thaÍs caroline sanches - university of são paulo

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THAÍS CAROLINE SANCHES Causas de morte em Passeriformes: comparação entre aves de vida livre residentes na Região Metropolitana de São Paulo e aves oriundas do tráfico Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Departamento: Patologia Área de Concentração: Patologia Experimental e Comparada Orientadora: Profa. Dra. Eliana Reiko Matushima São Paulo 2008

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Page 1: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

THAÍS CAROLINE SANCHES

Causas de morte em Passeriformes: comparação entre aves de vida livre residentes na Região

Metropolitana de São Paulo e aves oriundas do tráfico

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Departamento:

Patologia

Área de Concentração:

Patologia Experimental e Comparada

Orientadora:

Profa. Dra. Eliana Reiko Matushima

São Paulo

2008

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome: SANCHES, Thaís Caroline

Título: Causas de morte em Passeriformes: comparação entre aves de vida livre residentes na Região Metropolitana de São Paulo e aves oriundas do tráfico

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Data: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: __________________________

Assinatura: ____________________________ Julgamento: __________________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: __________________________

Assinatura: ____________________________ Julgamento: __________________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: __________________________

Assinatura: ____________________________ Julgamento: __________________________

Page 6: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Carlos e Maria Cecília,

pelo apoio em todos os momentos da minha

vida e pelo amor incondicional.

Às aves brasileiras pelo colorido, canto e

extraordinária beleza.

Page 7: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos ...

À Profa. Dra. Eliana Reiko Matushima, “Matu”, pela orientação, estímulo concedidos durante este trabalho e pela amizade ao longo desses 6 anos. Obrigada por me apresentar à surpreendente medicina de animais silvestres!!!!

Ao Prof. Dr. Idércio Luiz Sinhorini pela contribuição na minha formação profissional,

longas conversas e indispensável ajuda na documentação fotográfica.

À amiga Adriana Marques Joppert pela amizade e ajuda durante a realização desse estudo. Muito obrigada pelas inúmeras ligações quando passeriformes do DEPAVE vinham a óbito!

À toda equipe do DEPAVE (Adriana, Antonieta, Dafne, Francês, Maria Eugênia, Vilma e

Cleide) pelos ensinamentos, auxílio no fornecimento dos animais e bom humor sempre.

Às médicas veterinárias do Parque Ecológico do Tietê, Liliane, Lara e Melissa pelo encaminhamento das aves.

À Viviane Nemer pela amizade, ensinamentos e ajuda na leitura dos exames

histopatológicos.

Ao Luciano A. Bugalho e Cláudio Arroio, do Laboratório de Histopatologia (VPT/FMVZ/USP), pela confecção das diversas lâminas.

Ao Igor Zimovski pela ajuda no processamento dos exames microbiológicos.

À Shirley, do Laboratório de Microscopia Eletrônica (VPT/FMVZ/USP) pelo preparo do

material para microscopia eletrônica.

À Hilda F. J. Pena, do Laboratório de Doenças Parasitárias III (VPS/FMVZ/USP), pelo auxílio na realização dos exames parasitológicos.

Ao Prof. Dr. Carlos Pelleschi Taborda e à técnica Shirley Aparecida Vieira Marques, do

Laboratório de Micologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP) pela ajuda no processamento dos exames micológicos.

Ao Prof. Dr. Reinaldo José da Silva, do Departamento de Parasitologia do Instituto de

Biociências (UNESP-Botucatu), pela identificação e fotomicrografia dos helmintos.

À Márcia Catroxo, do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Instituto Biológico, pela análise ultraestrutural de algumas amostras.

Ao Bruno Cogliati, pós-graduando do VPT, pela ajuda com o criostato. Ao Tenente Marcelo Robis F. Nassaro e ao Comando de Policiamento Ambiental do

Estado de São Paulo pelas informações concedidas a respeito do tráfico de animais silvestres

Page 8: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

Ao Professor Shivaprasad, da Universidade da Califórnia (UC Davis), pela confirmação de alguns diagnósticos.

À amizade da Profa. Dra. Tânia de Freitas Raso.

À minha amiga Silmara Rossi, por todos os momentos em que passamos juntas na pós-

graduação, ajuda nas necropsias até altas horas e por todas nossas conversas deliciosas.

À Juliana Sinhorini pela amizade, companheirismo e por compartilhar comigo os mesmos ideais com relação às aves.

Às minhas amigas Tatiana Cristina Silva e Andréia Latorre por estarem sempre presentes

e pelas palavras de carinho, apoio e confiança. Também agradeço à Roberta, Camilla, Cristina, Fernanda e Carina pelos ótimos momentos que vivenciamos na graduação.

À minha amiga de longa data, Lívia Thomaz, pela amizade sincera e verdadeira.

Ao Luis Fernando Laranjeira Lopes, “Pikaxu”, companheiro de graduação e pós. Obrigada

por todas as conversas e ajuda ao longo desses anos em que trabalhamos juntos.

Aos meus queridos Raoní Canal e Alice Soares pela ajuda no processamento de amostras ao longo da pesquisa. Obrigada pela dedicação e fundamental contribuição de vocês!

Ao Alex, Alessandra, Marina, Ticiana, Bruna e Renata pelos diversos momentos

agradáveis. À Capes pelo auxílio financeiro durante este estudo.

B E em especial ....

Aos meus pais por todo o carinho, apoio e por sempre acreditarem em mim.

À minha querida irmã e amiga, Patrícia, pelo companheirismo e design gráfico deste trabalho e de muitos outros....

Aos meus avós, Mário e Santina , por sempre cuidarem de mim e à toda família!

Ao meu querido Ives, pela compreensão nas ausências, pelo companheirismo, pela alegria

e caminho que estamos construindo...

À Jade e Nina, companheiras de altas madrugadas.

A Deus por mais essa oportunidade.

Page 9: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

... Em meio ao chamado do divino

sinto o tom de uma doce melodia

no segundo que insistimos em limitar

de curto espaço de tempo,

em temporal...

um tom é feito em segundo,

da música que os pássaros anunciam...

e este instante "rápido"

é profundo pois os pássaros

em movimento denunciam,

a vida que existe pra viver!....

Rita Reikke (2007)

Page 10: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

RESUMO

SANCHES, T. C. Causas de morte em Passeriformes: comparação entre aves de vida livre residentes na Região Metropolitana de São Paulo e aves oriundas do tráfico. [Causes of Passeriformes death: comparison between free-living birds in São Paulo city and those from illegal wildlife trade]. 2008. 185 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Os Passeriformes compõem a maior ordem de aves do mundo. No Brasil, representam

55,52%, sendo os animais mais envolvidos no tráfico da fauna silvestre. Só no município de

São Paulo são registradas aproximadamente 150 espécies. Embora componham um grupo

importante e bem representativo, pouco se sabe sobre as causas de morbidade e mortalidade

de Passeriformes de vida livre da fauna nacional. O presente estudo teve como objetivo

identificar, caracterizar e comparar as causas de morte de Passeriformes de vida livre

residentes na Região Metropolitana de São Paulo e Passeriformes oriundos do tráfico

apreendidos na mesma localidade. Foram estudadas 149 aves, sendo 42,3% de vida livre e

57,7% oriundas do tráfico. As causas de morte nas aves provenientes de tráfico e de vida livre

foram respectivamente iguais a 51,17% e 24,42% decorrentes a processos infecciosos;

34,92% e 42,86% a processos não infecciosos; 10,46% e 12,70% à suspeita de processos

infecciosos e 13,95% e 9,52% à causas indeterminadas. Óbitos devido a processos infecciosos

foram os mais predominantes entre os animais de tráfico, caracterizados principalmente por

infecções mistas por agentes bacterianos e fúngicos, enquanto os processos não infecciosos,

principalmente traumatismos, se destacaram entre aqueles de vida livre. Os resultados obtidos

permitem atuar como importante ferramenta auxiliando e direcionando o atendimento clínico,

diagnóstico e tratamento, além de gerar informações que contribuam com os programas de

conservação in situ, como as solturas, hoje amplamente realizadas e ainda muito controversas.

Palavras-chave: Passeriformes. Vida livre. Tráfico. Causas de morte. Patologia.

Page 11: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

ABSTRACT

SANCHES, T. C. Causes of Passeriformes death: comparison between free-living birds in São Paulo city and those from illegal wildlife trade. [Causas de morte em Passeriformes: comparação entre aves de vida livre residentes na Região Metropolitana de São Paulo e aves oriundas do tráfico]. 2008. 185 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Passeriformes are the largest and most diverse avian order in the world. In Brazil, they are

around 55,52% and most aimed in the illegal wildlife trade. There are 150 species in São

Paulo city and surroundings. Although passerines are an important and very representative

group, morbidity and mortality of brazilian free-living birds are unknown. The goal of this

work was to identify, characterize and compare the causes of death of free-living

Passeriformes in the São Paulo Metropolitan area and those from illegal wildlife trade in the

same area. In the total of 149 birds studied, 42,3% was free-living and 57,7% from illegal

trade. The causes of death of passerines from illegal wildlife trade and free-living are:

infectious diseases (respectively, 51,17% and 24,42%); non-infectious diseases (34,92% and

42,86%); suspicious infeccious diseases (10,46% and 12,70%) and indeterminate causes

(13,95% and 9,52%). Deaths due to infectious diseases were the majority among birds of

illegal trade, mainly concomitant bacterial and fungic infections, while non-infectious

diseases, specially trauma, were more predominant among the free-living ones. Obtained

results play as an important tool helping and guiding clinic assistance, diagnosis and

treatment, besides to contribute with conservation programs in situ, like releases, that are very

frequent nowdays, but they are still controversial.

Key words: Passeriformes. Free-living birds. Illegal wildlife trade. Causes of death. Pathology.

Page 12: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A.F.A. Álcool-Formol-Ácido Acético

CBRO Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos

C.R.A.S. Centro de Recepção de Animais Silvestres

DEPAVE -3 Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Paulo

HE Coloração por Hematoxicilina e Eosina

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICB/USP Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo

IUCN The International Union for the Conservation of Nature and Natrural Resources

LAPCOM/VPT/FMVZ/USP Laboratório de Patologia Comparada de Animais Silvestres do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

PAS Coloração por Ácido Periódico de Schiff

RENCTAS Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres

VPS/FMVZ/USP Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

VPT/FMVZ/USP Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

µm micrômetro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................15

2 OBJETIVOS .............................................................................................................17

3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................18 3.1 ORDEM PASSERIFORMES.....................................................................................18 3.2 PASSERIFORMES DE VIDA LIVRE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ...........20 3.3 PASSERIFORMES E O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES..........................22 3.4 PRINCIPAIS ENFERMIDADES DE PASSERIFORMES .......................................27

4 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................39 4.1 ANIMAIS ...................................................................................................................39 4.1.1 Identificação ..............................................................................................................40 4.1.2 Origem .......................................................................................................................40 4.1.3 Histórico clínico ........................................................................................................41 4.2 PROTOCOLO DE ESTUDO ....................................................................................41 4.2.1 Biometria ..................................................................................................................41 4.2.2 Exame necroscópico ................................................................................................42 4.2.3 Exame histopatológico.............................................................................................43 4.2.4 Exame microbiológico .............................................................................................43 4.2.5 Exame parasitológico ..............................................................................................45 4.2.6 Exame citológico ......................................................................................................46 4.2.7 Colorações especiais de cortes histopatológicos ....................................................46 4.2.8 Análise ultraestrutural ............................................................................................46 4.2.9 Documentação fotográfica ......................................................................................47 4.3 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE ..........47 4.3.1 Processos infecciosos ..............................................................................................48 4.3.2 Processos não infecciosos .......................................................................................49 4.3.3 Suspeita de processo infeccioso .............................................................................49 4.3.4 Processos indeterminados ......................................................................................49

5 RESULTADOS .......................................................................................................51 5.1 ANIMAIS .................................................................................................................51 5.1.1 Número de animais, origem e instituições procedentes.......................................51 5.1.2 Famílias e espécies envolvidas ...............................................................................51 5.1.3 Sexo, faixa etária e condição corpórea .................................................................54

Page 14: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

5.2 EXAMES MICROBIOLÓGICOS ...........................................................................56 5.3 EXAMES PARASITOLÓGICOS............................................................................57 5.3.1 Resultados dos exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal..................57 5.3.2 Resultados das identificações de helmintos ..........................................................58 5.4 EXAMES CITOLÓGICOS ......................................................................................58 5.5 COLORAÇÕES ESPECIAIS DE CORTES HISTOPATOLÓGICOS ...................58 5.6 ANÁLISE ULTRAESTRUTURAL.........................................................................59 5.7 BIOMETRIA, EXAME NECROSCÓPICO E HISTOPATOLÓGICO...................59 5.8 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE ..........59 5.8.1 Processos infecciosos ..............................................................................................65 5.8.1.1 Infecções bacterianas................................................................................................66 5.8.1.2 Infecções fúngicas ....................................................................................................66 5.8.1.3 Infecções virais .........................................................................................................67 5.8.1.4 Infecções parasitárias................................................................................................67 5.8.1.5 Infecções mistas........................................................................................................68 5.8.2 Suspeita de processos infecciosos ..........................................................................69 5.8.3 Processos não infecciosos .......................................................................................69 5.8.3.1 Distúrbios circulatórios ............................................................................................70 5.8.3.2 Distúrbios digestórios ...............................................................................................70 5.8.3.3 Neoplasias.................................................................................................................71 5.8.3.4 Distúrbios nutricionais..............................................................................................71 5.8.3.5 Distúrbios respiratórios ............................................................................................72 5.8.3.6 Traumas ....................................................................................................................72 5.8.4 Causas de morte indeterminadas ..........................................................................72 5.9 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA ...................................................................74

6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................85 6.1 ANIMAIS .................................................................................................................85 6.1.1 Instituições procedentes .........................................................................................85 6.1.2 Famílias e espécies envolvidas ...............................................................................85 6.1.3 Sexo, faixa etária e condição corpórea .................................................................87 6.2 EXAMES MICROBIOLÓGICOS ...........................................................................88 6.3 EXAMES PARASITOLÓGICOS............................................................................89 6.3.1 Exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal ...........................................89 6.3.2 Helmintos.................................................................................................................93 6.4 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE ..........98 6.4.1 Processos infecciosos ............................................................................................100 6.4.1.1 Óbitos decorrentes à infecções bacterianas ............................................................100 6.4.1.2 Óbitos decorrentes à infecções fúngicas.................................................................106

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6.4.1.3 Óbitos decorrentes à infecções virais .....................................................................113 6.4.1.4 Óbitos decorrentes à infecções parasitárias ............................................................117 6.4.1.5 Óbitos decorrentes à infecções mistas ....................................................................127 6.4.2 Suspeita de processos infecciosos ........................................................................129 6.4.3 Processos não infecciosos .....................................................................................130 6.4.3.1 Óbitos decorrentes a distúrbios circulatórios .........................................................130 6.4.3.2 Óbitos decorrentes a distúrbios digestórios ............................................................132 6.4.3.3 Óbitos decorrentes à neoplasias..............................................................................134 6.4.3.4 Óbitos decorrentes a distúrbios nutricionais...........................................................135 6.4.3.5 Óbitos decorrentes a distúrbios respiratórios .........................................................136 6.4.3.6 Óbitos decorrentes a traumatismos.........................................................................136 6.4.4 Causas de morte indeterminadas ........................................................................139

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................140

REFERÊNCIAS ..................................................................................................142

APÊNDICE ..........................................................................................................170

ANEXO.................................................................................................................180

Page 16: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

15

1 INTRODUÇÃO

Recentemente, as discussões concernentes às questões ambientais têm sido intensificadas,

sendo a preocupação com os ecossistemas e a biodiversidade um fenômeno mundial. Diversas

causas estão associadas a esse fenômeno, que podem ser resumidas no impacto causado pelo

homem sobre o meio ambiente, levando à redução e fragmentação das áreas naturais,

contaminação da atmosfera, oceano e solo, redução do número e da abundância da maioria

das espécies de animais e plantas.

O Brasil abriga a maior diversidade biológica entre os 17 países “megadiversos”,

estimando-se que tenha entre 15 e 20% de toda a diversidade mundial e o maior número de

espécies endêmicas do globo (ANDRIOLO, 2007). Nesse amplo contexto, a percepção de que

a natureza não é inesgotável e que a cada dia o homem contribui para o seu fim, faz com que

atualmente diversas pesquisas sejam desenvolvidas no Brasil, envolvendo diversas áreas de

atuação. Embora atendam a objetivos específicos, juntas contribuem para um propósito

comum, o da conservação da biodiversidade.

A patologia de animais silvestres constitui-se em uma dessas áreas de atuação, pois através

dela consegue-se reunir informações importantes acerca da sanidade e suscetibilidade à

doenças em populações de vida livre e cativeiro, já que enfermidades podem afetar a

viabilidade dos indivíduos, levando assim, ao comprometimento da conservação das espécies.

O estudo dos animais mortos também contribui com dados referentes aos aspectos

anatômicos, fisiológicos, clínicos e terapêuticos. Além disso, propiciam colheita de materiais

biológicos para realização de exames como, histopatológico, microbiológico, toxicológico,

parasitológico, entre outros, que auxiliarão no diagnóstico definitivo e no entendimento mais

claro dos processos mórbidos. Os exames necroscópicos e histopatológicos constituem-se os

principais métodos de monitoramento de doenças em animais silvestres, gerando dados

importantes para programas de conservação ambiental, como patogenia, prevenção, controle e

prevalência de moléstias (MUNSON, 1991; MUNSON; COOK, 1993; MCNAMARA, 1999).

Os Passeriformes compõem a maior ordem de aves do mundo, sendo que no Brasil,

representam 55,52% do total de aves, sendo os animais mais envolvidos no tráfico de animais

silvestres (MARINI; GARCIA, 2005; CBRO, 2007). No município de São Paulo, existem 150

espécies de Passeriformes, distribuídos em 18 famílias, sendo as aves mais abundantes (SÃO

PAULO, 2006). Embora componham um grupo importante e bem representativo, pouco se

sabe sobre as causas de morbidade e mortalidade de Passeriformes de vida livre nessa região.

Page 17: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

16

Além disso, não há relatos na literatura sobre a existência de similaridade ou não das afecções

e causas de morte entre aves de vida livre e aquelas provenientes de tráfico. Poucos estudos

foram realizados com Passeriformes brasileiros de vida livre, havendo mais relatos de animais

de cativeiro, mas mesmo assim, a maior parte da literatura destinada ao assunto é

internacional.

A pesquisa das causas de morte e principais enfermidades de Passeriformes de vida livre

da fauna nacional torna-se de fundamental importância, a exemplo das medidas da atualidade,

em que a soltura é a principal escolha de destinação das aves capturadas ilegalmente, sendo na

maioria das vezes, realizada em locais impróprios e sem critérios sanitários. Os efeitos dessas

solturas ainda são desconhecidos, mas já há relatos de impactos sobre populações de animais

silvestres e domésticos devido à introdução de patógenos, alguns emergentes, através de

translocações (WOODFORD; ROSSITER, 1993). Em aves silvestres, há poucos trabalhos

associados à soltura, sendo que os existentes são baseados apenas em evidências

circunstanciais, mas há poucas dúvidas sobre o potencial de disseminação de doenças

infecciosas na soltura de aves (COOPER, 1993b).

Page 18: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

17

2 OBJETIVOS

O presente estudo teve como objetivo determinar, caracterizar e comparar os principais

processos patológicos que acometem e levam a óbito Passeriformes de vida livre residentes na

Região Metropolitana de São Paulo e Passeriformes oriundos do tráfico apreendidos na

mesma localidade.

Page 19: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

18

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ORDEM PASSERIFORMES

O Brasil abriga uma avifauna que está entre as mais diversas do mundo, com o número de

espécies estimado em 1.801, o equivalente a 57% das espécies de aves registradas em toda

América do Sul, sendo esse o continente com maior número de espécies residentes do planeta

(SICK, 1997; MARINI; GARCIA, 2005; CBRO, 2007).

Os Passeriformes compõem a maior ordem de aves, compreendendo cerca de 5.739

espécies em todo o mundo (59,1% do total de aves conhecidas), distribuídas em,

aproximadamente, 45 famílias (SIBLEY, 1996; SICK, 1997). No Brasil, existem cerca de

1000 espécies de Passeriformes, ou seja, 55,52% do total de aves, distribuídas em 31 famílias

e 801 (44,48%) espécies de não Passeriformes (CBRO, 2007). A relação das famílias e

número de espécies de Passeriformes existentes no Brasil, segundo CBRO (2007), encontra-

se em anexo A.

A ordem Passeriformes pode ser dividida em dois grupos, ou Subordens, organizados

conforme estrutura da siringe: Suboscines, com aproximadamente 1.100 espécies em todo o

mundo, e Oscines, com cerca de 4.000 espécies (SICK, 1997).

Os Suboscines são considerados supostamente os Passeriformes filogeneticamente mais

primitivos, com estrutura da siringe relativamente mais simples e quase todas as espécies

pertencem à região Neotropical. A maioria das espécies brasileiras é silvícola e arborícola,

sendo que o maior número de Suboscines encontra-se na floresta Amazônica (SICK, 1997).

São também chamados de Tyranni (subordem) e no Brasil, representam 649 espécies, ou seja,

64,90% do total de espécies de passeriformes encontradas, divididas em 2 parvordens,

Furnariida e Tyrannida, englobando, respectivamente, 9 e 4 famílias (CBRO, 2007). O quadro

1 abaixo ilustra as famílias pertencentes a cada parvordem, bem como o número de espécies

correspondentes e exemplos de seus representantes no Brasil (CBRO, 2007).

Page 20: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

19

Parvordem Famílias Número de espécies Representantes

Melanopareiidae 1 Tapaculo Thamnophilidae 164 Papa-formigas, chocas Conopophagidae 6 Chupa-dentes, cuspidores Grallariidae 8 Tovacuçus

Furnariida Rhinocryptidae 11 Tapaculos, Macuquinhos Formicaridae 7 Tovacas Scleruridae 7 Vira-folhas Dendrocolaptidae 42 Arapaçus

Furnariidae 102 João-de-barro, João-teneném Tyrannidae 210 Papa-moscas, Bem-te-vi, Lavadeiras,

Verão, Tesourinhas, Patinho Tyrannida Cotingidae 32 Arapongas, Galo-da-Serra

Pipridae 38 Tangará, Dançador, Rendeira Tityridae 21 Ananbés, Caneleiros Total = 649

Quadro 1 – Descrição das famílias, número de espécies e exemplos de representantes pertencentes às parvordens de Suboscines brasileiros (CBRO, 2007)

Os Oscines são considerados o grupo mais evoluído da classe Aves e por possuírem uma

complexidade da siringe são designados como “aves canoras”, embora as vozes do

Suboscines, em muitos casos, possam ser tão impressionantes como as dos Oscines. Possuem

grande importância na Europa, África e Ásia , onde predominam entre os Passeriformes, já na

América do Sul são imigrantes relativamente recentes, cuja imigração aconteceu bem antes da

formação das bacias do Orenoco e do Amazonas. Neste continente, os Oscines teriam que

competir com os Suboscines, que nele são mais antigos, caso habitassem o mesmo nicho

ecológico, porém os primeiros vivem frequentemente em paisagens abertas, enquanto que os

Suboscines estão mais adaptados à vida florestal (SICK, 1997). Os Oscines também são

chamados de Passeri (subordem), existindo no Brasil 351 espécies, o que representa 35,10%

do total de espécies de passeriformes existentes, divididos em 2 parvordens: Corvida e

Passerida, que englobam, respectivamente, 2 e 16 famílias (CBRO, 2007). Duas famílias de

Oscines foram introduzidas pelo homem: Estrildidae (bico-de-lacre) e Passeridae (pardal). O

quadro 2 ilustra as famílias pertencentes a cada parvordem, bem como o número de espécies

correspondentes e exemplos de seus representantes no Brasil (CBRO, 2007).

Page 21: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

20

Parvordem Famílias Número de espécies Representantes

Corvida Vireonidae 16 Pitiguari, Juruviara, Vite-vite Corvidae 8 Gralhas Hirundinidae 16 Andorinhas Troglodytidae 17 Uirapurus, Corruíras Donacobiidae 1 Japacanim Polioptilidae 8 Bico-assovelado, Balnça-rabo Turdidae 17 Sabiás Mimidae 3 Sabiás

Passerida Motacillidae 5 Caminheiros Coerebidae 1 Cambacica

Thraupidae 86 Sanhaços, Saíras Emberezidae 74 Tico-ticos, Papa-capim, Caboclinhos Cardinalidae 16 Trinca-ferro, azulão, Parulidae 23 Mariquitas, Pula-pulas Icteridae 40 Japus, Iraúnas Fringillidae 18 Pintassilgos, Gaturamos Estrildidae 1 Bico-de-lacre Passeridae 1 Pardal Total = 351 Quadro 2 – Descrição das famílias, número de espécies e exemplos de representantes pertencentes às

parvordens de Oscines brasileiros (CBRO, 2007)

Com relação ao status de conservação, a Lista nacional das espécies da fauna brasileira

ameaçadas de extinção, elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente e parceiros, engloba 92

espécies de Passeriformes, sendo 49 classificadas na categoria vulnerável, 28 em perigo e 15

criticamente em perigo. As espécies ameaçadas pertencem a 15 famílias de Passeriformes das

31 existentes, sendo 9 de Suboscines (Conopophagidae, Cotingidae, Dendrocolaptidae,

Formicariidae, Pipridae, Rhinocryptidae, Furnariidae, Thamnophilidae e Tyrannidae) e 6 de

Oscines (Emberizidae, Fringillidae, Motacillidae, Turdidae, Thraupidae e Vireonidae)

(BRASIL, 2003).

3.2 PASSERIFORMES DE VIDA LIVRE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

As restritas áreas verdes da Região Metropolitana de São Paulo albergam uma fauna

silvestre considerável, composta por 258 espécies de aves, 58 de mamíferos, 37 de répteis, 2

Page 22: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

21

de crustáceos, 2 de aranhas e 40 de anfíbios. As aves são o grupo mais abundante, encontrado

mesmo onde a concentração de prédios é elevada e a área verde é pequena, sendo que as

espécies predominantes nesses locais possuem uma dieta bastante variada, favorecendo sua

adaptação ao ambiente modificado pela presença humana (ZORZETTO, 2006).

A cidade de São Paulo e seus arredores abrigam uma grande diversidade de aves, com

aproximadamente 400 espécies registradas, concentrada nos bairros e parques mais

arborizados dentro da cidade e principalmente nas reservas florestais situadas no entorno. Ao

contrário do que ocorreu nas áreas urbanas, as reservas florestais, localizadas nos arredores da

cidade, como Parque Estadual da Cantareira e Reserva do Morro Grande, ainda abrigam boa

parte da avifauna original. Essas áreas são um importante refúgio para muitas aves,

contribuindo de forma significativa à alta diversidade de espécies encontradas na Grande São

Paulo (DEVELEY, 2004).

O levantamento mais recente da fauna do município de São Paulo, realizado pela

Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, registrou 285 espécies de aves pertencentes a 53

famílias, sendo os Passeriformes representados por 150 espécies, distribuídas em 18 famílias

(SÃO PAULO, 2006). Segundo esta lista, a família Emberizidae engloba as subfamílias

Parulinae, Coerebinae, Thraupinae, Emberizinae, Cardinalinae e Icterinae, que atualmente

segundo CBRO (2007), foram separadas tornando-se as famílias Parulidae, Coerebidae,

Thraupidae, Emberizidae, Cardinalidae e Icteridae, respectivamente. Assim, seguindo

classificação mais recente, tem-se, na verdade, 150 espécies de Passeriformes no município de

São Paulo distribuídas em 22 famílias. Além disso, as subfamílias Sylviinae e Turdinae,

pertencentes à família Muscicapidae mencionada, tornaram-se as famílias Polioptilidae e

Turdidae. A relação das famílias e número de espécies de Passeriformes existentes no

município de São Paulo, segundo inventariamento realizado pela Secretaria do Verde e Meio

Ambiente (SÃO PAULO, 2006), adotando-se a classificação do CBRO (2007), encontra-se

no anexo B.

A família mais abundante encontrada no município de São Paulo, segundo este

levantamento, foi a Tyrannidae, composta por 45 espécies, seguida da Thraupidae, com 27

espécies. A primeira é representada por bem-te-vis, verão, teque-teque, suiriri, tesoura, entre

outros e a segunda, por gaturamos, saíras, sanhaços, tié-sangue, entre outros.

Com relação ao status de conservação, 8 espécies de Passeriformes, pertencentes à fauna

do município de São Paulo, encontram-se em alguma categoria de ameaça de extinção, sendo

3 espécies (Biatas nigropectus, Procnias nudicollis e Oryzoborus angolensis) consideradas

vulneráveis, 3 (Carpornis cucullata, Laniisoma elegans e Orchesticus abeillei) quase

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ameaçadas, 1 (Pyroderus scutatus) em perigo e 1 (Tangara preciosa) provavelmente

ameaçada de extinção. Essas espécies ameaçadas pertencem a 4 famílias (Thamnophilidae,

Cotingidae, Emberizidae e Thraupidae) (SÃO PAULO, 2006).

Embora no município de São Paulo e arredores a avifauna seja bem representativa, os

efeitos da urbanização assim como do crescimento populacional podem ser diversos. A

urbanização contribui para a seleção de aves granívoras, omnívoras e espécies que constroem

ninhos em cavidades, além de levar a diminuição da riqueza de espécies, à perda e

fragmentação de habitat e afetar a sobrevivência dos animais que tornam-se mais suscetíveis à

colisões (veículos, janelas e vidraças), à ação de predadores domésticos e à choques em fios

de alta tensão (CHACE; WALSH, 2006).

3.3 PASSERIFORMES E O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES

O tráfico de animais silvestres é definido pela retirada de espécimes da natureza para que

possam ser vendidos no mercado interno brasileiro ou para o exterior (BRASIL, [200-?]). Por

ser um dos países mais ricos do mundo em biodiversidade, ocupando a primeira posição em

número total de espécies, o Brasil é um dos principais centros de tráfico de animais silvestres

do mundo (RENCTAS, 2001).

Estima-se que o comércio ilegal de vida silvestre, o qual inclui a fauna e seus produtos,

movimente U$ 10 a 20 bilhões anualmente, representando a terceira atividade ilícita do

mundo, depois das armas e drogas. São comercializados no mundo, anualmente, cerca de 40

mil primatas, 4 milhões de aves, 640 mil répteis e 350 milhões de peixes tropicais (FÈVRE et

al., 2006). O Brasil participa com cerca de 5% a 15% do total mundial (RENCTAS, 2001),

sendo retirado anualmente do país, cerca de 12 milhões de animais, entretanto outras

estatísticas estimam que o número real esteja em torno de 38 milhões (BRASIL, [200-?]).

No Brasil, há 4 modalidades do comércio ilegal: animais para colecionadores particulares

e zoológicos; para fins científicos (biopirataria); para petshops e para confecção de produtos

como adornos e artesanatos (GIOVANINI, 2001).

Segundo RENCTAS1 (1999 apud RENCTAS, 2001, p. 21), a maioria das espécies

1 RENCTAS (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres). Animais silvestres:

normatização e controle. Rio de Janeiro: RENCTAS, 1999.

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23

comercializadas ilegalmente no país é proveniente das regiões Norte, Nordeste e Centro-

Oeste, sendo escoada para as regiões Sul e Sudeste, principalmente por via terrestre. Os

principais pontos de destino desses animais são os estados do Rio de Janeiro e São Paulo,

onde são vendidos em feiras livres ou exportados por meio dos principais portos e aeroportos

dessas regiões. O destino internacional é a Europa, Ásia e América do Norte.

As aves são os animais mais encontrados no comércio ilegal, principalmente os

Passeriformes, devido a sua beleza, canto, ampla distribuição geográfica e alta diversidade,

sendo que pelo menos 2 milhões estão envolvidos no mercado mundial, anualmente. Os

pássaros canoros são as aves mais encontradas em cativeiro no Brasil, devido à antiga e forte

tradição do povo, assim a intensa captura desses animais no país é direcionada ao mercado

interno (SANTOS, 1985; SOUZA, 1987; POUGH; JANIS; HEISER, 2003; PEREIRA;

BRITO, 2005).

Segundo dados de 1992 a 2000, IBAMA2 (2000 apud RENCTAS, 2001, p. 33-38),

revelam que o número total de animais apreendidos neste período foi de 263.972, sendo o

Nordeste a região que contribuiu com maior porcentagem de animais traficados, ou seja,

40,93% (108.041). Em seguida vieram as regiões Norte com 31,02% (81.901), Sudeste com

12,78% (33.725), Centro-Oeste com 10,73% (28.312) e Sul com 4,54% (11.993). Dados de

1999 a 2000 mostram que 82% dos animais eram aves, 3% répteis, 1% mamíferos e 14%

colocadas em outras categorias. A principal ordem de aves apreendidas foi Passeriformes,

somando 16.266 indivíduos de um total de 36.573 aves, ou seja, 44,47%.

Dados referentes às apreensões realizadas durante o ano de 2005 (BRASIL, 2005),

evidenciam que o número total de animais capturados foi de 47.895, sendo o Sudeste a região

onde mais animais foram apreendidos, isto é, 37,82% do total de animais (18.114), seguido

das regiões Sul com 26,42% (12.654), Nordeste com 17,30% (8.288), Norte com 16,08%

(7.701) e Centro-Oeste com 2,38% (1.138). As aves representaram 56,24% (27.416) do total

apreendido; os répteis, 17,57% (8.415); os mamíferos, 2,34% (1.121); os anfíbios, 0,004%

(2); os invertebrados, 1,64% (788); ovos, 19,16% (9.180) e artesanato, 2,03% (973).

As 11 espécies de aves mais apreendidas no Brasil, segundo dados do IBAMA (BRASIL,

2002), referentes ao ano de 2002 encontram-se descritas no quadro 3 abaixo.

2 IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). História do IBAMA. Brasília: IBAMA, 2000a.

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Espécie Nome Popular Ordem Quantidade (%) Sicalis flaveola Canário-da-terra Passeriformes 14,25 Cyanocompsa brissonii Azulão Passeriformes 10,24 Gnorimopsar chopi Pássaro-preto Passeriformes 7,06 Paroaria dominicana Galo-da-campina Passeriformes 6,18 Sporophila schistaceae Papa-capim-cigarra Passeriformes 6,11 Oryzoborus angolensis Curió Passeriformes 5,92 Sporophila albogularis Brejal Passeriformes 3,23 Sporophila nigricollis Papa-capim Passeriformes 2,95 Sporophila plumbea Patativa verdadeira Passeriformes 2,90 Amazona aestiva Papagaio-verdadeiro Psittaciformes 2,74 Sporophila caerulescens Coleirinho Passeriformes 2,70

Quadro 3 – Descrição das 11 espécies de aves mais apreendidas no Brasil durante o ano de 2002

(IBAMA, 2002)

Com relação ao Estado de São Paulo especificamente, segundo relatório produzido pela

Polícia Militar Ambiental, observou-se um aumento do número de animais apreendidos, de

17.551 em 2001 para 25.111 em 2005. Constatou-se também que as aves representaram 98%

das apreensões realizadas no Estado, sendo os Passeriformes, os mais almejados pelo tráfico.

Isso porque além de possuírem um preço menor no mercado negro, em relação aos demais

animais, podem ser transportados em locais pequenos, dissimulados (SÃO PAULO, 2005).

As 10 espécies mais apreendidas no Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2005) encontram-se

descritas na quadro 4 e representam somente Passeriformes.

Espécie Nome Popular Ordem Quantidade (%)

Sicalis flaveola Canário-da-terra Passeriformes 20,6 Sporophila nigricollis Papa-capim Passeriformes 10 Saltator similis Trinca-ferro Passeriformes 5,6 Zonotrichia capensis Tico-tico Passeriformes 3,6 Cyanocompsa brissonii Azulão Passeriformes 2,6 Carduellis magellanicus Pintassilgo Passeriformes 2,6 Gnorimopsar chopi Pássaro-preto Passeriformes 2,1 Oryzoborus angolensis Curió Passeriformes 1,9 Sporophila lineola Bigodinho Passeriformes 1,9 Paroaria dominicana Galo-da-campina Passeriformes 1,4

Quadro 4 – Descrição das 10 espécies mais apreendidas pela Polícia Militar Ambiental no Estado de

São Paulo (SÃO PAULO, 2005)

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Além dos dados citados acima, o tenente Nassaro3 (2007), do Comando de Policiamento

Ambiental do Estado de São Paulo, afirma que somente cerca de 10% dos animais

apreendidos em São Paulo são provenientes da região, sendo a grande maioria oriunda de

outros Estados da Federação, especialmente aqueles situados no Nordeste e Norte do Brasil

(informação verbal).

Os números acima divulgados por RENCTAS (2001), IBAMA (BRASIL, 2002, 2005) e

São Paulo (2005) referentes ao número de apreensões realizadas, não podem ser considerados

registros exatos do número de animais retirados da natureza, pois durante os processos de

captura e comercialização ocorrem inúmeras perdas. Estima-se que para cada produto animal

comercializado, são mortos pelo menos 3 espécimes, e para o comércio de animais vivos, de

10 animais traficados apenas 1 sobrevive (REDFORD, 1992). Essas perdas ocorrem devido as

seguintes razões: animais que escapam feridos acabam vindo a óbito posteriormente; as peles

danificadas e os animais fora do “padrão” são descartados e as fêmeas são mortas durante a

captura dos filhotes, que muitas vezes também morrem (REDFORD, 1992), além do estresse

de captura e transporte e condições precárias a que são submetidos, dessa forma, todos estes

fatores acabam elevando o índice de mortalidade. Segundo RENCTAS (2001), todos os

animais traficados sofrem maus tratos, com exceção dos raros, que por sua vez são muito

valiosos, assim cerca de 80% das aves vêm a óbito (TOUFEXIS, 1993).

Segundo dados de IBAMA4 (1995 apud RENCTAS, 2001, p. 63), o panorama de

destinação dos animais apreendidos no Brasil, nos anos de 1999 e 2000, demonstra que 78%

são devolvidos à natureza, 9% são encaminhados aos centros de triagens, 4% ficam sob termo

de guarda voluntária, 2% para criadouros científicos, 1% para zoológicos, 1% vem a óbito e

5% possuem destino desconhecido. Assim o destino da maior parte dos animais apreendidos é

a soltura, que na maioria das vezes é realizada sem critérios científicos (RENCTAS, 2001),

sendo que em muitos casos a liberação ocorre em locais impróprios, ou seja, fora da área de

distribuição geográfica dos animais e sem a realização de avaliações sanitárias apropriadas,

sendo os efeitos dessas solturas desconhecidos (MARINI; GARCIA, 2005).

Os animais podem albergar uma série de organismos, incluindo, vírus, bactérias,

protozoários, helmintos e artrópodes que podem se tornar patogênicos em situações adversas,

como por exemplo, sob estresse, afetando não somente o animal libertado, mas os outros

3 Informação fornecida por Nassaro em São Paulo, em 2007.

4 IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Programa de combate

ao tráfico de animais silvestres no Brasil. Brasília: IBAMA, 1995.

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habitantes da região, incluindo o homem (WOODFORD, 2000).

Conforme Woodford e Rossiter (1993), Cunningham (1996) e Leighton (2002) a introdução,

translocação ou o retorno de animais reabilitados à natureza após manutenção em cativeiro

pode levar à introdução de doenças, gerando grandes impactos sobre as populações selvagens

e domésticas, já existindo vários exemplos de casos relatados no mundo (WOODFORD;

ROSSITER, 1993). No entanto, há poucos estudos sobre associação entre doenças e

translocação ou soltura de aves, sendo que os que existem estão baseados em evidências

circunstanciais (COOPER, 1993b).

Uma vez liberado na natureza, torna-se mais difícil a recaptura do animal ou o controle de

potenciais patógenos que ele venha a carrear, evidenciando assim a importância de se seguir

um protocolo exigente que auxilie na tomada de decisões e avalie o risco da soltura dos

animais (WOODFORD, 2000). Godoy (2006) propôs um modelo de protocolo sanitário para

Passeriformes brasileiros provenientes do tráfico, quando a soltura for apontada como a

melhor opção para a conservação da espécie. Tal protocolo foi elaborado após o estudo das

principais causas de morte desses animais, para melhor compreensão dos processos

patológicos e patógenos envolvidos.

As conseqüências do tráfico podem ter implicações sanitárias, econômicas, sociais e

ecológicas. Os animais apreendidos, devido ao grande estresse sofrido na captura e transporte,

podem apresentar quadros de imunossupressão e, consequentemente, manifestação e

transmissão de diversas doenças para outros animais silvestres, para animais domésticos e

para o homem. O comércio ilegal de animais silvestres pode ter um efeito economicamente

devastador, uma vez que movimenta uma quantia incalculável na economia ilegal do país,

sem deixar parcela alguma para os cofres públicos, além do prejuízo indireto às lavouras

brasileiras causado pela diminuição da fauna que atua no controle das pragas e prejuízos

ambientais devido ao uso de agrotóxicos para substituí-lo. Com relação às conseqüências

ecológicas, tem-se redução da abundância de espécies, aumentando o risco de extinção, sendo

que muitas são ainda pouco conhecidas, ou até mesmo a eliminação total delas, levando ao

desequilíbrio entre diversas espécies e consequentemente dos ecossistemas, culminando assim

para uma drástica redução da biodiversidade (RENCTAS, 2001; GODOY, 2006.

Portanto, nota-se que o comércio ilegal de animais silvestres e seus produtos vem

crescendo e especializando-se, tornando um dos principais problemas ambientais e

econômicos a ser resolvido no Brasil e no mundo. O controle e a regulação dessa atividade,

bem como o desenvolvimento de programas de proteção ambiental, poderiam ser realizados

pelo Governo Brasileiro em associação à comunidade científica, munidos de informações

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27

mais precisas acerca dessa atividade e da diversidade da fauna nativa. Evitando-se assim a

exploração inescrupulosa da fauna, levando-a ao extermínio e marginalizando uma parcela da

população que se envolve nesse processo ilegal como uma alternativa econômica e forma de

sobrevivência (RENCTAS, 2001).

3.4 PRINCIPAIS ENFERMIDADES DE PASSERIFORMES

As enfermidades de Passeriformes mantidos em cativeiro são bem conhecidas e

documentadas, incluindo doenças infecto-parasitárias, metabólicas, neoplásicas, intoxicações,

traumatismos, entre outras. Contudo, poucos são os estudos das afecções em aves de vida

livre, principalmente da fauna nacional. Pode-se citar como um exemplo destes o

desenvolvido por Godoy (2006), em que a maioria dos óbitos de Passeriformes brasileiros

oriundos do tráfico, foi em decorrência a processos infecciosos, sendo as infecções virais

responsáveis pelo maior número de perdas, seguida das infecções fúngicas, parasitárias,

bacterianas e mistas. Os processos não infecciosos somaram somente 8,6% dos casos

estudados, sendo classificados em óbitos decorrentes à caquexia, trauma, distúrbio metabólico

e obstrutivo.

Abaixo encontram-se algumas das afecções mais comuns em Passeriformes de cativeiro

segundo Macwhirter (1994), Dorrestein (1996, 1997, 2003), Gelis (2003), Gentz (2003),

Joseph (2003), Rosskopf (2003) e Matos e Morrisey (2005) e de vida livre, segundo

Kirkwood, Holmes e Macgregor (1995), Asterino (1996), Pennycott et al. (1998), Massey

(2003) e Godoy (2006).

3.4.1 Enfermidades bacterianas

As infecções bacterianas podem ser diagnosticadas pelo isolamento do agente associado às

alterações clínicas ou patológicas. Infecções secundárias são muito comuns em Passeriformes,

estando relacionadas às condições de higiene precária, manejo inadequado e

desbalanceamento nutricional (DORRESTEIN, 2003).

Page 29: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

28

3.4.1.1 Agentes Gram-Positivos

Infecções por bactérias cocos Gram-positivas, como as pertencentes ao gênero

Staphylococcus e Streptococcus são frequentemente vistas. Os sinais clínicos mais comuns

incluem abscessos, dermatites, pododermatites e conjuntivites, menos frequentemente

também se observa onfalite, sinusite, artrite, pneumonia, septicemia e óbito. Em canários,

Enterococcus faecalis está associada à traqueíte crônica, pneumonia e aerossaculite, causando

sintomatologia clínica similar ao ácaro de traquéia, Sternostoma tracheacolum

(DORRESTEIN, 1997; MACWHIRTER, 2004).

Tuberculose decorrente a Mycobacterium avium já foi relatada em diversas aves de vida

livre. Passeriformes são suscetíveis a Mycobacterium avium, sendo já detectada uma

incidência da infecção de 5,3% a 40% em Passeriformes capturados em fazendas cujos suínos

estavam infectados pela tuberculose (PLUM, 1942). Os sinais clínicos são inespecíficos e

variáves como atrofia muscular, emaciação, diarréia, poliúria e anemia (ASTERINO, 1996;

MACWHIRTER, 2004). As lesões macroscópicas incluem hepato e esplenomegalia, nódulos

esbranquiçados e amarelados de diversos tamanhos em fígado, baço, intestino, medula óssea e

outros tecidos (MACWHIRTER, 2004). Segundo Dorrestein (1997, 2003), os granulomas nos

tecidos raramente são vistos em Passseriformes. As lesões histopatológicas podem se

apresentar de duas formas: pequenos granulomas focais geralmente em pulmões ou grande

quantidade de bastonetes álcool-ácido resistentes em lâmina própria de intestino

(MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 2003).

Canários são particularmente suscetíveis a Listeria monocytogenes, adquirindo o agente

por via oral. Os sinais clínicos incluem torcicolo, tremores, paresia ou paralisia

(MACWHIRTER, 1994).

Erysipelothrix rhusiopathiae e Clostridium perfringens podem causas doenças em

Passeriformes, mas a infecção não acontece comumente (MACWHIRTER, 1994;

DORRESTEIN, 2003). Segundo Keymer (1959), os Passeriformes das famílias Emberizidae e

Fringillidae são suscetíveis a Erysipelothrix rhusiopathiae, cuja infecção está associada à

lesões necróticas em proventrículo, glândula adrenal e baço. Êmbolos bacterianos podem ser

observados em capilares de rim, fígado, baço, adrenal e músculo esquelético (MASSEY,

2003). Já Clostridium perfringens, ocorre comumente no solo e alimento contaminado, sendo

que em aves de cativeiro a mudança abrupta da dieta é o histórico mais comum observado em

surtos da doença. As lesões mais frequentes são enterite necrotizante e morte súbita, causadas

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29

pelas toxinas do microorganismo (MACWHIRTER, 1994; REAVILL, 1996a; FUDGE,

2001).

3.4.1.2 Enterobactérias e outros agentes Gram-Negativos

As enterobactérias são amplamente distribuídas no meio ambiente e fazem parte da

microbiota de muitos mamíferos e algumas aves, sendo normalmente consideradas patógenos

secundários (MACWHIRTER, 1994; FUDGE, 2001). Glunder (1981) examinou as fezes de

98 Passeriformes granívoros para Enterobacteriaceae e não isolou nenhum desses agentes em

82% das aves, sugerindo que as enterobactérias não façam parte da microbiota dessas aves.

No entanto, segundo Radwin e Lampky (1971) já se isolou tais agentes em Passeriformes

sadios e clinicamente doentes, aventando-se a hipótese da infecção ser adquirida através do

estreito contato com os humanos. De acordo com Guimarães (2007), o estudo da microbiota

de diversas aves mostrou a predominância de bactérias Gram-positivas com pouco ou nenhum

isolamento de enterobactérias.

Escherichia coli é uma enterobactéria que vem sendo associada a várias doenças em

Passeriformes incluindo diarréia, conjuntivite, rinite, onforites, salpingintes, metrite e

septicemia, sendo também encontrada em animais sem sintomatologia clínica

(MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997; FUDGE, 2001; JOSEPH, 2003). Considerada

como patógeno primário ou secundário, está relacionada à condições precárias de higiene,

dieta desbalanceada, problemas de manejo e imunossupressão da ave (GLUNDER, 1981;

DORRESTEIN, 1996, 1997; JOSEPH, 2003).

Enterobactérias do gênero Yersinia possuem distribuição mundial, sendo que duas

espécies, Yersinia enterocolitica e Y. pseudotuberculosis, possuem importância em aves. A

transmissão de ambas ocorre pela via fecal-oral. A infecção por Y. pseudotuberculosis é uma

causa comum de mortalidade aguda em Passeriformes presentes em cativeiro

(MACWHIRTER, 1994; REAVILL, 1996a; DORRESTEIN, 1996, 1997; JOSEPH, 2003).

Aves de vida livre podem atuar como importantes reservatórios de Y. pseudotuberculosis

(REAVILL, 1996a). Fatores estressantes que favorecem a diminuição da resistência e

imunocompetência do hospedeiro, como hipotermia, desnutrição e outras doenças, colaboram

para o desenvolvimento da doença clínica (WETZLER, 1971; OBWOLO, 1976; THOEN;

KARLSON, 1984). Existem duas formas da doença em aves silvestres, a aguda e a crônica,

Page 31: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

30

sendo esta última a mais comum em Passeriformes. A forma aguda é caracterizada por

septicemia, pneumonia fibrinosa, esplenomegalia e necrose hepática aguda, enquanto a

crônica apresenta focos de cáseos miliares no fígado, baço, duodeno e ceco (FUDGE, 2001;

DORRESTEIN, 2003). Os sinais clínicos são inespecíficos, incluindo anorexia, perda de

peso, penas arrepiadas, diarréia, dispnéia, incoordenação e morte súbita, sendo que em

passeriformes, nota-se uma esplenomegalia evidente. Durante a necropsia os achados

macroscópicos característicos são enterite, tiflite, congestão e abscessos em fígado e baço e

pneumonia catarral (WETZLER, 1971; RHOADES; RIMLER, 1984; MACWHIRTER, 1994;

REAVILL, 1996a; DORRESTEIN, 1996, 1997).

O gênero Salmonella possui distribuição cosmopolita, podendo causar infecções primárias

ou secundárias. Já foi isolada de aves domésticas e silvestres de vida livre e cativeiro, sendo S.

typhimurium a espécie mais comum em psitacídeos e aves de vida livre (GLUNDER, 1981;

STROUD; FRIEND, 1987; REAVILL, 1996a; FUDGE, 2001; JOSEPH, 2003). Passeriformes

de vida livre podem atuar como reservatório do agente, transmitindo-o para outras aves e

animais e humanos, uma vez que possuem grande proximidade com os mesmos, além do fato

de permanecerem em bando (ALLEY et al., 2002; ASTERINO, 1996; TIZARD, 2004).

Muitas aves podem não apresentar sinais clínicos de infecção, mas atuarem como

carreadores do patógeno (STEELE; GALTON, 1971). Morishita et al. (1999) isolaram

Salmonella em 7,1% de esturnídeos e 1,07% de pardais sadios, enquanto que em um estudo

mais recente de Kirk, Holmberg e Jeffrey (2002) Salmonella foi encontrada em mais de 800

passeriformes estudados, incluindo pardais, turdídeos, esturnídeos e fringilídeos. Refsum et

al. (2002), coletaram amostras de 1990 Passeriformes saudáveis, principalmente fringilídeos,

em áreas de alimentação na Noruega entre 1999 e 2000, isolando o sorotipo Typhimurium em

2%. Refsum et al. (2003), no mesmo período, diagnosticaram S. typhimurium em 94 (64,6%)

passeriformes encontrados mortos, cujos achados patológicos foram esplenomegalia, necrose

de inglúvio, esôfago, fígado, baço, proventrículo e intestino. Em um estudo que investigou a

causa de morte de 116 fringílideos e emberizídios de vida livre de diversas regiões do Reino

Unido, isolou-se S. typhimurium e/ou E.coli em tecidos de diversas aves, sendo encontrado

múltiplos nódulos amarelados, compatíveis com salmonelose em 41 de 49 Carduelis chloris,

sendo observado também hepatomegalia com múltiplas áreas de necrose focal e

esplenomegalia com nódulos amarelados (PENNYCOTT; ROSS; MCLAREN, 1998).

Salmonella vem sendo isolada de Passeriformes doentes desde 1957, sendo que os surtos

mais significativos de Salmonelose em aves silvestres ocorreram em passeriformes de vida

livre, estando associados à contaminação de áreas de alimentação (FADDOUL; FELLOWS,

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31

1966; WILSON; MCDONALD, 1967; KIRKWOOD; HOLMES; MACGREGOR, 1995;

DAOUST et al., 2000; ALLEY et al., 2002; TIZARD, 2004). A colocação de comedouros em

jardins para alimentação de Passeriformes de vida livre vem se tornando cada vez mais

comum em países como Estados Unidos, e está relacionada a alguns surtos de salmonelose

nestas aves, já que os animais que carreiam o agente acabam defecando e contaminando os

comedouros, infectando assim outras aves que se alimentaram no local (TIZARD, 2004).

Salmonella typhimurium var copenhagen é comumente isolada em Passeriformes

europeus da família Emberizidae e Fringilidae, desenvolvendo ingluvite granulomatosa

característica, que pode ser confundida com candidíase ou capilaríase (MACWHIRTER,

1994). As lesões histológicas não são específicas e incluem inflamação intestinal, presença de

fibrina, agregado bacteriano e necrose focal em coração, pulmão, fígado, baço e rim

(MACWHIRTER, 1994; REFSUM et al., 2003). Salmonella spp. também foi isolada em

casos de osteomielite e granulomas subcutâneos em canários (MACWHIRTER, 1994).

Segundo Guimarães e Godoy (2001), no Brasil, salmonelose é responsável pela morte de

muitos canários-da-terra (Sicalis flaveola) e pintassilgos (Carduelis magellanicus) de

cativeiro. A transmissão do agente se dá pela ingestão de alimento e água contaminados ou

por contato direto com partículas fecais aerosolizadas ou pó das penas. Os sinais clínicos

incluem depressão, letargia, anorexia, perda de peso, diarréia, formação de abscessos,

convulsão, desidratação, estase de inglúvio e morte súbita. As lesões clássicas são

hepatomegalia, esplenomegalia, pneumonia e enterite catarral à hemorrágica (FADDOUL;

FELLOWS, 1966; WILSON; MCDONALD, 1967; REAVILL, 1996a).

Citrobacter sp é um invasor secundário pertencente à família Enterobacteriaceae,

associado à septicemia aguda e óbito em fringilídeos e emberizídeos (GERLACH, 1994b;

MACWHIRTER, 1994).

Klebsiella, Pasteurella e Haemophilus sp ocasionalmente são encontrados em

Passeriformes, sendo o segundo associado à septicemia aguda decorrente a mordedura de

mamíferos, principalmente gatos domésticos (MACWHIRTER, 1994; REAVILL, 1996a;

DORRESTEIN, 1996, 1997, 2003). Aves silvestres encontradas mortas, com isolamento

positivo para esse agente, apresentaram hepato e esplenomegalia, congestão hepática,

esplênica e cerebral, enterite hemorrágica, perda de peso e hepatização pulmonar

(FADDOUL; FELLOWS; BAIRD, 1967).

Enterobacter são enterobactérias presentes nas aves e no meio ambiente, capazes de

causar infecção primária ou secundária. Já foi isolada em culturas fecais de Passeriformes

Page 33: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

32

granívoros, sendo que é necessária a imunossupressão da ave para o desenvolvimento da

doença (GLUNDER, 1981; REAVILL, 1996a; BARNES, 2003; JOSEPH, 2003).

O gênero Proteus pertence à família Enterobacteriaceae e habita o trato intestinal terminal

das aves (BARNES, 2003). Está amplamente distribuído na natureza e sob condições

favoráveis pode se tornar um agente oportunista (KRIEG; HOLT, 1984). Há relatos de causar

artrite, salpingite, aserossaculite e septicemia em aves silvestres aquáticas (BARNES, 2003).

Espécies de Campylobacter como C. jejuni, C. coli, C. fetus e C. laridis já foram

encontradas em várias espécies de aves, sendo a primeira mais frequentemente isolada.

Acredita-se que aves de vida livre atuem como reservatório significativo na manutenção e

disseminação de C. jejuni (MACWHIRTER, 1994; CASANOVAS et al., 1995; REAVILL,

1996a). Na Europa, infecção por C. fetus foi relatada como um problema comum em

Passeriformes tropicais da família Estrildidae (África, Ásia e Austrália), cuja sintomatologia

observada foi apatia, fezes volumosas e esbranquiçadas e alta mortalidade de jovens

(MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996; REAVILL, 1996a; DORRESTEIN, 1996, 2003).

A transmissão ocorre por contato fecal e aerossóis, fômites contaminados e vetores infectados

(REAVILL, 1996a).

Pseudomonas compreende um gênero de bactérias não entéricas, com distribuição

mundial, podendo ser isolada do solo e água, atuando como agentes oportunistas nas aves. As

infecções estão associadas às alterações do sistema respiratório além de panoftalmite, sinusite

enoftalmia, ingluvite e septicemia (MACWHIRTER, 1994; REAVILL, 1996a; FUDGE,

2001).

Aeromonas sp está amplamente distribuída em ambientes aquáticos, parecendo ser um

patógeno oportunista em aves, cujo processo patológico pode ter início mediante situações de

estresse, ambiente com altas temperaturas e infecções bacterianas concomitantes,

especialmente por Salmonella sp (REAVILL, 1996a; FUDGE, 2001). Há registros de

isolamento de Aeromonas hydrophila em Passer domesticus (pardal), e canários parecem ser

suscetíveis ao agente, apresentando diarréia, perda de peso, penas arrepiadas e morte, sendo

que no exame necroscópico pode-se observar enterite com secreção mucosa

(MACWHIRTER, 1994; REAVILL, 1996a).

3.4.1.3 Outros agentes

Page 34: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

33

Passeriformes são menos suscetíveis à clamidiose do que Psittaciformes, e assim como em

outras aves silvestres, a clamidiosose nestas aves pode ser inaparente, sendo que os animais

contraem a infecção e tornam-se carreadores assintomáticos, atuando como potenciais

reservatórios do agente (PAGE, 1976; LOCKE, 1987b; MACWHIRTER, 1994). Durante um

surto de clamidiose no Texas (E.U.A), 65% de turdídeos e 27% de passerídeos apresentaram

positividade (PAGE, 1976). Clamydophila psittaci é isolada a partir de excrementos de

emberizídeos e fringilídeos normais que entraram em contato com psitacídeos com sinais

clínicos de Clamidiose. Segundo Dorrestein (1996, 1997, 2003) a taxa de incidência anual da

doença em canários está entre 0 e 1,4%, sendo a sintomatologia inespecífica, podendo incluir

letargia, diarréia, prostração, exsudato nasal e conjutivite. Deve-se suspeitar da doença os

Passeriformes com sinais respiratórios recorrentes, especialmente se foram expostos a

psitacídeos (MACWHIRTER, 1994). As lesões necroscópicas incluem hepatomegalia,

esplenomegalia, aerossaculite e exsudato fibrinoso em sacos aéreos e vísceras (PAGE, 1966;

LOCKE, 1987b).

Mycoplasma sp já foi isolado de canários com conjuntivite, ruídos e sinais respiratórios,

inclusive de vida livre (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997; NOLAN;

DUCKWORTH; HILL, 2000). Uma epidemia de conjuntivite associada à mortalidade de

Passeriformes de vida livre da região oriental dos Estados Unidos foi registrada pela primeira

vez em 1994. Os sinais clínicos incluíram conjuntivite uni ou bilateral moderada à severa com

exsudato nasal mucopurulento, sendo M. gallisepticum isolado e identificado como o agente

etiológico (LEY; BERKHOFF; MCLAREN, 1996; HARTUP et al., 2001). Segundo Kleven e

Fletcher (1983), pode ocorrer a transmissão entre Passeriformes e frangos e de acordo com

Hartup e Kollias (2000), já foi confirmado o isolamento de M. gallisepticum em ninhos de

Passeriformes, o que implica no fato dos pais atuarem como fonte de infecção.

3.4.2 Enfermidades fúngicas

A identificação de leveduras do gênero Candida a partir de “swabs” fecais em

Passeriformes deve ser avaliada cuidadosamente, pois é comum o seu encontro nas fezes, já

que são agentes pertencentes à microbiota gastrintestinal (MACWHIRTER, 1994).

Candida albicans é ocasionalmente associada à infecções em trato gastrintestinal,

particularmente em aves imunossuprimidas ou neonatos alimentados no bico. Os sinais

Page 35: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

34

característicos da doença são vômito, anorexia, perda de peso e diarréia. Espessamento da

mucosa de ventrículo recoberto por material esbranquiçado é comum. Candidíase sistêmica

também já foi relatada em canários (MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996; JOSEPH,

2003).

Aspergilose pode causar perda de peso, doença respiratória, anorexia, vômito e diarréia

em pássaros infectados. Imunossupressão, normalmente decorrente de desnutrição,

acompanhada de contaminação ambiental são os fatores primários para o desenvolvimento da

doença. Aves de vida livre capturadas encontram-se frequentemente sob condições de

estresse, sendo mantidas em ambientes com péssimas condições de higiene, não sendo de se

estranhar a presença da enfermidade entre esses animais. Aspergilose também é um achado

comum post mortem em mortes esporádicas de aves de vida livre. A maioria dos

Passeriformes é suscetível ao agente (MACWHIRTER, 1994; JOSEPH, 2003). Achados

necroscópicos revelam emaciação, nódulos caseosos amarelados em pulmões e sacos aéreos,

completa destruição de lobo pulmonar por crescimento fúngico e extensos cáseos envolvendo

rins (ASTERINO, 1996).

Segundo Gentz (2003), Megabactéria trata-se de um organismo mais relacionado aos

agentes fúngicos do que bacterianos. Há relatos de infecção em diversos fringilídeos e

canários, sendo o agente normalmente encontrado na zona de transição entre proventrículo e

ventrículo. A forma crônica da Megabacteriose é a mais comum, sendo o óbito decorrente à

desnutrição.

Dermatomicoses raramente acometem aves, causando na maioria das vezes alopecia e

hiperqueratose. Microsporum gallinae e Trichophyton sp são os mais freqüentes.

Traumatismos e infecções bacterianas predispõem os agentes fúngicos presentes em pele a

desenvolver a doença (MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996).

Mucormicoses são identificadas causando múltiplos granulomas fúngicos em pulmão,

fígado e cérebro de fringilídeos e canários. No exame histopatológico hifas fúngicas são

normalmente vistas em paredes de vasos sanguíneos (MACWHIRTER, 1994).

Criptococose sistêmica ou respiratória raramente é diagnosticada, mesmo o organismo

sendo isolado a partir de fezes de canários, estando associado à mortes em alguns fringilídeos

(MACWHIRTER, 1994).

3.4.3 Enfermidades virais

Page 36: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

35

A aparência clínica da Poxvirose em Passeriformes depende da virulência do agente,

modo de transmissão e suscetibilidade do hospedeiro (JOSEPH, 2003). Poxvirose é um

problema comum em pássaros de cativeiro e de vida livre (GENTZ, 2003). A doença pode se

apresentar de três formas, sendo possível ocorrer simultaneamente. A forma cutânea pode

iniciar com conjuntivite e blefarite, desenvolvendo-se para pápulas e nódulos em pele,

principalmente aptéricas. A forma diftérica resulta na formação de membrana necrótica

recobrindo cavidade oral e laringe. A forma respiratória apresenta-se através de pneumonia,

aerossaculite, bronquite e hemorragia pulmonar. Em todas as formas, corpúsculos de Bolinger

(intracitoplasmáticos) estão presentes nos tecidos acometidos, sendo patognomônicos da

doença (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997; JOSEPH, 2003).

Paramixovírus pode levar a alta morbilidade e mortalidade em aviários. Há 9 sorotipos do

agente, sendo que o 1, 2 e 3 estão associados à doenças em Passeriformes (MACWHIRTER,

1994; JOSEPH, 2003). O sorotipo 1 causa a Doença de Newcastle. Os sinais clínicos da

Paramixovirose em pássaros são conjuntivite, anorexia, diarréia, fezes volumosas e não

digeridas, dispnéia e raramente sinais neurológicos. Achados necroscópicos incluem edema

pulmonar, atrofia pancreática e palidez de miocárdio. Corpúsculos de inclusão podem ser

encontrados em cérebro, pâncreas e coração (JOSEPH, 2003).

Infecções por Poliomavírus estão associadas à alta morbilidade e mortalidade de

fringilídeos. Adultos assintomáticos podem ser carreadores do vírus, transmitido-o aos jovens.

Os achados necroscópicos e histopatológicos são hepatomegalia, miocardite, hemorragia

hepática, perirenal e em subserosa e serosa intestinal (JOSEPH, 2003). Corpúsculos de

inclusão intranucleares são vistos em baço, rim, coração, fígado e trato gastrintestinal

(MACWHIRTER, 1994).

Papilomavírus é encontrado frequentemente em fringilídeos e causam proliferação

epitelial em pele de membros pélvicos e pés. Superfícies dorsal e plantar de membros pélvicos

em regiões aptéricas apresentam projeções epiteliais, sendo que pode haver a perda de dígitos

em infecções graves (JOSEPH, 2003).

Há relatos de Citomegalovírus em alguns fringilídeos, causando conjuntivite e alterações

respiratórias. Corpúsculos de inclusão intranucleares podem ser vistos em fígado, conjuntiva e

esôfago (MACWHIRTER, 1994; JOSEPH, 2003).

3.4.4 Enfermidades parasitárias

Page 37: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

36

Doenças parasitárias são comuns em Passeriformes, incluindo infecções por protozoários,

hemoparasitas, helmintos e infestações por ectoparasitas.

Segundo Dorrestein (2003) e Joseph (2003), as enfermidades por protozoários mais

comuns nessas aves são Atoxoplasmose, Coccidiose, Criptosporidiose, Toxoplasmose,

Tricomoníase, Giardíase e Cochlosomíase.

Coccidiose pode ser assintomática ou associada à diarréias, sendo causada, em

Passeriformes, principalmente por coccídias do gênero Isospora. Ocorre frequentemente em

animais jovem ou imunossuprimidos, submetidos à condições de estresse (MACWHIRTER,

1994; JOSEPH, 2003).

Atoxoplasmose tem sido relatada em diversos Passeriformes, porém a taxonomia do

agente vem sendo amplamente discutida. Alguns autores acreditam tratar-se de parasitas de

espécies diferentes dos causadores da coccidiose (MACWHIRTER, 1994), enquanto outros

afirmam que na verdade, são espécies de Isospora, porém com uma parte do ciclo extra-

intestinal (DORRESTEIN, 1997; JOSEPH, 2003).

Criptosporidiose já foi associada à mortes agudas caracterizadas por diarréias severas em

fringilídeos (MACWHIRTER, 1994). Na necropsia observa-se metaplasia e hiperplasia de

células epiteliais de proventrículo e depósito amilóide. Alterações em sistema respiratório e

urinário também já foram relatadas (JOSEPH, 2003).

Toxoplasmose ocorre ocasionalmente em Passeriformes, sendo que na fase aguda, há

sintomatologia respiratória severa. A via de infecção não é bem conhecida, mas acredita-se

que as aves ingiram oocistos dos hospedeiros definitivos, os gatos domésticos. Exame

macroscópico pode revelar hepato e esplenomegalia, pneumonia catarral severa e miosite de

musculatura peitoral (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997).

Tricomoníase, Giradíase e Cochlosomíase são causadas por protozoários flagelados que

infectam o trato gastrintestinal, estando associados à regurgitação, diarréia e emaciação

(MACWHIRTER, 1994; JOSEPH, 2003).

Sarcocystis sp são comuns em musculatura peitoral de Passeriformes de diversas regiões,

podendo atuar como hospedeiros intermediários dos parasitas. Normalmente não são

patogênicos, representando achados de necropsia (MACWHIRTER, 1994).

Os hemoparasitas mais frequentemente encontrados são Hemoproteus sp, Leucocytozoon

sp, Trypanosoma sp, Plasmodium sp e microfilárias (DORRESTEIN, 2003). Normalmente

são detectados em exames rotineiros de aves sadias, porém estão associados à causas

primárias de doenças. Plasmodium sp está associado à malária aviária, enquanto Hemoproteus

sp e Leucocytozoon sp causam sintomatologia discreta ou inaparente. Microfilárias e

Page 38: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

37

nematódeos filarídeos são relatados com baixa freqüência em Passeriformes, sendo que a

maioria das infecções não está relacionada à doenças (MACWHIRTER, 1994).

A maioria das infecções por helmintos não é tão significativa em Passeriformes, ocorrendo

com mais freqüência nos insetívoros (DORRESTEIN, 2003). Os parasitas envolvidos são:

nematódeos, cestódeos, trematódeos e acantocéfalos (MACWHIRTER, 1994).

Os nematódeos incluem espécies de Ascaridia, Capillaria, espirurídeos, nematódeos

oculares e respiratórios. Os ascarídios mais importantes pertencem aos gêneros Ascaridia e

Porrocecum. Capillaria sp são cosmopolitas e afetam várias espécies de pássaros. Os

espirurídeos parasitam proventrículo e ventrículo, como Dispharynx sp e Spiroptera sp. Os

nematódeos oculares e respiratórios com maior destaque são respectivamente Oxyspirura

mansoni e Syngamus trachea (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 2003; JOSEPH,

2003).

Os ectoparasitas mais relevantes são os ácaros hematófagos (Dermanyssus gallinae e

Ornithonyssus sylviarum), cutâneos (espécies de Baclericheyla e Epidermoptes), das penas

(espécies de Syringophylus e Dermoglyphus) e de sacos aéreos (Sternostoma tracheacolum)

(MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997). Piolhos do grupo Amblycera não são

específicos a uma região do corpo das aves, movendo-se rapidamente, enquanto aqueles

pertencentes ao grupo Ischnocerca são mais adaptados a uma região específica

(MACWHIRTER, 1994).

3.4.5 Doenças Metabólicas

Doenças por depósitos de ferro ou hemocromatose vêm sendo observadas frequentemente

em alguns Passeriformes como quetzals, mainás, aves do paraíso e esturnídeos. Os sinais

clínicos incluem regurgitação, dispnéia, perda de peso e síncopes, acompanhadas por

hepatomegalia e ascite. Durante exame histopatológico, hemocromatose precisa ser

diferenciada de hemossiderose, pois na última as lesões são pontuais, enquanto na primeira

são bem evidentes e caracterizadas por congestão, necrose focal, infiltrado inflamatório e

fibrose (MACWHIRTER, 1994; GENTZ, 2003). Algumas neoplasias como linfossarcoma e

carcinoma hepatocelular estão associadas às doenças por depósitos de ferro (MACWHIRTER,

1994).

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38

Lipidose ou esteatose hepática tem sido vista ocasionalmente em fringilídeos, sendo sua

etiologia multifatorial: desnutrição, doenças debilitantes, obesidade e infecções. O fígado

apresenta-se edematoso, amarelado e quando colocado em formol pode flutuar

(MACWHIRTER, 1994).

3.4.6 Neoplasias

Passeriformes apresentam baixa incidência de tumores, cerca de 0,1 a 1%. Já foram

relatados adenomas associados a Poxvírus, adenocarcinomas, papilomas, osteosarcomas e

linfosarcomas (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1997; GENTZ, 2003).

3.4.7 Intoxicações

Passeriformes são particularmente suscetíveis à toxinas inalantes como monóxido de

carbono, uma vez que possuem sistema respiratório mais eficiente (MACWHIRTER, 1994).

Também há na literatura relatos de intoxicações por carbamatos, organosfosforados e metais

pesados (MACWHIRTER, 1994; MASSEY, 2003).

3.4.8 Traumatismos

Colisões em obstáculos como automóveis, vidraças e mordedura de mamíferos como

gatos, cães e ratos são alguns dos exemplos mais comumente encontrados em Passeriformes

de vida livre, levando frequentemente à hematomas,hemorragias, fraturas, ruptura de órgãos,

traumatismos cranianos, infecções e septicemias (GENTZ, 2003; MATOS; MORRISEY,

2005; CHACE; WALSH, 2006).

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39

4 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo baseou-se nas análises qualitativa e predominantemente quantitativa dos

processos de morbidade e mortalidade que acometem Passeriformes de vida livre e oriundos

do tráfico, através da associação de informações referentes ao histórico da ave, diagnósticos

necroscópico, histopatológico, microbiológico, parasitológico e de outros exames

complementares, quando necessários e disponíveis.

4.1 ANIMAIS

Foram estudadas aves da ordem Passeriformes, de vida livre e oriundas do tráfico de

animais silvestres, que vieram a óbito ou foram submetidas à eutanásia, encaminhadas ao

Parque Ecológico do Tietê – Núcleo Engenheiro Goulart/São Paulo e à Divisão Técnica de

Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio

Ambiente da Prefeitura Municipal de São Paulo (DEPAVE-3).

O Parque Ecológico do Tietê - Núcleo Engenheiro Goulart fica situado na zona leste de

São Paulo e foi inaugurado em 1982 com a finalidade de preservar as várzeas do rio Tietê e

combater as enchentes na região metropolitana da Grande São Paulo. Como parte de sua

estrutura ambiental, possui o Centro de Recepção de Animais Silvestres (C.R.A.S.) “Orlando

Villas Boas” ao qual são destinados, mensalmente cerca de 250 animais da fauna silvestre

oriundos de apreensões do tráfico ilegal, realizados pela polícia ambiental, IBAMA e doação

de particulares (PARQUE ECOLÓGICO DO TIETÊ, 2001).

O DEPAVE-3 surgiu em 1991, oficializando-se como divisão técnica em 1993, com

destaque às atribuições de atendimento médico veterinário curativo e preventivo com

acompanhamento biológico de animais silvestres, e o inventariamento da fauna do Município

de São Paulo. São encaminhados à instituição animais silvestres recolhidos por munícipes ou

apreendidos pela Polícia Florestal, IBAMA, Corpo de Bombeiros e Centro de Controle de

Zoonoses. Os problemas de saúde mais freqüentes são decorrentes de atropelamentos,

queimadas, colisões, caçadas, agressões e maus tratos humanos, sendo que já foram atendidos

aproximadamente 13.800 animais desde abril de 2000 (SÃO PAULO, 2000).

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40

As instituições acima foram contactadas no início do estudo e orientadas a preencherem

uma ficha padronizada com informações referentes à identificação da espécie, sexo, idade,

procedência, origem, data de entrada e de óbito, cadastro, condições de encontro, diagnóstico

clínico, tratamento e exames complementares realizados, quando qualquer espécie de

Passeriforme viesse a óbito.

4.1.1 Identificação

A identificação das aves quanto à espécie e família foi baseada e confirmada segundo Sick

(1997) e Sigrist (2005). A faixa etária foi determinada conforme características da plumagem

e desenvolvimento de gônadas, sendo classificadas em filhote (plumagem incompleta e

imaturidade de gônadas); jovem (plumagem juvenil incompleta e imaturidade de gônadas) e

adulto (plumagem adulta completa e maturidade de gônadas). Com relação ao sexo, a

classificação para as espécies que não possuíam dimorfismo sexual, foi determinada através

da observação das gônadas. O sexo foi considerado indeterminado quando a sexagem não foi

possível de ser realizada devido à imaturidade das gônadas.

4.1.2 Origem

As aves estudadas foram classificadas quanto à sua origem em dois grupos: Passeriformes

de vida livre residentes na zona metropolitana do município de São Paulo e oriundos do

tráfico.

Considerou-se de vida livre, aqueles animais que foram entregues às instituições por

munícipes, cujo relato era de ter encontrado a ave debilitada em ruas, parques, residências ou

mesmo sendo ameaçada por outros animais, permanecendo em cativeiro por um tempo não

prolongado ou na maioria dos casos, sendo encaminhada imediatamente.

As aves oriundas do tráfico foram consideradas aquelas apreendidas na zona

metropolitana de São Paulo, por órgãos oficiais como IBAMA, Polícia Ambiental e Corpo de

Bombeiros em “feiras de rolo”, domicílio, através de denúncias ou entrega voluntária,

permanecendo um período desconhecido em cativeiro.

Page 42: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

41

4.1.3 Histórico clínico

Através do recebimento das fichas preenchidas pelas instituições, agrupou-se os sintomas

apresentados pelas aves em: inespecífico, traumático, respiratório, digestório, neurológico,

dermatológico e animais recebidos mortos (Quadro 5).

Sintomas Achados clínicos

Inespecífico Prostração, anorexia, hiporexia, hipotermia, penas arrepiadas, asas caídas, decúbito

Traumático Hematomas, hemorragias, fraturas, feridas Respiratório Dispnéia, secreção nasal, obstrução coanas e seios nasais Digestório Diarréia, hepatomegalia Neurológico Ataxia, convulsão, movimentos incoordenados de cabeça Dermatológico Formações verrucosas, hiperqueratose Recebidos mortos

Animal recebido morto pela instituição

Quadro 5 – Classificação dos sintomas conforme os achados clínicos apresentados

4.2 PROTOCOLO DE ESTUDO

O protocolo de estudo baseou-se primeiramente na coleta dos Passeriformes que vieram a

óbito ou foram eutanasiados nas instituições descritas anteriormente, com posterior

identificação ou confirmação da espécie. Em seguida realizou-se a biometria e os exames

necroscópico, histopatológico, e quando necessário, exames microbiológico, parasitológico,

citológico, colorações especiais de cortes histopatológicos e análise ultraestrutural. Todas as

informações foram anotadas em fichas padronizadas (Apêndice A) e estão disponíveis no

banco dados em CD-ROM.

4.2.1 Biometria

Page 43: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

42

A biometria é tradicionalmente muito utilizada em taxonomia, para identificação de

espécies, também sendo útil na avaliação da condição geral de carcaças, pois poderá fornecer

informações sobre o estado geral do animal enquanto vivo (COOPER, 2005a). No presente

estudo, foram utilizadas medidas como: peso, comprimento total com e sem penas,

comprimento e largura da cabeça, comprimento do cúlmen exposto, comprimento do bico à

narinas, largura e altura do bico, comprimento das asas com penas e sem penas, comprimento

das asas fechadas, comprimento da cauda, comprimento dos tarsos, comprimento dos dedos

médio com ou sem unhas (BALDWIN; OBERHOLSER; WORLEY, 1931; SICK, 1997).

4.2.2 Exame necroscópico

As necropsias foram realizadas em até 24 horas do óbito do animal, conforme técnica

padrão para aves, descrita por Strafuss (1988), Latimer e Rakich (1994) e Matushima (2007)

no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Silvestres do Departamento de Patologia

da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

(LAPCOM/VPT/FMVZ/USP).

O exame necroscópico foi dividido em externo e interno. No exame externo foram

avaliados: condição corpórea, empenamento, tecido cutâneo, musculatura peitoral, cavidade

oral, bico, narinas, olhos, ouvidos, cloaca, pés, unhas e realizada a palpação esquelética. A

condição corpórea de cada ave foi classificada em obesa, boa, magra e caquética, segundo as

características descritas (Quadro 6).

Classificação Características Obesa Musculatura peitoral bem desenvolvida e acúmulo excessivo de tecido

adiposo em cavidade celomática e tecido subcutâneo Boa Musculatura peitoral desenvolvida e presença de acúmulo de tecido adiposo

em cavidade celomática e tecido subcutâneo Magra Atrofia de musculatura peitoral, quilha proeminente e ausência de acúmulo de

tecido adiposo Caquética Atrofia severa de musculatura peitoral, quilha proeminente e ausência de

acúmulo de tecido adiposo Quadro 6 – Classificação da condição corpórea das aves segundo as características encontradas

Page 44: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

43

No exame interno avaliou-se coloração, tamanho, superfície, formato, consistência,

textura, conteúdo e odor de diversos órgãos.

4.2.3 Exame histopatológico

Durante o exame necroscópico foram colhidos fragmentos de todos os órgãos, com no

máximo 2 cm3 e fixados em solução de formol a 10% (Anexo C), para posterior secção em

fragmentos de até 1 cm3 (MATUSHIMA, 2007), os quais foram enviados ao Laboratório de

Histologia do VPT/FMVZ/USP. O processamento laboratorial consistiu das etapas de

desidratação, diafanização, impregnação pela parafina, inclusão dos fragmentos, obtenção dos

cortes histológicos de aproximadamente 5 µm através do micrótomo, estendimento e colagem

dos cortes em lâminas de vidro e por fim, a coloração pela hematoxilina e eosina (HE)

(MICHALANY, 1981; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999; GARTNER; HIATT, 2003;

PIRES; TRAVASSOS; GARTNER, 2004). As lâminas foram examinadas ao microscópio de

luz em objetivas de 4x, 10x, 40x e 100x.

4.2.4 Exame microbiológico

Na maioria das aves, que durante a realização da necropsia notou-se alterações

macroscópicas compatíveis com processos inflamatórios ou infecciosos, realizou-se exames

microbiológicos de sangue cardíaco, fragmentos e “swabs” de órgãos, na dependência do tipo

de lesão, órgão acometido e levando-se em consideração o histórico clínico disponível. As

amostras foram enviadas ao Setor de Microbiologia pertencente ao

LAPCOM/VPT/FMVZ/USP e ao Laboratório de Micologia do Instituto de Ciências

Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), este último para continuidade da

identificação de agentes fúngicos. Os agentes bacterianos foram identificados segundo normas

de classificação preconizadas por Krieg e Holt (1986), Sneath et al. (1986) e Koneman et al.

(2001) e os agentes fúngicos, segundo Koneman et al. (2001).

As amostras de sangue cardíaco foram obtidas de maneira asséptica, próxima ao bico de

Bunsen, imediatamente após a retirada do esterno da ave, através de punção cardíaca com

Page 45: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

44

seringa e agulha descartáveis e acondicionadas em meio para hemocultura (Hemocult®). O

meio foi incubado a 37°C por 24 horas em estufa bacteriológica e alíquotas deste foram

plaqueadas em ágar sangue (Blood Agar Base, DifcoTM) e ágar MacConkey (DifcoTM), sendo

incubadas novamente na mesma temperatura e período mencionados, em condições de

aerobiose. Caso não houvesse crescimento, novo plaqueamento era realizado, sendo as placas

incubadas na mesma temperatura e sob mesmas condições, durante 48 a 72 horas.

Considerou-se resultado negativo amostras em que não houve o crescimento de colônias

bacterianas. Em casos em que houve o crescimento, as colônias foram descritas conforme

características fenotípicas (coloração, textura, brilho, presença ou ausência de véu e hemólise

em ágar sangue), submetidas à coloração de Gram e posterior identificação bioquímica. A

identificação presuntiva de bactérias Gram-negativas foi realizada através do meio TSI (Triple

Sugar Iron, DifcoTM). Enterobactérias foram identificadas por meio de provas bioquímicas

específicas e, quando necessário, utilizou-se o sistema API 20 E (Biomérieux®). Bactérias

Gram-negativas não fermentadoras foram identificadas através de provas bioquímicas e,

quando necessário, o sistema API 20 NE (Biomérieux®). Bactérias Gram-positivas foram

testadas quanto à catalase e identificadas por meio de provas bioquímicas específicas.

Os fragmentos de órgãos foram coletados de maneira asséptica, próximo ao bico de

Bunsen, utilizando-se material cirúrgico esterilizado, sendo acondicionados em placa de Petri

estéril e mantidos sob refrigeração até seu processamento em no máximo 12 horas. Cada

fragmento foi triturado isoladamente em cadinho estéril com solução salina estéril a 0,85% e

plaqueado em ágar sangue (Blood Agar Base, DifcoTM) e ágar MacConkey (DifcoTM). As

placas foram incubadas em condições de aerobiose em estufa bacteriológica a 37°C por 24 a

72 horas. As colônias bacterianas isoladas foram submetidas ao mesmo procedimento de

identificação descrito anteriormente para as amostras de sangue cardíaco.

Os “swabs” foram semeados em ágar sangue (Blood Agar Base, DifcoTM) e ágar

MacConkey (DifcoTM), sendo as placas incubadas em condições de aerobiose em estufa

bacteriológica a 37°C por 24 a 72 horas. As colônias bacterianas isoladas foram submetidas

ao mesmo procedimento de identificação descrito anteriormente para as amostras de sangue

cardíaco.

Simultaneamente para a pesquisa de fungos, amostras de sangue cardíaco, “swabs” e

fragmentos de tecidos foram semeados em tubos com meio de ágar Sabouraud-Dextrose

(Sabouraud Dextrose Agar, DifcoTM), acrescidos de antibiótico cloranfenicol e incubados à

temperatura ambiente, sendo realizadas leituras semanais até o décimo quinto dia. Após o

crescimento em Sabouraud, primeiramente foi feito o exame direto com corante azul de

Page 46: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

45

lactofenol azul-algodão para confirmação de agente fúngico, uma vez que algumas colônias

fúngicas leveduriformes são muito semelhantes às colônias bacterianas. Os fungos

filamentosos, ou bolores, que possuem aspecto algodonoso, aveludado ou pulverulento,

quando não identificados através do exame direto com azul de lactofenol azul-algodão, foram

submetidos ao cultivo em lâmina com ágar batata (Potato Dextrose Agar DifcoTM), meio

pobre que induz a esporulação do fungo, permitindo a visualização de suas estruturas

morfológicas e assim sua identificação em microscopia de luz. Os fungos leveduriformes, que

possuem aspecto pastoso ou cremoso, por não apresentarem grande diversidade morfológica

como os bolores, foram submetidos cultivo em lâmina com ágar fubá e tween 80 (Corn Meal

Agar with Polysorbate 80, DifcoTM), sendo avaliados posteriormente em microscopia de luz

quanto sua morfologia e quando necessário e possível, foram realizadas provas bioquímicas

(auxanograma e zimograma) para identificação da espécie (BRASIL, 2004; KONEMAN et

al., 2001).

4.2.5 Exame parasitológico

Durante a necropsia coletaram-se, para exame parasitológico, amostras de conteúdo

intestinal (intestino delgado e grosso), ventricular e proventricular, conforme presença e

quantidade de material disponível. As amostras foram conservadas em solução de bicromato

de potássio a 2,5%, na proporção de 1:1 (1 parte de conteúdo colhido para 1 parte de

bicromato de potássio) e mantidas em refrigeração até a data do processamento

(HOFFMANN, 1987). O processamento foi realizado no Laboratório de Doenças Parasitárias

III do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (VPS/FMVZ/USP) segundo

os métodos de centrífugo-flutuação em solução de sacarose (d = 1,203g/cm3) e centrífugo-

sedimentação simples (SLOSS; ZAJAC; KEMP, 1999). As fórmulas das soluções de

bicromato de potássio a 2,5% e de sacarose (d = 1,203g/cm3) encontram-se disponíveis no

anexo C.

Helmintos encontrados durante o exame necroscópico foram lavados em solução salina,

fixados em solução A.F.A (álcool – formol – ácido acético) (Anexo C), conforme

metodologia descrita por Amato, Boeger e Amato (1991), e preservados em álcool 70°GL. A

identificação dos helmintos foi realizada no Departamento de Parasitologia do Instituto de

Page 47: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

46

Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Botucatu. Para

identificação dos trematódeos utilizaram-se os trabalhos de Travassos, Freitas e Kohn (1969)

e Yamaguti (1971). Os nematódeos foram identificados segundo trabalhos de Yamaguti

(1961) e Vicente et al. (1995), os cestódeos segundo Yamaguti (1959) e Schmidt (1986) e os

acantocéfalos segundo Yamaguti (1963).

4.2.6 Exame citológico

Exames citológicos através de decalque de órgãos, como fígado, baço e pulmão, foram

realizados durante a necropsia para diagnóstico auxiliar de doenças como atoxoplasmose,

além da realização de citologia de secreções, para melhor caracterização do tipo celular

envolvido no processo patológico encontrado. As lâminas foram fixadas com metanol para

posterior coloração com Giemsa (Giemsa’s azure-eosin-methylene blue - Meck®)

(CAMPBELL, 2007; CAMPBELL; ELLIS, 2007; LATIMER; RAKICH, 2007).

4.2.7 Colorações especiais de cortes histopatológicos

Colorações especiais foram utilizadas para visualização de agentes infecciosos ou para

melhor caracterização das lesões diagnosticadas após prévia análise histopatológica de

lâminas coradas pela hematoxilina e eosina (HE). Foram realizadas colorações com Gram

para visualização de agentes bacterianos; ácido periódico de Schiff (PAS) para agentes

fúngicos; Ziehl-Neelsen para suspeitas de bacilos álcool ácido resistentes; azul da Prússia

(Perls) para detecção de acúmulos de ferro e Sudan black para detecção de gordura (PIRES;

TRAVASSOS; GARTNER, 2004). As lâminas foram examinadas ao microscópio de luz em

objetivas de 4x, 10x, 40x e 100x.

4.2.8 Análise ultraestrutural

Page 48: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

47

Análises ultraestruturais em microscopia eletrônica de transmissão foram realizadas para

pesquisa de agentes infecciosos virais em casos que haviam lesões compatíveis com infecção

viral no exame histopatológico e suspeita clínica. As amostradas foram fixadas em

glutaraldeído 2,5% solução tampão 0,1 M (Anexo C) para posterior osmificação,

desidratação, infiltração com resina, inclusão e execução dos cortes semi-finos, etapas estas

realizadas no Laboratório de Microscopia Eletrônica (VPT/FMVZ/USP) (BEÇAK;

PAULETE, 1976; DYKSTRA, 1992). A confecção dos cortes ultrafinos, bem como a leitura

dos mesmos foram realizadas no Laboratório de Microscopia Eletrônica pertencente ao

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal do Instituto Biológico.

4.2.9 Documentação fotográfica

Todos os Passeriformes estudados foram fotografados durante o exame necroscópico, com

destaque às alterações macroscópicas encontradas, com câmera fotográfica digital Sony®

Cyber-shot modelo DSC-W1.

As lâminas histológicas foram fotografadas em fotomicroscópio Zeiss®, utilizando-se as

objetivas de 5x, 10x, 40x e 100x.

4.3 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE

As causas de morte foram determinadas e caracterizadas segundo os achados macro e

microscópicos associados às informações provenientes do histórico clínico e resultados de

exames complementares.

As causas de morte foram classificadas de acordo com as lesões julgadas mais

significantes para contribuir com a morte da ave, segundo adaptação feita a partir dos modelos

propostos por Montali (1991) e Matushima (2007), sendo agrupadas em processos

infecciosos, não infecciosos, suspeitas de processo infeccioso e processos indeterminados. A

lista das causas de morte encontra-se disponível em anexo D.

Page 49: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

48

4.3.1 Processos infecciosos

As causas de morte infecciosas incluíram processos causados por agentes bacterianos,

fúngicos, virais, parasitários e mistos.

Óbitos decorrentes a processos infecciosos bacterianos foram caracterizados por casos em

que havia:

a) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos e isolamento microbiológico.

b) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, não visualização do

agente nos tecidos e isolamento microbiológico.

c) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos, confirmação do agente em colorações histopatológicas especiais sem o

isolamento do agente.

Óbitos decorrentes a processos infecciosos fúngicos foram caracterizados por casos em

que havia:

a) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos e isolamento microbiológico.

b) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos, confirmação do agente em colorações histopatológicas especiais sem o

isolamento do agente.

Óbitos decorrentes a processos infecciosos parasitológicos foram caracterizados por casos

em que havia:

a) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos e a observação dos parasitos no exame parasitológico do conteúdo

gastrointestinal.

b) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização do agente

nos tecidos, sem a observação dos parasitos no exame parasitológico do conteúdo

gastrointestinal.

c) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, não visualização do

agente nos tecidos, com a observação dos parasitos no exame parasitológico do

conteúdo gastrointestinal.

Page 50: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

49

Óbitos decorrentes a processos infecciosos virais foram caracterizados por casos em que

havia:

a) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, visualização de

corpúsculos de inclusão e confirmação do agente viral através da análise ultra-

estrutural em microscopia eletrônica.

b) Lesões histopatológicas compatíveis com processo infeccioso, não visualização de

corpúsculos de inclusão e confirmação do agente viral através da análise

ultraestrutural em microscopia eletrônica.

Os óbitos decorrentes a processos infecciosos mistos foram caracterizados por casos em

que havia tipos diferentes de agentes atuando simultaneamente para o óbito do animal, sendo

a contribuição isolada de cada um, impossível de ser avaliada. A caracterização dos casos

seguiu o mesmo padrão descrito acima para os diferentes tipos de agente infecciosos, porém

em associação.

4.3.2 Processos não infecciosos

Óbitos decorrentes a processos não infecciosos incluíram os traumatismos, neoplasias,

distúrbios no sistema digestório e respiratório, distúrbios nutricional e circulatório. Todos

caracterizados por lesões graves o suficiente para culminar com o óbito do animal.

4.3.3 Suspeita de processo infeccioso

Óbitos decorrentes a suspeitas de processos infecciosos englobaram casos que não

apresentaram isolamento de agentes infecciosos nas amostras, não havia a visualização dos

mesmos no exame histopatológico, mas os achados macro e microscópicos, associados ao

histórico clínico, indicaram forte evidência de processo infeccioso.

4.3.4 Processos indeterminados

Page 51: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

50

Considerou-se causa de morte indeterminada os casos em que as lesões macro e

microscópicas, juntamente com histórico clínico e exames complementares realizados, não

foram suficientes para caracterização da causa de morte, ou o estado de autólise avançado dos

órgãos não permitiu a conclusão do caso.

As eutanásias e procedimentos iatrogênicos embora façam parte da lista de causas de

morte elaborada conforme Montali (1991) e Matushima (2007), no presente estudo, não foram

consideradas como tal. Para as aves eutanasiadas e para aquelas que vieram a óbito durante

um procedimento médico-veterinário a causa de morte foi atribuída conforme as lesões graves

que apresentaram e que provavelmente levariam a óbito, sendo classificadas nas categorias

acima descritas. Assim eutanásia e procedimentos iatrogênicos foram utilizados como

informações adicionais.

Page 52: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

51

5 RESULTADOS

5.1 ANIMAIS

5.1.1 Número de animais, origem e instituições procedentes

Foram estudados 149 Passeriformes, sendo 42,3% de vida livre e 57,7% oriundos do

tráfico de animais silvestres. O número de aves analisadas segundo origem e instituição

procedente encontra-se na tabela 1, onde também se observa que apenas 2% dos animais não

estavam vinculados à instituições, sendo trazidos ao Departamento de Patologia da

FMVZ/USP.

Tabela 1 – Número de Passeriformes estudados segundo origem e instituição procedente - São Paulo - 2005-2006

Instituição Tráfico Vida Livre Total

DEPAVE-3 32 61 93 Parque Ecológico do Tietê 53 - 53 Outras 2 2 4 Total 86 63 149

5.1.2 Famílias e espécies envolvidas

Os animais analisados somaram ao todo 31 espécies de Passeriformes distribuídas em 13

famílias, sendo 18 pertencentes a 12 famílias em aves de vida livre e 20, pertencentes a 7

famílias, em aves oriundas do tráfico (Apêndice B).

Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) foi a espécie mais abundante tanto em Passeriformes

provenientes de vida livre como tráfico. Além disso, Paroaria dominicana (Galo da campina)

e Sicalis flaveola (Canário-da-terra) encontravam-se entre as aves de tráfico mais estudadas,

enquanto Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi) e Thraupis sayaca (Sanhaço-cinzento) entre as de

Page 53: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

52

vida livre. Essas três espécies mais prevalentes representaram juntas 39,54% do total de aves

estudadas provenientes de tráfico e 69,86% do total de vida livre (Gráficos 1 e 2).

TRÁFICO

34,88%

8,14%8,14%9,30%10,47% 13,96%15,11%

05

101520253035

Turdus

rufiv

entris

Paroari

a dom

inica

na

Sicalis

flave

ola

Saltator s

imilis

Cyano

comps

a bris

sonii

Sporop

hila c

aerulesc

ens

Outros

Núm

ero

de a

nim

ais

Gráfico 1 – Distribuição das principais espécies encontradas em Passeriformes oriundos de tráfico

VIDA LIVRE

34,93%

23,81%

11,12%

3,17% 3,17% 3,17% 3,17%

17,46%

0

5

10

15

20

25

Turdus

rufiv

entris

Pitangu

s sulp

hurat

us

Thraup

is sa

yaca

Zonotric

hia ca

pensis

Mimus

saturni

nus

Cyclarhi

s mag

ellanic

a

Passe

r domesti

cus

Outros

Núm

ero

de a

nim

ais

Gráfico 2 – Distribuição das principais espécies encontradas em Passeriformes de vida livre

Page 54: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

53

As três famílias mais abundantes foram Emberizidae, Cardinalidae e Turdidae nas aves de

tráfico e Turdidae, Tyrannidae e Thraupidae, em aves de vida livre. Essas três famílias mais

prevalentes representaram juntas 86,05% do total de Passeriformes oriundos do tráfico e

77,75% dos Passeriformes de vida livre. Furnariidae, Mimidae, Passeridae, Troglodytidae,

Tyrannidae e Vireonidae foram exclusivamente encontradas em vida livre, enquanto

Fringillidae unicamente em aves de tráfico (Gráficos 3 e 4).

TRÁFICO

0 0 0 0 0 0

16,28%17,45%

52,32%

2,32% 5,81% 3,50% 2,32%

05

101520253035404550

Cardina

lidae

Cotingida

e

Emberiz

idae

Fringillid

ae

Furnari

idae

Icteri

dae

Mimidae

Passe

ridae

Thraup

idae

Troglody

tidae

Turdida

e

Tyrann

idae

Vireon

idae

Núm

ero

de a

nim

ais

Gráfico 3 – Distribuição das principais famílias encontradas em Passeriformes oriundos de tráfico

VIDA LIVRE

1,60% 3,17% 3,17%0 1,60% 1,60% 3,17% 3,17%

15,86%

1,60%

38,09%

23,80%

3,17%

0

5

10

15

20

25

30

Cardina

lidae

Cotingida

e

Emberiz

idae

Fringillid

ae

Furnari

idae

Icteri

dae

Mimidae

Passe

ridae

Thraup

idae

Troglody

tidae

Turdida

e

Tyrann

idae

Vireon

idae

Núm

ero

de a

nim

ais

Gráfico 4 – Distribuição das principais famílias encontradas em Passeriformes de vida livre

Page 55: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

54

Do total de espécies estudadas, somente duas estão classificadas como vulnerável na

categoria de ameaça da lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção (IUCN, 2007),

sendo elas, Procnias nudicollis e Sporophila frontalis.

5.1.3 Sexo, faixa etária e condição corpórea

Foram encontrados, no total, 30,20% de fêmeas, 40,27% de machos e 29,53% de

indivíduos cujo sexo foi indeterminado. O número de machos provenientes de tráfico foi bem

superior ao de fêmeas, enquanto que em vida livre, o número de fêmeas foi um pouco maior

ao de machos (Gráficos 5 e 6).

TRÁFICO

29,07%

51,16%

19,77%

FêmeasMachosIndeterminados

Gráfico 5 – Distribuição dos Passeriformes oriundos de tráfico quanto ao sexo

VIDA LIVRE

31,74%

25,40%

42,86%FêmeasMachosIndeterminados

Gráfico 6 – Distribuição dos Passeriformes de vida livre quanto ao sexo

Page 56: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

55

Com relação à idade, no total, observou-se 13,42% de filhotes, 18,12% de jovens e

68,45% de adultos. Os de vida livre apresentaram maio número de indivíduos imaturos, isto é,

filhotes e jovens, totalizando juntos 61,90%, enquanto nos oriundos de tráfico, os adultos

foram os mais encontrados (Gráficos 7 e 8).

TRÁFICO

0 9,30%

90,70%

FilhotesJovensAdultos

Gráfico 7 – Distribuição dos Passeriformes oriundos de tráfico quanto à idade

VIDA LIVRE

31,74%

30,16%

38,10%

FilhotesJovensAdultos

Gráfico 8 – Distribuição dos Passeriformes de vida livre quanto à idade

A condição corpórea das aves foi classificada como descrito em Materiais e Métodos. A

maioria dos Passeriformes oriundos do tráfico apresentou uma condição corpórea de regular a

ruim, totalizando assim 60,47% de caquéticos e magros. Em contrapartida, a maioria dos

Page 57: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

56

Passeriformes de vida livre apresentou boas condições corpóreas, sendo somente neste grupo

encontrada ave obesa (Gráficos 9 e 10).

TRÁFICO

19,77%

40,70%

39,53%

0

CaquéticaMagraBoaObesa

Gráfico 9 – Distribuição dos Passeriformes de tráfico quanto à condição corpórea

VIDA LIVRE

15,87%

30,15%52,38%

1,60%

CaquéticaMagraBoaObesa

Gráfico 10 – Distribuição dos Passeriformes de vida livre quanto à condição corpórea

5.2 EXAMES MICROBIOLÓGICOS

Realizaram-se exames microbiológicos em amostras de tecidos que apresentaram

alterações macroscópicas compatíveis com processos inflamatórios ou infecciosos,

observados durante exame necroscópico.

Page 58: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

57

Ao todo foram feitos exames microbiológicos em 27,51% (41/149) das aves estudadas,

sendo 33,72% (29/86) em Passeriformes oriundos do tráfico e 19,04% (12/63) de vida livre. O

resultado foi positivo em 65,85% (27/41) do total de aves examinadas, sendo 65,52% (19/29)

das aves de tráfico e 66,66% (8/12) de vida livre.

Os agentes microbianos isolados com maior prevalência no total de aves consideradas

positivas para o exame microbiológico, foram Escherichia coli e leveduras do gênero

Candida. E. coli esteve presente em um total de 37,03% (10/27) das aves, sendo 36,84%

(7/19) de tráfico e 37,50% (3/8) de vida livre. Leveduras do gênero Candida, incluindo

Candida albicans, foram encontradas em um total de 33,33% (9/27) aves, sendo 36,84%

(7/19) aves de tráfico e 25% (2/8) de vida livre. Assim pode-se observar que em

Passeriformes de tráfico, a prevalência do agente bacteriano foi a mesma que do agente

fúngico, embora em vida livre, notou-se maior predomínio do bacteriano (Apêndice C).

5.3 EXAMES PARASITOLÓGICOS

5.3.1 Resultados dos exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal

Conforme presença e quantidade de material disponível, foram coletadas amostras de

conteúdo intestinal (intestino delgado e grosso), ventricular e proventricular, para realização

de exames parasitológicos .

Exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal foram realizados em 67,80% do total

de Passeriformes estudados, sendo 65,12% oriundos do tráfico e 71,43% de vida livre. Nos

demais, não foi possível a realização dos mesmos devido à indisponibilidade de conteúdo

gastrintestinal. O resultado para qualquer um dos parasitos encontrados, em pelo menos um

dos conteúdos amostrados, foi positivo em 38,61% (39/101) do total de aves examinadas,

sendo 33,93% (19/56) aves de tráfico e 44,45% (20/45) de vida livre.

Os nematódeos encontrados foram Capillaria sp e Syngamus trachea, enquanto os

protozoários foram Crypstosporidium sp e Isospora sp. Também encontrou-se cestódeos,

trematódeos e espirurídeos, cujos gêneros e espécies não foram possíveis de serem

identificados. O parasito com maior prevalência, tanto em Passeriformes provenientes de vida

Page 59: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

58

livre como tráfico, foi Isospora sp, presente em um total de 66,66% de aves positivas, sendo

84,21% de tráfico e 55% de vida livre.

5.3.2 Resultados das identificações de helmintos

Durante o exame necroscópico coletou-se helmintos de 15,43% (23/149) de

Passeriformes, sendo 6,97% (6/86) de tráfico e 26,98% (17/63) de vida livre. Os helmintos

encontrados foram: Dispharynx spiralis, Cheilospirura sp, Syngamus trachea, além de

acantocéfalos e cestódeos. A identificação das espécies de acantocéfalos e cestódeos não foi

possível de ser realizada devido à impossibilidade de visualização de estruturas que

permitissem a diferenciação dos mesmos. A identificação dos helmintos também não foi

possível de ser realizada em 4 casos, devido à má fixação dos mesmos (casos 3, 8, 9 e 12).

Infecções mistas por nematódeos, cestódeos e/ou acantocéfalos ocorreram em 5 aves (casos

44, 110, 111, 129 e 152) e 1 ave apresentou infecção por mais de uma espécie de nematódeo

(caso 152) (Apêndice D).

Os nematódeos foram os helmintos mais prevalentes (10,06%), seguido dos acantocéfalos

(4,02%) e por fim, dos cestódeos (2,01%). Dentre os nematódeos, o mais encontrado foi

Dispharynx spiralis, presente em 56,52% do total de passeriformes infectados por helmintos,

apresentando-se em grande número de exemplares nas aves de vida livre (Apêndice E).

5.4 EXAMES CITOLÓGICOS

Realizou-se exame citológico em 3 casos, 2 deles suspeitos de Atoxoplasmose, com o

objetivo de auxiliar no diagnóstico, porém o parasita não foi visualizado nos decalques

realizados de fígado, baço e pulmão (casos 11 e 147). No caso 78, o exame foi realizado para

caracterização da secreção transparente à esbranquiçada encontrada em cavidade celomática,

onde se observou a presença somente de adipócitos.

5.5 COLORAÇÕES ESPECIAIS DE CORTES HISTOPATOLÓGICOS

Page 60: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

59

As colorações especiais realizadas em cortes histopatológicos para a caracterização de

alguns processos ou agentes infecciosos foram: Gram, PAS, Perls, Sudan black e Ziehl-

Neelsen.

5.6 ANÁLISE ULTRAESTRUTURAL

Análises ultraestruturais em microscopia eletrônica de transmissão foram realizadas em 5

casos, sendo 4 (casos 1, 2, 4 e 29) Passeriformes oriundos de tráfico e 1 (caso 120) de vida

livre, para pesquisa de Poxvírus. Estas aves apresentavam lesões macroscópicas que sugeriam

participação de agente viral e durante o exame histopatológico visualizou-se corpúsculos de

Bolinger, patognomônico de Poxvirose, em 4 desses animais. Dessa forma, a pesquisa do

agente viral em microscopia eletrônica foi realizada para confirmação do diagnóstico.

Analisou-se amostras de lesões perioculares nos casos 1, 4 e 29, e de lesões articulares nos

casos 2 e 120.

5.7 BIOMETRIA, EXAME NECROSCÓPICO E HISTOPATOLÓGICO

Os dados da biometria, bem como as observações realizadas durante os exames

necroscópicos e histopatológicos de cada Passeriforme estudado, encontram-se registrados no

banco de dados disponível no CD- ROM.

5.8 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE

Óbitos decorrentes a processos infecciosos foram os mais predominantes entre os

passeriformes oriundos de tráfico, enquanto nos de vida livre, predominaram os óbitos

decorrentes a processos não infecciosos (Gráfico 11).

Page 61: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

60

CAUSAS DE MORTE

51,17%

24,42%

10,46%13,95%

34,92%42,86%

12,70% 9,52%

05

101520253035404550

Infeccioso Não Infeccioso Suspeita Infeccioso Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

TráficoVida livre

Gráfico 11 – Distribuição dos Passeriformes de tráfico e de vida livre quanto à causa de morte

Em aves oriundas do tráfico, tanto machos como fêmeas apresentaram maior número de

óbitos decorrentes a processos infecciosos. Mortes associadas a processos não infecciosos

foram mais observadas em machos do que em fêmeas, em proporções menores que as

observadas nos processos infecciosos (Gráfico 12).

TRÁFICO

4%12%

24%

60%

11,36%9,1%

50%

29,54%

35,3%

11,76%11,76%

41,18%

0

5

10

15

20

25

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

FêmeasMachosIndeterminados

Gráfico 12 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de tráfico segundo o

sexo

Page 62: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

61

Nas aves de vida livre, machos e fêmeas apresentaram maior número de óbitos decorrentes

a processos não infecciosos. Mortes associadas a processos infecciosos foram mais

observadas em indivíduos cujo sexo foi indeterminado, seguido de machos e depois de

fêmeas. Ao contrário da maioria de machos e fêmeas, passeriformes com sexo indeterminado,

apresentaram maior número de mortes associadas a processos infecciosos do que não

infecciosos (Gráfico 13).

VIDA LIVRE

10%15%

25%

50%

0

12,5%

50%

37,5%

7,4%

18,52%

33,34%

40,74%

0

2

4

6

8

10

12

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

FêmeasMachosIndeterminados

Gráfico 13 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de vida livre segundo o

sexo

A maioria dos óbitos, em adultos provenientes de tráfico, foi decorrente a processos

infecciosos, enquanto aves jovens apresentaram maior número de mortes associadas a

processos não infecciosos e à causas indeterminadas, em iguais proporções (Gráfico 14).

Page 63: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

62

TRÁFICO

00 0 037,5%

037,5%25%

11,54%11,54%

23,08%

53,84%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Infeccioso Não Infeccioso Suspeita Infeccioso Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

FilhotesJovensAdultos

Gráfico 14 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de tráfico

segundo a faixa etária

Em aves de vida livre, as causas de morte na maioria dos filhotes estavam mais

relacionadas a processos infecciosos, enquanto que aquelas decorrentes a processos não

infecciosos foram mais significativas em indivíduos jovens e adultos (Gráfico 15).

VIDA LIVRE

20%

30%

45%

5%

10,53%

42,1%

31,58%

15,79%8,34%8,34%

29,17%

54,17%

0

2

4

6

8

10

12

14

Infeccioso Não Infeccioso Suspeita Infeccioso Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

FilhotesJovensAdultos

Gráfico 15 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de vida livre segundo a

faixa etária

Page 64: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

63

A maior parte dos indivíduos traficados com condições corpóreas de regular a ruim, ou

seja, caquéticos e magros, assim como a maioria daqueles em boas condições corporais,

tiveram óbitos associados a processos infecciosos (Gráfico 16).

TRÁFICO

23,53%

0

64,70%

11,77%

14,29%20%

62,85%

2,86%

14,70%

32,35%29,41%

23,53%

000 00

5

10

15

20

25

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

CaquéticaMagraBoaObesa

Gráfico 16 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de tráfico segundo a

condição corpórea

A maioria das aves de vida livre com boas condições corpóreas apresentou causas de

mortes mais associadas a processos não infecciosos. Animais magros foram mais observados

em óbitos decorrentes a processos infecciosos e contraditoriamente, a caquexia estava mais

relacionada a processos não infecciosos do que infecciosos (Gráfico 17).

VIDA LIVRE

60%

00

40%

47,37%

15,79%10,53%

26,31%

48,48%

27,27%

9,1%

15,15%

0100%

0 002468

1012141618

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

CaquéticaMagraBoaObesa

Gráfico 17 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de vida livre segundo a

condição corpórea

Page 65: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

64

Embora de maneira geral, os óbitos em Passeriformes oriundos de tráfico estivessem mais

associados aos processos infecciosos, a distribuição das causas de morte entre cada uma das

três famílias mais prevalentes foram diferentes. As famílias Emberizidae e Turdidae

apresentaram maior número de óbitos relacionados a processos infecciosos, enquanto

Cardinalidae, a processos não infecciosos (Gráfico 18).

TRÁFICO

11,11%

53,33%

17,78% 17,78%40%

26,67%

13,33% 20%

0

64,29%

21,42%14,29%

0

5

10

15

20

25

30

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

EmberezidaeCardinalidaeTurdidae

Gráfico 18 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de tráfico segundo as

famílias mais abundantes

A distribuição das causas de morte entre cada uma das três famílias mais prevalentes em

Passeriformes provenientes de vida livre também foi diferente, embora no geral esse grupo

obteve mais óbitos relacionados a processos não infecciosos. Thraupidae apresentou maior

porcentagem de óbitos decorrentes a processos não infecciosos, enquanto Turdidae, a

processos infecciosos. Tyrannidae apresentou a mesma porcentagem de óbitos decorrentes a

processos não infecciosos e infecciosos (Gráfico 19).

Page 66: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

65

VIDA LIVRE

16,67%

37,5%

20,83%25%

0

6,66%

46,67%46,67%

60%

0 0

40%

0123456789

10

Infeccioso Não Infeccioso SuspeitaInfeccioso

Indeterminada

Núm

ero

de a

nim

ais

TurdidaeTyrannidaeThraupidae

Gráfico 19 – Distribuição das causas de morte em Passeriformes provenientes de vida livre segundo as

famílias mais abundantes

Os dados referentes a identificação das aves, histórico clínico, exames necroscópicos,

histopatológicos e complementares, bem como a causa de morte de cada caso encontram-se

disponíveis no banco de dados em CD-ROM.

5.8.1 Processos infecciosos

Os óbitos decorrentes a processos infecciosos foram os mais observados em Passeriformes

provenientes de tráfico, totalizando 51,17% do total de mortes neste grupo, sendo a maioria

destes relacionados à infecções mistas. Naqueles de vida livre, os processos infecciosos

somaram 34,92%, sendo menos freqüentes que os não infecciosos, sendo mais representados

pelas infecções bacterianas (Gráfico 20).

Page 67: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

66

PROCESSOS INFECCIOSOS

6,82%

34,10%

13,63%

18,18%

27,27%

31,82% 31,82%36,36%

0 00

2

4

6

8

10

12

14

16

Bacteriano Fúngico Viral Parasitário Misto

Núm

ero

de ó

bito

s

TráficoVida livre

Gráfico 20 – Distribuição do número de óbitos, em Passeriformes de tráfico e vida livre, devido a

processos infecciosos segundo o agente encontrado

5.8.1.1 Infecções bacterianas

As mortes decorrentes a processos infecciosos bacterianos foram de 13,63% (6/44) em

Passeriformes oriundos de tráfico e 36,36% (8/22) em provenientes de vida livre, totalizando

21,21% (14/66) dos processos infecciosos.

Em aves oriundas do tráfico, 3 casos (72, 75 e 88) apresentaram isolamento de bactérias

Gram-positivas e 3 casos (21, 90 e 98) de Gram-negativas, levando ao acometimento de

sistema digestório (75, 90 e 98) e quadro septicêmico (72, 88 e 21). Dos 6 casos, 2 aves

apresentavam condição corpórea boa e 4 com condição corpórea magra.

Nas aves de vida livre, em 8 casos (52, 56, 98, 107, 108, 115, 138 e 151) isolou-se

bactérias Gram-positivas e somente 1 (27), bactérias Gram-negativas. Houve envolvimento do

sistema respiratório somente no caso 56, sendo o restante caracterizado por quadro

septicêmico. Dos 8 casos, 2 aves apresentavam-se caquéticas, 3 magras e 3 em boas condições

corpóreas.

5.8.1.2 Infecções fúngicas

Page 68: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

67

As mortes decorrentes a processos infecciosos fúngicos foram de 18,18% (8/44) em

Passeriformes oriundos de tráfico, não havendo casos provocados estritamente por agentes

fúngicos em aves de vida livre, totalizando assim 12,12% (8/66) dos processos infecciosos.

O gênero Candida foi encontrado em 2 casos (3 e 64), enquanto Aspergillus foi isolado

dos casos 33 e 24. Os agentes levaram ao acometimento de sistema digestório (3), respiratório

(33) e septicêmico (24 e 64). Em 4 casos, não se conseguiu identificar o agente fúngico,

presente em sistema respiratório (8 e 143), sistema nervoso (81) e sistema digestório (8 e 68).

Dos 8 casos, 5 aves apresentaram-se caquéticas, 2 magras e 1 em condição corpórea boa.

5.8.1.3 Infecções virais

As mortes decorrentes a processos infecciosos virais foram de 6,82% (3/44) em

Passeriformes oriundos de tráfico, não havendo casos causados estritamente por agentes virais

em aves de vida livre, totalizando assim 4,54% (3/66) dos processos infecciosos.

Identificou-se Poxvírus nos casos 1, 2 e 84, levando à alterações cutâneas (1, 2 e 84),

respiratórias (1 e 2) e digestórias (2 e 84).

5.8.1.4 Infecções parasitárias

As mortes decorrentes a processos infecciosos parasitários foram de 27,27% (12/44) em

Passeriformes oriundos de tráfico e 31,82% (7/22) em provenientes de vida livre, totalizando

28,80% (19/66) dos processos infecciosos.

Coccídios foram encontrados em 10 casos (34, 63, 65, 70, 86, 91, 122, 133, 134 e 147) de

aves provenientes de tráfico e em 5 aves de vida livre(11, 46, 111, 139 e 152). Nos casos 11 e

147, suspeitou-se da presença de coccídio sugestivo de Atoxoplasma sp, enquanto os demais

eram compatíveis com Isospora sp. Infecção concomitante com Isospora sp e outro coccídio,

sugestível de Cryptosporidium sp, foi observada no caso 133.

Infecção exclusivamente por Dispharynx spiralis esteve presente em animais de tráfico

(83) e vida livre (50 e 51). Infecções causadas por diferentes tipos de parasitos foram

observadas nos casos provenientes de vida livre (111, 139 e 152), envolvendo Isospora sp

Page 69: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

68

(111, 139 e 152), Syngamus trachea (111 e 152), Dispharynx spiralis (111 e 152),

acantocéfalo (111 e 139), cestódeos (152) e espirurídeos (152).

Em 1 caso (10) de tráfico, o parasita não foi possível de ser identificado. Dos 12 casos

provenientes de tráfico, 3 aves apresentavam-se caquéticas, 5 magras e 4 em boas condições

corpóreas, enquanto de 7 casos de vida livre, 3 aves apresentavam-se magras e 4 em boas

condições.

5.8.1.5 Infecções mistas

As infecções mistas foram caracterizadas pelos casos em que havia tipos diferentes de

agentes atuando simultaneamente para o óbito do animal, sendo a contribuição isolada de

cada um, impossível de ser avaliada, muitas vezes. As mortes decorrentes a processos

infecciosos mistos foram de 34,10% (15/44) em Passeriformes oriundos de tráfico e 31,82%

(7/22) em provenientes de vida livre, totalizando 33,33% (22/66) dos processos infecciosos.

Dentre as infecções mistas em aves de tráfico, a associação de agente bacteriano e fúngico

foi a mais freqüente (Gráfico 21). Dos 15 casos, 10 aves apresentavam-se magras, 2

caquéticas e 3 em boas condições corpóreas, sendo que uma ave (caso 29) foi submetida à

eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade do quadro clínico. A identificação dos

agentes isolados nas infecções mistas segundo o número do caso encontra-se em apêndice F

(Tabela 5).

TRÁFICO

6,66%6,66%6,66%6,66%

20%20%

33,33%

0123456

Bact

eria

no/F

úngi

co

Bact

eria

no/P

aras

itário

Fúng

ico/

Para

sitá

rio

Bact

eria

no/F

úngi

co/P

ara

sitá

rio

Bact

eria

no/P

aras

itário

/Vi

ral

Bact

eria

no/F

úngi

co/P

ara

sitá

rio/V

iral

Para

sitá

rio/A

gent

ein

dete

rmin

ado

Núm

ero

de ó

bito

s

Gráfico 21 – Distribuição do número de óbitos por processos infecciosos mistos segundo o agente

encontrado em Passeriformes de tráfico

Page 70: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

69

Nas aves de vida livre, observou-se que a associação de agente parasitário e agente

indeterminado foi a mais freqüente (Gráfico 22). Dos 7 casos, 2 aves apresentaram-se

caquéticas, 3 magras e 2 em boas condições corpóreas, sendo que uma ave (caso 130) foi

submetida à eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade do quadro clínico. A

identificação dos agentes isolados nas infecções mistas segundo o número do caso encontra-se

em apêndice F (tabela 6).

VIDA LIVRE

0

14,28%

42,85%

00

28,57%

14,28%

00,5

11,5

22,5

33,5

Bact

eria

no/F

úngi

co

Bact

eria

no/P

aras

itário

Fúng

ico/

Para

sitá

rio

Bact

eria

no/F

úngi

co/P

ara

sitá

rio

Bact

eria

no/P

aras

itário

/Vi

ral

Bact

eria

no/F

úngi

co/P

ara

sitá

rio/V

iral

Para

sitá

rio/A

gent

ein

dete

rmin

ado

Núm

ero

de ó

bito

s

Gráfico 22 – Distribuição do número de óbitos por processos infecciosos mistos segundo o agente

encontrado em Passeriformes de vida livre

5.8.2 Suspeita de processos infecciosos

Óbitos decorrentes à suspeitas de processos infecciosos englobaram casos que não

apresentaram isolamento de agentes infecciosos nas amostras, não havendo a visualização dos

mesmos no exame histopatológico, mas os achados microscópicos, associados ao histórico

clínico, indicaram forte evidência de processo infeccioso. Totalizaram em Passeriformes

provenientes de tráfico 10,46% (9/86) e de vida livre, 12,70% (8/63). Dessa forma, 11,41%

(17/149) do total de óbitos foram devidos à suspeita de processos infecciosos.

5.8.3 Processos não infecciosos

Page 71: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

70

Os óbitos decorrentes a processos não infecciosos em Passeriformes provenientes de

tráfico totalizaram 24,42%, sendo a maioria relacionada a distúrbios nutricionais. Naqueles de

vida livre, grande parte dos óbitos foi decorrente a processos não infecciosos, sendo a maior

parte associada a traumatismos (Gráfico 23).

PROCESSOS NÃO INFECCIOSOS

4,77%

47,62%

28,57%

9,5%9,5%

0

29,63%

3,7%

66,67%

00 002468

101214161820

Circulatório Digestório Neoplasia Nutricional Respiratório Trauma

Núm

ero

de ó

bito

s

TráficoVida livre

Gráfico 23 – Distribuição do número de óbitos, em Passeriformes de tráfico e vida livre, devido a

processos não infecciosos segundo a causa de morte atribuída

5.8.3.1 Distúrbios circulatórios

Somente Passeriformes provenientes de tráfico apresentaram como causa de morte

distúrbios circulatórios, representando 9,5% (2/21) dos casos nestes animais e totalizando

4,17% (2/48) dos processos não infecciosos. Nos 2 casos, os óbitos estavam associados ao

choque hipovolêmico, decorrente à hemorragia pulmonar (caso 69) e à ascite quilosa (caso

78). O primeiro animal apresentava-se magro e o segundo, caquético.

5.8.3.2 Distúrbios digestórios

Page 72: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

71

Somente Passeriformes provenientes de tráfico apresentaram como causa de morte

distúrbios digestórios, representando 9,5% (2/21) dos casos nestes animais e totalizando

4,17% (2/48) dos processos não infecciosos. Os 2 casos (15 e 96) caracterizaram-se por

insuficiência hepática devido a uma degeneração vacuolar macrogoticular difusa e severa

compatível com esteatose hepática. Ambos apresentavam-se em boas condições corpóreas.

5.8.3.3 Neoplasias

Somente um Passeriforme proveniente de tráfico apresentou como causa de morte

neoplasia, caracterizada por sertolinoma, representando 4,77% (1/21) dos casos nestes

animais e totalizando 2,08% (1/48) dos processos não infecciosos. A ave apresentava-se em

boa condição corpórea e veio a óbito durante intervenção cirúrgica.

5.8.3.4 Distúrbios nutricionais

As mortes decorrentes a distúrbios nutricionais foram de 47,62% (10/21) em

Passeriformes provenientes de tráfico e 29,63% (8/27) em aves de vida livre, totalizando

37,50% (18/48) dos processos não infecciosos.

Óbitos associados ao choque hipoglicêmico, caracterizado pela ausência de conteúdo

alimentar gástrico (proventrículo e ventrículo), foram observados em 8 Passeriformes

oriundos de tráfico (casos 58, 85, 95, 97, 116, 119, 126 e 128) e 7 de vida livre (casos 5, 42,

48, 77, 131, 132 e 150). Das 8 aves de tráfico, 2 apresentavam-se magras, 2 caquéticas e 4 em

boas condições corpóreas, enquanto das 7 aves de vida livre, 2 aves apresentavam-se magras,

3 caquéticas e 2 em boas condições corpóreas.

Causas de morte associadas à caquexia estiveram presentes em 2 casos de tráfico (61 e 73)

e no caso 9 de vida livre, sendo esse último associado a histórico de traumatismo por

vandalismo, fato este que não levou propriamente ao óbito do animal e sim contribui para

debilidade de seu estado geral.

Page 73: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

72

5.8.3.5 Distúrbios respiratórios

Somente um Passeriforme de vida livre apresentou como causa de morte distúrbio

respiratório, representando 3,70% (1/27) dos casos nestes animais e totalizando 2,08% (1/48)

dos processos não infecciosos. O quadro foi caracterizado por insuficiência respiratória, sendo

que a ave apresentava-se caquética.

5.8.3.6 Traumas

As mortes decorrentes a traumatismos foram de 28,57% (6/21) em Passeriformes

provenientes de tráfico e 66,67% (18/27) em aves de vida livre, totalizando 50% (24/48) dos

processos não infecciosos.

Traumas acidentais estiveram presentes em animais de tráfico (137) e vida livre (36 e 37).

Traumatismos por predadores somente foram encontrados em aves de vida livre (14, 35, 55,

120, 129 e 149), enquanto decorrentes a traumas sociais em uma ave oriunda de tráfico (23).

Traumatismos por causas indeterminadas foram observados em 4 casos de tráfico (60, 66, 79

e 102) e 10 de vida livre (16, 22, 26, 38, 44, 45, 62, 80, 104 e 121). Entre os provenientes de

tráfico, 3 apresentaram-se magros e 3 em boas condições corpóreas, já em vida livre, 2 aves

apresentavam-se caquéticos, 2 magros e 14 em boas condições corpóreas.

Do total de 18 aves de vida livre traumatizadas, 3 (casos 16, 35 e 121) foram submetidas à

eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade do quadro clínico.

5.8.4 Causas de morte indeterminadas

Os óbitos decorrentes à causa indeterminada foram de 13,95% em Passeriformes oriundos

do tráfico e de 9,52% naqueles de vida livre. Em ambos os grupos, a maioria dos óbitos

indeterminados se deu devido ao grau avançado de autólise, igual a 75% do total dos casos em

aves de tráfico e a 66,67% em aves de vida livre. Somente 25% dos casos indeterminados em

aves oriundas de tráfico e 33,33% em aves de vida livre, foram considerados inconclusivos.

Page 74: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

73

Figura 1 – Esôfago e proventrículo de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) apresentando infecção por nematódeos Dispharynx spiralis (Caso 111).

Figura 1.3 Figura 1.1

Figura 1.2 – Fotomicrografia de nematódeo adulto de Dispharynx spiralis (Caso 111). Figura 1.3 – Detalhe dos cordões cefálicos presentes na extremidade anterior do parasita (Caso 111).

Figura 1.1 – Detalhe da lesão provocada pelos helmintos em proventrículo, caracterizada por petéquias (Caso 111).

Figura 1.4 – Fotomicrografia de proventrículo. Proventriculite multifocal moderada em lâmina própria e no interior de glândulas tubulares associada à presença de Dispharynx spiralis (seta) (Caso 111). HE

Figura 2 – Fotomicrografia de Syngamus trachea. Macho em cópula com fêmea (Caso 152). Figura 2.1 – Ovo de Syngamus trachea observado durante exame parasitológico de conteúdo intestinal (Caso 152).

Figura 2.1

Figura 2.4 Figura 2.3 – Fotomicrografia de traquéia de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) apresentando cortes de Syngamus trachea em lúmen (setas) (Caso 152). HE Figura 2.4 – Detalhe do parasito Syngamus trachea (Caso 152).

Figura 2.5 – Fotomicrografia de traquéia. Traqueíte difusa moderada em lâmina própria em decorrência à presença de Syngamus trachea em lúmen (Caso 152). HE

Page 75: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

74

5.9 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Figuras 1 e 1.1 Figuras 1.2 e 1.3

Figura 1.4 Figuras 2 e 2.1

Figuras 2.3 e 2.4 Figura 2.5

Reinaldo José da Silva

Reinaldo José da Silva

Hilda F. J. Pena

Page 76: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

75

Figura 3 – Fotomicrografia de ventrículo de Sicalis flaveola (Canário-da-terra) apresentando corte do parasita Cheilospirura sp (seta) (Caso 101). HE

Figura 3.1 – Fotomicrografia de ventrículo. Ventriculite difusa severa em lâmina própria decorrente à infecção por Cheilospirura sp (Caso 101). HE

Figura 3.2 – Fotomicrografia de Cheilospirura sp, cordões cefálicos (Caso 101).

Figura 3.3 – Fotomicrografia de Cheilospirura sp, boca (Caso 101).

Figura 3.4 – Fotomicrografia de Cheilospirura sp, cauda do macho (Caso 101).

Figura 3.5 – Fotomicrografia de Cheilospirura sp, vulva e ovos (Caso 101).

Figura 4 – Fotomicrografia de traquéia de um Carduelis magellanicus (Pintassilgo). Epitélio traqueal discretamente hiperplásico associado à estruturas arredondadas compatíveis com Cryptosporidium sp em superfície epitelial apical (Caso 133). HE

Figura 4.1

Figura 4.1 – Detalhe de epitélio traqueal evidenciando estruturas parasitárias (seta) (Caso 133).

Figura 5 – Pulmão de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) com múltiplos nódulos caseosos. Conforme exame microbiológico de cavidade oral isolou-se Aspergillus sp (Caso 24).

Figura 5.1 – Fotomicrografia de pulmão. Pneumonia difusa severa, associada à perda de tecido pulmonar e presença de grande quantidade de hifas fúngicas de Aspergillus sp em lúmen de parabrônquios e parênquima (Caso 24). HE

Figura 5.2 – Detalhe de lúmen bronquiolar evidenciando hifas de Aspergillus sp (Caso 24). PAS

Figura 5.2

Page 77: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

76

Figura 3 Figura 3.1

Figuras 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 Figuras 4 e 4.1

Figura 5 Figuras 5.1 e 5.2

Reinaldo José da Silva

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77

Figura 6 – Cavidade oral de Thraupis ornata (Sanhaço-do-encontro-amarelo) apresentando material esbranquiçado de consistência cremosa. Conforme exame microbiológico de cavidade oral isolou-se Candida sp (Caso 18).

Figura 6.1 – Fotomicrografia de língua. Glossite discreta associada à presença moderada de estruturas leveduriformes e pesudohifas de Candida sp (Caso 18). HE

Figura 6.2 – Fotomicrografia de esôfago. Esofagite discreta associada à presença moderada de estruturas leveduriformes e pseudohifas de Candida sp (Caso 18). PAS

Figura 6.3 – Detalhe da Figura 6.2. Esôfago com presença moderada de estruturas leveduriformes e pseudohifas de Candida sp (Caso 18). PAS

Figura 7 – Formações verrucosas em dígitos de membro pélvico de Thraupis sayaca (Sanhaço-cinzento). Conforme análise ultraestrutural da formação, evidenciou-se partículas virais compatíveis com Poxvírus (Caso 120).

Figura 7.1 – Fotomicrografia de pele de dígitos de membro pélvico. Dermatite focal associada à hiperplasia epitelial e presença de corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos (corpúsculos de Bolinger), patognomônicos de Poxvirose (Caso 120). HE

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78

Figura 6 Figura 6.1

Figura 6.2 Figura 6.3

Figura 7 Figura 7.1

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79

Figura 7.2 – Detalhe de epiderme com hiperplasia, evidenciando os corpúsculos de Bolinger (Caso 120). HE

Figura 8 – Nódulos caseosos em parede muscular de cavidade celomática, decorrente à septicemia causada por Staphylococcus aureus em Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira), cuja porta de entrada foi a lesão em região plantar de membro pélvico (Caso 88).

Figura 8.1 – Fotomicrografia de pele de região plantar. Pododermatite granulocítica difusa severa infectada por Staphylococcus aureus, atuando como porta de entrada para desenvolvimento de quadro septicêmico observado na Figura 8. Nota-se presença de grande quantidade de granulócitos (setas) em derme (Caso 88). HE

Figura 9 – Fratura exposta de terço distal de úmero direito em Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) (Caso 151).

Figura 9.1 – Fotomicrografia de pele adjacente à área de fratura (Figura 9). Dermatite granulocítica difusa severa infectada por Staphylococcus pulvereri (Caso 151). HE

Figura 9.2 – Fotomicrografia de pulmão. Presença de êmbolos bacterianos (setas) em parênquima pulmonar decorrente ao quadro septicêmico por infecção de Staphylococcus pulvereri (Caso 151). HE

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80

Figura 7.2 Figura 8

Figura 8.1 Figura 9

Figura 9.1 Figura 9.2

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81

Figura 10 – Fotomicrografia de pulmão de Saltator similis (Trinca-ferro). Nota-se a presença de microfilárias intravasculares (setas), sem alterações histopatológicas (Caso 90). HE

Figura 10.1

Figura 10.1 – Detalhe de microfilária presente em vaso sanguíneo de fragmento pulmonar (Caso 90).

Figura 11.1 Figura 11 – Fotomicrografia de musculatura esquelética (peitoral). Nota-se a presença de cistos parasitários compatíveis com Sarcocystis sp (Caso 88). HE Figura 11.1 – Detalhe de cisto parasitário compatível com Sarcocystis sp em musculatura esquelética (Caso 88).

Figura 12.1 Figura 12 – Fotomicrografia de testículo de Cyanocompsa brissonii (Azulão). Presença de alto grau de anaplasia celular caracterizando sertolinoma (Caso 59). HE Figura 12.1 – Detalhe da Figura 12, representando célula com mitose atípica (seta) (Caso 59).

Figura 13 – Presença de material esbranquiçado de aspecto leitoso recobrindo coração e parte de cavidade celomática de Pyroderus scutatus (Pavó). Exame citológico desse material revelou somente a presença de adipócitos, caracterizando um quadro de ascite quilosa (Caso 78).

Figura 14 – Fotomicrografia de fígado de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira). Presença de degeneração vacuolar macrogoticular em todo parênquima hepático, caracterizando um quadro de esteatose hepática. Nota-se a presença de vacúolos circulares intracitoplasmáticos formados por gordura (setas) (Caso 15). HE

Figura 15 – Fotomicrografia de fígado de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira). Presença de grande quantidade de pigmento azulado representando depósitos de elemento férrico corados pela técnica de Perls (Azul da Prússia) (Caso 108).

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82

Figuras 10 e 10.1 Figuras 11 e 11.1

Figuras 12 e 12.1 Figura 13

Figura 14 Figura 15

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83

Figura 16 – Fotomicrografia de intestino delgado de Paroaria dominicana (Galo-da-campina). Enterite associada à presença de grande quantidade de estruturas ovaladas (setas) compatíveis com quadro de Coccidiose (Caso 7). HE

Figura 17 – Fotomicrografia de grande quantidade de oocistos sugestíveis de Isospora sp, observados durante exame parasitológico de conteúdo intestinal de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) (Caso 49). Oocistos não esporulados (seta cheia) e esporulados (seta pontilhada).

Figura 18 – Fotomicrografia de ceco de Saltator similis (Trinca-ferro). Presença de pequenas estruturas puntiformes basofílicas intracelulares sugestíveis de Atoxoplasma sp, caracterizando um quadro suspeito de Atoxoplasmose (Caso 11). HE

Figura 19 – Fotomicrografia de intestino delgado de Paroaria dominicana (Galo-da-campina). Presença de estruturas puntiformes basofílicas intracelulares sugestíveis de Atoxoplasma sp em mucosa intestinal, caracterizando um quadro suspeito de Atoxoplasmose (Caso 147). HE

Figura 20 – Fotomicrografia de intestino delgado de Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira). Enterite granulocítica (seta cheia) moderada em lâmina própria associada à presença de cestódeo não indentificado (seta pontilhada) (Caso 88). HE

Figura 20.1 – Fotomicrografia de cestódeo não identificado encontrado em intestino delgado, associado à enterite (Figura 20) (Caso 88). Coloração carmim clorídrico.

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84

Figura 16 Figura 17

Figura 18 Figura 19

Figura 20 Figura 20.1

20 µm

Reinaldo José da Silva

Hilda F. J. Pena

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85

6 DISCUSSÃO

6.1 ANIMAIS

6.1.1 Instituições procedentes

O DEPAVE-3 e o Parque Ecológico do Tietê, como centros de triagem de animais

silvestres (CETAS), têm a finalidade de recepcionar, triar, tratar e orientar quanto à

destinação dos animais resgatados ou apreendidos pelos órgãos fiscalizadores e encontrados

pela população em geral, além das funções de monitoramento e educação ambiental

(BRASIL, [200_?]; VILANI, 2007).

Pelo fato de receberem grande quantidade de animais e de diversas espécies, possuem um

enorme potencial para contribuir com o desenvolvimento de pesquisas científicas relacionadas

à fauna silvestre brasileira, que por sua vez ainda é deficiente. Dessa forma, possuem

materiais riquíssimos, oferecendo a oportunidade de desenvolvimento de projetos que não

envolvam somente animais vivos, mas também suas carcaças.

O estudo de cadáveres, através dos exames necroscópicos e histopatológicos, em medicina

de animais silvestres, ainda é um método muito utilizado na detecção de doenças, muitas

ainda desconhecidas, fornecendo importantes informações (MUNSON; COOK, 1993).

6.1.2 Famílias e espécies envolvidas

Grande parte das espécies oriundas de tráfico não coincidiu com as encontradas em vida

livre da Região Metropolitana de São Paulo, sugerindo a preferência dos traficantes por

espécies diferentes das mais comumente vistas na região. Além disso, embora a maioria das

espécies apreendidas apresentasse ampla distribuição geográfica no Brasil, inclusive sobre o

Estado de São Paulo (Anexo E), as grandes apreensões realizadas no Sudeste pela Polícia

Ambiental, são frequentemente, oriundas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país

(RENCTAS, 2001; GODOY, 2006).

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86

Turdus rufiventris (Sabiá-laranjeira) foi a espécie mais abundante, tanto em aves

provenientes de vida livre como de tráfico. Esse pássaro é uma das aves mais comuns na

cidade de São Paulo e devido ao fato de seu canto ser muito apreciado, vem sendo

frequentemente capturado na natureza, mesmo ainda não fazendo parte das principais espécies

mais traficadas no Brasil e no Estado de São Paulo (IBAMA, 2002; DEVELEY, 2004; SÃO

PAULO, 2005). Segundo a lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, encontra-se na

categoria de baixo risco ou pouco preocupante (IUCN, 2007) (Anexo E).

Paroaria dominicana (Galo da campina), segunda espécie mais abundante entre as aves

oriundas de tráfico estudadas, encontra-se em 4° lugar segundo lista das 11 espécies de aves

mais apreendidas no Brasil no ano de 2002 e em 10° lugar na lista das 10 espécies mais

apreendidas segundo Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo (BRASIL, 2002; SÃO

PAULO, 2005). Já Sicalis flaveola (Canário-da-terra), ocupando o terceiro lugar, é

considerada a espécie mais traficada segundo IBAMA e Polícia Militar Ambiental do Estado

de São Paulo (BRASIL, 2002; SÃO PAULO, 2005). Atualmente as duas espécies acima

encontram-se na categoria de baixo risco ou pouco preocupante segundo a lista vermelha das

espécies ameaçadas de extinção (IUCN, 2007) (Anexo E).

No estudo realizado por Godoy (2006), as espécies de Passeriformes provenientes de

tráfico mais avaliadas foram Paroaria dominicana, Gnorimopsar chopi e Sporophila

albogulares. Enquanto no presente trabalho, Sporophila albogulares não foi estudada e

Gnorimopsar chopi apresentava-se em número restrito de 3 indivíduos, P. dominicana foi

considerada a 2° espécie mais estudada, enfatizando seu aparecimento entre as espécies mais

apreendidas. Também foi considerada a espécie mais comercializada ilegalmente em Recife,

segundo Pereira e Brito (2005).

Dentre os Passeriformes de vida livre, Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), ocupou o

segundo lugar, seguido de Thraupis sayaca (Sanhaço-cinzento). Ambas são comumente vistas

na Região Metropolitana de São Paulo, sendo que a primeira é uma das mais populares no

Brasil, apresentando capacidade de adaptação a diversos ambientes (DEVELEY, 2004). As

duas espécies encontram-se na categoria de baixo risco ou pouco preocupante segundo lista

vermelha das espécies ameaçadas de extinção (IUCN, 2007) (Anexo E).

Em animais oriundos de tráfico, as três famílias mais estudadas foram: Emberizidae, por

ser composta justamente pelas espécies mais encontradas como P. dominicana, Sicalis

flaveola, entre outras; Cardinalidae, no estudo, formada por Saltator similis e Cyanocompsa

brissonii, que isoladamente, ocuparam os 4° e 5° lugar respectivamente e Turdidae, composta

por T. rufiventris. Dessa forma, embora a espécie mais estudada tenha sido T. rufiventris, a

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87

família mais representativa do estudo realizado em Passeriformes de tráfico foi a

Emberizidae, a qual pertencem a maioria das principais aves traficadas. Em estudo realizado

por Rocha et al. (2006), a família Emberizidae também foi considerada a mais comercializada

ilegalmente na cidade de Campina Grande - Paraíba, representando 47,62% do total de aves,

sendo também a família com maior número de espécies comercializadas na região

metropolitana de Recife – Pernambuco, segundo Pereira e Brito (2005).

Em animais provenientes de vida livre, as mais representativas foram Turdidae,

Tyrannidae e Thraupidae compostas justamente pelas espécies respectivamente mais

estudadas, T. rufiventris, P. sulphuratus e T. sayaca.

De 31 espécies de Passeriformes estudadas, somente 2 estão classificadas como vulnerável

na categoria de ameaça, Procnias nudicollis (Araponga) e Sporophila frontalis (Pichochó)

(IUCN, 2007). A primeira foi considerada como quase ameaçada em 1988, 1994 e 2000,

sendo vulnerável em 2007, isto é, sob risco elevado de extinção na natureza. Já a segunda

esteve ameaçada em 1988, em perigo em 1994 e vulnerável em 2000 e 2007. Na lista nacional

das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, elaborada pelo Ministério do Meio

Ambiente e parceiros, somente a espécie S. frontalis encontra-se na categoria vulnerável, não

sendo mencionada P. nudicollis (BRASIL, 2003). As demais se encontram na categoria de

baixo risco ou pouco preocupante, assim no que se refere ao tráfico, pode-se supor que são

retiradas da natureza espécies comuns, porém em grandes quantidades, para serem vendidas a

preços baixos (Anexo E).

6.1.3 Sexo, faixa etária e condição corpórea

De maneira geral, encontrou-se maior porcentagem de machos do que fêmeas, tal situação

foi observada entre as aves oriundas de tráfico, ao contrário das aves de vida livre, em que as

fêmeas foram ligeiramente mais abundantes. Segundo Pough, Janis e Heiser (2003) e Rocha

et al. (2006), os traficantes de animais silvestres possuem preferência pelos machos, uma vez

que possuem maior capacidade de canto e plumagem mais bonita, sendo os mais procurados,

enquanto as fêmeas só são capturadas para fins reprodutivos ou para estimular o canto dos

machos no momento da venda, sendo comercializadas a preços mais baixos. A predominância

pela procura de pássaros machos é um fato agravante para o equilíbrio populacional das

espécies envolvidas, uma vez que, cerca de 90% das espécies de aves adotam um

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88

comportamento monogâmico durante seu período reprodutivo (POUGH; JANIS; HEISER,

2003; HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004; ROCHA et al., 2006).

A porcentagem de animais, cujo sexo foi indeterminado, apresentou-se superior em aves

de vida livre, superando inclusive o número de indivíduos do sexo feminino, predominante

neste grupo. Esse valor relativamente alto encontrado pode ser explicado pela presença de

grande quantidade de indivíduos filhotes e jovens, totalizando juntos 61,9%, que devido à

imaturidade de gônadas, dificultam a determinação do sexo.

Com relação à idade, observou-se um predomínio de indivíduos adultos entre os animais

de tráfico, enquanto que os de vida livre foram mais representados por filhotes e jovens.

O número reduzido de imaturos estudados entre os oriundos de tráfico provavelmente

esteja associado à chance de sobrevida ser menor que a de adultos, justamente por não

estarem completamente desenvolvidos e serem submetidos às péssimas condições de manejo,

assim como os adultos, desde a captura até o transporte e armazenamento. Dessa forma,

filhotes e jovens, na maioria das vezes, não sobrevivem a todo o processo do tráfico, quase

não sendo apreendidos pelos órgãos fiscalizadores competentes, uma vez que frequentemente

quando capturados vêm a óbito rapidamente.

Já o número elevado de Passeriformes imaturos de vida livre pode ser explicado pelo fato

de serem mais acometidos por enfermidades nas fases de abandono do ninho e de

crescimento, apresentando-se mais sensíveis que os indivíduos desenvolvidos, sendo assim

mais facilmente encontrados debilitados.

A maioria dos indivíduos oriundos do tráfico apresentou condição corpórea de regular a

ruim, ao contrário daqueles de vida livre, cujas aves apresentaram-se em boas condições

corpóreas. Tal resultado já era esperado, uma vez que, os animais apreendidos são submetidos

ao estresse de captura, transporte, armazenamento, além das péssimas condições alimentares e

sanitárias, favorecendo o estado de debilidade e imunossupressão, tornando-os mais

suscetíveis ao desenvolvimento de enfermidades. Enquanto aves de vida livre,

frequentemente, não passam por todos estes fatores debilitantes. Uma taxa elevada de aves

com condições corpóreas precárias foi também encontrada no estudo de Passeriformes

provenientes de tráfico, realizado por Godoy (2006), onde 61,4% dos animais apresentavam

estado ruim, 28,4% regular e apenas 10,2% estado bom.

6.2 EXAMES MICROBIOLÓGICOS

Page 90: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

89

A porcentagem de positividade para algum agente infeccioso foi praticamente a mesma

entre animais de vida livre e proveniente de tráfico.

Escherichia coli e leveduras do gênero Candida, incluindo Candida albicans, foram os

agentes microbianos mais frequentemente encontrados.

Leveduras do gênero Candida, principalmente C. albicans, são encontradas normalmente

no meio ambiente e na microbiota do trato digestório das aves, atuando como agente

oportunista em animais imunossuprimidos, como é o caso da maioria daqueles provenientes

do tráfico, não sendo de se estranhar o fato desse agente, neste estudo, ser muito freqüente,

entre esses animais (PATGIRI, 1987; REAVILL, 1996b; CHUTE, 1997; OGLESBEE, 1997;

VELASCO, 2000).

E. coli é uma enterobactéria com distribuição mundial, fazendo parte da microbiota

gastrintestinal de mamíferos (REAVILL, 1996a). Segundo Fudge (2001), geralmente as aves

silvestres não possuem este agente em sua microbiota intestinal, havendo exceções, como no

caso de cacatuas, porém no estudo realizado por Morishita et al. (1999), isolou-se E. coli de

amostras cloacais de 293 dos 1.709 Passeriformes sadios de vida livre amostrados na região

de Ohio (E.U.A). Considerada como patógeno secundário, está relacionada à condições

precárias de higiene, dieta desbalanceada, problemas de manejo e imunossupressão da ave

(GLUNDER, 1981; DORRESTEIN, 1996, 1997; JOSEPH, 2003). Algumas cepas têm sido

identificadas apresentando alto grau de patogenicidade, sendo assim consideradas agentes

primários (GERLACH, 1994b).

Godoy (2006) verificou que E. coli era uma das bactérias mais observadas em quadros

septicêmicos em Passeriformes apreendidos. No Reino Unido, resultados de exames post

mortem realizados em passeriformes da família Fringillidae, concluíram que uma das duas

causas de morte mais comuns em áreas com alta mortalidade, estava associadas à infecções

por E. coli (PENNYCOTT et al., 1998). Dessa forma, através dos trabalhos citados acima,

pôde-se verificar a prevalência relativamente alta de E. coli, que neste presente estudo, foi o

agente mais encontrado em Passeriformes provenientes de tráfico e de vida livre.

6.3 EXAMES PARASITOLÓGICOS

6.3.1 Exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal

Page 91: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

90

A porcentagem de Passeriformes positivos foi igual a 38,6% do total daqueles submetidos

a exames parasitológicos, sendo que o parasito com maior prevalência (66,7%), tanto em

animais de vida livre como tráfico, foi Isospora sp A porcentagem de positividade encontrada

em amostras fecais de Passeriformes, segundo Marietto-Gonçalves et al. (2006), no período

de 2005 a 2006, foi igual a 24,6% (36/149), sendo os coccídios os parasitas mais

frequentemente encontrados nas aves estudadas, com prevalência de 58,3% nos pássaros. Já o

estudo realizado por Sinhorini et al. (2007), encontrou 20,5% de positividade em um total de

1.454 amostras fecais de Passeriformes encaminhados ao DEPAVE-3, no período de 1994 a

2001, sendo que os parasitas mais frequentemente diagnosticados foram os protozoários e

nematódeos.

Embora neste presente estudo tenha sido realizado exame parasitológico a partir de

conteúdo gastrintestinal e não fecal, como os autores acima mencionados, nota-se uma certa

proximidade dos valores obtidos referentes à positividade das amostras com aqueles relatados

pela literatura acima. Além disso, o grupo de parasitos mais prevalente encontrado neste

estudo foi o mesmo por Marietto-Golçalves et al. (2006) e Sinhorini (2007), ou seja, os

protozoários, em especial os coccídios, que abrangem o gênero Isospora, sendo o segundo

lugar ocupado pelos nematódeos.

Isospora sp são coccídios, membros do subfilo Apicomplexa, classe Sporozoa. Coccídios

são normalmente transmitidos pela via fecal-oral, sendo parasitas pequenos e

obrigatoriamente intracelulares. Espécies de Isospora sp possuem normalmente ciclo de vida

direto, similar a Eimeria sp, sendo espécie-específicos e as mais comumente observadas em

Passeriformes. Os oocistos são pequenos e esféricos, podendo se apresentar nas fezes na

forma esporulada ou não (Figura 17), quando esporulados contém dois esporocistos com

quatro esporozoítos cada (GREINER; RITCHIE, 1994; PAGE; HADDAD, 1995).

As alterações macroscópicas em animais infectados podem incluir enterite eritematosa e

hemorrágica, ou mesmo ausência de lesões, enquanto microscopicamente pode-se observar

presença de estruturas arredondadas compatíveis com coccídias, associadas à enterite

hemorrágica. No presente estudo, dos 27 animais positivos para Isospora sp, somente 10

(casos 25, 28, 57, 86, 99, 102, 110, 113, 120 e 152) apresentaram lesões macroscópicas,

caracterizadas por congestão dos vasos da serosa e mucosa intestinal avermelhada. Em 17

conseguiu-se visualizar estruturas arredondadas basofílicas em mucosa intestinal, compatíveis

com coccídias, e 18 apresentaram lesões microscópicas caracterizadas por enterite

granulocítica (casos 25, 49, 110, 111, 113, 139 e 152), mononuclear (casos 4, 70, 99, 120, 128

e 133) e mista (casos 29, 71, 79, 102 e 122) em mucosa, lâmina própria e/ou serosa. Somente

Page 92: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

91

1 ave (caso 57) não apresentou lesões, enquanto a autólise de tecido intestinal esteve presente

em 8 (casos 28, 81, 84, 86, 89, 101, 104 e 131).

Além disso, nesse estudo foram encontrados ovos de Capillaria sp, Syngamus trachea,

Cryptosporidium sp, espirurídeos, cestódeos e trematódeos.

Capillaria sp são nematódeos que podem parasitar o trato digestório superior (esôfago e

ventrículo) e inferior (intestinos) de diversas aves como Passeriformes, Psittaciformes,

Columbiformes, rapinantes, entre outras. Seus ovos são característicos e facilmente

reconhecidos, sendo bioperculados, de formato ovalado, casca de coloração acastanhada e

conteúdo granular, não segmentado.

As lesões macroscópicas que podem ser observadas são espessamento de mucosa,

inflamação com exsudato e até fibrina, enquanto microscopicamente, nota-se mucosa

eritematosa e edematosa, petéquias e equimoses (GREVE, 1996). Nesse estudo encontrou-se

Capillaria sp em 3 aves (casos 44, 57 e 62), havendo lesões macroscópicas em todas,

caracterizadas por mucosa avermelhada (44), congestão de serosa de intestino delgado (62) e

de intestino grosso (57). Lesões microscópicas foram observadas somente em ventrículo do

caso 44, que apresentava infiltrado granulocítico focal entre lâmina própria e muscular da

mucosa.

S. trachea é um nematódeo, com ciclo direto, que parasita o sistema respiratório das aves,

cujos ovos bioperculados, com casca grossa e conteúdo segmentado (mórula) no seu interior,

podem aparecer nas fezes (Figura 2.1) (ASTERINO, 1996; GREVE, 1996; SANDMEIER;

COUTTEEL, 2005). Bem estabelecido na traquéia, o parasita adulto pode levar à traqueíte

catarral e até pneumonia causada pela migração das larvas, sendo que o adulto pode ser

encontrado em brônquios e bronquíolos (ASTERINO, 1996). Dos 6 animais infectados pelo

nematódeo, somente 2 (casos 129 e 138) apresentaram macroscopicamente congestão

pulmonar, sendo o adulto visualizado na traquéia de 2 aves (casos 138 e 152).

Microscopicamente, notou-se congestão pulmonar (47, 111, 129 e 138); infiltrado

granulocítico na traquéia (149 e 152) e pulmão (111, 149 e 152); hemorragia pulmonar (149)

e cortes de parasitos em lúmen traqueal (129 e 152).

Cryptosporidium sp, também são coccídios, primariamente dos sistemas gastrintestinal e

respiratório, mas também infectam trato urinário de algumas espécies de aves. Produzem

oocistos muito pequenos, que podem ser confundidos com células leveduriformes. No sistema

respiratório, o protozoário pode levar à sinusite, conjuntivite, exsudato mucoso excessivo em

conjuntivas, seios nasais e traquéia, opacidade em sacos aéreos, e pulmões com coloração

cinza-avermelhada. Microscopicamente, observa-se hipertrofia e hiperplasia epitelial,

Page 93: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

92

congestão, necrose e inflamação. Alterações macroscópicas visualizadas no sistema

gastrintestinal incluem distensão intestinal por conteúdo mucoso e gasoso, e

microscopicamente, destruição dos enterócitos, atrofia de vilosidades, hiperplasia de criptas,

inflamação purulenta, necrose da bursa de Fabrícius e bursite. No sistema urinário, durante

exame necroscópico pode-se observar palidez e aumento renal, e microscopicamente, nefrite e

ureterite (RANDALL; REECE, 1996; SRÉTER; VARGA, 2000).

Três casos apresentaram-se positivos para Cryptosporidium sp, sendo que as alterações

macroscópicas visualizadas foram congestão ventricular e ureter dilatado pela grande

quantidade de urato (caso 101) e congestão intestinal (caso 112). Além disso, durante exame

histopatológico observou-se nefrite e ventriculite granulocítica severa (101); hiperplasia

epitelial de conjuntiva e traquéia, traqueíte e enterite mononuclear (133) e discreta congestão

em intestino delgado (112). Somente em 2 casos observou-se a presença de estruturas

compatíveis com o parasita, em ventrículo (101), conjuntiva e traquéia (133). As alterações

renais observadas no caso 101, podem não estar relacionadas ao parasita, uma vez que não foi

visualizado nesse tecido. Também não foram vistas estruturas compatíveis no tecido intestinal

do caso 112.

A análise parasitológica a partir somente da visualização de ovos de cestódeos,

trematódeos e espirurídeos permite a diferenciação entre eles, mas não a identificação dos

parasitos quanto ao gênero e espécie.

Embora bastante comuns, os cestódeos, em sua maioria, não causam doenças clínicas nas

aves. Seus ovos são facilmente reconhecidos por possuírem um embrião que possui 6

ganchos, sendo denominados de oncosfera ou embrião hexacanto. Raramente nota-se alguma

alteração morfológica macroscópica intestinal, mas microscopicamente pode-se observar a

presença de infiltrado linfoplasmocitário e eosinofílico na mucosa, com destruição dos vilos,

dependendo da quantidade de escólex aderido (GREVE, 1986, 1996). Os 5 casos positivos

apresentaram enterite granulocítica (88, 149 e 152), mononuclear (120) ou mista (138), com a

presença de ovos de parasitas observados nos tecidos intestinais (88, 120 e 138).

Macroscopicamente somente em 2 casos (120 e 149), observou-se congestão de serosa

intestinal e em 1 caso (120) mucosa avermelhada.

Trematódeos são ocasionalmente encontrados no trato gastrintestinal e fígado das aves e

raramente causam doenças. Os ovos podem ser grandes ou pequenos, sendo mais facilmente

detectados pelo método de sedimentação, já que normalmente não flutuam (GREVE, 1986,

1996). No presente estudo, ovos desse parasitas somente foram encontrados em 1 caso (120),

Page 94: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

93

animal este que se apresentava também infectado por outros parasitas, como já mencionado

anteriormente.

Espirurídeos são nematódeos comuns no trato digestório superior, cujos adultos tendem a

se alojar na parede de órgãos, causando inflamação severa e ulceração, embora a maioria das

infecções tenha um curso clínico silencioso. Seus ovos são muito difíceis de serem

identificados quanto ao gênero devido as suas aparências similares: casca espessa sem cor,

ovóides e embrionados (GREVE, 1986). Alguns gêneros de espirurídeos mais encontrados em

Passeriformes são Dispharyx, Acuaria e Spiroptera (JOSEPH, 2003). Dos 6 casos positivos,

as alterações necroscópicas vistas foram congestão de serosa (casos 56, 102, 143 e 152) e

mucosa ligeiramente avermelhada (102). Microscopicamente 2 apresentaram enterite em

lâmina própria, sendo no caso 102, mista e 152, granulocítica; 1 caso apresentou congestão

intestinal discreta (143) e 3 casos, autólise (43,56 e 131).

Infecções mistas por diferentes classes de helmintos foram encontradas em 4 aves (casos

120, 138, 149 e 152), e infecções por helmintos e protozoários foram observadas

simultaneamente em 6 aves (casos 57, 102, 111, 120, 131 e 152). Dessa forma, 8 animais

apresentaram infecções mistas, seja por diferentes classes de helmintos ou por diferentes filos,

representando 20,51% do total de aves positivas para exame parasitológico de conteúdo

gastrintestinal. Portanto, nesses animais deve-se considerar a ação conjunta dos parasitas no

desenvolvimento de lesões histopatológicas, ou talvez o predomínio de um sobre outro, o que

impossibilita saber o real comprometimento de cada agente no tecido hospedeiro.

6.3.2 Helmintos

Os helmintos coletados durante os exames necroscópicos, foram mais encontrados em

aves de vida livre do que oriundas do tráfico, presentes nas seguintes espécies: T. rufiventris,

P. sulphuratus, S. flaveola, P. coronata e P. nudicollis.

Os nematódeos encontrados foram: Dispharynx spiralis, Cheilospirura sp e S. trachea;

enquanto que acantocéfalos e cestódeos não foram possíveis de serem identificados quanto

aos gêneros e espécies devido à impossibilidade de visualização de estruturas que permitissem

a diferenciação dos mesmos. Conforme já mencionado anteriormente em Resultados, a

identificação dos helmintos também não foi possível de ser realizada em 4 casos (3, 8, 9 e 12),

devido a má fixação dos mesmos.

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94

Os nematódeos foram os helmintos mais prevalentes, seguido dos acantocéfalos e, por

fim, dos cestódeos. Segundo Norton e Ruff (2003), os nematódeos constituem o grupo mais

importante de helmintos que parasitam frangos, em número de espécies, número de animais

infectados e na quantidade de lesões causadas, excedendo trematódeos e cestódeos. O estudo

realizado por Millán, Gortazar e Villafuerte (2004) revelou o predomínio de nematódeos em

perdizes (Alectoris rufa) mantidas em cativeiro na Espanha, enquanto nas de vida livre os

trematódeos foram os mais encontrados.

Dentre os poucos estudos existentes sobre a helmintofauna de Passeriformes brasileiros,

Carvalho et al. (2005) sugerem a inexistência de dominância entre classes e espécies de

parasitos avaliados em 20 aves do gênero Turdus, relatando a prevalência de 40% de parasitos

pertencentes à sub-classe Digenea (classe Trematoda), 25% de cestódeos e 20% de

nematódeos. Já o estudo desenvolvido por Carvalho (2006) com 102 espécimes de Paroaria

dominicana, revela que a comunidade componente de helmintos foi constituída por 6 espécies

de parasitos, sendo 4 nematódeos, 1 trematódeo e 1 acantocéfalo, porém nenhum deles foi

similar aos encontrados neste presente estudo. Ainda, uma pesquisa realizada com 78

indivíduos pertencentes às ordens Passeriformes, Caprimulgiformes, Columbiformes,

Gruiformes, Apodiformes e Piciformes, no Peru, constatou a predominância de céstodeos

sobre nematódeos e digeneos (BOUZAS et al., 2005).

Dentre os nematódeos, o mais encontrado foi o espirurídeo D. spiralis, apresentando-se

em grande número de exemplares nas aves de vida livre. Já foi relatado em diversas espécies

de Passeriformes, sendo um parasita importante de proventrículo e ventrículo nessas aves

(GOBLE; KUTZ, 1945; ASTERINO, 1996; GREVE, 1996; JOSEPH, 2003; NORTON;

RUFF, 2003). Seu ciclo de vida é indireto, requerendo um artrópode como hospedeiro

intermediário (ASTERINO, 1996).

O parasito adulto possui cordões cuticulares ondulados na extremidade anterior,

denominados cordões cefálicos (Figuras 1.2 e 1.3), e aloja-se em glândulas e mucosa de

proventrículo e na camada de coelina e mucosa de ventrículo, caso a infecção seja severa,

pode haver uma interrupção da camada de coelina, ulceração, hemorragia, necrose, fibrose

reativa e óbito. Se a infecção for leve, não há manifestação de sintomatologia clínica, mas

pode ter potencial para tornar-se um problema futuramente (GREVE, 1996; NORTON;

RUFF, 2003).

No estudo desenvolvido por Goble e Kutz (1945), notou-se maior incidência de D. spiralis

em aves jovens do que adultas e o grau de inflamação observado em proventrículo foi

proporcional à severidade da infecção, variando de uma infiltração leucocítica e congestão até

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95

proventriculite proliferativa catarral crônica. Bolette (1998) observou proventriculite aguda e

difusa em um Passeriforme esturnídeo da espécie Cosmopsarus regius infectado pelo parasita,

enquanto que um outro da família Tyrannidae, não apresentou alterações patológicas,

provavelmente devido à baixa infecção.

No presente estudo, a pesquisa de helmintos encontrou D. spiralis em 13 passeriformes,

sendo 12 de vida livre e 1 de tráfico, pertencentes às espécies P. sulphuratus e T. rufiventris.

A maioria das aves infectadas era imatura (jovens e filhotes), totalizando 10 casos, enquanto

somente 3 aves eram adultas, resultado semelhante observado por Goble e Kutz (1945).

Foram observadas alterações macroscópicas, durante o exame necroscópico, em 4 casos

(62, 83, 129 e 152), sendo notado respectivamente, conteúdo alimentar mucoso em

proventrículo (62), espessamento focal de mucosa de proventrículo (83), congestão de serosa

de proventrículo e ventrículo (129) e presença focal de petéquias em mucosa de proventrículo

(152) (Figuras 1 e 1.1). O restante não apresentou alterações macroscópicas, sendo somente

visualizado os parasitas. As alterações microscópicas observadas caracterizaram-se por

proliferação linfóide multifocal proventrículo (casos 56, 125, 138 e 152); proventriculite com

infiltrado granulocítico (casos 83 e 152), mononuclear (casos 44, 111 e 129) (Figura 1.4) e

misto (casos 50, 51, 62 e 152); ulceração e hemorragia em proventrículo (caso 43) e

ventriculite granulocítica focal discreta (casos 44 e 152). Somente o caso 131 não apresentou

lesões macro e microscópicas.

Cheilospirura sp é um nematódeo encontrado somente no ventrículo das aves,

principalmente de Galliformes (MENEZES et al., 2003; NORTON; RUFF, 2003; BRENER,

et al., 2006). Em Passeriformes, já foi relatada na família Corvidae (VICENTE et al., 1995;

PINTO; VICENTE; NORONHA, 1997). Segundo Menezes et al. (2003), em faisões, a

infecção foi macroscopicamente caracterizada pela presença de úlceras e espessamento de

mucosa de ventrículo em locais onde os parasitos estavam aderidos, enquanto que em

galinhas, notou-se somente a presença de nódulos amarelados de consistência macia em

serosa e musculatura do órgão. Microscopicamente, observou-se ventriculite mononuclear

difusa crônica, com discreto infiltrado granulocítico em faisões e inflamação difusa crônica na

mucosa, com áreas de ulceração, sendo o processo estendido para submucosa, muscular e

serosa com infiltrado eosinofílico e múltiplos hematomas ao redor das áreas de necrose, em

galinhas. Dessa forma, afetando a digestão mecânica e a absorção de alimentos. Ganapathy e

Shama (2003) e Brener et al. (2006), também observaram inflamação em galinhas domésticas

e perus, sendo que necrose, formação nodular e fibrose também foram encontradas nas

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96

galinhas. A ausência de sinais clínicos e alterações macro e microscópicas também já foram

observadas em Galliformes associados a uma baixa carga parasitária.

No presente estudo, Cheilospirura sp foi encontrada somente em um indivíduo adulto da

espécie S. flaveola (caso 101) (Figuras 3.2 a 3.5), que apresentava macroscopicamente

congestão de serosa de ventrículo. Microscopicamente observou-se infiltrado granulocítico

difuso severo em lâmina própria e multifocal em serosa de ventrículo (Figuras 3 e 3.1).

S. trachea é um nematódeo, cujas fêmeas são caracterizadas por serem grandes e de

coloração avermelhada, em cópula permanente com o macho, menor e esbranquiçado,

formando a configuração de um “Y” na traquéia das aves infectadas (Figura 2). Estão

presentes em diversas ordens de aves, incluindo Passeriformes. Bem estabelecido na traquéia,

o parasita adulto pode levar à traqueíte catarral, e a combinação do muco excessivo, à

presença do parasita e aos granulomas que se desenvolvem nos locais de fixação pode causar

uma obstrução de traquéia, levando à dispnéia, tosse, prostração, hemorragia, anemia, edema

e morte súbita. Também se pode observar pneumonia causada pela migração das larvas no

pulmão e o adulto pode ser encontrado em brônquios e bronquíolos. (GREVE, 1986;

MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996; NEVAREZ; GAMBLE; TULLY JR, 2002;

NORTON; RUFF, 2003).

Neste estudo, S. trachea foi encontrado somente na traquéia de um Passeriforme filhote da

espécie T. rufiventris (caso 152), parasitado também por D. spiralis e por cestódeo. Não

foram observadas alterações macroscópicas, somente a presença do parasita adulto em

traquéia. Microscopicamente notou-se infiltrado granulocítico difuso moderado em lâmina

própria e a presença de cortes de parasitas em lúmen traqueal (Figuras 2.3, 2.4 e 2.5), além de

infiltrado granulocítico focal intersticial severo em pulmão.

Estágios de acantocéfalos não desenvolvidos e adultos podem ser encontrados em

Passeriformes de vida livre. Os principais gêneros que parasitam essas aves são

Polymorphous, Plagiorhynchus, Prosthorhynchus e Centrorhynchus, porém neste estudo não

foi possível a identificação dos gêneros dos parasitas coletados (MACWHIRTER, 1994;

GREVE, 1996). O ciclo de vida é indireto, havendo presença de hospedeiros intermediários,

normalmente artrópodes (GREVE, 1996). Os parasitos adultos são encontrados no trato

intestinal (NORTON; RUFF, 2003). Em Passeriformes esturnídeos infectados observou-se

enterite e emaciação, enquanto que algumas espécies de turdídeos apresentaram hemorragia

intestinal, enterite severa e peritonite fibrinosa (ASTERINO, 1996; GREVE, 1996). Além

disso, já foi observada necrose circundada por uma inflamação granulomatosa, formando um

nódulo, ao redor da área de fixação do parasita, no tecido do hospedeiro (GREVE, 1986).

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97

Os acantocéfalos foram encontrados no intestino delgado de 6 Passeriformes (casos 44,

110, 111, 129, 139 e 149), todos provenientes de vida livre, pertencentes às espécies P.

sulphuratus, T. rufiventris e Mimus saturninus, sendo 5 imaturos (jovens e filhotes) e 1

adulto. Macroscopicamente, havia lesões em intestino delgado em 4 aves, caracterizadas por

congestão de serosa (44, 129 e 149); mucosa avermelhada (44 e 129) e petéquias em mucosa

(110). Os casos 111 e 139 não revelaram nenhuma alteração macroscópica durante a

necropsia. Os achados microscópicos caracterizaram-se por enterite caracterizada por

infiltrado granulocítico (casos 110, 111 e 149) ou misto predominantemente mononuclear

(caso 129) associados à estruturas compatíveis com coccídios (caso 130) e autólise (caso 44).

Assim nas aves que, além dos helmintos, encontrou-se a presença de coccídios,

provavelmente de maneira associada acabaram levando ao desenvolvimento do processo

inflamatório. Nos casos em que o número de exemplares de helmintos encontrados foi

pequeno em comparação à visualização de coccídios no histopatológico, pode-se sugerir que a

reação inflamatória tenha sido estimulada somente pela presença dos protozoários.

Os cestódeos ocorrem mais em Passeriformes insetívoros, devido ao fato dos parasitas

necessitarem de artrópodes como hospedeiros intermediários. Morfologicamente são

formados por proglotes e possuem em sua extremidade anterior, o escoléx, cuja função é de

ancoragem no tecido do hospedeiro (Figura 20.1) (MCDOUGALD, 2003). Normalmente não

causam sinais clínicos, mas aves imunossuprimidas e frequentemente expostas a hospedeiros

intermediários infectados, podem apresentar emaciação, diarréia, debilidade e óbito

(MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996). Raramente há alguma alteração morfológica

macroscópica na mucosa intestinal, mas microscopicamente pode-se notar a presença de

infiltrado linfoplasmocitário e eosinofílico na mucosa, com destruição dos vilos, dependendo

da quantidade de escólex aderido (GREVE, 1996).

Os cestódeos foram encontrados no intestino delgado de 2 filhotes de Passeriformes de

vida livre (casos 110 e 152) e em 1 adulto oriundo de tráfico (caso 88), todos pertencentes à

espécie T. rufiventris. O caso 110 apresentou, macroscopicamente, petéquias em mucosa

intestinal, enquanto no caso 152, observou-se somente congestão da serosa. Nenhum achado

macroscópico foi observado no caso 88. Microscopicamente, os casos 110 e 152 apresentaram

infiltrado granulocítico associado à presença de coccídios. Além disso, o caso 110 apresentou

infecção concomitante por Acantohocephala (17 exemplares), sendo que o processo

inflamatório pode ser resultante da ação de todos os diferentes parasitas encontrados no

intestino delgado dessa ave. No caso 88 observou-se infiltrado granulocítico (Figura 20) sem

a associação de coccídios.

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98

Infecções mistas por nematódeos, cestódeos e/ou acantocéfalos ocorreram em 5 aves

(casos 44, 110, 111, 129 e 152) e 1 ave apresentou infecção por mais de uma espécie de

nematódeo (caso 152). Dessa forma, 21,74% (5/23) das aves positivas foram parasitadas por 2

classes de helmintos, ou seja, 17,39% (4/23) das aves foram parasitas por dois gêneros de

helmintos e 4,34% (1/23) por 3 gêneros. Infecções múltiplas também já foram descritas em

pombos domésticos, que segundo Silva, Mattos Júnior e Ramires (1990), 60% das aves eram

parasitadas por um gênero de helminto; 22,85% por dois gêneros; 11,42% por três gêneros e

5,71% por quatro gêneros.

6.4 DETERMINAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS CAUSAS DE MORTE

Óbitos decorrentes a processos infecciosos foram mais significativos em Passeriformes

oriundos do tráfico (51,17%), que são frequentemente submetidos ao estresse de captura,

transporte e armazenamento, além das péssimas condições alimentares e sanitárias,

favorecendo o estado de debilidade e imunossupressão. Dessa forma, pela queda de

imunidade, desenvolvem enfermidades, muitas vezes, passando da condição de portadores

sadios de patógenos para doentes. Além disso, as condições de superpopulação e falta de

higiene podem favorecer a disseminação de doenças infecciosas entre os indivíduos.

Godoy (2006) também encontrou um predomínio de óbitos relacionados a processos

infecciosos nos Passeriformes oriundos de tráfico analisados, correspondentes a 78,6% das

causas de morte estudadas.

Já em vida livre, a maioria das causas de morte estava associada aos processos não

infecciosos (42,86%), possivelmente por apresentarem imunidade mais desenvolvida, não

sendo tão suscetíveis às enfermidades infecciosas, entretanto vieram a óbito por outros tipos

de afecções.

As causas de morte indeterminadas foram mais prevalentes em animais de tráfico

(13,95%), encontrando-se resultado semelhante (12,8%) ao obtido por Godoy (2006).

A causa de morte mais freqüente, tanto em aves de tráfico como vida livre, não variou

conforme o sexo. No primeiro grupo, a maior porcentagem de machos, fêmeas e indivíduos

cujo sexo era indeterminado estava associada a processos infecciosos. Enquanto que, entre as

aves de vida livre, a maioria de machos e fêmeas estava relacionada a processos não

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99

infecciosos, exceto nos animais cujo sexo era indeterminado, já que apresentaram predomínio

de processos infecciosos sobre os não infecciosos.

A maioria de machos e fêmeas oriundos do tráfico, apresentou processos infecciosos

relacionados à infecções mistas, enquanto que na maior parte dos indivíduos com sexo

indeterminado, relacionavam-se às parasitárias. Já a maioria de machos, fêmeas e indivíduos

com sexo desconhecido provenientes de vida livre, apresentou processos não infecciosos

associados a traumatismos.

Com relação à faixa etária, houve variação entre o predomínio das causas de morte tanto

em animais de tráfico como de vida livre. A maioria dos adultos provenientes de tráfico

apresentou óbito devido a processos infecciosos, enquanto a maioria dos jovens apresentou

causas de morte indeterminadas e decorrentes a processos não infecciosos, em iguais

proporções. Dos processos infecciosos, as infecções mistas foram as mais freqüentes entre os

adultos. Entre os jovens, os processos não infecciosos estiveram relacionados a traumatismos,

distúrbios nutricionais e circulatórios, em proporções iguais, e a autólise foi a mais freqüente

das causas indeterminadas.

Em vida livre, grande parte de filhotes esteve relacionada a processos infecciosos,

enquanto jovens e adultos a processos não infecciosos. Dentre os filhotes, os processos

infecciosos estiveram mais associados às infecções mistas. Dos processos não infecciosos, o

traumatismo foi a causa de morte mais freqüente entre jovens e adultos. Como discutido

anteriormente, os filhotes apresentam um sistema imune deficiente, tornando-se mais

suscetíveis às infecções.

Passeriformes oriundos de tráfico não apresentaram alteração da alta prevalência de óbitos

relacionados a processos infecciosos em indivíduos com diversas condições corpóreas. Em

geral, frequentemente as enfermidades infecciosas levam gradativamente ao

comprometimento do estado geral, sendo que com a evolução do processo, animais com boas

condições corporais passem a condições regulares e ruins. Observou-se também que os

caquéticos foram os mais representativos nas causas de óbito infecciosas, enquanto que em

causas não infecciosas predominaram as aves em condições adequadas.

A variação entre o predomínio dos óbitos considerados mais freqüentes nas aves de vida

livre, ou seja, decorrentes a processos não infecciosos, ocorreu entre os diferentes estados

corpóreos. A maior parte daqueles com condições adequadas estavam relacionados aos

processos não infecciosos, uma vez que são menos depauperantes que os infecciosos. Como

observado em tráfico, aves magras de vida livre estiveram também mais associadas aos

processos infecciosos, embora, contraditoriamente a maior parcela de caquéticas estava

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100

relacionada aos processos não infecciosos. Nesses animais caquéticos, os distúrbios

nutricionais foram responsáveis por 50% dos óbitos, podendo estes ser a explicação para

animais com péssimo estado geral serem mais abundantes em causas não infecciosas do que

infecciosas.

Diferentemente das duas outras famílias mais abundantes, entre animais oriundos de

tráfico, Cardinalidae apresentou maior número de óbitos decorrentes a processos não

infecciosos, sendo 50% relacionados a traumatismos. Em vida livre, enquanto a terceira

família mais abundante, Thraupidae, apresentou maior porcentagem de óbitos relacionados a

processos não infecciosos, assim como a maioria das aves de vida livre, Turdidae, a mais

prevalente, teve seus óbitos mais associados às causas infecciosas, sendo grande parte

(44,44%) à infecções bacterianas.

6.4.1 Processos infecciosos

A maioria dos óbitos decorrentes a processos infecciosos em aves de tráfico foi decorrente

à infecções mistas, formadas principalmente por agentes bacterianos e fúngicos, já que

normalmente apresentam-se imunossuprimidas, favorecendo o contágio de tipos diferentes de

agentes, oportunistas em sua maioria. Resultados diferentes foram obtidos por Godoy (2006),

onde as infecções virais foram responsáveis pelo maior número de perdas de animais oriundos

do tráfico, ou seja, 38,2%, seguido de 23% de processos fúngicos, 18,3% parasitários, 13,8%

mistos, 3,5% bacterianos e 3,2% de processos com agente indeterminado.

Já grande parte das mortes relacionadas a processos infecciosos em vida livre foi

decorrente à infecções bacterianas.

6.4.1.1 Óbitos decorrentes à infecções bacterianas

Conforme citados anteriormente, agentes bacterianos foram os mais prevalentes entre os

processos infecciosos ocorridos em Passeriformes de vida livre. A maior parte dos casos em

vida livre e tráfico envolviam bactérias Gram-positivas.

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101

Nas aves, as bactérias Gram-negativas são consideradas as mais patogênicas,

principalmente membros da família Enterobacteriaceae. As Gram-positivas também possuem

importância, mas normalmente são mais consideradas como agentes oportunistas em animais

imunossuprimidos do que agentes primários (CUBAS; GODOY, 2005). Dentre as Gram-

positivas, os cocos são isolados com maior freqüência (KONEMAN et al., 2001).

Bactérias Gram-positivas são amplamente distribuídas na natureza, podendo ser isoladas

em ambientes ou como habitantes comensais de pele, mucosa e outros sítios corpóreos de

animais. Podem causar infecção sistêmica ou local. Vários gêneros constituem o grupo dos

cocos Gram-positivos como: Staphylococcus, Streptococcus, Micrococcus, Stomatococcus,

Plasmococcus, Enterococcus e bactérias similares, sendo o primeiro o mais importante em

animais (KONEMAN et al., 2001).

Grande porcentagem das infecções por Gram-positivas em aves silvestres é decorrente a

Staphylococcus (SCHMIDT, 1996). Espécies pertencentes a esse gênero estão presentes no

meio ambiente e são residentes no trato respiratório superior e pele de humanos e animais,

sendo habitantes da microbiota cutânea e gastrintestinal nas aves (MACWHIRTER, 1994;

REAVILL, 1996a; QUINN et al. 2005). No mínimo 30 espécies ocorrem como comensais em

pele e membranas mucosas de animais, algumas atuando como patógenos oportunistas

levando à infecções piogênicas (KONEMAN et al., 2001; et al., 2005c). Traumas e

imunossupressão podem predispor ao desenvolvimento de infecções (QUINN et al., 2005).

As espécies de Staphylococcus são classificadas em coagulase negativa e positiva, sendo

que a produção dessa enzima está relacionada à patogenicidade do agente. Embora os

primeiros sejam pouco virulentos, alguns ocasionalmente causam doença em animais,

principalmente imunossuprimidos. Dentre os estafilococos coagulase negativa estão S.

epidermidis e S. saprophyticus, e como exemplos de coagulase positiva tem-se S. aureus e S.

intermedius (BIBERSTEIN; HIRSH, 1999; QUINN et al., 2005).

A maioria das infecções se desenvolve a partir da microbiota endógena, quando há uma

quebra das barreiras de defesa do hospedeiro, como lesões cutâneas ou em mucosas, ou em

casos em que o sistema imune está severamente comprometido. A espécie mais comumente

isolada em aves é S. aureus, sendo frequentemente presente em pododermatites de canários,

rapinantes e frangos (REAVILL, 1996a; SKEELES, 1997; FUDGE, 2001). Infecção por S.

epidermidis também é comum de ser encontrada (JOSEPH, 2003).

As lesões em região plantar são portas de entrada para as bactérias, e quando não tratadas

podem levar à colonização bacteriana em outros órgãos. Esta colonização pode se apresentar

como uma septicemia aguda ou com um curso mais crônico como artrite e claudicação. Em

Page 103: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

102

frangos os locais mais freqüentes de colonização secundária são os ossos, tendões e

articulações de membros posteriores (REAVILL, 1996a). O organismo também está

associado com septicemias e granulomas em órgãos, além de trombos arteriolares, necrose de

dígitos, conjuntivite, artrite, pneumonia, enterite, hepatite, miocardite, esplenite, nefrite,

meningite, encefalite, mielite, alta mortalidade embrionária e onfalite (MACWHIRTER,

1994; DORRESTEIN, 1996, 1997, 2003; SHIVAPRASAD, 2002; JOSEPH, 2003; CUBAS;

GODOY, 2005). Segundo Cubas e Godoy (2005), infecções respiratórias e cutâneas podem

evoluir para septicemia. Em canários foram descritos surtos de estafilococose, causados por S.

aureus, S. hyicus e S. intermedius, resultando em óbito (DEVRIESE et al., 1994).

Histologicamente as lesões por Staphylococcus consistem em necrose e presença de grande

número de colônias bacterianas e heterófilos (SKEELES, 1997).

Infecção por bactérias cocos Gram-positivas foram encontradas em 9 casos. Em 6 deles

(52, 56, 72, 75, 98 e 107), a única informação sobre os agentes era que se tratavam de

infecções por cocos Gram-positivos. No caso 138, a infecção foi decorrente a uma espécie de

Staphylococcus coagulase negativa, enquanto no caso 88 isolou-se S. aureus e no caso 151, S.

pulvereri. Essa última bactéria foi descrita pela primeira vez em 1995 e proposta como nova

espécie coagulase negativa, sendo encontrada em galinhas (KONEMAN et al., 2001).

Acometimento sistêmico foi observado nos casos 52, 72, 88 (Figura 8), 107, 138 e 151

(Figuras 9.1 e 9.2). Todos eram referentes a animais em condições corpóreas regulares a ruins

(magros e caquéticos), exceto o caso 107 que se apresentava em bom estado nutricional. A

descrição das alterações macro e microscópicas de cada um desses casos encontram-se

disponível no banco de dados em CD-ROM.

Na maioria das infecções citadas acima houve envolvimento de região plantar (Figura

8.1), articulações e dígitos de membros pélvicos, locais comuns de colonização por espécies

de Staphylococcus. Além disso, notou-se acometimento esplênico em todos os casos, isso

porque segundo Ridell (1987), septicemias bacterianas em aves podem ser descritas com

presença de lesões esplênicas caracterizadas por presença de exsudato fibrinoso ao redor de

capilares embainhados, depleção linfóide, hiperemia e infiltrado de heterófilos e trombócitos.

Acometimento de sistema digestório esteve presente nos casos 75 e 98, enquanto

envolvimento de sistema respiratório foi encontrado no caso 56, este último referente a uma

ave submetida à eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade do quadro clínico. Os

animais referentes aos casos 56 e 98 apresentavam-se magros e ao caso 75 em boas condições

corpóreas. As descrições macro e microscópica das alterações encontram-se disponível no

banco de dados em CD-ROM.

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103

Dessa forma conclui-se que a maioria das infecções descritas acima apresentou

envolvimento cutâneo evoluindo para septicemia, conforme já relatado por Cubas e Godoy

(2005). Também se observaram infecções por cocos Gram-positivos acometendo sistemas

digestório e respiratório.

Streptococcus sp foi isolado somente no caso 108, caracterizado por um quadro

septicêmico (CD-ROM). A ave apresentava-se caquética e com fratura exposta de rádio-ulna.

Bactérias do gênero Streptococcus possuem distribuição mundial, sendo que muitas

espécies fazem parte da microbiota normal de aves e apresentam patogenicidade baixa

(CUBAS; GODOY, 2005; QUINN et al., 2005).

Os fatores que predispõem às infecções são imunossupressão, outras doenças e

desnutrição. Atuação como patógenos primários podem ocorrer em aves jovens e filhotes

(CUBAS; GODOY, 2005). As infecções por estes microorganismos são freqüentes e também

estão associadas à mortalidade embrionária, onfalite, dermatite, pododermatite, conjuntivite,

sinusite, artrite, pneumonia, enterite e septicemia em Passeriformes (MACWHIRTER, 1994;

DORRESTEIN, 1996, 1997, 2003; FUDGE, 2001; JOSEPH, 2003). Segundo Reavill (1996a),

há relatos de oito casos de septicemia por Streptococcus suis em canários, pintassilgos, patos

e psitacídeos. Microscopicamente pode-se observar sinusóides hepáticos congestos com

infiltrado heterofílico, áreas de necrose, agregados e êmbolos bacterianos (WAGES, 1997).

Casos de septicemia são caracterizados por poliserosite fibrinosa, hemorragia em

epicárdio e miocárdio, congestão nos tecidos subcutâneos, serosas e pericárdio e hiperplasia

esplênica. Microscopicamente observa-se infiltrado inflamatório heterofílico e em casos

crônicos, granulomas em baço, fígado e coração (CUBAS; GODOY, 2005).

Bastonetes Gram-positivos, cuja espécie não foi identificada, foi encontrado no caso 115,

caracterizado por acometimento septicêmico (CD-ROM) e referente a um animal magro.

Bacilos ou bastonetes Gram-positivos englobam quatro categorias: bacilos esporulados

aeróbios ou anaeróbios facultativos (Bacillus); bacilos não esporulados regulares (Listeria,

Lactobacillus, Erysipelothrix, Kurthia); bacilos não esporulados irregulares

(Corynebacterium) e nocadioformes e actinomicetos aeróbios (Nocardia, Streptomyces,

Nocardiopsis, Actinomadura) (KONEMAN et al., 2001).

Todas as bactérias Gram-negativas isoladas foram pertencentes à família

Enterobacteriaceae. Seus membros podem ser arbitrariamente agrupados em três categorias:

patógenos principais (E. coli, Salmonella, Yersinia), oportunistas (Citrobacter, Enterobacter,

Proteus) e não patógenos (Hafnia, Erwinia) (MACWHIRTER, 1994; CUBAS; GODOY,

2005; QUINN et al., 2005).

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104

E. coli foi isolada em acometimento do sistema digestório nos casos 90 e 98 (CD-ROM),

apresentando-se em associação à Y. frederiksenii (90) e à bactérias Gram-positivas (98). No

caso 98, o isolamento bacteriano foi realizado através de “swab” cloacal, enquanto no outro

caso, a partir de fragmento intestinal.

E. coli possui distribuição mundial, fazendo parte da microbiota gastrintestinal de

mamíferos (REAVILL, 1996a). Vem sendo isolada a partir de fezes ou conteúdo intestinal de

Passeriformes sadios e doentes (DORRESTEIN, 1996, 1997; PENNYCOTT et al., 1998;

MORISHITA et al., 1999).

Na maioria das vezes é considerada como patógeno secundário, estando relacionada à

condições precárias de higiene, dieta desbalanceada, problemas de manejo e imunossupressão

da ave, porém algumas cepas têm sido identificadas apresentando alto grau de patogenicidade,

sendo consideradas assim patógenos primários (GLUNDER, 1981; GERLACH, 1994b;

DORRESTEIN, 1996, 1997; FUDGE, 2001; JOSEPH, 2003). Aves com mecanismos de

defesa intactos são resistentes à infecções pelo agente, até mesmo por cepas virulentas. As

infecções ocorrem quando as barreiras mucosas ou cutâneas estão comprometidas; o sistema

mononuclear fagocitário encontra-se debilitado; presença de imunossupressão; exposição

excessiva ao agente e estresse (BARNES; VAILLANCOURT; GROSS, 2003).

Em Passeriformes, a infecção já foi relatada em mainás, fringilídeos, esturnídeos

(REAVILL, 1996a; PENNYCOTT et al., 1998; GENTZ, 2003). Segundo Morishita et al.

(1999), encontrou-se a bactéria na cloaca de 17,14% de passeriformes sadios amostrados em

Ohio (E.U.A.), sendo o agente mais isolado.

Os sinais clínicos pertencentes à doença primária ou secundária estão associados à porta

de entrada do agente no hospedeiro, incluindo letargia, anorexia, diarréia, poliúria, perda de

peso crônica, penas arrepiadas, dispnéia, alterações reprodutivas como metrite e mortalidade

de filhotes (GERLACH, 1994b; MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1996, 1997).

Já foram observadas diversas lesões em aves silvestres como infertilidade, ooforite,

ingluvite, granulomas (fígado, baço, rim, intestino), rinite, conjuntivite, enterite, septicemia

(RANDALL; REECE, 1996; DORRESTEIN, 1996, 1997; FUDGE, 2001; GELIS, 2003).

Em 93% de carcaças de fringilídeos analisadas no Reino Unido, 87% apresentaram causa

de morte relacionadas a E. coli, não sendo observadas lesões intestinais macro e

microscópicas significativas (PENNYCOTT et al., 1998).

Yersinia pertence à tribo Yersinieae e possui distribuição mundial, sendo que duas

espécies, Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis, possuem importância em aves.

(MACWHIRTER, 1994, REAVILL, 1996a; DORRESTEIN, 1996, 1997; JOSEPH, 2003). Y.

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105

frederiksenii, encontrada nesse estudo, é o nome dado ao biogrupo ramnose-positivo, sendo

isolada mais frequentemente de água doce, alimentos e solo não irrigado. Acredita-se que faça

parte da microbiota de humanos, porém pouco se sabe sobre esse agente (KONEMAN et al.,

2001).

O caso 90 referiu-se a um indivíduo com boa condição corpórea, e o caso 98 a um animal

magro. As descrições macro e microscópica das alterações encontram-se disponível no banco

de dados em CD-ROM.

Citrobacter sp foi isolada no caso 21, sendo que no caso 27 a espécie encontrada foi C.

freundii em associação à Enterobacter agglomerans. Em ambos os casos houve acometimento

septicêmico (CD-ROM), sendo o primeiro representado por um indivíduo magro e o segundo

apresentou-se em boa condição corporal.

Citrobacter e Enterobacter raramente causam doença entérica nos animais, às vezes

estando associados à infecções oportunistas com diferentes localizações anatômicas. A

contaminação fecal do meio ambiente explica a ampla distribuição dos microorganismos e

contribui com as infecções oportunistas. Os fatores predisponentes podem ser: infecções

intercorrentes, desvitalização tecidual e vulnerabilidade de certos órgãos. Esses invasores

oportunistas têm características capazes de permitir-lhes a invasão de mecanismos de defesa

do hospedeiro, a colonização e sobrevivência nos órgãos infectados. Alguns efeitos tóxicos

desses agentes são atribuídos à liberação de endotoxinas, levando à alterações sistêmicas e

locais (QUINN et al., 2005).

Citrobacter tem sido comumente encontrado como invasor secundário em Passeriformes

fringilídeos e emberizídeos associados à septicemia e morte (GERLACH, 1994b;

MACWHIRTER, 1994; ROSSKOPF, 2003). Normalmente coloniza membranas mucosas de

trato respiratório e digestivo de aves sadias (BARNES, 2003). C. freundii apresenta alta

patogenicidade, podendo afetar aves de qualquer espécie, levando à hepatite e septicemia,

principalmente em aves jovens e imunossuprimidas. O agente pode penetrar na mucosa

intestinal e causar rápida bacteremia seguida de morte, sem que haja sintomatologia. Quando

presentes, os sinais clínicos são depressão e diarréia. Aves que sobrevivem tornam-se

geralmente carreadoras do agente. O exame necroscópico indica septicemia caracterizada por

petéquias em coração, musculatura e parênquima de órgãos (CUBAS; GODOY, 2005).

Enterobacter já foi relatado em Passeriforme fringilídeo da espécie Erythrura gouldiae

(Diamante-gould) (GELIS, 2003). E. agglomerans, denominada atualmente Pantoea

agglomerans, já foi isolada em culturas de intestino delgado e fígado de Passeriformes

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106

fringilídeos (PENNYCOTT et al., 1998). Além disso, também está relacionada a surto de

septicemia em humanos (KONEMAN, 2001).

Alguns casos (108 e 151) a infecção bacteriana teve como fator predisponente

traumatismos (Figura 9), que segundo Quinn et al. (2005) são afecções que facilitam a

invasão de patógenos. O traumatismo não levou propriamente ao óbito do animal e sim

facilitou o desenvolvimento de agentes infecciosos, responsáveis pela morte.

Infecções mistas causadas por mais de uma espécie de agente bacteriano foram observadas

em 3 casos (27, 90 e 98), sendo que tal situação já foi registrada na literatura como sendo

freqüente em rapinantes (COOPER, 1993a).

6.4.1.2 Óbitos decorrentes à infecções fúngicas

Mortes decorrentes estritamente à agentes fúngicos somente foram observadas em

Passeriformes provenientes de tráfico.

Os fungos são onipresentes no meio ambiente, sendo a exposição a esses agentes

inevitável. Os animais infrequentemente se infectam, uma vez que há alta imunidade do

sistema imune inato e devido à baixa virulência fúngica (PATGIRI, 1987; REAVILL, 1996b).

A maioria dos fungos são saprófitas, sendo que menos de 1% causam doenças. Alguns

também fazem parte da microbiota normal das aves, como Candida sp que é habitante da

membrana mucosa gastrintestinal (PATGIRI, 1987; BAUCK, 1994; MACWHIRTER, 1994;

REAVILL, 1996b; COLES, 1997b; DUNCAN, 2003).

O mero isolamento fúngico não pode ser considerado o causador da infecção, sendo que o

diagnóstico definitivo deve ser dado após o isolamento do mesmo a partir de tecidos e exame

histopatológico. Em aves de cativeiro clinicamente doentes, o isolamento fúngico varia de 2 a

15% (REAVILL, 1996b). A maioria das infecções fúngicas é resultante de manejo

inadequado, como má ventilação que permite acúmulo de esporos, ou imunossupressão

causada por muitos fatores, entre eles desnutrição, doenças concomitantes, antibioticoterapia

prolongada e estresse de cativeiro (REAVILL, 1996b; DUNCAN, 2003; JOSEPH, 2003).

Infecções fúngicas são comuns em aves provenientes do tráfico de animais silvestres e de

cativeiro, pois frequentemente são submetidas à condições ruins de higiene, captura, mudança

do hábito alimentar, desnutrição e estresse, diferentemente das aves de vida livre que são

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107

menos suscetíveis, por não estarem em contato com tais fatores predisponentes (O’MEARA;

WITTER, 1971a; MACWHIRTER, 1994; GUIMARÃES; GODOY, 2001).

As doenças fúngicas mais comuns em aves são aspergilose e candidíase (OROSZ, 2000).

Segundo Godoy (2006), de 360 Passeriformes necropsiados oriundos do tráfico, 23%

apresentaram como causa de morte infecção fúngica, principalmente por Aspergillus sp, e em

segundo lugar por C. albicans.

Aspergillus sp foi isolado nos casos 24 e 33. No primeiro, esteve relacionado a um quadro

septicêmico, sendo o agente encontrado em cultura de fragmento pulmonar e em cáseo

presente em cavidade celomática, associado ainda a Enterobacter cloacae. O gênero

Enterobacter pode atuar como agente oportunista, desenvolvendo infecção em animais

imunossuprimidos ou ainda como invasores post mortem, mas pelo fato de colônias

bacterianas não serem encontradas nos tecidos e lesões, a causa de morte foi atribuída ao

agente fúngico. Segundo Jones e Orosz (2000), infecções bacterianas concomitantes são

spfrequentes. Já no caso 33, a infecção estava associada à alterações no sistema respiratório.

Provavelmente todas espécies de aves são suscetíveis a Aspergillus sp, sendo A. fumigatus

a mais encontrada, mas A. flavus, A. glaucus, A. oryzae, A. niger, A. nidulans também já

foram isolados de aves e também são consideradas patogênicas (KEYMER, 1969; LOCKE,

1987a; PATGIRI, 1987; GREENACRE; LATIMER; RITCHIE, 1992; REAVILL, 1996b;

OGLESBEE, 1997; RICHARD, 1997).

Aspergilose já foi descrita em uma variedade de aves de cativeiro e vida livre, sendo que

as jovens apresentam maior suscetibilidade do que adultas (O’MEARA; WITTER, 1971a;

LOCKE, 1987a; PATGIRI, 1987). Pesquisas sorológicas realizadas com rapinantes e

psitacídeos de vida livre, não apresentaram anticorpos para Aspergillus sp, sugerindo que o

cativeiro favorece condições de estresse, tornando as aves mais suscetíveis à infecção fúngica

(KARESH et al., 1997; MORISHITA et al., 1998; JONES; OROSZ, 2000).

Em Passeriformes, há relativamente poucos relatos de infecção por A. fumigatus, sendo

que no Brasil a doença já foi relatada em P. coronata, P. dominicana, Serinus canarius,

Sporophila lineola, S. albogularis, Oryzoborus crassirostris, O. angolensis, Pitylus

fuliginosos, Platycichla flaviceps, T. rufiventris, Chlorophonia cyanea, Gnorimopsar chopi,

P. nudicollis, traupídeos e corvídeos (NAKANO et al, [197_?]; LOCKE, 1987a; ASTERINO,

1996; DORRESTEIN, 1996, 2003; GODOY, 2006). Também parece existir uma

suscetibilidade considerável à doença por mainás de cativeiro devido ao fato de muitas vezes,

permanecerem em recintos pequenos (JANOVSKI, 1966; REDIG, 1993; BAUCK, 1994).

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108

Surto de aspergilose pulmonar já foi descrito em corvídeos (ZINKL; HYLAND; HURT,

1977).

A infecção é ocasionada pela inalação de esporos e hifas, sendo que água e alimentos

contaminados também podem servir como fontes de infecção (O’MEARA; WITTER, 1971a;

PATGIRI, 1987; ASTERINO, 1996). Também há relato da transmissão ocorrer através de

ferimentos contaminados por esporos ou hifas, principalmente quando entram em contato com

sacos aéreos (O’MEARA; WITTER, 1971a). Os fatores que influenciam a suscetibilidade das

aves à Aspergilose incluem transporte, desnutrição, superpopulação, deficiência na ventilação,

aves jovens ou idosas, antibioticoterapia, substâncias irritantes (desinfetantes, fumaça de

cigarros, amônia) ou doenças concomitantes (BAUCK, 1994). A imunossupressão,

normalmente devido à desnutrição associada a ambientes com péssimas condições sanitárias,

é o fator primário para o desenvolvimento da doença, condição comum de ser encontrada em

aves capturadas de vida livre (MACWHIRTER, 1994).

O tipo de doença causada é dependente da fonte e número de esporos inalados ou ingerido

e do estado geral da ave. Geralmente a Aspergilose divide-se em doença sistêmica e local.

Frequentemente as lesões originam-se em uma área, avançando posteriormente para órgãos e

sistemas adjacentes (BAUCK, 1994).

Há duas formas de manifestação da Aspergilose: aguda e crônica. Na forma aguda, há um

acometimento maior de aves jovens sendo a morte rápida, antes da manifestação de

sintomatologia clínica e caso o animal sobreviva, há o desenvolvimento de sintomas como

anorexia, poliúria, polidipsia e dispnéia. Também é vista mais frequentemente em casos em

que o manejo está inadequado, sendo as condições sanitárias precárias, havendo a inalação de

grande quantidade de esporos que debilitam o sistema imune das aves. Outra forma aguda da

doença é caracterizada por traqueíte com lesões localizadas na traquéia, siringe e brônquios

principais, associados à intensa dispnéia e morte súbita (O’MEARA; WITTER, 1971a;

FORBES, 1992; REDIG, 1993; REAVILL, 1996b; OGLESBEE, 1997; JONES; OROSZ,

2000). A forma crônica é a mais observada em animais imunossuprimidos, caracterizando-se

pelo crescimento fúngico em sacos aéreos, pulmões, traquéia e em siringe, podendo espalhar-

se dos sacos aéreos para a serosa dos órgãos abdominais (REDIG; FULLER; EVANS, 1980;

GREENACRE; LATIMER; RITCHIE, 1992; OGLESBEE, 1997). Segundo Godoy (2006),

aves oriundas do tráfico podem apresentar as duas formas, pois além de estarem sujeitos à

inalação de uma grande quantidade de esporos ou hifas, frequentemente encontram-se

imunossuprimidas.

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109

Quando há o desenvolvimento de sintomatologia, ela frequentemente é caracterizada por

sinais inespecíficos como depressão e perda de peso, eventualmente pode-se observar

dispnéia (GREENACRE; LATIMER; RITCHIE, 1992; REDIG, 1993; BAUCK, 1994;

OGLESBEE, 1997). Segundo pesquisa realizada por Tsai et al. (1992), a cavidade nasal

também pode atuar como uma importante porta de entrada e sítio de multiplicação para a

doença em Passeriformes e Psittaciformes, havendo a invasão do agente em seios nasais,

vasos sanguíneos, cartilagens e ossos nasais, induzindo assim a uma rinite exsudativa.

Aspergillus sp pode causar perda de peso, anorexia e sinais respiratórios em canários e

fringilídeos, sendo que vômito e diarréia podem estar presentes em invasão de trato

gastrintestinal (MACWHIRTER, 1994; JOSEPH, 2003). Outros sinais da doença incluem

alteração ou perda da voz, depressão, penas arrepiadas, diminuição da habilidade de vôo e

sintomatologia nervosa (O’MEARA; WITTER, 1971a; PATGIRI, 1987; GREENACRE;

LATIMER; RITCHIE, 1992; BAUCK, 1994; ASTERINO, 1996; REAVILL, 1996b;

OGLESBEE, 1997; RICHARD, 1997). Aspergillus sp também pode infectar ovos em

incubação, através dos poros, levando o embrião a óbito (O’MEARA; WITTER, 1971a).

A Aspergilose também é um achado post mortem comum em óbitos esporádicos de

Passeriformes de vida livre, onde se pode observar caquexia associada à presença de nódulos

caseosos de coloração amarelada à esbranquiçada, mais frequentemente em pulmões e/ou

sacos aéreos, muitas vezes atingindo rins e nervos pélvicos causando incapacidade funcional

de membros posteriores, além da possibilidade de acometimento de fígado, musculatura e

tecido subcutâneo. Frequentemente é possível a observação de extensas placas aveludadas

esbranquiçadas sobre o pulmão, sacos aéreos e outros órgãos (O’MEARA; WITTER, 1971a;

REDIG; FULLER; EVANS, 1980; LOCKE, 1987a; PATGIRI, 1987; GREENACRE;

LATIMER; RITCHIE, 1992; TSAI et al., 1992; WOLFF; PETRINI; KOLMSTETTER, 1992;

;MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996; OGLESBEE, 1997; GUIMARÃES, 2007).

Histologicamente são observados múltiplos focos granulomatosos contendo hifas

septadas, circundados por hemorragia, infiltrado heterofílico, mononuclear e células gigantes,

às vezes envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo (BAUCK, 1994; OGLESBEE, 1997).

Ocasionalmente podem-se observar os corpos de frutificação, que são mais frequentemente

encontrados nas lesões de sacos aéreos (O’MEARA; WITTER, 1971a). Nas infecções

sistêmicas as lesões típicas são encontradas em pulmões, sacos aéreos, miocárdio, fígado e

vísceras abdominais, caracterizando-se por granulomas ou placas com presença ou não de

micélios (BAUCK, 1994).

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110

O diagnóstico pode ser baseado em histórico e exame clínico, hematologia e bioquímica

sérica, sorologia, radiografia, laparoscopia, citologia, histopatologia e cultura fúngica

(O’MEARA; WITTER, 1971a; PATGIRI, 1987; REDIG, 1993; REAVILL, 1996b; JONES;

OROSZ; 2000). Deve-se fazer o diagnóstico diferencial para Tuberculose, Poxvirose e

Tricomoníase pela semelhança das lesões observadas (BAUCK, 1994). A morbilidade da

doença em aves silvestres é difícil de ser estimada, sendo a mortalidade extremamente

variável (O’MEARA; WITTER, 1971a). Segundo Godoy (2006), é necessário ressaltar o fato

de que a Aspergilose é uma zoonose importante, podendo ocasionar sérios riscos à saúde do

homem, principalmente no trato respiratório, representando um risco aos indivíduos que

manipulam aves infectadas.

O caso 24 representou uma ave caquética, macroscopicamente com múltiplos cáseos em

lobos pulmonares, fígado e em cavidade celomática (Figura 5). O exame histopatológico

revelou pneumonia (Figuras 5.1 e 5.2), hepatite e celomite mista difusa severa formada por

infiltrado mononuclear e, predominantemente, granulocítico, associado à presença de hifas,

necrose hepática e pulmonar e hemorragia pulmonar, caracterizando assim um quadro

septicêmico.

Já o caso 33 tratava-se de um animal ainda em boas condições corpóreas, porém com

histórico clínico de dispnéia, apresentando alterações restritas ao sistema respiratório, como

formação de cáseos em lobos pulmonares, microscopicamente caracterizado por granulomas

multifocais contendo hifas septadas, área de necrose em região central e circundados por

infiltrado granulocítico, mononuclear e células gigantes, com destruição de parênquima

pulmonar.

Ambos os casos descritos acima se referiram à forma crônica da doença acometendo

animais oriundos do tráfico, normalmente imunossuprimidos e mantidos sob péssimas

condições de manejo, fatores esses que aumentam a suscetibilidade à Aspergilose. Embora

essa seja uma doença secundária, foi capaz de levar ao óbito.

O gênero Candida foi encontrado nos casos 3 e 64, acometendo o sistema digestório e

provocando septicemia, respectivamente. Embora nos casos 8 e 68 não houve o isolamento,

sugere-se que a infecção seja causada por Candida sp, uma vez que houve visualização de

estruturas leveduriformes, pseudohifas e alterações compatíveis nos tecidos. Nos dois casos,

observaram-se lesões em sistema digestório, sendo ainda que no primeiro também foram

encontradas alterações em respiratório.

A candidíase é considerada uma doença oportunista, sendo as aves jovens ou

imunossuprimidas as mais suscetíveis. O principal agente responsável pela doença é C.

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111

albicans, encontrada normalmente no meio ambiente e na microbiota do trato digestório das

aves (PATGIRI, 1987; REAVILL, 1996b; CHUTE, 1997; OGLESBEE, 1997; VELASCO,

2000). A doença ocorre frequentemente após infecções bacterianas ou virais, sendo nesses

casos secundária, mas pode ser causa primária em infecções de inglúvio, principalmente em

filhotes (BAUK, 1994; REAVILL, 1996b; OGLESBEE, 1997). Em adultos após situações

que determinam a queda na imunidade e comprometimento da microbiota intestinal, pode

haver a colonização e brotamento acentuado de leveduras, induzindo a infecção (BAUCK,

1994).

Segundo Dorrestein (2003), a infecção fúngica mais comum em Passeriformes, exceto

canários é causada por Candida sp Casos de Candidíase são frequentemente vistos em

fringilídeos submetidos à condições sanitárias ruins, superpopulação, estresse, desbalanço

nutricional e uso descontrolado de antibióticos, sendo que há maior predisposição para

acometimento de ventrículo (DORRESTEIN, 1996, 2003).

No Brasil, a doença já foi relatada em muitas espécies de aves silvestres como G. chopi, S.

similis, S. nigricolis, O. angolensis, T. rufiventris, C. brissonii, S. flaveola, P. dominicana e P.

coronata (NAKANO et al., [197_?]; GUIMARÃES; GODOY, 2001; GODOY, 2006).

Segundo Guimarães (2007), a incidência de C. albicans em pássaros é menor do que

psitacídeos, no entanto, é relativamente comum em filhotes de aves canoras como canário-da-

terra e curió. Em fezes de Passeriformes, a presença de leveduras do gênero Candida não deve

ser interpretada como doença, pois fazem parte da microbiota normal das aves

(MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 2003).

A infecção ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados acarretando

alterações no trato digestório, ou ainda menos comumente, pela inalação do agente, levando à

distúrbios respiratórios (PATGIRI, 1987; TSAI et al., 1992).

C. albicans está ocasionalmente associada à infecções do trato gastrintestinal em

Passeriformes, particularmente aqueles imunossuprimidos ou neonatos alimentados na mão.

Os achados característicos podem ser vômito, diarréia, estase de inglúvio, má-digestão,

anorexia e perda de peso (MACWHIRTER, 1994; ASTERINO, 1996; REAVILL, 1996b;

DORRESTEIN, 2003; JOSEPH, 2003). Pode-se observar um espessamento de mucosa do

inglúvio, cavidade oral e até de faringe, associada à presença de placas de coloração

esbranquiçada (Figura 6) à amarelada e de aspecto enrugado (BAUK, 1994; MACWHIRTER,

1994; ASTERINO, 1996; DORRESTEIN, 2003).

Em aves jovens, a infecção ocorre principalmente no inglúvio, levando à formação de um

exsudato mucoso a catarral e placas de coloração esbranquiçada na mucosa. Os sinais clínicos

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112

caracterizam-se por vômito, regurgitação, depressão, anorexia e impactação ocasional

(BAUK, 1994; REAVILL, 1996b).

Normalmente o trato gastrintestinal é o mais frequentemente acometido, principalmente

cavidade oral, inglúvio, esôfago, proventrículo, ventrículo e intestino delgado, mas já houve

relatos de acometimento em seios e cavidade nasal, bico, pele, cloaca, trato respiratório, globo

ocular, glândula uropigiana e até sistêmico (HUBBARD et al., 1985; TSAI et al., 1992;

BAUK, 1994; SPIRA, 1996; OGLESBEE, 1997; VELASCO, 2000). Segundo pesquisa

realizada por Tsai et al. (1992), a cavidade nasal também pode atuar como uma importante

porta de entrada e sítio de multiplicação para a doença em Passeriformes e Psittaciformes,

sendo a região vestibular mais afetada, induzindo a uma lesão hiperqueratótica na cavidade

nasal, assim como no inglúvio, ventrículo e cloaca. Candidíase sistêmica em canários já foi

associada com sintomatologia nervosa, além dos sinais em sistema digestório comumente

vistos (BAUK, 1994).

A infecção por Candida é caracterizada por lesões necróticas pseudomembranosas, muitas

vezes cobertas por material caseoso, em mucosa de língua, faringe e inglúvio, com inflamação

discreta ou ausente, podendo acometer outros órgãos do sistema digestivo (Figuras 6.1 a 6.3).

A mucosa apresenta-se normalmente espessada com placas de coloração branca a amarelada,

podendo haver destruição profunda do epitélio da mucosa e até a formação de úlceras. A

presença de blastóporos e pseudohifas pode indicar invasão tecidual. Menos comumente

observadas, no trato respiratório, pode-se encontrar hiperqueratose, descamação superficial e

invasão de lâmina própria por pseudohifas levando a processo inflamatório, composto

principalmente por heterófilos e macrófagos. (O’MEARA; WITTER, 1971b; PATGIRI, 1987;

TSAI et al., 1992; BAUK, 1994; REAVILL, 1996b; CHUTE, 1997).

O diagnóstico é baseado no histórico da ave, sinais clínicos, visualização de lesões,

endoscopia, identificação de grande quantidade de leveduras em citologias, cultura positiva,

e/ou identificação de pseudohifas e estruturas arredondadas a ovaladas compatíveis com

leveduras em amostras teciduais, associadas a infiltrado inflamatório predominantemente

granulocítico (REAVILL, 1996b; OGLESBEE, 1997; GODOY, 2006). O diagnóstico

diferencial para Candidíase oral e gastrintestinal deve ser feito para Hipovitaminose A,

Tricomoníase, Poxvirose, infecções bacterianas e neoplasias (VELASCO, 2000).

Envolvimento do sistema digestório foi observado nos casos 3, 8 e 68; respiratório em 8 e

143 e causando septicemia no caso 64. Os casos 81 e 143 apresentaram óbitos decorrentes à

infecção fúngica, porém não houve a identificação do agente, uma vez que exame micológico

somente foi realizado no segundo caso, havendo isolamento de um fungo filamentoso. A

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113

descrição das alterações macro e microscópicas de cada um desses casos encontram-se

disponível no banco de dados em CD-ROM.

Todos os casos descritos acima eram referentes a Passeriformes oriundos de tráfico que

apresentavam estado nutricional ruim (magros a caquéticos) e debilitados, o que favoreceu a

instalação de doenças oportunistas como Candidíase. Embora essa seja uma outra doença

secundária, também foi capaz de levar a óbito.

6.4.1.3 Óbitos decorrentes à infecções virais

Mortes decorrentes a agentes virais somente foram observadas em três Passeriformes

(casos 1, 2 e 84) provenientes de tráfico, sendo que em todos identificou-se Poxvírus.

A Poxvirose em aves é causada por um DNA vírus, envelopado pertencente à família

Poxviridae e causada por uma variedade de vírus do gênero Avipoxvirus, infectando mais de

60 espécies de aves pertencentes a mais de 20 famílias, sejam domésticas ou silvestres

(KARSTAD, 1971; GERLACH, 1986, 1994a; MCFERRAN; MCNULTY, 1993;

TRIPATHY, 1993; RITCHIE, 1995; MOSS, 1996).

Há muitas espécies de Poxvírus em aves, sendo designadas de acordo com seus

hospedeiros principais como Poxvírus de frangos, de canários, de mainás, mas o espectro de

hospedeiros se estende à diversas espécies e ordens (BOLTE; CROSS, 1996; MEURER;

KALETA, 1999; GREENACRE, 2005). Quando ocorre transmissão entre espécies, aves de

vida livre podem atuar como reservatório do agente (GREENWOOD, 2003).

Todas as espécies de aves, de diferentes faixas etárias e sexos são suscetíveis a alguma

cepa de Poxvírus, sendo que algumas possuem a habilidade de infectar diversos grupos de

animais, enquanto outras são espécie-específicas. Embora acometa aves de qualquer idade, as

jovens são mais suscetíveis (HANSEN, 1987; GERLACH, 1994a; RITCHIE, 1995). A

doença possui distribuição mundial, mas sua prevalência em vida livre é desconhecida, porém

sabe-se que é mais comumente vista em canários, pombos, galináceos, rapinantes diurnos e

algumas aves aquáticas (KARSTAD, 1971; HANSEN, 1987; GREENWOOD, 2003).

Há registros de infecções em Passeriformes de vida livre e cativeiro e diversos relatos de

epizootias envolvendo animais de vida livre que se alimentam em comedores de jardins

(HILL, 1977; HANSEN, 1987; GENTZ, 2003). Vários trabalhos sugerem a possibilidade de

Passeriformes de vida livre atuarem como fonte de infecção para os de cativeiro, sendo nos

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114

primeiros, a infecção subclínica (LANDOLT; KOCAN, 1976; HILL, 1977; DOCHERT;

LONG, 1986; DOCHERT et al., 1991; ASTERINO, 1996). Alguns estudos indicam ainda a

persistência do vírus na população por vários anos, em uma baixa taxa de infecção

(TRIPATHY, 1993; RITCHIE, 1995). Na América do Sul, a doença já foi encontrada em

pássaros pertencentes ao gênero Icterus, e as espécies Molothrus bonariensis, P. coronata, P.

dominicana, S. collaris, S. albogularis, S. caerulescens, S. nigricolis, C. magellanicus, P.

nudicollis, Coryphospingus pileatus e G. chopi (CUBAS, 1993; GODOY, 2006).

Poxvirose é suspeita de levar ao declínio da população de aves de vida livre, algumas

endêmicas, em florestas do Havaí, E.U.A. e Nova Zelândia (WARNER, 1968; AUSTIN;

BULL; CHANDRY, 1973; HANSEN, 1987; TRIPATHY et al., 2000; VAN RIPER; VAN

RIPER; HANSEN, 2002). Além disso, nas Ilhas Galápagos, atualmente há grande

preocupação de extinção da avifauna local causada pela introdução de doenças como a

Poxvirose, a partir de galinhas domésticas (THIEL et al., 2005).

A infecção ocorre através da transmissão direta entre aves pela ingestão ou inalação de

aerossóis e transmissão indireta pelo contato do epitélio traumatizado com alimentos e/ou

fômites contaminados, com feridas de animais infectados em disputas territoriais e através de

picada de insetos. (KARSTAD, 1971; HANSEN, 1987; GERLACH, 1994a; CROSS, 1996;

GREENWOOD, 2003). A doença ocorre durante todo o ano, mas surtos estão associados à

épocas quentes e chuvosas, onde há pico na população dos vetores (HANSEN, 1987;

GERLACH, 1994a; CROSS, 1996; GREENACRE, 2005).

A manifestação clínica em Passeriformes varia com a virulência da cepa, modo de

transmissão e suscetibilidade do hospedeiro, sendo o curso da doença variável, podendo ser

prolongado por até mais de 13 meses em aves de vida livre (MACWHIRTER, 1994; GENTZ,

2003). Há três formas de infecção: cutânea, diftérica ou sistêmica.

A cutânea é a mais comum em Passeriformes, havendo a proliferação de nódulos ou lesões

crostosas em áreas aptéricas da pele do corpo, podendo acometer comissura do bico, pés,

unhas, pálpebras, conjuntivas. As lesões mais comuns são encontradas na face e nos pés das

aves. Normalmente começam com focos de coloração esbranquiçada ou amarelada que

rapidamente aumentam de tamanho, tornando-se tumores, que podem sofrer ulceração e

necrose. Os nódulos podem levar à disfagia, dispnéia e anorexia quando presentes em

cavidade oral e à blefarite, ceratite e uveíte, quando há acometimento periorbital. Infecções

secundárias são comuns, pois os nódulos ficam sujeito à abrasões, sendo infectados por

fungos e bactérias, contribuindo para a causa de morte (KARSTAD, 1971; HANSEN, 1987;

TRIPATHY, 1993; GERLACH, 1994a; CROSS, 1996; PHALLEN, 1997).

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115

Já a forma diftérica, menos comum em Passeriformes, afeta a membrana mucosa de trato

superior digestório, respiratório e ocular, podendo estar associada ou não às lesões cutâneas.

Assim placas caseosas e lesões fibrinosas podem ser vistas em cavidade oral, faringe,

traquéia, seios nasais e laringe, sendo que podem ser evidentes os sinais de infecções

secundárias como pneumonia, aerossaculite, esplenomegalia, necrose hepática e cardíaca

(KARSTAD, 1971; HANSEN, 1987; TRIPATHY, 1993; GERLACH, 1994a; CROSS, 1996;

PHALLEN, 1997; GREENWOOD, 2003). Essas lesões colocam em risco a vida das aves,

uma vez que levam à anorexia e predispõem à infecções secundárias, além disso,

acometimento extenso de cavidade oral e traquéia podem levar à obstrução das vias aéreas,

resultando em dispnéia e asfixia. Essa forma é muito comum de ser encontrada em canários

de vida livre e mainás (PHALLEN, 1997).

As lesões podem se apresentar localmente ou se espalharem pelo organismo,

caracterizando a forma sistêmica, a qual apresenta-se como um quadro agudo, especialmente

em canários, levando à quimose de pálpebras, depressão, dispnéia, cianose, anorexia e óbito

por exaustão e insuficiência respiratória. Na necropsia, nota-se lesões em sacos aéreos,

pneumonia e, microscopicamente, inflamação e proliferação do epitélio bronquial e

parabronquial, degeneração e necrose hepática, edema, hiperemia e hemorragia pulmonar. A

dispnéia é causada pela freqüente pneumonia descamativa com oclusão dos capilares aéreos

(KARSTAD, 1971; RITCHIE, 1995; PHALLEN, 1997).

As aves que resistem à infecção podem apresentar seqüelas que reduzirão sua capacidade

de sobrevivência como deformidades em bico, lesões em cavidade oral e globo ocular, perda

de dígitos, entre ouras (PHALLEN, 1997; GREENWOOD, 2003). Além disso, Passeriformes

e Columbiformes sobreviventes à doença, são mais suscetíveis ao desenvolvimento de

neoplasias, pois se sugere que a proliferação do mesênquima intersticial, induzido pelo vírus,

possa causar alterações neoplásicas (GERLACH, 1994a). Todos os membros da família

Poxviridade têm propriedades oncogênicas (RITCHIE, 1995).

Lesões por Poxvírus são caracterizadas por hiperplasia epitelial exuberante devido à

estimulação viral pela síntese de DNA, degeneração vacuolar de células epiteliais e a

formação de corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos eosinofílicos, denominados

corpúsculos de Bolinger (KARSTAD, 1971; GERLACH, 1994a; CROSS, 1996). Tais

corpúsculos são frequentemente comuns, mas no acometimento de mucosas, especialmente

em lesões avançadas, eles podem ser raros. Além disso, as características lesões proliferativas

podem não ser visualizadas em infecções bacterianas e fúngicas secundárias (RITCHIE, 1995;

PHALLEN, 1997).

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116

Infecções latentes ocorrem certamente e podem ser reativadas após situações de estresse

(GREENWOOD, 2003). Assim a manifestação da doença está relacionada à imunossupressão

do hospedeiro (GODOY 2006).

O diagnóstico baseia-se na aparência das lesões, exame histopatológico com a

visualização de corpúsculos de Bolinger no tecido epitelial, isolamento viral, sorologia,

análise ultraestrutural das partículas virais no tecido através de microscopia eletrônica

(HANSEN, 1987, PHALLEN, 1997; GREENWOOD, 2003). Segundo Karstad (1971) e

Gentz (2003), a presença de corpúsculos de Bolinger em epitélio é suficiente para

confirmação do diagnóstico de Poxvirose.

Quanto ao diagnóstico diferencial, as lesões diftéricas de Poxvírus podem ser confundidas

com as causadas por Tricomoníase, Hipovitaminose A, Candidíase, Herpesvirose, Capilaríase,

granulomas bacterianos e fúngicos, abscessos e neoplasias. As lesões traqueais podem ser

similares as de Laringotraqueíte infecciosa, enquanto as alterações cutâneas devem ser

diferenciadas de traumatismos, infecção por Trichophyton sp e Knemidokoptes sp

(GERLACH, 1994a; CROSS, 1996; GREENWOOD, 2003).

Os casos 1 e 2 foram submetidos à eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade

do quadro clínico.

Os três casos mencionados anteriormente (1, 2 e 84) apresentaram a forma cutânea da

doença, embora também estivessem presentes alterações em outros órgãos (CD-ROM), já que

concomitantemente havia infecção secundária, que por sua vez contribui com a debilidade e

óbito do animal. Todos eram provenientes de tráfico, possivelmente já sendo portadores

latentes do vírus, sendo a infecção ativada após imunossupressão desencadeada pelo estresse a

que são submetidos frequentemente. Porém a possibilidade de infecção nos ambientes aos

quais permaneceram internados não deve ser excluída. Os casos 1 e 2 foram submetidos à

eutanásia devido ao péssimo estado geral e gravidade do quadro clínico.

Lesões cutâneas em articulações e membro pélvico (Figura 7) compatível com Poxvírus

foram encontradas em um indivíduo de vida livre da espécie Thraupis sayaca (caso 120), que

não apresentou óbito decorrente à infecção viral e sim a traumatismo. Microscopicamente

observou-se dermatite focal associada à hiperplasia epitelial e presença de corpúsculos de

Bolinger (Figuras 7.1 e 7.2).

A presença das partículas virais, nos casos citados acima, foi confirmada através da

análise ultraestrutural das lesões encontradas.

Diante dos resultados obtidos, conclui-se que o Poxvírus esteve presente tanto em

Passeriformes oriundos do tráfico, como de vida livre, levando os primeiros a óbito.

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117

6.4.1.4 Óbitos decorrentes à infecções parasitárias

A maior parte dos casos decorrentes à infecções parasitárias em vida livre (5 casos) e

tráfico (10 casos), envolvia coccídios, assim como observado por Godoy (2006).

Os coccídios são protozoários intracelulares obrigatórios pertencentes ao subfilo

Apicomplexa e classe Sporozoa, causando uma variedade de doenças em muitas espécies de

aves (PAGE; HADDAD, 1995; JOSEPH, 2003). Frequentemente são vistos em canários,

fringilídeos, mainás, tucanos, pombos e lóris, sendo que a doença não é comum de ser

encontrada em aves de vida livre (FRIEND; FRANSON, 1987; GREINER; RITCHIE, 1994).

Há muitas espécies de coccídios, sendo que a maioria não é patogênica (GREVE, 1996).

Em Passeriformes, as infecções por protozoários são diversas e incluem Coccidiose,

Atoxoplasmose, Criptosporidiose, Sarcocistose, Toxoplasmose, Tricomoníase, Giardíase e

Cochlosomíase (PAGE; HADDAD, 1995; DORRESTEIN, 2003; JOSEPH, 2003).

Dependendo da espécie do parasita, as aves podem atuar como hospedeiros intermediários ou

definitivos, sendo que os sinais clínicos podem variar desde uma infecção inaparente até

morte aguda (PAGE, 1995). Segundo Godoy (2006), os Passeriformes podem atuar como

portadores sadios de coccídios na natureza, tornando-se altamente patogênicos na

imunossupressão, eliminando-os de forma intermitente sob condições de estresse.

Normalmente os coccídios são transmitidos pela via fecal-oral, podendo ter ciclo de vida

direto, quando requerem somente hospedeiro definitivo, ou indireto, quando também há a

presença de hospedeiro intermediário. No ciclo direto, os oocistos maduros ou esporulados no

meio ambiente, quando ingeridos pelo hospedeiro, liberam a forma infectante, ou seja,

esporozoítos. No ciclo indireto, gametogônia (estágio sexuado) e esquizogônia (estágio

assexuado) ocorrem no hospedeiro definitivo, enquanto esporogônia (fase de esporulação)

ocorre no hospedeiro intermediário, sendo os esporozoítos transmitidos ao definitivo através

do intermediário (PAGE; HADDAD, 1995).

No presente estudo a Coccidiose, causada por infecção do gênero Isospora, ocorreu em

um total de 13 indivíduos, sendo 9 de tráfico e 4 de vida livre.

A Coccidiose em Passeriformes é causada principalmente pelo gênero Isospora, sendo que

as aves infectadas podem se apresentar assintomáticas ou desenvolver sinais clínicos

(KEYMER, 1982; BURR, 1987; GREINER; RITCHIE, 1994; MACWHIRTER, 1994;

PAGE; HADDAD, 1995; GREVE, 1996).

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118

Coccidiose já foi relatada em diversas espécies de pássaros como C. magelanicus, C.

yarrellii, G. chopi, Icterus icterus, P. coronata, P. dominicana, C. brissonii; S. albogularis, S.

caerulescens, S. lineola, S. nigricolis e T. sayaca (GODOY, 2006).

Os oocistos podem ser liberados nas fezes das aves infectadas, sem desenvolvimento de

doença ou levar ao desenvolvimento de sintomatologia caracterizada por inatividade, penas

arrepiadas, anorexia, perda de peso, distensão abdominal, diarréia aquosa, mucosa ou

hemorrágica e morte (BURR, 1987; FRIEND; FRANSON, 1987; GREVE, 1986, 1996).

Alterações nervosas, como claudicação, tremores e convulsões, são raramente vistos e são

resultantes a hiploglicemia, desbalanço eletrolítico e debilidade (GREVE, 1996). A doença

clínica está mais associada à situações de estresse, imunossupressão e em aves jovens (PAGE;

HADDAD, 1995; GREVE, 1996).

Grande parte do ciclo de vida das espécies de Isospora ocorre nas células epiteliais

intestinais, havendo lesão de enterócitos associadas à hemorragias, que podem ser porta de

entrada para infecções secundárias (GREINER; RITCHIE, 1994; PAGE; HADDAD, 1995).

Dessa forma, as alterações macro e microscópicas observadas podem ser distensão intestinal,

edema duodenal, mucosa eritematosa, hemorrágica e até mesmo normal e enterite (GREVE,

1996; DORRESTEIN, 1996, 1997). Infecções observadas em Passeriformes por Tsai, Hirai e

Itakura (1992) não demonstraram lesões histopatológicas, havendo somente a presença de

oocistos em epitélio e lâmina própria de intestino delgado.

O diagnóstico da doença baseia-se na sintomatologia clínica, visualização de grande

quantidade de oocistos eliminados nas fezes e, quando possível, presença de alterações

macroscópicas teciduais e observação microscópica de estruturas arredondadas compatíveis

com oocistos em fragmentos de órgãos (BURR, 1987).

Alterações intestinais macroscópicas compatíveis com coccídios do gênero Isospora, no

total, foram observadas em 8 dos 13 casos, caracterizados por lesões discretas como

hiperemia de mucosa (46 e 63), congestão de serosa (86, 91, 134 e 152), presença de conteúdo

mucoso (46) e fecal enegrecido (111 e 122). A maioria dos animais era adulto (9 casos) e

apresentava condições regulares a ruim (8 casos).

Microscopicamente, 12 casos apresentaram enterite, sendo que em 11 houve a observação

de estruturas arredondadas em mucosa intestinal, compatíveis com oocistos (Figura 16), já os

2 casos restantes, embora tais estruturas não fossem visualizadas, o resultado dos exames

parasitológicos de conteúdo gastrintestinal foi positivo (Figura 17). As enterites foram

classificadas em agudas e crônicas, sendo as primeiras caracterizadas por infiltrado

granulocítico difuso discreto em intestino delgado (111 e 152); moderado em intestino grosso

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119

(111) e severo multifocal (139). Nos demais casos foram caracterizados por infiltrado

mononuclear difuso severo em intestino delgado (46, 63, 65 e 70), moderado (91), discreto

(133); multifocal discreto (134) e misto predominantemente mononuclear difuso discreto

(122) (CD-ROM). Além disso, hiperplasia das células das criptas foi visualizada em 8 aves.

A simples visualização de oocistos nas fezes não permite diagnosticar Coccidiose, sendo

importante a observação de lesões macro e microscópicas.

No presente estudo, dois casos (11 e 147) foram separados dos descritos acima, pelo fato

de apresentarem, microscopicamente, estruturas compatíveis com parasitas em mucosa

intestinal, diferentes morfologicamente das observadas nos casos anteriormente relatados

como Coccidiose tipicamente e restritamente intestinal por Isospora. Assim, aventou-se a

possibilidade de serem casos referentes à Atoxoplasmose, já que o diagnóstico definitivo não

foi obtido.

Embora estudo recente de Schrenzel et al. (2005), assim como de Cooper, Gschmeissner e

Greenwood (1989) e Martinez e Munõz (1998), constatem que Isospora e Atoxoplasma em

Passeriformes, sejam um grupo unificado de organismos, ou seja, sinônimos, onde

Atoxoplasma atue como uma forma de invasão tecidual do coccídio Isospora, causando

morbidade e mortalidade significantes, a classificação continua sendo controversa,

necessitando-se de mais pesquisas na área. Diversos autores distinguem Isospora de

Atoxoplasma, caracterizando-os em dois gêneros diferentes, que levam à Coccidiose e

Atoxoplasmose, respectivamente (GREINER; RITCHIE, 1994; MACWHIRTER, 1994;

MCNAMEE; PENNYCOTT; MCCONNELL, 1995; PAGE; HADDAD, 1995; ASTERINO,

1996; BALL; DASZAK; PITTILO; 1998; ADKESSON; ZDZIARSKI; LITTLE, 2002;

JOSEPH, 2003). Outros também consideram Atoxoplasmose e Coccidiose como doenças

distintas, porém, em canários, causadas por agentes pertencentes ao mesmo gênero, ou seja, I.

serini e I. canaria, respectivamente (DORRESTEIN, 1996, 1997; ROSSKOPF, 2003).

A taxonomia de Atoxoplasma tem sido sujeita à discussões e controvérsias há muito anos

(LEVINE, 1982). Para melhor entendimento da problemática, que envolve não só a

nomenclatura, mas a doença causada pelo parasita, será descrito um breve histórico nas linhas

a seguir.

Segundo Levine (1982), a história de Atoxoplasma foi revisada por Wolfson e Baker et al.

em 1940 e 1972, respectivamente. Wolfson afirma que há 3 períodos principais sobre o

histórico desses protozoários: antes de 1909, quando eram confundidos com hemoparasitas;

entre 1909 e 1937 acreditava-se que eram pertencentes a Toxoplasma e entre 1937 e 1940,

cientistas começaram a duvidar das identificações anteriores. Em 1950, Garnham nomeou de

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120

Atoxoplasma o gênero para esses organismos, sendo o nome escolhido devido à semelhança

com Toxoplasma, definindo-os como parasitas presentes em monócitos de aves e não

patogênicos. Em 1959, Lainson, após descoberta dos parasitas em pardais através da

transmissão de um ácaro, afirmou que Atoxoplasma era sinônimo de Lankesterella, já que

possuíam o mesmo ciclo de vida. A partir de 1970, Box encontrou duas espécies de coccídios

em canários (S. canarius), chamando de I. canaria aquele que estava presente somente em

epitélio de intestino delgado, sendo realmente do gênero Isospora. O outro foi chamado de I.

serini e apresentava reprodução assexuada em células fagocíticas mononucleares, enquanto a

sexuada acontecia nos enterócitos. Seus oocistos e esporocistos eram ligeiramente menores do

que I. canaria. Então surgiram duas possibilidades, sendo aceita a segunda: a diferença no

tamanho estava relaciona à espécies diferentes ou ao curso da infecção.

Baker et al., em 1972, sugeriram que a forma presente em leucócitos era provavelmente

Atoxoplasma, enquanto Cerná e Box afirmavam que esse gênero na verdade não existia, sendo

somente parte de um ciclo de vida de algumas espécies de Isospora. A partir daí vários

trabalhos foram realizados sendo muito contraditórios entre si. Levine (1982) através da

análise de todos esses estudos mencionados acima, concluiu que o nome Atoxoplasma deve

ser mantido, devendo ser colocado em uma nova família, Atoxoplasmatidae, que deveria

conter coccídios de ciclo homoxeno (um tipo de hospedeiro) com desenvolvimento de

merogônia no sangue e células intestinais e gametogônia em enterócitos do mesmo indivíduo.

Também segundo o mesmo autor, essa família difere da Lankesterellidae, pois na última,

merozoítos e esporozoítos estão presentes em células sanguíneas e a transmissão é através da

ingestão de hospedeiros intermediários, ou seja, são parasitas com ciclo heteroxeno (dois tipos

de hospedeiro). Além disso, atenta para o fato de muitos oocistos encontrados em fezes serem

denominados de Isospora, sem que houvesse a realização de exames sanguíneos, pois se

nestes fossem encontrados parasitas, passaria a ser Atoxoplasma.

Na literatura, Atoxoplasma é um gênero de parasitos coccídios relatados em diversas

espécies de Passeriformes como Serinus canarius, Passer domesticus, Carduelis chloris,

Leucopsar rothschildi e Pyrrhula pyrrhula (LAINSON, 1959; COOPER, 1989;

PARTINGTON et al., 1989; MCNAMEE; PENNYCOTT; MCCONNELL, 1995; QUIROGA

et al., 2000). Atoxoplasmose não é tão comum nessas aves como Coccidiose (DORRESTEIN,

2003). O ciclo de vida do protozoário envolve além do epitélio intestinal, o sistema

reticuloendotelial (COOPER; GSCHMEISSNER; GREENWOOD, 1989). A reprodução

assexuada (merogônia) ocorre nos enterócitos e células sanguíneas do sistema fagocítico

mononuclear, podendo por via hematógena ir para fígado, pulmão e baço, enquanto a sexuada

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121

(gametogônia) ocorre somente nos primeiros (MCNAMEE; PENNYCOTT; MCCONNELL,

1995).

Aves jovens e de vida livre são mais suscetíveis à doença (DORRESTEIN, 1997;

ADKESSON; ZDZIARSKI; LITTLE, 2002). Os sinais clínicos são inespecíficos como

anorexia, diarréia, depressão, penas arrepiadas, ataxia e morte (ASTERINO, 1996;

DORRESTEIN, 1996, 1997; SHERIDAN; LATIMER, 2002). A transmissão ocorre através

da ingestão de oocistos presentes no meio ambiente e a doença apresenta alta taxa de

mortalidade, aproximadamente 80% (DORRESTEIN, 1997; QUIROGA et al., 2000).

As lesões macroscópicas incluem hepato e esplenomegalia, coloração enegrecida e

necrose hepática, distensão intestinal, congestão de serosa intestinal e duodeno edematoso

(ASTERINO, 1996; DORRESTEIN, 1996, 1997; SHERIDAN; LATIMER, 2002).

Microscopicamente pode-se observar inflamação granulomatosa à linfohistiocitária em

coração, baço, intestino e fígado, grande quantidade de células mononucleares em capilares

hepáticos e intestinais, fase assexuada dos parasitos presentes em macrófagos, monócitos e

linfócitos de diversos órgãos, especialmente, fígado, baço, pulmão e medula óssea

(ASTERINO, 1996; QUIROGA, 2000; SHERIDAN; LATIMER, 2002). Schrenzel et al.

(2005), notaram, menos frequentemente, infiltrado inflamatório em rim, pele, musculatura

esquelética, medula, mucosa nasal, ovário, timo, adrenal, tireóide e pâncreas. Alguns casos

não apresentaram alterações microscópicas.

O diagnóstico é baseado na detecção de parasitas em extensões sanguíneas, decalques de

tecidos, análises histopatológica e ultraestrutural de fragmentos teciduais. Amostras de fígado,

baço e intestino são recomendadas a serem acondicionados em formol 10% e glutaraldeído

cacodilato 2,5%, para realização posterior de exame histopatológico e análise ultraestrutural,

respectivamente (QUIROGA, 2000).

O caso 11 foi referente a um adulto de S. similis, proveniente de vida livre, em bom estado

nutricional. Durante exame necroscópico observou-se hepatomegalia, fígado de coloração

enegrecida, aumento no tamanho de pâncreas e mucosa intestinal hemorrágica. O exame

histopatológico revelou depleção linfóide esplênica moderada, proliferação linfóide periportal

discreta, enterite mista predominantemente mononuclear associada à pequenas estruturas

arredondadas basofílicas intracelulares ceco (Figura 18) (CD-ROM).

O caso 147 foi representado por um adulto de P. dominicana, oriundo de tráfico e com

condição corpórea magra. Nenhuma alteração macroscópica foi observada, enquanto

microscopicamente visualizou-se enterite caracterizada por infiltrado mononuclear difuso

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122

moderado em lâmina própria, hiperplasia de criptas e presença de pequenas estruturas

arredondadas basofílicas intracelulares em mucosa intestinal (Figura 19) (CD-ROM).

Em ambos os casos, a presença dos parasitas foi restrita ao epitélio intestinal, não sendo

observados em outros órgãos. A morfologia dos protozoários no tecido intestinal foi similar às

apresentadas pela literatura em órgãos como intestino, fígado e baço. Decalques de

fragmentos de baço, fígado e pulmão foram realizados, sem a visualização de estruturas

parasitárias. Análises ultraestruturais, bem como exames moleculares não foram realizados.

Dessa forma, o diagnóstico definitivo de ambos os casos permanece em aberto, uma vez que

não se pode afirmar que tais protozoários sejam pertencentes ao gênero Atoxoplasma. Talvez

possam ser protozoários estritamente intestinais do gênero Isospora, como os casos descritos

anteriormente, porém como todos os outros eram semelhantes entre si e muito diferentes

desses, optou-se por separá-los.

No caso 133, além da presença do gênero Isospora, encontrou-se, em epitélio de

conjuntivas e traquéia, coccídios sugestivos de Crypstosporidium.

As espécies de Crypstosporidium são os menores coccídios existentes, confundidos muitas

vezes com células leveduriformes, que possuem ciclo monoxeno e auto-infeccioso,

diferentemente de outros coccídios intestinais. A infecção ocorre através da inalação ou

ingestão de oocistos esporulados, estes se desencistam no intestino delgado do hospedeiro e

liberam as formas infectantes, esporozoítos, que invadem as células epiteliais de trato

digestório e/ou respiratório. Na seqüência, ocorre a reprodução assexuada formando

merozoítos que repetirão todo o ciclo, e eventualmente, pode ocorrer reprodução sexuada. Os

oocistos esporulados quando liberados nas fezes tornam-se imediatamente infecciosos a

outros hospedeiros ou permanecem no mesmo, liberando esporozoítos e completando o ciclo

auto-infeccioso (PAGE; HADDAD, 1995; SRÉTER; VARGA, 2000).

Infecções já foram relatadas em mais de 30 espécies de aves, incluindo Passeriformes

(GREVE, 1986). Os sítios primários de infecção são os sistemas digestório e respiratório,

sendo que algumas aves apresentam alterações em trato urinário (LINDSAY et al., 1991;

PAGE; HADDAD, 1995; SANDMEIER; COUTTEEL, 2005). Em Passeriformes, há relatos

de acometimento dos três sistemas (BLAGBURN et al., 1990; GREINER; RITCHIE, 1994;

MACWHIRTER, 1994; JOSEPH, 2003). Assim como em humanos, Crypstosporidium tem

afinidade por hospedeiros imunossuprimidos, atuando como patógenos oportunistas na

maioria dos casos, embora seja primário algumas vezes (GREINER; RITCHIE, 1994;

KASSA; HARRINGTON; BISESI, 2004). A taxa de mortalidade pode chegar a 100% em

Page 124: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

123

certas espécies de aves como codornas, enquanto avestruzes são assintomáticos (GREINER;

RITCHIE, 1994; PAGE; HADDAD, 1995).

Estudo realizado em aves de vida livre do sudoeste do Estado de Nova York revelou a

prevalência de Crypstosporidium em menos de 15% (ZIEGLER et al., 2007).

No trato digestório, pode haver infecção de glândulas salivares e esofágicas, proventrículo,

intestinos, ceco, cólon, cloaca e bursa de Fabrícius, levando à perda de peso, depressão, fezes

pastosas, pálidas, volumosas, diarréia e dilatação intestinal (GREVE, 1986; PAGE;

HADDAD, 1995; CURRENT, 1999; JOSEPH, 2003). Microscopicamente nota-se atrofia de

vilos, hiperplasia e hipetrofia de células epiteliais, presença de infiltrado linfopasmocitário em

mucosa proventricular e em trato gastrintestinal, metaplasia focal cubóide de células de

proventrículo e depósito amilóide na base de glândulas, necrose de bursa de Fabrícius

(MACWHIRTER, 1994; SRÉTER; VARGA, 2000; JOSEPH, 2003; PAGÈS-MANTÉ, 2007).

Infecções concomitantes podem estar presentes (GOODWIN et al., 1988; BLAGBURN et al.,

1990; LINDSAY et al, 1991; SRÉTER; VARGA, 2000).

Em infecções respiratórias, pode haver acometimento de nasofaringe, seios nasais,

traquéia, pulmão, sacos aéreos e conjuntivas. A inibição da função mucociliar leva à

depressão, anorexia, tosse e dispnéia. Macroscopicamente observa-se excessiva quantidade de

muco em todo trato, hiperemia, esplenomegalia e emaciação (GREINER; RITCHIE, 1994;

PAGE; HADDAD, 1995; CURRENT, 1999; SRÉTER; VARGA, 2000). O exame

histopatológico pode revelar aerossaculite, conjuntivite, sinusite, traqueíte e rinite compostas

por heterófilos, linfócitos, macrófagos e plasmócitos, hiperplasia e hipertrofia epitelial,

necrose e congestão de todo trato respiratório (GOODWIN et al., 1988; SRÉTER; VARGA,

2000). Em estudo realizado por Tsai, Hirai e Itakura (1992) com psitacídeos,

Cryptosporidium foi encontrado em conjuntiva palpebral apresentando infiltrado moderado

heterofílico e mononuclear (macrófagos, linfócitos e plasmócitos) em lâmina própria.

Ureterite, amiloidose, palidez e aumento renal podem ser observados em infecções do

trato urinário, sendo que o protozoário pode ser encontrado em ureteres, ductos coletores e

túbulos contorcidos (BLAGBURN et al., 1990; MACWHIRTER, 1994; CURRENT, 1999).

O diagnóstico é baseado na detecção dos oocistos em extensões fecais e de material

mucoso corados com Giemsa, exame histopatológico, sorologia, imunofluorescência indireta

e detecção molecular (GREVE, 1986; SRÉTER; VARGA, 2000; JOSEPH, 2003).

Espécies de Crypstosporidium que infectam aves são diferentes daquelas encontradas em

mamíferos, não havendo potencial zoonótico conhecido (GREINER; RITCHIE, 1994).

Page 125: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

124

O caso 133 foi referente a um indivíduo adulto, da espécie Carduelis magellanicus,

oriundo de tráfico. Durante exame necroscópico externo, observou-se intensa caquexia,

aumento de volume palpebral em ambos os globos oculares e penas pericloacais ligeiramente

sujas de conteúdo fecal. A análise histopatológica revelou hiperplasia de epitélio conjuntival

(Figura 4), presença de infiltrado linfocítico em epitélio de conjuntiva e traquéia associado à

pequenas estruturas arredondadas basofílicas compatíveis com Crypstosporidium (Figuras 4 e

4.1) (CD-ROM). Essa ave ainda apresentou infecção concomitante por Isospora, descrita

anteriormente, tratando-se assim de um animal imunossuprimido, em que provavelmente

Crypstosporidium exerça papel de patógeno oportunista, colaborando juntamente com o outro

protozoário para o óbito.

Infecções estritamente causadas por D. spiralis foram observadas em 3 casos (50, 51 e

83), sendo os dois primeiros referentes a indivíduos magros e o terceiro com boa condição

corpórea. A caracterização do parasito assim como aspectos relacionados às alterações

patológicas já foram descritos anteriormente no item 6.3.2 referente à helmintos (p.93). O

diagnóstico da infecção é baseado na presença de ovos em fezes, de nematódeos em

proventrículo e/ou ventrículo e lesões histopatológicas compatíveis (ASTERINO, 1996). Nos

três casos acima se observou proventriculite moderada a severa. A descrição das alterações

macro e microscópicas de cada um desses casos encontram-se disponível no banco de dados

em CD-ROM.

Goble e Kutz (1945) atribuíram as alterações patológicas à infecções por Dyspharynx

variando de infiltrado leucocítico e congestão no ponto de fixação do parasita no tecido à

proventriculite crônica proliferativa catarral severa e necrose tecidual. Já Bolette (1998a,

1998b), atribuiu a causa de morte de um Passeriforme e um psitacídeo à Disfarinxíase, cujas

alterações somente foram observadas microscopicamente no primeiro, sendo caracterizadas

por uma proventriculite aguda e difusa. Apesar de não ser encontradas alterações

histopatológicas no psitacídeo, o autor afirma que a presença dos parasitas foi suficiente para

causar comprometimento nutricional, debilidade e morte subseqüente.

Nos casos 111 e 152, além da infecção por Isospora citada anteriormente, houve infecção

concomitante por Dyspharynx spiralis e Syngamus trachea, em ambos. Além disso, o caso

111 também apresentou infecção por acantocéfalo e o 152, por cestódeo e espirurídeo. As

características desses parasitas, bem como alterações provocadas nos hospedeiros já foram

citadas nos itens 6.3.1 e 6.3.2 referentes a exames parasitológicos de conteúdo gastrintestinal

e helmintos (p.89).

Page 126: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

125

Ambos os casos tratavam-se de indivíduos imaturos da espécie T. rufiventris, provenientes

de vida livre. Com relação à infecção por D. spiralis, microscopicamente evidenciou-se

proventriculite mononuclear moderada (111) (Figura 1.4) e mista (152). Esse último ainda

apresentou ventriculite granulocítica focal discreta em lâmina própria. Nas infecções por S.

trachea, observou-se pneumonia intersticial granulocítica discreta (111), severa (152) e

traqueíte difusa moderada granulocítica associada à presença de parasitos em lúmen (152)

(Figuras 2.3 a 2.5). Devido às infecções causadas por diferentes parasitas em intestino, a

contribuição de cada agente no desenvolvimento de lesões é impossível de ser avaliada,

podendo ser resultantes da ação conjunta dos mesmos ou do predomínio de algum agente

mais patogênico. Assim, os dois casos apresentaram infiltrado granulocítico difuso discreto a

severo em lâmina própria de intestino delgado e grosso, hiperplasia de criptas e presença de

estruturas arredondas em mucosa compatíveis com Isospora sp As alterações macro e

microscópicas encontram-se mais detalhadas no banco de dados em CD-ROM.

O caso 139, referente a um filhote magro de Mimus saturninus, de vida livre, apresentou

além da infecção por Isospora sp citada anteriormente, 3 exemplares de acantocéfalos em

intestino, cujas espécies não foram possíveis de serem identificadas. Embora não se tenha

visualizado estruturas compatíveis com o protozoário no exame histopatológico (CD-ROM),

o exame coproparasitológico confirmou a presença de Isospora sp, além de ovos de

acantocéfalos.

O caso 10 foi caracterizado por um S. frontalis adulto, proveniente de tráfico e em boas

condições corpóreas. Alterações relevantes não foram observadas durante exame

necroscópico, porém microscopicamente havia enterite moderada mista, predominantemente

mononuclear associada à presença de estruturas compatíveis com parasitos em lúmen (CD-

ROM). A identificação do parasita não foi possível de ser realizada.

Durante exame histopatológico, alguns Passeriformes apresentaram microfilárias e

parasitos compatíveis com Sarcocystis sp, porém não estavam associados à lesões. A simples

identificação de parasitas e/ou ovos não implica necessariamente em desenvolvimento de

doença clínica, pois muitos coexistem com seus hospedeiros sem causar alterações

patológicas (GREINER; RITCHIE, 1994).

Microfilárias e nematódeos filarióides são relatados em baixa prevalência em várias

espécies de Passeriformes, sendo que a maioria das infecções não está associada à doenças, os

parasitos são encontrados incidentalmente durante exames necroscópicos e/ou

histopatológicos (MACWHIRTER, 1994; SANDMEIER; COUTTEEL, 2005). Insetos

hematófagos atuam como vetores para os parasitas, sendo que as infecções podem ser

Page 127: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

126

diagnosticadas através da detecção de microfilárias em tecidos ou sangue periférico ou pela

identificação de vermes adultos em tecidos e cavidades corporais (ASTERINO, 1996).

Microfilárias são representantes das formas imaturas das filárias, sendo encontradas em vasos

sanguíneos de cérebro, pulmão, rim, baço, coração e fígado de psitacídeos (GREINER;

RITCHIE, 1994; VAN DER HEYDEN, 1996).

Infecções severas em psitacídeos resultaram na suspeita de trombose em capilares

pulmonares (DHARMA; DARMADI; PURNOMO, 1985; VAN DER HEYDEN, 1996). Um

estudo realizado por Martins et al. (2000) descreveu a mortalidade de Passeriformes

brasileiros da espécie Oryzoborus maximiliani por nematódeos filarídeos, caracterizada por

prostração, pulmões de coloração acinzentada em região adjacente a sacos aéreos abdominais

e insuficiência respiratória. Já no trabalho desenvolvido por Tsai, Hirai e Itakura (1992), 2

psitacídeos apresentaram diversas microfilárias em vasos sanguíneos de pulmão, fígado,

coração, rim e medula óssea, sem reação inflamatória associada. Além disso, vermes adultos

não foram encontrados.

No presente estudo, microfilárias foram encontradas em alguns casos (7, 72, 90, 112, 135

e 151), em tecidos como fígado, pulmão, rim, intestino, coração, baço, cérebro , pâncreas e

cerebelo (Figuras 10 e 10.1). Não se observou lesões histopatológicas associadas e

nematódeos adultos não foram encontrados.

As espécies de Sarcocystis são coccídios, encontrados frequentemente em musculatura

esquelética de várias aves, inclusive Passeriformes de várias regiões. Normalmente a infecção

parasitária é assintomática (TUGGLE, 1987). Na América do Norte, alguns pássaros atuam

como hospedeiros intermediários de S. falcatula, cujo hospedeiro definitivo são os gambás.

Na Austrália, constituem somente achados necroscópicos e histopatológicos. Os sinais

clínicos variam de infecção inaparente a anorexia, diarréia, dispnéia, ataxia e óbito

(GREINER; RITCHIE, 1994; MACWHIRTER, 1994; SANDMEIER; COUTTEEL, 2005).

Infecção pelo protozoário é mais significante em Psittaciformes (GREINER; RITCHIE,

1994). No estudo de Tsai, Hirai e Itakura (1992), 5 psitacídeos infectados não apresentaram

reação inflamatória ao redor dos cistos presentes em musculatura peitoral e femural.

Como hospedeiros intermediários, as aves ingerem os oocistos que rapidamente sofrem

reprodução assexuada dando origem aos esquizontes que aparecerão primeiramente no

endotélio e depois em musculatura esquelética. Esses cistos em tecido muscular estão repletos

de bradizoítos, forma infectante para os hospedeiros definitivos (GREVE, 1986).

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127

Alterações macro e microscópicas não foram observadas em tecidos, como musculatura

esquelética e cardíaca, de alguns casos (7, 25, 88 e 123) em que oocistos compatíveis com

Sarcocystis sp foram encontrados (Figuras 11 e 11.1).

6.4.1.5 Óbitos decorrentes à infecções mistas

Fatores estressantes relacionados à desnutrição, superpopulação, condições sanitárias ruins

e manejo inadequado desempenham um papel importante no desenvolvimento de doenças

infecciosas. Não sendo incomum uma ave doente apresentar mais de um problema, ou seja,

infecções virais concomitantes às bacterianas e/ou fúngicas, infecções bacterianas associadas

às fúngicas e infecções parasitárias simultâneas às bacterianas (RITCHIE, 1995; PHALLEN,

1997; PENNYCOTT et al., 1998; JONES; OROSZ, 2000; JOSEPH, 2003).

Todos esses fatores predisponentes são frequentemente encontrados em animais oriundos

de tráfico, não sendo de se estranhar que, neste presente estudo, infecções mistas tenham sido

mais encontradas nestas aves.

Os animais oriundos de tráfico apresentaram prevalência da associação de agentes

bacterianos e fúngicos, diferentemente do resultado encontrado por Godoy (2006) em que os

casos virais e parasitários (7,1%) foram predominantes, seguido de 2,1% de processo fúngico

e parasitário, 1,4% de parasitário e bacteriano, 1,4% viral e fúngico, 1,1% viral e bacteriano,

0,3% de fúngico e bacteriano e 0,3% de viral, parasitário e bacteriano. Enquanto em

Passeriformes de vida livre notou-se predomínio de infecções mistas decorrentes à associação

de agentes indeterminados e parasitários.

Os agentes bacterianos encontrados nas infecções mistas, tanto em aves de tráfico como de

vida livre, foram: Staphylococcus sp (117 e 130); S. aureus (4); S. intermedius (25); S.

chromogenes (25); Streptococcus sp (117); Enterococcus sp (29); E. avium (148); E. coli (12,

18, 117, 130, 142 e 148); Pseudomonas sp (43); Serratia odorifera (18); bacilo não

esporulado irregular (142), cocos Gram-positivos não identificados (112 e 123) e agente

bacteriano não identificado (7 e 54).

Os agentes fúngicos foram representados por: Candida sp (18, 29, 67 e 142); Candida

albicans (12 e 130); leveduras e pseudohifas não identificadas, mas sugestíveis do gênero

Candida (7, 17, 54 e 74), Aspergillus sp (18, 117 e 148); Geotrichum sp (43) e agente não

identificado (101).

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128

Os agentes parasitários encontrados foram: Isospora sp (4, 7, 17, 25, 29, 49, 67, 74, 99,

101, 113, 123 e 130); Cryptosporidium sp (101 e 112); Cheilospirura sp (101); Dispharynx

spiralis (43) e ectoparasitas (berne) (124).

Agentes virais foram encontrados somente nos casos 4 e 29, representados por Poxvírus.

Agentes indeterminados estavam presentes nos casos 49, 99, 113 e 124.

A real contribuição de cada agente nas infecções mistas, frequentemente, é difícil de ser

avaliada quanto às lesões causadas nos tecidos. A maioria dos agentes infecciosos teve suas

características, patogenia e lesões já descritas anteriormente, sendo que aqueles não

mencionados serão comentados brevemente a seguir.

Espécies de Enterococcus são bactérias gram-positivas pertencentes à família

Streptococcacea, encontradas no trato intestinal de animais, podendo atuar como patógenos

oportunistas. Têm sido associadas à enterite, traqueíte, pneumonia e aerossaculite. E. avium já

foi isolada de trato gastrintestinal de aves (KONEMAN et al., 2001; GELIS, 2003; QUINN et

al. 2005).

Bacilos não esporulados irregulares referem-se às espécies do gênero Corynebacterium.

São bactérias Gram-positivas pleomórficas, pequenas que aparecem em formas cocóides,

clavas ou bacilos, amplamente distribuídas na natureza, sendo encontradas em solo, água e

mucosa de animais. A maioria atua como patógeno oportunista. Traumas teciduais geralmente

precedem o estabelecimento das patogênicas, sendo as lesões resultantes caracterizadas por

supuração (KONEMAN et al., 2001; QUINN et al., 2005).

S. intermedius é uma bactéria Gram-positiva, coagulase positiva, frequentemente isolada

de pele normal. Tem sido recuperada de feridas infectadas de seres humanos por mordedura

de cães e gatos. Já, S. chromogenes é coagulase negativa, sendo anteriormente uma

subespécie de S. hyicus, relatada em infecções cutâneas em bovinos (QUINN et al., 2005).

Pseudomonas sp são bacilos Gram-negativos, aeróbios obrigatórios, com distribuição

mundial, sendo encontrados em água, solo, e ocasionalmente plantas. P. aeruginosa é a

espécie mais comum, possuindo importância veterinária (HIRSH, 2003; QUINN et al., 2005).

Na maioria das vezes é considerada patógeno primário nas aves, sendo os quadros mais

freqüentes caracterizados por infecções em trato respiratório superior, pneumonia,

aerossaculite e broncopneumonia caseosa. Também há relatos de esplenite, nefrite, enterite,

panoftalmia, sinusite, ingluvite, otite e septicemia. Em pacientes imunossuprimidos e

desnutridos pode-se observar enterite catarral e hemorrágica. As infecções cutâneas são dos

tipos necrosante e edematosa (MACWHIRTER, 1994; DORRESTEIN, 1996, 1997, 2003;

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129

GELIS, 2003; CUBAS; GODOY, 2005). Epidemia por Pseudomonas sp já foi relatada em

canários (ROSSKOPF, 2003).

Serratia odorifera é uma enterobactéria pertencente à tribo Klebsielleae, relatada em

quadros septicêmicos em pacientes idosos e imunocomprometidos (KONEMAN et al., 2001).

Espécies de Geotrichum são leveduras de artroconídeos, com distribuição mundial. Esses

artroconídeos originam uma extensão de hifas a partir de um ângulo, formando uma estrutura

coloquialmente conhecida como “bastão de hóquei”. Os artroconídeos são formados a partir

de células preexistentes nas hifas que engrossam e aumentam de tamanho, ao alcançarem a

maturidade esses conídeos são liberados por lise das células hifáticas adjacentes. Esse tipo de

esporulação é característico da forma filamentosa de espécies de Geotrichum (QUINN et al.

2005).

Acometimento de sistema digestório foi o mais freqüente e observado em 15 casos (7, 12,

17, 18, 29, 43, 54, 67, 74, 99, 113, 123, 124, 130 e 142); seguido de comprometimento

respiratório (casos 18, 99, 101, 113, 123, 130 e 148); cutâneo (casos 29, 112, 123, 124);

ocular (casos 18 e 112) e septicêmico (casos 4, 25, 49 e 117) (CD-ROM).

6.4.2 Suspeita de processos infecciosos

Os casos suspeitos de processos infecciosos foram observados em aves de vida livre e

tráfico em proporções similares.

Em Passeriformes oriundos de tráfico, 6 casos apresentaram suspeita de septicemia (82,

89, 100, 103, 135 e 145), 2 casos com suspeita de processo infeccioso em sistema digestório

(53 e 141) e 1 caso, em sistema tegumentar (87) (CD-ROM). Do total de 9 casos, 1 ave

apresentou-se magra enquanto o restante estava em boas condições corpóreas.

Passeriformes provenientes de vida livre apresentaram todos os casos suspeitos de

processo infeccioso caracterizado por septicemia (41, 71, 92, 110, 114, 125, 136 e 140) (CD-

ROM). Dos 8 casos, 2 apresentavam-se magros, 1 obeso e 5 em boas condições corpóreas,

sendo que uma ave (caso 114) foi submetida à eutanásia devido ao péssimo estado geral e

gravidade do quadro clínico. Além disso, observou-se que 2 casos (71 e 114) apresentaram

histórico de traumatismo, sendo que no primeiro a ave foi resgatada de um predador e no

segundo, havia desenvolvimento de fratura, fatos esses que não levaram propriamente ao

Page 131: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

130

óbito dos animais e sim possivelmente facilitaram o desenvolvimento de agentes infecciosos

não isolados, mas suspeitos de serem os responsáveis pelas mortes.

No caso 53, através de coloração de Gram, conseguiu-se observar a presença de colônias

cocos Gram-positivas em ventrículo, mas não nos demais órgãos do trato gastrintestinal que

também apresentaram lesões. Dessa forma, foi considerado como um quadro suspeito de

acometimento digestório por causa infecciosa. Os casos 71, 89, 114 e 135 também revelaram

presença de cocos Gram-positivos em alguns tecidos, porém as colônias não foram

visualizadas na maioria dos órgãos que também apresentavam lesões, sendo, portanto

classificados como quadros septicêmicos suspeitos.

Exames microbiológicos não foram realizados, devido à ausência de lesões macroscópicas

indicativas de processos infecciosos.

Diante do que foi discutido acima, deve-se salientar sobre a importância da coleta de

amostras biológicas para realização de exames microbiológicos sempre que possível, mesmo

na ausência de lesões durante exame necroscópico. A análise microbiológica, assim como

outros exames diagnósticos, contribuem de maneira significativa para determinação de

diagnósticos definitivos.

6.4.3 Processos não infecciosos

Óbitos decorrentes a processos não infecciosos predominaram entre os Passeriformes de

vida livre, diferentemente do observado nos oriundos de tráfico.

No estudo com Passeriformes de tráfico realizado por Godoy (2006), as causas de morte

atribuídas como não infecciosas somaram somente 8,6% dos casos, sendo a maioria, 64,6%,

relacionada à caquexia (distúrbio nutricional), seguido de 19,3% à traumas, 12,4% a

distúrbios metabólicos e 3,2% a distúrbios obstrutivos.

6.4.3.1 Óbitos decorrentes a distúrbios circulatórios

As alterações circulatórias foram observadas somente em animais provenientes de tráfico.

O caso 69 referiu-se a um indivíduo jovem e magro da espécie C. magellanicus, que ao

exame necroscópico apresentou penas pericloacais sujas de fezes diarréicas, congestão

Page 132: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

131

pulmonar acentuada, mucosa intestinal hiperêmica e dilatação intestinal. Microscopicamente

observou-se hemorragia pulmonar exuberante e enterite severa em lâmina própria,

aparentemente não associada a agentes infecciosos (CD-ROM).

A causa de morte atribuída a essa ave foi choque hipovolêmico em decorrência à perda de

líquido tissular relacionada à enterite severa e grande quantidade de perda sanguínea

pulmonar, provavelmente de origem não traumática, já que não se observou hematomas e

hemorragias em outros tecidos.

O choque é uma síndrome de insuficiência circulatória aguda, caracterizada pelos sinais

decorrentes da perfusão inadequada dos tecidos e órgãos vitais, tornando-os incapazes de

manter suas funções normais, culminando com o óbito, na maioria das vezes (MANN;

HELMICK, 1996; COELHO, 2002; COOPER, 2005b). Há vários tipos de choque, sendo o

hipovolêmico, caracterizado pela redução do volume sanguíneo ou circulante. As causas da

volemia incluem: perda de sangue (hemorragias traumáticas ou não), perda de plasma

(queimadura, peritonite, traumatismo, obstrução intestinal) e perda de água e eletrólitos

(desidratação, edema, diarréia, vômito) (MANN; HELMICK, 1996; COELHO, 2002;

MATUSHIMA, 2007). Segundo Cooper (2005b), em alguns casos durante exame

necroscópico, pode-se observar congestão e edema pulmonar e até hidropericárdio.

O caso 78 referiu-se a um adulto caquético de Pyroderus scutatus com edema de siringe e

traquéia, presença de material esbranquiçado leitoso revestindo superfície pericárdica e

cavidade celomática (Figura 13), além de aderência de alças intestinais. O exame

histopatológico revelou somente focos de hemorragia e congestão pulmonar (CD-ROM). A

secreção foi caracterizada, através de exame citológico, como sendo constituída somente por

adipócitos. Também foi submetida ao exame microbiológico, não havendo o isolamento de

qualquer agente infeccioso. A alteração observada foi diagnosticada como ascite quilosa,

sendo a secreção encontrada compatível com quilo.

O quilo corresponde à linfa que é absorvida no intestino e sua aparência leitosa é devido

ao seu conteúdo rico em gordura. Ascite quilosa é encontrada raramente em humanos e

animais, sendo caracterizada pelo extravasamento de fluido linfático no abdômen. Já foi

descrita em ruminantes, cavalos, cães, gatos e guepardos, sendo associada à doenças linfáticas

congênitas, síndromes nefróticas, ruptura traumática de sistema linfático ou obstrução

linfática por inflamação ou células neoplásicas (FOSSUM et al., 1992; GORES et al., 1994;

MAY; CHERAMIE; PRATER, 1999; TERRELL et al. 2003). Doenças hepáticas crônicas

também estão associadas as ascites quilosas em humanos e gatos domésticos (TERRELL et

al. 2003).

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132

May, Cheramie e Prater (1999), observaram severa aderência de omento e alças intestinais

em cavalos diagnosticados com quiloperitôneo.

Em aves, há relato de presença de líquido leitoso em cavidade celomática em galinhas

com mesotelioma (REECE, 2003). Além disso, ascite pseudoquilosa foi diagnosticada em um

ganso com hepatomegalia evidente e presença de líquido leitoso em cavidade, porém a

existência de triglicerídeos no líquido ascítico e plasmático não foi compatível com quadro

verdadeiro de ascite quilosa.

A causa precursora que levou ao desenvolvimento da ascite quilosa no animal referente ao

caso 78 não foi possível de ser determinada (LUMEIJ, 1994).

6.4.3.2 Óbitos decorrentes a distúrbios digestórios

Os distúrbios digestórios foram encontrados em dois animais oriundos de tráfico, sendo

diagnosticado insuficiência hepática por esteatose. A doença também foi encontrada por

Godoy (2006) em um dos casos relacionados a óbitos decorrentes de processos metabólicos.

Ambos os casos (15 e 96) referiram-se a indivíduos adultos de T. rufiventris, em boas

condições corpóreas. Durante exame necroscópico, somente o primeiro apresentou

hepatomegalia discreta e presença de quantidade moderada de depósitos gordurosos em

cavidade celomática. Microscopicamente observou-se degeneração vacuolar macrogoticular

difusa severa nos dois casos (Figura 14) (CD-ROM). Coloração de Sudan black foi realizada,

evidenciando a presença de lipídios intracelulares em ambos.

Esteatose hepática também conhecida como lipidose hepática, fígado gorduroso ou

degeneração gordurosa refere-se ao acúmulo anormal de triglicerídeo dentro de hepatócitos,

devido à incapacidade do órgão em metabolizar ou secretá-los (COTRAN et al., 1999;

JAMES; RAPHAEL; CLIPPINGER, 2000).

Frequentemente é vista em aves de cativeiro e raramente descrita em vida livre, incluindo

Passeriformes (WASWORTH; JONES; PUGSLEY, 1984; MACWHIRTER, 1994;

ROSSKOPF, 1996; CUBAS; GODOY, 2005). Ocasionalmente é vista em fringilídeos,

podendo estar associada à dietas altamente calóricas como ingestão excessiva de sementes

gordurosas (MACWHIRTER, 1994; DAVIES, 2000). A etiologia é multifatorial incluindo

desnutrição, obesidade, doenças debilitantes e metabólicas, intoxicações e infecções

(WASWORTH; JONES; PUGSLEY, 1984; BRUGERE, 1987; CUBAS; GODOY, 2005).

Page 134: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

133

Os sinais clínicos são apatia, incapacidade de vôo, anorexia, diarréia, mas frequentemente

permanecem subclínicos até o óbito. Na necropsia o fígado apresenta-se aumentado, pálido,

branco-amarelado, friável ou gorduroso (BRUGERE, 1987; MACWHIRTER, 1994; CUBAS;

GODOY, 2005). As alterações histopatológicas são caracterizadas por vacúolos

intracitoplasmáticos de gordura nos hepatócitos sem distribuição zonal ou lobular. Os

vacúolos são geralmente circulares e do mesmo tamanho, causando distensão de hepatócitos e

deslocamento do núcleo da célula para a periferia. Infecções intercorrentes podem estar

associadas (CUBAS; GODOY, 2005).

Devido ao fato dos animais, nesse presente estudo, apresentarem bom estado nutricional,

inclusive havendo depósitos gordurosos em cavidade de um deles, pode-se sugerir que a

esteatose esteja relacionada à uma dieta muito calórica. Essas aves foram apreendidas, não

havendo informação sobre o período que permaneceram em cativeiro, assim durante o

mesmo, provavelmente tenham sido alimentadas de maneira incorreta. Entretanto, a

possibilidade de outros fatores etiológicos, já mencionados, estarem envolvidos na lipidose

hepática não deve ser excluída, mesmo não se observando alterações em outros órgãos.

Doenças por depósitos de ferro, como hemossiderose e hemocromatose, embora não

tenham levado a óbito, foram observadas em fragmentos hepáticos de 17 aves, em diferentes

graus de acometimento. De forma subjetiva, de acordo com a intensidade do depósito de

ferro, as alterações foram classificadas em leves (casos 24, 41, 68, 92 e 99), moderadas (casos

15, 43, 62, 85, 109 e 128) e severas (casos 78, 108, 121, 132, 149 e 150).

A Hemossiderose tem sido definida como o acúmulo progressivo de ferro em tecidos na

forma de hemossiderina, pigmento resultante da degradação da hemoglobina, sem alterações

significativas na morfologia das células e sem danos teciduais extensos que comprometam a

função do órgão acometido. Já a Hemocromatose é a doença causada pelo acúmulo de ferro

em órgãos parenquimatosos, especialmente em fígado, associada à lesões patológicas nos

tecidos, comprometendo a função dos mesmos ou dos órgãos. O termo “doenças por

depósitos de ferro” é utilizado na literatura para diferenciar a Hemocromatose em animais

daquela que acomete humanos, que é de origem genética (LOWENSTINE; PETRAK, 1980;

CORK, 2000; RODENBUSCH; CANAL; SANTOS, 2004).

Hemocromatose já foi relatada em diversas espécies de Passeriformes, Columbiformes,

Piciformes, Anseriformes, Craciformes e Psittaciformes (LOWENSTINE; MUNSON, 1999;

DAVIES, 2000). Um estudo retrospectivo da Hemocromatose em 19 aves de espécies

diferentes de Passeriformes de vida livre e cativeiro de Baltimore (E.U.A.) revelou a presença

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134

de evidências histológicas em todas, sendo que 10 apresentavam doenças concomitantes,

como Coccidiose (WORREL, 1997).

As alterações mais significantes da Hemocromatose em aves são fibrose e cirrose

hepática. Os depósitos de ferro são vistos em células de Kupffer e em aglomerados

multifocais de macrófagos preenchidos por hemossiderina. Em estágios avançados, esses

macrófagos podem ocupar vários lóbulos hepáticos levando à perda de parênquima

(LOWENSTINE; PETRAK, 1980; RODENBUSCH; CANAL; SANTOS, 2004).

A causa de morte ou debilidade são normalmente devido à doenças intercorrentes, sendo

que em poucas aves as lesões hepáticas podem por si só levarem ao óbito (LOWENSTINE;

PETRAK, 1980).

Os animais do presente estudo além da presença do pigmento férrico, não apresentaram

lesões histológicas em parênquima hepático, sugerindo assim que não apresentem ainda

Hemocromatose e sim apenas Hemossiderose (Figura 15) (CD-ROM).

6.4.3.3 Óbitos decorrentes à neoplasias

Sertolinoma foi diagnosticado no caso 59, referente a um C. brissonii, adulto, com bom

estado nutricional e oriundo do tráfico. Durante exame necroscópico observou-se aumento de

cavidade celomática de consistência firme à palpação, hepatomegalia e presença de massa

tumoral vinhosa aderida ao rim esquerdo. O exame histopatológico revelou inflamação

granulocítica moderada a severa em fígado, baço, ceco, intestino delgado e grosso. A massa

tumoral apresentou arranjo em paliçada e alto grau de anaplasia, caracterizada pela presença

de mitoses atípicas, células e núcleos pleomórficos, conferindo ao tumor alto grau de

malignidade (Figuras 12 e 12.1) (CD-ROM). A ave veio a óbito durante intervenção cirúrgica

para excisão da massa tumoral.

Neoplasias em Passeriformes possuem baixa incidência, sendo relatados em menos de 1%

de aves necropsiadas no Zoológico de San Diego (SHIVAPRASAD, 2002; GENTZ, 2003).

Os tumores mais frequentemente vistos são adenomas associados à Poxvírus, papilomas em

fringilídeos e neoplasias associadas à doença do acúmulo de ferro (MACWHIRTER, 1994).

Sertolinomas são tumores originários das células de Sertoli, localizadas nos testículos.

Essas células fornecem suporte e controlam a nutrição dos espermatozóides em formação,

através da regulação da passagem dos nutrientes trazidos pelo sangue; fagocitam e digerem os

Page 136: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

135

restos de citoplasma que se desprendem das espermátides e secretam fluido cuja correnteza

leva os espermatozóides (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999).

Essa neoplasia já foi descrita em periquitos e faisões (BAUCK, 1996; REECE, 2003). Em

um estudo realizado por Leach (1992), de 110 tumores testiculares encontrados em aves

silvestres, 49 eram sertolinomas.

Macroscopicamente constituem massa firme, com diversos graus de necrose, hemorragia e

formação cística. Microscopicamente apresentam-se bem definidos, parecidos com células

epiteliais em paliçada, núcleo grande, denso, localizado basalmente e citoplasma basofílico.

Também podem se apresentar em arranjo poliédrico, separados por um estroma delicado e

com citoplasma vacuolizado. Figuras de mitose são encontradas frequentemente (REECE,

2003; SCHMIDT; REAVILL; PHALEN, 2003).

6.4.3.4 Óbitos decorrentes a distúrbios nutricionais

Os distúrbios nutricionais foram as causas mais freqüentes de óbitos decorrentes a

processos não infecciosos em Passeriformes de tráfico, assim como observado por Godoy

(2006).

No presente estudo, as alterações nutricionais constituiram-se pelo choque hipoglicêmico

e caquexia, sendo a primeira mais abundante tanto em tráfico como vida livre.

O choque hipoglicêmico ocorre quando o nível de glicose no sangue apresenta uma queda

brusca, sendo caracterizada por estado geral ruim, apatia, desmaios, convulsões e óbito

(LOWESTINE, 1986). Vários fatores podem induzir à hipoglicemia como desnutrição,

Hipovitaminose A, toxemias resultantes de septicemias bacterianas e virais, neoplasias e até

Aspergilose (COLES, 1997a).

Devido ao fato das aves apresentarem alta taxa metabólica, especialmente Passeriformes,

faz com que a utilização das reservas energéticas na forma de glicogênio e gordura sejam

consumidas rapidamente. Dessa forma, não podem permanecer por períodos prolongados sem

se alimentarem, não sobrevivendo por mais de 48 a 72 horas de privação alimentar

(LOWESTINE, 1986; COLES, 1997c).

No presente estudo, em todos os casos, o choque hipoglicêmico foi caracterizado pela

ausência de conteúdo alimentar em proventrículo e ventrículo. Alguns animais apresentaram,

infecções oportunistas concomitantes como os casos 131 (Isospora sp, Dispharynx spiralis,

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136

espirurídeo), 128 (Isospora sp), 61 e 73 (leveduras e pseudohifas), porém não levaram ao

óbito por si só, podendo ter contribuído para a debilidade do animal. Também se observou

que alguns casos apresentaram discretas lesões histopatológicas em diversos tecidos, sem

relevância na causa de morte (casos 5, 42, 48, 58, 95, 97, 116, 119, 126 e 131) (CD-ROM).

A caquexia foi considerada causa de morte nos casos 9, 61 e 73, que apresentaram

condição corpórea ruim. Em todos foi observada a presença de agentes oportunistas como

leveduras e pseudohifas sugestíveis de Candida sp (9, 61 e 73), E. coli (73), Lactococcus

lactis (73) e Enterococcus faecium (73). Também nos casos 61 e 73, observaram-se discretas

lesões histopatológicas em diversos tecidos, sem relevância na causa de morte (CD-ROM).

A caquexia é resultante da aquisição insuficiente de calorias e outros nutrientes. Muitas

espécies de aves possuem alta taxa metabólica e não possuem depósitos gordurosos

abundantes, assim a atrofia muscular pode ocorrer relativamente mais rápida do que o

observado em mamíferos (LOWESTINE, 1986).

6.4.3.5 Óbitos decorrentes a distúrbios respiratórios

O caso 57 referiu-se a um animal jovem, caquético e de vida livre da espécie P.

sulphuratus. Ao exame necroscópico observou-se presença de conteúdo alimentar em

cavidade oral e em terço inicial e médio de traquéia e congestão pulmonar.

Microscopicamente, em lúmen traqueal, havia a presença de material eosinofílico irregular

juntamente com células vegetais, sugestivo de conteúdo alimentar, além de congestão

pulmonar moderada e focos hemorrágicos (CD-ROM). O caso foi diagnosticado como

insuficiência respiratória.

Pneumonia aspirativa é uma das alterações respiratórias relatadas por Matos e Morrisey

(2005) como freqüentes em aves.

6.4.3.6 Óbitos decorrentes a traumatismos

Os traumas foram as causas mais freqüentes de óbitos decorrentes a processos não

infecciosos em Passeriformes de vida livre.

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137

Segundo Cooper (1996), representam causas de morte comuns em aves de cativeiro e vida

livre. Pennycott et al. (1998) encontraram lesões traumáticas em 7 dos 116 fringilídeos de

vida livre necropsiados no Reino Unido, sendo que todos apresentaram boas condições

corpóreas.

Frequentemente estão associados à maioria das perdas sanguíneas em aves, sendo

secundários à fraturas expostas, lacerações de pele ou cavidade oral, feridas por mordeduras,

fraturas de bico e quebra de penas (MATOS; MORRISEY, 2005).

Injúrias traumáticas são produzidas por força violenta e repentina que resulta em

compressão, laceração e torção dos tecidos. A patogênese do trauma está relacionada às

lesões em tecidos epiteliais, conjuntivos, musculares, nervosos e ósseos, associados a efeitos

secundários como anemia, pela perda sanguínea, e infecções, quando as injúrias servem como

porta de entrada a patógenos. Hemorragias subcutâneas normalmente estão presentes, além

disso, enfisema subcutâneo pode ser decorrente à ruptura de sacos aéreos (COOPER, 1996).

Lesões internas podem ser severas, e normalmente fatais, especialmente em traumas que

resultam na ruptura de órgãos, como fígado (COOPER, 1996; DAVIES, 2000). Em alguns

casos as lesões necroscópicas e histopatológicas podem não ser vistas, principalmente quando

há impactos cranianos severos que não causam sangramentos (COOPER, 1996).

As fraturas em decorrência aos traumas ocorrem mais frequentemente em membros

pélvicos e torácicos, sendo na maioria das vezes expostas, devido à presença limitada de

tecido muscular adjacente. Em canários, em 95% dos casos há acometimento de tíbio-tarso.

Traumas cefálicos e outras fraturas têm sido muito associadas à colisões em janelas, paredes,

vidraças e ventiladores de teto, podendo levar à edema de face, sinais neurológicos e perda de

consciência (COOPER, 1996; GREENACRE, 2003; MATOS; MORRISEY, 2005).

Colisões em portas e janelas de vidro têm sido documentadas como causas importantes de

mortalidade em aves da América do Norte. Já foram relatadas mais de 225 espécies de aves

envolvidas neste tipo de acidente, sendo a mortalidade aproximadamente igual a 50%. As

aves que vêm a óbito apresentam frequentemente hemorragia intracraniana, onde a ruptura

dos vasos sanguíneos leva ao sangramento progressivo, aumentando a pressão intracraniana

no cérebro resultando em óbito (BURTON; DOBLAR, 2004).

Mordeduras por animais domésticos, principalmente gatos, são relatos comuns em aves de

vida livre. Centros de reabilitação dos E.U.A. afirmam que cerca de 20% dos casos atendidos

anualmente são em decorrência à predações por gatos (BURTON; DOBLAR, 2004). O estudo

de Churcher e Lawton (1987) estimou que 5 milhões de gatos domésticos, na Inglaterra, são

responsáveis pela morte anual de 70 milhões de animais nativos, sendo que 40% dos 1100

Page 139: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

138

animais predados por 77 gatos, eram aves. Em Wisconsin, um estudo de 4 anos constatou que

houve predação de cerca de 19 milhões de aves anualmente (BURTON; DOBLAR, 2004).

Segundo a American Bird Conservancy (1997), os gatos matam anualmente cerca de 100

milhões de aves nos E.U.A.

As injúrias causadas nesses ataques variam desde lesões invisíveis ou perda de penas e

lesões teciduais superficiais à severas mordeduras em tecidos profundos, abertura de cavidade

celomática, fratura de costelas, coluna vertebral e membros. As lesões mais superficiais se

resolvem mais rapidamente, mas as lacerações severas causadas por dentes e unhas,

inevitavelmente causam infecções, principalmente por Pasteurella multocida, bactéria

presente na microbiota de gatos, levando rapidamente à septicemia. Outros agentes como

Pseudomonas sp também podem estar envolvidos (BEST, 2003; GREENACRE, 2003;

MATOS; MORRISEY, 2005).

Traumas por colisões em automóveis e linhas de alta tensão também são freqüentes.

Estima-se que 1,5 milhões de animais silvestres são mortos diariamente nas rodovias e

estradas dos E.U.A. (BURTON; DOBLAR, 2004). Os Passeriformes estão entre as ordens

mais frequentemente afetadas pelos eletrochoques (BEVANGER, 1998).

Em Passeriformes oriundos do tráfico, Godoy (2006) associa os traumatismos à não

adaptação às gaiolas ou viveiros e à superpopulação, favorecendo brigas, principalmente em

espécies mais territorialistas.

Cooper (1996) sugere a eutanásia para os casos graves mais graves.

No presente estudo, os Passeriformes de vida livre apresentaram lesões traumáticas

acidentais em 2 casos (36 e 37), por predação em 6 casos (14, 35, 55, 120, 129 e 149) e por

causas indeterminadas em 10 casos (16, 22, 26, 38, 44, 45, 62, 80, 104 e 121). Eutanásias

foram realizadas em 3 casos (16, 35 e 121) em que as lesões eram extensas e as condições dos

animais eram muito precárias.

Em Passeriformes de tráfico, somente 1 caso (137) foi decorrente à causas acidentais, 1

caso (23) à trauma social e 4 casos (60, 66, 79 e 102) à causas indeterminadas.

As lesões causadas por predadores, estiveram relacionadas ao ataque por gatos

domésticos, exceto em dois casos, em que os predadores foram um sagüi (120) e um cão

(149). As causas acidentais foram decorrentes à colisões em vidraças (36 e 37) e parte de

membro preso em gaiola (137). Ainda houve a ocorrência de trauma social (23), causado por

brigas entre indivíduos do mesmo recinto.

Acometimento de sistema cutâneo, músculo e/ou esquelético, representados por

hematomas, escoriações, perfurações, lacerações e fraturas (Figura 9) esteve presente em 18

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139

casos (14, 16, 22, 23, 35, 38, 44, 55, 62, 66, 80, 102, 104, 120, 121, 129, 137 e 149).

Envolvimento tóraco-abdominal foi constatado em 2 casos (14 e 35), alterações em cavidade

celomática em 3 casos (37, 45 e 79) e traumatismos cranianos em 4 casos (26, 36, 37 e 60)

(CD-ROM).

A maioria das aves, tanto de tráfico como de vida livre apresentaram boas condições

corpóreas.

6.4.4 Causas de morte indeterminadas

A porcentagem de causas indeterminadas em Passeriformes oriundos do tráfico foi

semelhante à encontrada por Godoy (2006), que obteve o valor igual a 12,8%, sendo 65,2%

devido à autólise e 34,8% dos casos sem diagnóstico conclusivo para a determinação da causa

de morte. Em aves de vida livre e tráfico também se observou predomínio de autólise sobre os

casos inconclusivos.

Considerar mortes por autólise se faz necessário, em trabalhos de Patologia comparada,

uma vez que se exerceu esforço de coleta e processamento do material. Infelizmente, uma

parcela de animais autolisados sempre estará presente, pois por mais que a conservação

adequada tenha sido realizada, o tempo de exposição da carcaça às condições climáticas até

sua refrigeração é variável.

Conforme mencionado em Materiais e Métodos, as eutanásias assim como procedimentos

iatrogênicos não foram considerados como causas de morte e sim informações adicionais.

Eutanásia foram realizadas em 7 casos (1, 2, 16, 29, 35, 114 e 121), enquanto óbito durante

procedimentos iatrogênicos foi observado somente no caso 59.

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140

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho permitiu identificar e comparar as principais afecções que

ocasionaram a morte de Passeriformes de vida livre residentes na Região Metropolitana de

São Paulo e passeriformes oriundos do tráfico apreendidos na mesma região.

As aves provenientes do tráfico de animais silvestres também são aves de vida livre, que

foram capturadas na natureza, permanecendo em cativeiro por período indeterminado,

encontrando-se assim em situação distinta daquelas que não foram submetidas a todo o

estresse de captura, manejo e acondicionamento decorrentes dessa atividade ilícita.

Os resultados obtidos evidenciaram o predomínio de óbitos decorrentes a processos

infecciosos em aves de tráfico, caracterizados principalmente por infecções mistas por agentes

bacterianos e fúngicos. A queda na imunidade aliada às condições corpóreas regulares a ruins

observadas na maioria dessas aves favoreceu o contágio por diferentes tipos de agentes,

oportunistas em sua maioria. Grande parte dos agentes infecciosos encontrados de maneira

geral nos animais de tráfico, como Aspergillus sp, Candida sp, Isospora sp, Poxvírus, entre

outros, podem conviver de forma harmônica com o hospedeiro, causando doenças quando há

imunossupressão, condição frequentemente observada nas aves apreendidas.

Causas de morte relacionadas a processos não infecciosos, principalmente traumatismos,

se destacaram entre as aves de vida livre, que de maneira geral, apresentaram-se em boas

condições corpóreas. A predação por animais domésticos e colisões em obstáculos foram as

causas mais relevantes de traumas, sendo resultantes da proximidade do homem com a fauna

silvestre, em decorrência ao crescimento populacional humano descontrolado e a urbanização.

Juntos ocasionam à perda de habitat das populações silvestres que para sobreviverem

precisam adaptar-se ao ambiente antropizado.

As diferenças observadas quanto aos processos patológicos e causas de morte encontradas

em passeriformes de vida livre e tráfico, podem auxiliar e direcionar a conduta de médicos

veterinários quanto aos possíveis diagnósticos clínicos, tratamentos e manejo mais adequado

dessas aves.

No estudo das causas de morte, alguns casos foram suspeitos de Atoxoplasmose. Tal

doença já foi amplamente discutida na literatura estrangeira, porém a questão que envolve a

taxonomia do agente ainda é muito controversa, necessitando maiores estudos, principalmente

em âmbito molecular, com aves da fauna brasileira.

Page 142: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

141

A identificação dos parasitos encontrados nos exames parasitológicos de conteúdo

gastrintestinal, bem como de helmintos, agente bacterianos, fúngicos e virais contribui para o

conhecimento das espécies mais frequentemente encontradas em Passeriformes de vida livre e

tráfico, auxiliando na escolha do melhor tratamento às aves internadas.

A problemática atual que envolve a destinação dos animais apreendidos do tráfico, que em

sua maioria são devolvidos à natureza, precisa ser repensada e analisada, pois conforme visto

nesse estudo, essas aves albergam diversos agentes infecciosos, e mesmo apresentando-se

sadias, diante de situações estressantes passam a eliminá-los. Portanto, a soltura

indiscriminada, sem acompanhamento de protocolos sanitários pré-estabelecidos pode fazer

com que as aves liberadas eliminem patógenos, tornando as populações naturais suscetíveis à

doenças. Caso isso ocorra, desastres como surtos de enfermidades podem levar ao declínio de

populações de aves silvestres de toda uma área.

Dessa forma, nota-se a importância de mais pesquisas futuras direcionadas à investigação

de patógenos presentes tanto em aves oriundas do tráfico, que futuramente podem vir a serem

liberadas, como naquelas de vida livre, cujo ambiente ao qual pertencem podem ser alvo de

solturas.

Este trabalho constitui uma colaboração preliminar para o conhecimento do estado

sanitário e das principais enfermidades que acometem e levam a óbito Passeriformes de vida

livre da Região Metropolitana de São Paulo, bem como aqueles, oriundos do tráfico

apreendidos na mesma localidade.

Page 143: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

142

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APÊNDICE A – Ficha padronizada utilizada durante o exame necroscópico Número do caso: _____ Data de necropsia: ___/ ___/___ Data de óbito: ___/ ___/___ IDENTIFICAÇÃO Espécie: __________________________ Nome popular: _____________________ Família: __________________________ Instituição: ________________________ Cadastro: __________________________ Idade: ( ) Ninhego ( ) Filhote ( ) Jovem ( ) Adulto Sexo : ( ) Macho ( ) Fêmea HISTÓRICO Data de entrada na instituição: ___/ ___/___ Local de procedência: _________________________ Origem: ( ) Tráfico ( ) Vida livre Condições de encontro: ___________________________________________________ Sintomatologia apresentada: _______________________________________________ Exames complementares: _________________________________________________ Diagnóstico clínico provável: ______________________________________________ Tratamento realizado: ____________________________________________________ BIOMETRIA Peso: ______ Comprimento total com penas: __________ Comprimento total sem penas: __________ Comprimento total da cabeça: ___________ Largura da cabeça: ___________________ Comprimento do cúlmen exposto: ________ Comprimento do bico à narina: _________ Largura do bico: ______________________ Altura do bico: _____________________ Comprimento das asas com penas: ________Comprimento das asas sem penas: ______ Comprimento das asas fechadas: _________ Comprimento da cauda: ______________ Comprimento dos tarsos: ________________ Comprimento dos dedos médio sem unha: __________ Comprimento dos dedos médio com unha: __________ EXAME NECROSCÓPICO EXAME EXTERNO ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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171

APÊNDICE A – Ficha padronizada utilizada durante o exame necroscópico (Continuação) EXAME INTERNO Sistema digestório:____________________________________________________________ Sistema cárdio-respiratório:_____________________________________________________ Sistema genito-urinário: _______________________________________________________ Sistema endócrino: ___________________________________________________________ Sistema músculo-esquelético: ___________________________________________________ Sistema nervoso: _____________________________________________________________ Moléstia principal: _____________________________________________________ Provável Causa Mortis: __________________________________________________ COLETA PARA HISTOPATOLÓGICO ( ) Pele ( ) Músculo peitoral ( ) Língua ( ) Traquéia ( ) Siringe ( ) Sacos aéreos ( ) Pulmões ( ) Tireóide ( ) Coração ( ) Pericárdio Outros _____________

( ) Esôfago ( ) Inglúvio ( ) Proventrículo ( ) Ventrículo ( )Intestino delgado ( ) Intestino grosso ( ) Ceco ( ) Fígado ( ) Vesícula biliar ( ) Baço

( ) Timo ( ) Bursa de Fabrícius ( ) Pâncreas ( ) Rins ( ) Adrenais ( ) Ovário ( ) Testículo ( ) Cérebro ( ) Cerebelo ( ) Grandes vasos

EXAMES COMPLEMENTARES

Exame Amostra Resultado

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172

APÊNDICE B – Tabela 1 Tabela 1 – Distribuição dos casos segundo a espécie, família e origem dos animais - São Paulo - 2005-

2006

Nome Popular Nome Científico Família Número de Animais Tráfico Vida

Livre Total

Araponga Procnias nudicollis Cotingidae 0 1 1 Azulão Cyanocompsa brissonii Cardinalidae 7 0 7 Bem-te-vi Pitangus sulphuratus Tyrannidae 0 15 15 Bigodinho Sporophila lineola Emberizidae 1 0 1 Canário-da-terra Sicalis flaveola Emberizidae 9 0 9 Cardeal Paroaria coronata Emberizidae 3 0 3 Chopim Molothrus bonariensis Icteridae 0 1 1 Coleirinho Sporophila caerulescens Emberizidae 7 0 7 Curió Oryzoborus angolensis Emberizidae 4 0 4 Galo-da-campina Paroaria dominicana Emberizidae 12 0 12 Gaturamo-verdadeiro Euphonia violacea Fringillidae 1 0 1 João-de-barro Furnarius rufus Furnariidae 0 1 1 Papa-capim Sporophila nigricollis Emberizidae 1 0 1 Pardal Passer domesticus Passeridae 0 2 2 Pássaro-preto Gnorimopsar chopi Icteridae 3 0 3 Patativa Sporophila plumbea Emberizidae 1 0 1 Pavó Pyroderus scutatus Cotingidae 2 1 3 Pichochó Sporophila frontalis Emberizidae 2 0 2 Pintassilgo Carduelis magellanicus Fringillidae 4 0 4 Pitiguari Cyclarhis gujanensis Vireonidae 0 2 2 Sabiá-barranco Turdus leucomelas Turdidae 0 1 1 Sabiá-do-campo Mimus saturninus Mimidae 0 2 2 Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris Turdidae 13 22 35 Sabiá-poca Turdus amaurochalinus Turdidae 1 1 2 Saí-azul Dacnis cayana Thraupidae 0 1 1 Sanhaço-cinzento Thraupis sayaca Thraupidae 2 7 9 Sanhaço-do-encontro-amarelo Thraupis ornata Thraupidae 0 1 1 Tico-tico Zonotrichia capensis Emberizidae 4 2 6 Tiê-preto Tachyphonus coronatus Thraupidae 0 1 1 Tiziu Volatinia jacarina Emberizidae 1 0 1 Trinca-ferro Saltator similis Cardinalidae 8 1 9 TOTAL 86 63 149

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APÊNDICE C – Tabela 2

Tabela 2 – Distribuição dos casos oriundos de tráfico e vida livre segundo o agente microbiano e sítio de isolamento - São Paulo - 2005-2006 (Continua)

Agente Microbiano

Adjacência

de traquéia

Articulação

Coanas

Fratura

Globo ocular

Intestino delgado

Pálato

Parede de serosa

Pele

Pulmão

Saco aéreo

Sangue cardíaco

Subcutâneo

Total

Tráfico

Vida livre

Aspergillus sp 117 117 24, 33, 148, 18

5 4 1

Bacilo não esporulado irregular 142 1 1 0

Candida albicans 12 3, 67,73

130 5 4 1

Candida sp 18 142 64 29 4 3 1

Citrobacter freundii 27 1 0 1

Citrobacter sp 21 1 1 0

Enterobacter agglomerans 27 1 0 1

Enterobacter cloacae 24 1 1 0

Enterococcus avium 148 1 1 0

Enterococcus faecium 73 1 1 0

Enterococcus galinarum 29 1 1 0

Escherichia coli 117 138 98 90 3, 73, 142

117 148, 18, 130

10 7 3

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Tabela 2 – Distribuição dos casos oriundos de tráfico e vida livre segundo o agente microbiano e sítio de isolamento - São Paulo - 2005-2006 (Conclusão)

Agente Microbiano

Adjacência

de traquéia

Articulação

Coanas

Fratura

Globo ocular

Intestino delgado

Pálato

Parede de serosa

Pele

Pulmão

Saco aéreo

Sangue cardíaco

Subcutâneo

Total

Tráfico

Vida livre

Fungo filamentoso não identificado

143 1 1 0

Geotrichum capsulatum 3 1 1 0

Geotrichium (yeast like fung) 43 1 0 1

Lactococcus lactis sub. lactis 73 1 1 0

Levedura não identificada 66 1 1 0

Proteus sp 22 1 0 1

Pseudomonas sp 43 1 0 1

Serratia odorifera 18 1 0 1

Staphylococcus aureus 88 4 2 2 0

Staphylococcus chromogenes 25 1 1 0

Staphylococcus intermedius 25 1 1 0

Staphylococcus pulvereri 152 152 1 0 1

Stahylococcus sp 117 138 117 25 130 4 2 2

Streptococcus sp 117 117 108 2 1 1

Yersinia frederiksenii 90 1 1 0

Observação: Números não sublinhados referem-se aos casos oriundos de tráfico e sublinhados, aos casos de vida livre

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175

APÊNDICE D – Tabela 3 Tabela 3 – Distribuição dos casos oriundos de tráfico e vida livre segundo o parasito encontrado e

conteúdo analisado - São Paulo - 2005-2006

Parasita

Inte

stin

o de

lgad

o

Inte

stin

o gr

osso

Ven

trícu

lo

Prov

entrí

culo

Tot

al

Trá

fico

Vid

a L

ivre

Capillaria sp 44, 62 57 44 3 0 3

Cestódeo 120, 138, 149, 152 88, 120, 152 120 5 1 4

Cryptosporidium sp 101, 112, 133 133 101 3 3 0

Espirurídeo 102, 143, 43, 56, 152

43, 131 6 2 4

Isospora sp 25, 29, 70, 79, 81, 84, 86, 89, 99, 101, 102, 128, 133, 49, 71, 104, 110, 111, 113, 120, 131, 139, 152

4, 28, 89, 122, 128, 133, 57, 104, 111, 113, 120, 131

27 16 11

Syngamus trachea 47, 129, 138, 149, 152

111, 129, 152 129 47 6 0 6

Trematódeo 120 1 0 1 Observação: Números não sublinhados referem-se aos casos oriundos de tráfico e sublinhados aos casos de

vida livre

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176

APÊNDICE E: Tabela 4 Tabela 4 – Helmintos encontrados nos Passeriformes de tráfico e de vida livre, grupo pertencente,

espécie hospedeira, localização no hospedeiro, número de exemplares, e identificação do caso - São Paulo - 2005-2006 (Continua)

Helminto G

rupo

Hos

pede

iro

Ori

gem

do

Hos

pede

iro

Loc

al d

e en

cont

ro

Núm

ero

de

exem

plar

es

Cas

o

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Pitangus

sulphuratus Vida livre ID 6 44

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Turdus

rufiventris Vida livre ID 17 110

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Turdus

rufiventris Vida livre ID 2 111

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Turdus

rufiventris Vida livre ID 1 129

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Mimus

saturninus Vida livre ID 3 139

Acantocéfalo não identificado Acanthocehala Turdus

rufiventris Vida livre ID 1 149

Cestódeo não idenificado Cestoda Turdus

rufiventris Tráfico ID indeterminado 88

Cestódeo não idenificado Cestoda Turdus

rufiventris Vida livre ID 1 110

Cestódeo não idenificado Cestoda Turdus

rufiventris Vida livre ID indeterminado 152

Cheilospirura sp Nematoda Sicalis flaveola Tráfico V 9 101

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Tráfico PV 3 83

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV 8 43

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV 20 44

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV, V 2 50

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV, V 6 51

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV, V 5 56

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV 2 62

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV 3 111

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177

Tabela 4 – Helmintos encontrados nos Passeriformes de tráfico e de vida livre, grupo pertencente, espécie hospedeira, localização no hospedeiro, número de exemplares, e identificação do caso - São Paulo - 2005-2006 (Conclusão)

Helminto

Gru

po

Hos

pede

iro

Ori

gem

do

Hos

pede

iro

Loc

al d

e en

cont

ro

Núm

ero

de

exem

plar

es

Cas

o

Dispharynx spiralis Nematoda Pitangus sulphuratus Vida livre PV, V 8 125

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV 2 129

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV 13 131

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV 19 138

Dispharynx spiralis Nematoda Turdus rufiventris Vida livre PV 41 152

Syngamus trachea Nematoda Turdus rufiventris Vida livre T 5 152

Não identificado Não identificado

Paroaria coronata Tráfico PV indetermi

nado 3

Não identificado Não identificado

Paroaria coronata Tráfico PV indetermi

nado 8

Não identificado Não identificado

Procnias nudicollis Vida livre PV indetermi

nado 9

Não identificado Não identificado

Paroaria coronata Tráfico PV indetermi

nado 12

Legenda: ID-Intestino Delgado; V-Ventrículo; PV-Proventrículo; T-Traquéia

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APÊNDICE F – Tabela 5 e 6 Tabela 5 – Identificação dos agentes isolados nas infecções mistas segundo o número do caso em

Passeriformes de tráfico – São Paulo – 2005-2006

Agentes Total

de casos

Número dos

casos Agentes

12 Escherichia coli e Candida albicans 54 Bactéria não identificada e fungo leveduriforme

não identificado 117 Escherichia coli Streptococcus sp,

Staphylococcus sp e Aspergillus sp 142 Escherichia coli, bacilo não esporulado

irregular e Candida sp

Bacteriano e fúngico 5

148 Escherichia coli, Enterococcus avium e Aspergillus sp

25 Staphylococcus intermedius, Staphylococcus chromogenes, Staphylococcus sp e Isospora sp

112 Bactérias cocos gram-positivas e Cryptosporidium sp

Bacteriano e parasitário 3

123 Bactérias cocos gram-positivas e coccídios 67 Candida albicans e coccídios 74 fungo leveduriforme não identificado e

coccídios Fúngico e parasitário 3 101 fungo leveduriforme não identificado, Isospora

sp, Cryptosporidium sp e Cheilospirura sp Bacteriano, fúngico e parasitário 1 7 Bactéria não identificada, fungo leveduriforme

não identificado e coccídios Bacteriano, parasitário e viral 1 4 Staphylococcus aureus, Isospora sp e Poxvírus

Bacteriano, fúngico, parasitário e viral 1 29 Enterococcus sp, Candida sp, Isospora sp e

Poxvírus Parasitário e suspeita de agente infeccioso 1 99 Isospora sp e agente indeterminado

Total 15

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APÊNDICE F – Tabela 5 e 6 (Continuação) Tabela 6 – Identificação dos agentes isolados nas infecções mistas segundo o número do caso em

Passeriformes de vida livre – São Paulo – 2005-2006

Agentes Total

de casos

Número dos

casos Agentes

Bacteriano e fúngico 1 18 Serratia odorifera, Escherichia coli, Aspergillus sp e Candida sp

Fúngico e parasitário 1 17 fungo leveduriforme não identificado e coccídios

43 Pseudomonas sp, Geotrichium sp, Dispharynx spiralis e espirurídeo Bacteriano, fúngico e

parasitário 2 130 Escherichia coli, Staphylococcus sp, Candida

albicans e coccídios 49 Isospora sp e agente indeterminado 113 Isospora sp e agente indeterminado Parasitário e suspeita de

agente infeccioso 3 124 Ectoparasitas (berne) e agente indeterminado

Total 7

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180

ANEXO A – Relação das famílias e número de espécies de Passeriformes existentes no Brasil, segundo Lista das aves do Brasil (CBRO, 2007)

Cardinalidae (16) Coerebidae (1) Conopophagidae (6) Corvidae (8) Cotingidae (31, [1]) Dendrocolaptidae (42) Donacobiidae (1) Emberizidae (73, [1]) Estrildidae (1) Formicariidae (7) Fringillidae (17, [1]) Furnariidae (101, [1]) Grallariidae (8) Hirundinidae (16) Icteridae (40) Melanopareiidae (1)

Mimidae (3) Motacillidae (5) Parulidae (19, [4]) Passeridae (1) Pipridae (37, [1]) Polioptilidae (8) Rhinocryptidae (11) Scleruridae (7) Thamnophilidae (163, [1]) Thraupidae (86) Tityridae (21) Troglodytidae (17) Turdidae (17) Tyrannidae (208, [2]) Vireonidae (16)

Nota: O número de espécies existentes em cada família é referente aos dados da lista primária

(principal), acrescidos do número de espécies da lista secundária, os quais estão indicados entre colchetes.

Segundo CBRO (2007) além da lista primária de aves brasileiras, foi realizada

também a lista secundária, cuja definição técnica encontra-se abaixo:

[...]Lista primária refere-se às espécies com pelo menos um dos registros de ocorrência no Brasil provido de evidência documental. Neste contexto, são evidências documentais os itens disponíveis, para consulta independente, na forma exclusiva de espécime integral ou parcial, fotografia, gravação de áudio ou vídeo, que permitam a determinação segura do táxon. Lista secundária refere-se às espécies com provável ocorrência no Brasil, providas de registros específicos publicados para o país, mas cuja evidência documental não é conhecida ou disponível. Neste contexto, a ‘provável ocorrência’ de uma espécie no Brasil é inferida a partir do seu padrão distribucional e de dispersão estabelecido com base em evidências documentais.

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181

ANEXO B – Relação das famílias e número de espécies de Passeriformes existentes no município de São Paulo, segundo inventariamento realizado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SÃO PAULO, 2006), adotando-se a classificação do CBRO (2007)

Cardinalidae (1) Coerebidae (1) Conopophagidae (1) Corvidae (2) Cotingidae (4) Dendrocolaptidae (4) Emberizidae (10) Estrildidae (1) Fringillidae (1) Furnariidae (10) Hirundinidae (5) Icteridae (8)

Mimidae (1) Motacillidae (1) Parulidae (4) Passeridae (1) Pipridae (2) Thamnophilidae (10) Thraupidae (27) Troglodytidae (1) Turdidae (7) Tyrannidae (45)

Vireonidae (3

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182

ANEXO C – Fórmulas das soluções 1) Solução de formol 10% (MATUSHIMA, 2007) Formalina líquida a 40% (comercial):

1 parte de formalina 9 partes de água

Ou Formalina em pastilhas ou pó:

40 g de formalina diluídas em 1000ml água Observação: A solução de formol a 10%, na verdade é a 4%, uma vez que a diluição 1:10 é feita a partir de uma solução a 40% (comercial) 2) Solução de bicromato de potássio a 2,5% (HOFFMANN, 1987)

Bicromato de potássio : 2,5 g Água destilada: 100 ml

3) Solução de sacarose (d = 1,203g/cm3) (SLOSS; ZAJAC; KEMP, 1999)

Solução A: 781,40 ml de água destilada + 1 kg açúcar Solução B (solução de uso): 3 partes solução A + 1 parte de água destilada

Dissolver o açúcar em água e levar ao fogo até que a mistura fique translúcida e levemente caramelizada. 4) Solução A.F.A (Álcool – Formol – Ácido acético) (AMATO; BOEGER; AMATO, 1991)

Álcool 70%: 93 partes Formol comercial (37-40%): 5 partes Ácido acético glacial: 2 partes

5) Glutaraldeído 2,5% solução tampão 0,1 M

Para 100 ml de fixador: 8 ml de glutaraldeído 25% 42 ml de água destilada 50 ml de tampão fosfato 0,2 M

Filtrar e medir o pH (deve ser 7,4). Armazenar no congelador. Tampão Fosfato 0,2 M:

Solução A (27,6g de fosfato de sódio monobásico em 1 l de água destilada) Solução B (53,7d de fosfato de sódio heptahidratado em 1 l de água destilada) Solução Final (230 ml de Solução A + 770 ml de Solução B)

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183

ANEXO D – Lista de causas de morte adaptada segundo modelos propostos por Montali (1991) e Matushima (2007)

Agente físico Cardiovascular Circulatório, choque hipovolêmico Congênito Cutâneo Digestivo Endócrino Estresse Hematopoiético Idiopático Imunológico Indeterminado Indeterminado, autólise Infeccioso, agente indeterminado Infeccioso, bacteriano Infeccioso, fúngico Infeccioso, misto Infeccioso, parasitário Infeccioso, viral Infeccioso, suspeita Metabólico Músculo-esquelético Neoplasia Nutricional, Caquexia Nutricional, Choque Hipoglicêmico Perinatal Peritônio Reprodutivo Respiratório Sensitivo Sistema nervoso central Toxicidade Trauma, acidental Trauma, auto-traumatismo Trauma, indeterminado Trauma, maternal Trauma, paternal Trauma, predador Trauma, social Trauma, vandalismo Trauma, intra-recinto Urinário Nota: Eutanásia e procedimentos iatrogênicos não foram considerados causas de morte, mas sim informações

adicionais.

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184

ANEXO E – Quadro 1

Nome Científico Distribuição Geográfica Categoria de Ameaça

Procnias nudicollis Pernambuco e Minas Gerais a sul do Rio Grande do Sul, sul de Mato Grosso, Argentina e sudeste do Paraguai. Mata Atlântica

Vulnerável

Cyanocompsa brissonii Nordeste ao rio Grande do Sul, Brasil central (Goiás, Mato Grosso e Cuiabá), Bolívia, Paraguai, Argentina, norte da Venezuela e Colômbia. Áreas abertas

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Pitangus sulphuratus Todo o Brasil, Texas à Argentina. Diversos ambientes inclusive urbano

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sporophila lineola Guiana e Venezuela à Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil até São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás. Descampados, pomares, plantações e beira de capoeiras

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sicalis flaveola Maranhão ao sul do Rio Grande do Sul e a oeste até Mato Grosso, também nas ilhas litorâneas de São Paulo e Rio de Janeiro. Campos, caatinga, aproxima-se de casas

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Paroaria coronata * Rio Grande do Sul e oeste de Mato Grosso (Pantanal), Argentina à Bolívia, Paraguai e Uruguai. Campos com vegetação alta

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Molothrus bonariensis Todo o Brasil, Panamá e Antilhas à Argentina e Chile. Paisagens abertas, campos de cultura e pastos

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sporophila caerulescens Brasil centro-ocidental e meridional (da Bahia ao Rio Grande do Sul), Uruguai à Bolívia e Peru. Áreas abertas

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Oryzoborus angolensis Todo o Brasil, México à Bolívia, Paraguai e Argentina. Borda de floresta e alagados com árvores

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Paroaria dominicana * Nordeste (sul do Maranhão ao interior de Pernambuco e Bahia). Caatinga

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Euphonia violacea Guianas e Venezuela ao Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai. Mais freqüente na Amazônia. Borda de florestas e plantações

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Furnarius rufus Região Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. Áreas abertas e cidades

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sporophila nigricollis Endêmica do sudeste do Brasil (sudeste de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro). Áreas abertas

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Passer domesticus Comum em parques e jardins urbanos e em zona rural da maior parte do Brasil, exceto na Amazônia

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Gnorimopsar chopi Região nordeste, centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. Lugares abertos

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sporophila plumbea

Região sul do Brasil, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, noroeste da Bahia, Marajó, Roraima e países adjacentes. Borda de floresta baixa, mais ou menos aberta

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Pyroderus scutatus Bahia ao Rio Grande do Sul, sudeste de Goiás, Brasília, Paraguai, Argentina, Venezuela e Peru. Floresta

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Sporophila frontalis Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, Paraguai e Argentina. Interior de floresta e áreas abertas Vulnerável

Carduelis magellanicus Brasil meridional e centro-ocidental à Argentina. Vários ambientes

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Cyclarhis gujanensis Todo o Brasil, México à Bolívia e Argentina. Beira de mata, capões e parques

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Turdus leucomelas Brasil meridional e central, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais, Guianas e Venezuela à Bolívia, Argentina e Paraguai. Floresta, capoeira

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Quadro 1 - Distribuição geográfica (SICK, 1997; SIGRIST, 2005; SOUZA, 2004) e categoria de

ameaça (IUCN, 2007), das espécies de Passeriformes estudadas (Continua)

Page 186: THAÍS CAROLINE SANCHES - University of São Paulo

185

Mimus saturninus Região nordeste, sudeste, sul do Brasil, baixo Amazonas, Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia. Lugares abertos com árvores e arbustos

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Turdus rufiventris Brasil oriental e central, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Matas e cidades

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Turdus amaurochalinus Região nordeste, sudeste e sul do Brasil, Goiás, Acre e Baixo Amazonas, Argentina, Bolívia. Lugares mais ou menos abertos (orla e matas, parques, quintais, cidades e cerrado)

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Dacnis cayana Todo o Brasil, América Central e maior parte da América do Sul. Bordas de floresta

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Thraupis sayaca Brasil oriental e central, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia. Campos de cultivo e cidades

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Thraupis ornata Bahia à Santa Catarina. Borda de floresta e capoeira Baixo Risco ou Pouco preocupante

Zonotrichia capensis Todo o Brasil, exceto Amazônia, México e América Central à maior parte da América do Sul. Áreas abertas e parques

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Tachyphonus coronatus Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, sul de Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina. Orla de mata, capoeira, parques

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Volatinia jacarina Todo o Brasil. Áreas abertas Baixo Risco ou Pouco preocupante

Saltator similis Brasil meridional (Bahia ao Rio Grande do Sul) e central, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Borda de floresta

Baixo Risco ou Pouco preocupante

Observação: Em asterisco (*), espécies que não possuem distribuição geográfica sobre o Estado de São Paulo. Quadro 1 - Distribuição geográfica (SICK, 1997; SIGRIST, 2005; SOUZA, 2004) e categoria de

ameaça (IUCN, 2007), das espécies de Passeriformes estudadas (Conclusão)