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Trabalho de Investigação Risco Nutricional em Pessoas Idosas com Demência no Serviço de Psico-Geriatria do Hospital de Magalhães Lemos E.P.E. Nutritional Risk in Elderly People with Dementia in Magalhães Lemos, E.P.E. Hospital Psycho-Geriatric Service Ana Sofia Limas de Sousa Orientada por : Mestre Odete Luísa Vicente de Sousa Porto, 2010

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Page 1: Trabalho de Investigação - Repositório Aberto€¦ · no Serviço de Psico-Geriatria do Hospital de Magalhães Lemos E.P.E. Nutritional Risk in Elderly People with Dementia in

Trabalho de Investigação

Risco Nutricional em Pessoas Idosas com Demência

no Serviço de Psico-Geriatria

do Hospital de Magalhães Lemos E.P.E.

Nutritional Risk in Elderly People with Dementia

in Magalhães Lemos, E.P.E. Hospital Psycho-Geriatric Service

Ana Sofia Limas de Sousa

Orientada por : Mestre Odete Luísa Vicente de Sousa

Porto, 2010

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Dedicatória

Às quatro pessoas sem as quais não imagino a minha vida: os meus pais,

a minha irmã Francisca e o João.

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Agradecimentos

Aos meus pais, à Francisca, ao João, por tudo o que representam para

mim. Pela inesgotável compreensão, pelo apoio e pelo conforto.

À Dra. Odete Sousa, por tudo o que aprendi, pelo exemplo de

profissionalismo, pela atenção e disponibilidade.

Ao Dr. António Leuschner e ao Hospital de Magalhães Lemos, E.P.E., pela

simpatia com que fui acolhida.

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Índice

Dedicatória .......................................................................................................... i

Agradecimentos ................................................................................................. iii

Lista de Abreviaturas ......................................................................................... vii

Resumo .............................................................................................................. x

Abstract ............................................................................................................ xiii

Palavras – Chave / Key Words .......................................................................... xv

Introdução .......................................................................................................... 1

Objectivo ............................................................................................................ 6

Participantes e Métodos ..................................................................................... 6

Resultados ......................................................................................................... 9

Discussão ......................................................................................................... 18

Conclusão ........................................................................................................ 22

Referências Bibliográficas ................................................................................ 23

Índice de Anexos .............................................................................................. 30

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Lista de Abreviaturas

AVD – Actividades de Vida Diária

AIVD – Actividades Instrumentais de Vida Diária

CBP – Circunferência da Barriga da Perna

DA – Demência do Tipo Alzheimer

HML, E.P.E. – Hospital de Magalhães Lemos, Entidade Pública Empresarial

IMC – Índice de Massa Corporal

MNA®- Mini Nutritional Assessment

PEM – Protein Energy Malnutrition

PMB – Perímetro Muscular do Braço

SPG – Serviço de Psico-Geriatria

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Resumo

Introdução: A demência é uma perturbação neurológica caracterizada

predominantemente por um défice clinicamente significativo na cognição,

incluindo a memória. Podem surgir alterações do comportamento que conduzem

a uma perda de autonomia e de capacidade para as actividades diárias,

profissionais e sociais. A susceptibilidade a desenvolver um quadro demencial

aumenta exponencialmente com a idade. Com o avançar da idade, o estado

nutricional pode ser afectado, especialmente quando à idade avançada se

associa um quadro de demência, aumentando assim a vulnerabilidade à perda de

peso, à ingestão alimentar deficiente e, por consequência, a Protein Energy

Malnutrition (PEM), isto é, Desnutrição Proteico – Calórica. A desnutrição

associada à doença conduz a um aumento das complicações clínicas subjacentes

(mortalidade e morbilidade), bem como a um efeito negativo no estado físico e

psicológico. Após a institucionalização, a situação tende a agravar-se.

O objectivo principal da avaliação do risco nutricional em contexto

geriátrico, mais especificamente no subgrupo da população geriátrica

demenciada, é detectar da forma mais atempada possível os casos de risco

nutricional para, dessa forma, diminuir os efeitos adversos decorrentes da

desnutrição associada à doença. O MNA® é a ferramenta de referência para a

avaliação do risco nutricional na população idosa, encontrando-se,

inclusivamente, validado para a demência do Tipo Alzheimer. Apresenta um

importante papel na identificação de indivíduos desnutridos ou em risco de

desnutrição.

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Objectivos: Avaliar a desnutrição em pessoas idosas com demência no Serviço

de Psico-Geriatria, aplicando o Mini Nutritional Assessment® (MNA®);

Participantes e Métodos: Estudo descritivo transversal, conduzido entre os

meses de Abril e Junho de 2010; Amostra de conveniência constituída por vinte

participantes, todos com diagnóstico de demência; Aplicou-se o Mini Nutritional

Assessment (MNA®) a cada participante e aplicou-se também um protocolo em

que constavam os dados pessoas (idade, sexo, estado civil, data de nascimento,

escolaridade), tipo de demência, a pontuação obtida no MNA® e o IMC.

Resultados: Amostra constituída por 11 mulheres e 9 homens, com média de

idades de 72,9 anos (desvio-padrão: 8,6 anos). Pontuação média do MNA®: 15,5

pontos (desvio-padrão: 7,0 pontos) (Desnutrição). IMC médio da amostra: 21,3

Kg/m2 (desvio-padrão: 6,0 Kg/m2) (Estado de Magreza). 55% dos participantes

apresentavam diagnóstico de “Demência em Estudo”. 60% dos participantes

apresentavam pontuação do MNA < 17 (Desnutrição) e IMC < 24 Kg/m2

(Magreza).

Verificaram-se diferenças com significado estatístico (p <0,001) entre a média da

pontuação obtida através da aplicação do MNA® e a média dos valores de IMC

nesta amostra.

Discussão: O MNA® é um instrumento fiável para identificação do risco

nutricional. O IMC não é um bom indicador de risco nutricional nas pessoas

idosas, sendo de um modo geral uma medida utilizada para o rastreio da

obesidade.

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Conclusão: A desnutrição / risco de desnutrição associada à demência foi

evidenciada pelo MNA®. No entanto, o reduzido tamanho amostral pode ter sido

uma limitação do estudo. Este estudo permitiu identificar os indivíduos que

poderão beneficiar de medidas de intervenção nutricional.

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Abstract

Introduction: Dementia is a neurological disease mainly characterized by

clinically significant cognitive deficit which includes memory. Behavioral changes

may occur and lead to an autonomy loss and a decreased capacity to perform

daily professional and social activities.

The susceptibility to develop a dementia increases exponentially with age.

In older ages, nutritional status can be affected, specially when it is associated

with dementia, by increasing vulnerability to weight loss and poor food intake and,

consequently, vulnerability to Protein Energy Malnutrition (PEM). Disease-related

undernutrition leads to an increased number of clinical complications (mortality

and morbidity), as with a negative outcome in the physical and psychological

status. Hospitalization can worsen the status.

The main aim of nutritional risk assessment in geriatric population, more

specifically in geriatric population with dementia, is to detect rapidly the nutritional

risk cases in order to reduce the adverse effects caused by disease-related

undernutrition.

MNA® (Mini Nutritional Assessment) is the golden standard for nutritional

risk evaluation among geriatric population and it is validated for Alzheimer

Disease. It has an essential role on the detection of undernourished or at risk of

undernutrition patients.

Objectives: Assess undernutrition in elderly people with dementia in

Magalhães Lemos E.P.E. Hospital Psycho-Geriatric Service.

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Population and Methods: Descriptive cross-sectional study with data

collected between the months of April and June, 2010. Convenience sample

composed of twenty participants, all of them with dementia diagnosis. Mini

Nutritional Assessment (MNA®

) was applied to each subject. It was also applied a

protocol with personal data (age, gender, marital status, date of birthday,

education level), type of dementia, BMI and MNA® score.

Results: Sample composed of eleven women and nine men with a mean

age of 72, 9 years old (standard deviation: 8, 6 years). Mean MNA® score: 15,5

points (standard deviation:7,0 points) ( Undernutrition). Mean BMI of the sample:

21,3 Kg/m2 (standard deviation: 6,0 Kg/m2) (Thinness). 55% had dementia of

unknown etiology (“Dementia being Studied”). 60 % had MNA score <17 and BMI

< 24 Kg/m2 (Thinness).

It was observed statistically significant differences (p <0, 001) between the

mean MNA® score and the mean BMI values in this sample.

Discussion: MNA® is a reliable tool to identify nutritional risk. BMI is not a

good predictor of nutritional risk among elderly people, as it is essentially used for

obesity screening.

Conclusion: Dementia-related undernutrition or undernutrition risk was

reported by MNA®. However the reduced sample size can be a limitation. This

study allowed identification of individuals who may benefit with nutritional

intervention procedures.

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Palavras – Chave / Key Words

Palavras-Chave: demência, risco nutricional, avaliação nutricional, pessoas

idosas, desnutrição, Mini Nutritional Assessment®, intervenção nutricional

Key Words: dementia, nutritional risk, nutritional evaluation, elderly people, Mini

Nutritional Assessment®, nutritional intervention

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Introdução

A demência é uma perturbação neurológica caracterizada

predominantemente por um défice clinicamente significativo na cognição,

incluindo a memória (1). As alterações do comportamento que ocorrem conduzem

a uma perda de autonomia e de capacidade para as actividades diárias,

profissionais e sociais (2): as Actividades de Vida Diária (AVD) e Actividades

Instrumentais de Vida Diária (AIVD) vão sendo progressivamente afectadas (o

Índice de Katz permite aceder a uma classificação quanto à capacidade de

execução das AVD(3) e o índice de Lawton é aplicado às AIVD(4)).

Ferri et al. (2005) (5) descreveu que a prevalência de demência no mundo

ocidental se encontra abaixo de 1% em indivíduos com idades compreendidas

entre os 60 e os 64 anos. Segundo Salva et al. (2009), a prevalência de demência

na Europa situa-se entre os 6% e os 10 % em indivíduos com 65 ou mais anos de

idade (6). Já foi demonstrado também que esta prevalência sofre um aumento

exponencial com a idade: para indivíduos com 85 ou mais anos de idade, a

prevalência de demência situa-se entre os 24% e os 33% (5-6). Segundo os dados

do projecto European Collaboration on Dementia (Eurocode) (7), em Portugal

existem mais de 90.000 pessoas com diagnóstico de demência.

Várias etiologias podem associar-se a um quadro de demência. Desta

forma, as demências são classificadas de acordo com a sua etiologia, por

exemplo: Demência do Tipo Alzheimer (DA), Demência Vascular, Demência

Fronto-Temporal, Demência Secundária a Outros Estados Físicos Gerais (por

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exemplo, Doença de Parkinson), Demência Secundária a Múltiplas Etiologias ou

Demência Sem Outra Especificação (etiologia indeterminada) (8).

A Demência do Tipo Alzheimer (DA), descrita pela primeira vez em 1907

por Alois Alzheimer (8), é a mais frequente (cerca de 60 % dos diagnósticos de

demências (6, 9)) e diversos estudos prevêem que a prevalência da DA atinja

proporções epidémicas na segunda metade do século XXI (8, 10-11).

A prevalência da DA aumenta acentuadamente com o envelhecimento (9):

0,6% nos homens e 0,8% nas mulheres aos 65 anos de idade para 11% nos

homens e 14 % nas mulheres com 85 anos de idade. Aos 90 anos de idade, a

prevalência sobe para 21% nos homens e 25% nas mulheres e aos 95 anos de

idade, 36% nos homens e 41% nas mulheres (1). A Demência Vascular é referida

com muito menos frequência do que a DA e é, aparentemente mais frequente nos

homens do que nas mulheres (8), o mesmo se verificando com a Demência

Fronto-Temporal. A Demência Secundária a Outros Estados Físicos Gerais, por

exemplo, Demência Secundária a Doença de Parkinson tem sido referida como

ocorrendo em 20 % a 60 % dos indivíduos com Doença de Parkinson (8).

Estima-se actualmente que a demência represente 50% das causas de

dependência de outrem entre as pessoas idosas (6, 11). O Índice de Barthel é um

dos instrumentos frequentemente utilizados para avaliar o grau de dependência

nas pessoas idosas (12) .

Com o avançar da idade, o estado nutricional pode ser afectado,

especialmente quando associado a um quadro demencial (13).

Verifica-se uma acentuada perda de peso em alguns tipos de demência,

destacando-se a DA. Actualmente, The National Institute of Neurological and

Communicative Disorder`s and Strokes Task Force on Alzheimer`s Disease

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(NINCDS-ARDA) (14), incluiu a perda de peso nos critérios de diagnóstico de DA,

referindo que esta pode ocorrer mesmo antes da manifestação clínica da doença.

Em 1992, Wolf - Klein et al. (15) monitorizou o estado nutricional e as

alterações do peso corporal em indivíduos com demência institucionalizados,

evidenciando que o peso corporal dos indivíduos com demência era

significativamente inferior ao dos indivíduos que não sofriam de demência(15-16).

A vulnerabilidade à perda de peso pode ser explicada por diferentes

factores (17), entre os quais alterações da ingestão alimentar em consequência da

desorientação espaço – temporal, da diminuição da capacidade de expressão

verbal das necessidades e da maior propensão à dispersão no momento da

refeição (16). Assim, verifica-se perda de capacidade de pôr em prática os

processos e estratégias inerentes à alimentação (13, 18). A dependência de outrem

para a alimentação é um factor de risco relevante para a deficiente ingestão

alimentar (16). Além dos factores referidos, a recusa alimentar e a anorexia têm um

importante papel em todo o processo de diminuição da ingestão alimentar e

consequente perda de peso.

Além de factores alimentares existem outras hipóteses explicativas

(nenhuma categoricamente provada): falência na regulação orgânica do peso,

aumento do dispêndio energético de repouso e hipermetabolismo (19-20).

Segundo Spaccavento et al. (2009), uma perda de peso superior a 5% por

ano é um mau prognóstico em relação à progressão da doença (17), dado que da

anorexia e subsequente perda de peso até à desnutrição, o caminho percorrido é

muito curto. Alguns tipos de demência (destacando-se também aqui a DA), tal

como muitas outras doenças crónicas, encontram-se frequentemente associados

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a maior vulnerabilidade de apresentar Protein Energy Malnutrition (PEM) (21-24),

isto é, Desnutrição Proteico – Calórica associada à doença.

A desnutrição associada à doença conduz a um aumento das

complicações clínicas subjacentes (mortalidade e morbilidade), afectando

negativamente o estado físico e psicológico do indivíduo (20, 25-27). Exemplificando,

a prevalência de Desnutrição Proteico - Calórica em pessoas idosas que vivem de

forma independente no domicílio é entre 5% a 8%, ao passo que em indivíduos

institucionalizados a mesma prevalência aumenta para valores compreendidos

entre 30 % e 60 %(28-29).

A demência como doença crónica e altamente incapacitante, representa

uma sobrecarga para os cuidadores (caregiver’s burden), além de representar

também um impacto económico relevante no sistema de saúde e/ou na própria

instituição (27, 30). Os Disability Adjusted Life Years (DALYs), isto é, os anos de

vida ajustados à doença, que quantificam o número de anos de vida em

sofrimento ou perdidos por incapacidade ou morte prematura, associados à

demência do tipo Alzheimer são estimados em 2,12 milhões de anos, nos países

da União Europeia (31).

A avaliação do estado nutricional é um elemento chave, na medida em que

pode contribuir para minimizar o mau prognóstico geralmente reservado à

demência. Este prognóstico é agravado com o risco nutricional (deve enfrentar-se

o problema numa perspectiva abrangente, tendo em conta a nutrição, as funções

cognitivas e o estado de saúde físico do indivíduo (32-33) e a interacção dinâmica

entre estes factores (34-35)).

O objectivo principal da avaliação do risco nutricional é detectar da forma

mais atempada possível os indivíduos que poderão beneficiar de uma intervenção

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nutricional, prevenindo a progressão dos efeitos prejudiciais e reduzindo o tempo

de internamento (36-40), factor que influencia o estado geral do indivíduo. Após a

institucionalização verifica-se tendência para a deterioração mais acelerada do

estado nutricional (29, 37, 41). Segundo Hafsteinsdóttir et al. (2010), num estudo

efectuado em doentes do foro neurológico, concluiu-se que a desnutrição

praticamente duplicava após dez dias de internamento (42).

O MNA® (Mini Nutritional Assessment) é a ferramenta de referência (golden

standard) no contexto de avaliação do estado nutricional, rastreio e diagnóstico

de desnutrição em geriatria (43-44). Encontra-se validado para identificar indivíduos

com idade igual ou superior a 65 anos (população idosa), sinalizando as pessoas

idosas que apresentam estado de desnutrição ou em risco de desnutrição (43). Foi

desenvolvido em 1990 por Bruno Vellas e Yves Guigoz e o objectivo era obter um

teste uniforme e fiável para rastrear devidamente o risco nutricional da população

idosa, pois estava provada a prevalência de desnutrição nessa população e

considerava-se que esse tipo de procedimento não era correctamente aplicado na

prática clínica (43).

A aplicação do MNA® na prática clínica facilita a identificação de indivíduos

em risco, conduzindo à aplicação de medidas correctivas ou preventivas,

rentabilizando os recursos humanos e materiais e optimizando o papel dos

cuidadores para que seja possível proporcionar às pessoas idosas com demência

as melhores condições de vida possíveis.

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Objectivo

Avaliar a desnutrição em pessoas idosas com demência no Serviço de

Psico-Geriatria, aplicando o Mini Nutritional Assessment® (MNA®);

Participantes e Métodos

Desenho do Estudo

Estudo descritivo transversal (45-46), conduzido entre os meses de Abril e

Junho de 2010.

Participantes

A amostra de conveniência foi composta por vinte indivíduos com

demência no SPG do HML, EPE.

Foram considerados elegíveis para participar no estudo indivíduos com

demência (os critérios de diagnóstico seguidos são os presentes no manual DSM

– IV(1) e no ICD-10(47)).

Foram considerados critérios de exclusão pessoas idosas sem diagnóstico

clínico de demência.

Todos os procedimentos foram efectuados com consentimento informado

do Utente ou do Cuidador.

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Métodos

Aplicou-se o Mini Nutritional Assessment (MNA®) a cada participante.

O MNA® é aplicado sob a forma de um inquérito constituído por 18

questões que incidem fundamentalmente em três áreas de abrangência:

antropometria (IMC, peso, perímetro do meio do braço, perímetro da barriga da

perna), avaliação global (autonomia, terapêutica farmacológica, estado físico e

mental) e avaliação da ingestão alimentar (29, 43, 48).

Uma pontuação (score) inferior a 17 num máximo de 30 pontos é

classificada como “desnutrido”; uma pontuação compreendida entre 17,5 e 23,5

pontos, “risco de desnutrição” e uma pontuação superior a 23,5 pontos, “sem risco

de desnutrição” (43, 49).

O MNA ® foi criado para ser administrado por um profissional experiente e

com treino específico para a aplicação. A aplicação demora, em média, entre 10 e

15 minutos (43, 49-50). A sua fiabilidade para indivíduos institucionalizados foi

testada, com um coeficiente kappa=0,78 (49), um valor que permite inferir um bom

grau de fiabilidade.

O MNA® é uma ferramenta de rastreio e avaliação nutricional validada e

capaz de identificar indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos que se

encontram em estado de desnutrição ou em risco de desnutrição. O MNA® foi

testado e validado como método de referência no contexto de avaliação de

população geriátrica. Esta ferramenta encontra-se validada para aplicação na

Demência do Tipo Alzheimer, sendo de fácil utilização nestes doentes (51), dado

que as questões não dependem da capacidade cognitiva do indivíduo, podendo

ser respondidas pelo cuidador (52). (anexo A)

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Foi aplicado ao participante ou cuidador um protocolo (anexo B) onde

constavam os dados pessoais (idade, sexo, estado civil, data de nascimento e

escolaridade), tipo de demência, a pontuação obtida no MNA® e o Índice de

Massa Corporal (IMC) calculado através do quociente entre o peso actual (medido

em quilogramas) e o quadrado da altura (medida em metros).

Os pontos de corte considerados para o IMC (adaptados à população idosa

(53)) foram: <24 Kg/m2 – Magreza; 24 a 27 Kg/m2 – Normoponderal;> 27 Kg/m2 –

Obesidade.

Métodos Estatísticos

Calculou-se frequências, médias e desvio-padrão para as variáveis.

Aplicou-se o teste de Kolmogorov – Smirnov para avaliar a normalidade da

distribuição.

Procedeu-se à avaliação das diferenças entre as variáveis categóricas

através do teste Pearson Chi – Square.

Usou-se Independent Sample T-Test para se comparar os parâmetros em

estudo. Consideraram-se estaticamente significativos os valores de p <0,001 (two

- sided tests).

Todos os testes estatísticos foram realizados com recurso ao programa

Software Package for Social Sciences para Windows, versão 17.0 (SPSS Inc.

Chicago, EUA).

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Resultados

Caracterização Sociodemográfica da Amostra

Amostra constituída por 20 participantes, 11 mulheres e 9 homens, com

média de idades de 72,9 anos (desvio-padrão: 8,6 anos).

A pontuação média obtida pela aplicação do MNA® foi 15,5 pontos (desvio

– padrão: 7,0 pontos), o que corresponde a uma classificação de “Desnutrição”

(inferior a 17 pontos).

A altura média da amostra é 1,63 m (desvio-padrão: 0,56 m) e o peso

médio é 57,0 Kg (desvio-padrão: 18,3 Kg). O IMC médio da amostra foi 21,3

Kg/m2 (desvio-padrão: 6,0 Kg/m2), considerado, segundo os critérios aplicados à

população idosa, estado de “Magreza”.

Quanto ao estado civil, 17 indivíduos eram casados e 3 indivíduos viúvos.

Quanto ao diagnóstico provável de demência, 11 indivíduos (55%)

apresentavam diagnóstico de “Demência em Estudo”, isto é, demência cuja

etiologia ainda não foi totalmente conhecida; 2 indivíduos (10%) apresentavam

diagnóstico de demência vascular; 3 indivíduos (15%) apresentavam diagnóstico

de demência fronto - temporal e 1 indivíduo (5%) apresentava um possível quadro

demencial paraneoplásico.

Relativamente aos anos de escolaridade, a amostra apresenta uma média

5,9 anos (desvio-padrão:4,1 anos).

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A tabela a seguir apresentada, tabela 1, sintetiza as principais

características sociodemográficas da amostra.

DP: Desvio-Padrão; MNA®- Mini Nutritional Assessment; H - Homens; M –

Mulheres; IMC – Índice de Massa Corporal; C- Casado; V- Viúvo; DE – Demência

em Estudo; DV- Demência Vascular; DA – Demência do Tipo Alzheimer; DFT –

Demência Fronto – Temporal; PDP - Possível Quadro Demencial Paraneoplásico

(Demência Secundária a outros Estados Físicos Gerais)

Tabela 1 – Caracterização Sociodemográfica da Amostra

Participantes (n=20)

Variáveis Média (DP)

Idade (anos) 72,9 (8,6)

Sexo (H/M) 11/9

Altura (m) 1,63 (0,56)

Peso (Kg) 57,0 (18,3)

IMC (Kg/m2) 21,3 (6,0)

Pontuação MNA® 15,5 (7,0)

Estado Civil (C/V) 17/3

Diagnóstico (DE/DV/ DA/DFT/ PDP) 11/2/3/3/1

Escolaridade (anos) 5,9 (4,1)

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Gráfico 2 – Distribuição da amostra segundo o Risco Nutricional, de acordo com

a pontuação obtida pela aplicação do MNA®.

55%

15%

15%

5%

10%

Gráfico 1 - Distribuição da amostra segundo o Diagnóstico de Demência.

10%

60% 30%

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Gráfico 3 – Distribuição da amostra segundo o IMC.

25%

15%

60%

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DP: Desvio-Padrão; MNA®: Mini Nutritional Assessment; H - Homens; M –

Mulheres; IMC – Índice de Massa Corporal; C- Casado; V- Viúvo; DE – Demência

em Estudo; DV- Demência Vascular; DA – Demência do Tipo Alzheimer; DFT –

Demência Fronto – Temporal; PDP - Possível Quadro Demencial Paraneoplásico

(Demência Secundária a outros Estados Físicos Gerais)

Tabela 2 – Classificação de acordo com a pontuação obtida no MNA®, para cada

diagnóstico de demência.

Participantes (n=20)

Diagnóstico Desnutridos – MNA <17

(n (%))

Risco - MNA 17-23,5

(n (%))

Sem Risco – MNA> 23,5

(n (%))

DE (n=11) 7 (63,6) 3 (27,3) 1(9,1)

DV (n=2) 0 1 (50) 1(50)

DA (n=3) 2 (66,7) 1(33,3) 0

DFT (n=3) 2 (66,7) 1 (33,3) 0

PDP (n=1) 1(100) 0 0

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14

Através da tabela anterior, tabela 2, é possível verificar que existem

algumas diferenças quanto à ocorrência de desnutrição para cada um dos

diagnósticos de demência. Sendo assim, para a demência cuja etiologia se

encontra em estudo, 63,6 % dos indivíduos estudados encontram-se desnutridos;

para a demência vascular, não se encontrou nenhum indivíduo desnutrido, ao

passo que para a “Demência do tipo Alzheimer” e “Demência Fronto-Temporal”,

66,7% dos indivíduos estavam desnutridos. Para o possível quadro demencial

paraneoplásico, constou para esse diagnóstico apenas 1 participante que se

encontrava desnutrido. 27, 3 % dos indivíduos com diagnóstico de “Demência em

Estudo” encontravam-se em risco de desnutrição, enquanto que, para o

diagnóstico de “Demência Vascular”, se identificou 1 indivíduo (50%) nesta

condição, o mesmo acontecendo para “Demência do Tipo Alzheimer” (33,3%) e

“Demência Vascular”. Foram identificados 2 indivíduos sem risco de desnutrição

(1 desses indivíduos com diagnóstico de “Demência em Estudo” e outro com

diagnóstico de “Demência Vascular”).

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DP: Desvio-Padrão

* p < 0,001 – valor estatisticamente significativo

Tabela 3 – Médias da pontuação obtida através da aplicação do MNA e dos

valores de IMC.

Existem diferenças com significado estatístico (p <0,001) entre a média da

pontuação obtida através da aplicação do MNA® e da média dos valores de IMC

nesta amostra.

Pontuação MNA

Média (DP)

15,5 (7,0)

p *

0,000

IMC (Kg/m2)

21,3 (6,0)

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n: número de participantes; %: percentagem

Tabela 4 – Relação entre a classificação da amostra de acordo com o MNA® e a classificação segundo os critérios do IMC.

Classificação IMC (Kg/m2)

Total Normoponderal (24-27) Magreza (< 24) Obesidade (> 27)

MNA®

(pontos)

Desnutrido n(%) 2 (16,7) 10 (83,3) 0 12 (100,0)

Risco de Desnutrição n (%) 1 (16,7) 2 (33,3) 3 (50,0) 6 (100,0)

Sem Risco Desnutrição n (%) 2 (100,0) 0 0 2 (100,0)

Total n (%) 5 (25,0) 12 (60,0) 3 (15,0) 20 (100,0)

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Analisando os resultados obtidos e descritos na tabela 4, é possível

verificar que, num total de 12 participantes identificados como “Desnutridos” pelo

MNA®, pelo IMC, 2 foram classificados como “Normoponderais” e 10 classificados

na categoria de “Magreza”;

Em 6 indivíduos identificados como em risco de desnutrição pelo MNA®, 1

indivíduo foi considerado “Normoponderal” pelo IMC, 2 em estado de Magreza e 3

na categoria de “Obesidade”.

Os 2 indivíduos identificados como “Sem Risco Nutricional” pelo MNA®,

foram classificados pelo IMC como “Normoponderais”.

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18

Discussão

Neste estudo foi possível evidenciar que o risco nutricional pode ser

detectado pela aplicação do MNA®.

A amostra populacional estudada foi considerada globalmente como uma

amostra proveniente de uma população geriátrica (idade superior a sessenta e

cinco anos).

A caracterização sociodemográfica da amostra evidenciou a existência de

um nível médio de escolaridade baixo, uma situação que reflecte de forma

inequívoca a realidade, dado tratar-se de uma amostra retirada de uma população

idosa.

O MNA®, considerado, como referido anteriormente(54), um golden standard

na avaliação do estado nutricional e diagnóstico de desnutrição em pessoas

idosas, identificou a maioria dos indivíduos admitidos no SPG como desnutridos

(60%), o que demonstra a relação entre a demência e a desnutrição, discutida já

há vários anos pelos investigadores especializados na área (55).

Contudo, a etiologia da demência diagnosticada nem sempre se associa a

um quadro de perda de peso: três participantes neste estudo foram, classificados,

segundo o valor de IMC (> 27 Kg/m2), como obesos.

Observou-se que a maior percentagem de pessoas idosas que se

apresentavam desnutridas tinham diagnóstico de Demência do tipo Alzheimer e

Demência Fronto-Temporal.

No diagnóstico de “Demência do Tipo Alzheimer” (DA), foi possível verificar

que, em três indivíduos nessa condição, dois encontravam-se desnutridos

(66,7%). Este facto pode, eventualmente, servir como demonstração da frequente

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associação que se efectua entre a DA e o estado de desnutrição e baixo peso (13,

15, 22).

Observou-se também que, quanto ao valor médio de IMC da amostra e à

pontuação média aferida pela aplicação do MNA®, a classificação de “Magreza”

foi concordante com a classificação de “Desnutrição” proveniente da pontuação.

Além disso, 60% dos indivíduos foram classificados como “Desnutridos” pelo

MNA®, correspondendo a mesma percentagem aos indivíduos cuja classificação,

segundo o IMC, foi “Magreza”.

Todavia, a maior divergência entre o MNA® e o IMC verificou-se para os

indivíduos considerados obesos pelo IMC e em risco de desnutrição pelo MNA®.

Esta discrepância pode ser explicada pelo facto de o MNA ® contemplar muitos

outros factores (sendo, inclusivamente, um deles, o IMC), como os hábitos

alimentares e o estado de saúde geral do indivíduo, que não são contemplados

no IMC.

A propósito da possível comparação entre o MNA® e o IMC como métodos

de identificar a desnutrição ou o risco de desnutrição, foi conduzido um estudo por

Cansado et al. (2009) (56) em que se compararam 4 métodos de avaliação do

estado nutricional, constando entre esses métodos o MNA® e o IMC,

evidenciando fraca concordância entre si (56), sendo o MNA® um método mais

fiável, apresentando elevada sensibilidade e especificidade (43), encontrando-se,

inclusivamente, validado para a população idosa com demência do Tipo

Alzheimer(52)

Vários investigadores indicam que o IMC não é um bom indicador do risco

nutricional (57), especialmente nas pessoas idosas, na medida em que não permite

conhecer a distribuição de massa gorda e, além disso, a definição dos pontos de

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corte de IMC pode variar. O IMC é, assim, considerado uma medida deficitária

quando aplicado à avaliação do estado nutricional de pessoas idosas, sendo de

um modo geral uma medida usada no rastreio da obesidade (Steen, 1988).

No entanto, tendo como objectivo de prevenir e diagnosticar a perda de

peso na DA, Belmin et al. realizou um estudo sugerindo guidelines para a DA,

recomendando nas boas práticas da avaliação nutricional, o registo de medidas

antropométricas como o peso, estatura e cálculo do IMC (58).

Actualmente, apesar de o MNA® ser considerado a ferramenta de

referência, não existe ainda uma visão totalmente consensual sobre o rastreio

nutricional (56).

Da relação entre o MNA® e IMC como métodos de identificação do risco

nutricional, colocou-se a hipótese de que o MNA ® é mais fiável e mais preciso

Cansado et al, evidenciou que mais de 50% dos idosos institucionalizados

apresentavam perda de peso e risco/desnutrição quando avaliados pelo MNA® ao

invés do IMC (56).

Pode dizer-se, assim, que a avaliação do estado nutricional não deve ser

apenas limitada à relação entre as medidas antropométricas, sendo necessária

uma perspectiva mais abrangente, tal como o MNA® permite, incluindo na

avaliação outros factores relevantes para a identificação do risco nutricional, para

além de meras medições antropométricas, que também são importantes, mas

quando inseridas num contexto mais lato de avaliação.

Além do referido anteriormente, é de salientar que o cálculo do IMC é um

método cuja utilização se generalizou à população, mas que inicialmente foi

criado com o objectivo de identificar o excesso de peso ou obesidade e só mais

tarde se aplicou à classificação do baixo peso ou magreza. Daqui se pode retirar

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que o desenho inicial deste índice não seria exactamente identificar a desnutrição

ou o risco de desnutrição, o que comprova que não será o método mais

adequado, ou pelo menos, o método mais completo.

A identificação de indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição foi

efectivamente realizada neste estudo, comprovando-se que o MNA® é um método

de fácil aplicabilidade.

Após a sinalização destes indivíduos, efectuou-se intervenção nutricional

(com instituição de um plano alimentar estruturado e personalizado e quando

necessário recurso a suplementos alimentares de fórmulas comerciais). Arnaud –

Battandier et al. (1999) (50) sugeriram num estudo que a intervenção nutricional

sob a forma de suplementos alimentares tem efeito significativo no aumento do

aporte nutricional e energético, contribuindo de forma relevante para o aumento

de peso em indivíduos referenciados como desnutridos ou em risco de

desnutrição. Demonstrou-se também que, de acordo com os resultados do

estudo, o aumento da pontuação obtida na aplicação do MNA® apresenta

capacidade de ser utilizado como ferramenta de acompanhamento (follow – up)

da intervenção nutricional.

Das intervenções nutricionais que se efectuaram no estudo desta amostra,

aguardam-se ainda os resultados.

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Conclusão

Este estudo apresenta uma limitação relevante que é o reduzido tamanho

amostral, o que dificultou a análise dos dados.

Além disso, tratando-se de um estudo transversal, o objectivo centrou-se

de forma mais específica na caracterização da amostra e, tal como referido nos

fundamentos teóricos, na identificação dos indivíduos que poderão beneficiar de

medidas de intervenção nutricional.

Porém, considerou-se importante realizar este rastreio e publicar os seus

resultados, dado o papel fulcral que, como já foi demonstrado, o estado nutricional

desempenha no bem – estar dos indivíduos.

A relação da demência com o estado nutricional necessita de mais

investigação, apesar já existirem alguns fundamentos sólidos nessa área.

Considerações Finais

Constata-se que será importante utilizar futuramente uma amostra mais

alargada para que seja possível efectuar maior número de relações entre

variáveis, por exemplo, considera-se interessante, além da relação MNA®/IMC,

incluir a percentagem de peso perdido como método de estimar o estado

nutricional.

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Anexos

Índice de Anexos

Anexo A: Protocolo Aplicado aos Participantes do Estudo .............................. 31

Anexo B: Questionário Mini Nutritional Assessment ® (Versão Original) .......... 35

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Anexo A: Protocolo Aplicado aos Participantes do Estudo

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Anexo B: Questionário Mini Nutritional Assessment ® (Versão Original)

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