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Setembro - Outubro 2015

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A edição de Setembro/Outubro de 2015 da SumUp, Newsletter da APPEJ traz novidades sobre o Parlamento Europeu dos Jovens.

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Setembro - Outubro 2015

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SUM UPSetembro - Outubro 2015

APPEJ – Associação Portuguesa do Parlamento Europeu dos Jovens/European Youth Parliament Portugal Rua Dona Antónia Augusta de Sousa, nº 63 | 4460-665 - Custóias, Matosinhos | Portugalwww.pejportugal.com · [email protected]

Tão rápido, mais um Outubroque traz consigo outro Outonoperspectiva-se que seja ao rubro,até ao final do ano.

Esta fase começará em Braga,preparada com ambição e dedicação,até lá, vão disfrutando das palavras,que compilámos em mais uma edição.

Para que se compreenda o presente,mostramos histórias do passado,para que haja uma memória resistente,dos voos que juntos temos traçado.

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No passado mês de agosto, mais precisamente nos dias de 28 a 31, decorreu em Berlim a EYP Summer Academy – um evento de training orientado principalmente para membros das direções dos National Committees (NCs), organizado pelo International Office, tendo como Head-organiser a Nora Heising.

Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, nos quais o International Office organizou vários eventos separados de training, focados apenas numa temática cada um, este ano optou por organizar um evento de maior dimensão que aglomerasse quatro grandes assuntos de elevada relevância para os NCs: Fundraising, Communication & Public Rela-tions, Outreach & Inclusion, e NC Management. Contudo, uma vez que o evento durou quatro dias, e apenas eu tive a oportunidade de representar o nosso comité nacional, só me foi possível assistir aos módulos intensivos de Fundraising e aos básicos de Communication & Public Relations, pois en-quanto NC acreditamos que estes módulos seriam os mais proveitosos tendo em conta a nossa experiência.

O módulo intensivo de Fundraising foi extremamente valio-so, pois apesar de o EYP Portugal ter vindo a melhorar recen-temente as suas técnicas de angariar fundos, existiam ainda muitas formas de agir dos outros NCs sobre as quais nós não tínhamos conhecimento. Foram dias bastante longos em que aprendemos quais os melhores métodos e práticas a seguir e, ao contrário do que pensávamos, tivemos exercícios para pôr em prática o nosso pitch e as nossas técnicas de nego-ciação com empresas e entidades. Este módulo foi liderado pelo Maximilian Kiehn e pela nossa conhecida Anna-Hele-

na Saarso, que se mostraram incrivelmente competentes na área e nos guiaram no caminho certo para arranjar mais fun-dos para organizar os eventos que todos nós adoramos.

Os módulos de Communication & Public Relations foram liderados pela Mandy Buschina e pela Zelda Martin-Traoré, que nos explicaram quais os erros mais comuns praticados pelos NCs nesta área e nos deram a conhecer o EYP Com-munication Manual. Este documento contém todas as regras de comunicação que o EYP deve seguir, para que a comuni-cação da organização se torne mais semelhante e unanime em todos os países nos quais está presente.

Além da parte académica inerente a este evento, também houve espaço para a diversão: participamos nos EYP Sum-mer Olympics, que consistiram numa versão hardcore de jogos de Teambuilding, e nos quais a minha equipa ficou em segundo lugar (bear with me, estou orgulhosa do feito). Além disto, existiram também os típicos momentos de evento do EYP, o Teambuilding e a Eurovillage, bem como um bonfire para assar marshmellows e tempo livre para ir à praia ou para andar de gaivota.

Para mim pessoalmente, o que mais me atraiu neste even-to foi o facto de contar com 80 participantes de 34 países diferentes, algo que me proporcionou oportunidades para descobrir o que está a ser feito noutros NCs em termos de organização de eventos, gestão de sócios e direção, entraves nacionais ao fundraising, entre muitos outros assuntos.

Rita Ferreira

EYP SUMMER ACADEMY

PT. EYPNesta edição, trazemo-vos dois relatos de PEJistas portugueses pela Europa fora em eventos do EYP. A Rita Ferreira representou o nosso Comité Nacional na EYP Summer Academy, o João Moreira fala da sua experiencia como Chair em Tampere, na 79ª Sessão Internacional.

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Ser chair numa sessão internacional tem, na mesma medida, tanto de desafiante como de recompensador - tal como se pretende em qualquer sessão, mas levado a um nível ainda mais extremo. Para além duma decisão consciente e pensa-da, tem também de ser um estado de espírito e uma vontade de dedicação plena a uma sessão que invariavelmente vai exigir imenso de ti, em todos os seus momentos.

Tudo começa muito antes da sessão em si, do seu pré-ses-são ou da candidatura. O percurso que fizeste até à data vai definir em grande escala o quão confortável e seguro de ti mesmo te vais sentir durante toda a sessão, face a diferentes desafios com os quais te vais deparar constantemente e que vão testar todas as tuas capacidades. Não é mito ou falso preconceito que precisas de ser muito experiente para par-ticipares numa sessão internacional - vais deparar-te com delegados de alto calibre; com temas exigentes explorados a profundidades apenas permitidas em contextos de 3 dias de committee work; com uma equipa de chairs de alto nível que na melhor das hipóteses te vai ensinar, ajudar, inspi-rar e motivar mais do que alguma vez sentiste no PEJ, mas na pior das hipóteses te pode assoberbar, assustar ou (não) integrar-te um ambiente de demasiada competitividade; e com uma sessão enorme na qual vais ser chair sozinho e apesar de contares com uma grande estrutura de apoio, são muitos dias para lidar com ainda mais emoções e tens que estar sempre no melhor de ti mesmo. É aqui que entra a necessária experiência prévia que apenas adquires partic-ipando (como chair) em diferentes sessões e lidando com diferentes pessoas, situações, contextos, ambientes, tendo experimentado e estando à vontade com diferentes métodos, técnicas e estratégias que, ainda assim, vais ter imenso tem-po para experimentar e refinar durante a sessão.

No que toca à candidatura - para além da experiência prévia que refiro anteriormente e que vai pesar bastante no painel de seleção e definir o quão seriamente as tuas respostas vão ser tidas em conta (a par das evaluations que possuis) - é es-perado um documento de alta qualidade e uma forma de es-crita não apenas refinada mas que deixe também transpare-cer a tua personalidade (nos seus pontos fortes mas também fracos - honestidade e pés na terra valem muito) e a forma como vês a sessão e te imaginas nela, na posição a que te candidatas. Há que dedicar tempo a este processo e, se pos-sível, assegurar revisões atentas daquilo que escreveste e da maneira como o escreveste. É um passo fulcral e obviamente definidor da tua participação na sessão, sendo por isso algo a que te deves dedicar seriamente, procurando até ajuda ex-terna sempre que sentires que precisas.

A partir do momento em que entras oficialmente na equipa (com o telefonema sempre agradável do presidente que te

faz saltar de formas que não sabias serem fisicamente pos-síveis) és atirado ao pre-sessão, e interessa desde já referir que Tampere se distinguiu de qualquer outra sessão inter-nacional pelo facto de terem sido implementados os chama-dos “projectos” - alternativas ou complementos às habituais moções, que muito sucintamente se traduzem em planos de acção real propostos pelo comité para dar soluções práticas aos tópicos propostos, cujo objectivo final é serem imple-mentadas pelos delegados (ou qualquer elemento externo à sessão) nas suas comunidades, países, ou mesmo a nível Europeu.

Desta forma, para além da escrita de Topic Overviews que também se destacaram da norma pelo grande componente gráfico e visualmente apelativa (tarefa que numa sessão in-ternacional requer um trabalho árduo de pesquisa e recolha/seleção de informação - que vai, claro, variar em função dos objectivos e visão académica que defines para ti próprio du-rante a sessão), a equipa de chairs teve um trabalho crucial e (demasiado) exigente na definição exacta e estruturação daquilo que são os projectos em concreto, como eles se vão propagar no futuro, como adaptar os momentos da sessão à sua realização, e como adaptar o teu chairing e gerir o teu tempo de committee work em função da opção de fazer uma moção, um projecto, ou ambos. Foram, portanto, criados vários grupos de trabalho dentro da equipa de chairs com o objectivo de criar vários documentos e guias relacionados com os projectos, que tomaram muito tempo do pré-sessão, para além das típicas tarefas e trabalho a desenvolver com os delegados (pre-session hype, fact sheets, opinion piec-es, questionários, etc.). O Chairs’ Academic Training (CAT) foi também fulcral neste processo, tendo sido maioritaria-mente dedicado à conceptualização dos projectos e não tan-to a trainings em si. Esse fim de semana com a equipa de chairs em Berlim é, para além duma grande ajuda e apoio de pré-sessão para os chairs, absolutamente essencial na criação duma dinâmica de grupo e equipa ainda antes da sessão ter tido lugar, para além dum grande boost de mo-tivação e antecipação do evento.

Mais rapidamente do que imaginarias, chega finalmente a sessão! Tampere foi uma sessão de verão não muito típica na medida em que… choveu em grande parte dos dias e o álcool foi grandemente barrado por políticas escandinavas demasiado restritivas (valeram as boas festas de quartos de hotel e os supermercados com preços exagerados para qualquer português). Não a posso descrever como a sessão mais inacreditável ou louca da minha vida, mas foi sem dúvi-da uma das mais divertidas, enriquecedoras e memoráveis, especialmente pelas pessoas presentes e o ambiente que por elas foi criado, pela rara interação funcional e natural entre equipas, e pelo facto de não ter havido qualquer incidente

TAMPERE 2015 - 79TH INTERNATIONAL SESSION

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ou problema organizacional (para além de 2 ou 3 alarmes de incêndio consecutivos numa manhã de committee work, que obrigaram toda a gente a sair da escola e interromper todos os trabalhos, por causa duma pequena nuvem de fumo na cozinha do refeitório).

Trabalhar numa equipa de chairs de elite, composta por pes-soas não só super experientes como também imensamente divertidas e afáveis, foi uma experiência fantástica, comple-mentada por uma aprendizagem fora do normal, para a qual 3 trainers externos contribuíram em grande medida. Foi sem dúvida a sessão mais ridiculamente exigente enquanto chair, desde o pré-sessão até ao pós-sessão, mas a nível de chairing em si tudo fluiu com naturalidade e deu-me grande prazer ter imenso tempo de teambuilding e committee work para experimentar mil e uma coisas que nunca anteriormente pude fazer (ou nunca em tanto pormenor/intensamente), sentindo sempre um grande apoio por parte da mesa e dos trainers presentes para ir mais longe e fugir de estruturas standard de chairing. Foi também bom perceber o quão o PEJ é capaz de mudar ao nível do produto final produzido pelos comités. O meu comité fez uma moção standard e tam-bém um projecto, que foi implementado depois da sessão, a par de alguns outros projectos de outros comités, que ain-da estão em desenvolvimento mas já a ter impacto real no mundo e a mudar pessoas. Passar das ideias à acção foi um dos grandes lemas e objectivos da sessão, o que se percebe ser perfeitamente possível com algumas mudanças na orga-nização, e se for esse um rumo que efetivamente o PEJ pre-tenda tomar, apesar de serem necessárias estruturas muito específicas para implementar projectos com sucesso em ses-sões de PEJ - nomeadamente bastante tempo de sessão em si.

Tampere foi a sessão onde mais aprendi sobre técnicas e fer-ramentas de chairing, onde mais experimentei, onde mais intensamente senti um espírito de coesão de equipa e apoio/dedicação da mesa para com os chairs, e onde mais profun-damente me liguei ao meu comité - provavelmente a sessão que mais recompensa me deu a nível de chairing e de sen-tir que proporcionei aos meus delegados uma experiência inesquecível e irrepetível, um dos meus grandes objectivos desde o seu início.

Participar numa sessão internacional como official é uma experiência que recomendo a qualquer pessoa que se sin-ta capaz e, principalmente, com vontade de o fazer. É sim necessária experiência, é sim necessário estar à espera de ser rejeitado e eventualmente sê-lo efectivamente, mas interessa também não ver uma sessão internacional como algo assim tão inalcançável, interessa continuar a tentar e a acumular não apenas sessões em quantidade mas sobretudo sessões relevantes e que te dêem algo de novo. Apenas dessa forma estarás preparado para ser official a um nível incrivelmente diferente e viver uma experiência intensa que te trará muito de bom e tanto ou mais de inesquecível.

João Moreira

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“A nossa missão é apoiar o crescimento de jovens para que se tornem cidadãos responsáveis e politicamente conscien-tes, envolvendo-os num pensamento de política europeia e promovendo compreensão intercultural”.

Esta é a missão do European Youth Parliament, previamente acordada entre o Governing Body (GB), os Comités Nacio-nais (NC) e a Schwarzkopf Foundation, e é esta missão que cada pejista deve ver como sua. Mas devemos questionar se este objetivo está a ser cumprido, procurando sempre a mel-hor ação para que o objetivo primeiro do EYP seja mantido.

Apesar de todos conhecermos o melhor do EYP, o conceito de jovens, com os quais procuramos intervir, é um conceito muito lato, e a atividade pejista nem sempre alcança todos aqueles que se enquadrem nesse conceito. Pela tipologia dos eventos e pelo processo de seleção dos estudantes, do exclu-sivo âmbito das escolas, podemos recair num conjunto regu-lar de participantes do mesmo contexto social ou da mesma origem socioeconómica, restringindo gravosamente o espec-tro de jovens que têm acesso às nossas atividades.Este é um dos problemas de vários eventos juvenis organi-zados a nível internacional e o EYP deve, e procura, distan-ciar-se desta lacuna. Neste sentido, um dos três objetivos principais na Estratégia do EYP é a inclusão, prevendo esta que o “Parlamento Europeu dos Jovens (…) pode abrir novas perspetivas para jovens que não teriam de outra forma aces-so a estas oportunidades pela sua situação social, económica ou educacional”.

A par da inclusão surge outro conceito – outreach – que podemos compreender como o alcance das atividades que o EYP realiza. Inclusão é um objetivo de uma organização e uma boa prática, que se traduz em criar oportunidades ig-uais para todos os jovens, garantindo que todos podem par-ticipar nas atividades da nossa associação.

Outreach deve ser compreendido como uma forma de prov-idenciar atividades a jovens que não teriam acesso ao EYP de outra forma, criando atividades especialmente pensadas e adaptadas para este grupo.

Alguns dos grupo-alvo que podemos identificar como in-cluídos neste espaço cinzento de jovens a que o EYP não consegue chegar, são estudantes de escolas vocacionais, jovens imigrantes, ou jovens residentes em áreas remotas, entre outros. Todos estes e muitos mais se enquadram no conceito de jovens cujo crescimento e desenvolvimento de-vemos apoiar. Se o que nós fazemos é algo de positivo e que nos mune de valências úteis no nosso futuro, então porquê restringir aqueles que podemos ajudar?!

Inclusão e outreach não são conceitos novos no EYP, tendo inclusive sido organizado um Training em torno deste tema. O 1º Training Internacional de Outreach do EYP foi orga-nizado pelo EYP Greece, e deu oportunidade a 16 pejistas de pensarem na inclusão de jovens com deficiências numa sessão do EYP assim como perspetivas de alcance a jovens de estratos socioeconómicos díspares.

Algo tão mágico e rico como o EYP não deve estar limita-do por padrões sociais, principalmente quando existe tanto potencial e tantos jovens interessados em aprender. Somos todos jovens cidadãos europeus e esta afinidade é uma corda que pode unir tantos quantos nós quisermos, apenas temos de nos lembrar de unir aqueles que quem veio antes de nós não conseguiu.

Bruno Ribeiro

Outreach & Inclusion: O Parlamento Europeu dos Jovens é um projeto, modéstia à parte, de grande valor. Não obstante, uma das mais prementes críticas é a falta de inclusividade nos seus eventos. Será que o PEJ dá oportunidade a jovens de todas as regiões ou estratos sócio-económicos? O Bruno Ribeiro, responsável pelo Departamento de Sócios da APPEJ, aborda esta temática.

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Estivemos à conversa com Joana Vieira da Silva. Membro honorário da Associação, esteve ativa entre 2004 e 2009, tendo sido a primeira jovem a presidir uma Direção da Associação (2009-2012). Como as histórias são muitas e a conversa se alongou, trazemo-vos este mês a primeira parte da entrevista com a “Jana”, na qual rebobinamos a cassete e exploramos o seu percurso desde delegada até à formação da lista candidata à Direção.

2004 – O primeiro contacto

Jana: Fui delegada numa Nacional, em Sines. Há muito tempo atrás. Lem-bro-me que foi uma experiência muito sui generis, não estava nada a contar com aquilo. Eu lembro-me que apenas 3 ou 4 dias antes soubemos que íamos. Era numa altura em que já enviávamos de antemão as moções e tínhamos aces-so às outras. Lembro-me de estarmos no autocarro para Sines a ler as moções dos outros e a conversarmos entre nós e discutirmos todos os assuntos.Era outro tempo porque não havia din-heiro. Quando chegou a altura da ses-são a prof. Eduarda (Moreira) andou a pedir a todos os santinhos para pelo menos pagar a camioneta para Sines. Na altura não se arranjava dinheiro em lado nenhum. Acabou por ser a Junta de Freguesia de Custóias que se chegou à frente e pagaram o autocarro. Fomos quase por acaso. Tanto que em termos de preparação não tivemos tempo nen-hum, porque já tínhamos dado aquilo como perdido.

SumUp: Mas já tinham feito a moção na mesma…

Jana: Tínhamos feito a moção. A Edu andou por várias salas a fazer o con-vite: “Existe este projeto, gostávamos muito de ter gente de diversas áreas”. Eramos todos de 12º ano. Acabámos por ficar com gente de todas as áreas, para termos input diferentes nas várias questões.

SumUp: Pois, na altura era bem visto ter quem falasse inglês e francês, ter al-guem para o EuroConcert…

Jana: Sim, uma das mais valias na al-tura, o falar francês, hoje é algo com-pletamente desvalorizado, porque não é por aí. Na altura não, falar duas lín-guas era valorizado. Na medida em que nós não tínhamos muita gente flu-ente em duas línguas, mas sim gente fluente em inglês e gente fluente em

francês e depois chegavas no momento e distribuías as intervenções de forma a fazer o bonito e ter uma ou duas inter-venções em francês.

SumUp: E também para traduzir as dos outros…

Jana: Sim, muitas vezes tínhamos intervenções mais simples em que se apontava, o Kelly traduzia para outros delegados, que não eram tão fluentes nem em inglês nem em francês e assim fazíamos o bonito de toda a gente in-tervir. Na altura o que interessava era uma participação conjunta de toda a delegação, tinha que ser praticamente equitativa, claro que uma ou outra pes-soa estava muito mais à vontade, não obstante, a ideia era teres toda a gente a participar e a ter pelo menos uma in-tervenção por debate.

SumUp: Só para te pôr em perspetiva, o Francês foi abolido nas SI. Os miúdos são organizados por Committee e não Delegação e são selecionados individ-ualmente. É tudo muito diferente em relação a essa altura. Queria saber tam-bém, quantos dias tinha a sessão e que momentos tinha?

Jana: Eu não quero jurar mas tenho quase a certeza que foram 3 dias (6ª, Sab, Dom). Como as moções estavam feitas, metade do trabalho ia pela jane-la. Então havia um dia que era perfeit-amente lúdico, em que visitávamos a cidade. Era muito menos…as coisas não estavam definidas de uma forma tão bloco como imagino que hoje este-jam. Tens horas para tudo e as coisas têm de ser controladas. Na altura não. Havia tempos, havia horários, havia gente para os fazer cumprir, mas havia um bocadinho de flexibilidade. Lem-bro-me da Eurovillage ser muito tarde por exemplo. Era tudo mais ligeiro em relação às horas.

SumUp: E a nível de momentos de Sessão, o que existia?

Jana: Tinhas um Team Building de tarde. Não chegámos assim tão cedo. A visita não me lembro se era sexta ou sábado. A nível de trabalho de comissão tinhas muito pouco. Eu lembro-me que trabalho com o chair até era mais à noi-te. Nós conversávamos um bocadinho a noite. Tinhamos feito um bocado do trabalho pelo caminho. Como tinhas gente de todas as áreas, estavam todas as frentes cobertas. Chegando lá, não tivemos grande tempo de recolher doc-umentação. Era um bocado a nossa cul-tura geral a falar. Porque não tivemos muito tempo.

SumUp: Então o Committee Work era para vocês prepararem os vossos dis-cursos e intervenções…

Jana: Sim, decidir quem ia fazer o quê. Ver quem estava mais à vontade com que tema. No sentido de falar um bocadinho e ver quem tinha um input de interesse. Essencialmente era isto. Fazer um bocadinho o trabalho de ver se tínhamos algo a dizer, a nossa in-clinação: se era uma moção com a qual concordávamos ou não, se não quais

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eram as questões a colocar. E mesmo fazer um bocadinho do trabalho de ad-vogado do diabo, em relação à nossa, porque lembro-me que nós…quando estás a trabalhar numa coisa que é tua, encontras mais fragilidades que se cal-har ninguém vê. Estávamos com muito receio.

SumUp: Na altura eram todos portu-gueses. Delegados, Officials, etc. Havia períodos que o PEJ era todo em portu-guês, não era?

Jana: Sim, tudo era em português. Tudo aquilo que descrevi até agora, ti-rando a Assembleia Geral, era em por-tuguês. Era outra coisa…

SumUp: Pois, o Committee Work até podia ser mais profundo pela fluência mas perdiam-se outras coisas…

Jana: Sim, não fazia sentido. Se esti-veres a ter uma discussão em inglês, a dada altura nem te apercebes em que língua estás a falar e duma forma ou doutra tu fazes-te entender. Isto de teres uma discussão em português e depois chegares à Assembleia e teres de transpor para inglês, é um trabalho de tradução no qual vais ser absoluta-mente ineficaz. Acho muito mais útil ter toda esta conversa em inglês e che-gar lá e as coisas já estão formatadas na minha cabeça, é tudo mais fluído. Eu lembro-me que fiz um attack speech com a Sara Miguel à porta de uma casa de banho. Lembro-me vivamente. As duas a escrever um attack speech a um committee qualquer. Tivemos esta con-versa no início do Coffee-break, avisá-mos o nosso chair e abdicámos do Cof-fee Break para fazer um Attack Speech. Aquilo pareceu-nos subitamente que fazia todo o sentido e isto aconteceu porque não tínhamos esse tempo para preparar tudo, que devia ter havido. Poderia ter sido uma coisa com muito mais qualidade e interesse, se tivésse-mos tido esse tempo que hoje em dia eles têm.

SumUp: No fundo, ia-se fazendo…

Jana: Sim, na altura ia-se fazendo. Quem quisesse corria atrás. Embora nós não soubéssemos muito bem o que estávamos a fazer, porque não havia contexto, não havia site, nada.

SumUp: Não havia documentos de pré-sessão, não havia nada…

Jana: Não. Recebemos algumas ex-plicações, recebemos as moções, e era isto que nós tínhamos para nos mexer. Explicaram-nos em termos mecânic-os o programa para os dias e acabava aí. Não havia mais nada que tivessem para te dizer. Tu ias apreendendo e de-pois dependia da tua vontade de correr atrás.

A Sessão Internacional

SumUp: Depois foste selecionada e foram à Noruega…

Jana: Sim, em Stavengerd.

SumUp: E aí, como foi a diferença? Já vimos que em Portugal, era tudo em português e com todas estas limitações. Como foi chegar a uma IS nessa altura?

Jana: Aquilo foi, para todos nós um soco no estomago mal chegámos. Primeiro tínhamos um trabalho de pré-sessão incrível, porque aí o Padrão fomentou de facto isso. Tínhamos re-uniões, organizámos e preparámos os temas que cada um selecionou e depois verdadeiramente estudámos e fizemos tudo o que não tínhamos tido oportuni-dade na nacional.Mas qual foi o problema? O problema é que chegamos lá e estávamos a falar com gente que veio de um ambiente que está perfeitamente preparado para

fazer trabalho de Comissão, não estás a fazer a tua moção com os teus ami-guinhos em português, estás a discutir ideias com gente com uma fluência a léguas da tua, com noções muito con-cretas das opiniões e já com um pro-jeto em mente. Nós não levávamos as coisas projetadas, íamos naquela in-ocência de: estudei o meu tema, tenho as minhas opiniões, vamos discutir e conversar. Não, as pessoas já entravam lá com, não diria lobbies, mas coisas já preparadas e a manipulação começou logo a trabalhar desde este primeiro instante. E nós não estávamos de todo preparados para isto. Lembro-me per-feitamente que a outra delegação que não estava preparada para isto era a espanhola. Eles ainda estavam mais atrasados que nós, mesmo a nível de seleção da escola que ia. Eles não tin-ham noção nenhuma para onde iam e aí apercebemo-nos, foi muito palpável quais eram as limitações da nossa na-cional e da nossa preparação. Entretan-to, como eram mais dias, fomo-nos am-bientando, fazendo as nossas alianças e começando a ficar melhor.

SumUp: Mas era tudo muito political, já estou a ver.

Jana: Sim, muito. Eu lembro-me que o meu comittee, era sobre a criação de um banco de amostras de ADN a nível europeu. Eu lembro-me de ter havido uma tipa que votou contra, porque ia contra a ideia fundamental dela. Che-gou ao fim e disse: vou votar contra.

“Jana” Vieira da Silva e Rute Loureiro

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Era uma estrutura completamente diferente daquilo que sabíamos que ia acontecer.

SumUp: Mas overall gostaram ou não?

Jana: A nossa perceção foi: o início foi complicado, porque não íamos prepa-rados para mas quando a estrutura é tão díspar dificulta muito, pois quan-do começas a engrenar já está quase a acabar e perdias a experiência. Depois é engraçado perceber, por exemplo que tudo o que é latino se dá bem. Acima de tudo o que trouxe comigo e aplico em tudo o que faço foram os métodos dif-erentes de trabalho e estar na europa. Não podemos esperar que um britâni-co se comporte da mesma maneira que um português em discussão. E quando os sentas todos numa sala é incrível ter de coordenar gente que tem maneiras de estar e discutir totalmente difer-entes.

A “carreira” de Official – 2005-2009

SumUp: Depois voltaste e foste ofi-cial. Como funcionava esse processo naquela altura?

Jana: Foi absolutamente surreal. Lembro-me de estar a preparar a nos-sa atuação para a Sessão Internacional, na Escola do Padrão. De repente a pro-fessora Fernanda, a nossa professora, desce as escadas do conselho diretivo e diz: a professora Armanda (Camisão, presidente da Associação 1989-2009) está a ligar, tem interesse em algumas pessoas da nossa delegação. Isto era na altura em que só eras convidado para participar se tivesses ganho a SSN. Não é que não houvesse outros officials, mas essas pessoas tiveram que ir atrás. Eu tive essa facilidade, não tive de correr tanto atrás porque foram ter comigo e perguntaram: querem ir? Na altura fi-cou tudo muito indeciso, mas eu, a Sara Miguel e a Cristiana voluntariamo-nos e acho que foi isto.

SumUp: Foram para onde?

Jana: A primeira posição era insólita. Eramos observadoras. Íamos lá para observar não sei bem o quê. Se nós nunca tivéssemos tido uma experiência

de nacional ainda percebia, mas ago-ra não havia grande ciência, porque a estrutura não tinha mudado muito. Fomos as três à SSN de Viseu como ob-servadoras.

SumUp: Depois daí ainda foste official de 2005 a 2009, ou mesmo em Direção também?

Jana: Não em Direção só fui Presiden-te de uma Nacional porque eles tinham pena de mim porque de resto não ocu-pei nenhum lugar de offical.

SumUp: Mas como foi ser official?

Jana: Foi algo completamente surre-al, depois de Viseu, voltei da Noruega e recebo uma chamada do Ricardo (Vas-concelos, membro da Direção 2005-2012). O Ricardo já estava na Direção como secretário ou vogal e ele convi-dou-me para ser chair numa sessão. Ele até hoje diz que se lembra da con-versa porque achou a minha reação es-túpida, a minha reação foi “isso é algo muito importante” eu não me sentia capaz e assumi aquilo como um con-vite de grande responsabilidade, tanto que eu disse-lhe mesmo que tinha de pensar sobre o assunto. O Ricardo até hoje me goza com isso, porque eu disse que tinha de pensar antes de lhe dizer que sim. Lembro-me que desliguei a chamada, refleti sobre o assunto e só depois é que lhe disse que sim.

SumUp: Mas nessa altura não havia propriamente training ou formação, não é? A mesa não falava convosco no pré-sessão.

Jana: Não, ninguém falava com nin-guém.

SumUp: Não recebias um PDF, não tinhas nada…

Jana: Sim foi nesse sentido que surgiu o Litos (Carlos). Ele era o coordenador de chairs. Aquela pessoa que era ex-tremamente competente no que fazia, era um líder nato e era ótimo a trans-mitir como era esta coisa da liderança e da coordenação. Mas isto foi apenas mais tarde. Porque eu lembro-me que das primeiras vezes que fui chair, fui falando com ele, pedir-lhe opiniões e feedback.

SumUp: Mais uma vez, era preciso correr atrás e não haviam os mecanis-mos prévios

Jana: Sim, não havia. Tanto que a minha primeira sessão como chair na Covilhã, havia o Hélder Medeiros como Presidente da Mesa e havia um coor-denador da Assembleia. Algo absoluta-mente insólito, até hoje não sei o que ele fazia.

SumUp: E que outras experiencias ti-veste enquanto official?

Jana: Em termos de official fui sempre cá. Na altura havia só sessões naciona-is, duas por ano. A partir daí fui sendo chair, cheguei a ser secretária da mesa na Madeira e depois vice-presidente. Nesta altura, já tínhamos conseguido fazer o lobbying para que houvesse o chair coordinator. Essencialmente as vivências foram estas.

Entretanto, enquanto tinha esta ex-periência enquanto official passei a trabalhar com a Direção. Isto porque a Armanda estava no Porto, o Ricardo também, a prof Adozinda também e eu comecei a ir participando nas reuniões dele, a ir ajudando, como se fizesse par-te da Direção mas sem cargo nenhum. Foi muito porreiro porque fui tendo a oportunidade de, junto com o Ricar-do, fazer o lobbying no sentido da mu-dança.

SumUp: Isto que descreves é quando, mesmo antes de entrares para a direção em 2009?

Jana: Mesmo antes, em 2005, mais ou menos. Eu lembro-me que todos os meus colegas da faculdade se lembram das conversas de: “Sim professora Ar-manda, diga”. Lembro-me de estar no meu ano de caloira, portanto logo em 2005 e começar a ir a estas reuniões, tomar café com eles. Acima de tudo acho que o Ricardo precisava de mais uma jovem que estivesse no Porto e com disponibilidade.

SumUp: Entramos numa fase um bo-cado mais sensível. Vocês, os jovens com mais sede de mudança, inseridos numa Direção de pessoas mais antigas. Havia crispação ou não?

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Jana: Não, de todo. Porque acabou tudo por ser feito de uma forma muito saudável. Porque a professora Arman-da já estava há muito tempo a dizer que queria sair da Associação e quem falava muito com ela no sentido de ela abandonar era a professora Adosin-da. Era uma professora muito difer-ente, sempre acreditou genuinamente na importância de ter mais jovens na Direção, muito incentivou que eu e o Ricardo fossemos participando nas reuniões, pensando 2 quilómetros à frente. Pensava: quando fôr para acon-tecer, pelo menos sabemos que alguém “fala a mesma língua”. O problema (de-sta transição) era que por muito que tu queiras abandonar, quando tens ao mesmo tempo uma ligação tão afetiva com um projeto que tu criaste, é muito difícil dizer: é hoje! Isto parece aquela pessoa que tem um trabalho e diz todos os dias: é hoje que me reformo. Mas é difícil porque depois quando acabas ficas a pensar e agora vou para onde? O que vou fazer? Agora tenho de ol-har para o meu marido todos os dias. Mais tarde falei com ela várias vezes e ela continua extremamente ativa. Faz leituras num hospital, continua muito dedicada a causas em que acredita, é uma mulher cheia de hobbies e é uma pessoa com muita vontade e genica, de-terminada. Arranjou o que fazer: o que foi complicado foi tomar a decisão: OK, é agora. Estabeleceu-se ali uma data, que seria o final do mandato da direção (em 2009). Acima de tudo, quando nós (Jana e Ricardo) dissemos, vamos avançar com uma lista, de alguma for-ma tranquilizou-a um pouco pois pen-sou: isto vai ter continuidade. Esse era o grande medo dela, que quando saísse ninguém pegasse nisso. Foi quando tivemos essa conversa com ela, e lhe dissemos que achávamos que não de-via ser um professor a presidir, porque uma associação juvenil devia ter um jovem.

SumUp: Nessa altura já deviam ter outra noção, o Ricardo era já re-sponsável pelas Relações Internaciona-is, não era?

Jana: Sim, e toda a gente com quem falávamos lá fora ficava muito sur-preendida quando dizíamos que a presidente era uma professora. Lá fora só acontecia na Ucrânia, de resto eram

jovens à frente dos Comités Nacionais. Quando nós lhe dissemos, vamos pegar e mesmo sem sabermos bem como ía-mos fazer, íamos, isso tranquilizou-a muito. Aí a professora Adosinda tam-bém ajudou a fazer o lobby Edu(arda Moreira).

SumUp: Pois, na altura a professora Eduarda não fazia parte da Direção, era uma professora acompanhante do Padrão…

Jana: Sim, e não tinha qualquer inter-esse (achava ela) em integrar a Direção. Creio que ela só o fez porque fomos nós a pedir, naquela perspetiva do: se não for assim, não vai resultar.

SumUp: No sentido em que faltava uma professora?

Jana: Sim porque, isto foi há muito tempo atrás. Em que ninguém sabia o que era o PEJ, enquanto associação não tinha credibilidade absolutamente nenhuma, quem tinha participado gostava e sabia que era muito porreiro, muito interessante, os professores viam nisto uma mais valia, mas em tempos de imagem e de estrutura não havia credibilidade.Qual era o problema? Quando há miú-dos a pegarem no telefone e a fazerem chamadas, não quer participar? não quer vir? continuávamos a ter os mes-mos handicaps. Não vamos conseguir convencer ninguém, ninguém vai quer-er vir, não vamos ter escolas e estamos tramados. A estrutura ainda não estava montada.

SumUp: Pois e era diferente ter uma professora a trabalhar com os pares…

Jana: Exatamente, era diferente ter a Edu a dizer “Boa tarde, sou Eduar-da Moreira, professora na Escola do Padrão da Légua, Vice-presidente da Associação”. Era diferente, depois a Edu tem aquela lábia e manipula toda a gente, mesmo sem querer e então funcionava bem. Então foi nessa pers-petiva que na altura fizemos esse lobby. Na altura para nós era muito certo que precisávamos da Edu, precisávamos do Litos, e do Nuno. Entretanto também falámos com a Catarina. Foi aquela coisa do vais somando um mais um, preciso desta pessoa para isto, desta para aquilo. A Catarina estava a mex-er-se muito bem na organização das SSN. Precisamos desta pessoa para estruturar as SSN. Precisamos do José Alguém, porque vai-nos ajudar muito na parte da tesouraria e fomos dire-cionando quem precisávamos para os cargos. Partindo sempre da premissa, gente que se mexa bem cá dentro, gen-te que tenha algum tipo de influência, para não haver grandes dificuldades em termos de trabalho interno e para reorganizarmos a casa no sentido que nós achávamos que ela devia ir a par-tir de agora. Não é que fosse errado o sentido que estava a ser seguido. Mas isto é como uma empresa, tem de ha-ver aquele momento em que as pessoas têm a maturidade de avaliar o caminho em que estão e dizer: este caminho foi giro, mas já esgotámos tudo o que isto tinha de bom. Vamos revisitar as prin-cipais ideias que temos sobre este pro-jeto e vamos restrutura-lo num sentido diferente.

*Na próxima edição teremos a segunda parte da entrevista*

Catarina Silva, Ricardo Vasconcelos, Jana e Eduarda Moreira, membros da Direção da APPEJ (2009-2012)

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São vários os mecanismos que mantêm uma democracia em funcionamento, sendo uma sociedade educada, irrevogavel-mente, um deles. Para que a democracia possa ser alcançada, é necessário que as pessoas tenham noção dos seus direitos e deveres, com-preendam o sistema político, estejam conscientes da reali-dade e das dificuldades da sociedade e, ainda, que estejam na posse das ferramentas necessárias para que consigam decidir como querem que esses mesmos problemas sejam resolvidos. Se os cidadãos forem desinformados e não ed-ucados, a democracia não tem como sobreviver à constante corrosão de que é alvo. A consciência de que a educação é uma premissa para uma sociedade desenvolvida e a implementação de sistemas de ensino que a garantam não é novidade e é louvável, não sendo, de todo, o valor da educação aqui questionado, no entanto, há que pensar se todos têm acesso a esta “arma capaz de mudar o mundo” e esta não é um privilégio só de alguns. Algures nas aulas de História, aprendemos que esta discrepância não teve bons resultados em vários momentos do passado, levando-nos a descartar a possibilidade de uma educação de elites. E se esta privação de educação for atual? E se esta realidade não se limitar a países em desenvolvimento nos quais a ed-ucação está condicionada pelo estatuto económico-social ou pelo género? E se for também um problema do “mundo civ-ilizado”, onde mais do que ser um direito, a educação é um dever? Incoerente, mas verdade. Lamentavelmente, muito embora “o igual como igual e o dif-erente como diferente” seja uma máxima de conhecimento geral e, muitas vezes, transmitida na escola, o sistema de ed-ucação trata todos como iguais, não deixando espaço para o diferente. As minorias não são verdadeiramente respeit-adas, sendo forçadas a ser educadas num ambiente que não se lhes adequa. Mais ainda, a homogeneização do sistema é tão limitadora que, muitas vezes, os alunos mais facilmente se encaixam no “diferente” do que no “igual”. “Minoria”, “maioria”, “diferente” ou “igual” é nos sempre apresentada exatamente a mesma receita de educação, que, por ser desajustada da personalidade e cultura de cada um, acaba por não cumprir a sua função e, devido à não con-cretização de um dos princípios fundamentais da democ-racia, acabamos privados de uma educação, que deveria ser guardiã da democracia.

É uma realidade infeliz e de solução difícil, contudo, urge refletir sobre este assunto e trabalhar para a construção de um sistema de ensino democrático. Será, sem dúvida, uma tarefa quase sísifica, mas cabe-nos a nós dar à educação uma oportunidade para ser o que pode, e deve, ser.

Carolina Macedo dos Santos

EUROPA AGORANo Europa Agora desta edição, a Carolina Macedo dos Santos aborda a importância da educação para as sociedades democráticas

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Não obstante o facto de, no nosso país, a educação até ao ensino secundário ser obrigatória, isto nem sempre gar-ante que estas crianças obtenham uma educação. Currículos cada vez mais ex-tensos e complexos, turmas cada vez maiores e professores sobrecarregados com trabalho propiciam situações em que as crianças não têm o apoio e a dis-ponibilidade necessárias para aprender a matéria.

Se, por uma multiplicidade de fatores, uma criança é considerada “difícil”, é mais fácil aplicar medidas punitivas em oposição a tentar perceber e solucionar o que faz com que a criança aja dessa forma.A maior parte dos pais tenta solucionar este problema ao contratar explica-dores privados ou ao inscrever as cri-anças em centros de estudo. Contudo, nem todos os pais possuem a capaci-dade financeira para suportar estes custos, considerando que, no fim do mês, estes superam garantidamente os 100€.

O Já T’Explico tem, precisamente, como principal objetivo fornecer uma oportunidade a todas as crianças de aprender e crescer, por mais dificul-dades financeiras que tenham. Foi criado por um grupo de estudantes universitários e pretende combater o insucesso escolar entre crianças dos 10 aos 15 anos.

EYPers probably like...Porque os PEJistas costumam ter talentos e interesses diversos, achámos relevante criar um es-paço para partilha de hobbies, associações ou causas que, para além do nosso PEJ, movem os Associados. Tens algo para partilhar com a família pejista? Envia um e-mail com o assunto [EYPers Probably Like] para [email protected]

Para concretizar este audacioso obje-tivo, contamos com a participação de mais de 40 estudantes universitários que se voluntariaram para dar expli-cações a estas crianças, 5 dias por se-mana, em 2 polos diferentes, comple-tamente gratuitas! Para além destes voluntários, temos 30 associados que trabalham diariamente para dar à As-sociação tudo o que precisa, organiza-

dos em departamentos, desde Recursos Humanos ao Marketing.

Nelson Mandela disse que “a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo”. Nós quer-emos dar poder a estas crianças, uma voz, para que elas saibam que há um outro caminho para elas seguirem.

Miguel Silva

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QUANDO: 13 e 17 Abril

CANDIDATURAS PARA: Head Organiser

DEADLINE CANDIDATURA: 30 outubro, 23:59 GMT

“A Direção da APPEJ vem por este meio anunciar que se encontra aberto o período de candidaturas para Head-or-

PACK & GO

QUANDO: 3 e 5 Dezembro

ONDE: Kiev

CANDIDATURAS PARA: Jornalistas (6) e Editor de Vídeo (1)

DEADLINE CANDIDATURA: 1 novembro

“Le Parlement Européen des Jeunes – Ukraine est ravi de lancer l’appel à candidatures pour les journalistes de la Première Session Régionale Fran-cophone, qui aura lieu à Kiev du jeu-di 3 décembre au samedi 5 décembre, rassemblant plus de 100 participants d’Ukraine, du Canada, de France, de Belgique, de Suisse, et d’autres pays d’Europe.

Nous avons l’honneur d’accueillir Na-than Hunter (FR) comme président de

ganisers para a 34ª Sessão de Seleção Nacional, que se realizará entre os dias 13 e 17 de abril de 2016.

Caso estejam interessados neste desa-fio, devem preencher o documento em anexo e enviá-lo para [email protected], até ao dia 30 de outubro, 23:59 GMT. Todas as candi-daturas serão cuidadosamente analisa-das pela Direção da APPEJ.”

34ª Sessão de Seleção Nacional - PEJ Portugal

la session. Le nom des éditeurs, ainsi que leur vision, seront communiqués prochainement.

Nous recherchons désormais 6 journal-istes et 1 journaliste-vidéo.Les journalistes sont attendus à Kiev dès le 2 décembre avant 12:00 heures afin de participer au teambuilding et à la formation des officiels. Il n’y a pas de frais de participation pour les journal-istes.Important : les candidats ont besoin de parler français pour être sélectionnés

Si vous avez la moindre question, n’hésitez pas à nous contacter à : [email protected].

Vous pouvez suivre l’actualité de la session sur Facebook : www.facebook.com/regional.francophone.ukraine.”

1ª Sessão Regional Francófona – EYP Austria

QUANDO: 3 e 6 dezembro

ONDE: Zagreb

CANDIDATURAS PARA: Vice-Presi-dente (2); Chairperson (12); Membros Media Team (7)

DEADLINE CANDIDATURA: 3 no-vembro

“Besides promising you a good team, we can guarantee you will have an amazing

time experiencing the pre-Christmas ambient of a city known to Europe as a mixture of Vienna and Budapest, with a spark of something unique, domestic and heartwarming.If you wish to join us from December 3rd to December 6th as a member of our CJO team, please fill out this form and send it to us at [email protected] by the 3rd of No-vember.”

Formulário candidatura

4ª Sessão Regional – EYP Croacia

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