revista país econômico

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Em força para Moçambique Joaquim Costa, Presidente da Costa & Carvalho, anuncia ainda para este ano, o início da atividade naquele país africano Nº 118 Mensal Julho 2012 2.20# (IVA incluído) Pedro Reis Presidente da Aicep Portugal António Coradinho Presidente da Câmara Portuguesa da Bahia António Aragão Administrador da Fábricas Lusitana DOSSIER ESPECIAL – PORTUGAL/MOçAMBIQUE

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Revista País Econômico

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Julho 2012 | País €conómico › 1

Em força para moçambiqueJoaquim Costa, Presidente da Costa & Carvalho, anuncia ainda para este ano, o início da atividade naquele país africano

nº 118 › Mensal › Julho 2012 › 2.20# (IVA incluído)

Pedro ReisPresidente da aicep Portugal

antónio coradinhoPresidente da câmara Portuguesa da Bahia

antónio aragãoadministrador da Fábricas Lusitana

dossiER EsPEciaL – PoRtugaL/moçamBiquE

› HEad

2 › País €conómico | Julho 2012 Julho 2012 | País €conómico › 3

Editorial

Nesta edição apresentamos uma profusão de notícias relacionadas com investimentos concretos de empresas portuguesas no exterior, assim como dados de exportação de outras empresas nacionais. As-sim como algumas informações sobre investimentos estrangeiros em Portugal. Significa por esta simples amostragem que as empre-sas portuguesas estão a tentar lutar contra a crise e que os merca-dos externos assumem cada vez mais um papel de locomotiva do seu desenvolvimento.É certo que os principais responsáveis governamentais portugue-ses têm-se desdobrado em viagens e iniciativas para mostrar as boas condições do país em receber investimento externo, assim como tem diligenciado no sentido de em certos países não serem agravadas as dificuldades na entrada de produtos portugueses nos seus mercados. Foi o que aconteceu recentemente no Brasil a res-peito do azeite português, no que constituiu uma vitória impor-tante da diplomacia nacional. Esperamos que o mesmo venha a ocorrer na questão mais difícil do vinho.No entanto, para além do papel dos responsáveis políticos na fa-cilitação da ação e atividade das empresas portuguesas no exte-rior – afinal, cumprem apenas o seu papel – importante é realçar e sublinhar isso sim a capacidade do empresariado português em enfrentar as dificuldades e em lutar para conseguir progredir e as-segurar as condições de crescimento e sustentabilidade empresa-rial e social.Portugal vive tempos difíceis e certamente que não os vai superar tão cedo. É preciso emagrecer o Estado e obrigá-lo a não viver per-manentemente à custa da sociedade e das empresas. Cabe a estas procurar as condições para se modernizarem e crescerem. Pelas condições concretas do país (em recessão), mas fundamentalmen-te pelas oportunidades e porque faz todo o sentido, as empresas portuguesas devem apostar cada vez mais nos mercados externos. Não esquecer a Europa, mas olhar e intervir cada vez mais na Ásia, África, América Latina (com destaque para o Brasil), e não esque-cer, muito pelo contrário, o grande mercado dos Estados Unidos da América.

JoRgE gonçaLvEs aLEgRia

Empresasapostam no exterior

Ficha técnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria

contribuinte506 047 415

director› Jorge Gonçalves Alegria

conselho Editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

Redacção› Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho› Jorge Alegria

Fotografia› Rui Rocha Reis

grafismo & Paginação› António Afonso

departamento comercial› Valdemar Bonacho (Director)

direccção administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)

serviços Externos› António Emanuel

moradaAvenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto.

2900-311 Setúbal

telefone26 554 65 53

Fax26 554 65 58

sitewww.paiseconomico.eu

[email protected]

delegação no BrasilAldamir AmaralNS&A CearáAv. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301Torre del Paseo – AldeotaCEP: 60150-162 – Fortaleza – Ceará – BrasilTel.: 005585 3264-0406 • Celular: 005585 88293149

[email protected]

Pré-impressão e impressãoLisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena

tiragem30.000 exemplares

depósito legal223820/06

distribuiçãoLogista PortugalDistribuição de Publicações, SAEd. Logista – Expansão da Área Ind. do PassilLote 1-A – Palhavã – 2890 AlcocheteInscrição no I.C.S. nº 124043

Julho 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Julho 2012

grande Entrevista

índice

Moçambique é o mercado da moda na internacionaliza-

ção de muitas empresas portuguesas. E estão certas nes-

sa aposta, pois constitui um país que cresceu a ritmos

elevados nos últimos anos, como todos os estudos con-

firmam que esse ritmo em torno do quase 8% se man-

terá nos próximos quatro a cinco anos. É verdade que

é um mercado muito competitivo e onde estão muitos

grandes e médios players mundiais, mas Portugal que

sempre foi um dos grandes investidores no país, possui

armas competitivas para singrar no mercado daquele

país da África Austral.

pág. 06 a 15

17 ascendum aposta no méxico

24 vista alegre aumenta exportações

25 soFid avança no Brasil

26 Bahia mostrou-se a Portugal

34 Águas de santo andré de boa saúde

36 mútua dos Pescadores apoia o setor

44 mailtec inova na área postal

48 Wave-Energy no projeto Windfloat

54 corticeira amorim comprou empresa espanhola

54 safira em Barcelona e Londres

55 sacoor abre em abu dhabi

55 vivafit na venezuela

56 vila galé quer apostar em cabo verde

58 grupoconcept quer abrir 800 franchisados no Brasil

58 greenprod mantém interesse em sines

grande Plano

Joaquim Costa, presidente da Costa & Carvalho, conta-

-nos a história rica de 30 anos da empresa de construção

com sede em Alcobaça, mas com obras de excelência em

todo o país, além da mais recente aposta em Moçambi-

que, onde num espaço de cinco anos espera obter um

sucesso equiparado ao registado em Portugal. De referir

que no mercado nacional, a empresa espera atingir este

ano um volume de negócios na ordem dos 40 milhões

de euros, «um reconhecimento pelo mercado da nossa

competência e excelência», sublinhou o seu presidente

nesta entrevista à País €conómico.

pág. 18 a 23

ErrataNa edição de Junho designámos a doutora Marina La-

deiras como Presidente das Águas de Santarém, quan-

do, de facto, é Directora Geral da Águas de Santarém. À

doutora Marina Ladeiras e aos nossos leitores as nossas

desculpas pelo lapso cometido.

Julho 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE PLano

Moçambique é cada vez mais importante para a economia e as empresas portuguesas

Portas abertas a PortugalMoçambique transformou-se nos últimos dois anos num dos mercados internacionais

mais importantes no processo de internacionalização de muitas empresas portuguesas.

Resolvida a delicada questão da Barragem de Cahora Bassa, que está em plena fase de

passagem do controlo total para o Estado moçambicano, todos os agentes institucionais

e empresariais estão agora de acordo que existem plenas condições políticas para o

incremento e a forte aceleração dos negócios, do comércio e dos investimentos entre os

dois países. Com uma economia a crescer nos últimos anos entre os 6 e os 8%, patamar

que se deverá manter pelo menos até 2015, a economia moçambicana possui muito

espaço e oportunidades que as empresas portuguesas devem aproveitar, assim como na

assunção de que o território moçambicano constitui um excelente espaço para atingir de

seguida os mercados circunvizinhos dos países da África Austral.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › ARQUIVO

depois de um crescimento econó-

mico de 7,1% no ano passado,

as perspetivas do Fundo Mone-

tário Internacional para o crescimento de

Moçambique no decorrer de 2012 aponta

para 6,7%, enquanto prevê uma nova ace-

leração no próximo ano, atingindo então

os 7,2%. A economia moçambicana é a

sexta economia do continente africano

em termos do seu desempenho médio na

região.

Com o surto de desenvolvimento regista-

do na exploração das reservas de carvão

na região de Moatize, em grande medida

exploradas pelo gigante brasileiro Vale do

Rio Doce, Moçambique viu nos últimos

anos ser adicionadas importantes des-

cobertas de jazidas de gás natural e pro-

vavelmente de petróleo, que tornarão o

país como um dos principais produtos de

hidrocarbonetos do continente africano e

mesmo do mundo no que ao gás natural

diz respeito.

Por outro lado, Moçambique também re-

gista algum desenvolvimento do seu po-

tencial industrial, pois o aproveitamento

dos recursos minerais e energéticos do

país, induz automaticamente à construção

de novas fábricas e ao desenvolvimento

de várias estruturas produtivas.

De igual forma, o país e muitas empre-

sas internacionais começam igualmente

a olhar com forte atenção e começam a

realizar investimentos no aproveitamento

agrícola e agro-industrial do Vale do Zam-

beze, uma das mais privilegiadas áreas do

continente africano para a produção de

alimentos e comoditties agrícolas.

Possuidor de uma linha de costa extensa e

de belezas naturais exóticas, Moçambique

atrai igualmente cada vez mais players

turísticos de porte considerável, onde os

investidores portugueses já possuem uma

presença no mercado turístico, principal-

mente em Maputo e região envolvente

que é deveras importante.

O desenvolvimento do potencial mineiro,

energético, agrícola e turístico, está igual-

mente a levar o país a construir impor-

tantes infra-estruturas, sejam de natureza

rodoviária, sejam ainda nas componentes

aeroportuário e portuário. A este nível, é

de realçar o forte empenho de empresas

portuguesas, chinesas e brasileiras do

setor da construção, além da forte inter-

venção luso no domínio das telecomu-

nicações e do setor financeiro, alavancas

indispensáveis na sustentação do desen-

volvimento e crescimento de Moçambi-

que.

Em síntese, as previsões apontam que nos

próximos, principalmente em virtude dos

investimentos nas áreas do gás natural,

carvão e do turismo, que deverão ascender

a cerca de 72 mil milhões de euros, prome-

tem revolucionar a economia moçambica-

na e criar condições de melhores de vida

para a sua população. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Julho 2012

› EmPREsas PoRtuguEsas

Moçambique cresce na importância para as empresas portuguesas

Exportações com forte impulsoMoçambique tem vindo a assumir uma importância crescente enquanto mercado de

destino das exportações portuguesas. Segundo dados do INE � Instituto Nacional

de Estatística, em 2011, as exportações nacionais para aquele país da costa oriental

africana, ascenderam as 217.977 milhões de euros, um aumento de 44% relativamente

ao ano anterior, e que significaram 0,51% do total das exportações portuguesas, quando

no ano anterior representavam apenas 0,41%. No ano passado, Moçambique foi o 26º

maior comprador de produtos e serviços portugueses.

todavia, segundo dados revelados

na entrevista que o presidente da

Aicep Portugal Global concede

nesta edição da País€conómico, as ex-

portações portuguesas para Moçambique

atingiram nos primeiros quatro meses

deste ano a cifra de 95,3 milhões de eu-

ros, um crescimento de 73% face ao perí-

odo homólogo e que permitiram elevar o

destino para o 23º lugar mais importante

para as exportações nacionais. Já enquan-

to local proveniente das importações por-

tuguesas, em 2011, Moçambique consti-

tuía apenas o 62º fornecedor de Portugal,

com uma quota de apenas 0,07% das nos-

sas importações.

É de sublinhar que segundo dados do

INE, no contexto africano dos países de

língua portuguesa, Moçambique consti-

tuía em 2010 o terceiro destino para as

exportações nacionais, depois de Angola e

Cabo Verde. No entanto, face à evolução

verificada, será normal que aquele país

banhado pelo Índico suba na importância

enquanto destino das exportações portu-

guesas em África.

O quadro de empresas portuguesas em

Moçambique também é bastante eclético.

Constituem referências as presenças his-

tóricas dos grupos Entreposto e Visabeira,

mas igualmente a Mota-Engil, Soares da

Costa e Gabriel Couto, estas no setor da

construção. De referir que existem muitas

outras empresas portuguesas à procura de

oportunidades em Moçambique na área

da construção, imobiliário e imobiliária-

-turística, sabendo a País€conómico que

um desses grupos portugueses é a Pro-

movalor, empresa liderada por Luís Filipe

Vieira e Tiago Vieira.

No entanto, os interesses empresariais

portugueses em Moçambique são vastos

e estendem-se ao setor energético com as

presenças da Galpenergia, da REN e da

EDP, até ao setor bancário, onde se regista

a forte presença dos grupos Millennium

bcp, Caixa Geral de Depósitos, BPI e Espí-

rito Santo, este em aliança com a Geoca-

pital dos empresários Stanley Ho e Jorge

Ferro Ribeiro.

O incremento do comércio e dos investi-

mentos portugueses em Moçambique não

param e se é certo que a crise económica

e financeira em Portugal tem colocado

maior dificuldade a várias empresas por-

tuguesas em investir no exterior, e Mo-

çambique não foi imune, pois em 2011

registou-se um forte decréscimo do inves-

timento nacional face ao ano de 2010, o

certo é que são agora as PME�s a aposta-

rem de forma mais forte e célere na corri-

da às oportunidades naquele país africano

de expressão portuguesa. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE PLano

Pedro Reis, Presidente da Aicep Portugal Global

moçambique é um mercado a apostar

No processo acelerado de internacionalização da economia portuguesa, a aposta em

Moçambique é muito importante, considera Pedro Reis, Presidente da Aicep Portugal

Global, o organismo encarregue de estimular as exportações nacionais e captar

investimento externo para o nosso país. As exportações portuguesas para Moçambique

estão a crescer, e na visão do Presidente da Aicep, Moçambique pode e deve também

constituir uma importante plataforma regional de penetração das empresas portuguesas

no conjunto da África Austral.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › CEdIdA PElA AICEP

Moçambique é um país que regista for-tes índices de crescimento e atrai cada vez mais empresas portuguesas para o seu território. Como avalia a importân-cia daquele país da África Austral para a internacionalização das empresas por-tuguesas?Como recentemente tive ocasião de subli-

nhar no Fórum Access Africa, organizado

pela Embaixada do Estados Unidos da

América em Portugal e que contou com

o apoio da AICEP, Moçambique encontra-

-se num momento positivo de mudança

de patamar económico e esse momento

crítico está manifestamente alinhado com

o nosso momento de internacionalização.

Para as nossas empresas, Moçambique é

um mercado acolhedor, senão mesmo um

mercado “natural”, dada a facilidade da

língua, o bom relacionamento político en-

tre os dois países e, também, da existência

de um quadro legal com grandes simili-

tudes com o português. Nesse sentido

temos organizado sessões de capacitação

empresarial para empresas portuguesas

em processo de expansão para o mercado

moçambicano que têm tido uma grande

adesão. Na estratégia do Governo portu-

guês e da AICEP e no que diz respeito à

diversificação de mercados, Moçambique

é claramente um mercado de aposta.

Para além do aumento dos investimen-tos portugueses em Moçambique, este

país também está a crescer enquanto destino das nossas exportações. Qual é a atual posição de Moçambique no qua-dro de importância para as exportações portuguesas?Moçambique foi, em 2011, o 26º principal

mercado das exportações portuguesas de

bens, com um valor de aproximadamente

218 milhões de euros, o que representou

um crescimento de 44% relativamente

ao ano anterior. Até Abril deste ano, as

nossas exportações para aquele mercado

atingiram os 95,3 milhões de euros, o que

significa um crescimento de 73% relativa-

mente ao mesmo período do ano passado,

posicionando-se Moçambique como o 23º

mercado das exportações portuguesas de

bens.

Ainda que as importações de bens mo-

çambicanos, entre 2010 e 2011, tenham

igualmente crescido em cerca de 44%, o

saldo é bastante favorável ao nosso país

(cerca de 176 milhões de euros). Diga-se

aliás, que o nosso país tem sido, desde

sempre, um dos principais fornecedores

do mercado moçambicano, devendo atu-

almente ser o 3º ou 4º principal fornece-

dor.

Também no que diz respeito aos serviços,

a balança é favorável a Portugal, apesar da

taxa de cobertura ser de menor dimensão.

As exportações situaram-se, em 2011, em

86,1 milhões de euros, cerca de 37% acima

do valor atingido em 2010. Nos primeiros

4 meses do ano corrente, atingiram já

27,5 milhões de euros, o que representa

um crescimento de 22% relativamente ao

mesmo período do ano anterior.

moçambique é porta para a África australConsidera que Moçambique poderá constituir uma boa plataforma para as empresas portuguesas ganharem maior presença e relevância e presença em mercados vizinhos, entre os quais o da África do Sul?Moçambique pode, de facto, representar

uma plataforma importante de entrada

no mercado da SADC e, particularmente,

no mercado da África do Sul. Recorde-

mos que a SADC é uma região com cerca

de 250 milhões de habitantes e com um

PIB de 400 milhões de USD, cujo núcleo

principal de atividade económica se situa

relativamente perto do Sul de Moçambi-

que: Joanesburgo (onde a AICEP tem um

centro de negócios), Cidade do Cabo e

Durban. Por outro lado, a SADC está num

processo de aprofundamento da integra-

ção económica e de desmantelamento

pautal progressivo, permitindo que as

mercadorias circulem livremente entre

os países que fazem parte deste bloco

regional. Moçambique tem uma posição

estratégica face a um conjunto de países

vizinhos ou quase-vizinhos, como a Áfri-

ca do Sul, Zimbabwe, Botswana, Malawi,

Zâmbia e Tanzânia, para os quais sempre

funcionou como porta de entrada e saída

de mercadorias e de acesso à bacia do Ín-

dico. Este posicionamento pode e deve ser

aproveitado pelas empresas portuguesas,

como forma de aceder a estes mercados.

Contudo, e apesar de muitos destes países

apresentarem níveis de desenvolvimento

económico semelhante ao de Moçambi-

que, a principal economia desta região,

a África do Sul, é uma economia muito

mais desenvolvida e madura e com níveis

de competitividade muito superiores aos

dos restantes vizinhos, obrigando a uma

estratégia de abordagem mais específica.

Existem mecanismos de apoio concreto para as empresas portuguesas que quei-ram apostar no mercado moçambicano?

Para além dos instrumentos no âmbito do

sistema de incentivos de apoio à interna-

cionalização, no contexto do QREN, que

apoiam as ações prévias à internacionali-

zação, as empresas têm à sua disposição

fundos de capital de risco, particularmen-

te o Fundo Português de Apoio ao Inves-

timento Empresarial em Moçambique

(também conhecido por InvestimoZ) que

é gerido pela SOFID e que se destina a

apoiar projetos empresariais de empresas

portuguesas em Moçambique, sozinhas

ou em parceria com empresas moçambi-

canas.

Existe também um fundo de capital de

risco, resultante de uma parceria entre a

AICEP Capital, a Caixa BI e a empresa Mo-

ta-Engil, para apoio a projetos industriais

de iniciativa de empresas portuguesas.

Para além disso, as empresas podem re-

correr ao apoio da AICEP e do seu Centro

de Negócios em Maputo para a obtenção

de informação estratégica e de aconselha-

mento sobre condições de entrada e de

abordagem ao mercado.

Em que medida a completa resolução do

caso de Cahora Bassa está a influir positi-

vamente na melhoria e aprofundamento

das relações económicas e empresariais

entre os dois países?

A resolução do dossiê de Cahora-Bassa

representou um passo importante na nor-

malização da relação político-económica

entre dois estados soberanos e indepen-

dentes, permitindo aprofundar ainda

mais o clima de bom relacionamento eco-

nómico entre Portugal e Moçambique e

abrir novas portas neste relacionamento

que se pretende cada vez mais estreito e

mais concreto. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE PLano

mais razão, menos coração!- “Plano de negócios, para quê? O projeto só pode dar certo e vou

gastar 3 a 4 mil euros sem necessidade!”. Assim reagiu um em-

presário ao ser informado da necessidade de elaborar um plano

de negócios para um projeto de investimento na região de Tete.

E não era um projeto qualquer: visava a produção de bens inter-

médios para a construção civil e requeria um financiamento de

vários milhões de euros.

Poderia narrar muitas pequenas histórias similares a esta, com

base em factos ocorridos em centenas de reuniões que tenho tido

na SOFID com promotores de projetos de investimento em países

em desenvolvimento e, muito particularmente, em Moçambique,

nestes últimos dois anos.

Histórias que ilustram o baixo nível de preparação e o elevado

nível de voluntarismo de muitos dos nossos empresários ou de

muitas das estruturas de topo das nossas pequenas e médias em-

presas quando decidem avançar com operações de investimento

direto no estrangeiro. Como consequência, muitos revelam a ten-

dência para se nortearem por impulsos do coração e para hiper-

valorizarem componentes emotivas e afetivas, subestimando os

ditames da razão; muitos outros recorrem a “expedientes criati-

vos” ou a “atalhos procedimentais”, desvalorizando a importância

de seguir as vias e as etapas aconselhadas pela teoria e pela praxis

em matéria de internacionalização empresarial.

Há empresários que discordam que tenham de contribuir com

uma percentagem de capitais próprios para o financiamento do

projeto. Em abono desta sua tese, argumentam normalmente com

a “certeza absoluta” das receitas que a operação irá gerar ou com

o valor da experiência e do empenho do promotor na implemen-

tação do projeto.

Um empresário com quem reuni e que se dirigiu à SOFID para

apresentar um projeto agroindustrial na região de Maputo, com

necessidades de financiamento também de vários milhões, acha-

va perfeitamente natural oferecer como garantia uma proprie-

dade rural em Portugal e alguns equipamentos cuja avaliação

não atingia as duas centenas de milhares de euros. Um outro

empresário com largos anos de experiência bem-sucedida numa

determinada atividade extrativa, ao apresentar-nos um projeto

para a construção e exploração de um hotel com várias dezenas

de quartos na cidade da Beira, não hesitou em verbalizar o seu

espanto pela “exagerada” recomendação de integrar, na estrutura

de direção da empresa, alguém com experiência no setor turístico

e com capacidade de gestão hoteleira. O promotor de um projeto

de várias centenas de milhares de euros no setor dos serviços,

na cidade de Maputo, não hesitou em classificar como burocrá-

ticas as observações críticas dos analistas da SOFID a um estudo

de mercado cujos dados eram sustentados em “conversas com

amigos” e em “visitas a alguns clientes”. Outro promotor de um

projeto também na área dos serviços na região do Maputo achava

que fazia sentido deslocar-se a Moçambique, iniciar o estudo do

mercado e identificar parceiros, só quando a SOFID lhe garantisse

antecipadamente o financiamento de várias centenas de milhar

de euros. Poderia igualmente testemunhar casos de promotores

que verbalizam uma confiança ilimitada na sua experiência e

capacidade operacional quando são confrontados com reparos

a projeções financeiras de planos de investimento baseadas em

pressupostos irrealistas ou não fundamentados.

Claro que também poderia descrever casos de sucesso e exemplos

de boas práticas. Contudo, estes exemplos são muito menos fre-

quentes, designadamente em pequenas e médias empresas, cujos

recursos financeiros, materiais e humanos não são comparáveis

aos das grandes empresas. Não obstante, é com muita pena que

vejo pequenas e médias empresas com saúde financeira a falha-

rem interessantes projetos de internacionalização em Moçam-

bique (e outros países) porque utilizaram abordagens erradas a

entrar no país, a estudar o mercado, a assegurar a cobertura finan-

ceira ou a planear a implementação da operação. É por isso que

defendo que as associações empresariais deveriam aumentar

significativamente a oferta de iniciativas de formação e quali-

ficação de empresários e quadros das pequenas e médias em-

presas visando a melhoria das competências de gestão e o bom

desempenho em mercados externos.

As empresas portuguesas - de grande, pequena ou média dimen-

são – estão de forma crescente a descobrir múltiplas oportunida-

des de negócio em Moçambique. Na SOFID sentimos vivamente

essa tendência: cerca de dois terços das empresas que nos contac-

tam pretendem realizar projetos de investimento naquele país.

O movimento (muitas vezes intuitivo) para este país faz todo o

sentido. A economia moçambicana tem estado a crescer de forma

sustentada há vários anos e tudo indica que assim se manterá

no futuro próximo. Existe estabilidade política. O sistema legal

e fiscal é também bastante estável e tem a vantagem de ser se-

melhante ao português. O país ocupa uma posição estratégica no

vasto mercado de 250 milhões de consumidores da SADC. O sis-

tema financeiro é sólido e com uma forte presença da banca por-

tuguesa, sendo de destacar os instrumentos específicos de apoio

ao investimento disponibilizados pela SOFID, como é o caso do

INVESTIMOZ. A legislação enquadradora do investimento exter-

no é globalmente favorável às empresas, aos negócios e à movi-

mentação de capitais. A perceção da segurança de pessoas e bens

é forte e existe um ambiente globalmente amistoso para com os

portugueses.

Moçambique é um país com muitas condições para também as

pequenas e médias empresas portuguesas terem sucesso. Para

que muitas mais possam plenamente aproveitar as oportunida-

des de negócio existentes no país, é necessário que encarem com

rigor, com planeamento e com profissionalismo o processo de in-

ternacionalização. A atenção a este lado racional deve ser tanto

mais forte, quanto mais forte bater o lado do coração!

José moREno

Administrador Executivo da SOFID

Julho 2012 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Julho 2012

› notícias

sumol+compal investe em moçambiqueA Sumol+Compal está a investir 10 milhões de dólares na pri-

meira fase numa fábrica em Moçambique, que deverá ser inau-

gurada no terceiro trimestre do corrente ano e que estará prepa-

rada para produzir 30 milhões de litros de sumos por ano, dos

quais cerca de 70% serão destinados à exportação para os países

limítrofes de Moçambique e que fazem parte da Sadc (Comuni-

dade para o Desenvolvimento da África Austral).

A unidade localiza-se no parque industrial do Beluluane, na pro-

víncia de Maputo, tendo sido antigamente utilizada pela Lac-

togal. No entanto, segundo os responsáveis da Sumol+Compal,

toda a tecnologia agora utilizada será de última geração e capaci-

tada para produzir os melhores produtos do mercado.

Segundo revelou à Exame Moçambique o presidente da

Sumol+Compal, António Pires Eusébio, «numa primeira fase

teremos de importar as matérias-primas, caso dos concentra-

dos de fruta. Mas numa segunda fase estaremos em condições

de processar a fruta já produzida localmente, aproveitando as

vantagens da instalação da fábrica em Moçambique e à comple-

mentaridade dos produtos. Em Moçambique poderemos produ-

zir sumos com base em frutas como a manga, ananás, maracujá

ou banana. No futuro, as fábricas em Portugal até poderão im-

portar essas frutas de Moçambique para a sua laboração». ‹

greenarte na FiaA Greenarte � Artesanato Sustentável de Moçambique, está

presente na edição da FIA 2012, que decorre neste momento

na FIL em Lisboa, no que se enquadra nos esforços do país

para promover as suas indústrias culturais e criativas em ter-

mos internacionais. A Greenarte aposta em trazer a Lisboa

uma larga e distintiva variedade de produtos de artesanato

de vários pontos de Moçambique, desde o artesanato Ma-

conde de Cabo Delgado às complexas esculturas de sândalo

de Maputo. Os produtos são fornecidos por artesãos indivi-

duais e por grupos de artesãos, num critério de focalização

em desenvolvimento empresarial, sustentabilidade e desen-

volvimento comunitário. ‹

Fernave recruta quadros para ÁfricaA Fernave, empresa de Formação Técnica participada pela

CP, Refer e Metropolitano de Lisboa, lançou no mês passado

um novo processo de recrutamento de quadros qualificados

em diversas áreas, designadamente na Gestão de Terminal,

Segurança e Ambiente, Planeamento e Logística, Operações

Portuárias e Manutenção. Estes novos quadros destinam-se

a atuar no mercado africano, particularmente em Angola.

No entanto, em paralelo, a Fernave desenvolveu um novo

recrutamento de quadros do setor ferroviário para Moçam-

bique e Angola. A empresa portuguesa está a apostar forte

na sua atuação nos Palop, tendo uma empresa participada

em Moçambique, a Transcom, SA. ‹normática cresce em moçambique e BrasilEnquanto no passado dia 23 de Maio criava no Rio de Janeiro a

Normática Brasil, a casa-mãe portuguesa reforçava igualmente

a sua atuação em África, com particular destaque para Moçam-

bique, país onde possui um escritório desde 2009 com seis co-

laboradores e que dão suporte a três grandes clientes como são

a EDM � Electricidade de Moçambique, a HCB � Hidroeléctrica

de Cahora Bassa e o BCI � Banco de Comércio Internacional,

revelou Paulo Nunes, administrador da empresa lusa.

Especializada no fornecimento de soluções informáticas para

escolas, sendo de realçar que 75% dos colégios privados em

Portugal possuem soluções da Normática, é de salientar que a

empresa também está presente com soluções implementadas

em mais de dezanove universidades, entre as quais a Univer-

sidade Católica Portuguesa, cinco colégios em Espanha, seis em

Angola, dois em Cabo Verde, dois em Moçambique e um em

Macau. Segundo Paulo Nunes, «hoje cerca de 10% da faturação

da empresa na área de software e serviços é assegurada pelo

mercado africano». ‹

Bci é o melhor banco moçambicanoA consultora sul-africana PMR africa distinguiu o BCI � Ban-

co de Comércio Internacional com dois prémios, o primeiro

dos quais com o Gold Arrow Award 2012, como o melhor

banco de Moçambique, enquanto o seu presidente, Ibraimo

Ibraimo, recebeu o Diamond Arrow Award 2012, como em-

presário mais influente na economia moçambicana. Segun-

do o líder do banco moçambicano, «na perspetiva do BCI,

estes prémios representam mais um reconhecimento dos

agentes económicos no trabalho desenvolvido pelo banco

nos últimos anos, através da concretização de um posiciona-

mento como banco universal de retalho, dirigido a todos os

moçambicanos». ‹

17 › País €conómico | Julho 201216 › País €conómico | Julho 2012

améRico amoRimO Presidente da Corticeira Amorim continua imparável nos negócios. A aquisição de uma empresa espanhola (de Barcelona) reforça o seu domínio na cortiça a nível mundial. Por outro lado, o empresário reforça também a sua aposta no Brasil, tanto no setor financeiro como no turismo. ‹

mÁRio viLaLvaO Embaixador do Brasil em Portugal é um grande entusiasta do reforço e desenvolvimento das relações económicas e empresariais luso-brasileiras. Em duas entrevistas recentes a órgãos da comunicação portuguesa, salientou que o seu país ainda tem muito espaço para mais investimentos portugueses no Brasil. E tem toda a razão! ‹

diogo aRaúJoO Presidente Executivo da SOFID foi ao Brasil mostrar as capacidades de uma instituição financeira ainda jovem, mas que já está a desempenhar um importante papel no reforço dos mecanismos de apoio à internacionalização das empresas portuguesas. Os países de língua portuguesa, o Norte de África, China, Índia e América Latina, estão entre as principais prioridades. ‹

› a aBRiR

Jean-Yves moironÉ o novo CEO e Country Manager em

Portugal do BNP Paribas. Expressando o

orgulho por liderar a instituição financeira

francesa em Portugal, onde já está há mais

de um quarto de século, o novo responsável

pretende fazer o banco crescer em terras

lusas através das onze unidades que possui

em Portugal. ‹

Paulo RitaÉ o novo membro do Comité Executivo

da EDAMBA – Associação Europeias de

Programas de Doutoramento em Gestão

e Administração de Empresas, sendo o

primeiro português a ocupar este cargo

europeu. O docente do ISCTE tem agora

a responsabilidade de contribuir para o

intercâmbio entre várias das melhores

escolas de gestão europeias. ‹

Ricardo oliveiraÉ o novo reforço da área comercial da

Comstor em Portugal, tendo como

principais funções lançar e dinamizar

a empresa no nosso país, além de

potenciar a venda de soluções Cisco no

mercado português. Com 29 anos, o novo

responsável da Comstor é licenciado em

Engenharia Informática. ‹

subindo na Pirâmide

› notícias

Primeira Corrida Volkswagen foi um sucesso

correndo por entre automóveisA primeira Corrida Volkswagen realizada no passado dia 24 de Junho, constituiu um

verdadeiro sucesso. Cerca de dois mil atletas puderam percorrer um percurso de 10 qui-

lómetros, em que parte dessa distância decorreu ao longo das linhas de montagem de

produção de automóveis da fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela. O vencedor

na categoria masculina foi Bruno fraga, enquanto o vencedor em femininos foi a atleta

Ana Teresa Machado.

Para além da prova de atletismo e de uma de marcha, o espaço da Autoeuropa recebeu

cerca de 10 mil pessoas numa jornada de portas abertas denominada “Think Blue. Fac-

tory”, com a realização de várias atividades de sensibilização ambiental do programa de

sustentabilidade ambiental da marca Volkswagen. O objetivo deste programa consiste na

redução de 25% até 2018 no que respeita aos consumos de energia, utilização de água e

emissões de CO2. ‹

servdebt com nova sedeA Servdebt – Capital Asset Management, empresa de gestão e recuperação de ativos,

inaugurou a sua nova sede em Lisboa, localizada na Torre Colombo Ocidente. Nas no-

vas instalações funciona o Centro Operacional da empresa, que já contratou mais de

80 colaboradores desde o início do ano, contando agora com cerca de 200 profissionais

qualificados.

No presente ano, a Servdebt tem como objetivo atingir uma faturação de cerca de 4,8 mi-

lhões de euros, o que representará um crescimento de 92% face a 2011. De referir que a

empresa para além da sede em Lisboa, possui também escritórios no Porto e em Madrid.

A Servdebt possui atualmente uma carteira de várias tipologias de créditos superior a mil

e quinhentos milhões de euros. ‹

grupo ascendum entra no méxicoDepois da Espanha, Estados Unidos da América e Turquia, o Grupo Ascendum (antiga

Auto-Sueco Coimbra) acaba de anunciar a sua entrada no mercado mexicano. Com esta

nova geografia, o grupo espera atingir já em 2016 uma faturação anual de mil milhões

de euros.

A empresa é atualmente um dos maiores distribuidores mundiais da Volvo Construc-

tion Equipment para setores de atividade como a construção, indústria transformadora

e extrativa, minas e florestas. A reciclagem bem como os equipamentos para aeroportos,

portos e ferrovias são outros dos segmentos em que o grupo se especializou. Em 2011, a

empresa atingiu um volume de negócios de 500 milhões de euros e um EVITDA de 62

milhões de euros.

Para Ricardo Mieiro, presidente da Comissão Executiva do grupo, «temos uma perspetiva

de desenvolvimento para novos mercados onde surjam boas oportunidades de investi-

mento por forma a atingirmos o objetivo estratégico de entrada em novos mercados e

atingirmos, até 2016, mil milhões de euros de volume de negócios».

Por outro lado, o responsável da Ascendum também explicou a mudança de nome do

grupo, sublinhando que a «nova identidade tem como objetivo modernizar a imagem da

empresa reflexo de uma aposta estratégica na internacionalização». ‹

gmv na índiaA GMV venceu um projeto na área da gestão de transportes na Índia. Este projeto implica

a implementação do Sistema de Apoio à Exploração, que permite uma melhor gestão dos

transportes públicos, através da monitorização e controlo da frota em tempo real, e inclui

também o fornecimento e integração de 248 torniquetes e portas para o controlo de aces-

sos e validação de passes em 67 estações, o fornecimento e instalação de 120 terminais de

venda automática nas cabinas do sistema de transportes públicos de autocarros de Ah-

medabad, além de 15 terminais portáteis para inspeção de passes, e toda a infra-estrutura

informática e de comunicações. ‹

Energia em mouraA Lógica, empresa municipal de Moura dirigida à área da energia, em parceria com a

Universidade de Aveiro, levou a efeito nos dias 20 e 21 de Junho, um workshop sobre “Os

desafios energéticos das infraestruturas de megaciência. O exemplo do projeto SKA”. O

evento teve a presença de doze organismos de países como a Alemanha, Estados Unidos,

Holanda, Grã-Bretanha, África do Sul, Austrália e Portugal. Para além de diversas pales-

tras e debates, os presentes visitaram também a Central Solar Fotovoltaica da Amareleja,

localizada nesta freguesia do concelho de Moura. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE EntREvista

Joaquim Costa, Presidente de Costa & Carvalho, SA

«internacionalização da empresa vai começar por moçambique»

Trinta anos depois de se ter constituído, a Costa & Carvalho, SA surge no mercado

numa posição relevante. É dentro do sector da construção civil e obras públicas das mais

cotadas PME do país. Este facto enche de satisfação Joaquim Costa, presidente desta

empresa com sede em Alcobaça, que em entrevista à País €conómico fez questão

de sublinhar que uma fatia importante deste sucesso pertence aos 150 colaboradores

que diariamente dão o seu contributo à Costa & Carvalho, SA. «É uma equipa coesa e

dinâmica, muito profissional, que com muito sacrifício e coragem tem sabido interiorizar

os objectivos da empresa, nas boas e horas más», sublinhou Joaquim Costa que

nesta entrevista refere-se com ambição ao futuro da sua empresa. «O processo de

internacionalização com Moçambique está muito avançado e estamos a limar algumas

arestas para que possamos iniciar este processo ainda em 2012», referiu o presidente da

Costa & Carvalho, empresa que este ano deverá registar uma facturação superior a 40

milhões de euros.tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a Costa & Carvalho, SA com sede

em Alcobaça nasceu há trinta

anos atrás e é hoje considerada

no ramo da construção civil e obras pú-

blicas uma PME de sucesso, tudo fruto da

dinâmica que o seu presidente, Joaquim

Costa, em devido tempo soube imprimir

à empresa, transformando-a numa organi-

zação respeitada, com forte solidez com-

petitiva, estando hoje posicionada entre

as 35 melhores PME’s do país.

Em entrevista que concedeu à País €conómico este empresário historiou

o início do arranque deste projecto. «Sou

uma pessoa que sempre foi ambiciosa,

que sempre trabalhou na construção civil,

e que sempre desejou criar uma empresa

que fosse o espelho das suas ambições.

Essa oportunidade surgiu em 1992, e

nessa altura o projecto arrancou comigo

e com outro sócio, Ilídio Carvalho Maria.

Estivemos juntos alguns anos, mas sendo

eu uma pessoa desejosa de progredir e

fazer cada vez mais, a determinada altura

resolvi terminar com esta parceria e cha-

mar a mim próprio os destinos da Costa

& Carvalho. A partir de então decidi dar

um sentido novo à empresa, rodear-me

de profissionais competentíssimos, gen-

te com carácter e vontade de triunfar, e

apesar de termos tido pela frente período

difíceis e até de alguma intranquilidade

no sector, essa nova filosofia que criámos

tornou possível projectar a empresa ao

patamar que desfruta hoje. Somos uma

empresa respeitável e que sabe respeitar

acima de tudo as necessidades dos seus

clientes, que honra escrupulosamente os

seus compromissos, que soube chamar

a si ferramentas importantes para poder

competir de igual modo (ou até melhor)

no mercado onde está inserida, e por mi-

nha vontade iremos mais e mais adiante,

até porque um dos nossos valores é de-

senvolver a empresa de maneira sustentá-

vel», disse Joaquim Carvalho.

ver a crise como uma oportunidadeO sector da construção civil e obras pú-

blicas já viveu melhores tempos. Ainda

há poucos anos, este era um dos sectores

de actividade que mais contribuíam para

o crescimento do Produto Interno Bruto

Nacional (PIB) e que mais emprego gerava

em Portugal. Mas apesar da crise que se

instalou no sector, a verdade é que a Cos-

ta & Carvalho consegue estar num lugar

cimeiro neste mesmo sector. Isso deve-se

a quê? Joaquim Costa não hesitou na res-

posta.

«Em primeiro lugar o bom ar que se

respira na Costa & Carvalho deve-se ao

grande sacrifício das cerca de 150 pesso-

as que trabalham na empresa. Todos eles

têm sido inexcedíveis, contribuindo desta

Julho 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE EntREvista

forma para que a empresa se torne cada

vez mais forte. Como esse sacrifício tem

proporcionado os seus frutos, esse facto

gera por seu lado uma motivação extra

junto daqueles que diariamente dão o

seu contributo generoso à Costa & Carva-

lho. E quando assim é, torna-se mais fá-

cil encarar crises com aquele que ocorre

presentemente no sector da construção

civil e obras públicas, e encarar o futuro

com muito mais optimismo», esclarece

Joaquim Costa, que ainda a este propósito

sublinhou.

«Houve um período na vida da Costa &

Carvalho em que as coisas não correram

da maneira que mais desejámos. Não me

estou a referir concretamente a questões

de ordem financeira, que bem ou mal

sempre foram ultrapassadas, estou mais

a referir-me a obras que tínhamos adju-

dicadas e que não arrancaram em tempo

devido. Esta foi uma situação que se ar-

rastou por algum tempo e que nos com-

plicou um pouco a vida. Por outro lado

assistiu-se ao aparecimento de uma certa

concorrência desleal, o que me levou a ter

de me reunir com os diversos sectores da

empresa, dando-lhes conta dessa situação,

apelando para que redobrássemos os nos-

sos esforços no sentido de podermos dar

a volta à situação. Foram reuniões muito

frutuosas que deram excelentes resulta-

dos práticos», relembra o presidente da

Costa & Carvalho.

atingir mais de 40 milhões em 2012Prova de que a Costa & Carvalho está a tri-

lhar o percurso certo é a perspectiva que a

empresa tem de poder vir a facturar este

ano mais de 40 milhões de euros. «Em

2010 o nosso volume de negócios situou-

-se, se não estou em erro, nos 39 milhões

de euros, em 2011 a facturação foi ligei-

ramente menos porque houve obras que

não arrancaram, mas para 2012 estamos a

prever um aumento significativo, entre 10

a 15% na nossa facturação, o que fará com

que ultrapassemos mesmo os 40 milhões

de euros», perspectivou Joaquim Costa.

Este empresário parece não dar grande

importância ao facto da sua empresa po-

der no exercício de 2012 vir a atingir uma

facturação superior a 40 milhões de euros.

E aproveita mesmo a oportunidade para

tecer algumas considerações em redor

desta possibilidade. «Quanto a mim não

é muito significativo entrarmos nestas

previsões, até porque facturar este ano 40

milhões poderá não significar que a em-

presa ganhe mais dinheiro do que ganha-

va quando facturava 20 ou 25 milhões.

É tudo muito subjectivo. Mas é evidente

que todos lutamos para conquistarmos

espaço, para termos mais obras e, conse-

quentemente facturarmos mais. Isso quer

dizer que todos estamos a “pedalar” bem»,

chamou a atenção o presidente da Costa

& Carvalho.

Joaquim Costa aproveitaria o ensejo para

lembrar que a carteira de encomendas da

Costa & Carvalho para este ano ronda os

40 milhões de euros, «mas já temos em

carteira para 2013 cerca de 12 milhões de

euros, que vão crescer com toda a certe-

za », justificou.

acreditar no mercado de moçambiqueO presidente da Costa & Carvalho revelou-

-se nesta entrevista um homem optimista,

mas também muito realista. Ele não igno-

ra que o sector da construção civil e obras

públicas vive momentos muito complica-

dos, agravados ainda com as dificuldades

de acesso ao crédito bancário, e sabe que

tem de procurar novas formas de luta para

poder continuar a conduzir a sua barca a

bom porto. «É por isso que estamos com

os olhos postos no mercado externo, e Mo-

çambique vai ser o nosso arranque para a

internacionalização», revelou.

E por falar no mercado externo, Joaquim

Costa está consciente da importância que

alguns mercados de África podem ter

no crescimento da sua empresa. Angola

é, por exemplo, uma das economias que

mais têm crescido em todo o mundo, que

tem atraído nos últimos tempos muitos

empresários portugueses, mas o presiden-

te da Costa & Carvalho está mais inclina-

do para o mercado de Moçambique, curio-

samente uma outra economia em grande

pujança e que segundo dados do próprio

FMI deverá crescer este ano 7,7 por cento.

«O processo de internacionalização com

Moçambique está a decorrer muito bem.

Tenho realizado algumas visitas àquele

país africano e aquilo que me foi dado ob-

servar, agradou-me sobremaneira, porque

se verifica que há interesse da parte dos

governantes moçambicanos em atraírem

investimento português. E isso agrada-me

e dá-me alento. Por isso estamos a envidar

esforços para que rapidamente se crie a

empresa em Moçambique, e se tudo cor-

rer dentro da normalidade que desejamos,

isso deverá acontecer ainda este ano. As

nossas esperanças no mercado moçambi-

cano são muito fortes, e estamos a contar

com ele para crescermos muito mais», es-

clareceu Joaquim Costa.

Ainda muito recentemente o presidente

da Costa & Carvalho, acompanhado por

Victor Lobão, responsável por esta área de

negócios, esteve de visita a Moçambique

e, curiosamente, foi Victor Lobão, que tal

Construção das Piscinas Municipais de Pataias

Julho 2012 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Julho 2012

› gRandE EntREvista

como Miguel Costa (vogal), e João Callé de

Almeida (adjunto da administração, este

presente nesta entrevista a Joaquim Cos-

ta, interveio para referir um episódio que

a nós também nos parecer extremamen-

te interessante. Sublinhou Victor Lobão

que as autoridades moçambicanas têm

apreciado muito o interesse que Joaquim

Costa tem manifestado em conduzir pes-

soalmente este processo de internaciona-

lização com Moçambique, «atitude que

nem sempre é seguida por outras empre-

Construção do novo Quartel da Associação Corpo Voluntário de Salvação Pública de S. Pedro de Sintra

sas portuguesas que desejam entrar na-

quele mercado», referiu Victor Lobão.

A preferência por Moçambique é-nos ex-

plicada pelo próprio presidente da Costa

& Carvalho. «Fiz visitas a Angola, Moçam-

bique e a Cabo Verde e, sinceramente,

gostei da maneira como as autoridades

moçambicanas souberam relacionar-se

connosco. Foi uma experiência muito po-

sitiva, e isso agradou-nos. Por outro lado

Moçambique é um país com muito por

fazer ao nível das infra-estruturas básicas

e para uma empresa como a nossa isso

traduz-se numa oportunidade muito vá-

lida. A nossa ideia é intervirmos em Mo-

çambique nas áreas Imobiliária e Obras

Públicas». Joaquim Costa fez uma pausa

no seu discurso e perante a insistência do

jornalista da P€ referiu que o ideal era a

Costa & Carvalho conseguir obter nos pri-

meiros cinco anos de presença no merca-

do moçambicano índices de crescimento

idênticos ou aproximados aos que tem

tido cá em Portugal.

«O que eu queria é que a Costa & Carvalho

crescesse em Moçambique na ordem dos

dois dígitos, mas também sabemos que

isso não será fácil e que não dependerá

só de nós. Mas temos muita esperança de

que o mercado Moçambique vai ajudar-

-nos a crescer mais», concluiu o presiden-

te Joaquim Costa. ‹

Construção da EB1 Nº 167 do Bairro Padre Cruz - Lisboa

Requalificação da Zona Envolvente do Mosteiro de Alcobaça

Julho 2012 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Julho 2012

› LusoFonia › Brasil

soFid avança para o BrasilA SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento realizou a sua

primeira missão ao Brasil, que ocorreu entre os dias 18 e 26 de Junho. Liderada

por Diogo Gomes de Araújo, presidente executivo da empresa, a SOFID foi dada a

conhecer ao seu congénere do BNDES, e esteve representada em vários encontros

empresariais luso-brasileiros.

Nos seus contatos no Brasil, Diogo Araújo apresentou aos interlocutores os instru-

mentos financeiros que tem ao dispor dos empresários portugueses, sublinhando

a importância do InvestimoZ, um fundo de investimento com 94 milhões de

euros para apoiar projetos em Moçambique, e que poderá constituir um recurso

muito interessante para projetos empresariais triangulares entre empresas portu-

guesas, brasileiras e moçambicanas.

Por outro lado, o responsável da SOFID apresentou igualmente o LAIF – Facilida-

de de Investimento na América Latina, gerido pela Comissão Europeia e da qual a

SOFID tem o mandato de agir como entidade cofinanciadora para investimentos

em toda a região da América Latina.

Diogo Gomes de Araújo referiu que se tem «notado um interesse crescente do

empresariado português em investir no Brasil, tendo a SOFID aprovado a primei-

ra operação de investimento naquele país, um projeto de 1,5 milhões de euros no

setor das novas tecnologias». Neste momento, além deste projeto aprovado para

o Brasil, a financeira tem igualmente já projetos aprovados para Moçambique,

Angola, Marrocos, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. ‹

Embraer pode reforçar aposta em évoraA empresa brasileira Embraer está já em fase

de conclusão das duas unidades industriais

que possui em construção junto à cidade de

Évora, mas o seu responsável na Europa admi-

te poder reforçar a aposta na cidade alenteja-

na com a construção de uma terceira unidade

industrial, embora de menor porte do que as

atuais.

Segundo Luiz Fuchs, presidente da Embraer

Europa, «temos o �first refusel� (direito de

preferência) de outro terreno aqui, mas pri-

meiro vamos iniciar a produção nestas duas

fábricas maiores de pois então pensar numa

terceira fábrica». A fabricante aeronáutica

brasileira, a terceira maior a nível mundial,

prevê iniciar a produção já neste mês de Ju-

lho, embora a inauguração só esteja aprazada

para o próximo dia 21 de Setembro. As duas

unidades de Évora vão produzir materiais compósitos, nomeada-

mente para as caudas dos aviões, e outra de estruturas metálicas,

como as asas. Os primeiros componentes a serem produzidos se-

rão destinados aos jatos Legacy e para o cargueiro militar KC-390.

O investimento total rondará os 170 milhões de euros, um valor

superior aos 148 milhões de euros inicialmente previstos, além de

que deverá criar cerca de 400 postos de trabalho diretos e outros

1.200 indiretos. ‹

Exportações para o Brasil aceleramAs exportações portuguesas para o Brasil cresceram

44% entre Abril e Maio do presente ano, segundo

indicou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria

e Comércio Exterior do Brasil, tendo atingido a ci-

fra de 100,9 milhões de dólares. O valor acumulado

pelas exportações portuguesas nos primeiros cinco

meses do corrente ano para o mercado brasileiro

atingiu os 421,5 milhões de dólares, um acréscimo

de 38% face ao período homólogo de 2011. Os prin-

cipais produtos exportados foram o azeite (mais de

17%), bacalhau (8%), gasolina (8%), fornos indus-

triais (7%) e peras frescas (4%).

Já no que respeita às importações de produtos brasi-

leiros, de Janeiro a Maio, entraram em Portugal um

volume correspondente a 680,4 milhões de dólares,

valor inferior em 25,5% ao registado em igual perí-

odo do ano passado. Os principais produtos impor-

tados do Brasil foram o petróleo (45%), soja (16%) e

açúcar (12%). ‹

ibéria Expo em FortalezaEntre os dias 28 e 30 de Novembro próximo, vai decorrer na cidade de

Fortaleza, capital do estado brasileiro do Ceará, a Ibéria Expo 2012, certa-

me organizado pela WTM, e que pretende dinamizar as exportações por-

tuguesas e espanholas do setor da alimentação e de bebidas para o Brasil.

A realização do evento em Fortaleza, no dizer de Luiz Branco, presidente

da WTM, prende-se com o facto da região onde se insere ser a que «pro-

porcionalmente mais cresce no Brasil». O Nordeste, frisa, «é uma porta de

entrada no Brasil». ‹

vinhos do douro crescemOs vinhos da região do Douro venderam no primei-

ro trimestre deste ano mais de dois milhões de euros

para o Brasil, mercado que ascendeu à quarta posi-

ção mundial entre os que mais adquirem os néctares

produzidos na região duriense. No entanto, enquan-

to os vinhos da região demarcada do Douro exporta-

ram cerca de 1,1 milhões de euros, correspondendo

a um acréscimo de 49% face ao período homólogo,

já a exportação do vinho do Porto apenas cresceu

5,2%, atingindo um volume de vendas de 945 mil

euros. De referir que no quadro da promoção dos

vinhos da região no Brasil, foram promovidas em

Junho ações em Brasília e em São Paulo. ‹

vista alegre cresce no BrasilA Vista Alegre Atlantis (VAA), empresa do universo do grupo Visabeira,

registou no primeiro trimestre de 2011, um crescimento nas exportações

de 17%, com um total de 8,9 milhões de euros, resultado para o qual muito

contribuiu o mercado brasileiro, com um crescimento na ordem dos 55%.

No Brasil, país onde a VAA reforçou a sua estratégia de internacionalização

com a inauguração de um centro de distribuição para apoiar a comerciali-

zação dos seus produtos, o volume de negócios cresceu os referidos 55%.

A par do Brasil, os restantes mercados com maior crescimento nas exporta-

ções da empresa foram a França, Inglaterra e a Moldávia. Já no mercado in-

terno, as vendas caíram 11%, tando registado apenas 4 milhões de euros. ‹

nonius em são PauloA tecnológica portuguesa Nonius assinou um contrato para fornecer a solu-

ção de gestão de acesso à Internet para o Centro de Negócios e Congressos

Transamérica em São Paulo, no Brasil. O Centro reúne o Hotel Transamé-

rica São Paulo e o Transamérica Expostion Center. A Nonius tem a sede

na cidade da Maia, e possui igualmente um escritório em São Paulo, onde

no início de 2011 lançou uma �joint-venture� com um parceiro local, na

sequência da adoção do mercado brasileiro enquanto área estratégica na

expansão do grupo português. A empresa pretende aumentar o valor das

suas exportações dos atuais 20% para 80% até 2015. ‹

Banco Luso Brasileiro renova imagemA empresa portuguesa Omdesign foi a responsável pela mudança da imagem do Banco Luso Brasileiro, instituição

financeira com sede em São Paulo, e que é presidida por Manuel Tavares de Almeida Filho. Mantendo o verde e o

vermelho como cores essenciais, são no entanto apresentadas de forma mais moderna e apelativa. O Banco Luso

Brasileiro possui três agências em operação em São Paulo e foi alvo no final do ano passado da entrada de novos

acionistas, relevando a participação de Américo Amorim, que é agora detentor de um terço do capital a entidade

financeira paulista. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Julho 2012

› LusoFonia › Brasil

Com pequenas e médias empresas portuguesas como alvo principal

Bahia mostrou oportunidades de investimento e de negócios

O estado brasileiro da Bahia trouxe uma comitiva de peso a Portugal, liderada por

James Correia, Secretário da Indústria, Comércio e Mineração do Governo estadual, e que

cumpriu uma vasta agenda de contatos e conferências no nosso país, tendo sempre

como objetivo principal o de mostrar o forte potencial de negócios e de oportunidades de

investimento naquele que é o maior e mais populoso estado do nordeste brasileiro, sendo

a sexta principal economia do Brasil. Em todos os locais por onde passou a comitiva

baiana (Castelo Branco, Setúbal (porto), Aveiro, Lisboa, Torres Novas e Leiria), estiveram

presentes muitos empresários portugueses, quase todos demonstrando significativo

interesse em analisar oportunidades na Bahia.

tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a Bahia é o maior e mais populo-

so estado do nordeste brasileiro.

No território que tem a cidade

de Salvador (primeira capital do Brasil)

como capital estadual, vivem mais de 14

milhões de pessoas, transformando a sua

economia na primeira do próprio nordes-

te e na sexta maior do Brasil. Os 93 mil

milhões de dólares do PIB baiano é equi-

valente ao de muitos estados, como é o

caso da europeia Bulgária, além de que o

tamanho do território estadual é superior

ao da França.

Um território, afirmam os responsáveis

governamentais, que possui inegáveis e

comprovadas riquezas minerais, que já

começou a ser explorado, mas que ainda

possui muito potencial para ser devida-

mente aproveitado (aliás como compro-

vou a própria Companhia Baiana de Pes-

quisa Mineira em conferência realizada

em Maio em Portugal), além do próprio

potencial agrícola, turístico e industrial.

Existem já um relevante conjunto de em-

presas portuguesas a operarem na Bahia,

de que se destacam as relacionadas com

as áreas turística (Pestana, Vila Galé e

Tivoli), indústria (Durit, Moldit, Cotesi e

Cordebrás) e construção (Martifer, Grupo

Lena e Ramos Catarino). Aliás, é de subli-

nhar o fato de ser a Martifer a construir

a estrutura metálica da cobertura do es-

tádio Fonte Nova, a arena desportiva que

receberá em 2014 os jogos em Salvador da

Copa do Mundo.

Os turistas portugueses representam pre-

sentemente 4,5% dos turistas internacio-

nais que aportam à Bahia. Já foram mais,

ainda assim é considerado de enorme im-

portância no relacionamento entre os dois

lados do Atlântico a existência do voo diá-

rio entre Lisboa e Salvador, fato potencia-

dor de negócios, investimentos e turismo

entre a Bahia e Portugal.

governo da Bahia apoia investimento portuguêsMas, o Governo da Bahia na pessoa do

secretário James Correia veio a Portugal

apelar a novos investimentos dos empre-

sários portugueses no seu estado, com um

foco bastante direcionado para as peque-

nas e médias empresas, «muitas certa-

mente com um expertise de alto nível e

que muito poderão ajudar a desenvolver

e a fortalecer a economia da Bahia, forta-

lecendo-se igualmente cada uma dessas

empresas portuguesas que apostarem no

nosso estado, pois a Bahia é um dos esta-

dos brasileiros que mais cresce, além de

que o governo estadual liderado pelo Go-

vernador Jacques Wagner, bastante articu-

lado anteriormente com o Presidente Lula

da Silva, e agora com a Presidente Dilma

Rousseff, tem desenvolvido um conjunto

de políticas que fomentam o empreendo-

rismo e os investimentos, além de garan-

tir uma segurança jurídica impecável a to-

dos os que investem na Bahia», enfatizou

o responsável governamental baiano, que

além de uma conferência na Associação

Comercial de Lisboa, reuniu-se também

com a AIP e com a CIP.

Os principais segmentos económicos do

atual desenvolvimento da Bahia são es-

sencialmente a energia (com realce para

a energia eólica e o petróleo), o setor pe-

troquímico (em Camaçari, próximo de

Salvador, está instalado o principal polo

petroquímico da América Latina), o setor

têxtil, o agronegócio, o turismo e o setor

da construção.

Ricardo Vieira, diretor de Desenvolvimen-

to e Relações Internacionais da Secretária

da Indústria, Comércio e Mineração do go-

verno baiano, a quem coube explanar nos

diversos locais percorridos em Portugal,

as potencialidades do estado brasileiro,

sublinhou o conjunto de importante in-

vestimentos que as autoridades federais,

estaduais e municipais estão concretizan-

do na Bahia, referindo concretamente ao

Porto Sul, em Ilhéus, para onde desembo-

cará a nova via-férrea oeste-leste que liga-

rá transversalmente o território brasileiro,

e que permitirá trazer as produções mine-

rais e do agronegócio do interior baiano

para os locais de transformação, valoriza-

ção e eventualmente de exportação no já

referido Porto Sul.

O responsável pelas relações internacio-

nais da secretaria da indústria do governo

baiano destacou também a importância

dos investimentos infraestruturais nos

setores eólico e naval, referindo o quanto

isso constitui oportunidades para a indús-

tria portuguesa, conhecida que é a sua ca-

pacidade e qualidade em ambas as áreas

referidas.

turismo e agronegócioOs 1.188 quilómetros de costa do litoral

baiano (o maior do país) constitui outro

grande potencial para o aproveitamento

turístico. Se é certo que já existem grupos

portugueses instalados com importantes

projetos, ainda existem áreas de elevado

potencial para novos investimentos turís-

ticos. Responsáveis governamentais da

Bahia admitiram à País €conómico

a possibilidade do empresário português

Américo Amorim investir no litoral da

Bahia com importantes projetos turísti-

cos. De referir que esses mesmos respon-

sáveis também manifestaram a esperança

de que se venha a concretizar pela parte

da portuguesa Imocom do projeto de

construção do futuro Hotel Hilton em

Salvador.

A País €conómico acompanhou a de-

legação da Bahia nas suas apresentações

em Castelo Branco, Setúbal (porto), Lisboa

e Torres Novas. Em todas as conferências

assistiram um conjunto bastante assina-

lável de empresários, mostrando um in-

teresse significativo pelas oportunidades

anunciadas pelo governo baiano, sendo de

sublinhar o testemunho de alguns já com

presença atual naquele estado do nordes-

te brasileiro.

A este respeito, é de referenciar a presença

na delegação da Bahia a Portugal de An-

tónio Coradinho, presidente da Câmara

Portuguesa de Comércio na Bahia, sempre

disponível para dialogar e esclarecer os

empresários portugueses e sublinhando o

interesse e a disponibilidade da Câmara a

que preside para encaminhar os empresá-

rios portugueses na Bahia ao encontro dos

melhores parceiros e para os apresentar

às autoridades institucionais do estado,

assegurando assim uma articulação mais

eficiente para melhor enquadrar as neces-

sidades dos empresários portugueses que

decidam apostar na Bahia.

De referir que esta conjugação entre as en-

tidades da Bahia na disponibilidade para

apoiarem os empresários portugueses, es-

teve igualmente patente em todas as inter-

venções de João Marcelo Alves, Superin-

tendente de Desenvolvimento Industrial

da Federação das Indústrias do Estado da

Bahia, que mostrou completa disponibili-

dade para acompanhar os empresários lu-

sos em tudo o que seja necessário para re-

alizarem negócios neste estado brasileiro.

Por outro lado, António Coradinho não

deixou ainda de aproveitar a oportuni-

dade para divulgar a V Conferência de

Negócios que vai decorrer de 19 a 21 de

Outubro próximo em Salvador, evento

Julho 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Julho 2012

› LusoFonia › Brasil

organizado pela Câmara Portuguesa de

Comércio na Bahia, e que servirá funda-

mentalmente para estimular, e em alguns

casos concretizar, a realização de negócios

concretos entre empresários baianos e

portugueses, pois foi destacado a impor-

tância do estabelecimento de parcerias

nos negócios empresariais entre os dois

lados do Atlântico como a forma mais

eficaz de se estabelecer e desenvolver no

mercado brasileiro. O presidente da Câ-

mara Portuguesa apelou à atenção dos

empresários portugueses para o potencial

da Bahia, enfocando sobretudo na área do

agronegócio e até deu o exemplo da exis-

tência de um rebanho de ovinos e capri-

nos de 12 milhões de elementos, mas não

existir o devido aproveitamento do leite

e da lã produzidas. «Existem empresas

destes setores em Portugal com grande

expertise para aproveitar este potencial»,

referiu. Discurso que foi muito escutado

sobretudo em Castelo Branco (Nercab) e

em Torres Novas (Nersant), pelo que po-

derão existir novidades dentro em breve

nesta área apurou a País €conómico

junto de fontes de ambas as associações

empresariais regionais da Beira Baixa e do

Ribatejo, respetivamente. ‹

Conferência no Nercab em Castelo Branco

James Correia, Secretário da Indústria do Governo da Bahia, com a Administração do Porto de Setúbal

Julho 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Julho 2012

› LusoFonia › Brasil

O estado brasileiro da Bahia veio mostrar-se uma vez mais a Portugal, num esforço

institucional e empresarial concertado para apresentar as suas potencialidades aos

empresários portugueses. Um dos membros da delegação baiana que esteve em

Portugal foi António Coradinho, português que vive há 33 anos na Bahia e que preside à

Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia. Em entrevista exclusiva à País €conómico,

o responsável luso-brasileiro abordar as grandes potencialidades e oportunidades

existente na sexta maior economia do Brasil e entende que as afinidades linguísticas

e culturais constituem uma oportunidade de aprofundamento dos negócios e do

comércio entre os dois lados do Atlântico. O V Seminário de Negócios que em Outubro

acolherá empresários baianos e portugueses poderá constituir um forte impulso para o

crescimento desse relacionamento.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

Porque é que a Bahia veio a Portugal mostrar as suas potencialidades e de-sejar que as empresas portuguesas as possam aproveitar?A Bahia é um estado cheio de oportuni-

dades e de contrastes. Ao mesmo tempo

que tem o maior Parque Petroquímico in-

tegrado da América do Sul, onde produz

produtos de primeira e segunda geração,

como resinas plásticas, matérias-primas

para detergentes, cosméticos, sabões,

etc., não tem indústrias de terceira gera-

ção para fechar o ciclo produtivo, isto é,

vende as matérias-primas para os estados

do sul (S. Paulo, Paraná e Minas Gerais)

e compra produtos acabados, a partir das

matérias-primas antes vendidas. Portugal

possui indústrias de ponta de terceira ge-

ração. Pode aproveitar as matérias-primas

produzidas no estado e transformá-las em

produto final, como embalagens, cosmé-

ticos, material de construção, material de

limpeza, entre outros produtos.

De igual forma, no setor do agronegócio,

a Bahia é um grande produtor de como-

dities agrícolas, mas não possui indús-

trias de beneficiamento e processamento

António Coradinho, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia

a Bahia tem muito para oferecer às empresas portuguesas

Julho 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Julho 2012

› LusoFonia › Brasil

destes produtos para aumentar a escala de

valor. Mais uma vez Portugal tem experti-

se neste segmento, que poderá aplicar na

Bahia.

Apresentamos o exemplo do nosso rebanho

de ovelhas, estimado em 12 milhões de ca-

beças, mas sem uma indústria de aproveita-

mento da lã e do leite.

Devo esclarecer que estas oportunidades

estão abertas para qualquer investidor de

qualquer país. Mas como português e pre-

sidente da Câmara Portuguesa de Comércio

na Bahia, estou empenhado em que inves-

tidores portugueses cheguem primeiro e

aproveitem as oportunidades. Esse tem sido

o meu foco de atuação. Temos que aprovei-

tar a afinidade linguística, cultural e intelec-

tual que nos unem para aproximar mais no campo dos negócios.

Qual foi a recetividade encontrada?A recetividade foi de um modo geral excelente. A delegação saiu

encantada de Portugal com o que viu. Adquirimos novos parcei-

ros para trabalhar a favor das empresas portuguesas.

Expertise português pode fazer a diferençaEm que setores de atividade considera existirem maiores possi-bilidades de investimento português na Bahia?Como referi na resposta à sua primeira questão, os setores onde

existem maiores possibilidades de investimento português e

serão a pauta do nosso seminário de Outubro próximo, são, res-

petivamente, a indústria metalomecânica para a indústria naval,

a indústria de material de construção e embalagens, a indústria

das energias renováveis e o agronegócio. Estes são os segmentos

que entendemos com maiores possibilidades de aproveitarem as

matérias-primas já produzidas no estado da Bahia.

Quais poderão ser os apoios aos investidores portugueses que apostem na Bahia?Os investidores portugueses através de parcerias locais, têm aces-

so a linhas de financiamento de instituições locais de até 40% do

projeto. Existem também isenções fiscais dependendo do tipo de

indústria e o local onde se vai instalar. Estas isenções são mais

acentuadas para as empresas se instalarem no interior do estado

na zona do semi árido. Existem também instituições portugue-

sas como a Sofid que financia a internacionalização de empresas

portuguesas.

Do ponto de vista do treinamento e orientação empresarial exis-

tem instituições que apoiam a instalação de empresas, como a

FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia e o Sebrae.

Quais as melhores formas para os empresários portugueses abordarem o mercado da Bahia?A Câmara Portuguesa da Bahia está afinada com a FIEB e com

a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da

Bahia. Estas são instituições que o empresário precisa de contatar

para se instalar. A função da Câmara neste

caso é o de orientar e encaminhar o empre-

sário para a instituição correta.

a câmara Portuguesa pode orientar o investidorO que é que a Câmara Portuguesa de Co-mércio no Brasil – Bahia, poderá fazer para colaborar no aumento do investimento e do comércio português para a Bahia?A Câmara Portuguesa na Bahia identifica as

oportunidades e repassa ao possível inves-

tidor português. Um dos motivos das mi-

nhas viagens foi criar um banco de dados

de tecnologias, produtos e investidores por-

tugueses que preencham as necessidades

do mercado baiano. Mas acreditamos que

conhecendo um investidor pessoalmente, criamos uma sinergia

altamente favorável aos negócios.

Quais são as principais empresas portuguesas já presentes no mercado baiano?As empresas portuguesas presentes no mercado baiano são de di-

versos ramos de atividade como sejam na metalomecânica (Durit

e Immec), moldes (Moldit), hotelaria (Pestana, Vila Galé e Tivoli),

construção (Lena, Ramos Catarino e Martifer), indústria do sisal

(Cordebrás e Cotesi) e incorporadoras (Imbassai Participações e

Desing Resorts).

Como perspetiva o Encontro de Negócios que a Câmara Portu-guesa vai levar a efeito na Bahia entre os próximos dias 19 e 21 de Outubro?Temos como perspetiva na realização do V Seminário de Negó-

cios, cujo tema é “Unindo Forças – Quebrando Fronteiras”, trazer

os investidores portugueses para se encontrarem com os par-

ceiros baianos para a concretização de bons negócios. Estamos

trazendo para participar todas as instituições da Bahia que de

alguma forma façam parte do processo para a concretização do

investimento, ou seja, o Governo do Estado, a FIEB, instituições

de financiamento como a Desenbahia e BNB – Banco do Nordeste,

o Ibama – Instituto do Meio Ambiente, além do CRA – Conselho

Regional de Engenharia.

Estarão igualmente participando no encontro, os nossos associa-

dos nas áreas de serviços e apoio como empresas de advocacia,

contabilidade, transporte, logística, importação e exportação, ho-

téis, entre outros.

Estaremos também convidando instituições portuguesas como a

Aicep, AIP, CIP e Sofid, de forma a termos um comprometimento

com o empresariado português e seus investimentos. Estaremos

enviando um convite ao Ministro Paulo Portas, porque achamos

que os estados do Brasil de dimensões e PIB igual a grandes pa-

íses, como é o caso da Bahia, devam ser prestigiados ao nível do

estado português e assim promover os bons negócios fora do eixo

S. Paulo/Rio de Janeiro. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Julho 2012

› amBiEntE

Octávio de Almeida, Administrador Executivo das Águas de Santo André

«a nossa principal vocação é servir a indústria»

Constituída há 11 anos a Águas de Santo André, do Grupo Águas de Portugal, tem uma

função especial: satisfazer as necessidades das empresas localizadas na Zona Industrial

e Logística de Sines em termos de fornecimento de água potável, águas industriais,

efluentes, e resíduos sólidos. Em entrevista que concedeu à País €conómico, Octávio

de Almeida dá conta do apoio que a sua empresa presta às empresas ali instaladas e

revela que mais de 90 por cento da facturação das Águas de Santo André provém de

serviços a esta indústria, e sublinha que a tendência é para essa facturação suba ainda

mais.

tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a Águas de Santo André é, há 11

anos, a empresa concessionária

do sistema de captação, trata-

mento e distribuição de água para consu-

mo público, de recolha, tratamento e re-

jeição de efluentes e de recolha e destino

final de resíduos sólidos de Santo André

e, segundo Octávio de Almeida, seu admi-

nistrador executivo, este é um processo

que em termos globais se tem desenvol-

vido muito bem.

«Os investimentos que estavam previstos

no contrato de concessão não foram todos

realizados, até porque uma parte significa-

tiva era para ser levada a cabo pela tutela.

Ao contrário da maior parte das empresas,

nós apanhamos umas infra-estruturas já

completamente prontas, digamos que ti-

vemos uma herança global com uma Esta-

ção de Tratamento de Água muito grande,

com uma ETAR igualmente a funcionar

e muito grande e com aterro sanitário. E

com captações de água subterrânea para

abastecimento de água potável.

Portanto, a empresa foi criada em 2001,

herdámos um património vastíssimo do

INAG que era a entidade que geria as

infra-estruturas antes das Águas de San-

to André, que originalmente tinham sido

construídas pelo Gabinete da Área de

Sines. E estava previsto no contrato de

concessão o Estado fazer alguns investi-

mentos novos e fazer grandes operações

de manutenção das infra-estruturas que já

estavam em funcionamento, para o seu es-

tado de conservação se mantivesse como

novo. Mas na prática isso nunca acon-

teceu», relata Octávio de Almeida para

lembrar que todos os investimentos (e até

2010 eles foram relativamente reduzidos)

que foram até agora feitos nas Águas de

Santo André «foram feitos exclusivamen-

te pela empresa».

apoiar a Zona industrial e Logística de sinesA Águas de Santo André foi constituída

fundamentalmente para satisfazer as

necessidades das indústrias localizadas

na Zona Industrial e Logística de Sines –

ZILS em termos de água potável, água in-

dustrial, efluentes e resíduos industriais.

«A empresa existe fundamentalmente

para levar a cabo essa tarefa», referiu Oc-

távio de Almeida. E quando perguntámos

a este responsável qual era o tipo de in-

tervenção das Águas de Santo André na

ZILS, este disse:

«É evidente que damos o nosso contribu-

to naquilo que é a nossa responsabilida-

de. Fornecemos-lhes água potável, muita

água industrial, até porque temos ali ins-

talado meia dúzia de grandes empresas.

Fornecemos tratamento de água residual

e industrial, tratamento de água residual

doméstica, fazemos o encaminhamento

para destino final de água salina, e resídu-

os sólidos industriais».

A Águas de Santo André é das mais pe-

quenas empresas do Grupo Águas de

Portugal em termos de número de empre-

gados, mas não é pequena em termos de

outros indicadores.

«Esta empresa quando se constituiu não

foi fundamentalmente para tratar do

abastecimento domiciliário à população

de Santo André, foi mais para as indús-

trias, e este faz com que sejamos um sis-

tema diferente. Só para dar um exemplo,

mais de 90 por cento da nossa facturação

relaciona-se com as indústrias que aqui es-

tão instaladas. Este ano já ultrapassamos

os 90 por cento porque está a arrancar

uma nova fábrica – a Artelant – que irá

fabricar garrafas em plástico. Esta é uma

unidade fabril que arrancou nos últimos

dias de 2011 e vai ser ali o nosso segundo

maior cliente. A participação da indús-

tria na nossa actividade é cada vez mais

significativa. Por outro lado sabemos do

interesse de várias empresas que querem

instar-se nesta ZILS e com isso espera-se

que a nossa intervenção em termos da

prestação de serviço venha ainda a crescer

mais», sublinhou o administrador execu-

tivo das Águas de Santo André.

Caso se confirme a instalação destas em-

presas na ZILS, as Águas de Santo André

estão aptas a prestar-lhe o apoio que elas

necessitam em termos de água potável,

águas industriais, efluentes e resíduos só-

lidos industriais? Octávio de Almeida diz

que sim. «No ponto de vista do abaste-

cimento de água e no ponto de vista do

tratamento de águas residuais nenhum

projecto que neste momento esteja a ser

equacionado ficará inviabilizado por ra-

zões de não haver água industrial ou não

haver tratamento de água residual. Até

porque em projectos desta natureza, e

isso aconteceu recentemente com a nova

fábrica da Petrogal que está também em

fase de arranque e que vai produzir ga-

sóleo, desde que haja a decisão para que

façamos o fornecimento destes serviços

(e aqui há quase sempre um hiato de 2 a

3 anos até que a fábrica entre em labora-

ção), nós estamos preparados para o fazer

já que neste momento a nossa capacidade

é excedentária em termos de tratamento

de água industrial e tratamento de águas

residuais industriais», sublinhou o admi-

nistrador executivo das Águas de Santo

André, para este propósito dizer ainda

que «não há qualquer limitação de insta-

lação de indústrias em Sines por razões

daquilo que nós fornecemos».

Em 2010, e em relação ao abastecimento

de água a Águas de Santo André registou

23,5 milhões de metros cúbicos de água

captada e 27 mil pessoas servidas, e em

termos de águas residuais tinham sido

tratados 4,5 milhões de metros cúbicos e

48 mil pessoas servidas em Santo André e

Sines. Perante estes números Octávio de

Almeida fez questão de referir: «São valo-

res consideráveis, mas a nossa vocação é a

indústria». ‹

Julho 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Julho 2012

› EmPREsaRiado

José António Amador, Presidente da Mútua dos Pescadores

«temos uma experiência mutualista que vem desde 1942»

Esta seguradora sem fins lucrativos nascida em Julho de 1942 iniciou a sua atividade

no setor das pescas e com o tempo transformou-se na maior associação portuguesa

do setor marítimo, com cerca de 16 mil associados. Digamos que 2004 foi um

ano de viragem no seio da Mútua dos Pescadores ao adotar a forma cooperativa,

transformando-se assim na primeira e única cooperativa portuguesa de utentes de

seguros e passando a participar ativamente nas estruturas federativas do sector

cooperativo e social. Em entrevista à País €conómico José António Amador,

presidente da Mútua dos Pescadores enalteceu a história desta entidade, sublinhando

que ela continua muito atenta a tudo o que se vai passando no setor das pescas e à

sua evolução, «Cá estaremos para dar resposta a todos os problemas que nos sejam

colocados, apresentando soluções novas que se adaptem as exigências dos tempos

modernos».tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a Mútua dos Pescadores iniciou a

sua atividade em 1942, em ple-

no Estado Novo, mas soube sem-

pre acompanhar a evolução dos tempos e

as suas exigências, e hoje é uma entidade

dotada de todos os requisitos necessários

para competir de igual para igual num

mercado globalizado onde as marcas da

qualidade e inovação têm permanecido

sempre e de uma forma vincada nesta

caminhada que este mês comemora 70

anos.

Nesta entrevista com José António Ama-

dor, presidente da Mútua dos Pescadores,

e a que assistiu também Adelino Car-

doso, Director Técnico e de Marketing,

reviveram-se as principais etapas deste

percurso da Mútua dos Pescadores, mas

não foram esquecidos os objetivos – que

ainda são muitos – que esta seguradora

do mar deseja concretizar no futuro, que é

já hoje. A garantia de P&I (Proteção e In-

demnização) que a Mútua disponibiliza e

que é uma cobertura que dá garantia que

o seguro marítimo por norma não dá, e

que agora é obrigatório para embarcações

com mais de 300 toneladas de arqueação

bruta, é um dos exemplos de evolução que

estão dentro dessa estratégia de objetivos

que a Mútua dos Pescadores presenteou

os seus 16 mil associados.

«No ano em que a Mútua dos Pescadores

foi constituída – em 1942 – nasceram

mais outras mútuas, todas elas já extintas.

A Mútua dos Pescadores é uma segurado-

ra da Pesca que continuou até 25 de Abril

de 1974 sem fins lucrativos, e que depois

daquela data histórica se transformou ra-

pidamente na maior associação portugue-

sa do setor marítimo, nesta altura com cer-

ca de 16 mil associados. A proximidade da

Mútua é abrangente. Abrange todo o Con-

tinente, Açores e Madeira, dispondo para

o efeito de 15 balcões e cerca de 200 cola-

boradores em todo este espaço geográfico.

Trabalhamos também com as associações

dos respetivos setores, privilegiando a

classe», sublinhou José António Amador,

que é presidente da Mútua dos Pescadores

desde 2004, «apesar de ser membro dos

Órgãos Sociais desde 1981».

dirigida por um coletivo de 100 associadosJosé António Amador recorda que depois

de 25 de Abril de 1974 a Mútua dos Pesca-

dores passou a ser dirigida por um colecti-

vo de 100 associados (pescadores e arma-

dores) eleitos de 4 em 4 anos, segundo o

princípio “um homem um voto”, assentan-

do toda a atividade da empresa na estreita

ligação aos associados e às comunidades

e no estímulo à sua participação nas de-

cisões e iniciativas. «Temos 6 Conselhos

Regionais, e para além desta ainda temos

um Conselho Consultivo e a Assembleia

Geral», lembrou José António Amador.

Tem sido difícil o percurso que a Mútua

dos Pescadores já leva na sua história?

«Aqui na Mútua temos algumas preocu-

pações. Tentamos sempre inovar e me-

lhorar as nossas prestações de modo a

podermos acompanhar as exigências dos

tempos atuais onde a competitividade é

muito forte, e além disso a Mútua tem a

responsabilidade de ser especialista neste

setor de atividade. Há aí no mercado com-

panhias de seguros que não conhecendo

este setor, agem como se o conhecessem.

Que por vezes nos criam algumas dificul-

dades ao exibirem taxas irrealistas que

só prova que não conhecem o setor da

Pesca. Estamos a falar de taxas irrealistas,

tecnicamente abaixo daquilo que seria de

esperar, e isso, como é óbvio preocupa-

-nos, e preocupa os próprios pescadores»,

sublinhou o presidente da Mútua dos Pes-

cadores.

A Mútua dos Pescadores tem hoje ao

dispor dos seus associados, pescadores e

armadores, uma panóplia de produtos es-

pecíficos que abrangem áreas como: Aci-

dentes de Trabalho, Acidentes Pessoais,

Julho 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Julho 2012

› EmPREsaRiado

Compensação Salarial, Perda de Haveres,

Multipesca, Seguropesca XXI, Marítimo/

Pesca, e Multirriscos PME. «Temos nesta

altura o Ponto Seguro e estamos em con-

dições de realizar toda a qualidade de se-

guros, Aqueles que a Mútua dos Pescado-

res por lei não poder fazer, são colocados

por nós noutras companhias», revelou

José António Amador.

A possibilidade de a Mútua com o tempo

poder vir a perder alguns associados tam-

bém é uma preocupação de José António

Amador. «Essa também é uma preocupa-

ção nossa e é uma preocupação das orga-

nizações. De facto, quando entrámos na

Comunidade Económica Europeia, isto

em 1986, nós tínhamos à volta de 42 mil

pescadores e tínhamos 18 mil embarca-

ções. Nesta altura os números que nos dão

dizem que temos pouco menos de 9 mil

embarcações e 17 mil pescadores. Pensa-

mos nós que dificilmente este número se

irá reduzir, mas é preciso esperar para ver.

Nós fomos um país que abateu mais em-

barcações do que estava previsto, e hoje, o

que é curioso, aqueles que incentivaram o

abate destas embarcações são os que nos

chamam a atenção para as potencialidades

que o Mar nos pode proporcionar para a

recuperação da nossa economia », reforçou

o Presidente da Mútua dos Pescadores.

A Mútua dos Pescadores está muita atenta

às questões sociais e culturais, e nestas ini-

ciativas está sempre junto dos pescadores.

Levantada esta questão, foi Adelino Car-

doso, Diretor Técnico e de Marketing da

Mútua a dar alguns esclarecimentos. «Os

pescadores merecem tudo isto e muito

mais. Por vezes o pescador pode ser um

bocado brusco no falar, mas isso por nor-

ma é consequência do meio onde foi cria-

do e onde se relaciona.

Está habituado a trabalhar em condições

adversas, a enfrentar o rigor dos invernos.

São pessoas que merecem que se faça

tudo por eles, e da parte da Mútua essa

esforço tem existido», referiu Adelino

Cardoso.

Em 2007 a Mútua dos Pescadores foi con-

siderada a 2ª maior seguradora Não Vida

em Portugal, mas desconhece-se se esta

posição se mantém. Foi Adelino Cardo-

so que ajudou a esclarecer esta questão.

«Tudo depende dos critérios. A revista

que faz essa apreciação a partir daquela

data alterou os critérios de valorização e

deixou de dar uma atribuição como aque-

la que deu em 2007. Avalia as companhias

em determinados aspectos económicos e

financeiros, mas deixou de dar esta clas-

sificação como dava naquela altura. Mas

para nós foi muito importante termos

sido a 2ª maior companhia Não Vida em

Portugal em 2007 porque foi uma avalia-

ção muito baseada na solidez financeira

das empresas.

Factores como a solvência, margens de

solvência, capitais próprios, reservas ma-

temáticas ou seja aquilo que nós temos

de por de parte, tudo isto definia a solidez

financeira que a Mútua dos Pescadores ti-

nha e ainda tem hoje». ‹

Julho 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Julho 2012

› EmPREsaRiado

António Trigueiros de Aragão, Administrador da Fábricas Lusitana, dá a receita para os tempos de crise

Empresas têm de manter a qualidade dos seus produtos

Os tempos são de crise, mas a Fábricas Lusitana, quase centenária empresa de Alcains,

concelho de Castelo Branco, mantém um percurso imaculado e resiste às dificuldades.

António Trigueiros de Aragão, administrador da empresa, assume a trajetória de

«tranquilidade, trabalho e muita confiança» na relação com o mercado português,

pois as marcas Branca de Neve e Espiga, constituem baluartes firmes e rochedos

bem destacados nos hábitos alimentares dos portugueses e de povos de outras

latitudes. Como sejam de angolanos, cabo-verdianos e de vários povos europeus e

norte-americanos. Qualidade, inovação e lançamento de novos produtos constituem

os ingredientes fundamentais numa estratégia vencedora de uma empresa que

considera importante possibilitar às empresas do interior as condições indispensáveis

à sua laboração e competitividade. O que «nem sempre acontece», lamenta António

Trigueiros de Aragão, que adianta logo que a empresa que lidera se manterá firme e em

desenvolvimento porque «acreditamos que o interior do país também pode ter empresas

vencedoras. A história da Fábricas Lusitana é um exemplo digno disso mesmo»,

enfatizou.tExto › JORGE AlEGRIA | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a crise económica que Portugal

atravessa tem naturalmente

afetado o nível do consumo das

famílias portuguesas, com reflexos negati-

vos mesmo no setor alimentar, afetando

com isso as vendas das empresas que se

situam nesses segmentos. A Fábricas Lu-

sitana, conhecida pelo fabrico das marcas

Branca de Neve e Espiga, não deixou de

ser afetada pelo clima económico difícil

do país, mas a empresa apostou na ma-

nutenção dos elevados níveis qualitativos

que sempre distinguiram os produtos des-

sas marcas ao longo das décadas que per-

mitiram formar o seu prestígio e confian-

ça junto dos consumidores portugueses.

António Trigueiros de Aragão sublinha

que uma primeira atitude de uma em-

presa num mercado em recessão, como o

português, é manter a serenidade e pug-

nar pela manutenção dos níveis de qua-

lidade em tudo o que produz. No fundo,

sublinha, «é preciso uma atitude comple-

tamente profissional de toda a estrutura

empresarial, uma forte solidariedade en-

tre toda essa estrutura, e um acreditar que

a manutenção desses níveis de profissio-

nalismo será a melhor forma para man-

ter os rácios de produtividade, qualidade

e vendas e assim colocar a empresas nas

melhores condições para depois aprovei-

tar os tempos de retoma económica e con-

sequentemente de maior consumo das

famílias».

Com 90 anos de existência «a Fábricas Lu-

sitana já passou por várias crises económi-

cas do país, e certamente que atravessará

outras crises no futuro. Mas temos um es-

pírito de corpo interno muito bom, mui-

to solidário como referi anteriormente, e

que abrange toda a empresa, tanto as 65

pessoas que trabalham na fábrica de Al-

cains, como as que trabalham em Lisboa

e no Porto», referiu o administrador da

empresa.

No ano passado, o volume de negócios

da Fábricas Lusitana atingiu cerca de 16

milhões de euros, que redundaram em re-

sultados positivos para a empresa e para

os seus accionistas. Estes resultados fo-

ram obtidos ainda assim, adianta António

Trigueiros de Aragão, «apesar do gravoso

aumento das matérias-primas com que

trabalhamos e que no caso concreto do

trigo aumentou de forma exponencial». O

aumento dos custos dos transportes para

colocar os produtos saídos da fábrica de

Alcains nas prateleiras dos locais de con-

sumo também sofreram aumentos fortes,

destacando o responsável da empresa a

Julho 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Julho 2012

introdução de portagens na A23 (auto-

-estrada da Beira Baixa) assim como os

custos com o transporte ferroviário, factor

cada vez mais periclitante devido à insu-

ficiência deste meio de transporte em vir-

tude da ocorrência das frequentes greves

que atingem a CP.

Como lutar então num cenário adverso

para manter quota de mercado e atingir

resultados positivos? Em primeiro lugar

pela manutenção da referida tranquili-

dade e pela continuação do empenho na

qualidade da produção que sai da fábrica

de Alcains, próxima de Castelo Branco.

As empresas, sublinhou o administrador,

«precisam de eliminar “gorduras” nos cus-

tos mas sem nunca descurar ou diminuir

a sua qualidade, pois essa é a melhor re-

lação de confiança que estabelecem com

os consumidores. E nós, na Fábricas Lu-

sitana, com essa profunda e profícua re-

lação estabelecida no decorrer de 90 anos,

continuamos fortemente empenhados em

manter e até reforçar essa relação de con-

fiança com um mercado que sempre con-

fiou em nós e nos concedeu o seu carinho

e apoio em todos os momentos».

Por outro lado, adianta António Trigueiros

de Aragão enfoca que a empresa tem de-

senvolvido o seu know how em termos de

inovação e de lançamento de novos pro-

dutos ou de novas combinações no mer-

cado. Por exemplo, acrescentou, «temos

desenvolvido alguns produtos na área dos

preparados e sobremesas, até porque pos-

suímos uma larga experiência na prepara-

ção de sobremesas para vários operadores

que atuam nos mercados nacional e em

vários a nível internacional».

Por outro lado, o responsável da empresa

adiantou igualmente que foram lançadas

recentemente oito novas gamas de fari-

nhas para as máquinas de pão e «onde

aplicámos todo o nosso know how em

termos de investigação e desenvolvimen-

to». O administrador aproveitou a oca-

sião para informar o mercado através da

› EmPREsaRiado

País €conómico que está a preparar

um novo produto que aparecerá dentro

em pouco no mercado e que vai de encon-

tro às necessidades e expetativas deste.

Exportações crescemNo entanto, a empresa desenvolve uma

forte atuação nos mercados externos com

o firme propósito de dinamizar as expor-

tações, tanto no segmento das farinhas,

como nos últimos tempos igualmente no

campo dos óleos alimentares.

António Trigueiros de Aragão sublinha a

importância das exportações para o mer-

cado angolano, referindo que a moderni-

zação dos circuitos de distribuição alimen-

tar neste país africano, com o surgimento

de novas áreas comerciais particularmen-

te de novos hipermercados possibilitaram

a expansão de produtos mais sofisticados.

Vender a farinha Branca de Neve nas mo-

dernas superfícies comerciais angolanas

tem emprestado uma grande satisfação

aos responsáveis da empresa portuguesa.

Por outro lado, além do mercado ango-

lano, os produtos saídos da fábrica de

Alcains também já começam a estar pre-

sentes em cabo Verde e poderão chegar

brevemente também ao mercado moçam-

bicano, embora António Aragão não esta-

beleça prazos para isso acontecer. Aliás, o

mesmo acontece com o mercado brasilei-

ro, onde referiu que as exportações ocor-

rem de forma esporádica, mas considera

o Brasil um mercado de forte potencial e

muito importante no futuro para a Fábri-

cas Lusitana.

No entanto, sempre foram os mercados

europeus, sobretudo aqueles para onde

se dirigiu a emigração portuguesa, os que

mais relevam nas exportações da Fábricas

Lusitana. As exportações tanto são feitas

diretamente para as unidades de distribui-

ção alimentar, como noutras ocasiões são

dirigidas para players que atuam nesses

mercados de forma segmentada e especia-

lizada. O responsável da empresa albicas-

trense mencionou também a importância

das exportações para os Estados Unidos e

para o Canadá, efetuadas para operadores

locais que depois fazem chegar os produ-

tos aos locais de distribuição alimentar. ‹

Na presidência do Nercab

Puxar pelos empresários de castelo Branco

Recentemente, António Trigueiros de Aragão assumiu em representação da

Fábricas Lusitana, a presidência do Nercab – Associação Empresarial da

Região de Castelo Branco. O novo presidente do organismo que defende

os interesses empresariais da região da Beira Baixa lembra que o Nercab sempre

se notabilizou pelo importante papel desempenhado na promoção da economia

regional, e pela articulação com os tecidos institucional e social da própria região.

O Nercab representa as empresas de onze concelhos do distrito de Castelo Bran-

co. Para além de manter o foco na sua tradicional atividade na área da formação

empresarial e na tomada de posições em defesa dos seus associados e da própria

economia da região, António Trigueiros de Aragão, em declarações à País €co-nómico, referiu que o organismo que passou recentemente a liderar precisa de

aglutinar melhor as empresas da região para se realizar uma maior aposta nos seg-

mentos empresariais que possam constituir uma mais-valia no desenvolvimento

económico do distrito de Castelo Branco e do próprio interior do país.

O novo presidente aponta os exemplos do turismo, da floresta e do agronegócio,

assim como aproveitar a centralidade da região no contexto nacional e ibérico para

conferir uma maior importância logística e económica à região.

Por isso, defende, é preciso apostar de forma articulada entre empresas e autorida-

des institucionais nesses setores, valorizando as grandes potencialidades da região

e as suas oportunidades em termos de produtos e empresariais. Formatar rotas e

produtos turísticos, apostar na sua promoção e divulgação, além de atrair cada vez

mais turistas internacionais para a região, constitui uma das prioridades da nova

direção do Nercab.

O organismo presidido por António Trigueiros de Aragão pretende igualmente

posicionar melhor a região em termos de internacionalização, aproveitando a já

referida centralidade nos contextos nacional e ibérico, mas igualmente com a apos-

ta numa maior relação com outros mercados, incluindo os países de expressão

portuguesa. Não foi por acaso, que no passado dia 19 de Junho, e perante um vas-

to conjunto de empresários da região, desenrolou-se nas instalações do Nercab

uma conferência sobre oportunidades de negócio no estado brasileiro da Bahia,

demonstrativo do interesse de muitos associados em explorar o potencial de ne-

gócios e de investimento entre aquele estado do nordeste brasileiro e a região de

Castelo Branco. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Julho 2012

› EmPREsaRiado

Nuno José Soares, Presidente executivo do Grupo Mailtec

Líder nacional de produção de correio

Constituída em 2000 e adquirida pelo Grupo CTT em 2005, a Mailtec cedo assumiu a

liderança no mercado nacional de produção de correio, respondendo às necessidades

do mundo empresarial relativamente à produção e gestão de grandes volumes de

documentos. Em entrevista que concedeu à PAÍS€CONÓMICO, Nuno José Soares,

Presidente da Comissão Executiva da Mailtec revela o apoio que a sua empresa pode

prestar às empresas portuguesas no seu processo de modernização, fala do percurso da

Mailtec «que também tem sentido os efeitos da crise», e revela os passos que estão a ser

dados rumo à Internacionalização, onde mercados como Espanha, Angola e Moçambique

poderão vir a contribuir grandemente para a afirmação do Grupo Mailtec.tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

a aquisição pelos CTT veio refor-

çar a posição do Grupo Mailtec

(formado pelas empresa Mail-

tec Consultoria, Mailtec Comunicação e

Mailtec Processos) no mercado, e dotá-lo

de novos recursos que lhe permitem pro-

mover uma oferta integrada das cadeias

de produção e distribuição física e digital

única no País.

Numa altura em que as empresas portu-

guesas vivem uma etapa nova das suas

vidas enveredando pelo caminho da mo-

dernização, uma das formas mais reco-

mendadas para poderem tornar-se mais

competitivas não só em Portugal como no

mercado externo, a País €conómico

quis saber de Nuno José Soares, Presiden-

te da Comissão Executiva da Mailtec se

a sua empresa se sentia preparada para

apoiar estas empresas no seu processo de

modernização.

Segundo o Presidente da Comissão Execu-

tiva da Mailtec, «Nos últimos anos temos

tido sobretudo uma viragem para a área

digital, ou seja, temos procurado promo-

ver a integração entre o físico e o digital.

Portanto, o nosso esforço de moderniza-

ção tem sido fundamentalmente ligarmos

o físico ao digital», disse Nuno José Soares

que questionado sobre a reação das em-

presas portuguesas a estas exigências do

mercado, respondeu. «Este é um processo

muito lento, mas dada a situação de crise

em que se vive, toda a gente faz um es-

forço para reduzir custos. E essa forma

de reduzir custos implicou da nossa parte

baixarmos os preços e também baixarmos

as nossas margens. Mas é bom que se diga

que este abaixamentos de preços não im-

plicou de modo nenhum qualquer perda

de qualidade. Aliás, estamo-nos a certifi-

car no âmbito das normas ISO 9001 e ISO

14000, na área da produção documental

(em papel) e fizemos também a certifica-

ção na norma FSC (certificação da cadeia

de responsabilidades) e que salvaguarda

que o papel não prejudica as florestas,

ou seja, ao contrário do que muita gente

pensa a utilização do papel tem vindo a

fomentar o desenvolvimento da floresta.

Todas as empresas e em particular a Por-

tucel, que é a nossa grande produtora, têm

vindo a usar a norma em que se obrigam a

não utilizar floresta virgem e a replantar a

madeira que consomem para o fabrico de

papel. Isso faz com que a produção do pa-

pel – segundo essas regras – seja amiga do

ambiente», esclareceu Nuno José Soares.

O Presidente da Comissão Executiva da

Mailtec fez questão de sublinhar que não

há aqui qualquer intenção de “combater”

o papel. «Nós não combatemos o papel,

nós adaptamo-nos ao que os nossos clien-

tes pretendem. E não combatemos o papel

porque pensamos que isso não é um ob-

jectivo em si. Agora, sempre que o clien-

te quiser desmaterializar nós podemos

fazê-lo. O objetivo não é combater o pa-

pel, mas gerir os documentos dos nossos

clientes, que sem papel em muitos casos

essa gestão é mais eficaz e fica-lhes mais

barata».

Tendo como missão fornecer tecnologia

e processos de gestão de conteúdos em-

presariais, optimizando os fluxos de in-

formação física ou digital dos clientes, a

Mailtec tem tido ao longo da sua existên-

cia um percurso ascendente? «Não temos

tido o crescimento que desejávamos, até

porque o correio e a comunicação física

estão numa fase de grande concorrência,

tecnológica por um lado, e porque a pro-

dução de correio cai sempre que o PIB cai.

Nos anos 80 ou 90 cada 1 por cento do PIB

provocava cerca de 2,4% de crescimento

do correio. Agora que o PIB cai, acontece

precisamente o contrário», revelou Nuno

José Soares.

Perante situações como esta, qual tem sido

a reação da Mailtec? «A solução tem sido a

desmaterialização do correio, quando a lei

exige que haja correio físico nós podemos

fazer todo o trabalho para os clientes para

Julho 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Julho 2012

que eles nos entreguem os dados em for-

mato digital, e nós fazemos as cartas e o

resto. O cliente nem sequer precisa de ver

o papel. Por outro lado, fomos incumbidos

pelos CTT para desenvolvermos todos os

processos de comunicação multicanal dos

nossos clientes, e poderemos enviar esses

ficheiros no formato que eles nos solicita-

rem: ou o físico (que é o tradicional), ou

o via CTT, desmaterializado e digital, ou

por qualquer outro canal. Estamos aptos

a gerir qualquer documento dos nossos

clientes de forma digital ou de outra for-

ma», referiu Nuno José Soares.

Entre a panóplia de soluções que a Mail-

tec põe à disposição da sua clientela, so-

bressai a solução de gestão comercial

CYCLOS destinada a entidades gestoras

de água e saneamento.

Esta solução disponibiliza um Sistema

de Informação que permite: Leituras cor-

retas, faturas a tempo, cobranças mais

rápidas; Prazos de resposta reduzidos,

minimização de erros, menor número de

reclamações; Melhor qualidade de ser-

viço, maior nível de satisfação de consu-

midores e clientes; Acesso à informação

relevante para a gestão do negócio; Aco-

moda disposições legais, incluindo as re-

centemente aprovadas; A tecnologia Web

e o modelo SaaS garantem a atualização

aplicacional e liberta verbas e recursos

humanos; Disponibiliza interfaces para

interação com outros sistemas; E permite

reduzir custos e aumentar receitas.

Em 2011 a Mailtec atingiu um volume

de faturação de 23 milhões de euros, mas

as previsões para 2012 são diferentes.

«Porque o fluxo de correio está a reduzir,

a nossa faturação vai cair ligeiramente»,

adiantou o Presidente da Comissão Exe-

cutiva da Mailtec.

mailtec rumo à internacionalizaçãoNesta entrevista a que também esteve

presente António Manuel Vaz, Adminis-

trador da Mailtec, ficou bem patente o

interesse da Mailtec em levar por diante

o seu processo de internacionalização.

«O nosso mercado é o Ibérico, a GALP e

a CGD por exemplo, são nossos clientes e

são ibéricos. Por isso estamos a fazer um

esforço para nos internacionalizarmos

não só mantendo a operação que temos

com Espanha onde já temos um parceiro

com que estamos a trabalhar, mas con-

quistando outros espaços, nomeadamente

os PALOP�s. Por sua vez Angola parece-

-nos um mercado bastante interessan-

te, e em Moçambique já temos algumas

coisas desenvolvidas. Portanto, estes são

mercados a levar em conta e que poderão

permitir um maior crescimento do Grupo

Mailtec», sublinhou Nuno José Soares.

No universo Mailtec trabalham para cima

de 500 pessoas, 90 das quais licenciadas.

A Mailtec Consultoria absorve cerca de

60 desses trabalhadores, a Mailtec Co-

municação chama a si cerca de 200, e os

restantes dão o seu contributo à Mailtec

Processos.

Como grande empregadora que é, existe

no seio da Mailtec uma grande preocu-

pação social que nesta entrevista foi cla-

ramente assumida por Nuno José Soares

e António Manuel Vaz. «Apesar da crise

que afeta o país estamos a fazer tudo o

que esteja ao nosso alcance para que não

haja despedimentos. Era a coisa pior que

nos podia acontecer neste momento em

termos sociais. E a forma melhor de evi-

tarmos essa situação é continuarmos a

trabalhar da forma como estamos a tra-

balhar e a praticar preços competitivos,

Temos conseguido baixar drasticamente

os nossos custos como forma de sermos

concorrenciais e de nos mantermos bem

vivos no mercado», concluiu o Presidente

da Comissão Executiva da Mailtec. ‹

› EmPREsaRiado

Julho 2012 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Julho 2012

› EnERgia

António Sarmento, Diretor do WAVE ENERGY CENTRE

«mesmo sem apoios o nosso sucesso está à vista»

Em entrevista que concedeu à País €conómico, António Sarmento, Diretor do Wave

Energy Centre (Centro de Energia das Ondas) diz que apesar de não terem existirem

apoios por parte do Estado, a sua instituição tem conseguido ter até agora um

crescimento sustentado. «Quando começámos em 2003 éramos duas pessoas e o nosso

orçamento andava pelos 30 mil euros. Hoje somos vinte pessoas e o nosso orçamento

subiu para um milhão de euros», revelou António Sarmento, que a este propósito fez

um reparo no mínimo surpreende. «O nosso sucesso tem sido maior que o sucesso da

energia das ondas em Portugal ».tExto › VAldEMAR BONACHO | FotogRaFia › RUI ROCHA REIS

o Wave Energy Centre é uma as-

sociação sem fins lucrativos que

se dedica ao desenvolvimento

e promoção da energia das ondas, eólica

offshore e outras energias renováveis.

Este Centro esforça-se também para cola-

borar com empresas e outras instituições

dentro e fora de Portugal que reconheçam

a necessidade de cooperarem internacio-

nalmente.

Será que a energia das ondas já é, dentro

das energias renováveis, uma área que

desperta interesse em Portugal?

Em entrevista que concedeu à País €co-nómico, António Sarmento, diretor da

Wave Energy Centre (Centro de Energia

das Ondas) esclareceu que em termos in-

dustriais esse interesse ainda não existe

«porque não há ainda uma tecnologia que

esteja comercializada, não há ainda essa

oportunidade», mas, «naturalmente que

há interesse no sentido de ter em Portugal

empresas interessadas no setor», subli-

nhando também que quer em Portugal,

quer fora do nosso país ainda não existe a

indústria das ondas. «Estamos numa fase

de desenvolvimento de tecnologias, e o

estado de desenvolvimento dessas tecno-

logias não permite ainda que haja uma so-

lução comercial. Portanto, neste momento

o que nós temos é o desenvolvimento de

protótipos no mar, não só em Portugal

como também nalguns países, e aqueles

que mais tarde vierem a ter sucesso irão

passar pelo desenvolvimento industrial.

Mas não estamos ainda nessa fase», dei-

xou bem claro o diretor da Wave Energy

Centre.

António Sarmento é, desde que se for-

mou, docente no Instituto Superior

Técnico, e uma figura apaixonada pela

imensidão dos Oceanos e por todas as

potencialidades que estes nos podem pro-

porcionar. Como tem sido o percurso do

WavEC? António Sarmento diz que tem

sido um percurso muito sustentado. «Em

2003 constituímos o Centro com um or-

çamento à volta dos 30 mil euros e com

duas pessoas, hoje somos quase 20 com

um orçamento acima de um milhão de

euros. Temos tido mais sucesso que a pró-

pria energia das ondas », recordou Antó-

nio Sarmento.

orçamento cresce sem apoios O WavEC tem o apoio técnico e estratégi-

co de empresas, I&D, instituições e enti-

dades públicas, ele aglutina dentro da sua

estrutura o contributo de mais de uma

dezena de empresas e de três instituições

de I&D. «Uma parte destas empresas são

da área da energia, outras são empresas

industriais e empresas de consultoria»,

disse António Sarmento, que ao referir-se

àquilo que tem sido o trajeto do WavEC

não escondeu que ele tem sido «uma ca-

minhada muito trabalhosa, com alguns

apoios, mas abaixo daquilo que esperá-

vamos e que merecíamos, especialmente

agora. Posso-vos dizer – só para vos dar

uma ideia – que deste nosso orçamento

o Estado português não contribuiu com

nada. Somos uma instituição cem por

cento privada e as 20 pessoas que aqui tra-

balham não têm nenhum modelo de fun-

cionário público. Tirando eu que sou pro-

fessor do Instituto Superior Técnico, as

restantes são pessoas com as quais o Cen-

tro tem algum tipo de contrato e que são

pagas com os recursos que a Wave Energy

Centre consegue adquirir. Isto é uma si-

tuação que por um lado nos traz dificul-

dades mas que por outro lado nos deixa

satisfeitos, porque é uma prova clara que

é possível fazer investigação com poucos

apoios do Estado e que procuramos não

só estar ligados às empresas e também ter

cada vez mais uma maior participação in-

ternacional (que é aquilo que nós temos).

Como digo o Estado não nos financia de

forma alguma, não nos dá qualquer tipo

de apoio», salientou António Sarmento.

Questionámos António Sarmento sobre

a grande onda de entusiasmo que existia

no tempo do governo chefiado pelo então

ex-Primeiro-Ministro José Sócrates em re-

dor das Energias Renováveis. «Havia essa

onda de entusiasmo, mas isso não signi-

fica que tivéssemos sido financiados»,

justifico o diretor do WavEC, que mesmo

assim não se considera defraudado com

este fato.

«Não me sinto defraudado porque não

gosto de andar a “cravar” o Estado, por

vários motivos. Por um lado, porque o

Estado é muito perigoso. O que nos ve-

rificamos é que o Estado promete muito

e cumpre muito pouco, e é pouco fiável:

promete e depois não é capaz de assegu-

O objetivo do projeto DEMOWFLOAT é demonstrar o desempenho, a longo prazo, do Windfloat, nomeadamente a sua operacionalidade, manutenção, fiabilidade, acessibilidade à plataforma, viabilidade de integração na rede numa base modular, entre vários outros aspectos, com impacto na disponi-bilidade do sistema e, portanto, no custo da energia produzida. O Windfloat é um projecto experimental que visa testar uma turbine flutu-ante para instalação em águas profundas (profundidades superiores a 40m). Trata-se de uma forma de aproveitar a energia eólica no mar para conversão em energia eléctrica.O dispositivo Windfloat localiza-se ao largo do concelho de Póvoa de Varzim, a uma distância de cerca de 6km da orla litoral, numa profundidade de cerca de 50m. As povoações mais próximas são Aguçadoura e Apúlia. No âmbito deste projecto o Centro de Energia das Ondas - WavEC participa na caracterização dos movimentos da plataforma e seus impactes no de-sempenho do dispositivo, monitorização ambiental, validação dos códigos numéricos de projecto, industrialização do WindFloat e disseminação e inte-racção com o público.

Ficha Técnica Financiamento: Comissão Europeia (FP7) Call: FP7-ENERGY-2011-2 Coordenador de projecto no WavEC: Miguel Lopes Financiamento Global (Contribuição solicitada à UE): €11.213.930,00 Financiamento WavEC: €444.895,00 Duração: 15 Julho 2011 – 15 Julho 2014 (36 meses) Coordenador: EDP Inovação Parceiros: Principle Power (Europe), Limited, Vestas Wind Systems A/S, Sea Energy Renewables, Damen Shipyards Gorinchem, Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia, Instituto de Soldadura e Qualidade, Caixa – Banco de Investimento, Sgurrenergy, National Renewable Energy Laboratory, A. Silva Matos Energia e Wave Energy Centre. Website: Disponível em breve

Projecto Demowfloat

Julho 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Julho 2012

› EnERgia

rar o compromisso que assumiu, Nesse

ponto de vista até estamos sossegados,

porque apesar de o país estar em crise, o

nosso orçamento tende em expandir-se.

E isto porque ele não está dependente de

apoios do Estado, ele é simplesmente fru-

to do nosso trabalho», reforçou o diretor

do Wave Energy Centre.

António Sarmento passaria em seguida

a enumerar a estrutura do orçamento da

Wave Energy Centre. «Cerca de 60 por

cento desse orçamento tem a ver com pro-

jetos europeus em que participamos; 7 a

8 por cento são projetos financiados por

Portugal, mas são projetos competitivos,

são projetos em que concorremos com

outros e ganhamos; depois temos cerca de

7 por cento das quotas dos nossos asso-

ciados; e a parte restante tem a ver com

a prestação de serviços, que anda à volta

dos 20 a 25 por cento da estrutura do nos-

so orçamento».

Poder-se-á dizer que 2012 está a ser um

ano de afirmação para o Wave Energy

Centre? António Sarmento não se esqui-

vou à pergunta. «Está a ser como os anos

anteriores. É um ano em que só quando

chegarmos ao fim é que saberemos, por-

que estes são anos de grande transição

não só em Portugal mas também no es-

trangeiro.

O nosso principal trabalho destina-se a

empresas europeias e do ponto de vista

da Comissão Europeia as coisas parecem

estar muito estáveis, não se nota que haja

uma expetativa de decréscimo no investi-

mento que ela faz em projetos de investi-

gação, e isso é bom para nós. Como já dis-

se 60 por cento do nosso orçamento tem

a ver com projetos europeus. Do lado das

empresas estrangeiras elas são mais sus-

cetíveis em relação à situação económica,

mas temos vindo a trabalhar relativamen-

te bem com elas, nomeadamente com em-

presas espanholas. Porém Espanha está

agora a entrar numa situação delicada e

por isso é difícil prever se daqui a um a

dois anos não poderemos estar um pouco

mais apertados», referiu António Sarmen-

to.

Como é que se compreende que não haja

da parte das empresas portuguesas um in-

teresse maior por esta área de atividade?

O diretor da WavEC foi direto à questão.

«As nossas empresas estão a viver hoje

uma situação bastante complicada. Por

outro lado as nossas empresas teimam

por um comportamento em termos de

inovação que é muito conservador, gas-

tam muito pouco em estudos e matérias

que não estejam na calha daquilo que é

a sua atividade económica. As empresas

portuguesas não se têm mostrado com

muitas apetência para investirem naquilo

que não está no horizonte de dar retorno

em pouco tempo». ‹

inFRaEstRutuRas

ministra de cabo verde no Porto de sinesA ministra das Infraestruturas e Economia do Mar de Cabo Verde,

Sara Lopes, esteve de visita ao Porto de Sines, onde foi recebida

pela administração presidida por Lídia Sequeira. A responsável

cabo-verdiana esteve particularmente interessada em verificar o

funcionamento da infraestrutura portuária de Sines, com especial

destaque para o Terminal XXI e para a JUP – Janela Única Portuá-

ria, neste caso visto que Cabo Verde está a desenvolver um projeto

de um porto de águas profundas.

Por outro lado, sendo certo que os cabo-verdianos adquiriram re-

centemente o sistema informático JUP desenvolvido pelo Porto de

Sines em conjunto com os portos de Lisboa e de Leixões, a gover-

nante daquele país da África Ocidental sublinhou o interesse na

evolução da JUP para a Janela Única Logística (JUL), que alarga o

âmbito deste sistema aos operadores de transporte terrestre e aos

portos secos, garantindo assim uma gestão total e integrada da in-

formação, um processo já com aplicação prática no Porto de Sines. ‹

tersado com mais equipamentoA Tersado – Terminais Portuários do Sado, empresa do grupo

Mota-Engil, e concessionária do Terminal Multiusos Zona 1 do

Porto de Setúbal, colocou à disposição dos seus clientes um novo

stacker, que se notabiliza pela sua vertente ecológica, devido às

baixas emissões de gases de escape.

Trata-se de uma máquina da marca sueca Konecranes Lifttrucks

AB, a primeira a operar em portos portugueses que cumpre a Di-

retiva Máquina 2004/26/EC, com capacidade para movimentar

carga até 45 toneladas, entre contentores e outras tipologias de

cargas. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Julho 2012

› Economia iBéRica

EditoRiaLUma das primeiras decisões na altura de internacionalizar um negócio prende-se com a

estrutura ou fórmula que se vai adotar. Ainda, na maior parte das situações, a solução

para um determinado país não será a melhor para outro. Já o sistema de franchising ou

franquia se revela como bastante útil nestes casos, dado que permite criar padrões de

internacionalização mais ou menos homogéneos.

nesse sentido, desde a Antonio Viñal & Co. Abogados,

vamos tratar este mês o franchising em Espanha e vere-

mos qual é o estado do mercado neste momento e que

considerações e precauções de tipo legal devem tomar-se. Como

sempre, qualquer dúvida ou sugestão pode enviar-se para vigo@

avinalabogados.com ou [email protected]

o FRancHising Em EsPanHa: PoRquÊ E comoPorquê franquiar? As respostas são bem conhecidas: investimen-

to baixo, bom retorno e uma internacionalização mais acessível.

Porquê franquiar em Espanha? A resposta pode ser menos evi-

dente no momento económico atual, mas não há motivos para

deixar de lado um dos mercados mais dinâmicos, que conhece

bem o conceito e que é muito bem sucedido na exportação das

suas franquias.

Porquê entrar?Pareceria que as turbulências sobre a economia espanhola e a

maturidade do mercado do franchising teriam um forte impato

sobre o este setor. Porém, os números contam uma história di-

ferente. O número total de franquias, já um dos mais elevados

da Europa, subiu de 934 em 2010 para 947 em 2011; as recei-

tas totais também experimentaram um notável incremento de €

24.651.486 milhões para € 26.351.838 milhões1.

O número de franquias estrangeiras aumentou ligeiramente com

mais três redes em 2011 o que perfaz um total de 180. A França

continua a liderar a lista com 44 marcas, a seguir os Estados Uni-

dos com 39, Itália (29), Portugal (11), Reino Unido (8), Alemanha,

Bélgica, Países Baixos e Suíça (5) e Dinamarca (4).

Quanto ao número total de lojas e de trabalhadores, o primeiro

diminuiu de 58.279 em 2010 até 56.444 em 2011, e o segundo

de 240.713 até 231.603. Se olharmos de novo para as receitas do

ano passado isto sugere que as franquias estão a adotar estruturas

mais leves e eficientes.

1 Fonte dos dados: Associação Espanhola do Franchising

como confrontar as questões legaisNão todos os Estados membros da UE têm legislação específica

para o franchising (é o caso de Portugal), mas a Espanha sim tem.

Portanto, além do Regulamento (UE) nº 330/2010 da Comissão, de

20 de abril de 2010, devemos ter em conta as normas seguintes:

Lei 7/1996, de 15 de Janeiro de 1996, sobre o ordenamento

do comércio a retalho;

Real-Decreto 210/2010, de 26 de Fevereiro de 2010, sobre a

franquia e o Registo de Franquiadores.

O Capítulo II do Real-Decreto trata de três questões fulcrais: a)

define o que é o franchising; b) estabelece que informação deve

ser entregue pelo franquiador ao candidato antes da assinatura

do contrato; c) permite ao franquiador impor um acordo de confi-

dencialidade para proteger as informações transmitidas.

O Registo de Franquiadores é introduzido no Capítulo III, de acor-

do com o qual todos os franquiadores devem registar-se quer no

Registo Central quer nos Registos regionais, se existirem nas regi-

ões onde o franquiador tiver a sua sede. Porém, os franquiadores

estrangeiros que não tiverem um estabelecimento permanente

estão isentos desta obrigação, devendo comunicar apenas o iní-

cio da sua atividade. Em qualquer caso, esta obrigação de registo

não deve ser esquecida, dado que as coimas podem atingir os €

30.000.

Outras questões relacionadas com a atividade da franquia têm

de ser igualmente consideradas. É o caso do registo das marcas, a

concorrência desleal ou a proteção de dados pessoais. Se a fran-

quia requer um arrendamento ou se vão ser necessárias obras no

local, deverão pedir-se as licenças apropriadas.

Em resumo, esta também pode ser uma boa altura para entrar

no mercado espanhol da franquia. Um benefício adicional é que

permite um acesso mais fácil aos mercados de língua espanhola.

Nesse sentido, as franquias espanholas há tempo que iniciaram a

aventura da internacionalização e, para já, são 242 as redes no es-

trangeiro (mais 8 relativamente ao ano 2010), enquanto que o nú-

mero de lojas está a crescer: 11.178 em 2011 por 10.186 em 2010.

antonio viñaL

Antonio Viñal & Co. Abogados

aPoios E suBvEnçÕEs na gaLiZasuBvEnçÕEs PaRa EmPREsas do sEctoR tÊxtiL-moda-conFEçÃo AJUDA: Subvenções a empresas do sector têxtil-moda-confeção para atividades e estratégias de promoção internacional

PRAZO: Até 11 de julho de 2012

OBJETIVO: Incentivar o desenvolvimento de atividades e estratégias de difusão, promoção e acesso a mercados.

BENEFICIÁRIOS: Empresas privadas pertencentes ao sector têxtil-moda-confeção posicionadas na Galiza.

QUANTIDADE DA AJUDA: O investimento máximo será de 100.000 € sendo a percentagem da subvenção de 50%.

EvEntos E FEiRas Em EsPanHa

data EvEnto LugaR

11 – 13 Julho THE BRANDERY, Segunda edición Barcelona

30 Agosto – 1 Setembro SIMM, Segunda edição (Salón Internacional de Moda de Madrid) Madrid

notícias gaLiZa-noRtE dE PoRtugaLo Eixo atLÁntico aPREsEnta o congREsso dE FRontEiRas EuRoPEiasO Congresso das fronteiras europeias: cooperação inte-

ligente, teve lugar nos dias 25 e 26 de Junho em La Co-

ruña. Foi organizado em duas sessões plenárias e seis

workshops, onde especialistas das instituições europeias,

os membros da CECICN e as Administrações nacionais

trabalharam com participantes do congresso para con-

cretizar uma série de mensagens a transmitiram às insti-

tuições comunitárias implicadas no processo de aprova-

ção de novos Regulamentos.

comité dE acomPanHamEnto dE cumPRimEnto dos acoRdos da cimEiRa iBéRica O conjunto de dirigentes políticos, empresariais e sociais da euro-re-

gião Galiza-Norte de Portugal reuniu-se novamente em Viana do Caste-

lo e decidiu constituir-se em Comité de acompanhamento dos acordos

atingidos por Espanha e Portugal na XXV Cimeira Ibérica, realizada

recentemente no Porto.

Os presentes acordaram mostrar a sua satisfação e agradecimento aos

governos de Espanha e Portugal porque a Cimeira Ibérica refletiu nas

suas conclusões as propostas da Cimeira de Viana, celebrada no ano

passado e liderada pelo Presidente da Câmara e Presidente do Eixo

Atlântico, José Maria Costa. A concretização da ligação ferroviária Por-

to-Viana do Castelo-Vigo, permitirá criar um eixo central entre Sines e

Ferrol, que não só ligaria portos e aeroportos de toda a fachada atlân-

tica peninsular, mas também as três ligações ferroviárias com o centro

da Europa a partir de Sines, Aveiro e Monforte de Lemos.

Julho 2012 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Julho 2012

› Economia iBéRica intERnacionaLiZaçÃo

sacoor Brothres abriu no abu dhabiDepois de Singapura, a Sacoor Brothers abriu uma nova loja no

Marina Mall da cidade de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes

Unidos. A reconhecida marca portuguesa de lifestyle abriu assim

a sua 11ª loja na região asiática, onde além das já mencionadas lo-

jas de Singapura e de Abu Dhabi, está também presente no Dubai

e no Kuwait.

Segundo Moez Sacoor, administrador e responsável pelo marke-

ting e comunicação da marca portuguesa, a Sacoor Brothers re-

gistou «uma quantidade significativa de clientes que viajavam de

Abu Dhabi para as nossas lojas no Dubai. Sentimos que abrir uma

loja Sacoor Brothers numa cidade em grande crescimento era a

escolha mais acertada. A nova loja no Marina Mall foi bastante

bem recebida e prevemos a abertura de mais lojas Sacoor Brothers

no país num futuro próximo».

Para além da sua forte presença asiática e da sua presença consoli-

dada em Portugal, a Sacoor Brothers está igualmente presente em

Espanha, Bélgica e Reino Unido. ‹

vivafit chega à venezuelaO grupo português Vivafit assinou recen-

temente em Caracas, capital da Venezuela,

um contrato de merchandising com um

empresário luso residente naquele país

da América Latina, permitindo aumentar

assim para oito o número de países a nível

mundial onde já marca presença.

Mediante o acordo estabelecido, a mar-

ca Vivafit pretende abrir 10 ginásios em

Caracas nos próximos dois anos e 100 gi-

násios nos próximos 10 anos. Para o CEO

da Vivafit, Pedro Ruiz, a entrada na Vene-

zuela representa a entrada no primeiro

de quatro países numa região em grande

desenvolvimento, isto é, a Colômbia, Peru

e Chile, além do Uruguai, onde já está pre-

sente.

O empresário adiantou mesmo que a

Colômbia poderá ser o terceiro país sul-

-americano a receber os ginásios Vivafit,

«existindo negociações muito adiantadas

com empresários de Bogotá».

A Vivafit começou a sua atividade há nove

anos no conceito de ginásio só para mu-

lheres, liderando o mercado de fitness em

Portugal. ‹

talkdesk ruma a silicon valleyA Talkdesk, strat-up do Instituto Superior Técnico Taguspark foi recentemente distingui-

da com o prémio Twilio Fund, devido ao desenvolvimento da plataforma de call center

na nuvem e convidada a integrar a incubadora de Silicon Valley, na Califórnia (EUA).

Cristina Fonseca, co-fundadora da Talkdesk, sublinhou que a «Talkdesk existe oficial-

mente desde Outubro de 2011. Estar em Silicom Valley é uma oportunidade única. O

ecossistema em si e o acesso à rede de mentores foram extremamente importantes para

chegarmos onde estamos hoje. Entre clientes potenciais interessados são mais de mil os

interessados em usar o nosso software – desde empresas muito pequenas a grandes cor-

porações». Já para Teresa Vazão, vice-presidente para a gestão do Campus do Taguspark

do IST, «este projeto mostra, mais uma vez, que os nossos alunos têm um enorme poten-

cial, estando mesmo ao nível dos melhores de todo o mundo». ‹

nEc Portugal fornece mercado finlandêsA NEC Portugal, subsidiária da NEC Europa, em parceria com a empresa Malux Finland

Oy, foi a empresa selecionada para equipar as cabinas de condução de um conjunto de

locomotivas do operador ferroviário finlandês VR-Group, com o rádio de cabine GSM-R

NEC RC900 e com a respetiva consola de operação DMI900 (Drive Machine Interface).

Segundo Armando Xavier, da NEC Portugal, «a competitividade e a capacidade técnica da

NEC Portugal foram determinantes para ganhar este projeto, permitindo apresentar uma

proposta que preencheu todos os requisitos do cliente, com destaque para a qualidade da

solução e a flexibilidade demonstradas para implementar todas as adaptações específicas

solicitadas pela VR». A NEC Portugal empresa mais de 50 pessoas nas suas instalações

de Lisboa e Aveiro. ‹

tRia fornece Refinaria de sinesA TRIA, empresa do grupo Projar, foi selecio-

nada pela empresa espanhola Técnicas Reuni-

das para proceder à instalação de sistemas para

a Proteção Passiva Contra Incêndios na obra

“Reconversão da Refinaria de Sines”. Segundo

a empresa com sede em Mortágua, “esta é uma

obra com caraterísticas especiais que exige em-

presas altamente especializadas e a aplicação

de produtos e sistemas com excecional desem-

penho em incêndios com origem em hidrocar-

bonetos, uma área onde a TRIA tem também

largos anos de intervenção”.

A TRIA está igualmente presente no mercado

angolano através da TRIA Angola, tendo esta

empresa adquirido recentemente o estatuto de

“Aplicador Aprovado” para o sistema Pitt-Char

– XP (Epoxy Passive Fire Protection), concedi-

do pela empresa PPG Protective & Marine Co-

atings. ‹

Corticeira Amorim adquire empresa na Catalunha

trefinos é uma mais-valiaA Corticeira Amorim noticiou ao mercado a aquisição de 90,91% do capital da empresa espanhola

Trefinos, localizada em Girona, região da Catalunha. O grupo liderado por Américo Rios Amorim

pagou 15,1 milhões de euros pela aquisição de uma empresa que lidera a produção e comercialização

de rolhas para champanhe e vinhos espumantes na região da Catalunha.

A aquisição foi realizada através da Amorim & Irmãos. Segundo o comunicado do grupo português,

“a Trefinos é uma organização sólida, moderna, com eficiência operacional e rentabilidade dignas de

registo, e que detém uma importante rede comercial internacional em países como a França, Itália e

Estados Unidos”. Com a integração que se verificará, ainda segundo a Corticeira Amorim, perspetiva-

-se “no futuro importantes sinergias ao nível da produção, partilha de tecnologias e da complementa-

ridade das estruturas comerciais das sociedades envolvidas”.

Registe-se que a Corticeira Amorim é a principal empresa mundial do setor corticeiro, setor onde Por-

tugal detinha no final de 2011 uma quota de mercado de 62%, segundo dados do International Trade

Center e do Instituto Nacional de Estatística. No ano passado, Portugal exportou 169 mil toneladas de

cortiça, mais 7% do que no ano anterior, As exportações nacionais em 2011 atingiram um valor de

806 milhões de euros. ‹

safira abre em BarcelonaA tecnológica portuguesa Safira, com sede em Oeiras, acaba de criar uma subsidiária

em Barcelona, para onde deslocará numa primeira fase vários colaboradores do seu

escritório de Lisboa, e posteriormente pretende recrutar localmente os seus colabora-

dores para a filial catalã. A Safira é uma empresa fornecedora de soluções tecnológicas

e serviços de consultoria no mercado nacional e internacional, sendo eu neste já opera

na Suíça, Angola, Polónia (onde tem uma subsidiária instalada desde 2009) e Reino

Unido, neste caso com a abertura também este mês de um escritório na capital britâ-

nica. De referir que em 2011 o negócio internacional já representou 44% da faturação

global da empresa, o valor mais elevado da sua história iniciada em 1997. ‹

soares da costa nos EuaO Grupo Soares da Costa informou em comunicado que a sua subsidiária nos Estados

Unidos, a Prince, foi anunciada pelo Florida Department of Transportation (FDOT),

como tendo a proposta mais competitiva num projeto de conceção-construção dos

acessos da I-75 (SR 93) ao Aeroporto Internacional de Southwest Florida em Fort

Mayers na Florida. O projeto, totalizando 54,1 milhões de dólares (42,3 milhões de

euros), deverá ser executado em 795 dias e incluirá também a construção de cinco

viadutos/pontes. ‹

Wedo na américaA WeDo Technologies, empresa integrante do Grupo Sonae, adquiriu recentemente

a Connectiv Solutions, empresa sedeada nos EUA e que fechou o ano transato com

uma receita na ordem dos oito milhões de dólares. Com esta aquisição, a empresa

portuguesa liderada por Rui Paiva pode agora incrementar a sua atuação na América

do Norte e cimentar a sua posição de liderança mundial em Software e Serviços de

Garantia de Receita e de Negócio. A Connectiv Solutions possui escritórios na costa

leste dos Estados Unidos bem como na área metropolitana de Washington DC. A em-

presa possui 35 colaboradores e possui a sede em Bethesda, no estado do Maryland. ‹

Julho 2012 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Julho 2012

› tuRismo

vila galé reforça aposta no all-inclusive em PortugalO Grupo Vila Galé, segundo maior grupo da hotelaria portuguesa,

acaba de reforçar a sua operação no segmento all-inclusive em

Portugal, com a adaptação e entrada em funcionamento nesta

área do Hotel Vila Galé Náutico, em Armação de Pêra. Esta é a

sexta unidade em Portugal do grupo liderado por Jorge Rebelo de

Almeida a ser adaptada a um segmento cada vez mais procurado

pelas famílias.

Segundo Gonçalo Rebelo de Almeida, Diretor de Marketing e Ven-

das do Grupo Vila Galé, o sistema de all-inclusive «tem vindo a

aumentar nos últimos anos, em especial no mercado do Algarve,

procurada por turistas estrangeiros, mas não só, igualmente tam-

bém por cada vez mais por turistas nacionais, especialmente por

famílias com crianças».

As perspetivas do grupo para o período de Junho a Setembro de

2012 são positivas, com a previsão de receitas em Portugal seme-

lhante à registada no ano anterior, rondando os 36 milhões de

euros.

Ainda no comunicado do Grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Al-

meida adianta que o grupo português está a estudar novos merca-

dos no continente africano, sendo que o «mercado de Cabo Verde

apresenta fortes fatores em seu favor, nomeadamente por ser um

mercado mais estável que vem contrabalançar a sazonalidade do

mercado nacional». A País €conómico sabe que o presidente

do grupo Vila Galé tem aprazada nos próximos dias uma viagem

exploratória a Cabo Verde, onde pretende verificar in loco as pos-

sibilidades de investimento. ‹

taP reforça ligações a Belo HorizonteA TAP decidiu reforçar as suas ligações à

cidade brasileira de Belo Horizonte, capi-

tal do estado de Minas Gerais, tendo in-

troduzido a partir do passado dia 29 de

Maio um voo diário para aquele destino.

Segundo a companhia aérea portugue-

sa, a decisão foi tomada em virtude da

grande procura de um destino que em

quatro anos de operação permitiu trans-

portar 411 mil passageiros, com uma

taxa de ocupação média de 72%. Para

Mário de carvalho, diretor geral da TAP

para a América Latina, «Minas Gerais é

reconhecido como um destino atraente

e com opções. Mostra a diversificação

brasileira que deixa de ser só praia e sol.

A história do Brasil também é um ponto

importante de atração principalmente

em Portugal».

Por outro lado, comemorou-se igualmen-

te no passado dia 12 de Junho, o primei-

ro ano das ligações aéreas diretas entre

Lisboa e a cidade brasileira de Porto Ale-

gre, capital do estado do Rio Grande do

Sul, destino que nesse primeiro ano de

operação permitiu transportar cerca de

83 mil passageiros, com uma ocupação

média de 81% das aeronaves. ‹

conrad algarve acolhe Wta Europe 2012

o novo Conrad Algarve, próximo da Quinta do Lago, vai

acolher a cerimónia dos WTA Europe 2012, considera-

dos como os “Óscares da indústria de viagens e turismo”.

A cerimónia decorrer no próximo dia 6 de Outubro, e deverão es-

tar presentes convidados de todo o mundo, que terão ainda opor-

tunidade de participarem também no torneio de golfe WTA Euro-

pe Golf Classic que se realizará igualmente na região do Algarve.

Graham Cooke, presidente e fundador da WTA, mostrou a sua

congratulação por realizar «a nossa primeira cerimónia no Algar-

ve, uma decisão que reflecte o papel crucial que o turismo tem na

região e a sua contribuição, em geral, para a economia portugue-

sa». Cooke adiantou que o «Algarve é também um dos cenários da

linha costeira mais bonitos do mundo e, o novo Conrad Algarve

irá trazer um conceito de luxo diferente na região. A nossa ceri-

mónia europeia será um �showcase’ perfeito para mostrar estas

infra-estruturas a todos os decision makers desta indústria».

Segundo Joachim Hartl, diretor geral do Conrad Algarve, «esta-

mos encantados com esta parceria com os World Travel Awards

em dar a conhecer o primeiro Conrad resort na Europa. A abertu-

ra do Conrad Algarve, com abertura para o Verão de 2012 e reser-

vas disponíveis a partir de 1 de Outubro deste ano, é aguardada

com bastante expetativa, tanto em Portugal como na Europa. O

hotel irá oferecer uma experiência de luxo Premium, com uma

variedade de serviços e amenities sem precedentes, especialmen-

te criados para proporcionar aos clientes experiências de luxo

marcantes e inesquecíveis. Gostaríamos de agradecer ao Turis-

mo do Algarve pela cooperação neste evento». A Conrad Hotels

& Resorts é a marca de luxo global e contemporânea da Hilton

Worldwide.

Para António Pina, presidente da Associação do Turismo do Al-

garve e do Turismo do Algarve, manifestou o «maior orgulho no

facto do Algarve acolher um evento tão prestigioso como o World

Travel Awards. Este evento proporcionará uma oportunidade úni-

ca para promover a região, como um destino de primeira classe,

com as suas infra-estruturas excepcionais e um clima invejável,

com 300 dias de sol por ano». O responsável pela promoção do tu-

rismo algarvio adiantou também que «o Algarve possui uma be-

líssima linha costeira, uma seleção dos melhores resorts de golfe e

hotéis de luxo, apoiados por uma variedade de infra-estruturas de

lazer e restaurantes de topo». ‹

Julho 2012 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Julho 2012

› a FEcHaR

grupoconcept prever abrir 800 unidades no BrasilO GrupoConcept esteve na 21ª ABF Franchising

Expo, que decorreu no mês de Junho em São Pau-

lo, tendo constituído uma das grandes atrações da

feira e tendo “angariado cerca de 700 contatos de

potenciais interessados nas franquias BodyCon-

cept e DepilConcept”, segundo o comunicado do

grupo português.

O objetivo da presença do grupo, segundo Ale-

xandre Lourenço, administrador, será o de atingir

nos próximos cinco anos a abertura no território

brasileiro e 300 unidades BodyConcept e 500 uni-

dades DepilConcept. Ainda segundo o responsável

do grupo, «inicialmente, o nosso objetivo era en-

contrar master para alguns estados do país. Porém,

verificámos que atualmente conseguimos gerir vá-

rias unidades desde a nossa filial de São Paulo, pelo

que o nosso objetivo neste ano alterou-se e passa

por encontrar franchisados em todo o Brasil».

O GrupoConcept continua assim a reforçar a sua

internacionalização na Europa e no continente sul-

-americano, sendo de referir que a DepilConcept

conta com 14 unidades em território brasileiro e a

BodyConcept irá abrir brevemente a segunda uni-

dade em São Paulo. ‹

greenprod quer investir em sinesA empresa japonesa Greenprod renovou em Maio do

presente ano, a reserva do terreno com cerca de dois

hectares que detém na Zona 1 da ZILS de Sines. Segun-

do notícia publicada na newsletter da Aicep Global Par-

ques, entidade que gere a ZILS de Sines, a empresa nipó-

nica está em processo de realização de uma unidade de

reciclagem mecânica e química de plásticos, projeto que

possui o estatuto de “interesse nacional” atribuído pela

Aicep Portugal Global. Segundo a própria Greenprod, a

unidade representará um investimento global superior

a 80 milhões de euros, prevendo a criação de 200 postos

de trabalho diretos, estimando ainda a empresa em ex-

portar 35% da sua produção. ‹

Produtos metalúrgicos aumentam exportaçõesDurante os primeiros quatro meses de 2012, as exportações metalúrgicas

e metalomecânicas de empresas portuguesas aumentaram 13,3% face

ao período homólogo do ano anterior, adiantou em comunicado a As-

sociação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Por-

tugal (AIMMAP). Esta entidade, adianta que entre Janeiro e Abril deste

ano, 45% das vendas foram feitas fora de Portugal. Ainda segundo os

números da AIMMAP, em 2011, o setor faturou um total de 26 mil mi-

lhões de euros, tendo exportado produtos avaliados em cerca de 12 mil

milhões de euros. Apesar de 85% das exportações do setor se dirigirem

para os mercados da União Europeia, segundo Rafael Campos Ferreira,

da AIMMAP, no primeiro trimestre do corrente ano estavam a aumen-

tar em cerca de 50% as encomendas extra-comunitárias, principalmente

para a América Latina e para os países árabes. ‹

quintas de melgaço no Brasil e JapãoOs vinhos das Quintas de Mel-

gaço estão a ser exportados

para o Brasil e para o Japão,

dando assim continuidade à

política de internacionalização

de uma empresa que reúne

mais de quinhentos pequenos

produtores do Minho. O vinho

Alvarinho QM e o Torre de Me-

nagem, que entre si contabili-

zam 47 distinções nacionais e

internacionais, estão a conse-

guir seduzir os mercados brasi-

leiro e japonês, mercados para

onde começaram a exportar

no decorrer do ano passado.

As exportações representam

cerca de 15% da faturação da

empresa, estando prevista até

ao final de 2013 um aumento

para 25% na importância dos

mercados externos. ‹

› HEad

60 › País €conómico | Julho 2012