revista brasil mata viva 06

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Ano I Edição 6 | Maio 2010 mata viva Valorizando vidas, preservando o planeta

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Revista Brasil Mata Viva

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Page 1: Revista Brasil Mata Viva 06

Ano I Edição 6 | Maio 2010

mata viva

Valorizando vidas,preservando o planeta

Page 2: Revista Brasil Mata Viva 06
Page 3: Revista Brasil Mata Viva 06

Editorial

É com satisfação que o Movimento Brasil Mata Viva anuncia a criação do mais novo núcleo, Teles Pires Mata Viva. O projeto foi oficializado incluindo 13 novos municípios matogrossense: Sinop, Cláudia, Itaúba, Colíder, Nova Canaã do Norte, Terra Nova do Norte, Nova Gua-rita, Nova Santa Helena, Marcelândia, Peixoto de Azevedo, Matupá, Guarantã do Norte e Novo Mundo.

Outra novidade é o lançamento dos registros dos primeiros créditos Brasil Mata Viva do núcleo Xingu Mata Viva. O lançamento, realizado na sede da Bolsa de Transações Ativos Ambientais do Bra-sil (BTAAB), foi feito no dia 19 de abril e contou com a participação presidente da Markit Ambiental, Hellen Robinson.

A partir deste mês, esses registros oficiliazados pela Markit serão disponibi-lizados pela plataforma World Energy So-lutions (WES) ao mercado de transações. O comércio foi possível graças à parceria firmada entre a WES, uma empresa líder em gestão de energia e a BTAAB. As duas

empresas passam agora a transacionar os créditos Brasil Mata Viva.

Os registros serão apresentados na maior feira de carbono do mundo, a Car-bonExpo que ocorre em Colônia, na Ale-manha, no final do mês de maio, onde representantes da equipe Brasil Mata Viva e da BTAAB participarão do evento.

Outra parceria que merece destaque é com a Vale. Na Estação Conhecimen-to, projeto social da Fundação, o Movi-mento Brasil Mata Viva tem trabalhado no interior do Pará a questão econômica e ambiental, superando a postura origi-nal do projeto de medidas protetivas e estabelecendo uma postura ativa, como sugere a Metodologia.

Assim, a companhia, que sempre investiu em projetos sócio-econômicos, muda sua filosofia ao inserir a sustenta-bilidade em sua missão e posicionar-se como companhia que busca contribuir para o meio ambiente e, principalmente, o desenvolvimento sustentável.

A todos uma boa leitura!

Firmando parcerias

Maria Tereza Umbelino de SouzaCoordenação Técnica

Page 4: Revista Brasil Mata Viva 06

índice

créditos ambientais brasil mata ViVa estão no mercado

capa

lançado o registro dos primeiros créditos do núcleo Xingu mata ViVa.

23

carbon eXpo 2010brasil mata ViVa participa de Feira na alemanha

38

brasil mata ViVa

eXpe

die

nte

rua c-135, Qd. 560, lt. 09Jardim américa - goiânia - goiás - brasil

+55 62 3087 9239 www.brasilmataViVa.com.br

produção

ASCOPLAN ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA

coordenação técnica maria tereza umbelino de souza

coordenação comercial

carlos ayrton alla

coordenação de campo

benedito umbelino de s. neto

Jornalista responsáVel

polliana ribeiro - 2017/go

diagramação e tratamento de Fotos

central de idéias comunicação

proJeto gráFico eudison rubstany

pré impressão

digicor Fotolitos

impressão

graFopel gráFica e editora

Fone: (62) 3265-6600

tiragem

5 mil eXemplares

periodicidade

mensal

as opiniões emitidas nas entreVistas e artigos são de inteira responsabilidade de seus autores

artigoVeredas do oeste baiano13artigoa mamona produtora de óleo para biodiesel16artigointegração laVoura pecuária Floresta21certiFicaçãoparceria garante reconhecimento internacional

29

plano saFra 2010/2011produtores terão Juros mais baiXos40artigocana Queimada e o meio ambiente42

audiênciaoFicializado núcleo teles pires mata ViVa33

XVii Ficaaraguaia entra em debate no FestiVal47

reFlorestamento100 mil árVores são plantadas na ete goiânia

31

Queimadasoperação cerrado ViVo 201045

goiásgoVerno promoVe desenVolVimento sustentáVel

08

araguaiaFauna será monitorada

18

parceriaworld energy e btaab Fecham acordo

26

Feiraparecis superagro supera eXpectatiVas

49

Page 5: Revista Brasil Mata Viva 06

8 | meio ambiente meio ambiente | 9

arantir o desenvolvi-mento sem comprome-ter o meio ambiente. Promover em Goiás a prática do desenvolvi-

mento sustentável. Esta é a ideia que permeia as ações do Governo de Goiás no setor. Projetos, finan-ciamentos e resultados são prova de que, enfim, o Estado adotou o ca-minho de orientação internacional de crescer preservando os recursos naturais para as gerações futuras.

Para promover a sustentabilida-de do desenvolvimento, o Governo de Goiás promove ações que levam em consideração vocações territo-

riais. Além de gerar novos instru-mentos, programas já existentes, como o Quelônios do Araguaia e a Operação Piracema, receberam in-vestimentos e incentivos e os resul-tados já podem ser sentidos.

Para garantir o uso sustentável do bioma Cerrado, foi encabeçada por Goiás e aprovada, a Rede Pró Centro-Oeste para o Cerrado e o Pantanal. O governo federal investiu R$ 150 milhões com contrapartida de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. Desta forma a região parte para a criação da estrutura com investimentos em recursos humanos para garantir a

sustentabilidade no uso do Cerrado.Outra iniciativa que caminha

no mesmo sentido é a proposta de criação de uma lei estadual para uso da água. Um encontro que reu-niu representantes da Secretaria de Agricultura, Federação da Agricul-tura e da Superintendência Federal de Aquicultura e Pesca no mês de maio, elaborou uma minuta com a proposta. Este é o ponto de partida para criação da lei estadual para o uso das águas no domínio goiano e do Código de Aquicultura e Pesca.

Parques aquícolasO governo goiano e o ministro

G

Governode Goiáspromove o desenvolvimento sustentável

Diversas ações e projetos mostram a atuação do Governo de Goiás que promovem o

desenvolvimento sustentável. No propósito de gerar o progresso sem comprometer o meio

ambiente o Estado investe em programas ambientais que levam em consideração vocações

territoriais, culturais e regionais

Os parques aquícolas

de Serra da Mesa e

de Cana Brava vão

elevar em um terço a

produção nacional de

pescado, atingindo

96 mil toneladas de

pescado por ano.

Page 6: Revista Brasil Mata Viva 06

10 | meio ambiente meio ambiente | 11

Durante a operação

participam do trabalho

de fiscalização

equipes da Secretaria

do Meio Ambiente,

Batalhão Ambiental e

do Ibama.

Garantir a preservação

das espécies e a pesca

esportiva. Estes são

os principais objetivos

da Operação Piracema

realizada pelo Governo

todos os anos.

da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolim, assinaram em Colinas do Sul, no dia 24 de fevereiro, uma ordem de serviço para a de-marcação dos parques aquícolas de Serra da Mesa e Cana Brava, na bacia do Tocantins. Em segui-da foi inaugurada a quarta unidade demonstrativa do Projeto Tanque Rede, situada na fazenda Santa Cruz, no lago Serra da Mesa.

Os parques aquícolas de Serra da Mesa e de Cana Brava poderão elevar em um terço a produção na-cional de pescado, devendo atingir cerca de 96 mil toneladas de pesca-do por ano. Mais de duas mil famí-lias vão ser diretamente beneficia-das pela atividade em Goiás. A nova unidade do Projeto Tanque Rede, na Fazenda Santa Cruz, tem 20 tanques rede e vai capacitar inicial-mente 40 famílias para a produção de tilápia, bem como para as etapas de processamento e comercializa-ção do pescado.

Em um primeiro momento, a re-gião deve produzir 80 mil toneladas de peixe por ano. A cessão dos lotes demarcados pelo Governo Federal no lago deve durar por 20 anos. A assistência técnica ficou a cargo dos técnicos da Secretaria da Agri-

cultura. Cerca de 20 tanques serão instalados para facilitar o trabalho e ração distribuída aos produtores.

Produção de alevinosNo final do ano passado o Ibama

aprovou e a Secretaria do Planeja-mento disponibilizou R$ 1,4 milhão para o projeto Isca Viva da Secre-taria da Agricultura. Ele será de-senvolvido dentro do projeto de ir-rigação de Luiz Alves e vai produzir alevinos (filhotes de peixes) típicos da Bacia do Araguaia. A produção de iscas vivas busca a preservação do estoque nativo ao dar suporte aos pescadores ribeirinhos locais. Parte desta produção também servi-rá pra o incentivo à implantação da piscicultura para engorda.

Desta forma os canais de Luiz Alves passam a ter a dupla função de irrigação e produção de peixes aliada à conservação das espécies locais. A produção de alevinos terá início em setembro. A expectativa inicial é de produção de 500 tone-ladas de peixes na engorda e 1,5 milhão alevinos para a pesca espor-tiva e para a piscicultura.

Projeto quelôniosO projeto Quelônios tem 22 anos

e neste período já devolveu para as águas do rio Araguaia cerca de 5 milhões de filhotes. No início fo-

ram visualizadas apenas 517 co-vas. Atualmente, apenas na região do Fuzil, são cerca de 5 mil covas. Ele surgiu de orientação do Ibama com vistas à proteção da tartaruga amazônica. Goiás é o único Estado da federação em que o projeto é de-senvolvido pelo próprio governo. O projeto em Goiás conta com a parti-cipação de biólogos, estagiários de biologia e fiscais da Secretaria do Meio Ambiente.

Durante a execução do projeto, a equipe da Secretaria faz a limpeza e o isolamento da área destinada para desova das tartarugas. O trânsito e o acampamento nas regiões ficam im-pedidos. Quando começa a postura dos ovos, os técnicos marcam as covas e acompanham a evolução do projeto. Ao final de 60 dias, estas marcações são retiradas e são con-feridos quais ovos são viáveis.

Operação piracemaGarantir a preservação das espé-

cies e a pesca esportiva. Estes são os principais objetivos da Operação Piracema realizada pelo Governo todos os anos. Graças ao nível de conscientização dos turistas e à eficiência da fiscalização, os resul-tados do monitoramento feito pela Secretaria do Meio Ambiente, nos rios goianos durante a piracema, foram considerados satisfatórios e

dentro da normalidade. A piracema é a época do ano em que os peixes se reproduzem.

Durante a operação participam do trabalho de fiscalização equipes da Secretaria do Meio Ambiente, Batalhão Ambiental e do Ibama. No período da piracema fica proibida a pesca embarcada e só é permitida a pesca em barranco. È liberada a pesca de subsistência praticada por ribeirinhos e a pesca científica devi-damente licenciada.

AgroecologiaReduzir as emissões de gases do

efeito estufa, recuperar pastagens degradadas e adotar a tecnologia Integração Lavoura, Pecuária e Flo-resta - ILPF. Essas são metas que o Ministério da Agricultura pretende levar adiante, com objetivo de ga-rantir a produção, estimular a gera-ção de renda, além de desenvolver

plantas resistentes às mudanças climáticas. Projeto experimental desenvolvido em Goiás vai ser mo-delo nacional.

A Fazenda Santa Brígida, em Ipameri, é o projeto goiano que ser-virá de modelo a iniciativas simila-

res, a serem implantadas em nível nacional. Com isso, Goiás passa a integrar a política nacional do Go-verno Federal no que diz respeito ao manejo sustentável e ambiental-mente responsável.

Para garantir o

uso sustentável do

bioma Cerrado foi

encabeçada por

Goiás e aprovada,

a Rede Pró Centro-

Oeste para o Cerrado

e o Pantanal.

Page 7: Revista Brasil Mata Viva 06

artigo | 13

Reserva a ser confirmada pelo ICMBIO

Veredas do

m 2002 foi criada a Reserva de Vida Silvestre-Veredas do Oeste Baiano, co-lhendo terras dos

municípios de Cocos e Jaborandi. Por Decreto Presidencial, a criação desta RVS somente foi possível em razão da existência de proprietários e produtores da localidade preocu-pados com a preservação do bioma da região. Proprietários cujas terras sempre foram produtivas, incentiva-dos e atraídos por política e recursos do Governo Federal – que, à época, estimulava ocupação e a expansão agrícola nos rincões desocupados e desabitados do país – para cultivar na localidade.

Desde a sua criação até o pre-sente momento não houve regula-mentação da RVS-Veredas do Oeste Baiano, seja por meio de Plano de Manejo, seja por ações desapropria-tórias das áreas inclusas na Reser-va. Assim, a RVS existe apenas no papel, mas não de forma concreta, efetiva e devidamente demarca-da. Em 2007 foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia

Uarian FerreiraÉ advogado e superintendente da

AMABRASIL (Associação Nacional para Defesa da Cidadania, Meio

Ambiente e Democracia )

E

Oeste Baiano

GRAFOPEL

Page 8: Revista Brasil Mata Viva 06

14 | artigo artigo | 15

federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a fina-lidade primordial de cuidar das Unidades de Conservação cons-tituídas pela União.

Apesar da inexistência de re-gulamentação da RVS, entre os dias 06 e 27 de abril de 2010 inúmeros produtores e proprie-tários do Oeste Baiano e Goiás sofreram autuações infligidas pelos agentes do ICMbio, cumu-lando-se multas, embargos de áreas e embargos de produção (apreensão da colheita da sa-fra/2010). Embargos de áreas que há anos são cultivadas re-gularmente pelos autuados.

As autuações e embargos foram fundamentados nos arts. 60 e 72 da Lei nº. 9.605 de 1998, nos arts. 53 e 93 do De-creto nº. 6.514 de 2008, e no art. 2º da Resolução do CONA-MA nº. 013 de 1990.

Além de flagrantemente ex-propriativa, ofensiva ao princí-pio da razoabilidade, saltou aos olhos a ofensa à moralidade pela qual deveriam ser revestidos tais atos, porquanto realizados no meio da safra agrícola de 2010, quando todos estão envolvidos no trabalho da colheita. Atos desta natureza, com apreensão do produto em colheita, têm um efeito devastador no emocional

do cidadão produtor, na pers-pectiva do negócio, da proprie-dade, da sobrevivência familiar, do conjunto econômico e de ser-viços da comunidade local En-fim, insegurança total.

A ação da autarquia, nes-ta hora e nesta oportunidade, quando o cidadão colhe o pro-duto de um ano inteiro de tra-balho, constitui ato de terror e o que é pior, ocultado no aparelho administrativo do Estado. Tudo o que a memória e a história pessoal de Chico Mendes repu-diavam e condenavam: o uso da máquina estatal para reprimir e aterrorizar o cidadão.

Ações “fiscalizadoras” e atos assim praticados atentam con-tra o Estado Democrático, con-tra os objetivos e os fundamen-tos da República (arts. 2º, II, II e IV; 3º, I, II e IV; 5º, II, XXII; e 170, II, III, IV, VI da CRFB/88). As autuações e os embargos de produtos e áreas de cultivos infligidos aos produtores pelo ICMBio no Alto do Jaborandi em razão da RVS são infundados, inapropriados, desarrazoados, ilegais e inconstitucionais, ofen-sivos a direitos líquidos e certos.

Frise-se que no caso da Uni-dade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre do Oeste Baiano o devido processo legal de criação

não foi observado, posto não ter havido participação popular. A participação popular no procedi-mento de criação das unidades de conservação (arts. 5º e 22 da Lei nº. 9.985 de 2000) consiste em reuniões e consultas públi-cas, oitiva da população local e de outras partes interessadas, concretização do princípio de-mocrático – o que significa exa-tamente o prestígio das bases, e não das cúpulas.

É a oitiva pública que permi-te à Administração conhecer os interesses em conflito e levar ao conhecimento popular as nor-mas relacionadas à Unidade de Conservação.

O Decreto nº. 4.340 de 2002, que regulamenta a Lei nº. 9.985/00, ressalta a impor-tância e o papel da consulta pública para a criação de uma Unidade de Conservação, tendo como finalidade principal subsi-diar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais adequados para a unidade. A obrigatoriedade de a Unidade possuir Plano de Manejo tam-bém está determinada nos refe-ridos lei e decreto.

O Plano de Manejo é docu-mento técnico elaborado pelo órgão gestor da unidade, aprova-do em portaria mediante o qual,

com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de con-servação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive das estruturas físicas necessárias à gestão da uni-dade. E deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da criação da Unidade.

A RVS-Veredas do Oeste Baiano não possui Plano de Ma-nejo. Não houve consulta popu-lar. O Decreto nº. 4.340/02, que regulamenta a Lei nº. 9.985/00, é taxativo quanto à importância e ao papel da consulta pública com a finalidade de subsidiar a definição da localização, da di-mensão e dos limites mais ade-quados para a Unidade.

É certo que o Poder Públi-co pode decretar limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e em-preendimentos efetiva ou po-tencialmente causadores de degradação ambiental para a re-alização de estudos com vistas à criação ou proteção de Unidade de Conservação, mas tudo deve ser feito dentro da legalidade,

em respeito aos princípios do Estado Democrático de Direito.

Enganaram-se os agentes do ICMbio. Em audiência pú-blica realizada na tarde do dia 18 de maio passado na Câmara de Vereadores de Jaborandi-BA para apresentação e adesão ao Programa Mata Viva, solicitada pela Associação dos Produtores do Alto Jaborandi, visível a con-cordância de todos (produtores, moradores, empresários, e co-merciantes instalados no Alto e Baixo Jaborandi) com a existên-cia da RVS.

Visível, também, o descon-tentamento manifestado contra a ausência de oportunidade de participação e oitiva popular, ao menos, quanto ao Plano de Manejo, mormente quanto às re-gras que disciplinam ou limitam o uso das propriedades contidas na Unidade ou em sua Zona de Amortecimento.

Todos querem a RVS, mas os excessos de agentes do ICM-Bio – com autuações de milhões de reais e apreensão de colhei-tas inteiras, aplicadas a quem há 12... 15... 18... 23 anos se encontra produzindo na região –

podem levar o Poder Judiciário a decidir até mesmo sobre a lega-lidade do Decreto Presidencial de criação da Reserva. Este é um risco que não convém.

Se efetivamente é intenção do ICMBio confirmar a RVS – Veredas do Oeste Baiano no plano legal, deve agora, tam-bém, confirmá-la em audiên-cia pública, dando a conhecer os limites efetivos da Reserva, a zona de amortecimento e o Plano de Manejo, tudo através de consulta e audição popular, com todas as oitivas.

Não há dúvidas de que a Câmara de Vereadores de Ja-boradi estará aberta e recep-cionará e convocará a todos para que o ICMBio se apresen-te e a todos ouça, de forma de-mocrática, cumprindo os dis-positivos da Lei nº. 9.985/200 e de seu Decreto regulamentar nº. 4.340/02, na construção do Plano de Manejo da Uni-dade. Disso depende a susten-tação do Decreto Presidencial da Reserva, editado no fiapo de poder da administração do Governo FHC, em 13 de de-zembro de 2002.

É a oitiva pública que permite à Administração

conhecer os interesses em conflito e levar ao

conhecimento popular as normas relacionadas

à Unidade de Conservação.

Não há dúvidas de que a Câmara de Vereadores de

Jaboradi estará aberta para que o ICMBio se apresente de

forma democrática, cumprindo os dispositivos da Lei nº.

9.985/200 e de seu Decreto regulamentar nº. 4.340/02,

na construção do Plano de Manejo da Unidade.

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16 | artigo artigo | 17

uestões ambientais que vêm se dese-nhando no cenário mundial têm aberto espaço para novas

oportunidades econômicas relacio-nadas a geração de energia, muito comentada nos dias de hoje como bioenergia. Essa nova denominação tem ganhado espaço nas abordagens e discussões sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente por ter como preceitos ser renovável e limpa. Surge neste cenário o Bio-diesel, em especial, o produzido a partir do óleo de mamona.

O biodiesel de mamona repre-senta nos dias atuais uma oportu-nidade tanto para pequenos, como grandes produtores, na diversifica-ção de sua matriz produtiva com possibilidade de agregar outra fonte de renda à sua propriedade.

Em se tratando de cultura de emergente importância econômica e social, a mamona, (Ricinus com-munis L.) é uma oleaginosa com inúmeras aplicações industriais. Originária provavelmente da Ásia e nordeste da África, aclimatou-se muito bem no Brasil onde hoje é encontrada desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas. Por se tratar de uma planta tolerante à seca e exi-gente em calor e luminosidade, está

Martha Santana do NascimentoEngenheira Agrônoma

Mestre em Sistemas de ProduçãoDoutora em Agricultura e

Produção Vegetal

Q

A grande aplicabilidade do óleo da mamona

em diversos setores da indústria deve-se

às suas nobres características estruturais

de molécula. Ao contrário de outros óleos

vegetais ele não perde a viscosidade em

altas temperaturas.

disseminada por quase todo o Nordeste.

Atualmente o óleo de mamo-na é empregado na indústria de plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas e vernizes, além de ser excelente óleo lubrificante para motores de alta rotação e carburante de motores a diesel.

A grande aplicabilidade do óleo da mamona em diversos setores da indústria deve-se principalmente às suas nobres características estruturais de molécula. Ao contrario de ou-tros óleos vegetais, o óleo de mamona não perde a viscosi-dade em altas temperaturas nem tampouco se solidifica em baixas temperaturas, possuindo também excelente estabilidade à oxidação.

Por queimar sem deixar resí-duos, torna-se o óleo ideal para motores de alta rotação, como foguetes espaciais e sistemas de freios de automóveis. Contri-bui grandemente na redução de emissão de gases causadores de efeito estufa por não possuir enxofre, grande responsável por tornar tóxicas e cancerígenas as emissões que resultam da quei-

ma de combustíveis fósseis.O Brasil foi, durante déca-

das, o maior produtor mundial de bagas de mamona e, ainda, o maior exportador do seu óleo. Nos últimos anos a Índia e a China alcançaram posição de maior destaque na produção. As principais causas da queda no desempenho da produção brasileira podem ser atribuídas à utilização de terras de baixa fertilidade, falta de adoção de práticas mais racionais de pre-paro, adubação e correção de acidez do solo, falta de controle de pragas e doenças, semeadu-ras fora de época adequada e a não utilização de sementes se-lecionadas.

No estado de São Paulo são desenvolvidos e cultivados hí-bridos de mamoneira, como os chamados híbrido Lyra e híbrido Savana. Essa melhoria genética tem por finalidade a busca por plantas de produção industriali-zável, com porte e altura apro-priados a mecanização da área e da colheita, boa disponibilidade para tratos culturais tecnológi-cos, alta resposta à adubação nitrogenada, resistência a pra-gas e doenças, e também a pos-

sibilidade de se conseguir maio-res produtividades com maior qualidade de bagas e maior pro-dução de óleo.

Em termos de produção, a cultura da mamona pode pro-duzir uma média de 600Kg de baga por hectare de área plantada. No caso dos híbridos mencionados essa produtivida-de chega a mais de 1200Kg/ha, o que corresponde por sua vez a cerca de 560 litros de óleo nes-sa mesma área. Vale lembrar ainda que em cultivos comer-ciais é possível fazer a explora-ção da cultura em sistema de “plantio direto”, ou no caso es-pecífico, em semeadura direta.

Com isso evidencia-se que a mamoneira pode ser uma alter-nativa rentável para pequenos e grandes produtores, sendo que para a expansão da cultura no País, torna-se fundamental o desenvolvimento e utilização de cultivares com alta produtivida-de, boa tolerância a doenças, boa adaptabilidade a diferentes condições de cultivo e, princi-palmente, uma arquitetura de planta adequada a métodos de cultivo modernos, sustentáveis e rentáveis.

produtora de óleo para biodiesel

A mamona

Page 10: Revista Brasil Mata Viva 06

18 | ibama ibama | 19

Até o momento,

além da piraíba,

onças pintadas,

ariranhas e jacaré-

açus já receberam os

rádio-transmissores

e vem sendo

monitorados pelo

projeto e seus

parceiros.

ma das mais importan-tes espécies de peixe do Rio Araguaia, o bagre gigante Piraíba, pas-sa a ser monitorado. O

acompanhamento será feito por meio de rádio-transmissores implantados nos peixes, afim de se conhecer os hábitos ecológicos do maior predador do Rio Araguaia.

A iniciativa foi tomada por mem-bros do Projeto Araguaia, programa desenvolvido em uma parceria entre o Instituto Onça-pintada – IOP, o Insti-tuto de Desenvolvovimento Econômi-co e Sócio-Ambiental – IDESA, a Ear-thwatch Institute e o IBAMA. Como o implante de rádios em Piraíba nunca havia sido realizado, foi necessário o ajuste de alguns protocolos de pesqui-sa antes da execução desta fase.

Ao longo da pesquisa, cinco espé-

cies de predadores e bioindicadores terão prioridades para serem monito-radas: a piraíba, o jacaré-açu, a ari-ranha, o boto e a onça-pintada. Até o momento, além da piraíba, onças-pintadas, ariranhas e jacaré-açus já receberam os rádio-transmissores e vem sendo monitorados pelo projeto e seus parceiros.

Em parceria com o Centro RAN/ICMBio, tartarugas da Amazônia tam-bém estão sendo monitoradas. A in-tenção é a de que todos os peixes do rio sejam monitorados. Para tanto, 20 regiões pré-estabelecidas ao longo de seus 2.000 km de rio serão amostra-das anualmente.

O objetivo dos idealizadores do Pro-jeto Araguaia é de contribuir para imple-mentação e manutenção de um corredor de biodiversidade entre as nascentes e a represa da hidrelétrica de Tucurui.

O superintendente do Ibama em Goiás, Ary Soares, considera ser de fundamental importância a participa-ção do órgão no projeto. Para ele, as informações que serão geradas podem contribuir para a melhoria da legisla-ção de proteção, bem como assegurar o manejo sustentável do rio e de ou-tros ambientes.

Esta etapa contou com o apoio da APA Meandros do Rio Araguaia e da iniciativa privada, através das em-presas Tropical Imóveis, Mantecorp Monsanto e pousadas próximas ao trecho percorrido. Ao todo, 20 pes-soas – entre pesquisadores e técni-cos – colaboraram com o projeto. O diretor da Tropical Imóveis, Antônio Carlos, que participou diretamente desta etapa, acredita que a iniciati-va privada “pode e deve” se envolver com estas iniciativas.

U

Fauna do

terá monitoramento de longo prazo

O bagre gigante Piraíba, uma das mais importantes espécies de peixe do Rio Araguaia, passa a ser monitorado. A iniciativa foi

tomada por membros do Projeto Araguaia, programa desenvolvido em uma parceria entre o Instituto Onça-pintada – IOP, o Instituto de Desenvolvovimento Econômico e Sócio-Ambiental – IDESA, a

Earthwatch Institute e o IBAMA.

Rio Araguaia

Page 11: Revista Brasil Mata Viva 06

20 | entreVista artigo | 21

Rodrigo Martinez CastroEng. Agrônomo - N&S Agriconsult

[email protected]

IntegraçãoLavoura

aumento popula-cional mundial e a crescente demanda mundial por ali-mentos exerce forte

pressão sobre os preços desses produtos, em especial dos ali-mentos industrializados, poden-do colocar em risco a economia mundial ou mesmo gerar uma crise de desabastecimento.

Vê-se nesse cenário uma ób-via necessidade de aumento da oferta de produtos agropecu-ários, que por sua vez pode se dar por meio do crescimento da área cultivada e/ou do aumento da produtividade. A sociedade tem exercido seu papel de regu-ladora do consumo, e vem pres-sionado, com base nas noticias muitas vezes sensacionalistas atualmente veiculadas, para que o aumento da área cultivada não se dê através dos desmatamen-tos, especialmente em biomas considerados como essenciais a sobrevivência no planeta e a re-gulação do clima, como a Ama-zônia e o Cerrado brasileiro.

É fato que mais inteligente que ampliar as áreas de produ-ção, é recuperar a capacidade produtiva das áreas antropiza-das e degradadas e intensificar a produção nas áreas cultivadas. O Brasil possui cerca de 80 mi-lhões de hectares de pastagens que apresentam algum grau de degradação, com baixa capaci-dade produtiva de forragens e consequentemente elevado índi-ce de perda de solo e água. Es-tas áreas podem ser recuperadas com a adoção de tecnologias e métodos mais modernos de agri-cultura, como o plantio direto e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sendo que essa consiste na implantação de di-ferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia e outros, na mes-ma área, em plantio consorcia-do, sequencial ou rotacionado. Aliando sistemas como os Plan-tio Direto com os de ILPF tem-se alternativas econômicas e sus-tentáveis para recuperar áreas de pastagens degradadas.

O

PecuáriaFloresta

Page 12: Revista Brasil Mata Viva 06

22 | artigo capa | 23

No sistema integrado, inicia-se o cultivo da espécie florestal, exótica ou não, com espaçamento ampliado nas entrelinhas das plantas, espaço esse que será utilizado para a implan-tação de uma cultura de interesse co-mercial da região (soja ou milho), nas entrelinhas por dois a três anos. No quarto ano implanta-se uma cultura forrageira, como a de Brachiaria por exemplo, consorciada com uma outra cultura de rotação, como o sorgo.

Após as colheitas dos grãos, en-tra-se com a utilização da área para pastejo, como o pasto já formado nas entrelinhas da floresta cultiva-da, permitindo a implantação da ati-vidade de pecuária e a sua explora-

ção até o corte da madeira, quando então o sistema deverá estar com-pletando 9 anos aproximadamente. A expectativa dessa integração é que as receitas geradas das lavouras e da pecuária paguem as despesas de implantação da floresta.

Ao final de um cliclo completo de nove anos o produtor terá en-tão sua receita final proveniente da venda da madeira. Utilizando-se um exemplo obtido em experimentos com integração Eucalipto, Arroz, Soja, Milho e Brachiaria, a venda fi-nal da madeira de corte foi capaz de proporcionar uma renda líquida de aproximadamente R$ 30 mil/ha ao longo de 9 a 10 anos, o que repre-

sentou cerca de R$3 mil reais por hectare-ano, isso sem considerar-se as receitas adicionais que poderiam ser geradas pelo mesmo sistema se aproveitarmos do mesmo para com-posição de uma área de produção de créditos de carbono.

Dado que o processo de inte-gração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma técnica que preconiza não só a intensificação da produtividade, como também o resgate de áreas de-gradadas e grande produção de bio-massa verde nas áreas, tem-se que a mesma é uma importante alternativa também na composição de matrizes de produção que visam a busca de ganhos por retenção de créditos de carbono, já que a pratica recupera a área degradada, aumenta a taxa de uso do solo, preserva o sistema solo-água-planta, e ainda fixa carbono de floresta por um período mínimo de 9 a 10 anos. Essa receita adicio-nal pode simplesmente aumentar a liquidez de rendimentos desse pro-cesso em cerca de 30 a 45%.

Também existem outra vanta-gens na adoção do ILPF. O Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), criou um programa de incentivo para a utiliza-ção do sistema integrado de lavoura, pecuária e florestas, o chamdo Pro-grama ILPF. A idéia desse programa é reduzir as emissões de carbono do país, em acordo com as novas me-tas assinaladas pelo governo, e tem como mote uma linha de crédito específica no Plano Safra 2009/10 para financiar a implantação da ILPF, utilizando recursos de bancos de fomento da ordem de R$ 1,5 bi-lhão para o plano de safra citado.

Cada produtor pode financiar até R$ 400 mil para implantar a ILPF, ou ainda receber mais 15% desse valor se tiver Reserva Legal Averbada. As taxas de juros são de 5,75% ao ano, para projetos em áreas degradadas e de 6,75% ao ano para outras situações, podendo ser pago em até 5 anos, sendo que com 2 anos de carência.

Combinação de cultivos agrícolas, arbóreos, pastagens e animais simultaneamente e/ou sequencialmente que permitem a máxima produção total.

ANO 0 ANO 1

Arroz

Arroz

Arroz

Arroz

Soja

Soja

Soja

Soja

ANOS DE 3 A 9 ANO 2

Bovinos

Bovinos

Bovinos

Bovinos

Pastagem

Pastagem

Pastagem

Pastagem

Início

9 - 10 m

3 - 4 m

Clone de Eucalipto

Sistemas Agroflorestais - SAF´s

Arroz

Soja

Madeira

Carne

Créditos Ambientais

estão disponíveis no mercadoBrasil Mata Viva

Presidente da Markit Ambiental, Hellen Robinson esteve em

Goiânia para apresentação dos registros dos Créditos Brasil

Mata Viva

A Presidente da Markit Ambiental, Hellen Ro-binson esteve na sede da Bolsa de Transações Ati-vos Ambientais do Brasil,

BTAAB, no dia 19 de abril com o ob-jetivo de apresentar o lançamento dos registros dos primeiros créditos Brasil Mata Viva do núcleo Xingu Mata Viva. Nesta reunião de lançamento estiveram presentes proprietários das áreas rurais integrantes ao núcleo Xingu assim como proprietários rurais de outros núcleos.

Estavam presentes o superintenden-te Ibama em Goiás, Ary Soares Santos, os representantes da Unesp/Fepaf, Julio de Mesquita filho e Rodrigo Martinez. Representando a N&S, empresa que atende ao Brasil Mata Viva, Dr. Vinícios Martins e Martha Santana do Nasci-mento, além do vice presidente Edson, da Associação São Lourenço Mata Viva.

A BTAAB é a empresa responsável pela comercialização dos créditos Bra-sil Mata Viva, a Markit atua como regis-tradora e a Word Energy Solutions é a age como a plataforma de transação. Ao adquirirem os créditos Brasil Mata Viva, as empresas estarão patrocinando o de-senvolvimento sustentável das comuni-

O

Page 13: Revista Brasil Mata Viva 06

24 | capa capa | 25

Produtores e empresários assistem atentos às

explicações da coordenadora do Movimento

Maria Tereza Umbelino e Hellen Robinson, presidente

da Markit Internacional

Onício Rezende, Carlos Ayrton Alla, George Wilson,

Julio Migotto, e Benedito Umbelino

Julio Migotto, Onício Rezende e George Wilson de

Paula na sede da BTAAB

Odair Rezende, Júlio Rotteli Filho e representantes

prestigiaram o lançamento do registro dos

primeiros créditos

Rodrigo Martinez, da Fepaf, Maria Tereza Umbelino,

Vinícius e Carlos Ayrton Alla

dades rurais beneficiando assim, a vida em todo o planeta.

Essas mesmas empresas pas-sam a propiciar as condições de cessar o desmatamento que, conse-quentemente, é um grande vilão da emissão de GEE e da destruição da biodiversidade que equilibra a vida no planeta. Simultaneamente é pro-movida a produção de alimentos de forma segura e sustentável.

Os recursos gerados pela compra dos créditos BMV são destinados di-retamente ao produtor que de forma assistida pelo programa, investe na utilização de novas tecnologias de uso da terra e na implantação de no-vas agroindustrias. Desta forma estará viabilizada a troca da exploração pro-dutiva da área a ser preservada pela renda dos novos empreendimentos. O

fato vai gerar nova dinâmica econô-mica na região e na utilização de me-lhores tecnologias que intensificam a produção em uma menor área.

InvestImento

Ao investir nos créditos Brasil Mata Viva, a empresa terá junto cré-ditos de carbono pelo mercado vo-luntário e créditos ambientais por se tratar de preservação da biodiversi-dade. Se estiverem no segmento da cadeia de alimentos, estarão promo-vendo a produção com procedência e segurança certificada, qualificando assim a cadeia de fornecimento.

A validação cientifica do processo Brasil Mata Viva é feita pela Unesp/Fepaf/N&S. O registro dos créditos por meio da Markit e disponibiliza-dos ao mercado pela plataforma da

WES, garantindo assim a segurança, a transparência e a visibilidade ne-cessária à empresa e ao mercado. Os créditos de florestas podem ser veri-ficados por todos de forma facilitada por um mecanismo de fácil acesso – via WEB e a segurança é obtida pela qualidade do processo de monitora-mento assegurado pela Fepaf.

Apos o lançamento dos registros pela Markit estes são disponibiliza-dos pela plataforma da WES e es-tarão disponíveis ao mercado para transação a partir de maio. Os re-gistros serão apresentados na maior Feira de Carbono do Mundo, a CAR-BON EXPO que ocorre em Colônia na Alemanha, no final do mês de maio, onde representantes da equipe Bra-sil Mata Viva e da BTAAB participa-rão do evento.

Coordenadora do Movimento Brasil Mata Viva, Maria Tereza

Umbelino, lança oficialmente o registro dos primeiros

créditos Brasil Mata Viva do núcleo Xingu Mata Viva

Page 14: Revista Brasil Mata Viva 06

26 | parceria parceria | 27

World Energy Solu-tions, Inc., uma em-presa de serviços líder em gestão de energia, acaba de fechar um

acordo de dois anos exclusivo com a Bolsa de Transação de Ativos Am-bientais do Brasil, a BTAAB. As duas empresas passam agora a transacio-nar os créditos Brasil Mata Viva, um programa brasileiro de biodiversidade e redução de carbono que vende mi-lhões de créditos de carbono na World Green Exchange®.

Os créditos, gerados pela preser-vação e restauração das florestas bra-sileiras, são certificados pelo padrão BMV (Brasil Mata Viva), registrados com a Markit Environmental Registry, e imediatamente colocados a venda na World Green Exchange.

A parceria representa uma vitória para a Word Energy no mercado vo-luntário de carbono e mostra o cres-cimento da preferência mundial pela World Green Exchange, um dos maio-res mercados de carbono no mundo. Inicialmente, a BTAAB disponibilizou

A

A World Energy Solutions é selecionada pelo Mercado Ambiental Brasileiro para negociar milhares

de novos créditos de carbono. A BTAAB dispõe 15 milhões de créditos de carbono a venda no World Green

Exchange, 50 milhões ainda em desenvolvimento

A parceria representa uma

vitória para a Word Energy

no mercado voluntário

de carbono e mostra o

crescimento da preferência

mundial pela World Green

Exchange, um dos maiores

mercados de carbono no

mundo

As empresas estabeleceram

uma parceria em 2009 para

criar sistemas de circuito

fechado que agilizam

o acompanhamento e

negociação de commodities

ambientais, uma visão em

andamento para a BTAAB.

e BTAAB

15 milhões de créditos para o siste-ma, com planos de vender em torno de 50 milhões em projetos ainda em desenvolvimento.

O envolvimento da BTAAB ain-da ressalta sinergias em curso en-tre a World Energy e a Markit En-vironmental Registry. As empresas estabeleceram uma parceria em 2009 para criar sistemas de circui-to fechado que agilizam o acompa-nhamento e negociação de commo-dities ambientais, uma visão em andamento para a BTAAB.

fecham parceria

World Energy

Page 15: Revista Brasil Mata Viva 06

28 | parceria certiFicação | 29

Por programas apoiados pelos governos do estado de Goiás e do Mato Grosso, a Bolsa de Transações de Ativos Ambientais do Brasil (BTAAB) é a empresa que comercializa cré-ditos de programas como o Brasil Mata Viva, de proteção de biodiversidade e redução de carbono. Ajuda fazendeiros locais a reduzir as emissões de carbono e proteger a biodiver-sidade, através de técnicas sustentáveis de

manejo da terra. A BTAAB utiliza o padrão ambiental, BMV

(Brasil Mata Viva), constituído pelo REDD, e projetos de biodiversidade e de biodiesel como modelo para um mercado potencial brasileiro. Estes projetos geram certificados BMV de crédito ambiental que a BTAAB ven-de em nome dos participantes do projeto, direcionando os rendimentos de volta à eles.

A World Energy Solutions, Inc. é um em-presa de serviços, líder em gestão de ener-gia, que aplica uma combinação segura de pessoas, processos e tecnologia para ajudar os clientes a gerir a energia como um ativo estratégico. Até a data, a Companhia tem transacionado mais de US $ 20 bilhões em energia resposta à demanda de commodi-ties ambientais em nome do seu Governo,

Comercial & Industrial, e os Utility clientes, criando mais de US $ 1 bilhão em valor para eles. A World Energy líder também no cres-cente mercado mundial de carbono, onde a World Green Exchange apóia a inovadora Iniciativa Regional de Gases de Efeito Es-tufa do programa cap-and-trade (cobertura-e-troca) para emissões de CO2. Para mais informações, viste www.worldenergy.com.

“Nós queremos trabalhar com a World Energy devido à sua lideran-ça no mercado mundial de carbono, sua grande quantidade de compra-dores de qualidade e suas relações com as indústrias de referência, in-cluindo a Markit, com quem temos almejado uma grande iniciativa de mercado para os estados brasileiros em que atuamos,” disse Maria Tere-za Umbelino de Souza, da BTAAB.

Segundo Maria Tereza, com a World Green Exchange é garantido o alcance global e o foco na qua-lidade. “Essa é a chave para avan-çar em nossa missão de proteger as florestas brasileiras melhorando as condições econômicas para as co-munidades rurais”.

Para a vice presidente do Mer-cado Ambiental da World Energy, Kenneth Ivanic, o Brasil está rapi-damente se tornando um epicentro do compromisso ambiental de lide-rança, garantindo a oportunidade de desempenhar um papel estra-tégico na realização de um mer-cado de commodities ambientais emergentes. “Estamos confiantes de que, trabalhando em estreita colaboração com a BTAAB e a Ma-rkit, não iremos criar apenas um mercado vital que beneficia pro-jetos nos estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás, mas que também serve como um modelo para futu-ros mercados aqui no Brasil e no mundo”, afirmou.

A World Green Exchange® é um mercado aberto, rico em in-formações, que permite que com-pradores e vendedores de commo-dities de carbono transacionem com confiança. Trabalhando com os melhores padrões, registros, consultores, empreendedores e bancos, a World Green Exchange simplifica o processo de contrata-ção ao evidenciar a transparência, qualidade, a escolha e valor.

Mais de 200 milhões de commo-dities verdes, medindo CERs, VERs, RECs, e compensações e subsídios RGGI Alberta, foram transacionadas no Green World Exchange, fazendo dele um dos maiores mercados de carbono primário no mundo.

Bolsa de Transação de Ativos Ambientais do Brasil

Acordo entre IMEI – Brasil Mata Viva e N & S Agriconsult vai beneficiar produtores

rurais que buscam certificação

Parceriagarante certificação de produtosagropecuários

azendeiros utilizando de maneira indiscrimina-da os recursos naturais de florestas nativas para expandir os seus negó-

cios, trabalhadores rurais explo-rados durante a colheita da safra, degradação generalizada do meio ambiente, adulteração do produto depois de industrializado, falta de padronização e uniformidade são

alguns dos fatores que pesam ne-gativamente e dificultam a comer-cialização dos produtos agrícolas e pecuários nacionais.

A falta de atenção às questões sócio-ambientais, pode se converter em futuras barreiras não-tarifárias aos países produtores, como o Bra-sil, que é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, cujo melhor ca-minho para resolver tais questões é

F A falta de atenção às questões sócio-

ambientais, pode se converter em futuras

barreiras não-tarifárias aos países produtores, como o Brasil, que é o

maior produtor mundial de cana-de-açúcar.

Page 16: Revista Brasil Mata Viva 06

30 | certiFicação reFlorestamento | 31

a certificação internacional. Para ajudar a diferenciar os pro-

dutores que respeitam as questões sócio-ambientais, dos produtores que degradam o meio-ambiente, foi fir-mada recentemente uma importante parceria que pode beneficiar direta-mente os agricultores de todo o País. O objetivo é auxiliar esses agricultores na obtenção de certificações sócio-ambientais reconhecidas internacio-nalmente.

Os selos de padronização interna-cionais são normas protocolares que visam a conformidade com as regras de mercado internacional. O proces-so é feito de maneira isenta, de forma com que cada parceiro tenha um pa-pel definido e não interfira nas demais fases. Essas regras são normatizadas de maneira única e reguladas de for-ma geral pelos membros do IAF (Fó-rum Internacional de Acreditadores). Cada país membro tem sua represen-tação do mesmo. No caso do Brasil, a representação no IAF é feita pelo INMETRO.

As parceiras entre a N & S Agri-consult, empresa de consultoria agro-ambiental, e a IMEI Consultoria, estão construindo, paralelamente ao pro-cesso de padronização da Metodolo-gia Brasil Mata Viva, o selo de Certi-ficação Internacional para empresas e propriedades agrícolas produtoras de Carbono. A N & S Agriconsult, já sig-natária de padrões internacionais de acreditação em segurança e qualida-de alimentar e de produtos agrícolas, vai desenvolver uma padronização de trabalho sustentável.

Nesse sentido, serão atreladas as premissas de boas técnicas agrícolas e pecuárias de produção, respeito e adequação ambiental e de adiciona-lidades sócio-econômicas. Isso fará com que as empresas certificadas por esse processo possam ter seus produtos e suas práticas de produ-ção aceitas em mais de 140 países, facilitando inclusive os processos de comercialização dessas propriedades nesses países. Tais empresas estarão capacitadas ainda para receberem as auditorias dos organismos certificado-

res internacionais, passando a agir em conformidade com estes.

A Triplo A - Standards, empresa brasileira e multinacional, na qual se espelharão as regras do Selo Brasil Mata Viva, possui 16 normas voltadas para as cadeias produtivas nacionais, como as do etanol e açúcar, carne bovina, suínos, aves, peixes, leite, soja, mel, milho, frutas, sucos e hor-taliças, entre outros produtos. Seus programas de qualidade foram consi-derados, pelos principais organismos certificadores internacionais, como os mais completos e abrangentes do mundo, tendo recebidos prêmios in-clusive do Banco Mundial. Será com base nessa mesma solidez que o Selo Brasil Mata Viva surgirá.

Segundo o diretor-executivo da Triplo A – Normas para América La-tina, Wilson Tomanik, a certificação acaba com qualquer dúvida sobre a forma como o produto será fabricado nas propriedades e indústrias certi-ficadas. Os programas de qualidade regulamentam e fiscalizam todo o pro-

cesso produtivo, da fazenda à gôndo-la do supermercado. Ainda segundo Tomanik, as questões trabalhistas, de saúde e segurança do trabalho, re-muneração, gestão ambiental, uso e reuso de água, defensivos agrícolas, desmatamento e reflorestamento, téc-nicas de manejo, transporte, aspectos físico-químicos do produto final, entre vários outros aspectos, são fiscaliza-das constantemente e devem respei-tar todas as legislações do país produ-tor e demais itens de controle.

O diretor da N&S Agriconsult, Vinício Martins do Nascimento, ex-plica que com a certificação Triplo A - Standards, casos como o de ex-ploração do trabalhador rural, des-matamento irregular, entre outros aspectos, deixarão de ocorrer. “É uma segurança para o comprador, que passará a exigir que os seus for-necedores sejam certificados e assim terão garantias efetivas da legalidade no processo produtivo e também da padronização, uniformidade e quali-dade do produto final”, avalia.

A N&S Agriconsult, empresa com mais de 10 anos de expe-riência no segmento agrícola e pecuário, espera que sejam oferecidas diversas rodadas de qualificação, pensando ainda na gestão e controle de projetos am-bientais, agropecuários e liga-dos aos mecanismos de desen-volvimento limpo-MDL. Dessa forma será viável a inclusão em diversos padrões de normas in-

ternacionais, como as já citadas anteriormente. A empresa conta com uma equipe de engenheiros agrônomos, civis, veterinários, geólogos, químicos e outros profissionais associados e tem como principal gestor, o Doutor Vinício Martins do Nascimento, professor titular pela UNESP, com pós-doutorado pelo Centro de Ciências Medioambientales de Madrid, na Espanha.

A empresa

árvores plantadas na ETE Goiânia100 mil

Programa de reflorestamento da Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia – ETE conta com 96 mil espécies de árvores nativas do Cerrado e um viveiro no qual são produzidas mudas para as unidades da Saneago.

programa de re-florestamento da Estação de Trata-mento de Esgoto de Goiânia – ETE

conta com 96 mil espécies de árvores nativas do bioma Cerra-do. Entre as principais espécies destacam-se o angico, xixá, ipê amarelo, ipê branco, jatobá,

paineira rosa, quaresmeira, pe-qui, ipê rosa e caroba.

Com a recuperação da mata ciliar e o plantio na área an-teriormente conhecida por sua intensa degradação, os animais voltaram a frequentar a região, sendo vistos exemplares de pacas, tatus, capivaras, patos selvagens; grande número de

O

Page 17: Revista Brasil Mata Viva 06

32 | reFlorestamento audiência | 33

No viveiro da ETE, que faz parte do programa

de reflorestamento, são produzidas mudas para

doação e para atender as unidades da Saneago.

pássaros como curicacas, bem-te-vis, quero-queros, tucanos e garças, além de répteis como ja-carés, cobras e jabutis.

No viveiro da ETE, que faz par-te do programa de reflorestamen-to, são produzidas mudas para do-ação e para atender as unidades da Saneago. A iniciativa tem como objetivos a preservação da água, reflorestamento das áreas degra-dadas, recuperação de matas ci-liares e ainda a sensibilização da comunidade para a importância e preservação dos recursos naturais.

As pessoas que visitam a Esta-

ção participam de palestras sobre o Cerrado; atividades como ofici-nas motivacionais, para a valoriza-ção da fauna e da flora; músicas; filmes e apresentações teatrais; além de receberem orientações sobre o preparo de compostagem orgânica, utilizada na adubação de plantas caseiras.

PlantIo de mudas

Os coordenadores do viveiro da ETE prestam esclarecimentos sobre a forma correta de se plan-tar uma árvore. A dica principal é plantar sempre a espécie que com-

põe a vegetação natural do local para a reconstituição da cobertura. O controle de formigas e cupins é fundamental, sendo necessário um trabalho constante da área até quatro anos após o plantio.

Para o bom desenvolvimento da planta é necessário uma muda de boa qualidade, além de cuidados especiais, que vão do seu plantio até a constante manutenção no campo. Por isso, na hora de reflo-restar, deve ser dada preferência às matas ciliares, reservas legais, topos de morros, encostas e áreas com pedras.

or iniciativa dos deputa-dos Mauro Davi e Riva, foi realizada a primeira audiência pública do núcleo Teles Pires Mata

Viva. Promovida pela Assembleia Le-gislativa do Mato Grosso no GTG Por-tas Abertas, em Colíder - MT, a au-diência oficializou o Projeto do Brasil Mata Viva para os 13 municípios en-volvidos: Sinop, Cláudia, Itaúba, Colí-der, Nova Canaã do Norte, Terra Nova do Norte, Nova Guarita, Nova Santa Helena, Marcelândia, Peixoto de Aze-vedo, Matupá, Guarantã do Norte e Novo Mundo.

Aberta pela coordenadora do Nú-cleo Ambiental da Assembleia Legis-lativa, Margareth Pozzobon, represen-tando o Deputado Riva, a audiência foi conduzida pelo entusiasta do pro-jeto, o deputado Dilceu Dal Bosco (DEM) e encerrada pelo deputado es-tadual Pedro Satélite (PPS). A mesa foi composta pelo prefeito de Colíder, Celso Banazeski e pelo presidente da Câmara de Vereadores, Luiz Salguei-ro, presidente da Associação Teles Pi-res Mata Viva, Antônio Fischer, a co-ordenadora do Movimento Brasil Mata Viva, Maria Tereza Umbelino de Sou-za, o representante da Fepaf/Unesp,

P

o NúcleoTeles Pires Mata Viva

Oficializado

Audiência pública realizada em abril, na

cidade de Colíder – MT, oficializou a criação

do Núcleo Teles Pires Mata Viva. O projeto

vai chegar a treze municípios do estado

do Mato Grosso

Page 18: Revista Brasil Mata Viva 06

34 | audiência audiência | 35

Produtores rurais, empresários e autoridades

regionais assistiram a um vídeo e a explicação

da sistemática do programa BMV pela

coordenadora, Maria Tereza.

Projeto tem participação de empresas como a

Premix Suplementos Minerais, o Grupo JBS, Yoorin

Fertilizantes, Grupo Fockink, cooperativas de Terra

Nova – Coopernova e a de Colíder – e Comacol.

certificando as cadeias de produtos e, juntamente com a associação, auxilia a gestão do núcleo. São parceiros do programa, o IBAMA/MMA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento, Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental (IDESA), IMEI Consultoria e Treinamentos Em-presariais, Markit Financial Informa-tion Services, MidiaGEO Tecnologia, Bolsa de Títulos de Ativos Ambientais do Brasil (BTAAB), Governo do Estado de Mato Grosso, o Governo do Estado de Goiás, entre outros.

“Esta metodologia é uma das qua-tro mundiais existente como padrão de pagamento de serviços ambientais, que são a VSC (Bolsa de Chicago), a CDM (resultado do protocolo de Quio-to, CCB Standart (CCBS), administra-do pelo Climate, Community & Biodi-versity Alliance (CCBA) e o Brasil Mata Viva (BMV)”, ressalta Maria Tereza. agregando valor

O palestrante, doutorando Rodrigo Martinez e representante da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF) da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), relatou que a instituição vai validar o proces-so do título ambiental à propriedade, assim como os produtos (commodities) oriundos do núcleo, agregando valor e viabilizando o comércio com países que adotam o IAF (INTERNATIONAL ACCREDITATION FORUM, INC). “Isto agregará valor às commodities e terá aceitação em mais de 150 países”, re-latou Rodrigo.

O presidente da Associação Teles Pires Mata Viva, Antônio Fischer, reco-nhece a importância dos Pagamentos dos Serviços Ambientais para a região e mais ainda, da criação da matriz pro-dutiva. Segundo ele, o processo vai aquecer a economia da região como um todo, especialmente devido a par-ticipação de empresas como a Premix Suplementos Minerais, o Grupo JBS, Yoorin Fertilizantes, Grupo Fockink, ainda a cooperativas de Terra Nova – Coopernova e a de Colíder - Comacol.

Depois das adesões, os próximos passos são o inventário florístico e o le-vantamento do estoque de carbono de cada propriedade, feitos pela empresa parceira MidiaGEO Tecnologia.

Rodrigo Martinez, a vice-prefeita de Itaúba, Rosana Massaro Rebussi e o presidente do Sindicato dos Trabalha-dores Rurais de Colíder, José Pernam-buco.

Produtores rurais, empresários e autoridades regionais assistiram a um vídeo e a explicação da sistemática do programa BMV pela coordenadora, Ma-ria Tereza. “Pelo BMV, as árvores ex-cedentes ou que estão dentro do que é exigido por lei (Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente) passam a ter valor econômico pelos serviços am-bientais que prestam ao meio ambien-te”, observou Maria Tereza.

Ela explica que o recurso advém da transação em bolsa do título ambiental embasado no levantamento do estoque de carbono da propriedade, estando a árvore onde estiver. Do recurso, uma porcentagem é destinada aos parceiros do BMV e, do montante restante, 50% é repassado diretamente para o produ-tor para recuperar o que precisa para se adequar ambientalmente através da lei ambiental. Outro possível destino é o incremento de tecnologia nas áreas abertas, visando a maior rentabilidade econômica possível da parte aberta. Os outros 50%, seguem para fomentar uma matriz produtiva sustentável.

A criação da matriz, segundo Maria Tereza, garante que o recurso destina-do isoladamente para cada proprieda-de não se perca dentro da inviabilidade econômica e logística ou da má gestão do proprietário rural pelo fato de estar sozinho no sistema. Com a matriz, o produtor rural passa a ser uma entida-de com maior poder de barganha na compra de insumos agrícolas e maqui-nários. Tem também maior poder de venda pela certificação do processo do seu produto e ainda a implantação das unidades fabris que vierem a ser necessárias para o beneficiamento ou para tornar o sistema integrado e sus-tentável. “Além de tudo isto, ainda há a divisão do lucro da matriz aos asso-ciados na mesma proporção do valor por ele repassado”, analisa.

Maria Tereza explica ainda que o Brasil Mata Viva é uma articulação de empresas e instituições que, além de viabilizar a busca do recurso, auxi-lia na concepção da matriz produtiva,

Page 19: Revista Brasil Mata Viva 06

36 | entreVista entreVista | 37

substituir o anuncio na gráfica

Page 20: Revista Brasil Mata Viva 06

38 | internacional internacional | 39

Expo 2010Comitiva Brasil Mata Viva segue para a cidade de

Colônia, na Alemanha, onde participa da Carbon Expo 2010. O evento está em sua sétima edição e objetiva

o encontro dos mercados que demandam e o que oferecem os créditos de carbono.

Carbon

comitiva Brasil Mata Viva participa nos dias 26, 27 e 28 de maio, na cidade de Colônia, na Alema-

nha da sétima edição da Carbon Expo. Organizado pelo World Bank, International Emissions Trading Association (IETA) e Koelnmesse, o evento promove o encontro dos mercados que demandam e o que oferecem os créditos de carbono.

Especialistas se reúnem para tro-car informações e se atualizar sobre os projetos mais recentes de CO2 e no desenvolvimento do clima. A par-ticipação do Movimento tem como objetivo a divulgação aos investido-res do novo Padrão Brasil Mata Viva com foco na transparência e susten-tabilidade no próprio projeto.

A Bolsa de Transação de Ativos Ambientais do Brasil, a BTAAB é destaque como o fornecedor do

mês, pela postagem de 15 milhões de toneladas de crédito de carbo-no, disponível para os investidores da World Energy Solutions.

A Carbon Expo contará com expositores no local da feira, con-ferências e muitas oportunidades para que o público do mercado de carbono possa alargar o seu leque de conhecimentos e negócios. São esperados 240 expositores de 68 países.

A

A Carbon Expo contará

com expositores no local

da feira, conferências

e muitas oportunidades

para que o público do

mercado de carbono

possa alargar o seu leque

de conhecimentos e

negócios.

Page 21: Revista Brasil Mata Viva 06

40 | plano saFra plano saFra | 41

Produtores terãojuros mais baixos

Ministro anuncia incentivos a produtores que preservam o meio ambiente. Foco do Plano Safra 2010/2011, o tema está entre os objetivos do Governo Federal para estibular o plantio e a

comercialização da colheita.

rodutores vão ser premiados com juros mais baixos e crédi-to por boas práticas ambientais. Foco

do Plano Safra 2010/11, o tema está entre os objetivos do Governo Federal para estimular o plantio e a comercialização da colheita, levando em conta a preservação ambiental.

A proposta já foi debatida e colocada em prática em Goiás por meio da Secretaria de Agri-cultura – Seagro, que desde o ano passado participa de proje-to de tecnologias rurais voltadas ao aumento da produção aliada à manutenção do bioma Cerrado. Nos planos do Governo Federal estão atrativos adicionais, além da facilidade de crédito.

Além das facilidades de crédi-to, estão previstos o financiamento de estoques de etanol, construção de armazéns nas fazendas, além de possível solução ao endivida-mento do setor rural, por meio de ação direta do Tesouro Nacional. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, prepara o que chama de “metas ousadas” para programas de integração lavoura-pecuária-florestas, o chamado ILPF.

exPerIêncIa goIana

Em Goiás, a experiência colhe os primeiros frutos e foi adotada no ano passado na Fazenda Santa Brí-gida, em Ipameri. Plantio direto na palha e produção de alimentos orgâ-nicos fazem parte das ações do Go-verno Federal para a próxima safra. “Vamos mostrar mais claramente os caminhos ao produtor em programas específicos”, disse o ministro, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Secretário da Agricultura, Leo-nardo Veloso, acompanha de perto o lançamento do Plano Safra. Ele defende projetos de ILPF, manu-tenção do bioma Cerrado e apoio ao produtor. O anúncio do Plano em maio obedece determinação do Governo Federal, que pretende an-tecipar as ações e possibilitar me-lhores condições de juros e seguro aos produtores rurais.

Para a próxima safra (2010/11), o Governo Federal pretende dimi-nuir as taxas de juros e reduzir o prêmio de seguro para quem ado-tar tecnologias mais sustentáveis, como o plantio direto na palha. Além disso, quer avançar em polí-ticas de incentivo à plantação de lavouras que sejam compatíveis com a atividade dos pecuaristas e a recuperação de pastagens.

P

O Governo Federal

pretende diminuir as

taxas de juros e reduzir

o prêmio de seguro

para quem adotar

tecnologias mais

sustentáveis

Page 22: Revista Brasil Mata Viva 06

42 | artigo

o que é o efeito de

ODr. Rildo Santana do Nascimento

Eng. Agrônomo especialista em Produção de Açúcar e Álcool

Dr. Rodrigo Martinez CastroEng. Agrônomo especialista em

Adequação Ambiental

meio ambiente:Cana queimada e

aquecimento global vem sendo considerado o principal proble-ma ambiental da atualidade. O acúmulo excessivo de gases do efeito estufa (GEEs) na atmos-

fera, devido a atividades antrópicas, é o fator gerador da mudança climática no planeta, segundo a mesma corrente de pensamento. O uso de combustíveis fósseis e a mudança

de uso da terra concentram em si os princi-pais fatores de emissão antrópica de GEEs, dos quais o presente em maior quantidade na atmosfera é o dióxido de carbono (CO2), sendo ainda o gás tomado como referência no assunto.

Alguns estudiosos demonstraram que cerca de 40% dos resíduos agrícolas pro-duzidos nos países em desenvolvimento são

smog fotoquímico

artigo | 43

queimados no campo, sendo que até meados da década de no-venta o setor sucroalcooleiro era responsável pela produção de 11% dos resíduos agrícolas mun-diais, os quais liberam substan-cial quantidade de CO2 e outros GEEs para a atmosfera, quando queimados.

Segundo Lima (1999) a cana-de-açúcar é responsável por cerca de 98% das emissões de gases provenientes da queima de resí-duos agrícolas no Brasil. As eta-pas iniciais do ciclo produtivo da cana-de-açúcar envolvem: o pre-paro do solo, o plantio das mudas e os tratos para prevenção con-tra pragas, além da fertirrigação. Após o processo de maturação a cana passa pelo processo de co-lheita. Essa fase envolve as etapas de limpeza (eliminação de pontas e folhas), corte e carregamento.

Os três tipos de colheita mais difundidos no Brasil são: (1) se-mi-mecanizada, ou seja, limpeza do canavial com queima, corte manual e carregamento mecani-zado, feito por gruas carregado-ras; (2) mecanizada com colheita de cana queimada, ou seja, lim-peza com queima, e corte e carre-gamento mecanizados, feitos por colheitadeiras de cana picada; e (3) mecanizada com colheita de cana crua, ou seja, corte, limpe-

za e carregamento mecanizados, feitos por colheitadeiras de cana picada, sendo a colheita de cana queimada o processo ainda em maior utilização no Brasil.

Sabe-se que a queima pré-colheita do canavial libera gran-de quantidade de CO2 para a atmosfera, além de outros GEEs e também material particulado (“carvãozinho”). Apesar de haver um entendimento na comunida-de científica de que a cultura da cana-de-açúcar absorve durante o seu ciclo todo o CO2 liberado du-rante a queima pré-colheita do ci-clo anterior, além do CO2, duran-te a queima são liberados outros GEEs como N2O, NOx durante a fase de combustão com chama, e CO e CH4 durante a queima com predomínio de fumaça. Assim a queima pré-colheita da cana-de-açúcar é reconhecida como um importante problema ambiental, sendo inclusive legalmente re-gulamentada e com previsão de eliminação desse processo.

Segundo pesquisas realizadas pelo INPE no final da década de oitenta, averiguou-se naquela si-tuação que a queima da palhada emitia gases que podiam facil-mente se combinar no ambiente e reagir fotoquimicamente na at-mosfera, transformando-se prin-cipalmente numa variação do gás

de ozônio, ou seja, o chamado “Smog Fotoquímico”.

O smog fotoquímico é a rea-ção de hidrocarbonetos não po-luentes com gases presentes na atmosfera (O3, NO e NO2), ten-do o ozônio como sua principal componente tóxica resultante. Estima-se que o efeito dessas combinações de gases na atmos-fera sejam cerca de quinze vezes superior aos potenciais efeitos causados pela emissão da mes-ma quantidade de gases oriundos do CO2 apenas.

Diferentemente das combi-nações de gases formadas pelas emissões das grandes cidades e atividades industriais (que são fortemente baseados em com-postos de enxofre), os compos-tos fotoquímicos tóxicos forma-dos pela queima da palhada da cana (e/ou da queima de qual-quer material de origem vegetal, como a queimada de florestas ou de restos vegetais ou biomassa), são compostos potencialmente muito mais danosos, já que eles tem características predominan-temente oxidantes.

Essas características criam um ambiente favorável na atmos-fera para reações de oxidação de compostos (consumindo oxigênio disponível) e também levando ao aumento de ácidos e nitratos

As etapas iniciais do ciclo produtivo da cana-de-

açúcar envolvem: o preparo do solo, o plantio das

mudas e os tratos para prevenção contra pragas, além

da fertirrigação. Após o processo de maturação a cana

passa pelo processo de colheita.

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Queimadas | 45

este ano, Goiás passou a fazer parte da lista de estados em si-tuação de emergência ambien-tal, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Uma portaria pu-

blicada pelo Ministério do Meio Ambiente no Diário Oficial da União em abril relacionou 14 estados onde as queimadas serão mais fre-quentes a partir de maio, quando o tempo fica mais seco e se intensificam os focos de calor.

A inclusão de Goiás na lista objetiva re-forçar o combate a esses focos. O Corpo de Bombeiros esteve presente em diversas reuni-

ões no Ministério para traçar ações contra as queimadas. Estão em situação de emergência ambiental, além de Goiás, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Entre os meses de maio e novembro não é apenas a população goiana que sofre com a baixa umidade do ar. A vegetação e os ani-mais também enfrentam um período de mui-tas queimadas. No período chuvoso, a alta umidade do ar forma uma camada natural que protege a vegetação e na época da seca essa

Goiás está na lista de emergência ambiental.

São 14 estados nessa situação. Por isso, a

Operação Cerrado Vivo 2010 foi antecipada

e tem como foco o trabalho preventivo. Os bombeiros pretendem

conscientizar a população a respeito

dos riscos das queimadas.

Operação Cerrado

Vivo 2010N

44 | artigo

orgânicos, que por sua vez con-tribuem em ainda mais elevado grau aos fenômenos de impac-to ambiental negativo, como as chuvas ácidas (que deslocam-se junto as massas de ar por cente-nas de quilômetros) e a eutrofiza-ção de lagos e rios. Ao se infiltrar nos solos, os ácidos presentes na água de chuva reagem com diver-sas substâncias, liberando íons metálicos tóxicos como Al3+, Pb2+, Cd2+, os quais podem ser introduzidos na cadeia alimentar, quando afloram e são ingeridos por animais ou mesmo utilizado pelas plantas daquela região.

Nesse cenário a preservação das florestas e dos biomas flores-tais agem positivamente na miti-gação e na prevenção de vários dos processos nocivos citados, pois a preservação diretamente evita a queimada da biomassa daquela área, protegem as cama-das do solo da incidência direta de chuvas, evitando a erosão e também do contato direto com compostos tóxicos das chuvas, protegendo os mananciais de água e a flora baixeira da floresta.

As árvores ainda estocam CO2, reduzindo a disponibilidade desse gás nas reações fotoquími-cas de ligação dos compostos, que além de equilibrar a energia total do bioma, tem importante efeito na regulação da umidade do ar, que por sua vez interfere diretamente no regime de chuvas.

No caso da cultura da cana vêem-se problemas com a via-bilidade de projetos da mesma em consórcio, como no caso do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, sendo que a necessidade de mecanização da cultura da cana impediria ou di-ficultaria grandemente a integra-ção da mesma num sistema flo-restal ou mesmo o rotacionado. Historicamente essa cultura está

associada a exploração econômi-ca das propriedades, objetivando a máxima produtividade e renta-bilidade por área, dado ainda o valor de exportação dos seus pro-dutos derivados, o que faz com que dificulte-se a viabilidade econômica de consórcios.

Com as atuais necessidades de mecanismos limpos de de-senvolvimento e da inclusão da sustentabilidade dos processos agrícolas na mesa de discussão, fica muito claro o importante pa-pel do sistema de colheita meca-nizada da cana-de-açúcar, que por sua vez tende a reter maior quantidade de palha na área, incorporando matéria orgânica e estocando carbono no solo, e, que preconiza ainda a não quei-mada das áreas a serem colhidas, já que os equipamentos estão de-vidamente adequados a situação da original natural da cultura no ponto de colheita.

Em contrapartida, falando-se mais fortemente da sustentabili-dade do processo, o lado social-mente ajustado da questão é co-locado em cheque, já que a cada equipamento de colheita coloca-do em trabalho no campo, cerca de 80 empregados do corte de cana são substituídos. Sabe-se

que as condições de trabalho na colheita de cana não são as mais adequadas, porém tem-se auto-maticamente uma questão social em debate, que é o rearranjo des-ses trabalhadores no organogra-ma da empresa sucroalcooleira.

Os desafios envolvendo sus-tentabilidade e questões direta-mente ambientais são imensos e merecem muita atenção. O sistema de produção e utiliza-ção do etanol, apesar de visto como extremamente limpo, ain-da envolve questões importantes a serem revistas e posicionadas na nova economia mundial, a economia verde e sustentável. Países produtores precisam es-tabelecer seus novos paradigmas com relação ao mecanismo agrí-cola e industrial de produção de açúcar e álcool.

O Brasil, como o maior produ-tor de cana-de-açúcar do mundo precisa posicionar seus produ-tores e empresários do meio em relação ao mercado mundial, tra-zendo os Estados e Municípios também para a mesa de negocia-ções, sendo que esses “players” devem o quanto antes estabele-cer suas formas e regras de ne-gociação para a nova economia, antes que ela imponha-se a eles.

O Brasil, como o maior produtor de cana-

de-açúcar do mundo precisa posicionar seus

produtores e empresários do meio em relação

ao mercado mundial, trazendo os Estados e

Municípios também para a mesa de negociações.

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ela primeira vez em doze anos, a preservação do Vale do Araguaia entra na pauta do

XII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o FICA, que acontece na Cidade

Araguaia em

XII FICAdebate no

Em Goiás, 18 municípios fazem

parte do Vale do Araguaia. Um sinal

claro da preocupação com o bioma é a

participação inédita dos representantes

desses municípios no XII Festival

Internacional de Cinema e Vídeo

Ambiental, o Fica.

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O foco da Operação Cerrado Vivo 2010

é, mais uma vez, o trabalho preventivo.

O Corpo de Bombeiros alerta que é

preciso conscientizar a população

goiana do risco de provocar queimadas.

proteção acaba. O foco da Operação Cerra-do Vivo 2010 é, mais uma vez, o trabalho preventivo. O Corpo de Bombeiros alerta que é preciso conscientizar a população goiana do risco de provocar queimadas.

QueImadas

Em menor escala do que no passado ainda se pratica a queimada para a pre-paração do solo em função de atividades agrícolas e pecuárias, como plantios ou formação de pastagens. O Corpo de Bom-beiros lembra que uma queimada pode desencadear tragédias, de forma que é preciso desestimular essa prática com o maior rigor, recorrendo-se, quando for possível, a formas duras de punição. A Corporação pretende estreitar ainda mais a relação com os produtores rurais, em especial no interior de Goiás, realizando palestras sobre os riscos da prática.

As queimadas também levam riscos às rodovias, pois as labaredas ou fumaça pe-netram nas pistas. A imprudências, como o lançamento de tocos de cigarro junto às rodovias, também têm de ser banidas em definitivo porque continuam provocando incêndios. Equipes do Corpo de Bombeiros em todo o Estado, em parceria com as po-licias Rodoviárias Federal e Estadual, estão prontas para orientar a realização de acei-ros e queimadas controladas nas margens das rodovias e nos parques ambientais para evitar a ocorrência dos grandes incêndios.

Nas próximas semanas, os bombei-ros vão realizar oficinas de Confecção de Abafadores. Os equipamentos produzidos serão empregados pelas Unidades Opera-cionais do Corpo de Bombeiros Militar no combate aos incêndios em vegetação nos diversos parques e áreas de Proteção Am-biental do Estado. Os abafadores servirão para reforçar operacionalmente os quar-téis da corporação, por se se tratar de uma ferramenta essencial para o combate direto às chamas, além de proporcionar economia aos cofres públicos.

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Feira | 49

Parecissupera as expectativas

Super Agro

Aproximadamente 4.500 pessoas visitaram a Feira nos quatro dias do evento

Vitrine tecnológica regional, assim foi definida a 3ª Pare-cis SuperAgro - Feira Tecnológica de Ne-

gócios do Parecis, realizada entre os dias 19 a 22 de abril de 2010 em Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. Para o presidente do Sindicato Rural, Odenir Ortolan, a terceira edição revolucionou o modo

de pensar da sociedade sobre a pro-dução agrícola.

Abrangendo todos os públicos, a Feira reuniu mais de trezentos ex-positores que acreditaram no poten-cial da Parecis SuperAgro e juntos levaram o nome de Campo Novo do Parecis, para todo o Brasil via te-levisão (Canal do Boi – Leilão Su-perAgro, que em negociações supe-rou um milhões de reais e do Canal

V

48 | Xii Fica

de Goiás, de 8 a 13 de junho. A in-formação é do pesquisador da UFG, Laerte Ferreira, também consultor do Festival.

O Araguaia se destaca por ser o único grande rio do mundo que não sofreu intervenção direta do homem na forma de construção de barragens. Mas o rio sofre inúmeras ameaças, inclusive a da implantação de uma hidrovia. Segundo Laerte, a maior preocupação no momento não é a intervenção humana no rio, mas em seu entorno. A ameaça está em suas margens, no Cerrado.

“O Vale do Araguaia tem passa-do por profundas transformações ao longo dos últimos 40 anos, principal-mente em função da agropecuária. As estimativas são de que aproxi-madamente 43% de toda a bacia do Araguaia já foram transformados em pastos e lavouras”, afirma o pesqui-sador da UFG. Ele acrescenta que os desmatamentos causam a produção de sedimentos que alteram o leito e a vazão do rio, afetando a biodiversida-de do bioma.

Pesquisa recente realizada pela UFG constatou que grande parte de áreas de preservação permanente ao longo do Rio Araguaia foi imensa-mente desmatada, principalmente no segmento do Alto e Médio Araguaia, na Serra do Caiapó, na divisa entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, até Conceição do Araguaia. A situação é grave e preocupa não ape-nas pesquisadores, mas autoridades públicas e a população da região.

Em Goiás 18 municípios fazem parte do Vale do Araguaia. Um sinal claro da preocupação com o bioma é a participação inédita dos represen-tantes desses municípios no XII Fica. Presidente da Agência Goiana de Cultura – Agepel e responsável pelo debate sobre o Vale do Araguaia no Festival, Linda Monteiro articula a criação de um Fórum de Desenvolvi-mento Sustentável da região. A ideia é possibilitar a troca de experiências entre gestores públicos e a busca de soluções comuns para os problemas ambientais que podem destruir um dos rios mais piscosos do mundo.

Em Goiás, 18 municípios fazem parte do Vale

do Araguaia. Um sinal claro da preocupação

com o bioma é a participação inédita dos

representantes desses municípios no XII Fica.

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entreVista | 5150 | Feira

Rural –Rural Eventos, com mais de duas horas de transmissão ao vivo para todo o Brasil).

A visibilidade da agricultura da região do “Chapadão do Parecis” ultrapassou todas as fronteiras e se projetou a nível nacional de uma forma dinâmica e muito transparen-te, afinal a Feira não se ateve so-mente em apresentar as novidades e possibilidades de aumentar a pro-dução e os lucros. A preocupação com o andamento do setor agrícola, foi levada a sério e norteou boa par-te das palestras (Circuito Aprosoja ) e simpósios (Oleaginosas e Crédito de Carbono).

O produtor rural teve a oportuni-dade de acesso a novas tecnologias e o esclarececimento de dúvidas com os mais renomados palestran-tes do Brasil, que estiveram em Campo Novo do Parecis discutindo e apresentando aonde estão as opor-tunidades e como chegar até elas.

destaQues

O primeiro simpósio matogros-sense sobre “Sequestro de Carbo-no e Possibilidades de Crédito de Carbono e Pagamento por Serviços Ambientais”, foi um destes desta-ques. Coordenado por conhecedo-res na área, como a presidente do Movimento Brasil Mata Viva e dire-tora do Instituto de Desenvolvimen-to Econômico e Sócio-Ambiental - Idesa, Maria Tereza Umbelino. O engenheiro agrônomo e doutorando do Departamento de Agronomia da Unesp, Rodrigo Martinez Castro, o

vice diretor da Aprosoja, Ricardo Arioli Silva e o secretário de Desen-volvimento Agropecuário e Coopera-tivismo do MAPA, Márcio Antônio Portocarrero

O sucesso da Feira não se ateve somente aos palestrantes, o grande público (aproximadamente 4.500 pessoas), que participou ativamen-te nos quatro dias da Parecis Supe-rAgro, visitando e interagindo com as novidades apresentadas na Feira. Finalizando os trabalhos da edição de 2010, Odenir Ortolan, presiden-te do Sindicato Rural, motivado pelo sucesso do evento que este ano teve como norte a preservação ambien-tal, agradeceu todos os parceiros

(Banco do Brasil, SENAR, AMPA, IMA-MT, Fundação- MT e Famato), por terem ajudado a realizar a 3ª Parecis SuperAgro, e transforma-lá em um grande evento.

“Não posso deixar de agradecer os parceiros que desde a primeira edição acreditaram no evento, e ajudaram o Sindicato Rural a rea-lizar a Feira Tecnológica de Negó-cios do Parecis”, pontuou Ortolan, ressaltando que cada empresa par-ticipante tem seu mérito individua-lizado pelo Sindicato Rural. “Se não fossem as mais de trezentas empre-sas, a SuperAgro não seria tão per-feita como foi este ano”, explicou Odenir, já antecipando algumas novidades para a 4ª edição da Pa-recis SuperAgro entre elas, Odenir destacou o turismo rural que deverá ser mais uma das áreas a ser explo-radas na Feira em 2011.

Aproximadamente 4.500

pessoas participaram

ativamente nos quatro

dias da Parecis

SuperAgro, visitando

e interagindo com as

novidades apresentadas

na Feira

Equipe BMV comandou o primeiro simpósio matogrossense sobre Sequestro de Carbono,

possibilidades de Crédito e Pagamentos por Serviços Ambientais.