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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011 Elaborado pela

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Relatório Tecnocom sobre

TENDÊNCIAS EMMEIOS DE PAGAMENTO 2011

MadridJosefa Valcárcel, 2628027 MadridTlf: (+34) 914 368 100 / 901 900 900Att. Comercial. 902 135 555Fax: (+34) 914 368 [email protected]

Elaborado pela

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Copyright 2011 Telecomunicaciones y Energía, S.A.Todos os direitos reservados Tecnocom e seu logotipo são marcas registradas pela Telecomunicaciones y Energía, S.A. Produção gráfica www.gcarrousel.com

A Tecnocom é uma multinacional espanhola negociada na Bolsa de Madri desde 1987. Em 2006, iniciou um processo corporativo de expansão com o objetivo de chegar a ser líder no mercado da tecnologia da informação espanhol.

A Tecnocom é uma das cinco primeiras empresas do setor de tecnologia da informação na Espanha (cerca de 400 milhões de euros em receitas), com ampla experiência em operações de alto nível tecnológico, como meios de pagamento bancários ou sistemas de automatização. Sua presença regional inclui Espanha, Portugal e América Latina (Chile, Colômbia, México, Peru, Brasil, Costa Rica e República Dominicana).

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Relatório Tecnocom sobre

TENDÊNCIAS EMMEIOS DE PAGAMENTO 2011

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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É um prazer para a Tecnocom apresentar esta primeira edição do Relatório sobre Tendências em meios de pagamento eletrôni-cos 2011 na Espanha e na América Latina.

A Tecnocom desenvolveu um profundo conhecimento em consultoria de TI, fabricou soluções próprias e implementou a gestão de processos de meios de pagamento nas principais entidades bancárias e financeiras espanholas e latino-americanas. O resul-tado é um relatório exaustivo sobre a situação atual e a evolução dos meios de pagamento em curto e médio prazo.

Ao definir a visão estratégica do relatório, determinamos dois objetivos fundamentais. O primeiro é abordar da forma mais ampla possível todos os mercados em que a Tecnocom desenvolve seu negócio. Identificamos rapidamente que os fatores econômicos, sociais e tecnológicos, com destaque para o nível de bancarização e a penetração dos serviços de telefonia celular, determinam em cada país a tendência a adotar os diferentes meios de pagamento e o tipo de operações realizadas. Por este motivo e para garantir a confiabilidade da informação, concentramos a análise em Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, República Dominicana e Espanha.

O outro objetivo que definimos é estabelecer uma métrica que permita a comparação direta entre o nível de desenvolvimento dos meios de pagamento eletrônicos nos países incluídos no estudo. Este objetivo foi alcançado elaborando um indicador sin-tético que agrupa as variáveis que consideramos principais e que batizamos como Indicador Tecnocom de demanda por meios de pagamento eletrônicos. A periodicidade anual das edições do relatório permitirá consolidar este indicador como referência e convertê-lo em uma ferramenta de conhecimento quantitativo e qualitativo do setor TIC.

Confiamos que o resultado deste projeto seja de seu interesse e ajude em sua atividade profissional. Isso permitirá que se con-solide e se torne um apoio esperado e valorizado no mundo dos meios de pagamento eletrônicos, no setor financeiro e bancário, e no setor das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Javier MartínDiretor Executivo da Tecnocom

Prólogos

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Nos últimos anos, estamos vivendo uma substituição gradual dos instrumentos de pagamento baseados em papel por outros de tipo eletrônico, e que abrangem um amplo leque de tecnologias, desde os cartões até os pagamentos com celular. Esta migração para o uso dos meios de pagamento eletrônicos deve-se em boa medida ao esforço das entidades financeiras para intensificar o uso das tecnologias da informação e da comunicação nos sistemas de pagamento de varejo. A modernização dos sistemas per-mitiu que instituições depositárias, processadores de pagamentos e bandeiras introduzissem novos instrumentos de pagamento e reduzissem os custos de processamento dos existentes.

Sem dúvida, são notícias excelentes para a Espanha e a América Latina, já que o desenvolvimento de uma infraestrutura eficien-te que facilita os pagamentos eletrônicos é essencial para o desenvolvimento financeiro e o progresso dos países. No caso da Espanha, embora tenha níveis de penetração bancária entre os mais altos do mundo, ainda resta caminho a percorrer na adoção de alternativas eletrônicas ao dinheiro em espécie. Para a América Latina, o desafio duplo deve ser manter o forte crescimento observado no uso de cartões de crédito e, simultaneamente, continuar avançando no esforço de bancarização das maiorias. Além da comodidade e segurança que o uso dos meios de pagamento eletrônicos oferece aos usuários particulares, também podem servir para promover a inclusão financeira e melhorar a eficiência de empresas e administrações públicas. A canalização dos pagamentos de salários e dos subsídios públicos através de meios eletrônicos, por exemplo, poderia reduzir drasticamente os custos operacionais dessas funções.

A Tecnocom confiou à Afi (Analistas Financieros Internacionales) a realização de uma análise ambiciosa, que reflete as tendên-cias nos meios de pagamento eletrônicos, e servirá como ponto de partida para acompanhar, ano após ano, a evolução de um setor cujas perspectivas de futuro são incomparáveis. Estamos convencidos de que este trabalho é a melhor base para conhecer as oportunidades e os desafios específicos que o setor enfrentará a partir de 2012.

Emilio OntiverosPresidente da Afi, Analistas Financieros Internacionales

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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A elaboração deste relatório foi possível graças à colaboração de muitos profissionais do setor de meios de pagamento. Quere-mos expressar nosso especial agradecimento a:

Brasil:Adriana Aderaldo de Góes (Caixa Econômica Federal); Marcelo de Araújo Noronha (Bradesco); Clau Duarte (Santander); Mardilson Fernandes Queiroz (Banco Central do Brasil); Denilson Gonçalves Molina (Banco do Brasil); Maria Izabel Gribel de Castro (Banco do Brazil); Rogério Antônio Lucca (Banco Central do Brasil); Daso Maranhão Coimbra (Banco Central do Brasil); Edison Pacheco de Aquino Júnior (Santander); Cicero Przendsiuk (Banco do Brasil); Alexandre Rappaport (Bradesco); José Antonio de Souza (Caixa Econômica Federal).

Chile:Milton Vásquez Villarroel (Scotiabank Chile)

Colômbia:Paula Ángel Espinosa (Bancolombia); Raúl González Cardoso (Colpatria); Margarita María Henao Cabrera (Asobancaria); Pedro Luís Villegas (Credibanco Visa).

EspanhaFrancisco Castells (BBVA); Javier Celaya (Bankia); Miguel Ángel Domínguez Maldonado (Cajamar); Albert Figueres Moreno (Banco Sabadell); María Eugenia Lorenzo (Banco Popular); José Valiño (Hal Cash).

México:Luiz Barbosa (CEMLA); Benjamín Bernal Díez (Comisión Nacional Bancaria y de Valores); Ruth Brennan (HSBC); Jesús Alejandro Cervantes González (CEMLA); José Raúl Fernández (Banco Walmart); Jorge Fernández García Travesi (Santander); Javier Granguillhome Morfín (CEMLA); Carlos López-Moctezuma (Comisión Nacional Bancaria y de Valores); Arturo Murillo Torres (Comisión Nacional Bancaria y de Valores); Pascual O’Dogherty (Banco de México); Sergio Salvador Sánchez (BBVA Bancomer); Juan Soledad Reyes (Scotiabank).

Peru:Miguel Arce Téllez (Scotiabank); Carlos Montaño (Banco de Crédito); Víctor Roca (Banco Central de Reserva del Perú); Milton Vega Bernal (Banco Central de Reserva del Perú).

República Dominicana:Bruno Arcas (Procecard); Ángel A. González (Banco Central de la República Dominicana); Fabiola Herrera (Banco Central de la República Dominicana); Alejandro Arturo Pilar Valero (CAM).

Durante a edição deste relatório, recebemos a trágica notícia do falecimento acidental de Ruth Brennan pouco tempo depois de tê-la entrevistado. Aproveitamos este espaço para apresentar nossas condolências à sua família e a toda a equipe do HSBC.

Agradecimentos

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Índice

1. Os maiores destaques do relatório Tecnocom 2011 8

2. Novidades nos meios de pagamento 2011 11

3. A visão do setor 20

1. Introdução 20 2. Panorama atual do mercado dos meios de pagamento 20 3. Normativa e padronização 22 4. A inovação que vem 23 5. Os novos entrantes 25

4. O setor em números 26

1. Introdução 26 2. Dinheiro em espécie 28 3. Cheques 30 4. Cartões 31 5. Transferências de crédito e débitos diretos 36 6. Redes de aquisição: caixas eletrônicos, POS e correspondentes não bancários 40 7. Serviços bancários pela Internet e por celular 44 8. Pagamentos em comércio eletrônico 46

5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular 48

1. Introdução 48 2. Integração dos pagamentos por telefone celular na cadeia de valor 50 3. Tendências dos pagamentos remotos por telefone celular 51 4. Tendências nos pagamentos por telefone celular por proximidade 56

6. Demanda por meios de pagamento 61

1. Introdução 61 2. Metodologia 62 3. Caracterização da população 62 4. Penetração dos meios de pagamento e contas bancárias 68 5. Uso de meios de pagamento 70 6. Motivos para não ter cartões de crédito 71 7. O telefone celular como meio de pagamento 73 8. Pagamentos pela Internet 76 9. Situação dos meios de pagamento por país 78 10. Indicadores e Matrizes Tecnocom 92 11. Conclusões sobre a demanda por meios de pagamento eletrônicos 95

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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1. Os maiores destaques do relatório Tecnocom 2011

Recentemente, o setor de meios de pagamento está experimentando mudanças muito relevantes. As empresas do setor têm enfrentado novos desafios derivados da evolução nas preferências dos consumidores, a crescente concorrência, a entrada de novos agentes não tradicionais (operadoras de celular, empresas de Internet, varejistas), as inovações tecnológicas e a nova re-gulamentação. Todas essas mudanças tornavam necessário um estudo que analisasse em profundidade as principais tendências do setor na América Latina1 e na Espanha. Estes são os pontos mais destacados:

• Os executivos entrevistados destacam que, enquanto o negócio de emissão é o que oferece os resultados mais saudáveis para as organizações, o negócio de aquisição sofreu uma grande redução das margens. Dentro do primeiro, destacam-se os cartões de crédito, que em vários países da América Latina são usados com mais frequência como instrumento de financiamento. Também têm um grande potencial de desenvolvimento os produtos pré-pagos, que são usados, por exemplo, para pagar salários públicos ou subsídios no Brasil. No negócio de aquisição, o valor da rede está na possibilidade de analisar inteligência de negócios para melhorar os modelos de comportamento dos clientes das instituições financeiras.

• Uma das mudanças mais comentadas pelos executivos é a adoção do padrão EMV (Europay-MasterCard-Visa) nos car-tões de pagamento, seja por acordos setoriais, seja por exigências de regulamentação. Além de maior segurança, esses cartões oferecem outros serviços, inclusive aplicações de fidelização.

• Embora as economias analisadas continuem apresentando uma forte dependência do dinheiro em espécie, observa-se a gradual substituição dos meios de pagamento baseados em papel pelos eletrônicos. O cheque é o meio de pagamento em que este processo está se refletindo com maior intensidade, passando de representar, em nível agregado, 36,5% do montan-te total das transações em 2005 para 17,9% em 2010.

• Os cartões são o meio de pagamento diferente de dinheiro em espécie preferido na América Latina e são usados em mais da metade das operações. Nos últimos anos, o número de cartões em circulação não parou de crescer devido, entre outros fatores, ao bom comportamento da economia, às campanhas de divulgação, à crescente bancarização e à expansão da infraestrutura física dos pontos de acesso (caixas e POS). Chama a atenção o caso do Chile, onde o número de cartões de crédito de estabelecimentos comerciais, que não estão regulamentados pela Superintendência de Bancos e Instituições Finan-ceiras, é o triplo dos cartões de crédito bancários. No Brasil, cabe destacar que, com base no acordo assinado pelos principais agentes do setor de cartões, terminou a exclusividade da Cielo (antes Visanet) e da Redecard para a captura de operações Visa e MasterCard, respectivamente, que dominavam o mercado. O acordo permitiu a intensificação da concorrência e a comprovação disso é que já há um novo adquirente operando, e planos para um segundo, além do lançamento da nova bandeira nacional Elo.

• Na Espanha, desapareceram quase 5 milhões de plásticos nos últimos dois anos. Isso talvez seja consequência da vonta-de de controle de gastos por parte dos consumidores e a consequente redução de cartões como uma das vias para consegui-lo; e de que o setor financeiro, ao migrar dos cartões magnéticos tradicionais para os cartões com chip com o padrão EMV (Europay--MasterCard-Visa), que são mais caros, tenha aproveitado a oportunidade para não reemitir os inativos.

• As câmaras de compensação eletrônica (ACH, na sigla em inglês), que permitem fazer operações interbancárias, possibilitaram o desenvolvimento das transferências de crédito e os débitos diretos na América Latina. É muito pro-vável que as transferências aumentem ainda mais em médio prazo graças à maior bancarização, à integração das instituições microfinanceiras não bancárias no processo de compensação, à intensificação dos serviços bancários pela Internet e ao uso do dinheiro eletrônico. Também é provável que aumente o número de débitos automáticos, um instrumento eficiente, que simplifica a reconciliação e ajuda a reduzir o número de contas sem pagamento.

• Na América Latina, aumentou consideravelmente a cobertura das redes de aquisição (caixas eletrônicos, POS e cor-respondentes não bancários). Neste contexto de desenvolvimento da infraestrutura física, aumentaram o número e o valor das operações realizadas nesses pontos de acesso, o que reflete um maior uso dos cartões de pagamento. Porém, esses números estão distantes dos da Espanha (1.260 caixas eletrônicos por cada milhão de habitantes), que apresenta uma das penetrações mais altas entre os países desenvolvidos. Por outro lado, o excesso de capacidade instalada e a redução da atividade econô-mica fizeram com que os números de caixas eletrônicos e POS na Espanha se reduzissem em relação a 2008, 4,0% e 0,5%, respectivamente.

1 Neste estudo são analisados em profundidade: Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana

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• Os correspondentes não bancários têm um papel importante na estratégia de melhoria da cobertura do sistema finan-ceiro e da inclusão financeira na América Latina. A comprovação disso é que, em muitos municípios de Brasil, Colômbia, México e Peru, representam a única oferta de distribuição bancária. Além disso, nesses municípios esse canal é essencial para o sucesso do banco pelo celular, porque constitui o único ponto de depósito e retirada de dinheiro.

• Na Espanha, o banco online experimentou grande desenvolvimento. Atualmente, por meio desse canal é possível efetuar com conforto e facilidade praticamente qualquer operação financeira que não envolva dinheiro em espécie. Por esse motivo, considerando que o nível de acesso à Internet está acima de 61,8% da população adulta, 42% dos espanhóis usam atualmente o banco online.

• Os fornecedores de serviços de pagamento alternativos estão ganhando importância. Assim, a PayPal tornou-se um prestador de serviços de pagamento muito popular entre os compradores online. Também surgiram sistemas de pagamento privados em determinados âmbitos sociais da Internet, como a moeda virtual Facebook credits, que atualmente só permite a compra de aplicativos e bens virtuais nos ambientes virtuais.

• Recentemente foram implementados diversos pilotos relacionados com pagamentos com telefones celulares. Por en-quanto, a maioria dos avanços ocorre nas extremidades da cadeia de valor, inovando na emissão e na aquisição de pagamentos. No entanto, aproveita-se o potencial máximo do celular quando este é usado também como gerador de demanda e elemento de fidelização.

• Há dois tipos de pagamentos por telefone celular: remotos e por proximidade. Os primeiros são realizados remotamente a partir de um aparelho, usando algum dos canais que operam na infraestrutura de telecomunicações por celular. Nos países emergentes há tendência a usar o SMS ou o serviço de dados USSD, considerando os menores custos associados. Enquanto isso, nos países desenvolvidos, os consumidores estão migrando para o uso de smartphones que incorporam a capacidade de navegar na Internet, permitindo o acesso aos serviços online oferecidos pelas instituições financeiras. O segundo tipo de paga-mentos é realizado com presença física em um estabelecimento comercial ou em um caixa eletrônico, e basta aproximar o celular de um terminal de ponto de venda (POS) devidamente preparado. Para este tipo de pagamentos a tecnologia mais promissora é NFC (Near Field Communications). Enquanto os pagamentos por proximidade geralmente envolvem um estabelecimento comercial e um indivíduo, os pagamentos remotos podem acontecer entre esses mesmos agentes ou também entre indivíduos (para efetuar remessas de dinheiro).

• Os fatores econômicos, sociais e tecnológicos, com destaque para o nível de bancarização e a penetração dos ser-viços de telefonia celular, determinam a tendência de cada país para adotar o celular como meio de pagamento, assim como o tipo de operações realizadas. Nos países em desenvolvimento e emergentes, onde os serviços bancários tradicionais não estão disponíveis ou são inacessíveis para grandes segmentos da população, e as taxas de penetração da telefonia celular já são altas, é previsível que os pagamentos por telefone celular cresçam rapidamente uma vez que alcancem uma massa crítica de usuários. Apesar desse crescimento, espera-se que a Europa e os Estados Unidos sejam os lugares onde mais pagamentos por telefone celular sejam realizados no curto prazo, pelo elevado nível de bancarização e a maior sofisticação no uso de meios de pagamento. Porém, a adoção em massa de pagamentos por celular nos estabelecimentos comerciais exigirá o desenvolvi-mento de redes de aquisição prontas para aceitar tais pagamentos, assim como campanhas promocionais que incentivem sua utilização e uma interface de usuário simples.

• Na América Latina, os serviços bancários por celular têm potencial para ser um dos meios de pagamento mais popu-lares, considerando a grande penetração do telefone celular. Ao contrário do que ocorre na Espanha, os segmentos da população que não estão sendo atendidos atualmente pelo setor financeiro são os que mais se beneficiariam de seu desenvolvimento. Atualmente, há poucos serviços dirigidos a segmentos de população não bancarizada. A maioria dos grandes bancos oferece na região algumas funcionalidades de seus serviços bancários eletrônicos, incluindo a possibilidade de fazer pagamentos por telefone celular, muitas vezes com o objetivo de fidelizar os clientes existentes e melhorar a eficiência.

• As inovações de concorrentes não tradicionais provavelmente obrigarão as instituições financeiras a atuar rapidamen-te para evitar a perda das receitas procedentes dos pagamentos. Assim, a maioria dos executivos entrevistados considera que os pagamentos por celular são a inovação de maior poder revolucionário. Dentro das inovações, é necessário destacar dois dos produtos que mais atenção receberam dos meios de comunicação. Por um lado, o Google Wallet, que permite fazer paga-mentos celulares por proximidade usando tecnologia NFC. Por outro lado, o Square, aplicativo que usa um leitor de tarjas mag-néticas conectado a um smartphone para atuar como POS, fornecendo serviços de valor agregado como informações detalhadas sobre as vendas, localização das operações ou segurança adicional por meio de identificação com fotografia. Segundo alguns dos executivos, a entrada de mais agentes provavelmente implicará um aumento da concorrência, o que resultará em maiores benefícios para os usuários finais desses serviços.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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1. Os maiores destaques do relatório Tecnocom 2011

• Em relação à regulamentação, a partir do início de 2011 todas as instituições europeias que participarem de proces-samento, transmissão ou armazenamento de cartões devem cumprir o padrão PCI-DSS (Payment Cards Industry-Data Security Standard, Norma de Segurança de Dados para o Setor de Cartões de Pagamento). Assim, devem ter os sistemas necessários para criptografar comunicações, bancos de dados, arquivos e computadores que administram cartões de crédito e débito. Além disso, na Europa, para obter o pleno funcionamento da Área Única de Pagamentos em Euros, conhecida pela sigla em inglês SEPA (Single Euro Payments Area), o Parlamento e o Conselho Europeus estabeleceram um novo marco regulatório. Esse regulamentação estabelece um calendário obrigatório para a migração ao esquema único das transferências bancárias (fins de 2012) e dos débitos diretos (fins de 2013). Na Espanha, foi transposta a diretiva comunitária que regula o acesso à ativi-dade das instituições de dinheiro eletrônico e seu exercício.

• Na América Latina, as novidades regulatórias mais destacáveis concentram-se na proteção ao usuário de meios de pa-gamento eletrônicos, concretamente em Brasil, Chile, México e Peru. Também são relevantes as mudanças geradas na dis-tribuição financeira através de caixas eletrônicos e correspondentes não bancários (Brasil, México e Peru). Em relação à tributa-ção, na República Dominicana e na Colômbia foram aprovadas normas de sinal contrário. Enquanto na primeira foi determinado um imposto sobre os ativos financeiros, na segunda foi aprovada a eliminação gradual do imposto sobre transações financeiras.

• Do ponto de vista dos consumidores, a realidade dos meios de pagamento na Espanha e nos países da América Latina é muito diversa, porque cada país apresenta sua própria trajetória e evolução. Não apenas as porcentagens de banca-rização, penetração e uso dos meios de pagamento são diferentes, mas também as preferências culturais entre o pagamento imediato e o pagamento a crédito, o uso de canais, a penetração da compra online e o interesse pelos serviços de pagamento por telefone celular demonstram diferenças que levam a situações e desenvolvimentos específicos para o futuro. O Brasil apresenta alta bancarização e preferência marcada pelo crédito a prazo (em prestações, principalmente), enquanto o Chile e a Colômbia se caracterizam pelo uso dos cartões de débito e a tradição dos cartões de estabelecimento. O México está posicionado em um nível intermediário de bancarização, embora a penetração dos cartões de débito seja relevante (chegando a 34,7%). Por sua vez, o Peru e a República Dominicana apresentam baixas taxas de bancarização e um uso limitado dos meios de pagamento eletrônicos. Por fim, a Espanha dispõe de uma população quase totalmente bancarizada, embora com a peculiaridade de que as preferências no pagamento eletrônico estão vinculadas majoritariamente à liquidação imediata e apenas minoritariamente ao pagamento rotativo.

• O nível de formação, o uso de computador e a Internet são as variáveis que mais se associam ao nível de bancarização. Embora o sexo e a segmentação social também contribuam para explicar por que em alguns países há uma maior população bancarizada do que em outros, o diferente capital cultural é o que mais segmenta as populações em sua aproximação aos servi-ços financeiros em geral, e aos meios de pagamento eletrônicos em particular.

• A percepção de ausência de necessidade de cartões é o principal motivo declarado pelos não bancarizados para não dispor deles. Já a população bancarizada que não tem cartões de crédito alega a cobrança de comissões e o receio do descon-trole de gastos como motivos para não usar os cartões.

• Os países onde estão mais disseminados os serviços de pagamento com o telefone celular são onde as populações não usuárias demonstram maior interesse por eles. Além disso, a ferramenta é percebida como conveniente, embora des-perte dúvidas sobre sua segurança e utilidade frente a outros meios de pagamento, o que deve ser considerado ao desenvolver os serviços.

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2. Novidades nos meios de pagamento 2011

Ao longo dos últimos doze meses observamos novidades interessantes na área dos meios de pagamento eletrônicos mas, se fosse necessário indicar em qual tecnologia de futuro o setor está apostando, sem dúvida precisaríamos falar dos pagamentos por telefone celular. Quase todos os pilotos de grande porte divulgados em 2011 recaem nesta categoria, assim como uma parte significativa dos novos produtos lançados no mercado.

Isso levou a várias operações corporativas orientadas a fortalecer, no novo ecossistema móvel, a posição de empresas já es-tabelecidas na cadeia de valor dos pagamentos com cartão. Porém, podemos comprovar como outros movimentos com menos repercussão pública dominaram uma parte das operações do ano. Neste caso, falamos sobretudo de instituições de processa-mento de pagamentos, decididas a ampliar sua presença no mercado ou lançar novos produtos, como os cartões pré-pagos.

Em relação à regulamentação na Espanha e na América Latina, as mudanças mais relevantes ocorreram em aspectos como a proteção ao usuário de meios de pagamento eletrônicos (Brasil, Chile, México e Peru), a segurança (norma PCI), a tributação (República Dominicana e Colômbia), o dinheiro eletrônico (Espanha e México) ou a distribuição financeira através de caixas eletrônicos e agentes correspondentes (Brasil, México e Peru).

SETEMBRO DE 2010

Pilotos e novastecnologias

CashEdge (fornecedora de serviços de pagamento por celular) anuncia Popmoney for Small Business, um serviço de pagamentos por celular para pequenas empresas clientes de instituições financeiras

Visa inicia os testes-piloto do payWave para iPhone, em Nova York, Nova Jersey e Los Angeles

Operaçõescorporativas

Cielo (antes Visanet), fornecedor de pagamentos eletrônicos na América Latina, compra uma participação na Oi Paggo, empresa de pagamentos por celular

Cielo fecha acordo com a empresa tecnológica de meios de pagamento Hypercom para implementar mais de 30.000 terminais Optimum no Brasil

Euronet Worldwide, fornecedora de pagamentos eletrônicos, conclui a aquisição da distribuidora brasileira de produtos eletrônicos pré-pagos Telecom Net, que opera com o nome comercial Ativi

Mudançasnormativas

A Circular Nº 028-2010 do Banco Central da Reserva do Peru, que modifica o Regulamento das Câmaras de Compensação de Transferências de Crédito, eleva de PEN 265.000 para PEN 310.000 o montante máximo para as transferências de crédito em moeda nacional, e de USD50.000 para USD60.000 o montante máximo para as transferências de crédito em moeda estrangeira

O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei Nº 29571) do Peru estabelece que o fornecedor deve informar ao consumidor se há diferenças no preço de um produto ou serviço em função do meio de pagamento

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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2. Novidades nos meios de pagamento 2011

OUTUBRO DE 2010

Novosprodutos

PayPal, empresa de transações online, permite o depósito de cheques em uma conta PayPal através de um aplicativo para iPhone

Operaçõescorporativas

IFC, parte do Grupo Banco Mundial, investe USD 3 milhões na YellowPepper, fornecedora de plataformas de serviços bancários e pagamentos por celular

Tecnocom adquire 80% do capital da processadora dominicana ProceCard, S.A.

Movilway (empresa espanhola de tecnologia especializada no mercado de recarga eletrônica) fecha acordo com a Utiba Americas (fornecedora de plataformas móveis para transações financeiras de operadoras de celular e instituições financeiras) para usar sua plataforma de comércio móvel para chegar a novos segmentos de clientes na América Latina

Visa conclui um investimento de EUR 500 milhões na Visa Europe, uma plataforma europeia de processamento de pagamentos interbancários, que oferece às instituições financeiras associadas, na Europa, serviços de liquidação de pagamentos nacionais no mesmo dia e em 18 moedas diferentes

Mudançasnormativas

Visa e MasterCard estabelecem acordo com o Departamento de Justiça dos EUA para que os comerciantes possam fazer ofertas especiais e oferecer descontos para incentivar o uso de determinados cartões

NOVEMBRO DE 2010

Operaçõescorporativas

O fornecedor de serviços eletrônicos de processamento de transações Global Payments e “la Caixa” fecham acordo para uma joint venture que oferecerá serviços de aquisição e processamento de paga-mentos para os comerciantes na Espanha

Mudançasnormativas

A Circular Nº 3.512 do Banco Central do Brasil estabelece o valor mínimo que os titulares de cartão de crédito devem pagar mensalmente do saldo em carteira de seus cartões de crédito: 15% a partir de junho de 2011, 20% após dezembro de 2011

O Conselho Monetário Nacional do Brasil aprova a Resolução Nº 3.919 que estabelece as novas regras sobre as tarifas cobradas pelos serviços prestados pelas instituições financeiras, normas sobre a informação que deve ser incluída nas contas de cartões de crédito, os tipos de comissões que podem ser cobradas, e exigência de que as instituições financeiras ofereçam cartões de crédito com determinados serviços básicos. A Circular entrou em vigor em 1º de março de 2011

A Circular Nº 3.511 da Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras do Chile inclui instruções relativas a políticas e procedimentos para o pagamento antecipado de créditos ou seu refinanciamento

A Circular Nº 3.513 da Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras do Chile sobre boas práticas de contratação estabelece as diretrizes associadas à contratação de produtos, entre eles os instrumentos de pagamento

O Banco do México emite a Circular 34/2010 sobre cartões de crédito que protege seus titulares

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DEZEMBRO DE 2010

Pilotos e novastecnologias

Termina a primeira experiência em grande escala de pagamento por telefone celular na Espanha, que ocorreu em Sitges, realizada por “la Caixa”, Telefónica e Visa

Operaçõescorporativas

Bradesco fecha acordo com a Western Union para oferecer seus serviços de transferência de dinheiro no Brasil

Credicard, do Citi, e Elavon, do Bancorp, fecham acordo vinculante para estabelecer uma nova empresa adquirente de meios de pagamento para o mercado brasileiro

Mudançasnormativas

Visa Europa compromete-se com a UE para reduzir as comissões interbancárias multilaterais das operações com cartões de débito imediato aplicáveis às operações transfronteriças no Espaço Econômico Europeu e às operações nacionais em 9 países. As tarifas ajustam-se aos compromissos adquiridos unilateralmente pela MasterCard em 1º de abril de 2009

O Congresso da República da Colômbia aprova a Lei 1.430, pela qual gradualmente é eliminado o imposto sobre transações financeiras, cuja eliminação definitiva está prevista a partir de 2018

O Banco Central da Reserva do Peru, através da Circular No 046 -2010, estabelece um novo esquema de relatórios sobre canais e instrumentos de pagamento diferentes de dinheiro em espécie sobre as comissões pelo uso de transferências interbancárias

JANEIRO DE 2011

Novosprodutos

Banco Sabadell lança o Instant Check, serviço de depósito de cheques e notas promissórias, que é o primeiro serviço móvel de captura de depósitos remotos na Europa

Starbucks anuncia o lançamento dos pagamentos com smartphones em seus estabelecimentos dos EUA

Operaçõescorporativas

Telefónica e MasterCard criam uma joint venture para oferecer soluções financeiras por telefone celular na América Latina

Megapay, divisão da Megaword, empresa de Hong Kong dedicada a cloud computing, fecha acordo com a fornecedora de serviços móveis brasileira MJV, para oferecer pagamentos por celular no Brasil

Mudançasnormativas

Desde 1º de janeiro, toda instituição que participar de processamento, transmissão ou armazenamen-to de cartões deve cumprir a norma PCI DSS (Payment Card Industry Data Security Standard, Norma de Segurança de Dados para o Setor de Cartões de Pagamento), que a obriga a ter os sistemas necessários para criptografar comunicações, bancos de dados, arquivos e computadores que admi-nistram cartões de crédito e débito

O Banco da República da Colômbia emite uma resolução pela qual são determinadas regulamenta-ções sobre os sistemas de compensação e liquidação de divisas e seus operadores

A resolução Nº 2.108 da Superintendência de Bancos e Seguradoras (SBS) do Peru estabelece as contas de depósito básicas, que podem ser abertas em correspondentes não bancários através de POS (Point of Sale, também conhecidos como TPV, Terminal de Ponto de Venda) especializados

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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2. Novidades nos meios de pagamento 2011

FEVEREIRO DE 2011

Novosprodutos

MoneyGram International e Movistar Remesas lançam um serviço de envio de dinheiro a partir de qualquer das redes nacionais da Movistar Remesas para a rede internacional da MoneyGram

MoneyGram International e Visa lançam o primeiro programa de remessas dos EUA para o México para contas Visa

NYCE, rede de pagamentos eletrônicos, anuncia que começa a oferecer o Popmoney da Cashedge para as 3.000 instituições financeiras que são suas clientes

Operaçõescorporativas

Visa compra por USD 190 milhões a PlaySpan, plataforma de pagamento para bens digitais adquiridos em jogos online

Fiserv, fornecedora de soluções tecnológicas para serviços financeiros, compra o Mobile Commerce (M-Com)

Square recebe uma nova rodada de financiamento de USD 27,5 milhões, liderada pela Sequoia Capital

Allpago, fornecedor de serviços de pagamento brasileiro, fecha acordo com a empresa alemã Pay.On, processadora de transações de pagamento, para usar seus serviços de processamento

Mudançasnormativas

O Conselho Monetário Nacional do Brasil modifica e consolida as normas relativas aos corresponden-tes não bancários

O Congresso da Colômbia aprova a Lei 1.442 de 2011, por meio da qual é aprovado o “Acordo relativo aos serviços postais de pagamento”, firmado em Genebra, em 12 de agosto de 2008

O Banco Central do México emite a Circular 6/2011, que modifica uma circular anterior e regula as bases para a prestação de serviços através de redes de caixas eletrônicos

Entra em funcionamento o SIP (Sistema de Interconexão de Pagamentos) de América Central e Re-pública Dominicana

O Banco Central do Brasil, na resolução 3.954, estabelece, entre outras, que os correspondentes bancários podem intermediar a solicitação de cartões

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MARÇO DE 2011

Novosprodutos

American Express lança nos EUA o serviço Serve, que permite que consumidores e pequenas empresas façam compras, pagamentos de pessoa a pessoa e transferências para terceiros, em dispositivos Android e iPhone, através do Facebook e em Serve.com

PayPal anuncia o lançamento na Espanha de seu cartão de crédito convencional, que permite pagar em qualquer loja que aceite o pagamento com PayPal ou Visa

“la Caixa” e PayPal fecham acordo exclusivo com um ano de duração pelo qual (i) os estabelecimentos clientes de “la Caixa” podem aceitar PayPal, e (ii) esse se integra na plataforma de serviços bancários eletrônicos de “la Caixa”

O fornecedor global de serviços de pagamento online 2Checkout.com acrescentou 13 moedas internacionais à sua plataforma de pagamentos

MasterCard, em associação com Travelex, implementa no Brasil o cartão pré-pago Cash Passport para o segmento de viagens

Hal Cash lança seu serviço no México

Operaçõescorporativas

Tecnocom fecha uma aliança estratégica com Credibanco, a empresa administradora do sistema de pagamentos Visa Colombia

Visa fecha acordo com as empresas de pagamento Fiserv e CashEdge para criar um serviço de pagamentos entre particulares (P2P), para clientes da Visa

American Express e Foursquare fecham acordo pelo qual os titulares da AmEx podem registrar seus cartões no sistema Foursquare para acessar ofertas dos comerciantes associados ao sistema

Na Espanha, as principais operadoras de telefonia celular (Telefónica Movistar, Vodafone e Orange) fecham acordo para implementar um padrão nas operações com a tecnologia NFC

BuscaPé, o site brasileiro pertencente à Napster e fornecedor de música digital, adquire uma participação majoritária na DineroMail, plataforma latino-americana de pagamentos online

Mudançasnormativas

A Circular 8/2011 do Banco Central do México modifica a Circular 2019/95 e determina que as institui-ções deverão lhe enviar informações sobre as participações e comissões que cobram pelos diversos serviços relacionados com os sistemas de pagamentos, assim como as modificações que pretendam implementar nessas parcelas e comissões, antes de aplicá-las ou divulgá-las

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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2. Novidades nos meios de pagamento 2011

ABRIL DE 2011

Novosprodutos

MasterCard lança Moneysend no México, que permite enviar e receber dinheiro de cartão a cartão MasterCard

A empresa de tecnologia de meios de pagamento Clear2Pay lança o serviço Unified Domestic Payments Americas, que permite o processamento de pagamentos eletrônicos e ACH em uma única plataforma

Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal oferecem cartões de crédito e débito com a marca brasileira Elo, que é aceita na rede de estabelecimentos afiliados à Cielo

Rede Banricompras começa a capturar transações da MasterCard no Brasil, ampliando assim o número de empresas que capturam transações dessa franquia que, até 2010, operava exclusivamente com a Redecard

Operaçõescorporativas

Visa investe em Square, o que implica um apoio importante para a segunda

PayPal compra a startup de pagamentos por celular Fig Card

Tenderoo (empresa espanhola que desenvolveu um sistema de autorização e validação de operações eletrônicas) recebe um investimento de EUR 1,2 milhão

Mudançasnormativas

A Circular Nº 011-2011 do Banco Central da Reserva do Peru estabelece o Regulamento das Câmaras de Compensação de transferências de crédito e define um prazo máximo de 30 minutos para creditar os fundos na conta do cliente recebedor

MAIO DE 2011

Pilotos e novas tecnologias

Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo anunciam a criação do clearXchange, que permitirá a seus clientes transferir dinheiro com um número de telefone celular ou endereço de email

Novosprodutos

Google lança Google Wallet, m-wallet que permite o pagamento com o celular por intermédio de terminais NFC, em parceria com MasterCard e Citigroup

Square lança o aplicativo Square Register point-of-sale para o iPad da Apple

Privalia torna-se a primeira empresa espanhola a permitir comprar pelo telefone celular com PayPal, com o serviço Privalia Mobile

PayPal utiliza a solução Digital River World Payments para processar pagamentos online no Brasil e no México

MasterCard, Banco PanAmericano e Rev Worldwide (fornecedor de serviços de pagamento) lançam o cartão pré-pago MasterCard PanAmericano

FIS, fornecedora norte-americana de tecnologia de pagamentos, começa a processar os cartões de crédito da marca Elo através da joint venture Fidelity Processadora e Serviços

Operaçõescorporativas

Cielo compra Braspag, processadora de pagamentos de comércio eletrônico no Brasil

Telemundo, produtora de conteúdos para hispânicos nos EUA, e mun2, uma de suas empresas, fe-cham acordo com o fornecedor de serviços de pagamento da Western Union para oferecer aos hispâ-nicos nos EUA dois novos cartões pré-pagos de marca compartilhada, que podem ser usados onde sejam aceitos cartões de débito MasterCard

InComm, comercializador e distribuidor de cartões pré-pago e presente, fecha acordo com Unik, em-presa especializada em administração e processamento de pagamentos, para oferecer serviços de gestão e promoção de vendas com cartões pré-pagos no mercado varejista brasileiro

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JUNHO DE 2011

Pilotos e novas tecnologias

American Express e Foursquare Lab oferecem cupons especiais para titulares de cartão

Novosprodutos

Rêv Worldwide lança na Espanha “Rêv MasterCard Prepago” e “Internet Rêv MasterCard Prepago”, os primeiros cartões pré-pagos sem vinculação com uma conta bancária

Operaçõescorporativas

The Western Union Company firma acordo para aquisição do Finint, um dos agentes de rede de envio de dinheiro líderes da Europa

Square recebe um investimento de USD 100 milhões liderado pela Kleiner Perkins Caufield & Byers

Visa Inc. adquire por USD 100 milhões a sul-africana Fundamo, um fornecedor de plataformas de serviços financeiros móveis para operadores de redes móveis e instituições financeiras em economias em desenvolvimento

Visa firma novo contrato comercial a longo prazo com o Monitise plc, fornecedor de soluções de dinhei-ro móvel para instituições financeiras

Fiserv compra Cashedge por USD 465 milhões

Intuit (joint venture da empresa de serviços financeiros Citi e SK Telecom) compra a plataforma Mobile Money Ventures, para reforçar suas capacidades de serviços bancários por celular

BBVA anuncia que investirá USD 2 bilhões no México para renovar os caixas e impulsionar os serviços bancários por celular

Pay.On e DineroMail, plataforma de pagamentos online na América Latina, fecham acordo para ofere-cer seus serviços na América Latina

Mudanças normativas

A Superintendência Financeira da Colômbia esclarece alguns aspectos relacionados com o processo de cheques visados

República Dominicana promulga a Lei Nº 139-11 para aumentar as receitas tributárias que impõe, entre outros, um imposto sobre os ativos financeiros das instituições classificadas como Bancos Múl-tiplos, Associações de Poupanças e Empréstimos, Bancos de Poupanças e Créditos e Corporações de Crédito de mais de 700 milhões de pesos dominicanos (USD ~18 milhões), de 1% anual, calculado sobre o montante total dos ativos financeiros disponíveis

O Banco Central do México emite a Circular 14/2011 para o banco múltiplo, em que são estabelecidos quatro tipos de contas de captação cuja finalidade é fomentar o acesso aos serviços financeiros

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2. Novidades nos meios de pagamento 2011

JULHO DE 2011

Pilotos e novas tecnologias

PayPal anuncia um novo sistema de pagamentos NFC de telefone para telefone

U.S. Bank apresenta MasterCard PayPass VITAband, uma pulseira que armazena tanto dados de emergência do usuário como informações que permitem fazer pagamentos em estabelecimentos que aceitam pagamentos sem contato

Novosprodutos

A rede social Facebook obriga os desenvolvedores de jogos para sua rede social a só aceitar pagamentos através da moeda virtual Facebook Credits

Operaçõescorporativas

Para fortalecer o PayPal, a eBay adquire por USD 240 milhões o Zong, que permite carregar as com-pras online nas contas de telefone das operadoras de celular

Isis reforça sua posição no serviço de pagamentos móveis ao fechar acordo com os principais emisso-res de cartões nos EUA: Visa, MasterCard, American Express e Discover

Mudanças normativas

A resolução Nº 7897-2011 da Superintendência de Bancos e Seguradoras (SBS) do Peru altera o Regulamento de Transparência de Informação e disposições aplicáveis à contratação com os usuários do Sistema Financeiro

Na Espanha, é aprovada a Lei 21/2011 de dinheiro eletrônico, que transpõe a Diretiva comunitária 2009/110/CE do Parlamento e Conselho Europeus de 16 de setembro de 2009 (DOUE 10/10/2009) que regula o acesso à atividade das instituições de dinheiro eletrônico e seu exercício

O Banco Central do México emite a Circular 1/2006 Bis 41 para bancos de desenvolvimento, em que são estabelecidos quatro tipos de contas de captação para fomentar a inclusão financeira

AGOSTO DE 2011

Novosprodutos

Nokia anuncia que todos os seus telefones incorporarão tecnologia sem fio NFC

Erply, empresa de tecnologia para terminais de ponto de venda e soluções para gestão de estoques, lança um leitor de cartões de crédito para iPhone e iPad

Operaçõescorporativas

Google anuncia que comprará o fabricante de telefones celulares Motorola Mobility por USD 12,5 bilhões, a que, até o momento, é a maior aquisição da empresa. Entre outras funcionalidades, a aquisição permitirá à Google controlar o desenvolvimento de terminais compatíveis com seu sistema de pagamento NFC Google Wallet

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SETEMBRO DE 2011

Pilotos e novas tecnologias

PayPal apresenta na SIBOS sua visão dos pagamentos móveis, em que têm uma importância essencial os códigos de barras e os códigos QR, simplificando assim a aquisição de pagamentos em estabelecimentos

Novosprodutos

Safetypay, sistema facilitador de pagamento entre consumidores, estabelecimentos online e bancos, torna-se a primeira empresa na Espanha a receber autorização do Banco de Espanha para operar como entidade de pagamento

Google Wallet começa a funcionar nos EUA

Visa Europe anuncia dois novos serviços de pagamento móvel: Visa Mobile Person-to-Person payments e Visa Alerts

PayPal torna público seu plano de lançar novos serviços que inclui pagamentos móveis, digitalização de código de barras, busca de estoques em lojas e ofertas personalizadas com base em geolocalização

Operaçõescorporativas

Visa incorpora-se ao projeto da Google Wallet

Skrill, fornecedora europeia de pagamentos online, associa-se com a DineroMail, plataforma de pagamentos online na América Latina, para acrescentar métodos locais desta região a seu pacote global de pagamento digital

BBVA abre uma sede no Vale do Silício para identificar novas tendências tecnológicas em áreas consideradas estratégicas para a evolução de seu modelo de negócios

Tecnocom e Evendor fecham acordo para distribuição conjunta de soluções probabilísticas de detecção, prevenção, gestão e controle de fraudes para centros processadores de pagamentos

Mudanças normativas

A Comissão Europeia abre uma investigação antimonopólio sobre a padronização do processo de pagamentos através da Internet promovido pelo European Payments Council (Conselho Europeu de Pagamentos) para assegurar-se de que o sistema não restringe indevidamente a concorrência neste mercado

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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3. A visão do setor

1. Introdução O momento atual está caracterizado por um grande dinamismo no mercado dos meios de pagamento eletrônicos. Por um lado, é evidente que a reconfiguração do setor financeiro como consequência da recente crise internacional tem um impacto indireto sobre esta atividade. Porém, talvez mais importante, a inovação tecnológica e de negócios estimula a concorrência e abre um novo campo de possibilidades tanto para os agentes estabelecidos como para os novos entrantes.

Neste capítulo, refletimos a visão de alguns dos principais executivos do setor, consultados ex profeso para a elaboração deste relatório, com entrevistas e pesquisas na América Latina e na Espanha. Suas opiniões nos permitem identificar quais são as tendências do setor e o que podemos esperar nos próximos meses em âmbitos concretos como a regulamentação, os novos produtos e os novos entrantes.

2. Panorama atual do mercado dos meios de pagamentoComo foi visto em capítulos anteriores, a Espanha e a América Latina apresentam dois ambientes de mercado diferenciados. Dentro do continente americano também encontramos particularidades próprias de cada mercado nacional, mas as caracte-rísticas são mais uniformes, na medida em que a bancarização e a formalidade financeira ainda estão longe de ser universais.

Francisco Castells, diretor de Meios de Pagamento do BBVA, indica que há três fatores essenciais para entender o funcionamen-to dos meios de pagamento em qualquer país:

1) Os meios de pagamento são um mercado muito dinâmico, que contrasta com o esquema conservador tradicional do setor bancário.

2) A falta de previsibilidade requer um envolvimento decidido da alta administração, assim como com outros produtos fora do balanço das instituições financeiras.

3) A cultura dos bancos é de aversão ao risco, algumas das mudanças que observamos inscrevem-se na necessidade de uma nova cultura de gestão no setor bancário.

O negócio de emissão é, segundo muitos dos executivos contatados, o que oferece os resultados mais saudáveis para as ins-tituições. Não é por acaso que praticamente todas as instituições emitem seus próprios meios de pagamento. Dentro destes, o cartão de débito é o meio que guarda uma relação mais direta com o nível de bancarização, já que, em muitos casos, é fornecido no momento de abertura de contas de depósito. O produto seguinte em popularidade é o cartão de crédito, que adquire um matiz diferente em vários países da América Latina, onde se opta com mais frequência por pagamentos parcelados ou crédito rotativo do que na Espanha, onde há uma cultura mais arraigada de pagamento no fim do mês. Sergio Salvador, diretor-geral de Sistemas e Operações do BBVA Bancomer, explica que “o cartão de crédito é um verdadeiro instrumento de financiamento no México e, ao contrário da Espanha, não se vê tanto como um meio de pagamento”.

A preferência dos espanhóis pelo pagamento no fim do mês faz com que o crédito rotativo não seja ainda muito habitual. Porém, segundo María Eugenia Lorenzo, diretora de Meios de Pagamento do Banco Popular, o crédito rotativo é a revolução silenciosa nos meios de pagamento. Enfatiza, contudo, que o modelo anglo-saxão de revolving puro, com um marketing diferenciado, não funciona na Espanha. Agora domina a flexibilidade e a multicanalidade na venda a prazo (celular, Internet, caixa) com qualquer cartão de crédito.

Essa visão é compartilhada por Albert Figueras, diretor de Meios de Pagamento e Financiamento ao Consumo do Banco Sa-badell, que indica que na Espanha há uma tendência para a flexibilidade na forma de pagamento a crédito, seja oferecendo realizar adiamentos pontuais através da Internet, ou com avisos por SMS. O Banco Sabadell opta nesses casos por um modelo call-me-back através de um call center com operadores humanos, porque ficou comprovado que é mais eficaz e serve para a venda cruzada de outros produtos da instituição. Um de seus produtos de destaque, o cartão SIN, também está incluído nesta estratégia, e introduz um conceito adotado há anos por estabelecimentos como El Corte Inglés, já que permite financiar qualquer compra em três meses sem juros, com apenas uma pequena comissão de gestão.

Em tempos de crise, observa-se nos clientes uma maior predileção pela flexibilidade no pagamento a crédito, mas também pelo controle do gasto. Sem dúvida, os produtos pré-pagos podem contribuir para este fim e, no setor, são vistos como produtos com grande potencial de desenvolvimento. Para começar, a regulamentação de alguns países permite a emissão de cartões pré--pagos não nominativos, desde que se mantenham abaixo de um determinado nível de saldo. Para Luiz Barbosa, subdiretor do

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Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos (CEMLA, que agrupa os bancos centrais da América Latina), este fato é chave em mercados como o México, onde ainda se estima que 15% do PIB e até 35% do emprego correspondem à economia informal.

Outro elemento que poderia impulsionar o uso dos cartões pré-pagos é o pagamento de salários públicos ou subsídios através deste instrumento, que é mais eficiente e seguro do que o dinheiro em espécie. No Brasil, o programa social Bolsa Família, o mais importante do país, é canalizado integralmente através da Caixa Econômica Federal. José Antônio de Sousa, da Caixa, explica que este pagamento pode ser feito em uma conta de poupança básica mas, para quem não dispõe desse produto, existe um cartão pré-pago (cartão do cidadão) exclusivamente para retirar dinheiro. A funcionalidade do produto não foi ampliada para habilitar pagamentos eletrônicos porque desincentivaria a bancarização ao concorrer com o cartão de débito, mas poderia ser desenvolvida.

O mercado de pré-pago já está bastante desenvolvido para o resgate dos vales-alimentação que algumas empresas distribuem para seus empregados no Brasil. Para Denilson Gonçalves Molina, diretor de cartões do Banco do Brasil, os cartões pré-pagos estão começando a se diferenciar em três modalidades: a dos vales-alimentação, que já são comercializados por Bradesco, Banco do Brasil e Santander em colaboração com a Sodexho; as carteiras em moeda estrangeira (VTM ou Visit Travel Money), cujo número é duplicado a cada mês, e em que o Banco do Brasil foi pioneiro; e, por último, os cartões pré-pagos de objetivo geral (GPR, General Purpose Rechargeable), em plástico ou virtuais, que também crescem rápido, mas cujo potencial não está explorado integralmente devido à ausência de uma regulamentação do dinheiro eletrônico no país.

Na Espanha, os cartões pré-pagos virtuais, usados para pagamentos na Internet, competem com outros meios de pagamento como PayPal ou os cupons telepay, que são comprados com cartão, e não requerem a identificação do cliente no estabelecimen-to, comenta Miguel Ángel Domínguez, diretor de Operações da Cajamar.

Dentro das particularidades nacionais em emissão de meios de pagamento, encontramos casos destacados como o de estabe-lecimentos que oferecem cartões de crédito, cujo máximo exponente encontra-se no Chile, onde o parque de cartões deste tipo supera amplamente o de cartões de crédito bancários. Esses estabelecimentos escolhem sua carteira de clientes através das lojas e podem chegar a assumir internamente o papel de emissor, adquirente e o processamento dos cartões.

O Brasil também dispõe de produtos que não encontramos em outros mercados. Edison Pacheco, diretor de Cartões do San-tander Brasil, explica que o mercado brasileiro apresenta dois produtos muito particulares, além da oferta tradicional de crédito, débito e rotativo. O parcelado em loja representam cerca de 50% das operações e permitem, com taxas de intercâmbio mais altas (até 6%), dividir uma compra em parcelas oferecidas pelo próprio estabelecimento, mas cujo risco é assumido pelo emissor. Isso está tão incorporado na cultura brasileira que os emissores não conseguiram eliminar esta prática. Por outro lado, existem os cartões híbridos, que combinam em um único plástico o private label (cartão com marca de estabelecimento) tradicional com um cartão aberto, quando é utilizado fora do estabelecimento. O Santander oferece este tipo de cartões com os postos de gasolina Esso, por exemplo.

A ampla oferta de produtos semelhantes no mercado faz com que os programas de fidelização de clientes obtenham mais rele-vância e evoluam rapidamente. Raúl Fernández, subdiretor de Produtos de Captação do Banco Walmart (México), orienta sua estratégia para os não bancarizados ou sub-bancarizados. Dentro desse segmento, a modalidade preferida é o cash-back (devo-lução de parte do valor das compras), como o programa “efectivo de golpe” (3% em crédito e 1% em débito, no grupo Walmart). Seu programa de pontos foi descartado por falta de aceitação.

Os programas de fidelização de cartões também sofreram mudanças na Espanha. María Eugenia Lorenzo, do Banco Popular, comenta que os que se baseavam em pontos foram desaparecendo em sua maioria, exceto em casos como o membership rewards da American Express, orientado a um segmento alto e que tem como principal atrativo a conversão em pontos de compa-nhias aéreas. No restante, a tendência na Espanha também é em direção ao cash-back ou aos cartões affinity, em colaboração com determinados estabelecimentos.

Quase todos os entrevistados, tanto na Espanha como na América Latina, concordam que o negócio de emissão de meios de pagamento é atualmente mais rentável do que a aquisição. Para Francisco Castells, do BBVA, no negócio dos meios de paga-mento, especialmente na aquisição, ocorreu uma grande redução das margens. A rigor, o negócio gera perdas, mas o importante é a informação. “Em setores customer centric", continua,“o modelo de previsão de comportamentos é essencial. Os modelos previsivos têm um limite, as mudanças de comportamento, e os meios de pagamento são o único instrumento para medir essas mudanças e prever problemas. No México, o BBVA Bancomer já tem um modelo preditivo muito desenvolvido, efetivo 10 dias depois da primeira conta.”

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3. A visão do setor

Apesar de tudo, em ambientes de rápido crescimento como o Brasil (espera-se que o mercado de meios de pagamento eletrô-nicos vai dobrar nos próximos 5 anos), em que a liberalização da aquisição remonta apenas a 2009, ainda ocorrem movimentos de criação de novas redes. Alexandre Rappaport, diretor de Cartões do Bradesco, comenta que dois terços dos cartões emitidos no Brasil são para uso exclusivamente nacional. Nesse contexto, faz sentido o lançamento da bandeira “Elo” junto com Banco do Brasil e Caixa, para tentar emular o sucesso de outros esquemas nacionais, como o Hipercard do Itaú (7% de participação de mercado). Edison Pacheco, do Santander Brasil, acrescenta que sua instituição também está desenvolvendo desde 2010 sua própria rede de aquisição, já que veem uma oportunidade de expansão e fidelização entre clientes de empresas e lojas.

Em muitos casos o valor da rede de aquisição é determinado pela possibilidade de analisar inteligência de negócios para me-lhorar os modelos de comportamento dos clientes das instituições financeiras. Albert Figueras, diretor de Meios de Pagamento e Financiamento ao Consumo do Banco Sabadell, considera que a aplicação destas técnicas sobre os dados de cartões tem um grande potencial, mas também apresenta restrições, em decorrência das normas de proteção de dados. É necessário ter autorização explícita para o uso comercial de informação, e isso já está sendo incorporado nos novos contratos, mas a Agência de Proteção de Dados impõe algumas limitações.

Para os executivos espanhóis, no negócio da aquisição haverá um antes e um depois da operação de externalização realizada por “la Caixa” em 2011 (51% da aquisição de seus pagamentos está agora nas mãos da empresa Global Payments). Embora muitos descartem essa opção, estão buscando vias alternativas para rentabilizar um negócio em que as contas não fecham. Nesse sentido, o Banco Sabadell está implementando pilotos em hotéis e restaurantes com um novo POS-PC com teclado que oferece em modalidade de renting, em troca de determinar uma comissão interbancária zero.

Uma queixa frequente é que as grandes lojas negociam com todos os bancos a taxa interbancária no mínimo, uma situação insustentável que precisa evoluir para um modelo de valor agregado em serviços. Outras instituições, como a Cajamar, concen-traram sua estratégia na vinculação de seus clientes em época de crise, reduzindo sistematicamente as comissões que cobram de seus estabelecimentos abaixo de sua própria tarifa interbancária. Isso não contribui para que a aquisição seja um negócio rentável, mas diferencia a instituição em termos de estratégia de fidelização.

No que se refere ao processamento de pagamentos na Espanha, María Eugenia Lorenzo, do Banco Popular, oferece uma das chaves para os próximos anos ao estimar que será revisado o modelo de colaboração com outros processadores, aproveitando as licenças SEPA, o que poderia resultar em integrações e na possibilidade de concentrar o processamento de instituições mul-tinacionais em um único país dentro da Zona Única.

3. Normativa e padronizaçãoÉ bem sabido que uma parte considerável dos esforços nas áreas de tecnologia das instituições destina-se à conformidade normativa e à adoção de padrões internacionais. Considerando os comentários do setor, os dois últimos anos foram marcados por uma intensa atividade nesse sentido e estão previstas novas mudanças no futuro. Sem dúvida, uma das mudanças mais comentadas é a adoção do padrão EMV (Europay - MasterCard - Visa) nos cartões de pagamento, seja por acordos setoriais ou por exigências da regulamentação.

Benjamín Bernal, diretor-geral de Supervisão de Risco Operacional e Tecnológico da Comissão Nacional Bancária e de Valores do México (CNBV), explica que as reformas regulatórias mais recentes em seu país estiveram centradas na aprovação de al-gumas modificações na lei de transparência para abrir o nível de concorrência nos switches (particularmente, às relações entre câmaras de compensação). Em fevereiro de 2010 foi publicada também a segunda versão da regulamentação de serviços ban-cários eletrônicos (que inclui referências a serviços bancários e pagamentos móveis, o uso de chaves dinâmicas, biometria, etc.), mais completa do que a de 2006.

No que se refere especificamente à tecnologia de chip, como EMV, Benjamín Bernal menciona uma migração para os meios eletrônicos, como terminais de ponto de venda e caixas eletrônicos. Para estes últimos, articula-se em três fases: a primeira será completada em fevereiro de 2012, e inclui apenas os caixas eletrônicos considerados de alto risco (em locais isolados, tipica-mente). A segunda fase incorporará os de risco médio (setembro de 2013) e, por fim, todos os caixas eletrônicos e do país devem estar migrados até setembro de 2014. No caso particular dos terminais de ponto de venda, sua migração devia estar concluída em julho de 2011. A denominada transferência de responsabilidade (liability shift) ocorrerá a partir de janeiro de 2013, de forma que todas as operações autorizadas com tarja magnética a partir desse momento serão responsabilidade exclusiva do emissor em caso de reclamação por parte dos clientes, algo que, no caso da Europa, já ocorre desde janeiro de 2005.

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Em geral, os bancos mexicanos estão cumprindo o calendário previsto. Ruth Brennan, diretora-geral de Tecnologia e Operações do HSBC no México, aponta que em sua instituição a migração para EMV estará em 85% no fim de 2011, e será concluída no fim de 2012. Em qualquer caso, a alta frequência de fraude nos caixas eletrônicos mexicanos fez com que, desde 2010, seja exigido um PIN adicional para fazer saques de dinheiro em caixas.

Algumas vozes, como a de Juan Soledad Reyes, do Scotiabank México, dizem que a contrapartida de maior segurança só com-pensa o sobrecusto de emissão (que estima em 30%, aproximadamente) nos segmentos mais altos do mercado, e lamenta que, exceto pela segurança, não esteja sendo usado todo o potencial do EMV para introduzir aplicações de fidelização, por exemplo.

Paula Ángel, gerente de produtos de débito e crédito do Bancolombia, explica que a regulamentação específica sobre EMV na Colômbia provém da Circular Externa 052 de 2007, a mesma que introduzia outros elementos de segurança, como os OTP (one--time passwords) nos serviços bancários eletrônicos. Por outro lado, outras modificações recentes, como a Circular Externa 022 de 2010 (sobre requisitos de segurança e qualidade para a realização de operações), a fixação da tarifa interbancária ou a Lei de Reforma Tributária (que introduz a aplicação do imposto sobre transações financeiras aos cartões), influíram no desenvolvimento recente do setor dos meios de pagamento em seu país.

A normativa relativa a comissões e taxas interbancárias é outro dos elementos críticos que influenciaram o setor nos últimos meses. Nas palavras de Pedro Luis Villegas Ramírez, vice-presidente de Sistemas e Operações do Credibanco (Colômbia): “Este ano, a regulamentação relacionada com as comissões e tarifas interbancárias associadas com meios de pagamento foi a de maior impacto, e continuará sendo durante o próximo ano”.

Algo semelhante ocorre no México, onde Jorge Fernández García Travesi, diretor-executivo de Tecnologia do Santander, explica que a principal mudança normativa no último ano foram as circulares emitidas pelo Banco do México, que regulam a aplicação de comissões (como o artigo 52 da lei de transparência e o capítulo X da CNBV), além da regulamentação de contas móveis e correspondentes bancários.

Sergio Salvador, do BBVA Bancomer, inclui um novo elemento na lista de requisitos regulatórios que serão incorporados no mer-cado mexicano. A partir de 2013, o exigível de crédito rotativo dos clientes de cartões de crédito deverá ser liquidado a um ritmo de no mínimo 1,5% mensal, de forma que o crédito em carteira não se estenda por um período superior a 60 meses.

No Brasil, o foco para os próximos meses aparentemente estará voltado para os esquemas de comissões, após a aprovação da liberalização do processamento de pagamentos, que passou a ser multimarca e aberto. Assim, Edison Pacheco, do Santander, acredita que será aprovada uma nova regulamentação para as comissões (não será possível cobrar para entrar em um esquema de fidelização, por exemplo), e é possível que seja promovida a criação de um meio de pagamento orientado à inclusão financeira dos não bancarizados (algum tipo de cartão básico, como seu equivalente em contas de poupança).

Na Espanha, a situação não é muito diferente da que vemos na América Latina, pelo menos no que se refere às tendências regulatórias sobre comissões e tarifas interbancárias. Javier Celaya, diretor de Meios de Pagamento do Bankia, afirma que o sur-charging ou encargo por pagamento com cartão está na pauta política europeia, devido à necessidade de transpor a normativa europeia que o autoriza, mas teme que possa prejudicar o consumidor final, como nos casos de algumas companhias aéreas, que cobram comissões exorbitantes para pagamento com cartão. Para Celaya, o outro grande tema candente é a limitação das tarifas interbancárias, que origina diversos problemas de arbitragem regulatória, devido à dificuldade de aplicar regulamentação nacional no comércio eletrônico, e pela diferenciação de novos entrantes como Google, que poderiam ficar isentos.

Por último, as instituições financeiras deverão cumprir os requisitos determinados pela norma de segurança PCI-DSS (Payments Card Industry - Data Security Standard). Segundo explica Miguel Ángel Domínguez, da Cajamar, a adaptação está sendo imple-mentada com um certo atraso na Espanha, e sua instituição, que atua como processador para outros bancos, será a primeira instituição financeira a aplicar o PCI.

4. A inovação que vemA escolha dos pagamentos por telefone celular como tema central para este Relatório Tecnocom 2011 não é casual, e uma boa comprovação disso são as respostas que obtivemos ao perguntar aos executivos do setor quais seriam as inovações mais relevantes a curto e médio prazo no mercado dos meios de pagamento. O celular foi um elemento comum, desde o Peru até a Espanha, passando por praticamente todos os países objeto de estudo.

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3. A visão do setor

Paula Ángel, do Bancolombia, considera que, como o negócio de meios de pagamento está em constante evolução, e parte da intenção de sua instituição é aumentar o nível de bancarização e facilitar a possibilidade de acesso aos serviços financeiros cada vez a mais pessoas no país, as tecnologias que incrementem o uso dos produtos financeiros, como Internet, telefones celulares, POS e outros produtos que apoiem a massificação (cartões pré-pagos, co-branded, etc.) serão objeto de análise e implementa-ção no Bancolombia.

Embora preveja um percurso importante, Fabiola Herrera, diretora de Meios de Pagamento do Banco Central da República Do-minicana, considera que o pagamento por telefone celular ainda está um pouco atrasado em seu país, já que foi introduzido há apenas um ano e foi orientado em primeiro lugar à população bancarizada, embora o maior potencial pudesse vir da oferta de serviços financeiros pelo celular a quem de outra forma não poderia desfrutar deles. Este mesmo argumento é usado por Jorge Fernández García Travesi, do Santander México, ao afirmar que “definitivamente o tema de pagamentos e aplicativos móveis é o que terá o maior impacto nos próximos anos. Não apenas por poder proporcionar serviços financeiros e de pagamento por telefone celular, mas também porque será um meio de bancarização em países emergentes.”

Uma das primeiras instituições bancárias orientadas especificamente à população não bancarizada no México é o Banco Wal-mart. Raúl Fernández está convencido de que o celular tem muito potencial no México, a instituição para a qual trabalha sabe que sua eclosão é iminente e está estudando possibilidades, porque se trata de uma prioridade para os próximos meses. Benjamín Bernal, da CNBV, impulsionadora de uma das regulamentações de pagamentos por celular mais completas da América Latina, vai um passo além e se atreve a dar algumas datas, apostando que ocorrerá uma grande migração de clientes para a tecnologia móvel, combinada com agentes correspondentes, em um prazo de 18 a 24 meses.

O Brasil, berço de um serviço pioneiro como Oi Paggo, apresenta níveis similares de ceticismo e otimismo sobre o futuro dos pa-gamentos com telefone celular. Assim, Alexandre Rappaport, do Bradesco, afirma que o futuro dos pagamentos com celular ainda é incerto, porque muita gente pensou que era uma solução única para todos, quando em realidade atualmente só faz sentido para algumas operações em determinados segmentos.

José Antônio de Sousa, da Caixa Econômica Federal, comenta que o Ministério de Desenvolvimento Social está elaborando diretrizes sobre serviços financeiros por telefone celular para não bancarizados. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também estaria trabalhando em um modelo de m-payments que deveria ser apresentado ao Banco Central nos próximos meses. Nesse contexto, parece que os pagamentos remotos têm mais potencial a curto prazo do que o contactless, uma tecnologia que demorará um pouco mais para chegar a amplos setores de população. A própria Caixa realizou em 2011 um piloto de m-payments por SMS em colaboração com Redecard (MasterCard) e Vivo, cujas primeiras fases ocorreram em Brasília, São Paulo e Fortaleza.

Outro dos grandes bancos brasileiros com participação pública, o Banco do Brasil, iniciou seus primeiros pilotos de pagamentos com celular há seis anos, mas ainda hoje as operações através desse canal são marginais. Para Denilson Gonçalves Molina, diretor de Cartões da instituição, o crescimento dos pagamentos com celular deve vir de um maior desenvolvimento da coopera-ção entre agentes e de um esforço de interoperabilidade. Neste sentido, o próprio Banco do Brasil tem uma joint venture com Oi Paggo para a emissão de cartões físicos ou virtuais operáveis por telefone celular. Também os principais processadores do país, Cielo e Redecard, preveem o início da adaptação de sua rede de aquisição no fim de 2011 para aceitar pagamentos por celular. Se os prazos forem cumpridos, no fim de 2012 o mercado deveria estar pronto para a implementação.

Do ponto de vista estritamente regulatório, Daso Coimbra, do Banco Central do Brasil, indica que o modelo de m-payments não implicará em grandes mudanças para o sistema na medida em que esteja baseado em cartões. O grupo de trabalho encarregado desse assunto na FEBRABAN procura conseguir um esquema interoperável para as instituições financeiras do país, provavel-mente baseado na câmara de compensação eletrônica (ACH), sob supervisão do Banco Central.

Um dos precursores no uso do telefone celular para fazer pagamentos e remessas de dinheiro na Espanha foi a Hal Cash, com seu modelo de remessa de fundos retiráveis em caixas eletrônicos. José Valiño, presidente da Hal Cash, esteve convencido desde o primeiro momento do potencial do telefone celular para o envio de remessas, considerando que as alternativas formais (SWIFT e as remetidoras) eram comparativamente mais caras.

Porém, o sucesso dos pagamentos com telefone celular na Espanha parece que terá origem em outro lugar. Javier Celaya, do Bankia, resume o sentimento de grande parte do setor quando afirma que a NFC será a tecnologia celular com maior sucesso no país, mas, para que se amplie, é um pré-requisito o desenvolvimento do mercado do pagamento sem contato (contactless), que já está começando a se estender pela Europa. O caso de negócio é insustentável a curto prazo, mas é um movimento estraté-gico defensivo que é necessário assumir. Assim, o telefone celular é um elemento prioritário, inclusive para uma instituição que experimentou um processo de integração como o do Bankia.

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Na mesma linha, expressa-se Albert Figueras, do Banco Sabadell, quando indica que o pagamento sem contato é uma aposta--chave para 2011 e 2012, e seu desenvolvimento é necessário para a generalização da tecnologia NFC em telefones celulares. Porém, considera que o valor agregado nas aplicações ainda está para ser desenvolvido (programas de fidelização, cartões privados, etc.).

5. Os novos entrantesEm um mercado tão mutável como o dos meios de pagamento, são muitas as empresas de diversos setores (comércio, telefonia móvel, Internet, etc.) que tentam começar a competir com os agentes já estabelecidos. Francisco Castells, do BBVA, considera que, de certo modo, está sendo desenvolvida uma bolha dos meios de pagamento: todos querem entrar, e não porque seja um negócio rentável, mas porque têm interesse em completar seus modelos de comportamento de clientes com um meio de paga-mento associado.

Figura 1: Ecossistemas de meios de pagamento segundo Francisco Castells, diretor-geral de Meios de Pagamento do BBVA

ESPAÇO DECONVERGÊNCIA

Tradicional

EMISSÃO

AQ

UIS

IÇÃ

O

BANCOS

PLATAFORMAS DEPAGAMENTO VIRTUAL MOEDAS VIRTUAIS

TELECOMUNICAÇÕES

Trad

icio

nal

Não tradicional

Não

trad

icio

nal

Castells indica o PayPal como a primeira instituição que, como novo entrante, tratou de se expandir fora de sua área de influência e cruzar a fronteira dos agentes tradicionais, unificando todos os ecossistemas existentes para seus clientes. Nessas circuns-tâncias, a rede de aquisição de pagamentos das empresas já estabelecidas é o elemento mais valorizado ao buscar parceiros. Porém, também existe uma ameaça por parte dos adquirentes autoinstaláveis como a Square que, graças à tecnologia móvel, permite implementar rapidamente uma rede de aquisição e com custos restritos para o fornecedor do serviço.

Para a maioria dos executivos do setor o grande inimigo dos meios de pagamento eletrônicos é o dinheiro em espécie, já que os novos entrantes poderão mudar o mercado, mas dificilmente vão superá-lo. Javier Celaya, do Bankia, apresenta o exemplo do surgimento do ING na Espanha, com seu modelo inovador de banco varejista, que introduziu novos conceitos em um mercado maduro e altamente competitivo.

Do outro lado do Atlântico, as conclusões são semelhantes. Jorge Fernández García Travesi, do Santander México, opina que em última instância a entrada de mais agentes resultará em maior concorrência e benefícios para os usuários finais desses ser-viços. Porém, comenta que convém ter cautela em termos da concessão de crédito, já que estas práticas, que o setor bancário estudou bem, não encontram a mesma experiência em alguns dos novos agentes.

Para Carlos Montaño, gerente especialista de Arquitetura de TI no Banco de Crédito do Peru (BCP), é preocupante a entrada de agentes não bancários no mercado dos meios de pagamento, embora no Peru atualmente as normas legislativas vigentes não permitam que isso ocorra. Por esse motivo, empresas como a Ripley ou a Falabella precisaram obter uma ficha bancária para operar nesse mercado. Em sua opinião, são os agentes financeiros que devem adotar ou inovar no desenvolvimento de novos meios de pagamento.

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4. O setor em números

1. IntroduçãoNeste capítulo examinaremos as mudanças que têm ocorrido no setor de meios de pagamento de baixo valor na América Latina e na Espanha nos últimos meses. Antes, é importante ressaltar a dificuldade de fazer comparações entre países, porque cada sistema financeiro tem suas características próprias e práticas locais; além disso, porque o tamanho das economias medido pelo produto interno bruto (PIB) varia significativamente de um país para outro. No entanto, alguns modelos de natureza geral são avaliados. Um dos mais notáveis é a integração crescente das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos sistemas de pagamentos de varejo pelas instituições financeiras. A inovação tecnológica em serviços de pagamento de baixo valor criou oportunidades para que instituições depositárias, processadores de pagamentos e bandeiras introduzam novos instrumentos de pagamento e reduzam os custos de processamento dos já existentes. Nos últimos anos, novos instrumentos de pagamento foram incorporados ao cotidiano dos consumidores. Além de maior diversificação na oferta de cartões de crédito e débito, têm-se desenvolvido novos produtos, como carteiras eletrônicas, créditos e débitos interbancários diretos e operações realizadas pela Internet ou telefone celular; alguns desses produtos já eram comumente usados na Espanha e em outros países europeus antes de chegarem à América Latina. O aumento significativo no uso de sistemas eletrônicos de pagamento tem sido acompanhado por investimentos em caixas eletrônicos (ATMs, em inglês), terminais de pontos de venda (POS) e a Internet, juntamente com o desenvolvimento de redes de correspondentes não bancários.

Nesse contexto de modernização, os instrumentos de pagamento baseados em papel têm sido gradualmente substituídos. En-quanto o dinheiro em espécie em circulação2 ainda representa apenas 1,5% do valor total dos meios de pagamento utilizados na América Latina (USD 166,55 bilhões), os cheques deixaram de representar 36,5% das transações totais em 2005, caindo para 17,9% em 2010 (USD 1.992,94 bilhões). As câmaras de compensação eletrônica (ACH, em inglês) têm permitido que pessoas, empresas e governos gradualmente migrem de cheques para pagamentos e cobranças eletrônicos, o que permite operarem até mesmo se o ordenante e o beneficiário têm contas em bancos diferentes. Como consequência da crescente utilização desses sistemas, as transferências de crédito aumentaram significativamente, passando de 60% do valor das transações para 76,7% (USD 8.561,29 bilhões) em apenas cinco anos, conforme mostra a Figura 2. O uso de cartões de débito, por sua vez, tem au-mentado à medida que os governos e as instituições financeiras tomam iniciativas para promover a “bancarização” e com o au-mento do número de caixas eletrônicos e POS. O valor total dos meios de pagamento na América Latina totalizou USD 11.162,09 bilhões em 2010, representando uma taxa composta de crescimento anual de 17,8% desde 2005, quando o valor dos meios de pagamento não chegava aos USD 5 bilhões.

Figura 2: Valor das operações de pagamento na América Latina3 entre 2005 e 2010, por instrumento, em bilhões de dólares

60,0%

76,7%

0,2%

2,1%

3,7%

36,5%

17,9%

1,5%

1,5%

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

2005 2010

Dinheiro em espécie (M0)

Cheques

Cartões

Débitos diretos

Transferências de crédito

4.918,72

11.162,09

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

2 O dinheiro em espécie circulante ou a oferta monetária (M0) inclui as notas e moedas comumente usadas para fazer pagamentos e o dinheiro que os bancos têm em seus caixas e depositado no banco central.

3 Neste capítulo, a América Latina incluiu Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana.

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Os dados da Figura 2 não são conclusivos como reflexo do uso dos diferentes meios de pagamento, pois o valor das transfe-rências de crédito (incluindo pagamento de salários, por exemplo) é frequentemente muito maior do que o montante envolvido em débitos diretos (instrumento que costuma ser usado para pagar contas de serviços públicos como eletricidade, telefone ou água, as quais, por definição, são de valores mais baixos) e no valor dos pagamentos com cartão. Portanto, convém analisar o número de operações realizadas; ao fazê-lo (Figura 3), observa-se um padrão semelhante de substituição gradual dos meios de papel por outros mais eficientes e modernos. Isso é claramente visto nos cheques, os quais em 2005 eram usados em um terço das operações por meios diferentes de dinheiro em espécie e em 2010 passaram para apenas 10,8% (1.516,89 milhões de operações). Pelo contrário, as transferências de crédito ganharam participação de mercado, e agora são usadas em 31,5% das operações (4.362,59 milhões de pagamentos) frente a 24,8% em 2005. Apesar do aumento considerável deste meio de pagamento, os cartões continuam sendo o instrumento favorito, e são usados em 57,6% das ocasiões (8.078,40 milhões de operações). Deve-se notar que, apesar da forte dependência do dinheiro em espécie que existe nesses países, esta análise não o inclui, diante da escassez de informações confiáveis sobre sua utilização.

Figura 3: Número de operações de pagamento na América Latina em 2005 e 2010, em milhões

Transferências de crédito Débitos diretos Cartões Cheques

1.844,02

4,99

3.253,48

2.348,02 4.362,59

74,24 8.078,40

1.516,89

2005 2010

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

A evolução dos meios de pagamento de baixo valor, tanto na Espanha quanto na América Latina, está intimamente relacionada com a evolução das TIC, que têm impulsionado a inovação produtiva e tecnológica a tal ponto que podemos afirmar que já são parte integrante do negócio de meios de pagamento. Portanto, não é surpreendente que na Espanha, onde o valor dos pagamentos efetuados por instrumentos varejistas em 2010 totalizou EUR 1,87 bilhão, se observe uma tendência semelhante à observada nos outros países analisados, com instrumentos de pagamento eletrônico (transferências de crédito, débitos diretos ou pagamentos pré-autorizados e cartões de crédito e débito) sobrepondo-se aos instrumentos de papel (cheques), conforme mostra a Figura 4. No entanto, existem diferenças notáveis, entre as quais se destaca o maior aumento na quantidade conjunta de pagamentos na América Latina do que na Espanha (17,8% versus 3,5% em taxa composta de crescimento anual). Sem dúvi-da isso ocorreu porque os países latino-americanos experimentaram um maior crescimento econômico, mas também podemos apontar mudanças mais profundas, entre as quais vale destacar o crescimento do sistema bancário, o aumento da penetração dos cartões, o maior uso e aceitação de novos instrumentos de pagamento, as alterações legislativas, a entrada de novos for-necedores de serviços de pagamento que não sejam instituições financeiras, a expansão agressiva da infraestrutura física que permite o pagamento eletrônico (POS e correspondentes não bancários) e o aumento do uso de plataformas bancárias online.

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4. O setor em números

Figura 4: Valor das operações de pagamento na Espanha em 2005 e 2010, em bilhões de euros

33,7% 47,7%

15,8%

16,9% 3,9%

5,1% 34,5%

20,2%

8,6% 4,5% 0,2% 0,5% 3,3% 5,1%

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

2.000

2005 2010

Dinheiro em espécie (MO)

Outros**

Bills*

Cheques

Cartões

Débitos diretos

Transferências de crédito

1.820,60 1.874,11

Fonte: Banco da Espanha.

*Títulos de crédito que podem ser cobrados (a receber) ou que devem ser pagos (a pagar) até a data de vencimento. **Inclui os subsistemas de vales-combustível, cheques de viagem e operações diversas.

2. Dinheiro em espécieOs pagamentos em dinheiro em espécie (moedas e notas) são normalmente associados a transações de baixo valor, devido a suas características únicas. Por um lado, trata-se de um pagamento legal que não exige identificação; e, por outro, supõe a liqui-dação imediata e definitiva de um pagamento, sem a intermediação de uma instituição financeira, eliminando o risco de crédito4.

Consumidores na América Latina mostram uma forte dependência de pagamentos em dinheiro em espécie; a prova é que as cédulas e moedas em poder do público têm crescido em um ritmo mais rápido do que os cartões emitidos por instituições financeiras. Apesar dessa tendência geral, existem diferenças significativas entre os países, que se refletem no coeficiente de preferência pelo dinheiro em espécie5, que é de 29,3 no Peru, 14,5 na Colômbia e apenas 5,3 no Chile6.

Mesmo que para determinar o comportamento da demanda por moeda seja necessário levar em conta um amplo conjunto de fatores, algumas variáveis explicativas principais podem ser consideradas. A teoria da demanda por moeda7 prevê uma estreita relação entre a moeda circulante e a atividade econômica. Há também uma relação inversa com o nível de inflação (pois o dinhei-ro perde poder de compra) assim como com a taxa de juros nominal (porque quanto maior for esta, maior o custo de oportunidade de manter os recursos em moeda ociosos em vez de começar a compensação em outros ativos financeiros mais rentáveis). Na Figura 5, que mostra o aumento de notas e moedas em circulação nos seis países analisados e a evolução do Índice Afi PIB LatAm, é possível observar a relação positiva entre as duas variáveis. Note-se que, para fazer comparações entre os seis países analisados, os dados dessa figura são mostrados em dólares americanos e, portanto, o valor em moeda local pode ser afetado por mudanças na taxa de câmbio de cada moeda em relação ao dólar.

4 Hwang, J. y Guadamillas, M., Capítulo VI, Main trends in payment instruments and infrastructure usage in selected Latin American countries. Balancing cooperation and competition in retail payment systems, Lessons from Latin America case studies, novembro de 2008.

5 O coeficiente de preferência pública pelo dinheiro é o quociente do dinheiro em poder do público e a liquidez em moeda nacional do sistema bancário.

6 Choy, M. y Roca, V., La evolución de los sistemas de pago de bajo valor en el Perú, Banco Central de Reserva del Perú. Semana de Pagos, Amsterdã, outubro de 2010.

7 Os economistas têm desenvolvido distintos modelos que descrevem formalmente as razões pelas quais os indivíduos conservam saldos mone-tários em seu poder e que constituem a chamada teoria da demanda por moeda.

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Outro fator que afeta a demanda pelo dinheiro em espécie é o custo de outros meios de pagamento. Medidas como o imposto sobre transações financeiras (GMF) na Colômbia incentivam o uso de dinheiro em espécie e dificultam o desenvolvimento e o aprofundamento de meios de pagamento eletrônicos, já que os usuários tentam minimizar o número de transações, mantendo saldos elevados em dinheiro em espécie.

Figura 5: Dinheiro em espécie em circulação na América Latina, 2005-2010, em milhões de dólares

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Ind

ixes

(ba

se 2

00

5=10

0)

Din

hei

ro e

m c

ircu

laçã

o

Brasil

Chile

Colômbia

México

Peru

Rep. Dominicana

Índice Afi PIB América Latina (eixo direito)

Índice Afi taxa câmbio América Latina (eixo direito)

Fonte: bancos centrais e superintendências financeiras.

Na Espanha, os consumidores ainda preferem pagamentos em dinheiro por várias razões, entre as quais a tradição parece ser uma das mais importantes, segundo o Banco Central Europeu8. Essa preferência não é afetada pelo aumento do número de cartões de pagamento, pois não se pode esquecer que há uma grande rede de caixas eletrônicos (na verdade, a Espanha tem um dos mais altos índices de caixas eletrônicos por habitante da União Europeia), que permite saques em dinheiro de forma rápida e conveniente. Por outro lado, os comerciantes tendem a perceber o processamento de transações com cartão para transações de baixo valor como mais lento e mais caro do que a utilização do dinheiro em espécie, o que pode desencorajar seu uso. Portanto, conforme mostra a Tabela 1, entre 2005 e 2010 o número de moedas e notas em circulação tem aumentado de forma constante. Em outubro de 2008 houve um aumento claro, quando muitas pessoas retiraram dinheiro de suas contas de poupança ao perderem a confiança no sistema financeiro após o colapso da Lehman Brothers Holdings Inc. e o agravamento da crise financeira. Atualmente, existem 95,5 bilhões de euros em circulação na Espanha, e espera-se que esse número continue a aumentar, a menos que haja inovações tecnológicas revolucionárias que introduzam uma mudança de tendência, como pode ocorrer em caso de generalização massiva das carteiras eletrônicas.

Tabela 1: Dinheiro em espécie em circulação na Espanha (bilhões de euros) e crescimento anual (%), 2005-2010

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Moedas e notas em circulação 59,36 65,93 70,92 79,44 91,74 95,50

Crescimento anual 11,1% 7,6% 12,0% 15,5% 4,1%

Fonte: Banco da Espanha.

8 Banco Central Europeu, Sistemas de pagamento e liquidação de valores na União Europeia. Países da zona do euro, agosto de 2007.

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4. O setor em números

3. ChequesConforme observado acima, a utilização de cheques registra claramente uma tendência de queda (veja Tabela 2), com exceção única do Peru, onde o número de transações utilizando esse meio de pagamento cresceu anualmente entre 2005 e 2010 a uma taxa anual de 1,1%. O valor das transações com cheques aumentou em Brasil, Colômbia e Peru, muito embora seja necessário levar em conta que a taxa composta de crescimento anual para os dois primeiros países esteja abaixo da inflação.

As taxas de crescimento demonstradas pelo Peru não devem nos confundir: o cheque é usado principalmente em pagamentos de empresas e está sendo gradativamente substituído por outros meios de pagamento. A prova disso é que entre 2005 e 2010 as transferências de crédito compensadas por meio da Câmara de Compensação Eletrônica (CCE) mostraram uma taxa composta de crescimento anual de 47,3% e 40,8%, em valor e em quantidade, respectivamente, enquanto a taxa dos cheques aumentou a um ritmo muito mais lento, 7,4% e 1,1%, respectivamente. Outro dado revelador é que o cheque nesse país andino, como nos outros países estudados, está perdendo participação de mercado. Assim, o valor das operações que utilizam esse meio de pagamento passou de 82,6% do total em 2005 para um valor muito mais baixo, 68,9%, cinco anos depois. Vale destacar que, no passado, foram adotadas medidas para desestimular seu uso. Na década de 80, tributou-se o uso do cheque com um imposto de 1% e, embora esse imposto tenha sido revogado em 1992, o uso não foi recuperado.

Com relação ao valor médio dos cheques emitidos nos seis países analisados, não há um padrão de comportamento comum. Isso mostra que os fatores econômicos e sociais, o quadro regulamentar e os produtos oferecidos afetam o valor médio das transações. Também não se deve esquecer da taxa de câmbio, que afeta de certa forma os resultados obtidos.

Tabela 2: Uso de cheques na América Latina e na Espanha

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de dólares)

Valor médio de operações

(USD)Número de operações Valor

2010 Taxa composta decrescimento anual 2005-2010

Brasil 1.109,00 708,96 639,28 -9,6% 1,6%

Chile 208,30 676,97 3.250,05 -5,5% -7,1%

Colômbia 36,34 229,28 6.308,53 -9,5% 3,3%

México 126,16 269,60 2.137,03 -5,2% -0,2%

Peru 8,38 55,10 6.577,57 1,1% 7,4%

República Dominicana 28,71 53,04 1.847,22 -5,3%* -3,6%*

Espanha 70,87 507,63 7.162,52 -8,1% 0,0%

* Crescimento para 2008-2010

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

É interessante notar o caso do Chile, onde a utilização de cheques ainda é alta. Entre os fatores que explicam sua persistência, destacam-se, em primeiro lugar, que é um instrumento bastante seguro, porque são impostas penas de prisão para quem os emitir sem fundos; em segundo lugar, o status social associado à sua utilização, devido aos requisitos para sua emissão; e, finalmente, ao modo de utilização de cheques estabelecido como forma de crédito, por meio de um esquema chamado de Tres Cuotas (Três Parcelas), que permite aos clientes pagarem com três cheques pré-datados para 30, 60 e 90 dias.9

Embora o cheque esteja caindo em desuso na República Dominicana, o Banco Central desse país, como parte do Projeto de Reforma do Sistema de Pagamentos da República Dominicana (SIPARD), mudou o formato dos cheques emitidos por pessoas físicas e jurídicas para adaptação às normas de segurança e convenções internacionais. Assim, desde 30 de abril de 2010, todos os cheques bancários são fabricados seguindo as novas diretrizes. Além de melhorar a segurança, reduzirá de uma semana para um dia o tempo necessário para compensar os pagamentos, após a implementação integral das várias etapas do SIPARD.

9 La evolución de los sistemas de pago en América Latina. Economist Intelligence Unit, maio de 2005.

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Na Espanha, como na América Latina, os cheques estão caindo em desuso e sendo gradualmente substituídos por pagamentos eletrônicos. A prova disso é que os cheques e notas promissórias passaram de representar 38% do valor total dos instrumentos de pagamento (incluindo dinheiro em espécie) em 2005 para 21%, cinco anos depois. Entre os fatores que explicam por que o cheque ainda mantém alguma importância estão, em primeiro lugar, os hábitos dos consumidores, os quais são difíceis de mudar; segundo, que é o beneficiário (e não a pessoa que emite o cheque) quem assume os encargos ao descontar o cheque; e, finalmente, a forte obrigação legal associada aos cheques10.

4. CartõesO cartão é o instrumento de pagamento diferente de dinheiro em espécie preferido na América Latina, sendo usado em 57,6% das transações no total dos seis países pesquisados, percentual que atinge 81,5% no caso do México. No Chile, pelo contrário, o uso relatado é significativamente menor (16,6%) devido, por um lado, à preferência pelo cheque e, em segundo lugar, às es-tatísticas da Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras do Chile (SBIF), que não consideram os cartões de crédito de estabelecimentos no Chile, que dominam o mercado face a seus equivalentes bancários.

O número de cartões de pagamento em circulação cresceu nos últimos anos. Os fatores que explicam esse aumento incluem: (i) o bom desempenho da economia, em geral, e do setor de varejo, em particular; (ii) o aumento da renda disponível nos seg-mentos C e D da população11, que veio acompanhado por um aumento do consumo nessa categoria e um aumento no uso dos cartões como forma de pagamento; (iii) a tendência de substituir cheques e dinheiro por cartões de débito e de crédito para um pagamento mais seguro e geralmente aceito; (iv) as campanhas de divulgação promovidas por instituições financeiras, vare-jistas e pelas próprias redes internacionais de cartões; (v) a crescente bancarização; e (vi) a expansão da infraestrutura física dos pontos de acesso (caixas eletrônicos e POS). Nesse contexto tão favorável, não é de estranhar que a quantidade média de transações com cartão tenha crescido (com exceção do México, afetado pela crise). No Peru e no Brasil, por exemplo, a taxa média praticamente dobrou nos últimos 5 anos, para USD 60,4 e USD 49,6 por operação, respectivamente.

A Figura 7 mostra uma diminuição no número de cartões de crédito por cada 1.000 habitantes no Chile, devido a alterações normativas. Nesse país o número de cartões em vigor relatado em 2008 é significativamente reduzido (32%) em comparação com anos anteriores. As novas normas têm por objetivo considerar apenas os cartões com os quais é realmente possível realizar transações, deixando de fora os cartões com ativação pendente. Essas mudanças ocultam que o número de cartões de crédito ativos tem se expandido, de acordo com a SBIF. Dois fatores que provavelmente contribuíram para sua expansão: por um lado, o fato de que os cartões podem ser usados em um número maior de centros de consumo e, por outro, a promoção intensa por parte das instituições que permitem o pagamento em três parcelas (e até seis), mantendo o preço oferecido no comércio. Outra regulamentação da SBIF que precisa ser destacada são as mudanças relacionadas com a clareza e a transparência nos contra-tos bancários de grande escala, que incentivam, como é de se esperar, o uso de pagamentos eletrônicos12.

As mudanças normativas na informação sobre canais e instrumentos de pagamento que as instituições financeiras devem fornecer ao Banco Central do Peru (BCRP) tiveram um efeito semelhante às do Chile. Se não fosse por esses ajustes, o Peru demonstraria um aumento no número de cartões, em parte devido às empresas especializadas em crédito ao consumo que têm permitido o acesso ao crédito bancário para pessoas de baixa renda13.

No Peru, a Superintendência de Bancos, Seguradoras e AFP (SBS) aprovou a Resolução Nº 7897-2011, que altera o Regu-lamento de Transparência de Informação e disposições aplicáveis à contratação com os usuários do Sistema Financeiro. O objetivo dessa resolução é que as entidades bancárias cumpram sua obrigação de informar adequadamente os clientes sobre as comissões ou taxas que cobram para cada tipo de produto, de modo que os usuários possam escolher o produto ou serviço que seja mais conveniente a seus interesses, conhecendo todas as suas características. Espera-se que, ao ter acesso direto e fácil à informação, os usuários de cartões de crédito (e outros produtos) aumentem o uso de pagamentos eletrônicos nos próximos anos.

10 Banco Central Europeu, Sistemas de pagamento e liquidação de valores na União Europeia. Países da zona do euro, agosto de 2007.11 Os segmentos “A”, “B” e “C1” representam o grupo de maiores recursos; o “C2” e “C3”, a classe média; o “D”, os setores de baixa renda, e o “E”,

o segmento de populaçao mais pobre.12 Circular Nº 3.513, de 15 de novembro de 2010, sobre boas práticas de contratação que, por sua vez, altera a Circular Nº 3.505, de 22 de setem-

bro de 2010.13 Choy, M. y Roca, V., La evolución de los sistemas de pago de bajo valor en el Perú, Banco Central de Reserva del Perú. Semana de Pagos,

Amsterdã, outubro de 2010.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

Outra mudança bem diferente é a que tem ocorrido no Brasil. Após a publicação do relatório elaborado pelo Banco Central do Brasil14, considerando que o sistema de cartões estava muito concentrado, o setor de cartões decidiu autorregular-se, destacan-do as seguintes alterações: (i) abertura da atividade de aquisição para novos participantes; (ii) interoperabilidade dos POS; (iii) neutralidade na compensação e liquidação das transações originadas por meio de cartões de pagamento; (iv) fortalecimento de sistemas de cartões de débito locais; e (v) transparência na determinação da tarifa de intercâmbio.

Quanto ao primeiro ponto, deve-se notar que o setor firmou um compromisso que, a partir de 30 de junho de 2010, encerrou a exclusividade de Cielo (antiga Visanet, controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil) e da Redecard (controlada pelo Itaú Unibanco) para a captura de transações Visa e MasterCard, respectivamente, e que juntas detinham uma participação de mer-cado de 90%.

Após o relaxamento das barreiras de entrada, o Banco Santander lançou o adquirente Santander Conta Integrada em março de 2010 e, alguns meses depois, em dezembro de 2010, a Credicard (subsidiária do Citigroup) e a Elavon (divisão do Bancorp Elavon) firmaram um acordo para estabelecer uma joint venture que funcionará como adquirente no Brasil. Outro exemplo da intensificação na concorrência é o lançamento dos cartões de crédito, débito e pré-pago com a marca Elo por parte dos bancos Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal em abril de 2010. O objetivo dos emissores desse cartão é alcançar 15% da participação de mercado nos próximos cinco anos.

Figura 6: Número de cartões de débito em circulação por 1.000 habitantes, na América Latina e na Espanha, 2005-2010

0

200

400

600

800

1.000

1.200

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil

Chile

Colômbia

México

Peru

Rep. Dominicana

Espanha

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

Na Figura 6, chama a atenção que o número de cartões de débito por 1.000 habitantes seja significativamente maior no Brasil do que na Espanha, dado que os níveis elevados de bancarização desse último país, perto de 100%, sugeririam que há uma maior penetração de cartões do que no Brasil, onde a bancarização está em 60%. No entanto, as afirmações do Banco Central do Brasil em relação ao número de cartões ativos explicam esse aparente paradoxo. Em 2009 (últimos dados disponíveis), dos 221,4 mi-lhões de cartões de débito emitidos, apenas um quarto, 57,7 milhões, estavam ativos. Algo semelhante acontece com cartões de crédito emitidos: dos 152,3 milhões de cartões existentes, apenas 74,9 milhões são ativos15. Com esses dados que refletem com maior precisão a situação dos cartões de pagamento no Brasil, o número de cartões de débito ativos para cada mil habitantes é 301 e, para cartões de crédito, o número é 391, ambos muito inferiores aos da Espanha: 658 e 936, respectivamente.

A partir dos dados do Banco Central do Brasil também se deduz uma desaceleração na taxa de crescimento dos cartões ativos. Em comparação com 2007, o número de cartões de pagamento ativos continuou a crescer no Brasil em 2009, embora o ritmo de ativação tenha se reduzido 2,7% para cartões de débito e 7,2% para cartões de crédito.

14 Relatório sobre o Setor de Cartões de Pagamentos. Adendo Estatístico 2008/2009. Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamento, Divisão de Sistemas de Pagamento, Banco Central do Brasil. 2010.

15 Relatório sobre o Setor de Cartões de Pagamentos. Adendo Estatístico 2008/2009. Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamento, Divisão de Sistemas de Pagamento, Banco Central do Brasil. 2010.

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Figura 7: Número de cartões de crédito em circulação por 1.000 habitantes, na América Latina e na Espanha, 2005-2010

1.000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil

Chile

Colômbia

México

Peru

Rep. Dominicana

Espanha

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

Conforme mostrado na Figura 6 e na Figura 7, a tendência de utilização de cartões nos seis países da América Latina está cla-ramente em ascensão. Nesses países, é previsível a médio prazo o crescimento contínuo no número de cartões, à medida que a taxa da população bancarizada aumentar.

O número de cartões de débito supera o de cartões de crédito na América Latina (Tabela 3), porque os primeiros são muitas vezes concedidos automaticamente na abertura de uma conta de poupança, mas para obter o segundo é necessário contar com um bom score de crédito. Infelizmente, é impossível determinar com precisão o crescimento global experimentado por cada tipo de cartão por causa das mudanças metodológicas acima citadas sobre referência de dados. Dito isso, parece que no Brasil e na Colômbia os cartões de crédito têm demonstrado um maior dinamismo do que os cartões de débito, ao contrário do que aconte-ceu na República Dominicana e no México.

Quanto a este último país, em agosto de 2010 entrou em vigor a Lei das Instituições de Crédito, pela qual os emissores deverão oferecer um novo tipo de cartão de crédito chamado “básico” para atender à população com menos recursos, e espera-se que se promova o uso do cartão, exatamente em um momento em que o crescimento está parado. Esses cartões são emitidos sem custo, e não podem ser cobradas as taxas normalmente associadas a esses produtos. A linha de crédito máximo será USD 926 e com eles só será possível fazer compras, mas não sacar dinheiro.

No México também foi adotada, em novembro de 2010, uma circular sobre cartões de crédito da qual destacaremos dois aspec-tos. Por um lado, homologa as regras e formatos que permitem aos titulares a autorização do pagamento recorrente de bens ou serviços com cartão de crédito, aplicando as regras do pagamento automático de cartões de débito. Com isso, o objetivo global é facilitar a contratação, a objeção de taxas inadequadas e o cancelamento do serviço de forma rápida e segura, o que pode incentivar o uso de cartões de crédito. Por outro lado, aumenta as taxas de pagamento mínimo em cartões de crédito em cada período a partir de janeiro de 2011 e gradualmente até 2012, permitindo a liquidação de dívidas em um menor período de tempo. Com essa medida, o Banco Central do México tenta garantir que as dívidas sejam pagas em um prazo razoável. Note-se que, em 2009, o Banco Santander reduziu seus números de cartão de débito para esse país.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

Figura 8: Número de cartões de débito e crédito em circulação na América Latina, 2007-2010

265.918.300

303.460.358

321.985.504340.463.689

159.647.455180.389.999

193.633.420

219.434.125

0

50.000.000

100.000.000

150.000.000

200.000.000

250.000.000

300.000.000

350.000.000

2007 2008 2009 2010

Cartões débito

Cartões crédito

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

A Figura 8 mostra a tendência clara de alta que os cartões têm experimentado nos seis países da América Latina. Nesses paí-ses, é previsível a médio prazo o crescimento contínuo no número de cartões, à medida que a taxa da população bancarizada aumentar. Nesse sentido, em alguns casos, parece que as lojas de departamento estão mais bem posicionadas do que os bancos para explorar este mercado. O Banco Walmart no México já tomou posições, formando uma série de “miniagências” nas quase 1.300 lojas que possui. Não podemos nos esquecer de que uma parte importante da população de baixa renda não totalmente bancarizada compra todos os dias no Walmart. Essas “miniagências” promovem a abertura de contas, embora os depósitos e retiradas sejam feitos nas dezenas de caixas registradoras de cada loja, que atuam como caixas eletrônicos correspondentes16. A chave do sucesso estará na capacidade do Banco Walmart de promover o uso de cartões de pagamento.

Tabela 3: Número de cartões de débito e crédito em circulação, na América Latina e na Espanha, 2010

País Cartões de débito Cartões de crédito

Brasil 226.141.000 175.437.000

Chile 15.101.345 8.240.506

Colômbia 11.374.443 4.887.405

México 75.165.015 22.397.055

Peru 9.458.509 6.687.764

República Dominicana 3.223.377 1.784.395

Espanha 28.620.000 42.960.000

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

16 CGAP, Technology Program, Country Note: México, março de 2011.

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Na Espanha, ao contrário do que acontece na América Latina, desde 2005 os cartões de crédito são mais comuns do que os de débito. Isso talvez decorra de que ainda há um percentual significativo da população que trabalha com cadernetas (registro da movimentação bancária de uma conta de poupança) em vez de cartões de débito. Deve-se notar que, como resultado da crise, quase 5 milhões de cartões desapareceram nos últimos dois anos, passando de 76.390.000 cartões de pagamento em 2008 para 71.580.000, dois anos de-pois. Vários fatores explicam essa redução. Por um lado, a vontade de controlar os gastos por parte dos consumidores e a consequente redução de cartões como um meio de fazer isso. Por outro lado, o setor financeiro, ao migrar dos tradicionais cartões magnéticos para os do padrão EMV (Europay-MasterCard-Visa), isto é, padrões para cartões com chip), mais caros, aproveitou a oportunidade para não reemitir os mais inativos17.

Outra diferença é que o valor médio das operações em POS na Espanha diminuiu desde 2005, passando de EUR 52,1 por transação para EUR 44,1 em 2010. Esta redução parece indicar que os cartões são cada vez mais usados para transações de menor valor. Prova-velmente, outro fator que influenciou o corte de gastos tenha sido a crise econômica, pois a maior queda foi observada em 2009 (5,7%). Nesse ano, o montante médio foi EUR 44,8, em comparação aos EUR 47,6 do ano anterior.

QUADRO 1: OS CARTÕES DE CRÉDITO DE ESTABELECIMENTO NO CHILE E NO BRASIL

Os cartões de crédito de grandes redes varejistas, como Falabella e Ripley, dominam o mercado de cartões de paga-mento no Chile e são conhecidos por 98% da população. Esses cartões, que tradicionalmente só poderiam ser usados para compras nos estabelecimentos da rede que os emitiu, expandiram sua gama de utilizações ao longo do tempo, empregando uma combinação de sistemas abertos e fechados. Normalmente são gratuitos e muitas vezes oferecem a possibilidade de pagar bens e serviços a prazo, com ou sem custos extras.

Destaca-se sua forte penetração, com mais de 16 milhões de unidades ativas em 2010, 3,3 vezes o número de cartões de crédito bancários, e que o montante médio das transações efetuadas com eles (USD 58) seja muito menor do que no caso das operações com cartões de crédito de bancos (USD 101). Parte do sucesso desses cartões em compara-ção com os cartões tradicionais oferecidos pelos bancos é porque as lojas podem conceder créditos diferenciados com base nos produtos e serviços adquiridos. Assim, as condições são diferentes, se o crédito for para comprar alimentos ou para eletroeletrônicos, por exemplo. Além disso, esses produtos podem ser adaptados a todas as modalidades de financiamento e consolidação, o que demonstra sua capacidade evidente de adaptação às necessidades dos clientes.

Para conseguir essa flexibilidade, é necessário que os sistemas de administração desses cartões de crédito de esta-belecimentos estejam altamente especializados e ofereçam facilidades que permitam flexibilidade e adaptabilidade.

De acordo com um documento de trabalho do Banco Central do Chile18, o sucesso desses cartões deve-se a vários fatores. Entre outros, sinala-se em primeiro lugar a baixa bancarização no país, que incentivou as principais lojas de departamento a cobrir a demanda insatisfeita de crédito por setores de consumidores não atendidos pelos bancos. Em segundo lugar, a crise do sistema bancário na década de 80, que limitou a disposição dos bancos para assumir riscos e empreender novas linhas de negócios. Terceiro, a regulamentação assimétrica entre os cartões oferecidos por bancos e lojas de departamento, uma vez que os primeiros não estão supervisionados pela Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras (SBIF). Por fim, deve também ser notado que as lojas de departamento contam com informa-ções mais completas e profundas sobre o comportamento do consumidor no que tange a pagamentos, e têm feito uma gestão muito boa desse ramo de atividade.

O Brasil também tem a facilidade do cartão de crédito de estabelecimentos, cujos montantes em dívida podem ser pa-gos um ou dois meses após a compra ou em parcelas, geralmente sem juros. Como não é possível liquidar à distância a dívida desse tipo de cartões, os clientes precisam ir às lojas para pagar com cheque, dinheiro ou cartão de débito. Como acontece com cartões de débito e crédito bancários, o número desses cartões em circulação aumentou nos últimos anos, de 97,5 milhões em 2005 para 196,5 milhões em 2009 (últimos dados disponíveis), o equivalente a um aumento de 19,1% ao ano. Em 2009, havia cerca de 1,1 bilhão de transações, no valor de USD 29,8 bilhões, com valor médio de USD 27,1 por transação.

17 Mars, A., El número de tarjetas de pago cae a su nivel más bajo desde 2005, publicado em El País, 4 de julho de 2011.18 Montero, J.P. y Tarziján, J., El éxito de las casas comerciales en Chile: ¿regulación o buena gestión?, Banco Central do Chile, Documentos de trabalho,

Nº 565, março de 2010.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

5. Transferências de crédito e débitos diretosConforme observado anteriormente, os sistemas ACH permitiram o desenvolvimento de transferências de crédito e débitos diretos na América Latina. O início da utilização desses sistemas na região, que aconteceu nos últimos anos da década de 90 e início de 2000, foi lento. Seu início foi interrompido por crises financeiras sofridas por alguns países, ausência de legis-lação sobre pagamentos eletrônicos, fatores culturais, resistência por parte de alguns bancos para promover sistemas ACH ou falta de interesse dos consumidores acostumados a usar dinheiro ou cheque19. No entanto, conforme mostra a Tabela 4, nos últimos anos, tanto o número de operações como seu valor aumentaram, sugerindo que esse instrumento está se de-senvolvendo e os consumidores estão se beneficiando do menor risco e da maior eficiência que este método de pagamento oferece. Na Espanha, as transferências são os principais instrumentos de pagamento, respondendo por 50,2% do montante total de pagamentos.

Tabela 4: Transferências de crédito na América Latina e na Espanha, 2010

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de

dólares)Valor médio de

operações (USD)Número de operações Valor

2010 Taxa composta de crescimento anual 2005-2010

Brasil 2.058,00 4.536,82 2.204,48 14,9% 19,2%

Chile 2.145,10 n.d. n.d. 21,9% n.d.

Colômbia 68,84 333,70 4.847,71 9,2% 17,5%*

México 86,85 3.668,96 42.246,33** 34,2% 18,0%

Peru 2,70 9,35 3.465,10 40,8% 47,3%

República Dominicana

1,11 12,47 11.228,53*** 20,9% 37,8%

Espanha 378,41 1.196,81 3.162,69 6,4% 7,8%

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

*Dados do crescimento na Colômbia e na República Dominicana entre 2008 e 2010.**Os dados do Banco do México para transferências de crédito interbancárias incluem ordens de pagamento do sistema de baixo valor Transferência Ele-trônica de Fundos (TEF) e do sistema de alto valor Sistema de Pagamentos Eletrônicos Interbancários (SPEI), bem como pagamento de cartões de crédito de outros bancos. *** Na República Dominicana, inclui tanto as transferências de baixo valor quanto as de alto valor.

Como a Tabela 4 considera apenas transferências interbancárias, os números não mostram toda a importância desse meio de pagamento, especialmente nos países onde não é possível fazer transferências entre as diferentes instituições financeiras ou onde um pequeno número de grandes instituições concentra um grande percentual de ativos do setor bancário, pois as transferências entre contas em um banco não são refletidas na tabela. Na Figura 9 é possível observar a importância das transferências de crédito intrabancárias em relação às interbancárias, que só são significativas em países como Peru e Re-pública Dominicana, onde representam 1,5% e 3,1% do total, respectivamente.

19 Russell, N., Sistemas de pago en América Latina: Avances y oportunidades, junho de 2008.

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Figura 9: Número total e proporção de transferências de crédito interbancárias e intrabancárias em países selecionados na América Latina, 2010, em milhões

73,3% 89,4%

98,5% 96,9%

26,7% 10,6%

1,5% 3,1%

Brasil México Peru* Rep.Dominicana

Interbancárias

Intrabancárias

821,867.716,00 54,66 35,45Número de transferênciasde crédito (milhões)

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

*Os dados do Peru correspondem ao ano de 2006.

No Peru, o fato de que três grandes bancos mantêm 80% dos depósitos e poupanças do sistema explica em parte porque os números de transferências interbancárias são tão baixos. No entanto, outros fatores contribuem para que o número e o valor das transferências de crédito sejam significativamente mais baixos do que em outros países vizinhos, apesar das vantagens desse instrumento sobre o uso de dinheiro e cheque. Entre os fatores que dificultam a adoção, pode-se destacar a estrutura das comissões do serviço de compensação; o incentivo dos grandes bancos para investir em suas próprias redes, e não em uma rede comum; a limitada cultura financeira; e, por fim, a existência de outros instrumentos de pagamento que limitam o desen-volvimento das transferências de créditos20. Fatores como a maior bancarização, a integração de instituições não bancárias de microcrédito no processo de compensação, a intensificação dos serviços bancários pela Internet e o dinheiro eletrônico permitem prever que, a médio prazo, as transferências de crédito interbancárias atinjam níveis comparáveis aos de outros países da re-gião21. Também é provável que a Lei de Bancarização do pagamento de haveres22 contribua para seu desenvolvimento; aprovada em 2010, permite que os trabalhadores escolham livremente a instituição financeira na qual desejam que suas remunerações sejam depositadas. Essa lei também incentivará o uso do sistema financeiro como um todo, porque promoverá os pagamentos por meios eletrônicos (por exemplo, através de POS) e a disponibilização de fundos em caixas eletrônicos, proporcionando maior segurança e conforto dos trabalhadores ao evitar o risco de portar dinheiro em espécie.

A CCE (Câmara de Compensação Eletrônica) está avaliando a implementação de um serviço chamado “botão de pagamentos”, semelhante ao que já existe na Colômbia, e que permitiria que empresas e entidades governamentais oferecessem a seus clientes a possibilidade de fazer pagamentos virtuais. Ou seja, as transferências de crédito iniciadas a partir do portal dos co-merciantes ou da entidade estatal, por meio da CCE, acessariam imediatamente a instituição financeira onde estão os recursos para fazer o pagamento.

20 Vega Bernal, M.; Ayllón Vásquez, R. y Chavez Anyos, G.; Innovación en los sistemas de pagos: el caso del mercado de transferencias de crédito en el Perú, apresentado no XXVII Encontro de Economistas do BCRP, Lima, 11, 12 e 13 de novembro de 2009.

21 Choy, M. y Roca, V. La evolución de los sistemas de pagos de bajo valor en el Perú. Documento de Trabalho Nº 2010-015, dezembro de 2010.22 Decreto Supremo Nº 003-2010-TR, publicado em 15 de abril de 2010 e promulgado no dia seguinte.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

QUADRO 2: AVANÇOS NA ZONA ÚNICA DE PAGAMENTOS EM EUROS (SEPA)

A Espanha promulgou em 2009 a lei segundo a qual o ordenamento jurídico espanhol é transposto pela Diretiva 2007/64/CE do Parlamento Europeu, que visa harmonizar o quadro legal para os serviços de pagamento na União Europeia (UE). Os serviços de pagamento contemplados são transferências de crédito (incluindo ordens permanentes), débitos diretos (inclusive não recorrentes) e as operações de cartão de débito ou de crédito para realizar depósitos e saques em conta por meio de caixas eletrônicos. Essa lei não abrange instrumentos como cheques, notas promissórias ou letras de câmbio, que continuam a operar sob a legislação em vigor até o mo-mento e que têm legislações de difícil harmonização entre os países. Não se incentiva no âmbito comunitario a realização de pagamentos por meios não eletrônicos para que o mercado de pagamentos evolua localmente para os novos instrumentos eletrônicos.

Para obter o pleno funcionamento da Área Única de Pagamentos em Euros, conhecida pela sigla em inglês SEPA (Single Euro Payments Area), os países da UE devem migrar de seus sistemas de pagamentos individuais para um único sistema pan-europeu. De acordo com o Eurosistema, esse processo, apesar de mostrar progres-sos significativos, está ocorrendo em um ritmo lento. Essa realidade levou à alteração do regulamento EC Nº 924/2009 sobre requisitos técnicos para as transferências de crédito e débitos diretos em euros, que estabelece um calendário obrigatório para a migração desses meios de pagamento, de modo que seja real no final de 2012 para as transferências e em 2013 para os débitos diretos. Além disso, proíbe o uso de comissões ocultas entre bancos para as transações de débitos diretos ou ordens permanentes (débitos automáticos), atualmente cobra-das em seis países, entre os quais está a Espanha.

Em relação aos cartões do Eurosistema, o Sétimo Relatório sobre o progresso da Área Única de Pagamentos em Euros23 indica que a partir de 2012 todos os novos cartões deveriam incluir o chip EMV, podendo ser adicionada a tarja magnética para compatibilidade em regiões onde o padrão EMV não é generalizado, como os Estados Unidos. O uso de cartões com chips e de um número de identificação pessoal (PIN) faz com que as transações com cartões sejam mais seguras, ao permitir a aplicação de algoritmos criptográficos mais poderosos para a autenticação dos cartões.

Em março de 2011, na Espanha, caso que nos interessa aqui, 100% dos caixas eletrônicos e 96% dos POS já haviam sido adaptados para o chip EMV. No entanto, a porcentagem de migração para os cartões em circulação ainda é um pouco menor, situando-se em 77%24.

Desde ná mais de três anos, está-se a considerar o desenvolvimento de um sistema europeu de cartões, que seja uma alternativa ao monopólio da Visa e da MasterCard na Europa, o que resultaria em um aumento de opções para os usuários e em maior concorrência entre as bandeiras, operadoras e instituições financeiras. O novo sistema também contribuiria para manter a eficiência e o nível relativamente baixo das taxas, e poderia influenciar positivamente o número de pagamentos realizados com cartões, bem como a redução dos custos de manuseio do dinheiro em espécie, por varejistas e instituições financeiras.

Atualmente, existem três iniciativas que visam criar um sistema europeu de cartões, Euro Alliance of Payment Schemes (EAPS), Monnet e PayFair e, apesar de estarem em um estágio muito incipiente de desenvolvimento, têm o apoio do Eurosistema. Entre os pontos críticos para que o novo esquema europeu de cartões tenha um alcance positivo e benéfico, destacam-se a liderança das instituições precursoras, o apoio de instituições finan-ceiras, as quais devem fazer grandes investimentos para adotar um novo esquema, e a aceitação por parte dos usuários, incluindo empresas e consumidores.

23 Banco Central Europeu, Eurosistema, Zona Única de Pagos en Euros, Séptimo informe, de la teoría a la práctica, outubro de 2010.24 Comissão para monitorar a migração para a SEPA, Indicadores estatísticos da migração para a SEPA, Gráfico 3, Evolução da migração para

EMV na Espanha.

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Enquanto isso, o número de débitos diretos (entre os quais estão os débitos automáticos, tão populares na Espanha) processa-dos pelos sistemas ACH é significativamente menor do que o de transferências a crédito. No entanto, espera-se que a popula-ridade dos débitos diretos aumente à medida que mais empresas comecem a usá-los. Não se deve esquecer que o uso desse instrumento é mais eficiente, por simplificar a reconciliação e diminuir o número de contas sem pagamento. Outro fator que pode contribuir para seu crescimento é a substituição gradual dos montantes atualmente pagos com cheque.

Dada a natureza das obrigações associadas (pagamentos de telefone, água ou eletricidade), o valor médio (veja Tabela 5) é muito menor do que o de outros meios de pagamento que não dinheiro em espécie.

Tabela 5: Débitos diretos na América Latina e na Espanha, 2010

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de dólares)

Valor médio de operações

(USD)Número de operações Valor

2010 Taxa composta de crescimento anual 2005-2010***

Brasil* 0,10 0,00 n.d. -44,5% -100,0%

Chile n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Colômbia 62,38 14,95 239,61 -1,8% 17,4%

México 11,54 3,01 260,51 30,2% 34,3%

Peru n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

República Dominicana**

0,21 7,53 35.659,23 9,2% 34,1%

Espanha 1.119,61 423,61 378,35 5,7% 1,9%

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

*Para débitos diretos interbancários no Brasil houve uma mudança de metodologia na elaboração de estatísticas. Atualmente, apenas as transações processa-das pela Tecnologia Bancária S.A. (TecBan) são computadas, sendo esse o motivo de os números relatados serem tão baixos. **Os dados da República Dominicana incluem tanto os débitos diretos de baixo valor quanto os de alto valor, pelo poder de escolha por parte da entidade financeira do sistema de liquidação a ser utilizado. ***Para a Colômbia e a República Dominicana, dados de crescimento entre 2008 e 2010.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

QUADRO 3: BOLETO DE COBRANÇA

No Brasil, o uso do boleto de cobrança (boleto bancário) é uma prática comum entre as empresas para a cobran-ça de produtos ou serviços prestados. Trata-se de um documento com código de barras que representa os títulos de cobrança, como notas promissórias e recibos, e que pode ser pago até a data de vencimento em qualquer banco, caixa eletrônico, casa lotérica, supermercado com o qual haja convênio ou por meio de operações ban-cárias à distância. Todas as pessoas (físicas ou jurídicas) podem emitir boletos de cobrança, desde que tenham uma conta bancária, basta que se dirijam a uma agência bancária e manifestem seu interesse.

Em outubro de 2009 entrou em funcionamento o sistema Débito Direto Autorizado (DDA), criado com o objetivo de permitir o processamento eletrônico dos boletos de cobrança. O sistema foi desenvolvido e implementado pelas associações das instituições financeiras de cobrança e crédito de boletos de cobrança juntamente com a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), responsável por seu funcionamento. O processamento eletrônico desses instrumentos permite a redução dos custos de impressão e de envio, uma vez que os clientes podem baixar e imprimir os boletos da Internet. A Febraban, Federação Brasileira de Bancos, estima que a cada ano 2 bilhões de boletos são emitidos em papel e o novo sistema poderia reduzir esse número em 40%25. Outras van-tagens dos boletos bancários eletrônicos são a redução do tempo necessário para se comunicar com o sacado, facilidade de pagamento e garantia de maior segurança contra fraudes.

É importante destacar que, ao contrário dos débitos diretos automáticos, os clientes que estiverem cadastrados como pagadores eletrônicos no DDA podem decidir se querem pagar ou não cada uma das faturas.

No final de 2009, 31 instituições financeiras operavam com o sistema DDA e havia mais de 25 milhões de clien-tes cadastrados como pagadores eletrônicos, sendo que quase 80% eram pessoas físicas. Vale ressaltar que apenas 3,3% dos clientes com conta ativa estão cadastrados como pagadores eletrônicos26, o que sugere que há espaço para que seu uso cresça.

6. Redes de aquisição: caixas eletrônicos, POS e correspondentes não bancáriosUma das maneiras mais eficazes de incentivar o uso de meios diferentes de dinheiro em espécie para pagamentos de varejo é ampliar a infraestrutura física na qual seja possível realizar transações, como caixas eletrônicos e POS. Na América Latina, a capacidade instalada por milhão de habitantes cresceu ao longo dos últimos cinco anos, conforme visto na Figura 10 para caixas eletrônicos e na Figura 11 para os POS. No Peru, por exemplo, o número de caixas eletrônicos passou de 1.678 em 2005 para 4.435 em 2010, representando um crescimento anual composto de 21,5%. No México, o número de POS cresceu a uma taxa média anual de 19% desde 2005 (quando havia 201.852 instalados), chegando a 482.299 terminais em 2010.

Apesar dessa tendência positiva, o nível de desenvolvimento da infraestrutura varia substancialmente de país para país. Assim, enquanto no Brasil o número de caixas eletrônicos por milhão de habitantes é 897, no Peru é apenas 153. Esses números estão distantes dos da Espanha (1.260), embora seja certo que esse país apresenta uma das proporções mais altas entre os países de-senvolvidos. Na Espanha, vale a pena ressaltar, o número de caixas eletrônicos e POS foi reduzido desde 2008, quando atingiu sua alta histórica. A redução dos caixas eletrônicos foi, em grande parte, devida ao processo de reestruturação do setor financeiro espanhol, que resultou na redução do número de agências, nas quais estavam localizados muitos dos caixas.

25 CGAP, Technology Program, Country Note: Brasil, dezembro de 2010.26 Diagnóstico do Sistema de pagamentos de Varejo do Brasil, Adendo Estatístico 2010, Departamento de Operações Bancárias e Sistemas de

Pagamento, Divisão de Sistemas de Pagamento, Banco Central do Brasil. 2010.

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Figura 10: Número de caixas eletrônicos por milhão de habitantes na América Latina e na Espanha, 2005-2010

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil

Chile

Colômbia

México

Peru

Rep. Dominicana

Espanha

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

Figura 11: Número de POS em países selecionados na América Latina e na Espanha, 2005-2010

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil

Colômbia

México

Espanha

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

No México, observou-se em 2010 uma desaceleração no aumento dos POS, que está relacionada, por um lado, ao final da “terminalização” que proporcionava incentivos aos bancos para instalar terminais e, por outro lado, ao encolhimento da atividade econômica. O programa foi financiado pelo Fideicomisso para Estender à Sociedade os Benefícios do Acesso à Infraestrutura de Meios Eletrônicos de Pagamento (FIMPE), criado para promover e expandir o acesso à rede de meios eletrônicos de pagamento, e também para promover a cultura de uso de tais meios de pagamento entre empresas e entre consumidores.

Outro destaque da rede mexicana de acesso é a alta concentração da propriedade da infraestrutura. Em junho de 2010, cinco bancos possuíam 79% dos caixas eletrônicos e essas mesmas entidades são as que concentram um maior número de contas associadas a cartões de débito (87%). Os bancos no México consideram os caixas eletrônicos como um serviço adicional que prestam a seus clientes; portanto, não é de se admirar que ofereçam a seus próprios clientes melhores condições no uso de seus caixas eletrônicos do que aos clientes de outras entidades. Isso explica por que os titulares de contas realizam 90% das transações em caixas eletrônicos de seu banco.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

Até maio de 2010, uma pessoa que usava um caixa de um banco diferente do emissor do cartão pagava duas comissões: uma ao seu banco (conhecida como “comissão por uso de caixa de terceiros”) e outra ao banco operador do caixa (denominada “so-bretaxa”). Como a primeira taxa varia de banco para banco, o caixa não poderia informar aos usuários de outros bancos o valor total das taxas a pagar. Apesar das poucas informações fornecidas, esse sistema tinha a vantagem de permitir que os bancos que não possuíam uma extensa rede de caixas eletrônicos oferecessem a seus clientes acesso à rede de caixas eletrônicos da concorrência, a um custo relativamente baixo, já que a taxa de intercâmbio cobrada pela operadora do caixa eletrônico ao banco do titular de qualquer cartão era de MXN 7,25 (USD 0,62). Entretanto, esse sistema não oferecia incentivos para a expansão da rede de caixas eletrônicos.

Para superar algumas dessas limitações, o Banco do México estabeleceu no final de 2010 que a cobrança de comissões para operações interbancárias em caixas eletrônicos só poderia ser realizada pelos operadores dos caixas eletrônicos e os bancos emissores de cartões não poderiam cobrar taxas dos clientes que fossem a um caixa da concorrência. No novo sistema, os ban-cos operadores de caixas eletrônicos pagam uma comissão (denominada “taxa interbancária reversa”) aos bancos emissores cada vez que um cliente usa o caixa eletrônico, e os operadores do serviço definem o preço pago pelos titulares de cartões27. Mais recentemente, em fevereiro de 2011, o Banco do México emitiu a Circular 6/2011, que regulamenta as bases para que as instituições financeiras, em conjunto, ofereçam serviços por meio de redes de caixas eletrônicos operados por terceiros.

Na Colômbia, o Decreto 2.555 de 15 de julho de 2010, pelo qual são recolhidas e reexpedidas as regras que regem o setor financeiro, de seguros e mercado de ações, e pelo qual se definem outras disposições, introduz maior transparência, ao exigir a publicação de informações relacionadas com os sistemas abertos28 de cartões de débito e crédito. Assim, afirma que os órgãos de administração desses sistemas deverão publicar nas páginas financeiras de um jornal de grande circulação nacional a comis-são de aquisição, a tarifa interbancária de intercâmbio e a taxa de uso. Para isso, os estabelecimentos de crédito adquirentes e emissores, conforme o caso, devem apresentar aos órgãos administrativos a informação pertinente. Essa informação deverá discriminar cada uma das categorias de estabelecimentos comerciais ou setores, de acordo com a classificação que os órgãos de administração de sistemas abertos de cartões tenham estabelecido para fins de gestão de tais sistemas. Embora não existam dados para comprovar isso, essa medida poderia incentivar o uso de cartões de pagamento.

QUADRO 4: OS CAIXAS ELETRÔNICOS NO BRASIL

No Brasil, há dois tipos de caixas eletrônicos: por um lado, os terminais de acesso livre, que podem ser usados por qualquer portador de cartão de pagamentos e, por outro lado, caixas eletrônicos de acesso restrito, nos quais só é possível usar cartões emitidos pela instituição ou cartões da rede à qual estão integrados. Nesse contexto, podemos distinguir dois tipos de operações: compartilhadas, quando são realizadas com cartões em terminais de outra rede, e não compartilhadas, quando a operação é realizada em um caixa eletrônico pertencente à insti-tuição ou grupo ao qual a instituição financeira emissora do cartão pertence.

Em 2010, o percentual de terminais de acesso livre foi reduzido, de 46% do total de caixas em 2009, para 43,3% um ano depois, embora esse número ainda seja muito maior do que em 2005 (34,3%). É importante ressaltar que, apesar dessa diminuição, aumentou a proporção de operações compartilhadas, visando alcançar 18,1% do total de operações (617,02 bilhões), aumentando em relação a 2009 e 2005, quando a proporção era de apenas 12,9% e 7%, respectivamente.

Nesse cenário de baixa interoperabilidade de caixas eletrônicos, não é de estranhar que o número de transações por terminal e per capita seja baixo, embora o número de terminais por habitante seja muito maior do que em ou-tros países da região (ver Figura 8). Conforme os dados, enquanto em 2009 foram realizadas quase 16.600 tran-sações de saque em cada caixa eletrônico brasileiro, no México esse número chegou a quase 38.000, apesar de as transações por pessoa por ano serem ainda mais altas no Brasil: 14,22 em comparação com 11,49 no México.

Em relação à interoperabilidade com redes estrangeiras, o Banco Central do Brasil espera que, por motivo da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil em 2014 e das Olimpíadas em 2016 no Rio de Janeiro, as instituições proprietárias das redes de caixas eletrônicos adotem medidas para aumentar o nível de interoperabilidade dos terminais com as redes internacionais para atender aos estrangeiros que visitarem o país.

27 Reporte sobre el Sistema Financiero, junho de 2010. Banco do México, novembro de 2010.28 Sistema de pagamentos de baixo valor no qual atuam as instituições de crédito emissoras, instituições de crédito adquirentes e os órgãos

administrativos de tais sistemas.

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Com o desenvolvimento da infraestrutura de aquisiçao aumentaram a quantidade e o valor das transações realizadas nesses pontos de acesso, o que reflete um maior uso dos cartões de pagamento, conforme mostra a Tabela 6 para caixas eletrônicos e a Tabela 7 para POS.

Tabela 6: Caixas eletrônicos na América Latina e na Espanha, 2010

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de dólares)

Valor médio de operações (USD)

Número de operações Valor

2010 Taxa composta de crescimento anual 2005-2010**

Brasil 8.558,00 1.122,09 131,12 4,8% 11,9%

Chile 400,64 36,39 90,84 10,2% 14,8%

Colômbia* 470,75 64,58 137,18 -1,8% 9,1%

México 1.355,97 163,84 120,83 4,9% 9,8%

Peru 199,92 19,12 95,62 16,8% 16,2%

República Dominicana

66,66 4,45 66,69 2,8% 5,6%

Espanha 989,68 114,49 115,68 0,7% 2,4%

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

* Os valores foram ajustados pelas instituições supervisionadas.** Para a Colômbia e a República Dominicana, dados de crescimento entre 2008 e 2010.

Tabela 7: POS nos países selecionados da América Latina e da Espanha, 2010

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de

dólares)Valor médio de

operações (USD)Número de operações Valor

2010 Taxa composta de crescimento anual 2005-2010*

Colômbia 230,04 24,77 107,69 9,7% -4,2%

México 987,08 52,17 52,85 19,1% 19,6%

Espanha 2.171,26 127,97 58,94 9,6% 6,0%

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

*Dados de crescimento para a Colômbia para 2008-2010.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

Um canal fundamental em alguns países latino-americanos para aumentar os pontos de acesso do sistema financeiro são os correspondentes não bancários (também conhecidos como CORBANS ou caixas eletrônicos correspondentes). Evidência de sua importância é que, no Brasil, os correspondentes não bancários são a única oferta bancária em 38% dos municípios; na Colôm-bia em 25%; no México em 18% e no Peru em 9%29. Portanto, esse canal tem um papel importante na estratégia de melhoria de cobertura do sistema financeiro e da inclusão financeira da América Latina. Outro dado que mostra sua importância é o fato de que no Brasil a maioria das transferências feitas pelo governo para os 12 milhões de famílias pobres sejam realizadas por esse canal, principalmente em casas lotéricas30. Embora as operações que podem ser realizadas por meio deste canal variem de acordo com a regulamentação do país de origem, normalmente é possível realizar consultas de saldo e/ou movimentos entre contas, sacar dinheiro, receber depósitos, efetuar pagamentos de serviços, pagamentos de taxas de créditos, transferências de fundos e até mesmo abrir contas básicas, como no caso do Brasil e do Peru. A Tabela 8 mostra o número de agentes nos países onde estão presentes.

Os correspondentes não bancários, que normalmente têm um POS modificado, também são essenciais para o sucesso dos ser-viços bancários por celular. Conforme observado acima, os cidadãos dos países da América Latina são fortemente dependentes de dinheiro em espécie, principalmente os segmentos da população de baixa renda. Os correspondentes não bancários localiza-dos em áreas onde não há outros canais de atendimento bancário constituem os únicos pontos de depósito e saque de dinheiro.

Entre os países que estamos analisando e que contam com correspondentes não bancários, destaca-se o caso do México. Apesar de ser o país mais recente a aprovar a regulamentação sobre correspondentes não bancários (em dezembro de 2009), o número de agentes bancários nesse país superou a Colômbia e o Peru, que contam com essa modalidade de acesso há mais anos. Ainda assim, as taxas de crescimento nesses dois países apresentam um grande dinamismo: 72,7% para a Colômbia e 52,8% para o Peru. O Brasil, um pioneiro em adotá-los, continua sendo o país da América Latina com mais caixas, 158.477 em 2010, ano em que foram realizadas mais de 17.000 operações por caixa.

Tabela 8: Correspondentes não bancários em países selecionados da América Latina, 2010

País Ano de lançamento efetivo Ano de regulação Número de agentes bancários*

Brasil** 2000 2000 158.477

Colômbia 2007 2006 9.843

México 2010 2009 9.303

Peru 2008 2005 9.204

Fonte: bancos centrais, superintendências bancárias e Comissão Nacional Bancária e de Valores do México.

*Dados de dezembro 2010.**No caso do Brasil, o ano 2000 costuma ser considerado o primeiro ano de implementação de correspondentes não bancários, embora o modelo já existisse antes dessa data.

7. Serviços bancários pela Internet e por celularA inovação tecnológica permitiu que os bancos desenvolvessem novos canais para facilitar o acesso e reduzir os custos da in-fraestrutura financeira. Dois exemplos disso são os serviços bancários pela Internet e por telefone celular, que permitem realizar transações monetárias e não monetárias de maneira segura, rápida e confortável. Na América Latina, o uso da Internet como canal de pagamentos tem uma tendência de alta significativa, conforme é possível observar na Tabela 9. Em pouco mais de cinco anos, o número de transações aumentou quase três vezes, enquanto os valores envolvidos aumentaram quase quatro vezes. A expansão no número de operações demonstra, entre outros itens, a maior confiança dos usuários. O México passou de quase 6 milhões de usuários em 2005 para mais de 14 milhões cinco anos depois, o que representa uma taxa composta de crescimento anual de 19,0%31. No Chile, o crescimento foi ainda mais acentuado, com uma taxa composta de crescimento anual de 24,9%32. Existem atualmente mais de três milhões de usuários no país.

29 Comisión Nacional Bancaria y de Valores (México), Reporte de Inclusión financiera, 3 de abril de 2011.30 CGAP, Technology Program, Country Note: Brasil, dezembro de 2010.31 Banco do México.32 Superintendência de Bancos e Instituições Financeiras, Chile.

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Tabela 9: Serviços bancários pela Internet em determinados países da América Latina, 2010

Número de operações

(em milhões)

Valor (em bilhões de

dólares)Número de operações Valor

2010 Taxa composta de crescimento anual 2005-2010***

Brasil* 10.571,00 6.271,60 22,9% 25,4%

Chile 2.145,10 n.d. 21,9% n.d.

Colômbia 133,38 695,80 20,8% 48,7%

México 521,78 2.668,28 28,9% 19,4%

Peru** 6,99 5,74 7,7% 17,6%

República Dominicana n.d. n.d. n.d. n.d.

Fonte: bancos centrais e superintendências bancárias.

*Inclui TED (Transferência Eletrônica Disponível), DOC (Documento de Crédito) e transferências de crédito intrabancárias.**Inclui apenas pagamentos de serviços públicos.*** Para Colômbia e República Dominicana, dados de crescimento entre 2008 e 2010.

Na Espanha, o banco online experimentou grande desenvolvimento. As instituições financeiras estão melhorando gradualmente os serviços oferecidos e atualmente é possível efetuar por meio desse canal praticamente qualquer operação financeira não envolvendo dinheiro em espécie de maneira confortável e fácil, incluindo funções operacionais relacionadas com o cartão, como controle de despesas, pagamento antecipado, prorrogação de pagamento ou troca de senhas. Por essa razão, e como o nível de acesso à Internet está acima de 61,8% da população entre 16 e 74 anos33, hoje 42% dos espanhóis usam o banco online.

O telefone celular, com sua alta penetração na América Latina, tem o potencial de se tornar um dos mais populares meios de pagamento, especialmente nos segmentos mais pobres da população que não estão sendo atendidos por outros canais. Embora alguns países (como Quênia, África do Sul, Tanzânia, Filipinas e Índia) já contem com serviços financeiros por celular, na região os serviços bancários por celular ainda são incipientes.

A Colômbia é um dos países da região onde os pagamentos por celular são mais desenvolvidos. Contribuem para isso a alta penetração da telefonia celular (98,2 linhas por 100 colombianos) e o fato de os usuários não precisarem de um aparelho de alta capacidade, uma vez que muitas operações são feitas por mensagens de texto. A plataforma dos serviços bancários por celular é composta por 8 instituições financeiras, 2 redes de baixo valor e 3 operadoras de telefonia móvel, e atualmente é possível realizar 27 diferentes tipos de transações financeiras, que variam desde gestão de contas de poupança e pagamentos de bens e serviços até transferências de dinheiro34.

Entre 2008 e 2010, o número de operações monetárias e não monetárias de telefonia celular multiplicou-se por 3,6 na Colômbia, passando de pouco mais de 4.110.000 para mais de 14.775.000. Embora o aumento seja notável, a realização de transações por esse canal continua sendo baixa. Por exemplo, apenas 0,6% dos mais de 2,45 bilhões de transações em 2010 foram realizadas por telefone celular. Além disso, apenas 14,9% dessas operações foram monetárias. O superintendente financeiro Roberto Bor-rás espera que a tendência positiva continue e seus números aumentem nos próximos anos35. Em termos de valor, houve uma triplicação entre 2008 e 2010, superando os COP 55 bilhões (mais de USD 31 milhões). O próximo capítulo discute em detalhes o fenômeno dos pagamentos por telefone celular.

33 Pessoas que utilizaram a Internet nos últimos três meses, de acordo com o INE (2010).34 Avances en banca móvil en Colombia, Asociación de Periodistas Económicos, 24 de junho de 2011.35 E-banking news, “En Colombia: Transacciones Bancarias por el Teléfono Celular”, 27 de abril de 2010.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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4. O setor em números

8. Pagamentos em comércio eletrônicoNa América Latina, o comércio eletrônico para consumidores (também conhecido como B2C) cresceu nos últimos anos, ape-sar do ambiente econômico negativo, conforme mostra a Figura 12. Vários fatores favoreceram esse crescimento: do lado da demanda, o aumento dos computadores pessoais e da banda larga, juntamente com o número de pessoas dispostas a fazer compras por via eletrônica, e o aumento da percepção de segurança. Do lado da oferta, o aumento no número de empresas que fizeram os investimentos tecnológicos e logísticos necessários para desenvolver modelos de negócios online. Entre elas, estão as companhias aéreas, que fizeram investimentos para promover a venda direta de passagens de avião pela Internet, e os hotéis, para a realização de reservas.

Um dos componentes do comércio eletrônico com maior crescimento é a compra de produtos em sites internacionais, apesar dos custos de transporte e alfândega. O México, por sua integração logística com os Estados Unidos, é o país onde se originam mais compras de produtos vendidos em seu vizinho do norte. Também se destacam as compras feitas por cidadãos que emigraram para os Estados Unidos, que substituem as remessas de dinheiro em espécie por compras diretas nas lojas virtuais, como é o caso da TiendasElektra.com no México36.

Por sua vez, na Espanha o comércio B2C alcançou em 2009 os EUR 7,76 bilhões, um aumento de 15,9% em relação a 2008. Para isso contribuíram, por um lado, o aumento do número de internautas, que atualmente está em 64% da população de mais de 15 anos, frente a 58,3% do ano anterior; e, por outro lado, o aumento da porcentagem de internautas que fazem compras online, que passa de 40,3% para 41,5%, elevando o número absoluto de compradores na Internet para 10.360.792. Apesar desse aumento, observa-se uma estagnação do gasto médio por comprador (EUR 749,0), registrando-se uma leve redução de 0,9% frente ao dado registrado em 2008 (EUR 754,0)37.

Figura 12: Comércio eletrônico em países selecionados na América Latina, 2005-2010

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

2005 2006 2007 2008 2009

Peru

México

Colômbia

Chile

Brasil

Fonte: AméricaEconomía Intelligence, Estudio de comercio electrónico en América Latina, junho de 2010.

Nos últimos anos, o PayPal tornou-se um provedor de serviços de pagamento muito popular entre os compradores online. Entre as vantagens estão a facilidade para abrir uma conta (requer cerca de cinco minutos e um mínimo de informação) e a possibili-dade de pagar com cartão de crédito, transferência bancária ou saldo no PayPal, de modo que dados como o número da conta não são divulgados para o vendedor. Para os comerciantes é uma solução de pagamento simples e barata38.

As principais bandeiras de cartões, por sua vez, desenvolveram sistemas como Verified by Visa ou MasterCard SecureCode, que impedem as fraudes do tipo CNP (card not present, em português, sem a presença do cartão), ou seja, pagamentos fraudulentos feitos com cartão sem que este seja apresentado. O objetivo desses sistemas é aumentar a segurança dos pagamentos online.

36 AméricaEconomía Intelligence, Estudio de comercio electrónico en América Latina, junho de 2010.37 Observatorio Red.es. Estudio sobre comercio electrónico B2C 2010, outubro de 2010.38 World Payments Report 2010, Capgemini, The Royal Bank of Scotland, European financial marketing association.

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No sistema 3-D Secure, como se sabe, a entidade emissora associa ao cartão um meio de autenticação que pode ser, entre ou-tros, uma senha selecionada pelo titular, um cartão de coordenadas fornecido pelo emissor ao titular ou um dispositivo eletrônico cujo código muda após algum tempo (também conhecido como dongle). Ao fazer um pagamento eletrônico em um site de uma loja conectada ao sistema de segurança é solicitado o número do cartão, a data de validade e o CVV (Card Verification Value, conhecido em português como código de segurança). Após a verificação desses dados, o comprador é redirecionado automati-camente para o site do banco emissor do cartão, onde deve digitar as informações do método de autenticação escolhido, o que garante a identidade do titular do cartão.

Ao proteger contra o uso não autorizado dos cartões nas compras na Internet e oferecer uma experiência mais segura ao usuário, estimula-se o comércio eletrônico nos sites que participam dessa iniciativa. Assim, quando um pagamento é feito em um site da Internet cujo estabelecimento não tem o 3-D Secure, quando não se verifica a identidade do titular do cartão, este pode solicitar à entidade financeira o reembolso do dinheiro e esta, por sua vez, pode exigir esse valor ao estabelecimento.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

1. Introdução Os pagamentos por telefone celular concentram atualmente grande parte da atenção da mídia sobre as inovações nos meios de pagamento. Basta analisar o último ano para encontrar numerosos lançamentos de pilotos e novos produtos que permitem o pagamento sem cartão. O nível de atividade lembra o que ocorreu no início da década passada, quando muitos previram um crescimento agressivo dos pagamentos por telefone celular. No entanto, a decolagem não se materializou e, por vários anos, os pagamentos por telefone celular foram apenas uma promessa. Recentemente, ocorreu no mercado uma invasão de telefones inteligentes ou smartphones, que graças aos aplicativos desenvolvidos para as principais plataformas do mercado (iOS, Android, Blackberry e Symbian) permitem um progresso sem precedentes dos pagamentos por telefone celular.

Para efeitos de definição do mercado, podemos distinguir dois tipos de pagamentos por telefone celular: os realizados remota-mente a partir de um aparelho telefônico, usando qualquer um dos canais que operam na infraestrutura de telecomunicações por celular; e aqueles por meio dos quais o cliente faz o pagamento mediante sua presença física em um estabelecimento comercial ou em um caixa eletrônico, onde é suficiente aproximar o celular a um terminal de ponto de venda (POS, segundo sua sigla em inglês) devidamente preparado, e que denominaremos pagamentos por proximidade. Enquanto esses últimos geralmente envolvem um estabelecimento comercial e um indivíduo, os pagamentos remotos podem acontecer nesse mesmo cenário (por exemplo, a compra de uma música em uma loja de conteúdos multimídia, como a iTunes) ou entre indivíduos (para efetuar re-messas de dinheiro).

Tabela 10. Classificação básica dos pagamentos por telefone celular

Pagamentos remotos Pagamentos por proximidade

Ambiente favorável Países emergentes e em desenvolvimento Países desenvolvidos

Agentes relevantesInstituições financeiras, expedidoras, operadores de telecomunicações, fornecedores de tecnologia

Instituições financeiras, bandeiras de meios de pagamento, empresas da Internet, operadoras de telecomunicações, fabricantes de terminais, fornecedores de tecnologia

Tecnologias principais SMS, USSD, SIM Toolkit NFC, códigos QR

Fonte: elaboração própria.

É difícil fazer estimativas precisas quanto ao tamanho do mercado de pagamentos por telefone celular, pois, ao contrário de outros meios de pagamento, como cheques ou transferências de crédito, são poucos os bancos centrais que coletam estatísticas sobre as transações efetuadas por esse canal. Apesar disso e da dificuldade de prever a evolução dos pagamentos por telefone celular como resultado das inovações que estão ocorrendo nesse campo, a Figura 13 exibe uma previsão de consenso do nú-mero de usuários e operações realizadas por telefone celular. É possível ver que o crescimento do valor das operações é mais rápido do que o de usuários, devido ao efeito de rede.

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Figura 13: Número estimado de usuários de pagamento por telefone celular (em milhões) e do valor das transações por meio deste canal (em bilhões)

0

200

400

600

800

1.000

1.200

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Usuários, em milhões

Valor das transações, em bilhões de dólares

Fonte: elaboração própria a partir de diversas previsões de mercado.

Dentro da tendência observada globalmente, nem todas as regiões adotarão os pagamentos por telefone celular no mesmo ritmo. Nos países em desenvolvimento e emergentes, onde os serviços bancários tradicionais não estão disponíveis ou são inacessíveis para grandes segmentos da população e onde as taxas de penetração da telefonia celular já são altas, é previsível que os pagamentos por telefone celular cresçam rapidamente uma vez que alcancem uma massa crítica de usuários. Apesar desse crescimento, espera-se que a Europa e os Estados Unidos sejam os lugares onde mais pagamentos por telefone celular sejam realizados no curto prazo, dado o elevado nível de bancarização e a maior sofisticação no uso de meios de pagamento.

Ao longo deste capítulo, analisaremos os pagamentos realizados por telefones celulares, entendendo como tais as operações de compra em lojas, remessas de dinheiro, recargas de saldo para comunicação por celular (crédito pré-pago) ou pagamento de contas, entre outros. Em todos esses casos, o telefone é usado para iniciar o pagamento e/ou para confirmá-lo mais tarde, independentemente de a tecnologia que permite o pagamento estar localizada no cartão SIM, no aparelho celular, em uma eti-queta adesiva anexada ao aparelho ou em um aplicativo previamente baixado no telefone. Não será considerado, portanto, o amplo acesso aos serviços bancários por telefone celular que incluiria, entre outros, operação de contas bancárias, aplicações de broker (corretora) ou localização de caixas eletrônicos e agências pelo telefone, ou a contratação de produtos e serviços nos quais o pagamento ocorre por meio de outro canal que não seja o telefone celular.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

2. Integração dos pagamentos por telefone celular na cadeia de valor Cada vez há mais iniciativas de pilotos de pagamentos com celulares, que têm potencial para alterar nossa forma de realizar pagamentos. Por enquanto, a maioria dos avanços ocorre nas extremidades da cadeia de valor, inovando na emissão e na aqui-sição de pagamentos. No entanto, aproveita-se o potencial máximo do celular quando este é usado também como gerador de demanda e elemento de fidelização, como mostra a Figura 14.

Figura 14: Integração do celular na cadeia de valor dos meios de pagamento

FidelizaçãoProcessamentoe compensação EmissãoGeração de demanda Aquisição

Processo fechadoCarteiras paracartões virtuais,carteiras electrônicas

Recompensas,fidelização de terceiros,pagamentos flexíveis

Publicidade móvel,ofertas locais

Terminal POS móvel,Terminal POS virtual

Fonte: elaboração própria.

Em ecossistemas abertos, caracterizados pela interoperabilidade entre os agentes, as transações ainda são processadas utili-zando a infraestrutura existente. Esse é o elemento da cadeia de valor com menor impacto dos pagamentos por telefone celular. Tomemos como exemplo um dos produtos que têm recebido maior atenção no negócio de pagamentos móveis por proximidade, o Google Wallet. O gigante americano associou-se inicialmente à MasterCard, ao Citigroup e à operadora de telefonia celular Sprint para desenvolver uma m-wallet (carteira móvel) que funciona da seguinte forma: o usuário de um telefone celular (por en-quanto só funciona com o Nexus S) que incorpora um chip NFC baixa o aplicativo e autoriza a conexão do cartão pré-pago Goo-gle ou de seu cartão Citibank MasterCard com o Google Wallet. Toda vez que desejar iniciar um pagamento, é necessário colocar o telefone em frente a um POS CitiPass, confirmar o pagamento na tela e autorizar a compra com um Número de Identificação Pessoal (PIN) de quatro dígitos (como ocorre com pagamentos realizados com os cartões convencionais). Uma vez autorizado o pagamento, a transação é compensada e liquidada na infraestrutura comumente usada para processar os pagamentos com cartão. Seguindo a classificação usada no início deste capítulo, a maioria dos esquemas de pagamento por telefone celular por proximidade emprega processamento de cartões.

Outra novidade que tem atraído muito interesse no negócio adquirente é o serviço de captura de pagamentos com cartão, cha-mado Square. Essa empresa oferece um aplicativo que usa um leitor de tarjas magnéticas conectado a um smartphone para atuar como POS, fornecendo serviços de valor agregado como informações detalhadas sobre as vendas, localização das ope-rações ou segurança adicional por meio de identificação com fotografia. O Square, cujos clientes são profissionais autônomos e indivíduos que de outra forma não teriam como aceitar pagamentos com cartão, processou USD 100 milhões em pagamentos em julho de 201139. O investimento estratégico da Visa em abril de 2011 sugere que a start-up criada pelo co-fundador do Twitter, Jack Dorsey, pode tornar-se uma protagonista da indústria de pagamentos por telefone celular, que tem sido tradicionalmente impulsionada por empresas consolidadas. Como ocorre com o Google Wallet, o processamento de pagamentos é feito usando a infraestrutura existente.

Quanto aos modelos fechados de pagamentos por telefone celular, o mais conhecido provavelmente é o M-Pesa. Esse sistema, lançado pela operadora de telefonia celular Safaricom no Quênia (veja Quadro 6), permite que os indivíduos realizem transferên-cias de dinheiro eletrônico, o que representa uma verdadeira revolução em um país com infraestrutura financeira limitada. Quem inicia o pagamento é geralmente um indivíduo, e o destinatário pode ser outro indivíduo, um comerciante com uma conta simples (e, portanto, outro usuário da rede) ou um comerciante com conta de empresa. Qualquer que seja o caso, por se tratar de um sistema fechado, a Safaricom realiza o processamento da operação sem recorrer a esquemas pré-existentes.

39 Segundo Keith Rabois, COO do Square, em um comunicado publicado pelo jornal americano Wall Street Journal, WSJ Blogs, Jack Dorsey’s Square, Twitter Add Key Execs, 25 de julho de 2010.

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As inovações que estão ocorrendo mostram que não só as instituições financeiras podem operar no mercado de pagamentos por telefone celular, já que operadoras de telefonia celular e os novos entrantes podem desenvolver seus próprios modelos de negócios. Conforme mostrado na Figura 15, instituições financeiras e operadoras de telefonia celular podem desenvolver mo-delos de negócio nos quais a participação de um e outro varia e, consequentemente, suas funções. As instituições financeiras podem assumir todo o peso do relacionamento com o cliente ou, pelo contrário, ceder o controle à operadora e limitar-se a atuar como mero depositário dos fundos agregados que respaldam os valores que a operadora armazena nas contas móveis de seus clientes. As funções das operadoras de telefonia celular, por sua vez, podem variar desde o transporte de dados até atuar de facto como uma instituição financeira para o público. As inovações do Google e de outros concorrentes não tradicionais provavel-mente obrigarão as instituições financeiras a atuar rapidamente para evitar a perda das receitas procedentes dos pagamentos.

Figura 15: Modelos de cooperação entre operadoras e instituições financeiras em esquemas de pagamentos remotos por celular

Transações,aplicação e

depósito

Concessionária

MNO

Aplicação eConcessionária

MNO

Transaçõese depósito

Joint Venture

MNO

Depósitosvinculados à

conta

InstituiçãoFinanceira

MNO

Depósitoagregado

BANCOBANCO

BANCO

BANCO

Fonte: Afi40.

3. Tendências dos pagamentos remotos por telefone celular Atualmente, a forma mais simples de implementação tecnológica de pagamentos remotos por meio de telefones celulares conti-nua a ser o uso de SMS, cujas principais vantagens são seu baixo custo, a familiaridade para a maioria dos usuários e a compa-tibilidade com qualquer aparelho celular, tornando desnecessária a compra de um modelo de última geração. Essas caracterís-ticas tornam o sistema mais popular para a maioria dos usuários em países emergentes e em desenvolvimento, especialmente para aqueles com rendas mais baixas. Em contrapartida a essas vantagens, o sistema não permite criptografar as mensagens, o que limita sua segurança, nem há nenhum comprovante de entrega no protocolo SMS, tornando-se necessário enviar uma segunda mensagem, o que aumenta os custos operacionais.

Sem se tratar de pagamentos no sentido mais estrito, há mais de uma década os SMS premium permitem adquirir determinados conteúdos ou serviços (tons de chamada, imagens, música, jogos), que depois são adicionados à conta de telefonia celular. Esse sistema, considerado um serviço de valor agregado oferecido pelas operadoras de telecomunicações, é muito restrito em alcance e apresenta custos extras consideráveis em comparação com os verdadeiros serviços de pagamento por telefone celular.

Os telefones GSM também incorporam o serviço de dados USSD (sigla para Data Unstructured Supplementary Service – Serviço Suplementar de Dados não Estruturados, em português). Embora o mecanismo de funcionamento seja muito similar ao do SMS, a principal diferença é que não tem um centro de mensagens (Short Message Service Center – SMSC) intermediário. Assim, as mensagens enviadas não dispõem da capacidade de armazenamento e reenvio e, consequentemente, as mensagens USSD que não puderem ser entregues imediatamente são descartadas. Ao pular esta etapa intermediária de armazenamento, o tempo de resposta interativa deste serviço é normalmente mais rápido do que os sistemas baseados em SMS, sendo adequado para serviços de telefonia em tempo real e de mensagens instantâneas. Além disso, o remetente de uma mensagem pode ter a cer-teza absoluta de que está falando com sua própria operadora. Infelizmente, o USSD é um canal controlado pelas operadoras de telecomunicações e não é sempre que elas o comercializam para terceiros.

40 Ontiveros, E., et al. “Telefonía móvil y desarrollo financiero en América Latina”, 2009. Editorial Ariel.

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

O Mobipay na Espanha usou o canal USSD entre 2001 e 2009, ano em que deixou de operar definitivamente. O serviço funcio-nava da seguinte forma: ao fazer um pagamento com Mobipay, o usuário recebia uma mensagem USSD no telefone celular, que informava sobre a operação que estava sendo realizada (estabelecimento comercial e valor) e solicitava autorização. O usuário devia responder com um Número de Identificação Pessoal (PIN), um código que só ele conhecia. Era possível associar vários cartões a um mesmo telefone, embora um dos cartões fosse selecionado por padrão. O usuário do Mobipay, diferentemente dos outros meios de pagamento, como os cartões, assumia o custo da transação, fator que talvez tenha limitado sua adoção. Dois outros fatores que podem explicar o limitado sucesso alcançado são, por um lado, que a Espanha tem uma infraestrutura de aquisição de cartões bem desenvolvida, o que dificultou que o Mobipay pudesse abrir um nicho de mercado; por outro lado, a empresa não contou com um orçamento de marketing próprio para divulgar o serviço41.

A iniciativa espanhola foi o embrião tecnológico do serviço oferecido pela Nipper no México, que recebeu o apoio do Fideicomis-so para Estender à Sociedade os Benefícios do Acesso à Infraestrutura de Meios Eletrônicos de Pagamento (FIMPE) e teve a participação da Telefónica Movistar e da Iusacell, juntamente com vários bancos, entre os quais Bancomer, HSBC, Santander, Scotiabank e Banamex. Esse serviço foi lançado em 2008, mas foi temporariamente interrompido dois anos depois, devido à falta de acordo entre os participantes desse sistema. Até 2010, o plano tinha 8 mil pessoas registradas e sua utilização se limitava à compra de saldo de comunicação (crédito pré-pago) para fazer chamadas.

Os meios de pagamento baseados na tecnologia SMS ou USSD oferecem ao usuário uma experiência pouco sofisticada, já que não apresentam nenhum tipo de interface gráfica, devendo o código apropriado ser digitado para cada operação, o qual varia de uma entidade para outra. Nos países mais desenvolvidos, onde as redes de celular de alta velocidade estão se expandindo e os consumidores estão migrando para o uso de smartphones ou telefones inteligentes42, aparentemente no médio prazo outra tecnologia será adotada para pagamentos remotos via celular. Os smartphones incorporam a capacidade de navegar na Internet e instalar aplicativos, permitindo o acesso aos serviços online oferecidos pelas instituições financeiras, entre os quais estão os pagamentos, embora haja muitas mais possibilidades, como a simulação de produtos financeiros ou ferramentas de gestão de finanças pessoais, que não são objeto do presente relatório, mas que evidenciam a convergência de pagamentos por meio dos celulares e da Internet.

QUADRO 5: REQUISITOS DE SEGURANÇA PARA UM PAGAMENTO POR TELEFONE CELULAR

A segurança das transações realizadas através de dispositivos móveis é um aspecto fundamental, independente-mente da tecnologia utilizada. Os especialistas dizem que um sistema seguro de pagamento por telefone celular deve ter as seguintes características:

(i) confidencialidade, de modo que as informações críticas não possam ser acessadas por uma pessoa, pro-cesso ou dispositivo não autorizados;

(ii) integridade, a fim de prevenir que informações ou sistemas sejam prejudicados por terceiros;

(iii) disponibilidade, os usuários autorizados devem ser capazes de acessar o sistema a qualquer momento;

(iv) autenticação, para evitar o acesso de impostores;

(v) autorização, verificar se o usuário está autorizado a realizar a transação solicitada e

(vi) não repúdio/rastreabilidade, no caso de o usuário negar que a transação foi realizada, o sistema deve for-necer prova de que o pagamento foi realmente efetuado43.

41 Mobile operators facilitating existing payment instruments: Mobipay in Spain, Sarah Rotman, CGAP Blog, março de 2009.42 Na verdade, a adoção de smartphones está célere tanto nos EUA quanto na Europa. Nos primeiros, 27,0% dos celulares eram smartphones em

dezembro de 2010, um aumento de mais de 10% sobre o ano anterior (16,8%), enquanto na Europa a penetração é de 31,1%, com uma alta de quase 10 pontos percentuais. ComScore, 2010 Mobile Year in Review, fevereiro de 2011.

43 Schwiderski-Grosche, S. e Knospe, H.: Secure M-commerce; Information Security Group, University of London.

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Os fatores econômicos, sociais e tecnológicos, com destaque para o nível de bancarização e a penetração dos serviços de tele-fonia celular, determinam a tendência de cada país para adotar o celular como meio de pagamento, assim como o tipo de ope-rações realizadas. Embora seja difícil encontrar um padrão geral, tendências comportamentais comuns podem ser identificadas, dependendo do grau de desenvolvimento dos países e da região onde estão localizados.

Nos países emergentes e em desenvolvimento, a adoção do telefone celular para realizar pagamentos a distância é maior do que em países desenvolvidos onde já existem alternativas. Os pagamentos remotos são particularmente populares em áreas rurais onde não há outro canal disponível (agências, caixas eletrônicos, correspondentes não bancários, Internet). Os usuários dessas áreas classificam muito positivamente a rapidez da transação e o fato de não precisarem se deslocar para fazer pagamentos, evitando, assim, o custo direto e o custo de oportunidade associados ao transporte e ao tempo gasto. Esses clientes também costumam enfatizar que o dinheiro eletrônico reduz a necessidade de lidar com dinheiro em espécie e com os prejuízos envolvi-dos em caso de perda ou roubo.

Nesses países, as operações mais populares são os pagamentos de pessoa para pessoa (P2P) e as remessas de dinheiro, dentro e fora do país. Portanto, o valor médio das transações tende a ser maior do que nos países mais desenvolvidos44, onde o celular é válido para realizar transações de menor valor. A Figura 16 mostra o tipo de operações realizadas por celular nas Filipinas, país pioneiro na adoção de pagamentos por telefone celular e um dos mercados com maiores níveis de utilização. É possível observar que remessa e recebimento de dinheiro são as operações mais importantes. Como em outros países asiáticos, muitos filipinos jovens de áreas rurais migram para as grandes cidades e para o exterior e, muitas vezes, enviam dinheiro para suas famílias. Cerca de 40% deles fazem isso pelo menos uma vez por semana.

Figura 16: Transações com dinheiro móvel nas Filipinas

2%

5%

6%

10%

16%

17%

23%

37%

52%

0% 20% 40% 60%

Recebimento de pagamentos

Recebimento de salários

Armazenamento de dinheiro

Pagamentos sem dinheiro em espécie

Recebimento de remessa

Envio e recebimento de créditos pré-pagos de comunicação

Compra de créditos pré-pagos de comunicação

Recebimento de remessas

Envio de Dinheiro

Frecuencia* Monto medio Usos/mês USD

2,8 17

6,9 93

1,9 40

2,0 22

2,8 227

2,9 14

3,9 7

3,4 48

2,4 57

Fonte: CGAP 45.

O aumento das remessas de dinheiro, que no ano passado chegaram a USD 440 bilhões46 em todo o mundo, e a alta propagação dos celulares abrem a porta ao desenvolvimento de novos produtos que usam telefones celulares como um canal. Esse é o caso do M-Pesa International Money Transfer, no Quênia, que permite aos usuários receber dinheiro do Reino Unido em seu celular, e do M-Via, um novo serviço para o envio de microrremessas dos EUA para o México. Esse último, o M-Via, permite remessas de valores menores, o que é mais conveniente para os usuários, que podem fazer envios com mais frequência. Essas inovações sugerem que haverá um número crescente de remessas por meio desse canal. Segundo algumas estimativas, em 2015, USD 16 bilhões serão enviados por celulares e USD 5,5 bilhões serão recebidos nesse tipo de dispositivos47.

44 World Payments Report 2010, Capgemini, The Royal Bank of Scotland, European financial marketing association.45 GCAP, Window on the Unbanked: Mobile Money in the Philippines, dezembro de 2009.46 Migration and Remittances Factbook 2011, Banco Mundial, outubro de 2010.47 Mobile money in emerging markets, Berg Insight.

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

QUADRO 6: M-PESA

A Safaricom, maior operadora de telefonia celular do Quênia, lançou em 2007 um serviço de pagamento e transferência de dinheiro por celular, conhecido como M-Pesa. (Pesa significa dinheiro em suaíli, língua oficial do Quênia).

O usuário do serviço deposita dinheiro em uma conta vinculada a seu celular. Isso permite enviar dinheiro eletrô-nico por SMS e, em seguida, converter esses depósitos em xelins quenianos (dinheiro em espécie). As comis-sões, deduzidas da conta do usuário, são a base do modelo do negócio e se aplicam quando se retira o dinheiro ou quando o dinheiro eletrônico é enviado.

Com o M-Pesa, é possível depositar e sacar dinheiro, fazer transferências (até mesmo para não usuários do ser-viço), pagar faturas, bens e serviços ou carregar créditos telefônicos da Safaricom. Os serviços oferecidos têm se expandido e agora, com o M-Pesa International Money Transfer, é possível receber dinheiro do Reino Unido quase instantaneamente, sem ônus para o beneficiário. Além disso, a parceria com o Equity Bank permitiu lançar uma poupança remunerada que, entre outros serviços, oferece micropoupança, microcrédito e microsseguro. O M-Pesa também está se ampliando para outros países, como Uganda, Tanzânia, Ruanda e Emirados Árabes Unidos.

O serviço é muito popular no Quênia. Em maio de 2009, havia 7,7 milhões de contas M-Pesa, o que significa que, deduzidas as contas pertencentes a um mesmo usuário e a estrangeiros, 38% da população adulta no Quênia tinham uma conta M-Pesa. Talvez hoje esse percentual seja maior, porque o número de usuários continua a crescer, atingindo 14 milhões em maio de 2011.

Os usuários valorizam o M-Pesa e, como evidência desse fato, 85% deles dizem estar “satisfeitos", “muito sa-tisfeitos” ou “extremamente satisfeitos” com o serviço. No entanto, não o utilizam frequentemente, já que 85% afirmam que o empregam uma vez por mês ou menos. Isso nos leva a pensar que, ainda que a maioria dos usu-ários esteja satisfeita com o serviço, é usado principalmente para transferências de dinheiro, que a maioria dos quenianos não realiza regularmente. Não podemos nos esquecer de que o Quênia é um país onde a maioria da população ainda vive em áreas rurais e que há fluxos significativos de migração entre áreas rurais e grandes ci-dades. Os trabalhadores (homens jovens) das cidades foram os primeiros a adotar o M-Pesa para enviar dinheiro de maneira fácil, segura e barata para suas famílias (mulheres e/ou adultos aposentados) que vivem no campo48.

Um impulso definitivo para os pagamentos remotos por telefone celular poderia vir dos pagamentos feitos pelos governos a seus cidadãos (G2P). Em alguns países, o governo paga subsídios ou auxílios por meio de cartões, como ocorre na Argentina, onde o governo usa cartões pré-pagos para transferir subsídios para 1,5 milhão de famílias que se beneficiam do programa “Jefas y Jefes de Hogar” (Chefes de Família)49. Por sua vez, o programa social mais importante do Brasil, o Bolsa Família, está conside-rando diretamente a opção de pagamento por telefones celulares para distribuir o auxílio50. Se essa iniciativa fosse implementa-da, haveria um impulso definitivo nos pagamentos por telefone celular, além de promover a “bancarização” e de chegar a regiões dispersas, reduzindo os custos de distribuição e maximizando a conveniência para os beneficiários.

Na América Latina, a maioria dos grandes bancos já oferece algumas facilidades em seus serviços bancários eletrônicos, in-cluindo a possibilidade de fazer pagamentos por telefone celular, muitas vezes com o objetivo de fidelizar os clientes existentes e melhorar a eficiência, não sendo tão comuns tais serviços para a população não bancarizada. No entanto, a Telefónica e a MasterCard chegaram a um acordo em janeiro de 2011 para desenvolver soluções financeiras por meio de telefone celular em doze países da América Latina. Os serviços serão prestados através de uma m-wallet, e incluirão remessas, recargas de crédito de comunicação, pagamentos de contas e compras em lojas. Será possível pagar até mesmo em lugares onde atualmente só dinheiro em espécie é aceito, como os táxis. O serviço é destinado tanto aos usuários dos tradicionais sistemas financeiros quanto à população não bancarizada.

48 “Poor people using mobile financial services: observations on customer usage and impact from M-Pesa”, CGAP Brief, agosto de 2009.49 CGAP, Government-to-Person Payments (G2P).50 CGAP, Technology Program, Country Note: Brasil, dezembro de 2010.

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QUADRO 7: TIGO PARAGUAY

Apesar do sucesso animador do M-Pesa, não é fácil definir um modelo de negócio que atinja a massa crítica de usuários necessária para que o serviço de pagamento remoto por telefone celular seja viável. Um dos maiores desafios é o desconhecimento das necessidades e preferências dos usuários em potencial (não bancarizados), o que dificulta a criação de produtos e serviços que atendam a suas necessidades.

Um exemplo latino-americano das dificuldades em encontrar o modelo de negócio apropriado é a Tigo Paraguay. Essa operadora de telefonia celular, subsidiária do grupo Millicom, lançou em 2008 uma m-wallet, a Tigo Cash, que permitia aos usuários depositar saldo em uma segunda conta (diferente da de telefonia), fazer pagamentos em estabelecimentos participantes como Pizza Hut ou Burger King, e comprar créditos pré-pagos. Apesar da abordagem ambiciosa, essa primeira tentativa falhou e precisou ser reconsiderada.

A Tigo retomou a tecnologia em 2010, adaptando-a aos hábitos e costumes dos paraguaios, e apresentou a Giros Tigo, que funciona como envio de remessas nacionais. Em um processo igual ao de seus concorrentes postais, o remetente faz um depósito em dinheiro em uma loja, mas a notificação é uma mensagem de texto que alerta imediatamente o beneficiário de que ele dispõe de um crédito em seu nome e que pode trocar por dinheiro em espécie em qualquer ponto de distribuição da Tigo (presente em 442 localidades) ou associados, bastando apenas apresentar o código transmitido na mensagem SMS51.

Para alcançar uma massa crítica de usuários, especialmente entre a população de baixa renda, estabeleceu--se uma taxa fixa de 4% por transação, independentemente do montante enviado. A operação de transferência máxima é USD 500, com um limite de USD 2 mil por mês. Atualmente, o valor médio da transação é USD 58, em comparação com USD 110 no sistema global de remessas do Paraguai. O montante maior nos sistemas de remessas tradicionais é devido a seu esquema de preços, que desestimula transações de baixo valor.

A Tigo planeja oferecer seus serviços em outros mercados na América Latina, como Bolívia, Colômbia, Hondu-ras, Guatemala e El Salvador.

Nos próximos meses, as iniciativas que estão surgindo na região podem impulsionar os pagamentos por meio de celular. Além do acordo regional entre a Telefónica e a MasterCard mencionado acima, há operações nacionais, com destaque para a compra de uma participação na OiPaggo pela Cielo (antiga VisaNet) e pelo Banco do Brasil, o que pode resultar no desenvolvimento de novos produtos e serviços de pagamentos por telefone celular. No México, onde já existe regulamentação sobre m-wallets e contas simplificadas, o presidente da Comissão Nacional Bancária e de Valores (CNBV), Guillermo Babatz, disse que a institui-ção espera receber as primeiras solicitações para lançar serviços de pagamento por telefone celular. Também será conveniente estar alerta às mudanças regulatórias que ocorrem na região e que podem promover o desenvolvimento de novos serviços. É o caso do Peru, onde a aprovação iminente da “Ley de Dinero Electrónico” (Lei de Dinheiro Eletrônico) permitirá que as operadoras de telecomunicações e instituições financeiras que não podem captar depósitos prestem serviços de pagamento por meio de telefone celular.

51 Dalmasso, J.P., El cajero móvil de Paraguay, Foromic 2010, Tecnologías para la inclusión financiera, Banco Interamericano de Desarrollo, novembro de 2010.

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

QUADRO 8: HAL CASH

Uma fórmula pioneira para a realização de micropagamentos ou disponibilização de dinheiro na Espanha é a Hal Cash, que permite enviar dinheiro de forma instantânea para qualquer telefone celular. Posteriormente, o sistema expandiu-se internacionalmente e agora permite enviar dinheiro para Canadá, EUA, Equador, Índia, Marrocos, México, Polônia e Ucrânia, e está prevista a ampliação do serviço em breve para Bolívia, Peru, Co-lômbia e Reino Unido.

O sistema funciona da seguinte forma: autoriza-se o envio através de uma agência, caixa eletrônico, telefone ou Internet para o celular selecionado. Para isso, será necessária uma senha de quatro dígitos. Em seguida, é ne-cessário informar essa senha ao beneficiário da transferência por qualquer meio de telecomunicação. Enquanto isso, a Hal Cash envia um SMS ao celular do destinatário, indicando o valor da transferência e uma referência da operação. O beneficiário da operação deve ir a um caixa eletrônico vinculado à Hal Cash com a senha, a referência da operação recebida por SMS e o número de celular para retirar o dinheiro.

De acordo com José Valiño, presidente da Hal Cash, hoje em dia executam-se anualmente cerca de 200 mil ordens pela Hal Cash, tanto para envios de pessoa para pessoa (P2P), como fundo para despesas menores de empresas com pessoal em trânsito ou, especialmente, para resgate de prêmios associados a promoções. O objetivo da Hal Cash é chegar a 400 mil operações por ano.

Por enquanto, as seguintes entidades estão associadas a esse sistema: Banesto, Bankinter, Bancaja, Novacai-xagalicia, Caja Laboral, Cajamar, Popular, Caixa Penedès, Cajasol, ING Direct, Banco Guayaquil, entidades da Rede Euronet e Crédit du Maroc.

4. Tendências nos pagamentos por telefone celular por proximidadeRecentemente, a implementação de novas experiências baseadas em tecnologia de comunicação sem contato NFC (veja Quadro 9) suscitou muitas expectativas sobre os pagamentos por telefone celular a curta distância. A principal vantagem ofe-recida pelos pagamentos móveis com tecnologia sem fio é a conveniência para consumidores e empresas. Essa melhoria no processo de pagamento leva muitas vezes a um maior número de compras de menor valor. Como amostra, em um programa piloto recente, realizado em 2010 e 2011, em Sitges (Espanha) com a tecnologia NFC, os clientes aumentaram em 30% suas transações por via eletrônica, e as compras médias por usuário com cartão aumentaram 23%. O valor médio das operações foi de EUR 30, embora um percentual elevado (17%) não tenha alcançado EUR 5. No total, 60% das transações foram inferiores a EUR 20.

Modelos como esse nos fazem refletir se os sistemas de pagamento por telefone celular a curta distância poderiam ser especial-mente interessantes para empresas com grande afluência de clientes, como lanchonetes, redes de fast food, transportes públi-cos ou bancas de revista, pois as compras abaixo de determinado valor (que poderia ser entre EUR 10 e 20) não necessitariam de assinatura para ser autorizadas. Também é provável que essa tecnologia decole nos pagamentos efetuados nos transportes públicos, pela rapidez para realizá-los. Em todo caso, é importante sublinhar que a tecnologia sem contato não é exclusiva para pagamentos por celular, visto que já se comercializam cartões de pagamento com tecnologia sem fio em países como os EUA e Reino Unido, no âmbito dos sistemas PayWave (Visa) e PayPass (MasterCard), que podem ser compatíveis com NFC.

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QUADRO 9: NFC (NEAR FIELD COMMUNICATION)

Essa tecnologia, que parece ser a mais promissora para pagamentos móveis sem contato, permite a troca de dados sem fio entre dispositivos localizados a uma curta distância (até 10 cm). O primeiro modelo de pagamento sem contato foi realizado por Nordea (empresa de serviços financeiros), Visa e Nokia em Lahti (Finlândia) em 2003. Após essa experiência, desenvolveu-se ainda mais o padrão de identificação por radiofrequência RFID (sigla de Radio Frequency IDentification), e essa tecnologia de comunicação sem fio, de curto alcance e alta frequência foi rebatizada como NFC.

O primeiro modelo de pagamentos NFC apareceu dois anos depois (2005), em Atlanta (EUA). Desde então, sur-giram mais de 200 modelos em todo o mundo. Na Espanha, a primeira experiência em grande escala de compras em lojas com telefone celular com essa tecnologia ocorreu em 2010. A Telefónica, a “la Caixa” e a Visa Europe lançaram um modelo chamado “Mobile Shopping. Sitges 2010”, que permitiu que 1.500 usuários pagassem com o celular em 500 estabelecimentos na cidade catalã de Sitges. Dos entrevistados, 70% avaliaram a experiência com nota superior a 8 (em uma escala de 0 a 10), e 90% disseram que continuariam empregando o celular como forma de pagamento habitual.

Uma característica da tecnologia NFC é detectar a localização e compartilhá-la com os outros usuários, ofere-cendo a possibilidade de envio de promoções e/ou cupons. Essa funcionalidade, mesmo que não esteja estrita-mente ligada aos pagamentos, pode incentivar o uso de aparelhos celulares para pagamento de bens e serviços.

No entanto, os chips necessários para implementar essa tecnologia ainda não estão disponíveis na maioria dos celulares (apenas um número limitado de aparelhos tem esse chip integrado) e há poucas empresas com POS habilitados, o que torna provável que o processo de adoção seja lento.

A padronização da NFC tem sido uma tarefa complexa, devido à dificuldade de combinar os interesses de todas as partes envolvidas no novo ecossistema de pagamentos por telefone celular. Aos emissores e adquirentes tradicionais agora se unem as operadoras de telecomunicações, os fabricantes de telefones celulares e, mais recentemente, a empresa Google, como principal incentivadora do Android, a plataforma para smartphones que mais cresce em sua base de clientes. O atraso nos acordos que garantem a compatibilidade e a interligação dos vários sistemas de emissão e aquisição dos pagamentos NFC teve um impacto negativo no desenvolvimento dessa tecnologia.

Entre os especialistas, não parece haver consenso sobre o número de telefones que incorporarão chips NFC no futuro e o volume de pagamentos que será realizado utilizando essa tecnologia. Algumas estimativas quantificam o número de smartphones com esse chip em 300 milhões para 2014, ou seja, 1 em cada 5 smartphones52, e pre-veem que as transações atingirão USD 50 bilhões53. Outros analistas esperam mais de 860 milhões de aparelhos habilitados e pagamentos com valor superior a USD 110 bilhões em todo o mundo (na Europa, a estimativa é de USD 42 bilhões) em 201554.

Nos EUA, país onde ocorre grande parte das inovações e onde vários modelos de nova tecnologia foram implementados, come-ça a haver algum interesse em pagamentos móveis (tanto remotos quanto de curta distância), ainda que a adesão esteja sendo lenta. Prova disso é que atualmente 18% dos usuários adultos de Internet manifestam interesse em pagamentos móveis e menos de 6% já fizeram um pagamento por meio desse canal55.

52 Nota de imprensa da Juniper Research: Press Release: 1 in 5 Smartphones will have NFC by 2014, Spurred by Recent Breakthroughs: New Juniper Research Report.

53 Nota de imprensa da Juniper Research: NFC Mobile Payments to Drive Contactless Transactions to Reach Nearly $50 billion Worldwide by 2014: New Juniper Research Report, junho de 2011.

54 Comunicado à imprensa da Frost & Sullivan: Promised Market for NFC Effectively Commences in 2011 with Commercial Roll out within All Verticals, janeiro de 2011.

55 Higdon, E.; Wannemacher, P., et all; US Consumers Continue To Show Limited Interest In Mobile Payments, agosto de 2010, Forrester Research.

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

O perfil de usuário mais comum é um jovem de alta renda. Vale ressaltar que a propensão para usar telefones celulares como forma de pagamento também varia dependendo do tipo de aparelho celular. Assim, os proprietários de iPhones são mais incli-nados a se interessar por pagamentos móveis. Apesar do crescente interesse nos últimos três anos, sua adoção generalizada ainda está longe de se concretizar, porque a proposta global de valor dos pagamentos por telefone celular (conveniência, dis-ponibilidade, preço) ainda não é competitiva com outros meios de pagamento nem existe um modelo de negócio que atenda às necessidades de todos os interessados no ecossistema de pagamentos por telefone celular56.

Ainda assim, são muitos os esforços da indústria para fornecer soluções que integrem o NFC. Dessa maneira, ferramentas como o Google Wallet ou seu concorrente Isis, cuja data de lançamento está prevista para início de 2012, buscam simplificar a migração dos cartões plásticos para carteiras virtuais que são gerenciadas a partir de um aplicativo móvel, e sobre o qual se pode construir todo um ecossistema de programas de fidelização e marketing.

Na Europa, embora os primeiros pagamentos por telefone celular tenham sido baseados na tecnologia SMS, atualmente a pro-pagação da Internet móvel já permite pagamentos por meio desse canal. O aprimoramento das capacidades tecnológicas dos smartphones, junto com a alta bancarização, fazem que os pagamentos a distância com o celular sejam, na realidade, pagamen-tos pela Internet realizados com um celular, o que mostra o fenômeno de convergência entre Internet e celular. Como exemplo, a PayPal, empresa de transações online, desenvolveu um aplicativo para smartphones que permite realizar praticamente as mesmas operações que seu equivalente da Internet. Além disso, a subsidiária da eBay anunciou durante a feira SIBOS de 2011 sua visão sobre o futuro dos pagamentos por proximidade, que em vez de optar pela tecnologia NFC, aposta na utilização de códigos QR (códigos de barras bidimensionais), que já são compatíveis com os aparelhos celulares equipados com câmera.

Finalmente, visualizaremos a análise do horizonte dos pagamentos por telefone celular por proximidade nos mercados asiáti-cos, certamente os mais avançados no assunto. Sem dúvida, o comportamento dos usuários de telefones celulares no Japão é um bom indicador do que pode acontecer no curto e médio prazos em outros países industrializados da Ásia e do Pacífico, da América do Norte e da União Europeia. Não podemos nos esquecer de que em 2008 o Japão tinha mais de 40 milhões de apa-relhos celulares habilitados para realizar pagamentos por telefone celular sem fio em POS57, número que muito provavelmente aumentou nos últimos anos58.

Em dezembro de 2010, 9,8 milhões de japoneses (10% dos japoneses com celular) realizaram pelo menos um pagamento por meio desse canal, sendo estabelecimentos comerciais e lojas de conveniência os lugares favoritos para fazer compras com celulares (7,6 milhões de pagamentos), seguidos por máquinas automáticas (3,2 milhões) e transportes públicos (2,7 milhões), conforme ilustrado na Figura 17. Para comparação, 77% dos usuários japoneses de celulares usaram o telefone para ler jornais, 57% usaram as funções de correio eletrônico e 63% tiraram pelo menos uma foto com o aparelho59. Esses dados sugerem que ainda há um caminho a percorrer antes que a adoção em massa de pagamentos por telefone celular seja uma realidade.

Figura 17: Locais de pagamento por celular no Japão, em milhões de operações

7,6

3,2 2,7 2,6

1,5

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Estabelecimentoscomerciais/

lojas de conveniência

Máquinasautomáticas

Transportepúblico

Supermercados Restaurantes

Fonte: comScore, MobiLens, (2010).

56 Forrester Research, citado por Tricia Duryee no Report Finds That Mobile Payments Are Coming This Year, but It Will Be Messy, abril de 2011.57 Cheney, J. S., An Examination of Mobile Banking and Mobile Payments: Building Adoption as Experience Goods, Payment Cards Center,

Federal Reserve Bank of Philadelphia, Discussion Paper, junho de 2008.58 Research and markets em seu estudo “NFC-Enabled Phones and Contactless Smart Cards 2010-2020”, de dezembro de 2010, quantificava o

número de celulares capazes de realizar pagamentos NFC no Japão em 47 milhões.59 comScore, 2010 Mobile Year in Review, fevereiro de 2011.

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QUADRO 10: NTT DOCOMO NO JAPÃO

O sucesso dos pagamentos por telefone celular no Japão é devido em grande parte à existência de uma vontade coletiva de desenvolvê-los, somada à existência de um padrão único de tecnologia que facilita sua adoção pelos usuários e que promove a instalação de leitores habilitados nas lojas. Não é devido, portanto, à existência de uma tecnologia superior que não pode ser exportada para outros mercados.

A NTT DoCoMo, operadora líder em telefonia celular com uma participação de mercado de 57 milhões de clien-tes60, incorporou a seus aparelhos o cartão inteligente, FeliCa, desenvolvido pela Sony. Embora as duas empre-sas sejam gigantes empresariais no Japão, estavam bem conscientes de que sozinhas não poderiam desen-volver o mercado, sendo imperativo que os estabelecimentos comerciais instalassem leitores de cartão. Para incentivar a instalação de leitores habilitados por parte das empresas de transporte, como a Japan Airlines e a Japan Railways, e de pequenos e grandes estabelecimentos, em vez de monopolizar o uso desse cartão (e, portanto, manter uma vantagem competitiva), o que certamente teria fragmentado o mercado, a Sony e a NTT DoCoMo permitiram que outras operadoras concorrentes utilizassem o cartão FeliCa. Essa decisão reduziu a probabilidade de configuração de um cenário onde cada operadora desenvolve sua própria tecnologia, o que forçaria as empresas a instalar múltiplos leitores de cartão. Atualmente, 80% dos novos celulares no Japão incor-poram o cartão inteligente FeliCa, que pode ser lido por 1,5 milhão de POS61.

Como é de se esperar, as operadoras de celulares não oferecem os mesmos serviços e cada uma fornece conte-údo online exclusivo. Por exemplo, a cadeia de fast food McDonald’s e a NTT DoCoMo uniram-se em 2007 para permitir que os clientes utilizem a m-wallet DoCoMo para pagar as compras na rede de restaurantes fast food, bastando passar o celular diante de um leitor no balcão62.

Esses serviços fidelizam os clientes, pois se mudarem para outra empresa de telefonia perdem todas as informa-ções pessoais hospedadas nos sistemas da operadora. A prova disso é que, enquanto a taxa de rotatividade de operadoras de celular nos EUA é de 1%, a da DoCoMo é de apenas 0,45%63.

Desde 2009, a NTT DoCoMo também permite a transferência de até USD 260 (com, no máximo, USD 2.600 por mês) a outros usuários da operadora, bastando digitar o número de celular do destinatário. O indivíduo recebe uma notificação por e-mail no celular e tem duas opções: depositar o dinheiro em uma conta bancária ou incluir como crédito na conta de telefone do mês64.

Embora pareça que os celulares com o cartão FeliCa operem com a tecnologia NFC, na realidade se baseiam em um padrão diferente de identificação por radiofrequência (RFID). No entanto, é provável que isso mude, pois em fevereiro de 2011 a NTT DoCoMo fez parceria com uma das principais operadoras de telecomunicações da Coreia do Sul, a KT Corporation, para desenvolver serviços transnacionais de pagamentos por celular, emissão de passagens em transportes públicos, cupons promocionais e outras aplicações usando a tecnologia NFC. Espera-se que esses serviços sejam lançados no Japão e na Coreia do Sul no final de 201265.

Em outros países industrializados fora da Ásia e do Pacífico, no curto prazo acontecerá a adoção generalizada de pagamentos NFC fora do âmbito do transporte público. Nesse setor, a implantação provavelmente será mais rápida na Europa do que na América do Norte, uma vez que a infraestrutura necessária já está instalada para executar tais operações. Na verdade, o número de transações com essa tecnologia sem fio foi 17,4 vezes maior na Europa Ocidental do que na América do Norte, segundo diversas estimativas66.

60 DoCoMo, KT partner for international NFC venture, NFC news, fevereiro de 2011.61 Balaban, D., DoCoMo Reveals Strategy for Its Move to NFC, NFC Times, março de 2011.62 Special Report The CEO guide to mobile payments, Companies Lead the Way in Mobile Payments, Bloomberg Business Week, janeiro de 2011.63 Idem 61.64 Hsu, J., Japan in a Cell Phone League of its Own, Innovation News Daily, julho de 2010.65 Partnership Between NTT DoCoMo and KT Corp Will Bring Cross-border NFC Services to Japan and South Korea, Mobile Payment Magazine,

fevereiro de 2011.66 3Q. 2010 United States Mobile Payment Market Forecast, 2010 – 2014, IE Market Research.

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5. Em detalhe: Pagamentos por telefone celular

O maior obstáculo para a adoção de pagamentos de curta distância é a falta de POS habilitados com essa tecnologia. Como amostra, estima-se que atualmente existem 150 mil empresas nos EUA que permitem o pagamento por meio de tecnologia sem contato, frente a 6 milhões que aceitam cartões de pagamento tradicionais67. Para superar esse obstáculo, seria necessário instalar novos terminais, mas as empresas podem ser relutantes em fazer esses investimentos, visto que há poucos celulares com o chip NFC. O recente anúncio da Verifone de incluir a tecnologia NFC em todos os seus POS é animador68. Provavelmente as empresas onde se formam longas filas para pagamento, como as redes de fast food ou lojas de conveniência, estarão entre as primeiras a adotar esse sistema. Além disso, as iniciativas que estão ocorrendo nesse campo, como a Google Wallet ou a da rede de lanchonetes Starbucks nos EUA, que já aceita pagamentos via NFC por meio de aparelhos celulares inteligentes, podem acelerar essa tendência.

Além de uma rede de aquisição pronta para aceitar tais pagamentos, a adoção em massa de pagamentos por celular nos estabe-lecimentos comerciais exigirá campanhas promocionais que incentivem sua utilização e uma interface simples. Nesse contexto, é de extrema importância que as instituições financeiras e as operadoras de telecomunicações aproveitem suas relações com os clientes existentes para divulgar esse serviço e incentivem os varejistas a instalar POS preparados, motivando assim a adoção pelo mercado.

Redirecionando nosso foco para a Espanha, deve-se sublinhar que as grandes operadoras de telefonia celular (Movistar, Vo-dafone e Orange) fecharam um acordo em março de 2011 para implementar um padrão nas transações com a tecnologia NFC. O acordo visa ao trabalho conjunto para alcançar o máximo de compatibilidade e uniformidade tanto na experiência do usuário quanto na tecnologia utilizada para simplificar a adoção dos serviços NFC pelos clientes, por outras empresas e pelos fornece-dores de tecnologia. Ao contrário de outros acordos, como o efetuado pelas operadoras dos EUA (AT&T, Verizon e T-Mobile, que criaram a empresa Isis), as operadoras espanholas não têm planos para trabalhar comercialmente em conjunto. Sua colaboração é limitada ao trabalho de desenvolvimento técnico para estimular o potencial de mercado dos serviços NFC. Especificamente, terão foco no uso do cartão SIM como um elemento de segurança das operações69.

67 Estimativas da Crone Consulting LLC, conforme publicadas no artigo Bensinger, G., Sprint Plans Tap-And-Go Payments in 2011, Ahead of Rivals, Bloomberg Businessweek, Bloomberg Businessweek, abril de 2011.

68 Brown, C., Verifone to include NFC in all new POS terminals, Near Field Communications World, março de 2011.69 Movistar, Vodafone e Orange aliam-se para impulsionar os pagamentos por telefone celular, La Vanguardia, março de 2011.

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6. Demanda por meios de pagamento

1. IntroduçãoEste capítulo apresenta a percepção dos consumidores sobre o uso dos meios de pagamento na América Latina e na Espanha. Com essa finalidade, foi realizado um estudo quantitativo com a população de sete países (Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru e República Dominicana) para conhecer os hábitos e atitudes em relação aos diferentes meios de pagamento, e também com a intenção de obter uma descrição por país, estabelecer comparações e avaliar a evolução futura. Nesse sentido, entendemos que a força deste estudo está na possibilidade de comparação entre eles. É importante ressaltar que os usuários têm normalmente um conhecimento limitado e impreciso dos meios de pagamento, incluindo seu próprio uso diário desses meios. Isso pode, às vezes, contrastar com o ponto de vista dos especialistas. Neste capítulo a percepção dos usuários é analisada.

Como veremos, existem diferenças consideráveis no universo dos meios de pagamento disponíveis e utilizados nos países es-tudados, que podem estar associadas a motivos diversos. Assim, podemos conceitualizar o uso dos meios de pagamento como uma variável dependente de vários fatores ambientais. Sem pretensão de exaustividade, poderíamos citar os seguintes, que são desenvolvidos ao longo deste capítulo:

- A natureza do sistema financeiro em cada país e as estratégias dos agentes que o compõem (capilaridade da rede de agências, ímpeto dos diferentes canais - Internet, celular, caixas eletrônicos, política de comissões, etc.)

- O contexto socioeconômico, em vários sentidos:

• A situação econômica dos países sob análise.

• As políticas públicas (impulso de crédito, subsídios, emigração, remessas).

• A estrutura social e populacional de cada país.

- As infraestruturas tecnológicas (acesso à Internet, conectividade por celular, etc.) e os equipamentos.

- O impacto de outros mercados: de trabalho (no que tange aos meios de pagamento), imobiliário, de distribuição (car-tões de estabelecimento, cobrança em lojas, etc.).

Podemos prever que as diferenças apresentadas por país (em termos de penetração dos meios de pagamento, do uso, das atitudes, etc.) podem indicar evoluções diferentes e, portanto, não são um único modelo de desenvolvimento do mercado de meios de pagamento.

Em qualquer caso, como tentativa, foi elaborado um Indicador Sintético para verificar o nível de desenvolvimento dos meios eletrônicos de pagamento em cada país de forma comparativa, a partir da penetração e do uso desses meios com o papel do telefone celular e das compras pela Internet, e que permite estabelecer diferentes posições e trajetórias:

- O desafio para os mercados mais maduros, tanto na penetração quanto na intensidade do uso de meios de pagamen-to, Espanha e Brasil, passa pela incorporação progressiva de novos meios de pagamento (celular) e extensão dos serviços bancários e pagamentos online.

- Chile e Colômbia estão em uma situação positiva na diversidade e uso moderado de meios de pagamento, embora ainda existam segmentos da população sem acesso a pagamentos eletrônicos.

- O México apresenta uma situação intermediária, uma vez que, embora a população bancarizada não exceda de 50%, a penetração de cartões (seja de crédito ou débito) é de 42,3%, semelhante à do Chile e da Colômbia.

- Finalmente, estão os países com maior margem para o desenvolvimento (Peru e República Dominicana), onde tanto a penetração quanto a utilização é menor, e há mais espaço para crescimento.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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6. Demanda por meios de pagamento

2. Metodologia

QUADRO 11: FICHA TÉCNICA

Um estudo quantitativo foi realizado utilizando pesquisa por telefone (CATI) de dois tipos:

- Pesquisa por telefone fixo (70-75% da amostra na América Latina, 100% na Espanha).

- Pesquisas por celular na América Latina (25-30% da amostra) para corrigir a assimetria na penetração da telefonia fixa70.

Universo: População em geral, entre 18 e 65 anos.

Escopo: Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru e República Dominicana.

Em todos os países, a amostra foi geograficamente distribuída proporcionalmente à população.

Duração do questionário: 10-12 min.

Tamanho da amostra: 400 entrevistas por país (2.800 entrevistas no total).

O erro da amostra usando p=q=0,5 e grau de confiança de 95,5%, é de ±5% para 400 entrevistas (por país).

Todos os dados são ponderados por sexo e idade (por país), a partir de Population Division of the Department of Economic and Social Affairs of the United Nations Secretariat, World Population Prospects: The 2010 Revision71.

O trabalho de campo foi realizado durante os meses de junho e julho de 2011.

Responsável da pesquisa: The Cocktail Analysis.

3. Caracterização da população

Diferentes cenários de bancarização: a diversidade como constante

O uso dos meios eletrônicos de pagamento está diretamente relacionado ao grau de formalidade financeira, uma vez que nor-malmente implica em identificação das partes envolvidas em cada transação. Nesse contexto, embora a bancarização não possa ser considerada uma condição estritamente necessária para o uso de meios de pagamento que não seja dinheiro, o fato é que as duas variáveis estão geralmente relacionadas. Por isso, se analisou em primeiro lugar o grau de bancarização da população, entendida no sentido amplo como a condição de titularidade de contas de depósitos em instituições financeiras (tanto contas/cadernetas de poupança quanto contas-correntes/à vista72) e/ou cartões de crédito.

70 Embora não existam dados oficiais comparados de penetração, a International Telecommunications Union fornece dados para assinaturas de celular por 100 habitantes (Brasil 104,1; Chile 116; Colômbia 93,76; Espanha 111,75; México 80,55; Peru 107,15; República Dominicana 89,5). Para mais informações, ver: http://www.itu.int/ITU-D/ICTEYE/Reports.aspx#

71 Para mais informações, ver: http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm72 No México, as contas-correntes incluem as chamadas contas de cheque.

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Segundo essa definição e conforme mostra a Figura 18, a Espanha (tendo quase toda a população bancarizada como objeto de estudo), e, ainda que a certa distância, o Brasil (82%), são os países com maior população bancarizada. Enquanto o caso espanhol é reconhecido mundialmente por ter um dos níveis mais elevados de bancarização, pode causar surpresa o nível do Brasil, quando comparado com estudos como o realizado pelo IPEA73, cuja granularidade permite corrigir os desvios devidos à diversidade territorial. Chile e Colômbia estão em uma posição intermediária, com cerca de 60% de bancarização, embora ainda com segmentos significativos não bancarizados. Peru, México e República Dominicana são os países com o menor porcentual de população bancarizada, com maiorias à margem do sistema financeiro formal, especialmente no caso do país andino.

Mais adiante, veremos as razões dadas para a não bancarização e quais os fatores determinantes da situação.

Figura 18. População bancarizada versus população não bancarizada por país

82,4%

64,0% 57,6% 47,6% 40,9%

48,2%

97,4%

17,6%

36,0% 42,4% 52,4% 59,1%

51,8%

2,6%

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep.Dominicana

Espanha

Bancarizada Não bancarizada

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Na Figura 19, observa-se como a penetração de cartão também mostra resultados muito diferentes em cada país. No Brasil, 72,3% da população têm algum tipo de cartão (débito ou crédito), com destaque para os cartões de crédito (55,8%), confirmando outros estudos que mencionam um rápido crescimento na última década74. No resto da América Latina, a porcentagem da popu-lação com algum tipo de cartão não chega a 50%.

No Chile (48,6%), a Colômbia (47,5%) e o México (42,3%) a posse de cartões se distribui principalmente nas classes média e alta.

O Peru (32%) e a República Dominicana (27,4%) demonstram percentuais mais baixos da população que podem realizar paga-mentos com cartão, incluindo as classes sociais de nível médio (C1 e C2)75.

Na Espanha, a alta bancarização é acompanhada por propriedade de cartões (79,2%), principalmente de cartões de débito (65,4%), enquanto os cartões de crédito têm uma importância inferior, de quase 20 pontos. Mesmo com diferenças, todos os segmentos sociais têm percentuais significativos de penetração de cartões.

73 O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada publicou recentemente um estudo com dados de 2010 (“Bancos: Exclusão e Serviços” dentro da série Sistemas de Indicadores de Percepção Social – SIPS, da Presidência da República), com uma metodologia mais precisa (pesquisas presenciais e tamanho da amostra muito maior) com a penetração de contas bancárias menor do que os mostrados (60,5% da população tem contas de depósito, segundo a entidade). Para mais informações, ver: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/110112_sips_bancos.pdf.

74 Em um estudo do SPC Brasil, a penetração de cartões em 2009 já havia atingido 67% da população, com 45% dos cartões de crédito. Para mais informações, ver: http://www.bcb.gov.br/pom/spb/seminarios/2010_SemInternCartoesPagamento/Arquivos/CNDL.pdf.

75 Para analisar a estratificação social, recorreu-se a uma referência internacional baseada na posição sociolaboral do entrevistado ou chefe de família. A escala faz a seguinte classificação: A - Diretoria, pessoal qualificado no corpo executivo, B - Diretor de departamento, proprietário de uma empresa de médio porte, C1 - Gerente, pessoal administrativo, proprietário de uma micro ou pequena empresa, C2 - Trabalhador qualificado, D - Trabalhador semiqualificado ou não qualificado, E - Pensionista, atualmente desempregado, recebendo subsídios do governo.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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6. Demanda por meios de pagamento

Figura 19. População com cartões de pagamento, por país

58,9%

37,1% 40,3% 34,7%

23,4% 18,3%

65,4% 55,8%

31,0% 28,6% 23,9%

20,5% 18,8%

46,7%

72,3%

48,6% 47,5% 42,3%

32,0% 27,4%

79,2%

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep.Dominicana

Espanha

Tem cartão de débito

Tem cartão de crédito (pagamento rotativo e/ou mensal)

Tem cartão de débito e/ou de crédito

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

A escolaridade e o acesso a computador e à Internet são os fatores que mais distinguem a po-pulação bancarizada da não bancarizada

Como veremos mais adiante, além das atitudes declaradas em relação aos cartões, há uma série de fatores que permitem en-tender por que alguns segmentos da população estão bancarizados e outros não.

Ainda que haja diferenças entre os países, observa-se uma série de variáveis que são comuns em todos os casos e diferenciam as populações bancarizadas das não bancarizadas: o nível de escolaridade, ter computador e a frequência de acesso à Internet. Sexo, classe social e, em alguns casos, idade, também têm importância significativa na distinção das duas populações, mas inferior às primeiras.

As diferentes importâncias das variáveis são um fator significativo: escolaridade, equipamento tecnológico e Internet implicam em acesso a um capital cultural superior que, embora vinculado à classe social e ao sexo, não depende exclusivamente desses. Assim, a bancarização faz parte de um capital cultural e “é aprendida” no ambiente cultural dos indivíduos (interações sociais, relação com entidades, escolaridade, Internet, etc.).

Por essa razão, podemos dizer que a bancarização faz parte da cultura financeira em cada território. Nos países latino-ame-ricanos estudados, torna-se uma forma de segmentação social, de acesso aos recursos (financiamento, poupança) que são possibilidades distantes para populações não bancarizadas.

Isso nos permite entender melhor a “falta de necessidade” que declaram os não bancarizados (e que veremos mais à frente, na análise dos motivos declarados para não ter cartões de crédito): na medida em que não é parte de seu ambiente cultural, é mais difícil perceber seu valor.

Nas páginas seguintes, o comportamento dessas variáveis nos diferentes países é analisado.

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Características sociodemográficas e bancarização

A Tabela 11 mostra como os principais dados sociodemográficos (sexo, segmento social e idade) se distribuem entre as popula-ções bancarizada e não bancarizada em cada país.

Com relação ao sexo, duas tendências divergentes são detectadas. É notável que em todos os países os homens são a maioria bancarizada (exceto no Peru). O Brasil é referência nessa situação, pois 9 em cada 10 homens mantêm um vínculo por meio de contas ou cartões de crédito com o sistema financeiro.

O caso das mulheres é diferente: em Colômbia, México, Peru e República Dominicana, a maioria das mulheres não estão bancarizadas (nos três últimos países, a porcentagem chega a 40%). Nos países com níveis mais elevados de bancarização, especificamente Brasil e Chile, a situação das mulheres e homens se assemelha.

A análise das diferentes classes sociais indica uma relação entre a participação nos segmentos mais altos e a maior bancariza-ção. Enquanto as pessoas que pertencem às classes A e B são em grande parte bancarizadas, à medida que movemos para as classes mais baixas, a proporção de bancarizados cai consideravelmente, até apenas uma minoria nos segmentos D e E, à exceção do Brasil. Nesse país, independentemente da classe, encontramos uma grande maioria da população bancarizada, atingindo 100% nos segmentos A e B. Isso parece confirmar que o crescimento econômico favoreceu a bancarização de grande parte da população.

No Chile e na Colômbia, embora os níveis de bancarização sejam menores nas classes mais pobres da população, há uma porcentagem significativa de bancarizados nesse segmento. Não podemos dizer o mesmo dos outros países, onde há uma por-centagem reduzida (cerca de 30%) de pessoas bancarizadas nos segmentos desfavorecidos.

A idade distribui-se de forma heterogênea no que diz respeito à bancarização. No Brasil, no Chile e, em menor escala, na Co-lômbia, aparentemente a bancarização não é afetada por esse parâmetro. Assim, as taxas de bancarização são altas em todas as faixas etárias. No entanto, os países com menor desenvolvimento econômico do conjunto da população (México, Peru e República Dominicana) demonstram uma não bancarização mais pronunciada entre os jovens.

Tabela 11: Indicadores sociodemográficos principais entre a população bancarizada e não bancarizada, por país

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep. Dominicana

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

Total 82,4% 17,6% 64,0% 36,0% 57,6% 42,4% 47,6% 52,4% 40,9% 59,1% 48,2% 51,8%

Sexo

Masculino 90,0% 10,0% 68,2% 31,8% 66,9% 33,1% 57,2% 42,8% 46,4% 59,1% 59,6% 40,4%

Feminino 75,1% 24,9% 60,0% 40,0% 48,8% 51,2% 38,3% 61,7% 35,5% 64,5% 36,9% 63,1%

Segmentos sociais

A+B 100,0% 0,0% 73,9% 26,1% 77,0% 23,0% 81,2% 18,8% 58,8% 41,2% 81,7% 18,3%

C1+C2 85,9% 14,2% 71,3% 28,7% 60,4% 39,6% 53,8% 46,2% 44,9% 55,1% 53,5% 46,5%

D+E 73,5% 26,5% 49,6% 50,4% 46,6% 53,4% 31,3% 68,7% 28,2% 71,8% 31,4% 68,6%

Idade

18-29 81,7% 18,3% 70,6% 29,4% 52,6% 47,4% 37,0% 63,0% 34,2% 65,8% 41,4% 58,6%

30-39 89,1% 10,9% 64,4% 35,6% 63,2% 36,8% 53,4% 46,6% 43,4% 56,6% 55,4% 44,6%

40-49 77,4% 22,6% 67,9% 32,1% 58,0% 42,0% 60,8% 39,2% 49,0% 51,0% 58,1% 41,9%

50-59 83,2% 16,8% 49,6% 50,4% 63,5% 36,5% 43,0% 57,0% 35,1% 64,9% 44,2% 55,8%

60-65 78,7% 21,3% 57,7% 42,3% 50,4% 49,6% 57,0% 43,0% 56,9% 43,1% 36,6% 63,4%

BANCs.: bancarizados Não BANCs.: Não bancarizados Porcentagens horizontais n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

Grau de escolaridade, equipamento e Internet

Algumas variáveis específicas, como as mostradas na Tabela 12 (grau de escolaridade, equipamento e Internet), são as que marcam mais fortemente as diferenças entre as populações bancarizada e não bancarizada.

Tabela 12: Nível de escolaridade, equipamento e acesso à Internet entre a população e bancarizada e não bancarizada, por país

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep. Dominicana

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

BA

NC

.

Não

BA

NC

.

Total 82,4% 17,6% 64,0% 36,0% 57,6% 42,4% 47,6% 52,4% 40,9% 59,1% 40,9% 59,1%

Sem estudos / Educação Básica / Ensino Fundamental

74,1% 25,9% 49,1% 50,9% 38,5% 61,5% 28,4% 71,6% 24,0% 76,0% 33,9% 66,1%

Formação Profissional / Curso Técnico / Educação Superior

94,8% 5,2% 78,2% 21,8% 72,5% 27.5% 67,6% 32,4% 57,1% 42,9% 68,1% 31,9%

Computador de mesa ou portátil 88,4% 11,6% 78,3% 21,7% 68,9% 31,1% 68,8% 31,2% 58,3% 41,7% 61,8% 38,2%

Telefone celular 85,1% 14,9% 68,9% 31,1% 68,9% 31,1% 59,0% 41,0% 47,3% 52,7% 53,0% 47,0%

Smartphone 93,8% 6,2% 85,5% 14,5% 82,4% 17,6% 81,4% 18,6% 68,3% 31,7% 59,4% 40,6%

Conexão à Internet

Diária 92,8% 7,2% 75,4% 24,6% 72,7% 27,3% 72,9% 27,1% 59,5% 40,5% 64,9% 35,1%

Pelo menos semanalmente 75,4% 24,6% 67,0% 33,0% 48,7% 51,3% 45,6% 54,4% 35,4% 64,6% 60,3% 39,7%

Pelo menos uma vez por mês 100,0% - 51,8% 48,2% 35,2% 64,8% 58,1% 41,9% 44,8% 55,2% 48,0% 52,0%

Com menos frequência 81,7% 18,3% 45,1% 54,9% 56,3% 43,7% 26,2% 73,8% 21,3% 78,7% 39,5% 60,5%

Nunca ou quase nunca 63,5% 36,5% 38,6% 61,4% 30,4% 69,6% 15,8% 84,2% 22,4% 77,6% 32,6% 67,4%

BANCs.: bancarizados Não BANCs.: Não bancarizados Porcentagens horizontais.n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

O nível de escolaridade afeta significativamente a bancarização. Enquanto a maioria da população com baixo nível de escolari-dade (que neste relatório é definido como educação até o ensino médio) não está bancarizada em todos os países, à exceção do Brasil, as pessoas de maior grau de escolaridade são na maior parte bancarizadas76.

Há também diferenças notáveis entre as populações bancarizada e não bancarizada quanto ao equipamento tecnológico que possuem. Basta comparar na Tabela 12 os dados totais de bancarização por país com a divisão do acesso aos dispositivos nas duas populações. Observa-se que a maioria das pessoas que possuem essas tecnologias estão bancarizadas e os que não estão têm menos acesso a elas.

O caso dos computadores é especialmente relevante, dada sua importância para acesso à Internet. Em todos os países, os bancari-zados têm um acesso maior a esse equipamento, acima de sua importância populacional. Os casos mais significativos são México, Peru e República Dominicana, onde, apesar de serem uma minoria, são a grande maioria dos que dispõem de computadores.

76 Como dado adicional, embora não existam dados apresentados neste relatório, podemos sublinhar que em todos os países, as populações não bancarizadas têm na sua maioria um nível de escolaridade que não supera o ensino médio.

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A frequência de acesso à Internet também é dividida de maneira muito desigual entre os dois tipos de populações. Observa-se que os bancarizados acessam diariamente esse meio (com taxas que variam em torno de 70%), enquanto as frequências são muito mais baixas para os não bancarizados, e há um percentual elevado de não bancarizados que jamais acessam a Internet. A comprovação desta polarização é o caso do México: 72,9% dos que acessam a rede diariamente estão bancarizados, 84,2% dos que não acessam nunca não estão77.

A Tabela 13 representa visualmente as variáveis que mais afetam a bancarização em cada país. No Brasil e, até certo ponto, no Chile e na Colômbia, as diferenças entre bancarizados e não bancarizados concentram-se nas três mais significativas, grau de escolaridade, ter computador e acesso à Internet. Sexo e segmento social geram diferenças menores, principalmente no Brasil.

Em México, Peru e República Dominicana, há um maior número de variáveis que desempenham um papel relevante; dessa forma, sexo, segmento social e até mesmo idade demonstram diferenças relevantes entre bancarizados e não bancarizados.

Tabela 13: Resumo das variáveis que diferenciam as populações bancarizadas e não bancarizadas, por país

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep. Dominicana

Grau de escolaridade

Ter um computador pessoal

Acesso à Internet

Sexo

Segmento social

Idade

Variável altamente diferenciadora entre bancarizados e não bancarizados.

Variável diferenciadora entre bancarizados e não bancarizados.

Variável não diferenciadora entre bancarizados e não bancarizados.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

77 Uma leitura de acesso para os não bancarizados em qualquer país também confirma sua baixa utilização da Internet.

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6. Demanda por meios de pagamento

4. Penetração dos meios de pagamento e contas bancáriasA penetração dos distintos meios de pagamento e contas bancárias (em termos de percentual de usuários) nos países partici-pantes do estudo mostra diferenças acentuadas (Tabela 14).

O Brasil é um país com uma importante penetração de vários produtos. Desse modo, 63,3% da população têm contas-correntes, 58,9% têm cartões de débito e, em contraste com os demais países, 54,5% da população têm cartões de crédito rotativo78 e 30,5% da população têm talões de cheques.

O Chile mostra uma significativa penetração dos cartões de débito (37,1%), de estabelecimento79 (36,4%) e de crédito rotativo (22,3%); por sua vez, uma proporção expressiva de 17,9% dispõe de talões de cheque. O caso chileno é único considerando a alta penetração dos cartões com marca de estabelecimento. Conforme foi visto anteriormente, o número de cartões desse tipo em circulação é o triplo do de cartões de crédito bancários, o que implica uma alta concentração de cartões particulares por titular. Na verdade, cada titular de cartão de estabelecimento possui, em média, mais de dois cartões desse tipo.

Na Colômbia, o cartão de débito é o meio de pagamento eletrônico mais amplamente utilizado (40,3%), muito à frente de outros instrumentos.

Em países com um grande segmento de população não bancarizada, as taxas de penetração dos diferentes produtos são geralmente reduzidas. Na República Dominicana, a penetração dos meios de pagamentos diferentes do dinheiro em espécie é modesta (com 18,3% para os cartões de débito), enquanto no Peru mais de 55% da população não têm nenhum meio de paga-mento que não seja o dinheiro em espécie, e somente o cartão de crédito chega a 1 entre 5 peruanos. No México, que geralmente apresenta um padrão similar, a diferença é a presença relevante dos cartões de débito, pois pelo menos 1 em cada 3 pessoas tem um, em uma proporção semelhante ao que acontece com as contas-correntes.

A Espanha tem um elevado percentual de população com contas-correntes (84,4%), cartões de débito (65,4%), contas poupança (57,8%) e, entre os países analisados, é o país com maior penetração em cartões de débito, de crédito de pagamento mensal e de estabelecimento80. Enquanto os dados de penetração de cartões de crédito rotativo (ou de pagamento parcelado) são relati-vamente elevados para a importância tradicional da Espanha nessa modalidade (16%), vale ressaltar que, nos últimos dois anos, o crescimento desses cartões parece ser favorecido pelo contexto da crise atual e pelo fato de que muitas instituições oferecem a possibilidade de parcelar pagamentos de maneira esporádica em alguns cartões de pagamento mensal81.

Se analisarmos os produtos, veremos como, em geral, o cartão de débito tem a maior presença relativa em quase todos os países estudados. As contas de poupança e as contas-correntes têm pesos variados em cada país: enquanto em alguns há maior número de contas de poupança (República Dominicana, Peru, Colômbia), em outros têm maior força as contas-correntes (Espanha, Brasil e México). Parece haver certa relação entre a presença marcante das contas-correntes e maior bancarização, mas isso não ocorre com as contas ou cadernetas de poupança.

78 Temos considerado separadamente os cartões de crédito de pagamento mensal dos de pagamento parcelado ou que utilizam o crédito rotativo.79 Os cartões da marca do estabelecimento referem-se tanto a sistemas abertos (geralmente relacionados com alguma bandeira) quanto fecha-

dos (exclusivos de uma rede).80 No caso dos cartões de estabelecimento na Espanha, é importante ressaltar a enorme importância do El Corte Inglés, que tem 11,18 milhões de

usuários de seus cartões de compra, de acordo com seus próprios dados: http://sgfm.elcorteingles.es/SGFM/ECI/recursos/doc/Datos_Eco-nomicos/Memorias/2010/2083090945_2382011161836.pdf.

81 Em 2010, a MasterCard divulgou os resultados de uma pesquisa do Instituto Inmark que estimava em 22,1% o uso de pagamentos parcelados sobre o total de cartões de crédito na Espanha, com um crescimento esperado para este ano de 35% em comparação com esses dados. Para mais informações sobre o assunto, consulte: http://bit.ly/r9dAmy y http://bit.ly/oBkbLW.

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Tabela 14: Penetração de meios de pagamento e contas bancárias, por país

Brasil Chile Colômbia México PeruRep.

DominicanaEspanha

Cartão de débito 58,9% 37,1% 40,3% 34,7% 23,4% 18,3% 65,4%

Conta ou caderneta de poupança 49,7% 40,2% 44,4% 20,9% 23,5% 40,2% 57,8%

Conta-corrente 63,3% 30,5% 18,2% 31,0% 20,3% 20,6% 84,4%

Cartão com marca de estabelecimento comercial ou rede

35,6% 36,4% 23,2% 15,9% 17,1% 6,0% 43,8%

Cartão de crédito de pagamento a prazo (ou rotativo)

54,5% 11,5% 15,1% 11,6% 10,1% 4,3% 16,0%

Cartão de crédito de pagamento mensal 14,5% 22,3% 19,6% 17,0% 15,8% 16,7% 30,7%

Cheque ou Talonário 30,5% 17,9% 8,9% 6,2% 2,1% 4,3% 8,2%

Cartão pré-pago 2,6% - 2,3% 3,7% 5,5% 5,9% 2,1%

Nenhum (exceto dinheiro) 14,4% 29,2% 38,9% 49,3% 55,9% 49,7% 2,2%

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

A média de meios de pagamento por pessoa também varia nos diferentes países: como vemos na Figura 20, enquanto na Espa-nha e no Brasil a média de produtos por entrevistado aproxima-se de 2, no Chile está em quase 1,25 produto por pessoa e, na Colômbia, 1,09. Em México, Peru e República Dominicana, a média de meios de pagamento por pessoa é inferior a um. Ou seja, além do percentual de bancarização ou de ter contas bancárias, esses países demonstram uma relação de meios de pagamento menos diversificada na área financeira.

Figura 20: Número médio de meios de pagamento disponíveis por indivíduo em cada país (exceto dinheiro)

1,97 1,25 1,09 0,89 0,74 0,55

1,66

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep. Dominicana

Espanha

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

5. Uso de meios de pagamento A frequência de uso dos meios de pagamento varia substancialmente, não só pelo grau de oferta em cada país, mas também pela capacidade de consumo da sua população. Isso acontece tanto em função da situação socioeconômica de cada país quanto do segmento social ao qual os indivíduos pertencem82.

A Tabela 15 mostra o percentual de uso mensal de diferentes meios eletrônicos de pagamento entre as pessoas que os pos-suem83. No Brasil, destaca-se o uso de cartões de crédito, tanto de pagamento mensal (92,4%) quanto de crédito rotativo (90,9%), o que demonstra o forte hábito de uso do crédito ao consumo no país. Os cartões de débito também têm uma forte utilização mensal (85,7%, incluindo 34,8% de indivíduos que usam diariamente), enquanto os cartões de estabelecimento e os cheques (quase 54%, com uma penetração significativa) demonstram percentuais de uso mensal superiores a 50%84.

Os chilenos demonstram preferência pelo cartão de débito (87,6%) e pelo cartão de estabelecimento (60,3%, o que é uma pe-netração maior do que em outros países). Entre os meios de pagamento menos significativos, os cartões de crédito demonstram um uso frequente entre os que dispõem desse instrumento.

Colômbia e México têm algumas características semelhantes: nos dois casos, predomina o uso de cartões de débito (enquanto isso, percentuais acima dos 80%), seguido pelo uso de cartões de crédito, tanto de crédito rotativo quanto de pagamento mensal. Peru e República Dominicana são países com um uso mais limitado dos meios de pagamento eletrônico: não apenas têm uma penetração limitada, mas também os percentuais de uso mensal só superam 70% no caso dos cartões de crédito de liquidação mensal.

Por sua vez, na Espanha destaca-se o cartão de débito como meio eletrônico utilizado mensalmente pela maioria da população (85,7%), o que é relevante principalmente por ser o meio de pagamento com maior penetração (incluindo a comparação com os demais países) e define claramente o padrão de uso dos espanhóis. De maneira um pouco diferente, há os cartões de crédito de pagamento mensal (com um pouco mais de 70%) e os de crédito rotativo ou de pagamento parcelado (72,5%), embora nesse caso o número de usuários seja muito menor.

Tabela 15: Frequência de uso de meios de pagamento eletrônicos (diária + semanal + mensal)

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep.Dominicana Espanha

Pagamentos com cartão de débito

84,4% (n=236)

87,6% (n=148)

84,3% (n=161)

81,3% (n=139)

69,3% (n=94)

64,5% (n=73)

85,7% (n= 262)

Pagamentos com cartão de crédito a prazo (ou rotativo)

90,9% (n=218)

70,4% (n=46)*

70,4% (n=61)

72,9% (n=46)*

61,5% (n=40)* - 72,5%

(n=64)

Pagamentos com cartão de crédito mensal**

92,4% (n=58)

74,0% (n=89)

68,5% (n=78)

79,3% (n=68)

71,7% (n=63)

78,6% (n=67)

68,7% (n=107)

Pagamentos com cheques ou talonário

53,8% (n=122)

63,6% (n=72)

58,7% (n=36)* - - - 26,6%

(n=33)*

Pagamentos com cartão de estabelecimento

56,1% (n=142)

62,5% (n=146)

60,3% (n=93)

60,8% (n=64)

70,7% (n=68) - 54,2%

(n=175)

n = dispõem do produto bancário; * = base reduzida; - = base com menos de 30 casos.O cartão pré-pago não teve amostra suficiente para obter resultados estatisticamente significativos em qualquer país.**Embora o número de usuários que afirmam fazer com frequência pagamentos com cartão de crédito de liquidação mensal tome como base a penetração desse instrumen-to conforme exposto na Tabela 14, alguns dados podem ser surpreendentes para quem conhece a realidade de mercados como Brasil ou Colômbia, onde a modalidade de pagamento total no fim do mês é muito infrequente. É possível que o entendimento da pergunta pelos entrevistados não tenha sido adequado, o que explicaria esses nú-meros invulgarmente altos.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

82 Enquanto não temos base suficiente para analisar o comportamento de um segmento social específico por país, é uniforme para todos que a frequência de uso de todos os meios de pagamento aumente no segmento social.

83 Como exemplo para facilitar a leitura da tabela, 84,4% dos que têm cartões de débito no Brasil usam esse meio de pagamento pelo menos uma vez por mês.

84 Vários especialistas consultados pelo Jornal da Globo apontam sua importância atual, apesar da queda na última década. Dados do Banco Central do Brasil estimam em 15,1% do total as transações que ainda são realizadas com cheques. Para mais informações, ver: http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/10/uso-de-cheques-despenca-em-uma-decada-mas-continua-representativo.html.

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6. Motivos para não ter cartões de créditoConforme foi visto acima, os cartões de crédito têm uma presença desigual nos países analisados. Como são um meio de pagamento comum em diversos outros países, considerou-se importante analisar os motivos por que tanto a população não bancarizada quanto bancarizada (que têm apenas contas bancárias) opta por não ter cartões de crédito, e compreender melhor as barreiras existentes em torno desse tipo de produto. Embora alguns elementos sejam comuns, o fato de ser bancarizado ou não apresenta diferenças na percepção e na avaliação dos cartões.

A percepção de falta de necessidade e de valor impede a penetração dos cartões entre a popu-lação não bancarizada

Em termos gerais, detecta-se uma grande distância entre a população não bancarizada85 e os cartões de crédito, que são um meio de pagamento pouco conhecido em sua proposta de valor e funcionamento.

Conforme pode ser visto na Tabela 16, entre a população não bancarizada, uma das principais razões para não se ter um cartão de crédito é a percepção da falta de necessidade por não dispor de dinheiro suficiente para justificar esse uso (exceto no Brasil). Merece destaque o caso do México, onde a grande maioria da população não bancarizada tem essa percepção. Outros entraves relevantes são as comissões, a falta de segurança e o medo do endividamento, diante do possível descontrole nos gastos.

Tabela 16: Razões para não ter cartão de crédito (população não bancarizada)

Brasil(n=70)

Chile(n=144)

Colômbia(n=169)

México(n=210)

Peru(n=236)

Rep. Dominicana

(n=207)

Tenho pouco dinheiro, não preciso

17,6% 55,5% 53,9% 74,1% 66,6% 62,0%

Não quero pagar taxas 4,9% 25,5% 16,0% 15,7% 16,6% 15,0%

Não é seguro, há roubos, fraudes...

1,4% 13,9% 8,4% 6,2% 8,9% 10,7%

Não quero endividar-me 13,8% 7,8% 9,2% 6,0% 4,1% 9,5%

Não administro dinheiro, sou muito jovem, não tenho emprego

3,1% 5,7% 8,4% 2,6% 7,9% 15,0%

Não quero que saibam o que eu faço com meu dinheiro

52,3% 9,6% 0,6% 4,3% 2,4% 5,6%

Prefiro pagar em dinheiro 5,8% 3,1% 2,3% 4,5% 4,3% 4,5%

Solicitei um, mas recusaram por eu ter restrições ou nenhum histórico de crédito

6,9% 4,8% 5,1% 2,4% 2,5% 5,0%

Não confio nos bancos 1,1% 1,1% 1,7% 0,6% 2,2% 0,9%

Outras razões 5,9% 4,2% 5,8% 2,8% 6,1% 4,5%

n = população não bancarizada em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

85 Tanto aqui como em outras análises com base na população não bancarizada, excluiu-se a Espanha, por não haver uma amostra suficiente (apenas 10 casos).

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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6. Demanda por meios de pagamento

Para os brasileiros, aparece como elemento diferenciador o fato de não quererem que se saiba o que fazem com seu dinheiro, sendo essa uma barreira mais acentuada (52,3%). O receio do possível controle que a formalidade financeira apresenta é um obstáculo importante entre os que ainda não têm cartões no Brasil, sendo o maior obstáculo ao crescimento desse meio de pagamento, que já está nos níveis mais altos da região. Entre os dominicanos, menciona-se não ter trabalho ou fundos próprios (15%) como o segundo fator relevante.

Portanto, no desenvolvimento das estratégias de bancarização da população nos diferentes países, parece ser necessário criar campanhas e mensagens que demonstrem os benefícios da bancarização, juntamente com produtos que resolvam a questão do medo e da insegurança, com reduções ou nenhuma comissão, e também facilitar a sensação de controle dos gastos para o usuário.

A população bancarizada sem cartões de crédito demonstra desconfiança em relação a esse produto

Por sua vez, os bancarizados que não possuem cartões de crédito (Tabela 17) citam, como razões para não contratar esse pro-duto, a cobrança de comissões, a sensação de descontrole dos gastos e, em menor escala, a percepção da falta de necessidade. Em geral, valoriza-se um sentimento de desconfiança no uso que se possa fazer dos cartões.

Tabela 17: Razões para não ter cartão de crédito, tendo conta em banco

Brasil(n=105)

Chile(n=119)

Colômbia(n=114)

México(n=95)

Peru(n=76)

Rep. Dominicana

(n=114)

Espanha(n=203)

Não quero pagar taxas 23,0% 38,1% 33,6% 35,4% 33,3% 27,9% 12,1%

Não quero endividar-me 30,9% 14,3% 24,0% 12,7% 17,2% 20,3% 37,2%

Tenho pouco dinheiro, não preciso 13,1% 28,4% 26,4% 33,7% 35,7% 38,1% 13,9%

Prefiro pagar em dinheiro 20,4% 4,2% 13,1% 8,9% 10,8% 11,8% 22,3%

Não é seguro, há roubos, fraudes... 6,4% 20,9% 8,6% 11,2% 20,4% 19,6% 7,3%

Solicitei um, mas recusaram por eu ter restrições ou nenhum histórico de crédito

9,6% 4,5% 16,2% 6,6% 5,9% 10,9% 2,4%

Não administro dinheiro, sou muito jovem, não tenho emprego

3,7% 5,1% 3,5% 7,5% 5,7% 11,5% 5,2%

Não quero que saibam o que eu faço com meu dinheiro

3,5% 8,8% 0,9% 5,7% 5,7% 9,5% 1,3%

Outras razões 3,0% 5,6% 5,9% 2,2% 4,0% 0,5% 5,9%

n = população bancarizada sem cartão de crédito em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Em todo caso, há algumas diferenças significativas entre países: por exemplo, na Espanha, destaca-se o receio do descontrole dos gastos e a preferência pelo dinheiro (as comissões não aparecem com força). De fato, já vimos anteriormente que esses foram dois dos fatores pelos quais o número de cartões foi reduzido em tempos de crise. Em contrapartida, na República Domi-nicana, a falta de necessidade assume grande importância. No México e na Colômbia, destaca-se a preocupação com as comis-sões, e no Chile percebe-se maior insegurança (20,9%). Por outro lado, na Colômbia é relevante a experiência com solicitações negadas (16,2%) que não passaram pelo processo de aprovação das instituições financeiras.

Conseguir que esse segmento da população bancarizada incorpore os cartões de crédito implica desenvolver estratégias que gerem mais proximidade e segurança em seu uso diário, posicionando-os como produtos “sem risco” para o usuário: ou seja, com comissões mínimas e oferecendo mecanismos de controle do endividamento excessivo.

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7. O telefone celular como meio de pagamento

Pagamentos por telefone celular: incipientes mas relevantes

Atualmente, o telefone celular, quer sob a forma de smartphones (telefones inteligentes) ou em modelos mais básicos (os cha-mados feature phones), começa a ter um uso real como meio de pagamento nos países analisados.

Na Figura 21, vemos como o pagamento por telefone celular tem um uso minoritário. Em todo caso, deve-se assinalar que esses percentuais representam milhões de clientes nos casos do Brasil (2%) e do México (5,7%). A Espanha é o país com a menor penetra-ção86, provavelmente porque a penetração de outros meios de pagamento faz com que seja difícil encontrar seu nicho de mercado.

Embora não haja uma amostra suficiente para analisar os tipos de sistemas de pagamento utilizados, ainda assim é grande o suficiente para se mencionar que os com base em SMS ou em mensagem USSD, que é a tecnologia mais simples e com a qual a maioria dos usuários está familiarizada, são os mais usados (especialmente no Chile e no México).

Figura 21: Pessoas que fizeram pagamentos a empresas (compras, recibos, etc.) por meio do telefone celular em alguma ocasião

2,0% 5,0% 3,0%

5,7% 4,2% 2,9% 1,1%

Brasil(n=354)

Chile(n=343)

Colômbia(n=355)

México(n=268)

Peru(n=305)

Rep.Dominicana

(n=294)

Espanha(n=382)

n = Possuem telefone celular no país determinado.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Interesse e valorização de serviços de pagamento por celular: demanda incipiente, com possi-bilidades de desenvolvimento

Embora ainda haja poucas experiências comerciais de pagamentos por telefone celular disponíveis na América Latina, os entre-vistados que não estão usando esse serviço têm avaliado o potencial interesse pelo mesmo, quer por SMS ou por um aplicativo para telefone celular (Figura 22).

Embora ainda não se tenha detectado um interesse majoritário em todos os países, podemos confirmar a existência de uma demanda inicial. Os colombianos são particularmente propensos a usar esse serviço (41,2% demonstram um grande interesse). Em outros países, essa disposição é menor, mas igualmente significativa, variando entre 20% e 30% da população, o que per-mite falar em uma demanda já ajustada que possibilita dar espaço à oferta desse tipo de serviços. Em todos os casos, deve-se salientar que são os jovens com menos de 30 anos de idade que demonstram um interesse significativamente maior.

Figura 22: Avaliação da possibilidade de efetuar pagamentos por celular, por país

16,7%

19,0%

23,6%

27,0%

27,6%

28,2%

41,2%

12,0%

17,6%

15,5%

15,6%

17,3%

17,6%

14,4%

71,3%

63,3%

60,8%

57,4%

55,0%

54,2%

44,3%

Espanha (n=378)

Chile (n=324)

Rep. Dominicana (n=282)

Peru (n=276)

México (n=253)

Brasil (n=345)

Colômbia (n=344)

Alta (7 a 10) Médio (5 a 6) Baixa (1 a 4)

n = Usuários de celulares que não efetuam pagamentos com o celular.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

86 No entanto, a Espanha foi pioneira no pagamento por telefone celular com a introdução do sistema Mobipay em 2001, o qual foi deixado de lado em 2009, diante da falta de sucesso comercial.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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6. Demanda por meios de pagamento

É importante observar que a Espanha é o país que demonstra o menor interesse declarado (16,7% de alto interesse). Vários motivos podem explicar este resultado na Espanha: por um lado, a maior idade da população espanhola (embora esses dados não sejam exibidos aqui, os jovens espanhóis demonstram grande interesse em 35,4% dos casos, igualando-se ao nível dos dados obtidos de jovens de outros países). Por outro, a falta de conhecimento da proposta de valor do serviço em comparação com as alternativas existentes, que na Espanha são muitas, graças à alta bancarização e da existência de uma extensa rede de agências bancárias e caixas eletrônicos. Parece também que a existência anterior de serviços de pagamento por telefone celular conhecidos no país aproxima o público e aumenta o interesse por esses serviços.

Com foco nos cidadãos que têm um grande interesse em fazer pagamentos pelo telefone celular (Tabela 18), facilitar pagamen-tos e economizar tempo aparecem como os principais benefícios em todos os países. Em alguns casos, inclusive o fato de haver demonstrado interesse anterior, a tendência é levantar dúvidas sobre a segurança do serviço, principalmente no Brasil. Por outro lado, em outros como Chile, Colômbia, Espanha e Peru, o telefone celular transforma-se principalmente em uma impressão positiva sobre a segurança, tanto que evita que se porte dinheiro e é mais fácil de controlar como um objeto que se tem sempre à mão.

Vale a pena ressaltar que os mais propensos a usar seus celulares para realizar pagamentos são também os que consideram a segurança como uma de suas maiores vantagens. Por outro lado, conforme veremos posteriormente, os que mais relutam em utilizar o pagamento via telefone celular expressam, em sua maioria, seus temores em relação à segurança do sistema, o que sugere o pensamento de que há um componente de conscientização e capacitação no uso que poderia incidir positivamente na demanda.

Tabela 18: Percepção sobre pagamento por celular entre aqueles que avaliaram como muito interessante (entre 7 e 10)

Brasil(99)

Chile(62)

Colômbia(142)

Espanha(63)

México(70)

Peru(75)

Rep. Dominicana

(67)

Facilitaria os pagamentos e economizaria tempo

67,2% 74,2% 62,9% 77,7% 84,6% 77,6% 84,7%

Não me parece seguro 26,8% 6,0% 12,3% 13,2% 11,2% 5,4% 1,8%

É mais seguro (controle físico do telefone, não levar dinheiro)

6,2% 10,3% 15,9% 13,2% 7,3% 16,5% 4,5%

É mais uma alternativa (coexiste com os outros meios)

- 10,0% 6,1% 4,2% - 5,2% 1,8%

Prefiro outros meios de pagamento

3,2% 1,3% 3,4% 7,2% 1,4% 4,2% 1,8%

Outros 8,2% 12,0% 5,9% 1,2% 4,5% 8,4% 5,5%

n = Avaliam bem a possibilidade de efetuar pagamentos por celular em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Entre aqueles com um interesse médio (5-6), ilustrado pela Tabela 19, apesar de reconhecerem a vantagem de realizar um pa-gamento mais fácil e com economia de tempo, a sensação de falta de segurança torna-se mais evidente, o que limita o interesse pelo serviço.

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Tabela 19: Percepção sobre pagamento por celular entre aqueles que avaliaram como medianamente interessante (entre 5 e 6)

Brasil(61)

Chile(57)

Colômbia(50*)

México(44*)

Peru(43*)

Rep. Dominicana

(44*)

Espanha(46*)

Não me parece seguro 45,9% 39,8% 41,5% 33,7% 21,3% 35,6% 17,1%

Facilitaria os pagamentos e economizaria tempo

32,7% 21,4% 4,0% 15,3% 31,2% 21,0% 21,4%

Prefiro outros meios de pagamento

9,4% 9,6% 17,0% 22,2% 22,3% 19,4% 14,8%

Não entendo como o sistema funciona

5,5% 5,9% - 5,4% 13,1% 12,5% 13,6%

Não vejo a utilidade; é desnecessário

4,9% 6,8% 4,9% 9,8% 5,6% 4,2% 13,4%

É mais uma alternativa (coexiste com os outros meios)

1,7% 10,4% 10,7% 4,7% 2,4% 2,7% 17,2%

Não uso telefone celular, não sei manejá-lo

- 2,9% 13,7% 7,5% 5,2% - 3,8%

Acho que o meu aparelho não serve

2,1% 2,7% 2,1% 2,3% 4,6% 4,2% 5,2%

Outros 3,4% 6,9% 6,1% 11,9% 2,4% 5,7% 10,2%

* = Bases reduzidas n = Avaliam medianamente a possibilidade de efetuar pagamentos por celular em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

A Tabela 20 apresenta como, entre aqueles que demonstraram interesse escasso (1-4), têm força algumas restrições, independen-temente do país analisado: acima de tudo está a segurança, mas também se indica a preferência por outros meios de pagamento (dinheiro ou cartões), a dificuldade para usar o telefone celular, a falta de percepção de vantagens… Todas estas percepções negativas sobre o pagamento com celular tornam difícil sua incorporação a curto prazo entre um amplo segmento de população.

Tabela 20: Percepção sobre pagamento por celular entre aqueles que avaliaram como de baixo interesse (entre 1 e 4)

Brasil(188)

Chile(205)

Colômbia(153)

México(44*)

Peru(159)

Rep. Dominicana

(172)

Espanha(270)

Não me parece seguro 55,3% 55,3% 48,9% 47,4% 41,3% 30,8% 31,0%

Prefiro outros meios de pagamento

21,0% 17,2% 21,9% 23,3% 30,3% 25,9% 40,0%

Não uso telefone celular, não sei manejá-lo

4,6% 9,4% 23,0% 5,2% 10,4% 5,1% 14,3%

Não vejo a utilidade; é desnecessário

14,0% 7,4% 1,7% 7,7% 8,1% 11,6% 14,1%

Não entendo como o sistema funciona

3,0% 5,1% 0,6% 6,1% 10,7% 9,9% 11,7%

Não tenho dinheiro/trabalho/conta bancária/não sou responsável por administrar o dinheiro

2,1% 3,6% 5,1% 8,2% 5,6% 18,0% 0,8%

Acho que o meu aparelho não serve

1,0% 1,9% 2,9% 3,8% 3,1% 1,4% 5,2%

Outros 4,9% 6,3% 6,3% 5,1% 2,6% 5,7% 7,0%

n = Avaliam baixo a possibilidade de efetuar pagamentos por celular em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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Relatório Tecnocom sobre TENDÊNCIAS EM MEIOS DE PAGAMENTO 2011

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6. Demanda por meios de pagamento

8. Pagamentos pela InternetO acesso à Internet está bastante generalizado nos países analisados (veja Figura 23), com um acesso mensal para a maioria da população (os dados semanais são apenas ligeiramente inferiores, o que confirma a estabilidade e a recorrência do acesso). Apenas na República Dominicana encontramos um acesso significativamente menor.

Figura 23: Acesso à Internet, por país

65,6% 70,6% 70,6%

59,1% 61,6%

46,5%

79,4%

66,5% 75,2% 78,0%

63,9% 67,7%

53,6%

82,5%

Pelo menos uma vez por semana

Pelo menos uma vez por mês

Brasil Chile Colômbia México Peru Rep.Dominicana

Espanha

n = Total por país: 400 (2800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Na Figura 24, vemos que as compras pela Internet (de qualquer produto ou serviço) da população de internautas é uma realida-de em diversos países, embora com desequilíbrios consideráveis.

Na Espanha e no Brasil, as compras pela Internet têm uma importância mais ampla (62,6% dos internautas afirmam já ter com-prado alguma vez pela Internet nos dois casos), o que nos permite falar em grande uso dos meios eletrônicos de pagamento nesse âmbito.

O Chile está em uma posição relevante (39,1%) e a Colômbia aproxima-se dos 30%. No caso de México, Peru e República Do-minicana, a penetração é significativamente inferior, girando em torno de 20%.

É significativo como se pode observar uma correspondência entre a bancarização e a compra pela Internet: quanto mais popu-lação bancarizada em um país, maior é o peso do comércio eletrônico.

Figura 24: População já fez compras por meio da Internet pelo menos uma vez versus população que não usou a Internet com essa finalidade, por país

62,6%

39,1% 28,0% 22,4% 17,8% 18,5%

62,6%

37,4%

60,9% 72,0% 77,6% 82,2% 81,5%

37,4%

Brasil(n=266)

Chile(n=301)

Colômbia(n=312)

México(n=256)

Peru(n=271)

Rep.Dominicana

(n=214)

Espanha(n=330)

Comprou na Internet

Não comprou pela Internet

n = Usa Internet pelo menos uma vez por mês em cada país.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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Além disso, os meios de pagamento para as compras pela Internet têm uma diversidade significativa (Tabela 21), embora os cartões, especialmente de crédito, apareçam com um papel central em todos os países. A Espanha tem certa preferência pelo cartão de débito e no Chile também aparece com certa relevância.

Atualmente, o PayPal tem uma posição desigual, com pesos diferentes conforme os países: tem uma presença destacada em Chile, Espanha e Peru, enquanto seu uso é secundário em Brasil, Colômbia, México e República Dominicana.

Um caso especial que merece atenção é o do Brasil, dada sua preferência tão forte pelo cartão de crédito (65,3% dos comprado-res o utilizam) e pela presença e uso do Boleto Bancário (um meio de pagamento online exclusivo do país), como segundo em importância (usado por quase 30% dos que compram pela Internet).

No caso do Peru e da República Dominicana, devido ao número reduzido de compradores, os resultados encontrados ainda são pouco consolidados, mas apontam para o uso de cartões, quer sejam de débito ou crédito.

Tabela 21: Meios de pagamento usados para fazer compras pela Internet, por país

Brasil(167)

Chile(118)

Colômbia(87)

México(57)

Peru(48*)

Rep. Dominicana

(40*)

Espanha(207)

Cartão de crédito 65,3% 38,2% 40,4% 58,9% 27,0% 40,3% 33,6%

Cartão de débito 14,6% 35,9% 22,5% 22,9% 23,5% 8,1% 39,4%

Por PayPal 2,4% 18,6% 6,6% 9,2% 23,8% 10,9% 19,8%

Dinheiro (no momento da entrega oupagamento direto)

- 2,8% 10,2% 5,4% 21,9% 7,8% 17,1%

Boleto bancário (BRASIL) 28,9% - - - - - -

Transferência bancária 11,1% 2,1% 5,5% 5,7% 4,3% - 5,1%

Cartão de crédito de terceiros 2,4% 6,4% 4,5% 3,5% 6,2% 17,8% -

Depósito bancário 0,5% 4,4% 8,9% 12,4% 6,5% - 1,4%

Cartão de débito de terceiros

- 0,7% 8,5% - - 4,7% -

Cartão de estabelecimento comercial

- 7,5% - - - - -

Cartão pré-pago 0,6% 0,9% - - - 10,0% 0,8%

Outros - 4,5% 1,1% 2,2% - 11,1% 1,5%

n = Comprou online alguma vez em cada país.* = Bases reduzidas.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

9. Situação dos meios de pagamento por paísCada um dos países analisados apresentou um cenário diferente quanto ao status dos meios de pagamento.

Não apenas a penetração dos meios eletrônicos de pagamento tem influência na definição do status da questão, mas também o fato de que cada país faz diferentes usos, canais, categorias e demonstra diferentes níveis de compra pela Internet, de uso do banco pelo celular ou de pagamentos pelo telefone celular.

A avaliação de cada situação específica, ainda que de maneira sintética, pode estabelecer que não há um modelo único de aprofundamento financeiro, mas uma série de desenvolvimentos ou trajetórias possíveis nos diferentes países sobre sua evo-lução. Como vimos, isso é particularmente evidente na situação da Espanha, com relação ao que encontramos em países da América Latina.

Brasil: preferência por cartões de crédito rotativo e caixas eletrônicos

O Brasil (Tabela 22) demonstra um perfil alto tanto em termos de número de população bancarizada (82,4%) como dos usos que os brasileiros fazem dos meios de pagamento habituais.

Como vimos, os cartões de crédito, especialmente de pagamento parcelado ou de crédito rotativo, têm um papel muito significati-vo, não só por penetração (54,5% têm um cartão desse tipo), mas também pelo uso atribuído. Os cartões de crédito são o meio de pagamento mais usado, seguido do dinheiro em espécie para roupas, viagens e eletrodomésticos, enquanto o foco dos cartões de débito são alimentação e lazer. Além disso, é o país com maior penetração de cheques (30,5%), embora seu uso seja esporádico.

No que diz respeito aos canais utilizados, detectou-se a preferência dos brasileiros pelos caixas eletrônicos para sacar dinheiro, fazer depósitos, realizar transferências e remessas de fundos, e consultar saldo e movimentos. No entanto, há um forte hábito de fazer pagamentos por meio de lojas (cerca de 50% as utilizam como o canal mais habitual). Na verdade, como vimos no ca-pítulo 4, o Banco Central do Brasil tem demonstrado sua insatisfação com o baixo número de transações realizadas nos caixas eletrônicos do país.

Com relação ao banco pelo celular, o Brasil ainda usa muito pouco os serviços, seja por pagamentos pelo celular, aplicações de serviços bancários pelo celular ou navegação pelo celular, bem como serviços de consulta ou de operações de transações. A preferência dos brasileiros pelos caixas eletrônicos e lojas poderia barrar, pelo menos por enquanto, o desenvolvimento desse serviço, mas também é certo que a oferta é escassa e ainda não atingiu uma massa crítica.

Quanto às compras pela Internet, o Brasil é uma das referências da América Latina, pois 62,5% dos internautas (66,5% da po-pulação) já fizeram, alguma vez, compras pela Internet. Nesses casos, o cartão de crédito é o principal meio utilizado (65,3% pagaram por esse meio), mas também destaca-se um produto próprio, o boleto bancário87, que já é utilizado por 28,9% dos brasileiros em suas compras online.

87 Consulte o capítulo 4, quadro 3 para obter mais detalhes sobre esse instrumento de pagamento.

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Tabela 22: Situação dos meios de pagamento no Brasil

Bancarização1 População bancarizada 82,4%

População não bancarizada 17,6%

Penetração dos meios de pagamento1

Cartão de débito 58,9%

Cartões de crédito mensal 14,5%

Cartão de crédito rotativo 54,5%

Cheque ou talonário 30,5%

Cartão de estabelecimento comercial 35,6%

Cartão pré-pago 2,6%

Frequência de uso de meios de pagamento (diária + semanal)2

Cartão de débito 57,6%(n=236)

Cartão de crédito mensal 30,9%(n=218)

Cartão de crédito rotativo 48,3%(n=58)

Cheque ou talonário 16,8%(n=122)

Cartão de estabelecimento comercial 2,6%(n=142)

Cartão pré-pago 6,8%(n=11)

Canal habitual por tipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 49,9%

Entradas e depósitos em caixas eletrônicos 39,4%

Realização de pagamentos em estabelecimentos comerciais 49,4%

Consulta de saldo e movimentações em caixas eletrônicos 40,3%(n=328)3

Transferências ou remessas nacionais por caixas eletrônicos 21,9%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 9,5%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)4

Uso de Internet móvel 19,8%(n=354)4

Uso de web ou aplicativo bancário 12,9%(n=79)5

Consultas de saldo 3,5%(n=306)6

Uso de InternetUsuários da Internet 66,5%1

Usuários da Internet compradores 62,6 %(n=266)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito 65,3%(n=167)8

Boleto bancário 28,9%(n=167)8

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

Chile: diversidade de meios de pagamento e de uso de canais

A partir da Tabela 23, vemos como o Chile, com uma alta bancarização (mais de 6 em cada 10 cidadãos), tem um uso signifi-cativo dos meios de pagamentos eletrônicos. O “dinheiro de plástico” é o meio de pagamento diferente de dinheiro em espécie com a maior penetração. O mais popular é o cartão de débito (37,1%), seguido de perto pelo cartão de estabelecimento (36,4%). Chama a atenção que o Chile seja o segundo país por penetração dos talões de cheques (17,9% dos chilenos declara utilizar esse meio de pagamento), situando-se somente por trás do Brasil e seguido a bastante distância pelo resto de países analisados.

O meio mais utilizado de pagamento eletrônico é o cartão de débito (63% dos que o possuem o usam no mínimo semanalmente). O cartão de débito é o meio mais utilizado para quase todas as categorias de produtos contempladas, ainda que, em roupas, eletrôni-cos e eletrodomésticos, o cartão de estabelecimento tenha um uso maior (considerando que permitem compras pouco frequentes).

Ao mesmo tempo, o Chile é o país com maior percentual de utilização de cheques, chegando a atingir 63% quando conside-rados mensalmente.

Os chilenos demonstram uma forte experiência no uso de canais: preferem os caixas eletrônicos para sacar dinheiro (47,6%), as agências bancárias para fazer depósitos (45,7%), as lojas para fazer pagamentos (43,1%) e os sites dos bancos para fazer consultas (quase 50% do total da população) e transferências (19,7%).

O uso do banco pelo celular mostra os dados mais altos dos países considerados: 40,8% dos que usam a Internet no celular acessam o site ou aplicativo móvel no mínimo uma vez ao mês, enquanto 20% dos que têm celular fazem consultas com essa frequência.

Quase 4 em cada 10 internautas chilenos já compraram pela Internet. Nesses casos, o cartão de crédito e de débito são os meios mais utilizados.

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Tabela 23: Situação dos meios de pagamento no Chile

Bancarização1 População bancarizada 64,0%

População não bancarizada 36,0%

Penetração dos meios de pagamento1

Cartão de débito 37,1%

Cartões de crédito mensal 22,3%

Cartão de crédito rotativo 11,5%

Cheque ou talonário 17,9%

Cartão de estabelecimento comercial 36,4%

Frequência de uso de meios de pagamento (diária + semanal)2

Cartão de débito 63,0%(n=148)

Cartão de crédito mensal 26,8%(n=89)

Cartão de crédito rotativo 27,9%(n=46)

Cheque ou talonário 23,6%(n=72)

Cartão de estabelecimento comercial 16,8%(n=146)

Canal habitual por tipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 47,6%

Entradas e depósitos em agência bancária 45,7%

Realização de pagamentos em estabelecimentos comerciais 43,1%

Consulta de saldo e movimentações nos sites dos bancos 49,7%(n=243)3

Transferências ou remessas bancárias nacionais nos sites dos bancos 19,7%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 13,7%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 26,4%(n=343)4

Uso de web ou aplicativo bancário 40,8%(n=87)5

Consultas de saldo 20,0%(n=249)6

Uso de InternetUsuários da Internet 75,2%1

Usuários da Internet compradores 39,1 %(n=301)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito 38,2%(n=118)8

Cartão de débito 35,9%(n=118)8

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

Colômbia: penetração desigual dos meios de pagamento, uso de canais tradicionais

A maioria da população na Colômbia está bancarizada (57,6%), embora o nível de penetração dos diferentes meios de pa-gamento seja desigual (Tabela 24). Enquanto o cartão de débito atinge 40,3% dos colombianos (e é o meio eletrônico mais utilizado), apenas 19,6% têm um cartão de crédito de pagamento mensal e 15,1% têm um cartão de pagamento parcelado ou de crédito rotativo.

Embora estejam muito distantes do dinheiro em espécie, os cartões de débito são os meios eletrônicos mais amplamente utiliza-dos para alimentação e produtos domésticos, roupas e lazer, enquanto o cartão de crédito é mais utilizado para comprar viagens, produtos eletrodomésticos e eletrônicos.

Os colombianos demonstram uma preferência pelas agências bancárias para fazer depósitos, pagamentos e remessas e, por outro lado, usam os caixas eletrônicos para sacar dinheiro, o que revela um perfil ainda um pouco tradicional em seu compor-tamento bancário. No entanto, incorporaram claramente os sites dos bancos para consultar os saldos. Parece possível que, no médio e longo prazo, haja certo movimento em direção ao uso mais habitual dos sites em outras funções.

No momento, os telefones celulares demonstram baixa utilização para a realização de pagamentos pelo celular (apenas 3% já usaram), embora 1 em cada 4 colombianos internautas que usam a Internet pelo celular (29% dos que possuem celular) usam-na para acessar o site ou aplicativo para celular de seu banco (mensalmente).

As compras pela Internet na Colômbia atingem 28% dos internautas. O cartão de crédito (40,4%) e de débito (22,5%) são os meios mais usados nas compras.

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Tabela 24: Situação dos meios de pagamento na Colômbia

Bancarização1 População bancarizada 57,6%

População não bancarizada 42,4%

Penetração dos meiosde pagamento1

Cartão de débito 40,3%

Cartões de crédito mensal 19,6%

Cartão de crédito rotativo 15,1%

Cheque ou talonário 8,9%

Cartão de estabelecimento comercial 23,2%

Cartão pré-pago 2,3%

Frequência de usode meios de pagamento(diária + semanal)2

Cartão de débito 42,0%(n=161)

Cartão de crédito mensal 15,2%(n=78)

Cartão de crédito rotativo 13,4%(n=61)

Cheque ou talonário 24,9%(n=36)

Cartão de estabelecimento comercial 14,2%(n=93)

Cartão pré-pago 32,2%(n=9)

Canal habitual portipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 46,6%

Entradas e depósitos em agência bancária 55,4%

Realização de pagamentos em agências bancárias 39,9%

Consulta de saldo e movimentações nos sites dos bancos 44,6%(n=229)3

Transferências ou remessas nacionais nas agências bancárias 20,3%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 11,8%

Frequência de usodo banco pelo celular(diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 25,8%(n=355)4

Uso de web ou aplicativo bancário 25,5%(n=69)5

Consultas de saldo 29,0%(n=220)6

Uso de InternetUsuários da Internet 78,0%1

Usuários da Internet compradores 28,0 %(n=312)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito 40,4%(n=87)8

Cartão de débito 22,5%(n=87)8

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

México: baixo nível de penetração e uso de meios de pagamento

Entre os mexicanos (Tabela 25) é detectada uma das taxas de bancarização mais baixas dos países considerados (47,6%), o que se associa a uma baixa penetração dos diferentes meios de pagamento: apenas o cartão de débito chega a 34,7% da popu-lação. Os demais meios têm índices inferiores a 20%, incluindo os cartões de crédito, apesar dos esforços dos poderes públicos e do próprio setor financeiro para desenvolver os meios de pagamento por meio do FIMPE.

A frequência de uso dos meios de pagamento eletrônicos também é limitada. Apenas o cartão de débito tem um uso semanal superior a 50% entre os que a possuem e, para os demais meios, o uso é inferior a 30% semanalmente. Como resultado, a maioria das categorias de produto é paga majoritariamente em dinheiro e os cartões de crédito são usados apenas espora-dicamente.

A forma como usam os canais ressente-se dessa baixa penetração, pois as atividades bancárias demonstram, de modo geral, pouca utilização. Em todo caso, detecta-se uma associação entre o canal e a tarefa realizada: caixas para retirar dinheiro, agên-cias bancárias para fazer depósitos, sites dos bancos para consultas. E sempre em níveis de utilização baixos.

Com relação aos serviços bancários pelo celular, os mexicanos com Internet móvel ainda acessam pouco os sites e aplicativos bancários (18,9%). O mesmo ocorre com o uso do celular: apenas 11,3% dos usuários de celular consultam suas contas com este canal.

Além disso, um em cada cinco internautas comprou pela Internet, em algum momento (em geral, usando cartões de crédito). Como em outros países latino-americanos, o cartão de crédito é o meio de pagamento preferido nesses casos, seguido pelo cartão de débito. Em seguida, um pouco distantes, estão os depósitos bancários (12,1%) e o sistema de pagamentos da PayPal (9,2%).

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Tabela 25: Situação dos meios de pagamento no México

Bancarização1População bancarizada 47,6%

População não bancarizada 52,2%

Penetração dos meiosde pagamento1

Cartão de débito 34,7%

Cartões de crédito mensal 17,0%

Cartão de crédito rotativo 11,6%

Cheque ou talonário 6,2%

Cartão de estabelecimento comercial 15,9%

Cartão pré-pago 3,7%

Frequência de usode meios de pagamento(diária + semanal)2

Cartão de débito 54,9%(n=139)

Cartão de crédito mensal 30,9%(n=68)

Cartão de crédito rotativo 25,2%(n=46)

Cheque ou talonário 32,2%(n=25)

Cartão de estabelecimento comercial 16,5%(n=64)

Cartão pré-pago 7,4%(n=15)

Canal habitual por tipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 30,8%

Entradas e depósitos em agência bancária 40,2%

Realização de pagamentos em estabelecimentos comerciais 51,0%

Consulta de saldo e movimentações nos sites dos bancos 32,3% (n=169)3

Transferências ou remessas bancárias nacionais nos sites dos bancos 9,8%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 8,4%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 26,5%(n=268)4

Uso de web ou aplicativo bancário 18,9%(n=57)5

Consultas de saldo 11,3%(n=165)6

Uso de InternetUsuários da Internet 66,4%1

Usuários da Internet compradores 22,4 %(n=256)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito 58,9%(n=57)8

Cartão de débito 22,9%(n=57)8

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

Peru: o desafio da bancarização

Entre todos os países estudados, o Peru (Tabela 26) apresentou a menor taxa de bancarização em um sentido mais amplo, com apenas 40,9% da população, o que terá efeitos consideráveis na penetração dos diferentes produtos, que é muito reduzida. De fato, nenhum meio de pagamento eletrônico atinge 25% da população. Os cartões de débito são o produto com mais usuários, apenas 23,4% de todos os peruanos, com um uso semanal de apenas 40%.

O uso do dinheiro em espécie para comprar diferentes tipos de produtos é o padrão, e apenas esporadicamente encontramos casos nos quais são utilizados meios eletrônicos de pagamento (8% usam o cartão de crédito para comprar eletrônicos e eletro-domésticos, e 6,5% utilizam-no para comprar roupas).

Novamente, o uso dos diferentes canais sente os efeitos e, em geral, há baixos índices de atividade em cada uma deles. Há uma especialização das atividades para cada canal, semelhante ao que acontece no México.

O uso do banco pelo celular é limitado entre os usuários da Internet pelo celular (22,9% acessam mensalmente o site ou aplicativo bancário), enquanto o uso do telefone celular para consulta de saldos e movimentos atinge quase 17% dos que têm esse equipamento.

A compra pela Internet também é reduzida: a porcentagem de internautas que comprou alguma vez não chega a 18%. Nesses casos, os cartões de crédito, de débito e o sistema PayPal são os mais utilizados.

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Tabela 26: Situação dos meios de pagamento no Peru

Bancarização1 População bancarizada 40,9%

População não bancarizada 59,1%

Penetração dos meios de pagamento1

Cartão de débito 23,4%

Cartões de crédito mensal 15,8%

Cartão de crédito rotativo 10,1%

Cheque ou talonário 2,1%

Cartão de estabelecimento comercial 17,1%

Cartão pré-pago 5,5%

Frequência de uso de meios de pagamento (diária + semanal)2

Cartão de débito 40,5%(n=94)

Cartão de crédito mensal 26,9%(n=63)

Cartão de crédito rotativo 14,3%(n=40)

Cheque ou talonário 28,4%(n=8)

Cartão de estabelecimento comercial 20,7%(n=68)

Cartão pré-pago 42,3%(n=22)

Canal habitual por tipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 30,8%

Entradas e depósitos em agências bancárias 46,1%

Realização de pagamentos em estabelecimentos comerciais 41,2%

Consulta de saldo e movimentações em agências bancárias 32,3%(n=158)3

Transferências ou remessas nacionais nas agências bancárias 23,9%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 15,2%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 17,9%(n=305)4

Uso de web ou aplicativo bancário 22,9%(n=42)5

Consultas de saldo 16,9%(n=147)6

Uso de InternetUsuários da Internet 67,7%1

Usuários da Internet compradores 17,8%(n=271)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito 27,0%8

(n=48)

PayPal 23,8%8

(n=48)

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

República Dominicana: bancarização média, uso muito limitado dos meios de pagamento

A República Dominicana pertence ao grupo de países com bancarização média, com 48,2% de bancarizados, conseqüência das contas de poupança, usadas por 40,2% dos dominicanos, como pode ser observado na Tabela 27. No entanto, a penetração dos meios de pagamento é menor, com dados inferiores a 20% para os diferentes cartões.

Além disso, o uso deles é reduzido (33,5% para cartões de débito e 44,7% para cartões de crédito, com frequência semanal). Consequentemente, é possível dizer que os meios eletrônicos de pagamento têm diante de si um desenvolvimento significativo a ser realizado. O dinheiro em espécie continua predominante.

Diante desse cenário de uso e da maior presença das contas de poupança, a agência demonstra um papel mais importante como o principal espaço onde podem ser realizados depósitos, saques de dinheiro, transferências ou consultas de saldos e movimen-tações. Somente os pagamentos são realizados mais habitualmente nas lojas.

O acesso à Internet pelo celular é muito reduzido (também favorecido pela menor penetração da telefonia móvel em comparação com outros países), o que resulta em uma utilização apenas nominal dos sites e aplicativos bancários. No entanto, a realização de consultas de saldo e movimentações demonstra o maior dos percentuais entre os países considerados (26,1% consultam mensalmente), graças à presença das contas de poupança.

Aproximadamente 23,6% dos internautas afirmam haver comprado pela Internet em algum momento, embora o percentual de internautas na República Dominicana seja o mais baixo de todos os países estudados (53,6%). É importante ressaltar que, além dos cerca de 40,3% desses internautas que usaram um cartão de crédito, outros 17,3% usaram um cartão de crédito de terceiros.

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Tabela 27: Situação dos meios de pagamento na República Dominicana

Bancarização1População bancarizada 48,7%

População não bancarizada 51,8%

Penetração dos meios de pagamento1

Cartão de débito 18,3%

Cartões de crédito mensal 16,7%

Cartão de crédito rotativo 4,3%

Cheque ou talonário 4,3%

Cartão de estabelecimento comercial 6,0%

Cartão pré-pago 5,9%

Frequência de uso de meios de pagamento (diária + semanal)2

Cartão de débito 33,5%(n=73)

Cartão de crédito mensal 44,7%(n=67)

Cartão de crédito rotativo 30,4%(n=17)

Cheque ou talonário 11,9%(n=17)

Cartão de estabelecimento comercial 24,3%(n=24)

Cartão pré-pago 25,5%(n=23)

Canal habitual por tipo de atividade1

Saque de dinheiro em agências bancárias 29,2%

Entradas e depósitos em agências bancárias 45,3%

Realização de pagamentos em estabelecimentos comerciais 56,5%

Consulta de saldo e movimentações em agências bancárias 42,1%(n=189)3

Transferências ou remessas nacionais nas agências bancárias 8,2%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 4,4%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 17,9%(n=294)4

Uso de web ou aplicativo bancário 28,8%(n=39)5

Consultas de saldo 26,1%(n=162)6

Uso de InternetUsuários da Internet 53,6%1

Usuários da Internet compradores 18,5%(n=214)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de crédito próprio 40,3%8

(n=40)

Cartão de crédito de terceiros 17,8%8

(n=40)

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão (menos de 30 casos, base insuficiente).7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

Espanha: uso intensivo dos meios de pagamento e maior incorporação dos serviços bancários online

A Espanha (Tabela 28) apresenta um perfil particular: não apenas quase toda a sua população é bancarizada, mas a penetração dos diversos produtos e meios é superior à dos países latino-americanos em quase todos os casos. O cartão de crédito rotativo ou de pagamento parcelado demonstra um percentual inferior a outros países88, o que confirma a preferência dos espanhóis pelo chamado pagamento total (pagamento mensal ou imediato dos gastos com cartão). No entanto, o uso do cartão de crédito para pagamento parcelado está acima dos níveis considerados historicamente normais na Espanha, provavelmente como consequ-ência da busca por maior flexibilidade no pagamento, em tempos de crise.

O cartão de débito é usado como meio de pagamento habitual nas compras de alimentação e produtos domésticos, enquanto o cartão de crédito é mais usado em roupas, viagens e produtos eletrônicos. Observa-se uma utilização mais reforçada dos meios eletrônicos de pagamento durante a crise, por oferecerem maior controle sobre os gastos.

Entre os países estudados, a Espanha é, sem dúvida, o mercado mais maduro. Os consumidores limitam o uso das agências bancárias para fazer depósitos e pagamentos, graças ao uso generalizado de pagamentos de débito automático, e usam a In-ternet para realizar transferências e consultas, economizando tempo e desfrutando de conforto. O uso do celular para acessar a página de Internet ou o aplicativo bancário é comparativamente alto: 36,0% dos que usam a Internet no celular fazem isso pelo menos uma vez ao mês.

Juntamente com o Brasil, a Espanha é o país com mais internautas que compraram pela Internet (62,6%). Nesses casos, os cartões de débito (39,4%) e de crédito (33,6%) são os meios de pagamento mais usados, seguidos com alguma distância pelo sistema PayPal (19,8%).

88 Conforme observado acima, como na Espanha é possível utilizar alguns cartões de liquidação mensal com pagamentos parcelados esporádi-cos, talvez alguns usuários não saibam bem as diferenças entre os dois tipos.

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Tabela 28: Situação dos meios de pagamento na Espanha

Bancarização1População bancarizada 97,4%

População não bancarizada 2,6%

Penetração dos meios de pagamento1

Cartão de débito 65,4%

Cartões de crédito mensal 30,7%

Cartão de crédito rotativo 16,0%

Cheque ou talonário 8,2%

Cartão de estabelecimento comercial 43,8%

Cartão pré-pago 2,1%

Frequência de uso de meios de pagamento (diária + semanal)2

Cartão de débito 67,8%(n=262)

Cartão de crédito mensal 46,4%(n=123)

Cartão de crédito rotativo 61,1%(n=64)

Cheque ou talonário 6,4%(n=33)

Cartão de estabelecimento comercial 21,9%(n=175)

Cartão pré-pago 26,5%(n=8)

Canal habitual por tipo de atividade1

Retirada de dinheiro em caixas eletrônicos 71,7%

Entradas e depósitos em agência bancária 59,1%

Realização de pagamentos em agências bancárias 80,8%

Consulta de saldo e movimentações nos sites dos bancos 42,3% (n=390)3

Transferências ou remessas bancárias nacionais nos sites dos bancos 24,0%

Cobranças de subsídios ou auxílios estatais em agências bancárias 21,5%

Frequência de uso do banco pelo celular (diária + semanal + mensal)

Uso de Internet móvel 23,1%(n=382)4

Uso de web ou aplicativo bancário 36,0%(n=97)5

Consultas de saldo 8,5%(n=376)6

Uso de InternetUsuários da Internet 84,6%1

Usuários da Internet compradores 62,6 %(n=330)7

Meios de pagamento mais utilizados nas compras pela Internet

Cartão de débito 39,4%(n=207)8

Cartão de crédito 33,6%(n=207)8

1 Base total = 400.2 Base = População que possui esse meio de pagamento (mostrado sob cada percentagem).3 Base = População bancarizada.4 Base = População com celular.5 Base = População com celular que se conecta à Internet via celular e tem conta e/ou cartão.6 Base = População com celular e conta e/ou cartão.7 Base = Usuários da Internet (que se conectam à Internet pelo menos uma vez por mês).8 Base = População que já comprou pela Internet alguma vez.

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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6. Demanda por meios de pagamento

10. Indicadores e Matrizes Tecnocom

Indicador Tecnocom de demanda por pagamentos eletrônicos

QUADRO 12: UTILIDADE E FORMA DE ELABORAÇÃO

Com a finalidade de estabelecer uma medida que permita a comparação direta entre o nível de desenvolvimento dos meios eletrônicos de pagamento em diversos países, criou-se um indicador sintético que combina as princi-pais variáveis que consideramos relevantes.

O indicador inclui uma escala de 0 a 100, na qual o conjunto das variáveis usadas totalizaria 100 pontos se os melhores resultados fossem obtidos em cada uma delas. Cada variável recebe um peso diferente, em função de sua relevância para a evolução do setor. O indicador é construído usando-se a média da pontuação obtida pelos entrevistados de cada país.

Especificamente, a pontuação total por entrevistado é o resultado da soma das seguintes variáveis e pesos:

1) Penetração de meios eletrônicos de pagamento

Entrevistados com algum dos seguintes meios de pagamento: cartão de débito, cartão de crédito de liquidação mensal, de crédito rotativo, cartão com marcas de estabelecimento ou cadeia, cartão pré-pago. 65 pontos.

2) Uso mensal de meios eletrônicos de pagamento

Entrevistados que usam alguns dos meios de pagamento anteriores pelo menos uma vez por mês. 25 pontos.

3) Pagamento por telefone celular

Entrevistados que já fizeram um pagamento por celular. 5 pontos.

4) Compra online

Entrevistados que já fizeram uma compra pela Internet. 5 pontos.

Os diferentes pesos conferidos às variáveis foram baseados no critério de dar maior importância à propriedade dos meios de pagamento (por ser o fator determinante para seu uso) e, em segundo lugar, a intensidade do uso. O pagamento pelo celular e a compra online foram considerados como variáveis complementares, de valor ime-diato para o futuro à medida que seu uso seja ampliado.

Resultados do indicador Tecnocom de demanda por meios eletrônicos de pagamento

Conforme visto na Figura 25, a Espanha e o Brasil, com mais de 70 pontos, são os países com maior pontuação nesse indicador, já que, tanto por penetração quanto por uso dos meios de pagamento e compra online, são os que mais se destacam. A partir dessa análise, podemos dizer que são países em uma situação avançada quanto ao uso de meios de pagamento, mas ainda há espaço para o desenvolvimento (nos serviços bancários online e por celular, no uso dos pagamentos por telefone celular, na intensidade de uso dos cartões, etc.).

Chile e Colômbia estão em uma posição de destaque (52,33 e 47,34 pontos), principalmente graças a uma boa variedade dos meios de pagamento (lembremo-nos da presença marcante dos cartões de estabelecimento no Chile) e a um alto uso mensal dos cartões de débito. Portanto, em uma situação positiva, mas na qual há possibilidades de aumentar a penetração dos meios eletrônicos de pagamento a segmentos significativos da população.

O México apresenta mais de 40 pontos, graças, principalmente, ao cartão de débito. O Peru e a República Dominicana, dado que os meios de pagamento atingem uma penetração menor, têm resultados mais baixos.

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Figura 25: Indicador Tecnocom de demanda por pagamentos eletrônicos

71,24

52,33 47,34 40,32

33,02 28,01

75,45

Brasil Chile Colômbia México Perú Rep.Dominicana

Espanha

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

Matriz comparativa do pagamento à vista versus a prazo

QUADRO 13: UTILIDADE E FORMA DE ELABORAÇÃO

Essa matriz fornece uma comparação do uso de cartões de pagamento imediato (de débito e pré-pagos) em relação aos cartões de pagamento a crédito (pagamento mensal, crédito rotativo, de marca do estabelecimento).

Especificamente, apresenta para cada tipo de pagamento em um percentual calculado sobre o total da popula-ção de cada país, os indivíduos que usam um ou mais dos produtos considerados nesse segmento, com frequ-ência diária, semanal ou mensal.

Ou seja, o percentual de indivíduos de um país que usou pelo menos um dos produtos considerados, pelo menos uma vez por mês em cada tipo de pagamento.

Por essa razão, fornece uma medida aproximada do comportamento e das preferências de cada país para os dois tipos de pagamento. Em todo caso, deve-se assinalar que não indica o volume nem a frequência das operações.

Resultados da matriz comparativa de pagamento

Os resultados desse indicador permitem comprovar que existe uma diversidade quanto às preferências de cada país no que diz respeito aos dois tipos de pagamento (Figura 26).

O Brasil tem um uso significativo dos dois tipos de pagamento, mas se sobressai particularmente o pagamento a crédito, su-perando até mesmo os dados da Espanha em pagamentos imediatos, e demonstra de maneira muito clara a preferência dos brasileiros pelo crédito.

Chile e Colômbia novamente demonstram um comportamento semelhante pelos percentuais de utilização dos dois pagamentos, muito equilibrados nos dois países, com a particularidade que os chilenos têm uma leve preferência pelos pagamentos a crédito e os colombianos estão mais inclinados aos pagamentos imediatos.

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6. Demanda por meios de pagamento

O México, com um uso um pouco menor dos dois tipos de pagamento, demonstra uma preferência certa pelo pagamento ime-diato, embora 1 em cada 5 mexicanos utilize o pagamento a crédito.

Peru e República Dominicana, como têm uma penetração de cartão inferior a outros países, apresentam um uso necessariamen-te mais reduzido. Em todo caso, o Peru demonstra um equilíbrio entre o pagamento imediato e a crédito, enquanto no caso da República Dominicana há uma maior utilização do pagamento a crédito.

A Espanha, em sintonia com o restante dos dados obtidos, lidera a lista do uso de pagamentos imediatos, e é possível dizer que esse país reforça claramente um hábito e preferência cultural por esse sistema, que é complementado por um uso proporcio-nalmente baixo dos pagamentos parcelados e do crédito rotativo. Em todo caso, depois do Brasil, seus dados de pagamento a crédito são significativos e permitem dizer que não está excluído do comportamento de pagamento dos espanhóis.

Figura 26: Matriz comparativa do pagamento imediato versus pagamento a crédito

0

10

20

30

40

50

60

70

0 10 20 30 40 50 60

Paga

men

to a

pra

zo

Pagamento à vista

Espanha

Brasil

Rep.Dominicana

Perú

Chile

México

Côlombia

n = Total por país: 400 (2.800).

Fonte: elaboração própria a partir de pesquisa.

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11. Conclusões sobre a demanda por meios de pagamento eletrônicos

Diferentes cenários de meios de pagamento, diferentes trajetórias para o futuro

Os países objeto do estudo apresentam percentuais muito diferentes de bancarização, penetração de produtos bancários e uso. Além disso, a estrutura de mercado de cada país tem suas próprias características em termos do papel dos canais (presença, funcionalidade), os diferentes meios de pagamento que podem ser usados, a penetração da Internet, o uso dos serviços bancá-rios online, a existência de serviços de pagamento por telefone celular, a estrutura sociodemográfica, etc.

Portanto, não há um padrão único, mas diferentes cenários em que variam os agentes, meios de pagamento e hábitos. Essa diversidade sugere que cada país seguirá sua própria trajetória no futuro:

• Brasil:

A situação atual do Brasil é caracterizada pela alta bancarização (bem acima dos demais países latino-americanos), uma pre-ferência acentuada pelo uso do crédito rotativo e o papel notório de protagonista dos caixas eletrônicos para a realização das principais atividades bancárias.

Também tem diferenças acentuadas o nível de desenvolvimento nas compras online, já que a grande maioria dos internautas já as incorporaram. Além disso, destaca-se nesse âmbito a utilização relevante de um produto próprio, os Boletos Bancários, que conseguiu uma notável aceitação entre os usuários brasileiros.

Todos esses elementos dizem respeito a um padrão de consumo que visa facilitar o pagamento e as atividades financeiras, de modo que é possível prever uma continuação natural desse desenvolvimento e a incorporação de pagamentos pelo telefone celular e de serviços bancários online no médio prazo.

• Chile e Colômbia:

Os dois países são caracterizados por altos níveis de bancarização, onde a população prefere usar os cartões de débito e alguns produtos fortemente arraigados como os cartões de estabelecimento e os cheques. Em relação aos canais, sua utilização varia de acordo com a atividade, embora seja fato que a Colômbia tenha uma forte preferência pelos canais tradicionais (agências e caixas eletrônicos). Incorporaram os serviços bancários online para consulta de saldo e movimentações, embora no Chile se use frequentemente a Internet para efetuar transferências.

Um importante segmento de internautas faz compras online, especialmente no Chile, e os cartões de crédito e de débito são os meios mais utilizados.

Sua perspectiva para o futuro parece incluir a continuação de seu desenvolvimento atual, com um mercado com vários meios de pagamento concorrentes e em crescimento.

• México:

A bancarização do México tem um nível intermediário no uso dos meios de pagamento, embora sua bancarização demonstre um resultado discreto. É favorecido pela presença de cartões de débito, que atingem mais de um terço de sua população. No entanto, os cartões de crédito demonstram percentuais pouco relevantes.

Os mexicanos usam os diferentes canais para atividades diferentes, embora enfatizem o uso das agências bancárias para depó-sitos, os caixas eletrônicos para sacar dinheiro e os sites dos bancos para consultas e transferências.

As compras online ainda são minoritárias, apesar de já haver atualmente uma população majoritariamente usuária da Internet.

O México enfrenta um desafio no crescimento dos diferentes meios de pagamento, especialmente dos meios de crédito, tanto na penetração quanto no uso.

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6. Demanda por meios de pagamento

• República Dominicana e Peru:

A bancarização nesses países é média (no caso da República Dominicana, graças à forte penetração das contas poupança) ou até mesmo baixa (Peru). Portanto, não é surpreendente que o uso dos meios eletrônicos de pagamento seja limitado, embora existam diferenças significativas entre eles. Por sua vez, o Peru demonstra os melhores percentuais de cartões de crédito de estabelecimento. Agências bancárias e lojas (no caso específico dos pagamentos) são os canais utilizados para realizar ativi-dades bancárias.

Esses mercados estão enfrentando o desafio de explorar como uma oportunidade o longo caminho da incorporação dos meios eletrônicos de pagamento nos hábitos de compra da população.

• Espanha:

A bancarização atingiu praticamente toda a população, e o uso dos diferentes meios de pagamento é grande, especialmente os de liquidação mensal.

Além disso, os serviços bancários online têm um papel importante como canal tanto para consulta de saldos quanto para reali-zação de transferências.

A maioria dos internautas são compradores online, e o banco pelo celular apresenta índices relevantes na navegação pela Inter-net ou por meio de aplicativos integrados em smartphones.

A falta de uma oferta de pagamento por telefone celular com uma proposta de valor bem definida, a abundância de meios alter-nativos de pagamento e, possivelmente, o envelhecimento da população fazem com que o interesse dos cidadãos pelo paga-mento por telefone celular seja, hoje, limitado. No entanto, a introdução de uma oferta que preserve adequadamente as barreiras identificadas (principalmente quanto à segurança) e deixe claro suas vantagens diferenciais, pode fazer com que, no futuro, os usuários sejam incorporados a esse modelo, dada a grande aceitação dos meios eletrônicos de pagamento nesse país.

Como promover a bancarização: capital cultural e a percepção do valor dos meios de pagamento

Os fatores que melhor explicam a bancarização estão relacionados com a escolaridade (populações com baixa escolaridade tendem a ser menos bancarizadas), o acesso a computadores e o uso da Internet, o sexo e o segmento social.

Naturalmente, a melhoria dos indicadores educacionais, o acesso a equipamentos de informática e a Internet desempenham um papel a longo prazo para atingir maior bancarização e maior uso dos meios eletrônicos de pagamento.

Por outro lado, a falta de percepção da necessidade de cartões por quem tem uma renda baixa entre a população não bancari-zada é a principal razão declarada para não possuí-los, enquanto a cobrança de comissões e o medo do descontrole de gastos são as razões dadas pelos bancarizados sem cartão.

O desenvolvimento de estratégias de amplo alcance, lideradas por diferentes governos e agentes principais, orientados a fazer valer a importância e as vantagens dos diferentes produtos bancários para essa população, é um elemento-chave para obter melhorias significativas nos países estudados.

Além disso, as empresas, como responsáveis pelo pagamento dos salários, podem ter um papel relevante para promover a ban-carização. Nesse sentido, as políticas públicas também podem ter uma função de destaque, por meio da adoção de normas para o pagamento bancário de salários. Conforme foi visto no capítulo 5, um bom exemplo é a Lei de Bancarização do pagamento de haveres no Peru, aprovada em 2010, que permite que os funcionários escolham livremente a instituição financeira na qual desejam que suas remunerações sejam depositadas.

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Oportunidades para o futuro: pagamentos por celular e compra pela Internet

Além da penetração em cada país, vemos que naqueles onde já existe um serviço de pagamento por telefone celular a valori-zação aumenta, ou seja, quanto maior o conhecimento maior é a atitude de abertura. É uma ferramenta percebida como fácil e confortável, mas que gera dúvidas sobre sua segurança e utilidade. Como no caso da Espanha, a extensão desse meio tem possibilidades de melhorar à medida que sejam sanadas as dúvidas dos usuários em potencial.

As compras pela Internet estão disseminadas, obviamente, entre os bancarizados (que também dispõem de maior acesso a computadores e à Internet). Contudo, com exceção da Espanha e do Brasil, nos demais países apenas uma minoria de internau-tas fizeram compra alguma vez. Nesse sentido, é importante fornecer uma variedade de meios de pagamento para atender aos diferentes usos comuns dos clientes em cada país.

Os não bancarizados, além da barreira de entrada por um acesso limitado ao canal, exigem o apoio de meios de pagamento rela-cionados (como dinheiro com contrapartida de reembolso) para poder aproximar-se com maior interesse dessa forma de compra.

Em qualquer caso, a própria extensão do acesso à Internet permitirá a incorporação de um número cada vez maior de compra-dores em todos os países.

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