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TRATAMENTO DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS PARA MELHORIA DE DETECÇÃO DE POROSIDADE EM CORDÃO DE SOLDA Vinicius Borges Fonseca Projeto de graduação apresentado ao curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Metalúrgico. Orientador: Gabriela Ribeiro Pereira Rio de Janeiro Março de 2015

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TRATAMENTO DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS PARA

MELHORIA DE DETECÇÃO DE POROSIDADE EM CORDÃO

DE SOLDA

Vinicius Borges Fonseca

Projeto de graduação apresentado ao curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro Metalúrgico.

Orientador: Gabriela Ribeiro Pereira

Rio de Janeiro

Março de 2015

ii

TRATAMENTO DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS PARA MELHORIA DE

DETECÇÃO DE POROSIDADE EM CORDÃO DE SOLDA

Vinicius Borges Fonseca

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE MATERIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

METALÚRGICO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Gabriela Ribeiro Pereira, D.Sc.

PEMM/COPPE/UFRJ

________________________________________________

Eng. Cesar Giron Camerini, M.Sc.

COPPETEC/UFRJ

________________________________________________

Prof. Adriana da Cunha Rocha, D.Sc.

PEMM/COPPE/UFRJ

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2015

iii

Fonseca, Vinicius Borges

Tratamento de imagens radiográficas para melhoria de

detecção de porosidade em cordões de solda./ Vinicius Borges

Fonseca – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

xvi, 49 p.: il.; 29,7cm

Orientadores: Gabriela Ribeiro Pereira

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Metalúrgica, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 45-47.

1. Processamento de Imagens 2. Porosidade em cordões de

solda

I. Pereira, Gabriela Ribeiro . II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, UFRJ, Engenharia de Materiais. III. Tratamento

de imagens radiográficas para detecção de defeitos em

cordões de solda.

iv

Dedico este trabalho aos meus amados pais,

Cyro Antonio Fonseca Junior e Monica Amaral Borges.

v

Agradecimentos

Aos meus pais, Cyro Antonio Fonseca Junior e Monica Amaral Borges pelo amor,

carinho, compreensão e apoio que me deram, além de sempre acreditarem no meu

potencial e por serem meus melhores exemplos de pessoa.

Aos meus avós, pelo carinho e apoio e por cederem sua sala para tantos estudos

em grupo. E a minha irmã querida pelo carinho e por estar sempre comigo quando eu

preciso.

A todos os meus colegas da Metalmat, pela companhia em tantos dias de

momentos alegres e também nos momentos mais difíceis nesses anos de graduação.

Aos membros do Metalmat Underground, grupo de amigos que tive a enorme

sorte de fazer e vou levar pra vida toda, independente dos caminhos que seguiremos.

Amarei vocês pra sempre.

A todos os professores da graduação que contribuíram para a minha formação, me

ensinando muito dentro e fora da sala de aula.

Ao professor Paulo Emílio, por aprender tanto com ele como professor e ter a

oportunidade de trabalhar no projeto do Ônibus a Hidrogênio, de seu laboratório, o que

foi muito especial para mim, aleém de me enriquecer bastante e abrir muitas portas.

A toda equipe do Laboratório de Hidrogênio, principalmente, Edvaldo,

Alessandro, Zé Carlos, Selma e Cristiane pela companhia e amizade, tornando a minha

passagem pelo LabH2 tão enriquecedora, produtiva, agradável e divertida.

À professora Gabriela Ribeiro Pereira, minha orientadora, pela disponibilidade e

enorme contribuição para a realização desse trabalho.

A todos do LNDC que contribuíram e ajudaram na realização desse trabalho.

Mariana, César e em especial, ao João Vicente.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Metalúrgica.

Tratamento de imagens radiográficas para melhoria de detecção de porosidade em

cordões de solda

Vinicius Borges Fonseca

Março/2015

Orientador: Gabriela Ribeiro Pereira

Curso: Engenharia Metalúrgica

A técnica de radiografia industrial tem grande aplicação em diferentes setores da

indústria e embora tenha sido bem desenvolvida ao longo dos anos, a imagem

radiográfica revelada pode ser difícil de ser interpretada por razões físicas da própria

natureza da radiografia ou pela influencia decisiva do fator humano para analisar a

imagem e precisar a localidade, tamanho e geometria dos defeitos. Uma análise incorreta

pode desaprovar uma peça em boas condições ou aprovar uma peça com

descontinuidades que excedem o limite estabelecido pelos padrões aplicáveis. As

técnicas de processamento de imagem facilitam a interpretação da imagem, diminuindo

o fator humano e tornando o sistema de inspeção mais confiável, rápido e fácil de

reproduzir. Desta forma, o presente trabalho busca através do software MATLAB®

aplicar e avaliar a técnica de interpolação polinomial para encontrar um limiar

adequado, com o objetivo de destacar porosidades em imagens radiográficas de padrão

IIW(International Institute of Welding) em cordões de solda. Os resultados obtidos

consistem na comparação de três imagens IIW com defeitos de porosidade, antes e

depois do processamento avaliando a eficácia da técnica em processar a imagem

digitalmente, facilitando a visualização do defeito presente no cordão de solda das

imagens inspecionadas.

Palavras-chave: Processamento de imagens, porosidade, defeitos de soldagem,

radiografia industrial.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for degree of Metallurgical Engineer.

Radiographic image processing for better weld bead porosity detection

Vinicius Borges Fonseca

March/2015

Advisor: Gabriela Ribeiro Pereira

Course: Material Engineering

Industrial radiography technique has great aplicability on diferente industrial sectors and

although this technique has been well developed, the radiographic images can be hard to

read due to physical nature of radiography as well as the influence of the human factor

on analizing the location, size and geometry of the weld defects. An incorrect

classification may disapprove a piece in good conditions or aprove a piece with

discontinuities exceeding the limit established by the applicable standards. Digital image

processing techniques make the interpretation of the image easier, decreasing the human

factor making the inspection system more reliable, faster and reproducible. Thus, this

work aims to apply and evaluate, using MATLAB®, the technique of polinomial

interpolation to choose the best threshold value, aiming to highlight the porosities on the

weld beads of IIW(International Institute of Welding) pattern radiographic images. The

results consists on the comparison of three IIW images with porosity defects, before and

after being processed evaluating the effectiveness of the technique on digitally

processing the image, making it easier to visualize the present defect on the weld bead of

the inspected images.

Keywords: Image processing, porosity, weld defects, industrial radiography.

viii

ÍNDICE GERAL

1. Introdução....................................................................................................................1

2. Revisão Bibliográfica..................................................................................................2

2.1 Processo Radiográfico.....................................................................................2

2.1.1 Formação da Imagem Radiográfico.......................................................3

2.1.2 Produção de Raios X..............................................................................3

2.1.2.1 Espectro Contínuo.......................................................................4

2.1.2.2 Espectro Característico................................................................5

2.2 Filmes Radiográficos Convencionais..............................................................6

2.2.1 Elemento Sensível à Radiação................................................................7

2.2.1.1 Densidade Óptica........................................................................8

2.2.1.2 Velocidade..................................................................................9

2.2.1.3 Curva Característica dos Filmes.................................................9

2.2.1.4 Contraste....................................................................................10

2.2.1.5 Definição...................................................................................11

2.2.1.6 Ruído.........................................................................................11

2.2.2 Processamento do Filme Radiográfico..................................................11

2.2.2.1 Processamento Manual..............................................................11

2.2.2.2 Processamento Automático.......................................................12

2.3 Digitalização de Imagens...............................................................................12

2.4 Imagem Digital..............................................................................................13

2.4.1 Qualidade da Imagem Digital...............................................................15

2.4.1.1 Resolução Espacial....................................................................15

2.5 Processamento de Imagens............................................................................15

2.5.1 Imagens Digitais...................................................................................15

2.5.2 Sistema de Processamento de Imagens Digitais...................................15

2.5.3 Histograma............................................................................................17

ix

2.5.4 Segmentação e Limiarização................................................................18

2.5.5Interpolação Polinomial.........................................................................19

2.6 Estudo de Caso...............................................................................................23

3. Materiais e Métodos..................................................................................................26

3.1 Imagens Utilizadas no Trabalho....................................................................26

3.2 Desenvolvimento da Rotina..........................................................................27

4. Resultados...................................................................................................................34

4.1 Introdução e Apresentação das Imagens.......................................................34

4.2 Imagem I.......................................................................................................36

4.3 Imagem II......................................................................................................39

4.4 Imagem III....................................................................................................40

5. Conclusões..................................................................................................................43

6. Sugestão para trabalhos futuros..................................................................................44

7. Referências Bibliográficas..........................................................................................45

8. Anexo..........................................................................................................................48

1

1 INTRODUÇÃO

Ensaios não destrutivos são muito utilizados em toda a indústria. Suas técnicas

têm a grande vantagem de verificar se um equipamento ou parte dele pode continuar

operando caso seja aprovado no teste. O que, sem dúvidas, gera uma economia enorme

para as empresas que utilizam este tipo de técnica. A radiografia industrial é um dos

métodos mais utilizados na indústria petrolífera, petroquímica, nuclear e de geração de

energia, e tem ganhado muita importância na garantia da qualidade de peças e

componentes nos padrões e normas requeridos pelo mercado. Consiste em um método

que utiliza a radiação penetrante e ionizante para identificar descontinuidades internas,

especialmente, em cordões de solda e juntas soldadas.

Defeitos como porosidade são comuns em soldagem, e dependendo do tamanho e

localização dos poros, o componente deve sair de operação de acordo com as normas de

aplicação especificas. Portanto o diagnóstico do ensaio não destrutivo deve ser preciso.

A visualização clara e o entendimento da geometria de um defeito em uma solda são

essenciais para averiguar a qualidade da solda e para tomar a decisão da sua aceitação ou

rejeição.

A técnica de processamento digital de imagens permite a automatização da

interpretação da imagem, diminuindo a participação humana e tornando o sistema de

inspeção mais confiável e rápido.

Diante deste cenário, este presente trabalho busca avaliar a utilização da técnica

de limiarização através da interpolação de polinômios para processar digitalmente a

imagem a fim de facilitar a detecção e análise do defeito de porosidade em cordões de

solda em imagens radiográficas.

2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Processo Radiográfico

O método da radiografia é usado para inspeção não destrutiva baseando-se na

diferença na absorção da radiação penetrante pela peça que está sendo inspecionada. A

diferença na densidade, variação da espessura ou diferentes características de absorção

pela composição do material, terá como resultado diferentes regiões absorvendo

diferentes quantidades da radiação penetrante. A detecção da radiação pode ser feita

através de um filme, ou através de um tubo de imagem ou também medida por

detectores eletrônicos de radiação. Através de um meio de detecção e de acordo com a

variação na quantidade de radiação absorvida poderá ser observada a existência de uma

falha interna ou descontinuidade no material, assim mostrado na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Processo Radiográfico[1].

3

2.1.1 Formação da Imagem Radiográfica

A intensidade inicial da radiação eletromagnética que atravessa um

objeto decrescerá exponencialmente com a sua espessura, considerada uma fonte

emissora existente, como mostra a equação 2.1.

I = I0(E).exp(-μ(E)x ) (2.1)

onde,

E é a energia da radiação incidente;

I0 é a intensidade da fonte de radiação;

I é a intensidade da radiação após atravessar o material;

x é a espessura do material;

μ é o coeficiente total de absorção do material.

A soma dos coeficientes representados pelos processos de absorção da radiação

pela matéria definem o coeficiente de absorção total, μ. Sendo os processos, o efeito

fotoelétrico e o espalhamento Compton que é a diminuição de energia de um fóton

devido à interação com a matéria.

O aumento da diferença entre os coeficientes de absorção da radiação no material

e na descontinuidade acontece com o aumento entre a diferença das densidades do

objeto com e sem descontinuidade. Desse modo, a sensibilidade do método é

diretamente proporcional à densidade do objeto e inversamente proporcional à da

descontinuidade. O coeficiente de absorção varia inversamente com a energia

proveniente do efeito fotoelétrico e do efeito Compton. Logo, haverá perda de

sensibilidade para fontes de energias mais altas.

2.1.2 Produção de Raios X

4

A ampola de raios X é colocada em funcionamento, criando-se uma nuvem

eletrônica em torno do filamento. Aplica-se uma diferença de potencial que acelera a

nuvem em direção ao anodo. A desaceleração repentina desses elétrons ao interagirem

com os átomos do alvo desencadeia em uma transformação da energia cinética que foi

ganha durante a aceleração em radiação eletromagnética (raios X). O tipo de interação

dos elétrons gerados com o alvo define a forma como os raios X são produzidos,

podendo ser de duas formas: frenamento e colisão.

2.1.2.1 Espectro Contínuo

O processo consiste na deflexão dos elétrons pela carga elétrica positiva

localizada no núcleo dos átomos do alvo, devido a interação coulombiana. Uma

partícula carregada livre emite radiação eletromagnética quando tem sua trajetória

alterada. Fenômeno conhecido como “bremsstrahlung” ou radiação de freiamento.

Aplicando o principio de conservação de energia, tem-se:

h = k – k’ (2.2)

onde,

k é a energia cinética do elétron antes da interação;

k’ é a energia cinética do elétron após a interação e

h é a energia do fóton emitido.

Logo, é possível observar que quanto maior a deflexão sofrida pelo elétron,

maior será a energia do fóton de raios X emitido. Assim, os comprimentos de onda dos

5

fótons emitidos podem variar de um máximo (k k’) e um mínimo (k’ = 0), originando

um espectro de radiação contínua, exemplificado na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Espectro de radiação continua [2].

2.1.2.2 Espectro Característico

O processo ocorre quando ao interagir com o átomo do alvo, um elétron

energético expulsa um de seus elétrons mais internos. Assim, o nível ficará com uma

vacância que será preenchida por um dos elétrons mais externos, que se move para

preencher essa vaga e emite fótons de raios X com a transição.

Esse fóton é conhecido como raios X característicos e são geralmente devido às

transições orbitais entre as camadas K, L e M. Quando o elétron que preenche o buraco

vem do nível energético L, temos a linha K . Quando vem do nível M, temos a linha

K .

O espectro final da radiação é o conjunto da radiação contínua (bremsstrahlung)

e de raios X característicos, como pode ser observado na Figura 2.3 [2].

6

Figura 2.3 – Espectro de radiação continua com os picos característicos [2].

2.2 Filmes Radiográficos Convencionais

A estrutura de um filme radiográfico é constituída por uma emulsão fotográfica

bem fina e uma base plástica transparente que dá sustentação à emulsão. A emulsão

consiste em uma camada de 0,025 mm de gelatina, com um grande número de

minúsculos cristais de brometo de prata. A emulsão é colocada sobre um suporte,

denominado base, feito geralmente de um poliéster ou celulóide, transparente e de cor

levemente azulada. Ao contrário dos filmes fotográficos, os filmes radiográficos

possuem a emulsão em ambos os lados da sua base. Quando atingidos pela radiação ou

luz os cristais de brometo de prata tornam-se susceptíveis a reagir com um produto

químico denominado revelador. A reação com o revelador resulta na redução da prata

metálica negra, que dará a cor escura dos grãos nas regiões atingidas por uma

quantidade maior de radiação. Dessa forma, os filmes apresentarão áreas mais claras e

mais escuras que irão compor a imagem do objeto radiografado.

7

Figura 2.4 – Camada dos filmes radiográficos [3].

2.2.1 Elemento Sensível à Radiação

É o elemento principal por ser o que absorve a radiação, convertendo-a em

imagem. A imagem é constituída de uma gama de tons escuros e claros que contêm

informação útil para diagnóstico.

O cristal do haleto de prata é constituído de brometo de prata e de iodeto de prata

em menor quantidade(até 10%), depositados em forma de microcristais (ordem de 1µm

de diâmetro) sobre a base, misturados à gelatina que os mantém em suas posições

relativas. A Figura 2.5 mostra a organização dos átomos dentro dos microcriscristais.

8

Figura 2.5 – Estrutura do Cristal de haleto de prata.

A seguir, são apresentadas algumas características dos filmes radiográficos:

2.2.1.1 Densidade Óptica

A densidade óptica é o grau de enegrecimento evidenciado pelas áreas claras e

escuras presentes na imagem formada no filme radiográfico.

Matematicamente a densidade é calculada através do logaritmo da razão entre a

intensidade de luz visível que incide no filme e a intensidade que é transmitida e

visualmente observada na Equação 2.3 [4].

I

I log D 0 (2.3)

onde,

I0 = Intensidade de Luz incidente

I = intensidade de luz transmitida

Pode-se concluir da Equação 2.3, que, quanto maior a densidade, mais

enegrecido ficará o filme.

9

Figura 2.6 – Densidade óptica e grau de enegrecimento.

2.2.1.2 Velocidade

Filmes diferentes levam tempos distintos para atingir uma determinada

densidade quando submetidos a uma mesma exposição. Ou seja, filmes rápidos

necessitam de menos tempo de exposição para atingir a mesma densidade que um filme

mais lento necessitaria.

Cada filme possui sua própria velocidade. Característica que depende,

principalmente, do tamanho dos cristais de prata presentes na emulsão. Quanto maior o

tamanho dos cristais, mais rápido será o filme e sua imagem será mais grosseira e

possuirá menor nitidez que uma imagem formada por cristais menores.

2.2.1.3 Curva característica dos filmes

A curva H & D (Hurter-Driffield) é a curva característica de um filme e também

pode ser chamada de curva sensitométrica. Ela relaciona a exposição dada a um filme

com a densidade resultante, possibilitando a comparação qualitativa entre diferentes

filmes. Através das curvas características pode-se estabelecer critérios para corrigir

densidades obtidas para filmes diferentes para uma mesma exposição dada. A curva é

traçada pela medição das densidades em exposições sucessivas do filme, e os valores

plotados em um gráfico de densidades em função do logaritmo da exposição relativa [5].

10

Figura 2.7 - Curva característica de filmes radiográficos [5].

2.2.1.4 Contraste

A imagem em um filme radiográfico é formada pelas variações de densidade

entre as regiões. O contraste é a diferença de densidades entre duas regiões adjacentes

no filme. Outra forma de entender o significado do contraste de uma imagem é sendo a

capacidade de o filme detectar intensidade e energias diferentes de radiação. Para uma

maior qualidade da imagem e uma segurança maior na interpretação da radiografia

procura-se imagens com alto contraste. [4].

Figura 2.8 Imagem a) com alto contraste e b) com baixo contraste.

a)

Fonte: http://webstag.kodak.cz/

b)

11

2.2.1.5 Definição

Uma imagem formada no filme radiográfico tem nas bordas de um objeto, por

exemplo, uma área com densidade intermediaria entre o fundo e o objeto. Uma imagem

com alta definição tem sua região de transição de densidades estreita. [4]

2.2.1.6 Ruído

O ruído em uma imagem pode ser relacionado com a granulometria e a

distribuição dos grãos de prata no filme radiográfico. Quando deseja-se inspecionar

pequenos defeitos na imagem deve-se usar filmes de granulação fina, onde ocorre menor

risco de acobertamento de detalhes na imagem [6].

Figura 2.9 a) Imagem com pouco ruído, b) Imagem com muito ruído

2.2.2 Processamento do Filme Radiográfico

Para o processamento radiográfico seguir de forma correta o processamento dos

banhos e dos filmes deve seguir algumas recomendações de manuseio, limpeza,

temperatura e tempo. O processamento pode ser automático ou manual.

a) b)

Fonte: http://www.sprawls.org/

12

2.2.2.1 Processamento Manual

O processamento tem como objetivo formar a imagem visível de prata metálica a

partir da imagem latente invisível, podendo assim representar nessa imagem o objeto

radiografado.

O processamento manual é composto pela seguinte série de banhos:

Revelação: solução com agentes reveladores agem quimicamente nos

cristais de brometo de prata com tempo e temperatura controlados;

Banho de parada: tem a função de interromper a reação de revelação

através da remoção do revelador residual;

Fixação: o filme é colocado em um terceiro tanque contendo uma

solução que remove o brometo de prata das porções não expostas do

filme, e endurece a emulsão gelatinosa para secagem ao ar aquecido.

Lavagem dos filmes: remoção do fixador da emulsão com o tempo de

lavagem e a temperatura da água bem controlados.

2.2.2.2 Processamento Automático

Com um ciclo de processamento com tempo inferior a 15 minutos, este é um

sistema usado com as mesmas etapas do processo manual para grandes volumes de

trabalho, podendo ter alta qualidade quando operado adequadamente.

2.3 Digitalização de Imagens

Existem, basicamente, dois métodos que possibilitam digitalizar uma imagem. A

fotografia digital e o uso de um scanner.

13

Alguns fatores externos podem comprometer o método da fotografia digital

podendo, assim, perder a qualidade da imagem adquirida. Os principais fatores são o

alvo estar fora de foco, a não uniformidade da iluminação do alvo e do ambiente e a não

uniformidade da densidade do meio (ar) entre a imagem e a câmera. Por outro lado, feita

corretamente por um usuário experiente e com conhecimentos de fotografia este método

traz vantagens como a rapidez da digitalização, além do tamanho reduzido e a

portabilidade do equipamento[7].

O uso de um scanner acaba reduzindo os problemas citados para as câmeras

digitais. Utilizando um scanner de mesa as imagens a serem adquiridas ficam fixas no

momento da digitalização, resultando em uma captura com distância do objeto e

luminosidade uniformes. Uma outra vantagem do uso de scanners é não exigir muito

conhecimento técnico para sua operação.

As imagens depois de digitalizadas apresentam características de importante

entendimento para serem analisadas e aumentar a credibilidade do seu diagnóstico para

qualquer que for a sua aplicação.

2.4 Imagem Digital

Uma imagem digital pode ser definida como uma função bidimensional, f(x,y),

onde x e y são coordenadas espaciais. A amplitude f , sendo qualquer par de coordenada

f(x,y), é a intensidade ou nível de cinza naquele ponto, determinado pela intensidade de

fótons incidindo no determinado ponto do detector.

Os pixels são elementos finitos da imagem com valor e local determinado. O

conjunto de valores de pixels é armazenado em um arquivo de imagens.

Pode-se observar na Figura 2.8 (a) até (d) uma imagem radiológica obtida depois

da interação do feixe de raios X com um objeto Figura 2.8 (a) e a imagem subdividida

em uma grade esquemática de pixels Figura 2.8 (b). É mostrada na Figura 2.8 (c) a

representação numérica dos valores de cada pixel correspondente aos níveis de cinza,

conforme intensidades de radiação recebida em cada pixel, na Figura 2.8 (d) a imagem

digital em uma tela de computador mostra os pixels correspondente aos do sensor.

14

Figura 2.10 – Conceito de uma imagem digital [8].

A imagem digital é armazenada através de valores que podem ser 0 ou 1, dígitos

binários denominados bits, onde um conjunto de bits é chamado de byte.

Os pixels da imagem digital são representados pelos bytes, através de

configurações que representam as tonalidades de grau de cinza.

Pode-se ver na Figura 2.10 a relação entre as tonalidades de cinza, as

configurações de bytes e os valores de pixel.

Figura 2.11 – Comportamento entre os valores de pixel e os níveis de cinza [6].

15

O número de bytes corresponde ao espaço no disco utilizado para guardar uma

imagem. Normalmente, os sistemas de aquisição de imagens digitais trabalha com bytes

de oito bits.

2.4.1 Qualidade da Imagem Digital

Aqui serão apresentados fatores que influenciam na qualidade de uma imagem

radiográfica tanto para Radiografia Computadorizada (RC) quanto para Radiografia

Direta (RD).

2.4.1.1 Resolução Espacial

A resolução espacial, definida como a menor distância entre dois pontos da

imagem que podem ser visualizados, é um dos principais fatores para a qualidade de

uma imagem digital.

Existem fatores associados à resolução espacial que podem contribuir para uma

degradação do sinal, causando uma perda de definição na imagem, o que também pode

ser chamado de desfocagem geométrica.

2.5 Processamento de Imagens

2.5.1 Imagens Digitais

Sabe-se que os computadores trabalham com linguagem numérica, logo uma

imagem será representada em um computador por um conjunto de números, para que o

mesmo seja capaz de reproduzi-la e processa-la.

16

Uma imagem digital é uma função discreta f(x,y), tanto em coordenadas

espaciais quanto em intensidade de cinza (brilho). As coordenadas (x,y) identificam a

posição espacial enquanto o valor da função, refere-se ao brilho naquela coordenada.

Cada ponto representa um elemento da imagem e é chamado de pixel, como abreviação

de picture element. Outra maneira de representar uma imagem digital é por meio de uma

matriz MxN, onde cada combinação do índice i e j representa um pixel e o valor do

elemento corresponde à sua intensidade. Na figura 2.8, observa-se um exemplo de como

uma imagem física (fotografia) é representada por uma matriz, onde cada elemento da

matriz tem seu valor de intensidade. [10] [11] [12]

Figura 2.12. Representação de uma imagem física e sua correspondente como imagem

digital. [10]

O processamento de imagens digitais pode ser resumido na manipulação de

imagens por um computador, ou seja, manipulação da matriz que representa essa

imagem. O processamento tem como finalidade a melhoria da informação contida na

imagem digital para a análise humana, como no caso de melhoria da imagem digital para

análise de uma inspeção por ensaios não destrutivos, ou percepção automática através de

maquinas como detectores automáticos de endereço. No primeiro caso, onde a imagem

digital após o processamento será analisada por um observador, o sucesso ou não do

17

processamento não é tão claro, pois depende da interpretação visual do observador,

tornando a qualidade do processamento subjetiva. [10] [11] [13]

2.5.2 Sistema de Processamento de Imagens Digitais

O conjunto de operações que podem ser efetuados sobre uma imagem é

conhecido como sistema de processamento de imagens, sendo estas operações:

aquisição, armazenamento, processamento, transmissão e exibição. [11]

A aquisição de uma imagem consiste na conversão de uma imagem em uma

representação numérica adequada para o processamento a ser realizado. Esta primeira

etapa é dividida em duas partes, a primeira onde: um dispositivo físico sensível a uma

faixa de energia eletromagnética que produza um sinal elétrico de saída proporcional a

um nível de energia percebida, e a segunda parte onde: um digitalizador converte o sinal

elétrico em informação digital. O armazenamento é dividido em três categorias:

armazenamento por curto tempo, armazenamento “on-line” para acesso rápido e

armazenamento em arquivo. [11]

O processamento de imagens envolve procedimentos que são expressos em

forma algorítmica e é caracterizado por soluções específicas, logo técnicas que tem bons

resultados para uma área podem se mostrar inadequadas em outra área. Utilizou-se o

software MatLab® para o processamento de imagens no presente trabalho. [11][12]

A última operação é a exibição das imagens. Os principais dispositivos de

exibição são os monitores de TV, quando a exibição é feita em papel, a melhor opção é a

reprodução fotográfica. [11][12]

2.5.3 Histograma

Uma ferramenta simples e muito usada no processamento de imagens digitais é o

histograma, que pode ser descrito como um representação de quantos pixels possuem

18

determinada intensidade de cinza, podendo também ser estendido para imagens RGB.

[10][11] . Uma imagem digital com intensidades de cinza dentro do intervalo [0,L- 1] é

uma função discreta h( ) = , onde é o i- ésima intensidade de cinza e é o numero de

pixels na imagem digital com essa intensidade de cinza, é o numero total de pixels da

imagem e i = 0,1,2,3,...,L-1. A função h( ) é uma estimativa da probabilidade de

ocorrência da intensidade de cinza , o histograma dessa imagem é um gráfico onde o

eixo das abscissas representa a intensidade de cinza e o eixo das ordenadas representa a

frequência (numero de pixels) em que essa intensidade ocorre na imagem, como pode

ser observado na figura 2.9(b) que é a representação do histograma da imagem digital

representada pela figura 2.9(a), onde existem mais pixels de intensidade maior, ou seja,

intensidade de cor mais próxima ao branco, do que pixels com intensidade menor, com

intensidade de cor próxima ao preto. [11][10][13]

Figura 2.13. (a) imagem digital e (b) histograma da imagem

Através do histograma é possível tirar conclusões sobre a imagem, como

contraste (alto ou baixo), se uma imagem possui muito ou pouco detalhe, se uma

imagem é clara ou escura, além de ser possível obter informações como área total em

que determinada intensidade de cinza ocupa. [11]

2.5.4 Segmentação e Limiarização

A segmentação tem como função subdividir a imagem em suas partes ou objetos

constituintes, em que o nível dessa subdivisão dependente do problema a ser resolvido.

A segmentação é interrompida quando os objetos de interesse na aplicação tiverem sido

isolados do fundo. A analise é feita desconsiderando-se o fundo, destacando a forma, o

19

tamanho e a posição do objeto de interesse após a segmentação. [11] [13].

A segmentação por limiarização pode ser dividida em dois grupos conforme o

processamento: [14]

bilevel, onde a imagem é binarizada obtendo-se uma imagem com o

objeto em branco e o fundo em preto, ou vice-versa.

multilevel, onde há mais de um objeto de interesse na imagem e é

necessário diferenciar esses objetos um dos outros. [14]

O princípio da limiarização, basicamente consiste em separar duas regiões de

uma imagem, normalmente o fundo e o objeto. Também denominado binarização devido

ao fato da limiarização produzir na saída uma imagem binária. A forma mais simples de

limiarização consiste na bipartição do histograma, convertendo os pixels cujo tom de

cinza é maior ou igual a um certo valor de limiar (T) em brancos e os demais em pretos.

No caso de níveis de cinza divididos basicamente em duas classes, onde o

histograma apresenta dois picos e um vale, a limiarização é trivial. Em casos em que o

histograma apresenta uma curva mais heterogênea o limiar pode ser encontrado através

de outras técnicas mais complexas, como por exemplo a interpolação de polinômios.

2.5.5 Interpolação Polinomial

Interpolação polinomial é um método matemático em que um polinômio é usado

como função interpoladora para encontrar valores intermediários de interesse em uma

tabela ou curva de valores.

O polinômio assume valores conhecidos em certos pontos chamados de nós de

interpolação. Escolhe-se a classe de funções para a interpolação adequada às

características que pretende-se que a função possua.

20

A escolha dos nós de interpolação é muito importante para que a interpolação

seja adequada a aplicação escolhida. O uso de nós de Chebyshev se mostrou conveniente

O conjunto das funções interpoladoras é determinado por um número finito de

parâmetros para os polinômios, ou seja, seus coeficientes, que será o mesmo número de

nós, que no caso são as condições impostas, para que haja apenas uma solução. A

determinação dos parâmetros, que definem a função interpoladora, nos levará à

resolução de um sistema linear.

A fim de reduzir número de operações envolvidas, simplificando a resolução do

sistema, usa-se as fórmulas de Lagrange ou de Newton.

Consideremos um conjunto de pontos designados como nós de interpolação, x0 ,

... , xn , a que estão associados os valores de uma função f0 , ... , fn, respectivamente.

Pretendemos encontrar um polinômio p tal que:

Equação 1 p ( xi ) = fi

para i = 0, ..., n. Como vemos na Figura 2..

Figura 2.14. O polinômio de 3º grau interpola a função em 4 pontos [15]

Escrevendo p( x ) = a0 + a1 x + ... + am xm, obtemos o sistema:

a0 + a1 x0 + ... + am x0m = f0

...

a0 + a1 xn + ... + am xnm = fn

21

Para que este sistema seja possível e determinado é pelo menos necessário que

m=n. Obtemos assim o sistema linear :

1 x0 ... x0n

1 x1 ... x1n

...

...

1 xn ... xnn

a0

a1

...

an

=

f0

f1

...

fn

Em que a matriz do sistema é conhecida como Matriz de Vandermonde[28]. Para

assegurar que o sistema é possível e determinado para quaisquer x0 , ... , xn distintos

deve-se garantir a existência e unicidade do polinômio interpolador.

Teorema:

Dados n+1 nós, x0 , ... , xn e os respectivos valores f0 , ... , fn,

existe um e um só, polinômio interpolador de grau <n, para esses valores.

Unicidade:

Supondo que existem dois polinômios interpoladores p e q de grau < n, então o

polinômio p(x) - q(x) tem grau < n e n+1 raízes, já que, sendo polinômios

interpoladores, verificam:

Equação 2

p ( xi ) = fi = q ( xi )

para i = 0, ..., n.

Consequentemente, como tem n+1 raízes e grau < n, o polinômio p(x)-q(x) terá que ser

nulo, logo:

22

Equação 3

p = q

Existência:

Podemos mostrar a existência através da construção dos Polinômios de

Lagrange.

Dados n+1 nós de interpolação x0 , ... , xn, definimos para cada i = 0, ..., n o polinômio

de Lagrange li(x) de grau n tal que :

Podemos deduzir uma expressão explícita dos polinômios de Lagrange.

Fixando i e variando j = 0, ..., n , obtemos:

E a constante Ci pode determinar-se, pois li(xi ) = 1, o que implica

Consequentemente:

23

para i = 0, ..., n .

Na Equação 4 consta a fórmula Interpoladora de Lagrange:

Equação 4

pn( x ) = f0 l0(x) + ... + fn ln(x)

Verificando que pn ( xi ) = fi , temos a Equação 4 como a expressão do polinômio

interpolador. Assim, o perfil original seria fi e o interpolado seria dado por pn ( xi ).

Logo ao se interpolar cada um dos perfis originais (fi) teríamos uma série de pn ( xi )

como formadores de um novo background e posteriormente seria possível subtrair o

background original do background interpolado restando apenas os possíveis defeitos na

imagem resultante [15].

2.6 Estudo de Caso

As imagens radiográficas dos defeitos selecionadas neste trabalho apresentaram

dificuldades de visualização comuns depois de serem digitalizadas. Além de granuladas

apresentaram reduzido contraste entre o fundo e as regiões dos defeitos, caracterizado

pelas bordas pouco aguçadas e esfumaçadas.

Diante desse cenário, se torna difícil durante a visualização da imagem

radiográfica detectar e precisar o tamanho das porosidades presentes. Tornando-se

fundamental o processamento da imagem. Foi pesquisado na literatura a escolha de um

método para tratar e melhorar a visualização dos defeitos na imagem a fim de obter uma

imagem em que seja mais fácil a identificação e avaliação dos defeitos de porosidade

nas juntas soldadas radiografadas.

A segmentação vem sendo utilizada há décadas no processamento de imagens e

foi o escolhido para a realização deste estudo. Pode-se encontrar na literatura diferentes

técnicas de segmentação por limiarização com resultados satisfatórios. O objetivo da

24

técnicas é segmentar as imagens em regiões que podem ser subsequentemente

analisadas quanto a seu tamanho, geometria, posição relativa, entre outras

características.

Diferentes técnicas de limiarização vem sendo estudadas e tem como propósito

básico escolher um tom de cinza limiar ideal que binarize a imagem. O objetivo é

destacar um ou mais objetos do fundo. Os objetos assumem o tom de cinza 1, que

corresponde ao preto. E o fundo o tom de cinza 0, correspondente a cor branca.

As técnicas mais antigas para seleção automática do limiar eram baseadas na

análise do histograma de tons de cinza da imagem. Em 1962, W. Doyle estudou uma

técnica simples chamada “p-tile” que pode ser aplicada quando os objetos na imagem

tem tons de cinza maiores que o fundo, e ocupam uma porcentagem fixa da área da

imagem. Um método muito eficaz, entretanto, não é aplicável se a área do objeto é

desconhecida ou varia de imagem para imagem.

Em 1966, Prewitt e Mendelsohn’s usaram em seu trabalho a escolha do limiar

como os vales do histograma. O histograma de uma imagem pode conter picos e vales

correspondendo a subpopulação de tons de cinza da imagem. O objeto e o fundo são

representados pelos picos do histograma. As bordas, representadas pelos vales, são

compostas pelos tons de cinza intermediários e são muito menos populosos que os tons

do objeto ou do fundo.

Em casos em que o histograma da imagem não apresenta picos e vales bem

definidos, a binarização torna-se mais complicada. E outras técnicas aparecem na

literatura para encontrar o valor limiar mais adequado para binarizar a imagem e

diferenciar os defeitos do fundo.

Em 2010, Almeida R. M. e Vaz M. A., Rebello J.M. [16], propuseram a

utilização da interpolação polinomial para encontrar o limiar adequado para binarizar

imagens radiográficas. O método foi proposto para corrigir os principais fatores que

dificultam a análise de defeitos em imagens radiográficas. As imagens em geral são

muito escuras, apresentam muitos ruídos, baixo contraste, além de um fundo com um

tom de cinza não uniforme devido a diferença de espessura ao longo do cordão de solda.

A superfície da solda geralmente é áspera e ondulada, o que pode trazer uma variação

nos tons de cinza que podem ser confundidos com as áreas dos defeitos. Foi aplicado

25

nesse trabalho uma rotina utilizando o software Matlab® baseada no trabalho de Almeida

R. M. e Vaz M. A., Rebello J.M. que será detalhada no capítulo seguinte.

26

3 MATERIAIS E METODOS

Neste capítulo são apresentados e descritos os sistemas utilizados para obtenção

das imagens radiográficas que foram utilizados. Também será apresentado o

desenvolvimento da rotina de processamento de imagens radiográficas.

3.1 Imagens utilizadas no trabalho

Para o contexto do trabalho foram utilizadas três imagens radiográficas de

padrões IIW (International Institute of Welding) de corpos de prova com cordões de

solda.

As imagens fazem parte de uma coleção adquirida pelo Laboratório LNDC da

COPPE/UFRJ. A coleção “IIW Collection of Reference Radiographs of Welds in Steel”

é constituída de 86 filmes escolhidos e aprovados pela Commission V “Testing,

Measurement and Controlo f Welds” da IIW. São imagens de defeitos típicos de

soldagem em diferentes graus de severidade com o objetivo de servir como um guia para

a interpretação de radiografias. Os filmes da coleção são de soldagem de topo a arco em

chapas de aço de 10 a 50 mm (3/8 a 2 pol).

As imagens foram obtidas por radiografia em filmes convencionais, método

detalhado na revisão bibliográfica. Posteriormente, as imagens radiográficas foram

digitalizadas no scanner KODAK INDUSTREX LS85 High-Performance com as

especificações abaixo[17]:

Imagens de 12 bits

o Faixa dinâmica estendida

Dimensões •

o Altura: 40 cm (sem o alimentador de filme em folha)

o Largura: 51 cm

o Profundidade: 70 cm

27

o Peso: 41 kg

Tamanho do filme

o Largura: 35 cm

Geometria do pixel

o Tamanho do pixel: ajustável a 73 µm

o Pixels/pol: ajustável a 350 pixels por polegada

o Resolução limitante: máximo de 5 lp/mm

Taxa de varredura

o 18 a 88 segundos por placa de 35 x 43 cm (14 x 17 pol), dependendo da

configuração de resolução

Densidade óptica

o Contagem mínima: 0,001 OD

o Alcance linear: 0,03 a 3,85 OD

3.2. Desenvolvimento da Rotina

Após a imagem radiográfica ser inserida no Matlab o primeiro passo foi detectar

os limites do cordão de solda para diferenciá-lo do metal de base. Devido a baixa

qualidade e resolução da imagem a borda do cordão de solda não estava bem definida e

foi apresentada grande dificuldade de identificar o seu limite com o metal base. Para isso

foi utilizada a função gradiente [18].

GRADIENTE (Fn): retorna o gradiente numérico da matriz Fn. FnX corresponde

a DFn / dx, as diferenças na direção x (coluna). FnY corresponde a df / dy, as diferenças

na direção y (linha). O espaçamento entre os pontos, em cada sentido é assumido como

sendo um. Quando F é um vetor, DFn = gradiente (Fn) é o gradiente 1-D. Assumindo que

é Fn seria cada um dos perfis originais da imagem radiográfica de 1 até n, onde n seria o

último perfil [28].

A função gradiente gera vários pontos e então foi feita uma média da nuvem de

pontos gerando uma reta representando a borda. Na figura 3.1 tem o esquema da rotina

para obtenção do contorno da solda.

28

Figura 3.1 Esquema para a obtenção do contorno de solda[16]

Para processar as imagens radiográficas foi desenvolvida uma rotina utilizando o

software Matlab® em uma analise baseada nos tons de cinza. A rotina foi baseada no

trabalho de Almeida R. M., Vaz M. A., Rebello J.M. [16], e consiste na busca do limiar

mais adequado através da função interpolação polinomial.

As imagens foram inseridas no ambiente Matlab como e foi gerado um perfil de

tons de cinza transversal da solda fragmentando para cada coluna de pixels da imagem,

demonstrado na Figura 3.2.

29

Figura 3.2 Radiografia de solda evidenciando a Linha vertical(em vermelho)

correspondendo ao perfil de tons de cinza

Assim foi possível realizar a interpolação de cada um desses perfis, que

alinhados longitudinalmente analisa e trata cada coluna da imagem radiográfica, gerando

a imagem processada.

A rotina foi baseada na interpolação de uma função polinomial. Na

primeira etapa cada perfil é interpolado. A interpolação polinomial foi feita utilizando o

método dos mínimos quadrados para tentar minimizar o erro quadrático entre as curvas.

Nesta etapa foi utilizada uma equação polinomial de grau sete, utilizado, também no

trabalho do Almeida, M. R. [18], mostrando-se como o mais adequado, por apresentar os

melhores resultados. A equação polinomial utilizada é descrita na equação abaixo.

30

Equação polinomial de sétima ordem.

y(x) = P1.x6+P2.x5+P3.x4+P4.x3+P5.x2+P6.x+P7

Em que:

y(x) = resultado da interpolação;

x = valores de pixels ao longo do perfil transversal da solda;

Pn = Coeficientes de ordem n, com n = 1 até n = 7.

O perfil interpolado encontrado é representado por uma curva de forma

semelhante, porém não idêntica ao perfil original. O perfil interpolado foi, então,

subtraído do perfil original com o objetivo de realçar as diferenças em tons de cinza.

Assim, as descontinuidades do perfil original fazem com que a diferença entre o perfil

original e o interpolado sejam acentuadas, identificando assim, bordas e defeitos no

cordão de solda.

Na figura 3.3 o exemplo do modelo da sobreposição da curva do perfil original

sobre a curva do perfil interpolado em que se foi baseado, e na Figura 3.4 uma das

curvas de sobreposição obtidas neste para encontrar o limiar adequado para binarizacao.

Figura 3.3 Exemplo para o primeiro passo do desenvolvimento da rotina[16]

31

Figura 3.4 Curva do perfil original(em azul) sobre a curva do perfil interpolado(em

vermelho).

O cálculo da diferença entre os perfis interpolado e original gera como resultado

uma curva de aspecto suave com picos e vales, como pode ser exemplificada pela Figura

3.5. Essas regiões permitem diferenciar regiões com ou sem defeitos.

Figura 3.5 Segundo passo, cálculo da diferença entre os perfis interpolado e original[16]

32

Para separar as regiões com defeito um valor de Threshold(limiar) deve ser

encontrado. Utilizando tentativa e erro e com auxílio de pesquisa

bibliográfica[17][19][20], o melhor valor de limiar foi definido como o valor médio

mais um fator do desvio padrão de todos os perfis da imagem. O desvio padrão utilizado

no trabalho do Almeida R. M., Vaz M. A., Rebello J.M. [16] foi o valor 1(um).

Entretanto a qualidade das imagens utilizadas nesse trabalho eram inferiores e o desvio

padrão variou de 1,5 a 4 e será exemplificado no capitulo 4, com os resultados deste

trabalho.

O próximo passo foi obter uma imagem binária, em que os valores de pixel

acima do limiar recebem valor 1 (um) e os pixels com valores abaixo do limiar foi

atribuído valor 0 (zero).

A Figura 3.6 exemplifica, a partir da metodologia de aplicação de limiar

estudada para uma imagem com poucos ruídos, a diferenciação entre defeito e não

defeito.

A Figura 3.7 mostra a metodologia aplicada na imagem da Figura 3.1,

identificando o limiar acima dos ruídos segmentando os tons de cinza para melhor

destacar os defeitos do fundo através da binarização da imagem.

Figura 3.6 Diferenciação entre defeito e não defeito[16]

33

Figura 3.7 Obtenção da imagem binária a partir da aplicação do limiar(em vermelho)

34

4 RESULTADOS

4.1 Introdução e Apresentação das Imagens

Neste capitulo serão apresentados todos os resultados obtidos neste estudo de

acordo com os materiais e métodos descritos no capítulo 3.

Após análise em diversas imagens, foram escolhidas três imagens radiográficas

de padrão IIW apresentando o defeito de porosidade para o estudo do método,

apresentadas abaixo.

35

Figura 4.1 Três imagens radiográficas escolhidas para avaliar a eficiência do

método.

36

4.2 Imagem I.

No tratamento da primeira imagem, devido a sua baixa qualidade e resolução a

borda do cordão de solda não estava bem definida e foi apresentada grande dificuldade

de identificar o seu limite com o metal base. Para solucionar o problema foi feita uma

aproximação por uma linha reta que representa a média dos pontos da nuvem que o

método aplicado através da função gradiente, explicado no capitulo 3, identificou como

sendo a borda.

Seguindo com a utilização do método foi identificado e utilizado como valor de

Threshold (limiar) a média da diferença das linhas adicionado a três vezes o valor do

desvio padrão. Valor escolhido por tentativa e erro. Na Figura 4.2 foi avaliado o

resultado da aplicação de da adição de uma, duas, três ou quatro vezes o desvio padrão.

Os valores um e dois descaracterizaram os defeitos, coagulando as regiões de defeitos e

confundindo-as com os ruídos da radiografia como pode-se perceber na Figura 4.2 (a) e

(b). O valor quatro, Figura 4.2 (d), omitiu defeitos tornando-os brancos como o fundo.

O valor três, Figura 4.2 (c) mostrou o melhor resultado no processamento da imagem

original, destacando os poros com a cor preta do fundo branco.

37

Figura 4.2 Imagem I binarizada com o limiar utilizando uma (a), duas (b), três (c) e quatro (d)

vezes o valor do desvio padrão. O valor três (c) foi o utilizado no trabalho.

Após o processamento da imagem radiográfica através da rotina desenvolvida, é

possível se chegar a uma contagem de pixels com valor 1 (um) na imagem binaria resultante. A

contagem e localização na imagem dos pixels que correspondem as regiões de defeitos

representa uma quantificação da imagem radiográfica. Assim, a análise deixa de ser apenas

subjetiva e qualitativa, estando agora a imagem radiográfica em um patamar de quantificação.

Abaixo na Figura 4.3 a Imagem I antes e após aplicado o processamento, letra a) e b). A

Figura 4.3 c) corresponde ao gráfico da contagem de pixels pretos, identificando as regiões de

defeitos.

38

Figura 4.3 a) Imagem I antes do processamento. b) Imagem I após o

processamento. c) Gráfico com a contagem de pixels, regiões de defeito.

c)

b)

a)

c)

39

4.3 Imagem II.

A segunda imagem radiográfica representa uma solda com a presença de

porosidades que são difíceis de serem destacadas do fundo da imagem e, portanto, a

geometria e o tamanho dos defeitos não podem identificadas precisamente. Depois de

processada pode-se perceber que os poros em preto se destacam mais facilmente em

relação ao fundo branco.

Para processar esta imagem o valor de Threshold(limiar) que apresentou melhor

resultado consistiu no valor da média da diferença das linhas adicionado a quatro vezes

o valor do desvio padrão. Abaixo, na Figura 4.4, a imagem original processada com os

valores de desvio padrão testados, a) dois, b) quatro e c) cinco. O valor quatro foi o que

melhor representou os defeitos na imagem.

Figura 4.4 Imagem II binarizada com o limiar utilizando duas (a), quatro (b) e cinco

(c) vezes o valor do desvio padrão. O valor quatro (b) foi o utilizado no trabalho.

a) b)

c)

40

Figura 4.5 a) Imagem II antes do processamento. b) Imagem II após o

processamento. c) Gráfico com a contagem de pixels, regiões de defeito.

4.4 Imagem III.

No tratamento da imagem III, assim como na Imagem II não foi preciso

identificar a borda entre o cordão de solda e o metal base. Ao analisar a imagem

radiográfica antes do tratamento já era possível identificar a porosidade vermiforme.

a)

c)

b)

41

Após o processamento da imagem, a espinha de peixe que identifica o tipo de defeito,

em preto na imagem, ficou mais destacada do fundo branco.

O valor de Threshold(limiar) que apresentou melhor resultado para esta imagem foi

calculado como o valor da média da diferença das linhas adicionado a uma vez e meia o

valor do desvio padrão. Abaixo, na Figura 4.6, a imagem original processada com os

valores de desvio padrão testados, a) um, b) um e meio e c) três. O valor um e meio foi o

que melhor representou os defeitos na imagem.

Figura 4.6 Imagem II binarizada com o limiar utilizando uma (a), uma e meia (b) e

três (c) vezes o valor do desvio padrão. O valor um e meio (b) foi o utilizado no

trabalho.

a)

)

b)

c)

42

Figura 4.7 a) Imagem II antes do processamento. b) Imagem II após o

processamento. c) Gráfico com a contagem de pixels, regiões de defeito.

a)

b)

c)

43

5 CONCLUSÕES

As características de uma imagem radiográfica que dificultam sua análise como

ruídos, esfumaçamento e bordas não definidas precisam, de fato, ser suavizadas através

de processamento de imagens.

A borda entre o cordão de solda e o metal base em algumas imagens não é muito

bem definido e tem uma passagem muito suave de tons de cinza, dificultando a precisão

de sua localização. Porém com o uso da função gradiente e achando uma reta com a

média dos pontos achados foi possível estimar sua localização.

Pode-se concluir que o método de processamento de imagens radiográficas utilizado

foi considerado eficaz para identificar os diversos tipos de porosidades nos cordões de

solda presente nas imagens selecionadas. A contagem de pixels de cor preta na imagem

binarizada pode dar uma análise mais quantitativa dos defeitos presentes em cada

imagem.

Uma dificuldade encontrada no método é a sua limitação para identificar defeitos

transversais ao cordão de solda. Portanto, pode ser considerada uma limitação do

método, pois a expressão polinomial para o perfil do cordão de solda não consegue

detectar a escala de variação de tons de cinza na direção transversal.

44

6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Estudar diferentes técnicas para encontrar o valor do limiar com eficácia

para os demais defeitos além de porosidades

Realizar uma analise quantitativa dos resultados desse trabalho,

comparando com o laudo da radiografia para verificar a qualidade da

informação identificada através do processamento, medindo no detalhe a

geometria e os tamanhos dos defeitos.

Melhoria do método para conter mais tipos de defeitos ou se não todos;

Aplicação de outros limiares de detecção;

Desenvolvimento da rotina para outros processos de soldagem;

Automatizar via software a definição do limiar para detecção de defeitos

45

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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48

8 ANEXO

Rotina do MatLab® para o processamento da Imagem I.

49