estão em fase de aquisição.

O veículo não emite poluentes: em vez de sair fumaça preta do escapamento, é libe-

Div

ulga

ção

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rado apenas vapor d’água para a atmosfera. Com o projeto, o Brasil passou a ser um dos cinco países do mundo a deter essa tecnologia de fabricação, ao lado dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Japão. A coordenação é da EMTU/SP e do Ministério das Minas e Energia (MME), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento (PNUD), Global Environment Facility (GEF) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Participam do consórcio internacional para desenvolvimento do projeto as seguintes empresas: AES Eletro-paulo, Ballard Power Systems, Epri, Hydrogenics, Marcopolo, Nucellsys, Petrobras Distribui-dora e Tuttotrasporti.

Desde fevereiro deste ano, 50 ônibus movidos a etanol aditivado circulam pela capital paulista. A meta é que, até 2018, toda a linha de transporte público seja abastecida por combustíveis renováveis. Este compromisso foi assinado em novembro de 2010 pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com a empresa Scania Latin America. A multi-nacional vai fabricar veículos similares aos movidos a diesel pelo custo de R$ 350 mil cada, o que totaliza um investimento de R$ 17,5 milhões.

O Rio de Janeiro também segue esta tendência verde. Um ônibus híbrido elétrico, que emite aproximadamente menos

30% de monóxido de carbono, circula em fase de teste. A nego-ciação é feita com a montadora sueca Volvo, que distribuirá os novos coletivos. Na capital carioca, pesquisas são feitas para reduzir o impacto dos transportes no meio ambiente.

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), por meio da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), desen-volveu o ônibus híbrido movido a eletricidade e a hidrogênio, além de um trem de levitação magné-tica. O coletivo foi desenvolvido com tecnologia 100% nacional e já faz o transporte de passageiros no campus do Fundão da UFRJ. O modelo, que não emite poluentes e libera apenas vapor d’água, está em fase de produtização, que antecede a de comercialização.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, já sugeriu que o ônibus híbrido e o trem de levitação magné-tica sejam usados como meio de transporte nos aeroportos do Rio durante a Copa de 2014 e os Jogos de 2016. Mercadante sugeriu que o trem, batizado de Maglev-Cobra, faça a ligação entre os terminais 1 e 2 do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na Ilha do Governador, na zona norte, e que o ônibus transporte passageiros entre este aeroporto e o Santos Dumont, localizado no centro do Rio. “Há um esforço do ministério da

Ciência e Tecnologia para apre-sentar estas duas alternativas de transporte já na Copa do Mundo”, afirmou o ministro.

Antes destes eventos espor-tivos no Brasil, as Olimpíadas de 2012 também devem revelar iniciativas verdes para o trans-porte de turistas em Londres. A capital da Inglaterra trabalha na reestruturação do serviço de táxis, com uma frota híbrida movida a hidrogênio e eletrici-dade. Enquanto os atuais táxis são movidos a diesel, fonte de poluição, os novos tem emissão zero de gases nocivos à atmos-fera, liberando apenas água pelo escapamento.

A inovação deve-se a uma parceria entre a Lotus, equipe de Fórmula 1 e que produz esportivos de rua na Inglaterra, e a empresa Intelligent Energy. Os modelos desenvolvidos combinam células de hidrogênio com baterias de íons de lítio. Essa tecnologia garante uma aceleração de 0 a 100 km/h em 14 segundos, velo-cidade máxima de 130 km/h, além de uma autonomia de 400 km, suficientes para rodar um dia inteiro pela cidade.

Para dar suporte às novas medidas, a cidade também deverá ganhar seis postos de abas-tecimento de hidrogênio gasoso - cada veículo leva em torno de cinco minutos para encher o tanque. E pelo menos cinco ônibus com a mesma tecnologia são esperados até 2012.

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eólica

Entre os mais recentes modelos no mercado, o código CFD Windie inclui vantagens que o distingue de outras soluções. O software tem a capacidade de ser acoplado com modelos de mesoescala, o que permite o uso de condições de fronteira muito mais representativas dos padrões de vento local

Soluções parasimular produção

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Aescolha da localização de um parque eólico é deter-

minada por estudos que indicam a potência dos ventos na região. Muito além da observação, as informações antes da implanta-ção da usina eólica são recolhidas com base em modelos meteoro-lógicos. Para isso, são utilizados softwares com base na dinâmica de fluidos computacional (CFD), que indicam o comportamento do vento com simulações tridi-mensionais do escoamento sobre terrenos complexos e, assim, aju-dam a maximizar a produção de energia em parques eólicos.

No mercado, os fabricantes de aerogeradores podem escolher entre os softwares Windsim, Me-teodyn e Windie. Windsim é um software CFD que combina pro-cessamento numérico avançado com visualização em 3D. A versão básica do Metodyn inclui reali-dade virtual e efeitos do rastro dos ventos. Possibilita não selecionar direções insignificantes a fim de

calcular ventos extremos, além de permitir visualizar ventos domi-nantes em um mapa funcional.

Já o Windie executa uma si-mulação tridimensional do com-portamento do vento (calcula a velocidade horizontal e a incli-nação do fluxo do vento, disper-são, intensidade de turbulência e ventos extremos). Foi criado pela Megajoule Inovação, braço de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Megajoule, em parceria com o Instituto de Engenharia do Porto.

Além da previsão das regiões de recirculação e separação de fluxos, o código CFD Windie in-clui vantagens que o distinguem de outras soluções. Segundo o gerente da Megajoule Inovação, Carlos Silva Santos, o Windie tem a capacidade de ser acoplado com modelos de mesoescala, o que permite o uso de condições de fronteira muito mais representa-tivas dos padrões de vento local. “Integra a modelação de efeitos

de estratificação térmica, por meio de uma equação de tempe-ratura, alimentada com dados de mesoescala”, explica. “E contem-pla uma maior panóplia de mode-los de turbulência. Inclui efeitos de Coriolis e impulsão. Tem a possibilidade de modelar fenô-menos periódicos, com simula-ções que variam com o tempo”, completa.

O software Windie também mede a potência de ventos em uma floresta, pois possibilita a descrição vertical dos diferen-tes tipos de árvores próximas do local. Inclui técnicas de inter-polação para melhor modelação de áreas florestadas com formas complexas. Abrange novas téc-nicas para caracterizar a forma de cada trecho horizontal de floresta. Por ser uma tecnologia proprietária, o Windie é bastante versátil, podendo ser moldado para oferecer análises diferencia-das, satisfazendo as necessidades de cada projeto em particular.

Imag

ens:

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ção

Terreno

• presença de muitos obstáculos• presença de floresta• grandes elevações nas proximidades da área

do projeto• terrenos muito complexos (RIX > 40%)

Dados medidos

• altos níveis de turbulência ambiente (> 15%)• grandes desvios na previsão cruzada entre

mastros de referência (> 10%)Condições de medição

• altura da medição x altura do rotor (< 2/3)• grandes distâncias entre as turbinas eólicas e

o mastro de referência

Desempenho dos modelos lineares

• desvios entre o gradiente vertical de velocidade estimado pelo WAsP e perfil medido no mastro de referência (> 5%)

Quando usar CFD: uma proposta de critérios

Fonte: Megajoule Inovação

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C I C L O D E C O N F E R Ê NC I A S

A aposta nohidrogênioCom soluções para poupar energia de outras fontes, como petróleo, o hidrogênio é um candidato a substituí-lo. Um encontro na Universidade Estadual do Ceará reuniu pesquisadores, professores e estudantes para tratar desta futura fonte energética

Entre estudos e pesquisas científicas que podem salvar

o mundo dos efeitos do aqueci-mento global, as energias reno-váveis têm mostrado sua contri-buição. E entre as fontes limpas, o hidrogênio vem ganhando des-taque. Com soluções para poupar energia de outras fontes, como petróleo, o hidrogênio é um can-didato a substituí-lo. Enquanto o petróleo emite poluentes que agridem a camada de ozônio, com risco de vazamentos dano-sos ao meio ambiente durante o processo de exploração, o hidro-gênio tem como produto final, na geração de energia, a água.

Com resultados limpos, o hidrogênio é a aposta de pesqui-sadores para os próximos anos. Por esta importância, a Univer-sidade Estadual do Ceará promo-veu o I Ciclo de Conferências: Hidrogênio e o Futuro Energé-tico Sustentável do Estado do Ceará, uma iniciativa do Mes-trado em Ciências Físicas Apli-cadas (MCFA) que reuniu mais de 200 participantes, entre pes-quisadores, professores e estu-dantes, vindos de outros estados

brasileiros, da França, Estados Unidos, Alemanha e Argentina.

O evento foi realizado nos dias 15 e 16 de março de 2011, no Auditório Central da Uece, no Campus do Itaperi. Contou com a participação de especialistas da Alemanha e da França, dos representantes do Centro Nacio-nal de Referência em Energia do

Hidrogênio (Ceneh) e do Grupo de Trabalho de Hidrogênio do Ministério de Ciências e Tecno-logia, do empresariado nacional e internacional envolvido com a tecnologia do hidrogênio, de pesquisadores, de representan-tes governamentais e do público interessado na tecnologia do hidrogênio energético.

cobertura

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r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011 { 7 9 }

Os desafios para utilização do hidrogênio combustível são o armazenamento, distribuição, consolidação de mercado, esta-belecimento de normas técnicas e financiamento. Mas os esfor-ços, ao movimentar esta cadeia, geraram o desenvolvimento de uma fonte renovável de energia, criação de empregos e qualifi-cação de mão de obra. Um dos palestrantes do evento na Uece, o diretor da Electrocell, Gerhard Ett, classificou a logística como o grande desafio para esta tecnolo-gia. As experiências, segundo ele, mostram gasodutos e túnel de metrô como possibilidades para transporte de hidrogênio. Ele aponta como mercados de inser-ção o uso de hidrogênio energé-tico em data centers, indústrias, hospitais, pequenos comércios, residências, automóveis e shop-ping centers.

O pesquisador Paulo Emílio Valadão, da Coppe/UFRJ, apre-sentou o projeto de descarboni-zação dos combustíveis como uma tendência. “A matriz pas-sou de altamente dependente de lenha, cujo pico foi em 1850, e carvão vegetal, com ápice em 1930, para altamente depen-dente do petróleo, a partir da década de 1940, quando se ala-vancou a industrialização do país”, destacou Valadão. A previ-são é que o metano alcance um pico de uso em 2050. Para ele, o petróleo é muito “precioso” para ser queimado. “Hoje usamos mal o petróleo, que é mais empre-gado no transporte”, completa.

Hidrogênio como vetor

energético

Segundo o professor Lutero

Carmo de Lima, presidente do encontro, o Ceará, devido às suas altíssimas potencialidades em termos de energias renováveis como a energia solar, energia eólica e também biomassa, não pode perder a oportunidade de participar no desenvolvimento das tecnologias do hidrogênio como vetor energético, princi-palmente porque o hidrogênio irá agregar valores às energias renováveis e irá também garantir o futuro energético sustentável para o Estado.

Mais um projeto que pretende otimizar o sistema elétrico do Estado começa a ser implemen-tado em 2011.Trata-se de um sis-

tema híbrido Hidrogênio-Solar-Eólico - o primeiro do Nordeste e um dos únicos do Brasil, que será construído no campus da Uece e tem por objetivo diminuir os cus-tos com a produção de energia elétrica, acabando com a depen-dência de combustíveis fósseis. O sistema usa o hidrogênio como meio para armazenar a energia elétrica adquirida com os aeroge-radores (eólica) e placas (solar). Funciona como uma bateria, por exemplo, segundo o idealizador do projeto, professor Elissandro Sacramento, o qual conseguiu o financiamento de R$ 500 mil para montar o sistema piloto

junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Com a previsão de estar em pleno funcionamento até o fim deste ano, o projet piloto já dispõe, segundo Sacramento, do sistema fotovoltaico completo e tem prevista a compra do material para os aerogeradores e as placas para abril e setem-bro, respectivamente, os quais virão da Alemanha e França. Observando o preço da energia, o professor considerou a efici-ência de conversão das fontes de energia o maior desafio para o modelo proposto por ele. “O hidrogênio é uma alternativa a mais que nós acreditamos que será competitiva no futuro”, defendeu o pesquisador.

Investimentos no setor

Avaliando que o governo bra-sileiro está perdendo por não investir mais nesta nova tecno-logia, o secretário executivo do Centro Nacional de Referên-cia em Energia do Hidrogênio, Newton Pimenta, disse esperar mais investimentos por parte da presidente Dilma Roussef. Desde a criação, o Programa de Ciên-cia Tecnologia e Inovações para Energia do Hidrogênio, ligado ao Ministério de Minas e Ener-gia, teve R$ 700 milhões em seu orçamento, segundo Pimenta, que considera pouco, frente aos R$ 2 bilhões investidos pelos Estados Unidos. Ele res-saltou que foi com a presidente Dilma, quando esteve à frente do Ministério de Minas e Ener-gia (MME), que houve os maio-res investimentos na energia de hidrogênio. Agora, espera-se que

O hidrogênio é uma alternativa a mais que nós acreditamos que será competitiva no futuro

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{ 8 0 } r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011

NO NO NO NO NO NO NO

ela se lembre que já apoiou.Pesquisador e professor da

Universidade de Campinas (Unicamp), Pimenta destacou o trabalho do grupo de pesquisa de lá, assim como de outras 40 universidades que desenvolvem projetos para integração de siste-mas, fornecimento para usuá-rios, conversão e produção de energia à base da tecnologia do hidrogênio.

Atualmente, segundo Pi-menta, a utilização do hidrogê-nio para armazenamento e trans-porte de energia é mais vantajoso quando se precisa de energia em larga escala, e é nisso que os tra-

balhos do projeto do MME in-vestem. Para ele, a viabilidade é sempre colocada em dúvida e trata-se de uma questão de tem-po para o hidrogênio ser utili-zado aliado às fontes primárias, como biomassa e etanol.

O presidente da Associa-ção Internacional da Energia do Hidrogênio (IAHE), Nejat Veziroglu, defende a conversão imediata das matrizes energé-ticas mundiais. De acordo com ele, não existe outra alternativa a não ser ter a mudança no uso de energia por conta das condi-ções climáticas. “Ou se passa a usar o hidrogênio ou se acaba

com a civilização no mundo”, garantiu. Veziroglu acredita que os combustíveis fósseis, prin-cipalmente o petróleo, estarão praticamente acabados e que aqueles lugares onde ainda houver reservas desses combus-tíveis, como o Brasil, gastarão muito mais dinheiro para viabi-lizar a extração e refinamento desse combustível, se comparado ao investimento na energia do hidrogênio. Por conta disso, o professor defende a implemen-tação do hidrogênio nos sistemas energéticos em larga escala ainda este ano para que, em 2079, a conversão esteja completa.

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fontes alternativas

O projeto Park Spark pretende transformar excrementos de cães em energia através de um digestor projetado especialmente para receber os resíduos recolhidos em sacolinhas biodegradáveis

Energia vinda deresíduos animais

Como resolver dois problemas de uma vez só. O que fazer

com as fezes dos cachorros que passeiam nas ruas das grandes cidades e criar fontes alternativas de energia? O designer e artista visual norte-americano Matthew Mazzotta parece ter encontrado a resposta para as duas necessi-dades: usar excrementos animais para gerar energia.

Explica-se: o cocô de cães não apenas suja as ruas ou aumenta o volume de lixo urbano. Os resí-duos animais, que são enviados em sacos plásticos para aterros sanitários, liberam pequenas quantidades de metano que, ao longo do tempo, formam uma quantidade substancial deste gás. O metano tem um efeito estufa pior que o gás carbônico, cerca de 23 vezes mais.

O Park Spark Project, desen-

volvido por Mazzotta, pretende então transformar estes resíduos de cães em energia, através de um digestor projetado especial-mente para receber o cocô reco-lhido em sacolinhas biodegradá-veis. Os digestores então seriam instalados em parques e espaços públicos. E o metano seria quei-mado como uma “chama eterna”, que poderia alimentar, por exemplo, postes de luz - esta é a ideia inicial do projeto. Além de impedir que o gás fosse parar na atmosfera, seria possível econo-mizar a energia necessária para estes postes, vinda de outras fontes.

O protótipo foi financiado através do Instituto Massachu-setts de Tecnologia, em parceria com a cidade de Cambridge. O próximo passo do projeto é conhecer novos designers e enge-

nheiros que proponham outras formas de usar o calor e a energia gerada pelo metano. Uma das propostas que esta sendo estu-dada é que a energia possa servir para eventos ao ar livre onde os digestores foram instalados.

“Como vivemos em um mundo que está tão impregnado de tecnologia, considerar novas ideias ‘verdes’ torna-se uma maneira de mudar o modo como interagimos com o nosso meio e, inevitavelmente, com o outro”, explica Mazzotta.

É esperado, ainda para este semestre, que seis cidades dife-rentes, ao redor do mundo, desenvolvam o projeto. E que, a partir destes pilotos, outras comunidades interessadas comecem a receber e comparti-lhar o conhecimento desta fonte alternativa.

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especialização

Cursos emenergias renováveisPor conta da demanda e investimentos no setor energético brasileiro, profissionais que antes tinham que estudar fora do Brasil têm agora opção nacional

Os cursos de formação tec-nológica e de nível superior

na área de energia renovável vem ganhando espaço nas faculdades e universidades brasileiras. De um lado, a realização da Copa do Mundo, das Olimpíadas e a de-manda interna por infraestrutura tem demandado obras sustentá-veis e fornecimento de energia.

Por outro lado, os impactos do aquecimento global exigem for-mas limpas e verdes de geração de energia. Esse desenvolvimen-to tecnológico começa a tomar as grades dos grandes centros de ensino do País.

Apenas em 2010, foram anun-ciados investimentos da ordem de R$ 500 milhões no Parque

Tecnológico da UFRJ, no Rio de Janeiro. Petrobrás e ao menos seis multinacionais estão instalando ou ampliando laboratórios no parque tecnológico. No Rio e em São Paulo, gigantes como IBM e DuPont já colocaram centros de ponta em operação. E a Vale está criando polos tecnológicos em três Estados para pensar como

UFRJ-Ilha do Fundão

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será a “mineração do futuro”. Vai instalar laboratórios em Ouro Preto (MG), Belém (PA) e São José dos Campos (SP), cada um focado em uma área: mineração, desenvolvimento sustentável e energia, respectivamente. Quer mudar o perfil de sua pesquisa, concentrada em atender a de-mandas imediatas das minas, em como analisar o perfil do solo de

um depósito de minérios.A francesa Schlvumberger foi a

primeira multinacional a inaugu-rar um centro no campus da UFRJ, na Ilha do Fundão, em novembro do ano passado. Também anun-ciaram investimentos na mesma região as americanas FMC Tech-nologies, Baker Hughes e Halli-burton. A espanhola Repsol está construindo um laboratório para

investigação em petróleo e gás. A GE vai erguer seu quinto Cen-tro de Pesquisas Global. Fará pes-quisas sobre combustíveis fósseis, mas também energias renováveis, mineração, transporte ferroviário e aviação. Com demanda e inves-timentos, os profissionais, que an-tes tinham como opção fazer ci-ência fora do Brasil, agora tem a possibilidade de ficar em casa.

Universidade de São Paulo (USP)

Pós-Graduação em EnergiaFaculdade de Engenharia Industrial (FEI -

São Paulo)

Pós-Graduação em Sistemas Elétricos de Energia - Suprimento, Regulação e MercadoPós-Graduação em Planejamento e Gestão de Construções SustentáveisPós-Graduação em Gestão Ambiental EmpresarialPontifícia Universidade Católica de São

Paulo (PUC - São Paulo)

Curso de extensão em Fontes Renováveis de EnergiaUniversidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ)

Coppe - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de EngenhariaPrograma de Planejamento EnergéticoPrograma de Engenharia ElétricaPrograma de Engenharia NuclearPontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro (PUC - Rio)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e AmbientalFaculdades Integradas Espírito-

Santenses (FAESA)

Pós-Graduação em Energias Renováveis e Tecnologias LimpasFaculdades Integradas da Terra de

Brasília

Pós-Graduação em Produção de BiocombustíveisUniversidade Católica de Goiás (PUC -

Goiás)

Mestrado Acadêmico em Ecologia e Produção sustentávelUniversidade Federal de Goiás (UFG)

Mestrado em Engenharia do Meio AmbienteMestrado em Engenharia Elétrica e de ComputaçãoMestrado em Ecologia e EvoluçãoUniversidade Federal da Bahia (UFBA)

Pós-Graduação em Energia e AmbienteUniversidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN)

Especialização em Energia EólicaUniversidade de Blumenau - Santa

Catarina

Especialização em Energias Renováveis - Fontes Alternativas e TendênciasUniversidade de Ijuí (Unijuí - Rio Grande

do Sul)

Pós-Graduação em Biocombustíveis

Cursos em energias renováveis

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F Ó RU M M U N D I A L D E S U S T E N TA B I L I DA D E

Encontro dosgigantes verdesA segunda edição do Fórum Mundial de Sustentabilidade, que ocorreu em Manaus, com o tema “Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta”, reuniu lideranças empresariais, políticas e ambientais

Energias renováveis, com-bustíveis mais limpos e

tecnologia verde foram os temas mais discutidos na segunda edição do Fórum Mundial de Sustentabilidade. O evento, que se realizou em Manaus, com o tema “Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta”, reuniu lideranças empresariais, políticas e ambien-tais. Bill Clinton, Arnold Schwar-zenegger, Richard Branson e Fabio Feldmann estavam entre aqueles que abordaram práticas e mecanismos bem sucedidos para o desenvolvimento sustentável mundial.

“Precisamos de uma aborda-

gem mais dinâmica, com foco nos negócios e no crescimento econômico”, explicou o ex go-vernador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, durante a palestra “Políticas Públicas a favor da Sustentabilidade”, que abriu o evento. Schwarzenegger resgatou exemplos de sua gestão e enfocou seu discurso principalmente na adoção e utilização de energias al-ternativas como o ponto principal para um desenvolvimento aliado ao meio ambiente.

Segundo o ex governador, a Califórnia é 30% mais eficiente energicamente graças às leis implantadas no Estado para o incentivo às renováveis. E elo-

giou a prática adotada no Brasil. “Hoje, 85% da energia produzida no País é renovável. Vocês foram inteligentes e fizeram um traba-lho fantástico nos últimos anos e gostaria de agradecê-los por isso”, comentou.

No segundo dia do evento, um debate com o presidente e fun-dador do Grupo Virgin, Richard Branson; o jornalista, empresário e autor Paul Hawken, e o autor e diretor de Sustentabilidade, da Sa-atchi & Saatchi, Adam Werbach, focou na “guerra” ao carbono e nas empresas sustentáveis.

“No caso do aquecimento global, nosso inimigo é o carbono”, afirmou Branson. O presidente da

cobertura

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Virgin explicou sobre o desafio de conseguir combater este “ini-migo” em uma área tão poluente como a da aviação e de como as empresas estão investindo para conseguir combustíveis mais limpos. Também citou que o uso do biocombustível e a adoção do etanol dá ao Brasil uma liderança neste novo cenário mundial. Branson é criador do Desafio da Terra, concurso que tem como objetivo encontrar uma tecno-logia comercial para remover o dióxido de carbono da atmosfera.

Já Werbach e Hawken trataram de como as empresas que estão se tornando mais sustentáveis terão melhor desempenho nos próximos anos. E de que a contri-buição social será o critério para definir empresas bem sucedidas. “Devemos investir nas empresas

que ajudam as pessoas”, defendeu Hawken.

Eficiência energética e

futuro

O ex presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, defendeu que a eficiência energética obtida pelo Brasil fará com que o País exerça um papel de liderança global nos temas relacionados ao meio ambiente. “Eu quero que vo-cês liderem o resto do mundo no século XXI na questão energética”, declarou.

O fundador da William J. Clinton Foundation remete esta posição pelo fato de o País ter conseguido reduzir em 75% a destruição da floresta tropical e elogiou o envolvimento do empresariado brasileiro e o inte-resse no debate das questões

relativas à sustentabilidade.Como a complementar a

palestra de Clinton, Feldmann destacou a necessidade de o Brasil estabelecer uma agenda para o século 21, com temas ambientais por meio de alianças políticas e lideranças fortes. E manifestou preocupação com o tema do Pré-Sal.

O fundador da SOS Mata Atlântica e ex secretário do Meio Ambiente de São Paulo, que acre-dita que o País deveria continuar a buscar alternativas para o uso dos combustíveis fósseis, defendeu a realização de um plebiscito nas áreas de risco afetadas pela ex-ploração do Pré-Sal. “Precisamos perguntar à sociedade se ela está disposta a correr riscos com aci-dentes na costa brasileira onde será explorado o Pré-Sal”, afirmou.

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Frases do Fórum“Hoje, 85% da energia produzida no País é renovável. Vocês foram inteligentes e fizeram um trabalho fantástico nos últimos anos e gosta-ria de agradecê-los por isso.”Arnold Schwarzenegger - ex governador da Califórnia

“Para outros países, o carro elétrico é uma boa alternativa; para o Brasil, que já tem 70% de sua frota movida a etanol, faz muito mais sentido ampliar esta participação para 100% da frota.”Richard Branson - presidente e fundador do Grupo Virgin, criador do Desafio da Terra, concurso que tem como objetivo encontrar uma tecnolo-gia comercial para remover o dióxido de carbono da atmosfera

“Vocês produzem mais etanol do que qualquer lugar do mundo, exceto os Estados Unidos, mas o de vocês é mais eficiente.”Bill Clinton - fundador da William J. Clinton Foundation e ex presidente dos EUA

“Tenho dúvidas de um país que acredita que o combustível fóssil é seu passaporte para o mundo, quando o mundo inteiro está bus-cando alternativas para o uso dos combustíveis fósseis.”Fabio Feldmann - consultor, advo-gado, fundador da SOS Mata Atlântica e ex secretário do Meio Ambiente de São Paulo

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balançoenergético

Novas normas entre transmissoras

Elétricas preparam captação através de debêntures

1 A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

quer aprimorar a norma que estabelece as diferenças entre melhorias e reforços em instalações de transmis-são. O objetivo é aumentar eficiência no planejamento e execução de intervenções pelas transmissoras. Pela proposta, pretende-se distin-guir os dois tipos de obra de acordo com a necessidade de manter ou ampliar o serviço.

2 Celpe (PE), Cemat (MT) e Itapebi vão ao mer-

cado nos próximos meses para captar recursos através da emissão de debêntu-res. Ao todo, as empresas pretendem captar R$ 658 milhões no mercado. Os papéis terão duração de seis anos no caso de Celpe e Ita-pebi e de cinco anos para a Cemat. As operações foram aprovadas em reuniões dos respectivos conselhos de administração.

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Empresários pretendem criar “bolsa de energia” no mercado brasileiro

3 Sociedade formada por empresários brasileiros do

setor elétrico, incluindo Eike Batista, e a norte-americana In-tercontinental Exchange - atu-ante na negociação eletrônica em diversos mercados como de energia, petróleo e com-modities - pretendem criar a “bolsa de energia” no mercado brasileiro. Baseada no conceito

de bolsas de valores, a chama-da Brix será uma plataforma eletrônica de negociação para atender os agentes que fazem parte do mercado livre de energia. A previsão é de iniciar as operações em junho deste ano e, em um horizonte de três a cinco anos, alcançar um patamar de R$75 bilhões em volume de negócios fechados.

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PROINFA

R$ 11,55Milhões é a estimativa para as cotas de custeio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica para o mês de maio.

EMPRÉSTIMO

€ 2,8Milhões foi o valor do acordo entre a Eletrosul e o banco alemão KfW, em um contrato de financiamento a fundo perdido para viabilizar projeto de energia solar.

INVESTIMENTOS

R$ 257Milhões é a previsão de investimen-tos até 2013 para o Plano de Moder-nização de Instalações de Interesse Sistêmico.

9 O Ministério de Minas e Energia (MME) aprovou

o enquadramento de 14 em-preendimentos ao Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraes-trutura (Reidi). Nove centrais geradoras eólicas, projetos em PCH, CGH e termelétrica, além de empreendimentos de transmissão, receberam benefício.

1 0 O setor de bioenergia brasileiro, que repre-

senta quase 2% do PIB, celebrou a abertura da safra nacional de cana de açúcar 2011/12, no Mato Grosso do Sul, estado que sediará três das cinco unidades agroindustriais a serem inaugu-radas este ano. A previsão é que a safra alcance 40,8 milhões de toneladas, onde mais de 60% são destinados à produção de etanol.

“aspas"Tenho dúvidas de um país que acredita que o combustível fóssil é seu passaporte para o mundo, quando o mundo inteiro está buscando alternativas."Fábio Feldmann, consultor, político e fundador da SOS Mata Atlântica.

Energisa Geração e Vestas no Nordeste

6 A Energisa Geração fechou contrato com a Ves-tas do Brasil Energia Eólica para a implantação,

operação e manutenção de cinco parques eólicos no Nordeste. As usinas Renascença I, II, III, IV e a Ventos de São Miguel terão capacidade instalada de 150 MW e devem receber investimentos na ordem de R$ 560 milhões. Os parques serão localizados no município de João Câmara, no Rio Grande do Norte.

4 Conselho Monetário Nacional aprova resolução

que considera como cliente distinto cada uma das empresas do grupo Eletrobras, o que ga-rante crédito ampliado junto ao BNDES. Cada empresa passará a ter limite de financiamento de 25% do patrimônio de referên-cia do banco, o que equivale a cerca de R$ 20 bilhões.

5 A Rede Energia teve prejuízo consolidado de

R$ 374,848 milhões em 2010, contra lucro líquido de R$ 178,368 milhões no ano anterior. A receita bruta consolidada do grupo ficou em R$ 9,730 bilhões, ante R$ 8,288 bilhões em 2009. O resultado financeiro do grupo ficou negativo em mais de R$ 1 bilhão.

7 Governo chinês dará suporte político e financeiro para a parceria da empresa Zhe-

jiang Insigma United Engeneering com a CEEE-GT para a construção de quatro novas subesta-ções e cinco linhas de transmissão. O acordo foi fechado durante visita do vice diretor-geral do Departamento de Comércio da província de Zhe-jiang, Han Jie, à estrutura da companhia gaúcha.

8 Eletrobras confirma estudos para compra de 10% da estatal portuguesa EDP, que

tem ativos no Brasil sob a EDP Brasil. A empresa afirmou que está em fase de análise técnica e econômico financeira interna.

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Abertura da safra nacional de cana de açúcar

MME enquadra 14 empreendimentos ao Reidi

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por Carol de Castro

destaqueE M P R E G O S V E R D E S

Q u a n d o o m e r c a d o d e t ra b a l h o cl a s s i f i ca s e u s p ostos p o r co re s, o ve rde q u a l i f i ca a s f u nçõ e s q ue p ro move m o de s e nvolv i me nto e co nô m i co e s o c i a l e q ue s ão t a m b é m s u ste nt áve i s a m b i e nt a l me nte

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destaque

Apreocupação com a mudança climática, com a deterioração

dos recursos naturais, com o de-senvolvimento social e com oferta de trabalho decente para todos per-mitiu o fomento de uma economia verde. A mão de obra que gira esta economia ocupa cargos conhecidos como empregos verdes. Para a Orga-nização Mundial do Trabalho (OIT), estes são os desafios do século XXI. A previsão, ao superar estes problemas, é que sejam elevadas mais de 1,3 bi-lhão de pessoas, quatro de cada dez trabalhadores no mundo e suas famí-lias, acima da linha da pobreza, e ofe-recidas oportunidades de emprego decente aos 500 milhões de jovens que ingressarão no mercado de tra-balho durante os próximos 10 anos.

De acordo com a OIT, isto tam-bém significa o acesso a formas mo-dernas de energia para 1,6 bilhão de pessoas que ainda não as tem, mora-dia digna e um sistema de saneamen-to para mais de 1 bilhão de habitantes dos bairros pobres nas megacidades globais. Estas melhorias possibilita-riam uma transformação em direção a uma economia sustentável com baixo consumo de carbono. A par-ticipação dos ‘trabalhadores verdes” está concentrada nestas áreas.

Ainda segundo a organização, a rápida transição em direção a uma economia com baixo consumo de carbono, que é necessária para evitar os efeitos irreversíveis e perigosos das mudanças climáticas sobre as sociedades e economias, terá uma profunda repercussão na maneira de produzir, consumir e trabalhar em todas as nações e setores. “A ten-dência em direção à sustentabilidade abarcará toda a economia e todos os processos produtivos e compromete a maioria das empresas e trabalha-dores”, afirma o relatório sobre o

programa Empregos Verdes, da OIT. “Será uma segunda grande transfor-mação, na mesma escala da revolu-ção industrial, mas deve ocorrer em breve espaço de tempo. Durante as próximas décadas, é necessário re-duzir significativamente as emissões globais de gases de efeito estufa”.

Pelos cálculos da organização, esta redução exige que milhões de empresas e trabalhadores contribu-am com a poupança de energia, que melhorem drasticamente a eficiên-cia energética e que invistam na mu-dança para fontes de energia limpa, como as renováveis. Outros desafios similares, como reduzir o uso insus-

tentável de recursos naturais e os resíduos, prevenir a contaminação e salvaguardar a produção sustentá-vel de alimentos para uma crescen-te população mundial, vão produzir mudanças estruturais importantes nas economias e nos mercados de trabalho.

Uma projeção da organização prevê que, para manter o controle da temperatura global, deve haver um investimento de 1% do PIB mundial por ano até 2050, o que deve levar à geração de cerca de 2 bilhões de empregos verdes no mundo. Para o diretor geral da OIT, Juan Somavia, o custo crescente da produção e das

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pautas de consumo intensivo em energia são amplamente reconheci-dos. “Chegou o momento de avançar em direção a uma economia de alto emprego e baixo consumo de carbo-no. Os ‘empregos verdes’ prometem um triplo dividendo: empresas sus-tentáveis, redução da pobreza e uma recuperação econômica centrada no emprego”, diz.

Conceito

Para a Organização Mundial do Trabalho, o conceito de “empregos verdes” resume a transformação das economias, das empresas, dos am-bientes de trabalho e dos mercados

laborais em direção a uma economia sustentável, que proporcione um trabalho decente com baixo consu-mo de carbono. O relatório diz que os “empregos verdes” reduzem o impacto das empresas no meio am-biente e dos setores econômicos em níveis que sejam sustentáveis. Além disso, contribuem para diminuir a necessidade de energia e matérias primas, para evitar as emissões de ga-ses de efeito estufa, reduzem ao mí-nimo os resíduos e a contaminação, bem como restabelecem os serviços do ecossistema, como a água pura e a proteção da biodiversidade.

Os “empregos verdes” podem ser

criados em todos os setores e empre-sas. São empregos diretos nos setores que produzem bens e serviços mais verdes, empregos indiretos em suas cadeias de fornecimento e empregos induzidos. Podem ser criados em áreas urbanas bem como em zonas rurais e incluem ocupações em todo o espectro laboral, desde o trabalho manual até o altamente qualificado. Segundo a OIT, o potencial de “em-pregos verdes” existe em países de todos os níveis de desenvolvimen-to econômico. “Os investimentos e programas que promovem empregos verdes devem estar orientados para os grupos que mais os necessitam: os jovens, as mulheres e os pobres. Para que os ‘empregos verdes’ cumpram este papel chave em um desenvolvi-mento sem exclusões sociais, devem proporcionar rendimentos adequa-dos, proteção social e respeito aos di-reitos dos trabalhadores e que permi-tam a estes trabalhadores expressar sua opinião nas decisões que afetarão suas vidas”, defende a organização.

Segundo o coordenador de Pro-gramas de Trabalho Decente e Em-pregos Verdes da OIT Brasil, Paulo Sergio Muçouçah, os empregos ver-des são aqueles que, além de ajuda-rem a reduzir impactos ambientais, trazem dignidade aos trabalhadores. “Não podemos considerar o cortador de cana como alguém com emprego verde, pois, apesar de ajudar na pro-dução de etanol, muitas vezes é mal remunerado e tem péssimas condi-ções de trabalho”, exemplifica. Para ele, no entanto, este é um momen-to em que as indústrias estão sendo obrigadas a emitir menos carbono. “Os empresários terão de aderir a processos mitigatórios ou adaptati-vos para sua própria existência. E é nesse processo que os empregos ver-des estão inseridos”, afirma.

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Quantos e quais são

Levantamento da OIT de 2008, o mais recente disponível, apontou que 2.653.059 empregos formais (com carteira assinada) estão ligados a ati-vidades econômicas que contribuem para a redução de emissões e/ou para a melhoria/preservação da qualidade ambiental. Eles estão divididos em seis categorias: produção e manejo florestal (responsável por 139.768 postos de trabalho verdes); geração e distribuição de energias renová-veis (547.569); saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais (303.210); manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais (435.737); transportes coletivos e alternativos ao rodoviário e aeroviá-rio (797.249); e telecomunicações e teleatendimento (429.526).

Esta contagem revela que a soma dos postos de trabalho oferecidos

por esses grupos de atividades repre-sentava 6,73% do total de empregos formais existentes no Brasil, que era de 39.411.566. A OIT destaca que a quantidade de empregos verdes pode-ria ser ainda maior se fosse possível separar outras atividades econômicas que se encaixam nos critérios verdes. É o caso, por exemplo, dos postos de trabalho gerados pelas atividades liga-das à fabricação e comercialização dos veículos movidos a álcool e a gás natural, que não puderam ser isolados dos demais empregos mantidos pelo setor automotivo.

Além disso, a OIT destaca que não estão computados os postos de tra-balho gerados especificamente para executar determinadas operações destinadas a minimizar os impac-tos ambientais de atividades econô-micas cujo produto final pode vir a ter, inclusive, alguma consequência

negativa sobre o meio ambiente. “Até as empresas que se dedicam à extra-ção e refino de petróleo costumam empregar um bom número de profis-sionais voltados exclusivamente para prevenção e controle dos impactos ambientais no seu processo de pro-dução. Sem falar das atividades de compensação ambiental, que se veem obrigadas a promover até mesmo por força de lei”.

“De uma maneira geral, as preo-cupações com a eficiência energética e a gestão de resíduos encontram-se bastante difundidas entre as grandes empresas brasileiras. Resta saber o quanto elas se traduzem em geração de novos empregos, coisa que as esta-tísticas existentes sobre o mercado de trabalho ainda não nos permitem avaliar com precisão”, afirma ainda a organização.

A OIT calcula que outros 5.810.269

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postos de trabalho formal estão rela-cionados a atividades econômicas baseadas na exploração de recursos naturais e/ou que dependem da qua-lidade ambiental. Eles estão distribuí-dos em empregos na extração mineral e indústrias de base (457.335 postos); construção, comercialização, manu-tenção e uso de edifícios (2.861.913); agricultura, pecuária, aquicultura, caça e pesca (1.328.376); e turismo e hotelaria (1.162.645). Diante des-tes números, a OIT reconhece que já existe um “bom número” de empre-gos verdes, entre estes, quase seis mi-lhões de postos de trabalho mantidos por essas atividades.

Geração

A fim de mostrar caminhos para a geração de empregos verdes, a OIT

cita algumas medidas que podem impulsionar este mercado. Elas são: o programa Minha Casa, Minha Vida, a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodo-mésticos da linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar), a regu-larização fundiária de propriedades rurais na Amazônia, a inspeção veicu-lar para controle de emissões e a Polí-tica Nacional de Resíduos Sólidos.

Para a OIT, a construção de um milhão de moradias nos próximos dois anos por meio do Minha Casa, Minha Vida representa uma opor-tunidade para a introdução de novas tecnologias mais sustentáveis. Isso porque alguns equipamentos destina-dos a reduzir o consumo de energia e de água nesses edifícios já podem ser incluídos no seu financiamento, tais

como sistemas de aquecimento solar, lâmpadas econômicas, medidores individuais de água e gás, dispositivos economizadores de água e o plantio de árvores. Dentre eles, a fabricação, instalação e manutenção dos siste-mas de aquecimento solar aparecem como as atividades de maior poten-cial de geração de empregos verdes em curto prazo.

Segundo dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condi-cionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), caso esses sistemas venham a ser instalados em metade das resi-dências a serem construídas, será necessário triplicar o pessoal ocupado nessas atividades, que hoje está por volta de 20 mil trabalhadores.

Sobre a redução de IPI para ele-trodomésticos da linha branca, a OIT

“Responder ao desafio da mudança climática é o maior desa-fio político de nossa geração. Nossa missão, nosso dever, é proporcio-nar o marco político apropriado para as transformações em direção a uma economia europeia favorá-vel ao meio ambiente e continuar liderando a ação internacional para proteger nosso planeta. Nosso conjunto de medidas não somente responde a este desafio como também dá a resposta apropriada ao desafio da segurança energética e é uma oportunidade que deveria criar milhares de novas empresas e milhões de empregos na Europa. Temos que aproveitar esta oportu-nidade”.José Manuel Barroso, presidente da

Comissão Européia.

“Projetos de mão de obra intensiva reduzem as emissões de gases de efeito estufa e ajudam as comuni-dades a adaptar-se ao aquecimento global. A transição a uma economia com baixo consumo de carbono pode criar milhões de empregos”.Ban Ki-moon, secretário geral das Nações

Unidas

“A opção que agora enfrentamos não é entre salvar nosso meio ambiente e salvar nossa economia. A opção que enfrentamos é entre pros-peridade e decadência. Podemos deixar que a mudança climática cause estragos no meio ambiente ou podemos criar empregos que procurem evitar seus piores efeitos”.Barack H. Obama, presidente dos Estados

Unidos da América

“Conseguir um desenvolvimento sustentável e preservar a Terra - nosso lar comum - estão estreitamente liga-dos aos interesses fundamentais da po-pulação mundial, assim como aos inte-resses imediatos de um vasto número de trabalhadores. Percorrer o caminho do desenvolvimento civilizado, de um crescimento mais rápido da produtivi-dade à melhora das condições de vida e da preservação de um ecossistema sau-dável, e alcançar um desenvolvimento econômico e social convivendo harmo-niosamente com a natureza, para que os trabalhadores vivam e trabalhem em um bom ambiente ecológico, é a finalidade última do desenvolvimento sustentável, assim como uma impor-tante condição prévia para o trabalho decente para todos os trabalhadores”.Jun Hintao, presidente da China

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entende que, embora num primeiro momento tivesse como principal motivação o estímulo à demanda e à produção de eletrodomésticos para a reativação do setor - que foi um dos mais atingidos pelos impac-tos da crise econômica internacional sobre a nossa economia - e para evitar demissões de trabalhadores, a medida acabou tendo repercussões bastante positivas sobre o meio ambiente e sobre a criação de empregos verdes. Os modelos mais recentes desses pro-dutos ganharam em eficiência ener-gética, em comparação com os seus similares mais antigos.

A regularização fundiária de pro-priedades rurais na Amazônia vai gerar uma grande quantidade de empregos verdes, além de fortalecer as cadeias produtivas de alguns pro-dutos florestais não madeireiros, tais como o açaí, a castanha, o guaraná e os biocosméticos e fármacos em geral.

A inspeção veicular para controle de emissões terá por objetivo identi-ficar irregularidades nos veículos em uso - tais como falhas de manutenção e alterações do projeto original - que provoquem aumento na emissão de poluentes. Assim, estará contribuindo para a redução de emissões de car-bono e para a melhoria da qualidade do ar, sobretudo nos centros urbanos.

Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos incorporará alguns conceitos fundamentais à gestão de resíduos sólidos no País, tais como os de coleta seletiva, logística reversa e responsa-bilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Vagas de “empre-gos verdes” serão criadas nos serviços públicos de coleta e tratamento do lixo e nos sistemas de reaproveita-mento dos resíduos por parte das indústrias, incorporando as coopera-tivas de catadores de materiais reci-cláveis nesse circuito.

Foco na energia

De acordo com o Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada (Ipea), no Brasil, o setor energético gera um grande número de empregos qualificados, por desenvolver uma extensa cadeia de fornecedores e também grandes volumes de divisas para os cofres públicos. Por outro la-do, permanece o difícil desafio de dar respostas às diretrizes de uso susten-tável de recursos econômicos e am-bientais, no sentido de disponibilizar energia para o desenvolvimento, com melhorias econômicas e sociais na etapa de geração das novas energias. Para o Ipea, a proposta original dos biocombustíveis propôs enfrentar es-sa situação.

O Instituto aponta que a geração total de empregos, na agroenergia, se-

rá próxima de 3 milhões em 2030. Is-so implica demanda de 15 milhões de hectares de terra, sendo atualmente próximo de 1,2 milhão de empregos e área de 7 milhões de hectares, para a cana de açúcar destinada ao eta-nol e ao açúcar. Assim, seria evitada emissão de 186x105t de CO2eq em 2030, contra 50t evitadas em 2005. Para atingir aumento de 150% no vo-lume produzido de etanol (63 bilhões de litros em 2017) há necessidade de investimentos em torno de R$ 60 bi-lhões, segundo Brasil.

Segundo o Ipea, estima-se a cria-ção de 117 mil postos de trabalho a mais para cada parcela de 15% de substituição da gasolina pelo etanol, e os 150% de aumento da produção do etanol (de 25 bilhões de litros em 2008, para 63 bilhões, em 2017) re-sultaria em 1,17 milhão de novos em-

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E M P R E G O S V E R D E S

Categorias Postos de trabalho

Produção e manejo florestal 139.768

Geração e distribuição de energias renováveis

547.569

Saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais

303.210

Manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais

435.737

Transportes coletivos e alternativos ao rodoviário e aeroviário

797.249

Telecomunicações e teleatendimento 429.526

Empregos verdes no BrasilO Brasil já tem mais de 2,6 milhões de empregos verdes, o que representa 6,73% do total de postos de trabalho formais. Veja como estão divididos estes postos de trabalho:

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r e n e rg y. ano 1 > # 5 > 2011 { 9 5 }

Estimativa mundial de empregos no setor de energias renováveis no mundo, em 2006

Hidrelétrica 2%

Eólica 9%

Geotérmica 1%

Biomassa 54%

Solar Térmica 28%

Solar Fotovoltaica 6%

pregos. “Mesmo sabendo da dificul-dade de acerto para tais estimativas, no longo prazo, a comparação com a cadeia do petróleo é inevitável”, indica o instituto. “Segundo a Petro-bras, serão gerados em torno de 270 mil empregos diretos até 2013 - com estimativa de mais - e 700 mil indire-tos”. Considerando a necessidade de investimentos de R$ 536 bilhões até 2017, para o setor de petróleo, tem-se a dimensão do quanto os biocombus-tíveis empregam mais. Porém, ressal-ta o Ipea, por ofertar essencialmente commodities (etanol, açúcar, farelo de soja, óleo vegetal ou biodiesel) e também por empregar mão de obra de baixa qualificação - a exemplo dos milhares de cortadores de cana temporários, com vínculos precá-rios -, a comparação deve ser mais cuidadosa. Adicionalmente, deve-se reconhecer a dinâmica consolidada da cadeia de petróleo.

Para o biodiesel foi estimado pela EPE, no horizonte de 2030, a redução de 24x105t de CO² em substituição à

parcela do diesel, demandando área total de 7,2 milhões de hectares, se mantido o predomínio da soja, mas com maior participação de outras oleaginosas. O investimento seria da ordem de R$ 15 bilhões, dado que já foram aplicados mais de R$ 7 bilhões desde 2006, obtendo-se apenas uma resposta tímida no número de postos diretos criados - em torno de 38 mil, segundo o Ministério do Desenvolvi-mento Agrário (MDA). “A previsão de inserção social, feita no Plano Na-cional de Agroenergia (PNA), de um milhão de postos de trabalho, sendo 275 mil diretos ficou, portanto, mui-to distante”, avalia o Ipea. “Tais pro-jeções não serão alcançadas, caso não se redirecionem políticas, estratégi-cas e metas mais ousadas”.

Nessa perspectiva de 2030, mos-tra o instituto, pode-se estimar, para o biodiesel, algo em torno de 235 mil empregos diretos - inalcançáveis sem políticas direcionadoras do Estado. “Os resultados de 2008 foram de 38 mil postos diretos, com a substituição

de 4% do diesel pelo biodiesel. Es-ses dados não incluem a agricultura familiar, na forma prevista no Plano Nacional de Agroenergia, nem aque-les gerados na cadeia do farelo da soja. Atenção especial deve ser dada a cada etapa da cadeia de produção de ole-aginosas, identificando-se as partes menos desenvolvidas em função das metas de inserção social e não apenas de maior volume produzido”, analisa. “O quantitativo de empregos gerados com o biodiesel parte das estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Mapa e do MDA, de 45 mil empregos na agricultura familiar para cada 1% de biodiesel produzido com oleaginosas provenientes desse setor. Admite-se, para o cálculo, que a agricultura fami-liar forneça, até 2030, o equivalente a 5% do biodiesel produzido. Assim, seriam 235 mil empregos diretos, no máximo, o que já seria uma grande vantagem em relação aos investimen-tos muito maiores e com menos em-prego, no caso do petróleo”.

Fonte: Empregos Verdes - Trabalho Decente em um Mundo Sustentável e com Baixas

Emissões de Carbono, PNUMA/OIT/ IOE/OIE/CSI, setembro de 2008

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E M P R E G O S V E R D E S

Fonte: Empregos Verdes - Trabalho Decente em um Mundo Sustentável e com

Baixas Emissões de Carbono, PNUMA/OIT/IOE/OIE/CSI, setembro de 2008

Medidas ecologicamente corretas em importantes segmentos da economia

Fornecimento de Energia

• Gaseificação integrada/ sequestro de carbono

• Cogeração (produção combinada de calor e energia)

• Energias Renováveis (eólica, solar, biocombustíveis, geotérmica, pequenas centrais hidrelétricas); células de combustível

Transportes

• Veículos mais eficientes no consumo de combustível

• Veículos híbridos elétricos, elétricos e de célula de combustível

• Sistema de veículos compartilhados• Transportes públicos• Transportes não motorizados

(bicicleta, deslocamento humano) e mudanças em políticas de uso da terra e em padrões de assentamento (reduzindo distâncias e a depen-dência por meios de transporte motorizados)

Manufatura

• Controle de poluição (filtros e outras tecnologias para melhorar a

emissão de gases de escapamento de carros)

• Eficiência energética e de materiais• Técnicas de produção limpa (elimi-

nação de resíduos tóxicos)• Abordagem “do berço ao berço”

(sistemas de ciclo fechado)

Varejo

• Promoção de produtos eficientes e utilização de selos ecológicos

• Estabelecimentos localizados mais próximos de áreas residenciais

• Redução de distâncias de transporte (da origem de produtos ao local do estabelecimento)

• Nova economia de serviços (ven-dendo serviços e não produtos)

Construções

• Iluminação, aparelhos e equipa-mentos de escritório energetica-mente eficientes

• Aquecimento e arrefecimento solar, painéis solares

• Retroajuste (retrofitting)• Edifícios verdes (janelas, isola-

mento, materiais de construção, ca-

lefação, ventilação e ar condicionado energeticamente eficientes)

• Casas solares passivas, edifícios com emissões zero

Gestão de Materiais

• Reciclagem• Responsabilidade ampliada do pro-

dutor; recolhimento e remanufatura de produtos

• Desmaterialização• Durabilidade e reparabilidade de

produtos

Silvicultura

• Projetos de reflorestamento e flores-tamento

• Agrofloresta• Gestão florestal sustentável e

esquemas de certificação• Redução do desmatamento

Agricultura

• Conservação do solo• Eficiência hídrica• Métodos de cultivo orgânico• Redução da distância entre fazendas

e mercados

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3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

MetaisOs metais podem ser 100% reciclados. Desde a civilização romana, materiais, como armas de ferro, já eram reutilizados e reaproveitados. O Brasil, nos últimos anos, vem se destacando na reciclagem de metais, principalmente de latinhas de alumínio. Um objeto de metal pode passar até 500 anos para se decompor na natureza e a sua produção demanda um gasto de recursos não renováveis e também de energia. Ou seja, não existe outro caminho sustentável para os metais que não seja a reciclagem.

R E S í D U O S M E TÁ L I C O S100

A 500

ANOS É O TEMPO QUE LEVA UM

OBJETO DE METAL PARA SE DECOMPOR

NA NATUREZA

REDUzIROs metais podem ser reciclados infinitas vezes, reduzindo e econo-mizando a extração de minérios não renováveis e a energia para a sua produção. A cada quilo de alumínio reciclado, por exemplo, cinco quilos de bauxita - minério necessário para produzir alumínio - são poupados. A reciclagem do alumínio representa somente 5% da energia que seria necessária para se produzir a mesma quantidade de alumínio primário. Isto é, uma economia de 95% de ener-gia elétrica. A reciclagem de uma única latinha de alumínio economi-za energia suficiente para manter um aparelho de TV ligado durante três horas. Cada tonelada de aço reci-clado representa uma economia de 1.140 kg de minério de ferro, 154 kg de carvão e 18 kg de cal. Em relação aos gastos na transformação do minério em metal para uso em materiais diversos, a reciclagem reduz custos, poupa a utilização e contaminação da água, economiza carvão vegetal, e reduz a emissão de poluentes.

RECICLARO ciclo da reciclagem de metais é muito mais rápido do que a sua produção primária. Trinta dias, por exemplo, é o tempo para reciclar uma lata de alumínio, enquanto que a sua produção é demorada e inclui a extração do minério na natureza, beneficiamento, transformação, entre outros. Depois que vão para o lixo, as latas passam por um rigoroso processo que objetiva a produção de alumínio com o maior grau de pure-za possível. Passam por detectores de radiação e vão para o forno a 400 graus Celsius, o que elimina tintas e outros produtos químicos. Já os me-tais ferrosos são direcionados para as usinas de fundição, onde a sucata é colocada em fornos aquecidos a 1.550 graus Celsius. Após atingir o ponto de fusão e chegar ao estado líquido, o material é moldado em volumes e placas metálicas, que se transformarão em chapas de aço. A sucata demora somente um dia para ser reprocessada e transformada.

REUTILIzARO alumínio reciclado está presente na indústria de autopeças, na fabri-cação de novas embalagens, entre outros. É o segundo material mais uti-lizado pela indústria automobilística no mundo. Peças em alumínio têm grande resistência à corrosão, o que garante maior durabilidade e menor manutenção. Cerca de 90% dos alumínios utilizados nos veículos são reciclados. A reciclagem de aço tam-bém é rentável: a cada 75 embala-gens de aço recicladas, economiza-se uma quantidade de carvão vegetal equivalente a uma árvore. O aço reciclado mantém suas proprie-dades como dureza, resistência e versatilidade. As latas jogadas no lixo podem retornar ao consumidor em forma de novas latas ou de utensílios, como arames, partes de automóvel, dobradiças, maçanetas e muitos outros. As que sofrem oxidação num prazo médio de três anos podem ser transformadas em óxidos ou hidróxi-dos de ferro. Se recuperadas, podem ser recicladas infinitamente.

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O IQPC, líder mundial em informação empresarial discute os desa�os mais atuais do setor de Energia,

Petróleo e Gás em eventos conduzidos por executivos das principais empresas atuantes no setor.

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Como?R E D U Ç ÃO D E C O N S U M O

guia verde

Elétrico - O chuveiro elétrico está presente em mais de 73% das residências brasileiras, conforme o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). O custo na conta é elevado, mas a manutenção e instalação são simples. O sistema de aquecimento é localizado e a água quente é fornecida diretamente na mesma unidade onde será aquecida. Já se for uma central de aquecimento, o consumo de energia pode ser ainda maior em lugares frios, pela perda de calor no reservatório. Por outro lado, não faz gasto desnecessário de água, uma vez que já sai quente no momento em que é ligado.

Solar - Como o próprio nome diz, utiliza energia solar para aquecer a água. Pode reduzir o consumo de energia elétrica para o banho em aproximadamente 70% e também reduzir em até 100% a pressão da demanda de água quente sobre a demanda de pico do sistema elétrico. No entanto, conforme estudo do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra), ligado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, tem o custo mais alto (R$ 4.045,00) entre as outras modalidades para aquisição e instalação dos equipamentos, mas que pode ser revertido em benefícios a longo prazo.

Híbrido - Utiliza os sistemas solar e elétrico para aquecimento, sendo um chuveiro elétrico no ponto de uso. A vantagem do híbrido é que evita o desperdício da água residual que fica fria nas tubulações, já que o sistema aciona a resistência elétrica nesse momento e gradativamente a retira. O custo de instalação não é barato (R$ 888,00, conforme a pesquisa do Cirra), mas a vantagem é que, na maior parte do tempo, dependendo do local, a energia solar estará sendo utilizada, o que pode representar uma grande economia na conta. Assim como o elétrico, não faz desperdício de água, pois a água já sai quente no primeiro momento.

A gás - Os aquecedores de água a gás podem ser por passagem ou por acumulação. Nos de passagem, a água é aquecida gradualmente, na medida em que passa pelo aparelho. Já o aquecimento por acumulação ocorre através da passagem da água por um sistema de serpentina, tendo reservatório por acumulação, em que a água aquecida fica armazenada em boilers instalados no forro ou em falsos armários. É muito utilizado na Europa e favorece o uso de banheiras. Fornecem água quente instantaneamente e a um custo inferior ao da energia elétrica. Por causa do risco de vazamento de gás, que pode causar danos à saúde humana, requer mais atenção na manutenção periódica.

Água quente no chuveiro sem pesar no bolsoO chuveiro elétrico é um dos grandes vilões da conta de energia brasileira. Segundo a Eletrobras, é responsável por 24% do consumo de energia de uma casa. O mercado disponibiliza diversos tipos de tecnologias para aquecer a água do banho, como elétrico, a gás, solar ou híbrido. Variáveis como a região do País, se é casa ou apartamento ou ainda a quantidade de utilizações são importantes na hora de escolher qual o melhor sistema. Veja as vantagens e desvantagens de cada modelo.

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Assuntos abordados:Projeções de cenários econômicos, regulatórios e •de mercado para o investidor em pequenas centrais hidrelétricasCompetitividade com outras fontes de geração de energia•Custos no desenvolvimento e operação de pequenas •centrais hidrelétricasMétodos de construção de PCHs•PCH e meio ambiente – Sustentabilidade, licenciamento, •mercado de carbono, código florestal e mudanças climáticasCompetitividade do setor de equipamentos para as •pequenas centrais hidrelétricasOpções de financiamento para o setor de PCHs•Small Hydropower• – Experiências internacionais da viabilização, construção e operação

Assuntos abordados:Introdução técnica à Energia Solar•O auspicioso momento da indústria de energia solar •no BrasilO papel do Governo•Os limites econômicos para viabilização•Usinas solares•O mercado de energia gerada•A tecnologia•Desenvolvimento da indústria local•Oportunidades para consumidores industriais•A integração da Energia Solar ao desenvolvimento humano•Workshops simultâneos: • elaboração de um plano de negócios para aquecimento e autoprodução utilizando energia solar e elaboração de um plano de negócios para produção e fornecimento de equipamentos para indústria termossolar

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se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

filmeOs carros elétricos surgiram no final da década de 90, nas estradas da Califórnia. Eram rápidos e mais eficientes. Fun-

cionavam a eletricidade, não emitiam poluentes e colocaram a tecnologia americana no topo da indústria automotiva. Mas parte deste rico setor se incomodou e esses carros foram destruídos. No documentário Quem Matou

o Carro Elétrico? , o diretor Chris Paine faz uma “autópsia” e revela culpados deste “crime” contra a humanidade e tecnologia.

encontroSão Paulo sedia a edição 2011 da Rede C40 -

Large Cities Climate Leadership Group. O encontro tem como objetivo promover o crescimento sustentável e os esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas com a participação de prefeitos e representantes das grandes metrópoles do planeta. Depois de ser realizada em Londres (2005), Nova York (2007) e Seul (2009), o encontro acontece pela primeira vez em uma cidade do hemis-fério sul. Quando: 31 de maio a 03 de junho. Onde: Sheraton WTC, São Paulo - SP. Mais informações: www.c40saopaulosummit.com

livroO livro Madeira de Ponta a Ponta: O caminho desde a floresta

até o consumo retrata a realidade da produção, beneficiamento, transporte e comercialização da madeira no Brasil. A publicação faz parte das ações da Rede Amigos da Amazônia, uma iniciativa dos Centros de Estudo em Sustentabi-lidade e em Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas. O livro funciona como uma grande reportagem, com entrevistas com personagens envol-vidos no setor madeireiro na Amazônia e no mundo.

eventoPara explorar o universo de oportunidades asso-ciadas ao Programa de Aceleração do Crescimen-

to do Governo Federal, que prevê investimentos de US$ 890 bilhões, o evento Accelerate Brazil reunirá investidores, facilitadores, instituições financeiras, desenvolvedores, fornecedoras e empreiteiras. O setor energético brasileiro, principalmente o potencial eólico e de outras fontes alternativas, será um dos fatos chave discutidos. Quando: 26 e 27 de maio. Onde: Hotel Interconti-nental, Rio de Janeiro - RJ. Mais informações: www.acceleratebrazil.com.br

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S o l u ç õ e s c o m m e n o r c u s t o d e i n v e s t i m e n t o e e c o l o g i c a m e n t e

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eventoA nova edição do All About Energy irá aprofundar o debate em eficiência energética, novas tecnologias,

financiamento, política tributária e incentivos, mercado de comercializa-ção e contratos, Smart Grid e Geração Distribuída, além de tratar de temas como sustentabilidade e economia de carbono. O evento tem caráter in-

ternacional e traz um leque diversificado de fontes alternativas, se fortalecendo como um canal eficaz para networking estratégico e realização de negócios. Quando: 05 a 08 de julho. Onde: Cen-tro de Convenções (Fortaleza, CE). Mais informações: www.allaboutenergy.com.br

congressoEm formato de congresso técnico e expo-sição de produtos, o Circuito Nacional do

Setor Elétrico (CINASE) é uma inovadora e pioneira forma dos profissionais da área elétrica estar em contato entre si e com gabaritados profissionais e empresas do setor. É um evento itinerante multidisciplinar nas áreas de ilu-minação, baixa tensão, média tensão e automação. Duas etapas já estão com datas fechadas. A primeira etapa Nordeste será em Fortaleza, entre os dias 11 e 12 de maio. E a etapa Norte, em Belém, entre 28 e 29 de junho. As demais serão Joinville, Goiânia e Salvador. Mais informações: www.cinase.com.br

livroO livro Energia Nuclear: do anátema ao diálogo discute os riscos e benefícios do uso da fonte atômica em substituição aos combustíveis

fósseis. A publicação foi organizada pelo economista José Eli da Veiga e reúne artigos de quatro especialistas: João Roberto Loureiro de Mattos, diretor do Centro de Desen-volvimento da Tecnologia Nuclear; José Goldemberg, doutor em Ciências Físicas; Leonam Guimarães, assistente do diretor presidente da Eletronuclear e Oswaldo Lu-con, autor coordenador do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Da Editora Senac.

novidadeO Chameleon (Camaleão) é um brinquedo solar e versátil com seis diferentes modelos em um só,

que vai desde um cachorro robô a carros e aviões. É indicado para crianças aci-ma de 10 anos, mas fascina adultos também. Os seis diferentes formatos ganham vida quando expostos à luz, direta do sol ou artificial. O Camaleão vem com um claro manual de instru-ções, com imagens e passo a passo para facilmente se construir os seis diferentes modelos e garantir infinitas horas de diversão e educação ambiental. O valor do brinquedo gira em torno de 10 dólares e pode ser encon-trado em sites como Amazon.

se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

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o último apaga a luzPequenos verdes e grandes negócios. Thyago Cabral - Baião Ilustrado. Ilustração digital, 2011

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