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Revista País EconômicoTRANSCRIPT
Julho 2012 | País €conómico › 1
Em força para moçambiqueJoaquim Costa, Presidente da Costa & Carvalho, anuncia ainda para este ano, o início da atividade naquele país africano
nº 118 › Mensal › Julho 2012 › 2.20# (IVA incluído)
Pedro ReisPresidente da aicep Portugal
antónio coradinhoPresidente da câmara Portuguesa da Bahia
antónio aragãoadministrador da Fábricas Lusitana
dossiER EsPEciaL – PoRtugaL/moçamBiquE
› HEad
2 › País €conómico | Julho 2012 Julho 2012 | País €conómico › 3
Editorial
Nesta edição apresentamos uma profusão de notícias relacionadas com investimentos concretos de empresas portuguesas no exterior, assim como dados de exportação de outras empresas nacionais. As-sim como algumas informações sobre investimentos estrangeiros em Portugal. Significa por esta simples amostragem que as empre-sas portuguesas estão a tentar lutar contra a crise e que os merca-dos externos assumem cada vez mais um papel de locomotiva do seu desenvolvimento.É certo que os principais responsáveis governamentais portugue-ses têm-se desdobrado em viagens e iniciativas para mostrar as boas condições do país em receber investimento externo, assim como tem diligenciado no sentido de em certos países não serem agravadas as dificuldades na entrada de produtos portugueses nos seus mercados. Foi o que aconteceu recentemente no Brasil a res-peito do azeite português, no que constituiu uma vitória impor-tante da diplomacia nacional. Esperamos que o mesmo venha a ocorrer na questão mais difícil do vinho.No entanto, para além do papel dos responsáveis políticos na fa-cilitação da ação e atividade das empresas portuguesas no exte-rior – afinal, cumprem apenas o seu papel – importante é realçar e sublinhar isso sim a capacidade do empresariado português em enfrentar as dificuldades e em lutar para conseguir progredir e as-segurar as condições de crescimento e sustentabilidade empresa-rial e social.Portugal vive tempos difíceis e certamente que não os vai superar tão cedo. É preciso emagrecer o Estado e obrigá-lo a não viver per-manentemente à custa da sociedade e das empresas. Cabe a estas procurar as condições para se modernizarem e crescerem. Pelas condições concretas do país (em recessão), mas fundamentalmen-te pelas oportunidades e porque faz todo o sentido, as empresas portuguesas devem apostar cada vez mais nos mercados externos. Não esquecer a Europa, mas olhar e intervir cada vez mais na Ásia, África, América Latina (com destaque para o Brasil), e não esque-cer, muito pelo contrário, o grande mercado dos Estados Unidos da América.
JoRgE gonçaLvEs aLEgRia
Empresasapostam no exterior
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Julho 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Julho 2012
grande Entrevista
índice
Moçambique é o mercado da moda na internacionaliza-
ção de muitas empresas portuguesas. E estão certas nes-
sa aposta, pois constitui um país que cresceu a ritmos
elevados nos últimos anos, como todos os estudos con-
firmam que esse ritmo em torno do quase 8% se man-
terá nos próximos quatro a cinco anos. É verdade que
é um mercado muito competitivo e onde estão muitos
grandes e médios players mundiais, mas Portugal que
sempre foi um dos grandes investidores no país, possui
armas competitivas para singrar no mercado daquele
país da África Austral.
pág. 06 a 15
17 ascendum aposta no méxico
24 vista alegre aumenta exportações
25 soFid avança no Brasil
26 Bahia mostrou-se a Portugal
34 Águas de santo andré de boa saúde
36 mútua dos Pescadores apoia o setor
44 mailtec inova na área postal
48 Wave-Energy no projeto Windfloat
54 corticeira amorim comprou empresa espanhola
54 safira em Barcelona e Londres
55 sacoor abre em abu dhabi
55 vivafit na venezuela
56 vila galé quer apostar em cabo verde
58 grupoconcept quer abrir 800 franchisados no Brasil
58 greenprod mantém interesse em sines
grande Plano
Joaquim Costa, presidente da Costa & Carvalho, conta-
-nos a história rica de 30 anos da empresa de construção
com sede em Alcobaça, mas com obras de excelência em
todo o país, além da mais recente aposta em Moçambi-
que, onde num espaço de cinco anos espera obter um
sucesso equiparado ao registado em Portugal. De referir
que no mercado nacional, a empresa espera atingir este
ano um volume de negócios na ordem dos 40 milhões
de euros, «um reconhecimento pelo mercado da nossa
competência e excelência», sublinhou o seu presidente
nesta entrevista à País €conómico.
pág. 18 a 23
ErrataNa edição de Junho designámos a doutora Marina La-
deiras como Presidente das Águas de Santarém, quan-
do, de facto, é Directora Geral da Águas de Santarém. À
doutora Marina Ladeiras e aos nossos leitores as nossas
desculpas pelo lapso cometido.
Julho 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE PLano
Moçambique é cada vez mais importante para a economia e as empresas portuguesas
Portas abertas a PortugalMoçambique transformou-se nos últimos dois anos num dos mercados internacionais
mais importantes no processo de internacionalização de muitas empresas portuguesas.
Resolvida a delicada questão da Barragem de Cahora Bassa, que está em plena fase de
passagem do controlo total para o Estado moçambicano, todos os agentes institucionais
e empresariais estão agora de acordo que existem plenas condições políticas para o
incremento e a forte aceleração dos negócios, do comércio e dos investimentos entre os
dois países. Com uma economia a crescer nos últimos anos entre os 6 e os 8%, patamar
que se deverá manter pelo menos até 2015, a economia moçambicana possui muito
espaço e oportunidades que as empresas portuguesas devem aproveitar, assim como na
assunção de que o território moçambicano constitui um excelente espaço para atingir de
seguida os mercados circunvizinhos dos países da África Austral.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › ARQUIVO
depois de um crescimento econó-
mico de 7,1% no ano passado,
as perspetivas do Fundo Mone-
tário Internacional para o crescimento de
Moçambique no decorrer de 2012 aponta
para 6,7%, enquanto prevê uma nova ace-
leração no próximo ano, atingindo então
os 7,2%. A economia moçambicana é a
sexta economia do continente africano
em termos do seu desempenho médio na
região.
Com o surto de desenvolvimento regista-
do na exploração das reservas de carvão
na região de Moatize, em grande medida
exploradas pelo gigante brasileiro Vale do
Rio Doce, Moçambique viu nos últimos
anos ser adicionadas importantes des-
cobertas de jazidas de gás natural e pro-
vavelmente de petróleo, que tornarão o
país como um dos principais produtos de
hidrocarbonetos do continente africano e
mesmo do mundo no que ao gás natural
diz respeito.
Por outro lado, Moçambique também re-
gista algum desenvolvimento do seu po-
tencial industrial, pois o aproveitamento
dos recursos minerais e energéticos do
país, induz automaticamente à construção
de novas fábricas e ao desenvolvimento
de várias estruturas produtivas.
De igual forma, o país e muitas empre-
sas internacionais começam igualmente
a olhar com forte atenção e começam a
realizar investimentos no aproveitamento
agrícola e agro-industrial do Vale do Zam-
beze, uma das mais privilegiadas áreas do
continente africano para a produção de
alimentos e comoditties agrícolas.
Possuidor de uma linha de costa extensa e
de belezas naturais exóticas, Moçambique
atrai igualmente cada vez mais players
turísticos de porte considerável, onde os
investidores portugueses já possuem uma
presença no mercado turístico, principal-
mente em Maputo e região envolvente
que é deveras importante.
O desenvolvimento do potencial mineiro,
energético, agrícola e turístico, está igual-
mente a levar o país a construir impor-
tantes infra-estruturas, sejam de natureza
rodoviária, sejam ainda nas componentes
aeroportuário e portuário. A este nível, é
de realçar o forte empenho de empresas
portuguesas, chinesas e brasileiras do
setor da construção, além da forte inter-
venção luso no domínio das telecomu-
nicações e do setor financeiro, alavancas
indispensáveis na sustentação do desen-
volvimento e crescimento de Moçambi-
que.
Em síntese, as previsões apontam que nos
próximos, principalmente em virtude dos
investimentos nas áreas do gás natural,
carvão e do turismo, que deverão ascender
a cerca de 72 mil milhões de euros, prome-
tem revolucionar a economia moçambica-
na e criar condições de melhores de vida
para a sua população. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Julho 2012
› EmPREsas PoRtuguEsas
Moçambique cresce na importância para as empresas portuguesas
Exportações com forte impulsoMoçambique tem vindo a assumir uma importância crescente enquanto mercado de
destino das exportações portuguesas. Segundo dados do INE � Instituto Nacional
de Estatística, em 2011, as exportações nacionais para aquele país da costa oriental
africana, ascenderam as 217.977 milhões de euros, um aumento de 44% relativamente
ao ano anterior, e que significaram 0,51% do total das exportações portuguesas, quando
no ano anterior representavam apenas 0,41%. No ano passado, Moçambique foi o 26º
maior comprador de produtos e serviços portugueses.
todavia, segundo dados revelados
na entrevista que o presidente da
Aicep Portugal Global concede
nesta edição da País€conómico, as ex-
portações portuguesas para Moçambique
atingiram nos primeiros quatro meses
deste ano a cifra de 95,3 milhões de eu-
ros, um crescimento de 73% face ao perí-
odo homólogo e que permitiram elevar o
destino para o 23º lugar mais importante
para as exportações nacionais. Já enquan-
to local proveniente das importações por-
tuguesas, em 2011, Moçambique consti-
tuía apenas o 62º fornecedor de Portugal,
com uma quota de apenas 0,07% das nos-
sas importações.
É de sublinhar que segundo dados do
INE, no contexto africano dos países de
língua portuguesa, Moçambique consti-
tuía em 2010 o terceiro destino para as
exportações nacionais, depois de Angola e
Cabo Verde. No entanto, face à evolução
verificada, será normal que aquele país
banhado pelo Índico suba na importância
enquanto destino das exportações portu-
guesas em África.
O quadro de empresas portuguesas em
Moçambique também é bastante eclético.
Constituem referências as presenças his-
tóricas dos grupos Entreposto e Visabeira,
mas igualmente a Mota-Engil, Soares da
Costa e Gabriel Couto, estas no setor da
construção. De referir que existem muitas
outras empresas portuguesas à procura de
oportunidades em Moçambique na área
da construção, imobiliário e imobiliária-
-turística, sabendo a País€conómico que
um desses grupos portugueses é a Pro-
movalor, empresa liderada por Luís Filipe
Vieira e Tiago Vieira.
No entanto, os interesses empresariais
portugueses em Moçambique são vastos
e estendem-se ao setor energético com as
presenças da Galpenergia, da REN e da
EDP, até ao setor bancário, onde se regista
a forte presença dos grupos Millennium
bcp, Caixa Geral de Depósitos, BPI e Espí-
rito Santo, este em aliança com a Geoca-
pital dos empresários Stanley Ho e Jorge
Ferro Ribeiro.
O incremento do comércio e dos investi-
mentos portugueses em Moçambique não
param e se é certo que a crise económica
e financeira em Portugal tem colocado
maior dificuldade a várias empresas por-
tuguesas em investir no exterior, e Mo-
çambique não foi imune, pois em 2011
registou-se um forte decréscimo do inves-
timento nacional face ao ano de 2010, o
certo é que são agora as PME�s a aposta-
rem de forma mais forte e célere na corri-
da às oportunidades naquele país africano
de expressão portuguesa. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE PLano
Pedro Reis, Presidente da Aicep Portugal Global
moçambique é um mercado a apostar
No processo acelerado de internacionalização da economia portuguesa, a aposta em
Moçambique é muito importante, considera Pedro Reis, Presidente da Aicep Portugal
Global, o organismo encarregue de estimular as exportações nacionais e captar
investimento externo para o nosso país. As exportações portuguesas para Moçambique
estão a crescer, e na visão do Presidente da Aicep, Moçambique pode e deve também
constituir uma importante plataforma regional de penetração das empresas portuguesas
no conjunto da África Austral.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › CEdIdA PElA AICEP
Moçambique é um país que regista for-tes índices de crescimento e atrai cada vez mais empresas portuguesas para o seu território. Como avalia a importân-cia daquele país da África Austral para a internacionalização das empresas por-tuguesas?Como recentemente tive ocasião de subli-
nhar no Fórum Access Africa, organizado
pela Embaixada do Estados Unidos da
América em Portugal e que contou com
o apoio da AICEP, Moçambique encontra-
-se num momento positivo de mudança
de patamar económico e esse momento
crítico está manifestamente alinhado com
o nosso momento de internacionalização.
Para as nossas empresas, Moçambique é
um mercado acolhedor, senão mesmo um
mercado “natural”, dada a facilidade da
língua, o bom relacionamento político en-
tre os dois países e, também, da existência
de um quadro legal com grandes simili-
tudes com o português. Nesse sentido
temos organizado sessões de capacitação
empresarial para empresas portuguesas
em processo de expansão para o mercado
moçambicano que têm tido uma grande
adesão. Na estratégia do Governo portu-
guês e da AICEP e no que diz respeito à
diversificação de mercados, Moçambique
é claramente um mercado de aposta.
Para além do aumento dos investimen-tos portugueses em Moçambique, este
país também está a crescer enquanto destino das nossas exportações. Qual é a atual posição de Moçambique no qua-dro de importância para as exportações portuguesas?Moçambique foi, em 2011, o 26º principal
mercado das exportações portuguesas de
bens, com um valor de aproximadamente
218 milhões de euros, o que representou
um crescimento de 44% relativamente
ao ano anterior. Até Abril deste ano, as
nossas exportações para aquele mercado
atingiram os 95,3 milhões de euros, o que
significa um crescimento de 73% relativa-
mente ao mesmo período do ano passado,
posicionando-se Moçambique como o 23º
mercado das exportações portuguesas de
bens.
Ainda que as importações de bens mo-
çambicanos, entre 2010 e 2011, tenham
igualmente crescido em cerca de 44%, o
saldo é bastante favorável ao nosso país
(cerca de 176 milhões de euros). Diga-se
aliás, que o nosso país tem sido, desde
sempre, um dos principais fornecedores
do mercado moçambicano, devendo atu-
almente ser o 3º ou 4º principal fornece-
dor.
Também no que diz respeito aos serviços,
a balança é favorável a Portugal, apesar da
taxa de cobertura ser de menor dimensão.
As exportações situaram-se, em 2011, em
86,1 milhões de euros, cerca de 37% acima
do valor atingido em 2010. Nos primeiros
4 meses do ano corrente, atingiram já
27,5 milhões de euros, o que representa
um crescimento de 22% relativamente ao
mesmo período do ano anterior.
moçambique é porta para a África australConsidera que Moçambique poderá constituir uma boa plataforma para as empresas portuguesas ganharem maior presença e relevância e presença em mercados vizinhos, entre os quais o da África do Sul?Moçambique pode, de facto, representar
uma plataforma importante de entrada
no mercado da SADC e, particularmente,
no mercado da África do Sul. Recorde-
mos que a SADC é uma região com cerca
de 250 milhões de habitantes e com um
PIB de 400 milhões de USD, cujo núcleo
principal de atividade económica se situa
relativamente perto do Sul de Moçambi-
que: Joanesburgo (onde a AICEP tem um
centro de negócios), Cidade do Cabo e
Durban. Por outro lado, a SADC está num
processo de aprofundamento da integra-
ção económica e de desmantelamento
pautal progressivo, permitindo que as
mercadorias circulem livremente entre
os países que fazem parte deste bloco
regional. Moçambique tem uma posição
estratégica face a um conjunto de países
vizinhos ou quase-vizinhos, como a Áfri-
ca do Sul, Zimbabwe, Botswana, Malawi,
Zâmbia e Tanzânia, para os quais sempre
funcionou como porta de entrada e saída
de mercadorias e de acesso à bacia do Ín-
dico. Este posicionamento pode e deve ser
aproveitado pelas empresas portuguesas,
como forma de aceder a estes mercados.
Contudo, e apesar de muitos destes países
apresentarem níveis de desenvolvimento
económico semelhante ao de Moçambi-
que, a principal economia desta região,
a África do Sul, é uma economia muito
mais desenvolvida e madura e com níveis
de competitividade muito superiores aos
dos restantes vizinhos, obrigando a uma
estratégia de abordagem mais específica.
Existem mecanismos de apoio concreto para as empresas portuguesas que quei-ram apostar no mercado moçambicano?
Para além dos instrumentos no âmbito do
sistema de incentivos de apoio à interna-
cionalização, no contexto do QREN, que
apoiam as ações prévias à internacionali-
zação, as empresas têm à sua disposição
fundos de capital de risco, particularmen-
te o Fundo Português de Apoio ao Inves-
timento Empresarial em Moçambique
(também conhecido por InvestimoZ) que
é gerido pela SOFID e que se destina a
apoiar projetos empresariais de empresas
portuguesas em Moçambique, sozinhas
ou em parceria com empresas moçambi-
canas.
Existe também um fundo de capital de
risco, resultante de uma parceria entre a
AICEP Capital, a Caixa BI e a empresa Mo-
ta-Engil, para apoio a projetos industriais
de iniciativa de empresas portuguesas.
Para além disso, as empresas podem re-
correr ao apoio da AICEP e do seu Centro
de Negócios em Maputo para a obtenção
de informação estratégica e de aconselha-
mento sobre condições de entrada e de
abordagem ao mercado.
Em que medida a completa resolução do
caso de Cahora Bassa está a influir positi-
vamente na melhoria e aprofundamento
das relações económicas e empresariais
entre os dois países?
A resolução do dossiê de Cahora-Bassa
representou um passo importante na nor-
malização da relação político-económica
entre dois estados soberanos e indepen-
dentes, permitindo aprofundar ainda
mais o clima de bom relacionamento eco-
nómico entre Portugal e Moçambique e
abrir novas portas neste relacionamento
que se pretende cada vez mais estreito e
mais concreto. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE PLano
mais razão, menos coração!- “Plano de negócios, para quê? O projeto só pode dar certo e vou
gastar 3 a 4 mil euros sem necessidade!”. Assim reagiu um em-
presário ao ser informado da necessidade de elaborar um plano
de negócios para um projeto de investimento na região de Tete.
E não era um projeto qualquer: visava a produção de bens inter-
médios para a construção civil e requeria um financiamento de
vários milhões de euros.
Poderia narrar muitas pequenas histórias similares a esta, com
base em factos ocorridos em centenas de reuniões que tenho tido
na SOFID com promotores de projetos de investimento em países
em desenvolvimento e, muito particularmente, em Moçambique,
nestes últimos dois anos.
Histórias que ilustram o baixo nível de preparação e o elevado
nível de voluntarismo de muitos dos nossos empresários ou de
muitas das estruturas de topo das nossas pequenas e médias em-
presas quando decidem avançar com operações de investimento
direto no estrangeiro. Como consequência, muitos revelam a ten-
dência para se nortearem por impulsos do coração e para hiper-
valorizarem componentes emotivas e afetivas, subestimando os
ditames da razão; muitos outros recorrem a “expedientes criati-
vos” ou a “atalhos procedimentais”, desvalorizando a importância
de seguir as vias e as etapas aconselhadas pela teoria e pela praxis
em matéria de internacionalização empresarial.
Há empresários que discordam que tenham de contribuir com
uma percentagem de capitais próprios para o financiamento do
projeto. Em abono desta sua tese, argumentam normalmente com
a “certeza absoluta” das receitas que a operação irá gerar ou com
o valor da experiência e do empenho do promotor na implemen-
tação do projeto.
Um empresário com quem reuni e que se dirigiu à SOFID para
apresentar um projeto agroindustrial na região de Maputo, com
necessidades de financiamento também de vários milhões, acha-
va perfeitamente natural oferecer como garantia uma proprie-
dade rural em Portugal e alguns equipamentos cuja avaliação
não atingia as duas centenas de milhares de euros. Um outro
empresário com largos anos de experiência bem-sucedida numa
determinada atividade extrativa, ao apresentar-nos um projeto
para a construção e exploração de um hotel com várias dezenas
de quartos na cidade da Beira, não hesitou em verbalizar o seu
espanto pela “exagerada” recomendação de integrar, na estrutura
de direção da empresa, alguém com experiência no setor turístico
e com capacidade de gestão hoteleira. O promotor de um projeto
de várias centenas de milhares de euros no setor dos serviços,
na cidade de Maputo, não hesitou em classificar como burocrá-
ticas as observações críticas dos analistas da SOFID a um estudo
de mercado cujos dados eram sustentados em “conversas com
amigos” e em “visitas a alguns clientes”. Outro promotor de um
projeto também na área dos serviços na região do Maputo achava
que fazia sentido deslocar-se a Moçambique, iniciar o estudo do
mercado e identificar parceiros, só quando a SOFID lhe garantisse
antecipadamente o financiamento de várias centenas de milhar
de euros. Poderia igualmente testemunhar casos de promotores
que verbalizam uma confiança ilimitada na sua experiência e
capacidade operacional quando são confrontados com reparos
a projeções financeiras de planos de investimento baseadas em
pressupostos irrealistas ou não fundamentados.
Claro que também poderia descrever casos de sucesso e exemplos
de boas práticas. Contudo, estes exemplos são muito menos fre-
quentes, designadamente em pequenas e médias empresas, cujos
recursos financeiros, materiais e humanos não são comparáveis
aos das grandes empresas. Não obstante, é com muita pena que
vejo pequenas e médias empresas com saúde financeira a falha-
rem interessantes projetos de internacionalização em Moçam-
bique (e outros países) porque utilizaram abordagens erradas a
entrar no país, a estudar o mercado, a assegurar a cobertura finan-
ceira ou a planear a implementação da operação. É por isso que
defendo que as associações empresariais deveriam aumentar
significativamente a oferta de iniciativas de formação e quali-
ficação de empresários e quadros das pequenas e médias em-
presas visando a melhoria das competências de gestão e o bom
desempenho em mercados externos.
As empresas portuguesas - de grande, pequena ou média dimen-
são – estão de forma crescente a descobrir múltiplas oportunida-
des de negócio em Moçambique. Na SOFID sentimos vivamente
essa tendência: cerca de dois terços das empresas que nos contac-
tam pretendem realizar projetos de investimento naquele país.
O movimento (muitas vezes intuitivo) para este país faz todo o
sentido. A economia moçambicana tem estado a crescer de forma
sustentada há vários anos e tudo indica que assim se manterá
no futuro próximo. Existe estabilidade política. O sistema legal
e fiscal é também bastante estável e tem a vantagem de ser se-
melhante ao português. O país ocupa uma posição estratégica no
vasto mercado de 250 milhões de consumidores da SADC. O sis-
tema financeiro é sólido e com uma forte presença da banca por-
tuguesa, sendo de destacar os instrumentos específicos de apoio
ao investimento disponibilizados pela SOFID, como é o caso do
INVESTIMOZ. A legislação enquadradora do investimento exter-
no é globalmente favorável às empresas, aos negócios e à movi-
mentação de capitais. A perceção da segurança de pessoas e bens
é forte e existe um ambiente globalmente amistoso para com os
portugueses.
Moçambique é um país com muitas condições para também as
pequenas e médias empresas portuguesas terem sucesso. Para
que muitas mais possam plenamente aproveitar as oportunida-
des de negócio existentes no país, é necessário que encarem com
rigor, com planeamento e com profissionalismo o processo de in-
ternacionalização. A atenção a este lado racional deve ser tanto
mais forte, quanto mais forte bater o lado do coração!
José moREno
Administrador Executivo da SOFID
Julho 2012 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Julho 2012
› notícias
sumol+compal investe em moçambiqueA Sumol+Compal está a investir 10 milhões de dólares na pri-
meira fase numa fábrica em Moçambique, que deverá ser inau-
gurada no terceiro trimestre do corrente ano e que estará prepa-
rada para produzir 30 milhões de litros de sumos por ano, dos
quais cerca de 70% serão destinados à exportação para os países
limítrofes de Moçambique e que fazem parte da Sadc (Comuni-
dade para o Desenvolvimento da África Austral).
A unidade localiza-se no parque industrial do Beluluane, na pro-
víncia de Maputo, tendo sido antigamente utilizada pela Lac-
togal. No entanto, segundo os responsáveis da Sumol+Compal,
toda a tecnologia agora utilizada será de última geração e capaci-
tada para produzir os melhores produtos do mercado.
Segundo revelou à Exame Moçambique o presidente da
Sumol+Compal, António Pires Eusébio, «numa primeira fase
teremos de importar as matérias-primas, caso dos concentra-
dos de fruta. Mas numa segunda fase estaremos em condições
de processar a fruta já produzida localmente, aproveitando as
vantagens da instalação da fábrica em Moçambique e à comple-
mentaridade dos produtos. Em Moçambique poderemos produ-
zir sumos com base em frutas como a manga, ananás, maracujá
ou banana. No futuro, as fábricas em Portugal até poderão im-
portar essas frutas de Moçambique para a sua laboração». ‹
greenarte na FiaA Greenarte � Artesanato Sustentável de Moçambique, está
presente na edição da FIA 2012, que decorre neste momento
na FIL em Lisboa, no que se enquadra nos esforços do país
para promover as suas indústrias culturais e criativas em ter-
mos internacionais. A Greenarte aposta em trazer a Lisboa
uma larga e distintiva variedade de produtos de artesanato
de vários pontos de Moçambique, desde o artesanato Ma-
conde de Cabo Delgado às complexas esculturas de sândalo
de Maputo. Os produtos são fornecidos por artesãos indivi-
duais e por grupos de artesãos, num critério de focalização
em desenvolvimento empresarial, sustentabilidade e desen-
volvimento comunitário. ‹
Fernave recruta quadros para ÁfricaA Fernave, empresa de Formação Técnica participada pela
CP, Refer e Metropolitano de Lisboa, lançou no mês passado
um novo processo de recrutamento de quadros qualificados
em diversas áreas, designadamente na Gestão de Terminal,
Segurança e Ambiente, Planeamento e Logística, Operações
Portuárias e Manutenção. Estes novos quadros destinam-se
a atuar no mercado africano, particularmente em Angola.
No entanto, em paralelo, a Fernave desenvolveu um novo
recrutamento de quadros do setor ferroviário para Moçam-
bique e Angola. A empresa portuguesa está a apostar forte
na sua atuação nos Palop, tendo uma empresa participada
em Moçambique, a Transcom, SA. ‹normática cresce em moçambique e BrasilEnquanto no passado dia 23 de Maio criava no Rio de Janeiro a
Normática Brasil, a casa-mãe portuguesa reforçava igualmente
a sua atuação em África, com particular destaque para Moçam-
bique, país onde possui um escritório desde 2009 com seis co-
laboradores e que dão suporte a três grandes clientes como são
a EDM � Electricidade de Moçambique, a HCB � Hidroeléctrica
de Cahora Bassa e o BCI � Banco de Comércio Internacional,
revelou Paulo Nunes, administrador da empresa lusa.
Especializada no fornecimento de soluções informáticas para
escolas, sendo de realçar que 75% dos colégios privados em
Portugal possuem soluções da Normática, é de salientar que a
empresa também está presente com soluções implementadas
em mais de dezanove universidades, entre as quais a Univer-
sidade Católica Portuguesa, cinco colégios em Espanha, seis em
Angola, dois em Cabo Verde, dois em Moçambique e um em
Macau. Segundo Paulo Nunes, «hoje cerca de 10% da faturação
da empresa na área de software e serviços é assegurada pelo
mercado africano». ‹
Bci é o melhor banco moçambicanoA consultora sul-africana PMR africa distinguiu o BCI � Ban-
co de Comércio Internacional com dois prémios, o primeiro
dos quais com o Gold Arrow Award 2012, como o melhor
banco de Moçambique, enquanto o seu presidente, Ibraimo
Ibraimo, recebeu o Diamond Arrow Award 2012, como em-
presário mais influente na economia moçambicana. Segun-
do o líder do banco moçambicano, «na perspetiva do BCI,
estes prémios representam mais um reconhecimento dos
agentes económicos no trabalho desenvolvido pelo banco
nos últimos anos, através da concretização de um posiciona-
mento como banco universal de retalho, dirigido a todos os
moçambicanos». ‹
17 › País €conómico | Julho 201216 › País €conómico | Julho 2012
améRico amoRimO Presidente da Corticeira Amorim continua imparável nos negócios. A aquisição de uma empresa espanhola (de Barcelona) reforça o seu domínio na cortiça a nível mundial. Por outro lado, o empresário reforça também a sua aposta no Brasil, tanto no setor financeiro como no turismo. ‹
mÁRio viLaLvaO Embaixador do Brasil em Portugal é um grande entusiasta do reforço e desenvolvimento das relações económicas e empresariais luso-brasileiras. Em duas entrevistas recentes a órgãos da comunicação portuguesa, salientou que o seu país ainda tem muito espaço para mais investimentos portugueses no Brasil. E tem toda a razão! ‹
diogo aRaúJoO Presidente Executivo da SOFID foi ao Brasil mostrar as capacidades de uma instituição financeira ainda jovem, mas que já está a desempenhar um importante papel no reforço dos mecanismos de apoio à internacionalização das empresas portuguesas. Os países de língua portuguesa, o Norte de África, China, Índia e América Latina, estão entre as principais prioridades. ‹
› a aBRiR
Jean-Yves moironÉ o novo CEO e Country Manager em
Portugal do BNP Paribas. Expressando o
orgulho por liderar a instituição financeira
francesa em Portugal, onde já está há mais
de um quarto de século, o novo responsável
pretende fazer o banco crescer em terras
lusas através das onze unidades que possui
em Portugal. ‹
Paulo RitaÉ o novo membro do Comité Executivo
da EDAMBA – Associação Europeias de
Programas de Doutoramento em Gestão
e Administração de Empresas, sendo o
primeiro português a ocupar este cargo
europeu. O docente do ISCTE tem agora
a responsabilidade de contribuir para o
intercâmbio entre várias das melhores
escolas de gestão europeias. ‹
Ricardo oliveiraÉ o novo reforço da área comercial da
Comstor em Portugal, tendo como
principais funções lançar e dinamizar
a empresa no nosso país, além de
potenciar a venda de soluções Cisco no
mercado português. Com 29 anos, o novo
responsável da Comstor é licenciado em
Engenharia Informática. ‹
subindo na Pirâmide
› notícias
Primeira Corrida Volkswagen foi um sucesso
correndo por entre automóveisA primeira Corrida Volkswagen realizada no passado dia 24 de Junho, constituiu um
verdadeiro sucesso. Cerca de dois mil atletas puderam percorrer um percurso de 10 qui-
lómetros, em que parte dessa distância decorreu ao longo das linhas de montagem de
produção de automóveis da fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela. O vencedor
na categoria masculina foi Bruno fraga, enquanto o vencedor em femininos foi a atleta
Ana Teresa Machado.
Para além da prova de atletismo e de uma de marcha, o espaço da Autoeuropa recebeu
cerca de 10 mil pessoas numa jornada de portas abertas denominada “Think Blue. Fac-
tory”, com a realização de várias atividades de sensibilização ambiental do programa de
sustentabilidade ambiental da marca Volkswagen. O objetivo deste programa consiste na
redução de 25% até 2018 no que respeita aos consumos de energia, utilização de água e
emissões de CO2. ‹
servdebt com nova sedeA Servdebt – Capital Asset Management, empresa de gestão e recuperação de ativos,
inaugurou a sua nova sede em Lisboa, localizada na Torre Colombo Ocidente. Nas no-
vas instalações funciona o Centro Operacional da empresa, que já contratou mais de
80 colaboradores desde o início do ano, contando agora com cerca de 200 profissionais
qualificados.
No presente ano, a Servdebt tem como objetivo atingir uma faturação de cerca de 4,8 mi-
lhões de euros, o que representará um crescimento de 92% face a 2011. De referir que a
empresa para além da sede em Lisboa, possui também escritórios no Porto e em Madrid.
A Servdebt possui atualmente uma carteira de várias tipologias de créditos superior a mil
e quinhentos milhões de euros. ‹
grupo ascendum entra no méxicoDepois da Espanha, Estados Unidos da América e Turquia, o Grupo Ascendum (antiga
Auto-Sueco Coimbra) acaba de anunciar a sua entrada no mercado mexicano. Com esta
nova geografia, o grupo espera atingir já em 2016 uma faturação anual de mil milhões
de euros.
A empresa é atualmente um dos maiores distribuidores mundiais da Volvo Construc-
tion Equipment para setores de atividade como a construção, indústria transformadora
e extrativa, minas e florestas. A reciclagem bem como os equipamentos para aeroportos,
portos e ferrovias são outros dos segmentos em que o grupo se especializou. Em 2011, a
empresa atingiu um volume de negócios de 500 milhões de euros e um EVITDA de 62
milhões de euros.
Para Ricardo Mieiro, presidente da Comissão Executiva do grupo, «temos uma perspetiva
de desenvolvimento para novos mercados onde surjam boas oportunidades de investi-
mento por forma a atingirmos o objetivo estratégico de entrada em novos mercados e
atingirmos, até 2016, mil milhões de euros de volume de negócios».
Por outro lado, o responsável da Ascendum também explicou a mudança de nome do
grupo, sublinhando que a «nova identidade tem como objetivo modernizar a imagem da
empresa reflexo de uma aposta estratégica na internacionalização». ‹
gmv na índiaA GMV venceu um projeto na área da gestão de transportes na Índia. Este projeto implica
a implementação do Sistema de Apoio à Exploração, que permite uma melhor gestão dos
transportes públicos, através da monitorização e controlo da frota em tempo real, e inclui
também o fornecimento e integração de 248 torniquetes e portas para o controlo de aces-
sos e validação de passes em 67 estações, o fornecimento e instalação de 120 terminais de
venda automática nas cabinas do sistema de transportes públicos de autocarros de Ah-
medabad, além de 15 terminais portáteis para inspeção de passes, e toda a infra-estrutura
informática e de comunicações. ‹
Energia em mouraA Lógica, empresa municipal de Moura dirigida à área da energia, em parceria com a
Universidade de Aveiro, levou a efeito nos dias 20 e 21 de Junho, um workshop sobre “Os
desafios energéticos das infraestruturas de megaciência. O exemplo do projeto SKA”. O
evento teve a presença de doze organismos de países como a Alemanha, Estados Unidos,
Holanda, Grã-Bretanha, África do Sul, Austrália e Portugal. Para além de diversas pales-
tras e debates, os presentes visitaram também a Central Solar Fotovoltaica da Amareleja,
localizada nesta freguesia do concelho de Moura. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE EntREvista
Joaquim Costa, Presidente de Costa & Carvalho, SA
«internacionalização da empresa vai começar por moçambique»
Trinta anos depois de se ter constituído, a Costa & Carvalho, SA surge no mercado
numa posição relevante. É dentro do sector da construção civil e obras públicas das mais
cotadas PME do país. Este facto enche de satisfação Joaquim Costa, presidente desta
empresa com sede em Alcobaça, que em entrevista à País €conómico fez questão
de sublinhar que uma fatia importante deste sucesso pertence aos 150 colaboradores
que diariamente dão o seu contributo à Costa & Carvalho, SA. «É uma equipa coesa e
dinâmica, muito profissional, que com muito sacrifício e coragem tem sabido interiorizar
os objectivos da empresa, nas boas e horas más», sublinhou Joaquim Costa que
nesta entrevista refere-se com ambição ao futuro da sua empresa. «O processo de
internacionalização com Moçambique está muito avançado e estamos a limar algumas
arestas para que possamos iniciar este processo ainda em 2012», referiu o presidente da
Costa & Carvalho, empresa que este ano deverá registar uma facturação superior a 40
milhões de euros.tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a Costa & Carvalho, SA com sede
em Alcobaça nasceu há trinta
anos atrás e é hoje considerada
no ramo da construção civil e obras pú-
blicas uma PME de sucesso, tudo fruto da
dinâmica que o seu presidente, Joaquim
Costa, em devido tempo soube imprimir
à empresa, transformando-a numa organi-
zação respeitada, com forte solidez com-
petitiva, estando hoje posicionada entre
as 35 melhores PME’s do país.
Em entrevista que concedeu à País €conómico este empresário historiou
o início do arranque deste projecto. «Sou
uma pessoa que sempre foi ambiciosa,
que sempre trabalhou na construção civil,
e que sempre desejou criar uma empresa
que fosse o espelho das suas ambições.
Essa oportunidade surgiu em 1992, e
nessa altura o projecto arrancou comigo
e com outro sócio, Ilídio Carvalho Maria.
Estivemos juntos alguns anos, mas sendo
eu uma pessoa desejosa de progredir e
fazer cada vez mais, a determinada altura
resolvi terminar com esta parceria e cha-
mar a mim próprio os destinos da Costa
& Carvalho. A partir de então decidi dar
um sentido novo à empresa, rodear-me
de profissionais competentíssimos, gen-
te com carácter e vontade de triunfar, e
apesar de termos tido pela frente período
difíceis e até de alguma intranquilidade
no sector, essa nova filosofia que criámos
tornou possível projectar a empresa ao
patamar que desfruta hoje. Somos uma
empresa respeitável e que sabe respeitar
acima de tudo as necessidades dos seus
clientes, que honra escrupulosamente os
seus compromissos, que soube chamar
a si ferramentas importantes para poder
competir de igual modo (ou até melhor)
no mercado onde está inserida, e por mi-
nha vontade iremos mais e mais adiante,
até porque um dos nossos valores é de-
senvolver a empresa de maneira sustentá-
vel», disse Joaquim Carvalho.
ver a crise como uma oportunidadeO sector da construção civil e obras pú-
blicas já viveu melhores tempos. Ainda
há poucos anos, este era um dos sectores
de actividade que mais contribuíam para
o crescimento do Produto Interno Bruto
Nacional (PIB) e que mais emprego gerava
em Portugal. Mas apesar da crise que se
instalou no sector, a verdade é que a Cos-
ta & Carvalho consegue estar num lugar
cimeiro neste mesmo sector. Isso deve-se
a quê? Joaquim Costa não hesitou na res-
posta.
«Em primeiro lugar o bom ar que se
respira na Costa & Carvalho deve-se ao
grande sacrifício das cerca de 150 pesso-
as que trabalham na empresa. Todos eles
têm sido inexcedíveis, contribuindo desta
Julho 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE EntREvista
forma para que a empresa se torne cada
vez mais forte. Como esse sacrifício tem
proporcionado os seus frutos, esse facto
gera por seu lado uma motivação extra
junto daqueles que diariamente dão o
seu contributo generoso à Costa & Carva-
lho. E quando assim é, torna-se mais fá-
cil encarar crises com aquele que ocorre
presentemente no sector da construção
civil e obras públicas, e encarar o futuro
com muito mais optimismo», esclarece
Joaquim Costa, que ainda a este propósito
sublinhou.
«Houve um período na vida da Costa &
Carvalho em que as coisas não correram
da maneira que mais desejámos. Não me
estou a referir concretamente a questões
de ordem financeira, que bem ou mal
sempre foram ultrapassadas, estou mais
a referir-me a obras que tínhamos adju-
dicadas e que não arrancaram em tempo
devido. Esta foi uma situação que se ar-
rastou por algum tempo e que nos com-
plicou um pouco a vida. Por outro lado
assistiu-se ao aparecimento de uma certa
concorrência desleal, o que me levou a ter
de me reunir com os diversos sectores da
empresa, dando-lhes conta dessa situação,
apelando para que redobrássemos os nos-
sos esforços no sentido de podermos dar
a volta à situação. Foram reuniões muito
frutuosas que deram excelentes resulta-
dos práticos», relembra o presidente da
Costa & Carvalho.
atingir mais de 40 milhões em 2012Prova de que a Costa & Carvalho está a tri-
lhar o percurso certo é a perspectiva que a
empresa tem de poder vir a facturar este
ano mais de 40 milhões de euros. «Em
2010 o nosso volume de negócios situou-
-se, se não estou em erro, nos 39 milhões
de euros, em 2011 a facturação foi ligei-
ramente menos porque houve obras que
não arrancaram, mas para 2012 estamos a
prever um aumento significativo, entre 10
a 15% na nossa facturação, o que fará com
que ultrapassemos mesmo os 40 milhões
de euros», perspectivou Joaquim Costa.
Este empresário parece não dar grande
importância ao facto da sua empresa po-
der no exercício de 2012 vir a atingir uma
facturação superior a 40 milhões de euros.
E aproveita mesmo a oportunidade para
tecer algumas considerações em redor
desta possibilidade. «Quanto a mim não
é muito significativo entrarmos nestas
previsões, até porque facturar este ano 40
milhões poderá não significar que a em-
presa ganhe mais dinheiro do que ganha-
va quando facturava 20 ou 25 milhões.
É tudo muito subjectivo. Mas é evidente
que todos lutamos para conquistarmos
espaço, para termos mais obras e, conse-
quentemente facturarmos mais. Isso quer
dizer que todos estamos a “pedalar” bem»,
chamou a atenção o presidente da Costa
& Carvalho.
Joaquim Costa aproveitaria o ensejo para
lembrar que a carteira de encomendas da
Costa & Carvalho para este ano ronda os
40 milhões de euros, «mas já temos em
carteira para 2013 cerca de 12 milhões de
euros, que vão crescer com toda a certe-
za », justificou.
acreditar no mercado de moçambiqueO presidente da Costa & Carvalho revelou-
-se nesta entrevista um homem optimista,
mas também muito realista. Ele não igno-
ra que o sector da construção civil e obras
públicas vive momentos muito complica-
dos, agravados ainda com as dificuldades
de acesso ao crédito bancário, e sabe que
tem de procurar novas formas de luta para
poder continuar a conduzir a sua barca a
bom porto. «É por isso que estamos com
os olhos postos no mercado externo, e Mo-
çambique vai ser o nosso arranque para a
internacionalização», revelou.
E por falar no mercado externo, Joaquim
Costa está consciente da importância que
alguns mercados de África podem ter
no crescimento da sua empresa. Angola
é, por exemplo, uma das economias que
mais têm crescido em todo o mundo, que
tem atraído nos últimos tempos muitos
empresários portugueses, mas o presiden-
te da Costa & Carvalho está mais inclina-
do para o mercado de Moçambique, curio-
samente uma outra economia em grande
pujança e que segundo dados do próprio
FMI deverá crescer este ano 7,7 por cento.
«O processo de internacionalização com
Moçambique está a decorrer muito bem.
Tenho realizado algumas visitas àquele
país africano e aquilo que me foi dado ob-
servar, agradou-me sobremaneira, porque
se verifica que há interesse da parte dos
governantes moçambicanos em atraírem
investimento português. E isso agrada-me
e dá-me alento. Por isso estamos a envidar
esforços para que rapidamente se crie a
empresa em Moçambique, e se tudo cor-
rer dentro da normalidade que desejamos,
isso deverá acontecer ainda este ano. As
nossas esperanças no mercado moçambi-
cano são muito fortes, e estamos a contar
com ele para crescermos muito mais», es-
clareceu Joaquim Costa.
Ainda muito recentemente o presidente
da Costa & Carvalho, acompanhado por
Victor Lobão, responsável por esta área de
negócios, esteve de visita a Moçambique
e, curiosamente, foi Victor Lobão, que tal
Construção das Piscinas Municipais de Pataias
Julho 2012 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Julho 2012
› gRandE EntREvista
como Miguel Costa (vogal), e João Callé de
Almeida (adjunto da administração, este
presente nesta entrevista a Joaquim Cos-
ta, interveio para referir um episódio que
a nós também nos parecer extremamen-
te interessante. Sublinhou Victor Lobão
que as autoridades moçambicanas têm
apreciado muito o interesse que Joaquim
Costa tem manifestado em conduzir pes-
soalmente este processo de internaciona-
lização com Moçambique, «atitude que
nem sempre é seguida por outras empre-
Construção do novo Quartel da Associação Corpo Voluntário de Salvação Pública de S. Pedro de Sintra
sas portuguesas que desejam entrar na-
quele mercado», referiu Victor Lobão.
A preferência por Moçambique é-nos ex-
plicada pelo próprio presidente da Costa
& Carvalho. «Fiz visitas a Angola, Moçam-
bique e a Cabo Verde e, sinceramente,
gostei da maneira como as autoridades
moçambicanas souberam relacionar-se
connosco. Foi uma experiência muito po-
sitiva, e isso agradou-nos. Por outro lado
Moçambique é um país com muito por
fazer ao nível das infra-estruturas básicas
e para uma empresa como a nossa isso
traduz-se numa oportunidade muito vá-
lida. A nossa ideia é intervirmos em Mo-
çambique nas áreas Imobiliária e Obras
Públicas». Joaquim Costa fez uma pausa
no seu discurso e perante a insistência do
jornalista da P€ referiu que o ideal era a
Costa & Carvalho conseguir obter nos pri-
meiros cinco anos de presença no merca-
do moçambicano índices de crescimento
idênticos ou aproximados aos que tem
tido cá em Portugal.
«O que eu queria é que a Costa & Carvalho
crescesse em Moçambique na ordem dos
dois dígitos, mas também sabemos que
isso não será fácil e que não dependerá
só de nós. Mas temos muita esperança de
que o mercado Moçambique vai ajudar-
-nos a crescer mais», concluiu o presiden-
te Joaquim Costa. ‹
Construção da EB1 Nº 167 do Bairro Padre Cruz - Lisboa
Requalificação da Zona Envolvente do Mosteiro de Alcobaça
Julho 2012 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Julho 2012
› LusoFonia › Brasil
soFid avança para o BrasilA SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento realizou a sua
primeira missão ao Brasil, que ocorreu entre os dias 18 e 26 de Junho. Liderada
por Diogo Gomes de Araújo, presidente executivo da empresa, a SOFID foi dada a
conhecer ao seu congénere do BNDES, e esteve representada em vários encontros
empresariais luso-brasileiros.
Nos seus contatos no Brasil, Diogo Araújo apresentou aos interlocutores os instru-
mentos financeiros que tem ao dispor dos empresários portugueses, sublinhando
a importância do InvestimoZ, um fundo de investimento com 94 milhões de
euros para apoiar projetos em Moçambique, e que poderá constituir um recurso
muito interessante para projetos empresariais triangulares entre empresas portu-
guesas, brasileiras e moçambicanas.
Por outro lado, o responsável da SOFID apresentou igualmente o LAIF – Facilida-
de de Investimento na América Latina, gerido pela Comissão Europeia e da qual a
SOFID tem o mandato de agir como entidade cofinanciadora para investimentos
em toda a região da América Latina.
Diogo Gomes de Araújo referiu que se tem «notado um interesse crescente do
empresariado português em investir no Brasil, tendo a SOFID aprovado a primei-
ra operação de investimento naquele país, um projeto de 1,5 milhões de euros no
setor das novas tecnologias». Neste momento, além deste projeto aprovado para
o Brasil, a financeira tem igualmente já projetos aprovados para Moçambique,
Angola, Marrocos, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. ‹
Embraer pode reforçar aposta em évoraA empresa brasileira Embraer está já em fase
de conclusão das duas unidades industriais
que possui em construção junto à cidade de
Évora, mas o seu responsável na Europa admi-
te poder reforçar a aposta na cidade alenteja-
na com a construção de uma terceira unidade
industrial, embora de menor porte do que as
atuais.
Segundo Luiz Fuchs, presidente da Embraer
Europa, «temos o �first refusel� (direito de
preferência) de outro terreno aqui, mas pri-
meiro vamos iniciar a produção nestas duas
fábricas maiores de pois então pensar numa
terceira fábrica». A fabricante aeronáutica
brasileira, a terceira maior a nível mundial,
prevê iniciar a produção já neste mês de Ju-
lho, embora a inauguração só esteja aprazada
para o próximo dia 21 de Setembro. As duas
unidades de Évora vão produzir materiais compósitos, nomeada-
mente para as caudas dos aviões, e outra de estruturas metálicas,
como as asas. Os primeiros componentes a serem produzidos se-
rão destinados aos jatos Legacy e para o cargueiro militar KC-390.
O investimento total rondará os 170 milhões de euros, um valor
superior aos 148 milhões de euros inicialmente previstos, além de
que deverá criar cerca de 400 postos de trabalho diretos e outros
1.200 indiretos. ‹
Exportações para o Brasil aceleramAs exportações portuguesas para o Brasil cresceram
44% entre Abril e Maio do presente ano, segundo
indicou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior do Brasil, tendo atingido a ci-
fra de 100,9 milhões de dólares. O valor acumulado
pelas exportações portuguesas nos primeiros cinco
meses do corrente ano para o mercado brasileiro
atingiu os 421,5 milhões de dólares, um acréscimo
de 38% face ao período homólogo de 2011. Os prin-
cipais produtos exportados foram o azeite (mais de
17%), bacalhau (8%), gasolina (8%), fornos indus-
triais (7%) e peras frescas (4%).
Já no que respeita às importações de produtos brasi-
leiros, de Janeiro a Maio, entraram em Portugal um
volume correspondente a 680,4 milhões de dólares,
valor inferior em 25,5% ao registado em igual perí-
odo do ano passado. Os principais produtos impor-
tados do Brasil foram o petróleo (45%), soja (16%) e
açúcar (12%). ‹
ibéria Expo em FortalezaEntre os dias 28 e 30 de Novembro próximo, vai decorrer na cidade de
Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará, a Ibéria Expo 2012, certa-
me organizado pela WTM, e que pretende dinamizar as exportações por-
tuguesas e espanholas do setor da alimentação e de bebidas para o Brasil.
A realização do evento em Fortaleza, no dizer de Luiz Branco, presidente
da WTM, prende-se com o facto da região onde se insere ser a que «pro-
porcionalmente mais cresce no Brasil». O Nordeste, frisa, «é uma porta de
entrada no Brasil». ‹
vinhos do douro crescemOs vinhos da região do Douro venderam no primei-
ro trimestre deste ano mais de dois milhões de euros
para o Brasil, mercado que ascendeu à quarta posi-
ção mundial entre os que mais adquirem os néctares
produzidos na região duriense. No entanto, enquan-
to os vinhos da região demarcada do Douro exporta-
ram cerca de 1,1 milhões de euros, correspondendo
a um acréscimo de 49% face ao período homólogo,
já a exportação do vinho do Porto apenas cresceu
5,2%, atingindo um volume de vendas de 945 mil
euros. De referir que no quadro da promoção dos
vinhos da região no Brasil, foram promovidas em
Junho ações em Brasília e em São Paulo. ‹
vista alegre cresce no BrasilA Vista Alegre Atlantis (VAA), empresa do universo do grupo Visabeira,
registou no primeiro trimestre de 2011, um crescimento nas exportações
de 17%, com um total de 8,9 milhões de euros, resultado para o qual muito
contribuiu o mercado brasileiro, com um crescimento na ordem dos 55%.
No Brasil, país onde a VAA reforçou a sua estratégia de internacionalização
com a inauguração de um centro de distribuição para apoiar a comerciali-
zação dos seus produtos, o volume de negócios cresceu os referidos 55%.
A par do Brasil, os restantes mercados com maior crescimento nas exporta-
ções da empresa foram a França, Inglaterra e a Moldávia. Já no mercado in-
terno, as vendas caíram 11%, tando registado apenas 4 milhões de euros. ‹
nonius em são PauloA tecnológica portuguesa Nonius assinou um contrato para fornecer a solu-
ção de gestão de acesso à Internet para o Centro de Negócios e Congressos
Transamérica em São Paulo, no Brasil. O Centro reúne o Hotel Transamé-
rica São Paulo e o Transamérica Expostion Center. A Nonius tem a sede
na cidade da Maia, e possui igualmente um escritório em São Paulo, onde
no início de 2011 lançou uma �joint-venture� com um parceiro local, na
sequência da adoção do mercado brasileiro enquanto área estratégica na
expansão do grupo português. A empresa pretende aumentar o valor das
suas exportações dos atuais 20% para 80% até 2015. ‹
Banco Luso Brasileiro renova imagemA empresa portuguesa Omdesign foi a responsável pela mudança da imagem do Banco Luso Brasileiro, instituição
financeira com sede em São Paulo, e que é presidida por Manuel Tavares de Almeida Filho. Mantendo o verde e o
vermelho como cores essenciais, são no entanto apresentadas de forma mais moderna e apelativa. O Banco Luso
Brasileiro possui três agências em operação em São Paulo e foi alvo no final do ano passado da entrada de novos
acionistas, relevando a participação de Américo Amorim, que é agora detentor de um terço do capital a entidade
financeira paulista. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Julho 2012
› LusoFonia › Brasil
Com pequenas e médias empresas portuguesas como alvo principal
Bahia mostrou oportunidades de investimento e de negócios
O estado brasileiro da Bahia trouxe uma comitiva de peso a Portugal, liderada por
James Correia, Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Governo estadual, e que
cumpriu uma vasta agenda de contatos e conferências no nosso país, tendo sempre
como objetivo principal o de mostrar o forte potencial de negócios e de oportunidades de
investimento naquele que é o maior e mais populoso estado do nordeste brasileiro, sendo
a sexta principal economia do Brasil. Em todos os locais por onde passou a comitiva
baiana (Castelo Branco, Setúbal (porto), Aveiro, Lisboa, Torres Novas e Leiria), estiveram
presentes muitos empresários portugueses, quase todos demonstrando significativo
interesse em analisar oportunidades na Bahia.
tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a Bahia é o maior e mais populo-
so estado do nordeste brasileiro.
No território que tem a cidade
de Salvador (primeira capital do Brasil)
como capital estadual, vivem mais de 14
milhões de pessoas, transformando a sua
economia na primeira do próprio nordes-
te e na sexta maior do Brasil. Os 93 mil
milhões de dólares do PIB baiano é equi-
valente ao de muitos estados, como é o
caso da europeia Bulgária, além de que o
tamanho do território estadual é superior
ao da França.
Um território, afirmam os responsáveis
governamentais, que possui inegáveis e
comprovadas riquezas minerais, que já
começou a ser explorado, mas que ainda
possui muito potencial para ser devida-
mente aproveitado (aliás como compro-
vou a própria Companhia Baiana de Pes-
quisa Mineira em conferência realizada
em Maio em Portugal), além do próprio
potencial agrícola, turístico e industrial.
Existem já um relevante conjunto de em-
presas portuguesas a operarem na Bahia,
de que se destacam as relacionadas com
as áreas turística (Pestana, Vila Galé e
Tivoli), indústria (Durit, Moldit, Cotesi e
Cordebrás) e construção (Martifer, Grupo
Lena e Ramos Catarino). Aliás, é de subli-
nhar o fato de ser a Martifer a construir
a estrutura metálica da cobertura do es-
tádio Fonte Nova, a arena desportiva que
receberá em 2014 os jogos em Salvador da
Copa do Mundo.
Os turistas portugueses representam pre-
sentemente 4,5% dos turistas internacio-
nais que aportam à Bahia. Já foram mais,
ainda assim é considerado de enorme im-
portância no relacionamento entre os dois
lados do Atlântico a existência do voo diá-
rio entre Lisboa e Salvador, fato potencia-
dor de negócios, investimentos e turismo
entre a Bahia e Portugal.
governo da Bahia apoia investimento portuguêsMas, o Governo da Bahia na pessoa do
secretário James Correia veio a Portugal
apelar a novos investimentos dos empre-
sários portugueses no seu estado, com um
foco bastante direcionado para as peque-
nas e médias empresas, «muitas certa-
mente com um expertise de alto nível e
que muito poderão ajudar a desenvolver
e a fortalecer a economia da Bahia, forta-
lecendo-se igualmente cada uma dessas
empresas portuguesas que apostarem no
nosso estado, pois a Bahia é um dos esta-
dos brasileiros que mais cresce, além de
que o governo estadual liderado pelo Go-
vernador Jacques Wagner, bastante articu-
lado anteriormente com o Presidente Lula
da Silva, e agora com a Presidente Dilma
Rousseff, tem desenvolvido um conjunto
de políticas que fomentam o empreendo-
rismo e os investimentos, além de garan-
tir uma segurança jurídica impecável a to-
dos os que investem na Bahia», enfatizou
o responsável governamental baiano, que
além de uma conferência na Associação
Comercial de Lisboa, reuniu-se também
com a AIP e com a CIP.
Os principais segmentos económicos do
atual desenvolvimento da Bahia são es-
sencialmente a energia (com realce para
a energia eólica e o petróleo), o setor pe-
troquímico (em Camaçari, próximo de
Salvador, está instalado o principal polo
petroquímico da América Latina), o setor
têxtil, o agronegócio, o turismo e o setor
da construção.
Ricardo Vieira, diretor de Desenvolvimen-
to e Relações Internacionais da Secretária
da Indústria, Comércio e Mineração do go-
verno baiano, a quem coube explanar nos
diversos locais percorridos em Portugal,
as potencialidades do estado brasileiro,
sublinhou o conjunto de importante in-
vestimentos que as autoridades federais,
estaduais e municipais estão concretizan-
do na Bahia, referindo concretamente ao
Porto Sul, em Ilhéus, para onde desembo-
cará a nova via-férrea oeste-leste que liga-
rá transversalmente o território brasileiro,
e que permitirá trazer as produções mine-
rais e do agronegócio do interior baiano
para os locais de transformação, valoriza-
ção e eventualmente de exportação no já
referido Porto Sul.
O responsável pelas relações internacio-
nais da secretaria da indústria do governo
baiano destacou também a importância
dos investimentos infraestruturais nos
setores eólico e naval, referindo o quanto
isso constitui oportunidades para a indús-
tria portuguesa, conhecida que é a sua ca-
pacidade e qualidade em ambas as áreas
referidas.
turismo e agronegócioOs 1.188 quilómetros de costa do litoral
baiano (o maior do país) constitui outro
grande potencial para o aproveitamento
turístico. Se é certo que já existem grupos
portugueses instalados com importantes
projetos, ainda existem áreas de elevado
potencial para novos investimentos turís-
ticos. Responsáveis governamentais da
Bahia admitiram à País €conómico
a possibilidade do empresário português
Américo Amorim investir no litoral da
Bahia com importantes projetos turísti-
cos. De referir que esses mesmos respon-
sáveis também manifestaram a esperança
de que se venha a concretizar pela parte
da portuguesa Imocom do projeto de
construção do futuro Hotel Hilton em
Salvador.
A País €conómico acompanhou a de-
legação da Bahia nas suas apresentações
em Castelo Branco, Setúbal (porto), Lisboa
e Torres Novas. Em todas as conferências
assistiram um conjunto bastante assina-
lável de empresários, mostrando um in-
teresse significativo pelas oportunidades
anunciadas pelo governo baiano, sendo de
sublinhar o testemunho de alguns já com
presença atual naquele estado do nordes-
te brasileiro.
A este respeito, é de referenciar a presença
na delegação da Bahia a Portugal de An-
tónio Coradinho, presidente da Câmara
Portuguesa de Comércio na Bahia, sempre
disponível para dialogar e esclarecer os
empresários portugueses e sublinhando o
interesse e a disponibilidade da Câmara a
que preside para encaminhar os empresá-
rios portugueses na Bahia ao encontro dos
melhores parceiros e para os apresentar
às autoridades institucionais do estado,
assegurando assim uma articulação mais
eficiente para melhor enquadrar as neces-
sidades dos empresários portugueses que
decidam apostar na Bahia.
De referir que esta conjugação entre as en-
tidades da Bahia na disponibilidade para
apoiarem os empresários portugueses, es-
teve igualmente patente em todas as inter-
venções de João Marcelo Alves, Superin-
tendente de Desenvolvimento Industrial
da Federação das Indústrias do Estado da
Bahia, que mostrou completa disponibili-
dade para acompanhar os empresários lu-
sos em tudo o que seja necessário para re-
alizarem negócios neste estado brasileiro.
Por outro lado, António Coradinho não
deixou ainda de aproveitar a oportuni-
dade para divulgar a V Conferência de
Negócios que vai decorrer de 19 a 21 de
Outubro próximo em Salvador, evento
Julho 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Julho 2012
› LusoFonia › Brasil
organizado pela Câmara Portuguesa de
Comércio na Bahia, e que servirá funda-
mentalmente para estimular, e em alguns
casos concretizar, a realização de negócios
concretos entre empresários baianos e
portugueses, pois foi destacado a impor-
tância do estabelecimento de parcerias
nos negócios empresariais entre os dois
lados do Atlântico como a forma mais
eficaz de se estabelecer e desenvolver no
mercado brasileiro. O presidente da Câ-
mara Portuguesa apelou à atenção dos
empresários portugueses para o potencial
da Bahia, enfocando sobretudo na área do
agronegócio e até deu o exemplo da exis-
tência de um rebanho de ovinos e capri-
nos de 12 milhões de elementos, mas não
existir o devido aproveitamento do leite
e da lã produzidas. «Existem empresas
destes setores em Portugal com grande
expertise para aproveitar este potencial»,
referiu. Discurso que foi muito escutado
sobretudo em Castelo Branco (Nercab) e
em Torres Novas (Nersant), pelo que po-
derão existir novidades dentro em breve
nesta área apurou a País €conómico
junto de fontes de ambas as associações
empresariais regionais da Beira Baixa e do
Ribatejo, respetivamente. ‹
Conferência no Nercab em Castelo Branco
James Correia, Secretário da Indústria do Governo da Bahia, com a Administração do Porto de Setúbal
Julho 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Julho 2012
› LusoFonia › Brasil
O estado brasileiro da Bahia veio mostrar-se uma vez mais a Portugal, num esforço
institucional e empresarial concertado para apresentar as suas potencialidades aos
empresários portugueses. Um dos membros da delegação baiana que esteve em
Portugal foi António Coradinho, português que vive há 33 anos na Bahia e que preside à
Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia. Em entrevista exclusiva à País €conómico,
o responsável luso-brasileiro abordar as grandes potencialidades e oportunidades
existente na sexta maior economia do Brasil e entende que as afinidades linguísticas
e culturais constituem uma oportunidade de aprofundamento dos negócios e do
comércio entre os dois lados do Atlântico. O V Seminário de Negócios que em Outubro
acolherá empresários baianos e portugueses poderá constituir um forte impulso para o
crescimento desse relacionamento.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
Porque é que a Bahia veio a Portugal mostrar as suas potencialidades e de-sejar que as empresas portuguesas as possam aproveitar?A Bahia é um estado cheio de oportuni-
dades e de contrastes. Ao mesmo tempo
que tem o maior Parque Petroquímico in-
tegrado da América do Sul, onde produz
produtos de primeira e segunda geração,
como resinas plásticas, matérias-primas
para detergentes, cosméticos, sabões,
etc., não tem indústrias de terceira gera-
ção para fechar o ciclo produtivo, isto é,
vende as matérias-primas para os estados
do sul (S. Paulo, Paraná e Minas Gerais)
e compra produtos acabados, a partir das
matérias-primas antes vendidas. Portugal
possui indústrias de ponta de terceira ge-
ração. Pode aproveitar as matérias-primas
produzidas no estado e transformá-las em
produto final, como embalagens, cosmé-
ticos, material de construção, material de
limpeza, entre outros produtos.
De igual forma, no setor do agronegócio,
a Bahia é um grande produtor de como-
dities agrícolas, mas não possui indús-
trias de beneficiamento e processamento
António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia
a Bahia tem muito para oferecer às empresas portuguesas
Julho 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Julho 2012
› LusoFonia › Brasil
destes produtos para aumentar a escala de
valor. Mais uma vez Portugal tem experti-
se neste segmento, que poderá aplicar na
Bahia.
Apresentamos o exemplo do nosso rebanho
de ovelhas, estimado em 12 milhões de ca-
beças, mas sem uma indústria de aproveita-
mento da lã e do leite.
Devo esclarecer que estas oportunidades
estão abertas para qualquer investidor de
qualquer país. Mas como português e pre-
sidente da Câmara Portuguesa de Comércio
na Bahia, estou empenhado em que inves-
tidores portugueses cheguem primeiro e
aproveitem as oportunidades. Esse tem sido
o meu foco de atuação. Temos que aprovei-
tar a afinidade linguística, cultural e intelec-
tual que nos unem para aproximar mais no campo dos negócios.
Qual foi a recetividade encontrada?A recetividade foi de um modo geral excelente. A delegação saiu
encantada de Portugal com o que viu. Adquirimos novos parcei-
ros para trabalhar a favor das empresas portuguesas.
Expertise português pode fazer a diferençaEm que setores de atividade considera existirem maiores possi-bilidades de investimento português na Bahia?Como referi na resposta à sua primeira questão, os setores onde
existem maiores possibilidades de investimento português e
serão a pauta do nosso seminário de Outubro próximo, são, res-
petivamente, a indústria metalomecânica para a indústria naval,
a indústria de material de construção e embalagens, a indústria
das energias renováveis e o agronegócio. Estes são os segmentos
que entendemos com maiores possibilidades de aproveitarem as
matérias-primas já produzidas no estado da Bahia.
Quais poderão ser os apoios aos investidores portugueses que apostem na Bahia?Os investidores portugueses através de parcerias locais, têm aces-
so a linhas de financiamento de instituições locais de até 40% do
projeto. Existem também isenções fiscais dependendo do tipo de
indústria e o local onde se vai instalar. Estas isenções são mais
acentuadas para as empresas se instalarem no interior do estado
na zona do semi árido. Existem também instituições portugue-
sas como a Sofid que financia a internacionalização de empresas
portuguesas.
Do ponto de vista do treinamento e orientação empresarial exis-
tem instituições que apoiam a instalação de empresas, como a
FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia e o Sebrae.
Quais as melhores formas para os empresários portugueses abordarem o mercado da Bahia?A Câmara Portuguesa da Bahia está afinada com a FIEB e com
a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da
Bahia. Estas são instituições que o empresário precisa de contatar
para se instalar. A função da Câmara neste
caso é o de orientar e encaminhar o empre-
sário para a instituição correta.
a câmara Portuguesa pode orientar o investidorO que é que a Câmara Portuguesa de Co-mércio no Brasil – Bahia, poderá fazer para colaborar no aumento do investimento e do comércio português para a Bahia?A Câmara Portuguesa na Bahia identifica as
oportunidades e repassa ao possível inves-
tidor português. Um dos motivos das mi-
nhas viagens foi criar um banco de dados
de tecnologias, produtos e investidores por-
tugueses que preencham as necessidades
do mercado baiano. Mas acreditamos que
conhecendo um investidor pessoalmente, criamos uma sinergia
altamente favorável aos negócios.
Quais são as principais empresas portuguesas já presentes no mercado baiano?As empresas portuguesas presentes no mercado baiano são de di-
versos ramos de atividade como sejam na metalomecânica (Durit
e Immec), moldes (Moldit), hotelaria (Pestana, Vila Galé e Tivoli),
construção (Lena, Ramos Catarino e Martifer), indústria do sisal
(Cordebrás e Cotesi) e incorporadoras (Imbassai Participações e
Desing Resorts).
Como perspetiva o Encontro de Negócios que a Câmara Portu-guesa vai levar a efeito na Bahia entre os próximos dias 19 e 21 de Outubro?Temos como perspetiva na realização do V Seminário de Negó-
cios, cujo tema é “Unindo Forças – Quebrando Fronteiras”, trazer
os investidores portugueses para se encontrarem com os par-
ceiros baianos para a concretização de bons negócios. Estamos
trazendo para participar todas as instituições da Bahia que de
alguma forma façam parte do processo para a concretização do
investimento, ou seja, o Governo do Estado, a FIEB, instituições
de financiamento como a Desenbahia e BNB – Banco do Nordeste,
o Ibama – Instituto do Meio Ambiente, além do CRA – Conselho
Regional de Engenharia.
Estarão igualmente participando no encontro, os nossos associa-
dos nas áreas de serviços e apoio como empresas de advocacia,
contabilidade, transporte, logística, importação e exportação, ho-
téis, entre outros.
Estaremos também convidando instituições portuguesas como a
Aicep, AIP, CIP e Sofid, de forma a termos um comprometimento
com o empresariado português e seus investimentos. Estaremos
enviando um convite ao Ministro Paulo Portas, porque achamos
que os estados do Brasil de dimensões e PIB igual a grandes pa-
íses, como é o caso da Bahia, devam ser prestigiados ao nível do
estado português e assim promover os bons negócios fora do eixo
S. Paulo/Rio de Janeiro. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Julho 2012
› amBiEntE
Octávio de Almeida, Administrador Executivo das Águas de Santo André
«a nossa principal vocação é servir a indústria»
Constituída há 11 anos a Águas de Santo André, do Grupo Águas de Portugal, tem uma
função especial: satisfazer as necessidades das empresas localizadas na Zona Industrial
e Logística de Sines em termos de fornecimento de água potável, águas industriais,
efluentes, e resíduos sólidos. Em entrevista que concedeu à País €conómico, Octávio
de Almeida dá conta do apoio que a sua empresa presta às empresas ali instaladas e
revela que mais de 90 por cento da facturação das Águas de Santo André provém de
serviços a esta indústria, e sublinha que a tendência é para essa facturação suba ainda
mais.
tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a Águas de Santo André é, há 11
anos, a empresa concessionária
do sistema de captação, trata-
mento e distribuição de água para consu-
mo público, de recolha, tratamento e re-
jeição de efluentes e de recolha e destino
final de resíduos sólidos de Santo André
e, segundo Octávio de Almeida, seu admi-
nistrador executivo, este é um processo
que em termos globais se tem desenvol-
vido muito bem.
«Os investimentos que estavam previstos
no contrato de concessão não foram todos
realizados, até porque uma parte significa-
tiva era para ser levada a cabo pela tutela.
Ao contrário da maior parte das empresas,
nós apanhamos umas infra-estruturas já
completamente prontas, digamos que ti-
vemos uma herança global com uma Esta-
ção de Tratamento de Água muito grande,
com uma ETAR igualmente a funcionar
e muito grande e com aterro sanitário. E
com captações de água subterrânea para
abastecimento de água potável.
Portanto, a empresa foi criada em 2001,
herdámos um património vastíssimo do
INAG que era a entidade que geria as
infra-estruturas antes das Águas de San-
to André, que originalmente tinham sido
construídas pelo Gabinete da Área de
Sines. E estava previsto no contrato de
concessão o Estado fazer alguns investi-
mentos novos e fazer grandes operações
de manutenção das infra-estruturas que já
estavam em funcionamento, para o seu es-
tado de conservação se mantivesse como
novo. Mas na prática isso nunca acon-
teceu», relata Octávio de Almeida para
lembrar que todos os investimentos (e até
2010 eles foram relativamente reduzidos)
que foram até agora feitos nas Águas de
Santo André «foram feitos exclusivamen-
te pela empresa».
apoiar a Zona industrial e Logística de sinesA Águas de Santo André foi constituída
fundamentalmente para satisfazer as
necessidades das indústrias localizadas
na Zona Industrial e Logística de Sines –
ZILS em termos de água potável, água in-
dustrial, efluentes e resíduos industriais.
«A empresa existe fundamentalmente
para levar a cabo essa tarefa», referiu Oc-
távio de Almeida. E quando perguntámos
a este responsável qual era o tipo de in-
tervenção das Águas de Santo André na
ZILS, este disse:
«É evidente que damos o nosso contribu-
to naquilo que é a nossa responsabilida-
de. Fornecemos-lhes água potável, muita
água industrial, até porque temos ali ins-
talado meia dúzia de grandes empresas.
Fornecemos tratamento de água residual
e industrial, tratamento de água residual
doméstica, fazemos o encaminhamento
para destino final de água salina, e resídu-
os sólidos industriais».
A Águas de Santo André é das mais pe-
quenas empresas do Grupo Águas de
Portugal em termos de número de empre-
gados, mas não é pequena em termos de
outros indicadores.
«Esta empresa quando se constituiu não
foi fundamentalmente para tratar do
abastecimento domiciliário à população
de Santo André, foi mais para as indús-
trias, e este faz com que sejamos um sis-
tema diferente. Só para dar um exemplo,
mais de 90 por cento da nossa facturação
relaciona-se com as indústrias que aqui es-
tão instaladas. Este ano já ultrapassamos
os 90 por cento porque está a arrancar
uma nova fábrica – a Artelant – que irá
fabricar garrafas em plástico. Esta é uma
unidade fabril que arrancou nos últimos
dias de 2011 e vai ser ali o nosso segundo
maior cliente. A participação da indús-
tria na nossa actividade é cada vez mais
significativa. Por outro lado sabemos do
interesse de várias empresas que querem
instar-se nesta ZILS e com isso espera-se
que a nossa intervenção em termos da
prestação de serviço venha ainda a crescer
mais», sublinhou o administrador execu-
tivo das Águas de Santo André.
Caso se confirme a instalação destas em-
presas na ZILS, as Águas de Santo André
estão aptas a prestar-lhe o apoio que elas
necessitam em termos de água potável,
águas industriais, efluentes e resíduos só-
lidos industriais? Octávio de Almeida diz
que sim. «No ponto de vista do abaste-
cimento de água e no ponto de vista do
tratamento de águas residuais nenhum
projecto que neste momento esteja a ser
equacionado ficará inviabilizado por ra-
zões de não haver água industrial ou não
haver tratamento de água residual. Até
porque em projectos desta natureza, e
isso aconteceu recentemente com a nova
fábrica da Petrogal que está também em
fase de arranque e que vai produzir ga-
sóleo, desde que haja a decisão para que
façamos o fornecimento destes serviços
(e aqui há quase sempre um hiato de 2 a
3 anos até que a fábrica entre em labora-
ção), nós estamos preparados para o fazer
já que neste momento a nossa capacidade
é excedentária em termos de tratamento
de água industrial e tratamento de águas
residuais industriais», sublinhou o admi-
nistrador executivo das Águas de Santo
André, para este propósito dizer ainda
que «não há qualquer limitação de insta-
lação de indústrias em Sines por razões
daquilo que nós fornecemos».
Em 2010, e em relação ao abastecimento
de água a Águas de Santo André registou
23,5 milhões de metros cúbicos de água
captada e 27 mil pessoas servidas, e em
termos de águas residuais tinham sido
tratados 4,5 milhões de metros cúbicos e
48 mil pessoas servidas em Santo André e
Sines. Perante estes números Octávio de
Almeida fez questão de referir: «São valo-
res consideráveis, mas a nossa vocação é a
indústria». ‹
Julho 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Julho 2012
› EmPREsaRiado
José António Amador, Presidente da Mútua dos Pescadores
«temos uma experiência mutualista que vem desde 1942»
Esta seguradora sem fins lucrativos nascida em Julho de 1942 iniciou a sua atividade
no setor das pescas e com o tempo transformou-se na maior associação portuguesa
do setor marítimo, com cerca de 16 mil associados. Digamos que 2004 foi um
ano de viragem no seio da Mútua dos Pescadores ao adotar a forma cooperativa,
transformando-se assim na primeira e única cooperativa portuguesa de utentes de
seguros e passando a participar ativamente nas estruturas federativas do sector
cooperativo e social. Em entrevista à País €conómico José António Amador,
presidente da Mútua dos Pescadores enalteceu a história desta entidade, sublinhando
que ela continua muito atenta a tudo o que se vai passando no setor das pescas e à
sua evolução, «Cá estaremos para dar resposta a todos os problemas que nos sejam
colocados, apresentando soluções novas que se adaptem as exigências dos tempos
modernos».tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a Mútua dos Pescadores iniciou a
sua atividade em 1942, em ple-
no Estado Novo, mas soube sem-
pre acompanhar a evolução dos tempos e
as suas exigências, e hoje é uma entidade
dotada de todos os requisitos necessários
para competir de igual para igual num
mercado globalizado onde as marcas da
qualidade e inovação têm permanecido
sempre e de uma forma vincada nesta
caminhada que este mês comemora 70
anos.
Nesta entrevista com José António Ama-
dor, presidente da Mútua dos Pescadores,
e a que assistiu também Adelino Car-
doso, Director Técnico e de Marketing,
reviveram-se as principais etapas deste
percurso da Mútua dos Pescadores, mas
não foram esquecidos os objetivos – que
ainda são muitos – que esta seguradora
do mar deseja concretizar no futuro, que é
já hoje. A garantia de P&I (Proteção e In-
demnização) que a Mútua disponibiliza e
que é uma cobertura que dá garantia que
o seguro marítimo por norma não dá, e
que agora é obrigatório para embarcações
com mais de 300 toneladas de arqueação
bruta, é um dos exemplos de evolução que
estão dentro dessa estratégia de objetivos
que a Mútua dos Pescadores presenteou
os seus 16 mil associados.
«No ano em que a Mútua dos Pescadores
foi constituída – em 1942 – nasceram
mais outras mútuas, todas elas já extintas.
A Mútua dos Pescadores é uma segurado-
ra da Pesca que continuou até 25 de Abril
de 1974 sem fins lucrativos, e que depois
daquela data histórica se transformou ra-
pidamente na maior associação portugue-
sa do setor marítimo, nesta altura com cer-
ca de 16 mil associados. A proximidade da
Mútua é abrangente. Abrange todo o Con-
tinente, Açores e Madeira, dispondo para
o efeito de 15 balcões e cerca de 200 cola-
boradores em todo este espaço geográfico.
Trabalhamos também com as associações
dos respetivos setores, privilegiando a
classe», sublinhou José António Amador,
que é presidente da Mútua dos Pescadores
desde 2004, «apesar de ser membro dos
Órgãos Sociais desde 1981».
dirigida por um coletivo de 100 associadosJosé António Amador recorda que depois
de 25 de Abril de 1974 a Mútua dos Pesca-
dores passou a ser dirigida por um colecti-
vo de 100 associados (pescadores e arma-
dores) eleitos de 4 em 4 anos, segundo o
princípio “um homem um voto”, assentan-
do toda a atividade da empresa na estreita
ligação aos associados e às comunidades
e no estímulo à sua participação nas de-
cisões e iniciativas. «Temos 6 Conselhos
Regionais, e para além desta ainda temos
um Conselho Consultivo e a Assembleia
Geral», lembrou José António Amador.
Tem sido difícil o percurso que a Mútua
dos Pescadores já leva na sua história?
«Aqui na Mútua temos algumas preocu-
pações. Tentamos sempre inovar e me-
lhorar as nossas prestações de modo a
podermos acompanhar as exigências dos
tempos atuais onde a competitividade é
muito forte, e além disso a Mútua tem a
responsabilidade de ser especialista neste
setor de atividade. Há aí no mercado com-
panhias de seguros que não conhecendo
este setor, agem como se o conhecessem.
Que por vezes nos criam algumas dificul-
dades ao exibirem taxas irrealistas que
só prova que não conhecem o setor da
Pesca. Estamos a falar de taxas irrealistas,
tecnicamente abaixo daquilo que seria de
esperar, e isso, como é óbvio preocupa-
-nos, e preocupa os próprios pescadores»,
sublinhou o presidente da Mútua dos Pes-
cadores.
A Mútua dos Pescadores tem hoje ao
dispor dos seus associados, pescadores e
armadores, uma panóplia de produtos es-
pecíficos que abrangem áreas como: Aci-
dentes de Trabalho, Acidentes Pessoais,
Julho 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Julho 2012
› EmPREsaRiado
Compensação Salarial, Perda de Haveres,
Multipesca, Seguropesca XXI, Marítimo/
Pesca, e Multirriscos PME. «Temos nesta
altura o Ponto Seguro e estamos em con-
dições de realizar toda a qualidade de se-
guros, Aqueles que a Mútua dos Pescado-
res por lei não poder fazer, são colocados
por nós noutras companhias», revelou
José António Amador.
A possibilidade de a Mútua com o tempo
poder vir a perder alguns associados tam-
bém é uma preocupação de José António
Amador. «Essa também é uma preocupa-
ção nossa e é uma preocupação das orga-
nizações. De facto, quando entrámos na
Comunidade Económica Europeia, isto
em 1986, nós tínhamos à volta de 42 mil
pescadores e tínhamos 18 mil embarca-
ções. Nesta altura os números que nos dão
dizem que temos pouco menos de 9 mil
embarcações e 17 mil pescadores. Pensa-
mos nós que dificilmente este número se
irá reduzir, mas é preciso esperar para ver.
Nós fomos um país que abateu mais em-
barcações do que estava previsto, e hoje, o
que é curioso, aqueles que incentivaram o
abate destas embarcações são os que nos
chamam a atenção para as potencialidades
que o Mar nos pode proporcionar para a
recuperação da nossa economia », reforçou
o Presidente da Mútua dos Pescadores.
A Mútua dos Pescadores está muita atenta
às questões sociais e culturais, e nestas ini-
ciativas está sempre junto dos pescadores.
Levantada esta questão, foi Adelino Car-
doso, Diretor Técnico e de Marketing da
Mútua a dar alguns esclarecimentos. «Os
pescadores merecem tudo isto e muito
mais. Por vezes o pescador pode ser um
bocado brusco no falar, mas isso por nor-
ma é consequência do meio onde foi cria-
do e onde se relaciona.
Está habituado a trabalhar em condições
adversas, a enfrentar o rigor dos invernos.
São pessoas que merecem que se faça
tudo por eles, e da parte da Mútua essa
esforço tem existido», referiu Adelino
Cardoso.
Em 2007 a Mútua dos Pescadores foi con-
siderada a 2ª maior seguradora Não Vida
em Portugal, mas desconhece-se se esta
posição se mantém. Foi Adelino Cardo-
so que ajudou a esclarecer esta questão.
«Tudo depende dos critérios. A revista
que faz essa apreciação a partir daquela
data alterou os critérios de valorização e
deixou de dar uma atribuição como aque-
la que deu em 2007. Avalia as companhias
em determinados aspectos económicos e
financeiros, mas deixou de dar esta clas-
sificação como dava naquela altura. Mas
para nós foi muito importante termos
sido a 2ª maior companhia Não Vida em
Portugal em 2007 porque foi uma avalia-
ção muito baseada na solidez financeira
das empresas.
Factores como a solvência, margens de
solvência, capitais próprios, reservas ma-
temáticas ou seja aquilo que nós temos
de por de parte, tudo isto definia a solidez
financeira que a Mútua dos Pescadores ti-
nha e ainda tem hoje». ‹
Julho 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Julho 2012
› EmPREsaRiado
António Trigueiros de Aragão, Administrador da Fábricas Lusitana, dá a receita para os tempos de crise
Empresas têm de manter a qualidade dos seus produtos
Os tempos são de crise, mas a Fábricas Lusitana, quase centenária empresa de Alcains,
concelho de Castelo Branco, mantém um percurso imaculado e resiste às dificuldades.
António Trigueiros de Aragão, administrador da empresa, assume a trajetória de
«tranquilidade, trabalho e muita confiança» na relação com o mercado português,
pois as marcas Branca de Neve e Espiga, constituem baluartes firmes e rochedos
bem destacados nos hábitos alimentares dos portugueses e de povos de outras
latitudes. Como sejam de angolanos, cabo-verdianos e de vários povos europeus e
norte-americanos. Qualidade, inovação e lançamento de novos produtos constituem
os ingredientes fundamentais numa estratégia vencedora de uma empresa que
considera importante possibilitar às empresas do interior as condições indispensáveis
à sua laboração e competitividade. O que «nem sempre acontece», lamenta António
Trigueiros de Aragão, que adianta logo que a empresa que lidera se manterá firme e em
desenvolvimento porque «acreditamos que o interior do país também pode ter empresas
vencedoras. A história da Fábricas Lusitana é um exemplo digno disso mesmo»,
enfatizou.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a crise económica que Portugal
atravessa tem naturalmente
afetado o nível do consumo das
famílias portuguesas, com reflexos negati-
vos mesmo no setor alimentar, afetando
com isso as vendas das empresas que se
situam nesses segmentos. A Fábricas Lu-
sitana, conhecida pelo fabrico das marcas
Branca de Neve e Espiga, não deixou de
ser afetada pelo clima económico difícil
do país, mas a empresa apostou na ma-
nutenção dos elevados níveis qualitativos
que sempre distinguiram os produtos des-
sas marcas ao longo das décadas que per-
mitiram formar o seu prestígio e confian-
ça junto dos consumidores portugueses.
António Trigueiros de Aragão sublinha
que uma primeira atitude de uma em-
presa num mercado em recessão, como o
português, é manter a serenidade e pug-
nar pela manutenção dos níveis de qua-
lidade em tudo o que produz. No fundo,
sublinha, «é preciso uma atitude comple-
tamente profissional de toda a estrutura
empresarial, uma forte solidariedade en-
tre toda essa estrutura, e um acreditar que
a manutenção desses níveis de profissio-
nalismo será a melhor forma para man-
ter os rácios de produtividade, qualidade
e vendas e assim colocar a empresas nas
melhores condições para depois aprovei-
tar os tempos de retoma económica e con-
sequentemente de maior consumo das
famílias».
Com 90 anos de existência «a Fábricas Lu-
sitana já passou por várias crises económi-
cas do país, e certamente que atravessará
outras crises no futuro. Mas temos um es-
pírito de corpo interno muito bom, mui-
to solidário como referi anteriormente, e
que abrange toda a empresa, tanto as 65
pessoas que trabalham na fábrica de Al-
cains, como as que trabalham em Lisboa
e no Porto», referiu o administrador da
empresa.
No ano passado, o volume de negócios
da Fábricas Lusitana atingiu cerca de 16
milhões de euros, que redundaram em re-
sultados positivos para a empresa e para
os seus accionistas. Estes resultados fo-
ram obtidos ainda assim, adianta António
Trigueiros de Aragão, «apesar do gravoso
aumento das matérias-primas com que
trabalhamos e que no caso concreto do
trigo aumentou de forma exponencial». O
aumento dos custos dos transportes para
colocar os produtos saídos da fábrica de
Alcains nas prateleiras dos locais de con-
sumo também sofreram aumentos fortes,
destacando o responsável da empresa a
Julho 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Julho 2012
introdução de portagens na A23 (auto-
-estrada da Beira Baixa) assim como os
custos com o transporte ferroviário, factor
cada vez mais periclitante devido à insu-
ficiência deste meio de transporte em vir-
tude da ocorrência das frequentes greves
que atingem a CP.
Como lutar então num cenário adverso
para manter quota de mercado e atingir
resultados positivos? Em primeiro lugar
pela manutenção da referida tranquili-
dade e pela continuação do empenho na
qualidade da produção que sai da fábrica
de Alcains, próxima de Castelo Branco.
As empresas, sublinhou o administrador,
«precisam de eliminar “gorduras” nos cus-
tos mas sem nunca descurar ou diminuir
a sua qualidade, pois essa é a melhor re-
lação de confiança que estabelecem com
os consumidores. E nós, na Fábricas Lu-
sitana, com essa profunda e profícua re-
lação estabelecida no decorrer de 90 anos,
continuamos fortemente empenhados em
manter e até reforçar essa relação de con-
fiança com um mercado que sempre con-
fiou em nós e nos concedeu o seu carinho
e apoio em todos os momentos».
Por outro lado, adianta António Trigueiros
de Aragão enfoca que a empresa tem de-
senvolvido o seu know how em termos de
inovação e de lançamento de novos pro-
dutos ou de novas combinações no mer-
cado. Por exemplo, acrescentou, «temos
desenvolvido alguns produtos na área dos
preparados e sobremesas, até porque pos-
suímos uma larga experiência na prepara-
ção de sobremesas para vários operadores
que atuam nos mercados nacional e em
vários a nível internacional».
Por outro lado, o responsável da empresa
adiantou igualmente que foram lançadas
recentemente oito novas gamas de fari-
nhas para as máquinas de pão e «onde
aplicámos todo o nosso know how em
termos de investigação e desenvolvimen-
to». O administrador aproveitou a oca-
sião para informar o mercado através da
› EmPREsaRiado
País €conómico que está a preparar
um novo produto que aparecerá dentro
em pouco no mercado e que vai de encon-
tro às necessidades e expetativas deste.
Exportações crescemNo entanto, a empresa desenvolve uma
forte atuação nos mercados externos com
o firme propósito de dinamizar as expor-
tações, tanto no segmento das farinhas,
como nos últimos tempos igualmente no
campo dos óleos alimentares.
António Trigueiros de Aragão sublinha a
importância das exportações para o mer-
cado angolano, referindo que a moderni-
zação dos circuitos de distribuição alimen-
tar neste país africano, com o surgimento
de novas áreas comerciais particularmen-
te de novos hipermercados possibilitaram
a expansão de produtos mais sofisticados.
Vender a farinha Branca de Neve nas mo-
dernas superfícies comerciais angolanas
tem emprestado uma grande satisfação
aos responsáveis da empresa portuguesa.
Por outro lado, além do mercado ango-
lano, os produtos saídos da fábrica de
Alcains também já começam a estar pre-
sentes em cabo Verde e poderão chegar
brevemente também ao mercado moçam-
bicano, embora António Aragão não esta-
beleça prazos para isso acontecer. Aliás, o
mesmo acontece com o mercado brasilei-
ro, onde referiu que as exportações ocor-
rem de forma esporádica, mas considera
o Brasil um mercado de forte potencial e
muito importante no futuro para a Fábri-
cas Lusitana.
No entanto, sempre foram os mercados
europeus, sobretudo aqueles para onde
se dirigiu a emigração portuguesa, os que
mais relevam nas exportações da Fábricas
Lusitana. As exportações tanto são feitas
diretamente para as unidades de distribui-
ção alimentar, como noutras ocasiões são
dirigidas para players que atuam nesses
mercados de forma segmentada e especia-
lizada. O responsável da empresa albicas-
trense mencionou também a importância
das exportações para os Estados Unidos e
para o Canadá, efetuadas para operadores
locais que depois fazem chegar os produ-
tos aos locais de distribuição alimentar. ‹
Na presidência do Nercab
Puxar pelos empresários de castelo Branco
Recentemente, António Trigueiros de Aragão assumiu em representação da
Fábricas Lusitana, a presidência do Nercab – Associação Empresarial da
Região de Castelo Branco. O novo presidente do organismo que defende
os interesses empresariais da região da Beira Baixa lembra que o Nercab sempre
se notabilizou pelo importante papel desempenhado na promoção da economia
regional, e pela articulação com os tecidos institucional e social da própria região.
O Nercab representa as empresas de onze concelhos do distrito de Castelo Bran-
co. Para além de manter o foco na sua tradicional atividade na área da formação
empresarial e na tomada de posições em defesa dos seus associados e da própria
economia da região, António Trigueiros de Aragão, em declarações à País €co-nómico, referiu que o organismo que passou recentemente a liderar precisa de
aglutinar melhor as empresas da região para se realizar uma maior aposta nos seg-
mentos empresariais que possam constituir uma mais-valia no desenvolvimento
económico do distrito de Castelo Branco e do próprio interior do país.
O novo presidente aponta os exemplos do turismo, da floresta e do agronegócio,
assim como aproveitar a centralidade da região no contexto nacional e ibérico para
conferir uma maior importância logística e económica à região.
Por isso, defende, é preciso apostar de forma articulada entre empresas e autorida-
des institucionais nesses setores, valorizando as grandes potencialidades da região
e as suas oportunidades em termos de produtos e empresariais. Formatar rotas e
produtos turísticos, apostar na sua promoção e divulgação, além de atrair cada vez
mais turistas internacionais para a região, constitui uma das prioridades da nova
direção do Nercab.
O organismo presidido por António Trigueiros de Aragão pretende igualmente
posicionar melhor a região em termos de internacionalização, aproveitando a já
referida centralidade nos contextos nacional e ibérico, mas igualmente com a apos-
ta numa maior relação com outros mercados, incluindo os países de expressão
portuguesa. Não foi por acaso, que no passado dia 19 de Junho, e perante um vas-
to conjunto de empresários da região, desenrolou-se nas instalações do Nercab
uma conferência sobre oportunidades de negócio no estado brasileiro da Bahia,
demonstrativo do interesse de muitos associados em explorar o potencial de ne-
gócios e de investimento entre aquele estado do nordeste brasileiro e a região de
Castelo Branco. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Julho 2012
› EmPREsaRiado
Nuno José Soares, Presidente executivo do Grupo Mailtec
Líder nacional de produção de correio
Constituída em 2000 e adquirida pelo Grupo CTT em 2005, a Mailtec cedo assumiu a
liderança no mercado nacional de produção de correio, respondendo às necessidades
do mundo empresarial relativamente à produção e gestão de grandes volumes de
documentos. Em entrevista que concedeu à PAÍS€CONÓMICO, Nuno José Soares,
Presidente da Comissão Executiva da Mailtec revela o apoio que a sua empresa pode
prestar às empresas portuguesas no seu processo de modernização, fala do percurso da
Mailtec «que também tem sentido os efeitos da crise», e revela os passos que estão a ser
dados rumo à Internacionalização, onde mercados como Espanha, Angola e Moçambique
poderão vir a contribuir grandemente para a afirmação do Grupo Mailtec.tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
a aquisição pelos CTT veio refor-
çar a posição do Grupo Mailtec
(formado pelas empresa Mail-
tec Consultoria, Mailtec Comunicação e
Mailtec Processos) no mercado, e dotá-lo
de novos recursos que lhe permitem pro-
mover uma oferta integrada das cadeias
de produção e distribuição física e digital
única no País.
Numa altura em que as empresas portu-
guesas vivem uma etapa nova das suas
vidas enveredando pelo caminho da mo-
dernização, uma das formas mais reco-
mendadas para poderem tornar-se mais
competitivas não só em Portugal como no
mercado externo, a País €conómico
quis saber de Nuno José Soares, Presiden-
te da Comissão Executiva da Mailtec se
a sua empresa se sentia preparada para
apoiar estas empresas no seu processo de
modernização.
Segundo o Presidente da Comissão Execu-
tiva da Mailtec, «Nos últimos anos temos
tido sobretudo uma viragem para a área
digital, ou seja, temos procurado promo-
ver a integração entre o físico e o digital.
Portanto, o nosso esforço de moderniza-
ção tem sido fundamentalmente ligarmos
o físico ao digital», disse Nuno José Soares
que questionado sobre a reação das em-
presas portuguesas a estas exigências do
mercado, respondeu. «Este é um processo
muito lento, mas dada a situação de crise
em que se vive, toda a gente faz um es-
forço para reduzir custos. E essa forma
de reduzir custos implicou da nossa parte
baixarmos os preços e também baixarmos
as nossas margens. Mas é bom que se diga
que este abaixamentos de preços não im-
plicou de modo nenhum qualquer perda
de qualidade. Aliás, estamo-nos a certifi-
car no âmbito das normas ISO 9001 e ISO
14000, na área da produção documental
(em papel) e fizemos também a certifica-
ção na norma FSC (certificação da cadeia
de responsabilidades) e que salvaguarda
que o papel não prejudica as florestas,
ou seja, ao contrário do que muita gente
pensa a utilização do papel tem vindo a
fomentar o desenvolvimento da floresta.
Todas as empresas e em particular a Por-
tucel, que é a nossa grande produtora, têm
vindo a usar a norma em que se obrigam a
não utilizar floresta virgem e a replantar a
madeira que consomem para o fabrico de
papel. Isso faz com que a produção do pa-
pel – segundo essas regras – seja amiga do
ambiente», esclareceu Nuno José Soares.
O Presidente da Comissão Executiva da
Mailtec fez questão de sublinhar que não
há aqui qualquer intenção de “combater”
o papel. «Nós não combatemos o papel,
nós adaptamo-nos ao que os nossos clien-
tes pretendem. E não combatemos o papel
porque pensamos que isso não é um ob-
jectivo em si. Agora, sempre que o clien-
te quiser desmaterializar nós podemos
fazê-lo. O objetivo não é combater o pa-
pel, mas gerir os documentos dos nossos
clientes, que sem papel em muitos casos
essa gestão é mais eficaz e fica-lhes mais
barata».
Tendo como missão fornecer tecnologia
e processos de gestão de conteúdos em-
presariais, optimizando os fluxos de in-
formação física ou digital dos clientes, a
Mailtec tem tido ao longo da sua existên-
cia um percurso ascendente? «Não temos
tido o crescimento que desejávamos, até
porque o correio e a comunicação física
estão numa fase de grande concorrência,
tecnológica por um lado, e porque a pro-
dução de correio cai sempre que o PIB cai.
Nos anos 80 ou 90 cada 1 por cento do PIB
provocava cerca de 2,4% de crescimento
do correio. Agora que o PIB cai, acontece
precisamente o contrário», revelou Nuno
José Soares.
Perante situações como esta, qual tem sido
a reação da Mailtec? «A solução tem sido a
desmaterialização do correio, quando a lei
exige que haja correio físico nós podemos
fazer todo o trabalho para os clientes para
Julho 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Julho 2012
que eles nos entreguem os dados em for-
mato digital, e nós fazemos as cartas e o
resto. O cliente nem sequer precisa de ver
o papel. Por outro lado, fomos incumbidos
pelos CTT para desenvolvermos todos os
processos de comunicação multicanal dos
nossos clientes, e poderemos enviar esses
ficheiros no formato que eles nos solicita-
rem: ou o físico (que é o tradicional), ou
o via CTT, desmaterializado e digital, ou
por qualquer outro canal. Estamos aptos
a gerir qualquer documento dos nossos
clientes de forma digital ou de outra for-
ma», referiu Nuno José Soares.
Entre a panóplia de soluções que a Mail-
tec põe à disposição da sua clientela, so-
bressai a solução de gestão comercial
CYCLOS destinada a entidades gestoras
de água e saneamento.
Esta solução disponibiliza um Sistema
de Informação que permite: Leituras cor-
retas, faturas a tempo, cobranças mais
rápidas; Prazos de resposta reduzidos,
minimização de erros, menor número de
reclamações; Melhor qualidade de ser-
viço, maior nível de satisfação de consu-
midores e clientes; Acesso à informação
relevante para a gestão do negócio; Aco-
moda disposições legais, incluindo as re-
centemente aprovadas; A tecnologia Web
e o modelo SaaS garantem a atualização
aplicacional e liberta verbas e recursos
humanos; Disponibiliza interfaces para
interação com outros sistemas; E permite
reduzir custos e aumentar receitas.
Em 2011 a Mailtec atingiu um volume
de faturação de 23 milhões de euros, mas
as previsões para 2012 são diferentes.
«Porque o fluxo de correio está a reduzir,
a nossa faturação vai cair ligeiramente»,
adiantou o Presidente da Comissão Exe-
cutiva da Mailtec.
mailtec rumo à internacionalizaçãoNesta entrevista a que também esteve
presente António Manuel Vaz, Adminis-
trador da Mailtec, ficou bem patente o
interesse da Mailtec em levar por diante
o seu processo de internacionalização.
«O nosso mercado é o Ibérico, a GALP e
a CGD por exemplo, são nossos clientes e
são ibéricos. Por isso estamos a fazer um
esforço para nos internacionalizarmos
não só mantendo a operação que temos
com Espanha onde já temos um parceiro
com que estamos a trabalhar, mas con-
quistando outros espaços, nomeadamente
os PALOP�s. Por sua vez Angola parece-
-nos um mercado bastante interessan-
te, e em Moçambique já temos algumas
coisas desenvolvidas. Portanto, estes são
mercados a levar em conta e que poderão
permitir um maior crescimento do Grupo
Mailtec», sublinhou Nuno José Soares.
No universo Mailtec trabalham para cima
de 500 pessoas, 90 das quais licenciadas.
A Mailtec Consultoria absorve cerca de
60 desses trabalhadores, a Mailtec Co-
municação chama a si cerca de 200, e os
restantes dão o seu contributo à Mailtec
Processos.
Como grande empregadora que é, existe
no seio da Mailtec uma grande preocu-
pação social que nesta entrevista foi cla-
ramente assumida por Nuno José Soares
e António Manuel Vaz. «Apesar da crise
que afeta o país estamos a fazer tudo o
que esteja ao nosso alcance para que não
haja despedimentos. Era a coisa pior que
nos podia acontecer neste momento em
termos sociais. E a forma melhor de evi-
tarmos essa situação é continuarmos a
trabalhar da forma como estamos a tra-
balhar e a praticar preços competitivos,
Temos conseguido baixar drasticamente
os nossos custos como forma de sermos
concorrenciais e de nos mantermos bem
vivos no mercado», concluiu o Presidente
da Comissão Executiva da Mailtec. ‹
› EmPREsaRiado
Julho 2012 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Julho 2012
› EnERgia
António Sarmento, Diretor do WAVE ENERGY CENTRE
«mesmo sem apoios o nosso sucesso está à vista»
Em entrevista que concedeu à País €conómico, António Sarmento, Diretor do Wave
Energy Centre (Centro de Energia das Ondas) diz que apesar de não terem existirem
apoios por parte do Estado, a sua instituição tem conseguido ter até agora um
crescimento sustentado. «Quando começámos em 2003 éramos duas pessoas e o nosso
orçamento andava pelos 30 mil euros. Hoje somos vinte pessoas e o nosso orçamento
subiu para um milhão de euros», revelou António Sarmento, que a este propósito fez
um reparo no mínimo surpreende. «O nosso sucesso tem sido maior que o sucesso da
energia das ondas em Portugal ».tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS
o Wave Energy Centre é uma as-
sociação sem fins lucrativos que
se dedica ao desenvolvimento
e promoção da energia das ondas, eólica
offshore e outras energias renováveis.
Este Centro esforça-se também para cola-
borar com empresas e outras instituições
dentro e fora de Portugal que reconheçam
a necessidade de cooperarem internacio-
nalmente.
Será que a energia das ondas já é, dentro
das energias renováveis, uma área que
desperta interesse em Portugal?
Em entrevista que concedeu à País €co-nómico, António Sarmento, diretor da
Wave Energy Centre (Centro de Energia
das Ondas) esclareceu que em termos in-
dustriais esse interesse ainda não existe
«porque não há ainda uma tecnologia que
esteja comercializada, não há ainda essa
oportunidade», mas, «naturalmente que
há interesse no sentido de ter em Portugal
empresas interessadas no setor», subli-
nhando também que quer em Portugal,
quer fora do nosso país ainda não existe a
indústria das ondas. «Estamos numa fase
de desenvolvimento de tecnologias, e o
estado de desenvolvimento dessas tecno-
logias não permite ainda que haja uma so-
lução comercial. Portanto, neste momento
o que nós temos é o desenvolvimento de
protótipos no mar, não só em Portugal
como também nalguns países, e aqueles
que mais tarde vierem a ter sucesso irão
passar pelo desenvolvimento industrial.
Mas não estamos ainda nessa fase», dei-
xou bem claro o diretor da Wave Energy
Centre.
António Sarmento é, desde que se for-
mou, docente no Instituto Superior
Técnico, e uma figura apaixonada pela
imensidão dos Oceanos e por todas as
potencialidades que estes nos podem pro-
porcionar. Como tem sido o percurso do
WavEC? António Sarmento diz que tem
sido um percurso muito sustentado. «Em
2003 constituímos o Centro com um or-
çamento à volta dos 30 mil euros e com
duas pessoas, hoje somos quase 20 com
um orçamento acima de um milhão de
euros. Temos tido mais sucesso que a pró-
pria energia das ondas », recordou Antó-
nio Sarmento.
orçamento cresce sem apoios O WavEC tem o apoio técnico e estratégi-
co de empresas, I&D, instituições e enti-
dades públicas, ele aglutina dentro da sua
estrutura o contributo de mais de uma
dezena de empresas e de três instituições
de I&D. «Uma parte destas empresas são
da área da energia, outras são empresas
industriais e empresas de consultoria»,
disse António Sarmento, que ao referir-se
àquilo que tem sido o trajeto do WavEC
não escondeu que ele tem sido «uma ca-
minhada muito trabalhosa, com alguns
apoios, mas abaixo daquilo que esperá-
vamos e que merecíamos, especialmente
agora. Posso-vos dizer – só para vos dar
uma ideia – que deste nosso orçamento
o Estado português não contribuiu com
nada. Somos uma instituição cem por
cento privada e as 20 pessoas que aqui tra-
balham não têm nenhum modelo de fun-
cionário público. Tirando eu que sou pro-
fessor do Instituto Superior Técnico, as
restantes são pessoas com as quais o Cen-
tro tem algum tipo de contrato e que são
pagas com os recursos que a Wave Energy
Centre consegue adquirir. Isto é uma si-
tuação que por um lado nos traz dificul-
dades mas que por outro lado nos deixa
satisfeitos, porque é uma prova clara que
é possível fazer investigação com poucos
apoios do Estado e que procuramos não
só estar ligados às empresas e também ter
cada vez mais uma maior participação in-
ternacional (que é aquilo que nós temos).
Como digo o Estado não nos financia de
forma alguma, não nos dá qualquer tipo
de apoio», salientou António Sarmento.
Questionámos António Sarmento sobre
a grande onda de entusiasmo que existia
no tempo do governo chefiado pelo então
ex-Primeiro-Ministro José Sócrates em re-
dor das Energias Renováveis. «Havia essa
onda de entusiasmo, mas isso não signi-
fica que tivéssemos sido financiados»,
justifico o diretor do WavEC, que mesmo
assim não se considera defraudado com
este fato.
«Não me sinto defraudado porque não
gosto de andar a “cravar” o Estado, por
vários motivos. Por um lado, porque o
Estado é muito perigoso. O que nos ve-
rificamos é que o Estado promete muito
e cumpre muito pouco, e é pouco fiável:
promete e depois não é capaz de assegu-
O objetivo do projeto DEMOWFLOAT é demonstrar o desempenho, a longo prazo, do Windfloat, nomeadamente a sua operacionalidade, manutenção, fiabilidade, acessibilidade à plataforma, viabilidade de integração na rede numa base modular, entre vários outros aspectos, com impacto na disponi-bilidade do sistema e, portanto, no custo da energia produzida. O Windfloat é um projecto experimental que visa testar uma turbine flutu-ante para instalação em águas profundas (profundidades superiores a 40m). Trata-se de uma forma de aproveitar a energia eólica no mar para conversão em energia eléctrica.O dispositivo Windfloat localiza-se ao largo do concelho de Póvoa de Varzim, a uma distância de cerca de 6km da orla litoral, numa profundidade de cerca de 50m. As povoações mais próximas são Aguçadoura e Apúlia. No âmbito deste projecto o Centro de Energia das Ondas - WavEC participa na caracterização dos movimentos da plataforma e seus impactes no de-sempenho do dispositivo, monitorização ambiental, validação dos códigos numéricos de projecto, industrialização do WindFloat e disseminação e inte-racção com o público.
Ficha Técnica Financiamento: Comissão Europeia (FP7) Call: FP7-ENERGY-2011-2 Coordenador de projecto no WavEC: Miguel Lopes Financiamento Global (Contribuição solicitada à UE): €11.213.930,00 Financiamento WavEC: €444.895,00 Duração: 15 Julho 2011 – 15 Julho 2014 (36 meses) Coordenador: EDP Inovação Parceiros: Principle Power (Europe), Limited, Vestas Wind Systems A/S, Sea Energy Renewables, Damen Shipyards Gorinchem, Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, Instituto de Soldadura e Qualidade, Caixa – Banco de Investimento, Sgurrenergy, National Renewable Energy Laboratory, A. Silva Matos Energia e Wave Energy Centre. Website: Disponível em breve
Projecto Demowfloat
Julho 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Julho 2012
› EnERgia
rar o compromisso que assumiu, Nesse
ponto de vista até estamos sossegados,
porque apesar de o país estar em crise, o
nosso orçamento tende em expandir-se.
E isto porque ele não está dependente de
apoios do Estado, ele é simplesmente fru-
to do nosso trabalho», reforçou o diretor
do Wave Energy Centre.
António Sarmento passaria em seguida
a enumerar a estrutura do orçamento da
Wave Energy Centre. «Cerca de 60 por
cento desse orçamento tem a ver com pro-
jetos europeus em que participamos; 7 a
8 por cento são projetos financiados por
Portugal, mas são projetos competitivos,
são projetos em que concorremos com
outros e ganhamos; depois temos cerca de
7 por cento das quotas dos nossos asso-
ciados; e a parte restante tem a ver com
a prestação de serviços, que anda à volta
dos 20 a 25 por cento da estrutura do nos-
so orçamento».
Poder-se-á dizer que 2012 está a ser um
ano de afirmação para o Wave Energy
Centre? António Sarmento não se esqui-
vou à pergunta. «Está a ser como os anos
anteriores. É um ano em que só quando
chegarmos ao fim é que saberemos, por-
que estes são anos de grande transição
não só em Portugal mas também no es-
trangeiro.
O nosso principal trabalho destina-se a
empresas europeias e do ponto de vista
da Comissão Europeia as coisas parecem
estar muito estáveis, não se nota que haja
uma expetativa de decréscimo no investi-
mento que ela faz em projetos de investi-
gação, e isso é bom para nós. Como já dis-
se 60 por cento do nosso orçamento tem
a ver com projetos europeus. Do lado das
empresas estrangeiras elas são mais sus-
cetíveis em relação à situação económica,
mas temos vindo a trabalhar relativamen-
te bem com elas, nomeadamente com em-
presas espanholas. Porém Espanha está
agora a entrar numa situação delicada e
por isso é difícil prever se daqui a um a
dois anos não poderemos estar um pouco
mais apertados», referiu António Sarmen-
to.
Como é que se compreende que não haja
da parte das empresas portuguesas um in-
teresse maior por esta área de atividade?
O diretor da WavEC foi direto à questão.
«As nossas empresas estão a viver hoje
uma situação bastante complicada. Por
outro lado as nossas empresas teimam
por um comportamento em termos de
inovação que é muito conservador, gas-
tam muito pouco em estudos e matérias
que não estejam na calha daquilo que é
a sua atividade económica. As empresas
portuguesas não se têm mostrado com
muitas apetência para investirem naquilo
que não está no horizonte de dar retorno
em pouco tempo». ‹
inFRaEstRutuRas
ministra de cabo verde no Porto de sinesA ministra das Infraestruturas e Economia do Mar de Cabo Verde,
Sara Lopes, esteve de visita ao Porto de Sines, onde foi recebida
pela administração presidida por Lídia Sequeira. A responsável
cabo-verdiana esteve particularmente interessada em verificar o
funcionamento da infraestrutura portuária de Sines, com especial
destaque para o Terminal XXI e para a JUP – Janela Única Portuá-
ria, neste caso visto que Cabo Verde está a desenvolver um projeto
de um porto de águas profundas.
Por outro lado, sendo certo que os cabo-verdianos adquiriram re-
centemente o sistema informático JUP desenvolvido pelo Porto de
Sines em conjunto com os portos de Lisboa e de Leixões, a gover-
nante daquele país da África Ocidental sublinhou o interesse na
evolução da JUP para a Janela Única Logística (JUL), que alarga o
âmbito deste sistema aos operadores de transporte terrestre e aos
portos secos, garantindo assim uma gestão total e integrada da in-
formação, um processo já com aplicação prática no Porto de Sines. ‹
tersado com mais equipamentoA Tersado – Terminais Portuários do Sado, empresa do grupo
Mota-Engil, e concessionária do Terminal Multiusos Zona 1 do
Porto de Setúbal, colocou à disposição dos seus clientes um novo
stacker, que se notabiliza pela sua vertente ecológica, devido às
baixas emissões de gases de escape.
Trata-se de uma máquina da marca sueca Konecranes Lifttrucks
AB, a primeira a operar em portos portugueses que cumpre a Di-
retiva Máquina 2004/26/EC, com capacidade para movimentar
carga até 45 toneladas, entre contentores e outras tipologias de
cargas. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Julho 2012
› Economia iBéRica
EditoRiaLUma das primeiras decisões na altura de internacionalizar um negócio prende-se com a
estrutura ou fórmula que se vai adotar. Ainda, na maior parte das situações, a solução
para um determinado país não será a melhor para outro. Já o sistema de franchising ou
franquia se revela como bastante útil nestes casos, dado que permite criar padrões de
internacionalização mais ou menos homogéneos.
nesse sentido, desde a Antonio Viñal & Co. Abogados,
vamos tratar este mês o franchising em Espanha e vere-
mos qual é o estado do mercado neste momento e que
considerações e precauções de tipo legal devem tomar-se. Como
sempre, qualquer dúvida ou sugestão pode enviar-se para vigo@
avinalabogados.com ou [email protected]
o FRancHising Em EsPanHa: PoRquÊ E comoPorquê franquiar? As respostas são bem conhecidas: investimen-
to baixo, bom retorno e uma internacionalização mais acessível.
Porquê franquiar em Espanha? A resposta pode ser menos evi-
dente no momento económico atual, mas não há motivos para
deixar de lado um dos mercados mais dinâmicos, que conhece
bem o conceito e que é muito bem sucedido na exportação das
suas franquias.
Porquê entrar?Pareceria que as turbulências sobre a economia espanhola e a
maturidade do mercado do franchising teriam um forte impato
sobre o este setor. Porém, os números contam uma história di-
ferente. O número total de franquias, já um dos mais elevados
da Europa, subiu de 934 em 2010 para 947 em 2011; as recei-
tas totais também experimentaram um notável incremento de €
24.651.486 milhões para € 26.351.838 milhões1.
O número de franquias estrangeiras aumentou ligeiramente com
mais três redes em 2011 o que perfaz um total de 180. A França
continua a liderar a lista com 44 marcas, a seguir os Estados Uni-
dos com 39, Itália (29), Portugal (11), Reino Unido (8), Alemanha,
Bélgica, Países Baixos e Suíça (5) e Dinamarca (4).
Quanto ao número total de lojas e de trabalhadores, o primeiro
diminuiu de 58.279 em 2010 até 56.444 em 2011, e o segundo
de 240.713 até 231.603. Se olharmos de novo para as receitas do
ano passado isto sugere que as franquias estão a adotar estruturas
mais leves e eficientes.
1 Fonte dos dados: Associação Espanhola do Franchising
como confrontar as questões legaisNão todos os Estados membros da UE têm legislação específica
para o franchising (é o caso de Portugal), mas a Espanha sim tem.
Portanto, além do Regulamento (UE) nº 330/2010 da Comissão, de
20 de abril de 2010, devemos ter em conta as normas seguintes:
Lei 7/1996, de 15 de Janeiro de 1996, sobre o ordenamento
do comércio a retalho;
Real-Decreto 210/2010, de 26 de Fevereiro de 2010, sobre a
franquia e o Registo de Franquiadores.
O Capítulo II do Real-Decreto trata de três questões fulcrais: a)
define o que é o franchising; b) estabelece que informação deve
ser entregue pelo franquiador ao candidato antes da assinatura
do contrato; c) permite ao franquiador impor um acordo de confi-
dencialidade para proteger as informações transmitidas.
O Registo de Franquiadores é introduzido no Capítulo III, de acor-
do com o qual todos os franquiadores devem registar-se quer no
Registo Central quer nos Registos regionais, se existirem nas regi-
ões onde o franquiador tiver a sua sede. Porém, os franquiadores
estrangeiros que não tiverem um estabelecimento permanente
estão isentos desta obrigação, devendo comunicar apenas o iní-
cio da sua atividade. Em qualquer caso, esta obrigação de registo
não deve ser esquecida, dado que as coimas podem atingir os €
30.000.
Outras questões relacionadas com a atividade da franquia têm
de ser igualmente consideradas. É o caso do registo das marcas, a
concorrência desleal ou a proteção de dados pessoais. Se a fran-
quia requer um arrendamento ou se vão ser necessárias obras no
local, deverão pedir-se as licenças apropriadas.
Em resumo, esta também pode ser uma boa altura para entrar
no mercado espanhol da franquia. Um benefício adicional é que
permite um acesso mais fácil aos mercados de língua espanhola.
Nesse sentido, as franquias espanholas há tempo que iniciaram a
aventura da internacionalização e, para já, são 242 as redes no es-
trangeiro (mais 8 relativamente ao ano 2010), enquanto que o nú-
mero de lojas está a crescer: 11.178 em 2011 por 10.186 em 2010.
antonio viñaL
Antonio Viñal & Co. Abogados
aPoios E suBvEnçÕEs na gaLiZasuBvEnçÕEs PaRa EmPREsas do sEctoR tÊxtiL-moda-conFEçÃo AJUDA: Subvenções a empresas do sector têxtil-moda-confeção para atividades e estratégias de promoção internacional
PRAZO: Até 11 de julho de 2012
OBJETIVO: Incentivar o desenvolvimento de atividades e estratégias de difusão, promoção e acesso a mercados.
BENEFICIÁRIOS: Empresas privadas pertencentes ao sector têxtil-moda-confeção posicionadas na Galiza.
QUANTIDADE DA AJUDA: O investimento máximo será de 100.000 € sendo a percentagem da subvenção de 50%.
EvEntos E FEiRas Em EsPanHa
data EvEnto LugaR
11 – 13 Julho THE BRANDERY, Segunda edición Barcelona
30 Agosto – 1 Setembro SIMM, Segunda edição (Salón Internacional de Moda de Madrid) Madrid
notícias gaLiZa-noRtE dE PoRtugaLo Eixo atLÁntico aPREsEnta o congREsso dE FRontEiRas EuRoPEiasO Congresso das fronteiras europeias: cooperação inte-
ligente, teve lugar nos dias 25 e 26 de Junho em La Co-
ruña. Foi organizado em duas sessões plenárias e seis
workshops, onde especialistas das instituições europeias,
os membros da CECICN e as Administrações nacionais
trabalharam com participantes do congresso para con-
cretizar uma série de mensagens a transmitiram às insti-
tuições comunitárias implicadas no processo de aprova-
ção de novos Regulamentos.
comité dE acomPanHamEnto dE cumPRimEnto dos acoRdos da cimEiRa iBéRica O conjunto de dirigentes políticos, empresariais e sociais da euro-re-
gião Galiza-Norte de Portugal reuniu-se novamente em Viana do Caste-
lo e decidiu constituir-se em Comité de acompanhamento dos acordos
atingidos por Espanha e Portugal na XXV Cimeira Ibérica, realizada
recentemente no Porto.
Os presentes acordaram mostrar a sua satisfação e agradecimento aos
governos de Espanha e Portugal porque a Cimeira Ibérica refletiu nas
suas conclusões as propostas da Cimeira de Viana, celebrada no ano
passado e liderada pelo Presidente da Câmara e Presidente do Eixo
Atlântico, José Maria Costa. A concretização da ligação ferroviária Por-
to-Viana do Castelo-Vigo, permitirá criar um eixo central entre Sines e
Ferrol, que não só ligaria portos e aeroportos de toda a fachada atlân-
tica peninsular, mas também as três ligações ferroviárias com o centro
da Europa a partir de Sines, Aveiro e Monforte de Lemos.
Julho 2012 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Julho 2012
› Economia iBéRica intERnacionaLiZaçÃo
sacoor Brothres abriu no abu dhabiDepois de Singapura, a Sacoor Brothers abriu uma nova loja no
Marina Mall da cidade de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes
Unidos. A reconhecida marca portuguesa de lifestyle abriu assim
a sua 11ª loja na região asiática, onde além das já mencionadas lo-
jas de Singapura e de Abu Dhabi, está também presente no Dubai
e no Kuwait.
Segundo Moez Sacoor, administrador e responsável pelo marke-
ting e comunicação da marca portuguesa, a Sacoor Brothers re-
gistou «uma quantidade significativa de clientes que viajavam de
Abu Dhabi para as nossas lojas no Dubai. Sentimos que abrir uma
loja Sacoor Brothers numa cidade em grande crescimento era a
escolha mais acertada. A nova loja no Marina Mall foi bastante
bem recebida e prevemos a abertura de mais lojas Sacoor Brothers
no país num futuro próximo».
Para além da sua forte presença asiática e da sua presença consoli-
dada em Portugal, a Sacoor Brothers está igualmente presente em
Espanha, Bélgica e Reino Unido. ‹
vivafit chega à venezuelaO grupo português Vivafit assinou recen-
temente em Caracas, capital da Venezuela,
um contrato de merchandising com um
empresário luso residente naquele país
da América Latina, permitindo aumentar
assim para oito o número de países a nível
mundial onde já marca presença.
Mediante o acordo estabelecido, a mar-
ca Vivafit pretende abrir 10 ginásios em
Caracas nos próximos dois anos e 100 gi-
násios nos próximos 10 anos. Para o CEO
da Vivafit, Pedro Ruiz, a entrada na Vene-
zuela representa a entrada no primeiro
de quatro países numa região em grande
desenvolvimento, isto é, a Colômbia, Peru
e Chile, além do Uruguai, onde já está pre-
sente.
O empresário adiantou mesmo que a
Colômbia poderá ser o terceiro país sul-
-americano a receber os ginásios Vivafit,
«existindo negociações muito adiantadas
com empresários de Bogotá».
A Vivafit começou a sua atividade há nove
anos no conceito de ginásio só para mu-
lheres, liderando o mercado de fitness em
Portugal. ‹
talkdesk ruma a silicon valleyA Talkdesk, strat-up do Instituto Superior Técnico Taguspark foi recentemente distingui-
da com o prémio Twilio Fund, devido ao desenvolvimento da plataforma de call center
na nuvem e convidada a integrar a incubadora de Silicon Valley, na Califórnia (EUA).
Cristina Fonseca, co-fundadora da Talkdesk, sublinhou que a «Talkdesk existe oficial-
mente desde Outubro de 2011. Estar em Silicom Valley é uma oportunidade única. O
ecossistema em si e o acesso à rede de mentores foram extremamente importantes para
chegarmos onde estamos hoje. Entre clientes potenciais interessados são mais de mil os
interessados em usar o nosso software – desde empresas muito pequenas a grandes cor-
porações». Já para Teresa Vazão, vice-presidente para a gestão do Campus do Taguspark
do IST, «este projeto mostra, mais uma vez, que os nossos alunos têm um enorme poten-
cial, estando mesmo ao nível dos melhores de todo o mundo». ‹
nEc Portugal fornece mercado finlandêsA NEC Portugal, subsidiária da NEC Europa, em parceria com a empresa Malux Finland
Oy, foi a empresa selecionada para equipar as cabinas de condução de um conjunto de
locomotivas do operador ferroviário finlandês VR-Group, com o rádio de cabine GSM-R
NEC RC900 e com a respetiva consola de operação DMI900 (Drive Machine Interface).
Segundo Armando Xavier, da NEC Portugal, «a competitividade e a capacidade técnica da
NEC Portugal foram determinantes para ganhar este projeto, permitindo apresentar uma
proposta que preencheu todos os requisitos do cliente, com destaque para a qualidade da
solução e a flexibilidade demonstradas para implementar todas as adaptações específicas
solicitadas pela VR». A NEC Portugal empresa mais de 50 pessoas nas suas instalações
de Lisboa e Aveiro. ‹
tRia fornece Refinaria de sinesA TRIA, empresa do grupo Projar, foi selecio-
nada pela empresa espanhola Técnicas Reuni-
das para proceder à instalação de sistemas para
a Proteção Passiva Contra Incêndios na obra
“Reconversão da Refinaria de Sines”. Segundo
a empresa com sede em Mortágua, “esta é uma
obra com caraterísticas especiais que exige em-
presas altamente especializadas e a aplicação
de produtos e sistemas com excecional desem-
penho em incêndios com origem em hidrocar-
bonetos, uma área onde a TRIA tem também
largos anos de intervenção”.
A TRIA está igualmente presente no mercado
angolano através da TRIA Angola, tendo esta
empresa adquirido recentemente o estatuto de
“Aplicador Aprovado” para o sistema Pitt-Char
– XP (Epoxy Passive Fire Protection), concedi-
do pela empresa PPG Protective & Marine Co-
atings. ‹
Corticeira Amorim adquire empresa na Catalunha
trefinos é uma mais-valiaA Corticeira Amorim noticiou ao mercado a aquisição de 90,91% do capital da empresa espanhola
Trefinos, localizada em Girona, região da Catalunha. O grupo liderado por Américo Rios Amorim
pagou 15,1 milhões de euros pela aquisição de uma empresa que lidera a produção e comercialização
de rolhas para champanhe e vinhos espumantes na região da Catalunha.
A aquisição foi realizada através da Amorim & Irmãos. Segundo o comunicado do grupo português,
“a Trefinos é uma organização sólida, moderna, com eficiência operacional e rentabilidade dignas de
registo, e que detém uma importante rede comercial internacional em países como a França, Itália e
Estados Unidos”. Com a integração que se verificará, ainda segundo a Corticeira Amorim, perspetiva-
-se “no futuro importantes sinergias ao nível da produção, partilha de tecnologias e da complementa-
ridade das estruturas comerciais das sociedades envolvidas”.
Registe-se que a Corticeira Amorim é a principal empresa mundial do setor corticeiro, setor onde Por-
tugal detinha no final de 2011 uma quota de mercado de 62%, segundo dados do International Trade
Center e do Instituto Nacional de Estatística. No ano passado, Portugal exportou 169 mil toneladas de
cortiça, mais 7% do que no ano anterior, As exportações nacionais em 2011 atingiram um valor de
806 milhões de euros. ‹
safira abre em BarcelonaA tecnológica portuguesa Safira, com sede em Oeiras, acaba de criar uma subsidiária
em Barcelona, para onde deslocará numa primeira fase vários colaboradores do seu
escritório de Lisboa, e posteriormente pretende recrutar localmente os seus colabora-
dores para a filial catalã. A Safira é uma empresa fornecedora de soluções tecnológicas
e serviços de consultoria no mercado nacional e internacional, sendo eu neste já opera
na Suíça, Angola, Polónia (onde tem uma subsidiária instalada desde 2009) e Reino
Unido, neste caso com a abertura também este mês de um escritório na capital britâ-
nica. De referir que em 2011 o negócio internacional já representou 44% da faturação
global da empresa, o valor mais elevado da sua história iniciada em 1997. ‹
soares da costa nos EuaO Grupo Soares da Costa informou em comunicado que a sua subsidiária nos Estados
Unidos, a Prince, foi anunciada pelo Florida Department of Transportation (FDOT),
como tendo a proposta mais competitiva num projeto de conceção-construção dos
acessos da I-75 (SR 93) ao Aeroporto Internacional de Southwest Florida em Fort
Mayers na Florida. O projeto, totalizando 54,1 milhões de dólares (42,3 milhões de
euros), deverá ser executado em 795 dias e incluirá também a construção de cinco
viadutos/pontes. ‹
Wedo na américaA WeDo Technologies, empresa integrante do Grupo Sonae, adquiriu recentemente
a Connectiv Solutions, empresa sedeada nos EUA e que fechou o ano transato com
uma receita na ordem dos oito milhões de dólares. Com esta aquisição, a empresa
portuguesa liderada por Rui Paiva pode agora incrementar a sua atuação na América
do Norte e cimentar a sua posição de liderança mundial em Software e Serviços de
Garantia de Receita e de Negócio. A Connectiv Solutions possui escritórios na costa
leste dos Estados Unidos bem como na área metropolitana de Washington DC. A em-
presa possui 35 colaboradores e possui a sede em Bethesda, no estado do Maryland. ‹
Julho 2012 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Julho 2012
› tuRismo
vila galé reforça aposta no all-inclusive em PortugalO Grupo Vila Galé, segundo maior grupo da hotelaria portuguesa,
acaba de reforçar a sua operação no segmento all-inclusive em
Portugal, com a adaptação e entrada em funcionamento nesta
área do Hotel Vila Galé Náutico, em Armação de Pêra. Esta é a
sexta unidade em Portugal do grupo liderado por Jorge Rebelo de
Almeida a ser adaptada a um segmento cada vez mais procurado
pelas famílias.
Segundo Gonçalo Rebelo de Almeida, Diretor de Marketing e Ven-
das do Grupo Vila Galé, o sistema de all-inclusive «tem vindo a
aumentar nos últimos anos, em especial no mercado do Algarve,
procurada por turistas estrangeiros, mas não só, igualmente tam-
bém por cada vez mais por turistas nacionais, especialmente por
famílias com crianças».
As perspetivas do grupo para o período de Junho a Setembro de
2012 são positivas, com a previsão de receitas em Portugal seme-
lhante à registada no ano anterior, rondando os 36 milhões de
euros.
Ainda no comunicado do Grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Al-
meida adianta que o grupo português está a estudar novos merca-
dos no continente africano, sendo que o «mercado de Cabo Verde
apresenta fortes fatores em seu favor, nomeadamente por ser um
mercado mais estável que vem contrabalançar a sazonalidade do
mercado nacional». A País €conómico sabe que o presidente
do grupo Vila Galé tem aprazada nos próximos dias uma viagem
exploratória a Cabo Verde, onde pretende verificar in loco as pos-
sibilidades de investimento. ‹
taP reforça ligações a Belo HorizonteA TAP decidiu reforçar as suas ligações à
cidade brasileira de Belo Horizonte, capi-
tal do estado de Minas Gerais, tendo in-
troduzido a partir do passado dia 29 de
Maio um voo diário para aquele destino.
Segundo a companhia aérea portugue-
sa, a decisão foi tomada em virtude da
grande procura de um destino que em
quatro anos de operação permitiu trans-
portar 411 mil passageiros, com uma
taxa de ocupação média de 72%. Para
Mário de carvalho, diretor geral da TAP
para a América Latina, «Minas Gerais é
reconhecido como um destino atraente
e com opções. Mostra a diversificação
brasileira que deixa de ser só praia e sol.
A história do Brasil também é um ponto
importante de atração principalmente
em Portugal».
Por outro lado, comemorou-se igualmen-
te no passado dia 12 de Junho, o primei-
ro ano das ligações aéreas diretas entre
Lisboa e a cidade brasileira de Porto Ale-
gre, capital do estado do Rio Grande do
Sul, destino que nesse primeiro ano de
operação permitiu transportar cerca de
83 mil passageiros, com uma ocupação
média de 81% das aeronaves. ‹
conrad algarve acolhe Wta Europe 2012
o novo Conrad Algarve, próximo da Quinta do Lago, vai
acolher a cerimónia dos WTA Europe 2012, considera-
dos como os “Óscares da indústria de viagens e turismo”.
A cerimónia decorrer no próximo dia 6 de Outubro, e deverão es-
tar presentes convidados de todo o mundo, que terão ainda opor-
tunidade de participarem também no torneio de golfe WTA Euro-
pe Golf Classic que se realizará igualmente na região do Algarve.
Graham Cooke, presidente e fundador da WTA, mostrou a sua
congratulação por realizar «a nossa primeira cerimónia no Algar-
ve, uma decisão que reflecte o papel crucial que o turismo tem na
região e a sua contribuição, em geral, para a economia portugue-
sa». Cooke adiantou que o «Algarve é também um dos cenários da
linha costeira mais bonitos do mundo e, o novo Conrad Algarve
irá trazer um conceito de luxo diferente na região. A nossa ceri-
mónia europeia será um �showcase’ perfeito para mostrar estas
infra-estruturas a todos os decision makers desta indústria».
Segundo Joachim Hartl, diretor geral do Conrad Algarve, «esta-
mos encantados com esta parceria com os World Travel Awards
em dar a conhecer o primeiro Conrad resort na Europa. A abertu-
ra do Conrad Algarve, com abertura para o Verão de 2012 e reser-
vas disponíveis a partir de 1 de Outubro deste ano, é aguardada
com bastante expetativa, tanto em Portugal como na Europa. O
hotel irá oferecer uma experiência de luxo Premium, com uma
variedade de serviços e amenities sem precedentes, especialmen-
te criados para proporcionar aos clientes experiências de luxo
marcantes e inesquecíveis. Gostaríamos de agradecer ao Turis-
mo do Algarve pela cooperação neste evento». A Conrad Hotels
& Resorts é a marca de luxo global e contemporânea da Hilton
Worldwide.
Para António Pina, presidente da Associação do Turismo do Al-
garve e do Turismo do Algarve, manifestou o «maior orgulho no
facto do Algarve acolher um evento tão prestigioso como o World
Travel Awards. Este evento proporcionará uma oportunidade úni-
ca para promover a região, como um destino de primeira classe,
com as suas infra-estruturas excepcionais e um clima invejável,
com 300 dias de sol por ano». O responsável pela promoção do tu-
rismo algarvio adiantou também que «o Algarve possui uma be-
líssima linha costeira, uma seleção dos melhores resorts de golfe e
hotéis de luxo, apoiados por uma variedade de infra-estruturas de
lazer e restaurantes de topo». ‹
Julho 2012 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Julho 2012
› a FEcHaR
grupoconcept prever abrir 800 unidades no BrasilO GrupoConcept esteve na 21ª ABF Franchising
Expo, que decorreu no mês de Junho em São Pau-
lo, tendo constituído uma das grandes atrações da
feira e tendo “angariado cerca de 700 contatos de
potenciais interessados nas franquias BodyCon-
cept e DepilConcept”, segundo o comunicado do
grupo português.
O objetivo da presença do grupo, segundo Ale-
xandre Lourenço, administrador, será o de atingir
nos próximos cinco anos a abertura no território
brasileiro e 300 unidades BodyConcept e 500 uni-
dades DepilConcept. Ainda segundo o responsável
do grupo, «inicialmente, o nosso objetivo era en-
contrar master para alguns estados do país. Porém,
verificámos que atualmente conseguimos gerir vá-
rias unidades desde a nossa filial de São Paulo, pelo
que o nosso objetivo neste ano alterou-se e passa
por encontrar franchisados em todo o Brasil».
O GrupoConcept continua assim a reforçar a sua
internacionalização na Europa e no continente sul-
-americano, sendo de referir que a DepilConcept
conta com 14 unidades em território brasileiro e a
BodyConcept irá abrir brevemente a segunda uni-
dade em São Paulo. ‹
greenprod quer investir em sinesA empresa japonesa Greenprod renovou em Maio do
presente ano, a reserva do terreno com cerca de dois
hectares que detém na Zona 1 da ZILS de Sines. Segun-
do notícia publicada na newsletter da Aicep Global Par-
ques, entidade que gere a ZILS de Sines, a empresa nipó-
nica está em processo de realização de uma unidade de
reciclagem mecânica e química de plásticos, projeto que
possui o estatuto de “interesse nacional” atribuído pela
Aicep Portugal Global. Segundo a própria Greenprod, a
unidade representará um investimento global superior
a 80 milhões de euros, prevendo a criação de 200 postos
de trabalho diretos, estimando ainda a empresa em ex-
portar 35% da sua produção. ‹
Produtos metalúrgicos aumentam exportaçõesDurante os primeiros quatro meses de 2012, as exportações metalúrgicas
e metalomecânicas de empresas portuguesas aumentaram 13,3% face
ao período homólogo do ano anterior, adiantou em comunicado a As-
sociação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Por-
tugal (AIMMAP). Esta entidade, adianta que entre Janeiro e Abril deste
ano, 45% das vendas foram feitas fora de Portugal. Ainda segundo os
números da AIMMAP, em 2011, o setor faturou um total de 26 mil mi-
lhões de euros, tendo exportado produtos avaliados em cerca de 12 mil
milhões de euros. Apesar de 85% das exportações do setor se dirigirem
para os mercados da União Europeia, segundo Rafael Campos Ferreira,
da AIMMAP, no primeiro trimestre do corrente ano estavam a aumen-
tar em cerca de 50% as encomendas extra-comunitárias, principalmente
para a América Latina e para os países árabes. ‹
quintas de melgaço no Brasil e JapãoOs vinhos das Quintas de Mel-
gaço estão a ser exportados
para o Brasil e para o Japão,
dando assim continuidade à
política de internacionalização
de uma empresa que reúne
mais de quinhentos pequenos
produtores do Minho. O vinho
Alvarinho QM e o Torre de Me-
nagem, que entre si contabili-
zam 47 distinções nacionais e
internacionais, estão a conse-
guir seduzir os mercados brasi-
leiro e japonês, mercados para
onde começaram a exportar
no decorrer do ano passado.
As exportações representam
cerca de 15% da faturação da
empresa, estando prevista até
ao final de 2013 um aumento
para 25% na importância dos
mercados externos. ‹