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Ao fim de 33 anos de esforço e empenho dos sócios e direcções do SPM ANO XXXIII – N.º 89 – Preço: 0,50Out / Nov / Dez de 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Directora: Marília Azevêdo Plano de Formação Contínua Relembramos o Plano Anual de Forma- ção Contínua do SPM, a decorrer já na nova sede. Ariana Cosme diz-nos que a formação contínua é um «espaço de intervenção de inegável pertinência e actualidade». As con- dições do novo Centro de Formação «pre- meiam e potenciam as energias e as horas empregues pelos educadores e professo- res.» Centenas de professores e educadores aderiram com entusiasmo e orgulho à abertura oficial do novo Centro de Formação e Sede do Sindicato dos Professores da Madeira, no Dia Mundial do Professor, 5 de Outubro. Foi um dia histórico e de festa. As novas instalações, pelas condições oferecidas, conferem um significativo potencial e espaço de evolução no trabalho sindical. Acção sindical entendida num sentido moderno, lato e adaptado às novas reali- dades e expectativas da classe docente. Desde a luta reivindicativa, passando pela formação contínua, até ao debate interno que conduza às respostas que os docen- tes e o sector educativo precisam. Para sermos capazes de fazer o que dizemos que é preciso fazer. Como alertam Rita Pestana e Adília Andrade, referências do SPM, o novo edifício não é um fim em si mesmo. As «organizações sociais são unidades humanas – a sua vitalidade não é redutível a paredes», mas estas ajudam a «conferir dignidade e sustentabilidade». Aproveitar o potencial para melhorar práticas e resultados depende das equipas, o «motor da acção». O Sindicato dos Professores da Madeira não poderia ter escolhido uma outra data de tão grande simbolismo para toda a classe docente, o seu Dia Mundial, para a inauguração. Estão criadas as condições para os próximos 5 de Outubro serem celebrados ainda com mais pompa e circunstância. Não faltam razões para os docentes aderirem à Greve Geral convocada pela CGTP e UGT. Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, em artigo de opinião na última página, traça o cenário e apela: «compete aos professores que exercem a sua atividade profissional na RAM, defendendo os seus direitos e interesses, unirem-se ainda mais em torno do SPM.» SPM já trabalha na nova casa Vamos ao protesto Valorização profissional Págs. 4 - 9 Págs. 3 e 20 Págs. 10 - 11 Págs. 4-12 / 14-21 A Calçada da Cabouqueira encheu, na manhã do 5 de Outubro, na abertura oficial do novo Centro de Formação e Sede do SPM © Nélio de Sousa

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Page 1: SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Directora: … · Como alertam Rita Pestana e Adília Andrade, referências do SPM, o novo edifício não é um fim em si mesmo. As «organizações

Ao fim de 33 anos de esforço e empenho dos sócios e direcções do SPM

ANO XXXIII – N.º 89 – Preço: 0,50€ Out / Nov / Dez de 2011

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Directora: Marília Azevêdo

Plano de FormaçãoContínua

Relembramos o Plano Anual de Forma-ção Contínua do SPM, a decorrer já na nova sede. Ariana Cosme diz-nos que a formação contínua é um «espaço de intervenção de inegável pertinência e actualidade». As con- dições do novo Centro de Formação «pre-meiam e potenciam as energias e as horas empregues pelos educadores e professo-res.»

Centenas de professores e educadores aderiram com entusiasmo e orgulho à abertura oficial do novo Centro de Formação e Sede do Sindicato dos Professores da Madeira, no Dia Mundial do Professor, 5 de Outubro. Foi um dia histórico e de festa.

As novas instalações, pelas condições oferecidas, conferem um significativo potencial e espaço de evolução no trabalho sindical.

Acção sindical entendida num sentido moderno, lato e adaptado às novas reali-dades e expectativas da classe docente. Desde a luta reivindicativa, passando pela formação contínua, até ao debate interno que conduza às respostas que os docen-tes e o sector educativo precisam. Para sermos capazes de fazer o que dizemos que

é preciso fazer.Como alertam Rita Pestana e Adília Andrade, referências do SPM, o novo

edifício não é um fim em si mesmo. As «organizações sociais são unidades humanas – a sua vitalidade não é redutível a paredes», mas estas ajudam a «conferir dignidade e sustentabilidade». Aproveitar o potencial para melhorar práticas e resultados depende das equipas, o «motor da acção».

O Sindicato dos Professores da Madeira não poderia ter escolhido uma outra data de tão grande simbolismo para toda a classe docente, o seu Dia Mundial, para a inauguração. Estão criadas as condições para os próximos 5 de Outubro serem celebrados ainda com mais pompa e circunstância.

Não faltam razões para os docentes aderirem à Greve Geral convocada pela CGTP e UGT. Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, em artigo de opinião na última página, traça o cenário e apela: «compete aos professores que exercem a sua atividade profissional na RAM, defendendo os seus direitos e interesses, unirem-se ainda mais em torno do SPM.»

SPM já trabalha na nova casa

Vamos ao protesto

Valorização profissional

Págs. 4 - 9

Págs. 3 e 20

Págs. 10 - 11

Págs. 4-12 / 14-21

A Calçada da Cabouqueira encheu, na manhã do 5 de Outubro, na abertura oficial do novo Centro de Formação e Sede do SPM

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02 Out / Nov / Dez 2011SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Em que circunstânciasdecidiu ser professora?

O gosto em ser professorasurgiu muito cedo, ainda naescola primária. Sonhava sercomo a minha professora quemarcou a minha vida pela suapersonalidade carinhosa e aomesmo tempo exigente emcontexto ensino/aprendiza-gem.

Refira as eventuais dificul-dades sentidas na concreti-zação dessa decisão.

Para ser sincera, não sentidificuldades na concretizaçãodessa decisão, sempre fui mui-to empenhada em alcançar osmeus objectivos e conseguientrar no curso que sempredesejei, na Universidade daMadeira, com algum mérito.

Descreva a sua primeiraaula enquanto docente.

Na minha primeira aula,apesar de nervosa, sentia-meconfiante e feliz, muito feliz porestar a concretizar um sonho.

O seu melhor momentoenquanto professora.

Tenho muitos bons momen-tos enquanto professora,essencialmente quando vejo osmeus alunos felizes por apren-der e a alcançar o seu sucesso.O sucesso deles é sem dúvida,a minha maior satisfação!

O pior momento na suacarreira.

O pior momento foi não po-der concorrer no ano que con-cluí o curso, senti uma enormefrustração por ter de ficar umano sem emprego, no entanto,essa frustração depressa foicolmatada, pois fui contratadapor uma escola privada ondepude exercer a minha pro-fissão.

Voltaria, hoje, a escolheresta profissão?

Gosto muito da minha pro-fissão, foi sempre o que quisser, contudo, o descrédito queestá a ser dado à nossa classe,o sentimento de insegurançaque se vive no nosso dia-a-diae o futuro incerto que nos espe-ra, far-me-ia repensar nessaescolha.

Que requisitos consideranecessários a um docente?

Muito empenho, dedicação,gostar realmente do que faz esentir que os seus alunos sãoparte de si, são um pouco desi…

Conteúdo que mais gostade leccionar?

Sinto-me bem a leccionarqualquer um dos conteúdos do1º Ciclo do Ensino Básico.

Matéria que gosta menos

de leccionar?Não posso dizer que gosto

menos disto ou daquilo, o quesinto muitas vezes é que osprogramas são demasiadoextensos e quase não permi-tem consolidar os conhecimen-tos.

O livro que achou mais útilou mais influenciou a suaprática profissional.

“Meu pé de laranja lima” deJosé Mauro de Vasconcellos.Este livro ensinou-me que omais importante não são osgrandes feitos ou qualqueroutro acontecimento conside-rado por nós digno e merece-dor de importância, mas sim,as pequenas coisas, as peque-nas conquistas e vitórias quese fazem dia a dia. É destemodo que as crianças encaramo mundo que as rodeia!

Turma ou aluno que quei-ra destacar?

Não consigo destacar umaluno ou turma. Guardo todosos meus alunos num cantinhoespecial do meu coração,todos são importantes paramim… Cada um com seu jeitode ser!

O seu maior sucesso.A nível profissional, sinto

que ainda não alcancei o meumaior sucesso, mas aguardopacientemente por essemomento.

Situação marcante na suavida profissional.

Gosto de ser reconhecidapelo meu esforço, pela minhadedicação e vontade de sercada vez melhor naquilo quefaço e posso dizer que pordiversas vezes, no meu percur-so profissional, já tive essaoportunidade!

Identifique, na sua óptica,os maiores problemas noEnsino e o que mudaria naEscola para os resolver.

A família desresponsabili-zou-se da educação dos filhosdelegando na escola essa tare-fa, o estado desacreditou aprofissão docente, fazendocom que a sociedade não olhemais para a escola como umlocal de aprendizagem, de cul-tura e conhecimento mas, umpassatempo onde os filhos per-manecem na sua maioria dezhoras por dia, cinco dias porsemana. Os professores sen-tem-se “sufocados” em buro-cracia que quase não lhes dei-xa tempo para preparem assuas aulas convenientemente,em prol do sucesso dos seusalunos. Tornar o ensino eficien-te e de qualidade é a tarefamais importante da nossasociedade, contudo as medi-das que são tomadas com vis-ta a um “ensino melhor e efi-ciente” não são nada mais doque medidas economicistas,restritivas e opositoras a essarealidade. Resta-nos a espe-

rança de que um dia tudo irámudar!

As condições de trabalhopara se poder ensinar e reali-zar aprendizagens, com qua-lidade, na escola.

Na minha opinião existemtrês condições fundamentaispara se poder ensinar e realizaraprendizagens com qualidade.A primeira é sem dúvida o nú-mero de alunos por turma, a se-gunda é o acesso dos docen-tes a recursos materiais apela-tivos e motivantes e a terceira éter encarregados de educaçãocooperantes, que valorizem opapel dos docentes e da esco-la na formação pessoal e socialdas suas crianças.

Deixe, por fim, uma men-sagem aos docentes.

Numa altura de insegu-ranças, receios e incertezas osdocentes, mais do que nunca,têm de acreditar em si, no seuvalor, na importância da suaposição social e no papel pre-ponderante que têm na Educa-ção. Deixo-vos com a seguintecitação de Dalai Lama para quereflictam no vosso modo depensar e actuar: “Desenvolverforça, coragem e paz interiordemanda tempo. Não espereresultados rápidos e imediatos,sob o pretexto de que decidiumudar. Cada acção que vocêexecuta permite que essadecisão se torne efectiva den-tro do seu coração.”

Trimensário de Informação Sindical

PROPRIEDADE, REDACÇÃO EADMINISTRAÇÃO:Sindicato dos Professores da Madeira (SPM)Morada: Calçada da Cabouqueira, n.º 229000-171 FunchalWebsite: www.spm-ram.orgEmail: [email protected]: spmadeira Messenger: [email protected]: 291 206 360Fax: 291 206 369

DIRECTORA: Marília Azevêdo

CONSELHO DE COORDENAÇÃO:Comissão Executiva do SPM

COORDENADOR-EDITOR:Nélio de Sousa

“DE PAPO PRÓ AR”Coordenação de Helena Lima

CARTOONHenrique Monteiro

COLABORADORES NESTA EDIÇÃO:Cláudio Pedro, Helena Camacho,JPO, Lídia Barbeito, Manuel Menezes, Maria Emília Zino, Maria Helena Lima, Maria da Paz Ferreira, Marília Azevêdo, Nélio de Sousa, Raimundo Figueira, Rita Pestana

PERIODICIDADE: Trimestral

ARTE GRÁFICA E IMPRESSÃO:Eco do Funchal

TIRAGEM: 4.000 exemplares

O PROF está aberto à colaboraçãodos professores, particularmente osda RAM, mesmo quando nãosolicitada. Reserva-se, todavia, odireito de condensar ou não publicar,em função do espaço disponível e doEstatuto Editorial desta publicação.Os artigos assinados são da exclusivaresponsabilidade dos seus autores.

Inês Vasconcelos é professora do 1º Ciclo do EnsinoBásico há sete anos. Para si, o mais importante sãoas pequenas conquistas e vitórias que se fazem nodia-a-dia, princípio adequado à vida mas,particularmente, à vida escolar e à evolução, degrau a degrau, de cada estudante.

A sociedade deve olhar mais para a escola como local de aprendizagem, cultura econhecimento, alerta Inês Vasconcelos

Perfil

Estado desacredita profissão docente

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1– No momento em queescrevo este editorial, per-manece a dúvida sobre se o

novo Governo Regional integraráou não na sua composição umaSecretaria Regional daEducação. A dúvida prende-se,essencialmente, com a denomi-nação. Porque é óbvio que esteimportantíssimo sector, pilar dequalquer sociedade que se querdesenvolvida de forma sustentá-vel, foi claramente subalterniza-do.

Numa altura particularmentedifícil para o País, em que todosnos confrontamos, diariamente,com programas e medidas deausteridade que nos deixamquase sem fôlego e sem ânimo,era de esperar que o novoGoverno Regional visse e sentis-se a importância da Educação, jáde si tão maltratada.

Como se já não bastasse tersido esta a área que maior corteorçamental sofreu, agora deixa,pura e simplesmente, de ter uma

tutela regional. Divide-se poroutras áreas, elas próprias tãofundamentais, como os recursoshumanos. A definição da políticaeducativa e as opções que sepretendem tomar e que devemser claramente assumidas, nãose compaginam com a falta deorganismos de tutela.

A Educação é (devia ser) umsector de aposta e investimentoe não ser um sector que se limitaa gerir os recursos humanos.

E se a nível nacional, pela vozdo ministro Nuno Crato, vamostomando conhecimento da for-ma absurda de como se preten-de cortar na educação, aqui naRegião o silêncio é constrange-dor.

Vai ou não a Região adoptaras medidas que são anunciadascomo a “reorganização curricu-lar”, que mais não são que aadopção da estratégia orçamen-tal que terão obrigatoriamenteimplicações na organizaçãocurricular?

Uma revisão curricular, queaté se exigia e justificava, face aoalargamento da escolaridadeobrigatória até ao 12º ano, deviaser antecedida, obrigatoriamen-te, duma avaliação do que exis-te; um olhar e um debate reflexi-vo que juntasse toda acomunidade educativa e a socie-dade, donde saíssem ideias con-sistentes sobre o que se querpara o futuro.

O que nos é apresentado nãoé nada disto. Nem sequer foi pre-

cedido de qualquer avaliaçãoprévia nem de visão estratégicapara o devir.

Não conhecendo, todavia,nem o programa de governo,nem o pensamento de quem vaidirigir(?) a Educação, era salutarlembrar que desde o século XIXeducar vai para além de treinar eadestrar. Que educar é propiciaras condições necessárias para,de forma global, desenvolver nascrianças e jovens todas as suas

capacidades e potencialidades.A educação integral para todos énecessária ao desenvolvimentodum País que se quer de primei-ro mundo. As artes e as tecnolo-gias têm um lugar incontornávelno currículo escolar.

2- O Orçamento de Estadopara 2012, que em breve seráapresentado e discutido naAssembleia da República, traduzuma série de medidas que irão

pôr em causa não só a escolapública, como põe em causa auniversalidade dos direitos bási-cos dum estado social.

Ao corte salarial, já em vigordesde Janeiro último, junta-se aredução, já este ano no subsídiode Natal e os cortes nos subsí-dios férias e Natal do próximoano.

Não apresentasse mais nada,o que não é o caso, só estasmedidas, por si só, são represen-tativas dum retrocesso civiliza-cional, tomadas à revelia dosdireitos e garantias expressas naConstituição da RepúblicaPortuguesa.

Como refere Mário Nogueira,Secretário Geral da Fenprof, emartigo neste jornal PROF, “OOrçamento do Estado para2012… pretende demolir espe-rança e futuro, podendo demolirdesejos e sonhos… compete-nos a nós cidadãos e, particular-mente, a nós professores e edu-cadores, demolir este orçamentoe estas políticas em que se sus-tenta.”

A CGTP-IN e a UGT convoca-ram uma Greve geral para o pró-ximo dia 24 de Novembro.Apesar de todas as dificuldades,é necessário parar! Mostrar anossa resistência a todos estesatropelos. Mostrar que osFuncionários Públicos, classe aque pertencemos, não são des-cartáveis! Dia 24 de Novembrovamos PARAR! … em luta pelanossa dignidade!

Há um perigo iminente decolapso social em Por-tugal. Os sinais estão aí.

O problema não é apenas adívida pública portuguesa, cal-culada em 25% da dívida totaldo País. É também a dívida pri-vada (75%) e a conjuntura derecessão europeia e internacio-nal, decorrente da crise do sub-prime em 2006-2007 devido àganância e especulação finan-ceira.

Pior do que a subida deimpostos e a perda de salário(empobrecimento), é o desem-prego e as famílias ficarem semliquidez e entrarem em falênciapor causa dos compromissosde crédito (endividamento), noactual contexto de enormeausteridade.

Metade delas estão enreda-das em dívidas com a habi-tação e boa parte com compro-

missos financeiros demasiadoelevados e por demasiado tem-po: 30 a 40 anos. Uma coisa éviver pior, outra coisa é não terpara viver, além de pagar aobanco as dívidas, quando che-ga para as pagar...

Em lugar de fazer fretes àbanca (recapitalizá-la) e de seandar a salvar este ou aquelebanco da insolvência à custado Estado e dos contribuintes,utilizemos os muitos milhõesde euros da troika para injectarna economia e promover oemprego.

É preciso os cidadãos faze-rem pressão, de múltiplas for-mas, sobre quem decide, aquie na Europa. É preciso evitarum colapso social. É precisoacender uma luz de esperançaao fundo da crise.

Nélio de Sousa, dirigente do SPM

Editorial

Resistir pela nossa dignidade

Opinião: “Um murro na mesa”

Evitar o colapso social

Marília AzevêdoCoordenadora do SPM

03Out / Nov / Dez 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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04 Out / Nov / Dez 2011

As intervenções da presi-dente da Mesa daAssembleia Geral do

SPM, do secretário-geral daFENPROF e do presidente doGoverno Regional forammomentos altos da cerimóniade inauguração da nova Sede eCentro de Formação doSindicato dos Professores daMadeira (SPM).

O Dia Mundial do Professor,em 5 de Outubro, foi a dataescolhida pelo seu simbolismopara a classe, «independente-mente de outras agendas».Factos essenciais para a histó-ria: SPM tem nova Sede/Centrode Formação de qualidade e acerimónia inaugural correumuito bem, como as notícias naimprensa o atestam.

Depois de descerradas asplacas pelas 10h30 - uma rela-tiva à inauguração do edifício, a

outra em homenagem ao arqui-tecto João da Conceição, autordo projecto, já falecido - os cer-ca de 250 professores e educa-dores presentes subiram aoterceiro piso e, num auditório àcunha, com muita gente em pé,ouviram as intervenções pre-vistas, anunciadas pela dirigen-te Margarida Fazendeiro.

Dia históricoDesde as 9h00 horas da

manhã que a Calçada daCabouqueira conheceu ummovimento fora do habitualpara um dia feriado, com inten-so movimento de pessoas eviaturas. A inauguração nãopassou despercebida na capi-tal madeirense.

Num tempo de dificuldadese de incertezas, a organizaçãosindical mais representativados professores da RAM

abraça o futuro com umespaço à altura das suas res-ponsabil idades na vida daRegião. Um espaço que é tam-bém a concretização de umvelho sonho e um motivo deorgulho para os cerca de 3.500sócios do Sindicato, como tive-mos oportunidade de ouvir daparte de muitos dos participan-tes neste dia histórico.

Além das personalidades járeferidas, do SPM, da FEN-PROF e do Governo Regional,marcaram presença os secre-tários-regionais de Educação eCultura e do Plano e Finanças,o presidente da Câmara doFunchal, directores regionais eoutras entidades e organi-zações, incluindo as sindicais,da Região, Continente e Aço-res.

NdS e JPO

Dia Mundial do Professor especial com cerimónia muito participada

SPM inaugura nova casa

Factos essenciais para a história: o SPM tem um novo Centro de Formação e uma Sede dequalidade e à cerimónia inaugural fizeram questão de comparecer centenas de docentes

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05Out / Nov / Dez 2011

«Vitalidade profissional»Representando a “vitalida-

de de uma comunidadeprofissional”, o Sindicato

dos Professores da Madeiracentra-se nos seus maioresobjectivos: a “Formação deProfessores e a Acção Sindi-cal”, salientou Rita Pestana.Metas essas, sempre e exclusi-vamente, na “defesa e na afir-mação da nossa profissionali-dade” e na “luta intransigentepor uma profissão digna, valo-rizada e valorizadora.”

Daí que o SPM alie a “ver-tente da representatividade nadefesa, na reivindicação e nanegociação institucional dasquestões socioprofissionais àvertente da formação dos pro-

fessores e educadores.” Daítambém a aposta no Centro deFormação, o coração do edifí-cio da nova sede.

A sindicalista questionousobre alguns dossiês educati-vos pendentes: “os docentesprecisam saber com o que con-tam, quer em termos deEstatuto da Carreira Docente,quer em termos de avaliaçãode desempenho.” O presidentedo Governo Regional respon-deria a estas questões momen-tos depois.

Os meios ajudam mas nãobastam só por si. “As organi-zações sociais, como escolasou sindicatos, são unidadeshumanas”. Embora a sua “vita-

l idade orgânica” não seja“redutível a paredes ou equipa-mentos”, as organizações “sãotambém “paredes, lugares dereflexão, debate e encontro”,que lhes confere – e aos seus“projectos humanos e cívicos”– a necessária “dignidade, con-sistência e sustentabilidade.”

Depois de ter expresso oscustos da obra, Rita Pestanafez os agradecimentos àsdiversas entidades, individuali-dades e empresas, que “nosajudaram a fazer este percursode que nos orgulhamos” e queconstituirá uma “referência nopanorama educativo” daRegião e do País.

«Melhores respostas»Mário Nogueira, secretá-

rio-geral da FENPROFsalientou que “serão

ainda melhores, a partir de ago-ra, as respostas que o SPM irádar aos professores e educa-dores”, fazendo valer mais apena ser sindicalizado nestesindicato.

Melhores respostas “aosaposentados; aos mais jovens,por norma, em situação de pre-cariedade ou mesmo desem-pregados e a necessitarem deum apoio ainda mais forte; aosque estão na carreira, masimpedidos de progredir, vítimasque são, como os demais tra-balhadores, de políticas que,em todo o país, têm vindo aliquidar direitos, a roubar salá-rios, a degradar condições de

trabalho e exercício profissionale que só não roubaram a digni-dade porque, os professoresisso nunca permitirão, provan-do todos os dias, nas escolas,com os seus alunos, que nãosão o que, de quando em vez,alguns poderes instituídos pre-tendem difundir, recorrendo acampanhas infames pelasquais tentam fazer passar men-sagens falsas sobre os profis-sionais docentes.”

No Dia Mundial do Profes-sor, Mário Nogueira invocou aRecomendação conjunta daUNESCO e ONU, aprovada em5 de Outubro de 1966, em queboa parte dos direitos “conti-nua por cumprir e outros têmvindo a ser reduzidos ou elimi-nados.” E enumerou o que falta

cumprir desde a formação con-tínua, passando pela estabili-dade de emprego e profissio-nal, até aos horários dos pro-fessores.

O orador teve uma palavrafinal para quem trabalha naRegião: “Não seria admissívelque, a propósito da situaçãofinanceira, estes fossem aquisobretaxados ou mais penali-zados do que os restantes tra-balhadores do país”. Acres-centou que “se o problema dadívida existe, e aqui comdimensão agravada, é bomrecordar que não é por respon-sabilidade de quem, honesta-mente, tem como quotidiano otrabalho.”

«Nova base de trabalho»OPresidente do Governo

Regional começou porrealçar o “momento sig-

nificativo” na vida do SPM, ten-do felicitado os actuais e osanteriores dirigentes pela nova“base de trabalho” erguida,importante para a “vida futurado Sindicato”.

Alberto João Jardim salien-tou as condições para a for-mação, considerando ser “fun-damental” que uma RegiãoAutónoma, “marcada pelainsularidade”, aposte na qualifi-cação e na formação dos seusdocentes. Reconhece no SPMuma “grande força” para conti-nuar a fazer a “mudança dementalidades”. Referiu aindaque a qualidade do ensino naRAM se deve aos professores,destacando o papel destesprofissionais na sociedade.

O líder da Região abordouainda as questões da Autono-mia enquanto “direito à dife-rença”, que é fundamentalnuma “sociedade democráti-ca” e para “valorizar o territórioautónomo.”

Mais adiante deixou quatropromessas: em matéria de for-mação de professores, umnovo regulamento com defi-nição de entidades habilitadaspara essa actividade; de revi-são do Estatuto da CarreiraDocente que está pronto paranegociação, face à 10ª alte-ração ao ECD nacional; pro-posta de modelo da avaliaçãodo desempenho concluído pa-ra negociação (embora AlbertoJoão Jardim afirmasse ser con-tra a avaliação de professores -«e não mudo» «independente-mente das negociações que se

faça lá em Lisboa» - justifican-do que é preciso reforçar, sim,a exigência dos programasescolares e maior conhecimen-to cultural e científico aos alu-nos); e, finalmente, em matériade retroactivos, prometeu-ospara “logo que houver oportu-nidade financeira”. Face àreacção de desapontamentono auditório, esclareceu: “nãodigo que é para amanhã senãochamavam-me mentiroso.”

Terminou com um renovadoagradecimento à classe dosprofessores pelo “muito” quetem feito pela Madeira e deixouum pedido: “entrar com muitaforça nos novos ciclos demudança que o País e a Regiãocarecem.” Teve tempo aindapara recordar o tempo em quefoi professor, de que guarda as“melhores recordações”.

Presidente da Assembleia Geral do SPM

Secretário-Geral da FENPROF

Presidente do Governo Regional

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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06 Out / Nov / Dez 2011SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Auditório

O Auditório no piso 3, comcapacidade para cerca deduzentas pessoas, foi pequenopara receber todos os docen-tes que fizeram questão demarcar presença em dia tãosignificativo para os associa-dos do Sindicato dos Profes-sores da Madeira. Muitos fica-ram de pé nas zonas laterais ena rectaguarda. Mesmo assim,muitos outros tiveram de assis-tir aos três discursos da ceri-mónia do lado de fora, maisprecisamente do foyer do audi-tório, onde também se ouviamas palavras dos oradores. Oespaço, entretanto, já recebeuplenários e as Jornadas Peda-gógicas.

Biblioteca

Além do Centro de Recur-sos e Biblioteca, as áreas daFormação Contínua, Informa-ção e Comunicação e Activi-dades Culturais surgem reno-vadas fruto das melhorescondições oferecidas pelonovo Centro de Formação eSede.

Componentes eco-financiamento europeu

O edifício tem duas compo-nentes físicas bem distintas

quanto ao seu financiamento: acomponente Sede, que foifinanciada exclusivamente peloorçamento do SPM, e a com-ponente do Centro de Forma-ção, a única a ser co-financiadapelo INTERVIR+ (ProgramaOperacional de Valorização doPotencial Económico e CoesãoTerritorial da RAM), através doFEDER (Fundo Europeu deDesenvolvimento Regional).

Dia Mundial do Professor

Pelo seu grande simbolismopara a classe, aliou-se as co-memorações do 5 de Outubro,Dia Mundial do Professor, àabertura oficial da nova casado Sindicato dos Professoresda Madeira. Nesse dia são rea-lizadas acções por todo o mun-do que visam sublinhar a im-portância dos docentes para odesenvolvimento das socieda-des.

Estacionamento

Para os delegados sindicaisem serviço do SPM e para ossócios em atendimento, existeestacionamento de curta dura-ção, facilitando assim o acessodos associados ao sindicato.

Força do SPM

O presidente do GovernoRegional reconhece no SPMuma “grande força” para conti-nuar a fazer a “mudança dementalidades”. Referiu aindaque a qualidade do ensino naRAM se deve aos professores,destacando o papel destesprofissionais na sociedade.

Gabinete Jurídico

Com a nova Sede e Centrode Formação, o SPM ficou emmelhores condições para ele-var os padrões dos serviçosque presta aos docentes,nomeadamente na área doApoio Jurídico e Atendimentoaos sócios do sindicato. OSPM tem um Gabinete Jurídicocom um jurista a tempo inteiro,para responder com a máximaceleridade e eficácia àssituações e problemas coloca-dos pelos sócios.

Histórico

O 5 de Outubro de 2011ficará na história do SPM comoprova da sua capacidade derealização. É o essencial queficará para a memória. Assimtambém se defende as con-dições de trabalho e a auto-confiança de quem escolheu aprofissão docente.

Inevitável só a luta

«Há alternativas e todossabemos quais são, o que nãohá é vontade política para fazeressas opções. Assim sendo,inevitável só mesmo a luta dequem trabalha» (da intervençãode Mário Nogueira).

João da Conceição(arquitecto)

O arquitecto que projectouo edifício da nova sede doSPM, João da Conceição, foihomenageado na inauguração,como Profissional e Homem.

Luta sem tréguas

«Este novo espaço nos per-mitirá também um renovadoânimo para a mobilização epara a luta sem tréguas que osassociados esperam e desejamem torno do nosso SPM» (daintervenção de Rita Pestana).

Momento significativo

O Presidente do GovernoRegional começou por realçaro “momento significativo” navida do Sindicato, felicitandoos actuais e os anteriores diri-gentes pela concretização doprojecto.

Números

O custo global da obraascenderá a 3 milhões e800.000 Euros, incluindo tra-balhos preparatórios e regis-tos. Dois milhões (53% do total)são suportados pelo SPM. Ummilhão e 800.000 (47% dototal), são financiados peloFEDER, através do ProgramaINTERVIR+ (Programa Opera-cional de Valorização doPotencial Económico e CoesãoTerritorial da RAM).

Orgulho

O líder da FederaçãoNacional dos Professores,Mário Nogueira, considerou sereste um espaço que “reforça eorgulha o SPM, logo a FEN-PROF” e que, na Madeira, será,decerto, também espaço de“solidariedade com o movi-mento sindical unitário, ou nãofosse o SPM, como os restan-tes Sindicatos da FENPROF,uma organização que integra ogrande espaço solidário que éa CGTP-IN, essa grande cons-trução dos trabalhadores por-tugueses.”

Projecto de formação

«Desde sempre, mesmoquando ainda nem se falava decréditos de formação obrigató-

Momento único na vida do sindicato

Inauguração de A a Z

Momento em que foi descerrada a placa inaugural pela coordenadora Marília Azevêdo

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07Out / Nov / Dez 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

rios para progredir na carreira,o SPM organizou e promoveuJornadas Pedagógicas, Confe-rências, Encontros, Colóquios,Congressos até que, em Agos-to de 1993, cria o seu Centro deFormação acreditado peloConselho Científico e Pedagó-gico da Formação Contínua deProfessores, sendo o únicoCentro que, no plano regional,atingiu tal objectivo» (da inter-venção de Rita Pestana).

Qualidade do edifício

As instalações da novaSede e Centro de Formação doSPM impressionam pela quali-dade dos espaços, com acaba-mentos sóbrios mas conferindodignidade ao edifício, à insti-tuição e aos associados.

Renováveis, redução e redes

O edifício está equipadocom estruturas de captação econversão de energias renová-veis (painel de aquecimento deágua e painel fotovoltaico deprodução de energia, em regi-me de micro produção), siste-ma de ar condicionado e siste-ma de gestão integrada deiluminação.

Será possível regular e geriros consumos energéticos euma poupança/redução consi-derável dos custos de gestãodo edifício, reduzindo tambémos custos ecológicos e am-bientais.

Possui redes de comuni-cações e informática integrada,sistema anti-intrusão e de com-bate a incêndios bem como devídeo vigilância.

Sindicalismo commais-valia

Além dos espaços físicos,será uma mais-valia para os só-cios e para o sindicalismo, atra-vés de um sindicato sempreactivo e interventivo na defesada classe e da Educação.

Trinta e três anos

«O Sindicato dos Profes-sores da Madeira é uma organi-zação que, desde há trinta etrês anos, pugna por um pro-jecto que alia a vertente darepresentatividade na defesa,na reivindicação e na nego-ciação institucional das ques-tões socioprofissionais, à ver-tente da formação contínuados professores e educadores»(da intervenção de RitaPestana).

Usufruto imediato

Os sócios do SPM tiveram ousufruto imediato das novasinstalações, nomeadamente noatendimento, acções de for-mação, jornadas pedagógicase actividades diversas já reali-zadas no mês de Outubro de2011. A sede tem tido muitagente dentro.

Valorização da classe

O edifício da nova Sede eCentro de Formação do SPMvaloriza e deixa espaço parapotenciar a valorização da clas-se docente na Região e noPaís. Esta obra física é um ins-trumento de enorme potencialpara a acção sindical, comvisão de futuro, que coloca par-ticular responsabilidade sobre

as equipas que comandarão osdestinos do SPM. No início de2012 há eleições internas.

X Congresso

O SPM vive, em 2011, mo-mentos muito expressivos nasua actividade e na sua inter-venção. Foi e é ano de lutasintensas pela dignidade da pro-fissão docente, ano do XCongresso (Maio) e da inaugu-ração da nova sede (Outubro).

Zona central

A nova morada do SPM ficabem localizada na freguesia deSão Pedro, no Funchal, comuma boa centralidade e acessi-bilidade.

JPO/NdS

Fenprof diz que Educaçãosofre ataque com “fúria”

O coordenador-geral daFederação Nacional dos Pro-fessores (FENPROF), MárioNogueira, criticou esta quarta-feira a “fúria” com que o Go-verno da República está a ata-car a Educação em Portugal e a“irresponsabilidade” do orça-mento que está a ser elaboradopara o sector.

Inauguração com respostasa reivindicações dos docen-tes

O Sindicato dos Profes-sores da Madeira (SPM) inau-gurou ontem a nova sede naCalçada da Cabouqueira, noFunchal. A cerimónia contoucom a presença de responsá-veis do SPM, presidente doGoverno Regional (GR), AlbertoJoão Jardim, Coordenadornacional da FENPROF, MárioNogueira, e largas dezenas dedocentes da região autónoma.

Jardim aproveitou a ocasiãopara fazer um ponto desituação a um conjunto de rei-vindicações e preocupaçõesda classe docente, entre elas onovo regulamento sobre a for-mação de professores, a adap-tação à Região do novo

Estatuto da Carreira Docente, aavaliação de desempenho e opagamento de retroactivos.

O secretário-geral da FEN-PROF, Mário Nogueira, esteveontem na Região para assinalaro Dia Mundial dos Professorese participar na iniciativa doSindicato dos Professores daMadeira (SPM), que inauguroua sua nova sede, na Calçada daCabouqueira. Na intervenção,na sede do SPM, o dirigentesindical considerou inadmissí-vel que os professores e edu-cadores madeirenses venhama ser “penalizados” na sequên-cia da situação financeira daRegião.

«Negociações com oGoverno não vão ser nadafáceis»

O presidente do GovernoRegional da Madeira, AlbertoJoão Jardim, presidiu, namanhã de ontem, à inaugu-ração da Sede e Centro deFormação do Sindicato dosProfessores da Madeira (SPM).Numa cerimónia que marca oDia Mundial do Professor,ontem comemorado, o actoinaugural contou com a pre-sença do coordenador-geral daFENPROF, Mário Nogueira e demuitos docentes que não qui-seram faltar à cerimónia.

À chegada, Jardim foi rece-bido pelos dirigentes do SPM,

como a sua coordenadora,Marília Azevedo, e pela directo-ra do Centro de Formação, RitaPestana.

Visivelmente satisfeita pelanova sede, a presidente daassembleia-geral do SPM, RitaPestana, salientou, no seu dis-curso, que a nova sede doCentro de Formação do SPM«representa a vitalidade deuma comunidade profissional,a sua capacidade de sonhar ede se mobilizar, activamente,em prol de uma sociedademais justa e mais solidária,onde todos possam ensinar eaprender com dignidade esucesso».

“Governo de Coelho ePortas ataca, com fúria, aEducação”

“O Governo de Coelho ePortas ataca, com fúria, aEducação”, fazendo cortes queatingem 1,3 milhões de euros,quase 20 por cento do orça-mento deste sector, disse odirigente sindical no Funchal,na cerimónia da inauguraçãoda nova sede do Sindicato dosProfessores da Madeira quecontou com a presença do pre-sidente do Governo Regional,Alberto João Jardim.

Segundo Mário Nogueira,este é “um sector que há muito

deixou de ter gorduras paracortar e, a consumar-se o corteanunciado para 2012, incluindoos 108 milhões no ensino supe-rior, poderão ser atingidosórgãos vitais, razão pela qualse considera uma autênticairresponsabilidade política oorçamento que está a ser pre-parado e, em breve, será doconhecimento público”.

Censurou também o minis-tro da Educação, Nuno Crato,por repetir que “se pode fazermais com menos”, consideran-do que isso “é tão falso comoafirmar que 4 menos dois sãoseis”.

Ispis verbis

Ecos na imprensa da nova sede e do Dia Mundial do Professor

A imprensa nacional e regional esteve “em peso” na cerimónia oficial de abertura da novamorada do Sindicato dos Professores da Madeira

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8 Out / Nov / Dez 2011SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Ahistória do Sindicato dosProfessores da Madeiracruza-se com as suas

sedes, ou melhor, fez-se pelaspessoas nas suas sedes e apartir delas. Recentemente, osindicato deu o salto qualitativopara aquela que é a sua terceiramorada, o novo edifício naCalçada da Cabouqueira, cujoprojecto foi concebido peloarquitecto João da Conceição.A primeira etapa foi na Rua daConceição e, até Setembro de2011, na Rua Elias Garcia, emcinco apartamentos.

Fomos ouvir Adília Andrade,ex-dirigente, sobre o percursoda instituição, que recordouque, em 1978, quando come-çou nas lides sindicais, as«instalações eram mais do queprecárias: um espaço na Es-cola Primária da Rua da Con-ceição, nº 93, resultante deuma ocupação selvagem, talcomo à época estava emvoga.»

De 20m2 para 2.500m2Nessa sede, na Rua da

Conceição, havia uma «secre-taria, com uns escassos novemetros quadrados, onde tra-balhava a única funcionária,que tinha como equipamento asecretária, uma estante, umamáquina de escrever, e poruma loja, cuja ventilação erauma gateira gradeada, local detrabalho diário dos dirigentes,onde se realizavam as reuniõesde direcção, aos sábados detarde.»

Eram outros tempos, mas oque «faltava em condiçõesmateriais sobejava em entusi-asmo, vontade de aprender ede acertar e dádiva.»

Em 1992, a aquisição dasede própria – inicialmente doisapartamentos na Rua EliasGarcia – foi um marco na vidado Sindicato dos Professoresda Madeira. «Uma gestãoexemplar dos fundos e umavisão cautelosa, mas segura,permitiu esta aquisição semqualquer recurso a emprés-

timo», salienta Adília Andrade.

Génese do projectoFace a novas necessidades

e exigências, nomeadamentecom a criação do Centro deFormação do SPM e o sectordos Professores Aposentados,«timidamente foi surgindo aideia de construir uma sede deraiz».

Encarada a princípio comouma utopia (uma hipótese, umsonho), «só a partir de 2003passou a constituir um desejoreal.»

A partir dessa data «iniciou-se uma longa “via sacra”.Bateram-se a muitas portas,elaboraram-se anteprojectos,foram pedidos apoios técnicos(arquitectos, engenheiros,juristas). Houve acertos edesacertos e muita inexpe-riência, e muita vontade deaprender.»

Potencial da nova sedeAdília Andrade alerta que,

num sindicato, tal como nasescolas, «não são as boasinstalações, nem as maismodernas tecnologias quelevam à s melhores práticas ouaos melhores resultados», jáque não são um fim em simesmo.

Como voluntarista assumi-da, a ex-dirigente acredita,acima de tudo, nas pessoas.«São sempre as pessoas, asequipas, que, com esforço,trabalho, dedicação, criativi-dade, são o motor dinamizadorda acção.»

Daí fazer votos que as novasinstalações sejam mais um«incentivo à acção sindical,aliando a humildade e comba-tividade dos pioneiros à expe-riência adquirida ao longodestes 33 anos de existência».Até para que se cumpra o lemada actual Direcção: “Cada vezmais perto”. Mais perto dosprofessores e educadores eseus anseios.

AA/NdS Primeira Sede na Rua da Conceição (1978), Sede e Centro de Formação na Rua Elias Garcia (1992)e, finalmente, o novo edifício na Calçada da Cabouqueira

Da Rua da Conceição à Calçada da Cabouqueira

Sede marca percurso histórico

OSindicato dos Profes-sores da Madeira ficaem melhores condi-

ções para elevar os padrõesdos serviços que presta aosdocentes, nos tempos difíceis eexigentes que correm. Con-dições para renovar o projectosindical e ser ainda mais emelhor sindicato.

Mais e melhor acção sindical

Além dos melhores meiospara o Sindicato dos Profes-sores da Madeira concretizar asua acção reivindicativa, comos elevados padrões deexigência e responsabilidadede sempre, destacamos aevolução no Apoio Jurídico eAtendimento aos sócios;

Formação Contínua; Informa-ção e Comunicação; Activida-des Culturais; Centro deRecursos e Biblioteca; Saúde eBem-Estar.

Sem esquecer que, para osDelegados Sindicais em ser-viço do Sindicato dos Profes-sores da Madeira e para ossócios em atendimento, existeestacionamento de curta

duração, facilitando assim oacesso dos associados aosindicato.

Proactividade ecombatividade

Permite incrementar umadigna projecção social de umainstituição com a história, acredibilidade, o relevo e as

responsabilidades do SPM, nocontexto regional e nacional.

A história do Sindicato dosProfessores da Madeira provaa sua combatividade e proac-tividade enquanto parceirosocial, no quadro da nossaDemocracia e da Constituiçãoda República.

NdS

Enfrentar os desafios do futuro

Projecto sindical renovado

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09Out / Nov / Dez 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Ésocialmente reconhecidoque o SPM tem sido orosto de uma luta longín-

qua e titânica da valorizaçãoprofissional da classe docente.As novas instalações são umaforma de dignificação e projec-

ção dessas lutas da classe emprol da Profissão e da Edu-cação. É um edifício marcantee uma imagem de referência dacidade do Funchal, um sinal depujança e valorização da classedocente.

O novo edifício da Calçadada Cabouqueira é uma mais--valia para o sistema educativoe formação contínua dos pro-fessores da Região Autónomada Madeira, em particular paraos associados do sindicato. OCentro de Formação do SPMcontinuará a contribuir para aqualificação dos madeirenses,valorizando o conhecimento, aciência, a tecnologia e a inova-ção. Um investimento que re-verte para a sociedade, nessapartilha que os professoresfazem do conhecimento comestudantes e formandos, con-correndo para o progresso so-cial, cultural e económico da

Região.

Espaço de encontro,reflexão e acção

A nova morada do maisantigo e maior sindicato deprofessores na Região situa-seum local de fácil acessibilidade,bem servido de transportes ede parques de estacionamentopúblicos. Por estas razões epelos recursos que oferece,será um ponto de encontro daclasse profissional e espaço dereflexão para a acção. Os do-centes estarão mais próximosdo seu sindicato, o que bene-ficiará os associados e a insti-

tuição, em simultâneo.Os utilizadores deste edi-

fício são recebidos num espa-ço amplo, acolhedor e comboas condições técnicas. Osserviços estão concentradosnum mesmo prédio (a anteriorSede e Centro de Formação, naRua Elias Garcia, estavadispersa por cinco aparta-mentos), de acesso facilitado apessoas com dificuldades demobilidade, que se estendem atodo os quatro andares servi-dos por dois elevadores, e en-caminhados para os diferentesserviços.

NM, RP, NdSFotos: NdS

Sindicato dos Professores da Madeira com gente dentro

Já estamos a trabalhar na nova morada

Auditório, Piso 3

Sala de Direcção, Piso 2

Sala de Informática, Piso 1

Ginásio, Piso 0

Foyer, Piso 3

Sala de Actividades, Piso 2

Atelier, Piso 1

Bar/Sala de Convívio, Piso 0

Foyer, Piso 3

Biblioteca, Piso 2

Sala de Formação 1, Piso 1

Secretaria, Piso 0

Desde a sua fundação, em 22 de Março de 1978, queos associados e as sucessivas direcções do Sindicatodos Professores da Madeira (SPM) sonharam com umacasa com as condições do novo Centro de Formaçãoe Sede, na Calçada da Cabou-queira, com o número22 na porta, no Funchal. É fruto do esforço e empenho de todos os sócios edirigentes desta associação sindical ao longo da suahistória.

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Em que sentido assumeespecial importânciauma estrutura sindical

ter a valência da formaçãocontínua no serviço que pres-ta à classe docente e quereverte, depois, para a Edu-cação e a sociedade?

O Projeto Educativo dassociedades contemporâneasexige, hoje, dos seus educa-dores e professores, níveis deemancipação e maioridadecientífica, cultural e cívica, quepossam garantir a formação dejovens adultos autónomos, crí-ticos e intervenientes no mun-do.

Os sindicatos de profes-sores têm aqui, um espaço deintervenção de inegável per-tinência e atualidade; trata-sede contribuir para apoiar amudança e atualização de prá-ticas de gestão pedagógica dotrabalho docente, na procurado reconhecimento do papel,dos educadores e professoresportugueses, como interlocu-tores qualificados neste desa-fio que é construir um Portugalcientificamente mais forte, cul-turalmente mais relevante edemocrático e socialmentemais justo.

Tendo em conta as novasinstalações do Centro deFormação do SPM, que pos-sibilidades proporcionam eque espaço de progressãoconferem ao sindicato nestaárea da formação contínua?

Sabemos bem que “pare-des e computadores” não che-gam para fazer a transfor-mação das práticas profis-sionais dos educadores e pro-fessores e garantir a mudançae a inovação dessas práticas,mas também sabemos da

importância de trabalhar comboas condições logísticas paraconciliar responsabilidade ecomprometimento profissional,com satisfação e alegria nodesenvolvimento da profissão.

É importante premiar oesforço e a dedicação de quemconstrói, todos os dias, respos-tas inéditas para os desafiosque o exercício do atendimen-to em Educação, hoje, exigedos docentes; atender às soli-citações, necessidades e inte-resses de formação e atuali-zação profissional dos edu-cadores portugueses é umaforma de potenciar a partici-pação política desses profis-sionais, por isso de “fazer sin-dicalismo”.

Um Programa de Formaçãode Professores está longe deser um projeto neutro e inócuode “simples” aperfeiçoamentode expertises profissionais. Asopções por umas ou outrastemáticas clarificam intencio-

nalidades educativas e proje-tos sociais e culturais e podemtornar-se ferramentas de inter-venção cultural, técnica e cívi-ca de indiscutível pertinênciasocio-profissional e isso é par-ticipar politicamente no debatee construção nacional, porisso, de “fazer sindicalismo”.

Uma leitura transversal dosPlanos de Formação do Centrode Formação de Professoresdo SPM deixa claro o seu ine-

quívoco trabalho de “agência”sindical e comprometimentosocial e cívico, a par de umaformação atenta e atual de prá-ticas e técnicas profissionais;um trabalho de atendimento àsnecessidades e aos desafiosque EDUCAR exige aos educa-dores, aos professores, aosalunos e às suas famílias.

A Ariana faz parte da bol-sa de formadores do Centrode Formação do SPM, prati-camente, desde o início dasua acreditação pelo CCPFC.Que importância atribui aestas novas condições para aqualidade da formação quedisponibilizamos?

Guardo do “velho” edifíciode Elias Garcia boas recor-dações do trabalho de muitashoras passadas com muitoseducadores e professores daRegião Autónoma da Madeira.Guardo boas recordações des-sas tantas horas partilhadas

que fizeram de alguns profes-sores, amigos; amigos que par-tilharam leituras, materiais detrabalho, debates, reflexões,experiências, alegrias mastambém dúvidas e insegu-ranças.

Mas do “velho” edifício deElias Garcia não guardo sauda-des pois as condições precá-rias em que se desenvolvia otrabalho dos grupos em for-mação não premiavam e

potenciavam as energias e ashoras empregues pelos educa-dores e professores que, comi-go, partilhavam essas horas.

Nesta última semana deOutubro pudemos experienciara realização e desenvolvimentode um Curso de Formação paraeducadores e professores comas novas condições proporcio-nadas pelo Centro de Forma-ção do SPM.

Dessa experiência registo,logo em primeiro lugar, asexcelentes condições dassalas de formação que garanti-ram a possibilidade de poder-mos ter constituído um grupomaior de formandos para, des-se modo, aproveitar ao máximoa presença de um formadordeslocado do continente.

Desenvolvido em condiçõesótimas o trabalho pôde com-pletar-se com o recurso rápidoe eficaz aos equipamentos

multimédia e à sala de compu-tadores apetrechada para res-ponder a turmas com mais de30 formandos (como era ocaso).

O desenvolvimento, emsimultânea coincidência defuncionamento, de cursos des-tinados a professores aposen-tados (mais afastados do dia-a-dia da escola, mas não doSindicato/SPM), permitiu o cru-zar-se destes profissionaiscom a turma de formação eentre profissionais que se co-nhecem, que se reconhecem eque se estimam.

A existência de um Centrode Recursos/Biblioteca, comum espólio razoável e com ins-talações convidativas aodesenvolvimento da leitura eestudo, constituem uma mais--valia a este trabalho de acolhi-mento e formação profissionale sindical.

10 Out / Nov / Dez 2011

Por ocasião da presença de Ariana Cosme, na Madeira, em trabalho noCentro de Formação do SPM, já nas novas instalações, disse-nos que o«Projeto Educativo das sociedades contemporâneas exige, hoje, dos seuseducadores e professores, níveis de emancipação e maioridade científica,cultural e cívica». Por isso, a formação contínua é um «espaço deintervenção de inegável pertinência e actualidade», refere a docenteuniversitária. No seu entender, as condições do novo Centro de Formação«premeiam e potenciam as energias e as horas empregues peloseducadores e professores.»

«Atender às solicitações, necessidades e interesses de formação e atualizaçãoprofissional dos educadores portugueses é uma forma de potenciar a participação política desses profissionais, por isso de “fazer sindicalismo”»

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Centro de Formação do SPM foi certificado em 1993

Um trabalho de “agência” sindical ecomprometimento social e cívico

Novas instalações do Centro de Formação potenciam atransformação das práticas profissionais, diz Ariana Cosme

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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Este foi o Plano Anual deFormação aprovado pelaComissão Pedagógica do

CF/SPM e pela Direcção doSPM e que resultou da consi-deração das ações prioritáriascomo sendo as mais procura-das pelos (as) docentes, apósavaliação técnico pedagógicapor parte da DRE de uma pro-posta de Plano bem mais ambi-cioso.

Apesar da clara parcialida-de da DRE que avalia “por bai-

xo” as acções dos (as) nossos(as) formadores (as) mais pro-curados (as) (ex: JacintoJardim; Rui Ramalho; ArianaCosme e Isabel Baptista); ape-sar da redução do co-financia-mento do FSE em 65% emrelação a 2010 que resultou,em parte, da entrada no siste-ma de formação contínua deprofessores de entidades pri-vadas não acreditadas peloConselho Científico e Peda-gógico da Formação Contínua

de Professores, de duvidosalegalidade (ex: empresas defornecimento de serviços eequipamento informático); foipossível, ao CF/SPM, realizar17 turmas de formação e calen-darizar a realização de outras 5,até ao final deste ano civil.

De registar que todas estasações estão, devidamente,acreditadas pelo CCPFCP,pelo que são contabilizadas,para efeitos de avaliação dedesempenho, em todo o terri-tório nacional e que foi possívelrealizá-las a título gratuito,

embora com esforço financeiroconsiderável por parte doSindicato dos Professores daMadeira.

Rita Pestana, directora do CF do SPM

11Out / Nov / Dez 2011

Acções de formação contínua são prioritárias

Plano Anual de Formação do SPM

DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO FORMADORES DESTINATÁRIOS Nº

FORMANDOS HORAS CRÉDITOS MODALIDADE DATAS

Ler e Escrever na Escola e no Jardim de Infância: Os Processos de Aprendizagem da

Leitura e Escrita Ariana Cosme

Ed. Infância e Professores do Ensino Básico

25 25 1 Curso de

Formação 11 a 16 de Abril

Ler e Escrever na Escola e no Jardim de Infância: Os Processos de Aprendizagem da

Leitura e Escrita Ariana Cosme

Ed. Infância e Professores do Ensino Básico

25 25 1 Curso de

Formação 11 a 16 de Abril

Semear Uma Cultura de Paz nas Escolas Através da Cria vidade

Cin a Palmeira Ed. Infância e Professores

do Ensino Básico 25 25 1

Curso de Formação

28 e 29 de Abril e 2, 3, 4, 5, 9 e

10 de Maio Programa de Auto-Aperfeiçoamento para a Ac vação de

Mudanças Posi vas Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1

Curso de Formação

16 a 23 de Maio

Programa de Auto-Aperfeiçoamento para a Ac vação de Mudanças Posi vas

Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1 Curso de

Formação 16 a 23 de Maio

As TIC no Ensino da Matemá ca em Educação Básica Rui Ramalho Professores do 1º CEB e Profs de Matemá ca dos

2º e 3º Ciclos 25 25 1

Curso de Formação

4 a 9 de Julho

As TIC no Ensino da Matemá ca na Educação Infan l Rui Ramalho Professores dos Grupos

100 25 25 1

Curso de Formação

4 a 9 de Julho

Pedagogia Diferenciada: Estratégias de Sucesso Fernando Lima Profs dos 1º/2º/3º/ciclos e

Ens. Secundário 25 25 1

Curso de Formação

18 a 21 de Julho

Trabalhar a Hiperac vidade na Sala de Aula Dulcineia Pires Professores do Ensino Básico e Secundário

25 25 1 Curso de

Formação 5 a 8 de

Setembro

Avaliação de Desempenho e É ca e Profissional Isabel Bap sta Docentes de Todos os

Graus de Ensino 25 30 1.2

Curso de Formação

5 a 8 de Setembro

Avaliação de Desempenho e É ca e Profissional Isabel Bap sta Docentes de Todos os

Graus de Ensino 25 30 1.2

Curso de Formação

9 a 14 de Setembro

A Gestão dos Conflitos e da Indisciplina na Escola e nas Salas de Aula

Ariana Cosme Professores dos 2º e 3º

CEB e Ensino Secundário 20

25 (SP) 25

(TA)

2 (CM) Oficina de Formação

6, 7, 8, 28 e 29 de Outubro

Teaching English To Teenagers Veríssimo Toste,

Vanessa Esteves e Vanda Meneses

Professores de Inglês dos 2º e 3º CEB e Ensino

Secundário 25 25 1

Curso de Formação

20 a 23 de Julho

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa José Luís Freire Professores do Ensino Básico e Secundário

25 25 1 Curso de

Formação 5 a 8 de

Setembro

Programa de Desenvolvimento de Competências: Para a op mização do desempenho do docente

Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1 Curso de

Formação

20 a 27 de Julho

Manhã

Programa de Desenvolvimento de Competências: Para a op mização do desempenho do docente

Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1 Curso de

Formação

20 a 27 de Julho

Manhã Ler e Escrever na Escola e no Jardim de Infância: Os

Processos de Aprendizagem da Leitura e Escrita Ariana Cosme

Ed. Infância e Professores do Ensino Básico

25 25 1 Curso de

Formação 24 a 27 de Outubro

A REALIZARSemear Uma Cultura de Paz nas Escolas Através da

Cria vidade Cin a Palmeira

Ed. Infância e Professores do Ensino Básico

25 25 1 Curso de

Formação

21, 22. 24, 25, 28, 29 de

Novembro e 2 de Dezembro

Coaching com docentes: para liderar pessoas e grupos emprendedores

Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1 Curso de

Formação

14 a 19 de Novembro

Manhã

Coaching com docentes: para liderar pessoas e grupos emprendedores

Jacinto Jardim Todos os Graus de Ensino 25 25 1 Curso de

Formação

14 a 19 de Novembro

Tarde

Taxonomia e Biossistemá ca Jorge Paiva Professores de

Biologia/Ciências 25 25 1

Curso de Formação

5, 6, 7 e 9 de Dezembro

Inovação e História: contributos para a Melhoria do Ensino

António Romeiro Professores dos Grupos

200 e 400 25 30 1.2

Curso de Formação

23 a 26 de Novembro

* a aguardar datasSP – Sessões Presenciais TA – Trabalho Autónomo CM – Creditação Máxima

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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12 Out / Nov / Dez 2011

de papo pró ar Coordenação de Helena Lima

Sobrevivendo a algumas máximas

A mulher idealQuando adolescente e aos

20 anos pensava que amulher ideal existia.

Uma mulher devia ser lindacomo a Sofia Loren ou a GinaLolobrígida e até talvez com osex appeal da Brigitte Bardot.(Usei este termo propositada-mente, hoje em dia os nossosfilhos diriam “sexy”).

Devia ser uma esposa aman-tíssima e uma mãe extremosa.

E ser boa dona de casa e boacozinheira, fazer tricot e sabercosturar aquele mínimo, pregarbotões e fazer baínhas nas cal-ças das crianças e coser joelhei-ras. Nesse tempo havia tantascostureiras e tão boas. Não ha-via nem Zara nem Cortefiel. Erasó a Maison Blanche onde seencontrava de tudo desde o alfi-nete ao frigorífico. Podia-se lá irde carro. Parava-se mesmo àfrente, ou então havia semprelugar, ou no Largo do Chafariz,sem parcómetros.

Fui educada a admitir queexistiam alegrias na maternida-de e prazer no dever cumprido.O que eu refilei quando mediziam: “A mulher de César nãosó deverá ser séria, é precisoque o pareça”. O meu maiorchoque foi quando dei por mima dizer a mesma coisa à minhafilha adolescente por outraspalavras.

A dada altura da vida come-cei a ter de fazer escolhas.

Qual a importância da minhaprofissão nesta história? Prepa-rar as aulas, ver pontos e reu-niões às seis da tarde.

Não há uma mulher ideal,existem super mulheres que sãoóptimas mulheres, mães dedi-cadíssimas, donas de casa efi-cientíssimas, excelentes cozi-nheiras, professoras fabulosas eo resto são tretas. Sobrevivi atodas estas máximas. Nem bemnem mal. Assim e assim.

Maria Emília Zino

Chuva, vento, nevoeiro e tapetes fofos de folhas

Chegou o Outono

Todos os dias são diferen-tes. Mas, de repente, te-mos nas mãos, um bem

mais diferente. Chuvinha docee molhada. Pingos que lavam aalma, mesmo quando anda-mos à procura dum descansodo sol para partilharmos ocalor e a amizade. Entretanto,os tapetes da natureza casta-nhos dourados e brilhantesestenderam-se fofos debaixodos nossos pés.

Assim, encontramos o abri-

go, o aconchego, o calor hu-mano. Valeu a pena tanta pro-cura errante por um raio de sol.Vagueamos nas cortinas denevoeiro, tornando mágicos osbraços das árvores procuran-do a luz. Depois, foi bom, ficarcom elas, tocar-lhes assim emplena natureza, sentindo umuniverso inteiro na sua força,luz e cor.

Merendas carinhosas esaborosas, temperadas de arpuríssimo e perfumes discre-

tos dos ouriços, oferecendo oseu coração aberto de casta-nhas. Tentação para muitos,agarrar pedacinhos vivos dafloresta para se sentir em casa.Depois!

E, lá no alto, ficava a músi-ca do vento, da chuva e dasgargalhadas alegres. Por isso,voltar à rotina exigia músicacom chuva, vento, nevoeiro etapetes fofos de folhas pinta-das pela mão de Deus.

Maria da Paz Ferreira

FOLHA CULTURAL

Concurso «Mulher IdealPortuguesa», iniciado em 1966 e que se manteve até 1973, escolhia uma dona de casa que soubesse cozinhar,mas que fosse tambémelegante e culta

Desenho um oitoVou vendo o traçoQue vai e volta,Sem qualquer pressa,E sem revolta,Para acabarOnde começa.

E forma um laçoQue me sugereUm forte abraçoDado ao que faço,Na minha vida,A cada passo.

Lídia Barbeito

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aria

da

Paz

Fer

reira

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13Out / Nov / Dez 2011

Émágico cavalgar assim otempo sem perder oencanto dos primeiros

passos numa vida…Aos sete anos, as suas pri-

meiras férias de descobertaforam vividas numa magníficaviagem até à “Ilha”. A nossaIlha - recanto perdido nocoração da grande ilha. Numtransporte suado, através demontanhas imensas, árvoresameaçadoras no nevoeiro… E,o colo da mãe que a acompa-nhava…

Essa Ilha, guardada entreduas ribeiras que corriam bri-lhantes e prateadas ou doura-das durante todo o verão.Atravessá-las descalça, erauma aventura.

Aninhadas, nos socalcos eencostas, coberturas de palha,debaixo das quais dormiamcrianças como ela.

Caminhos de terra, atapeta-

dos de ervas e flores onde asborboletas voavam livrementeao sol e, as abelhas e as vespaspicavam de vez em quando.Eram gritos, logo esquecidospela correria livre no meio doscheiros do vento e das amoras,das uvas maduras que espera-vam a sua mão de menina paraserem colhidas, mordidas elogo atiradas fora.

A escuridão nos “furados”acendia luzes na alma simplesda criança, que, tinha medo eapertava a mão que a conduziadebaixo das gotas de água quecaíam frias e teimosas sobre asua cabeça.

Num dia, no campo de mi-lho, uma pequena fogueira e, osabor da maçaroca assadarangendo nos dentes e aindaescorrendo leite.

Cheirava a fumo mas erabom e puro no silêncio dumapaisagem desdobrando-se até

ao céu, onde nem o som dossinos distantes chegava e, asvozes ondulavam na brumaque descia dos castelos daimaginação.

Noutro dia, o leite quente efresco da vaca numa linda taçavede, improvisada com umafolha macia de inhame.

E a “casa da vaca”!... Erapreciso tirar os sapatos se ostivesse e, depois, passear amão na pele quente e viva que,tremia de vez em quando sob acaricia confiante da mão pe-quenina que não tinha medo.

Ainda noutro dia (nas casasque estavam sempre abertas) afarinha, as mãos amassando ebatendo, criando pãezinhospequenos para a garotinha felizque tudo queria aprender.

Não havia água nem luzdentro das casas mas, os ga-los, bem cedinho, acordavamtoda a gente e, na noite, as

estrelas e a lua nunca foram tãobrilhantes, derramando pratasobre a terra, iluminando atédentro de nós.

E, imagine-se! Não haviacarros, rádios, telefones nem… chocolate! E não faziam fal-ta!

Quando a doença chegava,a dor era embalada numa rededurante horas aos ombros deferro de dois gigantes.

Às vezes chegavam a tem-po ao remédio salvador. Masquase nunca.

Houve também alguns sus-tos enormes: depois de rebolarcomo um gatinho no trigo àespera de ser moído e, que seespalhou pelos arredores; e, natentativa de ajudar a conduziruma enorme vaca, num cami-nhinho estreito, fê-la mergulharnum tanque.

A água correndo no moinhoe fazendo farinha que enchia os

sacos tornava-nos a todosbrancos e puros. Sentir a fari-nha leve caindo nas mãos lava-va a alma.

Foi assim que ela aprendeuo valor do pão, brincando como trigo e correndo loucamenteno meio das espigas que iamaté o céu.

Ficaram na memória as gar-galhadas doidas de gente cres-cida, coroada de entusiasmoouvindo repetidamente a leiturapela criança de uma históriainfantil de patos que ficavamcolados uns aos outros.

Nesse tempo e nesse es-paço, ninguém mesmo tinhacadeado no coração.

Onde está esse mundo eessa simplicidade?!

A menina cresceu… cres-ceu!

Mas, tem saudades.

Maria da Paz Ferreira

de papo pró arCoordenação de Helena Lima

FOLHA CULTURAL

Arte Nova e Arte Déco

Visita à Quinta das CruzesCom o pretexto de visitar as

exposições temporárias:“Arte Nova e Arte Déco: O

silêncio das formas” e “EspelhoMeu”, patentes no Museu, oSector dos Professores Aposen-tados do Sindicato dos Profes-sores da Madeira organizou umavisita guiada ao Museu Quinta dasCruzes no passado dia 28 deOutubro.

É sempre muito estimulante verou rever o interessante e rico espó-lio das colecções que integram oMuseu, que abrangem núcleos tãodiversos como a Pintura, a Escul-tura, a Cerâmica, Desenho e Gra-vura, Mobil iário, etc., que se

situam cronologicamente entre oséculo XV e a 1ª metade do séculoXX, abrangendo toda a produçãoeuropeia e oriental com destaquepara a produção portuguesa.

A Exposição temporária “ArteNova e Arte Déco: O silêncio dasformas” procura estabelecer umdiálogo com as belíssimas colec-ções de pratas expostas, valori-zando sobremaneira as peças doMuseu Frederico de Freitas, alipresentes.

A outra exposição, “EspelhoMeu”, tenta um confronto provo-catório entre os contemporâneosauto-retratos de Gaëtan e o retratoseiscentista de D. Francisco de

Moura Corte Real.E para finalizar em apoteose

assistimos a um concerto do or-questrofone que nos deliciou comuma das suas muitas peças.

Depois de alimentar o espírito épreciso saciar o corpo e nada me-lhor do que desfrutar dos serviçosdo bar do Museu com o Funchalaos nossos pés.

Uma visita que se recomenda atodos aqueles que se interessampelo belo.

Um grande agradecimento àDirecção e ao pessoal do Museupela simpatia e disponibilidadecom que nos receberam.

Raimundo Figueira

Não havia carros, rádios, telefones nem chocolate. E não faziam falta

70 anos passaram…

Orquestrofone, comprado pelo 1º visconde de Cacongo, JoãoJosé Rodrigues Leitão, na Exposição Universal de Paris, em1900. Actualmente no Jardim da Quinta das Cruzes

Lido e Santo da Serra em 1935

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14 Out / Nov / Dez 2011SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Como é ser professorarodeada de água portodos os lados? Com

todo este mar em volta?Bom, eu nasci e cresci aqui,

rodeada de mar. Portanto, nes-sas circunstâncias, ser profes-sora aqui é apenas e tão só acontinuidade do crescimento eda aprendizagem que fiz nestailha.

De alguma forma, estacondição geográfica – diga-mos assim – molda a perso-nalidade das pessoas? E, nocaso, da professora?

Necessariamente... Umilhéu é um ilhéu, tem uma per-sonalidade muito própria, namaior parte das vezes fechada,reservada. E acho que eu nãofui excepção à regra, era assim

que eu era. Mas só se começaa sentir essa condição quandosaímos da i lha. Quandocomeçamos a sair e a ter outrasperspectivas, outras visões domundo e da vida para além dailha, aí começamos a fazer adistinção, a perceber o quantoisolados estamos e o quantoesse isolamento condiciona anossa personalidade. É outra

aprendizagem: por um lado, oapelo do regresso, o gostar desair, mas também gostar derapidamente voltar; por outrolado, como aconteceu comigo,devido à actividade sindical epolítica, que me levou a sairmuitas vezes, a sensação – outalvez certeza – de que a nossaforma de ver o mundo e a vidacomeça a ser alterada. E entãocomeça também a desabro-char a sensação de isolamento,de se ser uma pessoa fechada,com pouco sentido de humor.

Essa é a dimensão maispessoal. A nível profissional,sentiste algum constrangi-mento?

Naturalmente, fui sentindoao longo do meu percurso pro-fissional, mas vou dar umexemplo elementar. Quandoacabei o curso e comecei a tra-balhar, nunca tinha saído dailha. Por outro lado, não haviaos meios de pesquisa que hojetemos – aqui, em Porto Moniz,nem sequer havia televisão...Portanto, falar de linhas decaminho-de-ferro, que aquinão havia, dos rios, etc., erauma coisa tão abstracta paramim quanto para os meus alu-nos, uma coisa muito teórica,sem nenhuma base de conhe-cimento real.

Como é que decidiste serprofessora?

Eu não decidi. Desde muitocedo, eu tinha outras ambi-ções: durante a infância e ado-lescência sonhava ser advoga-da... Não fui. Exactamente pelacondição de viver numa ilha eporque os meus pais não per-mitiram que eu saísse da ilhapara ir estudar.

Aqui não havia EnsinoSuperior…

Não, não havia. Tínhamosque sair, e a minha mãe não mepermitiu, penso que não tantopor questões financeiras, maspor razões culturais. Nessascircunstâncias, as únicasopções eram a enfermagem e omagistério. E eu optei pelaescola do Magistério Primáriodo Funchal.

Em que ano começaste aleccionar? Nessa altura eradifícil ser professora?

Comecei em 1972. Era difí-cil em termos de estruturas. Eucomecei a trabalhar numa cavede uma igreja, nos Lamaceirosde Porto Moniz – uma salaenorme, onde era difícil ouvir-mo-nos uns aos outros, comaquelas carteiras inclinadas...Em termos de relação pedagó-gica, do que eram as necessi-dades dos alunos, os desejos

Rita Pestana, referência incontornável do SPM e do sindicalismo

Escolas estão a transformar-se em ilhas e cada professor num ilhéu

Rita Pestana tem 57 anos. Professora de Educação Especial, aposentada,iniciou funções como professora do ensino primário em 1972. Seis anosmais tarde, foi eleita subdelegada escolar do município da Calheta, funçãoque desempenhou até Julho de 1981, quando foi directamente “dispensada”de funções pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto JoãoJardim.Em 1983, iniciou funções como dirigente do Sindicato dos Professores daMadeira, tendo sido a primeira a exercer a actividade sindical com dispensada componente lectiva. Foi conselheira nacional da Federação Nacional dosProfessores (Fenprof) entre 1983-2007 e membro do Secretariado Nacional(1986-1991); entre 2001-2007, foi presidente do Conselho Nacional.Paralelamente, foi deputada do Partido Socialista à Assembleia LegislativaRegional da Madeira durante três mandatos (1988-1992, 1992-1996 e 2000-2004), no último dos quais exerceu o cargo de vice-presidente.Actualmente, é presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sindicato dos Professores da Madeira, de cujo Centro de Formação é também directora. Rita Pestana recebeu a PÁGINA no lugar onde tudo começou: à beira-mar, no Seixal (Porto Moniz).

«Também tenho isso no meu currículo – saneada da delegação escolar através de ofício assinado pelo presidente do Governo Regional. Naturalmente, não éassim que ele entende; para ele não foi saneamento, foi dispensa dos meus serviços»

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15Out / Nov / Dez 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

de aprender, reconheço queera muito mais fácil do que éhoje. Até porque nessa altura oprofessor era o detentor dasabedoria. Para aquelas crian-ças, que viviam tão isoladasquanto eu e que tinham gostode aprender, a professora eraalguém que estava ali para osacompanhar no seu cresci-mento, na sua aprendizagem. Epara os pais, idem. Portanto,tínhamos uma situação bastan-te facilitada.

Sendo a ilha um territóriopequeno, mas certamentecom as distâncias ampliadaspelas condições de deslo-cação, que implicações teveo início de carreira? O afasta-mento da família…

O meu afastamento da famí-lia tinha-se dado muito antes.Eu acabo a instrução primáriaaqui no Seixal, onde estamos,faço o primeiro e o segundoano num colégio aqui perto,mas a partir daí, alguém, talveza minha mãe, quis mais algumacoisa para a filha que estava aestudar e tinha que tirá-la des-te meio. E então vou para oFunchal, onde fui interna noColégio de Santa Teresinha,das irmãs Vitorianas, que temexcelentes recordações paramim. Isto, para dizer que o meuafastamento da família dá-seexactamente quando tenho 12anos. Quando acabo o curso eregresso ao Porto Moniz, aquimuito perto do Seixal, digamosque é um voltar às origens,apesar de continuar deslocadade casa, porque não haviameios que me permitissem virtodos os dias para casa.

Se me perguntarem se issofoi bom para início na pro-fissão, não sei... Dizer, apenas,que foram três anos excelen-tes, que gostei muito de traba-lhar no Porto Moniz e que, paraalém de início de carreira, foi oinício de muito trabalho. Masmuito trabalho mesmo, porqueera uma altura em que já todasas crianças iam à escola, jáhavia telescola e os adultosanalfabetos também tiveramcondições para voltar à escolae queriam aprender a ler e aescrever. Foram três anos emque, devido à falta de professo-res, eu fazia três turnos diários:manhã, tarde e noite! Come-çava às 9h00 da manhã e ter-minava às dez da noite...

Isso após o 25 de Abril? Não, esta situação é ante-

rior ao 25 de Abril. Já havia unscursos de adultos, e a telesco-la inicia-se exactamente umano antes. Não é necessaria-mente uma questão ligada ao25 de Abril.

Mas há alguma mudançasignificativa que seja conse-

quência do 25 de Abril? Há, naturalmente, mas so-

bretudo a nível pessoal. A nívelprofissional, a melhoria de ven-cimento é muito significativa,porque representa uma afir-mação da valorização do papeldo professor. Mas a grandemudança é a nível pessoal.

Se me perguntares se tinhaalguma formação política, nãotinha, tirando um certo abrir deolhos no Magistério, particular-mente através dos professorespadres. Os meus professoresde Música e de Religião e Moraleram padres espectaculares(vim a perceber depois queeram padres revolucionários) e,digamos, o convívio com elespode ter-me desvendado algoda questão política.

Portanto, não tinha for-mação política, mas senti umapelo interior. E lembro-me deandar aí, com uma grande ami-ga do Porto Moniz, pintandonas estradas Viva a Liberdade,Viva o 25 de Abril. Sem discu-tirmos rigorosamente nada,agarrávamos num balde de tin-ta e num pincel e íamos pintar...[risos] E se calhar nem sabía-mos para que é que aquilo ser-via, para que é que a gentequeria a liberdade...

Mas, mesmo não sabendoo que se estava a passar tãolonge daqui, o facto é quealguma coisa vos despertou.Alguma coisa devem ter sen-tido, um impulso…

Exactamente. Era um apeloque vinha de dentro. Haviaalguma coisa que estava aacontecer, que estava a mudar,e nós queríamos participar!Emocionalmente, fisicamen-te… Queríamos participar des-sa mudança. E a forma queencontramos para participar,uma vez que estávamos afasta-das de tudo, de qualquer cen-tralidade onde a revolução sesentia, era pintar. [risos] Efecti-vamente, aqui não se sentianada! Além da Tuca e da Rita,que pintavam Viva a Liberdadeno meio da estrada, aqui nãohavia revolução... [risos]

E na escola, sentiu-sealguma mudança logo naaltura?

Rigorosamente, na escolaonde dava aulas, eu era a úni-ca. Só havia uma sala, eu tinhauma turma de manhã e outra àtarde, só havia mesmo umaprofessora. No concelho, nasreuniões que tínhamos, não melembro quantos éramos, umadezena, se tanto! Porque nóstodas acumulávamos. Eu nãome recordo de falarmos do 25de Abril entre colegas… Nãohavia colegas envolvidas, comos pais das crianças não falá-vamos assim… As pessoasainda estavam com aquela coi-

sa, falavam entre dentes.Portanto, era eu e a turma. Defacto, naquele momento, arevolução era eu e a Tuca…[risos]

Em termos de profissão,quando é que se dão então asgrandes mudanças, da car-reira, das políticas… quaissão os momentos mais signi-ficativos?

Eu penso que, eventual-mente, o peso e a influênciadas políticas pós-25 de Abril só

começam a sentir-se, aqui naMadeira, passado um ano oudois, com a alteração dos pro-gramas.

Nessa altura, já estou naCalheta, outro concelho rural, eefectivamente começam a sen-tir-se algumas mudanças, comacções de formação paraimplementação dos novos pro-gramas, e aí com a presença de

colegas vindos do continente,o que nos dá uma visão maisalargada do que está a aconte-cer a nível nacional. E há, tam-bém, uma importante alteraçãoao nível da direcção das esco-las, que eu vivo pessoalmente eque é a criação das delegaçõesescolares a nível concelhio,que nada têm a ver com asactuais – no continente já nãoexistem, mas nós ainda temos.

Na altura, as delegaçõeseram estruturas intermédias eefectivamente democráticas.

Eu fui subdelegada escolardesde o primeiro momento,mas eleita pelos meus colegas;os delegados e os subdelega-dos eram professores eleitospelos seus colegas.

Quase como agora… Agora é o antigamente, é o

antes do 25 de Abril. Mas eu acho que é aí, de

facto, que se começa a sentirque há participação dos pro-fessores, que há discussão,que há debate, que as decisõessão democráticas; é aí que secriam os conselhos escolares,onde efectivamente as pesso-as discutem e decidem sobre avida das escolas.

Mas é também aí que eu,pessoalmente, começo a sentiro peso do que é ser-se demo-crática. É na delegação esco-lar...

Em que circunstânciassentiste isso?

Senti quando fui saneadapelo presidente do GovernoRegional, que ainda continua aser… Também tenho isso nomeu currículo – saneada dadelegação escolar através deofício assinado pelo presidentedo Governo Regional.

Naturalmente, não é assimque ele entende; para ele nãofoi saneamento, foi dispensados meus serviços. É maispomposo, mas está clara e ine-xoravelmente ligada às minhasopções políticas, que nessaaltura já eram suficientemente

Rita Pestana defende que o movimento sindical deve acompanhar as mudanças sociais e políticas e ser proactivo: «não estamos» no «pós-25 de Abril»

«Participei nas primeiras assembleiasque conduziram à criação do Sindicatodos Professores da Madeira»

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16 Out / Nov / Dez 2011SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

claras. Portanto, é também aíque começo a sentir o peso deum novo poder centralizador –estamos a falar de há trinta 30e tal anos, do novo poder cen-tralizador que se estava a criarna Região Autónoma da Ma-deira.

Entretanto, como chegas-te ao sindicalismo? Foi maisum impulso, uma necessida-de, ou foste “vítima” de algu-ma campanha de anga-riação?

Fui, de facto, “apanhada”,mas muito bem apanhada,devo dizer. Não foi apelo, atéporque na altura do meu sane-amento já era sócia e recorri aosindicato, porque achava que,sendo sócia, ele teria algumapalavra a dizer sobre o meuafastamento. Mas, efectiva-mente, nada aconteceu. Por-tanto, desliguei-me absoluta-mente. Continuei a ser sócia ea pagar quotas, mas desliguei-me, emocional e afectivamen-te. Um dia…

Antes do 25 de Abril, haviaaqui algum tipo de movimen-to, de associativismo de pro-fessores?

Que eu me lembre, não...Mas podia, eventualmente,existir. Sei que havia alguns

professores, particularmentedo Ensino Secundário, que ti-nham ligação aos Grupos deEstudo do continente. Eu, pes-soalmente, não tinha nenhumaligação. Mas participei – embo-ra não de forma activa, devodizer – nas primeiras assem-bleias que conduziram à cria-ção do Sindicato dos Profes-sores da Madeira, apenas emMarço de ’78, quase quatroanos depois do 25 de Abril.Ainda assim, foi o primeiro anível regional, e único durantealguns anos.

Até que um dia…Houve esse período em que

estive afastada, acho que até’84. E um dia, já eu era militan-te do PS, recebi um convite,através do partido, para partici-par numa reunião com a pre-sença de um professor dosAçores, que mais tarde saberiatratar-se do Francisco Sousa,presidente do Conselho Na-cional da Fenprof durantealguns anos. Nessa reuniãofiquei a saber que tinha sidoconstituída a Federação Naci-onal dos Professores, que omeu sindicato já fazia parte eque a presença do Franciscotinha a ver com a percepçãoque havia na Fenprof da poucaactividade do SPM. Encontrei

aí muitos colegas: uns erammilitantes do partido, LuísAmado (o ex-ministro), Rai-mundo Quintal, Celso Caires;outros eram absolutamenteindependentes, por exemplo, aAdília Andrade, a Amélia Car-reira, a Manuela Rocha, quesempre foram independentes,com uma visão de esquerda.

Isto acontece a pouco tem-po das eleições no sindicato e,portanto, relativamente a mim,o apelo vem de fora, da Fen-prof. Um apelo não no sentidode excluir alguém, mas de sefazer alguma coisa para vitali-zar o sindicato, pô-lo a funcio-nar. E então vejo-me envolvidanuma lista alternativa, que temeste núcleo essencial de pes-soas – lembro-me, ainda, deprofessoras do 1º Ciclo, comoa Teresa Pinheiro, a LídiaGomes… – e que ganha aseleições. É assim que, diga-mos, eu “caio” no SPM e, atra-vés dele, na Fenprof.

E acabas por te tornar o“rosto” do Sindicato dosProfessores da Madeira.Coordenadora, presidente…

Não, não, não. Nessa alturaos estatutos do SPM não pre-viam nenhuma instância decoordenação; a direcção eraum órgão colegial. O assumirde uma presença mais assídua,dessa figura de “coordena-ção”, digamos, tem a ver com ofacto de ter sido a primeira diri-gente do SPM, e a nível regio-nal, a exercer funções a tempointeiro, com dispensa da com-ponente lectiva, e de represen-tar o SPM no SecretariadoNacional da Fenprof. É poressa via que, de alguma forma,apareço mais junto dos profes-sores, nas escolas, na comuni-cação social. Mas, efectiva-mente, era um trabalho deequipa, de cooperação, emque não havia a figura de coor-denador, ou presidente.

Mas foste presidente doConselho Nacional da Fen-prof, sucedendo exactamen-te ao Francisco Sousa…

Efectivamente… Suceden-do ao Francisco, quando ele seretirou por motivos pessoais.

Havia reciprocidade entreas actividades que desenvol-vias no SPM e na Fenprof, ouera simplesmente uma fun-ção de representação? Aqual atribuías mais importân-cia?

Eu gosto muito da Fenprof,e tudo aquilo que fiz foi sempreno sentido, também, de valori-zar a Federação. Mas, por umaquestão de defesa do meu sin-dicato, que acho absolutamen-te legítima, a minha prioridadefoi o SPM. Foi sempre maisimportante aquilo com que,eventualmente, poderia contri-buir para o crescimento, para a

afirmação, para a valorizaçãodo meu sindicato e dos profes-sores em exercício na Madeira.

Agora, tenho que dizer commuito orgulho que, para mim, aFenprof foi uma referência.Atrever-me-ia a dizer, sem que-rer ferir susceptibilidades, quea Fenprof e o SecretariadoNacional de então – e sublinhode então, porque é o que co-nheço – foi a minha grandeescola sindical. E, naturalmen-te, é com enorme orgulho que apresidência do ConselhoNacional faz parte do meucurrículo sindical e pessoal.

Era nessa perspectiva que

eu perguntava se, na tua pas-sagem pela Fenprof, trouxes-te ou levaste mais?

Não, acho que trazia muitoda Fenprof. E dos dirigentes doSecretariado Nacional. E issoinfluenciou o crescimento e aestrutura do SPM. Por exem-plo, quando eu cheguei, em’84, a nível do 1º Ciclo, nós tí-nhamos 16% dos professoressindicalizados, mas rapida-mente, quase no primeiro man-dato, ultrapassámos os 50%. Enessa altura houve, de facto,uma entreajuda muito grandeentre o Secretariado da Fen-prof e o SPM, com a partici-pação em reuniões de dirigen-tes nacionais: o AntónioTeodoro, o Linhares de Castro,a Lourdes Fernandes, a Ma-nuela Esteves, a MargaridaElisa… De facto, a presençados dirigentes nacionais nessafase da vida do SPM foi muitoimportante.

Em termos da importânciadas duas estruturas, e olhan-do com a distância possível,como vês hoje a situação?

Eu acho que o sindicalismo,tal como outras instituições,vivem momentos muito difíceis.A situação social e política tem,naturalmente, influência navida dos sindicatos e daFenprof. E aqui permitir-me-iadizer, sem querer ferir suscep-tibilidades, que sinto algumafrustração, porque sinto que,muitas vezes, a actual Fenprofnão tem acompanhado devida-mente, não tem sabido adaptaras suas estratégias e não temlevado o movimento sindical aacompanhar as mudançassociais e políticas. Às vezessinto que, em termos de estra-tégia sindical, a Fenprof agecomo se estivéssemos no pós-25 de Abril. E não estamos.

Se me perguntares o que éque pode ser feito… Reflectin-do em voz alta, julgo que esta-mos num momento crucial, emque a Fenprof deve tentarreflectir sobre si própria. Nóstivemos uma ministra que foiodiada pelos professores,Lurdes Rodrigues; passámospara uma Isabel Alçada, de queos professores não gostavamnem desgostavam, mas acha-vam que não era nada; e agoratemos um ministro, de quem,se formos a ver, a maioria dosprofessores gosta. E isto, natu-ralmente, tem que influenciar aestratégia da Fenprof, porquenão se pode agir com esteministro da mesma forma quese agia com Lourdes Rodri-gues.

Na tua opinião, isso deve-se apenas à actual situaçãopolítica, ou é algo mais pro-fundo? Os sindicatos estãoem crise?

Precisam de se repensar e,

«Os sindicatos não podem ser rigorosamente nem de um lado nem do outro. Não podem fun-cionar como correias de transmissão do que quer que seja»

«É com enorme orgulho que a presidência do Conselho Nacional da FENPROF faz parte do meu currículo sindical e pessoal»

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17Out / Nov / Dez 2011 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

essencialmente, de se moder-nizar, de se adaptar às novassituações. Os sindicatos nãopodem ser rigorosamente nemde um lado nem do outro, e nãoestou a falar só da Fenprof; nãopodem funcionar como casse-tes, nem ser correias de trans-missão do que quer que seja –têm que se reinventar dentro daclasse que representam. Semesquecer, naturalmente, opapel dos sindicatos específi-cos, como os dos professores,no seio do movimento sindicalem geral. Porque nós vivemosnum mundo global, em que osproblemas dos outros trabalha-dores influenciam a vida dasescolas e das comunidadeseducativas. E dos professores,obviamente.

Por falares em “correiasde transmissão”… Duranteanos, também tiveste res-ponsabilidades no PS, fostedirigente e deputada regio-nal. Entretanto, no tempo daministra Maria de LourdesRodrigues, abandonaste opartido…

Exactamente.

Como é que uma ministra,ainda por cima dita indepen-dente, consegue abalar asconvicções de uma militantepartidária e levá-la à saída?Ou foi o partido que se des-viou?

Não, não foi a LourdesRodrigues que abalou as mi-nhas convicções; nem sequer oentão primeiro-ministro. Detodo!

Eu exerci funções políticasactivas, e fui deputada 12 anos.Fi-lo, tendo sempre a perfeitaconsciência de que as duasactividades, política e sindical,não colidiam, nem feriam os

meus princípios, a minha alma– e a minha alma esteve sem-pre com a defesa dos direitosdos trabalhadores, com a jus-tiça social.

O que é que acontece noprimeiro mandato de JoséSócrates, e particularmente daministra Lourdes Rodrigues? Éo momento em que aquilo que,então, o meu partido defendeentra em choque com as min-has convicções: políticas, sin-dicais e profissionais. É omomento em que eu, enquantoprofissional da Educação,começo a sentir-me traída pelomeu próprio partido; o momen-to em que sinto que a minhaprofissão está a ser agredida emaltratada de forma injusta. E éaí que se dá, de facto, a quebrade confiança relativamenteàquele PS – que já não era opartido com as bases sociaisem que eu acreditava.

Portanto, não foi a Maria deLourdes que abalou os meusprincípios – os meus princípiosé que passaram a não estar deacordo com aqueles que eramos princípios do PS naquelemomento.

Voltando ao teu lado sindi-calista. Com as limitaçõesque referiste, e neste panora-ma de crise, o que podemvaler os sindicatos?

Eu considero que os sindi-catos, sejam de que profissãoforem, são um dos pilares fun-damentais da Democracia. Eque mesmo com alguns cons-trangimentos, como aquelasquestões que referi, eles estãosempre ao serviço dos profes-sores e são os seus principaisdefensores, se não únicos.

Na relação com os últimosgovernos, se os sindicatos nãoconseguiram mais (e consegui-

ram muito), tiveram o papelfundamental de não permitirque os governos fossem tãolonge quanto gostariam epoderiam ter ido. Aí, os sindica-tos e a Fenprof tiveram efecti-vamente um papel fundamen-tal. Não tenho absolutamentedúvida nenhuma!

E devem limitar-se àacção reivindicativa – comodefendem alguns fazedoresde opinião, que consideramque os sindicatos andam ameter a foice em seara alheia– ou, pelo contrário, a suaacção deve ter outras dimen-sões?

Naturalmente. Além dadimensão reivindicativa, pelamelhoria das condições de tra-balho, etc., considero que ossindicatos são as instituiçõesque mais se preocupam, porexemplo, com a formação con-tínua dos professores, que ofe-recem mais espaços e oportu-nidades de debate, de discus-são de questões que vão muitopara além das meramente rei-vindicativas… Em termos doque é a profissionalidade dosprofessores, da defesa da ima-gem profissional dos professo-res, os sindicatos continuam aser as estruturas por excelên-cia.

Podemos dizer que…Agora é assim, eu acho que

também podem ir mais longe.Eu conheci tempos em que aFenprof era muito mais pro-activa. Neste momento, retiran-

do as discussões da profissio-nalidade, onde tem um papelfundamental nos aspectos rei-vindicativos, parece-me queage mais por reacção do quepropriamente por iniciativa.

Provavelmente, muitos pro-fessores já não se lembram queo primeiro estatuto da carreira

docente nasceu por acção daFenprof. Os primeiros projec-tos de estatuto são discutidosno seio dos professores com aspropostas da Fenprof.

Digamos que os professo-res tiveram o seu primeiro esta-tuto, porque a Fenprof obrigouo Governo a apresentar umaproposta. Daí que, por compa-ração, a Fenprof já viveu tem-pos melhores em termos deproactividade.

Consideras que os profes-sores têm uma verdadeiraidentidade profissional? Ouhá várias “identidades” numasó profissão?

É assim, eu acho que já sen-timos uma identidade profis-sional… quando nem utilizáva-mos muito essa terminologia.Ela existia, de facto, em termosde solidariedade profissional.Por isso, eu gostaria de dizerque sim, mas hoje, infelizmen-te, não há essa identidade – háidentidades de grupo e, prová-vel e infelizmente, talvez pesso-ais.

Infelizmente, os professorescomeçam a olhar muito maispara o seu umbigo do que parao interesse colectivo, enquanto

classe profissional. E a situa-ção vai continuar a agravar-se,se o Governo e os partidos polí-ticos continuarem a insistir emmodelos de avaliação dedesempenho que não valori-zam a classe docente; que nãovalorizam a educação e o ensi-no; que não se preocupam comas aprendizagens e o cresci-mento dos alunos. E apenascom uma visão economicistaque penaliza os professores,pagando-lhes menos ou pa-gando mais apenas a unsquantos. Se isto continuar, as“identidades” pessoais vãoadensar-se e tomar conta dodia-a-dia das escolas, comtodas as consequências para osistema educativo e, natural-mente, também para os profes-sores…

Isso sugere-me uma últi-ma pergunta, que tambémtem a ver com esta condiçãogeográfica. Um professoré/deve ser uma ilha ou umoceano?

Um professor devia ser umoceano. Ou, pelo menos, cons-tituir-se como as gotas que for-mam um oceano. Mas, infeliz-mente, os professores estão atransformar-se em ilhas dentrode ilhas – as escolas estão atransformar-se em ilhas, e cadaprofessor num ilhéu. O ideal,aquilo que eu gostaria, é quecada professor fosse uma gotade um grande oceano…

António Baldaia (entrevista)Roberto Andrade (fotografia)

Entrevista originalmente publicadana edição de Outono de 2011 d’APágina da Educação, nº 194

www.apagina.pt

«Considero que os sindicatos são as instituições que se preocupam, por exemplo, com a formação contínua de professores, que oferecem mais espaços e opor-tunidades de debate de questões que vão muito para além das meramente reivindicativas»

«Os sindicatos tiveram um papel fundamental de não permitir que os governos fossem tão longe quanto gostariam»

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OFórum Educação foi umespaço público de de-bate promovido pelo

SPM, em 17 de Setembro, noHotel Vila Porto Mare, com aparticipação de todos os parti-dos políticos, com assento naAssembleia Legislativa da Ma-deira, excepto o PSD, quedeclinou o convite. «Precisa-mos de conhecer as propostasdas várias forças políticas comassento no parlamento madei-rense», disse Marília Azevedo,coordenadora do sindicato.

Foram as seguintes perso-nalidades presentes: RobertoAlmada (BE), Isabel Cardoso(PCP), Liliana Rodrigues (PS),Lopes da Fonseca (CDS/PP),Jaime Silva (MPT) e Joel Viana(PND). O debate foi moderadopela jornalista Raquel Gonçal-ves.

A abertura do novo ano lec-tivo e o período pré-eleitoral,momentos em que se discu-tiam temas estruturantes davida colectiva, entre eles aEducação, e se faziam propos-tas para o futuro do sector naMadeira, foi o contexto em quedecorreu o evento.

O debate coincidiu aindacom um período de grave criseeconómica e social, em que aRegião estará sujeita a um pla-no de ajustamento financeiroque se prevê, de acordo comas notícias mais recentes, deprofunda austeridade. Estecenário foi uma nuvem negraque esteve por cima da cabeçade todos quanto estiverem pre-sentes no Fórum Educação.

Raquel Gonçalves expres-sou preocupação sobre aescola ser uma «manta de

retalhos» e os «professores e aEducação não sejam uma prio-ridade».

Os vários intervenientesabordaram alguns dos proble-mas mais prementes no siste-ma de ensino. Desde a «falta dequalidade da aprendizagem»,que é preciso ser resolvida,sublinhou Liliana Rodrigues,até ao facto de os «docentesserem pressionados por ideiase medidas distanciadas da rea-lidade» das escolas, comoapontou Jaime Silva. E avança-ram-se algumas propostas.

Todos os detalhes emwww.spm-ram.org, em “Inicia-tivas/Eventos cívicos e so-ciais”, na notícia “Cortes en-sombram sector da Educaçãotambém na Região”.

NdS

A«Indefinição» foi a pala-vra usada pelo Sindicatodos Professores da Ma-

deira (SPM), em 16 de Setem-bro, através da coordenadoraMarília Azevedo, para lembrardiversas matérias pendentes.Entre elas contam-se a revisãodo Estatuto da Carreira Docen-te, o modelo de avaliação dodesempenho, a «dívida» decerca de 5 milhões de eurospara com os docentes, segun-do estimado pela secretariaregional de Educação e Culturana sequência do reposiciona-mento na carreira, e as con-

dições de trabalho nas escolas.No âmbito dessas con-

dições de ensino e aprendiza-gem nas escolas, o sindicatodenunciou a intensificação dohorário de trabalho e da buro-cracia e exige ainda uma «defi-nição clara» das políticas de«combate à indisciplina» estu-dantil, que são um factor de«insucesso» escolar e «instabi-lidade». Foram «assumidoscompromissos» por parte datutela que tardam em ser con-cretizados, lembrou a líder eporta-voz do SPM.

Marília Azevedo desejou um

bom trabalho aos docentes, nonovo ano lectivo, e deixou, porfim, uma palavra de solidarie-dade e esperança a todos osdocentes que enfrentam o pro-blema do «desemprego e daprecariedade» laboral. Istonuma conjuntura com tendên-cia a agravar-se, como de-monstram os cortes orçamen-tais no sector educativo, comreflexo na redução dos recur-sos humanos, quando se devia,pelo contrário, apostar mais naEducação para construir ummelhor futuro.

NdS

Abertura do ano lectivo 2011-2012

Governo deve cumprir os compromissos1 de Outubro de 2011

Professores protestamno Funchal

Em protesto «contra o empobrecimento e as injustiças,pelo emprego, pelos salários, as pensões e os direitossociais», o Sindicato dos Professores da Madeira, com a

coordenadora Marília Azevedo e outros docentes, marcou pre-sença na manifestação da CGTP de 1 de Outubro, convocadapela União de Sindicatos da Madeira (USAM).

Após a concentração junto à Sé Catedral, com discursos ea aprovação de uma moção contra “a política do desemprego,da precariedade e da redução de direitos e dos rendimentosgerando incerteza e insegurança no presente e no futuro”, oscerca de 300 manifestantes desfilaram até à Quinta Vigia, ondese entregou o documento e se ouviram palavras de ordem e asintervenções sindicais.

Apelou-se a não se ser “pobre agradecido” e contestar aspolíticas de quem nos governa, lá ou cá. “Assim não vai dar,sempre os mesmos a pagar” foi um dos slogans ouvidosdurante a manifestação. O inquilino da Quinta Vigia, opresidente do Governo Regional, terá ficado com as orelhas aarder já que não foi poupado nas críticas veementes. “Em cadadia que passa, aumenta a desgraça”, outra rima entoada pelosmanifestantes.

Os professores, além das dificuldades que partilham comtodos os trabalhadores do País, enfrentam os cortesacentuados no orçamento da Educação e um acentuadonúmero de despedimentos de docentes. Sem esquecer todo orestante caderno reivindicativo.

NdS

18 Out / Nov / Dez 2011

Quando será dada prioridade à Educação?

O SPM marchou contra o desemprego e o empobrecimentodos trabalhadores

Fórum Educação com os partidos políticos da ALM

Cortes ensombramEducação na Região

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SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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www.spm-ram.orgO trabalhador informado

está mais aptoa defender os seus direitos

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Nos dias 21 e 22 deOutubro de 2011 realiza-ram-se as sextas jorna-

das pedagógicas do NúcleoRegional da Madeira do Mo-vimento da Escola Moderna.Com o tema “A Leitura e aEscrita e o Trabalho e Projetosno Modelo pedagógico doMEM”.

Após um ano de interregno,justificado por razões váriascomo a intempérie do 20 defevereiro de 2010, a alteraçãodo calendário da Festa doDesporto Escolar, entre outras,voltámos cheios de energia.

E uma vez mais aliados ao jánosso parceiro habitual, oSindicato dos Professores daMadeira, que desde o ano 2007tem trabalhado connosconuma verdadeira cooperaçãoem prol da formação dos pro-fessores. Estas jornadas cons-tituem um marco na históriadeste sindicato, uma vez queesta foi a primeira ação queaconteceu nas novas insta-lações do novo Centro deFormação. Orgulhamo-nos emreferir que possui excelentescondições.

Falemos das Jornadas. Foi

um dia e meio de intenso, masgratificante, trabalho. Alegrá-mo-nos ao ver uma sala cheiade Professores e Educadoresinteressados. Colocaram ques-tões e espicaçaram-nos a res-ponder a questões de váriaordem.

Contámos com a presençade três colegas que atravessa-ram o Atlântico para voluntaria-mente, na verdadeira aceçãoda palavra, enriquecerem onosso painel de oradores: aManuela Castro Neves que

com a sua larga experiênciapedagógica sabedoria e emo-ção nos transmitiu o prazer quesempre sentiu quando ajudouas suas crianças na aprendiza-gem da leitura e da escrita. OJoaquim Segura que tão bemnos mostrou as diferentes for-mas de motivar e sistematizaros trabalhos em projetos nasala de aula do ensino por dis-ciplinas e a Esmeralda Rami-nhos que nos ajudou a clarificaro árduo papel do professor nagestão de todo o trabalho, jun-

to dos alunos.Mas, e contrariando o dita-

do popular, em terra de Santostambém se fazem milagres. Alimarcaram também presençaas Educadoras FernandaRamos e Eugénia Freitas pararelatarem as suas práticas.Quase por magia, transporta-ram-nos para uma sala de pré-escolar da Calheta onde ascrianças têm oportunidade derealizar verdadeiros projetos,quer de investigação ou deprodução quer mesmo deintervenção social, como foi ocaso em que escreveram umacarta ao senhor presidente daCâmara a pedir que mandassepintar uma passadeira perto daescola, aguardando paciente-mente uma resposta. Uma salaonde a leitura e a escrita sur-gem através de uma dinâmicasempre lúdica, mas imbuída deum mar de descobertas signifi-cativas para todos.

Descobertas feitas pelosalunos continuaram a ser rela-tadas pela Cristina Neves eCristina Manica, Professorasdo 1º Ciclo. Mostraram algunsaspetos do percurso de apren-dizagem da leitura e escrita de

duas turmas de 1º ano. Um tra-balho onde a comunicação sur-ge num espaço de interaçãohumana, construída social-mente. Onde se procura senti-do nos textos reais procurandoencontrar significados partilha-dos. Onde se trabalha a paresou em pequeno grupo e háliberdade de se escrever quan-do e sobre o que se quer…

Nestas jornadas falou-sede uma escola onde ascrianças querem fazer desco-bertas, encontrar respostas amuitos porquês. É nos traba-lhos em projetos que desco-brem as soluções, algumasinesperadas. Partindo de umproblema inicial, formulamhipóteses, investigam, reco-lhem e selecionam informação,planificam a apresentação epreparam instrumentos paraavaliação do trabalho. Estasetapas de um projeto foramilustradas pelas colegas AnaGonçalves, Mónica Shone eRosária Valentim que relataramexperiências do 1º Ciclo e tam-bém pela Luísa Sousa que veiodo Porto Santo, onde este anose realizou uma Oficina deIniciação ao Modelo Pedagó-gico do MEM, falar da sua prá-tica no Ensino por disciplinas.

E se projetar é antecipar,pensamos que é o momento decomeçarmos a pensar, já, najornada 2012. Que tema? Quedata? Que duração? Vozeshouve a avaliar que o tempodesta foi curto. O local será omesmo.

Agradecemos uma vez maisa preciosa colaboração doSPM nesta organização con-junta que pretendemos conti-nuar. Acreditamos que quandocaminhamos juntos chegamossempre mais longe.

Helena Camacho

19Out / Nov / Dez 2011

Jornadas Pedagógicas 2011 SPM-MEM

Colaboração entre o Centro de Formaçãoe o Movimento da Escola Moderna

Umas das mais-valias danova página electrónicado SPM, além de ser

mais intuitiva, simples e termelhor apresentação, é a inte-ractividade que permite entreos professores e educadores eo sindicato.

Destacamos algumas fun-cionalidades como o motor depesquisa; inquéritos online, ainterl igação com as redessociais e de conteúdos:Facebook, Youtube, Picasa e oGmail Calendário com a agen-

da das iniciativas públicas doSPM; possibilidade de colocar“like” e deixar comentários nosartigos; permite o envio de arti-gos por e-mail e a impressão,directamente, em papel ou empdf; o acesso à subscrição daPROF newsletter e sindicali-zação, entre outras novas fun-cionalidades.

Página do Centro deFormação

Note-se que o Centro deFormação do SPM passou a

contar com uma página elec-trónica dedicada (http://cf.spm-ram.org/), com acessotambém a partir da páginaelectrónica principal, onde ossócios poderão continuar a serinformados de novas acçõesde formação contínua, inscre-ver-se nessas acções e teracesso às listas dos seleccio-nados, como a toda a infor-mação sobre formação contí-nua, legislação, programas,entre outros.

CP/NdS

Sindicato mais perto dos docentes

Nova página electrónica

O SPM expressou o desejo de continuidade da cooperaçãoentre o seu Centro de Formação e o MEM

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Materiais de gestão pedagógica expostos no foyer doauditório da nova sede

Trabalhos de projecto produzidos pelos estudantes noâmbito do ensino seguindo o modelo pedagógico do MEM

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

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Temos a palavra em 24 de Novembro

Pelo emprego e dignidadedos trabalhadores

Face ao corte por via doOrçamento de Estado (OE)para 2012, os professores

debateram, indignaram-se, to-maram posição e decidiram, nodia 27 de Outubro, em plenárioseguido de uma AssembleiaGeral de Sócios do Sindicato dosProfessores da Madeira, empre-ender formas de lutas. Desdelogo com a adesão à Greve Geralde 24 de Novembro próximo,convocadas pelas centrais sindi-cais CGTP e UGT.

Expressar indignação«É preciso dar expressão à

indignação, ir para a rua de formapacífica antes que os violentos aocupem», exortou uma profes-sora presente no plenário. Emlugar da interiorização apelou-seà exteriorização da indignação.Outro docente alertou para osperigos da passividade decor-rente do “tem que ser” ou do“nada há a fazer”.

Isto sem ser ainda conhecidoo quadro de austeridade e orça-mento da Região Autónoma da

Madeira, nomeadamente no quetoca às consequências no cam-po da Educação. Aí a indigna-ção promete acentuar-se. Parajá, o protesto dos professores eeducadores em exercício defunções neste arquipélago temcomo alvo as medidas de auste-ridade da República, com reper-cussões a nível regional, queatingem todos os portugueses,decorrentes do OE para 2012.

Menos 1.500 milhões na Educação

Os 1.500 milhões de corte naEducação, em apenas dois anos,2011 e 2012, sem contar com oscortes salariais, conduzirá à«redução de empregos no sectorque são, na sua grande maioria,docente», alerta Mário Nogueira,secretário-geral da FENPROF. Omaior corte no OE é, precisa-mente, no sector educativo.

A proposta de OE para 2012atira o orçamento da educaçãopara 3,8% do PIB (contra 5 % em2010 e os 4,7% previstos para2011).

Para além do impacto nossalários, prevê-se alteraçõescurriculares que visam eliminarou aligeirar disciplinas, aumentodo número de alunos por turma,extinção de projectos. Muitosdocentes, quer contratados, querdos quadros, serão afastadosdas escolas. Relativamente aobásico e secundário, o corte de102 milhões de euros representa-rá o despedimento de mais de 12mil professores contratados e oenvio para o quadro de mobilida-de especial de mais de 5 mil pro-fessores do quadro. Desem-prego e mobilidade especialserão as formas de a tutela se verlivre desses milhares de profes-sores e educadores.

Perda salarial superior a 30%A nossa perda salarial, em

apenas 2 anos (2011 e 2012) ésuperior a 30%. Subsídios deférias e Natal para quem ofere mileuros ou acima: 14,3%; reduçãodos salários (mantida do anoanterior): 5% (valor médio); corteno subsídio de Natal em 2011:3,2%; congelamento dos salários(Inflação: 2011- 3,5%; 2012-3,1%): cerca de 6,6%; congela-mento das progressões nascarreiras; forte sobrecarga fiscalem sede de IRS.

NdS

20 Out / Nov / Dez 2011

Três notas só…1.ª – UM ORÇAMENTO PARA DEMOLIR O FUTURO

O Orçamento do Estado para 2012, proposto pelo governo doPSD e do CDS, está aí e é tão ou mais demolidor quanto se esperava.Irá demolir salários e subsídios de forma violenta; irá demoliremprego, empurrando para o desemprego ou mobilidade especialmais de 25.000 professores no próximo ano; irá demolir escolas e aqualidade do ensino que nelas tem lugar; pretende demoliresperança e futuro, podendo demolir desejos e sonhos… Compete-nos a nós cidadãos e, particularmente, a nós professores eeducadores, demolir este orçamento e estas políticas em que sesustenta. Nesse sentido, só a luta será demolidora!

2.ª – SERIEDADE POLÍTICA (OU FALTA DELA)…

Aqui, como no continente, a direita é a direita e as suas políticas,dê lá por onde der, ainda que aparentemente diferentes pelodiscurso e estilo, são, na verdade, irmãs gémeas em natureza eobjetivos.

É o governo da República, de coligação do PSD e do CDS, queestá hoje a tentar derrubar o Estado social que os portugueses, aolongo de décadas, construíram. Por seu turno, é na Educação queconhecemos melhor os seus efeitos devastadores.

Por exemplo, sabemos que a troica estrangeira, que ingere navida nacional, queria impor um corte de 195 Milhões de euros, masa dupla PSD/CDS decidiu ir mais longe e fazer baixar de 4,7 para3.8% do PIB o valor do orçamento para a Educação, ou seja, cortar,no global, qualquer coisa como 1.500 Milhões de euros. Com talredução, Portugal, apesar dos inúmeros e graves problemas que tempor resolver na Educação e de se encontrar em alargamentoescolaridade obrigatória, para 12 anos, passa a ocupar o 27.º eúltimo lugar do “ranking” comunitário.

Ora, a direita que no continente impõe tais razias é a mesma que,na RAM, por vezes, gosta de parecer crítica às mesmas. Mas quandoa direita regional se senta nas cadeiras do poder da República,parece que fica afónica… não fica, é mesmo assim. É que não há off-shore que consiga branquear a natureza das políticas, o que àsvezes consegue – e já não é mau! – é disfarçar a seriedade política…ou a falta dela.

3.ª – HÁ NOVAS CONDIÇÕES PARA A LUTA!

Os professores e educadores da Região Autónoma da Madeiratêm uma nova casa: a sede do seu Sindicato mais importante erepresentativo, o SPM.

Só um grande Sindicato que, nesta região, é o rosto quotidianoda FENPROF, conseguiria oferecer estas novas e melhorescondições aos seus associados. É natural que, a partir de agora,prevendo uma maior e melhor capacidade de resposta àsmalfeitorias dos poderes (regional e nacional), o SPM passe a seralvo de mais e mais fortes tentativas de fragilizar a sua intervenção.Sobretudo agora que o poder está, de facto, mais fragilizado.

Compete aos professores que exercem a sua atividadeprofissional na RAM, defendendo os seus direitos e interesses,unirem-se ainda mais em torno do SPM. É que, neste tempo quecorre, em que cada um de nós se sente mais atacado e fragilizadona sua capacidade de resposta individual, maior importânciaganham a unidade e a solidariedade. Unidos em torno do SPM esolidários no quadro da FENPROF, encontraremos as forçasnecessárias para resistirmos aos ataques e até para tomarmos ainiciativa.

Mário NogueiraSecretário-Geral da FENPROF

MÁRIONOGUEIRA

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

Festa de Natal 2011 do Sindicato dos Professores da Madeira11 de Dezembro, 14h30,

Auditório do Centro de Congresso do Casino Madeira

Para os filhos dos associados – Inscrições até 26 de Novembro