semântica e linguistica textual
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PS-GRADUAO LATO SENSU
SEMNTICA E LINGSTICATEXTUAL
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SUMRIO
PREFCIO..............................................................................................................................................................3
UNIDADE 1 - SEMNTICA.................................................................................................................................4
UNIDADE 2 - LINGSTICA TEXTUAL.........................................................................................................22
LTIMAS PALAVRAS................................................................................................................................ ........43
REFERNCIAS....................................................................................................................................................44
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PREFCIO
A Semntica e a Lingstica Textual so dois campos de estudo da lingstica
que se aproximam em muitos aspectos. A Semntica a cincia do sentido e a
Lingstica Textual o ramo da Lingstica que trata da construo do sentido no
texto. Da a possiilidade de se apresentar em um mesmo material de estudo esses
dois campos do con!ecimento.
"om relao # Semntica$ podemos di%er que a preocupao com o sentido
das pala&ras e sua relao com o mundo datam da antiguidade. 's (il)so(os gregos
*+ mani(esta&am uma certa curiosidade com relao # moti&ao do sentido das
pala&ras e tra&a&am longas discuss,es nas quais alguns de(endiam que a relao
entre a pala&ra e seu signi(icado no era aritr+ria$ que tin!a ra%o de ser$ outros
acredita&am que o sentido dado a uma seqncia sonora que con(igura&a uma
determinada pala&ra era con&encional$ e aritr+ria$ portanto.
A Lingstica Textual$ por outro lado$ uma cincia astante no&a tendo seus
desen&ol&imentos iniciais *+ na segunda metade da dcada de - e primeira metade
dos anos /. Durante seus primeiros anos$ essa cincia ocupa&a um lugar marginal
nos estudos lingsticos$ que nessa poca esta&am &oltados para a con(igurao
geral da linguagem. A preocupao com a questo do texto receeu um maior
destaque somente nos 0 e$ ainda nessa poca$ apareceram estudiosos
interessados no processamento cogniti&o do texto$ o que arran*ou o cen+rio para o
surgimento de uma tendncia que dominaria a dcada de 1$ o s)cio2cogniti&ismo.
' que se &eri(ica ao estudar a !ist)ria desses dois campos do con!ecimento
lingstico que desde o seu aparecimento at a sua consolidao$ a Semntica e a
Lingstica Textual percorreram um longo camin!o e nesse percurso acaaram porampliar e modi(icar a (orma com a qual os (en3menos lingsticos eram tratados.
Sua contriuio para o desen&ol&imento do con!ecimento lingstico (oi to
importante que (e% com que elas se estaelecessem de(initi&amente no cen+rio dos
estudos da linguagem.
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UNIDADE 1 - SEMNTICA
4ode2se di%er que a Semntica a cincia do signi(icado. 5o entanto$ para se
de(inir o o*eto de estudos da semntica preciso$ antes$ de(inir o conceito de
signi(icado. 6ma tare(a (reqentemente complicada$ uma &e% que o termo se aplica
a &+rias e &ariadas situa,es de (ala7 Se questionamos qual o signi(icado de mesa$
queremos saer o signi(icado de um termo8 por outro lado$ se a pergunta 9:ual o
signi(icado de sua atitude; *ustamente nesse campo$ muitas &e%es espin!oso$ que os
semanticistas se deruam na usca de uma resposta que esclarea a relao entre
linguagem e mundo$ ou$ sore como poss&el o con!ecimento.
Se$ como anteriormente a(irmado$ !+ &+rias (ormas de se conceer o
signi(icado$ !+ tamm &+rias semnticas$ cada uma elegendo a sua noo
particular de signi(icado. "ada uma dessas semnticas responde di(erentemente #
questo da relao entre linguagem e mundo. ' estruturalismo saussureano$ porexemplo$ de(inia o signi(icado como uma unidade de di(erena$ o signi(icado se d+
numa estrutura de di(erenas com relao a outros signi(icados ? a cadeira se de(ine
por no ser so(+$ nem mesa$ nem anco. Assim$ para esse ponto de &ista$ o
signi(icado no tem nada a &er com o mundo$ cadeira no o nome de um o*eto no
mundo$ mas a estrutura de di(erena com so(+$ mesa$ anco.
Ao estaelecer sua teoria$ Saussure logo encontraria di&ersos seguidores que
(ariam ecoar suas tendncias no seio da sociedade cienti(ica$ so(rendo um con(ronto
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por &olta da dcada de @1$ com o surgimento das tendncias da Sintaxe
=strutural$ de Bartinet$ na =scola de 4aris. 5esse perodo$ surgem$ ento$ grandes
nomes e mo&imentos de estruturalistas da linguagem$ dando suas contriui,es
para um mel!or entendimento da lingstica no perodo saussuriano. 4or &olta de
@1@C na =scola de enera$ encontramos EallF e$ aproximadamente$ em @1G$ na
=scola de Boscou$ temos como exemplo 4ropp$ um estruturalista russo$ cu*os
estudos deram n(ase nos textos liter+rios. EallF te&e um papel de destaque nos
estudos semnticos ao propor con!ecimentos &oltados # estilstica. EallF a de(iniria
como estudo dos elementos a(eti&os da linguagem$ situada na sincronia e integrada
no prolema da distino entre a lngua e a (ala. EallF e seus seguidores procuraram
classi(icar o &alor estilstico dos meios de expresso e determinar as ra%,es daescol!a a empregar esta ou aquela opo. = assim$ muitos nomes com
preocupa,es semel!antes no campo lingstico assumem seus papis de destaque
nos estudos que norteariam a consolidao da !ist)ria da Semntica eral.
H+ para a Semntica Iormal o signi(icado um termo complexo que se
comp,e de duas partes$ o sentido e a re(erncia8 o sentido de um nome o modo de
apresentao do o*etoJre(erncia. Assim$ nessa perspecti&a$ a relao da
linguagem com o mundo (undamental.'utra perspecti&a$ !erdeira do estruturalismo$ a c!amada Semntica da
=nunciao$ & o signi(icado como o resultado do *ogo argumentati&o criado na
linguagem e por ela. A principal di(erena com relao ao estruturalismo que na
Semntica da =nunciao$ a pala&ra cadeira$ por exemplo$ signi(ica as di&ersas
possiilidades de encadeamentos argumentati&os das quais a pala&ra pode
participar. Seu signi(icado o somat)rio das suas contriui,es em inKmeros
(ragmentos do discurso. H+ para a Semntica "ogniti&a$ cadeira a super(cielingstica de um conceito adquirido por meio de nossas manipula,es sens)rio2
motoras com o mundo. > tocando o*etos que so cadeiras que (ormamos o
conceito pr2lingstico cadeira que aparece nas pr+ticas lingsticas como cadeiraM.
=sse conceito teria uma estrutura prototpica$ ou se*a$ se de(iniria por um con*unto
de traos partil!ados por todos os memros do con*unto ? um o*eto de quatro
pernas$ por exemplo.
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"omo se &$ a semntica tratada dentro de mais de uma corrente te)rica$
sendo a Semntica Iormal$ a Semntica da =nunciao e a Semntica "ogniti&a as
trs &ertentes que comp,e o atual quadro dos estudos do signi(icado no Erasil.
Assim$ uscaremos nas pr)ximas se,es apresentar uma descrio de cada uma
dessas perspecti&as.
1.1. A Se!"#$%& F'(&)
A Semntica Iormal (oi um dos primeiros re(erenciais te)ricos e partiu da
considerao de que as sentenas se estruturam logicamente. As ases para esta
(orma de tratamento do signi(icado esto nas rela,es l)gicas desen&ol&idas por
Arist)teles.
Arist)teles desen&ol&e um tipo de raciocnio deduti&o em que se e&idencia a
existncia de rela,es de signi(icado que se do independentemente do conteKdo
das express,es. =sse raciocnio$ con!ecido como silogismo$ consistia no seguinte
processo7 se (ormos capa%es de garantir a &alidade de duas premissas$ poderamos
concluir a terceira. 6m exemplo cl+ssico de silogismo pode ser assim descrito7
N@O Premissa 1? Todo !omem mortal8
Premissa 2? 4lato um !omem8
Premissa 3? Logo$ 4lato mortal.
A relao l)gica Nou (ormalO expressa no exemplo acima est+ inserida$ na
&erdade$ numa relao de con*untos. ' con*unto dos !omens est+ contido no
con*unto dos mortais8 se 4lato um componente do con*unto dos !omens$ ento
ele necessariamente um componente do con*unto dos mortais. Assim$ estaelece2
se rela,es entre termos N!omemJmortalO sem que se atente para o seu signi(icado$
o que implica que independente das express,es que comp,em as rela,es$ o
raciocnio ser+ sempre &+lido.
A Semntica Iormal$ tal como conceida !o*e$ de&e muito a um matem+tico
e l)gico alemo c!amado ottlo Irege N@0C02@1GPO. As maiores contriui,es de
Irege # semntica (oram o estaelecimento da distino entre sentido e re(erncia e
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do conceito de quanti(icador. De acordo com esse autor$ o estudo cient(ico do
signi(icado s) poss&el se di(erenciarmos os seus di&ersos aspectos para reter
apenas aqueles que so o*eti&os. > com esse raciocnio que ele exclui da
semntica o estudo das representa,es indi&iduais que uma dada pala&ra pode
pro&ocar. :uando ouo a pala&ra +r&ore$ por exemplo$ (ormo uma idia de +r&ore
que apenas min!a$ pois tem a &er com min!a experincia su*eti&a no mundo8
min!a +r&ore pode ser uma *aoticaeira$ como a de uma outra pessoa pode ser a
de um ip ou simplesmente a de uma +r&ore seca. =ssas representa,es
indi&iduais$ no pass&eis de inspeo$ portanto$ so trans(eridas # 4sicologia e a
Semntica acaa por restringir seus estudos aos aspectos o*eti&os do signi(icado.
' sentido de um nome pr)prio como rain!a dos aixin!osM o que nospossiilita c!egar a um certo o*eto no mundo de con!ecimento pKlico$ a Quxa 2 a
re(erncia. Dessa (orma$ tem2se que o sentido o que nos permite c!egar a uma
re(erncia no mundo. > a partir dessa distino apresentada por Irege que podemos
explicar a di(erena entre7
NGO A rain!a dos aixin!os a rain!a dos aixin!os.
NO A rain!a dos aixin!os a estrela da gloo.
=nquanto a sentena expressa em NGO uma &erdade )&ia que independe
dos (atos no mundo$ a sentena NO apresenta uma relao de igualdade que
necessita ser &eri(icada no mundo. Assim$ se pudermos$ de (ato$ estaelecer que
rain!a dos aixin!osM o mesmo o*eto que estrela da glooM$ aprendemos$ ento$
uma &erdade sore o mundo7 que podemos nos re(erir # Quxa de pelo menos duas
maneiras di(erentes. A sentena NO expressa uma &erdade sinttica$ isto $ uma
&erdade que s) pode ser apreendida pela inspeo de (atos no mundo$ por isso$
di(erentemente da &erdade expressa em NGO cu*o grau de in(ormati&idade %ero$ ela
pode nos proporcionar um gan!o real de con!ecimento.
> somente com a distino entre sentido e re(erncia que somos capa%es de
explicar a di(erena entre as sentenas NGO e NO$ pois emora amas ten!am a
mesma re(erncia$ elas expressam pensamentos di(erentes. Se o sentido o
camin!o que nos permite c!egar # re(erncia$ quando descorimos que dois
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camin!os le&am # mesma re(erncia$ aprendemos algo sore esse o*eto$
adquirimos con!ecimento sore o mundo. :uando tomamos conscincia da
igualdade$ descorimos dois sentidos para alcanar a mesma re(erncia. 6ma
mesma re(erncia pode$ pois$ ser recuperada por meio de &+rios camin!os.
"onsidere$ por exemplo$ a cidade do Rio de Haneiro. 4odemos nos re(erir a ela por
meio de di(erentes sentidos7 a cidade do Rio de Haneiro$ a cidade mara&il!osa$ Rio
de Haneiro$ a capital do =stado do Rio de Haneiro.
Irege$ ao apresentar a sua proposta sore a distino entre sentido e
re(erncia$ recorre a uma analogia que consistia num telesc)pio apontando para a
lua. A lua a re(erncia uma &e% que sua existncia e propriedades independem
daquele que a oser&a$ no entanto$ ela pode ser ol!ada a partir de di(erentesperspecti&as e a cada ngulo de oser&ao pode2se apreender algo no&o sore
ela. A imagem da lua alcanada pelas lentes do telesc)pio comum a qualquer
pessoa$ a essa imagem compartil!ada que c!amada sentido. Se$ por outro lado$
mudamos o telesc)pio de posio$ &emos uma (ace di(erente da mesma lua$
alcanamos o mesmo o*eto a partir de outro sentido.
> o sentido o que nos permite c!egar a um o*eto no mundo Numa re(ernciaO$
mas esse o*eto no mundo que nos permite estaelecer um *u%o de &alor$ ou se*a$a&aliar se o que di%emos &erdadeiro ou (also. Assim$ o que torna uma dada
premissa &erdadeira no est+ na linguagem$ mas nos (atos do mundo.
4ara Irege$ um nome pr)prio de&e ter sentido e re(erncia. Rio de Haneiro e
"apital do =stado do Rio de Haneiro so dois nomes pr)prios$ porque tm sentido e
nos permitem (alar sore um o*eto no mundo$ a cidade do Rio de Haneiro. 's
nomes pr)prios so saturados porque expressam um pensamento completo e
podemos$ a partir deles$ identi(icar uma re(erncia. 5o entanto$ !+ express,es queso incompletas e que$ portanto$ no nos permite c!egar a uma re(erncia. =sse o
caso da expresso ser capital deM. =sse termo$ por no expressar um pensamento
completo$ no ser&e para alcanarmos uma re(erncia. e*a os exemplos aaixo7
NCO Eelo ori%onte a capital deBinas erais.
NPO Ilorian)polis a capitalde Santa "atarina.
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=ssas duas sentenas so nomes pr)prios porque expressam um
pensamento completo e tm re(erncia. H+ o termo a capital deM$ que se repete nas
duas sentenas$ uma expresso insaturada. 4ara expressar um pensamento
completo$ a orao de&e ser preenc!ida tanto no espao que a antecede quanto no
que a sucede. =sses lugares &a%ios so c!amados argumentos e a expresso
insaturada c!ama2se predicado. 5esse caso$ especi(icamente$ tem2se um predicado
de dois lugares$ porque !+ dois lugares a serem preenc!idos por argumentos7
argumento @ a capital de argumentoG.
=sse contraste entre (un,es incompletas$ que precisam ser preenc!idas por
argumentos$ e (un,es completas di% respeito # capacidade de re(erenciao. Usso
quer di%er que uma orao insaturada precisa ser completada por argumentos paraser um nome pr)prio e$ com isso$ ter como re(erncia um &alor de &erdade.
' predicado pode ser preenc!ido por um nome pr)prio como ocorre nos
exemplos apresentados como pode tamm ser preenc!ido por um outro tipo de
argumento$ a expresso quanti(icada ou quanti(icador. 6ma orao quanti(icada
aquele que apresenta uma expresso quanti(icada que indica certo nKmero de
elementos$ o caso de7
N-O Todos os !omens so mortais.
N/O + uma garra(a dentro da geladeira.
As pala&ras gri(adas exercem um papel de quanti(icao$ isto $ traam limites
# aplicao das propriedades expressas pelas demais pala&ras.
6m quanti(icador age sore a in(ormao aplicada a um predicado. Assim$ em
N-O$ a sentena seria interpretada como uma in(ormao de que a propriedade 9se
!omem mortal< tem uma aplicao uni&ersal$ ou se*a$ o predicado ser mortalM se
aplica a todos os elementos que comp,em o predicado ser !omemM. 4or sua &e%$ a
sentena N/O seria interpretada como signi(icando que !+ exatamente um o*eto que
reali%a a propriedade de ser garra(a e estar dentro da geladeira.
A interao dos quanti(icadores entre si$ com a negao e com o plural$ d+
origem a amigidades de um tipo particular$ con!ecidas como amigidades de
escopo. "onsidere a sentena7 9' Hoo no con&idou s) a Baria
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possui duas interpreta,es poss&eis7 N@O o Hoo s) no con&idou a Baria ou NGO o
Hoo no s) con&idou a Baria$ mas tamm outras pessoas. A di(erena entre as
duas interpreta,es ocorre de&ido a cominao dos operadores noes7 ou o no
tem escopo sore o s$ gerando no s)$ ou o s que tem escopo sore o no$
produ%indo s) no.
6m outro elemento importante com relao ao papel dos nomes pr)prios$ di%
respeito #s descri,es de(inidas e inde(inidas. As descri,es so sintagmas
nominais que tem por nKcleo um sustanti&o comum. Da mesma (orma que os
nomes pr)prios$ as descri,es ser&em para constituir os o*etos do mundo em
re(erentes. Buitos o*etos no tm nome pr)prio$ a$ (reqentemente$ optamos por
utili%ar as descri,es. Tamm quando o o*eto possui um nome pr)prio podemosoptar por usar as descri,es$ *+ que essas tm a &antagem de apontar
caractersticas rele&antes dos pr)prios o*etos.
A maneira mais comum de se (a%er re(erncia a algum o*eto consiste
*ustamente em se usar uma descrio inde(inida na primeira re(erncia e descri,es
de(inidas Nou pronomes ana()ricosO nas re(erncias seguintes. e*a o exemplo7
N0O =ra uma &e% um rei@que tin!a uma ela (il!aG. "erto dia$ o rei@c!amou a(il!aGe (alou...
6ma descrio se comp,e$ como pode se oser&ar nos exemplos$ de um
artigo Nde(inido ou inde(inidoO e um sustanti&o comum. As descri,es de(inidas so
aquelas que se iniciam por artigo de(inido$ enquanto que as descri,es inde(inidas
so aquelas que comeam com o artigo inde(inido. ' artigo de(inido carrega uma
marca de dixis$ o que signi(ica di%er que ele remete # situao em que a sentena pro(erida.
'utra relao de sentido da qual tratou Irege$ di% respeito # pressuposio.
'ser&e as ora,es aaixo7
N1O 4edro parou de ater na mul!er.
N@O 4edro atia na mul!er$ no passado.
N@@O 4edro no ate na mul!er$ atualmente.
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As ora,es N@O e N@@O apresentam$ separadamente$ duas in(orma,es que
aparecem *untas na orao N1O e representam uma situao que ocorreu no passado
N4edro atia na mul!erO e outra situao que ocorre no presente N4edro no ate na
mul!erO. =sses desdoramentos de interpretao da orao N1O so poss&eis de&ido
# presena do &eropararde$ que acompan!ado do &ero bater indica que num
dado momento do passado 4edro atia na mul!er e que no momento atual isso no
ocorre.
4ara Irege$ essa pressuposio de existncia (a% parte das condi,es de
&erdade da sentena$ mas no do seu sentido. Usso quer di%er que uma sentena
como em N1O expressa um pensamento completo$ mas para atriuirmos a ela um
&alor de &erdade pressupomos a existncia de uma entidade da qual pressupomos
algo. =ssa pressuposio existencial no semntica$ e como (orma de de(ender
essa idia$ Irege le&anta que se a pressuposio (osse semntica$ a negao da
sentena seria amgua. =nto$ uma sentena como 94edro no parou de ater na
mul!er< signi(icaria$ caso a pressuposio (osse semntica$ que ou no existe um
4edro ou o 4edro no parou de ater na mul!er. 5o entanto$ a negao no tem
escopo sore o su*eito$ isto $ no negamos a existncia de algum que o 4edro$
mas negamos a a(irmao de que ele parou de ater na mul!er. 'u se*a$ a
pressuposio de que existe algum que se c!ama 4edro se mantm inalterada na
negao$ o que e&idencia que essa no se con(unde com o conteKdo da sentena.
4ensando$ no entanto$ na possiilidade da no2existncia de um su*eito
N4edro$ no exemplo acimaO$ Irege apresenta a seguinte soluo7 sentenas que se
re(erem a seres ou coisas que no tm existncia real$ ou se*a$ sentenas cu*a
pressuposio de existncia (alsa$ tm sentido$ mas no tm re(erncia. Dessa(orma$ elas no so nem &erdadeiras e nem (alsas.
6m outro estudioso$ con!ecido como Eertrand Russell$ prop3s uma outra
soluo$ a partir da considerao do artigo de(inido o enquanto quanti(icador.
4artindo da a(irmao de que os quanti(icadores podem se cominar$ ao se
considerar que o artigo de(inido um quanti(icador$ pode2se in(erir que o operador
noincide sore a proposio ou sore parte da proposio$ alterando2l!e o &alor de
&erdade$ estaelecendo2se$ ento$ rela,es de escopo.
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A noo de escopo a*uda2nos a compreender a negao como uma operao
signi(icati&a que no a(eta necessariamente todos os conteKdos da orao em que
ocorre.
Apesar das di(erentes (ormas de se aordar o (en3meno$ a Semntica Iormal
considera que !+ pressuposio quando tanto o &alor de &erdade quanto a (alsidade
da sentena dependem da &erdade da sentena pressuposta.
' estaelecimento do conceito de pressuposio (oi marcante$ principalmente
no que tange aos estudos do signi(icado$ o que le&ou$ na dcada de /$ a uma
ampla gama de estudos sore o tema. =$ posteriormente$ ao surgimento de um outro
modelo$ a Semntica da =nunciao.
1.*. A Se!"#$%& +& E","%$&'
Segundo Ducrot$ um dos maiores estudiosos da Semntica da
=nunciao$ a (orma de tratamento da linguagem pela Semntica Iormal
inadequada$ porque se aseia num modelo in(ormacional em que o conceito de
&erdade externo # linguagem. 5a Semntica Iormal$ a linguagem um meio para
c!egarmos a uma &erdade que est+ (ora da linguagem$ o que nos permitiria tratar dequest,es relati&as ao mundo e$ com isso$ adquirir um con!ecimento sore ele.
Ducrot no acredita que o conceito de re(erncia em Irege este*a realmente cercado
de realismo. 4ara ele$ o nosso con!ecimento de lua que depende do sentido.
Ia%endo uso da met+(ora do telesc)pio de Irege$ Ducrot apresenta sua crtica
di%endo que quando &emos a mesma lua a partir de pontos de &ista di(erentes$ no
&emos luas di(erentes. =mora sutil$ essa di(erena necess+ria para a distino
entre semnticas o*eti&as$ que postulam uma ordem no mundo que d+ conteKdo #linguagem$ e as semnticas relati&istas$ que acreditam que no !+ uma ordem no
mundo que se*a dada independentemente da linguagem e da !ist)ria. A Semntica
da =nunciao acredita que a linguagem constitui o mundo e$ por isso$ se insere na
perspecti&a relati&ista.
4ara a Semntica da =nunciao$ a re(erncia no mais do que uma
iluso criada pela linguagem. 4ara essa perspecti&a$ estamos sempre inseridos na
linguagem e se !+ elementos$ como os diticos$ termos re(erenciais Npronomes$
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artigo de(inidoO$ que nos do a sensao de estar (ora da lngua$ essa sensao
apenas ilus)ria. 4ara Ducrot$ a linguagem um *ogo de argumentao enredado em
si mesmo8 no (alamos sore o mundo$ (alamos para construir um mundo e a partir
dele tentar con&encer nosso interlocutor da nossa &erdade. Dessa (orma$ a &erdade$
que na Semntica Iormal era tida como um atriuto do mundo$ passa a ser relati&a
# comunidade que se (orma na argumentao. A linguagem$ dessa (orma$ adquiri um
car+ter dial)gico ou argumentati&o$ uma &e% essa passa a (uncionar como um *ogo
discursi&o construdo para con&encer o outro de nossa &erdade.
A Semntica da =nunciao$ como temos descrito$ apresenta uma
concepo de linguagem que a distancia soremaneira da Semntica Iormal. =ssa
di(erena de concepo tem conseqncias importantes quando se oser&a a (ormacomo o (en3meno lingstico tratado em uma e outra aordagem. "om relao #
pressuposio$ por exemplo$ a Semntica da =nunciao por considerar que a
linguagem no se re(ere$ acredita que a pressuposio criada pelo e no pr)prio
*ogo de encenao que a linguagem constr)i. > porque (alamos de algo que esse
algo passa a ter a sua existncia no quadro criado pelo pr)prio discurso$ e por isso
que atualmente o conceito de pressuposio sustitudo no interior da aordagem
enunciati&a pelo conceito de enunciador.5a Semntica da =nunciao$ um enunciado se constitui de &+rios
enunciadores que (ormam o quadro institucional que re(erenda o espao discursi&o
em que o di+logo &ai se desen&ol&er. 6m enunciador presente no enunciado situa o
di+logo no comprometimento de que o ou&inte aceite esse conteKdo pressuposto de
(orma que neg+2lo seria o mesmo que romper o di+logo.
"omo (orma de exempli(icar a atuao da Semntica =nunciati&a$
apresentamos no&amente a sentena apresentada em N0O 4edro parou de ater namul!er. ' que (oi descrito como pressuposio passa a ser c!amado de enunciador.
Assim temos7
N@GO 4edro parou de ater na mul!er.
=@7 4edro atia na mul!er$ no passado.
=G7 4edro no ate na mul!er$ atualmente.
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5essa enunciao$ o locutor p,e em cena um di+logo entre dois
enunciadores$ apresentados acima como =@e =G$ o que d+ um car+ter poli(3nico ao
enunciado. > como se duas &o%es (alassem7 um enunciador que a(irma que 4edro
atia na mul!er$ o que constitui o pressuposto$ e$ outro$ que di% que ele no ate
mais na mul!er$ o posto.
4ara a Semntica Iormal$ a negao de N@GO no seria amgua$ porque no
!+ duas (ormas l)gicas. H+ para a Semntica da =nunciao$ o prolema da
amigidade estrutural pode ser tratada a partir do conceito de polissemia. ' que
signi(ica di%er que !+ di(erentes tipos de negao$ expressos por uma srie de
enunciadores. 5o exemplo acima$ pode2se di%er que se negamos a (ala do primeiro
enunciador$ o pressuposto$ reali%amos uma negao polmica8 *+ se negamos oposto$ a negao gan!a outro car+ter$ passando a ser considerada uma negao
metalingstica. + assim$ a presena de uma srie de enunciadores e di(erentes
tipos de negao. e*a7
N@O ' presidente do Erasil no soci)logo.
N@MO =@7 + um presidente do Erasil.
=G7 =le soci)logo.
=7 =@ (alsa.
N@
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Alm da negao polmica e da negao metalingstica apontadas acima$
Ducrot distingue um terceiro tipo de negao$ a negao descriti&a. 5esse tipo de
negao$ o locutor descre&e um estado no mundo negati&amente8 portanto$ na sua
enunciao no !+ um enunciador que retoma a (ala de um outro enunciador
negando2a. 6m dado de negao descriti&a ocorre quando se descre&e um estado
do mundo utili%ando a negao7 5o !+ um Knico p+ssaro no cu.
A negao (ica$ ento$ entendida como um (en3meno de polissemia que se
de(ini por identi(icar usos distintos que no relacionados.
6m dos pontos c!a&e da Semntica da =nunciao est+ no (ato de esta
possiilitar a descrio de (en3menos que en&ol&em gradao$ os quais resistem ao
tratamento (ormal. =xemplos como7
N@CO Hoo comeu pouco.
N@PO Hoo comeu um pouco.
5o so pass&eis de receer uma an+lise (ormal$ por outro lado$ perceemos
que as ora,es no se equi&alem. 4ara a Semntica da =nunciao$ a di(erena
entre as duas ora,es ocorre de&ido a um encadeamento discursi&o distinto. A!ip)tese a de que os dois operadores$ pouco e um pouco$ direcionam
di(erentemente uma mesma escala de comerque &ai de comer muito a no comer.
1./. A Se!"#$%& C'0"$#$&
A Semntica "ogniti&a um modelo te)rico astante recente$ tendo seus
primeiros desen&ol&imentos datados da dcada de @10. Ioi a partir de ento quetomou2se conscincia de que todo (a%er necessariamente acompan!ado de
processos de ordem cogniti&a.
4ara esse modelo$ o signi(icado central na in&estigao sore a linguagem.
Assim$ acredita2se que a (orma deri&a da signi(icao$ uma &e% que a partir da
construo de signi(icados que aprendemos. Tal concepo acaa por inserir a
Semntica "ogniti&a entre os estudos (uncionalistas da linguagem.
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A Semntica "ogniti&a$ da mesma (orma que a Semntica da =nunciao$ se
op,e # Semntica Iormal$ a qual prega que o signi(icado se aseia na re(erncia e
no entendimento da &erdade como correspondncia com o mundo. A Semntica
"ogniti&a acredita que o signi(icado no tem nada a &er com a relao entre
linguagem e mundo$ ao contr+rio$ ela acredita que o signi(icado moti&ado. A
signi(icao lingstica$ nesse sentido$ emerge de nossas signi(ica,es corp)reas$
dos mo&imentos de nossos corpos em interao com o meio que nos circunda.
A Semntica "ogniti&a$ por no considerar a !ip)tese da re(erncia$ se
aproxima muito da aordagem proposta pela Semntica da =nunciao. 5o entanto$
a Semntica "ogniti&a se distancia da aordagem enunciati&a por no considerar
que a re(erncia constituda pela pr)pria linguagem e que esta trata2se de um *ogode argumentao.
eorge LanVo(($ o criador e maior pesquisador dos aspectos cogniti&os da
signi(icao$ de(ine essa aordagem como realismo experiencialista$ le&antando
assim a !ip)tese de que o signi(icado natural e experencial. =le sustenta essa
proposta atra&s da constatao de que o signi(icado se constr)i a partir de nossas
intera,es (sicas$ corp)reas com o meio amiente em que &i&emos. Dessa (orma$ o
signi(icado deixa de ter um car+ter exclusi&amente lingstico.Dentro desse re(erencial te)rico$ so nossas a,es no mundo que nos
permitem apreender esquemas de imagem e espao e so esses esquemas que
do signi(icado #s nossas express,es lingsticas. Assim$ a criana$ durante o
processo de aquisio$ aprenderia primeiramente esquemas de mo&imento$ isso
ocorreria quando$ por exemplo$ a criana se mo&e &+rias &e%es em direo a certos
al&os. "om esse esquema$ surgido de nossa experincia corp)rea com o mundo$
aporta o signi(icado de nossas express,es lingsticas sore o espao.5ossos deslocamentos de um lugar para outro Nponto de partida ? percurso ?
c!egadaO que ocorrem ainda antes de aprendermos a (alar estruturam um esquema
de imagem ou imagtico. =sse esquema denominado por LanVo(( de "ABU5'$
pode ser representado da seguinte (orma7
A N(onte do mo&imentoO E Nal&o do mo&imentoO
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Alm do esquema "ABU5'$ muitos outros esquemas seriam deri&ados
diretamente de nossas experincias corp)reas com o mundo. 4or exemplo$ o
R="U4U=5T=$ esquema de estar dentro e (ora de algum lugar8 o EALA5W'$
esquema aprendido durante nossos ensaios de estar de p. e*a algumas sentenas
instanciadas por esquemas de "ABU5' e de R="U4U=5T=7
N@-O Iui da portaria # coertura.
N@/O =stou em So 4aulo.
4ara a aordagem cogniti&a$ o que d+ sentido # sentena N@-O a presena
de um esquema imagtico "ABU5'$ e da mesma (orma$ o que daria sentido #sentena N@/O seria a presena do esquema imagtico R="U4U=5T=. =sses
esquemas guardariam uma mem)ria de mo&imentao ou de experincia e seria
*ustamente essa mem)ria o que ampararia nosso (alar e pensar. Assim$ o signi(icado
deixaria de ser um (en3meno puramente lingstico para ser tratado como uma
questo de cognio.
's esquemas passam a ocupar um lugar central nos estudos da Semntica
"ogniti&a$ no entanto$ nem todos os nossos conceitos seriam apreendidos a partirde esquemas imagticos. a&eriam$ ainda$ certos conceitos de domnio da
experincia que dependeriam de mecanismos de astrao. Dentre esses
mecanismos$ dois seria priorit+rios7 a met+(ora e a metonmia. A met+(ora
(uncionaria como um mapa entre o domnio da experincia e outro domnio$ como o
tempo$ por exemplo. Assim em uma sentena como 9De ontem pra !o*e$ es(riou
muito
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que neste domnio se estaelea uma organi%ao espacial em que as in(erncias
do espao se mantm. Usso tratado como ip)tese de Un&arincia.
Alm de explicar as in(erncias$ a ip)tese de Un&arincia procura *usti(icar o
(ato de que !+ aspectos que no so mapeados. Usso quer di%er que podemos
mapear o espao no tempo$ mas certas rela,es espaciais sero loqueadas por
causa da pr)pria estrutura do tempo. > por isso que no podemos di%er$ por
exemplo$ 9c!egou emaixo da !ora
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' termo homemtem como extenso os &+rios seres !umanos no mundo$ as
entidades extralingsticas. :uanto # intenso$ ou se*a$ as propriedades essenciais$
no entanto$ surgem contro&rsias. A(inal$ quais seriam as caractersticas essenciais$
comuns$ a todos os indi&duos que comp,e a classe dos seres !umanos; A
Semntica Iormal apresenta as caractersticas ser pedeM e ser implumeM como as
propriedades distinti&as dos seres !umanos. =ssas propriedades realmente
parecem aarcar todos os seres !umanos$ mas$ no entanto$ a uni&ersalidade dessas
propriedades pode ser discutida$ tendo em &ista a possiilidade de existirem
!umanos de apenas uma perna.
:uem tratou mais pro(undamente da questo das categorias (oi o (il)so(o
LudXig Xittgenstein em um li&ro c!amado Investigaes Filosficas. =sse (il)so(odemonstra$ a partir das inKmeras poss&eis propriedades do conceito de *ogo$ que
uma Knica propriedade no su(iciente para delimitar uma classe. Ioi com essa
constatao que ele prop3s que as categorias se organi%am por rela,es de
semel!anas de (amlia. 's usos de uma mesma pala&ra se assemel!am da mesma
(orma que os memros de uma (amlia$ no necess+rio$ pois$ que os memros de
uma mesma (amlia$ partil!em uma mesma propriedade.
Le&ando em conta essas constata,es de Yittgenstein$ a Semntica"ogniti&a se distancia da noo cl+ssica de categoria e$ ento$ aponta e&idncias
psicol)gicas que le&am + concluso de que no categori%amos por meio do
estaelecimento de propriedades necess+rias e su(icientes.
4ara a Semntica "ogniti&a$ os conceitos se estruturam por prot)tipos. Usso
quer di%er que quando (a%emos classi(ica,es$ nos escoramos em casos que so
exemplares$ ou se*a$ nos ancoramos naqueles casos que so mais re&eladores de
categorias. > por isso que se pedirmos que algum nos d um exemplo de p+ssaro$di(icilmente algum dir+ pingim. Dessa (orma$ tem2se que as categorias se
estruturam por meio de um caso mais prototpico que se relaciona &ia semel!anas
com os outros memros. ' pingim estaria$ pois numa posio mais peri(rica
enquanto memro da categoria 4ZSSAR' e na posio central estaria
pro&a&elmente o pardal ou o ei*a2(lor.
A aquisio de categorias ocorreria$ de acordo com a perspecti&a cogniti&a$
com as crianas adquirindo primeiro as categorias de n&el mdio$ *+ que com esse
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tipo de categoria que temos contato (sico direto. As categorias de n&el +sico$
di(erentemente$ so aprendidas diretamente por no indicarem categorias mais
astratas e nem mais espec(icas. > por isso que adquirimos primeiro e diretamente
categorias como mesae gatoe$ apenas mais tarde$ adquirimos$ atra&s do processo
de metonmia$ as genricas como mvele animal e as particulares como mesa de
centro e siams.
"omo &imos$ a met+(ora tem o importante papel de criar mapas sore o
domnio da experincia e um outro domnio. Tamm a metonmia$ exerce uma
(uno importante no processo cogniti&o. > a metonmia o processo cogniti&o que
permite criar rela,es de !ierarquias entre conceitos. Assim$ a met+(ora e a
metonmia ocupam um lugar central na teoria$ sendo respons+&eis pela extensodos esquemas em direo # astrao.
"om relao # aordagem cogniti&a das pressuposi,es$ a !ip)tese a de
que na interpretao (ormamos espaos mentais$ estruturas conceituais que
descre&em como os (alantes atriuem e manipulam a re(erncia. Assim$ na
sentena7
N@0O A Rain!a da Irana te&e a caea cortada.
"riamos um espao mental em que a Rain!a da Irana se re(ere ao
personagem !ist)rico. Se$ por outro lado$ a sentena acrescida do termo =m os
Trs BosqueteiroM$ arimos um no&o espao mental em que Rain!a da Irana no
se re(ere ao personagem !ist)rico$ mas ao (iccional7
N@1O =m os trs Bosqueteiros$ a Rain!a da Irana te&e a caea cortada.
4ara Semntica "ogniti&a a pressuposio no estaelece re(erncia com
entidades no mundo e tamm no so procedimentos argumentati&os. 4ara esse
modelo$ as pressuposi,es so$ antes$ entidades mentais ou$ ainda$ signi(icados
que se trans(erem de um espao mental para outro. Assim$ na sentena N1O !edro
parou de bater na mulher$ !a&eria dois espaos mentais7 um em que est+ a
pressuposio de que 4edro atia na mul!er e um outro em que ele parou de ater
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na mul!er. 5essa concepo$ a negao agiria sore a trans(erncia ou no de um
espao mental para outro7 se negamos o primeiro espao mental construindo$ assim$
uma sentena como 4edro nunca ateu na mul!er$ a pressuposio no
transportada para o segundo espao mental. 4or outro lado$ se 4edro ateu na
mul!er um dia$ a pressuposio carregada para o segundo espao mental e a
negao incide sore o (ato de 4edro ter parado de ater na mul!er.
1.2. A)0,&3 C'"3$+e(&4e3
5essa seo uscamos apresentar uma descrio das teorias semnticas
presentes nos estudos lingsticos contemporneos. imos que cada modelo te)rico
apresenta como ase uma di(erente concepo de linguagem que implica em
di(erentes (ormas de se conceer a relao entre linguagem e mundo. =nquanto
para a Semntica Iormal essa relao se d+ a partir da distino entre sentido e
re(erncia8 para a Semntica da =nunciao$ a linguagem constitui o mundo8 e *+
para a Semntica "ogniti&a$ o signi(icado no tem nada a &er com a relao entre
linguagem e mundo$ ao contr+rio$ ele seria moti&ado.
A semntica$ enquanto o*eto de estudo$ no um tema (ec!ado em si$ mas$pelo contr+rio$ participa de estudos que$ mesmo no tendo como (oco ase a
semntica$ apresentam um componente semntico. > esse o caso dos estudos que
tm como (im a construo de gram+ticas textuais.
A essa c!amada semntica do texto cae explicar a representao da
estrutura do signi(icado de um texto ou de um segmento deste$ particularmente as
rela,es de sentido que &o alm do signi(icado das (rases tomadas isoladamente$
como ocorre na pressuposio$ por exemplo.> a essa inter(ace entre o texto e a semntica que trataremos no t)pico
seguinte.
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UNIDADE * - LINGSTICA TEXTUAL
A Lingstica Textual o ramo da lingstica que toma o texto como o*eto de
estudo. Seu surgimento enquanto campo de estudos da lingstica$ emora recente$
di(cil de ser de(inido. Usso porque essa cincia no passou por um
desen&ol&imento !omogneo$ ela$ na &erdade$ surgiu de (orma independente em
&+rios pases e com propostas te)ricas di&ersas. ' que mais (requentemente tratado
quanto #s (undamenta,es te)ricas dessa disciplina que !ou&e pelo menos trs
importantes momentos$ sem que$ no entanto$ possamos estaelecer uma cronologia
que indique a passagem de uma proposta # outra.
=m um primeiro momento$ os estudiosos do texto se interessa&am
predominantemente pela an+lise trans(r+stica$ ou se*a$ por (en3menos que no
conseguiam ser explicados pelas teorias sint+ticas ou semnticas que (icassem
limitadas ao n&el da (rase.
5esse tipo de an+lise$ parte2se da (rase para o texto. A principal preocupao
esta&a nas rela,es que se estaelecem entre as (rases e os perodos de (orma a se
construir uma unidade de sentido. A partir desse tipo de estudo$ oser&ou2se a
ocorrncia de (en3menos que poderiam ser explicados atra&s das teorias sint+ticas
ou semnticas. 6m desses (en3menos pode ser exempli(icado atra&s da co2
re(erenciao. e*a2se o exemplo aaixo7
NGO Hoana (oi ao teatro. =la no gostou da pea.
5esse trec!o$ a relao entre nome e pronome$ na perspecti&a textual$ no
de simples sustituio. ' uso do pronome est+ (ornecendo ao ou&inteJleitorinstru,es de conexo entre a predicao que se (a% com o pronome Nno gostou da
peaO e o pr)prio nome em questo. =sse mo&imento contriuiria para a construo
da imagem do re(erente NHoanaO por parte do ou&inte. > por conta da coerncia entre
as predica,es que saemos que o pronome elaM se re(ere a HoanaM. 4orm$ a
presena do mecanismo de co2re(erenciao$ so%in!o$ no seria capa% de garantir a
interpretao da seqncia enquanto um texto.
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Ioi atra&s de exemplos como o descrito acima que se perceeu que certos
(en3menos s) poderiam ser tratados a partir da an+lise da relao entre ora,es.
Tendo como re(erncia essa constatao$ essa lin!a de pesquisas concentrou seus
estudos em (en3menos de ocorrncia mais ampla que a de uma (rase N(en3menos
trans(r+sticosO como a pronominali%ao$ a seleo de artigos Nde(inidos ou
inde(inidosO$ a concordncia entre tempos &erais$ a relao t)pico2coment+rio e
outros.
ale ressaltar que nesse perodo o conceito de texto era o de 9uma seqncia
pronominal ininterrupta< e sua principal caracterstica era o mKltiplo re(erenciamento.
5o entanto$ essa concepo de texto$ e conseqentemente os o*etos de an+lise$
passou por modi(ica,es$ uma &e% que se perceeu a existncia de conexo entreenunciados reali%ada sem a presena de um conector. 'ser&e as sentenas que se
seguem7
NG@O 5o (ui ao seu casamento7 en&iei2l!e o presente.
NGGO 5o (ui a seu casamento7 ti&e um contratempo.
NGO 5o (ui a seu casamento7 no posso di%er como (oi a cerim3nia.
5o exemplo NG@O$ pode2se perceer$ mesmo em a presena o conecti&o mas$
a relao ad&ersati&a expressa. =m NGGO saemos que a relao explicati&a$
implicada pelo conectorporque$ a que se estaelece entre o primeiro e o segundo
enunciado. =m NGO$ saemos que a relao conclusi&a$ normalmente expressa
pelo conectorportanto$ a que se estaelece entre os enunciados.
A ausncia dos conectores nos exemplos de NG@O a NGO sem pre*u%o do
sentido (e% com que passasse a se considerar que nesses casos o ou&inteJleitorque constr)i o sentido gloal da seqncia$ estaelecendo mentalmente as rela,es
argumentati&as adequadas entre os enunciados. A necessidade de se considerar o
con!ecimento intuiti&o do (alanteJou&inte na construo do sentido gloal do
enunciado e o (ato de nem todo texto apresentar o (en3meno da co2re(ernciao
(e% com que se inaugurasse uma no&a lin!a de pesquisa dentro dos estudos do
texto$ como o o*eti&o de elaorar gram+ticas textuais.
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=sse segundo momento da Lingstica Textual$ pro&ocado principalmente
pela ascenso da gram+tica gerati&a proposta por "!omsVF$ te&e como o*eti&o a
descrio da competncia textual do (alante$ ou se*a$ a construo de gram+ticas
textuais.
5as primeiras propostas de elaorao de gram"ticas textuais$ o o*eti&o era
o de trans(ormar o texto no o*eto da Lingstica. Apesar da ampliao do o*eto de
estudos da cincia da linguagem$ ainda se acredita&a na possiilidade de se mostrar
que o texto possua propriedades que di%iam respeito ao pr)prio sistema astrato da
lngua. Dessa (orma$ as primeiras gram+ticas textuais representa&am um pro*eto de
reconstruo do texto como um sistema uni(orme$ est+&el e astrato. ' texto$ nesse
perodo$ era considerado como uma unidade te)rica (ormalmente construda$ o queo coloca&a em lugar de oposio ao discurso$ unidade (uncional$ comunicati&a e
intersu*eti&amente construda.
A principal ino&ao causada pelos autores desse perodo (oi a considerao
de que no !+ uma continuidade entre (rase e texto porque !+$ entre eles$ uma
di(erena de ordem qualitati&a e no quantitati&a$ *+ que a signi(icao de um texto
constitui um todo que di(erente da soma das partes.
' texto passou a ser &isto$ ento$ como a unidade lingstica mais ele&ada$ apartir da qual seria poss&el c!egar$ por meio da segmentao$ a unidades menores
a serem classi(icadas. A segmentao e a classi(icao de um texto em unidades
menores de&eria sempre considerar a (uno textual dos elementos indi&iduais$ ou
se*a$ que tipo de papel cada elemento desempen!a em uma dada con(igurao
textual.
4assou2se a postular$ tamm$ a existncia de uma competncia textual #
semel!ana da competncia lingstica c!omsVFana. Todo (alante nati&o de umalngua teria a capacidade de distinguir um texto coerente de um aglomerado
incoerente de enunciados$ competncia que especi(icamente lingstica. =m
outras pala&ras$ qualquer (alante capa% de para(rasear$ de resumir um texto$ de
perceer que est+ completo ou incompleto$ de atriuir2l!e um ttulo$ ou de produ%ir
um texto a partir de um ttulo dado.
5esse contexto$ acredita2se que todo (alante possuiria trs capacidades
textuais +sicas7 aO capacidade (ormati&a ? que permitiria a produo e
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compreenso de textos inditos$ alm de possiilitar a a&aliao quanto # (ormao
de um texto8 O "apacidade trans(ormati&a ? permitiria a re(ormulao de um texto$
se*a atra&s da par+(rase ou do resumo8 cO capacidade quali(icati&a ? permitiria a
tipi(icao de um texto$ ou se*a$ a classi(icao em descrio$ narrao$
argumentao$ etc.
As tare(as +sicas de uma gram+tica do texto$ segundo [oc! NG-7 PO seriam
as seguintes7
aO &eri(icar o que (a% com que um texto se*a um texto$ ou se*a$ determinarseus princpios de constituio$ os (atores respons+&eis pela suacoerncia$ as condi,es em que se mani(esta a textualidade8
O le&antar critrios para a delimitao de textos$ *+ que a completude umade suas caractersticas essenciais8
cO di(erenciar as &+rias espcies de textos.
=ssas tare(as constituram a ase da construo das gram+ticas textuais. 5o
entanto$ durante o traal!o pr+tico de reali%ao desse amicioso pro*eto$ as tare(as
enumeradas no conseguiram ser executadas a contento$ apesar de todos os
es(oros de &+rios lingistas.
A maior contriuio dessa lin!a de pesquisa se concentrou$ no entanto$ na
possiilidade de deslocamento da questo7 do tratamento (ormal # constituio de
uma teoria. Ao in&s de se ocupar em dar um tratamento (ormal ao o*eto textoM$ os
estudiosos comearam a elaorar uma teoria do texto$ que$ ao contr+rio das
gram+ticas textuais$ cu*a preocupao era meramente descriti&a$ prop,e a
in&estigao da (orma como se d+ a constituio$ o (uncionamento$ a produo e a
compreenso dos textos em uso.
5esse terceiro momento da teoria$ o texto passa a ser estudado dentro do
seu contexto de produo$ passando esse a ser entendido no como um produto
acaado$ mas como um processo$ resultado de opera,es comunicati&as e
processos lingsticos em situa,es sociocomunicati&as.
' mito de in&estigao$ nessa lin!a de estudo$ estende2se do texto ao
contexto$ entendido como o con*unto de condi,es externas da produo$ recepo
e interpretao de textos. Segundo Barcursc!i$ um dos maiores estudiosos da
Lingstica Textual$ no (inal da dcada de /$ a pala&ra de ordem no era mais a
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gram+tica do texto$ mas a noo de textualidade$ de(inida como um modo mKltiplo
de conexo ati&ado toda &e% que ocorrem e&entos comunicati&os.
5esse no&o quadro$ a Lingstica Textual passa a ser entendida como uma
disciplina essencialmente interdisciplinar.
Se o o*eto da Lingstica Textual essencialmente o texto$ torna2se
(undamental que se tra&e uma discusso a respeito do conceito de texto.
*.1. C'"%e$#' +e Te5#'
"omo uscamos mostrar na seo anterior$ a Lingstica Textual passou$
durante seu processo de e&oluo$ por constantes re(ormula,es. "ada uma dessasre(ormula,es$ alm de alterar o o*eto e a metodologia de estudos$ carrega&a em
seus (undamentos altera,es que di%iam respeito # concepo de texto. 5essa
seo$ uscaremos$ ento$ apresentar algumas dessas concep,es que
acompan!aram o processo de e&oluo da teoria at o conceito mais recon!ecido e
atual no que tange aos estudos da Lingstica Textual.
's conceitos de texto durante os perodos da an+lise trans(r+stica e das
gram+ticas textuais &ariaram desde 9unidade lingstica superior # (rase< at9complexo de proposi,es semnticas
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textual uma ati&idade &eral$ o que signi(ica di%er que os (alantes$ ao produ%ir um
texto$ esto reali%ando atos de (ala. Todo ato de produo de enunciados produ% no
interlocutor um determinado e(eito$ pretendido ou no pelo locutor.
Tamm considera2se que a produo textual uma ati&idade &eral
consciente$ ou se*a$ uma ati&idade por meio da qual o (alante dar+ a entender seus
prop)sitos$ sempre le&ando em conta as condi,es em que tal ati&idade
produ%ida. 5essa concepo$ o su*eito (alante possui um papel ati&o na moili%ao
de certos tipos de con!ecimentos$ de elementos lingsticos$ de (atores pragm+ticos
e interacionais$ ao produ%ir um texto.
=ssa concepo de texto le&a$ ainda$ em considerao a ati&idade
interacional que en&ol&e a produo textual$ isto $ os interlocutores estoorigatoriamente en&ol&idos nos processos de construo e compreenso de um
texto.
5a &erdade$ o que uscamos demonstrar nessa seo que !+ uma certa
di(iculdade na conceituao da unidade 9texto
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0. texto como lugar de interao entre atores sociais e de construo
interacional de sentidos Nconcepo de ase sociocogniti&a2interacionalO.
*.*. A %'"3#(,' #e5#,&) +' 3e"#$+'
5esta seo$ sero apresentados sete critrios de construo textual do
sentido$ dois centrados no texto7 a coeso e a coerncia8 e cinco centrados no
usu+rio7 situacionalidade$ in(ormati&idade$ intertextualidade$ intencionalidade e
aceitailidade.
*.*.1. A C'e3' #e5#,&)
Designa2se por coesoa (orma pela qual os elementos lingsticos presentes
na super(cie textual se interligam$ se interconectam$ por meio de recursos tamm
lingsticos$ de modo a (ormar uma unidade de n&el superior # da (rase$ que dela
di(ere qualitati&amente.
"omumente se postula a existncia de cinco (ormas de coeso7 a re(erncia$
a sustituio$ a elipse$ a con*uno e a coeso lexical. e*a aaixo a descrio
dessas (ormas de coeso7
@. #eferncia ? em que um signo lingstico se relaciona a um o*eto
extralingstico. =la pode ser situacional e textual.
A textual pode ser7
2 ana()rica7 quando retoma algo que *+ (oi dito.
2 cata()rica7 quando antecipa algo que ainda no (oi expresso.=x.7 Usto eu te digo7 no traal!o de graa.
G. Substituio? colocao de um item no lugar de outro ou de uma orao.
4ode ser nominal N(eita por meio de pronomes pessoais$ numerais$ inde(inidos$
nomes genricos como coisa$ gente$ pessoaO e &eral No &ero (a%erM sustituto
dos causati&os$ serM o sustituto existencialO.
=x.7 + uscar as crianas na escola. =lassaem #s @/!.
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. $lipse %omisso de um item lexical recuper+&el pelo contexto$ ou se*a$ a
sustituio por %ero N\O. 4ode ocorrer elipse de elementos nominais$ &erais e
oracionais.
=x.7 As meninas pre(eriram sor&ete. 's meninos no N\O.
C. &on'uno %tem nature%a di(erente das outras rela,es coesi&as por no
se tratar simplesmente de uma relao ana()rica. 's elementos con*unti&os so
coesi&os no por si mesmos$ mas indiretamente$ em &irtude das rela,es
espec(icas que se estaelecem entre as ora,es$ perodos e par+gra(os. =ssas
di(erentes rela,es con*unti&as possuem uma srie de equi&alentes estruturais.'s principais tipos de elementos con*unti&os so7 ad&rios e locu,es
ad&eriais8 con*un,es coordenati&as e suordinati&as8 locu,es con*unti&as$
preposi,es e locu,es prepositi&as8 itens continuati&os como ento( da)etc.
4ara se oter a coeso$ importante a escol!a de conecti&o adequado para
expressar rela,es semnticas8 o mesmo conecti&o pode expressar rela,es
semnticas di(erentes7 $ pois$ preciso saer recon!ec2las. A omisso de
conecti&os$ emora admiss&el$ s) de&e ser (eita quando a relao semntica esti&erem clara para e&itar a amigidade Na no ser que se*a intencionalO.
=x.7 ' ladro saiu correndo do anco. Depois &ieram os policiais.
P. &oeso lexical? otida pela reiterao de itens lexicais idnticos ou que
possuem o mesmo re(erente. Unclui2se a tamm o uso de nomes genricos cu*a
(uno coesi&a est+ no limite entre as coes,es lexical e gramatical$ nomes esses
que esto a meio camin!o do item lexical$ memro do con*unto aerto e do itemgramatical$ memro de um con*unto (ec!ado. ramaticalmente$ Ndeterminante ]
nome geralO (uncionam como itens de re(erncia ana()rica8 lexicalmente$ so
memros superordenados N!iper3nimosO agindo como sin3nimos de itens a eles
suordinados N!ip3nimosO.
=x.7 "omprei &ioletas e petKnias. As (lores esto enc!endo a sala de per(ume.
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As de(ini,es acima apontadas perduraram durante muito tempo nos estudos
da textualidade. 5o entanto$ alguns desses elementos so(reram altera,es recentes.
A distino entre re(erncia e sustituio$ por exemplo$ era astante question+&el.
=sses (atos le&aram # classi(icao dos recursos coesi&os em dois grandes grupos$
respons+&eis pelos dois grandes mo&imentos de construo do texto7 a
remissoJre(erncia e a coeso seqencial$ reali%ada de (orma a garantir a
continuidade do sentido. 5o primeiro grupo (icaram includas a re(erncia$ a
sustituio e a elipse$ em como parcela signi(icati&a da coeso lexical8 ao passo
que o segundo passou a engloar a outra parcela da coeso lexical.
A necessidade de di&idir a coeso lexical pelos dois grupos de&e2se ao (ato
de ela en&ol&e dois mecanismos7 a reiterao e a colocao. A reiterao$ que sereali%a por meio de repetio de um re(erente textual pelo uso dos mesmos itens
lexicais$ sin3nimos$ !iper3nimos$ nomes genricos e express,es nominais$ tem a
mesma (uno dos demais recursos de remisso textual8 *+ a colocao$ permite
que se (aa o texto progredir$ garantindo$ simultaneamente$ a manuteno do tema.
A coeso seqencial di% respeito aos procedimentos lingsticos por meio dos
quais se estaelecem di&ersos tipos de rela,es semnticas eJou pragm+tico2
discursi&as entre os segmentos do texto$ # medida que o texto progredi. =stainterdependncia garantida$ em parte$ pelo uso dos di&ersos mecanismos de
seqenciao existentes na lngua e$ em parte$ pelo que se denomina progresso
t)pica.
*.*.*. A C'e(6"%$& #e5#,&)
A noo de coerncia textual gan!ou mais en(oque a partir do momento emque se perceeu que o sentido do texto no est+ no texto em si$ mas depende de
(atores de ordem di&ersa7 lingsticos$ cogniti&os$ socioculturais$ interacionais. =sses
elementos acaaram por demonstrar que no !+ textos incoerentes em si$ porque
no !+ regras de oa (ormao de textos$ como !+ para as (rases$ que se apliquem
a todas as circunstncias. A textualidade de um texto &ai depender muito mais dos
usu+rios de um texto$ locutor e receptor$ e da situao.
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"!arolles$ um dos maiores estudiosos do texto$ de(ende que a coerncia de
um texto um princpio de interpretailidade$ o que signi(ica di%er que todos os
textos seriam$ em princpio$ aceit+&eis. 6m texto poderia ser incoerente$ porm$ se
no esti&esse de acordo com determinada situao comunicati&a. Dessa (orma$ o
texto seria incoerente se seu produtor no souesse adequ+2lo # situao$ le&ando
em conta inteno comunicati&a$ o*eti&os$ destinat+rio$ regras socioculturais$ outros
elementos da situao$ uso de recursos lingsticos etc.
' con!ecimento da situao comunicati&a mais ampla contriui para a
(ocali%ao$ que pode ser entendida como a perspecti&a pela qual as entidades
e&ocadas no texto passam a ser &istas. =ssas perspecti&as a(etam no s) aquilo
que o produtor di%$ mas tamm o que o leitorJou&inte interpreta.
*.*./. C'"3$+e(&4e37 C'e(6"%$& e C'e3' #e5#,&$3
:ualquer (alante de uma determinada lngua consegue distinguir um texto
coerente de um aglomerado incoerente de enunciados.
Se saemos intuiti&amente no s) distinguir entre textos e no2textos mas
tamm que nossa produo lingstica se d+ com textos e no com pala&rasisoladas$ no saemos$ porm$ de(inir intuiti&amente o que (a% com que um texto
se*a um texto$ e nem !+ unanimidade quanto # essa questo.
' termo 9texto< pode ser tomado em duas acep,es7 Texto em sentido amplo$
designando toda e qualquer mani(estao da capacidade textual do ser !umano
Numa mKsica$ um (ilme$ uma escultura$ um poema etc.O$ e$ em se tratando de
linguagem &eral$ temos o discurso$ ati&idade comunicati&a de um su*eito$ numa
mani(estao de comunicao dada$ engloando o con*unto de enunciadosprodu%idos pelo locutor Nou pelo locutor e interlocutor$ no caso dos di+logosO e o
e&ento de sua enunciao.
' texto consiste$ ento$ em qualquer passagem (alada ou escrita que (orma
um todo signi(icati&o independente de sua extenso. Trata2se$ pois$ de um contnuo
comunicati&o contextual caracteri%ado por (atores de textualidade dentre eles$ a
coeso e a coerncia.
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"oeso e coerncia constituem (atores importantes da textualidade. +
autores que distinguem dois n&eis de an+lise$ correspondendo a coeso e a
coerncia$ emora a terminologia possa ser di(erente NcoesoJcoerncia$ coerncia
microestruturalJcoerncia macroestrutural 2 "!arollesO.
+ autores que consideram a coerncia e a coeso em n&eis di(erentes de
an+lise. A coeso$ mani(estada no n&el microtextual$ re(ere2se aos modos como os
componentes do uni&erso textual$ isto $ as pala&ras que ou&imos ou &emos$ esto
ligados entre si dentro de uma seqncia.
A coerncia$ por sua &e%$ mani(estada em grande parte macrotextualmente$
re(ere2se aos modos como os componentes do uni&erso textual$ isto $ os conceitos
e as rela,es su*acentes ao texto de super(cie$ se unem numa con(igurao$ demaneira reciprocamente acess&el e rele&ante. Assim a coerncia o resultado de
processos cogniti&os operantes entre os usu+rios e no mero trao dos textos.
Assim$ coeso e coerncia constituem (en3menos distintos pelo (ato de7
4oder !a&er um sequenciamento coesi&o de (atos isolados que no tem
condio de (ormar um texto Na coeso no su(iciente nem necess+ria para (ormar
um textoO. 6m exemplo da (ala de uma criana7
NGCO ' pai da Baria traal!a num supermercado.' supermercado que min!a me &ai longe.
=u gosto de ir ao supermercado porque min!a me me deixa empurrar o
carrin!o.
5esse caso no temos um texto$ apesar de !a&er uma coeso relati&amente
(orte no encadeamento das sentenas$ mas as rela,es de sentido no uni(icam
essa seqncia.'utro (ator que implica distino entre coeso e coerncia o de7
4oder !a&er textos destitudos de coeso$ mas cu*a coerncia se d+ ao n&el
da coerncia7
NGPO Bariana artista de circo.
Alice uma das de% danarinas rasileiras que (a%em parte do Eols!oi.
Hoo &iolinista.
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Todos os (il!os de Badalena so artistas.
Usso nos permite c!egar a algumas conclus,es7
@O A retomada de elementos no o Knico meio de se constiturem rela,es
inter(r+sicas Nno condio necess+ria para a coernciaO.
GO A coerncia no de&e ser uscada unicamente na sucesso linear dos
enunciados$ mas$ sim$ numa ordenao !ier+rquica. 5o exemplo dado$ o Kltimo
enunciado$ de ordem superior$ garante a textualidade.
O A coerncia no independente do contexto pragm+tico no qual o texto est+
inserido$ isto $ no independente de (atores$ tais como$ escritorJlocutor$
leitorJalocut+rio$ lugar e tempo do discurso$ ou$ como di% Barcusc!i$ 9o texto de&eser &isto como uma seqncia de atos de linguagem e no como uma seqncia de
(rases de algum modo coesa
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*.*.8. I"9'($$+&+e
A in(ormati&idade se re(ere # distriuio da in(ormao no texto e$ tamm$
ao grau de pre&isiilidade NredundnciaO com que a in(ormao nele contido
&eiculada.
:uanto # distriuio da in(ormao$ preciso que !a*a um equilrio entre
in(ormao dada e in(ormao no&a. 6m texto em *apons para um (alante de
portugus$ por exemplo$ tem grau de in(ormati&idade de @^ e$ por isso$ se torna
incompreens&el. 5esse caso$ (altam ncoras necess+rias para o processamento$ a
leitura cogniti&amente imposs&el. A organi%ao ideal do texto se (a% pela
cominao de dois mo&imentos7 um de retroao$ por meio do qual se retoma a
in(ormao anteriormente introdu%ida8 e um de progresso$ que se ancora na
in(ormao dada NretroaoO para introdu%ir a in(ormao no&a.
:uanto ao grau de pre&isiilidade da in(ormao$ tem2se que um texto ser+
menos in(ormati&o o quanto (or pre&is&el a in(ormao que tra%. +$ assim$ graus de
in(ormati&idade7 um texto em que a in(ormao se*a toda apresentada de (orma
pre&is&el ter+ aixo grau de in(ormati&idade8 se a in(ormao introdu%ida de (ormamenos esperada$ !a&er+ grau mdio de in(ormati&idade8 e se toda a in(ormao (or
apresentada de maneira impre&is&el$ o texto ter+ um grau m+ximo de
in(ormati&idade e exigir+ um grande es(oro de processamento$ podendo parecer
pouco coerente.
*.*.:. I"#e(#e5#,&)$+&+e
A intertextualidade corresponde #s di&ersas maneiras pelas quais a
produoJrecepo de um dado texto depende do con!ecimento de outros textos por
parte dos interlocutores. 5esse sentido$ a intertextualidade di% dos di&ersos tipos de
rela,es que um texto tem com outros textos.
A intertextualidade ser+ implicada quando$ no pr)prio texto$ (eita a meno
# (onte do intertexto Ntexto inserido em outro textoO$ como acontece nas cita,es$
men,es$ resumos$ resen!as e tradu,es.
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A intertextualidade pode tamm ser utili%ada para ridiculari%ar ou argumentar
em sentido contr+rio. 5esse caso$ comum se introdu%ir no texto intertexto al!eio$
sem qualquer meno de (onte. =xemplos desse tipo de uso so muito comuns em
par)dias eJou ironias. 5esse tipo de intertextualidade implcita$ a percepo do
intertexto torna2se crucial para a construo do sentido. e*a2se$ como exemplo de
intertextualidade$ o seguinte texto de "!ico Euarque7
;' C'"3e)
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*.*.>. A%e$#&?$)$+&+e
A aceitailidade a contraparte da intencionalidade. Re(ere2se #
concordncia do parceiro em participar de um *ogo de atuao comunicati&a e agir
de acordo com suas regras$ (a%endo o poss&el para le&+2lo a um om termo$ &isto
que a comunicao !umana regida pelo 4rincpio da "ooperao. =m sentido
restrito$ re(ere2se # atitude dos interlocutores de aceitarem a mani(estao lingstica
do parceiro como um texto coeso e coerente$ que ten!a para eles alguma
rele&ncia.
*./. F'(&3 +e @('0(e33' #e5#,&)
As (ormas de progresso textual constituem uma das quest,es que tm
permeado as re(lex,es dos lingistas de texto desde os primeiros momentos.
A progresso textual pode reali%ar2se por meio de ati&idades construti&as$ de
(ormulao$ em que o locutor optar por introdu%ir no texto recorrncias de &ariados
tipos7 reiterao de itens lexicais$ paralelismos$ par+(rases$ recorrncia de elementos
(onol)gicos$ de tempos &erais$ etc.
A reiterao tra% ao enunciado um acrscimo de sentido que ele no teria se
(osse usado somente uma &e%$ *+ que cada um deles tra% no&os sentido que se
acrescentam #s do termo anterior. e*a7
NG-O =la ol!a&a ansiosa pela *anela. Bas c!o&ia$ c!o&ia$ c!o&ia...
H+ o paralelismo se d+ com a utili%ao das mesmas estruturas sint+ticas$
preenc!idas por itens lexicais di(erentes.
NG/O Se era dia$ ela dormia. Se era noite$ ela acorda&a.
H+ a par+(rase in&ersa ao paralelismo$ ou se*a$ na par+(rase$ um mesmo
conteKdo semntico apresentado so (ormas estruturais di(erentes. A cada
alterao na apresentao do conteKdo le&a$ na maioria das &e%es a a*ustamentos$
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re(ormula,es$ desen&ol&imentos$ sntese ou preciso maior do primeiro sentido. 5o
portugus$ !+ uma gama de express,es introdutoras de par+(rase7 isto $ ou se*a$
quer di%er$ ou mel!or$ em outras pala&ras$ em resumo etc.
NG0O :uando a(irmamos algo em desacordo com a realidade$ isto *$ quando
mentimos...
5o caso da recorrncia de recursos (onol)gicos$ !+ uma in&ariante (onol)gica$
como igualdade de metro$ ritmo$ rima$ assonncias$ alitera,es etc.
NG1O Sou ra&o Sou (orte
Sou (il!o do norte
Beu canto de morte...
A recorrncia de um mesmo tempo &eral$ enquanto uma (orma de garantir a
progresso textual$ tra% indica,es ao ou&inteJleitor sore se a seqncia de&e ser
interpretada como coment+rio ou como relato$ se a perspecti&a retrospecti&a ouprospecti&a$ se se trata de um primeiro ou segundo plano$ no relato. 5o exemplo
aaixo$ o primeiro par+gra(o estaelece o segundo plano da narrati&a N&eros no
pretrito imper(eito do indicati&oO e$ no segundo par+gra(o$ o uso do pretrito per(eito
assinala a mudana para o primeiro plano7
NO ' luar ilumina&a a paisagem (ant+stica. 'u&ia2se o coaxar dos sapos e o
trilar dos grilos. ' ar emalsamado e o cintilar das estrelas con&ida&am ao romance.De sKito$ &indo no se sae de onde$ um grito cortou a magia da noite.
's elementos de recorrncia tm sore o texto o e(eito de intensi(icao$ o
que acaa por tornar a mensagem mais (orte na mem)ria do ou&inteJleitor. =sse
um recurso muito comum em textos de apelo pulicit+rio.
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Alm dos elementos que indicamos at aqui como (ormuladores da
progresso textual$ !+ outros elementos que so tamm capa%es de garantir a
continuidade de sentido do texto. Alguns desses recursos so7
2 uso de termos pertencentes a um mesmo campo lexical8
2 encadeamento de enunciados$ que pode ser por *ustaposio$ com ou sem
articuladores explcitos8 ou por conexo$ com a presena de conectores8
2 progresso tem+tica$ que se reali%a de di&ersas maneiras7 progresso com
tema constante$ progresso linear$ progresso com tema deri&ado$ progresso por
sustituio$ progresso com salto tem+tico8
2 progresso t)pica. Ap)s o (ec!amento de uma seqncia t)pica$ tem2se
continuidade$ quando ocorre a manuteno do t)pico em andamento.
*.2. G6"e('3 Te5#,&$3
4odemos entender os gneros textuais como produtos da ati&idade de
linguagem em (uncionamento permanente$ nas (orma,es sociais em (uno de
seus o*eti&os$ interesses e quest,es espec(icas. =ssas (orma,es elaoram
di(erentes espcies de textos$ que apresentam caractersticas relati&amente est+&eisN*usti(icando2se que se*am c!amadas de gneros de textoO e que (icam dispon&eis
no intertexto como modelos indexados$ para os contemporneos e para as gera,es
posteriores.
Un(erimos que os textos so produtos culturais e$ em (uno disso$ as
produ,es textuais so representa,es da articulao de situa,es de ao com
moti&os e inten,es socialmente construdos$ e essas representa,es$ por sua &e%$
mani(estam regularidades con(iguradas nos gneros de textos &igentes nessacultura. =m suma$ todo texto pertence a um gnero$ em (uno da situao de ao
de que se origina e de que$ dialeticamente$ uma resposta.
Segundo Barcusc!i NGGO$ a conceituao de gnero* de nature+a scio,
comunicativa( baseada em parmetros pragm"ticos( visto que sua sedimentao se
d" atrav*s de pr"ticas sociais desenvolvidas e testadas( para atingir propsitos
comunicativos- =sses prop)sitos contemplam a concepo de que a utili%ao da
lngua e(etua2se em (orma de enunciados Norais e escritosO$ concretos e Knicos$ que
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emanam dos integrantes duma ou outra es(era da ati&idade !umana. ' enunciado
re(lete as condi,es espec(icas e as (inalidades de cada uma destas es(eras$ no
s) pelo conteKdo Ntem+ticoO e por seu estilo &eral$ ou se*a$ pela seleo operada
nos recursos da lngua 2 recursos lexicais$ (raseol)gicos e gramaticais ? mas
tamm e$ soretudo$ por sua construo composicional.
Ia%2se necess+rio que os di&ersos contextos sociais sir&am2se de mKltiplos
gneros textuais para responder aos anseios de determinados grupos sociais. 4ara
EroncVart N@111O$ a espcie !umana caracteri%a2se pela di&ersidade e pela
complexidade de suas (ormas de organi%ao e de suas (ormas de ati&idades.
=ssas peculiaridades (a%em com que se considere as a,es !umanas em suas
dimens,es sociais e discursi&as. Decorrente dessa colocao$ *usti(ica2se o estatutoda linguagem !umana como uma es(era de produ,es interati&as associadas #s
ati&idades sociais resultantes do meio em que as ati&idades se desen&ol&em. 5essa
aordagem$ assim como a ati&idade social pode ser en(ocada so o ngulo
psicol)gico da ao$ a ati&idade lingstica tamm pode ser &ista como ao de
linguagem. =ssa mani(estao$ condicionada a um emissor concreto$ se materiali%a
atra&s de gneros textuais.
Sendo as es(eras de utili%ao da lngua extremamente !eterogneas$tamm os gneros apresentam grande !eterogeneidade$ compreendendo desde o
di+logo cotidiano at a tese cient(ica. 4or esse moti&o$ EaV!tin distingue gneros
prim+rios de gneros secund+rios. 's gneros prim+rios so aqueles constitudos
em situa,es de comunicao ligadas a es(eras sociais cotidianas de relao
!umana Ndi+logo$ e2mail etcO$ *+ os secund+rios esto ligados a es(eras pKlicas e
mais complexas muitas &e%es mediada pela escrita.
> importante ressaltar que a concepo de gnero su*acente a essa idia a de que o gnero no est+tico. "omo qualquer outro produto social$ o gnero est+
su*eito a mudanas$ decorrentes no s) de trans(orma,es sociais$ como tamm
de&idas ao surgimento de no&os procedimentos de organi%ao e acaamento da
arquitetura &eral$ em (uno de no&as pr+ticas sociais que os determinam. 6m
exemplo do car+ter dinmico do gnero o currculo &itae8 !+ a alguns anos$ um
currculo poderia ter inKmeras p+ginas$ quanto maior (osse o currculo$ mas e(iciente
de&eria ser o candidato. 5os dias de !o*e um currculo de&e ser curto$ de poucas
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p+ginas$ um candidato a um emprego tem que alm de ter oas ati&idades
pro(issionais saer selecionar as in(orma,es mais rele&antes de sua carreira de
(orma a no trans(ormar seu currculo num con*unto macio de in(orma,es
desnecess+rias e pouco rele&antes.
>$ ainda$ importante que se estaelea a di(erena entre gnero e tipo de
texto. A noo de tipo de texto est+ relacionada no apenas ao texto$ mas #
estruturao$ conteKdo e estilo das di&ersas classes de textos. "omo tipos de textos
temos o narrati&o$ o descriti&o$ o expositi&o$ o in*unti&o e o argumentati&o. Dessa
(orma$ pode2se in(erir que o tipo de texto est+ relacionado ao e&ento no interior do
qual a ati&idade &eral est+ situada$ os quais possuem estrutura e condu%em2se em
con(ormidade com um estilo.
*.8. L$"0B3#$%& Te5#,&) e %'"#e5#'
A Lingstica Textual parte do pressuposto de que todo (a%er NaoO
necessariamente acompan!ado de processos de ordem cogniti&o$ de modo que o
agente disp,e de modelos e tipos de opera,es mentais. 5o caso do texto$
consideram2se os processos mentais de que resulta o texto. De acordo com ['"NG-O$ nessa aordagem 9os parceiros da comunicao possuem saeres
acumulados quanto aos di&ersos tipos de ati&idades da &ida social$ tm
con!ecimentos na mem)ria que necessitam ser ati&ados para que a ati&idade se*a
coroada de sucesso
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(atos do mundo N9' Uguatemi o maior s!opping da Amrica Latina
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> o contexto cria e(eitos que permitem a interao entre in(orma,es &el!as e
no&as$ de modo que entre amas se cria uma implicao. =ssa implicao s)
poss&el porque existe uma continuidade entre texto e contexto.
' sentido de um texto e a rede conceitual que a ele carrega emergem em
di&ersas ati&idades nas quais os indi&duos se enga*am. =ssas ati&idades so
sempre situadas e as opera,es de construo do sentido resultam de &+rias a,es
praticadas pelos indi&duos$ e no ocorrem apenas na caea deles. =ssas a,es
so con*untas e coordenadas7 o escritor J (alante tem conscincia de que se dirige a
algum$ num contexto determinado$ assim como o ou&inteJleitor s) pode
compreender o texto se o inserir num dado contexto.
' sentido de um texto construdo na interao entre o texto e os su*eitos eno como algo pr&io a essa interao. A coerncia$ por sua &e%$ deixa de ser &ista
como mera propriedade ou qualidade do texto$ e passa a ser &ista ao modo como o
leitorJou&inte$ a partir dos elementos presentes na super(cie textual$ interage com o
texto e o reconstr)i como uma con(igurao &eiculadora de sentidos.
=ssa no&a &iso acerca de texto$ contexto e interao resulta$ inicialmente$ de
uma contriuio rele&ante$ proporcionada pelos estudiosos das cincias cogniti&as7
a ausncia de arreiras entre exterioridade e interioridade$ entre (en3menos mentaise (en3menos (sicos e sociais. De acordo com essa no&a perspecti&a$ !+ uma
continuidade entre cognio e cultura$ pois esta apreendida socialmente$ mas
arma%enada indi&idualmente.
Ressalta2se$ tamm$ a e&oluo da noo de contexto. 4ara a an+lise
trans(r+stica o contexto era apenas o co2texto Nsegmentos textuais precedentes e
suseqentes$ a um dado enunciadoO. H+ para a ram+tica de Texto contexto a
situao de enunciao$ conceito que (oi ampliado para aranger$ na LingsticaTextual$ o entorno s)cio2cultural e !ist)rico comum aos memros de uma sociedade
e arma%enado indi&idualmente em (orma de modelos cogniti&os. Atualmente$ o
contexto representado pelo espao comum que os su*eitos constroem na pr)pria
interao.
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LTIMAS PALARAS
imos$ durante nosso estudo sore os estudos de Semntica e Lingstica
Textual$ que esses dois campos do con!ecimento esto relacionados$ uma &e% que
a Kltima trata da construo do sentido no texto e a primeira estuda$
especi(icamente$ quest,es relati&as ao sentido.
A Semntica$ assim como o signi(icado$ no uma noo Knica$ pelo
contr+rio$ essa cincia se sudi&ide em &+rias$ cada uma elegendo uma de(inio de
signi(icado que acaa por representar uma relao particular entre a linguagem e o
mundo. 4ara o estruturalismo$ o signi(icado uma unidade de di(erena e no tem
nada a &er com o mundo. 4ara a Semntica Iormal o signi(icado um termo
complexo que se comp,e de duas partes$ o sentido e a re(erncia8 o sentido de um
nome o modo de apresentao do o*etoJre(erncia. H+ a Semntica da
=nunciao$ & o signi(icado como o resultado do *ogo argumentati&o criado na
linguagem e por ela. = para a Semntica "ogniti&a$ os conceitos so adquiridos por
meio de nossas manipula,es sens)rio2motoras com o mundo.
A Lingstica Textual parte do pressuposto de que todo (a%er NaoO
necessariamente acompan!ado de processos de ordem cogniti&a$ de modo que o
agente disp,e de modelos e tipos de opera,es mentais. 5o caso do texto$
consideram2se os processos mentais de que resulta o texto.
4ara essa cincia$ o texto surge da relao necess+ria entre um locutor e um
interlocutor. 5esse processo de construo de sentido que constitui a (ormao do
texto muitos elementos Ncoerncia$ coeso$ situacionalitade$ intertextualidade...O so
utili%ados com o (im de criar pistas para que o interlocutor c!egue ao sentido
esperado ou dese*ado pelo locutor. =ssas ati&idades acaam por gerar expectati&as$de que resulta um pro*eto nas ati&idades de compreenso e produo do texto.
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REFERNCIAS
['"$ Ungedore run(eld illaa- Introduo . ling)stica textual- So 4aulo7 Bartins
Iontes$ G-.
ULARU$ R. _ =RALDU$ H. Y. Semntica. So 4aulo7 Ztica$@111.
B6SSALUB$ Iernanda _ E=5T=S$ Anna "!ristina. N'rgs.O Introduo . /ing)stica0
domnios e (ronteiras$ &. @ e &. G- So 4aulo7 "orte%$ GC.
I"+$%&4e3 +e Le$#,(&
E=5=5UST=$ =. !roblemas de /ing)stica 1eral. So 4aulo$ =d. 5acional$ @1/-.
IU'RU5$ L.8 SAU'LU$ 4. /ies de texto0 leitura e redao. So4aulo7 Ztica$ @11-.
6UBAR`=S$ =.2 articulao do texto. So 4aulo7 Scipione$ @11.
. 3istria da semntica$ "ampinas$ 4ontes. G.
['"$ Ungedore . illaa. 4exto e &oerncia. So 4aulo7 "orte%$ @101.
. 5 texto e a construo dos sentidos-So 4aulo7 "ontexto$ @11/.
BAR"6S"U$ L.2 ling)stica de texto0 o que * como se fa+. Reci(e7 =ditora da6I4=$ @10.. 2spectos ling)sticos( sociais e cognitivos da produo de sentido- @110$NmimeoO.
'rlandi$ =. 4. /)ngua e conhecimento ling)stico. So 4aulo$ "orte%. GG.
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AALIAO
UESTO 1
E H,e %'"3$3#e & Se!"#$%&a. N O 5os estudos (onol)gicos.
. N O 5o estudo do signi(icado.
c. N O 5a cincia que trata da relao entre discurso e sentido.
d. N O 5o ramo da lingstica respons+&el pelo estudo da gram+tica.
UESTO *
C'' ' e3#(,#,(&)$3' 3&,33,(e&"' +e9$"e ' 3$0"$9$%&+'
aO N O como uma unidade de di(erena$ que se d+ numa estrutura de di(erenas com relao a
outros signi(icados.
O N O como um termo complexo que se comp,e de sentido e re(erncia.
cO N O como um conceito.
dO N O como uma pala&ra de signi(icado amguo.
UESTO /
P&(& & Se!"#$%& F'(&)7aO N O a relao entre linguagem mundo (undamental.
O N O o signi(icado resultado de um *ogo argumentati&o.
cO N O os conceitos so adquiridos por meio de nossa experincia sens)rio2motora.
dO N O a relao entre linguagem e mundo no interessa.
UESTO 2
O 3$0"$9$%&+' J %'"3$+e(&+' ' 3'K($' +&3 3,&3 %'"#($?,$4e3 e $"e('3 9(&0e"#'3 +'
+$3%,(3' @&(&7
aO N O a Semntica "ogniti&a.
O N O a Semntica Iormal.
cO N O a Semntica =struturalista.
dO N O a Semntica da =nunciao.
UESTO 8
C'' & Se!"#$%& F'(&) e5@)$%& & +$9e(e"& e"#(e &3 3e0,$"#e3 3e"#e"&37 1 A e3#(e)& +&
&"
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O N O A primeira sentena &erdadeira$ enquanto a segunda (alsa.
cO N O 5o !+ di(erena entre as duas sentenas.
dO N O A primeira sentena no condi% com a realidade dos (atos.
UESTO :
Se0,"+' & Se!"#$%& F'(&) J ' 3e"#$+' H,e "'3 @e($#e %
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O N O mostrar que o texto possua propriedades que di%iam respeito ao pr)prio sistema astrato
da lngua.
cO N O oter um tipo de gram+tica di(erenciado$ em que se usca&a estudar o uso de itens
gramaticais atra&s de textos.
dO N O construir um material que ser&isse de ase para o estudo do texto.
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