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Resiliência e Recursos Humanos 2
Resumo:
Situações adversas estão presentes no cotidiano e cabe desenvolver fatores de proteção
para poder superar esses problemas. Esse conjunto de fatores se integra para formar a
resiliência, uma palavra originada no latim ‘’resilio’’, que significa retornar a um estado
prévio. O objetivo deste trabalho foi mensurar o índice de resiliência pesquisado no RH do
Pró-Vítima, através do Questionário do Índice de Resiliência: Adultos - Reivich-Shatté
/Barbosa de autoria do Dr. George Souza Barbosa, em sua Tese de Doutorado em Psicologia
Clínica. Esperava-se que os profissionais mantivessem mais associações positivas em relação
aos sete fatores da personalidade. Foi levantada e corroborada a hipótese de que há resiliência
no contexto organizacional, mas os resultados mostraram que objetivo foi alcançado
parcialmente.
Palavras – Chave: Resiliência, Rercusos Humanos e Organizações.
Resiliência e Recursos Humanos 3
Abstract:
Adverse situations are present throughout daily life and to develop protection factors
to overcome these problems. These factors are brought together to form resilience, a word
originated from the Latin resilio which means rebound, recover, return to a previous state. The
objective of this work is to describe the resilience index of twenty human resources Pro-
Victim unit professionals, utilizing the Adult Resilience Index Questionnaire - Reivich-
Shatté/Barbosa, from Dr. George Souza Barbosa, a study described in his Clinical Psycology
Doctorate Thesis. It was expected that the professionals had kept more positive associations
regarding the seven personality factors. It has been found and confirmed the hypothesis that
exists resilience in the social organizations. But the results shomed that the objective had been
partially found.
Key words: Resiliency, Human Resources, Organizations.
Resiliência e Recursos Humanos 4
Introdução
Durante toda a vida o ser humano passa por diversas situações adversas, desde o
momento que antecede o nascimento, quando milhões de espermatozóides lutam para
fecundar um óvulo até a velhice, quando o homem está mais vulnerável a doenças, além das
dificuldades financeiras, problemas familiares entre outros. Mas poucas pessoas conseguem
visualizar um sentido positivo da vida diante de uma tragédia pela qual tenham passado ou
estejam passando, pois as pessoas estão sob pressão, situação que acaba dificultando a
possibilidade de superação desses problemas.
Diante dessa visão pesquisadores despertaram o interesse pela situação e perceberam
com estudos que nem todas as pessoas submetidas às situações de risco podem adquirir
doenças ou sofrimentos (Barlach, França & Malvezzi, 2008). Ao contrário, essas pessoas
conseguiram superar determinada situação problema e sair mais fortalecidas das mesmas.
Esse fenômeno é atualmente conhecido como resiliência.
Segundo Barlach, França e Malvezzi (2008) a palavra resiliência tem sua origem do
latim resilio, que significa retornar a um estado anterior. Utilizada nas áreas da física e
engenharia tinha o objetivo de definir a capacidade de um corpo físico ter sofrido uma pressão
sobre si e voltar a sua forma original. Apenas na década de 70 o conceito foi aplicado nas
organizações no campo das Ciências da Saúde, com base em estudos sobre pessoas que foram
expostas a traumas agudos ou prolongados, considerados fatores de risco para o
desenvolvimento de doenças psíquicas, não adoeceram conforme o esperado (Souza &
Cerveny , 2006).
Os autores Melillo, Estamatti , Cuestas e cols., (2005) contribuíram para o novo
conceito de resiliência propondo que nem todos os sujeitos que passam ou estão passando por
uma situação de risco, sejam doenças e/ou sofrimentos, conseguem superar e sair mais
fortalecidas desse tipo de contexto. A pessoa teria a capacidade de lidar com esses tipos de
infortúnios e conseguir ter uma experiência positiva da situação.
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A resiliênca pode ser compreeendida como a capacidade de os sujeitos superarem os
fatores de risco aos quais já foram ou estão expostos, de forma a desenvolverem
comportamentos adaptativos e adequados. De acordo com autora Garcia, (2001) pesquisas
com crianças resilientes propõem três tipos de resiliência: a resiliência emocional é a
capacidade de lidar com mudanças e adaptações, autonomia, empatia, controle interno e
desenvolvimento do ego entre outros. A resiliência acadêmica é a escola que pode
proporcionar o aumento e o fortalecimento de habilidades para resolução de problemas,
aprendizagem de novas estratégias, capacitação de professores no auxílio de estudantes com
dificuldades. A resiliência social oferece fatores de proteção como o não envolvimento da
pessoa na delinqüência, o sentimento de pertencer ao grupo de amigos, o bom vínculo com o
colégio, a supervisão dos pais e família, a estrutura familiar e os relacionamentos íntimos.
Mas nem todas as pessoas que são consideradas resilientes obrigatoriamente passam
pelas três resiliências propostas pela autora. A resiliencia social é mais vinculada e usada no
contexto organizacional, pois envolve os fatores de proteção, o que fortalece a adaptação e
habilidade criativa do sujeito para sair da situação problema.
Sendo assim a resiliência é um conceito sóciohistórico, carregado de valores e
significados da própria cultura em que o ser humano está inserido, que vem sendo muito
explorado e aplicado em diversas áreas, de forma a envolver o sujeito e o seu meio de
relacionamento de acordo com o tempo cronológico com a necessidade levantada por
pesquisadores ou estudiosos da área.
Uma das áreas da resiliência mais pesquisada é a organizacional. Nesta área,
percebem-se transformações rápidas e frequentes da economia e da tecnologia, no tempo em
que vivendo, quando o sujeito se mobiliza para se adequar às demandas exigidas, segundo
Barlach, França e Malvezzi, 2008. Exige-se uma maior flexibilidade nas estruturas do ser
humano envolvendo sua vida pessoal e profissional como forma de adaptação às novas
contingências impostas pela própria sociedade.
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Ainda na concepção desses autores, em se tratando da área organizacional, o
desempenho profissional é um dos fatores determinantes para realização de habilidades e
competências de qualquer tarefa para o ser humano. Se uma tarefa não é realizada com êxito,
de acordo com os objetivos, metas e missões de uma instituição, isso pode acarretar prejuízos
não só para a própria tarefa, mas também para o ser humano, atingindo muitas vezes sua
capacidade intelectual e sua autoestima.
Aprofundando-se nessa temática, os autores também sugerem que o sujeito atingido
nas capacidades mencionadas anteriormente apresenta-se como um ser ‘’obrigado’’ a
administrar sua vida profissional, de forma a trabalhar arduamente em reposição de si mesmo,
uma vez que as referências ao seu redor atribuem sentidos e valores que sempre estão sujeitos
a alterações. Essas competências, exigidas para administração de sua identidade, desempenho
de papéis, tornam-se fundamentais na sua sobrevivência de profissional.
Neste contexto, as organizações sofreram e vêm sofrendo muitas transformações
tecnológicas e econômicas, envolvendo sempre mudanças na forma de trabalho dos
funcionários, uma vez que atingem a identidade do sujeito que sofre impactos frequentes. A
flexibilidade requerida pelo sujeito organizacional é um fator característico de uma das
competências da modernidade na psicodinâmica do trabalho em relação à resiliência.
Dentro dessa perspectiva teórica, a subjetividade do sujeito fica vulnerável aos
sofrimentos psíquicos, às tensões e rupturas surgidas. Nesse contexto, a visão proposta por
Ventura e Tonelli, 2009 trata a psicopatologia do trabalho visando-a como método de
investigação clínica e teórica na tentativa de integrar duas rupturas epistemológicas: a relação
entre o sujeito e a organização do trabalho, no qual o sujeito é visto individualmente e
coletivamente sob dois enfoques: os procedimentos defensivos contra o sofrimento do
trabalho, de acordo com sua história individual e a organização do trabalho como uma
relação que é construída socialmente, não enfatizando apenas a sua dimensão tecnológica. A
psicopatologia do trabalho tem como objeto de estudo as relações de condutas,
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comportamentos, vivências de sofrimento e prazer, além de estudar a organização do trabalho
e as relações sociais do trabalho.
As organizações têm seus princípios baseados na racionalidade, nas relações de meio-
fim, nas metas, nos objetivos, nas estratégias planejadas entre outros. Todos eles alicerçados
no cumprimento de sua finalidade de forma a obter um controle maior da emoção pela razão.
Emoções e afetos estão ligados quando se trata de contextos sociais e culturais. Reconhecê-
los em ambientes familiares, religiosos, laborais e políticos e observa os papéis significativos
exercidos nas manifestações de fenômenos intra e interpessoais é um fator de grande
importância na compreensão e investigação no contexto das organizações formais de trabalho,
de acordo com Gondim e Siqueira, 2004.
A partir dessa temática, as autoras também abordam que o contexto organizacional
clássico já esteve associado à razão e à objetividade, destacando os seguintes pontos como os
objetivos a serem alcançados: coordenação de atividade/ pessoas, divisão de trabalhos e
sistema de hierarquia. Autoridades afirmam mutuamente que os aspectos objetivos e afetivos
são fatores inibidores dessa racionalidade apresentada. As pesquisas e investigações sobre
emoções e afetos nas organizações foram durante muito tempo relegadas e colocadas em
segundo plano. Esse fato ocorreu por dois motivos: dificuldade de pesquisar um fenômeno
considerado subjetivo de difícil demarcação e primazia da abordagem racional das
organizações, fazendo crer uma visão distorcida das emoções, considerando-as disfuncionais
e sugerindo que as mesmas fossem suprimidas ou evitadas.
Grande parte de estudos sustentados neste campo foram no sentido de que as emoções
e os sentimentos eram desorganizadores do pensamento e ações esquematizadas, pois a
racionalidade era colocada em risco. Atualmente Gondim e Siqueira, 2004 propõem que as
emoções são determinadas como processos de múltiplos elementos cognitivos, motivacionais,
comportamentais e fisiológicos, sendo cada vez mais percebidos na origem e o no resultado
das interações sociais e influências ambientais. Logo, nas organizações, assumir que as
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emoções podem estar presentes na racionalidade faz com que o significado redimensione o
problema da relação entre emoção e razão, além da contradição das mesmas.
Ainda nessa perspectiva, de acordo com as autoras, os fatores que dão a qualidade às
relações humanas no trabalho são as emoções e os afetos. Uma vez que contribuem para a
efetividade organizacional (variável de impacto no contexto). Sendo assim, as relações dos
sujeitos com a chefia serão influenciadas por emoções e afetos, vindos de experiências
anteriores com as figuras de autoridade. As decisões organizacionais são pouco racionais e
estão fortemente aportadas em afetos.
Dentro dessa compreensão as autoras Gondim e Siqueira, 2004 sugerem duas formas
de atuação do gerentes: a primeira é o autogerenciamento, característica que busca o próprio
equilíbrio emocional; a segunda é o heterogerenciamento, característica que procura
assegurar o equilíbrio emocional dos funcionários. Quando há um autogerenciamento das
emoções na intervenção do profissional, isso contribui para o equilíbrio emocional não só do
mesmo, mas dos funcionários, sem os quais a organização não poderia ser idealizada como
um processo psicossocial em constante construção.
Ampliando a discussão, não se pode negar a procura pela racionalidade no contexto
organizacional. Se não abrirem espaço para fatores como espontaneidade, criação de redes
social de apoio, impulsividade e variabilidade, a instituição perderá a capacidade de reagir
frente a transformações de ajustes mais breves. Essa visão foi vista recentemente. A
racionalidade tão desejada pelas organizações pode ser mais sucedida ao incluir aspectos
afetivos. Cada vez mais pesquisadores e estudiosos da área reconhecem que a afetividade dos
sujeitos no contexto de trabalho tem que ser mútua às influências, colaborando para moldar o
quadro de bem-estar das pessoas (Gondim & Siqueira, 2004).
Durante muito tempo, as emoções e os afetos não ocuparam um lugar de importância
nos estudos científicos, pois eram considerados aspectos subjetivos e difíceis de serem
pesquisados. Logo os estudiosos da área de organizações do trabalho tiveram um impulso, a
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reavaliação das relações de contradição entre razão e emoção e cognição e emoção, de forma
a conquistarem uma posição de destaque e prestígio (Gondim & Siqueira, 2004).
O autogerenciamento das emoções, citado anteriormente, tem como consequência um
aumento da resiliência, de forma que o sujeito fique mais fortalecido para lidar com situações
adversas que abalem suas emoções, crenças e valores e ative mais sua flexibilidade quando
tomar decisões (Gondim & Siqueira, 2004).
Essa flexibilidade que é desenvolvida pelos sujeitos é o conceito proposto por Melillo,
Estamatti , Cuestas e cols., (2005) parece caracterizar de forma resumida o sujeito resiliente.
Para o autor, este indivíduo é aquele que é capaz de desenvolver características típicas da
resiliência como: habilidades, adaptabilidade, baixa suscetibilidade, enfretamento efetivo,
capacidade, resistência à destruição, condutas positivas, temperamento especial e habilidades
cognitivas, sendo todas desenvolvidas em situações vitais adversas e estressantes que
permitem atravessá-llas e superá-las.
O ser humano não nasce resiliente, a resiliência se desenvolve a partir de funções dos
processos sociais e intrapsíquicos, mas precisa haver uma interação com outras pessoas
responsáveis pela elaboração do seu sistema psíquico durante seu desenvolvimento. Para que
a resiliência ocorra ou não, depende da forma como esse sujeito irá interagir com seu meio.
No caso da existência da resiliência, a pessoa terá que desenvolver alguns pilares
considerados típicos da resiliência: a criatividade (capacidade de criar condições para lidar
com seus desejos e ambições), o senso de humor (tentar encontrar algo cômico na própria
tragédia), introspecção (arte de se indagar e tentar se dar uma reposta sincera), a
independência (saber se prender a limites entre si mesmo e os problemas; tentar manter uma
distância emocional e física sem se isolar) entre outras segundo Melillo, Estamatti , Cuestas e
cols., (2005).
Nessa temática criam-se então instrumentos ou formas de fortalecer a autoestima que
está prejudicada de forma a fim de que fique manobrável para a pessoa que está passando ou
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já passou por uma tragédia. O indivíduo dispõe de três fatores de proteção que podem ser
internos ou captados no meio em que vive. Eles passam a ter uma função crucial de elementos
mediadores. Por exemplo, são fatores individuais: autoestima positiva, autocontrole,
autonomia, características de temperamento afetuoso e flexível. São fatores familiares:
coesão, estabilidade, respeito mútuo e apoio ou suporte. São fatores do meio ambiente: bons
relacionamentos com amigos, professores ou pessoas que assumam um papel significativo de
segurança à criança fazendo-a se sentir amada e querida (Garcia, 2001).
Analisando essa temática os fatores de proteção passam assumir funções de redução
do impacto dos riscos, alterando a exposição do ser humano à situação de risco. Além de
diminuírem as reações negativas quanto à exposição do sujeito à situação adversa, de
instituírem e de manterem a autoestima e autoeficácia através das relações de apego como o
cumprimento de tarefas com êxito e a criação de oportunidades de reversão aos efeitos do
estresse. Ao contrário dos fatores de risco que são responsáveis por aumentar a doenças e/ou
estados deficientes, adversidades, eventos estressores da vida, pobreza, rupturas na família,
violência e perdas importantes.
Os obstáculos individuais ou ambientais também acentuariam a vulnerabilidade em
conseqüências negativas para o desenvolvimento do sujeito. A visão subjetiva de uma
determinada situação depende da pessoa, a interpretação e o sentido atribuído ao contexto
estressor que será classificado ou não como sendo uma condição de estresse.
As funções dos fatores de risco aos eventos agudos, podem infinitamente ser
desastrosos se comparados a condições crônicas, à forma como o sujeito responde a situações
de risco em termos de vulnerabilidade e como esse evento de risco afeta ou afetou o sujeito.
Aprofundando- se nessa temática foram criados testes para mensurar a resiliência
desses sujeitos, um deles é o questionário do Índice de Resiliência: Adultos - Reivich-Shatté
/Barbosa’’, sustentado pelos conceitos apresentados por Reivich e Shatté (2002) tradução,
adaptação e validação à Língua Portuguesa e à cultura brasileira. De autoria do Dr. George
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Souza Barbosa, segundo estudo realizado em sua Tese de Doutorado em Psicologia Clínica
com o título de Resiliência em Professores do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª Série: Validação
e aplicação do questionário do Índice de Resiliência Adultos Reivich-Shatté/Barbosa. Tese
(Doutorado em Psicologia Clínica). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2006.
Antes foi considerado o levantamento sóciodemográfico do cenário brasileiro para
melhor adaptação e validação do questionário, pois os resultados obtidos na pesquisa aos itens
respondidos pelos professores mantiveram mais associações negativas. Não mantiveram
associações positivas, quando correlacionados com os sete fatores proposto pelos autores
americanos: administração das emoções, controle de impulsos, empatia, otimismo, auto
eficácia, análise do ambiente e alcançar pessoas.
Dentro dessa temática a hipótese levantada deste trabalho foi de comprovar que há
resiliência no contexto organizacional, por ser um tema novo há poucas pesquisas nessa área.
Nesse contexto, o artigo tem como objetivo avaliar o índice de resiliência em profissionais de
recursos humanos da instituição Pró-Vítima do GDF (Governo do Distrito Federal) por ser
um programa novo, em fase de construção. Uma vez que a literatura brasileira apresenta a
resiliência mais investigada nas áreas de recursos psicossociais, violência, crianças,
adolescentes, adultos, casal/família, o conceito de resiliência entre outros. A resiliência é algo
novo e recente no contexto organizacional, o que dificulta estudos e investigações na área
tornando- a mais escassa e limitada.
Método
A pesquisa foi realizada no Pró-Vítima, que é um programa da Secretaria de Justiça,
Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal, realizado pela Subsecretaria de Proteção
às Vítimas de Violência, criada em março de 2009. Tem como objetivo dar visibilidade aos
direitos dos cidadãos atingidos direta ou indiretamente por crimes violentos, assegurando –
lhes atendimento multidisciplinar nas áreas psicossocial e jurídica de forma que contribua
para a superação dos danos causados pela violência sofrida ou que estejam sofrendo. Além de
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levantar recursos para a construção de políticas públicas eficientes para a prevenção do crime
e proteção da vida.
O programa oferece atendimento multidisciplinar, como dito anteriormente, por um
grupo de profissionais compostos por dois psicólogos, um defensor público, um advogado,
dois assistentes sociais, uma jornalista e quatro técnicos administrativos. Os objetivos gerais
do Programa de Assistência Multidisciplinar a Vítimas de violência:
- Oferecer assistência multidisciplinar nas áreas psicossocial e jurídica a vítimas de
crimes violentos.
- Assegurar às vítimas de violência o direito de serem ouvidas e reintegradas à vida
social, por meio de implantação de núcleos nas Regiões Administrativas do DF.
- Intermediar o acesso das vítimas de violência às instituições públicas, capacitando –
as para assumir a cidadania plena, como sujeitos de direitos e deveres.
- Defender a instituição de uma rede efetiva de assistência multidisciplinar às vítimas
de violência como política pública permanente de Estado, rompendo paradigmas da
desatenção crônica associada à prestação do serviço público.
Atualmente o programa presta serviços na Região Administrativa do Paranoá e do SIA
(Setor de Indústria e Abastecimento) – sede e tem como público alvo pessoas vítimas de
violência e familiares de vítimas de crimes violentos. São objetos das ações do mesmo os
crimes abaixo:
Homicídio; tentativa de homicídio.
Latrocínio; tentativa de latrocínio.
Morte o trânsito; atropelamento.
Estupro e abusos sexuais.
Atentado violento ao pudor.
Sequestro; sequestro relâmpago.
Agressões físicas; ameaças de agressão física.
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A metodologia abordada pelo programa tem como início as intervenções realizadas
das seguintes formas: o Pró-Vítima procura a família logo após a ocorrência do fato,
oferecendo os serviços imediatos da equipe. Este fator representa o grande diferencial do
programa, pois assegura a assistência às vítimas no momento em que se encontram mais
fragilizadas e necessitadas do apoio multidisciplinar. As outras formas são a demanda
espontânea, a pessoa comparece ao núcleo ou busca apoio por meio telefônico; um órgão
público ou uma entidade privada a encaminha à sede ou a um dos núcleos do programa.
Os recursos do programa serão executados com a dotação orçamentária da Secretaria
de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania no seu primeiro ano de funcionamento e a partir do
exercício seguinte com o orçamento próprio da Subsecretaria de Proteção às Vítimas de
Violência, conforme previsão orçamentária e eventuais verbas oriundas de parcerias ou outras
fontes.
Amostra
Participaram da pesquisa vinte pessoas da área de RH, entre eles, nove profissionais e
onze estagiários, dezesseis do sexo feminino e quatro do sexo masculino, com escolaridade
variando de segundo grau completo à pós-graduação, idade entre dezoito e quarenta anos,
estado e o tempo de empresa variando de duas semanas a oito meses de trabalho. Não foi
exigida nenhuma restrição quanto à idade, sexo, estado civil, grau de escolaridade e tempo de
empresa dos participantes da pesquisa, exceto os que fizessem parte da equipe de RH do
programa Pró-Vítima.
Instrumento
O instrumento utilizado na pesquisa foi o questionário do Ìndice de Resiliência
Adultos Reivich-Shatté/Barbosa feito pelo Dr. George Barbosa em Tese (Doutorado em
Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (2006).
O objetivo central do Dr. George em sua tese foi primeiro traduzir, adaptar e validar
para a língua portuguesa e para cultura brasileira a versão original do Resilience Quotient
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Test (RQTest) de Karen Reivich e Andrew Shatté, publicado pela Broadwaybooks no ano de
2002. De forma a analisar os 56 itens individualmente relacionados aos seus fatores
constitutivos originais e por último a aplicação para medir o Índice de Resiliência em uma
amostra de 110 professores do Ensino Fundamental em colégios da região do Grande ABC
Paulista.
A partir dessas premissas e do alcance desse objetivo, participaram do processo doze
juízes para validação e tradução do RQTest, que faziam parte da equipe de apoio e suporte aos
outros campos da educação e da saúde. Dez deles psicólogos de áreas diversificadas como
área clínica, recursos humanos, terapia corporal, professores de universidades, profissionais
de cursos pós graduação, um deles executivo empresarial ligado à gestão de pessoas e um
profissional de magistério do Ensino Fundamental.
A coleta de dados foi no período entre março de 2004 e dezembro de 2005 em quatro
escolas públicas do ensino fundamental, com presença dos 110 professores.
Com relação aos critérios da coleta, não houve distinção de sexo, estado, civil, religião
e outra variável seletiva. Também não existiu nenhuma inclusão ou exclusão, com exceção
dos professores das instituições presentes na reunião, onde o material foi explicado e aplicado.
A amostra de 110 professores não atingiu a todos, pois nem todos os professores das
respectivas escolas estavam presentes no dia da inscrição para a coleta de dados. E todos que
responderam o teste têm idade mínima de 18 anos.
Procedimentos
Para obtenção dos testes foi acessado o site www.sobrare.com.br e respectivo link do
‘’Questionário – Adultos’’ www.resilienciapsicologia.com.br. Feito isso, foi realizado o
cadastro como gestor ou pesquisador.
Os testes foram aplicados em três dias, dois dias na matriz do programa Pró- Vítima
localizada no Setor de Indústria de Abastecimento (SIA) e um dia na sede localizada no
Paranoá, cidade satélite do Distrito Federal. Na matriz tanto os funcionários do período da
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manhã quanto os do período da tarde responderam aos questionários e todos foram recolhidos
no mesmo dia. Os mesmos procedimentos foram tomados na sede, os testes foram aplicados
apenas no período da manhã. Cada participante teve um tempo médio de 15 a 30 minutos para
responder aos questionários que eram compostos por 56 itens.
Resultados
Os resultados foram analisados por meio de tabulação dos índices de resiliência dos
cinquenta e seis itens em relação aos sete fatores da personalidade:
1) Administrar as emoções – o fator se refere à capacidade de expressar as emoções de
modo apropriado nos diferentes contextos de vida. Particularmente a habilidade de tomar
decisões de modo equilibrado, diante de situações agudas de estresse. Pessoas resilientes
quanto a este fator são as que regulam suas emoções de modo a favorecer as negociações e a
promover uma ambiente agradável emocionalmente, facilitando as amizades e sendo
receptivas a novos (as) parceiros (as) ou tarefas. Principalmente cultivam bons sentimentos e
pensamentos em sua rotina diária.
Há pessoas que encontram dificuldades em cultivar vínculos e com frequência
desgastam-se no âmbito emocional com aqueles com que convivem e apresentam dificuldades
em promoverem a reconciliação dos vínculos de forma a preferir isolamento.
2) Controlar impulsos – o fator se refere à habilidade de regular a intensidade dos
impulsos que orientam suas emoções, ou seja, a capacidade de imprimir de modo apropriado
uma certa intensidade de força na musculatura modulando a emoção vivida. Contribui na
avaliação do sistema de crenças que regula a intensidade e a direção de um impulso nervoso
que orienta uma contração ou relaxamento muscular. Dessa forma, os músculos nunca atuam
de forma isolada, estão sempre em cooperação atuando por sistemas.
3) Ter empatia – O fator refere-se à organização da capacidade de o ser humano de
emitir mensagens que aproximam outras pessoas e ao fato de compreender os estados
psicológicos (emoções e sentimentos). É uma capacidade de decodificar a comunicação,
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especialmente não verbal e organizar atitudes de afetividade e assertividade a partir desta
leitura.
4) Ser otimista na vida – o fator se refere à crença de que as coisas podem mudar para
melhor, de forma há um investimento contínuo de entusiasmo e uma convicção da capacidade
de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão está fora das mãos. Esse
fator é o nutriente de todos os outros seis fatores. Embora seja confundido com o hábito de
sorrir, refere – se à capacidade de ter esperança, sendo responsável por doses de humor
necessárias para o enfrentamento de situações e para relacionamentos. Logo, baixos índices
desse fator apresentam baixa iniciativa para a tomada de decisões.
5) Análise de Ambiente refere-se à capacidade de identificar precisamente as causas e
as implicações dos problemas e das adversidades presentes no ambiente. Essa visão habilita
os fatores de risco e proteção no contexto. São pessoas capazes de utilizar pistas como
expressões faciais, movimentos corporais, cores, temperatura, disposições dos móveis,
música, enfim tudo aquilo que leem no contexto e nas pessoas para reorientar seu
comportamento e promover autoregulação. Baixos índices nesse fator levam as pessoas a
apresentarem dificuldades em antecipar as consequências de seus atos.
6) Ter senso de autoeficácia – o fator trata da convicção de ser eficaz nas ações
propostas, ou seja, a crença que uma pessoa tem de que resolverá seus próprios problemas e
conflitos por meio dos recursos que encontra em si mesma e no ambiente.
7) Alcançar e manter pessoas – o fator se refere à capacidade que a pessoa tem de se
vincular a outras pessoas, sem receios e medo do fracasso. Reforça – se que é a capacidade de
se conectar a outras pessoas com finalidade de viabilizar a formação de fortes redes de apoio.
A partir desses sete fatores da personalidade os vinte participantes foram classificados
de acordo com cada fator nas categorias:
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Fraca no Padrão de Intolerância Emocional – corresponde a um valor extremado
devido a um esquema de crença que reflete um padrão de alta intolerância emocional,
representando uma área de vulnerabilidade no que se refere à resiliência;
Moderada no Padrão de Intolerância Emocional - corresponde a um valor resultante de
um padrão de moderada intolerância, o que implica que o respondente está em uma área entre
os fatores de risco e os fatores de proteção;
Forte – corresponde a um posicionamento dentro do Padrão de Equilíbrio Emocional,
significando haver um manejo dos fatores de proteção e risco e excelente resiliência;
Excelente – corresponde a um equilibrado e consistente manejo dos fatores de risco e
proteção e excelente resiliência;
Moderada no Padrão de Passividade Emocional – trata - se de um valor obtido de um
padrão de moderada passividade emocional, o que implica que a pessoa está em uma área
intermediária entre os fatores de risco e proteção;
Fraca no Padrão de Passividade Emocional – denota valor extremado devido a um
esquema de crenças que reflete um padrão de alto pessimismo emocional, resultando em uma
área de vulnerabilidade.
Cada um dos cinquenta e seis itens possuem quatro frases positivas e quatro frases
negativas, nas quais o participante associava suas respostas mais positivamente ou
negativamente em relação à sua resiliência. A soma de quatro frases positivas ou de quatro
frases negativas determina um valor estimado de menos dezesseis a dezesseis escores, zero é
o equilíbrio, ou seja, quanto mais próxima no zero a pessoa se mantiver, melhor. Mas se a
pessoa se mantiver mais perto do número dezesseis ela estará incluída na área de maior
ansiedade e vulnerabilidade e poderá estar mais agressiva. Quanto mais perto ela estiver do
número menos dezesseis, mais perto ela estará da área de maior melancolia e vulnerabilidade
o que a torna mais passiva em relação a situações.
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O gráfico ilustra de forma mais clara que setenta por cento da amostra tem forte
resiliência no padrão de Intolerância Emocional significando que há um manejo apropriado
entre os fatores de risco e proteção, havendo uma considerável resiliência nesse fator. Os
fatores administração das emoções, controle de impulsos e otimismo com a vida mostraram
apenas 5%, sendo a resiliência fraca o que corresponde a uma grande vulnerabilidade em
relação a um esquema de crenças e a um padrão de alta intolerância emocional.
Outro ponto importante foi a resiliência moderada, o padrão da passividade emocional
foi de zero por cento. No padrão de intolerância emocional o fator controle de impulsos foi
de 35% empatado com a categoria forte e refletindo que as pessoas estão em uma área
intermediária entre os fatores de risco e de proteção. Quanto ao fator autoeficácia a categoria
moderada apresentou 45% por cento, sobressaindo sobre a categoria forte. Na categoria
excelente, onde se encontra o equilíbrio, as porcentagens foram menores que todas as outras
categorias variando de 20 a 25%, na maioria dos fatores. Essa categoria representa um
adequado e consistente manejo entre os fatores de riso e proteção e um padrão de equilíbrio
do sujeito em suas crenças que se referem à maneira de emitir e receber mensagens que
fortaleçam vínculos afetivos e emocionais.
|FIGURA 1|
Discussão
O questionário de Índice de Resiliência Adultos Quest_Resiliência - adultos analisa os
sete fatores da personalidade. Em cada um dos sete fatores analisados, os resultados foram
apresentados em dois blocos diferentes: o primeiro provendo uma visão geral do fator e o
segundo mostrando uma descrição detalhada sobre a estrutura das respostas do participante no
respectivo fator em particular.
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Um exemplo seria o de um dos participantes da pesquisa, o nº 14, seu gráfico
demonstrou ‘’Excelente Resiliência’’ apenas no fator otimismo para a vida, o que corresponde
a um equilíbrio e a uma consistência no manejo entre os fatores de risco e proteção. ‘’Forte
Resiliência’’ nos fatores administração das emoções, controle de impulsos, análise do
ambiente, empatia e alcançar pessoas. Essa resposta refere-se a um adequado manejo entre os
fatores de risco e proteção e uma excelente resiliência nesses fatores. No fator autoeficácia,
apresentou ‘’Fraca Resiliência no Padrão de Intolerância Emocional’’, isso reflete um padrão
de alta intolerância emocional e encontra-se em área de vulnerabilidade nesse fator .
|FIGURA 2|
Ainda assim o objetivo da pesquisa que foi os itens respondidos pelos profissionais de
RH do programa mantivesse mais associações positivas com os sete fatores do que
associações negativas. O mesmo foi alcançado parcialmente, ao contrário do foi obtido na
tese do Dr. George Barbosa. Também esperava-se a classificação da modalidade ‘’Forte’’ e
‘’Excelente resiliência’’ em relação aos sete fatores constitutivos da personalidade.
A hipótese levantada foi corroborada mostrando que há resiliência no contexto
organizacional. Os resultados mostraram que os profissionais tiveram mais associações
positivas com os sete fatores do que associações negativas, mas obtiveram um baixo índice na
categoria de Excelente resiliência. Esse fato ocorreu por se tratar de um projeto novo em uma
organização que ainda está em fase de construção e por ser uma amostra pequena, infere – se
a equipe de recursos humanos não está oficialmente definida e as pessoas acabam exercendo
funções não atribuídas aos seus respectivos cargos.
Outro ponto importante é a sugestão da contratação de novos profissionais da área
para o aumento do quadro de funcionários, pois estão abrindo novos núcleos e a equipe tem
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como consequência uma sobrecarga nas atividades exercidas, além de transferências internas
entre funcionários.
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Figura 1. Porcentagem dos Fatores Constitutivos com Classificação Modalidades.
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Figura 2. Gráfico do participante nº 14