transtornos alimentares e transtorno por uso de substância · alimentares devem ser rotineiramente...
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Transtornos Alimentares e Transtorno por Uso de Substância: Considerações sobre Comorbidade
Maurício Canton Bastos Doutor em Psicologia Social e da
Personalidade (UFRJ) – Mestre em Psicologia Cognitiva (FGV-RJ)
Transtornos Alimentares: Comorbidades
• Transtornos do Humor
• Transtornos da Ansiedade
• Transtornos do Controle de Impulsos
• Transtornos da Personalidade
• Abuso de Substâncias
COMORBIDADE: TA E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS
• Prevalência do abuso de qualquer tipo de substância psicoativa (Corcos et al, 2001 apud Nascimento, Luz e Fontenelle, 2006)
– 4,5% na AN-R
– 18,2% na AN-tipo bulímico
– 24,4% na BN-tipo purgativo
– 26,3% na BN não purgativa
– TCAP semelhante a BN
Comorbidade
• Mecanismos patológicos compartilhados
• A impulsividade é fator etiológico comum entre os TAs e o Abuso de Substâncias
• A impulsividade também aparece no TPB, no Jogo Patológico e outros Transtornos do Controle do Impulso, no Transtorno da Conduta e no TPA, no TDAH
Impulsividade
• Característica de perda de controle: – BN, AN-B e TCAP
• Característica de restrição exagerada: – AN-R
• Associação entre intensidades de sintomas bulímicos e outros comportamentos impulsivos – Abuso de substâncias, atos sexuais desprotegidos e
auto-agressividade
– Tentativas de suicídio, parassuicídio e cleptomania
• A impulsividade precede o início do TA
Diferenças entre Adicções e TAs
• O transtorno alimentar é agravado pela restrição alimentar, mas o transtorno por uso de substância não é agravado pela restrição da substância psicoativa
• As consequências biológicas dos alimentos diferem dos efeitos adictivos das substâncias psicoativas – Todas as drogas de abuso, direta ou indiretamente, têm
como alvo o sistema de recompensa do cérebro, através da inundação de circuitos com dopamina
– As drogas são muito mais poderosas do que qualquer prazer natural, quando se leva em conta as quantidades de dopamina liberada
– A privação nutricional e mecanismos psicológicos explicam a perda de controle do bulímico
IMPULSIVIDADE E AUTO-REGULAÇÃO
• Tentativa de alterar as próprias respostas – Fracasso em exercer controle sobre si mesmo
• Padrões distorcidos
• Auto-monitoração
• Emissão de respostas alternativas
– Estratégia de controle que falha em produzir o resultado desejado • Adicção como estratégia para regular o peso (ex: crença de
que que parar de fumar aumenta o peso)
• Adicção como estratégia para regular o humor (ex: crença de que o efeito de uma substância aumenta a coragem, auto-confiança, habilidades, criatividade, esperteza ...)
CRENÇAS NUCLEARES
• BECK:
– Visão negativa de si mesmo (indefeso, indesejável)
– Perspectiva negativa do ambiente (nocivo, opressivo)
– Visão negativa do futuro (desesperança)
• YOUNG
– Esquemas Iniciais Desadaptativos
CRENÇAS ADICTIVAS
• Antecipatórias – de prazer
– de eficácia
– de alívio
– caráter imperativo crescente que conduz ao craving
• Conflitivas – derivadas de argumentos médicos, econômicos,
sociais ou legais
• Facilitadoras ou Permissivas – geradas para confrontar as crenças conflitivas
BLOQUEIO COGNITIVO
• Com o craving se produz o bloqueio cognitivo: inibição da consciência e da atenção às conseqüências negativas a longo prazo
• Aumento da tendência à centralização em estratégias instrumentais para obtenção da droga
• O tempo que transcorre entre a experiência de craving e o ato consumatório proporciona o intervalo para a intervenção terapêutica: técnicas de auto-controle
OBJETIVOS DA TCC NAS ADICÇÕES
• Capacitar o paciente a examinar a seqüência de acontecimentos que levam ao comportamento adicto e a explorar as crenças básicas envolvidas nesse comportamento
• Capacitar o paciente a identificar e lidar com as formas com que seu pensamento produz estresse e angústia, de modo a conseguir maior eficácia ao lidar com seus problemas reais
• Ajudar o paciente a identificar a forma como concede permissão para o uso da droga
• Ajudar o paciente a construir um sistema de controle aplicável no enfrentamento de impulsos de comportamentos adictos
MODELO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DOS TAs
Julgamento do valor pessoal (auto-estima) quase que exclusivamente em termos da forma e do peso
Pensamentos perturbadores sobre a forma e o peso
Mecanismos para evitar o ganho de peso ou de “gordura”
Lutas para se manter magro
MODELO AMPLIADO
Baixa auto-estima
Preocupação excessiva com relação à forma e ao peso
Regimes rigorosos
Episódios de excessos alimentares
Vômito auto-induzido compensatório
Uso de laxantes e diuréticos
RECOMENDAÇÕES CLÍNICAS QUANTO À COMORBIDADE
• Pacientes que buscam tratamento para transtornos alimentares devem ser rotineiramente investigados quanto à presença de abuso de substâncias
• Pacientes em tratamento primário para abuso de substâncias devem ser avaliados quanto ao transtorno alimentar
• Quando transtorno alimentar e transtorno por uso de substâncias co-ocorrem, o último deve ser tratado primeiro
• Assim que o problema com substâncias estiver sob controle, a atenção pode ser dirigida para os problemas alimentares
• Se o problema com substâncias não for severo, é possível tratar ambos os transtornos simultaneamente
REFERÊNCIAS
• Beck, A. T., Wright, F. D., Newman, C. F., Liese, B. S. (1993) Cognitive Therapy of Substance Abuse. New York: The Guilford Press
• Fairburn, C. G. & Brownell, K. D. (2002) Eating Disorders and Obesity: a Comprehensive Handbook. New York: The Guilford Press
• Fairburn, C. G. (2008) Cognitive Behavior Therapy and Eating Disorders. New York: The Guilford Press
• Festinger, L. (1957) A Theory of cognitive dissonance. Stanford: Stanford University Press
• Nunes, M. A., Appolinario, J. C., Galvão, A. L., Coutinho, W. e Cols. (2006) Transtornos alimentares e obesidade. Porto Alegre: Artmed
• Young, J. E., Klosko, J. S., Weishaar, M. E. (2003) Schema Therapy: a practitioner’s guide. New York: The Guilford Press