sintomas depressivos em mulheres idosas: aplicando a ... · prevalência dos indícios depressivos...

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136 SINTOMAS DEPRESSIVOS EM MULHERES IDOSAS: Aplicando a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage DEPRESSIVE SYMPTOMS IN ELDERLY WOMEN: Applying the Yesavage Geriatric Depression Scale Amanda Heloisa da Cruz Figueira Tofanelli - [email protected] Analine Cristina Ferreira Lima – [email protected] Graduandos em Enfermagem – UniSALESIANO Lins Prof.ª Ma. Helena Ayako Mukai - [email protected] Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni – [email protected] UniSALESIANO Lins RESUMO O objetivo pesquisa foi identificar a prevalência da sintomatologia depressiva em mulheres idosas na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Péricles da Silva Pereira do bairro Ribeiro na cidade de Lins-SP, aplicando instrumento Yesavage conhecido como Escala de Depressão Geriátrica – 15. Um dos instrumentos mais utilizados para verificar a vulnerabilidade causada pela depressão, é um instrumento preconizado pelo Ministério da Saúde, mostrando-se de grande valor na detecção de depressão geriátrica em diferentes contextos clínicos e alcança importância cada vez maior na Atenção Básica (AB). Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem quantitativa, realizada com 462 mulheres com idade entre 60 e 74 anos. Foi possível constatar a alta prevalência dos indícios depressivos nas idosas, sendo que 18% apresentaram predisposição para sintomas depressivos e 61% indicativo para a doença. Conclui- se que há a necessidade de uma linha de cuidado visando a promoção e prevenção da saúde através de intervenções propostas para a enfermagem. Palavras-chave: Idosos. Depressão. Atenção Primária de Saúde. ABSTRACT The objective of this research was to identify the prevalence of depressive symptoms in elderly women in the area of Basic Health Unit (BHU) Dr. Péricles da Silva Pereira in the neighborhood on the city of Lins-SP, applying instrument known as scale of Yesavage Geriatric Depression – 15. One of the most used instruments to verify the vulnerability caused by the depression, is an instrument established by the Ministry of health, is of great value in detection of geriatric depression in different contexts clinicians and achieves increasing importance in the basic attention (AB). This is an exploratory and descriptive research with quantitative performed with 462 women aged between 60 and 74 years. Was possible to note the high prevalence of depression in the elderly evidence, and 18% presented predisposition and 61% call for the disease. It is concluded that there is a need for a careful line seeking promotion and prevention through proposed interventions for nursing. Keywords: Elderly. Depression.Primary health attention.

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SINTOMAS DEPRESSIVOS EM MULHERES IDOSAS: Aplicando a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage

DEPRESSIVE SYMPTOMS IN ELDERLY WOMEN: Applying the Yesavage Geriatric Depression Scale

Amanda Heloisa da Cruz Figueira Tofanelli -

[email protected] Analine Cristina Ferreira Lima – [email protected]

Graduandos em Enfermagem – UniSALESIANO Lins Prof.ª Ma. Helena Ayako Mukai - [email protected] Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni – [email protected]

UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo pesquisa foi identificar a prevalência da sintomatologia depressiva em mulheres idosas na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Péricles da Silva Pereira do bairro Ribeiro na cidade de Lins-SP, aplicando instrumento Yesavage conhecido como Escala de Depressão Geriátrica – 15. Um dos instrumentos mais utilizados para verificar a vulnerabilidade causada pela depressão, é um instrumento preconizado pelo Ministério da Saúde, mostrando-se de grande valor na detecção de depressão geriátrica em diferentes contextos clínicos e alcança importância cada vez maior na Atenção Básica (AB). Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem quantitativa, realizada com 462 mulheres com idade entre 60 e 74 anos. Foi possível constatar a alta prevalência dos indícios depressivos nas idosas, sendo que 18% apresentaram predisposição para sintomas depressivos e 61% indicativo para a doença. Conclui-se que há a necessidade de uma linha de cuidado visando a promoção e prevenção da saúde através de intervenções propostas para a enfermagem. Palavras-chave: Idosos. Depressão. Atenção Primária de Saúde.

ABSTRACT

The objective of this research was to identify the prevalence of depressive symptoms in elderly women in the area of Basic Health Unit (BHU) Dr. Péricles da Silva Pereira in the neighborhood on the city of Lins-SP, applying instrument known as scale of Yesavage Geriatric Depression – 15. One of the most used instruments to verify the vulnerability caused by the depression, is an instrument established by the Ministry of health, is of great value in detection of geriatric depression in different contexts clinicians and achieves increasing importance in the basic attention (AB). This is an exploratory and descriptive research with quantitative performed with 462 women aged between 60 and 74 years. Was possible to note the high prevalence of depression in the elderly evidence, and 18% presented predisposition and 61% call for the disease. It is concluded that there is a need for a careful line seeking promotion and prevention through proposed interventions for nursing. Keywords: Elderly. Depression.Primary health attention.

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INTRODUÇÃO

O Brasil ganhou cerca de 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a

marca dos 30,2 milhões em 2017, sendo que as mulheres são maioria nesse grupo,

com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões

(44% do grupo). O envelhecimento da população é uma resposta à mudança de

alguns indicadores de saúde, em especial a queda da fecundidade e aumento da

expectativa de vida (IBGE, 2017). O ritmo de crescimento da população com 60

anos de idade ou mais está à aumentar em velocidade acelerada e, essas

alterações na dinâmica populacionais são claras, inflexíveis e irreversíveis. Tais

mudanças trazem desafios que podem levar a sérios problemas sociais e

econômicos.

De acordo com Magalhães (2016), a Organização Mundial de Saúde projeta

que até 2020 o grupo de idosos corresponderá a 15% da população brasileira. Em

2025, estima-se que a população idosa deverá ter aumentado até 15 vezes. Assim

como ocorre o crescimento da população idosa, consequentemente haverá o

aumento das doenças crônicas e psíquicas e, dentre tantas doenças e transtornos, a

depressão merece uma maior atenção. A depressão é um distúrbio que acomete a

população como um todo, especialmente o idoso, tendo uma alta prevalência e

estando associada, quando não tratada, à maior morbidade e mortalidade entre eles,

mostrando a necessidade de investigação e análise das ações de prevenção e

promoção à saúde.

O diagnóstico e o tratamento ainda se mostram deficientes, seus sintomas

muitas vezes são subdiagnosticados ou ignorados, portanto, a familiaridade dos

profissionais de saúde com as características das sintomatologias depressivas no

idoso é de grande importância na investigação. Segundo Kawakita (2012), a

depressão geriátrica é um quadro pouco reconhecido em unidades de atenção

primária, portanto, faz-se necessário pesquisá-la em todos os pacientes idosos por

meio de instrumentos de rastreamentos. As escalas de depressão vêm sendo muito

utilizadas na detecção de casos depressivos, sendo que um dos instrumentos mais

utilizados é a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage -15 uma escala criada

especificamente para a população idosa.

Acredita-se que, utilizando a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, é

possível detectar sintomas depressivos. De acordo com Nogueira (2014), a Escala

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de Depressão Geriátrica (EDG-15) vem alcançando importância cada vez maior na

Atenção Básica (AB), sendo um instrumento preconizado pelo Ministério da Saúde e

de grande valor na detecção de depressão geriátrica em diferentes contextos

clínicos. Paradela (2011) ressalta as vantagens que a GDS-15 possui, como a

pequena variação das respostas: sim/ não, diferente de outras que comportam

múltiplas opções e não necessitando de um profissional da área da saúde mental

para sua aplicação, podendo ser auto aplicadas ou por um entrevistador treinado.

Em países em desenvolvimento como o Brasil, a depressão não tem sido

suficientemente estudada para fornecer os elementos necessários ao

desenvolvimento de políticas públicas, promoção e prevenções adequadas a essa

população. Tais impactos ocasionados pela depressão, afeta também os familiares,

o estado e a comunidade, demostrando o quanto é importante estar atento ao idoso

em relação aos problemas psiquiátricos, pois a presença de comorbidades prejudica

a qualidade de vida desses indivíduos e de seu convívio com a sociedade.

O estudo objetivou-se em Identificar a prevalência de sintomas depressivos

utilizando a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage em idosas e assim

elaborar e propor intervenções de enfermagem para melhorar a qualidade de vida,

pois estudos sobre depressão em idosas demonstram a importância das

intervenções efetivas e a prevenção dos fatores de risco precoces. Diante do

contexto acima, chegamos a seguinte pergunta problema: Como se configura a

prevalência de sintomas depressivos entre idosos assistidos por uma Unidade

Básica de Saúde (UBS)?

1 MÉTODO

Trata–se de um estudo exploratório, descritivo com abordagem quantitativa.

De acordo com Gil (2012), a pesquisa deste tipo tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem

ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas

está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. As pesquisas

descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os

pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

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UniSALESIANO Araçatuba-SP, Parecer: 2.887.831, sendo garantidos aos

entrevistados os aspectos éticos, conforme determina a resolução 466/12 e 510/16.

As participantes receberam informações detalhadas acerca da pesquisa e assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os envolvidos na pesquisa

foram mulheres idosas com idade igual ou superior a 60 anos e inferior a 74 anos,

da área de abrangência da UBS “Dr. Péricles da Silva Pereira”, no bairro Ribeiro no

município de Lins-SP, Brasil. A coleta de dados foi realizada entre setembro e

outubro de 2018, pelas alunas pesquisadoras.

2 TÉCNICA

Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: Um

formulário sociodemográfico estruturado e a versão reduzida da Escala de

Depressão Geriátrica. O formulário contemplava questões mistas, relativas aos

fatores sociodemográficos como tempo de permanência na casa, lazeres, os laços

familiares, condições gerais de saúde e a autopercepção de saúde referida pelos

idosos, classificando sua saúde no momento da pesquisa como: excelente, boa,

regular e ruim, assim como os meios utilizados para o deslocamento, a higiene

pessoal e dependência.

E a Escala de Depressão Geriátrica, um instrumento relativamente estável

para ser utilizado na detecção de casos de depressão no idoso e monitoramento da

gravidade dos seus sintomas com 15 questões objetivas de sim ou não, de forma

reduzida e simplificada referentes ao humor e ao estado de saúde. Conforme o

resultado, considerar o idoso com quadro normal ou indicativo de sintomas de

depressão leve, moderado ou grave, o ponto de corte varia, considerado de 0 a 5

estado normal, de 5 a 10 depressão moderada; e acima de 10 pontos depressão

grave.

3 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada na cidade de Lins, localizada no centro oeste

paulista na área de abrangência da UBS “Dr. Péricles da Silva Pereira”. A população

estudada correspondeu a 462 idosas e teve como risco o constrangimento ao

participante no momento da aplicação do instrumento e do questionário e, para

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minimizar, foram utilizados locais reservados e utilização da ética durante todo o

processo através do sigilo profissional. O benefício oferecido é a detecção de

sintomas depressivos na população idosa para uma melhor assistência de

enfermagem a ser prestada.

Com relação aos critérios de inclusão, participaram idosas, que concordaram

em participar do estudo e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, com idade entre 60 e 74 anos e não participaram idosas com quadro de

demência grave ou não estiveram aptas a responderem às questões. Após a

aprovação do Comitê de Ética, Parecer: 2.887.831, a pesquisa foi realizada por meio

de visita domiciliar após um levantamento nos registros da UBS do bairro do Ribeiro,

de nomes e contatos dos idosos que atendiam aos critérios de participação.

4 ANÁLISE

Gráfico 1 – Participação no estudo pelas idosas residentes na área de abrangência

UBS Ribeiro – Lins, 2018

A análise do rastreamento de sintomas depressivos por meio da aplicação da

Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage resultou em 233 (50,54%) idosas

entrevistadas de um total de 461. O gráfico 1 mostra, dentre o total da população

apta a participarem deste estudo, que foram excluídos 162 (35,14%) por não

estarem em casa na hora da pesquisa, mesmo após várias tentativas, 29 (6,30%)

não entraram no critério de inclusão

não aceitaram participar

faleceram

35.14%

estavam trabalhando 50.54%

não estavam em casa

Entrevistado

0.44%

1.08% 6.30% 6.50%

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que não aceitaram participar, 30 (6,50%) estavam saindo para o trabalho, 2 (0,44%)

excluídos por não atenderem o critério de inclusão e 5 (1,08%) faleceram.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas da população

estudada onde se verificou estado civil, escolaridade, com quem reside, religião,

percepção da saúde, renda, medicamentos, atividades físicas, como utiliza o tempo

livre e se tem algum tipo de preocupação relacionado à vida.

Em relação a escolaridade, 46% relataram ter frequentado a escola de 1 a 5

anos, 14% são analfabetas e somente 4% concluíram o ensino superior.

Predominaram os casados (57%) e os demais 43% não têm companheiros. Em

relação à moradia, 48% declararam morar com familiares e 36% moram sozinhas. A

grande maioria (81%) têm renda pessoal de até 1 salário mínimo. Não houve

diferença significativa da prevalência entre as religiões católica (42%) e evangélica

(37%).

Tabela 1 - Caracterização Sociodemográfica das participantes da pesquisa – Lins-SP, 2018

VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS

Variável Quantidade % Faixa Etária 60-65 incompletos 78 33% 65-70 incompletos 100 43% 70-74 55 24% Escolaridade Analfabeto 32 14% 1-5 108 46% 6-8 32 14% 9-12 52 22% Superior 9 4% Estado Civil Solteiro 30 13% Casado 132 57% Viúvo 62 27% Separado/Divorciado 9 4% Renda Mensal até 1 Salário Mínimo 189 81% 1-3 Salários Mínimos 35 15% 3-6 Salários Mínimos 9 4% Religião

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Católico 99 42% Evangélico 87 37% Espírita 47 20% Moradia Sozinho 84 36% Familiares 112 48% Outros 37 16% Não 128 55% Total 233 Fonte: As autoras, 2018

Conforme a pontuação obtida pela escala GDS, 50 participantes não

apresentaram características depressivas sendo equivalente a 21%. Entretanto foi

identificado 41 (18%) idosas indicando uma possível predisposição para depressão

com a pontuação 5 e 113 (61%) indicando possível condição depressiva e, destes,

93 (48,5%) obtiveram pontuação entre 6 e 10 com indicativo de depressão

moderada e 29 (12,5%) com pontuação superior a 11 pontos, indicando depressão

grave, de acordo com a escala. A depressão geriátrica estabelecida pela escala

GDS encontra-se exposta no Gráfico2.

Gráfico 2 – Percentuais da prevalência depressiva nas idosas – Lins - SP, 2018

Fonte: Autoras, 2018

21%

61%

18%Normal

Indicativo de Depressão

Pré - Disposição

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Tabela 2 – Classificações do índice de depressão em idosos –Lins – SP, 2018

Caracterização da

Depressão

N %

Normal

Escore 0 pontos

3

1,29%

Escore 1 pontos 4 1,72%

Escore 2 pontos 1 0,43%

Escore 3 pontos 14 6,01%

Escore 4 pontos 28 12,02%

Predisposição

Escore 5 pontos

41

17,60%

Depressão Moderada

Escore 6 pontos

34

14,59%

Escore 7 pontos 32 13,73%

Escore 8 pontos 19 8,15%

Escore 9 pontos 19 8,15%

Escore 10 pontos 9 3,86%

Depressão grave

Escore 11 pontos

13

5,58%

Escore 12 pontos 8 3,43%

Escore 13 pontos 8 3,43%

Total

233

100,00%

Fonte: Autoras, 2018

Dentre as idosas entrevistadas que não apresentaram indicativos de sintomas

depressivos, 29 (58%) encontravam-se na faixa etária de 60 aos 65 anos

incompletos, porém as idosas com predisposição para sintomas depressivos, 27

(65,9%) estavam nesta mesma faixa etária. Os sintomas depressivos moderados

foram prevalentes na faixa etária dos 65 aos 70 anos incompletos, 60 (63,10%) e,

para os sintomas graves, encontrado 29 pacientes e, destes, 20 (69%) encontravam-

se na faixa etária dos 70 aos 74 anos, como mostra a tabela 3.

Tabela 3 Percentual de depressão por faixa etária, Lins-SP, 2018. FAIXA ETÁRIA 60-65incompl . 65-70inc ompl. 70-74

Quantidade % Quantidade % Quantidade %

NORMAL 29 37,67% 19 20,00% 2 3,28%

PRÉ 27 35,06% 9 9,50% 5 8,20%

MODERADO 19 24,67% 60 63,10% 34 55,74%

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GRAVE 2 2,60% 7 7,40% 20 32,78%

TOTAL 77 100% 95 100% 61 100%

Fonte: Autoras, 2018.

Na pesquisa as mulheres que apresentaram um maior risco para os sintomas

depressivos graves foram as viúvas e, para moderada, as idosas casadas, conforme

demonstra o gráfico 3.

Gráfico 3 Percentuais de sintomatologia depressiva por estado civil – Lins – SP, 2018

Fonte: Autoras, 2018

Em muitas literaturas é possível encontrar resultados de autores que

utilizaram o método de rastreamentos e observaram a alta prevalência dos sintomas

depressivos nesses indivíduos. Como Alvarenga, Oliveira e Faccenda (2012) que

por meio do mesmo instrumento analisou 503 indivíduos idosos, onde 69% das

mulheres apresentavam sintomas depressivos. Em dados de pesquisa realizados

pelo mesmo, constatado que, de 259 mulheres, 40,15% possuem depressão ou pré-

disposição para doença, enquanto que os homens de 245 apenas 16,32%.

Estudos existentes direcionados para essa população, são frequentemente

realizados em homens e mulheres, porem mostram que o número de mulheres com

depressão e predisposição é superior ao número de homens. Verifica-se este

DIVORCIADA

CASADA SOLTEIRA VIÚVA

0 0 1 1

0 3

1

7 8 10 9

10

NORMAL

PRÉ

MODERADA

GRAVE 17 20 20

30

31 32

36 40

50

57 60

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fenômeno entre mulheres durante a velhice, pelo fato de que elas vivem, em média,

mais do que os homens, tornando-as mais vulneráveis e predispostas a uma maior

incidência de doenças crônicas, entre elas, a depressão.

Quanto a idade, foi encontrada semelhança na pesquisa de Ferreira (2013),

que obteve um maior resultado nas idosas na faixa etária entre 60 e 70 anos, com a

de Fernandes, Nascimento e Costa (2010), que identificaram a prevalência dos

sintomas depressivos em 77% das mulheres com a idade entre 70 e 80 anos, e

Grecolti e Scortegagna (2015), que destacavam a prevalência no sexo feminino com

idade de 60 a 80 anos.

Usando desses estudos como referência, direcionamos a nossa pesquisa

para o gênero feminino, realizando o uso de um questionário sóciodemográfico,

estruturado pelas autoras, e a Escala GDS como base para avaliação dos indicativos

depressivos, para a formulação dos dados em tabela e gráfico. Foi observado, com o

questionário, que o maior percentual das entrevistadas, cerca de 43%, se

concentravam na faixa etária dos 65 a 70 anos incompletos e 46% possuíam

escolaridade do 1º ao 5º ano.

Estes dados corroboram estudos realizados, em que foi constatado que o

analfabetismo e a baixa escolaridade associaram-se à maior detecção de depressão

(Nogueira, 2014), assim como Silva et al, 2014, referiu que a escolaridade é um fator

de destaque, tendo em vista que quanto mais alto o nível escolar, menores são os

sintomas psicossomáticos, ou seja, há relação entre baixa escolaridade e elevado

número de idosos deprimidos. Assim como, há associação entre detecção de

depressão e renda pessoal abaixo de dois salários mínimos, descrito na literatura,

que aponta a baixa renda e a pobreza como fatores de risco para depressão.

A Escala GDS resultou em escore de 0 a 13 pontos, com o maior percentual

em moderado (48,5%) e menor em grave (12,5%). Categorizando por idade, houve

um maior percentual de idosas para o indicativo depressivo moderado na faixa etária

de 65 a 70 anos incompletos, correspondendo a 63% das entrevistadas, divergindo

dos 7% com o indicativo depressivo grave.

Todavia, verifica-se uma associação significante entre os casos de depressão

nas mulheres viúvas e casadas, pois apresentam um maior indicativo aos sintomas

depressivos graves (8,5%) e moderados (24,4%) respectivamente. As observações

obtidas nessa pesquisa assemelham-se a diversos trabalhos que constataram esses

mesmos aspectos, como, por exemplo, Ferreira (2013) em suas pesquisas, onde

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verificou que as mulheres casadas e viúvas apresentaram maiores porcentagens

dos sintomas depressivos.

Analisando os fatores emocionais, verificamos que as idosas com depressão

têm significativamente piores resultados em todas as medidas. A solidão, juntamente

com outros problemas físicos e mentais, dá origem a sentimentos depressivos.

Fatores como os aspectos sociais, escolaridade baixa, a falta de apoio familiar,

aposentadoria, relação intrapessoal, entres outros fatores, podem transfigurar risco

para o aparecimento da doença. Advém que foi observado a insatisfação das idosas

em relação a alguns fatos de suas vidas, pois, durante a pesquisa, relataram

sentirem-se sozinhas por conta da viuvez ou desamparadas pelos familiares (filhos e

esposos). Também pela condição socioeconômica, das doenças crônicas, a perda

de autonomia de algumas tarefas do dia-dia e a dependência de outros (familiares).

Observou-se, neste estudo, o quanto as mulheres estão vulneráveis a essa

patologia. Portanto, conhecer as características dessas idosas e as associações

com a depressão pode alertar e agregar conhecimentos para possibilitar melhor

aprofundamento acerca dos cuidados relacionados ao tratamento. O uso de

instrumentos como a Escala de Depressão para rastreamento de sintomas de

depressão em idosos são relevantes, pois permitem a detecção prévia da

depressão, possibilitando uma intervenção adequada, bem como a prevenção de

fatores de risco.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Diante dos dados obtidos na pesquisa, se faz necessário uma proposta de

intervenção de enfermagem na área de abrangência dessa unidade, como a

implantação de uma linha de cuidado por meio de terapias psicoterapêuticas.

Enquanto estratégia de intervenção psicoterapêutica, a terapia de reminiscência tem

resultados positivos, como alcançar serenidade e sabedoria, expiar culpas e resolver

problemas, entre outros. A reminiscência tem vindo a ser utilizada em pessoas

idosas como técnica de intervenção para promover a autoaceitação e bem-estar e os

resultados sobre os seus benefícios apoiam a sua implementação na melhoria da

saúde mental desse paciente.

A Terapia de Reminiscência (TR) pode ser utilizada para estimular a

prevenção do surgimento de sintomatologia depressiva e a diminuir a sintomatologia

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depressiva, além de outros beneficios como: adaptação a transições de vida,

promoção da autoestima e a auto percepção de saúde, satisfação de vida, auxilia no

processo de luto entres outros.

Segundo Marques (2012) a terapia de reminiscência baseia-se na

recuperação das memórias que o sujeito possui sobre o seu passado, ajudando a

pessoa a fazer uma revisão cronológica da sua vida, analisando os eventos mais

marcantes. Consistindo num processo onde estas memórias são significativamente

acedidas para serem então revistas, repetidas, interpretadas e muitas vezes

partilhadas com outras pessoas, com o objetivo de promover a adaptação ao

momento de vida atual. Essa estratégia terapêutica foi proposta inicialmente por

Butler, em 1963.

Muitos estudos documentam dados sobre a eficácia da terapia de

reminiscência, como uma técnica de grande potencial enquanto estratégia de

intervenção na depressão geriátrica, por meio de estudos de intervenção direta com

idosos. De acordo com Pinquart (2012) podem distinguir-se três formas de aplicação

de reminiscência como intervenção com pessoas idosas: reminiscência simples,

revisão de vida e terapia de revisão de vida. A reminiscência simples estimula as

funções sociais da reminiscência (comunicação, ensino, informação) através da

recuperação de acontecimentos autobiográficos positivos de forma não estruturada.

A revisão de vida implica uma descrição mais abrangente e avaliativa dos

principais acontecimentos autobiográficos do ciclo de vida, no sentido dos mesmos

serem integrados numa história de vida coerente. Por último, a terapia de revisão de

vida reporta a sua aplicação a pessoas com problemas de saúde mental, tais como a

depressão, com o intuito de reduzir os efeitos potencialmente negativos da

reminiscência (reavivamento da amargura, tédio) aliviando a sintomatologia

depressiva.

CONCLUSÃO

A depressão é uma condição que pode colocar em risco a vida do individuo

sendo uma enfermidade mental frequente em idosos. Além disso, é um estado

mental nem sempre diagnosticada, ocasionando ausência de uma linha de cuidado

estratégico para uma busca ativa na detecção precoce, tomada de decisão

preventiva e de encaminhamentos para confirmação desses diagnósticos.

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Com relação aos resultados obtidos na pesquisa se torna preocupante o

numero de indicativo da sintomatologia depressiva nas mulheres estudadas da área

de abrangência da unidade do Ribeiro “Dr. Péricles da Silva Pereira”, o que justifica

a necessidade de pesquisas que auxiliem em seu rápido diagnóstico ou, ainda, na

promoção de saúde, contribuindo para a identificação precoce da doença. Também

é necessário que o profissional tenha uma visão ampla e integral sobre os idosos,

conhecendo melhor a sua população para assim, atuar com criatividade e senso

critico mediante uma pratica de intervenção humanizada, envolvendo uma ação

inter-relacionada de promoção de prevenção à reabilitação daqueles envolvidos.

Para ajudar nessa detecção recomendam-se os métodos existentes de

rastreio dos indicativos depressivos que podem ser usados tanto no âmbito clinico

quanto na atenção primária e secundária servindo de base para possível

confirmação do diagnóstico, como estratégia de fortalecimento de programas

preventivo e de controle da doença depressiva.

REFERÊNCIAS

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