revista petalas

14
CASCAVEL, 9 DE SETEMBRO DE 2008 - ANO I - Nº I - R$ 6,50

Upload: univel-faculdade

Post on 22-Mar-2016

255 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

revista, univel, petalas

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Petalas

CA

SC

AV

EL

, 9 D

E S

ET

EM

BR

O D

E 2

008

- A

NO

I -

I - R

$ 6,

50

Page 2: Revista Petalas

editorial crônica

Flores e PoesiaNo dicionário encontra-se aseguinte definição paraflor: órgão reprodutor deuma planta, formandoum conjunto de coresvivas e brilhantes e, porvezes, de odor agradável.2. Coisa ou pessoa bela.3. A primavera da vida:Ela está na flor da idade.4. Objeto ou ornato querepresenta uma flor.

5. Beleza, encanto. (Michaelis).E para aqueles que precisam de inspiração para escreverpoemas ou músicas, quais significados possuem estafrágil planta?“Aprende que não importa em quantos pedaços seucoração foi partido, o mundo não pára para que você oconserte. Aprende que o tempo não é algo que possavoltar. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, emvez de esperar que alguém lhe traga flores”, WilliamShakespeare.Música, poesia, contos, livros. Elas sempre são lembradas.Flores remetem a encontros, tristezas, alegrias, decepções.Elas contam histórias em suas pétalas. A linguagem dasflores é universal.Titãs nos “deram” Flores, contando a história de alguémque acorda em meio a elas. “As flores deplástico não morrem” diz a música. AnaCarolina canta que toda mulher gosta derosas. As flores se encaixam em tudo. Namúsica brasileira encontramos inúmerosexemplos de citações sobre elas.Em vários tons e vozes descobrimos flores erosas sendo rimadas. Elas não estão entre asrimas mais usadas, entretanto, fazemsucesso. É difícil não ouvir na programaçãodas rádios alguma música que remeta a estedelicado objeto de desejo feminino.Há versos que inspiram até aqueles que nãopossuem o romantismo à “flor da pele”. Hácanções que deixam os sentimentos porconta das flores.Sabemos que as plantas têm detectoressensíveis a ponto de parecerem sentimentoshumanos. “As flores do jardim de nossa

Pétalas

Revista laboratório da disciplina de Técnicas de Reportagem e Entrevista II

Professor orientador: Jeferson PopiuEdição e revisão: Vanelirte Moretto

Reportagem: Aline Cristina, Giovana Danquieli, Iane Cruz, Luana Rossa, Pâmela Gurtate Vanelirte MorettoFotos: Aline Cristina, Pâmela Gurtat, Giovana Danquieli, Diogo Caleffi, DivulgaçãoDiagramação: Aline Cristina, Giovana Danquieli, Iane Cruz, Luana Rossa, PâmelaGurtat e Vanelirte Moretto e colaboração de Cidinei Pieniak

“No meio do meu silêncio

e do silêncio da rosa, havia

o meu desejo de possuí-la

como coisa só minha. Eu

queria poder pegar nela.

Queria cheirá-la até sentir

a vista escura de tanta

tonteira de perfume.”

Cem anos de Perdão -Clarisse Lispector

casa” cantada por Roberto Carlos diz, “As flores do jardimda nossa casa morreram todas de saudade de você e asrosas que cobriam nossa estrada perderam a vontade deviver... lá não existem flores tudo morreu pra mim”. Areferência de saudade e morte traduz os sentimentos dequem compôs a canção. Já Zelia Duncan na música“Flores”, traz situações em que elas estão presentes,“Flores para quando tu chegares, flores para quando tuchorares, uma dinâmica botânica de cores para tu disporespela casa”.E se elas estão presentes em tantos momentos do serhumano, por que não lhe dedicar uma publicação.“Pétalas” é uma revista laboratório, da disciplina deTécnicas de Reportagem e Entrevista II, ministrada porJeferson Popiu, da Faculdade de Ciências Sociais eAplicadas de Cascavel (Univel).A idéia de abordar este tema surgiu no dia em que foiproposta a elaboração da revista. Durante 40 dias o grupo do2° ano jornalismo, formado por Aline Cristina, GiovanaDanquieli, Iane Cruz, Luana Rossa, Pâmela Gurtat eVanelirte Moretto, dedicou-se a produzir o trabalho até entãosem nome. As pautas que iríamos produzir sobre o assuntoeram as únicas certezas. Neste período buscamos fontes,fizemos pesquisas, entrevistas, sessões de fotos, reuniõespara definir o formato, layout, fontes, anúncios, etc.

GIOVANA DANQUIELI EVANELIRTE MORETTO

Rosa solitária

Setembro/2008 - Pétalas � 32 � Pétalas - Setembro/2008

Aline Cristina

Toda dia o mesmo trajeto, o mes-mo pensamento, a mesma atitude. Nopercurso de casa até o trabalho umarosa era deixada no meio do caminhoem um portão de uma casa onde mo-rava a mais bela moça que já havia co-nhecido.

Ela sabia quem deixava aquela lin-da flor. Agradecia, mas não da manei-ra esperada. Seu abraço e seus lábios

dizendo “obrigado” não chegavam per-to do que gostaria de ouvir. Uma tardede sol, uma música, uma conversa, eranormal se... Tempo depois isso não setransforma-se em uma paixão.

O que mais uma moça iria quererdo que uma pessoa que a ama-se, e flo-res toda manhã em seu portão... Nada,a não ser que essa pessoa estive-se aoseu lado. E foi o que aconteceu. Me-lhor do que deixar flores no portão eraentregá-las pessoalmente. Virou rotina.

Quando chegava no meio do caminhojá não estava mais sozinho, a lindamoça o acompanhava. Agora além dejuntos no amor estavam juntos no tra-balho.

Tudo ia bem. As flores ainda eramentregues, mas não com a mesma fre-qüência. Às vezes a cada dois dias oua cada semana. As flores que eram rou-badas durante o caminho já não erammais encontradas. E com a falta de flo-res, o desentendimento teimava em

aparecer. Para quem nunca brigou, ahora chegou e foi no mesmo caminhoque o amor começou que ele terminou.Apenas com um diferencial, quandohavia amor o caminho era colorido derosas, agora sem amor o caminho pre-to e branco ficou.

Ano Novo. Dois anos de namoronão completados. Isso não vai fazer di-ferença. Está chovendo. É preciso ir atéaquela casa que não é mais bem-vindoe deixar uma rosa. Anda de um lado

para o outro e não encontra uma flor.Sim, uma rosa branca para deixar noportão da casa da bela moça. “Já são23h45 não vou conseguir!”. Em meio àrua anda sozinho. Somente a chuva lhefaz companhia. Desce em uma rua quenão é estranha. Tem calafrios. Olha emfrente, uma rosa. A rosa mais linda jávista. Vai ao seu encontro. Com seusespinhos acaba se ferindo. Pega-a comcuidado como se estivesse carregandouma criança. Assim como as pessoas,as rosas também têm sentimentos.

Quando cai em si percebe que a ruaque vaga sozinho é o caminho que to-dos os dias percorria. Sai correndocomo se pessoas o estivessem seguin-do. Falta um minuto para o Ano Novo.Parado em frente a casa dela, gostariaque essa rosa fosse recebida em suasmãos. Mas do que adianta querer e nãopoder.

Mais uma vez o portão enfeitado.Desta vez com uma rosa branca. Viraas costas e sai. Ouve uma voz, a voz deum anjo. Era ela, dizendo que estava àespera da rosa, e tinha certeza que es-taria ali.

“Pena que o amor já não existemais, como as flores murcham, o amortambém acaba, mas não se preocupecom as flores que me deu, todas estãoguardadas em meu caderno, assimcomo o amor que me deu está guarda-do em meu coração.”

Para erros há perdão e para floresmurchas não há água que as faça vi-ver?

Acredita que não. Três anos depois,ainda existe a chama do amor, e poresse motivo, passa no mesmo horáriotodos os dias na mesma casa para dei-xar a flor. Para que todos os seus errose mancadas sejam esquecidos como asflores dentro do caderno.

ÍNDICEEditorial ................................. pág. 02Crônica.................................. pág. 03Prazer inexplicável ........pág. 04 e 05Entrevista .............................. pág. 06

Carinho ................................. pág. 07Surpresa vira frustração ....... pág. 08À mesa .................................. pág. 09Diversificação ...............pág. 10 a 15Impulso .........................pág. 16 e 17

Dedicação .....................pág. 18 e 19Orquídeas .....................pág. 20 e 21Artesanato ....................pág. 22 e 23Perfumaria ....................pág. 24 e 25Receitas ................................ pág. 26

Gio

vana

Dan

quie

li

Dio

go C

alef

fi

Page 3: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 54 � Pétalas - Setembro/2008

prazer inexplicável história

Flores para você...Giovana Danquieli

Que me permitam as flores falarsobre elas... Belas e formosas, exalandoodor suave e delicado, encantando ho-mens, mulheres, crianças... Trazendobeleza onde quer que estejam.

O prazer em ganhar flo-res é especial, algo que nenhu-ma mulher explica, assimcomo aquele que a presenteiaque ao ver o sorriso sincero eo agradecimento pelo singeloe doce mimo permite à florcumprir seu papel.

Flores existem em to-dos os amores, em todos ossabores, estações, cores. Háflores para todas as tempo-radas, nem mesmo o frio do

inverno as impedem de florescer. Du-rante todo ano haverá novas rosas de-sabrochando em jardins.

Todos gostam de flores. Floristas asfabricam; jardineiros as cultivam; flori-cultoras as vendem; homens as dão; mu-lheres as recebem.

O que alegra o dia é quando sem amenor espera, lhe batem à porta e di-zem: “flores para você!”.

As flores servem paratodas as datas especiais. SejaDia das Mães, da Mulher, daProfessora, da Sogra, qual-quer data festiva... Todo diaé dia de brindar com flores.A tradição contempla asmulheres com este presen-te. Embora em tempos mo-dernos onde tudo vale, é di-fícil encontrar homens queganhem flores ou que gos-tem de recebê-las.

BIOLOGIA

Natureza garante reproduçãoGiovana Danquieli

Sabemos que as flores servem paraembelezar e encantar os seres huma-nos e os espaços. Mas, na natureza,qual é sua função? Qual é o real moti-vo para elas existirem?

Na natureza as flores têm funçãode garantir a reprodução. Elas preci-sam do seu charme e encanto paracumprir seu papel. A principal funçãodo perfume é atrair os insetos que vãoajudar na fecundação da planta.

Na definição da botânica, a flor éum conjunto de folhas adaptadas à re-produção sexuada. Existe somente nos

fanerógamos (plantas que tem os ór-gãos sexuais aparentes e que produzemflores e sementes) ou nos espermató-fitos (divisão do reino vegetal que com-preende todas as plantas que produ-zem sementes).

Ao analisar a flor como um órgão,verifica-se que é dividida em várias par-tes, iniciando pelo receptáculo, pedún-culo, perianto (cálice e coroa), corola,androceu (órgão masculino de repro-dução formado por: filete, conectivo eantera), gineceu (órgão feminino for-mado de carpelos chamados de ovário,estilete e estigma).

As plantas podem ser dividas de

acordo com características especificas:– Monóica: possui flores com ór-

gãos masculinos e femininos no mes-mo pé, em flores separadas.

– Dióica: possui um pé para cadaórgão reprodutor.

– Hermafrodita ou monoclina: pos-sui o gineceu e o androceu na mesmaflor.

– Unissexuada ou diclina: possuisó um dos órgãos reprodutores.

A natureza nos surpreende com acomplexidade e beleza que apresentaseus frutos. Para muitos as flores nãopassam de enfeites e formas de pediralguma coisa, mas o real sentido dasflores existirem é a vida. Vida que, ger-minação após germinação, vai se per-petuando e, seja por obra do homem,do vento ou dos insetos, vai sendomodificada. A natureza encontrouuma forma de presentear os habitan-tes da terra com um singelo e belo ato,deixou o odor adocicado, o formato in-comparável e o significado de que avida está também nas pequenas coi-sas.

Anêmona - abandonoCravo: varia com a corVermelho - amor incompreendidoVariegado - rejeiçãoAmarelo - desprezo

Crisântemo: varia com a cor:Vermelho: estar apaixonadoAmarelo: amor desdenhadoBranco: sinceridade

Dedaleira: falsidadeMalva Rosa: ambição femininaGirassol: imponência e alegriaLavanda: desconfiançaLírio: antigo símbolo de purezaNarciso: vaidade exagerada

Orquídea: beleza femininaPeônia: timidezPapoula: extravagância

Prímula: juventude

Rosa: varia com a corRosa: amorBranca - pureza e amor espiritualAmarela - InfidelidadeMoscada - beleza caprichosaSolitária - simplicidadeTulipa: varia com a corVermelha - declaração de amorVariegada - belos olhosAmarela - amor sem esperançaVioleta: modéstia

Flores e significados

Responsáveis por mudanças

Giovana Danquieli

As lendas em torno das flores sãomuitas. A mitologia grega atribui aAfrodite, a deusa do amor, o surgimen-to da rosa. Segundo o mito, quandosaiu em busca de seu amado Adônis,mortalmente ferido por um javali,Afrodite cortou o dedo em uma plantacheia de espinhos e do sangue que es-corria nasceu uma flor. Na China, ha-via certa crença que, se a moça ganhas-se crisântemos e destes não abrisse aflor ela seria estéril. Na Europa, emtempos remotos as flores não erambem vistas pela sociedade, pois trazi-am à tona lembranças de uma épocade luxúria e orgia de reis antigos. Como passar dos séculos, esquecida esta li-gação entre flores e pecados, foi aceitaaté na religião, tornando-se símbolo depureza.

Por todo o lugar as flores causarammudanças um tanto estranhas. O an-tigo império romano importava floresdo Egito, até perceber que seria lucra-tivo cultivá-las. Muitas famílias troca-ram a produção de trigo e alimentospara a sobrevivência por flores. Nestaépoca, Roma teve que importar alimen-tos de outros lugares, mas em suas fes-tas, flores não faltavam. O poeta Mar-cial escreveu na época o seguinte ver-so: “Vós, egípcios: hoje, as rosas ro-manas são mais belas que as vossas.Agora, já não mais necessitamos derosas, porém de vosso trigo.”

Na Holanda, houve a chamada “fe-bre da tulipa”, muitas pessoas hipote-caram suas casas para investir emações que representavam tulipas emfloração. Com a queda no valor, ocor-reu uma onda de suicídio no país.

Lendas à parte, as flores ganharamaceitação e simbologias em todas as na-ções.

O mercado vende inúmeras flores,

Belas e formosas, exalamperfume suave e

encantam a todos

CURIOSIDADESA antera é uma bolsa onde se armazenam os grãos de pólen.A função das pétalas é simplesmente atrair os insetos para que estes ajudem

na polinização de outras plantas.Dentro do ovário é que ficam os óvulos, os quais contêm o gameta feminino,

chamado de oosfera.A disposição das flores no vegetal é chamada de inflorência, pode ser encon-

trada em cacho, espiga, umbela ou capítulo.

o consumidor as compra com diversosobjetivos.

Rosas, gypsophilas, kalanchoes, vi-oletas, prímulas, crisântemos, cinerári-as... São apenas exemplos da produçãonacional. Quem compra quer qualidade,pois depositará nela significados especi-ais.

Datas importantes, aniversário, pedi-

do de namoro, de casamento, de per-dão... Todos os significados possíveiscabem num simples buquê de rosas.

Os homens aprenderam esta tá-tica. Com base em estudos, lendas ecrendices todas as flores possuem umsentido. Na internet é possível encon-trar dicionários sobre o tema. Veja-mos alguns exemplos curiosos:

Império romanoimportava flores,até perceber quepoderia cultivar

Lírio: diziam curar loucura e outros males

Ser

luna

r/D

ivul

gaçã

o

Gio

vana

Dan

quie

li

Page 4: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 76 � Pétalas - Setembro/2008

entrevista carinho

Flores para“regar” oromance

Fabiano Peccine fala sobre o significado demandar flores e que loucura de amor

faria à namorada

PÉTALAS: você é bem claro no teuorkut (site de relacionamentos) queé o tipo de homem que dá flores.Com que freqüência você mandaflores para sua namorada?FABIANO PECCINE: precisamentenão tenho idéia, porém, certo que nasdatas especiais, como aniversário deidade e de namoro, por algo feito,para agradecimento de algo, para umjantar, Dia dos Namorados, etc.

PÉTALAS: as flores têm significadosdiferentes e para cada situação écomo elas devem ser adequadas.Qual o significado que tem paravocê mandar flores?FABIANO PECCINE: mando florespara minha namorada sempre quesinto que preciso “regar” o romance,depositar nas flores algo de novo, dezelo com o amor. E demonstrar para a

pessoa amada, “lembrei de você”.PÉTALAS: que idade você tinhaquando mandou flores pelaprimeira vez? E pra quem mandou?FABIANO PECCINE: tinha 16 anos.Mandei para uma menina que nãoera minha namorada, mas gostava eadmirava.

PÉTALAS: existem muitas espéciesde flores. São cravos, rosas,margaridas, orquídeas e muitasoutras. Qual é a flor que vocêprefere mandar?FABIANO PECCINE: adoro mandarrosas vermelhas, porque inspira“amor em chamas”, renovando ossentimentos, dando ar de fogo epaixão.

PÉTALAS: as pessoas tendem areceber flores com reações

“O dia que o Fa me fizer uma surpresa euvou amar, quem não gosta. Ele é muito bom

e gentil comigo. A gente se ama de verdade.”

Arq

uivo

pes

soal

diferentes. Como você acha que aAndressa sua namorada se sentequando você manda flores para ela?FABIANO PECCINE: acho que ela,primeiro, se sente admirada, provada,desejada e zelada pelo homem quetem ao seu lado como companheirofiel. Segundo, sente que sou capaz desentir na fragilidade de uma rosa, agrandeza do sentimento que carregopor ela.

PÉTALAS: as loucuras de amorfazem parte dos serviços prestadospor floriculturas e comérciosespecializados. Se você pudessefazer alguma loucura de amor comflores para a Andressa qual seria?FABIANO PECCINE: com mil rosasvermelhas, cada qual com o dizer “euamo você”, as colocaria no hall deentrada da casa, em uma manhãespecial, para brindar uma dataespecial de nossas vidas.

PÉTALAS: teve alguma ocasião quevocê mandou flores e se arrependeu?FABIANO PECCINE: Claro, quemnunca o fez. Mas o importante é oque foi feito, um dia serásrecompensado.

Iane Cruz

Ainda existem homens que são românticos. Paraeles, tudo é válido para conquistar e reconquistar des-de que seja com gestos de amor e carinho. Para sim-bolizar estes gestos nada melhor do que falar de flo-res.

A primeira rosa cresceu há 5 mil anos na Ásia e éuma das flores mais antigas. Shakespeare, em “Romeue Julieta” definiu que “Aquilo que chamamos rosa, comoutro nome seria igualmente doce”.

Quando o assunto é flor, Fabiano Peccine, 25 anos, advogado, temuma história com as rosas para contar. De acordo com Peccine, mandarrosas vermelhas, inspira “amor em chamas”, renova os sentimentos e dáar de fogo e paixão.

No corre-corre do dia-a-dia a tendência é de que as pessoas esqueçamde fazer surpresas. Fabiano é o tipo de homem que manda flores e faz comque essa teoria caia por terra. Confira na entrevista.

Você mandariaflores toda semana?

Iane Cruz

As pessoas se conhecem e iniciam um relacionamento. Com opassar do tempo elas tendem a esquecer de fazer coisas que faziam noinício da relação.

Toda regra tem sua exceção. Pensando nisto, fomos em busca dealguém que ainda ganha flores do namorado mesmo após um ano denamoro.

Letícia, como prefere ser chamada, começou sua história com asflores aos 15 anos. Nesta idade, ganhou seu primeiro buquê de rosas.“Quinze rosas vermelhas, cada rosa tinha um bombom dentro, muitolindo.”

Com o atual namorado ela conta que no começo do namoro ga-nhava flores toda semana. “Doze lindas rosas aveludadas na cor ver-melha”.

Para Letícia, as rosas vermelhas têm um significado especial. “Elasdenotam paixão e fogo. Eu vejo nas flores o que sinto no nosso relaci-onamento”, ressalta.

Letícia recebe flores quase que quinzenalmente. Mas será que todahora é hora de mandar flores? Será que para reatar um relacionamen-to as flores são sempre uma boa opção? Nem sempre mandar floresvai resgatar o que está perdido no relacionamento. A reconquista exi-ge mais. “Não acho que as flores sejam uma alternativa para recon-quistar. No meu caso, as flores são uma forma de demonstrar senti-mentos, do meu namorado demonstrar o que sente por mim. Na vezque eu e ele brigamos, não me mandou uma flor sequer. Ele mandasempre, mas com o intuito de apimentar o nosso namoro”, comenta.

Pessoas sensíveis e românticas gostam de receber flores e surpre-sas. Mas será que somente as mulheres gostam e recebem flores? Nemtodo homem gosta. No mundo machista em que vivemos, alguns sen-tem vergonha, outros medo da reação dos outros e da própria reação.

Homens como o namorado de Letícia preferem dar a receber flo-res. “Certa vez perguntei a ele se gostaria de ganhar alguma flor emespecial e descobri que meu namorado não gosta de ganhar flores”,entrega Letícia.

Pessoas como ela não enjoam de ganhar flores. É da natureza doser humano ficar desgostoso quando recebe uma mesma surpresa porvárias vezes. “Quando passa flores pelos corredores todos sabem que épara a Letícia”, conta a colega de trabalho, Karine.

Letícia não enjoou das flores que recebe com freqüência. “Sintofalta quando ele não manda, desta vez ficou um mês sem mandar.Teve dificuldade financeira senão ele mandaria.”

Em tempos difíceis, mandar flores não é algo que tenha um custobaixo. Se pararmos para fazer as contas de quanto o namorado deLetícia já gastou com flores, certamente seriamos desmotivados a fa-zer o mesmo. Mas se agirmos com a emoção e não com a razão certa-mente as flores irão acompanhadas de bombons e um bom vinho.

Letícia ganha flores do namoradoquase que quinzenalmente

Page 5: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 98 � Pétalas - Setembro/2008

surpresa vira frustração à mesa

Os crisântemos da discórdiaEstas flores sãoconhecidas pela

lembrança fúnebre

Iane Cruz

Sabe aquela tradição de que crisân-temo é uma flor que só se dá em ocasi-ões fúnebres? Pois esta tradição fez comque um namoro com promessas deamor eterno fosse por água abaixo.

O crisântemo é uma flor conheci-da por despedida de verão, que querdizer amor acabado. Nossa cultura her-dou a crença européia de associar o cri-sântemo à morte. Nas suas variadasformas de ser representada, o cheirodesta flor ativa na memória das pesso-as a lembrança da morte, a lembrançade uma flor de cemitério.

O que você faria se seu namoradolhe mandasse crisântemos num aniver-sário de namoro? Pois isto aconteceu.Guilherme, 28 anos, gerente de marke-ting, mandou um buquê enorme paraMariane (pseudônimo) no trabalhodela. “Não sei mandar flores, não man-do mais flores, depois daquela eu nun-ca mais mando flores, fiquei traumati-zado. Se não mandar flores não corro orisco de não gostarem delas, é mais fá-cil. Era certo eu não mandar flores, aínão tinha passado por aquela humilha-ção”, lamenta Guilherme.

A intenção dele era das melhores,porém como Mariane já estava há al-gum tempo com o psicológico abaladoa situação foi a gota d´água para ela.

“Coitado do Guilherme, só faltou fa-zer ele comer as flores. Se eu pudessevoltar no tempo teria agradecido comose fossem lindas rosas vermelhas”, co-menta.

Mas essa história não parou por aí.Com o término do namoro, Marianecomeçou a mandar flores para Guilher-me na tentativa de reatar o relaciona-mento. Foram girassóis, cravos e rosasde todas as cores e tamanhos. Florescom perfumes que imaginou exalar aro-mas por todos os cantos. Exalar um si-nônimo de amor misturado ao arrepen-dimento. Durante dias, semanas emeses ela levou e mandou flores no tra-balho, em casa, no estacionamento.“Todo lugar era oportunidade paramandar flores para ele”, lembra Mari-ane.

Ela chegou a gastar o salário de ummês de trabalho mandando flores parao ex-namorado. “Se eu soubesse que elagastou o salário do mês em flores eu iaachar ela louca, pois se na primeira florou na segunda ela não teve o resultadoesperado não adiantava ficar insistin-

do”, diz Guilherme.Será que Mariane agiu certo em

mandar flores para um homem que ti-nha passado por uma experiência frus-trante com os crisântemos? Talvez paraela o fato de mandar flores para recon-quistar o coração de Guilherme fosse,no momento, a melhor alternativa.Mas será que essa alternativa não pio-rou tudo? As flores são sempre umaopção para quem quer conquistar oureconquistar, porém neste caso a rela-ção com flores entre o casal já não vi-nha bem. O que era para ser uma sur-presa para Mariane se transformou emfrustração para Guilherme.

Qualquer flor é certa quando exis-te amor, mas para não errar e evitar si-tuações como o que aconteceu com osprotagonistas desta história é semprebom estar atento ao tipo de flor que aocasião pede.

Guilherme não manda mais flores,porém confessa que se sentiria bem seganhasse de forma anônima, em saberque existe alguém que presta atençãonele e ficaria muito curioso.

Arq

uivo

pes

soal

Giovana Danquieli

Guilherme não manda mais flores

Flores incrementam cardápiosIane Cruz

As flores nas suas variadas tonali-dades e beleza nos remetem a palada-res diferentes. Paladares? Sim, as flo-res as quais me refiro são as utilizadaspara aguçar o nosso apetite. Misturarflores na culinária não é coisa de outromundo. Elas são utilizadas em saladas,sanduíches, omeletes, queijos, vinhos,iogurtes, sobremesas e outros pratos.

De cultura para cultura as florescomestíveis são usadas das mais vari-adas formas na elaboraçãodos mais diversos pratos.Vão desde a conhecida cou-ve-flor, o brócolis e a alca-chofra até rosas, begôniase outras.

No México, a seiva daagave americana é utiliza-da para a fabricação da te-quila e suas flores são ser-vidas com tortilhas. NoChile e na Argentina aAloysia citriodora palau ouverbena-limão serve comoaromatizante em vinhos,conservas e sobremesas. ri-ginária da China, a Altha-ea rósea, conhecida comoflor de Jericó, também éutilizada em vinhos e sala-das e pode ser encontradanas cores amarela, branca,vermelha ou vinho. Falan-do em salada, para quemgosta de pepino, um saborsemelhante pode ser en-contrado na borago officinalis ou bor-ragem. Suas cores variam em azul erosa e dão um colorido especial à mesa.Para reforçar o time das flores que com-plementam as saladas, também fazemparte a viola odorata (violeta verdadei-ra), a dianthus cayophyllus conhecidacomo cravina e o amor perfeito quetambém é usado em sobremesas. Ou-tras espécies como a calendula offici-nalis a helianthus annuus ou o famo-so girassol e a tropaealum majus mar-cam presença em confeitarias e restau-rantes em vários países.

Em Cascavel existe dificuldade paraquem quer adicionar flores ao cardá-pio. “Não existe registro de loja especi-alizada em flores comestíveis em Cas-cavel. Se existisse o alvará teria quepassar por nós da Vigilância Sanitária”,comenta a tecnóloga em alimentos,Luciana Silveira.

Embora façam parte do cardápio,muitas pessoas comem couve-flor ebrócolis sem saber que são flores. Asespécies são encontradas em supermer-cados e feiras. “Experimentar eu pode-ria, pois nunca comi; não sei se gosto”,diz o desenvolvedor de sistemas, Ricar-do Malikoski. “Confesso, não sabia quecouve-flor é uma flor (risos)”, comple-menta.

Para quem quer cultivar flores parao consumo existe uma saída. De acor-do com a técnica agrícola do Departa-mento Técnico da Isla Sementes

LTDA, Rita de Cássia Machado, 26anos, a empresa trabalha com diversassementes de flores, temperos e hortali-ças e dentre as espécies de flores, algu-mas são indicadas como comestíveis.“Existem muitas variedades recomen-dadas, para saber quais e as dicas decultivo, recomendamos que acessar osite www.isla.com.br, na página inicialtem um link de produtos, entrando nalinha flores e gramas, aparecerá umalistagem com todas as flores que co-mercializamos, clicando em cada uma

a pessoa terá acesso a todos os dadosreferentes a ela, e as que apresentaremo selo são recomendadas.”

As sugestões para cultivo dessasflores variam de acordo com a cultura.É preciso ter o cuidado para não apli-car defensivos e utilizar métodos alter-nativos para o controle de pragas e do-enças. “Nem todas as flores podem ser-vir como alimento. Algumas espéciescomo o bico de papagaio e a azaléia sãovenenosas. As flores usadas no prepa-ro das receitas são cultivadas sem agro-tóxico”, observa Rita de Cássia.

São utilizadas em saladas,sanduíches, omeletes,

queijos, vinhos, iogurtes...

Gio

vana

Dan

quie

li

Page 6: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 1110 � Pétalas - Setembro/2008

diversificar

Palavra-chave parapermanecer no mercadoVanelirte Moretto

Diversificar é a palavra-chave naeconomia moderna. O mercado estácada vez mais competitivo e o consu-midor mais exigente. Quem se adap-tar aos novos tempos irá resistir e sesobressair perante a concorrência.

O setor de floricultura também seajusta à nova realidade. E o que era umlugar apenas para vender flores está setornando coisa do passado – não queainda não exista este comércio tradici-onal – mas está praticamente em ex-tinção aquele que um dia só vendia flo-res.

O que há de mais moderno nestesegmento chama-se garden center. Es-paço que oferece do buquê de flor paraa namorada ao café expresso para umbate-papo com amigos, da grama parao jardim ao cortador que vai apará-la,da planta ao veneno para a formiga, dovaso para a folhagem à muda de tem-pero. Enfim o que se pensar em termosde floricultura, paisagismo e jardina-gem o garden dispõe. Dos seis existen-

tes no Brasil, um deles está instaladoem Cascavel – única cidade do Paranáa possuir um.

Etapas

A Floricultura Catarinense, funda-da em 1981, por Claudino e Vera Lu-cia de Oliveira, começou como um vi-veiro de mudas – frutas basicamente –, depois passou a oferecer serviços depaisagismo, floricultura até se transfor-mar em Catarinense Garden Center, há3 anos. Nos 5,2 mil metros quadrosestão disponíveis mais de 10 mil itens.“A cidade cresceu e os clientes estãocada vez mais exigentes, por isso a ne-cessidade de estar em sintonia comomercado. Ampliamos para outros la-dos, porém sempre dentro do mesmosegmento”, conta Vera. “Cada etapa nostraz um aprendizado, temos clientesque vêm a loja toda semana e eles que-rem novidades, por isso inovamos, masagregando valores”, acrescenta.

O economista Rui Ferro São Pedrodiz que a diversificação é essencial para

o crescimento das empresas, bem comopara atender todos os clientes princi-palmente nesse ramo de abrangência.“Essa nova realidade proporciona umatendimento maior a clientes e tam-bém a uma parcela bem maior. Os cli-entes não precisam ficar pulando delugar em lugar para comprar tudo o queprecisam. É altamente positiva essadiversificação”, salienta ele.

Para o negócio dar certo, Vera eClaudino propõem metas todo iníciode ano e todas são colocadas em práti-ca, tudo minuciosamente planejado. Aestudante de engenharia agrícola quetrancou a matrícula faltando um ano emeio para concluir o curso, não se ar-repende de ter optado entre a empresae a faculdade. “Fiz a opção certa, naque-le momento precisava escolher entre os

estudos e a empresa. Aspessoas devem pensarbem antes de tomaruma decisão. Não mearrependo, porém é ne-cessário estar sempreatento ao mercado,acompanhar sua evolu-ção e planejar tudo quese pretende para a em-presa”, orienta.

Em casa

Ao entrar no Cata-rinense Garden Centera sensação que se temé a de que não é umcomércio e sim o jar-dim da própria casa.Além das belas flores,da decoração, do Café

Garden (de acordo com Vera, Cascaveltambém é pioneira em ter um café ane-xo ao garden), a música suave é umconvite ao relaxamento.

“Todo empresário deve pensaralém do lucro. A empresa precisa ofe-recer um ambiente agradável àquelesque a visitam e aos funcionários. Osempregados passam poucas horas doseu dia com a família, então devemostornar o seu local de trabalho harmo-nioso. O ambiente se torna mais tran-qüilo quando as pessoas trabalhamcom satisfação. Fazendo isso ajudamosaos outros, mas ajudamos principal-mente a nós mesmos. O ser humanoem primeiro lugar, depois o resto”,enfatiza Vera.

Tendência

O empreendimento, que tinha ape-nas dois funcionários em 1981, hojegera 80 empregos diretos. Para chegara este patamar foi necessário planejarcada etapa. A empresária, atenta ao quehá de mais moderno no mercado, par-ticipa de cursos de aperfeiçoamentocom freqüência. Sem contar que o ca-sal trabalha de 10 a 12 horas todos osdias, sempre de olho do negócio.

Há 4 anos Vera estava em busca dealgo para melhorar ainda mais a flori-cultura e descobriu a nova tendênciapara o setor. A convite da Veiling Ho-lambra foi conhecer o garden da coo-perativa. “Quando entrei fiquei encan-tada, era aquilo que eu queria. Do quevi adaptei algumas coisas, mas semmudar o conceito de garden center”,conta Vera.

Se Vera ficou encantada com o queviu em São Paulo muitas pessoas tam-bém se sentem assim ao adentrar ogarden cascavelense, e até gostam defreqüentar o local para apreciar o queele oferece.

É o caso da família de FabioUmann, de Alto Paraná/Paraguai. En-quanto fazíamos a reportagem o brasi-leiro Fabio, de 32 anos e há 31 moran-do no país vizinho, estava no gardencom a esposa Maria e os filhos Stefanye Alex. Neste dia só queriam desfrutarda beleza do local, não estavam ali paracomprar.

Umann é produtor de soja, milho,girassol, trigo e canola e conta quequando está no Brasil não vê a hora decruzar a fronteira. “Não existe lugar

mais tranqüilo no Paraguai do que ondemoramos. Oitenta por centro da popu-lação de Alto Paraná é brasileira”, diz.“Já compramos aqui, hoje só viemospassear. O lugar é muito bonito”.

A busca por oferecer o melhor a cli-entela não pára e Vera já tem outrosprojetos em mente. A construção dasede administrativa e um cantinho paraas crianças. De acordo com a empresá-ria, o espaço para os pequenos levaráem conta a preservação do meio ambi-

Os consumidores estão cadadia mais exigentes e para

atender suas necessidadesempresas se adaptam

a nova realidade

Vera Lucia de Oliveira: “Clientes querem novidades”

Fotos: Giovana Danquieli

ente e deverá fazer com que a criançapense em cuidar dele.

Projeto Florescer

O Projeto Florescer, outra iniciati-va de Claudino e Vera, se destina a pro-dução de flores em estufa, desde a ger-minação até a comercialização. Sãoquatro estufas, num total de 4 milmetros quadrados, onde são cultivadasflores sazonais como amor perfeito,

Page 7: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 1312 � Pétalas - Setembro/2008

petúnia, boca de leão, bélis, tajet, sál-via, celósia, vinca, empatien, entre ou-tras. A produção é voltada ao paisagis-mo e à venda no atacado a floricultu-ras, empresas e prefeituras (mediantelicitação). “Para implantar o projeto co-meçamos do zero. Cascavel não temtradição nesta área”, destaca Vera. “Énecessário ter sensibilidade para traba-lhar com isso”, complementa.

Doze pessoas trabalham no Flores-cer e são gerados aproximadamenteoutros 20 empregos indiretos. As flo-res que enfeitam a recém-inauguradaPraça da Bíblia são do Florescer. Tantoo garden quanto o Projeto Florescerutilizam sistema de captação de águada chuva.

Tradicional

Adelino Luiz Braz, proprietáriodas floriculturas Sempre Verde – umapróximo a Acesc e outra no Bairro SãoCristóvão –, está no mercado há 20anos, e ao contrário de outros esta-belecimentos que incorporam novosprodutos os seus vendem somenteflores. Grande parte das floriculturasde Cascavel também trabalha comcestas de café da manhã entre outrosprodutos.

O empresário conta que as floresvendidas em suas lojas vêm da Holam-bra e da Uniflor, próximo a Maringá.“Para funerais vendo bastante crisân-temo, depois vem a rosa (a mais vendi-

da), flor do campo, margari-da, begônia, azaléia e gloxí-nia”.

Mais vendidas

A venda de flores aumen-tou consideravelmente nosúltimos anos e as datas quetêm mais saída são Dia de Fi-nados, Namorados, Mães e daMulher. A maior parte das flo-res vendidas em Cascavel vemde Holambra, São Paulo, e asplantas de Santa Catarina.

Em todas as floriculturasconsultadas sobre qual flortem mais saída, a rosa ain-da reina soberana. Depoisdela vem a orquídea e as flo-res de vaso (azaléia, begônia,gérbera).

No Catarinense GardenCenter os buquês com 12 ro-sas custam de R$ 35 a R$ 58.O último é de rosas importa-das da Colômbia, que sãomaiores, tem pétalas aveluda-das e maior durabilidade. Or-quídeas custam a partir de R$26,95; gérbera na faixa de R$10; e azaléia e begônia a par-tir de R$ 13,75. O valor de-pende do arranjo escolhidopelo cliente e da época. A di-ferença de preço praticado nasfloriculturas de Cascavel é pe-quena.

diversificar histórias

Trabalhorealizadocomdedicação

Enquanto procurávamos persona-gens para complementar a matéria, doischamaram a atenção. Marineusa da Cos-ta e Dionísio Crispim, ambos vendedo-res do Catarinense Garden Center.

Marineusa trabalha com flores pelaprimeira vez – há 15 dias tinha começa-do no emprego. Já Dionísio tem muitashistórias para contar sobre o assunto. São30 anos dedicados as flores, plantas e abe-lhas.

A vendedora, em Cascavel há cercade dois meses, veio de Sorriso, MatoGrosso. Tem cinco filhos – de 8, 10, 11,14 e 15 anos. Um deles precisa de trans-plante de córnea, por isso vieram moraraqui. “O médico disse que não é garanti-do que ele volte a enxergar com estetransplante, mas caso não dê certo po-demos tentar novamente”, conta.

Marineusa foi levar um currículo emuma empresa e ao passar pelo gardenachou tão bonito que pediu ao maridopara parar e conhecer. “Ao entrar fiqueitão encantada e disse quero trabalharaqui”. O currículo até então destinado aoutra empresa acabou ficando ali mes-

mo e poucos dias depois foi chamadapara trabalhar.

“É muito bom trabalhar em um am-biente como o daqui. Nem percebo ahora passar. O trabalho junto as floresfaz com que a gente renasça. É encan-tador fazer o serviço escutando esta mú-sica suave”, fala.

Dionísio quando criança faziamuda de café, aos 15 anos de idade co-meçou a vender plantas de enxerto, emIporã, Noroeste do Paraná. Muito doque aprendeu e ainda põe em práticaem seu trabalho foi com Sadao Saka-moto. “Seu Sadao tinha um viveiro, meensinou o caminho das plantas e flo-res. A maior lição que aprendi com eleé que devemos ter paciência com aspessoas”, recorda Dionísio, que aindamantém contato com o mestre orien-tal e sua esposa Emília.

Sadao mostrou o caminho e Dioní-sio aprendeu direitinho, tanto que aofalar sobre seu ofício demonstra umamor muito grande pelo que faz. “Gos-tei tanto do que aprendi que hoje issofaz parte da minha vida. O maior bemque existe na terra para mim são asabelhas, as flores e os bonsais”, desta-ca.

No garden ele é vendedor e respon-sável pelo trato e cultivo das plantas.Nos 30 anos de profissão fez muitosamigos e sempre aparece alguém pedin-do para que Dionísio cuide de suas plan-tas. “As pessoas trazem bonsais paraque eu os faça reviver”, conta. “Culti-var bonsai é fácil, exige sol aéreo, água

e nutrição a cada 20 dias”, ensina.Dionísio salienta que pelo amor que

decida as plantas, faz seu trabalho commuito amor e carinho. “O maior paga-mento é quando ensino alguém a culti-var uma planta e a pessoa retorna dizen-

do que a planta está linda, isso vale muitoé gratificante demais”.

Ele mora ao lado do garden e temcomo sonho viver em um local afastadoda cidade para cultivar plantas e mexercom abelhas.

Dionísio Crispim: “O maior bem que existe são as abelhas, as flores e os bonsais”

Marineusa da Costa:“Trabalho junto asflores faz com que agente renasça”

Marineusa da Costa:“Trabalho junto asflores faz com que agente renasça”

Page 8: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 1514 � Pétalas - Setembro/2008

roteiro para abrir uma floricultura

Pesquisa de mercadoDefinir o nicho de mercado: venda

de balcão – flores para presentes; tele-vendas; decoração; venda de flores innatura; quiosque e paisagismo.

Definir a região desejada:Classificar a concorrência: núme-

ro de concorrentes e índice de habitan-tes/loja; idade das lojas; avaliação dosconcorrentes; ponto e fluxo; tradição;propaganda; layout interno da marca;envolvimento com a comunidade; fa-chada; exposição dos produtos; varie-

dade de flores; outros produtos vendi-dos; qualidade do atendimento; arte flo-ral; serviços oferecidos; nível de espe-ra; alegria; perfil dos funcionários; des-tacar pontos fortes e pontos fracos decada concorrente. (Fonte Sebrae)

��Abrir conta corrente

��Separar capital de giro para o projeto (entre R$ 3 e 20mil)

��Abrir empresa

��Definir ponto (contrato)

��Definir nome da loja (registrar)

��Projeto arquitetônico da loja (fachada, layout,iluminação)

��Reforma da loja

��Expositores, balcão, mesas e mobiliário (câmara fria)

��Desenhar processos, controles e registros (compras,vendas, cadastro, atendimento) (manual,Informatizado)

��Estabelecer medidas de performance (número deligações a fazer/dia, número de ligações recebidas,número de vendas, venda média, etc)

��Estruturar serviços (entrega, cartão crédito, outros)

��Linha telefônica

��Contratação de funcionários – definição de perfil,recrutamento terceirizado, treinamento básico,manual e regulamentos (no início quanto menos –melhor)

��Orçamento de vendas e custos

��Material impresso e uniforme (ficha de pedido) Definirmix de produtos

��Cadastro com fornecedores

��Compra de embalagens

��Projeto de inauguração

��Plano de vendas (idéias a atacar)

(Fonte Sebrae)

Projeto donegócio

Antes de abrir o negócio deve-se definir onicho de mercado e classificar a

concorrência

Page 9: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 1716 � Pétalas - Setembro/2008

impulso

Comercialização eprodução aquecem economia

Levantamentos mostramque mercado geracerca de 200 milempregos diretos

Pâmela Gurtat

Na década de 50 imigrantes portu-gueses iniciaram, em escala comerci-al, a produção e comercialização de flo-res e plantas ornamentais no Brasil. Nadécada seguinte entraram neste mer-cado os imigrantes japoneses. E no iní-cio da década de 70 chegaram os ho-landeses, responsáveis pelo impulso dacomercialização, arraigando um siste-ma de distribuição por todo o país. Até1988 este mercado teve um crescimen-to vegetativo e sua atuação comercialera com base em centros regionais decomercialização como os Ceasas e em-presas de distribuição que atendiamtodo Brasil.

A partir de 1989 surge o VeilingHolambra, uma transformação nomercado que acaba influenciando ocomportamento e as práticas no setor.Com picos de maior demanda no Diadas Mães, Dia dos Namorados, Fina-dos e Natal, o setor teve aumento con-siderável e desde então apresenta ta-xas de crescimento de até 20% ao ano.

A comercialização de flores e plan-tas ornamentais no Brasil cresce mui-to e o faturamento do mercado de flo-ricultura chega a R$ 600 milhões e háespaço para crescer.

Levantamentos recentes mostramque este mercado gera cerca de 200 milempregos diretos, incluindo produçãoe comércio no atacado e varejo. Deacordo com o presidente do InstitutoBrasileiro de Floricultura (Ibraflor),Kees Schoenmaker, a área plantada bra-sileira de flores e plantas ornamentaisultrapassa 6,5 mil hectares.

O principal produtor é o Estado deSão Paulo, que responde por 70% daprodução nacional. Outros 25% estãono Rio Grande do Sul, Santa Catarina,Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.Os 5% restantes estão nos novos pó-los, nas regiões Norte, Centro-Oeste eNordeste (com ênfase para o Ceará).

O problema, segundo Schoenmaker,

é que o consumidor brasileiro ainda tempoucas informações sobre flores, folha-gens e plantas ornamentais. Para ele, ascampanhas de divulgação e grandes fes-tas do setor, como a Expoflora, em Ho-lambra, no interior de São Paulo, con-tribuem para o crescimento das vendase conhecimento dos produ-tos. São Paulo, além de sero maior produtor tambémé o maior consumidor e ex-portador de flores e plan-tas ornamentais do Brasil,responde por 40% do con-sumo interno. Somente acapital responde por 25%do volume comercializadono Brasil, o restante forne-ce aos demais estados, sen-do o Paraná o principal im-portador.

O presidente da Câ-mara Setorial da CadeiaProdutiva de Flores e Plan-tas Ornamentais, Renato Opitz, co-menta que a produção de flores ocorredurante os 12 meses do ano, e que hádisponibilidade de novas variedades deplantas e flores vindas do exterior e pes-quisadas no Brasil. Também frisa queeste setor está crescendo. “Não há sóum crescimento nas flores e plantaspara floriculturas e decoração, mas,principalmente, plantas ornamentaispara projetos paisagísticos. É um setorem pleno crescimento”, observa.

Paraná

O Paraná ganhou destaque na pro-dução de flores nos últimos 10 anos.As principais culturas cresceram 7,8%,a pecuária 27%, as frutas 24%, as hor-taliças e especiarias 39%, os produtos

florestais 116%, enquanto a floricultu-ra cresceu 324%. Com isso passou ater uma participação de 0,18% do Va-lor Bruto da Produção (VBP) estadual,e arrecadação de R$ 45,4 milhões.Comparando aos demais, o grupo dafloricultura foi o que apresentou maiorvariação positiva. Os números foramlevantados pelo Departamento de Eco-nomia Rural (Deral), da Secretaria daAgricultura do Paraná. De acordo comGilka Cardoso Andretta, responsávelpela Divisão de Estatística Básica e pelo

acompanhamento do VBP, neste grupoestão incluídos a produção de mudasde árvores para arborização, gramado,plantas ornamentais, flores de vaso eflores de corte, entre outras.

O último levantamento aponta osmunicípios de Curitiba, São José dosPinhais, Apucarana e Cascavel comoos que tiveram maior participação naprodução de flores, com VBP superiora R$ 2,5 milhões. Os municípios daRegião Metropolitana de Curitiba tive-ram o maior crescimento registrado erespondem por 53% da produção degramado no Estado. Com uma produ-ção de 4,15 milhões de metros quadra-dos, registrou uma arrecadação de R$9,2 milhões, seguido por Cascavel, queproduziu 1,5 milhão de metros quadra-dos e arrecadou R$ 3,4 milhões.

holambra

A cidade de Holambra, cujo nomesurgiu da junção das palavras Holan-da-America-Brasil, situada na RegiãoMetropolitana de Campinas (SP), é ogrande pólo nacional em negócios deflores no país. Conhecida como Cida-de das Flores conquistou este títulograças ao trabalho e persistência dospioneiros holandeses que se instala-ram na antiga Fazenda Ribeirão apósa Segunda Guerra Mundial. Na fazen-da, enquanto se adaptavam ao novomodo de vida, iniciaram o plantio degladíolos, dando início ao cultivo e co-mercialização de flores e plantas, combase no sistema cooperativista. Ho-lambra teve sua independência em 1º

de janeiro de 1993. Com uma popu-lação estimada em 10 mil habitantes,a Cidade das Flores tem sua econo-mia baseada nas atividades agrícola eturística.

A cidade concentra grandes pro-dutores com técnicas especiais deplantio e cultivo, como a produção emestufas, trazidas da Holanda, determi-nantes para que a produção de flores eplantas atingisse níveis de qualidade,semelhantes ao europeu, e conquistas-se o mercado brasileiro.

A Cidade das Flores também pos-sui o maior centro de vendas do ramono Brasil, o Klok, leilão de flores ope-rado pela Cooperativa Veiling Holam-

bra. A partir deste sistema de comer-cialização, a produção de flores e plan-tas aumentou e se expandiu, inclusi-ve, para o mercado externo. O muni-cípio conta com cerca de 300 produ-tores e é responsável por 40% do con-sumo brasileiro do setor.

Desde 1981 a grande vitrine doque é produzido em Holambra é a Ex-poflora, a maior festa de flores e plan-tas da América Latina, que em 2008ocorre entre 28 de agosto e 21 de se-tembro. A festa tem o objetivo de res-gatar os aspectos culturais e sociais dacomunidade, além de divulgar o tra-balho desenvolvido pelos filhos dosimigrantes da região.

Tradição e qualidade em flores

Giovana Danquieli

Giovana Danquieli

Page 10: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 1918 � Pétalas - Setembro/2008

romélia pimentel

Dedicação que faz a diferençaTodas as quartas e

sextas-feiras ela vende eentrega flores na cidade

Pâmela Gurtat

Linha Bandeirantes, Rio Bonito doIguaçu, Paraná. Lá mora Romélia Pi-mentel, de 68 anos. Ao chegar em ter-ras paranaenses em 1982, vinda do RioGrande do Sul, decidiu continuar o tra-balho que já fazia naquele Estado. Cul-tivar flores e folhagens em viveiro, po-rém não tinha muita técnica. Foramanos de trabalho e pesquisa para co-nhecer a realidade do local onde pas-sou a viver. Em 2001 Romélia, que éapaixonada por flores, música e crian-ças, decidiu buscar recursos junto aoPrograma de Apoio à Mulher na Agri-cultura Familiar (Pronaf Mulher) paraconcretizar mais um sonho, o de mon-tar uma estufa. Também queria mos-trar à juventude e outras famílias quepode haver diversificação nas proprie-dades e não apenas plantar para co-mer como também cultivar para lucrar.

Para Romélia, conseguir sua estu-fa foi um trabalho árduo, com muitaluta e esforço. Até contagiou as agri-cultoras da região que queriam sabercomo conseguiu este feito. E ela nãoteve medo de repassar o que sabia paraa comunidade. “Diziam que não exis-tia esse fundo do Pronaf. Durante umano fui buscar informações sobre o pro-grama até que consegui o dinheiro paramontar minha estufa”, lembra.

A dedicação da produtora de floresfaz a diferença na localidade onde morae se tornou a conselheira da comuni-dade. “O meu sonho é ajudar o próxi-mo e ao ajudar outras pessoas isso meincentiva a estabelecer metas de vidae fazer a diferença”, conta.

Romélia tem orgulho de seu tra-balho. Vende as rosas que produz decasa em casa nos municípios de RioBonito do Iguaçu e Laranjeiras do Sul.

E isso é apenas mais um passo de suasconquistas. “Vendo na rua, mas nãode carro, a pé a venda é melhor. Faz 26anos que vendo flor e os meus clientessão praticamente os mesmos desde ocomeço”, ressalta.

As vendas sempre são boas, comexceção da época das férias, e aumen-taram bastante nos últimos anos. Umadúzia de rosas custa R$ 6. Ela vai deônibus até a cidade e leva a encomen-da a pé até a casa do cliente. Quando aremessa é maior vai de carro. “Nãoadianta vender com um preço bem altoe deixar elas se perderem no viveiro,eu vendo com um preço mais acessí-vel e vendo todas”, afirma Romélia.

Todas as quartas e sextas-feirasRomélia vende e entrega flores na ci-dade. Tem como grande vitória os diasque mostrou seu produto na Exposi-ção dos Produtores de Rio Bonito (Ex-porio) e os visitantes gostaram de co-nhecer seu trabalho. As flores agrada-ram tanto que vendeu tudo que levoupara a feira. “Minha intenção não erade vender e sim de expor o meu traba- Romélia Pimentel: vendas de porta em porta

lho, mostrar o que o nosso municípiotem”, observa ela.

Viúva há 13 anos e mãe de quatrofilhos, faz aulas de canto e também sematriculou em um curso de informá-tica. Quer se especializar e tomar con-ta das próprias finanças. Todos os fi-lhos moram na propriedade rural dedez hectares. Tem apenas um empre-gado para o serviço pesado do viveiro.Não vende para as floriculturas por queo valor pago não compensa. O lucroque tem com a venda das rosas inves-te em materiais para a estufa. Romé-lia deixa um recado a todos. “Olho paraa humanidade e não posso ver gentesofrendo, e se posso ajudar de algumaforma, não vou na frente, caminho aolado deles”, filosofa.

Ao contrário de Romélia, que ven-de sua produção de porta em porta, ade Marcio e Miriam é destinada as flo-riculturas. Na pequena propriedade lo-calizada na área rural de Cascavel (apedido não será divulgado o local nem

o sobrenome) o casal, que se instalouno município há 10 anos, cultiva flo-res de corte para ornamentação. Emvárias estufas são produzidas rosas,gérberas, mosquitinhos, tango. Os cui-dados devem ser diários.

“Cultivar flores é muito bonito,mas elas são iguais a nenezinho temque acompanhar bem de perto, todosos dias. É um tipo de cultura que exigemuito do produtor, porque elas sãomuito sensíveis e também é precisotomar cuidado com as doenças decor-rentes do clima”, observa Miriam. “Oclima daqui não ajuda muito é quentedemais no verão e frio demais no in-verno. Para cultivar flores o ideal é quenão oscile muito”, complementa. Mi-riam gostaria de mudar de ramo, maspor falta de estrutura (a propriedade épequena) não dá. “Por mim plantariasoja, milho”.

Antes de migrar para o ramo de flo-res o casal, que morava em Castro/PR,cultivava verduras.

Pâm

ela

Gur

tat

Giovana Danquieli

Pâmela Gurtat

Page 11: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 2120 � Pétalas - Setembro/2008

orquídeas

ALGUMAS ESPÉCIESApostasioideae - dois gêneros e 16 espécies do Sudeste Asiático;Cypripedioideae - cinco gêneros e 130 espécies das regiões temperadas domundo, poucas na América tropical;Vanilloideae - 15 gêneros e 180 espécies na faixa tropical e subtropical úmida doglobo, e Leste dos Estados Unidos;Orchidoideae - 208 gêneros e 3.630 espécies distribuídas em todo mundo, excetonos desertos mais secos, no Círculo Ártico e na Antártida;Epidendroideae - mais de 500 gêneros e cerca de 20 mil espécies distribuídassobre as mesmas regiões de Orchidoideae, embora hajam algumas espéciessubterrâneas no deserto australiano.

Cores vivas, beleza e elegânciaAline Cristina

Onde a luz e a umidade são abun-dantes, lá estão elas em meio à natu-reza dando um colorido diferente. Porserem flores epífitas (plantas que vi-vem de outras plantas), as orquídeascrescem geralmente em árvores, usan-do-as somente como apoio para bus-car luz. Possuem muitas formas e co-res e se reproduzem facilmente entreespécies semelhantes.

Sua busca por luz depende da ne-cessidade de cada espécie. Algumas sealojam no topo das árvores, a 40 me-tros de altura, por necessitarem demais luz. Suas raízes expostas obtêma maior parte dos nutrientes do mate-rial em decomposição ao seu redor, daágua da chuva que lava as folhas dasárvores no alto ou da poeira existenteno ar. Entremeado ao velame (tecidobranco que reveste a raiz), existe umfungo chamado micorriza que auxiliana decomposição de matéria orgânicae transformação desta em sais mine-rais, para facilitar sua absorção.

Há cerca de 50 mil espécies de or-quídeas no mundo, 20 mil encontra-das diretamente na natureza e outras

Fot

os:

Gio

vana

Dan

quie

li

Cruzamento resulta emcombinações infinitas de

formas e cores

30 mil criadas em laboratório, a par-tir do cruzamento de espécies diferen-tes. O Brasil é um dos países mais ri-

cos nesse tipo de planta. “Por aqui,deve haver perto de 3,5 mil espécies.E o número pode crescer com novasdescobertas, principalmente na regiãoamazônica”, diz o engenheiro agrôno-mo do Instituto de Botânica do Esta-do de São Paulo, Fábio de Barros.

As orquídeas possuem caracterís-

ticas marcantes e em contato com ou-tras pode ocorrer cruzamento e pro-duzir híbridos férteis. A partir do cru-zamento com outras espécies, podemser obtidos quatro ou mais gêneros dis-tintos. Uma vitória para os orquidi-cultores que podem cruzar suas espé-cies e ter combinações infinitas de for-mas e cores. A cada nova cor ou híbri-do criado, as flores são registradas parao controle de quantas existem. Essesregistros são feitos na cidade de NovaYork, Estados Unidos, onde se encon-tra o maior centro de orquídeas domundo. O cruzamento é feito atravésda junção dos pólens.

Na natureza há o cruzamento pormeio da ajuda de insetos como abe-lhas, borboletas e mariposas e animaiscomo o morcego. O perfume atrai os

insetos e animais e estes levam o pó-len até outra flor. Há também o cru-zamento pela intervenção humana,onde o pólen de uma matriz (plantafixa usada para fazer cruzamentos) éretirado com uma pinça e colocado emoutra planta, que por sua vez, acabamorrendo, após uma semana que opólen é colocado em seu híbrido. Cer-ca de 15 dias depois seu caule começaa inchar como se fosse uma barriga degrávida, lá está sendo desenvolvida apróxima flor que vai nascer.

“O resultado do cruzamento emsua maioria é o esperado”, diz o taiwa-nês Luciano Shen, que cultiva orquí-deas há 10 anos e faz cruzamento des-de 2003. Em seu orquidário na cidadede Cascavel/PR existe mais de cem co-res de orquídeas.

Shen conta que guarda o pólen dasflores na geladeira para durar mais eassim cruzar tempo depois. O pólen,

que quando fica preto já não podemais ser usado para cruzamento, temuma sensibilidade muito grande. Porisso exige muito cuidado. O maiordesafio dos orquidicultores é saber osprincipais conceitos de cada espécie,já que cada uma tem suas caracterís-ticas.

“O mercado das orquídeas cresce

a cada dia. Por serem flores que nãoprecisam de muito cuidado e teremuma aparência linda, as pessoas pre-ferem para ter em casa. Hoje este mer-cado só perde para o de rosas, que ain-da é a flor mais vendida, mas isso logoirá mudar com a multiplicidade decores e formas que as orquídeas têm aoferecer”, comenta Luciano.

Taiwanês Luciano Shen

Page 12: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 2322 � Pétalas - Setembro/2008

artesanais curiosidades

Terapia transformada em lucroArtesanato pode ser feitode plástico, cera, crochê,

borracha e isopor

Aline Cristina

Diversas formas e maior durabili-dade. Estes são apenas dois de váriosfatores que fazem com muitas pessoasoptarem por flores artesanais. As na-turais, que com o passar do tempomurcham, secam e perdem a beleza,estão sendo substituídas por flores quedurem mais e mantêm a beleza. Floresque podem ser feitas de plástico, cera,crochê, borracha e até isopor.

A mão suave da artesã que deslizasobre o artesanato, dando formas parafinalizar em uma flor, atrai várias pes-soas por sua beleza. As mais procura-das e também as mais caras são asemborrachadas e as de cera. Elas têmum brilho especial e são ricas em deta-lhes para ficar o mais natural possível.“Por terem uma mão-de-obra maiorelas acabam se tornando caras”, relataAdriana Ribeiro, que há cinco anos tra-balha com flores artesanais.

Além de ser uma terapia, o artesa-nato proporciona lucro. Adriana contaque no começo fez o curso, porque apósum acidente automobilístico teve queamputar suas pernas e não pôde maistrabalhar. O médico a aconselhou aprocurar uma atividade relacionada aoartesanato ou pintura. Foi aí que Adri-ana optou pelo artesanato de flores. Elaparticipou de um curso de três messese aprendeu a técnica para fazer floresde vários tipos.

“No começo confeccionava as flo-res para ocupar meu tempo, depois de

ração de emprego e renda à população.Os materiais utilizados para a con-

fecção de flores são tecido, tinta, ara-me, pistilhos, farinha de mandioca,gelatina, algodão, papel crepon, tesou-ra, lápis, boleador, prendedor de roupa,barbante, jornal e golfador. Qualquerpessoa pode fazer artesanato basta gos-tar e ter criatividade. “O artesanato nãoé feito só de prática e sim de paixãopelo que se faz, em cada detalhe que setransforma em algo admirável”, com-pleta Adriana.

vários elogios de amigos e o incentivode meu marido comecei a vendê-las.Hoje tenho um lucro de R$ 450 men-sais. Além de melhorar em minha re-cuperação, aumentou minha auto-es-tima”, conta Adriana.

A Prefeitura de Sabará, Minas Ge-rais, investiu em cursos de flores arte-sanais para reduzir o índice de desem-prego na cidade. Ofereceu curso de con-fecção de flores artesanais, ministradopor Teresinha Ramalho, florista há 68anos. O objetivo, contribuir para a ge-

Fot

os: A

line

Cris

tina

FLOR-DE-CERAA flor-de-cera (Hoya carnosa) é umaplanta perene de fácil cultivo. Perten-cente à família das Asclepiadáceas, éuma trepadeira originária da China,que durante o verão produz floresduráveis, com um perfume levementeadocicado. O maior atrativo está nasflores que inspiram seu nome popu-lar: apresentam uma aparênciacerosa, como se fossem feitas deporcelana.

FLOR-DE-LISSegundo o livro ilustrado dos “Signose Símbolos”, de Miranda Bruce-Mitford, Luís XVII adotou a íris comoseu emblema durante as Cruzadas eo nome evoluiu de “fleur-de-louis”para “fleur-de-lis” (flor-de-lis),representando com as três pétalas, afé, a sabedoria e o valor.

ERVA AFRODISÍACAA Damiana, planta com floraçãoamarela é uma das melhores formasde balancear as energias dos ho-mens e mulheres. O efeito atuadiretamente no sistema nervosocombatendo a ansiedade, nervosis-mo, depressão e ajuda no equilíbriodos hormônios recomendada notratamento de disfunções sexuais elibido. Cresce naturalmente emdiversos tipos de clima e prosperaem lugares secos, desde que hajaluz solar em abundância, principal-mente no México e no Sul da Califór-nia. As folhas foram muito utilizadaspelos índios, Maias, Aztecas e pelosnativos do México por suas proprie-dades afrodisíacas.

OS HOMENS AMAM FLORESAtualmente, o preconceito que “flor não é pra macho” extinguiu-se, e homenspodem e devem receber flores sem problemas. Pesquisas indicam que muitoshomens apreciariam receber flores em seu aniversário ou outras ocasiõesespeciais.As flores devem ser consideradas como um presente fino e, dependendo doarranjo ou buquê, podem agradar ao pai, ao marido, ao namorado, ao amigoou ao filho.As flores mais apropriadas para os homens variam dos tradicionais líriosbrancos, girassóis, calas, antúrios, helicônias e cravos aos exóticos cactos ebelíssimas orquídeas.Se for enviar flores no aniversário de seu marido ou namorado, as maisapropriadas são as rosas ou cravos vermelhos, simbolizando o amor e apaixão no relacionamento.

Page 13: Revista Petalas

Setembro/2008 - Pétalas � 2524 � Pétalas - Setembro/2008

perfumaria

Fantástico processoda enfleurage

Perfumes feitos com óleosflorais é inovado para

maior rendimento,aproveitamento e

aceitação do mercado

Luana Rossa

Os primeiros registros da perfuma-ria com flores por meio do uso da téc-nica do enfleurage coincidem e datamda Antiguidade. O processo foi primei-ramente aplicado pelos egíp-cios, para a obtenção de óleosnaturais de flores, e posteri-ormente aperfeiçoado pelosfranceses na cidade de Gras-se, durante o século XIX. Pé-talas de flores, exalando seuperfume, eram expostas porum determinado tempo auma camada de gordura, atéque esta ficasse saturada como óleo da planta. A misturaque daí resultava, ou seja, oóleo exalado das pétalas e ab-sorvido pela gordura, chama-da de “pomada” ou “concre-to”, era então lavada com ál-cool e filtrada, para que se pu-desse extrair o óleo essencialda gordura. Esse álcool era aseguir destilado para separare obter o óleo essencial dasflores, chamado de “absolu-to”. Um óleo puro e 100% na-tural.

Essa antiga técnica não émais utilizada industrial-

MATÉRIAS-PRIMAS DA PERFUMARIARosa - Adorada desde o Egito, possui várias espécies.Para produzir um quilo de seu óleo essencial, sãonecessárias quase quatro toneladas de pétalas.Jasmim - São necessários mil quilos de jasmim para aprodução de um quilo de absoluto, que é a forma deconcentração mais pura da fragrância.Tuberosa - Segundo uma antiga lenda, ela foi proibidaàs jovens que poderiam cair em estado de voluptuosaintoxicação.Ylang-Ylang - Significa “a flor das flores”. Na Índia,adorna os cabelos femininos e a cama dos recém-casados.

Flor de laranjeira- Pequena, branca e de perfumeintenso, é também chamada de “neroli”. Consideradao símbolo da virgindade.Patchouli - Originário da Índia, seu óleo é obtido dasfolhas e do caule. Para produzir um quilo de óleo, sãonecessários 330 quilos de folhas.Incenso - Usada desde a Antiguidade, essa resina éconhecida também como “olíbano”.Âmbar - Matéria orgânica, excretada pela baleiacachalote, que se solidifica quando exposta ao tempo.Seu uso não coloca em risco a sobrevivência da espécie.Atualmente só se utiliza âmbar de origem sintética.

Luana Rossa

Mistério e encantamento são características de todo e qual-quer perfume. Das caras e luxuosas grifes a singelas essênciasartesanalmente produzidas, todas sem exceção foram feitas paradespertar emoção, ativando assim um processo mágico. Há mui-tos séculos o perfume vem sendo utilizado por diferentes cultu-ras.

Da oferenda aos deuses até a perfumaria como a conhece-mos hoje, as fragrâncias e a maneira de misturar os aromas semodificaram de acordo com as descobertas de novos elementos etecnologias.

Apesar da evolução, os perfumes ainda hoje são símbolos depersonalidade, que fascinam e nos transportam para lugares exó-ticos, situações emocionantes e momentos especiais.

Com a rainha do Egito, Hatshepsut, surgiram diversos ritu-ais egípcios dedicados à beleza. Eram enviadas expedições à terrade Punt, atual Somália, em busca de incenso e mirra. A Bíbliaregistrou a importância do perfume no Antigo Oriente nos Cân-ticos de Salomão, nos quais ele declara sua paixão por sua esposaSulamita, em versos repletos de comparações entre um jardim ea intimidade dos dois amantes. A mitologia ilustra a importân-cia do perfume na cultura grega. A História confirma esse fato,por volta de 800 a.C as cidades de Atenas e Corinto exportavamóleos de flores e plantas maceradas.

A Cleópatra, última rainha do Egito, dominava a arte da se-dução com seus perfumados rituais. Recebia o amante em umacama coberta de rosas e, antes de morrer envenenada, perfumou-se com as mais finas fragrâncias. Os alquimistas nessa época, natentativa de encontrar a pedra filosofal e o elixir da vida, progre-diram com as técnicas de destilação, que dariam origem à desco-berta do álcool concentrado, fundamental para a perfumaria.

O homem primitivo quando dominou o fogo aprendeu que,com o cozimento, os alimentos se tornavam mais fáceis de dige-rir. Quase ao mesmo tempo, descobriu que, ao adicionar ervas amadeiras quando queimadas exalavam um aroma bom que su-bia aos céus, daí a origem da palavra perfume. Em latim, a pala-vra perfume significa “exalar cheiro agradável por meio da fuma-ça”. (per – através e fumum – fumaça).

Uma história perfumada

A MAGIA DOS CHEIROSAntigamente o sistema lí bico (produção de flores parafabricação dos perfumes) era chamado de cérebro dasemoções. Quando estamos muito tensos e nervosos,um aroma de lavanda é capaz de nos relaxar e nosinduzir ao sono, ajudando em casos de insônia. Quandoestamos apáticos, deprimidos, infelizes o aroma debergamota pode ajudar na recuperação. Aromas delimão, vetiver, eucalipto e alecrim melhoram aconcentração. O alecrim também alivia o cansaço.

A aplicação do perfume - Ao aplicar-se o perfumesobre a pele, o calor do corpo evapora o álcoolrapidamente deixando as substâncias aromáticas, que

se dissipam durante várias horas. Por isso, o perfume éaplicado nas partes mais quentes do corpo comopulso, nuca e atrás das orelhas. Matéria-prima - A matéria-prima para a produção deperfumes é extremamente variada e numerosa. Aperfumaria é sem dúvida, a arte que utiliza o maiornúmero de matérias diferentes. Atualmente, centenasde produtos naturais e milhares de produtos sintéticossão corretamente utilizados em perfumaria. Matérias-primas para perfumes são encontradas no mundointeiro; muitas vezes são raras ou difíceis de seremencontradas, e por este motivo, cada vez mais caras.

mente em nenhum lugar do mundo.Mesmo com a altíssima pureza e a qua-lidade dos óleos naturais obtidos, elafoi substituída por outros processosque proporcionavam maior produtivi-dade, redução de custos e melhores

rendimentos. Com o tempo,a enfleurage acabou sendoaos poucos reservada para al-guns produtos de alto luxo,até ser extinta da perfumaria.Existem hoje, várias pesqui-sas em parceria com a Uni-camp, é uma maneira de res-gatar esse processo para a per-fumaria fina com as flores.Para modernizar essa técni-ca, substituindo a gorduraanimal pela gordura de ori-gem vegetal, algumas empre-sas instalaram no seu parquefabril um espaço exclusivodestinado a obtenção do óleoessencial de lírios, 100%puro, natural e com a maisalta qualidade, para ser utili-zado, por exemplo, em algu-mas fragrâncias como: Lilyessence (O Boticário), JoopMas (Dolce Gabbana), CKone (Calvin Klein), RougeRoyal (Marina de Borboun),entre outros.

Gio

vana

Dan

quie

li

Gio

vana

Dan

quie

li

Page 14: Revista Petalas

A Rosa de Hiroshima

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada.

Vinícius de Moraes

Setembro/2008 - Pétalas � 2726 � Pétalas - Setembro/2008

receitas com flores comestíveis

PÉTALAS DE ROSA CRISTALIZADASIngredientes- 3 xícaras (chá) de açúcar cristal fino- Minirosas comestíveis- 1 clara

Para as pétalas- Pétalas de rosas comestíveis- 1 clara- Açúcar refinado

Modo de preparoPara as minirosas: bata ligeiramente a clara e pincelelevemente as rosas com um pincel fino e macio. Passe asflores no açúcar cristal e deixe secar numa grade, de umdia para o outro.

Para as pétalas: passe a clara levemente com um pincelfino e macio e no açúcar refinado. Leve ao microondaspor dois minutos abrindo de 30 em 30 segundos. Finalizepolivilhando açúcar refinado com a ajuda de uma peneira. Deixe secar por, no mínimo, 6 horas.• Categoria: tortas e bolos• Tempo de preparo: 40 minutos• Tipo de preparo: microondas

SALADA DE FOLHAS E FLORESIngredientesAlface americanaRúculaChicória roxaAlface mimosaFlores de amor-perfeitoFlores do campoPétalas de flores comestíveis variadas3 colheres de sopa de azeite de oliva1 colher de sopa de água de rosasSal e pimenta agosto

Modo de preparoSepare pequenas porções de cada um dos folhosos ecoloque-os em um prato. Faça uma vinagrete batendo oazeite de oliva com a água de rosas e o sal. Regue asalada com a vinagrete.Receita de Vanessa Zanolete

SALADA DE GRÃOS

IngredientesAlface americanaAlface roxaRúculaBroto de espinafreManjericãoOrégano fresco50 g arroz

Grãos60 g cenoura30 g pepino japonêscoalhada a gosto

Modo de preparoCozinhar os grãos em água fervente com sal. Cortar acenoura em rodelas bem finas e levar ao forno atésecarem. Cortar o pepino em fatias finas. Dispor em umprato os verdes, os grãos, a cenoura e o pepino. Finalizarcom a coalhada, azeite e sal a gosto.Receita de Daniela Albuquerque e Christine Veronez

Jairo

Bac

kes

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

A Rosa de Hiroshima

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada.

Vinícius de Moraes