terapia racional emotiva comportamental

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DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS COGNITIVAS TERAPIA RACIONAL EMOTIVA COMPORTAMENTAL 1 HISTÓRICO Albert Ellis, psicanalista americano, (1913-2007), foi o fundador da Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC) no ano de 1955. Ellis insatisfeito com o enfoque psicanalítico, desenvolveu nos Estados Unidos, uma terapia mais direta, intervencionista que buscava incentivar o paciente a substituir suas emoções nocivas por novos comportamentos. Rangé e Fenster (2004, p. 439), orientam que a “TREC é indicada para indivíduos que desejam um tratamento científico, focalizado no aqui-agora, e uma abordagem ativa para lidar com as dificuldades da vida.” . Os autores explicam que a popularidade da TREC é devido a rápida intervenção, trabalha o presente e seu baixo custo. A TREC acolhe o pensamento de Epicteto, filósofo grego, (55 d.C. - 135 d.C.), que o homem não é perturbado pelos acontecimentos e sim pela percepção destes (grifo nosso). Segundo Rangé e Fenster (2004), a TREC também sofreu influências do filósofo romano Marco Aurélio (121 d.C. – 180 d. C.) com o pensamento de que o ato de fé e coragem ante a adversidade, ensina que o ideal a se buscar não é a felicidade e sim a 1

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Page 1: Terapia Racional Emotiva Comportamental

DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS COGNITIVAS

TERAPIA RACIONAL EMOTIVA COMPORTAMENTAL

1 HISTÓRICO

Albert Ellis, psicanalista americano, (1913-2007), foi o fundador da Terapia Racional

Emotiva Comportamental (TREC) no ano de 1955.

Ellis insatisfeito com o enfoque psicanalítico, desenvolveu nos Estados Unidos, uma terapia

mais direta, intervencionista que buscava incentivar o paciente a substituir suas emoções

nocivas por novos comportamentos.

Rangé e Fenster (2004, p. 439), orientam que a “TREC é indicada para indivíduos que

desejam um tratamento científico, focalizado no aqui-agora, e uma abordagem ativa para

lidar com as dificuldades da vida.” . Os autores explicam que a popularidade da TREC é

devido a rápida intervenção, trabalha o presente e seu baixo custo.

A TREC acolhe o pensamento de Epicteto, filósofo grego, (55 d.C. - 135 d.C.), que o

homem não é perturbado pelos acontecimentos e sim pela percepção destes (grifo

nosso). Segundo Rangé e Fenster (2004), a TREC também sofreu influências do filósofo

romano Marco Aurélio (121 d.C. – 180 d. C.) com o pensamento de que o ato de fé e

coragem ante a adversidade, ensina que o ideal a se buscar não é a felicidade e sim a

tranqüilidade frente às paixões e emoções. (grifo nosso). Ellis procura apoio na filosofia

asiática de Gautama Buddha (aproximadamente 563 a.C. – 483 a.C. ; que defendia a

realização espiritual) e Lao Tsu (criador do Taoísmo, religião surgida na China no século II,

que dava especial atenção ao equilíbrio mente-corpo).

Do campo da psicologia a TREC sofre particular influência de Karen Horney (psicanalista

1885-1952), por meio do conceito “tirania dos deverias” (grifo nosso), estudou a solidão

invasiva e a impotência. Influência de Alfred Adler (psicanalista 1870- 1937) e sua visão

humanista. Para Adler, o fundador do desenvolvimento individual, o meio social e a

preocupação do homem para atingir objetivos pré-estabelecidos, são os determinantes

básicos do comportamento humano. Para Adler, os complexos de inferioridade são

provocados por conflitos do envolvimento social.

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Page 2: Terapia Racional Emotiva Comportamental

O humanismo ético de Bertrand Russel (1872-1970), também traz sua contribuição para a

TREC no sentido de refletir sobre a liberdade de expressão, enfatizando a idéia de que “os

humanos deveriam aceitar-se como tais e se livrar das idéias de serem super-homens ou

sub-homens.” . (RANGÉ e FENSTER, 2004, p. 439).

A TREC tem raízes existenciais onde foi influenciada por Martin Heidegger (1889-1976)

que defendia a autenticidade humana.

Do behaviorismo sofreu influencia de Watson (1878-1959) e Mary Cover Jones (1896-

1987).

2 A ORIGEM DA SAÚDE E DOS TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

2.1 Saúde psicológica

O homem é um ser biológico, psicológico e social. Sua tendência é a de atingir objetivos na

vida pessoal, profissional e social, para isso procura projetar e alcançar metas e, com isso,

ter uma boa qualidade de vida.

Rangé e Fenster (2004, p.440), explicam que quando “as pessoas estiverem preparadas para

pensar de forma mais racional, flexível, científica, elas estarão mais capacitadas a viver

mais longamente e a ser razoavelmente mais felizes.” .

2.2 Transtorno psicológico

Para a TREC as crenças irracionais são os determinantes mais importantes de um distúrbio

emocional não orgânico. As crenças irracionais aparecem sob a forma de ordens, deveres,

exigências sobre si, o outro e o mundo.

Ellis e Crawford (2000, p. 57-58) citado por Rangé e Fenster (2004, p. 440), concluíram

que há três imposições absolutistas as quais chamam de musturbation, em português,

más-turbações. (grifo do autor).

Imposições dirigidas contra si mesmo: “tenho que, de qualquer maneira, conseguir fazer bem todas as coisas importantes que me proponho.” .

Para os autores é essa a forma de más-turbações que provocam ansiedade, insegurança e

depressão.

Imposições dirigidas a outras pessoas: “os outros devem me ajudar a conseguir o que quero e a evitar o que não desejo.” .

Esta forma de más-turbações provoca a raiva, violência, guerras, etc..., quando as pessoas

não atendem as ordens.

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Page 3: Terapia Racional Emotiva Comportamental

Imposições dirigidas contra o conjunto das condições de vida: “as condições de trabalho devem ser estabelecidas de maneira que eu consiga o tipo de emprego do qual eu goste e que me pague bem.” .

Nestes casos as más-turbações produzem depressão, baixa tolerância à frustração,

inclinação para adiar tarefas, etc...

Rangé e Fenster (2004, p. 440-441), explicam que além de exigências tipo “devo” e “tenho

que”, há outros três derivados destas:

- Terrivelização: a pessoa acredita que uma situação ou algo será 100% ruim e nada

será bom até que a situação não seja eliminada. Ex.: “Será o fim se eu não passar no

teste para esse emprego”.

- Não-aguentite: como o nome indica, caracteriza a baixa tolerância à frustração

devido a pouca habilidade em lidar com situações mais difíceis. Ex.: “Eu não

consigo suportar a rejeição dele”.

- Condenação: inclinação a autocondenação, aos outros e ao mundo, quando suas

exigências não são satisfeitas. Ex.: “Bem feito que ele foi desprezado agora, nunca

me deu valor, merece ser castigado” .

A prática terapêutica da TREC foi desenvolvida para auxiliar as pessoas a modificarem

crenças irracionais. Ellis não atribuiu às crenças o único determinante para os distúrbios

emocionais, mas acreditou que se a pessoa transformasse “Eu devo” por “Eu gostaria”, as

perturbações emocionais diminuiriam de frequência.

Rangé e Fenster (2004, p.441) enunciam a declaração de Ellis (1976) como a base

biológica para a irracionalidade humana. (grifo nosso).

Todos os seres humanos, incluindo os mais brilhantes e competentes, mostram evidências das principais irracionalidades humanas. Virtualmente todas as irracionalidades que causam perturbações (“deverias”, “tenho que”) encontradas em nossa sociedade, também são vistas em praticamente todos os grupos sociais e culturais que já foram estudados histórica e antropologicamente ... Os psicoterapeutas que, presumivelmente, deveriam ser modelos adequados de racionalidade, agem com frequência de modo irracional na vida pessoal e profissional.As pessoas tendem a achar mais fácil aprender comportamentos auto-derrotistas do que auto-engrandecedores; assim, com frequência, as pessoas comem demais e têm muita dificuldade para fazer uma dieta adequada, bebem demais, usam drogas em excesso, etc...

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Page 4: Terapia Racional Emotiva Comportamental

3 O ABC ... DE ALBERT ELLIS

Para McMullin (2005), a terapia cognitiva (TC) procura ensinar ao paciente a importância

de seus pensamentos, indicando como crenças, atitudes e cognições provocam emoções

intensas. A TC ensina que para alterar e/ou modificar tais emoções é preciso mudar o

pensamento.

Rangé e Fenster (2004, p.441), explicam que para “ajudar os pacientes a terem maior

compreensão do processo terapêutico, a TREC propõe um modelo denominado “ABC dos

distúrbios emocionais.” (grifo do autor). Na verdade o ABC envolve um D e eventualmente

um E.

3.1 Explicando o ABC

3.1.1 Letra ‘A’

A → evento ativador

O ‘A’ pode ser algo observável “Minha mulher bateu a porta”.

O ‘A’ pode ser uma interpretação “Ela nunca mais vai voltar”.

O ‘A’ contribui para o desenvolvimento de uma emoção mas não é a causa.

3.1.2 Letra ‘B’

“O ‘B’ origina-se do inglês beliefs (crenças). Em português ... “busque a crença!”.

(RANGÉ e FENSTER, 2004, p.442).

B → pensamento pessoal sobre o evento ativador. O ‘B’ refere-se às crenças, mas também

inclui outros níveis de cognições como os pensamentos automáticos, crenças subjacentes e

nucleares.

O ‘B’ refere-se as crenças avaliativas racionais e irracionais.

- As crenças racionais favorecem emoções saudáveis, são mais flexíveis, são

expressas por desejos e não exigências. Ex.: “Eu poderia passar no teste para o

emprego”.

- As crenças irracionais favorecem emoções e sentimentos destrutivos, são inflexíveis

e expressas por exigências. Ex.: “Eu devo passar nesse teste para o emprego”.

Expressões como “devo”; “tenho quê”; “isto precisa ser”; “é extremamente

necessário”, são comuns quando há uma crença irracional.

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Page 5: Terapia Racional Emotiva Comportamental

Algumas diferenças entre crenças irracionais (iB) e crenças racionais (rB)1

Crenças irracionais Crenças Racionais

É terrível, espantoso É desagradável, inconveniente

Não posso suportar Posso tolerar o que não posso

Sou uma estúpida Meu comportamento foi estúpido

É um imbecil Não é perfeito

Cada vez que tento falho Às vezes fracasso

Par a ensinar o paciente é preciso demonstrar que entre um evento ativador (A) e o

nosso sentimento (C), existem nossas crenças avaliativas (B).

Para Albert Ellis, é possível categorizar as crenças irracionais em 11. (Rangé e Fenster

(2004, p.443).

1. É absolutamente necessário para qualquer ser humano adulto ser amado ou aprovado por qualquer outra pessoa significativa da sua comunidade.

2. Uma pessoa deve ser inteiramente competente, adequada e realizadora em todos os aspectos possíveis para se considerar valiosa.

3. É terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que uma pessoa gostaria que elas fossem.

4. Certas pessoas são más, perversas e maldosas e elas deveriam ser severamente responsabilizadas e punidas por sua maldade.

5. A infelicidade humana é externamente causada, e as pessoas têm pouca ou nenhuma capacidade para controlar seus infortúnios e distúrbios.

6. Se alguma coisa é ou pode vir a ser perigosa ou assustadora, uma pessoa deve ficar terrivelmente preocupada e ficar ruminando sua possível ocorrência.

7. É mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades ou responsabilidades da vida.

8. A idéia de que uma pessoa deve ser dependente de outras e de que ela necessita de alguém mais forte em quem se apoiar.

9. A história passada de alguém é um determinante definitivo do seu comportamento atual, e se algo afetou fortemente a sua vida alguma vez, isso continuará tendo um efeito similar indefinidamente.

10. O mundo deve absolutamente ser favorável e justo.11. A idéia de que há invariavelmente uma solução certa, precisa e perfeita para os

problemas humanos, e que é catastrófico se essa solução perfeita não for encontrada.

3.1.3 Letra ‘C’

1 Parte do Quadro 29.1 (Rangé e Fenster, 2004, p. 444).

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Page 6: Terapia Racional Emotiva Comportamental

C → representa as consequências emocionais e comportamentais do paciente.

O ‘C’ motiva o paciente a procurar ajuda, isto porque pode provocar consequências

emocionais negativas apropriadas como a tristeza, desapontamento, mas também

podem provocar consequências emocionais negativas inapropriadas como ansiedade,

depressão e comportamentos não saudáveis como o uso de drogas, violência, esquiva

social, etc... .

As emoções negativas saudáveis originam-se de crenças racionais e auxiliam o

paciente a alcançar seus objetivos. As emoções negativas não-saudáveis originam-se

das crenças irracionais e dificultam o acesso aos objetivos. (RANGÉ e FENSTER,

2004, grifo nosso)

Principais emoções destrutivas e suas alternativas saudáveis2

Ansiedade → PreocupaçãoDepressão → TristezaCulpa → ArrependimentoVergonha → DesapontamentoRaiva → Frustração

A TREC não elimina as emoções, mas auxilia a diminuir a frequência das emoções

não-saudáveis negativas.

As emoções negativas saudáveis são motivadoras e benéficas para a saúde mental

do paciente. Na TREC, tristeza ou frustração são saudáveis, enquanto a depressão, a

raiva, etc... são prejudiciais à saúde mental do paciente.

Consequentemente, somente estas últimas serão objeto de intervenção terapêutica... A TREC propõe que, além das emoções negativas destrutivas, os pacientes podem apresentar distúrbios emocionais secundários... podem deprimir por estar deprimidos, ficar com culpa por estarem ansiosos... preferencialmente, deve-se intervir no distúrbio emocional secundário antes do primário, uma vez que este pode dificultar o sucesso da intervenção terapêutica. (RANGÉ E FENSTER, 2004, p.445).

Após ensinar o paciente o esquema ABC, é possível entrar na letra ‘D’

2 Quadro 29.2 (Rangé e Fenster, 2004, p. 444)

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Page 7: Terapia Racional Emotiva Comportamental

EXERCÍCIO A → B → C 3

Pensamentos não são fatos.Frequentemente, quando temos algum sentimento, como tristeza ou raiva, nós o sentimos tão intensamente, que temos convicção de que o nosso sentimento é legítimo, afinal alguém ou alguma coisa fez eu me sentir assim.No entanto, o que nos incomoda não são os fatos em si, mas a interpretação que nós fizemos dos fatos. O que você pensa dos fatos e o que eles são, na realidade, pode fazer você se sentir de formas diferentes nas mesmas situações.O objetivo deste exercício é você aprender a distinguir as diferentes situações na sua vida que ativam os mais variados pensamentos, os quais geram diferentes emoções e comportamentos.A – Estar conversando com um amigo, dirigindo o carro ou deitado no quarto ouvindo música são situações ativadoras, os gatilhos que acionam os pensamentos. Um ‘A’ é o que uma filmadora captaria se estivesse filmando a cena. A filmadora não interpreta o que vê, simplesmente filma.B – Todo e qualquer momento da nossa vida faz a gente ter os mais variados pensamentos, os quais podem ser agradáveis, desagradáveis ou neutros. Segundo o modelo cognitivo, são os pensamentos que levam às emoções, isto é, as emoções são decorrentes ou, no mínimo, influenciadas pelos pensamentos.C – São as consequências, o que decorre do que pensamos. Normalmente é mais fácil identificar as emoções, especialmente as negativas ou desagradáveis. Por isso, você pode começar o A →B→C pelas emoções, depois verificar qual a situação que estava ocorrendo para você sentir o que sentiu e, então, identificar o que você pensou imediatamente ou enquanto estava sentindo.

AAtivador

Evento ou situação ativadora(Gatilhos)

BPensamentos Automáticos,

Pressupostos, Regras, Crenças (esquemas)

CConsequências

EmocionaisComportamentais

Físicas

3 Exercício A→ B→ C (Ellis, 1962, citado por Rangé e Fenster, 2004, p. 137)

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Page 8: Terapia Racional Emotiva Comportamental

3.1.4 Letra D

D → Debater

Alterar ou mudar crenças irracionais é o trabalho da TREC e ocorrre em ‘D’. Debater,

combater, desafiar o sistema de crenças irracionais do paciente é um processo lógico-

empírico onde o terapeuta auxilia o paciente a pensar racionalmente, assim poderá

“internalizar uma nova filosofia que envolva uma solução elegante. Isso será feito por

questionamento de natureza cognitiva, imaginária e/ou comportamental.” (RANGE E

FENSTER, 2004, p. 445. grifo do autor).

Para avaliar seu problema de maneira realista e racional, o paciente precisa afastar-se do

mesmo. Avaliar os problemas como se estivesse de fora, como se fosse uma outra

pessoa avaliando seus pensamentos e comportamentos. Knapp (2004, p. 138), explica

que o

umbilicalismo (grifo do autor), leva o paciente a interpretar as ações de outros como se estivessem relacionadas com ele. O paciente deprimido, autocentrado, avalia os outros como rejeitadores e incapazes de entendê-lo. No caso de um paciente fóbico, o que impede de ter um relacionamento social é, em grande parte, a idéia de que é o centro das atenções; ele se vê como continuamente vulnerável ao julgamento das outras pessoas, sentindo-se observado e avaliado.

O ‘D’ consiste em dois estágios básicos:

1. examinar e desafiar o modo de pensar atual;

2. desenvolver modos de pensar mais funcionais racionais e elegantes. (RANGÉ E

FENSTER, 2004, p. 445).

Clinicamente os níveis de abstração do paciente são importantes exemplos:

- “Minha mulher tem que fazer o jantar quando eu quiser.” (p.445)

Neste caso, o paciente seria perturbado por uma pequena quantidade de acontecimentos

ativadores (A).

- “O mundo deve ser do jeito que eu quero.” (p.445)

No caso acima, o nível de abstração é maior e é provável que o paciente se perturbe mais

frequentemente pelos acontecimentos ativadores (A).

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Page 9: Terapia Racional Emotiva Comportamental

Vale ressaltar que o mesmo se aplica aos pensamentos racionais (grifo nosso), pois quanto

menos abstração, menor a capacidade de generalizar (p.445).

Rangé e Fenster (2004), explicam que na fase diagnóstica ABC, não é recomendável fazer

perguntas como “por quê”, mas na fase ‘D’, fase de intervenção/tratamento, é

imprescindível – a resposta ao “por quê” ... “envolve necessidade de provas ou justificação

da crença e, uma vez que não haverá provas da veracidade de uma crença irracional, o

paciente pode se dar conta das razões de abandoná-la.” . (445-446).

Exemplos de perguntas do primeiro grupo de um combate lógico (lista completa p.446)-Há uma lógica correta aqui?-Isso é verdade?-Por que não?-Como você sabe?-Você pode estar generalizando demais?-Se um amigo tivesse essa idéia você aceitaria?-Vamos assumir o pior. Você está fazendo coisas ás. Agora, por que você não deveria faze-las?

Um segundo grupo de perguntas levam o paciente a avaliar se suas crenças correspondem à

realidade social – equivale a um teste de realidade.

Exemplos de perguntas do segundo grupo para teste de realidade (lista completa p.446)-Que provas demonstram que o que você acredita é verdade?-Onde estão as evidências?-Que coisas boas podem ocorrer se ‘A’ ocorrer?-Como o seu mundo ficaria destruído se ‘A’ ocorresse?

O terceiro grupo de perguntas questiona o quanto determinada crença auxilia o paciente a

resolver problemas, atingir objetivos, acalmar emocionalmente, etc...

Exemplos de perguntas do terceiro grupo para teste de auxílio da crença (lista completa p.446-447)-Na medida em que você acredita nisso, como você se sente?-Vale a pena o risco?-Esse pensamento motiva você a ir trabalhar?

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-O que acontece quando você pensa assim?

3.1.5 Letra E

E → efeitos do debate

A letra ‘E’ é o efeito do combate e dos questionamentos das crenças irracionais.

Caracteriza-se pela mudança no sistema de crenças do paciente e mudanças de pensamentos

de irracionais para mais racionais.

Exemplo: Evento ativado ‘A’ – rejeição (Rangé e Fenster, 2004, p. 447)

“Minha crença de absoluta necessidade de aprovação da fulana vai seguramente me levar à

depressão e, portanto, vou ser menos capaz de conseguir a aprovação de quem quer que

seja”.

Referências

McMULLIN, R.E. Ensinando o ABC. IN: McMULLIN, R.E. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 19-38.

RANGÉ, B.; FENSTER, D. Terapia racional-emotivo-comportamental. IN: KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 439-453.

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