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18/2/2014 Época
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Sucos do tipo néctar: água demais, fruta de menosUm estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor afirma que os sucos do tipo néctarsão mais ralos – e doces – do que se pensa
MARCELA BUSCATO
13/02/2014 07h00 - Atualizado em 13/02/2014 07h52
Poucas pessoas reparam no que há dentro da
embalagem quando compram uma bebida pronta.
O resultado de uma nova pesquisa, feita pelo
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec), pode despertar a curiosidade de – e
surpreender – quem consome os sucos do tipo
néctar, feitos de uma mistura de água e fruta. A
análise sugere que há menos polpa do que a
legislação determina. E mais açúcar do que os
consumidores imaginam. “É um resultado
preocupante, porque os néctares são associados
a uma alimentação saudável, e as pessoas
acham que podem consumi-los
indiscriminadamente”, diz Ana Paula Bortoletto,
nutricionista do Idec, uma entidade mantida por
associados.
A preocupação com a saúde e a melhora da
renda dos brasileiros aumentaram a venda da bebida. Enquanto o volume de refrigerantes caiu
1,68% entre 2010 e 2012 e o de néctares cresceu 32,7%. Os dados são da Associação Brasileira da
Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), que congrega indústrias do setor.
No levantamento, o Idec pediu que um laboratório de análises químicas e físicas avaliasse a
composição de 31 néctares, produzidos por seis empresas. Dez produtos não tinham o teor mínimo
de fruta estabelecido pelo Ministério da Agricultura. A percentagem de polpa exigida varia de acordo
com a fruta. Os néctares de manga e pêssego, que devem ter o teor maior (40%), apresentaram os
piores resultados.
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O Idec também avaliou a quantidade de açúcar e classificou os níveis em baixo, médio e alto. Usou
como referência um modelo do Reino Unido. Dez néctares apresentaram concentração alta (mais
de 11,25 gramas por 100 mililitros). Como as frutas contêm naturalmente açúcar, e a legislação
permite adicioná-lo na fábrica, os néctares são mais calóricos do que os consumidores supõem. Um
estudo mostra que 15% das calorias ingeridas pelos jovens brasileiros num dia vêm de bebidas
adoçadas – como os néctares e, principalmente, os refrigerantes. “É um consumo excessivo”, diz o
pediatra Rubens Feferbaum, um dos autores do estudo.
Como representante das empresas Wow! Nutrition (fabricante da marca Sufresh), Ebba (Maguary e
Dafruta) e Brasil Kirin (Fruthos), a Abir contesta o resultado da pesquisa do Idec. “A margem de erro
da pesquisa, de 20%, faz com que ela não tenha credibilidade”, afirma Herculano Anghinetti,
presidente da Abir. A empresa Ebba pediu uma nova análise para um laboratório da Universidade
Estadual Paulista. O laudo encaminhado pela Ebba a ÉPOCA avaliava os três produtos da Maguary
reprovados. Os resultados mostravam que o teor mínimo de polpa era respeitado nas amostras
encaminhadas: néctar de manga Maguary (40,26%), misto de maçã e maracujá Maguary (34,23%) e
de maçã e pêssego Maguary (32,83%). Os laudos dos produtos Dafruta não ficaram prontos. A
General Brands, fabricante da marca Camp, cujos produtos também foram reprovados pelo Idec,
afirma que pedirá uma nova avaliação, para um laboratório diferente.
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A Abir questiona a legitimidade da pesquisa do Idec porque não há uma metodologia oficial, aprovada
pelo Ministério da Agricultura, para dosar o teor de polpa nos néctares. O ministério, por meio de sua
assessoria de imprensa, diz que a responsabilidade de desenvolver um procedimento de análise
para garantir o conteúdo de uma bebida é da indústria. “Estamos desenvolvendo parâmetros
específicos para cada tipo de fruta em parceria com algumas instituições de pesquisa”, diz
Anghinetti, da Abir. Depois de criado o método, ele deve ser validado pelo ministério.
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Em meio à polêmica, quem fica perdido é o consumidor. Uma mudança na legislação, que
começará a vigorar em 2015, poderá ajudá-lo na compra. Os fabricantes terão de estampar no rótulo
a quantidade de polpa usada. A medida não assegura que a informação corresponderá ao teor de
fruta dentro da caixinha. Mas é uma maneira de desfazer uma confusão comum entre os
compradores, que pensam levar para casa o suco, feito geralmente apenas com fruta, e não o
néctar, a mistura de água e polpa. A nutricionista Alessandra Ferrarezi entrevistou 167 consumidores
para seu mestrado, em 2008, e constatou que nenhum interpretou a palavra “néctar” como uma
mistura. “Eles achavam que era um produto mais concentrado, puro”, diz Alessandra.
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