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GESTÃO DE RESÍDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE Ano 1 • n o 6 • Maio/Junho 2010 • R$ 19,00 Ano 1 • n o 6 • Maio/Junho 2010 • R$ 19,00 • VISÃO AMBIENTAL SUSTENTABILIDADE SEMEADA FEIRAS Cobertura Fiema e Ambiental Expo HIDRELÉTRICAS A polêmica é necessária? Negócio bom para o planeta CRÉDITOS DE CARBONO CÓDIGO FLORESTAL Da preservação ambiental à reforma agrária A indústria do papel busca soluções para aperfeiçoar seus processos e preservar o meio ambiente

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Revista Visão Ambiental nº 06

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• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 6 • Maio/Junho 2010 • R$ 19,00

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SUSTENTABILIDADE SEMEADA

FEIRASCobertura Fiema e Ambiental Expo HIDRELÉTRICAS

A polêmica é necessária?

Negócio bom para o planeta

CRÉDITOS DE CARBONO

CÓDIGO FLORESTALDa preservação ambiental

à reforma agrária

A indústria do papel busca soluções para aperfeiçoar seus processos e preservar o meio ambiente

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6 MATÉRIA DE CAPA PapelSustentabilidade semeada

SUMÁRIO

22 Fórum Empresarial Lide Sustentabilidade pode ser um diferencial lucrativo

28 Eco estiloRemando pela natureza

32 Cidades Praça Victor Civita: um espaço sustentável

34 Visão Administrativa Por Welinton dos Santos

38 Usina hidrelétrica Os prós e os contras dessa obra complexa

62 Agência de Fomento Paulista 1º Concurso de Ideias e Projetos “Economia Verde”

64 Expo Xangai Pavilhão brasileiro exibe tecnologia e sensibilidade

66 Agenda / RadarEventos e contatos das empresas e colaboradores desta edição

14 Código florestalO agronegócio pede socorro

18 Visão Internacional Por Guilherme Stolle Paixão e Casarões

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44 Fiema O futuro do mercado verde

52 Visão Ambiental Por Ricardo Ernesto Rose

56 Ambiental Expo Foco no tratamento de resíduos

Consumo conscienteProdutos que ajudam a preservar o planeta

24 Meio ambienteTragédia em alto mar

19 Mercado de trabalho

Tecnólogo em biocombustíveis:

promessa de uma carreira de sucesso

Crédito de carbono Alternativa de financiamento

para projetos verdes

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Um ano para comemorar

Em nossa sexta edição e comemorando um ano de lança-mento, temos muito a celebrar, uma revista que nasceu com a intenção de atingir um público interessado em sustentabi-lidade e meio ambiente, abordando assuntos diversificados dentro do tema, e que a princípio foi distribuída entre um mailing segmentado, cresceu, passou a ter assinantes, tor-nou-se leitura desejada entre vários membros da sociedade, e hoje é uma publicação que circula dentro de ambientes corporativos e órgãos públicos e é levada para os lares, onde várias abordagens podem ser usadas no cotidiano familiar.

Uma nova fase começa agora e nos próximos números am-pliaremos ainda mais a abrangência e distribuição, ao encontro das necessidades de nossos parceiros, anunciantes e leitores e cumprindo nosso papel de informar e conscientizar.

Os negócios sustentáveis passam também a ter novo papel a partir das próximas edições, em que, por meio de nosso por-tal e também de novos projetos, promoveremos networking corporativo setorial em busca de troca de conhecimento e busca de soluções criativas e ecologicamente corretas – assim, empresas e empresários interessados em participar devem fazer contato conosco para não ficarem de fora.

Nesta edição, seguimos com a série sobre materiais, fa-lando agora sobre papel, as hidrelétricas que estiveram em foco ultimamente ganham destaque, o código florestal que tanta polêmica cria sobre as questões de ocupação da terra é analisado por todos os lados envolvidos, créditos de carbono são um ótimo negócio para empresários e para a natureza, e os eventos ligados ao meio ambiente estão em alta – aqui, a cobertura completa da Ambiental Expo e da Fiema das quais participamos com espaços feitos dentro do conceito de sustentabilidade, espaços estes sempre abertos a nossos leitores. Esperamos você nas próximas.

Boa leitura!

José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de Sá e Susi Guedes

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado de Sá

[email protected]

EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez

[email protected]

EDITORA-CHEFESusi Guedes

[email protected]

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo

[email protected]

JORNALISTASArielli Secco, Henriete Mirrione, Maria de Lourenzo,

Melissa Sayki, Samuel Nunes e Vera [email protected]

REVISÃOCris Barbieri e Giovana [email protected]

COLABORADORPaulo César Lamas (tratamento de imagens)

COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOGuilherme Stolle Paixão e Casarões, Ricardo Ernesto

Rose e Welinton dos Santos

FOTOGRAFIAGilmar Gomes e Luciana Yole

COMERCIAL e PUBLICIDADE [email protected]

PRODUÇÃOCristopher Raineri

[email protected] Jardin

[email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb ��.��7/SP)

PERIODICIDADE – BimestralTIRAGEM – 8.000 exemplares

IMPRESSÃO – Vox Editora

ATENAS EDITORARua José Debieux, 3�, Cj. �2

Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030Fone: ��-11- 26�9-0110

www.rvambiental.com.br

ASSINATURASFone: ��-11-26�9-0110

[email protected]

ATENDIMENTO AO LEITORFone: ��-11-26�9-0110

[email protected]

EXPEDIENTE

Capa: Fotomontagem SXC por [email protected]

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Sustentabilidade semeada

Presente na vida do homem desde que sua história começou a ser registrada, o papel evoluiu: de vilão da natureza, hoje se orgulha de ser reconhecido pela estrutura sustentável

que envolve sua produção

Por Maria de Lourenzo

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A vida é impensável sem a presença do pa-pel. Ainda que o mundo virtual ciclicamente anuncie a morte dos jornais, cada vez mais embalamos o nosso dia a dia com papel de todos os tipos e com as mais diversas aplica-ções. Somos o 12º País do mundo no ranking de consumo de papel. Trocando por valores, isso significa que cada brasileiro consome 44,�kg desse material por ano.

Embora a média do consumo mundial seja de 5�,8 kg/hab./ano, o número é respeitável! Para ter uma ideia do tamanho desta indústria, ela movimentou R$ 28.3�1.90�,00 em 2008. “O Brasil é o 11º produtor mundial de papel e produziu 9,4 milhões de toneladas em 2009”, contabiliza Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). O País já exporta cerca de 2 milhões de toneladas de papel por ano.

Sem dúvida, dos rústicos pergaminhos para cá, o papel ganhou inúmeras caras e usos. Con-tudo, além do avanço tecnológico que possibi-lita tantas aplicações, o que de fato revolucio-nou a indústria papeleira foi o despertar para a urgência de preservar a saúde da Terra. A conscientização e a busca por soluções foram fundamentais para a mudança de mentalidade em relação ao papel.

Como sabemos, no Brasil e no mundo, go-vernos e iniciativa privada são cobrados pela sociedade para que suas ações sejam baseadas em responsabilidade socioambiental e empresa-

rial. Líderes de todo o planeta unem-se em torno de grandes temas, especialmente mudanças climáticas, em busca de soluções urgentes que possam, ao menos, frear situações dramáticas.

Até muito recentemente, meados dos anos 19�0, conhecia-se um único processo de produ-ção de papel, extremamente agressivo ao meio ambiente, cuja extração de matéria-prima era feita desordenadamente e sem qualquer crité-rio. Muita árvore nativa foi derrubada em nome de brochuras, rolos, bobinas, caixas, sacolas, sacos, blocos, cadernos, embalagens, rótulos e incontáveis itens indispensáveis ao cotidiano. “Desde sua invenção na antiga China, há quase 2000 anos, o papel é produzido conceitualmen-te sob os mesmos princípios: utilização de fibras vegetais individualizadas para compor uma folha úmida que depois é secada. Essas fibras vegetais são, em sua maioria, originadas das madeiras e entram na composição do papel em proporções que variam de �0 a 95% de seu peso. Ou seja, pode-se dizer que o papel é um produto derivado primordialmente das florestas”, resume Celso Foelkel, Professor Dou-tor e também Mestre pela New York University, considerado uma das maiores autoridades do País em papel e celulose.

FLORESTAS RESPEITADASHá décadas, a indústria papeleira tenta

transformar sua imagem negativa de pre-

CONSUMO MUNDIAL DE PAPEL

(kg/hab./ano)

Finlândia 341,7 EUA 265,9

Alemanha 247,4 Japão 241,5

Canadá 208,8 Itália 190,8

Reino Unido 184,9 França 167,6

Chile 79,5 México 59,6

Argentina 59,5 Brasil 44,6

Fonte: RISI

Celso Foelkel, professor doutor e mestre pela New York University

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dadora da natureza. Apesar disso, ainda é muito comum associar a produção de papel ao desmatamento. Entretan-to, a madeira das fábricas é produzida sem qualquer tipo de derrubada de matas nati-vas. Em quase sua totalidade, as florestas plantadas para a fabricação do papel utilizam terras empobrecidas em seu potencial produtivo, intensa-mente usadas pela agricultura e pecuária e já desprovidas de matas nativas. “Em relação ao resto do mundo, o Brasil tem assumido uma posição de van-guarda na área ambiental e já é considerado benchmarking em sustentabilidade”, infor-ma a presidente da Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes. En-tre os principais produtores mundiais do setor, o Brasil é,

“As empresas do setor de celulose e papel investem

em pesquisas para aprimorar o manejo florestal

e os processos industriais. Também

aperfeiçoam os cuidados

com o solo e o monitoramento

das florestas plantadas”

Celso Foelkel, professor doutor e mestre pela New York University

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CAPA

atualmente, referência internacional por suas práticas sustentáveis e por ter 100% da produ-ção de celulose e papel proveniente de florestas plantadas, que são recursos renováveis. “No plantio florestal, as árvores são cultivadas em uma área específica com insumos de alta qua-lidade e, depois, colhidas para uso industrial. Em seguida, o terreno recebe novo plantio de mudas. É um processo semelhante ao da agricultura, de plantio e colheita. Assim, se um produto procede de florestas plantadas bem-manejadas, sem dúvida ele conquista melhor aceitação em mercados que exigem e demandam altos padrões de sustentabilidade”, acrescenta Elizabeth.

As empresas do setor de celulose e papel investem em pesquisas para aprimorar o mane-jo florestal e os processos industriais. Também aperfeiçoaram os cuidados com o solo — revol-vimento mínimo e em faixas, evitando emissões de CO2 — e o monitoramento das florestas plan-tadas. Os plantios que mesclam mata natural e florestas plantadas, chamados de mosaicos, formam corredores ecológicos que preservam a vegetação nativa e a biodiversidade. Os clones obtidos por meio de melhoramento genético dão origem a árvores com maior taxa de cres-cimento, mais resistência a pragas, qualidade e quantidade de celulose por metro cúbico de madeira. Além disso, por crescerem rapi-damente, o eucalipto e o pínus são altamente VI

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eficientes na captura de CO2. Segundo Flávia Tayama, coordenadora de projetos especiais e estratégicos da Fibria (empresa que surgiu da união da Aracruz Celulose e da Votorantim Celulose e Papel), “a empresa possui atualmente 1 milhão de hectares plantados, sendo 400 mil só de áreas preservadas de mata nativa. Hoje, é a pioneira no conceito do Carbon FootPrint, isto é, para cada tonelada de celulose produzida, sequestramos o equivalente a 3,� toneladas de CO2. Entre as diversas ações de sustentabilidade implantadas, destaca-se o Programa de Ecoe-ficiência na gráfica, que além de disseminar o conceito da ecoeficiência, auxilia os gráficos a maximizar a produção com o uso racional de recursos do meio ambiente”.

O mercado, os ambientalistas e, inclusive, os próprios consumidores finais cada vez mais exercem seu poder, ou seja, escolhem e privile-giam os bons fabricantes; dessa forma, forçam a concorrência a melhorar os seus produtos. Isso leva a indústria a tornar-se mais e mais correta política e ecologicamente. “Hoje, nós temos como prática a utilização de produtos

QUAL É O SEU PAPEL? Crepom, canson, couché, vergê, kraft, jornal, de seda, de arroz, vegetal, manteiga, sulfite, cartão, bíblia, toalha, papelão, higiênico, fotográfico, celofane, pergaminho, artesanal, de presente, de embrulho, de parede; alcalino ou ácido; liso ou texturizado; mate, brilhante, fino, espesso, cru, ultrabranco, laminado, colorido, transparente, macio ou áspero. Qual é o papel desta indústria, que embala sonhos, embrulha presentes, imprime dinheiro, livros, jornais, revistas, documentos, transforma o virtual no concreto? “Subdividimos os papéis em seis categorias: Imprimir e Escrever, Papel-cartão, Embalagem, Imprensa, Fins Sanitá-rios e Papéis Especiais. Cada uma dessas cate-gorias tem uma grande variedade de produtos”, explica Elizabeth de Carvalhaes, da Bracelpa. “En-tre as principais aplicações, destacam-se jornais, revistas, livros, guardanapos, papel higiênico, papéis para impressão, embalagens de alimentos, de remédios e outros itens, papelão ondulado etc.”, acrescenta.

Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Bracelpa

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“Em relação ao resto do

mundo, o Brasil tem assumido

uma posição de vanguarda na

área ambiental e já é considerado

benchmarking em sustentabilidade”

Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Bracelpa

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renováveis, não compramos matéria-prima de empresas que poluem o meio ambiente. Toda a madeira consumida pela nossa empresa para a fabricação do papel vem de reflorestamento. A água que utilizamos no processo é tratada antes de ser devolvida ao rio, observando os parâmetros estabelecidos pelo Instituto Am-biental do Paraná (IAP)”, reforça Otávio Pontes, vice-presidente de Sustentabilidade da sueco-finlandesa Stora Enso na América Latina.

PROCESSOS INDUSTRIAIS REVISTOSA atividade de base florestal intensiva e

sua indústria correspondente possuem im-pactos ambientais que devem ser minimiza-dos e controlados. “Eles ocorrem em função da magnitude dessa atividade, que requer grandes quantidades da natureza (madeira, terra, água, ar, solo, energia, produtos quími-cos etc.)”, observa o especialista Celso Foelkel. Dessa forma, é absolutamente necessário que o setor invista em pesquisas para aperfeiçoar os processos e torná-los menos invasivos ao meio ambiente. “As empresas não usam mais o cloro para branqueamento da fibra de celulose e mais de 80% do combustível utilizado nos processos industriais tem origem na biomassa, proveniente de fonte renovável. Além disso, elas estão diminuindo o consumo de água, fechando circuitos e otimizando as etapas. Quando a água é descartada, passa por processos de tratamen-

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to, para que volte ao meio ambiente de acordo com os padrões ambientais estabelecidos”, esclarece Elizabeth de Carvalhaes.

Este ano, a Stora Enso fez um desassorea-mento na captação de água do rio, o que custou um investimento de R$ 200 mil. “Reduzimos a geração de efluentes de 9400m³/dia em 2008 para ��00m³/dia em 2009. Uma das ações que contribuíram para essa diminuição foi o reapro-veitamento de água da fábrica utilizada na pro-dução da nossa pasta mecânica, usada no nosso processo de fabricação de papel”, detalha Pontes.

“Para 2010, ainda concluiremos o projeto de eliminação do aterro de cinzas geradas pela nossa caldeira, no qual teremos um investimento em torno de R$ 2,4 milhões. E estamos tra-balhando para conseguir até dezembro a Certificação da ISO 14001”, antecipa.

O crescimento sustentá-vel da Fibria ocorrerá com a utilização de ferramentas de gestão ambiental que permi-tam produzir de maneira mais limpa. “Os papéis são fabrica-dos de forma ecoeficiente, ou seja, usando menos recursos da natureza. Um bom exem-plo é a gestão da utilização da

Otávio Pontes, vice-presidente de

Sustentabilidade da Stora Enso

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Stora Senso: utilização de produtos renováveis

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“Hoje, nós temos como prática

a utilização de produtos

renováveis, não compramos

matéria-prima de empresas que

poluem o meio ambiente”

Otávio Pontes, vice-presidente de

Sustentabilidade da Stora Enso

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água. A empresa usa �0% a menos de água, durante a produção de uma tonelada de celulo-se, do que a média internacional. Outro ponto importante é que reutilizamos 8�% dessa água durante o processo.”

CONTROLE DE QUALIDADEO plantio florestal é uma atividade reco-

nhecida internacionalmente por órgãos cer-tificadores de grande prestígio que, por meio de auditorias e monitoramento constante, ga-rantem que os trabalhadores envolvidos no processo de extração de madeira tenham seus direitos respeitados, que nenhuma madeira seja retirada ilegalmente para a produção de celulose e papel e que as florestas sejam ma-nejadas cuidadosamente, a fim de minimizar os impactos na natureza e na comunidade aos arredores. “Na indústria papeleira do Brasil, já é realidade o fato da fonte de matéria-prima para a produção do papel ser renovável e isto é um grande diferencial. Outros pontos são a certificação FSC (Conselho de Manejo Flores-tal) e Cerflor (Certificação Florestal) nas nossas florestas, bem como na produção de papel”, avalia Flávia Tayama, coordenadora de projetos especiais e estratégicos da Fibria.

As demandas por maior ecoeficiência e sus-tentabilidade continuam a pressionar os setores produtivos em todo o mundo. “De forma abso-

lutamente voluntária, muitos setores têm mos-trado grande proatividade para a adequação e a inovação nesses novos requisitos, dentre os quais está o setor brasileiro de plantações florestais”, analisa Foelkel. Uma das formas mais criativas para conquistar e comprovar modelos

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CICLO DO REFLORESTAMENTO

O eucalipto toma quase a totalidade das áreas de reflorestamento com fins industriais no Brasil. Uma fração muito pequena, ainda, dedica-se ao pínus. Pois o eucalipto cresce mais rápido – sete anos para atingir o ponto de corte contra 12 – e a produtividade também é maior, o que representa mais árvores por hectare. De um modo geral, faz-se o plantio de três metros entre as linhas e de dois entre uma muda e outra. Quando chega a época do corte, coloca-se a planta nova no meio. Ao final dos sete anos, o toco que sobrou já terá morrido e virado adubo para a nova geração. Estudos apontam que na Mata Atlântica só há regeneração onde se planta o eucalipto. O manejo florestal dessas áreas colhidas implica em repor imediatamente as mesmas áreas com no-vas florestas plantadas. Não há exaustão florestal, pois existe imediata reposição. “Na indústria

papeleira do Brasil, já é realidade o

fato da fonte de matéria-prima

para a produção do papel ser

renovável e isto é um grande

diferencial. Outros pontos são a

certificação FSC e Cerflor nas

nossas florestas, bem como na

produção de papel”,

Flávia Tayama, coordenadora de

projetos especiais e estratégicos da Fibria

sustentáveis na indústria de base florestal é a rotulagem ambiental. Existem diversos selos para o nosso setor flo-restal, sendo os verdes os mais conhecidos: Conselho de Ma-nejo Florestal (FSC), de cadeia de custódia, e a Certificação Florestal (Cerflor); e os rótu-los ecológicos tipo I, que pos-suem uma abrangência maior de todo o processo produtivo por serem focados no ciclo de vida do produto. “A certificação florestal se consolidou para o setor de florestas plantadas no Brasil, sendo que praticamente todos os fabricantes líderes de produtos florestais já possuem a certificação florestal de suas

Parque industrial da Fibria

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PAPEL: DA MATÉRIA-PRIMA AO PRODUTO FINALIm

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Colheita de floresta de eucalipto Colheita mecanizada Pilha de cavacos de eucalipto

Peneira de discos classificando cavacos de eucalipto pelas dimensões

Esteira transportando cavacos de eucalipto

Tanques de estocagem

Fibras de sisal para fabricar celulose especial

Polpa de celulose de Pínus sendo lavada

Massa de fibras celulósicas sendo agitada

Folhas de celulose úmidas Cilindros secadores de máquina de papel

Bobinas de papel de impressão

Folhas de celulose

Bobinas de celulose fluff para fabricar fraldas

Folhas de celulose de Pínus dobradas

Enfardadeira de folhas de celulose Acabamento de papel impresso Papel Impresso

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CAPA

florestas ou do conteúdo de madeira de origem certificada (certificação da cadeia de custódia)”, acrescenta Foelkel.

Essas empresas líderes na fabricação de pro-dutos originados dos eucaliptos (papel, celulose, carvão vegetal, madeira serrada, painéis, chapas etc.) estão certificadas conforme ISO 9001, ISO 14001, OHSA 18000, FSC e/ou Cerflor. As cer-tificações de manejo florestal e da cadeia de custódia (rastreabilidade da madeira certificada presente em um determinado produto) são do-minantes no Brasil hoje. Elas agregam qualidade e comprometimento ambiental, justiça social e educação nas empresas. A Stora Enso, por exem-plo, concluiu, em fevereiro de 2009, a certificação Cerflor. “Em janeiro de 2010, fomos certificados no FSC – Cadeia de Custódia. Essa certificação garante que �0% da matéria-prima utilizada em nosso papel vêm de fontes certificadas”, conta Otávio Pontes.

OUTROS VERDESA procedência da matéria-prima e a cer-

teza de que todo o processo, desde o cultivo até a extração, foi realizado de acordo com as normas preestabelecidas também podem ser conferidos com os selos verdes. Os do tipo II são autodeclarações dos fabricantes, baseadas em alguns conceitos de produto pré-definidos pelas entidades normalizadoras: reciclável, re-ciclado, não contém CFCs etc. O fabricante usa essas declarações e seus respectivos logos, mas

pode ser auditado ou confrontado em relação a elas. Já, os selos do tipo I, são aqueles nos quais existem critérios bem definidos, com limites para cada um e amplo envolvimento das partes interessadas — fabricantes, fornecedores, clien-tes, trabalhadores, consumidores finais, bancos de financiamento, entidades ambientalistas, universidades e associações de classe — na sua elaboração. “Eles agregam credibilidade e ima-gem fortalecida ao produto, pois implicam em disputar a sua concessão, em ser o melhor frente aos critérios selecionados, diferentemente das autodeclarações”, defende Foelkel.

O DOM DA RECICLABILIDADE

Segundo a Bracelpa, a reci-clagem no Brasil confunde-se com as próprias origens da fa-bricação de papel no País, ini-ciada há mais de 100 anos. As primeiras fábricas brasileiras usa-vam papéis descartados para a produção de novos papéis. Hoje, além de ser comprovadamente importante, a atividade confere às empresas preocupação com a sustentabilidade. Na busca da inclusão social da parcela da po-pulação que sobrevive nos lixões, a Papirus (fábrica de papel) criou o Projeto Catadores e passou a comprar aparas de papel (utili-zada como matéria-prima) de cooperativas de catadores de lixo, sem qualquer intermedi-ário. “Uma relação de negócio que beneficia 2.500 famílias, pois os catadores são devidamente cadastrados, seguem regras fiscais e rigorosos controles de qualidade exigidos pela fábri-VI

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MADEIRA DE LEIA legislação que rege o setor florestal no Brasil é o Código Florestal (lei 4.771, de 1965). Atualmente, está em vigor a Medida Provisória 2.166-67 (criada em

2001), que estabeleceu a obrigatoriedade das Áreas de Reserva Legal (RL) – a área particular equivalente a 20%, no mínimo, do total da propriedade ou posse rural, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais para a

conservação da biodiversidade, o abrigo e a proteção da fauna e da flora nativas e a reabilitação dos processos ecológicos – e de Preservação Permanente (APP).

As áreas de RL representam um percentual sobre a área do imóvel que varia de acordo com a região do País: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado

e 20% nas demais regiões. Para a definição das APPs, não existe um percentual de área predeterminado, dependem das ocorrências passíveis de

preservação em cada propriedade, como presença de matas ciliares, nascentes, lagos etc. Apesar de o País contar com um total de

1,7 milhão de hectares de florestas plantadas para fins industriais, as empresas do setor conservam outros 2,8 milhões de hectares.

Quer dizer, vão além do simples cumprimento da lei.

“A Papirus é responsável

pela produção de 82 mil toneladas

líquidas de papel-cartão por ano,

reciclando 60 mil toneladas de aparas de papel”

Armando Varella, diretor comercial

da Papirus

Armando Varella, diretor comercial da Papirus

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ca. O projeto gerou um aumento de renda para todos os cooperados”, conta o diretor comercial Armando Varella. Em 2008, a participação dos cooperados no consumo de aparas da empresa representava 8%, hoje, chega a 28%. A Papirus é responsável pela produção de 82 mil toneladas líquidas de papel-cartão por ano, reciclando �0 mil toneladas de aparas de papel.

Ser reciclável é uma preciosa característica do papel, porém, sua reciclabilidade tem um li-mite, ele pode ser recuperado e reusado de 3 a � vezes. Após esse número de ciclos, perde muito de sua estrutura fibrosa, prejudicando sua qua-lidade. A reciclagem é de extrema importância para a preservação do meio ambiente e a conta é muito simples: aumenta a reciclagem, diminui a necessidade de plantar florestas para colher a fibra virgem, bem como as chances de abarrotar os lixões e aterros sanitários; otimiza-se o ciclo de vida do papel e melhora a sua ecoeficiência, reduzindo os impactos na cadeia produtiva. Do ponto de vista social, abrem-se frentes de trabalho e a formação de cooperativas de catadores de papel. No mercado, o preço do papel reciclado é menor, já que a matéria-prima fibrosa é mais barata do que a fibra virgem.

Para preservar a qualidade, fibras recicladas podem ser mescladas a uma porção de fibras

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virgens. “Ou seja, fibras virgens e fibras recicladas são parceiras e complementam-se muito bem na fabricação do papel, mesmo do papel reciclado. Isso porque um papel para ser definido como reci-clado não precisa conter 100% de fibras reusadas”, destaca Foelkel. A legislação brasileira define que é necessário no mínimo 50% de conteúdo fibroso reutilizado para que o produto seja considerado reciclado. E ainda deve conter pelo menos 25% de aparas com origem de pós-consumo — normas criadas pela Associação Brasileira de Normas Téc-nicas (ABNT/CB29), em parceria com a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) e a Bracelpa. Um selo para estampar a embalagem informando o conteúdo de aparas de pós-con-sumo já foi oficializado, para ajudar a esclarecer o consumidor de papel reciclado.

Nem todos os papéis disponíveis podem ser reciclados, cerca de 15 a 20%. São os pa-péis higiênicos, os rótulos de papel, as fraldas descartáveis e outros. Incluem-se nesse grupo, ainda, aqueles cujo ciclo de vida é prolongado, por exemplo, livros e revistas que vão para as bibliotecas, ou documentos. O problema, en-tretanto, reside em outro aspecto: a reciclagem inadequada do lixo domiciliar, que provoca a contaminação. Daí a impossibilidade de atingir os 100% da reciclagem.

As primeiras fábricas brasileiras

usavam papéis descartados para

a produção de novos papéis.

Hoje, além de ser comprovadamente

importante, a atividade confere

às empresas preocupação com a sustentabilidade.

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AGRONEGÓCIOS

O agronegócio pede socorro

Da preservação ambiental à Reforma Agrária, produtores reclamam que a legislação brasileira está defasada: discussões no Congresso prometem pôr fim a isso, mas causam polêmicas

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Não é de hoje que setores ligados ao agronegócio pedem a revisão das leis que o regem. Lados que se opõem na mesa de discussão – ruralistas, ambientalistas e sem-terra – concordam em um único ponto: é necessário atualizar os códigos e adaptá-los à realidade. Dois projetos de lei, atualmente discutidos no Congresso, devem mudar o rumo do agronegócio no Brasil. São eles: o novo Código Florestal e o Estatuto do Produ-tor Rural. Se aprovados, ambos vão legislar sobre assuntos diferentes, mas que se cruzam em um ponto-chave o impacto promovido pela agricultura ao meio ambiente.

A questão, no Congresso, tem rendido um amplo debate entre ambientalistas e produtores rurais. Os primeiros aceitam que as leis precisam ser atualizadas, todavia de-fendem que, por ser este um ano eleitoral, seria melhor que deixassem a matéria para o início da nova legislatura. Já os produ-tores não querem esperar, pois há muito vêm pedindo pela flexibilização das leis e a regularização de situações, segundo eles, comuns, porém, passíveis de punições de acordo com a atual legislação.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB) diz que “o atual Código Florestal não condiz com a realidade econômi-co-social do nosso País”. A entidade defende que cabe aos Estados a aplicação de políticas ambientais que definam a partir de suas par-ticularidades, os percentuais de Reserva Legal e as áreas de Preservação Permanente.

Para Rafael Cruz, membro da campanha Desmatamento Zero do Greenpeace, “a dis-cussão das leis neste momento visa atender apenas critérios eleitorais”. Ele acredita que discutir este assunto pode levar os parla-mentares a atender pedidos dos produtores apenas em busca de votos. O Greenpeace iniciou na internet uma campanha para que as pessoas enviem um e-mail ao relator do projeto do novo Código Florestal, o deputa-do federal Aldo Rebelo (PCdoB – SP), pedin-do que dê fim à discussão neste ano.

No entanto, Mario Mantovani, diretor da ONG SOS Mata Atlântica, acredita que é necessário atualizar a legislação, mas que este não é um bom ano. Ele elogia a escolha da Câmara ao nomear Aldo Rebelo para a relatoria do projeto. “Ele não é ruralista, nem ambientalista, mas sim um nacionalista. Isso dá a ele a distância necessária para avaliar com calma a questão”.

O deputado, porém, diverge quanto ao debate ocorrer neste ano. “Acho que o melhor ano é este. Não é possível fechar o Congresso só porque é ano eleitoral”, diz Rebelo. E ainda acrescenta que o novo códi-go deverá se ajustar à lei atual e à realidade dos produtores. Afirmando que o mesmo vai respeitar o meio-ambiente e a agricultura.

Um dos pontos mais polêmicos do pro-jeto de lei é o que cria novas delimitações para a chamada Reserva Legal. De acordo com a legislação em vigor, toda propriedade rural deve manter uma área de mata nativa preservada, em proporções diferentes, de acordo com cada bioma. “Esses espaços são

de 20%, 35% e 80% do total da área da propriedade. O maior deles é o das proprie-dades que se localizam na Amazônia”, explica Valdez Adriani Farias, procurador-substituto regional do IN-CRA em Santa Catarina. De acordo com ele, os órgãos ambientais dos Estados são os responsáveis pela fiscali-zação e delimitação das áre-as, mas atualmente o INCRA também tem feito suas ins-peções analisando também a questão ambiental.

O projeto do novo Códi-go Florestal prevê a redução das áreas de Reserva Legal para 50% na Amazônia e 20% no restante do País. Segundo os ambientalis-tas, isso seria um sinal verde para que o desmatamento aumente ainda mais.

Já, o projeto de lei do Es-tatuto do Produtor Rural em discussão no Senado, previa originalmente, em relação à proteção ambiental, que os produtores não fossem diretamente responsabili-zados pela degradação de áreas nem criminalmente pelo Poder Público. Porém, o texto indicava que esses

Por Samuel Nunes

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crorregião do País, instituí-dos pelo Governo Federal. O problema é que a legisla-ção não prevê a atualização desses índices e, por isso, muitas grandes proprieda-des acabam se livrando da desapropriação.

Além disso, pequenas e médias propriedades não podem ser desapropriadas para fins de Reforma Agrá-ria, desde que o dono não possua outro imóvel rural. Enquadram-se nessas duas categorias as que possuem menos de 15 módulos fis-cais, um conceito variável de acordo com cada região que pode fazer com que proprie-dades de 100 hectares sejam consideradas pequenas.

José Batista de Oliveira, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), diz que “há um de-bate entre os movimentos de trabalhadores quanto à questão do tamanho máxi-mo da propriedade rural”. Ele explica que a atualização dos índices de produtivida-de é uma antiga reivindica-ção. O MST defende que a agricultura seja baseada no modelo familiar, com pequenas propriedades.

Quem já tem suas pro-priedades se defende. A Cartilha do Produtor Rural, produzida pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), traz diversos conselhos so-bre como os proprietários devem proceder quanto à questão ambiental e Re-forma Agrária. Segundo a entidade, a publicação visa “cumprir o papel da insti-tuição de orientação aos

é citado”, diz Mantovani.O relatório sobre o novo Código Florestal

ainda não foi apresentado e o deputado Aldo Rebelo é bastante cuidadoso ao falar sobre o assunto. “Ainda não posso adiantar nada sobre meu relatório, pois sequer co-mecei a fazê-lo. Já tenho todo o material que preciso para isso”, afirma. Ele diz ainda que só espera pelo prazo que a comissão especial responsável pela análise do projeto dará na próxima reunião, em maio.

Se aprovado na comissão, o projeto será encaminhado ao plenário da Câmara, onde passará por novas votações e talvez seja modificado até a sanção da lei. O mesmo ocorre com o Estatuto do Produtor Rural. Enquanto esses projetos ainda tramitam pelo Congresso, os produtores tentam se adequar às legislações atuais.

Os dois projetos são relevantes pelo fato do agronegócio brasileiro ser responsável pela maior parte das exportações do País. Só no ano passado, 6 dentre os 15 produtos mais vendidos ao exterior, vinham da agri-cultura. Só a soja e seus derivados foram responsáveis por 11,3% de todo o volume de exportações do Brasil, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

ÍNDICES DEFASADOS A legislação ambiental não é a única

que está defasada em relação à realidade brasileira. Os índices de produtividade ru-ral, utilizados para fins de reforma agrária têm como base dados do primeiro Censo Agropecuário realizado no Brasil, no ano de 1976. Esses índices servem para definir como e quais propriedades cumprem a função social da terra, termo cunhado no Estatuto da Terra, de 1964 e que foi incorporado à Constituição de 1988.

De acordo com a Lei nº 8629/93, que regula como deve ocorrer a reforma agrá-ria, para cumprir a função social, o imóvel rural deve atingir todos os anos “os graus de utilização da terra (GUT) e de eficiência na exploração (GEE), segundo índices fixados pelo órgão federal competente”. Essa conta, bastante complexa, é feita por engenheiros agrônomos, levando-se em conta os índices de rendimento estabelecidos para cada mi-

espaços deveriam ser restaurados num prazo máximo de 10 anos.

O relatório apresentado no dia 28 de abril deste ano, pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também preside a Confedera-ção da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sugere emendas a essa questão. O texto apresentado transfere a responsabilidade pela manutenção dessas áreas ao Poder Público e ainda assegura indenização aos proprietários que restaurarem áreas degra-dadas. Basta apenas que se comprove que os estragos não tenham ferido a legislação vigente. A FAEB, que é filiada à CNA, con-corda com a proposta. “A preservação não poderá onerar somente o produtor rural, que deve, em verdade, ser remunerado, de modo direto ou indireto, pela preservação da biodiversidade e recursos hídricos, como já ocorre em algumas localidades.”

LEGISLAÇÃO CATARINENSE COMO PARÂMETRO

Em abril do ano passado, o novo Código Ambiental do Estado foi sancionado pelo então governador Luiz Henrique da Silveira. Na época, houve muitas discussões em torno do tema, pois o texto também previa a re-dução de áreas de Preservação Permanente em propriedades rurais. No caso catarinense, essa diminuição ocorre nas matas ciliares, ou seja, a vegetação que fica às margens dos rios. Segundo a legislação federal, essas áreas devem ter, pelo menos, 30 metros de largura a partir das margens, em ambos os lados. A lei aprovada em Santa Catarina reduzia para apenas cinco metros. Porém, o Ministério do Meio Ambiente considerou inválida e orientou fiscais do Ibama a segui-rem apenas o Código Florestal.

Ambientalistas também se revoltaram com essa lei e o Ministério Público entrou com uma ação de inconstitucionalidade, já que ela fere a legislação federal. Porém, os ruralistas consideram que a lei é um avanço com relação ao que eles acusam ser um dos entraves para o crescimento da atividade em Santa Catarina. A responsabilização do Estado pela preservação das matas é um dos pontos que aparecem no relatório da senadora. “Durante as discussões do Código Florestal, vez ou outra o código catarinense

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produtores, incluindo a defesa e preservação de seu patrimônio”.

Dentre as dicas do material, o texto mostra uma das brechas na lei atual. Por exemplo, quan-do fala de que, caso seja considerada improdu-tiva, o dono pode “dividir a grande propriedade em partes menores, de até 15 módulos fiscais, no nome de quem não possua outro imóvel”. Ele também explica como se dá todo o processo de desapropriação e mostra como advogados devem agir para evitar a perda do bem.

Para Valdez Adriani Farias, procurador-substi-tuto regional do INCRA em Santa Catarina, esse tipo de orientação é reprovável, pois inviabiliza o processo de Reforma Agrária. Na prática, o dono de um imóvel pode dividir a área em nome de pessoas próximas no papel, mas se manter no comando de tudo. Porém, ele acrescenta que “na maioria dos casos, o INCRA consegue anular essas ações”.

A FAEB se defende alegando que “a orienta-ção no tocante ao desmembramento de fazen-das com áreas superiores a 15 módulos, entre pessoas e familiares que trabalham na terra,

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tem por finalidade principal ajustar a realidade à formalidade, permitindo que quem efetivamente trabalha tenha acesso a linhas de crédito, somen-te concedidas aos portadores de título”.

ESTATUTO DO PRODUTOR RURAL DEVE MUDAR REGULAMENTAÇÃO

O relatório da Senadora Kátia Abreu (DEM-TO) sobre o Estatuto do Produtor Rural sugere que sejam feitas algumas mudanças na lei de Reforma Agrária. Segundo o texto, o GUT deixa de ser considerado para determinar se o imóvel é ou não produtivo e apenas o cálculo do GEE servirá para tal. Porém, o GUT deverá ter outra função: a de comprovar se o imóvel é ou não sustentável. Além disso, o Poder Executivo perde a autonomia quanto aos índices regionais para o cálculo do GEE. A proposta é de que esses cálculos fiquem a cargo de lei específica.

Um produtor rural que não quis se identificar para evitar represálias, expressou de maneira coerente e realista o que, ao que tudo indica, seja o pensamento da maioria dos produtores rurais: “Os agropecuaristas sempre foram vistos como vilões da história, ninguém nunca pergun-ta o lado do produtor que se dedica ao árduo trabalho no campo. As avaliações e métodos para calcular se uma terra é ou não produtiva, são feitos por burocratas que não conhecem o cotidiano da vida numa fazenda, decidem com calculadoras o que o produtor rural vive em seu trabalho, sem ouvir quem está diretamente ligado a esta atividade”.

“Definem, por exemplo, que é viável que uma determinada quantidade de gado deva viver em certo espaço de terra para que a mesma seja considerada produtiva, mas não vão lá para ver se o pasto é suficiente para aquela quantidade de gado, não levam em conta as intempéries do clima, não convivem com o gado magro e por vezes doente por falta de nutrientes que a ‘lei’ decidiu que sejam suficientes para ele, não têm amor à terra e ao que ela produz, acham que os suplementos alimentares seriam solução para o gado, por exemplo, mas não analisam que além de isso tornar a atividade inviável economicamente, as rações e suplementos, em sua cadeia produtiva, muitas vezes geram um impacto ambiental enorme, não consideram nada disso em suas análises técnicas”.

“Um outro exemplo, são os alimentos or-gânicos, produzi-los em grande escala não é

viável porque não atenderia às leis, uma vez que por ter um índice de produtividade menor, não atinge aos níveis indicados como corretos para ser consi-derada terra produtiva, então induzem, empurram o pro-dutor ao uso de fertilizantes e outros tantos produtos quí-micos, que impactam o meio ambiente, isso é se preocupar com o planeta? Com a biodi-versidade e com a divisão justa de terras?”

“Desta forma, os produto-res rurais seguem como os vi-lões e únicos responsáveis por todos os problemas ligados ao setor primário, sem que seja-mos ouvidos, somos julgados e condenados em nome de políticas assistencialistas que jogam pessoas iludidas em terras que eles desconhecem, sem informação sobre como trabalhar a terra, sem infraes-trutura e sem nenhum apoio, tirando deles os sonhos de crescer, e de nós a ferramenta para produzir dignamente e gerar divisas para o País”, com-pleta o produtor rural.

UM POUCO DE HISTÓRIA Desde os tempos coloniais,

a economia brasileira é susten-tada basicamente pela produ-ção e exportação de produtos agrícolas. Em 2009, dentre os 15 principais produtos ex-portados que compuseram a balança comercial brasileira, seis deles vinham do agrone-gócio, estando a soja e seus de-rivados na primeira colocação, conforme mostram os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Daí a impor-tância das discussões de hoje no Congresso.

Mas o processo de formação

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Deputado Federal Aldo Rebelo, PCdoB - SP

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do agronegócio no Brasil nunca foi democrático e, muito menos, sustentável. Primeiro com relação à distribuição de terras: o sistema de Capitanias Hereditárias deu a 12 donatários a possibilida-de de governar as recém-descobertas terras do Brasil com recursos privados de cada um deles. A eles cabia cobrar impostos, distribuir porções de terra e controlar o funcionamento das atividades econômicas. Isso fez com que poucas pessoas vindas de fora pudessem ter direito a grandes porções de terras. Os colonos menos abastados acabavam trabalhando como empregados. Além disso, ainda houve a escravatura, que durou até 1888. Os negros, depois de libertos, não puderam sequer registrar os quilombos onde viviam.

Do outro lado, tinha a questão ambiental. Naquele período não se pensava nisso. Em um artigo de 2003, o engenheiro florestal Sérgio Ahrens escreve que no início do século 20, “A ca-feicultura avançava pelos morros que constituem a topografia do Vale do Paraíba, substituindo toda a vegetação nativa. A criação de gado, outra forma de utilização das terras, fazia-se de modo extensivo e com mínima técnica”.

Apenas em 1934, surgiu o primeiro Código

Florestal brasileiro, por meio de decreto do presidente Getúlio Vargas, de indicação do Serviço Florestal do Brasil, órgão semelhante ao Ibama. A lei que hoje é debatida na Câmara se trata de uma revisão do primeiro código, realizada em 1965. Assim como o Estatuto da Terra, ela foi promulgada no início do governo militar. Para justificar a intervenção, os militares prometeram diversas reformas legais.

Porém, o Estatuto da Terra mostra que essas leis existiam mais no papel do que na realidade. O conceito de “função social da terra” só foi retomado na Constituição de 1988 e a primeira lei que regulamenta a Reforma Agrária só entrou em vigor quase 30 anos depois do Estatuto. Rolf Hackbart, presidente do INCRA, escreveu que “As elites e as oligarquias sempre conseguiram abortar a concretização de reformas estruturais, como a agrária”. Segundo ele, a produção agrope-cuária como um todo é fundamental para a economia brasileira e, portanto, necessária para conseguir a paz no campo e o desen-volvimento da economia com recuperação e preservação ambiental.

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VISÃO INTERNACIONAL

Guilherme Stolle Paixão e Casarões

Os refugiados da água: problemas globais, soluções locais?

Existe uma categoria de indivíduos, os refugia-dos, que muito interessa aos estudiosos de política internacional. No início, o interesse vinha do con-texto que levou ao surgimento de grandes grupos humanos que buscam refúgio em outro país. Afinal, onde há guerras, onde há ditaduras ou persegui-ção política, há também uma grande chance de surgirem refugiados em números expressivos. A recorrência do fenômeno fez com que se mudasse o foco do problema e agora a preocupação rela-ciona-se não somente com o contexto, mas com o impacto que os refugiados podem causar sobre as sociedades que os recebem. Por isso mesmo, uma das preocupações fundamentais da Organização das Nações Unidas, ainda no calor da Guerra Fria, foi criar uma agência especializada para lidar com os refugiados – o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Enquanto as mazelas do mundo se resumiam às guerras, conflitos e perseguições a liberdades individuais, os refugiados eram encarados como um fenômeno único. O contexto internacional mais complexo em que vivemos hoje, contudo, demanda o uso de certos adjetivos como forma de tornar a análise mais clara e permitir soluções mais especí-ficas. Se fogem não de guerras, mas das condições cada vez mais precárias de clima, solo, ou mesmo de catástrofes naturais, falam-se em refugiados am-bientais ou climáticos. Caso o deslocamento maciço de pessoas para outras áreas se dê em função da falta de água potável, presente ou potencial, ou de catástrofes relacionadas com questões hídricas, o nome correto é refugiados da água.

Embora o problema não seja novo, esse subgru-po dos refugiados ambientais foi criado há pouco tempo, face aos problemas hídricos que crescem exponencialmente. É fundamental pensarmos que tipo de impactos a escassez ou a má gestão dos recursos hídricos tem causado sobre as comuni-dades humanas. As previsões mais catastróficas, como aquela realizada pela ONG cristã Tearfund há alguns anos, sugerem que duas a cada três pessoas sofrerão de racionamento de água em 2025. A causa principal dessa redução na oferta de água está na

exaustão dos aquíferos – seja pela poluição, pelo mau uso dos mananciais ou pelo desmatamento.

O “déficit hídrico” que daí decorre, para utilizar um termo de Lester Brown em seu livro Eco-Econo-mia, tem causado impactos econômicos e sociais devastadores. Na África, há problemas visíveis de assoreamento nas margens do Nilo; no centro do continente, o lago Chade está secando e represen-ta, hoje, menos de 5% de sua dimensão original. Rios de grande extensão e capacidade, como o Amarelo, na China, e o Jordão, no Oriente Médio, estão diminuindo a ponto de colocarem em risco as populações que deles dependem.

Deve-se ressaltar que os problemas gerados pela falta de água não são somente locais. A produ-ção global de grãos, por exemplo, sai comprometi-da desse processo. Isso pode gerar, em um futuro próximo, racionamento de comida em algumas regiões, aumento do preço das commodities, disputa predatória pelo mercado de grãos e até mesmo a intensificação do desmatamento em países como o Brasil, por exemplo, onde a fronteira da soja esbarra nos limites da mata virgem.

O problema, porém não está somente na es-cassez, mas também na abundância: somadas ao aquecimento global, as questões hídricas assumem uma dimensão ainda mais preocupante. O aumento dos níveis dos mares pode inviabilizar a vida hu-mana em várias regiões costeiras. Ilhas do Pacífico encontram-se em processo de desaparecimento, fazendo com que populações inteiras tenham que migrar para países vizinhos. As catástrofes ambien-tais observadas nos últimos anos com uma frequ-ência espantosa, de furacões a tsunamis, atingem indiscriminadamente ricos e pobres, dos Estados Unidos à Indonésia, passando por Chile e Sri Lanka. Mais refugiados entram nessa conta e, com o perdão do trocadilho, menos países (principalmente os que habitualmente servem de refúgio) dispõem-se a pagá-la – que, mesmo sem estimativa concreta e agregada, sempre ronda a casa das dezenas de bilhões de dólares anuais.

Por fim, uma autorreflexão. Passamos, nos últi-mos meses, por repetidas tragédias causadas pelas

GUILHERME STOLLE PAIXÃO E CASARÕES é professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e pesquisador do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec).

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tais tempestades tropicais. Para gerações passadas, uma chuva forte não significava, necessa-riamente, calamidade pública. Hoje, essa relação é imediata. Do Sudeste para baixo, o verão foi recebido embaixo d’água. Cidades em alerta, enchentes, alagamentos de toda sorte, deslizamentos de terra viraram notícia diária, sem que muito pudesse ser feito a respeito. Os que acreditam que nosso país está imune aos efeitos dos maus-tratos à natureza devem pensar novamente. Em pouco tempo, ampliadas as proporções, não poderão os desabrigados pelas chuvas torrenciais se transformar em refugiados da água? Resta sa-ber se essa é a forma como que-remos ver o Brasil nas manchetes dos jornais, ou se, ao contrário, faremos algo a respeito com um certo senso de urgência.

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MERCADO DE TRABALHO

Cursos de biocombustíveis despontam no Brasil

Profissionais formados para produção de combustíveis e energias alternativas são novidade e promessa de sucesso

para o mercado de trabalhoPor Arielli Secco

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O curso e o assunto ainda são novos. Há pou-co tempo, o termo biocombustíveis veio à tona. As primeiras resoluções e normas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que em 2005 incor-porou Gás Natural e Biocombustíveis ao nome, são de 1998, mas um acompanhamento mais rigoroso só passou a ocorrer a partir de 2004, com a resolução nº 41, que estabelece a regu-lamentação e a obrigatoriedade de autorização da Agência para esse tipo de atividade. A ANP define os biocombustíveis como “derivados de biomassa renovável que podem substituir, par-cial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia”.

Frente às necessidades desse novo segmento de mercado, um profissional surge para atender à demanda e desenvolver as especificidades do setor: o tecnólogo em biocombustíveis. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi a

primeira instituição de ensino a oferecer essa possibilidade de formação com a implementação do curso de Tecnologia em Biocombustíveis, no Campus Palotina. Leda Maria Saragiotto Colpini, coordenadora do curso, explica que a carência de profissionais na área é um impedimento para o desenvolvimento do setor. “Há alguns anos não existia o profissional na área de biocombustíveis, sendo que o mercado de trabalho era totalmente ocupado por outros profissionais com um está-gio ou especialização na área, como químicos, engenheiros químicos, engenheiros mecânicos, engenheiros agrônomos e biólogos”, diz Leda. Ela acredita que o espaço no mercado de trabalho para esses profissionais será constante, já que o pequeno impacto ambiental faz com que os biocombustíveis estejam em pauta atualmente. “Além disso, essa produção no País é crescente e faz parte das estratégias do governo para médio e longo prazo”, opina.

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SOLUÇÃO AMBIENTALCombustível e energia são primordiais para

a sociedade e, ao mesmo tempo, constituem um problema quando a questão é poluição e uso dos recursos naturais. O petróleo, por exemplo, tem reservas finitas e seus derivados são extremamente poluentes. O processo de combustão da gasolina, do diesel e do álcool, combustíveis fósseis e não-renováveis, libera o monóxido de carbono (CO), gás incolor e altamente tóxico. Informações do Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet) apontam que, só na região metropolitana de São Paulo, onde se concentra um quinto dos veículos do País, cerca de 1,46 milhão de toneladas de CO são lançadas por ano na atmosfera.

Não é à toa que a solução para esses agra-vantes recebe o nome de “combustível da vida” na tradução literal da palavra. “A produção dos biocombustíveis é totalmente sustentável nos aspectos ambientais, sociais e econômicos”, diz Helton José Alves, vice-coordenador do curso da UFPR. Ele pontua que os produtos são fontes alternativas de energia renovável que ganharam espaço no cenário mundial devido à possibilidade de substituição dos combustíveis fósseis e de redução das emissões de gases poluentes e de efeito estufa. “Vale destacar que a produção dos biocombustíveis também incentiva a agricultura familiar, contribuindo para o desenvolvimento econômico regional, gerando emprego e renda”, completa.

No Brasil, segundo dados da ANP, aproxi-

madamente 45% da energia e 18% dos com-bustíveis já são renováveis. Atualmente, o eta-nol – álcool extraído da cana-de-açúcar – e o biodiesel – obtido a partir de óleos vegetais ou gordura animal – são os biocombustíveis líquidos que se destacam na produção. No caso do etanol, há uma compensação da emissão de gases poluentes, uma vez que as plantações de cana-de-açúcar minimizam os efeitos por reab-sorverem parte do dióxido de carbono liberado durante as combustões. Para o uso do biodiesel, os números são mais significativos. A Agência cita no site os estudos da National Biodiesel Board, dos Estados Unidos, que comprovam a redução de 48% na emissão de monóxido de carbono, além de 47% menos material particu-lado e 67% menos hidrocarbonetos.

Ainda de acordo com estatísticas publicadas pela ANP, quando se fala em biodiesel o Brasil é um dos maiores produtores e consumidores do mundo. Só em 2009, foram produzidos 1,6 bilhão de litros e neste ano a capacidade de armazena-gem instalada passou para 4,7 bilhões de litros. Os incentivos para inserção desse produto no mercado são gradativos. Até outubro do ano pas-sado, por exemplo, o percentual obrigatório para mistura de biodiesel no óleo diesel era de 4%; a partir de janeiro, uma regra estabelecida pelo Conselho Nacional de Política Energética tornou obrigatório que todo óleo diesel comercializado no País tenha 5% de biodiesel na composição. É com esse mercado em ascensão que pessoas especializadas na área vão se deparar.

PERFIL PROFISSIONALQuem pretende se tornar

tecnólogo em biocombustíveis deve estar sintonizado com as questões de manutenção dos recursos naturais em primeiro lugar. “O perfil desse profissio-nal foi desenhado com vistas à proposição de soluções para os problemas relativos à cadeia produtiva de biocombustíveis. A formação de um bom profis-sional está diretamente ligada à preservação, que deve ser garantida em todas as etapas dessa cadeia”, afirma Leda Col-pini. Durante o curso da UFPR, a questão ambiental é enfatizada desde as primeiras disciplinas. Os alunos aprendem noções de microbiologia, bioquímica, economia ambiental, poluição e química ambiental, agronegócio, educação e legislação ambien-tal, climatologia, gerenciamento de resíduos, etc. Na sequência, o módulo profissionalizante oferece aulas como controle de qualidade, tecnologia de produ-ção (de etanol, biodiesel, biogás, gasogênio, dendroenergia, bio-massa), culturas agroenergéticas, entre outras.

Colunas de destilação na Usina Santa Adélia, entre as cidades de Jaboticabal e Pereira Barreto (SP)

Colheita de cana-de-açúcar crua (sem queimar), realizada por colhedoras mecânicas D

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O curso também possibilita a atuação do estudante como técnico em meio ambiente quando, ao final do terceiro semestre, fornece um certificado intermediário de Qualificação Profissional de Nível Tecnológico em Meio Am-biente. “Essa formação é extremamente impor-tante, pois permite ao futuro profissional uma visão crítica das diversas atividades exercidas pelo homem sobre o meio ambiente e confere ao aluno que ingressar no próximo módulo do curso a base necessária para tratar da produção de biocombustíveis, visando à manutenção da natureza”, comenta Leda.

Tecnologia em Meio Ambiente é uma gradu-ação em nível superior, mas o caráter tecnológi-co do curso permite uma formação mais rápida e também possibilita o ingresso do aluno em mestrado e doutorado, como qualquer curso de graduação. A diferença, segundo a coorde-nadora, é que a formação profissional é mais

direcionada ao mercado de trabalho, o que diferencia o egresso de um curso de bachare-lado, por exemplo.

COMPETÊNCIAS E DESAFIOSA formatura da primeira turma do curso da

UFPR está prevista para setembro de 2012. Por isso, para o vice-coordenador Helton, ainda não foi possível perceber e quantificar o nível de inser-ção dos profissionais no mercado de trabalho.

O tecnólogo em biocombustíveis pode tra-balhar em laboratórios de controle de qualidade, usinas de açúcar e álcool, destilarias, empresas distribuidoras, indústrias siderúrgicas deman-dantes de carvão vegetal, fazendas de produ-ção, cooperativas e indústrias de biodiesel. “Ele deve ser um profissional capaz de conhecer as matérias-primas com potencial de utilização na fabricação de biocombustíveis, produzi-los com poucos impactos na economia e na sociedade, desenvolver novas tecnologias de produção, pre-venir acidentes de trabalho, conhecer e atender a legislação relacionada”, descreve Helton.

Débora Merediane Kochepka, aluna do ter-ceiro semestre do curso da UFPR, optou por tec-nologia em biocombustíveis por ter percebido a relevância do assunto e dessa produção no mercado mundial. Porém, uma das dificuldades que ela cita é justamente o fato de que o curso é uma novidade e o reconhecimento da impor-tância desse profissional por parte das empresas do setor ainda é pouco. Débora não fez nenhum estágio até o momento e acredita que a comu-

nicação entre as corporações e os alunos precisa evoluir. “O mercado é vasto, promissor, mas também desafiador. A so-ciedade tem aquela visão de que os biocombustíveis vão gerar crise alimentar no mundo e sabemos que isso é falso”, opi-na. “Gosto muito da parte am-biental, do cuidar, preservar e conservar. Mas o que realmente me empolga é a parte química que poderemos desempenhar fazendo biocombustíveis. Pro-duzir biocombustível é fácil, o difícil é fazê-lo de forma correta dentro das normas aceitas pela ANP com o controle de quali-dade específico”, continua. A estudante está desenvolven-do uma pesquisa que pretende testar a degradação de alguns poluentes e quer se especializar no ramo acadêmico e na área de análises.

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OUTRAS INSTITUIÇÕES• Tecnologia em Biocombustíveis – Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Mato Grosso (Campus Cáceres) – www.cas.ifmt.edu.br

• Técnico em Biocombustíveis (à distância) – Universi-dade Federal de Pelotas (RS) - Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG) – www.ufpel.edu.br

• Técnico Integrado em Biocombustíveis – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Campus Porto Seguro) – www.ifba.edu.br

Links relacionados:Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – www.anp.gov.brPrograma Nacional de Raciona-lização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural – www.conpet.gov.brUniversidade Federal do Paraná (Campus Palotina) – www.palotina.ufpr.br

Equipamento de inspeção de destilaria de etanolD

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EVENTO

  O 9º Fórum Empresarial, que ocorreu de 21 a 24 de abril de 2010, no hotel Transamérica da Ilha de Comandatuba, na Bahia, discutiu temas de grande relevância para o desenvolvimento do país. Promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, o Fórum cumpriu seu papel ao disseminar a importância do comprometimento com o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil ao segmento empresarial brasileiro.O evento teve como pauta o crescimento econô-mico sustentável, o esporte como fator de de-senvolvimento econômico e social no país, ética e eficiência na gestão pública e crescimento com 

sustentabilidade ambiental. O Fórum funcionou também como centro de debates para analisar a sustentabilidade econômica e o crescimento do Brasil no período de crescimento pós-crise.

O Brasil poderia investir no reposicionamento de sua imagem, com foco na economia verde, para vender seus serviços ao mundo. Foi o que sugeriu o ex-ministro da do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que também é presidente do conselho administrativo da Brasil Foods. “Quando se com-pra um produto japonês, aceita-se pagar mais pela qualidade em comparação aos produtos chineses, por exemplo. O mesmo pode acontecer com o Brasil. Qualidade é diferencial, sustenta-

bilidade também”, disse o ex-ministro aos empresários que participaram do Fórum.

 O comentário de Furlan foi uma forma de mostrar aos em-presários que o investimento em ideias e em tecnologia que reduzam ou zerem o impacto da produção ao meio ambiente, embora representem aumento de custo em um primeiro mo-mento, poderão gerar bons resultados no futuro. “O con-sumidor aceita pagar mais por um produto ambientalmente 

9º Fórum Empresarial Lide Sustentabilidade pode ser um diferencial lucrativo,

assim como a qualidade dos produtos

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Henrique Meirelles, presidente do Banco

Central, durante o 9º Fórum Empresarial

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correto? Geralmente não. Mas as empresas pre-cisam fazer o que é certo e acreditar que este é o caminho daqui pra frente. A Europa hoje já vive o consumo sustentável no dia a dia”, afirmou o executivo.

 “Quanto mais avançar a necessidade de uma economia sustentável, mais restrições teremos em todos os setores que tenham impacto am-biental. Por isso, já precisamos pensar em uma evolução tecnológica ligada ao meio ambiente”, acrescentou Furlan.

 Para dar início a esse reposicionamento de imagem, Furlan sugeriu que o Brasil seja o primeiro país a realizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas com as emissões de carbo-no neutralizadas. E mais: apostou na criação de commodities ambientais que poderiam ser comercializadas, como são atualmente os créditos de carbono na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. “Podemos pensar em coisas semelhantes para a água e o ar. É uma maneira de remunerar os países que possuem reservas florestais”, explicou.

 O ex-ministro dividiu o painel com o presi-23

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dente da Fundação SOS Mata Atlântica, Roberto Klabin, que também preside o Lide Sustentabi-lidade. Em sua exposição, Klabin afirmou que as políticas públicas são frágeis no que se refere à preservação do meio ambiente e criticou vários projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que seriam considerados ameaças ao meio ambiente, como o Complexo Intermodal Porto Sul, na região de Ilhéus, na Bahia, que prevê a construção de porto, ferrovia, rodovia e aero-porto dentro da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada, e o escoamento de minério de ferro para exportação.

 “Alguns políticos vendem a ideia de que o meio ambiente é um entrave ao desenvolvimen-to. O que impede nosso crescimento sustentá-vel é a falta de vontade política”, disse Klabin. “Costumamos atribuir a terceiros a vontade de tomar nossas riquezas, dizemos que isso é uma ameaça à nossa soberania, quando na verdade eles estão apenas falando com base na experiência que tiveram”, continuou.

 APROVAÇÃO ACELERADA

Durante o painel, o presidente da Tetra Pak no Brasil, Paulo Nigro, aproveitou a presença de alguns senadores na mesa debatedora para pedir atenção especial à lei de resíduos sólidos, aprova-da recentemente na Câmara dos Deputados, após 19 anos de espera. “Ajudem-nos a tirar o Brasil da era medieval”, pediu o empresário. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos participantes, garantiu que a lei será votada em até três meses e, que se for necessário algum ajuste, pode ser feito através de Medida Provisória posterior. “Me-lhor do que uma lei perfeita é uma que avance”, afirmou Jucá, aplaudido pela plateia.

 Segundo Nigro, as redes de reciclagem que atuam hoje no país empregam cerca de 450 mil pessoas na informalidade. Do total de 150 mil toneladas diárias de resíduos sólidos produzidos em todo o território nacional, apenas 6% são reciclados. “Trata-se de um grande projeto de inclusão social. Se conseguíssemos, por exem-plo, aumentar esse índice de reciclagem para 18%, dentro dessa nova lei de resíduos sólidos, já teríamos 1,5 milhão de pessoas trabalhando na formalidade”, disse.

SOBRE O LIDEFundado em junho de 2003, o Lide - Grupo 

de Líderes Empresariais completou em 2010 

sete anos de atuação, regis-trando crescimento de 600%. Atualmente, são 650 empresas associadas (incluindo braços regionais), que representam 44% do produto interno bruto privado nacional. O objetivo do grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de gover-nança corporativa no Brasil, promover e incentivar as rela-ções empresariais e sensibilizar o apoio privado para progra-mas comunitários. Para isso, são realizados diversos eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades pri-vadas  e  representantes  do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios. 

“Quanto mais avançar a

necessidade de uma economia

sustentável, mais restrições

teremos em todos os setores que

tenham impacto ambiental. Por

isso, já precisamos pensar em

uma evolução tecnológica ligada

ao meio ambiente”.

Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e atual

presidente do conselho administrativo da Brasil Foods

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MEIO AMBIENTE

Do planeta, explora-se o que está em ter-ra firme, na água, no ar ou a quilômetros de profundidade. Os recursos são necessários, mas as consequências e prejuízos de alterar a disposição natural do meio ambiente podem ser incalculáveis. O ocorrido com a plataforma semissubmersa Deepwater Horizon, opera-da pela petroleira britânica British Petroleum (BP) no Golfo do México, foi um exemplo dis-so. Durante extrações ao sudoeste de Venice, na Louisiana, uma explosão no dia 20 de abril causou um dos maiores desastres ambientais da América. A estrutura permaneceu em cha-mas por trinta e seis horas e, dois dias depois do incidente, afundou. Ainda não há números reais para serem divulgados e, enquanto isso, estimam-se os litros de petróleo lançados ao mar diariamente, as quantificações dos danos

ambientais, os gastos e o tempo necessário para amenizar a catástrofe.

A Deepwater tornou-se o poço de gás e pe-tróleo mais profundo do mundo em setembro do ano passado, com uma perfuração de 10,6 km em um dos pontos de exploração do México. Informações sobre a quantidade de petróleo lançada pelo vazamento são contraditórias. O primeiro cálculo, divulgado pelo governo local e pela British Petroleum (BP), correspondia a 800 mil litros por dia (equivalentes a cerca de 5 mil barris), mas especialistas declararam à Agência EFE de Notícias que a avaliação poderia chegar a quatro milhões de litros diários, de acordo com estudos de Ian MacDonald, professor de oceanografia da Universidade da Flórida. Menos de uma semana depois da explosão, a mancha de óleo já ocupava uma extensão de 1,5 mil km² no mar.

As primeiras tentativas de contenção do vazamento foram feitas com submarinos robôs

equipados com câmeras que operaram a 1,5 km de profun-didade, controlados por um na-vio na superfície. O objetivo era fechar as válvulas de extração em uma operação que poderia durar de 24 a 36 horas. De acor-do com reportagem da BBC, foi a primeira vez que esse sistema remoto foi utilizado. Sem su-cesso, o petróleo continuou a esvair dos canos e a mancha ocupou uma área de mais de 70 mil km² no dia 28 de abril. Trinta navios e vários aviões despejaram agentes químicos na tentativa de dispersar a ca-mada superficial do resíduo. No dia 29, a mancha atingiu a costa da Louisiana.

Tragédia em alto-marVazamento incontrolado de petróleo no Golfo do México ainda não permite conclusões concretas quanto aos danos ambientais

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Por Arielli Secco

Guarda Costeira americana luta para apagar o fogo da plataforma Deepwater Horizon

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Imagem feita pelo satélite MODIS da NASA, mostra o vazamento de óleo no Golfo do México, perto do Delta do Rio Mississipi

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Na primeira semana de maio, a British Petro-leum (BP) iniciou a perfuração de um poço de emergência. A empresa estimou os gastos em seis milhões de dólares por dia para a conten-ção do vazamento e afirmou que as atividades devem continuar por até três meses. Outra ten-tativa fracassada foi a de conter o petróleo com uma caixa de aço e concreto com peso de 100 toneladas e mais de 12 metros de altura, que começou a ser instalada no local no mesmo dia em que a imensa mancha chegou a uma das reservas ambientais mais antigas dos Estados Unidos, a ilha de Freemason, no arquipélago de Chandeleur. A intenção, segundo a BP, era bombear o óleo cru para um navio na superfície, o que poderia reduzir em até 85% o petróleo lançado pelo vazamento.

FOGO E CABELOEnquanto planos sem êxito eram executados

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nas profundezas, incêndios foram provocados na superfície para queimar o petróleo e evitar que as manchas atingissem as regiões de pântano, berço de várias espécies. Para os ambientalistas, o fogo amedronta os animais, que se afastam e, assim, não são intoxicados pelo óleo, apesar de que a fumaça ser extremamente tóxica e também colocar a fauna do local em risco. De acordo com a Guarda Costeira americana, em entrevista à BBC, incêndios controlados já foram testados e mostraram-se eficazes, já que o índice de petróleo queimado fica entre 45% e 95%.

Todo esforço é fundamental para que o de-sastre não seja ainda pior, mesmo que seja algo inusitado. O recolhimento de parte do óleo será feito com fios de cabelo. Isso mesmo: 370 mil salões estão participando de uma mobilização para arrecadar fios do mundo inteiro. Especialis-tas dizem que os folículos capilares têm grande área de absorção à qual os óleos aderem facil-

A estrutura da plataforma

semissubmersa Deepwater Horizon

permaneceu em chamas por

trinta e seis horas e, dois dias depois do incidente, afundou.

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mente e podem ser bons aliados na contenção das manchas. Os cabelos serão colocados dentro de meias que formarão uma barreira nas praias para reter os resíduos e evitar que cheguem à areia. A técnica é aprovada pela segunda maior empresa fabricante de materiais para conter petróleo, a Applied Fabric Technologies.

ECOSSISTEMAS EM PERIGO

Cerca de 40% dos manguezais, ilhotas e pân-tanos dos Estados Unidos estão concentrados na região atingida pela catástrofe. O Fundo Mundial da Natureza (WWF) estima que o número de espé-cies ameaçadas pode ficar entre 400 e 600, já que a desgraça coincidiu com o período de migração e reprodução das aves. Informações publicadas no site apontam que a área contaminada pelo petróleo é o local de hibernação e descanso para quase três quartos das aves aquáticas dos EUA e o momento corresponde à fase em que os filhotes se aventuram nas lagoas e pântanos situados na trajetória da mancha.

Esse é o tipo de tragédia que perdura con-sequências por anos. Ainda é possível notar reflexos de um dos episódios mais conhecido de vazamento de petróleo: o caso do petroleiro Exxon Valdez, em 1989. Duas décadas depois do derramamento de 41 milhões de litros de petróleo, estudos demonstram dificuldades na recuperação das espécies que habitam a área atingida nas proximidades do Alasca. Foram 500 milhas de costa coberta por óleo. O Greenpeace afirma que até hoje a área contém resíduos tóxicos que continuarão agravando o impacto ambiental com o passar do tempo.

No caso da Deepwater Horizon, outro agravan-te ameaça a fauna e as atividades econômicas da região: a extensão tomada pelo petróleo abrange um dos principais pontos de desova do atum-azul do Atlântico Ocidental, além de ser o foco das indústrias de frutos do mar dos EUA, responsável, segundo a WWF, por aproximadamente metade do camarão silvestre desembarcado e 40% das ostras, em fase reprodutiva nesta época.

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Navios carregam barreiras de contenção

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Menos de uma semana após a explosão, o óleo já ocupava uma extensão de 1,5 mil km² no mar

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Guarda Costeira na região de Venice, Louisiana

Cerca de 40% dos manguezais,

ilhotas e pântanos dos Estados

Unidos estão concentrados na

região atingida pela catástrofe.

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REFERÊNCIAS:www.bbcbrasil.com.brwww.g1.globo.comwww.efe.comwww.folha.uol.com.brwww.anp.gov.br

FALTA SEGURANÇANo momento da explosão, 126 funcionários

estavam na Deepwater Horizon. Destes, onze estão desaparecidos. As causas do incidente ainda são uma incógnita, mas há rumores de que uma bolha de gás metano se formou, fu-giu do controle e subiu até a plataforma. Uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Glo-bo, informou que, segundo os trabalhadores, a plataforma havia deixado de ser uma estação de pesquisa para tornar-se um poço de extra-ção recentemente. A British Petroleum (BP) já havia sido multada no ano passado depois de uma explosão que matou quinze pessoas em uma refinaria no Texas. A acusação era de que a empresa não se preocupou em melhorar as condições de segurança depois do incidente.

O desastre no Golfo do México repercutiu em forma de alerta para a necessidade de segurança nas operações de perfurações exploratórias. No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

já adotou medidas de precaução para reforçar a proteção operacional das plataformas e, em nota publicada no site, afirma que a regula-mentação brasileira para esse tipo de atividade é a mais avançada do mundo, o que significa incentivo ao uso de equipamentos de controle remoto (desde 2007); critérios de segurança e fiscalização de responsabilidade da ANP para educação, prevenção e repressão de condutas violadoras; e sistema de gestão que atende às 17 práticas de segurança operacional com elaboração de documentação prévia para iniciar operações.

Nos EUA, o governo pretende aumentar o teto das indenizações que devem ser pagas por danos ambientais. A tragédia também mobilizou outras ações relacionadas ao meio ambiente: Senadores estadunidenses apresen-taram uma proposta de lei do clima no dia 12 de maio. De acordo com informações da BBC, algumas alterações no projeto foram motivadas pelo incidente. O objetivo da nova lei é reduzir

as emissões de carbono, com metas de 80% até 2050, e tam-bém a dependência do petró-leo estrangeiro, incentivando a produção de energia nuclear e a tecnologia de carvão limpo. Depois da explosão da Dee-pwater, a proposta que pre-via o aumento da exploração de petróleo em alto-mar, foi adaptada para que a operação seja vetada quando ultrapas-sar 100 quilômetros da costa e apresentar riscos ambientais ou econômicos.

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Aviões despejam agentes químicos na tentativa de dispersar a camada superficial do resíduo

Equipes técnicas monitoram as praias de Dauphin Island

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Barreiras de proteção na Costa de Louisiana

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ECO ESTILO

Remando pela naturezaCanoístas unem esforços e constituem exemplos de

ações simples que ajudam na preservação da natureza

A história desse esporte passa pelos egípcios, astecas, ingleses e escoceses. De acordo com infor-mações da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), os primeiros registros de embarcações simples impulsionadas por pás de madeira datam do século XV a.C. Antes de serem denominados canoas e caiaques, esses pequenos barcos rece-beram o nome de “gronelandais” pelos ingleses no século XIX, quando eram utilizados para lazer e se tornaram populares em toda a Europa. Dessa época – em que eram construídos com madeira e peles de animais – mudaram muito, e os materiais evoluíram para poliéster, fibra de vidro, resina epóxi com kevlar ou fibra de carbono, plástico injetado ou rotomoldado.

A definição dada pela CBCa para canoagem abrange a prática de atividades com canoas, caia-ques e waveskis em águas calmas ou agitadas, seja em lagos, rios ou mares. É o passaporte para se aventurar em descidas conturbadas, como na modalidade rafting, ou em navegações de maior contemplação, como na modalidade oceânica. Mas, independente do local ou das características das águas, remar pode ser também uma oportu-nidade de observar os atos invasivos do homem nas paisagens naturais.

A presença constante de lixo e resíduos nas águas, por exemplo, foi um fator determinan-

te para o fortalecimento de ideais ambientais dos integrantes do Clube Carioca de Canoagem (CCC), do Rio de Janeiro (RJ), e do Grupo Kentucky de Canoagem, de Jaraguá do Sul (SC); que são amostras de como a aliança entre esporte e meio ambiente pode gerar resultados significativos.

CLUBE CARIOCA DE CANOAGEMRodrigo Magalhães, fisioterapeuta e educador

ambiental, é sócio-fundador do Clube. Para ele, o caiaque é uma alternativa para realizar pequenas excursões e conhecer lugares com segurança e liberdade. É uma diversão. “Divertir vem do latim divertere, isto é, divergir, ser diferente. A canoagem recreativa tem a ver com um estilo de vida simples, muito desejado nessa época de crise civilizatória em que vivemos”, descreve.

Canoísta há dez anos, Rodrigo conta que o CCC surgiu em 2000, ano em que comprou seu primei-ro caiaque e se aventurou em Ilha Grande com dois amigos. Após a experiência, tiveram a ideia de organizar uma representação para o esporte na cidade: “continuamos remando pela orla, conhece-mos outros canoístas e rapidamente formamos um grupo com o objetivo de implantar uma base na Praia Vermelha e viabilizar expedições costeiras”. O Clube Carioca de Canoagem (CCC) foi formalizado legalmente em 2006, com um núcleo composto por sete membros. Atualmente, são mais de noventa pessoas que participam direta ou indiretamente

Por Arielli Secco das atividades, compartilhando experiências, conhecimentos e informações presencialmente ou através do grupo de e-mails criado na internet.

A canoagem oceânica foi a modalidade escolhida por Rodri-go. Para praticá-la, é preciso ter um caiaque – com quatro metros de comprimento no mínimo e cerca de sessenta centímetros de largura – com proa alta e cortan-te. Se tiver compartimentos para armazenar e transportar alguns materiais, melhor ainda. O remo utilizado neste caso é chama-do de padelo e tem duas pás. É fundamental estar munido do colete salva-vidas e da cobertura contra respingos, que protege a abertura da cabine em caso de chuva. “Quem faz travessias longas em mar aberto também deve levar sinalizadores pirotéc-nicos, importantes se for preciso realizar algum resgate”, recomen-da o canoísta.

No Rio de Janeiro (RJ), as pai-sagens que se pode observar du-rante o percurso reservam praias

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A quantidade de lixo que chega ao mar com as chuvas é tão grande que prejudica a navegação

Chinelos recolhidos na Praia do Forte, Niterói (RJ)

Limpeza da Praia do Forte, Niterói (RJ)

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quase desertas e águas cristalinas. Rodrigo destaca a Baía da Ilha Grande e várias ilhas pequenas que ficam em torno da região. “O litoral daqui apresenta ilhas paradisíacas que todo canoísta deveria conhe-cer”, opina. Porém, as travessias também podem revelar o contrário: lixo e águas sujas, como no caso da Baía de Guanabara. “A canoagem também pode despertar uma certa revolta quando vemos a enorme quantidade de poluição no mar. Esse sentimento faz com que vejamos isso como um problema que deve ser resolvido. É importante porque nos damos conta de que o meio ambiente é o lugar em que vivemos! Logo, desejamos cuidar dele, pois cuidar do ambiente é cuidar da nossa casa”, desabafa.

O CCC não ficou de braços cruzados diante disso e decidiu pôr ordem na casa. O grupo promo-ve mutirões de limpeza e de reflorestamento das áreas que abrangem a orla do Rio e de Niterói. As ações não têm periodicidade, mas a participação dos canoístas é sempre garantida. “A maior contri-buição para a preservação ambiental tem se dado de forma subjetiva por meio da conscientização sobre a necessidade de adotarmos posturas e valores sustentáveis”, relata Rodrigo. Ele acredita que o mais importante é “fazer a cabeça” de quem frequenta esses lugares, pois o lixo sempre volta a aparecer. Além disso, o canoísta chama a atenção para outro problema percebido frequentemente durante as travessias: o óleo que vaza de médias e grandes embarcações polui a água e deixa um cheiro muito forte no ar. “Quando voltamos às áreas trabalhadas, constatamos novamente um grande

volume de detritos. Já retiramos televisores, sofás, camas, garrafas plásticas etc.”.

Entre as atividades organizadas, Rodrigo des-taca algumas parcerias que auxiliam o grupo no desenvolvimento do trabalho de preservação. Ele cita a Associação de Moradores da Urca, da 4ª Região Administrativa do Rio de Janeiro; o projeto Golfinho-Flíper, vinculado ao site de um grupo de estudiosos do Arquipélago de Cagarras, que tem o objetivo de catalogar o ecossistema do local; e o SESC, que proporcionou o envolvimento do Clube em uma campanha de conscientização ambiental realizada em 2006 pela unidade de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). “Descemos o Rio Botas vestidos com capas de chuva brancas, luvas e óculos de proteção, simulando trajes de técnicos de usinas nucleares, para chamar a aten-ção sobre o estado deplorável dos cursos d’água da Baixada”, recorda Rodrigo. Depois da remada, o canoísta e o diretor e ator Thierry Trémouroux proferiram uma palestra sobre a história da região e as consequências socioambientais provocadas pela ocupação desordenada do território.

Recentemente, o CCC esteve presente nas audiências públicas para discutir a criação do Mo-numento Natural das Ilhas Cagarras em proteção do arquipélago. O projeto de lei criado pelo depu-tado Fernando Gabeira do PV - RJ foi sancionado pelo presidente Lula e proíbe qualquer extração de recursos naturais do local. Rodrigo também cita a participação do Clube no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, que aconteceu na Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no

ano passado. Com tantas possibilidades

de atuação, a relação entre ca-noagem e natureza não deixa dúvidas de que o esporte é im-pulsor de uma interação agra-dável e possível entre o homem e o ambiente. Os caiaques e as canoas são meios de transporte não poluentes, silenciosos e per-mitem o conhecimento de áreas com difícil acesso a outros tipos de embarcações. “A canoagem pode favorecer o meio ambien-te por oferecer oportunidades de contemplação da natureza e, consequentemente, possibilitar um reencantamento do mundo, proporcionando um contexto psi-co-social propício à mudança de hábitos e comportamentos”, diz Rodrigo. Para ele, a melhor expe-riência que o esporte o permitiu foi, e continua sendo, desfrutar da companhia das pessoas, apren-dendo a respeitar e conviver har-moniosamente com a diversidade e a adversidade. O registro dessas aventuras estão em seu livro Tri-lhas do Mar: passeios de caiaque pelo litoral carioca, publicado em 2008 pela editora Plubit, do Rio de Janeiro.

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Equipe reunida para a limpeza da Praia do Forte

Capinação para poder plantar as mudas

Reflorestamento da Ilha da Cotunduba, na entrada da Baía de Guanabara

A dificuldade do transporte de mudas para a ilha

Descida do Rio botas em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense

Abraço simbólico na praia de Botafogo durante manifestação por causa da poluição da enseada

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CLUBE DE CANOAGEM KENTUCKYA história do Kentucky é mais antiga, mas

coincide nas missões e ideais do CCC. Em 1988, um grupo de amigos que se reuniam para remar em Jaraguá do Sul (SC) resolveu fundar um clube para os interessados nesse tipo de atividade. Ken-tucky foi o nome com que todos concordaram, essa denominação vem de um rio dos Estados Unidos, afluente do rio Ohio, com 417 quilôme-tros de comprimento. Desde 15 de julho daquele ano, a entidade participa de eventos estaduais, nacionais e internacionais; além de se dedicar a limpeza e fiscalização dos rios, reflorestamento das margens e implantação de programas de educação ambiental.

Os principais rios de Jaraguá do Sul (SC) são o Itapocu – que banha também os municípios de Corupá e Guaramirim, e deságua no Oceano Atlântico – e o Jaraguá. São nessas localidades que se concentram as ações do Kentucky. Glau-co Rhuan Manske, estudante de Engenharia Me-cânica, tornou-se canoísta por incentivo do pai, que também era membro do grupo. Para ele, o esporte se resume em adrenalina, liberdade e emoção. “A visão que se tem do rio quando se está remando é muito diferente do que observá-lo da margem. Conseguimos chegar a lugares aonde

poucas pessoas vão, lugares ainda preservados. A adrenalina ao descer uma corredeira ou cachoeira é inexplicável. É sempre um momento de supe-ração”, descreve.

O Clube faz limpeza de rios há quinze anos e, de acordo com Glauco, a distância percorrida durante essas travessias varia de acordo com o rio, mas quatro quilômetros, em alguns casos, chega a ser o suficiente para encher uma caçamba de lixo. No entanto, os resíduos visíveis, como garrafas PET, sacolas e pneus, não são a única ameaça às paisa-gens e à salubridade das águas e ecossistemas. “Em determinados pontos, empresas da região despe-jam produtos químicos nos rios, geralmente aos domingos, quando não há fiscalização”, relata.

Márcio José Ludvichak, personal trainer e presidente do Clube, explica que, para combater problemas como esses, a organização conta com um calendário de atividades ecológicas e com par-ceiros como a Rádio Brasil Novo e a Fundação Ja-raguaense do Meio Ambiente (FUJAMA). As ações têm surtido efeito. “A cada ano observamos uma melhora na qualidade da água e de suas margens, mas acreditamos que ainda podemos melhorar e estaremos sempre observando e fiscalizando nossos rios”, constata. O presidente destaca um percurso em que foram retirados dez sacos (de 100

litros cada) com roupas e cerca de duzentos quilos de lixo. “No clube de canoagem, percebi que estava ali a chance de mostrar às pessoas que é muito importante modificarmos os nossos hábitos. A forma que achamos para isso é mostrando o quanto é impor-tante, para a população e para o meio ambiente, vivermos em harmonia”, comenta.

A prova de que a missão e a filosofia do Kentucky prevalecem até hoje está no depoimento de Glauco. “Se as ruas, local onde as pessoas circulam todos os dias, têm lixo, quem dirá os rios! As pessoas têm que ter anseio por uma cidade verde, com ar puro e águas limpas. É o que eu desejo!”. E é o que a ECOESTILO também torce para que aconteça.

Links relacionados:www.clubecariocadecanoagem.com.brwww.canoken.blogspot.comwww.cbca.org.br

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ECO ESTILO

O trabalho é em equipe

Canoístas recolhem lixo das margens do rio Jaraguá

Crianças também participam da limpeza

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Canoístas dão exemplo à população

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O lixo é recolhido com auxílio de caiaques, botes e canoas

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CIDADES

Desde 2008, a cidade de São Paulo conta com mais um equipamento público de lazer, esporte, educação e cultura. Trata-se da Praça Victor Civita, projeto pioneiro da Prefeitura de São Paulo realiza-do em Termo de Cooperação com o Grupo Abril e em parceria com a Even Construtora e Incorpora-dora, o Banco Itaú e a Petrobras.

A Praça é resultado do primeiro trabalho de revitalização de uma área degradada. Foi instalada no terreno de cerca de 14 mil m² que abrigava o antigo Incinerador Pinheiros e se propõe como um espaço de informação, inspiração e reflexão acerca da preservação ambiental e dos grandes problemas urbanos. Através dos decks de madeira legalizada que guiam o passeio pela Praça, a comu-nidade pode descansar e participar gratuitamente de atividades físicas, culturais e educativas.

A Praça Victor Civita conta com atividades de educação ambiental, com cursos, palestras e visitas escolares; área verde com cerca de 80 árvores; horta e oficina de educação ambiental; palco para espetáculos com arquibancada para 250 pessoas; equipamentos de ginástica ao ar livre; pista de caminhada e o Centro de Informação, Integração e Preparação para o Envelhecimento (CIIPE).

Além disso, dentro das normas técnicas re-ferentes à acessibilidade, a área conta com uma exposição permanente sobre as formas, materiais e tecnologias empregadas na reabilitação ambiental do terreno, assim como abre espaço para inter-venções artísticas – um bom exemplo de como a arte pode ser pensada em espaços públicos. O objetivo é tornar a Praça Victor Civita um modelo a ser reproduzido em outras localidades, por tratar-se de um centro de convivência e qualidade de vida originado da transformação de uma área pública que se encontrava em condições precárias.

HISTÓRICO DO TERRENOO espaço, em condições degradadas, funcio-

nou como centro de processamento de resíduos domiciliares e hospitalares até 1989 e vinha sen-do ocupado por três cooperativas que faziam a separação do lixo da região. Amostras coletadas e pesquisadas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA), com apoio de outros órgãos técnicos e ambientais – como a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) – , detectaram a presença de furanos, dioxi-nas e metais pesados em quantidades acima do aceitável, solicitando intervenções que visassem

à recuperação da área, sem ofe-recer riscos aos futuros visitan-tes. O prédio do Incinerador foi totalmente descontaminado e o projeto da Levisky Arquitetos Associados, propôs a solução para o terreno com a construção dos decks de madeira e concre-to, que isolam os visitantes das áreas de solo deteriorado.

Todas as áreas permeáveis do terreno receberam 50cm de terra limpa, por recomendação dos órgãos técnicos. Foram mais de 3500m³ de terra limpa, o su-ficiente para encher quase duas piscinas olímpicas.

DESCRIÇÃO DA PRAÇAA Praça Victor Civita conta

com soluções arquitetônicas de reuso de água, economia energética e projeto paisagís-tico educativo. É aberta à comu-nidade diariamente, das 6h30 às 19h, com atividades gratuitas de lazer, educação e cultura,

Praça Victor Civita – Espaço aberto da Sustentabilidade

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ligadas à sustentabilidade. Conheça os principais pontos da Praça:

• Deck de madeira: construído a 1 metro do solo original do terreno, com madeiras legalizadas de três espécies brasileiras (ipê, garapa e sucu-pira), o deck isola os visitantes das áreas de solo degradado, além de ser um excelente percurso para caminhadas.• Deck de concreto: feito em placas cimentícias pré-moldadas, o deck de concreto possui as mesmas funções do deck de madeira.• Palco e arquibancada: sobre o deck de madeira, foi construído um palco com arquibancada para 250 lugares. Um projeto de placas acústicas e uma cabine de som propiciam a ocorrência de espetá-culos de música, dança, teatro, palestras e outras atividades educativas. • Praça de paralelepípedos: os paralelepípedos ori-ginais do terreno foram reaproveitados. As calçadas foram reconstruídas e, sobre elas, colocaram bancos de concreto. É um espaço de lazer e descanso para os visitantes da Praça.• Centro de Informação, Integração e Preparação para o Envelhecimento (CIIPE): uma associação de 200 idosos da região de Pinheiros ganhou uma nova sede. Uma casa de 290m² integrada ao restante da Praça, para a realização de atividades de artesanato, dança de salão, aulas de francês, pintura, bordado, além de práticas de ginástica e Tai Chi Chuan. • Oficina de Educação Ambiental: um espaço para receber 40 crianças que participam de uma trilha ecológica pela Praça e de oficinas de reciclagem junto dos educadores do Instituto Verdescola. A oficina conta com uma estrutura de móveis fabrica-dos com materiais reciclados, traz conhecimentos sobre a “rota do lixo” e ainda possui uma revisteca com títulos para crianças. Também possui uma laje-jardim, que propicia conforto acústico e térmico à construção.• Horta: é construída sobre um sistema de reuso de água da chuva, em formato circular, serve ao programa de educação ambiental. Crianças de escolas públicas, privadas e projetos sociais vão poder aprender mais sobre a chamada “perma-cultura”, além de cultivarem a horta.• Paisagismo: o projeto paisagístico da Praça, do arquiteto Benedito Abbud, possui mais de 2000m² de canteiros suspensos sobre um sistema que pro-move o reuso das águas pluviais para a irrigação das espécies. Todos os canteiros possuem temáticas educativas, que podem ser abordadas durante as atividades de educação ambiental. Na Praça,

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é possível conhecer espécies vegetais ligadas à produção do etanol, do biodiesel, plantas fitote-rápicas, entre outras. Tudo devidamente explicado aos visitantes em painéis posicionados ao longo do percurso pelo deck. • Bosque: as cerca de 80 árvores existentes no terreno foram mantidas. As espécies como fícus, eucaliptos e seringueiras chegam a alcançar 20 metros de altura. • Energia: sistema de economia energética com máximo aproveitamento da luz natural nos pré-dios da Oficina de Educação Ambiental, Centro da Terceira Idade e Museu da Sustentabilidade. Há também a iluminação em LEDs em toda a parte externa da Praça. São lâmpadas sem filamentos, que não queimam e, portanto, oferecem economia em longo prazo.• Museu da Sustentabilidade: o prédio do antigo Incinerador foi totalmente recuperado e trans-formado em Museu da Sustentabilidade. No piso térreo da construção, foi instalada uma exposição permanente sobre o histórico do terreno que abriga a Praça e todo o seu processo de recuperação. Neste mesmo andar, ainda é possível abrigar exposições temporárias que tratem do tema da sustentabilida-de. No primeiro andar do prédio, fica a cenografia: trata-se de um auditório para 60 pessoas. Com espaço para a realização de palestras, bate-papos e pequenos cursos.• Intervenções artísticas: sob a curadoria do Museu de Arte de São Paulo, obras de arte são expostas gratuitamente em espaços ao ar livre da Praça Victor Civita. Desde a inauguração, já passaram pela Praça as intervenções “Iluminaluz”, da artista plástica

Regina Silveira e “The Thinker”, uma escultura do artista Saint Clair Cemin.

Para mais informações sobre o projeto, acesse: www.pracavictorcivita.com.br .

LocalizaçãoPraça Victor Civita: Rua Sumidouro, 580 - Pinheiros - São Paulo (SP)

PROGRAMAÇÃO• Concertos didáticos de música popular e erudita• Atividades esportivas coor-denadas por professores da Academia Bio Ritmo, realizadas com equipamentos de ginástica instalados ao ar livre na Praça• Atividades esportivas para todos os gostos, ministradas aos fins de semana por uma academia convidada• Atividades artísticas e esporti-vas oferecidas em parceria com o SESC Pinheiros• Vivências de Biomúsica: atividade musicoterápica, que mistura percussão, dança, improviso e interação• Oficinas culturais• Atividades de educação ambiental• Contação de histórias• Percurso de 700 metros linea-res para caminhadas• Espetáculos de dança e teatro• Horta• Centro para a Terceira Idade• Museu da Sustentabilidade• Palestras• Artes plásticas*Todas as atividades são gratui-tas e abertas à comunidade** A Praça possui estaciona-mento para deficientes físicos

A horta construída sobre um sistema de reuso de água da

chuva, em formato circular, serve ao programa de

educação ambiental

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VISÃO ADMINISTRATIVA

Welinton dos Santos

Como lidar com as catástrofes ambientais

Com os efeitos climáticos, são necessárias dis-cussões sobre assuntos como atendimentos de emergências, socorros, manipulação de recursos humanos e materiais, auxílio aos desabrigados, distribuição de donativos, centros de agrupa-mentos, controle de epidemias, gestão de obras, controle de vias, normas de segurança pública, dentre outros graves problemas ambientais que atingem as populações.

A coordenação de atividades é importantís-sima em situações como essas para salvar para salvar vidas e evitar maiores dores na comuni-dade em que ocorreram os fatos.

Organizar o pessoal disponível para aperfei-çoar esforços e recursos; analisar os prognósticos meteorológicos das próximas horas e os estados das vias de acesso ao socorro; determinar as responsabilidades de cada grupo; comunicar outras autoridades oficiais, inclusive Defesa Civil estadual e federal, ONGs de apoio, Forças Armadas, comunidades civis organizadas e equi-

pes de especialistas do Corpo de Bombeiros; evacuar áreas de risco; criar mecanismos de transporte de pessoas e instrumentos a serem utilizados; verificar a disponibilidade de helicópteros mais próximos para assis-tência nas áreas de maior risco; organizar logisticamente o transporte de suprimentos humanitários; integrar ações civis e militares

em uma força conjunta de resgate; simu-lar situações de evacuação com

intuito de diminuir efeitos durante um desastre natu-ral; informar a sociedade e os meios de comunicação de tal forma que não atra-palhe o andamento das atividades de socorro; determinar para onde para onde devem ser transferidos os feridos e mortos; assistir as fa-

mílias junto a cartórios, polícia e hospitais. Dentre tantas providências, não é possível

agir com competência sem discussões preven-tivas sobre situações emergenciais, portanto compete a cada prefeitura ter uma equipe pre-parada para situações de risco para minimizar seus efeitos ou então estabelecer parcerias através de consórcios de cidades.

Podem ser considerados desastres naturais situações como seca, tremores de terra, terre-motos, trombas d´água, tornados, maremotos, enchentes, ciclones, deslizamentos de terra, in-cêndios florestais e outros.

Em casos de necessidade de se montar hos-pitais de campanha, a divisão/classificação é a seguinte: cirurgia maior e menor; medicina geral; epidemiologia; atenção médica básica; assistência neurológica e a queimados, dentre outras.

A elaboração de um programa de melhora-mento de comunicação para a coordenação de gestão preventiva ou de resposta a situações emergenciais é essencial.

Prioritário em situações emergenciais são o restabelecimento da infraestrutura básica como ligações de água, energia elétrica, telefone, gás e outros; limpar as áreas contaminadas com pessoal treinado; coordenar ajuda médica aos afetados; realizar trabalho conjunto e coorde-nado com outros órgãos; adequar ou construir albergues para alojar a população afetada; rea-lizar a transição de socorro ao desenvolvimento em parceria com governo estadual e federal, dentre outros.

Como analisamos, é complexo o desenvolvi-mento de ações de socorro – para tal, é necessário o treinamento dos gestores públicos municipais para o atendimento mais adequado à popula-ção atingida. Que os políticos tomem ciência de suas responsabilidades de governar com maior responsabilidade pública. Espero que os avisos da natureza estabeleçam ações preventivas co-ordenadas pelos governos municipais.

WELINTON DOS SANTOS é economista, psicopedagogo e especialista internacional de cidades

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• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

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Ainda sem previsão de chegada ao mercado, o Panthera Leo é uma das grandes promessas da multinacional sueca HUSQVARNA. Traz um novo conceito em cortadores de grama que atende aos mais rígidos critérios ambientais, trata-se de um equipamento movido à bateria recarregável, com painel de navegação em visor LCD, sensores de obstáculos e volante ergonômico. O modelo também será fabricado com materiais reciclados e tecnologia antipoluição, com índice zero em emissão de poluentes. www.husqvarna.com.br

Com a chegada dos dias frios, a busca pelo aconchego do lar aumenta. Pensando nisso,

a loja Via Flor acaba de lançar uma linha de almofadas com o agradável toque das fibras naturais. Elas são customizadas em

Tricô e feitas com tecidos de fios reciclados em diversas cores e padrões. Criadas com

exclusividade pela proprietária Daniela Féres, as peças harmonizam com variados

sofás e poltronas. www.viaflor.com.brA linha de metais sanitários Smart System da Lorenzetti é caracterizada pelo fechamento automático alguns segundos após ser acionada. Além de proporcionarem redução de até 60% no consumo de água, têm como diferencial o design moderno e que se adapta a qualquer ambiente. www.lorenzetti.com.br

Brinde pode se tornar objeto de desejo, confeccionado em uma peça única de papelão reciclável, pode ser montado e desmontado com um só movimento. Muito fácil de carregar, o Canguru pesa cerca de 600 gramas e vem envolto em uma fita que faz as vezes de uma alça. Montado, tem 43cm de altura, o que é suficiente para ser utilizado confortavelmente. www.nominadesign.com.br

A água que escoa pelos ralos é cheia de produtos químicos nocivos à natureza e, com o intuito de minimizar os prejuízos ambientais, a SuperBAC desenvolveu uma pastilha para ralos feita a partir de um blend de microorganismos aptos a aumentar a capacidade de tratamento e a reutilização da água que sobra da limpeza doméstica. O produto será comercializado pela Bombril. www.bombril.com.br

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Coca-Cola Brasil lança garrafa PET ecológica - A PlantBottle é a primeira garrafa PET feita parcialmente de material de origem vegetal, o etanol da cana-de-açúcar, que substitui

parte do petróleo como insumo na nova embalagem. Ela reduz em até 25% as emissões de CO² e impulsiona o setor

sucroenergético do Brasil. www.cocacolabrasil.com.br

Pedro Petry ficou conhecido nacionalmente ao incorporar nós e rachaduras de madeiras descartadas por outros mercados em objetos de decoração. Graças à parceria firmada com a Orsa Florestal - empresa do Grupo Orsa, que produz madeira tropical serrada e certificada pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC). Agora, o ecodesigner poderá criar suas peças tendo como matéria-prima um portfólio de mais de 25 espécies certificadas, como Angelim Vermelho, Cedrinho, Jatobá, Pequiá, Sucupira e tantas outras que serão transformadas em puffs, mesas de centro, bancos, cadeiras, vasos e muito mais. www.orsaflorestal.com.br

Os jogos de cama da linha Fall, da

Trisoft, têm estampa inspirada no outono,

são compostos por lençol, lençol de baixo,

fronha e edredom, todos confeccionados

em tecido 100% algodão 180 fios

e ecologicamente corretos, pois não

utilizam água no processo de

fabricação. www.trisoft.com.br

A Conexão Solidária abriu o Dragão Fashion Brasil com uma coleção de

roupas produzida por empreendimentos solidários de diferentes partes do Brasil. A empresa, criada para promover

a economia solidária, tem como objetivo estreitar as relações entre

os empreendimentos solidários e os empresários de diferentes setores

da economia em favor da inclusão social, do desenvolvimento de

negócios justos e sustentáveis e da democratização econômica.

Agência de Desenvolvimento Solidário: www.ads.org.br

www.dragaofashion.com.br

Linha GE adere a consciência ecológica, a lavadora EcoPerformance tem uma função que ajusta automaticamente o volume da água de acordo com a quantidade de roupas diminuindo o consumo, a secadora possui a função Eco Secagem, que ativa um sensor de umidade, desligando automaticamente o aparelho quando a roupa estiver seca, com capacidade de 15 kg permite que um grande volume de roupas seja seco de uma só vez, poupando energia. www.gedako.com.br

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Usina HidrelétricaConheça os prós e os contras dessa obra complexa

que envolve questões de engenharia, jurídicas, de viabilidade econômica e socioambientais

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Por Melissa Sayki

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Não é novidade que esse tipo de empreen-dimento é uma fonte importante de energia no mundo atual, pois alavanca o desenvolvimento de um país, gera empregos e diminui o risco dos temidos apagões, mas como qualquer atividade econômica em meio à natureza, acaba provocan-do sérios danos ao ambiente. E quando falamos em desenvolvimento sustentável, esses impactos são motivo de polêmica e dúvidas, afinal, qual a verdadeira dimensão do prejuízo ambiental na construção de uma usina hidrelétrica? Como ele pode ser amenizado? Veja a seguir.

FORÇA E POTÊNCIA A palavra energia vem do grego “energeia”,

que significa “força em ação”. A energia hidrelé-trica é a obtenção de eletricidade por meio do aproveitamento hidráulico de um rio. O Brasil usa essa fonte de geração de energia desde o final do século 19, mas as décadas de 60 e 70 marcaram a fase de maior investimento na construção de grandes usinas. Devido a essas opções feitas no passado, essa potência natural vem atraindo cada vez mais olhares do modelo econômico brasileiro. Isso devido ao alto rendimento que esse tipo de fonte de energia pode trazer não só para a economia do País como também para quem empreende. O Brasil mesmo possui um grande número de atividades eletrointensivas, como a produção de minério, aço, alumínio e cimento, entre outras commodities.

Segundo dados da Agência Nacional de Ener-gia Elétrica (Aneel), a força das usinas hidrelétricas é responsável por aproximadamente 20% da produção de energia elétrica no mundo. Esses dados só não são maiores pelo fato de poucos países apresentarem as condições naturais para a instalação de hidrelétricas.

As nações que possuem grande potencial hidráulico são os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e China. No nosso País, um dos grandes des-taques está no rio Paraná, mais precisamente na divisa entre Brasil e Paraguai, que abriga a segunda maior produtora de energia do mundo, a usina de Itaipu Binacional. Sua capacidade instalada (potência) é de 14 mil MW (megawatts), com 20 unidades geradoras de 700 MW cada. Só perde para hidrelétrica chinesa Três Gargantas, instalada no Rio Yang-Tsé, que opera em 18,2 mil MW.

O engenheiro eletricista e consultor na área de energia elétrica, Roberto Pereira d’Araújo, ressalta que ao adotar uma regulação apropriada para esse modo de produção, é possível oferecer

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energia limpa e extremamente barata. “O que é geralmente esquecido nas discussões sobre o tema é que, dentre as energias renováveis, as hidrelétricas têm uma vida útil muito mais longa do que as outras formas. Isso quer dizer que elas ‘se pagam’ várias vezes. O Brasil já tem exemplos de usinas que funcionam por mais de 80 anos. Os Estados Unidos têm usinas de mais de um século de existência produzindo energia continuamente”, diz.

E COMO OCORREM OS APAGÕES? Quando há um período grande de seca, os

rios perdem volume e o nível do reservatório das usinas cai, diminuindo a força da queda d’água. Consequentemente, algumas turbinas têm que ser desligadas, o que causa um déficit na produção de energia. Acontece que boa parte das usinas brasileiras funciona em regime de fio d’água. Isso significa que elas não possuem um reservatório que permita grande capacidade de armazenamento. O Brasil é capaz de guar-dar água equivalente ao consumo de 6 meses.

Funcionamento de uma usina hidrelétricaAs águas de um rio são captadas em um reservatório. Então, elas são conduzidas por tubulações até a casa de força ou usina geradora, onde estão instaladas as turbinas e os geradores. A pressão das águas sobre as pás do rotor da turbina pro-duz um movimento giratório, transformando a energia hidráulica em um trabalho mecânico que, por sua vez, aciona o gerador. Este equipamento é composto por um eletroímã e por um enorme fio de cobre bobinado. O campo magnético entre os dois gera a corrente elétrica que, na sequência, é enviada ao transformador para aumentar sua tensão em milhares de volts. Dessa forma, a eletricidade pode ser mais bem transportada para longas distâncias.

Dessa forma, com o sistema altamente interligado, as usi-nas que não têm reservatório geram “no máximo” em época das cheias, enquanto as usinas que possuem capacidade de armazenamento guardam a água para o futuro.

O problema é que a falta de investimento em novas fontes de energia e linhas de transmis-são em 2001 foram os fatores que mais contribuíram para a crise do apagão. Sem planeja-mento, houve o uso abusivo da reserva. A partir daí, o governo enxergou a real necessidade de reestruturar a matriz energética brasileira, com o propósito de organizar melhor e planejar a exploração da força d’água para a produção de energia elétrica.

Nesse viés, as termoelétri-

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cas, que sempre foram necessárias na comple-mentação de energia de base, no entorno de 12 a 15%, ganharam mais força na tentativa do governo suprir as demandas do País, já que não havia como expandir a produção hidráulica na época. O que o consumidor não esperava, de fato, era o aumento do preço da energia e a re-dução da força para o mercado consumidor com a prática do racionamento.

DESAFIO ENERGÉTICO BRASILEIRODevido à falta de projetos e ao complicado

processo de licenciamento ambiental das obras, o governo tem tido dificuldade em licitar hidre-létricas. Por essa razão, termoelétricas a óleo, car-vão ou gás têm gerado mais energia no País. De acordo com o último relatório de fiscalização da Aneel, cerca de 180 usinas estão sem previsão de construção, por causa de problemas ambientais, jurídicos e econômicos. Juntas, elas somam 10 mil MW de capacidade instalada, o que equivalente a 25% da potência dos novos projetos de geração elétrica no Brasil. No total, elas custariam cerca de R$ 26 bilhões, com a vantagem de não estarem concentradas em um local nem dependerem só de uma fonte de energia.

O empenho do governo para viabilizar enge-nhosas construções de usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), também põe à prova o modelo energético brasileiro. Afinal, essas obras são realmente a melhor opção? No território nacional, a abundância de recursos hí-

dricos (aproximadamente 12 mil rios) é a grande mola propulsora para a preferência pelas hidre-létricas. Segundo ambientalistas, não é à toa que a megausina vai sair do papel. De acordo com os dados do Ministério de Minas e Energia (MME), apenas 28% do potencial energético dessa fonte é explorado pelo Brasil. As três grandes bacias hidrográficas do País (Amazonas, São Francisco e Paraná) cobrem cerca de 72% do território nacional e concentram 80% do volume de água. Calcula-se que até 2030 o País terá esgotado a capacidade dos principais rios, forçando o go-verno a fazer anualmente novos investimentos em fontes de energia mais caras.

Na visão de Roberto Brandão, analista do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a opção nacional por investimentos pesados em eletricidade de fonte hídrica é acertada. “O consumo de eletricidade deve aumentar mais de 60% nos próximos anos. Há, portanto, grande necessidade de contratação de novas geradoras. Belo Monte, por exemplo, era o único projeto de hidrelétrica em condições de ser leiloado e, por seu porte, representa uma reversão na tendência à contratação de usinas termoelétricas”, afirma.

A avaliação diverge dos argumentos apre-sentados por Francisco Hernandez, engenheiro eletricista da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do painel de especialistas que apontou falhas no projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Ele sugere métodos alternativos para que o País possa avançar economicamente

ENERGIA

sem abrir mão de nossos recur-sos naturais. “O governo deve aplicar a co-geração de energia elétrica com o aproveitamento real do bagaço de cana, abun-dante em várias localidades do Brasil e que coincide com o período mais baixo de acu-mulação das águas. Também é necessário redefinir parâmetros de gerenciamento dos reserva-tórios brasileiros. Há estudos aprofundados e seriíssimos que revelam a possibilidade de oti-mização do que já existe. Outra saída é a manutenção preventi-va e ampliação da capacidade do sistema de transmissão de energia elétrica. E, por fim, apro-veitar o real potencial das fon-tes alternativas, além de fazer racionamentos programados na indústria eletrointensiva no período sazonal desfavorável, e os preventivos através de cam-panhas quando os reservatórios estão no período de menor acu-mulação”, enfatiza.

USINAS X MEIO AMBIENTEDiferente do que se pensa,

todas as formas de produção de energia afetam de algum modo a natureza, pois elas advêm da VI

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Proporção de energia inserida na matriz

energética brasileiraHidrelétrica: 73,63%

838 usinas – Potência: 78.793.231 KW Gás: 11,27%

125 usinas – Potência: 12.055.295 KW Biomassa: 5,82%

356 usinas – Potência: 6.227.660 KW Petróleo: 5,36%

829 usinas – Potência: 5.735.637 KW Nuclear: 1,88%

2 usinas – Potência: 2.007.000 KW Carvão mineral: 1,43%

9 usinas – Potência: 1.530.304 KW Eólica: 0,62%

37 usinas – Potência: 659.284 KW Solar: menos de 0,01%

1 usina – Potência: 20 KW)

Fonte: Ministério de Minas e Energia e PAC-2

Prós e contras na construção de uma usina hidrelétrica

PRÓS• Baixo custo do MW (megawatt), ou seja, tem um valor operacional mais baixo do que as outras fontes de energia.• Forma de energia limpa, pois não polui o meio ambiente.• Criação de milhares de empregos diretos e indiretos.• Desenvolvimento econômico para o país.

CONTRAS• Impactos ambientais, como a mudança do clima, espécies de peixes desapare-cem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira podre debaixo da inundação, entre outros.• Desapropriação de terras pela inundação.• Interferência social com a relocação de moradores da região, ou seja, milhares de pessoas deixam suas casas e têm de recomeçar sua vida do zero em um outro lugar.• Perdas de heranças históricas e culturais. Fonte: www.itaipu.gov.br

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transformação dos recursos naturais. “A energia solar, apesar de não poluir na fase de operação, utiliza células fotovoltaicas cuja fabricação en-volve a produção de perigosos materiais, tais como o arsênico, cádmio ou silício inerte. A queima de biomassa, apesar da absorção do CO2 emitido pelo replantio, polui a atmosfera com particulados. A biomassa também estaria associada à necessidade de extensas áreas vol-tadas para o cultivo de energéticos, podendo deslocar o plantio de outras culturas voltadas ao consumo humano. Já a energia eólica causa problemas de ocupação extensiva de terras, ruído e pode ser uma ameaça à vida de aves silvestres”, explica d’Araújo.

Apesar de ser considerada uma fonte “lim-pa”, por não emitir poluentes, e ser economi-camente rentável, a construção de uma usina hidrelétrica também não está isenta de proble-mas (Veja box Prós e contras na construção de uma usina hidrelétrica).

BELO MONTE VALE A PENA?Encarada pelo governo Lula como assunto

prioritário no setor de energia, a usina hidrelétrica de Belo Monte está no centro de uma polêmica. Enquanto a União afirma que a obra pode bene-ficiar milhões de brasileiros, os ambientalistas e representantes de movimentos sociais argumen-tam que o impacto socioambiental poderá causar prejuízos irreversíveis ao local e apontam para uma suposta ineficiência do empreendimento. Para entender melhor esse impasse, acompanhe os capítulos dessa história recente:

DADOS DO RIO XINGUNasce no Mato Grosso, corta o Pará e deságua

no rio Amazonas. Tem 1,8 mil quilômetros de ex-tensão, segundo dados do Fórum Regional de De-senvolvimento Econômico e Sócioambiental da Transamazônica e Xingu. O nível das águas está

sumo como São Paulo.Potência: o Xingu não é

um rio de regime perene. Isso indica que a vazão da água não é constante e Belo Monte irá gerar apenas 40% de sua capacidade total. Em outras pa-lavras, a usina vai usar os seus 11,2 mil MW no período das cheias, enquanto outras podem reduzir sua geração e guardar água. Já nas temporadas de seca, a vazão da usina será de apenas 700 metros cúbicos por segundo (m³/s), e em regime de ociosidade produzirá menos que 3 mil MW.

Previsão das operações: devem iniciar em fevereiro de 2015 e ser concluídas até 2019.

Custo do empreendimen-to: o governo calculou R$ 19 bi-lhões, o que torna o empreendi-mento o segundo mais custoso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), atrás apenas do trem-bala entre São Paulo e Rio, com orçamento de R$ 34 bilhões. Porém os investido-res prevêem gastos de até 30 bilhões. A vencedora do leilão ofereceu o menor lance na re-lação megawatts-hora (MWh), resultando em R$ 78 e em um deságio de 6,02% em relação ao valor estabelecido pelo Mi-nistério de Minas e Energia: R$ 83 por MW/h. Um dos grandes benefícios concedidos no leilão foi o desconto de 75% no Im-

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mais baixo que o de costume porque a incidência de chuvas foi menor neste início de ano. Quem navega por ele, aprecia bem a paisagem que mos-tra somente o topo das árvores em determinadas épocas do ano. Durante as secas, é possível vê-las totalmente para fora da água, formando ilhas.

RAIO-X DE BELO MONTEOrigem do projeto: as prospecções come-

çaram em 1970. Na década seguinte, havia a previsão da construção de seis usinas na região, entre elas Belo Monte. Após protestos de líderes indígenas e de ambientalistas, o projeto foi mo-dificado várias vezes e reapresentado em 1994, com a previsão de redução da área represada para evitar a inundação de terras indígenas. So-mente em 2008 o Conselho Nacional de Política Energética definiu que o empreendimento seria o único a explorar o potencial energético do Rio Xingu. Em fevereiro deste ano, o Ibama conce-deu a licença prévia para Belo Monte, mesmo com três pareceres ambientais dos seus próprios técnicos desfavoráveis ao projeto. E no dia 20 de abril foi realizado um leilão para definir o grupo de empresas que se responsabilizaria pela construção da usina.

Localização: Volta Grande do rio Xingu, en-tre os estados do Pará e Mato Grosso. Ocupará também parte da área de cinco municípios pa-raenses: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu.

Indígenas da região: são 28 etnias em um total de 20 mil pessoas, segundo o Instituto So-cioambiental, instituição sem fins lucrativos que atua em questões dos direitos indígenas.

Tamanho: será a terceira maior do mundo, com capacidade instalada de 11,2 mil MW. O lago da usina terá uma área de 516 km² distri-buídos em três casas de força com capacidade para abastecer uma região de 26 milhões de habitantes com a mesma intensidade de con-

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Protesto de integrantes do GreenPeace contra a construção da usina de Belo Monte

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posto de Renda da usina nos primeiro dez anos de operação, além da ampliação para 30 anos do prazo para o financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que poderá financiar até 80% da obra.

Concessionária vencedora: Norte Energia, composta pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf ), com 49,98%, Construtora Queiroz Galvão S/A, com 10,02%, Galvão Enge-nharia S/A, com 3,75%, Mendes Junior Trading e Engenharia S/A, com 3,75%, Serveng-Civilsan S/A, com 3,75%, J Malucelli Construtora de Obras S/A, com 9,98%, Contern Construções e Comércio Ltda, com 3,75%, Cetenco Engenharia S/A, com 5%, Gaia Energia e Participações, com 10,02%.

Concessionária contrária: Belo Monte Energia com as aliadas Andrade Gutierrez Participações S/A, com 12,75%, Vale S/A, com 12,75%, Neoe-nergia S/A, com 12,75%, Companhia Brasileira de Alumínio, com 12,75%, Furnas Centrais Elétricas S/A, com 24,5%, Eletrosul Centrais Elétricas S/A, com 24,5%.

FUTUROS LEILÕES NO BRASILMais 478 empreendimentos de origem eólica,

biomassa e PCHs (pequenas centrais hidrelétri-cas), foram cadastrados para o próximo leilão de energia renovável, que será realizado brevemente no Brasil. A informação é da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE). Os ambientalistas e representantes de mo-

vimentos sociais já deram o recado: “Já estamos cansados de ouvir e não sermos ouvidos. Então, lutaremos até o fim contra projetos equivocados como é o caso de Belo Monte”, desabafa Luiz Cláudio Brito Teixeira, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte II (PA/AP).

Totalizando, os projetos têm capacidade insta-lada de 14.529 MW, superior à potência da usina de Belo Monte. A energia deve ser entregue a partir de 2011. A maior parte do volume cadas-trado para o leilão é de centrais eólicas: 399, com potência de 10.569 MW. Depois, vêm as térmicas a bagaço de cana, com 55 projetos e 3.518 MW. Há ainda propostas de duas usinas abastecidas por resíduos de madeira (57 MW) e quatro (131 MW) por capim-elefante. Dezoito PCHs se cadastraram, com oferta total de 255 MW.

Diante desse cenário, o consultor de energia renovável e sustentabilidade, Antonio Carlos Porto Araújo, também faz um alerta sobre a necessidade de o governo repensar o planeja-mento energético brasileiro. “Devemos tratar a questão energética sob a ótica do contexto do desenvolvimento econômico salutar, que planeja e executa políticas socialmente justas, ambientalmente amigáveis, com retorno ao

investimento prudentemen-te realizado. E esses desafios deverão ser vencidos com ur-gência se quisermos efetiva-mente democratizar o acesso à energia, já que 20 milhões de brasileiros ainda não a pos-suem em seus lares”, frisa.

A exemplo disso, Roberto Pereira d’Araújo cita o caso da Hydro-Quebec, estatal cana-dense, que para projetar o apro-veitamento do rio Romaine, no norte do país, desde os estudos iniciais, integrou a comunidade atingida nas discussões. “Parte da receita da usina será des-tinada a um fundo de desen-volvimento a ser gerido pela própria comunidade e, dessa maneira, os ‘atingidos’ também se sentem ‘sócios’ do empre-endimento. Se, aqui no Brasil, as usinas fossem imaginadas sob uma ótica regional, sendo projetos de vários ministérios e não só do Ministério de Minas e Energia, as resistências seriam bem menores”, conclui.

PROTESTOS CONTRA A USINANo dia 20 de abril, manifestantes do Greenpeace despejaram três tone-ladas de estrume na frente do prédio da Aneel em Brasília, local onde foi realizado o leilão. Lá, os ativistas também ficaram acorrentados às grades de entrada. “O Brasil tem atualmente uma sobra de energia de 4 mil MW e um potencial enorme de exploração de energia eólica e de biomassa, complementares à geração hidrelétrica, que evitarão a operação das termelétricas a diesel e óleo combustível, as piores opções em termos de emissões. A construção desses parques de projetos de biomassa e eólicos levaria menos tempo do que é estimado para a construção de grandes usinas como é o caso de Belo Monte”, diz Ricardo Baitelo, coordenador de campanha de energia do Greenpeace.James Cameron, o famoso diretor de Titanic e Avatar – filmes de maior bilheteria da história do cinema – também quer encabeçar uma cruzada contra a hidrelétrica de Belo Monte. Ele até escreveu uma carta ao presi-dente Lula, pedindo que interrompesse a obra. Em sua participação no Fórum Internacional de Sustentabilidade, no dia 27 de março, em Manaus (AM), o cineasta fez um sobrevoo no rio Xingu e se impressionou com a se-melhança entre o local e as paisagens mostradas em Avatar. No evento, ele não deixou de manifestar sua preocupação com a Amazônia. “Essa ques-tão é uma história real de Avatar. É uma parábola de Pandora”, compara a situação dos índios brasileiros com o filme em que os habitantes originais de Pandora são ameaçados por invasores.

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James Cameron durante visita à Manaus

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“Esta barragem está submetida aos inte-resses dos grupos de poder que mandam naquela região e dos grupos políticos que se instalaram nos ministérios. O governo tenta convencer a sociedade de que os opositores do projeto não têm argumentos contra o mesmo e, assim, eximir-se dos debates. As liminares concedidas pela Justiça Federal foram embasadas técnica e juridicamente, o que não se pode dizer o mesmo das limina-res que as derrubaram.” Luiz Cláudio Brito Teixeira, missionário do Conselho Indígena Missionário (Cimi) Regional Norte II (PA/AP)

DebateVeja, a seguir, as opiniões de especialistas que acompanham há anos esse projeto

O que a hidrelétrica representa para o Brasil? “O custo de R$ 19 bilhões represen-ta pouco mais que a metade da pro-duzida em uma usina termelétrica, por exemplo, com a vantagem de ser uma fonte de energia renovável. A maioria absoluta da população local é a favor da usina porque ela trará benefícios à região. O Brasil é um país que tem demanda crescen-te de energia por conta do cres-cimento constante da economia. Precisamos agregar nova oferta. Um país que quer ser a quinta economia do mundo e oferecer ao investidor energia tem que pensar

cinco anos para frente. E é por isso que estamos fazendo essa usina (Belo Monte), Santo Antônio, Jirau, Estreito e o Complexo do Tapajós.” Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional

“Muita gente que estudou e conheceu esse projeto estima que o seu custo real ficaria em mais de R$ 25 bilhões. O fato é que os padrinhos do projeto e todas as instâncias estatais (MME, EPE, Aneel) mentiram primeiro dizendo que custaria menos de 10 bilhões, depois, que custaria 19 bilhões. Afirmaram que era um bom pro-jeto de engenharia e que salvaria o Brasil do próximo black-out. Na verdade é o contrário: ao usar essa soma enorme na construção da

usina, deixaremos de gastar em opções mais inteligentes de transmissão, de distribuição e de economia de energia – o que afastaria o risco de déficit no futuro.” Oswaldo Sevá, professor da Universidade Estadual de Campinas, engenheiro, colaborador dos ameaçados e dos atingidos pelas barragens, estudioso de hidrelétricas há 35 anos e do projeto Belo Monte há 22

Devemos temer os impactos socioambientais?

“Belo Monte não nasceu da noite para o dia. Os estudos sobre a hidrelétrica vêm sendo desen-volvidos há mais de 30 anos, com debates e discussões envolvendo os mais diferentes segmentos da sociedade. O resultado é que o projeto original foi profun-damente alterado, no sentido de minimizar as interferências ambientais. Por exemplo, a área alagada pelo reservatório, que seria de 1.225 km², foi reduzida para 516 km².” Presidente Lula em entrevista ao Jornal Diário do Pará, 06/05/2010

“As dimensões da obra são enormes, tal como suas consequências. O ineditismo é a criação de um trecho de vazão reduzida que reduz a oferta de água em 120 km do trecho original do rio, uma região que não aparece no EIA-Rima (estudo e relatório de impacto ambiental) como região diretamente afetada, nem sua população. A interrupção da Volta Grande muda o modo de vida daquelas populações

ribeirinhas, desde a inviabilização do transporte, pois os níveis de água abaixam até cinco metros, compromete a pesca, a obtenção da proteína animal, a segurança hídrica da região. Um projeto ruim, remendado desde os anos 1980 que alaga, seca e produz pouca ener-gia e até hoje a população brasileira não sabe o preço.” Francisco Hernández, engenheiro eletricista e pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo

Leilão suspeito ou justo?

“O sistema BNDES é a principal fonte de empréstimos de longo prazo no Brasil, oferecendo prazos, taxas e condições melhores que as do mercado de capitais. Também é um instrumento de política industrial, por meio do qual o Estado direciona re-cursos em condições vantajosas para atividades consideradas estratégicas.” Roberto Brandão, analista do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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A organização da Feira Internacional de Tec-nologia para o Meio Ambiente, que aconteceu de 27 a 30 de abril em Bento Gonçalves (RS), recebeu mais de 22 mil visitantes, com uma expressiva participação de jovens de até 30 anos.

Eles circulavam atentos pelos corredores da fei-ra, participavam das atrações paralelas – congresso, seminários e palestras – e faziam a linha de frente em alguns estandes, como o da Enerbio, empresa responsável pela neutralização das emissões de carbono da Fiema Brasil 2010.

Com apenas 21 anos, formado em Administra-ção, Bruno Oliva Peroni é um dos responsáveis pela análise de projetos da Enerbio Consultoria e projeta os números da Fiema. “As emissões geradas nesta

feira devem ficar em torno de 30 toneladas de di-óxido de carbono, sendo 75% correspondentes a viagens aéreas, 17% a deslocamentos de veículos por via terrestre, 7% ao consumo de energia e 1% à geração de resíduos. A compensação se dará por meio da compra de créditos de carbono no mer-cado voluntário, que estão sendo comercializados no Rio Grande do Sul pela Usina Hidrelétrica de Barra Grande”, informa Bruno Peroni.

Se o cálculo parece simples, a conta final mais ainda. No mercado voluntário – aquele em que a empresa se certifica pela redução de emissões mesmo sem a obrigação legal – a compensação gira em torno de cinco dólares por tonelada de CO2.

O valor final das compensações de carbono da Fiema será algo em torno de US$ 150. O baixo número denota a realidade de uma sociedade

que ainda paga pouco pelos impactos ambientais que gera e que reconhece como verde prioritário a cor presente nas notas de dólar.

EDUCAÇÃO A Fiema se define como feira

de tecnologia e negócios, mas não deixa de promover a educação. As crianças de escolas do muni-cípio participam do projeto Viva a Natureza, enquanto congressos e seminários atualizam os partici-pantes sobre as últimas pesquisas e desenvolvimentos em tecnolo-gias para o meio ambiente.

Sustentabilidade é uma opção política

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Nos corredores da Fiema Brasil, muita tecnologia, muito movimento e muita juventude. Uma boa combinação

para o futuro dos negócios do chamado mercado verde

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Nos 50 mil metros quadrados de estandes, cursos, moda e artesanato com temática ambiental, a profusão de tecnologias e soluções para a reci-clagem impressionam. Vão desde a fabricação de tijolos e telhas com plásticos reciclados até mega-usinas de reciclagem, onde automóveis entram em picadores gigantes e têm todas as suas partes posteriormente separadas para reaproveitamento ou incineradas para geração de energia.

A maior parte das tecnologias apresentadas corresponde aos “erres” de “reciclagem” e “reúso”. O conceito de “reduzir” ainda não parece prioridade, embora do ponto de vista da sustentabilidade seja ainda o mais urgente.

Os efluentes líquidos domésticos e industriais ganham estações de tratamento com tamanho adequado às diferentes demandas e avançam em minúcias para garantir maior eficiência. Para um país que trata menos de 10% do esgoto dos municípios, as soluções representam grandes pers-pectivas de negócios, caso haja vontade política dos gestores.

Um dos expositores apresentou estações com-pactas para tratar esgotos, desde uma pequena residência até uma população de dez mil habitan-tes. O custo da estação para tratar os efluentes de mil pessoas fica em torno de R$ 110 mil.

O tratamento dos efluentes é uma das pro-vidências da Casa sustentável principal vede-te da Fiema. Ocupando uma área de 155 m2, a construção de dois andares reuniu diversos itens ecologicamente corretos, como iluminação e ven-tilação natural, telhado verde, divisórias internas com tijolos de encaixe que dispensam o uso de argamassa, uso de madeira de reflorestamento, isolamento térmico, entre outros. Na área externa, jardins e um lago onde termina o tratamento dos esgotos domésticos.

O encantamento dos visitantes com os con-ceitos e com o aconchego da construção denota a vontade latente de poder participar ativamente de práticas ecologicamente corretas no seu dia a dia. Pela mesma razão e por ser de uma forma ainda mais acessível, os visitantes da Fiema para-vam curiosos e entusiasmados em frente a um pequeno quiosque em meio aos corredores para conhecer o Ecopo.

O copo descartável de fibras de papel para embalagem alimentícia surge no mercado como alternativa ao uso dos copos plásticos para água. A fábrica paulista quer introduzir no País um hábito que já é praticado há mais de dez anos na Coreia, onde os copos plásticos para água são proibidos.

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Além de reciclável, o Ecopo pode custar até 30% a menos do que o convencional.

Outra pequena solução na prática do “erre” de “reduzir” foi apresentada por uma pequena empresa da Serra Gaúcha e propõe a lavagem de automóveis e outras superfícies metálicas sem o uso de água. Conferido de perto, o produto mos-trou um desempenho excelente sem deixar riscos na superfície. A “façanha” é obtida pela composição química devidamente patenteada, à base de cera de carnaúba e óleo de mamona.

ENERGIA DE SOBRA, POLÍTICA DE MENOSO II Fórum Brasileiro de Energia integrou a

programação da Fiema e polarizou debates acir-rados entre os defensores das fontes renováveis e das fontes fósseis/nucleares.

Promovido pelo Instituto Venturi para Estu-dos Ambientais, o Fórum procurou contemplar espaço para apresentação das diferentes formas de geração de energia e tem entre seus maiores trunfos a capacidade de gerar interlocução entre os diversos interessados.

Representantes de universidades, da Confe-deração Nacional da Indústria, da Eletrobrás e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deram o seu recado sobre os avanços em cada área. Entre as contabilidades já capitalizadas do primeiro Fó-rum, realizado há dois anos, a diretora do Instituto Venturi, Arlinda Cezar, cita o projeto de instalação de semáforos em Porto Alegre (RS) com tecnologia “no-break”, para o caso de falta de energia elétrica, e lâmpadas LED, significativamente mais econômicas e duráveis do que as convencionais.

“Neste II Fórum, ficou clara a necessidade de avançar em programas de eficiência energética, já que o Brasil perde cerca de 40% da energia no trajeto entre a geração e o consumo, devido a sistemas e equipamentos inadequados”, explica Arlinda Cezar.

Do ponto de vista real da sustentabilidade, o Fórum deixou claro que o País tem grande poten-cial para aproveitamento de energias renováveis eólica e solar para a geração de eletricidade.

A novidade é a recente conclusão de uma pes-quisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul sobre a viabilidade de implementa-ção de uma empresa para a fabricação de módulos fotovoltaicos para geração de energia. “O Brasil tem matéria-prima e insolação mais do que suficientes, mas não tem se comportado de uma forma muito inteligente no aproveitamento desse seu potencial”,

observa a diretora do Instituto Venturi. Segundo ela, o governo federal precisa incen-

tivar e investir no desenvolvimento de projetos nessa área ou optar pela adoção da tecnologia internacional já consagrada.

A Alemanha é pioneira na adoção do sistema de produção residencial de energia elétrica por meio de placas fotovoltaicas. O sistema consiste na instalação das placas nos telhados das casas, que irão utilizar a energia para seu próprio consumo sem custos e injetar o excedente em uma rede ligada a uma central. A central então venderá vender o conjunto de excedentes para outros consumidores.

Na Fiema, empresas italianas buscavam parcei-ras para o desenvolvimento desse tipo de projeto no Brasil. O surgimento desse sistema na Europa aconteceu após o acidente da usina nuclear de Chernobyl, na década de 80. A própria popula-ção pressionou os governos a encontrarem uma fonte alternativa à energia nuclear, que resultou

na opção pelo aproveitamento da energia solar.

Já o Brasil continua optando por mega-usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte, no Pará, e pelo uberprojeto do pré-sal. Na semana em que aconteceu a Fie-ma, um grave acidente em uma plataforma no Golfo do México fez jorrar milhões de toneladas de petróleo no mar e os Estados Unidos não tiveram tecnologia suficiente para estancar o fluxo do poço localizado a 1.500 metros de profundidade. O pré-sal está a oito mil metros de profundidade. O que mais falta acontecer para que um país tropical passe a pen-sar de forma verdadeiramente sustentável?

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Mariela Klee, consultora da Câmara de Comércio Italiana

no Rio Grande do SulA Câmara de Comércio Italiana no Rio Grande do Sul participou da Fiema para divulgar um projeto da União Europeia na área de resíduos sólidos industriais e urbanos. O objetivo, segundo a consultora Mariela Klee, é transferir tecnologia e qualificação para as empresas par-ticipantes, que serão definidas pela Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul e pelaFepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental - RS). A previsão é de que os trabalhos iniciem em julho de 2010 e tenham duração de três anos.

Ale Zanonato, artista plásticoFamoso pelas obras criadas a partir de cas-cas e sementes, o consagrado artista plástico participou da Fiema para firmar parcerias com arquitetos e decoradores para sua mais nova criação: placas de revestimento criadas a partir de podas de videiras. A técnica desenvolvida por ele foi patenteada e depois difundida entre agricultores. “As podas de parreira normalmente não têm qualquer utilidade. Agora podem contribuir para gerar renda complementar no meio rural. Temos matéria-prima em abundância e pessoal dis-posto a produzir”, afirma.

Bruno Dinamarco, gestor da B&F DiasEspecializada em sistemas de aeração para ar difuso em estações de tratamento de esgotos e efluentes industriais, a B&F Dias comemora 20 anos de atuação, em 2010, como líder na América Latina em seu segmento.Na Fiema, apresentou novidades como o difusor tubular para a difusão de ar longi-tudinal, que permite a redução de até 15% no consumo de energia, e a membrana de silicone para aplicação em estações de tratamentos de hidrocarbonetos, comuns em plantas de refinarias. “São produtos que representam o avanço da tecnologia nesta área”, explica Bruno Dinamarco.

João Raimundo Feldkirchen, diretor da Fel-PlastNão demorou para o estande da Fel-Plast na Fiema passar a ser conhecido como “casinha de Lego”. Os tijolos feitos de plástico reciclado se apresentam com vantagens de serem térmicos e acústicos, além de poderem vir em diferentes cores. O interior é perfurado para permitir a pas-sagem de canos de água. A montagem das paredes se dá por meio de sistema de encaixe, já que dispensa argamassa. Segundo João Raimundo Feldkirchen, o material pode reduzir em até 30% os custos da obra, em relação a uma parede de alvenaria.

Evandro Bavaresco da Bambuaria Art Bambu

Móveis, objetos de decoração e estrutu-ras para construção civil. A Bambuaria Art Bambu apresentou seus produtos na Fiema também com o objetivo de divulgar a versatilidade do material. “É a matéria-prima do futuro. A fibra do bambu é tão resistente quanto o aço. As serras que utilizamos para traba-lhar o bambu são as mesmas utilizadas para cortar aço “, explica o empresário Evandro Bavaresco. Para ele, a Fiema foi uma feira de contatos e de negó-cios. “Tivemos várias encomendas e consultas”, declarou.

Reginaldo Nacata, gerente de projetos agrícolas da Ihara Indústrias Químicas

A Ihara participou da Fiema como patroci-nadora de seminários ligados a agricultura realizados durante a feira e para divulgar seu projeto Planta Forte Sobre Rodas. “O projeto consiste em cinco vans que rodam pelo País prestando assessoria a pequenos e médios agricultores, com vis-tas ao aumento de sua competitividade”, explica Reginaldo Nacata.

Adejanir Vasconcelos, gestor comercial da Biolavagem AutomotivaO produto devidamente patenteado impressiona pela eficiência na limpeza de superfícies metálicas. A biolavagem se resume a borrifar o produto, que tem em sua composição cera de carnaúba e óleo de mamona, passar um pano para retirar os resíduos e uma flanela para lustrar. “A superfície não risca porque a cera envolve as par-tículas, que acabam retiradas pelo pano. O produto já está em uso no Centro-Oeste do Brasil há dois anos e aqui na Fiema buscamos parcerias para di-fundir no Sul do País”, explica Adejanir Vasconcelos, gestor comercial da Biolavagem Automotiva. O sistema economiza cerca de 300 litros de água, usados na lavagem convencional. O kit para lavar de seis a oito vezes estava sendo comercializado na feira por R$ 35,00.

Marçal Paim da Rocha, diretor da Quinea A Quinea foi à Fiema para divulgar o portal Voccie Sustentabilidade e Inovação, voltado para a divulgação de profissionais na área ambiental. O portal foi lançado em outu-bro de 2009 pela Quinea, uma empresa de consultoria criada dentro da incubadora tecnológica da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.“Já temos mais de três mil perfis postados. O portal é gratuito e aberto a todos os pro-fissionais e estudantes que queiram postar seu currículo”, conta Marçal da Rocha.

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Bruno Oliva Peroni, analista de projetos da Enerbio Consultoria“A Enerbio Consultoria fez o estudo para com-pensar a geração de carbono gerado pela Fiema. Nossa presença nesta feira é para divulgar as possibilidades que existem hoje em termos de mercado de compensação de carbono”, afirma Bruno Oliva Peroni. Além do trabalho de consul-toria, a empresa também opera como certifica-dora da redução de emissões, comercializa ativos de carbono e desenvolve projetos de redução de emissão de gases do efeito estufa por meio do mecanismo de desenvolvimento limpo, entre outras atividades.

Luiz Chemello, representante da System Tollinger Italia SRL

A produção de energia elétrica por meio do sol e dos ventos é o produto que a System Tollinger Italia SRL apresentou na Fiema. O representante Luiz Chemello aproveitou a feira para estabelecer con-tatos e difundir novos conceitos. “A aplicação dessas tecnologias inclu-sive em nível doméstico é um conceito ainda muito pouco conhecido no Brasil e já bastante difundido na comunidade europeia. É uma tecnologia mais eco-lógica do que as formas convencionais de captação de energia, com reduzidos impactos ambientais”, explica.

Stephano Shin, da Indústria de Copos de Papel Ltda.“Estamos na Fiema divulgando e procurando representantes no Sul do Brasil”, informa Stephano Shin, que apresentou o Ecopo na Fiema. Segundo ele, o copo descartável é feito de fibra de papel não branqueado próprio para embalagem alimentícia e custa de 20 a 30% menos do que os convencionais copinhos plásticos, com a vantagem de não gerar re-síduos de difícil degradação. O produto é patenteado e fabricado pela empresa paulista Indústria de Copos de Papel Ltda.

Alessandra Calvo Abolis, engenheira comercial da FlipperAtuando há 17 anos em pesquisas e aplicação de equi-pamentos voltados para a área de saneamento, a Flipper levou para a Fiema estações compactas para o tratamento de esgoto que atendem desde uma residência a uma comunidade de até dez mil habitantes. Com sede em Atibaia (SP), a Flipper estreou sua partici-pação comercial no Sul do País por meio do evento, onde estabeleceu muitos contatos. “Nossas soluções para pequenas cidades surpreenderam vários representantes de prefeituras pela eficiência e eco-nomia”, declarou Alessandra. A empresa comercializa equipamentos para o tratamento anaeróbico e aeróbico de esgotos. Combinados, apontam uma eficiência superior a 90%. O custo para o tratamento do esgoto de mil pessoas fica em torno de R$ 110 mil.

Ralf Speranzoni, representante da Adelmann Umwelt para a América Latina

A Fiema é a primeira participação em feira da alemã Adelmann Umwelt, empresa especializada na implantação de usinas de grande porte para reciclagem de lixo. Unidades Adelmann já estão em operação em vários países da Europa, Estados Unidos, Canadá e Dubai, com custos que variam de dois a 50 milhões de euros. Segundo Ralf Speranzoni, o pacote completo inclui os equipamentos, a instalação e o próprio financiamento, para facilitar o negócio. “Na Alemanha, nossas usinas estão removendo milhões de toneladas de antigos aterros sanitá-rios para reciclar matérias-primas que estavam enterradas”, exemplifica Ralf.

Marcio Chiaramonte, presidente da Fiema 2010A cada edição, percebemos que o tema ambiental ganha amplitude. De certa forma, todo mundo se tornou um pouco responsável pela causa. A Fiema se propõe a ser uma feira de negócios. Acreditamos que a partir desta edição sejam efetivados negócios em torno de R$ 15 milhões. Isso representa um incremento de 30% em relação à edição anterior. Esse crescimento reflete a consolidação da Fiema, mas também o aumento de oportunidades de negócios no setor. Em paralelo, a feira também realizou seminários e congressos, visando a promover debates técnicos, e o projeto Viva a Natureza, voltado para a promoção da educação ambiental de crianças em idade escolar.

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EcoSoftware Sistema de Administração

de ResíduosAumente o lucro diminuindo as perdas

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de relatórios customizáveis desenvolvidos por profissionais experientes e atuantes. O sistema possui ainda interface para

exportar esses dados para sua planilha eletrônica. Resíduos em excesso significam desperdício de matérias-primas

ou insumos. O SAR permite que se conheça de forma direta a quantidade de resíduos produzida em cada etapa da produção,

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VISÃO AMBIENTAL

Interação e adaptação das espécies

À medida que os nossos conhecimentos so-bre os seres vivos avançam, chegamos cada vez mais à conclusão de que todo o sistema vivo da Terra, aquilo que no passado chamávamos de “natureza”, só consegue se manter devido a uma intensa interdependência entre as diversas espécies. Como exemplo da interação das es-pécies, citamos o caso de três tipos de urubus, que eram muito comuns na Índia e em outras partes da Ásia: o urubu de bico longo, o de bico estreito e o de cabeça branca. Por meio de estudos científicos realizados há poucos anos, ficamos sabendo que essas espécies de urubus estavam em rápido processo de extinção, sem que se encontrasse sua causa.

Depois de muitas pesquisas, os cientis-tas descobriram que a morte das aves era provocada por um tipo de anti-inflamatório utilizado nas vacas, de cujos cadáveres os urubus se alimentavam. Nos bovinos e nos seres humanos o medicamento atenua a dor, mas nos urubus causa falência renal. Como consequência do rápido desaparecimento das aves, milhares de carcaças de vacas apo-dreciam ao sol, quando incubavam antraz (doença infecciosa causada por bactérias) e serviam de alimento para cães.

Além disso, com a fartura de carne que não era consumida, dada a redução na quan-tidade de urubus, houve um grande aumento na população de cães selvagens e, com isso, a ameaça de propagação da raiva. Assim, a quase extinção de três espécies de urubus aumentou a probabilidade de disseminação de epidemias perigosas ao homem.

Por ser o resultado de um processo evo-lutivo que começou há 3,8 bilhões de anos e que ainda continua, a vida conseguiu adap-tar-se a todos os nichos. Nas profundezas dos

mares, a 9 ou 10 mil metros de profundidade; debaixo de milhares de metros de gelo na Antártida; no fundo do solo, a 4 mil metros abaixo da superfície, em todos os lugares encontram-se seres vivos. A maioria dessas espécies é formada por microorganismos, espalhados por todos os ambientes. Recen-temente, cientistas descobriram novos tipos de bactérias sobrevivendo em águas com altíssimos teores de acidez, localizadas perto de fontes termais. A capacidade que bactérias e fungos têm em adaptar-se aos ambientes mais adversos é utilizada em benefício do homem e da proteção do meio ambiente. Pesquisadores desenvolveram técnicas nas quais utilizam fungos para descontaminção de áreas poluídas por gasolina, óleos lubrifi-cantes, corantes e solventes. Da mesma for-ma, águas contendo metais pesados (cromo, mercúrio, chumbo, etc.), extremamente da-nosos à saúde, podem ser recuperadas por meio da cultura de microorganismos ou por acumulação em plantas, que posteriormente são removidas do local contaminado. Outra técnica desenvolvida é a utilização de certas espécies vegetais e animais como “marca-dores”, por meio dos quais os cientistas têm condições de determinar o tipo e a quantidade de poluição que está afetando determinada área ou bioma.

A importância de preservarmos espécies ou ecossistemas não está baseada simples-mente no fato de que temos a obrigação ética de preservar a biodiversidade do planeta. Os ecossistemas nos oferecem vários serviços – alimentos, recursos genéticos, controle do clima, preservação da água e do solo, para citar apenas alguns – que não poderemos obter de nenhuma outra maneira.

Ricardo Ernesto Rose

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RICARDO ERNESTO ROSE é diretor de meio ambiente e sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha; é formado em jornalismo e filosofia e possui cursos de extensão em gestão ambiental e de especialização em energia, economia, marketing e finanças

Os estudos da ciência concluem, cada vez mais, que a relação entre as espécies vivas é muito maior do que imaginávamos no passado

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CRÉDITO DE CARBONO

Na mesma proporção em que aumentam as demandas por políticas menos agressivas ao meio ambiente por parte das empresas, do poder público e dos cidadãos, crescem tam-bém as necessidades do mercado por maior produção. Juntos, esses dois fatores levam a uma equação difícil de resolver: como fazer mais e poluir menos? Investir em novas tecno-logias é caro e demanda iniciativas próprias, mas desrespeitar o meio ambiente pode afetar a imagem de uma empresas e levá-la a perder espaço entre os concorrentes. Para auxiliar as organizações a resolverem o problema, uma das alternativas é a Redução Certificada de Emissão (RCE), popularmente conhecida como crédito de carbono.

Um relatório publicado em fevereiro pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) mos-tra que o Brasil é, hoje, o terceiro maior mer-cado de carbono do mundo, atrás apenas de China e Índia. Segundo o mesmo documento, há 438 atividades no País envolvendo RCE e mais de dois mil projetos já foram registrados e se encontram em alguma das fases do ciclo de validação. Gráficos apontam que o cresci-mento do mercado que atua com os créditos tem sido bastante alto desde novembro de 2004, quando foi registrado o primeiro projeto para obtenção de RCE.

A proposta dos créditos de carbono surgiu no Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. Os países signatários comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) nos anos seguintes, em porcentagens que levaram em conta o grau de desenvolvi-mento econômico de cada um. “Porém, para os países em desenvolvimento, seria difícil alcançar os índices do documento, visto que

muitas tecnologias ainda nem existiam ou eram muito caras na época”, lembra o eco-nomista João Randolfo Pontes, conselheiro do Conselho Regional de Economia de Santa Catarina (Corecon–SC) e professor da Universi-dade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mesmo assim, projetos que contemplaram a redução dos GEE foram beneficiados com certificados correspondentes aos créditos.

Janice Mileni Bogo, professora da Esco-la Superior de Administração e Negócios da Universidade do Estado de Santa Catarina (ESAG/Udesc), diz que “os créditos de carbono são considerados commodities e podem ser vendidos nos mercados financeiros nacionais e internacionais”. Dessa forma, investimentos para a redução dos GEE podem ser integral-mente financiados pela venda dos créditos. “O montante de compra e venda dos créditos é controlado por órgãos governamentais, que fazem os cálculos e os apresentam à Organi-zação das Nações Unidas (ONU) para provar que as emissões estão sendo reduzidas e que o protocolo está sendo cumprido”, explica João Pontes.

Para se conseguir os certificados é preciso passar por uma série de processos. Ao todo, são sete etapas desde a concepção do projeto até que eles sejam liberados e possam ser transformados em dinheiro. Daí decorre o risco da operação, pois essas etapas são bastante demoradas e exigem investimento próprio dos empresários, sendo que é difícil prever como estará o mercado no momento da venda dos créditos e de onde sairão os recursos para financiar a implantação e manutenção dos projetos. De acordo com Mateus Bonadiman, diretor de negócios da Hdom Engenharia e Projetos Ambientais, “o primeiro passo consis-te em criar um Inventário de Emissão de Car-

bono para verificar o quanto se está poluindo”.

Com isso em mãos, parte-se para a escolha da metodo-logia a ser adotada. A mais comum tem sido a sugerida pelo Protocolo de Kyoto, ba-seada no Mecanismo de De-senvolvimento Limpo (MDL). Em seguida, há o processo de aprovação, que, no Brasil, é feito pela Comissão Intermi-nisterial de Mudanças Climáti-cas, liderada pelo MCT. Depois, vem a aprovação e certificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão das Nações Unidas que trata das questões relativas ao clima, também chamado de Conse-lho Executivo de MDL. Passada essa etapa, o projeto sai do papel e vira realidade. Porém, a venda dos créditos de car-bono só pode ser feita depois da obtenção dos primeiros re-sultados. “Estes créditos são negociados diretamente com as empresas interessadas ou em bolsas de valores”, ressalta Janice Bogo.

No Brasil, as negociações são feitas pela BM&FBovespa. Nos Estados Unidos, elas pas-sam pela Chicago Climate Exchange. A União Europeia também possui seu próprio mercado de carbono, a Euro-pean Climate Exchange. Nos

Alternativa de financiamento para projetos verdes

Apesar dos riscos, os créditos de carbono têm retorno garantido

Por Samuel Nunes

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EUA, cada crédito de carbono vale hoje cerca de US$ 0,10. Já na bolsa europeia, os contratos futuros estão sendo negociados por pouco mais de 11,5 euros.

É importante lembrar que as empresas que corriqueiramente emitem baixas quantidades de gases de efeito estufa não têm direito aos créditos de carbono. Segundo o Protocolo de Kyoto, é necessário que as atividades previstas no projeto de obtenção das RCEs visem diminuir ainda mais as emissões. Assim, uma empresa que trabalha com reflorestamento precisa com-provar em seu projeto que pretende diminuir as emissões através de atividades alternativas, como a substituição de fontes de energia fós-seis por fontes renováveis, por exemplo. Nas palavras do protocolo, “as reduções devem ser adicionais às que ocorreriam na ausência da atividade certificada do projeto”.

Outro fator importante a se destacar é que a iniciativa deve ser voluntária da parte que pre-tende obter os créditos. Reduções impostas por legislação não estão aptas a receber créditos de carbono. Nesses casos, as empresas devem fazer sozinhas os investimentos para as adaptações previstas na lei, sem a ajuda dos créditos para financiar os projetos.

Devido à burocracia, muitas empresas te-mem investir na neutralização de emissões. Só que, além de financiarem projetos, os cré-ditos podem se reverter em lucro, não só pela melhora da imagem da empresa no mercado, mas também pela venda de produtos derivados dos processos de redução. Felipe Bottini, da Green Domus Desenvolvimento Sustentável, diz que “os projetos são feitos para que o lucro seja o motivador da redução de emissões, não um prêmio para as reduções que ocorrem por

o português, está disponível no site www.onu-brasil.org.br/doc_quioto.php.

PROJETOS VERDE-AMARELOS Como as fontes emissoras

são bastante variadas, diver-sos tipos de empresas podem obter créditos de carbono, com ações que vão desde a redução do lixo proveniente dos escritórios até processos mais complexos, como o re-florestamento e a substituição de energia fóssil por energia de fontes renováveis. A seguir, apresentamos dois exemplos de empresas nacionais que utilizaram as RCEs para terem um processo produtivo menos poluente. Conforme pontua Bonadiman, para entrar no mercado de carbono as em-presas só precisam querer. “O mercado livre é como diz o

acaso”. João Pontes avalia que é preciso evitar especuladores nesse mercado. Para ele, o mais importante não é o projeto em si, mas a cons-cientização que promove.

Diversos tipos de empresas podem usufruir dos créditos de carbono para melhorarem suas práticas ambientais. A lista completa de fontes emissoras de GEE pode ser encontrada no Anexo A do Protocolo de Kyoto, bem como uma série de processos elegíveis à concessão dos crédi-tos. O documento completo, traduzido para

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CRÉDITO DE CARBONO

GASES DE EFEITO ESTUFAO nome “crédito de carbono” se refere ao dióxido de carbono (CO2), gás que é um dos principais causa-dores do efeito estufa. Porém, ele não é o único, e nem mesmo o mais perigoso. Outros gases também contribuem para o aquecimento global e, por esse motivo, são abrangidos pela Redução Certificada de Emissão. “Cada um tem uma porcentagem distinta, calculada com base no seu potencial de risco em comparação ao gás carbônico”, explica o economista João Randolfo Pontes. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 que deixa de ser lançado à atmosfera. Então, uma tonelada de gás metano, que é 21 vezes mais poluente que o CO2 equivale a 21 créditos.• Dióxido de carbono (CO2) = 1• Metano (CH4) = 21• Óxido nitroso (N2O) = 310• Hidrofluorcarbonos (HFC) entre 140 e 11.700• Perfluorcarbonos (PFC) entre 6.500 e 9.200 • Hexafluoreto de enxofre (SF6) 23.900

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Tubos que levam o gás do aterro sanitário para a usina

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nome. Qualquer um pode entrar nele. Existem até casos de farmácias de manipulação queren-do neutralizar suas emissões”, diz.

Os negócios da Proactiva são voltados para o tratamento e destinação do lixo. Há projetos em vários países da América Latina. No Brasil, porém, só um desses projetos utiliza o Mecanis-mo de Desenvolvimento Limpo (MDL).Trata-se de um aterro sanitário localizado no município de Biguaçu, na Grande Florianópolis. Esse ater-ro recebe o lixo de toda a região e hoje conta com um projeto que, segundo a empresa, deve começar a gerar lucro até 2012.

Segundo Vincent Rebillard, gerente de Pro-jetos de MDL da Proactiva, o projeto de Bigua-çú consiste na captação e queima completa do metano, também conhecido como biogás, proveniente da fermentação dos compostos orgânicos existentes no aterro. O gás é captado por meio de uma rede de tubos subterrâneos, comprimido e destruído. Esse caso é curioso porque o resultado da queima do metano con-tinua sendo o dióxido de carbono. Porém, o metano é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico. Devido a essa diferença, créditos de carbono podem ser gerados a partir da queima do biogás.

Mesmo sem ainda ter obtido lucro com esse projeto, a empresa avalia que já tem resultados positivos. “Não é só a imagem da empresa que melhora no mercado; melhoram também as condições de trabalho dos nossos funcioná-rios, que não sofrem mais com a exposição ao metano”, diz Rebillard. “São projetos arriscados por causa da instabilidade do mercado, mas, se ele permitir, é uma determinação da empresa seguir nessa linha”.

O Programa Suinocultura Sustentável Sadia, conhecido internamente como Programa 3S, começou a ser implantado pela empresa ainda em 2005, muito antes da fusão com a Perdigão. Esse programa consiste na instalação de biodi-gestores nas propriedades de suinocultores em cinco estados. Ao todo, quase 1,1 mil produtores já participam do programa.

Segundo a empresa, a diminuição dos gases poluentes ocorre por meio da instalação de biodigestores nas granjas. Com eles, os dejetos dos suínos são fermentados por bactérias em tanques cobertos, evitando a emissão de me-tano. Em novembro de 2009, a empresa obteve da ONU um registro que facilita ainda mais a

adesão de novos parceiros. O case da Sadia foi tema de um documento

da ONU, intitulado Criando valores para todos: Estratégias para se fazer negócios com pobres. O trabalho colheu dezenas de exemplos em todo o mundo de empresas que utilizam prá-ticas sustentáveis para melhorar a forma de se negociar, obter lucro e ainda ajudar a erradicar a pobreza. Outras duas empresas nacionais, Na-tura e Votorantim Papel e Celulose, são citadas no documento, mas só o projeto da Sadia é voltado para a redução de emissões.

Empresas da área de bioenergia também

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Usina de captação e queima de metano em Biguaçu (SC)

podem ser beneficiadas com as RCEs. Um exemplo é a ETH Bioenergia, que produz etanol a partir da cana-de-açúcar.

A empresa iniciou suas ativi-dades recentemente, em 2007, mas já está estudando maneiras de aproveitar o bagaço da cana para gerar energia. Com isso, a ETH pretende contribuir para que a matriz energética brasi-leira seja mais limpa e baseada em fontes renováveis.

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AMBIENTAL EXPO

Ambiental Expo: foco no tratamento de resíduos

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Por Henriete Mirrione

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Evento cresce e se consolida no mercado nacional

Jean-Paul Joarlette, gerente de produto da Atlas Copco “Nesta primeira participação percebe-mos que o público do evento é bastante específico e qualificado. Nosso principal objetivo foi de divulgar a nova tecnologia para o tratametno de afluente, o soprador de parafuso, que consome 30% a menos de energia que seu produto antecessor”.

Maysa Motta Gadelha, presidente da Coopera-tiva Natural Fashion“Participamos pela primeira vez e percebemos que o evento atende a diferentes setores voltados para a sutentabilidade. Divulgamos o cultivo do

algodão orgâni-cos e o produto Gasolimp, que recolhe gotas de gasolina direto da bomba de abastecimento, para não sujar nem o carro e nem o frentista, e que depois podem ser usa-das em fornos industriais”.

Sérgio Costa, adido co-mercial do setor do meio ambiente e energia do Consulado da França li-gado a Ubifrance “Apresentamos serviços e tecnologias de 14 em-presas, além de trazer um espaço representando a Agência do Meio Ambie-te e Energia do governo francês. Metade dessas empresas já tem filial ou representação no Brasil, as

outras estão conhecendo o mercado, identificando repre-sentantes e divulgando as marcas para estreitar laços com futuros clientes. Como nosso negócio não permite que fechemos contratos imediatos, há grandes expectativas de termos feitos relacionamentos promissores”.

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O tratamento de resíduos sólidos foi o tema central da 2ª Ambiental Expo – Feira Internacional de Equipamentos e Soluções para o Meio Ambien-te, realizada entre 27 e 29 de abril, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. A edição consolidou a representatividade da feira no mer-cado brasileiro e o fomento dos negócios na área ambiental, apresentando lançamento de produtos, serviços, equipamentos e soluções voltados para o desenvolvimento sustentável e para a nova eco-nomia, abrangendo a prevenção, o tratamento e a remediação nas áreas de resíduo, saneamento, ar, solo, energia e ruído.

Organizada e promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, em parceria com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), com patrocínio da Foz do Brasil, Caixa Eco-nômica Federal, Eletronorte e Sebrae, e inspirada na Pollutec, (maior evento de meio ambiente do mundo, realizado na França há mais de 20 anos), o salão teve o apoio dos governos federal, estadual e municipal, reunindo 120 empresas atuantes na área ambiental, investidores nacionais e interna-cionais, entidades governamentais e prestadores

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de serviço e soluções.Entre os expositores, empresas como Master-

serv, Emae, Etatron, Euroair Brasil Aspiração Indus-trial, Fortlev, Foz do Brasil, Bioagri, Koch Membrane Systems, Nutrenzi, Reciclo Ambiental e Rinen Che-mical Group. A feira também contou com exposi-tores de outros países, como França, Itália, Suíça, México e Taiwan, que mostraram novas tecnologias ligadas à sustentabilidade do meio ambiente e que são bem aplicadas em seus países.

“Atingimos nossa expectativa ao recebermos 9.674 mil visitantes”, ressaltou Marly Parra, diretora do evento. “Nossos expositores ficaram bastante satisfeitos com a qualificação do público visitante e com as expectativas de negócios futuros. Creio que demos um grande passo ao entregar ao mercado um evento comprometido com a nova economia e com o futuro do planeta”.

Vale destacar que a abertura do salão foi mar-cada pela presença do presidente da Reed Exhibi-tions Alcantara Machado, Juan Pablo de Vera; do vice-presidente da Abdib, Newton Lima Azevedo; do secretário nacional de saneamento ambiental, Leodegar da Cunha Tiscoski; do secretário de es-

tado do meio ambiente de São Paulo, Francisco Graziano, que representou o governador Al-berto Goldman; Volf Steinbaum, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e Marly Parra.

Para Juan Pablo, a Ambiental Expo é a grande aposta da em-presa pelo seu tema atual. “Temos orgulho em realizar a primeira fei-ra de negócios de meio ambien-te do Brasil. É muito importante discutir com os setores público e privado a sustentabilidade. Por meio do evento, percebemos que estamos no caminho certo”, disse o executivo.

Já Francisco Graziano afir-mou que a saída para o desenvol-vimento sustentável e o grande impulso para o incremento da economia verde estão na tec-nologia e reforçou a importância do evento como polo gerador e

Arturo Cante, representante para América Latina da FPZ Effepizeta de México“Estamos na feira para conhecer, entender a aprender sobre o mercado brasileiro. Quere-mos montar uma filial no País e já estamos procurando 15 representantes para atuar em diferentes regiões do Brasil para comer-cializar nossos compressores, sopradores e bombas de ar de origem italiana, entre outros produtos”.

Massimiliano Santavicca, ge-rente comercial da GE Water & Process Technologies “Participamos do evento pela primeira vez para dar visibi-lidade para a tecnologia de membrana da empresa, uma tendência que vai acontecer fortemente no mercado bra-siliero é que já é realidade nos Estados Unidos e na Europa”.

Taís Paes De Barros, coorde-nadora de comunicação da Cab Ambiental“Buscamos visibilidade para a marca, difundindo a cultura e a tecnologia voltada para a água. Além de troca de ex-periências e novas parceiros, a feira nós dá oportunidade de conhecer melhor o nosso mercado”.

Margarete Sugiura, diretora da Biosol, porta-voz do Grupo Ecogeo (Geoklock, Biosol, Bachema, Biolatina, Algae Biotecnologia e Instituto Ekos Brasil)“Depois da primeira ediçao, percebemos o potencial do evento e o grupo decidiu participar para divulgar produ-tos e serviços dos setores de consultoria e engenharia ambiental, serviços geotécnicos e remediação ambiental, mudanças climáticas, mercado de carbono e energias renováveis. Este ano estamos presentes para experimentar e verificar os resultados. Apenas pela movimentaçao do primeiro dia, achei muito bom, é também muito interessantes ter um congresso acontecendo paralelamente à feira”.

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multiplicador de soluções ambientais. “O poder público precisa incentivar iniciativas como essa”, afirmou o secretário.

A próxima edição da feira, que continua no Anhembi, será realizada em abril de 2011.

DESTAQUESUm dos destaques desta edição foi a Casa Aqua

(Alta Qualidade Ambiental) Leroy Merlin, constru-ída e mantida sob os mais rigorosos padrões de economia de recursos naturais. Durante a feira foi apresentado o projeto de uma casa térrea, no tamanho original de 40 m², que foi projetada pelo arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb. Além disso, foram apresentadas soluções que ajudam na eliminação de poluentes gasosos, incineração de resíduos sólidos, tratamento de efluentes, reuso de água, descarte de lixo eletrônico, reciclagem de materiais sintéticos, tratamento de esgoto, entre outros.

Seis empresas brasileiras pertencentes à câmara

suíça, Geoklock, Bachema, Biosol e Biolatina (do grupo Ecogeo), além de EcoWin e Syngenta, apre-sentaram tecnologias e serviços com alta precisão no estande da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira (Swisscam Brasil). “A área de meio ambiente na Suíça é muito forte e altamente desenvolvida. Podemos contribuir bastante com o mercado brasileiro. De-vido a novas resoluções, há a necessidade de trazer equipamentos de alta tecnologia e serviços para poder atender às normas internacionais”, diz Hanna Weisskopf, responsável pelo desenvolvimento de negócios e feiras comerciais da Swisscam. Para a entidade, a feira pode ajudar a alavancar a área de meio ambiente no Brasil.

Presente em 90 países e com mais de 25 mil funcionários, a Syngenta, por exemplo, dedica-se ao propósito de trazer o potencial das plantas para a vida. A empresa apresentou o Projeto Escola no Campo, direcionado à educação ambiental das crianças e adolescentes da rede pública de en-

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sino que moram na zona rural. O projeto já atendeu mais de 460 mil crianças e jovens, que multiplicam a mensagem sobre a importância da agricultura sus-tentável. Em 2009, a Syngenta firmou uma parceria com a Fun-dação Abrinq.

A empresa também mostrou o projeto Soja + Verde do qual é uma das patrocinadoras – ini-ciativa do governo do estado do Mato Grosso, da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e da ONG The Nature Conservancy (TNC), com o objetivo de promo-ver a legalização das proprieda-des rurais no que diz respeito ao Código Florestal Brasileiro. Com esse projeto, o estado do

João do Nascimento, técnico gestor em meio ambiente do Instituto PNBE de Desenvolvimento Social“Estamos divulgando o Projeto Bióleo pela se-gunda vez neste evento, que funciona como uma excelente ferramenta de divulgação e também nos proporciona entrar em contato com novos parceiros e empresas interessadas em investir no projeto, unindo em um único espaço sociedade civil, poder público e setor privado”.

Tatiane Araújo, integrante da secretaria da Associação Brasileira De Águas Subterrâneas (Abas)“Apoiamos institucionalmente o evento e estamos em busca de no-vos associados, divulgando nossas ações dentro da feira, que conta com visitantes ávidos por informações”.

Marco Aurélio Cabral, gerente de departamento de política e estudos do meio ambiente do BNDES “Divulgamos nosso financiamento voltado para este setor e tivemos uma boa procura por parte de empresas interessadas em conhecer nossa linha de crédito. A feira nos possibilitou atender futuros clientes, percebendo suas necessidades, esclare-cendo dúvidas e discutindo o desenvolvimento do País neste segmento.”

Mauro Banderali, gerente técnico da Ag Solve“Apresentamos dois lançamentos de sondas e medidores de vazão com uma nova tecnologia, oferecendo uma so-lução completa desde a escolha do ponto de monitoramento até o uso dessa informação dentro da indústria, passando pela transmissão e pela for-mação de dados”.

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Mato Grosso, grande produtor de soja, busca a certificação e o licenciamento de 100% das pro-priedades rurais, sendo pioneiro e assegurando competitividade para o Brasil no mercado.

A Recicla Ambiental, companhia recém-lan-çada no mercado, apresentou soluções especí-ficas para a questão da destinação de resíduos eletrônicos no Brasil, como celulares, pilhas, baterias, chamando a atenção de visitantes e expositores para o descarte sustentável de lixo eletrônico. Já a Espectro, no mercado há 23 anos, mostrou produtos ergonômicos voltados para postos de trabalho informatizados, oferecendo soluções que auxiliam na prevenção de proble-mas ocasionais pelo mau uso de equipamentos, utilizando matérias-primas renováveis, obtidas de maneira sustentável. São itens como apoio para pés, suportes de monitores, mouse pads e estação ergonômica para notebooks confec-cionados com materiais recicláveis.

DIVERSIDADE DE TEMAS SUSTENTÁVEISO 2º Congresso Ambiental Expo, que aconteceu

simultaneamente à Ambiental Expo 2010, contou com uma programação diversificada, enfocando vários temas ligados ao meio ambiente, inclusive debatendo seu aspecto macroeconômico e sua relação com os setores governamentais, por meio de mesas-redondas, palestras e painéis.

Uma das inovações da edição foram as consul-tas técnicas, que os organizadores chamaram de hot chais: uma espécie de “Roda Viva” em que espe-cialistas da área abordaram temas como Financia-mento no BNDES e Banco Mundial, Financiamento da Caixa Econômica Federal e Modelagem para os Municípios, além de Gestão de Riscos/Manuseio de Produtos Perigosos e consultas sobre assuntos jurídicos e regulatórios.

O Congresso foi aberto com foco na discussão sobre os três anos da Lei 11.445/07, que estabe-lece as diretrizes nacionais para o saneamento

básico do País, cujo alvo é a ne-cessidade de regulamentação do marco regulatório, que trará mais segurança às companhias. Atu-almente, o Brasil gera cerca de 170 mil toneladas diárias de lixo; 75% vão para os lixões, somente 25% são depositados de forma adequada para reciclagem.

De acordo com Newton Aze-vedo, vice-presidente da Associa-ção Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), 100 milhões de brasileiros não têm rede de esgoto e 45 milhões de crianças carecem de água. “Os se-tores ainda estão se adaptando às leis de consórcios, de água e esgo-to, bem como às PPPs (parcerias público-privadas). Isso é um sinal de amadurecimento”, afirmou o executivo. A previsão de entre-ga do documento final do Plano Nacional de Saneamento deve ocorrer entre os meses de outubro e novembro deste ano, conforme disse Leodegar Tiscoski, secretário nacional de saneamento ambien-tal do Ministério das Cidades.

O primeiro vice-presidente da Associação Nacional dos Ser-viços Municipais de Saneamento (Assemae), Silvio José Marques, reforçou que o Brasil precisa de R$ 200 bilhões nos próximos 20 anos para atender à população com

Diego Tomassini, representante no Brasil do Ministério do Meio Ambiente Italiano“Nossa entidade atua pela promoção de empresas italianas no exterior. Na Ambiental Expo, estabe-lecemos contatos institucionais e com empresas públicas e privadas, trocando informações sobre tecnologia e criando possibilidades de parcerias com empresários e indústrias”.

Guilherme Sarzedas, coordenador comercial da Mizumo“Estamos na feira pela importância de divulgar a marca, estreitar relacionamento com quem já é cliente, estabelecer contato com futuros clientes e disseminar o conceito do equipamento de esgoto. Achei o evento muito positivo, rece-bemos muitos visitantes, especialmente do Sul e Sudeste do Brasil”.

Milena K. Berno, secretária da Dürr“Estamos apresentando para o mercado nacional um sistema para diminuir emissão de gases para pequenas e médias empresas, com um valor mui-to convidativo para esses tipos de indústrias”.

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Daniel Zanetti, show manager da Ambiental Expo – Reed Exhibitions Alcantara Machado“ A feira está conquistando seu lugar no mercado e abrindo espaço para a geração de negócios e discussões relevantes para o segmento. Nesta edição, recebemos mais de nove mil visitantes, dos quais 80% são do estado de São Paulo e capital, 15% de diversas regiões do País e 5% de países da América Latina”.

Elizabeth Pereira, engenheira elétrica da Hexa Eficiência Energética“Nosso foco principal é divulgar e comercializar luminárias e iluminação de LED, tanto para interior como para áreas externas. Essa é uma ‘iluminação verde’, pois o LED é 98% reciclável e não contém mercúrio, fósforo e vapor de potássio”.

Ricardo Romano, gerente de manutenção do Saneamento Ambiental de Atibaia (SAAE)“Esta é a segunda vez que vistamos o evento para pesquisar, conhecer novas tecnologias e serviços e procurar produtos que compraremos no futuro. Buscamos sempre os melhores equi-pamentos que se adequam à necessidade de nosso município”.

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o serviço de saneamento integrado, enfatizando que somente 13% dos municípios possuem aterros sanitários para resíduos sólidos.

Sobre a participação do setor privado nos planos de saneamento, Yves Besse, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), ex-plicou que a Lei 11.445 está reacendendo a chama de interesse das empresas na área de saneamento. “Muitas companhias vieram para o País no período de privatização, entre 1999 e 2002, mas, como o projeto não foi bem-sucedido, foram embora. Então essas diretrizes têm sido responsáveis por atraí-las novamente”, diz, mas para a prestação de serviço se universalizar levará, em média, 63 anos, caso esse processo não se acelere.

A falta de uma gestão de qualidade foi motivo de críticas, portanto criou-se um programa de recu-peração das Companhias Estaduais de Saneamento Básico (Cesb), que trabalha a gerência. Os primeiros contratos contaram com a participação da Embasa

(Empresa Baiana de Água e Saneamento) e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Além disso, foram defendidos também os subsídios diretos.

A Sabesp garantiu que está fazendo de tudo para atingir a universalização do acesso até 2020. “Para alguns municípios já oferecemos 300% de prestação de serviço, divididos igualmente entre as categorias de esgoto, água e coleta, mas temos alguns obstáculos, ou seja, locais em que é difícil levar projetos adiante. Para ajudar nisso, fornece-mos assessoria para que os municípios possam desenvolver o Plano Municipal de Saneamento (PMS)”, explicou Paulo Massato Yoshimo, diretor metropolitano da empresa, que ainda mencionou o investimento de cerca de US$ 300 milhões no Programa de Redução de Perdas (PRP). Para dar continuidade nos investimentos e financiamento, Rogério de Paula Tavares, superintendente nacional de saneamento e infraestrutura da Caixa Econômica Federal, relatou as possibilidades disponíveis no

mercado, tais como FGTS, orça-mento do BNDES, mercado de capitais e organismos interna-cionais de crédito.

Fechando o segundo dia do Congresso, a advogada Svetlana Miranda, da Azevedo Sette Ad-vogados, falou sobre as PPPs em apoio ao meio ambiente para o saneamento. A profissional ressaltou que a Lei de Parcerias Público-Privadas – Lei Federal 11.079, de 2004 – é fundamen-tal para a viabilização de inves-timentos em infraestrutura e serviços, importantíssimas para o cumprimento das missões do Estado e para o emprego dos recursos na sociedade.

Conforme dados do Comitê Brasileiro do Programa das Na-

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Newton de Lima Azevedo, vice-presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib)“Aqui na feira conseguimos reunir governo federal, estadual e municipal com o setor privado para discutir alternativas para a área de saneamento ambiental, criando uma nova consciência e buscando também soluções tecnológicas, econômicas e sociais”.

Fábio Cosmo, relações corporativas da Clarus Technology do Brasil“Trouxemos uma grande novidade para esta edição do evento, a área digital da empresa, que desenvolve programas virtuais pioneiros e sustentáveis com objetivo exclusivo e específico para a necessidade de cada cliente, simulando, por exemplo, treinamento da brigada de incêndio em um ambiente virtual igual ao da empresa ou uma visita pela fábrica vir-tual sem que as pessoas precisem entrar efetivamente dentro da empresa”.

Frederico Gama, diretor do meio ambiente da prefeitura de Pinda-monhangaba“Viemos com o objetivo específico de conhecer o espaço, participar do con-gresso e buscar soluções que poderão beneficiar nosso município”.

Maira de Mello G. Pires, coordena-dora de comunicação da ITT Water & Wastewater Brasil “Estamos presentes na feira pela pri-meira vez para dar visibilidade para projetos e soluções. Conseguimos contatos interessantes com visitantes de todo o País”.

ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 25% das mortes ou causas de invalidez são ocasionadas por falta de saneamento básico. Um bilhão de pesso-as em todo o mundo não têm acesso à água potável. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE) revelam que 63,6% dos resíduos sólidos vão para os lixões. “Tudo isso gera prejuízos para o meio ambiente e afeta diretamente a saúde das pessoas. Logo, as PPPs funcionam como alternativas positivas, já que possibilita que o governo amplie os investimentos públicos”, disse a advogada.

No último dia do Congresso, o foco foi o apoio ao mercado de carbono e foram apresentadas ao setor todas as alternativas para medição e controle de emissão de gases de efeito estufa existentes. O empresário Eduardo Freitas, sócio-diretor da empresa EcoAct, relembrou o Protocolo de Kyoto, que determina metas de emissões a seus países-membros e reforçou que, para a disseminação do uso das novas tecnologias acontecer, será preciso equacionar as ferramentas de maneira global.

O impacto de uma não conscientização sobre as necessidades de se implantar medidas imedia-tas pode refletir, por exemplo, na falta de acesso à água potável para até 250 milhões de africanos até 2020. Eduardo revelou que os projetos para redução de emissão de gases de efeito estufa mais seguros são os renováveis, de eficiência energética, com troca de combustíveis, emissões fugitivas, processos industriais, aforestamento, refloresta-mento e dejetos.

Para colaborar com o setor, a Nossa Caixa Desenvolvimento, agência de fomento paulista, anunciou recentemente a linha de financiamento Economia Verde. O objetivo é contribuir com a lei promulgada pelo estado de São Paulo que prevê meta de 20% até 2020 nas emissões. “Em março deste ano, completamos 365 dias de inauguração dessa linha e atingimos R$ 200 milhões de crédi-to”, disse Gilberto Fioravante, superintendente de operações e negócios.

Para finalizar o debate, Bianca Focante de Oli-

veira, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, disse que a capital tem hoje mil quilômetros quadrados de áreas urbanizadas e destacou que São Paulo fora construída nos locais favoráveis à urbani-zação. No entanto, seu intenso e rápido crescimento provocou graves problemas. “Há muitas indústrias nas regiões centrais. O cidadão utiliza o meio de trans-porte e se desloca por grandes distâncias, o que gera trânsito e emissão de poluentes”.

Também o Inventário de Emissões de 2005 da cidade re-velou um total de 15.741 emis-sões de gases de efeito estufa, sendo 75% oriundos do uso de energia e 25% de resíduos sóli-dos. Para agregar novas forças a esse combate, desenvolveu-se em São Paulo, no ano de 2009, o Comitê Municipal de Mudança do Clima e Ecoeconomia, volta-do para abranger os setores de transportes, energia e gerencia-mento de resíduos. “A Prefeitura estuda a possibilidade de como realizar a recarga de veículos para que o projeto de levar às ruas meios de transporte movi-dos à eletricidade seja viável. Al-guns ônibus a etanol já circulam na capital desde janeiro deste ano”, salientou a executiva.

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INCENTIVO

Para incentivar o desenvolvimento sustentável do estado de São Paulo, a Agência de Fomento Paulista Nossa Caixa Desenvolvimento promove o 1º Concurso de Ideias e Projetos “Economia Verde”. As inscrições são gratuitas e divididas em duas categorias: pessoa física e jurídica.

O concurso é voltado tanto para pessoas físicas quanto para empresas de pequeno e médio portes e irá identificar, reconhecer, estimular e premiar iniciativas inovadoras que contribuam para o de-senvolvimento de tecnologias e práticas de redução de emissões de gases de efeito estufa de acordo com as metas definidas pela Política Estadual de Mudanças Climáticas. “O lançamento do Concurso de Ideias vem ao encontro do compromisso da Agência de Fomento Paulista com o desenvolvi-mento socioeconômico, de maneira sustentável. Lançamos a Linha Economia Verde para financiar as empresas que tem projetos de redução de emissão dos gases de efeito estufa, mas é preciso também reconhecer as ideias e os projetos para que sejam implementados na prática e com benefícios para toda a sociedade”, destaca o presidente da agência, Milton Luiz de Melo Santos.

Para participar do concurso, os projetos pre-cisam ter potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) por não-emissão ou pela compensação das emissões ou ainda ter potencial de geração de empregos verdes, in-cluindo a criação de empregos permanentes ou temporários, a qualificação de profissionais e a geração de renda. O vencedor da categoria pessoa física receberá um prêmio em dinheiro de R$ 10 mil e o segundo e terceiro lugares receberão R$ 7 mil e R$ 3 mil, respectivamente. Já a categoria pessoa jurídica premiará o primeiro lugar com R$ 25 mil, o segundo lugar com R$ 10 mil e o terceiro lugar com R$ 5 mil.

Na categoria pessoa física poderá se inscrever qualquer cidadão residente no estado de São Paulo que tenha o Ensino Médio completo. Já na categoria pessoa jurídica poderão se inscrever organizações com fins lucrativos com faturamento entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões e que estejam em dia com suas obrigações legais e tributárias.

As inscrições podem ser feitas a partir do edital disponível no site www.seminarioeconomiaverde.com.br e deverão ser encaminhadas pelos Correios ou entregues na Nossa Caixa Desenvolvimento entre 16 de junho e 31 de julho de 2010.

Os projetos serão analisa-dos por uma comissão técnica, formada por profissionais das áreas envolvidas, como técni-cos da Secretaria do Meio Am-biente do Estado de São Paulo, e por uma comissão de notáveis, composta por especialistas em desenvolvimento sustentável que hoje são referência no Brasil para ações de Economia Verde, sustentabilidade, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e redução de emissão de gases de efeito estufa.

Criada em março de 2009, a Agência de Fomento Paulista Nos-sa Caixa Desenvolvimento está vin-culada à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e tem como objetivo dar apoio por meio de linhas crédito às pequenas e mé-dias empresas dos diversos setores da economia paulista. Saiba mais pelo site www.nossacaixadesen-volvimento.com.br

1º Concurso de Ideias e Projetos “Economia Verde”

Com premiação de até R$ 25 mil, concurso tem inscrições gratuitas até 22 de julho

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INTERNACIONAL

 A Expo Xangai 2010, inaugurada em 1º de maio e com visitação prevista de 600 mil pessoas já no primeiro dia, indica um recorde durante sua realização. A estimativa é que o pavilhão brasileiro receba um público entre 1.000 e 1.500 pessoas/hora. O Parque da Expo – com mais de 5 Km2 – abriga 130 pavilhões de países, grandes corporações e organizações internacionais. 

Um grande show de fogos de artifício na inau-guração, cumpriu a promessa dos organizadores de ser o mais espetacular de todos os tempos. A Exposição Mundial terá duração de seis meses e mostrará o melhor de cada um dos 192 países participantes. A expectativa cresceu nos últimos dias com o grande interesse do público durante o chamado soft opening (teste de funcionamento realizado durante seis dias) e os organizadores pre-veem que, no período total da Expo, 100 milhões de visitantes passarão pela área do evento. 

“Com o tema Cidades Pulsantes, o Pavilhão do Brasil apresentará a diversidade humana e cultu-ral das cidades brasileiras, o dinamismo de suas 

grandes metrópoles e de sua pujante economia, com destaque para os setores de alta tecnologia e para os principais avanços do País na área da sustentabilidade e de inclusão social e política”, explica Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil e comissário geral para a participação do País no evento.

Para a China, que investirá o correspondente a R$ 4,8 bilhões na realização da Expo, esta será outra grande oportunidade de atrair a atenção mundial para o país, depois das Olimpíadas, e também para trocar informações, já que o tema da Expo é “Cidade Melhor, Vida Melhor”. Fóruns Temáticos estão programados ao longo de todo o período do evento, com foco em projetos de inovação urbana e desenvolvimento sustentável. 

A meta dos organizadores é destacar inicia-tivas criativas e ideias talentosas em diferentes áreas, que promovam debates sobre o crescimento acelerado das grandes cidades. “Não haverá outra Expo como a de Xangai, que certamente norte-ará grandes projetos de arquitetura, tecnologia e políticas urbanas neste século”, destaca Pedro Wendler, diretor do Pavilhão Brasileiro.

O Brasil terá participação ativa nesta discussão técnica e realizará quatro seminários nos meses de maio, junho, julho e setembro com os temas: Tec-nologia da Informação e Inclu-são Digital; Ciência, Tecnologia e Informação; A Energia que Move as Cidades Brasileiras; e Água para o Desenvolvimento.   

TECNOLOGIA E SENSIBILIDADEO Pavilhão Brasileiro na Expo 

foi idealizado para mostrar, de for-ma tecnológica e visual, o que é o Brasil. Filmes idealizados pela Produtora O2 Filmes, do cineasta Fernando Meirelles, mostram, no corredor de entrada do Pavilhão, em uma enorme tela curva do chão ao teto (16m de largura por 9m de altura), o cotidiano urba-no do País. A projeção inicia com uma amostra de imagens de cida-

Brasil leva cenas do cotidiano para Expo Xangai

Exposição mundial indica recorde de visitantes e a previsão é de que o Pavilhão Brasileiro receba 1.500 pessoas por hora

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Por Divulgação/ApexBrasil

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des brasileiras, seguida de um filme que destaca a interligação entre o cotidiano do cidadão comum, o concreto dos prédios e casas e a natureza. 

Em um segundo ambiente, chamado Sala da Alegria, o visitante irá descobrir o carnaval de várias cidades, do sul ao norte, o ritmo e as cores das festas regionais, os esportes olímpicos praticados no País e o futebol brasileiro, que os chineses tanto admiram, projetados em uma tela de 140 graus. 

No coração do Pavilhão, um cubo de ima-gens, suspenso a 2 metros do chão, feito com quatro telas contínuas de 12x5m cada, conta, através de um filme, um dia na vida de quatro brasileiros que trabalham nas áreas cultural, siderúrgica, agrícola e petrolífera. A beleza das imagens, as cores e a música impactam o visi-tante. Ao falar da vida dessas quatro pessoas – um agricultor, um engenheiro aeronáutico, uma artista plástica e um químico – o filme mostra também o Brasil moderno, com capa-cidade tecnológica em várias áreas, desde a exploração de petróleo em águas profundas e construção de aviões, até o cultivo agrícola com maquinário de grande porte. A beleza plástica do design também foi contemplada.

O Pavilhão tem, ainda, telas interativas que possibilitam melhor conhecimento das 12 cidades 

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que irão abrigar os jogos da Copa do Mundo de 2014, com destaque para a beleza natural e turís-tica, além das soluções urbanas aplicadas no País em painéis touch screen. Um jogo da diversidade leva o visitante a combinar, também em telas touch screen, partes de cidadãos comuns, porém com características diferenciadas, enfatizando a diversidade étnica brasileira. “A ideia é mostrar que qualquer face se encaixa no Brasil, que abriga uma imensa variedade de tons de pele, cabelos, olhos e portes físicos”, detalha Pedro Wendler. Do lado de fora do Pavilhão, um grande LED exibe uma partida de futebol, que pode ser jogada pe-los visitantes por meio de celular. Este mesmo LED exibirá os jogos do Brasil na Copa da África do Sul.   

NEGÓCIOSRodadas de negócios e seminários de atra-

ção de investimentos também fazem parte da programação do Brasil na Expo. Palestras para os investidores irão mostrar um País que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a nona maior economia do mundo e a maior da América do Sul, com a previsão de ser a quinta maior do planeta nos próximos anos. Atualmente, o Brasil vivencia uma combinação equilibrada de cres-cimento econômico estável e sustentabilidade socioambiental que, junto a medidas eficazes 

para uma melhor distribuição da renda, gerou, nos últimos anos, um clima favorável para novas oportunidades de negócios. 

“O fluxo de investimentos estrangeiros que ingressam no Brasil cresce em ritmo acelerado e espera-se uma forte expansão da atividade econômica nos pró-ximos anos. Por tudo isso, o Brasil se tornou uma ótima oportuni-dade para grandes investidores, também atraídos pelas obras de infraestrutura necessárias para a Copa do Mundo. Vamos explo-rar isso ao máximo, divulgando informações detalhadas a em-presários e estimulando-os a aproveitar o momento”, analisa Alessandro Teixeira.

A exposição de Xangai, a primeira realizada em um país emergente, se propõe a ser um marco entre as grandes feiras mundiais, que começaram em Londres, em 1851, e que deixa-ram legados como a Torre Eiffel a Paris.  

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l O Pavilhão Brasileiro foi idealizado para mostrar, de forma tecnológica e visual, o cotidiano urbano do País

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SXC

Agência Brasileira de Promoção de Ex-portação e Investimentos (ApexBrasil) www.apexbrasil.com.br

Agência de Desenvolvimento Solidário www.ads.org.br

Aldo Rebelowww.aldorebelo.com.br

Ambiental Expo www.ambientalexpo.com.br

Antonio Carlos Porto Araú[email protected]

Atenas Consultoria Empresarial11 - 2283-2264 [email protected]

Bom Bril www.bombril.com.br

Bracelpawww.bracelpa.org.br

British Petroleumwww.bp.com

Celso Foelkelwww.celso-foelkel.com.br

Clube Carioca de Canoagemwww.clubecariocadecanoagem.com.br

Clube de Canoagem Kentuckyhttp://canoken.blogspot.com

Coca-Colawww.cocacolabrasil.com.br

Débora [email protected]

Dragão Fashionwww.dragaofashion.com.br

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb)www.faeb.org.brFiema www.fiema.com.br

Flipperwww.flipper.ind.br

Fibriawww.fibria.com.br

Francisco Del Moral Hernández www.iee.usp.br - delmoral@hotmail.comGEwww.gedako.com.brGreenpeacewww.greenpeace.org.brGuilherme Stolle Paixão e Casarõ[email protected]

Helton José [email protected]

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) www.incra.gov.brLegaswww.legas.com.br Lorenzettiwww.lorenzetti.com.brLuiz Cláudio Brito Teixeirawww.cimi.org.br - [email protected]

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)www.mst.org.brNomina Designwww.nominadesign.com.br

AGENDA E RADARVI

SÃO

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TAL

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HO

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010

66

NR Ambiental11 - 2281-9751

Orsa Florestalwww.orsaflorestal.com.br

Oswaldo Seváwww.unicamp.br [email protected]

Papiruswww.papirus.com

Ricardo Baitelowww.greenpeace.org/[email protected]

Ricardo Rose11-5187-5147 - [email protected]

Roberto Brandãowww.nuca.ie.ufrj.br/[email protected]

Roberto Pereira d'Araú[email protected]

SOS Mata Atlânticawww.sosmatatlantica.org.br

Stora Ensowww.storaenso.com

Trisoftwww.trisoft.com.br

Universidade Federal do Paranáwww.ufpr.br

Via Florwww.viaflor.com.br

Welinton dos [email protected]

WWF Brasilwww.wwf.org.br

ENCONTRO TÉCNICO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Data: 24 de Maio 2010Horário: das 9h às 18hLocal: CRQ-IV Região -

Rua Oscar Freire, 2.039 – Pinheiros Fone: 11- 3917.2878

Site: www.interacaoambiental.com.br

EXPOALUMÍNIO – Exposição

Internacional do Alumínio / IV Con-

gresso Internacional do Alumínio /

X Seminário Internacional de

Reciclagem do Alumínio

Data: 18 a 20 de Maio 2010

Horário: das 10h às 19h

Local: Centro de Convenções Imigran-

tes - Rod. dos Imigrantes, km1,5 / SP

Fone: 11- 3060.5000

Site: www.expoaluminio.com.br

GREENMEETING

Data: 25 a 27 de Maio 2010

Horário: das 8h às 18h

Local: Teatro SESIMINAS - Belo

Horizonte/MGFone: 31-3241.7181

Site: www.greenmeeting.org

CAPACITAÇÃO BÁSICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Data: 24 a 28 de Maio 2010Horário: das 8h às 15h

Local: Embrapa Meio AmbienteRod. SP 340 - km 127,5 /

Jaguariúna / SPFone: 19 - 3311.2700

Site: www.cnpma.embrapa.br

CODESAN – Congresso para o Desenvolvimento do Setor

de Saneamento

Data: 24 e 25 de Maio 2010Horário: das 9h às 18h

Local: Blue Tree Towers Faria Lima - Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3989

– Vila Olímpia, São Paulo - SPFone: 11- 5093.7423

Site: www.codesan2010.com.br

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Congresso para o Desenvolvimento do Setor de Saneamento Nacional

Com apresentações de mais de 30 autoridades do setor, incluindo:

24 a 25 de Maio - Blue Tree Towers Faria Lima - São Paulo

ArnaldoJardim

RaulPinho

Marcelo Sallesde Freitas

Newton deLima Azevedo

FredericoTurolla

Hugo Sérgiode Oliveira

CassildaCarvalho

DilmaSeli Pena

Carlos AlbertoRosito

Rogério dePaula Tavares

Organização:

ApoioInstitucional:

Apoiode mídia:

Cenários e avaliações legais pós-marco regulatório

Os desafios da operacionalização da regulação

Mecanismos de financiamento e gestão financeira eficaz das operações

O Saneamento na disputa eleitoral: quais as propostas dos candidatos a presidência para o setor

Parcerias estratégicas entre operadores públicos e privados

Responsabilidade e melhores práticas ambientais para o setor de saneamento

Informações e Inscrições:Telefone: +55 11 5051-6535E-mail: [email protected]ção online: http://www.viex-americas.com.br/inscrevase

www.codesan2010.com.br

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ESTAÇÕES COMPACTAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

• ALTA TECNOLOGIA COM RESPEITO AO MEIO AMBIENTE• ATENDIMENTO PERSONALIZADO • EQUIPE TÉCNICA QUALIFICADA

• PROJETOS EXCLUSIVOS PARA LOTEAMENTOS, CONDOMÍNIOS, INDÚSTRIAS, HOSPITAIS, ESCOLAS, ENTRE OUTROS

11 [email protected]