sala de concerto e complexo de mÚsica para …

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FÁBRICA DE MÚSICA Não consigo afirmar o momento em que arquite- tura e música se entrelaçaram com a minha vida. Des- de os sete anos de idade, convivo com a música inten- samente, aprendendo, escutando, criando. Aprendi a arte de tocar piano, cantar em coro, entender a teoria musical, ler parturas e me apaixonar pelo contrabai- xo, pela Orquestra e pela música erudita. A arquitetura eu vivenciava, admirava e tentava traduzi-la em rabis- cos e perspecvas. Já na adolescência ve uma atra- ção parcular pela construção, e a par de então de- cidi dedicar-me ao estudo profissional da Arquitetura. Dos quinze aos vinte anos de idade, parcipei do Projeto Orquestra-Escola, um projeto vinculado à Orquestra Sinfônica de Florianópolis, que une o ensi- no de instrumentos musicais à práca em conjunto de orquestra para estudantes, jovens e adultos. Foi a par - r dessa experiência, aprendendo a tocar contrabaixo e parcipando de dinâmicas em grupo, que vivenciei o cenário (triste e desesmulante) da música erudita de Florianópolis, bem como a sua disparidade em re- lação a outras cidades do Brasil e da América Lana. Minha paixão pela música e a realidade de minha cidade me incenvaram a discur e pensar a relação entre música e arquitetura para propor um novo com- plexo que atenda à música erudita em Florianópolis. 1 MOTIVAÇÃO Ao analisar o cenário musical de Florianópolis per - cebeu-se a necessidade de projetar um complexo de música na área central da cidade, onde não há a con- templação de um teatro de médio ou grande porte. No centro da cidade também há a Fundação Franklin Cas- caes, que possui projetos culturais administrados em escolas e edicios públicos, como exemplo Escola Livre de Música na Escola Silveira de Souza. Nesse sendo, o terreno escolhido está situado no alto da Rua Felipe Schmidt, na anga fábrica de bordados Hoepcke, um complexo arquitetônico tombado, porém abandonado por mais de 10 anos, no total de 10.000m² de área. A fábrica situada no alto da Rua Felipe Schmidt até 1979, chegou a atender outros países já em 1928, com mais de 20 grandes máquinas, tornando-se uma das mais tradicionais empresas do estado. O terreno, após grande disputa de posses devido ao falecimento de Carl Hoepcke, a propriedade foi concedida a umas das filhas do empresário. Em razão da grande importância na história do desenvolvimento da cidade, o períme- tro do complexo industrial se tornou patrimônio histó- rico tombado com restrições de uso. Infelizmente há dez anos prolonga-se uma situação de abandono de grande parte do perímetro, por causa de discussões jurídicas entre os proprietários e a prefeitura. O terreno tem grande valor de mercado, é um dos únicos terrenos que não possui vercalização, todo seu entorno sofreu modificações e um crescimento urbano descontrolado. Junto ao Parque da Luz, repre- senta um bolsão de ar no desenvolvimento de Floria- nópolis. São cinco edificações tombadas, com diferen- ças arquitetônicas que tornam o quarteirão ainda mais especial, representando a dinâmica do crescimento da fábrica e da cidade. Localização: No alto da Rua Felipe Schimdt, próximo ao parque da luz. No mesmo bairro está situado o TAC, o Teatro da UBRO, a Escola Livre de Música e a Sede Administrava da Fundação Catarinense Franklin Cascaes. TERRENO PROPOSTO PARQUE DA LUZ ESCOLA LIVRE DE MÚSICA UBRO PRAÇA XV DE NOVEMBRO FUNDAÇÃO FRANKILIN CASCAES N 4 O TERRENO: CONTEXTO, HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS COMPLEXO DE MÚSICA PÚBLICO INTERNO APOIO SALA DE CONCERTO PRAÇA MUSEU RESTAURANTE/CAFÉ LOJAS SALAS DE AULA SALA DE ENSAIO SALA DE GRAVAÇÃO LUTHIERIA BANHEIROS CAMARINS ADMINISTRATIVO COZINHA 3 ARQUITETURA E MÚSICA: SUAS RELAÇÕES A busca por relacionar as duas artes, Música e Arquite- tura, não é um desejo recente. Há diversos registros na histó- ria de pesquisadores, teóricos, arquitetos e arstas que abor - dam as diversas analogias entre as duas áreas. Dentre elas, a mais anga é a relação matemáca de Pitágoras, propulsor de diversos estudos sicos e matemácos atuais. Em sua teo- ria, ele interpreta intervalos sonoros harmônicos em propor - ções aritmécas que são encontradas em diversas obras ar - quitetônicas consideradas belas e harmônicas, por exemplo. Outras relações são mais sensivas, abordam a música como elemento criavo para o arquiteto, ou então o espaço como inspiração para o músico. E ainda relações sicas, nas quais o espaço reproduz o som, interferindo ou qualificando sua reprodução a parr da absorção ou reverberação sono- ra. São inúmeras as afinidades entre os dois campos, as mais abordadas nos estudos de arquitetura são os termos equi- valentes – como ritmo, proporção, intervalo, harmonia, es- cala –, dando azo a um leque de interpretações dos concei- tos aplicados tanto na arquitetura quanto na teoria musical. “Música e arquitetura florescem no mesmo caule – ma- temáca sublimada. Em lugar das sistemácas pautas e in- tervalos do músico, o arquiteto possui um sistema mo- dular como arcabouço do seu desenho. O meu pai, um pregador e professor de música, me ensinou a ver – a escutar – uma sinfonia como um edicio de sons.” Frank Lloyd Wright ARQUITETURA espaço harmônico relações matemáticas O ambiente é sentido Como instrumento musical Inspiração A Forma no espaço MÚSICA HARMONIA | RITMO | PROPORÇÃO PITÁGORAS: frequência e escala Inspiração para criação Acústica: reverberação e absorção do SOM Criatividade Racional ou irracional A Forma no tempo Senr arquitetura não é apenas vê-la, é vivenciá-la. Devemos entrar na construção e senr como as cores, texturas foram usadas, ver a concepção do espaço e como este influencia nos- so andar dentro da edificação, ouvir os sons produzidos, como reverberam, como fluem. Senr e ouvir a arquitetura como se sente e ouve uma música, a intensidade da obra será propor - cional aos senmentos que afloram. Assim, o próprio arquiteto deve usufruir dos sendos para produzir uma verdadeira sinfo- nia: de sons, cores e senmentos. As igrejas são exemplo do poder que a arquitetura tem de esmular sensações. Sensações provocadas tanto pelas proporções matemácas na relação das alturas e espessuras das colunas com a altura do homem, quanto nos materiais e detalhes usados em seu interior que, claro, variam conforme a época e os conceitos. E são as igrejas grandes exemplos de arquitetura acúsca exatamente pela diversidade de intenções das construções para esmular diversos sendos. SALA DE CONCERTO E COMPLEXO DE MÚSICA PARA FLORIANÓPOLIS FORMA ACÚSTICA NECESSIDADES SALA DE CONCERTO BILHETERIA SALA DE ESPERA CAMARIM SALA DE CONCENTRAÇÃO DEPÓSITO GUARDA PIANO SALA DE APOIO AO SOM ESTACIONAMENTO BANHEIROS 2 PROBLEMATIZAÇÃO: O CENÁRIO MUSICAL Nenhuma orquestra sinfônica do Município de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina possui, em sua história, uma sede fixa para ensaios e apre- sentações. Atualmente, existem no município quatro teatros, administrados pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) ou pela Fundação Franklin Casca- es de Florianópolis, Teatro Governador Pedro Ivo, Teatro Ademir Rosa (TAR), Teatro da Ubro e Teatro Àlvaro de Carvalho (TAC), que atendem aos progra- mas e projetos culturais da cidade e do estado. A parr de uma análise feita sobre os teatros da cidade, é possível cons- tatar que nenhum desses teatros, ou outros edicios em Florianópolis, foram construídos para o cenário erudito, muito embora o Teatro Pedro Ivo tenha sido sede por dois anos da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina de modo improvisado, sem estrutura adequada para a avidade. Não há, portanto, um complexo que atenda o conjunto das avidades de uma orquestra, que con- tenha salas de ensaio, salas para armazenar e reparar instrumentos, salas de gravação, entre outros espaços. Na atualidade, as orquestras e projetos sociais de cultura são remane- jados conforme o programa é administrado pela Fundação Frankilin Cascaes, e dependendo do ano de apoio são sediados em Escolas Públicas do municí- pio. Como exemplo, a Orquestra Sinfônica de Florianópolis (OSF), fundada em 1944, não possui uma sede fixa até hoje. No início de suas avidades, os en- saios eram sediados nas dependências do Clube do Lira, no centro da cidade, e posteriormente nas imediações da UFSC. Vagou pelas residências de seus regentes e pelas salas cedidas pela Fundação Franklin Cascaes. Vinculado à Orquestra Sinfônica, o projeto Orquestra-Escola teve sua sede, por seis anos, no Forte Santa Bárbara, junto à sede administrava da Fundação Franklin Cascaes: um ambiente improvisado, sem preparo acús- co e pequeno para o número de integrantes do projeto. Nos finais de semana, o forte ainda dava palco a aulas de dança de salão, fotografia e aulas de percussão japonesa (Taiko). Há dois anos, todas as avidades culturais foram realojadas em escolas de ensino público da área central da cidade e do sul da ilha. O Projeto contemplava aulas individuais, aulas em grupo e prácas em conjunto de orquestra, dividindo os turnos com os ensaios da Orques- tra Sinfônica de Florianópolis. Em 2014, o projeto perdeu o programa de incenvo da Fundação, dando lugar ao projeto Escola Livre de Música, na Escola Básica Silveira de Souza, sem vínculo com a OSF. Até o mês de ju- nho, a Orquestra Sinfônica de Florianópolis e a Orquestra Filarmônica de Santa Catarina (fundada em 2012) não veram registro de avidades. A Orquestra Sinfônica do Estado encerrou suas avidades em 2012. Nesse cenário catarinense, em que os programas de incenvo são sazonais, não exisr um complexo que atenda como sede fixa às orques- tras e aos projetos musicais faz com que as propostas culturais tornem- se cada vez mais vulneráveis. Não faltam músicos, profissionais, nem público, mas sim estrutura e incenvo. Atualmente, os profissionais da Orquestra Sinfônica de Florianópolis, com quem eu tenho mais contato, não se dedicam exclusivamente a essa avidade por falta de regularida- de e segurança, já que não recebem salário mensal, e sim remunerações isoladas (cachês) conforme os projetos e apresentações são aceitos pelos órgãos de incenvo à cultura, sendo obrigados a exercer outras avidades para seu sustento e de suas famílias. Diante desse quadro, faz-se necessário o desenvolvimento de uma sede adequada para a connuidade das orquestras públicas e de seus trabalhos, no intuito de promover a valorização da música erudita em Santa Catarina, a cuja história devemos admiração. Um espaço que permita o crescimento de projetos culturais, mantendo vivas as orquestras do município e do estado; que contemple não apenas os músicos, mas toda a comunidade envolvida: composito- res, produtores, instrumenstas e admiradores da música. Para tanto, é proposto o estudo sobre as relações entre Arqui- tetura e Música, através de conceitos da teoria musical ocidental, mais especificamente de teóricos, como Pitágoras, e arquitetos, como Le Corbusier, sem olvidar a observação de outros comple- xos e salas de concertos que são referências no mundo e no Brasil, como a Sala São Paulo e a Casa de Música de Viena. Em linhas ge- rais, entende-se que é a arquitetura que reproduz o som, ela tem o poder de transformar a música, absorvendo e reverberando as ondas sonoras conforme o revesmento, a proporção e a forma do espaço. O terreno escolhido se encontra em especulação imobiliária. Toda a região está em constante crescimento vercal, que atendem ao setor tanto residencial, de médio e alto padrão, quanto comercial e de serviços. Próximo ao terreno encontram-se: Hotéis, serviços como restaurante, clínicas de saúde parculares e públicas, centro comercial Havan, Senac, casas noturnas, estacionamentos, imobili- ária e terrenos em construção. Parte das edificações e do terreno da Fábrica são consideradas patrimônio histórico P-2 pelo decreto nº 270/86, inclusos no con- junto X: Rita Maria. Grande parte da área se enquadra no Plano diretor vigente como Área Mista Comercial, e parte do terreno a lei vigente classifica como APC-1, Área de Patrimônio Cultural. Próximo ao terreno encontra-se a maior área verde de uso públi- co da cidade: o Parque da Luz, junto à cabeceira da Ponte. A região possui um fluxo constante de veículos e pedestres, porém de menor intensidade que o do centro da cidade e do início das ruas Felipe Schmidt e Conselheiro Mafra. Devido ao movimento de casas no- turnas, esse fluxo também ocorre à noite. O terreno encontra-se entre duas importantes ruas paralelas da cidade: Rua Felipe Schmidt e Rua Conselheiro Mafra, que nessa re- gião trabalham como binários. A maioria das ruas nesse local traba- lham com sendo único, com duas vias. No sistema viário há um nó, encontro de ruas com a Av. Rio Bran- co, uma via de grande importância dentro do centro da cidade por seu porte, fluxo e usos, que possui os dois sendos de fluxo e quatro vias. Mesmo com a imponência da Av. Rio Branco e da importância das demais ruas, nessa região não há engarrafamentos. Apesar do intenso fluxo, os sendos únicos das ruas promovem a fluidez do trânsito de veículos do local. Há grande quandade de faixas de pedestres nos entroncamen- tos e sinaleira voltadas a eles. No entanto, o transporte público na região não ocorre com frequência, e há apenas uma linha disponí- vel - Circular Centro. Um dos fatores de escolha do terreno na área central foi a possi- bilidade de desenvolver o acesso prioritário do pedestre ao projeto, o que ocorre pela facilidade de locomoção e chegada do pedestre ao centro da cidade. Para que isso ocorra, propõem-se novas linhas e horários de ônibus a essa região, possibilitando a chegada do pe- destre também pela R. Felipe Schmidt de ônibus. Atualmente o terreno está cedido à Prefeitura de Florianópolis, onde até dezembro estava sediada a Secretaria Municipal de De- senvolvimento Urbano (SMDU), em um dos galpões internos. As edificações tombadas pelo Patrimônio Histórico estão abandona- das em sua maioria, com exceção do edicio 4, onde encontrava-se um estacionamento. Junto à prefeitura, está em trâmite um projeto da empresa Mag- no Marns, para o desenvolvimento de duas torres residenciais e uma torre comercial no terreno em foco. O terreno foi escolhido pela sua importância na história da ci- dade, por sua valorizada localização, por possuir um dos maiores conjuntos tombados de Florianópolis e por permir que possa se construir uma extensão da cidade para dentro do terreno. De fácil acesso para pedestres e automóveis, o terreno é um respiro à ver - calização da cidade, e suas edificações são imponentes, devendo ser valorizadas. Acredita-se que mesmo sendo a propriedade pri- vada, o projeto Fábrica de Música é viável tanto ao poder público quanto ao privado. 1871: Fundação da Carl Hoepcke & cia: atacadista e importados, frete de veleiros de mercadoria da Euro- pa, que intensificou o mercado local. 1884: o terreno já era ulizado para depósito de mer - cadorias da empresa e loja e em 1885 Carl assume o consulado da Alemanha. 1897: Primeiro navio a Vapor do estado implantado pela fundação Carl Hoepcke: o Vapor Max. 1903: Fábrica da em São Francisco: Museu do Mar. 1907: Carl cria porto na praia Rita Maria. 1913: Fundação da Fábrica de Rendas e Bordados Ho- epcke. 1924: Falece Carl Hoepcke. 1928: A Fábrica possui mais de 20 máquinas e seu cre- cimento fez a fábrica mudar de sede no decorrer dos anos. 1986: Decreto Nº270/86: Tombamento do Patrimônio Histórico Conjunto X: Rita Maria. 5 desenvolvimento do projeto Conforme o exposto, a proposta do projeto é atender à ne- cessidade histórica das orquestras do estado e de Florianópo- lis no que se refere à estrutura sica de apoio, da qual devem fazer parte: sala de concerto, sala de ensaio, sala de gravação, sala de apoio administravo, manutenção e reparo de instru- mentos, espaço para acervo de instrumentos e parturas. Nos- sa proposta pretende, ainda, vincular o complexo a projetos culturais de ensino musical para crianças, jovens e adultos da comunidade, como aqueles que a Fundação Franklin Cascaes hoje oferece. No centro do terreno, objeva-se projetar a sala de con- certo, que será de grande escala, junto à qual deverá exisr uma praça, de forma a enaltecer a integração entre o novo e o histórico preservado e abri-lo para a cidade. Não teremos ape- nas uma entrada para o complexo, a proposta é potencializar as aberturas existentes entre as edificações históricas para re- vitalizar sua importância e dar dinâmica ao espaço. O complexo será uma sinfonia, as entradas discretas e silenciosas entre a história preservada do lugar darão o “start”, o caminho para o interior do terreno consisrá numa dinâmica, a música apre- sentará uma crescente para chegar ao seu ápice: o interior da sala de concerto. Os edicios históricos serão revitalizados para atender à necessidade das salas de apoio, que terão diversos tamanhos e funções. O objevo do complexo é ser apropriado pela cidade. Sendo assim, será priorizada a chegada de pedestres e trans- portes públicos, e a necessidade de estacionamentos deverá ser suprida em subsolo. O Complexo de Música deve atender a dois pos de usu- ários disntos: os músicos e estudantes que parcipam das orquestras e projetos, que desfrutam dos aparelhos internos; e o público, que desfruta das apresentações, lojas e espaços interavos. A intenção não é segregar, pelo contrário, tenta-se desenvolver essas avidades em paralelo, de forma que o pú- blico também possa assisr aos projetos e frequentar ambien- tes internos. Devido às dimensões dos galpões históricos, per - cebeu-se a necessidade de desenvolver a Sala de Concertos em um novo edicio, para atender com maior potencialidade às demandas acúscas e à maior quandade de público. Assim, os edicios históricos seriam palco de salas de aula, salas de ensaios e gravação, luthieria e administração dos pro- jetos e complexo, com a revitalização da arquitetura e reforma de novos ambientes com materiais acúscos. E também aten- deriam ao público, sendo neles locados museu, loja de música, revistaria e padaria. A praça central do terreno seria o encontro dos tempos, a conversa entre o contemporâneo e o histórico. A dinâmica entre sinfonias e escalas. A Sala de Concerto demanda um plano de necessidades maior e um estudo mais apurado que os demais aparelhos do complexo. Sua forma deve ser desenvolvida a parr de três principais caracteríscas: Acúsca, Proporção e Materiais. Com o desenvolvimento dos estudos de caso e leituras, optou-se em desenvolver uma sala Retangular, conhecida pelo nome técnico “Shoe Box”. Essa forma propicia a acentuação do som, e suas propriedades são mais vantajosas para se projetar uma sala com o objevo de concerto e recitais. Não obstante, deve-se ter atenção nas três medidas ulizadas: largura, altura e comprimento, que não podem ser iguais ou apresentar pro- porção racional entre si, para não gerar situações sonoras ne- gavas, como o eco. SISTEMA ACÚSTICO “SHOE BOX” OU “CAIXA DE SAPATO” Uma sala “Shoe Box” é conhecida pelas proporções retan- gulares, recebendo adjevos como: sala longa, alta e estrei- ta. Dentre os estudos feitos, as melhores salas de concerto do mundo apresentam essa forma: Sala São Paulo, Sala Dourada de Musikverein em Viena, Shynphony Hall em Boston e Concer - tgebouw em Amsterdam. A relação entre as três medidas da sala é importante: elas devem ser próximas a uma proporção harmônica, mas não po- dem chegar a ser múlplas entre si, nem possuir fatores em comum. Desse modo, essa sala apresenta um som mais claro, disnto, principalmente em relação à propagação das notas agudas, segundos os estudos de T. Yokota apresentados por Fauro, 2011. Existem outras duas formas também comuns aos projetos arquitetônicos de teatros e salas de apresentação: forma em leque e forma elípca. Cada forma possui caracteríscas acús- cas que variam, e assim, a escolha da forma básica se torna fundamental do ponto de vista acúsco. Desse estudo reapre- sentado de T. Yokota, temos figuras importantes para entender a escolha da forma da sala do projeto ser retangular. Nas ilustrações da figura 1, os círculos escuros indicam a posição da fonte e os claros a posição do receptor. Cada se- quência possui um tempo de recepção, que vai aumentando. Analisando as imagens, as conclusões de Fauro são claras, po- demos perceber que a propagação das frentes de onda é dis- nta nas três formas de sala. Na sala retangular o número de frentes de onda aumenta conforme o tempo avança, enquanto que nas demais salas há uma tendência à concentração e ao de- senvolvimento de frentes de ondas “defeituosas”, como afirma T. Yokota. Com os estudos acúscos, têm-se as seguintes diretrizes para a sala de concerto: forma “Shoe Box”, devido à melhor propagação sonora em todo o ambiente, não havendo tanta disparidade na posição do espectador quanto nas demais for - mas; dimensões próximas à proporção 1:2, conforme as me- lhores salas de concerto (ex: Sala São Paulo medidas próximas a 24:48), mas com medidas não múlplas entre si; paredes não paralelas entre si, com pequena variação angular nos materiais de revesmento para evitar ecos. Distância máxima de 40m en- tre o espectador e o palco. Em visita ao laboratório de Vibrações e Acúsca da UFSC (LVA), pôde-se ter acesso a materiais de alto desempenho acús- co disponíveis no mercado nacional e internacional. Houve o entendimento da necessidade do uso de materiais para obter três situações disntas na sala: difusão, absorção e dissipação sonora. E também uso de esquadrias, fechamentos e vidros que impeçam a dissipação do som externo para o interior da sala de concerto, das salas de aula, sala de gravação, sala de ensaios e demais ambientes que necessitam dessa caracterísca acúsca. Figura 1: apresenta os resultados de simulação da propagação sonora. Fonte: FAURO, 2011. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA | ARQUITETURA E URBANISMO TCC2 2014/2 ALINE CRISTINA PIRES ORIENTADOR RODRIGO BASTOS ESTACIONAMENTO subsolo 88 VAGAS 3782M² Estrutura em concreto armado, laje nervurada, pilares de concreto, piso em concreto polido, 10% das vagas desnadas para portadores de necessidades es- peciais e idosos. Acesso para cisterna e casa de bombas. 1 SECRETÁRIA E ADMINISTRAÇÃO 388,85M²+388,85M² Objevo: atender aos projetos culturais da pre- feitura, Fundação Catarinense de Cultura e Fundação Franklin Cascaes. Térreo possui acesso ao público. Pav. Superior apenas acesso restrito, desnado a acervo. Estrutura já existente, mantêm-se os revesmen- tos internos, são adicionadas estruturas em “drywall” para divisão dos espaços. Adicionam-se três banheiros. Estrutura externa em pintura branca. 2 MUSEU 178,59M²+335,05M² Objevo: contar a história de Carl Hoepcke e todo o conjunto histórico Rita Maria, espaço onde atualmen- te estão as angas máquinas da fábrica, que serão ali mandas e apresentadas para a população. O espaço também poderá receber exposições temporárias. Estrutura já existente, o piso será em concreto po- lido e revesmentos em cores brancas. Portas e janelas mantêm-se as originais. 3 PADARIA/CONFEITARIA 335,03M² Objevo: espaço para uso público, trazer diferen- tes usuários para o complexo. Estrutura existente. Interno disponível para alte- ração do locatário. Revesmento externo em pintura branca. 4 LOJA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS 118,71M² Objevo: atendimento aos músicos usuários do complexo e população, acesso público. Estrutura já existente. Por não ter informações sobre os revesmentos existentes, é proposto piso em concreto polido e paredes em pintura acrílica branca. Esquadrias em madeira, também existentes. Nova pin- tura externa em cor branca. 5 entrada coberta pela r. felipe schim- dt 6 ESTACIONAMENTO 84 VAGAS 3782M² Objevo: entrada e saída de veículos, carga e des- carga, área de manutenção, apoio e depósitos - de ma- teriais, temporário de lixo. Saída para infraestrutura - leitura de luz e água, depósito final do lixo. O complexo não possui central de gás. Estrutura em concreto armado, laje nervurada, pilares de concreto, piso de concreto polido, 10% das vagas desnadas para portadores de necessidades es- peciais e idosos, possui vagas para motos. Fechamentos em portas metálicas com revesmento em lâmina de madeira - porta do estacionamento e acessos dos pe- destres. 7 depósito temporário de lixo 8 SALAS DE AULA 641,48M² Objevo: estrutura para projetos musicais das fundações municipais e estaduais de cultura, com sa- las de ensaio para práca em conjunto, aulas indivi- duais e conjuntas, e estudos. Paredes em drywall revesdas com materiais acúscos, portas acúscas com vedação, e adição de janelas internas para proteção acúsca. Piso e pare- des mandas originais. Pintura externa em branco. Sala de práca de conjunto: 55,00M² Salas de aula: 2 salas de 42,33M²; 4 salas de 18M² Salas de estudo indivisual: 4 salas de 5,31M² 9 SALA DE ENSAIO 321,30M² Objevo: atender à necessidade das orques- tras municipais e do estado pela falta de sede fixa para ensaios. A sala é equipada com copa, banheiros, guardas e tablado do coro. Locado em estrutura existente, promove a re- forma e a adição de novas paredes “drywal” com re- vesmentos em forro acúsco e lã de PET. Incluem-se nuvens acúscas e materiais que deem caracterís- cas acúscas adequadas. 10 SALA DE GRAVAÇÃO E SALA DE SOM 367,97M² Objevo: suporte para avidades de produção musical para as orquestras e grupos musicais. Locado em estrutura já existente, é composto pelo conjunto de duas salas acopladas e equipadas com sonorização e materiais de isolamento acúsco. Revesmentos em madeira e forro acúsco. 11 LUTHIERIA 122,88M² Objevo: promover os ajustes e reparos dos instrumentos musicais ulizados dentro do comple- xo. 12 RECEPÇÃO E BANHEIROS Objevo: ter controle dos usos e dar apoio às salas do bloco 04. Estrutura já existente, patrimônio his- tórico revitalizado, mantendo a estrutura do telhado aparente. 13 REVISTARIA 165,34M² Função: promover a diversidade de público ao complexo. Locado em estrutura existente, é uma das únicas avidades com abertura para a área externa à quadra. 14 RAMPA DE ACESSO AO EDIFÍCIO, PRAÇA COBERTA EM CONCRETO POLI- DO 15 BAR E CAFÉ 95,15M² Função: promover público ao complexo em di- ferentes períodos do dia e dar suporte antes e após concertos.Possui banheiros próprios e cozinha com 55,42m². Abertura para os pilotes do novo edicio, onde se estende e promove o uso da praça coberta. 16 BISTRÔ 231,44M² Função: com a mesma intenção do bar e café, o bistrô promove a intensificação do uso noturno do complexo. Possui banheiros próprios e cozinha com 135,64m², possui o acesso restrito por elevador de carga e serviço, através do pavimento inferior, com banheiro de serviço. 17 BILHETERIA 848,13M² Função: andar que antecede a sala, local de compra de ingressos, es- pera e admiração do complexo visto do alto. Possui banheiros femininos e masculinos, e banheiro familiar aten- dendo à acessibilidade para PNE. Re- vesdo com materiais acúscos para evitar que ruídos vindos do exterior ecoem para o interior do edicio. Nesse pavimento existe a possibilida- de de fechamento das rampas. Mas se prevê que todo o complexo terá vigia e sistema de segurança. Junto à bilheteria encontra-se a sala da ad- ministração da Sala de Concerto com 85,36m². 18 CAMARIM Função: local de concentração para os músicos Equipado com copa, vesários, sala de concentração e depósito, hall de espera, e salas 4 individuais de 13m²/cada com banheiros próprios. cobertura metálica laje steel deck rampas em concreto fachama em painél perfu- rado metálico jardim suspenso forro móvel janela acústica com bri- ses móveis parede dupla com forro acústico de madei- ra, lã de pet, placa cimentícea e estrutura metálica com pintura entumecente estrutura mista: pilares em concreto salas de ensaio individual RUA FELIPE SCHIMDT RUA CARL HOEPCKE RUA CONSELHEIRO MAFRA BICICLETÁRIO VISTA A vista A vista B - Entrada salas de ensaio vista C - entrada r. conselheiro mafra vista D - jardim suspenso vista E - praça central vista F - rampa de acesso vista H - acesso bilheteria vista I - bilheteria vista J - foyer vista K - sala de concerto N EDIFÍCIO PRINCIPAL: ESTRUTURA MISTA ESTACIONAMENTOS (SUBSOLO E PAV. INFERIOR): Estrutura em concreto armado: pilares em concreto armado, laje nervurada, piso em concreto alisado. EDIFÍCIO PRINCIPAL: Estrutura mista: pilares em concreto, lajes em steel deck com acabamentos acús- cos, paredes em drywall com acabamento em forro acúsco. Escadas enclausuradas em estrutura de concreto. Rampas em concreto apoiadas em parede estrutu- ral. Cobertura metálica: vigas autoportantes e telhas duplas com camada interna em polies- reno. N VISTA B VISTA C VISTA E VISTA F VISTA G N VISTA J VISTA K Há diversos programas federais de isenção fiscal que incenvam o desen- volvimento de projetos culturais e arscos pelo o setor privado, como é o caso da Lei Rouanet do Ministério da Cultura. A proposta de um Centro de Música para Florianópolis é de vantagem a toda a sociedade da Grande Florianópolis, que atenderia aos projetos mu- sicais da Fundação Franklin Cascaes e Fundação Catarinense de Cultura, e sediaria as Orquestras públicas do Estados e do Município. Sendo locado em um terreno com uma centralidade urbana importante, passível de ser aberto à cidade e permir que essa se aproprie. Tornando-se e transfor - mando-se conforme a sinfonia da cidade e seu movimento, valorizando o conjunto histórico e buscando novas leituras da cidade e da sua dinâmica. N VISTA D VISTA H VISTA I 19 SALA DE CONCERTO 680 LUGARES 95,15M² Função: desnado para concertos, reci- tais e apresentações musicais. Equipado com forro acúsco móvel, paredes em forro acúsco, poltronas com revesmento semelhante à densidade do corpo humano, degraus para coro e piso em carpete. Fundo em janela móvel, com a possi- bilidade de se ter a cidade como fundo e pal- co do concerto ou total fechamento - a parr dos painéis móveis. Janela em vidro duplo de 10mm não paralelos para evitar ressonância. A sala possui cinco saídas de emergência com portas de vedação acúsca. Há lugares dis- poníveis para cadeirantes. As apresentações podem ser gravadas, amplificadas e filmadas a parr da sala de som acima do mezanino. 20 FOYER 400,20M² Função: lugar de espera do espectador para início do concerto ou para aguardar os intervalos. Sala que antecede a sala de concertos, equipada com “Bombonière”, banheiros e área de estar, possui pé direito alto, e todo o revesmento adequado para não promover ruídos e ecos. 21 MEZANINO 179,26M² + 115M² DE PÚBLICO Acesso ao segundo nível da sala de concerto, com banheiros, elevadores e 115m² de especatodores. 22 LAJE TÉCNICA Função: área desnada para locação de casas de máguina, caixas d’água (siste- ma comum e sistema de reaproveitamento da água da chuva), condionadores de ar, e demais aparelhos técnicos. 23 CABINE DE SOM 38,50m² Se necessário a gravação e sonoriza- ção da sala de concerto, o controle do es- petáculo é feito na cabine de som, onde es- tará intalado a mesa de som central. 24 FORRO MÓVEL Sistema mecânino por cabos que permite o movimento da altura dos forros acúscos na sala de concerto. A altura pode variar de 7 a 20 metros, e assim poder aten- der com maior qualidade diversos pos de concertos. vista noturna - r. felipe schimdt vista G - rua. conselheiro mafra

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FÁBRICA DE MÚSICA Nãoconsigoafirmaromomentoemquearquite-turaemúsicaseentrelaçaramcomaminhavida.Des-deosseteanosdeidade,convivocomamúsicainten-samente,aprendendo,escutando,criando.Aprendiaartedetocarpiano,cantaremcoro,entenderateoriamusical,lerpartiturasemeapaixonarpelocontrabai-xo,pelaOrquestraepelamúsicaerudita.Aarquiteturaeuvivenciava,admiravaetentavatraduzi-laemrabis-coseperspectivas.Jánaadolescênciativeumaatra-çãoparticularpelaconstrução,eapartideentãode-cididedicar-meaoestudoprofissionaldaArquitetura. Dos quinze aos vinte anos de idade, participeidoProjetoOrquestra-Escola,umprojetovinculadoàOrquestraSinfônicadeFlorianópolis,queuneoensi-nodeinstrumentosmusicaisàpráticaemconjuntodeorquestraparaestudantes,jovenseadultos.Foiapar-tirdessaexperiência,aprendendoatocarcontrabaixoeparticipandodedinâmicasemgrupo,quevivencieiocenário(tristeedesestimulante)damúsicaeruditadeFlorianópolis,bemcomoasuadisparidadeemre-laçãoaoutrascidadesdoBrasiledaAméricaLatina. Minhapaixãopelamúsicaearealidadedeminhacidademeincentivaramadiscutirepensararelaçãoentremúsicaearquiteturaparaproporumnovocom-plexoqueatendaàmúsicaeruditaemFlorianópolis.

1 MOTIVAÇÃO

AoanalisarocenáriomusicaldeFlorianópolisper-cebeu-seanecessidadedeprojetarumcomplexodemúsicanaáreacentraldacidade,ondenãoháacon-templaçãodeumteatrodemédioougrandeporte.NocentrodacidadetambémháaFundaçãoFranklinCas-caes,quepossuiprojetosculturaisadministradosemescolaseedifíciospúblicos,comoexemploEscolaLivredeMúsicanaEscolaSilveiradeSouza.Nessesentido,oterrenoescolhidoestásituadonoaltodaRuaFelipeSchmidt,naantigafábricadebordadosHoepcke,umcomplexoarquitetônicotombado,porémabandonadopormaisde10anos,nototalde10.000m²deárea.AfábricasituadanoaltodaRuaFelipeSchmidtaté

1979,chegouaatenderoutrospaísesjáem1928,commaisde20grandesmáquinas, tornando-seumadasmaistradicionaisempresasdoestado.Oterreno,apósgrande disputa de posses devido ao falecimento deCarlHoepcke,apropriedadefoiconcedidaaumasdasfilhasdoempresário.Emrazãodagrandeimportâncianahistóriadodesenvolvimentodacidade,operíme-trodocomplexoindustrialsetornoupatrimôniohistó-ricotombadocomrestriçõesdeuso. Infelizmentehádezanosprolonga-seuma situaçãodeabandonodegrandeparte doperímetro, por causa dediscussõesjurídicasentreosproprietárioseaprefeitura.Oterrenotemgrandevalordemercado,éumdos

únicos terrenos que não possui verticalização, todoseu entorno sofreu modificações e um crescimentourbanodescontrolado.JuntoaoParquedaLuz,repre-sentaumbolsãodearnodesenvolvimentodeFloria-nópolis.Sãocincoedificaçõestombadas,comdiferen-çasarquitetônicasquetornamoquarteirãoaindamaisespecial,representandoadinâmicadocrescimentodafábricaedacidade.

Localização:NoaltodaRuaFelipeSchimdt,próximoaoparquedaluz.NomesmobairroestásituadooTAC,oTeatrodaUBRO,aEscolaLivredeMúsicaeaSedeAdministrativadaFundaçãoCatarinenseFranklinCascaes.

TERRENO PROPOSTO

PARQUE DA LUZ

ESCOLA LIVRE DE MÚSICA

UBRO

PRAÇA XV DE NOVEMBRO

FUNDAÇÃO FRANKILIN CASCAES

N

4 O TERRENO: CONTEXTO, HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS

COMPLEXO DE MÚSICA

PÚBLICO

INTERNO

APOIO

SALA DE CONCERTOPRAÇAMUSEU RESTAURANTE/CAFÉ LOJAS

SALAS DE AULASALA DE ENSAIOSALA DE GRAVAÇÃOLUTHIERIA

BANHEIROSCAMARINSADMINISTRATIVOCOZINHA

3 ARQUITETURA E MÚSICA: SUAS RELAÇÕES Abuscaporrelacionarasduasartes,MúsicaeArquite-

tura,nãoéumdesejorecente.Hádiversosregistrosnahistó-riadepesquisadores,teóricos,arquitetoseartistasqueabor-damas diversas analogias entre as duas áreas. Dentre elas,amaisantigaéarelaçãomatemáticadePitágoras,propulsordediversosestudosfísicosematemáticosatuais.Emsuateo-ria, ele interpreta intervalos sonorosharmônicosempropor-ções aritméticas que são encontradas em diversas obras ar-quitetônicas consideradas belas e harmônicas, por exemplo. Outras relações sãomais sensitivas, abordam amúsica

comoelemento criativoparaoarquiteto,ouentãooespaçocomo inspiração para omúsico. E ainda relações físicas, nasquais o espaço reproduzo som, interferindoouqualificandosua reprodução a partir da absorção ou reverberação sono-ra.Sãoinúmerasasafinidadesentreosdoiscampos,asmaisabordadas nos estudos de arquitetura são os termos equi-valentes – como ritmo, proporção, intervalo, harmonia, es-cala –, dando azo a um leque de interpretações dos concei-tos aplicados tanto na arquitetura quanto na teoriamusical. “Música e arquitetura florescem no mesmo caule – ma-

temática sublimada. Em lugar das sistemáticas pautas e in-tervalos do músico, o arquiteto possui um sistema mo-dular como arcabouço do seu desenho. O meu pai, umpregadoreprofessordemúsica,meensinouaver–aescutar–umasinfoniacomoumedifíciodesons.”FrankLloydWright

ARQUITETURAespaço harmônico

relações matemáticasO ambiente é sentido

Como instrumento musicalInspiração

A Forma no espaço

MÚSICAHARMONIA | RITMO | PROPORÇÃOPITÁGORAS: frequência e escalaInspiração para criaçãoAcústica: reverberação e absorção do SOMCriatividade Racional ou irracionalA Forma no tempo

Sentirarquiteturanãoéapenasvê-la,évivenciá-la.Devemosentrar na construção e sentir como as cores, texturas foramusadas,veraconcepçãodoespaçoecomoesteinfluencianos-soandardentrodaedificação,ouvirossonsproduzidos,comoreverberam,comofluem.Sentireouviraarquiteturacomosesenteeouveumamúsica,aintensidadedaobraserápropor-cionalaossentimentosqueafloram.Assim,opróprioarquitetodeveusufruirdossentidosparaproduzirumaverdadeirasinfo-nia:desons,coresesentimentos. Asigrejassãoexemplodopoderqueaarquiteturatem

de estimular sensações. Sensações provocadas tanto pelasproporçõesmatemáticasna relaçãodas alturas e espessurasdascolunascomaalturadohomem,quantonosmateriaisedetalhesusadosemseu interiorque,claro,variamconformeaépocaeosconceitos.Esãoasigrejasgrandesexemplosdearquiteturaacústicaexatamentepeladiversidadedeintençõesdasconstruçõesparaestimulardiversossentidos.

SALA DE CONCERTO E COMPLEXO DE MÚSICA PARA FLORIANÓPOLIS

FORMA

ACÚSTICA

NECESSIDADES

SALA DE CONCERTO

BILHETERIASALA DE ESPERACAMARIMSALA DE CONCENTRAÇÃODEPÓSITOGUARDA PIANO SALA DE APOIO AO SOMESTACIONAMENTOBANHEIROS

2 PROBLEMATIZAÇÃO: O CENÁRIO MUSICAL NenhumaorquestrasinfônicadoMunicípiodeFlorianópolisedoEstado

deSantaCatarinapossui,emsuahistória,umasedefixaparaensaioseapre-sentações.Atualmente,existemnomunicípioquatroteatros,administradospelaFundaçãoCatarinensedeCultura(FCC)oupelaFundaçãoFranklinCasca-esdeFlorianópolis,TeatroGovernadorPedroIvo,TeatroAdemirRosa(TAR),TeatrodaUbroeTeatroÀlvarodeCarvalho(TAC),queatendemaosprogra-maseprojetosculturaisdacidadeedoestado. Apartirdeumaanálisefeitasobreosteatrosdacidade,épossívelcons-

tatarquenenhumdessesteatros,ououtrosedifíciosemFlorianópolis,foramconstruídosparaocenárioerudito,muitoemboraoTeatroPedroIvotenhasidosedepordoisanosdaOrquestraSinfônicadeSantaCatarinademodoimprovisado,semestruturaadequadaparaaatividade.Nãohá,portanto,umcomplexoqueatendaoconjuntodasatividadesdeumaorquestra,quecon-tenhasalasdeensaio,salasparaarmazenarerepararinstrumentos,salasdegravação,entreoutrosespaços. Naatualidade,asorquestraseprojetossociaisdeculturasãoremane-

jadosconformeoprogramaéadministradopelaFundaçãoFrankilinCascaes,edependendodoanodeapoiosãosediadosemEscolasPúblicasdomunicí-pio.Comoexemplo,aOrquestraSinfônicadeFlorianópolis(OSF),fundadaem1944,nãopossuiumasedefixaatéhoje.Noiníciodesuasatividades,osen-saioseramsediadosnasdependênciasdoClubedoLira,nocentrodacidade,eposteriormentenasimediaçõesdaUFSC.VagoupelasresidênciasdeseusregentesepelassalascedidaspelaFundaçãoFranklinCascaes.

Vinculado àOrquestra Sinfônica, o projetoOrquestra-Escola teve suasede,porseisanos,noForteSantaBárbara, juntoàsedeadministrativada

FundaçãoFranklinCascaes:umambienteimprovisado,sempreparoacús-ticoepequenoparaonúmerodeintegrantesdoprojeto.Nosfinaisdesemana,o forteaindadavapalcoaaulasdedançadesalão, fotografiaeaulasdepercussãojaponesa(Taiko).Hádoisanos,todasasatividadesculturaisforamrealojadasemescolasdeensinopúblicodaáreacentraldacidadeedosuldailha. OProjetocontemplavaaulasindividuais,aulasemgrupoepráticas

emconjuntodeorquestra,dividindoosturnoscomosensaiosdaOrques-traSinfônicadeFlorianópolis.Em2014,oprojetoperdeuoprogramadeincentivodaFundação,dandolugaraoprojetoEscolaLivredeMúsica,naEscolaBásicaSilveiradeSouza,semvínculocomaOSF.Atéomêsdeju-nho,aOrquestraSinfônicadeFlorianópoliseaOrquestraFilarmônicadeSantaCatarina(fundadaem2012)nãotiveramregistrodeatividades.AOrquestraSinfônicadoEstadoencerrousuasatividadesem2012. Nessecenáriocatarinense,emqueosprogramasdeincentivosão

sazonais,nãoexistirumcomplexoqueatendacomosedefixaàsorques-traseaosprojetosmusicaisfazcomqueaspropostasculturaistornem-se cada vez mais vulneráveis. Não faltam músicos, profissionais, nempúblico,massimestruturae incentivo.Atualmente,osprofissionaisdaOrquestraSinfônicadeFlorianópolis,comquemeutenhomaiscontato,nãosededicamexclusivamenteaessaatividadeporfaltaderegularida-deesegurança,jáquenãorecebemsaláriomensal,esimremuneraçõesisoladas(cachês)conformeosprojetoseapresentaçõessãoaceitospelosórgãosdeincentivoàcultura,sendoobrigadosaexerceroutrasatividadesparaseusustentoedesuasfamílias.

Diante desse quadro, faz-se necessário o desenvolvimento deumasedeadequadaparaacontinuidadedasorquestraspúblicasedeseustrabalhos,nointuitodepromoveravalorizaçãodamúsicaeruditaemSantaCatarina,acujahistóriadevemosadmiração.Umespaçoquepermitaocrescimentodeprojetosculturais,mantendovivasasorquestrasdomunicípioedoestado;quecontemplenãoapenasosmúsicos,mastodaacomunidadeenvolvida:composito-res,produtores,instrumentistaseadmiradoresdamúsica.Paratanto,épropostooestudosobreasrelaçõesentreArqui-

teturaeMúsica,atravésdeconceitosdateoriamusicalocidental,mais especificamente de teóricos, como Pitágoras, e arquitetos,comoLeCorbusier, semolvidaraobservaçãodeoutros comple-xosesalasdeconcertosquesãoreferênciasnomundoenoBrasil,comoaSalaSãoPauloeaCasadeMúsicadeViena.Emlinhasge-rais,entende-sequeéaarquiteturaquereproduzosom,elatemopoderdetransformaramúsica,absorvendoereverberandoasondassonorasconformeorevestimento,aproporçãoeaformadoespaço.

Oterrenoescolhidoseencontraemespeculaçãoimobiliária.Todaaregiãoestáemconstantecrescimentovertical,queatendemaosetortantoresidencial,demédioealtopadrão,quantocomercialede serviços.Próximoao terrenoencontram-se:Hotéis, serviçoscomorestaurante,clínicasdesaúdeparticularesepúblicas,centrocomercialHavan,Senac,casasnoturnas,estacionamentos,imobili-áriaeterrenosemconstrução.Partedasedificaçõesedo terrenodaFábricasãoconsideradas

patrimôniohistóricoP-2pelodecretonº270/86,inclusosnocon-junto X: RitaMaria.Grandeparte da área se enquadra no PlanodiretorvigentecomoÁreaMistaComercial,epartedoterrenoaleivigenteclassificacomoAPC-1,ÁreadePatrimônioCultural.Próximoaoterrenoencontra-seamaioráreaverdedeusopúbli-

codacidade:oParquedaLuz,juntoàcabeceiradaPonte.Aregiãopossuiumfluxoconstantedeveículosepedestres,porémdemenorintensidadequeodocentrodacidadeedoiníciodasruasFelipeSchmidteConselheiroMafra.Devidoaomovimentodecasasno-turnas,essefluxotambémocorreànoite.Oterrenoencontra-seentreduasimportantesruasparalelasda

cidade:RuaFelipeSchmidteRuaConselheiroMafra,quenessare-giãotrabalhamcomobinários.Amaioriadasruasnesselocaltraba-lhamcomsentidoúnico,comduasvias.Nosistemaviárioháumnó,encontroderuascomaAv.RioBran-

co,umaviadegrandeimportânciadentrodocentrodacidadeporseuporte,fluxoeusos,quepossuiosdoissentidosdefluxoequatrovias.MesmocomaimponênciadaAv.RioBrancoedaimportânciadasdemaisruas,nessaregiãonãoháengarrafamentos.Apesardointensofluxo,ossentidosúnicosdasruaspromovemafluidezdotrânsitodeveículosdolocal.Hágrandequantidadedefaixasdepedestresnosentroncamen-

tosesinaleiravoltadasaeles.Noentanto,otransportepúbliconaregiãonãoocorrecomfrequência,eháapenasumalinhadisponí-vel-CircularCentro.Umdosfatoresdeescolhadoterrenonaáreacentralfoiapossi-

bilidadededesenvolveroacessoprioritáriodopedestreaoprojeto,oqueocorrepelafacilidadedelocomoçãoechegadadopedestreaocentrodacidade.Paraqueissoocorra,propõem-senovaslinhasehoráriosdeônibusaessaregião,possibilitandoachegadadope-destretambémpelaR.FelipeSchmidtdeônibus.AtualmenteoterrenoestácedidoàPrefeituradeFlorianópolis,

ondeatédezembroestavasediadaaSecretariaMunicipaldeDe-senvolvimentoUrbano (SMDU), em um dos galpões internos. Asedificações tombadas pelo PatrimônioHistórico estão abandona-dasemsuamaioria,comexceçãodoedifício4,ondeencontrava-seumestacionamento.Juntoàprefeitura,estáemtrâmiteumprojetodaempresaMag-

noMartins,paraodesenvolvimentodeduastorresresidenciaiseumatorrecomercialnoterrenoemfoco.O terreno foi escolhido pela sua importância na história da ci-

dade,porsuavalorizada localização,porpossuirumdosmaioresconjuntostombadosdeFlorianópoliseporpermitirquepossaseconstruirumaextensãodacidadeparadentrodoterreno.Defácilacessoparapedestreseautomóveis,oterrenoéumrespiroàver-ticalizaçãodacidade,esuasedificaçõessãoimponentes,devendoservalorizadas.Acredita-sequemesmosendoapropriedadepri-vada,oprojetoFábricadeMúsicaéviáveltantoaopoderpúblicoquantoaoprivado.

1871: FundaçãodaCarlHoepcke& cia: atacadista eimportados,fretedeveleirosdemercadoriadaEuro-pa,queintensificouomercadolocal.1884:oterrenojáerautilizadoparadepósitodemer-cadoriasdaempresaelojaeem1885CarlassumeoconsuladodaAlemanha.1897: Primeiro navio a Vapor do estado implantadopelafundaçãoCarlHoepcke:oVaporMax.1903:FábricadaemSãoFrancisco:MuseudoMar.1907:CarlcriaportonapraiaRitaMaria.1913:FundaçãodaFábricadeRendaseBordadosHo-epcke.1924:FaleceCarlHoepcke.1928:AFábricapossuimaisde20máquinaseseucre-cimentofezafábricamudardesedenodecorrerdosanos.1986:DecretoNº270/86:TombamentodoPatrimônioHistóricoConjuntoX:RitaMaria.

5 desenvolvimento do projetoConformeoexposto,apropostadoprojetoéatenderàne-

cessidadehistóricadasorquestrasdoestadoedeFlorianópo-lisnoqueserefereàestruturafísicadeapoio,daqualdevemfazerparte:saladeconcerto,saladeensaio,saladegravação,saladeapoioadministrativo,manutençãoereparodeinstru-mentos,espaçoparaacervodeinstrumentosepartituras.Nos-sa proposta pretende, ainda, vincular o complexo a projetosculturaisdeensinomusicalparacrianças,jovenseadultosdacomunidade,comoaquelesqueaFundaçãoFranklinCascaeshojeoferece.Nocentrodoterreno,objetiva-seprojetarasaladecon-

certo, que será de grande escala, junto à qual deverá existirumapraça,deformaaenalteceraintegraçãoentreonovoeohistóricopreservadoeabri-loparaacidade.Nãoteremosape-nasumaentradaparaocomplexo,apropostaépotencializarasaberturasexistentesentreasedificaçõeshistóricasparare-vitalizarsuaimportânciaedardinâmicaaoespaço.Ocomplexoseráumasinfonia,asentradasdiscretasesilenciosasentreahistóriapreservadadolugardarãoo“start”,ocaminhoparaointeriordo terrenoconsistiránumadinâmica,amúsicaapre-sentaráumacrescenteparachegaraoseuápice:ointeriordasaladeconcerto.Osedifícioshistóricosserãorevitalizadosparaatenderà

necessidadedassalasdeapoio,queterãodiversostamanhosefunções.Oobjetivodocomplexoéserapropriadopelacidade.Sendoassim,serápriorizadaachegadadepedestresetrans-portespúblicos, e anecessidadedeestacionamentosdeverásersupridaemsubsolo.

OComplexodeMúsicadeveatenderadoistiposdeusu-ários distintos: os músicos e estudantes que participam dasorquestraseprojetos,quedesfrutamdosaparelhos internos;eopúblico, quedesfrutadas apresentações, lojas e espaçosinterativos.Aintençãonãoésegregar,pelocontrário,tenta-sedesenvolveressasatividadesemparalelo,deformaqueopú-blicotambémpossaassistiraosprojetosefrequentarambien-tesinternos.Devidoàsdimensõesdosgalpõeshistóricos,per-cebeu-seanecessidadededesenvolveraSaladeConcertosemumnovo edifício, para atender commaior potencialidade àsdemandasacústicaseàmaiorquantidadedepúblico.

Assim,osedifícioshistóricosseriampalcodesalasdeaula,salasdeensaiosegravação,luthieriaeadministraçãodospro-jetosecomplexo,comarevitalizaçãodaarquiteturaereformadenovosambientescommateriaisacústicos.Etambématen-deriamaopúblico,sendoneleslocadosmuseu,lojademúsica,revistariaepadaria.Apraçacentraldoterrenoseriaoencontrodostempos,aconversaentreocontemporâneoeohistórico.Adinâmicaentresinfoniaseescalas.

ASaladeConcertodemandaumplanodenecessidadesmaioreumestudomaisapuradoqueosdemaisaparelhosdocomplexo. Sua forma deve ser desenvolvida a partir de trêsprincipaiscaracterísticas:Acústica,ProporçãoeMateriais.

Com o desenvolvimento dos estudos de caso e leituras,optou-seemdesenvolverumasalaRetangular,conhecidapelonometécnico“ShoeBox”.Essaformapropiciaaacentuaçãodosom,esuaspropriedadessãomaisvantajosasparaseprojetarumasalacomoobjetivodeconcertoerecitais.Nãoobstante,deve-seteratençãonastrêsmedidasutilizadas:largura,alturaecomprimento,quenãopodemseriguaisouapresentarpro-porçãoracionalentresi,paranãogerarsituaçõessonorasne-gativas,comooeco.

SISTEMAACÚSTICO“SHOEBOX”OU“CAIXADESAPATO”

Umasala“ShoeBox”éconhecidapelasproporçõesretan-gulares, recebendo adjetivos como: sala longa, alta e estrei-ta.Dentreosestudosfeitos,asmelhoressalasdeconcertodomundoapresentamessaforma:SalaSãoPaulo,SalaDouradadeMusikvereinemViena,ShynphonyHallemBostoneConcer-tgebouwemAmsterdam.

Arelaçãoentreastrêsmedidasdasalaéimportante:elasdevemserpróximasaumaproporçãoharmônica,masnãopo-demchegar a sermúltiplas entre si, nempossuir fatores emcomum.Dessemodo,essasalaapresentaumsommaisclaro,distinto, principalmente em relação à propagação das notasagudas, segundos os estudos de T. Yokota apresentados porFauro,2011.

Existemoutrasduasformastambémcomunsaosprojetosarquitetônicosde teatrose salasdeapresentação: formaemlequeeformaelíptica.Cadaformapossuicaracterísticasacús-ticasquevariam,eassim,aescolhadaformabásicasetornafundamentaldopontodevistaacústico.Desseestudoreapre-sentadodeT.Yokota,temosfigurasimportantesparaentenderaescolhadaformadasaladoprojetoserretangular.

Nas ilustraçõesdafigura1,oscírculosescuros indicamaposiçãodafonteeosclarosaposiçãodoreceptor. Cadase-quênciapossuiumtempoderecepção,quevaiaumentando.Analisandoasimagens,asconclusõesdeFaurosãoclaras,po-demosperceberqueapropagaçãodasfrentesdeondaédis-tintanastrêsformasdesala.Nasalaretangularonúmerodefrentesdeondaaumentaconformeotempoavança,enquantoquenasdemaissalasháumatendênciaàconcentraçãoeaode-senvolvimentodefrentesdeondas“defeituosas”,comoafirmaT.Yokota.

Comos estudos acústicos, têm-se as seguintes diretrizespara a sala de concerto: forma “Shoe Box”, devido àmelhorpropagação sonora em todo o ambiente, não havendo tantadisparidadenaposiçãodoespectadorquantonasdemaisfor-mas; dimensões próximas à proporção 1:2, conforme asme-lhoressalasdeconcerto(ex:SalaSãoPaulomedidaspróximasa24:48),mascommedidasnãomúltiplasentresi;paredesnãoparalelasentresi,compequenavariaçãoangularnosmateriaisderevestimentoparaevitarecos.Distânciamáximade40men-treoespectadoreopalco.

Emvisitaao laboratóriodeVibraçõeseAcústicadaUFSC(LVA),pôde-seteracessoamateriaisdealtodesempenhoacús-ticodisponíveisnomercadonacionaleinternacional.Houveoentendimentodanecessidadedousodemateriaisparaobtertrêssituaçõesdistintasnasala:difusão,absorçãoedissipaçãosonora.Etambémusodeesquadrias,fechamentosevidrosqueimpeçamadissipaçãodosomexternoparaointeriordasaladeconcerto,dassalasdeaula,saladegravação,saladeensaiosedemaisambientesquenecessitamdessacaracterísticaacústica.

Figura1:apresentaosresultadosdesimulaçãodapropagaçãosonora.Fonte:FAURO,2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA | ARQUITETURA E URBANISMO TCC2 2014/2 ALINE CRISTINA PIRES

ORIENTADOR RODRIGO BASTOS

6 O PROJETO

PAV. INFERIOR E SITUAÇÃOESC: 1:500

PAV TÉRREO ESC: 1:500

PAV 1 ESC: 1:500

PAV 2 ESC: 1:500

MEZANINO ESC: 1:500

LAJE TÉCNICA ESC: 1:500

ESTACIONAMENTO subsolo88 VAGAS 3782M² Estrutura em concreto armado, laje nervurada,pilaresdeconcreto,pisoemconcretopolido,10%dasvagasdestinadasparaportadoresdenecessidadeses-peciaiseidosos.Acessoparacisternaecasadebombas.

1 SECRETÁRIA E ADMINISTRAÇÃO 388,85M²+388,85M² Objetivo: atender aos projetos culturais da pre-feitura, Fundação Catarinense de Cultura e FundaçãoFranklinCascaes.Térreopossuiacessoaopúblico.Pav.Superiorapenasacessorestrito,destinadoaacervo. Estruturajáexistente,mantêm-seosrevestimen-tos internos, são adicionadas estruturas em“drywall”paradivisãodosespaços.Adicionam-setrêsbanheiros.Estruturaexternaempinturabranca.2 MUSEU 178,59M²+335,05M² Objetivo:contarahistóriadeCarlHoepckeetodooconjuntohistóricoRitaMaria,espaçoondeatualmen-teestãoasantigasmáquinasda fábrica,queserãoalimantidaseapresentadasparaapopulação.Oespaçotambémpoderáreceberexposiçõestemporárias. Estruturajáexistente,opisoseráemconcretopo-lidoerevestimentosemcoresbrancas.Portasejanelasmantêm-seasoriginais.

3 PADARIA/CONFEITARIA 335,03M² Objetivo:espaçoparausopúblico,trazerdiferen-tesusuáriosparaocomplexo. Estruturaexistente. Internodisponívelparaalte-ração do locatário. Revestimento externo em pinturabranca.4 LOJA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS 118,71M² Objetivo: atendimento aos músicos usuários docomplexoepopulação,acessopúblico. Estrutura já existente. Por não ter informaçõessobreosrevestimentosexistentes,épropostopisoemconcretopolidoeparedesempinturaacrílicabranca.Esquadriasemmadeira,tambémexistentes.Novapin-turaexternaemcorbranca.5 entrada coberta pela r. felipe schim-dt

6 ESTACIONAMENTO 84 VAGAS 3782M² Objetivo:entradaesaídadeveículos,cargaedes-carga,áreademanutenção,apoioedepósitos-dema-teriais, temporáriode lixo. Saídapara infraestrutura -leituradeluzeágua,depósitofinaldolixo.Ocomplexonãopossuicentraldegás. Estrutura em concreto armado, laje nervurada,pilaresdeconcreto,pisodeconcretopolido,10%dasvagasdestinadasparaportadoresdenecessidadeses-peciaiseidosos,possuivagasparamotos.Fechamentosemportasmetálicas com revestimentoem lâminademadeira -portadoestacionamentoeacessosdospe-destres.

7 depósito temporário de lixo

8 SALAS DE AULA 641,48M² Objetivo:estruturaparaprojetosmusicaisdasfundaçõesmunicipaiseestaduaisdecultura,comsa-lasdeensaioparapráticaemconjunto,aulasindivi-duaiseconjuntas,eestudos. Paredes em drywall revestidas commateriaisacústicos,portasacústicascomvedação,eadiçãodejanelasinternasparaproteçãoacústica.Pisoepare-desmantidasoriginais.Pinturaexternaembranco.Saladepráticadeconjunto:55,00M²Salasdeaula:2salasde42,33M²;4salasde18M²Salasdeestudoindivisual:4salasde5,31M²9 SALA DE ENSAIO 321,30M² Objetivo: atender à necessidade das orques-trasmunicipais e do estado pela falta de sede fixaparaensaios.Asalaéequipadacomcopa,banheiros,guardasetabladodocoro. Locadoemestruturaexistente,promovea re-formaeaadiçãodenovasparedes“drywal”comre-vestimentosemforroacústicoelãdePET.Incluem-senuvensacústicasemateriaisquedeemcaracterísti-casacústicasadequadas.10 SALA DE GRAVAÇÃO E SALA DE SOM 367,97M² Objetivo:suporteparaatividadesdeproduçãomusicalparaasorquestrasegruposmusicais. Locadoemestrutura jáexistente,écompostopeloconjuntodeduas salasacopladaseequipadascomsonorizaçãoemateriaisdeisolamentoacústico.Revestimentosemmadeiraeforroacústico.11 LUTHIERIA 122,88M² Objetivo: promover os ajustes e reparos dosinstrumentosmusicaisutilizadosdentrodocomple-xo.12 RECEPÇÃO E BANHEIROS Objetivo:tercontroledosusosedarapoioàssalasdobloco04. Estrutura já existente, patrimôniohis-tóricorevitalizado,mantendoaestruturadotelhadoaparente.13 REVISTARIA 165,34M² Função:promoveradiversidadedepúblicoaocomplexo. Locadoemestruturaexistente,éumadasúnicasatividadescomaberturaparaaáreaexternaàquadra.14 RAMPA DE ACESSO AO EDIFÍCIO, PRAÇA COBERTA EM CONCRETO POLI-DO

15 BAR E CAFÉ 95,15M² Função:promoverpúblicoaocomplexoemdi-ferentesperíodosdodiaedarsuporteanteseapósconcertos.Possui banheiros próprios e cozinha com55,42m².Aberturaparaospilotesdonovoedifício,ondeseestendeepromoveousodapraçacoberta.16 BISTRÔ 231,44M² Função:comamesmaintençãodobarecafé,obistrôpromoveaintensificaçãodousonoturnodocomplexo.Possuibanheirosprópriosecozinhacom135,64m²,possui o acesso restritoporelevadordecargae serviço, atravésdopavimento inferior, combanheirodeserviço.

17 BILHETERIA 848,13M² Função: andar que antecede asala,localdecompradeingressos,es-peraeadmiraçãodocomplexovistodoalto.Possuibanheirosfemininosemasculinos,ebanheirofamiliaraten-dendoàacessibilidadeparaPNE.Re-vestidocommateriaisacústicosparaevitar que ruídos vindos do exteriorecoem para o interior do edifício.Nessepavimentoexisteapossibilida-de de fechamento das rampas.Masse prevê que todo o complexo terávigia e sistema de segurança. Juntoàbilheteriaencontra-seasaladaad-ministraçãodaSaladeConcertocom85,36m².

18 CAMARIM Função: local de concentraçãoparaosmúsicos Equipado comcopa, vestiários,saladeconcentraçãoedepósito,hallde espera, e salas 4 individuais de13m²/cadacombanheirospróprios.

CORTE AAESC: 1:250

CORTE BBESC: 1:250

CORTE CCESC: 1:250

cobertura metálica

laje steel deck

rampas em concreto

fachama em painél perfu-rado metálico

jardim suspenso

forro móvel

janela acústica com bri-ses móveis

parede dupla com forro acústico de madei-ra, lã de pet, placa cimentícea e estrutura metálica com pintura entumecente

estrutura mista: pilares em concreto

salas de ensaio individual

RUAFELIPESCHIMDT

RUACA

RLHOEP

CKE

RUACONSELHEIROMAFRA

BICICLETÁRIO

VISTA A

vista A

vista B - Entrada salas de ensaio

vista C - entrada r. conselheiro mafra

vista D - jardim suspenso

vista E - praça central

vista F - rampa de acesso

vista H - acesso bilheteria

vista I - bilheteria

vista J - foyer

vista K - sala de concerto

N

EDIFÍCIO PRINCIPAL: ESTRUTURA MISTA ESTACIONAMENTOS (SUBSOLO E PAV. INFERIOR): Estrutura em concreto armado: pilares em concreto armado, laje nervurada, piso em concreto alisado. EDIFÍCIO PRINCIPAL: Estrutura mista: pilares em concreto, lajesemsteeldeckcomacabamentosacústi-cos, paredes em drywall com acabamento em forroacústico. Escadas enclausuradas em estrutura de concreto. Rampas em concreto apoiadas em parede estrutu-ral. Cobertura metálica: vigas autoportantes e telhas duplas com camada interna em polies-tireno.

COBERTURA ESC: 1:500

NVISTA B

VISTA C

VISTA E

VISTA F

VISTA G

N

VISTA J

VISTA K

Hádiversosprogramasfederaisdeisençãofiscalqueincentivamodesen-volvimentodeprojetosculturaiseartísticospeloosetorprivado,comoéocasodaLeiRouanetdoMinistériodaCultura.ApropostadeumCentrodeMúsicaparaFlorianópolisédevantagema

todaasociedadedaGrandeFlorianópolis,queatenderiaaosprojetosmu-sicaisdaFundaçãoFranklinCascaeseFundaçãoCatarinensedeCultura,esediariaasOrquestraspúblicasdoEstadosedoMunicípio.Sendo locadoemumterrenocomumacentralidadeurbanaimportante,passíveldeserabertoà cidadeepermitirqueessa seaproprie. Tornando-see transfor-mando-seconformeasinfoniadacidadeeseumovimento,valorizandooconjuntohistóricoebuscandonovasleiturasdacidadeedasuadinâmica.

N

VISTA D

VISTA H

VISTA I

19 SALA DE CONCERTO680 LUGARES 95,15M² Função:destinadoparaconcertos,reci-taiseapresentaçõesmusicais. Equipado com forro acústico móvel,paredes em forro acústico, poltronas comrevestimento semelhante à densidade docorpohumano,degrausparacoroepisoemcarpete.Fundoemjanelamóvel,comapossi-bilidadedeseteracidadecomofundoepal-codoconcertooutotalfechamento-apartirdospainéismóveis.Janelaemvidroduplode10mmnãoparalelosparaevitarressonância.Asalapossuicincosaídasdeemergênciacomportas de vedação acústica.Há lugaresdis-poníveisparacadeirantes.Asapresentaçõespodemsergravadas,amplificadasefilmadasapartirdasaladesomacimadomezanino.20 FOYER 400,20M² Função:lugardeesperadoespectadorparainíciodoconcertoouparaaguardarosintervalos. Salaqueantecedeasaladeconcertos,equipada com “Bombonière”, banheiros eáreadeestar,possuipédireitoalto,etodoorevestimentoadequadoparanãopromoverruídoseecos.

21 MEZANINO 179,26M² + 115M² DE PÚBLICO Acesso ao segundo nível da sala deconcerto, com banheiros, elevadores e115m²deespecatodores.22 LAJE TÉCNICA Função:áreadestinadapara locaçãodecasasdemáguina,caixasd’água (siste-macomumesistemadereaproveitamentodaáguadachuva),condionadoresdear,edemaisaparelhostécnicos. 23 CABINE DE SOM 38,50m² Senecessárioagravaçãoesonoriza-çãodasaladeconcerto,ocontroledoes-petáculoéfeitonacabinedesom,ondees-taráintaladoamesadesomcentral.

24 FORRO MÓVEL Sistema mecânino por cabos quepermiteomovimentodaalturadosforrosacústicosnasaladeconcerto.Aalturapodevariarde7a20metros,eassimpoderaten-dercommaiorqualidadediversostiposdeconcertos.

vista noturna - r. felipe schimdt

vista G - rua. conselheiro mafra