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  • 7/24/2019 Traduo Soljenitzin

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    Um mundo dividido

    Aleksandr I. Solzhenitsyn Discurso em Harvard

    Eu estou sinceramente feliz de estar aqui com vocs, na ocasio da !"#$formatura desta velha e ilustre universidade. %eus &ara'(ns e os melhoresvotos &ara todos os )raduados de ho*e.

    + mote de Harvard ( -EI/AS. %uitos de vocs *0 desco'riram e outros irodesco'rir no curso de suas vidas que a verdade nos ilude assim que nossaconcentra1o come1a a fraque*ar, o tem&o todo dei2ando a iluso de queestamos 'uscando3a continuamente. Esta ( a fonte de muitas diver)ncias. Averdade tam'(m ( raramente doce4 ( quase invariavelmente amar)a. Amedida da verdade est0 inclu5da no meu discurso de ho*e, mas eu a ofere1o

    como um ami)o, no como um advers0rio./rs anos atr0s nos Estados 6nidos eu disse certas coisas que foram re*eitadase &areceram inaceit0veis. Ho*e, no entanto, muitas &essoas concordam com oque eu disse...

    A diviso do mundo atual ( &erce&t5vel at( em um relance r0&ido. 7ualquer denossos contem&or8neos &rontamente identi9ca dois &oderes mundiais, cadaum deles &ronto &ara destruir o outro. :o o'stante, o entendimento destadiviso frequentemente ( limitado a conce&1o &ol5tica; a iluso conforme tal&eri)o &ode ser a'olido atrav(s de ne)ocia1lti&las divislti&lo desastre&ara todos n=s, de acordo com a anti)a verdade de que um reino 3 neste caso,nossa /erra 3 dividida contra ela mesma no &oder0 su&ortar.

    H0 o conceito do /erceiro %undo; assim, n=s *0 temos trs mundos.Indu'itavelmente, no entanto, o n>mero ( ainda maior4 n=s estamossim&lesmente lon)e demais &ara ver. ?ada cultura anti)a &rofundamenteenraizada em uma cultura aut@noma, es&ecialmente se est0 es&alhada &or

    uma am&la &or1o da su&erf5cie da terra, constitui um mundo aut@nomo, cheiode eni)mas e sur&resas &ara o &ensamento ocidental. :o m5nimo, dever5amosincluir nisso ?hina, ndia, o mundo %u1ulmano e a Bfrica, se de fato aceitarmosa a'orda)em de &erce'ermos estes dois >ltimos como um s=.

    Cor mil anos a >ssia &ertenceu a esta cate)oria, a&esar de o &ensamentoocidental sistematicamente cometer o erro de ne)ar esta caracter5sticaes&ecial e &ortanto no entend3la, assim como ho*e o ocidente no entende a

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    >ssia em seu cativeiro ?omunista. E enquanto isso &ossa ter sido assim, nos>ltimos anos o a&o tem cada vez mais se tornado, de fato, ocidental,tomando contornos ainda mais &r=2imos aos modos ocidentais no estou

    *ul)ando aquiF, Israel, eu &enso, no deveria ser considerado como &arte doocidente, se somente &or causa de circunst8ncias decisivas que este sistema

    de estado est0 fundamentalmente li)ado a sua reli)io.

    H0 &ouco tem&o atr0s, relativamente, o &equeno mundo da Euro&a modernafoi conquistando col@nias atrav(s de todo o )lo'o no somente sem anteci&arqualquer resistncia real, mas frequentemente com o des&rezo de quaisquervalores &oss5veis que os &ovos conquistados tinham &ara a'ordar a vida. Issotudo &arecia um sucesso esma)ador, sem limites )eo)r09cos. A sociedadeocidental e2&andiu em um triunfo de inde&endncia humana e &oder. E dere&ente, o s(culo vinte esclareceu a realiza1o da fra)ilidade desta sociedade.

    :=s a)ora vemos que as conquistas tiveram uma vida curta e &rec0ria e isso,

    &or sua vez, a&onta &ara defeitos na viso ocidental do mundo que liderouestas conquistasF. As rela1ltimas col@nias, mas de tudo o que elastem, ser0 su9ciente &ara o ocidente esclarecer esta conta.

    %as a &ersistente ce)ueira da su&erioridade continua a manter a cren1a deque todas as vastas re)istia de um mundo dividido ori)inou a teoria da conver)ncia entre os

    &a5ses l5deres ocidentais e a 6nio Sovi(tica. Esta ( uma teoria tranquilizanteque ne)li)encia o fato que estes mundos no esto evoluindo &ara cada um eque nenhum &ode ser transformado em outro sem violncia. Al(m disso, aconver)ncia inevitavelmente si)ni9ca aceita1o de outros efeitos colateraistam'(m. E isso di9cilmente ir0 a*udar al)u(m.

    Se eu estivesse falando &ara um &>'lico do meu &a5s, no meu e2ame do&adro de falhas em todo o mundo, eu me concentraria nas calamidades do

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    oriente. %as desde que fui for1ado e e2ilar3me no ocidente, nos >ltimos quatroanos e desde que meu &>'lico ( o ocidental desde ento, eu acredito que seriade maior interesse me concentrar em certos as&ectos do ocidentecontem&or8neo, como eu o ve*o.

    6m decl5nio da cora)em &ode ser a caracter5stica mais im&ressionante que umo'servador e2terno &ode &erce'er no ocidente ho*e em dia. + mundo ocidentaltem &erdas de cora)em c5vica, em todos como se&aradamente em cada &a5s,em cada )overno, em cada &artido &ol5tico e, ( claro, nas na1

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    sentimentos. Esta ativa e tensa com&eti1o veio dominou todo o &ensamentohumano e no o m5nimo caminho a'erto &ara o desenvolvimento es&irituallivre.

    Esta inde&endncia individual de v0rios ti&os de &resso do estado tem sido

    )arantida4 a maioria das &essoas tem sido a)raciadas com um 'em estar queseus &ais e av=s no &uderam sequer sonhar4 isto tornou &oss5vel elevar os*ovens de acordo com estes ideais, &re&arando3os e convocando3os &ara umGorescimento f5sico, felicidade e lazer, a &ossesso de 'ens materiais, dinheiroe &razer, em dire1o a uma li'erdade quase ilimitada de li'erdade e escolha de&razeres. Ento, quem deveria a)ora renunciar a tudo isso, &orque e &ara quea questo de o que deveria arriscar uma &reciosa vida em defesa do 'emcomum e &articularmente no ne'uloso caso quando a se)uran1a de uma na1odeve ser defendida, mesmo em uma terra distante

    At( a 'iolo)ia nos diz que o alto )rau de 'em estar no ( vanta*oso &ara um

    or)anismo vivente. Ho*e, o 'em estar na vida da sociedade ocidental come1oua retirar esta m0scara &erniciosa.

    A sociedade ocidental, escolheu &ara si mesma a or)aniza1o mais adequada&ara seus &ro&=sitos e a isso chamamos le)alismo. +s limites dos direitoshumanos e de sua retido so determinados &or um sistema de leis4 esteslimites so muito am&los. Cessoas no ocidente adquiriram uma consider0velha'ilidade em usar, inter&retar e mani&ular leis em'ora as leis tendam a serdemasiadamente com&licadas &ara uma &essoa m(dia com&reender semaa*uda de um es&ecialistaF. ?ada conGito ( resolvido de acordo com a carta dalei e isto ( considerado a solu1o de9nitiva.

    Se al)u(m ( elevado ao &onto de vista le)al, nada mais ( requerido, nin)u(m&ode mencionar se ele &oderia estar errado, se incita autocontrole ou umaren>ncia de direitos, se atende ao chamado &ara o sacrif5cio ou a um riscoaltru5sta; isto iria soar sim&lesmente a'surdo. Autocontrole volunt0rio ( quasedes&erce'ido; qualquer um esfor1a3se em &ara mais e2&anso dos limitese2tremos do enquadramento le)al. uma com&anhia de &etr=leo ( le)almenteisenta de cul&a quando com&ra uma inven1o de um novo ti&o de ener)ia &ara&revenir o seu uso. 6m fa'ricante de comida ( le)almente isento de cul&aquando envenena sua &rodu1o &ara faz3la durar mais; at( &or que, as

    &essoas so livres &ara no com&rar.FEu &assei toda minha vida so' um re)ime comunista e vou lhes dizer que umasociedade sem nenhuma escala le)al o'*etiva ( de fato terr5vel. %as umasociedade 'aseada no te2to da lei e que no alcan1a nada mais alto, falha aotomar todas as vanta)ens de toda a e2tenso das &ossi'ilidades humanas. +te2to da lei ( demasiado frio, formal &ara ter uma inGuncia 'en(9ca nasociedade. Sem&re que o tecido da vida ( tran1ado &or rela1

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    )era uma atmosfera de mediocridade es&iritual que &aralisa os mais no'resim&ulsos do homem.

    E ser0 im&oss5vel resistir s investidas deste s(culo amea1ador com nada al(mdo su&orte de uma estrutura le)al.

    Ho*e, a sociedade ocidental revelou a desi)ualdade entre a li'erdade &ara as'oas a1

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    o qual o homem o mestre do mundo no carre)a nenhum mal dentro de simesmo, e que todos os defeitos da vida so causados &or sistemas sociaisequivocados e que &ortanto devem ser corri)idos. Ainda su9cientementeestranho, em'ora as melhores condi1

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    Creci&ita1o e su&er9cialidade estes so as doen1as &sicol=)icas do s(culovinte e mais do que em qualquer outro lu)ar isso se manifesta na im&rensa.

    6ma an0lise a&rofundada de um &ro'lema ( um an0tema &ara a im&rensa4 (contr0rio a sua natureza. A im&rensa meramente seleciona f=rmulassensacionalistas.

    /al como (, no entanto, a im&rensa se tornou o maior &oder nos &a5sesocidentais e2cedendo ue o le)islativo, o e2ecutivo e o *udici0rio. Cor(m al)u(m&oderia &er)untar; De acordo com que lei isso foi eleito e quem ( ores&ons0vel :o oriente comunista, um *ornalista ( francamente a&ontadocomo um o9cial de estado. %as quem votou nos *ornalistas em suas &osi1

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    tal )rau que vozes humanas de dezessete &a5ses do leste euro&eu e do lesteda Bsia no &odem &enetrar. Isto ser0 que'rado somente &elo ine2or0vel &( deca'ra dos acontecimentos.

    Eu mencionei al)uns tra1os da vida ocidental que sur&reendem e chocam osrec(m che)ados neste mundo. + &ro&=sito e o esco&o desta &alestra no me&ermite continuar tal e2ame, em &articular &ara o'servar o im&acto destascaracter5sticas em as&ectos im&ortantes da vida da na1o tais como educa1oelementar, educa1o avan1ada em humanidades e arte.

    J quase universalmente reconhecido de que o ocidente mostrou a todo o

    mundo o caminho &ara o desenvolvimento econ@mico de sucesso, mesmo queos anos &assados tenham com&ensado isso com uma inGa1o ca=tica. :oentanto, muitas &essoas vivendo no ocidente esto insatisfeitas com sua&r=&ria sociedade. Des&rezam3na ou acusam3na de no ter mais o n5vel dematuridade e humanidade. E isso faz muitos oscilarem em dire1o aosocialismo que ( uma corrente falsa e &eri)osa.

    Eu es&ero que nenhum dos &resentes sus&eite de mim quando e2&resso minhacr5tica &arcial do sistema ocidental a 9m de su)erir o socialismo como umaalternativa. :o4 com a e2&erincia de um &a5s onde o socialismo se realizou,eu no deveria falar em tal alternativa. + matem0tico I)or Shafarevich,

    mem'ro da academia sovi(tica de cincias, escreveu um 'rilhante livroentitulado Socialismo4 ( uma &enetrante an0lise hist=rica demonstrando que osocialismo, de qualquer ti&o e intensidade, leva a total destrui1o do es&5ritohumano e a um nivelamento da humanidade na morte. + livro de Shafarevichfoi &u'licado na Mran1a, quase dois anos atr0s a at( a)ora nin)u(m conse)uiurefut03lo. No)o ser0 &u'licado em In)ls, nos E6A.

    %as deveriam me questionar se eu iria &ro&or o ocidente, tal como ho*e, comoum modelo &ara o meu &a5s, eu francamente teria que res&onderne)ativamente. :o, eu no &oderia recomendar sua sociedade como um idealde transforma1o da nossa. Atrav(s de um &rofundo sofrimento, as &essoas emnosso &r=&rio &a5s alcan1aram a)ora um desenvolvimento es&iritual com talintensidade que o sistema ocidental no seu estado &resente de e2austoes&iritual no &arece atrativo. %esmo estas caracter5sticas da suas vidas queeu aca'ei de enumerar so e2tremamente entristecedoras.

    6m fato que no &ode ser dis&utado ( o enfraquecimento da &ersonalidadehumana no +cidente enquanto no +riente ela tem se tornado mais 9rme e

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    forte. Seis d(cadas &ara o nosso &ovo e trs d(cadas &ara o &ovo da Euro&aoriental4 durante este tem&o n=s atravessamos um treino es&iritual maisavan1ado do que a e2&erincia ocidental. A com&le2a e mortal su&resso davida &roduziu &ersonalidades mais fortes, &rofundas e interessantes do queaquelas )eradas &ela &adroniza1o do 'em estar ocidental. Cortanto, se nossa

    sociedade fosse transformada na de vocs, isso si)ni9caria uma melhoria emcertos as&ectos, mas tam'(m uma mudan1a &ara &ior em al)uns &ontos&articularmente si)ni9cantes.

    +f course, a society cannot remain in an a'yss of laOlessness, as is the case inour country. Put it is also demeanin) for it to stay on such a soulless andsmooth &lane of le)alism, as is the case in yours. After the suQerin) of decadesof violence and o&&ression, the human soul lon)s for thin)s hi)her, Oarmer,and &urer than those oQered 'y todayRs mass livin) ha'its, introduced as 'y acallin) card 'y the revoltin) invasion of commercial advertisin), 'y /- stu&or,and 'y intolera'le music.

    All this is visi'le to numerous o'servers from all the Oorlds of our &lanet. /heestern Oay of life is less and less likely to 'ecome the leadin) model.

    /here are telltale sym&toms 'y Ohich history )ives Oarnin) to a threatened or&erishin) society. Such are, for instance, a decline of the arts or a lack of )reatstatesmen. Indeed, sometimes the Oarnin)s are quite e2&licit and concrete.

    /he center of your democracy and of your culture is left Oithout electric &oOerfor a feO hours only, and all of a sudden croOds of American citizens startlootin) and creatin) havoc. /he smooth surface 9lm must 'e very thin, then,the social system quite unsta'le and unhealthy.

    Put the 9)ht for our &lanet, &hysical and s&iritual, a 9)ht of cosmic &ro&ortions,is not a va)ue matter of the future4 it has already started. /he forces of Evilhave 'e)un their decisive oQensive. Tou can feel their &ressure, yet yourscreens and &u'lications are full of &rescri'ed smiles and raised )lasses. hatis the *oy a'out

    HoO has this unfavora'le relation of forces come a'out HoO did the estdecline from its trium&hal march to its &resent de'ility Have there 'een fatal

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    turns and losses of direction in its develo&ment It does not seem so. /he estke&t advancin) steadily in accordance Oith its &roclaimed social intentions,hand in hand Oith a dazzlin) &ro)ress in technolo)y. And all of a sudden itfound itself in its &resent state of Oeakness.

    /his means that the mistake must 'e at the root, at the very foundation ofthou)ht in modern times. I refer to the &revailin) estern vieO of the Oorld inmodern times. I refer to the &revailin) estern vieO of the Oorld Ohich Oas'orn in the enaissance and has found &olitical e2&ression since the A)e ofEnli)htenment. It 'ecame the 'asis for &olitical and social doctrine and could'e called rationalistic humanism or humanistic autonomy; the &ro3claimed and&racticed autonomy of man from any hi)her force a'ove him. It could also 'ecalled anthro&ocentricity, Oith man seen as the center of all.

    /he turn introduced 'y the enaissance Oas &ro'a'ly inevita'le historically;the %iddle A)es had come to a natural end 'y e2haustion, havin) 'ecome an

    intolera'le des&otic re&ression of manRs &hysical nature in favor of thes&iritual one. Put then Oe recoiled from the s&irit and em'raced all that ismaterial, e2cessively and incommensurately. /he humanistic Oay of thinkin),Ohich had &roclaimed itself our )uide, did not admit the e2istence of intrinsicevil in man, nor did it see any task hi)her than the attainment of ha&&iness onearth. It started modern estern civilization on the dan)erous trend ofOorshi&in) man and his material needs.

    Everythin) 'eyond &hysical Oell3'ein) and the accumulation of material )oods,all other human requirements and characteristics of a su'tle and hi)her nature,Oere left outside the area of attention of state and social systems, as if humanlife did not have any hi)her meanin). /hus )a&s Oere left o&en for evil, and itsdrafts 'loO freely today. %ere freedom &er se does not in the least solve all the&ro'lems of human life and even adds a num'er of neO ones.

    And yet in early democracies, as in American democracy at the time of its'irth, all individual human ri)hts Oere )ranted on the )round that man isUodRs creature. /hat is, freedom Oas )iven to the individual conditionally, inthe assum&tion of his constant reli)ious res&onsi'ility. Such Oas the herita)e ofthe &recedin) one thousand years. /Oo hundred or even 9fty years a)o, itOould have seemed quite im&ossi'le, in America, that an individual 'e )ranted

    'oundless freedom Oith no &ur&ose, sim&ly for the satisfaction of his Ohims.Su'sequently, hoOever, all such limitations Oere eroded everyOhere in theest4 a total emanci&ation occurred from the moral herita)e of ?hristiancenturies Oith their )reat reserves of mercy and sacri9ce. State systems Oere'ecomin) ever more materialistic. /he est has 9nally achieved the ri)hts ofman, and even e2cess, 'ut manRs sense of res&onsi'ility to Uod and societyhas )roOn dimmer and dimmer. In the &ast decades, the le)alistic sel9shness

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    of the estern a&&roach to the Oorld has reached its &eak and the Oorld hasfound itself in a harsh s&iritual crisis and a &olitical im&asse. All the cele'ratedtechnolo)ical achievements of &ro)ress, includin) the conquest of outer s&ace,do not redeem the tOentieth centuryRs moral &overty, Ohich no one couldhave ima)ined even as late as the nineteenth century.

    As humanism in its develo&ment Oas 'ecomin) more and more materialistic, italso increasin)ly alloOed conce&ts to 'e used 9rst 'y socialism and then 'ycommunism, so that Varl %ar2 Oas a'le to say, in WXYY, that communism isnaturalized humanism.

    /his statement has &roved to 'e not entirely unreasona'le. +ne does not seethe same stones in the foundations of an eroded humanism and of any ty&e ofsocialism; 'oundless materialism4 freedom from reli)ion and reli)iousres&onsi'ility Ohich under ?ommunist re)imes attains the sta)e ofantireli)ious dictatorshi&F4 concentration on social structures Oith an alle)edly

    scienti9c a&&roach. /his last is ty&ical of 'oth the A)e of Enli)htenment and of%ar2ism.F It is no accident that all of communismRs rhetorical voOs revolvearound %an Oith a ca&ital %F and his earthly ha&&iness. At 9rst )lance itseems an u)ly &arallel; common traits in the thinkin) and Oay of life oftodayRs est and todayRs East Put such is the lo)ic of materialisticdevelo&ment.

    /he interrelationshi& is such, moreover, that the current of materialism Ohich isfarthest to the left, and is hence the most consistent, alOays &roves to 'estron)er, more attractive, and victorious. Humanism Ohich has lost its ?hristianherita)e cannot &revail in this com&etition. /hus durin) the &ast centuries andes&ecially in recent decades, as the &rocess 'ecame more acute, the ali)nmentof forces Oas as folloOs; Ni'eralism Oas inevita'ly &ushed aside 'y radicalism,radicalism had to surrender to socialism, and socialism could not stand u& tocommunism.

    /he communist re)ime in the East could endure and )roO due to theenthusiastic su&&ort from an enormous num'er of estern intellectuals Ohofeelin) the kinshi&ZF refused to see communismRs crimes, and Ohen they nolon)er could do so, they tried to *ustify these crimes. /he &ro'lem &ersists; Inour Eastern countries, communism has suQered a com&lete ideolo)ical defeat4

    it is zero and less than zero. And yet estern intellectuals still look at it Oithconsidera'le interest and em&athy, and this is &recisely Ohat makes it soimmensely di[cult for the est to Oithstand the East.

    I am not e2aminin) the case of a disaster 'rou)ht on 'y a Oorld Oar and thechan)es Ohich it Oould &roduce in society. Put as lon) as Oe Oake u& everymornin) under a &eaceful sun, Oe must lead an everyday life. Tet there is a

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    disaster Ohich is already very much Oith us. I am referrin) to the calamity of anautonomous, irreli)ious humanistic consciousness.

    It has made man the measure of all thin)s on earth \ im&erfect man, Oho isnever free of &ride, self3interest, envy, vanity, and dozens of other defects. e

    are noO &ayin) for the mistakes Ohich Oere not &ro&erly a&&raised at the'e)innin) of the *ourney. +n the Oay from the enaissance to our days Oehave enriched our e2&erience, 'ut Oe have lost the conce&t of a Su&reme?om&lete Entity Ohich used to restrain our &assions and our irres&onsi'ility.

    e have &laced too much ho&e in &olitics and social reforms, only to 9nd outthat Oe Oere 'ein) de&rived of our most &recious &ossession; our s&iritual life.It is tram&led 'y the &arty mo' in the East, 'y the commercial one in the est.

    /his is the essence of the crisis; the s&lit in the Oorld is less terrifyin) than thesimilarity of the disease a]ictin) its main sections.

    If, as claimed 'y humanism, man Oere 'orn only to 'e ha&&y, he Oould not 'e'orn to die. Since his 'ody is doomed to death, his task on earth evidentlymust 'e more s&iritual; not a total en)rossment in everyday life, not the searchfor the 'est Oays to o'tain material )oods and then their carefreeconsum&tion. It has to 'e the ful9llment of a &ermanent, earnest duty so thatoneRs life *ourney may 'ecome a'ove all an e2&erience of moral )roOth; toleave life a 'etter human 'ein) than one started it.

    It is im&erative to rea&&raise the scale of the usual human values4 its &resentincorrectness is astoundin). It is not &ossi'le that assessment of theCresidentRs &erformance should 'e reduced to the question of hoO much

    money one makes or to the availa'ility of )asoline. +nly 'y the voluntarynurturin) in ourselves of freely acce&ted and serene self3restraint can mankindrise a'ove the Oorld stream of materialism.

    /oday it Oould 'e retro)ressive to hold on to the ossi9ed formulas of theEnli)htenment. Such social do)matism leaves us hel&less 'efore the trials ofour times.

    Even if Oe are s&ared destruction 'y Oar, life Oill have to chan)e in order notto &erish on its oOn. e cannot avoid reassessin) the fundamental de9nitionsof human life and society. Is it true that man is a'ove everythin) Is there no

    Su&erior S&irit a'ove him Is it ri)ht that manRs life and societyRs activitiesshould 'e ruled 'y material e2&ansion a'ove all Is it &ermissi'le to &romotesuch e2&ansion to the detriment of our inte)ral s&iritual life

    If the Oorld has not a&&roached its end, it has reached a ma*or Oatershed inhistory, equal in im&ortance to the turn from the %iddle A)es to theenaissance. It Oill demand from us a s&iritual 'laze4 Oe shall have to rise to aneO hei)ht of vision, to a neO level of life, Ohere our &hysical nature Oill not 'e

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    cursed, as in the %iddle A)es, 'ut even more im&ortantly, our s&iritual 'ein)Oill not 'e tram&led u&on, as in the %odern Era.

    /he ascension is similar to clim'in) onto the ne2t anthro&olo)ical sta)e. :oone on earth has any other Oay left 'ut \ u&Oard.